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Universidade propositiva em tempos de crise: por uma política de assistência técnica articuladora de novos caminhos pelo direito à cidade Purposeful University in times of crisis: for a technical assistance policy that articulates new paths for the right to the city Coordenadora: Angela Maria Gordilho Souza, PPGAU-UFBA, professora e coord.da Residência AU+E/UFBA, [email protected] Debatedor: João Marcos de Almeida Lopes, IAU-USP, professor, [email protected]

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Universidadepropositivaemtemposdecrise:porumapolíticadeassistênciatécnicaarticuladoradenovoscaminhospelodireitoàcidade

PurposefulUniversityintimesofcrisis:foratechnicalassistancepolicythatarticulatesnewpathsfortherighttothecity

Coordenadora:AngelaMariaGordilhoSouza,PPGAU-UFBA,professoraecoord.daResidênciaAU+E/UFBA,[email protected]

Debatedor:JoãoMarcosdeAlmeidaLopes,IAU-USP,professor,[email protected]

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DESENVOLVIMENTO,CRISEERESISTÊNCIA:QUAISOSCAMINHOSDOPLANEJAMENTOURBANOEREGIONAL? 2

Oestágiodeglobalizaçãoquesevivenciaconfiguraummomentodecriseseconômica,políticaesocial, que sinaliza um acentuado desmonte das políticas públicas de interesse social, em umcenário de incertezas na oferta de serviços para o bem estar coletivo, em contradição a umasociedade altamente urbanizada e de grandes contrastes sociais. No contexto brasileiro, asmudançasrecentesnogovernocentralagudizamoquadrodeinflexõesnasconquistashistóricasque vinham sendo alcançadas em prol das populações de menor renda. A situação é maisdramática nas grandes cidades, que concentrammais dametadedapopulação total dopaís, jáultrapassandoduzentosmilhõesdehabitantes,comdemandascoletivasacumuladasnoâmbitodeuma intensasegregaçãosócioespacialeexclusãourbanística.Aesseprocessoseconfrontamàspráticas seletivas de investimentos públicos, num quadro de privatização ampliada de gestãourbana corporativa e esvaziamento do planejamento pelo bem estar social. As recorrentesmanifestações coletivas apontam, entre outras questões, para um amplo descontentamento naobservância dos direitos sociais, sobressaindo o direito à cidade. Os avanços conquistados nasúltimasdécadas,consolidadosnoEstatutodaCidade,figuramnosenunciadosdosplanosdiretoresurbanos,masnãoserealizamnapráticadeconstruçãodecidadesmelhoresparatodos.Paraalémdanecessáriacrítica,éprecisoabrirnovoscaminhospropositivosdepráticascoletivasinovadorasqueviabilizemaaplicaçãodessasconquistassociaiseaampliaçãodoseureconhecimento.

Que cidadequeremos?Comopodemos interferir nesseprocesso?Que tipodeespaçosurbanosestamos produzindo e como redimensionar as necessidades? Quais as ações dos novosmovimentos sociais nesse sentido?Comopodemospotencializarmudanças?Nestemomento, opapeldauniversidadeécrucialnaavaliaçãoeproposiçãodecaminhosparaavançosnasrelaçõesentreatividadesdepesquisa,ensinoeextensão,comparticularatençãoparaassistência técnicaparticipativa,aprendendocomapráticanaformaçãoprofissionalcontinuada,deformaassociadaaserviçosdeinteressecoletivo.

Na suahistória recente, a universidadenoBrasil avançoubastante em termosde ampliaçãodeformaçãotécnica,artística,científicaeprofissional,tantonagraduação,quantonapós-graduação,consolidando uma ampla atuação em pesquisa, formação, tecnologia, qualificação avançada dediscentes e docentes em intercâmbios nacionais e internacionais, enfim posicionando-secrescentemente na comunidade científica internacional. Mais recentemente, na sua inserçãoextensionista – uma vertente da atividade acadêmica historicamente menos valorizada –, auniversidade vem também ampliando sua atuação, como demonstram as novas possibilidadesexpressas no Plano Nacional de Extensão Universitária, de 1997. A partir de então, vêm sendolançados editais de extensão, com especial atenção ao Programa de Extensão Universitária(PROEXT),criadopeloMECem2003,comoobjetivodeapoiaras instituiçõesdeensinosuperiornodesenvolvimentodeprojetosdeextensãoquecontribuamparaa implementaçãodepolíticaspúblicas,comênfasenainclusãosocial.

