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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE E SOCIEDADE USO DE CAPACETE POR MOTOCICLISTAS APÓS TRAUMA CRÂNIO ENCEFÁLICO POR ACIDENTE MOTOCICLISTICO SEM O USO DESTE ACESSÓRIO GEMMA GALGANI DO NASCIMENTO SANTOS Mossoró RN 2015

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE

MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE E SOCIEDADE

USO DE CAPACETE POR MOTOCICLISTAS APÓS TRAUMA

CRÂNIO ENCEFÁLICO POR ACIDENTE MOTOCICLISTICO

SEM O USO DESTE ACESSÓRIO

GEMMA GALGANI DO NASCIMENTO SANTOS

Mossoró – RN

2015

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GEMMA GALGANI DO NASCIMENTO SANTOS

USO DE CAPACETE POR MOTOCICLISTAS APÓS TRAUMA

CRÂNIO ENCEFÁLICOPOR ACIDENTE MOTOCICLISTICO

SEM O USO DESTE ACESSÓRIO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, como requisito final para obtenção do grau de Mestre em Saúde e Sociedade. Orientador: Prof. Dr. Hougelle Simplicio

Mossoró-RN

2015

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Santos , Gemma Galgani do Nascimento

Uso de capacete por motociclistas após trauma crânio encefálico por acidente motociclistico sem o uso deste acessório. / Gemma Galgani do Nascimento Santos. – Mossoró, RN, 2015. 53 p. Orientador: Prof. Dr. Hougelle Simplicio Dissertação (Mestrado em Saúde e Sociedade). Universidade do Estado do

Rio Grande do Norte. Faculdade de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Saúde e Sociedade

1. Saúde – Acidentes no trânsito. 2. Traumatismo cerebral.3. Acidente – Motocicleta. - Traumatismo crânio-encefálico (TCE). I.Simplicio, Hougelle. II.Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. III. Título.

UERN/BC CDD 610

Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

Bibliotecária: Jocelania Marinho Maia de Oliveira – CRB 15 319

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE

MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE E SOCIEDADE

A COMISSÃO ABAIXA ASSINADA APROVA A DISSERTAÇÃO

INTITULADA

USO DE CAPACETE POR MOTOCICLISTAS APÓS TRAUMA CRÂNIO

ENCEFÁLICO POR ACIDENTE MOTOCICLISTICO SEM O USO DESTE

ACESSÓRIO

Elaborada por

GEMMA GALGANI DO NASCIMENTO SANTOS

COMO REQUISITO FINAL PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE

MESTRE EM SAÚDE E SOCIEDADE

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Hougelle Simplicio (Presidente) UERN/RN ____________________

Prof. Dr. Ródio Luis Brandão Câmara

UFRN/RN ____________________

Prof. Dr. Thales Allyrio Araújo de Medeiros Fernandes

UERN/RN ____________________

Mossoró - RN

2015

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“...Posso, tudo posso Naquele que me fortalece

Nada e ninguém no mundo vai me fazer desistir

Vou perseguir tudo aquilo que Deus já escolheu pra mim

Vou persistir, e mesmo nas marcas daquela dor

Do que ficou, vou me lembrar

E realizar o sonho mais lindo que Deus sonhou

Em meu lugar estar na espera de um novo que vai chegar

Vou persistir, continuar a esperar e crer ...

Eu vou sofrendo, mas seguindo enquanto tantos não entendem

Vou cantando minha história, profetizando

Que eu posso, tudo posso... em Jesus! “

Hialle Henrique

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus por sua bondade e misericórdia infinitas!

Aos meus Pais, JOSEMAR DOS SANTOS e MARIA GORETTI DO NASCIMENTO

SANTOS, minha âncora, e fonte de admiração;

Ao meu esposo WILLIAME MOTA FILHO e ao meu irmão GIOVANNI GALENO pelo

apoio irrestrito;

Aos meus sogros WILLIAME E ASTRID MOTA, extensão da minha família;

Ao meu orientador Professor Dr. HOUGELLE SIMPLICIO, pelos ensinamentos

repassados;

À Fisioterapeuta NARA CHRISTIAN e ao Prof. Dr. RICARDO TAVARES, pela

imensurável e dedicada contribuição na coleta dos dados e na análise estatística,

respectivamente;

AO Corpo administrativo do HOSPITAL REGIONAL DR. TARCISIO DE

VASCONCELOS MAIA, cuja parceria possibilitou a realização desta pesquisa;

À Coordenação do PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E

SOCIEDADE, por toda atenção e auxílio prontamente dispensados;

E, previamente, aos Membros da Banca pela aceitação em colaborar para a

melhoria desse trabalho.

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GIOVANNA WILLER,

Minha filha, a quem dedico meu amor irrestrito!

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SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................. 10

ABSTRACT.............................................................................................. 11

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 12

1.1 O Problema.............................................................................................. 13

1.2 Objetivos................................................................................................... 14

1.3 Justificativa............................................................................................... 15

2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................... 17

2.1 Traumatismo Craniano Encefalico (TCE)................................................. 17

2.2 Acidentes no Trânsito com Motos.........................................;;................ 19

2.3 Capacetes................................................................................................ 20

3 METODOLOGIA...................................................................................... 22

3.1 Caracterização da pesquisa..................................................................... 22

3.2 População e Amostra............................................................................... 22

3.4

3.5

Procedimento...........................................................................................

Analise estatística.....................................................................................

23

23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................... 25

5 CONCLUSÕES........................................................................................ 38

6 REFERÊNCIAS........................................................................................

APÊNDICE A: CARTA DE ANUÊNCIA...................................................

APÊNDICE B: AUTORIZAÇÃO PARA USO DE PRONTUÁRIO

CLÍNICO...........................................................................

APÊNDICE C: FORMULÁRIO PARA REGISTRO DOS DADOS

CLÍNICOS........................................................................

APÊNDICE D: CARTA DE APRESENTAÇÃO E QUESTIONÁRIO....

APÊNDICE E: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO (TCLE).................................................

39

44

45

46

47

49

ANEXO 1

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP...........................................

53

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1a

TABELA 1b

Contribuições relativas das dimensões 1 e 2 sobre os perfis de

linha (uso de capacete vs. uso de bebida alcoólica)...................

Contribuições relativas das dimensões 1 e 2 sobre os perfis de

coluna (sexo vs. idade mediana).................................................

29

29

TABELA 2

TABELA 3a

TABELA 3b

TABELA 4

Distribuição de frequências simples das variáveis estudadas....

Contribuições relativas das dimensões 1 e 2 sobre os perfis de

linha (se o paciente usa capacete).............................................

Contribuições relativas das dimensões 1 e 2 sobre os perfis de

coluna (gravidade do TCE).........................................................

Distribuição de frequências simples das variáveis estudadas

na entrevista.............................................................................

30

34

35

36

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1

FIGURA 2

Escala de Coma de Glasgow com seus componentes,

pontuações e descrições:........................................................

Malha geográfica dos municípios do Rio Grande do Norte

separados por microrregião do IBGE, 2010.............................

18

25

FIGURA 3

FIGURA 4

FIGURA 5

FIGURA 6

FIGURA 7

FIGURA 8

FIGURA 9

FIGURA10

Mapa temático para o número de acidentes.............................

Distribuição dos pacientes por sexo e por faixa etária .............

Distribuição da escala Glasgow por sexo dos pacientes..........

Correspondência entre Sexo, Idade mediana, Uso do

Capacete e Uso de Bebidas Alcoólicas....................................

Percentual do uso de capacete coletado no prontuário

(Tempo 1) e obtido a partir da aplicação de uma entrevista,

em um outro momento (Tempo 2)............................................

