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URINÁLISE Profª Rosimeire Areias

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URINÁLISE

Profª Rosimeire Areias

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1 INTRODUÇÃO À URIANÁLISE 1.1 HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA DA URINÁLISE

A análise de amostras de urina para fins diagnósticos já era realizada em 1000 AC por sacerdotes egípcios que utilizavam amostras de urina para realizar um procedimento que pode ser considerado como o primeiro teste diagnóstico descrito na literatura.

O teste tinha como objetivo não apenas confirmar a gravidez, mas também identificar o sexo do feto e consistia em derramar urina recém emitida sobre uma mistura de sementes de cereais. Caso as sementes germinassem o teste era considerado positivo para gravidez, e dependendo do tipo de sementes que germinava seria possível prever o sexo do feto (Lines, 1977).

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1 INTRODUÇÃO À URIANÁLISE 1.1 HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA DA URINÁLISE

1000 AC amostras de urina (diagnósticos)

Objetivo confirmar a gravidez, identificar o sexo do feto) derramar urina recém emitida sobre uma mistura de sementes de cereais.

(460-370 AC) Hipócrates Uroscopia (observação ) composição da urina durante o curso de estados febris verificados em crianças e adultos.

Análise observação de diferenças na cor, no odor e no aspecto do sedimento das amostras de urina.

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No final do século VI e início do século VII Teophilus de Constantinopla escreveu um texto de urologia cujo objetivo foi preencher lacunas deixadas por Hipócrates e Galeno. Ele considerou as interpretações e os trabalhos destes e de outros inadequados, escrevendo è necessário procurar uma doutrina diferente e não examinar em vão as coisas como imaginadas por eles, e não levar em consideração opiniões e fatos que são duvidosas”. Em “A Urina” ele não apenas define pela primeira vez urina como um filtrado do sangue e como ela é formada, mas introduziu inovações instrutivas que transformaram a uroscopia em uma ferramenta diagnóstica de doenças.

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Entre as inovações introduzidas podemos ressaltar: a) a descrição da cor da urina baseado em espectro utilizando dez tonalidades cromáticas que foram divididas em duas categorias (fina e espessa);

b) a dedicação de capítulos específicos a varias partículas sólidas divididas por aspecto e cinco cores,sedimento normal e aspecto turvo.

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Nó século XVI um pequeno grupo de cientistas liderados por Theophrastus Bombastus Von Hohenheim, conhecido como Paracelso (1493-1541) insistia em não apenas olhar para a amostra de urina, queria obter mais informações da urina e desenvolveram novos métodos para verificar o que ela continha. Alguns destes métodos se mostraram úteis, como quando adicionou vinagre a algumas amostras de urina e verificou a precipitação de proteínas (Pagel, 1962). Assim este grupo iniciou o que denominamos atualmente de exame químico da urina.

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O exame de urina sofreu evoluções ao longo da história.

No século XX, entre os cientistas que mais contribuíram para a evolução do exame de urina esta Thomas Addis (1881 a 1949) e o brasileiro Sylvio Soares de Almeida com seu estudo publicado na Revista do Hosptital das Clínicas, em 1961, com título “Estudos sobre infecções urinárias não específicas”.

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Atualmente a realização do exame de urina inclui a análise macroscópica (cor, espuma e transparência), o exame físico (densidade), o exame químico (pH, proteínas, glicose, hemoglobina, cetonas, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, esterase de leucócitos) e o exame microscópico (células, leucócitos, hemácias, cilindros, cristais, bactérias, etc.). Mas a padronização de sua realização, apesar de existir em diferentes países, inclusive no Brasil, apresenta diferenças significativas (European Urinalysis Guideline, 2000; NCCLS, 2001; ABNT NBR 15268, 2005).

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A solicitação de sua realização inclui razões como:

a) auxiliar no diagnóstico de doenças; b) realizar triagem de populações para doenças

assintomáticas, congênitas, ou hereditárias; c) monitorar a progressão de doenças; d) monitorar a efetividade ou complicação da

terapia e, e) realizar a triagem de trabalhadores de

indústrias para doenças adquiridas (NCCLS, 2001).

