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UNVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU AVM/ UCAM – FACULDADE INTEGRADA A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE ATRAVÉS DE MOVIMENTOS EM BRINCADEIRAS LÚDICAS NA CRECHE COM CRIANÇAS DE UM ANO E MEIO A TRÊS ANOS DE IDADE Por: Patrícia Geraldo da Silva Sumar Orientadora Profa. Me. Fátima Alves Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU

AVM/ UCAM – FACULDADE INTEGRADA

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE ATRAVÉS DE

MOVIMENTOS EM BRINCADEIRAS LÚDICAS NA CRECHE COM

CRIANÇAS DE UM ANO E MEIO A TRÊS ANOS DE IDADE

Por: Patrícia Geraldo da Silva Sumar

Orientadora

Profa. Me. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2016

DOCUMENTO P

ROTEGID

O PELA

LEID

E DIR

EITO A

UTORAL

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UNVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU

AVM/ UCAM – FACULDADE INTEGRADA

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE ATRAVÉS DE

MOVIMENTOS EM BRINCADEIRAS LÚDICAS NA CRECHE COM

CRIANÇAS DE UM ANO E MEIO A TRÊS ANOS DE IDADE

Apresentação de monografia à

Universidade Candido Mendes como

Requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Psicomotricidade

Por: Patrícia Geraldo da Silva Sumar

Rio de Janeiro

2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço intensamente a Deus pela

saúde e determinação para alcançar

este sonho. Ao meu marido Luciano

Sumar e filhos pela ajuda, apoio e

compreensão, minha mãe e irmãs

pela contribuição ainda que de forma

indireta, meus mestres da AVM pelo

precioso incentivo, atenção, carinho

e o compartilhar de seus ricos

conhecimentos, meus amigos do

curso e por todas as pessoas que

oraram por mim. Agradeço por ter

vivido a certeza de que tudo

contribuiu para que este trabalho

fosse realizado.

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DEDICATÓRIA

Dedico a Deus, por ter me dado

sabedoria e força para alcançar este

objetivo e a todas as pessoas que

terei o enorme prazer de aplicar todo

o conhecimento adquirido lhes

proporcionando melhor qualidade de

vida.

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RESUMO

Com base nos estudos, este trabalho pretende mostrar que a psicomotricidade

na creche contribui no desenvolvimento motor da criança com um ano e meio a

três anos de idade através dos movimentos em brincadeiras lúdicas. As

vertentes da psicomotricidade tem se tornado uma realidade presente em

várias instituições e especialmente em creches, fazendo-se necessária para o

bom desenvolvimento infantil, estimulando a coordenação motora fina e global,

noção espacial e imagem corporal, observando que o ambiente influência no

desenvolvimento através do movimento em seu deslocamento pelo espaço que

se oferece para as brincadeiras, focando a importância de um ambiente

adequado para incentivar a espontaneidade da criança ao explorá-lo livremente

através do movimento no brincar lúdico.

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METODOLOGIA

Este trabalho será desenvolvido com base em pesquisas bibliográficas tendo

sua composição feita na leitura de livros, artigos, dissertações, teses entre

outros materiais que forem necessários à sua confecção.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................8

CAPÍTULO I

O TRABALHO PSICOMOTOR E SUA IMPORTÂNCIA NO

DESENVOLVIMENTO

INFANTIL...........................................................................................................10

CAPITULO II

O MOVIMENTO NO BRINCAR LÚDICO PARA A APRENDIZAGEM DA

CRIANÇA...........................................................................................................19

CAPÍTULO III

A INFLUÊNCIA POSITIVA E NEGATIVA DE UM AMBIENTE PARA O

DESENVOLVIMENTO

INFANTIL...........................................................................................................29

CONCLUSÃO....................................................................................................38

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................40

ÍNDICE...............................................................................................................41

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INTRODUÇÃO

A psicomotricidade é extremamente essencial para o desenvolvimento

psicomotor da criança na primeira infância e é na creche que ela receberá os

estímulos adequados para o seu desenvolvimento psicomotor. Através do

lúdico, o educador pode realizar brincadeiras que irão estimular movimentos

simples e significativos. A criança se movimenta por todo o espaço explorando

todas as possibilidades de movimentos, se deslocando de várias formas no

ambiente e por isso, é muito importante que tal ambiente proporcione a devida

orientação psicomotora para que seja possível atingir o desenvolvimento

integral e social da criança.

Toda a criança de um ano e meio a três anos de idade está saindo do

período de sensório-motor para o pré-operatório, pronta para começar a usar o

simbólico e a imaginação para brincar. É necessário que o educador coordene

as brincadeiras sem comprometer a espontaneidade de seus movimentos que

quando bem orientados, trará o seu desenvolvimento motor e cognitivo.

Através dos movimentos, as brincadeiras se tornam essenciais para o

desenvolvimento global da criança, contribuindo para sua vida até a fase

adulta.

Segundo Fátima Alves (2016. p.112), a psicomotricidade tem um papel

fundamental no dia a dia das crianças e jovens, pois ela não visa à competição

ou a exclusão, não visa ao desempenho absolutamente perfeito nas atividades

e sim à busca dos indivíduos pelo conhecimento, por meio da corporeidade e

movimento, das experiências vividas e da relação com o meio cultural e social

que estão inseridos de maneira natural, lúdica, gradual e prazerosa.

Na creche se vê a oportunidade dos educadores trabalharem as

dificuldades iniciais encontradas na criança através da psicomotricidade. É

nesse momento e através de atividades lúdicas que o educador poderá

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estimular o desenvolvimento integral da criança passando segurança e

confiança para a mesma, mediando assim sua autonomia em se movimentar

no momento do brincar. A criança precisa explorar o ambiente onde brinca

através da locomoção e da manipulação dos objetos que estão a sua volta para

que seja desenvolvida a sua coordenação motora fina, global, noção espacial,

lateralidade, imagem corporal e equilíbrio a partir de brincadeiras adaptadas de

forma que ela consiga se descolar no ambiente explorando seus movimentos

de forma simples. O educador deve mediar as brincadeiras permitindo que a

própria criança se movimente realizando descobertas e conhecimentos de si

mesma e de sua capacidade de experimentar o novo através do brincar.

Segundo Marcos Vinícius (2016.p.69), é preciso lembrar que cada

criança é diferente da outra e que a idade não é o único critério para verificar

os interesses e as necessidades de cada uma delas. As crianças nesta fase de

um ano e meio a três anos e onze meses continuam gostando dos brinquedos

e das brincadeiras que já conhecem, mas ampliam suas experiências e a

complexidade do brincar.

Alguns estudos relatam que devemos sempre levar em conta o

conhecimento que a criança trás consigo e é a partir desses conhecimentos

que o imaginário torna-se concreto no momento do brincar. É através da

brincadeira que a criança expressa seus sentimentos. O educador deve ter um

olhar avaliativo para poder entender o que a criança precisa e como deve ser

feita sua orientação através da psicomotricidade para seu desenvolvimento

motor, cognitivo, afetivo e social.

Os capítulos adiante mostrarão o quanto é importante valorizar a

psicomotricidade no desenvolvimento infantil, verificar a influência do ambiente

e desenvolvimento da criança, destacando o brincar lúdico através do

movimento.

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CAPITULO I

O TRABALHO PSICOMOTOR E SUA

IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Compreende-se que o desenvolvimento infantil é uma fase muito

importante na vida da criança, pois é a partir dele que é definida a

personalidade, suas potencialidades, afetividades e vida social. A

psicomotricidade tem várias vertentes que dão possibilidades de trabalho com

a criança de um ano e meio a três anos de idade e é através dela que a criança

poderá receber a educação psicomotora e os estímulos necessários para o

desenvolvimento cognitivo e motor.

