universidАde estАduАl de cАmpinАs...iogurte de alto teor proteico adicionado de lactobacillus...

101
UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS Faculdade de Engenharia de Alimentos FLÁVIA GIACOMETTI CAVALHEIRO Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais CAMPINAS 2018

Upload: others

Post on 10-Jul-2020

8 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS

Faculdade de Engenharia de Alimentos

FLÁVIA GIACOMETTI CAVALHEIRO

Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de

peptídeos e aspectos sensoriais

CAMPINAS

2018

Page 2: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

FLÁVIA GIACOMETTI CAVALHEIRO

Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de

peptídeos e aspectos sensoriais

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia

de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para obtenção do

título de Mestra em Tecnologia de Alimentos.

Orientаdora: Profa Dra Mirna Lúcia Gigante

Este exemplar corresponde à versão final

da dissertação de mestrado defendida pela

aluna Flávia Giacometti Cavalheiro, e orientada

pela Profa. Dra. Mirna Lúcia Gigante.

CАMPINАS

2018

Page 3: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação
Page 4: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Mirna Lúcia Gigante (Orientadora)

Universidade Estadual de Campinas

Dra. Maria Teresa Bertoldo Pacheco (Membro Titular)

Instituto de Tecnologia de Alimentos

Prof. Dr. Jorge Herman Behrens (Membro Titular)

Universidade Estadual de Campinas

A Ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida

acadêmica da aluna Flávia Giacometti Cavalheiro.

Page 5: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Marcos e Maria Marta, pelo amor, confiança e apoio incondicionais

durante toda minha formação acadêmica e vida.

“Aos outros, dou o direito de ser como são. A mim, dou o dever de ser cada dia melhor”

Chico Xavier

Page 6: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Maria Marta Giacometti e Marcos Cavalheiro, e meus

irmãos, Luciana Giacometti Cavalheiro e João Marcos Giacometti Cavalheiro, pelo o apoio e

motivação durante toda minha vida. Não seria quem sou hoje sem vocês.

Ao grupo de pesquisa de proteínas o qual tive a honra de fazer parte. Não foi por

acaso que fomos unidos durante essa etapa da minha vida, e sem dúvida ela não seria

finalizada sem a ajuda e apoio que pude contar com vocês nos momentos difíceis. À Débora

Parra Baptista, por todos os ensinamentos transmitidos, mas sobretudo pelo carinho, pelas

palavras de ânimo e paciência comigo nesses últimos dois anos. Sou muito grata pela sua

ajuda e sei que não teria conseguido sem você! Ao Bruno Domingues Galli, pela ajuda em

todas as etapas do meu trabalho, pelas risadas, momentos divertidos e principalmente pela

sincera amizade.

À minha orientadora, Profa. Dra. Mirna Lúcia Gigante, pela orientação,

compreensão e confiança em mim depositada desde a gradução até o término do mestrado.

Aos membros da banca examinadora pelas correções e sugestões para a redação

desse trabalho.

Ao Laboratorio ThoMson de Espectrometria de Massas, em especial à Fernanda

Negrão e ao Prof. Dr. Marcos Eberlin, pela parceria essencial.

Às técnicas do DTA, Ana Koon, Juliana Hashimoto, Aline, Leila, Bete e Diana,

que muito me ajudaram durante os experimentos.

A Fonterra, em especial ao Nilson Cremonese, pela doação de caseinato de cálcio

que viabilizou a fabricação dos iogurtes de alto teor proteico.

Às amigas de mestrado Mariana Barreto Carvalhal Pinto, Laura Suemitsu,

Fernanda Ramalho Procópio, Maria Isabel Landim Neves e Carol Maloper, por todas as

conversas, cafés e companheirismo, tornando meu dia a dia mais agradável e feliz durante o

mestrado.

À todas as amizades que ganhei durante a minha vida, incluindo as da graduação,

intercâmbio, as de Campo Grande e ao pessoal da salinha de pós-graduação, Ana Paula Barth,

Carolina Karaziack, Ana Tsuchiya, Mayara Queiros e Rodolfo Viriato. Todos sempre me

motivaram a dar meu melhor e seguir em frente.

Ao CNPq pela bolsa de estudos concedida.

Por fim, agradeço a Deus pela vida e por todas as experiências concedidas.

Muito obrigada!

Page 7: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

RESUMO

Alimentos saudáveis e práticos despertam o interesse dos consumidores que têm cada vez

mais consciência da relação entre o consumo de alimentos saudáveis e seu impacto na

qualidade de vida. Alimentos com maior teor proteico e que ofereçam benefícios às condições

corpóreas, além da nutrição básica, são de interesse científico e industrial, destacando-se os

produtos lácteos fermentados com potencial para a produção de peptídeos bioativos através da

adição de cultura lácticas específicas. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do teor

proteico e da adição de cultura adjunta sobre as características físico-químicas, com ênfase no

perfil peptídico, e sensoriais de iogurtes. As misturas lácteas utilizadas para a fabricação dos

iogurtes foram leite desnatado padronizado (iogurte controle) e adicionado de caseinato de

cálcio (iogurte de alto teor proteico). As misturas foram fermentadas utilizando-se

Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus, adicionadas ou não

da cultura adjunta de Lactobacillus helveticus, resultando em quatro iogurtes em cada

processo. Durante a fabricação, avaliou-se o tempo de fermentação e após os processos os

iogurtes foram avaliados quanto à composição centesimal e contagem total de bactérias ácido

lácticas. Após 1, 10, 20, 30 e 40 dias de armazenamento a 4 ± 1 ºC, avaliou-se o pH,

proteólise por eletroforese capilar e perfil de peptídeos solúveis na fase aquosa e etanol 70 %

por MALDI-ToF MS. Os tratamentos afetaram significativamente o tempo de fermentação.

No entanto, este tempo foi o mesmo para o iogurte controle e com alto teor proteico

adicionado de Lactobacillus helveticus (180 minutos). A adição de Lactobacillus helveticus

resultou em maior pós-acidificação do iogurte, no entanto, após 40 dias de armazenamento

refrigerado todos os iogurtes apresentaram contagem de bactérias lácticas totais maior do que

o mínimo estabelecido pela legislação (107 UFC/g). O teor de proteínas não afetou o perfil de

peptídeos dos iogurtes. Entretanto, com a adição de Lactobacillus helveticus, observou-se

uma maior prevalência de peptídeos identificados como bioativos com potencial anti-

hipertensivo. Alguns peptídeos bioativos [m/z 1053 αS1-CN f(24-32), m/z 1151 β-CN f(199-

209), m/z 1881 β-CN f(193-209)] foram comuns a todos os tratamentos e significantes para a

separação das amostras. Outros, foram identificados apenas nos iogurtes adicionados de

Lactobacillus helveticus [m/z 748 β-CN f(108-113), m/z 1110 αS2-CN (81–89) e m/z 1718 β-

CN f(194-209)]. A avaliação sensorial indicou que o iogurte de alto teor proteico, não

adicionado de cultura adjunta e adoçado com açúcar foi considerado o mais próximo do ideal

pelos provadores. A adição de Lactobacillus helveticus promoveu a formação de peptídeos

considerados bioativos e anti-hipertensivos ao longo do tempo, enquanto o aumento do teor

proteico pela adição de caseinato de cálcio não influenciou a formação dos mesmos.

Palavras-chave: iogurte, peptídeos bioativos, espectrometria de massas.

Page 8: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

ABSTRACT

Healthy and practical foods arouse consumers’ interest, who are aware of the relationship

between healthy food consumption and its impact on quality of life. In this context, foods

with higher protein content and that also offer health benefits that go beyond basic nutrition

are scientific and industrial interest, as the case of bioactive peptides. The aim of this study

was to evaluate the effect of the protein content and the addition of the adjunct culture on the

physico-chemical characteristics of yoghurts, with emphasis on the peptide profile and

sensory evaluation. Milk mixtures used to make the yogurts were standardized skim milk

(control yogurt) and added calcium caseinate (high-protein yogurt). The mixtures were

fermented using Streptococcus thermophilus and Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus,

with addition or not of the culture Lactobacillus helveticus, resulting in four yogurts in each

process. Fermentation time, composition and lactic acid bacteria counting of yogurts were

evaluated after manufacturing. After 1, 10, 20, 30 and 40 storage days at 4 ± 1 ºC, yogurts

were appraised for pH, proteolysis by capillary electrophoresis and soluble peptide profile in

the aqueous phase and 70 % ethanol by MALDI- ToF MS. Treatments were significantly

affected by fermentation time, which was the same for control yogurt and high protein content

with Lactobacillus helveticus (180 minutes). The addition of Lactobacillus helveticus resulted

in higher post-acidification, but even after 40 days of storage all treatments presented the

minimum total lactic acid count established by the legislation (107 CFU/g). Protein content

did not affect yogurt peptide profile. On the other hand, a higher prevalence of bioactive

peptides potentially antihypertensive was observed in Lactobacillus helveticus yogurts. Some

bioactive peptides [m/z 1053 αS1-CN f(24-32), m/z 1151 β-CN f(199-209), m/z 1881 β-CN

f(193-209)] were common to all treatments and important to samples separation. Others

bioactive peptides were identified only in yogurts with addition of Lactobacillus helveticus

[m/z 748 β-CN f(108-113), m/z 1110 αS2-CN f(81-89), m/z 1718 β-CN f(194-209)]. Tasters

considered high-protein yogurt added with sugar and with no addition of adjunct culture as

the closest to ideal. Briefly, increasing protein content and using Lactobacillus helveticus

resulted in yogurts of greater nutritional value, with the benefit of bioactive peptides presence.

Key words: yogurt, bioactive peptides, mass spectrometry.

Page 9: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma de fabricação de iogurte...................................................................... 33

Figura 2 – Comportamento do pH durante a fermentação das misturas lácteas na fabricação

dos iogurtes ............................................................................................................................ 40

Figura 3 - Curvas de acidez titulável (% ácido láctico) durante a fermentação das misturas

lácteas na fabricação dos iogurtes ........................................................................................... 41

Figura 4 - Efeito do teor de proteína sobre a média do pH dos iogurtes não adicionados de

caseinato de cálcio (iogurte controle; iogurte controle com Lb. helveticus) e adicionados de

caseinato de cálcio (iogurte com alto teor proteico; iogurte com alto teor proteico e Lb.

helveticus ) .............................................................................................................................. 45

Figura 5 - Efeito da interação entre o tipo de cultura e o tempo de armazenamento refrigerado

sobre os valores de pH ............................................................................................................ 45

Figura 6 - Correlação entre os valores de pH para as diferentes culturas lácticas .................. 46

Figura 7 - Eletroferograma capilar das frações solúveis dos iogurtes controle adicionados ou

não com Lb. helveticus (a) e iogurtes com alto teor proteico adicionados ou não com Lb.

helveticus (b), após 1 e 40 dias de estocagem refrigerada ...................................................... 47

Figura 8 - Espectros de massas dos peptídeos do iogurte controle solúveis na fase aquosa e

diluídas em etanol 70 % por MALDI-ToF .............................................................................. 49

Figura 9 - Espectros de massas dos peptídeos do iogurte controle com Lb. helveticus solúveis

na fase aquosa e diluídas em etanol 70 % por MALDI-ToF .................................................. 50

Figura 10 - Espectros de massas dos peptídeos do iogurte com alto teor proteico solúveis na

fase aquosa e diluídas em etanol 70 % por MALDI-ToF........................................................ 51

Figura 11 - Espectros de massas dos peptídeos do iogurte com alto teor proteico e Lb.

helveticus solúveis na fase aquosa e diluídas em etanol 70 % por MALDI-ToF ................... 52

Figura 12 - Análise discriminante pelo método de quadrados mínimos parciais (PLS-DA).

Gráficos de escores dos iogurtes controle (a), iogurtes controle e Lb. helveticus (c), iogurtes

com alto teor proteico (e), iogurtes com alto teor proteico e Lb. helveticus (g); gráficos de

pesos dos iogurtes controle (b), iogurtes controle e Lb. helveticus (d), iogurtes com alto teor

proteico (f), iogurtes com alto teor proteico e Lb. helveticus (h). (•) 1 dia; (•) 10 dias; (•) 20

dias; (•) 30 dias; (•) 40 dias ..................................................................................................... 64

Figura 13 – Peptídeos importantes identificados por PLS-DA para os iogurtes controle (a),

iogurtes controle com Lb. helveticus (b), iogurtes com alto teor proteico (c), iogurtes com alto

teor proteico e Lb. helveticus (d). As caixas coloridas à direita indicam as concentrações

Page 10: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

relativas dos correspondentes metabólitos em cada grupo em estudo. VIP score > 1 é

considerado estatisticamente significante. .............................................................................. 66

Figura 14 – Intensidades relativas (%) dos peptídeos bioativos m/z 1053 [αS1-CN f(24-32)],

1151 [β-CN f(199-209)] e 1881 [β-CN f(193-209)] ao longo dos 40 dias de armazenamento.

(a) iogurte controle; (b) iogurte controle com Lb. helveticus; (c) iogurte com alto teor

proteico; (d) iogurte com alto teor proteico e Lb. helveticus .................................................. 67

Figura 15 - Intensidades relativas (%) dos peptídeos bioativos m/z 748 [β-CN f(108-113)],

1110 [αS2-CN (81–89)] e 1718 [β-CN f(194-209)] ao longo dos 40 dias de armazenamento.

(a) iogurte controle com Lb. helveticus; (b) iogurte com alto teor proteico e Lb.

helveticus.................................................................................................................................. 68

Figura 16 - Análise discriminante pelo método de quadrados mínimos parciais). Gráficos de

escores dos iogurtes com 1 dia (a), 20 dias (c) e 40 dias de estocagem refrigerada (e); gráficos

dos pesos dos iogurtes com 1 dia (b), 20 dias (d) e 40 dias de estocagem refrigerada (f) (•)

iogurte controle (C); (•) iogurte controle com Lb. helveticus (CLh); (•) iogurte com alto teor

proteico (Ca); (•) iogurte com alto teor proteico e Lb. helveticus (CaLh)............................... 71

Figura 17 - Peptídeos importantes identificados por PLS-DA para os iogurtes com 1 dia (a),

com 20 dias (b) e com 40 dias de estocagem (c). As caixas coloridas à direita indicam as

concentrações relativas dos correspondentes metabólitos em cada grupo em estudo. VIP score

> 1 é considerado estatisticamente significante. Iogurte controle (C); iogurte controle e Lb.

helveticus (CLh); iogurte com alto teor proteico (Ca); iogurte com alto teor proteico e Lb.

helveticus (CaLh) .................................................................................................................... 72

Figura 18 - Frequência de citação de cada atributo pelos avaliadores .....................................74

Figura 19 - Agrupamento e dispersão dos dados obtidos através da técnica de perfil Flash para

as 6 amostras de iogurte de alto teor proteico. A: iogurte não adoçado e sem Lb. helveticus; B:

iogurte com açúcar e sem Lb. helveticus; C: iogurte com sucralose e sem Lb. helveticus; D:

iogurte não adoçado e com Lb. helveticus; E: iogurte com açúcar e Lb. helveticus; F: iogurte

com sucralose e Lb. helveticus ............................................................................................... 75

Figura 20 – Gráfico com os atributos descritos pelos avaliadores (n=10) na avaliação dos

iogurtes com alto teor proteico no Perfil Flash ....................................................................... 75

Figura 21 - Configuração do consenso das amostras dimensões D1 e D2. A: iogurte não

adoçado e sem Lb. helveticus; B: iogurte com açúcar e sem Lb. helveticus; C: iogurte com

sucralose e sem Lb. helveticus; D: iogurte não adoçado e com Lb. helveticus; E: iogurte com

açúcar e Lb. helveticus; F: iogurte com sucralose e Lb. helveticus ......................................... 77

Figura 22 - Distribuição da variância residual dos provadores na solução bidimensional...... 77

Page 11: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

Figura 23 - Representação das amostras de iogurte de alto teor proteico, do produto ideal e

dos termos significativos, na solução bidimensional na análise CATA. A: iogurte não adoçado

e sem Lb. helveticus; B: iogurte com açúcar e sem Lb. helveticus; C: iogurte com sucralose e

sem Lb. helveticus; D: iogurte não adoçado e com Lb. helveticus; E: iogurte com açúcar e Lb.

helveticus; F: iogurte com sucralose e Lb. helveticus ............................................................. 80

Page 12: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características das proteínas mais utilizadas como suplementos proteicos ........... 23

Tabela 2 - Peptídeos com atividade bioativa em leites fermentados ...................................... 26

Tabela 3 - Formulação dos iogurtes considerados para análise sensorial ............................... 37

Tabela 4 - Composição físico-química das misturas utilizadas na fabricação dos iogurtes e

valores de p ............................................................................................................................. 39

Tabela 5 - Parâmetros de fermentação obtidos durante a produção dos iogurtes ................... 40

Tabela 6 - Composição físico-química, contagem microbiológica, desvio padrão e valor de p

dos iogurtes após 24 horas de fabricação ................................................................................ 42

Tabela 7 - Efeito do teor de proteína, tipo de cultura, tempo e da interação desses fatores sobre

pH dos iogurtes (ANOVA) ..................................................................................................... 44

Tabela 8 – Peptídeos (m/z) do iogurte controle solúveis na fase aquosa e etanol 70 %

detectados por MALDI-ToF MS e reportados em intensidade relativa (intensidade relativa

média ± desvio padrão) ao longo da estocagem ...................................................................... 53

Tabela 9 - Peptídeos (m/z) do iogurte controle com Lb. helveticus solúveis na fase aquosa e

etanol 70 % detectados por MALDI-ToF MS e reportados em intensidade relativa

(intensidade relativa média ± desvio padrão) ao longo da estocagem .................................... 55

Tabela 10 - Peptídeos (m/z) do iogurte com alto teor proteico solúveis na fase aquosa e etanol

70 % detectados por MALDI-ToF MS e reportados em intensidade relativa (intensidade

relativa média ± desvio padrão) ao longo da estocagem ......................................................... 57

Tabela 11 - Peptídeos (m/z) do iogurte com alto teor proteico e Lb. helveticus solúveis na fase

aquosa e etanol 70 % detectados por MALDI-ToF MS e reportados em intensidade relativa

(intensidade relativa média ± desvio padrão) ao longo da estocagem .................................... 59

Tabela 12 - Explicação (%) da solução multidimensional para o Perfil Flash ....................... 76

Tabela 13 - Explicação (%) da solução multidimensional para o CATA ............................... 78

ANEXO 1

Tabela 1 - Atributos melhor correlacionados (|r|) com as duas primeiras dimensões (D1, D2)

para cada provador no Perfil Flash ......................................................................................... 93

Tabela 2 - Porcentagem dos provadores que selecionaram cada um dos termos em CATA.. 94

Page 13: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

SUMÁRIO

1. Introdução .......................................................................................................... 15

2. Revisão Bibliográfica ........................................................................................ 17

2.1 Leites fermentados e iogurte ............................................................................... 17

2.2 Leites fermentados e iogurte com alto teor proteico ........................................... 19

2.3 Importância tecnológica e nutricional das proteínas do leite .............................. 22

2.4 Peptídeos bioativos e proteínas do leite .............................................................. 24

2.5 Avaliação da atividade bioativa ........................................................................... 28

2.6 Análise Sensorial ................................................................................................. 29

3. Material e métodos ............................................................................................ 31

3.1 Material ............................................................................................................... 31

3.2 Fabricação do iogurte .......................................................................................... 31

3.2.1 Preparo das culturas lácticas ............................................................................... 31

3.2.2 Processo de fabricação do iogurte ....................................................................... 32

3.3 Caracterização das matérias-primas e misturas padronizadas ............................ 33

3.4 Caracterização do iogurte .................................................................................... 34

3.4.1 Análises físico-químicas ..................................................................................... 34

3.4.2 Análises microbiológicas ................................................................................... 34

3.5 Proteólise avaliada por Eletroforese Capilar ..................................................... 35

3.6 Fracionamento dos peptídeos pela solubilidade em água e etanol 70 % e análise

por MALDI-ToF MS .......................................................................................... 35

3.7 Delineamento experimental e análise dos resultados ......................................... 36

3.8 Análise sensorial ................................................................................................ 37

4. Resultados e discussão ..................................................................................... 39

4.1 Caracterização físico-química da matéria-prima e misturas lácteas controle e com

alto teor proteico ................................................................................................. 39

4.2 Caracterização da fermentação dos iogurtes controle e com alto teor proteico

adicionados ou não de Lb. helveticus .............................................................. 40

4.3 Caracterização dos iogurtes ................................................................................ 42

4.4 Efeito do tempo de armazenamento refrigerado, do teor de proteína e do tipo de

cultura na pós-acidificação dos iogurtes ............................................................ 44

4.5 Efeito dos tratamentos e do tempo de armazenamento sobre a proteólise dos

iogurtes ............................................................................................................... 47

Page 14: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

4.6 Análise sensorial .................................................................................................. 75

4.6.1 Perfil Flash .......................................................................................................... 75

4.6.2 CATA (Check-all-that-apply) ............................................................................. 77

5. Conclusão ........................................................................................................... 80

6. Referênciаs ......................................................................................................... 81

ANEXO 1 - Tabelas utilizadas nas análises sensoriais Perfil Flash e CATA ....................... 93

ANEXO 2 - Parecer consubstanciado do comitê de ética em pesquisa .................................. 96

ANEXO 3 - Laudo das análise microbiológica dos lotes submetidos á análises sensoriais. 101

Page 15: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

15

1. Introdução

A produção de alimentos altamente nutritivos que favoreçam a saúde e o bem-

estar dos consumidores é uma das principais tendências observadas pela indústria de

alimentos. Neste contexto de saudabilidade, o leite e os produtos lácteos fermentados,

especialmente o iogurte, ocupam um lugar de destaque no mercado. Além de ser naturalmente

associado a produtos saudáveis, o iogurte é relacionado à conveniência e praticidade de

consumo. É disponibilizado em porções individuais, embalagens de fácil abertura e descarte,

podendo também ser consumido em trânsito (ITAL, 2010).

Assim, produtos com apelo saudável, como iogurtes probióticos, prebióticos e

simbióticos, vêm sendo disponibilizados no mercado há alguns anos. Mais recentemente, o

interesse por alimentos de grande aporte nutricional levou ao desenvolvimento de iogurte com

alto teor proteico, destinados àqueles que buscam ganho de massa muscular, diminuição de

apetite e/ou prevenção da atrofia muscular, como no caso de idosos (DOUGLAS et al., 2013;

VANDEWATER & VICKERS, 1996; MARQUESAN, 2012).

Pode-se alegar alto teor proteico quando um produto alimentício fornece no

mínimo 12 g de proteína por porção do produto em uma dieta genérica de 2000 kcal/dia

(BRASIL, 2012). Neste caso, mais uma vez os produtos lácteos encontram-se em destaque.

Através do uso de tecnologias de membranas, em especial a ultrafiltração, viabilizou-se a

produção em larga escala de caseinatos, concentrados e isolados proteicos de soro, atualmente

utilizados no enriquecimento de produtos lácteos em geral (BORGES et al., 2001).

Além da importância nutricional, as proteínas do leite podem ser degradadas e dar

origem a novos compostos biologicamente ativos. É o caso dos peptídeos bioativos, os quais

se apresentam geralmente inativos na molécula de proteína, mas quando liberados em

sequências menores apresentam atividade similar a uma droga ou hormônio, capazes de

modular funções fisiológicas. Estes peptídeos exercem diferentes atividades, destacando-se as

atividades antioxidante, antimicrobiana, hipocolesterolêmica, ação anti-hipertensiva, anti-

carcinogênica e efeitos imunomoduladores (TAVERNITI & GUGLIELMETTI, 2012).

