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~0r:;j l(, UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA CURSO DE p6s - GRADUA9AO EM PSICOPEDAGOGIA UM OLHAR PSICOPEDAG6GICO SOBRE A EDUCA9AO INFANTIL \-,C' oJ" '1") (/?~ "I 'J Curitiba 2000

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~0r:;jl( , UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

CURSO DE p6s - GRADUA9AO EM PSICOPEDAGOGIA

UM OLHAR PSICOPEDAG6GICO SOBRE A

EDUCA9AO INFANTIL

\-,C'oJ" '1")

(/?~"I

'J

Curitiba2000

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IVANE BEATRIZ PASETTI CASTAGNOLLI

UM OLHAR PSICOPEDAGOGICO SOBRE A

EDUCA<;Ao INFANTIL

Monografia apresentada para obtenyaodo titulo de Especialisla no Curso de P6s-Gradual,fBo em Psicopedagogia, pelaUniversidade Tuiuti do Parana.Orientadora: Prof' Ursula M. Simons

Curiliba2000

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AGRADECIMENTO

Ao grupo de professores que

partilhou comigo essa experiemcia,

pela sua disponibilidade e

incentive.

Aos meus familiares pelo apoio e

confian9a que deposita ram no

meu Mnao-saber".

iii

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"0 paradoxo do saber teorico reside na

maneira como se usa: como mascara para

ocu/tar a verdade de uma experienc;a, ou

como util para orientar-se mais

comodamente na busca da pratica, na qual

se encontra um mesmo implicado."

Maud Mannoni

iv

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SUMARIO

1. INTRODU((AO ...

2. 0 QUE E PSICOPEDAGOGIA ...

3. TRA((OS HISTORICOS DA PSICOPEDAGOGIA ..

4. PRATICA PSICOPEDAGOGICA NA EDUCA((AO INFANTIL ...

4.1 A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUICAO ESCOLAR

4.2 A PSICOPEDAGOGIA CLiNICA .

5

8

13

14

16

4.3 0 PSICOPEDAGOGO EM RELACAO A OUTROS PROFISSIONAIS .. 19

5. 0 usa DO LUDICO NO ATENDIMENTO PSICOPEDAGOGICO 22

5.1 COMO TRABALHAR 0 LUDICO NO ATENDIMENTO PSICOPEDAGOGIC026

5.20 USO DO LUDICO NA SALA DE AULA, A LUZ DA PSICOPEDAGOGIA 27

5.3COMO TRABALHAR COM 0 LUDICO NA SALA DE AULA, DENTRO DE UMA

vlsAo PSICOPEDAGOGICA .. 29

6. A APRENDIZAGEM . 32

6.1 AS DIFICULDADES OU PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM .. 34

6.2 DISTURBIOS DA APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA ... 37

6.3 DISTURBIOS DA APRENDIZAGEM DA MATEMATICA.. 42

6.4 A ESCOLA E OS DISTURBIOS DE APRENDIZAGEM . 44

7. DESENVOLVIMENTO.... 47

8. CONSIDERA((OES FINAlS.. 51

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .. 53

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RESUMO

Este trabalho, enfoca de mane ira objetiva a estudo da Psicopedagogia, e de todos

as profissionais que S8 propoem a participar do complexo processo de ensine -

aprendizagem. Alguns conceitos educacionais foram sistematica mente estudados

e apresentados sob a dinamica da Psicopedagogia. Foram desenvolvidosassuntos relacionados com a escola, e a sua atu8y80 para atender criany8s com

dificuldades de aprendizagem. Pensar a escola a luz da psicopedagogia significa

analisar urn processo que inclui quest6es metodol6gicas, relacionais e

sociologicas, englobando 0 ponto de vista de quem ens ina e de quem aprende,

abrangendo a participa~o da familia e da sociedade. Fa; sugerida como norma

de procedimento uma sistematica de educac;ao preventiva adequada, dando

suporte ao aluno de Educa980 Infantil, e, consequentemente preparando-o para

as classes de Ensino Fundamental. Atraves da aprendizagem, 0 sujeito passara aser inserido de forma mais organizada no mundo cultural e simb6lico que 0

incorpora, sendo a Instituiyao Escolar, responsavel par grande parte dessa

aprendizagem.

vi

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1. INTRODU~AO

As ac;6es humanas sao fortemente influenciadas e de certo modo determinadas

por fatores que estao al8m de sua conscienda, inerentes ao seu contexte bio-psico-

social, como tambem a realidade historica. Estas evidemcias sao claramente

percebidas na Educac;ao, tanto em seus aspectos filos6ficos como materials.

Para alE~m destas discuss6es cotidianas e burocraticas da realidade escolar

existem Qutras quest6es importantfssimas que conduzem 0 processo educativo.

Nesle estudo, optou-se por desvendar as influencias das concep~6es

pedagogicas presentes nos curriculos das escolas de Educa\'1io Infantil e Ensino

Fundamental,equal 0 papelda psicopedagogonestesistema.

o Psicopedagogo e uma figura relativamente desconhecida na instituic;BO escolar

e, portanto, suas atribuic;6es sao igualmente desconhecidas.

No decorrer do estudo, foram desvendadas e analisadas as concepy6es

psicapedagogicas que historicamente nortearam a processo pedagogica, bern como

evidenciados as pensadores e as ideias que fundamentaram estas concep90es. Neste

quadro enfocou-se tambem 0 contexto em que estas se deram, historico - socia -

politico - econbmico, pOis as concep~6es do papel que a educa\'1io e 0 educador

devem enfrentar, sao permeadas par interesses que determinam 0 processo

pedag6gico. Sendo assim, as teorias ou propostas do processo educativo al6m das

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constantes influencias e determina.yoes, par sua vez tambem privilegiam certos

aspectos do fenomeno educacional.

Uma das ideias psicopedag6gicas significa desenvolver um trabalho cujas

orienta90es introduzam modifica96es na pratica cotidiana dos docentes, implicando em

ac;oes conjuntas entre professores e psicopedagogos, efetivando contribui90es

significativas no sentido de subsidiar conhecimentos sobre os processos psicol6gicos,

afetivos e cognitivos de apropriat;:ao do conhecimento e requisitos necessarios ao

ensino e ao professor no sentido do avanc;odo aluno.

o Dicionario de Psicologia de E. Dorin (1978, p.232) afirma que as concep90es

psicopedagogicas funcionam como "... Uma sintese de normas pedag6gicas e

principios psicol6gicas em vista da exploraqao das capacidades inatas de criam;as e

adolescentes para a vida social e cultural ..."

Segundo Vygotsky(1991,p.45) e .... 0 processo atraves do qual 0 individuo

canstr6i ativamente, nas relaqoes que estabelece com 0 ambiente fisica e social, suas

carac/eris/icas. Ao contraria de outras especies, as caracter;sticas humanas nao sao

biologicamente herdadas, mas his/oricamente 'armadas."

A escola e a espayo privilegiado para desenvolver as capacidades cognitivas, de

formac;c3ode convicc;oes e do desenvolvimento de modos de viver do educando,

propiciando 0 desenvolvimento das diversas facetas do ser humano: a cognit;:ao, a

afetividade, a psicomotricidade e a modo de viver. Isto e, atraves do processo ensino-

aprendizagem pode-se trabalhar a forma9ao de conviC96esafetivas, sociais e politicas.

Sendo assim, a desenvolvimento de-se atraves do processo educativo escolar, familiar,

politicoe social, farmando a individuo como urn todo.

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Essa constatar;ao leva a verificar;ao de como a Psicopedagogia pode contribuir

na pratica pedag6gica do docente de Educa9iio tnfantit, facilitando a identifica9iio de

informa~6es, possibilitando-os tra~r 0 perfil psicol6gico-relacional do "sujeito -

aprendente" .

Este estudo visa esclarecer sobre a especificidade do trabalho psicopedag6gico,

e como e enfocada a aprendizagem humana, investigando a importancia das tomadas

de decisoes dos professores sabre as diversas situayaes apresentadas pelas atitudes

socio-comportamentais de seus alunos.

Ao estabelecer diretrizes de como diagnosticar e orientar as tratamentos de

alunos com problemas relacionados com aprendizagem, a atividade do psicopedagogo

dentro da escola destina-se a assessorar e esclarecer a respeito de diversos aspectos

do processo ensino-aprendizagem que intervem significativamente neste processo.

Uma das causas e a forma de avaliac;ao do aluno, com seu enquadramento

dentro da sistematica da escola. Muitas vezes uma crianc;a com problemas de

aprendizagem e encaminha-Ia ao atendimento psicopedagogico, sem necessidade, pois

seu problema, muitas vezes, e apenas de motivac;ao para aprender.

Este enfoque nos leva a analise de urn outro fato de grande importancia na

causa das dificuldades de aprendizagem, que e 0 despreparo do professor, para

interagir com 0 problema. E de suma importancia, portanto, que 0 professor conhec;a, 0

processo de aprendizagem e esteja interessado nas crianc;as como seres humanos em

desenvolvimento e especificidades diferenciadas. Ele precisa saber como sao seus

alunos fora da escola e como S8 da a dinamica familiar.

Qualquer problema de aprendizagem implica amplo trabalho do professor junto afamilia da crianc;a, para analisar situar;oes e levantar caracteristicas, visando descobrir

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o que esla represenlando dificuldade ou empecilho para que 0 aluno atinja a

aprendizagem plena.

Quando urn educador respeita a dignidade do aluno e 0 trata com compreensao

e ajuda construtiv8, desenvolve na Cfianga a capacidade de procurar dentro de 5i

mesma as respostas para as seus problemas, tornando-a responsavel e,

conseqOentemente, agente do seu proprio processo de aprendizagem.

o desenvolvimento humano S8 da atraves do processo de maturac;8o. que vern a

ser 0 desenvolvimento das estruturas biologicas 8, neurol6gicas, abrangendo padr6es

de comportamento resultantes da atu8Q8:0 de algum mecanismos internos, aliados aestimulayao que 0 individuo recebe. Teda a atividade humana depende, pois, da

maturac;ao, desde 0 mais simples posicionamento, como segurar urn objeto, ate as

abstrac;6es e racjocinjos mais complexos. Portanto, a questeo da maturjdade (ou

imaturjdade) deve ser levada em considerac;ao na perspectiva do processo ensino-

aprendizagem.

o psicopedagogo, pode ser considerado como 0 profissional adequado que

auxiliara na identificayeo e resoluyao de problemas, de crianyas e adolescentes, no

processo de aprender, alem de encontrar-se habilitado para atuar de forma preventiva

junto aos referidos problemas. Portanto, mostra-se de grande importancia a presenya

do psicopedagogo denlro da institui9ao escolar.

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2. 0 QUE E PSICOPEDAGOGIA

Psicopedagogia e algo novo enquanto saber! Nasceu da necessidade de se

estabelecer parametres de atendimento para a difieil questao do problema de

aprendizagem. Muitos sao os fatares conhecidos, que interferem no processo de

aprendizagem, e ai encontramos a Psicopedagogia como uma contribuic;ao de melhoria

na compreensao desse proC8SS0.

Varios educadores vern se dedicando a este campo de estudo, com a finalidade

de investigar os processos de construyao do conhecimento e as dificuldades

apresentadas nesta construvao.

A Psicopedagogia encara a aprendizagem humana como uma forma pr6pria do

individuo de S8 relacionar com 0 conhecimento, gerado e armazenado pel a cultur8 e as

problemas de aprendizagem como oriundos de fraturas ocorridas nessa relac;ao,

vinculos mal estabelecidos entre aprendentes e ensinantes, seja par fatares de

natureza organica, eognitiva ou emaeional. Na Psieopedagogia, enquanta area de

aplicac;:ao, atua a psieopedagogo, em dois ambitos: 0 elinieo e 0 institueional.

