universidade tuiuti do paranÁ marcio...

55
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreira PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET CURITIBA 2010

Upload: nguyendung

Post on 14-Dec-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Marcio Ferreira

PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET

CURITIBA

2010

Page 2: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

Marcio Ferreira

PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. Orientador: Prof. Armando Antonio Sobreiro Neto

CURITIBA

2010

Page 3: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

TERMO DE APROVAÇÃO

Marcio Ferreira

PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para obtenção do grau de Bacharel em Direito no curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ___ de __________ de 2010.

__________________________________

Professor Doutor Eduardo de Oliveira Leite Coordenador do Núcleo de Monografias do Curso de Direito da UTP

Curso de Direito Faculdade de Ciências Jurídicas Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: __________________________

Professor. Armando Antonio Sobreiro Neto

__________________________

Professor.

Instituição:

__________________________

Professor.

Instituição:

Page 4: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

A Deus, ser supremo Para minha esposa, Rosani Moraes, Em quem me sinto fortalecido, e encontrei inspiração para concluir este trabalho; Aos meus filhos, Larissa, Alexia e Marcio Jr.;

Page 5: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

Ao meu orientador, Armando A. S. Neto, pela dedicação e sapiência, com que me guiou, o meu agradecimento.

Page 6: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

RESUMO

O objeto da presente pesquisa é analisar a Propaganda Eleitoral na Internet sob a ótica na nova Lei 12.034/09. Portanto, faz-se necessário abordar alguns temas como: o regime democrático constitucional, regime jurídico da Internet, todas as formas de propagandas políticas em geral dando ênfase à propaganda eleitoral na rede mundial de computadores. Também trata da discussão sobre a real necessidade da Internet como instrumento auxiliador na busca da democracia plena, se seu uso proporciona ou não condições mais claras aos eleitores na hora do voto. Ainda se as atuais regras trazidas pela nova lei, e as já existentes, são capazes de coibir eventuais abusos nas praticas políticas brasileiras. Palavras chaves: Propaganda política, democracia e Internet.

Page 7: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 06

2 REGIME DEMOCRÁTICO CONSTITUCIONAL .................................... 08

2.1 SOBERANIA POPULAR E CIDADANIA .................................................. 09

2.2 REGIME REPRESENTATIVO .................................................................... 10

2.3 LIVRE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO ......................................... 11

2.4 INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE E DA VIDA PRIVADA ............ 13

2.5 DIREITO A INFORMAÇÃO ........................................................................ 15

2.6 COMUNICAÇÃO SOCIAL .......................................................................... 16

3 REGIME JURÍDICO DA INTERNET ........................................................ 18

3.1 NATUREZA JURÍDICA DAS COMUNICAÇÕES ELETRÔNICAS ........ 19

3.2 CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO ..................................................... 21

3.3. INTERNET E DEMOCRACIA .................................................................... 23

4 PROPAGANDA POLÍTICA ......................................................................... 25

4.1 CONCEITO.................................................................................................... 25

4.2 PROPAGANDA PARTIDÁRIA ................................................................... 26

4.3 PROPAGANDA INTRAPARTIDÁRIA ....................................................... 27

4.4 PROPAGANDA ELEITORAL GERAL ....................................................... 28

4.5 PROPAGANDA ELEITORAL NA IMPRENSA ESCRITA........................ 30

4.6 PROPAGANDA ELEITORAL NO RÁDIO E TELEVISÃO ...................... 31

5 PROPAGANDA POLÍTICA NA INTERNET ............................................. 36

5.1 EVOLUÇÃO LEGISLATIVA ...................................................................... 38

5.2 PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET/LEI 12.034/09 ................. 40

5.2.1 Atas Notarias ............................................................................................... 45

5.3 LIMITAÇÃO DA PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET ............ 48

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 50

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 52

Page 8: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

6

1 INTRODUÇÃO

No ramo de Direito Público, Direito Eleitoral, o termo “propaganda”, significa

difundir, espalhar, propalar, alastrar, multiplicar por meio de reprodução, tornar

comum a muitas pessoas. Tecnicamente, traduz procedimentos de comunicação em

massa, pelos quais se difundem idéias, informações e crenças com vistas a obter-se a

adesão dos destinatários (GOMES, 2008).

A propaganda foi introduzida na sociedade durante a antiguidade. Na Grécia e

em Roma era largamente usada na divulgação de festas populares e ações estatais com

objetivo à comunicação social.

A propaganda política caracteriza-se por estender concepções ideológicas,

com finalidade de obter adesão popular. É, sem sombra de dúvida, a maneira mais

diligente do candidato persuadir o eleitorado de suas propostas, projetos; enfim do que

desempenhará quando preferido. Sendo assim, se refletirmos na propaganda eleitoral

via Internet, sob a ótica apresentada pela Lei 12.034 de 29/09/09, necessitamos

analisá-la “lato sensu”, não por meio de sofismas, mas sob o aspecto volitivo do

usuário, do progresso social, das distâncias cobertas, da velocidade na comunicação

das notícias, da praticidade do eleitor conhecer melhor seu candidato, tudo através de

um ingênuo click.

Esses fatores, levando em apreço a mudança social, tranquilamente tornaram o

processo político mais equânime e equilibrado.

Ante esse cenário, pretende-se ratificar se o novo documento eleitoral contribui

para a formação do julgamento soberano do eleitor, a partir do instante que oportuniza

Page 9: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

7

maior cristalinidade e facilidade no acesso às propostas dos candidatos. Apreciando o

direito à informação, até que ponto as atuais normas asseguram, ainda que

minimamente, o emprego do novo instrumental, Internet, ou seja, nosso

contemporâneo sistema normativo; de um lado, coopera positivamente na busca do

exercício integral da democracia e de outro, contempla engenhos de proteção, cujo

escopo é não tolerar o acontecimento de excessos ou afrontas.

A Internet é indispensável. Esta é a grande certeza para as próximas eleições

no Brasil. Ela aumentará o acesso à informação de uma categoria de eleitores, cada vez

mais interessados no destino do país, os jovens, o que ocorrerá através de redes

sociais, blogs, e-mail, debates em chats; enfim, nas mais variadas formas de

comunicação oportunizadas na rede (PINHEIRO, 2010). Neste diapasão, estes novos

movimentos sociais contribuirão, significativamente, para o fortalecimento da

democracia por meio da conscientização do soberano eleitor no instante em que

perpetua sua escolha.

Pode-se compreender, imediatamente, que a assunto proporciona alguns

desdobramentos, sua aplicação é certa, está disposta na lei, no entanto deve-se

esclarecer se é indispensável para o eleitor na busca de informações sobre os

candidatos, e considerando o direito à informação e suas variáveis, se sua aplicação

está segura com as regras atuais.

Page 10: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

8

2 REGIME DEMOCRÁTICO CONSTITUCIONAL

Um Estado Democrático de Direito é aquele que busca a aplicação justa da Lei

em benefício da sociedade com a participação indispensável do povo na escolha de

seus representantes através do voto. Sendo assim, seus fundamentos são tidos como a

base de uma grande estrutura que constitui o Sistema Eleitoral, que apesar de muito

criticado por alguns que o considerarem extremamente casuístico, ou seja, por sofrer

intermináveis alterações em função das constantes variações sociais; é sem dúvida, um

dos ramos do direito mais aprimorados, conforme lição de Cândido, a alteração

periódica de algumas leis eleitorais, longe de ser um mal em si mesmo, é - e tem sido -

fator de aprimoramento de nossa ordem jurídica (CANDIDO, 2003).

Assim continua o mesmo doutrinador sobre o assunto:

Quem entende casuística nossa legislação eleitoral comete um lamentável equívoco em confundir Direito Eleitoral com eleição. Enquanto que o primeiro é o ramo do direito público incumbido de criar, desenvolver e assegurar o pleno exercício dos direitos políticos, em sua mais ampla acepção, o último é a mera execução de rito que propicia o ato de votar e ser votado, enquanto forma legal de se escolher os titulares dos mandatos eletivos. Somente em relação às eleições é que a lei tem mudado com regular, mas incensurável frequência. (2003, p. 22).

Ressalta ainda que se analisarmos o número de alterações da Lei Eleitoral e da

própria Constituição em seus períodos de vigência, chegaremos à conclusão de que

não foi exatamente a Lei eleitoral a mais instável, já que em aproximadamente setenta

anos foram publicados quatro códigos eleitorais enquanto os textos constitucionais

chegaram a seis. Contudo, considerando a relação direta entre tais matérias, as

constantes modificações e o próprio progresso social, é inevitável que a aplicabilidade

Page 11: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

9

de alguns dispositivos enseje relevantes discussões.

2.1 SOBERANIA POPULAR E CIDADANIA

A Soberania Popular é materializada em sua plenitude, com o alistamento

eleitoral. A partir daí o brasileiro adquire o direito de interferir no destino da nação,

por meio do sufrágio ativo, tornando-se cidadão na acepção plena da palavra.

A Constituição de 1988 em seu artigo 1º, inciso I, coloca a soberania como

fundamento do Estado Democrático de Direito, e em seu parágrafo único, traz a

maneira de sua conformação, ao estabelecer, “todo o poder emana do povo, que o

exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta

Constituição”, já o artigo 14 estabelece a forma de exercício da soberania popular.

Assim, do povo deriva toda fonte de poder político, manifestando-se a soberania,

exercida diretamente ou segundo o regime representativo, por meio de representantes

escolhidos em processo eletivo.

Os princípios, soberania popular e cidadania, previstos no artigo 1º, incisos I e

II da CF/88, encontram-se profundamente interligados, pois a soberania deriva do

povo que tem nas mãos o poder de escolha de seus representantes na democracia

indireta, e a cidadania compreendida como direito de sufrágio político ativo ou

passivo, somando-se aos deveres perante o Estado, conforme artigo 14 da Constituição

Federal.

Em relação a essa íntima ligação entre soberania popular e cidadania, Adriano

da Costa, ensina:

Page 12: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

10

Deve-se entender os termos cidadania e soberania popular como sinônimos, como vínculo jurídico-político do cidadão com o Estado, pelo qual exsurge o direito à participação política (direito de votar e ser votado), bem como deveres políticos para com o Estado (fidelidade à Pátria, prestação do serviço militar, obrigatoriedade do voto, etc.). (2002, p. 33).

