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USO DA RADIAÇÃO GAMA NOS ALIMENTOS PARA
O COMBATE À ESCHERICHIA COLI1
Maria do Socorro Souza2
Críssia Carem Paiva Fontainha3
RESUMO
De acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO), pelo menos um quarto da produção mundial de
alimentos tem que ser eliminado devido à ação de microrganismos, como a Escherichia coli. A Escherichia
coli é um microrganismo existente na flora intestinal humana e de animais saudáveis, causadores de mortes e
doença alimentar. Sabe-se que não existe uma única maneira para se prevenir uma contaminação, mas vários
estudos apontam a irradiação de alimentos como parte de um programa integrado para a segurança da
população mundial, pois é eficiente na conservação dos alimentos e, ao mesmo tempo, reduz a incidência de
algumas doenças relacionadas à ingestão de alimentos contaminados por microorganismos, como
Escherichia coli. Para que o alimento esteja livre desta bactéria, e pronto para ser ingerido com total
segurança, usa-se, em geral, irradiadores com fonte Cobalto60
. A energia gama do Cobalto60
é uma das mais
utilizadas comercialmente por ser de fácil acesso, de baixo valor comercial e por não induzir radioatividade
nos alimentos. Para eliminar a E. Coli recomenda-se a técnica de dose entre 1 e 10 kGy e 300kGy para
eficiente eliminação da bactéria. Este artigo tem como objetivo mostrar a importância da irradiação gama
para a esterilização e conservação dos alimentos, os danos causados com a infecção alimentar pela
Escherichia coli, e a eficiência da destruição de microorganismos pela radiação, sem causar qualquer
prejuízo ao alimento e ao consumidor.
Palavras-chave: radiação. Alimento. Escherichia coli. Radiação Gama.
ABSTRACT
According to the Food and Agriculture Organization (FAO), at least a quarter of global food production has to be
eliminated due to the action of microorganisms such as Escherichia coli. Escherichia coli is a microorganism existing
in the human intestinal flora of healthy animals and that cause food borne illness and deaths. It is known that there is
no single way to prevent this contamination, but several studies show that food irradiation should be used as part of an
integrated program for the safety of the world population, because it improves food preservation, and at the same time
reduces the incidence of certain diseases related to the ingestion of contaminated food by microorganisms. This article
aims to show that gamma irradiation is important for sterilization and food preservation, and destruction of
microorganisms such as Escherichia coli, without causing any harm to the consumer and food. For food to be free of
this bacterium, and ready to be eaten safely, we use the Cobalto60. The energy range of Cobalto60 is one of the most
commercially used because of its easy access, low commercial value and does not induce radioactivity in food.
Keywords: Irradiation. Food. Escherichia coli. Radiation Gamma.
1 INTRODUÇÃO
1 Artigo apresentado ao Curso de Especialização Lato Sensu em Vigilância Sanitária, para a obtenção do título de
Especialista. 2 Aluna do Curso de Especialização Lato Sensu em Vigilância Sanitária do IFAR – PUC-GO. E-mail:
[email protected] 3 Professora da Universidade Federal de Minas Gerais. Mestre em Ciências da Radiação – PCTN/UFMG. E-mail:
Desde o início da civilização, cuidar da alimentação utilizando diversos métodos para
controlar ou mesmo acabar, com a transmissão de doenças advindas do alimento e sua de
teorização, tem sido motivo de grande interesse para pesquisadores e indústrias alimentícias. Nos
dias de hoje, porém, há ainda outra preocupação que é a tendência à falta ou escassez de alimento
no mundo. (POLIZEL, 2006)
Para Pereira (2009), as desigualdades nas disponibilidades dos suprimentos alimentares, o
crescimento demográfico, a industrialização, a urbanização que propicia ou traz grandes infecções
advindas da água, e consequentemente, levam a infecções alimentares causadoras de mortes, são
grandes problemas de saúde pública, e necessitam de alternativas e propostas para o melhor bem-
estar da população.