Na pratica, ° Psieopedagogo reune conhecimento de vadas areas e estrategias:

pedagogica, psieol6gica, neurol6gica entre outras, que 0 possibilita valtar-se para 0

proeesso de desenvolvimento e aprendizagem, atuanda numa linha preventiva e/au

terapeutica.

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Numa linha preventiva, 0 psicepedagoge pede desempenhar uma pn3tica

docente, envolvendo a preparagao de profissionais da educagao ou atuar dentro da

propria escola.

Numa linha terapeutica, 0 psicopedagogo trata das dificuldades de

aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo tecnicas remediadoras, orientado pais

e professores, estabelecenda cantata com outros profissionais das areas psicol6gica,

psicomatora, fanoaudiol6gica e educacional, pois tais dificuldades podem ser

multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu tratamento. No diagn6stico, 0

psicopedagogo volta-se para a aprecia<;ijo de aspectos psicomotores - perceptivos,

lingGisticos, cognitivos do individuo, tendo em vista as dificuldades que se apresentam

e busca a compreensao do significado dos sintomas de aprendizagem na organizagao

da personalidade do individuo e no seu contexto familiar, escolar e social. 0 tratamento

psicopedagogico define-se tanto pela adequa~iio das estrategias utilizadas, quanto

pelos seus objetivos e pela qualidade da rela<;ijointerpessoal que se estabelece entre 0

individuo atendido e 0 psicopedagogo. 0 diagn6stico e 0 tratamento psicopedag6gico

envolvem situagoes complexas que implicam na necessidade de uma constante revisao

te6rica e podem requerer a pratica com supervisao.

o Psicopedagogo e um profissional com caracteristicas pr6prias. Sua formag8a

no Brasil, se da apenas a nivel de especializag8o, e, ainda nao e considerada profiss8o

regulamentada. Nos paises onde isto ja ocorre, ja existem cursos de graduagao em

Psicopedagogia.

Para KIGUEL, que tambem tem contribuido nesse processo de constru~iio do

saber psicopedagogico, "historicamente a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a

Pedagogia e a Psicofogia, a partir nas necessidades de atendimento de criangas com

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'disturbio de aprendizagem', consideradas inaptas dentro do sistema

convencional'(1991, p.22).

Nadia A. BOSSA, em seus estudos no livre "A PSicopedagogia no Brasil",

afirma:

quanta maior a preocupar;ao com 0 orglinico, menor 0 espar;o para 0 psico/6gico.

Considerando as suas impficBt;OeS oa pratica, porlanto, a Psicopedagogia nao pode ser pensada

simplesmente como uma aplicaglio da Psicologia a Pedagogia. Mas, S6 a Psicopedagogia nao e

uma ap/icar;lio da Psicofogia (experimental) a Pedagogia, 0 que e entao? Para responder esia

pergunta convem percorrer um caminho em que e preciso pensar sabre 0 seu objeto de estudo,

as teorias que, na interdiscipfinaridade, embasam essa pratica, e 0 seu campo de atuar;ao."

(BOSSA, 2000, P. 19).

Com uma atu89ao que deixa de ser reeducativa, e passa a ser terapeutica,

podemos considerar a seguinte:

"A Psicopedagogia poderia serdefinida como um campo do saber que tem como

objeto 0 ser em processo de construqao do conhecimentos (ser cognoscente) e como

objetivo trabalhar para a construqao da autonomia desse sujeito, afastando os

obstaculos que se opoem a essa construq8o. Esta comprometida com a me/hora das

condiqOes de aprendizagem, revelando sempre as condiqoes pessoais de quem adquire

a conhecimento".( C6digo de Etica - Capitulo 1 art. 1').

A PSicopedagogia, em parceria com outros profissionais, auxilia na identificayao

e resoluyao dos problemas no processo de aprender, pois, esses profissionais sao

capacitados para lidar com as dificuldades de aprendizagem, que vem a ser um dos

fatores da multirrepetencia e da evasao escolar, contribuindo para 0 ingresso do aluno

na marginalizayao social.

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3. TRAyOS HISTORICOS DA PSICOPEDAGOGIA

A preocupagao com as problemas de aprendizagem teve seu infcio no secuJo

XIX, na Europa, com urn enfoque org§mico sendo estudado pel as ciencias medicas e

biol6gicas, especial mente da pSiquiatria, com estudos neurol6gicos, neurofisiol6gicas e

neuropsiquiatricos, desenvolvidos em laborat6rios junto aos hospicias. Somente mais

tarde, com as autores como, Francoise Dalto, Julian Ajuriaguerra, Pichon Riviere, Pierre

Vayer, Loise Picg e Qutros, realizando estudos para resolver problemas de fracasso

escolar articuJando-as com a Medicina, Psicologia, Psicam:iJise e Pedagogia, e que a

psicopedagogia come98 a ter as preceitos que conhecemos atualmente. Isto e, 0

problema do fracasso escolar tambem associ ado a problemas de conduta e

comportamento, desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional, organico e motor.

Estes estudos tiveram enfase na decada de 60, partindo-se de outras ciencias

como a Psicologia, Pedagogia e a Medicina (Neurologia). Eram muilos os esludos

nestas areas de conhecimento, para melhor entender os disturbios de aprendizagem e

sua etio[ogia. Portanto, 0 primeiro objeto de estudo da Psicopedagogia era 0 sintoma

do nao aprender. A Psicopedagogia tinha urn carater curativo e na pratica se detinha

em eliminar 0 sintoma. Nesta epoca, as tecnicas de reeduca980 S9 voltavam

principa[mente para aspectos motores e perceptivos.

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Nas decadas de 70 e 80 a Psicopedagogia passou a ter um carater

interdisciplinar, recebendo contribuit;80 de Qutras areas para a melhor compreensao de

aprendizagem lais como: a Psicanalise, a Linguistica, a PSicolinguistica, a

Psiconeurologia, a PSicologia Genetica e ainda a Sociologia e filosofia. Este periodo de

interdisciplinariedade trouxe como conseqLII3ncia a ampli8t;aO da atu8t;80 do

psicopedagogo. Na pratica, 0 profissional teve sua area de abrangimcia ampliada para

a fonoaudiologia, ou predominantemente para a psicomotricidade.

No final dos anos 80, 0 trabalho do PSicopedagogo foi marcado pela

preocupa<;ao do SER em processo de constru<;iio do conhecimento, ou seja, 0 ser

cognoscente.

Da Europa, expandiu-se para as Estados Unidos, e mais recentemente para a

Argentina, sempre com estudos relacionados com a nao-aprendizagem.

No Brasil a PSicopedagogia inicia suas atividades com forte influemcia da

bagagem teorico-cultural de Sara Pain (argentina que atuava ha 20 anos na Fran<;a),

Jorge Visca e Alicia Fernandez (Argentina). Em 1980 surge 0 primeiro curso de

Psicopedagogia em Sao Paulo que resulta na funda<;ao da Associa<;ao Paulista de

Psicopedagogia, atual Associa<;aoBrasileira de Psicopedagogia (ABPp).

Hoje a Psicopedagogia ja possui uma marca propria, que foi construida na

pratica, no percurso historico. Embora a profissao do Psicopedagogo ainda nao esteja

regulamentada, existe no Congresso Nacional um Projeto de Lei (nO3. 124/97) ja

aprovado pela Comissao de Trabalho da Camara dos Deputados e atualmente em fase

de estudos da Comissao de Educa<;iio,Cultura e Desporto.

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Alicia Fernandez coordena, no Brasil, dois grupos farmadas par psicopedagogos

do Rio de Janeiro e Sao Paulo, com vistas a uma formayao didatica em

Psicopedagogia. Segundo essa professora:

~Um espat;o importante de gestat;aO do saber psicopedag6gico e 0 !raba/ho de auto·anafise daspr6prias dificuldades e possibilidades no aprender, pois a (ormar;ao do psicopedagogo, assim

como requer a transmissao de Gonhecimentos e leorias, tamMm requer um espar;o para a

construt;aO de um othar e uma e5cuta psicopedag6gicos a partir de uma analise de seu pr6prio

aprender" (Fernandez, 1990, p. 130).

Ainda segundo Alicia Fernandez, na Argentina, a graduagao de Psicopedagogia

surgiu ha mais de trinta anos, embora a atividade ja existisse na pratica, antes da

criac;aodo proprio curso. Profissionais com outra forma9ao, como Sara Pain que tinha

como base de sua forma~o a Filosofia, percebem a necessidade de se ocupar um

espago que nao podia ser preenchido nem pelo psic61ogonem pelo pedagogo. Este

trabalho dedicava-se a uma especie de reeducagao, objetivando a resolugao de

problemas como fracasso escolar.

Na decada de 70 0 curso de Psicopedagogia teve 0 seu terceiro momenta de

reformulac;ao,passando a ser uma carreira de graduac;aocom a durac;aode cinco anos,

passando com Isto de uma atuac;aona reeducac;ao a clinica, com a criat;:aodos Centros

de Saude Mental, em Buenos Aires, onde equipes de psicopedagogos faziam

diagnosticos e tratamentos.

No Brasil, nesta mesma epoca, foi criada a forma~ao de Psicopedagogos na

Clinica Medica Psicopedag6gica de Porto Alegre, que em 1974 foi levado para a

Universidade Federal como urn curso de especializac;ao. Em Sao Paulo, foi criado no

Instiluto Sede Sapientiae, 0 curso de Reeducagiio Psicopedag6gica, e na PUC, foi

criado 0 curso a nfvel de formac;aoacademica.

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"Mas, 0 marco importante desta profissao no Brasil, foi em 1980, quando tiveram

inicio as atividades da Associa~o Brasileira de PSicopedagogia - ABPp, que muita

conlribuic;ao lem dado para a definic;ao do perfil profissional do Psicopedagogo.

A partir dar, varios movimentos foram feitos sobre as abordagens preventivas e

terapeuticas do psicopedagogo, com 0 intuito de melhorar naD 56 as descompassos na

aprendizagem, mas tambem a qualidade do ensina nas escolas.

Alualmenle, podem exercer a profissao de Psicopedagogo, as pessoas portadora

do certificado de conclusao de curso de especializac;ao em Psicopedagogia, em nivel

de p6s-gradu89ao, expedido par escolas devidamente autorizadas au credenciadas

denlro da legislac;ao pertinente.

A PSicopedagogia, par sua vez, engloba contribuigoes da Psicanalise, Psicologia

Genetica, Psicologia Social e da Linguistica, articuladas ao campo te6rico da

Pedagogia e da Psicologia Gera!.

Dentro desse pensamento, Alicia Fernandez afirma:

"Poucos psicoterapeutas conhecem 0 funcionamento mental, logo nao podem interpretar 0

problema de aprendizagem. E necessaria saber como se faz para somar, por exemplo, para

descobrir a que eenario simb6fico pode cOffesponder a soma. Se alguem nao sabe qual e como

e a operar;ao afterada, nao pode dar-Ihe uma significar;ao.

Os psicoterapeutas tem tendencia a interpretar que, se uma criant;a escreve homem sem H, tern

problemas do ripo sexual. Mas pode ser que escreva mal homem e tudo que comer;a com H.

Se escrevesse mal somente homem, poder-se-ia pensar que nao seria um problema de

aprendizagem. Nunea escrever 0 H leva a pensar que essa criam;a nao pode escrever algo que

nao se diz. As leonas sobre a inteligencia e 0 desejo se descon/Jecem mutuamente."