A cidadania é demonstrada por um conjunto de direitos que dá à pessoa a

possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não

tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões,

ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social (DALLARI, 1998).

Em outras palavras, “a cidadania representa um status e apresenta-se

simultaneamente como objeto e um direito fundamental das pessoas” (MORAES,

2004, p. 16).

Pode ser entendida ainda de forma mais ampla do que titularidade de direitos

políticos, sendo através da qualificação dos participantes da vida do Estado,

reconhecendo o indivíduo como pessoa integrada na sociedade estatal, submetendo o

funcionamento estatal à vontade popular (SILVA, 2007).

Portanto, entre soberania popular e cidadania existe sinonímia, podemos então

defini-las como direitos políticos que proporcionam a participação popular na rés

pública. Sendo a primeira através do sufrágio ativo e passivo, e a segunda além dos

direitos comuns à antecedente, deveres para com o Estado, fidelidade à pátria, serviço

militar, obediência aos imperativos legais.

2.2 REGIME REPRESENTATIVO

Etimologicamente, regime é “forma de governo”, traduzindo-se, portanto,

Page 13: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

11

regime representativo, como um tipo de democracia, através da qual se escolhe os

representantes, filiados a determinados partidos políticos, mediante processo eletivo.

É necessário estabelecer o significado de Representação Política, Sobreiro

Neto (2008), citando Norberto Bobbio, nos auxilia, esclarecendo que é uma espécie de

mecanismo político particular, com a finalidade de realização de uma relação de

controle entre governados e governantes de forma regular.

A nossa Constituição traz em seu bojo, mais precisamente no parágrafo único

do artigo 1º, o sentido de democracia, quando a norma prevê, todo poder emana do

povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta

Constituição, portanto, a democracia é o pilar fundamental do regime representativo.

O sistema político exprime um complexo estrutural de princípios e forças

políticas que configuram determinada concepção do Estado e da sociedade,

inspiradores de seu ordenamento jurídico. O regime representativo é demonstrado por

um tipo de democracia, a democracia representativa, na qual se pressupõe um conjunto

de instituições, cujo objetivo é disciplinar a participação popular no processo político,

originando direitos políticos, qualificando a cidadania, tais como as eleições, sistema

eleitoral, os partidos políticos, etc. (SILVA, 2007).

2.3 LIVRE MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO

A liberdade na manifestação do pensamento constitui um dos aspectos

externos da liberdade de opinião, protegida pelo artigo 5º, inciso IV, da Lei Maior. É

livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato, e o artigo 220 do mesmo

Page 14: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

12

documento dispõe que a manifestação de pensamento, sob qualquer forma, processo

ou veiculação, não sofrerá qualquer restrição, observado o disposto na Constituição,

vedada qualquer forma de censura de natureza política, ideológica e artística.

Segundo Silva (2007), a materialização desses direitos elementares, isto é,

essa exteriorização do pensamento pode dar-se entre interlocutores presentes ou

ausentes. Primeiramente, pode verificar-se sob a forma de diálogo ou conversação de

pessoa para pessoa, ou de uma pessoa para outra. No segundo caso, é possível a

ocorrência entre pessoas determinadas, por meio de correspondência pessoal ou

particular sigilosa.

O mencionado constitucionalista acrescenta ainda que na liberdade de

manifestação do pensamento, compreende também aspecto negativo, isto é, de tê-lo

em segredo, mantendo-o na esfera reservada do individuo, de maneira a prejudicar

outrem.

É livre a manifestação do pensamento, desfruta de proteção em nível

constitucional, não se admitindo censura prévia, quer seja em diversões ou espetáculos

públicos (MORAES, 2004).

Logo, a Constituição garante a livre manifestação do pensamento, salvo nas

hipóteses previstas no próprio documento constitucional, vedando-se o anonimato

invocado como forma de se eximir de responsabilidade. Prevê a punição dos abusos

ocorridos porventura no exercício desse direito, levando as situações em concreto à

apreciação do Poder Judiciário, culminando com a responsabilização civil e penal dos

invocadores do anonimato como forma de eximir-se de culpa.

Por fim, cabe a sociedade defender padrões mínimos de moralidade, e o

Page 15: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

13

Estado, quer diretamente, ou por delegação, exercer esta função.

2.4 INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE E DA VIDA PRIVADA

Direitos fundamentais podem sofrer relativização, e uma das limitações à

liberdade de comunicação social é o respeito devido ao direito à privacidade, a

imagem e à intimidade dos indivíduos; valores estes que passaram a frequentar normas

constitucionais com a Carta de 1988. Estas garantias estão no inciso X do catálogo dos

direitos individuais, referindo-se a pessoas físicas e jurídicas. Abarcando, inclusive, à

necessária proteção à própria imagem frente aos meios de comunicação em massa,

televisão, rádio, jornais, revistas, e também devido ao grande avanço tecnológico essa

norma se estende à Internet, repousando-se sobre a nuance de direito fundamental

(GILMAR, 2007).

O mesmo doutrinador define o direito a privacidade e intimidade, como sendo:

O direito à privacidade teria por objeto os comportamentos e acontecimentos atinentes aos relacionamentos pessoais em geral, às relações comerciais e profissionais que o individuo não deseja que se espalhem ao conhecimento público. O objeto do direito à intimidade seriam as conversações e os episódios ainda mais íntimos, envolvendo relações familiares e amizades mais próximas. (2007, p. 367).

O direito a privacidade, sob o ponto de vista de Tércio Sampaio Ferraz, é:

[...] um direito subjetivo fundamental, cujo titular é toda pessoa, física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, residente ou em trânsito no país; cujo conteúdo é a faculdade de constranger os outros ao respeito e de resistir à violação do que lhe é próprio, isto é, das situações vitais que, por só a ele lhe dizerem respeito, deseja manter para si, ao abrigo de sua única e discricionária decisão; e cujo objeto é a integridade moral do titular. (1993, p. 77)

Page 16: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

14

Segundo Silva (2007) o direito a intimidade é quase sempre considerado como

sinônimo de direito a privacidade, ao passo que a vida privada é a esfera íntima da

pessoa, porque é repositório de segredos e particularidades do foro moral e íntimo do

indivíduo.

Alexandre ao abordar o tema nos explica; “os direitos à intimidade e a própria

imagem formam a proteção constitucional à vida privada, salvaguardando um espaço

íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas” (MORAES, 2004, p. 47).

É oportuno salientar ainda que os conceitos de intimidade e vida privada

apresentam grande interligação, porém, são diferenciados por meio da menor

amplitude do primeiro, que se encontra no âmbito de incidência do segundo. A

intimidade relaciona-se às relações subjetivas e de trato íntimo da pessoa, relações

familiares e de amizade. A vida privada, por sua vez, envolve todos os demais

relacionamentos humanos, sejam eles de ordem comercial, trabalhista, cultural, etc.

Insistindo nos ensinamentos do autor acima, é apropriado mencionar a forma

de se analisar a vida privada das pessoas públicas:

Por outro lado, essa proteção constitucional em relação àqueles que exercem atividade política ou ainda em relação aos artistas em geral deve ser interpretada de uma forma mais restrita, havendo necessidade de uma maior tolerância ao se interpretar o ferimento das inviolabilidades à honra, à intimidade, à vida privada e à imagem, pois os primeiros estão sujeitos e uma forma especial de fiscalização pelo povo e pela mídia, enquanto o próprio exercício da atividade profissional dos segundos exige maior e constante exposição à mídia. Essa necessidade de interpretação mais restrita, porem, não afasta a proteção constitucional contra ofensas desarrazoadas e, principalmente, sem qualquer nexo causal com a atividade profissional realizada. (2004, p. 82).

Conclui-se, então, que o direito à inviolabilidade da intimidade e da vida

privada encontra-se na própria Carta Constitucional, fazendo parte das mais íntimas

Page 17: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

15

proteções que o cidadão faz jus; contudo, ainda assim cabe relativização quando estas

conflitarem com o interesse da coletividade, que deve sempre estar acima de qualquer

outro. Portanto, o direito a privacidade tem como fundamento a defesa da

personalidade humana contra intromissões alheias.

2.5 LIBERDADE DE INFORMAÇÃO

A palavra “informação” significa um conjunto de condições e determinadas

formas de propagação para o público, de notícias ou elementos de conhecimento,

idéias e opiniões.

Primeiramente devemos nos preocupar em distinguir liberdade de informação,

de direito à informação, este não visto como direito pessoal ou profissional, mas sim

como direito coletivo, e aquele como direito de informar e de ser informado.

O direito à informação encontra-se previsto em nossa Constituição no artigo

5º, inciso XIV e no artigo 220, elevado à categoria de direito fundamental, frente a sua

grande relevância na conformação de uma sociedade equânime.

Silva mais uma vez nos presenteia com seu conhecimento ao definir:

[...] a liberdade de informação compreende a procura, o acesso, o recebimento e a difusão de informações ou idéias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada qual pelos abusos que cometer. O acesso de todos à informação é um direito individual consignado na Constituição, que também resguarda o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional (art. 5º, XIV). (2007, p. 246).

Desse modo, verificamos que a proteção constitucional à informação é

relativa, pois não existe direito individual absoluto, havendo necessidade de distinção

Page 18: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

16

entre informações de fatos de interesse público, da vulnerabilidade de condutas íntimas

e pessoais, protegidas pela inviolabilidade à vida privada, que não podem ser

devassadas de forma aleatória, de maneira vexatória ou humilhante (MORAES, 2004).

Deste modo, a liberdade de informação, como direito de ser informado e de

informar, deve ter sempre como objetivo, especialmente no último caso, proporcionar

a informação exata e séria. Porém, sua interpretação poderá ser relativizada,

restringida, quando a mesma fizer parte da esfera mais íntima da vida privada da

pessoa comum, e alargada quando disser respeito a pessoas públicas como políticos,

artistas, atletas, pois estas por opção pessoal colocaram-se em posição de maior

destaque e interesse social.