Neste sentido, o uso de irradiação gama para o tratamento dos alimentos no combate à
Escherichia coli (E. coli) é uma técnica importante para esterilização e conservação destes, à
medida que destrói os microrganismos que prejudicam a saúde das pessoas. Irradiar o alimento
com esta energia é uma opção tecnológica segura e eficaz, que atende todas as expectativas, tanto
na qualidade e durabilidade, quanto no armazenamento, sem perder o sabor, a cor e a textura dos
alimentos, além de tornar inativos os microorganismos, como E. coli e outros patogênicos
existentes (POLIZEL, 2006).
Uma das vantagens de irradiar o alimento com a energia gama, em detrimento das outras
fontes de energia, está na sua capacidade de destruir os microorganismos, com seu alto conteúdo
de energia, grande penetração e letalidade devida sua ação ao nível celular. Essa penetração é
uniforme, profunda e instantânea (SILVA et al, 2003).
Portanto, o objetivo deste artigo é e analisar a importância da aplicação da irradiaçao
gama em alimentos para combater a E. Coli, devido ao risco que ela representa à saúde. Também
serão abordados os princípios da irradiação de alimentos, a normatização brasileira que a rege, a
opinião pública quanto aos alimentos irradiados, os principais microorganismos que afetam à
saúde pública, em especial a E. coli e seus danos no Brasil e no mundo.
2 METODOLOGIA
A metodologia utilizada, a partir de leitura e seleção dos tópicos de interesse para o tema
proposto, baseia-se em pesquisas descritivas, bem como levantamento bibliográfico desenvolvido
com base em material publicado em livros, jornais, redes eletrônicas e artigos de periódicos,
correlacionando fatos ou fenômenos, e suas variáveis, sem manipulá-los.
Para a construção deste trabalho de revisão bibliográfica, foram selecionados livros, a
partir das referências bibliográficas encontradas na Biblioteca J. Baeta Vianna, do Campus da
Saúde/UFMG. A revisão foi realizada com artigos publicados a partir do ano 2002 ao ano de
2012, pesquisados na base de dados da Bireme, por meio dos serviços da Medline, Scielo e Lilacs,
utilizando-se como palavras-chave “Irradiação”, “Alimento”, “Escherichia coli” e “Radiação
Gama”. Também foram acessadas as bibliotecas virtuais das Universidades Federias de São Paulo,
Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte, além da Universidade de Campinas.
3 DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO
3.1 - Irradiações de alimentos
Para Bueno (2008), as perdas de grandes quantidades de alimentos por contaminação,
decomposição, infestação e os frequentes surtos de doenças e mortes causados por fungos e
bactérias em alimentos contaminados têm levado a sociedade acadêmica, grandes indústrias
alimentícias e agropecuárias, órgãos responsáveis e outros a se mobilizarem em prol da
conservação de alimentos, em virtudes dos males e prejuízos que podem ser causados. Irradiar o
alimento com irradiação gama é seguro, inibe a germinação de bactéria além de destruí-las sem
causar qualquer dano ao alimento.
3.1.1 Irradiadores de alimentos
Dentre as tecnologias de irradiação de alimentos estão os aceleradores de partículas
carregadas de alta energia, os irradiadores gama, com fontes de Cobalto-60 e Césio-137, os
aceleradores de elétrons e os tubos de raios X industriais.
Os raios gama e os raios X são radiações eletromagnéticas, portanto, possuem as mesmas
propriedades e os mesmos efeitos sobre a matéria. A diferença encontra-se nas suas origens, uma
vez que os raios X são originados na eletrosfera do átomo e os raios gama originam-se na
reorganização do núcleo atômico, sendo assim, se encontram em faixas de energias distintas no
espectro eletromagnético, sendo a radiação gama de maior energia. (ADERALDO, 2008)
As fontes autorizadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear são as radiações gama,
Cobalto60
e Césio137
, raios X e os aceleradores de elétrons, sendo o mais usado o gama por ser
economicamente viável para grandes ou pequenas quantidades de produtos, por ter alta
penetrabilidade, indo até uma profundidade de 20cm. Este processo pode ser feito com o alimento
embalado ou a granel, podendo este ser comido logo após a exposição da radiação, pois não fica
radioativo. Facilmente validado, é um dos processos mais rápidos de esterilização, além de não
agredir o meio ambiente. (BORALI, 2008; SILVA, 2008)
Dentre os radioisótopos emissores de raios gama, o Cobalto60
é o mais usado nos
irradiadores para o processamento de alimento, sendo que sua produção principal (80%) está no
Canadá. O Cobalto60
é um isótopo artificial obtido a partir do bombardeamento do cobalto natural
com nêutrons em um reator nuclear. A ativação com nêutrons ocorre em esferas não radioativas do
Cobalto59
, altamente refinados. Para o uso como fontes de radiação, as esferas de cobalto são
ativadas e armazenadas em cápsulas de aço inoxidável em forma cilíndrica, para minimizar a
autoabsorção do cobalto e o acúmulo de calor. (BORALI, 2008; EVANGELISTA, 2005).