Correspondência entre a gravidade do TCE e a adesão ao

uso do capacete pela vítima.....................................................

Percentual do uso de bebida alcoólica coletado no prontuário

(Tempo 1) e obtido a partir da aplicação de uma entrevista,

em um outro momento (Tempo 2)............................................

Distribuição dos resultados da escala Glasgow, conforme uso

de capacete e ingestão de bebida............................................

26

27

28

29

33

34

35

37

.

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RESUMO

SANTOS, G.G.N; SIMPLÍCIO, H. USO DE CAPACETE POR MOTOCICLISTAS

APÓS TRAUMA CRÂNIO ENCEFÁLICO POR ACIDENTE MOTOCICLISTICO SEM

O USO DESTE ACESSÓRIO. 2015. 53f. Dissertação (Mestrado) – Universidade do

Estado do Rio Grande do Norte. Mossoró, Rio Grande do Norte, 2015

Os acidentes rodoviários associados às quedas e às agressões físicas constituem

as principais causas do traumatismo crânio-encefálico (TCE). O presente estudo, de

natureza observacional, descritiva e longitudinal, teve como propostas: mensurar a

adoção do uso do capacete por motociclistas vitimados por TCE e que não faziam

uso do capacete; correlacionar a adoção ao uso de capacete, após o acidente, com

o tempo decorrido desde o diagnóstico do TCE, e com a gravidade do mesmo,

classificada de acordo com a escala de coma de Glasgow e averiguar a frequência

da ingestão de bebidas alcoólica antes e depois do acidente. A população estudada

foi, inicialmente, selecionada dentre os indivíduos vitimados por acidente

motociclístico, com diagnostico de TCE, atendidas no Hospital Regional Tarcísio

Maia, no município de Mossoró/RN, no período de 01 de janeiro de 2009 a 31 de

junho de 2014. A amostra foi ajustada mediante a aplicação de uma entrevista, cujo

conteúdo subsidiou os objetivos. Os resultados revelaram que 81% dos vitimados

por TCE aderiram ao uso do capacete, principalmente pelo período de 5 a 20 meses

após o evento causador, destacando-se que nos casos considerados mais graves, o

uso do mesmo ficou evidente entre 12 a 25 meses. Também se observou menor

frequência no consumo de bebidas alcoólicas em relação aos dados obtidos

anteriormente. Acredita-se com isto que a socialização desses achados possa

contribuir, de maneira palpável, para o aprimoramento das medidas de prevenção

aos acidentes com motociclistas.

Descritores: Acidentes no trânsito; traumatismo cerebral; motocicleta.

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ABSTRACT

SANTOS, G.G.N; SIMPLÍCIO, H. HELMET USE AMONG MOTORCYCLISTS

AFTER TRAUMATIC BRAIN INJURY CAUSED BY MOTORCYCLE ACCIDENT

WITHOUT HELMET. 2015. 53f. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado

do Rio Grande do Norte. Mossoró, Rio Grande do Norte, 2015.

Road accidents involving falls and physical aggression are the leading causes of

traumatic brain injury (TBI). This descriptive, observational and longitudinal study

aimed to measure the helmet use by motorcyclists with TBI who did not use the

helmet before or during the accident; to correlate the helmet use after the accident

with the time elapsed since the TBI diagnosis and with severity of TBI, classified

according to the Glasgow Coma Scale; to determine the frequency of alcoholic

beverages intake before and after the accident. Firstly, the study population was

selected among individuals victimized by motorcycle accidents, with diagnosis of TBI,

treated at Hospital Regional Dr. Tarcísio de Vasconcelos Maia, in Mossoró/RN/Brazil,

from 01 January 2009 to 31 June 2014, and thereafter the sample was adjusted

using a standardized interview. The results revealed that 81% of TBI victims started

wearing helmet after the accident, mainly during the period of 5-20 months after the

causative event, highlighting that in cases considered more serious, the helmet use

was evident between 12 and 25 months after the accident. It was also observed a

lower alcoholic beverages intake after the accident. Thus, we believe that these

findings can contribute, in a tangible way, to improve measures to prevent accidents

involving motorcyclists.

Keywords: Traffic accidents; Brain injuries; Motorcycles.

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I INTRODUÇÃO

Os acidentes no trânsito são responsáveis por cerca de 1,2 milhões de

mortes e 50 milhões de feridos por ano em todo o mundo (IPEA, 2003). E, nas

últimas décadas, o Brasil se encontra entre os campeões mundiais nessa

modalidade, a qual somada as quedas e as agressões físicas constituem as

principais causas do traumatismo cranioencefálico (TCE).

Mediante essa realidade, os acidentes de trânsitos têm sido alvo de grande

preocupação em saúde pública, no Brasil e no mundo, sobretudo, pelo elevado

número de jovens vitimados e pelos impactos sociais, econômicos e pessoais

provocados entre eles (PERREIRA; LIMA, 2006), incluindo a interrupção prematura

da vida de milhares de pessoas, especialmente durante as primeiras décadas de

vida e abrangendo a faixa etária economicamente ativa (adolescentes e adultos

jovens com idade entre 15 a 44 anos) (SAÚDE, 2012).

As motocicletas vêm, a cada dia, ganhando maior aceitação popular por

terem baixo custo de aquisição e se tratarem de um meio de transporte

economicamente viável e eficaz. Em consequência disso, constata-se um aumento

crescente de acidentes envolvendo motocicletas. Em 2011 foram registradas 11.268

vitimas fatais no Brasil. E, na região nordeste, as vítimas representaram 4,7 óbitos a

cada 100 mil habitantes (BRASIL, 2012).

O TCE é a maior causa de mortalidade e morbidade dentre os traumatismos

decorrentes de acidentes de trânsito e, pelas dimensões das consequências

individuais e coletivas, causam importante repercussão socioeconômica no sistema

de saúde, aumentado dramaticamente os custos envolvidos no tratamento e

reabilitação das pessoas feridas, passando a ser considerado um problema de

saúde global (BRASIL, 2014).

Os órgãos responsáveis pelo sistema de trânsito (DENATRAN e DETRAN) e

o Ministério da Saúde, no Brasil, adotam a estratégia de campanhas educativas que

alertam os motociclistas para o risco de trauma cranioencefálico (TCE) e de morte

ou sequelas neurológicas na ocorrência de acidente sem uso do capacete.

O objetivo de tais campanhas educativas é alertar os condutores de

motocicletas quanto ao risco de morte e saúde que eles estão sujeitos ao não fazer

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uso do capacete antes que os mesmos sofram um TCE. Em vários países

constatou-se um maior número de motociclistas usando capacete e menor número

de TCE sem uso do mesmo após a adoção de campanhas educativas e de

legislação que tornou obrigatório o uso do capacete. No entanto, não há na literatura

qual o impacto máximo que tal estratégia (prevenção através de campanhas

educativas e/ou de legislação) pode alcançar. Para tentar responder esta questão,

assumimos que o impacto máximo a ser alcançado por medidas de prevenção de

TCE com adoção do uso de capacete por motociclistas, sejam elas campanhas

educativas ou legislação impositiva, deve ser o nível de adoção do capacete por

essa mesma população após a ocorrência de um TCE per si. Desta forma, este

estudo procura responder a esta questão: Qual o nível de adoção do capacete por

motociclistas após a ocorrência de TCE?

1.1 O PROBLEMA

1.1.1: A ocorrência de traumatismo craniano encefálico (TCE) em motociclistas sem

o uso de capacete não é fator modificador no hábito do uso de capacete pelos

motociclistas, após o acidente.

1.1. 2: A ocorrência de traumatismo craniano encefálico (TCE) em motociclistas sem

o uso de capacete é um fator modificador no hábito do uso de capacete pelos

motociclistas, após o acidente.

