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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO Lívia Veroni Miranda Custódio CENTRO DE VIVÊNCIA ESTUDANTIL PARA A CIDADE DE SÃO PAULO: UMA PROPOSTA PARA O ACOLHIMENTO HABITACIONAL DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO DE BAIXA RENDA SÃO PAULO 2014

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

Lívia Veroni Miranda Custódio

CENTRO DE VIVÊNCIA ESTUDANTIL PARA A CIDADE DE SÃO PAULO:

UMA PROPOSTA PARA O ACOLHIMENTO HABITACIONAL DO

ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO DE BAIXA RENDA

SÃO PAULO

2014

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Lívia Veroni Miranda Custódio

CENTRO DE VIVÊNCIA ESTUDANTIL PARA A CIDADE DE SÃO PAULO:

UMA PROPOSTA PARA O ACOLHIMENTO HABITACIONAL DO

ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO DE BAIXA RENDA

Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana

Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do

título de Arquiteta Urbanista, sob a Orientação da Profa.

Dra. Ana Gabriela Godinho Lima

São Paulo - SP

Maio - 2014

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Agradecimentos:

Aos meus pais e irmã que, com muito carinho e apoio,

não mediram esforços para que eu concluísse esta difícil

etapa.

Às grandes amigas que fiz na faculdade pelo constante

apoio e incentivo durante esses cinco anos.

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................... 5

2. INTRODUÇÃO TEÓRICA .............................................................................................................................. 8

3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS. .................................................................................................................. 18

3.1. MORADIA ESTUDANTIL DA UNICAMP ................................................................................................. 18

3.2. CONJUNTO RESIDENCIAL DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (CRUSP) ................................ 23

4. BAKER HOUSE................................................................................................................................................. 31

4.1. O ARQUITETO ............................................................................................................................................... 31

4.2. HISTÓRIA DO PROJETO .............................................................................................................................. 34

4.3. ANÁLISE DA OBRA ...................................................................................................................................... 45

5. ATIVIDADE PROJETUAL........................................................................................................................... 47

5.1. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO. ........................................................................................... 47

6. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO - EXPERIMENTAÇÕES............................................... 51

6.1. PROJETO FINAL ............................................................................................................................................. 58

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................................... 64

8. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................ 65

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1. APRESENTAÇÃO

O principal fator que se despertou interesse ao longo do curso, é o de sempre estar

atento em adquirir conhecimentos, dos mais diversos sobre arquitetura, que sejam capazes de

atender as necessidades do século XXI, uma vez que esta é uma das exigências necessárias para

se entrar no meio profissional após a formação acadêmica.

Entre os livros lidos mais marcantes até o momento no curso, se destacam: A

Linguagem clássica da arquitetura, de John Summerson. Martins Fontes, 1999; A Concepção

Estrutural e a Arquitetura de Yopanan Rebello. Zigurate, 2003; As cidades invisíveis de Ítalo

Calvino. Companhia das letras; 2000; A cidade genérica extraído do livro “S, M, L, XL” de

Bruce Mau e Kem koolhaas. Monacelli press, 1996; Arquitetura da cidade de Aldo Rossi.

Martins Fontes, 1996; O prazer da arquitetura de Bernard Tschumi. Nesbitt, 2006; Saber ver a

arquitetura de Bruno Zevi. Martins Fontes, 2002; entre outros.

Professores e orientadores também tiveram grande importância na formação

acadêmica. Cada um foi essencial para o desenvolvimento e aprendizado de suas respectivas

atividades, a qual pode ser desfrutada uma parcela de seus conhecimentos. São eles: Profa.

Lizete Maria Rubano (projeto, 8° semestre), Prof. Lauresto Couto Esher (projeto, 3°semestre),

Prof. Bruno Ribeiro (resistência dos materiais, 5° semestre), Prof. Renato Carrieri Júnior

(sistemas construtivos, 7°semestre), Prof. Joan Villà Martinez (projeto, 5°semestre), Prof.

Eduardo Nardelli (projeto, 6°semestre), Prof. Abilio da Silva Guerra Neto (Arquitetura no Brasil,

6°semestre) e Prof. Francisco Lúcio Petracco (projeto, 9° e 10° semestre).

Dentre os trabalhos realizados até o presente momento, tiveram alguns de maior

destaque, que de fato acrescentaram positivamente à formação acadêmica. De início, no

1°semestre, teve-se que projetar um “casulo”, se tratava de um objeto feito na escala 1:1, com

uma determinada estrutura definida pelo aluno, assim como o material, que tivesse a função de

abrigar uma pessoa em seu interior. Esse trabalho foi muito significativo, visto que foi o primeiro

contato com um objeto projetual.

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Já no 2° semestre a tarefa foi de projetar um atelier, e posteriormente uma casa anexa

a ele. Foi nesse período, por meio de pesquisas e referências, que surgiu o real encantamento

pela arquitetura, na descoberta das formas, no modo de construção dos elementos, na estética

visual do projeto, nos materiais usados, e na disposição dos espaços. Tratava-se obviamente de

um trabalho em fase muito preliminar – sem estrutura, por exemplo - mas que foi o primeiro a ter

maior proximidade com arquitetura. No 6°semestre, foi projetado um complexo multifuncional,

um trabalho extremamente árduo e exaustante, mas que proporcionou grandes aprendizados,

tanto acadêmico quando gráfico.

No 7°semestre surge uma disciplina nova, chamada Interiores. O trabalho era

projetar uma loja situada dentro de um shopping em São Paulo. Foi uma experiência prazerosa,

até então completamente nova, que felizmente culminou em um ótimo resultado. Por fim, o

trabalho que proporcionou maior aprendizado e maturidade, foi na disciplina de projeto no 8º

semestre, que pela primeira vez, foi um projeto livre, no qual o aluno escolhia o terreno e o

programa a realizar. A professora Lizete Maria Rubano foi a orientadora dessa atividade, e pôde

ensinar conceitos jamais obtidos em semestres anteriores.

A princípio havia muitas dúvidas a respeito da escolha do tema de tfg. Para defini-la,

foi necessário estabelecer um foco nos assuntos de maior interesse. Percebeu-se que habitação

sempre foi um tema de atração para se estudar. Ter um lugar onde morar, para onde voltar, que o

individuo seja proprietário, é uma relação que todo ser humano busca ao longo da vida. A ideia

de fazer um centro de habitação estudantil para estudantes de baixa renda surgiu das observações

feitas, como estudante, no meio atual de convívio. Estudantes que moram afastados da região

central de SP, que se desdobram para estudar e trabalhar utilizam-se na maioria dos casos do

transporte público, que como é sabido, se encontra com inúmeras deficiências, que acabam por

dificultar ainda mais sua locomoção. Existem alguns estudantes, que também moram afastados

ou que vieram de outra cidade, mas que possuem condições de alugar um apartamento nas ruas

próximas à faculdade, no entanto são estes a minoria.

A intenção do projeto final de graduação é justamente atender ao público de baixa

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renda, a fim de proporcionar a eles espaços habitacionais e melhores condições de aprendizado,

para facilitar sua entrada no meio acadêmico e profissional, assim como proporcionar a

integração acadêmica e sócia cultural entre os estudantes.

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2. INTRODUÇÃO TEÓRICA

A pesquisa empreendida aqui desenvolveu-se no contexto do projeto de pesquisa

PRÁTICAS DE PROJETO DE ARQUITETAS, ARQUITETOS E DESIGNERS – ANÁLISE

DOS INSTRUMENTOS DE PRÁTICA PROJETUAL E POSSÍVEIS EMPREGOS, DE

FORMA DIRETA OU NÃO – NA PESQUISA ACADÊMICA STRICTO SENSU, coordenado

pela Profa. Dra. Ana Gabriela Godinho Lima e financiado pelo Fundo Mackenzie de Pesquisa -

Mackpesquisa (2013/2014).

Tendo definido o tema de estudo, se iniciaram os levantamentos bibliográficos.

Diferentes métodos de pesquisas foram utilizados. Primeiramente foi usado um site de pesquisa

chamado JSTOR (acrônimo para Journal Storage). É um sistema online que possibilita arquivar

periódicos acadêmicos. As pesquisas realizadas no site, tiveram início a partir do mês de agosto

do ano de 2013 até fevereiro de 2014. Nele encontrou-se um texto chamado: “Health activities in

colleges and universities. A discussion of the aims, organization, activies and problems or a

students health service”. Autoria de John Sudwall. Deste artigo pode-se extrair algumas citações

consideradas relevantes para estudo.

