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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA O ESTUDO DA CROMÁTICA DO CENTRO HISTÓRICO DO RIO GRANDE, RS Luiza Lourenço Morel Orientadora: Fabiane Biedrzycka da Silva Galarz Co-orientador Christiano Piccioni Toralles Rio Grande/RS Dezembro/2015

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL

CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO

USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA O ESTUDO DA CROMÁTICA

DO CENTRO HISTÓRICO DO RIO GRANDE, RS

Luiza Lourenço Morel

Orientadora: Fabiane Biedrzycka da Silva Galarz

Co-orientador Christiano Piccioni Toralles

Rio Grande/RS

Dezembro/2015

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA - RIO GRANDE DO SUL

CAMPUS RIO GRANDE CURSO TÉCNICO EM GEOPROCESSAMENTO

USO DE GEOTECNOLOGIAS PARA O ESTUDO DA CROMÁTICA

DO CENTRO HISTÓRICO DO RIO GRANDE, RS

Luiza Lourenço Morel

Rio Grande/RS

Dezembro/2015

Trabalho apresentado como pré-requisito

para a conclusão do Curso Técnico em

Geoprocessamento do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Rio

Grande do Sul - Campus Rio Grande.

iii

LUIZA LOURENÇO MOREL

Uso de geotecnologias para o estudo da cromática do centro histórico do Rio Grande, RS

Monografia defendida no Curso Técnico em Geoprocessamento do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Rio Grande e aprovada em 11 de dezembro de 2015, pela Banca Examinadora constituída pelos seguintes membros:

___________________________________________________ Prof.ª Esp. FABIANE BIEDRZYCKA DA SILVA GALARZ

(IFRS – Campus Rio Grande) Orientadora

___________________________________________________ Prof. Me. CHRISTIANO PICCIONI TORALLES

(IFRS – Campus Rio Grande) Coorientador

___________________________________________________ Prof. Me. DEIVID CRISTIAN LEAL ALVES

(IFRS – Campus Rio Grande)

___________________________________________________ Prof.ª Me. VANESSA PATZLAFF BOSENBECKER

(IFRS – Campus Rio Grande)

___________________________________________________ Arq. Urb. LETÍCIA CARNEIRO ESTIMA

Homologação:

___________________________________________________ Prof.ª Me. FRANCIANE DE LIMA COIMBRA

Coordenadora do Curso Técnico em Geoprocessamento

iv

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................................. VI

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................. VII

RESUMO .............................................................................................................................................. VIII

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 9

1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 10

1.2 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................... 11

2. OBJETIVOS ................................................................................................................................... 14

2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 14

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 14

3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................................ 15

3.1 CONTEXTO HISTÓRICO ...................................................................................... 15

3.2 O USO DA COR NOS CENTROS HISTÓRICOS .................................................. 17

3.3 SISTEMA DE CORES NATURAL COLOUR SYSTEM .......................................... 19

3.3.1 Funcionamento do Sistema .......................................................... 20

3.4 GEOPROCESSAMENTO NO ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO URBANO ..... 20

4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................. 23

4.1 MATERIAIS NECESSÁRIOS ................................................................................ 23

4.2 DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ........................................................... 23

4.3 LEVANTAMENTO DE DADOS IN LOCO .............................................................. 23

4.4 BUSCA DE DADOS CADASTRAIS NA ESCALA DO LOTE PARA MAPEAMENTO

24

4.5 SISTEMATIZAÇÃO E MAPEAMENTO DOS DADOS COLETADOS EM AMBIENTE

CAD/SIG .......................................................................................................................... 24

4.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 25

4.7 DISPONIBILIZAÇÃO NA INTERNET .................................................................... 25

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................................... 27

5.1 IMPLEMENTAR UM BANCO DE DADOS NA ESCALA DO LOTE ........................ 27

5.2 GERAÇÃO DE UM MAPA TEMÁTICO DE CORES DO CENTRO HISTÓRICO .... 28

5.3 ANÁLISE DOS DADOS CROMÁTICOS COM O USO DOS IMÓVEIS. ................. 30

5.3.1 Prédios de Serviço ....................................................................... 30

5.3.2 Prédios Residenciais .................................................................... 33

5.3.3 Prédios com múltiplas utilidades .................................................. 36

v

5.3.4 Prédios Culturais .......................................................................... 39

5.3.5 Prédios Desocupados .................................................................. 41

5.4 ANÁLISE DOS DADOS CROMÁTICOS COM OS PRÉDIOS INVENTARIADOS. . 43

6. LIMITAÇÕES E CONTINUIDADE ................................................................................................. 45

6.1 Limitações ............................................................................................................. 45

6.2 Continuidade ......................................................................................................... 45

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 46

8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 47

9. APÊNDICES .................................................................................................................................. 50

vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Lista de Materiais Necessários. ............................................................................ 23

vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa da localização do município do Rio Grande. ............................................... 11

Figura 2: Mapa da área de estudo: recorte do Centro Histórico ........................................... 12

Figura 3: Mapa de prédios históricos. .................................................................................. 13

Figura 4: Catedral de São Pedro. ........................................................................................ 15

Figura 5: Tirana, Albânia. ..................................................................................................... 19