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Identificar e mensurar a adoção do uso do capacete por motociclistas após

acidentes sem uso do capacete e vitimados por TCE.

1.2.2 Específicos

Averiguar a frequência da adoção ao uso do capacete, após ocorrência do

TCE, em acidente motociclístico;

Comparar a influência de bebidas alcoólicas ingerida pelos motociclistas,

vitimados por TCE, antes e após o acidente;

Correlacionar o índice de adoção ao uso do capacete com o tempo decorrido

do acidente e a gravidade do TCE, segundo a escala de coma de Glasgow,

em motociclistas.

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1.3 JUSTIFICATIVA

Os acidentes no trânsito, em geral, têm sido objeto de grande preocupação,

no Brasil e no mundo, sobretudo pelo elevado número de jovens vitimados e pelos

impactos socioeconômicos e pessoais que provocam, inclusive, interrompendo, de

maneira abrupta e prematuramente, a vida de milhares de pessoas, em especial na

faixa etária economicamente ativa.

Esses eventos se expandem de maneira exagerada quando particularizados

para acidentes com motocicletas, tendo em vista ser este um meio de transporte no

qual o passageiro/motociclista fica mais exposto às injúrias decorrentes de

quaisquer traumatismos. Também se acredita que o baixo custo de aquisição, aliado

à praticidade e economia de uso e à fácil manutenção das motocicletas contribuam

para aumentar a ocorrência destes acontecimentos, tornando-os um problema de

saúde pública, uma vez que elevam significativamente o número de vitimados por

traumatismo cranioencefálico (TCE) decorrente de acidentes com motocicletas.

Conhecendo-se a gravidade das lesões neurológicas que podem ocorrer,

bem como as sequelas que os sobreviventes de TCE podem experimentar e que

reduzem drasticamente a saúde e/ou qualidade de vida dos mesmos, torna-se

relevante a implementação de medidas que previnam a ocorrência de TCE em

motociclistas. Dentre estas, a mais estudada é a adoção do uso de capacete,

sobretudo após regulamentações que tornam seu uso obrigatório em diversos

países (HOTZ et al, 2002), (STOLZENBERG L.; D'ALESSIO S. J., 2003).

Apesar de ser reconhecida a importância da regulamentação do uso do

capacete para o motociclista, não há estudos que revelem o grau de eficácia que

esta medida possa atingir mediante sua adoção pelos motoqueiros. Tal informação

seria relevante para a caracterização do comportamento destes usuários, bem como

para o delineamento de estratégias outras, para este grupo de usuários, que apesar

da obrigatoriedade do uso do capacete e das campanhas educativas, se mantém

sem fazer uso desse importante acessório.

Assim sendo, o presente estudo se propõe a identificar e mensurar a adesão

ao uso do capacete por motociclistas com diagnóstico de TCE, em decorrência de

acidente e sem o uso prévio do mesmo. Foi analisada a hipótese de que tal

ocorrência alcançaria impacto maior, no nível de adoção ao uso do capacete, do que

as medidas preventivas existentes, ou seja: as campanhas educativas e a legislação

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em vigor. Desta forma, além do proposto, esse trabalho estabelecerá a proporção de

motociclistas sensíveis e não sensíveis às estratégias de prevenção e contribuirá

para criação e ou adequação de medidas novas e ou já existentes, respectivamente.

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II REVISÃO DE LITERATURA

2.1 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE)

Dentre os fatores determinantes do índice de mortalidade estão as mortes

por causas externas, as quais, segundo estatísticas brasileiras, encontram-se entre

as quatros primeiras causas de mortes, podendo ocupar a terceira ou mesmo a

segunda colocação, caso sejam excluídas as mortes por causas mal definidas. O

Trauma cranioencefálico (TCE) integrante do conjunto de lesões por causas

externas é, entre os jovens, a mais frequente causa neurológica de morbidade e de

mortalidade, cuja taxa, sofre grande variação em função da maior ou menor

violência no trânsito. (HORA; SOUZA, 2005). Já, nos países industrializados,

representa a principal causa de morte e sequelas em crianças e adultos jovens

(SCHOLTEN, 2014).

Nos Estados Unidos, estima-se que em torno de 500 mil novos pacientes

com TCE surgem a cada ano, dos quais, cerca de 50 mil morrem antes de chegar ao

hospital e 15 a 20 mil falecem após atendimento hospitalar. Dos, aproximadamente,

430 mil restantes, outros 50 mil irão evoluir com sequelas neurológicas de maior ou

menor gravidade (ADEKOYA; MAJUMDER 2004).

Em outros países da América do Norte e na Europa, a mortalidade anual

varia entre 8,4 a 23,6 por 100.000 habitantes e a maioria dos que estão entre os

sobreviventes experimenta algum grau de comprometimento ou deficiências

(SCHOLTEN, 2014)

O TCE pode ser caracterizado como a agressão que provoca lesão

anatômica comprometendo funcionalmente o couro cabeludo, o crânio, as meninges

e o encéfalo ou simplesmente definido como uma alteração no funcionamento do

cérebro, provocado por uma causa externa (NITRINE; BACHESCHI, 2003; MENON

et al 2010).

Em todo o mundo, o nível de consciência de vítimas de TCE é medido pela

Glasgow Coma Scale, desenvolvida na Universidade de Glasgow em 1974 pelos

neurocirurgiões Graham Teasdale e Bryan J. Jennett, é conhecida em nosso meio

como Escala de Coma de Glasgow (ECG). É um instrumento de avaliação

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neurológica do nível de consciência do paciente vítima de trauma; assim como, da

gravidade do TCE. Avalia três parâmetros: abertura ocular, resposta motora e

resposta verbal; aplicando uma escala ordinal na qual a soma da pontuação dos três

parâmetros totalizam uma pontuação que varia entre 3 (escore mínimo) a 15 (escore

máximo) que significam, respectivamente, paciente em coma profundo ou com nível

de consciência normal (Figura 1).

Figura 1. Escala de Coma de Glasgow com componentes, pontuações e descrições.

COMPONENTE DESCRIÇÃO PONTUAÇÃO

Abertura

ocular

Nenhuma 1

Estimulo doloroso 2

Comando verbal 3

Espontânea 4

COMPONENTE DESCRIÇÃO PONTUAÇÃO

Resposta

motora

Nenhuma 1

Inquieto, Agitado 2

Choro incontrolável, irritado. 3

Choro consolável 4

Sons apropriados, sorriso social, seguimento

com os olhos

5

COMPONENTE DESCRIÇÃO PONTUAÇÃO

Resposta

motora

Nenhuma 1

Postura de extensão (descerebração) 2

Postura de flexão (decorticação) 3

Retirada de flexão generalizada 4

Retirada de flexão á dor localizada 5

Movimentos intencionais espontâneos 6

FONTE: (SMELTZER, S. C., 2005)

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19

Comumente é usada durante as primeiras 24 horas após o trauma, mas seu

uso tem sido recomendado para avaliar a capacidade funcional global em estudos

clínicos de vítimas com TCE(SMELTZER, 2005; SOUZA, 2006; CANOVA et al,

2010).

