universidade tuiuti do paranÁ faculdade de...

38
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Maria do Rosário Bezerra Fernandes A INFLUÊNCIA DA MÍDIA EM CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS CURITIBA 2011

Upload: doandat

Post on 27-Dec-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

Maria do Rosário Bezerra Fernandes

A INFLUÊNCIA DA MÍDIA EM CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS

CURITIBA 2011

A INFLUÊNCIA DA MÍDIA EM CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS

CURITIBA 2011

Maria do Rosário Bezerra Fernandes

A INFLUÊNCIA DA MÍDIA EM CRIANÇAS DE 7 A 10 ANOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Pó-Graduação Latu Sensu em Psicopedagogia da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito final para a obtenção do grau de pós-graduada.

Orientador(a) Jurândi Serra Freitas

CURITIBA 2011

Agradecimentos Aos meus pais Raimundo Nonato e Francisca Bezerra, meus irmãos e familiares, à grande amiga Vanessa Braga, amigos e todas as pessoas que me ajudaram na elaboração deste trabalho, todo o meu respeito e gratidão pela compreensão, apoio e afeto. À orientadora Jurândi Freitas, a professora Margaret Shroeder sempre presente e aos professores, pela dedicação e incentivo oferecidos durante essa trajetória.

RESUMO

Este trabalho foi elaborado a partir da necessidade de reflexão sobre a influência da mídia na formação sociocultural e psicológica da criança contemporânea e as implicações éticas advindas deste fenômeno complexo ainda pouco estudado. Origina-se da preocupação crescente da sociedade em geral que está consciente de que nossas crianças estão inseridas num processo de exposição midiática, identificando algumas implicações decorrentes da lógica comercial que se estrutura e se materializa na publicidade, pois esse novo mundo de publicidade no entretenimento e entretenimento como publicidade, não parece mais reconhecer qualquer limite, especialmente com o crescimento desenfreado das novas tecnologias em mídia. Está em tempo de chamar a atenção de pais e educadores para os riscos que a mídia, como está estruturada nos dias de hoje, pode provocar nas crianças. Há uma necessidade urgente de mostrar como acontece essa influência da cultura do consumismo e como ela interfere na relação social das crianças dentro e fora do ambiente escolar. Essa pesquisa parte da importância que se tem em identificar quais as implicações ocasionadas pelo consumismo nas relações sociais e familiares das crianças, e de como este fenômeno se reflete diretamente no desenvolvimento psicossocial desde a infância.

Palavras – chave: Infância em declínio, marketing, consumo, consumismo, psicologia comportamental

ABSTRACT

This work was developed from the need for reflection and ethical implications

caused by media in the cultural and psychological child. Part of growing concern about our children who are included in the process of media exposure, identifying some implications arising from the business logic that is the structure and publicity, as this new world of advertising in entertainment and entertainment as advertising, no longer seems to recognize any limit, especially with the rampant growth of new media technologies. This is time to call the attention of parents and educators to the risks that the media causes the child. There is a need to show how these influences the culture of consumerism and how it interferes in social relations of children within and outside the school environment. This research is importance that you have to identify what are the implications brought about by consumerism in social and family relationships of children, reflecting directly on psychosocial development. Key words: Childhood in decline, Marketing, Consumption, Consumerism, Behavioral Psychology

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................7 1.1 JUSTIFICATIVA....................................................................................................8 1.2 OBJETIVOS..........................................................................................................9 1.2.1 Objetivo geral......................................................................................................9 1.2.2 Objetivos específicos..........................................................................................9 1.3 PROBLEMA.........................................................................................................10 1.4 HIPÓTESES.........................................................................................................10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..............................................................................10 2.1 IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIA DA ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL....................................................................................................................11 2.2 A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E A MÍDIA.......................................12 2.3 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR..........................................................................15 2.4 ANÁLISE DA INFÂNCIA NA ATUALIDADE SEGUNDO ARIÈS..........................17 2.5 INFLUÊNCIA DO CONSUMISMO NA CRIANÇA................................................21 2.6 A TELEVISÃO E COMPUTADOR........................................................................23 2.7 AS NOVAS CONFIGURAÇOES FAMILIARES....................................................24 2.8 CONSEQUÊNCIAS DA PUBLICIDADE NA VIDA DA CRIANÇA........................25 2.9 A IMPORTANCIA DA PSICOPEDAGOGIA NA MÍDIA........................................31 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 32 4 CONCLUSÃO .........................................................................................................35 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................36

7

1 - INTRODUÇÃO

O comportamento não crítico e excessivamente tolerante da sociedade

brasileira em relação às influências da mídia está permitindo que o consumismo

seja antecipado, invadindo o universo infantil. Qualquer pessoa ao assistir

televisão, verifica a agressiva e desenfreada ambição do mundo comercial por

esse público totalmente indefeso. É fácil notar que as crianças são certamente

alvos preferenciais da publicidade e propaganda, com suas estratégias para

atingir os pais, contribuindo para o estresse familiar e educacional.

As crianças também são alvo do marketing para criar novos

consumidores no futuro. Para os negócios elas representam o preço final.

Diariamente, notícias, filmes, desenhos animados e propagandas

incentivam a criança a ser cada vez mais precoce e com o tempo elas vão

deixando de brincar e passam a se preocupar cada vez mais em “ter para poder

ser” conforme os ditames do momento.

A publicidade promete mais que alegria, promete a felicidade,

popularidade e uma existência paradisíaca na sociedade: e isso começa na

infância. Quanto mais a criança é exposta ao marketing, mais será influenciável,

mais precocemente será levada ao consumismo.

Os meios de comunicação abusam da sua liberdade de expressão,

inseridos e dominados pelo mundo dos negócios, sem se preocupar com o

desenvolvimento harmônico da criança, muito menos sobre as consequências na

sociedade.

Durante a fase do desenvolvimento da moral, a mídia ao invés de

estimular a imaginação, fortalece que a “criança que tem” é superior à “criança

8

que não tem”. O indivíduo passa a consumir, não pelo simples ato, mas pelo

significado ilusório associado ao produto. Sendo assim, os meios de

comunicação, associados ao mundo industrial e comercial, são os principais

responsáveis pelo consumismo desenfreado.

A mídia substitui o imaginário infantil pelo imaginário do consumo falso e

cheio de ilusões. O sistema simbólico que envolve a mensagem publicitária leva o

“consumidor” – neste caso a criança, a um mundo irreal, ou seja, uma provável

fantasia de persuasão, que é seu objetivo central. A publicidade passou do

propósito de informar ao propósito de persuadir.

É importante enfatizar que consumo existe em qualquer sociedade, mas o

mesmo pode ser diferenciado entre consumo simples ou necessário e o supérfluo,

ou melhor, o consumismo.

Os pressupostos básicos das teorias do desenvolvimento de Piaget,

Wallon e Vygotsky ajudam a conhecer as etapas de desenvolvimento psicológico

das crianças tanto no aspecto de formação como no de educação.

