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MÓDULO 1 - DESCRIÇÃO DE UMA USINA HIDRELÉTRICA
1. SUMÁRIO
Reservatório;
Barragem;
Tomada D’Água;
Vertedor;
Casa das Máquinas;
Turbina;
Gerador;
Transformador;
Subestação;
Sala de Controle;
Serviço Auxiliar.
2. OBJETIVOS
Ao final do módulo o treinando deverá estar apto a:
- Apontar as finalidades do reservatório e suas características;- Enunciar as características da barragem;- Relacionar os componentes da tomada d’água;- Relatar as características do vertedor;- Nomear as galerias da casa das máquinas;- Enunciar as características das turbinas;- Relacionar os dados de placa do gerador;- Descrever as características dos transformadores;- Descrever a subestação da Usina;- Descrever a finalidade da sala de controle;- Definir a importância do serviço auxiliar.
3. CONTEÚDO
3.1. Reservatório
3.1.1. Introdução
No planejamento do aproveitamento hidroelétrico, é essencial que conheçamos a disponibilidade da água na natureza para que saibamos ser possível suprir as nossas necessidades energéticas.
Como medir esta quantidade de água e como prever se em uma determinada época poderemos contar com o “combustível”, água necessária?
Para responder a estas perguntas torna-se preciso acompanhar de perto a natureza.
3.1.2. Ciclo de Evolução da Água
A chuva é o resultado de condensação do vapor d’água. Uma parte da água proveniente da chuva evapora antes mesmo de chegar ao solo, contribuindo para nova formação de nuvens.
Ao atingir a terra grande quantidade de água é retida pelos vegetais que dela se utilizam para sua nutrição, e uma grande parte evapora, contribuindo também para nova formação de nuvens.
A parcela restante da água caída é que nos interessa particularmente. Esta parcela divide-se em duas outras. Uma que escoa sobre a superfície do solo e outra que se infiltra pelo solo.
Chegamos então aos elementos formadores de um potencial hidráulico, uma vez que os dois elementos citados acima agem de maneira a formar os rios e lagos.
Se nos for possível determinar a quantidade de água disponível, teremos condições, também de determinar as possibilidades de obtenção de energia hidroelétrica.
3.1.3. Perdas nos Aparelhos de Manobra
A vedação pelas comportas e outros elementos que impedem a vazão da água nunca é perfeita.
3.1.4. Volume a Acumular
O volume a acumular deve satisfazer a demanda, como também compensar as perdas que acabamos de enunciar no item anterior. As perdas por evaporação são, em geral, as maiores, seguindo-se por ordem da importância as perdas por infiltração na bacia através da barragem. As perdas nos aparelhos de manobra (válvulas, registros, turbinas) costumam ser da ordem de 2 a 5% do volume captado.
3.1.5. Exemplo de Características de um Reservatório
O reservatório formado pela represa de Furnas dá origem a um lago com uma superfície d’água cuja área é de 1.350 km2. A área de drenagem do Rio Grande, a montante da represa é de mais ou menos 50.000 km2, estendendo-se aproximadamente por 240 km acima do Rio Grande, a montante da represa é de mais ou menos 50.000 km2, estendendo-se aproximadamente por 240 km acima do Rio Grande e 170 km acima do Rio Sapucaí. Sua capacidade bruta excede de 21 bilhões de metros cúbicos, atingindo o nível máxima de 768,00 m. A armazenagem útil para uma depressão normal de 18 metros é aproximadamente de 17,217 bilhões de metros cúbicos.
Fig. 1
3.1.6. Bacia Hidrográfica
A figura 1 representa um rio e seus afluentes. A região sobre a qual cai a chuva, e que alimenta o referido conjunto, é denominada bacia hidrográfica.
Encaminhamos então a resposta à primeira pergunta: conhecemos a região que alimenta os rios e lagos, sabemos sua área e, se pudermos determinar a chuva caída por unidade de área, teremos a quantidade total de chuva caída na bacia.
A resposta da segunda pergunta baseia-se na própria natureza. Dada a impossibilidade de determinarmos a quantidade de chuva que irá cair num determinado período, lançamos mão do estudo estatístico e nos precavemos quanto a possíveis secas.
3.1.7. Medição das Chuvas
Os objetivos da medição das chuvas visam a duas fases distintas do aproveitamento hidráulico.
Fase de Projeto:
São construídos gráficos mensais e anuais, para, aplicando o estudo estatístico, verificarmos a possibilidade do fornecimento de uma certa quantidade de Energia Elétrica.
Fase da Operação
São construídos gráficos mensais e anuais, para, aplicando o estudo estatístico, verificarmos a possibilidade do fornecimento de uma certa quantidade e Energia Elétrica, assim como atender às necessidades de funcionamento e segurança da usina, armazenar ou deixar vazar a água do reservatório.
3.1.8. Perdas no Reservatório
Perdas da água irão surgir no reservatório e deverão ser levadas em consideração no cálculo de volume acumulado.