”Quando os alunos são obrigados a viver em quartos promiscuamente concedidos pelos

proprietários, cujo único interesse é o aluguel mensal, o ambiente, na maioria das vezes

é insatisfatório. A maioria dos estudantes são obrigados a viver o mais barato possível,

e normalmente pouca atenção é dada ao aluno em relação às suas condições sanitárias.

Aquecimento inadequado, ventilação insuficiente, superlotação, falta de iluminação e

de limpeza, são condições lamentáveis existentes em muitos dormitórios estudantis.”

(SUNDWALL, 1919, pág. 12)

“Regulamentos nos dormitórios:

Calor – Todos os quartos devem ter uma temperatura de aproximadamente 20° graus,

quando estiverem ocupados. Esforços também devem ser feitos a fim de manter uma

umidade necessária.

Ventilação – Medidas devem ser tomadas para que todos os quartos tenham janelas, de

modo a promover uma ventilação adequada suficiente. Os dormitórios devem ter no

mínimo uma janela para o exterior.

Luz – Instrumentos que propiciem sombra devem ser previstos.

Limpeza – Quartos devem receber cuidados diariamente, e serem limpos no mínimo

uma vez por semana. Colchões devem ser bem arejados, pelo menos uma vez por

semana, e devem ser cuidadosamente limpos e tomarem sol pelo menos uma vez por

ano, principalmente na mudança de inquilinos. Banheiros devem ser mantidos em

condições limpas. Encanamento deve ser adequado.

Equipamentos: Uma cama de solteiro por estudante é o recomendado, e se possível

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uma cama para cada quarto, a não ser que se tenham varandas. Se duas camas

estiverem em um mesmo quarto, devem ser mantidas a uma distancia de 1,5 metros.

Para cada dormitório com até dois estudantes devem ser previstos: uma mesa de

estudo, duas poltronas, penteadeiras, cômodas, closet ou guarda-roupas.” –

(SUNDWALL, John. pág. 13)

Outro meio de pesquisa foi aquele realizado em livros. Esta foi de fato a que obteve

melhores resultados, em termos de informações sobre o tema de estudo. As pesquisas feitas em

revistas (AU, SUMA, PROJETO) já não foram tão satisfatórias assim para o colhimento de

dados na monografia, no entanto, contribuiu significamente em termos de projeto, uma vez que

foi possível encontrar nelas inúmeras obras referênciais.

Por fim, foi selecionado um livro, que se trata de uma dissertação de mestrado,

extremante relacionada ao tema de estudo: “O projeto de arquitetura para moradias

universitárias: contributos para a verificação da qualidade espacial, Rafael de Oliveira Scoaris,

São Paulo, 2012”.

A tese consultada foi analisada e sintetizada a fim de utilizar e aprofundar somente os

aspectos relevantes que possam ser inseridos no tema.

O artigo trata de uma dissertação de mestrado, chamada “O projeto de arquitetura

para moradias universitárias”, escrita por Rafael de Oliveira Scoaris. Nela, Scoaris (2012) propõe

um estudo sobre a arquitetura das residências universitárias, mais precisamente sobre a questão

de como é tratado espacialmente os ambientes dessas edificações.

O autor discorre sobre três importantes tópicos. No 1° ele define o conceito de

qualidade espacial, e suas implicações no âmbito do projeto de arquitetura. Já no 2° apresenta os

requisitos necessários em um projeto de arquitetura, que contribuem para a qualificação dos

espaços nas residências universitárias. Por fim, no 3° tópico o autor descreve concretamente,

através de experiências reais, projetadas e/ou construídas, os meios pelos quais a qualidade

espacial, poderia ser aferida.

Algumas das imagens apresentadas a seguir foram aquelas apontadas pelo próprio

autor, sendo utilizadas assim as mesmas fontes.

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No primeiro argumento, a fim de estabelecer a definição de qualidade espacial em

um projeto de arquitetura, Scoaris (2012) faz uma breve retomada sobre os conceitos do

movimento modernista. Após a 1°Guerra Mundial, o território europeu encontrava-se destruído,

a carência habitacional se mostrava socialmente insustentável e economicamente prejudicada. É

nesse momento que o movimento moderno, o qual começava a se estruturar, assume a

responsabilidade pela produção industrializada e estandardizada da habitação. Como exemplo,

pode-se citar a proposta apresentada por Le Corbusier em 1925 para a cidade de Paris, chamada

Plan Voisin, que tinha como objetivo produzir uma cidade que representasse o “espírito da

época” e respondesse aos anseios do homem da nova era que se iniciava.

Figura 1 -Plan Voisin - Proposta de Le Corbusier.

A organização espacial nessa época visava apenas as funções estabelecidas pelo

programa de habitação, e a área mínima necessária para o seu desenvolvimento. A qualidade

espacial do projeto de arquitetura era atrelada somente a ideia de função.

Na década de 60, esse discurso funcionalista começa a ser questionado quanto a sua

utilidade, visto que, tais habitações não possuíam nenhum tipo de ligação com seu entorno

imediato e alargado, e sim apenas com o edifício habitacional propriamente dito. Para

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exemplificar esse ideal, o autor cita o episódio da implosão do conjunto habitacional Pruitt-Igoe

em 1972 em St. Louis, EUA. O projeto tinha como objetivo, substituir as áreas degradadas e em

processo de favelização. No entanto, após sua edificação e ocupação em 1954, notou-se um alto

índice de criminalidade e degradação nas áreas comuns dos edifícios. Este fato se deu pela

deficiência do projeto arquitetônico que visou exclusivamente os parâmetros funcionais da

construção, esquecendo-se da relação cotidiano x usuário x moradia.

Figura 2 - Conjunto habitacional Pruitt-Ioge, em St. Louis, EUA

No fim da década de 60 e início da década de 70, começa a se estruturar um novo

campo teórico, o qual se torna necessário que a habitação responda aos requisitos de ordem

simbólica e representativa, ao contrário do funcionalismo pragmático que especificava as

funções humanas básicas e lhe atribuía suporte espacial.

Numa tentativa de desestabilizar o discurso moderno, surge o arquiteto norte-

americano Robert Venturi com a publicação de seu livro, Complexidade e Contradição em

Arquitetura, publicado em 1996. O arquiteto propõe o exercício da inclusão, que conduz a uma

ampla interpretação, com elementos de dupla função, reforçando sua teoria de que mais não é

menos. Sua teoria é afirmada pelos princípios da semiótica, pelo valor poético que a

ambiguidade atinge, e por meio do significado da arquitetura pautada na história da disciplina.

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Segundo a autora Silvana Barbosa Rubino, em seu artigo “Quando o pós

modernismo era uma provocação” (2003), Venturi, com seu Complexidade e contradição em

arquitetura, chegou como representante de uma nova geração, para somar em um debate que

vinha amadurecendo. O livro argumentava que a complexidade da vida contemporânea não

admitia projetos simplificados e que os arquitetos precisavam voltar-se para projetos

multifuncionais.

De acordo com Rubino (2003), o centro de seu argumento, era baseado na afirmação

de que a arquitetura deveria transmitir significado. Em relação a esse aspecto, seus exemplos de

arquitetura expressiva vinham em sua maioria da Itália entre 1400 e 1750, estendidos à França e

Inglaterra do século XVIII, cercado pelos primeiros projetos de Le Corbusier, outros do nórdico

Alvar Aalto, além de Kahn.

Para o autor Roberto Ghione, em “Contrariedade e complicação” (2013), Robert

Venturi, assumiu em seu livro, Complexidade e contradição em arquitetura, uma crítica ao

idealismo purista do Movimento Moderno e reivindicava o complexo e contraditório leque de

circunstâncias que determina a decisão de um projeto de arquitetura no contexto da cultura de

massas, do surgimento das megacidades e das demandas programáticas. Venturi clamava pelo

“mais não é menos”, em forma de manifesto, em oposição ao “menos é mais”, em aberta

confrontação contra os cânones que regiam, naquele momento, a produção da arquitetura e da

cidade, promovendo a pluralidade funcional e a ambiguidade de significados.

Essa “nova maneira de fazer arquitetura” produzida por um grupo de arquitetos que

compartilhavam dos mesmos ideais trouxe grandes avanços no que diz respeito à resolução de

problemas até então presentes na arquitetura. Um nome de grande destaque dessa época é o

arquiteto português Álvaro Siza.

Siza realiza um projeto habitacional no bairro Quinta da Malagueira, em Évora, cuja

maior preocupação foi a inserção do novo bairro entre duas comunidade já existentes, a fim de

manter uma relação entre eles. Nota-se que o projeto possui caráter personalizado para cada

morador, visto que as habitações foram pensadas de forma que pudessem ser ampliadas na

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medida em que o proprietário julgasse necessário.