As ideias de Philippe Ariès em sua “História da Criança e da Família”

permitem analisar o que seja infância e como é percebida hoje. Maria Helena

Pires Martins desenvolve a questão do consumo e do consumismo. A partir

destes estudos, fundamenta-se o esta monografia: “A influência da mídia em

crianças de 7 a 10 anos”.

1.1 JUSTIFICATIVA

Essa monografia justifica-se pela importância de se entender alguns

aspectos da situação da criança na sociedade de hoje em relação à mídia e ao

9

consumismo, assim como, levar essa sociedade a refletir sobre a influência da

mídia em relação ao desenvolvimento infantil, nos aspectos emocionais, afetivos,

cognitivos, na formação de valores e as consequências deste fenômeno.

Parte-se da importância que se tem em mostrar como as pessoas estão

preocupadas com a pressão a que as crianças estão submetidas, pois o peso é

cada vez mais intenso na vida delas. Mostrar também, que é cada vez mais

frequente e intenso o tempo de exposição dos pequenos à publicidade e

propaganda, submetendo-os às condições que de forma geral são definidas pela

mídia.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Pesquisar o comportamento das crianças influenciadas pela mídia.

1.2.2 Objetivos Específicos

Identificar os veículos de comunicação que influenciam as escolhas das

crianças.

Descrever situações midiáticas que direcionam as escolhas das crianças.

10

1.3. PROBLEMA

De que maneira, a criança de hoje pode ser orientada a ter uma infância

menos manipulada pela mídia evitando-se o desvio de comportamento provocado

pelos meios de comunicação?

1.4. HIPÓTESES

Um vínculo familiar adequado valoriza a criança enquanto ser, estimula a

importância de desenvolver a autoconfiança e auxilia a criança a lidar com as

frustrações do dia a dia. Assim, pode enfrentar as constantes dificuldades

proporcionadas pela vida, isso influencia diretamente no desenvolvimento

emocional e educacional bem equilibrado da criança.

Uma participação maior da sociedade se faz necessária na decisão dos

processos sociais e legais com objetivo de proteger a infância e adolescência,

criando meios de coibir práticas abusivas e diminuir as influências da propaganda

e publicidade de consumo e do consumismo diretamente sobre menores de

idade.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Quando falamos de infância e criança, muitas vezes nos deparamos com

concepções que consideram que os significados que damos a elas dependem do

contexto no qual estão inseridos e também nas relações sociais, econômicas e

culturais, entre outros, que colaboram para a constituição de tais significados. Isso

11

nos mostra diferentes infâncias e crianças coexistindo no mesmo tempo e lugar.

O ser humano obedece a uma ordem natural de desenvolvimento

biológico e psicológico, que passa pelas fases da criança, adolescente e adulto.

Aqui a atenção é especial ao desenvolvimento da criança, período que

ocorre do nascimento até o início da adolescência, enfatizando sempre a idade de

7 a dez anos delimitada por esta monografia, a fase inicial da escolarização.

2.1 IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIA DA ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

As rápidas mudanças ocorridas na sociedade e o grande volume de

informações pela mídia estão se refletindo também no ensino, exigindo, desta

forma, que a escola não seja uma mera transmissora de conhecimentos, mas que

seja um ambiente estimulante, que valorize a invenção e a descoberta, que

possibilite à criança percorrer o conhecimento de maneira mais motivada, crítica e

criativa, que proporcione um movimento de parceria, de trocas de experiências,

de afetividade no ato de aprender e desenvolver o pensamento crítico-reflexivo.

A integração e melhor comunicação entre a família e escola, vistas como

uma dinâmica de interação, como um ambiente rico para a mediação entre

crianças, pais e professores, oferece condições para envolver as crianças e

estimular a investigação, além de possibilitar paradas e retornos para

interpretação, análise, atendendo o ritmo de cada criança, tornando-as mais

críticas perante as influências diárias da mídia em todos os seus aspectos.

Enfatiza-se, através da prática educativa, a descoberta e a invenção, e

principalmente, o autoconhecimento e o conhecimento de valores – sociais,

12

morais, existenciais, familiares e afetivos, possibilitando a formação de alunos

capazes de construir seu próprio conhecimento, tornando-se autônomos em suas

escolhas, por capacidade de critica e análise dos fatos e de tudo o que lhes é

oferecido.

O professor precisa transformar-se em um guia, capaz de estimular seus

alunos a navegarem pelo conhecimento, fazerem suas próprias descobertas e

desenvolverem sua capacidade de observar, pensar, comunicar, criar e –

escolher, para que não se tornem vítimas do consumismo exacerbado.

Alguns pressupostos básicos das teorias do desenvolvimento de

Piaget, Wallon e Vygotsky ajudam a conhecer as etapas de desenvolvimento

psicológico das crianças tanto no aspecto de formação como no de educação.

2.2 A PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E A MÍDIA

A integração de novas mídias tanto em casa como nas escolas precisa

dar ênfase na importância do contexto sócio-histórico-cultural em que as crianças

vivem e aos aspectos afetivos que suas linguagens representam.

O uso de televisão, Internet e outros meios na interação social, onde o

conflito cognitivo, os riscos e desafios e o apoio recíproco entre pares está

presente, é um meio de desenvolver culturalmente a linguagem e propiciar que a

criança construa seu próprio conhecimento. As crianças precisam correr riscos e

desafios para serem bem-sucedidas em seu processo de ensino-aprendizagem.

Segundo VYGOTSKY (1989), a aprendizagem tem um papel fundamental

para o desenvolvimento do saber, do conhecimento. Todo e qualquer processo de

aprendizagem é ensino-aprendizagem; incluindo aquele que aprende, aquele que

13

ensina e a relação entre eles. Ele explica esta conexão entre desenvolvimento e

aprendizagem através da zona de desenvolvimento proximal (distância entre os

níveis de desenvolvimento potencial e nível de desenvolvimento real), um “espaço

dinâmico” entre os problemas que uma criança pode resolver sozinha (nível de

desenvolvimento real) e os que deverá resolver com a ajuda de outro sujeito mais

capaz no momento, para em seguida, chegar a dominá-los por si mesma (nível de

desenvolvimento potencial).

Vygotsky valoriza o trabalho coletivo e cooperativo, ao contrário de

Piaget, que considera a criança como construtora de seu conhecimento de forma

individual. O ambiente interativo proporciona mudanças qualitativas na zona de

desenvolvimento proximal do aluno, os quais não acontecem com muita

frequência em salas de aula “tradicionais”. A convivência e a colaboração entre as

crianças pressupõem um trabalho de parceria conjunta para produzir algo que

não poderiam produzir individualmente, resultando numa maior integração social.

A zona de desenvolvimento proximal, comentada anteriormente,

possibilita a interação entre sujeitos, permeada pela linguagem humana e pela

linguagem da máquina, força o desempenho intelectual porque faz os sujeitos

reconhecerem e coordenarem os conflitos gerados por uma situação problema,

para construir um conhecimento novo a partir de seu nível de competência que se

desenvolve sob a influência de um determinado contexto sócio-histórico-cultural.

