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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE LILIAN RUDOLF A INTERCULTURALIDADE E OS PROGRAMAS DE MOBILIDADE ESTUDANTIL: UMA AMOSTRAGEM COM PARTICIPANTES DO AFS INTERCULTURAL PROGRAMS São Paulo 2014

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

LILIAN RUDOLF

A INTERCULTURALIDADE E OS PROGRAMAS DE MOBILIDADE ESTUDANTIL:

UMA AMOSTRAGEM COM PARTICIPANTES DO

AFS INTERCULTURAL PROGRAMS

São Paulo

2014

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LILIAN RUDOLF

A INTERCULTURALIDADE E OS PROGRAMAS DE MOBILIDADE ESTUDANTIL:

UMA AMOSTRAGEM COM PARTICIPANTES DO

AFS INTERCULTURAL PROGRAMS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Letras

Orientadora: Profa. Dra. Vera Lucia Harabagi Hanna

São Paulo

2014

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LILIAN RUDOLF

A INTERCULTURALIDADE E OS PROGRAMAS DE MOBILIDADE ESTUDANTIL:

UMA AMOSTRAGEM COM PARTICIPANTES DO

AFS INTERCULTURAL PROGRAMS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Letras.

Aprovado em

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________

Profa. Dra. Vera Lucia Harabagi Hanna

Universidade Presbiteriana Mackenzie

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Alexandre Huady

___________________________________________________________________

Profa. Dra. Nancy dos Santos Casagrande

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R917i Rudolf, Lilian.

A interculturalidade e os Programas de Mobilidade Estudantil : uma amostragem com

participantes do AFS Intercultural Programs / Lilian Rudolf. – 2014.

144 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo,

2015.

Referências bibliográficas: f. 140-144.

1. Interculturalidade. 2. Língua. 3. Cultura. 4. Comunicação intercultural. 5.

Competência intercultural. 6. Mobilidade estudantil. I. Título.

CDD 370.116

R917i Rudolf, Lilian.

A interculturalidade e os Programas de Mobilidade Estudantil : uma amostragem

com participantes do AFS Intercultural Programs / Lilian Rudolf. – 2014.

144 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São

Paulo, 2015.

Referências bibliográficas: f. 140-144.

1. Interculturalidade. 2. Língua. 3. Cultura. 4. Comunicação intercultural. 5.

Competência intercultural. 6. Mobilidade estudantil. I. Título.

CDD 370.116

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“A gargalhada é o sol que varre o inverno do rosto humano.”

Victor Hugo

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Dedico esse trabalho aos meus pais que sempre me apoiaram e

Estiveram ao meu lado em todos os momentos que mais precisei...

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado à oportunidade de fazer

esse trabalho, de ter cursado essa universidade, de ter tido tantas pessoas

maravilhosas ao meu lado que me ajudaram e incentivaram.

Agradeço a minha orientadora Profa. Dra. Vera Lúcia Harabagi Hanna que foi

muito mais do que uma orientadora, foi uma mãe, por ter compreendido os meus

problemas pessoais e nunca ter desistido de mim. Sempre esteve pronta para me

ajudar, demonstrando ser muito competente e detentora de um conhecimento vasto,

além, de uma profissional que realmente sente paixão pela sua profissão. Uma

pessoa que eu admiro.

Agradeço ao Prof. Dr. Alexandre Huady e a Profa. Dra. Nancy dos Santos

Casagrande pelas contribuições que deram para o meu trabalho, por todas as

sugestões, pela transmissão de seus conhecimentos que foram muito importantes e

necessários para a conclusão do meu trabalho. Obrigada por terem participado das

minhas bancas.

Agradeço a toda a minha família, meus pais Carlos e Odilia, meus irmãos

Marcel e Carla, minha cunhada Sarah, dona Ione, minha avó Mercedes e minha

sobrinha Hannah que me trouxe muita alegria nos momentos de tensão durante a

jornada.

Agradeço a alguém muito especial na minha vida, que eu amo muito, meu

amor, Fernando Piplovic, por toda a ajuda tecnológica, incentivo, dedicação,

paciência, amor e carinho que teve durante o trabalho e sempre tem comigo.

Agradeço a amiga Ana pela ajuda com o preenchimento dos questionários,

por ter enviado o link para alguns de seus amigos pessoais que são AFSERS e que

foram para os Estados Unidos.

Agradeço as minhas amigas que sempre torceram por mim: Juliana, Marinah,

Vivian, Tamara e Kátia.

Agradeço a Luciana Chiardia por ter me ajudado a me entender melhor.

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Também agradeço a Ana Beatriz, Gerente de Marketing do AFS e a sua

diretora por terem contribuído imensamente com o meu trabalho, pela sugestão do

uso da ferramenta Google Forms que foi de grande utilidade, pelo envio dos

questionários aos participantes e por terem autorizado o uso do nome AFS na

pesquisa. Muito obrigada.

Finalmente e não menos importante agradeço imensamente a todos os

estudantes que participaram do meu estudo respondendo ao meu questionário.

Muito obrigada pela contribuição de cada um. Sem vocês o trabalho não seria

concluído.

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RESUMO

O presente trabalho se filia à linha de pesquisa de aprendizado de línguas

estrangeiras, com foco na língua inglesa e no papel da interculturalidade nos

programas de mobilidade estudantil, destacando o programa de High School (Ensino

Médio) oferecido pela Organização sem fins lucrativos AFS Intercultural Programs

(antigo American Fields Service) sediada nos Estados Unidos da América.

O objetivo principal do estudo é o de compreendermos a experiência da

interculturalidade adquirida num programa de intercâmbio, no país receptor, em que

o intercambista conviverá com uma família nativa, frequentará uma escola da

comunidade, estudará disciplinas relacionadas ao Ensino Médio; destacamos

naquele contexto o convívio com uma nova cultura por intermédio da escola, do

clube, da família que irá hospedá-lo e das novas amizades que fará. Abordaremos

além dos conceitos de interculturalidade, o binômio língua-cultura, a relação entre

língua, cultura e identidade, comunicação intercultural e competência intercultural.

Pretendemos examinar o impacto que o programa de intercâmbio exerce na vida

dos participantes ao regressar ao país de origem, o Brasil, na escolha da profissão,

no mercado de trabalho, no que se refere a questões pessoais, acadêmicas e

profissionais tanto quanto em itens como amadurecimento, tolerância, liderança,

respeito, independência, organização, bagagem cultural e desenvolvimento da

competência intercultural.

O referencial teórico que dá suporte ao estudo concentra-se em conceitos

essenciais para o trabalho relacionados à língua, cultura, identidade, comunicação

intercultural e competência intercultural além de mobilidade estudantil. Estudiosos

como: Kramsch, Hall, Byram, Fleming, Valdes, Signorini, Laraia, Hertsgaard, Nye

Júnior, Hanna, Chauí, entre outros. Para atingirmos nossos resultados faremos uma

pesquisa que será elaborada a partir de um questionário aplicado a um grupo de

estudantes do AFS Intercultural Programs de diversas regiões do Brasil que realizou

o intercâmbio nos Estados Unidos em diferentes épocas. O questionário será

respondido por meio de e-mails contendo questões de múltipla escolha, com

exceção das três últimas questões abertas.

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Palavras-chave: Interculturalidade, língua, cultura, comunicação intercultural,

competência intercultural, mobilidade estudantil.

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ABSTRACT

This work joins the learning line of research of foreign languages, focusing on

English language and the role of interculturalism in the student mobility programs,

highlighting the high school program (High School) offered by non-profit organization

AFS Intercultural Programs (formerly American Fields Service) based in the United

States of America .