Figura 3 - Habitação do bairro Quinta da Malangueira. Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-49523/classicos-

da-arquitetura-quinta-da-malagueira-alvaro-siza

Foi um projeto que o arquiteto estabeleceu um processo de projeto conjunto com a

comunidade local, que é a parte que vai usufruir do empreendimento, por isso a mais interessada.

Analisando todos esses diferentes aspectos, Scoaris (2012) define o conceito de qualidade

espacial como sendo: “a resposta positiva a um conjunto de solicitações programáticas, de ordem

simbólica, comportamental ou relacionadas à função prática”.

O próximo tópico importante abordado pelo autor, trata dos requisitos necessários em

um projeto de arquitetura, que contribuem para a qualificação dos espaços nas residências

universitárias. Esse tópico encontra-se atrelado ao terceiro, já que para um melhor entendimento,

o autor acrescenta a cada item, uma experiência concreta de projeto que exemplifique sua idéia.

Nessa etapa o texto se divide em quatro eixos de análises, sendo estes:

- Caráter Institucional: aborda os aspectos de projeto de arquitetura que concorrem para a

percepção institucionalizada dos edifícios residências estudantis. Uma das principais

características dessas residências é a falta de vinculo que o morador tem com o ambiente

ocupado. A ideia de casa como manifestação do habitar, demanda características que

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proporcionam o reconhecimento e significado do espaço habitado. No projeto Hassayampa

Academic Village na Universidade Estadual do Arizona, EUA, os arquitetos procuraram deixar

as áreas comuns com características semelhantes àquelas encontradas em habitações não

institucionais, através do uso do mobiliário e das cores contrastantes.

Figura 4 - Hassayampa Academic Village – Sala de convívio. Fonte: http://www.architecture-

page.com/go/projects/hassayampa-academic-village-phase-1__all

Outro fator que determina o caráter institucional ou não do projeto, são as formas de

acesso e circulações das moradias. Nesse aspecto, o autor pôde analisar que os edifícios em que a

matriz modernista era evidenciada enquanto forma arquitetônica (edifícios lâminas, com

extensos corredores cercados por dormitórios em ambos os lados) foram aqueles que

apresentaram uma série de características físicas consideradas negativas do ponto de vista de

qualificação especial.

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Figura 5 - Alojamento Estudantil da UnB – Planta.

- Potencial de Sociabilidade: Mostra que as configurações espaciais modernistas, novamente

figuram entre as mais penalizadas. Sua conformação física gera ambientes de lazer e encontro

pré-determinados pelo projeto, e não pela ausência de espaços para que a tal interatividade

pudesse ocorrer de maneira espontânea, como de fato acontece na prática cotidiana dos

moradores.

A residência Universitária da Universidade do Alveiro (UA), Brasil, apresenta um

partido projetual com essa intenção. Os dois edifícios que compõem o complexo conformam em

um pátio central.

Figura 6 - Residência Universitária da UA – Pátio central. Fonte:

https://www.ua.pt/sas/PageText.aspx?id=15723&ref=ID0EJCA/ID0EEJCA/ID0EGEJCA

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Segundo o autor, os espaços comuns das residências universitárias,

preferencialmente aqueles que se encontram entre o acesso ao edifício e o interior do dormitório,

podem ter seu uso potencializado por estratégias projetuais no sentido de criar ou conformar tais

espaços como pontos “acidentais” de convívio. Pode-se observar tal acontecimento no projeto da

residência estudantil Barry Street, em Melbourne, Austrália. O hall de acesso do edifício foi

transformado em um dos principais pontos de encontro. Isso ocorreu devido à transformação de

uma mureta localizada próxima à porta de elevador, cuja função inicial era delimitar o percurso

até o elevador, em um grande banco vermelho.

Figura 7 - Barry Sreet – Hall de acesso.

- Suporte Funcional: Este item tem como função discutir o suporte funcional concedido a

algumas solicitações de uso consideradas fundamentais a todos os estudantes universitários.

Segundo Scoaris (2012), o mobiliário, á área de projeto assim como o programa de cada moradia

podem ser sensivelmente diferentes, variando em função da localização, das mensalidades

cobradas e também do perfil dos estudantes alojados.

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- Espaços envolventes: O 4º e último eixo de análise, trata da importância dos arredores nas

edificações como vetores no processo de qualificação espacial. Lugares frequentados a qualquer

horário do dia, onde tenha intenso fluxo de pessoas transitando nos espaços externos aos

edifícios ou pelas ruas próximas, são considerados mais seguros e agradáveis. E uma maneira de

potencializar a utilização das ruas, é locar nas proximidades do alojamento universitário, lojas,

bares ou restaurantes em decorrência de sua atividade noturna.

Em síntese, os três tópicos aqui apresentados sugerem uma estruturação das

informações coletadas e apresentadas pelo autor, que dessa forma apresentou ao longo do texto

um vasto panorama do projeto de arquitetura para moradias universitárias, de modo que se pôde

verificar não apenas a qualidade espacial, mas questionar também a qualidade construtiva ou a

qualidade do sistema de gestão.

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3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS.

Como referências para o projeto, foram selecionadas e analisadas algumas das

seguintes habitações estudantis:

3.1. MORADIA ESTUDANTIL DA UNICAMP

Local: Campinas, SP – 1989-1991

Arquiteto: Joan Villà

Construído entre 1989 e 1991, o projeto situa-se em Barão Geraldo, distrito da

Grande Campinas onde se encontra a Universidade de Campinas, Unicamp. O conjunto com 253

unidades habitacionais oferece moradia para aproximadamente 1.000 estudantes de graduação e

pós-graduação da Universidade. É formado por unidades autônomas de 63m², organizadas em

grupos de três, formando alas a cada 27 moradias. As unidades são interligadas por jardins

internos e cada ala possui sala de estudos e centro de convivência.

Figura 8 - Implantação e amostra de casas. Foto retirada do artigo: Aplicação da avaliação pós-ocupação: moradia

dos estudantes da Unicamp. Pág. 21

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Figura 9 – Implantação de uma Asa. Foto retirada do artigo: Aplicação da avaliação pós-ocupação: moradia dos

estudantes da Unicamp. Pág. 21

A moradia estudantil foi construída em um terreno com leve inclinação e grandes

possibilidades ambientais. De acordo com Montaner (1992), durante o desenvolvimento do

projeto, o arquiteto contou com a participação dos estudantes da Unicamp, que no início dos

anos 80, haviam ocupado a Universidade a fim de reforçar seus protestos. Villà pôde desta

forma, satisfazer os desejos dos estudantes que ali iriam habitar, e impor seus anseios em criar

uma comunidade ao ar livre.

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Figura 10 - Detalhe de uma célula. Foto retirada do artigo: Aplicação da avaliação pós-ocupação: moradia dos

estudantes da Unicamp. Pag.22

De acordo com Souza (1993), as casas apresentam-se em unidades térreas e

sobrados. Casas “padrão”, com 64m², constituem-se de sala, quarto e cozinha. Casas “Studio”,

representando 10% (dez por cento) do total, constituem-se apenas de sala e cozinha em seus

48m². (Figura 11)

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Figura 11 – Casa Stúdio. Foto retirada do artigo: Aplicação da avaliação pós-ocupação: moradia dos estudantes da

Unicamp. Pág. 22

Figura 12 – Casa Padrão. Foto retirada do artigo: Aplicação da avaliação pós-ocupação: moradia dos estudantes da

Unicamp. Pág 23.

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O sistema modular e escalonado do projeto permitiu a criação de pequenos pátios,

que por sua vez, são compartilhados por residências de dois e/ou três cômodos, que abrigam de

duas a quatro pessoas (Figuras 9 e 12).

Essa solução adotada na implantação do projeto, organizou o espaço de modo que ele

originou grandes parques, ruas para os pedestres, pequenos espaços arborizados destinados aos

estudantes para estudar ou comer, terraços em cada unidade e pátios comunitários.

A solução construtiva adotada no projeto baseia-se no uso de painéis estruturais pré-

moldados in loco de tijolos cerâmicos, mas conhecido como tijolo baiano. Tal sistema permite

grande rapidez de execução e redução de custos.

Segundo Souza (1993), a inovação da obra se dá também no resultado formal final

do conjunto, resultante de uma implantação urbana diferenciada e da linguagem arquitetônica

das casas. Assim como para Montaner (1992), a qualidade do novo sistema construtivo modular

une-se à qualidade do espaço aberto, e da composição modular escalonada, que mesmo sendo

uma arquitetura moderna, recorda a harmonia do renascimento e das composições clássicas.

Em visitas de campo a obra, Souza (1993) fez um levantamento a fim de adquirir o

maior número de informações possíveis a respeito do projeto, sob o qual verificou o estado geral

de conservação das casas, o sistema construtivo, alterações construtivas e espaciais,

funcionamento das instalações, apropriação dos espaços pelos usuários, etc.

