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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS – CCEN DEPARTAMENTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA – PPGQ RESOLUÇÃO DO (±)-CITRONELOL E ÁCIDO (±)-CITRONÉLICO VIA ESTERIFICAÇÃO ENANTIOSSELETIVA CATALISADA PELA LIPASE DE CANDIDA ANTARCTICA VIVIANE QUINTINO MARTINI BLUMENAU – SC 2007

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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS – CCEN

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA – PPGQ

RESOLUÇÃO DO (±)-CITRONELOL E ÁCIDO (±)-CITRONÉLICO VIA

ESTERIFICAÇÃO ENANTIOSSELETIVA CATALISADA PELA LIPASE DE

CANDIDA ANTARCTICA

VIVIANE QUINTINO MARTINI

BLUMENAU – SC 2007

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VIVIANE QUINTINO MARTINI

RESOLUÇÃO DO (±)-CITRONELOL E ÁCIDO (±)-CITRONÉLICO VIA

ESTERIFICAÇÃO ENANTIOSSELETIVA CATALISADA PELA LIPASE DE

CANDIDA ANTARCTICA

Dissertação submetida à Universidade Regional de Blumenau como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Química. Orientador: Prof. Dr. Paulo César de Jesus

BLUMENAU – SC 2007

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“A DEUS, QUE FOI O MEU SUPORTE PARA CHEGAR ATÉ AQUI,

A TODA MINHA FAMILIA PELA FORÇA E CONFORTO,

A TODOS QUE ME PROPORCIONARAM A EMOÇÃO EM

SENTIR A DESCOBERTA DO MEU CRESCIMENTO PESSOAL,

PROFISSIONAL E INTELECTUAL”

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que tudo dirige e determina.

A meu esposo Alexandro pelo incentivo e compreensão nos momentos difíceis. A minha filha Maitê por entender que a mamãe teria que ficar tanto tempo ausente, e a mais nova integrante da família, Gabriela. Enfim a toda minha família que sempre me apoiou nesta caminhada. Aos meus amigos, colegas de mestrado, pela amizade, motivação, acredito que essa etapa não seria a mesma sem a presença de vocês. Ao Prof. Dr. Paulo César pela orientação, confiança, “paciência” e apoio oferecidos durante todas as etapas desse trabalho. E aos demais professores pelo incentivo, e amizade em todas as etapas do curso de mestrado. A Prof. Dra. Maria da Graça Nascimento da Universidade Federal de Santa Catarina, pela contribuição nas analises polarimetricas e espectroscópicas. Ao Alberto Wisniewski Junior do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de Blumenau – IPTB / Laboratório de Ensaios de Cromatografia, pela realização das análises cromatográficas e espectrométrica de massas.

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SUMÁRIO

RESUMO ...........................................................................................................................14

ABSTRACT…....................................................................................................................16

LISTA DE FIGURAS..........................................................................................................9

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................12

LISTA DE ABREVIAÇÕES.............................................................................................13

1.1 HISTÓRICO DA BIOCATÁLISE ..............................................................................18 1.2 A BIOCATÁLISE .........................................................................................................20 1.3 ENZIMAS COMO BIOCATALISADORES .............................................................21

1.3.1 Classificação das Enzimas .....................................................................................23

1.3.2 Seletividade das Enzimas........................................................................................24

1.3.3 Especificidade .........................................................................................................24

1.4 FATORES QUE INFLUENCIAM NA BIOCATÁLISE ...........................................27 1.4.1 Imobilização de Enzimas........................................................................................27

1.4.2 Influência da Temperatura ....................................................................................29

1.4.3 Influência do pH.....................................................................................................30

1.4.4 Influência do Solvente............................................................................................30

1.5 LIPASES........................................................................................................................31 1.6 APLICAÇÃO DE LIPASES NA SÍNTESE ASSIMÉTRICA ...................................36 1.7 FEROMÔNIOS.............................................................................................................42

2. JUSTIFICATIVA ..........................................................................................................46

3. OBJETIVOS...................................................................................................................48

3.1 OBJETIVO GERAL.....................................................................................................48 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................48

4. PARTE EXPERIMENTAL ..........................................................................................49

4.1. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................49 4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS COMPOSTOS ..............................................................49 4.3 PREPARAÇÃO DO MEIO REACIONAL ................................................................50

4.3.1 Resolução do Ácido Racêmico (±)-Citronélico catalisado pela lipase de Candida

antarctica (CAL-B). .........................................................................................................50

4.3.2 Resolução do Álcool Racêmico (±)-Citronelol catalisado pela lipase de Candida

antarctica (CAL-B) ..........................................................................................................51

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4.3.3 Estudo do efeito de solvente na resolução do Ácido (±)-Citronélico e do (±)-

Citronelol .........................................................................................................................51

4.3.4 Estudo da Razão Molar para o Ácido (±)-Citronélico ..........................................52

4.3.5 Estudo da razão molar para o (±)-citronelol .........................................................52

4.3.6 Estudo da variação da massa de enzima na esterificação do ácido (±)-citronélico

..........................................................................................................................................52

4.3.7 Estudo da variação da massa de enzima na esterificação do (±)-citronelol ........53

4.3.8 Determinação da atividade ótica dos produtos e excessos enantioméricos..........53

4.3.9 Preparação dos Ésteres Racêmicos do Ácido (±)-Citronélico Via Catálise Ácida

..........................................................................................................................................54

4.3.10 Preparação dos Ésteres Racêmicos do Álcool (±)-Citronelol Via Catalise Ácida

..........................................................................................................................................55

4.3.11 Análise em Cromatografia Gasosa com coluna Quiral ......................................55

4.3.12 Análise em Espectrômetro de Massas..................................................................55

4.3.13 Reações de Hidrólise dos ésteres catalisados pelas lipases .................................55

4.3.14 Reutilização do Biocatalisador.............................................................................56

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................................57

5.1 RESOLUÇÃO DO ÁCIDO (±)-CITRONÉLICO CATALISADO PELA LIPASE

CANDIDA ANTARCTICA (CAL-B) ..................................................................................58 5.1.1 Caracterização dos citronelatos de n-alquila obtidos............................................60

5.1.2 Avaliação da enantiosseletividade da CAL-B para a preparação dos citronelatos

de n-alquila ......................................................................................................................63

5.1.3 Efeito de solvente na preparação dos citronelatos de n-alquila catalisada pela

CAL-B ..............................................................................................................................68

5.1.4 Avaliação da razão molar na preparação do (-)-citronelato de n-octila ..............69

5.1.5 Efeito da massa da enzima CAL-B na preparação do (-)-citronelato de n-octila 70

5.2 RESOLUÇÃO DO ÁLCOOL (±)-CITRONELOL CATALISADO PELA LIPASE CANDIDA ANTARCTICA (CAL-B).................................................................................71

5.2.1 Caracterização dos ésteres obtidos a partir do (±)-citronelol ...............................72

5.2.2 Avaliação da enantiosseletividade da CAL-B para a preparação dos alcanoatos

de citronila .......................................................................................................................75

5.2.3 Efeito de solvente na preparação dos alcanoatos de citronila catalisada pela

CAL-B ..............................................................................................................................78

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5.2.4 Efeito da massa da enzima CAL-B na preparação dos alcanoatos de n-citronila

..........................................................................................................................................79

5.2.5 Avaliação da razão molar na preparação do (-)-butirato de citronila..................80

5.2.6 Avaliação da reutilização do biocatalisador ..........................................................81

5.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTOS..................................................................82

6. CONCLUSÃO................................................................................................................85

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Representação geral da ligação enzima-substrato.................................

25

Figura 2

Mecanismo da enzima e substrato segundo a teoria de Fischer............ 25

Figura 3

Mecanismo da ligação entre enzima e substrato segundo a teoria de Koshland...............................................................................................

26

Figura 4 Diagrama de energia de reação catalisada versus não catalisada enzimaticamente...................................................................................

26

Figura 5 Formas de imobilização de biocatalisadores.........................................

28

Figura 6 Reações de hidrolise e síntese de éster a partir de glicerol e ácidos graxos....................................................................................................

32

Figura 7 Mecanismos de reação enzimática de Hidrolise, Esterificação, Transesterificação, e Interesterificação.................................................

33

Figura 8 Estrutura Tridimensional das Lipases...................................................

35

Figura 9 Mecanismo de reação que ocorre com as enzimas Lipases..................

36

Figura 10 Resolução enzimática para o (R,S)-Ibuprofen......................................

37

Figura 11 Exemplos de drogas resolvidas via catálise enzimática........................

37

Figura 12 Resolução enzimática do Naproxen .....................................................

38

Figura 13 Resolução enzimática do (S)-Atenolol.................................................

39

Figura 14

Esquema de reação para a obtenção do (S)-lavandulol via biocatálise.............................................................................................

40

Figura 15 Catálise enantiosseletiva da transesterificação do 2-silyloxy-1-propanol................................................................................................

41

Figura 16 Esquema do sitio ativo para as lipases derivado do Modelo de Kazlauskas............................................................................................

41

Figura 17 Feromônios sintetizados a partir do ácido (R)-(+)-citronélico.............

42

Figura 18 Substâncias químicas emitidas por organismos vivos..........................

43

Figura 19 Algumas estruturas de Feromônios.......................................................

44

Figura 20 Estrutura da molécula de Talidomida...................................................

46

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Figura 21 Gráfico da Influência do efeito do tamanho da cadeia carbônica do álcool na formação dos citronelatos de n-alquila..................................

59

Figura 22 Espectro de Infravermelho do citronelato de octila..............................

60

Figura 23 Espectro de massa do citronelato de n-octila........................................

61

Figura 24 Rota de fragmentação do citronelato de n-octila associada ao espectro de massas................................................................................

62

Figura 25 Espectro de RMN H1 para citronelato de n-octila.................................

63

Figura 26

Espectro de Infravermelho da amostra do produto de hidrolise de citronelato de n-pentila em filme..........................................................

66

Figura 27 Separação Cromatográfica dos enantiômeros do citronelato de n-octila......................................................................................................

66

Figura 28

Espectro de Infravermelho da amostra de via catalise ácida do citronelato de n-octila em filme............................................................

67

Figura 29 Gráfico com os valores de conversão e Log P dos solventes utilizados em reação para ácido citronélico..........................................

69

Figura 30 Gráfico que representa valor de conversão devido ao aumento da concentração do álcool..........................................................................

69

Figura 31 Gráfico com o valor de Rendimento versus variação da massa da enzima...................................................................................................

70

Figura 32 Influência do efeito do tamanho da cadeia carbônica do álcool na conversão dos materiais de partida aos ésteres.....................................

72

Figura 33 Espectro de Infravermelho do octanoato de citronila em filme............

73

Figura 34 Espectroscopia de massa do butirato de citroneila...............................................................................................

74

Figura 35 Rota de fragmentação do butirato de citronila associada ao espectro de massas..............................................................................................

74

Figura 36 Espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) para o Octanoato de citronila em TMS como padrão interno................................................

75

Figura 37 Espectro de Infravermelho da amostra do produto de hidrolise de octanoato de n-citronila em filme.........................................................

76

Figura 38 Espectro via catálise ácida do dodecanoato de citronila.................................................................................................

78

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Figura 39 Efeito do solvente no rendimento da reação de esterificação entre o

álcool citronelol e ácido butírico catalisada pela CAL-B a 37 ºC........ 79

Figura 40 Comportamento da variação do rendimento de éster pela variação da massa de enzima adicionada.................................................................

80

Figura 41 Efeito da razão molar do ácido/álcool na preparação do (-)-butirato de citronila............................................................................................

80

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Estruturas dos substratos utilizados nas reações de resolução do ácido

citronélico................................................................................................

50

Tabela 2 Estruturas utilizadas nas reações de resolução do álcool (±)-citronelol..................................................................................................

51

Tabela 3 Efeito de cadeia á partir do ácido citronélico com diferentes álcoois......................................................................................................

58

Tabela 4 Valores de deformações Axial e Angular das amostras de citronelatos de n-alquila..............................................................................................

61

Tabela 5

Avaliação da rotação ótica e excesso enantiomérico dos citronelatos de n- alquila................................................................................................

64

Tabela 6 Avaliação dos excessos enantioméricos das reações de hidrolise dos citronelatos de n-alquila...........................................................................

65

Tabela 7 Efeito do solvente na obtenção do (-)citronelato de n-octila catalisado pela CAL-B..............................................................................................

68

Tabela 8 Rendimento dos ésteres formados a partir do (±)-citronelol com diferentes ácidos catalisados pela CAL-B...............................................

71

Tabela 9 Valores de deformações axial e angular das amostras de alcanoatos de citronila....................................................................................................

73

Tabela 10 Avaliação da rotação ótica e excesso enantiomérico para os alcanoatos de citronila...............................................................................................

77

Tabela 11 Efeito do solvente na obtenção do (-)-butirato de citronila catalisado pela CAL-B..............................................................................................

79

Tabela 12 Avaliação da reutilização do biocatalisador na obtenção do (-)-butirato de citronila catalisado pela CAL-B recuperada.......................................

81

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

CG-EM - Cromatografia gasosa associada à espectrometria de massas

CDCl3 - Clorofórmio deuterado

IV - Infravermelho

m/z - Razão massa/carga

RMN 1H - Ressonância magnética nuclear de hidrogênio

TMS - Tetrametilsilano

CAL-B - Lipase de Candida antarctica

PSD-Amano I - Lipase Pseudomonas cepacia

SEP - Substâncias Enantioméricamente Puras

SER-HIS-ASP - Tríade catalítica Serina, Histidina e Ácido Aspártico

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RESUMO

Neste trabalho foi utilizado a lipase de Candida antarctica (CAL-B) na resolução do (±)-

citronelol e do ácido (±)-citronélico, via esterificação enantiosseletiva. Ácidos e álcoois

terpênicos quirais são excelentes materiais de partida para a preparação de moléculas mais

complexas com possíveis atividades biológicas. O ácido (±)-citronélico tem sido utilizado

como material de partida na preparação de diferentes feromônios, que são moléculas

responsáveis pela comunicação química efetuada entre organismos da mesma espécie. O

álcool (±)-citronelol, por oxidação química é facilmente convertido ao ácido citronélico.

Foram realizadas reações de esterificação do ácido (±)-citronélico com diferentes álcoois

alifáticos (butan-1-ol, pentan-1-ol, hexan-1-ol, octan-1-ol e dodecan-1-ol), e a esterificação do

álcool (±)-citronelol com diferentes ácidos alifáticos butírico, pentanóico, hexanóico,

octanóico e dodecanóico utilizando como catalisador a lipase de Candida antarctica (CAL-

B). O acompanhamento das reações e o isolamento dos produtos foram realizados por

cromatografia em coluna utilizando como eluente hexano:acetato de etila (15:1). Os produtos

foram caracterizados por espectroscopia de infravermelho, RMN de 1H e CG-MS. Para os

citronelatos de n-alquila observou-se um aumento no rendimento de éster para álcoois

alifáticos lineares com cadeia carbônica contendo de 4 a 8 carbonos indo de 11 a 60% em 7

dias de reação. Acima de 8 carbonos na cadeia observa-se um decréscimo no rendimento da

reação. Na determinação da rotação ótica, a enzima mostrou preferência pelo isômero com

rotação ótica negativa, obtendo-se excessos enantioméricos menores de 50% (eep de 3 a 27%

e ees de 18 a 47%). Estudos de efeito de solvente, razão molar e variação da quantidade de

enzima no meio foram avaliados para a preparação do (-)-citronelato de n-octila. Solventes

com log P>3,0 como hexano e cicloexano mostraram melhores rendimentos. Um aumento na

concentração de álcool favoreceu a reação de esterificação do citronelato de n-octila com

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rendimentos maiores que 60%. A variação da quantidade de enzima de 100 a 300 mg não

afetou o rendimento da reação permanecendo entre 60-65%.

Para os alcanoatos de citronila observou-se um aumento no rendimento com ácidos de cadeia

alifática de 4 a 12 carbonos, e as porcentagens de conversão variaram de 31 a 75%. A CAL-B

mostrou preferência pelo isômero com rotação óptica negativa, porém com valores baixos de

excessos enantioméricos (eep de 0,4 a 3% e ees de 1,3 a 26%). Estudos de efeito de solvente,

razão molar e variação da massa de enzima no meio foram avaliados para a preparação do

butirato de (-)-citronila. Na avaliação do efeito do solvente, também obteve-se resultados

relevantes com o hexano. Na avaliação da razão molar houve um aumento no rendimento com

o aumento da quantidade de ácido no meio reacional. Um aumento de 45 a 70% de

rendimento foi observado quando a massa de enzima foi aumentada de 100 a 300 mg.

Os estudos realizados mostraram que a lipase de Candida antarctica é mais seletiva

para o ácido (±)-citronélico do que para o (±)-citronelol.

PALAVRAS-CHAVE: CAL; esterificação; ácido (±)-citronélico; (±)-citronelol.