Perdas por Evaporação
A superfície do reservatório tem contato direto com os raios solares; isto acarretará a evaporação de grande massa d’água. É a mais volumosa das perdas.
Perdas por Infiltração
Dependendo do tipo de barragem, e da estrutura do terreno onde a mesma se localiza, teremos água se infiltrando.
3.1.9. Função dos Reservatórios
Os reservatórios formados pelas represas têm por finalidade garantir a operação das usinas. As usinas hidrelétricas podem ser classificadas, quanto à forma de captação de água, em:
- Centrais a fio de água;- Centrais com regularização, que pode ser diária, semanal, anual ou plurianual.
Um reservatório armazenador permite, devido ao seu grande porte, regularizar o fluxo a jusante do rio, podendo usar economicamente toda à água de afluência. A operação do reservatório deve ser feita de maneira tal que permita estar o mesmo em sua cota máxima em cada início de período de seca, por ser impossível prever-se a quantidade de chuvas na área de drenagem, a montante do rio. Desta maneira, mesmo com o advento de um ano crítico, a água acumulada garantirá a operação sem necessidades de cortes de suprimentos.
Em cada reservatório existem dois tipos de volumes: Bruto e Útil. O volume bruto é toda a água acumulada a montante da barragem. O volume útil é toda água acumulada que pode ser usada para operação.
3.2. Barragem
3.2.1. Introdução
Barragem é uma estrutura compacta instalada transversalmente ao fluxo d’água, com o objetivo de formar um reservatório ou de elevar o nível d’água, visando a atingir a cota necessária para o aproveitamento de energia. Normalmente são classificadas em barragem de concreto, de terra ou de enrocamento.
Barragem de concreto atende a grande durabilidade e pequena manutenção, porém, exige alta resistência do terreno onde serão colocadas as fundações;
Barragem de terra é construída de terra comum e a impermeabilização é feita pelo revestimento da face a montante ou de uma faixa central por argila.
Barragem de enrocamento é constituída de pedras soltas e terra, com maciço formado por fragmentos de rocha e argila.
3.2.2. Exemplo de características de uma barragem de Usina
A barragem possui 127 m de altura e 550m de extensão do tipo enrocamento. Seu volume total de pedra, areia, terra e argila é de 9.500.000 m3.
Fig. 2
1 – Argila – faixa vertical de materiais impermeáveis para impedir ou diminuir a um mínimo admissível a infiltração.
2 – Terra e areia – materiais de granulometria um pouco maior do que da argila formando pequena permeabilidade.
3 – Terra-Areia e Pedregulho – chamada zona de transição. São materiais de peso específico maior e que oferecem maior consistência.
4 – Terra e Pedra – tem por finalidade fornecer peso e estrutura e evitar erosões, principalmente do lado montante. É importante frisar que todas essas faixas recebem um adensamento apropriado para diminuir os espaços vazios por onde a água normalmente penetra.
Ao longo de toda a barragem, inclusive em vários pontos a jusante, tais como, área da usina e subestação, estão instalados vários furos piezométricos com a finalidade de fornecer informações da altura do lençol freático que por sua vez é uma conseqüência da maior ou menor infiltração pela barragem e adjacências.
3.3. Tomada D’Água
3.3.1. Conceituação
Normalmente, é construída de concreto e tem o objetivo de orientar a água a ser utilizada nas diversas turbinas de uma Usina. É instalada a certa profundidade, de maneira a poder utilizar o volume de água retido pela barragem, mesmo em épocas de estiagem.
3.3.2. Principais Componentes da Tomada D’Água
Existem vários equipamentos na tomada d’água com a finalidade de garantir a operação e prestar manutenções sempre que se fizer necessário. Dentre eles destacamos: guindaste de pórtico, gerador de emergência, sistema eletro-hidráulico de acionamento normal e de
emergência das comportas de serviço, comportas de manutenção, grades de proteção, registro de desvio e chaminé de equilíbrio.
3.3.3. Funções e Operações dos Diversos Componentes
Comportas de Manutenção
Os conjuntos comportas de manutenção propiciam condições para isolação da comporta de serviço quando se fizer necessário dar manutenção nesta última.
A operação é feita através do uso do guindaste pórtico da tomada d’água, que através de uma viga especial as colocam e retiram de seu poço de serviço. A seção superior possui um registro para possibilitar a equalização da pressão de água entre as comportas de manutenção e serviço na hora de sua retirada.
Grades de Proteção
Em cada entrada da tomada d’água das turbinas existe um conjunto de grades encaixadas e sobrepostas em guias, cuja finalidade é proteger as palhetas das turbinas contra a entrada de objetos estranhos, como toras de madeira, pedras, etc. Para a colocação e remoção dessas grades é utilizado o guindaste de pórtico da tomada d’água, fazendo uso de uma viga especial.
