universidade tuiuti do paranÁ sandra paula gomes...

25
0 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Sandra Paula Gomes Lopes da Silva de Santana ESCOLHO, LOGO USO. SELEÇÃO INDIVIDUALIZADA DO PROTETOR AUDITIVO: UMA ETAPA IMPORTANTE NA PREVENÇÃO DA PERDA AUDITIVA INDUZIDA PELO RUÍDO CURITIBA 2012

Upload: vuongdien

Post on 07-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

0

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Sandra Paula Gomes Lopes da Silva de Santana

ESCOLHO, LOGO USO.

SELEÇÃO INDIVIDUALIZADA DO PROTETOR AUDITIVO: UMA

ETAPA IMPORTANTE NA PREVENÇÃO DA PERDA AUDITIVA

INDUZIDA PELO RUÍDO

CURITIBA

2012

1

Sandra Paula Gomes Lopes da Silva de Santana

ESCOLHO, LOGO USO.

SELEÇÃO INDIVIDUALIZADA DO PROTETOR AUDITIVO: UMA

ETAPA IMPORTANTE NA PREVENÇÃO DA PERDA AUDITIVA

INDUZIDA PELO RUÍDO

Trabalho de conclusão do curso apresentada ao Curso de Especialização em Audiologia Clínica: enfoque prático e ocupacional da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Audiologia. Orientadora: Profa. Ms. Débora Lüders

CURITIBA

2012

2

RESUMO

ESCOLHO, LOGO USO. SELEÇÃO INDIVIDUALIZADA DE PROTETORES AUDITIVOS: UMA ETAPA IMPORTANTE NA PREVENÇÃO DE PERDA AUDITIVA INDUZIDO PELO RUÍDO

Introdução: Medidas de proteção auditiva devem ser aplicadas tão logo se suspeite de problemas com o ruído. Apesar do uso do protetor auditivo, a perda auditiva continua a aumentar. Uma das razões para este fato é a utilização incorreta dos protetores auditivos pelos trabalhadores. Uma das etapas recomendadas pelo Comitê Nacional de Ruído seleção é a indicação, adaptação e acompanhamento da utilização do equipamento de proteção individual. Objetivo: Verificar se o tamanho do protetor auditivo utilizado pelos funcionários de uma empresa de fabricação e comercialização de tubos e conexões mantém-se o mesmo a apresentação dos demais tamanhos oferecidos pela empresa e treinamento adequado de uso. Metodologia: Participaram deste estudo 47 funcionários, com idade entre 18 e 49 anos (média 30,8), que trabalham em locais da empresa onde o uso do protetor auditivo é obrigatório. No momento da realização do exame audiológico periódico foi observado o tamanho do protetor auditivo que o funcionário estava usando e como este funcionário o utilizava (encaixe e percepção de conforto). Após foi realizado um treinamento e apresentados todos os tamanhos oferecidos pela empresa – todos de inserção, da marca pomp, nos tamanhos P, M, G e Único – e selecionado, com a participação do trabalhador, o tamanho mais adequado. Os trabalhadores foram orientados quanto à colocação conforme descrita no manual do próprio protetor auditivo, higienização, manutenção e troca do protetor auditivo, bem como informações sobre a perda auditiva por ruído. Resultados: Dos 47 trabalhadores, 19 (40%) optaram em realizar a troca de tamanho de protetor auditivo após o treinamento individual. Antes do treinamento, o protetor mais utilizado era o único. Depois do treinamento o protetor mais utilizado passou a ser o pequeno. O que mais motivou a troca do protetor foi o conforto (79% dos funcionários). Entre os que não optaram por trocar o tamanho do protetor, 13 trabalhadores (46%) foram orientados a melhorar o encaixe. Conclusão: Os resultados demonstram que se faz necessário a indicação e treinamento individual quanto ao uso correto de protetor auditivo, bem como a participação do trabalhador na escolha do protetor. Desta forma, maior será a probabilidade do trabalhador utilizá-lo corretamente, tornando mais eficaz esta ação preventiva. Palavras Chave: Ruído, Protetor Auditivo, Ocupacional, Prevenção, Audição.