Figura 6: Projeto de Revitalização do Porto Histórico do Rio Grande. ................................. 19

Figura 7: exemplo de código NCS. ...................................................................................... 20

Figura 8: Captura de tela do WebSIG. ................................................................................. 26

Figura 9: Banco de Dados com informações sobre os prédios. ........................................... 27

Figura 10: Mapa temático de cores baseado no código principal de cada família de cor,

segundo o NCS. .................................................................................................................. 28

Figura 11: Gráfico de frequência de famílias de cores baseado no NCS. ............................ 29

Figura 12: Gráfico de cores baseada na análise visual dos prédios. .................................... 29

Figura 13: Mapa temático de cores dos prédios de serviço. ................................................. 31

Figura 14: Gráfico de cores em prédios de serviço. ............................................................. 32

Figura 15: Mapa temático de cores dos prédios residenciais. .............................................. 34

Figura 16: Gráfico de cores em prédios residencias. ........................................................... 35

Figura 17: Mapa temático de cores dos prédios com múltiplos usos. ................................... 37

Figura 18: Gráfico de cores em prédios com múltiplas utilidades. ........................................ 38

Figura 19: Mapa temático de cores dos prédios culturais. ................................................... 39

Figura 20: Gráfico de cores em prédios culturais. ................................................................ 40

Figura 21: Mapa tematico dos prédios desocupados. .......................................................... 41

Figura 22: Gráfico de cores em prédios desocupados. ........................................................ 42

Figura 23: Mapa temático de cores dos prédios inventariados. ............................................ 44

Figura 24: Mapa temático de prédios que pertencem à família “-B”. .................................... 50

Figura 25: Mapa temático de cores que pertencem à família “-G”. ....................................... 51

Figura 26: Mapa temático de prédios que pertecem à família “-N”. ...................................... 52

Figura 27: Mapa temático de prédios que pertencem à família “-R”. .................................... 53

Figura 28: Mapa temático dos prédios pertencentes à família “-Y”. ...................................... 54

viii

RESUMO

Este trabalho pretende contribuir com a preservação do patrimônio arquitetônico do município e teve como principal objetivo construir um Sistema de Informações Geográficas para estudar a colorística predial de um recorte do centro histórico do Rio Grande. A partir de saídas a campo para coletar informações para a implementação de um Banco de Dados, foi possível traçar relações entre os usos de prédios e suas cores. Foram gerados mapas na escala do lote com dados sobre os prédios, seu uso, cor da fachada entre outros. Foi gerado um WebSig, com as informações obtidas durante o processo de construção do trabalho.

Palavras-chave: geoprocessamento, policromia urbana, patrimônio histórico, sistema de informações geográficas.

Como este trabalho deve ser referenciado: MOREL, L. L. Uso de geotecnologias para o estudo da cromática do centro histórico do Rio Grande, RS. 2015. 54f. Monografia: (Curso Técnico em Geoprocessamento) – Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Rio Grande, 2015.

9

1. INTRODUÇÃO

O Geoprocessamento e suas ferramentas permitem estudar diversas áreas,

como educação, saúde, planejamento urbano e questões ambientais. Neste trabalho

foi realizado um estudo sobre a colorística do centro histórico do Rio Grande, tema

este que se mostra importante devido à falta de leis ou normas sobre a

regulamentação do uso das cores nas fachadas dos prédios da cidade. A

importância do centro histórico se dá pelo fato de que nesse se encontram os

prédios mais antigos, que valorizam a cultura e identidade das cidades. Segundo

Naoumova (2009), estudos sobre patrimônio arquitetônico no Brasil levam em

consideração um grande espectro de questões, como temas históricos, identidade

cultural, e também aspectos estéticos, o que inclui a cor.

O centro histórico é, de modo geral, a parte mais antiga de uma cidade, a partir

do qual a cidade moderna cresce. Segundo o DGOTDU1,

“corresponde ao núcleo de origem do aglomerado, de onde irradiaram outras áreas urbanas sedimentadas pelo tempo, conferindo assim a esta zona uma característica própria cuja delimitação deve implicar todo um conjunto de regras tendentes à sua conservação e valorização” (2005, p.128).

Dessa forma, é uma área que exige, de certa maneira, atenção diferenciada.

Na Constituição de 1988, a definição de patrimônio cultural segundo o artigo

216, diz que,

“constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material ou imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.

Preservar o patrimônio é preservar a cultura de um povo. Todo produto criado

pelo homem que tem relação com seu estilo de vida, ao longo da história, faz parte

da cultura. Essa exprime a forma como o homem se relaciona com o grupo. Os bens

culturais diferenciam uma sociedade da outra, e são importantes porque fazem

compreender a comunidade, e como ela se originou (MANUAL DO USUÁRIO DE

IMÓVEIS INVENTARIADOS, s.d., p. 10).

1 Direção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (DGOTDU), atual

DGT (Direção Geral do Território): órgão público português que regulamenta leis do território e de

urbanismo.

10

O Manual do Usuário de Imóveis Inventariados do munícipio de Pelotas define

o Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural como um “instrumento de cadastro”

onde estão as informações necessárias sobre os bens culturais (MANUAL DO

USUÁRIO DE IMÓVEIS INVENTARIADOS, s.d., p. 14).