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ABSTRACT

In this work Candida antarctica lipase (CAL-B) was used in the resolution of the (±)-

citronellol and (±)-citronellic acid, by enantioselective esterification. Chiral terpenic acids and

alcohols are excellent building blocks for the preparation of more complex molecules with

possible biological activities. The (±)-citronellic acid has been used as the base material in the

preparation of different pheromones, which are the molecules responsible for the chemical

communication made among organisms of the same species. The (±)-citronellol alcohol, by

chemical oxidation is easily converted into the citronellic acid. (±)-Citronellic acid

esterification reactions were accomplished with different aliphatic alcohols (1-butanol, 1-

pentanol, 1-hexanol, 1-octanol and 1-dodecanol), and esterification of the (±)-citronellol

alcohol with different aliphatic acids (butyric, pentanoic, hexanoic, octanoic and dodecanoic)

using as catalyst the lipase of Candida antarctica (CAL-B). The follow-up of the reactions

and the isolation of the products were done by chromatography in columns using hexane:ethyl

acetate (15:1) as an eluent. The products were characterized by infrared spectroscopic, RMN

of ¹H and GC-MS. For n-alkyl citronellates it was observed an increase in the yield of ester

using linear aliphatic alcohols from 4 to 8 carbon chains going from 11 to 60% after 7 day

reaction. Over an 8 carbon chain a decrease in the reaction yield was observed. At the

determination of the optical rotation, the enzyme showed a preference to the isomer with

negative optical rotation, obtain enantiomeric excess smaller than 50% (eep from 3.0 to 27.0%

and ees from 18.0 to 47.0%). Studies of solvent effect, molar ratio, and enzyme amount

variation in the medium were evaluated for the preparation of the n-octyl (±)-citronellate.

Solvents with log P>3.0 like hexane and cicloexane showed better yields. An increase in the

alcohol concentration favored the esterification of the n-octyl (-)-citronellate reaction with

yields higher than 60%. The variation in the amount of enzyme from 100 to 300mg did not

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affect the yields of the reaction staying between 60-65%.

For the citronellyl alkanoates it was observed an increase in the yield with aliphatic acids

from 4 to 12 carbon chains, and the percentages of conversion varied from 31 to 75%. The

CAL-B showed preference for the isomer with negative optical rotation, however with low

values of enantiomeric excess (eep from 0.4 to 3.0% and ees from 1.3 to 26.0%). Studies of

solvent effect, molar ratio, and enzyme amount variation in the medium were evaluated for

the (-)-citronellyl butyrate preparation. In the evaluation of the effect of the solvent, relevant

results were also obtained with the hexane. In the evaluation of the molar ratio there was an

increase in the yields with the increase in the amount of acid in the medium. A yield increase

from 45 to 70% was observed when the amount of enzyme was also increased from 100 to

300mg.

The experiment showed that the lipase of Candida antarctica is more selective to the

(±)-citronellic acid than to the (±)-citronellol.

Key words: CAL, esterification; (±)-citronellic acid; (±)-citronellol.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 HISTÓRICO DA BIOCATÁLISE

A literatura destaca alguns pontos históricos, que marcaram o conhecimento e o

controle da atividade enzimática que hoje se emprega rotineiramente. A atividade catalítica de

enzimas tem sido utilizada pelo homem, há milhares de anos, em processos tais como

fermentação do suco de uva para a obtenção do vinho, fabricação de queijo e de pão. Isto foi

demonstrado em um papiro egípcio antigo em que mostra os métodos usados para

preservarem bebidas e alimentos (GHANEM, 2007). No entanto, estas eram apenas

aplicações práticas, uma vez que o conhecimento do modo de ação dos catalisadores

biológicos só recentemente foi elucidado, precedido por uma série de fatos que culminaram

nos conhecimentos para utilização de enzimas em diferentes ramos da atividade humana

(KIELING, 2002).

Com o desenvolvimento das ciências, estimulado pela ânsia do conhecimento, na

década de 1830, um preparado extraído através do malte de cevada, denominado diastase, foi

isolado por cientistas franceses. Este preparado, na realidade um complexo enzimático

possuía a capacidade de hidrolisar o amido, e constitui o que conhecemos como malte amilase

amplamente utilizada até hoje pela indústria do amido. Foi nesta época que um cientista

alemão descobriu e isolou do extrato de tecido estomacal, a enzima responsável pela digestão

da albumina, a qual foi denominada pepsina. Assim, tornou-se conhecido à presença de

substâncias em tecidos animais e vegetais com capacidade de digestão. Porém, a extração,

isolamento e purificação de enzimas de tecidos animais e vegetais era um processo que além

de árduo, apresentava baixo rendimento (SAID, 2004).

Todas as aplicações desde o início usavam culturas de microrganismos mistos, e

dirigidos para operações biotecnológicas em áreas da agricultura e nutrição humana. Foi L.

Pasteur em 1862, quem estabeleceu a base científica destas antigas aplicações, principalmente

a oxidação do álcool a ácido acético usando uma cultura pura de Bacterium xylinum

(CARVALHO, 2006).

Nas cinco décadas seguintes (1840-1897) com o aprimoramento do sistema de lentes

dos microscópios, a atenção foi voltada para os microrganismos, onde nasceram as hipóteses

de Louis Pasteur e do alemão Justus Von Liebig, pois o primeiro defendia a idéia de que o

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processo fermentativo era dependente intrinsecamente da presença de microrganismos,

enquanto o segundo acreditava tratar-se de um processo estritamente químico (SAID, 2002).

Enquanto buscava-se uma explicação para fermentação, em 1876, William Kuhne

denominou as substâncias contidas nos extratos de leveduras de “enzime”, que em grego

significa dentro da levedura. Como Kuhne não demonstrou cientificamente a capacidade

catalisadora do extrato de leveduras, o termo foi amplamente aplicado, após a descoberta de

Büchner, para designar substâncias intracelulares capazes de executar a fermentação (SAID,

2004).

Por volta de 1900, avanços significativos na Enzimologia foram feitos através de

estudos bioquímicos que estabeleceram a relação enzima-substrato como um complexo

temporário do qual resultava o substrato transformado em produto e enzima livre (CHENG et

al., 2004).

Muito da história da bioquímica refere-se a pesquisa em enzimas. Em 1926, James

Sumner`s isolou e cristalizou a primeira enzima, a uréase, que catalisa a hidrólise da uréia. As

enzimas desempenham a função de catalisar as reações nos organismos. Com exceção de

alguns RNAs que são catalisadores durante seu próprio processamento, todas as enzimas são

proteínas, as quais aumentam a velocidade de uma reação por um fator de 1014 vezes mais

rápida do que uma reação não catalisada (VOET, 2000).

A evolução no estudo das enzimas (por volta de 1960), acompanhada por avanços

tecnológicos, possibilitou o isolamento e a identificação de propriedades das enzimas. Desde

então, vem sendo feito a caracterização e o estudo cinético de várias enzimas de diferentes

fontes: animais, vegetais e de microrganismos (WENDHAUSEN, 1998).

Na década de 60, indústrias européias passaram a incorporar proteases bacterianas em

sabões em pó e principalmente amilases começaram a ser empregadas na indústria de

alimentos. Foi em 1972 que imobilizou-se pela primeira vez uma enzima para fins comerciais.

A glicose isomerase de Actinoplanes missouriensis foi purificada e imobilizada em DEAE-

celulase. Atualmente estão sendo desenvolvidos muitos estudos para a obtenção de enzimas

estruturalmente delineadas, através de técnicas que envolvem a bioinformática e modelagem

molecular (GOMES, 2006).

Está presente na literatura da última década, que biocatalisadores (microrganismos e

enzimas isoladas), tiveram ampla aplicação como reagentes “seletivos” para a solução de

problemas sintéticos da química orgânica. Apesar da extraordinária especificidade da catálise

enzimática ter sido reconhecida há muito tempo, apenas recentemente tem sido aplicada na

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transformação seletiva de substratos não naturais, principalmente na produção de compostos

quirais enantiomericamente puros (RODRIGUES, 2001).

1.2 A BIOCATÁLISE

A biocatálise está relacionada às transformações (síntese) de compostos através do

metabolismo dos seres vivos. Como os delicados materiais biológicos são extremamente

sensíveis, é necessária a intervenção de catalisadores para tornar as reações possíveis. Estes

catalisadores são as enzimas, proteínas de alto peso molecular capazes de sintetizar moléculas

extremamente exóticas e sofisticadas o que se constitui na base de modernas indústrias de

biotransformação (GOTOR, 2005).

Os termos biocatálise ou biotransformação abrangem os processos em que um

catalisador biológico é utilizado para converter um substrato em um número limitado de

etapas enzimáticas. Para estabelecer um processo de biotransformação eficaz, é necessária a

análise detalhada dos fatores que condicionam o desenvolvimento e otimização integrados de

um processo biotecnológico. A estratégia de desenvolvimento e otimização de um

Bioprocesso depende de quatro contribuições: Biocatalisador, Bioconversão, Isolamento e

Purificação do Produto (AIRES-BARROS, 2004).

O isolamento e purificação do biocatalisador (enzimas), consiste em geral numa etapa

de concentração, seguida da purificação propriamente dita, por processos cromatográficos. A

obtenção de novos biocatalisadores, baseados na Engenharia do Biocatalisador permite

modificar e melhorar as características do biocatalisador de forma a que o bioprocesso não

seja condicionado pelo biocatalisador (HUANG, 2005).

As proteínas são fundamentais para os seres vivos e podem desempenhar diversas

funções, desde a organização estrutural de uma célula até as organizações anatômicas de um

organismo vivo, além de atuarem como enzimas, que catalisam as mais diversas reações

metabólicas indispensáveis à vida (FONSECA, 2006).

Uma vez identificada a matéria prima mais adequada para substrato da bioconversão

pretendida, deve-se selecionar o biocatalisador que apresente níveis adequados de atividade

catalítica, seletividade e estabilidade para operar nas condições selecionadas de temperatura,

força iônica, pH e natureza da solução tampão, concentração de substrato e produto e ainda na

eventual presença de solventes orgânicos (AIRES-BARROS, 2004, MASON, 2000).

A habilidade de conduzir transformações químicas que são impossíveis ou

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impraticáveis de outra forma, especialmente na área de obtenção de compostos

enantiomericamente puros; aliada a necessidade de mudar os catalisadores hoje existentes

(geralmente constituídos de metais pesados ou de transição, altamente nocivos ao ambiente)

por catálises “ambientalmente corretas”, torna o uso de biocatalisadores um dos maiores

desafios da síntese orgânica na atualidade (FABER, 1997, MONTEIRO, 2003).

Nesse contexto, o enfoque biotecnológico, vem se apresentando como uma opção

interessante para sua exploração em síntese orgânica, principalmente quando são consideradas

algumas das vantagens dessa rota, tais como: i) maior rendimento do processo; ii) obtenção de

produtos biodegradáveis; iii) menor consumo de energia; iv) redução da quantidade de

resíduos; v) introdução de rotas mais acessíveis de síntese (MOURA, 2007).

1.3 ENZIMAS COMO BIOCATALISADORES

Enzimas podem ser encontradas em células de animais ou de plantas, bem como em

microrganismos. Entretanto quando a permeabilidade da membrana celular é insuficiente para

a passagem do substrato ou quando ocorrem reações laterais indesejáveis, é necessário

conduzir a biotransformação com enzimas isoladas ou purificadas (SAID, 2004).

As enzimas são tão eficazes como catalisadores biológicos que a maioria das reações

que catalisam não ocorreria em sua ausência em um tempo razoável sem extremos de

temperatura, pressão ou pH. Reações enzimáticas, ou catalisadas por enzimas, são 1012 a 1017

vezes mais rápidas do que as reações correspondentes não catalisadas (SUAN, 2004).

Um catalisador é uma substância que acelera uma reação química, até torná-la

instantânea ou quase instantânea, ao diminuir a energia de ativação. Como catalisadores as

enzimas atuam em pequena quantidade e se recuperam indefinidamente (NASCIMENTO,

2002).

São macromoléculas, com peso molecular variando entre cerca de 5.000 a até mais de

1.000.000 Daltons. O Dalton é uma unidade de massa, equivalente a 1/12 da massa de um

átomo de carbono 12 (LIMA, 1999).

São constituídas basicamente de L-amino ácidos ligados covalentemente numa

seqüência definida, com uma estrutura denominada de sítio ativo formada de uns poucos

aminoácidos, o qual tem o papel de se ligar diretamente ao substrato (reagente) e catalisar a

reação específica de uma determinada enzima (CABRAL, 2001).

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Quimicamente as enzimas são proteínas com uma estrutura química especial, contendo

um centro ativo, denominado apoenzima, e algumas vezes um grupo não protéico

denominado, coenzima. À molécula toda (apoenzima e coenzima) é dado o nome de

haloenzima. Dependendo do tipo de ligação, o grupo prostético pode ser separado da proteína

por métodos brandos, como por exemplo, diálise (KIELING, 2002).

Existe para cada enzima uma temperatura ótima na qual a reação é mais rápida. Acima

dessa temperatura a velocidade da reação cai de maneira aguda devido, geralmente, à

desnaturação da enzima pelo calor. O aumento na velocidade da reação com o aquecimento,

na região abaixo da temperatura ótima, resulta do aumento da energia cinética das moléculas

em reação. Todavia, se a temperatura for elevada ainda mais, a energia cinética das interações

intramoleculares ultrapassa a barreira energética para romper as ligações secundárias que

mantém no seu estado nativo cataliticamente ativo. Há conseqüentemente, uma perda das

estruturas secundária e terciária com o desaparecimento paralelo da atividade catalítica. Para a

maioria das enzimas, as temperaturas ótimas são iguais ou superiores à temperatura do

ambiente celular em que estas existem (WON et al., 2006).

Idealmente os sistemas catalisados por enzimas devem ser tratados caso a caso e as

generalizações devem ser praticadas com cautela. Portanto, a seleção das condições

adequadas na catálise enzimática em meios não convencionais ou orgânicos deve seguir uma

cuidadosa manipulação do meio-ambiente do biocatalisador, de tal forma que a produtividade

do sistema seja maximizada por meio da potencialidade total da atividade enzimática. Isto

pode ser alcançado pela utilização de solventes apropriados, controle do teor de água no meio

reacional e imobilização da enzima em suportes sólidos. A imobilização tem efeito benéfico

na estabilidade da enzima, em função das interações físicas e químicas entre o suporte e as

moléculas da enzima. A imobilização também auxilia na dispersão homogênea da enzima no

meio, o que é essencial para a condução de reações enzimáticas (GOMES, 2006).

Quando enzimas são isoladas ou purificadas possuem um número de propriedades que

tornam seu uso atrativo como catalisador em biotransformação. São extremamente ativas,

versáteis e realizam uma variedade de transformações sob condições brandas e de maneira

seletiva (WENDHAUSEN, 2005). No entanto, a aplicação de enzimas em síntese orgânica é

ainda restrita a um grupo reduzido, particularmente aos grupos que não requerem presença de

cofatores, como por exemplo as hidrolases (YU et al., 2004).

Desenvolvimentos recentes em enzimologia, principalmente engenharia de proteínas e

reações enzimáticas em meios não aquosos, aumentaram consideravelmente o potencial de

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aplicação das enzimas como catalisador em processos industriais (FABER, 1997).

1.3.1 Classificação das Enzimas

Uma comissão de enzimologia foi nomeada pela União Internacional de Bioquímica,

em 1956, com o objetivo de sistematizar a classificação das enzimas. Para cada enzima foram

indicados: a reação catalisada; seu nome sistemático em nomenclatura normalizada e seu

número de classificação (SAID, 2002). O tipo de reação que catalisam, classifica as enzimas

em seis grupos:

a) Oxirredutases: catalisam reações de oxido-redução envolvendo oxigenação, tais como

C - H --- C - OH, e remoção ou adição de átomos de hidrogênio equivalentes, por exemplo,

CH(OH) - C = O.

b) Transferases: intermediam a transferência de vários grupos, tais como aldeídos, cetonas,

acil, fosforil, de uma molécula para outra.

c) Hidrolases: catalisam a hidrólise de ésteres, amidas, glicosídeos, etc.

d) Liases: catalisam a adição de HX (X diferente de OH) a alcenos imidas e grupos

carboxílicos.

e) Isomerases: catalisam processos de isomerização, tais como racemização e epimerização.

f) Ligases: catalisam a conexão de duas moléculas, mediando a formação de ligações como

C-O, C-N e C-C, juntamente com uma unidade de pirofosfato da molécula de adenosina

trifosfato.

Atualmente, mais de 3000 diferentes enzimas tem sido identificadas e muitas isoladas

em sua forma pura. Várias têm sido obtidas na forma cristalina e as seqüências de

aminoácidos, bem como a estrutura tridimensional determinada através de cristalografia de

raios-X e RMN-2D (Pasteur acesso em: 10/11/2006).

As enzimas hidrolíticas (proteases, celulases, amilases e lipases) são as mais

freqüentemente usadas na química orgânica. Entre as várias razões que as tornam uma opção

particularmente atrativa, pode-se citar ampla disponibilidade, baixo custo, condições suaves

de síntese, facilidade de uso por não necessitarem de cofatores e ampla especificidade para

substratos (PAQUES, 2006).

