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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIENCIÂS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Ariane Miranda de Freitas Juliana Lopes Mussolini Transtorno do Espectro Autista: estudo de uma série de casos com alterações genéticas São Paulo 2016

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIENCIÂS BIOLÓGICAS E DA

SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Ariane Miranda de Freitas

Juliana Lopes Mussolini

Transtorno do Espectro Autista: estudo de uma série de casos com alterações

genéticas

São Paulo

2016

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA

SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Ariane Miranda de Freitas

Juliana Lopes Mussolini

Transtorno do Espectro Autista: estudo de uma série de casos com alterações

genéticas

Monografia apresentada ao Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde, da Universidade

Presbiteriana Mackenzie como parte dos requisitos

exigidos para a conclusão do Curso de Bacharelado

em Ciências Biológicas.

Área: Citogenética Humana

Orientador: Prof.º Dr.º Decio Brunoni

São Paulo

2016

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“ No fim do dia não sonhamos nossas vidas...nós vivemos elas! ”

Anthony Ianni

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Agradecimentos

Agradecemos, primeiramente, à Universidade Presbiteriana Mackenzie por nos

proporcionar um excelente curso, com professores excepcionais e atenciosos, que nos

guiaram, inspiraram e proporcionaram uma visão mais humana e ética da Biologia.

Ao nosso orientador Prof.° Dr. Decio Brunoni, que nos orientou e ensinou tanto

nesse último ano, crucial para nossas vidas acadêmicas e profissionais.

Um agradecimento especial ao coordenador do curso, Prof.° Dr. Adriano Monteiro

de Castro, pelo apoio, carinho, atenção e conselhos quando decidimos enfrentar essa

última etapa do curso juntas.

Agradecemos imensamente aos nossos queridos pais, Andréa e Juliano, Adriana

e Paulo, por todo o carinho, suporte, paciência e, acima de tudo, amor por nós. Aos

demais familiares, um muito obrigada, por nos acompanhar por toda essa trajetória, pelos

abraços, risadas, lágrimas e, agora, estarem presentes em mais uma vitória em nossas

vidas.

Um obrigada muito especial para os nossos namorados, José Valério e Danilo,

pelo apoio, pela paciência, compreensão e estarem sempre ao nosso lado, independente

do que houver nos nossos caminhos.

Um grande agradecimento à UNIFESP e à Dra. Thais Zanolla por nos receber e

conceder conhecimentos imprescindíveis ao nosso trabalho.

À Dra. Leslie Kulikowski e toda a sua equipe por nos receber, ensinar e inspirar do

começo ao fim nessa difícil trajetória que foi esse último ano.

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Resumo

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento com

acometimento na comunicação e interação social, além de comportamentos e atividades

restritos e repetitivos. Afetando cerca de 1% da população o TEA possui um quadro

clínico heterogêneo, além de diversas síndromes e psicopatias em comorbidade. Entre

os fatores causais sabe-se que as causas genéticas representam até 20% sendo que

as copy number variations (CNVs) na forma de microdeleções e microduplicações são as

principais. Estas alterações citogenômicas envolvem dezenas de genes. O objetivo do

presente trabalho é o descrever uma amostra de conveniência das alterações genéticas

encontradas em 6 pacientes com TEA. Os pacientes foram averiguados na Clínica TEA

da Universidade Presbiteriana Mackenzie e os testes genéticos foram realizados em

laboratórios comerciais. Cinco pacientes foram diagnosticados pelo array genômico e um

pelo sequenciamento do exoma. A interpretação das coordenadas genômicas foi

realizada com ferramentas de bioinformática usuais como o genome browser. As regiões

cromossômicas envolvidas foram: 3p26.3; 6q; 7q31.3; 7q36.3; 9p21.1; 17q22 e os

possíveis genes relevantes na manifestação do quadro clínico são: B4GALT1, PTPRN2,

CNTN4, CNTN6, OXTR, GRM7, SETD5, BZRAP1, SYNGAP1 e IMMP2L. Estes

resultados já foram publicados em outros pacientes com TEA. Centenas de amostras de

pacientes com TEA são relatadas na literatura internacional. Os indivíduos que

apresentam alterações genéticas similares aos dos pacientes aqui estudados tem em

comum a deficiência intelectual. Assim essa característica clinica deve ser a principal

indicação para investigar uma comorbidade de causa genética em pacientes com TEA.

Palavras-Chave: Autismo, TEA, CNVs, aCGH-Array, alterações genéticas, genes

candidatos.

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Abstract

The Autism Spectrum Disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder with

communication and social interaction impairments, also repetitive and restricted

behaviors. Affecting about 1% of population, ASD has a heterogeneous clinical picture,

besides several syndromes and psychopathies in comorbidity. Between the causal

factors, it’s known that the genetic causes represent up to 20% being that the copy number

variations (CNVs) in microdeletions and microduplications forms are the principal ones.