O educador precisa ter o conhecimento sobre a criança que vai ser

estimulada, pois alguns estudos feitos pela neurociência têm mostrado que

cada criança tem seu tempo de aprendizagem e que cada uma aprende de

forma diferente da outra. A aprendizagem motora depende do bom

funcionamento do cérebro e é ele o responsável por mandar as informações

necessárias através do SNC (sistema nervoso central).

Segundo Marta Pires Relvas (2011. Cp.88), o córtex cerebral é a única

região do SNC, capaz de transformar estímulos recebidos em aprendizado.

Cada estímulo que atinge o córtex é comparado com vivências anteriores para

que possa ser interpretado, decodificado, compreendido. É impossível o SNC

reconhecer o que nunca viu. Para eventos novos, o conhecimento estará

impossibilitado, mas o aprendizado ocorrerá, pois ficará retido na memória

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esse novo estímulo, associado a todas as informações possíveis para que

possamos descobrir o que é, para que serve e, dessa maneira, aprender.

Para tanto, todo resto do SNC tem de estar funcionando

adequadamente, em favor das funções nervosas superiores da memória, do

raciocínio e da inteligência em busca da decodificação e do aprendizado.

Só decodificamos e aprendemos quando o SNC está maduro para

receber e interpretar o novo evento e se estivermos atentos e interessados.

O aprendizado, portanto, depende da integridade da maturidade

neurológica, da atenção e do interesse, além, é claro, da funcionalidade

adequada das estruturas que vão receber ou captar os estímulos.

Algumas dificuldades estão ligadas a presença de lesão cortical, onde os

estímulos são inadequadamente avaliados pela existência de substrato

neurológico, neurônios ou ligações dentríticas de associações. Neste caso, a

falta de integridade cortical determina uma pobre interpretação dos estímulos e

menor capacidade cognitiva. Sendo assim, a criança precisa imaginar para

executar os movimentos propostos pela brincadeira. Elas buscam associar a

brincadeira a alguma coisa que já tenham visto ou vivido. Mesmo sendo tão

pequenas, já trazem em sua memória algumas experiências vividas no seio da

família.

Quando se pensa em desenvolvimento psicomotor, tende-se a pensar

somente no ato motor, mas não é só a parte motora de uma criança que está

em desenvolvimento e sim a criança como um todo. Muitas dessas crianças

estarão com sua parte afetiva comprometida, podendo influenciar no seu

desenvolvimento motor, por isso é muito importante que o educador esteja

atento à criança que aos três anos de idade apresentar algum tipo de

dificuldade motora. A caderneta de saúde da criança diz que nessa idade ela é

capaz de subir escadas, saltar obstáculos, falar de forma clara e compreensível

e ainda vestir e tirar sua própria roupa e o seu calçado, sendo capaz de brincar

com outra criança, de contar história e cantar uma canção. O educador precisa

estar atento ao que diz a caderneta de saúde em relação a alguns pontos que

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podem ser prejudiciais ao desenvolvimento da criança e relatar imediatamente

aos pais.

Segundo Parâmetros de Qualidade para Educação Infantil Volume 1 de

(2008.p.16) TONE, STAMBACK, (1991), enfatizam que toda a criança pode

aprender, mas não sob qualquer condição. Antes mesmo de se expressarem

por meio da linguagem verbal, bebês e crianças são capazes de interagir a

partir de outra linguagem (corporal, gestual, musical, plástica, faz-de-conta,

entre outras) desde que acompanhadas por pessoas experientes. As iniciativas

dos adultos favorecem a intenção comunicativa das crianças pequenas e o

interesse de umas pelas outras é o que faz com que aprendam a perceber-se e

levar em conta os pontos de vista, permitindo a circulação das idéias, a

complementação ou a resistência às iniciativas dos adultos.

O educador deve estimular a criança de varias formas. A criança de um

ano e meio de idade ainda é muito pequena, mas já tem uma grande

capacidade de observação e imitação. Se o educador fizer o movimento com

os olhos e balançar os braços ela irá fazer o mesmo, pois nessa idade, a

criança copia tudo o que vê devido sua fase sensório-motor ainda ser muito

presente e o desenvolvimento integral estar acontecendo a todo o momento; no

abrir e fechar dos olhos, no falar, no sorrir, no andar ou em qualquer outro

gesto por mais simples que seja. Cada gesto tem uma importância no corpo de

um indivíduo em seu desenvolvimento psicomotor. O movimento que a criança

faz ao subir uma escada, correr atrás da bola e riscar a parede são essenciais

para sua evolução psicomotora.

Segundo Fátima Alves (2012. Cp.19), o movimento, assim como o

exercício, é de fundamental importância no desenvolvimento físico e emocional

da criança. Graças ao exercício físico, são fortalecidos os músculos e os ossos.

O movimento permite a criança explorar o mundo exterior por meio de

experiências concretas sobre as quais são construídas as noções básicas para

o desenvolvimento intelectual. É importante que a criança viva o concreto.

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É a exploração que desenvolve na criança a consciência de si mesma e

do mundo exterior. A criança se desenvolve desde os primeiros dias de vida,

de maneira continua. Quando um bebê nasce, seus primeiros estímulos são

dados pelos pais ao chamarem seu nome e segurarem sua mão, mesmo que

seus movimentos sejam apenas reflexos, todo o estímulo é muito importante.

Mesmo que inconscientes os pais começam o trabalho psicomotor em seu

filho, que se estenderá ao longo da sua idade. Todas as brincadeiras feitas

com o bebê e com a criança são fundamentais para seu desenvolvimento

afetivo, cognitivo e motor, pois é através deles que começam a construção do

vínculo afetivo e emocional. Se receber no lar os devidos estímulos sem pular

nenhuma etapa importante do seu desenvolvimento, a criança poderá ter uma

infância sem nenhum prejuízo motor, facilitando assim o trabalho dos

mediadores ou educadores.

Segundo Fátima Alves (2016. Cp.119), a grande protagonista do

desenvolvimento psicomotor da criança é a mãe ou aquele que cuida. Ela não

sabe, mas nos seus embalos, carinhos, nos seus cuidados, está fazendo com

que essa criança adquira e progrida aos traços psicomotores. Após esse

momento, a progressão tem como base a escola. Por isso a importância da

família no processo de desenvolvimento psicomotor da criança. É em casa que

ela vai dar os primeiros passos para suas descobertas e é através da imagem

do corpo do outro que ela começa a se perceber no espaço.

Segundo Le Boulch (1982. p.28). Apud Geraldo, Peçanha de Almeida,

afirma que a imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio entre as

funções psicomotoras e sua maturidade. Ela não corresponde só a uma

função, mas sim a um conjunto funcional cuja finalidade é favorecer o seu

desenvolvimento.

A maturidade do corpo e do sistema nervoso central (SNC) vai trazer o

equilíbrio para as fases que a criança precisa passar. A educação psicomotora

acontece quando a criança vivência de forma espontânea a atividade mediada

pelo adulto, pois é muito importante que ela interaja com os objetos e se

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locomova no espaço. Cada sensação é uma nova descoberta e é por isso que

toda criança precisa descobrir para evoluir.

Segundo Le Boulch apud Fátima Alves (2016. Cp.187, 188.), a criança

situa a capacidade social e intelectual ente 9 e 18 meses. Neste período, é

importante frisar que, se houver alguma interrupção ou carência, podem

acarretar défices no plano intelectual e podem ser graves.

Com um ano e nove meses, a criança se utiliza de muitas palavras

para formar frases, já consegue nomear mais de uma imagem e passa a ter

noção de totalidade corporal.

Com dois anos de idade realiza exercícios e os fixa, mecaniza os

movimentos aprendidos e articula palavras e frases mais constantemente.

Consegue na maioria das vezes controlar os esfíncteres. Os movimentos

associados continuam e são sincinesias manuais e digitais.

Neste período, a criança necessita ser aceita, e sua curiosidade é

tamanha fazendo-a executar tarefas novas e continuar aprendendo. Mesmo

sem precisão de movimentos, ela executa uma série de ações.

Aos dois anos e dois meses, desenha as partes do corpo.