(FERNANDEZ, 1990, p.68)

A Psicopedagogia trabalha com urn conceito de aprendizagern que leva a uma

vi sao do homem como sujeito ativD, num processo de intera9ao com a meio flsico e

social; entendendo ainda, que suas condi,oes afetivo-emocionais e intelecluais sao

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geradas no meio familiar e sociocultural no qual nasce e vive 0 indivldua, e dessa

interac;ao resulta 0 que consideramos aprendizagem.

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4. PRATICA PSICOPEDAGOGICA NA EDUCA9AO INFANTIL

Nas institui90es de Educa9ao Infantil. a trabalho psicopedag6gico implica

compreender a situac;ao de aprendizagem da crianc;a, dentro de seu proprio contextD,

apresentando, tambem uma configuracyao eHnic8. Sao levantadas as condic;6es para

que S8 produza a aprendizagem dos conteudos curriculares, analisando-se as

obstaculos e as elementos facilitadores, no casa de uma abordagem preventiv8.

No campo da prevenc;ao, a profissional utiliza a observa~o e a analise profunda

de uma situac;ao concreta, fazendo com que seu trabalho adquira urn carater clinico.

o caraler clinico esta na atitude de investigac;ao frente a esta situac;ao como uma

situac;ao unica e particular, ende hi! caracteristicas problematicas, experiencias,

condir;aes, manifestay6es do grupo ou do sujeito muitas vezes intransferfveis.

It••• ao tratar uma dificuldade na escrita, podemos estar prevenindo problemas futuros na

assimila<;ElQ de determinados conteudos, que, entre outras coisas, dependem de um

bom manejo da leitura e escrita, e ate mesmo problemas de disciplina, muitas vezes

gerados com a funq;;o de mascarar uma diflcu/dade" (BOSSA, 2000, p.86)

Uma dificuldade na aprendizagem de determinado conteudo, pode fazer com que

a crianga assuma um comportamento inadequado, principalmente perante os colegas,

tentando, assim, justificar seu baixo rendimento escolar, disfargando sua dificuldade de

apreensao. 0 trabalho clfnico da Psicopedagogia, nesses cases tambem tern a fun.yao

de prevenir 0 aparecimento de outros problemas.

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,-A Psicopedagogia interage desta maneira em todDa contexto de vida da crianya,

ou seja, a familia, a escola, a comunidade. 0 que afirma Sonia Kramer:

Os estudos antropof6gicos exigem que fevemos em conta 0 contexto de vida mais imediata das

crian98s e as pr6prias caracte,is/icas especificas dos professores e da esco/a como instituiylJo.

Islo signifiea reconhecer que as crianyas sao diferentes e tern especificidades, nao 56 por

pertencerem a classes diversas ou por estarem em momentos diversos em termos de

desenvolvimento psicol6gico (.. .) TamMm os habitos, costumes eva/ores presentes na sua

familia e na localidade mais proxima interferem na sua percepgao de mundo e na sua inse'f/jo, e

ainda (amMm os Mbitos. va/ores e costumes dos profissionais com que eles convivem no

contexto escolar (professores, serventes, supervisores, etc.) precisam ser considerados e

discutidos. (KRAMER, 1989, p.22)

4.1 A PSICOPEDAGOGIA NA INSTITUlt;:AO ESCOLAR

A atua<;:aodo psicopedagogo realizada no ambito da institui<;:i3o,pode ser lanlo

na area de Saude como na de Educa<;:i3o,integrando a equipe multidisciplinar,

colaborando nos diagnosticos e tratamentos dos disturbios relacionados com a

aprendizagem. 0 trabalho psicopedagogico, portanto, nao se apresenta como

reeducativo, mas, sim, como terapeutico (uma terapia centrada na aprendizagem)

dirigido sempre ao individuo, e sua maneira propria de se relacionar com 0

conhecimento gerado e armazenado pela cultura e as problemas de aprendizagem

como oriundos de fraturas ocorridas nessa relagao, vinculos mal estabelecidos entre

aprendentes e ensinantes, seja par fatares da natureza organica, cognitiva ou

emocional.

A respeito da PSicopedagogia Insfitucional, vale dizer que ja existem experitmcias de atuav~opsicopedag6gica em empresas, hospitais, creches e organiza9'0es assistenciais. Enquantopsicopedagogos institucionais, conforme ja dissemos, estamos diafogando com este compfexoque se manifesta como um sistema particular. Podemos dizer que nosso sujeitD e a instituiy~O,

com sua complexa rede de relafDes. (BOSSA, 1999, p.89)

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A partir da instjtui~ao escolar, no cumprimento de sua importante func;ao social:

socializancto os conhecimentos disponfveis, promovendo 0 desenvolvimento cognitivo e

construindo a regra de conduta , dentro de uma maior amplitude do projeto social,

colocando-se como respons8vel da maior parte da aprendizagem do ser humano.

Sendo assim, implica a institui<;§o escolar 0 papel de produto da sociedade em

que 0 sujeito vive e, participa da inserc;ao deste nesta mesma sociedade. No dizer de

Jorge Visca: UEu nao acho que a aprendizagem esteja restrita a escola. Eu acho que esla e a me/hor

forma de se transmitir algumas aprendizagens, mas nao e 56 na escola que se aprende. Aprendizagem

acontece no sujefto(. ..). A cultura, 0 que faz e, de lodos as objetos Gullurais, selecionar alguns e as

transformar, entao, em objetos pedagogicos, no sentido de que s.1o geradores de conduta ou

estimulantes para fazereste sujeito ingressar na cultura".(VISCA, 1991, p.1S)

A Escola, por sua vez seria responsavel pela aprendizagem sistematica, ou seja,

aquela que se opera na interar;80 com as instituir;oes educativas, mediadoras da

sociedade, orgaos aptos a transmitir conhecimentos, atitudes e habilidades que a

sociedade estima necessarias para a sobrevivencia, capazes de manter uma relac;ao

equilibrada entre a identidade e a mudan,a.

A Escola tambem capacita 0 sujeito de aprendizagens instrumentais que

permitirao acesso a niveis mais elaborados de pensamentos.

Pensar a Escola a luz da Psicopedagogia, significa analisar um processo que

inclui questoes metodologicas, relacionais e socioculturais, envolvendo global mente os

pontos de vista de quem aprende e de quem ensina, abrangendo a participac;ao da

familia e da sociedade.

De acordo com 0 pensamento de Maria Lucia Leme Weiss: "Existem diferentes

enfoques em relat;ao aD que se enlende por Psicopedagogia na escola. Adotarei a posit;ao de

considera~la como um lraba/ho em que se busca a me/haria das relat;Oes com a aprendizagem,

assim como a me/hor qualidade na construt;aO da pr6pria aprendizagem de a/unos e educadores.

E dar~se ao professor e ao a/uno urn nive/ de autonomia na busca do conhecimento e, ao

mesmo tempo, possibilitar-se uma postura critica em relat;ao a estrutura da esco/a e da

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sociedade que ela representa. Para isto, e necessaria um posicionamento sobre 0 que a esco/a

produi'. (WEISS, 1995, pAS).

A crianc;a ingressa na escola com urn desenvolvimento construido a partir do

intercambio com a meio familiar e social, a qual pode ter funclonado tanto como

facilitador quanta como inibidor no processo de desenvolvimento afetivo-intelectual.

Na escola a criant;a encontra-se com outro personagem de grande importancia

na sua vida: 0 professor. Cameg8 uma relac;ao que merece muita aten980: de urn

lado a criang8, que nao escolhe a escola nem 0 que aprender, e de Dutro, 0 professor,

que presume-se, escolheu sua profissao. As propostas de formac;8.o docente devem

oferecer ao professor condi96es de estabelecer uma relac;ao saudavel, consciente com

seus alunos, pais e autoridades escolares. A psicopedagogia deve ocupar-se de

investigar, analisar e realizar novas propostas que tornem esta tarefa extrema mente

proficua.

Na sua tarefa junto as instituigoes escolares, porlanto, 0 psicopedagogo deve refietir sobre estas

questOes, buscando dar a sua contribuigao no sentido de prevenir u/teriores problemas de

esco/aridade. A formagao do professor, conforme podemos deduzir, e urn aspecto que desperla,

envolve, instiga e mobiliza grande parcela do interesse da Psicopedagogia. (BOSSA, 2000,

p.94)

4.2 A PSICOPEDAGOGIA CLiNICA

A atua980 do psicopedagogo na clinica, consiste no atendimento de sujeitos

partadares de problemas de aprendizagem, para terapia psicapedag6gica. 0 terma

"clinico" utilizado para diferenciar urn tipo de atua9aO, do outro, nao e muito bern

aplieado, pois "elinica", no sentido de envolvimento pessoal, transferencial, e sempre, a

postura do psieopedagogo, que, para isso, precisa investir em sua formag8o individual

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em todos os senti dos, inclusive 0 psicologico, na busca de urn aprimoramento que 0

habilite a esta atuagao.

o trabalho clinico pode ser efetuado tanto em consultorios, como em hospitais,

impllca em que 0 psicopedagogo busque nao 56 compreender 0 porque da nao

aprendizagem, mas tambem na compreensao do que a crianya pode aprender e como.

A busca deste conhecimento inicia-se no processo diagnostico, momento em que a

enfase e a leitura da realidade daquela criang8, para depois, proceder a intervenryao,

que consiste no proprio tratamento. 0 problema de aprendizagem S8 apresenta sob

varias formas, tais como: as alterac;5es no aprender, 0 fracasso escolar, ista faz com

que estes problemas adquiram proporgao signifrcativa na populayao escolar da

Educa9ao Infantil, requerendo uma analise cuidadosa de sua etiologia e particularidade.

Alicia Fernandez afirma que a diagnostico, para 0 terapeuta, deve ter a mesma funry80

que a rede para um equilibrista: "0 equilibrista desta metafora e 0 terapeuta, que

necessita do diagnostico para diminuir seu temor ao caminhaf'. (FERNANDEZ, 1990, p.

60)

A postura de urn clinico psicopedagogo, varia de acordo com sua linha te6rica de

pensamento, pais, como cada caso e um caso, suas variantes, suas nuances,

diferenciam um sujeito do outro, pet a seu hist6rico e disturbio.

"Porem, independentemente da abordagem particular de cada psicopedagogo,

existem certos principios eticos que devem se fazer presentes na atuaqao do

profissional psicopedagogo." (BOSSA, 2000, p.96).

o trabalho clinico do psicopedagogo, acontece em dais momentos importantes: a

fase do diagn6stico e a fase de interven9ao. 0 primeiro momenta deve ser iniciado com

entrevistas, no consultario, para que se estabeleya a dimensao do problema. Esta

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investigac;ao alam de explorar a historia eseelar do pacientes, envolve tambem,

questoes ligadas a escola e a familia.

Atualmente, as crianc;:asingressam nas instituic;oes escolares cada vez mais

ceda, nelas permanecendo cada vez maior espac;:ode tempo, nos periodos integrais,

principalmente, as crian9as de idade que antecede a alfabetizayao formal, par

necessidade familiares.

o importante e detectar, atraves do diagnostico, 0 momento da vida da crianC;:8

em que S8 iniciam os problemas de aprendizagem, pois, do ponto de vista da

investigayao, faz muita diferenc;a constatar-se que as dificuldades de aprendizagem S8

iniciam com 0 ingresso na eseola, entao, passarao a ser analisados fatores intra-

escolares.

As hist6rias de desenvolvimento da crianya, podem nos dizer que as problemas

de aprendizagem nao se devem exclusivamente a escola, mas outros aspectos, ligados

a dinamica familiar, podem ser determinantes da questao. Este fato, porem, nao isenta

a escola de sua responsabilidade frente a dificuldade escolar, mas enfatiza a

importancia de um trabalho junto a famflia.