These citogenomic alterations involve dozens of genes. The objective of this present work

is to describe a convenience sample found in 6 ASD patients. The patients were

investigated in the Clínicas TEA of Universidade Presbiteriana Mackenzie and the testes

were performed in comercial laboratories. Five patients were diagnosed by MicroArray

and one by exoma sequencing. The genomic coordinates interpretation was performed

with usual bioinformatics tools, like Genome Browser. The cromossomic regions involved

were: 3p26.3; 6q; 7q31.3; 7q36.3; 9p21.1; 17q22 and the possible relevant genes in the

manifestation of the clinical picture were: B4GALT1, PTPRN2, CNTN4, CNTN6, OXTR,

GRM7, SETD5, BZRAP1, SYNGAP1 e IMMP2L. These results were already been

published in other patients with ASD. Hundreds of ASD patients samples are mentioned

in international literature. Individuals who present genetic alterations similar to the studied

patients has in common the intelectual desability. Thus, this clinical feature should be the

main indication to investigate a genetic cause comorbidity in patients with ASD.

Key-Words: Autism, ASD, CNVs, MicroArray, genetic alterations, candidate genes.

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Índice

QUADRO 1. CARACTERIZAÇÃO DO TEA SEGUNDO O DSM-V. ............................................... 10

QUADRO 2. AUTISMO SINDRÔMICO COM CNVS RECORRENTES. ............................................ 12

QUADRO 3. GENES CANDIDATOS PARA TEA. ...................................................................... 13

QUADRO 4. RESULTADOS GERAIS ...................................................................................... 18

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Sumário

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 8

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 9

2.1. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ................................................................... 9

2.2. CAUSAS GENÉTICAS ............................................................................. 11

2.3. TESTES GENÉTICOS ............................................................................. 14

3. MÉTODO E CASUÍSTICA .............................................................................. 15

3.1. CASUÍSTICA ................................................................................................... 15

3.2. MÉTODOS ..................................................................................................... 16

4. RESULTADOS ............................................................................................... 17

5. DISCUSSÃO ................................................................................................... 19

5.1. CASO 1 ...................................................................................................... 19

5.2. CASO 2 ...................................................................................................... 19

5.3. CASO 3 ...................................................................................................... 20

5.4. CASO 4 ...................................................................................................... 23

5.5. CASO 5 ...................................................................................................... 23

5.6. CASO 6 ...................................................................................................... 24

6. CONCLUSÃO ................................................................................................. 25

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 26

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1. INTRODUÇÃO

Segundo o DSM-V, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o

Transtorno do Espectro Autista é um distúrbio do neurodesenvolvimento, com déficits

persistentes na comunicação e interação social e padrões restritos e repetitivos de

comportamento. Com um fenótipo muito heterogêneo, os sintomas começam a se

manifestar aos três anos, de tal maneira que já é possível o seu diagnóstico.

Intensa pesquisa interdisciplinar, principalmente a partir dos anos de 1970, estabeleceu

o TEA como um transtorno que afeta principalmente indivíduos do sexo masculino.

Possui prevalência em torno de 1% da população, sem predileção com antecedentes

étnicos e com ampla diversidade sintomatológica na área cognitivo comportamental. Os

quadros variam de muito graves, nos quais prepondera a deficiência intelectual, até os

casos clínicos cujos indivíduos têm inteligência normal e razoável capacidade adaptativa.

Têm sido estabelecidas, também, diversas comorbidades com TEA, como a epilepsia, o

Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividades e diversas síndromes genéticas e

ambientais (ABRAHMS, GESCHWIND, 2010; APA, 2002; APA, 2013; CID 10, 2000;

DAGLI, MUELLER, WILLIAMS, 2015; FOMBONNE, 2009; GRABRUCKER, 2013;

JESTE, GESCHWIND, 2014).

Quanto as causas do TEA temos as conhecidas na forma de comorbidades com

síndromes genéticas e ambientais, em torno de 20%. Entre as causas genéticas há três

grupos que se destacam: mutações de gene único; copy number variation (variação no

número de cópias) e aberrações cromossômicas. A maioria responde por um mecanismo

com causa multifatorial, que pressupõe vulnerabilidade genética dada pela adição de

variantes poligênicas somada a intercorrências perinatais que atuam epigeneticamente.

(ABRAHAMS, GESCHWIND, 2010; CARTER, SCHERER, 2013; FAKHOURY et al, 2015;

PINTO et al, 2010).

Entre as comorbidades genéticas, apresentam papel central as microdeleções e

microduplicações, genericamente designadas como variação do número de cópia, ou

CNVs. Estas são definidas como número de cópias submicroscópias anormais de

segmentos de DNA do genoma humano. Podem ser herdadas ou uma mutação

esporádica, ou seja, de novo. De acordo com o seu tamanho, sua localização e os genes

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envolvidos ela pode ser considerada patogênica, benigna ou VOUS, Variants of uncertain

clinical significance, ou seja, são variações que ainda é incerta a sua patogenicidade

(ERIKSSON et al, 2015; ZANOLLA et al, 2015).

O objetivo do presente estudo é o de descrever as características genéticas de uma série

de casos de pacientes com TEA nos quais foram detectadas alterações genéticas.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM-V (APA,

2015), indivíduos com TEA tendem a ter déficits de comunicação, como respostas

inapropriadas em conversas, entendimento errôneo de interações não verbais, e

dificuldade de desenvolver amizade com pessoas da mesma idade. Somado a isso, são

dependentes de suas rotinas, muito sensíveis a mudanças do ambiente, e intensamente

focados em coisas incomuns. Os sintomas e comportamentos de pessoas com esse

transtorno pode variar sendo em determinado indivíduo mais grave, e em outro, mais

ameno. A gravidade do caso é baseada nos prejuízos na comunicação social e nos

padrões de comportamento.