Dentre os peptídeos bioativos, os peptídeos anti-hipertensivos são os mais

estudados e bem caracterizados na literatura (HERNÁNDEZ-LEDESMA et al., 2004;

ROBERT et al., 2004; OTTE et al., 201; NIELSEN et al., 2009). Tanto a hidrólise das

caseínas como das proteínas do soro são fontes importantes de peptídeos bioativos. Porém, os

peptídeos liberados pela hidrólise de proteínas do soro apresentam níveis relativamente baixos

Page 16: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

16

de atividade anti-hipertensiva quando comparados às sequências derivadas da caseína. Assim,

a escolha do tipo de proteína a ser adicionada dependerá das características a serem

desenvolvidas no produto de alto teor proteico. Enquanto as proteínas do soro são muito

utilizadas na área de nutrição esportiva devido sua rápida digestibilidade e composição de

aminoácidos, as caseínas têm se mostrado uma fonte mais adequada para produção de

peptídeos bioativos com potencial anti-hipertensivo (FITZGERALD & MURRAY, 2006;

FOX et al., 2017).

A liberação desses peptídeos a partir do leite ocorre pela ação de enzimas

proteolíticas, seja durante a digestão no organismo humano ou durante processos

fermentativos e/ou de maturação em produtos lácteos. Essas enzimas podem estar

naturalmente presentes no leite, no trato digestivo humano ou ainda associadas à presença de

coagulantes ou de bactérias ácido lácticas (PHELAN et al., 2009).

Do ponto de vista tecnológico, a fabricação de produtos lácteos fermentados ricos

em peptídeos bioativos requer o controle do processo de fermentação. Este controle inclui os

parâmetros de processo, o substrato disponível e a escolha do microrganismo capaz de liberar

os peptídeos de interesse no produto. Diversos microrganismos são estudados com este

propósito, sendo que culturas de Lactobacillus helveticus vêm se mostrando as mais capazes

em produzir peptídeos bioativos devido à atividade acentuada de suas proteases associadas à

membrana celular (FUGLSANG et al., 2003; TAVERNITI & GUGLIELMETTI, 2012).

Ao se considerar que os parâmetros de processo (temperatura de fermentação,

porcentagem de inóculo e pH final) são usualmente padronizados para fabricação do iogurte

através da fermentação do leite com Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii

subsp. bulgaricus, a hipótese para este trabalho foi que o aumento do substrato disponível e o

uso de cultura adjunta que favorecesse a formação de peptídeos bioativos pudessem viabilizar

a fabricação de um iogurte com alto teor proteico e significativo potencial bioativo

Neste contexto, o objetivo do estudo foi avaliar o efeito do teor proteico e da

adição da cultura adjunta na fabricação, perfil de peptídeos e características sensoriais de

iogurtes. O aumento do teor proteico foi obtido através da adição de caseinato de cálcio e a

cultura adjunta selecionado foi Lactobacillus helveticus LH-B02. Os iogurtes controles e de

alto teor proteico, adicionados ou não de Lactobacillus helveticus foram armazenados sob

refrigeração e avaliados até 40 dias após a fabricação.

Page 17: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

17

2. Revisão Bibliográfica

2.1 Leites fermentados e iogurte

A fermentação é um dos métodos de preservação do leite mais antigos, sendo as

primeiras evidências desta prática relatadas há mais de 10.000 anos no Oriente Médio. O

processo fermentativo é resultante do desenvolvimento do conjunto de micro-organismos

contendo bactérias ácido lácticas que, por sua vez, metabolizam lactose em ácido láctico e

diminuem o pH do leite até o ponto isoelétrico das caseínas que precipitam formando um gel

firme e fino (FOX et al., 2015). Entende-se por leites fermentados os produtos que passaram

por fermentação láctica, adicionados ou não de outros ingredientes lácteos, como por exemplo

iogurte, kefir e coalhada (BRASIL, 2007). Sem dúvida, o iogurte compõe a categoria mais

importante dentre os leites fermentados, apresentando um crescente consumo pela população

(NIELSEN, 2017).

Iogurte é definido pela legislação brasileira como produto resultante da

fermentação do leite pela protocooperação das bactérias ácido lácticas Lactobacillus

delbrueckii subsp. bulgaricus e Streptococcus thermophilus, ou ainda acompanhadas de

outras bactérias ácido lácticas. A contagem mínima das bactérias lácticas totais no iogurte

deve ser de 107 UFC/g ao longo do seu prazo de validade e o produto deve apresentar um

valor de acidez entre 0,6 a 1,5 g de ácido láctico/100 g do produto (BRASIL, 2007). Em

relação à quantidade de iogurte por unidade de embalagem, a ANVISA sugere 200 g ou mL

(BRASIL, 2003), porém esta pode variar de acordo com a marca ou tipo do produto.

Iogurtes podem ser classificados em firme ou batido, sendo o líquido considerado

um tipo de iogurte batido de baixa viscosidade, de acordo com seu método de produção e

estrutura física do coágulo. O processo de fabricação de iogurte pode ser resumido pela

recepção e pré-tratamento do leite, homogeneização, tratamento térmico, fermentação,

resfriamento, adição ou não de outros ingredientes, envase e armazenamento (TAMIME &

ROBINSON, 1999).

O pré-tratamento do leite inicia-se com a padronização do teor de gordura e

sólidos totais do leite, estando estes diretamente ligados à consistência final do produto. O

teor de sólidos totais ideal para a fabricação do iogurte varia de 15 a 20 g em 100 g de leite, e

o seu aumento pode ser conseguido removendo-se a água do leite pela evaporação ou

ultrafiltração, ou pela adição de pós como leite desnatado, leitelho, caseinatos e concentrados

proteicos de soro (BONG et MORARU, 2014). Podem ser adicionados ainda adoçantes,

Page 18: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

18

conservantes, aromas e estabilizantes, tais como gomas naturais e sintéticas, melhorando a

capacidade de retenção de água do produto e diminuindo os efeitos de perda de firmeza do

coágulo devido às etapas de processo (BULDO et al., 2016).

Em seguida, realiza-se a homogeneização com o principal objetivo de se prevenir

a separação da gordura durante a fermentação. Na sequência, procede-se o tratamento

térmico, sendo utilizado normalmente o binômio tempo x temperatura 85°C/30 min. Esta

etapa tem por finalidade a destruição de patógenos e micro-organismos indesejáveis,

produção de fatores estimulantes para o desenvolvimento das culturas lácticas e mudanças nas

propriedades físico-químicas do produto. Tais mudanças são descritas como a desnaturação

das proteínas do soro pela aplicação do tratamento térmico e sua posterior interação com as

caseínas presentes na superfície da micela, diminuindo a sinérese e melhorando a firmeza do

coágulo (HARTE et al., 2003).

Após o tratamento térmico, efetua-se a fermentação da mistura na temperatura

ótima da cultura láctica (40 - 45 °C). O processo fermentativo do iogurte decorre da ação

conjunta entre as bactérias Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii subsp.

bulgaricus. No início da fermentação, a ação proteolítica dos lactobacilos origina pequenos

peptídeos e aminoácidos, especialmente a valina, promovendo o desenvolvimento dos

estreptococos. Estes, por sua vez, produzem ácido fórmico e CO2 que favorecem o

desenvolvimento dos lactobacilos. Com esta associação de bactérias lácticas, ocorre uma

produção mais rápida de ácido láctico por ambas as culturas, como também a formação de

compostos característicos do iogurte como acetaldeído, ácido acético e diacetil. Por fim,

realiza-se um resfriamento para se controlar a atividade metabólica das bactérias e enzimas e

obter-se a acidez final desejada ao produto (WALSTRA et al., 2006).

Além da cultura tradicional de Streptococcus thermophilus e Lactobacillus

delbrueckii subsp. bulgaricus podem ser adicionadas outras bactérias com o objetivo de se

criar produtos com diferentes características ou com propriedades terapêuticas desejáveis,

como no caso dos iogurtes probióticos (STANTON et al., 2001). Muitas vezes, a cultura

adjunta poderá alterar características físico-químicas, sensoriais e microbiológicas durante o

processo e armazenamento do produto, sendo necessário considerar sua influência sobre as

propriedades finais do alimento. Um exemplo dessa influência é a utilização de Lactobacillus

acidophilus LA-5 na elaboração de iogurte firme probiótico (RIBEIRO et al., 2014). A

presença do micro-organismo probiótico favoreceu a pós-acidificação do iogurte refrigerado.

No caso da utilização de culturas lácticas produtoras de exopolissacarídeos, fatores como a

Page 19: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

19

acidez do meio utilizado, temperatura de incubação e variação da cepa influenciam o

rendimento e o tipo de carboidrato originado no produto final (BULDO et al., 2016;

GROBBEN et al., 1998). Por outro lado, iogurtes e leites fermentados adicionados de

Bifidobacterium spp. apresentaram diferente perfil sensorial de sabor devido a produção de

ácido acético por este gênero (YERLIKAYA, 2014). Logo, torna-se necessário o

conhecimento e estudos prévios de como será afetada a fermentação ou pós-acidificação dos

iogurtes para cada tipo de cultura adjunta utilizada.

Devido à flexibilidade do uso de diferentes ingredientes na fabricação do iogurte,

como por exemplo a adição de diversas polpas de frutas, aromas, adoçantes ou adição de

fibras e micro-organismos probióticos, criou-se uma grande variedade de tipos de produtos no

mercado que acabou impulsionando o seu consumo. Atualmente, há uma crescente busca por

alimentos relacionados com a saúde, categoria em que o iogurte é o maior representante com

crescimento de 136% na demanda (NIELSEN, 2017).

A crescente procura por produtos relacionados à conveniência e praticidade de

consumo aumentou a demanda por alimentos de embalagens de fácil abertura, descarte,

porções individuais e que possam ser consumidos em trânsito, categoria na qual o iogurte está

inserido. Considerado um alimento prático, o iogurte também é visto pelos consumidores

como saudável. É indicado como um dos produtos de maior crescimento relativo de vendas

entre os anos 2000 e 2008, além de ser o que mais desperta interesse e desejo do consumidor

quando lançado no mercado (ITAL, 2010).

Dessa forma, o potencial de crescimento do mercado de iogurte é elevado no país,

uma vez que ainda há espaço para ampliação de produção. Nesta linha estão inseridos os

iogurtes probióticos e de alto teor proteico, sendo esta última categoria a de maior expectativa

de crescimento. Espera-se que o mercado global de alimentos com alto teor de proteínas atinja

91,07 bilhões de dólares até 2021 (TECHNAVIO, 2017), evidenciando a oportunidade de

mercado para este tipo de produto.

2.2 Leites fermentados e iogurte com alto teor proteico

A formulação e consumo de um iogurte contendo alto teor proteico pode ser um

aliado de pessoas ativas que buscam opções de alimentos saudáveis e que auxiliem no ganho

de massa muscular. Pessoas de maior faixa etária, como os idosos, representam um

importante mercado consumidor de produtos com alto teor de proteínas, uma vez que perdem

massa magra em maiores proporções quando comparadas às pessoas mais jovens, condição

Page 20: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

20

chamada sarcopenia (FIB, 2016). Além disso, o consumo de leites e derivados quando

integrados a uma dieta de alto teor proteico aumenta a absorção intestinal de cálcio e melhora

a integridade dos ossos, sendo indicado para pacientes acima do peso, obesos e idosos

(PASIAKOS, 2015). Pesquisas também indicam que o consumo de produtos proteicos, entre

eles o iogurte, diminuem o apetite e aumentam a saciedade nos consumidores, tornando-se um

aliado daqueles que buscam a perda de peso (DOUGLAS et al., 2013; VANDEWATER &

VICKERS, 1996).

De acordo com o Regulamento Técnico sobre Informação Nutricional

Complementar, resolução nº 54 da ANVISA de 12 de novembro de 2012 (BRASIL, 2012),

um iogurte só poderá ser considerado de alto teor proteico caso apresente no mínimo 12 g de

proteína por porção.

O teor proteico alcançado pelo iogurte quando se faz a adição de sólidos visando a

padronização das características do produto depende da concentração de proteínas dos sólidos

adicionados. No geral, um iogurte comercial tradicional fornece, em média, 3,6 g de

proteína/100 g do produto. Já o iogurte grego oferece em média 6,2 g proteína/100 g do

produto (TAMIME & ROBINSON, 1999). Shakes e bebidas proteicas comerciais apresentam

um conteúdo de proteínas de 6 a 10 g/100 g do produto (RITTMANIC, 2006).

A padronização do teor de sólidos do iogurte com a finalidade de obter-se um

produto de melhor consistência e viscosidade é uma prática comum realizada pela indústria.

Diversos estudos utilizaram diferentes fontes proteicas para este fim. Entre eles, os

concentrados e isolados proteicos de soro (ANTUNES et al. 2015), caseinato de cálcio e sódio

(REMEUF et al, 2003; GURSEL et al., 2016; DAMIN et al., 2009) e leitelho em pó

(ROMEIH et al., 2014; SAFFON et al., 2013).

Porém, o aumento dos consumidores à procura de alimentos que apresentem

maiores teores de proteína impulsionou o desenvolvimento e pesquisa de iogurtes e leites

fermentados com maior teor proteico, pela adição principalmente de caseinatos e isolados

proteicos de soro (BONG & MORARU, 2014; CHO et al., 2015; JORGENSEN et al., 2015).

Vale ressaltar que estes dois últimos ingredientes são os mais indicados para a produção de

bebidas lácteas/iogurtes com alto teor proteico, uma vez que apresentam concentração de

proteína em torno de 90 %. Em relação aos caseinatos, os mais utilizados são os de cálcio e de

sódio. O caseinato de cálcio, apesar de ser de mais difícil dissolução, apresenta a vantagem

tecnológica de melhorar a estrutura do iogurte, devido ao maior número de pontes de cálcio

realizadas (REMEUF et al., 2003), além de aumentar a ingestão de cálcio, possivelmente

Page 21: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

21

melhorando a saúde dos ossos (THORPE, 2008). O caseinato de sódio, por outro lado,

aumenta o teor de sódio do produto de alto teor proteico, o que não é recomendado uma vez

que o consumo excessivo de sódio está associado às doenças cardiovasculares (WHO, 2012).

Em um estudo recente, realizado por Gursel et al. (2016), os autores avaliaram o

efeito da adição de caseinato de sódio, concentrado proteico de soro 80 % e isolado proteico

de soro 90 % em iogurtes de cabra. Os ingredientes foram adicionados em 2 % (v/v), e

caracterizados quanto à composição físico-química, microbiológica, perfil de textura,

compostos voláteis e perfil sensorial. Os autores observaram que os iogurtes adicionados de

caseinato de sódio e concentrado proteico de soro apresentaram melhores características

físicas, sendo o iogurte com caseinato de sódio o melhor avaliado sensorialmente.

Já Damin et al. (2009) estudaram os efeitos da adição de caseinato de sódio 80 %,

concentrado proteico de soro 70 % e leite desnatado em pó na cinética de acidificação,

propriedades reológicas e microestrutura de iogurtes desnatados. Os autores observaram

diminuição no tempo de fermentação e aumento na firmeza com o aumento de concentração

do caseinato de sódio, enquanto os iogurtes suplementados com concentrado proteico de soro

não apresentaram diferenças quando comparados ao controle (leite em pó desnatado

reconstituído).

Um estudo realizado por Bong e Moraru (2014) analisou os efeitos do uso de

concentrados de caseína micelar, um ingrediente proteico obtido por meio de microfiltração

do leite, na produção de iogurtes gregos. Foram utilizados dois concentrados micelares

diferentes, com 58 % e 88 % de proteínas, os quais foram adicionados na formulação até

proporcionarem 9,8 % de proteína final do produto. Os iogurtes fortificados apresentaram

taxa de acidificação mais rápida que o controle, porém apresentaram menor capacidade de

retenção de água.

Os efeitos da desnaturação das proteínas do soro na estrutura e reologia de

iogurtes de alto teor proteico e baixo teor de gordura foram estudadas por Jorgensen et al.

(2015), através da adição de diferentes razões entre proteínas do soro nativas e concentrados

de caseína. Os autores observaram que os iogurtes adicionados de proteínas do soro

alcançaram o pH 4,6 mais rapidamente que os adicionados de concentrados de caseína, bem

como apresentaram maior firmeza.

Page 22: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

22

2.3 Importância tecnológica e nutricional das proteínas do leite

As principais proteínas do leite são as caseínas e as proteínas do soro. As caseínas

compõem 80 % do total de proteínas, existindo na forma de estruturas coloidais chamadas de

micelas de caseína. De outra maneira, as principais proteínas do soro são a β-lactoglobulina,

α-lactalbumina, soro albumina bovina, imunoglobulinas e lactoferrina, apresentando-se

tipicamente em estruturas globulares (FOX et al., 2015).

Durante as últimas décadas, vários modelos da estrutura das micelas de caseína

vêm sendo propostos (WALSTRA, 2006; HORNE, 2000; DALGLEISH, 2004), porém existe

a concordância dos pesquisadores da área com relação às propriedades gerais da micela. Entre

elas está o fato das micelas serem estruturas complexas formadas por frações αS1, αS2, β e κ-

caseínas, cada uma apresentando funcionalidades e características diferentes. Uma delas, por

exemplo, é a quantidade de resíduos fosfato-serina por mol, responsáveis pela carga negativa

e pelas regiões hidrofílicas presentes na superfície da micela. Estes resíduos, concentrados em

clusters, estão mais presentes nas caseínas α e β e estas frações precipitariam ao se ligarem ao

Ca+2 se não fossem estabilizadas pela κ-caseína, que é solúvel mesmo em altas concentrações

de Ca+2 e tem capacidade de ligar-se hidrofobicamente às frações α e β.

A formação do gel através da acidificação do leite, ocasionada pela conversão da

lactose em ácido láctico pela ação da cultura láctica, é acompanhada de alterações físico-

químicas no leite. A acidificação governa um sistema físico-químico composto por forças de

desagregação e agregação das micelas de caseína. A desagregação é ocasionada

principalmente pela solubilização do fosfato de cálcio coloidal presente na micela, levando à

desagregação intermicelar. Por outro lado, as forças de agregação decorrem majoritariamente

pela redução da carga negativa superficial da micela de caseína. Em valores de pH mais

baixos, as forças de agregação prevalecem e desestabilizam o sistema, promovendo a

formação do gel (FOX et al., 2000).

As proteínas apresentam diferentes funções fisiológicas de acordo com a

composição e sequência de aminoácidos, características estruturais, dimensões e configuração

das cadeias polipeptídicas. A β-lactoglobulina e a α-lactalbumina, consideradas as principais

proteínas do soro, apresentam ligações –S-S– e grupos sulfidril livre. Ao ocorrer mudanças no

pH ou temperatura, as proteínas podem sofrer diversas mudanças em suas estruturas terciária

e quaternária, desnaturando-se e expondo grupos reativos. Dessa forma, as proteínas do soro

podem formar ligações dissulfídicas entre si ou com outras proteínas, como a κ-caseína e αS2-

caseína (FOX et al., 2015). Tais pontes são muito importantes para o melhoramento da matriz

Page 23: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

23

proteica formada durante a fabricação de iogurtes com leites pré-aquecidos, uma vez que as

ligações dissulfeto ajudam na formação de coágulos mais firmes e menos susceptíveis à

sinérese (TAMIME & ROBINSON, 1999).

Nos últimos anos, as proteínas do leite vêm recebendo muita atenção nas áreas de

nutrição esportiva e clínica pelo seu importante benefício fisiológico (MCSWEENEY et al.,

2013). O sistema muscular é o tecido humano capaz de desenvolver força, tornando possíveis

atividades básicas como manter a postura, deglutir e se movimentar, constituindo uma reserva

de proteínas e aminoácidos degradados e regenerados constantemente conforme as

necessidades do metabolismo. Em certas situações essa necessidade é elevada, tal como

durante atividade física intensa, exigindo uma maior ingestão de proteínas. Em pessoas

idosas, a correta ingestão de aminoácidos e a prática de exercícios físicos são importantes na

manutenção da massa muscular, diminuindo as consequências da atrofia dos músculos e

melhorando a qualidade de vida dos indivíduos (MARQUESAN, 2012).

Dangin et al. (2003) destacam as diferenças entre o tipo de proteína e as

quantidades ingeridas após a atividade física, e como esses fatores influenciam na síntese

proteica. As proteínas do soro, assim como as da soja e do colágeno hidrolisado, são

absorvidas de forma mais rápida quando comparadas à caseína, ou seja, apresentam maior

digestibilidade e são classificadas dessa forma como fast protein. A Tabela 1 apresenta as

características de aminoácidos e a digestibilidade das proteínas mais utilizadas como

suplementos proteicos.

Tabela 1 - Características das proteínas mais utilizadas como suplementos proteicos.

Proteínas do soro Caseína Soja

Colágeno

hidrolisado

Contém todos os AAE1 Sim Sim Sim Não

Digestibilidade Rápida Lenta Rápida Rápida

Conteúdo de aminoácidos

(g/25 g proteína)

Leucina 3,0 2,3 1,5 0,8

Σ AAE1 12,4 11,0 9,0 3,8

Σ AACR2 5,6 4,9 3,4 1,4

Fonte: DEVRIES & PHILLIPS, 2015. 1Aminoácidos essenciais; 2Aminoácidos de cadeia ramificada.

Page 24: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

24

A absorção proteica mais rápida aumenta as concentrações plasmáticas de

aminoácidos essenciais, como a leucina, e também os níveis de insulina plasmática. A leucina

mostra-se como um ativador chave na síntese das proteínas do músculo (PHILLIPS et al.,

2011), enquanto maiores níveis de insulina promovem maior absorção de glicose e favorecem

a captação de aminoácidos para o interior da célula muscular. O estudo realizado por

Reitelseder et al. (2011) demonstrou, entretanto, taxas iguais de síntese proteica para as

proteínas do soro e para o caseinato de cálcio quando ingeridos após exercícios de resistência,

evidenciando a importância de suplementos esportivos a base de caseinato de cálcio.

Produtos formulados com caseinato podem ser utilizados também como

suplementos para idosos ajudando na manutenção da massa muscular esquelética, uma vez

que esta se perde de acordo com o envelhecimento ou inatividade física da pessoa. Esse

processo é resultado da menor taxa metabólica em pessoas com idade mais avançada, dada a

diminuição da síntese, aumento da degradação proteica e menor capacidade de conversão de

gordura em energia (INELMEN, 2003). O leite bovino apresenta uma proporção

relativamente alta de leucina em comparação a outros tipos de proteína comumente utilizadas

como suplemento proteico (Tabela 1). A combinação de diferentes proteínas presente no leite

auxilia na síntese muscular rápida (proteínas do soro) e sustentada (caseínas), juntamente com

reduções na degradação de proteínas musculares. A partir dessa perspectiva, as proteínas do

leite fornecem benefícios às pessoas ativas, durante a prática de atividades físicas intensas, e

também às pessoas idosas, com menor frequência de atividade física (FORBES et al., 2012).

Além das funções nutricionais básicas das proteínas no corpo humano, as

proteínas do leite podem também originar componentes biologicamente ativos, que impactam

positivamente na saúde. São os chamados peptídeos bioativos, que são frações proteicas

liberadas durante hidrólise pelas enzimas digestivas, por enzimas proteolíticas de vegetais ou

micro-organismos e pela fermentação do leite por culturas lácticas proteolíticas

(KORHONEN et PIHLANTO, 2003).

2.4 Peptídeos bioativos e proteínas do leite

Peptídeos bioativos são formados por fragmentos específicos de proteínas que

induzem respostas fisiológicas positivas no corpo humano. Ao se ligarem a receptores

específicos de suas células alvo, podem gerar atividades reguladoras nos sistemas imune,

cardiovascular, endócrino, digestivo e nervoso (HERNÁNDEZ-LEDESMA et al., 2011).

