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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE - UNIVALE
FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICA
CURSO DE DIREITO
Derli da Silveira de Aquino
INCONSTITUCIONALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO
PÚBLICA DE GOVERNADOR VALADARES
Governador Valadares - MG
2010
1
DERLI DA SILVEIRA DE AQUINO
INCONSTITUCIONALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO
PÚBLICA DE GOVERNADOR VALADARES
Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de bacharel em Direito pela Faculdade de Direito, Ciências Administrativas e Econômicas, da Universidade Vale do Rio Doce. Orientador: Hélcio Armond Junior
Governador Valadares - MG
2010
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DERLI DA SILVEIRA DE AQUINO
INCONSTITUCIONALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO
PÚBLICA DE GOVERNADOR VALADARES
Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de bacharel em Direito pela Faculdade de Direito, Ciências Administrativas e Econômicas da Universidade Vale do Rio Doce.
Governador Valadares, ______ de _________ de 2010
Banca Examinadora:
_____________________________________ Prof. Hélcio Armond Junior – Orientador
Universidade Vale do Rio Doce
__________________________________ Prof. Glaydson Sarcinelli Fabri - Convidado
Universidade Vale do Rio Doce
______________________________________ Prof. Afrânio Hilel Terra - Convidado
Universidade Vale do Rio Doce
3
Dedico primeiramente a Deus este trabalho, por ter me
dado força para caminhar até aqui, e também a minha esposa,
meu filho, enfim todos aqueles que me apoiaram nesta grande
conquista.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço, a Deus por esta grande conquista, por ter me dado força para
chegar até aqui.
A minha esposa, meu muito obrigado pela força e incentivo, e a todos que
me ajudaram nesta caminhada.
Aos meus colegas Adalton, Ivone, Gustavo, Lorena Braga, Gilza, Kaline e,
Bia, Gabriel e Dani, pelos momentos de alegria e dificuldade que passamos juntos.
Ao meu pastor, Dr. João, e minha mãe pelas orações.
Enfim, a todos que me ajudaram, e que acreditaram no meu sucesso.
5
Pagai a todos o que lhe é devido; a quem tributo, tributo;
a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem
honra, honra.
Romanos: 13.31
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RESUMO
A pesquisa objetivou discutir a inconstitucionalidade da cobrança da contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública no Município de Governador Valadares. Neste sentido foi estudado primeiramente o Sistema Tributário Brasileiro, enfatizado as espécies de tributos, com a conceituação de tributo e das espécies tributárias existentes atualmente no ordenamento jurídico tributário e suas respectivas competências, analisando os pressupostos jurídicos para validade de cada espécie. Posteriormente, foi desenvolvida uma rápida analise da historia da iluminação publica, ressaltando a inconstitucionalidade antiga taxa de iluminação publica, foi aborda da ainda a Emenda Constitucional 39/02, que legitimou a atualmente a cobrança da Contribuição para Custeio de Iluminação Pública(COSIP), destacando a posição doutrinária e jurisprudencial. Por derradeiro confrontando o tema à luz da CF/88 e Legislação Tributária Brasileira. Utilizou-se o método dedutivo abordando o posicionamento de vários doutrinadores, jurisprudências e artigos. Sendo assim, todo material utilizado foi embasado nas fontes metodológicas que serão apresentadas no final deste trabalho.
Palavras chave: Inconstitucionalidade; Iluminação Publica; Custeio; Governador Valadares; Serviço.
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ABSTRACT
The research discusses the constitutionality of collecting the contribution toward the cost of public lighting services in the city of Governador Valadares. This effect was first studied the National Tax System, emphasized the species of taxes, conceptualizing tribute, taxes, assessments, compulsory loan and social security contributions and their powers, analyzing the conditions for legal validity of each species. Therefore, we developed a quick review of the history of street lighting, emphasizing the unconstitutionality old rate of street lighting, addressing the obscure points regarding the Constitutional Amendment 39/02 highlighting the doctrinal and jurisprudential position. By confronting the ultimate issue in light of the Tax Legislation and CF/88 Brasileira. We used the deductive method addressing the placement of several scholars, case law and articles. Therefore, any material used was based on methodological sources that will be presented at the end of this work.
Keywords: Unconstitutional; Public Lighting; Costing; Governador Valadares;
Service.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 10
2 DIREITO TRIBUTÁRIO.................................................................................... 11
2.1 TRIBUTO...................................................................................................... 11
2.1.1 Conceito.................................................................................................... 11
2.1.2 Espécies de tributos................................................................................... 13
2.2 IMPOSTO...................................................................................................... 13
2.3 TAXA............................................................................................................. 14
2.3.1 Taxa em razão do exercício do poder de policia................................... 15
2.3.2 Taxa de Serviço....................................................................................... 16
2.3.3 Efetividade............................................................................................... 16
2.3.4 Especificidade......................................................................................... 17
2.3.5 Divisibilidade........................................................................................... 17
2.3.6 Fato gerador.............................................................................................. 18
2.3.7 Base de calculo......................................................................................... 18
2.4 CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA............................................................. 18
2.5 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO................................................................... 19
2.6 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS/ SOCIAIS..................................................... 20
3 PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS........................................................................... 22
3.1 A PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (ART. 150, I).............................................. 22
3.2 PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA.......................................... 23
3.3 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO CONFISCO................................................. 24
3.4 PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA............................................... 24
4 ILUMINAÇÃO PÚBLICA.................................................................................. 26
4.1 HISTÓRICO................................................................................................... 26
4.2 ANTIGA TAXA............................................................................................... 27
4.2.1 Emenda Constitucional 39/02.................................................................. 27
4.3 LEI COMPLEMENTAR N. 043/02 FRENTE CF/88 E À LEGISLAÇÃO
TRIBUTARIA BRASILEIRA............................................................................
33
4.3.1 Natureza jurídica da CCSIP...................................................................... 33
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4.3.2 CCSIP X princípio da legalidade............................................................. 36
4.3.3 CCISP X princípio da isonomia............................................................... 37
4.3.4 Sujeito passivo......................................................................................... 38
4.3.5 Base de cálculo......................................................................................... 39
4.3.6 CCSIP X capacidade contributiva........................................................... 41
5 CONCLUSÃO................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS................................................................................................... 45
ANEXO................................................................................................................ 48
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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a tão discutida
“contribuição para Custeio de Serviço de Iluminação Pública” em Governador
Valadares, levando em consideração os aspectos inconstitucionais.
Desde a década de 80 à iluminação pública vem sendo objeto de vários
questionamentos no tocante quem dever arcar com o custeio do serviço da
iluminação pública.
Antigamente a iluminação pública era custeada por um fundo mantido pela
União, ao ser extinto este fundo, a responsabilidade de custear o serviço de
iluminação publica passou a ser de cada município. Estes, no entanto, transferiu a
para a sociedade esta despesa, alegando insuficiência de verbas para o custeio de
tal tributo.
A iluminação publica primeiramente passou a ser cobrada da sociedade
por meio de TAXA, este tributo não prevaleceu por muito tempo, por ser
inconstitucional. Não desistindo da idéia de repassar para a sociedade os gastos
com o serviço de iluminação pública, passaram os Municípios a pressionar o Poder
Legislativo Federal para a aprovação de projetos de leis que legitimassem a referida
cobrança, o que cuminou na edição de EC. 39/02, a qual permitiu que o Distrito
Federal e os Municípios instituíssem Contribuição para o Serviço de iluminação
pública.
O tema é de grande importância, pois está diretamente ligado com o
interesse da sociedade na qual recai o ônus do pagamento do tributo que custeia o
serviço de iluminação púbica.
Apesar de o Supremo Tribunal Federal ter entendimentos favoráveis no
tocante à cobrança da contribuição do serviço de iluminação pública da sociedade,
este trabalho pretende mostrar de que maneira que foi autorizado aos Municípios e o
Distrito Federal a autonomia para instituição e a cobrança desta nova espécie de
“Contribuição”.
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2 DIREITO TRIBUTÁRIO
O Direito Tributário é um ramo do direito público que tem por finalidade
regular o sistema tributário nacional dando autonomia a União, Estados, Distrito
Federal e Municípios para criar e cobrar tributos, mas ao mesmo tempo limita esta
autonomia com a prerrogativa constitucional da limitação ao poder de tributar.
O Estado precisa de recursos financeiros para suprir suas despesas com o
bem-estar da sociedade, daí a necessidade de existir normas jurídicas
regulamentadora limitando a atuação do Estado, considerando as obrigações
formais dos contribuintes bem como os deveres da administração tributária.
Eis a lição de Alexandrino e Paulo (2009, p. 4), sobre o Direito tributário.
O Direito Tributário é do direito público que regula as relações jurídicas concernente à instituição e exigência de tributos e outras obrigações a eles relacionadas, com o fim de assegurar ao Estado a obtenção compulsória de recursos necessários à consecução dos fins que o ordenamento jurídico lhe impõe.
Os entes federativos são responsáveis pela execução de diversas
atividades, como por exemplos: a segurança pública, saúde, lazer, educação, entre
outras tantas. Tais situações dependem de obtenção de verbas, para os Estados
cumprirem com suas atividades.
Essas verbas auferidas pelo Estado deixam clara a necessidade que os
órgãos públicos têm de cobrar tributo para recompor o caixa, deixando clara
finalidade do direito tributário. Vale dizer que, as normas elaboradas para cobrar
tributos têm que obedecer aos princípios constitucionais referente à matéria tratada.