No âmbito da linguagem há diversas alterações como ecolalia, inversão pronominal e

frases inapropriadas. Consequentemente, essas perturbações afetam a comunicação

não verbal resultando em comportamentos estereotipados, interesses restritos e

transtornos das capacidades sociais (VELLOSO et al, 2011).

No quadro 1 é apresentado as principais características do TEA, divididas nos dois

critérios do DSM-V (APA, 2013). No critério Comunicação e Interação Social são

descritos os transtornos referentes a essa área, como pouco contato visual, ausência de

expressão facial, déficit na interação verbal e não verbal e falta de reciprocidade

emocional. No critério Comportamentos, Interesses ou Atividades Repetitivos e Restritos

são descritos os transtornos referentes a comportamentos inadequados, movimentos

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repetitivos e interesses restritos, como estereotipias motoras e apego excessivo a objetos

incomuns.

Quadro 1. Caracterização do TEA segundo o DSM-V.

Caracterização TEA

A) Comunicação e

Interação Social.

- Dificuldades na interação verbal e não-verbal;

- Acentuada falta de reconhecimento da existência ou

dos sentimentos dos demais;

- Pouco contato visual;

- Déficit no entendimento e uso de gestos;

- Ausência de expressão facial;

- Falta de habilidade em iniciar ou manter uma conversa;

- Dificuldade em desenvolver relações com outros da

mesma idade;

- Falta de reciprocidade emocional;

B) Comportamentos,

interesses ou

Atividades, Repetitivos

e Restritos.

- Atração por partes específicas de um objeto;

- Difícil adaptação a mudanças na rotina e rituais;

- Padrões ritualizados de comportamento;

- Estereotipias motoras;

- Ecolalia;

- Frases idiossincráticas;

- Apego excessivo com objetos incomuns;

- Interesses limitados e persistentes;

- Insensibilidade a dor;

-Brincadeiras inapropriadas com objetos e brinquedos;

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2.2. CAUSAS GENÉTICAS

Em todos ou, pelo menos, na maioria dos indivíduos com TEA, acredita-se que causas

genéticas desempenham importante papel causal. Podem ser principais, nas quais a

alteração genética deve ser responsável inteiramente pelo quadro clinico: são as

aberrações cromossômicas, quase sempre reconhecidas clinicamente; as síndromes

monogênicas, diagnosticadas pelo quadro clínico ou através da pesquisa de mutações

específicas e as microdeleções, microduplicações e outras variações do número de

cópias, diagnosticas pelo array genômico. Em todas estas causas, em torno de 15% dos

indivíduos com TEA, o denominador comum clínico é a deficiência intelectual (DI). De

fato, a DI está tão associada com as comorbidades genéticas no TEA que está presente

em praticamente todos os indivíduos com uma alteração genética principal. No entanto,

na maioria das vezes, cerca de 80% dos casos de TEA a responsabilidade causal

repousa no modelo multifatorial com interação epistática (ZANOLLA, 2015).

Os primeiros estudos sobre a genética do autismo se basearam em síndromes como X

Frágil, Fenilcetonúria, Síndrome de Angelman. Nestas clássicas síndromes genéticas

monogênicas, os pacientes apresentam comorbidade com TEA em proporção maior do

que o esperado pelo acaso. Dezenas de estudos focaram nesta comorbidade, nos

últimos anos, indicando genes candidatos em diversos cromossomos e dezenas de loci.

Atualmente cerca de uma centena de loci são apontados como envolvidos. Existem

dezenas de artigos sobre estas síndromes em comorbidade com o TEA, fugindo do

objetivo desta revisão a descrição destes quadros. Um artigo que faz uma revisão com

boa relação entre a alteração genética e o fenótipo é o de Geste e Geschwind, 2014.

No TEA, a variação do número de cópias (CNVs) representa a causa genética mais

frequente. Além deste, outras psicopatias também estão relacionadas às essas CNVs,

como, por exemplo, epilepsia, déficit de atenção, deficiência intelectual e esquizofrenia

(Quadro 2). As principais regiões cromossômicas afetadas pelas CNVs e que causam

autismo são 1q21, 2p15-2p16.1, 15q13, 16p11.2. Tanto deleções quanto duplicações

causam diferentes consequências orgânicas para o indivíduo, majoritariamente afetando,

também, o intelecto (ZANOLLA, 2015).

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Quadro 2. Autismo sindrômico com CNVs recorrentes.

Região

Cromossômica Del/Dup Sinais e Sintomas

1q21 Del

Autismo, déficit de atenção, hiperatividade,

comportamento anti-social.

Dup Autismo, déficit de atenção, hiperatividade, epilepsia, DI.

2p15-2p16.1 Del Autismo, atraso no desenvolvimento, microssomia,

microcefalia.

15q13

Del Autismo, déficit de atenção, hiperatividade, agressão,

ansiedade.

Dup Autismo, ansiedade, transtorno bipolar, DI, atraso no

desenvolvimento.

16p11.2

Del Autismo, Síndrome de Asperger, déficit de atenção,

hiperatividade.

Dup Autismo, déficit de atenção, hiperatividade, ansiedade,

epilepsia.

Fonte: ZANOLLA et al (2015, p. 33).