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O exame de urina constitui ferramenta importante no: a) diagnóstico e acompanhamento de infecções do trato urinário;

b) diagnóstico e acompanhamento de doenças não infecciosas do trato urinário;

c) detecção de glicosúria de grupos de pacientes admitidos em hospitais em condição de emergência;

d) controle de pacientes diabéticos e

e) acompanhamento de pacientes com determinadas alterações metabólicas como vômitos, diarréia, acidose, alcalose, cetose ou litíase renal recorrente (European Urinalysis Guideline, 2000; NCCLS, 2001).

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2 ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL 2.1 ANATOMIA DO TRATO URINÁRIO E RENALO

O trato urinário é constituído de dois rins e dois ureteres, da bexiga e da uretra. A unidade funcional do rim onde a urina é formada é denominada de néfron. Depois de formada, a urina segue pelos ureteres até a bexiga, onde ela é armazenada até ser eliminada através da uretra (Figura 1).

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O rim de um indivíduo adulto pesa, mais ou menos, 150g, tem a forma de feijão e mede, aproximadamente, 12 cm de comprimento, 6 cm de largura e 2,5cm de espessura.

Na parte côncava do rim se localiza o hilo por onde os nervos, vasos sangüíneos e linfáticos entram e saem e é por onde sai o ureter que conecta cada rim a bexiga.

O rim pode, ainda ,ser dividido em três regiões, córtex, medula e pelve. Cada rim contém, aproximadamente, 1.200.000 néfrons.

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3.1 AMOSTRAS DE URINA Na realização do exame de urina vários tipos de

amostras poderão ser utilizados, mas é importante ressaltar que cada uma apresenta características próprias e que os resultados, a partir delas obtidos podem ser distintos.

Contudo, independente do tipo de amostra, para que o resultado do exame de urina possa ser corretamente interpretado, tanto o horário de coleta da amostra quanto o horário de realização do exame deve ser anotado e constar do resultado emitido.

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Para a realização do exame de urina, a amostra considerada padrão ou mais adequada é a denominada comumente de primeira amostra da manhã.

Esta amostra deve ser colhida imediatamente após acordar, pela manhã, em jejum e antes de realizar qualquer atividade. É recomendado, ainda que esta amostra seja colhida após oito horas de repouso e, pelo menos quatro horas após a última micção.

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A primeira amostra da manhã é considerada como amostra padrão para a realização do exame de urina porque ela é mais concentrada que as outras amostras e porque nesta amostra se verifica maior crescimento das bactérias eventualmente presentes na bexiga, assim o resultado da analise realizada reflete melhor as condições do paciente.

Embora esta amostra seja considerada padrão, ela geralmente não é a utilizada nos laboratórios tendo em vista o tempo e as condições de transporte da mesma até o laboratório.

A utilização da primeira amostra da manhã para a realização do exame de urina se tem mostrado mais viável apenas de pacientes hospitalizados.

Segunda amostra da manhã. Esta amostra pode ser obtida com mais facilidade no laboratório que a primeira amostra da manhã.

Esta amostra deve ser colhida de duas a quatro horas após a primeira micção do dia. É importante lembrar que sua composição pode ser influenciada pela ingestão de alimentos e líquidos no desjejum.

Com o objetivo de aumentar a concentração de eventuais bactérias presentes na bexiga pode-se recomendar a restrição de ingestão de líquido após as 22:0 horas. A segunda amostra da manhã é a amostra mais utilizada pelos laboratórios.

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bastante utilizada nos laboratórios para realização do exame de urina é a amostra randômica.

Esta amostra é colhida a qualquer momento do dia sendo recomendável que o intervalo de tempo entre a última micção e a coleta da amostra seja de pelo menos duas horas.

A composição pode é, certamente, influenciada pelos alimentos e líquidos ingeridos durante o dia.