2.1 TRIBUTO
2.1.1 Conceito
O Código Tributário Nacional - Lei n. 5.172/66 - em seu artigo 3º define o
tributo como:
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Artigo 3º - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
A doutrina critica severamente este conceito, alegando que há
redundância na expressão ‘prestação pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir’. Pressuposto lógico ser pecuniária a prestação em dinheiro ou em
moeda. Censurada também é a expressão ‘prestação compulsória’. Não há
prestação voluntária; há sempre um dever, obrigação.
Para Amaro (2007, p. 25) o conceito correto de tributo seria. “Tributo é a
prestação pecuniária não sancionatória de ato ilícito, instituída em lei e devida ao
Estado ou a entidades não estatais de fins de interesse público”.
Diante do conceito supramencionado, observa-se que há uma série de
requisitos, ou características, devem ser constatados para que se tenha
caracterizado o referido instituto. Tais características são de observância obrigatória
por parte do Estado.
Primeiramente caráter pecuniário do tributo refere – se ao fato de o
contribuinte somente poder pagar o tributo em dinheiro (pecúnia). Ou seja, o crédito
tributário deve ser satisfeito em moeda, mas, a legislação admite a dação em
pagamento, mediante a entrega de bem imóvel (art. 156, XI, do CTN), já que aí o
valor poderá ser expresso em moeda.
O dever de prestar o tributo é imposto por lei, abstraída a vontade das
partes que vão ocupar os pólos ativo e passivo da obrigação tributária.
Ainda, o tributo não é, e nem pode ser, sansão de ato ilícito; paga - se o
tributo pelo desenvolvimento normal das atividades que ensejam sua incidência: ser
proprietário de um imóvel, de um automóvel, adquirir disponibilidade econômica ou
jurídica de renda, prestar serviços, vender mercadorias, enfim, são fatos que
desencadeiam a incidência da tributação, por estarem previstos na norma
instituidora do tributo. Não se confundem, portanto, tributos com penalidades.
É necessário que a atividade de instituir tributo se efetue com plena
observância ao princípio da legalidade. A cobrança do tributo deve ser feita através
de agente público competente, este, por sua vez, não dispõe de flexibilidades
relativas à conveniência ou oportunidade no desempenho de suas funções (ato
administrativo discricionário), uma vez constatada a situação que desencadeie a
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incidência da norma tributária, deverá o agente aplicar a regra imediatamente (ato
administrativo vinculado). Enquanto o Estado tem um direito ao crédito, o agente
público tem um dever de constituí-lo. Quanto à natureza jurídica ou característica
fundamental do tributo, numa de suas acepções mais comuns, é ser o objeto da
relação jurídica obrigacional decorrente de lei. Ao contrário das obrigações privadas
(civis e comerciais), onde predomina a manifestação de vontade e o acordo entre as
partes, a obrigação tributária, já apresentado no próprio conceito de tributo, nasce ou
surge a partir de uma situação estabelecida em lei, onde a vontade do contribuinte é
irrelevante, prevalecendo o interesse público acima do particular.
2.1.2 Espécies de tributos
O art. 5°. do Código Tributário Nacional, bem como o art. 145 da
Constituição
Federal, elencam três espécies de tributos: impostos, taxas e contribuições de
melhoria. No entanto, a própria Constituição disciplina, no Título XI – DA
TRIBUTAÇÃO, outras duas modalidades ou espécies tributárias: empréstimos
compulsórios e contribuições sociais. Assim, vem se generalizando o entendimento
já consagrado pelo Supremo Tribunal Federal (RE 138.284, RE 146.733), de que
existem cinco modalidades ou espécies de tributos, a saber: impostos, taxas,
contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições sociais
(especiais ou parafiscais).
O Código Tributário Nacional, assim como fez através do conceito de tributo,
consagra definições legais para as primeiras três espécies do gênero tributo. Nestes
termos, encontramos nos artigos 16, 77 e 81 da lei de normas gerais do sistema
tributário brasileiro (CTN) as seguintes definições:
2.2 IMPOSTO
Imposto é uma espécie de tributos - estes, definidos no artigo 3º do CTN.
Podendo ser cobrada pelo União, Estados, Distrito Federal, Municipios. que tem
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como fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte.
Trata-se da espécie denominada IMPOSTO, definida no art. 16 do CTN:
"Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independentemente de qualquer atividade específica, relativa ao contribuinte”.
Portanto, em se tratando de imposto, a situação prevista em lei como
necessária e suficiente ao nascimento da obrigação tributária não se vincula a
nenhuma atividade estatal.
Assim, o tributo não - vinculado - no caso, o imposto - encontra - sua
essencial justificativa no princípio da capacidade contributiva, o que lhe avoca o
rótulo de tributo contributivo não vinculado.
Sendo assim o fato gerador do imposto independe de contraprestação do
Estado, basta surgir o fato gerador que o estado irá cobrar do contribuinte. Vale
lembrar que as receitas dos impostos visam custear as despesas públicas gerais ou
universais, ex. (educação, saúde, segurança...), atendendo não uma só pessoa de
forma individualizada, mas sim a coletividade.
2.3 TAXA
Conforme rezam os artigos 145, inciso II da Constituição Federal e o 77 do
CTN, as taxas, ao contrário dos impostos, são tributos vinculados, pois sua
arrecadação está condicionada à prestação de serviços públicos.
As taxas têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou
a utilização efetiva ou potencial de serviços públicos, específicos e divisíveis,
prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição.
Ensina Machado (2003, p. 685) que serviço a público é “toda e qualquer
atividade prestacional realizada pelo Estado, ou por quem fizer suas vezes, para
satisfazer, de modo concreto e de forma direta, necessidades coletivas”.
A principal característica dessa modalidade tributária é a vinculação, isto
é, a cobrança tem em contrapartida uma contraprestação estatal; o poder público
precisa desenvolver atividade em relação ao recolhimento.
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Sendo assim, à luz da concepção da exclusividade das taxas, despontam
duas espécies destas, em nosso sistema tributário. Seguindo a ordem, imposta pelo
art. 77 do CTN, temos.
Taxa do poder de policia ou de fiscalização (art.78, CTN), e Taxa de
serviço ou de utilização (art. 79, CTN).
2.3.1Taxa em razão do exercício do poder de policia
A taxa de poder de polícia, também chama de fiscalização, será exigida
em virtude de atos de polícia, realizados pela administração pública, pelos mais
diversos órgãos ou entidades fiscalizadoras.
O artigo 78 do Código Tributário Nacional define com exatidão o conceito
de poder de polícia.
Art. 78: Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Inúmeras atividades fiscalizadoras podem permitir a cobrança do tributo,
considerando algumas situações cobradas pelo exercício regular do poder de
polícia.
a. Taxa de alvará (ou de funcionamento).
b. Taxa de fiscalização de anúncios.
c. Taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários pela CVM.
d. Taxa de controle dos serviços de cartórios extrajudiciais.
e. Taxa de controle ambiental.
Vale ressaltar que somente será regular o exercício do Poder de Polícia
quando feito pelo órgão competente, nos termos da lei (vide art.78, § único CTN).
2.3.2 Taxa de Serviço
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Taxa de serviço é o tipo de tributo que tem por incidência uma prestação
de serviço público diretamente referido a alguém. Não é qualquer serviço, tem que
ser específico e divisível, conforme preceitua a 2ª parte do inciso II, do art.145 da
CF/88: [...] pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e
divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.”
A disponibilidade que autoriza a tributação por via de taxa de serviço há de
ser direta e imediata, e não difusa. Se o serviço público estiver à disposição de
todos, mas não diretamente do contribuinte, ou, ainda que à disposição direta deste,
a taxa não poderá ser exigida.
O CTN (art.79) explica o que venha a ser serviço específico e divisível, e a
diferencia entre utilização efetiva e potencial.
Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se:
I - Utilizados pelo contribuinte:
a) Efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título.
b) Potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam
postos à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo
funcionamento.
II - Específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas
de intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas;
III - Divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte
de cada um dos seus usuários.
2.3.3 Efetividade
A utilização efetiva ocorre quando o serviço de fato é utilizado pelo
contribuinte, já a utilização potencial é aquela em que o serviço, potencialmente
utilizado pelo contribuinte, em razão do caráter compulsório da prestação do referido
serviço.
Sobre a utilização potencial, Baleeiro (1997, p. 352) tem o seguinte
conceito:
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O indivíduo racional quer e pede todos os serviços propícios à higiene, à saúde pública, à incolumidade própria, da família ou de terceiros etc. Mas, se irracionalmente os recusa ou os negligência, a lei pode obrigá-lo ao uso de tais serviços, até no interesse da coletividade. Certos serviços trazem vantagem pela sua existência mesmo, na previsão de que possam ser dispensáveis numa emergência, como os de combate ao incêndio, o de ambulâncias de pronto etc. Se permanecem de prontidão, noite e dia, representa vantagem efetiva para quem pode dispor deles numa vicissitude, que pende sobre a cabeça de todos. O custo seria esmagador se fosse cobrado de cada um que a eles tivesse de recorrer. Cobrado pelo uso potencial, assemelha-se a um seguro ou previdência contra o risco certo quanto à probabilidade e incerto quanto à pessoa que vá sofrê-lo.
2.3.4 Especificidade
A especificidade, também intitulado serviço público “singular” (ou uti
singuli), é aquela destacável em unidades autônomas de utilização, permitindo-se
identificar o sujeito passivo ou discriminar o usuário. Direciona assim a número
determinado de pessoas.
Opõe-se ao serviço público prestado de forma geral, ou (uti universi), que
o caso da atual contribuição para custeio de iluminação pública.