Diversas pesquisas apontam genes candidatos para o TEA, porém é difícil afirmar se são

inteiramente responsáveis pela doença. Há muitos fatores envolvidos no

desenvolvimento do TEA, além de um espectro muito amplo de fenótipos. Assim,

relacionar esses genes com os fenótipos é trabalhoso. Foram relatados na literatura

genes associados ao TEA (quadro 3), como por exemplo: SHANK3, CNTN4, CNTN6,

RELN, OXTR, SYNGAP1, ADNP; CNTNAP2, entre outros (RIBEIRO et al, 2013;

GRISWOLD, et al, 2012; ALVAREZ-MORA, et al, 2016; PINTO et al, 2010)

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Quadro 3. Genes Candidatos para TEA.

GENE Região

Cromossômica Comorbidades Referência

SHANK3 22q13.33

Síndrome de Phelan-McDermid

Transtorno Bipolar Epilepsia

ZANOLLA, 2015; ERIKSSON, 2015; FREITAG; 2010;

PINTO, 2014;

RELN 7q22.1 Epilepsia LIU, TAKUMI, 2014;

FREITAG, 2010;

ADNP 20q13.13 Epilepsia RUBEIS, 2015;

IOSSIFOV, 2015;

CHD2 20q13.12 TDAH RUBEIS, 2015; PINTO, 2014;

OXTR 3p25.3 DI LIU, TAKUMI, 2014;

FREITAG, 2010;

CNTN4 3p26.3-p26.2 DI LIU, TAKUMI, 2014;

FREITAG, 2010; HU, 2015;

CNTN6 3p26.3 TDAH MERCATI, 2016;

HU, 2015

NRXN1 2p16.3

TDAH Esquizofrenia

Transtorno Bipolar Epilepsia

ERIKSSON, 2015; PINTO, 2014;

SYNGAP1 6p21.32 Epilepsia LIU, TAKUMI, 2014; ERIKSSON, 2015;

PINTO, 2014;

CNTNAP2 7q35-q36.1

TDAH Esquizofrenia

Transtorno Obsessivo

Compulsivo

LIU, TAKUMI, 2014; ERIKSSON, 2015;

FREITAG, 2010

TSC1/TSC2 9q34.13/16p13.3 Esclerose tuberosa ZANOLLA, 2015; FREITAG, 2010;

LIU, TAKUMI, 2014

FMR1 Xq27.3 X-Frágil

Epilepsia TDAH

ZANOLLA, 2015; LIU, TAKUMI, 2014;

SETD5 3p25.3 Transtorno Obsessivo

Compulsivo

PINTO, 2014; GROZEVA, 2014

GRM7 3p26.1 Esquizofrenia

Transtorno Bipolar MAKOFF, 1996;

YANG, PAN, 2013;

BZRAP1 17q22 DI BUCAN, 2009;

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2.3. TESTES GENÉTICOS

O MicroArray é uma técnica laboratorial que detecta perdas e ganhos cromossomais ao

nível de kilobases e é feita a partir da comparação da intensidade de hibridação das

amostras teste e controle. Com esse método foi possível detectar microdeleções e

microduplicações, como CNVs e SNPs (single necleotide polimorfism), dissomia

uniparental e perda de heterozigodade. A técnica revolucionou a citogenética com sua

alta resolução, que levou a um aumento de diagnósticos de indivíduos com defeitos

congênitos, autismo e deficiência intelectual não detectados pelos métodos

convencionais de citogenética, como a banda G. Além disso o Array-CGH analisa DNA

extraído de diversos tipos de células não cultivadas, reduzindo os requisitos de qualidade

da amostra. Porém, alguns métodos citogenéticos, como o FISH são necessários depois

de realizado o Array-CGH para confirmar os resultados e identificar translocações ou

inserções, visto que o Array-CGH não detecta arranjos balanceados como translocações

equilibradas, inversões e inserções balanceadas, mutações de ponto e baixo nível de

mosaicismo (>30%) (BI et al, 2012; KULIKOWSKI, 2013; FAN et al, 2013).

Assim como o MicroArray, o sequenciamento do exoma é um método utilizado para

identificar perdas e ganhos genômicos, ou seja, alterações microscópicas ao nível de um

par de bases em alta resolução, apenas nas porções codificantes do DNA, o Exoma. O

material genético é corrido por uma máquina específica, onde passa por um polímero

especial, no qual é realizada a sua leitura. A máquina separa a amostra por tamanho e é

analisada a sua fluorescência. O resultado é obtido na forma de gráfico ou

cromatogramas. Esses dados, então, passam por uma análise pelo software, que vai

comparar as informações obtidas com uma amostra controle. É possível observar, assim,

picos, mostrando as bases alteradas (KULIKOWSKI, 2013; BUXBAUM et al., 2012).

Na internet há diversos bancos de dados e ferramentas específicas para auxiliar a

interpretação das variantes genômicas encontradas em testes citogenômicos, como o

MicroArray. Entre eles, os principais são: Database of Chromosomal Imbalance and

Phenotype in Humans Using Ensembl Resources (DICIPHER, 2009), Genome Browser

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(UCSC GENOME BROWSER, 2002), Database of Genomic Variants (MACDONALD,

2013) e o Nacional Center for Biotetechnology Information (NCBI) (GEER, 2010).

O SFARI, Simon Foundation Autism Research Initiative, é um site voltado para o suporte

de projetos científicos inovadores para doenças do desenvolvimento, em especial o TEA.