No Brasil, 0 psicopedagogo clfnico tem como area de atuayao a investigayao e a

intervenyao, a causa e a modalidade de aprendizagem junto ao aluno com dificuldade,

e muitas vezes deve solicitar seu encaminhamento a psic6logos, ou outros

profissionais como: neurologistas, fonoaudi6logos, psiquiatras, etc.

o tratamento psicopedag6gico consiste no fato de que existe um objetivo a ser

alcanyado: a eliminayao do sintoma, para depois dedicar-se a garantir os recursos

cognitivos. A esse respeito, Sara Pain diz:

(. ..) 0 tratamento comeya com a primeira entrevista diagn6stica, }8 que 0 enfrentamento do

pacienfe com sua pr6pria reafidade, realidade esta que provavelmente nunca precisou se

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organizar em (anna de discursos, 0 obriga a uma serie de aproximagoes, avangos e retrocessos

mobilizadores de um conjunto de sentimentos contradit6rios. Os poucos assinalamentos

realizados pela psic61ogo para orientar 0 motiva da consulta e a hist6ria vital, bern como as

perguntas destinadas a confirmar ou descartar hip6teses plauslveis, chegam a 5er para 0

paciente descobertas deslumbrantes e desencadeadoras de uma serie de lembram;as e de

esquecimentos injustificBveis. (PAIN, 1986, p. 72)

o tratamento psicopedag6gico define-s8 tanto pel a adequ8<;ao das estrategias

utilizadas quanta pelos seus objetivos e pela qualidade da relayeo interpessoal que S8

estabelece entre 0 individuo atendido e 0 psicopedagogo. 0 diagnostico e 0 tratamento

psicopedagogico envolvem situa90es complexas que implicam na necessidade de uma

constante reviseo teorica e pode requerer a pratica com superviseo.

4.3 0 PSICOPEDAGOGO EM RELAi;AO A OUTROS PROFISSIONAIS

A analise dos fenbmenos relativos a aprendizagem requer uma intervengeo de

uma equipe multidisciplinar, funcionando integralmente, onde cada participante tenha

seu papel definido, 0 seu modo especifico de ver 0 problema e trazer a sua

contribui980.

A diversidade funcional pode ocorrer devido as diferentes forma90es de tecnicos

- ja que se tratam de areas relativamente novas - e devido as diferen9as nos sistemas

regionais de ensino. Mas apesar das dificuldades, tentamos levantar algumas

peculiaridades em rela980 aos papeiSdestes profissionais:

RelaC80com 0 Orientador Educacional: Este profissional tem uma atua980 mais

geral do que 0 psicopedagogo. 0 Orientador Educacional ajuda 0 indivfduo a encontrar

melhor compreensao de si mesmo e a desenvolver sua capacidade de tamar decis6es.

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Ele trabalha tambem, em funC;80 da dinamica inter-relacional da escola au instituicyao,

8, em alguns casas faz aconselhamento vital e encaminha, quando necessaria 0

individuo para 0 medico, psicologo, psicopedagogo au fonoaudi6logo.

Relacao com 0 Fonoaudi6logo: Existem algumas dificuldades para estabelecer

nitidas diferenciac;:6es entre estes dais profissionais, pois sao campos enda ocorrem

muitas inters890es. 0 Fonoaudi6logo, ocupando-se com a prevenc;ao e reabilitagao de

disturbios na aquisiC;80 e desenvolvimento da linguagem, certamente S8 ocupa com

individuos que apresentam dificuldades de aprendizagem. 0 Psicopedagogo, ao tratar

das dificuldades de aprendizagem volta-s8 para as processos perceptivos, cognitivos e

conceituais que, S8 evidenciam e sao atingidos atraves da linguagem.

Relacao com 0 Psic61ogo Escolar: Para se estabelecer as diferenciacyoes entre

estes terapeutas, 0 papel do PSicologo Escolar deveria ser melhor definido entre 0

modelo escolar e modelo clinico, pois ainda se desconhece se ha um unico modelo que

explicite a atuac;ao do psicologo escolar. Dependendo de sua formacyao e da estrutura

educacional on de atua, ha uma prevalemcia de urna orientaCY80 para a organizaCY8o ou

para a individuo, porem, de qualquer modo, 0 foco para a pSicologo sao as processos

psicologicos; ele trabalha com os sentimentos, conhecimentos e habilidades individuais

au grupais, com vistas a acyao pedagogica indicada.

Relacao com 0 Psicologo Clinico: Com referemcia a este profissional as

diferenciacyoes parecem ser mais evidentes, pais sua atuac;ao destina-se ao

diagnostico, tratamentos e prevencyao das dificuldades emocionais, preocupando-se

com dificuldades de aprendizagem, dentro de urna sistematica emocional. Ja a

psicopedagogo atribui urn valor especial aos aspectos emocionais, na medida em que

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e a educacional.

Relacao com 0 Supervisor Pedag6qico: A diferenya basica entre este profissional

e 0 psicopedagogo parece estar em na maneira de como 0 supervisor volta-se para a

orienta9c3o em relac;ao a problemas de aprendizagem, tendo em vista os desempenhos

previstos na organizayao curricular, po is sua atua9ao esta mais vinculada ao corpo

docente do que ao discente. 0 psicopedagogo, por sua vez, da enfase aos aspectos

psicol6gicos e sociais dos problemas de aprendizagem do individuo.

o tratamento psicopedag6gico pode ser considerado sintomatico, mas isto nao

significa que a interven9c30 consista em eliminar sintomas, ensinando de outra maneira

aquilo que 0 sujeito nao pode aprender da forma como foi ensinado, mas sim abordar 0

sintoma como urn investigador num trabalho de rastreamento, de elaborar;ao de

hipoteses, analise e sintese, de modo a poder compreender 0 seu significado e

provocar-Ihe 0 deslocamento, para posteriormente, quando 0 aprender nao signifique

mais uma amea98 ao paciente, iniciar a reeducat;ao.

No que se refere as estrategias de operacionaliza98o do trabalho

psicopedag6gico, a jogo se constitui num excelente catalisador de aprendizagem. Esta

atividade rompe defesas, permitindo a crianc;.a prejetar seus conflitos e revive-los,

manejando-os de acordo com seus desejos, po is 0 jogo e 0 espac;o da criat;ao.

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5. 0 USO DO LODICO NO ATENDIMENTO PSICOPEDAGOGICO

No atendimento psicopedag6gico, 0 mais importante e a cria9ao de um "espa90

transicionat", como dizia WINNICOTT (1975), espa90 de confian9B, onde se

desenvolve urn trabalho ludico e criativD. Urn espacyo cnde a crianc;a desde 0 primeiro

encontro possa ser ela mesma, majs com seu "sim" do que com seu Mnao"

A intervencyao psicopedagogica apoia-se na demanda do cliente e na escuta do

psicopedagogo, que devera buscar no seu trabalho formas criativas para lidar com as

sintomas. Na praxis psicopedag6gica existe uma "tolga" I compreendida no sentido de

nac haver uma pressao para [idar com urn conteudo escolar especffico. Esta "folga"

permite urn espacyo para 0 desenvolvimento da aprendizagem, atraves de conteudos

nac necessaria e diretamente ligados a tematica esco[ar. Existe, portanto, urn espacyo

para deixar entrar a escolha, e 0 desejo para aprender, atraves de assuntos que nao

tern multa oportunidade de aparecer na eseola. Esta "folga~ tam bern permite a entrada

do "erro" Nao ha cobran98 s6 para 0 exito, como acontece na escola. 0 "erro" e vivido

muitas vezes ludieamente atraves do jogo, onde justamente pela seriedade do mesmo,

existe aeeitac;.3o per parte do aprendiz, que 0 encara com "menes sofrimento".

Embora 0 foco de aten9ao da Psicopedagogia esteja no "nao aprende(, nos

aspectos que objetivamente estao faltando, e isto tern a ver com 0 desenvolvimento

cognitiv~, e necessaria oferecer um espago para que as aspectos subjetivos possam

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ser expressos simbolicamente. Nesse sentido, as diferentes modalidades de jogo, de

brinquedo, de recursos ludicos como 0 desenho, a dramatiz8C;80 a pintura, etc.,

oportunizam a simboliz89ao de confiitos, 0 que em si ja e terapeutico. Tern que existir,

pois, na intervenc;ao psicopedagogica, espac;o para brincar, que e fundamental para 0

crescimento. Conforme afirmava Winnicott (1975), "a brincadeira e universal e pr6pria

da saude"

Atraves de jOg05 e brinquedos, 0 psicopedagogo procura abrir a crianC;8 urn

espac;o a expresseo livre de suas fantasias e sentimenta, para que, quase como

conseqOencia espontanea, possa emergir 0 conflito de base. E para tal, utiliza argila,

agua, areia, tinta, historias, materiais para construc;oes e toda uma gam a de jog as, que

permitem ver e responder as pistas dadas peras crianc;as, funcionando, tudo isto, como

um continente a ecrosao daqueles sentirnentos ou daqueras vivencias que, par alguma

razao, a crianc;a nao se permite experimentar.

Em geral, 0 clienle que vern para 0 alendimenlo psicopedag6gico nao consegue

exito em arguma area pedag6gica especifica ou esta defasado em varias; sua auto-

irnagern esta rebaixada e quase sernpre se ve como urn derrotado. As praxis

psicopedag6gicas of ere cern urn espayo para se perceber como competente e como

aquele que con segue sucesso. 0 usa do rudico e um bam veicuro para tal, pois de um

lado lem como objetivo intrinseco 0 prazer da compeli""o em si - jogo pelo jogo - e,

por outro lado, estimula 0 desejo de ser bern sucedido. Oporluniza a descontra~ao,

que corabora para 0 estabelecimento de urn born veiculo entre 0 psicopedagogo e 0

paciente.

Na crianl'a porladora de dificuldades de aprendizagem, 0 nivel de

desenvolvimento real esla aquem do que se espera dela e do seu polencial. Cabe ao

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psicopedagogo contribuir para que aflore 0 potencial oculto, Vygotsky (1991) fala de

uma ~zona de desenvolvimento proximaf' que consiste na capacidade que a crianya

passui pafem que naG e utilizada por ela, necessitando, para tal, de urn mediador que

podera contribuir para fazer aflarar 0 que esta "escondido". a fim de constituir-se em

desenvolvimento real. Para Vygotsky. 0 brinquedo crie uma "zona de desenvolvimento

proxima!", pois brincando a crian9a comporta-se num nivel que ultrapassa 0 que esta

habituada a fazer, funcionando "melhor",

Ainda segundo Vygotsky (1991), 0 jogo traz oporlunidade para 0 preenchimento

de necessidades irrealizaveis e tambem a possibHidade para a crian9a exercitar -S8 no

dominic do simbolismo. Para ele, 0 brinquedo e visto como contribuidor para 0

desenvolvimento da lingua escrita na medida em que sendo "simbolismo de primeira

ordem" prepara para a escrita, que e "simbolismo de segunda ordem"

No trabalho psicopedag6gico, quando abre-se espa90 para 0 ludico, esta se

usando uma media9ao. Atrav9s do jogo e do brinquedo, ha primeiro 0 exercicio da

simboliza98o; este prepara a expressao grafica, seja atraves do desenho, seja atravas

da escrita propriamente dita. Na situa9ao de jogo, ocorre 0 controle dos impulsos,

surgindo 0 conflito entre 0 que se gostaria de fazer e 0 que a regra imp6e. A crian9a

tem que se resignar, 0 que contribui para que entre em contato com 0 real.