Os raios gamas produzidos pelo Cobalto60
possuem energias de 1,17MeV e 1,33MeV, são
altamente penetrantes e podem ser usados em caixas cheias de alimentos quer estejam estes
frescos ou não. Seu tempo de meia vida é de 5,27 anos e isto faz com que a fonte seja trocada
periodicamente, para poder manter o potencial radioativo (EVANGELISTA, 2005).
O irradiador Cobalto60
consiste numa fonte de Cobalto60
instalada num bunker, isto é, uma
câmara de irradiação cujas paredes são blindadas de concreto. Essa fonte, quando não está em
operação, fica a alguns metros abaixo da superfície e somente é elevada quando vai irradiar o
alimento. A fonte está sempre irradiando, segundo sua atividade e decaimento espontâneo, por
essa razão, existe uma proteção de blindagem revestida de aço inox, com a finalidade de absorver
a radiação. (BORALI, 2008)
Os alimentos a serem irradiados, para evitar contaminação posterior no processo de
embalagem são colocados em containeres e através de um monotrilho são conduzidos para o
interior da câmara de irradiação, onde recebe a dose programada de radiação gama. Como não há
contato com a fonte radioativa, não há risco de contaminação radioativa e, após o tratamento, não
há necessidade de manipulação do alimento, o que evita uma possível reinfestação bacteriana.
Esta operação de irradiadores não gera efluentes radioativos, logo há um menor impacto
ambiental e os seus rejeitos radioativos são gerenciados pelo fabricante. (JAY, 2005; WIELAND
et al, 2010)
O radioisótopo Césio137
é originado artificialmente da divisão de dois núcleos, o urânio e
plutônio. Há muitos estudos sobre o Césio, que age também como elemento de esterilização.
Segundo Hernandes (2006), o Césio foi descoberto por Ribert Wilhelm Bunsen e Gustav Kirhhoff,
na Alemanha, em 1960. Este metal é encontrado no silicato de alumínio, sendo seu isótopo mais
importante o Césio133
, que é usado para gerar o radioisótopo, Césio137
. E ainda acrescenta:
A partir dessa fissão, ele passa a emitir radiações gama com meia vida de 30 anos,
apresentando-se em forma de CsCl, dissolvendo-se em água e tornando-se perigoso para o
meio ambiente. É inviável para o uso comercial. Por essa razão ele é muito bem guardado
com uma alta proteção de blindagem feita em aço inoxidável. O uso do césio 137 foi
muito difundido nos 70, por causa das indústrias de reprocessamento de combustível.
Atualmente ele é usado nos processos de pasteurização e de esterilização a frio e nas
fontes de pesquisas (HERNANDES, 2006, p. 17 ).
Outro teórico que também estuda o Césio, Evangelista (2005) evidencia que em 1989, o
Césio137
foi invalidado para uso na conservação de alimento pelo Parlamento Europeu, no entanto,
até o momento não há nenhum registro formalizado desta proibição.
Conforme Polizel (2006) este radioisótopo vem sendo pouco usado por sua escassez na
natureza.
3.1.2 História
De acordo com Borges (2002), as aplicações da irradiação de alimento são reconhecidas
mundialmente como um método eficaz na conservação de alimentos e no combate à E. coli. Esta
técnica ficou conhecida, em 1950, pela Comissão de Energia Atômica dos EUA, devido às forças
armadas norte-americanas usarem na conservação de alimentos para uso das tropas na guerra.
