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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Caio Cezar Manfrin Grossi GASTRITE AGUDA E IMPACTAÇÃO DO SACO ANAL CURITIBA 2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Caio Cezar Manfrin Grossi

GASTRITE AGUDA E IMPACTAÇÃO DO SACO ANAL

CURITIBA

2015

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Caio Cezar Manfrin Grossi

GASTRITE AGUDA E IMPACTAÇÃO DO SACO ANAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requesito parcial para a obtenção do grau de Médico Veterinário.

Orientador Acadêmico Celso Grigolleti

Orientador Profissional Flavio Dias Miranda

CURITIBA

2015

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Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitor Administrativo

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitora Acadêmica

Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação

Sr. Afonso Celso Rangel Santos

Diretor de Graduação

Prof. Dr. João Henrique Faryniuk

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Prof. Dr. Welington Hartmann

CAMPUS PROF. SYDNEI LIMA SANTOS

Rua: Sydnei A. Rangel santos, 238 – Santo Inácio

CEP: 82010-330 – Curitiba – PR

Fone: (41) 3331-7700

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar forças para manter o meu foco sempre, por me

proporcionar oportunidades de aprendizado, por me dar inteligência e poder concluir

meus objetivos

Agradeço aos meus pais Luiz Carlos Grossi e Celia Regina por estarem

sempre me apoiando, sempre acreditando, sempre me dando forças para poder

trilhar o caminho bem e me ajudando a mais uma conquista .

Agradeço a todos meus familiares pelo apoio incondicional.

Agradeço aos meus amigos que participaram dessa história, com brincadeiras

nas horas certas e conselhos nas horas difíceis.

Agradeço a minha namorada Roberta Oliveira, por estar presente em minha

vida me dando força e acreditando no meu potencial.

Agradeço ao Flavio Miranda meu orientador profissional, por poder

compartilhar comigo seus conhecimentos e poder me ajudar neste processo de

aprendizado.

Agradeço aos Professores desta Universidade que com respeito e paciência

deram o seu melhor.

E por fim , agradeço a todas pessoas que me apoiaram e colaboraram para

que eu pudesse concluir este trabalho.

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TERMO DE APROVAÇÃO

CAIO CEZAR MANFRIN GROSSI

GASTRITE AGUDA E IMPACTAÇÃO DO SACO ANAL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Médico Veterinário outorgado pela Universidade Tuiuti do Paraná

Curitiba, .

_______________________________________

Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Prof. Dr. Celso Grigoletti

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Dr. Diogo da Motta Ferreira (Membro)

Universidade Tuiuti do Paraná

Prof. Dr. Vinicius Caron (Membro)

Universidade Tuiuti do Paraná

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Aos meus pais Luiz Carlos e Celia Regina, pelo apoio, carinho, sempre incentivando e torcendo pelo meu melhor.

DEDICO

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RESUMO

Há uma variedade de causas da gastrite aguda, embora na maioria dos casos a

etiologia não seja determinada. Existem três categorias etiológicas gerais para a

gastrite aguda em cães e gatos que consistem em fatores relacionados à dieta,

agentes infecciosos e toxinas. A maioria dos animais acometidos torna-se

anoréxicos e sua êmese geralmente consiste em resíduo alimentar e bile. Muitos

desses animais não estão seriamente doentes, embora alguns possam ter

enfermidades que ameace a vida. Com relação às condições inflamatórias

envolvendo o saco anal observa-se que estão relacionadas com algum grau de

obstrução do ducto que resulta em estase de secreções oferecendo uma

oportunidade para que haja desenvolvimento de alguma infecção secundária. Os

sacos anais em geral estão edemaciados e são mais facilmente palpáveis quando

acometidos. Os conteúdos do saco anal variam de uma secreção castanha ou

castanho-acinzentada, pastosa e espessa no caso de impactação.

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LISTA DE ABREVIATURAS

TPC: Tempo de preenchimento capilar

kg : kilograma

ml: mililitro

mg: miligrama

SRD : Sem raça definida

mg/kg: miligrama por quilo

ºC: graus Celsius

bpm: batimentos por minuto

mEq : miliequivalente

HCL : acido clorídrico

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- CLÍNICA VETERINÁRIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS...........

13

FIGURA 2- CONSULTÓRIO........................................................................ 14

FIGURA 3- CONSULTÓRIO........................................................................ 14

FIGURA 4- CENTRO CIRURGICO.............................................................. 15

FIGURA 5- SETOR DE INTERNAMENTO..................................................

15

FIGURA 6- FRICÇÃO DO ÂNUS NO CHÃO............................................... 33

FIGURA 7- COMPRESSÃO DAS GLANDULAS......................................... 34

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE UROLOGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015................................................

16

TABELA 2 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE PNEUMOLOGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015.......................................

16

TABELA 3 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE GASTROENTEROLOGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015.......................

17

TABELA 4 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE ENDOCRINOLOGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015.......................

17

TABELA 5 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE NEUROLOGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015...........................................

17

TABELA 6 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA GENITOURINÁRIO NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015......................

18

TABELA 7 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE DERMATOLOGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015......................................

18

TABELA 8 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE INFECTOLGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015...........................................

18

TABELA 9 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE ONCOLOGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015...........................................

19

TABELA 10

NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE OFTALMOLOGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015.......................................

19

TABELA 11 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE CIRURGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015................................................

19

TABELA 12 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA ORTOPEDICA E CIRURGICA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015.................

20

TABELA 13 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS EM AREAS DIVERSAS NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015................................................

20

TABELA 14 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA AREA DE TOXICOLOGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015...........................................

20

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................ 12

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTAGIO ................................... 13

2.1 ATIVIDADES DESEMVOLVIDAS............................................... 16

3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA ...................................................... 21

3.1 Gastrite aguda............................................................................. 21

3.2 Etiologia...................................................................................... 21

3.3 Fisiopatologia.............................................................................. 22

3.4 Diagnóstico................................................................................. 23

3.5 Terapia........................................................................................ 24

3.6 Terapia hídrica............................................................................ 26

3.7 Terapia antiemética.................................................................... 27

3.8 Terapia dietética......................................................................... 28

3.9 Caso clínico........................................................................... 29

4. DOENÇA PERIANAL.. ............................................................... 31

4.1 Impactação do saco anal............................................................ 31

4.2 Epidemiologia............................................................................. 31

4.3 Patogenia.................................................................................... 31

4.4 Sinais clínicos.............................................................................. 32

4.5 Diagnóstico................................................................................. 33

4.6 Tratamento................................................................................. 33

4.7 Prognóstico................................................................................. 34

4.8 Caso Clínico................................................................................ 35

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................ 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................... 38

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1 INTRODUÇÃO

Este relatório descreve as atividades realizadas durante o estágio curricular

obrigatório na Clínica Veterinária São Francisco de Assis, Curitiba- Pr durante o

período de 10 de agosto a 30 de outubro . O estágio foi realizado na área de Clínica

Médica de Animais de Companhia, sendo possível colocar em pratica os

conhecimentos teóricos durante o curso de Medicina Veterinária.

A gastrite aguda provavelmente é a causa mais comum de vômito agudo em

cães e gatos. A gastrite aguda significa inflamação e/ou lesão da mucosa que

ocorreu em resposta a uma agressão à mucosa gástrica (WILLARD,1995). As

causas dietéticas também podem ser devido a alimentos administrados

indevidamente Verifica-se que alguns animais não toleram osmolaridade aumentada

ou alto conteúdo de gordura, enquanto outros têm reações alérgicas ou intolerância

a proteínas específicas da dieta (ETTINGER, 2008).

A doença do saco anal é comum nos cães (comprometendo cerca de 12% da

população canina) ,mas raramente é diagnosticada nos gatos(VAN DUIJKEREN,

1995). Observa-se freqüentemente relatos de desconforto quando o animal está na

posição sentada ou relutância em sentar-se. A fricção do ânus no chão ou

“comportamento de fuga” significa desconforto relacionado à doença do saco anal. A

presença de tenesmo ou relutância em defecar algumas vezes é conseqüência de

dor extrema na região anal (ETTINGER, 2008).

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2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO

A Clínica Veterinária São Francisco de Assis, esta localizada na rua Visconde do Rio

Branco, 808 – Mercês, Curitiba-Pr. A clínica atende animais de companhia de toda

da cidade e região metropolitana

Atualmente o corpo clínico é formado pelos veterinários: Dr. Paulo Alfredo

Miranda, Dr. Flavio Dias Miranda, Dr. Carlos de Assis, Dr. Paulo Augusto de Assis

O quadro técnico administrativo é composto por uma secretária, quatro

enfermeiros que auxiliam nas consultas para conter os pacientes, uma diarista que

cuida da parte de limpeza e lavagem das roupas e uma pessoa que auxilia no centro

cirúrgico. Como podemos observar logo a baixo a clínica são Francisco de Assis.

Fachada Clínica São Francisco de Assis

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A clínica dispõe de uma recepção, onde são feitos os cadastros, marcados

exames de rotina e também cirurgias. Possui uma área de espera, onde os clientes

juntamente com seus animais, aguardam até que sejam atendidos. São atendidos

pacientes sem hora marcada e a clínica dispõe de serviço 24 horas. Para o

atendimento da casuística, a clínica dispõe de dois consultórios e um centro

cirúrgico, que estarão representadas nas figuras a baixo.

Consultório Veterinário

Consultório Veterinário

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Centro Cirúrgico

O setor de internamento dispõe de uma área com gaiolas para os animais de

pequeno e médio e grande porte.

Setor de internamento

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2.1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As principais atividades desenvolvidas durante o estágio foram: auxílio de

consultas de rotina e emergência, acompanhamento na realização de colheita de

material biológico para a realização de exames complementares, auxilio em

cirurgias, administração de medicação prescrita pelo Médico Veterinário para os

animais internados. Observou-se a importância da discussão de casos clínicos e

leituras sugeridas pelos clínicos e cirurgiões. Nessas atividades houve colaboração

para a avaliação clínica de terapias e procedimentos necessários a cada paciente.

Durante o período do estagio foram acompanhados 313 casos, incluindo

vacinas, consultas e cirurgias, conforme tabelas 1 a 14.

TABELA 1 CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE UROLOGIA NO PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015.

AFECÇÕES/ACHADOS CLÍNICOS ESPÉCIE Nº CASOS

Cistite Cão/Gato 10

Calculo Vesical Cão/Gato 3

Obstrução Uretral Gato 4

Hidronefrose Gato 2

Insuficiência Renal Crônica Cão/Gato 3

Total 22

TABELA 2 CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE PNEUMOLOGIA NO PERÍODO DE

10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015.

AFECÇÕES/ACHADOS CLÍNICOS ESPÉCIE Nº CASOS

Faringite Cão 5

Traqueobronquite infecciosa Cão 9

Colapso de Traquéia Cão 2

Total 16

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TABELA 3 CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE GASTROENTEROLOGIA NO

PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015.

AFECÇÕES/ACHADOS CLÍNICOS ESPÉCIE Nº CASOS

corpo estranho Cão 6

Êmese ou diarréia sem causa diagnosticada Cão/Gato 10

Doença Periodontal Cão 5

Gastroenterite Cão 8

Gatroenterite hemorrágica Cão 3

Gastrite Aguda Cão 4

Hepatopatia Cão/Gato 3

Dilatação Gástrica Cão 3

Total 42

TABELA 4 CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE ENDOCRINOLOGIA NO PERÍODO

DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015.

AFECÇÕES/ACHADOS CLÍNICOS ESPÉCIE Nº CASOS

Diabetes mellitus Cão 6

Hiperadrenocorticismo Cão 1

Pseudociese Cão 2

Total 9

TABELA 5 CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE NEUROLOGIA NO PERÍODO DE 10

DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015

AFECÇÕES/ACHADOS CLÍNICOS ESPÉCIE Nº CASOS

Convulsão Cão 5

Total 5

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TABELA 6 CASOS RECEBIDOS NA ÁREA GENITOURINÁRIO NO PERÍODO DE

10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015

AFECÇÕES/ACHADOS CLÍNICOS ESPÉCIE Nº CASOS

Piometra Cão 5

Prolapso Vaginal Cão 2

Total 7

TABELA 7 CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE DERMATOLOGIA NO PERÍODO DE

10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015

AFECÇÕES/ACHADOS CLÍNICOS ESPÉCIE Nº CASOS

Escabiose Cão 2

Dermatite Atopica Cão 3

Sarna Demodécica Cão 8

Sarna Sarcóptica Cão/Gato 6

Dermatofitoses Gato 2

Dermatite Alérgica a Picada de Pulga Cão 6

Dermatite Úmida Cão 3

Total 30

TABELA 8 CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE INFECTOLGIA NO PERÍODO DE 10

DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015

DOENÇAS ESPÉCIE Nº CASOS

Cinomose Cão 12

Parvovirose Cão 16

Erliquiose Cão 2

Total 30

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TABELA 9 NÚMERO DE CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE ONCOLOGIA NO

PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015

Neoplasia Espécie Nº de casos

Neoplasia Fígado Cão 2

Neoplasia Próstata Cão 1

Lipoma Cão 2

Osteossarcoma Cão 1

Carcinoma de Células Escamosas Gato 1

Melanoma Cão 2

Total 9

TABELA 10 CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE OFTALMOLOGIA NO PERÍODO

DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015

DOENÇAS ESPÉCIES Nº DE CASOS

Conjuntivite Cão/Gato 7

Glaucoma Cão 2

Uveíte Cão 4

Total 13

TABELA 11 CASOS RECEBIDOS NA ÁREA DE CIRURGIA NO PERÍODO DE 10

DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015

CIRURGIAS ESPÉCIE Nº DE CASOS

OSH Cão/Gato 15

Orquiectomia Cão/Gato 13

Piometra Cão/Gato 10

Neoplasia Mamaria Cão/Gato 13

Neoplasia Baço Cão 3

Excisão de nódulos Cão 10

Total 64

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TABELA 12 CASOS RECEBIDOS NA ÁREA ORTOPÉDICA E CIRURGICA NO

PERÍODO DE 10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015

Afecção/ Achado Clínicos Espécies Nº de casos

Fratura de Membro Pélvico Cão/Gato 3

Fratura de Membro Toraxico Cão/Gato 4

Ruptura de ligamento cruzado Cão 4

Luxação de Patela Cão 5

Fratura de Mandíbula Cão 1

Fratura de Pelve Cão 1

Total 18

TABELA 13 CASOS RECEBIDOS EM AREAS DIVERSAS NO PERÍODO DE 10 DE

AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015

Afecções/Achado Clinico /Procedimento Espécies Nº de casos

Vacinação Octúpla + Raiva Cão 25

Quíntupla + Raiva Gatos 13

Impactação de Glândula adanal Cão 3

Lesões Cão 4

Total 45

TABELA 14 CASOS RECEBIDOS NA AREA DE TOXICOLOGIA NO PERÍODO DE

10 DE AGOSTO A 30 DE OUTUBRO DE 2015

Doença Espécies Nº de casos

Intoxicação por carbamatos Cão 3

Total 3

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Gastrite aguda

A gastrite aguda provavelmente é a causa mais comum de vômito agudo em

cães e gatos e é causada por vários fatores que resultam em lesão e inflamação da

mucosa gástrica. A ingestão de alimentos contaminados, intolerância ou alergias

alimentares são muito freqüentes, assim como a ingestão de material estranho,

agentes químicos, plantas irritantes ou fármacos podem levar à afecção, mas

também algumas infecções virais e parasitárias desenvolvem gastrite aguda nesses

animais (DENOVO, 2005). Segundo Johnson, Sherding e Bright (2008) a infecção

bacteriana por Helicobacter spp. Dificilmente resulta em gastrite aguda, entretanto

em alguns animais esse agente etiológico está associado à causa da doença.

Raramente a gastrite aguda justifica confirmação por biopsia e histologia. O

diagnóstico em geral é estabelecido quando os sinais de doença gástrica são

agudos no início e autolimitantes (ETTINGER, 2008).

3.2 Etiologia

Há uma variedade de causas da gastrite aguda, embora na maioria dos casos

a etiologia nunca seja determinada. Três categorias etiológicas gerais para a gastrite

aguda em cães e gatos consistem em fatores relacionados à dieta, agentes

infecciosos e toxinas. A imprudência dietética provavelmente é a causa mais

comum. Produtos de fermentação, enterotoxinas bacterianas e micotoxinas podem

causar vômito e diarréias intensos. A ingestão de materiais estranhos pode irritar a

mucosa e/ou causar obstrução do fluxo de saída pilórico. As causas dietéticas

incluem alimentos intencionais. Por exemplo, alguns animais não toleram

osmolaridade aumentada ou alto conteúdo de gordura, enquanto outros têm reações

alérgicas ou intolerância a proteínas específicas da dieta (ETTINGER, 2008).

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22

3.3 FISIOPATOLOGIA

Uma gastrite aguda ocorre como resultado da perda de integridade da

barreira mucosa gástrica, resulta no aumento da permeabilidade, erosões e, em

alguns casos, ulcerações da mucosa. Quando se rompe a barreira mucosa, pepsina

e o ácido gástrico provocam inflamação e danos adicionais, estabelecendo um ciclo

vicioso. A histamina liberada dos mastócitos na submucosa causa vasodilatação, o

que estimula a produção de ácido adicional. Pode ocorrer infiltração celular da

mucosa, o que aumenta a interrupção da sua função e, diminui a capacidade de

cicatrização (STURGESS, 2001).

O estômago está bem protegido dos efeitos danosos de ácido gástrico,

pepsina, ácidos biliares e outras enzimas digestivas por componentes físico-

químicos complexos conhecidos como barreira mucosa gástrica. O componente

mais superficial é uma fina camada de muco-bicarbonato secretado pelas células

epiteliais gástricas, que funciona como lubrificante contra lesões mecânicas de

partículas abrasivas, enquanto que o gel de glicoproteínas (mucinas) basal se adere

à mucosa e aprisiona o bicarbonato secretado pelas células epiteliais para manter o

pH da mucosa acima de 6. Esta ultima camada forma uma barreira eletro-química

para empedir a difusão retrógrada de íons hidrogênio do ácido luminal e pepsina

para o epitélio (DENOVO, 2005; MITCHELL et al, 2006).

Outra característica importante da barreira mucosa-gástrica é a capacidade

das células epiteliais de repararem continua e rapidamente pequenos danos no

tecido. Portanto, quando ocorre lesão superficial na mucosa, as células na margem

dessa área migram sobre o defeito dentro de poucas horas para evitar lesões mais

profundas da mucosa (DENOVO, 2005).

Uma densa rede de capilares da submucosa fornece oxigênio e nutrientes

para as necessidades metabólicas altas de secreção de muco e bicarbonato, e para

a rápida renovação celular (DENOVO, 2005). A exposição do epitélio gástrico ao

ácido resulta em hiperemia reativa, e essa resposta hiperêmica reflete um

mecanismo de defesa vascular no qual o fluxo sanguíneo aumentado fornece

bicarbonato plasmático e remove produtos nocivos como ácido que é difundido de

modo retrogrado, além de mediadores inflamatórios (HALL, 2004).

Entretanto, provavelmente um dos componentes mais importantes na barreira

mucosa gástrica sejam as prostaglandinas. A mucosa do trato gastrointestinal é

capaz de sintetizar diversas delas, sobretudo a PGE2, PGE2 e prostacíclina, as

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quais aumentam a secreção de muco e bicarbonato, regulam o fluxo sanguíneo e

estimulam uma série de eventos como o crescimento das células epiteliais. O

processo de transporte celular, a síntese de macromoléculas e dos fosfolipídeos

ativos de superfície, estabilizam lisossomas teciduais e inibem a secreção de ácido

clorídrico. O efeito coletivo desses eventos é aumentar a redistribuição celular

rapidamente para evitar lesão da superfície da mucosa e a progressão da

profundidade da lesão em direção à submucosa (HALL, 2004; DENOVO, 2005;

MITCHELL et al, 2006). As protaglandinas também modulam a atividade de muitos

imunócitos, incluindo macrófagos e mastócitos. Juntamente com diversas citocinas e

o óxido nítrico, parecem desempenhar papéis decisivos na regulação da resposta

imune, quando a mucosa está inflamada (HALL, 2004).

3.4 DIAGNÓSTICO

Nos achados clínicos da gastrite aguda, observa-se o início súbito de vômito

agudo e depressão (WILLARD, 2006). Inicialmente um alimento pode se encontrar

presente no vômito, mas à medida que se desenvolve a anorexia, produz-se uma

pequena quantidade de bile ou fluido que pode estar tingido de sangue. A palpação

abdominal produz freqüentemente dor abdominal cranial, e os cães podem adotar

uma posição de reza, enquanto que os gatos adotam uma postura agachada ou

encurvada (STURGESS, 2001). Acredita-se que a dor associada com uma gastrite

se deve a um espasmo muscular gástrico, provocado por retrodifusão de ácido

clorídrico (STURGESS, 2001).

A menos que o animal tenha sido visto ingerindo alguma substância irritante,

o diagnóstico de gastrite aguda, em geral, é estabelecido por exclusão, com base na

anamnese e nos achados do exame físico (WILLARD, 2006).

A maioria dos animais com gastrite aguda não está seriamente doente, e

raramente se justifica confirmação por biopsia ou histologia, sendo o diagnóstico, em

geral, estabelecidos quando os sinais de doença gástrica são agudos no início e

autolimitantes, em grande parte dos casos não se consegue determinar o que

desencadeou a afecção (HALL, 2004).

A gastrite aguda é uma razoável tentativa de diagnóstico presuntivo, se não

houver probabilidade de que se trata de outras causas de vômito, como corpo

estranho alimentar, obstrução ou alguma afecção sistêmica, e nesse caso,

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alterações no hemograma, no perfil bioquímico sérico ou na urinálise podem ser de

grande importância.

A enterite parvoviral canina inicialmente simula gastrite aguda em muitos

cães; anorexia e vômito podem preceder febre e diarréia por 1 a 4 dias. Portanto, é

importante submeter um cão jovem com gastrite aparente ao teste de antígeno de

parvovírus fecal precocemente no curso da doença (TWEDT & MAGNE, 1989).

3.5 TERAPIA

O tratamento de gastrite, erosões e ulcerações agudas ou crônicas necessita

da eliminação das causas predisponentes e uma terapia sintomática e de suporte

para aumentar as defesas da mucosa (DENOVO, 2005). Primeiramente, a via oral

deve ser interrompida até que o vômito seja resolvido, geralmente aguarda-se de 24

a 48 horas para só então reintroduzir, de forma gradual, alimento e água por via oral

(DENOVO, 2005; WILLARD, 2006). As principais medicações utilizadas no

tratamento das inflamações e ulcerações gastroduodenais são antiácidos e os

protetores de mucosa. Existem antiácidos que atuam de forma sistêmica, inibindo a

secreção de ácido clorídrico, e outros que neutralizam o ácido presente no

estômago. Protetores de mucosa fixam ou impedem o contato da mucosa gástrica

com toxinas, suco gástrico, sais biliares e outras substâncias danosas (ANDRADE et

al, 2002).

A supressão de ácido gástrico promove a cura da mucosa lesada e diminui os

efeitos proteolíticos da pepsina gástrica, que é a mais ativa em meio ácido. Os

citoprotetores e análogos da prostaglandina fortalecem as defesas da mucosa. Os

medicamentos pró-cinéticos reduzem o fluxo esofagiano e enterogástrico e ajudam a

controlar vômitos. As terapias antieméticas visam diminuir o vômito e são

recomendadas para o uso em período curto, a fim de oferecer conforto ao paciente e

diminuir a perda de líquidos e eletrólitos (DENOVO, 2005).

Histamina, gastrina e acetilcolina estimulam as células parietais gástricas e

secretam ácido; a estimulação simultânea por todas as três causa secreção máxima

de ácido em uma inflamação gástrica (DENOVO, 2005), dessa forma, a terapia

antiácida visa reduzir a quantidade total de ácidos gástricos, diminuindo a agressão

à mucosa. Entre os bloqueadores de secreção de HCL existem dois grupos

principais: os antagonistas de receptor H2, que exercem o bloqueio competitivo

reversível sobre os receptores de histaminérgicos H2 das células parietais, assim,

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bloqueiam os efeitos estimulantes de ácido da histamina e tornam as células menos

responsivas à estimulação por acetilcolina e gastrina; e os inibidores da bomba de

próton, que bloqueiam a secreção dos íons hidrogênio necessários à formação do

HCL, esses últimos agem na enzima sódio-potássio adenosina trifosfatase (ATPase)

da célula parietal para inibir a secreção do ácido gástrico de forma profunda e

irreversível (ANDRADE et al, 2002).

Em função do seu modo de ação, os inibidores da bomba tem efeito antiácido

mais potente e prolongado do que os inibidores H2. Alem disso, como os inibidores

H2 atuam por bloqueio competitivo, sua eficiência depende da concentração

plasmática e da quantidade de histamina que está atuando sobre os receptores. De

forma geral, os inibidores H2 são drogas seguras e eficientes, dentre eles os mais

usados são cimetidina e ranitidina. O inibidor da bomba de prótons mais usado é o

omeprazol (ANDRADE et al ,2002).

Entre os antiácidos que atuam neutralizando o HCL, presente na luz

estomacal, também chamados tituladores de ácido, os mais usados são os

compostos à base de hidróxido de alumínio, magnésio, carbonato de cálcio e os sais

de bismuto. Esses compostos geralmente têm menor custo que os de atuação

sistêmica e sua eficiência é satisfatória, porem nem sempre são práticos, visto que

devem ser administrados em curtos intervalos de tempo (a cada 3 ou 4 horas), e

como são exclusivamente para administração oral, o vômito é um limitante de seu

uso (ANDRADE et al, 2002).

A elevação do pH gástrico deteminada pelos antiácidos resulta

secundariamente no aumento dos níveis séricos de gastrina. Por isso, o uso de

antiácidos em doses ou intervalos de aplicação incorretos, e mesmo a interrupção

repentina do tratamento, pode induzir uma onda ácida (efeito rebote) e agravar a

lesão gástrica. Além disso deve-se considerar também que a alcalinização do

estômago pode interferir na absorção e bioatividade de outras drogas pH

dependentes usadas concomitantemente (ANDRADE et al, 2002).

Dentre os protetores de mucosa, o sucralfato é bastante utilizado, ele é um

sal de alumínio do octasulfato de sucrose, que precipita proteínas oriundas do

exudato inflamatório sobre a úlcera, formando, assim, um revestimento que a

protege da ação do HCL e da pepsina. Esse também pode ligar-se à pepsina e sais

biliares que refluem do duodeno, e que poderiam inibir a cicatrização. Por fim, o

composto pode estimular a produção de prostaglandina nas áreas ulceradas, mas

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esse ponto é controverso (WILLARD, 1997). Entretanto essa duvida para Denovo

(2005), que afirma que o sucralfato estimula a síntese de prostaglandina endógena

na mucosa gástrica, resultando em aumento de secreção de muco e bicarbonato e

acelerando, assim, a cicatrização de úlceras. Ainda, segundo Willard (1997) o

sucralfato também tem atividade antibacteriana no suco gástrico, tendo sido utilizado

como auxiliar no tratamento de infecção por Helicobacter pylori em seres humanos.

No entanto, como o sucralfato pode absorver outras drogas administradas

oralmente, não deve ser oferecido dentro de um intervalo de 2 horas de outras

drogas orais. A associação do sucralfato com inibidores de H2 é bastante eficiente

no tratamento de pacientes com grave ulceração gastroduodenal (ANDRADE, et al,

2002).

O omeprazol é um benzimidazol substituído, que bloqueia a secreção de íons

hidrogênio na célula parietal por inibição da H+, K+-ATPase localizada na membrana

apical. Ele age como um antagonista não competitivo. Como base fraca, acumula-se

no compartimento ácido da célula parietal, exigindo administração apenas uma vez

ao dia, é administrado por via oral na dose de 0,66 a 2 mg/kg uma vez ao dia (LEIB,

1992).

3.6 TERAPIA HÍDRICA

Os animais que continuam a vomitar ou aqueles que estão com grau intenso

de desidratação devem receber líquidos parenterais. A via subcutânea é indicado

para animais com IRC, razoável se o paciente não exigir reposição de volume

imediata. Se, entretanto, o animal não observar adequadamente tais líquidos devem

ser administrados por via intravenosa.

A quantidade de líquidos administrada deve ser suficiente para suprir as

necessidades diárias de manutenção, que são aproximadamente 60 ml/kg de peso

corporal dia, embora estudos calorimétricos diretos sugiram o seguinte: [30 x peso

corporal em quilogramas] + 70= exigências basais diárias de água em mililitros para

cães e gatos, assim, corrigir os déficits de desidratação existentes e repor as perdas

hídricas que podem ocorrer no caso de vômito persistente. A escolha dos líquidos

depende do estado eletrolítico e ácido-básico do animal (ETTINGER, 2008).

O vômito associado à gastrite aguda resulta em perdas de sódio, cloreto e

potássio e em acidose metabólica. Uma solução de eletrolíticos balanceada

isotônica, como a solução de Ringer com lactato, geralmente é administrada.

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Raramente é necessário administrar bicarbonato. Os líquidos devem ser

suplementados com cloreto de potássio se o vômito for abundante, se a anorexia for

prolongada e/ou se o paciente estiver hipocalêmico. A concentração sérica de

potássio deve ser medida antes da suplementação (ETTINGER, 2008).

Em geral, 20mEq de cloreto de potássio podem seguramente ser adicionados

a cada litro de líquidos para evitar hipocalemia . A acidose quase sempre decorre do

acúmulo de lactato e se resolve quando há restauração da perfusão periférica.

Raramente, em condições de vômito abundante ou obstrução do fluxo de saída

gástrico, podem ocorrer hipocloremia, hipocalemia e alcalose metabólica. Em tais

condições, salina 0,9% é o líquido de escolha. Esta terapia rica em cloreto corrige o

déficit e permite a excreção renal de bicarbonato (TWEDT & MAGNE,1989)

Pequenos animais (sobretudo neonatos) têm tendências à hipoglicemia,

especialmente se estiverem anoréxicos ou septicêmicos. A glicose sanguínea deve

ser monitorada. Se necessário, glicose suficiente é adicionada aos líquidos

intravenosos para criar uma solução em torno de 2,5% a 5%(ETTINGER, 2008).

3.7 TERAPIA ANTIEMÈTICA

Fármacos antieméticos são fornecidos para controlar o vômito refratário

associado à desidratação persistente. Eles não são rotineiramente usados. Embora

inibam o vômito, ele tem pouco efeito primário no tratamento da gastrite. Os

fármacos antieméticos de ação central, incluindo os derivados fenotiazínicos e a

metoclopramida, em geral são mais eficazes do que os fármacos de ação periférica

(ETTINGER, 2008).

Os fenotiazínicos não devem ser usados em animais desidratados ou

hipotensos por causa de sua ação bloqueadora alfa-adrenérgicas, que causa

vasodilatação arteriolar. A terapia hídrica para corrigir a desidratação deve, portanto,

ser administrada antes do emprego de tais agentes. Os fenotiazínicos também

diminuem o limiar convulsivo em animais epiléticos (LEIB, 1992).

Os antagonistas seletivos dos receptores da 5-hidro-xitriptamina do tipo 3 (5-

HT3) podem ser antieméticos eficazes (HALL & WASHABAU, 1997). Tais fármacos,

que incluem a ondansetrona, a ganisetrona e a tropisetrona, são usados em seres

humanos portadores de vômito associado a gastrite aguda e crônica (LEIB, 1992).

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A metoclopramida provavelmente é mais eficaz como antiemético de ação

central do que como agente pró-cinético gástrico (HALL & WASHABAU, 1997).

Como antagonista da dopamina, a metroclopramida inibe o vômito associado

à ativação de receptores dopaminérgicos D2 centrais na zona de disparo

quimiorreceptora. O fármaco é administrado por via parenteral na dose de 0,2 a

0,5mg/kg de peso corporal cada 8 horas. A administração intravenosa constante de

1 a 2mg/kg de peso corporal em 24 horas parece ser mais eficaz do que a terapia

maciça intermitente. A metroclopramida não deve ser utilizada quando a estimulação

da motilidade gastrintestinal for prejudicial (na presença de obstrução mecânica ou

perfuração) (HALL & WASHABAU 1997).

O maropitant é um antagonista dos recetores da neurocinina (NK-1), que atua

por inibição da ligação da substância P, um neuropéptido da família das taquicininas.

A substância P encontra-se em concentrações significativas nos núcleos que

constituem o centro do vômito e é considerada como o neurotransmissor chave

envolvido no vômito. Ao inibir a ligação da substância P no centro do vômito, o

maropitant é eficaz tanto contra causas neurológicas como humorais (centrais e

periféricas) de vômito. Vários ensaios in-vitro demonstraram que o maropitant se liga

seletivamente ao receptor NK-1, exercendo um antagonismo funcional dose-

dependente em relação à atividade da substância P (DENOVO, 2005).

3.8 TERAPIA DIETÉTICA

A restrição dietética deve ser a regra até que o vômito tenha cessado por pelo

menos 24 horas (ETTINGER, 2008). A ingestão de alimento ou líquido resulta em

distensão gástrica e estimula mais vômito. As fases cefálica e gástrica da secreção

gástrica de ácido são estimuladas pelo alimento. Isto permite a difusão retrógrado de

íons hidrogênio e lesão adicional da mucosa. O alimento também pode servir como

fonte exógena de bactérias que poderiam invadir potencialmente a mucosa gástrica

lesada (ETTINGER, 2008).

Após o período de restrição alimentar, devem-se oferecer cubos de gelo ou

pequenas quantidades de água e iniciar gradualmente alimentos úmidos. As dietas

com alto teor de gordura e proteína devem ser evitadas; dietas que consistem

predominantemente em carboidratos não-refinados são recomendadas. O

tratamento dietético baseia-se no conhecimento de que o estômago esvazia os

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líquidos mais depressa que os sólidos, os carboidratos mais rápido que as proteínas

e as proteínas mais rapidamente que os lipídeos(ETTINGER, 2008).

Assim, uma dieta de consistência líquida ou semilíquida com baixo teor de

gordura e baixo conteúdo de proteína deve ser fornecida em intervalos freqüentes

para facilitar o esvaziamento gástrico e, desta forma, impedir a distensão gástrica.

Uma dieta caseira aceitável consiste em uma mistura de requeijão com baixo teor e

gordura (uma parte) mais arroz cozido (duas partes). Esta dieta pode ter o sabor

realçado com caldo de galinha, se necessário. Devem ser oferecidas quantidades

pequenas, aumentando-se a quantidade gradualmente 2 a 4 dias até que o paciente

seja capaz de se alimentar o suficiente para suprir as exigências calóricas diárias.Se

for obtida uma resposta favorável com o tratamento dietético, a dieta regular é

introduzida gradualmente no decorrer de vários dias(WILLARD, 1995).

3.9 Caso Clínico

Nome: Ted, espécie: canina, raça: poodle, sexo: macho, idade: 6 anos, peso: 9 kg

Anamnese

O proprietário relatou que o paciente estava apático, não estava se

alimentando, estava com vômito e salivação intensa. Relatou que o aspecto do

vômito era amarelado, e reparou que o animal havia ingerido grama dias atrás.

Exame Clínico

Ao exame clínico o paciente não apresentou desidratação, mucosa

normocorada, freqüência cardíaca normal 120 bpm, freqüência respiratória normal

45 mrpm, TPC de 2 segundos, temperatura retal 38,3 ºC, na palpação abdominal

animal sentiu dor na região epigástrica .

Exames Complementares

Exames complementares são de suma importância para poder delinear o

diagnóstico e, assim, poder excluir possíveis diagnósticos diferenciais, à

ultrassonografia abdominal, endoscopia e a radiografia contrastada estão indicadas.

Não foram realizados exames complementares, pois a anamnese e o exame

clínico o paciente apresentava-se com os parâmetros normais, foi relatada que o

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animal tinha ingerido grama, junto ao exame clínico, chegou-se a uma suspeita

diagnóstica.

Diagnóstico: Suspeita de Gastrite Aguda

Tratamento

Após a consulta no dia 25 de setembro, o tratamento iniciou-se com fármaco

antiemético, metoclopramida na dose de 0,2 mg/kg por via oral a cada 8 horas até

o termino do sintoma. Foi prescrito ranitidina como antiácido na dose 2,0 mg/kg via

oral a cada 8 horas.

Foi indicado jejum por pelo menos 24 horas, após esse período de restrição

alimentar, foi indicado pequenas quantidades de água e iniciar gradualmente

alimentos úmidos. Foi indicado uma dieta caseira com baixo teor de gordura e

proteína, 1 parte de ricota magra, 2 partes de arroz cozido com caldo de galinha.

Oferecer o alimento entre 2 a 4 dias, obtendo resposta favorável, introduzir a

dieta regular gradualmente no decorrer dos dias seguintes.

Por fim foi pedido ao proprietário que retirasse da alimentação gramínea

(grama), evitando assim mais complicações gástricas.

Discussão

A literatura cita que a maioria dos animais com gastrite aguda responde à

terapia sintomática dentro de 24 a 48 horas após o início dos sinais e recupera-se

completamente em menos de 5 dias. A gastrite aguda provavelmente é a causa

mais comum de vômito agudo em cães e gatos, a gastrite é um processo

inflamatório da mucosa gástrica em decorrência de uma agressão que poder ser de

origem alimentar, infecciosa, farmacológica ou sistêmica (STURGESS, 2001).

A literatura cita uma variedade de causas da gastrite aguda, embora na

maioria dos casos a etiologia nunca seja determinada. Três categorias etiológicas

gerais para a gastrite aguda em cães e gatos consistem em fatores relacionados à

dieta, agentes infecciosos e toxinas.

A proprietária relatou que o animal havia ingerido grama, não sendo comum a

sua dieta e não tendo contato antes do acontecido.

Acredita-se que a ingestão de grama seja um comportamento instintivo, por

motivos desconhecidos, entretanto, animais com doença gástrica freqüentemente

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ingerem e vomitam grama. Muitas plantas domésticas comuns também podem

causar gastrite aguda (GARLAND & BAILEY, 1995)

Prognóstico

O tratamento antiemético, dietético foi instituído ao animal e a remoção da

causa subjacente (grama) for feita pela proprietária, em 5 dias o animal apresentara

bem, sem sinais característicos de gastrite aguda .

4. DOENÇA PERIANAL

4.1 Impactação do Saco Anal

4.2 Epidemiologia

A doença do saco anal é comum nos cães (acometendo cerca de 12% da

população canina), mas raramente é diagnosticada nos gatos (VAN DUIJKEREN,

1995)

4.3 Patogenia

Condições inflamatórias envolvendo o saco anal quase sempre estão

relacionadas a algum grau de obstrução do ducto que resulta em estase de

secreções e oportunidade para uma infecção secundária desenvolver-se (VAN

DUIJKEREN, 1995).

Animais que produzem grande quantidade de secreções e possuem um

sistema ductal de tamanho pequeno ou irritação anal são considerados de alto risco

para o desenvolvimento da doença do saco anal, e os cães de raças pequenas

provavelmente têm incidência mais alta de doença do saco anal. Alterações no

tônus da musculatura do ânus, fezes amolecidas e estro recente têm sido citados

como fatores de predisposição (VAN DUIJKEREN,1995).

Bactérias cultivadas de sacos anais acometidos incluem microrganismos

como Escherichia coli, Streptococcus faecalis, Clostridium welchii e espécies de

Proteus. Se a saculite anal for crônica e ocorrer obstrução do ducto, a pele

sobrejacente ao saco anal torna-se edematosa, eritematosa, endurecida e dolorosa

( MATTHIENSEN & MARRETTA,1993).

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Isto ocorre imediatamente antes da ruptura de um abscesso e está associada

com um grande episódio de dor.Um abscesso do saco anal em um gato deve ser

diferenciado de um abscesso decorrente de ferimento por mordida (ETTINGER,

2008).

4.4 Sinais clínicos

Lambedura e mordedura na região da cauda e “perseguição da cauda”

geralmente são sinais precoces de inflamação ou impactação do saco anal. O

proprietário freqüentemente relata desconforto quando o animal está ma posição

sentada ou relutância em sentar-se. Fricção do ânus no chão ou “comportamento de

fuga” significa desconforto relacionado à doença do saco anal. Tenesmo ou

relutância em defecar algumas vezes é conseqüência de dor extrema (ETTINGER,

2008).

Os sacos anais em geral estão edemaciados e são mais facilmente palpáveis

quando acometidos. Os conteúdos do saco anal variam de uma secreção castanha

ou castanho-acinzentada, pastosa e espessa no caso de impactação, a um exsudato

purulento de odor desagradável, nos casos de saculite.(MATTHIENSEN &

MARRETTA, 1993).

Ocasionalmente, quando conteúdo do saco anal possui consistência espessa,

sua drenagem torna-se difícil, e pode ser necessária a irrigação com salina morna

ou óleo mineral para ajudar a evacuar o conteúdo. A presença de pus e/ou sangue

drenando de um trato unilateral localizado vetrolateralmente a um saco anal é uma

seqüela comum de abscesso do saco anal (ETTINGER, 2008).

Fricção do ânus no chão

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4.5 Diagnóstico

Os sinais clínicos delimitam o problema à região perianal. O exame rigoroso

revela uma saliência discreta da pele sobrejacente ao(s) saco(s) anal(ais). O exame

retal, que às vezes exige sedação profunda em razão de dor, confirma o

envolvimento do saco anal e permite que os sacos anais sejam esvaziados. A

impactação é confirmada pela presença de material castanho-acinzentado espesso

por ocasião da drenagem dos sacos. A saculite anal é diagnosticada após a

demonstração de dor durante palpação e tentativa de esvaziamento dos sacos anais

e pela presença de material drenado de coloração amarelo-esverdeado ou creme e

às vezes misturado com manchas de sangue (WASHABAU & BROCKMAN, 1995).