Crian9as com dificuldades de aprendizagem tem sua capacidade para brincar e

jogar diminuidas. Muitas del as possuem brinquedos, porem nao se interessam por

eles. Na sess80 psicopedag6gica, procura-se nao s6 oferecer oportunidade para a

jogo, como tambem para que a crian9a construa seus pr6prios brinquedos. Nesse

sentido, observa-se que crian9as com dificuldades para aceitar propostas que tenham

rela9ao com a leitura e a escrita, aceitam ler instru90es para a construyao e montagem

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de brinquedos. Para esta atividade e importante que 0 psicopedagogo ofere9a tanto

materials desestruturados como tambem, materiais que contenham ilustra90es e

orienta90es para fazer os brinquedos.

A construyao traz vivencias de autonomia, organiza9ao, criatividade, flexibilidade

de pensamento, tao necessarias na vida em geral como no trabalho escolar, onde estas

crian9as apresentam suas majores dificuldades.

o jogo de regras, multo presente na sessao psicapedagogica, permite trabalhar

conjuntamente aspectos cognitivos e afetivos. Traz a oportunidade para a crian9a viver

situa¢es onde a a.yao, a tomada de decisao e a agressividade sao experienciadas

simb6lica, concreta e concomitantemente. Tambem, no jogo de regras e necessaria

afastar-se de si e perceber a outro. Para jagar, e preciso colocar-se no lugar do outro.

Compreender a jogada do outro. Esta a9ao cognitiva que permite 0 exercfcio da

reflexao e 6tima oportunidade para viver urna experiencia onde prevalece a

"descontra9ao", que e condi9ao basica para 0 amadurecimento emocional.

As dificuldades que a crianya tern para aprender naD sao apenas produto de

suas defasagens cognitivas; subordinam-se a aspectos afetives que impedem 0 f1uirdo

aprender. Por isso, a "folga" inerente ao trabalho psicopedag6gico deve ser

aproveitada ao maximo para devolver a criancya aquila que e pr6prio ao ser humane:

saber brincar.

E fundamental que a psicopedagogo brinque junto com a criam;;:a. Muitas das

crian9as com dificuldades par aprender nao tiveram, quando pequenas, pessoas que

brincassem com elas e junto delas, sejam outras crianc;asau mesma adultos. Compete

ao psicopedagogo resgatar esta capacidade na praxis psicopedagogica, "fazendo do

jogO e do brinquedo mediadores na agao de aprender".

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5.1 COMO TRABALHAR 0 LUDICO NO ATENDIMENTO PSICOPEDAGOGICO

Observar 0 processo da crianC;8 brincar e jogar. Como S8 aproxima do material,

a que escalhe, a que evita. Ha difrculdade em passar de urn brinqueda para autro? Ela

e desorganizada ou organizada? Qual e 0 padrao que S8 repete quando brinca? 0

modo como a crian<;aconta muita caiS8 sobre a sua forma de S8r na vida. Observar,

tambem, 0 conteucto da propria brincadeira. A crian<;8 brinca em que situ8c;6es: de

solidao? Agressao? Amparo? Ocorrem acidentes durante 0 brinquedo? Observar a

habilidade de canlata da crian9a. Ela permite a cantata entre as diferentes abjetas? As

pessoas ou animais estabeJecem contata mutua, enxergando-se au ouvindo-se

mutua mente?

Pode-S8 aproveitar a oportunidade e conduzir 0 foco de consciencia da crian<;a

para 0 seu processo durante a brincadeira, fazendo assinalamentos. Exemplos:

"pareee que voce nao gosta de usar animais"; "este aviao esta sozinho"; Unoto que

voce se cansa depressa das coisas"; etc.

Se determinados padroes se repetem durante 0 brinquedo, pode-se fazer

perguntas sobre a vida da crian9a. Par exemplo: "em casa, voce gosta das coisas

sempre em ordem?" Pode-se conduzir 0 foco de consciencia da crian9a para em090es

sugeridas atraves de sua forma de brincar ou do conteudo do brinquedo: "voce parece

zangado"; "esse boneco-pai parece que esta bravo com 0 menino". Pode-se pedir acrian<;apara manter um dialogo aberto entre objetos e pessoas: "0 que diria esse carro

para 0 caminhao, se pudesse falar?" Pode-se trazer a situa9ao de volta para a crian<;a

e sua propria vida: "voce se mete em lutas como esses dois soldados?"; "alguma coisa

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do que voce disse serve para voce? "; "voce gostaria

cOisas?"; "alguma coisa que voce disse tem algo a ver com a sua vida?"

Embora 0 brinquedo e 0 jogo devam acontecer numa atmosfera de aceita98o,

isso nao significa que nao sejam estabelecidos limites. Os limites devem ser definidos

no contrato com a crianca e envolvem 0 tempo e regras referentes a nao danificar 0

equipamento e a sala, e nao levar materia is.

Outro aspecto importante a ser considerado e que, no trabalho psicopedagogico,

as interpreta90es sao as ideias do proprio psicopedagogo, baseadas em suas

percep90es e experiencias e, sendo assim, nao passam de tentativas de compreensao.

o que ele deve fazer e ajudar a crian~, com paciencia e registros continuos, a abrir as

partas da autoconsciencia e do auto-encontro. As tecnicas e os recursos sao

numerosos. Nao podem ser nunca encarados como meio para um fim em si. E preciso

ter claro que cada crian98 e um individuo unico. Ja que depende da crian98 e da

situac;ao, cada sessao e sempre imprevisivel. Uma ideia leva a outra: 0 processo

psicopedagogico e urn processo de final aberto.

5.2 0 usa DO UJDICO NA SALA DE AULA, A LUZ DA PSICOPEDAGOGIA

A sala de aula deveria ser um lugar agradavel, um lugar para experimentar e

aprender no sentido mais amplo.

Os professores se preocupam muito com 0 desenvolvirnento das aptidoes de

leitura, escrita e matematica, mas prestam pouca aten9ao ao fata de que a menos que

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passem a atender as necessidades emocionais das criang8s, estarao ajudando a criar e

manter urna sociedade que nao valoriza as pessoas em suas habilidades especificas.

E necessario que os professores vejam as crianc;:as sob urna nova otica. Que

percebam que S8 elas estao ansiosas au sofrendo par causa de alguma caisa, au S8

sentem que naD valem mUito, nao irao aprender. CrianC;8s que vesrn 0 professor como

frio e indiferente, que nao sao tratadas como pessoas merecedoras e dignas de valor,

aprenderao menos. Urn ambiente ende a crianga S8 sente ameac;ada, ridicularizada au

ignorada, nao e urn ambiente propfcio a aprendizagem.

A 89aO psicopedag6gica na sala de aula visa, entre Qutros objetivos, mudanc;:as

no vinculo professor-aluno. 0 que se pretende e transformar 0 espa<;o educativo num

espa<;o de confian<;a, onde professores possam ensinar com mais prazer, para que,

como decorrencia, os alunos possam aprender com mais prazer.

A crial'ao desse espal'o, compartilhado de confianl'a, que pode ser entre outras

pn3ticas, estimulado pelo usc do ludice na sal a de aula, vai quebrando a rigidez ou

modificando a estereotipia das modal ida des de aprendizagem sintomaticas.

E certo que ate mesmo os professores mais dedicados defrontam-se com uma

balalha dificil. Muito se deve fazer fora da sala de aula de modo a melhor atender as

necessidades da crianc;8. Contudo, ha meios de iniciar alguma coisa dentro da sala.

A permissao para que a crianc;a seja ela mesma, a compreensao, a aceitac;ao e 0

reconhecimento de seus sentimentos, ajudam-na a adquirir auto-respeito e aumentam

as suas possibilidades de crescimento e mudan<;a.

o professor precisa acaitar cada crian~ como ela S. Numa situac;ao terapeutic8,

a crianC;8 pode exprimir completamente seus sentimentos. Numa situac;:ao de sala de

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aula, a expressao a mais limitada. Poram, de form as tangiveis ela pode ocorrer:

atraves do desenho, pintura, escrita criadora, musica, danc;a, jog os, dramatizar;:oes, etc.

Trabalhando com 0 ludico na sala de aula, 0 professor permite 0

desenvolvimento da atividade intelectual, da sensibilidade, da habilidade motora e da

expressao de sentimentos, de forma integrada. No trabalho ludico vivido na sala, a

crianc;a lida com a pr6pria emor;:ao, desenvolve percepc;oes, imaginar;:80 e atenyao,

libera tens6es e energias, cria uma disciplina interna (que ajuda no estabelecimento da

disci pi ina da turma), uma disciplina de pensamento e de ar;:ao, que influirao,

positivamente, na aprendizagem formal e na interayao social.

o ludico move, co move, da prazer, desperta curiosidade. Informac;oes e

conhecimentos vern por acrescimo, de modo agradavel e prazeroso.

5.3 COMO TRABALHAR COM 0 LUDICO NA SALA DE AULA, DENTRO DE

UMA VISiiO PSICOPEDAGOGICA

Ao trabalhar com 0 h:'dico na sal a de aula, 0 professor favorece a crianr;:a a

expressao de seu modo de ser, estar e sentir. No entanto, a livre expressaa nao basta,

em si mesma, para leva-Ia a autonomia, a auto-confianc;a, a independemcia de

pensamento e de julgamento. Par isso, a professor deve ficar aberto para reconhecer

quais sentimentos a crianc;a esta expressando e devolve-los, de tal mane ira, que ela

obtenha uma visao "interior" do seu comportamento. Isso realmente auxilia na

compreensao de si mesma.

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Libertando-se dos sentimentos que a estao incomodando e Urefletindo" sabre

eles, a crianc;a S8 conscientiza, enfrenta-os, aprende a controla-Ios au as esquece. Dai

que, em vez de pintar paisagens mimeografadas, as crianC;8s devem ser estimuladas a

fazerem seus proprios desenhos e pinturas, exprimindo e Utrabalhanda" 0 que esta

sentindo. Em vez de definir um tema "chavao" para desenvolver um texto (seja na

escrita espontanea ou nao), 0 professor pode solidtar as crian98s que escrevarn

alguma das eoisas que fazem com que fiquem zangadas, par exemplo. Estas sao

maneiras de auxiliar a crianC;8 nao 56 a exprimir seus sentimentos, como desenvolver a

consciencia de 5i mesma.

Tambem nao sera a realizac;:ao de urna sequencia ocasional de atividades

ludicas propostas pelo professor, que va; fazer com que a crianc;a cresc;a e se

desenvolva intelectual e afetivamente. E fundamental a pratica constante de ludico,

aliada a situa¢es de refiex80 e de estabelecimento de relaryoes entre as atividades

desenvolvidas e as experiencia e vivemcias das crianryas.

Alem disso, e basico que 0 professor valorize as formas de pensar da crianrya

que diverge dos demais, no qual a crianc;a e estimulada a encarar uma mesma situary80

a partir de varios pontos de vista, e em que sao validos uma quantidade de caminhos e

solw;;oes possiveis, buscados de forma imaginativa. 0 professor precisa ter claro que 0

essencial e 0 processo vivido peJa crian<;a, isto e, a que acontece durante a reaJizac;:ao

da atividade Judica: 0 empenho, as tentativas, as sugestoes, 0 querer fazer, 0 vir-a-ser.

Outro ponto importante a ser considerado pelo professor e que nem todos os

tipos de jog os e/ou atividades e materials Judicos utilizados, irao mobilizar as crianc;:as

do mesmo modo ou ao mesmo tempo. A rearyao e a assimila~o naD e igual para todos

porque cada um e diferente nas suas potencialidades e se fez diferente nas suas

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experiencias anteriores. Assim sendo, cabe 80 professor, de forma consciente e

responsavel, adaptar, modifiear, criar a partir de .." inventar, ajustar, etc., dentm da

vivencia, interesse, necessidade e desejo de cada crianc;:a. Ista signifiea nao apenas a

que e como fazer mas, principalmente, porque e quando fazer.