Aos três anos, sua coordenação visório-motora é aperfeiçoada, tem

mais exatidão nas atividades manuais e diferencia seus gestos. Segura o lápis

com mais precisão e seus desenhos com a imagem corporal ainda são

rudimentares.

É importante que estes pontos citados acima sejam observados no

desenvolvimento da criança, assim como é necessário estar atento a caderneta

da criança que vai orientar sobre qualquer anormalidade encontrada no

desenvolvimento infantil. Ao realizar o trabalho psicomotor em um individuo,

deve se levar em consideração todos os aspectos ligados a ele. Em algumas

publicações de Vitor da Fonseca fica claro que para a Educação Psicomotora

acontecer é necessário observar questões biológica, histórica e social.

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O desenvolvimento começa ser visível quando a criança começa a se

comunicar com seu corpo no ambiente familiar. Ao chorar a mãe já

compreende o que ela quer, quando estendem os braços, está dizendo que

quer colo. A linguagem corporal é muito presente na infância e é através dela

que toda criança se expressa.

Segundo Fátima Alves (2012, Cp.40,41) antes mesmo da linguagem

verbal, a comunicação se dá com o outro, por intermédio do corpo,

estabelecendo um diálogo corporal com a “mãe”. Esta identificação prossegue

até a aquisição da linguagem, onde a criança imita seus pais, reproduzindo

seus modos de falar e suas entonações. A partir dos dois anos e meio de

idade, a imitação diferenciada passa a ser possível enriquecendo sua bagagem

gestual, afinando também, com seu controle tônico.

O desenvolvimento corporal amplia o desenvolvimento e o conhecimento

do real, enriquecendo ainda mais a criança e evoluindo sua linguagem.

Aos três anos, é a idade do não, do eu, do meu, da autoafirmação. Vai

descobrir o outro diante dela e começar a compor seu “eu social”.

Seu “eu social” ocorre quando a criança começa a interagir com outras

crianças no momento do brincar. É o momento de experimentar novas

sensações e fazer novas descobertas com seu próprio corpo. O prazer de

correr, pular, rodar e empurrar vai levar essa criança a novas descobertas a

partir dos seus movimentos.

Segundo Pilar Arnaiz (2003 p.33,33.), o movimento é intrínseco à vida.

Fonte em si mesmo de aprendizado, permite a aquisição de experiências e

estas se convertem, por complexidade, em objetivos e finalidades. Descobrir as

sensações de prazer e bem-estar que o próprio corpo proporciona é

fundamental para que a criança possa se conhecer e evoluir, desenvolvendo

cada vez mais suas competências.

Quando a criança descobre que a possibilidade de locomoção e de

manipulação está em seu corpo, começa a usar suas mãos para manipular os

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objetos que estão a sua volta e se locomover para explorar todo o espaço que

puder. Nesse momento ela começa a desenvolver sua noção de espaço e

coordenação motora fina. A Educação Psicomotora acontece quando se da a

possibilidade para a criança se descobrir a partir de sua espontaneidade em

seus movimentos, desenvolvendo sua percepção e certas noções

fundamentais, é a partir daí que começa a construção de sua personalidade.

No desenvolvimento da criança, há algumas atividades que contribuem

para a sua formação: explorar diversos ritmos a partir de músicas cantadas

pelo adulto ou tocadas em CD, montar um caminho e passear sobre ele,

reproduzir sons e movimentos, jogar de diferentes maneiras com as mãos e

com os pés, chutar para fazer gol, imitar os animais, conversar com fantoches,

correr para diferentes lugares, puxar lençol para passear pelo espaço e brincar

de entrar e sair (FERREIRA 2011 Cp.130).

Existem inúmeras atividades que vão contribuir para o trabalho

psicomotor da criança que está em desenvolvimento. As atividades têm sua

importância cognitiva, social, emocional e motora e é através delas que os

profissionais podem fazer suas avaliações, observando o comportamento do

indivíduo, descobrindo qual é sua dificuldade inicial podendo assim entrar com

a intervenção psicomotora.

O olhar avaliativo do profissional é fundamental no processo de

desenvolvimento, pois é ele quem vai avaliar seu comportamento cognitivo e

afetivo. Muita das vezes o problema psicomotor está relacionado ao emocional

da criança e só através da avaliação contínua poderá se ter um diagnóstico

conclusivo.

Fátima Alves cita em seu livro que é por meio desta avaliação que você

terá acesso ao histórico familiar, às características do ambiente familiar, aos

dados pessoais, aos dados do desenvolvimento motor, a seu comportamento e

a todos os aspectos motores das áreas psicomotoras, suas dificuldades ou

não. (FÁTIMA ALVES 2012. Cp. 158)

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A falta de afeto também pode comprometer o desempenho motor de um

indivíduo, pois é a través da afetividade que se constrói vínculos entre os seres

humanos possibilitando seu desenvolvimento social e emocional. É a partir

desses pontos bem ajustados que poderá haver o desenvolvimento integral do

individuo na área psicomotora.

O desenvolvimento do indivíduo só pode ser completo quando ele tem a

oportunidade de viver em um lugar que se sente acolhido e protegido de

alguma forma, podendo experimentar os movimentos e brincadeiras de forma

que possa expressar o que está sentindo. Algumas vezes, seus movimentos

corporais demonstram raiva, vergonha e medo, é neste momento que a criança

espera que o adulto diga o que fazer. O mediador vai compreender o que está

acontecendo e fará a intervenção necessária para que o desenvolvimento

cognitivo e motor aconteçam de forma harmoniosa. Tais atitudes desenvolvem

todo um trabalho sobre as emoções internas, através do seu próprio tônus

muscular e o do outro, que agem como uma trama que sustenta as emoções,

as sensações, o movimento e a relação com o exterior. Situações de

contenção, sustentação, balanceio, equilíbrio e desequilíbrio, movimentos

primários na horizontalidade (arrastar-se, rolar, fazer pressões...), que fazem a

criança viver experiências que evocam as lembranças das vivências

produzidas por aquelas situações nas quais se sentiu segura e contida nos

primeiros meses de vida (ARNAIZ, 2003 Cp.78)

Algumas crianças têm seu desenvolvimento comprometido por ficarem

em lugares sem o devido espaço, privados dos movimentos necessários para o

seu desenvolvimento natural. Pais, preocupados com a segurança de seus

filhos, devido a uma série de fatores que tem acontecido na sociedade

principalmente a violência, não têm saído com freqüência para levá-los a uma

pracinha ou qualquer outro local em que a criança possa brincar livremente,

pois são lugares importantes para que aconteça o desenvolvimento psicomotor.

É através da interação das crianças no correr, estar em contato com a

natureza, estar em contato com a areia, jogar pedrinha no lago, correr atrás de

pássaros dentre outros que fará com que a parte motora seja desenvolvida de

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forma continua e progressiva. Toda criança precisa gastar energia e é

fundamental que os adultos proporcionem uma vida saudável levando-a viver

uma infância que constrói seus conhecimentos a partir do que ela experimenta,

sente e vê.

Segundo Fátima Alves (2016 p.64), o corpo é constituído e construído

por meio de sensações a partir de suas vivências e experiências. A mãe da

criança é quem apresenta esse corpo e o mundo a ela. Para que ela obtenha

um esquema corporal, ela precisa conhecer, primeiramente, seu corpo, e esse

conhecimento não depende somente dela, depende do outro para mostrar-lhe

o que tem e o que falta em si. Reconhecer-se enquanto corpo só é possível

porque os outros também têm um corpo. A constituição da imagem do corpo é

a partir das sensações interoceptivas, proprioceptivas e exteroceptivas. Tudo

isso não acontece se a criança apresentar insuficiência maturativa.

Acontecendo a maturidade ela consegue exercer o domínio corporal e passa a

utilizar o corpo de forma integral e unificada dentro de seus parâmetros.