Dessa maneira, pode-se pensar o centro histórico levando-se em consideração

aspectos da colorística. A cor pode ser estudada de diferentes formas, e a fim de

padronizar as análises, são utilizadas paletas. Essas uniformizam o estudo e

garantem correspondência em estudos sobre esse tema.

No que diz respeito ao Geoprocessamento, para o estudo, foi realizado um

Sistema de Informações Geográficas (SIG). Um sistema consiste em ”um conjunto

de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo

unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função.” (OLIVEIRA 2011,

p.7). Dessa forma, um SIG, segundo Longley (2013), é uma forma especial de

armazenar informações dentro de um sistema, pois controlam além de eventos e

dados, a localização desses.

Nesse caminho, este trabalho apresenta um SIG, constituído por um banco de

dados com informações sobre o uso dos prédios, cor, e se os mesmo são

inventariados, entre outros atributos. Esse SIG está disponibilizado na Internet,

assim como os demais produtos cartográficos.

1.1 JUSTIFICATIVA

O tema de estudo se torna relevante para o Geoprocessamento porque é o

primeiro a ser desenvolvido no município, e também porque pode ser útil para que

se construa uma legislação quanto ao uso das cores nas fachadas dos prédios do

centro histórico. Dessa forma, poderá haver uma conscientização quanto à

preservação e ao uso da cor nessa área do município.

Disponibilizando online os dados do SIG, toda a população e os gestores

públicos terão acesso a esse estudo, podendo contribuir com essa questão.

11

1.2 ÁREA DE ESTUDO

O munícipio do Rio Grande está localizado no sul do estado do Rio Grande do

Sul, na região Sul do Brasil (Fig. 1). É banhado pela Lagoa Mirim, Lagoa dos Patos e

pelo Oceano Atlântico, o que permite a presença de um porto marítimo.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o munícipio

continha uma população de 201.036 habitantes em 2014. Sua economia concentra-

se em agricultura, indústrias, setor portuário e comércio.

Figura 1: Mapa da localização do município do Rio Grande.

Fonte: da autora.

Neste trabalho será estudado um recorte espacial do centro histórico do

munícipio, especificamente. Esse corresponde à área compreendida entre às ruas

General Neto, General Osório, Andradas, Riachuelo, Benjamin Constant e Luís

Loréa (Fig. 2).

A grande maioria dos prédios do centro histórico é caracterizada pela

arquitetura portuguesa, segundo o site do Porto do Rio Grande. Nessa área, estão

localizados o Paço Municipal, o Mercado Público e parte do comércio do munícipio

(Fig. 3).

12

Figura 2: Mapa da área de estudo: recorte do Centro Histórico

Fonte: da autora.

13

Figura 3: Mapa de prédios históricos.

Fonte: da autora.

14

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Construir um SIG para auxiliar no estudo da colorística do recorte do centro

histórico do Rio Grande.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Implementar um banco de dados na escala do lote.

Gerar mapas temáticos de cores do recorte do centro histórico.

Gerar um WebSig com informações dos prédios do recorte espacial do

centro histórico.

15

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 CONTEXTO HISTÓRICO

O munícipio do Rio Grande foi fundado em 19 de fevereiro de 1737, onde foi

construído o Forte Jesus, Maria e José. Portanto, nasce como ponto de defesa, e

forma sua primeira centralidade localizando sua igreja matriz (Fig. 4) - Catedral de

São Pedro - entre fortificação e ancoradouro, constituindo seu núcleo histórico inicial

(MARTINS, 2006).

Figura 4: Catedral de São Pedro.

Fonte: da autora.

Com a introdução das charqueadas no ano de 1780, a economia da região foi

estimulada. Enquanto que em Pelotas o charque era produzido, por Rio Grande este

era comercializado para o centro e norte do Brasil, e para a América Central

(MARTINS, 2006).

No século XIX, Rio Grande era uma cidade comercial que atraia imigrantes

europeus, principalmente. A chegada desses contribuiu para a construção de

casarões diversificados, que ocupavam a área próxima ao Porto Velho. O comércio

do charque, aliado às exportações e importações, causou um aumento no comércio

16

da cidade e contribuiu para o investimento do setor industrial. Com o acúmulo de

capital, novas instalações culturais como teatros e clubes atendiam a demanda da

nova classe elitizada da sociedade (MARTINS, 2006).

Assim, a cidade começa a crescer à oeste do Porto Velho, criando um novo

espaço de produção e moradia, enriquecendo a arquitetura da cidade. Criam-se

boulevards e os edifícios administrativos recebem novas fachadas. Assim, novas

áreas eram ocupadas, caracterizando cada período histórico.

Raphael Copstein descreve a Rio Grande da segunda metade do século XIX:

Grandes sobrados revestidos de azulejos muitas vezes com mais de dois pisos, além do térreo, beiral de telha, claraboia iluminando o acesso aos andares superiores, janelas de guilhotina com caixilhos habilmente recortados e em parte preenchidos com vidros coloridos eram comuns nas faces das ruas da Praia e Boa Vista. (COPSTEIN, 1982, p.66).