A febre pode estar associada à saculite anal e quase sempre está presente

quando há um abscesso. O diagnóstico diferencial deve incluir neoplasia do saco

anal ou perianal, fístulas perianais, traumatismo (sobretudo ferimentos por mordida)

e infecção perivulvar na cadela (ETTINGER, 2008).

4.5 Tratamento

A Impactação simples do saco anal requer drenagem dos sacos anais por

compressão da pele sobrejacente aos sacos anais ou por compressão interna com

um dedo no reto. Se o material for muito espesso e dificultar a drenagem, a lavagem

do saco com salina ou óleo mineral amolece o material e ajuda na evacuação

(WASHABAU & BROCKMAN, 1995).

Após o esvaziamento dos sacos, uma solução antibiótica pode ser instilada

em cada saco. Pode ser necessário repetir a compressão manual uma ou mais

vezes, com intervalos semanais.

O processo de drenagem por compressão, lavagem e instilação de

antibióticos pode ser repetido cada 10 a 14 dias por mais um ou dois tratamentos.

Raramente a intervenção cirúrgica é necessária em casos de saculite anal

(LOWENSTEIN et al, 1988).

Para se tratar um abscesso do saco anal, inicialmente se deve submeter o

paciente à sedação profunda ou anestesia geral e lancetar a face ventral do

abscesso. Alguns abscessos podem romper-se e drenar espontaneamente. Tanto

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em um caso como no outro, a abertura da cavidade abscedada deve ser lavada

vigorosamente com uma solução anti-séptica por cerca de 3 dias. Antibióticos

sistêmicos são recomendados por 10 a 14 dias. A aplicação de compressas quentes

por 3 a 5 dias acelera o processo de cicatrização. Se houver recidiva de um

abscesso, uma saculectomia é indica. A realização da cirurgia, entretanto, deve

aguardar até que o abscesso tenha respondido completamente ao tratamento clínico

e esteja cicatrizado (ETTINGER, 2008).

Compressão das glândulas

4.6 Prognóstico

Impactações do saco anal e saculite anal quase sempre respondem à terapia

conservadora, e apenas poucos animais exigem intervenção cirúrgica. Abscedação

do saco anal requer terapia clínica mais vigorosa e provavelmente está associada a

um número alto de cães que necessitam de saculectomia. A cirurgia para qualquer

uma das doenças do saco anal deve ser conduzida de maneira cautelosa por causa

do risco de incontinência fecal. Isto é de grande preocupação em cães idosos, que

de imediato podem ter algum grau de tônus diminuído na área do esfíncter anal

externo (ETTINGER, 2008).

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4.7 Caso Clínico

Nome : Tob, espécie : canina, raça : SRD, sexo : macho, Idade : 8 anos, peso : 11

kg

Anamnese

O proprietário relatou que o paciente ficava perseguindo a cauda

constantemente, relutância em se sentar, esfregava o ânus no chão e demonstrava

relutância em defecar (Tenesmo). Também relatou um odor fétido que vinha do seu

animal.

Exame Clínico

Ao exame clínico o paciente apresentou parâmetros normais, freqüência

cardíaca 110bpm, mucosa normocorada, TPC 1 segundo, o paciente estava

normoidratado, ao medir a temperatura notou-se na região perianal um forte odor, os

sacos anais estavam edemaciados, facilmente palpáveis e temperatura normal 38

ºC. Foi feito exame retal e confirmado o envolvimento dos sacos anais.

Diagnóstico

Confirmado Impactação dos sacos anais, tendo um conteúdo castanho-

acinzentado expelido ao toque retal.

Tratamento

Foi feita a drenagem dos sacos anais por compressão da pele sobrejacente,

até retirar o máximo de conteúdo, após o esvaziamento dos sacos anais, foi instilada

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uma solução antibiótica em cada saco anal. Pode ser necessário repetir a

compressão manual, uma ou mais vezes, com intervalos semanais.

Atualmente o animal apresenta-se bem, sem sinais de impactação dos sacos

anais, sem perseguir a calda e sem tenesmo, voltando a uma rotina normal do

paciente.

Discussão

A literatura cita que a doença do saco anal é comum nos cães acometendo

cerca de 12% da população canina e é raramente diagnosticada em

gatos(ETTINGER, 2008). Os sinais clínicos característicos são lambedura e

mordedura na região da cabeça da cauda, perseguição da cauda, são sinais

precoces de inflamação ou impactação do saco anal.

Segundo Ettinger (2008) a impactação é confirmada pela presença de

material castanho-acinzentado espesso por ocasião da drenagem dos sacos anais.

Condições inflamatórias envolvendo o saco anal quase sempre estão relacionadas a

algum grau de obstrução do ducto que resulta em estase de secreções e

oportunidade para uma infecção secundária desenvolver-se (WASHABAU &

BROCKMAN, 1995).

Conforme todos os autores consultados a Impactação do saco anal requer

drenagem dos sacos anais por compressão da pele ou por compressão interna com

um dedo no reto, nos casos de impactação crônica pode-se ensinar o proprietário a

drenar os sacos anais periodicamente, outra alternativa é a saculectomia anal.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A gastrite aguda e a impactação do saco anal são casos de rotina na área de

clinica de pequenos, sendo a gastrite aguda provavelmente como a causa mais

comum de vômito em cães desta patogenia. A imprudência dietética provavelmente

é a causa mais comum da gastrite aguda. Com relação a impactção do saco anal

verificou-se que ela atinge cerca de 12% da população canina. A lambedura e

mordedura na região da cabeça da cauda e “perseguição da cauda” geralmente são

sinais precoces de inflamação ou impactação do saco anal.

A anamnese e o exame físico tiveram extremo valor para o diagnóstico da

gastrite aguda e impactação, e sempre que estiver ao alcance do clínico, os exames

complementares devem ser escolhidos conforme a necessidade e realizados para

nortear e confirmar as suspeitas, sem que restem dúvidas e para que a conduta do

tratamento não seja condizente.

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