Quando presentes nas cadeias polipeptídicas das moléculas de proteína, tais sequências

Page 25: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

25

bioativas encontram-se inativas, porém, quando liberados, esses peptídeos exercem diferentes

atividades, destacando-se as atividades antioxidante, antimicrobiana, hipocolesterolêmica,

ação anti-hipertensiva, anti-carcinogênica, e efeitos imunomoduladores (TAVERNITI &

GUGLIELMETTI, 2012).

As proteínas do leite bovino, caseínas e proteínas do soro, são consideradas as

melhores fontes de peptídeos bioativos quando comparadas a proteínas de outros alimentos.

Na fabricação de produtos lácteos fermentados, tais proteínas são hidrolisadas por proteases e

peptidases naturais do leite, em especial às resistentes ao tratamento térmico, ou originárias de

bactérias ácido lácticas da cultura utilizada no processo de fermentação. Estas enzimas

utilizam o substrato proteico naturalmente presente no leite como fonte de nitrogênio

necessária ao seu desenvolvimento (MCCARTHY, 2014).

A fermentação do leite é um importante recurso na produção de peptídeos

bioativos, que é objeto de grande interesse de estudo nos últimos anos. Inúmeros autores

relataram a identificação de peptídeos que apresentam atividades anti-hipertensivas (QUIRÓS

et al., 2006; AHTESH et al., 2016; NIELSEN et al., 2009; FUGLSANG et al., 2003),

antioxidantes (HERNÁNDEZ-LEDESMA et al., 2005; VIRTANEN et al. 2007; CHO et al.,

2015; ALOGLU & ÖNER, 2011), hipocolesterolêmica, antitrombóticas e imunomodeladoras

(TAVERNITI & GUGLIELMETTI, 2012; PARK, 2009) em leites fermentados e iogurtes.

Algumas das atividades fisiológicas são descritas na Tabela 2.

Atualmente, a atividade bio-funcional mais estudada e comprovada em produtos

lácteos fermentados é a ação anti-hipertensiva. Peptídeos com atividade anti-hipertensiva

atuam na redução da pressão arterial através da inibição da ação da enzima conversora de

angiotensina (ECA), reguladora da pressão arterial (HERNÁNDEZ-LEDESMA et al., 2011;

AKUZAWA et al., 2009). A ECA faz parte do sistema renina-angiotensina, responsável pela

regulação da pressão arterial periférica. Ela atua como catalizador da conversão de

angiotensina I a angiotensina II, um potente vasoconstritor e, simultaneamente, catalisa a

degradação de bradicinina, um peptídeo vasodilatador (SIEBER et al., 2010). Essas duas

reações resultam em contração dos vasos sanguíneos e no consequente aumento da pressão

arterial. Desta forma, através da ação inibidora da ECA, peptídeos bioativos podem apresentar

importante papel na redução da pressão arterial (SIEBER et al., 2010; HERNÁNDEZ-

LEDESMA et al., 2011).

Page 26: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

26

Tabela 2 - Peptídeos com atividade bioativa em leites fermentados.

Proteína precursora Peptídeo Classificação fisiológica

αS1-caseína

αS1-casecidina Antimicrobiana

Isracidina Antimicrobiana

αS1-casoquinina-5 ECA inibidor

Caseinafosfopeptídeo Ligações de Cálcio e transportador

αS1-caseína exorphina Agonista opioide

Casoxina D Agonista opioide

αS1-caseína exorphina Agonista opioide

αS2-caseína Casocidina-1 Antimicrobiana

Caseinafosfopeptideo Ligação de minerais

β-caseína

β-casoquinina-7 ECA inibidor

β-casoquinina-10 Imunomodulador e ECA inibidor

- Antihipertensivo

- Imunoestimulador

β-casomorfina-4, 5, 6, 7 e 11 Agonista opioide

Morficeptina Agonista opioide

Caseinofosfopeptideo Ligação de minerais

κ-caseína

κ-casecidina Antimicrobiana

Casoplatelina Antitrombótica

- Antitrombótica

Casoxina A Antagonista opioide

Casoxina B Antagonista opioide

Casoxina C Antagonista opioide

Caseinofosfopeptideo Ligação de minerais

α-lactalbumina α-lactorfina ECA inibidor e agonista opioide

β-lactoglobulina β-lactorfina ECA inibidor e agonista opioide

Lactoferrina Lactoferricina A Imunomodulador e antimicrobiana

Lactoferricina B Agonista opioide

Lactotransferrina - Antitrombótica

Albumina do soro bovina Serorfina Agonista opioide

Fonte: Adaptado de Ibeagha-Awemu, 2009.

Page 27: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

27

A avaliação da atividade inibidora de ECA in vitro tem sido a ferramenta mais

utilizada para avaliar o potencial bioativo de leites fermentados e iogurtes (HERNÁNDEZ-

LEDESMA et al., 2004; ROBERT et al., 2004; OTTE et al., 201; NIELSEN et al., 2009).

Essa escolha baseia-se, possivelmente, na boa correlação entre os resultados obtidos in vitro e

a real atividade anti-hipertensiva do produto, demostrada através de testes in vivo com

animais (NAKAMURA et al., 1996; WU & DING, 2001;) e humanos (SEPPO et al., 2003;

MIZUSHIMA et al., 2004).

De acordo com Fitzgerald e Murray (2006), tanto a hidrólise das caseínas como

das proteínas do soro são fontes importantes de peptídeos hipotensores. Porém, os peptídeos

liberados pela hidrólise de proteínas do soro apresentaram níveis relativamente baixos de

atividade anti-hipertensiva quando comparados às sequências derivadas da caseína durante o

processo de fabricação de leites fermentados.

A escolha do tipo de bactérias ácido lácticas é um dos fatores que mais

influenciam a liberação de peptídeos bioativos em produtos lácteos fermentados. Bactérias

comumente relacionadas à liberação de biopeptídeos são Lactobacillus helveticus,

Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus, Lactococcus lactis subsp. diacetylactis,

Lactococcus lactis subsp. cremoris e Streptococcus thermophilus (HERNÁNDEZ-

LEDESMA, 2011). De forma geral, culturas de Lactobacillus helveticus têm se mostrado

mais capazes de produzir peptídeos anti-hipertensivos do que culturas de Lactococcus lactis,

devido à atividade acentuada de suas proteases associadas à membrana celular (FUGLSANG

et al., 2003; TAVERNITI & GUGLIELMETTI, 2012).

As cepas de Lactobacillus helveticus apresentam diferentes capacidades de

acidificação e proteólise. Dessa forma, devem ser corretamente selecionadas de acordo com o

interesse biotecnológico (FORTINA et al. 1998; BROADBENT et al., 2011). Na literatura,

encontram-se diversos estudos sobre o uso de Lactobacillus helveticus e suas consequências

durante a fermentação de leites fermentados e iogurtes.

Nielsen et al. (2009) estudaram os efeitos de 13 cepas diferentes de bactérias

ácido lácticas no pH de fermentação, tempo de estocagem no perfil de peptídeos e na

atividade inibidora da enzima conversora de angiotensina. Foram avaliadas 4 cepas de

Lactococcus lactis, 8 cepas de Lactobacillus helveticus e 1 cepa de Lactobacillus acidophilus.

Os autores observaram que as maiores atividades inibidoras de ECA foram obtidas com as

duas cepas mais proteolíticas de Lactobacillus helveticus, MI 1198 (Chr. Hansen) e MI 1263

Page 28: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

28

(National Collection of Dairy Organisms), após 7 dias de estocagem refrigerada e valores de

pH entre 4,3 - 4,6.

Para a identificação de peptídeos em leites fermentados e iogurtes, diferentes

técnicas de espectrometria de massas são utilizadas. As principais são a espectrometria de

massas por bombardeamento rápido (FAB-MS) (GOBBETI et al., 2000), espectrometria de

massas por ionização por eletrospray (ESI-MS) (ROBERT et al., 2004), espectrometria de

massas sequencial (MS/MS) (HERNÁNDEZ-LEDESMA et al., 2005), espectrometria de

massas por cromatografia líquida (LC-MS) (OTTE et al., 2011; JIN et al., 2016) e

espectrometria de massas por ionização e dessorção a laser assistida por matriz (MALDI-ToF

MS) (Croxatto et al. ,2012). Segundo Croxatto et al. (2012), a técnica MALDI-ToF MS permite

a identificação e análise de frações proteicas que, por não apresentarem caráter volátil, não eram

possíveis anteriormente. Desde então, o MALDI-ToF MS tem sido utilizado com sucesso em

várias áreas da ciência, como por exemplo na genotipagem de DNA, reavaliação de taxonomia de

micro-organismos e aplicações na área de alimentos, apresentando alta precisão e sensibilidade.

2.5 Avaliação da atividade bioativa

O termo biodisponibilidade foi inicialmente proposto pela Food and Drug

Administration (FDA), como sendo a proporção do nutriente digerido capaz de ser absorvido,

metabolizado e disponível para ser usado ou armazenado pelo organismo. Porém, tornou-se

claro que este conceito era equivocado, uma vez que nem todas as substâncias digeridas são

absorvidas, e nem todos os nutrientes absorvidos são metabolizados, podendo ser diretamente

excretados pelo organismo. Inúmeras definições foram propostas posteriormente, gerando

ainda motivo de discussão pela comunidade científica. Entretanto, há o consenso de existirem

dois tipos de biodisponibilidade: a quantitativa, relativa ao teor do nutriente proveniente da

dieta, e a qualitativa, relacionada ao quanto esta substância consegue ser utilizada pelo

organismo em função de suas características bioquímicas e funcionais (COZZOLINO, 2016).

Dessa forma, os efeitos fisiológicos dos peptídeos bioativos dependem de sua

habilidade de alcançar, em sua forma ativa, seus tecidos e organismos-alvo. Devem ser,

portanto, resistentes às enzimas do trato gastrointestinal, serem absorvidas pelo epitélio do

intestino e posteriormente alcançar e atuar em seu órgão-alvo. Tal resistência é geralmente

avaliada em estudos in vitro que simulam condições digestórias. Os peptídeos IPP [β-CN

f(74-76)], VPP [β-CN f(84-86)] e LHLPLP [β-CN f(133–138)], por exemplo, demonstraram

ser resistentes à ação dessas enzimas. Já em outros casos, a forma ativa do peptídeo é liberada

Page 29: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

29

durante o próprio processo digestório, como no caso da formação da forma ativa do peptídeo

KVLPVPQ [β-CN f(169–175)], gerado após hidrólise durante digestão pancreática

(HERNANDEZ-LEDESMA et al., 2011). Porém, certos peptídeos que demonstravam

atividade inibidora da ECA em estudos in vitro não apresentaram a mesma ação em ensaios in

vivo (MAENO et al., 1996), o que evidencia a importância da confirmação dos estudos por

meio de ensaios in vivo realizados com animais e humanos.

2.6 Análise Sensorial

Testes sensoriais são utilizados pela indústria de alimentos para investigar o perfil

sensorial de um produto, com o objetivo de avaliar a preferência de determinado atributo ou

de testar o impacto de uma nova formulação, a estabilidade de armazenamento, a mudança no

processamento ou na forma de embalagem. Assim, busca-se explicar e antecipar as

preferências do consumidor (DELARUE & SIEFFERMANN, 2004).

O Perfil Flash (Flash Profile) desenvolvido por Sieffermann (2000) faz parte dos

métodos descritivos, que utilizam equipes que descrevem de forma qualitativa e quantitativa

as amostras avaliadas. Porém, diferentemente dos métodos descritivos tradicionais como a

Análise Descritiva Quantitativa (ADQ), que necessita de um longo treinamento dos

avaliadores, inúmeras repetições e o desenvolvimento de uma linguagem comum para a

descrição de atributos, o Perfil Flash surge como uma alternativa mais rápida e simples ao se

descrever sensorialmente um produto.

O método Perfil Flash é uma técnica mais flexível e rápida, uma vez que as fases

de familiarização com o produto, geração de atributos e ordenação foram integradas em uma

única etapa. Os avaliadores classificam atributo por atributo, forçando-os a se concentrar nas

diferenças percebidas e a utilizar apenas atributos discriminantes. Por ser um método baseado

no Perfil Livre (WILLIAMS & LANGRON, 1984), os consumidores são livres para criar sua

própria lista de atributos, eliminando a etapa de consenso entre os participantes e a

necessidade de treinamento. Por fim, não há necessidade de avaliadores especialistas no

produto a ser analisado, mas sim pessoas com boa capacidade descritiva e dispostas a seguir

as instruções do líder da equipe, gerando atributos discriminantes e não hedônicos (DAIROU

& SIEFFERMANN, 2002).

O estudo realizado por Delarue et Sieffermann (2004) avaliou as percepções de

sabor em iogurtes de morango batidos e cremes de queijo fresco sabor pêssego. Foram

comparadas a técnica Perfil Flash e métodos descritivos convencionais, como ADQ, sendo

Page 30: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

30

ambas as amostras melhor descritas pelo método Perfil Flash. Em outro estudo, realizado por

Alvarado et al. (2012), a melhor descrição de queijos Manchego também foi obtida com o

método Perfil Flash, reafirmando assim as vantagens do uso desta técnica na avaliação de

produtos lácteos.

Em relação a outras técnicas sensoriais descritivas, o método CATA (Check All

That Apply) está entre as metodologias mais rápidas atualmente utilizadas na avaliação

sensorial pelos consumidores. Uma lista de atributos previamente levantados para o tipo de

produto compõe os questionários de avaliação. Antes da avaliação das amostras, uma ficha é

entregue aos participantes para que estes preencham com o que consideram ser a amostra

ideal do produto em questão. O estudo realizado por Ares et al. (2014) avaliou sensorialmente

pelo método CATA oito formulações de iogurtes adoçados com açúcar, variando a

concentração de gordura, amido e gelatina. A técnica mostrou-se útil na identificação das

principais preferências pelos consumidores, e os avaliadores descreveram este método como

simples, intuitivo e não tedioso para a realização (ARES et al., 2014).

Para a avaliação sensorial de iogurtes desnatados probióticos, Cadena et al.

(2014) compararam o método ADQ com outras três técnicas sensoriais rápidas: mapa

projetivo, posicionamento sensorial polarizado e CATA. O método CATA foi o que

apresentou as configurações mais similares àquelas obtidas pela ADQ.

Independente da técnica utilizada para descrever/avaliar os produtos lácteos

fermentados em geral, e o iogurte em especial, a percepção sensorial é influenciada pela

presença ou não de açúcar e/ou tipo de adoçante. Em substituição à sacarose, a legislação

brasileira permite vários tipos de adoçantes em alimentos, como aspartame, sucralose,

clicamato e estévia (BRASIL, 1995). Contudo, a sucralose têm sido a mais utilizada na

formulação de iogurtes, bem como a mais bem avaliada sensorialmente (REIS et al., 2009).

Page 31: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

31

3. Material e métodos

3.1 Material

Foram utilizadas as seguintes matérias primas: leite desnatado UHT (Piracanjuba,

Bela Vista de Goiás, GO, Brasil), leite em pó desnatado instantâneo (Itambé, Belo Horizonte,

MG, Brasil), cultura láctica mista de Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii

subsp. bulgaricus YF-L812 (Christian Hansen, Valinhos, SP, Brasil), cultura comercial de

Lactobacillus helveticus LH-B02 (Christian Hansen Valinhos, SP, Brasil) e caseinato de

cálcio (Fonterra, Auckland, Nova Zelândia). Os reagentes utilizados foram: acetonitrila grau

HPLC (Sigma-Aldrich Co., St. Louis, MO, Estados Unidos), ácido α-ciano-4-hidroxi-

cinâmico (CHCA, 99 %) (Sigma-Aldrich Co., St. Louis, MO, Estados Unidos), ácido

trifluoracético (99 %) (Sigma-Aldrich Co., St. Louis, MO, Estados Unidos), padrão α-CN, β-

CN, κ-CN (Sigma-Aldrich Co., St. Louis, MO, Estados Unidos) e padrão de calibração de

peptídeos II (Bruker Daltonics, Brémen, Alemanha).

As matérias primas foram adquiridas do mesmo lote de produção em quantidades

suficientes para a realização de todos os experimentos, evitando variação entre elas.

3.2 Fabricação do iogurte

3.2.1 Preparo das culturas lácticas

Utilizaram-se as culturas lácticas liofilizadas de Lactobacillus helveticus LH-B02

e a cultura mista YF-L812 contendo Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii

subsp. bulgaricus na fabricação dos iogurtes. As culturas foram inoculadas separadamente em

leite em pó desnatado reconstituído e esterilizado em câmara de fluxo laminar. O leite

inoculado foi distribuído em porções menores que foram congeladas a -18 °C e mantidas

como cultura estoque. Para cada processamento uma porção de cada cultura láctica foi

descongelada e posteriormente ativada em leite em pó reconstituído e esterilizado. A cultura

láctica tradicional (Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus)

foi ativada a 45 °C por 4 h, enquanto a ativação do Lactobacillus helveticus foi realizada na

temperatura de 40 °C durante 18 h. O período de incubação necessário para a ativação da cepa

LH-B02 de Lactobacillus helveticus foi determinado através da curva de crescimento do

micro-organismo durante 24 h.

Page 32: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

32

3.2.2 Processo de fabricação do iogurte

Os iogurtes foram fabricados conforme descrito na Figura 1. Inicialmente, o leite

UHT foi padronizado através da adição de leite em pó desnatado para a obtenção de 16 litros

de leite com 10 % de sólidos totais. O leite padronizado foi dividido em duas porções de 8

litros, sendo uma delas utilizada para fabricação dos iogurtes controle e a outra adicionada de

caseinato de cálcio para padronização do teor de proteínas no mínimo em 6 %,

correspondendo a 12 g de proteína/200 mL de leite, mínimo exigido para um produto de alto

proteico. A adição do caseinato de cálcio foi efetuada a aproximadamente 60 °C, sob agitação

mecânica contínua para sua dispersão. Em seguida, as misturas foram tratadas termicamente

(85 °C/30 min), resfriadas em banho de gelo e mantidas a 4 °C durante a noite para ocorrer a

completa hidratação das proteínas antes da preparação do iogurte (BULDO et al., 2016;

ZHANG et al., 2015; NEEDS et al., 2000).

Para a fermentação, as misturas foram aquecidas a 45 °C, distribuídas em quatro

recipientes de aço inoxidável e adicionadas das culturas lácticas previamente ativadas. As

misturas controle (10 % de sólidos totais) e de alto teor proteico (6 % de proteínas) foram

inoculadas com cultura láctica tradicional constituída de Streptococcus thermophilus e

Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus (2,5 % v/v), e adicionadas ou não com a cultura

de Lactobacillus helveticus (1 % v/v). Assim, para cada repetição de processo, quatro

iogurtes foram fabricados com a seguinte denominação: iogurte controle (10 % de sólidos

totais e cultura láctica tradicional); iogurte controle adicionado de Lactobacillus helveticus

(10% de sólidos totais adicionado de cultura láctica tradicional e de Lactobacillus helveticus);

iogurte com alto teor proteico (6 % de proteína e adicionado de cultura láctica tradicional) e

iogurte com alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus (6 % de proteína

adicionado de cultura tradicional e de Lactobacillus helveticus).

Os recipientes foram levados à estufa a 45 °C para a fermentação. Previamente,

uma porção de cada tratamento foi separada, distribuída em tubos de rosca (50 mL) e

colocada em banho-maria (45 °C) para acompanhamento do pH e da acidez titulável durante a

fermentação em intervalos de 30 minutos. O tempo de fermentação foi considerado o

necessário para que o pH atingisse 4,9 ± 0,05. Ao final da fermentação, os iogurtes foram

resfriados em banho de gelo e armazenados sob refrigeração (4 ± 1 ºC) por 24 horas. No dia

seguinte os iogurtes foram batidos em batedeira da marca Arno, distribuídos em copos

plásticos de 200 mL, selados com tampas de alumínio termosoldável e armazenados em

Page 33: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

33

câmara fria (4 ± 1 ºC). Amostras foram avaliadas após 1, 10, 20, 30 e 40 dias de

armazenamento refrigerado.

Figura 1 - Fluxograma de fabricação de iogurte.

3.3 Caracterização das matérias-primas e misturas padronizadas

Todos os experimentos foram realizados utilizando-se o mesmo lote de leite UHT

desnatado, leite em pó desnatado e caseinato de cálcio. O leite UHT e as misturas foram

avaliados quanto ao pH utilizando-se potenciômetro devidamente calibrado, acidez titulável,

gordura determinada gravimetricamente após extração em frascos de Mojonnier, extrato seco

total pelo método de secagem em estufa a 105 °C, cinzas por incineração em forno mufla a

Page 34: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

34

550 °C e nitrogênio total pelo método de micro-Kjeldahl, de acordo com metodologias

oficiais (AOAC, 2012). O teor de proteína foi calculado multiplicando-se o teor de nitrogênio

total por 6,38. O leite em pó desnatado foi avaliado quanto ao extrato seco total pelo método

de secagem em estufa a 105 °C (AOAC, 2012).

3.4 Caracterização do iogurte

Um dia posterior a estocagem em câmara fria, os iogurtes foram caracterizados

quanto a composição centesimal e após 1, 10, 20, 30 e 40 dias avaliados quanto à pós-

acidificação (pH e acidez). O perfil de proteólise foi avaliado por eletroforese capilar após 1 e

40 dias e os peptídeos formados avaliados por espectrometria de massa após 1, 10, 20, 30 e 40

dias de armazenamento. A contagem de bactérias ácido lácticas totais foi avaliada após 1 e 40

dias de estocagem.

Os iogurtes utilizados para a avaliação sensorial foram avaliados quanto a

contagem de bactérias ácido lácticas totais e, adicionalmente, quanto aos parâmetros

microbiológicos exigidos pela ANVISA (RDC nº 12) para a comercialização do produto

(BRASIL, 2001).

3.4.1 Análises físico-químicas

Os iogurtes foram analisados quanto ao extrato seco total pelo método de secagem

em estufa a 105 °C; gordura determinada gravimetricamente após extração em frascos de

Mojonnier; nitrogênio total pelo método de micro-Kjeldahl e a proteína total multiplicando-se

o teor de nitrogênio total pelo fator 6,38; cinzas por incineração em forno mufla a 550 °C

(AOAC, 2012) e lactose pela diferença entre os demais constituintes do produto.

A avaliação da pós-acidificação foi realizada por medidas de pH com a utilização

de potenciômetro e acidez titulável (AOAC, 2012).

3.4.2 Análises microbiológicas

A viabilidade das culturas lácticas foi avaliada através do plaqueamento em

profundidade e sobrecamada em meio MRS ágar segundo Silva (2010). Todo o material

utilizado nas análises microbiológicas foi previamente esterilizado em autoclave, e as análises

realizadas em câmara de fluxo laminar.

No preparo das amostras, 10 g de iogurte foram pesados em saco para

homogeneizador de amostras juntamente com 90 mL de água peptonada 0,1 % (p/v). A

Page 35: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

35

mistura foi homogeneizada (Stomacher 400, Seward Laboratory, UK) durante 1 minuto, em

velocidade normal pré-definida pelo equipamento, e logo em seguida utilizada para a

realização das análises. Diluições seriadas em água peptonada foram realizadas e 1 mL das

amostras plaqueadas em profundidade em meio MRS. As placas foram incubadas invertidas,

em atmosfera normal, por 48 h à 37 °C e a leitura do número de colônias realizada.