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1.3.2 Seletividade das Enzimas

A extraordinária seletividade das enzimas passou a ser explorada de forma cada vez

mais intensa, onde as características mais importantes são:

a) Quimiosseletividade - atuam sobre um determinado grupamento químico.

b) Regiosseletividade ou Diastereosseletividade - devido a sua estrutura tridimensional

complexa, as enzimas podem distinguir entre grupos funcionais que estão situados em

diferentes regiões da mesma molécula do substrato.

c) Enantiosseletividade - as enzimas são feitas de L-aminoácidos e, portanto, são catalisadores

quirais. Como conseqüência, qualquer tipo de quiralidade presente na molécula do substrato é

reconhecida na formação do complexo enzima-substrato (CARLI, 2006).

1.3.3 Especificidade

Existe uma correlação entre a estrutura das proteínas e dos peptídeos que fazem da

molécula enzimática e suas propriedades biológicas, e esta propriedade leva a uma

especificidade extraordinariamente alta e reproduzível (KIELING, 2002).

O composto sobre o qual a enzima atua chama-se substrato. O substrato se une a uma

região concreta da enzima, chamada sítio ativo. Uma vez formados os produtos, a enzima

pode iniciar um novo ciclo de reação.

Muitos modelos foram propostos para explicar o tipo de ligação estabelecida entre

enzima e substrato. A Figura 1 mostra um esquema geral da ligação estabelecida entre enzima

e substrato em uma reação enzimática, com a liberação dos produtos formados no final da

reação.

As enzimas reagem via a formação de um complexo enzima-substrato para

posteriormente formar produtos (Equação 1).

E + S [ES] E + P (eq. 1)

k1 k2

k-1

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Figura 1: Representação geral da ligação enzima-substrato.

Fonte: (MACHADO, 2007).

Entre as teorias e racionalizações que têm sido desenvolvidas para entender catálise

enzimática, os modelos mais ilustrativos são os mecanismos da chave e fechadura

desenvolvida por Emil Fischer em 1884 e o mecanismo do encaixe induzido de Koshland Jr.

desenvolvido no final da década de sessenta. A regra de três pontos foi outra teoria criada por

A. G. Ogston para explicar a enantiosseletividade das enzimas (JESUS, 1998).

Emil Fischer desenvolveu em 1884, a teoria na qual a especificidade enzimática é

comparada a um conjunto de chave e fechadura (KIELING, 2002) esta teoria está apresentada

através da Figura 2. A enzima é rígida na região do sítio ativo. O sítio ativo é formado por

uma região da enzima, em uma disposição própria para a fixação do substrato. Somente

moléculas de substrato cujas estruturas cabem exatamente no sítio de fixação podem se ligar à

enzima (ZANIN, 2006).

Figura 2: Mecanismo da enzima e substrato segundo a teoria de Fischer.

Fonte: http://www.ciagri.usp.br/~luagallo/Enzimas.htm visitado em 20/07/2007.

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Este mecanismo não explica por que muitas enzimas atuam sobre grandes moléculas,

enquanto são inativas sobre moléculas similares menores. Da mesma forma, não explicam por

que muitas enzimas atuam sobre substratos não naturais (NASCIMENTO, 2001).

Entre 1950 e 1960 um número de observações feitas sugeriu que as enzimas

apresentavam considerável flexibilidade. Em 1958 Koshland propôs o modelo do ajuste

induzido para explicar o poder catalítico e especificidade apresentada por enzimas,

representado pela Figura 3. Segundo essa teoria, em alguns casos, sítio ativo adota a

conformação idônea só em presença do substrato e a união do substrato ao sítio ativo da

enzima, desencadeia uma troca conformacional (arranjo espacial dos grupamentos R dos

aminoácidos) que dá lugar a formação do produto (WENDHAUSEN, 1998).

Figura 3: Mecanismo da ligação entre enzima e substrato seguno a teoria de Koshland.

Fonte: www.ciagri.usp.br/~luagallo/enzimas.html, visitado em 20/07/2007.

Como toda reação catalítica, uma enzima acelera a velocidade de reação diminuindo a

barreira energética entre reagentes e produtos (Figura 4). Grande parte de seu poder catalítico

ocorre por elas aproximarem os substratos em orientações favoráveis no complexo enzima -

substrato (ES).

Figura 4 - Diagrama de energia de reação catalisada versus não catalisada enzimaticamente.

S= substrato, P = produto, E = enzima, [ES] = complexo enzima-substrato, # denota estado de transição, Ea =

energia de ativação. Fonte: (JESUS, 1998).

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1.4 FATORES QUE INFLUENCIAM NA BIOCATÁLISE

1.4.1 Imobilização de Enzimas

Nos últimos anos, diferentes técnicas foram aperfeiçoadas ou desenvolvidas para o

estudo e otimização de biotransformações em meio orgânico, como por exemplo,

imobilização, modificação enzimática por engenharia genética ou via interação covalente

(BORA, 2003).

A imobilização é um método de fixação ou encerramento de uma enzima em suportes

sólidos, que possibilita diversas aplicações destes catalisadores, tais como, reutilização da

enzima, separação de inibidores de enzimas, facilidade de separação do produto do

catalisador, em processos analíticos e em reatores de fluxo contínuo (MARCONCINI, 2000 e

ZADA, 2006).

Estas técnicas envolvem ou ligação em suporte sólido insolúvel em água (ligação em

suporte) ou ligações cruzadas intermoleculares de enzimas por reagentes bifuncionais ou

multifuncionais. Alternativamente, o biocatalisador pode ser confinado em uma área da qual

ele não pode sair, mas onde permanece cataliticamente ativo (confinamento em matriz sólida

ou membrana de comportamento restrito). Apesar de não apresentar ligações e nem de

confinar as enzimas fisicamente, os sistemas bifásicos também são considerados métodos de

imobilização de enzimas, pois estas ficam retidas na água somente entrando em contato com o

solvente orgânico através de agitação mecânica (MOREIRA, 2003).

Para ser efetivo na imobilização o suporte deve deixar a enzima acessível ao substrato,

manter sua atividade por um longo período e permitir que o sistema (suporte/enzima) seja

regenerado ao final do processo, sem que ocorram perdas na atividade enzimática (DALLA-

VECCHIA, 2004).

A imobilização de enzimas em diferentes suportes é uma das técnicas mais

importantes que vêm sendo utilizadas na aplicação de catálise enzimática para reações

sintéticas em solventes orgânicos. Os suportes que têm sido utilizados para a aplicação de

biocatalisadores em meio orgânico são: Eupergit C, celite, quitosana, quitina, organo-gel e

cristotila entre outros (NASCIMENTO, 2002; SILVA, 2003).

Muitos estudos vêm sendo realizados em cima de vários materiais, a fim de

desenvolver novas técnicas que forneçam estabilidade para as enzimas e também facilitem a

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sua recuperação e reutilização e, principalmente, que possam ser aplicados na indústria (QUN,

2002, MOURA, 2007).

A imobilização de enzimas em suportes pode ser sub-classificada em adsorção

física, ligação iônica e ligação covalente. A imobilização de enzimas baseada na adsorção

física de moléculas enzimáticas sobre a superfície de matrizes sólidas, é o método mais

barato, simples, eficiente e antigo de imobilização. O método preferido para propósitos

comerciais é o processo de carregamento do reator enzimático com o suporte e a enzima a ser

imobilizada (SAID, 2002). A Figura 5 representa alguns métodos de imobilização

enzimática.

Figura 5: Formas de imobilização de biocatalisadores. Fonte: Said e Pietro (2002).

Estudos da influência de determinados fatores na imobilização de enzimas são de

extrema importância de forma a se otimizar um dado protocolo. Dentre os fatores que

influenciam no processo de imobilização, ressaltam-se: pH do meio, temperatura,

concentração de enzima, presença de aditivos. O pH do meio de imobilização modifica as

interações entre grupos de carga elétrica, ou dipolo, da enzima e do suporte, o que influencia

na afinidade entre os mesmos. Sabe-se também que quanto maior a temperatura, maior a

agitação das moléculas e maior a tendência das mesmas de se desorverem. Quanto à

concentração de enzimas na solução, pequenas concentrações podem acarretar maior

intensidade das forças de interação enzima-suporte sobre as poucas moléculas de enzima e o

excesso de enzima pode acarretar em adsorção em multicamada. Finalmente, os aditivos são

substâncias utilizadas com o intuito de melhorar a eficiência da imobilização e podem atuar

IMOBILI-ZAÇÃO

LIGAÇÃO AO

SUPORTE SÓLIDO

RETICU-LAÇÃO

ADSOR-ÇÃO

LIGAÇÃO COVA-LENTE

INCLU-

SÃO

LIGAÇÃO IÔNICA

LIGAÇÃO COVA-LENTE

EM GEL EM MICRO-CÁPSU-

LAS 3

EM FIBRA

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mudando a conformação da enzima imobilizada, reforçando a ligação utilizada na

imobilização ou mesmo protegendo o sítio catalítico desta (PINHEIRO, 2005).

Com a imobilização em resina iônica é conseguido estabilidade elevada para a enzima

e a possibilidade para reciclagem que são altamente desejáveis para as indústrias. Em

experimentos de epoxidação em tolueno a enzima CAL-B foi altamente estável, com 75% da

atividade após 15 ciclos de reação (TÖRNVALL, 2007).

1.4.2 Influência da Temperatura

A maioria das reações químicas se processa em uma velocidade maior à medida que a

temperatura aumenta. Um aumento na temperatura imprime maior energia cinética às

moléculas dos reagentes, ocasionando um maior número de colisões produtivas por unidade

de tempo. As reações catalisadas por enzimas apresentam um comportamento semelhante às

reações catalisadas quimicamente. Porém, as enzimas são moléculas protéicas complexas e

sua atividade catalítica provém da necessidade de que sua estrutura terciária seja mantida,

principalmente por um grande número de ligações não covalentes, como ligações de

hidrogênio, ligações dissulfeto e interações hidrofóbicas (YAHYA, 1998, TÖRNVALL et al.,

2007).

Em geral, os aumentos de temperatura aceleram reações químicas: a cada 10 ºC de

aumento, a velocidade de reação se duplica. As reações catalisadas por enzimas seguem esta

lei geral. Entretanto, sendo proteínas, a partir de certa temperatura, começam a desnaturar-se

pelo calor. A temperatura na qual a atividade catalítica é máxima é chamada de temperatura

ótima (KIELING, 2002).

Se a molécula absorve excesso de energia, a estrutura terciária se rompe e a enzima

ficará desnaturada, perdendo sua atividade catalítica. À medida que a temperatura se eleva o

aumento esperado na velocidade, resultante do aumento das colisões entre E + S, é

contraposto pelo aumento da velocidade de desnaturação (SAID, 2004).

TÖRNVALL et al. (2007), em seus experimentos de epoxidação de ácidos graxos

realizaram vários testes de estabilidade da enzima em diferentes temperaturas, com resultados

relevantes.

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1.4.3 Influência do pH

Ao comprovar experimentalmente a influência do pH na velocidade das reações se

obtém curvas que indicam que as enzimas apresentam um pH ótimo de atividade. O pH pode

afetar de várias maneiras:

- O sítio ativo pode conter aminoácidos com grupos ionizados que podem

variar com o pH.

- A ionização de aminoácidos que não estão no sítio ativo pode provocar

modificações na conformação da enzima.

- O substrato pode ver-se afetado pelas variações do pH.

As enzimas possuem grupos químicos ionizáveis (carboxilas –COOH; amino –NH2;

tiol –SH; imidazol, etc) nas cadeias laterais de seus aminoácidos. Segundo o pH do meio,

estes grupos podem ter cargas elétricas positivas, negativas ou neutras. Como a conformação

das proteínas depende, em parte, de suas cargas elétricas, haverá um pH no qual a

conformação será a mais adequada para a atividade catalítica. Este é o chamado pH ótimo.

Ligeiras mudanças de pH podem provocar a desnaturação da proteína. Algumas enzimas

apresentam variações peculiares. A pepsina do estômago apresenta um ótimo de atividade em

pH=2, e a fosfatase alcalina do intestino a pH=12 (PAQUES, 2006).

1.4.4 Influência do Solvente

Segundo Dalla-Vecchia (2004), quando um biocatalisador ou uma preparação

enzimática é selecionado para determinada reação, o tipo de solvente, a quantidade de água e

a solubilidade dos substratos e produtos devem ser avaliadas e otimizadas. A simples relação

entre dois componentes pode levar a uma interpretação errônea. A água é, talvez, o

componente mais importante quando o biocatalisador é utilizado em meio orgânico. Está bem

documentado na literatura que uma quantidade mínima de água, que é dependente do tipo de

solvente e das características do suporte utilizado, é absolutamente necessária para a

solvatação da enzima ou dos substratos e produtos. Entretanto, o excesso de água pode

favorecer a reação de hidrólise e não de síntese.

As enzimas necessitam de uma pequena quantidade de água para reter a sua

conformação tridimensional ativa, mesmo quando estão ligadas covalentemente a um suporte.

A água contribui ainda para a integridade estrutural, polaridade do sítio ativo e estabilidade da

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proteína, e pode também limitar a solubilidade de substratos hidrofóbicos em torno da enzima

(LIU, 2006).

O efeito da atividade da água, em reações biocatalisadas por lipases tem sido mostrado

em vários trabalhos (GERVAIS, 2003, MARIA, 2006).

Na literatura, não existe uma idéia clara com referência à escolha do parâmetro para

descrever quantitativamente o efeito do solvente, em reações catalisadas por enzimas. Porém,

o parâmetro mais freqüentemente utilizado é o log Poct, definido como o logaritmo do

coeficiente de partição do solvente no sistema octanol/água (LAANE, 1987).

Segundo Laane (1987), os solventes que possuem log Poct ≤ 2 são hidrofílicos e não

são adequados para a biocatálise, por que perturbam fortemente a interação água-

biocatalisador, inativando-o ou desnaturando-o. Os solventes com log Poct entre 2 e 4 são

menos hidrofílicos, perturbam fracamente a interação água-biocatalisador e afetam sua

estrutura de maneira imprevisível. Os solventes que possuem log Poct superior a 4 são

hidrofóbicos e não perturbam a camada de água, deixando o biocatalisador no seu estado

ativo. O material usado como suporte para a imobilização afeta a quantidade de água total nas

proximidades da enzima, e a participação dos reagentes e/ou produtos na mistura reacional.

Gray et al (1990), verificaram que a atividade da lipase de Candida cilindracea, ligada

ou não covalentemente em um suporte, diminuiu quando a quantidade de água era reduzida no

sistema.

Do ponto de vista físico-químico, os aspectos mais importantes são a capacidade de

extração (coeficiente de partição) e solubilização de substratos e/ou produtos pelo solvente

orgânico, e as suas propriedades que vão determinar a facilidade de separação das fases e a

transferência de massa. O solvente orgânico deve ser químico termicamente estável, não deve

formar emulsões em meio aquoso, de forma a facilitar a separação de fases, a sua viscosidade

deve ser reduzida, de forma a facilitar a transferência de massas, e não ser degradado pelo

biocatalisador (KIELING, 2002).

1.5 LIPASES

Entre os processos químicos de maior interesses industriais estão as reações

catalisadas pelas lipases, as quais representam aproximadamente 20% das biotransformações

realizadas atualmente. As lipases (triacilglicerol hidrolases EC 3.1.1.3) catalisam ambas as

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reações de hidrólise e síntese de éster a partir de glicerol e ácidos graxos de cadeias longas,

essas reações são mostradas na Figura 6 (MOURA, 2007).

Figura 6: Reações de hidrólise e síntese de éster a partir de glicerol e ácidos graxos.

Fonte: (CROSS, 2006).

Essas reações usualmente são processadas com alta régio e/ou enantiosseletividade,

tornando as lipases um importante grupo de biocatalisadores. As razões desse enorme

potencial biotecnológico incluem a quebra das ligações de éster de triacilgliceróis na presença

de moléculas de água (hidrólise), as lipases são também capazes de catalisar a reação inversa

sob condições microaquosas, como por exemplo, a formação de ésteres a partir de álcoois e

ácidos carboxílicos. Estes processos básicos podem ser combinados numa seqüência lógica

para efetuar reações de interesterificação (acidólise, alcoólise e transesterificação), as quais

estão representadas na Figura 7 (CROSS, 2004, FUGLSETH, 2006).

As lipases são encontradas em tecidos de vários animais e vegetais, e podem ser

produzidas por fermentação usando várias espécies de microrganismos, tais como os fungos

Aspergillus mucor, Rhizopus penicillium, Geotrichum sp, por leveduras de Tulopis sp e

Candida sp e bactérias como Pseudomonas sp, Achromobacter sp e Staphylococcus sp. Do

ponto de vista econômico e industrial, os microrganismos são preferíveis do que as lipases de

fontes animais e vegetais, devido ao custo do isolamento das lipases (LUTZ, 2004).

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Figura 7: Esquema geral de reação enzimática de Hidrólise, Esterificação, Transesterificação,

e Interesterificação. Fonte: (GHANEM, 2007).