2.6 COMUNICAÇÃO SOCIAL

A comunicação social é uma forma de se relacionar da sociedade, com

previsão em nossa Constituição nos artigos 220 e 5º inciso IX. Os veículos condutores

de informação exercem relevante atividade de interesse público; daí o motivo pelo

qual funcionam sob o regime de concessão do poder público. As previsões para essas

concessões estão no artigo 175 da CF 88, e todas as pessoas jurídicas de direito

privado que adquirem o direito de explorar determinada área devem se curvar às

normas constitucionais reguladoras desse serviço, considerado de interesse público,

ainda que realizado por particulares. É o que determina, por exemplo, o artigo 221 do

texto constitucional, sob como deve ser a programação veiculada para a população,

devendo respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Page 19: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

17

Pode-se definir “meio de comunicação como toda e qualquer forma de

desenvolvimento de uma informação, seja através de sons, imagens, impressos e

gestos” (MORAES, 2004, p.734).

Já para Silva (2007), a liberdade de comunicação envolve também a escolha

dos meios de exteriorização do pensamento e difusão das informações, que são

basicamente os livros, os jornais e outros periódicos, os serviços de radio-difusão

sonora e de sons e imagens e os serviços noticiosos. O autor ainda adverte para o

caráter de regime jurídico próprio, desses meios de comunicação, e aos últimos destaca

sua forma de concessão pelo Poder Público, quando não explorados diretamente pelos

entes públicos ou por meio de permissão ou autorização.

Sintetizando as idéias temos que os meios de comunicação, livros, revistas,

periódicos, jornais, rádio e televisão são os veículos pelos quais as informações

chegam de maneira maciça à população. Sua natureza jurídica depende da prestação de

serviço que realizam. Como regra, os serviços prestados nesta área quando não são

desenvolvidos diretamente pela União, esta transfere aos particulares por instrumentos

jurídicos próprios, concessão, permissão ou autorização.

A Internet, por sua vez, fornece serviço de natureza sui generis, onde figuram

basicamente três sujeitos, usuário, provedor/usuário e serviço de telecomunicações,

assunto que será analisado com mais vagar em capítulo próprio.

Page 20: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

18

3 REGIME JURÍDICO DA INTERNET

A Internet exerce serviço assemelhado ao das emissoras de rádio e televisão,

devendo atender o interesse público com sua programação.

De acordo com Blum, Bruno e Abrusio;

[...] ela é uma imensa Rede, ou seja, Rede das Redes, vista como um meio de comunicação que interliga dezenas de milhões de computadores no mundo inteiro e permite o acesso a uma quantidade de informações praticamente inesgotáveis, anulando toda distância de lugar e tempo, através de diversas funções, podendo citar, dentre elas, e-mail (correio eletrônico), e-commerce (comercio eletrônico), e-government (governo eletrônico), e-learning (ensino a distancia) entre outras. Atualmente não pertence a nenhum país, podendo ser utilizada por todos. (2006, p. 28).

A despeito de prestar serviço assemelhado ao de interesse público, a Internet,

não é titular de concessão de serviço público, mas está submetida ao disposto no artigo

221 da Constituição Federal de 1988, in verbis:

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I - preferência a finalidades educativas, artísticas culturais e informativas; II - promoção da cultura nacional e regional e estimulo à produção independente que objetive sua divulgação; III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Desse modo, o uso da rede mundial de computadores, pelos políticos

brasileiros, necessariamente deve atenção a esse dispositivo e sua utilização deve ser

pautada nesses primados, acima de tudo respeitando os valores éticos e sociais da

sociedade em geral.

Até o advento da Lei 12.034 de 09/09, as regulamentações ao uso da Internet,

Page 21: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

19

pelos políticos em geral, eram feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral, por meio de

resoluções.

O artigo 57-B e seus incisos trazem as várias formas pelas quais a propaganda

eleitoral na Internet será otimizada. Surgindo como primeiros passos, a necessidade de

criação de sítios do candidato, partido ou coligação, com endereço eletrônico

comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de

serviço de Internet estabelecido no país. No segundo momento através de mensagens

eletrônicas encaminhadas a endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato,

partido e coligação, ainda esta modalidade de publicidade poderá ser feita por meio de

blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhadas, desde que

gerado ou editado pelo candidato, partido, coligação ou qualquer pessoa natural.

3.1 NATUREZA JURÍDICA DAS COMUNICAÇÕES ELETRÔNICAS

Existem polêmicas em relação à natureza jurídica da Internet; inicialmente

reside no fato de se estabelecer com clareza a diferença entre a Internet e o serviço de

telecomunicações, para em seguida esclarecer se a Internet seria um lugar ou um meio.

À primeira vista parecem semelhantes, pois num passado recente ambas se utilizavam

de uma linha telefônica para sua efetivação, fato superado pela telefonia celular e da

conexão via aparelho de televisão. Contudo, a mais inequívoca prova de que estes

conceitos não se confundem pode ser extraída da Lei Geral de Telecomunicações (Lei

nº. 9472/97) (ALMEIDA, 2010).

Para ficar no que aqui importa, estabelecem os artigos 60, parágrafo único, e

Page 22: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

20

61 da referida Lei:

Art. 60. Serviço de telecomunicação é o conjunto de atividades que possibilita a oferta de telecomunicação. § 1º - Telecomunicação é a transmissão, emissão ou recepção, por fios, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza. [...] Art. 61. Serviço de valor adicionado é a atividade que acrescenta, a um serviço de telecomunicações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde novas utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou recuperação de informações. § 1º Serviço de valor adicionado não constitui serviço de telecomunicações, classificando-se seu provedor como usuário do serviço de telecomunicações que lhe dá suporte, com os direitos e deveres inerentes a essa condição. (www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9472.htm).

Em publicação da Revista de Derecho Informático, Felipe anota que alguns

doutrinadores acreditam e defendem que o website tenha a natureza jurídica de

invenção, passível de patenteamento no Direito Brasileiro. Essa tese, contudo, não é

reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão

responsável pelo registro de marcas, patentes e programas de computador no Brasil,

por faltar-lhe os pressupostos e os requisitos caracterizadores da invenção, quais

sejam, novidade, utilização ou aplicação industrial e suficiência descritiva, constante

nos artigos 11, 15 e 24 da Lei de Propriedade Industrial, respectivamente. O mesmo

periódico aduz o posicionamento dos juristas cibernéticos, os quais consideram o

website como obra intelectual protegida pelo direito autoral e sob a égide da Lei

9.610/98, Lei de Direitos Autorais, necessitando para tanto que o titular da obra

registre-a de forma impressa na Biblioteca Pública Nacional, a fim de proteger a obra e

evitar contrafação (FONTES, 2003).

A referida Lei ainda dispõe no seu artigo 7º, inciso XII:

Page 23: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

21

Art. 7º. São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro... [..] XII – os programas de computador. (www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9610.htm).

Nesta área ainda explorada de maneira superficial, a doutrina predominante no

Direito da Tecnologia da Informação Brasileiro, defende a tese de que o website é um

programa de computador, ou seja, um software, assim sendo, este é protegido pela Lei

9.609/98, Lei do Software, e subsidiariamente, pela Lei 9.610/98, Lei de Direitos

Autorais (FONTES, 2003).

Do exposto pode-se concluir que a Internet é um serviço de valor adicionado,

onde figuram basicamente três sujeitos, usuário, provedor-usuario e serviço de

telecomunicações.

3.2 CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO

Marçal, em sua obra Teoria Geral das Concessões de Serviço Público, delineia

através da doutrina algumas origens do instituto concessão de serviço público.

Massimo Giannini afirma que seus antecedentes estão na velha Roma. Eduardo García

e Romás-Ramón destacam precedentes do Antigo Regime. Ainda, em profundo

trabalho do Direito Francês Bezançon das evidências de que as primeiras

manifestações de delegação de uso e exploração de bens públicos ocorreram no séc.

XIII, inclusive envolvendo interesse coletivo (FILHO, 2003).

A definição clássica de concessão de serviço público passa pela idéia de

Page 24: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

22

delegação temporária da prestação de serviço público a um terceiro, o qual assume sua

otimização por conta e risco próprios.

A Constituição Federal em seu artigo 175 determina que a prestação de serviço

público seja de responsabilidade do Poder Público, diretamente ou sob o regime de

concessão, permissão ou autorização, mas não oferece conceituação sobre concessão

de serviço público. Contudo o legislador na Lei 8987/95, traz no inciso II do artigo 2º

a definição legal:

Art. 2º. Para fins do disposto nesta Lei, considera-se: [...]

II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consorcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; [...]

Marçal (2003) na formulação de uma definição de Concessão de Serviço

Público defende que a concessão comporta uma pluralidade de configurações, o que

impede inclusive referir-se “a” concessão, tal como se existisse um único conceito,

determinado e padronizado para o instituto. Talvez se pudesse afirmar que a expressão

indica um gênero, que contempla várias espécies. A concessão de serviço público tem

natureza jurídica de direito público, portanto, devendo obediência aos princípios

legitimadores dos atos públicos.

Um dos elementos da concessão de serviço público relevante para o presente

trabalho é, sem dúvida, o previsto no artigo 223 da Carta Magna brasileira, muito

embora o artigo apenas analise a concessão, permissão ou autorização, dos serviços de

radiodifusão sonora e de sons e imagem, observando o princípio da

Page 25: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

23

complementaridade dos sistemas privados, público e estatal, não mencionando a

Internet, estabelece a esta um caráter de serviço sui generis, não sendo regida

diretamente pelos seus primados constitucionais. Todavia, por oferecer um serviço de

natureza proeminente para a pacificação do interesse social, devemos analisar a sua

atuação sob a égide dos princípios constitucionais aplicáveis aos demais elementos de

comunicação social, isto é, os previstos no artigo 221 da Constituição Federal de 88.

Assim sendo, a concessão de serviço público, no caso dos meios de

comunicação social, nos exatos termos da Constituição Federal de 88 e da Lei 8987/95

é uma forma de cessão de atividade, cuja titularidade é do Poder Público a um terceiro,

por prazo determinado, através de licitação, cumprindo o objeto do ajuste, obedecendo

aos preceitos do ordenamento jurídico brasileiro, protetores da pessoa e da família.

3.3 INTERNET E DEMOCRACIA

A Internet como já visto, é um novo instrumental tecnológico a disposição de

qualquer pessoa. Seu uso é possível a partir de um simples click no mouse, ato

volitivo, levando o usuário a mundos desconhecidos, fazendo desaparecer distâncias

globais. De olho nesse formato de comunicação, os candidatos vêm utilizando-o a fim

de alargar sua capacidade de prospecção eleitoral.