No passado, a extensão esteve mais frequentemente voltada para a difusão da produção deestudosepesquisas,emeventosabertosaopúblico,e,emmenorescala,paraexperimentaçõesemcampo.Aofertadeserviçossociaiseambulatoriaiscomtreinamentoprofissional,entreoutraspráticasvoltadasparaasnecessidadescoletivas,jáétradicionalnaáreadesaúde,nosespaçosdaprópriauniversidade.Emmenorescala,sãoidentificadosostrabalhosdeextensãodesenvolvidosnas comunidades e grupos sociais, voltados para aprendizagemprática em serviços diversos deinteresse social – comparáveis à trabalhosdepesquisade campo–, contudomais limitadosnasretribuiçõesfinaisparaaspopulaçõesenvolvidas.

No vasto ambiente construído das cidades brasileiras, emquemuitas comunidades autogeridassão excluídas de atributos urbanísticos de conforto e segurança, seja nas habitações, ruas,serviços, infraestruturaeequipamentos,osbenefícios coletivos sãopraticamenteempreendidos

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ou mantidos diretamente pelos moradores. Tais iniciativas ocorrem sem nenhuma assistênciatécnica,serviçoquepoderiacontribuirparaummelhorequacionamentodesoluçõesadequadas.Por outro lado, as intervenções públicas são quase sempre fragmentadas e setoriais, sem umavisão de conjunto das demandas coletivas. Diante dessa alta complexidade na urbanizaçãocrescentedopaís,emlargaescala,écruciallevarauniversidadeàscomunidades,viabilizandoumarelação mais real e aplicada entre teoria e prática, deixando, entretanto, na sua passagem,contribuições de serviços que se multipliquem em novos processos, projetos e materializaçõesportadorasdeinclusãosocial,cidadaniaemelhoriasdoslugaresnacidade.

Nas áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia, mais diretamente vinculadas ao ambienteconstruído, as práticas universitárias de assistência técnica no Brasil têm ocorrido com maisfrequência no nível da graduação, com experiências cíclicas de projetos para comunidadesdemandantesenaexperimentaçãodetecnologiasdebaixocusto.Essasatividadestêmocorridono âmbito de determinadas disciplinas ou em grupos de pesquisas ou laboratórios e, maisesporadicamente, na pós-graduação. Com a ampliação de cursos de mestrado e doutorado,voltadosparaformaçãoacadêmicastrictosensudepesquisadoresedocentes,oscursoslatosensunasuniversidadespúblicasescassearamepassaramaserabsorvidospelaextensão,prevendo-seespecialização dirigidas para tecnologias específicas ou capacitações dirigidas a empresasdemandantes,sejapormeiodeparceriasinstitucionais,sejaporremuneraçãodosinscritos.

Paraasdemandasurbanasemtela,a referidaLeiFederalNo.11.888/2008 -AssistênciaTécnicaPública e Gratuita para Habitação de Interesse Social -, traz o respaldo legal para odesenvolvimento de atividades de assistência técnica gratuita, com várias possibilidades deatuação, dentre elas a da residência profissional, vinculada às universidades. Traz também emperspectiva a necessária articulação entre universidades e gestão urbana e entre os cursos degraduaçãoepós-graduação,visandoaofortalecimentodacapacitaçãoprofissionalnessaáreadeatuaçãoeosdesdobramentosmaisefetivosnapromoçãododireitoàarquitetura,comoumdossubstratosdodireitoàcidade.