Disponibiliza gratuitamente trabalhos científicos voltados para essa área e recruta

indivíduos com TEA e suas respectivas famílias para participarem de estudos como

sujeitos de pesquisa. Além de outros recursos, o SFARI Gene disponibiliza um banco de

dados online em evolução que auxilia cientistas a acompanharem e utilizarem como

referência em suas pesquisas os avanços da genética do TEA e fatores de risco

(ABRAHAMS, 2013).

O Genome Browser é imprescindível para análises do genoma humano. Possui acesso

fácil e rápido a pesquisas relacionadas a qualquer região de interesse do genoma. Há

diversas ferramentas, cada qual com sua especificidade e base de dados de acordo com

o que é pedido. Além disso, o site oferece um mapa completo do genoma humano, com

genes, doenças relacionadas, possíveis causas e relatos de pesquisas anteriores

referentes à aquela região para servir como referência para trabalhos futuros (UCSC

GENOME BROWSER, 2002).

O OMIM, do inglês Online Mendelian Inheritance in Man, é outra base de dados online,

que compila diversos dados sobre genes, suas respectivas doenças e outras informações

(OMIM, 2016).

O GeneCard também compila informações sobre genes, suas doenças, mapeamento

cromossômico, entre diversos outros aspectos (GENECARD, 2016).

3. MÉTODO e CASUÍSTICA

3.1. Casuística

A casuística compreendeu seis pacientes com o diagnóstico de TEA, de ambos os sexos,

averiguados na Clínica de Transtornos do Espectro do Autismo da Universidade

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Presbiteriana Mackenzie. Os sujeitos são agendados na clínica e estudados de acordo

com o protocolo de Velloso e cols (2011). Os testes genéticos necessários são solicitados

e as famílias que dispõem de Planos de Saúde utilizam Laboratórios Comerciais. Em

todas as crianças o quadro clínico de TEA foi considerado grave.

É importante salientar, que trata se uma amostra de conveniência, ou seja, uma técnica

que seleciona uma amostra da população que seja de fácil acesso para determinada

pesquisa que está em andamento. Geralmente essa conveniência representa uma maior

facilidade operacional e baixo custo de amostragem, mas tem como consequência a

incapacidade de fazer afirmações gerais com rigor estatístico sobre a população. Em

nosso trabalho, é possível observar essa dificuldade de dados estatísticos justamente

pelo número pequeno de amostras selecionadas para o estudo.

3.2. Métodos

Todos os pacientes foram avaliados da Clínica TEA-MACK ou do Centro de Genética

Médica da UNIFESP e seus representantes legais deram o consentimento informado

segundo o protocolo aprovado (CEP-UPM:910/03/06).

Após a avaliação realizada pelas clínicas citadas, foram pedidos testes genéticos

realizados por laboratórios comerciais como o MicroArray, no qual foi possível detectar

erros em cinco, dos seis casos e o Sequenciamento do Exoma que foi utilizado em

apenas um dos casos, o seis. A partir, então, da análise desses testes genéticos,

conseguimos identificar um ou mais genes descritos em cada caso. E o entendimento de

cada gene, sua função, onde ele atua e quais comormidades são associadas a ele, se

deu mediante às ferramentas informatizadas: o Genome Browser, OMIM, SFARI e o

GeneCard, que possuem uma biblioteca online de genomas e/ou genes para consulta

acadêmica, compartilhando resultados de pesquisas genéticas, citogenéticas e

citogenômicas que contribuem para um melhor conhecimento de doenças envolvendo o

genoma humano.

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4. Resultados

No quadro 4 estão descritos os casos da casuística, sendo descritos os endereços

genômicos, os genes candidatos encontrados e suas respectivas funções. Foi um caso

do sexo feminino e 5 do sexo masculino, com idades entre 4 e 16 anos e com os seguintes

cromossomos afetados: 3, 6, 7, 9 e 17.

As regiões cromossômicas foram analisadas segundo diversos bancos de dados online,

como o GENOME BROWSER (UCSC GENOME BROWSER, 2002), SFARI

(ABRAHAMS, 2013), OMIM (2016) e GeneCards (GENECARDS, 2016).

Ainda no quadro 4 é possível visualizar os genes: B4GALT1, PTRN2, CNTN4, CNTN6,

OXTR, GRM7, SETD5, BZRAP1, SYNGAP1 e o IMMP2L.

Todos os indivíduos possuem o exame de MicroArray realizado por laboratórios

comerciais com selo de qualidade. O caso 5, porém, se trata de um sequenciamento do

Exoma.

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Quadro 4. Resultados Gerais

Caso Sexo Idade Endereço Genômico Genes

Candidatos Função do

Gene

1 Masculino 4 anos arr[GRCh37] 9p21.1p13.3

(33,141,051-33,250,767)x3 B4GALT1

Enzima Galactosiltranferase

2 Masculino 5 anos

arr[GRCh37]7q36.3

(158.215.549-158.649.005)x3

PTPRN2 Proteína receptor tirosina-fosfatase

3 Masculino 4 anos arr[GRCh37] 3p26.3p25.3

(61,495-9,769,043)x3

CNTN4

CNTN6

OXTR

GRM7

SETD5

Diversas proteínas relacionadas à adesão celular, receptores de neurotransmissores,

plasticidade e manutenção neuronal.

4 Feminino 5 anos

arr[GRCh37]17q22q223.1

(57,408,181-57,742,624)x3

BZRAP1 Receptor de

Benzodiazepina

5 Masculino 16 anos Chr6: 33,405,539 SYNGAP1 Ativação sináptica

específica do cérebro

6 Masculino 6 anos arr[hg19] 7q31.1

(110,931,993-111,309,975) x1 IMMP2L

proteína envolvida no processamento das

sequências de peptídeos de sinal para

as mitocôndrias

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5. Discussão

5.1. Caso 1

O gene B4GALT1, localizado no cromossomo 9p, traduz a enzima

galactosiltransferase e é um dos sete beta-1,4-galactosil-transferase (beta4GalT

genes). Codificam glicoproteínas tipo II ligadas a membrana. Esse gene é único

entre os genes beta4GalT, pois codifica uma enzima que participa tanto no

glicoconjugado, quanto na biossíntese da lactose. Catalisa a reação que envolve a

UDP-galactose e N-acetilglicosamina para a produção de galactose beta-1,4-N-

acetilglicosamina. A enzima galactosiltransferase pode formar, também, um

heterodímero em conjunto com a proteína regulatória alfa-lactobumina para formar

a lactose sintetase. A galactosiltransferase pode ser um componente da membrana

plasmática, funcionando no reconhecimento e adesão celular (OMIM, 2016;

ABRAHAMS, 2013; GENECARDS, 2016).

Segundo o estudo de Van der Zwaag et al (2009), para se obter uma coorte

uniforme, o grupo analisado foi dividido em dois: autismo-complexo e autismo-não

complexo, sendo o primeiro, casos com CNVs sobrepostas, enquanto que o

segundo, casos não sobrepostos. No grupo não-complexo, foi encontrada CNVs na

região do gene B4GALT1. Defeitos nesse gene pode causar diversas doenças,

como distúrbios congênitos de glicosilação. Van der Zwaag et al (2009) constatou

que houve uma grande representação de genes relacionados a glicosilação no

grupo não-complexo. Sugere que as alterações de dosagem destes genes podem

contribuir para o fenótipo de TEA. O estudo conclui que os genes envolvidos nas

vias da glicosilação estão diretamente envolvidos no desenvolvimento cerebral, e

que perdas ou ganhos nessas regiões podem levar a consequências orgânicas

graves no sistema nervoso.

5.2. Caso 2

O gene PTPRN2 codifica uma proteína com a sequência semelhante à da proteína

do receptor tirosina fosfatase. PTPRN2 contém uma região extracelular, uma única

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região transmembranar e um único domínio catalítico intracelular. Estudos sugerem

que a proteína codificada pode funcionar como uma fosfatase fosfatidilinositol com

a capacidade de desfosforilar a fosfatidilinositol-3-fosfato e fosfatidilinositol 4.5-

difosfato, e esta função pode estar envolvida na regulação da secreção de insulina

(OMIM, 2016; GENECARDS, 2016).

Ele possui um papel importante nos processos de secreção, mediada por vesículas,

ou seja, é necessário para que haja o acúmulo das mesmas contendo insulina e

impedir sua degradação. É preciso que tenha uma quantidade normal de

neurotransmissores de noradrenalina, dopamina e serotonina no cérebro.

Segundo um estudo, o gene PTPRN2 junto com mais sete genes, é encontrado na

região 7q causando uma deleção e podendo estar associada a deficiência

intelectual, microcefalia, malformações. Além disso, a proteína codificada pelo

PTPRN2 é um membro da família de proteína-tirosina-fosfatase (PTP) que são

moléculas de sinalizam que regulam uma variedade de processos celulares,

incluindo crescimento celular, diferenciação, ciclo mitótico e transformação

oncogênica (WU, et al. 2010).

5.3. Caso 3

O gene CNTN6, localizado no cromossomo 3p, traduz a contactina 6, que é membro

do subgrupo da família das imunoglobulinas. É um glicosilfosfatidilinositol (GPI) –

proteína de membrana ancorada - que medeia as interações de superfície de célula

durante o desenvolvimento do sistema nervoso (OMIM, 2016; ABRAHAMS, 2013;

GENECARDS, 2016). É regulado pelo T- Brain 1, uma proteína de risco para o TEA

(CHUANG, H.; HUANG, T.; HSUEH, 2015) e que interage com a molécula de

adesão celular L1-like, outra proteína associada com deficiência intelectual e

dificuldades na fala (TASSANO et al, 2014). Além dessas associações, o CNTN6

faz interação com o gene NOTCH1, que promove a ativação deste, através da

liberação do Domínio Intercelular Notch (NICD, do inglês notch intercellular domain).

E traduz a proteína Notch 1, para a geração de oligodendrócitos, células

responsáveis pela produção e manutenção da bainha de mielina dos axônios. Por

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desempenhar um papel na formação de ligação de axônio no sistema nervoso em

desenvolvimento e, embora tenha poucos estudos sobre a prevalência, há relatos

que relacionam esse gene mutado com indivíduos com TEA (MERCATI, et al, 2016).