3

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA.................................................................05

2. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA...................................................................08

3. OBJETIVOS....................................................................................................09

3.1 OBJETIVO GERAL..........................................................................................09

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..........................................................................09

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................10

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................14

5.1 TIPO DE ESTUDO E ABORDAGEM...............................................................14

5.2 ASPECTOS ÉTICOS......................................................................................14

5.3 LOCAL DE ESTUDO.......................................................................................14

5.4 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO..........................................................15

5.5 COLETA E ANÁLISE DE DADOS...................................................................15

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................17

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................20

REFERÊNCIAS....................................................................................................21

ANEXOS...............................................................................................................23

4

ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

EPI Equipamento de Proteção Individual

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NR Norma Regulamentadora

NRRsf Nível de Redução do Ruído de Colocação Subjetiva

PAIR Perda Auditiva Induzida por Ruído

PCA Programa de Conservação Auditiva

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

NRRsf Nível de Redução do Ruído de Colocação Subjetiva

SESI Serviço Social da Indústria

5

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Foi no século XVIII, na Inglaterra, que teve início a Revolução Industrial com a

mecanização dos sistemas de produção. Embora tenha sido um marco histórico e

positivo para toda a humanidade, apresentou também conseqüências nocivas para a

sociedade, dentre elas a poluição sonora.

O ruído pode ser o causador de diversos fatores indesejáveis nas pessoas

que trabalham expostas a ele, dentre eles a capacidade de produzir a perda de

audição (KATZ, 1989).

Segundo Klautau (2010):

“A Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR) é uma patologia prevalente entre trabalhadores expostos a ruído ocupacional, que afeta a audição e traz conseqüências negativas para a qualidade de vida do indivíduo, o que reforça a preocupação e os esforços no seu controle.”

Segundo orienta Gerges (2000), medidas de conservação auditiva devem ser

aplicadas quando se suspeita de problemas com ruído.

Encontramos na legislação a Norma Regulamentadora (NR) 9, publicada em

1994, que estabelece a obrigatoriedade da implementação de um Programa de

Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), que trata sobre a preservação da saúde

do trabalhador, elaborando uma metodologia de ação para garantir esta

preservação.

Há muito se sabe que o ideal seria encontrar um ambiente de trabalho sem

ruído ou com o mínimo possível. A própria NR 9 menciona que deverão ser

adotadas medidas para a eliminação, a minimização ou o controle dos riscos

ambientais sempre que apresentarem risco potencial a saúde. No subitem 3.5.4

encontramos a orientação de que ao comprovar a dificuldade ou que é inviável no

6

atual momento medidas de proteção coletivas, o uso de Equipamento de Proteção

Individual – EPI, entre outras medidas, devem ser tomadas.

Segundo a NR 9, quanto a utilização do EPI, o empregador deverá considerar

as normas legais e administrativas onde além de selecionar o EPI a ser utilizado

pelo empregado, deve promover treinamento com orientações quanto a correta

utilização do mesmo, bem como higienização, conservação e manutenção do EPI.

Viegas (2004) publicou uma extensa matéria mostrando que, apesar da luta

dos profissionais para a utilização da proteção auditiva pelos trabalhadores, a perda

auditiva continua a aumentar no Brasil. Em 1999 o Comitê Nacional de Ruído e

Conservação Auditiva publicou no boletim de número 6 (seis), as recomendações

mínimas para elaboração de um programa de conservação auditiva (PCA), e dentre

as etapas citadas encontramos o item IV que se refere às medidas de proteção

individual, objeto desta pesquisa. As medidas orientadas pelo comitê são: seleção,

indicação, adaptação e acompanhamento da utilização do equipamento de proteção

individual adequado aos riscos.

Gerges afirma que “A melhor escolha do protetor auditivo é aquela em que o

trabalhador aceita usa-lo corretamente, com vontade e mantendo-o colocado no

ouvido o tempo todo”. (2000, p. 640).