O trabalho psicomotor profissional e natural na infância trás inúmeros

benefícios para a criança que será preparada para a vida escolar e social. Ela

reconhece seu corpo e o corpo do outro respeitando e compreendendo seus

limites. A psicomotricidade tem contribuído para que as potencialidades de

cada criança sejam desenvolvidas de forma responsável e educativa.

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CAPITULO II

O MOVIMENTO NO BRINCAR LÚDICO PARA A

APRENDIZAGEM

Brincar e se movimentar estão sempre juntos e é muito importante que

toda a criança seja devidamente estimulada pelo adulto. Através das

brincadeiras lúdicas os movimentos vão influenciar o comportamento

contribuindo para seu pleno desenvolvimento integral e social. É muito

importante trabalhar todos os movimentos da criança durante as brincadeiras

lúdicas, orientando-a sempre a explorar o ambiente em que brinca,

possibilitando sua movimentação e manipulação no espaço. O brincar é a

preparação para a vida adulta permitindo que a criança desenvolva suas

potencialidades.

Segundo Fátima Alves (2016. P.83), o trabalho lúdico proporciona muita

aprendizagem à criança, promove avanços conceituais importantes, encoraja o

acesso à busca da autonomia, permitindo fazer uma análise cognitiva dos

objetos, de como brincar com esses objetos e passar a escolher com o que

brincar, estando-se na escolha do parceiro da brincadeira e, dessa forma,

favorece o desenvolvimento harmônico entre o corpo e o afeto.

Por meio da imaginação, a criança cria seu próprio movimento: monta

em uma vassoura como se estivesse passeando em um verdadeiro cavalo e

transforma um pedaço de madeira em um boneco do homem aranha

manipulando-o com as mãos como se ele tivesse escalando a parede. A

psicomotricidade trabalha o movimento através da imaginação da criança, por

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isso os educadores precisam estimulá-la a brincar de várias formas para que o

desenvolvimento psicomotor contribua com a aprendizagem no momento do

brincar.

Segundo a PMPI- NOVA IGUACU (2013 p.77), a brincadeira favorece a

auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas

aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim para a interiorização de

determinados modelos de adultos, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas

significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de

constituição infantil. As crianças aprendem a brincar de faz-de-conta, que é

uma atividade essencialmente infantil, destinada a criar situações imaginárias.

Brincar desenvolve papéis e enredos construindo individual ou coletivamente

quando há crianças.

A brincadeira permite a criança construir seu desenvolvimento físico,

mental e afetivo. É brincando que a criança tem a oportunidade de conhecer

seu corpo e suas funções, de exercitar seu raciocínio, tirar conclusões sobre a

realidade e de construir vínculo social e afetivo preparando para as funções

que assumirá na vida adulta. Por meio da brincadeira, podemos trabalhar com

a criança na construção de limites e valores tais como o respeito e a

cooperação, fundamentais para vivências em família e na sociedade.

Segundo Levin, (2007), Apud Fátima Alves (2016. p.83), para as

crianças, brincar é certamente imaginar, evocar e pensar. Nunca é uma

banalidade, mas sim um ato estrutural que cria a experiência infantil originária,

aquela que suscita mais questionamentos no mundo contemporâneo.

A psicomotricidade estimula os movimentos permitindo que a criança

vivencie as brincadeiras a partir do seu corpo e do corpo do outro,

desenvolvendo assim sua criatividade. Os adultos devem encontrar formas de

estimular os movimentos através de brinquedos ou do próprio corpo da criança

levando-a a observar que não é apenas uma brincadeira, mas uma forma de

adquirir e compartilhar o que aprendeu, respeitando não somente o seu próprio

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corpo, mas o do colega, entendendo assim a importância do dividir e do

socializar.

O brincar é muito importante na primeira infância, pois a criança quer ser

livre para se movimentar no ambiente que se encontra e que muitas das vezes

não possui o espaço adequado, mas mesmo assim não impedirá que ela

explore seus movimentos através do brincar. Ela vai subir e descer de uma

escadinha ou escolher passar engatinhado por baixo de uma cadeira. Cada

criança tem seu brinquedo preferido e sua forma de brincar.

Segundo Marcos Vinícius (2011, p. 29, 30), o brincar quer seja como

recreação psicomotora orientada ou livremente, aponta sempre para resultados

positivos para a criança. Oferece inúmeras oportunidades educativas:

desenvolvimento corporal, desenvolvimento mental harmonioso, estímulo à

criatividade, à socialização, à cooperação...

É sempre muito importante proporcionar a criança oportunidades para

brincar e criar livremente suas brincadeiras e jogos, pois além de desfrutar da

alegria de brincar, contribuirá significativamente para seu desenvolvimento

psicomotor. Os educadores devem apenas mediar no momento da brincadeira,

permitindo que a criança vivencie através do movimentar a arte de brincar.

Toda criança consegue criar um cenário lúdico com poucos brinquedos:

pedaço de papel vira bola, calçados viram traves de gol e varias crianças irão

interagir jogando e explorando o espaço. Toda criança brinca com satisfação

quando se permite que ela use sua imaginação e crie suas próprias

brincadeiras. É importante enfatizar que não é apenas uma brincadeira, mas o

desenvolvimento psicomotor da criança que está sendo trabalhado de uma

maneira lúdica, onde a psicomotricidade vai entrar como método pedagógico

para educar os movimentos e auxiliar nas etapas de desenvolvimento de toda a

criança segundo suas dificuldades a partir das brincadeiras. Para cada criança

a brincadeira tem um sentido, algumas sentem alegria, outras medo ou raiva,

para elas a forma de brincar favorece uma compreensão de seus conflitos e

emoções, dessa forma, os adultos devem estar atentos aos inúmeros

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benefícios da psicomotricidade e trabalhar os movimentos usando inúmeras

possibilidades de brincadeiras.

Segundo Marcos Vinicius (2011, p. 44), a noção do corpo está

diretamente ligada aos sentimentos. Tem como resultado a maior ou menor

disponibilidade de adaptação que temos de nosso corpo com o mundo exterior,

e o centro da relação entre o vivido e o universo. Assim, formamos o nosso

espelho afetivo-somático ante uma imagem de nós mesmos, do outro e dos

objetos.

Já muito cedo as crianças são incentivadas a terem contato com

aparelhos eletrônicos. Com dois anos de idade já podem dominar muito bem

um tablet para joguinhos educativos e até mesmo imitar o uso de um adulto. A

tecnologia é muito boa, mas tem afastado as crianças das brincadeiras

tradicionais. A creche é um ótimo lugar para se resgatar as brincadeiras com

ludicidade e para isso, os educadores devem pensar de forma inovadora para

atrair a atenção da criança. Junto com as crianças, os professores podem criar

brincadeiras e construir brinquedos, trabalhando o cognitivo, afetivo e o motor.

Quando todas as crianças estão juntas construindo uma brincadeira, se ajudam

demonstrando carinho ou até mesmo egoísmo.

No brincar, a criança expressa o que ela não consegue expressar

verbalmente. Tem criança que quebra todos os brinquedos que passam por

suas mãos. Se o educador tiver um olhar avaliativo, poderá identificar se essa

criança é curiosa ou agressiva a partir de seus movimentos. A psicomotricidade

tem dado a possibilidade de trabalhar as crianças na condição integral,

permitindo ao educador trabalhar o afetivo através de brincadeiras lúdicas e

mostrar limites para a criança no momento da brincadeira. Mesmo que a

criança seja muito pequena, já conseguirá interagir, dando uma resposta

positiva do seu desenvolvimento através de um trabalho psicomotor, sendo

necessário o educador respeitar a sua individualidade.

Segundo Ferreira (2011. p.114, 105), atividades que remetem às

experiências de prazer e desprazer, às imagens e às vivenciais que surgiram:

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brincadeiras de esconder e aparecer: representam, segundo a teoria

piagetiana, a noção de objeto permanente que leva a criança a entender que o

objeto continua presente, mesmo na ausência. Contribuem para a criança lidar

com angustia de perda, que Aucouturier denominou como sendo a sensação

desagradável que a criança vive na ausência da mãe quando ainda não a tem

internalizada em si.