The main objective of the study is to understand the experience of intercultural

acquired an exchange program in the host country, in which the exchange student

will live with a native family, will attend a community school, study subjects related to

High School; highlight that context living with a new culture for school through, club,

family that will host him and new friendships that he will make. Discuss beyond

intercultural concepts, the binomial language - culture, the relationship between

language, culture and identity, intercultural communication and intercultural

competence.

The authors examine the impact that the exchange program has on lives of the

participants to return to their country of origin, Brazil, in the choice of occupation, in

the labor market, in relation to personal, academic and professional issues as well as

on items such as maturity, tolerance, leadership, respect, independence,

organization, cultural background and development of intercultural competence.

The theoretical framework that supports the study focuses on key concepts for

language -related work, culture, identity, intercultural communication and intercultural

competence as well as student mobility. Scholars such as: Kramsch, Hall, Byram,

Fleming, Valdes, Signorini, Laraia, Hertsgaard, Nye Junior, Hanna, Chauí , among

others. To achieve our results we'll search to be drawn from a questionnaire

administered to a group of AFS Intercultural Programs of students from different

regions of Brazil that made the exchange in the United States at different times. The

questionnaire will be answered by e-mail containing multiple choice questions , with

the exception of the last three open questions.

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Keywords: Intercultural, language, culture, intercultural communication, intercultural

competence, student mobility.

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SUMÁRIO

Considerações iniciais.............................................................................................15

1. A relação entre língua e cultura..........................................................................19

1.1 Língua...................................................................................................................20

1.2 Cultura..................................................................................................................26

1.3 Língua, Cultura e Identidade................................................................................31

2. Mobilidade estudantil...........................................................................................38

2. 1 A influência Norte-americana.............................................................................41

2.2 O lugar da interculturalidade num aprendizado de uma língua

estrangeira..................................................................................................................45

2.3 A Competência Intercultural.................................................................................53

2.4 O modelo de Sinergia Cultural..........................................................................59 2.5 AFS Intercultural Programs..................................................................................61

3. Metodologia e análise do corpus........................................................................64

3.1 Motivação e pressupostos....................................................................................64

3.2 Instrumento de pesquisa – questionário...............................................................64

3.3 Elaboração do questionário..................................................................................64

3.4 Análise dos resultados.........................................................................................67

Considerações finais.............................................................................................101

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ANEXOS..................................................................................................................105

ANEXO I...................................................................................................................106

E-mail enviado para Sra. Ana Beatriz Cavalcanti apresentando a pesquisadora e o

objetivo do trabalho..................................................................................................106

ANEXO II..................................................................................................................109

E-mail enviado pela Ana Beatriz Cavalcanti (Gerente de Marketing do AFS) “dando

consentimento à realização da pesquisa” solicitada pela pesquisadora..................109

ANEXO III.................................................................................................................110

E-mail enviado ao AFS pela pesquisadora conforme solicitado no Anexo

II................................................................................................................................110

ANEXO IV................................................................................................................112

Questionário enviado aos intercambistas.................................................................112

ANEXO V.................................................................................................................118

Resumo das respostas do questionário enviado aos participantes.........................118

Referências Bibliográficas....................................................................................140

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Diante de um mundo cada vez mais globalizado, com crescente fluxos

comunicacionais podemos perceber um aumento no número de intercâmbios

realizados por jovens estudantes não só no Brasil, mas em todo mundo, e que

oferecem ao participante vivência internacional, seja numa escola do Ensino Médio,

numa Universidade ou numa empresa multinacional. É importante que estudemos,

dentro do contexto do intercâmbio cultural, a língua, a cultura, a relação entre elas, a

tríplice aliança que ocorre entre língua, cultura e identidade, o interculturalismo, a

mobilidade estudantil, e a competência Intercultural. Focaremos esse horizonte, em

nossa pesquisa, no universo do Ensino Médio – o High School.

O presente trabalho visa a investigar o conceito de interculturalismo no

processo de aprendizado de uma segunda língua, o Inglês, no universo de

intercambistas brasileiros que cursaram um ano do Ensino Médio, denominado High

School, nos Estados Unidos. Ao se inserir numa outra cultura, a norte-americana, o

indivíduo que está aprendendo a língua passará a aprender e a vivenciar essa nova

cultura.

Optamos por investigar um grupo com experiência de intercâmbio nos EUA

por ser o país que recebe o maior número de estudantes brasileiros vindos do AFS

Intercultural Programs que no Brasil denomina-se AFS Intercultura Brasil. O AFS

Intercultural Programs é uma organização não governamental, sem fins lucrativos

que oferece oportunidades de aprendizado intercultural por intermédio dos

programas de Intercâmbio Cultural.

Abordaremos questões relacionadas à maioria dos candidatos escolherem

como primeira opção os Estados Unidos ao preencherem o formulário de opções de

países, durante a seleção do programa oferecido pelo AFS. Outro ponto de interesse

é o quanto o “American way of life” tem influenciado não só a cultura brasileira, mas

as outras culturas espalhadas pelo globo, além das decorrências advindas dessas

experiências na vida dos participantes. Para tanto, apresentaremos a Instituição

AFS, sua origem, seu papel, seu desenvolvimento e sua função na sociedade.

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O objetivo principal da pesquisa é o da observação de alunos brasileiros

participantes do programa na volta ao país de origem e as possíveis implicações do

ponto de vista cultural e intercultural.

Os dados serão coletados por meio de um questionário com intercambistas

pertencentes a este grupo. A partir desses dados, pretendemos verificar o perfil dos

participantes, às razões que os levaram a participar de um programa de intercâmbio,

em que medida o fato de terem participado da experiência os trouxe competência

intercultural e os despertou consciência de cidadania, experiências de

interculturalidade, as competências adquiridas como liderança, independência,

tolerância, a influência que o intercâmbio teve em suas decisões em relação à

escolha da profissão, entre outros aspectos.

Apesar do destaque do desenvolvimento de outros países no mundo como

China, Coréia, entre outros países emergentes, além da crise econômico-financeira

enfrentada pelos norte-americanos, os Estados Unidos ainda são a primeira opção

na escolha como destino número um para a experiência de Intercâmbio Cultural –

High School. Segundo Adele Ruppe, conselheira para assuntos de educação e

cultura da embaixada dos Estados Unidos no Brasil:

“Os Estados Unidos continuam sendo um dos destinos preferidos pelos estudantes do Brasil, por causa da qualidade e prestígio associados a um diploma americano”. “Os rankings internacionais confirmam esse reconhecimento. Segundo a lista do Times Higher Education Supplement de 2012, 44 das 100 melhores universidades do mundo são estadunidenses e, dentre as dez primeiras, sete estão nos EUA.” 1

A escolha do objeto de análise desta dissertação está relacionada à

experiência pessoal desta pesquisadora, por ter participado de um programa de

intercâmbio entre os anos de 1996 e 1997. Embora não tenha viajado para os

Estados Unidos, participei de uma seleção pela Instituição AFS Intercultural

Programs para fazer o programa de High School. Na seleção não podíamos

escolher o país em que seria realizado o intercâmbio, tampouco região ou distrito,

1 Fonte: http://educacao.uol.com.br/intercambio/estados-unidos/.Acessado em 06/05/2014.

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preenchíamos um formulário com opções de países e a organização recebia as

vagas e as direcionava aos dez finalistas da seleção. Como se trata de um programa

em que escola e a família hospedeira são voluntárias, os organizadores distribuem

as vagas de acordo com os perfis dos estudantes e os que os recebem. Fiquei entre

os dez finalistas e a minha vaga foi destinada para a Noruega.