Sempre que possível deve-se deixar o funcionário escolher o protetor auditivo

dentre os tipos adequados. (GERGES, 2003).

Gerges (citado BAU, 2007, p. 61) afirma que o conforto deve ser avaliado em

primeiro lugar, visto que as chances do trabalhador não utilizar o protetor auditivo

aumentam se este for desconfortável.

7

Fiorini (citado BAU, 2007, p. 56) critica o fornecimento de protetores auditivos

sem nenhum critério de seleção, pois muitas empresas apenas distribuem os

protetores sem uma prévia seleção ou orientação.

Um estudo publicado no ano de 2009, que teve como objetivo analisar a

eficácia da colocação de protetores auditivos em indivíduos com e sem treinamento,

pode concluir, ao final que existiram diferenças entre esses dois grupos. O grupo

que recebeu treinamento e estava acostumado a utilizar o protetor auditivo

apresentou uma melhor atenuação que o grupo que não recebeu, ficando evidente a

necessidade de treinamento para garantir a correta utilização dos protetores

auditivos (GONÇALVES e cols., 2009).

No ano de 2009 iniciei um trabalho em uma empresa de tubos e conexões na

cidade de Joinville, onde pretendia ir além da avaliação audiológica periódica já

realizada. Nesta empresa os protetores auditivos eram entregues aos funcionários

sem indicação ou treinamento específico. Temos conhecimento na literatura, que os

protetores auditivos nem sempre são utilizados da maneira correta devido às falhas

humanas (GERGES, 2000).

Sendo assim, com o levantamento dos dados para essa pesquisa, pretende-se

reafirmar a necessidade de expansão no trabalho da fonoaudiologia além da

audiometria periódica no mercado industrial. Mostrar que a realização da

audiometria é apenas a etapa inicial, e que podemos propor atividades que

promovam saúde e ajudem na prevenção de perdas auditivas ocupacionais. Quanto

mais próximo o profissional da saúde ficar do funcionário, mais eficaz serão as

mudanças no comportamento dos trabalhadores.

8

2. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

A indicação e escolha do tamanho do protetor auditivo juntamente com o

funcionário podem apresentar um melhor encaixe com maior conforto que o utilizado

anteriormente sem uma prévia seleção?

9

3. OBJETIVO

3.1 OBJETIVO GERAL

Verificar se o tamanho do protetor auditivo utilizado pelos funcionários de uma

empresa de fabricação e comercialização de tubos e conexões mantem-se o mesmo

após o treinamento e apresentação dos demais tamanhos oferecidos pela empresa.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar qual o tamanho mais utilizado pelos funcionários sem o treinamento

individualizado;

Analisar o encaixe do protetor auditivo do funcionário sem a prévia indicação

e treinamento;

Selecionar o tamanho do protetor mais adequado a cada funcionário treinado;

Realizar treinamento com orientações quanto ao uso correto, higienização,

troca e manutenção do protetor auditivo;

Observar qual o motivo que fez o funcionário optar pela troca de tamanho do

protetor após a apresentação e treinamento do uso do protetor auditivo, caso tenha

ocorrido, se foi melhor encaixe ou maior conforto;

Identificar qual o tamanho do protetor auditivo mais selecionado após a

apresentação e treinamento individualizado.

10

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O ruído aparece como o fator ou agente mais constante e o mais

universalmente distribuído no ambiente ocupacional (RIOS, 2007).

Estudiosos afirmam que exposição a altos níveis de ruído por um tempo longo

danifica as células da cóclea (GERGES, 2000).

A NR 15 da Portaria do Ministério do Trabalho (MTE) que trata de atividades e

operações insalubres, cita duas medidas que se ocorrerem pode eliminar ou

neutralizar a insalubridade, são elas:

a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de

trabalho dentro dos limites de tolerância;

b) com a utilização de equipamento de proteção individual.