2

Francisco Alves (1996) escreve que o século XIX “caracterizou-se, em Rio

Grande, pela busca de um aprimoramento de sua organização e da prestação de

serviços à população, resultando numa completa transformação do espaço original

ocupado pela localidade”. Apesar das cidades do Rio Grande do Sul apresentarem

crescimento menor que a capital Porto Alegre, Rio Grande continuava a crescer

industrialmente e em população. A instalação de um frigorífico norte americano na

cidade abriu espaço para a modernização de um dos pilares da economia gaúcha: a

pecuária.

Com esse, e outros fortes investimentos, ocorreram grandes melhoramentos na

área urbana da cidade. Costa escreve sobre o centro da cidade, descrevendo suas

características.

As principais ruas da cidade antiga são calçadas a paralelepípedos e a pedras regulares, sendo a edificação de alvenaria de tijolo. A velha cidade conta 39 ruas, 3 boulevards e 6 praças, sendo quatro destas ajardinadas. Pela sua extensão e magnífica disposição, a denominada Tamandaré é uma das melhores do Estado (COSTA, 1922, p.17).

2 O autor faz referência às ruas da Praia e da Boa Vista. Atualmente, essas correspondem à

Rua Marechal Floriano e Riachuelo, respectivamente.

17

O século XX se caracteriza por uma grande expansão à leste e à oeste do

centro histórico, marcado por grandes obras e forte presença de mão de obra

estrangeira. Apesar de grande desigualdade social, Rio Grande vivia um momento

próspero, de desenvolvimento industrial e aumento da vida social da cidade

(COPSTEIN,1982).

Atualmente, Rio Grande conserva seus prédios e monumentos de arquitetura

portuguesa, principalmente no centro histórico. Outras partes da cidade têm

influências alemãs, francesas e italianas, segundo o site do Porto do Rio Grande.

Natalia Naoumova (2009) refere-se aos centros históricos como espaços que

possuem determinadas estruturas, que o caracterizam por seus prédios, ruas e

praças. Através de sua aparência física e principalmente sua policromia, propiciam-

se diferentes interpretações visuais, determinadas por cada indivíduo.

Entretanto, Rio Grande não apresenta um Estatuto da Cor, ou qualquer tipo de

legislação que estabeleça normas para a pintura das fachadas dos prédios. O

resultado disso é o que observamos hoje, prédios com grande valor cultural, porém

com fachadas visualmente poluídas.

3.2 O USO DA COR NOS CENTROS HISTÓRICOS

Dentro da colorística, existem alguns conceitos básicos que devem ser

estudados. São eles: matiz, saturação e luminosidade.

Matiz: tem relação com o comprimento de onda. É o que difere o verde

do azul por exemplo.

Saturação: quantidade de cor em cada matiz, ou, a “pureza” da cor.

Luminosidade: corresponde ao brilho da cor (NAOUMOVA, ALQUATI,

2011).

A cor – que é impossível imaginar sem luz– pode ser observada de duas

formas: como uma característica do objeto ou como um fenômeno sensorial. Por

estar ligada à memória e às experiências de cada pessoa, o estudo desse aspecto

do ambiente urbano é dificultado, não podendo assim estabelecer procedimentos

metodológicos que retratem a realidade fielmente. A percepção de cor surge a partir

da visão de toda a cena (NAOUMOVA 2009.)

Segundo Naoumova (2009), tem aumentado a preocupação com a cromática

dos centros históricos, onde se concentram os prédios mais antigos, no que diz

18

respeito à qualidade visual dos mesmos. A cor, intimamente ligada à percepção do

espaço urbano, destaca-se como elemento que porta grande informação visual, e

configura o espaço urbano.

Cada cor, dependendo da ocasião, atua de forma diferente, produzindo efeitos

ou sensações (HELLER, 2012). Pelo contexto em que temos uma cor, a essa será

dada significado e o modo como a percebemos indica se essa parece certa, errada,

agradável ou desagradável.

Como nenhuma cor aparece sozinha no espaço, e sim cercada de outras

cores, os efeitos produzidos por essas se devem aos acordes cromático- conjuntos

de cores que dão noções do espaço. Essas noções são: de profundidade, largura,

entre outros (HELLER, 2012).

Nesse contexto, existem políticas urbanas que demonstram preocupação com

a preservação de seus centros históricos. No Brasil pode-se citar o munícipio de

Santos-SP, com o projeto “Alegra Centro”, que regulamenta os elementos que

compõem a paisagem, segundo a Lei Complementar Nº 640 de 18 de Novembro de

2008 e disserta no Art 1°- “[...] que dispõe sobre elementos que compõem a

paisagem urbana no local, fixa normas, padrões e incentivos fiscais.”. Abrange, entre

outros aspectos, o uso da cor nas fachadas, nos toldos e nos ornamentos das

construções. Também foram desenvolvidos projetos em outras cidades brasileiras,

como Porto Alegre, Salvador e Florianópolis. No cenário internacional destacam-se o

Plano de Turim e o processo de revitalização do centro histórico de Barcelona

(NAOUMONOVA, 2009).

Na Albânia, o processo de revitalização de prédios envolveu a comunidade e

melhorou a qualidade de vida da população. Com a pintura dos prédios (Fig. 5), a

criminalidade diminuiu, e os comerciantes se sentem mais seguros (AMORIM, 2015).

19

Figura 5: Tirana, Albânia.