Embora a causa principal do TCE sofra variação nas diferentes localidades,

os acidentes de trânsito, as quedas e as agressões são sempre as mais frequentes

nos mais diversos países. Segundo o IPEA, há mais de 30 anos os traumatismos

cranioencefálicos e da medula espinhal são as principais causas de morte e

sequelas devido a acidentes de trânsito e também as que exigem maiores recursos

econômicos, sociais e humanos para o tratamento e reabilitação do paciente

(ACOSTA et al, 1998; ABRAMET, 2004)

2.2 ACIDENTES NO TRÂNSITO COM MOTOS

Os acidentes de trânsito são responsáveis por cerca de 1,2 milhões de

mortes/ano e 50 milhões de feridos em todo o mundo (SALVARANI; COLLI;

CARLOTTI JÚNIOR, 2009). Em 1990, eles representavam a nona causa mais

comum de morte no mundo, com projeções estimadas de que em 2020 serão a

terceira causa (MURRAY; LOPEZ, 1997). O quantitativo de morte de motociclistas,

segundo o mapa da violência 2013, em acidentes de trânsito tem aumentando de

forma trágica passando de 1.421 em 1996 para 14.666 no ano de 2011, revelando

incríveis 932,1% de crescimento em 15 anos (WAISELFIZ, 2013).

O Brasil aparece em quinto lugar entre os países recordistas em mortes no

trânsito, precedido por Índia, China, EUA e Rússia e seguido por Irã, México,

Indonésia, África do Sul e Egito. Juntas, essas dez nações são responsáveis por

62% das mortes por acidente no trânsito.

A OMS prever que a situação se agravará mais nos países de média e baixa

renda, incluindo o Brasil, motivado, sobretudo, pelo aumento da frota, falta de

planejamento e baixo investimento na segurança das vias públicas, que são

responsáveis por cerca de 90% dos casos de mortes no trânsito.

Na virada do século (ano 2000), tínhamos 4,0 milhões de motocicletas

registradas no DENATRAN, o que representava 13,6% do parque veicular. Em 2011,

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20

esse número pulou para 18,4 milhões, significando 26,1% do total nacional dos

veículos registrados.

Em 2004, ocorreram 12.095 acidentes com motos em Rodovias Federais,

representando 10,8% dos acidentes nas rodovias federais. Desses, 838 registraram

fatalidade, provocando a morte de 932 pessoas que equivale a 15,2% das mortes

registradas pela Policia Rodoviária Federal. (IPEA/DENATRAN/ANTP, 2006).

Estudos realizados anteriormente, pelo Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada – IPEA (2003), sobre a severidade dos acidentes de trânsito, mostraram

que entre 61% e 82% das vitimas eram de acidentes com motocicletas, enquanto

6% a 7% eram de automóveis, comprovando a gravidade dos acidentes com

motocicletas, destacando-se a frequência de lesões graves na cabeça dos

condutores mortalmente feridos que negligenciaram o uso de capacete, já

comprovadamente eficaz na redução desses ferimentos (NHTSA, 1996; ULMER &

PREUSSER DE 2002).

2. 3 CAPACETES

No início de 1900, com a introdução generalizada da motocicleta, surge a

necessidade do uso de um capacete (FERNANDES, SOUSA 2013).

Inicialmente, os capacetes eram simples capotas de couro usados pela

primeira vez em corridas e, geralmente, usados com óculos de proteção, cujo

principal objetivo era manter o conforto da cabeça e por isso não fornecia quase

nenhuma proteção (NEWMAN, 2005).

Os capacetes evoluíram com base no entendimento das características

biofísicas da cabeça e com o desenvolvimento das funções de avaliação cinemática

dos traumatismos craniano. Fez-se necessário a existência de uma casca externa

dura para distribuir e reduzir a força aplicada e carga de impacto, diminuindo a

probabilidade de fratura de crânio (NEWMAN, 2005; FERNANDES, SOUSA, 2013).

O National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA) informou que o

uso do capacete levou a uma redução de 37% no índice de mortalidade e de 65% na

frequência de ferimento na cabeça em pilotos envolvidos em acidentes, No mesmo

estudo verificou-se também que um motociclista sem capacete de segurança estava

40% mais propensos a sofrer um traumatismo craniano fatal quando comparado

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21

com aqueles que usavam capacetes. (VACA & BERNS, 2001; IIHS DE 2000 APUD

MAYROSE, 2008).

Por outro lado, em 1995, os parlamentos de alguns Estados

norteamericanos possibilitaram que a lei que tornava obrigatório o uso do capacete

para motocicleta fosse revogada, uma vez que para alguns autores o uso do

capacete acarretava lesões mais graves na coluna cervical, assim como, dificuldade

de audição e visualização na condução da motocicleta, possibilitando a ocorrência

de mais acidentes. No entanto, este pensamento teve diversas contestações

publicadas (HOTZ, 2002; CROCE, 2009).

Embora em muitos Estados seja mandatário o uso de capacetes pelos

motociclistas, suas leis não indicam o tipo adequado e também não há estudos

prospectivos que avaliem os padrões de lesões relacionados ao tipo de capacete

(BREWER, ET ALL 2013).

O capacete ideal não deve apresentar folga entre a cabeça e o casco e, sua

escolha deve levar em consideração a altura da testa e o diâmetro da cabeça em

centímetros. Em geral, sua numeração apresenta uma variância entre o número 54 e

64, representando o diâmetro da cabeça.

Mesmo com a variedade de capacetes, Brewer et all, (2013) afirma que as

vítimas de acidentes com motocicletas utilizando capacete fechado integral tem uma

redução significativa de fraturas de crânio e face quando comparadas com aquelas

que usam outros modelos.

Croce et al (2009), apresenta uma análise retrospectiva do banco de dados

nacional de trauma no Estados Unidos, na qual em mais de 76.944 colisões de

motocicletas registradas, as pessoas usando capacetes tiveram maior pontuação na

escala de coma de Glasgow, menor escore no grau das lesões e redução no índice

de mortalidade quando comparados com pacientes que não usavam o capacete.

Verificou-se também que o uso do capacete reduz significativamente o risco de

lesão cerebral e suas complicações a longo prazo. (KELLY P.; SANSON T.;

STRANGE G. ET AL, 1991; SOSIN D.M; SACKS J.J.,1992).

Estudos realizados por HOOTEN, MURAD (2013), concluíram que o uso do

capacete em motocicleta é 37% mais eficaz na prevenção de morte e 65% na

prevenção de lesões cerebrais em um acidente, estando assim, o uso desse

acessório, associado a um número maior de vidas sendo salvas e ferimentos graves

evitados (MAYROSE, 2008; CAVALCANTE et al, 2012; BREWER et al, 2013).

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22

III METODOLOGIA

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Pesquisa observacional, longitudinal e retrospectiva realizada mediante

obtenção de uma carta de anuência (APÊNDICE A), da Instituição envolvida na

pesquisa, o Hospital Regional Dr. Tarcísio de Vasconcelos Maia (HRTM), sito à Rua

Antônio Vieira de Sá, Bairro Aeroporto, CEP: 59607-100 / telefone (84) 3315-3416,

município de Mossoró-RN. Seguindo-se à autorização de acesso ao prontuário

clínico (APÊNDICE B), deu-se início ao registro dos dados clínicos em formulário

próprio (APÊNDICE C).

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o

número CAAE: 41046915.5.0000.5294 (ANEXO 1).

3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA

3.2.1 População

População alvo: motociclistas.

A População acessível foi composta pelos prontuários de 296 indivíduos

com diagnóstico de traumatismo cranioencefálico, por acidente motociclístico,

atendidos no Hospital Regional Tarcísio de Vasconcelos Maia (HTM) no período de

01 de janeiro de 2009 a 31 de junho de 2014 em Mossoró/RN.

3.2.2 Amostra

Não se aplicou cálculo da amostra, tendo em vista ser um estudo censitário,

cuja população acessível foi utilizada como a população do estudo (Amostra).

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Após seleção inicial com a utilização dos prontuários (população acessível),

os indivíduos contactados e recrutados, no total de 264, constituíram a população do

estudo (AMOSTRA).