Brincadeira de construir e destruir: o simbolismo aqui presente é bem

inicial à vida. A criança para existir precisa da mãe e, posteriormente, ela

precisa destruí-la para existir. Essa destruição lhe permite SER em relação ao

outro. É por intermédio dessa dinâmica, destruir e construir, que nasce o prazer

de construir. Mais uma vez, o material utilizado é de extrema importância, pois

a destruição se dá em cima da construção simbólica e não propriamente do

material que, certamente, se manterá firme e conservado.

Brincadeira de prender e soltar: ligada à fase anal descrita por Freud,

tem a ver com a presença e a ausência - perto e longe - significa aproximar ou

colocar longe de si.

Brincadeira de esvaziar e encher: contém o simbolismo da

representação da absorção e da evacuação, também ligada a fase anal.

Brincadeira de encaixar e desencaixar: estão ligadas à relação de

interpretação boca e seio vivida durante a amamentação.

Atividades referentes ao simbólico são também chamadas de

brincadeiras de faz de conta ou da identificação. As crianças transformam os

blocos em casas, torres, meio de transporte; os tecidos viram telhados, capaz

de super heróis e princesas, piscinas, roupas variadas, mantas para bebes; o

jornal se transforma em espadas, chapéus, varinha do Harry Potter, dinheiro e

muitas outras possibilidades que a imaginação lhes permitem para

internalizarem o mundo real.

Toda criança precisa vivenciar os movimentos de forma global sendo

observado o cognitivo, social e psicomotor. Em casa, a criança geralmente

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passa uma parte de seu tempo brincando sentada, limitando seus movimentos

mais amplos, na maioria das vezes é a forma que os pais encontram para

deixá-la quieta em um só lugar em quanto fazem suas tarefas. Os adultos

devem levar em consideração que a criança gosta de movimento o tempo todo,

por isso se faz necessário a psicomotricidade nessa faixa etária de um ano e

meio a três anos de idade, pois a importância de brincar é fundamental para a

criança que deseja correr, saltar, pular e fazer novas descobertas e por isso,

precisa de liberdade e espaço para executar livremente tais movimentos.

Segundo Montenegro, 2007, Apud Fátima Alves (2016. p.59), o

movimento humano só se concretiza através do corpo. Este movimento integra

uma totalidade, compreendendo não só o ato motor, mas toda e qualquer ação

humana, que vai desde a expressão dos sentimentos até o gesto mecânico.

Não é apenas o corpo que entra em ação pelo fenômeno do movimento, mas é

o homem todo (inteiro) que age, que se movimenta, que comunica uma

intencionalidade, uma perspectiva de vida, um jeito de ser e de pretender ser.

As crianças gostam muito de bolas e por isso, os pais e educadores

devem criar diversas brincadeiras com elas, deixando-as escolher o tamanho e

a cor que preferirem, estimulando brincadeiras de subir e descer escadinha,

pular no colchão e passar por debaixo da cadeira e da cordinha. Há várias

formas de brincar em um espaço pequeno sem que a criança fique sem se

movimentar, o educador deve estimular o movimento partindo do princípio que

toda criança precisa se desenvolver a partir do movimento de forma lúdica e

prazerosa. Muitos autores mencionam em seus livros que o movimento faz

parte das pessoas, desde os primatas.

Segundo Marcos Vinícius (2016. P.69,70,72), os educadores e

estimuladores em geral, deveriam ter a consciência da importância do ser

humano desde a concepção até o limite de sua existência.

Em seu livro ele mostra a importância das brincadeiras para o

desenvolvimento motor e cognitivo da criança de um ano e meio a três anos de

idade.

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São eles:

Expressões dramáticas: quando as crianças manifestam o desejo de

assumir papéis como de motorista e professores. Quando entram no faz de

conta compreendendo as funções desses personagens na sociedade.

Expressões artísticas: atividades relacionadas às artes plásticas e inclui

brincar com massinhas, colagens, e construções com diferentes objetos

sociais, motoras e sensoriais prazerosas.

Brinquedos com personagens: os brinquedos nas formas de animais,

princesa, super-herói e personagem preferido das crianças.

É por meio do imaginário que a criança passa a fazer parte desse

mundo real. Brinca de faz de contas acreditando que é verdade e depois ainda

tenta convencer os adultos de que ela é de fato aquele personagem. Tem

criança que leva tão a sério o fato de ser um super-herói que o pai fica vigilante

com as janelas do apartamento ou de qualquer lugar alto, porque a criança

realmente acredita que tem poder e que ela pode mesmo voar não tendo noção

do perigo.

Através da imaginação a criança viaja para vários lugares e faz o que ela

deseja, por isso é mais feliz que os adultos. Mesmo sendo tudo simbolismo, a

criança tem a capacidade de aprender e consegue demonstrar o que aprendeu

para chamar a atenção do adulto fazendo alguma atividade que já tenha

vivenciado de forma mais dinâmica, deixando os adultos preocupados. Quando

a criança quer mostrar que aprendeu a subir e a descer, o primeiro lugar que

sobem e na porta de casa, na janela ou em outro lugar de difícil acesso, mas

essa atitude é só para mostrar que ela aprendeu a subir e a descer.

Segundo Piaget (2011) Apud Ferreira (2011. P.105), por meio dessas

brincadeiras de fantasiar, a criança compreende e se apropria do mundo que a

cerca, favorecendo sua integração ao meio social cada vez mais complexo,

essas construções serão fontes de futuras operações mentais. Além disso,

essas brincadeiras possibilitam a identificação projetiva, ou seja, corresponde

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ao que as crianças gostariam de ser ou de não ser. É freqüente o medo estar

presente nesses momentos, por meio, por exemplo, dos papéis de lobo ou

bruxa, mas viver personagens que dão medo é poder ultrapassar e controlar

esse medo que significa um indício de maturação psicológica. Nessas

brincadeiras as crianças alternam seus papéis e ora ela se identifica com o

agressor, ora com a vítima.

Esses exemplos de brincadeiras são universais, de forma que,

independentemente da cultura, todas as crianças brincam e vivem as

representações citadas nelas. FERREIRA, (2011, p 105).

O adulto precisa ter um pouco de conhecimento do mundo infantil para

poder ensinar com as brincadeiras. Na educação infantil, as crianças não

conseguem aprender de forma militarista, pois se tornam entediantes as

repetições mesmo que sejam nas brincadeiras. Elas querem brincar a cada dez

minutos de maneiras diferentes com espontaneidade e liberdade. Os adultos

devem conhecer quais os tipos de brincadeiras que podem ser desenvolvidas

para cada grupo de criança, pois dependendo da cultura da criança, certas

brincadeiras não vão chamar a atenção devido às vivências anteriores trazidas

na convivência em família.

A aprendizagem de uma criança também pode ocorrer através de

brincadeiras sem a utilização de brinquedos, para isso, os adultos devem levar

a criança para um lugar que não tenham brinquedos. A primeira coisa que a

criança vai fazer é olhar em sua volta para buscar recursos para criar um

brinquedo ou irá brincar usando seu próprio corpo no ambiente, usando sua

imaginação e criatividade, aprendendo com as possibilidades existentes no

ambiente.

Segundo Fátima Alves, (2012 p.57), 1ª etapa: corpo Vivido (até três anos

de idade) corresponde a fase da inteligência sensório-motora de Piaget. Essa

etapa é dominada pela experiência vivida pela criança por meio da exploração

do meio. As descobertas são intensas nessa fase por sua atividade

investigadora e incessante. Seus primeiros movimentos são por meio dos

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movimentos dos outros. É em virtude da imagem do outro em movimento que

ela aprende a mover-se “imitação”.

