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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA MBA EM GESTÃO DE PESSOAS NO AMBIENTE PORTUÁRIO CLÁUDIO AUGUSTO BORGONOVI LUIZ CARLOS PASSOS MACEDO O PAPEL DO GESTOR NOS MOMENTOS DE CRISE Santos SP Outubro/2012

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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA MBA EM GESTÃO DE PESSOAS NO AMBIENTE PORTUÁRIO

CLÁUDIO AUGUSTO BORGONOVI

LUIZ CARLOS PASSOS MACEDO

O PAPEL DO GESTOR NOS MOMENTOS DE CRISE

Santos – SP

Outubro/2012

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UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA MBA EM GESTÃO DE PESSOAS NO AMBIENTE PORTUÁRIO

CLÁUDIO AUGUSTO BORGONOVI

LUIZ CARLOS PASSOS MACEDO

O PAPEL DO GESTOR NOS MOMENTOS DE CRISE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como exigência parcial para obtenção do título de

Pós-Graduação (latu senso) em Gestão de Pessoas

no Ambiente Portuário, à Universidade Santa

Cecília, sob orientação do Prof. Me. Sérgio

Antonio Loureiro Escuder.

Santos – SP

Outubro/2012

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CLÁUDIO AUGUSTO BORGONOVI

LUIZ CARLOS PASSOS MACEDO

O PAPEL DO GESTOR NOS MOMENTOS DE CRISE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do título

de Pós-Graduação (lato sensu) em Gestão de Pessoas no Ambiente Portuário, à Universidade

Santa Cecília.

Data da Aprovação: _____/_____/_____

COMENTÁRIO DOS AVALIADORES:

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“A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades

extraordinárias em pessoas comuns."

Abraham Lincoln

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RESUMO

Esta pesquisa tem como tema central o estudo dos diversos modelos de gestão

aplicados nas organizações e tem como objetivo geral avaliar quais são os melhores métodos

aplicáveis em situações de crises. Como estudo de caso, foram avaliados os dois acidentes

ocorridos no Terminal de Granéis do Guarujá, bem como quais foram as medidas adotadas

pelos gestores do Terminal para resolver o caso.

Quanto à metodologia, trata-se de estudo de caso com pesquisa bibliográfica,

considerando os renomados autores de pesquisas científicas nacionais e internacionais, com

análise de todo o processo de gestão de pessoas e gerenciamento das crises.

No referencial teórico, foram abordados os seguintes temas: Gestão de Pessoas,

Liderança Estratégica, Crise, Plano de Gerenciamento de Crises e Pós-Crise. A análise foi

feita através dos dados coletados, nos quais os resultados preliminares apontam para uma

maior eficácia quando o plano de gerenciamento da crise abrange não só os gestores

responsáveis pela resolução, mas também os demais colaboradores, como parte

imprescindível do processo de recuperação da empresa. O diferencial foi a estratégia de

comunicação implementada, garantindo aos colaboradores de todos os níveis hierárquicos o

acesso a todos os estágios do processo de gerenciamento da crise, mantendo-os informados e

motivados através de práticas gerenciais e culturais que privilegiam a participação de todos,

desenvolvendo atitudes, valores e objetivos alinhados com as necessidades da empresa.

Palavras chave: Liderança, crise, gestão.

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ABSTRACT

This research is focused on analyze the different management models applied in

organizations and has the objective to evaluate which are the best methods that matches with

crises situations. As a case study, we evaluated the two accidents in Terminal de Granéis do

Guarujá, and what were the steps taken by the managers of the Terminal to solve the

occurrence.

Regarding the methodology, it is a case study with literature, considering the

renowned authors of national and international scientific research, with analysis of the entire

process of managing people and managing crises.

In the theoretical framework, the following topics were discussed: People

Management, Strategic Leadership, Crisis Management Plan Crisis and Post-Crisis. The

analysis was performed using the collected data, in which the preliminary results point to

greater effectiveness when the crisis management plan covers not only the managers

responsible for the resolution, but also other employees, as an essential part of the recovery

process of the company . The difference was the communication strategy implemented by

ensuring that employees of all levels access to all stages of the crisis management process,

keeping them informed and motivated by cultural and management practices that favor the

participation of all, developing attitudes, values and goals aligned with business needs.

Keywords: Leadership, crisis, management.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 08

2. GESTÃO DE PESSOAS 10

3. TIPOS DE GESTÃO 12

3.1. Evolução do modelo de gestão 12

3.2. Modelos Tradicionais de Gestão 15

3.2.1. Administração Científica 15

3.2.2. Administração das relações humanas 22

3.2.3. Administração burocrática 25

3.3. Novos modelos de gestão 28

3.3.1. Gestão Japonesa 28

3.3.2. Gestão Participativa 35

3.3.3. Gestão Estratégica 37

3.3.4. Gestão Sustentável 39

3.3.5. Gestão Holística 40

3.4. Modelos emergentes 43

3.4.1. Gestão do Conhecimento 43

3.4.2. Gestão por Competência 47

4. DESENVOLVIMENTO DA LIDERANÇA 52

4.1. Papel estratégico do novo líder 53

5. A CRISE NAS ORGANIZAÇÕES 54

5.1. Porque as crises acontecem 58

5.2. O papel da comunicação na administração de crises 59

6. NO PAPEL DO GESTOR NO GERENCIAMENTO DE CRISES 61

6.1. Plano de Gerenciamento de Crises 63

6.2. Levantamento de riscos e diagnóstico de ameaças 72

6.3. Motivação das equipes 73

6.4. Manutenção e Pós Crise 75

7. ESTUDO DE CASO: TERMINAL DE GRANÉIS DO GUARUJÁ 78

7.1. A empresa 78

7.2. Acidentes no Píer de Atracação de Navios 78

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7.3. Impacto nas Operações do Terminal 80

7.4. Plano de Gestão da Crise 82

7.5. Papel do Gestor na Administração da Crise e Motivação das Equipes 83

7.6. Manutenção e término da crise 84

8. CONCLUSÃO 86

9. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 88

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1. INTRODUÇÃO

A frequência e a intensidade com que as crises passaram a fazer parte do cotidiano

organizacional na modernidade vem despertando cada dia mais o interesse das empresas para

a importância de uma boa gestão, não só no contexto global, corporativo de lucros, mas

também a gestão de pessoas, visando a formação de líderes capazes de gerenciar e solucionar

as possíveis adversidades que surgirem.

Após os ataques aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2011, muito se falou em

segurança e, na área portuária, institui-se o ISPS Code 1, que estabelece diretrizes para tornar

os navios e instalações portuárias mais seguras, com melhor controle de entrada e saída de

pessoas e veículos através de cadastro prévio obrigatório, delimitação do perímetro do porto,

instalação de sistema de vigilância, entre outros.

Neste ínterim, cada dia mais as organizações trabalham em busca de estabilidade

financeira, buscando crescimento e melhor espaço no mercado. Os terminais portuários se

adaptaram as exigências e mantém planos de segurança visando maior proteção de seus

trabalhadores, gerando medidas de incentivo à proteção e conscientização com intuito de

atingir o número “zero” na quantidade de acidentes de trabalho.

Mas e quando o acidente acontece por influências externas, como eventos naturais,

erros de terceiros e impactam diretamente no negócio da empresa? Todo um planejamento

que precisa ser refeito, investimentos que precisam ser revistos e todo um orçamento que pode

não resistir diante de grandes despesas devido a acontecimentos fortuitos e inesperados, que

colocam esses profissionais diante da necessidade de agir e decidir de forma rápida e precisa.

O objetivo desse trabalho é analisar o papel do gestor e sua importância no processo

de gerenciamento de crise. A estrutura do trabalho está dividida em duas partes. A primeira é

dedicada ao levantamento do referencial teórico, a partir da opinião de diversos autores sobre

o assunto e toda explicação teórica sobre os principais tipos de gestão, planos de

gerenciamento de crise e a importância da comunicação entre os gestores e os demais

colaboradores da organização. A segunda parte é o estudo de caso, onde são apresentadas as

duas crises ocorridas no Terminal de Granéis do Guarujá (TGG), situado na margem esquerda

1 Sigla em inglês que, em português, significa Código Internacional de Segurança para Navios e Instalações

Portuárias

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do Porto de Santos, que sofreu com dois acidentes que afetaram gravemente seu píer de

atracação de navios, comprometendo parcialmente a produção e, consequentemente, a receita

do Terminal.

Uma análise entre os métodos de gestão existentes e a forma como os líderes do

TGG gerenciaram a crise – que aconteceu de forma parecida, duas vezes em um espaço de

tempo de menos de três anos, por consequência de falhas externas alheias à sua administração

– é a conclusão deste trabalho, onde foram utilizadas praticamente as mesmas técnicas nas

duas situações, uma vez que a primeira crise foi superada com sucesso.

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2. GESTÃO DE PESSOAS

Gestão de pessoas ou administração de recursos humanos é uma associação de

habilidades e métodos, políticas, técnicas e práticas definidas com objetivo de administrar os

comportamentos internos e potencializar o capital humano. A Gestão de Pessoas se divide em:

Provisão de recursos humanos;

Aplicação de Recursos Humanos;

Desenvolvimento de Recursos Humanos;

Manutenção de Recursos Humanos;

Monitoração de Recursos Humanos.

A seguir, podemos observar algumas definições dos processos que envolvem a

Gestão de Pessoas.

Processo de Provisão consiste em abastecer a empresa com mão de obra qualificada.

Refere-se ao recrutamento e seleção de pessoal.

Planejamento de Recursos Humanos é o processo de decisão a respeito dos

recursos humanos necessários para atingir os objetivos organizacionais, dentro de

determinado período de tempo. Trata-se de antecipar qual a força de trabalho e talentos

humanos necessários para a realização a ação organizacional futura. O planejamento

estratégico de RH deve ser parte integrante do planejamento estratégico da organização e deve

contribuir para o alcance dos objetivos da organização, incentivando o alcance dos objetivos

individuais de cada pessoa.

Recrutamento é o conjunto de técnicas e procedimentos que visa atrair candidatos

potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. O

recrutamento é feito a partir das necessidades presentes e futuras de Recursos Humanos da

organização.

Seleção de Pessoal é a escolha dos candidatos recrutados que melhor se ajustam no

cargo em aberto. O objetivo básico da seleção de pessoal é escolher e classificar os candidatos

adequados às necessidades da organização.

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Processo de Aplicação consiste na análise e descrição de cargos e avaliação de

desempenho.

Clima Organizacional: O clima organizacional afeta a motivação, o desempenho e a

satisfação no trabalho. Ele cria certos tipos de expectativas cujas consequências se seguem em

decorrência de diferentes ações. As pessoas esperam certas recompensas, satisfações e

frustrações na base de suas percepções do clima organizacional. O clima organizacional é o

conjunto de fatores que interferem na satisfação ou descontentamento no trabalho. É o

conjunto de variáveis que busca identificar os aspectos que precisam ser melhorados, em

busca da satisfação e bem-estar dos colaboradores.

Educação Corporativa é a prática coordenada de gestão de pessoas e de gestão do

conhecimento tendo como orientação a estratégia de longo prazo de uma organização.

Tecnologia em RH: otimiza a gestão e os custos de serviço por empregado, diminui a relação

de dependência entre o empregado e o Recursos Humanos, dá mais autonomia aos

empregados, que se tornam responsáveis pelo uso e benefício que obtém dos sistemas,

redução de custos das tarefas administrativas.

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3. TIPOS DE GESTÃO

Levando em consideração as mudanças que ocorrem no mercado de trabalho e nas

relações empresa/funcionário, as organizações precisam ter estratégias claras, sustentadas por

uma gestão participativa. Deve-se criar um laço estreito entre todos os níveis de

relacionamento, tanto interno como externo, do quadro funcional até os clientes e

fornecedores.

A seguir, podemos observar os diversos modelos de gestão existentes atualmente,

bem como sua evolução no decorrer do tempo.

3.1. Evolução do Modelo de Gestão

Por muitos anos, as organizações foram orientadas a trabalharem em um modelo de

gestão sob rígidas hierarquias. Com a globalização, e as mudanças constantes que esta

estimula, a organização, seja pública ou privada, tem a necessidade de conduzir um processo

de gestão ágil, inteligente, buscando capacitar seus colaboradores através do aprendizado

contínuo, a fim de que os mesmos possam adquirir habilidades, tornando-os capazes de

atender as demandas da sociedade e agir com pro-atividade, de forma eficaz e eficiente. O

mundo está sendo surpreendido constantemente com os avanços tecnológicos alinhados ao

desenvolvimento das telecomunicações, e estes consistem em fatores imperativos para que se

desenvolvam agentes de mudanças nos modelos de gestão praticados nas organizações. Hoje,

com o advento da era do conhecimento, houve uma mudança no modo de trabalhar, nos

processos de produção e no perfil do trabalhador, havendo uma valorização de outro recurso,

além dos ativos financeiros e físicos, o conhecimento. Esse novo recurso tem sido apontado

como um dos ativos mais valiosos e importantes da organização. Nesse cenário, a implantação

do modelo Gestão do Conhecimento (MGC) possibilitaria a criação de oportunidades na

organização, a fim de que esta possa obter condições de interagir tanto com o ambiente

interno e externo, buscando adquirir capacidade em vislumbrar as ameaças e oportunidades

que o mercado venha oferecer para o negócio. A implantação da Gestão do Conhecimento

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(GC) é uma decisão estratégica e, consequentemente, faz-se necessário que haja preparação

do ambiente organizacional, buscando a adesão das pessoas, possibilitando que o modelo seja

assimilado, impulsionando a integração e a criação de uma cultura colaborativa, onde se

desenvolva um ambiente participativo e esta esteja propícia a buscar e disseminar novos

conhecimentos.

As organizações brasileiras sejam públicas ou privadas, percebem a importância da

revisão dos seus modelos de gestão: as empresas privadas objetivando a sua sobrevivência e

sustentabilidade no mercado; e as empresas públicas motivadas pela capacidade de cumprir

seu dever de fornecer serviços/produtos de qualidade à sociedade. Nesse contexto, novas

práticas de gestão vão aparecendo ou sofrendo alterações decorrentes ou provocadas por

mudanças macro ambientais que tornam obsoletas as práticas anteriormente utilizadas. Heitor

José Pereira procurou descrever a evolução dos modelos de gestão através da análise de três

níveis conceituais: as ondas de transformação, as eras empresariais e os modelos de gestão.

As “Ondas de Transformação” (Toffler, 1980, p.24 apud Pereira, 1995), evidencia

momentos históricos de evolução da sociedade humana: a Revolução Agrícola (até 1750

D.C.), a Revolução Industrial dividida em três períodos: 1º período 1750 a 1870, 2º período

1870 a 1950 e 3º período a partir de 1950 e a Revolução da Informação a partir de 1970.

Configurando cada período com seus modelos relacionados aos aspectos político, econômico,

social, tecnológico e organizacional. A Revolução Agrícola caracterizada pela “Era Agrícola”

(até 1750 D.C.) configurando a primeira onda tinha como base da economia a terra, os meios

utilizados para produção eram através da força muscular humana e animal, e fontes

renováveis (vento, chuva, etc.) a produção era basicamente artesanal e para subsistência. A

Revolução Industrial caracterizada pelas “Eras Empresariais” (Maranaldo, 1989, p.60 apud

Pereira, 1995) evidencia os estágios da evolução empresarial, configurando a Segunda Onda

de Transformação, com ênfase em seu modelo gestão próprio caracterizado cada período por

Eras como: a Era da Produção em massa, a Era da Qualidade e em desenvolvimento a Era da

Informação/Conhecimento. A Revolução da Informação caracterizada pela terceira onda O

surgimento da Era da Informação, personalizada pela evolução da informática nas tecnologias

de comunicação está influenciando os modelos de gestão, onde o uso de sistemas de

informação atua como agente facilitador de mudança juntamente com o com comportamento

das pessoas.

A necessidade de se promover mudanças no modelo de gestão é inevitável, os velhos

paradigmas não se adaptam ao mundo globalizado, onde não há lugar para uma gestão

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centralizadora, lenta, burocrática e tradicionalista. O MGC vem transformando o modo de

gestão, evidenciando o valor intangível, mostrando que a disseminação, o compartilhamento e

a inovação são fatores multiplicadores do conhecimento que contribuem para a valorização da

organização. Para Santos et al (2001) “Modelo de Gestão” compreende-se de um conjunto

próprio de concepções filosóficas e ideias e ações administrativas que operacionalizam as

práticas gerenciais nas organizações. Os modelos de gestão são marcados por características

próprias como: - Era da Produção em Massa – Caracterizou-se pela ênfase da quantidade de

produção e na padronização de bens, visando obter produtividade. A empresa não se

preocupava com o cliente, havia a preocupação em determinar a especificação do produto, no

processo na linha de montagem. Procurava-se atingir grandes volumes de produção a fim de

para baixar o custo; - Era da Qualidade – Caracterizou-se pela ênfase em buscar a satisfação

do cliente. Através da filosofia da melhoria contínua dos processos. Desenvolveu-se uma

gestão através de equipes, visando motivar e comprometer as pessoas com os resultados; - Era

da Informação/Conhecimento – Sua principal característica é ênfase a

informação/conhecimento, buscando a sobrevivência e sustentabilidade da empresa, numa

economia cada vez mais globalizada, em um mercado cada vez mais competitivo. Procurando

atender aos interesses de clientes, colaboradores, comunidade e acionistas, que exigirão da

mesma concentração de esforços com foco de negócio específico. Para tanto, deverá agregar à

filosofia da qualidade (que já praticada na Era da Qualidade) a busca de parcerias com outras

empresas e modelos de gestão mais flexíveis, como a Reengenharia, onde se pratique o ato de

repensar na forma e estrutura que as empresas estavam atuando, possibilitando realinhamento

de ações, atendendo as mudanças do mercado.

A da Era da Informação/Conhecimento convive com modelos emergentes como:

Empresa Virtual, Gestão do Conhecimento, Modelos biológicos/quânticos/teoria do caos

criativo, onde se privilegiam a informação, inovação, utilização da tecnologia e

principalmente a integração onde se estimula o relacionamento interpessoais. A GC surge

como um dos modelos emergentes, onde se ressalta a posse e a utilização do conhecimento,

como recurso de valorização e diferenciação nas organizações.

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3.2. Modelos Tradicionais de Gestão

3.2.1. Administração Científica

Taylorismo ou Administração científica é o modelo de administração desenvolvido

pelo engenheiro norte-americano Frederick Taylor (1856-1915), considerado o pai da

administração científica e um dos primeiros sistematizadores da disciplina científica da

Administração de empresas. O taylorismo caracteriza-se pela ênfase nas tarefas, objetivando o

aumento da eficiência ao nível operacional. É considerado uma das vertentes na perspectiva

administrativa clássica. Suas ideias começaram a ser divulgadas no século XX. Além de

Taylor, a administração científica também tem entre seus fundadores Carl Barth, o casal

Frank e Lillian Gilbreth, Harrington Emerson, Henry Gantt e Hugo Münsterberg; por

analogia, Henry Ford costuma ser tido como um dos criadores deste modelo de administração,

pelas medidas práticas ligadas a concepção teórica semelhante à de Taylor, que ele adotou em

suas fábricas.

Talvez o fato mais marcante da vida de Taylor seja a publicação, em 1911, de

Princípios de Administração Científica. Com esse livro, Taylor propõe que administrar uma

empresa deve ser tido como uma ciência. A ideia principal do livro é a racionalização do

trabalho, que envolve a divisão de funções dos trabalhadores; com isso Taylor critica

fortemente a Administração por incentivo e iniciativa, que acontece quando um trabalhador

por iniciativa própria sugere ao patrão ideias que possam dar lucro à empresa, incentivando

seu superior a dar-lhe uma recompensa ou uma gratificação pelo esforço demonstrado; isso é

criticado por Taylor, pois, uma vez que se recompensa um subordinado por suas ideias ou

atos, torna-se dependente deles.

Taylor concentra seu argumento na eficiência do trabalho, que envolve fazer as

tarefas de modo mais inteligente e com a máxima economia de esforço. Para isso era preciso

selecionar corretamente o operário, e adestrá-lo na função específica que iria desenvolver.

Também propunha melhores salários (o que foi aceito por Ford, entre outros) para os

operários, com a concomitante diminuição dos custos unitários de produção, o que idealmente

levaria prosperidade a patrões e empregados.