A utilização da amostra randômica é inevitável em situação de emergência e urgência, freqüentes em ambiente hospitalar. Entretanto, a utilização da amostra randômica realização do exame de urina deve considerar a elevada possibilidade de resultados falsos negativos assim como resultados falsos positivos dentre os constituintes avaliados na realização do exame.

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Além das amostras de urina acima descritas, outras formas de colheita podem ser utilizadas, dependendo das condições e da idade dos(as) pacientes a serem obtidas as amostras de urina, como por exemplo: inserção de cateter; aspiração suprapúbica e sacos coletores.

Em crianças que ainda não apresentam controle urinário a obtenção de amostra de urina através da inserção de cateter de cateter estéril, especificamente, para este fim. Esta forma de coleta de amostra é relativamente invasiva e deve ser obtida por profissional específico.

A coleta a partir de cateter pode ser obtida através de punção estéril de cateter permanente introduzido no(a) paciente. Neste caso a amostra, jamais deve ser obtida a partir da bolsa coletora.

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Em vista desta dificuldade, geralmente, a coleta de amostra de urina de crianças que ainda não apresentam controle urinário se dá através da utilização de sacos coletores específicos disponíveis no mercado.

Para obtenção da amostra através de sacos coletores, é necessária a higiene prévia dos órgãos genitais para posterior aplicação do saco coletor específico.

Após aplicar o saco coletor se deve freqüentemente, verificar se a criança urinou. Contudo, apesar de todo cuidado o saco coletor deve ser trocado se após uma hora a criança não urinou.

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Contudo, apesar de todo cuidado o saco coletor deve ser trocado se após uma hora a criança não urinou. Esta amostra obtida conforme recomendado, freqüentemente, apresenta elevada contaminação com células epiteliais.

No caso de o saco coletor permanecer por mais de uma hora e a amostra for colhida depois deste tempo a possibilidade de contaminação maior da amostra é elevada, a ponto de comprometer a confiabilidade do resultado do exame de urina.

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Outra possibilidade de obtenção da amostra de urina é através aspiração suprapúbica após punção realizada por profissional médico. Procedimentos de assepsia são indispensáveis para a obtenção da amostra deste modo.

Para a obtenção da amostra de urina por punção suprapúbica a bexiga deve estar cheia e a punção ser realizada 1 centímetro acima do osso pubiano. Como em condições normais esta amostra é estéril, esta forma de coleta apresenta como grande vantagem a confiabilidade do resultado que indique a presença infecções do trato urinário ou de outros distúrbios do trato urinário.

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3.1.1 FRASCOS PARA COLETA DE AMOSTRAS DE URINA O frasco a ser utilizado para colheita de urina deve ser

translúcido (Figura 2) e rigorosamente limpo e fornecido pelo laboratório. Para a realização do exame de urina não é necessário que o frasco seja estéril.

Entretanto, quando a requisição inclui a realização de cultura de urina é imprescindível que o frasco seja estéril e de preferência que Os frascos devem, segundo European Urinalysis Guideline (2000), ter a capacidade de armazenar de 50 a 100ml e abertura de no mínimo 5 cm de diâmetro a fim de facilitar a colheita de amostra de urina tanto para pacientes do sexo masculino como pacientes do sexo feminino.

È recomendado também que o frasco tenha base ampla, de forma que seja difícil que o mesmo vire acidentalmente. Os frascos devem estar livres de contaminação com substâncias interferentes. A reutilização de frascos para colheita de amostras de urina eleva o em muito o risco de contaminação com substâncias interferentes.

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3.1.2 PREPARAÇÃO DO PACIENTE E COLHEITA DE AMOSTRA A preparação do paciente e a colheita da amostra de

urina constituem de fato a primeira fase do exame de urina.

O paciente deve ser, primeiramente, informado de que para a realização do exame solicitado, uma amostra de urina deve ser colhida.

Em seguida o paciente deve ser orientado sobre como se procede a coleta da amostra de urina para o exame solicitado. Esta orientação é importante para que o resultado da análise de urina a ser realizada permita a interpretação confiável que reflita as reais condições do trato urinário do(a) paciente.