Numabreve retrospectivade iniciativasuniversitáriaspara implantaçãodeprojetosdeextensãonessa área de atuação, indicam-se, além de projetos desenvolvidos para demandas específicaslevadas por professores da graduação, algumas propostas de cursos de especialização voltadosparaoplanejamentourbanoeregional,comoforamaquelesfinanciadospelaSuperintendênciadeDesenvolvimento do Nordeste (SUDENE), no final nas décadas de 1970/80. Nos anos 1980/90,foram criados laboratórios de habitação e escritórios públicos nas faculdades de arquitetura eengenharia, visando desenvolver pesquisas, tecnologias apropriadas e assistência técnica àscomunidadesemprojetosdeautogestão,comdestaqueparaasexperiênciaspioneirasnaEscolade Arquitetura da FEBASP, no início dos anos 1980, seguida pela criação do LabHab-Unicamp,criadoem1986eextintoem1999,quedesenvolveramalémdeprojetosdeassistência técnica,sistemas construtivos econômicos e inovadores. Também se destaca como experiência deextensão universitária nacional, o Programa Universidade Solidária, implantado pelo GovernoFederal em 1996, para engajar estudantes universitários de graduação das diversas áreas emprogramas voltados para as comunidades carentes no país, viabilizando, durante o período deférias, atividadesde campono combateàpobrezaeàexclusão, comapoiodasuniversidadeseprefeituras participantes, inspirado no Projeto Rondon, implantado pelo Governo Federal nasdécadasde1970/80.

Essas iniciativas institucionaisnãoseconsolidamcomregularidade, vigorandomais comumente,noensinodearquitetura,urbanismoeengenharia,acapacitaçãoprofissionalparaasdemandasdacidadeformaledomercadoimobiliário,essasvoltadasparaaaspopulaçõesderendasmaisaltas.

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Entretanto,asdemandasedéficitsacumuladosnasperiferias,aaprendizagemdasespecificidadespara a melhoria do ambiente construído dessas áreas e a produção da habitação de interessesocialdemaiorqualidade,exigemumgrandenúmerodeprofissionaishabilitadosparaatuaçãoemprojetoplanejamentoeconstrução,depreferênciadeformaassociadaaoutrasdisciplinasafins,sobretudo voltados para assistência técnica à autogestão e a gestão pública, como meio deincrementarosdireitosasseguradospeloEstatutodaCidadeeofortalecimentodepráticasmaisinclusivas.

Atualmente, de forma crescente, ainda que voluntarista e semapoio de recursos permanentes,atuamnessaáreaosescritóriosdeassessoria técnica -ONGs,OSCIPse fundações -,associaçõescomunitárias para auto-gestão, escritórios públicos municipais, os escritórios modelos degraduação e projetos de extensão universitária, dentre esses, algumas iniciativas pioneiras deresidênciasprofissionaisnapós-graduação.

Nesse contexto, faz-se necessário rediscutir os avanços e retrocessos da reforma urbana nessaúltimadécada,abrindonovoscaminhosparaumapolíticadeassistênciatécnicaparticipativapelodireito à cidade. Como a Lei Federal de Assistência Técnica no. 11.888/2008 pode serregulamentada para novos avanços na sua consolidação como política pública? Como asinstituições profissionais – CAU, CREA etc. – podem contribuir no oferecimento de assistênciatécnica.

Associando-se a essa expectativa, a questão central trazida para o debate nesta proposta deSessãoLivreécomoviabilizarnauniversidadeumapolítica institucionalpropositivadeformaçãocontinuada voltada para essas demandas. Serão apresentadas experiências inovadoras dearticulação entre atividades de ensino, pesquisa e extensão, empreendidas tanto nos níveis dagraduação quanto da pós-graduação, tendo como desafio a sua continuidade, ampliação econsolidaçãocomopolíticapúblicade interessesocial, talqualconquistadanaáreamédicaedesaúde,nasquaisasuniversidadesdetêmumpapelcrucialparaoseufuncionamento.