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O surgimento da Administração Científica está diretamente ligado ao contexto norte-

americano da virada do século XX. Com o fim da Guerra da Secessão, a indústria expandiu-se

aceleradamente, o que gerou preocupações também com o aumento da eficiência nos

processos de produção. Este aumento na eficiência seria conseguido, de acordo com os

proponentes da Administração Científica, “com a racionalização do trabalho”

(MAXIMIANO, 2000, p. 56).

Os pilares da chamada escola de Administração Científica foram estabelecidos por

Frederick Taylor. Taylor começou sua carreira como operador de máquina na Midvale Steel,

uma indústria da Filadélfia, e ali fez carreira até o posto de engenheiro. Graças à sua

experiência na linha de produção, Taylor passou a dedicar-se a estabelecer rigorosa

observação das habilidades e métodos usados pelos operários na Midvale. Esta observação era

informada por critérios tidos por científicos, ao contrário da prática administrativa até então

usual pouco fazia uso da pesquisa metódica, fiando-se mais no senso comum.

Dois livros de Taylor deste período trazem os primeiros esboços de seu modelo

administrativo: A Piece Rate System (Um sistema de preço por peça, 1895) e Shop

management (Administração de Oficinas, 1903, apresentado à Sociedade dos Engenheiros

Mecânicos dos Estados Unidos). Posteriormente, este modelo aparece mais bem sistematizado

em Principles of Scientific Administration (Princípios da Administração Científica, 1911).

Segundo Idalberto Chiavenato, conquanto "Taylor [preocupava-se] mais com a filosofia –

com a essência do sistema – que exige uma revolução mental tanto de parte da direção como

da parte dos operários a tendência de seus seguidores foi uma preocupação maior com o

mecanismo e com as técnicas do que com a filosofia da Administração Científica”

(CHIAVENATO, 1993, p. 91).

Há uma série de princípios enunciados por Taylor, no que concerne à administração.

Eles são entendidos como máximas pelas quais a organização deve se orientar para melhorar

sua eficiência, a partir de critérios supostamente científicos.

Em seu Principles of Scientific Management, Taylor enuncia quatro princípios

(TAYLOR, 1911, pp. 36ss):

substituir os métodos empíricos e improvisados (rule-of-thumb method) por

métodos científicos e testados (planejamento)

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selecionar os trabalhadores para suas melhores aptidões e treiná-los para cada

cargo (seleção ou preparo)

supervisionar se o trabalho está sendo executado como foi estabelecido

(controle)

disciplinar o trabalho (execução)

Taylor e outros teóricos da Administração científica adicionaram mais princípios,

porém estes seguem como fundamentais e orientadores. Críticos apontam que estes métodos

“incorporam uma ideologia capitalista de redução do saber operário ao cumprimento de

ordens, e seu enunciado como científico faz uma identificação exagerada destas opções

administrativas com uma neutralidade (usualmente emprestada à Ciência)” (RAGO e

MOREIRA, 1993, pp. 20-4). Mais grave, os estudos carecem de comprovação científica

segundo um método aceito: “fundam-se mais em conjecturas a partir de casos isolados e em

evidências concretas, não em abstração” (CHIAVENATO, 1993, p. 119).

Taylor iniciou o seu estudo observando o trabalho dos operários. Sua teoria seguiu

um caminho de baixo para cima, e das partes para o todo, dando ênfase na tarefa. Para ele a

administração tinha que ser tratada como ciência.

Desta forma ele buscava ter um maior rendimento do serviço do operariado da época,

o qual era desqualificado e tratado com desleixo pelas empresas. O estudo de "tempos e

movimentos" mostrou que um "exército" industrial desqualificado significava baixa

produtividade e lucros decrescentes, forçando as empresas a contratarem mais operários.

Taylor tinha o objetivo de acelerar o processo produtivo, ou seja, produzir mais em

menos tempo, e com qualidade. Para Taylor à gerência caberia:

Afixar trabalhadores numa jornada de trabalho controlada, supervisionada, sem

interrupções, a seu controle, podendo o trabalhador só parar para descansar, quando for

permitido, com particularização de cada movimento;

A gerência não podia deixar o controle do processo de trabalho nas mãos dos

trabalhadores. Como os trabalhadores conheciam mais a função do que o gerente, este deveria

aprender os métodos de trabalho com aqueles para então cobrar dos seus operários;

O ritmo lento de trabalho e a vadiação eram inimigas da produção;

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O processo de trabalho não devia estar nas mãos dos trabalhadores, que de fato

estava por meio do trabalho combinado. Sua grande descoberta foram os conhecimentos da

produção de processo combinado. Contudo, o processo e as decisões deveriam passar pela

gerência e não pelo trabalhador;

Com o conhecimento da produção, a gerência poderia estabelecer os tempos

necessários. Assim, fixou a distribuição do tempo de trabalho.

Taylor não estava interessado no avanço tecnológico, mas preocupado em controlar o

trabalho a qualquer nível de tecnologia, fazendo pesquisa para analisar como o trabalhador

poderia produzir mais num ritmo de trabalho controlado, além de acreditar que o trabalhador

devia apenas aprender a executar uma função, não podendo perder tempo analisando o

trabalho, visto que ele não tinha nem tempo, nem dinheiro para isso. Essa responsabilidade

então deveria caber à gerência.

Referente à orgazniação no trabalho, o objetivo era a isenção de movimentos inúteis,

para que o operário executasse de forma mais simples e rápida a sua função, estabelecendo

um tempo médio, a fim de que as atividades fossem feitas em um tempo menor e com

qualidade, aumentando a produção de forma eficiente.

Estudo da fadiga humana: a fadiga predispõe o trabalhador à diminuição da

produtividade e perda de qualidade, acidentes, doenças e aumento da rotatividade de pessoal;

Divisão do trabalho e especialização do operário;

Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos: cada um se

especializaria e desenvolveria as atividades em que mais tivessem aptidões;

Desenho de cargos e tarefas: desenhar cargos é especificar o conteúdo de

tarefas de uma função, como executar e as relações com os demais cargos existentes;

Incentivos salariais e prêmios por produtividade;

Condições de trabalho: o conforto do operário e o ambiente físico ganham

valor, não porque as pessoas merecessem, mas porque são essenciais para o ganho de

produtividade;

Padronização: aplicação de métodos científicos para obter a uniformidade e

reduzir os custos;

Supervisão funcional: os operários são supervisionados por supervisores

especializados, e não por uma autoridade centralizada;

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Homem econômico: o homem é motivável por recompensas salariais,

econômicas e materiais.

A empresa era vista como um sistema fechado, isto é, os indivíduos não recebiam

influências externas. O sistema fechado é mecânico, previsível e determinístico. Porém, a

empresa é um sistema que movimenta-se conforme as condições internas e externas, portanto,

um sistema aberto e dialético.

Toda essa metodologia apresentada por Taylor fez com que os trabalhadores

adquirissem melhores benefícios, tais como:

Os salários chegaram a atingir, em alguns casos, o dobro do que eram antes;

Os funcionários passaram a se sentir mais valorizados e isso fez com que

exercessem seus ofícios com mais prazer. Se sentiam mais acolhidos pela

empresa;

A jornada de trabalho foi reduzida consideravelmente;

Vantagens, como dias de descanso remunerados lhes foram concedidos.

Os empregadores, por sua vez, também usufruiam de benefícios com essa

metodologia, conforme a seguir:

Produtos com qualidade superior aos anteriores;

Ambiente de trabalho agradável tanto para o chão de fábrica quanto para a

diretoria, evitando assim distúrbios e conflitos que podem gerar situações

negativas dentro da empresa (greves e desestimulo, por exemplo);

Redução de custos extraordinários dentro do processo produtivo, como a

eliminação de inspeções e gastos desnecessários.

Dentro deste contexto, outros pensadores também integravam o movimento da

Administração Científica, como Frank Bunker Gilbreth e Lillian Moller Gilbreth: O casal

Frank e Lillian Gilbreth focaram seus estudos no chamado "estudo dos movimentos". Frank

tinha preocupações muito semelhantes às de Taylor, exceto que Taylor era interessado em

engenharia e em problemas com o tempo dos funcionários e Frank em construção e com os

movimentos dos operários. Nota-se a influência de Taylor no livro "Estudo de movimentos"

onde Gilbreth menciona o desperdício de terra por meio da erosão, mas diz que isso não é

nada, se comparado com o desperdício de produtividade humana. Para resolver esse

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problema, Gilbreth propunha o estudo sistemático e a racionalização dos movimentos

necessários para a execução das tarefas. Ele dedicou atenção especial para a fadiga, onde foi

auxiliado por sua mulher Lillian, especialista em psicologia. O casal publicou diversos

estudos sobre os movimentos e a introdução de aprimoramentos nos métodos de trabalho para

minimização da fadiga.

Henry Gantt: Formado em engenharia, Gantt era assistente de Taylor. Dentre suas

principais realizações, destacam-se seus estudos sobre resistência à mudança e normas grupais

(fatores que interferiam na produtividade), mutualismo como caminho para a prosperidade

econômica e, sua principal realização, o controle gráfico diário da produção (gráfico de

Gantt), que era um método gráfico para acompanhar fluxos produtivos e se tornou a mais

importante técnica de planejamento e controle de projetos.

Hugo Münsterberg: Doutor em Psicologia, Munsterberg fez contribuições

substanciais para quase todos os campos da Psicologia. Defendia ferozmente a utilização da

Psicologia em situações práticas e, em 1910, começou a realizar pesquisas visando a aplicação

da psicologia à indústria. As ideias de Munsterberg se assemelhavam as de Taylor quanto a

capacitação dos mais aptos ao trabalho. Além disso, ele pregava que o papel dos psicólogos

na indústria deveria ser para definir condições psicológicas mais favoráveis ao aumento da

produção e produzir as influências desejadas, na mente humana, do interesse da

administração. Munsterberg foi um dos primeiros estudiosos a desenvolver testes de seleção

de pessoal para empresas.

Como exemplo, podemos citar que nos anos 50 os japoneses retomaram as ideias de

Taylor para renovar sua indústria e criaram o conceito de kaizen, uma aplicação do

taylorismo. Os resultados alcançados com a aplicação dessa técnica, bem como a subsequente

popularidade da guerra ao desperdício, fariam os princípios da administração científica

continuar desfrutando de grande interesse na virada do milênio.

A Primeira Guerra Mundial deu aos americanos oportunidades de aplicar em larga

escala e mostrar aos europeus novos padrões de eficiência de operação militar. Os franceses

ficaram profundamente impressionados com a velocidade das tropas americanas na

construção de cais, estradas e linhas de comunicação.

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As empresas automobilísticas também são um exemplo possível para o taylorismo,

afinal é impossível imaginar uma empresa de produção automobilística sem divisões de

tarefas para cada funcionário, linha de montagem, prêmios para aqueles que conseguem

atingir uma determinada meta na produção.

Algumas empresas treinam seu pessoal na própria empresa ou financiam

treinamentos, mestrado, MBA, dentre outros para seus colaboradores, proporcionando

condições para que estes colaboradores treinados continuem nas referidas empresas após a

formação, explicitando o princípio da preparação dos trabalhadores. Geralmente são as

grandes companhias que realizam esse tipo de ação, basicamente pelo fato dos custos serem

altos.

O princípio do controle é notado em diversas empresas de foco comercial e em

diversas fábricas, onde é visível a presença de supervisores e "superiores" em geral

vistoriando os trabalhadores em suas tarefas.

O princípio da execução, que basicamente pode ser resumido na atribuição de

responsabilidades visando uma execução do trabalho mais disciplinado possível, pode ser

visto atualmente em quase todas as empresas departamentalizadas, já que isso é uma forma de

atribuição de responsabilidades distintas visando a melhor execução do trabalho.

Entretanto, o modelo da administração científica, mesmo apresentando vantagens,

possui problemas. Primeiramente, o modelo ignora as necessidades dos trabalhadores, além

do contexto social, gerando conflitos e choques, às vezes violentos, entre administradores e

trabalhadores. Como consequência, os trabalhadores se sentem explorados, pois percebem que

esse tipo de administração é uma técnica para fazer o operário trabalhar mais e ganhar

relativamente menos.

Outra crítica ao modelo é a de que ele transformou o homem em uma máquina. O

operário passou a ser tratado como uma engrenagem do sistema produtivo, passivo e

desencorajado a tomar iniciativas, já que os gerentes não ouvem as ideias dos funcionários

subalternos, uma vez que estes são considerados desinformados.

Além disso, o modelo trata os indivíduos como um só grupo, não reconhecendo a

variação entre eles, gerando descontentamento por parte dos trabalhadores. Essa padronização

do trabalho é mais uma intensificação deste do que uma forma de racionalizá-lo.

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3.2.2. Administração das Relações Humanas

A Teoria das Relações Humanas, ou Escola das Relações Humanas, é um conjunto

de teorias administrativas que ganharam força com a Grande Depressão criada na quebra da

bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929. Com a "Grande Crise" todas as verdades até então

aceitas são contestadas na busca da causa da crise. As novas idéias trazidas pela Escola de

Relações Humanas trazem uma nova perspetiva para a recuperação das empresas de acordo

com as preocupações de seus dirigentes e começa a tratar de forma mais complexa os seres

humanos.

Essas teorias criaram novas perspetivas para a administração, visto que buscavam

conhecer as atividades e sentimentos dos trabalhadores e estudar a formação de grupos. Até

então, o trabalhador era tratado pela Teoria Clássica, e de uma forma muito mecânica. Com os

novos estudos, o foco mudou e, do Homo economicus o trabalhador passou a ser visto como

"homo social". As três principais caraterísticas desses modelos são:

O ser humano não pode ser reduzido a um ser cujo corportamento é simples e

mecânico.

O homem é, ao mesmo tempo, guiado pelo sistema social e pelas demandas de

ordem biológica.

Todos os homens possuem necessidades de segurança, afeto, aprovação social,

prestígio, e auto-realização.

A partir de então se começa a pensar na participação dos funcionários na tomada de

decisão e na disponibilização das informações acerca da empresa na qual eles trabalhavam.

Foram sendo compreendidos aspectos ligados à afetividade humana e percebeu-se os limites

no controle burocrático por parte das organizações como forma de regulamentação social.

A Escola das Relações Humanas surgiu efetivamente com a Experiência de

Hawthorne, realizada numa fábrica no bairro que dá nome à pesquisa, em Chicago, EUA.

O médico e sociólogo australiano Elton Mayo, fez testes na linha de produção, na

busca por variáveis que influenciassem, positiva ou negativamente, a produção.

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O primeiro teste foi realizado para encontrar a relação entre a intensidade da luz e a

produtividade. Nesse teste, porém, foi encontrada uma variável difícil de ser isolada, o fator

psicológico dos trabalhadores. Por conta desse fator mudou-se o foco da pesquisa, observando

o comportamento dos trabalhadores a cada pequena mudança (ex: lanches, intervalos,

mudança nos incentivos e nos horários de trabalho)

As Experiência de Hawthorne geraram um novo paradigma para os administradores

mundiais. Suas conclusões mais importantes são:

Integração social como determinante da produção, ou seja, quanto maior sua

integração social no grupo maior será sua vontade de produzir, ao contrário do

que dizia a Escola Clássica, que coloca fatores físicos como determinantes.

Comportamento do empregado é baseado no comportamento dos grupos e

organizações informais, cada empregado não age isoladamente.

As necessidades psicológicas e sociais e a atenção para novas formas de

recompensa e sanções não-materiais.

O despertar para as relações humanas dentro das organizações.

A ênfase nos aspectos emocionais e não-racionais do comportamento das

pessoas.

A importância do conteúdo dos cargos e tarefas para as pessoas, eram

realizadas trocas de posição para evitar a monotonia, mesmo que provocassem

queda na produtividade aumentavam a moral do grupo.

Outros autores importantes para a Escola de Relações Humanas foram

Roethlisberger e William Dickson por suas descrições das primeiras experiências em sua obra

Management and the worker nos ano de 1939. Em seus experimentos nesta obra os autores

observaram um grupo de homens que trabalhavam em uma "sala de equipamentos de PABX"

e fizeram as seguintes observações:

Um pequeno grupo de homens se desenvolveram espontaneamente líderes,

com o consentimento do grupo.

Este grupo era indiferente a incentivos financeiros

Este grupo dava maior importância aos valores e costumes que aos incentivos

financeiros. Os membros do grupo eram fortemente influenciados pelo código de

comportamento do grupo independentemente das recompensas monetárias.

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De acordo com os pesquisadores, os aspectos técnicos e humanos devem ser vistos

como inter-relacionados, ou seja, além das necessidades físicas, os empregados também

possuem necessidades sociais. Ainda segundo os autores, na obra acima citada, eventos e

objetos no ambiente de trabalho "não podem ser tratados como coisas em si mesmas. Em vez

disso eles devem ser interpretados como portadores de valores sociais", ou seja, objetos que

não possuem nenhuma significância social podem em uma organização tornar-se símbolo de

status e adquirir valor social. Os autores concluiram que, quando as pessoas não são

motivadas pela lógica, os sentimentos sobre as coisas de valor social tornam-se de grande

importância no mundo organizacional.

Em determinado momento nas teorias de relações há uma divisão. Surge a teoria de

Recursos Humanos que o vê o ser humano como detentor de necessidades psicológicas

complexas e não como um ser passivo que pode ser estimulado e controlado a partir de

estimulos como as Relações Humanas descreviam até então. O trabalho de Chester Barnard

pode ser classificado entre estas duas correntes. O autor desloca a análise da organização

formal para a informal. Segundo ele "as organizações informais são necessárias ao

funcionamento de uma organização formal, como um meio de comunicação, coesão e

proteção da integridade individual". Sua principal obra As funções do executivo retrata as

principais tensões entre o indivíduo e a organização e conclui que os sistemas de treinamento,

seleção, vigilância e recompensa não são suficientes para garantir que os indivíduos cooperem

com a empresa corroborando para a idéia do caráter incerto da ação humana. O autor afirma

que seria necessário o desenvolvimento de valores comuns e de uma ética que gerassem

comprometimento dos indivíduos com a organização.

Além de Mayo, Roethlisberger, William Dickson e Chester Barnard outros teóricos

ganharam destaque na Escola das Relações Humanas, como:

Mary Parker Follet, foi uma das precursoras ao analisar os padrões de

comportamento e a importância das relações individuais.

Barnard criou a Teoria da Cooperação, e foi um dos primeiros a ver o homem como

um ser social, dentro do ambiente de trabalho e analisar as organizações informais

promovidas por eles.

As principais críticas a essa escola são:

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Ela apresenta uma visão inadequada dos problemas de relações industriais - em

alguns aspectos a experiência de Hawthorne foi insegura e artificial e mesmo tendenciosa;

alguns estudiosos acreditam que a origem esteja no fato de ser a teoria das relações humanas

em produto da ética e do princípio democrático então existente nos Estados Unidos.

Apesar de os Industriais tenderem a julgar sempre as conclusões de Mayo

verdadeiras, estes as consideravam inaplicáveis.

Tudo isto é muito interessante, mas o que psicólogos e teóricos em geral parecem

esquecer é que tenho que obter lucro e produzir bens. O bem-estar é muito justo no

devido lugar, mas é, no final das contas, um problema secundário na indústria e não

a sua função principal. (MOTTA, Fernando Cláudio Prestes; VASCONCELOS,

Isabella Francisca Freitas Gouveia, 2002).

Uma crítica feita pelos psicólogos é que as conclusões de Mayo são óbvias,

porém Mayo sem dúvida tem seu mérito por tirar este conceito das ciências e aplicá-lo às

práticas administrativas.

Oposição cerrada à teoria clássica - Tudo aquilo que esta preconizava, a teoria

das relações humanas negava.

Limitação no campo experimental, sua principal crítica é a de natureza

analítica. Suas pesquisas concentram-se em campos muito pequenos de variáveis e ao estudá-

las não levar em conta as demais. Isto levou com o tempo a um certo descrédito de sua teoria.

A concessão ingênua e romântica do operário - as pessoas que seguiram

demonstraram que nem sempre isto ocorreu.

A ênfase exagerada nos grupos informais colaborou rapidamente para que esta

teoria fosse repensada.

O seu enfoque manipulativo e certamente demagogo não deixou de ser

descoberto e identificado pelos operários e seus sindicatos.