Por terem natureza protéica, podem sofrer ao longo de uma reação um processo de

desnaturação com perda progressiva da atividade funcional. Por meio da imobilização em

suportes sólidos, pode ocorrer um aumento na estabilidade do catalisador, prolongando sua

vida útil. A imobilização facilita a recuperação da enzima do meio reacional, possibilitando

sua posterior reutilização. Há uma vasta quantidade de trabalhos na literatura que tratam das

diferentes técnicas de imobilização de lipases, caracterização dos complexos ativados e

aplicações em reações que se processam em meios aquosos e não aquosos. (ZANIN, 2004).

O uso das enzimas, especialmente hidrolases, oxidorredutases e liases, na preparação

de drogas quirais já está estabelecido na literatura (GOTOR-FERNANDEZ, 2006, LUTZ,

2004).

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As lipases são muito utilizadas em síntese orgânica porque não requerem cofatores,

atuam em uma faixa de pH relativamente grande, são muito estáveis nesse meio, apresentam

especificidade, regiosseletividade, quimiosseletividade e enantiosseletividade (TORRES,

2006). O deslocamento do equilíbrio na reação, no sentido direto (hidrólise) ou inverso

(síntese), é controlado pela quantidade de água presente na mistura reacional. As lipases têm

sido extensivamente investigadas com relação as suas propriedades bioquímicas e fisiológicas

e, mais recentemente, para aplicações industriais (WON, 2006, TORRES-GAVILAN, 2006).

Dentre os processos bioquímicos reportados na literatura, as lipases representam cerca

de 35% dentre as enzimas empregadas. No entanto, mesmo com uma vasta variedade de

lipases microbianas, o uso dessas enzimas em escala industrial ainda é escasso, devido aos

elevados custos de produção. Com o objetivo de intensificar a utilização de lipases em escala

piloto e industrial, estudos de fontes vegetais, como sementes, látex, folhas e caule, têm

crescido nos últimos anos. Dentre as lipases vegetais, as mais estudadas são as extraídas de

cereais e óleos de sementes, localizadas em diferentes tecidos e normalmente ativadas durante

a germinação (PAQUES, 2006).

No entanto, as enzimas disponíveis comercialmente apresentam ainda custo elevado,

uma vez que a maioria dos processos de produção é baseada em fermentação submersa, o que

muitas vezes pode tornar a sua utilização pouco atrativa economicamente. Assim, as buscas

por processos de produção de lipases que possam diminuir os custos finais da enzima são de

grande interesse, pois pode viabilizar algumas aplicações pouco exploradas, como por

exemplo, o tratamento de efluentes gordurosos (NASCIMENTO, 2004).

Segundo FURIGO 2001, na maior parte das preparações a concentração real da

enzima é desconhecida. Consequentemente, a quantidade de enzima presente só pode ser

expressa em termos de sua atividade. A determinação da atividade da enzima envolve a

medida da velocidade da reação, portanto, a Comissão de Enzima da União Internacional de

Bioquímica, recomenda a seguinte definição:

“Uma unidade (U) de atividade é a quantidade de enzima que catalisa a transformação

de 1 micromol de substrato, ou a formação de 1 micromol de produto por minuto”, nas

condições de ensaio (temperatura, pH, concentração de substrato, etc). A concentração da

enzima de uma preparação impura é expressa em termos de unidade/mL. A atividade

específica é expressa em termos de atividade por miligrama de proteína (U/mg).

A partir da estrutura protéica pode-se entender melhor as propriedades catalíticas das enzimas

(Figura 8). Há uma grande diferença de tamanho entre a enzima e seus substratos. O

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investimento energético para a síntese de uma molécula tão grande justifica-se pela obtenção

de uma estrutura muito precisa, com reentrâncias de forma apropriada e com grupos químicos

localizados em posições exatas para servir à catálise. Para que esta seja exercida, os reagentes

(substratos) devem ligar-se à molécula da enzima em uma região específica de sua superfície,

chamada sítio ativo ou catalítico. O sítio ativo é uma cavidade com forma definida, aberta na

superfície da molécula globular da enzima, constituída por grupos R de aminoácidos que

podem estar distanciados na estrutura primária da proteína, mas que os dobramentos da

estrutura terciária trouxeram à proximidade uns dos outros. É essa forma definida do sítio

ativo que confere a especificidade à catálise enzimática. Para ser reconhecida como substrato,

uma molécula deve ter a forma adequada para acomodar-se no sítio ativo e os grupos

químicos capazes de estabelecer ligações com os grupos R ali presentes (WISEMAN, 2001).

Figura 8: Estrutura Tridimensional das Lipases.

Fonte: www.biotec.rwthaachen.de/biokat/Grafikvorlag, site visitado em 20/02/2007.

Nas lipases o sítio catalítico é formado pela tríade catalítica Ser-His-Asp/Glu (Figura

9), que se repetem em todas as estruturas e é freqüentemente protegido na molécula por uma

“tampa” hidrofóbica ou “lid” que ao interagir com a interface lipídeo/água sofre uma

mudança conformacional, expondo o sítio ativo. A presença da “tampa” na estrutura da

enzima e a propriedade de ativação interfacial passaram a ser fatores determinantes para a

caracterização de lipases. Estudos de raios-X realizados por Uppenberg e colaboradores, com

a lipase da Candida antarctica revelou a existência de uma “tampa” similar recobrindo a

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tríade catalítica Ser-His-Asp. Mais recentemente, entretanto, observou-se que a presença da

“tampa” não esta necessariamente correlacionada com a ativação interfacial, sendo que as

lipases de Pseudomonas aeruginosa, Burkholderia glumae e Candida antarctica B, que

apresentam a “tampa” em suas estruturas, não sofrem ativação interfacial. Por outro lado, as

cutinases, enzimas consideradas lipases “verdadeiras”, não apresentam a “tampa” e não

precisam da interface para exceder a atividade hidrolítica (DALLA-VECCHIA, 2004).

Figura 9: Mecanismo de reação que ocorre com as Lipases. Fonte: (SAID, 2004).

1.6 APLICAÇÃO DE LIPASES NA SÍNTESE ASSIMÉTRICA

Muitos dos estudos para a utilização de enzimas em síntese orgânica têm envolvido

conversão assimétrica. A indústria farmacêutica tem demonstrado grande interesse nesta área,

visto que a atividade biológica de muitas drogas racêmicas, às vezes, reside em um único

enantiômero. As atividades biológicas exibidas por um par de enantiômeros são

completamente diferentes, na Figura 10 tem-se a visualização do mecanismo de reação para o

Ibuprofen, fármaco de grande interesse industrial. (SUAN E SARMIDI, 2004, CEYNOWA E

RAUCHFLEISZ, 2003, GOTOR-FERNANDEZ, 2006).

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Figura 10: Resolução enzimática para o (R,S)-Ibuprofeno. Fonte: (CARVALHO, 2006).

Normalmente, um dos isômeros (R ou S) é provido da atividade desejada e o

enantiômero oposto é menos ativo ou até mesmo tóxico. Sintetizar tais drogas em sua forma

enantiomericamente pura, está se tornando um caminho importante na química da

biotransformação. A Figura 11 mostra alguns exemplos de drogas que foram resolvidas via

catálise enzimática (TAUCHI, 2006).

OH

OH

O2N NHCOCHCl2

CH 2CONH 2

OOH

NH

Cloranfenicol (agente anti-microbial) Atenolol (tratamento da hipertensão e angina)

OOCOCH3

OHO

HOC6H6COO

H3CO

Ph NH

Ph

O

O

OH

CH3OCO

Taxol (combate ao câncer)

Figura 11 – Exemplos de fármacos resolvidas via catálise enzimática.

Fonte: (JESUS, 1998).

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Atualmente, a importância na produção de substâncias opticamente puras é um

capítulo de destaque nos setores acadêmicos e industriais. Quando os químicos sintetizam

produtos naturais e desenham novos alvos, a pureza enantiomérica dos produtos, e sua relação

com as propriedades biológicas, é um tema de permanente discussão (NASCIMENTO, 2002).

As lipases têm sido utilizadas na preparação de álcoois quirais, ácidos carboxílicos,

ésteres, amidas e lactonas, através das reações de síntese, de hidrólise, de alcoolise, de

acidólise ou de transesterificação (TORRES-GAVILAN, 2006).

Engel (1991) tem dado ênfase à importância da esterificação enantiosseletiva,

catalisada por lipases, dos ácidos 2-metil-alcanóicos nos últimos anos, devido à sua utilidade

na síntese de compostos biologicamente ativos. Segundo Engel, a necessidade para obtenção

de ácidos 2-metil-alcanóicos com alta pureza enatiomérica é refletida pelas várias tentativas

de suas síntese assimétricas.

Chen e col., em 2005, estudaram a hidrólise enantiosseletiva do éster (R,S)-naproxen

2,2,2-trifluoretila em solvente orgânico saturado com água, pela lipase de Carica pentagona e

Carica papaya. Comparações do desempenho das lipases indicaram que ambas mostram

baixa tolerância em solvente hidrofílico e foram inibidas pelo (S)-naproxen e 2,2,2-

trifluoretanol. Como demonstra a Figura 12 a reação biocatalisada do (R,S)-naproxen, onde o

isômero S (+) mostrou ser 28 vezes mais reativo que o R (-)..

Figura 12: Resolução enzimática do Naproxen.

Fonte: (Gu, 1986).

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A lipase de Candida rugosa é uma enzima comercial relativamente barata e foi

investigada extensivamente como um biocatalalisador em solventes orgânicos (YU, 2004).

Nguyen e col., em 1999, aplicaram a lipase de Candida rugosa na resolução

enantiosseletiva via esterificação de ácidos carboxílicos ramificados com grupo metila; entre

eles o ácido citronélico. Eles observaram que para ácido 3-metil substituído o enantiômero R

é mais reativo, enquanto que para o ácido 2-metil substituído a preferência é pelo enantiômero

S. A enantiosseletividade (E) variou de 17 a 51 (ZANIN, 2004).

Ácidos 2-metil-alcanóicos e seus derivados têm sido utilizados como intermediários

sintéticos na presença de, entre outros compostos, um grande número de feromônios

estereoquimicamente puros. A presença de uma pequena quantidade do outro enantiômero,

em alguns feromônios, pode causar um efeito inibitório pronunciado. Ácidos 2-metil-

alcanóicos de cadeia curta e seus ésteres também ocorrem naturalmente em vários alimentos

contribuindo significantemente para o seu aroma (ENGEL, 1991, PAQUES, 2006).

As enzimas tornaram-se importantes ferramentas práticas, não apenas na medicina,

mas também na indústria química, no processamento de alimentos e agricultura, e na obtenção

de compostos opticamente ativos, álcoois e ácidos têm sido muito empregados na indústria (

KISS, 2006). O atenolol, um dos cinco fármacos mais vendidos no mundo, utilizado no

tratamento de hipertensão e angina do peito também foi resolvido via catálise enzimática, e o

isômero (S) mostrou ser mais ativo que o (R) (Figura 13).

Figura 13: Resolução enzimática do (S)-Atenolol.

Fonte: (BARREIRO, 1997).

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Huang e col. estudaram, em 2005, a preparação de ácidos (S)-mandélicos pela

degradação de racematos com a bactéria Pseudomonas putida ECU1009 isolada do solo,

obtendo ácido (S)-mandélico com rendimento de 46,5% em 48 horas de bioconversão, e

excessos enantioméricos (ee) de 99%.

É freqüentemente necessário conduzir estas reações enzimáticas em solventes

orgânicos com objetivo de melhorar a solubilidade da estrutura e de deslocar o equilíbrio

químico (CHEN, 2005, YUAN, 2006).

ZADA et al. 2006, utilizaram em seus experimentos a lipase de pâncreas do porco, na

acetilação do lavandulol (Figura 14) com acetato de vinila como o doador do grupo acil, em

meio orgânico com excessos enantioméricos na escala de 70-84%.

Figura 14: Esquema de reação para a obtenção do (S)-lavandulol via biocatálise.

Fonte: (ZADA, 2004).

Cheng e colaboradores, em 2004, aplicaram a lipase de Carica papaya em meio

orgânico, na resolução enantiosseletiva do ácido (R,S)-2-(-4–clorofenoxi) propiônico. As

análises cinéticas ocorreram entre 20 e 60 ºC, indicando que a lipase é termoestável, obtendo

valor de E de 113 a 200. Solventes hidrofóbicos mostraram favorecer a catálise enzimática.

Ghanem et al., em 2007, realizaram a resolução do 2-sililoxi-propan-1-ol com

excessos enantiomérico acima de 95% (Figura 15).

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Figura 15: Catálise enantiosseletiva da transesterificação do 2-sililoxi-1-propanol Fonte: (GHANEM, 2007).

Uma teoria mais recente para explicar a preferência enantiosseletiva de enzimas é a

regra de Kazlauskas. Ela prevê uma diferença na estrutura do sítio ativo das lipases, que

consiste em duas cavidades de tamanhos diferentes, uma grande e uma pequena. A

enantiosseletividade para as estruturas que contêm um substituinte pequeno e grande (por

exemplo, um álcool secundário, como mostrado na Figura 16) é explicada pela forma com

que os substituintes laterais são encaixados nas cavidades. Na Figura 16a observa-se um

melhor encaixe o que resulta em uma maior enantiosseletividade do biocatalisador. Quando o

outro enantiômero que é catalisado pela lipase, entretanto, acaba forçando para acomodar seu

substituinte grande na cavidade menor (Figura 16b). Assim, as repulsões estéreas entre este

substituinte e a cavidade do sítio ativo causam uma ruptura na tríade catalítica resultando em

uma baixa seletividade na reação para este enantiômero (GHANEM, 2007).

Figura 16: Esquema do sítio ativo para as lipases segundo o Modelo de Kazlauskas. (a) o

enantiômero reage rapidamente e (b) o enantiômero reage lentamente.

Fonte: (GHANEM, 2007).

Ácidos terpênicos quirais são materiais de partida comuns para a síntese de

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feromônios com substituintes tais como metil, isopropil e isopropenil. A Figura 17 mostra

alguns feromônios que podem ser obtidos a partir do ácido (R)-(+)-citronélico. A resolução

cinética dos ácidos racêmicos, por método de reações enantiosseletivas catalisadas por lipases,

pode ser uma alternativa útil para a sua preparação (JESUS, 1998, CHAAR, 2000).

Figura 17: Alguns feromônios sintetizados a partir do ácido (R)-(+)-citronélico. [a]

componente do feromônio de Adoxophyes sp, [b] componente do feromônio de Eldana

saccharina, [c] feromona sexual da mosca Glossina palladipes, [d] feromônio de agregação

produzido pelo besouro, Tribolium castaneum, [e] componente do feromônio de Megoura

viciae, [f] feromônio sexual da Aonidiella citrina. Fonte: (JESUS, 1998).

1.7 FEROMÔNIOS

Feromônios são substâncias químicas emitidas por organismos vivos, responsáveis

pela comunicação química efetuada entre organismos da mesma espécie. Dependendo da

ação, os feromônios podem ser classificados em feromônios sexuais, de alarme, de marcação

de trilha, de alerta, de agregação, etc. A estereoquímica está muito presente na química dos

feromônios, e a presença de um outro enantiômero pode causar um efeito inibitório

pronunciado. Isto nos leva a deduzir que o uso do enantiômero correto é muito importante

quando se trata de sistemas biológicos. Álcoois e Ácidos terpênicos quirais têm sido

utilizados como intermediários sintéticos na produção de feromônios (FERREIRA et al.,

2001). Como exemplos, podem ser citados os feromônios sexuais (provocam a atração entre

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macho e fêmea), os feromônios de alarme (produzem estado de alerta pela aproximação de

algum predador natural) e os feromônios de trilha e oviposição (demarcam, respectivamente,

o caminho até uma fonte de alimentos e o local onde os ovos foram depositados). Já as

substâncias químicas empregadas na comunicação entre espécies diferentes (interespecíficas)

são chamadas de aleloquímicos e são divididos em alomônios (favorecem a espécie emissora),

cairomônios (favorecem a espécie receptora) e sinomônios (ambas são favorecidas). Os

alomônios geralmente são compostos utilizados para a defesa da espécie, enquanto os

cairomônios são as substâncias produzidas por uma presa e que são percebidas pelo predador.

Estas substâncias químicas utilizadas para a comunicação (feromônios, alomônios,

cairomônios, etc.) são denominadas genericamente por semioquímicos [do grego semion (=

marca ou sinal) (Figura 18).

Figura 18: Substâncias químicas emitidas por organismos vivos.

Fonte: www.tecsol.achetudoeregiao.com.br/ANIMAIS/insetosfalam.htm, visitado em 25/09/2006.

O comportamento sexual dos animais e insetos, em especial a atração exercida pelas

fêmeas sobre os machos de uma mesma espécie, sempre despertou a curiosidade de

pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento. O interesse científico pela

comunicação olfativa evidenciou-se na década de 50, através do isolamento e identificação

química do primeiro feromônio sexual de inseto. Em um trabalho realizado ao longo de vinte

anos e utilizando milhares de insetos para este fim, os pesquisadores extraíram cerca de 12 mg

de um feromônio da mariposa do bicho-da-seda Bombyx mori. A substância foi identificada

SEMIOQUÍMICOS

ALELOQUÍMICOS FEROMÔNIOS ALOMÔNIOS CAIRMÔNIOS SINOMÔNIOS COMPORTAMENTO: - SEXUAL - AGREGAÇÃO - DISPERSÃO - ALARME - TERRITORIALIDADE - TRILHA - OVIPOSIÇÃO - OUTROS

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como sendo o (10E,12Z)-hexadeca-10,12-dien-1-ol (bombicol), e é produzida pela mariposa-

fêmea para atrair os machos para o acasalamento.