Fonte: site Opera Mundi.

Em 2014, foi anunciado um Projeto de Revitalização do Porto Histórico do Rio

Grande e entorno (Fig. 6), com o objetivo de atrair turistas e facilitar a mobilidade

urbana. Essa revitalização se dá devido à importância da preservação do Patrimônio

Histórico do munícipio (CARLUCHO, 2014). Segundo a reportagem exibida no

Jornal do Almoço de 10 de dezembro de 2014, as obras de revitalização estavam

previstas para ter início do ano de 2015 (AMARAL, 2014).

Figura 6: Projeto de Revitalização do Porto Histórico do Rio Grande.

Fonte: Divulgação Prefeitura.

3.3 SISTEMA DE CORES NATURAL COLOUR SYSTEM

Para a realização deste trabalho, foi utilizada a paleta de cores Natural Color System

(NCS), a NCS Digital Atlas 1950. Esse sistema auxilia na identificação e

20

reconhecimento de cores. Isso facilita no estudo e garante a melhor comunicação

em design, sendo um dos sistemas mais utilizados no mundo atualmente.

3.3.1 Funcionamento do Sistema

Para identificação correta de cada cor, é estabelecido um código, que auxilia

e dá informações técnicas sobre cada uma delas.

A letra S que precede o código da cor vem de standardized, que significa

padronizado. Cada amostra de cor é emitida pelo Scandinavian Colour Institute,

seguindo seus padrões de qualidade.

No código NCS S 1050-Y90R3, por exemplo, os dois primeiros dígitos indicam

a porcentagem de preto. Os dois próximos dígitos indicam a força da cor.

A combinação de letras e números após o hífen indica a matiz da cor, quais

atributos cromáticos pertencem a essa amostra e qual a sua relação. No exemplo, a

matiz é amarela com 90% de vermelho (Fig. 7).

Figura 7: exemplo de código NCS.

Fonte: NCS Atlas 1950.

3.4 GEOPROCESSAMENTO NO ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO URBANO

Nas sociedades organizadas, a coleta de informações sobre a localização

geográfica dos recursos minerais, propriedades, animais e plantas, sempre foi de

extrema importância para a organização e gestão de bens finitos (CAMARA, DAVIS,

2004). A partir da segunda metade do século XX, foi possível, junto com o

3 No código, as letras Y e R querem dizer yellow e red - amarelo e vermelho,

respectivamente.

21

desenvolvimento da Informática, armazenar, representar e analisar em ambiente

computacional esses dados, além de permitir cruzá-los e combiná-los. Assim, o

Geoprocessamento abre espaço na sociedade.

Enquanto conceito, o Geoprocessamento é “a disciplina do conhecimento que

utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação

geográfica” (CAMARA, DAVIS, 2004) e o uso de suas ferramentas, por exemplo, o

Banco de Dados e a Modelagem 3D, vêm influenciando diversas áreas de estudo,

como planejamento urbano, saúde e questões ambientais.

O uso do Geoprocessamento no Brasil se dá a partir da década de 1980, com

a evolução dos computadores pessoais e difusão do SIG (CAMARA, DAVIS, 2004,

pag. 3). Esse fato levou ao surgimento de vários grupos de estudo, em

universidades e empresas de tecnologia. Dentro do SIG, existem algumas

componentes que permitem desenvolve-lo. São esses:

Hardware: corresponde aos computadores ou outros dispositivos onde o

SIG opera.

Software: fornece as ferramentas necessárias para a operação do SIG.

Pleopleware: analista ou usuário do SIG.

Métodos e Procedimentos: técnicas e procedimentos adotados para

estudar os dados do SIG.

Com a incorporação de novas funções ao SIG abriram-se as oportunidades de

estudo e opções de análise espacial. Atualmente, é crescente o número de

empresas que usam o SIG, principalmente pelo custo cada vez mais baixo de

hardwares e softwares e pelas novas soluções também menos custosas que esse

oferece (CAMARA, DAVIS, 2004).

Porém, outras ferramentas de Geoprocessamento também auxiliam na tomada

de decisão por parte de empresas ou gestores públicos. O Banco de Dados é uma

opção que engloba imagens vetoriais e dados sobre essas, para que a manipulação

desses seja confiável. Softwares como PostGIS, permitem a consulta, manipulação

e visualização de dados, e com a possibilidade de integração de imagens vetoriais

utilizando o QuantumGIS, onde se torna mais intuitiva a utilização dos dados

geográficos, que podem ser utilizados em vários tipos de estudo (ITO, 2013).

A Modelagem 3D de dados também se mostra extremamente útil em estudos

topográficos e geração de modelos urbanos, e podem também ser usados dentro de

22

um SIG. O Grupo de Estudo para o Ensino/Aprendizagem de Gráfica Digital

(Gegradi) modelou os prédios do patrimônio histórico de Pelotas. Trabalhos como

esse incentivam a preservação e documentação da arquitetura da cidade (FARACO,

2014).

Portanto, o Geoprocessamento é amplamente utilizado em diversas áreas de

estudo, e representa um baixo custo para ser aplicado. É importante destacar que

esse não é apenas útil às empresas ou prefeituras, mas também na sala de aula,

onde pode ser discutido e suas ferramentas podem auxiliar o estudo como História e

Geografia.