Fig. 3
Registro de Desvio
Quando a comporta de serviço está fechada e a tubulação forçada drenada, para abrir a referida comporta torna-se necessário fazer o equilíbrio da pressão de água de ambos os lados para iniciar o movimento de abertura. A equalização é feita através do registro de desvio, localizado na galeria de drenagem da tomada d’água, o qual admite água proveniente do reservatório para o conduto forçado.
Chaminé de Equilíbrio
Tem a finalidade de reduzir as sobre-pressões nos condutos forçados, proveniente dos golpes de aríete, atenuando as oscilações das ondas de pressão. É denominada Poço de Ventilação e Acesso ou simplesmente Chaminé de Equilíbrio.
3.4. Vertedor
3.4.1. Finalidade
Destina-se a deixar passar a descarga de cheia, de modo que o nível do reservatório não ultrapasse a cota máxima admissível. É ainda utilizado para regularizar a vazão a jusante do rio, controlando os reservatórios das usinas em cascata.
3.4.2. Principais componentes
Além das comportas, destacamos como principais componentes: guinchos de acionamento das comportas, cubículos de controle elétricos, comportas de manutenção e guindastes de pórtico móvel para manutenção.
Vista de uma seção transversal do Vertedor.
Fig. 4
3.5. Casa das Máquinas
Casa das máquinas (ou Casa de Força) é o edifício que abriga as turbinas, os geradores e seus equipamentos auxiliares. Possui várias galerias:
- Galeria de drenagem, onde se situam os registros de enchimento e esgotamento do tubo de sucção, as bombas de água de resfriamento, bem como a portinhola pra acesso ao tubo de sucção. - Galeria mecânica, onde estão localizados os poços das turbinas, juntamente com seus equipamentos auxiliares.
- Galeria dos cabos, onde estão localizadas as bandejas de passagem da fiação de controle dos geradores, turbinas e equipamentos
auxiliares da usina. Nesta mesma elevação encontram-se s poços dos geradores.
- Galeria dos equipamentos elétricos, onde estão situados os painéis de comandos, sistema de proteção das máquinas e sistema de controle elétrico dos serviços auxiliares.
- Piso dos geradores, onde se encontram o regulador de tensão principal, sistema de excitação dos geradores, as unidades de pressão do sistema do regulador de velocidade, área de serviço, sala dos compressores de ar comprimido,oficina mecânica, ferramentaria e as pontes rolantes.
3.6. Turbina
3.6.1.Função
As turbinas hidráulicas transformam a energia cinética da água em energia mecânica da rotação de um eixo acoplado a um gerador. São constituídas, essencialmente, de duas partes: o distribuidor e o rotor.
3.6.2. Exemplo de características de turbinas:
Tipo Francis, eixo vertical, potência nominal de 210.000 C.V., projetada para uma queda útil de 94 metros e rotação nominal de 150 r.p.m.
3.7. Gerador
3.7.1. Função
Sua função é converter a energia mecânica de rotação de um eixo em energia elétrica, pelo processo do eletromagnetismo.
3.7.2. Exemplo de características de geradores:
Gerador síncrono, de eixo vertical, trifásico, potência nominal de 160 MVA, 15 kV, fator de potência de 0,95, freqüência de 60 Hz e rotação de 150 rpm.3.8. Transformadores
3.8.1. Função
Em virtude de a transmissão de energia elétrica ser efetuada em alta tensão e a produção ser normalmente feita em baixa (em torno de 15 kV), faz-se necessária a utilização de transformadores elevadores, os quais fazem a conexão entre os geradores e o barramento da subestação.
3.8.2. Exemplo de características de transformadores
Bancos de transformadores, sendo cada banco constituído de três transformadores monofásicos instalados a montante da casa de máquinascom os seguintes dados de placa:
Relação de transformação – 15/345kVPotência nominal do banco – 160 MVASistema de refrigeração – circulação de ar e óleo forçada.
3.9. SUBESTAÇÃO
Entende-se por subestação o complexo de estruturas e equipamentos que se destinam a estabelecer conexão entre chegada e saída de energia elétrica, possibilitando a distribuição de carga de acordo com as solicitações das diversas linhas e as condições de controlar a entrada e saída dos equipamentos de operação.
3.9. Sala de Controle
3.10.1. Função
É o local onde estão concentrados os principais sistemas de comando, controles, proteção e supervisão de uma usina ou subestação. Da sala de controle, os operador comandam a operação das unidades geradoras, das linhas de transmissão e de vários equipamentos auxiliares.
Além de vários outros componentes, destaca-se o sistema de telecomunicações responsável pelo perfeito entrosamento entre equipes de operação, manutenção e despachos regionais e central.
3.11. Serviço Auxiliar
3.11.1. Conceituação
Entende-se por serviço auxiliar o conjunto de equipamentos e instrumentos utilizados na rede de abastecimento de energia elétrica para todos os componentes auxiliares da estação.
O serviço auxiliar é de suma importância na operação de uma estação, pois a falta do mesmo poderá impedir a continuidade de funcionamento de diversos equipamentos. As usinas devem possuir várias alternativas para a alimentação dos serviços auxiliares.