Wallon também acredita que o processo de construção do conhecimento passa

por conflitos, momentos de crises e rupturas.

Na perspectiva construtivista de Piaget, o começo do conhecimento é a

ação do sujeito sobre o objeto, ou seja, o conhecimento humano se constrói na

interação homem-meio, sujeito-objeto. Conhecer consiste em operar sobre o real

14

e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo que se dá a partir da ação do

sujeito sobre o objeto de conhecimento. As formas de conhecer são construídas

nas trocas com os objetos, tendo uma melhor organização em momentos

sucessivos de adaptação ao objeto. A adaptação ocorre através da organização,

sendo que o organismo discrimina entre estímulos e sensações, selecionando

aqueles que irá organizar em alguma forma de estrutura. A adaptação possui dois

mecanismos opostos, mas complementares, que garantem o processo de

desenvolvimento: a assimilação e a acomodação. Segundo Piaget, o

conhecimento é a equilibração/reequilibração entre assimilação e acomodação,

ou seja, entre os indivíduos e os objetos do mundo.

A colaboração em um ambiente escolar preparado em relação ao

fenômeno de mídia atual torna-se visível e constante, vinda do ambiente livre e

aberto ao diálogo, da troca de ideias, onde a fala tem papel fundamental na

aplicação dos conteúdos. A interação entre o parceiro sentado ao lado, entre o

computador, os conhecimentos, os professores que seguem o percurso da

construção do conhecimento, e até mesmo os outros colegas que, apesar de

estarem envolvidos com sua procura, pesquisa, navegação, prestam atenção ao

que acontece em sua volta, gera uma grande equipe que busca a produção do

conhecimento constantemente. Com este processo integrado, a criança ganhará

mais confiança para produzir algo, criar mais livremente, sem medo dos erros que

possa cometer, aumentando sua autoconfiança, sua autoestima, na aceitação de

críticas, discussões de um trabalho feito pelos seus próprios pares.

O professor transforma-se agora no estimulador da curiosidade do aluno

por querer conhecer, por pesquisar, por buscar as informações. Ele coordena o

processo de apresentação dos resultados pelos alunos, questionando os dados

15

apresentados, contextualizando os resultados, adaptando-os para a realidade dos

alunos.

O professor estará mais próximo, ajudando-os a perceber as

complexidades do problema das influências da mídia, propiciando ambiente de

análise e critica sobre cada aspecto e cada possibilidade sobre as informações

recebidas pelos meios de comunicação.

As crianças também podem utilizar o e-mail para trocar informações,

dúvidas com seus colegas e professores, tornando o aprendizado mais

cooperativo. O uso do correio eletrônico proporciona uma rica estratégia para

aumentar as habilidades de comunicação, fornecendo ao aluno oportunidades de

acesso a culturas diversas, aperfeiçoando o aprendizado em várias áreas do

conhecimento.

O uso da televisão, hoje interativa, e da Internet é caracterizado como

uma forma de comunicação que propicia a formação de um contexto coletivizado,

resultado da interação entre participantes. Conectar-se é sinônimo de interagir e

compartilhar no coletivo. A navegação em sites transforma-se num jogo discursivo

em que significados, comportamentos e conhecimentos são criticados,

negociados e redefinidos.

Este jogo comunicativo tende a ser invasivo, mas com a criança

preparada tanto no ambiente familiar como no ambiente escolar, terá condições

de analisar, criticar, julgar, escolher e se defender melhor das informações e da

pressão da mídia. Além disso, criam-se condições de a criança perceber que terá

amparo e abertura para quando ativer dúvidas ou momentos de fraqueza.

2.3 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR

16

As mudanças tecnológicas transformaram as brincadeiras e o brincar.

As crianças deixaram de brincar na rua, jogar bola, pular amarelinha e passaram

a jogar videogames e jogos de computador, ignorando o sol que brilha a convidar

as brincadeiras na rua. Tanta mudança gera confusão e expectativas.

Para Wallon, o desenvolvimento da criança, se dá através de uma

interação entre ambientes físicos e sociais, sendo que os membros desta cultura,

como pais, avós, educadores e outros, ajudam a proporcionar à criança participar

de diferentes atividades, promovendo diversas ações, levando-a desde pequena a

um saber construído pela cultura e modificando-se através de suas necessidades

biológicas e psicossociais. Por isso, a importância da brincadeira, pois é a criação

de uma nova relação entre situações do pensamento e situações reais. Brincar é

coisa muito séria. Toda criança deveria poder brincar . A brincadeira contribui

para o processo de socialização das crianças, oferecendo-lhes oportunidades de

realizar atividades coletivas livremente, além de ter efeitos positivos para o

processo de aprendizagem e estimular o desenvolvimento de incontáveis

habilidades e aquisição de novos conhecimentos.

Sobre a questão do brincar, Seber (2002), a partir da perspectiva de

Piaget, os jogos e brincadeiras são o modo de ação com os quais as crianças

concretizam regras e aprendem a interagir com o meio. Nesse sentido,

observamos que elas funcionam como elementos facilitadores do

desenvolvimento da inteligência. A criança desenvolve seus sentidos, seus

movimentos e sua percepção. Isso consiste numa síntese progressiva de

assimilação. É por isso que, pela própria evolução interna, os jogos e brincadeiras

das crianças transformam-se, pouco a pouco, em construções adaptativas.

17

Piaget, em Seber (2002), destaca os tipos de atividades a serem usadas:

brincadeiras simbólicas; imitação de sons e gestos; imitação de arranjos feitos

com objetos; brincadeiras sensório-motoras; classificação e seriação e

quantificação.

2.4 ANÁLISE DA INFÂNCIA NA ATUALIDADE SEGUNDO ARIÈS

Ao lado da evolução da família, no período compreendido entre o final da

Idade Média e o final do século XVIII, observam-se algumas mudanças na forma

de como se ver a criança e a infância. Enquanto a família não era vista como uma

base para os laços afetivos, não era fácil encontrar sentimentos conjugais, isso se

refletia na maneira de se ver a criança. A promiscuidade reinava naqueles tempos

e a criança crescia nesse meio.

No momento em que a sociedade se organiza, a família sofre algumas

modificações e se reestrutura, são criadas condições necessárias para o

desenvolvimento de sentimentos como aconchegos, o que não era comum em

decorrência das dificuldades específicas das épocas passadas.