2.3.5 Divisibilidade
No que tange a divisibilidade, assim será a taxa quando o serviço for
prestado uti singuli - individual e mensurável. São dotados de divisibilidade
(possibilidade de aferir-se a utilização efetivo-potencial individualmente
considerada). Ex.: serviço de fornecimento domiciliar de água potável, serviço de
esgoto etc. É a possibilidade de o contribuinte aferir-se a utilização efetiva ou
potencial, individualmente considerada.
Amaro (2007, p. 34) evidencia a questão da divisibilidade:
(...) no caso dos serviços que ensejam a cobrança de taxa, sua necessária divisibilidade pressupõe que o Estado os destaque ou os especialize, segregando-os do conjunto de suas tarefas, para a eles vincular a cobrança de taxas. A partir do momento em que o Estado se aparelha para executar o serviço, está atendida a exigência de especificação. Se (específico embora) o
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serviço for indivisível, descabe taxá-lo; se divisível, a taxa pode ser instituída. Ou seja, o que importa é a divisibilidade, e não a especificidade do serviço.
2.3.6 Fato gerador
As taxas só podem ser cobradas de quem efetivamente se utiliza do
serviço público, ou de quem tem a disponibilidade do serviço público, simples
disponibilidade já dá ensejo à cobrança da taxa.
Para que o serviço público possa servir como fato gerador de taxa, deve
ser: o específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição,
utilizado efetiva ou potencialmente, pelo contribuinte. (art. 145, II, da CF/88).
2.3.7 Base de calculo
As taxas não podem ter a mesma base de cálculo ou fato gerador idêntico
ao de imposto, nem ser calculado em função do capital das empresas (art.77.
Parágrafo único CTN).
2.4 CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA
A contribuição de melhoria é um instituto previsto na Constituição Federal
em seu art.145, III, que dá poderes à União, aos Estados, Municípios, ao Distrito
Federal, para que estes possam quando a realização de construção de obras
públicas que acarretar valorização do imóvel agregando-se ao patrimônio do
particular.
Sobre este assunto, o Código Tributário Nacional prescreve:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada
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e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
Existem três elementos ínsitos ao fato gerador dessa espécie de tributo:
a) A realização de obra pública, sendo que a cobrança tributária só é
possível após a concretização da obra, sendo vedado ao Estado
realizar uma obra pública pela metade e exigir de pronto a contribuição
de melhoria, até porque, nessa hipótese, não haverá valorização, face
à existência incompleta da obra.
b) A valorização, de fato, pois, apenas a obra não é suficiente, já que
existem obras públicas que ao invés de valorizarem, acabam mesmo
por acarretar a desvalorização do imóvel.
c) Que a valorização ocorra sobre bens imóveis.
Assim sendo cada vez que o poder público realizar uma obra pública que
trouxer benefícios, ou seja, valorização para os proprietários de bens imóveis,
poderá ser instruída a contribuição de melhoria, desde que vinculada à exigência
por, fazendo retornar ao tesouro público o valor despendido com a realização de
obras públicas, na medida em que destas decorra valorização de imóveis.
Portanto, a contribuição de melhoria é um tipo de tributo que tem por hipótese
de incidência, uma atuação estatal indiretamente referida ao contribuinte. Sua base
de cálculo será o quantum da valoração que a obra pública proporcionou ao imóvel,
e não o valor deste. Para verificarmos se determinada obrigação tributária é
contribuição de melhoria, é necessária uma análise acerca do art.3º c/c arts. 4º ao
81 do CTN.
2.5 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
Os empréstimos compulsórios são empréstimos forçados, coativos, porém
restituíveis. A obrigação de pagá-lo não nasce de um contrato, de uma manifestação
livre das partes, mas sim de determinação legal. Verificada a ocorrência do fato
gerador, surge a obrigação de emprestar dinheiro ao Estado.
Dispõe a Constituição Federal, no seu art.148:
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Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrente de calamidade pública, de guerra ou sua eminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado dôo disposto não art. 150. III, b. Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimos compulsórios será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
Para Ricardo (2009, p. 67), “o fato dos empréstimos serem restituíveis
levou muitos doutrinadores sustentar que os empréstimos compulsórios não seriam
tributos, vez que os recursos arrecadados não incorporam definitivamente ao
patrimônio Estatal”.
O STF pacificou questão, entendendo, de forma incontroversa, que os
empréstimos compulsórios são tributos ao apreciar o RE. 146.733-9/SP.
A competência para instituir empréstimo compulsório é privativamente da
União, mediante lei complementar, nas ocasiões previstas pela CF/88 e também o
CTN no seu art. 15, incisos.
2.6 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS/ SOCIAIS
Alencadas no art.149 da Constituição Federal, as contribuições, são de
atribuição exclusiva da União, para instituição das contribuições ali previstas, com a
ressalva única da instituição de contribuição previdenciária pelos Estados, Distrito
Federal e Municípios, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício
destes, do regime próprio de previdência, estabelecida no atual § 1º desse artigo.
Observe-se que é uma hipótese muito restrita, voltada unicamente para o custeio,
em benefício dos respectivos servidores, de regime próprio de previdência social;
essa competência dos entes federados não abrange, portanto, as outras áreas da
seguridade social, a saber, a saúde e a assistência social.
Portanto, cabe enfatizar: a União é a única pessoa política competente para a
instituição de toda e qualquer contribuição de intervenção no domínio econômico, de
todas as contribuições do interesse de categorias profissionais ou econômicas, de
todas as contribuições para custeio de serviços de saúde e de assistência social.
Além disso, todas as contribuições destinadas à manutenção e custeio da
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previdência social são de competência da União, ressalvada, unicamente, a
competência dos Estados, Distrito Federal e Municípios para a instituição de
contribuição previdenciária, cobrada de seus servidores estatutários titulares de
cargos efetivos, para custeio de sistemas próprios de previdência em que sejam
beneficiários tais servidores e seus dependentes. Alexandrino e Paulo (2007, p. 37).
Vale lembrar que com a EC. 39/02, agora também o Distrito Federal e os
Municípios poderão instituir contribuição para o custeio do serviço da iluminação
publica.
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3 PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS
Os princípios tributários norteiam a competência dos entes políticos, e
junto com as imunidades, que são regras que proíbem a tributação sobre certos
bens, pessoas ou fatos, determinam os limites ao poder de tributar, dos referidos
entes políticos. Os princípios, tratados pela Constituição, são:
3.1 A PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (ART. 150, I)
O texto do referido art. 150, I da CF estabelece que "é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei
que o estabeleça". É o princípio da legalidade tributária, que limita a atuação do
poder tributante em prol da justiça e da segurança jurídica dos contribuintes. Seria
temeroso permitir que a Administração Pública tivesse total liberdade na criação e
aumento dos tributos, sem garantia alguma que protegesse os cidadãos contra os
excessos cometidos.
O princípio da legalidade tributária nada mais é que uma reverberação do
princípio encontrado no art. 5º, II da CF onde lemos que: "ninguém será obrigado a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". O constituinte quis
deixar bem claro a total submissão dos entes tributantes ao referido princípio, para
que não restasse dúvida de natureza alguma.
A lei a que se refere o texto constitucional é lei em sentido estrito,
entendida como norma jurídica aprovada pelo legislativo e sancionada pelo
executivo, ao contrário da lei em sentido amplo que se entende como qualquer
norma jurídica emanada do Estado que obriga a coletividade, assim os tributos só
podem ser criados ou aumentados através de lei.
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3.2 PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA
O art.145, § 1º da Constituição Federal, estabelece que:
Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e ser graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificá-lo, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
Isso significa que, ao criar os impostos, o legislador deve levar em conta,
sempre que possível, a situação particular de cada contribuinte, permitindo com isso
que seja realizada a justiça tributária com a não exigência de imposto acima do
suportável. O princípio da capacidade contributiva é realizado, por exemplo, no
imposto de renda, onde existem alíquotas diferenciadas em razão da renda auferida
pelo particular, permitem várias deduções de acordo com a situação do contribuinte.
Para Baleeiro (1997, p. 520) o princípio fundamental, fonte principal de
critérios discriminatórios, “é o da capacidade contributiva (...), que recomenda a
personalização do imposto e a sua graduação, segundo as possibilidades
econômicas do contribuinte”.
O princípio da capacidade contributiva é observado com veemência nos
impostos, vez que estes são estipulados em razão do patrimônio do contribuinte, da
sua renda, ou seja, de critérios inerentes à pessoa obrigada ao pagamento. Já nas
taxas e contribuições de melhoria, difícil se faz a incidência deste princípio em
virtude da cobrança dessas espécies tributárias ensejar uma reparação, restituição,
ressarcimento ao gasto do poder público ou valoração de imóvel1.
1 O princípio da capacidade contributiva é aplicável a todas as espécies tributárias. No tocante aos impostos, o princípio é aplicável em toda a sua extensão e efetividade. Já no caso dos tributos vinculados, que são as taxas e as contribuições de melhoria é aplicável restritivamente, devendo ser respeitados apenas os limites que lhe dão os contornos inferior e superior, vedando a tributação do mínimo vital e a imposição tributária que tenha efeitos confiscatórios. Em relação às taxas o princípio da capacidade contributiva há de ter um tratamento específico, distinto do que há de ter no que pertine aos impostos. O fato gerador das taxas, como tributos vinculados que são, decorrem de uma atuação estatal específica e direcionada ao contribuinte, seja através da prestação de serviços ou do exercício do poder de polícia, sendo coerente que a dimensão do fato imponível seja a o valor gasto. Daí porque não se deve dimensionar a taxa conforme a capacidade contributiva de quem deve pagar. Isso não quer dizer que rigorosamente não observará esta norma constitucional. Todavia, a aplicação do princípio ficou à mercê do bom senso do Ente tributante competente para cobrar a referida exação.