É preciso destacar que ao participar da seleção do AFS, o estudante passa

por um teste de conhecimentos gerais, dinâmicas de grupos, leitura de textos e

discussões, trabalhos voluntários e apresentações de trabalhos. Geralmente, são

trabalhos relacionados à apresentação de algum país, ilustrando sua história, sua

cultura, seu idioma, seus costumes, etc.. Além disso, o estudante preenche um

formulário, como já havíamos mencionado, com algumas opções de países e ele

sendo aprovado na seleção, irá receber uma vaga, que poderá ser sua primeira,

segunda, terceira, última, ou nenhuma das opções que havia colocado, ou seja,

havendo a chance de surgir uma vaga para um país que não havia sequer pensado.

O vínculo criado com a família hospedeira norueguesa permanece até hoje e

o mesmo ocorreu com a intercambista norueguesa que residiu no Brasil com a

família da pesquisadora. Tivemos uma experiência muito positiva a qual serviu como

fonte de inspiração para que tivéssemos novamente experiências com o Programa

de Intercâmbio Cultural do AFS.

Transferindo para o exemplo pessoal, aprendermos o norueguês foi possível

vivenciando a cultura norueguesa, frequentando uma escola do Ensino Médio e

morando com uma família norueguesa em Oslo. No início, a barreira da língua foi

um dos obstáculos a vencer; apesar de a Noruega ser um país bilíngue, pois a

grande maioria fala inglês, além do norueguês, porém, o objetivo principal do

programa era vivenciar outra cultura, ter uma experiência internacional e a língua foi

uma “ferramenta” imprescindível.

Esta pesquisa divide-se em três capítulos: no Capítulo 1, apresentaremos a

relação entre língua e cultura, conceitos básicos sobre cultura e a relação entre

língua, cultura e identidade.

No capítulo 2, falaremos sobre programas de mobilidade estudantil, a

influência norte-americana e os motivos que levam muitos estudantes a escolherem

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os Estados Unidos como opção para a experiência de intercâmbio cultural. Além

disso, abordaremos a importância da interculturalidade num programa de mobilidade

estudantil, especificamente o programa de High School nos Estados Unidos,

conceitos sobre a Competência Intercultural e sua relação com a experiência do

intercâmbio cultural assim como uma apresentação sobre a Instituição AFS

Intercultural Programs.

O Capítulo 3 se refere ao processo da escolha metodológica e do instrumento

de pesquisa, além da descrição dos procedimentos da coleta de dados.

Posteriormente serão apresentados os dados e os mesmos serão analisados de

acordo com as teorias estudadas.

Nas considerações finais apresentaremos as conclusões embasadas nos

resultados adquiridos com os questionários.

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CAPÍTULO 1 - A RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA E CULTURA

O Capítulo 1 apresenta as diferentes maneiras de como a língua pode estar

conectada à cultura, como podemos aprender uma nova língua vivenciando

imersamente numa nova cultura.

O estudo da relação entre língua e cultura ganha cada vez mais espaço e

acarreta um maior interesse por uma educação intercultural que contribui para um

entendimento mais apurado em relação às culturas, a um novo olhar sobre o outro,

A indissociabilidade entre língua e cultura é cada vez mais visível no mundo globalizado, acarretando uma educação intercultural cada vez maior, na qual língua e cultura caminham lado a lado atuando como fatores fundamentais na promoção de uma convivência compartilhada no planeta. (Dourado, M., Poshar, H., 2010, p. 34).

Língua e cultura estão absolutamente interligadas. Porém, muitas vezes não

percebemos ou não nos atentamos para este fato. Ao estudarmos a nossa própria

língua ou uma segunda língua, percebemos que a cultura se manifesta na

gramática, numa gíria, nas expressões, sendo possível identificarmos questões

regionais, dialetos, variações da língua inglesa, de outros idiomas, entre outros.

Se entendermos a cultura como o complexo de valores, costumes, crenças e práticas que constituem o modo de vida de um grupo específico, um modo de vida que é regido pela língua, e se compreendermos que, ao longo da vida, o indivíduo passa por constantes processos de identificação e desindentificação com aquilo que o interpela, então, percebemos que a língua, cultura e identidade são conceitos intrinsicamente ligados, uma vez que é por meio da língua que a cultura se constitui e é difundida e é também por meio dela que ocorrem os processos de identificação. (Coelho, L.; Mesquita, D. P. C., 2013, p. 25 apud Eagleton, 2005, p. 55).

A língua tem um papel fundamental na difusão da cultura por intermédio do

idioma de um povo, de sua música, de sua literatura e que por meio dela há também

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a identificação de uma nação, seja por meio do sotaque, da gramática, dos

vocábulos, em fim, é impossível pensamos em cultura sem mencionarmos a língua.

A habilidade que possuímos de nos comunicarmos numa língua inclui a

incorporação dos sentidos culturais que criaram o esteio invisível de sustentação de

tudo o que se diz ou ouve nessa língua. (Filho Almeida, J., 2010, p. 14).

1.1 Língua

Iniciemos pelas considerações de Signorini (2006, p. 30) a respeito da língua, “A

língua é inteiramente específica da espécie homem. Do ponto de vista evolucionário,

portanto, a língua foi adquirida, por assim dizer, instantaneamente”.

Desde a antiguidade havia a necessidade de o homem expressar seus

sentimentos, seus desejos. Por intermédio da língua, um sistema de símbolos, uma

ferramenta capaz de fazer o homem interagir dentro de um grupo, de uma

sociedade, exteriorizando suas opiniões, sentimentos, expressando por meio da

língua falada, escrita ou outras formas de linguagens o seu modo de vida e as suas

experiências.

Para Signorini, I. (2006 p. 76), a língua se relaciona com a sociedade porque é a

expressão das necessidades humanas de se congregar socialmente, de construir e

desenvolver o mundo, de se comunicar. “A língua não é somente a expressão da

“alma” ou do “íntimo”, ou do que quer que seja do indivíduo; é, acima de tudo, a

maneira pela qual a sociedade se expressa como se seus membros fossem a sua

boca.”.

Hanna (2012) explica que a língua é um sistema para expressar significado, cuja

função original é a interação e a comunicação. Em seu livro ela cita o antropólogo

Dell Hymes (1972) que fala sobre a etnografia da comunicação com a proposta de

observar a “língua como comunicação” aliada à proposição “cultura é comunicação,

comunicação é cultura”, de seu par Edward T. Hall (1959), ambas as teorias

tornaram-se as precursoras da comunicação intercultural.

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Podemos pensar na língua como uma vestimenta, pois há vários tipos de usos

para determinados contextos, assim é uma roupa que usamos. Não seria adequado

ir a um casamento com traje de praia ou ir à praia com um vestido longo. Dentro da

língua encontramos funções e objetivos. É necessário conhecer a língua para

usufruirmos dela adequadamente. Segundo Hanna,

Aprender uma língua requer não apenas a interiorização de um sistema de regras formais e estruturais, mas inclui a interpretação de códigos e a negociação social de significados em contextos variados, refere-se à habilidade de se comunicar através de fronteiras culturais” (2013, p. 1).

Por intermédio da língua é que nos relacionamos com as outras pessoas, ela

faz parte do nosso cotidiano seja a língua escrita, a falada, a de sinais. É a

responsável pela nossa comunicação, sem ela não haveria interação, viveríamos no

isolamento. “Língua é o principal meio pelo qual conduzimos nossa vida social.

Quando é usada no contexto da comunicação estabelece um vínculo com a cultura

em diferentes aspectos” (Kramsch, 1998, p. 3). 2

Ao falarmos de língua, estamos falando de comunicação, de interação, de

uma espécie de ferramenta capaz de aproximar pessoas de valores e tradições

diferentes. Ao aprendê-la, seja num contexto de intercâmbio, numa aula de

aquisição de segunda língua, conseguimos a interação com diferentes povos, com

diferentes culturas. Ao aprender uma nova língua estamos aptos a nos comunicar

com outra cultura, com outra civilização. De acordo com Chauí:

A língua é um código (conjunto de regras que permitem produzir informação e comunicação) e se realiza por meio de mensagens, isto é, pela fala/palavra dos sujeitos que veiculam informações e se comunicam de modo específico e particular (a mensagem possui um emissor, aquele que emite ou envia a mensagem, e um receptor, aquele que recebe e decodifica a mensagem, isto é, entende o que foi emitido. (2006 p. 154).

2 Nossa tradução para: Language is the principal means whereby we conduct our social lives. When it is used in contexts of communication, it is bound up with culture in multiple and complex ways.

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22

A língua é um dos veículos mais importantes que faz com que pertençamos a

uma sociedade, a uma civilização, a uma cultura, pois por meio das palavras nós

refletimos crenças, atitudes, opiniões, experiências as quais trocamos com outros

indivíduos.

A língua é o principal meio pelo qual conduzimos nossas vidas sociais. Para começar, as palavras se referem a experiências comuns, expressam fatos, ideias ou eventos que são transmissíveis porque se referem a um estoque de conhecimento sobre o mundo que outras pessoas partilham.3 (Kramsch, 1998, p. 3).

Para que haja uma comunicação eficaz é necessário colocar as palavras em

um contexto situacional e cultural. Ao pensarmos no contexto situacional estamos

usando as normas da língua para uma determinada situação, podendo ser uma

situação formal como uma entrevista de emprego ou uma situação informal como

numa festa. O contexto cultural se refere às crenças, os estereótipos, os valores, os

comportamentos de uma determinada população, portanto para que nos

comunicamos bem, precisamos levar em consideração esses fatores, conforme as

palavras abaixo:

Pensar somente nas palavras sem agregá-las a um contexto é algo pouco produtivo, pois para se construir o significado e a interpretação das ocorrências, é necessário compreender o contexto situacional e o contexto cultural, ao mesmo tempo. Ambas as noções, a de contexto situacional e a de contexto cultural, foram introduzidas pelo antropólogo Bonislaw Malinowski, em 1923, e revistas pelos lingüistas Halliday e Hasan, em 1991, como contexto de uso e relidas por Claire Kramsch, em 1998, no âmbito de ensino de língua estrangeira. (Hanna, 2012. p.47).

Um indivíduo, ao se afastar de sua cultura para aprender e vivenciar uma

nova cultura, só conseguirá a partir do momento que tem como ferramenta a língua

3 Nossa tradução para: “Language is the principal means whereby we conduct our social lives. To begin with, the words people utter refer to common experience, they express facts, ideas or events that are communicable because they refer to a stock of knowledge about the world that other people share”.

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desse novo povo, sendo assim “a língua expressa à realidade cultural”. (Kramsch,

1988, p. 3).

Para entendermos a língua a que estamos aprendendo, é necessário que

entendamos a cultura que essa língua transmite,

A língua é uma manifestação direta da cultura de determinado povo que somente será entendida juntamente com o conhecimento dela. A compreensão da designação de cultura, em sentido amplo, implica conhecer seus dois componentes básicos - um antropológico (as atitudes, os costumes, o cotidiano, e todas as maneiras de sentir, pensar e agir, seus valores e referências) e outro histórico, que forma uma espécie de moldura para o primeiro por representar a herança de um povo. (Hanna, 2013, p.1).

A cultura aparece a todo instante no cotidiano do intercambista durante a sua

experiência de intercâmbio cultural, mesmo sem ele perceber, ela está inserida na

língua e é refletida numa piada, numa gíria, numa expressão idiomática, falantes de

uma cultura se reconhecem por meio da língua, pois ela é um conjunto de sinais, de

símbolos que significam uma determinada cultura. Segundo Kramsch afirma que:

A língua é um sistema de signos que é visto como tendo em si um valor cultural. Oradores e outros se identificam através do uso da linguagem; eles veem a sua língua como um símbolo de sua identidade social. A proibição de seu uso é muitas vezes percebida por seus falantes como uma rejeição do seu grupo social e sua cultura. Assim, podemos dizer que a linguagem simboliza a realidade cultural. (1998, p.3).4

A cultura de um povo pode ser representada e transmitida de gerações a

gerações por diferentes veículos como a literatura, a música, os museus, os

monumentos, as obras de arte e também através da língua seja ela manifestada

4 Nossa tradução para: Language is a system of signs that is seen as having itself a cultural value. Speakers identify themselves and others through their use of language; they view their language as a symbol of their social identity. The prohibition of its use is often perceived by its speakers as a rejection of their social group and their culture. Thus we can say that language symbolizes cultural reality.

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verbalmente, seja pela escrita. Segundo Kramsch, (1998 p. 8), “A língua não é um

código livre de cultura, distinta da forma como as pessoas pensam e se comportam,

mas, ao contrário, ela desempenha um papel importante na perpetuação da cultura,

particularmente em sua forma impressa”.5

Segundo Byram e Fleming (1998, p.I), a partir do momento em que um

indivíduo começa a estudar uma segunda língua, está exposto a essa realidade, se

torna inevitável aprender sobre os falantes nativos daquela língua, sobre a sua

sociedade, sobre os seus hábitos.6

Ao aprendermos nossa língua materna de forma natural, falamos sem ter

consciência de suas funções e regras, da cultura que ela expressa, porém, ao

aprendermos uma segunda língua, passamos a conhecê-la com mais detalhes, com

mais riqueza e muitas vezes o aprendiz da segunda língua chega a conhecer essa

segunda língua muito melhor do que o nativo dela.

A língua é praticada por nós de maneira não consciente, isto é, nós a falamos sem ter consciência de sua estrutura, de suas regras e seus princípios, de suas funções e diferenças internas; vivemos nela e a empregamos sem necessidade de conhecê-la cientificamente. (CHAUÍ, M. 2006, p. 154).

A identidade é construída por meio da língua e cultura, não há cultura sem

língua, uma depende da outra, elas se completam. Destacamos aqui, no caso

pessoal, o aprendizado das primeiras palavras norueguesas relacionadas a fazer

algo não apropriado dentro da cultura como, por exemplo, não tirar o calçado para

entrar em casa.

Ao escutar a frase “Beklager, men du må ta av deg skoene for å gå inn”7, que

significa que é proibido entrar na casa de um norueguês de calçados, para nós, na

5 Nossa tradução para: Language is not a culture-free code, distinct from the way people thinks and behave, but, rather, it plays a major role in the perpetuation of culture, particularly in its printed form.

6 Nossa tradução para: In learning another language students are exposed to, and inevitably learn something about, one or more other societies and their cultural practices.

7 Desculpa, mas você deve tirar os sapatos ao entrar numa residência norueguesa.

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cultura brasileira não é algo comum, que faz parte do nosso cotidiano, mas no

entanto, para o povo norueguês é uma forma de se demonstrar respeito e educação.

Ao aprender essas palavras norueguesas, o indivíduo começa a perceber que com

uma simples frase é possível aprender comportamentos e valores de uma nova

realidade, de uma nova cultura.

Ao aprender um vocábulo novo, uma gíria, uma regra gramatical o indivíduo

está experimentando uma nova experiência, pois está aprendendo algo novo dentro

de um determinado contexto, inserido numa outra cultura que não seja a sua de

origem. Tal contexto pode ser jogando futebol, assistindo a um filme, numa conversa

informal, etc.. De acordo com Kramsch, (1998, p. 3 1998), “membros de uma

comunidade, de uma cultura não só expressam experiência, mas, também criam

experiência através da língua.” 8

Para Amaral, apud Humboldt, (1990 p.2) “aprender uma nova língua não é

colocar novas etiquetas em coisas já conhecidas, é adquirir um novo ponto de vista,

é adquirir uma nova visão de mundo, é dar novos sentidos a coisas já conhecidas”.