3.2.3. Administração Burocrática

De acordo com Chiavenato (2003, p. 254-255), na teoria administrativa, a abordagem

estruturalista surgiu com o crescimento das burocracias, em uma perspectiva de análise que

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vai além dos fenômenos internos da organização, visão pela qual as escolas de até então se

restringiam. Para Motta, essa abordagem sintetiza as teorias clássicas e as de relações

humanas, porém ganhando novas dimensões que envolvem todas as variáveis da organização.

Como afirma Chiavenato (2003), Max Weber foi o primeiro teórico dessa

abordagem, que em uma análise voltada para a estrutura, acreditava que a burocracia era a

organização por excelência. Segundo Motta (1975, p. 46), a preocupação de Weber está na

racionalidade, entendida como a adequação dos meios aos fins. E uma organização é racional

quando é eficiente. Assim, para Weber a burocracia era a forma mais eficiente de uma

organização. Max Weber descreveu um tipo de estrutura burocrática acreditando que era

comum à maioria das organizações formais. No entanto, como ressalta Maximiano (2000),

Weber não definiu um modelo padrão para ser aplicado, apenas esquematizou as principais

características da burocracia existente.

Weber, como citado em Maximiano (2000, p. 88), ao sistematizar seu estudo da

burocracia, começa com a análise dos processos de dominação ou autoridade. Para Weber, “a

autoridade é a probabilidade de haver obediência dentro de um grupo determinado”. Ele

distinguia três tipos de sociedade e autoridade, descritas a seguir. De acordo com Chiavenato

(2003, p. 258-262), na sociedade tradicional (tribo, clã, família) predominava características

conservacionistas, patriarcais e patrimonialistas; a autoridade que a preside é dita tradicional,

na qual a obediência é justificada pela tradição, pelo hábito ou pelo costume. Na sociedade

carismática (partidos políticos, grupos revolucionários, nações em revolução), onde

geralmente existem características místicas, arbitrárias e personalísticas; a autoridade

(carismática) que a preside é justificada pela influência de um líder detentor de qualidades que

o destacam.

As sociedades burocráticas (as grandes empresas, os estados modernos, os exércitos)

são caracterizadas por predominar normas impessoais racionalmente definidas; o tipo de

autoridade (burocrática, legal ou racional) é justificado pela técnica, pela justiça na lei e pela

meritocracia. De acordo com Chiavenato (2003, p. 266-267), a burocracia, segundo Weber,

traz consigo diversas vantagens. Primeiramente, devido a sua racionalidade, o que significa

dizer que procura os meios mais eficientes para atingir as metas da organização. A precisão

com que cada cargo é definido proporciona o conhecimento exato de cada responsabilidade.

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Como as atividades são organizadas em rotinas e realizadas metodicamente, e,

conseqüentemente, tornam-se previsíveis, acaba por conduzir a confiabilidade entre as

pessoas, evitando, assim o atrito entre elas. A rapidez nas decisões, obtida pela tramitação de

ordens e papéis, e pela uniformidade de rotinas e regulamentos que colaboram para a redução

de erros e custos. A facilidade de substituição daquele que é afastado e os critérios de seleção

apenas por competência técnica garantem a continuidade do sistema burocrático, e este último

evita o nepotismo. O trabalho é profissionalizado, assim os funcionários são treinados e

especializados pelo seu mérito, trazendo benefícios para as organizações.

Como descrito por Chiavenato (2003, p. 268), o tipo ideal de burocracia weberiana

tinha como uma das características a previsibilidade do seu funcionamento contribuindo para

a obtenção de maior eficiência organizacional. Porém, autores como Merton, encontraram

limitações na obra de Weber, partindo para uma análise crítica da realidade descrita por ele.

Para Merton não existe uma organização completamente racional, como proposto por Weber.

Até porque, o tipo ideal de burocracia tendia a ser modificado pelos homens.

Merton notou que a burocracia leva também a conseqüências imprevistas que

conduzem às ineficiências e às imperfeições, e estas por sua vez, são enfatizadas e exageradas

pelos leigos. A esse fenômeno, Merton denomina de disfunções da burocracia, que serão

descritas a seguir, segundo Chiavenato (2003), como internalização das regras e apego aos

regulamentos, excesso de formalismo e de papelório, resistência às mudanças e dificuldade no

atendimento a clientes e conflitos com o público.

Segundo Weber (1946 apud Chiavenato, 2003), a autoridade racional-legal prevalece

nas sociedades ocidentais e apresenta o modelo para todas as sociedades. Este modelo,

também chamado burocrático, caracteriza-se pelos seguintes elementos:

A lei representa o ponto de equilíbrio último, ao qual se devem reportar as

regras e regulamentos, constituindo aplicações concretas de normas gerais e abstratas;

A burocracia, em qualquer organização, é estabelecida seguindo o princípio da

hierarquia. As relações hierárquicas entre superiores e subordinados são preenchidas por

cargos de direção e chefia e cargos subalternos claramente definidos, de forma que a

supervisão, a ordem e a subordinação sejam plenamente assimiladas e realizadas;

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A avaliação e a seleção dos funcionários são feitas em função da competência

técnica. Daí a exigência de exames, concursos e diplomas como instrumentos de base à

admissão e promoção;

As relações informais não têm razão de existir. O funcionário burocrático é

uma peça de uma máquina, esperando-se dele um comportamento formal e estandardizado, de

forma a cumprir com exatidão as tarefas e funções que lhes estão destinadas;

O funcionário recebe regularmente um salário, não determinado pelo trabalho

realizado, mas segundo as funções que integram esse trabalho e o tempo de serviço;

O funcionário burocrata não é proprietário do seu posto de trabalho, as funções

que executa e o cargo que ocupa são totalmente independentes e separados da posse privada

dos meios de produção da organização onde trabalha;

A profissão de funcionário de tipo burocrático supõe um emprego fixo e uma

carreira regular;

O desempenho de cada cargo por parte dos funcionários burocráticos pressupõe

uma grande especialização na execução das suas tarefas e trabalho.

Weber concebeu a Teoria da Burocracia para tornar a organização eficiente e eficaz,

garantindo rapidez; racionalidade; homogeneidade de interpretação das normas; redução dos

atritos e discriminações; padronização da liderança (decisões iguais em situações iguais) e o

alcance dos objetivos. A burocracia busca amenizar as consequencias das influências externas

à organização, harmonizar a especialização dos seus colaboradores e o controle das suas

atividades de modo a se atingir os objetivos organizacionais, através da competência e

eficiência, sem considerações pessoais.

3.3. Novos Modelos de Gestão

3.3.1. Gestão Japonesa

Buscando dinamizar o trabalho na indústria, Frederic W. Taylor (1856-1915)

introduziu, nas últimas décadas do século XIX, princípios de gerência e organização do

trabalho, nos Estados Unidos. Taylor propôs uma separação na atividade produtiva,

dividindo-a em trabalho intelectual (planejamento e direção da produção) e trabalho manual

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(execução mecânica). Essa separação tornou o trabalhador uma peça descartável e desprovida

de criatividade. Já no início do século XX, Henry Ford, objetivando o consumo e a produção

em massa, introduziu em sua fábrica (Ford Motor Co.), localizada nos Estados Unidos, um

novo modelo de produção e gestão que se fundamentava em inovações técnicas e

organizacionais.

As principais características desse modelo eram: sua adequação ao consumo em

massa, a implementação da esteira rolante ligando os diferentes trabalhos e criando as linhas

de produção, a padronização de montagem para que o trabalhador só realizasse movimentos

simples, e a verticalização da cadeia produtiva.

O fordismo e taylorismo trouxeram grandes ganhos de produtividade. Mas apesar de

sua eficiência, o sistema fordista não foi estruturado adequadamente para enfrentar recessões

de mercado e diminuição de demanda.

A crise global do sistema fordista, no final dos anos sessenta, teve início a partir da

queda de produtividade no trabalho, acompanhada de um movimento generalizado de lutas e

resistências operárias, expressas nos índices de absenteísmo, de turnover, nos defeitos de

fabricação e na quebra de ritmo na produção (DRUCK, 1999). Em meio à crise do fordismo,

começou a ganhar espaço o modelo de produção japonês, também conhecido como toyotismo,

modelo de produção enxuta, especialização flexível ou ainda, ohnismo. O modelo japonês foi

uma adequação das técnicas fordistas de produção para um período histórico e econômico, em

que predominou a redução de custos de fabricação através da padronização de produtos,

frente a uma situação de mercado em expansão onde se necessitava produzir em grandes lotes

e volumes, caracterizando a produção em massa, enquanto as técnicas da produção enxuta são

mais apropriadas para fabricação a custos baixos de produtos destinados a mercados

estagnados, em crescimento lento ou que estejam em expansão, mas que são exigentes em

variedade e diferenciação, impondo-se a necessidade de produção em lotes e volumes

menores. O ohnismo começou a ser concebido na década de 50. No contexto de um conflito

com o sindicato da indústria automobilística, a Toyota Motor Company precisava rever seus

conceitos de gestão para fazer frente a uma enorme escassez de força de trabalho. Com esse

intuito, contratou um engenheiro, o Engenheiro Taichi Ohno. Por essa razão, a base técnica

produtivas e gerenciais implantadas no Japão do Modelo Japonês de Gestão é chamada de

ohnismo.

Na realidade, porém, seu sistema ficou conhecido internacionalmente pelo termo

japonês Kanban (MALAGUTI, 1996). Como técnica produtiva, o Kanban permite a

adaptação das empresas a uma configuração da demanda condicionada pela crise econômica

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mundial: falências, desemprego, baixos salários e concentração de rendas concorrem para a

alteração do perfil da demanda e para a criação de um tipo especial de consumidor. Com uma

demanda solvente restrita a um número decrescente.

No que diz respeito à organização do trabalho e da empresa, o toyotismo apresenta

uma forma de divisão social do trabalho que pressupõe a polivalência, mediante a rotação de

tarefas e a não-alocação do trabalhador a um posto específico de trabalho; o predomínio do

grupo de trabalho sobre os indivíduos; a divisão de trabalho menos clara entre operários de

manutenção e de fabricação; as práticas de gestão, como just-in-time, Kanban e círculos de

controle de qualidade (CCQS), que permitem que o trabalhador conheça e domine melhor o

processo global de produção (HIRATA, 1993). Procurou-se tirar benefícios do conhecimento

acumulado no setor têxtil, e utilizar esse saber fazer para atribuir a um mesmo operário a

condução e gestão simultânea de várias máquinas, e depois, evolutivamente, as tarefas de

ajustes, manutenção e limpeza (CORIAT, 1994).

Durante vinte anos a Toyota desenvolveu e aperfeiçoou continuamente o sistema,

tendo conseguido, como característica principal, a total integração da cadeia produtiva, num

sistema funcional e ágil, tendo ainda como aspectos relevantes a:

Inesperada descoberta de que fabricar pequenos lotes, diferentes entre si, seria

mais barato;

Criação de grupos de trabalhadores em torno de um líder que dava-lhes

responsabilidades sobre uma série de tarefas;

Paralisação quase instantânea do processo em caso de problema e sua correção

imediata;

Integração das áreas de processo, produto e engenharia industrial para

solucionar os problemas de complexidade técnica;

Adoção do conceito de parceria com os principais fornecedores e a

implementação do sistema just-in-time (JIT);

Adoção do mesmo conceito de parceria na rede de vendas/distribuição

(BALCEIRO e MOURÃO- 1999).

Uma das principais características do modelo é a auto ativação constante da

produção possibilitada pelo sistema kanban. A partir desse sistema foi possível agilizar o

fluxo de informações referentes ao número de mercadorias vendidas. Assim fazendo, rompeu

com a arraigada tradição fordista da primazia da produção sobre o consumo,transformando o

consumo no verdadeiro impulsionador da produção: em lugar de produzir para um mercado

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incerto, o sistema criado por Ohno detecta as exigências do mercado e só permite a “produção

do que já está quase ou literalmente vendido” (RUAS ap. HIRATA, 1993) . Um desdobramento

desse processo foi que se pôde trabalhar com o estoque zero. Procedimento que implicou em

ganhos de produtividade e ficou conhecido como just in time.

Esse conceito pode ser ampliado para uma estratégia de competição industrial para

capacitar a empresa a responder mais efetivamente às flutuações do mercado, na qual reside a

essência do método de produção adotado pela Toyota, utilizando técnicas que visam atingir

um padrão de qualidade elevado, que tem como consequências a redução de custo e no

aumento da produtividade, tudo de forma integrada, resultando na circulação mais rápida do

capital, o que se consegue com o método kanban. Segundo Malaguti (2006),

compatibilizando produção e consumo, o kanban conseguiu suprimir, de uma só vez, uma

série de custos ligados aos descompassos na relação oferta/procura:

Custos de guarda de mercadorias (depósitos, acondicionamentos, catalogação,

vigilância, energia elétrica);

Custos relacionados à perda de matérias-primas perecíveis;

Custos vinculados aos "tempos mortos" da produção e das vendas (utilização

sem interrupção de máquinas, equipamentos e trabalhadores);

Custos salariais e de investimento (diminuição dos efetivos ligados diretamente

à produção, dos trabalhadores alocados nos departamentos de recrutamento e seleção e da

depreciação acelerada dos equipamentos, etc).

A implementação do sistema kanban, no entanto, exige que a empresa esteja dentro

do conceito de empresa mínima. A empresa mínima, no modelo de Ohnoseria, aquela que

eliminou o excedente de estoques, maquinaria e pessoal, sendo que a política básica dessa

empresa deve ser usar o mínimo de operários e o máximo de horas extras. A empresa deve

ainda prezar pela promoção constante de melhorias operacionais e de qualidade do produto

buscando sempre uma produção baseada em custos menores e maior qualidade. A adoção do

método kanban impõe mais flexibilidade, tanto na capacidade dos métodos de planejamento

integrado das operações da empresa, como para os fornecedores, pois deles será exigido

pontualidade nos suprimentos das matérias-primas e partes componentes. Exige-se constante

troca atualizada de informações entre todas as etapas envolvidas da produção com o controle

e gestão da mesma, e que não se limita ao âmbito interno da empresa, em si, pois transcende

seus limites e afeta as relações diretas com os fornecedores mais próximos e, por

consequência, dos fornecedores desses (BRITO, 2001). A unidade produtiva que adota os

preceitos de Ohno deve ser, então, uma empresa "minimizada", flexível e transparente:

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minimizada porque livre de todos os excessos; flexível porque voltada à produção de séries

reduzidas de múltiplos produtos; transparente porque o número de coordenadores das diversas

"funções de produção" também se subordina aos princípios do estoque-zero (MALAGUTI,

1996).

Para que os trabalhadores apresentem resultado positivo em uma empresa

minimizada e diversificada é preciso que sejam trabalhadores flexíveis e polivalentes, que

tenham conhecimento suficiente para exercer atividades diversas que sejam capazes e lidar

com mudanças repentinas. Esses trabalhadores precisam ainda de autonomia decisória para

colocar seus conhecimentos em prática. E, na medida em que os trabalhadores são

reconhecidos como responsáveis, a necessidade de supervisão e vigilância diminui, podendo

ser feita entre os próprios trabalhadores em seus setores. Assim sendo, há uma redução de

pessoal e de níveis hierárquicos: os níveis intermediários de supervisão passam a ser

dispensáveis. A empresa é dividida em pequenos grupos que estão engajados em atividades

relacionadas, possibilitando uma organização transparente da produção. A partir do momento

em que se instaura plenamente o Kanban, o trabalhador sente-se responsável pelo produto do

seu trabalho, identifica-se com sua criação.

Zelar pela qualidade dos produtos e pelo nome da empresa transformam-se, assim,

numa obrigação moral, de foro íntimo Construindo o trabalhador-padrão, o Kanban incute-lhe

uma nova "cultura", a cultura de "sua" empresa. A empresa passa a ter uma “alma”, a do

próprio trabalhador. Ele passa a encarnar, por exemplo, o "espírito Toyota".

Os sindicatos, por sua vez, adotam palavras de ordem, onde se confundem vida e

trabalho, alma e mercadoria: "Proteger nossa empresa para defender a vida", por exemplo, foi,

em1954, a bandeira do novo sindicato Toyota (CORIAT, 1994). Quando o trabalhador entra na

cultura da empresa, se acolhido pelo trabalho, há um aumento da intensidade em virtude da

cooperação dos trabalhadores, tanto isoladamente, quando a cooperação mútua entre

trabalhadores e gestores.

No entanto, para que o trabalhador realmente se sinta responsável na empresa é

preciso que ele se sinta também seguro na empresa. E para tal, devem ser usados programas e

métodos desenvolvimento operário, que vão desde a instituição de carreiras internas até

programas de sugestões internas, quadros de humor e sistema de premiações.

Dentre os avanços econômicos alcançados pelo modelo japonês de produção,

podemos salientar:

Um aumento da flexibilidade administrativa;

Uma diminuição no número de níveis hierárquicos;

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Uma adaptação quantitativa e qualitativa quase automática da oferta às

exigências da procura;

Uma melhoria na qualidade dos produtos;

Uma forte diminuição de custos fixos;

Um aumento inusitado da produtividade do trabalho;

Um crescimento também inusitado da taxa de lucratividade das empresas.

Com relação aos avanços sociais, é possível salientar:

A transformação de uma força de trabalho super especializada em mão-de-obra

polivalente;

O estabelecimento de uma relação mais "humana" entre os trabalhadores e suas

chefias imediatas;

A aquisição pelos coletivos de trabalho de uma relativa autonomia decisória;

A consecução de um sentimento individual de responsabilidade em relação ao

próprio desempenho profissional;

A obtenção de ganhos salariais periódicos;

A oportunidade de pertencer a um grupo (reforço de identidade);

A conquista de uma estabilidade empregatícia "para toda a vida" (MALAGUTI,

1996).

Um avanço trazido pelo modelo, que vale destacar é explorar e permitir ao operário o

uso de sua inteligência e criatividade individual na agregação de valor à mercadoria. O

sistema de produção em massa introduzido por Ford, não conseguia reunir adequadamente

todas as inteligências necessárias, porque não possuía uma infraestrutura que atendia essa

demanda. Assim, as inteligências estaticamente localizadas nos processos produtivos e,

especificamente na linha de montagem dos automóveis, somente produziam o efeito positivo

onde podiam ser aplicadas, porque atuavam de maneira isolada e tornavam o sistema limitado,

quando visto de uma perspectiva gerencial (BRITO, 2001).

De acordo com Brito (2001), a concepção de agregação de valor é muito poderosa,

pois aumentar a utilidade da informação torna-se importantíssimo pela razão de que em uma

rede de negócios, principalmente quando baseada em informação e conhecimento, aumentar a

utilidade da informação significa dotá-la de valor econômico; e onde a inteligência está

presente, também há valor. Essa ideia, ainda que de forma não explícita, estava presente no

pensamento de Taiichi Ohno, ao declarar o objetivo de eliminar o desperdício, ou seja, tudo

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aquilo que não agrega valor e, bem mais do que isso, passar a orientar a organização e suas

estratégias para aquilo que gera e agrega valor.

Em virtude da busca constante da intensificação do trabalho e da supressão das

porosidades na jornada de trabalho, pode-se considerar o ohnismo uma evolução do fordismo.

Nesse sentido, pode-se afirmar que ele estaria sujeito às mesmas contradições básicas do seu

antecessor. Uma delas seria o efeito provocado por essa cultura no Japão, que leva os

operários, em vista da competitividade, à realização de horas extras não remuneradas, ao não

cumprimento do período de férias integral. E em caso mais extremos, leva-os a morte por

excesso de trabalho.

Um outro ponto contraditório é que apesar de existir toda a propaganda do emprego

vitalício e segurança do trabalho, os que se beneficiam disso são menos da metade da mão-de-

obra japonesa - apenas os trabalhadores regulares das grandes empresas do sexo masculino.

Além disso, com a ascensão economia japonesa prolongada nos últimos anos ascensão houve

recrutamento, em meio de carreira, de assalariados oriundos de outros ramos, abalando o

emprego estável e vitalício que era observado no Japão. Isso ocorreu para atender às

necessidades de diversificação das atividades produtivas, onde as experiências previamente

acumuladas em outras empresas mostraram-se necessárias.