O resultado da pesquisa teve em sua maioria uma análise satisfatória dos itens

citados acima. Percebeu-se avaliações bastante positivas em alguns itens, mais diretamente

ligados ao projeto urbanístico e arquitetônico, como: a localização das unidades habitacionais no

conjunto, o aspecto visual da casa e do conjunto como um todo e a planta das unidades (tamanho

dos ambientes). Notou-se grande predominância de avaliações nos conceitos centrais

(“satisfatório e “pouco satisfatório”). Apenas um item foi apontado nitidamente como

desfavorável, foi ele o conforto acústico, que apresentou conceito final “ruim”.

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Como pontos positivos de inovação do projeto, destacaram-se a implantação

urbanística, o dimensionamento dos espaços das casas, a tipologia construtiva e a linguagem

arquitetônica. Segundo o autor, tais fatores contribuem decisivamente para a nítida diferenciação

que esta obra apresenta em relação à grande maioria dos conjuntos habitacionais brasileiros.

3.2. CONJUNTO RESIDENCIAL DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (CRUSP)

Local: São Paulo, SP

Arquiteto: Eduardo Kneese de Mello, Joel Ramalho Jr., Sidney de Oliveira, arquitetos –

1961.

As considerações a seguir foram feitas a partir da análise da seguinte tese: Pré -

fabricação no conjunto residencial da universidade de São Paulo (CRUSP). São Paulo, 1975.

Construído no ano de 1961, o CRUSP foi um dos primeiros projetos que Eduardo

realizou em parceria com esses jovens arquitetos, e talvez o mais conhecido. De acordo com

Franco e outros (1975), a proposta insere-se no ideário da arquitetura moderna. Assim como a

residência de professores projetada em 1962 por João Filgueiras Lima (Lelé), para a UnB, foi um

projeto destacado por sua inovação na utilização de elementos pré-fabricados em grande escala

no país.

Sem uma cobertura jardim, o projeto apresenta térreo livre, janelas contínuas, e uma

organização funcional. A intenção era construir um conjunto de blocos interligados por uma

passarela coberta central, que ligaria também as duas grandes avenidas, sendo que entre eles

fariam espaços verdes de uso comum, e um pequeno restaurante (Figura 13).

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Figura 13 – Implantação. Foto retirada do texto: Pré-fabricação no conjunto residencial da universidade de São

Paulo (CRUSP) pág. 5

No projeto foram concebidos doze edifícios, todos iguais (um dos motivos da escolha

da pré-fabricação, em vista da repetitividade), com capacidade para alojar de 2000 a 2500

alunos, totalizando 45.000m². Estão estes situados entre o Centro Esportivo e um Centro Social

que constava no projeto global da Cidade Universitária.

No projeto se teria acesso ao Conjunto Residencial em dois extremos (as duas

grandes avenidas), com abrigos para a espera de transporte e serviço de café, engraxate, venda de

jornais, etc. Desse modo o espaço interno ficaria totalmente reservado aos pedestres (passeio

coberto, jardins).

“Tivemos... a preocupação de ligar todos os apartamentos, entre si e ao centro social,

aos restaurantes e às escadas, por caminhos cobertos, livres de cruzamento com

veículos.” (KNEESE DE MELLO, 1975)

“Tiveram os arquitetos a preocupação de oferecer aos estudantes a possibilidade de se

locomoverem, a pé, protegidos contra o sol e a chuva e sem cruzarem com veículos, em

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toda a área do setor residencial.” (ACRÓPOLE, nº. 303 pág. 95, 1964).

O espaço entre os prédios seria destinado a áreas verdes de uso comum, comportando

um pequeno restaurante. A solução da estrutura, com os edifícios sobre pilotis liberava o térreo

como área livre sombreada destinada ao lazer e ao uso dos equipamentos esportivos, em

seguimento com os jardins entre os blocos (Figura 14).

A intenção do projeto era propiciar espaços de uso integrado, que estabelecesse uma

continuidade física e visual entre os espaços arborizados e as áreas abertas cobertas, que fossem

palcos de interações sociais.

“Aqui deveria haver bancos lugar para estar. Um jogo de voleibol, por exemplo,

caberia perfeitamente aqui, jogos pequenos, de modo que o estudante vivesse isto aqui, e os

outros seus colegas, das suas janelas, dos seus balcões, pudessem assistir tudo isso. (...). A nossa

idéia de desencontrar os prédios (...), é de criar um ambiente maior, livre aqui, uma área de

estar, de lazer, de descanso dos estudantes.” (depoimento de Eduardo Kneese de Mello. Em:

REGINO, 2006).

Os doze edifícios foram construídos com seis andares de apartamentos, em cada

pavimento foram previstos dez apartamentos, além de uma área de estar comum às dez unidades,

que reduz a quantidade de usuários e permite que, a cada pavimento, os usuários se conheçam

melhor. Estas salas, embora com possibilidade de uso coletivo, convertem-se também em

espaços de caráter mais privado dos indivíduos. Esta tipologia de planta é um recurso de projeto,

que proporciona aos estudantes maior privacidade no interior das células e controle sobre suas

relações sociais. Cada pavimento conta também com uma enfermaria, rouparia e copa.

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Figura 14: Térreo do edifício. Foto retirada do texto: Pré-fabricação no conjunto residencial da universidade de São

Paulo (CRUSP) pág. 6

Figura 15: Planta baixa pavimento tipo. Em azul a área de uso comum, em verde a célula residencial autônoma. A

linha vermelha indica o plano de contato com a área verde. Fonte: REGINO, 2006.

Cada apartamento tem capacidade em alojar três estudantes, tendo três camas e os

respectivos armários embutidos, sala de estudo, com estantes de livros, mesas e sanitários.

(Figuras 16 e 17)

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Figura 16: detalhe apartamento tipo. Foto retirada do texto: Pré-fabricação no conjunto residencial da universidade

de São Paulo (CRUSP) pág. 6

Figura 17: ampliação banheiro. Foto retirada do texto: Pré-fabricação no conjunto residencial da universidade de

São Paulo (CRUSP) pág. 7

A disposição existente nos sanitários foi projetada de forma inteligente, uma vez que,

os lavatórios, a ducha, e os assentos, se encontram separados uns dos outros, tornando possível

que três pessoas façam uso do sanitário ao mesmo tempo. (Figura 17).

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A fim de tornar o lugar mais agradável estimulando a permanência, o projeto faz o

uso de materiais mais acolhedores em sua arquitetura interna. Segundo Franco e outros (1975), a

madeira, detalhada de forma precisa, voltada à produção industrial, é empregada de forma

engenhosa, pois serve de acordo com a necessidade do indivíduo, como mobiliário e/ou divisória

entre os cômodos. (Figura 16).

A ideia de se ter um terraço compartilhado por duas unidades e o uso do vidro nas

áreas de estudo, permite a vista constante para a área verde projetada no intervalo dos blocos de

habitação. (Figuras 16 e 19).

Figura 18: dormitório para três pessoas, interior da célula. Fonte: ACRÓPOLE, 1964, pág. 99.

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Figura 19: Área de estudo e copa, interior da célula. À esquerda, vista para a área verde. Fonte: ACRÓPOLE. 1964,

pág. 99.

Cada prédio é servido por dois elevadores, que param nos patamares das escadas,

entre dois pisos, permitindo menor número de paradas do elevador por pavimento. Descendo do

elevador, a pessoa sobe ou desce para seu andar, sendo que em frente à escada localiza-se a sala

de estar. (figura 20)

Figura 20: Escada intermediária. Figura 2 – Térreo do edifício. Foto retirada do texto: Pré-fabricação no conjunto

residencial da universidade de São Paulo (CRUSP) pag. 12

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Por fim, argumenta Franco (1975), que um fator importante no projeto, se deu na

implantação dos edifícios, segundo a orientação solar. Desse modo os dormitórios e as salas de

estudos são orientados para o sol nascente, e os corredores de circulação orientam-se para a face

sudoeste com a devida proteção solar.

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4. BAKER HOUSE

4.1. O ARQUITETO

Nascido no dia 3 de Fevereiro de 1898 no sul da Bótnia Oriental, Hugo Alvar Henrik

Aalto filho de engenheiro topógrafo, se mostrou talentoso ao desenhar desde criança, relata a

autora Louna Lahti em: Alvar Aalto 1898-1976: paraíso para gente comum.

Sempre foi muito criativo, se interessava por cinema e teatro, leitura e musica.

Segundo Lahti (2005), um de seus passatempos preferidos era ler livros em voz alta com a

família.