Os iogurtes utilizados na análise sensorial foram avaliados quanto à contagem de

coliformes totais, coliformes termotolerantes, bolores e leveduras, exigidas para

comercialização dos produtos segundo a legislação (BRASIL, 2007). As análises foram

realizadas em laboratório externo, conforme a metodologia descrita por Vanderzant &

Splittstoesser (1992). O laudo emitido pelo laboratório é apresentado no Anexo 3.

3.5 Proteólise avaliada por Eletroforese Capilar

As análises foram realizadas de acordo com as condições descritas por Ortega et

al. (2002) e Otte et al. (1997) com modificação propostas por Alves et al. (2013). Uma

alíquota de 0,1 mL de iogurte foi diluída em 0,9 mL de tampão fosfato de sódio, contendo 8

M uréia e 10 mM de ditiotreitol (DTT) em pH 8,0. Para avaliação da proteólise por

eletroforese capilar utilizou-se um capilar de sílica fundida de 57 cm (50 cm de comprimento

efetivo até o detector x 75 μm de diâmetro), usando o sistema P/ACE MDQ (Beckman

Coulter, Santana de Parnaíba, SP, Brasil) e analisada com o auxílio do software Karat

(Beckman Coulter), sendo as análises realizadas em duplicata.

3.6 Fracionamento dos peptídeos pela solubilidade em água e etanol 70 % e análise por

MALDI-ToF MS

Para a obtenção da fração aquosa, os iogurtes foram centrifugados por 30 minutos

a 4 °C e 3000 g utilizando centrífuga Allegra R64 (Beckman Coulter, Indianápolis, IN, USA).

A fração aquosa (sobrenadante) foi então filtrada em lã de vidro e papel de filtro Whatman

No. 113, congelada a -80 °C e liofilizada. As amostras liofilizadas foram pesadas (10 mg) em

duplicatas e dissolvidas em 0,5 mL de etanol 70 %, mantendo-as em temperatura ambiente

por 30 minutos e centrifugadas 13000 g por 10 minutos. O sobrenadante obtido foi utilizado

na análise por MALDI-ToF.

O instrumento MALDI-TOF/TOF Autoflex III (Bruker Daltonics, Alemanha),

equipado com um laser SmartBeam, foi usado para obtenção dos espectros de massa dos

peptídeos solúveis presentes nos iogurtes. Inicialmente, o equipamento foi calibrado com o

Page 36: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

36

padrão de peptídeos II (Peptide Calibration Standard II, Bruker Daltonics). Sobre uma placa

de aço (MSP 96 polished steel target, Bruker Daltonics, Bremen, Alemanha) foram aplicadas

alíquotas das amostras (1 μL), secas à temperatura ambiente, e sobrepostas com a solução

matriz (1 μL), na concentração de 20 mg/mL composta a partir de ácido α-ciano-

hidroxicinâmico (CHCA) dissolvido em 50 % de acetonitrila e ácido trifluoroacético 2,5 %.

Após a secagem completa das gotículas, a placa foi introduzida no equipamento. Operou-se o

espectrômetro de massas ajustando-se a potência do laser a 60 - 70 % e as voltagens da fonte

de íons 1, fonte de íons 2, lentes, reflector e o reflector 2 foram de 20,00, 17,77, 7,90, 21,95 e

10,03 kV, respectivamente. O modo escolhido foi reflector de íons positivos na faixa de

massa de m/z 600 - 3500, controlado pelo software FlexControl 3.3 (Bruker Daltonics), e o

limite de supressão de massa ajustado a m/z 600 e o tempo de extração dos íons pulsados foi

de 30 ns.

3.6.1 Processamento de dados e análise quimiométrica

Os dados brutos foram pré-processados pelo software FlexAnalysis 3.4 (Bruker

Daltonics) para a remoção de linha de base e alinhamento dos espectros com calibração

externa. Os dados foram salvos em arquivos com a extensão CSV e realizado o upload no

MetaboAnalyst, um servidor online para análise estatística dos dados. Os dados foram

normalizados pela soma e escalados pelo método de Pareto. Para a comparação entre os

tratamentos, efetuou-se análise multivariada dos dados utilizando a ferramenta de PLS-DA

(Partial Least Square-Discriminant Analysis). PLS-DA fornece as principais variáveis

responsáveis pela classificação das amostras de acordo com os escores VIP (importância das

variáveis em projeção).

3.7 Delineamento experimental e análise dos resultados

O experimento completo foi repetido três vezes e utilizado o delineamento

experimental de esquema fatorial 2 x 2 x 5, em blocos inteiramente casualisados. O efeito do

teor proteico (dois níveis de variação: controle a alto teor proteico), do tipo de cultura (dois

níveis de variação: tradicional ou tradicional adicionada de Lactobacillus helveticus), do

tempo de armazenamento refrigerado (cinco níveis de variação: 1, 10, 20, 30 e 40 dias), bem

como o efeito da interação desses fatores, foi avaliado por análise de Variância (ANOVA).

Em caso de diferença, comparou-se as médias pelo teste de Tukey a 5 % o nível de

significância, e os resultados analisados utilizando-se o programa Statistica 7.0.

Page 37: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

37

3.8 Análise sensorial

Foram realizados os métodos Perfil Flash e CATA (Check-all-that-apply)

devidamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICAMP (Anexo 2).

Avaliaram-se apenas os iogurtes de alto teor proteico, adicionados ou não de Lactobacillus

helveticus. Foram preparadas seis amostras para análise: duas do iogurte com alto teor

proteico natural (não adoçados), duas com adição de açúcar, duas com adição de adoçante

sucralose (Tabela 3). A concentração de açúcar foi baseada em estudos prévios com iogurtes

realizados por Ares et al. (2007), enquanto a de sucralose definida conforme consenso da

equipe de pesquisa. Foram recrutados 10 avaliadores para o teste de Perfil Flash e 64

consumidores para o CATA.

Tabela 3 - Formulação dos iogurtes considerados para análise sensorial

Açúcar (%) Adoçante (%) Sigla

Iogurte com alto teor proteico

na* na A

8 na B

na 0.65 C

Iogurte com alto teor proteico

adicionado de Lactobacillus

helveticus

na na D

8 na E

na 0.65 F

*na: não adicionado

O Perfil Flash foi realizado em duas sessões, sendo a primeira com o objetivo de

levantar os atributos percebidos por cada um dos avaliadores. Na segunda sessão, apresentou-

se uma ficha personalizada para cada participante, com os termos que o próprio participante

levantou para avaliação das amostras. Foi solicitado aos consumidores que provassem

novamente cada amostra e as ordenassem de acordo com a intensidade de cada atributo.

Na realização do CATA, as fichas de avaliação continham os atributos levantados

anteriormente no método de Perfil Flash, como por exemplo, “gosto doce”, “aparência

líquida”. Foi solicitado aos participantes que assinalassem os atributos percebidos em cada

uma das amostras e também os atributos característicos do iogurte considerado “ideal” em

uma ficha separada.

Os testes foram realizados em cabines individuais, sob luz branca. Uma amostra

de 25 g de cada iogurte foi servida em recipiente plástico adequado, devidamente codificado

Page 38: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

38

com números aleatórios de três dígitos, sendo a ordem de apresentação das amostras sorteada

entre os julgadores seguindo delineamento de Macfie et al. (1989). As porções foram servidas

juntamente com biscoito cream cracker e água mineral à temperatura ambiente, para remoção

do sabor residual entre as amostras. Os resultados foram avaliados através do software XLStat

versão 2016.03.31939 (Addinsoft, New York, NY, EUA) e submetidos à Análise de

Procrustes Generalizada e Teste Q de Cochran/Análise de Correspondência para os métodos

de Perfil Flash e CATA, respectivamente.

Page 39: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

39

4. Resultados e discussão

4.1 Caracterização físico-química da matéria-prima e misturas lácteas controle e com

alto teor proteico

O leite UHT utilizado em todos os processamentos para preparar as misturas

apresentou pH 6,7, acidez titulável de 0,17 ± 0,02 g ácido láctico/100 mL, teores de 9,02 ±

0,1 % de sólidos totais, dos quais 0,48 ± 0,04 % de gordura, 8,54 ± 0,02 % extrato seco

desengordurado, 2,8 ± 0,2 % de proteína, 0,79 % de cinzas, e 4,95 ± 0,05 % de lactose. Dessa

maneira, o leite UHT utilizado para a fabricação dos iogurtes atendeu aos requisitos mínimos

de qualidade exigidos Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Leite UHT

(BRASIL, 1997), o qual estabelece como requisitos o teor de gordura máximo de 0,5 %

(m/v), acidez titulável entre 0,14 - 0,18 g ácido láctico/100 mL e extrato seco desengordurado

mínimo de 8,4 % (m/m).

A Tabela 4 apresenta a composição físico-química média das misturas de leite

padronizadas utilizadas na fabricação dos iogurtes controle e com alto teor proteico.

Tabela 4 - Composição físico-química das misturas utilizadas na fabricação dos iogurtes e valores de p (n = 3)

Misturas lácteas

Mistura

controle

Mistura com alto

teor proteico p-valor

pH 6,71 ± 0,06 6,66 ± 0,04 0,2628

Acidez Titulável (% ácido láctico) 0,18 ± 0,003b 0,26 ±0,01a <0,0001

Sólidos totais (%) 10,13 ± 0,11b 12,97 ± 0,18a <0,0001

Proteína (%) 4,31 ± 0,30b 6,58 ± 0,54a 0,0030

Cinzas (%) 0,87 ± 0,02b 0,97 ±0,02a 0,0064

Gordura (%) 0,36 ± 0,06 0,36 ± 0,05 0,8553

Lactose (%)* 4,59 ± 0,37 5,05 ± 0,46 0,2446

*Calculada por diferença

Observa-se que o pH e os teores de gordura e lactose não diferiram

significativamente entre si (p ≥ 0,05). Entretanto, como esperado, os teores de sólidos totais,

proteína e cinzas e a acidez titulável foram significativamente maiores para a mistura com alto

teor proteico. O teor de proteína contribuiu com aproximadamente 2,84 % no aumento dos

sólidos totais.

Page 40: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

40

4.2 Caracterização da fermentação dos iogurtes controle e com alto teor proteico

adicionados ou não de Lactobacillus helveticus

Observa-se na Tabela 5 que o teor de proteína e o tipo de cultura láctica afetaram

significativamente o tempo de fermentação. Os comportamentos do processo de fermentação

dos diferentes tratamentos de iogurte são apresentados nas Figuras 2 e 3.

Tabela 5 - Parâmetros de fermentação obtidos durante a produção dos iogurtes (n = 3)

p-valor

Fator de variação GL Tempo de fermentação*

Teor de proteína 1 0,0010

Tipo de cultura 1 0,0010

Teor de proteína x tipo de cultura 1 0,3465

*Tempo médio necessário para os iogurtes atingirem pH 4,9 ± 0,05

Figura 2 – Comportamento do pH durante a fermentação das misturas lácteas na fabricação dos iogurtes.

Page 41: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

41

Figura 3 - Curvas de acidez titulável (% ácido láctico) durante a fermentação das misturas lácteas na fabricação

dos iogurtes.

Comparado ao iogurte controle, a adição de Lactobacillus helveticus diminuiu em

30 minutos o tempo de fermentação, passando de 180 para 150 minutos o tempo médio

necessário para os iogurtes atingirem pH 4,9 ± 0,05. Por outro lado, ainda comparado ao

iogurte controle, misturas com maior teor proteico apresentaram um aumento no tempo

fermentação (180 para 210 minutos), evento já descrito por outros autores como efeito da

suplementação de proteínas em iogurtes (MARAFON et al., 2011; SODINI et al.; 2004;

OLIVEIRA et al., 2001). A diminuição mais lenta do pH nas misturas contendo caseinato de

cálcio deve-se ao efeito tamponante das caseínas presentes no leite e no caseinato. Durante a

fermentação, as micelas de caseína são capazes de absorver íons H+ provenientes do ácido

láctico produzido pela cultura láctica, liberando fosfato de cálcio.

Dessa forma, misturas contendo maior quantidade de caseína (e fosfatos de cálcio)

possuem maior capacidade tamponante quando comparadas às misturas com baixos teores de

caseína (KINDSTEDT et al., 2005). Por outro lado, a queda acelerada de pH nos iogurtes

contendo apenas Lactobacillus helveticus deve-se à ação acidificante desta cultura durante a

Page 42: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

42

produção de leites fermentados (KULOZIK et WILDE, 1999; OTTE et al., 2011). A

fermentação de iogurte com alto teor proteico, associado à adição de Lactobacillus helveticus,

resultou na manutenção do tempo de fermentação da mistura quando comparado ao controle.

4.3 Caracterização dos iogurtes

A Tabela 6 apresenta a composição físico-química e a contagem total de bactérias

ácido-lácticas dos iogurtes controle e com alto teor proteico adicionados ou não de

Lactobacillus helveticus, após armazenamento refrigerado por 24 horas.

Tabela 6 - Composição físico-química, contagem microbiológica, desvio padrão e valor de p dos iogurtes após

24 horas de fabricação (n = 3)

Tratamentos

Determinações

analíticas

Iogurte

controle

Iogurte

controle com

Lb. helveticus

Iogurte com

alto teor

proteico

Iogurte com

alto teor

proteico e

Lb. helveticus

p-valor

Físico-químicas

pH 4,60 ± 0,1ab 4,34 ± 0,05c 4,71 ± 0,1a 4,44 ± 0,09bc 0,0033

Acidez Titulável

(% ácido láctico) 0,84 ±0,08b 1,00 ± 0,09ab 1,00 ± 0,06ab 1,22 ± 0,04a 0,0063

Sólidos totais

(%) 9,95 ± 0,07b 9,70 ± 0,13b 12,78 ± 0,26a 12,49 ± 0,35a < 0,0001

Proteína (%) 4,53 ± 0,47b 4,44 ± 0,38b 7,24 ± 0,52a 7,16 ± 0,25a < 0,0001

Cinzas (%) 0,88 ± 0,02b 0,88 ± 0,03b 1,01 ± 0,04a 1,00 ± 0,03a 0,0004

Gordura (%) 0,26 ± 0,03 0,29 ± 0,04 0,23 ± 0,09 0,29 ± 0,03 0,4428

Lactose (%)* 4,27 ± 0,38 4,09 ± 0,42 4,31 ± 0,39 4,03 ± 0,58 0,8074

Microbiológicas

Contagem total

bactérias ácido-

lácticas (UFC/g)

1,83 x 109 3,87 x 109 3,43 x 109 2,87 x 109 0,5880

*Calculada por diferença

a, b Médias com a mesma letra na linha não diferem significativamente entre si (p ≥ 0,05)

Page 43: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

43

Após a fabricação, os iogurtes apresentaram contagem de bactérias lácticas totais

em torno de 109 UFC/g, dois ciclos logarítmicos maiores do que o mínimo estabelecido para o

iogurte (107 UFC/g) de acordo com a legislação (BRASIL, 2007). Além disso, a contagem

total de bactérias não foi significativamente afetada pelos tratamentos.

Em relação à composição, observa-se na Tabela 6 que as variáveis teor de

proteína e o tipo de cultura láctica utilizada não afetaram significativamente os teores de

gordura e lactose. Em contrapartida, como esperado, as variáveis afetaram significativamente

os teores de sólidos totais, proteína e cinzas. Cabe ressaltar que os iogurtes adicionados de

caseinato de cálcio, com aproximadamente 7,0 % de proteína, alcançaram o mínimo de 12 g

de proteína por porção, ou seja, mínimo de 6 % na porção de 200 g ou mL, que é a porção

sugerida como padrão pela ANVISA (BRASIL, 2003). Com essas características o produto

enquadra-se na categoria de iogurte alto teor proteico.

No tocante aos parâmetros pH e acidez titulável, os resultados foram

significativamente afetados pelos tratamentos. Menores valores de pH eram esperados para os

iogurtes com Lactobacillus helveticus, resultantes da ação acidificante desta cultura. Porém,

observa-se que o pH do iogurte com alto teor proteico e adicionado de Lactobacillus

helveticus não diferiu significativamente do controle, tornando evidente a influência da adição

de proteínas na manutenção do pH para este tipo de iogurte. Também eram esperados maiores

valores de acidez titulável para os tratamentos adicionados de caseinato de cálcio e

adicionados de Lactobacillus helveticus, o que se confirmou pela análise dos resultados.

O pH é a medida da concentração dos grupos H+ livres, enquanto a acidez

titulável engloba todos os componentes do leite que por meio da titulação liberam grupos H+

no meio (caseínas, compostos minerais e ácidos orgânicos formados pelo desenvolvimento

microbiano) (ALAIS, 1985). Desse modo, é visível que o efeito tamponante da adição de

proteína e o efeito acidificante da cultura adjunta se confundem.

4.4 Efeito do tempo de armazenamento refrigerado, do teor de proteína e do tipo de

cultura na pós-acidificação dos iogurtes

A Tabela 7 apresenta o efeito do teor de proteína, do tipo de cultura e do tempo de

armazenamento, bem como da interação desses fatores sobre o pH dos iogurtes. Observa-se

que cada um dos fatores, bem como a interação entre o tipo de cultura e o tempo, afetou

significativamente o pH durante o armazenamento refrigerado.

Page 44: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

44

Tabela 7 - Efeito do teor de proteína, tipo de cultura, tempo e da interação desses fatores sobre pH dos iogurtes

(ANOVA) (n = 3)

p-valor

Fator de variação GL pH

Teor de proteína* 1 0,0001

Tipo de cultura** 1 <0,0001

Tempo*** 4 <0,0001

Teor de proteína x Tempo 4 0,9648

Tipo de cultura x Tempo 4 0,0054

Teor de proteína x Tipo de cultura x Tempo 4 0,8768

* Teor de proteína representado pela adição ou não de caseinato de cálcio à mistura-controle

** Tipo de cultura representada pela adição ou não de Lactobacillus helveticus

*** Tempo representa os dias 1, 10, 20, 30 e 40 de armazenamento refrigerado

GL (Graus de Liberdade); p (probabilidade de significância ≤ 0,05)

No que diz respeito ao teor de proteína dos iogurtes, observa-se na Figura 4 que a

adição de caseinato de cálcio resultou em valores de pH significativamente mais elevados

quando comparado ao iogurte controle. Estudos apresentaram resultados similares ao

avaliarem a pós-acidificação em iogurtes adicionados de caseinato e concentrados de caseína

(UNAL et al. 2013; BONG et MORARU, 2014; AKALIN et al., 2012).

Figura 4 - Efeito do teor de proteína sobre a média do pH dos iogurtes não adicionados de caseinato de cálcio

(iogurte controle; iogurte controle com Lactobacillus helveticus) e adicionados de caseinato de cálcio (iogurte

com alto teor proteico; iogurte com alto teor proteico e Lactobacillus helveticus ) (n = 3)

a, b Letras minúsculas diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey (p < 0,05).

Page 45: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

45

A Figura 5 apresenta o efeito da interação entre o tipo de cultura e o tempo de

armazenamento no pH dos iogurtes:

Figura 5 - Efeito da interação entre o tipo de cultura e o tempo de armazenamento refrigerado sobre os valores de

pH (n = 3)

A,B Letras maiúsculas diferentes entre os tipos de cultura apresentam diferença significativa pelo teste de Tukey

para o mesmo período de armazenamento (p < 0,05).

a,b Letras minúsculas diferentes ao longo do tempo de armazenamento apresentam diferença significativa pelo

teste de Tukey (p < 0,05).

Observa-se que a adição de Lactobacillus helveticus resultou em maior pós-

acidificação dos iogurtes. Estudos que avaliaram a pós-acidificação em iogurtes adicionados

de Lactobacillus helveticus apresentaram resultados similares durante a estocagem refrigerada

dos produtos (NIELSEN et al., 2009; OTTE et al., 2011), devido a maior capacidade

acidificante deste microrganismo como já descrita anteriormente (GRIFFITHS & TELLEZ,

2013; TAVERNITI & GUGLIELMETTI, 2012; SHARPE & WHEATER, 1957). Ao final

dos 40 dias de armazenamento, verificou-se a redução de 0,4 unidades de pH para os iogurtes

adicionados de Lactobacillus helveticus, e de apenas 0,14 unidades de pH para os iogurtes

controle. Observa-se na Figura 6, que apresenta a correlação entre os valores de pH dos

iogurtes com apenas cultura láctica tradicional e dos iogurtes adicionados de Lactobacillus

helveticus, que a velocidade de pós-acidificação dos iogurtes com Lactobacillus helveticus foi

duas vezes maior comparado aos iogurtes contendo apenas a cultura láctica tradicional.

Page 46: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

46

Figura 6 - Correlação entre os valores de pH para as diferentes culturas lácticas

4.5 Efeito dos tratamentos e do tempo de armazenamento sobre a proteólise dos

iogurtes

A identificação dos perfis de degradação das diferentes caseínas foi realizada

comparando-se as eletroforeses das amostras de iogurte com dados da literatura referentes à

produtos lácteos fermentados (ORTEGA et al., 2002; OTTE et al., 1997) e com os padrões

Sigma-Aldrich Co., referentes à α, β e κ caseína.

Observa-se na Figura 7 um aumento na área dos picos nos tratamentos com alto

teor proteico quando comparados ao não adicionados de proteína para o mesmo volume de

amostra (100 μL). Assim, iogurtes com alto teor proteico, independentemente do tipo de

cultura láctica utilizada, apresentaram picos maiores no eletroferograma decorrentes da maior

quantidade de caseínas presentes nessas amostras devido a adição de caseinato de cálcio.

Nota-se também um perfil de hidrólise semelhante das amostras no início e no final do

período de armazenamento. Dessa forma, pode-se concluir que não há diferenças

consideráveis na proteólise durante a estocagem refrigerada de iogurtes.

Page 47: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

47

Figura 7 - Eletroferograma capilar das frações solúveis dos iogurtes controle adicionados ou não com

Lactobacillus helveticus (a) e iogurtes com alto teor proteico adicionados ou não com Lactobacillus helveticus

(b), após 1 e 40 dias de estocagem refrigerada.

Os resultados obtidos na análise das frações peptídicas solúveis dos iogurtes na

fase aquosa e etanol 70 % por MALDI-ToF são apresentados nas Figuras 8, 9, 10 e 11. A

partir do espectro total gerado, foram obtidas as intensidades relativas das frações peptídicas

nos dias 1, 10, 20, 30 e 40 de armazenamento (Tabelas 8, 9, 10 e 11). A identificação dos

peptídeos foi realizada por meio de comparações das razões massa/carga (m/z) com as razões

previamente identificadas na literatura em produtos lácteos fermentados (JIN et al., 2016;

Page 48: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

48

ONG et al., 2008; ADDEO et al., 1992; EBNER et al., 2015; GAGNAIRE et al., 2001;

BROADBENT et al., 1998; KUNDA et al., 2012).

Page 49: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

49

Figura 8 - Espectros de massas dos peptídeos do iogurte controle solúveis na fase aquosa e diluídas em etanol 70 % por MALDI-ToF

Page 50: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

50

Figura 9 - Espectros de massas dos peptídeos do iogurte controle com Lactobacillus helveticus solúveis na fase aquosa e diluídas em etanol 70 % por MALDI-ToF

Page 51: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

51

Figura 10 - Espectros de massas dos peptídeos do iogurte com alto teor proteico solúveis na fase aquosa e diluídas em etanol 70 % por MALDI-ToF..

Page 52: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

52

Figura 11 - Espectros de massas dos peptídeos do iogurte com alto teor proteico e Lactobacillus helveticus solúveis na fase aquosa e diluídas em etanol 70 % por MALDI-

ToF.