Sobre essas mudanças através da globalização de informações, vale enfatizar

os esclarecimentos de Liliana Minardi:

Diante das gigantescas mutações introduzidas pela globalização e pelo nascimento de novos poderes, que escapam do tradicional controle político e jurídico, e perante a possibilidade de uma revolução permanente, como

Page 26: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

24

parece o progresso telemático em ação, é difícil ter certeza quanto ao futuro da democracia e se a história humana se encaminha para o aumento da desigualdade e marginalização, ou, então, para uma democracia internacional, baseada na garantia dos direitos do homem em relação aos Estados e aos velhos e novos poderes. (2006, p. 28).

A soberania popular como pretensão e desenvolvimento da liberdade de

informação, garante um espaço acessível, é pedra angular de nosso Estado

Democrático de Direito, está gravada no artigo 1º de nossa Constituição Federal, a

qual trata no parágrafo único do referido artigo, que todo poder emana do povo e por

ele é exercido diretamente ou por seus representantes eleitos.

Neste diapasão é incontestável a importância da Internet como meio auxiliador

no merchandising dos concorrentes a cargos eletivos. Pois o povo, agora identificado

como, “usuário”, prossegue imperante em relação a sua vontade de acessar ou não a

informações disponíveis na rede mundial de computadores, cujo objetivo é sem

sombra de dúvidas melhor subsidiar sua intenção no derradeiro momento da escolha

de seu representante, não descaracterizando desta forma nosso sistema democrático.

Page 27: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

25

4 PROPAGANDA POLÍTICA GERAL

4.1 CONCEITO

A expressão “propaganda política” é empregada para significar,

sinteticamente, todos os meios permitidos por lei, de realização de mensagens

publicitárias, tendentes à obtenção de simpatizantes, às ideologias político-partidarias

e à obtenção de votos (SOBREIRO NETO, 2008).

Compete notar, a obediência a esse processo de informação, dos preceitos

legais estabelecidos em nosso documento constitucional, e sobre o tema Gomes

acentua:

A Constituição assegura as liberdades de expressão e informação, cometendo à lei o estabelecimento de meios adequados que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão destoantes de seus valores básicos, mormente os expressos no artigo 221. Destaca-se neste dispositivo, a necessidade de a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderem às finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, bem assim respeitarem os valores éticos e sociais da pessoa e da família. (2008, p. 265).

Por conseguinte, pode-se concluir que propaganda política, são as mais

variadas formas utilizadas com intuito de tornar público os ideários e programas de

governo, dos vários partidos políticos existentes em nosso país.

Page 28: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

26

4.2 PROPAGANDA PARTIDÁRIA

A propaganda partidária encontra-se regulamentada nos artigos 45 a 49 da Lei

Orgânica dos Partidos Políticos – LOPP, Lei 9.096/95, bem como pela Resolução do

TSE n.º 20.034/97, somando-se as alterações da Resolução n.º 22.503/06. A nossa Lei

Maior, em seu artigo 17, § 3º, afiança aos partidos políticos o direito de antena,

exprimido no acesso gratuito aos meios de comunicação em massa, rádio e televisão,

fora dos períodos eleitoreiros. Porém, o artigo 45 § 6º da Lei 9.096/95, veda a

realização de publicidade, onerosa ou fora dos parâmetros legais, nestes mesmos

meios de comunicação.

A propaganda partidária pode ser definida como a divulgação das ideologias e

do programa de determinado partido político. Como destaca Armando, a propaganda

partidária consiste na divulgação, sem nenhum ônus para os Partidos, através da

transmissão por rádio e televisão, de temas ligados exclusivamente aos interesses

programáticos dos partidos políticos, em período e na forma prevista em lei,

valorizando-se a mensagem partidária, no escopo de auferirem admiradores ou

difundir as realizações da agremiação política (SOBREIRO NETO, 2008).

Já de acordo com Gomes, propaganda partidária:

Consiste a propaganda partidária na divulgação das idéias e do programa do partido. Tem por finalidade facultar-lhe a exposição e o debate público de sua ideologia, de sua história, de sua cosmovisão, de suas metas, dos valores agasalhados, do caminho para que seu programa seja realizado. Com isso a agremiação aproxima-se do povo, ficando sua imagem conhecida e, pois, fortalecida. Pode haver confronto de opiniões, teses, propostas de soluções para problemas nacionais, regionais ou locais, mas sempre à luz do ideário partidário. (2008, p. 270).

Page 29: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

27

O tempo de propaganda partidária designado a cada partido político de acordo

com a Lei 9.096/95 dependia de sua representação na Câmara dos Deputados. No

entanto, com o julgamento das ADINs 1.351 e 1.354, pelo TSE, ficou declarada a

inconstitucionalidade da chamada cláusula de barreira ou de desempenho, e até que

sobrevenha lei regulamentando o tema, sua disposição será conforme dispuser

Instrução do Tribunal Superior Eleitoral.

Assim sendo, podemos dizer que a propaganda partidária, verifica-se no

exercício do partido político expor suas idéias e programas governamentais, com o

objetivo de angariar simpatizantes, fortalecendo suas bases. Traduzindo-se na eleição

de seus candidatos, nos pleitos eleitorais, que sucedem os períodos de manifestação

partidária dos grêmios eleitoreiros.

4.3 PROPAGANDA INTRAPARTIDÁRIA

De acordo com o § 1º do artigo 36 da Lei Eleitoral, é permitida ao postulante

de pretensão a cargo eletivo realizar na quinzena anterior à escolha dos candidatos pelo

partido, propaganda intrapartidária com o objetivo de ter seu nome indicado pelo

partido, a pretendente a cargo eletivo. Ainda, como o dispositivo legal determina, é

vedado essa modalidade de publicidade, nos meios de comunicação rádio, televisão e

outdoor.

Seguindo nesse diapasão Gomes, nos ampara:

Como a própria expressão sugere, essa propaganda não se dirige aos eleitores em geral, senão aos filiados à agremiação que participarão da convenção de escolha dos candidatos que disputarão os cargos eletivos. Daí

Page 30: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

28

a vedação ao uso de meios de comunicação de massa, como rádio, televisão e outdoor e internet. (2008, p. 276).

Em relação às prévias realizadas pelos partidos visando à escolha de seus

representantes, a serem homologados em convenção, inexistindo proibição específica,

deve ser dado a elas o mesmo enfoque dado às convenções, sendo possível fazer-se

propaganda direcionada a elas nos âmbitos e limites da agremiação partidária, e ou ao

local de votação para escolha de candidatos (ROLLO, 2002).

Deste modo, a propaganda intrapartidária é aquela realizada pelo candidato a

candidato, no seio de sua agremiação, nos quinze dias anteriores à escolha pelo partido

de seus representantes na eleição, com o objetivo de obter apoio, para ver solidificado

no mundo fático sua candidatura a cargo eletivo. Arrematando, para aqueles eventuais

violadores dessa regra, tanto os responsáveis pela divulgação e/ou quando comprovado

o próprio beneficiado, a Lei 9.504/97, no § 3º do artigo 36, prevê a aplicação de multa

de vinte a cinquenta mil UFIR, ou o equivalente ao custo da propaganda irregular.

4.4 PROPAGANDA ELEITORAL GERAL

A propaganda eleitoral encontra balizamento legal no artigo 36 da 9.504/97,

somente podendo ser colocada na rua após o dia 5 de julho do ano eleitoral. Contudo,

se o dia 5 de julho cair em dia não útil, o Tribunal Superior Eleitoral poderá ajustar o

calendário, como ocorreu nas eleições de 1998 (Resolução 20.160/Instrução 24, de

07.04.1998).

Entretanto, se faz necessário trazer à baila a disposição do artigo 240 § único

Page 31: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

29

da Lei 4.737/65, isto é, 48 horas antes e 24 horas depois da eleição, não significa que a

propaganda eleitoral esteja proibida, somente sua modalidade sob a forma de

radiodifusão, televisão, comícios ou reuniões, e até mesmo a realização e debates

políticos.

Neste sentido, propaganda eleitoral é aquela elaborada por partidos políticos e

candidatos com a finalidade de captar votos do eleitorado para investidura em cargo

público - eletivo. Caracteriza-se por levar ao conhecimento público, ainda que de

maneira indireta, disfarçada ou dissimulada, candidatura ou os motivos que induzam o

eleitor à conclusão de que o beneficiário é o mais apto para o cargo em disputa

(GOMES, 2008).

Armando, ao textualizar o tema, assevera:

A propaganda eleitoral visa a captação de votos, facultada aos Partidos, Coligações e Candidatos. Busca, através dos meios publicitários permitidos na lei eleitoral, influir no processo decisório do eleitorado, divulgando-se o curriculum dos candidatos, suas propostas ou mensagens, no período denominado de campanha eleitoral. (2008, p. 150).

Em ocorrendo violação a essa modalidade de publicidade eleitoreira, o

legislador através da mudança trazida pelo § 3º do artigo 36 da lei eleitoral, alterado

pela Lei 12.034/09, impõe a aplicação de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil

reais) a R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), ou o equivalente ao custo da

propaganda se este for maior.

Nesta linha, podemos concluir que constitui ato de propaganda eleitoral,

aqueles esforços propositadamente preparados, por partidos políticos, coligações ou

candidatos, com a intenção de influir na vontade livre do eleitor, com mensagem

Page 32: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

30

objetivando a conquista do voto.

A propaganda política analisada nesse trabalho está intrinsecamente unida às

eleições, com cronologia, de forma geral, prevista na Lei Eleitoral nos artigos 1º a 5º,

realizando-se a cada dois anos, observando a simultaneidade contida no parágrafo

único e seus incisos do artigo 1º da Lei 9.504/97. O Tribunal Superior Eleitoral,

corroborando com as normas legais, publica até o dia 5 de março do ano da eleição, na

forma de Resolução, o Calendário Eleitoral, trazendo as minúcias relativas às datas a

serem respeitadas pelos concorrentes a cargos público-eletivos.

