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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu Educação Física Elisabete de Marco Ornelas RELAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL COM INDICADORES DE COMPOSIÇÃO CORPORAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES São Paulo 2009

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu

Educação Física

Elisabete de Marco Ornelas

RELAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL COM

INDICADORES DE COMPOSIÇÃO CORPORAL EM

CRIANÇAS E ADOLESCENTES

São Paulo

2009

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu

Educação Física

Elisabete de Marco Ornelas

RELAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL COM

INDICADORES DE COMPOSIÇÃO CORPORAL EM

CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação Física.

Área de Concentração: Bases Biopsicossociais da Atividade Física Relacionadas à Promoção da Saúde Orientador: Prof. Dr. Rogério Brandão Wichi.

São Paulo

2009

Ornelas, Elisabete de Marco

Relação da pressão arterial com indicadores de composição corporal, em crianças e adolescentes / Elisabete de Marco Ornelas. - São Paulo, 2009.

95 f. : tab. ; 30 cm

Orientador: Rogério Brandão Wichi. Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São

Paulo, 2009.

1. Obesidade nas crianças. 2. Composição corporal. 3. Pressão arterial. I. Wichi, Rogério Brandão. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física III. Título

Ficha catalográfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878

DEDICATÓRIA

A união familiar responsável por alimentar-me de autoconfiança,

compreendendo meus altos e baixos sempre rezando pelo meu sucesso e

comemorando comigo etapas vencidas.

A memória de meu pai, que sempre torceu por mim e hoje me

assiste em lugar privilegiado.

Aos meus primos Lucia e Ronaldo pelas horas dedicadas a este

trabalho.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a energia suprema de Deus que me invade o ser, e eu

me torno a expressão radiante de sua sabedoria, de seu amor e de seu poder,

gerando em minha mente idéias, pensamentos e criações indicando o caminho

certo do sucesso em atividade benéfica e agradável.

Aos amigos que me foram enviados, que nas horas de dúvidas e

incertezas me acolheram com carinho e dedicação.

Ao meu orientador Professor Doutor Rogério Brandão Wichi por

acreditar em meu potencial e corrigir minhas falhas incansavelmente.

A professora mestre Regina Urasaki que proporcionou incentivo para

iniciar o trabalho.

Minha gratidão a Professora Doutora Claudia Borim da Silva, por sua

dedicação durante as análises estatísticas.

Ao corpo docente da Universidade São Judas Tadeu e funcionários por

tornar tão gratificante a minha jornada, contribuindo com tanto carinho para

minha formação acadêmica.

Ao amigo de todas as horas Professor Roberto Ferraboli pelo carinho

fraterno em todos os momentos.

A diretoria do Colégio São Judas Tadeu que permitiu a realização do

meu trabalho em suas dependências.

Ao corpo docente de Educação Física do Colégio São Judas Tadeu

Professor César Farid Haddad, o Professor Antonio Carlos da Silva e a

Professora Lourdes de Cássia Oshita que não pouparam esforços em

disponibilizar os alunos para a pesquisa.

Aos alunos que participaram da execução deste trabalho com paciência

e alegria.

Aos orientandos ROGERITOS e ANGELITOS que permaneceram

unidos trocando experiências e apoio até a conclusão deste trabalho.

Aos amigos Claudia Marchon e Wellington Segheto pelo apoio em

todos os momentos que precisei.

Quando diante da escada da vida encontramos mãos dispostas a nos

ajudar a subir, formamos um elo na corrente do bem e o sucesso de todos

estará garantido.

“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,

mas na intensidade com que acontecem.

Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas

inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

Fernando Pessoa

SUMÁRIO

Lista de figuras

Lista de tabelas e quadros

Lista de abreviaturas

Resumo

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 18

1.1 Obesidade .............................................................................................................. 20

1.2 Obesidade na infância e Adolescência................................................................... 21

1.3 Obesidade e Fatores de Risco Associados às Doenças Cardiovasculares.............. 26

2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 33

2.1 Objetivo Geral........................................................................................................ 33

2.2 Objetivos Específicos............................................................................................. 33

3. MÉTODOS................................................................................................................ 34

3.1 Casuística............................................................................................................... 34

3.2 Procedimentos Metodológicos............................................................................... 36

3.2.1 Medida do Perfil Antropométrico....................................................................... 37

3.2.2 Medida da Pressão Arterial e Freqüência Cardíaca............................................ 39

3.3 Análise dos Dados ................................................................................................. 42

4. RESULTADOS ......................................................................................................... 43

4.1 Avaliação do Perfil Antropométrico, Composição Corporal e Hemodinâmico de

crianças e adolescentes ................................................................................................

44

4.1.1 Perfil Antropométrico, Composição Corporal e Hemodinâmico do Grupo

Escolar .........................................................................................................................

44

4.1.2 Perfil Antropométrico, Composição Corporal e Hemodinâmico do Grupo Pré-

Adolescente .................................................................................................................

45

4.1.3 Perfil Antropométrico, Composição Corporal e Hemodinâmico do Grupo

Adolescente.................................................................................................................

47

4.2 Análise de Frequência e Porcentagem de Crianças e Adolescentes Segundo

Gênero e Classificação do Peso Corporal com uso do IMC ......................................

48

4.2.1 Grupo Escolar ..................................................................................................... 48

4.2.2 Grupo Pré-Adolescente ...................................................................................... 49

4.2.2 Grupo Adolescente ...................................................................................... 50

4.3 Análise de Frequência e Porcentagem de Crianças e Adolescentes Segundo

Gênero e Classificação da Gordura Corporal .............................................................

50

4.3.1 Grupo Escolar ..................................................................................................... 50

4.3.2 Grupo Pré-Adolescente ...................................................................................... 51

4.3.3 Grupo Adolescente ............................................................................................. 52

4.4 Análise de Frequência e Porcentagem de Crianças e Adolescentes Segundo

Gênero e Classificação da Pressão Arterial ..............................................................

53

4.4.1 Pressão Arterial Sistólica (PAS) Grupo Escolar ................................................ 53

4.4.2 Pressão Arterial Sistólica (PAS) Grupo Pré-Adolescente .................................. 53

4.4.3 Pressão Arterial Sistólica (PAS) Grupo Adolescente......................................... 54

4.4.4 Pressão Arterial Diastólica (PAD) Grupo Escolar ............................................. 55

4.4.5 Pressão Arterial Diastólica (PAD) Grupo Pré-Adolescente ............................... 55

4.4.6 Pressão Arterial Diastólica (PAD) Grupo Adolescente...................................... 56

4.5 Correlações Entre Indicadores de Composição Corporal e Indicadores

Hemodinâmicos .........................................................................................................

57

4.5.1 Gênero Feminino ................................................................................................ 57

4.5.2 Gênero Masculino .............................................................................................. 57

4.6 Análise de Regressão Linear Múltipla Entre Indicadores de Composição

corporal e Indicadores Hemodinâmicos .....................................................................

63

4.6.1 Pressão Arterial Sistólica (PAS) ........................................................................ 63

4.6.2 Pressão Arterial Diastólica (PAD) ..................................................................... 64

5.DISCUSSÃO............................................................................................................... 65

6.CONCLUSÃO ........................................................................................................... 74

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 76

8. ANEXOS.................................................................................................................... 84

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1. Cálculo da Composição Corporal de escolares e adolescentes segundo o

gênero .............................................................................................................................

38

Tabela 2. Características antropométricas, composição corporal e hemodinâmica do

grupo escolar. Distribuição por gênero quanto à média e desvio padrão

.........................................................................................................................................

45

Tabela 3. Características antropométricas, composição corporal e hemodinâmica do

grupo pré-adolescente. Distribuição por gênero quanto à média e desvio padrão

.........................................................................................................................................

46

Tabela 4. Características antropométricas, composição corporal e hemodinâmica do

grupo adolescente. Distribuição por gênero quanto à média e desvio padrão

.........................................................................................................................................

48

Tabela 5. Frequência e porcentagem de escolares segundo gênero e classificação do

peso corporal com uso do IMC ......................................................................................

49

Tabela 6. Frequência e porcentagem de pré-adolescente segundo gênero e

classificação do peso corporal com uso do IMC ...........................................................

49

Tabela 7. Frequência e porcentagem de adolescente segundo gênero e classificação

do peso corporal com uso do IMC ................................................................................

50

Tabela 8. Frequência e porcentagem de escolares segundo gênero e classificação do

percentual de gordura corporal ......................................................................................

51

Tabela 9. Frequência e porcentagem de pré-adolescente segundo gênero e

classificação do percentual de gordura corporal ............................................................

52

Tabela 10. Frequência e porcentagem de adolescente segundo gênero e classificação

do percentual de gordura corporal .................................................................................

52

Tabela 11. Frequência e porcentagem de escolares segundo gênero e classificação do

percentil de Pressão Arterial Sistólica ...........................................................................

53

Tabela.12. Frequência e porcentagem de pré-adolescente segundo gênero e

classificação do percentil de Pressão Arterial Sistólica .................................................

54

Tabela 13 Frequência e porcentagem de adolescente segundo gênero e classificação

do percentil de Pressão Arterial Sistólica ......................................................................

54

Tabela 14. Frequência e porcentagem de escolares segundo gênero e classificação do

percentil de Pressão Arterial Diastólica .........................................................................

55

Tabela.15. Frequência e porcentagem de pré-adolescente segundo gênero e

classificação do percentil de Pressão Arterial Diastólica ...............................................

56

Tabela 16 Frequência e porcentagem de adolescente segundo gênero e classificação

do percentil de Pressão Arterial Diastólica ....................................................................

56

Tabela 17. Correlação de Pearson entre indicadores de composição corporal e

pressão arterial sistólica e diastólica para o gênero feminino ........................................

57

Tabela 18. Correlação de Pearson entre indicadores de composição corporal e

pressão arterial sistólica e diastólica para o gênero masculino ......................................

58

Tabela 19 Análise de regressão linear múltipla para determinante de pressão arterial

sistólica segundo circunferência da cintura, índice de massa corporal e percentual de

gordura em escolares do gênero masculino e feminino .................................................

63

Tabela 20 Análise de regressão linear múltipla para determinante de pressão arterial

diastólica segundo circunferência da cintura, índice de massa corporal e percentual

de gordura em escolares do gênero masculino e feminino ............................................

64

Quadro 1. Classificação do CID – 10 ........................................................................... 25

Quadro 2. Classificação de Percentual de Gordura ...................................................... 38

Quadro 3. Dimensões da bolsa de borracha para diferentes circunferências de braço

em crianças e adultos .....................................................................................................

40

Quadro 4. Classificação da pressão arterial para crianças e adolescentes .................... 42

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Andróide (Forma de maçã) e Ginóide (Forma de pêra).................................

27

Figura 2. Aparelho de Pressão OMRON modelo 705 – CP e Software STAT Growth-

BP .....................................................................................................................

39

Figura 3. Constituição da amostra de escolares do gênero masculino e feminino

distribuído em três faixas etárias ...................................................................................

43

Figura 4. Correlação de Pearson entre a pressão arterial sistólica (PAS) e o índice de

massa corporal (IMC) entre os gêneros..........................................................................

59

Figura 5. Correlação de Pearson entre a pressão arterial diastólica (PAD) e o índice

de massa corporal (IMC) entre os gêneros......................................................................

59

Figura 6. Correlação de Pearson entre a pressão arterial sistólica (PAS) e a

porcentagem de gordura corporal (% Gordura) entre os gêneros ..................................

60

Figura 7. Correlação de Pearson entre a pressão arterial diastólica (PAD) e a

porcentagem de gordura corporal (% Gordura) entre os gêneros...................................

60

Figura 8. Correlação de Pearson entre a pressão arterial sistólica (PAS) e a relação

cintura-quadril (RCQ) entre os gêneros .........................................................................

61

Figura 9. Correlação de Pearson entre a pressão arterial diastólica (PAD) e a relação

cintura-quadril (RCQ) entre os gêneros..........................................................................

61

Figura 10. Correlação de Pearson entre a pressão arterial sistólica (PAS) e a relação

da circunferência da cintura (CC) entre os gêneros ......................................................

62

Figura 11. Correlação de Pearson entre a pressão arterial diastólica (PAD) e a

relação da circunferência da cintura (CC) entre os gêneros ...........................................

62

LISTA DE ABREVIATURAS

CC Circunferência da cintura

CID Classificação Internacional de |doenças

DCV Doença cardio vascular

FC Frequência cardíaca

GA Grupo Adolescente

GE Grupo Escolar

GPA Grupo Pré-Adolescente

HDL High density lipoprotein (lipoproteína de alta densidade)

IL-6 Interleucina 6

IMC Índice de massa corpórea

IOTF International Obesity Task Force

LDL Low density lipoprotein (lipoproteína de baixa densidade)

NEF Núcleo de estudo farmacêutico

OMS Organização Mundial de Saúde

PA Pressão arterial

PAD Pressão arterial diastólica

PAI-1 Inibidor de ativação de plasminogênio

PAS Pressão arterial sistólica

PCR Proteína C reativa

RCQ Relação cintura/quadril

SM Sindrome metabólica

TG Triglicerídios

TNF-α Fator de necrose tumoral -alfa

RESUMO

A obesidade é uma doença universal de prevalência crescente e que, atualmente, assume

caráter epidemiológico, como principal problema de saúde pública na sociedade

contemporânea. É uma doença multifatorial, decorrente da sobreposição de fatores

genéticos, comportamentais e ambientais e pode se iniciar em qualquer idade. A obesidade

infantil traz sérias implicações para a saúde na vida adulta, principalmente ao nível das

chamadas doenças crônicas-degenerativas, sobretudo, o desenvolvimento de doenças

cardiovasculares. O objetivo do presente estudo foi identificar indicadores de composição

corporal e sua relação com alteração da pressão arterial segundo os efeitos do gênero, em

crianças e adolescentes de 6 a 18 anos de uma escola privada da cidade de São Paulo.

Participaram do estudo 1.050 escolares (556 meninos e 494 meninas) que foram separados

por faixa etária: 6 a 9 anos de idade (Escolares), de 10 a 14 anos de idade ( Pré-

Adolescentes) e de 15 a 18 anos de idade (Adolescentes) submetidos a medidas do índice

de massa corpórea (IMC), percentual de gordura, circunferência da cintura (CC), relação

cintura-quadril (RCQ) e pressão arterial (PA). A maior prevalência de sobrepeso foi

observada no grupo pré-adolescente, em meninos (21%) e meninas (24 %). A prevalência

de obesidade foi maior no grupo escolar, em meninos (38%) e meninas (22%). A análise da

composição corporal demonstrou alta predominância de adiposidade acima de valores

normais em meninos e meninas em fase escolar (34% e 22%), pré-adolescente (49% e

46%) e adolescente (47% e 52%, respectivamente). A análise da PA sistólica demonstrou

pré hipertensão em 2,8% das meninas e 5,9% dos meninos e hipertensão em 4,0% das

meninas e 7,9% dos meninos. Observou-se maior prevalência de PAS no gênero masculino.

Na análise de correlação de Pearson a CC, % de gordura e o IMC correlacionaram-se

significativamente com PAS e PAD tanto para o gênero feminino quanto para o gênero

masculino. Além disso, a análise de regressão demonstrou que dentre todos os indicadores

utilizados, a circunferência da cintura foi o indicador que apresentou maior correlação com

a pressão arterial. Tais dados sugerem que crianças do gênero masculino apresentam maior

risco de desenvolver hipertensão na vida adulta, e o uso da medida da CC pode ser uma

importante ferramenta clínica para prevenir a doença cardiovascular na fase adulta.

Palavras-chave: Obesidade nas crianças; Composição corporal; Pressão arterial.

ABSTRACT

Obesity is a major public health problem in contemporary society. It is a multifactorial

disease, resulting from the overlap of genetic, behavioral and environmental factors and can

begin at any age. Childhood obesity may serious implications for health in adulthood, like

the development of cardiovascular and chronic degenerative diseases. The aim of this study

was to identify indicators of body composition and its relation to changes in blood pressure

according to the effects of gender in children and adolescents for 6 to 18 years old in a

private school from São Paulo. The students (556 boys and 494 girls) were separates by age

groups 6 - 9 (school), from 10 - 14 (pre-teen) and 15 - 18 years old (adolescent) undergone

measurements of body mass index (BMI), fat percentage, waist circumference (WC), waist-

hip ratio (WHR) and blood pressure (BP). The highest prevalence of overweight was

observed in the early tennager, in boys (21%) and girls (24%). The prevalence of obesity

was higher in the school, in boys (38%) and girls (22%). The body composition analysis

demonstrated a high prevalence of adiposity above normal values in boys and girls in

scholar age (34% and 22%), early tennager (49% and 46%) and tennager (47% and 52%

respectively). The analyses of systolic BP showed prehypertension in 2.8% of girls and

5.9% of boys and hypertension in 4.0% of girls and 7.9% of boys. A higher prevalence of

systolic BP was observed in males. The Pearson´s correlation showed significant

correlation between body mass index, fat percentage and waist circumference with systolic

and diastolic blood pressure. Furthermore, regression analysis showed that among all the

indicators used, the waist circumference was the indicator that showed the highest

correlation with blood pressure. These data suggest that male children have greater risk of

developing hypertension in adulthood, and the use of waist circumference measurement

may be an important clinical tool for preventing cardiovascular disease in adulthood.

Key word: Obesity chilhood; Anthropometric indices; Arterial Pressure.

18 18 INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

A literatura cientifica analisada revela que a obesidade é uma doença de alta

prevalência em todo o mundo e que, atualmente, assume caráter epidemiológico, como

principal problema de saúde pública na sociedade contemporânea (OLIVEIRA et al., 2004;

MARQUE-LOPES et al., 2004; HALPERN et al., 2006). É, também, uma condição

multifatorial, decorrente da sobreposição de fatores genéticos, comportamentais e

ambientais e que pode se iniciar em qualquer idade. Os atuais hábitos alimentares e a

diminuição nos níveis de atividade física têm proporcionado o aumento de obesidade e

sobrepeso em crianças e adolescentes. No que tange à obesidade infantil, verifica-se que a

mesma traz inúmeras implicações para a saúde na vida adulta, principalmente para o

desenvolvimento das doenças cardiovasculares. Assim, este estudo teve como objetivo

identificar indicadores de composição corporal e sua relação com alteração da pressão

arterial segundo os efeitos do gênero, em crianças e adolescentes com idade entre 6 e 18

anos de idade.

Tomando-se como base a literatura cientifica existente, observa-se um consenso em

relação ao conceito de obesidade. Tal conceito considera a obesidade uma condição

caracterizada pelo excesso de peso corpóreo conseqüente de um desequilíbrio entre o aporte

energético e o gasto metabólico; doença crônica de etiologia multifatorial que acompanha o

aumento do risco de mortalidade e morbidade (OMS, 2000).

19 19 INTRODUÇÃO

1.1 Obesidade

Estudos realizados pela Trust for America’s Health e a Fundação Robert Wood

Johnson mostrou que nos Estados Unidos mais de um terço dos americanos adultos estão

acima do peso ou são obesos (OGDEN, et al, 2007). No Brasil, segundo dados do estudo

“Saúde Brasil 2008” do Ministério da Saúde, a prevalência de sobrepeso e obesidade esta

em torno de 43,3% e 13% da população respectivamente. Sendo, 47,3% de sobrepeso para

os homens adultos e 39,5% para as mulheres, e para a obesidade 12,4% para os homens e

13,6% para as mulheres (VIGITEL BRASIL, 2008).

Em pesquisa realizada no Rio de Janeiro na cidade de Campos com 1039 adultos da

região urbana observou-se prevalência de obesidade em 17,8% na população em estudo.

Souza et al. (2003) observaram, no mesmo estudo, prevalência de 15,2% de obesos no sexo

masculino e 20,2% no sexo feminino. Sendo que as mulheres apresentaram maior

prevalência de obesidade com o avançar da idade.

Outro estudo realizado por Vedana et al. (2008) com adultos entre 20 a 59 anos da

região Sul do Brasil, foi observado prevalência de obesidade de 23,5% sendo, mulheres

26,1% e nos homens 19,3%, observou-se também que a prevalência foi maior nas mulheres

que apresentavam menor renda e idades mais avançadas. A obesidade está presente nas

diferentes classes econômicas, no Brasil, Silva et al. (2005) observaram esse aumento

principalmente nas faixas de classes mais alta.

20 20 INTRODUÇÃO

1.2 Obesidade na Infância e Adolescência.

Na infância bem como na adolescência, o sobrepeso e a obesidade vêm se

confirmando como um fator de risco para o desenvolvimento de doenças como Diabete

Mellitus do tipo II, doenças cardiovasculares e osteoporose entre outros (OMS, 1995).

Estimativas revelam que 22 milhões de crianças com menos de 5 anos em todo o

mundo são obesas (IOTF, 2002). Nos Estados Unidos, uma em cada quatro crianças está

em risco de apresentar sobrepeso (IMC acima do Percentil-P 85) e 11% das crianças têm

obesidade (IMC acima do Percentil-P 95), conforme Nicklas et al., (2001). Na Europa,

sobretudo na Espanha, observou-se que as crianças dos 6 aos 7 anos de idade apresentavam

percentual (> 33%) de sobrepeso acima das que foram observados nos Estados Unidos

(MORENO et al., 2002).

A obesidade é decorrente da sobreposição de fatores genéticos, comportamentais e

ambientais. Um estudo realizado por Ramos e Filho (2003) em adolescentes de 11 a 18

anos de ambos os sexos, na cidade de Bragança Paulista, no interior de São Paulo,

encontrou uma prevalência de obesidade de 26,09% para aqueles que têm pais obesos.

Outro estudo nessa área avaliou 1215 escolares de ambos os sexos, entre 10 e 17 anos

matriculados em uma das quatro instituições de ensino privado analisada de Presidente

Prudente na cidade de São Paulo, observaram a prevalência de sobrepeso e obesidade nos

alunos de ambos os sexos, sendo, 20% da para as meninas e 30% para os meninos

(FERNANDES et al., 2007) Os casos de obesidade infantil podem estar associados a

fatores hereditários podendo surgir principalmente se houver associação entre os hábitos

21 21 INTRODUÇÃO

alimentares inadequados e baixo gasto energético, alcançando índices de 25 a 85%

(CSMFCSH, 2006).

Alguns trabalhos revelam evidências da estreita relação entre as características

qualitativas da dieta e o aparecimento de doenças crônicas degenerativas e estas

constituem, sobretudo, um problema de saúde pública, incluindo todas as faixas etárias,

principalmente o aumento da incidência entre crianças e adolescentes (BONOMO et al.,

2003). De acordo com Nicklas et al. (2001) a obesidade vem atingindo proporções

epidêmicas em toda a parte do mundo. Além disso, pode-se dizer que, obesidade é um

distúrbio do metabolismo energético. Os estoques de energia no organismo são regulados

pela ingestão e pelo gasto energético. Quando há equilíbrio entre a ingestão de alimentos e

o gasto energético, o peso corporal é mantido. Um pequeno balanço positivo acarreta baixo

incremento de peso, mas o desequilíbrio crônico entre a ingestão e o gasto levará à

obesidade ao longo do tempo (SIGULEM et al., 2000).

Mudanças no hábito alimentar, influenciado por propagandas e modismos que

acabam por incentivar o consumo demasiado de alimentos de maior densidade energética,

foram percebidas por Oliveira & Veiga (2005). Estudo realizado por Garcia e

colaboradores (2003), revela que a dieta habitual de adolescentes é constituída

preferencialmente por alimentos de baixo valor nutricional, com elevados teores de

gordura, sal e açúcar.

A diminuição nos níveis de atividade física realizada por crianças e adolescentes

também é tem sido apontado como uma das causas de obesidade. Os estudos de Guiglino &

Carneiro (2004), apontam que 75% da rotina das crianças com sobrepeso ou obesas está

distribuída em horas de sono e permanência sentada, demonstrando forte correlação entre a

porcentagem de gordura corporal e o tempo diário de permanência. O excesso de horas

22 22 INTRODUÇÃO

diante da televisão tem sido freqüentemente associado à obesidade, visto que, durante estas

horas o individuo aumenta a ingestão de alimentos industrializados ocorrendo uma redução

do gasto energético (TITO, 2000). As crianças tornaram-se menos ativas, incentivadas

pelos avanços tecnológicos, com isso passam horas sentadas ou deitadas vendo televisão,

jogando videogame ou usando o computador. Isso faz com que o dispêndio energético seja

inferior comparado com crianças que brincam ao ar livre, que correm e praticam atividade

física (ATENAS & VITOLO, 2004; GUIGLIANO & CARNEIRO, 2004). Crianças que

não fazem atividade física regulares, preferindo atividades mais sedentárias, gastam menos

energia em relação as mais ativas, potencializando o depósito de gordura. Por isso, crianças

menos ativas, mesmo não comendo em excesso, têm um risco maior de se tornarem obesas

(ATENAS & VITOLO, 2004). Em estudo feito por Pinho & Petroski (1999), citado em

Tito (2003) com adolescentes em relação à adiposidade e o nível de atividade física foi

observado que quanto maior o acúmulo de tecido adiposo maior foi a prevalência do

comportamento físico sedentário e menor o gasto de energia. Altas taxas de sedentarismo

foram observadas por Silva e Malina (2000) num estudo realizado em Niteroi (RJ) em

adolescentes entre 10 a 19 anos de idade, respectivamente, 85% em meninos e 94% em

meninas. Segundo Kain et al. (2003), o comportamento sedentário é um dos principais

fatores de risco para o aumento no IMC e consequente o desenvolvimento de obesidade.

No Brasil, a obesidade está presente nas diferentes classes econômicas,

principalmente nas faixas de classe mais alta. Segundo Silva et al., (2005) o nível

socioeconômico interfere na disponibilidade de alimentos e no acesso à informação, bem

como pode estar associado a determinados padrões de atividade física, constituindo num

importante determinante da prevalência de obesidade. Em um estudo transversal realizado

por Oliveira e Veiga (2005), com 502 adolescentes de ambos os sexos, de 11 a 15,9 anos,

23 23 INTRODUÇÃO

em uma Escola privada de classe média e em uma Escola pública de baixa renda de um

município do RJ, utilizando dobras cutâneas e o IMC, verificou-se na escola particular a

prevalência de 9% de sobrepeso e 18,1% de obesidade e na escola pública 9,2% de

sobrepeso e 9,2% de obesidade. O estudo de Miranda et al., (2007) observou maior

prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares matriculados no ensino privado

(meninos: 19,6% e meninas: 31,9%) quando comparado aos escolares matriculados no

ensino público (meninos: 6,7% e meninas: 8,1%).

A obesidade, quando surge precocemente nos primeiros anos de vida, predispõe à

sua presença em idades mais tardias, provavelmente devido à hiperplasia irreversível dos

adipócitos. Se a obesidade é duradoura e persiste ao longo da 2ª infância (6-12 anos) e pela

adolescência, o prognóstico agrava-se, permitindo a manutenção de fatores de risco dela

dependentes (GUERRA et al., 1990; 1993). Portanto, provavelmente uma criança obesa

será um adulto obeso, tendo que enfrentar uma série de problemas, tais como: estéticos (de

aceitação social); físico (dificuldades nas práticas esportivas); e, sobretudo, problemas de

saúde (doenças cardiovasculares e metabólicas) (CARAZZA, 1991; KATCH &

MCARDLE, 1996; PINHO & PETROSKI, 1999). Os estudos e análises acerca da

obesidade podem, também, contribuir para a conscientização de que a mesma trata-se de

uma doença, conforme a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados à Saúde (CID-10) (QUADRO – 01).

24 24 INTRODUÇÃO

Quadro 1 - Classificação CID – 10.

CID – 10

E66 Obesidade

E66.0 Obesidade devido a excesso de calorias

E66.1 Obesidade induzida por drogas

E66.8 Outra obesidade

E66.9 Obesidade não especificada

FONTE: http://www.dadtasus.gov.br/cid10/download.htm

A obesidade infantil traz sérias implicações para a saúde na vida adulta,

principalmente ao nível das chamadas doenças crônicas-degenerativas, como as doenças

cardiovasculares, o diabetes mellitus, a dislipidemia e a hipertensão. Sendo assim, a

obesidade pode ser encarada como uma problemática dupla para o organismo, ao mesmo

tempo em que é um fator de risco para várias outras doenças é uma doença por si própria.

Por isso, o diagnóstico e o tratamento da obesidade e fatores associados devem ser

iniciados o quanto antes (LAMONT et al., 1998; GORAN & MALINA, 1999).

A OMS (2004) estabelece padrões para a classificação do risco à saúde

proporcionado pela obesidade e para a classificação da obesidade em adultos. Tendo como

definição: Sobrepeso pelo IMC entre 25 e 29,9 Kg/m2 e a obesidade pelo IMC igual ou

superior a 30 Kg/m2.

Contudo, quando se refere à classificação de sobrepeso e obesidade em crianças e

adolescente não se tem um consenso. O índice de massa corporal (IMC) para avaliação de

obesidade em adultos é um padrão que obteve aceitação internacional e correlaciona com a

25 25 INTRODUÇÃO

gordura corporal. Em crianças o crescimento é um fator que torna as definições mais

complexas (MALINA e KATZMARZYK, 1999;). Assim, diferentes métodos vêm sendo

utilizados para a avaliação de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes. Isso

dificulta a classificação e a comparação entre os estudos (GUILLAUME, 1999; COLE et

al., 2000; NEOVIUS et al, 2004;). Os critérios mais utilizados para o diagnóstico de

sobrepeso e obesidade são os recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS),

pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e pelo Internacional Ocesity Task

Force (IOTF) (BUENO e FISBERG, 2006; FERNANDES et al., 2007)

1.3 Obesidade e Fatores de Risco Associados às Doenças Cardiovasculares

Diversos estudos apontaram que a quantidade de gordura em excesso, e a

distribuição da mesma pelo corpo desempenham papel importante como fator de risco para

o desenvolvimento de doenças (BLAIR et al., 1984; GUEDES & GUEDES, 1998;

HALPERN, 1994; KATCH & MCARDLE, 1996).

A localização da gordura nas diferentes regiões anatômicas do corpo, leva à

formação de formas muito distintas, como a andróide (Figura 1), ou popularmente referida

como forma de “maça”, excesso de gordura situada preferencialmente em volta do

abdômen e troncos, acarretando males à saúde, por nelas predominar a gordura visceral.

Porém, para a compreensão adequada sobre o perigo representado por essa gordura, torna-

se necessário relacioná-la à outros fatores, pois o excesso de gordura visceral é um ótimo

indicativo de risco, mas não é capaz de fornecer, isoladamente, um diagnóstico. Em

homens ela é mais freqüente, e está associado ao efeito hormonal da testosterona e de

26 26 INTRODUÇÃO

corticóide e aos níveis de LDL-colesterol, o que aumenta o risco de doenças cardíacas e

metabólicas. O fato de a gordura corporal ficar centralizada mais no tronco está claramente

associada ao risco maior de diabetes, doenças cardiovasculares e hipertensão arterial

(SIGULEM et al., 2000).

Já obesidade ginóide (Figura 1), chamada “pêra” também denominada de periférica,

caracterizada pelo acúmulo de gordura glúteo-femural, é mais comuns nas mulheres e está

associada a efeito hormonal dos estrógenos, ocorre maior efeito à partir da puberdade. As

pessoas com corpo em forma de pêra acumulam mais gordura subcutânea e, por isso,

teoricamente, correm menores riscos. Isso porque, localizada logo abaixo da pele, a gordura

subcutânea não comprometeria tanto o funcionamento do fígado, dos rins ou do pâncreas.

FIGURA 1 – Andróide (Forma de maçã) e Ginóide (Forma de pêra)

27 27 INTRODUÇÃO

De acordo com Soares & Petroski (2003), os problemas decorrentes da obesidade,

que em longo prazo são previsíveis, provocam: alteração no crescimento, doenças

respiratórias, apnéia do sono, infecções, doenças cardiovasculares, resistência à insulina,

diabetes mellitus tipo 2, hipertriglicemia, hipercolesterolemia, gota úrica, esteatose

hepática, doenças dos ovários policisticos com oligomenorreia ou amenorréia.

Com relação às alterações metabólicas, a hiperinsulinemia pode ser correlacionada

com a porcentagem de gordura corporal. Os níveis séricos de insulina, no jejum diminuem

em associação com a perda de peso e a restrição calórica. O encontro da hiperinsulinemia

basal e pós-sobrecarga de glicose, com glicemia normal ou aumentada sugerem resistência

à insulina. Segundo McCance a resistência à insulina parece ser devida às alterações em

nível de seus receptores, nos tecidos periféricos (apud SIGULEM et al., 2000). A

hiperinsulinemia é considerada um fator de risco independente para a doença

cardiovascular, já que tem papel importante no desenvolvimento de outros componentes da

síndrome metabólica, como a dislipidemia, a hipertensão e a hiperurecemia. Ferreira et al.

(2007) verificaram, em uma pesquisa com 52 crianças classificadas como obesas entre 7 e

11 anos de idade de ambos os sexos alta prevalência de síndrome metabólica (SM) (17,3%).

A resistência à insulina diferiu significativamente entre o sexo feminino e o sexo

masculino. Foi observado também que quanto maior o nível de resistência a insulina, maior

a quantidade dos fatores de risco presentes nas crianças obesas o que leva a uma

predisposição para o desenvolvimento futuro de SM, Diabetes Mellitus tipo 2 e DCV.

Um estudo realizado pelo Bogalusa Hearth Study entre 1973 a 1994, com 9167

indivíduos de 5 a 17 anos, objetivando avaliar os fatores de risco para doenças

cardiovasculares, revelou que nas primeiras décadas de vida, entre os indivíduos que

apresentavam obesidade, 58% tinham pelo menos um fator de risco. Já as crianças e

28 28 INTRODUÇÃO

adolescentes obesos apresentavam um risco de 2,4 vezes e 7,1 vezes, de terem níveis de

colesterol total e triglicérides, respectivamente, mais elevados do que indivíduos eutróficos

(OLIVEIRA et al., 2004).

Moura et al., (2000) observou em um estudo realizado na cidade de Campinas com

1.600 escolares na faixa etária de 7 a 14 anos a prevalência de 35% de hipercolesterolemia,

sendo que os valores observados nas meninas foram maiores que os observados nos

meninos. A associação entre obesidade e níveis de colesterol total e de LDL-colesterol,

com maior risco para desenvolvimento de doença aterosclerótica, e baixos níveis de HDL –

colesterol, aumentando mais este risco por se tratar da fração antiaterogênica (NOBRE et

al., 2006).

Associações entre dislipidemias e demais doenças ateroscleróticas, em especial das

artérias coronarianas, têm sido observado. Em estudos anatopatológicos observa-se a

presença de estrias gordurosa, consideradas precursoras das placas ateroscleróticas, a partir

dos 3 anos de idade na aorta, podendo chegar a 15% de comprometimento dessa artéria até

os 15 anos e a partir disso, as placas ateroscleróticas podem surgir nas coronárias

( McGILL et al., 1963).

O nível de fibrinogênio no plasma tem sido reconhecido como um fator de risco

independente para aterosclerose e suas complicações trombóticas em adultos. Um estudo

realizado no Japão com 294 estudantes de ambos os sexos na faixa etária de 10 a 13 anos de

idade, demonstrou níveis de fibrinogênio entre 226,0 ± 39,7 mg/dL para os meninos e 245,3

± 40,9 mg/dL para as meninas, sendo mais elevado para as meninas. Neste mesmo estudo

observou também uma associação significativa entre o fibrinogênio com o PCR e a

hemoglobina Glicosilada (FUJII et al., 2006). Níveis elevados de fibrinogêno e PAI-1 já

podem ser observados em crianças e adolescentes obesos (OLIVEIRA et al., 2004). O

29 29 INTRODUÇÃO

estudo de Valle et al. (apud Pellandal et al., 2002), observou que crianças obesas quando

comparadas com o grupo controle apresentavam valores de fibrinogênio, PAI-l, ativador do

plasminogênio tecidual (t-PA) e de insulina mais elevados.

Um alto grau de inflamação pode ser tanto uma causa como uma conseqüência de

disfunção endotelial, e alguns estudos que utilizaram marcadores de inflamação, como a

proteína C reativa, IL-6, e TNF-α e a progressão da microalbuminúria tem demonstrado

associação com o aumento de risco para doença aterosclerótica (JAGUER et al., 2002).

Estudos apontam que a reação inflamatória é fator comum em doenças cardiovasculares e

diabetes, associadas à obesidade (BRASIL et al., 2007). O tecido adiposo secreta

substâncias que irão agir no endotélio vascular, no metabolismo da glicose e dos lipídios

(ROSSETTI e LEÃO apud em BRASIL, 2007). As citocinas liberadas pelo tecido adiposo

estimulam a produção hepática de Proteína C reativa (PCR). Tal proteína é produzida no

fígado, em resposta ao estímulo das citocinas inflamatórias (BRASIL, 2007). Desde a

década de 1970 a dosagem do PCR vem sendo utilizada para diagnóstico de estados

inflamatórios e infecções (MENDES apud em BRASIL, 2007). Cook et al. (2000)

avaliaram crianças entre 9 e 11 anos e observaram uma forte relação entre a concentração

do PCR com o índice ponderal. Demonstram-se ainda que a concentração de PCR eleva-se

à medida que o IMC também se eleva (FORD et al.,2001; VISSER et al., 2001).

Na pesquisa de Iannuzzi et al. (2004), comparou-se 100 crianças obesas, com 50

crianças não obesas, demonstrando que as crianças obesas quando comparadas com as não

obesas apresentaram elevação na pressão arterial, triglicérides, glicemia, insulinemia e

PCR.

Evidências epidemiológicas e clínicas têm estabelecido uma ligação entre

microalbuminúria e doenças cardiovascular em pacientes diabéticos e hipertensos, esta

30 30 INTRODUÇÃO

correlação é observada mesmo em níveis de albuminúria abaixo do limiar (ARNLOV et al.,

2005). O termo microalbuminúria refere-se à excreção urinária de pequena quantidade de

albumina, entre 30 e 300 mg/24 horas ou entre 20 e 200 µg/min5 considerada atualmente

um indicador de risco cardiovascular (DIAS et al., 2003). Em um estudo de Mykkänen

(apud Piccirillo et al., 2002) observou-se que, em pacientes mais obesos e com IMC mais

elevados apresentavam microalbuminúria, apresentando também resistência à insulina mais

elevada. Revela também que pessoas obesas, com níveis pressóricos normais, apresentaram

elevada taxa de excreção urinária de albumina.

A hipertensão arterial é também um grande problema causado pelo excesso de peso,

sendo aumentada, tanto nos valores da pressão sistólica quanto na diastólica. Estudos que

avaliam o perfil hemodinâmico têm demonstrado que na obesidade há elevação do débito

cardíaco e apontam a expansão do volume sanguíneo como causa do aumento da pressão

arterial. Segundo Lauer (apud Oliveira, et al., 2004), aproximadamente, de 20% a 30% das

crianças obesas têm pressão arterial elevada, quando comparadas as eutroficas, apresentam

um risco de 2,4 vezes maior. Na infância a hipertensão arterial está associada a uma

incidência maior de causas secundárias do que nos adultos. Na última década, porém, os

estudos têm mostrado aumento da incidência de hipertensão primária na população

pediátrica, principalmente na adolescência (LIMA, 2004).

Steyne (2001) observou a presença de pelo menos um fator de risco para DCV

(hipertensão, dislipidemia ou hiperinsulinemia) em 60% das crianças e adolescentes com

excesso de peso, sendo que 20% apresentam dois ou mais fatores de risco.

Para Fisberg (1995), a obesidade na infância tem como importância a possibilidade

de sua manutenção na vida adulta. Ainda que a morbidade na infância não seja freqüente,

31 31 INTRODUÇÃO

no adulto a situação é de risco levando ao aumento da mortalidade associada à doença

aterosclerótica, hipertensão e alterações metabólicas.

A Organização Panamericana de Saúde (OPAS, 2003) aponta que quanto maior o

período de obesidade, maior o risco à saúde, e alerta que a obesidade grave aumenta em 12

vezes o risco de mortalidade em adultos jovens.

Traeberg et al. (2004) relatam em estudo haver evidências demonstrando que a

obesidade infantil tem 25% de chance de perdurar até a vida adulta e esse percentual

aumenta em 80% se a obesidade for na adolescência. Portanto, por ser a obesidade uma

doença de difícil tratamento na vida adulta é fundamental a sua prevenção e o tratamento

dos fatores de riscos associados a ela, sobretudo com base na prática de atividades físicas

bem como incentivos na aquisição de hábitos alimentares saudáveis.

Considerando, que a obesidade infantil vem se constituindo em um dos principais

problemas de saúde pública, e que evidências demonstram que significativa parcela das

crianças obesas tornan-se adultos obesos, é importante avaliar os fatores de risco para a

doença cardiovascular associados à obesidade em crianças e adolescentes. Tendo em vista,

tais evidências e a constatação da existência de poucos estudos diagnósticos em crianças e

adolescentes nas variáveis em estudo nessa pesquisa, acredita-se que a mesma poderá

fornecer subsídios aos profissionais da área da saúde, colaborando na prevenção e

tratamento das doenças relacionadas à obesidade.

32 32 OBJETIVOS

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O objetivo desse estudo foi analisar as possíveis correlações entre os indicadores de

composição corporal e a pressão arterial em crianças e adolescentes e suas implicações.

2.2 Objetivos Específicos

Caracterizar a presença de obesidade e sobrepeso em escolares:

- Medir e avaliar índice de massa corporal, circunferência da cintura, relação

cintura/quadril, percentual de gordura corporal, pressão arterial sistólica e diastólica

e frequência cardíaca, dos escolares.

- Analisar o indicador determinante de pressão arterial sistólica e diastólica segundo

indicadores de composição corporal.

33 33 MÉTODOS

3 MÉTODOS

3.1 Casuística

Elaborou-se uma pesquisa de campo, de caráter quantitativo, comparando-se as

variáveis estabelecidas com o objeto de estudo.

A amostra foi constituída por 1.050 escolares, estudantes da 1ª série do ensino

fundamental à 3ª série do ensino médio, com faixa etária entre 6 e 18 anos (crianças e

adolescentes), de ambos os sexos, matriculados no ano de 2009 numa escola particular da

cidade de São Paulo localizada no bairro da Mooca. A primeira etapa da pesquisa consistiu

de um levantamento antropométrico e de composição corporal para caracterização da

amostra a ser estudada. As crianças e adolescentes foram agrupadas segundo o gênero e

distribuídas em faixas etárias: 6 a 9 anos (escolar), 10 a 14 anos (pré-adolescente), 15 a 18

anos (adolescente) para melhor análise dos dados (FERREIRA, et al., In: LEÃO, et al.,

1998; OMS,1989; ABRANTES, 2002) A segunda etapa consistiu numa segunda avaliação

do perfil hemodinâmico, com avaliação da pressão arterial e da freqüência cardíaca dos

estudantes.

As variáveis escolhidas foram o Índice de massa corpórea (IMC), o percentual de

gordura corporal, a circunferência da cintura (CC) e a Relação Cintura-Quadril (RCQ).

Essas variáveis referem-se respectivamente a proporção da massa corporal total de um

indivíduo o tipo de tecido que se encontra em excesso e a localização do mesmo (CHIARA

34 34 MÉTODOS

et al., 2003; SILVA et al., 2005). O ponto de corte utilizado para a classificação da

população em estudo seguiu os critério do National Center for Health Statistic

(NCHS/CDC, 2000). As variáveis escolhidas nesta pesquisa levou em consideração a

praticidade e eficiência do método para o diagnostico de sobrepeso e obesidade em crianças

e adolescentes.

Critério de Inclusão

• Escolares na faixa etária de 6 a 18 anos;

Critério de Exclusão

• Algum problema físico que o impedem, temporária ou definitivamente, por motivos

de imobilização de membros inferiores ou superiores;

• Uso de algum medicamento na época da coleta que possa interferir nos resultados;

• Indisponibilidade para participar de todas as etapas da pesquisa.

• Informativo (anexo 01)

35 35 MÉTODOS

3.2 Procedimentos Metodológicos

Aspectos Éticos

O referido estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

São Judas Tadeu (038/2008). O consentimento para a participação no estudo foi

encaminhado pelos pesquisadores ao diretor da Instituição de Ensino. Os alunos foram

informados de todos os procedimentos. Ao final das análises, os pais receberam um

relatório dos procedimentos executados e seus respectivos resultados (ANEXO 02)

A primeira etapa de coletas de dados foi realizada no período de fevereiro à março

de 2009, durante as aulas de Educação Física por um grupo de profissionais qualificados e

treinados para a realização do protocolo, com acompanhamento de monitores quando

necessários. Durante o período de aula o grupo a ser avaliado recebia as informações dos

procedimentos pelos professores e pesquisador responsável e aguardavam em repouso, com

tempo mínimo de cinco minutos, previamente à avaliação. A coleta de dados ocorreu na

sala anexa à sala dos professores localizada próximo às quadras utilizadas para as aulas de

Educação Física que ofereceu privacidade e segurança aos pesquisadores e escolares.

36 36 MÉTODOS

3.2.1 Medida do Perfil Antropométrico

Foi avaliado o peso corporal por meio de balança digital, com escala 0,1 Kg, todos

os escolares foram pesados com o mínimo de roupas leves (uniforme de Educação Física) e

sem calçado e a estatura com estadiômetro de parede com escala de 0,1, com o participante

em posição ereta, sem calçado, com os pés juntos, mantendo calcanhares, nádegas e ombros

em contato com a parede. A partir dessas medidas foi calculado o índice de massa corpórea

(IMC) pela fórmula IMC = PESO (Kg)/ALTURA (m2). Para determinação da classificação

do IMC foi adotada a classificação do NCHS.CDC (2000). O IMC igual e abaixo do

percentil 5 classificou os sujeitos como baixo peso, os sujeitos que tiveram seu IMC igual e

maior que percentil 10 foram classificados como eutróficos a partir do IMC igual ou

superior ao percentil 85 para sexo e idade e a obesidade com o IMC igual ou superior ao

percentil 95 (ANEXO 03).

Por meio de fita métrica de fibra inextensível com precisão de 0,1 cm foi verificada

circunferência da cintura (CC), realizada na altura da cicatriz umbilical, com o cuidado de

manter a fita métrica justa sem comprimir tecidos; a leitura foi feita entre uma expiração e

uma inspiração. A medida do quadril foi obtida colocando-se a fita métrica ao redor da

região do quadril, na área de maior protuberância, sem comprimir a pele. Com os dados

obtidos calculou-se a Relação Cintura/Quadril (PITANGA, 2005).

Analisou-se a espessura das dobras cutâneas determinadas nas regiões tricipital e

subescapular mediante o uso de um adipômetro de marca Sanny e pressão constante de 10

37 37 MÉTODOS

g/mm2. Para o cálculo da composição corporal foi utilizado o protocolo específico para

crianças e adolescentes proposto por Slaughter et al. (1988)(Tabela 1).

Tabela 1. Calculo da Composição Corporal de escolares e adolescentes segundo o gênero.

Gênero Calculo de Composição Corporal FEMININO

%G = 1,33 (TR + SE) – 0,13 (TR + SE)2 – 2,5

MASCULINO

%G = 1,35 (TR + SE) – 0,012 (TR + SE)2 – 4,4

FONTE: Slaughter et al. (1988).

Para classificação do percentual de gordura foi utilizado Pitanga, (2005) (Quadro

2). Segundo este autor, até 6%, 7 a 12%, 13 a 18%, 19 a 25%, 26 a 32% e maior que 32%

de gordura corporal correspondem respectivamente à classificação de muito baixo, baixo,

normal, moderadamente alto, alto e muito alto para os meninos. Para as meninas, até 11%,

12 a 15%, 16 a 25%, 26 a 30%, 31 a 35% e maior que 35% correspondem respectivamente

à classificação de muito baixo, baixo, normal, moderadamente alto, alto e muito alto para

os valores de gordura corporal.

Quadro 2 - Classificação de percentual de gordura.

Percentual de Gordura Masculino Feminino

Muito Baixo Até 6 % Até 11 %

Baixo 7 % a 12 % 12 % a 15 %

Normal 13% a 18 % 16% a 25 %

Moderado Alto 19 % a 25 % 26 % a 30 %

Alto 26 % a 32% 31 % a 35 %

Muito Alto > 32 % > 35 %

FONTE: Pitanga (2005).

38 38 MÉTODOS

3.2.2 Medida da Pressão Arterial (PA) e da Freqüência Cardíaca (FC)

A pressão arterial sistólica e diastólica e a freqüência cardíaca foram avaliadas em

todos os escolares. Foi avaliada através de uma aferição, tendo as medidas que

apresentaram valores compatíveis com diagnóstico de pré-hipertensão ou hipertensão

arterial (FOURTH REPORT, 2004) uma segunda aferição foi realizada e novamente

analisada para a classificação da pressão arterial, os escolares que mantiveram na segunda

leitura o resultado de pré ou hipertensão realizaram mais uma coleta de PA com intervalos

de 5 minuto, da segunda para a terceira aferição. O equipamento utilizado foi um aparelho

de pressão arterial automático da marca OMRON modelo 705 – CP (Figura 2), validado

conforme protocolo internacional (O’Brein et al., 1990), de medida de pressão arterial de

braço, com inflação e deflação automática de ar, no qual a detecção da pressão e da onda de

pulso se dá através de um transdutor de pressão tipo capacitância.

Figura 2 – Aparelho de Pressão OMRON modelo 705 – CP e Software STAT Growth-

BP™

39 39 MÉTODOS

O método de medida é oscilométrico, com variação da pressão de 0 a 280 mmHg e

com variação da freqüência cardíaca de 40 a 200 bpm (FURUSAWA et al., 2005). As

medidas obedeceram à seguinte padronização: o escolar sentado, pés apoiados no piso,

braço esquerdo à altura do coração, apoiado em mesa, levemente flexionado e com a palma

da mão voltada para cima. A braçadeira foi posicionada 2,5 cm da dobra anticubital do

braço desnudo; a inflação e a deflação foram automáticas, sendo a primeira programada

para até 280 mmHg, de acordo com as especificações do aparelho. Os valores da pressão

arterial sistólica (PAS), da pressão arterial diastólica (PAD) e da freqüência cardíaca (FC)

apareceram automaticamente no visor. Para análise dos dados foi utilizado Software STAT

Growth-BP™ Versão 2.55 (Figura 2). O manguito foi escolhido adequadamente ao

tamanho do braço de cada avaliado (Quadro 3).

Quadro 3 - Dimensões da bolsa de borracha para diferentes circunferências de braço em crianças e adultos.

Denominação do manguito Circunferência do braço Bolsa de borracha (cm)

Largura Comprimento

Recém-nascido ≤ 10 4 8

Criança 11 – 15 6 12

Infantil 16 – 22 9 18

Adulto pequeno 20 – 26 10 17

Adulto 27 – 34 12 23

Adulto grande 35 – 45 16 32

FONTE: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial

40 40 MÉTODOS

Todas as medidas hemodinâmicas foram realizadas por um mesmo avaliador e em

conformidade com as orientações da Sociedade Brasileira de Hipertensão (2000) e IV

Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2002) para as medidas em repouso.

Os valores de pressão arterial (PA) em crianças e adolescentes são classificados de

maneira mais precisa, quando baseados em percentis relacionados à idade cronológica, ao

sexo e ao percentil de altura (FOURTH REPORT, 2004)

As tabelas de referências foram revistas e incluem novos percentis de estaturas

proposto pelo Center for Disease Control and Prevention e do National Center for Health

Statistics (CDC, 2000), com valores limites de pressão arterial (percentil 50, 90, 95 e 99)

separados para os percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90 e 95 de altura tornando possível eliminar a

diferença que tem em cada idade (anos) devido à diferença de altura.

Neste estudo, a PA foi classificada de acordo com as tabelas de percentil para idade,

sexo e altura. Dentro deste percentil se encontram os limítrofes e pré-hipertensos, tendo sua

classificação como normotensos crianças e adolescentes que se encontravam no percentil

50 (ANEXO 04, Quadro 04).

41 41 MÉTODOS

Quadro 4 - Classificação da pressão arterial para crianças e adolescentes (modificado de uma sugestão do The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation and Teatment of High Blood Pressure in Children and Adolescents).

Classificação Percentil* para PAS e PAD Frequência de medida da pressão arterial

Normal PA< percentil 90 Reavaliar na próxima consulta médica agendada

Limítrofe PA entre percentis 90 a 95 ou se PA exceder 120/80 mmHg sempre < percentil 90 até < percentil 95

Reavaliar em 6 meses

Hipertensão estágio 1 Percentil 95 a 99 mais 5 mmHg Paciente assintomático: reavaliar em 1 a 2 semanas; se hipertensão confirmada encaminhar para avaliação diagnóstica Paciente sintomático: encaminhar para avaliação diagnóstica

Hipertensão estágio 2 PA > percentil 99 mais 5 mmHg Encaminhar para avaliação diagnóstica

Hipertensão do avental branco

PA > percentil 95 em ambulatório ou consultório e PA normal em ambientes não relacionados à prática clínica

FONTE: IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2002)

3.3 Análise dos dados

Os resultados foram apresentados como média ± desvio padrão. Teste-t de Student foi

devidamente aplicado para análise dos dados quantitativos. A frequência e a porcentagem

dos dados descritivos foram analisadas pelo teste do qui-quadrado (χ²). Correlação de

Pearson e Regressão Linear Múltipla Stepwise foram utilizadas para estudo de relação entre

as variáveis. Valores de p<0,05 foram considerados significativos.

42 42 RESULTADOS

4 RESULTADOS

A amostra foi constituída por 1.050 escolares com idade entre 6 e 18 anos, sendo

556 (52,95%) do sexo masculino e 494 (47,05%) do sexo feminino, conforme representado

na Figura 2. A amostra foi distribuída em três faixas etárias com a seguinte classificação:

Escolar (6 – 9 anos, n=235), Pré-Adolescente (10 – 14 anos, n=451) e Adolescente (15 -18

anos, n=364).

Figura 3 – Constituição da amostra de escolares do gênero masculino e feminino

distribuído em três faixas etárias

43 43 RESULTADOS

4.1 Avaliação do perfil antropométrico, da composição corporal e hemodinâmico de

crianças e adolescentes

Os valores descritivos e comparativos das variáveis antropométricas, da composição

corporal e hemodinâmica estão separados por gênero masculino e feminino. Os resultados

estão apresentados em tabelas separadas por grupo. Grupo Escolar (Tabela 2), grupo Pré-

Adolescente (Tabela 3) e grupo Adolescente (Tabela 4). Os valores estão apresentados em

média e desvio padrão para peso corporal (Kg), estatura (m), índice de massa corpórea

(Kg/m2), circunferência da cintura (cm), relação cintura/quadril, gordura corporal (%),

pressão arterial sistólica e diastólica (mmHg) e freqüência cardíaca (bpm).

4.1.1 Perfil antropométrico, composição corporal e hemodinâmico do grupo escolar.

Tabela 2 mostra as características antropométricas, composição corporal e

hemodinâmica do grupo escolar. Pode-se observar que a estatura entre os gêneros não

apresentou diferença significativa. O peso corporal total do gênero masculino foi maior que

o peso corporal do gênero feminino. Em relação ao IMC, verificou-se que o gênero

masculino apresentou maior valor de IMC quando comparado ao gênero feminino. Não

existiu diferença significativa de massa gorda entre os gêneros. A circunferência da cintura

foi maior no gênero masculino comparado ao gênero feminino. A relação cintura-quadril

(RCQ) foi diferente entre os gêneros. O gênero masculino apresentou RCQ maior que o

gênero feminino. Não foi observada diferença significativa entre os gêneros em relação à

freqüência cardíaca. A pressão arterial sistólica foi maior no gênero masculino quando

44 44 RESULTADOS

comparado ao gênero feminino. Não foi observada diferença significativa quando

comparado os gêneros em relação à pressão arterial diastólica.

Tabela 2 – Características antropométricas, composição corporal e hemodinâmicas do grupo escolar. Distribuição por gênero quanto à média e desvio padrão.

MASCULINO FEMININO

n: 113 n: 122 Estatura (m) 1,31 ± 0,08 1.29 ± 0,09 Peso Corporal (Kg) 32,47 ± 9,80 * 29,86 ± 8,68 IMC (Kg/m 2) 18,69 ± 4,00 * 17,61 ± 3,25

Massa Gorda (%) 18,41 ± 7,89 19,93 ± 7,20 Relação Cintura Quadril 0,84 ± 0,05 * 0,83 ± 0,04 Circunferência da Cintura (cm) 60,65 ± 8,88 * 58,10 ± 7,36 Freqüência Cardíaca (bpm) 90,15 ± 15,05 92,42 ± 12,92 Pressão Arterial Sistólica (mmHg) 106,15 ± 7,83 * 103,77 ± 9,07 Pressão Arterial Diastólica (mmHg) 61,06 ± 7,42 60,17 ± 6,52

Valores representam média ± desvio padrão. * p<0.05 vs. Feminino

4.1.2 Perfil antropométrico, composição corporal e hemodinâmico do grupo pré-

adolescente.

Tabela 3 mostra as características antropométricas, composição corporal e

hemodinâmica do grupo pré-adolescente. Observou-se que a estatura não apresentou

diferença significativa entre os gêneros. O gênero masculino apresentou maior peso

corporal total quando comparado ao gênero feminino. Em relação ao IMC, verificou-se que

45 45 RESULTADOS

não existiu diferença significativa entre os gêneros. O gênero masculino apresentou

diferença significativa de massa gorda quando comparado ao gênero feminino. A

circunferência da cintura foi maior no gênero masculino comparado ao gênero feminino. A

relação cintura-quadril não foi diferente entre os gêneros. O gênero masculino apresentou

maior freqüência cardíaca quando comparado ao gênero feminino. A pressão arterial

sistólica do gênero masculino foi maior compara ao gênero feminino. A pressão arterial

diastólica não apresentou diferença significativa entre os gêneros.

Tabela 3 – Características antropométricas, composição corporal e hemodinâmica do grupo pré-adolescente. Distribuição por gênero quanto à média e desvio padrão.

MASCULINO FEMININO n: 229 n: 123 Estatura (m) 1,57 ± 0,12 1.58 ± 0,07 Peso Corporal (Kg) 52,98 ± 14,96 * 49,67 ± 12,42 IMC (Kg/m 2) 21,22 ± 4,40 20,67 ± 3,79

Massa Gorda (%) 19,70 ± 7,85 * 25,37 ± 6,49 Relação Cintura Quadril 0,81 ± 0,06 0,79 ± 0,31 Circunferência da Cintura (cm) 71,24 ± 10,58 * 67,35 ± 8,92 Freqüência Cardíaca (bpm) 81,05 ± 12,44 * 86,85 ± 12,39 Pressão Arterial Sistólica (mmHg) 112,67 ± 10,20 * 109,92 ± 10,58 Pressão Arterial Diastólica (mmHg) 63,95 ± 6,80 64,51 ± 7,31 Valores representam média ± desvio padrão. * p<0.05 vs. Feminino

46 46 RESULTADOS

4.1.3 Perfil antropométrico, composição corporal e hemodinâmico do grupo

adolescente

Tabela 4 mostra as características antropométricas, composição corporal e

hemodinâmica do grupo adolescente. Pode-se observar que houve diferença significativa na

estatura entre os gêneros. O gênero masculino apresentou maior estatura quando comparado

com o gênero feminino. O peso corporal total foi maior no gênero masculino quando

comparado ao gênero feminino. O IMC não apresentou diferença significativa entre os

gêneros. O gênero masculino apresentou diferença significativa de massa gorda comparado

ao gênero feminino. O gênero masculino comparado ao gênero feminino apresentou maior

circunferência da cintura. A relação cintura-quadril do gênero masculino foi maior quando

comparado ao gênero feminino. As análises da freqüência cardíaca e da pressão arterial

sistólica apresentaram diferença significativa. O gênero masculino apresentou maior

freqüência cardíaca quando comparado ao gênero feminino. A pressão arterial sistólica do

gênero masculino foi maior comparada ao gênero feminino. A pressão arterial diastólica

não diferente entre os gêneros.

47 47 RESULTADOS

Tabela 4 – Características antropométricas, composição corporal e hemodinâmicas do grupo adolescente. Distribuição por gênero quanto à média e desvio padrão.

MASCULINO FEMININO n: 228 n: 150 Estatura (m) 1,73 ± 0,09 * 1,60 ± 0,07 Peso Corporal (Kg) 69,34 ± 15,66 * 57,68 ± 10,72 IMC (Kg/m 2) 23,17 ± 4,75 22,42 ± 4,11

Massa Gorda (%) 19,49 ± 7,50 * 26,70 ± 5,66 Relação Cintura Quadril 0,80 ± 0,08 * 0,74 ± 0,05 Circunferência da Cintura (cm) 77,21 ± 13,13 * 70,52 ± 8,10 Freqüência Cardíaca (bpm) 74,09 ± 13,74 * 82,11 ± 13,66 Pressão Arterial Sistólica (mmHg) 120,08 ± 8,37 * 117,29 ± 11,57 Pressão Arterial Diastólica (mmHg) 67,22 ± 5,53 68,40 ± 6,41 Valores representam média ± desvio padrão. * p<0.05 vs. Feminino

4.2 Análise de frequência e porcentagem de crianças e adolescentes segundo gênero

e classificação do peso corporal com uso do IMC.

4.2.1 Grupo Escolar

Foi aplicado o teste do qui-quadrado e foi observada diferença significativa entre o

gênero e a classificação do IMC no grupo escolar [χ2 (3) = 8,176; p < 0,05] (Tabela 5). No

gênero feminino foram observados 5,7 % da amostra classificada como subnutrida, 50,0%

eutrófico, 22,1% sobrepeso e 22,2% de obeso. No gênero masculino foram observados

48 48 RESULTADOS

4,4% da amostra classificado como subnutrido, 44,2% eutrófico, 13,3% sobrepeso e 38,1%

de obeso.

Tabela 5 – Frequência e porcentagem de escolares segundo gênero e classificação do peso corporal com uso do IMC.

Faixa etária Classificação de IMC

Total Subnutrido Eutrófico Sobrepeso Obeso

Feminino

7 (5,7%)

61 (50,0%)

27 (22,1%)

27 (22,2%)

122 (100%)

Masculino

5 (4,4%)

50 (44,2%)

15 (13,3%)

43 (38,1)

113 (100%)

4.2.2 Grupo Pré-Adolescente.

Através do teste do qui-quadrado não foi observada diferença significativa entre o

gênero e a classificação do peso corporal no grupo Pré-Adolescente [χ2 (3) = 5,208; p >

0,05] (Tabela 6). Foi observado: 4,1% de subnutrido, 55,9% de eutrófico, 23,9% de

sobrepeso e 16,2% de obeso no gênero feminino. No gênero masculino foi observado: 3,5%

de subnutridos, 50,7% de eutrófico, 21% de sobrepeso e 24,9% de obeso.

Tabela 6 – Frequência e porcentagem de Pré-Adolescente segundo gênero e classificação do peso corporal com uso do IMC.

Faixa etária Classificação de IMC

Total Subnutrido Eutrófico Sobrepeso Obeso

Feminino

9 (4,1%)

124 (55,9%)

53 (23,9%)

36 (16,2%)

222 (100%)

Masculino

8 (3,5%)

116 (50,7%)

48 (21,0%)

57 (24,9%)

229 (100%)

49 49 RESULTADOS

4.2.3 Grupo Adolescente.

Não foi observada diferença significativa entre o gênero e a classificação do peso

corporal no grupo Adolescente, através do teste do qui-quadrado [χ2 (3) = 2,473; p > 0,05]

(Tabela 7). No gênero feminino foi observado 4,0 % de subnutrido, 63,3% de eutrófico,

18,7 de sobrepeso e 14,0% de obesos. No gênero masculino foi observado 4,7% de

subnutrido, 57,9% eutrófico, 17,3% de sobrepeso e 20,1% de obeso.

Tabela 7 – Frequência e porcentagem de Adolescentes segundo gênero e classificação do peso corporal com uso do IMC.

Faixa etária Classificação de IMC

Total Subnutrido Eutrófico Sobrepeso Obeso

Feminino

6 (4,0%)

95 (63,3%)

28 (18,7%)

21 (14,0%)

150 (100%)

Masculino

10 (4,7%)

124 (57,9%)

37 (17,3%)

43 (20,1%)

214 (100%)

4.3 Análise de freqüência e porcentagem de crianças e adolescentes segundo gênero

e classificação da gordura corporal.

4.3.1 Grupo Escolar

Foi aplicado o teste do qui-quadrado e foi observada diferença significativa entre o

gênero e a classificação da gordura corporal no grupo escolar [χ2 (5) = 13,465; p < 0,05]

(Tabela 8). No gênero feminino foram observados 11,5% da amostra classificada como

muito baixo, 26,2% baixo, 40,2% normal, 11,5% de moderado alto, 9,0% de alto e 1,6% de

50 50 RESULTADOS

muito alto. No gênero masculino foram observados 3,5% da amostra classificada como

muito baixo, 28,3% baixo, 29,2% normal, 15,9% de moderado alto, 17,7% de alto e 5,3%

de muito alto.

Tabela 8 – Frequência e porcentagem de escolares segundo gênero e classificação do percentual de gordura corporal.

Faixa etária

Classificação da Gordura Corporal Total Muito

Baixo Baixo Normal Moderado

Alto Alto Muito

Alto Feminino

14 (11,5%)

32 (26,2%)

49 (40,2%)

14 (11,5%)

11 (9,0%)

2 (1,6%)

122 (100%)

Masculino

4 (3,5%)

32 (28,3%)

33 (29,2%)

18 (15,9)

20 (17,7%)

6 (5,3%)

113 (100%)

4.3.2 Grupo Pré-Adolescente

Através do teste do qui-quadrado foi observada diferença significativa entre o

gênero e a classificação da gordura corporal no grupo Pré-Adolescente [χ2 (5) = 32,951,208;

p < 0,05] (Tabela 9). Foi observado: 1,4% da amostra classificada como muito baixo, 7,2%

baixo, 45,5% normal, 20,3% de moderado alto, 20,7% de alto e 5,0% de muito alto no

gênero feminino. No gênero masculino foi observado: 1,3% da amostra classificada como

muito baixo, 22,7% baixo, 26,2% normal, 24,0% de moderado alto, 17,5% de alto e 8,3%

de muito alto.

51 51 RESULTADOS

Tabela 9 – Frequência e porcentagem de Adolescentes Precoce segundo gênero e classificação do percentual de gordura corporal.

Faixa etária

Classificação da Gordura Corporal Total Muito

Baixo Baixo Normal Moderado

Alto Alto Muito

Alto Feminino

3 (1,4%)

16 (7,2%)

101 (45,5%)

45 (20,3%)

46 (20,7%)

11 (5,0%)

222 (100%)

Masculino

3 (1,3%)

52 (22,7%)

60 (26,2%)

55 (24,0%)

40 (17,5%)

19 (8,3%)

229 (100%)

4.3.3 Grupo Adolescente

Foi observada diferença significativa entre o gênero e a classificação da gordura

corporal no grupo Adolescente, através do teste do qui-quadrado. [χ2 (3) = 31,414; p < 0,05]

(Tabela 10). No gênero feminino foi observado 0,7% muito baixo, 2,0% baixo, 45,3%

normal, 23,3% de moderado alto, 21,3% de alto e 7,3% de muito alto. No gênero masculino

foi observado: 1,4% da amostra classificada como muito baixo, 21,5% baixo, 30,4%

normal, 22,4% de moderado alto, 18,2% de alto e 6,1% de muito alto.

Tabela 10 – Frequência e porcentagem de Adolescentes segundo gênero e classificação do percentual de gordura corporal.

Faixa etária

Classificação da Gordura Corporal Total Muito

Baixo Baixo Normal Moderado

Alto Alto Muito

Alto Feminino

1 (0,7%)

3 (2,0%)

68 (45,3%)

35 (23,3%)

32 (21,3%)

11 (7,3%)

150 (100%)

Masculino

3 (1,4%)

46 (21,5%)

65 (30,4%)

48 (22,4%)

39 (18,2%)

13 (6,1%)

214 (100%)

52 52 RESULTADOS

4.4 Análise de freqüência e porcentagem de crianças e adolescentes segundo gênero

e classificação da pressão arterial (PA).

4.4.1 Pressão Arterial Sistólica (PAS) do Grupo Escola

Foi aplicado o teste do qui-quadrado e não foi observado diferença significativa

entre o gênero e a classificação do percentil de PAS no grupo escolar [χ2 (3) = 0,802; p >

0,05] (Tabela 11). No gênero feminino foram observados 89,3 % da amostra classificada no

P50, 4,1% no P90, 4,9% no P95 e 1,6% no P99. No gênero masculino foram observados

88,5% da amostra classificada no P50, 6,2% no P90, 4,4% no P95 e 0,9% no P99.

Tabela 11 – Frequência e porcentagem de escolares segundo gênero e classificação do Percentil de Pressão Arterial Sistólica.

Faixa etária Classificação do Percentil de PAS

Total P50 P90 P95 P99

Feminino

109 (89,3%)

5 (4,1%)

6 (4,9%)

2 (1,6%)

122 (100%)

Masculino

100 (88,5%)

7 (6,2%)

5 (4,4%)

1 (0,9%)

113 (100%)

4.4.2 Pressão Arterial Sistólica (PAS) do Grupo Pré-Adolescente

Através do teste do qui-quadrado foi observada diferença significativa entre o

gênero e a classificação do Percentil de PAS no grupo Pré-Adolescente [χ2 (3) = 9,841; p <

0,05] (Tabela 12). Foi observado: no gênero feminino 95,5 % no P50, 2,7% no P90, 0,9%

no P95 e 0,9% no P99. No gênero masculino foi observado: 87,3 % da amostra classificada

no P50, 6,6% no P90, 3,9% no P95 e 2,2% no P99.

53 53 RESULTADOS

Tabela 12 – Frequência e porcentagem de Pré-Adolescente segundo gênero e classificação do Percentil de Pressão Arterial Sistólica.

Faixa etária Classificação do Percentil de PAS

Total P50 P90 P95 P99

Feminino

212 (95,5%)

6 (2,7%)

2 (0,9%)

2 (0,9 %)

222 (100%)

Masculino

200 (87,3%)

15 (6,6%)

9 (3,9%)

5 (2,2%)

229 (100%)

4.4.3 Pressão Arterial Sistólica (PAS) do Grupo Adolescente

Não foi observada diferença significativa entre o gênero e a classificação do

Percentil de PAS no grupo Adolescente, através do teste do qui-quadrado. [χ2 (3) = 5,561; p

> 0,05] (Tabela 13). No gênero feminino foi observado 91,3 % da amostra classificada no

P50, 3,3% no P90, 4,0% no P95 e 1,3% no P99. No gênero masculino foi observado 83,6 %

classificada no P50, 5,1% no P90, 6,1% no P95 e 5,1% no P99.

Tabela 13 – Frequência e porcentagem de Adolescentes segundo gênero e classificação do Percentil de Pressão Arterial Sistólica.

Faixa etária Classificação do Percentil de PAS

Total P50 P90 P95 P99

Feminino

137 (91,3%)

5 (3,3%)

6 (4,0%)

2 (1,3%)

150 (100%)

Masculino

179 (83,6%)

11 (5,1%)

13 (6,1%)

11 (5,1%)

214 (100%)

54 54 RESULTADOS

4.4.4 Pressão Arterial Diastólica (PAD) do Grupo Escolar

Foi aplicado o teste do qui-quadrado e não foi observado diferença significativa

entre o gênero e a classificação do percentil de PAD no grupo escolar [χ2 (3) = 2,216; p >

0,05] (Tabela 14). No gênero feminino foram observados 92,6 % da amostra classificada no

P50, 3,3% no P90, 1,6% no P95 e 2,5% no P99. No gênero masculino foram observados

93,8% da amostra classificada no P50, 1,8% no P90, 3,5% no P95 e 0,9% no P99.

Tabela 14 – Frequência e porcentagem de escolares segundo gênero e classificação do Percentil de Pressão Arterial Diastólica.

Faixa etária Classificação do Percentil de PAD

Total P50 P90 P95 P99

Feminino

113 (92,6%)

4 (3,3%)

2 (1,6%)

3 (2,5%)

122 (100,0%)

Masculino

106 (93,8%)

2 (1,8%)

4 (3,5%)

1 (0,9%)

113 (100,0%)

4.4.5 Pressão Arterial Diastólica (PAD) do Grupo Pré-Adolescente

Através do teste do qui-quadrado não foi observado diferença significativa entre o

gênero e a classificação do Percentil de PAD no grupo Pré-Adolescente [χ2 (3) = 7.189; p >

0,05] (Tabela 15). Foi observado: no gênero feminino 92,8 % no P50, 4,5% no P90, 2,7%

no P95 e 0,0% no P99. No gênero masculino foi observado: 96,5 % da amostra classificada

no P50, 1,3% no P90, 1,3% no P95 e 0,9% no P99.

55 55 RESULTADOS

Tabela 15 – Frequência e porcentagem de Pré-Adolescente segundo gênero e classificação do Percentil de Pressão Arterial Diastólica.

Faixa etária Classificação do Percentil de PAD

Total P50 P90 P95 P99

Feminino

206 (92,8%)

10 (4,5%)

6 (2,7%)

0 (0,0 %)

222 (100%)

Masculino

221 (96,5%)

3 (1,3%)

3 (1,3%)

2 (0,9%)

229 (100%)

4.4.6 Pressão Arterial Diastólica (PAD) do Grupo Adolescente

Não foi observada diferença significativa entre o gênero e a classificação do

Percentil de Pressão Arterial Diastólica no grupo Adolescente, através do teste do qui-

quadrado. [χ2 (3) = 3,331; p > 0,05] (Tabela 16). No gênero feminino foi observado 92,7 %

da amostra classificada no P50, 4,7% no P90, 1,3% no P95 e 1,3% no P99. No gênero

masculino foi observado 95,8 % classificada no P50, 1,9% no P90, 1,9% no P95 e 0,5% no

P99.

Tabela 16 – Frequência e porcentagem de Adolescentes segundo gênero e classificação do Percentil de Pressão Arterial Diastólica.

Faixa etária Classificação do Percentil de PAD

Total P50 P90 P95 P99

Feminino

139 (92,7%)

7 (4,7%)

2 (1,3%)

2 (1,3%)

150 (100%)

Masculino

205 (95,8%)

4 (1,9%)

4 (1,9%)

1 (0,5%)

214 (100%)

56 56 RESULTADOS

4.5 Correlações entre indicadores de composição corporal e indicadores hemodinâmicos

4.5.1 Gênero Feminino

A tabela 17 demonstra a análise de correlação entre os indicadores de composição

corporal e a pressão arterial para o gênero feminino. Foram observadas correlações

positivas entre PAS e as seguintes variáveis: CC (Figura 10), % gordura (Figura 5) e IMC

(Figura 3). Correlações positivas também foram verificadas entre PAD e as variáveis CC

(Figura 9), % de gordura (Figura 6) e IMC (Figura 5). A variável RCQ não apresentou

correlação significativa quando relacionado com a PAS (Figura 8) e a PAD (Figura 9).

Tabela 17 – Correlação de Pearson entre indicadores de composição corporal e pressão arterial sistólica e diastólica para o gênero feminino. Variável CC RCQ % GORDURA IMC

PAS 0,470* -0,125 0,412* 0,467*

PAD 0,363* -0,129 0,331* 0,353*

*p<0,05

4.5.2 Gênero masculino

Para o gênero masculino a análise de correlação entre os indicadores de composição

corporal e a pressão arterial pode ser visualizada na tabela 18. Foram observadas

correlações positivas entre PAS e as seguintes variáveis: CC (Figura 10), % gordura (Figura

6) e IMC (Figura 4). Também foram observadas correlações positivas entre PAD e as

variáveis CC (Figura 10), % de gordura (Figura 7) e IMC (Figura 5). A variável RCQ não

57 57 RESULTADOS

apresentou correlação significativa quando relacionado com a PAS (Figura 8 e a PAD

(Figura 9).

Tabela 18 – Correlação de Pearson entre indicadores de composição corporal e pressão arterial sistólica e diastólica para o gênero masculino. Variável CC RCQ % GORDURA IMC

PAS 0,564* -0,114 0,303* 0,509*

PAD 0,381* 0,021 0,271* 0,356*

*p<0,05

58 58 RESULTADOS

R=0,509P<0,05

R=0,467P<0,05

Figura 4 - Correlação de Pearson entre a pressão arterial sistólica (PAS) e o índice de

massa corporal (IMC) entre os gêneros

R=0,356P<0,05

R=0,353P<0,05

Figura 5 – Correlação de Pearson entre a pressão arterial diastólica (PAD) e o índice de

massa corporal (IMC) entre os gêneros

59 59 RESULTADOS

R=0,303P<0,05

R=0,412P<0,05

Figura 6 - Correlação de Pearson entre a pressão arterial sistólica (PAS) e a porcentagem

de gordura corporal (% Gordura) entre os gêneros

R=0,271P<0,05

R=0,331P<0,05

Figura 7 - Correlação de Pearson entre a pressão arterial diastólica (PAD) e a porcentagem

de gordura corporal (% Gordura) entre os gêneros

60 60 RESULTADOS

R=-0,114P>0,05

R=-0,125P>0,05

Figura 8 - Correlação de Pearson entre a pressão arterial sistólica (PAS) e a relação

cintura-quadril (RCQ) entre os gêneros.

R=0,021P>0,05

R=-0,129P>0,05

Figura 9 - Correlação de Pearson entre a pressão arterial diastólica (PAD) e a relação

cintura-quadril (RCQ) entre os gêneros.

61 61 RESULTADOS

R=0,564P<0,05

R=0,470P<0,05

Figura 10 - Correlação de Pearson entre a pressão arterial sistólica (PAS) e a relação da

circunferência da cintura (CC) entre gêneros.

R=0,381P<0,05

R=0,363P<0,05

Figura 11 - Correlação de Pearson entre a pressão arterial diastólica (PAD) e a relação da

circunferência da cintura (CC) entre os gêneros.

62 62 RESULTADOS

4.6 Análises de regressão linear múltipla entre indicadores de composição corporal e indicadores hemodinâmicos

4.6.1 Pressão Arterial Sistólica (PAS)

A análise de regressão linear múltipla realizada para determinante de pressão

arterial sistólica segundo as variáveis: circunferência da cintura, % de gordura e RCQ

demonstraram que para o gênero feminino a circunferência da cintura foi a principal

variável determinante de alteração da pressão arterial sistólica. Foi verificado que 22,1% da

variação de PAS podem ser explicadas pela variação do indicador circunferência da cintura.

Além disso, foi observado através da equação de regressão que existe uma previsão de que

para cada 1 centímetro a mais na circunferência da cintura pode promover aumento de 0,5

mmHg de pressão arterial sistólica em crianças e adolescentes. No gênero masculino foram

verificados 31,8% da variação de PAS podendo também ser explicada pela variação do

indicador de CC. Através da equação de regressão foi observado que para cada 1

centímetro a mais na circunferência da cintura pode promover 0,6 mmHg de pressão

arterial sistólica em crianças e adolescentes (Tabela 18).

Tabela 19. Análise de regressão linear múltipla para determinante de pressão arterial sistólica segundo circunferência da cintura, índice de massa corporal e percentual de gordura em escolares do gênero masculino e feminino.

Gênero N R2 Equação de regressão Feminino

494

22,1%

PAS = 76,745 + 0,5 * Circunferência da

Cintura

Masculino

556

31,8 %

PAS = 75.177 + 0,6 * Circunferência da

Cintura

63 63 RESULTADOS

4.6.2 Pressão Arterial Diastólica (PAD)

A análise de regressão linear múltipla realizada para determinante de pressão

arterial diastólica segundo as variáveis circunferência da cintura, % de gordura e RCQ

demonstrou que para o gênero feminino a circunferência da cintura foi a principal variável

determinante de alteração da pressão arterial distólica. Foi verificado que 13,2% da

variação de PAD podem ser explicadas pela variação do indicador circunferência da

cintura. Além disso, foi observado através da equação de regressão que existe uma previsão

de que para cada 1 centímetro a mais na circunferência da cintura pode promover aumento

de 0,3 mmHg de pressão arterial sistólica em crianças e adolescentes. No gênero masculino

foi verificado 14,5% da variação de PAD podendo também ser explicada pela variação do

indicador de CC. Através da equação de regressão foi observado que para cada 1

centímetro a mais na circunferência da cintura pode promover 0,3 mmHg de pressão

arterial sistólica em crianças e adolescentes (Tabela 19).

Tabela 20. Análise de regressão linear múltipla para determinante de pressão arterial diastólica segundo circunferência da cintura, índice de massa corporal e percentual de gordura em escolares do gênero masculino e feminino. Gênero N R2 Equação de regressão Feminino

494

13,2%

PAD = 44,430 + 0,3 * Circunferência da

Cintura

Masculino

556

14,5 %

PAD = 55,512 + 0,3 * Circunferência da

Cintura

64 64 DISCUSSÃO

5 DISCUSSÃO Os principais dados indicam que a obesidade e pressão arterial sistólica elevada são

mais prevalentes no gênero masculino, independente da faixa etária escolar. A

circunferência da cintura apresentou-se maior no gênero masculino quando comparado ao

feminino. Além disso, a análise de regressão demonstrou que dentre todos os indicadores

utilizados, a circunferência da cintura foi o indicador que apresentou maior correlação com

a pressão arterial sistólica. Tais dados sugerem que crianças do gênero masculino

apresentam maior risco de desenvolver hipertensão na vida adulta, e o uso da medida da CC

pode ser uma importante ferramenta clínica para prevenir a doença cardiovascular na fase

adulta.

Considerada como uma epidemia global a obesidade segundo a Organização

Mundial de Saúde (OMS) tem como causas fundamentais o estilo de vida sedentário e um

perfil nutricional rico em gordura e alimento de alta densidade energética que atinge tanto

países desenvolvidos quanto em desenvolvimento (SILVA e MALINA, 2003). Estudos têm

verificado elevada prevalência de obesidade em crianças e adolescentes em diversos países

do mundo, sendo considerado para a área de saúde pública um fator de crescente

preocupação (EBBELING et al., 2002; MILLER et al., 2004).

Estudos nacionais realizados em escolares apontam o Brasil entre os quatro países

com uma rápida elevação na prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e

adolescentes, quando avaliados pelo IMC (GUEDES e GUEDES, 1998; MONTEIRO e

CONDE, 2000; LEÃO et al., 2003; ASSIS et al., 2005; SILVA et al., 2005; RONQUE et

al., 2005). Este aumento é evidente em todas as regiões do país, preocupando as autoridades

médicas independente da classe sócio-econômica.

65 65 DISCUSSÃO

No que diz respeito aos parâmetros mais utilizados para classificação do grau de

obesidade na faixa etária em estudo, o IMC tem sido utilizado para atribuir baixo peso,

sobrepeso e risco de obesidade. Analisando os resultados de IMC encontrados no presente

estudo, de forma geral pode se observar que em relação ao gênero, o sobrepeso esteve

presente em 16,2% do gênero masculino e 21,9% do gênero feminino. Quanto à obesidade,

dos 21,6% da amostra total, 25,7% era do gênero masculino e 17,0% do feminino. Quando

a amostra foi dividida em diferentes faixas etárias, pode se observar que a prevalência de

sobrepeso e obesidade no grupo escolar no presente estudo foi de 22,1% e 22,2%

respectivamente para o gênero feminino e 13,3% e 38,1% para o gênero masculino. Neste

grupo ficou evidente que o gênero masculino apresentou expressiva prevalência de

obesidade comparada ao gênero feminino. No grupo pré-adolescente, tais dados também

foram observados. A prevalência de sobrepeso e obesidade para o gênero feminino foi de

23,9% e 16,2% e para o masculino foi de 21,0% e 24,9%, respectivamente. O mesmo foi

observado no grupo de adolescentes, que apresentou 18,7% de sobrepeso e 14,0% de

obesidade no gênero feminino e 17,3% de sobrepeso e 20,1% de obesidade no masculino.

Corroborando com os dados aqui apresentados, o estudo realizado por Lamonier

(2000) em Manaus com adolescentes na faixa etária de 10 a 15 anos encontrou maior

prevalência de obesidade no sexo masculino. Os adolescentes na faixa etária de10 a 12

anos, apresentaram 14% de obesidade para o sexo masculino e 6,0% para o sexo feminino,

e na faixa etária de 13 a 15 anos os valores foram de 20% de obesidade no sexo masculino

e 7,5% no sexo feminino. Silva et al, (2005) realizaram um estudo na cidade de Recife com

1616 crianças e adolescentes de ambos os gêneros na faixa etária de 2 a 19 anos de

diferentes condições socioeconômicas e identificaram sobrepeso em 14,5% dos escolares e

obesidade em 8,3%. Quando comparados por faixa etária pré-escolares (2 a 6 anos),

66 66 DISCUSSÃO

escolares (7 a 9 anos) e adolescentes (10 a 19 anos) a prevalência de sobrepeso e obesidade

foi maior nos pré escolares, 22,2% e 13,85, respectivamente. Os escolares apresentaram

12,9% de sobrepeso e 8,2% de obesidade e os adolescentes apresentaram de sobrepeso

10,8% e de obesidade 4,9%. Nestes estudos, os autores não fizeram divisão entre os

gêneros para as análises. Assim, o sobrepeso e a obesidade foram mais observados entre

crianças e adolescentes de melhor condição socioeconômica. Dessa forma, os resultados do

presente estudo revelam que o problema do excesso de peso é mais expressivo para o

gênero masculino comparado ao feminino, independente da faixa etária.

Com o passar dos anos e com o crescimento, a distribuição e a quantidade de

gordura corporal das crianças se modificam. Além disso, conforme amadurecem meninos e

meninas diferenciam-se em suas gorduras corporais (ROLLAND-CACHERA et al., 1984).

Devido a essa variação a interpretação difere de acordo com sexo e faixa etária

(NCHS/CDC, 2000). Em nosso estudo o percentual de gordura corporal esteve elevado em

44,0% da amostra total. O gênero masculino apresentou valores elevados em 46,4%, sendo

classificados em: 21,8% moderado alto, 17,8% Alto e 6,8% muito alto. O gênero feminino

apresentou valores elevados em 41,2%, sendo classificados em: 19,1% moderado alto,

29,8% Alto e 4,8% muito alto. Quando separados por faixa etária os meninos do grupo

escolar apresentaram valores de percentual de gordura maiores que as meninas nas três

classificações. No grupo pré-adolescente os meninos nas classificações moderado alto e

muito alto apresentaram maior classificação quando comparados com as meninas e as

meninas apresentaram maior prevalência na classificação alto do percentual de gordura. O

grupo adolescente apresentou nas três classificações maior prevalência do gênero

masculino quando comparado ao gênero feminino. Tais dados corroboram os encontrados

através dos valores de IMC. A prevalência de percentual de gordura elevado foi mais

67 67 DISCUSSÃO

presente no gênero masculino quando comparado ao gênero feminino, sugerindo que a

obesidade é mais prevalente em meninos.

A circunferência da cintura quando analisada por gênero apresentou diferença

significativa e foi mais expressiva para o gênero masculino em todas as faixas etárias. A

relação cintura quadril não apresentou diferença significativa para a faixa etária escolar.

Para as outras faixas foram verificadas diferenças significativas com valores maiores para o

gênero masculino. Um estudo realizado em Brasília por Giugliano e Melo (2004), com 528

escolares de 6 a 10 anos de ambos os sexos, verificou-se que a circunferência da cintura e

do quadril, dos meninos e meninas, ambos eutróficos foram significativamente menores às

comparadas com as crianças que apresentavam sobrepeso. Não foi observada diferença na

RCQ entre os grupos. Neste estudo, embora os autores não tenham realizado análise entre

os gêneros, foi possível identificar que a circunferência da cintura foi maior nos meninos

comparado às meninas, independente da classificação do peso corporal.

Em relação aos dados de pressão arterial, foi possível verificar que a hipertensão foi

mais prevalente no gênero masculino. A aferição da pressão arterial no presente estudo foi

pelo método oscilométrico que tem a vantagem do manejo fácil e de minimizar erros de

medida associados ao observador e obedecendo a protocolos internacionalmente aceitos

(O’BREIN et al, 1990). Em nosso estudo a aferição da pressão arterial foi realizada em

duas etapas diferentes, e os valores utilizados para análise foram referentes à última leitura.

Publicações de pressão arterial pediátrica indicam o modelo de percentis de pressão

arterial relacionados à idade cronológica e ao percentil de altura correspondente para

crianças de 1 a 17 anos de idade. O valor de pressão arterial sistólica e diastólica foi

definido como normal quando inferior ao valor do percentil 90 (P90) para idade, sexo e

percentil de estatura, considerou-se hipertensão arterial valores de média de pressão arterial

68 68 DISCUSSÃO

igual ou superiores ao percentil 95 (P95) para idade, sexo e percentil de estatura e para a

classificação de pré-hipertensão valores de pressão arterial igual ou superiores ao percentil

90 e inferiores ao percentil 95 para idade, sexo e percentil de estatura. A hipertensão

arterial foi classificada em estagio 1, quando valores de medida de pressão arterial contidos

no intervalo entre o P95 e 5 mmHg acima do percentil 99 (P99) e estágio 2, valores de

medida de pressão arterial acima do limite superior definido para o estágio 1. Outra

situação caracterizada foi a hipertensão do avental branco valores de pressão arterial acima

do P95 no ambulatório ou consultório médico sendo necessário o monitoramento

ambulatorial ou residencial (QUADRO 04) (CDC,2000; FOURTH REPORT, 2004).

Analisando os resultados do percentil da PAS, foi possível observar que no gênero

feminino 92,8% se encontra no P50, 3,2% no P90, 2,8% no P95 e 1,2% no P99 e o gênero

masculino 86,1% se encontra no P50, 5,9% no P90, 4,9% no P95 e 3,1% no P99.

Confrontando com os valores de referência para classificação da pressão arterial, pode se

observar que no gênero feminino (92,8%) e no gênero masculino (86,1%) encontram-se no

na faixa de pressão arterial normal. Pré hipertensão, indicado pelo percentil P90, foi

observado em 2,8% das meninas e 5,9% dos meninos. Hipertensão, indicado pelo percentil

P95 e P99, foi verificado no gênero feminino, 2,8% e 1,2% e no gênero masculino 4,9% e

3,1%, respectivamente. Estes dados sugerem que a hipertensão foi mais prevalente no

gênero masculino.

No mesmo estudo a análise da PAD mostrou que no gênero feminino, 92,7% e

95,7% da amostra encontram-se no P50, indicando pressão arterial normal na maioria das

meninas e meninos. No P90, indicando pré-hipertensão, foi encontrado 1,6% de meninos e

4,3% para as meninas. Para hipertensão arterial, no P95 e P99 o gênero masculino e o

69 69 DISCUSSÃO

gênero feminino tiveram os seguintes resultados: 2,0% P95 e 0.7% P99 (masculino); 2,0%

P95 e 1,0% P99 (feminino), respectivamente.

A hipertensão é predominante na idade adulta, porém, em crianças e adolescentes,

cada vez mais tem sido demonstrado aumento de hipertensão nestas populações. Segundo

Salgado et al., (2003) a hipertensão varia nos relatos de diversos autores nacionais e

estrangeiros, de 1 a 13%, dependendo de fatores como metodologia utilizada, como

critérios de normalidade adotado, amostra, faixa etária e número de aferições. Vale destacar

que as prevalências mais elevadas são encontradas em estudos baseados em visita única

(Oliveira et al., 1999). Segundo Salgado, a prevalência atual de hipertensão arterial infantil

cai significativamente para próximo de 1%, quando a PA é medida por diversas vezes,

como é recomendado pelas Diretriz para diagnóstico de hipertensão em função da criança

se acostumar com o procedimento de medida e ficar mais tranqüila. Desta forma, os dados

encontrados no presente estudo estão de acordo com a literatura. No estudo de Rosa et al.

(2006) em amostra de 456 estudantes de 12 a 17 anos, de escolas públicas e privadas de

Niterói, Rio de Janeiro, foi verificada prevalência de hipertensão semelhantes aos que

foram aqui apresentados. Os autores verificaram que a prevalência de hipertensão foi de

2,2% para ambos os sexos, 3,4% para meninos e 1,2% para meninas.

No estudo de Guimarães et al., (2008) com 536 adolescentes na faixa etária de 11 a

18 anos de escolas públicas e privadas de Salvador, observou aumento do percentual de

indivíduos com PA elevada, entre os adolescentes com peso normal alto e os com

sobrepeso e com obesidade. Nos obesos, a PAS mostrou-se elevada em 46.4% dos meninos

e 39,3% das meninas e a PAD em 42,0% e 44,6%, respectivamente. Observando maior

prevalência de PAS no gênero masculino. Este resultado corrobora com nossa idéia que os

meninos apresentam maior chance de desenvolver aumento de PA comparado às meninas.

70 70 DISCUSSÃO

Embora no presente estudo, o percentual de crianças e adolescente com hipertensão foi

menor que o observado no estudo citado anteriormente, vale destacar, que este estudo

realizou análise da PA independente da classificação do peso corporal. Vale destacar que a

intenção não foi classificar as crianças e adolescentes em normotensos e hipertensos, e sim

verificar a relação das variáveis antropométricas com a PA.

Na análise de correlação de Pearson a CC, % de gordura e o IMC correlacionaram-

se significativamente com PAS e PAD tanto para o gênero feminino quanto para o gênero

masculino. A variável RCQ não apresentou correlação significativa com a PAS e PAD para

nenhum dos gêneros. A CC e o IMC apresentaram maior correlação positiva com as

variáveis PAS e PAD para o gênero masculino quando comparado com o gênero feminino.

Foi observada correlação positiva da porcentagem de gordura corporal com a PAS e PAD

maior para o gênero feminino quando comparado com o gênero masculino. Paoli et al.

(2009), estudando amostra de 370 crianças de com aproximadamente 7 anos de idade,

verificou correlação positiva estatisticamente significativa entre CC e IMC com PAS e

PAS. O mesmo resultado foi verificado no estudo de Guimarães et al., (2008), porém com

amostra de 536 adolescentes, demonstrando correlações positivas entre a CC e IMC com a

PAS e a PAD. Foi demonstrado que a quantidade de indivíduos com PA elevada foi

significativamente aumentada em indivíduos com IMC e CC aumentado, independente do

gênero. Porém, no gênero masculino a elevação da PA na presença de obesidade central foi

3,9 (PAS) a 3,4 (PAD) vezes mais freqüente comparado com freqüências 2,2 (PAS) e 2,0

(PAD) vezes maiores no gênero feminino.

Neste estudo, todas as variáveis indicadoras de adiposidade menos a RCQ foram

significativamente correlacionadas com o aumento dos níveis de PAS e PAD em ambos os

gêneros. Assim, após ajuste do modelo de regressão linear múltipla utilizando IMC, CC e

71 71 DISCUSSÃO

% de gordura, foi observado que a CC foi o principal indicador de composição corporal

determinante de alteração da pressão arterial. No gênero feminino foi verificado que 22,1%

da variação de PAS pode ser explicada pela variação do indicador circunferência da cintura,

com previsão de que para cada 1 centímetro a mais na circunferência da cintura pode

promover aumento de 0,5 mmHg de PAS em crianças e adolescentes. No gênero masculino

tal relação foi mais expressiva. Foi verificado que 31,8% da variação de PAS pode ser

explicada pela variação do indicador de CC. Através da equação de regressão foi observado

que para cada 1 centímetro a mais na circunferência da cintura pode promover 0,6 mmHg

de pressão arterial sistólica em crianças e adolescentes. Tais dados estão de acordo com os

citados por Guimarães et al., (2008) que mostrou que, para cada 1 cm de CC, a PAS

aumentaria 0,622 mmHg em adolescentes.

A pressão arterial apresenta flutuações momento a momento, seguindo um

comportamento cíclico. Tais alterações são exercidas por complexo mecanismo de controle

para manutenção das condições fisiológicas sob o aparelho cardiovascular (débito cardíaco)

e resistência ao fluxo sanguíneo oferecida pelo sistema arterial (resistência periférica)

(RIBEIRO, 1996). Segundo as diretrizes a hipertensão arterial é multifatorial, caracterizada

pela presença de elevados níveis tensional associados a alterações metabólicas, hormonais e

a fenômenos tróficos (hipertrofia cardíaca e vascular) (DEBHA, 2002).

Um fator de risco importante para o desenvolvimento de hipertensão é a obesidade,

que vem se constituindo como um problema de saúde crescente na população pediátrica

mundial. A circunferência da cintura (CC) embora, não possa diferenciar em gordura

visceral e gordura subcutânea demonstra que indivíduos com CC elevadas têm maior

probabilidade de favorecer o desenvolvimento de hipertensão arterial , diabetes millutus,

resistência à insulina, dislipidemia, síndrome metabólica, elevação de marcadores

72 72 DISCUSSÃO

inflamatórios (Owens, 1998; Huang et al., 2004). As células adiposas atualmente são

consideradas um órgão com atividade endócrina e metabólica (MOHAMED-ALI et al.,

1998; KERSHAW e FLIER, 2004). O tecido adiposo tem capacidade de sintetizar e

secretar vários hormônios: adipocinas que vão agir em diversos processos como regulação

da ingestão alimentar (leptina), de processos inflamatórios e controle da sensibilidade à

insulina (resistina, visfatina, adiponectina, TNF-α, IL-6) (BARROSO et al., 2002;

FONSECA-ALANIZ et al., 2007). Sabe-se que existe forte correlação das adipocinas com

o desenvolvimento da doença cardiovascular, mais precisamente a hipertensão.

Considerando então que a associação de obesidade e hipertensão arterial pode ser

detectada precocemente na infância e na adolescência, este estudo tem importante valor

clínico como preditor de doenças metabólicas e cardiovasculares na vida adulta. Assim, a

utilização da técnica da medida da CC, representando obesidade abdominal em adultos

(Pouliot et al, 1994) e crianças (Taylor et al, 2000) pode ser considerada para o uso clínico

em adultos (Zhu et al., 2002) e até mesmo em crianças (Savva et al, 2000) quando

comparada ao uso do IMC.

73 73 CONCLUSÃO

6 CONCLUSÃO Os dados demonstraram significativa associação entre a circunferência da cintura

com elevação da pressão arterial em crianças e adolescentes de ambos os gêneros. A

obesidade e pressão arterial sistólica elevada foram mais prevalentes no gênero masculino,

independente da faixa etária escolar. A circunferência da cintura apresentou-se elevada no

gênero masculino comparado ao feminino, sendo o indicador que apresentou maior

correlação com a pressão arterial. De acordo com outros estudos, os resultados sugerem que

a circunferência da cintura é um bom preditor do risco de desenvolvimento de hipertensão

em crianças e adolescentes. Os dados confirmam a importância do excesso de gordura

abdominal na fisiopatologia da hipertensão. Esse rastreamento tem importante repercussão

para a vida adulta e a sugestão de intervenções como estratégias de prevenção e controle do

excesso de peso, principalmente no gênero masculino, a fim de diminuir o risco de doenças

na vida adulta.

A partir destes dados recomenda-se o acompanhamento e maior número de

avaliações diagnósticas em crianças e adolescentes, utilizando a circunferência da cintura

como um marcador de predição e prognóstico na prevenção das doenças crônicas. Além

disso, as informações sobre a repercussão da obesidade e suas consequências para a saúde

devem fazer parte integrante do currículo escolar. Tais informações podem ser trabalhadas

e discutidas em sala de aula ou até mesmo em atividade extra-curriculares, envolvendo

pais, professores e alunos. Sugere-se o incentivo a um estilo de vida saudável, como

praticar exercícios físicos e melhor controle alimentar. Assim, novos estudos podem ser

realizados, envolvendo outros componentes de um estilo de vida saudável, possibilitando

74 74 CONCLUSÃO

análises mais detalhadas das variáveis que interferem e influenciam no desenvolvimento

das doenças crônicas degenerativas em crianças e adolescentes.

75 75 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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83 83 ANEXOS

8 ANEXOS Anexo 01

INFORMATIVO

Segue em anexo relatório dos resultados referente às análises realizadas

durante o 1º semestre/2009 durante as aulas de Educação Física para avaliação

antropométrica, de composição corporal e pressão arterial do aluno para vossa

apreciação.

Tais resultados serão utilizados como parte da dissertação de mestrado em

Educação Física pela Universidade São Judas Tadeu (USJT) e colaboração do

Colégio São Judas Tadeu. Pretendemos assim, identificar fatores risco, como

sobrepeso e obesidade e influência deste para doenças cardiovasculares em crianças

e adolescentes.

Estaremos à disposição dos senhores pais para maiores esclarecimentos na

reunião pedagógica que será realizada no dia 19/09/09 às 14:00hs.

Prof. Dr. Rogério Brandão Wichi

Profa. Msd. Elisabete de Marco Ornelas

Caso, não autorize a utilização destes dados para inclusão na pesquisa favor devolver

este informativo devidamente assinado na linha pontilhada até o dia 30/09/09 aos

professores de Educação Física do CSJT.

São Paulo, de de 2009.

-------------------------------------------------------------

Responsável pelo aluno

84 84 ANEXOS

ANEXO 02

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA, COMPOSIÇÃO CORPORAL E

PRESSÃO ARTERIAL DOS ALUNOS DO COLÉGIO SÃO JUDAS

TADEU (CSJT) NO PERÍODO LETIVO DE 2009.

1. IDENTIFICAÇÃO:

anosanosanosanos

2. MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS:

Peso (Kg):

Estatura (m):

Perímetros (cm):

Cintura:

Quadril:

Dobras Cutâneas (cm):

Tricipital:

Subescapular:

3. RESULTADOS:

IMC:

Classificação:

Percentual de Gordura:

Classificação:

4. PRESSÃO ARTERIAL:

Pressão Arterial (mmHg):

PA Sistólica:

PA Diastólica:

Prof. Dr. Rogério Brandão Wichi Profa. Msd. Elisabete de Marco Ornelas

LABORATÓRIO DO MOVIMENTO HUMANO

Programa de Mestrado Stricto Sensu

85 85 ANEXOS

Anexo 03

86 86 ANEXOS

87 87 ANEXOS

88 88 ANEXOS

89 89 ANEXOS

90 90 ANEXOS

91 91 ANEXOS

92 92 ANEXOS

93 93 ANEXOS

Anexo 04

94 94 ANEXOS