Page 53: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

53

Tabela 8 – Peptídeos (m/z) do iogurte controle solúveis na fase aquosa e etanol 70 % detectados por MALDI-ToF MS e reportados em intensidade relativa (intensidade

relativa média ± desvio padrão) ao longo da estocagem.

m/z Peptídeo Referência Dia 1 Dia 10 Dia 20 Dia 30 Dia 40

789 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 1,75 ± 9,57 0,20 ± 0,82

91 αS1-CN f(18–23) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 10,52 ± 16,12 5,09 ± 9,66 1,78 ± 4,69 2,28 ± 5,94

792 não-identificado - 20,60 ± 17,55 16,61 ± 21,09 13,93 ± 15,57 11,76 ± 11,40 9,31 ± 9,45

810 αS2-CN f(202–207) Jing et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,70 ± 1,43 1,13 ± 1,94 1,84 ± 2,38

853 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 1,10 ± 1,90

870 não-identificado - 0,00 ± 0,00 3,72 ± 4,31 3,95 ± 3,98 4,07 ± 3,74 5,08 ± 4,28

906 αS1-cn (f17-23) Alli et al. (1998) 0,00 ± 0,00 0,55 ± 1,69 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00

939 β-CN f(199-207) Liu (2017) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,25 ± 0,79 0,37 ± 0,96 0,67 ± 1,37

1053* αS1-CN f(24-32) Ong et al. (2008) 2,36 ± 4,75 13,96 ± 4,80 14,96 ± 5,35 20,26 ± 6,33 15,32 ± 7,39

1091 αS1-CN f(191-199) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,25 ± 0,77 0,56 ± 1,28 1,45 ± 1,97

1110* αS2-CN (81–89) Kunda et al. (2012) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,08 ± 0,45

1118 αS1-CN f(15-23) Soeryapranata (2004) 0,00 ± 0,00 2,72 ± 4,30 3,17 ± 4,15 1,97 ± 3,06 1,69 ± 2,38

1151* β-CN f(199-209) Addeo et al. (1992) 50,50 ± 25,33 82,87 ± 7,48 80,61 ± 11,16 81,70 ± 8,48 77,17 ± 16,88

1183 não-identificado - 0,00 ± 0,00 2,10 ± 3,08 4,05 ± 5,93 5,65 ± 6,93 8,33 ± 9,32

1189 não-identificado - 0,00 ± 0,00 2,16 ± 5,38 2,35 ± 4,00 2,48 ± 3,32 2,70 ± 2,91

1198 αS1-CN f(23–32) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,05 ± 0,27 0,00 ± 0,00 0,17 ± 0,67

1252 κ-CN f(44-54) Ebner et al. (2015) 72,31 ± 30,11 100,00 ± 0,00 98,21 ± 9,79 100,00 ± 0,00 97,97 ± 8,54

1279 αS2-CN f(141–150) Ebner et al. (2015) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,95 ± 1,75 1,20 ± 2,10 1,70 ± 2,48

1290 κ-CN f(125–137) Ebner et al. (2015) 0,00 ± 0,00 2,85 ± 5,64 2,66 ± 4,20 3,12 ± 3,66 3,15 ± 3,01

1311 β-CN f(46–56) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,26 ± 0,78 0,61 ± 1,39 1,36 ± 2,15

1330 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,06 ± 0,31 0,00 ± 0,00 0,19 ± 0,71

1394 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,65 ± 1,53 0,66 ± 1,51 2,14 ± 3,43 1,64 ± 2,12

Page 54: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

54

(continuação)

m/z Peptídeo Referência Dia 1 Dia 10 Dia 20 Dia 30 Dia 40

1536 αS1-CN f(1-13) Gouldsworthy et al. (1996) 0,30 ± 1,61 2,36 ± 2,79 3,30 ± 3,80 2,68 ± 2,82 4,47 ± 3,65

1614 α-La f(36–50) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00

1764 não-identificado - 14,42 ± 15,63 6,93 ± 8,81 1,90 ± 4,11 0,00 ± 0,00 0,57 ± 2,25

1877 αS1-CN f(1-16) Gagnaire et al. (2001) 35,97 ± 19,24 15,88 ± 8,21 11,96 ± 6,84 7,88 ± 5,10 7,56 ± 5,33

1881* β-CN f(193-209) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 2,40 ± 7,93

1991 αS1-CN f(1-17) Broadbent et al. (1998) 48,67 ± 24,85 20,31 ± 11,02 12,84 ± 9,39 12,00 ± 7,43 10,27 ± 8,00

1994 β-CN f(192–209) Ebner et al. (2015) 0,00 ± 0,00 1,32 ± 4,38 11,01 ± 15,75 13,36 ± 14,42 23,26 ± 29,76

2331 não-identificado - 20,69 ± 41,23 14,52 ± 25,23 10,53 ± 19,32 6,80 ± 14,12 12,06 ± 22,08

2332 não-identificado - 53,14 ± 44,24 11,35 ± 15,34 9,09 ± 18,59 7,82 ± 11,16 3,68 ± 4,85

2460 não-identificado - 3,60 ± 10,94 5,53 ± 10,51 4,40 ± 8,71 0,35 ± 1,92 4,21 ± 9,87

2461 β-CN f(168-189) Jin et al. (2016) 36,10 ± 24,60 6,61 ± 7,70 5,62 ± 7,97 5,11 ± 6,72 2,51 ± 3,68

(*) Peptídeos potencialmente bioativos identificados nos iogurtes e similares (m/z) aos reportados na literatura.

Page 55: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

55

Tabela 9 - Peptídeos (m/z) do iogurte controle com Lactobacillus helveticus solúveis na fase aquosa e etanol 70 % detectados por MALDI-ToF MS e reportados em

intensidade relativa (intensidade relativa média ± desvio padrão) ao longo da estocagem.

m/z Peptídeo Referência Dia 1 Dia 10 Dia 20 Dia 30 Dia 40

748* β-CN f(108-113) Pihlanto-Leppala (2000) 3,61 ± 5,30 3,50 ± 5,51 2,21 ± 4,38 1,91 ± 3,37 0,32 ± 1,32

789 não-identificado - 17,37 ± 13,93 7,36 ± 8,23 3,29 ± 5,49 0,93 ± 2,15 0,10 ± 0,56

791 αS1-CN f(18–23) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,09 ± 0,50 0,00 ± 0,00 0,23 ± 0,89

792 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,12 ± 0,64 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00

810 αS2-CN f(202–207) Jing et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,10 ± 0,57 0,45 ± 1,03 0,35 ± 1,06 0,11 ± 0,58

906 αS1-cn (f17-23) Alli et al. (1998) 1,86 ± 3,44 3,16 ± 3,75 2,42 ± 3,28 2,45 ± 3,31 1,40 ± 2,60

939 β-CN f(199-207) Liu (2017) 2,95 ± 3,98 10,27 ± 4,56 9,23 ± 6,77 8,64 ± 6,33 9,08 ± 5,86

955 αS1-CN f(27-151) Ahtesh (2016) 0,00 ± 0,00 2,40 ± 3,79 1,80 ± 3,06 3,12 ± 4,30 2,87 ± 3,79

978 αS2-CN f(174–181) Jing et al. (2016) 0,00 ± 0,00 11,04 ± 11,36 10,00 ± 11,39 19,60 ± 20,22 26,23 ± 29,86

1053* αS1-CN f(24-32) Ong et al. (2008) 75,65 ± 20,19 93,05 ± 25,32 86,67 ± 34,57 73,02 ± 44,80 88,62 ± 24,62

1091 αS1-CN f(191-199) Jin et al. (2016) 1,31 ± 2,99 3,89 ± 3,56 3,00 ± 3,11 4,41 ± 4,37 6,40 ± 4,67

1110* αS2-CN f(81–89) Kunda et al. (2012) 0,00 ± 0,00 8,17 ± 5,19 6,38 ± 6,22 10,93 ± 11,28 18,24 ± 15,36

1127 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,16 ± 0,87 0,35 ± 1,32 1,38 ± 2,89 1,59 ± 2,92

1135 κ-CN f(24-32) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 1,94 ± 2,92 1,46 ± 2,40 2,02 ± 3,15 1,40 ± 2,69

1165 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,12 ± 0,65 0,00 ± 0,00 0,57 ± 1,73 0,30 ± 1,14

1183 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,63 ± 1,66 0,85 ± 1,81 0,15 ± 0,83 0,29 ± 1,09

1198 αS1-CN f(23–32) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,11 ± 0,58 0,00 ± 0,00 0,12 ± 0,63

1252 κ-CN f(44-54) Ebner et al. (2015) 35,22 ± 16,94 16,38 ± 8,10 14,00 ± 7,24 14,47 ± 6,46 13,10 ± 8,45

1259 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,15 ± 0,80 0,40 ± 1,55

1269 κ-CN f(51-60) Alli et al. (1998) 0,00 ± 0,00 2,78 ± 4,17 2,61 ± 3,57 6,57 ± 8,51 9,61 ± 8,66

1330 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,11 ± 0,60 0,16 ± 0,85 0,16 ± 0,86

1394 não-identificado - 3,35 ± 4,24 3,14 ± 2,63 2,46 ± 2,75 0,65 ± 1,72 0,36 ± 1,11

Page 56: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

56

(continuação)

m/z Peptídeo Referência Dia 1 Dia 10 Dia 20 Dia 30 Dia 40

1485 αS1-CN f(180–193) Jin et al. (2016) 2,20 ± 4,07 3,45 ± 3,78 2,40 ± 3,33 2,23 ± 3,03 1,22 ± 2,65

1536 αS1-CN f(1-13) Gouldsworthy et al. (1996) 9,10 ± 5,78 5,06 ± 3,78 4,08 ± 3,70 6,73 ± 4,64 4,72 ± 4,55

1586 β-CN f(127-140) Liu (2017) 25,79 ± 4,74 34,41 ± 7,01 34,54 ± 7,20 43,74 ± 7,20 44,27 ± 13,48

1614 α-La f(36–50) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 1,37 ± 2,59 1,30 ± 2,10 2,63 ± 3,61 4,64 ± 4,38

1700 αS1-CN f(151–164) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,92 ± 2,11 1,22 ± 2,35 2,52 ± 3,49 2,52 ± 3,67

1718* β-CN f(194-209) Soeryapranata (2004) 0,00 ± 0,00 2,03 ± 2,99 1,44 ± 2,26 2,76 ± 4,07 5,09 ± 5,95

1761 não-identificado - 0,00 ± 0,00 1,83 ± 2,75 1,89 ± 2,48 3,28 ± 3,69 5,30 ± 5,08

1863 αS1-CN f(151–165) Jin et al. (2016) 0,55 ± 2,11 0,84 ± 1,93 0,61 ± 1,72 0,52 ± 1,61 0,47 ± 1,49

1877 αS1-CN f(1-16) Gagnaire et al. (2001) 99,97 ± 0,10 60,98 ± 23,60 56,70 ± 16,81 71,03 ± 21,85 66,04 ± 23,87

1881* β-CN f(193-209) Ong et al. (2008); Jin et al. (2016) 1,81 ± 4,77 8,48 ± 5,89 14,46 ± 12,53 31,33 ± 26,15 50,87 ± 35,65

1882 não-identificado - 5,67 ± 5,81 1,33 ± 3,68 0,60 ± 2,39 0,23 ± 1,28 0,00 ± 0,00

1915 αS1-CN f(180-196) Ahtesh (2016) 3,98 ± 5,01 2,39 ± 2,85 0,73 ± 1,96 4,26 ± 4,87 2,02 ± 4,16

1991 αS1-CN f(1-17) Broadbent et al. (1998) 12,56 ± 2,68 5,85 ± 5,24 6,63 ± 4,92 9,38 ± 4,00 10,25 ± 4,36

1994 β-CN f(192–209) Ebner et al. (2015) 2,36 ± 4,01 2,06 ± 2,83 4,03 ± 4,51 8,04 ± 5,97 14,25 ± 6,58

2107 β-CN f(191–209) Ebner et al. (2015) 5,07 ± 5,91 7,94 ± 8,39 15,82 ± 15,03 23,93 ± 18,80 38,91 ± 27,45

2120 αS1-CN f(1–18) Ebner et al. (2015) 0,00 ± 0,00 0,98 ± 2,24 1,15 ± 2,45 1,77 ± 3,02 1,78 ± 2,75

2201 β-CN f(125–143) Jin et al. (2016) 7,30 ± 5,31 3,48 ± 4,00 2,29 ± 3,25 4,65 ± 3,56 3,33 ± 3,40

2460 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,09 ± 0,50 0,00 ± 0,00 0,29 ± 1,11

2461 β-CN f(168-189) Jin et al. (2016) 0,46 ± 1,77 0,27 ± 1,02 0,00 ± 0,00 0,13 ± 0,72 0,09 ± 0,48

2481 não-identificado - 8,89 ± 5,99 0,25 ± 0,97 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00

2588 não-identificado - 8,76 ± 5,31 4,04 ± 3,07 1,88 ± 2,27 1,29 ± 2,28 0,94 ± 1,97

(*) Peptídeos potencialmente bioativos identificados nos iogurtes e similares (m/z) aos reportados na literatura.

Page 57: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

57

Tabela 10 - Peptídeos (m/z) do iogurte com alto teor proteico solúveis na fase aquosa e etanol 70 % detectados por MALDI-ToF MS e reportados em intensidade relativa

(intensidade relativa média ± desvio padrão) ao longo da estocagem.

m/z Peptídeo Referência Dia 1 Dia 10 Dia 20 Dia 30 Dia 40

789 não-identificado - 2,07 ± 11,36 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,17 ± 0,95

791 αS1-CN f(18–23) Jin et al. (2016) 6,45 ± 11,33 10,68 ± 13,73 6,28 ± 9,64 6,92 ± 10,30 8,96 ± 8,79

792 não-identificado - 5,72 ± 7,65 8,95 ± 9,38 7,99 ± 8,64 7,60 ± 6,59 4,57 ± 5,78

810 αS2-CN f(202–207) Jing et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,07 ± 0,36 1,04 ± 1,40 2,33 ± 2,14 2,48 ± 3,34

853 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,53 ± 1,11 2,27 ± 2,10 2,75 ± 3,46

870 não-identificado - 2,74 ± 4,45 8,88 ± 6,20 12,33 ± 7,39 17,57 ± 5,88 12,07 ± 10,81

939 β-CN f(199-207) Liu (2017) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,05 ± 0,29 0,20 ± 0,77 0,64 ± 1,31

955 αS1-CN f(27-151) Ahtesh (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,56 ± 1,29

1053* αS1-CN f(24-32) Ong et al. (2008) 2,44 ± 3,63 12,37 ± 3,58 14,47 ± 3,57 16,02 ± 4,57 18,03 ± 7,89

1091 αS1-CN f(191-199) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,62 ± 1,28 2,10 ± 1,90 3,27 ± 3,88

1118 αS1-CN f(15-23) Soeryapranata (2004) 0,00 ± 0,00 5,66 ± 5,25 3,27 ± 3,25 3,01 ± 2,88 4,49 ± 2,29

1151* β-CN f(199-209) Addeo et al. (1992) 36,45 ± 26,93 77,15 ± 8,33 83,04 ± 6,54 83,45 ± 6,18 84,75 ± 7,61

1183 não-identificado - 0,53 ± 1,61 7,17 ± 8,80 11,34 ± 11,35 19,85 ± 16,85 27,64 ± 25,62

1189 não-identificado - 0,42 ± 2,30 2,90 ± 3,19 2,83 ± 3,59 3,33 ± 2,65 5,32 ± 5,20

1198 αS1-CN f(23–32) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,72 ± 1,34 1,36 ± 1,71 2,09 ± 1,99

1252 κ-CN f(44-54) Ebner et al. (2015) 90,39 ± 15,78 100,00 ± 0,00 100,00 ± 0,00 100,00 ± 0,00 99,72 ± 1,36

1279 αS2-CN f(141–150) Ebner et al. (2015) 0,00 ± 0,00 1,56 ± 2,43 3,37 ± 3,61 4,40 ± 4,07 5,43 ± 4,69

1290 κ-CN f(125–137) Ebner et al. (2015) 1,38 ± 3,68 3,97 ± 3,49 3,34 ± 3,20 3,70 ± 2,74 5,94 ± 4,77

1311 β-CN f(46–56) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,32 ± 0,97 0,90 ± 1,87 3,10 ± 3,87 5,11 ± 7,43

1330 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,29 ± 0,90 1,06 ± 1,71 2,93 ± 2,74 5,59 ± 5,50

1394 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,44 ± 1,15 1,35 ± 2,46 1,60 ± 1,86 1,78 ± 2,43

Page 58: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

58

(continuação)

m/z Peptídeo Referência Dia 1 Dia 10 Dia 20 Dia 30 Dia 40

1536 αS1-CN f(1-13) Gouldsworthy et al. (1996) 3,51 ± 5,16 4,65 ± 3,98 7,86 ± 3,17 10,88 ± 4,05 12,28 ± 3,18

1764 não-identificado - 0,91 ± 2,08 0,27 ± 0,83 0,51 ± 1,27 1,07 ± 2,16 0,92 ± 1,90

1877 αS1-CN f(1-16) Gagnaire et al. (2001) 24,17 ± 17,44 13,36 ± 5,63 9,77 ± 4,91 10,13 ± 5,74 8,38 ± 4,08

1881* β-CN f(193-209) Ong et al. (2008); Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 1,11 ± 1,94

1882 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,06 ± 0,35 0,00 ± 0,00

1991 αS1-CN f(1-17) Broadbent et al. (1998) 44,21 ± 19,57 19,99 ± 7,49 16,96 ± 6,27 16,12 ± 9,38 16,74 ± 5,62

1994 β-CN f(192–209) Ebner et al. (2015) 0,00 ± 0,00 2,46 ± 4,31 4,19 ± 3,83 3,85 ± 3,57 6,42 ± 3,34

2331 não-identificado - 40,06 ± 44,25 17,15 ± 20,13 6,45 ± 8,96 5,58 ± 7,24 4,95 ± 6,49

2332 não-identificado - 2,43 ± 4,50 2,21 ± 4,04 2,76 ± 4,43 1,68 ± 1,89 1,18 ± 2,14

2460 não-identificado - 17,05 ± 20,69 5,73 ± 7,36 2,26 ± 3,72 3,07 ± 5,07 2,20 ± 3,28

2461 β-CN f(168-189) Jin et al. (2016) 3,48 ± 5,33 2,29 ± 3,26 2,13 ± 3,53 1,38 ± 2,08 1,02 ± 1,80

(*) Peptídeos potencialmente bioativos identificados nos iogurtes e similares (m/z) aos reportados na literatura.

Page 59: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

59

Tabela 11 - Peptídeos (m/z) do iogurte com alto teor proteico e Lactobacillus helveticus solúveis na fase aquosa e etanol 70 % detectados por MALDI-ToF MS e reportados

em intensidade relativa (intensidade relativa média ± desvio padrão) ao longo da estocagem.

m/z Peptídeo Referência Dia 1 Dia 10 Dia 20 Dia 30 Dia 40

748* β-CN f(108-113) Pihlanto-Leppala (2000) 12,01 ± 10,13 11,51 ± 11,34 7,35 ± 6,89 8,39 ± 7,30 8,33 ± 7,95

789 não-identificado - 4,93 ± 6,16 3,84 ± 5,04 0,64 ± 1,97 0,27 ± 1,46 1,52 ± 2,62

791 αS1-CN f(18–23) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,12 ± 0,63 0,00 ± 0,00 0,25 ± 0,97

792 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,33 ± 1,28

810 αS2-CN f(202–207) Jing et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,09 ± 0,47 0,00 ± 0,00 0,14 ± 0,77

906 αS1-cn (f17-23) Alli et al. (1998) 0,89 ± 2,09 2,25 ± 2,69 3,61 ± 3,54 4,39 ± 3,51 5,36 ± 4,44

939 β-CN f(199-207) Liu (2017) 3,31 ± 5,06 7,98 ± 2,68 9,53 ± 3,52 10,34 ± 2,51 9,48 ± 2,82

955 αS1-CN f(27-151) Ahtesh (2016) 2,02 ± 4,03 1,35 ± 2,30 8,54 ± 7,86 10,80 ± 9,40 13,09 ± 8,46

978 αS2-CN f(174–181) Jing et al. (2016) 3,35 ± 6,65 3,85 ± 2,95 18,72 ± 16,74 28,52 ± 22,32 33,67 ± 28,29

1053* αS1-CN f(24-32) Ong et al. (2008) 48,92 ± 25,99 79,43 ± 17,73 88,84 ± 13,14 86,14 ± 12,18 87,23 ± 15,27

1091 αS1-CN f(191-199) Jin et al. (2016) 1,63 ± 2,86 3,77 ± 4,02 6,42 ± 3,33 8,55 ± 3,57 8,90 ± 2,74

1110* αS2-CN (81–89) Kunda et al. (2012) 4,49 ± 6,99 9,44 ± 2,01 16,64 ± 8,15 18,76 ± 11,41 17,72 ± 13,21

1127 não-identificado - 0,32 ± 1,23 0,00 ± 0,00 2,66 ± 4,14 4,67 ± 5,64 6,36 ± 6,88

1135 κ-CN f(24-32) Jin et al. (2016) 1,43 ± 2,70 0,60 ± 1,55 3,17 ± 3,91 4,12 ± 4,11 4,47 ± 3,88

1151 β-CN f(199-209) Addeo (1992) 0,00 ± 0,00 0,32 ± 1,24 0,34 ± 1,30 0,16 ± 0,88 0,74 ± 1,93

1165 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,52 ± 1,97 2,99 ± 4,52 4,39 ± 4,44

1183 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,30 ± 1,13 0,64 ± 1,68 0,74 ± 1,79 0,57 ± 1,75

1252 κ-CN f(44-54) Ebner et al. (2015) 20,93 ± 7,27 25,03 ± 7,78 20,39 ± 5,94 20,45 ± 4,67 19,60 ± 5,23

1259 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 1,70 ± 3,15 8,35 ± 4,44

1269 κ-CN f(51-60) Alli et al. (1998) 1,97 ± 4,52 0,12 ± 0,67 11,53 ± 12,48 18,51 ± 16,54 22,80 ± 17,43

1330 não-identificado - 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,99 ± 2,29 3,39 ± 3,79 5,48 ± 3,91

1394 não-identificado - 1,23 ± 2,27 1,30 ± 2,25 0,46 ± 1,49 0,36 ± 1,11 0,00 ± 0,00

Page 60: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

60

(continuação)

m/z Peptídeo Referência Dia 1 Dia 10 Dia 20 Dia 30 Dia 40

1485 αS1-CN f(180–193) Jin et al. (2016) 1,10 ± 2,30 2,07 ± 3,15 1,48 ± 2,85 2,61 ± 3,63 1,32 ± 2,49

1536 αS1-CN f(1-13) Gouldsworthy et al. (1996) 16,33 ± 3,87 13,66 ± 4,21 14,69 ± 4,93 15,58 ± 4,50 15,02 ± 4,57

1586 β-CN f(127-140) Liu (2017) 15,77 ± 6,67 29,87 ± 11,49 47,61 ± 7,81 43,80 ± 13,52 49,35 ± 15,40

1614 α-La f(36–50) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 2,56 ± 3,73 3,73 ± 4,18 5,11 ± 4,19

1700 αS1-CN f(151–164) Jin et al. (2016) 0,00 ± 0,00 1,61 ± 2,51 3,81 ± 3,24 3,54 ± 3,74 4,26 ± 3,73

1718* β-CN f(194-209) Soeryapranata (2004) 2,08 ± 3,05 0,74 ± 1,93 3,26 ± 4,56 4,67 ± 5,47 4,38 ± 5,50

1761 não-identificado - 0,82 ± 2,15 0,00 ± 0,00 3,01 ± 3,74 4,52 ± 4,07 4,88 ± 4,17

1863 αS1-CN f(151–165) Jin et al. (2016) 2,12 ± 2,90 3,12 ± 3,02 3,29 ± 3,25 3,05 ± 3,23 3,32 ± 3,59

1877 αS1-CN f(1-16) Gagnaire et al. (2001) 97,07 ± 7,02 99,30 ± 2,23 93,96 ± 18,23 98,36 ± 4,08 90,97 ± 25,04

1881* β-CN f(193-209) Ong et al. (2008); Jin et al. (2016) 4,14 ± 7,78 2,51 ± 5,26 13,83 ± 11,44 24,79 ± 15,26 36,19 ± 20,52

1882 não-identificado - 0,52 ± 2,05 3,31 ± 3,89 1,50 ± 3,49 0,31 ± 1,70 1,70 ± 6,86

1915 αS1-CN f(180-196) Ahtesh (2016) 6,06 ± 3,82 6,80 ± 4,76 6,48 ± 6,50 9,49 ± 5,61 6,68 ± 4,21

1991 αS1-CN f(1-17) Broadbent et al. (1998) 11,23 ± 3,27 12,33 ± 2,86 12,64 ± 4,64 14,59 ± 3,22 12,75 ± 6,79

1994 β-CN f(192–209) Ebner et al. (2015) 1,12 ± 2,62 0,97 ± 3,02 5,06 ± 5,75 8,09 ± 8,11 11,30 ± 6,57

2107 β-CN f(191–209) Ebner et al. (2015) 5,47 ± 9,69 5,90 ± 6,44 10,51 ± 12,06 14,54 ± 20,49 18,37 ± 21,40

2120 αS1-CN f(1–18) Ebner et al. (2015) 0,47 ± 1,44 2,14 ± 2,67 2,97 ± 3,06 3,88 ± 3,25 3,76 ± 3,16

2201 β-CN f(125–143) Jin et al. (2016) 5,40 ± 3,92 4,22 ± 4,04 3,74 ± 3,60 3,75 ± 3,85 3,80 ± 3,67

2460 não-identificado - 0,14 ± 0,77 0,10 ± 0,56 0,24 ± 0,90 0,10 ± 0,54 0,21 ± 0,79

2461 β-CN f(168-189) Jin et al. (2016) 0,57 ± 1,49 0,11 ± 0,58 0,08 ± 0,41 0,08 ± 0,46 0,00 ± 0,00

2481 não-identificado - 0,34 ± 1,33 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00

2588 não-identificado - 4,59 ± 2,91 5,48 ± 3,26 4,40 ± 2,46 3,14 ± 2,51 2,14 ± 2,35

(*) Peptídeos potencialmente bioativos identificados nos iogurtes e similares (m/z) aos reportados na literatura.