4.5 PROPAGANDA ELEITORAL NA IMPRENSA ESCRITA

Essa modalidade de publicidade encontra amparo legal no artigo 43 da Lei

Eleitoral, permitindo até a antevéspera das eleições, a divulgação paga na imprensa

escrita de propaganda eleitoral, no espaço máximo, por edição, para cada candidato,

partido ou coligação, na proporção de 1/8 (um oitavo) de página de jornal padrão, de

grande circulação, e 1/4 (um quarto) de página de revista ou tablóide. Precisam constar

de forma visível nos anúncios, os valores pagos por suas inserções. O mesmo

dispositivo, em seu § segundo, institui a aplicação de multa no valor de R$ 1.000,00

(um mil real) a R$ 10.000,00 (dez mil reais), ou o custo do anúncio se este for maior,

para os responsáveis pela propaganda irregular, quer sejam eles, o veículo de

divulgação, os partidos, coligações, os próprios candidatos beneficiados, em não sendo

possível a identificação do responsável pela propaganda irregular, deve ser atribuída

responsabilidade solidária aos partidos, coligações e candidatos favorecido.

Page 33: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

31

Fleury Filho, ao abordar a propaganda na imprensa escrita, comentando o

artigo 43 da Lei Eleitoral, discorre:

Os candidatos e partidos políticos, até o dia da eleição, poderão pagar pelo direito de divulgar suas idéias ou imagens na imprensa escrita. Estabelece a lei um limite configurado pelo espaço máximo, por edição, para cada candidato, partido ou coligação, de um oitavo de pagina de jornal e um quarto de página de revista ou tablóide. (2000, p. 272).

Incumbe destacar, em relação à propaganda eleitoral na imprensa escrita, sua

regra de veiculação, até a antevéspera da eleição. Deste modo, caso ocorra segundo

turno, será colocada na Rua 24 horas após o resultado, o percentual usado dos jornais é

de 1/8 de página e nos tablóides de 1/4 destas. Porém, o que mais chama a atenção é a

possibilidade legal de ter-se divulgação paga de anúncio em favor de candidatos com

capacidade para suportar essa despesa, gerando de certa forma um desequilíbrio na

disputa eleitoral.

4.6 PROPAGANDA ELEITORAL NO RÁDIO E NA TELEVISÃO

Devido seu alcance, o legislador tratou de estabelecer regras específicas e

detalhadas para esta forma de propaganda, as quais se encontram estatuídas na Lei

9.504/97 nos artigos 44 e seguintes. Compete ainda salientar a inteligência do

legislador ao prever através do § 1º do artigo 44, acrescentado pela Lei 12.034/09, a

necessidade da propaganda gratuita na televisão ser acompanhada pela Linguagem

Brasileira de Sinais, LIBRAS, ou por meio de legenda, os quais deveram

necessariamente constar dos materiais entregue às emissoras.

Page 34: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

32

Os meios de comunicação, de rádio e de televisão, seguem o regime de

concessão de serviço público, sua exploração é permitida pelos órgãos estatais, a

brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, com tempo de dez anos para as

emissoras de rádio e quinze anos para as emissoras de televisão, nos termos do artigo

223 § 5º, de nossa Carta Magna.

Sendo assim, a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão

devem atender a princípios basilares, com finalidades educativas, artísticas, culturais,

informativas. Devendo ainda estimular a produção independente, que objetive a

divulgação da cultura nacional e regional, regionalização da produção cultural,

artística e jornalística, respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família,

destarte observando integralmente, os direitos sociais, do artigo 221 da CF/88.

Imperativo se faz estabelecer como regra cogente o seguimento dos princípios

constitucionais acima descritos, pelas propagandas eleitorais, levados a termo tanto nas

emissoras de rádio como de televisão.

O caput do artigo 47 da Lei Eleitoral traz a regra geral do período de

utilização dos meios de comunicação por esta modalidade de propaganda eleitoral,

qual seja, de quarenta e cinco dias anteriores à antevéspera das eleições, da forma em

rede. Ademais, as propagandas eleitorais devem observância à cronologia e os critérios

definidos nas instruções do Tribunal Superior Eleitoral, conforme trate de eleições

federais, estaduais ou municipais.

Durante a campanha eleitoral, os partidos, coligações e candidatos buscam

levar suas mensagens ao maior número de eleitores possíveis, e para isso, se utilizam

de vários meios de comunicação, e o mais abrangente e eficaz é o do rádio e da

Page 35: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

33

televisão, através do denominado horário eleitoral gratuito. Esse mecanismo tem como

objetivo consolidar a democracia, como bem aborda Alexandre Luiz Rollo:

[...] em um país com pouco tempo de vigência do regime democrático como é o caso do Brasil, é de todo conveniente que os meios de comunicação de massa auxiliem a consolidar o estado democrático de direito, reservando espaço para o aperfeiçoamento da democracia. (2002, p. 85).

Alega ainda, que em se tratando de disputa eleitoral, realizada através do

horário eleitoral gratuito do rádio e da televisão, deve prevalecer a pars conditio, a

igualdade de oportunidades entre os candidatos.

Assim sendo, por exemplo, no artigo 44 da Lei Eleitoral, temos igualdade

estrita, quando o dispositivo afirma que a propaganda eleitoral nos meios de

comunicação eletrônica de massa restringe-se ao horário eleitoral gratuito, proibindo-

se qualquer forma de propaganda paga. Desta maneira, por mais rico e poderoso que

seja o candidato, não poderá comprar espaço no rádio e televisão durante a campanha

eleitoral, mantendo-se desta forma similaridade nas oportunidades.

Mais uma vez Armando Sobreiro, nos ampara:

A modalidade propaganda eleitoral gratuita, assim denominada em razão de não haver ônus aos partidos políticos, coligações e candidatos, é restrita às transmissões de rádio e televisão, razão pela qual sujeitam-se ao tratamento legal todas as emissoras de rádio e as emissoras de televisão que operam em VHF e UHF, bem assim os canais de televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, das Assembléias Legislativas e da Câmera Legislativa do Distrito Federal. (2008, p. 174).

Além disso, esclarece que aos demais canais de televisão por assinatura será

proibida a veiculação de qualquer propaganda eleitoral, salvo sob a modalidade de

Page 36: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

34

retransmissão integral do horário eleitoral gratuito e a realização de debates, ainda, que

as emissoras de rádio e televisão por assinatura reservarão, no período de quarenta e

cinco dias anteriores à antevéspera das eleições, horário destinado à divulgação, em

rede, da propaganda eleitoral gratuita, a ser feita na forma prevista nos §§ 1º a 6º do

artigo 47 da Lei Eleitoral (ibid, p. 174).

O nosso Código Eleitoral em seu artigo 251 dispõe:

Art. 251. No período destinado à propaganda eleitoral gratuita não prevaleceram quaisquer contratos ou ajustes firmados pelas empresas que possam burlar ou tornar inexeqüível qualquer dispositivo deste Código ou das instruções baixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.

A repartição do horário gratuito a partidos e coligações que tenham candidatos

e representação na Câmara dos Deputados, será na proporção de 1/3, igualitariamente

entre todos, mesmo que os partidos e/ou coligações não contem com representação na

Câmara Federal, e de 2/3 para os partidos e coligações que possuam representação na

mencionada casa de leis, a previsão do artigo 47 § 2º, incisos I e II da Lei Eleitoral.

O emprego desse espaço é definido a partir do dia 8 de julho do ano da

eleição, com a Justiça Eleitoral convocando partidos, coligações e representantes dos

meios de comunicação, para elaboração do plano de mídia, de acordo com as regras do

artigo 52 da Lei 9.504/97, garantindo a todos, de maneira isonômica, no uso da parcela

do horário eleitoral gratuito, participação tanto em horários de maior e menor

audiência. Caso os representantes dos partidos e das emissoras não cheguem a um

acordo, a Justiça Eleitoral definirá o plano de mídia, usando o sistema elaborado pelo

Tribunal Superior Eleitoral.

Neste espaço de clamor gratuito, a Justiça Eleitoral prevê para os atos ilícitos a

Page 37: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

35

perda do dobro do tempo utilizado para a prática da ilicitude, a ser veiculado no

período do horário gratuito subsequente, dobrando-se a cada reincidência, devendo

ainda exibir mensagem de que a não veiculação da “propaganda eleitoral” decorre de

infração à Lei Eleitoral.

De mais a mais, a propaganda eleitoral realizada nas emissoras de rádio e

televisão de forma gratuita nos quarenta e cinco dias efetivos de sua divulgação,

antecedendo o pleito, é sem dúvida a maneira mais expressiva de se chegar ao

eleitorado, na tentativa de captação do sufrágio ativo, influenciando a vontade

soberana do eleitor, na hora da escolha do candidato merecedor do seu voto.

Até a edição da Lei 12.034/09, a qual alterou significativamente o artigo 57 e

58 da Lei 9.504/97, esta era a forma mais popular de se fazer campanha política,

porém, a partir deste advento, esta realidade certamente sofrera alterações.

Finalizando, propaganda eleitoral gratuita realizada pelos meios de

comunicação é a feita nos quarenta e cinco dias anteriores, finalizando na quinta-feira

antecedente ao dia da eleição, seguindo um plano de mídia elaborado pelos partidos,

emissoras e Justiça Eleitoral, objetivando a distribuição isonômica do espaço,

guardando as desigualdades dos envolvidos, mesmo que o partido não possua

representação na Câmara Federal. Os violadores destes dispositivos serão punidos com

a perda em dobro do tempo usado na ofensa, e podendo em caso de reincidência

dobrar a punição, além da veiculação da mensagem de que a não divulgação da

propaganda decorre de descumprimento à Lei Eleitoral.

Page 38: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

36

5 PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET

A Internet chegou ao Brasil em 1988, quando era restrita a universidades e

centros de pesquisas. Posteriormente, com a edição da Portaria n.º 295 de 20/07/95

possibilitou-se às empresas chamadas “provedores de acesso” distribuir o acesso à

Internet. A partir daí, o número de internautas vem se multiplicando a cada dia

(COSTA ALMEIDA, 2002), tornando-se o meio mais veloz e prático de se comunicar.

Tanto é verdade que hoje em dia estima-se que o Brasil possua cerca de 73 milhões de

internautas.