Por isso é necessário levar a criança ainda pequena para brincar em

lugares onde a interação com as outras crianças irá permitir que ela perceba

sua existência na sociedade e a interagir com os objetos que estão a sua volta,

tornando concreto tudo o que é subjetivo e o aprendizado começará a

acontecer no momento em que a criança passar a vivenciar e a experimentar

novas sensações no momento do brincar. Essa brincadeira faz com que a

criança tenha a capacidade de desenvolver o esquema corporal, a imagem

corporal e a noção espaço-temporal.

Segundo Fátima Alves, (2012, p.25), entende-se que:

Esquema Corporal:

A formação do “eu”, da personalidade da criança, isto é, o

desenvolvimento do esquema corporal, a criança toma consciência de seu

corpo e das possibilidades de expressar-se por meio desse corpo.

Imagem Corporal:

Percepção e o sentimento que o indivíduo tem de seu próprio corpo.

Ligada a aspectos relacionais e envolve experienciais interiores, expectativas

sociais e emoções.

A imagem é tudo aquilo que foi vivido.

Descobrir a imagem corporal para trabalhar o esquema corporal.

Noção espaço-temporal:

A maneira como a criança se localiza no espaço que a circunda.

Exemplo: “Estou atrás da cadeira”, “a bola está debaixo da mesa” e

como se situam as coisas, umas em relação às outras.

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A orientação temporal diz respeito a como a criança se situa no tempo

(ontem, amanhã...).

Toda e qualquer brincadeira tem sua importância na psicomotricidade

tendo uma função de aprendizagem, seja ela cognitiva ou motora levando ao

pleno desenvolvimento infantil.

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CAPÍTULO III

A INFLUÊNCIA POSITIVA E NEGATIVA DE UM

AMBIENTE PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL.

O desenvolvimento da criança precisa de um acompanhamento diário

dos pais, educadores e dos profissionais da área da saúde. Os pais devem ser

os primeiros a estimularem a criança no falar, engatinhar, compartilhar

momentos de brincadeiras para que ela possa se sentir segura para

desenvolver sua locomoção no espaço que vive e manipular os objetos que

estão a sua volta.

Com os cuidados necessários, a criança pode crescer sem pular suas

etapas tão importantes para o seu desenvolvimento. A psicomotricidade tem

contribuído para que a criança que tem problemas motores, cognitivos e

afetivos seja estimulada a usar seu próprio corpo para resgatar a forma correta

de se relacionar com o mundo exterior.

Segundo Fátima Alves (2016.p.98), a partir de conceitos básicos, a

criança pensa, raciocina e adquire o conhecimento mediante a manipulação e a

atuação diante do jogo e do brinquedo, interagindo com seu corpo e com os

objetos em relação ao espaço e ao tempo.

A psicomotricidade envolve movimentos amplos para educar ou

reeducar uma criança, estimulando a coordenação motora fina e global, sendo

extremamente necessário um ambiente amplo para brincar, pois o ambiente

adequado produz segurança e permite que ela alcance o máximo possível de

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sua alegria. Quando o espaço não possui o tamanho adequado, as atividades

ficam restritas principalmente às brincadeiras sentadas e os pais ou

educadores em creche terão que criar atividades que trabalham apenas a

coordenação motora fina limitada às brincadeiras de massinha, recortar, colar,

pintar, dentre outras.

A criança precisa reconhecer seu corpo no espaço e explorar o ambiente

interno e externo da creche. Existem várias atividades que podem ser

trabalhadas quando se tem disponível um ambiente que favoreça as

brincadeiras lúdicas como: andar de trenzinho, jogar bola com o coleguinha,

correr e passar por dentro do minhocão, dentre outras. Esses são apenas

exemplos de brincadeiras que ficam restritas quando não tem espaço para as

crianças brincarem livremente.

Segundo Fátima Alves (2016), a reconceitualização e resignificação da

psicomotricidade devem partir de um corpo vivido, depois percebido e

reconhecido nas suas esferas afetivas, simbólicas e cognitivas, visando sua

integração e orientação no espaço e no tempo e na interação com os outros,

com os objetos e com a natureza.

Quando a creche se torna o ambiente onde a criança passa a maior

parte do tempo, elas aprendem através do meio e com tudo o que está em sua

volta. Toda criança é puro movimento, pois interagem o tempo todo com o meio

em que estão inseridas.

Segundo PMPI-NOVA IGUAÇU (2013. p.90), o ambiente não é apenas

um dado: ele é um complexo de significados que entra na formação da pessoa

que nele vive e com ele interage. O espaço não é neutro, pela própria forma

como está disposto e organizado, pelas suas cores e cheiros, pelos seus

barulhos, ruídos e silêncios. Ele define as relações entre as pessoas, desafia

ou inibe iniciativas, suscita ou restringe movimentos. O ambiente é o “terceiro

professor” da criança, no dizer do fundador da pedagogia de educação infantil

(abordagem) de Reggio Emilia, Loris Malaguzzi, para quem os primeiros são os

pais; o segundo os professores.

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O espaço é fundamental para o desenvolvimento da criança em fase de

creche e pré-escola. A falta desse espaço pode comprometer a aprendizagem

motora com as restrições de movimento. A televisão na creche é a maior aliada

da falta de espaço, muitas das vezes por não terem como desenvolver

atividades que as crianças possam correr pular e saltar, os educadores ligam a

televisão em programas educativos onde passarão a maior parte do seu dia

assistindo. Como essa criança vai ter um desenvolvimento global? Nesses

casos a psicomotricidade tem muito a contribuir nas atividades dos

educadores.

Dependendo da estrutura da família, a criança trará dentro de si uma

vivência positiva ou negativa do meio que vive. Algumas crianças já mostram

no olhar a tristeza e outras o quanto é amada e valorizada no seio da sua

família com gestos de carinho aos educadores. Nesse momento os educadores

precisam da psicomotricidade para trabalhar o afetivo de forma lúdica, junto

com motor dessa criança.

Através das atividades com brincadeiras lúdicas, a criança poderá

expressar com o movimento o que está sentindo e o que espera dos adultos.

Por não ter a noção corporal e não ser devidamente estimulada, ela poderá ter

seu comportamento motor comprometido pela falta de equilíbrio. Quando o

ambiente é cheio de estímulos, a criança vivenciará os movimentos de forma

global contribuindo com a sua coordenação motora fina e imagem corporal

levando-a ter consciência do seu próprio corpo no espaço.

Segundo Fátima Alves (2016. p.82,83), no primeiro momento, a criança

consegue apreender as noções do ambiente que a rodeia. Ela se torna mais

atenta, porque a percepção está sendo trabalhada, desenvolvida ou adquirida.

Essa percepção se faz necessária para sentir o ambiente e adquirir o

aprendizado que pode ser por meio de atividades lúdicas. Por isso, a

importância de deixarmos a criança explorar o ambiente, já que, na exploração,

além dela estar aprimorando sua inteligência e linguagem, também treina os

movimentos motores desenvolvendo sua independência e maturidade

socioemocional se posicionando em relação ao outro e aos objetos,

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aprendendo a se lidar com o mundo e enriquecendo cada vez mais o seu

conhecimento.

O trabalho lúdico proporciona muitas aprendizagens á criança

promovendo avanços conceituais importantes, encoraja o acesso á busca da

autonomia, permitindo fazer uma análise cognitiva dos objetivos, de como

brincar com esses objetos e passar a escolher com o que brincar, estendendo-

se na escolha do parceiro da brincadeira e dessa forma, favorecer o

desenvolvimento harmônico entre o corpo e o afeto.

Existem crianças que chegam à creche com vários problemas motor,

cognitivo e afetivo, e os educadores procuraram de alguma forma ajudar

criando atividades aleatórias. Alguns não estão preparados para trabalhar com

crianças que tenham algum distúrbio psicomotor e ficam perdidos quando

levam essas crianças para a sala de recursos. Algumas creches têm sala de

recursos, mas os educadores não sabem usar o material disponível.