PalavrasChave:universidade;extensão;assistênciatécnica;projetossociais

RESIDÊNCIA AU+E/UFBA COMO PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA EMHABITAÇÃOEDIRETOÀCIDADE

AngelaM.GordilhoSouza,EduardoTeixeiradeCarvalho(FAUFBA)

A Residência Profissional em Arquitetura, Urbanismo e Engenharia foi implantada de formapioneiraem2011pelaUniversidadeFederaldaBahia,naFaculdadedeArquitetura,emparceriacomaEscolaPolitécnicadessauniversidade,comopós-graduaçãolatosensu,inspiradanapolíticaconsolidadadaáreamédica.ConstituiumaespecializaçãoemAssistênciaTécnicaparaHabitaçãoeDireito à Cidade, pondo em prática a Lei Federal 11.888/2008 – Assistência Técnica Pública eGratuita para Habitação de Interesse Social –, em resposta às amplas demandas urbanas.Integrandoatividadesdeensino,pesquisaeextensão,aResidênciaAU+E/UFBA,cadaediçãotemduraçãode14a16meses,compreendendocursopreparatório(4meses),assistênciatécnicaemcomunidade(8a10meses)eprojetofinal (2meses).Essasatividadessãodesenvolvidasemumturnodiário,numtotalde1368horas, comofertade25vagaspara recém-formadosegestorespúblicos.Agoranasua3ª.Edição,comnucleaçõescolaborativasemoutrasuniversidades,cumpreosrequisitosparaserviabilizadacomoprogramapermanentenoâmbitodapós-graduação.Visacapacitarprofissionaisecidadãosnaelaboraçãodeprojetosparticipativosdemelhoriadamoradia

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e inclusão urbana, atuando em projetos de interesse coletivo, como instrumento depotencializaçãodeinvestimentospúblicosnessaáreadeatuaçãoeafins.Ampliam-seassim,paraalém da inovação propositiva e projetual, novas possibilidades acadêmicas de política de pós-graduação em prol da formação continuada, multidisciplinar e inserção social da universidade,comperspectivasdeexpansãoemredenacional,portantoemgrandeescala,contribuindoassim,paraaconquistadecidadesmelhoresemaisjustas.

PROGRAMA DE RESIDÊNCIA EM ARQUITETURA E URBANISMO 2015/2016:PLANEJAMENTOEGESTÃOURBANA

MariaLuciaReffinettiRodriguesMartins(FAUUSP),CarolinaHeldtD'Almeida(SMDU-PMSP)

OProgramadeResidênciaemArquiteturaeUrbanismo:PlanejamentoeGestãoUrbana,projetonoâmbitodaextensão,visaoaprofundamentodoconhecimentoespecializadoedaatuaçãosocialdoarquiteto-urbanistaatravésdeumconjuntodeatividadespráticaseteóricasacademicamentesupervisionadas, nos moldes da Residência em Áreas de Saúde. Consiste em educação emtrabalho, com um ano de duração, posterior ao curso de graduação. Permitirá ao jovemprofissional atuar em atividades de desenvolvimento de políticas públicas de intervenção narealidadesocioespacialdascidadesbrasileirasapartirdoeixodehabilitaçãoemplanejamentoegestão pública. Tem como objetivos melhor qualificar arquitetos urbanistas por meio de umvínculo mais próximo da prática, em suas dimensões projetuais, econômicas e administrativas,masaindanumespaçomaisgenerosoeindependente,porestarinseridonaacademia.Dopontode vista do interesse para sociedade o programa contribui formando profissionais maisqualificados e com a produção de trabalhos finais que serão contribuições objetivas para aformulaçãoegestãodepolíticasurbanas.OPrograma,emsuaprimeiraversão,emparceriacomaSecretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de São Paulo, consistiu naparticipaçãoemperíodointegral,duranteumano,ematividadesacadêmicasetrabalhopráticonoapoio à produção de Planos Regionais para as subprefeituras, de acordo com o Plano Diretor.Buscou assim, fomentar o diálogomultiescalar, entre o Plano, a Política Pública, a intervençãofísicaeagestãolocaldoequipamentoouserviço.