23

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Esse trabalho foi dividido em sete partes para se chegar ao resultado final,

sendo essas: determinação da área de estudo; levantamento de dados in loco;

levantamento de dados cadastrais; sistematização e mapeamento em ambiente

CAD/SIG; geração mapas temáticos; análise dos resultados; disponibilização na

Internet. As sete etapas estão detalhadas a seguir.

4.1 MATERIAIS NECESSÁRIOS

A tabela a seguir mostra a relação de materiais necessários para a realização

do trabalho.

Tabela 1: Lista de Materiais Necessários.

Materiais Necessários Onde/Como obter?

Imagem aérea do munícipio do Rio Grande Curso de Geoprocessamento

Câmera Fotográfica Pessoal

Software SIG ArcGis Curso de Geoprocessamento

Software AutoCad Curso de Geoprocessamento

4.2 DETERMINAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O primeiro passo para a realização deste trabalho foi a definição da área de

estudo. A partir disso, puderam-se traçar objetivos viáveis para a realização da

investigação. Assim, definiu-se que a área de pesquisa seria um recorte do centro

histórico onde se concentram os prédios mais antigos. Entende-se que é o local

onde o estudo sobre a cromática se faz mais necessário, devido à necessidade de

preservar a identidade da cidade.

4.3 LEVANTAMENTO DE DADOS IN LOCO

Nesta etapa, foi realizada uma saída a campo, onde foram coletados dados

sobre os prédios do centro histórico, tais como: cor principal da fachada, uso

(residencial, comercial etc.), tipo de pavimentação da rua, se havia publicidade nos

prédios, entre outros atributos. Para fotografar a área de estudo, foi utilizada uma

câmera Nikon CoolPix P510, própria da autora.

24

As fotos foram tiradas de maneira que favorecessem as fachadas dos prédios,

de forma frontal. Também foram tiradas fotos panorâmicas, das quadras, a fim de

obter-se uma melhor percepção do espaço estudado.

Com essas fotos, foram realizadas outras etapas do projeto, auxiliando na

implementação do banco de dados e nas análises.

4.4 BUSCA DE DADOS CADASTRAIS NA ESCALA DO LOTE PARA

MAPEAMENTO

Essa etapa consistiu em buscar, junto à Prefeitura, dados cadastrais, como:

mapa urbano base vetorial, número do lote.

Neste trabalho, foi utilizada a escala do lote para analisar a área de estudo. A

forma urbana pode ser captada em diferentes níveis de resolução. As mais comuns

são: edificação/lote (escala edilícia),via/quarteirão (escala de bairro ou de

vizinhança), cidade e região (MOUDON, 1997).

Os dados sobre os prédios inventariados foram obtidos com a técnica em

Geoprocessamento Amanda Alquati, no trabalho “Geração de um Sistema de

Informações Geográficas dos prédios inventariados do munícipio do Rio Grande/RS”

(ROSA, 2014).

4.5 SISTEMATIZAÇÃO E MAPEAMENTO DOS DADOS COLETADOS EM

AMBIENTE CAD/SIG

Nesta etapa do trabalho, os dados espaciais foram vetorizados em ambiente

CAD e conduzidos para o ambiente SIG para geração dos mapas de resultados. No

SIG foi implementado um banco de dados (os dados coletados durante as saídas de

campo), na escala do lote, a fim de abrigar informações sobre os prédios,

sistematizando as informações coletadas nos levantamentos.

Dentro do banco de dados, foram implementados 12 atributos para análise.

São eles:

Cor: foi determinada a cor principal da fachada do prédio, por uma

análise qualitativa.

Cor2, Cor3, Cor4, Cor5, Cor6: se haviam outras cores na fachada, em

detalhes, por exemplo, essas eram descritas nessas colunas. Também

uma análise qualitativa.

25

CodPrin: se refere ao código principal da família de cores baseado no

NCS (explicado no item 3.3).

CodSec: dentro da família de cores, são dispostas dentro de um espaço

triangular de cores, tons com códigos mais específicos (Fig. 6). Foram

comparadas as cores principais de cada fachada com esses códigos,

atribuindo a cada prédio um código como será discutido no próximo

subcapítulo.

Tipo_de_Loc: atributo que especifica o tipo de uso de cada prédio.

Foram divididos em comércio, serviço, residência, multiuso, desocupado

e cultural.

publicidad: um atributo do tipo booleano4, que só permite atribuições de

0 e 1. 0 para prédios que não possuem publicidade e 1 para os que

possuem.

Inventario: também um atributo booleano, onde 0 representam que o

prédio não é inventariado, e 1 para o contrário.

Tipo_de_Pav: tipo de pavimentação da via onde se encontra o prédio,

divididos em: granito, asfalto e ladrilho hidráulico.

4.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nessa etapa, foram feitas análises qualitativas e quantitativas dos resultados, a

partir dos mapas temáticos e das seleções elaboradas, que estivessem relacionadas

com o uso da cor dentro do centro histórico. Foram verificadas as cores mais

utilizadas no comércio, nas residências, nos prédios inventariados. Dessa forma, foi

possível identificar a existência ou não de algum padrão cromático e elaborar

hipóteses sobre esse uso.