Alvar adquiriu uma educação clássica e espírito humanista quando foi para o Liceu.

Em 1916 passou nos exames finais do Liceu apesar das suas dificuldades em literatura e

ortografia. Posteriormente foi admitido como assistente do arquiteto Salervo, que por sua vez

não apostava nas habilidades de Alvar como arquiteto. A fim de provar o contrário ao arquiteto,

após o Liceu, foi tirar o curso no Instituto Superior Técnico em Helsínquia.

Seu primeiro projeto realizado foi quando recebeu a tarefa de desenhar os planos da

remodelação de uma casa em Alajarci comprada por seu pai, conhecida como Igreja de

Muurame.

O ano de 1925 foi de muitas realizações para Aalto, conta Lahti (2005). Sua filha

nasceu e em menos de quatro anos 14 de seus 36 projetos foram realizados.

“Antes da imprensa, o povo precisava de edifícios grandes e sobretudo bonitos como

símbolos das suas ideias espirituais, para satisfazer o seu anseio de beleza. Templos,

catedrais, praças publicas, teatros e palácios contavam a História de modo mais nítido e

com mais sensibilidade do que velhos rolos de pergaminho. No mundo, existia apenas

uma arte, a arquitetura, e nela influíam harmoniosamente a pintura e a escultura em

todas as suas formas; mesmo a música era como que parte integrante da construção de

um arco abobadado de uma catedral gótica.”(Alvar Aalto. Em FRAMPTON, 2008)

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Durante a década de 30, Aalto teve seu grande momento na arquitetura finlandesa.

De acordo com Montaner (2013), mesmo que o arquiteto ainda não tivesse se consagrado de fato

com alguma obra reconhecida, ainda assim exerceu grande influência em arquitetos nomeados,

como Le Corbusier e Jörn Utzon. A fim de refinar, e desenvolver mais a fundo seus projetos,

Aalto, assim como muitos arquitetos escandinavos, buscou referências no classicismo e nos

métodos artesanais sobre uma base na modernidade, lhe conferindo um caráter progressivo e

humanista.

Em 1935, Aalto, junto de Marie Gullichsen e Nils Gustav Hahl, fundaram a empresa

de construção de móveis Artek. O principal objetivo da empresa relata Lahti (2005), era

comercializar os artigos do casal Aalto. Seu mobiliário era caracterizado pelo uso das formas

curvas e de materiais como a madeira, tecido e ferro.

Figura 21- Cadeira Paimio. Desenhada em 1931 por Aalto para o Sanatório Paimio. Fonte:

http://www.archiproducts.com/pt/produtos/31989/poltrona-de-madeira-com-bracos-41-paimio-artek.html

Segundo o autor William J. R. Curtis (2008), após o fim da 2° Guerra Mundial, Aalto

que estava com 47 anos de idade, apenas sobreviveu às condições financeiras estagnadas na

Finlândia, através de suas audaciosas viagens ao outro lado do Atlântico, onde havia sido

convidado para lecionar no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambrigde, EUA.

Nessa ocasião, recebeu a encomenda para projetar o lar estudantil para o MIT, a Casa Baker

(1947 – 1948).

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No entanto, o estilo de vida americano não agradava Aalto que o considerava

superficial. Sendo assim ele retornou em 1948 à Finlândia.

No período pós – guerra, a Finlândia rapidamente se reconstruiu e urbanizou-se, após

vilas e municípios serem destruídos durante a guerra. Curtis (2008) relata que Aalto desejava

mesclar através de duas edificações a vida humana à paisagem natural do local, dessa maneira

ele buscava combinar, e assim integrar, a arquitetura moderna com a topografia das áreas rurais.

Nas décadas de 1950 e 60, o atelier de Alto viveu um tempo febril. A produtividade

de Aalto cresceu consideravelmente, tanto na qualidade quanto na quantidade, que segundo

Aalto era a única medida para a arte. Dentre essas produções, incluem-se edifícios culturais na

Europa, casas de amigos, igrejas, projetos para universidades, edifícios residenciais, centros de

cidade e urbanísticos.

Aalto sempre buscou em seus projetos, conciliar o intelectual e o sensorial. Para

Montaner (2013), a preocupação do arquiteto com a locação do edifício, sua situação perante o

entorno, e a maneira como os diferentes volumes se relacionariam, mostrava a sintonia da

expressão do arquiteto, com muitas correções formais que grande parte da arquitetura tentou

introduzir a partir da década de 50.

Segundo Frampton (2008, p. 244):

Ao longo de toda sua vida, a tentativa de Aalto de satisfazer critérios sociais e

psicológicos distanciou-o dos funcionalistas mais dogmáticos dos anos 1920, cujas

carreiras já estavam estabelecidas quando ele projetou suas primeiras obras

significativas. Apesar de sua reação inicial às formas dinâmicas do Construtivismo

russo, Aalto sempre concentrou sua atenção na criação de ambientes que levassem o

homem a uma situação de bem-estar. Mesmo suas obras mais funcionalistas, como seu

edifício Turun - Sanomat de 1928, refletem sua perene sensibilidade à luz,

constantemente enriquecendo uma estrutura que, de outro modo, seria extremamente

dogmática e austera.

Alvar Aalto morreu em Helsínquia, no ano de 1976 . Segundo Lahti (2005), antes de

sua morte, ele recebeu a notícia de que iria ser construída uma igreja na Itália, baseada em seus

desenhos.

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Após seu falecimento, Alvar Aalto recebeu diversas homenagens. Teve seu nome

atribuído à chamada medalha Alvar Aalto, considerado um dos prêmios mais prestigiados da

arquitetura no mundo. Também estampou a nota de 50 da ultima série da moeda corrente

finlandesa, antes de sua conversão para o euro em 2002.

Em 1976, ano de sua morte, Aalto foi honrado ao ter sua imagem impressa em um

selo postal finlandês.

Figura 22 - Alvar Aalto representado no selo finlandês. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alvar_Aalto

Em 2010 foi criada a Aalto University, uma nova universidade finlandesa, originada

a partir da fusão da Helsinki University of Technology , da Escola de Economia de Helsínquia, e

da Universidade de Arte e Design de Helsínquia. A Universidade tem esse nome em homenagem

a Alvar Aalto, que foi ex-aluno da antiga Universidade de Tecnologia de Helsinki, e que também

projetou uma grande parte do campus da Universidade em Otaniemi, distrito de Espoo na

Finlândia.

4.2. HISTÓRIA DO PROJETO

As considerações a diante, foram feitas a partir da leitura e consequente análise dos

seguintes textos: Baker House at 50: renewing the commitement; Happy Aniversary, Baker

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House: Aalto´s MIT dormitory is 25 years old, de Stanley Abercrombie (1973).

Em 1946, Alvar Aalto projetou a moradia estudantil Baker House, localizada no

campus do MIT (Massachusetts Institute of Technology) em Massachusetts, EUA. Na época

Aalto era um dos professores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e foi convidado pelo

reitor da escola, William Wilson Wuster, junto de James Killian (presidente do MIT algum

tempo depois) para realizar o projeto da moradia estudantil. Outros três jovens arquitetos foram

trazidos da Finlândia para auxiliar Aalto. A construção da obra se deu três anos depois, em 1949.

Aalto enfrentou dificuldades na época em que foi convidado a projetar a moradia

estudantil. Sua primeira mulher e também parceira de trabalho estava doente na Finlândia

(falecendo em 1949); teve que atender aos requisitos de Cambridge, que julgava a flexibilidade

dos dormitórios, de acordo com o código de construção de Massachusetts, além das dificuldades

de lidar com o cliente, MIT, que exigiam por mais quartos e menos despesas.

Em 1950, a habitação estudantil recebeu o nome de Baker House, devido a uma

homenagem ao Decano de alunos do MIT, Everett Moore Baker, que morreu em um acidente de

avião naquele ano.

O dormitório tem uma forma curva, que se assemelha muito ao formato de um “S”,

como se deslizasse ao longo do lado norte do rio Charles. Tal forma não foi um mero capricho de

Aalto, muito das características desse projeto, refletem as idéias do arquiteto em relação à

estratégia formal.

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Figura 23 - Vista da Baker House por satélite. Fonte: http://histarq.wordpress.com/2012/11/20/aula-6-alvar-aalto-

ate-1976/

Figura 24 - Croqui de Aalto, mostrando a fachada sul. Fonte: http://studiointernational.com/index.php/aalto-and-

america

Aalto o fez dessa forma, pois desejava maximizar a vista do rio para todos os alunos,

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assim cada um deles teria uma vista privilegiada, já que a curva possibilitou aumentar a

densidade do edifício. Tal fato acarretou em uma variedade considerável nas tipologias dos

dormitórios, que permitiu a alguns aposentos vistas diagonais das partes altas e baixas do rio. No

entanto em um primeiro momento, durante o desenvolvimento do projeto, o MIT exigia a adição

de várias salas sem vista para o rio, com fachadas para o leste e oeste (e não para o norte, onde

cada sala teria luz do sol em pelo menos um momento do dia). A segunda demanda que ia contra

as ideais originais de Aalto foi sobre a fachada sul, que seria parcialmente revestida com grandes

treliças metálicas, ao invés de tijolos.