Outro efeito da ascensão econômica, foi o aumento da demanda por mão de obra não

qualificada e semiqualificada de origem japonesa, e consequente escassez. Dessa forma,

houve uma internacionalização do mercado de trabalho, fazendo com que ele perca seu

caráter homogêneo, e ocasionando diversos desdobramentos negativos. O primeiro é que a

entrada de estrangeiros com tão pouca qualificação e diferentes costumes perturbou o modelo

de organização do trabalho, já que este é originalmente formado por uma mão de obra

extremamente polivalente e qualificada e pressupõe a comunicação e cooperação entre os

empregados. E ainda, o just in time também fica comprometido, pois exige um elevado nível

de comprometimento e estabilidade do emprego, o que se opõe ao perfil do trabalhador

estrangeiro, que passa com facilidade de uma empresa para outra, por benefícios próprios

maiores.

Apesar dos avanços em termos de produtividade, competitividade econômica e

relações sociais do modelo japonês, na medida em que o modelo vai se enraizando na

sociedade, o elevado padrão de qualificação e a competitividade entre os próprios

trabalhadores tornam-se os elementos que levam à exploração trabalhista. Como as empresas

são pressionadas a estar sempre diminuindo custos, aumentando produtividade, essa pressão é

muitos vezes transferida ao operário. E ainda, a necessidade constante de auto superação para

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acompanhar um mercado de trabalho cada vez mais exigente, permite um autoritarismo

esclarecido e precarização das condições de trabalho.

3.3.2 Gestão Participativa

"Existem três tipos de pessoas. As que fazem as coisas acontecer, as que ficam vendo

as coisas acontecer e as que se perguntam: O que aconteceu?" (PHILIP KOTLER).

A administração como ciência, tem seu surgimento no período da III Revolução

Industrial, com o surgimento de modelos de produção em larga escala e a necessidade de

análise, consultoria e supervisão dos diferentes processos que ocorrem na organização. Com

isso, e o decorrer do tempo gerando mudanças no contexto organizacional e social, ocorre o

surgimentos dos Modelos de Gestão. Realizando uma análise precisa do conceito, afirma-se

que: A palavra "Modelo" tem sua origem no latim "Modulus" que significa um molde, ou

forma. A Gestão se baseia nas funções evidenciadas por Fayol, que são: planejar, organizar,

controlar, coordenar e comandar, no ambiente organizacional (CHIAVENATO,1996).

Com isso, formula-se o conceito de Modelo de Gestão como uma ferramenta que se

baseia em análises e experiências anteriores para elaborar métodos de como administrar,

aplicando-os na organização mediante sua necessidade e adaptando-os à sua cultura e

processos (MAXIMIANO, 1995).

De posse de tais conhecimentos, evidencia-se que Administração Participativa

(Gestão Participativa), é um modelo de gestão atual e contemporâneo que enfatiza as pessoas,

que fazem parte da organização. Segundo Maranaldo (1989, p. 60), a Administração

Participativa é o conjunto harmônico de sistemas, condições organizacionais e

comportamentos gerenciais que provocam e incentivam a participação de todos no processo

de administrar. Visando através dessa participação, o comprometimento com os resultados

(eficiência, eficácia e qualidade) não deixando a organização apresentar desqualificação.

Para Santos et al. (2001) antes de se implantar a Gestão Participativa numa empresa,

é necessário harmonizar três aspectos, sendo estes:

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Os seus Sistemas (produção, comercialização, recursos humanos,

administração e finanças, entre outros): se há conflitos de estilos diferentes

de gestão entre estes sistemas, é difícil implantar a gestão participativa

numa empresa;

Condições Organizacionais: é preciso flexibilizar a estrutura

organizacional, (com menor número de níveis hierárquicos e normas mais

adaptáveis);

Comportamentos Gerenciais: Os gerentes serão os principais

mobilizadores das pessoas para o processo participativo, o bom

relacionamento de chefia com subordinados é o principal ponto da relação

participativa.

Com base nisto, analisa-se que a administração participativa compreende a

organização como um verdadeiro sistema: Pode-se afirmar que se baseia em premissas da

teoria universal dos sistemas, pois se correlaciona com o conceito de sistema, sendo este

segundo Oliveira (2006): "Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes

que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam

determinada função".

A ênfase nos sistemas para representar a Gestão Participativa, indica para Santos et

al. (2001) que duas vertentes sustentam a gestão participativa, sendo estas a participação de

todos e o comprometimento total com os resultados, ou seja, nenhuma pessoa, em qualquer

nível hierárquico, deve ser excluída do processo participativo. Porém, a participação deve ser

entendida como um processo na organização e não apenas como uma estratégia que gera

assembleias de negociação ou de decisão. A partir disto, faz-se necessária a segunda ênfase.

O Comprometimento total com os resultados, garante a sustentabilidade e efetividade

do Modelo de Gestão baseado na Verdadeira Gestão Participativa.

Tal ênfase implica que cada pessoa está consciente da sua responsabilidade

individual com os resultados a serem perseguidos pela equipe, pela empresa, por todos. Este

comprometimento é a característica mais importante da administração participativa, pois

disciplina a atuação individual de cada pessoa, impossibilitando da gestão participativa ser

conduzida para uma estratégia de assembleia ou apenas de conter reclamações dos

colaboradores.

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Conclui-se que a Administração Participativa ou Gestão Participativa, faz parte de

um modelo de Gestão disponível para os gestores que desejam potencializar as competências

presentes nas pessoas que integram as organizações (capital humano). Não deve ser entendida

como uma estratégia para reduzir o número de reclamações no ambiente de trabalho, ou atuar

como um controlador de massa de operários ou colaboradores. A gestão Participativa deriva-

se da concepção sobre a abordagem da complexidade da relação Homem X Organização.

Ressalta-se que para a efetiva aplicação da Gestão Participativa, é necessária uma

Liderança efetiva e bem estruturada. O líder executa um papel importante no que tange os

colaboradores, principalmente, em questões acerca de motivação, recompensas, cargos,

salários, etc.

Sendo assim, a Gestão participativa aborda as pessoas que compõem a organização

como o fator principal para o sucesso dos objetivos organizacionais. Alinham-se os objetivos

pessoais, juntos aos objetivos organizacionais, e gera uma maior produção e satisfação pela

responsabilidade individual sobre a produção e seu serviço.

Complementa-se que a Gestão por competências é muito aceita ao se abordar o

modelo de Gestão Participativa, por conter princípios inerentes à complexidade do ser

humano e suas capacidades, podendo melhor estabelecer os cargos e a aceitação das

competências necessárias para aplicabilidade da Gestão Participativa.

3.3.3 Gestão Estratégica

Gestão estratégica de empresas (em língua inglesa: strategic enterprise management

— SEM) é um termo que se refere às técnicas de gestão, avaliação e ao conjunto de

ferramentas respectivas (como software) concebidas para ajudar empresas na tomada de

decisões estratégicas de alto nível.

Tipicamente é utilizado um Sistema de Informação Estratégico (SIE) para gerir a

informação e assistir no processo de decisão estratégica. Os SIE representam a evolução

natural dos sistemas de informação de gestão face às necessidades das empresas em tirar

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partido da informação recolhida e processada por forma a ganhar vantagem competitiva e

quiçá redefinir os objetivos da empresa para reajustá-la às alterações ambientais.

Um sistema de informação estratégico foi definido como "O sistema de informação

que suporta ou altera a estratégia da empresa". Sprague definiu três classificações destes

sistemas:

Sistema competitivo

Sistema cooperativo

Sistema de operações de mudança na organização

Os conceitos chave na gestão estratégica de empresas são:

Estabelecer objetivo para melhorar a posição da companhia, em oposição a

objetivos genéricos, como o aumento de lucro ou redução de custos.

Avaliação da performance em termos dos objetivos estabelecidos, e

disponibilização da informação a quem toma as decisões estratégicas.

Avaliação e gestão do "capital intelectual", aptidões e experiência da força de

trabalho das companhias.

Gestão baseada em atividades (ABM, activity based management), que busca

avaliar clientes e projetos nos termos de seus custo e benefícios totais à organização, melhor

que supor que os projetos mais importantes são aqueles que trazem o rendimento mais

elevado.

No mundo globalizado, as organizações constantemente tentam fazer uma medição

do seu nível, mediante um mercado ou setor, a fim de obterem comparações de seus

indicadores com outras organizações. Este processo é denominado de benchmarking, que é a

busca das melhores práticas na indústria que conduzem ao desempenho superior. É visto

como um processo positivo e pró-ativo por meio do qual uma empresa examina como outra

realiza uma função específica a fim de melhorar como realizar a mesma ou uma função

semelhante. O processo de comparação do desempenho entre dois ou mais sistemas é

chamado de benchmarking, e as cargas usadas são chamadas de benchmark.

Apesar do seu neologismo, "Benchmarking" é mais do que uma simples combinação

de palavras - exprime uma filosofia. Este processo não se limita na simples identificação das

melhores práticas, mas, principalmente, na sua divulgação através das diversas técnicas do

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Marketing, é o método sistemático de procurar os melhores processos, as ideias inovadoras e

os procedimentos de operação mais eficazes que conduzam a um desempenho superior.

3.3.4 Gestão Sustentável

A gestão sustentável é uma capacidade para dirigir o curso de uma empresa,

comunidade, ou país, por vias que valorizam, recuperam todas as formas de capital, humano,

natural e financeiro de modo a gerar valor aos stakeholders (lucro). A gestão de processos

deve ser vista sempre como um processo evolutivo de trabalho e gestão e não somente como

um projeto com inicio, meio e fim. Se não for conduzida com esta visão, a tendência de se

tornar um modismo dentro da empresa ou do país e logo ser esquecida ao sinal de um

primeiro tropeço é grande. Muitos esforços e investimentos têm sido gastos sem o retorno

espectável.

Tudo isto leva-nos a questionar o que será necessário, manter o business as usual,

onde a optimização muita das vezes está esgotada ou aderirmos a um business as bnusual, isto

é, tentar mudar o paradigma de desenvolvimento e para isso será necessário novas atitudes e

comportamentos, a “eco eficiência”. É imperativo saber adaptar-se às novas mudanças.,

aprender a fomentar uma cultura empresarial onde se fundem a lucratividade e se salvaguarda

o ambiente e os benefícios sociais. As empresas não podem descurar a Globalização crescente

da economia mundial.

Se pensarmos que 10% de tudo o que é extraído do planeta pela industria (em peso) é

que se torna produto útil e que o restante é resíduo, torna-se urgente uma gestão sustentável

que nos leve a um consumo sustentável, é urgente minimizar a utilização de recursos naturais

e materiais tóxicos. O desenvolvimento sustentável não é ambientalismo nem apenas

ambiente, mas sim um processo de equilíbrio entre os objectos económicos, financeiros,

ambientais e sociais.

Se pensarmos que os recursos desperdiçados e as constantes perdas de lucros têm

tendência a aumentar ao longo dos anos (ex.: Katrina — 80.000 milhões dólares em

prejuízos), e que países em desenvolvimento (ex.: o BRIC — Brasil, Rússia, Índia e China)

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começam a dar sobeja importância ao crescimento ambiental e social, leva-nos a pensar que é

urgente também Portugal acordar para esta temática e tomar uma atitude mais firme e real no

que concerne à gestão sustentável, quer por parte das entidades governamentais, quer por

parte do tecido empresarial. Tendo em conta que o lucro é uma pré-condição para objectivar

as outras condições da sustentabilidade, não vejo razão alguma para que Portugal e o seu

tecido empresarial não adquiram uma competitividade sustentável.

Apesar de na teoria Portugal já ter uma estratégia para o desenvolvimento

sustentável, na prática ainda não se verifica, pois o grande problema do nosso país é “o

crescimento anémico da produtividade”, ou seja a reduzida competitividade. A nova gestão e

consequentemente os actuais e futuros gestores/empreendedores portugueses deverão assim

adoptar um novo instrumento para criar valor, melhorando a eficiência das empresas — a eco

eficiência.

Em suma, a sustentabilidade do planeta somente vai apresentar uma evolução

compatível com as necessidades do meio ambiente a partir do momento em que ela se tornar

um grande negócio. Ganham todos; ganha o planeta, ganham os consumidores (população),

ganham os empresários em geral (economia mundial).

3.3.5 Gestão Holística

O holismo significa que o homem é um ser indivisível, que não pode ser entendido

através de uma análise separada de suas diferentes partes.

Com a globalização (integração do mundo; povos e cultura) compartilhamos não

somente as oportunidades que ela oferece, mas também os problemas. E para sua

compreensão exige a aplicação da teoria sistêmica. Na busca de uma sabedoria sistêmica, que

bem podemos interpretar como sendo a busca de uma visão holística. A visão holística pode

ser considerada a forma de perceber a realidade e a abordagem sistêmica, o primeiro nível de

operacionalização desta visão.

O enfoque sistêmico exige dos indivíduos uma nova forma de pensar; de que o

conjunto não é mera soma de todas as partes, mas as partes compõem o todo, e é o todo que

determina o comportamento das partes. Uma nova visão de mundo, que lhes permitirá

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perceber com todos os sentidos a unicidade de si mesmo e de tudo que os cerca. Portanto para

e empresa o lucro deixa de ser o objetivo, para se torna uma consequência de todo os

processos da empresa; o RH deixa de ser custo e os consumidores deixam de ser receitas, para

se tornarem parte do todo da empresa. A empresa ganha uma nova visão, valorizando todos os

processos e departamentos, e tendo consciência que todos têm a sua importância e que todos

compõem a empresa, que a empresa não é mera soma de departamentos e processos, mas que

são eles a empresa. Traz a percepção da organização como uma série de processos e

atividades interligadas. Uma empresa é um processo que contém vários processos, de

manufatura e/ou serviços.

A Administração Holística tem como base que a empresa não pode mais ser vista

como um conjunto de departamentos (Departamentalização), que executam atividades

isoladas, mas sim como em conjunto único, um sistema aberto em continua interação. O

processo de implantação funciona da seguinte forma:

Diagnóstico da empresa: avaliação do RH,

TI, Fornecedores, Marca, Imagem, Clima e Cultura. Entender como estão

relacionados entre si e dentro da organização;

Análise do meio externo: perceber a situação - política - social - econômica –

cultural - tecnológica e concorrência e suas relação com a empresa;

Identificação do “núcleo da empresa”: Mapear os pontos fortes e competências

primordiais para o negócio;

Estabelecimento da missão;

Reconhecimento dos valores da empresa: Identificar o que ela entende como

relevante e que define sua maneira de ser;

Definição das políticas da empresa.

A abordagem holística propõe uma integração de conceitos defendidos por outros

modelos de administração, como: a valorização da intuição preconizada pelo modelo japonês,

o desenvolvimento pessoal defendido pela administração por objetivos e a interação

valorizada pelo Desenvolvimento Organizacional.

A proposta de trazer a visão holística para a área de administração, traduzindo-a num

modelo de administração holística, embora tenha seus méritos, também corre o risco de

restringi-la. A visão holística está mais para uma forma de pensar, de perceber a realidade, do

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que para um modelo. As organizações reproduzem em pequenas escalas as configurações e

dimensões do universo. Por isso se diz que o desenho das organizações atuais deveria ser uma

estrutura de holograma, sem forma e limite definidos, adaptáveis às circunstâncias, com

linhas hierárquicas simplificadas, muitos canais de comunicação e trabalho matricial ou em

redes, formando-se equipes interdisciplinares para resolver os desafios que enfrenta a

organização.

Um pensamento deve ser levado em consideração: a relação hologramática entre as

partes e o todo. Quem não compreende o princípio de recursividade, está condenado à

insipidez, à trivialidade e ao erro. Assim deve-se criar no homem a ideia de viver em

harmonia com a natureza, como parte integrante dela, de quem é reflexo e a quem modifica, e

esta necessidade de que se crie uma nova consciência ecológica e se desenvolva uma nova

postura ética perante a natureza é tarefa do gerenciamento holístico.

A ideia do holismo não é nova. Ela está subjacente a várias concepções filosóficas ao

longo de toda a evolução do pensamento humano. O termo holismo origina-se do grego

“holos”, que significa todo. Na concepção holística, não só as partes de cada sistema se

encontram no todo, mas os princípios e leis que regem o todo se encontram em cada uma das

partes e todos os fenômenos ou eventos se interligam e se interpenetram, de forma global.

A holística não é ciência, nem filosofia. Não é uma religião nem uma disciplina

mística. Também não constitui um paradigma. Segundo Pierre Weil, (1991), “a abordagem

holística propõe uma visão não fragmentada da realidade onde sensação, sentimento, razão e

intuição se equilibram e se reforçam”.

A palavra hólos veio do grego e significa inteiro; composto. Segundo o dicionário,

holismo é a tendência a sintetizar unidades em totalidades, que se supõe seja própria do

universo. Sintetizar é reunir elementos em um todo; compor.

Visão holística empresarial equivale a se ter uma “imagem única”, sintética de todos

os elementos da empresa, que normalmente podem ser relacionados a visões parciais

abrangendo suas estratégias, atividades, informações, recursos e organização (estrutura da

empresa, cultura organizacional, qualificação do pessoal, assim como suas inter-relações).

No mundo corporativo todo empreendedor deve ter uma visão holística de sua

empresa. Essa visão possui diferentes ênfases e graus de abstração. A organização que possuir

pessoas com essa visão, com certeza se destacará de suas concorrentes. É comum encontrar

gerentes empolgados com os recursos computacionais, outros achando que a solução está

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somente na estrutura organizacional, outros que consideram suas máquinas e equipamentos

como sendo a salvação da empresa, etc.

O pensamento holístico é profundamente ecológico. O indivíduo e a natureza não

estão separados, formam um conjunto impossível de ser dissociado. É por isso que qualquer

forma de agressão à natureza é pura e simplesmente uma forma de suicídio.

3.4 Modelos Emergentes

3.4.1 Gestão do Conhecimento

A Gestão do Conhecimento, do inglês KM - Knowledge Management é uma

disciplina que tem suscitado cada vez mais atenção nas últimas décadas, tendo originado

inúmeros trabalhos de investigação e investimentos cada vez mais significativos por parte das

organizações que reconhecem a sua crescente importância.

Utilizando a gestão do conhecimento a empresa diminui os gastos em produtos e

começa a investir em capital intelectual, o que tem um melhor custo-benefício, pois o maior

capital que a empresa possui é o conhecimento de seus colaboradores. Os colaboradores

quando são ouvidos e podem dividir suas opiniões, se sentem valorizados e trabalham com

paixão. Dessa forma o trabalho flui com maior eficiência, qualidade e dedicação.

A investigação na área da gestão do conhecimento está ligada a várias disciplinas,

entre as quais, a gestão estratégica, a teoria das organizações, os sistemas de informação, a

gestão da tecnologia e inovação, o marketing, a economia, a psicologia, a sociologia. A

principal preocupação dos investigadores na área da gestão do conhecimento reside na busca

da melhoria de desempenho das organizações através de condições organizacionais

favoráveis, processos de localização, extração, partilha e criação de conhecimento, assim

como através das ferramentas e tecnologias de informação e comunicação.

De forma geral, acredita-se que uma boa prática de gestão do conhecimento

influencia direta e indiretamente o bom desempenho organizacional e financeiro de uma

organização.

A Gestão do conhecimento possui ainda o objetivo de controlar, facilitar o acesso e

manter um gerenciamento integrado sobre as informações em seus diversos meios. Entende-se

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por conhecimento a informação interpretada, ou seja, o que cada informação significa e que

impactos no meio cada informação pode causar de modo que a informação possa ser utilizada

para importantes ações e tomadas de decisões.

Sabendo como o meio reage às informações, pode-se antever as mudanças e se

posicionar de forma a obter vantagens e ser bem sucedido nos objetivos a que se propõe. Em

uma definição resumida pode-se dizer que Gestão do Conhecimento é um processo

sistemático, articulado e intencional, apoiado na geração, codificação, disseminação e

apropriação de conhecimentos, com o propósito de atingir a excelência organizacional.

Vários autores (DRUCKER, 1993; DAVENPORT et al., 1996; STAPLES et al., 2001;

HOLSAPPLE, 2008) afirmam que boas iniciativas e práticas de gestão do conhecimento

contribuem para a sustentabilidade das vantagens competitivas das organizações que as

empreendem.

Entre as diversas vantagens de uma boa gestão de conhecimento, reconhecem-se as

seguintes:

Vantagem competitiva em relação à concorrência

Redução dos custos e tempo de produção e desenvolvimento de produtos

Rápida comercialização de novos produtos

Aumento do valor das ações

Maximização do capital intelectual/ativos intelectuais

Melhoria dos processos internos e maior fluidez nas operações

Processos de tomada de decisões mais eficientes e melhores resultados

Melhoria na coordenação de esforços entre unidades de negócios

Melhoria da prestação de serviços (agilidade), da qualidade dos produtos e da

qualidade do serviço cliente.