No final da década de 60

foram isolados e identificados os primeiros feromônios quirais, como por exemplo o

acetal cíclico exo-brevicomina, feromônio de agregação do besouro Dendroctonus

brevicomis. Desde então, centenas de feromônios têm sido isolados e caracterizados, com

estruturas que vão desde álcoois e hidrocarbonetos de estrutura simples, até compostos

polifuncionais mais complexos, como a periplanona-B, feromônio sexual da barata

Periplaneta americana (Figura 19).

Figura 19: Algumas estruturas de Feromônios.

Fonte:www.tecsol.achetudoeregiao.com.br/ANIMAIS/insetosfalam.htm, visitado em

25/09/2006.

A sensibilidade apresentada por alguns insetos frente a atividade de determinados

feromônios é algo impressionante. Quantidades ínfimas de feromônio (picogramas) são

suficientes para atrair insetos localizados a centenas de metros de distância. De modo

semelhante, uns poucos miligramas de periplanona-B podem atrair milhões de baratas. Além

de promover uma melhor compreensão dos mecanismos de comunicação entre os insetos, o

interesse crescente pelo estudo dos feromônios possibilita outras aplicações interessantes. A

classificação taxonômica de várias espécies (família, gênero, etc.) tem sido revisada,

tomando-se por base a produção de semioquímicos da espécie. Além disso, a aplicação de

feromônios na agricultura, seja como forma de monitoramento populacional ou em

armadilhas de captura de insetos é hoje uma realidade cada vez maior na busca por formas

racionais de controle de pragas.

Entretanto, a grande dificuldade no estudo de feromônios (isolamento, identificação e

aplicações específicas) reside no fato dessas substâncias naturais serem produzidas pelos

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organismos em quantidades extremamente baixas e junto com vários outros compostos

inativos, mas quimicamente semelhantes. Além disso, na maioria dos casos os feromônios são

substâncias voláteis e/ou instáveis e de difícil manipulação. Técnicas analíticas sofisticadas

têm sido empregadas para a determinação da estrutura de vários feromônios, destacando-se a

cromatografia a gás acoplada a outros instrumentos (espectrômetro de massas, infravermelho,

ultravioleta e ressonância magnética nuclear). Em alguns casos, uma amostra de alguns

nanogramas, obtida a partir de um único inseto, pode ser suficiente para uma análise eficiente.

A síntese de feromônios em laboratório é hoje uma área em expansão na química

orgânica, permitindo não só a caracterização total dos feromônios naturais isolados (através

da comparação de propriedades físicas e químicas conhecidas), mas também fornecendo

material em quantidades suficientes para estudos na área de entomologia e na agricultura

(Tecsol, visitado em: 10/11/ 2006). Muitos feromônios são moléculas opticamente ativas. Nos

últimos anos, catalisadores quirais têm sido chaves na preparação destes compostos por

métodos sintéticos, sendo que métodos enzimáticos vêm sendo explorados em síntese

denominada quimio-enzimáticas.

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2. JUSTIFICATIVA

Após o desastre ocorrido com o uso da talidomida racêmica, onde 12.000 crianças

nasceram deformadas (fora os natimortos) (Barreiro, 1997), a preparação de substâncias

enantiomericamente puras (SEP) transformou-se em uma necessidade industrial (Figura 20).

(S)-talidomida (R)-talidomida

teratogênico sedativo

Figura 20: Estrutura da molécula de Talidomida.

Fonte: (BARREIRO, 1997).

Porém, somente a partir dos anos 90, a Administração de Drogas e Alimentos dos

Estados Unidos (FDA) e agências de saúde começaram a exigir estudos farmacêuticos e

toxicológicos com os dois enantiômeros puros e com sua respectiva mistura, antes de liberar

um fármaco quiral para ser usado como racemato (Maier, 2001). Esta exigência causou um

grande aumento nas vendas mundiais de SEP (Stinson, 2001; Rouhi, 2003). No ano de 2000,

por exemplo, a venda de enantiômeros puros alcançou US$ 133 bilhões (Yadav E Sivakumar,

2003), já no ano de 2002, superou os US$ 159 bilhões (Rouhi, 2003), um crescimento numa

razão anual de mais de 13% e a estimativa é alcançar US$ 200 bilhões no ano de 2008 (Yadav

E Sivakumar, 2004). Mais ou menos 40% de toda droga vendida em 2000 foi de um único

enantiômero (Yadav E Sivakumar, 2003). Estes valores confirmam que a separação de

misturas racêmicas para produção de enantiômeros puros é de grande relevância comercial e

diferentes abordagens são empregadas incluindo o uso de enzimas (FURLAN, 2007).

Entre os processos químicos de maior interesses industriais estão as reações

catalisadas pelas lipases, as quais representam aproximadamente 20% das biotransformações

realizadas atualmente.

Um grande número de trabalhos nesta área pode ser encontrado na literatura

especializada, tendo em vista o interesse científico demonstrado por diversos grupos de

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pesquisa, no sentido de elucidar as propriedades e o comportamento de enzimas em meios não

aquosos. Conseqüentemente, o número de rotas de síntese que incorporam um passo

enzimático torna-se cada vez maior.

Álcoois e ácidos carboxílicos quirais são excelentes compostos para serem utilizados

em síntese orgânica por causa de suas versatilidades químicas e facilidade de conversão para

outras classes de compostos. Além do mais, álcoois secundários quirais, ácidos carboxílicos,

ésteres e lactonas ocorrem amplamente na natureza como flavorizantes de alimentos. O ácido

citronélico e o álcool citronelol opticamente ativos são excelentes intermediários utilizados na

síntese de feromônios.

As enzimas, em especial as lipases têm sido utilizadas como catalisadores quirais na

preparação de uma série de compostos com propriedades biológicas interessantes, o potencial

destes biocatalisadores vem crescendo devido às exigências do mercado de se produzir

compostos enantiomericamente puros. A indústria química atualmente vem aplicando

enzimas para biotransformação de moléculas que exibem quiralidade como, por exemplo, a

indústria farmacêutica. Embora quimicamente idênticas, e muitas vezes difíceis de separar por

métodos químicos, as duas formas espaciais diferentes dos isômeros ópticos de uma molécula

quiral, podem ser considerados diferentes nos organismos vivos. Por isso a importância de

obtermos as formas puras dos isômeros. Outra contribuição do uso de biocatalisadores está na

demanda crescente de produtos naturais. Processos que utilizam enzimas mostram que elas

podem ser usadas com eficiência no desenvolvimento destes tipos de produtos. Portanto, fica

clara a relevante contribuição desta proposta para o desenvolvimento científico e tecnológico.

O princípio da síntese assimétrica faz uso de reagentes auxiliares enantiomericamente

puros que são utilizados como catalisadores ou às vezes em quantidades estequiométricas.

Eles são muitas vezes caros e não podem ser recuperados em muitos casos.

A produção biotecnologica de produtos químicos é geralmente um processo limpo,

sem formação de subprodutos, e com isso diminui o impacto ambiental de muitos poluentes

que podem ser gerados em processos químicos comuns.

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48

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a aplicação de lipases na esterificação enantiosseletiva de álcoois e ácidos

racêmicos utilizados como precursores na preparação de moléculas mais complexas com

possíveis atividades biológicas.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Estudar a resolução do ácido racêmico (±)-citronélico via esterificação enantiosseletiva com

diferentes álcoois alifáticos catalisada pela lipase de Candida antarctica (CAL-B).

- Estudar a resolução do álcool racêmico (±)-citronelol via esterificação enantiosseletiva com

diferentes ácidos alifáticos catalisada pela lipase de Candida antarctica (CAL-B).

- Fazer estudos da razão molar, efeito do solvente e reutilização do biocatalisador nas reações

de esterificação enantiosseletivas em estudo.

- Determinar os excessos enantioméricos dos substratos oticamente ativos via polarimetria e

por cromatografia quiral.

- Avaliar a enantiosseletividade da lipase na obtenção do álcool e do ácido oticamente ativo.

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49

4. PARTE EXPERIMENTAL

4.1. MATERIAIS E MÉTODOS

As enzimas utilizadas no desenvolvimento deste trabalho foram: lipase de Candida

antarctica (CAL-B) com atividade (10 U/mg de sólido) adquirida previamente imobilizada

de procedência Novozyme Latin América. O (±)-citronelol e o (±)-ácido citronélico foram de

procedência da Acros Organics. O ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido butanóico, ácido

hexanóico, ácido dodecanóico, pentan-1-ol, butan-1-ol, hexan-1-ol, clorofórmio, heptano,

acetonitrila, éter de petróleo, ciclohexano, hexano, éter etílico foram de procedência da Vetec

Química Fina Ltda. O acetato de etila, octan-1-ol, álcool etílico foram de procedência de

J.T.Baker Analized ACS Reagents. O dodecan-1-ol e ácido octanóico foram de procedência

da Fluka Chemie Company. A sílica gel 60 (70-230 mesh) para cromatografia em coluna foi

de procedência da Merck. Para a cromatografia em camada delgada foi utilizada sílica gel 60

G de procedência da Vetec. Para realizar as reações foi utilizada uma incubadora TE 420 com

agitação orbital da Tecnal.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS COMPOSTOS

Os compostos foram caracterizados por técnicas de espectroscopia no infravermelho,

RMN de 1H e Espectrometria de Massas. Para a realização dos espectros IV utilizou-se um

espectrofotômetro Shimadzu modelo FT-IR Prestigie 21. Equipamento este do Departamento

de Química da FURB. Os espectros de RMN de 1H foram feitos em um espectrômetro Bruker

400 MHz, utilizando tetrametilsílano (TMS) como padrão interno, equipamento este da

Central de análises do Departamento de Química da UFSC.

Para realizar a espectrometria de massas utilizou-se um cromatógrafo Varian CP-3800

acoplado ao Espectrômetro de Massas Saturn 2000. Os testes foram realizados no Instituto de

Pesquisa Tecnológico de Blumenau da FURB.

As medidas de rotação óptica foram determinadas em um polarímetro modelo

Polartronic E da Schmidt e Haensch equipamento do Laboratório de Biocatálise da UFSC.

Utilizou-se também o cromatógrafo a gás modelo Shimadzu GC - 14B e Coluna capilar quiral

BETA DEX 120 da SUPELCO.

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50

4.3 PREPARAÇÃO DO MEIO REACIONAL

4.3.1 Resolução do Ácido Racêmico (±)-Citronélico catalisado pela lipase de Candida

antarctica (CAL-B).

Em um erlenmeyer de 125 mL foi adicionado 0,02 mol de ácido (±)-citronélico, 0,02

mol de álcool alifático (Tabela 1), 100 mg de lipase (CAL-B) e 25 mL de hexano. O meio

reacional foi colocado em uma incubadora termostatizada TE 420 com agitação orbital 120

rpm a 37 ºC e ao final de 7 dias foi interrompida. As reações foram acompanhadas por

cromatografia em camada delgada (ccd) utilizando como eluente hexano:acetato de etila

(15:1). Os produtos foram isolados por cromatografia em coluna utilizando-se sílica gel 60

(70 a 230 mesh), e como eluente uma mistura de hexano:acetato de etila (15:1). Os produtos

foram caracterizados por técnicas espectrométricas no infravermelho, CG-Quiral, Massas, e

RMN de 1H.

Tabela 1: Estruturas dos substratos utilizados nas reações de resolução do Ácido Citronélico

Estrutura dos Substratos Nomes

COOH

Ácido (±)-Citronélico

CH2CH3 CH2 OHCH2 Butan-1-ol

CH3CH2CH2C OHH2CH2 Pentan-1-ol

CH2CH3 CH2CH2C OHH2CH2 Hexan-1-ol

CH2CH2C OHH2CH2CH3CH2CH2CH2 Octan-1-ol

CH2CH2C OHCH3CH2CH2CH2 CH2CH2CH2CH2CH2H2 Dodecan-1-ol

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4.3.2 Resolução do Álcool Racêmico (±)-Citronelol catalisado pela lipase de Candida

antarctica (CAL-B)

Em um erlenmeyer de 125 mL foi adicionado 0,02 mol de álcool (±)-citronelol, 0,02

mol de ácido alifático (Tabela 2), 100 mg de lipase (CAL-B) e 25 mL de hexano. O meio

reacional foi colocado em uma incubadora termostatizada com agitação orbital de 120 rpm a

37 ºC. As reações foram acompanhadas por cromatografia em camada delgada (ccd)

utilizando como eluente hexano:acetato de etila (15:1) durante 7 dias. Os produtos foram

isolados por cromatografia em coluna utilizando-se sílica gel 60 (70 a 230 mesh), e como

eluente uma mistura de hexano:acetato de etila (15:1). Os produtos foram caracterizados por

técnicas espectrométricas no infravermelho, CG-Quiral, Massa, e RMN de 1H.

Tabela 2: Estruturas dos substratos utilizados nas reações de resolução do (±)-Citronelol.

Estrutura dos Substratos Nomes

OH

CH3CH3

CH3

Álcool (±)-Citronelol

CH2CH2COOHCH3 Ácido Butírico

CH2CH2C OOHCH3 H2C Ácido Pentanóico

CH2CH3 CH2CH2C OOHH2C Ácido Hexanóico

CH2CH3 CH2CH2C OOHH2CH2CH2C Ácido Octanóico

CH2CH3 CH2CH2C OOHH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2C Ácido Dodecanóico

4.3.3 Estudo do efeito de solvente na resolução do Ácido (±)-Citronélico e do (±)-

Citronelol

Em um erlenmeyer de 125 mL foi adicionado 0,01 mol de ácido (±)-citronélico, 0,01

mol de álcool alifático presentes na Tabela 1, 100 mg da lipase CAL-B e 25 mL dos

diferentes solventes (hexano, heptano, ciclohexano, éter de petróleo e acetonitrila) em cada

reação. O meio reacional foi colocado em uma incubadora termostatizada a 37 ºC com

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agitação orbital a 120 rpm. As reações foram acompanhadas por cromatografia em camada

delgada (ccd) utilizando como eluente hexano:acetato de etila (15:1) durante 7 dias. Os

produtos foram isolados por cromatografia em coluna utilizando-se sílica gel 60 (70 a 230

mesh), e como eluente foi empregada uma mistura de hexano:acetato de etila (15:1).

O procedimento para o (±)-citronelol foi o mesmo descrito para o ácido (±)-

citronélico, apenas utilizando os ácidos alifáticos descritos na Tabela 2 no lugar do álcool.

4.3.4 Estudo da Razão Molar para o Ácido (±)-Citronélico

Para este estudo foi escolhida a reação entre o ácido (±)-citronélico e o álcool octan-

1-ol, cujo éster formado forneceu o melhor rendimento. A concentração do ácido foi fixada

em 0,02 mol, e a concentração do álcool foi variada em 0,005; 0,01; 0,02 e 0,03 mol. Em um

erlenmeyer de 125 mL foi adicionado o ácido (±)-citronélico, o álcool, 100 mg de CAL-B e

25 mL de hexano, em cada reação. O meio reacional foi colocado em uma incubadora

termostatizada com agitação orbital a 120 rpm a 37 ºC. As reações foram acompanhadas por

cromatografia em camada delgada (ccd) utilizando como eluente hexano:acetato de etila

(15:1) durante 7 dias. Os produtos foram isolados por cromatografia em coluna utilizando-se

sílica gel 60 (70 a 230 mesh), e como eluente uma mistura de hexano:acetato de etila (15:1).

4.3.5 Estudo da razão molar para o (±)-citronelol

Para este estudo foi escolhida a reação entre (±)-citronelol e o ácido cujo éster

formado forneceu o melhor rendimento. A concentração do álcool foi fixada em 0,02 mol, e a

concentração do ácido foi variada em 0,005; 0,01; 0,02 e 0,03 mol. Em um erlenmeyer de 125

mL foi adicionado (±)-citronelol, o ácido, 100 mg de CAL-B e 25 mL de hexano, em cada

reação. As condições das reações foram às mesmas descritas para o estudo da razão molar do

ácido (±)-citronélico (item 4.3.4).

4.3.6 Estudo da variação da massa de enzima na esterificação do ácido (±)-citronélico

No estudo da variação da massa de enzima foi escolhida a reação do ácido (±)-

citronélico com o álcool que se obteve o melhor resultado e realizado a reação, onde a

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concentração do ácido e do álcool foi fixada em 0,01 mol, e a quantidade da lipase CAL-B foi

variada de 100, 200 e 300 mg. As reações foram realizadas em um erlenmeyer de 125 mL

com 25 mL de hexano, em uma incubadora termostatizada com agitação orbital a 120 rpm a

37 ºC e deixou-se reagir por 7 dias. As reações foram acompanhadas por cromatografia em

camada delgada (ccd) utilizando como eluente hexano: acetato de etila (15:1). Os produtos

foram isolados por cromatografia em coluna utilizando-se sílica gel 60 (70 a 230 mesh), e

como eluente uma mistura de hexano: acetato de etila (15:1).