PESQUISA SÓCIO-ESPACIAL NA PERIFERIA: INTERNACIONALIZAÇÃO OU INSERÇÃOSOCIAL?

SilkeKapp(EA/UFMG)

Ainternacionalizaçãotemsidoumdosprincipaiscritériosdelegitimaçãodosempreendimentosdepesquisa em todas as áreas do conhecimento e todas as partes do mundo. Ela representaprestígio, acesso a recursos e às vezes até avanços reais. Contudo, háumageografia da ciênciainternacionalizadaquedefineposiçõescentraiseperiféricasedeterminaemgrandemedidaotipodeconhecimentoproduzidoesuaspossibilidadesconcretasdeusosocialemcadacontexto.Hoje,a ciência na periferia deixou de ser marginal, dependente ou ‘atrasada’, mas sua participaçãointernacionalsefazaopreçodeumanovaformadesubordinação.Elatendeaseencarregardotrabalhodedetalhese recheioempíricodeumaagenda (temas,aparatos conceituais,métodos,objetivos políticos) definida por instituições centrais, produzindo "conhecimento aplicável nãoaplicado", segundo Pablo Kreimer (2009). Quais são as implicações específicas disso para aspesquisas sócio espaciais, isto é, para pesquisas acerca das relações entre espaço e sociedade,

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cujos objetos empíricos e usos sociais dependem, necessariamente e por razões óbvias, docontextoemquesãofeitas?Ahipóteseadiscutirédeque,nessasáreas,umainserçãosocialemescalarelevante,nosentidoaquevisamoscomprogramaseprojetosderesidênciaeassessoriatécnica, pressupõe uma crítica radical de vieses cognitivos e operacionais que ainternacionalização produz ou pelo menos reforça. Isso não significaria uma retirada dasdiscussões internacionais,mas,bemaocontrário,uma interlocuçãonãosubordinada,pautadaapartirdaprópriaperiferia.

POR UMA POLÍTICA DE INTERVENÇÃO PÚBLICA UNIVERSITÁRIA NO CONTEXTO DAPRODUÇÃODOAMBIENTEHABITADO

JoãoMarcosdeAlmeidaLopes,AkemiIno(IAU-USP/GrupoHABIS)

ParecepertinenteafirmarqueocontextouniversitáriodeformaçãodearquitetoseurbanistasnoBrasil é historicamente atravessado por uma elevada expectativa de atuação concreta querecorrentemente procura transcender o âmbito privado, pretendendo protagonizar ações dealcancepúblico–issojádesdeagraduação,passandopelapós-graduaçãoechegandoàextensão.Sedevidoaoprópriocaráterdoofício,noexercíciodesuaprerrogativadeeminêncianocampodeintervenção no ambiente construído, se resultado de uma tradição do ensino no país, não nosimporta aqui. Verdade é que diversas iniciativas foram e vêm sendo promovidas, tanto nocontextodapráticacurricular–oupara-curricular (aexperiênciadosLaboratóriosdeHabitação,por exemplo) – como no âmbito da pós-graduação ou formação complementar (notadamenteaquelas proposiçõesqueenvolvemo ensaiopráticodeperscrutações teóricas ou as residênciasprofissionais)edaextensão(comoosEscritóriosModelo-EMAUs,iniciativaautônomadealunosdegraduação,ouosprojetosdeassistênciatécnicauniversitária).Noentanto,cabeproblematizaralguns aspectos dessa aparente vocação: a desarticulação entre essas iniciativas, seudescolamentodosconteúdosdisciplinarestradicionais,aauraassistencialistaouvoluntaristaqueanuvia tais ações, o total descompasso entre os tempos da pesquisa (emesmo da extensão) eaqueles das incertezas cotidianas do embate público etc. Revisitando experiências doGrupo dePesquisa em Habitação e Sustentabilidade – HABIS, do IAUUSP – o qual coordenamos –,pretendemoscomporelementosparaodebatedaquiloqueacreditamosnecessáriodiscutirparaatravessar aporias e estabelecer uma verdadeira política de intervenção universitária nasdinâmicasdeproduçãodacidade.