Vale ainda ressaltar que as atividades hJdicas geralmente sao propostas com

finalidades especfficas, mas que na pn3tica, as diversos aspectos S8 mesclam, S8

integram e acontecem simultaneamente. Urna atividade proposta para mobilizar

determinado aspecto apenas 0 enfatiza, mas nao deixa de desenvolver Qutros,

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6. A APRENDIZAGEM

Para se estudar 0 desenvolvimento das criany8s, deve~se come(}ar com urn entendimento da

unidade diafetica entre duas linhas radica/mente diferente: a bio/6gica e a cultural. Para

adequadamente estudar tal processo, e preciso conhecer estes dais componentes e as leis que

govemam seu entrela9amento a cada estagio de desenvo/vimento infantil (Vygotski, 1991)

A aprendizagem e 0 processo atraves do qual a crianc;a se apropria ativamente

do conteudo da experiencia humana, daquilo que 0 seu grupo social conhece. Para

que a crianc;a aprenda, ela necessitara interagir com Qutros seres human as,

especial mente com as adultos e com outras crian~s mars experientes.

Quem primeiro proporciona experiencias educacionais a erianya e a familia, no

sentido de orienta-Ia e dirigi-Ia. Tais experieneias resumem-se num treino que, algumas

vezes, e realizado no nivel eonseiente, mas que, na maior parte das vezes, aeonteee

sem que os pais tenham eonseieneia de que estao tentando infiuir sobre 0

comportamento dos filhos.

Segundo Robert M. Gagne. "'dizem que a experiencia e 0 maior dos mestres; isto

signifiea que os acontecimentos vividos pelo individuo em desenvolvimento - em sua

easa, em seu meio geografico, na escota e em seus varios ambientes sociais -

determinarao 0 que efe vai aprender e. tambem, em grande parte, a especie de pessoa

que se tomara"' (GAGNE, 1975. p.2)

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o adulto au outra crianya mais experiente, geralmente, fornece ajuda direta a

crian9a, orientando-a mostrando-Ihe como preceder atraves de gestos e instru90es

verbais, em situag6es interativas. Na interac;aoadulto-crian<;a,gradativamente, a fala

social trazida pelo adulto vai senda incorporada pela crian<;ae 0 seu comportamento

passa a ser, entao, orientado por uma fala interna, que planeja a sua ar;ao. Nesse

momento, a fala esta fundida com a pensamento da crian9Cl,esta integrada as suas

operar;6es intelectuais. A intera<;ao entre adultos e criangas, e entre crian<;as,

portanto, e fundamental na aprendizagem.

o papel do professor nesse processo e imprescindivel, pois ele procura

estruturar condir;6es para ocorrencia de interar;6es professor-alunos-objeto de estudo,

que levem a apropriar;ao do conhecimento. Essa visao de aprendizagem reconhece

tanto a natureza social da aquisir;ao do conhecimento como 0 papel preponderante que

nela tem 0 adullo.

A medida que a criantyacresC8,seu autoconceito e 0 conhecimento que ela tern

de si mesma VaGse estabelecendo. A maneira pela qual ela se ve, 0 jeito pelo qual ela

se sente, iraQinfluir muito em tudo que ela faz e, basicamente, em sua capacidade de

aprendizagem. Se ela nao tiver confianc;aem si mesma, se julgar-se inferior aos outros,

nao tera motivac;aopara aprender. Nao conseguira interessar-se par nada, achando de

antemao que ira fracassar. Com medo do fracasso, a crianr;a nem tenta um novo

comportamento; ou entao, toma atitudes inadequadas, num esfon;o de mostrar aos

outros que e alguem.

o processo de aprendizagem pode assumir este aspecto, que descrevemos

acima, sendo relativamente facil trabalhar a crian9a para que ela realize uma atividade

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que va contribuir para sua auto-estima. Da mesma forma que urn adulto, ela deseja

fazer coisas que a tornem mais adequada, mais capaz, ad mirada e aceita pelos outros.

Toda vez que perceber que sua imagem esta em jogo, ira esfon;ar-se ao maximo para

sair-se bem, mobilizando lodos as recursos de que disp6e. Esse esfon;:o, esse

empenho, e 0 que chamamos de motiv8c;:80.

A motivac;:aa influencia, tambem, as sonhos e as aspirar;6es, pais quanta mais a

crianc;:a espera de si mesma e quanta mais acha que os outros esperam dela, maiores

serao seus motivos para atingir urn objetivo. Sabendo isso pode-se entender rnelhor

por que urn autoconceito positiv~ e tao importante para que a crianc;:a melhore sua

capacidade de aprendizagem.

6.1 AS DIFICULDADES OU PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

As dificuldades de aprendizagem manifestadas pelos alunos ao longo de seu

processo educacional, tern side motivo de estudos de varios segmentos dos estudiosos

dos problemas da aprendizagem. Conceituar problemas ou atrasos de aprendizagem,

abrangeria qualquer dificuldade observavel enfrentada pelo aluno para acompanhar 0

ritmo de aprend;zagem em relaC;:8o a seus colegas da mesma faixa etaria, seja qual for

o fator determinante deste atraso.

A populac;:ao assim definida e de urna grande heterogeneidade, nao sendo

simples encontrar criterios que a delimitem com maior precisao, pais os alunos

deficientes mentais, os que apresentam deficiencias sensoriais e os que apresentam

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atrasos em urn campo concreto, como a leitura ou a matematica, fariam parte deste

conjunto, ainda que nao a esgotassem.

Estes atrasos au problemas, durante muitos anos, fcram definidos pela

deficifmcia em uma determinada habilidade. As deficiencias na inteligencia, no

raciocinio, na linguagem, na percepc;ao visual, na condj~o fonologica ou na memoria

eram consideradas respons8veis pelos diferentes problemas de aprendizagem; quanta

maiores, mais profunda era a atraso na dimensao psicol6gica estudada. Normalmente

este enfoque impulsionava urn conjunto de estrategias de instrut;:ao baseado no apoio

sistematico da habilidade deficitaria, ou na utilizat;ao continua de Qutras habilidades que

tinham urn desenvolvimento normal.

Qua/quer fun9l10 no desenvolvimento cultural da cn"al1fa aparece duas vezes, ou em dais pianos

diferentes. Em primeiro fugar aparece no plano social e depois no plano psicol6gico. A principio

aparece entre as pessoas como uma categoria interpsicol6gica, e depois aparece na cn"am;a

como uma categoria intrapsicologica. Islo vale lambem para a aten9~0 vofuntan"a, a mem6ria

16gica, a forma9110 de conceitos e 0 desenvolvimenfo da vofi9l10. (VYGOTSKI, 1991, p. 94)

Tadas as crianc;as tem possibilidades de aprender e gostam de 0 fazer e, quando

isto nao ocorre e porque alguma coisa nao esta inda bem. Entao, e necessario que

tanto os professores como os demais profissionais responsaveis pelo processo de

aprendizagem, S8 questionem acerca dos fatores que podem estar contribuindo para

que 0 aluno nao consiga aprender.

Varias sao as causas que se pode apontar como responsilveis pelas dificuldades

escolares, tais como:

falta de estimula9aO adequada nos pre-requisitos necessarios aalfabeliza~ao;

metodas de ensina inadequados;

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problemas emocionais;

lalta de maturidade para iniciar 0 processo de allabetiza~ao; e

dislexia.

Qutros fatores, ainda pode-s8 citar 0 aspecto carencial da populayao; as

diferenC;8sculturais e/ou socia is; fatares intra-escolares (curricula, programas, sistemas

de avaliac;ao, reJac;ao professor-aluno); deficiemcia mental, problemas ffsicos el au

sensoriais (deficits auditivos ou visuais). 0 importante, e que exista uma preocupa.yao

em determinar precocemente a causa da dificuldade de aprendizagem. 0 diagnostico

precoce do disturbio de aprendizagem e urn ponto fundamental para a superag80 das

dificuldades escolares.

Neste processo de diagnostico 0 professor e urn eiemento que passu; urn papel

de destaque, pais a sle cabe a reconhecimento das crianc;as com dificuldades de

aprendizagem, ja que e 0 primeiro elo no processo ensino-aprendizagem. Feito este

reconhecimento inicial, a crianga deve ser encaminhada a um profissional de

psicopedagogia, com a objetivo de se determinar a causa real do "nao aprender"

Os disturbios de aprendizagem dependem de causas multipias, cabendo ao

profissional que realiza a diagnostico, ° evidenciamento das areas comprometidas e,

conseqOentemente, a recomenda98o da abordagem terapeutica mais indicada para a

supera~ao das dificuldades.

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6.2 DISTURBIOS DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA

A linguagem, tanto oral quanta escrita, e fundamental na eseela. Em especial, 0

ensina destinado aO$ alunos das camadas de baixa renda, majoritarias da popula~ao

brasileira, deve dar especial alen,ao a linguagem.

Geralmente, a eseela exige das crian!y8s que falem e escrevam de acordo com 0

padrao considerado "culto", estigmatizando e censurando as variac;6es IingOisticas

utilizadas pelos alunos, ou seja, suas formas especificas de falar. Esse padrao "culto"

de linguagem, entretanto, corresponde a forma de falar dos grupos sociais

privilegiados. Na escota que atende crianc;as das camadas sociais desprivilegiadas,

parte do fracasso escolar pode ser atribuida ao tratamento que a eseela da a questao

da linguagem.

Os disturbios de aprendizagem na area da leitura e da escrita podem ser

atribuidos as mais variadas causas:

Organicas: cardiopatias, encefalopatias, deficiencias sensoriais (visuais e

auditivas), deficiencias motoras (paralisia infantil, paralisia cerebral, etc.), deficiencias

intelectuais (relardamenlo menial ou diminui<;ao inteleclual), disfun<;ao cerebral e oulras

enfermidades de longa dura~o.

Psicologicas: desajustes emocionais provocados pela dificuldade que a crianga

tern de aprender, 0 que gera ansiedade, inseguranga e auto conceito negativo.

Pedagogicas: metodos inadequados de ensino; falta de estimula<;ao pela pre-

escola dos pre-requisitos necessarios a lei lura e a escrita; falta de percep<;ao, por parte

da escola, do nivel de maturidade da crianga, iniciando uma alfabetizagao precoce;

relacionamento professor-aluno deficiente; nao-dominio do conleudo e do metodo por

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parte do professor; atendimento precario das crian<;:8s devido a superlotaC;80 das

classes.

Socio - culturais: falta de estimulac;ao (crianc;a que nao faz a pre-escola e

tambem nao e estimulada no lar); desnutri9ao; priva9ao cultural do meio;

marginaliza~o das crianc;as com dificuldades de aprendizagem pelo sistema de ensine

comum.

Dislexia: urn tipo de disturbio de leitur8 que colocamos como causa porque

provoca uma dificuldade especffrca na aprendizagem da identifrcac;ao dos sfmbolos

graficos, embora a crianc;a apresente inteligencia normal, integridade sensorial e reeeba

estimulagao e ens ina adequados. Devido a lalta de inlorma9iio dos pais, dos

professores de ensina infantil e a dificuldade de identificar as ~sintomas" antes da

entrada da criam;a na eseela, a dislexia 56 va; ser diagnosticada quando a crianr;8

estiver na 1a ou 2a series do Ensino Fundamental. Nesse sentido, a dificuldade na

leitura significa apenas 0 resultado final de uma serle de desorganizar;oes que a crianr;a

ja vinha apresentando no seu comportamento pre-verbal, nao-verbal, e em todas

aquelas funr;oes bas;cas necessarias para 0 desenvolvimento da recepr;ao, expressao

e integra~o, condicionadas a fun~o simb6lica.