A NR 06 também do MTE que trata de Equipamentos de Proteção Individual

(EPI) enfatiza que estes só devem ser utilizados quando não forem possíveis

medidas de proteção coletivas, porém exige que o empregador treine o trabalhador

para a utilização adequada de seu EPI.

Quando não for possível adotar medidas de proteção coletiva, a maneira mais

comum e prática para reduzir o ruído é o protetor auditivo individual (GERGES,

2003).

Porém a simples entrega do protetor auditivo não garante a prevenção da

perda auditiva por ruído. Qualquer equipamento de proteção individual precisa ser

selecionado e utilizado corretamente.

Uma solução prática para seleção do protetor auditivo é selecionar vários

tipos e fornecer ao usuário para que experimente e escolha o que melhor se adapte

(GERGES, 2003).

11

Levando-se em consideração que existe a possibilidade do trabalhador não

usar corretamente o protetor, que na maioria das vezes introduz o plug da maneira

incorreta por diversas razões, o problema torna-se ainda mais grave, pois causa

uma falsa sensação de proteção na saúde laboral (VIEIRA, 2009).

Evidenciando tal consideração Klautau (2010) afirma que:

“Estudos têm evidenciado que 10% a 15% dos indivíduos que usam protetores têm atenuação abaixo do limite inferior da capacidade de redução dos protetores. Erros no posicionamento, manutenção e trocas inadequadas estão entre as causas mais comuns deste problema.” (p.35).

A forma como os protetores auditivos são colocados interfere diretamente na

proteção oferecida, podendo oferecer mais proteção do que a atenuação

mencionada no Nível de Redução do Ruído de Colocação Subjetiva (NRRsf), e o

inverso também; se mal colocado poderá oferecer pouca ou até mesmo nenhuma

proteção (FERNANDES, 2010).

A avaliação do conforto oferecido pelo protetor é de fundamental importância,

uma vez que as chances do trabalhador não utilizar o mesmo, por ser

desconfortável, é grande. Gerges (citado por BAU, 2007, p.60) ressalta que o

conforto deverá vir em primeiro lugar, seguido pela eficiência e eficácia. Cabe

ressaltar que após a seleção e escolha do protetor a ser utilizado, é fundamental que

os trabalhadores passem por orientações sobre a maneira correta de utilização dos

mesmos.

Na experiência de Gerges (2003):

“A escolha do melhor protetor no mercado deve ser baseada na aceitação dos usuários em usá-los 100% do tempo da jornada de trabalho, isto é, cada usuário escolhe seu protetor preferido entre os tipos recomendados.” (p. 113).

O conforto é mencionado como um dos fatores de mais importância do que

um ganho de alguns decibéis a mais na atenuação, visto que a atenuação alcançada

já é aceitável (GERGES, 2003).

12

Uma empresa especializada em equipamentos de proteção auditiva elaborou

um guia prático para elaboração de um Programa de Conservação Auditiva, onde

neste consta que o conteúdo mínimo a ser passado para os usuários de protetores

auditivos dentro de um treinamento deverá constar: conhecimento do risco; efeitos

do ruído e como proteger sua audição; instruções de colocação, inspeção e

manutenção do protetor auditivo selecionado (GABAS, 2004).

Uma das estratégias possíveis a serem realizadas no planejamento de

atividades educativas é o treinamento, utilizado para qualificar os profissionais na

utilização do protetor auditivo.

Gonçalves (2009) dedica um capítulo inteiro discorrendo sobre ações

educativas, reafirmando que o trabalhador deve ser envolvido nestas ações, como

por exemplo, treinamentos na utilização de protetores, sendo um processo de

assimilação a curto prazo.

O treinamento e a conscientização dos trabalhadores são ferramentas

importantes para a utilização adequada e melhor eficácia dos protetores auditivos.

(BERNARDI E JUNIOR, 2003).