Ao adquirirmos novos pontos de vista, novas visões de mundo e novos sentidos,

estamos adquirindo mais cultura também, ao adquirir mais cultura, de alguma forma

estamos adquirindo mais conhecimento.

Aprender uma nova língua vai além do conhecimento de palavras diferentes

relacionadas à língua materna, traz ao indivíduo que está aprendendo

particularidades de um grupo de pessoas que carregam consigo pontos de vistas,

tradições, costumes diferentes do nosso, ou seja, diferente da cultura brasileira.

Reconhecer novas possibilidades no processo de adquirir uma nova língua para o uso dela de fato é uma libertação para voos em novas dimensões do processo adquiridor de outros idiomas, dimensões essas linguísticos-sistêmicas, identidário-ideológicas e culturo-comunicativas. (Almeida Filho, J. 2010, p. 11).

A liberdade alcançada ao adquirirmos uma nova língua principalmente o inglês é

conseguirmos transitar em diferentes mundos, diferentes ideologias, agregarmos

outros valores, hábitos a nossa identidade. 8 Nossa tradução para: But members of a community or social group do not only Express experience; they also create experience through language.

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1.2 Cultura

O termo cultura traz sua significância em diferentes contextos, evocando

significados múltiplos e complexos. “De inata à adquirida, de conjuntos de

realizações artísticas a saberes acumulados.” (Dourado, M. Poshar, H., 2010, p. 33).

“De origem latina, o termo cultura até o século XVI, era associado ao cultivo da

terra, porém, da segunda metade do século XVI em diante assumi o significado de

cultivo do espírito e desenvolvimento da mente.” (Dourado, M., Poshar, H., 2010, p.

35).

Para (Paiva, M., Inocente N., e Oliveira, A.) apud Hofstede (1991) a cultura

provém do ambiente social do indivíduo, não dos genes. Srour (2005) concorda com

os autores acima e afirma que a cultura é aprendida, transmitida e partilhada. É

resultante de uma aprendizagem socialmente e não de uma herança biológica. Já

Morgan (1996) diz que a cultura é refletida nos sistemas sociais de conhecimento,

ideologia, valores, leis e rituais do cotidiano. A cultura varia conforma a sociedade.

Geertz (1989) defende o conceito de cultura essencialmente semiótico, uma teia de

significados que o homem teceu e a ela está amarrado. Cultura é uma ciência

interpretativa à procura do significado, e não uma ciência experimental em busca de

leis. Já para Trompenaars (1994), a cultura apresenta-se em camadas, como uma

cebola. No nível externo encontram-se os produtos da cultura, e nos níveis mais

profundos os valores e normas. Porém o termo germânico Kultur, desde o final do

século XVIII, referia-se aos aspectos espirituais de uma comunidade. A palavra

civilização, dizia respeito ás realizações materiais de um povo.

O antropólogo Edward Tylor (1832-1917) sintetizou tais termos no vocábulo

cultura. Desta forma o conceito de cultura passou a abranger em uma só palavra

todas as possibilidades de realização humana, além de marcar fortemente o caráter

de aprendizado da cultura em oposição à ideia de aquisição inata transmitida por

mecanismos biológicos. (Damázio apud Laraia, 1986 p. 25).

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Damázio (2008, p. 66) apud Santos e Nunes, (2003, p. 27) defende a ideia de

duas concepções de cultura, conforme a citação abaixo:

A primeira está associada aos saberes institucionalizados pelo Ocidente e definida como o melhor que a humanidade produziu, baseia-se “em critérios de valor, estéticos, morais ou cognitivos que, definindo-se a si próprios como universais, suprimem a diferença cultural ou a especificidade histórica dos objetos que classificam”. A segunda concepção, citada pelos autores, define a cultura como totalidades complexas. Esta definição proporciona o estabelecimento de distinções entre diversas culturas que podem ser consideradas seja como diferentes e incomensuráveis, julgadas segundo padrões relativistas, seja como exemplares de estágios numa escala evolutiva que conduz do elementar ou simples ao complexo e do primitivo ao civilizado.

A cultura é algo que está sempre em transformação, pois resulta da interação

social entre os indivíduos e estes estão sempre se transformando, se adaptando, se

reinventando, além de sempre estarem disseminando suas tradições, seus hábitos,

suas tradições. A língua é uma importante ferramenta, pois faz com que a cultura

seja transmitida.

O homem é um ser cultural, pois carrega consigo valores, crenças, tradições

e com isso consegue viver dentro de um grupo social.

A cultura pode ser entendida como um conjunto de valores, crenças, costumes e práticas que caracterizam o modo de vida de determinado grupo social. Esse conjunto possibilita ao indivíduo inserir-se e interagir em seu grupo social, pois lhe permite negociar “maneiras apropriadas de agir em contextos específicos.” (Eagleton, 2005, p. 184).

O termo cultura vem sendo cada vez mais discutido, sendo atual,

contemporâneo, reflete-se nas relações humanas, nos hábitos, costumes e tradições

de um povo. Mas vai além dessas tradições e convenções. Também falamos de

cultura quando pensamos em experiências adquiridas ao longo da vida. Entendemos

cultura como o conhecimento de qualquer área que um indivíduo possa ter:

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Cultura é uma preocupação contemporânea, bem viva nos tempos atuais. É uma preocupação em entender os muitos caminhos que conduziram os grupos humanos às suas relações presentes e suas perspectivas de futuro. O desenvolvimento da humanidade está marcado por contatos e conflitos entre modos diferentes de organizar a vida social, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la. (Santos, 2011, p. 7).

A palavra cultura nos remete também à educação, a conhecimento e à

sofisticação que um indivíduo possui, indiferente se ele adquiriu determinado

conhecimento na escola ou em suas experiências pessoais. Podemos pensar na

palavra cultura como um sinônimo de sofisticação pessoal, elegância, refinamento,

educação, ao conhecimento que uma pessoa detém.

Cultura também é um conjunto de conhecimentos e práticas sociais que se

acumulam em um processo contínuo e esse processo resultará na interação social.

Conforme Mesquita Coelho (2014) é mediada pela língua, e assim permite que a

cultura seja transmitida ao longo das gerações, daí podemos entender que a cultura

de um povo tem como peça importante na sua construção cada indivíduo, sendo

uma peça importante na sua disseminação e criação. O homem é um ser cultural e é

a cultura que faz com ele se adapte a novas situações, novos ambientes.

De acordo com o antropólogo americano Clifford Geertz, a cultura é um padrão de significados transmitidos historicamente, incorporado em símbolos, um sistema de concepções herdadas expressas em formas simbólicas por meio das quais os homens se comunicam, perpetuam e desenvolvem seu conhecimento em relação à vida. (1989, p. 103).

Para o antropólogo Da Matta (1986, p. 123), “Cultura é a maneira de viver

total de um grupo, sociedade, país ou pessoa.” [...] Um mapa, um receituário, um

código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam, estudam

e modificam o mundo e a si mesmos.” É justamente porque compartilham parcelas

importantes deste código (o da cultura) que um conjunto de indivíduos com

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interesses e capacidades distintas e até mesmo opostas transforma-se num grupo

em que podem viver juntos, sentindo-se parte da mesma totalidade.

Quando observamos o modo de vida de diferentes grupos, diferentes povos,

estamos analisando a sua cultura. O que é aceitável ou não dentro de uma

sociedade está relacionado à cultura daquele povo local. A língua escrita ou falada

também se socializa por meio da cultura:

Etiqueta, expressões de cortesia, o que é aceitável ou não é capaz de moldar o comportamento das pessoas por meio de educação infantil, educação comportamental, a escola, formação profissional. O uso da linguagem escrita também é moldada e socializada por meio da cultura. Estas formas com a linguagem, ou normas de interação e interpretação, fazem parte do ritual invisível imposta pela cultura em usuários da língua. (Kramsch, 1998, p. 6)9

Cada cultura possui a sua lógica interna, a sua realidade e por isso devemos

conhecer primeiramente essa lógica antes de fazermos qualquer tipo de julgamento

ou análise. Ao discutirmos sobre cultura começamos a pensar sobre a nossa própria

cultura, nossos hábitos, nossa sociedade. Segundo Santos, (2001, p. 9):

A riqueza de formas das culturas e suas relações falam bem de perto a cada um de nós, já que convidam a que nos vejamos como seres sociais, nos fazem pensar na natureza dos todos sociais de que fazemos parte, nos fazem indagar sobre as razões da realidade social de que partilhamos e das forças que as mantêm e as transformam.

Para Moran (1994), cultura é um artifício que cada sociedade usa para tomar

as suas decisões diárias e entender o mundo com que se confronta. Outra questão

referente à cultura é que as diferenças genéticas não determinam as diferenças

9 Nossa tradução para: “Etiquette, expressions of politeness, social dos and don’t´s shape people´s behavior through child rearing, behavioral upbringing, schooling, professional training. The use of written language is also shaped and socialized through culture. These ways with language, or norms of interaction and interpretation, form part of the invisible ritual imposed by culture on language users”.

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culturais. Qualquer criança pode ser educada em qualquer cultura, como qualquer

adolescente, adulto e idoso. É o que afirma Laraia, (2006, p. 17).

Os antropólogos estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais. Em outras palavras, se transportarmos para o Brasil, logo após o seu nascimento, uma criança sueca e a colocarmos sob os cuidados de uma família sertaneja, ela crescerá como tal e não se diferenciará mentalmente em nada de seus irmãos de criação.

A cultura não é estática, mas sim dinâmica, pois sofre transformações com o

tempo. Há culturas que respeitam a tradição e outras que vão se repaginando de

acordo com as mudanças do tempo. “As culturas humanas são dinâmicas. De fato, a

principal vantagem de estudá-las é por contribuírem para o entendimento dos

processos de transformação por que passam as sociedades contemporâneas”.

(Santos, 2011, p. 26).

O mundo está em constante transformação, e compreender o que é diferente

daquilo que sempre vivemos (como por exemplo, vivenciar uma cultura diferente), é

um grande passo para nos libertarmos de preconceitos, do egoísmo, da intolerância

em relação ao outro, ao diferente, como afirma Laraia,

Cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender esta dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema. Este é o único procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este constante e admirável mundo novo do porvir. (2006, p. 101).

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1.3 Língua, cultura e Identidade

A relação entre língua, identidade e cultura é imanente, uma vez que não há

cultura sem língua e que a identidade é construída por meio desta e da cultura,

segundo Coelho e Mesquita, 2013 (apud Chauí, 2006, p. 156) conforme esclarece a

citação abaixo:

Há um vaivém contínuo entre as palavras e as coisas, entre elas e as significações, de tal modo que a realidade (as coisas, os fatos, as pessoas, as instituições sociais, políticas, culturais), o pensamento (as ideias ou conceitos como significações) e a linguagem (as palavras, os significantes) são inseparáveis, suscitam uns aos outros, referem-se uns aos outros e interpretam-se uns aos outros.

A língua existe antes de nós e, certamente, continuará existindo depois de

nós. Nós a encontramos formada e em funcionamento, pronta para ser usada,

portanto o seu caráter social. Ela se figura como produto cultural e histórico, e é

utilizada para representar, de forma oral ou escrita, nossos pensamentos,

sentimentos, sensações, emoções, percepções. Ela é, portanto, fundamental para

compreendermos a identidade de um povo num determinado contexto social.

(Coelho e Mesquita 2012, p. 31).

Aprender uma língua é um processo complexo que envolve não só aprender o

alfabeto, o significado e o arranjo das palavras, as regras da gramática e

compreensão da literatura, mas também aprender a nova linguagem do corpo,

comportamento e costumes culturais. A língua é um produto do pensamento e do

comportamento de uma sociedade. A eficácia da comunicação de um falante de

uma língua estrangeira está diretamente relacionada à sua compreensão da cultura

daquela língua. (Gao, 2006, p. 61 apud Taylor, 1979, p. 51).10

10 Nossa tradução para: earning a language is a complex process that involves not only learning the alphabet, the meaning and arrangement of words, rules of grammar and understanding of literature, but also learn new body language, behavior and cultural mores. Language is a product of thought and

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A ideia de língua como fator fundamental para a compreensão da identidade

de um povo em um determinado contexto, no caso, do intercâmbio cultural, é um

dos objetivos do programa oferecido pelo AFS. A Instituição AFS Intercultural

Programs por intermédio de seus comitês no Brasil (Intercultural Brasil) e no mundo

visa o aprendizado de uma segunda língua justamente para que o participante possa

por intermédio desse idioma, entender, compreender a identidade de um povo num

determinado contexto e ir além desse aprendizado, tendo também com o objetivo o

aprendizado cultural, a educação intercultural, ou seja, a vivência de outra cultura, a

vivência internacional, a vivência com outra família que possui outras regras, outros

hábitos, em outra escola, em fim em outra sociedade. Ao compreender esse povo, o

indivíduo cria laços com outras culturas trazendo para a sua vida mais tolerância,

flexibilidade, menos preconceito e mais maturidade em relação aos outros e a si

próprio.

Segundo Santos, P., Alvarez, M. (2010, p. 17), o aprendizado de uma língua estrangeira (LE) concorre para o desenvolvimento social do aprendiz, através do contato com a língua e cultura estrangeiras, o que amplia a sua visão de cidadania, os valores culturais de seu país e de sua própria língua. Ela é um instrumento vivo e constantemente em desenvolvimento que sofre influência da cultura. O desenvolvimento cultural se dá através do contraste entre o conhecido e o novo representado pela cultura do aprendiz e pela cultura onde está inserida a LE estudada. É partir daí desse contraste que o pensamento crítico se desenvolve, permitindo-lhe avaliar a sua cultura e a estrangeira, nascendo daí o respeito às diferenças culturais e a valorização da própria cultura naquilo que lhe é peculiar. (Santos, P., Alvarez, M. 2010, p. 17).

Por meio da língua, conseguimos identificar um povo, unir pessoas, segundo

(Signorini, 2006, p. 81 apud Halladorson, 1994) “A língua nos fortalece, ela nos torna

um povo de muitos milhões – somados através dos séculos”. Ela faz parte da cultura

de um povo, haja vista pertencer a este povo. O indivíduo não cria a língua, ele

apenas faz uso de um bem que é social, segundo Coelho e Mesquita, 2012, p. 31:

É uma relação de imbricação, haja vista que a língua é a manifestação de uma cultura e, ao mesmo tempo, precisa de uma

behavior of a society. Effective communication of a speaker of a foreign language is directly related to their understanding of the culture of that language.

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cultura que lhe dê suporte, sendo, também suporte para uma cultura. Ela é, portanto, a expressão da cultura, uma vez que se constitui instrumento decisivo para a assimilação e difusão de uma cultura, afinal, as experiências sociais só são transmitidas por meio da língua.

Podemos fazer uma analogia, entre cultura e óculos. “Homens de culturas diferentes

usam lentes diversas, portanto, têm visões desencontradas das coisas” E não para

por aí, poderíamos pensar (LARAIA, 2006, p.72), na questão fisiológica, como todos

os homens são iguais sob o aspecto anatômico, deveriam ter maneiras, gestos,

tradições e hábitos mais semelhantes, mas isso os diferencia muito se pensarmos

na cultura.

“Todos os homens são dotados do mesmo equipamento anatômico, mas a utilização do mesmo, ao invés de ser determinada geneticamente (todas as formigas de uma dada espécie usam os seus membros uniformemente), depende de um aprendizado e este consiste na cópia de padrões que fazem parte da herança cultural do grupo. (Laraia, 2006, p. 71).”

A cultura também poderia ser comparada a um iceberg. Essa comparação foi

apresentada durante o processo de preparação para o intercâmbio que o AFS

Intercultural Programs proporciona em conjunto com os comitês locais. Os

orientadores apresentam aos estudantes a ideia de que a cultura é um grande

iceberg, que muitas vezes conseguimos ver somente uma parte dela, como o

iceberg. Ao fazermos parte de uma nova sociedade de uma nova cultura, (como por

exemplo, vivenciando a experiência do intercâmbio cultural), torna-se possível

aprendê-la e analisá-la profundamente, é como se mergulhássemos no mar para

vermos o restante do iceberg que ao olhar superficialmente não dá para imaginar a

sua magnitude.

A identidade e a língua estão inseridas nas diversas culturas. A relação entre

língua e cultura se iniciou com os estudos dos antropólogos Franz Boas, Edward

Sapir e Claude Lévi—Strauss, no começo do século XX (Kramsch, 1998). A

identidade de uma civilização, de uma nação é formada pela língua e pela a cultura,

segundo Hall (2004 p. 50-51):

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As culturas nacionais são compostas não apenas de instituições culturais, mas também de símbolos e representações. Uma cultura nacional é um discurso – um modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos [...] As culturas nacionais, ao produzir sentidos sobre a nação, sentidos com os quais podemos nos identificar, constroem identidades.

O estudante de High School no programa de intercâmbio além de agregar

novos valores a sua pessoa, a sua identidade por estar conhecendo uma nova

cultura, retoma a sua cultura de origem, a sua identidade original, ou seja, que foi

construída vivenciada no país de origem ao se tornar um propagador de sua cultura

nativa no ambiente estrangeiro quando fala de seu país, de seus costumes, ao

mostrar o seu vestuário, a sua moda, ao preparar um prato típico de sua culinária,

ao mostrar as músicas, os ritmos ouvidos em seu país, entre outras demonstrações.

Aprender uma língua estrangeira implica um grau de aprendizagem intercultural: os alunos podem ser levados a se tornarem mais conscientes de sua própria cultura no processo de aprendizagem sobre o outro e, portanto, pode estar em uma posição melhor para desenvolver competências interculturais.” (Byram, e Fleming,1998, p.98).11

Assim como tudo se transforma, a língua, a cultura, a identidade do indivíduo se

transforma com o passar do tempo. A pessoa que tem a oportunidade de vivenciar o

cotidiano no exterior e se relacionar com a sociedade atuando como um norte-

americano, norueguês, francês, provavelmente desenvolverá a competência

intercultural pois estará vivendo a interculturalidade na prática e não somente na

teoria.

“A língua, assim como a identidade e a cultura, também sofre transformações,

por inserir-se na teia das relações sociais. Frente às mudanças que atingem

11 Nossa tradução para: Learning a foreign language implies a degree of intercultural learning: students may be led to become more aware of their own culture in the process of learning about another and hence may be in a better position to develop intercultural skills.

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vertiginosamente a sociedade em todos os setores, ela não poderia isentar-se desse

movimento.” (Coelho e Mesquita, 2012, p. 31).

Como a língua é passiva de transformação e a identidade de um indivíduo se

constrói na língua e através dela, essas identidades estão sempre se modificando.

A identidade de um indivíduo se constrói na língua e através dela. Isso significa que o indivíduo não tem uma identidade fixa anterior e fora da língua. Além disso, a construção da identidade de um indivíduo na língua e através dela depende do fato de a própria língua em si ser uma atividade em evolução e vice-versa. Em outras palavras, as identidades da língua e do indivíduo têm implicações mútuas. (Signorini, 2006, p. 41).

A identidade está tão fortemente relacionada à cultura que muitas vezes as

práticas culturais são tomadas como referências de identidade social, porém, o

indivíduo possa acrescentar a sua identidade novas práticas sociais ao deslocar-se

para fora de seu país de origem, criando assim uma nova identidade.

“Muitas vezes as práticas culturais são tomadas como indicativas da identidade social. A identidade é considerada como decorrente do modo de vida e dos bens simbólicos que o indivíduo consome ou produz. Mas as práticas culturais não dependem tão diretamente da permanência na terra natal, uma vez que podem ser preservadas em outros espaços, recuperadas pela memória ou recriadas.” (Signorini, I. 2006 p. 98).

Ao estudar uma nova língua o aluno fica exposto à cultura dessa língua, pois

língua e cultura estão relacionadas. Pensando nessa relação aparece uma

identidade: o falante intercultural.

O falante intercultural é alguém que tem um conhecimento de um ou, de preferência, mais culturas e identidades sociais e tem uma capacidade de descobrir e relacionar com novas pessoas de outros

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contextos para os quais não foram preparados diretamente. (Byram, e Fleming, 1998, p. 9).12“.

Segundo Coelho e Mesquita apud Bakhtin, (1998, p.45), se dotarmos a

palavra de tudo o que é próprio à cultura, as significações culturais cognitivas, éticas

e estéticas, observaremos que “não existe absolutamente nada na cultura além da

palavra, que toda a cultura não é nada mais que um fenômeno da língua”.

Conforme Bakhtin (1998, p.46). “Não há enunciados neutros, nem pode haver

afinal, a palavra é o fenômeno ideológico por excelência. Ela é o modo mais puro e

sensível da relação social. A palavra é mediadora de toda a relação social”.

Como já havíamos mencionado, a língua faz parte da nossa comunicação e

está em todas as culturas, faz parte de todas as nações, de todos os povos, por

meio dela expomos nossas opiniões, nossa ideologia e por meio dela nos colocamos

em contato com culturas diferentes, quando lemos algo em francês, falamos inglês,

escrevemos italiano, ouvimos espanhol, ou seja, há uma relação intrínseca com a

língua, a cultura e a identificação de um determinado povo. Segundo Coelho e

Mesquita (2012, p. 33) apud Bakhtin, (1997, p. 41):

[...] a palavra penetra literalmente em todas as relações entre indivíduos, nas relações de colaboração, na base ideológica, nos encontros fortuitos da vida cotidiana, nas relações de caráter político, etc. As palavras são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos e servem de trama a todas as relações sociais em todos os domínios. É, portanto claro que a palavra será sempre o indicador mais sensível de todas as transformações sociais, mesmo daquelas que apenas despontam que ainda não tomaram forma, que ainda não abriram caminho para sistemas ideológicos estruturados e bem formados.

12 Nossa tradução para: The “intercultural speaker” is someone who has a knowledge of one or, preferably, more cultures and social identities and has a capacity to discover and relate to new people from other contexts for which they have not been prepared directly.