A psicomotricidade se torna importante na creche para trabalhar as

dificuldades encontradas e para isso se faz necessário capacitar os

educadores para trabalharem o desenvolvimento motor da criança, pois ela

precisa ser bem orientada no ambiente onde vai passar uma boa parte do seu

dia. Os pais podem até não ter nenhuma formação, mas os educadores e os

cuidadores precisam ter uma noção de como vão estimular a criança, seja ela

normal ou com algum tipo de deficiência por mais leve que seja. Em todos os

ambientes onde se trabalha com a primeira e a segunda infância, se faz

necessário um profissional comprometido com o desenvolvimento da criança,

capaz de transformar o ambiente que muitas das vezes não é agradável em um

ambiente mágico, cheio de fantasias e alegria. O educador passa a ter um

papel muito importante no ambiente em que ele e a criança vão compartilhar

experiências, onde não só a criança irá aprender, mas o educador com as

vivências que algumas crianças já trazem do âmbito familiar.

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Segundo Fátima Alves (2012. p.21,22), o meio ambiente terá de ser

favorável para que a criança tenha uma maturação normal fazendo com que

sua inteligência seja desenvolvida.

É muito importante saber que a escola irá recebê-la para implantar e

reforçar a sabedoria, mas que o bom desempenho da criança dependerá de

como ela foi preparada anteriormente no meio familiar. Nos primeiros anos de

vida, os principais educadores são os pais ou aqueles que, ás vezes, os

substituem. Os pais devem estar conscientes da importância do meio sobre a

evolução de seus filhos.

Numerosos distúrbios de desenvolvimento de uma criança de família

desfavorecida são atribuídos á hereditariedade, embora sejam resultados das

condições desfavoráveis de vida, antes e logo após o nascimento. Tais

crianças se recebessem cuidados e afeição necessárias de sua família, teriam

as mesmas oportunidades que as outras crianças.

O ambiente familiar é o primeiro ambiente onde a criança recebe afeto e

estímulos iniciais. É através da família que os primeiros movimentos

acontecem. O primeiro ambiente na vida de uma criança é seu quarto que

muitas das vezes é bem colorido e cheio de estímulos. Existem crianças que

nunca tiveram um quarto só para elas e além de dividirem o quarto, não é

colorido e não passa nenhum estimulo visual lúdico. O estímulo acontece

principalmente pelo visual, pois a criança olha o ambiente e se sente atraída

por ele. Por que a criança fica encantada com o parque e outros lugares de

diversão? Ela primeiro olha todo o ambiente e depois corre em direção ao que

sua pequena mente cheia de imaginação e com muita vontade de brincar

deseja ardentemente.

Segundo Arnaiz Sánchez (2003. p. 37), ao longo do seu

desenvolvimento, a criança constrói a noção de espaço. No princípio, ela é

determinada pelo conhecimento e pela diferenciação de seu eu corporal em

relação ao mundo que rodeia para, posteriormente e sobre a informação que

lhe proporciona seu próprio corpo, perceber o espaço exterior e orientar-se

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nele. Através da percepção dinâmica do espaço exterior, até chegar á noção

do espaço vivido, se inicia progressivamente a abstração de distância e a

orientação dos objetos em relação ao eu e de um objeto em relação a outro.

A partir do reconhecimento do esquema corporal, a criança passa a ter

uma relação com o ambiente em que vive, percebendo sons, cores interagindo

com os objetos ao ponto de ganhar autonomia em brincadeiras que requerem

equilíbrio e lateralidade. A criança de dois anos e meio de idade já anda em

cima de uma linha feita no chão com giz.

Toda criança aprende com o meio em que ela vive interagindo com

outras crianças através de brincadeiras. Conseguem explorar o ambiente de

várias formas através do movimento e da imaginação, passando a ter a

imagem corporal como referencia para nova potencialidade, identificando cada

parte do seu corpo ou no corpo do colega, entendendo isso em forma de

música cantada para que ela possa tocar as partes de seus membros tanto

superior como inferior de forma lúdica. Dessa forma há uma evolução no

desenvolvimento infantil, já que a criança viverá etapas de aprendizados de

formas contínuas. As noções espaciais começam a surgir quando a distância

do objeto que a criança está brincando faz com que a mesma se desloque para

pegá-lo, fazendo-a perceber que há uma distância entre eles.

Segundo Marcus Vinícius (2016. p.19), esquema corporal: é a

organização das sensações relativas ao próprio corpo que o indivíduo vai

interiorizando por meio dos estímulos que recebe do meio ambiente. Assim vai

mapeando o seu corpo e torna-se capaz de identificar e localizar suas

diferentes partes, suas posturas e atitudes em relação ao mundo exterior.

Quando está em um ambiente, a criança pode ser modificada por ele ou

modificá-lo com sua interação e atitudes, quando na companhia de outra

criança, ela tanto aprende como ensina devido a plasticidade do cérebro.

Segundo Marta Relvas (2009. p.80), plasticidade é a capacidade de o

sistema nervoso alterar o funcionamento do sistema motor e perceptivo

baseado em mudanças no ambiente.

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Estudos comprovam a hipótese sobre o desenvolvimento neural e a

aprendizagem na qual as funções particulares de processamento de

informação são controladas por grupos especiais de neurônios, mas quando

uma dessas funções fica inutilizada, os neurônios associados a ela passam a

controlar outra função. Por exemplo: se os neurônios que normalmente

recebiam estímulos do olho esquerdo parar de receber esses estímulos, eles

se tornariam responsáveis pelo estimulo do olho direito. Quando as funções

neurais são limitadas, os neurônios podem passar a controlar novas funções,

no entanto, nem sempre esse processo ocorre. A plasticidade é mais comum

em crianças.

É muito importante que a criança seja estimulada de forma correta para

que ela não venha a ter seu desenvolvimento comprometido pelo meio externo

refletindo contra a sua imaginação e criatividade. O cérebro da criança precisa

receber novos estímulos a todo o momento para que ela possa se expressar

verbalmente ou com seus movimentos, tanto com uma linguagem verbal ou

não verbal se desenvolvendo de forma global.

Segundo Le Boulch (1982. p. 137, 138), durante as atividades de

exploração, a criança ajusta-se ao espaço de forma global e organiza este

espaço em relação aos objetos que ala descobre e nos quais ela exerce sua

função práxica. O uso da linguagem permitirá à criança fixar suas referências e

relacioná-las em um espaço topológico, processo que ela pode fazer em torno

dos 3 anos de idade.

Durante o período pré-escolar, deverá: passar do espaço topológico ao

espaço euclidiano através da descoberta das formas e das dimensões, primeiro

no plano do reconhecimento perceptivo; no fim da escola maternal, a

representação mental das formas e dos eixos permitirá à criança ter uma

estrutura de referência, tornando mais ricas suas possibilidades perceptivas;

Ter acesso à orientação do espaço utilizando seu próprio corpo como

sistema de referência. Esta passagem do objeto exterior ao “corpo próprio”

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como referência implica uma evolução do esquema corporal, tributária da

função de interação.

Este estágio de descriminação perceptiva é um estagio que corresponde

à etapa de preparação das operações concretas de Piagent.

A criança de um ano e meio a três anos de idade está na fase de

descobertas e experiências, no seu mundo de fantasias, ela quer que todo

espaço seja lúdico. Se observarmos uma criança com a mãe na fila do banco

que é um espaço formal onde todos estão ansiosos para chegarem logo a sua

vez, no seu mundo imaginário, sonda o ambiente e descobre que tem cadeiras,

bebedouro, uma “cordinha” dividindo a fila e uns folhetos explicativos serão o

bastante para ela tornar esse ambiente formal em lúdico, começando seu

divertimento passando várias vezes por debaixo da cadeira e quando enjoa, vai

para o bebedouro, estica os pezinhos para tentar acionar a saída da água,

tentando de todas as formas, pulando e pedindo a mãe para levantá-la até

conseguir molhar as mãozinhas, saindo daquela brincadeira, ela vai pegar os

folhetos explicativos e pedir a mãe uma caneta para rabiscar até não haver

espaço no folheto e a brincadeira perder a graça, abandonando o folheto no

chão para começar a passar por baixo da “cordinha” de um lado para o outro

sem se importar com o tempo que está esperando sua mãe. E assim o tempo

vai passando com a interação da criança com o meio. Um ambiente que para o

adulto é estressante se torna uma aventura para a criança.