Page 61: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

61

A análise dos peptídeos dos iogurtes solúveis na fase aquosa e etanol 70 %

resultou na detecção de 54 picos nos quatro tratamentos ao longo de 40 dias de

armazenamento. No iogurte controle e controle com Lactobacillus helveticus foram

detectados 33 e 43 peptídeos, dos quais 21 e 30 foram identificados, respectivamente (Tabelas

8 e 9). Similarmente, nos iogurtes com alto teor proteico e alto teor proteico com

Lactobacillus helveticus foram detectados 32 e 44 peptídeos, dos quais 19 e 30 foram

identificados (Tabelas 10 e 11).

O peptídeo de m/z 1252 [κ-CN f(44-54)] apresentou maior intensidade relativa em

todos os tempos analisados para os iogurtes controle e de alto teor proteico (Tabelas 8 e 10),

sendo então utilizado como referência para o cálculo da intensidade relativa dos outros

peptídeos. Por outro lado, os peptídeos de m/z 1053 [αS1-CN f(24-32)] e 1877 [αS1-CN f(1-

16)] foram tomados como referência para o iogurte controle com Lactobacillus helveticus e

para o iogurte com alto teor proteico e Lactobacillus helveticus, respectivamente (Tabelas 9 e

11).

O perfil proteolítico do iogurte controle foi semelhante ao de alto teor proteico,

sendo que estes foram os únicos a apresentar os peptídeos de m/z 1118 [αS1-CN f(15-23)],

1279 [αS2-CN f(141–150)] e 1311 [β-CN f(46–56)] e os peptídeos não identificados de m/z

853, 870, 1189, 1764, 2331 e 2332. Por outro lado, a adição do Lactobacillus helveticus

favoreceu a formação dos peptídeos de m/z 748 [β-CN f(108-113)], 978 [αS2-CN f(174–181)],

1135 [κ-CN f(24-32)], 1269 [κ-CN f(51-60)], 1485 [αS1-CN f(180–193)], 1586 [β-CN f(127-

140)], 1700 [αS1-CN f(151–164)], 1718 [β-CN f(194-209)], 1863 [αS1-CN f(151–165)], 1915

[αS1-CN f(180-196)], 2107 [β-CN f(191–209), 2120 [αS1-CN f(1–18)], 2201 [β-CN f(125–

143)]. Não foram identificados os peptídeos de m/z 1127, 1165, 1259, 1761, 2481 e 2588,

presentes unicamente nos iogurtes adicionados de Lactobacillus helveticus.

A análise discriminante pelo método de quadrados mínimos parciais (PLS-DA)

para cada tratamento ao longo do período de estocagem foi realizada com o intuito de avaliar

a separação entre as amostras de iogurte. Além disso, o método evidencia a segregação dos

peptídeos mais importantes através dos gráficos de escores VIP. A análise entre os diferentes

tipos de iogurte durante o tempo de armazenamento refrigerado foi baseada nas duas

primeiras PCs, explicadas por uma variância total de dados de 57,6 %, 43,8 %, 61 % e 46,9

%, como exposto na Figura 12 abaixo.

Page 62: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

62

Page 63: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

63

Figura 12 - Análise discriminante pelo método de quadrados mínimos parciais (PLS-DA). Gráficos de escores

dos iogurtes controle (a), iogurtes controle e Lactobacillus helveticus (c), iogurtes com alto teor proteico (e),

iogurtes com alto teor proteico e Lactobacillus helveticus (g); gráficos de pesos dos iogurtes controle (b),

iogurtes controle e Lactobacillus helveticus (d), iogurtes com alto teor proteico (f), iogurtes com alto teor

proteico e Lactobacillus helveticus (h). (•) 1 dia; (•) 10 dias; (•) 20 dias; (•) 30 dias; (•) 40 dias.

Page 64: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

64

Segundo os gráficos de pesos da Figura 12, as variáveis de maior peso negativo

foram iguais para os iogurtes adicionados de Lactobacillus helveticus, enquanto as variáveis

de maior peso positivo foram as mesmas para os iogurtes controle e alto teor proteico (não

adicionadas de Lactobacillus helveticus) ao longo do tempo. Para o iogurte controle, controle

com Lactobacillus helveticus, alto teor proteico e alto teor proteico com Lactobacillus

helveticus, as variáveis de maior peso negativo (à esquerda) em PC 1 e relacionadas ao

primeiro dia de estocagem foram os peptídeos de m/z 1991 [αS1-CN f(1-17)], 1877 [αS1-CN

f(1-16)], 2331 (não identificado) e 1877 [αS1-CN f(1-16)], respectivamente. Por outro lado, as

variáveis de maior peso positivo (à direita) em PC1 e mais correlacionadas ao dia 40 foram os

peptídeos de m/z 1151 [β-CN f(199-209)] para os iogurtes controle e alto teor proteico,

enquanto para o iogurte controle com Lactobacillus helveticus foi o de m/z 1881 [β-CN f(193-

209)] e para o alto teor proteico com Lactobacillus helveticus foi o de m/z 978 [αS2-CN f(174–

181)].

As frações peptídicas mais importantes para a separação dos diferentes

tratamentos foram selecionadas de acordo com o critério de seleção dos valores de escore VIP

(>1), apresentados na Figura 13. De forma geral, pode-se observar em todos os tratamentos a

alta intensidade relativa das frações derivadas da αS1-CN f(1-23) nos primeiros dias de

armazenamento, como por exemplo os peptídeos de m/z 1536 [αS1-CN f(1-13)], 1877 [αS1-CN

f(1-16)] e 1991 [αS1-CN f(1-17)]. Esse evento decorre possivelmente da ação inicial das

proteinases nativas presentes no leite (catepsinas D e G), que podem apresentar atividade após

sofrer tratamento térmico (HAYES et al., 2001), e clivam as ligações Phe23-Phe24 da αS1-

caseína originando a fração αS1-CN f(1-23) (CONSIDINE et al., 2002). Esta fração, por sua

vez, servirá posteriormente como substrato para proteinases associadas à membrana celular e

peptidases da cultura ácido láctica e da cultura adjunta e, originando os peptídeos de tamanho

intermediário derivados da fração αS1-CN f(1-23) (CHRISTENSEN et al., 1999).

Observa-se na Figura 13 (b e d) que o peptídeo de m/z 1881 [β-CN f(193-209)],

mostrou-se importante na separação das amostras dos iogurtes adicionados de Lactobacillus

helveticus ao longo do tempo. Este peptídeo se forma em maior quantidade, possivelmente

pela ação de aminopeptidases desta cultura adjunta que utilizam como substrato resíduos com

aminoácidos hidrofóbicos, neste caso clivando o sítio Leu192-Leu193 da sequência da primária

da β-caseína (FENSTER, et al. 1997).

As cepas de Lactobacillus helveticus apresentam um complexo sistema

proteolítico composto por proteinases e peptidases. Durante a fermentação do leite apenas

Page 65: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

65

1 - 2 % das proteínas do leite, principalmente as caseínas, são proteolisadas (KHALID et al,

1991). A hidrólise da caseína é iniciada pelas proteinases da membrana celular das bactérias

ácido lácticas, originando oligopeptídeos. A maioria das bactérias ácido lácticas apresentam

apenas uma proteinase da membrana celular, enquanto foi reportado que Lactobacillus

helveticus apresenta ao mínimo duas destas proteinases, evidenciando assim a ação

proteolítica dessa cultura (GILBERT et al., 1997).

Page 66: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

66

Figura 13 – Peptídeos importantes identificados por PLS-DA para os iogurtes controle (a), iogurtes controle com

Lactobacillus helveticus (b), iogurtes com alto teor proteico (c), iogurtes com alto teor proteico e Lactobacillus

helveticus (d). As caixas coloridas à direita indicam as concentrações relativas dos correspondentes metabólitos

em cada grupo em estudo. VIP score > 1 é considerado estatisticamente significante.

(*) Peptídeos potencialmente bioativos identificados nos iogurtes e similares (m/z) aos reportados na literatura

Page 67: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

67

Dentre os peptídeos identificados, seis frações apresentam atividade inibidora de

ECA relatada anteriormente na literatura: os de m/z 748 [β-CN f(108-113)] (PIHLANTO-

LEPPALA, 1998); m/z 1053 [αS1-CN f(24-32)] (ONG et al., 2008); m/z 1110 [αS2-CN (81–

89)] (MURRAY & FITZGERALD, 2007); m/z 1151 [β-CN f(199-209)] (HA et al., 2015); m/z

1718 [β-CN f(194-209)] (STEPANIAK et al., 2001); m/z 1881 [β-CN f(193-209)]

(BIRKEMO et al., 2009). Entretanto, somente três deles foram significativos para a

separação, ou seja, apresentaram valores de escore VIP >1. São os de m/z 1053 [αS1-CN f(24-

32)], 1151 [β-CN f(199-209)] e 1881 [β-CN f(193-209)], cujas intensidades relativas ao longo

do tempo para os diferentes tratamentos são apresentadas na Figura 14.

Figura 14 – Intensidades relativas (%) dos peptídeos bioativos m/z 1053 [αS1-CN f(24-32)], 1151 [β-CN f(199-

209)] e 1881 [β-CN f(193-209)] ao longo dos 40 dias de armazenamento. (a) iogurte controle; (b) iogurte

controle com Lactobacillus helveticus; (c) iogurte com alto teor proteico; (d) iogurte com alto teor proteico e

Lactobacillus helveticus.

Page 68: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

68

Nota-se que os peptídeos com potencial anti-hipertensivo de m/z 1053 [αS1-CN

f(24-32)] e 1881 [β-CN f(193-209)] estão presentes com maiores intensidades relativas nos

iogurtes contendo Lactobacillus helveticus e aumentaram relativamente ao longo do tempo de

armazenamento. De outra forma, o peptídeo de m/z 1151 [β-CN f(199-209)] mostrou-se

presente com maior intensidade relativa nos iogurtes controle e alto teor proteico, aumentando

após o primeiro dia de fabricação.

É importante ressaltar que os peptídeos reconhecidos como bioativos por sua

atividade inibidora de ECA e não significativamente importantes na separação do perfil de

peptídeos (valores de escore VIP <1), ou seja, os de m/z 748 [β-CN f(108-113)], m/z 1110

[αS2-CN (81–89)] e m/z 1718 [β-CN f(194-209)], estão presentes exclusivamente nos iogurtes

adicionados de Lactobacillus helveticus, independente do teor proteico. Suas intensidades

relativas ao longo dos 40 dias de armazenamento são apresentadas na Figura 15. Embora

esses peptídeos não sejam importantes na separação do perfil de peptídeos, não é possível

afirmar que não apresentem bioatividade quando avaliados em estudos in vivo. Estes

resultados indicam que a adição do Lactobacillus helveticus favoreceu, no geral, a formação

dos peptídeos bioativos em iogurtes e justificam a continuação de estudos que avaliem o

potencial bioativo in vitro e a bioatividade in vivo.

Figura 15 - Intensidades relativas (%) dos peptídeos bioativos m/z 748 [β-CN f(108-113)], 1110 [αS2-CN (81–

89)] e 1718 [β-CN f(194-209)] ao longo dos 40 dias de armazenamento. (a) iogurte controle com Lactobacillus

helveticus; (b) iogurte com alto teor proteico e Lactobacillus helveticus.

As especificidades dos sítios de clivagem das proteinases da membrana celular e

das peptidases podem diferir muito de uma cepa para outra de Lactobacillus helveticus. No

entanto, de forma geral, podem clivar de maneira mais eficiente as caseínas β e αS1, e em

menor extensão as caseínas αS2 e κ (SADAT-MEKMENE, 2011). Nota-se, por exemplo, que

Page 69: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

69

cinco dos seis peptídeos identificados anteriormente como bioativos (Figuras 14 e 15) são

provenientes da β e αS1 caseína, provavelmente pela preferência das proteinases do

Lactobacillus helveticus por tais frações proteicas do leite. Além disso, peptidases não

mutantes, presentes em cepas de Lactobacillus helveticus, estão relacionadas à maior

produção de peptídeos com atividade inibitória de ECA (KILPI et al., 2007).

É válido ressaltar também a importância da sequência específica de aminoácidos

dos peptídeos na inibição da ECA. Frações peptídicas que apresentem em sua sequência um

resíduo aromático na posição C-terminal são indicadas como melhores inibidores de ECA

comparadas aquelas que não o possuam (PIHLANTO-LEPPALA et al., 2000). A inibição da

enzima seria seletiva à posição COOH-terminal em relação aos dois últimos aminácidos

presentes nas sequências dos substratos inibidores, sendo preferidos os resíduos alifáticos,

básicos e aromáticos na penúltima posição e resíduos prolina, aromáticos e alifáticos na

última posição. O peptídeo de m/z 1110 [αS2-CN (81–89)] representado pela sequência

ALNEINQFY e presente nos iogurtes adicionados de Lactobacillus helveticus, possui ao final

de sua sequência dois aminoácidos aromáticos (fenilalanina e tirosina), o que possivelmente

resultaria em sua ação inibidora da ECA (TAUZIN et al., 2002). O mesmo pode ser

considerado em relação ao peptídeo de m/z 1881 [β-CN f(193-209)], representado pela

sequência YQEPVLGPVRGPFPIIV e também presente em maior intensidade relativa nos

iogurtes adicionados de Lactobacillus helveticus, cujos dois últimos aminoácidos da

sequência são alifáticos (isoleucina e valina) (ONG & SHAH, 2008).

Nos gráficos de escores da Figura 12 que apresenta a análise PLS-DA, observa-se

uma clara separação do perfil de peptídeos das amostras presentes após 1 e 40 dias de

armazenamento sob refrigeração. Porém, não se observou separação para os tempos

intermediários, ou seja, após 10, 20 e 30 dias de armazenamento. Assim, na tentativa de tornar

mais clara a avaliação do perfil de peptídeos frente aos diferentes tratamentos, optou-se por

avaliar o perfil de peptídeos ao longo do tempo utilizando novamente a PLS-DA nos dias 1,

20 e 40. A avaliação foi baseada nas duas primeiras PCs, explicadas por uma variância total

de dados de 62,1 %, 66,4 % e 63,5 %, representadas na Figura 16.

Durante o período de estocagem, nota-se clara separação entre os grupos de

peptídeos dos iogurtes adicionados ou não de Lactobacillus helveticus, e a pouca influência

do teor proteico na separação das amostras. Observa-se que as variáveis de maior peso

positivo para a separação das amostras a direita do gráfico de escores (Figura 16) foram os

peptídeos de m/z 1877 [αS1-CN f(1-16)] e 1053 [αS1-CN f(24-32)], considerado bioativo, e

Page 70: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

70

relacionados às amostras adicionadas de Lactobacillus helveticus. Por outro lado, as variáveis

de maior peso negativo relacionadas às amostras sem adição de Lactobacillus helveticus

foram os peptídeos de m/z 1252 [κ-CN f(44-54)] e 1151 [β-CN f(199-209], este também

considerado bioativo. Este perfil foi mantido ao longo do tempo de estocagem. Os gráficos de

escores VIP apresentados pela Figura 17 evidenciam os peptídeos mais importantes para a

separação das amostras nos dias 1, 20 e 40.

Page 71: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

71

Figura 16 - Análise discriminante pelo método de quadrados mínimos parciais (PLS-DA). Gráficos de escores

dos iogurtes com 1 dia (a), 20 dias (c) e 40 dias de estocagem refrigerada (e); gráficos dos pesos dos iogurtes

com 1 dia (b), 20 dias (d) e 40 dias de estocagem refrigerada (f) (•) iogurte controle (C); (•) iogurte controle com

Lactobacillus helveticus (CLh); (•) iogurte com alto teor proteico (Ca); (•) iogurte com alto teor proteico e

Lactobacillus helveticus (CaLh).

Page 72: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

72

Figura 17 - Peptídeos importantes identificados por PLS-DA para os iogurtes com 1 dia (a), com 20 dias (b) e

com 40 dias de estocagem (c). As caixas coloridas à direita indicam as concentrações relativas dos

correspondentes metabólitos em cada grupo em estudo. VIP score > 1 é considerado estatisticamente

significante. Iogurte controle (C); iogurte controle e Lactobacillus helveticus (CLh); iogurte com alto teor

proteico (Ca); iogurte com alto teor proteico e Lactobacillus helveticus (CaLh).

(*) Peptídeos potencialmente bioativos identificados nos iogurtes e similares (m/z) aos reportados na literatura

Page 73: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

73

Ao longo de todo o período de armazenamento, os peptídeo de m/z 1536 [αS1-CN

f(1-13)] e 1877 [αS1-CN f(1-16)] estiveram presentes com maior intensidade relativa nos

iogurtes adicionados de Lactobacillus helveticus. A maior presença desses peptídeos em tais

tratamentos decorre possivelmente do fato do Lactobacillus helveticus apresentar proteinases

associadas à membrana celular e endopeptidases que clivam a fração αS1-CN f(1-23),

originando a partir desta fração outras sequências menores de peptídeos em maior quantidade

(SOERYAPRANATA et al., 2008).

Por outro lado, os peptídeos de m/z 1151 [β-CN f(199-209)], 1252 [κ-CN f(44-

54)] e 2461 [β-CN f(168-189)] mostraram-se mais presentes nos iogurtes controle e de alto

teor proteico, tornando-se importantes na separação das amostras entre os tratamentos. As

proteinases e peptidases do Lactobacillus helveticus, além de hidrolisar as caseínas β e αS1,

são também capazes de hidrolisar frações de αS2 e κ caseína, como anteriormente discutido.

Assim, o peptídeo 1252 [κ-CN f(44-54)] está em menor intensidade relativa nos iogurtes

adicionados de Lactobacillus helveticus possivelmente por ser hidrolisado pelo sistema

proteolítico desta cultura adjunta. Os peptídeos de m/z 1053 [αS1-CN f(24-32)] e 1151 [β-CN

f(199-209)], identificados como bioativos, foram importantes na separação das amostras em

todos os dias avaliados nos gráficos escores VIP (Figura 17).

4.6 Análise sensorial

4.6.1 Perfil Flash

Na primeira sessão da análise sensorial de Perfil Flash com a finalidade de

levantar atributos, os 10 provadores utilizaram diferentes termos segundo aparência, textura,

aroma e sabor. Para a descrição das amostras de iogurte de alto teor proteico sem

Lactobacillus helveticus (A), sem Lactobacillus helveticus e com açúcar (B), sem

Lactobacillus helveticus e com adoçante (C), com Lactobacillus helveticus (D), com

Lactobacillus helveticus e com açúcar (E) e com Lactobacillus helveticus e com adoçante (F),

o número de atributos descritos pelos participantes variou entre quatro e nove, com uma

média de seis termos para cada avaliador e um total de 27 atributos (Figura 18).

Page 74: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

74

Figura 18 - Frequência de citação de cada atributo pelos avaliadores (n = 10)

Na Figura 19, observa-se o agrupamento dos dados coletados na análise sensorial

de Perfil Flash. Houve pouca dispersão dos resultados e boa repetibilidade dos provadores,

existindo uma clara diferenciação entre os iogurtes A e D (não adoçados) do restante dos

grupos. Nota-se também que os iogurtes C e F (ambos com adoçante), assim como B e E

(ambos com açúcar), estão embaralhados e deixam claro a influência do tipo de dulçor

utilizado na separação dos grupos.

A lista dos atributos levantados aproximou-se da linguagem do consumidor, bem

como as correlações dos termos com as dimensões 1 e 2 (Tabela 1 do Anexo 1). Como

critério de escolha dos termos mais relevantes para descrição da amostra, optou-se por utilizar

atributos coincidentes entre vários provadores e com correlação, em módulo, para cada

provador superior ou igual a 0,5 (TERHAAG & BENASSI, 2011). Os termos mais citados

foram gosto doce (correlação negativa em D1), gosto ácido/azedo (correlação positiva em

D1), textura arenosa (correlação negativa em D1 e correlação positiva em D2) e aroma

característico correlação negativa em D1 e correlação positiva em D2). As correlações dos

termos com as dimensões podem ser observadas na Figura 20.

Page 75: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

75

Figura 19 - Agrupamento e dispersão dos dados obtidos através da técnica de perfil Flash para as 6 amostras de

iogurte de alto teor proteico. A: iogurte não adoçado e sem Lactobacillus helveticus; B: iogurte com açúcar e

sem Lactobacillus helveticus; C: iogurte com sucralose e sem Lactobacillus helveticus; D: iogurte não adoçado e

com Lactobacillus helveticus; E: iogurte com açúcar e Lactobacillus helveticus; F: iogurte com sucralose e

Lactobacillus helveticus

Figura 20 – Gráfico com os atributos descritos pelos avaliadores (n=10) na avaliação dos iogurtes com alto teor

proteico no Perfil Flash

Page 76: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

76

O iogurte com alto teor proteico com adoçante e sem Lactobacillus helveticus (C)

foi caracterizado como sendo o de maior intensidade de doçura, residual doce, sabor e aroma

característicos. Por outro lado, os iogurtes sem Lactobacillus helveticus (A) e com

Lactobacillus helveticus (D) foram melhor descritos pelos atributos gosto ácido/azedo, brilho,

sem sabor, aroma ácido/azedo e gosto amargo (Tabela 1 do Anexo 1). Este último atributo

correlacionou-se mais com o iogurte D, possivelmente pela maior concentração do peptídeo

de m/z 1881 [β-CN f(193-209)] nos produtos adicionados de Lactobacillus helveticus

(Tabelas 9 e 11). Este peptídeo, composto por 17 aminoácidos dos quais 13 são hidrofóbicos,

seria responsável por atribuir gosto amargo quando presente (SOERYAPRANATA et al.,

2002).