24
3.3 PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO CONFISCO
A vedação ao confisco no âmbito tributário está atrelada ao princípio da
capacidade contributiva, impedindo que o tributo absorva parcela expressiva da
renda ou do patrimônio dos contribuintes, sendo constatado, principalmente, pelo
exame da alíquota e base de cálculo (art. 150, IV, da CF/88).
No art.150, IV, da Lei Maior, temos o seguinte preceito: “Sem prejuízo de
outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios, utilizar tributo, com efeito, de confisco”.
Baleeiro (1997, p. 570 e 573), a respeito do Princípio da Vedação do
Confisco, tem os seguintes preceitos:
Esse princípio é alinhado pela Carta Magna entre aqueles que configuram “Limitações do Poder de Tributar” (Seção II, art.150). É norma de restrição, endereçada primacialmente ao legislador ao legislador, o qual, ao instituir tributos, deverá graduá-los sem expropriar. Tecnicamente, tributo e confisco não se confundem, mas o que no art. 150, IV, da CF/88, se veda é que a lei regule o tributo de modo que ele gere os mesmos efeitos econômicos que o confisco geraria.
Sendo assim, o tributo utilizado com efeito de confisco será tido como
inconstitucional, devendo a lei instituidora ser extirpada do ordenamento jurídico
pátrio.
3.4 PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA
A lei não poderá instituir tratamento desigual entre contribuintes que se
encontre em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de
ocupação profissional ou função exercida, como preceitua o art. 150, II da
Constituição Federal:
Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos.
25
O Estado poderá tratar diferentemente aos desiguais na exata proporção
das desigualdades, observados os seguintes requisitos: razoabilidade da
discriminação, baseada em diferenças efetivas; existência de objetivo que justifique
a discriminação; nexo lógico entre o objetivo perseguido que permitirá alcançá-lo.
Sobre este princípio, Baleeiro (1997, p. 523) diz:
Não pode haver igualdade parcelada, justiça parcelada, pois a Constituição integra as suas partes distintas em um todo harmônico e coerente. Por isso mesmo, generalidade, capacidade contributiva (considerada proporcional ou progressivamente) e outros valores, ditados pela política econômica e social do País, são desdobramentos de um mesmo e único princípio, o da igualdade.
Assim, no direito tributário, o critério básico que mensura a igualdade ou
a desigualdade é a capacidade econômica do contribuinte, ou seja, uma distribuição
eqüitativa entre os contribuintes.
26
4 ILUMINAÇÃO PÚBLICA
4.1 HISTÓRICO
Até o advento da Constituição de 1988, a iluminação pública, no Brasil, era
custeada pelo Fundo Nacional de Energia, controlado e administrado diretamente
pela União por intermédio das concessionárias de energia, até então todas públicas,
de forma que o pagamento das contas de energia elétrica destinada ao custeio do
serviço de iluminação pública não constituía problema de gestão financeira aos
municípios brasileiros.
Contudo, com a extinção do referido fundo, a obrigação de custeio da
iluminação pública foi repassada aos executivos municipais, sem a prévia e
necessária definição das fontes de receita necessárias ao adimplemento de tal
encargo, causando sérios problemas de ordem financeira aos entes envolvidos.
A condição de pobreza de grande parte dos municípios brasileiros que em
1999 somavam 5.507 comunas, das quais, 74,8% possuíam população inferior a 20
mil habitantes e apresentavam receita tributária média em torno de apenas 7% do
volume de recurso que se dispunham. Na grande maioria das municipalidades
brasileiras, a capacidade de arrecadação tributária apresenta níveis baixíssimos, a
ponto de corresponder a apenas 7%, em média, dos já parcos recursos
provenientes, em sua quase totalidade, das transferências constitucionais
representadas principalmente pelas receitas oriundas do repasse do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM) que, como se sabe, são insuficientes ao
atendimento das necessidades locais.
Portanto, diante deste quadro sombrio, pode-se, com extrema facilidade,
depreender o significado desastroso, em termos de desequilíbrio das finanças
públicas municipais, que o repasse da conta do serviço de iluminação pública
representou para maioria dos municípios brasileiros, que frente a já escassa
disponibilidade de caixa, tiveram de assumir mais este oneroso encargo (SILVA,
2005).
27
4.2 ANTIGA TAXA
Assim, diante da insuficiência de recursos disponíveis para fazer frente ao
pagamento da conta de iluminação pública, diversos municípios brasileiros
resolveram instituir a Taxa de Iluminação Pública - TIP -, com base no art. 145, inc. II
da Constituição Federal e no artigo 77 do Código Tributário Nacional.
Entretanto, tal iniciativa foi reiteradamente rechaçada pelo Supremo
Tribunal Federal, a partir de 1986, em diversos julgados que declararam a
inconstitucionalidade das aludidas taxas, porque, a despeito de a iluminação pública
se constituir em serviço potencial - assim considerado aquele que a administração
pública coloca à disposição do contribuinte, ainda que não seja por ele utilizado -,
não preenchia requisito indispensável ao estabelecimento de taxa, a saber: sua
divisibilidade , como se verá oportunamente, uma vez que a iluminação pública é um
serviço eminentemente uti universi, ou seja, prestado de forma abstrata e difusa à
coletividade, insuscetível de ter sua utilização individualizada por contribuinte.
Esta cobrança vigorou por algum tempo, até ser julgado inconstitucional
pelo STF, baseado no artigo 145, inciso II da Constituição Federal de 1988, não
podendo ser mais cobrada por meio de taxa.
Devido às constantes decisões sobre o mesmo assunto o STF editou a
súmula 670 que diz: “O servidor de iluminação pública não pode ser remunerado por
mediante taxa”. (BRASIL, 2003).
4.2.1 Emenda Constitucional 39/02
Com o intuito de corrigir a flagrante inconstitucionalidade cometida por
aqueles municípios que criaram as indevidas taxas de iluminação pública, as
municipalidades brasileiras se organizaram e apresentaram Proposta de Emenda à
Constituição Federal (PEC), que ganhou o n.º 222-A, na tentativa infrutífera da
alterar o art. 145, e seu § 2º, da Constituição Federal, objetivando dispensar os
28
requisitos da especificidade e da divisibilidade na instituição da taxa da iluminação
pública, bem como abolir, na lúcida dicção de Harada (2003), "a proibição da
identidade de sua base de cálculo com a de impostos".
Todavia, como não poderia deixar de ser, em 18/12/2001, dito projeto de
emenda, face à sua inconsistência técnico-jurídica, foi rejeitado pelo Senado
Federal, muito embora já houvesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados.
Finalmente, em 20/12/2002, o substitutivo da PEC rejeitada, que se
denominou PEC n.º 222-B, que trazia, em seu bojo, a instituição da Contribuição
para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública - COSIP -, foi aprovada, a Emenda
Constitucional 39/02, que introduziu assim, o art. 149-A na Magna Carta, que
disciplinou a instituição da referida contribuição no ordenamento jurídico pátrio com a
seguinte redação.
Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. (BRASIL, 1988).
Segundo o novo artigo 149-A da Constituição Federal, a denominada
contribuição tem por objetivo a remuneração do serviço de iluminação pública, ou
seja, um serviço público que não admite a sua repartição proporcional ao desfrute
nem a identificação dos usuários e nem define com clareza a natureza jurídica da
nova espécie de tributo. A contribuição para o custeio do serviço de iluminação
pública possui, indiscutivelmente, natureza tributária, visto que além de estar incluída
na Carta Magna no capítulo concernente ao sistema tributário nacional, também se
encaixa ao conceito de tributo.
O artigo 4º do Código Tributário Nacional estabelece que a natureza
jurídica do tributo decorra de seu fato gerador - hipótese tributária -, nunca da
denominação que o legislador tenha lhe atribuído, vejamos:
Art. 4º - A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. (BRASIL, 2004).
Nesta mesma linha Oliveira (2004) ensina que:
29
Para sabermos se um tributo é imposto, ou taxa, ou contribuição de melhoria, não importa o nome, nem a destinação do produto de sua arrecadação, mas o fato gerador respectivo. Qual o fato cujo acontecimento fará nascer à obrigação de pagar o tributo. Esse fato é que determinará se estamos diante de um imposto, de uma taxa, ou de uma contribuição de melhoria, ou de uma espécie de tributo.
Todavia, cabe analisar a natureza jurídica desta novel exação,
especialmente pelo fato de a nomenclatura ser fator secundário para se determinar a
espécie tributária, a fim de esclarecer acerca de sua constitucionalidade.
Partindo desta afirmação tentar-se-á estabelecer a natureza jurídica da
CIP.
a) Os impostos têm como fatos geradores situações que não se
caracterizam como atividades estatais específicas relativas aos
contribuintes.
b) A taxa é tributo vinculado a uma atividade estatal, seja exercício do
poder de polícia, seja prestação ou disponibilização de serviço público
específico e divisível, de uso obrigatório.
c) A contribuição de melhoria tem como hipótese a valorização imobiliária
decorrente de obra pública.
d) As contribuições podem ser de intervenção no domínio econômico, de
interesse de categorias profissionais ou econômicas, ou, ainda, para
financiamento da seguridade social.
e) Os empréstimos compulsórios são restituíveis e podem ser exigidos
para atender despesas extraordinárias decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou mera iminência, e investimento público
de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
Sabemos que destinação do produto da arrecadação não é, portanto, de
interesse de categorias profissionais ou econômicas, nem representa intervenção da
União no domínio econômico, nem financia a seguridade social, nem da contribuição
de melhoria, o que demonstra não ser contribuição o tributo, apesar de assim
rotulado.