As orientações ao(a) paciente devem ser fornecidas oralmente e por escrito, sendo estas, sempre, acompanhadas de material ilustrativo para facilitar a compreensão do(as) mesmo(a).

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A orientação e preparação adequadas dos pacientes, principalmente quando do sexo feminino, não se constitui, na prática diária, em procedimento dos mais simples. Por isto, frequentemente no deparamos com amostras de urina inadequadamente colhidas, que apresentam características de contaminação com fluxo vaginal.

No caso do sexo feminino as pacientes devem ser orientadas a lavarem cuidadosamente as mãos e após enxaguá-las, afastar os lábios vaginais e lavar os órgãos genitais externos em torno da uretra com água e secar com lenços de papel ou limpar com lenços de higiene. Após esta higiene os lábios vaginais devem ser mantidos afastados até a micção e durante a mesma.

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A primeira parte jato da micção deve ser desprezada, após deve-se colher, aproximadamente, 50 mililitros e desprezar o restante. As pacientes, devem colher a amostra de urina imediatamente após realizar a higiene, sem se levantar do vaso para isto, caso contrario o procedimento de higiene deve ser repetido.

O rigor necessário na higiene dos órgãos genitais externos torna o êxito do procedimento de coleta difícil de ser alcançado.

Como alternativa para o procedimento de higiene no caso de pacientes do sexo feminino se pode recomendar que esta proceda a colheita da urina, após lavar bem as mãos, com os dedos indicado e médio afastar bem os grandes lábios vaginais e com leve pressão promover a retificação da uretra feminina, que normalmente apresenta uma curva descendente de aproximadamente 45°.

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Os pacientes do sexo masculino devem ser orientados a lavarem cuidadosamente as mãos e após enxaguá-las, retrair o prepúcio, se existente, para permitir cuidadosa lavagem da glande peniana, apenas com água ou então realizar a limpeza desta com lenços de higiene.

Após esta higiene, sem permitir que o prepúcio volte a cobrir a glande peniana, deve ser realizada a coleta desprezando a primeira parte jato da micção, recolhendo no frasco fornecido pelo laboratório, aproximadamente, 50 mililitros e desprezando o restante da urina desta micção.

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Com relação ao volume da amostra é importante considerar que pacientes que apresentam distúrbios do trato urinário podem emitir diariamente apenas reduzido volume de urina, de modo que o volume total de uma micção seja até mesmo inferior a 10 mililitros.

Nestes casos as amostras de urina devem ser analisadas com qualquer que seja o volume de amostra obtido.

Depois de colhida a amostra deve ser anotada pelo laboratório o tipo de amostra que foi obtida, o horário de sua obtenção que dever ser informado ao médico requisitante, juntamente com o resultado da análise realizada.

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No caso de pacientes de ambulatório, não deve ser permitida a colheita da amostra de urina fora das dependências do mesmo tendo em vista não se dispor de garantia da hora de realização da mesma.

Se o laboratório estiver impedido de realizar o exame de urina no período uma hora após colheita da amostra, esta pode, excepcionalmente, ser mantida sob refrigeração entre 4 a 8° centígrados por até 8 horas, entretanto devem ser observados os cuidados relativos às possíveis alterações decorrentes deste procedimento que serão abordados no exame químico e no exame microscópico.

No caso de a amostra ser conservada sob refrigeração conforme, conforme descrito acima, o fato deve ser comunicado ao medico requisitante do exame.

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As amostras de “urina” devem ser cuidadosamente analisadas, sob todos os aspectos, pois diversos líquidos apresentam características físicas similares às da urina e também reagem com as tiras reagentes.

A preparação e orientação do(a) paciente para a realização do exame de urina deve, preferencialmente incluir questões como hábitos alimentares e medicação de utilizada pelo paciente, pois juntamente com a orientação quanto aos procedimentos relativos à higiene íntima e a colheita da amostra estas informações podem ser úteis na interpretação e na confiabilidade dos resultados.