Os iogurtes com açúcar e Lactobacillus helveticus (E) e com adoçante e

Lactobacillus helveticus (F) foram melhor representados no eixo D2, sendo caracterizados por

apresentarem sinérese e textura arenosa (F) e aroma característico e aparência cerosa (E). O

iogurte com açúcar e sem Lactobacillus helveticus (B), por não estar representado nessas

dimensões (Figura 19), não foi relacionado especificamente com algum atributo de maior

peso na avaliação sensorial.

Os dados obtidos geraram um total de cinco dimensões, das quais as três primeiras

explicavam 89,57 % do total de dados (Tabela 12). O comportamento da equipe foi analisado

empregando-se as duas primeiras dimensões, uma vez que a terceira dimensão não alterou o

perfil de diferenciação entre as amostras nem auxiliou na explanação e discussão dos dados.

Tabela 12 - Explicação (%) da solução multidimensional para o Perfil Flash

D1 D2

Autovalor 8,08 1,93

Variabilidade (%) 62,39 14,89

% Acumulada 62,39 77,29

A Figura 21 representa a diferenciação dos diferentes tipos de iogurtes no espaço

bidimensional. Com exceção da amostra de iogurte de alto teor proteico sem Lactobacillus

helveticus e com açúcar (B), as amostras mostraram-se bem discriminadas nos eixos 1 e 2. A

variância residual dos julgadores na solução bidimensional variou de 14 % a 27 %, conforme

a Figura 22. Valores similares de variância residual dos provadores foram relatados por

Lachinit et al. (2003) para bebidas carbonatadas à base de suco de laranja.

Page 77: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

77

Figura 21 - Configuração do consenso das amostras de iogurte de alto teor proteico nas dimensões D1 e D2. A:

iogurte não adoçado e sem Lactobacillus helveticus; B: iogurte com açúcar e sem Lactobacillus helveticus; C:

iogurte com sucralose e sem Lactobacillus helveticus; D: iogurte não adoçado e com Lactobacillus helveticus; E:

iogurte com açúcar e Lactobacillus helveticus; F: iogurte com sucralose e Lactobacillus helveticus

Figura 22 - Distribuição da variância residual dos provadores na solução bidimensional.

4.6.2 CATA (Check-all-that-apply)

As mesmas amostras e atributos levantados no Perfil Flash foram utilizados na

técnica CATA. Diferenças significativas nas frequências dos termos descritos foram

verificadas para 13 termos (p > 0,05) de acordo com Teste Q de Cochran, sugerindo que os

Page 78: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

78

consumidores foram capazes de discriminar as amostras (Tabela 2 do Anexo 1). Os atributos

significativamente diferentes foram: aroma doce, cor branca, aparência cremosa, gosto

adstringente, gosto amargo, gosto ácido, gosto azedo, gosto doce, sabor lácteo, sabor de papel,

sabor residual doce, textura grumosa e textura característica (Figura 23). O iogurte ideal foi

descrito como apresentando sabor e aroma característicos, cremosidade, aroma e sabor lácteo,

cor branca, brilho, firmeza e aparência lisa, em concordância com o estudo de Ares et al.

(2014).

A análise de correspondência pode ser aplicada aos coeficientes de correlação e os

resultados visualizados em um mapa bidimensional (Figura 23). As primeiras duas dimensões

explicam 92,8 % da variância total dos dados (Tabela 13). As outras quatro dimensões

forneceram 7,2 % de explicação dos dados, mas não apresentaram informações relevantes na

caracterização das amostras. Os atributos relacionados ao gosto (como doçura, sabor de papel

e gosto azedo) foram melhor representados na dimensão 2, enquanto as descrições

relacionadas à aparência, aroma e textura foram melhor descritas pela dimensão 1. Os iogurtes

A e D (não adoçados) se localizaram em valores positivos da dimensão 2 e negativos na

dimensão 1, sendo mais relacionados aos termos “gosto ácido”, “sem sabor”, “aroma

fermentado” e “gosto adstringente”. Por outro lado, os iogurtes C, E, F e B se localizaram no

centro do espaço amostral e próximos entre si, sendo melhor descritos pelos termos “textura

com grumos”, “aroma lácteo”, “sabor amanteigado” e mais próximos ao “gosto doce”. Nota-

se que o iogurte B foi descrito como o mais próximo ao ideal (Figura 23).

Tabela 13 - Explicação (%) da solução multidimensional para o CATA

D1 D2

Autovalores 0,10 0,05

Variabilidade (%) 58,66 34,12

% Acumulada 58,66 92,79

Page 79: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

79

Figura 23 - Representação das amostras de iogurte de alto teor proteico, do produto ideal e dos termos

significativos (p < 0,05) de acordo com Teste Q de Cochran e análise de correspondência, na solução

bidimensional na análise CATA. A: iogurte não adoçado e sem Lactobacillus helveticus; B: iogurte com açúcar e

sem Lactobacillus helveticus; C: iogurte com sucralose e sem Lactobacillus helveticus; D: iogurte não adoçado e

com Lactobacillus helveticus; E: iogurte com açúcar e Lactobacillus helveticus; F: iogurte com sucralose e

Lactobacillus helveticus

Page 80: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

80

5. Conclusão

O teor de proteína e o tipo de cultura afetaram significativamente (p < 0,05) o

tempo de fermentação dos iogurtes. No entanto, o tempo de fermentação do iogurte com alto

teor proteico, associado ao uso de Lactobacillus helveticus, foi o mesmo do iogurte controle

(180 minutos), configurando uma vantagem do ponto de vista tecnológico. A adição de

Lactobacillus helveticus promoveu a formação de peptídeos considerados bioativos e anti-

hipertensivos ao longo do tempo, enquanto o aumento do teor proteico pela adição de

caseinato de cálcio não influenciou a formação dos mesmos. Em relação à análise sensorial, o

iogurte com alto teor proteico adoçado com açúcar foi considerado pelos avaliadores como o

mais próximo ao iogurte ideal.

Page 81: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

81

6. Referênciаs

ADDEO, F.; CHIANESE, L.; SALZANO, A.; SACCHI, R.; CAPPUCIO, U.; FERRANTI,

P.; MALORNI, A. Characterization of the 12 % trichloroacetic acid-insoluble oligopeptides

of Parmegiano-Reggiano cheese. Journal of Dairy Research, v. 59, p. 401-411, 1992.

AHTESH, F. Anti-hypertensive (Angiotensin converting enzyme-inhibitory) peptides

released from milk proteins by proteolytic microorganisms and enzymes. 2016. 306 f. Tese

(Doutorado) - College of Health and Biomedicine, Victoria University, Melbourne, Australia.

2016.

AHTESH, F.; STOJANOVSKA, L.; SHAH, N.; MISHRA, V. K. Effect of flavourzyme on

angiotensin-converting enzyme inhibitory peptides formed in skim milk and whey protein

concentrate during fermentation by Lactobacillus helveticus. Journal of Food Science, vol.

81, n. 1, 2016.

AKALIN, A. S; UNAL, G., DINKCI, N.; HAYALOGLU, A. A. Microstructural, textural,

and sensory characteristics of probiotic yogurts fortified with sodium calcium caseinate or

whey protein concentrate. Journal of Dairy Science, v. 95, p.3617–3628, 2012.

ALAIS, C. Ciencia de la leche. Reverté, 1985, p. 873.

ALLIA, I.; OKONIEWSKAA, M.; GIBBSA, B. F.; KONISHIB, Y. Identification of Peptides

in Cheddar Cheese by Electrospray Ionization Mass Spectrometry. International Dairy

Journal, v. 8, p. 643-649, 1998.

ALOĞLU, H. S.; ÖNER, Z.; Determination of antioxidant activity of bioactive peptide

fractions obtained from yogurt. Journal of Dairy Science, vol. 94, p. 5305–5314, 2011.

ALVARADO, J. G. G.; ALMARAZ, D. R.; RIVERA, E. J. R. Physicochemical and sensory

quality of Manchego cheese type during ripening. Revista Científica UDO Agrícola, v. 12, p.

929-938, 2012.

ALVES, L. S.; MERHEB-DINI, C.; GOMES, E.; DA SILVA, R.; GIGANTE, M. L. Yield,

changes in proteolysis, and sensory quality of Prato cheese produced with different

coagulants. Journal of Dairy Science, v. 96, p. 7490-7499, 2013.

ANTUNES, A. R.; FARINÃ, L. O.; KOTTWITZ, M. K.; PASSOTTO, J. A.

Desenvolvimento e caracterização química e sensorial de iogurtes semidesnatado adicionado

de concentrado proteico de soro. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de

Fora, v. 70, n. 1, p. 44-54, 2015.

ARES, G.; DAUBER, C; FERNÁNDEZ, E; GIMÉNEZ, A; VARELA, P. Penalty analysis

based on CATA questions to identify drivers of liking and directions for product

reformulation. Food Quality and Preference, v. 32, p.65–76, 2014.

ARES, G.; GONÇALVEZ, D.; PÉREZ, C.; REOLÓN, G.; SEGURA, N.; LEMA, P.;

GÁMBARO, A. Influence of gelatin and starch on the instrumental and sensory texture of

stirred yogurt. International Journal of Dairy Technology, vol. 60, n. 4, 2007.

Page 82: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

82

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official Methods of Analysis of

AOAC International. Washington, 2012.

BIRKEMO, G. A.; O’SULLIVAN, O.; R.P. ROSS, R. P.; HILL, C.; Antimicrobial activity of

two peptides casecidin 15 and 17, found naturally in bovine colostrum. Journal of Applied

Microbiology, v. 106, p. 233-240, 2009.

BONG, D. D.; MORARU, C. I. Use of micellar casein concentrate for Greek-style yogurt

manufacturing: effects on processing and product properties. Journal of Dairy Science, v. 97,

p. 1259–1269, 2014.

BORGES, P. F. Z. ET AL. Pilot scale production of protein concentrates from cow’s milk:

composition and nutritive value. Brazilian Jounal of Food Technology, v. 4, p. 1-8, 2001.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 318 de 24 de novembro de

1995. Aprova o uso de sucralose com a função de edulcorante em alimentos e bebidas

dietéticas. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, n. 227, 25 de

novembro. 1995.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 12, 2 de janeiro de

2001, que aprova o Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos.

Diário Oficial da União: Brasília, Distrito Federal, 10 de janeiro. 2001.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 359, 23 de dezembro

de 2003. Regulamento Técnico de Porções de Alimentos Embalados para Fins de Rotulagem

Nutricional. Diário Oficial da União, 26 de dezembro. 2003.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução - RDC nº 54, 12 de novembro

de 2012, que aprova o Regulamento Técnico sobre Informação Nutricional Complementar.

Diário Oficial da União: Brasília, Distrito Federal, seção 1, p. 122, 13 de novembro. 2012.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria Nº 370, 4 de setembro de

1997, que aprova o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Leite UHT (UAT).

Diário Oficial da União: Brasília, 8 de setembro. 1997.

BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n° 46, de

23 de outubro de 2007, que ado a o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Leites

Fermentados. Diário Oficial da União: Brasília, seção 1, p. 524 de outubro. 2007.

BROADBENT, J. R.; CAI, J.; LARSEN, L.; HUGHES, J.; WELKER, D. L.; DE

CARVALHO, V. G.; TOMPKINS, T. A.; ARDÖ, Y.; VOGENSEN, F.; LORENTIIS, A.;

GATTI, M; E.; STEELE, J. L. Genetic diversity in proteolytic enzymes and amino acid

metabolism among Lactobacillus helveticus strains. Journal of Dairy Science, v. 94, p. 4313–

4328, 2011.

BROADBENT, J. R.; STRICKLAND, M. WEIMER, B. C.; JOHNSON, M. E.; STEELE, J.

L. Peptide accumulation and bitterness in cheddar cheese made using single-strain

Lactococcus lactis starters with distinct proteinase specificities. Journal of Dairy Science,

v.81, p. 327-337, 1998.

Page 83: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

83

BULDO, P.; BENFELDT, C.; FOLKENBERG, D. M.; JENSEN, H. B.; B, AMIGO, J. M.;

SIEUWERTS, S.; THYGESEN, K.; BERG, F.; IPSEN, R. The role of exopolysaccharide-

producing cultures and whey protein ingredients in yoghurt. Food Science and Technology, v.

72, p.189-198, 2016.

CHO, Y. C.; SHIN, S.; HONG, S.; KIM, C.; Production of functional high-protein beverage

fermented with lactic acid bacteria isolated from korean traditional fermented food korean.

Journal of Food Science, v. 35, n. 2, p. 189-196, 2015.

CHRISTENSEN, J. E.; DUDLEY, E. G.; PEDERSON, J. A.; STEELE, J.L. Peptidases and

amino acid catabolism in lactic acid bacteria. Antonie van Leeuwenhoek, v. 76, p. 217-246,

1999.

CONSIDINE, T.; GEARY, S.; KELLY, A.L; MCSWEENEY, P. L. H. Proteolytic specificity

of cathepsin G on bovine and 3-caseins. Food Chemistry, v. 76, p. 59-67, 2002.

COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de nutrientes. 5. ed. São Paulo, Manole, 2016, p.

4-9.

CROXATTO, A.; PROD’HOM, G.; GREUB, G. Applications of MALDI-TOF mass

spectrometry in clinical diagnostic microbiology. FEMS Microbiology Review, v. 36, p. 380-

407, 2012.

DAIROU, V.; SIEFFERMANN, J. M. A Comparison of 14 jams characterized by

conventional profile and a quick original method, the Flash Profile. Journal of Food Science,

v. 67, p. 826-834, 2002.

DAIRY REPORTER, 2015. Disponível em: http://www.dairyreporter.com/Manufacturers/

Irish-made-high-protein-Powerful-Yogurt-launching-in-UK-and-Ireland. Acesso em: 2 de

julho de 2016.

DALGLEISH, D. G.; SPAGNUOLO, P. A.; GOFF, H. D. A possible structure of the casein

micelle based on high-resolution field-emission scanning electron microscopy. International

Dairy Journal, v. 14, p. 1025-1031, 2004.

DAMIN, M.R.; ALCÂNTARA, M.R.; NUNES, A.P.; OLIVEIRA, M. N. Effects of milk

supplementation with skim milk powder, whey protein concentrate and sodium caseinate on

acidification kinetics, rheological properties and structure of nonfat stirred yogurt. Food

Science and Technology, v. 42, p. 1744–1750, 2009.

DANGIN, M.; GUILLET, C.; GARCIA-RODENAS, C.; GACHON, P.; BOUTELOUP-

DEMANGE, C.; REIFFERS-MAGNANI, K.; FAUQUANT, J.; BALLÈVRE, O.;

BEAUFRÈRE, B. The rate of protein digestion affects protein gain differently during aging in

humans. The Journal of Physiology, v. 549, p. 635-644, 2003.

DELARUE, J.; SIEFFERMAN, J. M. Sensory mapping using Flash profile. Comparison with

a conventional descriptive method for the evaluation of the flavour of fruit dairy products.

Food quality and preference, Massy, vol. 15, n. 4, p. 383 -392, 2004.

Page 84: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

84

DEVRIES, M. C.; PHILLIPS, S. M. Supplemental protein in support of muscle mass and

health: advantage whey. Journal of Food Science, v. 80, S1, 2015.

DOUGLAS, S. M.; ORTINAU, L.C; HOERTEL, H. A.; LEIDY, H. J. Low, moderate, or

high protein yogurt snacks on appetite control and subsequent eating in healthy women.

Appetite, v. 60 p. 117–12, 2013.

EBNER, J.; ARSLAN, A. A.; FEDOROVA, M.; C, HOFFMANN, R.; KÜÇÜKÇETIN, A.;

PISCHETSRIEDER, M. Peptide profiling of bovine kefir reveals 236 unique peptides

released from caseins during its production by starter culture or kefir grains. Journal of

Proteomics, v. 117, p. 41-57, 2015.

FENSTER, K. M.; PARKIN, K. L.; STEELE, J. Characterization of a thiol-dependent

endopeptidase from Lactobacillus helveticus CNRZ32. Journal of Bacteriology. v. 179, p.

2529-2533, 1997.

FITZGERALD, R. J.; MURRAY, B. A. Bioactive peptides and lactic fermentations.

International Journal of Dairy Technology, v. 59, p. 118 – 125, 2006.

FOOD INGREDIENTS BRASIL. Concentrado proteico de soro de leite 60% e 80%:

Benefícios em nutrição esportiva e suplemento para maior idade. Ed. 37 Março/Abril/Maio

2016, p. 26-28. Disponível em http://www.revista fi.com/edicoes/79/#p=7. Acesso em: 23 de

setembro de 2016.

FORBES, S. C.; LITTLE, J. P.; CANDOW, D. G.; Exercise and nutritional interventions for

improving aging muscle. Endocrine, v. 42, p. 29-38, 2012.

FORTINA, M. G.; NICASTRO, G.; CARMINATI, D.; NEVIANI, E.; MANACHINI, P. L.;

Lactobacillus helveticus heterogeneity in natural cheese starters: the diversity in phenotypic

characteristics. Journal of Applied Microbiology, v. 84, n. 1, p. 72-80, 1998.

FOX, P.F.; GUINEE, T.P.; COGAN, T.M.; MCSWEENEY, P.L.H. Fundamentals of cheese

science. Gaithersburg, AN Aspen Publication, 2000, p. 364.

FOX, P. F.; T. UNIACKE-LOWE, MCSWEENEY, P. L. H.; O’MAHONY, J.A. Dairy

chemistry and biochemistry. 2th. ed. Springer, 2015, p. 547.

FUGLSANG, A.; RATTRAY, A. F. P.; NILSSON, D.; NYBORG, N. C. B. Lactic acid

bacteria: inhibition of angiotensin converting enzyme in vitro and in vivo. Antonie van

Leeuwenhoek, v. 83, p. 27–34, 2003.

GAGNAIRE, V.; MOLLÉ, D.; HERROUIN, M.; LÉONIL, J. Peptides identified during

emmental cheese ripening: origin and proteolytic systems involved. Journal of Agriculture

and Food Chemistry, v. 49, p. 4402-4413, 2001.

GILBERT, C.; BLANC, B.; FROT-COUTAZ, J.; PORTALIER, R. Comparison of cell

surface proteinase activities within the Lactobacillus genus. Journal of Dairy Research, v. 64,

p. 561-57, 1997.

Page 85: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

85

GOBBETTI, M.; FERRANTI, P.; SMACCHI, E.; GOFFREDI, F.; ADDEO, F. Production of

angiotensin-I-converting-enzyme-inhibitory peptides in fermented milks atarted by

Lactobacillus delbrueckii subsp. bulgaricus SS1 and Lactococcus lactis subsp. cremoris FT4.

Applied and Environmental Microbiology, p. 3898-3904, 2000.

GOULDSWORTHY, A. M.; LEAVER, J.; & BANKS, J. M. Application of a mass

spectrometry sequencing technique for identifying peptides present in cheddar cheese.

International Dairy Journal, v. 6, p. 781-790, 1996.

GRIFFITHS, M. W.; TELLEZ, A. M. Lactobacillus helveticus: the proteolytic system.

Frontiers in microbiology, v. 4, 2013.

GROBBEN, G. J.; CHIN-JOE, I.; KITZEN, V.A.; BOELS, I.C; SIKKEMA, J.; SMITH,

M.R.; DE BONT, J.A.M. Enhancement of exopolysaccharide production by Lactobacillus

delbrueckii subsp. bulgaricus NCFB 2772 with a simplified defined medium. Applied and

Environmental Microbiology, v. 64, p. 1333, 1998.

GURSEL, A.; GURSOY, A.; ANLI, E. A. K. ; BUDAK, S. O. ; AYDEMIR, S.; DURLU-

OZKAYA, F. Role of milk protein–based products in some quality attributes of goat milk

yogurt. Journal of Dairy Science, v. 99, p. 2694–2703, 2016.

HA, G. E.; CHANG, O. K.; JO, S-M. Identification of antihypertensive peptides derived from

low molecular weight casein hydrolysates generated during fermentation by Bifidobacterium

longum KACC 91563. Korean Journal for Food Science of Animal Resources, v. 35, p. 738-

747, 2015.

HARTE, F.; LUEDECKE, L.; SWANSON, B.; BARBOSA-CANOVAS, G. V. Low-fat set

yogurt made from milk subjected to combinations of high hydrostatic pressure and thermal

processing. Journal of Dairy Science, v. 86, p. 1074, 2003.

HAYES, M. G.; HURLEY, M. J.; LARSEN, L. B.; HEEGAARD, C. W.; ABDALLAH A. A.

MAGBOUL, A. A. A.; OLIVEIRA, J. C.; PAUL L. H.; McSWEENEY, P. L. H.; KELLY, A.

L. Thermal inactivation kinetics of bovine cathepsin D. Journal of Dairy Research, v. 68, p.

267-276, 2001.

HERNÁNDEZ-LEDESMA, B.; CONTRERAS, M. M.; RECIO, I. Antihypertensive peptides:

production, bioavailability and incorporation into foods. Advances in Colloid and Interface

Science, v. 165, p. 23-25, 2011.

HERNÁNDEZ-LEDESMA, B.; MIRALLES, B.; AMIGO, L.; RAMOS, M.; RECIO, I.

Identification of antioxidant and ACE-inhibitory peptides in fermented milk. Journal of the

Science Food and Agriculture, v. 85, p. 1041–1048, 2005.

HORNE, D. S. Purification and properties of a milk-clotting enzymes produced by

Penicillium oxalicum. Bioresource Technology, v. 75, p. 219-222, 2000.

IBEAGHA–AWEMU, E. M.; LIU, J. R.; ZHAO, X. Bioactive components in yogurt

products. Wiley-Blackwell, 2009. p. 243.

Page 86: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

86

INELMEN, E. M; SERGI, G.; COIN, A.; MIOTTO, F.; PERUZZA, S.; ENZI, G. Can obesity

be a risk factor in elderly people? Obesity Reviews, v. 4, p. 147-155, 2003.

INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS – ITAL. Brasil Food Trends 2020. São

Paulo: ITAL/FIESP, 2010. 173 p. Disponível em: http://www.brasilfoodtrends.com.br/Brasil_

Food_Trends/files/publication.pdf. Acesso em: 20 de agosto de 2016.

JIN, Y.; YU, Y.; QI, Y.; B, FANGJUNWANG; YAN, J.; ZOU, H. Peptide profiling and the

bioactivity character of yogurt in the simulated gastrointestinal digestion. Journal of

Proteomics, v. 141, p. 24–46, 2016.

JORGENSEN, C. E.; ABRAHAMSEN, R. K.; RUKKE, E. O.; JOHANSEN, A. G.;

SCHÜLLER, R. B.; SKEIE, S. B. Improving the structure and rheology of high protein, low

fat yoghurt with undenatured whey proteins. International Dairy Journal, v. 47, p. 6-18,

2015.

KHALID, N. M.; EL-SODA, M.; MARTH, E. H. Peptidase hydrolases of Lactobacillus

helveticus and Lactobacillus delbrueckii ssp. bulgaricus. Journal of Dairy Science, v. 74, p.

45, 1991.