Segundo O PARÂMETRO DE QUALIDADE PARA EDUCAÇÂO

INFANTIL (2008), trata-se de interação social, um processo que se dá a partir e

por meio de indivíduos com modos histórica e culturalmente determinados de

agir, pensar e sentir, sendo inviável dissociar as dimensões cognitivas e

afetivas dessas interações e o plano psíquico e fisiológico do desenvolvimento

decorrente (VYGOTSKI, 1986 e 1989). Nessa perspectiva, a interação social

tornar-se o espaço de constituição e desenvolvimento da consciência do ser

humano desde que nasce (VYGOSTKI, 1991).

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A todo o momento a criança está interagindo com a sociedade. Há

também as experiências ruins com o ambiente como por exemplo: uma mãe

que leva o seu filho ao pediatra e na parede tem um folhe pedindo:, ”por favor,

faça silêncio”, mas a criança quer correr e brincar naquele espaço e é impedida

pela sua mãe. Ela passará a ter uma referência negativa do ambiente toda vez

que a mãe voltar naquele consultório, a criança vai chorar expressando sua

insatisfação de estar ali. A todo o momento a criança está aprendendo, seja

com experiências boas ou ruins. O desenvolvimento faz parte desse processo

de interação com o meio fazendo-a parte dele com o seu desempenho

psicomotor e afetivo.

Segundo Ferreira (2011.p.119), a função que possibilita todo esse

desenrolar é o que o autor chama de inteligência. Nos dois primeiro anos de

vida, a criança é fundamentalmente prática, e depende da ação do seu próprio

corpo para se desenvolver. Nesse momento, a sua forma de pensar as coisas

é a partir de seus movimentos, sua posição, seu ritmo. É por meio da ação

motora que, nesse período, a criança constrói os seus conhecimentos,

atingindo êxitos, como o estabelecimento da conduta intencional, a construção

do conceito do objetivo permanente e das primeiras representações e o acesso

á função simbólica,

Este período do desenvolvimento, chamado por Piaget de sensório-

motor, abrange do nascimento até os dois anos de vida e segue uma evolução

gradativa, que parte de movimentos reflexos a comportamentos intencionais,

sendo seu término marcado pelo começo das representações internas. Neste

período, a criança relaciona-se com o mundo por meio dos outros. Ao longo

dessa evolução, a criança se dá conta do resultado de suas ações,

desenvolvendo a intencionalidade em seu movimento.

A psicomotricidade pode tornar o ambiente cheio de possibilidades para

trabalhar o psicomotor, cognitivo e o afetivo da criança, onde os pais,

educadores e cuidadores poderão contribuir com o desenvolvimento infantil e

com suas potencialidades sendo o mediador da criança com o meio.

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CONCLUSÃO

Conclui-se que, para que o desenvolvimento infantil aconteça é

necessário observar vários fatores importantes: o cognitivo, afetivo e o motor,

pois não têm como dissociar esses fatores importantes para o desenvolvimento

psicomotor da criança. É através deles que o processo de aprendizagem

acontece. Quando a criança recebe o a feto de um adulto, passa a ter uma

referência positiva, levando-a a externar em seu comportamento a alegria. A

partir da felicidade sentida, seu cognitivo começa internalizar a informação

recebida através do carinho e a atenção que recebeu do adulto, transformando

em atos motores como por exemplo: levantar os braços e pedir colo, segurar

na mão do adulto e caminhar ao seu lado para se sentir seguro e protegido,

acariciar o rosto de quem lhe deu carinho, dentre outros. A criança precisa ser

estimulada para que ocorra o seu pleno desenvolvimento.

A criança só poderá ter seu desenvolvimento a partir da sua maturação

neurológica que ocorre através dos estímulos e do trabalho psicomotor. O

educador terá que usar a ludicidade para desenvolver atividades que possam

trabalhar a coordenação motora global e a coordenação motora fina no

ambiente onde ele se encontra com a criança. Brincar faz parte do

desenvolvimento infantil e é a partir do estágio sensório-motor que a criança

sente, manipula e se locomove no espaço. A imaginação faz com que acriança

comece a construir conceitos mesmo que naquele momento só seja

brincadeira.

A psicomotricidade tem contribuído para o trabalho dos educadores e

dos profissionais que trabalham com a primeira e a segunda infância. O

ambiente é o lugar que influência no desenvolvimento de um indivíduo. O

espaço deve ser devidamente preparado para um trabalho psicomotor. Quando

se aplica a psicomotricidade em creche com crianças de um ano e meio a três

anos de idade, espera-se que ela ganhe noção de espaço, equilíbrio e

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desenvolva a noção de espaço temporal. O trabalho psicomotor tem como

objetivo tornar a criança mais autônoma, segura, e desenvolver seu cognitivo

através do movimento e do pensamento, estimulando a aprendizagem da

criança e potencializando suas capacidades motoras.

A brincadeira estimula a auto-estima da criança e faz com que ela se

sinta capaz e produtiva. A criança gosta de ser elogiada, pois é através dos

elogios que vem os estímulos para a sua criatividade. A todo o momento a

criança mostra orgulhosamente para o adulto que aprendeu a fazer alguma

coisa importante, e é por isso que o adulto deve elogiar todas as brincadeiras:

a casinha que montou com as espumas, a bola que chutou para o gol ou o

simples desenho que ela pintou faz parte do desenvolvimento afetivo e motor

da criança que está em constante evolução.

De acordo com relatos de alguns autores, entende-se que a

psicomotricidade na creche deveria ser mais valorizada, pois é neste ambiente

que começa a base para a pré-escola onde a criança passará para uma nova

etapa da sua vida escolar e receberá estímulos para trabalhar questões de

interação social e outros valores.

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BIBLIOGRAFIA

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ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção RJ: Wak Editora 2012.

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ARNAIZ, Sánchez Pilar. RABADÁN, Martinez Marta. Vives, PEÑALVER Lolanda. A psicomotricidade na educação infantil. Uma prática preventiva. Porto Alegre Artemed, 2003.

RELVA, Marta Pires. Neurociência e transtorno de aprendizagem: as múltiplas eficiências para uma educação inclusiva, RJ, Wak Ed, 2011.

FERREIRA, Carlos Alberto de Matos. HEINSIUS, Ana Maria. BARROS Darcymires do Rêgo. Psicomotricidade escolar. RJ, Wak Ed., 2011.

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MACHADO, José Ricardo Martins. Nunes, Marcos Vinícius da silva. 100 jogos psicomotores: uma pratica relacionada na escola. RJ, Wak Editora, 2011.

PLANO MUNICIPAL PELA PRIMEIRA INFÂNCIA DE NOVA IGUAÇU. SFB, 2013.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Parâmetro de qualidade para Educação infantil volume 1. 2008.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO....................................................................................... 2

AGRADECIMENTOS......................................................................................... 3

DEDICATORIA................................................................................................... 4

RESUMO............................................................................................................ 5

METODOLOGIA................................................................................................. 6

SUMÁRIO........................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO................................................................................................... 8

CAPITULO I

O TRABALHO PSICOMOTOR E SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL...................................................................10

CAPITULO II

O MOVIMENTO NO BRINCAR LÚDICO PARA A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA.......................................................................................................... 19

CAPITULO III

A INFLUÊNCIA POSITIVA E NEGATIVA DE UM AMBIENTE PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL....................................................................................................29

CONCLUÇÃO...................................................................................................38

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................40

ÍNDICE..............................................................................................................41