O trabalho de Philippe Ariès intitulado “História Social da Criança e da

Família” trata da descoberta da infância e do surgimento do que o autor chamou

de sentimento de infância. Ariès conclui que esse sentimento era desconhecido

na Idade Média, passando a ser expressivo somente no século XVII. Ao longo do

seu texto o autor destaca que a infância era vista como um período muito curto,

só no período em que ela era muito frágil. Logo, era misturada aos adultos e

passava a vivenciar as mesmas experiências que eles. As crianças aprendiam na

prática do dia a dia. No final do século XVII, pode-se observar algumas

18

mudanças: surgem os colégios, local para onde as crianças são envidadas,

normalmente em regime de internato. A escola substitui a aprendizagem prática e

a família torna-se um lugar de maior afetividade. Isso influenciou diretamente as

crianças, na medida em que começou a haver uma preocupação maior como seu

bem-estar e com a sua sobrevivência. A família começou a se organizar em torno

da criança e de suas necessidades. As mudanças podem ser observadas nas

formas como elas eram vestidas, nos jogos e brincadeiras. Porém, as mudanças

mais importantes relacionam-se com a maneira como as crianças eram tratadas

pelos adultos, os quais percebem a inocência infantil e procuram então preservá-

la.

Desde a contribuição de Ariès, tem havido um consenso crescente de que

a história da infância através dos tempos é essencial para compreendermos a

infância de hoje. Longas transformações dos costumes e práticas socioculturais

que acarretaram mudanças na maneira de representar a infância, do ponto de

vista aceito hoje, demonstram que a infância é um processo, uma construção

social. Nos dias de hoje, a infância tornou-se objeto de cuidado e tema de

discursos de um número crescente de especialistas, mais do que em qualquer

outra época.

A infância é uma concepção ou representação que os adultos fazem

sobre os primeiros anos de vida do homem, bem como a noção de criança diz

respeito ao sujeito real que vive essa fase.

Segundo o Dicionário Aurélio, por exemplo, criança é ser humano de

pouca idade. O vocábulo criança, por sua vez, indica uma realidade

psicobiológica referenciada ao indivíduo.

Para Postman (1999), a infância passou por várias etapas, desde não ter

19

uma palavra para defini-la até a descrição detalhada de suas características. Ele

também aborda, ao debater o histórico da infância, que as melhores histórias

produzidas, sobre qualquer coisa, são feitas quando seus conceitos estão em

declínio e provavelmente uma nova fase está se formando. Fato que está

ocorrendo com a noção de infância, não propriamente pelo seu desaparecimento,

mas pela mudança das referências usadas para conceituá-la. Dentro desta

perspectiva, o autor aponta para uma crise no conceito de infância. Ele ainda

ressalta que a "cultura infantil” ganhou uma nova conotação na sociedade

contemporânea, alterando, inclusive, características próprias como a vestimenta,

a alimentação, a linguagem e as brincadeiras.

O desenvolvimento do indivíduo constrói-se continuamente, na medida

em que, esse indivíduo enfrenta suas crises psicossociais e reelabora sua

personalidade, criando uma nova personalidade que é produto da interação com o

mundo.

O desenvolvimento psicológico acontece de modo gradual e por meios de

etapas complexas, obedecendo a um plano fundamental natural, ordenado pelo

aparecimento de aspectos da personalidade, os quais surgem nas fases de

desenvolvimento humano, descritas por escolas de psicologia do

desenvolvimento.

Erik Erikson estudou o indivíduo em seu desenvolvimento psicossocial.

Segundo Lindahl (1988), as perspectivas de Erikson consideram que existem oito

idades do homem, que depende de uma constante reorganização durante o

processo de desenvolvimento. A formação da identidade está associada a

identificações passadas que são selecionadas, sintetizadas e integradas pelo ego,

resultando em uma posição psicossocial diferenciada. Para ser coerente em seu

20

funcionamento e ter um sentido de unidade, a personalidade precisa destacar as

identificações inconstantes com o padrão de identidade.

A conquista da identidade depende também do reconhecimento pelo

outro, o que ajuda a encontrar também um lugar seguro na sociedade. A

integração da personalidade permite fazer valer sua identidade na participação

efetiva na vida comunitária.

Piaget considera que o desenvolvimento cognitivo das pessoas obedece a uma ordem de estágios. Para ele, a natureza e as características humanas mudam com o passar do tempo e com a evolução desses diferentes estágios: sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório-formal, que por sua vez, esses estágios são sucessivos, isto é, segue exatamente essa ordem de surgimento (ERCILA DE PAULA E FERNANDO MENDOÇA, 2006, p.65).

Dentro desses estágios é considerável enfatizar a importância dos fatores

ambientais, sociais e afetivos que envolvem a criança.

Em poucas décadas quase todas as partes das vidas das crianças foram

transformadas, trazendo um volume de conhecimento que as gerações anteriores

não acessavam e quase todos os aspectos da vida mudaram. No passado as

crianças aprendiam o caminho a seguir com os adultos, mas não há mais uma

clara ligação entre uma geração e a próxima, porque a cultura popular e as novas

tecnologias criam lacunas que deixam os adultos distanciados das crianças ao

não ter pleno controle e conhecimento de todos os aspectos multimídia e das

novas tendências de comportamento e mercado.

Os principais efeitos do consumismo na infância revelam-se na

intranquilidade frequente e na insatisfação generalizada, resultante da

incapacidade das crianças de lidarem com as suas frustrações. Destituídos de

seus desejos autênticos, por conta da erotização precoce, da imaginação pré-

realizada, da obesidade forçada pelo nerd-sedentarismo e pelas vendas casadas

21

dos fast-foods, meninas e meninos, tornam-se cada vez mais intolerantes e

individualistas.

2.5 INFLUÊNCIA DO CONSUMISMO NA CRIANÇA

Para Sarmento e Pinto (1997), a infância é percebida como homogênea

pela sua condição de criança, para a mídia e o mercado, ela é homogeneizada

pela perspectiva do consumo. Concentrar todos os esforços no consumo é

contribuir, dia após dia, para o desequilíbrio social. O consumismo infantil é um

problema que não está ligado apenas à educação escolar e doméstica, embora a

questão seja tratada quase sempre como algo relacionado à esfera familiar.

Com exemplo desta condição, a experiência vivida pela mãe Mirelle do

Santos, mãe de duas meninas, ajuda-nos a compreender como é fácil ceder às

tentações midiáticas. Em uma conversa informal ela declara:

“Tenho duas filhas e infelizmente já passei por várias situações por causa do bombardeio de propagandas que incentivam o consumo nas crianças. Um exemplo foi uma propaganda sobre uma bota estilo “cawboy rosa” que minha filha viu. Na época tinha 7 anos e ficou me atazanando para comprar. Como ela realmente precisava de uma, resolvi ir atrás, e cada vez que íamos ao shopping entravamos em todas as lojas perguntando da tal bota que não existia em nenhuma loja, eles diziam que ‘- Ainda vai chegar!’ Pois o inverno passou e não conseguimos comprar a tal bota. Ela ficou muito chateada, lembra disso até hoje. Acabei comprando uma outra para alegrá-la.”

Entende-se que as crianças aprendem a consumir de forma

inconsequente e desenvolvem critérios e valores distorcidos, o que se revela

como um problema de ordem ética, econômica e social.