A leitura e um processo de compreensao abrangente que envolve aspectos

sensoriais, emocionais, intelectuais, frsiol6gicos, neurol6gicos, bem como culturais,

economicos e politicos. E a correspondemcia entre os sons e os sinais graficos, atraves

da decifra~o do c6digo e a compreensao do conceito ou ideia.

No infcio do processo de aprendizagem da leitura, a crianr;a tern que diferenciar

visual mente cada letra impressa e, perceber que cada sirnbolo grafico tern urn

correspondente sonora. Ao entrar em cantata com as palavras, a crianr;8 devera

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discriminar visual mente cada letra que forma a palavra, a forma global da palavra 8,

associ a-Ia ao seu respectivQ som, formando uma unidade linguistica significativ8. Se a

associa~o entre "palavra impressa" e "som" naD for realizada, a crianya naD podera ler,

pais as letras e as palavras nao tereo correspondentes sonoros.

o processo inieial da leitura, que envolve a discrimlnagao visual dos simbolos

impressos e a associac;ao entre "palavra impressa~ e "som" e chamado de

decodificac;ao, e e essencial para que a crianc;a aprenda a Jer. Porem, para ler, nao

basta apenas realizar a decodificayao dos sfmbolos impressos, e necessaria que exista

tambem, a compreensao e a analise critica do que for lido. Esta compreensao nada

mais e do que relacionar as palavras decodificadas com seus respectivos significados

(objetos).

Portanto, s6 ap6s a existencia desta cornpreensao, e que se pode considerar

que a crianc;a realmente Ie.

A analise critica, considerada a ultima fase do processo de leitura, corresponde a

critica acerca do material impresso que foi decodificado e compreendido. Ao ler uma

frase ou urn texto, a crianc;a devera reagir as ideias impressas, e essas reac;6es podem

ser emacianais au intelectuais. A critica emocianal caracteriza-se par reac;6es do tipa:

gostel, nao gostei, simpatia par algum personagem, antipatia par alguma ac;ao

praticada, etc. A critica intelectual caracteriza-se par avaliac;ao te6rica dos fatos: sua

exatidao ou inexatidao, pel a analise do contexto social que enquadra estes fatos, etc.

Independente do tipo de rea9ao, se emocional ou intelectual, a analise do

conteudo lido e sempre feita partindo-se de referenciais internos de quem Ie. Cada

crianc;a vai construindo, de acordo com sua experiencia, um referencial de ideias e

pensamentos que servem de base para a realizac;ao da analise critica.

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Nas crianc;as que apresentam disturbios de leitura, as caracteristicas

encontradas sao:

Mem6ria: a crianya apresenta dificuldade auditiva e visual de reter informa~6es,

nao recorda os sons das letras, nao junta os sons para formar palavras, ou nac

memoriza sequemcias. Esta difrculdade resulta de disfunc;:6esdo sistema nervoso

central, e geral mente se manifesta s6 no aspecto visual ou s6 no auditivo.

Orientac3o espaco temporal: a crianc;a nao consegue reconhecer direita e

esquerda, fica mostrando dificuldades em entender as regras dos jogos. Com relac;iio

ao tempo, demonstra nao organiza~ao temporal 80 definir dias da semana, mes, hora,

etc.

Esquema corporal: a crianya com disturbio de leitura tern conhecimento precario

de seu esquema corporal, com dificuldades para reconhecer partes do corpo.

Motricidade: algumas crianc;;as apresentam disturbios secundarios de

coordenayao motora ampla e fina, causando dificuldades no seu equilibrio e destreza

manual. Sao consideradas desajeitadas, caem com facilidade, e nao conseguem andar

de bicicleta ou manipular pec;aspequenas de material pedag6gico em movimentos de

pinc;amento.

Disturbio topografico: as crianc;as tem dificuldades de compreender legend as de

mapas, graficos, globos e maquetes.

Soletracao: as crianyas com dificuldade de soietrar, terao Iimitay80 na escrita

como resultado da incapacidade de ler.

Quanto a escrita, pode-se afirmar que este ate e 0 inverso da leitura, pOis se na

leitura se estabeiece uma relayao entre "pa/avra impressa - sam - significado", na

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.,escrita a relay:ao e estabelecida entre usom - significado - palavra impressa"(que e 0

que S8 escreve).

A necessidade do homem em preservar a historia de suas aventuras, registrando

suas experiencias primitivas, fo; 0 que desencadeou 0 desenvolvimento da escrita.

Ao copiar, iniciamos par fazer uma discrimina9ao visual de todos as detalhes das

tetras e do formata da palavra que esta servindo como modele. S8 S8 conseguir

relacionar as simbolos graficos (Ietras) aos respectivos sons e, atribuir-thes urn

significado, aD S8 visualizar a frase pode-s8 antecipar e ate preyer as tetras ou as

palavras que vao surgir a medida que as ethos S8 deslocam ao longo da linha. Oesta

forma, a processo da capia e rapido e, passa a ter urn significado para aquele que

realiza tal atividade.

No ditado, as palavras ditadas oral mente pela professora devem ser

discriminadas e diferenciadas aUditivamente pelo atuno, depois, associadas aos

significados, a sua forma gnflfica e, sao escritas, devendo-se respeitar a orientayao

temporo-espacial.

Atraves do processo de leitura, a forma grafica das palavras vai ficando

impregnada na mem6ria visual da crianc;a, facilitando, assim, 0 processo de escrita

correta.

Na reda<;ao, as palavras sao elaboradas mental mente, associadas aos

respectivos sons, aos significados, a forma grafica e escritos. Podemos sempre

constatar que na atividade da escrita a leitura tern urn papel preponderante, pais e

atraves dela, lendo textos, frases, palavras, que a crianc;a aprende palavras novas,

diferentes das usadas no linguajar do dia-a-dia. E atraves da leitura que se percebe

como se articulam as regras gramaticais e se aprendem novas estilos de escrita, pois,

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aquele que nao Ie, dificilmente consegue adquirir urn vocabulario abrangente , que

facilite exprimir seus pensamentos, sentimentos, vontades.

Quando se tala em problemas de aprendizagem envolvendo a leitura e a escrita,

e indispensavel que se analise a leitura oral e silenciosa antes de se avaliar a escrita

(capia, ditado, reda~aa), vista serem as dificuldades escritas, na maiaria das vezes,

decorrentes de uma leitura lenta, analitica, impregnada de tracas de silabas ou

palavras, sem pontua~o nem rltmo e, incompreensiveL

Encontramos basicamente tres tipos de dificuldades na aprendizagem da

escrita: as disgrafias, as disortografias e os erras de tormulayao e sintaxe.

6.3 DISTURBIOS NA APRENDIZAGEM DA MATEMATICA

As crianyas que apresentam dificuldades para ler naa apresentam,

necessariamente, problemas na area da matematica. Sem duvida alguma, a leitura e a

escrita sao atividades que, quando nao dominadas, afetam as demais disciplinas

escolares, mas podem-se encontrar crianyas que, apesar dos severos disturbios para

ler e compreender, nao tem dificuldades para realizar as opera~6es matematicas que

Ihes sao exigidas. Porem, quando as dificuldades matematicas se apresentam

associadas aos problemas de leitura, pode-se afirmar que as ultimos sao as causadores

dos primeiras.

Os alunos com mais facilidade de uma leitura analitica e que nao conseguem

compreender os enunciados e instruyOesrnatematicas, dificilmente conseguirao realizar

as operac;6esaritmeticas exigidas para a resolu,ao dos problemas. Nesse sentido, e

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necessario que a crianc;aconsiga superar as dificuldades de leitura para poder resolver

as questoes matematicas que Ihe sao propostas.

A conquista e aprendizagem das habilidades matematicas au aritmeticas sofre

urn longo processo de desenvolvimento que e preciso levar em conta e que foi

abordado classicamente por enfoques diversos, sendo representativas as idEiias de

Piagel. A compreensao das dificuldades de aprendizagem da matematica exige

conhecer com clareza os processos e passos no desenvolvimento e aprendizagem das

habilidades relacionadas com 0 numero e com a matematica nas crianc;as.

A matematica e uma linguagem expressa atraves de simbolos, entao, cabe

abordar as dificuldades das crianc;as que nao conseguem compreender instruc;oes e

enunciados matematicos, bern como as aperac;oes aritmeticas, pOis e necessaria que

elas superem as dificuldades de leitura e escrita antes de paderem resolver as

questoes matematicas propostas.

Eo muito importante 0 papel do professor, juntamente com a familia, no que diz

respeito ao diagn6stico e acompanhamento de crianc;asque apresentam problemas de

aprendizagem especificos de leitura, escrita au aritmetica. Para poder identificar os

problemas e ajudar na superac;aa dos mesmas, 0 professor deve primeiramente,

procurar conhecer as dificuldades encontradas pela crianc;a, evitando r6tulos e

distinguindo seus camportamentos como oriundos de varios aspectos, entre eles, 0

emocional, 0 afetiva e 0 cognitivo.

A discalculia, au dificuldade de aprender matematica, pade ter varias causas:

pedag6gicas, capacidade intelectual limitada e disfunc;oes no sistema nervoso central,

parem, para varios estudiosos do problema, os principais podem ser:

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Disturbio de linguagem receptivo-auditiva e aritmetica: A criantya se sai bem em

calculo, mas e inferior no que diz respeito ao raciocinio.

Memoria auditiva e aritmetica: A crian9a tem problemas para recordar numeros

com rapidez, ela reconhece 0 numero quando 0 ouve, mas nem sempre consegue dize-

10 quando quer; e, quando nao consegue ouvir os enunciados apresentados oral mente,

pOis e inca paz de guardar os fatos.

Disturbios de leitura e aritmetica: Principalmente os dislexicos, nao conseguem

ler os en unci ados dos problemas, embora sejam capazes de fazer calculos quando as

quest6es sao lidas em voz alta. Tambem, quando a crianga nao consegue se lembrar

da aparencia do numero, quando nao e capaz de revisualiz8-los em sua mente, este

fato interferira no calculo matematico e , consequentemente na leitura deste.

Disturbios de escrita e aritmetica: As crianc;as que tern disgrafia nao conseguem

aprender os pad roes motores para escrever letras ou numeros

o irnportante e observar que nem todas as deficiencias de aritmetica sao

identicas, portanto, cabe ao professor determinar 0 nivel da capacidade da crianga e 0

tipo de desordem que ela apresenta, analisando se 0 disturbio e uma discalculia ou se

esta correlacionado a outros disturbios como os de leitura e escrita.

6.4 A ESCOLA E OS DISTURBIOS DE APRENDIZAGEM

Quando uma crian98 apresenta dificuldades para aprender, e comum que 0

professor ou os pais, esperem por urn "despertar" ou que a crian~, rnais ceda au mais

tarde, de um "saito" e passe a acompanhar a classe.

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Entretanto, esse momenta magico que se caracteriza pel a superaC;80 dos

problemas partindo da pr6pria crian~, raramente acontece. 0 que ocorre com mais

frequemcia e a automatizayao e 0 aumento das dificuldades a medida que 0 programa

escolar se vai tornando mats complexa, e, esle fata vai contribuindo para que ocorra 0

fracassa escolar que passara a influir diretamente na auto-imagem da crianC;8.

Esta, por sua vez, apesar de todas as tentativas que realiza, nao consegue

superar as dificuldades e desenvolvem urn rHmo que Ihe permita acompanhar a classe,

acaba se julgando incompetente, incapaz e desastrada. A esta situa<;80, somam-se as

crfticas, os comentarias depreciativos e as compara<;oes feilas por professores, pais e

entre os proprios colegas. A criam;a tendero3 a sentir-se perdida e sem apaia para

superar 0 problema e podera recusar-se a voltar ao ambiente esco\ar, que par sua vez,

torna-se aversivo, pois e \03que a crian<;:a se depara com obstaculos e dificuldades que

nao consegue superar.