A gestão do conhecimento tem como objetivos:

Tornar acessíveis grandes quantidades de informação organizacional,

compartilhando as melhores práticas e tecnologias;

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Permitir a identificação e mapeamento dos ativos de conhecimento e

informações ligados a qualquer organização, seja ela com ou sem fins

lucrativos (Memória Organizacional);

Apoiar a geração de novos conhecimentos, propiciando o estabelecimento

de vantagens competitivas.

Dar vida aos dados tornando-os utilizáveis e úteis transformando-os em

informação essencial ao nosso desenvolvimento pessoal e comunitário.

Organiza e acrescenta lógica aos dados de forma a torná-los compreensíveis.

Aumentar a competitividade da organização através da valorização de seus

bens intangíveis.

O conhecimento pode ser implícito (tácito) ou explícito.

A economia da sociedade globalizada e interdependente traz mudanças radicais em

termos do surgimento de uma nova sociedade, a sociedade da Era da Informação, que coloca

o conhecimento como o ativo de produção mais importante do Terceiro Milênio.

A partir da década de 1980 passa a surgir uma intensa busca por uma nova

concepção e visão da empresa. Nasce então o conceito de Capital Intelectual, como forma de

evidenciar e potencializar a força dos recursos intangíveis.

Essa emergência traz uma consequente necessidade de mudança de paradigmas e

enfoques para as organizações: a necessidade da revalorização do capital humano.

A grande transformação desta sociedade não é apenas o avanço tecnológico em si,

mas sim como associar estes recursos tecnológicos a fatores humanos como criatividade,

comprometimento e conhecimento a fim de agregar valor aos produtos e/ou serviços

oferecidos pelas organizações.

Recursos tradicionais apenas proporcionam vantagens temporárias; o local do

escritório perde importância na era digital.

As pessoas, o capital humano, torna-se fonte geradora de receita; a informação,

ferramenta para a comunicação; e o relacionamento torna-se algo interativo e decorrente das

redes pessoais. A gestão de uma organização precisa assim gerenciar seu capital humano e o

conhecimento requerido e/ou produzido. Seu novo desafio é alinhar a gestão destes capitais

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intangíveis com o planejamento estratégico da organização, de forma que agreguem valor

aos processos de negócio e criando vantagem competitiva para a organização.

Para elaborar a melhor estratégia de capital humano é preciso considerar três fatores:

Sistemas;

Os fatos certos;

Foco no valor

Sistemas: compreender como várias práticas e programas de capital humano

(remuneração, treinamento, gestão de carreiras e supervisão) trabalham em conjunto para

produzir os retornos esperados.

Os fatos certos: contabilidade precisa e detalhada dos atributos da força de trabalho,

assim como das práticas de capital humano assim que elas são realmente implementadas.

Foco no valor : um foco inflexível em como o capital humano impulsiona

importantes resultados de negócio – faturamento, lucros, retenção do cliente e qualidade.

Companhias que começam a agir cedo na identificação e na medição dos fatores

importantes de capital humano, e no ajuste fino da estratégia de capital humano podem

delinear vantagens competitivas significativas e duradouras.

Já os processos intensivos de conhecimento estão, tradicionalmente, baseados na

geração, conversão e nos fluxos dinâmicos de conhecimentos que envolvem seus processos de

negócio.

São processos não estruturados caracterizados por forte dependência do

conhecimento embutido nas pessoas e por consequência seu fluxo de eventos se estabelece de

forma evolutiva e dinâmica, não podendo ser claramente definido. Apesar de contribuir

agregando valor aos processos de negócio da organização, dificilmente apresentam métricas

para avaliar o seu sucesso.

Existem na literatura diversas tentativas de definir Processo Intensivo em

Conhecimento, como exemplo podem ser citados Von Hagen et.al. (2005), Davenport et al.

(1996), Davenport & Prusak (2000) e Eppler (1999).

As empresas enfrentam grandes dificuldades na implantação. Altos custos dificultam,

além dos problemas na cultura organizacional da empresa, pois quando uma empresa (dono,

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gestores e funcionários) estão acostumados ao trabalho manual, ou a uma forma de trabalho,

implantar outra cultura, automatizar ou qualquer quer seja a mudança, bate de frente a forma

de trabalho que estão acostumados, e isso causa divergências e problemas. As pessoas tendem

a se acomodar com um estilo de vida, e tira-las disso requer planejamento e tempo. Por isso, a

empresa deve planejar e estudar todos os possíveis erros, pois o que deveria ser um

crescimento acaba se tornando um transtorno, ocasionando gastos desnecessários e prejuízos a

instituição.

Os Sistemas de Gestão do Conhecimento (Knowledge Management Systems) são

soluções de TI que amparam as iniciativas empresariais típicas de Gestão do

Conhecimento como identificação, criação, apresentação e distribuição do conhecimento

dentro do contexto corporativo. (MVL)

Os Sistemas de Gerenciamento de Conhecimento tem como importante objetivo

proporcionar habilidades (a gerentes e organizações em geral) que apoiem a tomada de

decisão, e consequentemente aumentem a vantagem competitiva da empresa.

Tais sistemas possuem como principal característica a coleta de dados, que

posteriormente serão processados para que se obtenha um conjunto de relevante informações

que serão agregadas e distribuídas em forma de conhecimento dentro da organização.

3.4.2 Gestão por Competência

Gestão por competências é um programa sistematizado e desenvolvido no sentido de

definir perfis profissionais que proporcionem maior produtividade e adequação ao negócio,

identificando os pontos de excelência e os pontos de carência, suprindo lacunas e agregando

conhecimento, tendo por base certos critérios objetivamente mensuráveis (CHIAVENATO,

2003).

A definição de competência está baseada no CHA, que são os conhecimentos (C) e

as habilidades (H), competências técnicas, e as atitudes (A), competências comportamentais,

que uma pessoa possui.2

2 Universidade Federal de Santa Catarina. COMPETÊNCIAS FUNDAMENTAIS AO TUTOR DE ENSINO A

DISTÂNCIA

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48

O conhecimento tem relação com a formação acadêmica, o conhecimento teórico. A

habilidade está ligada ao prático, a vivência e ao domínio do conhecimento. Já a atitude

representa as emoções, os valores e sentimentos das pessoas, isto é, o comportamento

humano.

A nova percepção de valor do capital intangível acarretou uma mudança de

paradigma nas organizações, o conhecimento passou a ser recurso que quanto mais cultivado,

mais valorizado. A necessidade de atender um mercado globalizado impulsionou as

organizações procurar obter um modelo de gestão que pudesse vir a contribuir no

desenvolvimento das habilidades e talentos de seus colaboradores. A gestão de competência

representa uma importante fonte de informação e direcionamento para desenvolvimento dos

profissionais e das ações estratégicas da organização. O ato de se promover o mapeamento de

competência cria a possibilidade de se detectar as lacunas de competências existentes na

organização ou no grupo de colaboradores. Tende a alinhar as competências de seus

colaboradores as demandas do mercado e aos objetivos estratégicos da organização.

A decisão de identificar competência deve ser deliberada através do processo top-

down, sendo que o objetivo deste mapeamento tem que estar conjugado com as ações

estratégicas que a organização pretende desenvolver. Após a identificação das mesmas, estas

necessitam estar conectada a um acompanhamento de resultados visando à possibilidade de

avaliar o desempenho das pessoas, detectando assim a relevâncias das competências

existentes e a demanda de novas competências. Segundo Durand (1999), o desenvolvimento

de competências é realizado através da aprendizagem individual e coletiva, contempla três

dimensões do modelo: o conhecimento; as habilidades e as atitudes. Rodrigues (2002)

descreve que as competências organizacionais estão associadas com a imagem da empresa. O

modo que esta promove a gestão dos seus processos, utilização das tecnologias e tratamento

dos talentos que possui, estes indícios sinalizam como a empresa está desenvolvendo suas

competências que irão fortalecer a sua imagem perante o mercado. A empresa necessita

prover meios de criar condições a fim de que possa utilizar seus recursos tecnológicos e

usufruir seus talentos alinhados a seus objetivos estratégicos.

A Gestão por Competências é composta por alguns subsistemas, como:

Mapeamento e descrição de competências;

Mensuração de competências;

Remuneração por competências;

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Seleção por competências;

Desenvolvimento de competências;

Avaliação de desempenho por competências;

Plano de desenvolvimento por competências.

A gestão por competências representa uma alternativa aos modelos gerenciais

tradicionalmente utilizados pelas organizações. Propõe-se a orientar esforços para planejar,

captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização (individual, grupal e

organizacional), as competências necessárias para alcançar seus objetivos (BRANDÃO,

2008).

A proposta da Gestão por Competências é compreender quais são as competências

organizacionais críticas para o sucesso empresarial, desdobrá-las em termos de competências

profissionais e desenvolvê-las junto ao quadro de funcionários internos. Trata-se de uma

metodologia de gestão moderna, focada nos negócios, no mercado e no desenvolvimento

profissional permanente (CARBONE, 2006).

A Gestão por Competências direciona sua ação prioritariamente para o

gerenciamento da lacuna (gap) de competências eventualmente existente na organização ou

equipe, procurando eliminá-lo ou minimizá-lo. A ideia é aproximar ao máximo as

competências existentes na organização daquelas necessárias para a atingir os objetivos

organizacionais.

Sob essa perspectiva, minimizar eventuais lacunas de competências significa orientar

e estimular os profissionais a eliminar as incompatibilidades entre o que eles são capazes de

fazer (competências atuais) e o que a organização espera que eles façam (competências

necessárias).

Como base de toda a Gestão de Competências, é necessário haver o mapeamento de

competências, que se dá pela descrição das competências laborais no trabalho. Para tanto,

existem fundamentalmente duas metodologias complementares de descrição de competências

no trabalho (CARBONE, 2009), a saber:

A primeira se baseia nos recursos ou dimensões da competência, ou seja, os

conhecimentos, habilidades e atitudes que se pressupõem sejam necessários para que o

profissional possa apresentar determinado desempenho no trabalho.

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A segunda utiliza-se de pautas ou referenciais de desempenho, de forma que o

profissional demonstraria deter uma dada competência por meio da adoção de certos

comportamentos passíveis de observação no trabalho.

Em geral, a adoção de um ou outro critério para descrição de competências ocorre

em razão do uso que se pretende dar à descrição. Quando utilizadas em instrumentos de

avaliação do desempenho no trabalho, por exemplo, as competências são descritas sob a

forma de comportamentos passíveis de observação (referenciais de desempenho), para que o

avaliador possa mensurar o desempenho do avaliado a partir dos comportamentos que este

adota no trabalho. Quando utilizadas na formulação de ações de treinamento, por sua vez,

então faz-se necessário descrever não apenas os comportamentos desejados (referenciais de

desempenho), os quais constituirão os objetivos instrucionais do treinamento, mas também os

conhecimentos, habilidades e atitudes correspondentes, os quais constituirão os conteúdos

educacionais a serem ministrados.

Através da avaliação por competências, também chamada de avaliação de

desempenho, será identificado se o perfil comportamental e técnico dos colaboradores de uma

corporação estão alinhados ao perfil ideal exigido pelos cargos.

A avaliação por competências é uma maneira de estimar o aproveitamento do

potencial individual de cada colaborador dentro das organizações.

O resultado da avaliação será a identificação das competências comportamentais e

técnicas que precisam ser aperfeiçoadas.

Baseado no resultado da Avaliação por Competências será criado um Plano de

Desenvolvimento para os colaboradores, cujo objetivo será aperfeiçoar e potencializar o perfil

individual de cada colaborador.

Um projeto de implantação de gestão por competências em uma empresa, demanda

grande trabalho e dedicação da área de Recursos Humanos e gestores. A utilização de um

sistema informatizado, desde o início do processo, facilita grandemente o gerenciamento e as

chances de sucesso do projeto. Deve-se observar se a metodologia por trás do software

escolhido atende de maneira satisfatória a necessidade da empresa.

Podem-se observar alguns aspectos positivos deste modelo de gestão:

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Melhora o desempenho dos colaboradores;

Identifica as necessidades de treinamentos;

Alinha os objetivos e metas da organização e da equipe;

Reduz a subjetividade na Seleção e Avaliação de pessoas;

Analisa o desenvolvimento dos colaboradores;

Enriquece o perfil dos colaboradores, potencializando seus resultados;

Melhora o relacionamento entre gestores e liderados;

Mantém a motivação e o compromisso;

Extrai o máximo de produtividade de cada colaborador.

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4. DESENVOLVIMENTO DA LIDERANÇA

A arte de saber delegar é cada vez mais uma necessidade dentro de uma organização,

principalmente no que se refere à sua gestão.

Delegação é, fundamentalmente, confiar sua autoridade a outros. Isto significa que

eles podem agir e tomar iniciativas independentes; e que eles assumem responsabilidade com

você na realização das tarefas. Se algo dá errado, o gestor também é responsável uma vez que

você é responsável pela gestão.

O objetivo primário da delegação é conseguir que o trabalho seja feito por outra

pessoa. Não apenas tarefas simples, como ler instruções e girar uma alavanca, mas também

tomada de decisão e mudanças que dependem de novas informações. Com delegação, a

equipe tem a autoridade para reagir a situações sem ter que consultar o líder a todo instante.

Para habilitar uma pessoa para fazer um determinado trabalho, é necessário assegurar

que os colaboradores que irão executar a atividade tenham entendido exatamente o que deve

ser feito, como deve ser feito e que há autoridade para realizar o trabalho.

Esses fatores dependem de uma comunicação clara, onde não hajam dúvidas quanto

a natureza da tarefa, a extensão de sua descrição e as fontes de informações e conhecimento

relevantes.

Abaixo temos um comparativo do antigo modelo de liderança e do modelo atual,

mais próximo e mais participativo com as atividades de uma equipe:

Líder do Passado

Ser um chefe

Controlar as pessoas

Centralizar a autoridade

Estabelecimento de objetivos

Dirigir com regras e regulamentos

Confrontar e combater

Mudar por necessidade e crise

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Ter um enfoque eu e meu departamento

Líder do Futuro

Ser um coach e facilitador

Empowerment

Distribuir a liderança

Conciliar visão e estratégia

Guiar com valores compartilhados

Colaborar e unificar

Ter um enfoque mais amplo

Ter um enfoque de minha empresa

4.1 Papel Estratégico do Novo Líder

Em um mercado estável, as empresas procuram abordar uma linha de montagem a

respeito da estratégia, maximizando o controle interno e ordem, além de se protegerem contra

a variação entre auditoria e disciplina e terem lutas de poder entre níveis e unidades.

Neste contexto, o papel do líder é imprescindível para a definição de táticas e

orçamentos, controle do desempenho de indivíduos e atitudes, além de tomar ações corretivas

quando a conduta está fora do esperado e decisões consistentes com a estratégia geral da

empresa.

Já num mercado em constante mudança, as empresas apostam na abordagem de

contingência a respeito da estratégia, maximizam velocidade, flexibilidade e inovação,

protegem-se contra a obsolescência e ignorância e também tem altos níveis de comunicação,

colaboração e inovação entre os níveis.

Neste panorama, cabe ao líder interpretar a realidade emergente, focalizar os recursos

existentes de uma forma eficiente, desenvolver e promover novas capacidades em resposta às

mudançcas e falicitar criação, captação e disseminação de conhecimento.

Todas estas habilidades expressam a importância na valorização do capital humano,

possibilitando não somente o desenvolvimento de suas potencialidades, mas também da

superação dos limites.

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5. A CRISE NAS ORGANIZAÇÕES

As crises tiveram destaque crescente a partir do processo democrático, quando as

portas da ditadura e do descaso são fechadas, dando espaço para a discussão de interesses, a

necessidade de resolver conflitos e a livre troca de informações. Como afirma Neves: Outro

fator que aumentou o repertório das Crises Empresariais com a Opinião Pública (CEOPs) é a

ampliação da democracia, tanto no que diz respeito à manifestação de opinião quanto na

conscientização e na conquista de novos direitos: direitos trabalhistas, direitos do consumidor,

direitos das minorias, etc.

Com essa democratização, os meios de comunicação, consequentemente, tiveram sua

livre iniciativa restaurada, podendo noticiar fatos das organizações e pessoas, sem medo de

retalhações.

Os estudos sobre as crises são recentes no campo da comunicação, evidenciando-se

“[...] desde meados da década de 1970, inicialmente nos Estados Unidos” (NEVES, 2002,

p.18). Atualmente continuam sendo pouco explorados pelas empresas e profissionais de

comunicação. A maioria dos administradores de crises são advogados, justamente por seu

caráter centrado e a frieza e racionalidade de suas palavras e ações. E, possivelmente,

também, pela previsão dos prejuízos que atingem as organizações envolvidas em demandas

judiciais decorrentes de crises. Mas, nesse aspecto, os relações-públicas também são tidos

como profissionais aptos a trabalharem com essa administração, ainda que hoje poucos

profissionais se dediquem a essa área. O fato de a administração de relacionamentos ser

atribuição exclusiva de relações públicas demonstra que a adequação desta área profissional

em tratar da administração de crises é evidentemente superior a outras profissões.

Waldomiro Carvas Júnior, fundador e presidente da GWA Comunicação Integrada,

em sua colaboração ao livro de Kunsch, Obtendo Resultados com Relações Públicas, destaca

a importância da atividade para enfrentar as crises:

“A atividade de relações públicas é de extrema importância para o enfrentamento de

crises, pois é ela que deve assumir a responsabilidade pela coleta de informações e

pela organização dos contatos com a imprensa e com os públicos de interesse”

(KUNSCH, 2006, p.235-6).

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Além da coleta e transmissão de informações, os relações-públicas, devem

encarregar-se de “manter a compreensão mútua”, o que em momentos de crise podem ser

difícil de manter. Por compreensão entende-se o “[...] encontro de significados. Há

compreensão quando se chega ao significado dos fatos” (SIMÕES, 1995, p.88).

Outro aspecto da atividade de relações públicas é “a administração da controvérsia”

(SIMÕES, 1995, p.93), que em momentos de crises são visíveis e trazem prejuízo ao

relacionamento da organização com seus mais diversos públicos. Neves afirma que “relações

públicas é a profissão do futuro”, e menciona ainda que: Qualquer sociedade, em qualquer

época, é permeada por conflitos. Na democracia, estes conflitos emergem com mais força e

precisam ser acomodados mais rapidamente. Desde que, teoricamente, não possam ser

resolvidos através da força, os conflitos somente podem ser solucionados pelas leis, pelas

decisões dos tribunais, pelas negociações, acordos, ou, ainda, pela mudança de

posicionamento das partes frente às questões.

Todas as alternativas acima citadas, estamos falando de coisas como persuasão,

convencimento, informação, comunicação, imagem. É dá natureza da atividade de RP cuidar

de todas estas coisas (1998, p.168). Crises nas organizações, sejam elas de qualquer natureza,

são pautas certas nos veículos de comunicação. Mas não é por isso que os planos de crise e

sua administração são importantes. Eles são importantes para antever desgastes

desnecessários, pois crises que não são previstas pelas organizações causam grandes perdas,

não só economicamente, mas também de credibilidade. Segundo Neves, os gastos que um

planejamento de crise necessita são irrelevantes, em proporção aos valores que serão

necessários para a reconstituição da imagem organizacional. Afirma o autor: “[...] o custo de

um planejamento para a administração de crises é uma bobagem se comparado com o que a

empresa perde por não tê-lo quando o bicho pega” (2002, p.19).

Todas as organizações, sem distinção, estão vulneráveis a crises, e a maior perda que

elas podem sofrer, em momentos de conflito, é de sua credibilidade. A credibilidade é

constituída durante anos, mas, para perdê-la, basta um momento em que a empresa aja

equivocadamente.

De acordo com Rosa, a administração de crises é um processo anterior ao fato, no

qual se planejam iniciativas que serão realizadas imediatamente quando eclodir o conflito: A

administração de crises leva em conta que as grandes crises exigem a adoção de ações

imediatas, assim que se tornem explícitas, pois é fundamental que os agentes envolvidos

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produzam iniciativas, buscando o correto posicionamento perante a opinião pública (2001,

p.101).

Antever fatos que podem prejudicar as organizações é o passo recomendado pelos

especialistas no assunto, além de Rosa, Neves e Argenti também defendem essa premissa.