No decorrer do seu desenvolvimento, a criança apropria-se de normas

que regem seu comportamento, sendo adquirida no âmbito familiar e

22

posteriormente na escola, também motivadora de práticas consumidoras. A

tendência é crescer e padronizar-se conforme os demais: ter o que todos têm,

consumir o que todos consomem, estar onde todos estão. Essa padronização é

apresentada como diferença no discurso publicitário. Sendo assim, cabe citar

RESENDE (1984) que discorre sobre o consumo infantil e a realidade individual

da criança:

O consumo infantil, geralmente acrítico e passivo, sem dúvida terá

decisiva interferência na representação que a criança formará da realidade.

As crianças estão se tornando fisicamente menos coordenadas, devido aos

hábitos cada vez mais sedentários. Armstrong (2001, p. 66)

“A exagerada estimulação eletrônica, seja de computador, seja de televisão, pode contribuir para o aumento na incidência de dificuldades de aprendizagem, como problemas no processo de audição e transtorno de déficit de atenção.”

Na nova realidade social o marketing se intensifica à medida que as

crianças crescem. Cada vez mais cedo estão vendo programa de TV, cujos

roteiros estão cheios de produtos embutidos subliminarmente. Isso é ideal para

marqueteiros porque os personagens desses programas estão agora disponíveis

em livros e brinquedos, em sapados e roupas, em jogos e nos pacotes de

alimentos. Uma vez introduzidas em suas vidas, essas marcas tornam-se parte de

seu mundo.

Nenhuma geração de crianças vivenciou o que vivenciam hoje, quando

falamos nos desafios que elas enfrentam, falamos do precoce processo de

transformar crianças em consumidores. Enquanto estão crescendo, estão

gastando mais tempo na frente da TV e do computador, fato confirmado por Lili,

mãe de Maria Eduarda, com 5 anos: “minha filha quando está em casa fica mais

23

tempo no computador e na TV do que comigo”.

A comercialização compromete a imaginação e curiosidade das crianças.

Os cuidados para que elas desfrutem do cuidado de infância está sendo perdido

para o esforço de transformá-la em pequenos consumidores. A sensualização e

estimulação da criança na mídia e na cultura popular têm um forte impacto,

influenciando a maneira como elas conversam e se comportam, tornando-as

ansiosas, em relação ao seu corpo, suas roupas e acessórios e, principalmente,

nas atitudes. Essa preocupação com o visual influencia tudo, desde a escolha

das amigas e o tempo que passam no shopping até as coisas com as quais

brincam.

(...) a simbolização e o uso de bens materiais funcionam como “comunicadores”, e não apenas como utilidades. (...) quando o consumo passa a ser um dos critérios fundamentais na construção da identidade e ocupa um lugar importante no processo de comunicação social, ele passa a ser um dos ordenadores fundamentais do desejo na sociedade. Pois nenhuma sociedade ou grupo social suportam demasiada irrupção errática dos desejos, nem as conseguintes incertezas dos significados. O desejo de reconhecimento pelo outro no confronto econômico necessita de estruturas nas quais se pense e ordene aquilo que desejamos (ASSMANN e MO SUNG, 2000, p. 182-183).

2.6 A TELEVISÃO E O COMPUTADOR

A televisão ocupa um lugar de destaque dentro do lar. É um ponto

referencial na vida familiar. Está sempre à disposição, oferecendo a sua

companhia a qualquer hora do dia ou da noite. Alimenta o imaginário infantil com

todo tipo de fantasias e contos em imagem imediata. É um refugio nos momentos

de tristeza, de frustração ou angustia.

Segundo Ferres (1996, p. 16-17),

“a televisão transforma os hábitos perspectivos dos telespectadores quando cria a necessidade de uma hiperestimulação sensorial. (...) o movimento possui também uma grande força para atrair o olhar humano. Basta entrar numa sala para constatar que o olhar tende a pousar preferencialmente nos objetos ou pessoas que estiverem em movimento.

24

O movimento é, então, um dos grandes atrativos da televisão como recurso para a captação da atenção e como elemento gratificador para mantê-la.

Uma das manifestações mais evidentes da modificação das experiências perspectivas pela televisão é justamente a multiplicação dos estímulos visuais e auditivos. As mensagens da televisão caracterizam-se cada vez mais por um ritmo trepidante, por uma aceleração cada vez maior na sucessão das cenas. Para o telespectador, que vai sendo habituado a esse ritmo, a possibilidade de movimento acaba se tornando uma necessidade de movimento. Quando não há mudança, torna-se monótono.”

A percepção pública do computador como um passaporte para o sucesso

foi elevada pela incansável propaganda da indústria do consumo.

Os pais naturalmente desejam a melhor educação possível para seus

filhos. Assim, estão comprando computadores cada vez mais cedo, para dar aos

seus filhos, pois acreditam estar proporcionando um impulso na educação deles.

Eles temem que na falta dessa tecnologia, seus filhos sejam ultrapassados. O

mesmo acontece com vestimentas, brinquedos e até mesmo com a alimentação.

2.7 AS NOVAS CONFIGURAÇÕES FAMILIARES

Ariès (1978) entende que ao longo dos séculos pode-se encontrar

diferentes configurações familiares. Na era moderna elas estiveram pautadas no

modelo de família patriarcal verticalizada. O pai ocupava o lugar central, os filhos

e a mulher se encontravam em segundo plano. Contudo, na sociedade

contemporânea emergiu outro tipo de família, introduzindo mudanças radicais nos

laços entre as pessoas, a mulher e a criança ganharam novas posições. A luta

pela igualdade e os direitos humanos tornaram-se uma das características da

época.

Ao mesmo tempo em que acontece a mudança no conceito de família e

comunidade, submetidas a novas formas de relacionamentos, mobilidade social e

muitas horas de trabalho, tem-se observado um crescente poder de influência da

25

mídia e de novas tecnologias. Essas forças expõem as crianças a conceitos que

poderão determinar comportamentos e escolhas nos próximos anos. Hoje as

crianças nascem em um mundo resplandecente de alternativas, e paralelamente

enfrentam desafios que nenhuma outra geração teve de encarar.

2.8 CONSEQUÊNCIAS DA PUBLICIDADE NA VIDA DA CRIANÇA

A professora Patrícia ajuda-nos a compreender algumas questões sobre

criança e consumismo. Veja a seguinte frase: “O alvo da propaganda passou a

ser muito mais o nosso coração do que nossa cabeça.” Essa frase foi tirada do

site www.criancaeconsumo.org.br e na verdade é o ponto crucial da questão. A

mídia é a principal responsável por esse consumo insaciável que atingem as

crianças e consequentemente os adultos. Posso citar essas redes de alimentação

que mais vendem brinquedos do que a própria comida. As crianças ficam

encantadas pelos brinquedos e os pais se esquecem do valor nutricional que tem

a refeição, por consequência da correria do dia a dia. Muitos pais trabalham no

período integral e de alguma forma buscam uma maneira de agradar a criança e

sucumbem a essas grandes redes alimentícias, compensando a falta de tempo

para o relacionamento familiar com fast-food e brinquedos de plástico.