Desta maneira, o mundo da intercomunicação eletrônica, através da rede

mundial de computadores, não mais é campo virgem, já foi invadido pela mídia

eleitoral. Nesse cenário, é possível vislumbrar o surgimento de dois tipos de sítios na

Internet. Inicialmente os ligados às empresas de comunicação social, onde as regras

para a propaganda eleitoral na Internet são as mesmas aplicáveis à suas programações

normais. Após trata de outros sítios na Internet não pertencentes às empresas de

telecomunicação, onde aparentemente as proibições legais são as mesmas das

propagandas em geral, isto é, a data de início dessa modalidade de anúncio, a

probabilidade de responsabilização pela ridicularizarão de candidato, partido político e

coligação, ou diante de crimes contra a honra, entre outros (CONEGLIAN, 2009).

Entretanto, esta regra vem sofrendo relativização a passos largos,

principalmente em relação à data de início das manifestações eleitoreiras.

A Internet, vem se tornando o meio mais importante de interação entre as

pessoas, pois a partir de um simples click pessoas do mundo inteiro, podem

Page 39: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

37

comunicar-se instantaneamente.

Neste realismo, como não poderia ser diferente, surgiu uma nova plataforma

eleitoral, frente à facilidade e o baixo custo na difusão das ideologias partidárias, até

porque o espaço gratuito dedicado aos políticos no rádio e na televisão, ante o grande

número de candidatos e das regulamentações legais, se mostra breve.

Atualmente, os partidos políticos, contam com “home pages”, onde divulgam

seus programas de governo, dados sobre seus candidatos, políticos eleitos, fotos,

agenda de compromisso, notícias sobre os pleitos, noção sobre legislação eleitoral.

Compete ressaltar o significado de algumas expressões peculiares do meio de

comunicação em rede, como: a) blogs, uma espécie de diário, sendo uma derivação de

homepage, consistente em uma página que pertence a um usuário, o blogueiro, com o

qual qualquer pessoa pode se conectar, sendo considerado campo livre para a

propaganda eleitoral; b) rede social – estrutura social composta por pessoas (ou

organizações, territórios, etc.) – designadas como nós – que estão conectadas por um

ou vários tipos de relações (de amizade, familiares, comerciais, sexuais, ideológicas,

etc.), ou que partilham crenças, conhecimento ou prestígio; c) e-mail, ou mensagem

eletrônica, se caracteriza como uma correspondência pode ter caráter particular, de

mensagem pessoal, restrita, de acesso único do receptor, mas pode apresentar caráter

genérico, espécie de mala direta eletrônica; d) sítio eletrônico, (site, sítio, saite,

website, websítio, sítio na Internet, sítio web, sítio na web, sítio electrónico ou sítio

eletrônico) é um conjunto de páginas web, isto é, de hipertextos acessíveis geralmente

pelo protocolo HTTP na Internet. O conjunto de todos os sites públicos existentes

compõe a Word Wide Web. As páginas num site são organizadas a partir de um URL

Page 40: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

38

básico, ou sítio, onde fica a página principal, e geralmente residem no mesmo diretório

de um servidor (CONEGLIAN, 2009). São as atuais formas admitidas pela Lei

12.034/09, para os candidatos, partidos, coligações, se relacionem com seus eleitores.

5.1 EVOLUÇÃO LEGISLATIVA

No ano 2000, após a Lei Eleitoral, observando o silêncio da referida lei sobre

o tema, propaganda eleitoral na Internet, o Tribunal Superior Eleitoral editou a

Resolução 20.562, incluindo entre as empresas de comunicação social os provedores

da Internet, aplicando-se-lhes as mesmas restrições aplicáveis àquelas empresas.

Nesta resolução, o Tribunal Superior Eleitoral regulamentou para “sites” de candidatos

e partidos políticos, durante a campanha eleitoral municipal, o uso do domínio

www.nome_do_candidato_numero_do_candidato.can.br, como forma de organizar a

publicidade eleitoreira através da rede mundial de computadores. Ainda, criou uma

“home page”, com o propósito de orientar sobre o registro desse domínio especial.

Nas eleições de 2002, o Tribunal Superior Eleitoral elaborou a Resolução n.º

20.988 de 21/02/2002, disciplinando a maneira de divulgação da “home page” do

candidato na Internet. Com isso, o candidato tinha o dever de providenciar seu registro

com a nomenclatura http://www.nomedocandidatonumerodocandidatouf.can.br. Além

disso, essa Resolução proibiu, em qualquer período, toda forma de propaganda

eleitoral através de páginas de provedores de serviços de acesso à Internet.

Na corrida às prefeituras municipais em 2004, outra vez, o Tribunal Superior

Eleitoral, com a finalidade de disciplinar as ações a serem desenvolvidas naquele

Page 41: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

39

pleito, editou a Resolução 21.610, a qual entre várias situações otimizava as formas a

serem utilizadas pelos aspirantes daquela eleição, no uso da Internet. Já no seu artigo

1º a referida resolução fazia menção à propaganda eleitoral na internet, determinando

obediência às suas normas.

O Tribunal Superior Eleitoral no artigo 78 da resolução 21.610, delimitou a

forma pela qual a Internet deveria ser usada pelos partidos e candidatos, como

podemos observar:

Art. 78. Os candidatos poderão manter página na Internet com a terminação can.br, como mecanismo de propaganda eleitoral. § 1º O candidato interessado deverá providenciar o cadastro do respectivo domínio no órgão gestor da Internet Brasil, responsável pela distribuição e pelo registro de domínios (www.registro.br), observando a seguinte especificação: http://www.nomedocandidatonumerodocandidato.can.br, em que nomedocandidato devera corresponder ao nome indicado para constar da urna eletrônica e numerodocandidato devera corresponder ao numero com o qual concorre.

[...]

O parágrafo segundo do referido artigo previa a isenção de taxa para o registro

de domínio junto a Justiça Eleitoral, recaindo sobre o candidato apenas as custa de

criação, hospedagem e manutenção da página.

Já na Resolução 22.718 de 2008, o Tribunal Superior Eleitoral manteve

praticamente a mesma disposição das resoluções anteriores, ampliando apenas no

artigo 19 caput da referida resolução o seguinte: “Os candidatos poderão manter

página na Internet com a terminação can.br, ou com outras terminações, como

mecanismo de propaganda eleitoral até a antevéspera da eleição”, (grifo nosso) .

Mesmo com a edição da mini reforma eleitoral, através da Lei 12.034/09,

Page 42: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

40

principalmente nas mudanças ocorridas nos artigos 57 e 58 da Lei 9.504/97, o Tribunal

Superior Eleitoral, em 2010, através da Resolução 23.191 de 16 de dezembro de 2009,

publicada em 13 de maio de 2010, estabeleceu clara e amplamente as regras para as

eleições do corrente ano, inclusive reeditando as normas dos artigos 57 e 58 com suas

modificações.

Desta maneira, a cada pleito percorrido, e mesmo após a Lei 12.034/09, o

Tribunal Superior Eleitoral vem editando resoluções e instruções com objetivo de

disciplinar as eleições gerais, bem como a utilização da Internet pelos candidatos, de

forma que não aconteçam abusos, e as eleições nutram seu principal objetivo,

igualdade entre os adversários a cargos eletivos, visando validar o pleito, por meio da

vontade popular livre de qualquer manipulação.

5.2 PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET/LEI 12.034/09

O Congresso Nacional aprovou e o Presidente da República sancionou a Lei

12.034, de 29 de setembro de 2009, considerada como sendo uma mini reforma

eleitoral, alterou as Leis 9.096/95 e 9.504/97 em vários aspectos.

Até o advento da citada Lei, quem fazia o controle político-eleitoral

complementar à Lei 9.504/97, era o Tribunal Superior Eleitoral através das resoluções.

O artigo 57 tratava apenas das emissoras de televisão em VHF e UHF e os canais de

televisão por assinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dos

Deputados, das Assembléias Legislativas, da Câmara Legislativa do Distrito Federal

ou das Câmaras Municipais. Porém, o atual legislador acrescentou à Lei 12.034/09,

Page 43: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

41

outros nove dispositivos, do artigo 57-A a 57-I, abordando especificamente a

propaganda eleitoral na Internet, e o direito de resposta em caso de violação nesta

modalidade publicitária, previsto no artigo 58, IV e alíneas, bem como no 58-A, o que

passaremos a tratar sob a ótica, agora, legal.

A mini reforma eleitoral implementada pela Lei 12.034/09, reafirmou o

posicionamento do TSE, vejamos como o legislador positivou essas normas na Lei

9.504/97:

Art.57-A. É permitida a propaganda eleitoral na internet, nos termos desta Lei, após o dia 5 de julho do ano da eleição. Art. 57-B. A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas seguintes formas: I - em sítio do candidato, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no País; II - em sítio do partido ou da coligação, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no País; III - por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo candidato, partido ou coligação; IV - por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhados, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural.

Do mesmo modo, esses dispositivos, desde que seja avisada a Justiça Eleitoral,

admitem o uso da Internet pelos candidatos a cargos eletivos, na busca da persuasão do

eleitor, das mais variadas forma como fica claro no inciso IV. Houve, portanto, uma

disseminação do uso da rede mundial, cabendo ao usuário fazer uso correto desse

mecanismo, maximizando sua noção, enriquecendo o pleito de forma democrática.