3.3 PROCEDIMENTO:

Para realização do presente estudo clínico, fez-se necessário a aplicação de

Instrumentos de coleta (Procedimentos) em dois momentos oufases:

No primeiro momento, após o trâmite ético e regulatório inerente à pesquisa,

foram coletados os dados clínicos obtidos nos prontuários (APÊNDICE C). Em

seguida, foi feito contato telefônico com os pacientes dos prontuários selecionados

de acordo com o diagnóstico de TCE por acidente motociclístico, esclarecendo o

motivo da ligação e convidando-o para participar dessa pesquisa clínica, explicando

os aspectos éticos e riscos inerentes. Para cada indivíduo que concordou em

participar da pesquisa, foi acordada uma visita.

O segundo momento/fase de coleta de dados foi realizada nesta visita na

qual foram realizados novos esclarecimentos, assinatura do TCLE (APÊNDICE E) e

posteriormente preenchimento do questionário com a finalidade de avaliar o uso ou

não do capacete após o episódio de TCE. Tal questionário é considerado o segundo

instrumento de coleta de dados (APÊNDICE D).

Após catalogação dos dados na segunda fase da pesquisa, os participantes

foram organizados por sexo e faixa etária, tempo e gravidade do TCE, classificadas

segundo a escala de coma de Glasgow, uso ou não uso de capacetes e uso ou não

de bebida alcoólica.

3.4 ANALÍSE ESTATÍSTICA

Para análise dos dados fez-se uso da Estatística descritiva como também da

Análise de Correspondência (AC), que é uma técnica multivariada de análise

exploratória de dados. Esta técnica é adequada para analisar tabelas de

contingência (Tabela xx) com duas ou mais entradas, levando em conta algumas

medidas de correspondência entre linhas e colunas (GREENACRE, 1984, 2007).

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Os mapas permitem visualizar semelhanças e diferenças entre as variáveis.

Um dos objetivos da análise de correspondência é representar as frequências

relativas (percentuais) em gráficos bidimensionais, através de medidas de distância

entre as categorias. Os resultados são interpretados em termos de proximidade

entre linhas e as colunas (MALHOTRA, 2001, p. 553). E o software utilizado foi o R

versão 3.2.0.( R Core Team, 2015).

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IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Hospital Regional Tarcísio de Vasconcelos Maia, localizado no município

de Mossoró/RN, é a unidade de saúde referência no atendimento de urgências para

a população das seguintes microrregiões: Mossoró, Chapada do Apodi, Vale do Açu,

Médio Oeste, Umarizal, Pau dos Ferros e Serra de São Miguel (Figura 2).

Figura 2: Malha geográfica dos municípios do Rio Grande do Norte separados por

microrregião do IBGE, 2010.

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26

Foram identificados 294 indivíduos e respectivos prontuários atendidos, no

período de 01 de Janeiro de 2009 a 31 de Junho de 2014, com diagnóstico de TCE

vitimados por acidentes motociclísticos dentre tais microrregiões. A distribuição

geográfica destes pacientes atendidos neste período no HTM encontra-se abaixo

(Figura 3).

Figura 3: Mapa temático para o número de acidentes.

Legenda: Os municípios hachurados com a área mais escura representam cidades

com mais de 20 acidentes registrados no hospital. As áreas hachuradas com a cor

mais clara tiveram entre 1 e 5 acidentes. Os municípios sem área hachurada (em

branco) são aqueles que não tiveram pacientes registrados no hospital.

A faixa etária das vítimas atendidas foi composta por pessoas menores de

18 anos até maiores de 65 anos de idade, dos quais apenas 45 (15,3%) eram do

sexo feminino enquanto 249 (84,7%) pertenciam ao sexo masculino (Figura 4a).

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Observou-se predominância de indivíduos entre 25 e 34 anos – 96 (32,7%),

seguindo-se daqueles com faixas etárias compreendidas entre 15 a 24 anos - 77

(26,6%) e 35 a 44 anos - 70 (23,8%), conforme apresentado na Figura 4b.

Figura 4: Distribuição dos pacientes por sexo (a) e por faixa etária (b).

Tais resultados são congruentes com a maioria dos estudos que avaliam o

comportamento de risco de pessoas expostas a acidentes no trânsito, consumo de

bebida alcoólica, tabagismo, sexo sem proteção e uso de drogas ilícitas, entre

outros, demostrando maior prevalência do sexo masculino com preponderância de

adultos jovens. No entanto, não houve diferença de significância estatística quanto à

gravidade do TCE, entre os sexo (Figura 5).

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Figura 5: Distribuição da escala Glasgow por sexo dos pacientes.

Avaliando-se categoricamente os comportamentos de risco: uso (não uso) de

capacete e uso (não uso) de bebida alcoólica e as variáveis: sexo e idade (maior ou

menor que 30 anos) foi visto como resultado que os pacientes do sexo masculino

com mais de 30 anos estão mais associados com o não uso de bebida alcoólica e o

uso de capacete (Figura 6).

O mapa de correspondência entre o uso de capacete vs. uso de bebida

alcoólica e o sexo vs. idade mediana (Figura 6) é utilizado para a interpretação da

associação entre os níveis dos perfis linha (uso de capacete vs. uso de bebida

alcoólica:

'NãoUsaBebAlc_NãoUsaCapac','NãoUsaBebAlc_UsaCapac','UsaBebAlc_NãoUsaCa

pac' e 'UsaBebAlc_UsaCapac') e dos perfis coluna (sexo vs. idade mediana:

'Fem_Acima30anos', 'Fem_Até30anos', 'Mas_Acima30anos' e 'Mas_Até30anos').

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NUsaBebAlc_NUsaCap

NUsaBebAlc_UsaCap

UsaBebAlc_NUsaCap

UsaBebAlc_UsaCap

Fem(>30anos)

Fem(Até30anos)

Mas(>30anos)

Mas(Até30anos)

-0,6 -0,5 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0,0 0,1 0,2 0,3

Dim 1 (91,28% de Inércia)

-0,10

-0,05

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

Dim

2 (

4,5

7%

de Inérc

ia)

Uso Capac x Uso Beb Alcoólica Sexo x Idade Mediana

Figura 6: Correspondência entre Sexo, Idade mediana, Uso do Capacete e

Uso de Bebidas Alcoólicas.

As tabelas 1a e 1b expressam os valores numéricos desta análise de

correspondência entre tais dados.

Tabela 1a: Contribuições relativas das dimensões 1 e 2 sobre os perfis de linha (uso

de capacete vs. uso de bebida alcoólica).

Uso de capacete vs. uso de bebida alcoólica

Dimensão 1

Dimensão 2

NãoUsaBebAlc_NãoUsaCapac 0,978 0,002

NãoUsaBebAlc_UsaCapac 0,186 0,546

UsaBebAlc_NãoUsaCapac 0,989 0,007

UsaBebAlc_UsaCapac 0,476 0,263

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 1b: Contribuições relativas das dimensões 1 e 2 sobre os perfis de coluna (sexo vs. idade mediana).

Sexo vs. idade mediana

Dimensão 1

Dimensão 2

Fem_Acima30anos 0,790 0,057

Fem_Até30anos 0,986 0,002

Mas_Acima30anos 0,459 0,478

Mas_Até30anos 0,873 0,096

Fonte: Dados da pesquisa.

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A Tabela 2 expõe, de acordo com a coleta de dados do prontuário clínico do

atendimento dos pacientes, o número absoluto e o percentual dos vitimados que

usavam (ou não) capacetes no momento do acidente e a frequência dos condutores

quanto à ingestão prévia de bebida alcoólica. Também distribui os TCE pela sua

gravidade, segundo a classificação da escala de coma de Glasgow, a qual considera

tão mais grave a lesão neurológica quanto menor o escore obtido na escala.