O consumismo afeta diretamente o relacionamento em família. O ataque

massivo da publicidade pelos meios de comunicação e as redes alimentícias, são

nocivos e corroem os vários tipos de relacionamento humano, com resultados

negativos que são percebidos mais evidentemente nas épocas de Páscoa e

Natal, antes tão marcantes na convivência familiar e comunitária, e perderam seu

significado original para ter apenas importância comercial.

26

Cada data festiva é usada pela mídia para vender cada vez mais, fazendo

com que as crianças cresçam dentro do mundo onde o valor é “eu preciso ter isso

ou aquilo, porque meu coleguinha tem, e se você não me dá você não gosta de

mim”. As relações familiares estão cada vez mais bombardeadas pela troca de

valores, e as famílias, que lutam contra isso, encontram muitas dificuldades e falta

de apoio da sociedade.

As consequências da publicidade na vida das crianças estão visíveis no

nosso dia a dia:

Obesidade infantil: a publicidade de alimentos não saudáveis contribui

muito para a formação de maus hábitos e os problemas decorrentes, como

subnutrição, compulsão alimentar e especialmente a obesidade em crianças.

De cada 10 alimentos anunciados no Brasil, 7 são guloseimas e comidas

industrializadas. 15 % das crianças brasileiras já estão obesas. Nos últimos anos,

o interesse por comida natural e fresca tem declinado em razão do intenso

marketing de alimentos infantis processados e empacotados. As grandes redes

de fast-food têm tratado de aprimorar seus sabores artificiais e associar

brinquedos aos cardápios para garantir que as crianças gostem e anseiem para

voltar. Paralelamente à má alimentação, há a questão da falta de atividade física

ao ar livre, pois as crianças estão cada vez mais sedentárias, em decorrência da

quantidade de horas em frente televisão e ao computador.

Erotização precoce: As crianças, incentivadas pela publicidade e pela

programação infanto-juvenil associada, acabam pulando etapas importantes de

seu desenvolvimento. Ao invés de brincar, passam a se preocupar em parecer

mais velhas e atraentes, portando-se como adultas. Este comportamento gera

27

ansiedade, confusão de autoimagem, baixa autoestima, pois, procuram cuidar

mais de sua aparência e não são capazes de relaxar e se divertir com

espontaneidade, influenciadas pelo modelo pré-determinado pela sociedade de

consumo. A infância, etapa essencial ao desenvolvimento humano, é

menosprezada, e as consequências são visíveis: imaturidade tanto emocional

quando cognitiva.

O mundo surreal dos concursos de belezas infantis altera a essência

natural das crianças: maquiagem, apliques de cabelo, bronzeamento artificial,

roupas fantásticas e trajes de banho, fazem parte do dia a dia delas. Com isso,

captam desde cedo, essa problemática mensagem de que tem de ser bonitas,

agradáveis e populares – conforme modelo externo, previamente imposto – para

serem amadas e aceitas, com isso a infância continua a encolher. A maneira

como estão se vestindo, expressa um estilo que seria mais adequado para

maiores. Não são apenas roupas de adultos que as crianças estão usando. Tem

acesso agora, também, à sua própria maquiagem (desde máscara e delineador

até batom e blush), algo que há poucos anos era só permitido para adolescentes,

mesmo que os cosméticos venham com indicação para maiores de sete anos, o

que já instiga pais e educadores a reflexões e críticas, frequentemente as

menorzinhas estão usando.

Violência e delinquência: a publicidade contribui para a exclusão social,

já que nem todos podem comprar aquilo que é anunciado. Assim, crianças que

não podem ter o que querem, muitas vezes reagem violentamente contra a família

e contra a sociedade. Uma das características é a insaciabilidade, não há

satisfação duradoura. Os vestuários e acessórios são os produtos que mais

28

sofrem a pressão da moda, pois têm a função simbólica de indicar a localização

que o individuo ocupa na hierarquia social. Querer a qualquer preço leva crianças

e adolescentes de baixa renda a furtar e roubar para conseguir conquistar seu

lugar ao sol.

Bullying: O assédio da mídia agride socialmente a criança. Quando

impõe determinados produtos que a criança não pode consumir, ou

comportamentos que não são adequados, a criança sente com muita intensidade

as tensões que se apresentam: cobrança de comportamento e aparência de seus

iguais, impossibilidade ou recusa por parte dos pais, necessidade de educar tanto

de pais como professores. Essa situação leva algumas crianças a atitudes

desesperadas. Por um lado, crianças e adolescentes sentem-se no direito de

exigir que seus “amigos” vistam-se e ajam como ela. Por outro, muitas crianças

sentem-se deslocadas deste contexto, seja por timidez, condição social e

pobreza, ou mesmo pela atitude de pais que não querem seus filhos no ciclo de

consumo. Esse penoso e cruel processo social e psicológico coloca os

personagens uns contra os outros e quando a sociedade está desprovida de

valores, muitas vezes o que interessa é ganhar e sobreviver a qualquer preço. As

perseguições acontecem diariamente em escolas e redes sociais do mundo todo.

Alcoolismo: a publicidade de bebidas alcoólicas, especialmente de

cervejas, está presente em vários lugares que as crianças frequentam,

estimulando-as ao consumo de álcool desde muito cedo.

Estresse familiar : Ao apresentar modelos de vidas inalcançáveis, a

29

publicidade passa falsas ideias de famílias perfeitas em casas maravilhosas com

um nível de consumo altíssimo. O sonho de viver a promessa do anúncio

promove uma corrida para ter o que é anunciado. Ao ter o objeto cobiçado,

percebe-se que o “pacote desejado” não veio junto. A frustração vem após cada

aquisição. E como nunca se diz ”não” às crianças, gera-se conflitos entre pais e

filhos.

Estresse infantil : A incapacidade marcante na habilidade para sustentar

sua opinião pela falta de maturidade inerente à idade, levando a criança a

acreditar que o mais importante é ser igual às outras. Ao perceber que não é

possível, sente-se excluída. Sua autoestima é reduzida, o que causa grandes

conflitos internos. Há grandes dificuldades para administrar esses aspectos

vivenciais e isso acaba provocando o estresse.

Depressão infantil: em decorrência do apelo incessante ao consumismo,

da intensidade da mídia e da confrontação continuada da sociedade, a criança

acaba fazendo com a autoestima diminuída, causada pelo estresse que, com o

tempo, pode levar a criança a apresentar desde isolamento social até depressão

infantil.