Seguindo a determinação legal vedativa à propaganda eleitoral paga nos meios

de comunicação social, nos períodos liberados para tais manifestações, depois de 5 de

julho do ano da eleição, o ambiente da Internet segue a mesma orientação, como

Page 44: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

42

estabelece o artigo 57 C da lei eleitoral, assim positivado:

Art.57-C. Na internet, é vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga. § 1º É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral na internet, em sítios: I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos; II - oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração publica direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. § 2º A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

A aplicação deste comando legal, antecipadamente à lei em comento, pôde ser

observado já nas eleições de 2006, quando o Tribunal Superior Eleitoral assim julgou o

acórdão abaixo:

Eleições 2006. Deputado estadual. Atuação parlamentar. Divulgação. Internet. Sítio da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia. Propaganda Institucional. Conduta Vedada (art. 73, VI, b, da Lei nº 9.504/97). Reconhecimento pela Corte regional. Aplicação de multa. Cassação do registro de candidatura. Ausência. Juiz Auxiliar. Competência. - A prática da conduta vedada do art. 73 da Lei das Eleições não conduz, necessariamente, à cassação do registro ou do diploma, cabendo ao magistrado realizar o juízo de proporcionalidade na aplicação da pena prevista no parágrafo 5º do mesmo dispositivo legal. Precedentes. - "Se a multa cominada no § 4º é proporcional à gravidade do ilícito eleitoral, não se aplica a pena de cassação" (Ac. nº 5.343/RJ, rel. Min. Gomes de Barros). - O juiz auxiliar é competente para julgar as representações e reclamações por descumprimento da Lei nº 9.504/97, e aplicar as sanções correspondentes (art. 96, § 3º, da Lei das Eleições). - Recursos desprovidos. (RECURSO ESPECIAL ELEITORAL nº 26905, Acórdão de 16/11/2006, Relator(a) Min. JOSÉ GERARDO GROSSI, Publicação: DJ - Diário de justiça, Data 19/12/2006, Página 225 )1

No entanto, devido à grande facilidade de acesso à informação no mundo

1 BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral, Recurso Especial Eleitoral nº. 26905 – Rondônia. Acórdão de 16/11/2006, rel. Min JOSÉ GERARDO GROSSI, j. 16/11/06, in DJ 19/06/2006.

Page 45: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

43

virtual, a Lei Eleitoral em seu artigo 43, ao abordar a propaganda impressa paga,

permite sua reprodução na Internet, obedecendo às limitações de página, isto é, de 1/8

(um oitavo) de página de jornal padrão e de 1/4 (um quarto) de página de revista ou

tablóide imposta pela própria lei, e constando ainda na página o valor pago pela

inserção.

Em conformidade com o texto constitucional do artigo 220, a mini reforma

estabelece no artigo 57 D, que todas as informações veiculadas no processo político,

em especial na Internet, devem ter origem e autoria conhecida, viabilizando uma

eventual indenização por danos morais, como vemos no citado artigo:

Art. 57-D. É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral, por meio da rede mundial de computadores - internet, assegurado o direito de resposta, nos termos das alíneas a, b e c do inciso IV do § 3º do art. 58 e do art. 58-A, e por outros meios de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica. [..] § 2º A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Mas, uma das dificuldades encontrada é despertar nos envolvidos no prélio, a

consciência do uso racional do espaço virtual. Em presença das inúmeras inovações

tecnológicas, resta facilitada a colheita de provas por eventuais crimes anônimos, por

meio do rastreamento dos computadores, os quais têm numeração única, isso com

certeza facilita a identificação de possíveis criminosos eleitorais e a penalização.

As inovações da Lei 12.034/09 no uso da rede mundial de computadores para

os pleitos seguintes vêm proibir o fornecimento a candidatos, partidos ou coligações

de cadastros eletrônicos de clientes, com fins eleitoreiros, das pessoas relacionadas no

Page 46: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

44

artigo 24 do mesmo codex, como arrazoa o artigo 57 E da citada lei:

Art. 57-E. São vedadas às pessoas relacionadas no art. 24 a utilização, doação ou cessão de cadastro eletrônico de seus clientes, em favor de candidatos, partidos ou coligações. § 1° É proibida a venda de cadastro de endereços eletrônicos. § 2º A violação do disposto neste artigo sujeita o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Portanto, é vedado o fornecimento de cadastros eletrônicos de clientes aos

candidatos, e qualquer violação originara aos agentes e até mesmo aos beneficiários,

quando provado sua prévia ciência, o pagamento de multa nos valores acima expostos.

Aos provedores de conteúdo e serviços multimídia hospedadores da

divulgação de propaganda eleitoral, a Justiça Eleitoral prevê em caso de propaganda

irregular, se confirmado seu prévio conhecimento e cientificado através de notificação

de existência de propaganda irregular, as penalidades estipuladas pela lei, podendo a

requerimento, quer seja de candidato, partido ou coligação, e observado o rito do

artigo 96 da Lei Eleitoral, acaso não providenciem a cessação da divulgação irregular,

ter suspenso todo conteúdo do seu sítio por um prazo de vinte e quatro horas,

dobrando-se o tempo em caso de reiteração da irregularidade, e devendo durante a

suspensão informar a todos os usuários que tentarem acessar seus serviços, que se

encontram indisponíveis temporariamente por descumprimento à legislação eleitoral.

Estes são os mandamentos enunciados pelos artigos 57 F e 57 I da Lei 9.504/97.

Já o artigo 57 G, da citada lei, determina aos titulares do direito passivo do

voto, dispor de mecanismos que possibilitem ao usuário descadastrar as mensagens

eletrônicas enviadas, no prazo de quarenta e oito horas, atribuindo ainda uma multa no

Page 47: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

45

valor de R$ 100,00 (cem reais) por mensagem encaminhada após o prazo previsto.

Encarrega ainda salientar o que prevê o artigo 57 H, o qual sem prejuízo das

sanções legais cabíveis, caso a caso, estipula multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil

reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), para aqueles que veicularem na internet

propaganda eleitoral, atribuindo sua autoria a terceiro, inclusive candidato, partido ou

coligação. A dificuldade mais uma vez permeia a produção de provas, cabendo a

aqueles que tiverem acesso à informação, analisá-la sobre o aspecto legal. E aos

interessados cabe produzir a prova, podendo-se lançar mão das atas notariais,

imprimindo-se as páginas irregulares, determinando a origem, e consequentemente, a

autoria, para em seguida isentar de culpa eventuais acusados, uma vez encontrando-se

os verdadeiros autores.

5.2.1 ATAS NOTARIAIS

A previsão legal deste mecanismo de prova está na Lei 8.935 de 18/11/94, a

qual prevê em seu primeiro artigo que “serviços notariais e de registro são de

organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade,

segurança e eficácia dos atos jurídicos”, e no artigo terceiro define quem são os

profissionais responsáveis por esta forma de registro, sendo, notário, ou tabelião, e

oficial de registro, ou registrador, os profissionais do direito, dotados de fé pública, a

quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro.

Os artigos sexto e sétimo, por sua vez, estabelecem as atribuições e

competências dos notários, respectivamente:

Page 48: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

46

Art. 6º. Aos notários compete: I – formalizar juridicamente a vontade das partes; II – intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo; III – autenticar fatos. Art. 7º. Aos tabeliães de notas compete com exclusividade: [...] III – lavrar atas notariais; [...] (www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8935.htm).

Até então a conceituação mais precisa sobre ata notarial foi a formulada por

José Ipiens, citada no artigo jurídico “Ata notarial possibilita a produção de provas

com fé pública do tabelião no ambiente eletrônico”, do autor Felipe Leonardo

Rodrigues:

[...] ata notarial é o instrumento publico autorizado por notário competente, a requerimento de uma pessoa com legitimo interesse e que, fundamentada nos princípios da função imparcial e independente, pública e responsável, tem por objeto constatar a realidade ou verdade de um fato que o notário vê, ouve ou percebe por seus sentidos, cuja finalidade precípua é a de ser um instrumento de prova em processo judicial, mas que pode ter outros fins na esfera privada, administrativa, registral e, inclusive, integradores de uma atuação jurídica não negocial ou de um processo negocial complexo, para sua preparação, constatação ou execução (RODRIGUES, 2003, p. 1).

Desta forma, diante dos avanços tecnológicos, os políticos podem usar a ata

notarial como meio de prova, pois se a eles, através da rede mundial de computadores,

for atribuída autoria indevida de fatos, por terceiros, sofrerem calunias, difamações,

uso indevido de suas imagens, textos e logotipos, enfim qualquer ato que os atinjam

negativamente, durante a corrida eleitoral. Eles podem dirigir-se a um serviço notarial,

a fim de imprimir o conteúdo da página, e em sendo visualizado pelo notarial, será

Page 49: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

47

autenticado, fixada a data e existência do arquivo, atestando sua veracidade, para

posterior utilização em juízo. Incumbe salientar, ser meio de prova bem aceito pelo

judiciário brasileiro, uma vez amantado pelo principio da fé pública do profissional do

direito. Contudo, é uma pratica pouco conhecida do público pátrio em geral e até

mesmo dos operadores do direito brasileiro.

Todas as manifestações realizadas na Internet de cunho eleitoral que afetarem

a esfera de direito de outrem, serão declaradas pelo judiciário, após requerimento

formal do interessado e analisado pelo juiz, como em desacordo com a Justiça

Eleitoral. Portanto, irregular, cabendo sem prejuízo das demais sanções legais, direito

de resposta ao ofendido, proporcional ao agravo, como dispõe o artigo 58 inciso IV

alíneas a, b e c, inovação trazida pela Lei 12.034/09, como observamos:

Art. 58. A partir da escolha de candidatos em convenção, é assegurado o direito de resposta a candidato, partido ou coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidos por qualquer veiculo de comunicação social. [...] § 3º. Obeservar-se-ão, ainda, as seguintes regras no caso de pedido de resposta relativo à ofensa veiculada: [...] IV – em propaganda eleitoral na internet: a) deferido o pedido, a divulgação da resposta dar-se-á no mesmo veiculo, espaço, local, horário, página eletrônica, tamanho, caracteres e outros elementos de realce usados na ofensa, em até quarenta e oito horas após a entrega da mídia física com a resposta do ofendido; b) a resposta ficara disponível para acesso pelos usuários do serviço de internet por tempo não inferior ao dobro em que esteve disponível a mensagem considerada ofensiva. c) os custos da veiculação da resposta correrão por conta do responsável pela propaganda original.

Igualmente, aos ofendidos na rede mundial de computadores, durante as

campanhas eleitorais, a lei prevê a forma como ocorrera a resposta, sendo que o tempo

Page 50: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

48

desta nunca será inferior ao dobro do tempo usado no agravo, recaindo seus custos a

quem fez mau uso da rede originariamente. O artigo 58 A do mesmo codex determina

que os pedidos de direito de resposta e as representações por propaganda irregular, tem

tramitação preferencial às demais ações processuais em curso na Justiça Eleitoral.

5.3 LIMITAÇÃO DA PROPAGANDA ELEITORAL NA INTERNET

Os limites à utilização da rede mundial de computadores para fins eleitoreiros

estão previsto na própria Lei 12.034/09, assim como se aplicam as disposições do

Código Eleitoral no que couber.