4.7 DISPONIBILIZAÇÃO NA INTERNET

Após concluir as outras etapas, foram disponibilizadas na Internet, em um

WebSig, as informações coletadas durante o trabalho. Assim, estão disponíveis para

toda a população do munícipio ou outros interessados, os dados e análises. Com

4: Atributo booleano: variáveis desse tipo só podem receber valores verdadeiro (1) ou falso

(0).

26

isso, pretende-se conscientizar sobre a importância do centro histórico como forma

de caracterizar uma cidade, e também preservar seu acervo cultural.

Através da página criada no servidor WebNode, o público interessado pode ter

acesso ao Banco de Dados e a um mapa temático de cores. O site encontra-se

disponível através do link: <http://coloristica-do-ch-de-rio-grande.webnode.com/>

(Fig. 8).

Figura 8: Captura de tela do WebSIG.

Fonte: da autora.

27

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir da realização das atividades práticas citadas no capítulo 4, chegou-se

a algumas constatações sobre o uso da ferramenta SIG para o estudo da colorística,

além dos resultados apontados pelas análises dos mapas temáticos. Para discutir os

resultados, foi analisado cada objetivo específico do trabalho.

5.1 IMPLEMENTAR UM BANCO DE DADOS NA ESCALA DO LOTE

Nesta etapa do trabalho, foram coletadas informações a partir das saídas de

campo, para o preenchimento de um Banco de Dados (Fig. 9), no software ArcGIS.

Ao total, foram analisados 267 lotes do centro histórico.

Figura 9: Banco de Dados com informações sobre os prédios.

Fonte: da autora.

28

5.2 GERAÇÃO DE UM MAPA TEMÁTICO DE CORES DO CENTRO HISTÓRICO

Baseado no Natural Color System foi gerado um mapa temático (Fig. 10) de

cores do centro histórico.

Figura 10: Mapa temático de cores baseado no código principal de cada família de cor, segundo o

NCS.

Fonte: da autora.

Analisando o mapa temático, fica evidente o uso de cores como o amarelo e o

verde de maneira considerável, assim como brancos e azuis.

Nesse mapa, o código –B foi utilizado como sendo o branco, para representar

a maioria de prédios de cor branca. Entretanto, como será observado nos próximos

mapas, esse código é utilizado como azul, pois segue o padrão do círculo de família

de cores do NCS.

Para demonstrar com mais clareza quais cores são mais utilizadas, foram

também gerados mapas e gráficos (Fig. 11, 12).

29

Figura 11: Gráfico de frequência de famílias de cores baseado no NCS.

Fonte: da autora.

Figura 12: Gráfico de cores baseada na análise visual dos prédios.

Fonte: da autora.

Observando os gráficos e o mapa temático, pode ser constatado que a cor

mais frequente no recorte estudado é o branco, e que o código „-B‟ é o mais

repetido.

Entretanto, como já foi apontado, esse código é usado tanto para descrever

tons de branco e azul, cores que podem ser distinguidas pelo código secundário na

tabela de atributos. Fazendo essa análise, o código secundário mais usado é o S

0502, que representa o branco na paleta.

30

5.3 ANÁLISE DOS DADOS CROMÁTICOS COM O USO DOS IMÓVEIS.

Para analisar o conjunto dos resultados, não foi possível realizar a correlação

espacial dos dados, pois demandaria um esforço para além do prazo hábil de

finalização do trabalho. As análises foram feitas usando o software Excel, a partir

das funções cont.se e cont.ses. A fim de melhorar a compreensão das análises,

foram gerados gráficos e mapas fazendo relações entre o uso e as cores utilizadas

nesses.

5.3.1 Prédios de Serviço

Por serviço, foram classificados prédios como restaurante, imobiliárias, prédios

públicos, entre outros.

Analisando o mapa (Fig. 13) e o gráfico (Fig. 14), as cores mais utilizadas são o

branco e o bege, porém nota-se uma diversidade grande de cores, observando que

não há um padrão ou então uma cor que se sobressaia de maneira expressiva em

relação às outras.

Também foi encontrado que mais de 80% desses possuem publicidade, de um

total de 49 prédios.

31

Figura 13: Mapa temático de cores dos prédios de serviço.

Fonte: da autora.

32

Figura 14: Gráfico de cores em prédios de serviço.

Fonte: da autora.

33

5.3.2 Prédios Residenciais

Nos prédios residenciais, há maior frequência do amarelo e bege. Dos 13

prédios encontrados com esse uso, mais de 40% apresentam essas cores. Quando

comparado a outros usos, esse uso apresenta menor variedade de cores.

Como visto no mapa (Fig. 14), prédios exclusivamente residenciais não são

frequentes dentro do recorte. Por essa razão se encontra pouca diversidade de

cores, pois normalmente, encontra-se mais de um uso além do residencial nos

prédios – serviço ou comércio, por exemplo. O gráfico (Fig. 17) auxilia na análise do

mapa.

Além disso, é importante apontar que dos prédios residenciais, apenas 1 é

inventariado.

34

Figura 15: Mapa temático de cores dos prédios residenciais.

Fonte: da autora.

35

Figura 16: Gráfico de cores em prédios residencias.

Fonte: da autora.

36

5.3.3 Prédios com múltiplas utilidades

Como observado no mapa (Fig. 17) e no gráfico (Fig. 18), nos prédios

classificados como multiuso, as cores mais usadas são cinza e o verde. Nesses,

80% apresentam publicidade, pois na maioria dos casos os lotes são ocupados por

comércio ou serviço, e residência.

Há grande variedade de cores, caracterizando prédios coloridos. Esse fato

pode ser explicado devido à própria necessidade de que os prédios onde há

comércio destaquem-se e chamem a atenção da população.

37

Figura 17: Mapa temático de cores dos prédios com múltiplos usos.

Fonte: da autora.

38

Figura 18: Gráfico de cores em prédios com múltiplas utilidades.

Fonte: da autora.

39

5.3.4 Prédios Culturais

Os prédios do recorte caracterizados como culturais foram o Museu de Arte

Sacra e a Catedral de São Pedro, de cores amarelo e branco (Fig. 19 e 20),

respectivamente.

Esses dois prédios são inventariados e encontram-se em bom estado de

conservação.

Figura 19: Mapa temático de cores dos prédios culturais.

Fonte: da autora.

40

Figura 20: Gráfico de cores em prédios culturais.

Fonte: da autora.

41

5.3.5 Prédios Desocupados

Dos 32 prédios encontrados nessa categoria, a maioria, encontravam-se em

mau estado de conservação, apesar de 2 serem inventariados. As cores mais

utilizadas são o branco e o cinza.

Apesar de um número relativamente expressivo, há pouca variedade de cores,

como representado no mapa temático (Fig. 21) e no gráfico (Fig. 22), esse fato

devido à situação em que esses se encontram.

Figura 21: Mapa tematico dos prédios desocupados.

Fonte: da autora.

42

Figura 22: Gráfico de cores em prédios desocupados.

Fonte: da autora.

43

5.4 ANÁLISE DOS DADOS CROMÁTICOS COM OS PRÉDIOS

INVENTARIADOS.

Foram encontrados 27 prédios inventariados na área de estudo. Dentro

desses, pouco mais de 18% tem código “-B”, o que representa a maioria dos casos.

Também na análise visual, foi constatado que os prédios inventariados eram na

sua maioria brancos e que mais de 50% são classificados como comércio. Dois

desses estão desocupados, 3 são classificados como multiuso, 1 como residência, 2

são culturais e 4 de serviço.

Foi gerado um mapa (Fig. 23) que ilustra a situação e a localização desses

prédios.

Esses prédios, dentro do recorte, apresentam vários tipos de cores utilizadas, e

na sua maioria, estão em bom estado de conservação.

44

Figura 23: Mapa temático de cores dos prédios inventariados.

Fonte: da autora.

45

6. LIMITAÇÕES E CONTINUIDADE

6.1 Limitações

Para a realização desse trabalho, estavam previstas fazer correlações

espaciais quanto ao uso dos imóveis e os dados cromáticos, assim como

correlações com o tipo de proteção dos imóveis (inventário). Entretanto, devido ao

esforço que a tarefa demandaria relacionado ao prazo hábil de finalização do

trabalho, esta não foi utilizada.

Seriam gerados mapas que relacionassem o uso das cores com os usos dos

imóveis, assim como com os imóveis inventariados.

6.2 Continuidade

Como continuidade para este trabalho, sugere-se a construção de um modelo

georreferenciado tridimensional dos prédios do Centro Histórico. Esse poderia

ilustrar de maneira interativa a área em questão, contribuindo para seu estudo e

preservação.

Além disso, o estudo pode estender-se a outras áreas da cidade, ou para

outros municípios, adicionando novos atributos, como à qual ano pertence o prédio

ou à qual estilo arquitetônico este se caracteriza.

46

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, foram utilizadas técnicas de Geoprocessamento, que

auxiliaram nas análises, devido à construção do SIG. Apesar da impossibilidade de

realizar correlações espaciais devido ao tempo para a entrega do trabalho, essa

ferramenta permitiu que fossem gerados mapas que retrataram a realidade da

situação do recorte do Centro Histórico, em relação às fachadas dos prédios.

A partir dos objetivos específicos, foram feitas relações entre o uso dos

prédios e suas cores, além de observar se eram protegidos por inventário. Foi

constatado que não há padrões de uso da cor, caracterizando o recorte como uma

área com grande diversidade de cores.

Estudar a colorística do Centro Histórico permitiu olhar de maneira diferente

para a cidade e para a qualidade estética da mesma. O estudo da cor, como

observado durante este trabalho, é relevante para mostrar como a conservação dos

prédios históricos é importante para a preservação da própria cultura de um povo.

47

8. REFERÊNCIAS

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48

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49

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50

9. APÊNDICES

Figura 24: Mapa temático de prédios que pertencem à família “-B”.

Fonte: da autora.

51

Figura 25: Mapa temático de cores que pertencem à família “-G”.

Fonte: da autora.

52

Figura 26: Mapa temático de prédios que pertecem à família “-N”.

Fonte: da autora.

53

Figura 27: Mapa temático de prédios que pertencem à família “-R”.

Fonte: da autora.

54

Figura 28: Mapa temático dos prédios pertencentes à família “-Y”.

Fonte: da autora.