4.3.7 Estudo da variação da massa de enzima na esterificação do (±)-citronelol

O mesmo procedimento do item 4.3.6 foi utilizado para o estudo da variação da massa

na reação de esterificação do (±)-citronelol com o ácido alifático, que forneceu o melhor

resultado.

4.3.8 Determinação da atividade ótica dos produtos e excessos enantioméricos

Para determinar a rotação ótica dos produtos obtidos, foram preparadas soluções em

balão volumétrico de 10 mL dos respectivos ésteres utilizando clorofórmio como solvente. As

soluções foram adicionadas a uma cela de 95,05 dm e feito a leitura em um polarímetro. A

rotação ótica observada foi anotada e a rotação ótica específica calculada pela Equação 1. A

enantiosseletividade (E) foi calculada pelas Equações 2 e 3.

(eq. 1)

Onde:

[α]Dt = rotação ótica específica;

α obs = rotação ótica observada;

l = comprimento de cela polarimétrica em decímetros;

c = concentração da solução em g/mL.

(eq. 2)

E = ln [(1− c).(1− ees)] / ln [(1− c).(1+ ees)]

α D

t= α obs

l . c

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Onde:

E = Enantiosseletividade;

c = grau de conversão da reação;

ees = excesso enantiomérico do substrato.

(eq. 3)

Onde:

c = grau de conversão da reação;

eep = excesso enantiomérico do produto;

ees = excesso enantiomérico do substrato.

4.3.9 Preparação dos Ésteres Racêmicos do Ácido (±)-Citronélico Via Catálise Ácida

Em um balão de fundo redondo de 50 mL foi adicionado 0,025 mol de ácido (±)-

citronélico e 0,025 mol dos álcool alifático presentes na Tabela 1, 0,2 mL de H2SO4 e 30 mL

de Hexano. Foi então montado um sistema de refluxo adaptado ao balão um Dean Stark e um

condensador de bolas. A mistura foi refluxada por aproximadamente 2 horas, acompanhada

pela formação de água coletada no Dean Stark. Terminada a reação, o produto bruto contido

dentro do balão foi adicionado a um funil de separação e lavado 3 a 4 vezes com solução de

NaHCO3 (saturada). Após separar as fases, foi adicionada a fase orgânica MgSO4 (anidro)

para retirar a água presente na amostra. Em seguida foi filtrada, concentrada em evaporador

rotatório e isolada por cromatografia em coluna utilizando-se sílica gel 60 (70-230 mesh), e

como eluente uma mistura de hexano: acetato de etila (15:1). Os produtos foram

caracterizados por infravermelho e utilizados como padrão de comparação na Cromatografia

Gasosa em Coluna Quiral, por que os mesmos não estão presentes na literatura.

c = ees / ees + eep

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4.3.10 Preparação dos Ésteres Racêmicos do Álcool (±)-Citronelol Via Catalise Ácida

O mesmo procedimento do ítem 4.3.9 foi utilizado para o estudo da preparação dos

ésteres por via química a partir do (±)-citronelol com ácidos alifáticos presentes na Tabela 2.

4.3.11 Análise em Cromatografia Gasosa com coluna Quiral

Os ésteres obtidos nos experimentos foram submetidos à análise cromatográfica

utilizando coluna capilar com fase sólida quiral (30m x 0,25mm x 0,25 um), BETA DEX

120. As condições estabelecidas para a obtenção dos cromatogramas foram: Temperatura do

Injetor: 250 ºC; Temperatura do forno: 150 ºC (10 min), 2 ºC/min para 200 ºC (15 min); Gás

de arraste: N2 e pressão de 50 kPa.

4.3.12 Análise em Espectrômetro de Massas

Os ésteres obtidos nos experimentos foram submetidos à análise cromatográfica em

um Cromatógrafo Varian CP-3800 acoplado ao Espectrômetro de Massas Saturn 2000. As

condições estabelecidas para os experimentos foram: Coluna CP-SI 8CB Low Bleeh (30m x

0,25 mm; 0,25 um); Gás de arraste: He com fluxo constante 1 mL. min-1; Temperatura do

Injetor: 250 ºC; Temperatura do forno: 100 ºC (5 min) 10 ºC.min-1 até 200 ºC (15min).

4.3.13 Reações de Hidrólise dos ésteres catalisados pelas lipases

Em um balão de fundo redondo de 50 mL foi adicionado os citronelatos de n-alquila

(n-butila, n-pentila, n-hexila, n-octila, n-dodecila) e os alcanoatos (butirato, pentanoato,

hexanoato, octanoato, dodecanoato) da citronila, respectivamente. Foi adicionado também 30

mL de solução de KOH alcoólico e 2 mL de H2O. Foi então montado um sistema de refluxo

adaptado a um condensador de bolas. A mistura foi refluxada por aproximadamente 4 horas.

Após refluxo a amostra foi acidificada com HCl concentrado até pH 2. Foi então feita à

extração com éter etílico e H2O, a fase orgânica foi concentrada em evaporador rotatório e

armazenada em refrigerador, para posterior determinação da rotação óptica especifica ([α]D+).

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4.3.14 Reutilização do Biocatalisador

Em um erlenmeyer de 125 mL foi adicionado 0,02 mol de álcool (±)-citronelol,

0,02 mol de ácido octanóico, 100 mg de lipase CAL-B e 25 mL de hexano. O meio reacional

foi colocado em uma incubadora termostatizada a 37 ºC e 120 rpm,. As reações foram

acompanhadas por cromatografia em camada delgada (ccd) utilizando como eluente

hexano:acetato de etila (15:1). Os produtos foram isolados por cromatografia em coluna

utilizando-se sílica gel 60 (70 a 230 mesh), e como eluente uma mistura de hexano:acetato de

etila (15:1). Os produtos foram caracterizados por técnicas espectroscópicas no

infravermelho.

A reação foi repetida utilizando o mesmo biocatalisador que foi lavado em hexano e

colocado novamente em uma incubadora durante 7 dias. Este procedimento foi realizado por

quatro vezes consecutivas.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente trabalho consistiu na resolução do ácido (±)-citronélico e do (±)-citronelol,

via catálise enzimática. É conhecido que o ácido (±)-citronélico é utilizado na síntese de

compostos mais complexos com propriedades biológicas. Sendo que vários feromônios têm

sido sintetizados a partir deste ácido. A resolução dos dois compostos nos leva a uma

pergunta: Qual o melhor caminho na preparação do ácido citronélico oticamente ativo? Fazer

a resolução do mesmo diretamente ou fazer a resolução do álcool e depois convertê-lo por

meio químico ao ácido citronélico oticamente ativo? (Esquema I).

Esquema I

Para uma melhor compreensão os resultados foram divididos e discutidos da seguinte

forma, a saber:

- Estudo da resolução do ácido (±)-citronélico via esterificação com diferentes álcoois

alifáticos catalisada pela lipase de Candida antarctica (CAL-B).

- Estudo da resolução do (±)-citronelol via esterificação com diferentes ácidos alifáticos

catalisada pela lipase de Candida antarctica (CAL-B).

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5.1 RESOLUÇÃO DO ÁCIDO (±)-CITRONÉLICO CATALISADO PELA LIPASE

CANDIDA ANTARCTICA (CAL-B)

Foram realizadas as reações de esterificação do ácido (±)-citronélico com os álcoois

alifáticos (butan-1-ol, pentan-1-ol, hexan-1-ol, octan-1-ol e dodecan-1-ol) catalisado pela

lipase de Candida antarctica (CAL-B). Os ésteres obtidos foram isolados por cromatografia e

os rendimentos podem ser observados na Tabela 3.

Tabela 3: Rendimento dos ésteres formados a partir do ácido (±)-citronélico com diferentes

álcoois catalisados pela CAL-B.

Álcool Éster obtido Conc. Molar dos

Álcoois (mol)

Rendimento (%) Rf.

Butan-1-ol Citronelato de n-

butila

0,01

0,02

11

14

0,55

0,73

Pentan-1-ol Citronelato de n-

pentila

0,01

0,02

16

39

0,31

0,62

Hexan-1-ol Citronelato de n-

hexila

0,01

0,02

40

43

0,51

0,60

Octan-1-ol Citronelato de n-

octila

0,01

0,02

50

60

0,49

0,50

Dodecan-1-ol Citronelato de n-

dodecila

0,01

0,02

45

40

0,58

0,54

(a) Condições da reação: tempo de 7 dias, 0,02 mol de ácido, solvente hexano, 37 °C;

Pela Tabela 3 pode-se observar que um aumento na cadeia do álcool de C4 a C12, tanto

para 0,01 mol quanto para 0,02 mol de álcool com 0,02 mol de ácido ocorreu um aumento no

rendimento da reação. Para álcool com até 8 carbonos o rendimento foi crescente, mostrando

um máximo na esterificação do ácido (±)-citronélico catalisado pela CAL-B, sendo que a

esterificação com álcoois com mais de 8 carbonos observa-se uma diminuição no rendimento

da reação. O comportamento da atividade catalítica da CAL-B na esterificação do ácido (±)-

citronélico com o aumento da cadeia do álcool, pode ser melhor observado na Figura 21.

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59

4 6 8 10 12

10

20

30

40

50

60

Ren

dim

ento

%

Nº de Carbonos na Cadeia de Álcool

0,01 mol 0,02 mol

Figura 21: Influência do efeito do tamanho da cadeia carbônica do álcool na formação dos

citronelatos de n-alquila [ácido] = 0,02 mol; [álcool] = 0,01 e 0,02 mol.

Segundo Miller 1988, essa lipase tem como limitação substratos com um número

superior de 15 carbonos, sendo estabelecido como sistema reacional mais adequado o sistema

octanol e ácido heptanóico. Bruno e colaboradores em 2004, também verificaram uma

limitação na reação de síntese de ésteres catalisada pela lipase de Mucor miehei imobilizada

em matriz híbrida, constituída de polissiloxano e poli (álcool vinílico), para substratos

compostos de álcoois e ácidos carboxílicos com cadeia superior a 14 carbonos.

Considerando que primeiro é formado o complexo enzima - substrato (acil-enzima)

para depois ir a produtos, deve se levar em consideração dois aspectos na formação do

complexo, o primeiro, a orientação favorável dos orbitais para efetivar a catálise e segundo, a

janela da reação na qual o substrato alcoólico deve passar para ocorrer à formação do éster.

Pelos resultados obtidos observa-se que o álcool com oito carbonos na cadeia deve

possuir a estrutura mais adequada quanto à orientação e janela de reação. Outro fator

importante é a adequação do sítio de posicionamento na formação do complexo acil-enzima e

o quanto o substrato ajusta este sítio segundo Koshland para a melhor adaptação. Este

envolvimento é refletido no resultado obtido com os ácidos de cadeia curta como o ácido

butírico e pentanóico que apresentaram baixos rendimentos.

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5.1.1 Caracterização dos citronelatos de n-alquila obtidos

Os citronelatos de n-alquila foram caracterizados por espectroscopia no infravermelho,

RMN de 1H e massa.

A Figura 22 mostra o espectro de infravermelho do citronelato de n-octila, onde pode-

se observar a banda característica da carbonila de éster em 1735 cm-1. Na região de 2856 a

3000 cm-1 observa-se a banda de deformação axial de C-H alifático. Entre 1100 a 1300 cm-1

aparecem duas vibrações de deformação axial assimétrica acoplados, que correspondem a

C-C(=O)–C e O-C-C.

Figura 22: Espectro de Infravermelho do citronelato de n-octila em filme.

A partir da análise do citronelato de n-octila pela espectroscopia de infravermelho,

Figura 22, confirmam-se as principais freqüências de absorção dos seus grupos. Para os

demais ésteres citronelatos de n-alquila os espectros foram similares, de acordo com os

valores apresentados na Tabela 4.

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Tabela 4: Valores de deformações axial e angular dos citronelatos de n-alquila em

Infravermelho.

Éster Def. Axial de C-H (1/cm)

Def. Axial de C=O (1/cm)

Def. Axial de C-C(=O)-C e O-C-C (1/cm)

Def. Angular C-H (1/cm)

Citronelato de n-butila

2958 1737 1153 a 1188 1456

Citronelato de n-pentila

2926 1735 1100 a 1150 1450

Citronelato de n-hexila

1926 1735 1151 a 1186 1454

Citronelato de n-octila

2856 1735 1153 a 1188 1458

Citronelato de n-dodecila

2924 1735 1150 a 1165 1460

As amostras de citronelatos de n-alquila, também foram caracterizadas por

espectroscopia de massas. A Figura 23 mostra a análise cromatográfica e o espectro de massa

para o citronelato de n-octila. O tempo de retenção para o citronelato de n-octila foi de 17min.

Figura 23: Espectroscopia de Massa para o citronelato de n-octila.(a) análise cromatográfica,

(b) espectro de massas por Impacto eletrônico EI.

(a)

(b)

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O espectro de massa do citronelato de n-octila apresenta as fragmentações da cadeia

lateral a partir do íon molecular 283, fornecendo o íon base em 110 e os íons de maior

intensidade m/z em 152, 94, 81, 69 e 55 cuja rota de fragmentação proposta está representada

na Figura 24.

CH3

CH3CH3

O

O

CH3

CH3CH3

CH3

O+

CH3CH3

CH3

O

CH3CH3

CH3

CH

CH3CH3 CH3CH3

CH

CH

CH3CH3

m/z 283 m/z 153 m/z 152 m/z 110

m/z 95 m/z 94 m/z 69m/z 55

CH

CH3CH3

m/z 81

+.

+.+.

+.H2C

CH3CH3

.++.

.

Figura 24: Rota de fragmentação do citronelato de n-octila associada ao espectro de massas.

A Figura 25 mostra o espectro de RMN de 1H para o citronelato de n-octila, produto

de esterificação do ácido citronélico e octan-1-ol, em CDCl3. Pode-se observar na Figura 25

um singlete observado em 7,2 ppm corresponde ao solvente clorofórmio, um triplete em 4,1

ppm que corresponde aos prótons metilênicos (-COOCH2-) ligados ao oxigênio do grupo

éster, outro singleto observado em 5,1 ppm que corresponde ao próton de =CH. Os demais

prótons estão distribuídos conforme a estrutura do éster na Figura 25. A caracterização dos

demais ésteres encontra-se na seção 5.3 deste manuscrito.

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63

Figura 25: Espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) para o citronelato de n-octila em TMS

como padrão interno.

5.1.2 Avaliação da enantiosseletividade da CAL-B para a preparação dos citronelatos de

n-alquila

Foi realizada medida de rotação óptica dos citronelatos de n-alquila obtidos e

determinados os excessos enantioméricos para os isômeros reativos e não-reativos. A lipase

CAL-B mostrou preferência pelo isômero com rotação óptica negativa (-). Para a

determinação dos excessos enantioméricos (ee) e cálculos das enantiosseletividades (E) foram

realizadas as hidrólises, via catálise básica, dos ésteres formados (Esquema II). Os resultados

obtidos podem ser observados nas Tabelas 5 e 6.

(a)

(b)

(d) (e) (f, g)

CH3CH3

CH3

O

O

(CH 2)6

CH3

(d)(d)

(b)(c)

(c)(c)

(c)

(f)

(f)(a)

(e)

(c)

(d) (d)

(g)

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64

CH3

CH3CH3

COOH

CH3

CH3CH3

COOR

+ ROH CAL-B

37 °C

+

CH3

CH3CH3

COOH

+ H2O

( )- + ( )

CH3

CH3CH3

COOH

KOH alc.

H2O

-

R = C Hn 2n 1+

onde n = 4, 5, 6, 8, 12

( )

(±)

Esquema II

Tabela 5: Avaliação da rotação ótica e excesso enantiomérico dos citronelatos de n- alquila (a).

Álcool [α] D25 Éster

(c, CHCl3) (c)

[α]D25

Ácido não reativo (c, CHCl3)

(c) ees

(b) (%)

Butan-1-ol

-1,58 (5,3) ----- ----

Pentan-1-ol -1,03 (4,1)

+3,75 (2,5) 46,9

Hexan-1-ol -0,55 (19)

+3,69 (4,5) 46,1

Octan-1-ol -0,40 (13)

+2,05 (14) 25,6

Dodecan-1-ol -1,92 (2,7)

+1,35 (11) 17,5

(a) Condições da reação: tempo de 7 dias, concentração de substratos (1:1), solvente hexano, 37 °C. (b) ees é o

excesso enantiomérico do isômero ácido não reativo. O valor de [α] D25 para o ácido citronélico é 8,0 (ACROS

2004/2005); (c) c = concentração para 100 mL de solução.

Os excessos enantioméricos determinados a partir do produto da hidrólise do éster

(ácido oticamente ativo) bem como do isômero não reativo mostram que os excessos

enantioméricos não passaram de 50%.