Tabela 2: Distribuição de frequências simples das variáveis estudadas.

Variáveis Frequência %

Uso de capacete na ocasião do acidente?

Sim 89 30,3

Não 205 69,7

Ingestão prévia de bebida alcoólica?

Sim 132 44,9

Não 162 55,1

Classificação do TCE

Leve 151 51,4

Moderada 74 25,2

Grave 69 23,5

No Brasil, as campanhas educativas alertam para o risco de morte ou

sequelas neurológicas no evento de um acidente sem o uso do capacete enquanto

medida de proteção. No âmbito internacional, a National Security Administration in

the Road Traffic (NHTSA) descreveu que o uso de capacetes por motociclistas têm

eficácia de 37% na prevenção morte e de 65% na prevenção de lesões cerebrais em

um acidente de trânsito.

Apesar disso, é visto na distribuição da Tabela 2 que aproximadamente dois

terços (69,7%) dos pacientes que sofreram traumatismos cranioencefálicos não

usavam o capacete no momento do acidente segundo o registro clínico. Esses

achados discordam do estudo realizado por Mayrose (2008), no qual comparando os

resultados obtidos entre os estados americanos, com e sem uma lei do capacete,

encontrou que esse acessório protetor usado por 57,4% dos motociclistas por

ocasião dos acidentes. No Brasil, não se encontrou relatos na literatura.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, feita pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que 24,3% dos condutores de

veículos motorizados, carro ou motocicleta, ingerem previamente, bebida alcoólica

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independente da quantidade e da periodicidade desta prática. Também foi visto no I

Levantamento Nacional Domiciliar sobre Padrões de Consumo de Álcool (LNDPCA),

realizado em 143 cidades brasileiras no ano de 2007, que o binômio beber/dirigir

teve prevalência de 35%, com predomínio no sexo masculino.

No presente estudo, conforme apresentado na Tabela 2, quase a metade

dos indivíduos (44,9%) afirmaram ter ingerido bebida alcoólica antes de pilotar a

motocicleta e a ocorrência do acidente. Índice bastante superior aos dados do

LNDPCA 2007 e PNS/IBGE 2013, demonstrando um comportamento de risco mais

prevalente na população do estudo em relação a população brasileira.

O consumo de bebidas alcoólicas associado ao volante é tema de campanhas

nacionais de políticas públicas, nas quais são mostradas para a população suas

implicações e consequências para a saúde, com o objetivo de evitar que as pessoas

bebam e dirijam. No entanto, o resultado deste estudo demonstra a eficácia limitada

desse instrumento de conscientização das pessoas quanto ao uso do capacete uma

vez que cerca de metade dos indivíduos declarou ter ingerido bebida alcóolica antes

de pilotar a motocicleta.

Em relação à gravidade dos TCE, segundo a classificação da escala de

coma de Glasgow, verificou-se que 51,4% dos pacientes tiveram TCE leve, 25,2%

TCE de grau moderado e o TCE grave ocorreu em 23,5% dos casos (Tabela 2).

Não obstante a inexistência de dados similares que possibilitasse ampla

discussão, Salvarani et al (2009), evidencia a importância do uso do capacete, como

responsável pela minimização de traumas e gravidade do TCE. No entanto, HOTZ

et al, 2002; BREWER et al, 2013;FERNANDES e F.A.O. ALVES DE SOUZA, 2013

ressaltam a adequação do tipo de capacete utilizado como um fator a ser

considerado, na avaliação do impacto ocorrido no evento e suas consequências.

Cerca de 70% dos motociclistas não faziam uso de capacete no momento do

acidente, mas esse valor reduziu significativamente para aproximadamente 10% dos

entrevistados após a ocorrência do TCE (Figura 7). Mesmo levando-se em

consideração o fato que 28 indivíduos (9,5%) não preencheram o questionário na

segunda fase da pesquisa esse resultado é expressivo. Duas análises podem ser

feitas com esses dados incompletos: o pior cenário, no qual todos os dados

ausentes (indivíduos que não responderam o questionário) teriam respondido que

continuam a não fazer uso do capacete e mesmo assim, ainda teríamos menos de

20% que não fazem uso do mesmo; ou a distribuição dos dados dos indivíduos não

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respondedores de maneira proporcional aos dados obtidos pelos respondedores

(considerando toda população homogênea e com tendência ao mesmo

comportamento), desta forma ter-se-á o aumento para aproximadamente 10% dos

indivíduos que após ocorrência de acidente motociclístico sem uso de capacete se

mantiveram sem usá-lo.

Desta forma, a frequência atual do uso de capacete é quase 3 vezes maior

do que na ocasião do acidente. Esse aumento observado representa o impacto do

evento (ocorrência de TCE) no grau de adesão ao uso do capacete. Ou seja, 80%

adotaram o uso do capacete após a ocorrência do TCE (neste estudo considerado

como evento máximo e com maior impacto que medidas preventivas para adoção do

capacete). Desta forma, este seria o impacto máximo do alcance das medidas

preventivas dirigidas ao uso de capacetes por motociclistas. Ou seja, 20% destes

indivíduos provavelmente não modificarão seu comportamento de risco, não uso do

capacete, a despeito de tais medidas.

No Texas e em Arkansas, o uso de capacete foi avaliado antes e após a

alteração de uma lei. Para os anos de 1995 até 1996, o uso do capacete nesses

estados aumentou 7,5%, enquanto a mortalidade caiu 1%. Em 1997, foi visto que

nesses países, a adoção ao uso de capacete caiu 46,5% e mortalidade aumentou

82,1% em relação ao período de quatro anos (Mayrose, 2008).

Em estudos realizados, Croce et al (2009), com um universo de 78.770

pacientes, evidenciaram que 58.369 (76%) faziam uso do capacete e 18.575 (24%)

não o usavam.

HOOTEN, MURAD (2014) estudaram dois grupos de pacientes, um com 522

e outro com 473 indivíduos, nos quais, verificou uma frequência de uso e não uso do

capacete, de 10% (52/522) e de 11,2% (53/473) , respectivamente. E, não foram

encontradas evidências sugestivas de um risco aumentado de lesão na coluna

cervical ou do aumento da gravidade da lesão da coluna cervical, com o uso de

capacete.

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Ausente = Não localizado para entrevista

Figura 7: Percentual do uso de capacete coletado no prontuário (Tempo 1) e

obtido a partir da aplicação de uma entrevista, em um outro momento (Tempo 2).

Realizando-se uma análise de correspondência entre a gravidade do TCE e

a adoção do uso do capacete verificou-se, no presente estudo, que os indivíduos

com TCE, de grau leve e moderado, aderiram à adoção do uso do capacete em

maior proporção do que aquelas vítimas de TCE grave (Figura 8), cuja análise é

auxiliada pelas Tabelas 3a e 3b que expressam os valores numéricos desta

correspondência.

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Não

Quase sempre

Sim

Grave Moderada

Leve

-0,15 -0,10 -0,05 0,00 0,05 0,10 0,15

Dim 1 (99,98% de Inércia)

-0,0020

-0,0015

-0,0010

-0,0005

0,0000

0,0005

0,0010

0,0015

0,0020

0,0025

0,0030

Dim

2 (

0,0

2%

de Inérc

ia)

Atualmente faz uso do capacete? Gravidade do TCE

Figura 8: Correspondência entre a gravidade do TCE e a adesão ao

uso do capacete pela vítima.

É oportuno ressaltar que o cálculo desta análise de correspondência é

realizado a partir das médias em relação ao grau de concordância das respostas aos

questionários e que novamente, o uso de bebida alcoólica e a interferência da

aferição na escala de coma de Glasgow podem interferir neste resultado, de modo

que a confirmação desta hipótese, só é possível com o estudo de um número maior

de sujeitos, o que permitiria a realização da uma análise de subgrupo.