Administração de crises, portanto, não consiste apenas em administrar os momentos

em que surge e eclode a crise, ou o posterior, mas, sim, todo o processo, começando no plano

que previu a crise antes mesmo de ela ocorrer. Neves afirma que, quando há “[...]

planejamento e vontade ‘política’, a empresa pode administrar 85% das possibilidades de

crises empresariais” (2002, p.56).

Porém o planejamento deve ser realizado previamente, como bem destaca Rosa, “[...]

hora de crise é hora de reagir – e não de planejar” (2004, p.70). O planejamento em seu

sentido já deixa claro seu caráter preventivo.

Cada uma das crises têm características próprias e individuais, nenhuma é igual a

outra, porém algumas medidas se repetem quando se trata de crises de mesma origem. E é o

planejamento que torna comum as ações a serem tomadas no momento de conflito ou crise.

Logo, o processo de planejamento de crises deve ser transparente, para que todos os

responsáveis tenham, claramente, a percepção do que deve ser realizado de imediato.

Crise, no seu sentido de ruptura é utilizada por Neves, relatando a ruptura de um

estado atual. O autor entende “[...] por crise um momento crítico, decisivo que normalmente

sucede a uma ruptura no status quo” (2002, p.31). Rosa define crise a partir das perdas que

pode se ter com os públicos que estão envolvidos nesse momento delicado, como

[...] um conjunto de eventos que pode atingir o patrimônio mais importante de

qualquer entidade ou personalidade que mantenha laços estreitos com o público: a

credibilidade, a confiabilidade, a reputação (ROSA, 2001, p. 23).

Argenti é mais pessimista que os demais autores em sua definição para crise, como

destaca: Uma crise é uma catástrofe séria que pode ocorrer naturalmente ou como resultado

de erro humano, intervenção ou até mesmo intenção criminosa.

Pode incluir devastação tangível, como a destruição de vidas ou ativos, ou

devastação intangível, como a perda da credibilidade da organização ou outros danos de

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reputação. Estes últimos resultados podem ser consequência da resposta da gerência à

devastação tangível ou resultados de erro humano (ARGENTI, 2006, p.259).

E o autor não deixa de estar correto na sua visão pessimista, uma vez que uma crise,

quando não é bem administrada, poderá se tornar uma “catástrofe” organizacional.

Não é a toa que as empresas têm de mudar sua razão social, investir milhões na

reestruturação de sua imagem e algumas vezes até perder grandes executivos.

O autor Mestieri, em publicação recente, estabelece um novo e mais abrangente

conceito de crise, segundo o autor:

“[...] como toda a ação (interna ou externa) que pode impactar direta ou

indiretamente a harmonia ou os interesses de uma organização com seus diversos

públicos preferenciais” (2004, p.125).

Este estado mencionado pelo autor é o estado de equilíbrio, harmonia, ou ainda

estado normal.

Indiferente da conceituação de crises, cada uma delas tem sua importância, seja de

pequenas ou grandes proporções, todas devem ser vistas com atenção e requerem

planejamento prévio.

As crises, em geral, têm seu início a partir de um processo de interesses não

atendidos. Antes de ser deflagrada a crise, é comum que ela se configure como conflito. Este

processo, quando a organização realmente administra os conflitos, pode ser interrompido

antes de causar todos os danos pertinentes a crises.

Por conflito entende-se “[...] um impasse no processo decisório, embora a

organização e o público estejam utilizando vários meios e linguagens para chegarem à solução

do problema” (SIMÕES, 1995. P. 77).

Ainda que esses recursos sejam corretamente empregados, as questões relativas a

sentimentos e interesses não considerados dificultam a solução do conflito. Chiavenato

chama a atenção a respeito: “conflitos significa à existência de ideias, sentimentos, atitudes ou

interesses antagônicos e colidentes que podem se chocar” (1993, p.500).

Identificado o conflito, e não solucionado imediatamente, parte-se para a negociação,

“[...] quando ocorrem concessões de ambas as partes” (SIMÕES, 1995, p.77).

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Se a negociação não obtiver sucesso, tem-se uma crise, um processo mais

complicado, podendo levar, o que antes era um conflito, ao poder jurídico do Estado para se

obter a solução. Portanto, apesar de complexa a solução, o conflito requer atenção

extraordinária para evitar, de todos os modos, que ele evolua para uma crise.

5.1. Porque as Crises Acontecem

Todas as organizações estão vulneráveis a crises. A diferença é que algumas, mais

preparadas, principalmente do ponto de vista da comunicação, administram melhor os

problemas. Outras deixam que os fatos, ou boatos, destruam a sua reputação. "A maioria das

crises de imagem, se bem administrada, pode ser superada [...]" (FORNI, 2002, p.363).

Segundo Rosa (2001, p.132-134), as crises podem ser dos seguintes tipos:

Desastres industriais - explosões, incêndios, contaminações.

Desastres naturais - tempestades, enchentes, desmoronamentos.

Falhas em equipamentos ou construções - colapso na rede de computadores,

queda de um edifício, defeitos em produtos industriais.

De origem criminosa - sabotagem, sequestros, fraudes, vandalismo.

De natureza econômica - boicotes, greves, desvalorização das ações.

De informação - boatos, intrigas, acusações de concorrentes.

De natureza legal - ações judiciais contra a empresa, pedidos de indenização.

De reputação - denúncias de corrupção, vazamento de documentos internos.

De relações humanas - sucessão no comando da organização, demissão de altos

executivos, denúncias de funcionários.

Que envolvem risco para a vida - acidentes de trabalho, grandes

contaminações.

Regulatórias - criação de obstáculos fiscais, legislação.

Uma característica comum a todas essas crises é que elas não têm local fixo para

acontecer. Um desastre ambiental no Brasil, por exemplo, é noticiado também em outros

países, e em tempo real. Como diz Mitroff, no passado, as crises se limitavam ao âmbito da

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comunidade. Hoje, qualquer acidente interfere nas condições ambientais, sociais ou

econômicas do planeta (apud FORNI, 2002, p.367).

Para Rosa, "[...] as crises só existem porque vivemos num mundo tão interligado que

um problema que, em princípio, diria respeito apenas a uma empresa ou a uma comunidade

distante pode adquirir imediatamente uma dimensão muito maior [...]" (ROSA, 2001, p.24).

Por conta desse aspecto global das crises, as empresas devem preparar um plano de

administração de crises também global, que permita informar todos os públicos envolvidos

em tempo real.

Outro fato comum às crises é que elas repercutem rapidamente na mídia, por conta

do sensacionalismo que podem representar para os veículos de comunicação e do espetáculo

que podem se transformar para a sociedade. Forni diz que as crises alimentam a pauta diária

da mídia (FORNI, 2002, p.367-368).

As grandes crises de imagem oferecem a oportunidade para os veículos de

informação travarem uma batalha num campo comum (a crise), utilizando armas semelhantes

(a capacidade de investigação, de aprofundamento do tema), para que, ao final do desafio, o

melhor acabe vencendo (ROSA, 2001, p.25).

Nessa corrida por uma informação nova, ou simplesmente pelo melhor ângulo do

espetáculo, a imprensa acaba cometendo alguns erros, como, por exemplo, o famoso caso da

Escola Base, em 1994, e as denúncias sobre a compra de bicicletas superfaturadas pelo

ministro Alceny Guerra, no governo Collor.

5.2 O Papel da Comunicação na Administração de Crises

Muito se fala sobre administração de crises hoje em dia, mas poucas organizações

adotam os princípios dessa prática, principalmente no que diz respeito à comunicação.

Durante uma crise, a empresa deve manter os colaboradores, clientes, acionistas,

fornecedores, imprensa, grupos de pressão, sociedade e governo informados sobre o problema

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ocorrido e as ações que estão sendo tomadas para solucioná-lo. Qualquer falha nessa

comunicação pode gerar novas crises ou destruir a imagem da corporação.

De acordo com Lopes, "qualquer coisa negativa que escape ao controle da empresa e

ganhe visibilidade" (apud FORNI, 2002, p.363) pode se tornar uma crise. Em entrevista a

jornalista Cynthia M. Luz, o consultor norte-americano John Birch, que assessorou a Union

Carbide no desastre de Bhopal, na Índia, quando morreram milhares de pessoas, definiu crise

como

"um evento imprevisível, que, potencialmente, provoca prejuízo significativo a uma

organização ou empresa e, logicamente, a seus empregados, produtos, condições

financeiras, serviços e à sua reputação [...]" (LUZ, 1993, p.9-12).

Mitroff acrescenta o peso da falha humana em uma crise:

"Em contraste com os desastres naturais, sobre os quais frequentemente temos pouco

controle, falhas humanas provocam crises em função de ações ou de inações

impróprias [...]. Em princípio, falhas humanas podem ser previstas e, exatamente por

esse motivo, o público se sente escandalizado quando ocorrem [...]” (apud ROSA,

2001, p.21).

Caldini afirma que um simples boato pode se transformar em uma crise:

"No primeiro estágio da crise, acontece a simplificação do boato. Uma grande

história resumida. No segundo estágio ocorre o exagero. Os detalhes mais agudos

são aumentados e a história ganha dramaticidade. No terceiro estágio, a opinião

pública interpreta o boato de acordo com a sua visão de mundo, com os seus valores.

Nesse momento, se não se gerenciou a crise, os efeitos podem ser devastadores."

(CALDINI, 2000, p.116-118).

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6. O PAPEL DO GESTOR NO GERENCIAMENTO DE CRISES

A escolha do líder ou de uma equipe para gestão da crise, encarregados de conduzir

a resposta a eventos imprevistos, é um fator chave para o sucesso ou fracasso da operação.

A seleção de um indivíduo adequado para o papel de liderança na crise deve ser

baseada não somente na sua capacidade de liderar, mas também nas características necessárias

para conduzir a equipe numa situação muito estressante e muitas vezes desconhecida.

Antes de detalhar as características naturais e aprendizados que fazem um líder de

sucesso, alguns pontos que devem ser considerados:

Envolva a Alta Administração no processo de seleção do Gestor de Crises. Para

isso é necessária uma descrição das atividades, do papel e os critérios de

sucesso.

Cultura é fundamental. Cada organização toma decisões de diferentes maneiras.

Escolha um líder que conheça a cultura de tomada de decisão da organização e

tenha capacidade de agilizar esse processo, afinal, durante uma crise o tempo é

fundamental.

Liderar e gerir a resposta a um incidente ou crise não é trabalho de uma pessoa,

e sim um esforço de equipe. O Gestor de Crises não pode executar todas as

tarefas necessárias para uma resposta eficaz, seu papel é definir objetivos e

eliminar barreiras que impedem o progresso da equipe durante as atividades de

resposta.

Então, o que é preciso para ser um Gestor de Crises eficaz?

Só porque um indivíduo apresenta grande capacidade de liderança em tempos

normais, caracterizados como "business as usual", não significa necessariamente que o

mesmo será verdade em uma situação de crise. Veja abaixo as principais características

comportamentais dos Gestores de Crise eficazes:

PERSUASÃO – Um líder eficaz deve inspirar as pessoas a segui-lo. Isto pode

parecer simplista, mas um verdadeiro Gestor de Crises deve ter a capacidade para acalmar,

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motivar e capacitar os membros da equipe durante a resposta a um incidente. É imperativo

que o líder mantenha as habilidades e competências essenciais para o estabelecimento de

autoridade. O líder deve inspirar confiança e se conectar emocionalmente e intelectualmente

com a Alta Administração e com os outros membros da EGC.

CORAGEM – Nem todos os líderes são capazes de tomar decisões rapidamente e

com confiança em situações de crise, principalmente se as informações estão incompletas. O

famoso escritor americano Ernest Hemingway fornece uma explicação simples de coragem,

definindo-a como "grace under pressure". Habilidades podem ser desenvolvidas, mas a

capacidade de manter a cabeça no lugar em uma situação muito tensa, tomar decisões

rapidamente e liderar uma equipe no meio de um desastre é um dom intrínseco.

EQUILÍBRIO – Muitas organizações entendem que a colaboração é uma parte

fundamental do processo de tomada de decisão, mas em uma situação de crise, existem

momentos em que uma decisão precisa ser tomada imediatamente, mesmo que as informações

estejam incompletas e obscuras. Para o Gestor de Crise é necessária uma capacidade

intangível, saber quando é hora de parar a discussão e começar a fazer, a agir.

HABILIDADES APRENDIDAS – Embora muitos outros traços permitam que o

Gestor de Crises seja eficaz, três princípios devem ser seguidos:

Comunicação - Não é nenhum segredo que estratégias de comunicação bem

executadas são parte integrante de uma resposta eficaz à crise. No entanto, a

comunicação realizada pelo Gestor de Crises deve ser mais granular do que a

estratégia global de comunicação da organização. Este líder deve combinar suas

habilidades naturais para inspirar e capacitar por meio de uma comunicação

clara e direta. O Gestor de Crise deve comunicar a todos os envolvidos as metas

e objetivos de forma transparente.

Finalidade – O Gestor de Crises deve fornecer uma direção clara para a

organização, de forma que todos os esforços tenham foco na solução da crise.

Além disso, o líder precisa adaptar-se com facilidade as situações de mudança,

em um cenário normalmente volátil, sem perder o foco nos objetivos

estratégicos da EGC e, em última instância, da organização. Seguindo as

estratégias de resposta planejadas e detalhadas nos planos existentes, o Gestor

de Crises será capaz de cumprir com êxito as metas e objetivos da organização.

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Conhecimento em Continuidade dos Negócios - É essencial para o processo

de resposta e de recuperação ter conhecimento dos objetivos da GCN

Corporativa. Um Gestor de Crise deve ser ativamente envolvido no processo de

planejamento e melhoria contínua da GCN.

6.1. Plano de Gerenciamento de Crises

Quando uma crise ocorre, deve-se imediatamente reunir o comitê para gerenciar os

acontecimentos. Improviso não é sugerido por nenhum especialista no assunto, porém há

condutas, além das que integram o plano, que podem ser seguidas a fim de minimizar os

prejuízos à imagem da organização e gerar outras crises decorrentes do fato.

Kunsch configura cinco passos que devem ser seguidos durante uma crise:

“[...] desde instruir o pessoal de atendimento telefônico [...]; manter todo o contato

com a imprensa [...]; fazer todos os esforços no sentido de que o incidente não

adquira proporções para se tornar alvo da imprensa [...]; reunir rapidamente o grupo

de trabalho, para compartilhar as informações disponíveis, avaliar a gravidade do

incidente e dividir as tarefas de primeiro momento, visando manter o controle sobre

a situação” (2006, p.246).

Neves menciona cuidados diferentes, os quais podem nortear os responsáveis da

organização neste momento. A empresa num momento de crise não pode dirigir todos os

esforços para a solução da crise, a continuidade da organização é fundamental nesses

momentos de fragilidade. Como bem afirma o autor:

“[...] não dá para concentrar todos os recursos na solução da crise e deixar de lado a

operação de todos os dias. Os recursos precisam ser mobilizados para trabalhar

igualmente nas duas frentes: a do dia-a-dia e a da crise em si” (2002, p.196).

Quando uma crise eclode, as reações das pessoas envolvidas e lesadas são diversas, e

a maior dificuldade de quem enfrenta um problema como esse é por se no lugar do outro.

“Entenda e respeite suas preocupações e seus sentimentos – dor, raiva, repúdio – ainda que a

empresa não tenha culpa” (NEVES, 2002, p.196).

A liderança numa crise deve estar bem definida. Deixar que a liderança seja

confundida, o que é comum de acontecer nesses momentos, uma vez que muitos respondem e

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falam sobre o assunto, pode ser prejudicial à imagem organizacional. A confusão pode ser

entendida como uma desorganização e descrédito para com o acontecimento. Por isso é

importante dar “visibilidade à liderança” (NEVES, 2002, p.196).

Dizer a verdade neste momento, mesmo que não se tenha a resposta, desperta,

perante os envolvidos na crise, responsabilidade para com o tratamento do caso. Esta postura

torna o posicionamento coerente e evita as retratações, que nesses momentos demonstram

descaso. O monitoramento e o arquivamento dos fatos e reclamações ajudam no futuro

posicionamento da organização, pois uma crise pode sempre retornar. Neves destaca alguns

aspectos que devem ser levados em conta:

“[...] pesquisas, telefonemas, SACs, mensagens na internet; qualidade e teor das

reclamações, comentários negativos e positivos, material na imprensa, cartas do

leitor, etc. Tudo isso são insumos para a reavaliação da estratégia, para dosagem das

ações e material para análise futuras” (2002, p.209).

As orientações são diversas e podem mudar de acordo com a abrangência e

consequências das crises. O bom senso, somado ao estudo, à prevenção e à experiência,

podem ser o diferencial para trata deste tipo de situação.

O Plano de Gerenciamento de Crises estabelece papéis, atribuições,

responsabilidades e ações a serem adotadas durante uma situação de crise com o objetivo de

minimizar o seu impacto na organização.

Entende-se como crise o evento com resultados negativos, que ameaçam

severamente a saúde financeira, a marca e a reputação ou relacionamentos com a equipe de

funcionários, clientes ou fornecedores. Deste modo o ato de gerenciamento de crises torna-se

imprescindível e vital para a administração de qualquer organização, pois reduz ou ameniza

os impactos de curto, médio e longo prazo causados principalmente à marca, reputação e ao

market share da empresa.

São tantas as situações de crise que podem atingir as empresas de qualquer ramo de

negócio, sejam elas grandes ou pequenas. No Brasil como em outros países, que não se pode

dizer: “com a minha empresa nunca vai acontecer”. Para tanto é necessário que se crie em

cada empresa, seja ela de que tamanho ou negócio for, um planejamento de estratégias para

diagnosticar e prevenir possíveis crises, sejam internas, externas, naturais, etc.

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O diagnóstico não é um modismo passageiro nem é coisa nova, é sim o único

instrumento que fornece uma visão global e dinâmica da empresa, habilitando o empresário a

obter uma radiografia clara, simples e precisa do conjunto do seu negócio e suas possíveis

falhas que possam estar suscetíveis a crises ou até mesmo que possam evitá-las.

Cada risco, mesmo os decorrentes de outros, podem ser avaliados usando uma

metodologia simples a partir da probabilidade deste se tornar realidade e o grau do impacto

exercerá sobre os objetivos da organização. Conseguindo-se estimar a probabilidade e

severidade de um risco, você vai poder concentrar seus esforços para maximizar seus

resultados. Para cada risco, você deve ter pelo menos uma medida correspondente. Onde um

risco poder ser eliminado, então você terá uma medida contramedida. Onde isso não for

possível você terá ações de redução de riscos.

Para efetivar o gerenciamento de crises dentro da organização, é imprescindível que

se organize uma equipe treinada que possua respostas sistemáticas as ameaças às pessoas, ao

patrimônio e a continuidade operacional da empresa. Os mesmos serão responsáveis por:

Analisar e avaliar as ameaças;

Desenvolver e implementar respostas e alternativas;

Comunicar as informações e decisões aos envolvidos de forma ordenada;

Coordenar a volta à normalidade, após o término da ameaça ou crise.

A equipe que gerencia os riscos deve ter um plano de contingência, onde através do

qual é possível mensurar a capacidade de resposta da empresa frente as ameaças impostos

pelo ambiente externo ou interno, como por exemplo: um incêndio destrutivo, greve, desastre

natural, alta da taxa de inflação, etc.

Esta capacidade de contingência a crise proporcionará a organização:

a proteção da empresa frente a possíveis processos judiciais de funcionários, acionistas ou

clientes; segurança em saber que a empresa através de sua equipe pode responder eficazmente

as ameaças; uma estratégia de marketing e vantagem competitiva sendo que o cliente se

sentirá mais seguro, pois entende que a empresa tem uma grande capacidade de atendimento

mesmo em caso de crise, sem interrupções no fornecimento ou na prestação de serviços; e

minimização das perdas do patrimônio da empresa e manutenção da participação e do valor

de mercado da mesma.

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Fica evidente a necessidade desta equipe de gerenciamento de crises dentro da

organização e que sua eficácia dependerá do nível de autoridade a ela designada, pois cabe a

ela as principais questões decisórias sobre a forma de promover os objetivos de prevenção e

resposta através da determinação de medidas de controle antecipativo, de planificação para as

contingências, do estudo de cenários de risco, que podem minimizar e em alguns casos,

reverter situações indesejáveis. Já que o conceito de previsão, pelo entendimento do processo

de gerenciamento de riscos torna apto o ambiente a adequação e reconhecimento dos perigos

e emergências corporativas, bem como, das formas já desenhadas para seu enfrentamento,

contenção, minimização ou extinção.