O gene CNTN4, localizado no cromossomo 3p, traduz a contactina 4, proteína de

adesão associada ao axônio, da família das imunoglobulinas que possui um

importante papel na manutenção e plasticidade das redes neuronais funcionais. A

contactina 4 é um glicosilfosfatidilinositol, uma proteína de membrana ancorada,

com função de formação de ligações de axônios no sistema nervoso em

desenvolvimento por isso, está mais expressa no cérebro, principalmente no

cerebelo, tálamo, amigdala e cótex cerebral (OMIM, 2016; ABRAHAMS, 2013;

GENECARDS, 2016).

Roohi et al (2009) descreveu variações de número de cópias (CNVs) em três casos

de indivíduos com TEA que interromperam o gene CNTN4. Essas mutações

resultaram em recombinações desiguais, mediadas pela sequência Alu. Sequências

Alu são repetições curtas de DNA não codificante, fazem parte da família SINE (do

inglês, short interspersed nuclear elements) e são consideradas retrotransposóns

(BATZER & DEININGER, 2002).

A proteína codificada pelo gene OXTR, localizado no cromossomo 3p, pertence à

família dos receptores acoplados a proteína G e atua como um receptor de oxitocina

no qual desempenha um papel importante no útero durante o parto, na lactação e

ligação hormônio peptídeo, sendo um potente modulador de comportamentos

sociais e reprodutivos. Está associada a peptídeos receptores de ligação e a via de

sinalização AMPc. Sua atividade é mediada por proteína G, que também ativa o

sistema de segundo mensageiro fosfatidilinositol- cálcio (OMIM, 2016; ABRAHAMS,

2013; GENECARDS, 2016).

Foram identificados diversos tipos de variações no gene OXTR relacionados com o

TEA, como rs2254298 e rs53576 (WU et al., 2005; JACOB et al., 2007; LIU et al.,

2010; WERMTER et al., 2010).

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Tost et al (2010) estudou mais de 200 indivíduos saudáveis com polimorfismos “G-

to-A” no intron 3 (rs53576). O alelo “A” foi associado a uma deficiência no domínio

comportamentos sociais, portanto, sujeitos homozigotos para esse alelo de risco

foram caracterizados por um nível de sociabilidade baixo, além de comportamentos

parentais comprometidos. O estudo concluiu que o polimorfismo está ligado a

distúrbios de comportamento, alterações morfológicas no hipotálamo, amígdala e

na massa cinzenta. Além disso, os achados foram consistentes com dados

anteriores que associam o alelo de risco ao TEA.

Gene GRM7, localizado no cromossomo 3p, codifica um receptor acoplado à

proteína G para glutamato. O L-glutamato é o principal neurotransmissor excitatório

no sistema nervoso central, e ativa os receptores de glutamato ionotrópicos e

metabotrópicos. A neurotransmissão glutamatérgica está envolvida na maioria dos

aspectos da função cerebral normal e pode ser perturbada em muitas condições

neuropatológicas. Os receptores metabotróficos de glutamato são de uma família

de receptores acoplados a proteina G que foram divididos em três grupos com base

na homologia de sequência, mecanismos putativos de transdução de sinal e

propriedades farmacológicas. O gene GRM7 está inserido no grupo III, receptores

ligados à inibição da cascata do AMPc. (OMIM, 2016; GENECARDS, 2016).

A via do glutamato tem sido considerada como desempenhando papéis importantes

na plasticidade neural, desenvolvimento neural e neurodegeneração e, através de

modelos animais e estudos neuroquímicos e neurofarmacológicos, o autismo tem

sido proposto ser um distúrbio que envolve a concentração alterada de glutamato

(YANG, PAN, 2013).

Makoff (1996) concluiu que esse gene foi expresso em várias áreas do cérebro

humano: hipocampo, cerebelo e o córtex cerebral ao encontrar o mRNA nessas

regiões.

Gene SETD5, localizado no cromossomo 3p, é um gene previsto para codificar a

enzima metiltransferase, com base na sequência de homologia de outras proteínas

SET (OMIM, 2016; GENECARDS, 2016). Embora esteja ativamente presente em

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vários mamíferos e expresso no cérebro, sua função ainda é pouco conhecida. Com

base nos outros membros da família de proteínas SET, a SETD5 pode ser

importante no controle das histonas do DNA e age como reguladora de transcrição.

Genes que codificam especificamente metiltransferases e genes que codificam

modificadores de histonas são altamente reconhecidos por ter uma contribuição no

fenótipo de deficiência intelectual (GROZEVA et al, 2014). Mutações de novo de

perda de função nesse gene são uma importante causa de deficiência intelectual

moderada a grave, além de ser um forte gene candidato para a síndrome de deleção

do 3p, devido aos fenótipos similares (SZCZAŁUBA et al, 2016).

5.4. Caso 4

Gene BZRAP1, localizado no cromossomo 17q, codifica o receptor periférico de

benzodiazepina, associado a proteína. É uma molécula de adaptação considerada

como reguladora da transmissão sináptica, ao liberar a maquinaria responsável pela

liberação de vesículas de cálcio (Ca2+) para os canais dependentes (BUNCAN et

al, 2009). Gene candidato ao autismo com um score de 4 (evidência mínima) no

SFARI.

5.5. Caso 5

Gene SYNGAP1, localizado no cromossomo 6p, codifica uma proteína Ras GTPase

de ativação sináptica específica do cérebro, a SynGAP, majoritariamente localizada

nas árvores dendríticas de neurônios piramidais neocorticais. É um componente do

complexo receptor-NMDA (N-Metil-D-Aspartato), que atua juntamente com o

mesmo, bloqueando a inserção do AMPA (ácido alfa-amino-3-hidroxi-5-metil-4-

isoxazol propiônico) na membrana pós-sináptica por inibição da via RAS-ERK.