Como já desvendado, o artigo 57-C da referida lei, dispõe sobre a vedação de

qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na Internet, proíbe ainda que de graça a

veiculação de propaganda em sítios de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos,

oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública, direta ou

indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Atribuindo, inclusive,

penalidade pecuniária aos responsáveis pela veiculação indevida.

A mesma lei, em seu artigo 57-E, proíbe a utilização, doação, cessão de

cadastro eletrônico em favor de candidatos, partidos e coligações, de clientes das

entidades ou governo estrangeiro, órgão da administração pública direta e indireta ou

fundação mantida com recursos provenientes do Poder Público, concessionário,

permissionário de serviço público, entidade de direito privado que receba, na condição

de beneficiária, contribuição compulsória em virtude de disposição legal, entidade de

utilidade pública, entidade de classe ou sindical, pessoa jurídica sem fins lucrativos

Page 51: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

49

que receba recursos do exterior, entidades beneficentes e religiosas entidades

esportivas, organizações não governamentais que recebam recursos públicos e

organização da sociedade civil de interesse público. Portanto, a qualquer destas

pessoas é proibido fornecer dados cadastrais de seus clientes aos atores ativos do

prélio.

Já o Código Eleitoral, Lei 4737/65, em seu artigo 243, inciso IX e parágrafo

1º, trata do cometimento de crimes contra a honra dos envolvidos no processo político,

assim vejamos:

Art. 243. Não será tolerada propaganda: [...] IX – que caluniar, difamar, ou injuriar quaisquer pessoas, bem como órgãos ou entidades que exerçam autoridade publica. § 1º. O ofendido por calunia, difamação ou injúria, sem prejuízo e independentemente da ação penal competente, poderá demandar, no Juízo Cível, a reparação do dano moral respondendo por este o ofensor e, solidariamente, o partido político deste, quando responsável por ação ou omissão, e quem quer que favorecido pelo crime, haja de qualquer modo contribuído para ele.

Por fim, considerando a Internet ser equiparada a meio de comunicação social,

os crimes acima praticados na rede estão sujeito às medidas punitivas na esfera penal e

às sanções a titulo de reparação de dano moral, no Juízo Cível. A Lei Eleitoral no

artigo 58 e 58-A prevê o direito de resposta nos casos de sua violação ou ofensa a

outras pessoas, sempre em espaço de tempo nunca inferior ao dobro do utilizado no

agravo, e à custa dos responsáveis pela propaganda original, podendo inclusive ser

suspensa a programação do provedor de acesso, por prazo inicialmente de 24 horas,

aumentando-se em caso de reincidência, devendo ainda informar aos usuários que tal

suspensão deve-se ao fato de descumprimento da lei eleitoral.

Page 52: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

50

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Internet é fenômeno irreversível, esta é a grande certeza, é inimaginável

uma sociedade sem esse expediente. No meio político ocasionará mais transparência,

instigará a disputa nos mouses, aflorando especialmente nos jovens, seu principal

usuário, interesse pelo destino da nação.

Inicialmente a capacidade do novo instrumental na área eleitoral está

abrandada, se comparada com sua real capacidade, pois o Brasil possui cerca de 73

milhões de internautas, números que podem definir uma eleição, mas pelo fato dos

candidatos não explorarem a rede de acordo com a lei e a população não conhecer seus

verdadeiros desígnios, essa potencialidade está reduzida.

Fazendo uma rápida passagem pela última eleição presidencial nos Estados

Unidos, onde o Presidente Obama, entre outras coisas, obteve grandes quantias em

doações pela Internet, alçar sua popularização, fatores que o levaram a se tornar o

primeiro presidente negro da maior potência mundial, conquista devida em muito à

Internet.

O atual legislador pátrio colaborou positivamente, com a edição da mini

reforma eleitoral, autorizando várias formas de uso da Internet. Saiu do

tradicionalismo seguido pelas Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral, consentindo

o uso de redes sociais, blogs, correios eletrônicos, debates virtuais, etc.

A nova legislação prevê a forma de uso e os impedimentos na Internet,

impondo severas sanções, não apenas ao autor como até ao favorecido da propaganda

irregular. Mesmo aos provedores de acesso, podem ser punidos, desde que tenham

prévia notícia da ilicitude. Proibiu, ainda, a veiculação de publicidade dispendiosa,

Page 53: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

51

reiterando o princípio da igualdade entre os concorrentes.

Objetivando conter abusos, como direito de resposta, a nova Lei, impôs como

penalidade o uso de tempo nunca abaixo ao dobro do usado no agravo, à custa do autor

da propaganda original. A interrupção da programação do provedor de acesso,

primeiramente por 24 horas, majorando em caso de reincidência, necessitando ainda

cientificar aos usuários que tal suspensão é devido ao descumprimento da lei eleitoral.

Já o Código Eleitoral prevê a responsabilização daqueles que perpetrarem crimes

contra a honra dos envolvidos no processo político. Desta forma, esta garantido o

livre-arbítrio do eleitor durante a campanha, e os direitos dos próprios concorrentes.

Considerando esses fatores para as eleições de outubro próximo, a Internet

ainda não será aparelho capaz de atuar decisivamente na conformação da democracia

plena, pois seu emprego ainda está sendo de maneira muito acanhada. Conhecedores

esperam a utilização de maneira pulverizada na sociedade somente para as próximas

eleições municipais de 2012.

Permanece a expectativa da constituição de um Brasil com representantes

públicos mais compromissados com a rés publica, de um povo mais preocupado com o

destino da nação, pois a política é muito importante para ficar simplesmente nas mãos

dos políticos. Este desígnio precisa ser alcançado mediante método legítimo, permeado

vastamente pela informação, direito essencial, acomodado por meio de ostentação

social legitimamente benquisto, a Internet.

Page 54: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

52

REFERÊNCIAS

ABRUSIO, Juliana Canha; BLUM, Renato M. S. Opice; BRUNO, Marcos Gomes da

Silva. Manual de Direito Eletrônico e Internet. São Paulo: Lex Editora, 2006;

ALMEIDA, Eliane Moraes de. Controvérsia da Natureza Jurídica da Internet.

http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/pdf/arquivos/_revistas/213.pdf. Acesso em:

01 de mar 2010;

BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Recurso Especial Eleitoral nº. 26905 – Rondônia.

Acórdão de 16/11/2006, rel. Min JOSÉ GERARDO GROSSI, j. 16/11/06, in DJ 19/06/2006.

Disponível em: HTTP://www.tse.gov.br/internet/jurisprudencia/index.htm. Acesso em: 20

ago. 2010.

CONEGLIAN, Olivar. Propaganda eleitoral: de acordo com o Código Eleitoral e com

a Lei 9.504/97, modificada pelas Leis 9.840/99, 10.408/02, 10.740/03 e 11.300/06. 9ª

edição. Curitiba: Juruá, 2009;

COSTA, Adriano Soares da. Instituições de Direito Eleitoral. 5º Edição. rev. ampl. e

atual. Belo Horizonte. Del Rey, 2002;

COSTA ALMEIDA, André Augusto Lins da. A propaganda eleitoral na Internet. João

Pessoa, 2002. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3472. Acesso

em: 20 ago. 2010.

DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos humanos e cidadania. São Paulo: Moderna,

1998. http://www.sciencult.uems.br/trabalhos/Sidinea-Faria-Golcalves-daSilva.doc.

Acesso em: 29 de jun 2009;

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Sigilo de dados: o direito à privacidade e os

limites à função fiscalizadora do Estado. Cadernos de Direito Constitucional e Ciência

Política, n.1, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1992 e Revista da Faculdade de

Direito da Universidade de São Paulo, v. 88, 1993;

FILHO, Marçal Justen. Teoria Geral das Concessões de Serviço Publico. São Paulo.

Dialética. 2003;

FLEURY FILHO, Luiz Antonio. Direito Eleitoral. São Paulo. Saraiva 2000;

FONTES, Felipe Costa. Natureza e proteção jurídica do website à luz do Direito

Brasileiro. http://www.alfa.redi.org/rdi-articulo.shtmlWx=1271. Acessado em: 01 de

Page 55: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcio Ferreiratcconline.utp.br/wp-content/uploads/2012/06/PROPAGANDA-ELEITORAL... · 4 PROPAGANDA POLÍTICA ... no Brasil. Ela aumentará o acesso

53

mar 2010;

GOMES, Jose Jairo. Direito Eleitoral. Belo Horizonte. Ed. Del Rey. 2008;

MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. Gilmar Ferreira Mendes,

Inocêncio Mártires Coelho, Paulo Gustavo Gonet Branco. São Paulo: Saraiva, 2007;

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 16. ed. – São Paulo: Atlas 2004;

PAESANI, Liliana Minardi. Direito e Internet: liberdade de informação, privacidade e

responsabilidade civil. 3. ed. – São Paulo: Atlas, 2006;

PINHEIRO, Patrícia Peck. Decision Report – Comentário – ePolitica: Eleições na

Internet no Brasil. 01 de jan 2010. Disponível em:

http://www.decisionreport.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.h. Acesso em: 08

jan. 2010.

RODRIGUES, Felipe Leonardo. Ata notarial possibilita a produção de provas com fé

publica do tabelião no ambiente eletrônico. Jus Navigandi, Terezina, ano 8, n. 208, 30

jan. 2004. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto,asp?id=4754. Acesso

em 02 jul. 2010.

ROLLO, Alberto et al. Propaganda Eleitoral: teoria e prática. São Paulo: Editora

Revista dos Tribunais, 2002;

ROLLO, Alexandre Luiz Mendonça. Propaganda Eleitoral no Rádio e na Televisão. In:

ROLLO, Alberto. Propaganda Eleitoral Teoria e Prática. São Paulo: Editora Revista

dos Tribunais, 2002;

SILVA, Jose Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 31ª ed. São Paulo.

Maheiros. 2008;

SOBREIRO NETO, Armando Antonio. Direito Eleitoral - teoria e pratica. 4º Edição.

rev. e atual. Curitiba. Editora Juruá, 2008;

KLAYBER, Juvenal. Lei nº 12.034/09. Algumas novações eleitorais.

http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2116668/artigo-lei-n-12034-09-algumas-

inovaçoes-eleitorais. Acessado em 17 de mai 2010.