Tendo em vista que o fato gerador da exação em análise está vinculado a
uma atuação estatal e esta se caracteriza como prestação de um serviço público,
sua natureza jurídica deveria, inequivocamente, ser de taxa de serviço público,
30
entretanto, devido as constantes decisões sobre o mesmo assunto o STF editou a
súmula 670.
Vejamos com propriedade o que diz Harada (2003) a respeito deste assunto.
Ora, chamar de contribuição, uma exação que não o é, nem pode ser, não faz desaparecer o vício que contaminava o projeto anterior, o qual previa a instituição de taxa de iluminação pública, sem que houvesse serviço público específico e divisível. Contribuição social é tributo de destinação intrínseca, ou seja, tributo vinculado à atuação do Estado. Caracteriza-se pelo fato de o Estado, no desenvolvimento de determinada atividade de interesse geral, acarretar maiores despesas em prol de certas pessoas (contribuinte), que passam a usufruir de benefícios diferenciados dos demais (não contribuintes).
Analisando os tributos constitucionalmente previstos, nota-se que a
verdadeira natureza jurídica da COSIP será de imposto por se trata de serviço geral
que atender toda a coletividade.
Neste mesmo raciocínio Meirelles (2002, p. 322) diz:
São os que atendem a toda a coletividade, sem usuários determinados, como os de polícia, iluminação pública, calçamento e outros dessa espécie. Esses serviços destinam-se indiscriminadamente a toda a população, sem que se erijam em direito subjetivo individual de qualquer administrado à sua fruição particular, ou privativa de seu domicílio, de sua rua ou de seu bairro. Daí por que tais serviços devem ser mantidos por impostos (tributo geral), e não por taxa ou tarifa (remuneração específica do usuário).
É de se ressaltar que, consolidando o seu criterioso posicionamento, o
mencionado administrativista faz nota ao termo: "iluminação pública", no texto acima,
de modo a robustecer seus argumentos com a citação de jurisprudência relevante:
O TJSP, Pleno, decidiu que a iluminação pública, não sendo serviço
específico e divisível, não pode ser cobrada mediante taxa, e sim custeada por
imposto (TJSP, RT 642/102). No mesmo sentido: JSTJ 78/110.
Nesse passo, temos abaixo transcrito o firme e preciso voto do Min. Carlos
Velloso, o qual corroborou com o voto do Relator, Min. Ilmar Galvão, nos autos do
Recurso Extraordinário n.º 33.332-6 Rio de Janeiro, do qual destacamos a seguinte
passagem:
31
A resposta a essas indagações não é outra: o serviço de iluminação pública é um serviço destinado à coletividade toda, não é serviço que pode ser dividido em unidades autônomas para cada contribuinte. É, na verdade, um serviço prestado uti universi e não uti singuli.
Como já foi dito, a iluminação pública é um serviço geral, ou uti universi,
neste sentido vejamos a posição STF no Recurso Extraordinário 233.332-6/RJ.
Tributo de exação inviável, posto ter por fato gerador serviço inespecífico, não mensurável, indivisível e insuscetível de ser referido a determinado contribuinte, a ser custeado por meio do produto da arrecadação dos impostos gerais. (STF, 1999)
A luz de todos os argumentos ventilados neste capitulo, outra conclusão
não há, senão a de que a EC Nº. 39/2002, e por conseqüência o artigo 149-A da
CF/88, não deveria ter sido aprovada, vez que a autorização de criação da COSIP,
verdadeiro imposto, extrapola o poder legislativo constituinte derivado, conflitando
com a ordem constitucional estabelecida pelo legislador constituinte originário. E
também não foi respeitado o processo legislativo, uma vez que, durante a votação,
junto à Câmera dos Deputados, não foi respeitado o interstício mínimo de cinco
sessões entre os dois turnos de votação.
Para Galluzzi, esta manobra configura afronta reflexa ao art. 60, § 2º da
Carta Magna, por violação direta ao art.202, § 6º do Regimento Interno da casa, que
regulamenta a referida norma Constitucional.
Embora o artigo 150 da Constituição Federal explicite em seis incisos as r
limitações ao poder de tributar, o legislador reformador ao prever a possibilidade da
instituição da COSIP, determinou apenas a observância dos princípios da legalidade
(inciso I) e da anterioridade (inciso III). Assim, em princípio, pretendeu o legislador
permitir aos municípios a edição de leis sem a observância dos princípios da
igualdade tributária (inciso II), vedação de confisco (inciso IV), limitação de tráfego
(inciso V) e das imunidades (inciso VI). Portanto, os princípios da discriminação
constitucional, que se constitui em um garantia fundamental do cidadão, não
podendo ser maculado por emenda constitucional.
Esta é lição do tributarista Harada (2002):
Daí por que a inconstitucionalidade dessa proposta de emenda exsurge com solar clareza, por ferir, às escâncaras, a cláusula pétrea (art. 60, § 4º, IV da
32
CF). De fato, de nada adiantaria a Carta Magna assegurar ao contribuinte o direito de não ser tributado por impostos municipais não nominados em seu art. 156, se outros novos impostos pudessem ser instituídos com nome de taxa, através do condenável expediente de tentar "constitucionalizar" um tributo "n" vezes condenado pela Corte Suprema, por ferir a garantia individual.
Embora, a emenda Constitucional 39/02, seja inconstitucional, como não
houve declaração de inconstitucionalidade parte do STF, e devido à presunção de
constitucionalidade, das normas elaboradoras pelo Poder Legislativo, foi possível
após a entrada em vigor do art. 149 A dia 20 de dezembro de 2002, uma corrida dos
prefeitos de volta a seus municípios para poder aprovar as leis Complementares, em
tempo recorde, regulamenta - lá, e também firmar convênio com concessionária de
energia elétrica local, para efetuar a cobrança na fatura de energia elétrica. Em
alguns destes municípios mudou simplesmente o nome da espécie tributária, antes
denominada taxa de iluminação pública, para contribuição de iluminação pública, é o
caso do Município de Fortaleza.
Em Governador Valadares foi aprovada a lei Complementar nº. 043 de 27
de Dezembro de 2002, e que entrou em vigor em 1º de Janeiro de 2003. Esta lei
criou a Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Publica (CCSIP). Ocorre
que desde a elaboração da presente lei, surgiram vários questionamentos no
tocante a sua constitucionalidade.
Partindo dessas premissas passaremos a analisar a lei Complementar nº.
043/02 de Governador Valadares, que se encontra em anexo, abordando os
requisitos indispensáveis para instituição de tributo.
O Município de Governador Valadares, pessoa jurídica de Direito público
interno, com autonomia constitucionalmente garantida quanto à administração
própria, tem o poder de decretar e arrecadar tributos de sua competência, bem como
organizar serviços públicos locais. É o princípio da autonomia municipal, onde a
CF/88 eleva o Município a ente federativo, dando-lhe autonomia política, normativa
(para criação de leis), administrativa (organização de serviços locais), enfim,
capacidade para instituir tributos. Especialmente CCSIP autorizada pela CF/88 sua
instituição. Vejamos mais uma vez, a nova redação dada ao do artigo 149 A da
CF/88.
33
Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
Todavia, para que o Município exerça essa competência de forma legal,
imprescindível que obedeça aos preceitos constitucionais, e também
infraconstitucionais, do contrário, o ente público estaria a instituir, por exemplo, uma
espécie de tributo ilegal, irregular, se não observa as disposições contidas no
ordenamento (sistema constitucional tributário). Não obstante as dificuldades que se
apresentam na definição dos elementos que identificam a CCSIP como espécie de
tributo; passaremos a analisa a lei Complementar 043/02 à luz da CF/88 e da
legislação tributária nacional.
4.3 LEI COMPLEMENTAR N. 043/02 FRENTE CF/88 E À LEGISLAÇÃO
TRIBUTARIA BRASILEIRA
Como já vimos em capítulo anterior há uma séries de requisitos a serem
observado para elaboração e a validade de uma lei tributária, que estão inseridos
tanto no CTN, como CF/88, e que todos os entes Federado (União, Estados, Distrito
Federal, Municípios), ao instituir leis os entes políticos são obrigados a observados
estes princípios, a não observância destes, causará a inconstitucionalidade da lei
assim instituída.
Ao analisar alguns artigos da Lei n. 043/02, observamos que a cobrança
feita pelo Município de Governador Valadares da CCSIP, gerou-se uma série de
discussões acerca da legalidade da contribuição. Para verificar se o referido tributo é
passível de ser cobrado, é necessário observar se ouve a observância dos principios
constitucionais e da legislação tributária nacional, a fim de atribuir legalidade e ter
caracterizado a qualidade do tributo cobrado.
4.3.1 Natureza jurídica da CCSIP
34
Como já analisado nos capítulos anteriores, os tributos em geral possuem
um regime jurídico único que obriga toda e qualquer exação dotada de natureza
tributária à observância dos princípios constitucionais tributários. Contudo, o gênero
tributo contém diferentes espécies tributárias, as quais apresentam características
que as diferenciam entre si e lhes dão natureza jurídica própria. Daí a necessidade
de identificar a natureza jurídica da Contribuição para o Custeio do Serviço de
Iluminação Pública (CCSIP), pois apenas ela é capaz de fornecer as coordenadas
para a identificação do regime jurídico específico que deverá ser obedecido para a
sua instituição.