Acredita-se que interrupções nos mecanismos moleculares e função controladora

da estrutura glutamatérgica de sinapse estão relacionadas a determinados

distúrbios do desenvolvimento neurológico e da cognição como a deficiência

intelectual e o TEA. Entretanto, ainda é desconhecido como uma disfunção sináptica

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resultante de mutações patogênicas impacta o desenvolvimento e o comportamento

(OMIM, 2016; GENECARDS, 2016; CLEMENT et al, 2012; HAMDAM et al, 2011)

5.6. Caso 6

O gene IMMP2L (Inner Mitochondrial Membrane Peptidase Subunit 2), localizado

no cromossomo 7q, codifica uma proteína envolvida no processamento das

sequências de peptídeos de sinal utilizadas para direcionar proteínas mitocondriais

para as mitocôndrias. A proteína codificada reside nas mitocôndrias e é uma das

necessárias para a atividade catalítica do complexo mitocondrial peptidase de

membrana interna (IMP). Duas variantes que codificam a mesma proteína foram

descritas para este gene, a IMP1 e IMP2 (OMIM, 2016; ABRAHAMS, 2013;

GENECARDS, 2016).

Segundo alguns estudos, o gene IMMP2L pode estar associado ao TEA

isoladamente, mas de acordo com o score do SFARI, é um gene candidato de baixa

expressão. No entanto, há uma forte ligação com a Síndrome de Tourette, apesar

das causas não serem elucidadas (MIRANDA; ROMANO-SILVA; TEIXERA, 2007).

Em resumo esta série de casos mostrou alguns aspectos característicos de casos

descritos na literatura: maior número de meninos afetados e apresentação na forma

de síndromes dismórficas com DI (Zanolla et al). Quanto às regiões cromossômicas

envolvidas, todas já foram descritas na literatura. A região 7q é a mais recorrente e

em relação aos genes, CNTN6, CNTN4 e o SYNGAP1 são os mais vistos, também.

Os mecanismos neurais envolvidos nos TEA são migração neuronal, formação de

sinapses e neurotransmissores. Em relação aos neurotransmissores, sabe se que

as deficiências de alguns deles, como a dopamina e a serotonina, agravam

sintomas como a apatia, inercia, irritabilidade e desinibição por serem hormônios

associados a comportamentos sociais que, se defeituosos, resultam em anomalias

nestes. E, consequentemente, gerando uma pré-disposição para o autismo

(PEREIRA ET AL, 2012). A formação de sinapses está relacionada a atividades

neuronais importantes para o desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Por isso, se

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houver alguma ocorrência nesse processo, é possível que a aprendizagem,

memória, percepção e equilíbrio sejam de algum modo afetados. E, dependendo da

gravidade, podemos classificar o indivíduo como autista (INSTITUTO

NEUROLÓGICO, 2016). Como visto na discussão de cada caso, encontramos em

nosso estudo os genes B4GALT1, CNTN6, CNTN4, GRM7, BZRAP1 e o SYNGAP1

cujos mecanismos envolvidos com o TEA são dependentes principalmente de

enzimas, proteínas, neurotransmissores e formação de sinapses. Logo podemos

associar estes fatores a atividades do sistema nervoso que podem ser responsáveis

pela ocorrência desse transtorno.

Os casos também mostram que o teste genético mais resolutivo para pacientes com

este perfil clínico é o array Genômico. De fato, apenas em um paciente (caso 5) o

MicroArray não conseguiu descobrir a alteração, tendo sido necessário um teste

NGS (do inglês, New Generation Sequencing), o sequenciamento do Exoma.

6. Conclusão

Após analisar uma série de pacientes e estudos de caso, encontramos diversos

genes candidatos, sendo todos envolvidos com o TEA, além de diversos outros

distúrbios do desenvolvimento, deficiência intelectual, TDAH, TOC, esquizofrenia,

epilepsia e déficit de cognição.

Ao longo do trabalho foi possível notar uma escassez de material e pesquisas

relacionadas a alguns genes, como por exemplo, o gene IMMP2L e o gene

PTPRN2. O primeiro, talvez pela sua função complexa no organismo, fazendo com

que haja menos estudos relacionados a ele. E o segundo, por estar mais associado

a deficiência intelectual do que ao TEA propriamente dito, o que dificulta achados

sobre o mesmo.

Podemos concluir também que ambos os testes genéticos mais utilizados em nosso

estudo, o MicroArray e o Sequenciamento do Exoma são de grande utilidade e de

grande importância para as áreas de citogenética e citogenômica devido a sua alta

resolução, e pela facilidade de detectar erros que outras técnicas não conseguiriam.

Mas embora ambos os testes tenham sido bem-sucedidos, no caso 5 o erro foi

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detectado apenas por sequenciamento, o que mostra que a técnica de Array não é

100% eficiente em determinados casos.

Diante do exposto fica claro que o estudo de casos deve ser ampliado utilizando os

testes genéticos já disponíveis clinicamente. Este conhecimento vai melhorar o

entendimento das modificações provocadas pelas alterações genéticas em

indivíduos com TEA.

7. Referências Bibliográficas

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