Uma das maneiras de se evitar esta situaC;80 consiste em fazer urn diagnostico

para se detectar a causa do "nao-aprender", logo que se perceba que a crianc;a esta

tendo dificuldades na aprendizagem.

Ai, entra a figura do psicopedagogo, que alem de fazer 0 diagnostico, deve fazer

uma avaliaC;ao de todas as habiJidades (perceptivas, IingOisticas, motoras, cognitivas)

envolvidas nos processos da leitura e da escrita; os fatores emocionais e os proprios

alos de ler e escrever. E com base nestes dados clinicos que se pode eleger as areas

mais deficitarias e recomendar os procedimentos terapeuticos necessarios a supera<;§o

dos disturbios de aprendizagem.

o papel desempenhado pelo professor nesta fase, e de suma importancia, tanto

no processo de diagnostico quanto no processo reeducativo.

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Como e 0 professor que esta sempre em cantata direto com a crianya, durante 0

processo ensino/aprendizagem, cabe a ele 0 reconhecimento da crianC;8 que apresenta

disturbios de aprendizagem. Importante, tambem, que estes problemas sejam vistas

como decorrentes de dificuldades e nao como fruto de "preguiya ou desleixo" do atuno,

o que nao implica apenas em mudanc;:ade nomenclatura, mas no relacionamento do

professor para com a crianc;:a.

Sendo as problemas de leitura e escrita classificados como dificuldades, a causa

nao depende da vonlade (boa ou mal da crian<;:aem realizar as larefas escolares, mas

compreende-se que apesar de lodo 0 esfor,o que 0 aluno dispensa, dificilmenle

conseguira corresponder as expectativas escolares sem urn apoio externo.

o Irabalho de reeduca980 da crian<;:a,dificilmenle lera exilo se a alua980 do

psicopedagogo nao liver a colabora980 do Irabalho do educador e da familia.

o professor deve manter conversas acerca das dificuldades da crianya, apenas

com ela, ista faz com que se estabeletya entre ambos, urn clima aberto e sincero, e a

criantya se sinta apoiada e tranquila sabre as possiveis rea¢es do professor frente as

suas dificuldades.

A valorizayao da auto-imagem da crianya deve ser motivo de preocupatyao de

todos aqueles envolvidos no processo educacional, pais a forma como a criantya se ve,

interfere decisivamente no sucesso da aprendizagem.

o educador deve valorizar todo e qualquer desempenho escolar adequado do

aluno, por minimo que seja, e esta valorizatyao da auto-imagem, implica no

desenvolvimento da auto-confiantya necessaria para que a crian9a se engaje,

novamente no processo de ensino e sinta prazer em aprender.

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7. DESENVOLVIMENTO

A Psicopedagogia esta muito perta de tornar-S8 a mais nova profissao de

destaque no Brasil. E uma profissao que atends as necessidades do seculo XXI e para

tal necessita do apoio de toda a sociedade, cujo movimento de resistencia aD

surgimento de novas profissoes sempre S8 fez comum nos desenvolvimentos da

humanidade. Sempre que S8 depara com uma mudanC;:8 no status quo, 0 ser humano

S8 defende tentando impedi-Ia. 0 medo de ataque aquila que ja conhecemos e que

promove 0 movimento contra rio, tao necessaria para 0 surgimento de urn sintese, numa

visao dialetica.

Assim aconteceu com a Psicologia, com a Fonoaudiologia, com a Terapia

Ocupacional e com tantas Qutras profiss6es que surgiram par uma necessidade social.

Desta forma, nao poderiamos ter a pretensao de que fosse diferente com a

Psicopedagogia.

Ao se estudar problemas com aprendizagem, nas populag6es escolares atuais,

pode-se constatar 0 esforgo que vern sendo dispendido para a efetivag80 de urn

espago, no qual 0 processo de ensino e aprendizagem e seus trans torn os pod em

continuar sendo estudados e trabalhados com a seriedade que sempre marcou

desempenho dos profissionais que fizeram parte desta hist6ria, sem correrem 0 risco de

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serem considerados como antieticos e invasores do espac;:o reservado a outros

profissionais.

A Psicopedagogia, em decorrencia de muitas reflexoes foi tomando forma e se

estruturando gradativamente, abrindo espac;:o para uma area especifica de estudo e

uma pratica educacional - terapeutica, diante dos problemas de aprendizagem. Este

espal'o psicopedagogico foi progressivamente se definindo como uma praxis

comprometida com uma vi sao mais articulada do todo, no que se refere aos aspectos

afetivo - cognitiv~ - biologico - culturais, presentes no processo de aprendizagem.

A escola e toda a equipe, alem do papel de transmissora de cultura,

desempenha tambem 0 papel de transformadora das estruturas sociais, devendo seu

trabalho adequar -se as necessidades da crianc;:a, da familia e da comunidade.

o papel do professor, no desenvolvimento infantil, por sua vez, tambem ampliou-

se, e atraves de uma observayao constante do aluno delimita-se uma relac;ao mais

ampla, orientando e verificando os aspectos intelectuais, emocionais, fisicos e menta is

da crianc;:8.

No seu processo global, a aprendizagem inclui, ° desenvolvimento de processos

de maturac;:ao das estruturas corporais, neurol6gica e organicas, abrangendo pad roes

de comportamento resultantes da atuac;:ao de algum mecanismo interno. Toda a

atividade humana depende da maturac;:ao, desde 0 mais simples posicionamento, como

segurar urn objeto, ate as abstrac;:6es e raciocinios mais complexos. Esta questao da

maturidade, alias, deveria ser ponto de discussao constante entre pais e a escola, visto

que em funyao de uma competitividade desenfreada que observamos hoje, pais e

muitas vezes com 0 aval da escola, aceleram crianc;:as em seu processo de

aprendizagem, passando por etapas que certamente faltarao mais adiante no percurso

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escolar. Como conseqOencia desta acelerar;ao temos um grande numero de criangas

encaminhadas a clinicas pSicopedagogicas para avaliagao por nao conseguirem se

alfabetizar. Na realidade 0 que se apresenta, na sua grande maioria, e uma questao

especificamente de imaturidade.

A Escola, com seu nivel de exigimcias, acaba provocando problemas de

aprendizagem, que nao tern como causa a deficiencia do aluno, mas, freqOentemente

problemas escolares advindos da instituigao, como uma metodologia que nao respeita

o desenvolvimento cognitiv~ da crianc;a.

Outra causa importante e a avalia~o do aluno, para seu enquadramento denlro

da sistematica da escola. Muitas vezes uma crianga eom problemas de aprendizagem eencaminha~ classe especial, sem necessidade, pois seu problema, muitas vezes, e

apenas de motivagao para aprender. Ou entao, como coloca Jussara Hoffmann

(1996,p. 11), u •. a formaliza~o excessiva da avaliac;ao, quando se efetiva, pareee

cumprir 0 objelivo duplo de conlrolar a a~aodo professor e 0 comportamenlo infanlil"

Enlende-sea avalia~aocomo julgamenlo de capacidades da crian~a, sem conlribuir

para seu desenvolvimento, pOisnao ha urn ate reflexivo sobre a pratica pedagogica.

Um outro enfoque nos leva a analise, na causa das dificuldades de

aprendizagem, que e 0 despreparo do professor, em interagir com 0 problema. E de

suma importancia, que 0 professor conhec;a0 processo de aquisig80 da aprendizagem

e esteja interessado nas crianc;:ascomo seres humanos em desenvolvimento com

caracterfsticas especificas diferenciadas. Cada urn com uma historja diferente, com

ritmos e formas de perceber a mundo sob urn foco proprio. Ele precisa saber como sao

seus alunos sao fora da escola e como sao suas familias.

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Qualquer problema de aprendizagem implica amplo trabalho do professor junto afamilia da crianC;8, para analisar situac;6es e levantar caracterfsticas, visando descobrir

o que esta representando dificuldade au empecilho para que 0 aluno atinja a

aprendizagem plena. Conhecer, portanto, a dinamica familiar tambem constitui urn

ponto crucial no entendimento das dificuldades apresentadas pelos alunos.

Quando urn educador respeita a dignidade do aluno e trata-o com com preen sao

e ajuda construtiv8, sle desenvolve na crian98 a capacidade de procurar dentm de si

mesma as respostas para as seus problemas, tornandO-8 respons8vel e,

conseqOentemente, agente do seu proprio processo de aprendizagem.

Portanto, nesta perspectiva, 0 psicopedagogo pode ser considerado como 0

profissional adequado que auxiliara na identific89ao e resoluyBo de problemas, de

crian98s e adolescentes, no processo de aprender, alem de encontrar-se habilitado

para atuar de forma preventiva junto aos referidos problemas dentro e fora da

instituiyao escolar.

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8, CONSIDERAC;;OES FINAlS

Concluindo este estudo, podemos confirmar e constatar 0 papel fundamental que

o educador tern na relaC;:8o ensino-aprendizagem e, de como sua interven98o, embora

naD tenha urn car<3ter especificamente terapeuticQ, age diretamente com 0 sujeito

cognoscente, podendo Ihe oferecer a referencia e mesma a pertinencia tao importantes

para 0 seu cresci menta.

o professor ao lidar com a capacidade de simboliz8980, fornece elementos

indispensaveis para que ests aluno, S8 torne capaz de usar 0 pensamento na sua

re1898o, com 0 mundo interno e externo.

Constatou-se, tambem, que 0 Psicopedagogo, muito tern a contribuir neste

cenario, ende existe urn grande espac;:o de intervengao e varias possibilidades para S8

construir urn corpo de conhecimentos multidisciplinares e inter-relacionados a escola.

Ao se pensar no papel do Psicopedagogo, ve-se como um mediador de urn

processo, que inclui, desde 0 trabalho com 0 professor, ate 0 acompanhamento dos

alunos e suas familias. Pode-se visualizar este profissional como que mobiliza a busca

na constrlJ(;ao do conhecimento e no acesso a cullura.

Na escola, as atividades servem para manter sempre em clima de continuac;ao,

os encontros entre educadores, elegendo temas para novas discuss6es que gerem

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mudan~as para todos, e lancern nova luz sabre 0 trabalho e sabre 0 espac;;o do

psicopedagogo e, principalmenle do professor na instituic;iio.

A figura do psicopedagogo na eseela, questionando praticas e conceitos anti905,

a principia mostrou-se assustadora, pais tocava em assuntos que geravam medo e

inseguranc;a, mas com 0 tempo ambos os lados foram se sentindo mais encorajados a

fazer novas experiencias e ampliando os horizontes, conseguiram alyar v6os, antes

inimaginaveis.

Como conclusao deste trabalho, enfatizamos 0 objetivo de facilitar 0 processo de

aprendizagem calcado nos estudos das habilidades envolvidas. Pretende-S8 definir

operacionalmente cada habilidade para que possam ser estimuladas durante 0 periodo

pre-escolar e, consequentemente, facilitar a alfabetizacyao.

No entanto, apesar de todo 0 esforc;o que se tern dispensado nesta area,

aprender a fer e a escrever ainda e tarefa das mais diffceis para um grande numero de

crian9as, que sao cfassificadas como portadoras de disturbios de aprendizagem. Para

isto, a psicopedagogia passa a ser uma estrategia de ajuda que se situ a na fronteira da

pSicologia e da pedagogia, englobando atividades cognitivas, linguisticas, perceptivas,

motoras e fatores emocionais, que interagem com 0 processo de aprendizagem.

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