Nguyen e colaboradores, têm realizado a esterificação do ácido (±)-citronélico

com hexadecan-1-ol em ciclohexano catalisada pela lipase de Candida rugosa resolvendo o

ácido com baixo valor de enantiosseletividade e conversão (E=24% conv. 25%) em 6 dias de

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65

reação. Obtendo R-éster com 89,6 % de excesso enantiomérico e isômero não reativo 30,0%.

Isto demonstra uma certa dificuldade em obter o ácido citronélico opticamente ativo, onde as

lipases de Candida não têm se mostrado muito enantiosseletivas. A catálise realizada pela

lipase de CAL-B no substrato ácido (±)-citronélico, pelos baixos valores de E obtidos, sugere

que esteja ocorrendo uma competição cinética, sendo que uma modificação no sítio ativo para

adequar o ácido não esteja facilitando o melhor encaixe, e conseqüentemente a

enatiosseletividade não esteja sendo favorecida, conforme a regra de Kazlauskas (GHANEM,

2007). A baixa seletividade pode ser atribuída a estrutura do ácido, sendo este ramificado,

onde as repulsões estéreas entre os substituintes e a cavidade do sítio ativo causam uma

ruptura na tríade catalítica resultando em uma baixa seletividade na reação para este

enantiômero

Tabela 6: Avaliação da rotação ótica e dos excessos enantioméricos das reações de hidrólise

dos citronelatos de n-alquila.

Éster

[α]D25

Ácido derivado da hidrólise (c,CHCl3)

eep(a)

(%)

E

Citronelato de butila -2,2 (19) 27 ----

Citronelato de n-pentila -0,73 (43) 9,1 5,10

Citronelato de n-hexila -0,21 (19) 2,6 1,41

Citronelato de n-octila -0,40 (13) 5,0 1,40

Citronelato de n-dodecila -0,71 (15) 8,9 1,38

(a) Condições da reação: tempo de 4 horas, solvente hidróxido de potássio. (a) eep é o excesso enantiomérico do

isômero ácido reativo derivado da hidrólise básica do éster. O valor de [α] D25 para o ácido citronélico 8,0 puro

(Aldrich 2005-2006).

As amostras das hidrólises foram caracterizadas por espectroscopia no infravermelho,

a Figura 26 mostra o espectro do produto de hidrolise do citronelato de n-pentila, onde se

pode observar a banda característica de OH 3000 cm-1. Na região de 1700 cm-1 observa-se a

banda de carbonila de ácido.

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66

Figura 26: Espectro de Infravermelho da amostra do produto de hidrolise de citronelato de n-

pentila em filme.

A partir da análise do citronelato de n-pentila pela espectroscopia no infravermelho,

Figura 26, confirmam-se as principais freqüências de absorção dos seus grupos. Para os

demais ésteres citronelatos de n-alquila os espectros foram similares, de acordo com os

valores presentes na seção 5.3.

Por ser a técnica polarimétrica uma medida que depende da concentração da amostra,

pode esta apresentar uma margem de erro. Foi utilizada então a cromatografia gasosa em

coluna quiral para determinar o excesso enantiomérico dos citronelatos de n-alquila. A

amostra de citronelato de n-octila apresentou o cromatograma conforme (Figura 27).

Figura 27: Separação cromatográfica dos enantiômeros do citronelato de n-octila.

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67

O tempo de retenção para o (-)-citronelato de n-octila foi de 40 min. A Figura 27

apresenta um tempo de retenção em 39,4 e outro em 40,38 min. indicando que pode ser a

presença do outro isômero.

Para confirmação deste resultado foram preparados os ésteres racêmicos citronelatos

de n-alquila via catálise ácida. A reação está representada no Esquema III.

COOH

CH3

CH3CH3

H2SO4 / H2O

Refluxo COOR

CH3

CH3CH3

+ H2O

(±) (±)

+ ROH

Esquema III

As amostras dos ésteres obtidos via catálise ácida foram caracterizadas por

espectroscopia no infravermelho, a Figura 28 mostra o espectro do citronelato de n-octila,

onde se pode observar a banda característica de éster em 1735 cm-1.

Figura 28: Espectro de Infravermelho do citronelato de n-octila (obtido via catálise ácida) em

filme.

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A partir da análise do citronelato de n-octila pela espectroscopia de infravermelho,

Figura 28, confirmam-se as principais freqüências de absorção dos seus grupos. Para os

demais ésteres citronelatos de n-alquila os espectros foram similares, de acordo com os

valores presentes na seção 5.3.

Nas análises de Cromatografia o éster racêmico não abriu nas condições utilizadas, o

que implicou na não confirmação do resultado obtido pelo cromatograma da Figura 28.

5.1.3 Efeito de solvente na preparação dos citronelatos de n-alquila catalisada pela CAL-

B

O desempenho catalítico da lipase de Candida antarctica (CAL-B), foi avaliado na

esterificação do ácido (±)-citronélico com o octan-1-ol na formação do (-)-citronelato de n-

octila, e os resultados podem ser observados na Tabela 7.

Tabela 7: Efeito do solvente na obtenção do (-)citronelato de n-octila catalisado pela CAL-

B(a).

Solvente

Coeficiente de partição (log P)(b)

Rendimento (%) eep (%)

Acetonitrila - 0,33

24,1 6,25

Ciclohexano 3,2

40,0 11,6

Hexano 3,5

53,2 7,90

Heptano 4,0

30,0 8,75

Éter de Petróleo -

50,5 6,00

(a) Condições da reação: tempo de 7 dias, concentração de substratos (1:1), 37 °C; (b) valores de log de P obtidos na literatura (LAANE, 1987).

Segundo os resultados obtidos nas reações do efeito de solvente, foi observado um

aumento no rendimento de éster com a utilização de solvente apolar (log P > 3,0) (Figura 29).

Silva e colaboradores têm demonstrado que algumas lipases apresentam uma baixa

atividade enzimática em solventes hidrofílicos, com log P<2, moderados em solventes com

log P entre 2 e 4 e alto em solventes com log P>4. Este mesmo efeito também tem sido

observado por Monteiro e colaboradores (SILVA, 2003; MONTEIRO, 2003).

Os resultados obtidos confirmam que independente do substrato, as lipases catalisam

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69

melhor as reações na presença de solventes hidrofóbicos.

-1 0 1 2 3 40

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

Heptano

Hexano

Ciclohexano

AcetonitrilaR

endi

men

to (

%)

Log P

Figura 29: Efeito de solvente no rendimento da reação de esterificação entre o ácido citronélico e octan-1-ol catalisado pela CAL-B a 37 ºC. 5.1.4 Avaliação da razão molar na preparação do (-)-citronelato de n-octila

Nos estudos da razão molar a concentração do ácido foi fixada em 0,02 mol, e a

concentração do álcool variou em 0,005; 0,01; 0,02 e 0,03 mol (Figura 30).

0,0 0,5 1,0 1,5 2,020

30

40

50

60

70

Ren

dim

ento

(%

)

[Á lcool]/[Ácido]

Figura 30: Efeito da razão molar do álcool/ácido na preparação do (-)-citronelato de n-octila.

Observa-se na Figura 30 um aumento do rendimento da reação de esterificação com o

aumento da quantidade da razão molar, ou seja, com o aumento da concentração de álcool

adicionado ao meio. Este resultado pode ser devido à enzima formar inicialmente o complexo

acil-enzima com o ácido citronélico sendo que, aumentando a quantidade de álcool no meio

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70

aumenta a probabilidade da reação de esterificação ocorrer devido ao favorecimento do

ataque nucleofílico bem como pelo fato da enzima facilitar a proximidade do álcool pela sua

linearidade na cadeia hidrocarbônica.

5.1.5 Efeito da massa da enzima CAL-B na preparação do (-)-citronelato de n-octila

A preparação do (-)-citronelato n-octila, utilizando diferentes massas de lipase CAL-B,

foi avaliada. As massas da lipase variaram de 100 a 300 mg em 25 mL de hexano. Na Figura

31 a conversão molar do octan-1-ol em éster é demonstrada em função da massa de enzima e

rendimento obtido.

Sob determinadas condições, a velocidade de transformação do substrato em produto é

proporcional à quantidade de enzima. Desvios de linearidade podem acontecer devido a:

presença de inibidores na própria solução da enzima; presença de substâncias tóxicas;

presença de um ativador que dissocia a enzima; e limitações impostas pelo método de análise.

A fim de evitar o efeito causado por esses fatores recomenda-se utilizar nos ensaios cinéticos,

sempre que possível: enzimas com alto grau de pureza; substratos puros; e método de análise

confiável (FURIGO, 2001).

100 200 3000

10

20

30

40

50

60

70

Ren

dim

ento

(%

)

M assa de Enzim a (m g)

Figura 31: Comportamento da variação do rendimento do éster pela variação da massa de

enzima adicionada (mg).

Variando-se a massa da enzima adicionada no meio reacional, não foi observada

diferenças relevantes no rendimento da reação, mostrando que para o citronelato de n-octila a

quantidade de enzima estudada não apresenta grande influência.

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71

5.2 RESOLUÇÃO DO ÁLCOOL (±)-CITRONELOL CATALISADO PELA LIPASE

CANDIDA ANTARCTICA (CAL-B)

Foram realizadas as reações de esterificação do álcool (±)-citronelol com os ácidos

alifáticos (butanóico, hexanóico, octanóico e dodecanóico) utilizando a lipase Candida

antarctica (CAL-B) como catalisador. Os rendimentos dos ésteres obtidos podem ser

observados na Tabela 8.

Tabela 8: Rendimento dos ésteres formados a partir do (±)-citronelol com diferentes ácidos

catalisados pela CAL-B.(a)

Ácido Éster obtido Concentração do ácido (mol) Rendimento

(%)

Rf

Butírico Butirato de citronila 0,01

0,02

50

31

0,61

0,62

Hexanóico Hexanoato de citronila 0,01

0,02

65

35

0,60

0,50

Octanóico Octanoato de citronila 0,01

0,02

66

48

0,62

0,62

Dodecanóico Dodecanoato de citronila 0,01

0,02

71

75

0,65

0,65

(a) Condições da reação: tempo de 7 dias, 0,02 mol de álcool, solvente hexano, 37 °C;

Pela Tabela 8 pode-se observar que um aumento na cadeia do ácido de C4 a C12, tanto

na concentração de 0,01 mol quanto para 0,02 mol de ácido, ocorreu um aumento no

rendimento da reação. Os resultados da Tabela 8 podem ser melhores visualizados na Figura

32.

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72

4 6 8 10 1225

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

Ren

dim

ento

(%

)

Nº de Carbonos na cadeia de Ácido

0,01 mol 0,02 mol

Figura 32: Influência do efeito do tamanho da cadeia carbônica do ácido na formação dos alcanoatos de citronila [álcool] = 0,02 mol; [ácido] = 0,01 e 0,02 mol.

Para a esterificação do citronelol, primeiro é formado o complexo acil-enzima com o

ácido alifático para depois o citronelol reagir formando os alcanoatos de citronila. Diferente

da reação com o ácido citronélico que primeiro forma o complexo acil-enzima com o ácido

citronélico para depois ir a produtos. Os alcoanoatos formam o intermediário sem a presença

de ramificações, o que deve permitir pouca mudança na conformação do sítio ativo e de

posicionamento. As lipases de modo geral têm demonstrado melhor reação com ácidos de

cadeia alifática entre 10 a 18 carbonos.

Zada e colaboradores têm realizado a esterificação do lavandulol, um importante

terpeno, que possui estrutura similar a do Citronelol e têm observado também um

favorecimento no rendimento quando a cadeia do ácido é aumentada (ZADA, 2006).

Irimescu et al., utilizaram a CAL-B na resolução cinética do 2-metoxi-2-feniletanol

utilizando os ácidos pentanóico, octanóico e decanóico, entre outros e as porcentagens de

conversão para estes ficam em torno de 30%, não demonstrando grande variação com o

aumento da cadeia do ácido (IRIMESCU, 2004)

5.2.1 Caracterização dos ésteres obtidos a partir do (±)-citronelol

Os alcanoatos de citronila foram caracterizados por espectroscopia no Infravermelho,

RMN de 1H e Massas. A Figura 33 mostra o espectro do octanoato de citronila onde se pode

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observar a banda característica da carbonila de éster em 1735 cm-1. Na região de 2856 a 3000

cm-1 observa-se a banda de deformação axial de C-H alifático. Entre 1100 a 1300 cm-1

aparecem duas vibrações de deformação axial assimétrica acoplados, que correspondem a C-

C(=O)–C e O-C-C. Também é observada a deformação axial de =C-H em 3010 cm-1.

Figura 33: Espectro de Infravermelho do octanoato de citronila em filme.

A partir da análise do octanoato de citronila pela espectroscopia no infravermelho,

Figura 33 confirmam-se as principais freqüências de absorção dos seus grupos constituintes.

Para os demais ésteres os espectros foram similares, conforme Tabela 9.

Tabela 9: Valores de deformações axial e angular das amostras de alcanoatos de citronila.

Éster Def. Axial de C-H (1/cm)

Def. Axial de C=O (1/cm)

Def. Axial de C-C(=O)-C e O-C-C (1/cm)

Def. Angular C-H (1/cm)

Butirato de Citronila

2927 1737 1180 1458

Hexanoato de Citronila

1927 1737 1170 1454

Octanoato de Citronila

2926 1736 1215 a 1165 1456

Dodecanoato de Citronila

2924 1735 1150 a 1165 1460

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74

Os alcanoatos de citronila, também foram caracterizadas por espectrometria de

massas. A Figura 34 mostra a análise cromatográfica e o espectro de massas para o butirato de

citronila. O tempo de retenção para o butirato de citronila foi de 12 minutos.

Figura 34 - Espectroscopia de massa para o butirato de citronila. (a) análise cromatográfica. (b) espectro de massa.

O espectro de massa do butirato de citronila apresenta as fragmentações da cadeia

lateral a partir do íon molecular 227, fornecendo o íon pico base em 81 e os íons de maior

intensidade em m/z 138, 123, 95, 67, 55, 41 cuja rota de fragmentação proposta está

representada na Figura 35. O .+ +. +..+ +. +. +.m/z 139 m/z 123 m/z 109

m/z 95 m/z 81 m/z 69 m/z 55m/z 226

o CH2 CH CH 2CH CH CH2 C H.+ CCHm/z 67

Figura 35: Rota de fragmentação do butirato de citronila associada ao espectro de massas.

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A Figura 36 mostra o espectro de RMN de 1H para o octanoato de citronila, onde

observa-se um triplete em 4,1 ppm que corresponde aos prótons metilênicos (-CH2OOC)

ligados ao oxigênio do grupo éster. O singlete observado em 5,1 ppm corresponde ao próton

de =C-H, os demais prótons estão distribuídos conforme a estrutura do éster na Figura 36. O

singlete observado em 7,1 ppm corresponde ao solvente clorofórmio, TMS como padrão

interno.

Figura 36: Espectro de RMN de 1H (400 MHz, CDCl3) para o Octanoato de citronila em

TMS como padrão interno.

5.2.2 Avaliação da enantiosseletividade da CAL-B para a preparação dos alcanoatos de

citronila

Foi realizada medida de rotação óptica dos alcanoatos de citronila obtidos e

determinados os excessos enantioméricos para os isômeros reativos e não-reativos.

A lipase CAL-B confirmou a preferência pelo isômero com rotação óptica negativa

igual para o ácido citronélico, porém com uma enantiosseletividade bem inferior aquelas

obtidas para o ácido citronélico. A reação esta representada no Esquema IV e os resultados

podem ser observados na Tabela 10.

(b) (a)

(c)

(d)

(e)

(d)(d)

(b)(c)

(c)(c)

(c)

(f)(f)

(a)

(e)

C H 3CH 3

C H 3

O

O

(CH 2 ) 6

C H 3

(f, g)

(g)

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76

CH3

CH3CH3

OH

CH3

CH3CH3

OOCR+ RCOOH CAL-B

37 °C

+

CH3

CH3CH3

OH+ H2O

( )- + ( )

CH3

CH3CH3

OH

KOH alc.

H2O

-

R = C Hn 2n 1+

onde n = 3, 5, 7, 11

( )

(±)

Esquema IV

As amostras das hidrolises foram caracterizados por espectroscopia no infravermelho,

a Figura 37 mostra o espectro do produto de hidrólise do octanoato de n-citronila, onde se

pode observar a banda característica de ácido em 3360 a 3427 cm-1. Na região de 2924 a 2900

cm-1 observa-se a banda de deformação axial de C-H alifático. A partir da análise do

octanoato de n-citronila pela espectroscopia no infravermelho, Figura 37, confirma-se as

principais freqüências de absorção dos seus grupos. Para os demais ésteres citronelatos de n-

alquila os espectros foram similares, de acordo com os valores presentes na seção 5.3.

Figura 37: Espectro de Infravermelho do produto de hidrólise do octanoato de n-citronila em

filme.

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77

Tabela 10: Avaliação da rotação ótica e excesso enantiomérico para os alcanoatos de citronila.