O art. 4° do Código Tributário Nacional (CTN) disciplina que a natureza
jurídica específica do tributo é determinada pelo "fato gerador" da respectiva
obrigação, sendo indiferente a sua denominação e demais características formais
previstas em lei, bem como a destinação legal do produto de sua arrecadação.
Tendo como enfoque a disciplina de cada espécie tributária, é possível
concluir que a cobrança do serviço de iluminação pública não pode ser realizada
mediante taxa, pois não corresponde a uma exigência decorrente do exercício do
poder de polícia do Poder Público, nem se apresenta como um serviço público
específico e divisível, ao passo em que não pode ser destacado em unidades
autônomas de intervenção, de unidade ou de necessidades públicas, bem como não
é suscetível de utilização individualmente por seus usuários (art. 78, inc. II e III, do
CTN).
Observe-se, contudo, que apesar da finalidade da CCSIP ser o custeio do
serviço de iluminação pública, os critérios eleitos pelos municípios em geral para
identificar os contribuintes da CCSIP não têm guardado qualquer relação com o
serviço prestado.
Outra situação, igualmente equivocada seria a incidência da cobrança
isoladamente, ou seja, tributar tão somente das pessoas que tem seus imóveis
ligados à rede de energia elétrica. Isto porque tornaria inviável a cobrança da
CCSIP, A propriedade neste caso é hipótese típica de geração do tributo não
vinculado, ou seja, de impostos. Neste sentido conclui que a efetiva natureza jurídica
da CSSIP não é de taxa.
Por outro lado, a CCSIP também não apresenta as peculiaridades da
espécie denominada de empréstimo compulsório, posto que não se destina a
35
atender a despesas extraordinárias ou a investimentos de caráter urgente e de
relevante interesse nacional, e nem serão restituídos ao contribuinte (art. 148, CF). A
CCSIP, ao contrário, é serviço público de prestação regular e previsível, não sendo
razoável que o ente municipal faça face aos custos desse serviço através do
empréstimo compulsório, mesmo porque sequer detém competência tributária para
instituí-lo.
No que tange à contribuição de melhoria, é possível concluir que pode ser
instituída pelos entes públicos, com o fito de efetuar o ressarcimento dos gastos
decorrentes da instalação da rede de iluminação pública (art. 2°, inc. IV, do Decreto-
Lei n°.195/67), observe-se que a instalação do serviço de iluminação pública exige a
colocação de postes e a instalação de fios condutores de energia elétrica em ruas,
avenidas, praças, passagens subterrâneas, jardins e passarelas, por exemplo, a
serem realizadas e custeadas, em tese, pelo Poder Público cobrando depois do
contribuinte uma contra prestação no caso de valorização do Imóvel, sendo assim, a
CCSIP não poderá ser custeada por meio de contribuição de melhoria.
Sendo assim, por não se enquadrar em quaisquer das espécies tributárias
anteriores, ou seja, não apresentando a CCSIP natureza jurídica de taxa,
empréstimo compulsório, contribuição de melhoria ou contribuições, resta apenas
concluir que a CCSIP contribuição para custeio de serviço de iluminação pública é
um imposto mascarado de contribuição. Isso porque tal tributo beneficiara um amplo
grupo e liga-se a um serviço publico não considerado propriamente social, já que se
trata de um serviço geral.
Em outras palavras, o custeio do serviço da iluminação pública não é uma
despesa especial provocada por um grupo específico de pessoas, mas, sim uma
despesa geral que a todos diz respeito, uma vez que toda a população se beneficia
da iluminação publica.
Nesse sentido é o entendimento de Carrazza (2004 p. 563):
Segundo estamos convencidos, um imposto, já que tem por hipótese de incidência o fato de uma pessoa, física ou jurídica, estar fixada no local (Município ou Distrito Federal) onde é prestado o serviço de iluminação pública. Trata-se, pois, de um tributo não vinculado a uma atuação estatal.
No município de Campi Norte em Goiás, a COSIP foi declarada
inconstitucional por ser considerada uma taxa disfarçada de imposto.
36
CONSTITUCIONAL TRIBÚTARIO. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI MUNICIPAL N° 279/2002. CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL EMATERIAL. [...]
A contribuição de iluminação pública renova a anterior taxa de iluminação pública, declarada inconstitucional pela corte suprema. O referido tribunal tem caráter uti universo e não uti singuli, faltando-lhes os requisitos da especificidade e da indivisibilidade, devendo ser custeado por meio do produto da arrecadação dos impostos. (CAMPINORTE GOIAS, 2005)
4.3.2 CCSIP X princípio da legalidade
A Constituição Federal em seu art. 150 I e a legislação tributária nacional,
ao determinar que o princípio da legalidade deve reger a atividade do legislador que
instituir ou majorar tributos, pretende evitar que o contribuinte fique sujeito a
eventuais arbítrios e abusos por parte dos membros do Poder Executivo, os quais
que se encontram diretamente envolvidos com as eventuais dificuldades de caixa do
governo.
Os limitadores asseguram a condição para a exigência de qualquer tributo,
seja ele imposto, taxa, ou qualquer espécie de contribuições, dentre elas a prevista
no art. 149, A, da Constituição Federal, isso quer dizer que a definição dos aspectos
fundamentais do tributo, quais sejam, pessoal, temporal, material e quantitativo,
deve vir expressa em lei, que, portanto, detém a competência para determinar quem
são os sujeitos passivos, seu âmbito territorial e temporal de incidência, seu fato
gerador, base de cálculo e alíquota.
Entretanto, depreende – se da leitura da leitura do artigo 6º da Lei
Complementar n. 043/2002, não foi definido, com clareza, o aspecto quantitativo da
contribuição em questão no município de Governador Valadares . É o que se infere
do dispositivo legal abaixo transcrito.
Art. 6º - A base de cálculo para a cobrança da CCSIP será o valor do consumo mensal de energia elétrica de cada contribuinte informado na respectiva fatura emitida pelo concessionário, mediante a aplicação dos seguintes percentuais: CLASSE (KWH) PERCENTUAL DA CCSIP 0 a 30 Isento
37
31 a 50 1,00% 51 a 100 2,00% 101 a 200 4,50% 201 a 300 7,00% Acima de 300 8,00%
Como é possível perceber, o art. 6º da lei 043/02, no tocante ao quantum
da exação a ser exigido dos contribuintes, restringe-se a estabelecer que o valor
seja calculado com base na Tarifa de Iluminação Pública, conforme o consumo
mensal e particular de KWH. Todavia, a Lei Municipal em evidência não determina,
em momento algum, o valor e nem a forma de cálculo da tarifa mencionada.
Entretanto, a “Tarifa de Iluminação Pública” em pauta é fixada pela ANEEL
(Agência Nacional de Energia Elétrica), através de Resolução. O aspecto
quantitativo do tributo, portanto, teve sua fixação relegada a mero ato administrativo
de Agência Reguladora. Ora, o inciso I do artigo 150 da CF/88, referendado
expressamente pelo artigo 152 da Constituição Estadual, veda a cobrança de tributo
que não seja criado ou majorado através de lei, restando obscuro tal ponto na
legislação instituidora da contribuição, confrontando o princípio, da legalidade.
4.3.3 CCISP X princípio da isonomia
Desde que o Município de Governador Valadares institui a CCSIP,
muitos questionamentos foram ventilados sobre igualdade tributária deste tributo.
Como se sabe as contribuições, espécie tributária consagrada na Constituição
da República/88, tem como característica fundamental sua destinação, que deve
beneficiar os respectivos contribuintes.
Ora, ao conceder autonomia ao Município de Governador Valadares, para
instituir contribuição de iluminação púbica, o legislador não especificou no seu art.
149 A, o princípio da isonomia que deve ser observado com bastante atenção pelos
legisladores municipais, por se trata de uma garantia constitucional.
Nessa mesma linha Machado (2006 p. 50) diz;
É a projeção, na área tributária, do princípio geral da isonomia-jurídica, ou princípio pelo qual todos são iguais perante a lei. Apresenta-se aqui como garantia de tratamento uniforme, pela entidade tributante, de quantos se encontrem em condições iguais.
38
Como a beneficiária da iluminação pública é toda a coletividade, e não
apenas um seleto grupo de proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores de
imóveis os art. 3º e 4º revelam-se ofensa ao princípio da isonomia, também
garantido pela Constituição Estadual, em seu art. 152, que expressamente
determina que sejam observadas as garantias previstas pelo art. 150 da Constituição
da República, entre as quais se encontra o princípio invocado (inciso II).
[...] II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
4.3.4 Sujeito passivo
A lei 043/02 no seu art. 3º e 4º citados abaixo, não definiu com exatidão
quem são os contribuintes da CCSIP.
Art. 3º Contribuinte é toda a pessoa física ou jurídica que possua ligação de energia elétrica regular ao sistema de fornecimento de energia mantido pelo Poder Publico Municipal ou pela concessionária. Art. 4º também será contribuinte da CCSIP, o proprietário, o titular de domínio útil ou possuidor, a qualquer titulo de Imóvel constituído por lote vago ou lote contendo edificações em construção ou edificado, não consumidores de energia elétrica, situados em vias ou logradouros serviços de Iluminação Pública ou que dela venha servi-se.
Como se vê nos artigos apresentados, todos aqueles que são proprietários
de imóveis, ou até mesmo aqueles que detêm somente o domínio útil ou uma
simples posse, como no caso da locação, devem arcar com CCSIP. Acontece que
não são somente estes contribuintes que são beneficiados com a iluminação
publica.