No ano de 2001, foi publicado um estudo sobre o desempenho de diferentes

protetores auditivos. Partiu do questionamento quanto à forma que os protetores

auditivos vêm sendo utilizados, uma vez que ainda continuam ocorrendo perdas

auditivas induzidas por ruído, ou agravamento, mesmo com o uso de protetores

pelos trabalhadores. Foram realizadas duas audiometrias em campo livre: uma com

o protetor colocado pelo funcionário, e outra depois de colocado corretamente pela

fonoaudióloga. Foi observado através desse estudo que todos os protetores

avaliados na pesquisa, quando corretamente colocados provocaram mudanças

13

significativas nos limiares tonais e de reconhecimento de fala. (AVAGLIANO e

ALMEIDA, 2001).

Segundo Gerges (1991), é recomendável que o trabalhador leve seu protetor

cada vez que tiver teste audiométrico e mostre ao fonoaudiólogo como ele usa e

como o guarda. Este deve orientar o trabalhador individualmente sobre o uso

correto, manutenção e, inclusive, sobre a troca do EPI.

14

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.1 TIPO DE ESTUDO E ABORDAGEM

Estudo descritivo, do tipo transversal, com abordagem quantitativa,

desenvolvido em uma das empresas para a qual o Serviço Social da Indústria (SESI)

da cidade de Joinville em Santa Catarina, presta seus serviços.

5.2 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa foi explicado a empresa em questão, onde a mesma

consentiu a realização da pesquisa (Anexo 1).

Todos os funcionários participantes desta pesquisa assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 2) para liberação dos dados colhidos.

O número da aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade

Tuiuti do Paraná é 12-08.

5.3 LOCAL DE ESTUDO

Esta pesquisa foi realizada em uma das empresas líderes mundiais na

fabricação e comercialização de tubos e conexões, situada em na cidade de

Joinville, em Santa Catarina. Os setores de trabalho selecionados foram: injeção,

ferramentaria, extrusão e manutenção, devido aos níveis de ruído exigirem o uso de

protetores auditivos.

5.4 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO

Fizeram parte da população analisada neste estudo, 47 funcionários que

passaram pelo exame periódico no mês de março de 2011. A idade variou entre 18

15

e 48 anos (média de 30,7), sendo 14 do gênero feminino e 33 do gênero masculino.

Os funcionários estão distribuídos entre os diversos setores da empresa (injeção,

ferramentaria, extrusão e manutenção).

5.5 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram coletados durante a realização dos exames periódicos dos

funcionários. Neste momento, foi observado o tamanho do protetor auditivo que o

funcionário estava usando e como este funcionário o utilizava. Após foi realizado o

treinamento e apresentado todos os tamanhos oferecidos pela empresa, orientando-

os quanto à colocação conforme descrita no manual do próprio protetor auditivo,

higienização, manutenção e troca do protetor auditivo, bem como informações sobre

a perda auditiva por ruído.

Estes dados foram digitados numa planilha Excel onde continham dados

como: nome, data, gênero, idade, protetor auditivo que utilizava pré-treinamento,

motivo da escolha do protetor (conforto ou encaixe), e protetor auditivo escolhido

pós-treinamento.

Foram utilizados os protetores auditivos oferecidos pela própria empresa,

todos de inserção da marca Pomp nos tamanhos pequeno, médio, grande e único,

para seleção do tamanho mais adequado e confortável para o funcionário.

Sendo assim, a coleta e análise dos dados aconteceu nas etapas

especificadas abaixo observando-se:

a) Qual o tamanho do protetor auditivo utilizado pelo funcionário e como este o

encaixa sem o treinamento;

b) Qual o protetor escolhido pelo funcionário após o treinamento;

16

c) Caso tenha trocado de tamanho, isso ocorreu devido ao encaixe, conforto ou

ambos;

d) Qual o tamanho mais utilizado antes e depois do treinamento.

17

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados serão apresentados levando-se em consideração o protetor

auditivo que o funcionário utilizava pré-treinamento, qual o motivo da escolha do

protetor (conforto ou encaixe), e qual o protetor auditivo escolhido pós-treinamento.

Ao analisarmos os dados colhidos podemos observar que antes do

treinamento o protetor mais utilizado pelos funcionários era o de tamanho único,

conforme a tabela abaixo:

TABELA 1 – ESCOLHA DO PROTETOR AUDITIVO COM E SEM TREINAMENTO DE USO Sem treinamento Com treinamento n % n % Único 31 66 14 30 Pequeno 9 19 22 46 Médio 6 13 7 15 Grande 1 2 14 9 Total 47 100 47 100

18

Após o treinamento o protetor mais utilizado passou a ser o de tamanho

pequeno, confirmando a importância do treinamento individualizado com a

participação efetiva do funcionário na escolha do seu protetor.

Dos 47 funcionários que passaram pelo treinamento, 19 (40%) efetuaram a

troca de tamanho de protetor devido às queixas relacionadas na Tabela 02:

TABELA 02 – MOTIVO QUE LEVOU OS FUNCIONÁRIOS A TROCAREM DE TAMANHO DO PROTETOR AUDITIVO

n % Conforto e Encaixe 12 63 Conforto 3 16 Encaixe 4 21 Total 19 100

Aqui podemos observar que o conforto é sem duvida uma das queixas mais

frequentes. 63% (sessenta e três por cento) dos funcionários optaram em trocar o

tamanho do seu protetor por achar que o novo protetor escolhido apresentava um

maior conforto seguido de melhor encaixe, e 21% (vinte e um por cento) trocaram

devido apenas a um melhor encaixe, o que vai ao encontro de Gerges (2003) que

cita o conforto como sendo um dos fatores de maior importância. A troca do

tamanho do protetor foi maior entre as mulheres. Entre as 14 funcionárias, 9 (

64,2%) efetuaram a troca do protetor e entre os 33 homens, apenas 10 (31,3%)

efetuaram a troca.

Dentre os 47 funcionários, 28 (60%) não apresentaram queixas quanto ao

tamanho do protetor utilizado, porém dos funcionários que não tinham queixas com

relação ao tamanho do seu protetor e que permaneceram com o mesmo tamanho,

pelo menos 13 funcionários, (46%) tiveram que ser orientados a melhorar o encaixe.

Este dado chamou a atenção, pois embora o trabalhador não tivesse queixa com o

tamanho do protetor, este não o encaixava corretamente no conduto e de acordo

19

com Fernandes (2010) a forma como os protetores auditivos são colocados interfere

diretamente na proteção oferecida.

A média de idade dos 19 funcionários que realizaram a troca de protetor foi de

31 anos e a média dos 27 funcionários que não trocaram foi de 29 anos.

20

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com esta pesquisa, podemos observar a grande importância do treinamento

individualizado do protetor auditivo com a participação do funcionário junto a

fonoaudióloga na escolha de qual tamanho utilizar, independente do gênero e da

idade, pois dos 47 funcionários participantes, 19 (40%) mudaram o protetor após o

treinamento devido a busca por um maior conforto ou melhor encaixe. E dentre os

que não realizaram a troca do tamanho do protetor, pelo menos 13 (46%) deles

precisaram melhorar o encaixe. Além disso, alguns funcionários referiram de forma

espontânea e informal, não saber que a empresa fornecia outros tamanhos de

protetores e aprovaram a nova iniciativa.

Sendo assim, podemos concluir que a indicação e escolha do tamanho do

protetor auditivo pela fonoaudióloga, juntamente com o funcionário pode sim

apresentar um melhor encaixe com maior conforto que o utilizado sem uma prévia

seleção. São necessários mais estudos enfatizando a importância do profissional

nos treinamentos do uso dos protetores auditivos, conforme orienta o Comitê

Nacional de Ruído e Conservação Auditiva, e que as empresas tomem

conhecimento disto para uma melhor qualidade de vida de seu funcionário.

21

REFERÊNCIAS

AVAGLIANO, Adriana; ALMEIDA, Kátia de. Estudo do desempenho de diferentes tipos de protetores auditivos. Revista CEFAC 2001; 3:77-87. Disponível em: <http://www.revistacefac.com.br/fasciculo.php?url=1&form=edicoes/revista/revista31/Artigo%209.pdf.> Acesso em 24 out. 2011. BAU, Lia Nara. Escute bem e proteja-se – escolher a proteção auditiva adequada para cada atividade é fundamental. Proteção, ed. 181, p. 54 – 61, jan. 2007. BERNARDI, Alice Penna de Azevedo (org). Conhecimentos essências para atuar bem em empresas: Audiologia Ocupacional. São José dos Campos: Pulso; 2003. BRASIL. Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978. NR 6 - Equipamento de Proteção Individual. Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_06.pdf.> Acesso em: 20 mar. 2011. __________ NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE4CA7C012BE51FC24B4849/nr_09_at.pdf.> Acesso em: 20 mar. 2011. __________ NR 15 – Atividades e Operações Insalubres. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812DF396CA012E0019EB7B3675/NR-15%20(atualizada_2011).pdf> Acesso em: 20 mar. 2011. BRASIL. Comitê Nacional de Ruído e Conservação Auditiva. Disponível em: <http://www.arquivosdeorl.org.br/conteudo/acervo_port.asp?id=125> Acesso em: 01 mar. 2011. FERNANDES, Rafael Pol. Colocação de Protetores Auditivos. Disponível em: <http://solutions.3m.com.br/wps/portal/3M/pt_BR/SaudeOcupacional/Home/ServiTreinamentos+/ArtigosTecnicosPublicacoes/ArtigosTecnicosPublicacoesAtual/?PC_7_RJH9U5230GE3E02LECFTDQ0BF3_assetId=1273662598039>. Acesso em 26 fev. 2011. FERREIRA JUNIOR, Mario. PAIR – Perda Auditiva Induzida por Ruído - Bom Senso e Consenso. São Paulo: Editora VK, 1998. GABAS, Gláucia. Programa de Conservação Auditiva. Guia prático 3 M. Disponível em:<http://solutions.3m.com.br/3MContentRetrievalAPI/BlobServlet?locale=pt_BR&lmd=1302012493000&assetId=1273681288893&assetType=MMM_Image&blobAttribute=ImageFile> Acesso em: 13 mar. 2011. GERGES, Samir Nagi Yousri. Ruído: Fundamentos e controle. NR Editora. 2ª ed. Florianópolis, 2000. __________. Protetores Auditivos. – 1.ed.- Florianópolis: NR Editora, 2003.

22

GONÇALVES, Claudia Giglio de Oliveira. Saúde do Trabalhador: da Estruturação à Avaliação de Programas de Preservação Auditiva. São Paulo: Roca, 2009. __________ A Exposição ao Ruído na Prática da Odontologia. In: MORATA, Thais Catalani; ZUCKI, Fernanda (Orgs.). Saúde Auditiva Avaliação de Riscos e Prevenção. São Paulo: Plexus Editora. p. 89-90. 2010. GONÇALVES, Claudia Giglio de Oliveira; COUTO, Christiane Marques do; CARRARO, Juliana Malteze; LEONELLI, Bianca Santos. Avaliação da colocação de protetores auriculares em grupos com e sem treinamento. Revista CEFAC, São Paulo, v. 11, n. 2, abr/Jun. 2009. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462009000200021>. Acesso em: 12 mar. 2011. KATZ, Jack. Tratado de Audiologia Clínica. 3. ed. São Paulo: Manole. 1989. KLAUTAU, Ana Caroline Gonçalves. Proteção das Perdas Auditivas em Segurança e Saúde do Trabalho. Brasília: SESI/DN, p.11-50, 2010. RIOS, Ana Lucia. Implantação de um Programa de Implantação Auditiva: enfoque fonoaudiológico. 2007. 133f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007. RODRIGUES, Marleide Aparecida Griggio; DEZAN, Adriana Adília; MARCHIORI, Luciana Lozza de Moraes. Eficácia da Escolha do Protetor Auditivo Pequeno, Médio e Grande em Programa de Conservação Auditiva. Disponível em: < http://www.revistacefac.com.br/revista84/artigo14.pdf> Acesso em: 09 mar. 2011 VIEGAS, Claudia. Melhorando a Eficiência. Revista Proteção. v. 148, ano XVII, p. 36 – 52, abr. 2004. VIEIRA, Rogério Suzano. Incomodo causado aos trabalhadores pelo ruído gerado nas atividades de soldagem e jateamento na construção e montagem do gasoduto Cacimbas-Barra do Riacho: Um estudo de caso. Disponível em: < http://www.faacz.com.br/mestrado/links/dissertacoes_defendidas/2009/pdf/rogerio_suzano_vieira_mpta_faacz_2009.pdf> Acesso em : 13 mar. 2011.

23

ANEXO 1

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA

Viemos por meio deste instrumento, informar a empresa Mexichem Soluções

Integradas, situada na cidade de Joinville/SC, a respeito do projeto realizado pela

Fonoaudióloga Sandra Paula Gomes Lopes da Silva de Santana, aluna do Programa

de Especialização em Audiologia Clínica: Enfoque Prático e Ocupacional da

Universidade Tuiuti do Paraná – UTP, , sob orientação da Profa Ms. Débora Lüders,

bem como solicitar o consentimento para a execução deste trabalho.

Mediante explicação completa e pormenorizada sobre a natureza da

pesquisa, benefícios previstos, potenciais de risco e incômodos que possam ocorrer

em decorrência da mesma, atribuindo a Empresa total direito a suspensão da

pesquisa sem nenhuma penalização ou prejuízo, solicitamos liberação para utilizar

dados colhidos com os funcionários sobre o seu parecer quanto ao uso de protetor

auricular e o consentimento para aplicar questionários sobre o uso do mesmo caso

venha a ser necessário durante o momento que os mesmos estiverem na empresa.

Solicitamos ainda, autorização para publicação do presente trabalho,

garantindo sigilo absoluto quanto à identidade da empresa e dos colaboradores.

Joinville (SC), _____/_____/_____

Nome do responsável: ________________________________________________

Assinatura do responsável pela Empresa: _________________________________

Assinatura da Especializanda:___________________________________________

Assinatura da Orientadora: _____________________________________________

24

ANEXO 2

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _________________________________________________________,

abaixo assinado, portador (a) da Carteira de Identidade/CPF número

___________________________, declaro estar ciente dos procedimentos que serão

utilizados na presente pesquisa intitulada Escolho, Logo Uso – Seleção

individualizada: uma etapa importante na prevenção de PAIR , sob responsabilidade

da Fonoaudióloga Sandra Paula Gomes Lopes da Silva de Santana , CRFa/SC

7504, aluna do Curso de Especialização em Audiologia Clínica: Enfoque Prático e

Ocupacional, da Universidade Tuiuti do Paraná – UTP, e orientação da Profa. Ms.

Débora Lüders.

Fui devidamente esclarecido sobre os objetivos, métodos, benefícios

previstos e potenciais de risco, bem como a garantia de sigilo do meu nome e das

informações por mim prestadas.

Minha participação é voluntária, não receberei nenhum tipo de pagamento por

isso, e poderei desistir a qualquer momento sem que isso acarrete qualquer tipo de

prejuízo a minha pessoa. Também estou ciente de que os resultados dessa

pesquisa poderão ser divulgados na minha empresa por meio de reuniões e/ou

treinamentos ministrados pela autora desse estudo e posteriormente encaminhado

para publicação em revista cientifica, garantindo sempre o sigilo quanto a minha

identidade e da empresa.

Qualquer esclarecimento que eu necessite, deverei entrar em contato com a

autora da pesquisa pelo endereço: Rua Pedro Ernesto, 72 ap. 101, Bairro Saguaçu,

Joinville (SC), telefone: (47) 99641323.

Sendo assim, estou consentindo por livre e espontânea vontade, minha

participação nesta pesquisa.

Joinville (SC),_____/_____/_____

______________________________________________ Assinatura do funcionário