Ácido

[α] D25 Éster

(c, CHCl3)(d)

[α]D25 Álcool não

reativo (c, CHCl3) (d)

eep (c)

ees (b)

E

Butírico -0,16 (13)

+0,07 (45) 3,0

1,3 1,08

Hexanóico -0,26 (12)

+0,97 (5,4) 6,4 19,0 1,31

Octanóico -0,04 (24)

+2,05 (14) 0,7

25,6 1,16

Dodecanóico

-0,02 (49) ----- 0,4 ----

(a) Condições da reação: tempo de 7 dias, concentração de substratos (1:1), solvente hexano, 37 °C. (b) ees é o

excesso enantiomérico do isômero ácido não reativo; (c) eep é o excesso enantiomérico do isômero ácido reativo

derivado da hidrólise básica do éster. [α]D25

para o citronelol 5,3 puro (Aldrich 2005-2006). (d) valor da

concentração da solução para 100 mL.

Os excessos enantioméricos determinados a partir do produto da hidrólise do éster

(álcool óticamente ativo) bem como do isômero não reativo não passaram de 30%. Neste caso

novamente a regra de Kazlauskas faz-se presente, sendo a seletividade observada muito baixa,

apesar da conversão para éster ser boa (31 a 75%). Sendo a assimetria apresentada no terceiro

carbono da cadeia do álcool, e não diretamente ao carbono ligado à hidroxila reativa, pode-se

admitir que a enantiosseletividade neste caso praticamente não é reconhecida, uma vez que o

complexo aci-enzima é formado primeiramente com o ácido alifático para depois ocorrer o

reconhecimento da lipase por um dos enantiômero. Novamente fica evidente que ocorre uma

competição cinética.

Para confirmação dos resultados obtidos foram preparados os alcanoatos de citronila

(butirato, hexanoato, octanoato e dodecanoato) via catalise ácida obtendo-se os ésteres

racêmicos cuja reação está apresentada no Esquema V.

CH3

CH3CH3

OH H2SO4 / H2O

Refluxo

CH3

CH3CH3

OOCR + H2O

(±)(±)

+ RCOOH

Esquema V

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78

As amostras dos ésteres obtidos via química foram caracterizadas por espectroscopia

no infravermelho, a Figura 38 mostra o espectro do éster do dodecanoato de citronila, onde se

pode observar a banda característica de éster em 1735.

Figura 38: Espectro via catalise ácida do dodecanoato de citronila.

A partir da análise do dodecanoato de citronila pela espectroscopia de infravermelho,

Figura 38, confirmam-se as principais freqüências de absorção dos seus grupos. Para os

demais ésteres alquilatos de n-citronila os espectros foram similares, de acordo com os

valores presentes no item 5.3.

5.2.3 Efeito de solvente na preparação dos alcanoatos de citronila catalisada pela CAL-B

O desempenho catalítico da lipase de Candida antarctica (CAL-B) em diferentes

solventes, foi avaliado na esterificação do (±)-citronelol com o ácido butírico para a formação

do (-)-butirato de citronila, e os resultados podem ser observados na Tabela 11 e Figura 39.

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79

Tabela 11: Efeito do solvente na obtenção do (-)-butirato de citronila catalisado pela CAL-

B(a).

Solvente Coeficiente de

partição (log P)(b)

Rendimento

(%)

eep

Acetonitrila -0,33 28 6,6

Ciclohexano 3,2 36 4,5

Hexano 3,5 59 12,6

Heptano 4,0 38 3,6

(a) Condições da reação: tempo de 7 dias, concentração de substratos (1:1), 37 °C.(b) valores de log P extraídos

(LAANE, 1987).

Novamente confirma-se o melhor desempenho da lipase de Candida antarctica em

solventes com log P > 3,0.

-1 0 1 2 3 40

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

Heptano

Hexano

Ciclohexano

Acetonitrila

Ren

dim

ento

(%

)

Log P

Figura 39: Efeito do solvente no rendimento da reação de esterificação entre o álcool

citronelol e ácido butírico catalisada pela CAL-B a 37 ºC.

5.2.4 Efeito da massa da enzima CAL-B na preparação dos alcanoatos de n-citronila

A preparação do (-)-butirato de citronila, utilizando diferentes massas de lipase CAL-

B, foi avaliada. As massas da lipase variaram de 100 a 300 mg em 25 mL de hexano. Na

Figura 40 a conversão molar do ácido butírico com citronelol em éster é demonstrada em

função da massa de enzima e rendimento obtido.

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80

50 100 150 200 250 3000

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

Ren

dim

ento

(%

)

Massa de enzima (mg)

Figura 40: Comportamento da variação do rendimento de éster pela variação da massa de enzima adicionada.

Observa-se na Figura 40 um aumento do rendimento da reação de esterificação com o

aumento da quantidade de enzima, ou seja, com o aumento da massa da enzima adicionado ao

meio. Este resultado pode ser devido à maior disponibilidade de enzima na presença de

reagentes, aumentando dessa forma a probabilidade da reação de esterificação acontecer,

resultando numa maior quantidade de produtos formados. Mostrando que para o alcanoatos de

citronila a quantidade de enzima influência tanto como a concentração dos reagentes, para a

formação dos produtos.

5.2.5 Avaliação da razão molar na preparação do (-)-butirato de citronila

Nos estudos da razão molar a concentração do álcool foi fixada em 0,02 mol, e a

concentração do ácido variou em 0,005; 0,01; 0,02 e 0,03 mol (Figura 41).

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,500

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

Ren

dim

ento

(%

)

[ácido]/[álcool]

Figura 41: Efeito da razão molar do ácido/álcool na preparação do (-)-butirato de citronila.

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81

A reação para a formação do éster foi limitada pela disponibilidade de álcool citronelol

no meio reacional, na menor razão molar [0,005]/[0,02] foi obtido um valor de conversão para

a formação do (-)-butirato de citronila na ordem de 60,6%. Esta conversão diminuiu com o

aumento de ácido no meio reacional. Razão molar de 0,02 e 0,03 de álcool forneceu

conversões a produtos de 30 a 38 %. Este resultado pode ser devido à enzima formar

inicialmente o complexo acil-enzima com o ácido sendo que, aumentando a quantidade de

ácido no meio diminui a concentração de álcool disponível para a reação de esterificação.

5.2.6 Avaliação da reutilização do biocatalisador

Foram realizadas quatro reações consecutivas com a mesma amostra de biocatalisador

recuperado após cada reação para observar qual seria o rendimento dos produtos nessas

reações. A Tabela 12 mostra os rendimentos das reações.

Tabela 12: Avaliação da reutilização do biocatalisador na obtenção do (-)-butirato de citronila

catalisado pela CAL-B recuperada.

Éster formado Reações

Rendimento (%)

Reação 1a 49,6 Reação 1b 48,4 Reação 1c 44,8

butirato de citronila

Reação 1d 39,7

Pode-se observar pela Tabela 12 que a enzima pode ser reutilizada em até quatro vezes

sem perda acentuada do rendimento para éster. Isso indica que o biocatalisador esta

imobilizado em um meio que permite manter sua atividade catalítica.

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82

5.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTOS

• Ácido (±)-citronelico: 1H RMN (δppm,

CDCl3/TMS) 10,8 (a, s, 1H, COOH), 5,2 (b, t, 1H,

CH), 2,4-1,8 (c, m, 6H, CH2), 1,8-1,5 (d, s, 6H,

CH3), 1,4-1,2 (e, m, 1H, CH), 1,0-0,8 (f, d, 3H,

CH3); IV (filme) 1710 cm-1 (C=O).

• (-)-citronelato de n-butila: 1H RMN (δppm,

CDCl3/TMS) 4,1 (a, t, 2H, CH2OOC), 5,1 (b, t, 1H,

CH), 2,4-1,8 (c, m, 10H, CH2), 1,8-1,5 (d, s, 6H,

CH3), 1,4-1,2 (e, m, 1H, CH), 1,0-0,8 (f, d, 3H,

CH3, g, t, 3H, CH3); IV (filme) 1737 cm-1 (C=O);

massa: íon molecular 227, fornecendo os íons

de m/z 172, 152, 110, 81.

• (-)-citronelato de n-pentila: 1H RMN (δppm,

CDCl3/TMS) 4,1 (a, t, 2H, CH2OOC) 5,1 (b, t, 1H,

CH), 2,4-1,8 (c, m, 12H, CH2), 1,8-1,5 (d, s, 6H,

CH3), 1,4-1,2 (e, m, 1H, CH), 1,0-0,8 (f, d, 6H,

CH3, g, t, 3H, CH3); IV (filme) 1735 cm-1 (C=O).

• (-)-citronelato de n-hexila: 1H RMN (δppm,

CDCl3/TMS) 4,1 (a, t, 2H, CH2OOC), 5,1 (b, t, 1H,

CH), 2,4-1,8 (c, m, 16H, CH2), 1,7-1,5 (d, s, 6H,

CH3), 1,4-1,2 (e, m, 1H, CH), 1,0-0,8 (f, d, 6H,

CH3, g, t, 3H, CH3); IV (filme) 1735 cm-1 (C=O);

(d)(d)

(b)(c)

(c) (c)

(f)

(a)(e)

C H 3CH 3

C H 3

O H

O

C H 3CH 3

C H 3

O

O

(CH 2 ) 2

C H 3

(d)(d)

(b)(c)

(c)

(f)

(e)(c)

(a)

(c)

(g)

C H 3CH 3

C H 3

O

O

(CH 2 ) 3

C H 3

(d)(d)

(b)(c)

(c)(c)

(c)

(f)

(g)(a)

(e)

C H 3CH 3

C H 3

O

O

(CH 2 ) 5

C H 3

(d)(d)

(b)(c)

(c)(c)

(c)

(f)

(g)(a)

(e)

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83

• (-)-citronelato de n-octila: 1H RMN (δppm,

CDCl3/TMS) 4,1 (a, t, 2H, CH2OOC), 5,1 (b, t,

1H, CH), 2,4-1,8 (c, m, 18H, CH2), 1,7-1,5 (d, s,

6H, CH3), 1,4-1,2 (e, m, 1H, CH), 1,0-0,8 (f, d,

6H, CH3, g, t, 3H, CH3); IV (filme) 1735 cm-1

(C=O); massa: íon molecular 282, fornecendo os

íons de m/z 172, 152, 110, 81.

• (-)-citronelato de n-dodecila: 1H RMN (δppm,

CDCl3/TMS) 4,1 (a, t, 2H, CH2OOC), 5,1 (b, t,

1H, CH), 2,4-1,8 (c, m, 26H, CH2), 1,7-1,5 (d, s,

6H, CH3), 1,4-1,2 (e, m, 1H, CH), 1,0-0,8 (f, d,

6H, CH3, g, t, 3H, CH3); IV (filme) 1735 cm-1

(C=O); massa: íon molecular 339, fornecendo

os íons de m/z 172, 152, 110, 94.

• (±)-citronelol: 1H RMN (δppm, CDCl3/TMS) 4,0 (a,

s, 1H, OH), 5,2 (b, t, 1H, CH), 2,4-1,8 (c, m, 6H,

CH2), 1,8-1,5 (d, s, 6H, CH3), 1,4-1,2 (e, m, 1H,

CH), 1,0-0,8 (f, q, 3H, CH3);

• (-)-butirato de citronila: 1H RMN (δppm,

CDCl3/TMS) 4,1 (a, t, 2H, CH2OOC), 5,1 (b, t, 1H,

CH), 2,4-1,8 (c, m, 12H, CH2), 1,7-1,5 (d, s, 6H,

CH3), 1,4-1,2 (e, m, 1H, CH), 1,0-0,8 (f, q, 3H,

CH3, g, t, 3H, CH3); IV (filme) 1737 cm-1 (C=O);

Cromat. Massa: íon molecular 228, fornecendo os

íons de m/z 151, 109, 81.

C H 3CH 3

C H 3

O H

(d)(d)

(b)(c)

(c)

(f)

(e) (c)

(a)

C H 3CH 3

C H 3

O

O

(CH 2 ) 6

C H 3

(d)(d)

(b)(c)

(c)(c)

(c)

(f)

(g)(a)

(e)

C H 3CH 3

C H 3

O

O

(CH 2 )10

C H 3

(d)(d)

(b)(c)

(c)(c)

(c)

(f)

(g)(a)

(e)

C H 3CH 3

C H 3

O

O

(CH 2 )2

C H 3

(d)(d)

(b)(c)

(c)(c)

(c)

(f)

(g)(a)

(e)

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84

• (-)-hexanoato de citronila: 1H RMN (δppm,

CDCl3/TMS) 4,1 (a, t, 2H, CH2OOC), 5,1 (b, t, 1H,

CH), 2,4-1,8 (c, m, 16H, CH2), 1,7-1,5 (d, s, 6H,

CH3), 1,4-1,2 (e, m, 1H, CH), 1,0-0,8 (f, q, 3H,

CH3, g, t, 3H, CH3); IV (filme) 1737 cm-1 (C=O);

Cromat. Massa: íon molecular 255, fornecendo

os íons de m/z 138, 110, 81

• (-)-octanoato de citronila: 1H RMN (δppm,

CDCl3/TMS) 4,1 (a, t, 2H, CH2OOC), 5,1 (b, t, 1H,

CH), 2,4-1,8 (c, m, 18H, CH2), 1,7-1,5 (d, s, 6H,

CH3), 1,4-1,2 (e, m, 1H, CH), 1,0-0,8 (f, q, 3H,

CH3, g, t, 3H, CH3); IV (filme) 1736 cm-1 (C=O);

• (-)-dodecanoato de citronila: 1H RMN (δppm,

CDCl3/TMS) 4,1 (a, t, 2H, CH2OOC), 5,1 (b, t, 1H,

CH), 2,4-1,8 (c, m, 26H, CH2), 1,7-1,5 (d, s, 6H,

CH3), 1,4-1,2 (e, m, 1H, CH), 1,0-0,8 (f, q, 3H,

CH3, g, t, 3H, CH3); IV (filme) 1735 cm-1 (C=O);

(d)(d)

(b)(c)

(c)(c)

(c)

(f)(g)

(a)

(e)

C H 3CH 3

C H 3

O

O

(CH 2 ) 5

C H 3

(d)(d)

(b)(c)

(c)(c)

(c)

(f)(g)

(a)

(e)

C H 3CH 3

C H 3

O

O

(CH 2 ) 6

C H 3

(d)(d)

(b)(c)

(c)(c)

(c)

(f)(g)

(a)

(e)

C H 3CH 3

C H 3

O

O

(CH 2 ) 10

C H 3

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6. CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos, pode-se então fazer algumas considerações finais a

respeito da lipase de Candida antarctica (CAL-B) e suas aplicações na resolução do ácido

(±)-citronélico e do (±)-citronelol.

• Um aumento na cadeia do álcool na formação dos citronelatos de n-alquila favoreceu

um aumento no rendimento da reação até 8 carbonos. Após isso ocorre uma

diminuição, mostrando um máximo na cadeia hidrocarbônica do álcool na

esterificação do ácido (±)-citronélico catalisado pela CAL-B. Para o Citronelol

observou-se que um aumento na cadeia do ácido de C4 a C12, tanto na concentração de

1:1 e 1:2 de álcool:ácido, ocorreu um aumento no rendimento da reação.

• A lipase CAL-B teve a preferência pelo isômero com rotação óptica negativa (-) na

formação do éster. Os excessos enantioméricos determinados a partir do produto da

hidrólise do éster (álcool opticamente ativo) bem como do isômero não reativo não

passaram de 50%. A CAL-B mostrou-se melhor enantiosseletiva para o ácido

citronélico.

• Com o aumento da massa da enzima adicionado ao meio, observou-se um aumento do

rendimento na reação de esterificação do ácido-(±) citronélico e do (±)-citronelol.

• Solventes com log P >3,0 favorecem a formação de ésteres.

• Um aumento da razão molar [álcool/ácido] para a esterificação do acido-(±)

citronélico favorece a formação de produtos. Para o (±)-citronelol um aumento na

razão molar [ácido/álcool] diminui a formação de éster.

• A lipase Candida antarctica (CAL) mostrou-se uma boa opção na esterificação do

(±)-citronelol e do ácido (±)-citronélico obtendo-se alcanoatos de citronila e

citronelatos de alquila com bons rendimentos, porém com baixa enantiosseletividade.

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ANEXOS

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TRABALHOS SUBMETIDOS A EVENTOS CIENTIFICOS PROVENIENTES DESSES ESTUDOS:

• MARTINI, V.Q.; MACHADO, T. M.; WISNIEWSKI Jr, A.; JESUS, P.C.; Esterificação enantiosseletiva do ácido (±)-citronélico com 1-pentanol e 1-octanol catalisado pela lipase Candida antarctica. 29º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Águas de Lindóia, SP, 2006.

• MARTINI, V.Q.; BALDI, F.; JESUS, P.C.; Resolução enzimática do (±)-citronelol

via esterificação com diferentes ácidos alifáticos. 30º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Águas de Lindóia, SP, 2007.

• MARTINI, V.Q.; MACHADO, T. M.; JESUS, P.C.; Otimização das condições de

esterificação do ácido (±)-citronélico com n-octanol catalisado pela lipase de Candida antarctica. 30º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, Águas de Lindóia, SP, 2007.

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