Tabela 3a: Contribuições relativas das dimensões 1 e 2 sobre os perfis de

linha (se o paciente usa capacete).

Uso de

Capacete Dimensão 1 Dimensão 2

Não 0,999 0,001

Quase sempre 0,999 0,001

Sim 0,999 0,001

Fonte: Dados da pesquisa.

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35

Tabela 3b: Contribuições relativas das dimensões 1 e 2 sobre os perfis de

coluna (gravidade do TCE).

Gravidade

do TCE Dimensão 1 Dimensão 2

Grave 0,999 0,001

Moderada 0,999 0,001

Leve 0,746 0,254

Fonte: Dados da pesquisa.

A Figura 9 apresenta o perfil do uso de bebida alcoólica antes de dirigir nos

dois tempos da presente pesquisa, cuja resposta foi obtida pela análise dos

prontuários (Tempo 1) e pela realização da entrevista (Tempo 2), onde é possível

observar que o número de condutores de motocicletas adeptos do binômio bebida

alcoólica/direção revela uma redução de treze (13%), em relação às respostas

obtidas nos prontuários. Apesar da impossibilidade de discussão desse achado,

tendo em vista o desconhecimento de estudos dessa natureza na literatura, pode-se

considerar que a ocorrência do traumatismo craniano encefálico (TCE) em

motociclistas sem o uso de capacete possa ter funcionado como um fator

modificador no hábito do uso de capacete pelos motociclistas, após o acidente.

Ausente = Não localizado para entrevista

Figura 9 - Percentual do uso de bebida alcoólica coletado no prontuário (Tempo 1)

e obtido a partir da aplicação de uma entrevista, em um outro momento (Tempo 2).

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36

A Tabela 4 expõe os números absolutos e o percentual dos vitimados por

TCE que usam (ou não) atualmente o capacete e a frequência do uso de bebida

alcóolica e moto nos três meses precedentes a entrevista

Tabela 4: Distribuição de frequências simples das variáveis estudadas

na entrevista.

Variáveis Frequência %

Atualmente faz uso de capacete?

Sim 239 81,3

Não Ausente

27 28

9,2 9,5

Fez uso de bebida alcoólica e pilotou moto nos últimos 3 meses?

Sim 93 31,6

Não Ausente

173 28

58,8 9,5

Ao se analisar a escala de coma de Glasgow em associação com o uso ou

não do capacete e a ingestão ou não de bebidas alcoólicas (Figura 10), detectaram-

se melhores escores na escala de coma de Glasgow naqueles indivíduos que

usaram capacete e não ingeriram bebidas alcoólicas (SC_NB), mediana da

pontuação da ECG igual a 15 e valores mais homogêneos com limite inferior igual a

13, expressando indivíduos com lesões de menor gravidade.

Os indivíduos que não usaram o capacete tiveram mediana da ECG igual a

12 ou 13, respectivamente para não uso (NC_NB) e uso de bebida alcóolica

(NC_SB) concomitante; no entanto, apresentaram uma dispersão dos valores da

ECG bem maior. Tais dados apontam para a gravidade do TCE em vários destes

indivíduos em uma proporção bem maior do que no grupo que fez uso do capacete e

não ingeriu bebida alcóolica.

Os resultados do grupo que fez uso de capacete e de bebida alcóolica

(SC_SB), mediana da ECG igual a 11 e dispersão semelhante ao grupo NC_NB,

podem ser explicados pela interferência na aferição da ECG em pacientes que

fizeram uso de bebida alcóolica; desta forma, não contradizem a interpretação que o

uso do capacete se configurou em uma menor taxa de ocorrência de TCE; assim

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como, permitiu uma maior proteção ao indivíduo com diminuição da gravidade do

TCE.

Esses achados demonstram a importância da implementação de medidas

preventivas como o uso do capacete e a não ingestão prévia de bebidas alcoólicas

por motociclistas na redução dos traumas bem como da gravidade dos TCE;

corroborando com Salvarani et al, 2009, que mostra que a redução dos traumas e da

gravidade dos TCE estão amplamente associadas as medidas preventivas para o

uso do capacete. Assim como também divulga o programa de prevenção “pensar

primeiro”, implementado no Brasil, em conformidade com o modelo Americano

(SALVARANI; COLLI; CARLOTTI JÚNIOR, 2007). Em relação ao uso de capacete,

Croce et al (2009), refere que as vítimas que usam capacetes têm estadias mais

curtas na UTI, o que pode está associada a lesões mais leves.

NC-NB = Não uso de capacete e não ingestão de bebida alcoólica; NC-SB = Não uso de capacete e sim ingestão de bebida

alcoólica;

SC-NB = Sim uso de capacete e não ingestão de bebida alcoólica; NC-NB = Não uso de capacete e sim ingestão de bebida

alcoólica.

Figura 10: Distribuição dos resultados da escala Glasgow, conforme uso de

capacete e ingestão de bebida alcoólica.

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VI – CONCLUSÕES

Considerando os dados obtidos, é possível identificar que:

O nível de adoção ao uso do capacete, por parte dos motociclistas

vitimados por TCE, decorrentes de acidentes no trânsito, apresentou-se em torno de

81%;

Vinte por cento dos motociclistas não modificarão o comportamento de

uso de capacete devido a medidas;

A maioria dos condutores que aderiram ao uso do capacete sofreram

TCE leve ou moderado de acordo com a escala de coma de Glasgow;

Os condutores que usaram capacete e não ingeriram bebidas

alcoólicas (SC_NB), foram associados a TCE com lesões com menos graves.

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APÊNDICE A - CARTA DE ANUÊNCIA

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APÊNDICE B - AUTORIZAÇÃO PARA USO DE PRONTUÁRIO

CLÍNICO

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APÊNDICE C

FORMULÁRIO PARA REGISTRO DOS DADOS CLÍNICOS

1. IDENTIFICAÇÃO

Código do Paciente: Sexo:

( ) M ( ) F

Data de Nascimento:

___/___/___

Endereço:

Tel 1.: ( ) Tel 2.: ( ) Data de acidente com moto.:

___/___/___

Uso de capacete:

( ) SIM ( ) NÃO

Bebida alcóolica:

( ) SIM ( ) NÃO

Escala de coma de Glasgow (no momento do acidente) :

_______

Escala de coma de Glasgow (Verificada no momento da alta hospitalar ou transferência para outra instituição) :

Situação:

( )Transferência para outra instituição

( ) Óbito

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APÊNDICE D

CARTA DE APRESENTAÇÃO E QUESTIONÁRIO

Caro participante,

Eu me chamo Gemma Galgani, sou aluna de mestrado do PROGRAMA DE

PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE pela UNIVERSIDADE DO ESTADO

DO RIO GRANDE DO NORTE (UERN) e estou realizando uma pesquisa cujo

objetivo principal é identificar a adoção do uso do capacete, após acidentes, em

motociclistas vitimados por traumatismo craniano encefálico - TCE. O resultado

deste estudo oportunizará uma avaliação das campanhas realizadas por órgãos

responsáveis pelo sistema de trânsito e pelo ministério da saúde.

O (A) Senhor (a) foi selecionado(a) para a nossa pesquisa pois foi atendido

no HRTVM devido a um acidente com motocicleta e teve o diagnóstico de TCE.

Gostaríamos que respondesse o nosso questionário, o qual é anônimo e sua

identidade não será divulgada. O questionário contém seis perguntas, com tempo de

resposta médio de 3 (três) minutos.