Após aplicação dos instrumentos normativos, a identificação de recursos aplicáveis,

estabelecimento de táticas e obtenção e aplicação dos recursos necessários (plano específico)

á redução ou eliminação da crise (solução da crise), são elementos característicos desta fase.

Os esforços de estabilização usualmente se iniciam imediatamente após o atendimento

emergencial, com a chegada das equipes técnicas - operacionais ao local, devendo ser

considerado como prioritário a segurança das referidas equipes de atendimento.

Os problemas associados a ações emergenciais envolvendo situações de crises são,

em resumo, grandes e complexos.

Dividindo estes grandes eventos em uma série de pequenos eventos, interligados e

buscando a solução de cada um deles setorialmente, poderá propiciar aos envolvidos tomarem

decisões e ações mais eficientes e eficazes no âmbito da referida situação, tendo-se

entendimento do panorama global mais clarificado.

Colocando cada peça da crise em seu devido lugar, no mesmo processo de

aprendizado de quebra-cabeça, possibilitando de maneira pedagógica, ver e entender toda a

configuração de Plano de Atendimento Emergencial.

Para elaborar um Plano de Atendimento Emergencial devem-se estabelecer,

inicialmente, quais os requisitos de cada etapa deste plano, possibilitando assim uma maior

concentração de esforços para a resolução da crise que inviabilizem ou dificultem o

atendimento aos requisitos de segurança e atendimento emergencial.

Situação Normal:

Condição de operação contínua do sistema.

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Situação Anormal:

Condição de degradação da operação com paralisações parciais, estabelecidas por

incidentes, acidentes de pequena monta ou intervenções programadas na infraestrutura que

afetem o processo.

O planejamento, seja ele para qual situação for, é um ato de antecipar possibilidades

e verificar, apontar quais as melhores medidas a serem tomadas no futuro. E deve ser

compatível com a cultura e filosofia organizacional.

Quando a organização não possui em sua cultura programas para administrarem

crises, terá de realizar mudanças, às vezes custosas, para adaptar-se a necessidade de proteção

de seu patrimônio tangível e intangível. Como lembra Waldomiro Carvas Júnior:

“[...] ao lançarem programas de administração de crises, devem estar conscientes de

que poderão tocar em aspectos culturais, às vezes profundamente arraigados, o que

exigirá disposição e disponibilidade de membros de sua equipe para promover

mudanças onde elas sejam necessárias” (KUNSCH, 2006, p.237)

Kunsch afirma que “[...] planejamento constitui um processo complexo e

abrangente” (2003, p.204). Este fato se dá pela necessidade de se ter todas as possibilidades e

medidas a serem tomadas, bem como os responsáveis.

Como cada crise tem suas características próprias, como mencionado anteriormente,

o planejamento para cada crise tem, também, características singulares. Como bem destaca

Carvas afirmando: “Não há regras claras e definidas para administrar situações de crises. O

que existe são referências básicas a serem seguidas para evitar ou minimizar os efeitos

percebidos [...]” (KUNSCH, 2006, p.235).

E nesse aspecto podem receber nomes diferentes como planos de administração de

crises, planos de emergência, entre outros.

Os planos para a crise nasceram com o nome de “plano de contingência” (ROSA,

2004, p.70). E seu objetivo seria “prever todas as ações logísticas que organizações de grande

porte [...], precisariam realizar no caso de uma calamidade”.

Neves, ainda, afirma que organizações quando perceberam que poderiam ter

problemas com a opinião pública, por causa de suas ações, preocuparam-se em ter uma

manual para seguir nessas situações de exposição negativa, surgiu o “Manual de Como Lidar

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com a Opinião Pública” (2002, p.89): Os manuais não eram de conhecimento de todo mundo.

Faziam parte de documentos confidenciais da empresa e o acesso a eles somente era

permitido a funcionários graduados ou de áreas especiais (segurança, relações-públicas,

advogados). Quando uma crise começava, alguém tirava as instruções do cofre e fazia

preleções sobre o tema para aqueles que iriam lidar diretamente com as feras. Nada de cópias

de documento (2002 p.89-90).

Portanto o plano de crises, não é algo padrão, que tenha que ser executado sempre da

mesma maneira, mas sim que tenha que adaptar-se a realidade e principalmente as

necessidades de cada organização. Como bem destaca Lesly: É um erro seguir diagramas e

padrões pré-determinados; cada organização é diferente. As condições, dentro de cada

organização, mudam constantemente, fazendo com que a flexibilidade seja vital; a posição

particular e os objetivos terão grande efeito nas necessidades e programas (1995, p.40).

Rosa utiliza o nome plano de gerenciamento de crises para defini-lo assim: Um plano

de gerenciamento de crises, sob a ótica da comunicação, é um conjunto de medidas, posturas

e consensos capazes de fazer com que o sucesso de uma ação no lugar onde ocorreu uma

situação adversa possa ser captado como tal (2004, p.71).

Independente dos nomes que recebem o plano de administração de crises pode ser a

chave para minimizar problemas e até mesmo manter a sobrevivência da organização após

uma crise. Para Kunsch, o planejamento para a organização traz os seguintes benefícios:

[...] evita a improvisação [...], [é] um excelente meio de controle, pois seu processo

operacional tem condições de indicar os desvios do curso de ações e os mecanismos

de correção em tempo hábil. Sua importância está também no fato de ele minimizar

os custos, pois quando há planejamento se prevê com mais cuidado o quanto se vai e

pode gastar. O planejamento, além disso, substitui as atividades isoladas, individuais

e fragmentadas pelo esforço equilibrado, incentivando mais o trabalho em equipe e

contornando julgamentos improvisados por decisões mais consistentes (KUNSCH,

2003, p.216).

Em contrapartida, os malefícios que a falta de um planejamento acarreta são muito

superiores, acentuando ainda mais a importância e necessidade do plano de gerenciamento de

crises.

As crises, quando mal planejadas, podem causar:

Danos à reputação, tanto das empresas, quanto de seus executivos [...];

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Danos à credibilidade do negócio; perda da lealdade dos empregados;

Perda de negócios; redução da credibilidade; distração gerencial;

Queda da produtividade;

Custos com crises: multas, indenizações, honorários de advogado,

consultores, despesas com material (folhetos, vídeos, campanhas), viagens,

contratação de pesquisas, equipamentos, anúncios, horas extras, etc. Nada

disto o seguro cobre;

Importante considerar que a marca tem valor [...] quando a empresa enfrenta

uma crise, este ativo perde valor (NEVES, 2002, p.68-9).

O autor vai além quando menciona números desse malefício, que são custeados por

todos os públicos da organização, sejam em trabalho, no caso dos funcionários, em serviços e

prazos, no caso dos clientes, em rescisão de contratos com fornecedores ou respeito e

credibilidade diante da sociedade. Assim afirma: Nos Estados Unidos, calcula-se que as

empresas perdem 300 bilhões de dólares por ano só em honorários de advogados, custos de

processos, indenizações e multas. Computando o resto, a estimativa ultrapassa um trilhão de

dólares por ano. Isso em tempos normais (NEVES, 2002, p.68). Logo, a viabilização e o

investimento em pessoal e esforços para compor um planejamento de crise justifica-se quando

se calculam as perdas que a falta dele pode causar a organização.

No momento de realizar um planejamento é necessário seguir vários passos. Muitos

autores, como Neves, Rosa, Mestieri e Lesly, listam itens que devem ser observados neste

momento, porém nem todos se aplicam no momento de agir. Isto depende das proporções das

crises e das necessidades da organização em esclarecer fatos.

“Cada crise é uma crise. Não há receitas de bolo” (NEVES, 2002, p.172). O primeiro

passo de um planejamento é reunir membros estratégicos da organização e com certas

habilidades, que posam representar toda a organização. “Daí a necessidade de um time que

comande e coordene as ações” (NEVES, 2002, p.176).

Lesly configura dois níveis de envolvimento pessoal para que se possa compor de

forma adequada e satisfatória o plano e a prática dele:

Aqueles que são responsáveis por decisões gerenciais que serão afetadas por

uma emergência.

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Todos aqueles que possam estar envolvidos durante uma emergência – de

qualquer tipo. “Substitutos” deverão ser designados para cada função, no caso do primeiro

responsável não estar disponível (1995, p.28).

Para Rosa o “time” tem o nome de “Comitê de Gerenciamento de Crises (CGC)”, e

ressalta: “Esse organismo é decisivo para a construção e operação de uma doutrina de

gerenciamento de crises” (2004, p.321).

Já Mestieri utiliza o termo “Comitê estratégico” para definir o “time” responsável

por pensar e executar, se necessário, o plano de crises. Ele complementa, referindo-se ás

responsabilidades deste comitê: [...] responderá pelo gerenciamento do problema, assessorará

a alta administração na tomada de decisões, visando minimizar ou evitar prejuízos de imagem

da empresa. Deve estar preparado para responder com agilidade e alto grau de acerto às

numerosas questões pertinentes ao contexto da crise (2004, 126).

Pensar nas possíveis crises que a empresa pode sofrer é a primeira pauta da reunião

deste “time”. Rosa configura seis pontos básicos para o plano de crises, e o primeiro deles é a

“Avaliação das crises mais prováveis” (2004, p.72). Assim discorre o autor: Uma das

primeiras funções do plano é mapear as crises que podem abater uma organização ou um

líder. Há pelo menos dez tipos de crises: de origem criminosa, de natureza econômica, de

informação, desastres industriais, desastres naturais, falhas em equipamentos e construções,

de natureza legal, de relações humanas, de risco de vida e regulatórias (2004, p.172).

Mestieri relaciona, ainda, alguns aspectos que podem conduzir a crises, e podem

servir para nortear o grupo no momento de pensar sobre crises:

Questões ambientais;

Fusões ou incorporações;

Fechamento de unidades fabris;

Instalações obsoletas ou precárias;

Utilização de insumos polêmicos;

Descontinuidade de produtos ou serviços;

Produtos com problemas ou polêmicos;

Investimentos; mudanças de presidentes;

Questões jurídicas;

Questões sindicais;

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Demissões em grande escala;

Acidentes de trabalho (2004, p.125).

Definido as possíveis crises, os membros do “comitê” devem buscar maneiras ou

formas de conduzir as ações da organização de maneira a minimizar o conflito existente e

preservar a harmonia, além do patrimônio organizacional. Outro fator importante neste

momento é ter bem definido os públicos que podem ser atingidos com as crises, e, ainda,

aqueles que devem ser informados pela organização rapidamente quando eclodir a crise.

O tratamento das crises devem sempre possuir comando, e definir as pessoas que irão

comandar as ações necessárias no momento que a crise ocorre. Também devem estar

definidos estrategicamente no plano de comunicação, os substitutos a serem considerados.

Rosa usa o termo “a doutrina de crise” para definir este momento em que se determina

“[...] a forma como a organização irá se comportar em cada situação de crise, quais

as ações que precisarão ser adotadas preliminarmente, que pessoas deverão ser

acionadas, o que cada uma delas fará” (2004, p.72).

Além dos responsáveis deve-se ter “uma lista de quem informar em uma

emergência” (ARGENTI, 2006, p.282). E nesta lista deve conter:

[...] os nomes e telefones de todas as pessoas da equipe de crise, assim como

telefones externos, como dos bombeiros e da polícia. A lista deve ser mantida

atualizada, uma vez que as pessoas deixam a empresa ou têm suas responsabilidades

modificadas (ARGENTI, 2006, p.282).

O comitê deve ainda programar cronologicamente atualizações do plano, informar e

motivar toda a organização na prevenção de possíveis conflitos e tornar comum o plano a

todos, além de incentivá-los a realizar procedimentos de simulações como bem destaca

Kunsch: Com base em experiências vividas ou em situações passíveis de acontecer, devem ser

realizados treinamentos constantes, envolvendo todas as áreas, de modo que possam ser

aprimorados procedimentos, reduzidas as margens de ocorrência de problemas e melhorando

os tempos de resposta em situações de crise (2006, p.239).

Outro aspecto levado em conta pelos especialistas em crises empresariais é o porta-

voz. Nem todas as crises têm a necessidade desta figura, mas deve-se sempre prever que ela

possa entrar em cena. Ela, neste momento de exposição, é a representação física da

organização, como bem lembra Rosa, quando afirma que “[...] o porta-voz se transforma na

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face da organização ou no representante do líder que está sendo questionado” (2004, p.146). E

para isso deve receber treinamento especializado.

O autor e consultor americano Alan Levitt em seu livro Disaster Planning and

Recovering (Planejamento para desastres e recuperações) deixa claro o caráter objetivo que o

plano de gerenciamento de crises deve ter.

O plano é antes de tudo um guia de ações que não deve ser preenchido com coisas

como cartas da direção, declaração de missão e coisas desse tipo. O manual deve apresentar,

de forma lógica, concisa e à prova de erro, os passos e as ações que quem estiver lendo deverá

tomar quando um problema ocorrer ou for iminente (ROSA, 2004, p.357).

Há muitas outras recomendações ou passos a serem observados quando se fala em

planejamento de crises, porém cada organização, de acordo com sua realidade, deve realizar

seu próprio planejamento de forma que todos se sintam à vontade com os termos e menções.

6.2 Levantamento de Riscos e Diagnóstico de Ameaças

São definidos quatro graus de ameaça:

1º Grau – Alto risco: Interrupção parcial ou total das atividades operacionais;

2º Grau – Altíssimo risco: Ameaça concreta a vida;

3º Grau – Ameaça extraordinário: Ameaça à vida ou à continuidade da

operação que exigem respostas especializadas;

4º Grau – Ameaça exótica: Ameaças produzidas por agentes químicos,

bacteriológicos, ambientais entre outros, os quais exigem uma resposta

específica levadas a efeito por recursos externos, conforme abaixo:

Níveis de resposta:

Nível 1: A crise exige respostas implementadas por recursos locais de rotina;

Nível 2: A crise exige respostas implementadas por recursos locais

especializados, devidamente coordenados;

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Nível 3: A crise exige respostas implementadas em níveis anteriores acrescida

por recursos externos especializados;

Nível 4: A crise exige respostas implementadas em níveis anteriores acrescida

por recursos externos específicos.

São estabelecidas fases de um planejamento de crise, conforme abaixo:

Pré-evento: estabelecimento de Planos de Contingência.

Resposta imediata: Adoção de medidas técnicas definidas em planejamento

prévio, com objetivo de mitigar as consequências da crise.

Respostas tardias ou mal preparadas podem ser mais danosas que a própria

crise.

Implementação das ações de socorro.

Contenção do ambiente garantindo a estabilidade e imobilidade da crise.

Isolamento da crise, criando um ambiente propício para as ações de

Gerenciamento.

Plano específico: Critérios de aplicação dos recursos identificados para a

solução da crise ou Plano de Contingência.

Solução: Garantir o restabelecimento da normalidade.

Fase posterior ao evento: Avaliação crítica das causas do evento crítico, análise

do plano de contingência e avaliação do desempenho das equipes empenhadas

na resolução da crise.

6.3 Motivação das Equipes

Uma comunicação eficaz é a chave para reduzir impactos negativos de crise e, a

partir dela, capitalizar as oportunidades que ela apresenta.

Os funcionários são os mais importantes “stakeholders3” durante uma crise. Uma má

comunicação pode afetar todos os esforços de gerenciamento de crise. A falta de confiança

3

Em português, parte interessada ou interveniente, é um termo usado em diversas áreas

como administração e arquitetura de software referente às partes interessadas que devem estar de acordo com as

práticas de governança corporativa executadas pela empresa.

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dos funcionários pode prejudicar ainda mais a reputação da companhia. Tratar o funcionário

como parte importante da empresa ajuda no trabalho de enfrentamento de uma crise.

Veja seus colaboradores como linha de frente:

Mantenha seus colaboradores informados, atualizados e envolvidos na organização

sobre o momento de crise que está passando.

Boa comunicação com os colaboradores podem evitar uma crise:

Crises parecem surgir do nada. No entanto, muitas vezes são o resultado de más

práticas ou problemas que tenham sido latentes por algum tempo. A comunicação é

importante nesse processo, seja para lembrar dos valores da empresa ou simplesmente falar

sobre a saúde, segurança, política, etc. São pequenas ações que geram confiança, trazendo

seus funcionários para perto, tornando-os “embaixadores” da companhia.

Estabeleça canais de comunicação de crise:

Durante uma crise é bom já estar preparado. No momento em que ela acontece é

impossível se planejar, montar uma ação de crise e treinar funcionários. É no momento de

calmaria que as ideias surgem com mais consistência e clareza. Tenha uma série de canais de

comunicação de crise disponíveis. Para se comunicar durante uma crise, é recomendado ter

uma série de canais para alcançar toda a comunidade empresarial.

Mídia social para ouvir os funcionários:

As mídias sociais são uma boa maneira de trazer questões à tona. Embora possam

criar trabalho, vão permitir que você mantenha uma aproximação com o público interno e

responder as questões de seus funcionários, enxergar o que eles estão pensando.

Algumas organizações evitam a criação de canais de mídia social internamente, pois

se preocupam em se transformar em um "balcão on-line de queixas". Esta pode ser uma

preocupação válida. No entanto, você não pode desligar a insatisfação dos trabalhadores

apenas por se recusar a ouvi-lo e muitas crises começam como pequenas chamas problemas

que as pessoas optaram por ignorar.

Configure o público-alvo de antecedência:

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Direcionar a comunicação a grupos de funcionários permite aos trabalhadores

especificar suas necessidades de informação.

Conectar as pessoas com antecedência e ajudá-los a colaborar É essencial montar

uma equipe de gestão de crises para responder a ela rapidamente. Assim, se uma crise

acontecer, a comunicação pode fluir de forma elaborada.

Mensagens:

Deixar elaborada e armazenada com antecedência diferentes mensagens para seu

público interno é uma ação para rápida prevenção de crise, pois caso uma crise aconteça, é

possível atualizar as mensagens relevantes e publicá-las aos empregados em poucos minutos.

6.4 Manutenção e Pós Crise

Com o término da crise, depois de todo o desgaste sofrido, deve-se ter em mente que

o trabalho não terminou. Esse momento serve para sentar e refletir, com base nos dados

coletados, sobre os benefícios e malefícios causados pela crise, seus reflexos na opinião

pública, os meios de resgatar conceitos perdidos e, ainda, rever o planejamento juntamente

com a equipe de gerenciamento.

É comum organizações terem um planejamento de crises bem estruturado e repleto

de ações a serem realizadas, porém no momento da execução o cuidado deve ser redobrado,

pois novos fatos podem surgir e levar em cheque as ações previstas, a reação dos públicos

envolvidos pode ser diversa e, mesmo assim, colocá-las em prática poderá provocar retorno

contrário ao qual a ação se propôs no planejamento.

Este momento serve para realizar um levantamento de todas as ações que foram

realizadas durante a crise, e determinar indicadores para caracterizar o desempenho da

operacionalização do plano. Neves discorre sobre alguns passos que devem ser observados

nesse momento de calmaria:

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Faça um bom de-briefing 4 e documente, pois isso é fundamental.

Avalie quanto custou a crise;

Reconheça os heróis;

Comunique-se com os demais constituintes;

Tome cuidado com os legisladores;

Faça tudo que prometeu fazer (2002, p. 229-233).

O de-briefing é uma forma de rever o briefing inicial, a fim de aprimorar e corrigir

determinados aspectos que constavam antes da crise. Essa é uma forma de poder verificar se

os interesses, inicialmente estabelecidos pelo levantamento, estão de acordo com a realidade

de um pós-crise. Por exemplo: públicos que antes eram vistos com pouca importância para a

organização, após uma crise podem vir a caracterizar-se como uma influência importante

diante dela. Neste momento, a análise de todos os aspectos negativos de uma crise também é

importante. Estes aspectos já foram mencionados anteriormente no texto, e agora se reproduz

literalmente, por oportuno a título de reforço. É onde Neves discorre sobre os possíveis danos

a empresa, como:

[...] danos a reputação, a credibilidade, a lealdade, perdas de negócios, queda na

produtividade, distração geral, indenizações, multas, honorários de advogado,

consultores, despesas com material (folhetos, vídeos, campanhas), viagens,

contratação de pesquisas, equipamentos, anúncios, horas extras, etc (NEVES, 2002,

p.68-9).