A primeira patente para o uso das irradiações de alimento foi em 1905, por J. Appleby e
A.J. Banks, no uso em cereais, utilizando raios alfa, beta ou gama, reduzindo a incidência de
doenças e o fim de pestes nos alimentos. (CREDE, 2005)
Durante um longo período, os alimentos irradiados foram avaliados e requeridos pela
Food and Drug Admnistration (FDA) e o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
(USDA). A Organização Mundial de Saúde (OMS), em acordo com a Food and Organization
(FAO) e a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), entre 1965 e 1970, juntamente
com a Joint Expert Committee on Food Irradiation (JECFI), passaram a avaliar a qualidade e a
segurança dos alimentos irradiados. (ALMEIDA, 2006; CREDE Em 1965, 2005)
O Comitê de Energia Atômica estabelece doses de até 5,6Mrad (56kgy) para fonte de
Cobalto60
, ou elétrons com energias de até 10MeV por não ter risco para serem consumidos
nutricionalmente. O JECFI documentou que qualquer alimento que fosse irradiado com uma dose
de 10 Kgy não representaria qualquer problema toxicológico e que este não traria problemas
nutricionais ou microbiológicos. Estas recomendações foram aceitas pela comissão do Codex
Alimentarius e a partir desta época, cresceu o número de países e de instalações que aderiram ao
uso das irradiações ionizantes nos alimentos. Os alimentos irradiados foram aceitos em 40 países,
inclusive o Brasil. (ALMEIDA, 2006; CREDE 2005)
No Brasil, em 1966, a partir da iniciativa de alguns professores da Escola Superior Luiz
Queiroz, da Universidade de São Paulo (USP), surge o Centro de Energia Nuclear na Agricultura
(CENA), tornando-se pioneiro na America Latina. Mas a irradiação de alimentos só se
intensificou durante a década de 70 e 80, quando foram realisadas pesquisas toxicológicas para
comprovar a inocuidade dos alimentos irradiados, tema até então mais questionado. (CREDE,
2005)
3.1.3 Radiobiologia
Uma das particularidades da radiação ionizante é seu alto poder letal à célula. O seu efeito
esterilizante está relacionado à sua capacidade de ionização, ou seja, a energia absorvida pelo
material irradiado. Logo, a radiação pode ser quantificada em termos de dose de radiação, que
pode ser expressa em dose absorvida. A dose absorvida é dada na unidade Gray (Gy), sendo que
um Gray corresponde a um Joule de energia por quilograma de alimento irradiado. (KAPPKE,
2007)
Ainda de acordo com Kappke (2007), a radiação ionizante pode afetar o DNA diretamente
pela deposição de energia na macromolécula, ou indiretamente pela deposição de energia na água
circundante com a formação de radicais primários, incluindo íons de hidrogênio (H-) e elétrons
livres.
A radiação ao interagir com a molécula da água, abundante em um organismo vivo,
participa de quase todas as reações metabólicas. As moléculas de água são atingidas pela radiação
em maior número e sofre radiólise. Após a ionização da água segue-se um rearranjo eletrônico e
existe a possibilidade de produção de radicais livres, que são altamente reativos, em especial, o
radical hidroxila (OH-), o peróxido de hidrogênio (H2O2) e o radical superóxido (O2). O radical O2
é o mais importante, pois eles são formados na hidratação da camada ao redor da molécula do
DNA, sendo responsáveis por 90% dos danos no DNA. A morte do microrganismo é
consequência da ação ionizante desta irradiação. (VALENTE, 2004)
Pereira (2009) argumenta que a radiossensibilidade dos microrganismos varia com o meio no
qual ocorre a irradiação, dependendo da atividade da água, PH, temperatura, presença ou ausência
de oxigênio e composição química do meio. A resistência à radiação também varia de acordo com
o microrganismo, podendo haver diferenças na resistência inerente de espécie para espécie, para
diferentes tipos de microrganismo da mesma espécie e essas diferenças dentro de grupos similares
estão relacionados com suas estruturas químicas e físicas, bem como com suas habilidades de
recuperação dos danos causados pela radiação.
3.1.4 Técnicas de irradiação
Com uso das irradiações nos alimentos surgiu a necessidade de uma terminologia que
indicasse as doses usadas nos alimentos. Então, em 1964, um grupo de microbiologistas
determinou as terminologias radapertização, radurização e radicidação (JAY, 2005).
Segundo Valente (2004), as técnicas de irradiação são definidas como radapertização,
radurização e radicidação.
Radapertização, para uma dose acima de 10 kGy, considerada alta, tem como objetivo reduzir
o número de microorganismos, com exceção de vírus. Os alimentos quando irradiados com esta
dose são considerados comercialmente estéreis, tais como carne embalada, frangos, produtos de
origem marinha, alimentos preparados, dietas hospitalares, aditivos alimentares e outros.
Radurização é aplicado nos alimentos irradiados com dose entre 0,4 a 10 KGy, sendo
suficiente para reduzir e promover a desinfestação de insetos danosos para o alimento. Esta dose é
aplicada em produtos in natura como especiarias, temperos, chás e substâncias vegetais secas para
condimentos.
Radicidação, com dose de 2,5 a 8kGy, serve para desinfetar e destruir as bactérias e parasitas
em níveis não vistos em nenhum método bacteriológico reconhecido. É ideal para sucos, retarda a
deterioração de carnes frescas e aumenta o tempo do alimento nas prateleiras. A Tabela 1 mostra
alguns alimentos em que se pode usar a radicidação.
Tabela 1 - Técnica de Radicidação Aplicada a Alimentos
Fonte: VALENTE, 2004
3.1.5 Opinião pública e os alimentos irradiados
De acordo com Borali (2008), a dificuldade que o consumidor tem em aceitar o uso da
irradiação nos alimentos está relacionada às interpretações errôneas e à falta de informação sobre
o uso da irradiação para a conservação dos alimentos.
O Conselho Europeu de Informação sobre Alimentação (EUFIC) declarou que apesar da
regulamentação por órgãos competentes, a União Européia até o momento só utiliza o método em
ervas aromáticas secas, especiarias e produtos hortícolas. Em alguns lugares da Europa se utiliza
a irradiação em carne de frangos. Nos EUA, também é utilizada em carnes vermelhas, a fim de
reduzir a contaminação por E. coli (HERNANDES, 2006).
Essa tecnologia tem sido rigorosamente estudada, avaliada e muito discutida. No entanto,
a falta de esclarecimento sobre o emprego da irradiação propriamente dito, e seus benefícios traz
confusões, desconfianças e equívocos e isto, certamente, é o que tem impedindo sua utilização.
Também é necessário desmentir os mitos sobre a irradiação, especialmente a ideia de que os
alimentos se tornam radioativos. É preciso um esclarecimento com base científica para que o
consumidor não tenha dúvida no momento da escolha. (CREDE, 2005)
3.2 Normatizações brasileiras
A primeira legislação brasileira sobre o emprego das radiações ionizantes como processo
de conservação foi estabelecida através do Decreto-Lei número 72.718, de 29 de agosto de 1973.
As portarias números 9, de março de 1985 e número 30, de 25 de setembro de 1989, aprovadas
pela Divisão de Vigilância Sanitária de Alimentos, foram revogadas pela Resolução RDC 21, de
26 de janeiro de 2001, da ANVISA.
Wieland (2010) destaca que a legislação aprovou o uso das radiações em qualquer
alimento com qualquer dose, desde que sejam observadas seguintes condições:
A dose mínima absorvida deve ser suficiente para alcançar a finalidade pretendida;
A dose mínima absorvida deve ser inferior àquela que cumprimenta as propriedades
funcionais, e/ou atributos sensoriais dos alimentos;
A embalagem deve conter condições higiênicas aceitáveis para o processo de irradiação e o
rótulo do produto deve conter os dizeres “Alimento tratado por processo de irradiação” em
letras de tamanho não inferior a um terço do da letra de maior tamanho nos dizeres de
rotulagem;
Nos alimentos vendidos a granel é exigida a fixação de faixa ou cartaz com indição
“produtos tratado por irradiação’’ e/ou com símbolo da irradiação. O logotipo denominado Radura
é usado para identificar alimento irradiado, diferente do trifólio, outro símbolo usado como padrão
para radiação, conforme podem ser observados na Figura 1 (POLIZEL, 2006).
Figura 1 - Símbolos de radiação e radura internacional
Fonte: Polizel (2006)
Em fevereiro de 2011, foi publicada a Instrução Normativa nº 9, pelo Ministério da
Agricultura, reconhecendo o uso da radiação ionizante como tratamento fitossanitário, ou seja,
como uso na prevenção da introdução ou disseminação de pragas quarentenárias (POLIZEL,
2006). Esta importante legalização abre fronteiras para o mercado de exportação no Brasil, que
hoje possui cinco irradiadores de alimentos em operção comercial. O sexto será inagurado ainda
este ano pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em São Paulo.
3.3 Microorganismos e a saúde pública
As doenças transmitidas por alimentos, as chamadas, DTA’s são enfermidades causadoras
pela ingestão de alimentos e bebidas contaminadas por bactérias, pesticidas, metais pesados e, ao
todo, são mais de 250. Dentre aquelas transmitidas ao alimento pela água, têm-se a cólera, diarreia
dos viajantes, doença de Chagas, encefalopatia, espongiforme transmissível (doença da vaca
louca), febre tifóide, hepatites A e B, leptospirose, poliomielite e outras.
O comitê misto de especialista em segurança alimentar de Organização das Nações Unidas
para Agricultura e da Organização Mundial de Saúde (FAO/WHO), afirma que as doenças
causadas por alimentos contaminados são, talvez, o maior problema de saúde no mundo
contemporâneo e que isto se constitui como um importante fator de redução da atividade
econômica (HERNANDES, 2006).
3.4.1 Escherichia coli
Escherichia coli é um agente causador de doenças, com tendência a ambientes secos, que
pertence à família dos coliformes, bastonetes, Gram-negativo, fermentador da lactose causadora
de flatulência nas pessoas, especialmente após o consumo de leite e seus derivados.
O benefício da presença deste microorganismo na flora normal do intestino grosso de
vertebrados é explicado por Valente (2004):
(...) ajuda na produção de certas vitaminas, além de participar da digestão de alimentos
que não seriam digeridos se ela não existisse, sendo anaeróbica facultativa, ou seja, na
presença de oxigênio mantém seu metabolismo aeróbico, mas na falta dele muda para o
metabolismo anaeróbico, sendo um comensal inofensivo, quando presente no alimento
significa uma contaminação bacteriana de origem fecal (VALENTE, 2004, p. 4).
Segundo Jay (2005), as doenças relacionadas a E. coli estão ligadas a infecções alimentares
e podem surgir em diferentes partes do corpo. Todavia, existem mais de duzentas espécies
diferentes de E. Coli e somente seis, que são Escherichia coli enteroinvasora (EIEC), Escherichia
coli enteritogenica (ETEC), Escherichia coli enteteroagressiva (EAGGEC) Escherichia coli que
adere difusamente (DAEC) e Escherichia coli entero-hemorrágica (EHEC) estão relacionadas às
infecções alimentares, das quais a mais importante e causadora de grandes surtos de morte é a
EHEC, sobretudo em países como Alemanha e França.
Recorrendo às ideias de Borges (2002), as doenças causadas por EHEC atingem
principalmente pessoas muito novas ou muito velhas ou aquelas com sistema imunológico
enfraquecido. Isso não quer dizer que as pessoas das demais idades não apresentem os sintomas
das doenças e suas etapas.
A colite hemorrágica, síndrome hemolítico-urêmico (SHE), trombocitopenia trombótica
púrpura (TTP) e ainda a insuficiência renal aguda em crianças são exemplos de acometimentos
ocasionados pela EHEC. No geral, são doenças muito perigosas e causadores de danos tanto para
a pessoa infectada quanto para o sistema de saúde pública. (BORGES, 2002).
Para Evangelista (2005), alguns alimentos são focos de transmissão da E. coli, visto que na
maioria das vezes eles são manipulados e preparados com bastante desatenção e negligência. Um
simples e corriqueiro ato de não lavar as mãos ao sair do banheiro, ou o cozimento inadequado e a
falta de esterilização, proporcionam um alto nível de proliferação da bactéria. Isso permite que
alimentos como tomate, alface e outros vegetais sejam os mais costumeiramente citados.
3.4.2 E. coli no Brasil e mundo
Existem vários relatos de surtos na história mundial. O ultimo surto ocorrido em junho de
2011, atingiu vários países da Europa, principalmente Alemanha e França, causando várias
mortes. Segundo OMS, esse surto foi provocado por uma variação da bactéria. Para os
pesquisadores da Alemanha, esta variação teve genes da E. coli enteroafragativa (EAEC) e EHEC.
Os sintomas apresentados foram fortes dores no estômago e abdômen, diarreia líquida, seguida,
algumas vezes de sangue e febre.
Denominada de SHE, esta infecção ataca os rins, causando convulsões, derrames e coma.
Esta bactéria foi classificada pelos cientistas do Instituto Genômica de Pesquisa, na China, como
“altamente infecciosa e tóxica”. Esse surto teve grande repercussão no mundo todo. Ao todo
foram 3.092 mil pessoas atingidas por esta bactéria, com 31 óbitos entre Europa e Alemanha.
(Ultimo Segundo, Revista Eletrônica, 02/06/2011.)
No Brasil, não houve notificação de E coli. Em São Paulo, a Vigilância Ativa em
Laboratório de enteropatognos emergentes, da SHE, de Surtos e Doenças Transmitidas por água e
alimentos (SVE DTA) indica que casos de E.coli são ainda raros no Estado. Entretanto, no período
entre 1998 a 2001 foram registrados, pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL), 8 casos de E.coli, e em
2007 outro caso foi registrado. Isso significa que não há risco de surto no Brasil, mesmo porque
segundo a ANVISA e o Ministério de Agricultura, o Brasil não importa da Alemanha esses
produtos, vulneráveis a transmissão, sejam eles crus ou in natura (CVE, 09/2011).
É estimado em mais ou menos 216 milhões de dólares (baixa estimativa) e 580 milhões de
dólares anuais (alta estimativa) de gastos com a doença. Isto classifica a infecção por E. coli
como uma das doenças transmitidas por alimentos que representa maior custo, segundo o Serviço
de pesquisas econômicas do United States Department of Agriculture (USDA) (JAY, 2005; FELIX,
2012)
3.5 Irradiação e E.Coli
Como o método mais eficiente para esterilização da E.coli depende das características do
alimento e das condições em que se encontra a eficácia da radiação de acordo com Bueno(2008)
depende do poder de penetração, da habilidade de causar alterações nas moléculas e do potencial
de ionização, que é a sua capacidades de remover elétrons do material com os quais entram em
contato.
Segundo estudos dos efeitos da radiação gama em células da E.coli por Jaqueline Kappke,
identifico uma redução significativa do número de microorganismos sobreviventes, em uma fração
de 7,55 e 1,26%, para doses de 60 e 240Gy respectivamente. Em outro experimento,
Irradiando as células da E.coli com 120 e 150Gy observou-se que as bactérias perderam a
capacidade de sintetizar algum aminoácido ou vitamina necessário à sua sobrevivência. Após
Kappker ter usado várias dosagens percebeu-se que a 300Gy é letal para E. coli. O estudo da Joint
FAQ/IAEA/WHO Study Grupo também foi citado por Kappke (2007) onde uma dose de 235Gy
reduz em 10% a população inicial da E. Coli no camarão.
Para Pereira, (2009), quando uma população de microrganismo é irradiada com uma dose
baixa, somente poucas destas células serão danificadas ou mortas. Porém, com o aumento da dose
de radiação, o número de organismos sobreviventes decrescerá exponencialmente. Micro-
organismo de espécies diferentes requer diferentes doses para atingir o mesmo grau de inativação.
A medida mais usada para medir a radiossensibilidade e o valor de D10(dose de redução decimal)
a qual é definida como a dose requerida para eliminar 90% da bacteriana inicial, ou diminuir a
população em 1 ciclo logarítmico.