Agradecemos a sua atenção e compreensão em participar da pesquisa,

certo de que sua resposta contribuirá para o desenvolvimento dos estudos em nossa

instituição e para a melhoria da qualidade de vida.

O Sr.ou a Sra. aceita participar da nossa pesquisa?

Grata.

Enfermeira: Gemma Galgani

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QUESTIONÁRIO

1. Quando ocorreu o acidente o senhor (a) estava na condição:

☐ Condutor

☐ Passageiro

2. Fazia uso de capacete?

☐ Sim

☐ Não

3. Havia ingerido bebida alcoólica antes de pilotar a moto?

☐ Sim

☐ Não

4. O Sr./Sra. voltou a utilizar a moto:

☐ Sim

☐ Não

5. Atualmente faz uso de capacete?

☐ Sim / Sempre

☐ Na maioria das vezes

☐ Na minoria das vezes

☐ Não / Nunca

6. Fez uso de bebida alcoólica e pilotou moto nos últimos 03 meses?

☐ Sim

☐ Não

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APÊNDICE E

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(TCLE)

Caro participante,

O(a) senhor(a) está sendo convidado a participar do projeto de pesquisa

intitulado: “Uso de capacete por motociclistas após trauma cranioencefálico por

acidente motociclistico sem o uso deste acessório”, realizado por Gemma Galgani

do Nascimento Santos, sob orientação de Hougelle Simplício Gomes Pereira. Sua

participação será estritamente voluntária, o que significa que poderá desistir a

qualquer momento sem que isso lhe traga nenhum prejuízo.

A pesquisa tem como objetivo primário é identificar e mensurar a adoção do

uso do capacete após acidentes por motociclistas vitimados por TCE que não

fizeram uso prévio do capacete. Os demais objetivos secundários são verificar a

correlação entre o uso de capacete após o acidente motociclístico e o tempo

decorrido desde o TCE, a correlação do TCE com a ingestão de bebidas alcoólicas,

antes e após o acidente, pelos motociclistas, assim como, a correlação da adoção

do uso do capacete após o acidente e a gravidade do TCE, segundo a escala de

coma de Glasgow, em motociclistas.

Caso concorde, o(a) Senhor (a) responderá um questionário e alguns dados

relativos ao acidente que o senhor(a) teve com moto, que serão usados para

avaliação.

Ao aplicar o TCLE ou o questionário, como também ao realizar a coleta nos

prontuários, pode haver riscos de natureza psíquica, moral, intelectual ou social

(insegurança, medo ou constrangimentos) por parte do participante. Sendo assim,

com intuito de garantir a privacidade e confidencialidade no momento da coleta,

minimizando os riscos no momento da pesquisa, a pesquisadora garantirá que

esteja sozinho, em ambiente que garanta privacidade, para que se sinta a vontade

de participar ou não voluntariamente da pesquisa, podendo os mesmos escolherem

sua residência para que ouçam os esclarecimentos sobre a pesquisa e conteúdo do

TCLE e do questionário. Será permitido que o sujeito retenha consigo o questionário

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para respondê-lo em outro momento ou local que julgue mais cômodo ou melhor,

utilizando o tempo necessário para respondê-lo.

A pesquisa será suspensa ou encerrada caso seja identificado algum

malefício de natureza psíquica, moral, intelectual ou social (insegurança, medo ou

constrangimentos) em número igual ou superior a cinco em cada cem participantes

da pesquisa em uma avaliação intermediária realizada a cada 30 (trinta) dias.

O participante da pesquisa poderá ser beneficiado caso o resultado deste

estudo traga informações suficientes para que melhorem e otimizem o uso das

estratégias para prevenção de trauma cerebral em motociclistas.

O(a) senhor(a) terá a liberdade para questionar dúvidas que possam surgir a

qualquer momento da pesquisa acerca dos dados que serão coletados do prontuário

ou sobre o preenchimento do questionário, bem como seus objetivos. Todos os

indivíduos deverão participar da pesquisa por livre e espontânea vontade, a

participação é voluntária e não será remunerada. Eventuais gastos oriundos

exclusivamente das atividades relacionadas à pesquisa serão ressarcidos. A

previsão do ressarcimento será assim que solicitado pelo participante da pesquisa,

tendo em vista que a pesquisa terá financiamento próprio pelos pesquisadores. A

indenização será provida se em algum momento o sujeito/voluntário sofrer algum

dano comprovadamente decorrente desta pesquisa; tendo, portanto, direito a

indenização. O sujeito/voluntário pode também desistir de participar ou de continuar

sua participação na pesquisa em qualquer momento. Será realizada uma análise

interim pelo Pesquisador associado/Docente da pós-graduação Saúde e Sociedade,

Dr. Hougelle Simplício, e caso seja evidenciado estatisticamente futilidade da

intervenção ou efeito danoso da mesma a pesquisa será interrompida.

Após a coleta, os dados serão guardados em local seguro, e a divulgação dos

resultados será feita de forma a não identificar os voluntários e serão cumpridas as

exigências da resolução 466/12 do CNS, que trata sobre bioética. Os dados serão

armazenados fisicamente, tanto na forma de impresso quanto em mídia eletrônica

na secretaria do Programa de Pós-graduação Saúde e Sociedade (PPGSS) da

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) em armário com chave e o

acesso aos dados será controlado através de livro de registro de entrada e retirada

dos dados. Todos os registros em mídia eletrônica secundários serão excluídos dos

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computadores e dispositivos de armazenamento utilizados pelos pesquisadores

durante a pesquisa. O acesso aos dados será possível somente após autorização

por escrito do Docente do PPGGS, Prof. Hougelle Simplício. O tempo de

armazenamento dos dados será de cinco anos.

Você ficará com a via original deste termo, caso tenha novas perguntas

sobre este estudo, pode contatar Gemma Galgani do Nascimento Santos, no

endereço: Rua Dionísio Filgueira, 383, Centro, CEP: 59610-090 – Mossoró-

RN, telefone (84) 99029117, email: [email protected]. Para qualquer

pergunta sobre os meus direitos como participante deste estudo ou se pensei que fui

prejudicado pela minha participação, posso entrar em contato com o mesmo nos

telefones acima mencionados.

Dúvidas a respeito da ética desta pesquisa poderão ser questionadas ao

Comitê de Ética em Pesquisa da UERN, no endereço na Rua Miguel Antônio da

Silva Neto, S/N Bairro Aeroporto, 3º Pavimento da Faculdade de Ciências da Saúde

Tel: 3318-2596 e-mail: [email protected], CEP: 59607-360.

Eu, _____________________________________________________,

RG__________, residente em ________________________ declaro que fui

devidamente esclarecido das condições acima citadas, desejo e consinto

voluntariamente em participar das atividades propostas na Pesquisa intitulada “Uso

de capacete por motociclistas após trauma cranioencefálico por acidente

motociclístico sem o uso deste acessório”, na condição de voluntário. Portanto,

autorizo o docente Hougelle Simplício Gomes Pereira e a mestranda Gemma

Galgani do Nascimento Santos, a utilizar os dados obtidos para realização de

trabalhos e apresentação em encontros científicos. Concedo ainda o direito de

retenção e uso para quaisquer fins de ensino e divulgação em jornais e/ou revistas

científicas do país e do estrangeiro, desde que mantido o sigilo sobre a minha

identidade, podendo usar pseudônimos.

__________________________________

Participante/ Voluntário/ Familiar

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Este termo foi lido para _________________________________________

em ____/_____/_____ por __________________________________ enquanto eu

estava presente.________________________________ (Testemunha).

Local: ___________________________. Data:___/___/___Assinatura do (a)

responsável da pesquisa:_____________________________.

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ANEXO 1

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP