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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PRISCILA WOLF RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA NOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

PRISCILA WOLF

RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA NOS CRIMES

CONTRA O MEIO AMBIENTE

CURITIBA

2012

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RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA NOS CRIMES

CONTRA O MEIO AMBIENTE

CURITIBA

2012

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Priscila Wolf

RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA NOS CRIMES

CONTRA O MEIO AMBIENTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso De Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Professor Fernando Freire Filho.

CURITIBA

2012

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TERMO DE APROVAÇÃO

Priscila Wolf

RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA NOS CRIMES

CONTRA O MEIO AMBIENTE

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do titulo de Bacharel em Direito no programa

curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba,______ de___________________ de 2012.

_______________________________________

Curso de Direito

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador ________________________________

Prof. Fernando Freire Filho

Universidade Tuiuti do Paraná.

______________________________________

Prof. Dr.

______________________________________

Prof. Dr.

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DEDICATORIA

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus, por

estar presente em todos os momentos de minha

vida, por me dar forças, nos momentos mais

difíceis;

À minha mãe Nelita e avó Juracy, pela formação

da pessoa que sou, pela paciência e compreensão

por todos estes anos, pelo apoio que me foi

proporcionado em minha vida e formação

acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Orientador Dr. Fernando Freire Filho pelas

orientações e paciência neste estudo;

Ao meu namorado, Irú pelo incentivo,

compreensão e paciência que sempre teve em

todos esses anos;

Às minhas queridas amigas, Juliana e Morgana,

por estarem presentes ao longo destes anos, pelo

apoio e auxílio em cada matéria, nos momentos

de dificuldades e alegrias que enfrentamos juntas

ao longo do curso. Obrigada por fazerem parte da

minha vida.

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RESUMO

O presente estudo busca expor a controvérsia existente na doutrina sobre a responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais. A pessoa jurídica tem desempenhado um papel muito importante na sociedade moderna, sendo notável um aumento de crimes praticados por intermédio da pessoa jurídica, especialmente contra o meio ambiente. Com o intuito de punir estes crimes, foi inserida na Constituição Federal a possibilidade da pessoa jurídica responder penalmente por seus atos, e alguns anos depois, foi inserida na Lei Ambiental. A partir dos artigos inseridos pela Constituição Federal e Lei Ambiental, iniciou-se o grande debate, onde vemos doutrinadores contra e a favor da responsabilidade penal da pessoa jurídica. Palavras-chave: Direito Penal; Pessoa Jurídica; Crimes Ambientais.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

2 CONTROVÉRSIAS ACERCA DA RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DE PESSOAS JURÍDICAS. ............................................................................................ 11

2.1 DOGMÁTICA. ................................................................................................... 11 2.1.1 Capacidade de Responsabilizar Penalmente a Pessoa Jurídica. ................. 11

2.1.2 Incapacidade de Responsabilizar Penalmente a Pessoa Jurídica. .............. 14

3 RESPONSABILIDADE PENAL DE PESSOAS JURÍDICAS NOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE ................................................................................. 19

3.1 A LEI 9.605/98. ................................................................................................. 19 3.1.1 Disposições Gerais. ...................................................................................... 19 3.1.2 Das Normas Penais Não Incriminadoras. ..................................................... 24 3.1.3 Das Normas Penais Incriminadoras. ............................................................ 32

3.2 ENTENDIMENTOS DOS TRIBUNAIS SOBRE A RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DE PESSOAS JURÍDICAS NOS CRIMES AMBIENTAIS. ........................... 36

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 40

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca analisar, inicialmente, as teorias existentes sobre

a responsabilidade penal da pessoa jurídica no meio ambiente.

Tal tema suscita grande controvérsia no âmbito da doutrina. Sobre este tema

encontramos doutrinadores que entendem ser possível e outros doutrinadores que

entendem não ser possível, que a pessoa jurídica responda penalmente pelos

crimes praticados contra o meio ambiente. Mesmo existindo vários doutrinadores

discorrendo sobre tal tema, uma grande parte destes permanece inerte, não

exteriorizando sua opinião.

A controvérsia sobre a responsabilidade penal da pessoa jurídica remonta

ao século XVIII, com várias teorias e sistemas.

As teorias aplicadas eram: a teoria da ficção, criada por Savigny, o qual

considera a pessoa jurídica uma mera invenção e a teoria da realidade, o qual

entende que a pessoa jurídica é um organismo social como a pessoa física.

E os sistemas existentes são o sistema anglo saxão, mais conhecido como

sistema inglês, em que se aceitava a possibilidade de responder penalmente a

pessoa jurídica, e o sistema romano-germânico, conhecido também pelo nome de

sistema francês, que entendia não ser possível responder penalmente a pessoa

jurídica.

No Brasil a idéia da responsabilidade penal da pessoa jurídica ganhou força

ao final século XIX. No início deste século a pessoa jurídica, sendo conhecida

também como pessoa coletiva, ente coletivo ou pessoa moral, ficou esquecida pela

dogmática penal, e ressurgiu após o processo da industrialização que influenciava e

monopolizava nos meios de produção da economia do País. Porém, no final do

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século XIX, tal tema voltou a ser discutido, despertando a atenção de doutrinadores

penais em todo o mundo.

Em nosso país encontramos doutrinadores de ambas as correntes. A

corrente minoritária, que considera possível a responsabilidade penal da pessoa

jurídica, e a corrente majoritária, que entende não ser possível a responsabilidade

penal da pessoa jurídica.

A corrente minoritária, tem por base os artigos 225, § 3º e 173 § 5º da

Constituição Federal, quando se refere ao meio ambiente. No entanto, para o

entendimento da maioria dos doutrinadores não é cabível tal punição, entendendo

estes, que a pessoa jurídica é desprovida de vontade própria, sendo assim, incapaz

de agir por si só, e também com base no princípio em que a sociedade não pode

delinqüir, ou seja, o princípio da societas delinquere non potest.

Desta forma, este trabalho visa analisar, no direito brasileiro, a possibilidade

de ser responsabilizada penalmente a pessoa jurídica nos crimes praticados contra

o meio ambiente, com base no direito positivo e em pesquisa jurisprudencial.

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2 CONTROVÉRSIAS ACERCA DA RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DE

PESSOAS JURÍDICAS.

A seguir serão abordados os principais aspectos originadores de

controvérsias em âmbito doutrinário, buscando demonstrar no que se baseia cada

teoria.

2.1 DOGMÁTICA.

2.1.1 Capacidade de Responsabilizar Penalmente a Pessoa Jurídica.

A capacidade da pessoa jurídica responder penalmente está localizada na

doutrina minoritária.

Entre os que aceitam a responsabilidade penal da pessoa jurídica

encontramos doutrinadores do direito ambiental como: Édis Milaré, Edson Stadler,

Fernando Capez, Sérgio Salomão Shecaira, entre outros.

Para os que defendem a possibilidade de responsabilização, existem

requisitos necessários para que a pessoa jurídica seja responsabilizada penalmente.

É necessário que a infração cometida tenha sido realizada para benefício próprio da

pessoa jurídica e que seja cometida por seus representantes legais ou colegiados. É

necessária a análise do fato concreto para identificar se o crime praticado foi em

benefício da empresa ou em benefício do próprio representante legal, pois, se esta

foi praticada em benefício do representante legal, a pessoa jurídica passa a não ser

mais o agente do tipo legal, e sim o instrumento utilizado para a autoria do crime.

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Após analise da autoria, é verificado o elemento subjetivo, visto que a

conduta é executada por ordem de seus representantes legais. Em seguida,

constatando que a conduta foi realizada pela pessoa jurídica é verificada se a

conduta foi para benefício próprio, ou ensejando satisfazer os interesses sociais, e

posteriormente é analisado o dolo ou culpa da conduta.

O concurso de agentes nos crimes realizados podem ser necessários, ou

seja, quando existe uma pluralidade de agentes, ou eventuais, isto é, quando

realizados por um só agente, mas que poderão ter partícipes ou co-autores.

A Lei 9.605/1998 elenca os delitos que possuem autoria simples, de apenas

um agente, mas isso não a impede de ser realizada por mais de um agente. Apesar

desta lei em seu artigo 3° se referir apenas à pessoa jurídica, ela dispõe que a

autoria dos delitos praticados possui co-autoria necessária, pois sempre haverá uma

pessoa física agindo pela pessoa jurídica. Visto que a pessoa jurídica não pode

cometer delitos, apenas a pessoa humana por intermédio dela.

Entre os doutrinadores que aceitam a responsabilidade penal da pessoa

jurídica encontra-se também a controvérsia quanto à sua abrangência, se esta é

aplicada apenas a pessoa jurídica de direito privado ou se também pode ser

aplicada a pessoa jurídica de direito publico.

Uma parte dos doutrinadores entende que sim, que a responsabilidade penal

deve ser abrangida em ambos os casos, mas a outra parte dos doutrinadores

entende que não, que a responsabilidade penal deve ser aplicada apenas à pessoa

jurídica de direito privado, e não à pessoa jurídica de direito público, tendo por

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argumento que os crimes praticados por ela não podem beneficiá-la, e que as penas

impostas prejudicariam diretamente a população que utiliza o serviço público.

Nos crimes ambientais, a pessoa jurídica é o ente com maior poder de

destruição do meio ambiente.

Nas palavras de Edson Stadler:

“[...] a responsabilidade penal da pessoa jurídica é uma realidade no mundo atual, sendo adotada por diversos países ao lado da tradicional responsabilidade individual, bem como das penalidades de caráter civil, tributário e administrativo. Já não pode causar estranheza a aceitação da responsabilidade penal dos entes coletivos, sendo evidente que os parâmetros destas responsabilidades não podem ser o da responsabilidade individual, da culpa, propugnados pela Escola Clássica. Deve ser entendida no âmbito de uma responsabilidade social, a ser delimitada e aperfeiçoada pela doutrina e pela jurisprudência. A nova lei está em vigor, não podemos ignorá-la ou simplesmente criticá-la. Devemos aceitar os seus desafios e contribuir para seus aperfeiçoamentos.” (2003, p. 82/83).

Masson menciona de forma consolidada os fundamentos da possibilidade de

a pessoa jurídica figurar como sujeito ativo de crimes da seguinte forma: a) a pessoa

jurídica trata-se de uma pessoa autônoma, dotada de vontade e consciência, e que

desta forma, pode realizar conduta passível de pena; b) a pessoa jurídica deve

responder por seus atos, adequando a culpabilidade às suas características; c)

como a pessoa jurídica é dotada de vontade, o Direito Penal reserva a ela

tratamento isonômico; d) o estatuto social não prevê a prática de crimes, como uma

finalidade de uma pessoa jurídica, desta forma, seu contrato não prevê a realização

de ato ilícito, porém, isso não o impede de ser realizado, como por exemplo, a

inadimplência; e) o princípio da personalidade da pena não é violado através da

punição da pessoa jurídica, pois deve distinguir a pena dos efeitos da condenação; f)

a pena de prisão não é a única forma de punição do Direito Penal. (2009, p. 167).

Na visão dos defensores da possibilidade de responsabilização penal da

pessoa jurídica, além dos fundamentos acima citados, temos os artigos

constitucionais fundamentais do tema, que são os artigos 225, § 3º e 173 § 5º.

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Neste sentido Capez considera que o legislador adotou bem estes artigos,

apoiando a idéia de que a pessoa jurídica pode realmente ser sujeito ativo de crime.

Também entende que o princípio do societas delinquere non potest não é absoluto.

Existem crimes que só serão possíveis através de uma pessoa física, como:

homicídios, estupro, etc. Porém, existem outros crimes que por suas características,

podem ser considerados exclusivos da pessoa jurídica, como: fraude, delitos

ecológicos, entre outros. (2010. p. 76).

Capez ainda cita:

“Não convence o argumento da doutrina tradicional no sentido de que é impossível a aplicação de pena às pessoas jurídicas. Há muitas modalidades de pena, sem ser a privativa de liberdade, que se adaptam à pessoa jurídica, tais como a multa, a prestação pecuniária, a interdição temporária de direitos e as penas alternativas de modo geral." (2010. p. 76).

Historicamente o tribunal de Nuremberg chegou a condenar corporações

inteiras por crimes contra a humanidade, como as tropas da SS e a Gestapo.

(NUCCI, 2010).

Já foi aceita por vários países a possibilidade de responder penalmente à

pessoa jurídica, e dentre eles estão: Estados Unidos, Canadá, México, Inglaterra,

Nova Zelândia, Austrália, Venezuela, França, Cuba, Colômbia, Holanda, Dinamarca,

Portugal, Austrália, Japão e China. Esta aplicação tem se tornado uma tendência

mundial, em admitir sanções de natureza penal à pessoa jurídica por ofensas ao

meio ambiente.

2.1.2 Incapacidade de Responsabilizar Penalmente a Pessoa Jurídica.

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A incapacidade de a pessoa jurídica responder penalmente é citada pela

maioria dos doutrinadores.

Entre os doutrinadores que não aceitam a responsabilidade penal da pessoa

jurídica encontramos: Cezar Roberto Bitencourt, Luiz Regis Prado, René Ariel Dotti,

Damásio Evangelista de Jesus, entre outros.

No Direito Penal Brasileiro predomina a irresponsabilidade penal da pessoa

jurídica, adotando o princípio da societas delinquere non postest, princípio deixado

como herança do período romano-germânico, princípio que sustenta não ser

possível responsabilizar penalmente a pessoa jurídica.

O fundamento utilizado por estes autores refere-se à capacidade de ação, a

capacidade de culpabilidade e a capacidade de aplicação de pena a pessoa jurídica.

Estes entendem que a pessoa jurídica não tem consciência e vontade, como a

pessoa física, indivíduo que pode ser qualificado como autor ou partícipe de uma

infração penal.

É necessário analisar separadamente quem é o sujeito da ação e o sujeito

da imputação, pois, não são coincidentes com a pessoa coletiva, pois esta só atua

através de um representante, que se trata de um ser humano, sendo este o sujeito

da ação, dessa forma as ações realizadas pelo representante são os efeitos

imputados à pessoa jurídica, o que significa que a autoria não foi da pessoa jurídica

e sim de uma pessoa física.

Além disso, para a realização do delito é necessário capacidade de ação ou

omissão. A ação é a realização de um ato para uma determinada finalidade, por sua

vez, a omissão é a não realização desse ato por uma determinada finalidade. A

doutrina majoritária também considera ser incapaz a pessoa jurídica de

culpabilidade e também de sanções penais. Entende-se que a culpabilidade é

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atribuída a pessoa jurídica por um ato de vontade, porém, este ato é praticado por

uma pessoa humana, visto que a pessoa jurídica é uma ficção. Desta forma temos

uma organização defeituosa, pois a culpabilidade é atribuída à pessoa jurídica por

um ato cometido por um de seus representantes, gerando a culpabilidade

presumida, importando em violação do princípio da culpabilidade. O princípio da

personalidade da pena também sofre violação, pois estabelece que nenhuma pena

passará da pessoa do condenado, conforme Constituição Federal no artigo 5°, XLV.

A pena deve ser aplicada apenas aos autores do delito e não sobre os demais

membros da coletividade. A pena deve ser aplicada exclusivamente ao autor do

delito. (PRADO, 2006).

Nucci ensina que os princípios regentes da pena são: a) princípio da

responsabilidade pessoal, o qual a pena não passa da pessoa do delinquente (art.

5°, XLV, CF); b) princípio da legalidade, que pena não pode ser aplicada sem prévia

cominação penal (art. 5° XXXIX, CF); c) princípio da inderrogabilidade, ou seja, não

pode deixar de ser aplicada; d) principio da proporcionalidade ao crime, gerando um

equilíbrio ente a infração praticada e a sanção imposta (art. 5° XLVI, CF); e) princípio

da individualização, estabelecendo uma pena exata ao delinquente (art. 5° XLVI,

CF); f) princípio da humanidade, demonstrando que foi vedada a aplicação de penas

insensíveis e dolorosas, respeitando a integridade física do condenado. (art. 5° XLVII

e XLIX, CF). (2009, p. 388).

Ainda neste sentido Guilherme de Souza Nucci sintetiza que a pena é:

“A ação do Estado, valendo-se do devido processo legal, cuja finalidade é a repressão ao crime perpetrado e a prevenção a novos delitos, objetivando reeducar o delinquente, retirá-lo do convívio social enquanto for necessário,

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bem como reafirmar os valores protegidos pelo Direito Penal e intimidar a sociedade para que o crime seja evitado”. (2009, p. 389).

Devido ao ente coletivo não praticar o delito, não há o que se falar de

medida de segurança de caráter penal, pois para tal aplicação necessita-se de uma

ação ou omissão. Mas há de se falar da medida de segurança sui generis baseada

na periculosidade objetiva do ente coletivo, pelas ações praticadas por um ente da

corporação a seu serviço, mas neste caso tais medidas são administrativas, civis,

entre outras, mas não penais.

A ausência da responsabilidade penal da pessoa jurídica ocorre na falta dos

seguintes elementos; a) capacidade de ação do âmbito do Direito Penal; b)

capacidade de culpabilidade e c) capacidade de pena, ou seja, o princípio da

capacidade da pena.

Sobre estes requisitos Damásio Evangelista de Jesus ensina que:

“[...] a personalidade natural não é uma criação do Direito, sendo que este a recebe das mãos da natureza, já formada, e limita-se a reconhecê-la. A personalidade jurídica, ao contrário, somente existe por determinação da lei e dentro dos limites por esta fixados. Faltando requisitos psíquicos da imputabilidade. Não tem consciência e vontade próprias. É uma ficção legal. Assim, não tem capacidade penal e, por conseguinte, não pode cometer crimes. Quem por ela atua são seus membros diretores, seus representantes. Estes sim são penalmente responsáveis pelos crimes cometidos em nome dela. (2003, p. 168).

René Ariel Dotti inicia no prefácio de um dos livros que coordenou sobre o

tema, que esta “desastrada interpretação de dispositivos constitucionais e um

descaminho intelectual produziram o aspecto de responsabilidade objetiva no

sistema penal brasileiro com transformação da pessoa jurídica de Instrumento em

agente responsável pela ação delituosa praticada por terceiros [...]”. (2010, p. 11). E

ainda mencionado que o artigo 3° da Lei 9.605/98 trata-se de uma redação

“esdrúxula”, por estabelecer que as pessoas jurídicas sejam responsabilizadas

penalmente. (DOTTI, 2010).

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Assim, nessa ordem de idéias, a doutrina minoritária estaria usando da

culpabilidade penal para apreciar a responsabilidade penal da pessoa jurídica para

indicar que esta comete crime, porém, a lógica jurídica entende ao contrario,

partindo da qualificação comportamental como infração criminal, empregando o juízo

de reprovação penal.

Semelhante entendimento é o de Antonio Sergio Altieri de Moraes Pitombo

que menciona que “É hora de se reconhecer que o sentido da responsabilidade

penal jurídica nada tem de direito penal. A previsão do artigo 3°, da Lei 9605/98

constitui permissivo ao juiz penal para a aplicação de sanções de cunho

administrativo à pessoa jurídica.” (2010, p. 234/235).

Deve-se recorrer ao Direito Penal apenas nos casos em que outros

mecanismos de controle social já tenham se revelado insuficientes.

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3 RESPONSABILIDADE PENAL DE PESSOAS JURÍDICAS NOS CRIMES

CONTRA O MEIO AMBIENTE

3.1 A LEI 9.605/98.

3.1.1 Disposições Gerais.

Após serem apresentados ao Congresso Nacional mais de três projetos de

leis distintos, referentes à regulamentação de condutas e atividades lesivas ao meio

ambiente, ingressou no ordenamento jurídico brasileiro a Lei nº 9.605/98. A partir

deste momento, no Brasil se instituiu a responsabilização penal da pessoa jurídica

no âmbito de nossa legislação ordinária, tendo como referência o art. 225 § 3° da

Constituição Federal de 1988, que já previa a responsabilidade penal e

administrativa da pessoa jurídica pelos danos causados ao meio ambiente.

No artigo 225 § 3° da Constituição Federal consta a seguinte previsão, in

verbis:

“As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.

Até 1998, o sistema jurídico brasileiro não aceitava a possibilidade de

responsabilizar penalmente a pessoa jurídica, o princípio adotado era da societas

delinquere non postest, tendo o significado de que a sociedade não pode delinqüir,

porém, com esta lei busca-se romper esta visão. Tanto que, após esta lei, a

chamada teoria da ficção, criada por Savigny, o qual entende que as pessoas

jurídicas são simples criações de lei, ou seja, meras ficções, sendo, portanto,

incapaz de possuir vontade própria, foi abandonada, predominando a teoria da

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realidade cujo precursor mais ilustre foi Otto Gierke, que entende ser a pessoa

jurídica um verdadeiro organismo social, assemelhado as pessoas naturais, inclusive

com vontade própria, onde a pessoa moral é um ente real podendo realizar um delito

e ser punida.

Com a teoria da realidade sendo aceita, a Lei 9.605/98 passa a prever a

responsabilidade penal da pessoa jurídica, iniciando em seu artigo 3°. (2010. p. 74).

No artigo 3° consta a seguinte previsão, in verbis:

“As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”. “Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.”

De acordo com Shecaira este dispositivo veio confirmar a gravidade do dano

cometido pela pessoa jurídica, que de certa forma, acoberta os agentes que se

escondem através das estruturas empresariais. Atrás deste manto, graves violações

ao consumidor e ao meio ambiente são praticadas pelas grandes corporações.

Levando em consideração as grandes estruturas empresariais, entende-se que, não

havendo punição à pessoa jurídica, somente os subordinados, seriam alcançados

pelas sanções penais. (2011. p. 135/136).

A discussão sobre a responsabilidade penal da pessoa jurídica no Brasil

teve ligação com a repressão internacional aos delitos econômicos, em que eram

acobertados, pela ficção da pessoa jurídica, os verdadeiros agentes, beneficiando-

se com a afirmativa de que a pessoa jurídica não é dotada de vontade, sendo assim,

punindo apenas prepostos e não os verdadeiros criminosos.

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Um importante aspecto aberto por esta lei foi à possibilidade de não ser

responsabilizado somente o causador do dano, mas sim, todos os envolvidos.

Mesmo a responsabilidade penal recaindo à pessoa jurídica, esta não exclui a

aplicação de penalidades á pessoa física.

Édis Milaré reforça que o principal delinqüente ecológico não é a pessoa

física, como o quitandeiro da esquina, mas sim a pessoa jurídica, que busca lucros

como finalidade, e não se preocupa com o que a população venha a sofrer ao longo

do tempo. (2009. p. 983).

Para alguns autores esta aceitação revela o avanço trazido por esta lei.

Mesmo com a grande dificuldade de responsabilizar penalmente a pessoa jurídica,

em princípio a culpabilidade vigente no direito penal, a tendência moderna penal é

romper o princípio da societas delinquere non potest. Apesar deste avanço, devem

ser observadas as particularidades para eventuais aplicações de penas no âmbito

penal.

Conforme o artigo 3º parágrafo único, já citado acima, a responsabilidade

das pessoas jurídicas não exclui à responsabilidade das pessoas físicas, gerando o

chamado “sistema de dupla imputação” ou também conhecidas por “sistema de

imputação paralela”. Este nome é dado ao mecanismo de atribuição da

responsabilidade penal à pessoa jurídica, sem prejuízo da responsabilidade penal à

pessoa física que contribuiu para o crime, ou seja, trata-se de um sistema que

possibilita a dupla atribuição da responsabilidade pelo crime praticado.

A imputação penal pode ser atribuída somente à pessoa física ou a pessoa

física e pessoa jurídica, mas não pode ser imputada somente à pessoa jurídica,

devido ao sistema da responsabilidade penal por ricochete prevista no caput do

artigo 3º, em que a responsabilidade jurídica pressupõe a da pessoa física, ou seja,

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para que seja responsabilizada penalmente a pessoa jurídica é necessário que seja

praticado um fato punível por uma pessoa física, que atue em benefício e em nome

da entidade.

Prado reforça que, não pode ser excluída a responsabilidade individual da

pessoa física, para que seja evitada a utilização da pessoa jurídica como uma forma

de escudo, para acobertar as infrações de próprio interesse praticadas pela pessoa

física. (2006, p.283).

Para entender melhor, é preciso relembrar os requisitos necessários para

que seja reconhecida a responsabilidade penal à pessoa jurídica. Primeiramente a

infração praticada deve ser em interesse da pessoa jurídica e situada dentro da

esfera das atividades da empresa. A pessoa física que praticou a infração deve ser

ligada à pessoa coletiva, por isso, possui grande relevância o sistema de dupla

imputação, para que seja permitida a persecução penal contra a pessoa jurídica e

contra a pessoa física simultaneamente.

Para Shecaira não há que se falar em inconstitucionalidade do artigo 3º,

nem em bis in idem (julgamento da mesma pessoa pelo mesmo fato por duas

vezes), pois é realizada a punição em pessoas distintas, sendo cada uma dessas,

punida de acordo com a contribuição dada para a concretização do delito. (2011. p.

139).

Juliano Breda já não entende da mesma forma, o mesmo menciona que

“surge um problema no momento da fixação concreta da sanção penal, pois não há

uma culpa autônoma da pessoa jurídica, exigindo sempre do julgador a remissão à

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conduta da pessoa física”, em outras palavras, é sempre única à culpabilidade, do

administrador, que transfere a pessoa jurídica os seus efeitos. (2010, p. 285).

O artigo 4º consiste na introdução sobre a questão da desconsideração da

personalidade da pessoa jurídica: “Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica

sempre que ela for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade

do Meio Ambiente”. Desconsideração da personalidade jurídica é desconsiderar a

separação patrimonial, que existe entre o sócio e o capital da empresa, para efetivar

uma determinada obrigação. Segundo o artigo 134, VII, do código Tributário

Nacional “os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas, respondem

solidariamente pelos débitos fiscais da empresa”, e no artigo 28 do Código de

Defesa do Consumidor, que foi a primeira lei a tratar do assunto, traz disposição

similar ao artigo 4º da Lei Ambiental sobre a desconsideração da personalidade

jurídica.

Neste entendimento Shecaira mencionada que:

“É importante verificar que o instituto abordado no art. 4º da Lei nº 9.605/1998 não tem qualquer relação com a despersonalização da pessoa jurídica que significa a perda da sua personalidade decorrente da sua extinção. O que se aborda é a desconsideração da pessoa jurídica para efeitos de pagamento dos danos decorrentes de crimes praticados contra o meio ambiente.” (2011. p. 142).

E continua, “[...] mesmo entendendo ser um grande avanço na esfera

extrapenal a teoria da desconsideração da personalidade, não há que se admitir sua

incidência na órbita penal.” (2011. p. 142).

Sobre a lei ambiental e as penas cominadas às pessoas jurídicas, a

implantação da responsabilidade penal da pessoa jurídica não exclui o

reconhecimento de outros princípios fundamentais constitucionais do sistema

punitivo, com eles, a responsabilidade penal da pessoa coletiva se movimenta.

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Desta forma, há de ser reconhecido o princípio da legalidade e alcançado todo o

ordenamento jurídico na esfera penal.

3.1.2 Das Normas Penais Não Incriminadoras.

A Lei nº 9.605/1998 é dividida em VIII capítulos. No capitulo I, do art. 1º ao

5º, a Lei transmite considerações genéricas sobre a responsabilidade penal. No

capitulo II, do art. 6º ao 24, o legislador estabelece critérios de aplicação de penas.

No capitulo III, art. 25, alcança a apreensão do produto e do instrumento de infração

administrativa ou de crime. No capitulo IV, do art. 26 ao 28, trata da ação e do

processo penal. No capitulo V, do art. 29 ao 69, estabelece critérios dos crimes

contra o meio ambiente. No capitulo VI, do art. 70 ao 76, trata das infrações

administrativas. No capitulo VII, do art. 77 ao 78 menciona sobre a cooperação

internacional para a preservação do meio ambiente. E por fim, No capitulo VIII, do

art. 79 ao 82 trata das disposições finais.

Para Shecaira, é clara e evidente a separação dos artigos 6º ao 20 à

pessoa física e do artigo 21 a 24 à pessoa jurídica, e ainda menciona que “tal

objetivo aflora de leitura singela”, tanto que, no artigo 8º no inciso V é mencionada a

pena de recolhimento domiciliar, o que é evidente que só pode ser aplicado à

pessoa física. (2011. p. 149).

Mas nem para todos os doutrinadores essa evidência é clara e notória, em

decorrência da ausência de informação nos artigos, não especificando a quem deve

ser aplicado cada dispositivo.

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25

São cinco as penas restritivas de Direito, que constam no artigo 8° da Lei

9.605/98, in verbis:

“As penas restritivas de direito são: I - prestação de serviços à comunidade; II - interdição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar.”

A prestação de serviços à comunidade se refere a prestações, tarefas

gratuitas junto a jardins e parques públicos, e nos casos de danos causados a coisa

particular, tombada ou pública, se for possível a restauração desta (art. 8°, I, e 9°).

A interdição temporária de direitos trata da proibição de contratar com o

Poder Público, de efetuar licitações, de recebimento de incentivos fiscais ou outros

benefícios. (art. 8°, II, e 10°).

A suspensão parcial ou total de atividades é utilizada quando não estão

atendendo os dispositivos legais (art. 8°, III, e 11°).

A Prestação pecuniária trata do pagamento em dinheiro às entidades

públicas ou privadas e às vítimas, com finalidade social, de importância fixada pelo

juiz, sendo esta, não superior a trezentos e sessenta salários mínimos, nem

inferiores a um salário mínimo. (art. 8°, IV, e 12°).

E a ultima sendo o recolhimento domiciliar, baseia-se na autodisciplina e

senso de responsabilidade do condenado, devendo este, permanecer nos dias e

horários de folga em residência. (art. 8°, V, e 13°)

Mais um exemplo de que é evidente a separação do artigo 6º ao 20 à

pessoa física é o artigo 13 e 14 .

Artigo 13° da Lei 9.605/98, in verbis:

“O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido

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nos dias e horários de folga em residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença condenatória.”

Artigo 14° da Lei 9.605/98, in verbis:

“São circunstâncias que atenuam a pena: I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.”

É evidente que nos artigos citados acima, as aplicações das penas só

podem ser atribuídas aos seres humanos. (SHECAIRA, 2011).

A Lei Ambiental estabeleceu um extenso rol de sanções aplicadas às

pessoas jurídicas, e dentro deste rol, constam os dispositivos contidos do art. 21 ao

24.

No artigo 21 da Lei 9.605/98 consta a seguinte previsão, in verbis:

“As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: I - multa; II - restritivas de direitos; III - prestação de serviços à comunidade.”

A pena de multa não a cominam nas disposições gerais, mas advertem que

para o cálculo desta, deverão ser observados os critérios do Código Penal

conduzidos pelo valor da vantagem econômica auferida, caso seja considerado

ineficaz, mesmo a multa sendo aplicada no valor máximo, conforme consta o artigo

18. Preferencialmente deveria ser adotado o critério econômico do réu.

Sobre as penas restritivas de direito, Shecaira destaca que, o legislador

ambiental afastou-se da sistemática do Código Penal. “É que o artigo 44 do estatuto

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repressivo brasileiro estabelece que as penas restritivas de direito sejam autônomas

e substituem as privativas de liberdade.” Decorrente deste afastamento o legislador

ambiental menciona a possibilidade de serem aplicadas as penas de multa, das

restritivas de direito e da prestação de serviços à comunidade isolada, cumulativa ou

alternativamente à pessoa coletiva. “Assim, a prestação de serviços à comunidade

deixa de ser espécie da restrição de direitos (Art. 43, IV, do CP) para ser pena

autônoma que com ela pode se combinar em aplicação cumulativa.” (2011. p. 150).

Shecaira faz alguns questionamentos:

“Porém, admitindo-se ad argumentandum que a prestação de serviços à comunidade fosse, tal qual as restrições de direitos para as pessoas jurídicas, penas alternativas e substitutivas das privativas de liberdade, onde estariam fixados os critérios de substitutividade? Se não há nos tipos proibitivos qualquer previsão de penas cominadas às pessoas jurídicas e se a Parte Geral da Lei ambiental também não as fixa, quais os critérios para a penalização da pessoa jurídica? Não há que se buscar na Parte Geral do Código Penal tais critérios por duas razões: em primeiro lugar, porque o legislador da Reforma de 1984 não poderia prever a instituição da Responsabilidade Penal das Empresas, o que só ocorre, anos mais tarde, com a Constituição de 1988; em segundo lugar, porque o legislador ambiental afastou-se da sistemática de substitutividade prevista no art 43 e seguintes do Código Penal.” (2011. p. 150).

E ainda continua, mencionando a falta de critérios para a aplicação das

penas restritivas de direitos e das prestações de serviços à comunidade.

(SHECAIRA, 2011).

O artigo 22 da Lei 9.605/98 detalha quais são as penas restritivas de direito,

que consta a seguinte previsão, in verbis:

“As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. § 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. § 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.

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§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.”

A suspensão parcial ou total de atividades da pessoa jurídica foi criada, para

que, nos casos das penas de detenção, sejam suspendidas, pelo magistrado, as

atividades da empresa por um período estipulado.

Com relação à Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade,

não é suspendida a atividade da pessoa jurídica de forma total ou parcial, conforme

mencionado no artigo, o juiz pode interditar um dos estabelecimentos da pessoa

jurídica. Focando naquela em que está sendo operada em desacordo com o

dispositivo legal ou regulador.

Referente à proibição de contratar com o Poder Público ou dele obter

benefícios, foi estabelecido este parágrafo devido a grande quantidade de empresas

que possuem interesse em celebrar contratos com o Poder Público, pois envolvem

grandes valores em dinheiro e obras. O contrato pode ser possível através de uma

licitação, e este inciso III proíbe qualquer um destes. Além desta proibição, a pessoa

jurídica pode perder subsídios, subvenções ou doações governamentais. Desta

forma, as empresas precisam respeitas as leis editadas pelo estado que, de certa

forma, as sustentam.

Shecaira faz críticas ao § 3º do art. 22, pois, ao examinar a Lei 9.605/98,

identifica que a mais alta das penas privativas de liberdade prevista no mais grave

dos crimes é de 5 anos, e neste parágrafo a Lei proíbe a contratação com o Poder

Público, pena que não pode exceder o prazo de 10 anos. Desta forma, pode ser

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analisado que não há relação entre as penas privativas de liberdade e as restritivas

de direito. (2011. p. 151).

Podemos citar como exemplo o art 10: “As penas de interdição temporária

de direito são a proibição de o condenado contratar com o Poder Público [...]”

continuando, “[...] pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos [...]”. e no art

22 § 3º A proibição de contratar com o Poder Público [...],continuando [...] não

poderá exceder o prazo de dez anos”.

No artigo 23 da Lei 9.605/98 consta a seguinte previsão, in verbis:

“A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais; II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.”

Sobre os custeios de programas e projetos, a pessoa condenada fica

obrigada a custear, ou seja, sustentar, programas, atividades ligadas ao meio

ambiente e projetos, obras e construções que sejam vinculados a uma melhoria ao

meio ambiente.

A execução de obras de recuperação de áreas degradadas será fixada pelo

tempo previsto pela pena privativa de liberdade, buscando a finalidade de recuperar

as áreas degradadas. E caso não haja tempo para recuperá-la totalmente, devido à

pena ser concluída, deve o Estado buscar outra forma de continuar este trabalho.

A manutenção de espaço público trata-se de aplicação em dinheiro ou mão

de obra no espaço público, parques e jardins.

Contribuição a entidades ambientais e culturais públicas, durante a pena, a

pessoa jurídica fica obrigada a contribuir com entidades ambientais, órgãos que

cuidam do meio ambiente. Não é em pecúnia esta contribuição, pois a lei não

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menciona em manter a entidade, mas sim em um custeio por um tempo. Sendo

possível o fornecimento de material e outros elementos concretos.

Neste sentido, Shecaira entende que é melhor não “mencionar a falta de

técnica legislativa que prevê como um serviço à comunidade o pagamento de

contribuição pecuniária a uma entidade ambiental”, mencionadas no art. 23, II e IV.

Em primeira hipótese, o que deve ser buscado é a reparação a área destruída, voltar

ao status quo ante, independente do tempo que demore. Então, se o tempo

necessário para recuperação da área demore 8 anos, ela superaria a maior das

penas privativas de liberdade, que é de 5 anos, e isso ocorreria em todas as demais

penas contidas na Lei, cuja maior pena é de 5 anos. (2011. p. 151-152).

Shecaira ainda continua uma segunda hipótese, que para ele, “a falta de lei

é ainda mais aberrante”. Com relação ao inciso IV, A Fixação do valor da

contribuição a ser dada pela pessoa jurídica ré da ação, ficaria a vontade do juiz,

sem qualquer relação de segurança jurídica. “O corte de uma árvore poderia ensejar

contribuições vultosas por 3 anos a uma entidade ambientalista? Sim, isso

aparentemente seria possível.” Este dispositivo, no entanto, ofende o art. 5º, XXXIX,

da Constituição Federal. (2011. p. 152).

A questão levantada não e com relação a pena de multa, mas sim, a falta de

requisitos para a aplicação desta. Na Lei Ambiental temos apenas a expressão

“pena de multa”, mas não há fixação de valores, nem critérios para sua fixação. Não

podemos buscar no Código Penal os critérios utilizados, como, por exemplo, a

percepção da renda do condenado, para fixação de penas. A pessoa jurídica tem um

faturamento diferente da pessoa física. O juiz pode condenar um ser humano ao

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pagamento de um terço de seu salário em multa, agora, não é possível estipular

este um terço a uma pessoa jurídica, ao ser humano esta multa será desconfortável,

porém, poderá ser recuperada, mas a uma pessoa jurídica este desconforto, não

afeta apenas ela, mas sim, a todos a sua volta, como o pagamento de funcionários e

contratos, que podem gerar graves problemas ao país, se pensarmos em

multinacionais. E desta forma, estaríamos ferindo o bom senso.

No artigo 24 da Lei 9.605/98 consta a seguinte previsão, in verbis:

“A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.”

No Brasil não tivemos ainda a aplicação desta pena, sendo criada apenas

com finalidade preventiva.

É importante observar que as penas de suspensão de atividades e de

dissolução contidos nos artigos 22, § 1° e 24, são verdadeiras penas de morte para

a empresa. Em geral, não atingem exclusivamente aos autores do crime, o que

podem gerar grandes problemas no meio social, principalmente se tratando de

multinacionais, que geram empregos e movimentação econômica no país.

Após analisar os artigos acima, podemos afirmar, segundo Shecaira, “a falta

de critérios” adotados pelo legislador, para a redação contida nestes artigos, o que

gerou “inconstitucionalidade as sanções previstas aos entes coletivos.” (2011. p.

154).

Para que seja condenada a pessoa jurídica, mesmo este que, por si só, não

comete de forma mediata o delito, deverão ser adaptadas normas processuais

contidas no processo criminal. Desta forma, é possível afirmar que o legislador

pecou novamente em não estabelecer mecanismos, de forma concreta, no plano

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procedimental. No capitulo IV da Lei é possível verificar que o legislador manteve-se,

novamente, calado com relação à ação e ao processo penal contra o ente coletivo.

Neste entendimento, Shecaira cita que, se há necessidade de punição à

pessoa jurídica no âmbito penal, é imprescindível que o legislador crie instrumentos

necessários para tal punição. “Caso contrário a responsabilidade penal da pessoa

jurídica será apenas um simples devaneio”. (2011. p. 157).

3.1.3 Das Normas Penais Incriminadoras.

As normas penais incriminadoras são aquelas que preveem crimes em seu

contexto.

Apesar de possuir um caráter inovador, na Lei 9.605/98, ao descrever as

normas penais incriminadoras, o legislador não indicou em qual delas poderia recair

a responsabilidade penal da pessoa jurídica, e nem qual pena poderia ser aplicada

nos casos concretos. Dificultando, assim, sua aplicação.

Por este motivo a norma penal incriminadora apresenta-se de forma

incompleta ou lacunosa, faltando o elemento do tipo, que caracteriza a conduta. Esta

lacuna é chamada de “norma penal em branco” ou também conhecida como “lei

penal em branco”.

Devido às normas penais incriminadoras encontrarem-se incompletas ou

lacunosas é necessário que sejam completadas.

Neste entendimento Prado mencionada que:

“A lei penal em branco pode ser conceituada como aquela em que a descrição da conduta punível se mostra incompleta ou lacunosa,

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necessitando de outro dispositivo legal para sua integração ou complementação. Isso vale dizer: a hipótese ou prótase é formulada de maneira genérica ou indeterminada, devendo ser colmatada/determinada por ato normativo (legislativo ou administrativo), em regra, de cunho extrapenal, que fica pertencendo para todos os efeitos, à lei penal.Utiliza-se assim do chamado procedimento de remissão ou de reenvio a outra espécie normativa, sempre em obediência à estrita necessidade .” (2006. p. 173).

É possível identificar a norma penal em branco nos crimes ambientais por

simples leitura dos artigos que mencionam os crimes contra a fauna e flora como o

artigo 29, § 2°, onde menciona “espécie silvestre não considerada ameaçada de

extinção”.

No artigo 29, § 2° da Lei 9.605/98 consta a seguinte previsão, in verbis:

“Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida: Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. § 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.”

Incompleta também em seu § 4°, inciso I:

“§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado: I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;”

Esta lacuna pode ser encontrada também no Artigo 32, caput, onde é

mencionado “animal exótico” in verbis:

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:

Exemplo de lacuna também localizada no artigo 33, e seus incisos I e III caput,

“Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de

materiais, o perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aquicultura de domínio público; II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente;

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III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.”

Nos casos de crimes contra a flora, os dispositivos normativos não são

diferentes, em que podemos citar como exemplo os artigos 38, 39, 45 entre outros.

O artigo 38, caput, da Lei 9.605/98 tem a previsão que:

“Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:”

No artigo 39, caput, da Lei 9.605/98 consta a seguinte previsão:

“Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente:”

No artigo 45, caput, da Lei 9.605/98 consta a seguinte previsão:

“Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:”

É possível identificar nos exemplos citados acima que é clara a intenção do

legislador de deixar a cargo da autoridade competente a legislação da matéria ou a

expedição de atos administrativos para a caracterização do ato que constitui a

infração penal, para que possa ser considerada a ocorrência do fato típico.

Neste entendimento, Milaré menciona que, pode se perceber que o

comportamento proibitivo vem enunciado de forma vaga, clamando por

complementação ou integração de outros dispositivos legais. (2009, p. 984).

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É clara a necessidade da assessoria do direito administrativo para

considerar válido, a norma penal incriminadora, pois o controle dos atos

administrativos de exploração ao meio ambiente cabe ao Estado.

E apesar de existirem tais lacunas, consideradas normas penais em branco,

a Lei Ambiental é considerada adequada à Constituição Federal, mesmo sendo

complementada por ato administrativo infralegal, que podem ser: decretos,

regulamentos, portarias, entre outros.

Além das lacunas que necessitam de complementação, é possível identificar

a inconstitucionalidade de alguns artigos, apresentando incoerência com a redação

realizada e com a norma penal incriminadora aplicada, que pode ser citado como

exemplo o artigo 49, caput e parágrafo único, da Lei 9.605/98.

No artigo 49, caput e parágrafo único, da Lei 9.605/98 está previsto que:

“Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.”

Analisando o artigo acima, é identificado que o tipo penal possui verbos

correlatos, como: danificar sendo igual a lesar e maltratar sendo o mesmo que

realizar conduta nebulosa. Além de possuir mecanismos abertos como: qualquer

modo ou meio. Ferindo princípios penais como a da intervenção mínima (que

merece a sanção penal devido á gravidade do dano) e da proporcionalidade

(adequação dos meios ao fim, gerando uma medida justa). E neste sentido Nucci

questiona se “haveria mesmo potencialidade lesiva relevante, para tornar-se crime, a

destruição a planta ornamental em propriedade privada? Como poderíamos

delimitar, com segurança, o cenário do maltrato à planta?” (2009. p. 945).

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Nucci continua, e afirma a inconstitucionalidade deste artigo:

“Não dar-lhe água com a regularidade pregada por um botânico qualquer seria suficiente? Salvo a hipótese rara e excepcional, porém não impossível, de destruição maciça de plantas ornamentais de um parque público, por exemplo, o resto é falácia e demagogia pura no contexto da edição de leis penais. Logo, deve-se reconhecer a inconstitucionalidade do art. 49 e sua inaplicabilidade.” (2009. p. 945).

No parágrafo único do artigo 49, há previsão da modalidade culposa deste

crime, o que causa espanto entre os doutrinadores, não sendo possível admitir, que

em virtude de uma conduta negligente, a sanção importaria em pena de1(um) a 6

(seis) meses de detenção .

Neste passo, Nucci cita as palavras de Miguel Reale Junior referente ao

parágrafo único que “para total espanto, admite-se também na forma culposa.

Assim, tropeçar e pisar por imprudência na begônia do jardim do vizinho é crime”.

(2009. p. 946).

3.2 ENTENDIMENTOS DOS TRIBUNAIS SOBRE A RESPONSABILIZAÇÃO

PENAL DE PESSOAS JURÍDICAS NOS CRIMES AMBIENTAIS.

No Brasil, recentemente foi reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça a

responsabilidade penal da pessoa jurídica, conforme as decisões abaixo.

Na ementa do REsp 564.960/SC, o relator Gilson Dipp, teve o seguinte

entendimento:

"Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais desde que haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício, uma vez que "não se pode compreender a responsabilização do ente moral dissociada da atuação de uma pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio" (REsp. 564.960/SC, Rel. Min. GILSON DIPP, Quinta Turma, DJ 13/6/05).

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O relator Gilson Dipp no REsp 610.114/RN, teve posicionamento conforme

consta o trecho abaixo:

“X. Não há ofensa ao princípio constitucional de que "nenhuma pena passará da pessoa do condenado...", pois é incontroversa a existência de duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer forma contribui para a prática do delito - e uma jurídica, cada qual recebendo a punição de forma individualizada, decorrente de sua atividade lesiva. XI. Há legitimidade da pessoa jurídica para figurar no pólo passivo da relação processual-penal.” (REsp 610.114/RN, 5° T., j. 17.11.2005, rel. Min. Gilson Dipp, DJ 19.12.2005).

Decisões também reconhecidas pelo TRF e do STF:

Outrossim, foi proferido pelo TRF 4ª Região em 2003 a primeira decisão de

condenação a uma empresa por crimes ambientais através da apelação criminal nº

2001.72.04.002225-0 – Criciúma/SC. A empresa condenada havia extraído minerais

sem autorização do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), nem

licença ambiental da FATMA (Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina),

impedindo a regeneração da vegetação nativa.

Também já foi reconhecida pela 5° Turma do STF através do julgamento de

um recurso de Habeas Corpus a admissão da responsabilidade penal da pessoa

jurídica nos crimes ambientais, desde que a conduta praticada pela pessoa física

tenha sido para benefício da pessoa jurídica. (REsp 564.960/SC, HC 19.119/MG).

Apesar de termos julgamentos a favor responsabilidade penal da pessoa

jurídica, já é possível identificar na jurisprudência brasileira a movimentação contra

este entendimento, como o exemplo do Habeas Corpus do TJRS, HC 70018196808,

4.a Câm.Crim., j. 08.03.2007, v.u., rel. Des. Gaspar Marques Batista, que dispõe

sobre o tema citado por Rômulo de Andrade Moreira:

“[...] a exemplo de outros julgados e rogando máxima vênia aos eminentes colegas da Câmara, persisto na tese da incapacidade da pessoa jurídica para operação delituosa, porquanto é o indivíduo o único sujeito ativo possível em Direito Penal. A Lei 9.605/98 traz uma norma de conteúdo

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anômalo, introduzindo no Direito Penal brasileiro, a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica, que deve ser condenada, em função da ação delituosa de seus representantes. Inclusive, se o representante legal não for condenado, a pessoa jurídica não pode ser responsabilizada penalmente, [...]”. (2010, p. 335/336).

Existem outras jurisprudências que também consideram impossível a

responsabilidade penal da pessoa jurídica como a do TACrimSP, MS 349.440/8, 3.a

Câm. rel. Fábio Gouvêa, RJTACrim 48/3682 e ReCrim 03.003801-9, j. 01.04. 2003,

rel. Maurício Moreira Leite.

Em 2008 o STF entrou em discussão do Habeas Corpus n° 92.921-4. E em

sua decisão entendeu à responsabilidade penal das pessoas jurídicas como

previsão constitucional expressa e a necessidade do sistema de dupla imputação.

Pelo entendimento da dupla imputação já é possível identificar uma grande

quantidade de julgamentos neste sentido, o qual entende que a pessoa jurídica não

age sozinha. E temos decisões reconhecidas pelo STJ como: RHC nº 19.119, 2006;

REsp nº 847.476, 2008; REsp nº 969.160, 2009, a imputação simultânea da pessoa

jurídica e seu representante legal. Entendimento também reconhecido pelos

julgamentos: RHC nº 19.119, 2006; REsp nº 847.476, 2008; REsp nº 969.160, 2009.

É ressaltado pelo STJ a importância de serem conhecidas as pessoas

físicas envolvidas, independente se representante legal ou empregado, para que

seja avaliada a imputação aplicada à pessoa jurídica na forma culposa ou dolosa.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes contra o meio

ambiente é um tema de extrema controvérsia no ordenamento jurídico em

decorrência do contexto histórico e da forma da culpabilidade aplicada em nosso

ordenamento jurídico. Porém, a preocupação com o meio ambiente é uma demanda

social, à qual nosso ordenamento precisa se adaptar, para que haja uma inovação e

uma maior punição a quem utiliza de forma incorreta o meio ambiente.

É evidente que os danos causados pela pessoa jurídica são maiores que os

danos causados pela pessoa física, principalmente nos casos de degradação ao

meio ambiente, e que na maioria das vezes são irreversíveis.

Pelo que foi exposto nos capítulos acima, a maior crítica dos doutrinadores

penais é à redação da legislação ambiental e sua aplicação.

A responsabilidade penal da pessoa jurídica não deve ser tratada como

violação direta ao direito penal, mas sim uma defesa ao meio ambiente. A norma

penal precisa ser coerente com a sanção possível de aplicação à pessoa jurídica.

Não adianta falarmos em pena de até 30 salários mínimos a uma pessoa jurídica

que possui milhões em seu capital.

Assim, é possível concluir que a lei dos crimes ambientais precisa ser revista

ou mesmo ser totalmente reformulada, em decorrência dos numerosos equívocos de

ordem técnica que apresenta, de modo a tutelar de forma mais efetiva o meio

ambiente, bem jurídico assegurado pela Constituição Federal, e essencial à

existência humana.

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