A liberdade de expressão é fundamental para a concretização do principio

da dignidade, mas em relação à mídia, o uso de seu poder desenfreado,

orientado pelo sistema financeiro, industrial e comercial, com finalidade de criar

mercado e dinâmica econômica, não se atém a questões éticas e morais para

atingir de forma inconsequente a fragilidade infantil. Diante disso faz-nos lembrar

30

que no Estatuto da Criança e do Adolescente, Cap. I, Das disposições

Preliminares, o artigo que descreve o direito da criança a esse respeito:

Art 5° - Nenhuma criança ou adolescente será abjeto de qualquer forma de negligência, discriminação, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado por ação de omissão, aos seus direitos fundamentais.

Para Maria Helena Pires Martins (2007, p.40-42), existe uma estreita

conexão entre o que consumimos e quem somos ou quem queremos ser, ou seja,

nossa identidade real ou imaginária.

Essa conexão pode funcionar de maneira circular: consumimos determinados produtos – por exemplo, vegetais orgânicos, frangos caipiras, peixes, laticínios produzidos sem hormônios, muitos grãos integrais – em função de quem nos somos e de quais os valores – no caso, a boa saúde – mantemos na vida. Os produtos que consumimos mostram aos outros nossos valores e quem nos somos, ou seja, nossa identidade real.

Mas também pode acontecer que, para ter aprovação do grupo de referência ao qual desejamos pertencer e construir ou manter a imagem que queremos projetar, passemos a procurar os produtos e serviços que definem esse tipo de pessoa, isto é, a nossa identidade imaginária. É como se o consumo de determinados produtos pudesse automaticamente nos transformar na pessoa que queremos ser, mas não somos. Desse modo, fazemos a substituição do SER pelo TER. É TER determinadas marcas de tênis, de roupas ou de celular que determina quem SOMOS.

As Multinacionais e a publicidade compreendem bem que a marca define o consumidor. De certo modo, somo o que comemos, o que vestimos, o carro que guiamos, o lugar onde moramos. Os produtos e marcas que escolhemos nos apresentam ao mundo, são modos diferentes de expressão da nossa individualidade.

Como o consumidor escolhe produtos e serviços, está sujeito a pressões sociais (a moda, os grupos de referencias), infra-estruturais e de mercado, pois a disponibilidade de certos artigos depende do padrão de compra dos outros.

A auto-estima, ou seja, a valorização do modo de ser e a confiança nos próprios atos e julgamentos, bem como a identidade, estão ligadas a tudo que consumimos. Precisamos de produtos e serviços que significam estar na moda, ter status social, pertencer ao grupo de referencia que admiramos para sentirmos que temos valor. Em vez de cultivar características pessoais positivas, como honestidade, criatividade, inteligência, lealdade, solidariedade etc., compramos mais e mais coisas. Mais uma vez, sobrepomos o ter ao ser.

Por todas essas razões, o consumo e o consumismo são eminentemente simbólicos: tem um enorme número de significados e preenchem necessidades muito mais complexas do que as necessidades de subsistência pura e simples, pois estão mais ligados a diferente s estilo de vida.

Segundo Maggie Hamilton (2009), até recentemente, quando as crianças

deixavam a infância para trás, tornavam-se adolescentes, mas os marqueteiros

inventaram a faixa etária dos pré-adolescentes que inclui as crianças de 8 a 12

31

anos de idade. Elas são “amadas” pelos anunciantes, pois são muito inseguras

mais suscetíveis a sugestões. Consideram a aceitação de seus colegas cruciais,

mais do que qualquer outra coisa, querem pertencer, fazer parte. Farão de tudo

para não se sentirem isoladas ou rejeitadas.

O Cap. I Das disposições preliminares do ECA cita no Art. 2° que

“Considera-se criança para os efeitos dessa lei, a pessoa até doze anos de idade

incompletos, e adolescentes aquelas entre doze e dezoito anos de idade.”

À medida que a pressão dos amigos aumenta, o mesmo ocorre com o

chamado bullying, que apesar das iniciativas tomadas nas escolas para se evitar,

continua a tomar novas formas. Quando se tenta encarar algumas das coisas que

as crianças fazem uma com as outras, é fácil perceber que o bullying tem a ver

com a necessidade de algumas crianças exercerem poder sobre outras e

assegurar que ficarão sempre em evidência.

2.9 A IMPORTANCIA DA PSICOPEDAGOGIA NA MÍDIA

Primeiramente, as mídias devem ser vistas como agentes de socialização,

Isto é, possuem um papel educativo no mundo contemporâneo, junto com a

família, a escola ( entre outras instituições), elas funcionam como instâncias

transmissoras de valores, padrões e normas de comportamentos e também

servem como referências de identidade do individuo.

A Psicopedagogia narceu da necessidade de uma melhor compreençao de

processo de aprendizagem, ela busca a melhoria na qualidade dessa

aprendizagem. A influencia da mídia aparece como o segundo fator que contribui

para as dificuldades que as crianças estão submetidas. Diante disso o trabalho

32

psicopedagogico atua não só no interior das crianças ao sensibilizar para s

construção do conhecimento, ela também atua em vários campos, intencionando

o desenvolvimento da autopercepção, percepção do mundo e suas características

e a melhor forma para lidar e conviver, com todas essas mudanças que vem

expressivamente pelo fenômeno da globalização.

A prática midiática é um ato de troca, nesse sentido, o psicopedagogo está

em todas as atividades onde envolve o aprendizado, a criança, e certamente a

mídia, com os avanços das tecnologias de comunicação, com a sofisticação da

publicidade e de um estilo de vida em que o consumo tem um papel predominante

a mídia assume uma expressiva importância.

É preciso, pois, o psicopedagogo está preparado para ajudar a

compreender todas essas mudanças que ocorre na maneira de ver as crianças de

hoje, dentro dos aspectos atuais, onde a as transformações são visíveis e muito

rápidas.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância de a sociedade como um todo tornar-se plenamente

consciente sobre este fenômeno criado pelo interesse econômico da indústria e

do comércio desenfreados que através da mídia, querem criar um mercado

consumidor permanente, deve se desenvolver e criar meios de defesa sobre as

crianças, alvos fáceis e indefesos. É preciso união de objetivos e esforços de

cada um e de todos, inclusive instituições e associações, para que ações

concretas – tanto de divulgação de ideias como de amparo legal – sejam

realizadas.

33

É importante que os pais se tornem mais conscientes de suas atitudes

com respeito ao consumo e ao comprar. Ser mais criativos sobre como e onde

fazem suas compras faz toda diferença. Tanto excursões, feirinhas ou mercados

alternativos que são lugares onde se podem encontrar bons alimentos e outros

produtos, como valorizar a reciclagem, são atitudes enriquecedoras, muito mais

do que restringir-se à rotina de shopping. São experiências que têm haver com a

vida em comunidade.

O tempo ao ar livre trás tantos benefícios e cabe aos pais mostrar o

caminho. Os pais precisam ser mais vigilantes a respeito do que está

acontecendo com seus filhos, pois o marketing personalizado, dirigido a públicos

específicos, está ficando cada vez mais sofisticado e eficiente. Se os pais

desejam mesmo ter o controle, tem que prestar atenção no que acontece quando

estão na internet e TV. É bom que os pais falem sobre suas vulnerabilidades e

momentos embaraçosos que tiveram quando eram crianças para seus filhos pré-

adolescentes que se sentem seguros quando os pais respeitam o que estão

enfrentando e manifestam empatia.