Portanto, os moradores de Governador Valadares encontram-se, todos,
em situação equivalente em relação ao benefício concedido pelo Poder Público e
que fundamenta a exigência da CCSIP: todos usufruem da mesma forma, do serviço
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de iluminação pública prestado pela Prefeitura Municipal. Assim, deve o Município
exigir o montante necessário para o seu custeio de todo cidadão, porque se trata de
serviço geral que deve ser custeado por meio de imposto.
O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro posicionou-se nesse
sentido:
INDENIZATÓRIA CUMULADA COM REPETIÇÃO DO INDÉBITO. CONTRIBUIÇÃO PARA CUSTEIO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA - COSIP. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE ACOLHIDA EM PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO. SERVIÇO PÚBLICO UTI UNIVERSI TRIBUTO COM ALÍQUOTA PROGRESSIVA. FLAGRANTE AFRONTA A DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA ISONOMIA TRIBUTÁRIA. TAXA DISFARÇADA DE CONTRIBUIÇÃO. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA. CONHECIMENTO E IMPROVIMENTO DO RECURSO. (RIO E JANEIRO, 2005).
É também o entendimento contido no teor de acórdão emanado pelo
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
Não bastasse a incoerência, atrelar a cobrança da "contribuição" para custeio da iluminação pública ao quantum de energia elétrica consumida no imóvel confronta diretamente com o princípio da isonomia, que guarda íntima relação com aquele da justiça fiscal. Sendo a iluminação pública um serviço usufruído igualmente por todas as pessoas que moram em determinada via, bem como por aquelas que sequer residem no município, como justificar que uns paguem mais do que os outros, ou, ainda, que apenas uns paguem, enquanto outros gozam do serviço gratuitamente? Não se pode esquecer que não apenas o art. 5° da Constituição Federal prevê a igualdade entre os iguais, mas também, de forma específica, o art. 150, inc. II, da Carta Constitucional. (RIO GRANDE DO SUL, 2005).
Cabe observar também, que a EC n.º 39/2002, permitiu que a
Contribuição para Custeio da Iluminação Pública, fosse cobrada na fatura de energia
elétrica, entretanto não significa que o constituinte esteja autorizando aos Municípios
e ao Distrito Federal exigi-la apenas dos titulares das faturas de energia elétrica.
Tanto é assim que a Lei prevê a cobrança da exação dos proprietários, titulares do
domínio útil ou possuidores de imóveis não consumidores de energia elétrica.
Sendo assim, não é isonômico ou igualitário exigir apenas do titular de
fatura particular de energia elétrica o custeio da iluminação pública, visto que
existem várias outras pessoas que usufruem do serviço público na mesma
proporção e, no entanto, em nada contribuem para seu custeio. E o caso dos
40
moradores que gastão menos de 30 kw/h, serão isentos da contribuição, sendo
beneficiados por quem contribui, ou seja, os que tem imóveis ligados a rede de
energia elétrica .
4.3.5 Base de cálculo
A base de cálculo da CCSIP de Governador Valadares, é também uma
afronta ao principio da isonomia. O legislador ao elaborar EC. 39/02, não fixou uma
base de cálculo a ser utilizada pelos municípios, deixado a cargo de lei municipal
que institui a referida contribuição estabelecê-la. Essa lacuna ensejou o surgimento
de várias bases de cálculo em decorrência da impossibilidade de se mensurar o
custo da utilização do serviço de iluminação pública. O Município de Governador
Valadares utiliza o consumo individual de energia elétrica como base de cálculo do
tributo, art.6º da lei n. 043/02:
Como é possível perceber, o diploma legal citado, no tocante ao quantum
da exação a ser exigido dos contribuintes, restringe-se a estabelecer que o valor
seja calculado com base na Tarifa de Iluminação Pública, conforme o consumo
mensal e particular. Entretanto a base de cálculo da CCSIP deve ser quantificada
necessariamente pelo custo total do serviço de iluminação pública, abrangidos todos
os serviços necessários para manutenção do sistema. Como a CCSIP está
vinculada ao custeio do serviço público de iluminação, entendido este como um
serviço estatal direto e atual, e não potencial, não poderá ser incluído para a
formação da base de cálculo da CCSIP fatores alheios à sua destinação, tais como a
expansão da rede elétrica pública, ou que representem formas de limitação ao
acesso público ou mesmo favorecimento a determinadas classes específicas, tais
como iluminação de jogos de futebol, de feiras noturnas, de bailes de carnaval, e
outros.
Se por um lado é discutível a utilização do consumo de energia elétrica
como fato gerador da CCSIP, é inaceitável a utilização do consumo individual de
energia elétrica como base de cálculo ou fator para o estabelecimento da alíquota
para o cálculo da CCSIP. Com efeito, não existe qualquer correspondência entre a
quantidade de energia elétrica utilizada pelo contribuinte e a ação estatal custeada.
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É patente a inconstitucionalidade da Lei Municipal n. 043/02 que
quantificou o valor da CCSIP através do consumo individual de energia elétrica, pois
institui tratamento desigual entre contribuintes que se encontram em situação
equivalente (CF, art. 150, II). É certo que nem todos contribuintes podem estar em
situação de equivalência quanto à comodidade e à segurança proporcionada pela
iluminação pública. Mas o fato é que não se pode utilizar de critério que não guarda
qualquer correspondência com estes fatores para estabelecer distinções entre os
sujeitos passivos.
4.3.6 CCSIP X capacidade contributiva
Assim, como a violação do principio da isonomia já demonstrado, o
Município de Governador Valadares, ao usar base de cálculo do consumo individual
para calcular o quantum a ser pago por cada usuário, (neste caso os que têm
residência ou imóveis ligados à rede de energia elétrica), também afronta o princípio
da capacidade contributiva, pois não há como condicionar o consumo de energia
elétrica individual o acréscimo no pagamento, de forma progressiva.
Mesmo se fosse juridicamente possível a adoção do critério da
progressividade na definição das alíquotas dessa contribuição, não haveria como
aferir a capacidade contributiva simplesmente pelo padrão de consumo de energia
elétrica medido em KWH, de acordo com a respectiva classe de consumidores
(Industrial, Comercial, Residencial, Serviço Público e Poder Público), uma vez que
esse critério não se presta à efetiva realização da justiça tributária.
O princípio da capacidade contributiva foi estabelecido expressamente
somente para os impostos no artigo 145 § I da CF, mais sabemos que ele também
poderá ser aplicado em qualquer espécie de tributo principalmente para CCSIP.
Para Baleeiro (1997, p. 520): “O princípio fundamental, fonte principal de
critérios discriminatórios, é o da capacidade contributiva [...], que recomenda a
personalização do imposto e a sua graduação, segundo as possibilidades
econômicas do contribuinte”.
Sendo assim, Município não poderá levar em conta o consumo domiciliar,
comercial, industrial ou rural de energia elétrica, porque este não se relaciona com o
serviço de iluminação pública, não pode este, servir de paradigma para a
42
quantificação do tributo. Ademais, este consumo individual não revela por si
capacidade contributiva. Assim a simples aferição da energia consumida não é
suficiente para se estabelecer a justiça tributária desta nova exação, principalmente
neste caso, quem gastar mais energia elétrica, pagará um valor maior.
Alguns doutrinadores chegam até afirma que base de cálculo de calculo
usada pelos municípios inclusive o de Governador Valadares, é a mesma do imposto
estadual que seria o ICMS, por causa da técnica da progressividade utilizada para
calcular o valor do imposto, é mesma usada para calcular o valor que cada
proprietário deva contribuir para custear a CCSIP. Não havendo equidade na
cobrança; a proporção da alíquota é muito diferenciada para cada contribuinte.
“Assim, se um vigia noturno de determinado bairro que trabalha à noite e
dorme de dia, ou um jovem rico que passa as noites se divertindo na rua e dorme
durante todo o dia. Eles estarão usufruindo ao máximo da comodidade e da
segurança proporcionadas pela ação estatal, uma vez que sentirão diretamente tal
reflexo nas ruas e praças iluminadas, mas quase nada pagarão de tributo, pois
passam o dia dormindo e saem à noite para trabalhar ou se divertir, reduzindo o
consumo de energia elétrica. Por outro lado, o cidadão que trabalha o dia inteiro, e
se recolhe à sua residência durante o período noturno, pouco estará se beneficiando
a iluminação pública, porque à noite se recolhe, mas estará sendo bem tributado,
pois, durante o trabalho, ou recolhido em sua casa durante as noites, consome
quantia considerável de energia elétrica.”(Machado, 2003). Ora, é evidente que o
quantum consumido por cada cidadão não guarda nenhuma proporção com os
custos reais da prestação de serviço de iluminação pública, logo, surge à
impossibilidade de estabelecermos uma proporcionalidade entre o valor do tributo e
os recursos necessários para o custeio do mencionado serviço, e isto inviabiliza
totalmente a sua exigência e a maneira que é cobrado, não atendendo neste caso o
principio da capacidade contributiva.
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5 CONCLUSÃO
A contribuição para custeio do serviço de iluminação pública foi introduzida
no Município de Governador Valadares, através da Lei n. 043/02, pelo permissivo
constitucional introduzido pela Emenda Constitucional n.º 39, de 20 de dezembro de
2002.
Ocorre que o novo tributo causou grandes polêmicas entre no município
de Governador Valadares, em relação ao seu enquadramento jurídico, por se tratar
de uma nova espécie de tributo, instituído meio que forçado no ordenamento
jurídico.