O programa foi dividido por Aalto em dois elementos, o comunitário e o privativo. O

primeiro abrigava os dormitórios estudantis, e foi destinado a ele a estrutura com a tal forma

sinuosa. Tal parte comunitária foi anexada às formas retangulares alojadas no eixo diagonal do

pavimento térreo.

Figura 25 – Bloco retangular contrastando com a forma em “S”. Fonte:

http://forums.filmnoirbuff.com/viewtopic.php?pid=210822

De acordo com Curtis (2008), esse contraste na geometria do projeto, entre as formas

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regulares e sinuosas, era reforçado pelo contraste entre as texturas utilizadas no edifício, em que

as coberturas horizontais flutuantes de concreto e revestidas em pedra da área de estar/jantar,

confrontam com as texturas ásperas da parede em forma curva, perfurada pelas janelas dos

cômodos.

Figura 26 - Baker House em 1950. Foto retirada do livro: “Baker House at 50: renewing the commitment.”

A construção teve inicio em 1947, e basicamente foi concluída em 1948, pelo preço de

$4500,00 por cama, mais ou menos $12,00 por metro quadrado. Foi habitada pelos alunos em

1949, e em 1950, como já dito anteriormente, recebeu o nome de Baker House.

Na abertura oficial da nova moradia, em 11 de junho de 1949, Aalto foi extremante

elogiado pelos administradores do MIT, que caracterizaram o projeto como "estimulante e pouco

convencional" que permite "um ambiente incomum para uma verdadeira vida em comunidade".

A peculiar forma de serpente não só "torna possível o maior número de quartos com orientação

ensolarada com vista para o rio Charles River", como também configura os quartos em ângulos

oblíquos, que suavizam o impacto sobre os moradores do tráfego existente ao longo da Avenida

Memorial Drive.

O uso de tijolos vermelhos como revestimento da fachada, e a sequência de divisões

sinuosas e curvas, teve uma provável influência na tradição das casas existentes em Boston,

afirma Curtis (2008). No entanto, o autor crê também que o pensamento do arquiteto por trás da

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edificação e de suas formas estava fundamentado em suas explorações do pós-guerra.

A inspiração no uso das curvas estava baseada nas formas antropomórficas e nas

formas inspiradas em fenômenos naturais, assim como na paisagem finlandesa. A fachada de

tijolos revela uma impressão de uma construção já antiga, em que os efeitos de desgaste que o

tijolo proporciona, pareciam ser previstos, desejados e bem acolhidos.

A Baker House tem capacidade para abrigar 350 pessoas, levando em conta que há

uma mudança de moradores duas vezes ao ano, significa que 17.000 estudantes já moraram por

lá. Aalto também previu no projeto um bicicletário, localizado perto da entrada.

No pavimento dos dormitórios, encontram-se algumas salas de estar, que são

ambientes que além de serem comuns a todos os estudantes, fornecem luz e ventilação natural ao

corredor. Aalto projetou três tipos diferentes de quartos individuais, devido a mudança na

geometria do edifício que a curva provoca. Os estudantes apelidaram esses dormitórios de

“caixões”, “tortas”, “sofás”, entre outros nomes, por suas formas serem tão únicas.

Figura 27 - Planta primeiro pavimento. Foto retirada do livro: “Baker House at 50: renewing the commitment.”

Dan Crews, um ex-professor de pós-graduação residente, analisa a espacialidade do

edifício de forma positiva, ele observa que "todas as atividades e eventos são, em grande parte

possível, devido à estrutura da Baker House. As grandes áreas comuns se prestam às festas e

eventos sociais; as salas de lazer, aos grupos de estudo, jogos de cartas e as conversas

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informais; e os dormitórios, à privacidade”.

Pelo fato das suítes estarem concentradas de um lado do corredor, com pequenas

salas de estar ao longo do pavimento, faz com que a Baker House se diferencie das demais

moradias estudantis da época, que eram caracterizadas por um corredor duplo com idênticos

dormitórios e banheiros comunitários em cada andar, onde não há interação entre os moradores.

Figura 28 - Estudantes na sala de estar, 1949. Foto retirada do livro: “Baker House at 50: renewing the

commitment.”

Figura 29 - Sala de estar, anos 90. Fonte: https://www.flickr.com/photos/abthomas/4583873355/

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Na ala oeste estão localizados a maioria dos dormitórios de casal, que originalmente

tinham suas divisórias de madeira. A disposição dos quartos é feita através de uma seleção anual,

em que os alunos mais quietos tendem a ir para os quartos de solteiros na ala leste, enquanto os

estudantes mais extrovertidos, vão para o oeste, onde se localizam as maiores salas de estar.

Para Abercrombie (1973), Aalto foi extremamente cuidadoso e inovador ao projetar

os móveis existentes no interior dos dormitórios, junto de sua mulher Aino. Nos quartos havia

uma cama, um armário grande para pendurar e guardar as roupas, e uma pequena cômoda. Estes

móveis ao passar dos anos foram apelidados pelos estudantes de “elefantes” - armários em

madeira com portas de correr, “girafas” – estante em madeira que ia do chão ao teto,” jacaré” -

gavetas em madeira embaixo da cama, etc.

Figura 30 - Quarto de solteiro, 1960. Fonte: http://forums.filmnoirbuff.com/viewtopic.php?pid=210822

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Figura 31 - Quarto de solteiro, 2002. Fonte: http://campics.herokuapp.com/#mit2

Figura 32 - Quarto de três pessoas, com os móveis originais, 1949. Foto retirada do livro: “Baker House at 50:

renewing the commitment.”

Todos os móveis foram feitos de madeira natural, e todos eles ainda permanecem

intactos na Baker House, com exceção das cadeiras, a qual a maioria foi trocada visto seu mau

estado de conservação.

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Figura 33 - Pavilhão de jantar, 2000. Fonte: http://perrydean.squarespace.com/pdrnews/2011/4/8/baker-house-

dormitory-article-on-archdaily.html

Todos os estudantes que já residiram na Baker House, tiveram e ainda têm muita

afeição pelo lugar, é uma conexão tão forte que alguns deles acabam voltando para visitar o

antigo “lar” e participar dos eventos lá promovidos.

Passados meio século de uso, o estado de conservação do edifício começava a

mostrar deficiências, ele não atendia mais ás exigências do código de construção. A parte

elétrica, mecânica e o sistema de canalização chegaram ao fim de sua vida útil. Portanto, em

1996, o MIT tomou a decisão de que seria necessária alguns reformas na Baker House.

A empresa responsável pela reforma realizou um estudo, de um ano de viabilidade,

que de acordo com o reitor, Dean Mitchell “foi um esforço acadêmico extremamente cuidadoso

ao olhar para as intenções originais de Aalto e conseguir separar as questões filosóficas

problemáticas envolvidas, da decisão de qual estágio deveria ser restaurado o edifício”.

Como parte da pesquisa, a empresa organizou uma série de workshops interativos,

com os principais administradores do MIT e com os moradores atuais e antigos, que, em parte,

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haviam solicitado um estudo, com os seus comentários sobre o estado do edifício. A conclusão

foi de que seria necessário não só um novo plano para substituir os principais sistemas, mas

também para restaurar os recursos primários, tais como: o pavilhão de jantar, o lobby, as salas de

estar, a inclusão de novos banheiros, reforma nas cozinhas, etc.

Todos os alunos passariam a ter em seus dormitórios, equipamentos eletrônicos,

como computadores, adequando-se ás exigências do presente momento. Na parte exterior do

edifício, foram feitos reparos nos fechamentos de tijolos dos muros, e também na fachada Norte.

Em 1970, as janelas de alumínio foram substituídas por novas janelas, projetadas com a intenção

de combinar com as unidades originais feitas em madeira.

Novos quartos foram inseridos no quarto, quinto e sexto pavimento, tais dormitórios

não tiveram a vista privilegiada para o rio como os demais.

Figura 34 - Térreo e 6° pavimento depois da reforma. Foto retirada do livro: “Baker House at 50: renewing the

commitment.”

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Instalações mecânicas também foram feitas, como a acomodação de novos ares

condicionados nas salas de uso comum, escondidos entre ripas de madeira natural, que estavam

inclusas no projeto original de Aalto. A lareira existente na sala de estar recebeu reproduções

originais do mobiliário de Aalto, assim como aproximadamente outras 1.500 peças, devido um

contrato que a MIT fez com uma empresa de madeira. O trabalho se concretizou por inteiro

apenas em 1999, totalizando um custo de um milhão de dólares.

A restauração se deu por mais ou menos dois anos, no qual todo seu processo foi

feito cuidadosamente pela MIT. Em nenhum momento o interesse foi superficial, de apenas

ajustar as necessidades aos novos padrões, mas sim de promover uma restauração de forma

inteligente, sensível e dedicada.

Por fim, o texto conclui que a Baker House, com sua forma ondulada tão única, se

tornou um marco ao longo do Rio Charles. É um dos edifícios modernos essenciais existentes na

América do Norte, e uma das duas estruturas permanentes projetadas por Aalto nos Estados

Unidos. Também é um prédio extremamente significante na história do MIT, uma vez que marca

o início de um programa de transformação, de um instituto de uma grande escola periférica, para

uma Universidade residencial.

4.3. ANÁLISE DA OBRA

Após a análise da obra foi possível concluir algumas questões consideradas

relevantes sobre a pesquisa.

O arquiteto é caracterizado pela busca da humanização das formas e de técnicas

industrializadas que rompem com a rigidez das soluções ortogonais, atribuindo a seus projetos a

relação e preocupação com o meio ambiente. Verifica-se da análise de sua obra que a maioria de

seus edifícios está intimamente ligada ao lugar que se encontra, avaliando sempre o entorno.

A relação entre arquitetura e natureza, tecnologia e o homem são bases dos conceitos

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de Aalto. Suas obras se inserem numa linha entre o funcionalismo ortodoxo e a arquitetura

vernacular, com uma visão pessoal. Rompe, portanto, com o rigor quando necessário, perdendo a

natureza estática de funcionalidade, mas respondendo a lógica e adquirindo “calor e

cordialidade”.

A obra leva a característica orgânica dos projetos de Aalto. A linha sinuosa que

define a parte frontal do campus se contrapõe à linha ondulada que distingue a frente dos quartos

voltados para o rio. A expressividade da obra também é acentuada pela escolha dos materiais.

São utilizados revestimento de tijolos refratários do corpo alto, e placas de mármore cinza do

volume baixo, onde se encontra o restaurante.

Pode-se afirmar que a Baker House se tornou a maior referência de habitação

estudantil no Mundo. Alvar Aalto, projetou um lugar para que os estudantes se sentissem em

“casa”. Aqueles que viveram na Baker House sabiam que algo de especial havia sobre a

arquitetura do lugar.

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5. ATIVIDADE PROJETUAL

5.1. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO.

O projeto está situado na região central da cidade de São Paulo, localizado próximo

de Universidades de maior prestígio acadêmico que estejam, elas mesmas, próximas entre si.

Tendo em vista tais aspectos, o terreno escolhido encontra-se no bairro Vila Buarque, localizado

parte no distrito da República, parte no distrito da consolação na região central da capital paulista

e é administrado pela Subprefeitura da Sé.

O terreno atualmente é composto por um grande Supermercado chamado Futurama, e

um estacionamento pertencente ao estabelecimento (ambos com frente para a Rua General

Jardim). Outros dois estacionamentos também foram utilizados como área projetual, um deles

com acesso pela Rua Marquês de Itu, e o outro pela rua Dr. Cesário Mota Júnior, permitindo

assim uma maior permeabilidade na quadra. Visto também a existência de duas oficias

encontradas em mau estado de conservação na Rua Amaral Gurgel, foi proposto a demolição das

mesmas, na intenção de estabelecer mais um acesso a quadra. Totalizando assim quatro acessos.

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Figura 35 – Área de inserção do projeto. Base: Google

A área do terreno está no perímetro da operação Urbana Centro. A lei estabelece

incentivos à produção imobiliária na forma da concessão de exceções à Luos-Legislação de uso e

ocupação do solo. Na área da Operação Urbana Centro também vigoram disposições específicas

que se sobrepõem às disposições do zoneamento. A utilização dos benefícios que tais disposições

facultam é livre de ônus e a aprovação dos projetos elaborados com base nelas é feita

diretamente na SEHAB ou na Subprefeitura.

As disposições específicas dão incentivos:

(i) Para o remembramento de lotes, para o uso residencial, para hotéis, para as

atividades culturais, de entretenimento e educação, não condicionadas ao pagamento

de contrapartida;

(ii) Para a conservação do imóvel de interesse histórico, fixando para esse imóvel um

montante de potencial construtivo transferível, calculado em função da área

edificada, que pode ser vendido pelo proprietário.

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(iii) Para a reconstrução ou reforma de edifícios a fim de adequá-los a novos usos.

O último item é o que melhor se adéqua as necessidades construtivas do projeto, uma

vez que será necessária a demolição de pequenas casas comerciais, encontradas em péssimo

estado de conservação, a fim de propiciar uma maior permeabilidade na quadra em que o terreno

se encontra, propondo a esses comércios novos usos que melhor se adéquam nas necessidades

atuais da região.

O terreno de estudo é caracterizado como sendo de uso privado. No projeto estão

previstos três acessos além do principal – que se dá pela Rua General Jardim- cada um deles se

dá em uma rua diferente, com a intenção de se obter um espraiamento no terreno. Sendo assim,

nota-se a necessidade da implantação de espaços públicos, como uma grande praça, por exemplo,

um espaço que seja tanto de circulação, como de permanência.

Devido a isso, será proposta uma praça, que melhor integre os usuários (estudantes

da habitação estudantil) aos frequentadores do bairro.

Em termos educacionais é possível afirmar que na região encontram-se diversas

Universidades, sendo este o principal motivo pela escolha do terreno. Outro item que se encaixa

no aspecto social, é questão do lazer e segurança. Há uma deficiência de áreas de lazer na

quadra, onde apenas uma praça chamada Rotary se destaca mais, por abrigar nela a biblioteca

Monteiro Lobato. A praça encontra-se em estado de conservação razoável, e ainda bem

frequentada pelos moradores do bairro.

Em relação a segurança, a região está comprometida durante a parte da noite,

principalmente devido a existência do Elevado Presidente Costa e Silva, popularmente conhecido

por Minhocão. Sob o viaduto formaram-se lugares ociosos, “moradias” para os sem-teto, ponto

de consumo de crack e prostituição. No entanto, durantes os finais de semana o Minhocão é

fechado para o transito de veículos, tornado-se um local de lazer, em que as pessoas andam de

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bicicleta e skate, passeiam com seus cachorros, tiram fotos, enfim, um ambiente completamente

oposto do que é durante a semana.

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6. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO - EXPERIMENTAÇÕES

Por se tratar de um edifício habitacional estudantil, chegou-se à conclusão, através de

estudos sobre o tema, de que um edifício em formato de lâmina, ou em H (com extensos

corredores e dormitórios nos extremos), foram aqueles que apresentaram mais características

físicas negativas do ponto de vista de qualificação espacial, uma vez que não propiciam nenhuma

iniciativa positiva relacionada à promoção de integração entre os estudantes.

Tendo em vista tal aspecto, a tarefa foi estudar como implantar o edifício, a fim de não deixá-lo

com tais características. Para definir qual seria a alternativa mais adequada, também foi levada

em consideração a questão da orientação solar e da permeabilidade da quadra.

EDIFÍCIO EM FORMATO DE “H”.

Primeiramente foram feitos estudos através da maquete, com o edifício em formato

de “H”.

Figura 36 - Edifícios posicionados de forma “H”

Utilizando a maquete feita no inicio do semestre – e que seria a base para os estudos

de atividade 4 – foram feitos dois blocos de papel triplex revestido de preto (para diferenciá-los

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dos edifícios do entorno), com o intuito de simular os dois edifícios habitacionais. O bloco

amarelo, feito de lego, mostra a circulação (com 03 elevadores e caixa de escada). O

posicionamento dos edifícios dessa maneira, ou seja, em forma de “H”, demonstram uma

dificuldade posterior de implantação do programa completo, uma vez que ocupa grande área do

terreno.

Figura 37 - Corredores estreitos se formaram nos lados

Foi possível analisar também que, ao dispor os blocos dessa maneira, dois corredores

estreitos se formariam ao lado dos edifícios (a maquete, por estar em escala, permite extrair

conclusões embasadas), os quais prejudicariam o fluxo e a tão desejada permeabilidade na

quadra.

Os apartamentos, por sua vez, teriam insolação para as faces leste e oeste, orientação

esta considerada boa. Porém como os resultados apresentados anteriormente foram negativos,

além do que, o partido do projeto não condizia com um edifico em H, a ideia foi descartada.

EDIFÍCIO POSICIONADO PARALELAMENTE À RUA GENERAL JARDIM.

O próximo passo foi posicionar o edifício em paralelo à Rua General Jardim. Muito

embora fosse sabido que o edifício ficaria com a forma de lâmina, a alternativa a não poderia ser

desprezada.

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Figura 38- Edifício posicionado paralelamente à Rua General Jardim

O posicionamento do edifício dessa maneira possibilitou a percepção de que haveria

um aumento de área no terreno, ou seja, houve uma menor ocupação da área livre construída –

ao contrário do posicionamento em “H” – o que possibilitaria a intensificação do fluxo de

circulação da área, tendo em vista que o edifício estaria sobre pilotis.

Outra vantagem dessa implantação é que a disposição do edifício paralelamente à

Rua General Jardim possibilitaria que todos os apartamentos tivessem insolação voltada para a

face Norte. Tal fato também representa vantagem significativa à primeira opção apresentada.

Em que pese a relativa vantajosidade apresentada em relação à disposição em

formato de “H”, continuaria presente o problema da edificação se dar em formato de lâmina, a

qual nunca foi a intenção original do projeto. Contudo, ao longo do desenvolvimento do trabalho

e dos experimentos nele desenvolvidos, verificou-se que um edifício nessa configuração não se

tornaria, necessariamente, uma lâmina convencional.

A partir da análise do modelo de lâmina convencional (figura 38) foram sendo

buscadas alterativas que permitissem o desenvolvimento da edificação em lâmina, mas não o

modelo convencional.

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Figura 39 - Modelo em 3D feito no software SketchUp

Sendo assim, o primeiro passo foi realizar um modelo em três dimensões (3D) do

edifício. Em seguida, desenhou-se por cima desse modelo. Essa solução contribuiu para que as

ideias fossem mais facilmente expressadas. O experimento visava sobressaltar alguns dos blocos

de apartamentos, criando uma dinâmica na fachada, se distanciando cada vez mais do conceito

de lâmina convencional.

Figura 40 - Desenho feito tendo como base o modelo em 3D.

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Figura 41 - Edifício Dorrego 1711, projetado por Dieguez Fridman

A partir da referencia utilizada a cima surgiu a ideia de fazer os blocos de

apartamentos modulados, com a intenção de, posteriormente, intercalar tais modulações. Para

concretizar esse experimento foram feitos módulos de massa de modelar (os quais simbolizam os

apartamentos). o que facilitou a montagem e visualização destes.

Figura 42 - Edifício feito em módulos de massa de modelar.

Tal estudo, por meio de uma análise prática, trouxe ótimas conclusões para o

trabalho, pois foi comprovada que a lâmina original havia se transformado em um bloco nada

convencional. Foram feitos também alguns desenhos a mão livre com o propósito de analisar

como ficaria o edifício por inteiro já com as novas mudanças (Figura 43).

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Para ajustar e aperfeiçoar algumas das irregularidades que o estudo feito com a

massa de modelar e o desenho continha, foi feito outro modelo em 3D do projeto (Figura 44).

Figura 43 - Desenho feito à mão livre.

Figura 44 - Modelo 3D realizado no software SketchUp .

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No novo modelo feito em três dimensões foram encaixados os módulos e também

adicionados os blocos representados em vermelho na figura 44, devido à necessidade em

aumentar a área de algumas das tipologias dos apartamentos.

Foi possível perceber por meio de tais experimentos que o posicionamento do

edifício dessa forma foi a melhor solução de se resolver a questão da implantação. O maior

receio projetual era de que ele se tornasse uma lâmina convencional, que, como já dito

anteriormente, seria prejudicial à espacialidade do projeto. No entanto, através desses diversos

testes, foi possível chegar a um resultado satisfatório e condizente ao projeto proposto.

Figura 45 - Perspectiva eletrônica da alternativa escolhida.

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6.1. PROJETO FINAL

IMPLANTAÇÃO C/ TÉRREO

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SUBSOLO

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1° E 2° PAVIMENTO

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PAVIMENTO TIPO

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CORTES A e B

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PERSPECTIVAS FINAIS

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A monografia se inicia com uma breve apresentação sobre o desenvolvimento do

aluno ao longo do curso de Arquitetura e Urbanismo. Foram destacados livros marcantes durante

o curso, assim como os professores considerados de grande importância para a formação

acadêmica. Naquele capítulo, também foram apontados os trabalhos de maior destaque e que

acrescentaram conhecimentos e aprendizado à formação e uma sucinta introdução sobre o tema

de estudo.

O segundo capítulo descreveu quais foram os métodos de estudo utilizados durante a

pesquisa, com maior enfoque no resumo feito sobre a tese de mestrado, “O projeto de arquitetura

para moradias universitárias”, escrita por Rafael de Oliveira Scoaris e escolhida como referência

devido a sua grande relevância para o tema de estudo.

O capitulo seguinte trouxe referências projetuais selecionas para estudo, quais sejam:

(i) Moradia Estudantil da Unicamp; e (ii) Conjunto Residencial da cidade de São Paulo

(CRUSP). No entanto, a referência utilizada com maior detaque e aprofundamento de dados foi a

moradia estudantil Baker House, a qual foi devidamente referenciada em capítulo próprio.

O quinto capítulo tratou especificamente das atividades projetuais por meio de

análise das caracteristicas da área de estudo (informações sobre o bairro e terreno em que o

projeto foi implantado). Posteriormente foi relatado o desenvolvimento do projeto por meio de

descrição de experimentações e estudos sobre a área. A partir de tal experiência prática foi

possível tirar conclusões significativas para atingir resultado final satisfatório.

Após o desenvolvimento do trabalho foi possível obter um aprendizado sobre o modo

de como as moradias estudantis se comportam no meio que estão inseridas, tanto no seu aspecto

físico quanto social. No caso, foram analizadas moradias situadas no Brasil e nos Estados

Unidos, ambas demonstrando caracteristicas que fazem esse tipo de habitação ser considerada

um projeto de destaque que pode estabelecer uma conexão entre o ambiente e os moradores

(estudantes), que o veem como seu “lar”.

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8. BIBLIOGRAFIA

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1970), Vol. 34, No. 45 (Nov. 7, 1919), pp. 2489-2518

- The Massachusetts institute of technology and Harvard University. Science, New Series,

Vol. 21, No. 548 (Jun. 30, 1905), pp. 969-984

- MENDES, Fernando Fairbanks Coelho. Habitação coletiva urbana de baixo custo e a

construção industrializada. São Paulo, 1975

- SCOARIS, Rafael de Oliveira. O projeto de arquitetura para moradias universitárias:

contributos para a verificação da qualidade espacial. São Paulo, 2012.

- FRANCO, Benelize; SOGA, Ioco; BASH, Ketty; LEWCKOWICZ, Sila Keila (1975) Pré -

fabricação no conjunto residencial da universidade de São Paulo (CRUSP). São Paulo,

1975.

- ACRÓPOLE. São Paulo, 1964. nº303, p. 93-101.

- REGINO, Aline Nassaralla. Eduardo Kneese de Mello | Arquiteto: análise de sua

contribuição à habitação coletiva em São Paulo. São Paulo, 2006. Dissertação (Mestrado).

- SOUZA, Carlos Leite. Aplicação da avaliação pós-ocupação: moradia dos estudantes da

Unicamp. São Paulo, 1993

- LAHTI, Louna. Alvar Aalto 1898-1976: paraíso para gente comum. Taschen, 2005

- BAKER House at 50: Renewing the commitment. MIT, 1998

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- ABERCROMBIE, Stanley. Happy Aniversary, Baker House: Aalto´s MIT dormitory is 25

years old. MIT, 1973

- AD Classics: MIT Baker House Dormitory / Alvar Aalto. Em:

(http://www.archdaily.com/61752/ad-classics-mit-baker-house-dormitory-alvar-aalto/) acesso em

12 de março de 2014

- CURTIS, William J. R. Arquitetura moderna desde 1900. São Paulo: Bookman, 2008.

- FRAMPTON, Kenneth. História crítica da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes,

2008.

- MONTANER, Josep Maria. Depois do movimento moderno: Arquitetura da segunda

metade do século XX. São Paulo: Gustavo Gili, 2013

- MONTANER, Josep Maria; MUXI, Zaida. Residência estudantil da Unicamp: Joan Villà,

construções para a sociedade. Campinas, 1992. Em:

(http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.154/4895) acesso em 21 de abril de 2014.

- (http://en.wikipedia.org/wiki/Aalto_University) acesso em 27 de abril de 2014.