Os pais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento da

autoestima de seus filhos. Por isso, é importante que eduquem seus filhos desde

cedo, sobre o que significa a publicidade.

Os pais devem assumir o controle e não deixar por conta da mídia.

Devem questionar cada fato mais significativo com a criança, denunciar abusos,

orientar e dizer “não” sempre que necessário. E ensinar à criança que significa

esse “não”. E quando for um “sim”, estimular a criança a valorizar o presente para

além do superficial, pelo bem maior que aquilo representa: o afeto, o brincar, o

aprendizado, etc.

34

Algumas atitudes podem ajudar, como por exemplo: ler junto com a

criança, contar histórias, brincar, fazer passeios ao ar livre, piqueniques com

amigos, etc. Fazer com que essa criança se sinta atendida em todos os aspectos,

assim poder agregar valores positivos e estimular a convivência com adultos e

crianças de forma mais estimulante, afetiva e humana, criando vínculos

duradouros e valorização de si mesmo e do próximo como pessoa.

Outra atitude que pode se tomada pelos pais, desenvolvido pelas escolas

e pelas comunidades mais interioranas é trabalhar e participar das datas

comemorativas, em seu real sentido, não permitindo que a mídia assuma este

papel.

Em algumas escolas já se trabalha o consumismo infantil. Seria

interessante se essa ideia fosse ligada ao processo educacional de forma geral.

Trabalhar a valorização de SER e não do TER. Incentivar o questionamento de

tudo o que é visto – publicidade, propaganda, anúncios de forma geral,

programações – ajudar essas crianças a perceberem a importância do real

significado que se esconde por trás da emoção e do divertimento. O que

verdadeiramente se quer dizer em mensagens e imagens.

Trazer para a escola eventos e palestras que envolvam o tema, incentivar

a família a participar. Como podemos ver, a escola é uma peça importante nesse

processo, há muitos modos que a escola pode ajudar, influenciando, agindo e

interagindo com a família. Incentivar tudo que é mais humano, verdadeiro e

natural, ensinar de onde vêm as coisas e os alimentos, para que cada uma delas

existe e sua real necessidade, ou não. O papel da família, integrado com a

escola é essencial para a formação e defesa das crianças.

35

4 CONCLUSÃO

Com certeza, a publicidade mexe com a sensibilidade das crianças. A

ansiedade pode ser um grande motivador para levá-las às compras,

especialmente quando os produtos lhes prometem que se sentirão mais legais e

serão populares.

A violência do consumismo na infância tem contribuído para aumentar o

estresse familiar e escolar. A sociabilidade é um desafio que passa pela cultura,

pela arte, pela contemplação, pelo amor, pela vontade de inventar um novo estilo

de vida, onde a natureza mereça respeito, onde o parâmetro humano seja

considerado e onde as crianças possam ter o direito de viver experiências por si

mesmas, sem o “assédio estúpido da pedofilia de mercado.”

Do ponto de vista da sobrevivência, consumir é uma necessidade.

Quando, entretanto, passa-se a consumir o supérfluo e há exageros de toda

espécie, torna-se consumismo.

O que se pode perceber é a exagerada falta de ética que a mídia e os

novos mundos virtuais estão promovendo para as crianças de hoje. Com tudo

isso, o que se pode notar é que permanece muito forte a preocupação com esse

processo psicológico e emocional de nossas crianças. Mas pouco se tem feito

para melhorar isso.

As características das organizações humanas, vistas como um grande

conjunto de objetos comuns: valores, cultura e educação compartilhados, estão

na base do convívio humano.

Mesmo quando problemas e conflitos surgem, podem ser analisados,

estudados e administrados no sentido de acolher as possíveis diferenças com o

objetivo de melhorar, de somar e nunca de excluir. Mas não se deve esquecer a

36

urgência e a necessidade de se conscientizar para evoluir. A busca de um futuro

melhor, de um mundo melhor para todas as crianças é o objetivo maior.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIÈS, Phillipe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1978. ASSMANN, Hugo; MO SUNG, Jung. Competência e sensibilidade solidária: educar para esperança. Petrópolis: Vozes, 2000. BRASIL. Lei 8069, de 13 de julho de 1990. ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente. Diário Oficial da União, Brasil, Brasília. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm. Acesso em: 20 jun. 2011. BRIGGS, Asa; BURKE, Peter. Uma história social da mídia: de Gutenberg à internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004. CRIANÇA, A ALMA DO NEGÓCIO. Direção de Estela Renner. Brasil: Maria Farinha, 2008. 49 min. Disponível em: http://video.google.com/videoplay?docid=-5229727692415880368#. Acesso em: 20 jun. 2011. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua portuguesa. 2.ed. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1986. FERRES, Joan. Televisão e educação; Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 7.ed. Petrópolis: Vozes, 2000. (Coleção Educação e conhecimento). HAMILTON, Maggie. O que está acontecendo com nossas garotas? Ribeirão preto, SP: Novo Conceito, 2009. LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA; Marta Kohl de. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. 13.ed. Sãp Paulo: Summus, 1992. MARTINS, Maria Helena Pires. O prazer das compras: o consumismo no mundo contemporâneo, 1. ed. São Paulo: Moderna, 2007. PAULA, Ercila Maria de; MENDONÇA, Fernando Wolff. Psicologia do desenvolvimento. Curitiba: IESDE, 2006. POSTMAN, Neil. O desaparecimento da infância. Rio de Janeiro, Graphia, 1999. Tradução: José Laurenio de Melo e Suzana Menescal. PROJETO CRIANÇA E CONSUMO. Por que a publicidade faz mal para as

37

crianças? Instituto Alana: 2009. Disponível em: http://www.alana.org.br/banco_arquivos/Arquivos/downloads/ebooks/por-que-a-publicidade-faz-mal-para-as-criancas.pdf. Acesso em: 12 jun. 2011. SARMENTO, Manuel Jacinto; PINTO, Manuel. As crianças e a infância: definindo conceitos, delimitando campo. In: SARMENTO, Manuel Jacinto e PINTO Manuel. As crianças, contextos e identidade. Braga, Portugal. Ed. Bezerra, 1997. SEBER, Maria da Glória. Construção da inteligência pelas crianças. São Paulo: Scipione, 2002. SILVA, Daniel Vieira da; HAETINGER, Max Gunther. Ludicidade e Psicomotricidade. Curitiba: IESDE, 2007. SOUZA JÚNIOR, José Ednilson Gomes de (et al). A cultura de consumo e a infância na pós-modernidade. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 15742002000200005&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 20 jun. 2011. VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. (Coleção Psicologia e Pedagogia). __________. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987. (Coleção Psicologia e Pedagogia).