Os interesses circunstanciais que balizaram a edição dessa emenda
afetaram de forma decisiva não só o processo legislativo da sua elaboração, como
também o seu conteúdo, e por conseqüência todas as leis Municipais instituídas
decorrentes desta emenda.
Com isso, contribuição de serviço de iluminação pública instituída em
Governador Valadares apresenta inconstitucionalidades, sendo a maioria delas
incontornáveis.
A CCSIP, por sua vez, ao eleger para integrar a sua hipótese de incidência
fatos desvinculados de qualquer atuação estatal, não apresenta natureza jurídica de
Contribuição, por não apresentar qualquer contraprestação estatal em favor de um
grupo específico. Como o serviço beneficia toda a sociedade deveria ser custeado
por meio de imposto. Portanto não vai ser o serviço de iluminação pública prestado
pelo município que determinará a cobrança da CCSIP, mas sim a propriedade ou
domínio de qualquer prédio ligado à rede de energia elétrica.
E, ainda que seja considerada pelo STF uma contribuição, deve-se leva
em conta, que a cobrança da CCSIP, não guarda qualquer referibilidade com os
contribuintes eleitos para figurar em seu pólo passivo. De fato, não é isonômico ou
igualitário exigir apenas do titular de fatura particular de energia elétrica o custeio do
serviço de iluminação pública neste caso os arts, 3º e 4º da lei em debate afronta
descaradamente o principio da isonomia.
Além do mais, ao eleger o consumo de energia elétrica individual, como
sua base de cálculo, é desrespeitado frontalmente o princípio da legalidade. O inciso
44
I do artigo 150 da Constituição da República, referendado expressamente pelo artigo
152 da Constituição Estadual, veda a cobrança de tributo que não seja instituído ou
majorado por lei, portanto não admitida como base de cálculo uma tarifa fixada por
uma Agência nacional Reguladora e cuja forma de cálculo é, também, determinada
pela mesma autarquia.
A simples aferição da energia consumida individualmente não é suficiente
para se estabelecer a justiça tributária desta nova exação, principalmente quando
quem consome mais, pagará mais pelo serviço. Ademais, este consumo individual
não revela por si capacidade contributiva dos contribuintes.
Sendo assim, caberá aos interessados, fazer valer dos direitos previstos na
legislação Tributária Brasileira, e impetrarem a ação própria, visando à declaração
da inconstitucionalidade da Lei n. 043/02, que instituiu a CCSIP em Governador
Valadares, por não atender os requisitos essenciais para a cobrança do referido
tributo.
45
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BALEEIRO, Aliomar. Limitações constitucionais de ao poder de tributar. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
BRASIL. Código tributário nacional (1966). 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília: Senado, 1988. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula nº. 670. O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. Disponível em: <http://www.stf.gov.br/jurisprudencia/nova/pesquisa.asp?s1=670&d=SUMU>. Acesso em: 19 jun. 2010. CARRAZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. 19. ed. São Paulo. Ed. Malheiros. 2004. EDUARDO, Sabbag de Souza. Manual de direito tributário. São Paulo: Saraiva, 2009. GOVERNADOR VALADARES. Contribuição para custeio do serviço de iluminação pública. Lei Complementar n. 043 de 27 de Dezembro 2002, Governador Valadares: Câmara Municipal de Governador Valadares, Estado de Minas Gerais. HARADA, Kiyoshi. Taxa de iluminação pública. Análise da proposta de emenda Constitucional Nº 222-A. Jus Navigandi, Teresina, a. 6, n. 55, mar. 2002. ______. Contribuição para custeio da iluminação pública. Jus Navigandi, Teresina, ano 7, n. 65, maio 2003. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4076>. Acesso em: 08 mai. 2010.
46
MACHADO, Hugo de Brito. A contribuição de iluminação pública - CIP. 2003. Disponível em: <http://www.hugomachado.adv.br>. Acesso em: 14 out. 2009. ______. Curso de direito tributário. 26. ed. São Paulo. Ed. Malheiros, 2006. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Medeiros, 2002. MINAS GERAIS. Constituição (1989) Constituição do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: Inédita, 2001. ______. Tribunal de Justiça. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1000005418140-9/000. Relator: Des. Antônio Hélio Silva. Belo Horizonte, 13 de abril de 2005. OLIVEIRA, Carla Dumont. A nova contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública à luz da natureza jurídica das contribuições. Jus Navigandi, Teresina, ano 8, n. 295, 28 abr. 2004. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5143>. Acesso em: 08 mai. 2010. ROCHA, Carla Bianca Olinger. Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1384, 16 abr. 2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9741>. Acesso em: 08 mai. 2010. SILVA, Cleber Demetrio Oliveira da. Considerações acerca da constitucionalidade da Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública (COSIP) . Jus Navigandi, Teresina, ano 9, n. 822, 3 out. 2005. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7342>. Acesso em: 06 mai. 2010. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, Pleno, RExt n.º 233.332-6. Rio de Janeiro, Rel. Min. Ilmar Galvão, D.J. 14.05.1999. RIO DE JANEIRO. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Apelação Cível n°. 2005.001.37930, da 17ª Câmara Cível. Relator: Des. Raul Celso Lins e Silva, 16 nov. 2005.
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Reexame Necessário n°. 70010624856, da 22ª Câmara Cível. Relatora: Rejane Maria Dias de Castro Bins, 10 nov. 2005.
47
CAMPINORTE GOIAS. Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Apelação Cível n°. 200301464582, da 4ª Câmara Cível. Relator: Dêsª. Beatriz Figueiredo Franco, 14 Set. 2005.
48
ANEXO
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ANEXO
LEI COMPLEMENTAR Nº. 043, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2002.
Dispõe sobre a cobrança de contribuição para o Custeio dos Serviços de Iluminação Pública e dá outras providências – CCSIP.
A Câmara Municipal de Governador Valadares, Estado de Minas Gerais,
prova e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: Art. 1º - Fica criada no Município de Governador Valadares/MG a Contribuição
para o Custeio dos Serviços de Iluminação Pública – CCSIP, cuja finalidade é o custeio do serviço de iluminação pública municipal.
Art. 2º - O serviço a que se refere o artigo anterior compreende a iluminação
de vias, logradouros e demais bens públicos e a instalação, manutenção, melhoramento e expansão da rede de iluminação pública, além de outras atividades a estas correlatas, como o custeio do consumo de energia elétrica de prédios e logradouros públicos.
Art. 3º - Contribuinte é toda a pessoa física ou jurídica que possua ligação de
energia elétrica regular ao sistema de fornecimento de energia mantido pelo Poder Público Municipal ou pela concessionária.
At. 4º - Também será contribuinte da CCSIP, o proprietário, o titular de
domínio útil ou o possuidor, a qualquer título de imóvel constituído por lote vago ou lote contendo edificações em construção ou, edificado, não consumidores de energia elétrica, situados em vias ou logradouros servidos de iluminação pública ou que dela venha servir-se.
Art. 5º - O valor da CCSIP poderá ser cobrado mensalmente através da fatura
de energia elétrica, mediante convênio ou contrato com a concessionária. Art. 6º - A base de cálculo para a cobrança da CCSIP será o valor do consumo mensal de energia elétrica de cada contribuinte informado na respectiva fatura emitida pelo concessionário, mediante a aplicação dos seguintes percentuais:
CLASSE (KWH) PERCENTUAL DA CCSIP 0 a 30 Isento 31 a 50 1,00% 51 a 100 2,00% 101 a 200 4,50% 201 a 300 7,00% Acima de 300 8,00%
50
Art. 7º - No caso descrito no artigo 4º desta Lei, o contribuinte pagará uma contribuição anual equivalente a 36% (trinta e seis por cento) sobre o valor da tarifa de iluminação pública vigente no mês de janeiro do ano a que se referir, estabelecido pela ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, a ser cobrada juntamente com a Guia de IPTU. Art. 8º - Realizado o convênio ou contrato a que se refere o art. 5º desta Lei, a concessionária contabilizará e recolherá, mensalmente, o produto da CCSIP à conta específica, em estabelecimento de crédito indicado pela Secretaria Municipal da Fazenda. § 1º - A concessionária apresentará à Prefeitura, mensalmente, a fatura relativa ao fornecimento de energia elétrica acompanhada de comprovante de arrecadação total da CCSIP. § 2º - O convênio ou contrato poderá conter cláusula que autorize a compensação entre o valor total da fatura relativa ao fornecimento de energia elétrica e o valor da arrecadação da CCSIP. § 3º - O superávit eventual verificado entre o montante arrecadado e o valor da fatura poderá ser utilizado para a quitação parcial ou total de outras faturas de responsabilidade do Município, além do custeio de obras de expansão e/ou melhoramentos do sistema de iluminação pública, em qualquer caso precedido de autorização do Prefeito Municipal ou agente delegado.
Art. 9º - Fica acrescido ao artigo 43 da Lei Complementar n. 34, de 14 de dezembro de 2001 – Código Tributário Municipal, o seguinte inciso, fazendo-se as adaptações necessárias:
IV – contribuição para o custeio dos serviços de iluminação pública, definida
na forma de lei complementar específica. Art. 10 – Esta Lei entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2003,
revogando-se as disposições em contrário, notadamente todo o Capítulo II do Título III do Livro Segundo, compreendendo os artigos 138 a 145, todos do Código Tributário Municipal.
Governador Valadares, 27 de dezembro de 2002.
JOÃO DOMINGOS FASSARELLA Prefeito Municipal