KILPI, E. R.; KAHALAA, M. M.; STEELEB, J. L.; PIHLANTOA, A. M.;

ANDJOUTSJOKIA, V. V. Angiotensin-I-converting enzyme inhibitory activity in milk

fermented by wild type and peptidase deletion derivatives of Lactobacillus helveticus

CNRZ32E. International Dairy Journal, v. 17, p. 976–984, 2017.

KINDSTEDT, P. American Farmstead Cheese: the complete guide to making and selling

artisan cheeses. Vermont Cheese Council, 2005. p. 37-48.

KORHONEN, H.; PIHLANTO, A. Bioactive peptides: new challenges and opportunities for

the dairy industry. Australian Journal of Dairy Technology, v. 58, p. 129, 2003.

KULOZIK, U.; WILDE, J. Rapid lactic acid production at high cell concentrations in whey

ultrafiltrate by Lactobacillus helveticus. Enzyme and Microbial Technology, v. 24, p. 297-

302, 1999.

KUNDA, P. B.; BENAVENTE, F.; CATALA-CLARIANA, S.; GIMENEZ, E.; BARBOSA,

J.; SANZ-NEBOT, V.; Identification of bioactive peptides in a functional yogurt by micro

liquid chromatography time-of-flight mass spectrometry assisted by retention time prediction.

Journal of Chromatography A, v. 1229, p. 121– 128, 2012.

LACHNIT, M.; BUSCH-STOCKFISCH, M.; KUNERT, J.; KRAHL, T. Suitability of Free

Choice Profiling for assessment of orange based carbonated soft drinks. Food Quality and

Preference, v. 14, n. 4, p. 257-263, 2003.

LECLERC, P. L.; GAUTHIER, S. F.; BACHELARD, H.; SANTURE, M.; ROY, D.;

Antihypertensive activity of casein-enriched milk fermented by Lactobacillus helveticus.

International Dairy Journal, v. 12, p. 995–1004, 2002.

Page 87: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

87

LIU, Y.; PISCHETSRIEDER, M. Identification and relative quantification of bioactive

peptides sequentially released during simulated gastrointestinal digestion of commercial kefir.

Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 65, p. 1865–1873, 2017.

MACFIE, H. J.; BRATCHELL, N.; GREENHOOFF, K.; VALLIS, L. Designs to balance the

effect of order of presentation and first order carry over effects in hall tests. Journal of

Sensory Studies, v. 4, p. 129-148, 1989.

MAENO, M.; YAKAMOTO, N.; TAKANO, T.; Identification of antihypertensive peptides

from casein hydrolysate produced by a proteinase from Lactobacillus helveticus CP790.

Journal of Dairy Science, v. 73, p. 1316-1321, 1996.

MARAFON, A. P.; SUMI, A.; ALCÂNTARA, M. R., TAMIME, A. Y.; OLIVEIRA, M. N.;

Optimization of the rheological properties of probiotic yoghurts supplemented with milk

proteins. Food Science and Technology, v. 44, p. 551-519, 2011.

MARAFON, A. P.; SUMI, A.; GRANATO, D.; ALCÂNTARA, M. R.; TAMIME, A. Y.;

OLIVEIRA, M. N.; Effects of partially replacing skimmed milk powder with dairy

ingredients on rheology, sensory profiling, and microstructure of probiotic stirred-type yogurt

during cold storage. Journal of Dairy Science, v. 94, p. 5330–5340, 2001.

MARQUESAN, F. M. Análise da função Muscular em idosas com e sem fibromialgia. 2012.

90 f. Tese (Doutorado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Instituto de

Geriatria e Gerontologia, 2012.

MCCARTHY, R.; MILLS, S.; ROSS, R. P.; FITZGERALD, G.F.; STANTON, C. Bioactive

Peptides from Casein and Whey Proteins. In: Kanekanian, A. (Ed.). Milk and Dairy Products

as Functional Foods. UK: Wiley-Blackwell, p. 23-46, 2014.

MCSWEENEY, P. L. H.; FOX, P. F. Advanced dairy chemistry: proteins basic Aspects. 4th

ed., Springer, 2013. p. 548.

MIZUSHIMA, S.; OHSHIGE, K.; WATANABE, J.; KIMURA, M.; KADOWAKI, T.;

NAKAMURA, Y.; TOCHIKUBO, O.; UESHIMA, H. Randomized controlled trial of sour

milk on blood pressure in borderline hypertensive men. American Journal of Hypertension, v.

17, p. 701-706, 2004

MURRAY, B. A.; FITZGERALD, R. J. Angiotensin converting enzyme inhibitory peptides

derived from food proteins: biochemistry, bioactivity and production. Current

Pharmaceutical Design, v. 13, p. 773, 2007.

NAKAMURA, Y.; MASUDA, O.; TAKANO, T. Decrease of tissue angiotensin I-converting

enzyme activity upon feeding sour milk in spontaneously hypertensive rats. Bioscience

biotechnology and biochemistry, v. 60, p. 448-489, 1996.

NEEDS, E. C.; CAPELLAS, M.; BLAND, A. P.; MANOJ, P.; MACDOUGAL, D.; PAUL,

G. Comparison of heat and pressure treatments of skim milk, fortified with whey protein

concentrate, for set yogurt preparation: effects on milk proteins and gel structure. Journal of

Dairy Research, v. 67, p. 329-348, 2000.

Page 88: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

88

NIELSEN COMPANY. Para onde vai o consumidor? Disponível em: http://www.nielsen.

com/pt/pt/press-room/2017/where-does-the-consumer-go.html. Acesso em: 04 de novembro

de 2017.

NIELSEN, M. S.; MARTINUSSEN, T.; FLAMBARD, B.; I. SØRENSEN, K. I.; OTTE, J.

Peptide profiles and angiotensin-I-converting enzyme inhibitory activity of fermented milk

products: effect of bacterial strain, fermentation pH, and storage time. International Dairy

Journal, v. 19 p. 155–165, 2009.

ONG, L.; SHAH, N. P. Influence of Probiotic Lactobacillus acidophilus and L. helveticus on

proteolysis, organic acid profiles, and ACE-inhibitory activity of cheddar cheeses ripened at

4, 8, and 12 ◦C. Food Microbiology and Safety, v. 73, n. 3, 2008.

OLIVEIRA, M. N., SODINI, I., REMEUF, F., & CORRIEU, G. Effect of milk

supplementation and culture composition on acidification, textural properties and

microbiological stability of fermented milks containing probiotic bacteria. International Dairy

Journal, v. 11, p. 935-942, 2011.

ORTEGA, N.; ALBILLOS, S. M.; BUSTO, W. D. Application of factorial design and

response surface methodology to the analysis of bovine caseins by capillary zone

electrophoresis. Food Control, v. 14, p. 307–315, 2002.

OTTE, J.; LENHARD, T.; FLAMBARD, B.; I. SØRENSEN, K. I.; Influence of fermentation

temperature and autolysis on ACE-inhibitory activity and peptide profiles of milk fermented

by selected strains of Lactobacillus helveticus and Lactococcus lactis. International Dairy

Journal, v. 21, 2011.

OTTE, J., ZAKORA, M., KRISTIANSEN, K. R., QVIST, K. B. Analysis of bovine caseins

and primary hydrolysis products in cheese by capillary zone electrophoresis. Lait, v. 77, p.

241-57, 1997.

PACHECO, M. T.; ANTUNES, A. E. C.; SGARBIERI, V. C. New technologies and

physiological functional properties of milk proteins. In: Protein Research Progress. Eds:

Boscoe, A. B. & Listow, C. R. Nova Science, 2008. p. 117-168

PARK, Y. W. Bioactive Components in Milk and Dairy Products. Wiley-Blackwell, 2009. p.

235-250.

PASIAKOS, S. M. Metabolic advantages of higher protein diets and benefits of dairy foods

on weight management, glycemic regulation, and bone. Journal of Food Science, v. 80, S1,

2015.

PHELAN, M.; AHERNE, A.; FITZGERALD, R. J.; O'BRIEN, N. M. Casein-derived

bioactive peptides: biological effects, industrial uses, safety aspects and regulatory status.

International Dairy Journal, v. 19, p. 643, 2009.

PHILLIPS, S.M. Symposium 2: exercise and protein nutrition. The science of muscle

hypertrophy: making dietary protein count. Proceedings of Nutrition Society, v. 70, p. 100–

103, 2011.

Page 89: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

89

PIHLANTO-LEPPALA, A.; KOSKINEN, P.; PIILOLA, K.; TUPASELA, T.; KORHONEN,

H. Angiotensin I-converting enzyme inhibitory properties of whey protein digests:

concentration and characterization of active peptides. Journal of Dairy Science Research, v.

67, p. 53-64, 2000.

QUIRÓS, A.; RAMOS, M.; MUGUERZA, B.; DELGADO, M. A.; MARTÍN-ALVAREZ, P.

J.; ALEXANDRE, A.; RECIO, I. Determination of the antihypertensive peptide LHLPLP in

fermented milk by high performance liquid chromatography mass spectrometry. Journal of

Dairy Science, v. 89, 2006.

REIS, R. C; MINIM, V. P. R.; DIAS, B. R. P; CHAVES, J. B. P.; MINIM, L. A. Impacto da

utilização de diferentes edulcorantes na aceitabilidade de iogurte “light” sabor morango.

Alimentos e nutrição, v. 20, p. 53-60, 2009.

REITELSEDER, S.; AGERGAARD, J.; DOESSING, S.; HELMARK, I. C.; LUND, P.;

KRISTENSEN, N. B., FRYSTYK, J.; FLYVBJERG, A.; SCHJERLING , P.; VAN HALL,

G.; KJAER, M. HOLM, L. Whey and casein labeled with L-[1-13C] leucine and muscle

protein synthesis: effect of resistance exercise and protein ingestion. American Journal

Physiology Endocrinol Metablism, v. 300, p. 231-42, 2011.

REMEUF, F.; MOHAMMED, S.; SODINI, I.; TISSIER, J.P. Preliminary observations on the

effects of milk fortification and heating on microstructure and physical properties of stirred

yogurt. International Dairy Journal, v. 13, p.773–782. 2003.

RIBEIRO, M. C. E.; CHAVERS, K. S.; GEBARA, C.; INFANTE, F. N. S.; GROSSO, C. R.

F.; GIGANTE, M. L. Effect of microencapsulation of Lactobacillus acidophilus LA-5 on

physicochemical, sensory and microbiological characteristics of stirred probiotic

yoghurt. Food Research International, v. 66, p. 424-431, 2014.

RITTMANIC, S. Whey proteins in ready-to-drink beverages. U.S. Dairy Export Council,

2006. Disponível em: http://www.thinkusadairy.org/Documents/Customer%20Site/C3-

Using%20Dairy/C3.7Resources%20and%20Insights/03Application%20and%20Technical%2

0Materials/RTDBEVERAGES_ENG.pdf. Acesso em: 28 de agosto de 2016.

ROBERT, M.; RAZANAME, A.; MUTTER, M.; JUILLERAT, M. A. Identification of

angiotensin-I-converting enzyme inhibitory peptides derived from sodium caseinate

hydrolysates produced by Lactobacillus helveticus. Journal of Agricultural and Food

Chemistry, v. 52, p. 6923 6931, 2004.

ROMEIH, E. A.; ABDEL-HAMID, M.; A. A, AWAD. The addition of buttermilk powder

and transglutaminase improves textural and organoleptic properties of fat-free buffalo yogurt.

Dairy Science and Technology, v. 94, p. 297–309, 2014.

SADAT-MEKMENE, L.; GENAY, M.; ATLAN, D.; LORTAL, S.; GAGNAIRE, V. Original

features of cell-envelope proteinases of Lactobacillus helveticus. International Journal of

Food Microbiology, v. 146, p. 1–13, 2011.

Page 90: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

90

SAFFON, M.; RICHARD, V.; JIMÉNEZ-FLORES, R.; GAUTHIER, S. F.; BRITTEN, M.;

YVES POULIOT, Y. Behavior of heat-denatured whey: buttermilk protein aggregates during

the yogurt making process and their influence on set type yogurt properties. Foods, v. 2, p.

444 - 459, 2013.

SEPPO, L.; JAUHIAINEN, T.; POUSSA, T.; KORPELA, R. A fermented milk high in

bioactive peptides has a blood pressure-lowering effect in hypertensive subjects. The

American Journal of Clinical Nutrition, v. 77, p. 326-330, 2006

SHAHPEM, E.; WIIEATERD, M. Lactobacillus helveticus. Journal of General

Microbiology, v. 16, p. 676-679, 1957.

SIEFFERMANN, J. M. Le profil flash: un outil rapide et innovant d’évaluation sensorielle

descriptive. In: AGORAL, 2000, Montpellier. Anais... Paris: Lavoisier, p. 335-340.

SILVA, N.; JUNQUEIRA, V.C.A.; SILVEIRA, N.F.A. Manual de métodos de análise

microbiológica de alimentos. São Paulo: Varela, 2010, p. 317.

SODINI, I.; REMEUF, F.; HADDAD, S.; CORRIEU, G. The relative effect of milk base,

starter, and process on yogurt texture: a review. Critical Reviews in Food Science and

Nutrition, v. 44, p. 113-137, 2004.

SOERYAPRANATA, E.; POWERS, J. R.; FAJARRINI, F.; WELLER, K. M.; HILL, H. H.;

SIEMS, W. F. Relationship between MALDI-TOF analysis of β-CN f193-209 concentration

and sensory evaluation of bitterness intensity of aged cheddar cheese. Journal of Agriculture

and Food Chemistry, v. 50, p. 4900-4905, 2002.

SOERYAPRANATA, E.; POWERS, J. R.; ÜNLÜ, G. Degradation of αs1-CN f1-23 by

aminopeptidase N and endopeptidases E, O, O2, and O3 of Lactobacillus helveticus WSU19

under cheese ripening conditions. International Dairy Journal, v. 18, p. 178-186, 2008.

SOERYAPRANATA, E.; POWERS, J. R.; WELLER, K. M; HILL, H. H.; SIEMS, W. F.

Differentiation of intracellular peptidases of starter and adjunct cultures using matrix-assisted

laser desorption/ionization time-of-flight mass spectrometry. Lebensmittel-Wissenschaft +

Technologie, v. 37, p. 17-22, 2004.

STANTON, C; GARDINER, G.; MEEHAN, H.; COLLINS, K.; FITZGERALD, G.;

LYNCH, P. B.; ROSS, R. P. Market potential for probiotics. American Journal of Clinical

Nutrition, v. 73, p. 476-483, 2001.

STEPANIAK, L.; SORHAUG, T.; JEDRYCHOWSKI, L.; WROBLEWSKA, B.

Immunoreactivity and inhibition of angiotensini converting enzyme and lactococcal

oligopeptidase by peptides from cheese. Italian Journal of Food Science, v. 13, p. 373-381,

2001.

TAMIME, A. Y.; ROBINSON, R. K. Yoghurt: science and technology. 2. ed. Oxford:

Pergamon, 1999. p. 431.

TAUZIN, J.; MICLO, L.; GAILLARD, J. Angiotensin-I-converting enzyme inhibitory

peptides from tryptic hydrolysate of bovine αS2-casein. FEBS Letters, v. 531, p. 369-374,

2002.

Page 91: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

91

TAVERNITI, V.; GUGLIELMETTI, S.; Health-promoting properties of Lactobacillus

helveticus. Frontiers in Microbiology, v. 3, 2012.

TECHNAVIO. Global high protein based food market 2017-2021. Inglaterra, 2017, p. 66.

Disponível em: https://www.technavio.com/talk-to us?report=Global+High+Protein+Based+

Food+Market+2017-2021&type=sample. Acesso em: dois de novembro de 2017.

TERHAAG, M. M.; BENASSI, M. T. Perfil Flash: uma opção para análise descritiva rápida.

Journal Food Technology, p. 140-151, 2010.

THORPE, M. P.; JACOBSON, E. H.; LAYMAN, D. K.; HE, X.; KRIS-ETHERTON, P. M.;

EVANS, E. M. A diet high in protein, dairy, and calcium attenuates bone loss over twelve

months of weight loss and maintenance relative to a conventional high-carbohydrate diet in

adults. Journal of Nutrition, v.138, p. 1096–100, 2008.

UNAL, U.; AKALIN, A. S. Antioxidant and angiotensin-converting enzyme inhibitory

activity of yoghurt fortified with sodium calcium caseinate or whey protein concentrate. Dairy

Science & Technology, v. 92, p. 627–639, 2012.

UNAL, U.; AKALIN, A. S. Influence of fortification with sodium–calcium caseinate and

whey protein concentrate on microbiological, textural and sensory properties of set-type

yoghurt. International Journal of Dairy Technology, v. 66, 2013.

VANDERZANT, C. & SPLITTSTOESSER, F. D. Compendium of methods for the

microbiological examination of foods. 3. ed. American Public Health Association,

Washington, D. C. 1992. p. 1219.

VANDEWATER, K.; VICKERS, Z. Higher protein foods produce greater sensory specific

satiety. Physiology and Behavior, v. 59, p. 579–583, 1996.

VIRTANEN, T.; A. PIHLANTO, A.; AKKANEN, S.; KORHONEN, H. Development of

antioxidant activity in milk whey during fermentation with lactic acid bactéria. Journal of

Applied Microbiology, v. 102, p. 106-115, 2007.

WALSTRA, P.; WOUTERS, J. T. M.; GEURTS, T. Dairy Science and Technology. 2. ed.

London, CRC Press, 2006. p. 744.

WILLIAMS, A. A.; LANGRIN, S. P. The use of free-choice profiling for the evaluation of

commercial ports. Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 35, p. 558–568, 1984.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Guideline: sodium intake for adults and children.

Geneva, 2012.

WU, J.; DING, X. Hypotensive and physiological effect of angiotensin converting

enzyme inhibitory peptides derived from soy protein on spontaneously hypertensive rats.

Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 49, p. 501-506, 2001.

YERLIKAYA, O. Starter cultures used in probiotic dairy product preparation and popular

probiotic dairy drinks. Food Science and Technology, v. 34, p. 221-229, 2014.

Page 92: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

92

ZHANG, T.; MCCARTHY, J.; WANG, G.; LIU, Y.; GUO, M. Physiochemical properties,

microstructure and probiotic survivability of nonfat goats’ milk yogurt using heat-treated

whey protein concentrate as fat replacer. Journal of Food Science, v. 80, 2015.

Page 93: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

93

ANEXO 1 – Tabelas utilizadas nas análises sensoriais Perfil Flash e CATA

Tabela 1 - Atributos melhor correlacionados (|r|) com as duas primeiras dimensões (D1, D2) para cada provador

no Perfil Flash.

Avaliador D1 D2

1 Gosto doce (-0,84); Gosto ácido/azedo (0,92); Aroma

característico (-0,60); Presença de soro (-0,54)

Presença de soro (0,79); Aroma

característico (-0,73); Textura

arenosa (0,83)

2

Brilho (0,87); Opacidade (-0,84); Aroma doce (-0,69); Sabor

papel (0,78); Gosto doce (-0,83); Gosto ácido/azedo (0,84);

Textura arenosa (-0,51)

Aroma característico (0,65);

3 Gosto doce (-0,92); Gosto ácido/azedo (0,80); Residual doce

(-0,92) Gosto ácido/azedo (0,58)

4 Sem sabor (0,83); Textura arenosa (0,65); Gosto doce (-0,92);

Sabor característico (-0,73) Sabor característico (-0,54)

5

Aroma lácteo (-0,76); Gosto doce (-0,94); Cremosidade (-

0,88); Gosto ácido/azedo (0,91); Sem sabor (0,94); Cor branca

(0,56)

Aroma lácteo (0,52)

6 Aroma ácido (0,96); Aroma fermentado (0,65); Gosto

ácido/azedo (0,95); Viscosidade (0,96); Gosto doce (-0,92) Baixas correlações (<0,50)

7 Gosto doce (-0,82); Gosto ácido/azedo (0,84) Textura arenosa (0,75)

8 Aroma ácido (0,73); Gosto doce (-0,91); Gosto ácido/azedo

(0,70); Sabor característico (-0,90); Baixas correlações (<0,50)

9 Gosto amargo (0,81); Sabor residual (0,75); Gosto doce (-

0,81); Aroma característica (-0,70); Textura arenosa (-0,51) Aroma característico (0,53)

10 Aroma doce (-0,91); Sabor residual (0,91); Gosto doce (-0,91)

Textura característica (0,63);

Aparência cerosa (-0,79);

Aparência característica (0,63)

Page 94: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

94

Tabela 2 - Porcentagem dos provadores que selecionaram cada um dos termos em CATA (n = 67).

Iogurtes

Atributos Ideal A B C D E F

Aroma amanteigado ns 1 8 8 10 8 9 5

Aroma característico ns 63 40 45 35 40 43 44

Ar. característico queijo ns 0 9 4 6 8 8 6

Aroma doce *** 27 12 23 23 8 21 22

Aroma fermentado ns 18 27 22 22 23 20 27

Aroma lácteo ns 33 26 26 30 30 33 33

Sem aroma ns 0 7 2 6 4 6 4

Cor branca ** 42 53 55 57 57 52 59

Brilho ns 37 40 43 40 39 44 41

Aparência característica ns 13 6 9 5 6 10 8

Aparência cerosa ns 1 14 6 9 13 10 9

Aparência cremosa * 64 24 36 36 28 32 26

Firmeza ns 38 9 7 8 8 6 10

Granuloso ns 0 22 23 25 30 26 26

Aparência lisa ns 42 15 9 16 9 14 15

Aparência líquida ns 0 16 11 21 16 22 19

Opacidade ns 5 13 9 10 12 9 9

Soro ns 2 19 12 13 18 21 17

Gosto adstringente *** 4 26 8 11 21 9 11

Sabor amanteigado ns 3 3 10 10 6 11 11

Gosto amargo *** 1 15 0 4 20 1 1

Gosto ácido *** 29 30 15 15 27 14 10

Gosto azedo *** 24 34 14 9 41 8 10

Sabor característico ns 39 14 23 22 20 27 25

Gosto doce *** 34 2 48 57 2 55 55

Sabor lácteo *** 44 26 45 35 30 38 38

Sabor papel ** 0 5 0 1 5 1 0

Sabor residual doce ** 4 19 6 18 13 9 12

Sem sabor ns 0 3 1 1 2 1 0

Textura arenosa ns 1 37 28 39 41 34 33

Page 95: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

95

(continuação)

Iogurtes

Atributos Ideal A B C D E F

Textura grumosa ** 1 21 18 28 32 27 34

Textura característica * 15 3 12 10 6 8 12

Textura cremosa ns 59 31 33 31 23 27 29

Textura firme ns 41 6 9 5 5 7 7

Textura lisa ns 38 15 16 12 13 16 10

Viscosidade ns 21 18 12 13 14 15 12

*** Diferença significativa a p < 0,001

** Diferença significativa a p < 0,01

* Diferença significativa a p < 0,05

ns Sem diferença significativa (p > 0.05) de acordo com o Teste Q de Cochran

A: iogurte não adoçado e sem Lactobacillus helveticus; B: iogurte com açúcar e sem Lactobacillus helveticus; C:

iogurte com sucralose e sem Lactobacillus helveticus; D: iogurte não adoçado e com Lactobacillus helveticus; E:

iogurte com açúcar e Lactobacillus helveticus; F: iogurte com sucralose e Lactobacillus helveticus.

Page 96: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

96

ANEXO 2 - Parecer consubstanciado do comitê de ética em pesquisa

Page 97: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

97

Page 98: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

98

Page 99: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

99

Page 100: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

100

Page 101: UNIVERSIDАDE ESTАDUАL DE CАMPINАS...Iogurte de alto teor proteico adicionado de Lactobacillus helveticus: fabricação, perfil de peptídeos e aspectos sensoriais Dissertação

101

ANEXO 3 - Laudo das análise microbiológica dos lotes submetidos á análises sensoriais