Esses danos revestem-se, agora, não só de caráter demonstrativo, mas sim avaliativo,

pois servem para modificar e ajustar estratégias. Todos são índices que medem o grau de

desgaste da organização. Isto permite verificar como a organização se desempenhou durante a

crise, como administrou, onde deve melhorar, e que aspectos dos relacionamentos com seus

públicos devem ser revistos.

Outro aspecto dessa fase final é o Controle, que em um planejamento é indispensável

para a avaliação das ações realizadas, ou seja, “[...] propicia [...] verificar se há desvios das

ações planejadas” (KUNSCH, 2003, p.354). Permite realizar uma observação sobre cada

aspecto realizado e se foi realizado com êxito. No controle também é possível verificar outras

prioridades que não foram mencionadas no plano, mas que no desenvolver da crise se fez

necessário monitorar.

4 Reunião ou interrogatório onde se recolhem informações de como decorreu certa tarefa ou missão.

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O controle caracteriza-se como instrumento de verificação periódica, regular, que

abastece de informações a etapa final, que é a Avaliação. A Avaliação é a melhor forma de

evidenciar que o esforço, o empenho e os gastos valeram a pena, além de ser a melhor forma

de promover mudanças culturais necessárias ao bom desenvolvimento organizacional.

Aspectos para avaliar são muitos, o essencial aqui é avaliar e apresentar resultados. A

apresentação de resultados é fundamental, pois sistematiza as informações, de forma analítica

e procede ao fechamento.

O autor Mauro Calixta Tavares fornece uma definição objetiva e clara sobre a

avaliação de um processo de planejamento, afirmando que: “[...] a avaliação é o mecanismo

que visa medir a efetividade das ações”.

Consiste em identificar o impacto das decisões afeitas ao processo. O distanciamento

ocasional entre os objetivos estipulados e seu cumprimento pode ser resultado de ocorrências

externas e internas à organização (TAVARES, 2000, p.386).

Logo, o planejamento, no mundo moderno, é o grande norteador de ações. Agir de

forma competitiva e satisfatória requer pensamento, inteligência e reflexão. E isso só se obtém

prevendo cenários e ações, e analisando sua eficácia. O planejamento possibilita tudo isso.

Esta etapa estabelece a manutenção e atualizações de todos os dados e informações

que o plano necessita para ser eficaz, quando acionado.

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7. ESTUDO DE CASO: TERMINAL DE GRANÉIS DO GUARUJÁ

7.1. A Empresa

Fundado em 2002, o Terminal de Granéis do Guarujá S.A. – TGG atua como

terminal portuário para recepção, armazenagem e embarque de granéis sólidos (soja, farelo de

soja e milho), sendo o maior e mais moderno terminal da América Latina.

A iniciativa, dirigida pelas empresas ALL (Ferronorte), Amaggi e Bunge, em

funcionamento desde fevereiro de 2007, torna-se um diferencial para as exportações

brasileiras de commodities brasileiras devido à sua estrutura diferenciada capaz de

movimentar mais de sete milhões de toneladas/ano em sua primeira fase. A segunda fase

consiste na construção de mais dois armazéns graneleiros.

Planejado da terra para o mar, o TGG viabilizou o transporte ferroviário da região

Centro-Oeste, que era atendida predominantemente pelo modal rodoviário. A grande

capacidade ferroviária possibilitou reduzir a fila diária de veículos em até 2.500 caminhões

nas rodovias e nos municípios, ao longo dos 1.500 km de transporte desde a região produtora

até o porto.

Localizado na margem esquerda do Porto Organizado de Santos, o TGG ocupa uma

área de 340 mil metros quadrados e recebe grande parte da produção do Centro-Oeste do

Brasil, o que representa um incremento de aproximadamente 40% no volume total de granéis

agrícolas movimentados pelo Porto de Santos.

O TGG consolida o Porto de Santos como o maior porto de exportação brasileiro

para o agronegócio.

7.2. Acidentes no Píer de Atracação de Navios

Maio de 2009 - Considerado o maior terminal graneleiro do porto de Santos, o TGG

viu a possibilidade desse panorama mudar em maio de 2009. No final da tarde do dia 4,

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ventava muito e a forte chuva paralisou a operação de embarque de soja no navio M/V Kyla,

atracado no píer do Terminal. Tudo corria bem, corriqueiramente, entretanto, o terminal

vizinho tinha naquele mesmo momento, atracado em seu píer, um navio de Portainers –

equipamento utilizado para embarque e desembarque de containers. A característica desses

equipamentos o tornam espécie de “velas”, podendo ser facilmente guiadas pelo vento,

quando não fortemente afixadas. E foi o que aconteceu com o navio Zhen Hua 27, de bandeira

de Hong Kong, que não resistiu à força do vento de 70 km por hora e acabou se desprendendo

do píer de atracação vizinho, indo em direção ao TGG.

Fortemente atingido pelo Zhen Hua 27, o navio libanês Kyla não resistiu ao impacto,

tendo as cordas arrebentadas e se desprendeu dos cabeços de amarração, deslocando-se para o

centro do estuário. Com a movimentação, Kyla provocou avarias nas galerias de transição das

quatro torres, além de destruir completamente a terceira torre do cais de atracação do TGG –

equipamento primordial para o negócio do Terminal, uma vez que é utilizado para o

carregamento de grãos nos navios.

Mesmo sem estar operando na hora do acidente, haviam colaboradores que atuavam

na torre pescante naquele momento que, ao notar a estranha movimentação do navio,

conseguiram sair a tempo do local e escaparam ilesos.

Fevereiro de 2012 - De fato, a última coisa que a administração do TGG esperava

era se ver diante de situação parecida ocorrida em maio de 2009. Entretanto, na noite de 13 de

fevereiro de 2012, o Terminal aguardava a atracação do navio M/V Milagro, de bandeira

Maltesa, programado para embarcar 65 mil toneladas de soja quando, durante o movimento de

manobra de atracação – realizado pela equipe de Praticagem do Porto Santista, um erro do

prático, que comandava um dos dois rebocadores que apoiavam a operação por volta das 22

horas, fez com que o Milagro fizesse todo o Terminal relembrar o primeiro acidente: o navio

chocou-se com uma das torres pescantes, avariando-a gravemente, arrancando-a

completamente do chão, caindo por inteiro no mar. Novamente a galeria de transição entre as

torres foi afetada. Novamente haviam diversos colaboradores do TGG no local, bem como

movimentação no cais do navio, mas, felizmente, ninguém se feriu.

O M/V Milagro teve a ponte de comando, grado de convés, escada de bordo e toldo

do convés inferior avariados e, nem chegou a atracar efetivamente no cais do TGG. O navio

ficou “a deriva” em frente ao Terminal e, logo em seguida recebeu autorização da Capitania

dos Portos para seguir para a barra santista para realização dos reparos.

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7.3. Impacto nas Operações do Terminal

O TGG é um dos terminais brasileiros mais eficientes para escoamento de granel

sólido do Porto de Santos. Sua capacidade total de operação é de mais de sete milhões de

toneladas por ano. Num histórico operacional, foram movimentadas 2,41 milhões de

toneladas em 2007; 3,95 milhões de toneladas em 2008; 4,56 milhões de toneladas em 2009;

6,30 milhões de toneladas em 2010; 5,91 milhões de toneladas em 2011 e, até setembro de

2012, já movimentou 5,26 milhões de toneladas.

Apesar da pequena queda apresentada em 2011, o Terminal apresentou sua melhor

performance anual no ano seguinte à primeira crise, reassumindo com força total a posição de

maior terminal de exportação de commodities agrícolas no Porto de Santos.

O mix de produtos do negócio é formado por farelo de soja, milho e, principalmente,

soja. Na ocasião do primeiro acidente, o Superintendente do Terminal, Italino Staníscia,

declarou que "o problema é que estamos no ponto alto da safra. Ficar sem operar gera

prejuízo não só ao TGG, mas ao Porto de Santos e ao Brasil, que perde divisas. Os armazéns

estão com estoque de 160 mil toneladas, sendo que a maior parte deste total é soja em grãos e

tendo como capacidade total de armazenamento o total de 216 mil toneladas, portanto dentro

de aproximados dois dias todo o terminal estará paralisado e com isso teremos em torno de

300 colaboradores sem poder exercer suas atividades”.

Nos dois primeiros dias após o ocorrido, as equipes que atuavam nas operações de

descarga de produtos ainda mantiveram as atividades, recebendo e descarregando nas moegas

e tombares os vagões e caminhões destinados ao Terminal. Entretanto, com a lotação dos

armazéns, essas atividades também foram paralisadas.

No primeiro acidente, o que mais dificultou o retorno das operações, foram os danos

ocorridos na Torre Pescante 1, fonte principal de toda a alimentação das demais três torres (de

um total de quatro), que realizam o embarque dos granéis. Todo fluxo passa por ela antes de

seguir para as demais e, sem esta em funcionamento, as demais tornam-se inutilizáveis. Desta

forma, o TGG chegou a ficar 20 dias parados, sem qualquer operação de embarque, até que

fossem realizadas as manutenções corretivas necessárias.

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Após os vinte dias de paralisação, iniciou as operações com as torres pescantes 1 e 2

em operação, o que dificultava a operação era fazer com que as lanças de carregamento

alcançassem todos os porões dos navios. Desta forma, era constante a necessidade de paralisar

o embarque para que fosse feita a “puxada” do navio – manobra realizada através de cabos,

que movimenta a embarcação sentido vante ou ré, a fim de que com as torres pescantes 1 e 2

disponíveis pudessem alcançar os demais porões dos navios. Toda essa manobra fazia a

operação mais morosa, impactando nos índices operacionais e financeiros da empresa.

Foram cinco meses de operações limitadas, até que a terceira torre foi, finalmente,

liberada para utilização após término da reconstrução, fazendo com que a operação retornasse

praticamente às operações normais, não sendo mais necessário realizar a manobra de

“puxada” dos navios.

No segundo acidente, mesmo diante de uma torre inteira naufragada, as operações

foram interrompidas por apenas quatro dias – resultado da experiência adquirida na primeira

ocorrência e menor gravidade da situação, uma vez que apenas a torre de número quatro e a

galeria entre as torres três e quatro foram atingidas, últimas na escala de embarque, não

chegando a impedir completamente as operações.

Por sorte, a torre naufragada no segundo acidente ficou localizada entre o píer do

TGG e do terminal vizinho, não chegando a impedir a atracação de outros navios. Entretanto,

a presença dos destroços no mar, além dos impactos ambientais que precisaram ser tratados

com urgência, também fizeram com que o Terminal fosse obrigado a operar com diversas

restrições.

Foi necessário executar diversos serviços, entre eles o de retirada dos equipamentos

avariados do píer, sinalização das estruturas caídas no mar e, um dos mais importantes para

habilitação das operações, a batimetria do píer (leitura do calado, onde observa-se a

profundidade existente do fundo do mar até a superfície da água). As autoridades

competentes, como a Capitania dos Portos, Praticagem de Santos e Companhia Docas do

Estado de São Paulo tiveram que analisar toda documentação, realizando diversas inspeções

no píer, autorizando o retorno às operações com algumas restrições, tais como:

Atracação de navios com comprimento máximo de 230 metros;

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As manobras de atracação e desatracação só poderiam ocorrer durante o dia e

no estofo da maré (momento em que a maré está completamente parada e

estabilizada).

7.4. Plano de Gestão da Crise

Diversos aspectos foram levados em conta pela Alta Direção do TGG, através de

reuniões entre acionistas, equipes de gestão, manutenção, operação e administração. Era

preciso elencar todos os esforços que precisavam ser empenhados, o papel de cada um neste

panorama e, principalmente, quantificar o tamanho do investimento que seria necessário para

retornar a operação em ritmo total novamente.

Mesmo com todas as garantias fornecidas pelo seguro contratado para os

equipamentos, sabia-se da morosidade que levaria todo esse processo, portanto era necessário

criar uma estratégia para iniciar a manutenção e recuperação dos bens avariados o quanto

antes, uma vez que qualquer minuto parado significava falta de receita para a empresa.

Inicialmente, com todas as inspeções, avaliações e investigações das causas do

primeiro acidente, paralelamente, o Terminal determinou as frentes de trabalho, através de

pessoas em posições estratégicas, que seriam responsáveis por manter a rotina da empresa

dentro do possível.

Diante do primeiro acidente, ainda em 2009, após o susto do impacto do navio, que

poderia ter atingido os colaboradores que trabalhavam no local, em seguida iniciou-se o que

poderia agravar ainda mais o quadro da empresa: a incerteza do futuro dos funcionários

devido a paralisação da operação.

A ação era manter todos os colaboradores informados sobre a atual situação da

empresa. Foram realizadas reuniões diversas com as equipes de toda a hierarquia, com o

intuito de tranquilizar os trabalhadores sobre o futuro de seus empregos. Ficou claro que não

haveriam demissões e, ao contrário, todos continuariam trabalhando normalmente.

Como o Terminal já mantinha um plano de treinamento periódico para todos,

aproveitou-se deste período de paralisações para reunir todas as equipes para essas

capacitações, o que anteriormente era uma logística mais complicada de se fazer. Os

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trabalhadores dos turnos da noite e madrugada foram trazidos para jornada reduzida durante o

dia, realocados em treinamentos e outras atividades, o que já garantia para a empresa uma

redução de despesas com a ausência de adicional noturno, por exemplo. Tal situação foi

acordada entre a Alta Direção e os trabalhadores, uma vez que a ausência do adicional

noturno impactaria na remuneração dos colaboradores, mas, entretanto, a carga horária de

trabalho seria reduzida. Desta forma, empresa e funcionários trabalhariam em parceria,

visando atingir o quanto antes o objetivo em comum de retorno à normalidade das operações.

7.5. Papel do Gestor na Administração da Crise e Motivação das Equipes

O gestor tem papel fundamental para a superação de qualquer crise dentro de

uma organização. Ele tem a função de liderar e motivar suas equipes, direcionando-as

para as atividades e, principalmente, através de uma administração clara e objetiva,

mantendo seus subordinados informados sobre a situação da empresa e quais os planos

estratégicos para a retomada dos trabalhos. Ele deve saber responder os questionamentos

dos funcionários ou, no mínimo, se encarregar de levar as dúvidas à Alta Administração,

trazendo retorno posterior.

Liderar e gerir a resposta a um incidente ou crise não é trabalho de uma pessoa, e sim

um esforço de equipe. A liderança não pode executar todas as tarefas necessárias para uma

resposta eficaz, seu papel é definir objetivos e eliminar barreiras que impedem o progresso da

equipe durante as atividades de resposta.

Manter a equipe motivada é o maior desafio da liderança, sendo que o líder deve

inspirar confiança e se conectar emocionalmente e intelectualmente com a Alta Administração

e frentes de trabalho, através de transparência na abordagem dos problemas, comunicação

objetiva sobre as metas e objetivos da organização, capaz de inspirar as pessoas a segui-lo,

além de acalmá-los durante a resposta a um incidente, sabendo quando é hora de parar a

discussão e começar a agir.

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7.6. Manutenção e Término da Crise

Os processos de gestão integrados da empresa se mostraram primordiais quanto a

importância de cada um dentro do contexto geral, conscientizando os colaboradores que o

gerenciamento e superação da crise não era apenas uma missão e objetivo dos gestores, mas

de todos os funcionários, independente do cargo e nível hierárquico dentro do organograma.

O desafio maior está na incorporação de uma visão prevencionista na Companhia,

com a implementação de Diretrizes de Gerenciamento de Crises, que deve fazer parte da

Gestão Corporativa de Riscos, preparando todos envolvidos para um evento indesejável.

O Fator de Sucesso no atendimento e término de situações de crise está condicionado

ao ser humano bem treinado, na cadeia de atendimento em situações de emergências, à

liderança, à tecnologia adequada, a planos factíveis, assim como integração dos empregados

envolvidos, além de parcerias com os órgãos e entidades externas, todos em busca de mitigar

os resultados das emergências e total assistência às eventuais vítimas, procurando resguardar a

credibilidade da organização.

Cabe ressaltar que de nada adianta ter pessoas preparadas sem que haja padrões e

instrumentos normativos com foco na segurança operacional.

De nada adianta ter padrões, normas e procedimentos sem que haja rigor na sua

aplicação e monitoramento.

Normas, apenas, não serão suficientes. A aplicação deve ser incentivada,

acompanhada e revisada. As distorções devem ser corrigidas e atualizações feitas de acordo

com a necessidade.

Devem ser estruturados e implantados programas de prevenção focadas nas

dimensões abaixo, buscando a integração das mesmas, proporcionando assim mais sinergia,

eficiência, efetividade, eficácia e otimização de investimentos a serem aplicados no contexto

de Gestão Corporativa de Riscos.

A alta administração da empresa deve estar consciente que o gerenciamento da crise

é um processo contínuo e deve estar comprometida com a implantação das etapas

referenciadas abaixo, independente de já ter finalizado a crise em questão:

Envolvimento dos empregados

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Objetivos anuais de segurança e plano de ações

Coleta de dados e análise de desempenho da segurança

Processo de gestão de riscos

Estratégias de controle de riscos

Habilidades, treinamento e supervisão

Registro, investigação e análise de acidentes e incidentes

Auditorias de segurança e avaliação

Conformidade com regulamentações, regras, normas e compromissos

Desenvolvimento, aprovação e monitoramento de ações corretivas

Autoridades, responsabilidades e obrigações

Política de segurança

Tendo como exemplo este estudo de caso, nenhuma organização deve acreditar que

não sofrerá duas vezes com a mesma crise. Situações alheias ao controle administrativo da

empresa podem se repetir, como no TGG, e a empresa deve estar preparada (e capacitada)

para superar novamente qualquer adversidade.

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8. CONCLUSÃO

Entre as práticas adotadas pelo Terminal de Granéis do Guarujá, dentro dos modelos

de gestão apresentados nesta monografia, podemos demonstrar a utilização da Gestão

Participativa, onde se enfatiza a participação das pessoas como parte fundamental para o

sucesso da organização. É o conjunto harmônico de sistemas, condições organizacionais e

comportamentos gerenciais que provocam e incentivam a participação de todos no processo

de administrar. Visando através dessa participação, o comprometimento com os resultados

(eficiência, eficácia e qualidade) e sucesso para término da crise.

A gestão participativa diz que a liderança, por exemplo, é a principal mobilizadora

das pessoas para o processo participativo, além do bom relacionamento da chefia com

subordinados. A participação de todos significa que, a princípio, nenhuma pessoa, em

qualquer nível hierárquico, deve ser excluída do processo participativo.

Porém, a participação deve ser entendida como um processo na organização e não

apenas como uma estratégia que gera assembleias de negociação ou de decisão.

O comprometimento total com os resultados garante a sustentabilidade e efetividade

do Modelo de Gestão baseado na Verdadeira Gestão Participativa, ou seja, cada pessoa está

consciente da sua responsabilidade individual com os resultados a serem perseguidos pela

equipe, pela empresa, por todos. Este comprometimento é a característica mais importante da

administração participativa, aplicada neste estudo de caso, pois disciplina a atuação individual

de cada pessoa, impossibilitando da gestão participativa ser conduzida para uma estratégia de

assembleia ou apenas de conter reclamações dos colaboradores.

Por outro lado, em conjunto com gestão participativa, podemos apresentar a

aplicação da gestão por competências, previamente utilizada pelo TGG para identificar,

capacitar e explorar as habilidades de seus colaboradores. Com essas características claras, foi

possível determinar os pontos fortes e as carências da liderança, treinando-os para que se

tenha uma equipe homogenia, onde talentos se complementam.

Esse processo foi de extrema importância para garantir a capacitação necessária dos

gestores nos dois momentos cruciais para a empresa. Já era uma cultura dentro da empresa a

conscientização de todos sobre a importância de cada um dentro do processo da empresa,

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onde é determinado que todos são clientes internos e partes imprescindíveis para o bom

funcionamento do fluxo de trabalho e sucesso do negócio da empresa.

Voltando ao contexto da Gestão Estratégica, os conceitos teóricos aplicados foram o

estabelecimento dos objetivos e metas para melhorar a situação da empresa em meio à crise,

visando a redução dos custos no momento de ausência de receita, além da avaliação e gestão

do capital intelectual, avaliando constantemente as aptidões e experiências da força de

trabalho da organização.

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