Calcula-se através da fórmula:
D10 = D/ (log N0 – log. N)
Onde:
D= dose de radiação ionizante
N0= número inicial de microrganismos presente
N= número de microrganismos após a irradiação
Para Pereira (2008) as Células de Escherichia coli 0157: H7, por estarem mais internalizadas,
parecem ser mais radiorresistentes do que do que aquelas presentes somente na superfície. Na
TAB. 2 estão registrados dados da literatura de valores de D10 para E. Coli.
Tabela 2 - Valor D10 para E. coli 0157:H7, inoculada em vegetais minimamente processados e
tratados radiação gama.
Fonte: FAN et al 2008
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do presente estudo, percebeu-se que os problemas relacionados aos alimentos são
de saúde pública, principalmente os relacionados à transmissão de doenças, sendo assim,
importante que haja uma conscientização nos cuidados de higiene e sanitários que abranjam toda
cadeia alimentar, desde a escolha de uma matéria prima de qualidade, passando pela aplicação das
boas práticas agrícolas e processos tecnológicos adequados, perpassando pelo armazenamento e
transporte adequados até chegar à educação dos produtores, fabricantes e consumidores.
Além disso, foi apresentado a Escherichia coli como um perigoso agente causador de
doenças relacionadas a infecções alimentares, que podem surgir em diferentes partes do corpo,
causando danos, tanto para a pessoa infectada quanto para o sistema de saúde pública.
Alguns alimentos são focos de transmissão da E. coli ao serem manipulados e preparados
com negligência e falta de higiene, como o ato de não lavar as mãos ao sair do banheiro, o
cozimento inadequado ou a falta de esterilização. Todos esses descuidos proporcionam um alto
nível de proliferação da bactéria. Os alimentos como tomate, alface, frango carne e outros vegetais
são, em geral, os mais contaminados.
Nesse caso, a irradiação dos alimentos se mostra como uma solução viável e uma boa
Produto
Valor D10
(kGy)(Superfície)
Valor D10 (kGy)
(Internalizado)
Alface branca 0,14 0,3
Alface roxa 0,12 0,35
Alface romana 0,21 0,39
Espinafre 0,24 0,45
Cebolinha 0,26 0,42
alternativa para garantir a segurança e a qualidade dos alimentos, pois não representa risco
toxicológico à população e atende à crescente demanda por produtos saudáveis e o mais próximo
possível de suas características in natura, mostrando que essa tecnologia é altamente eficiente e
aplicável para a atualidade desde que se use a técnica e dose adotada para esterilização de
alimento prevenindo-o da E.coli.
Vale ressaltar, ainda, que a irradiação gama nos alimentos possui um importante papel
socioeconômico, porque com a sua ampliação, os produtos terão o poder de serem mais
competitivos no mercado externo, movimentando o setor das exportações e importações, já que
aumenta a vida útil do produto e, com isso, o tempo de transporte e/ou armazenagem pode ser
maior, alcançando mercados mais distantes, além de também reduzir as perdas pelos processos
naturais de maturação e decomposição. Isso, em parte, poderia resolver a questão da escassez de
alimento mundial no futuro.
Atualmente, a população está buscando informações sobre a qualidade e procedência da
sua alimentação diária, e o que pode ser feito para que ocorra a eliminação de microorganismos
nos alimentos e que esses se conservem por mais tempo. Assim, diante das informações
existentes, ela terá o poder de decidir se irá consumir produtos irradiados ou produtos não
irradiados. Nesse caso, é necessário que essa informação esteja especificada nos rótulos e nas
embalagens dos produtos. Ou seja, a aceitação do alimento irradiado está diretamente relacionada
ao nível de informação e conhecimento sobre a técnica com a divulgação de informações claras e
seguras e a conscientização dos consumidores em relação à segurança e os benefícios obtidos por
esta técnica, informação essa que deve ser passada tanto pelos governos, como pelos fabricantes e
também por quem comercializa.
A importância de se conhecer mais o processo da irradiação do alimento e seus benefícios
na aplicação aos alimentos, assim como aprofundar nos efeitos causados aos alimentos e qual
melhor técnica a ser aplicada, certifica a viabilidade desta ferramenta, o que demonstra a
necessidade de se promover um número maior de instituições que pesquisem sobre esse processo,
para que o mercado de alimentos irradiados seja aberto em larga escala, atendendo as demandas e
exigências da população.
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