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Segundo Hanna (2012) é de grande importância distinguir a língua como discurso

verdadeiro da comunidade, diretamente associado à identidade cultural daquele

mesmo grupo. Os falantes se identificam e são identificados como membros desta

ou daquela comunidade discursiva pela seleção do léxico, pelo modo característico

de um indivíduo ou de uma região de articular os sons, as palavras ou as frases,

pelos modelos de alocução que utilizam. A língua preserva a história, os costumes e

tradições da coletividade por meio do entendimento dos significados mais comuns

que as pessoas demonstram em relação às palavras, às expressões, ao texto; à

maneira como externam desejos, desafetos, informações pessoais – elementos

reveladores de uma narrativa particular.

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CAPÍTULO 2 – MOBILIDADE ESTUDANTIL

O Capítulo 2 apresenta uma nova forma de estudo para os parâmetros

brasileiros, a mobilidade estudantil. O programa “Ciências sem Fronteiras” cuja

iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e

Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas

instituições de fomento – CNPq e Capes – e, Secretarias de Ensino Superior e de

Ensino Tecnológico do Mec.(http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/o-

programa).

O programa de mobilidade estudantil tem por objetivo proporcionar ao aluno

de Ensino Superior a oportunidade de cursar um período da Universidade em outro

país. Podemos considerar o Programa de Intercâmbio Cultural no Ensino Médio, o

High School, também como um programa de mobilidade estudantil. Por essa razão

buscamos em vários pesquisadores o entendimento do significado de tais

programas.

De acordo com Cabral, Silva, Saito, (2011 p. 2), apud Teichler (2004), desde

o século XVII, na Europa, estudantes realizavam intercâmbios de estudo. O autor

ainda ressalta que o nível de mobilidade de estudantes dentro da Europa, agora de

aproximadamente 3%, foi aproximadamente 10% no século XVII. Analisando a

nossa situação brasileira em relação à mobilidade estudantil por intermédio do

intercâmbio cultural,

O Brasil tem se utilizado da experiência europeia para desenvolver seus modelos internacionais de educação, podendo este fato ser considerado um avanço. Contudo, ainda não atingiu o mesmo patamar do sistema europeu, uma vez que não possui tradição no ensino superior, uma experiência de aproximadamente cem anos, comparada aos quase mil anos de universidades europeias. (Cabral, Silva e Saito (2011 p. 3) apud Lucchesi, 2010).

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Para Dalcin, (2011, p.30), as políticas educativas da União Europeia

incentivam a cooperação inter-universitária com o objetivo de melhorar a qualidade

de ensino, em prol dos estudantes das instituições de Ensino Superior.

A autora afirma que a cooperação promovida pela União Europeia no Ensino

Superior, e em particular as ações de fomento da mobilidade estudantil, fazem parte

de uma política e de uma estratégia comunitária global. Nessa perspectiva, a

mobilidade proporciona uma crescente qualificação dos recursos humanos, a

transferência de tecnologia e resultados de investigação científica. Deste modo,

Freitas (2009, p. 251), afirma que:

A convivência com a diversidade plural (diferença dentro das diferenças) gera necessidade de uma melhor compreensão do outro, de resolver problemas e criar novas oportunidades juntos, além de favorecer a mobilidade interna e externa dos cidadãos da comunidade.

Diante do atual contexto de um mundo em transformação e sem fronteiras, a

tendência de estudantes irem estudar fora de seus países de origem cresce cada

vez mais, não somente o programa de High School como também os programas nas

universidades chamados também internacionalmente de “study abroad programs”.

Sobre esses programas seja nas universidades ou no Ensino Médico (High School),

James A. Coleman apud (Byram e Fleming, 1998, p.45) afirma que:

Os programas tipicamente se enquadram em três domínios: maturidade pessoal e independência, a introspecção cultural, e melhora na proficiência língua estrangeira. A ligação estreita deve ser assumida entre competência linguística reforçada e competência cultural reforçada.·.

No Brasil esses “study abroad programs” são chamados de programas de

mobilidade estudantil. Refletindo sobre a citação acima, os programas de mobilidade

estudantil são cada vez mais necessários em consequência da globalização em que

vivemos. Eles contribuem na construção da maturidade pessoal, independência do

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indivíduo, em sua bagagem cultural e no aprendizado/desenvolvimento de um novo

idioma seja feito na Universidade ou no Ensino Médio.

Os programas de mobilidade estudantil não visam somente o aprendizado ou

desenvolvimento de um segundo idioma ou o aprendizado de algumas matérias da

área de estudo do estudante, o programa também quer que o aluno tenha o contato

com a interculturalidade, com a comunicação intercultural.

De acordo com Dalcin, V. (2011, p.45) apud Baumgratz-Grangl (1993), cit. por

Melo (2008, p. 75), “houve uma mudança de paradigma nas relações entre língua e

cultura, moldando um novo conceito, o de comunicação intercultural estreitamente

ligada à mobilidade”

Para a autora (Dalcin, 2011), a comunicação intercultural é como se fosse

uma marca da personalidade dos indivíduos e da qualidade das instituições de

ensino que se adaptam ao espaço político, econômico e cultural. Ela afirma que a

“mobilidade acadêmica também contribui para a transformação do “social como

socied ade” em “o social como mobilidade”“. A mobilidade estudantil confere também

a capacidade de integração cultural das instituições e das organizações, tornando os

indivíduos capazes de viver e de agir em contextos multiculturais. (V. 2011, p. 45

apud (Urry, cit. por Darvin, 2001, p. 1)).

Krupnik e Krzaklewska (2007) categorizam as motivações dos estudantes em

participar de um programa de mobilidade estudantil em dois grupos, os guiados pela

experiência e os de orientação profissional. Os primeiros o fazem por aprender

sobre novas culturas, conhecer outras pessoas, ser independente e viver em outro

país. Os seguintes buscam maximizar as oportunidades de trabalho.

Vieira (2007) afirma que o que parece orientar os estudantes a candidatar-se

a programas de mobilidade internacional é, além da construção da carreira, a prática

da língua estrangeira.

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Segundo Hanna (2014, p. 6) aprendizes interculturais são aqueles capazes de

lidar com a complexidade de identidades múltiplas, logo, reconhecidos como

mediadores culturais que evitarão a estereotipagem, característica de avaliações

empreendidas por meio de perspectivas de padrão fixo, muitas vezes estimulada

pelos próprios livros didáticos, em modelos formados a partir de lugares-comuns,

encontrados em textos literários, ilustrações, cartoons, filmes, na mídia em geral. De

aprendiz intercultural, o estudante passará a ser um “falante intercultural” que

decidirá suas próprias identificações e representações culturais, sociais e políticas

com aqueles com quem se relacionará.

2.1 A influência norte-americana

Optamos por elaborar o item “A influência norte-americana” nesse estudo

primeiramente porque a pesquisa foi realizada com intercâmbistas brasileiros que

foram fazer o programa de intercâmbio cultural nos Estados Unidos e quais

prováveis razões levaram esses estudantes escolherem como primeira opção os

Estados Unidos. Fizemos um panorama geral histórico da influência americana no

mundo, assim, o leitor poderá compreender o porquê e como os Estados Unidos da

América se tornou um país tão influente.

Os Estados Unidos garantiram a segurança das democracias europeias e

ajudaram a reconstruir as economias do Japão e da Alemanha Ocidental,

devastadas pela guerra. Diante de sua política de “contenção”, estabeleceram as

fronteiras de seu próprio império informal (particularmente na Ásia) ao mesmo tempo

em que comprometiam deter seu inimigo, o Império Soviético. (Harvey, D. 2005, p.

41).

Segundo o autor, os Estados Unidos saíram da Segunda Guerra Mundial

como a potência mais dominante, eram os líderes na tecnologia e na produção. O

dólar reinava e o aparato militar do país era bem superior a qualquer outro.

O Brasil começou a sofrer forte influência da cultura americana na década de

30, a partir da Segunda Guerra Mundial, aos poucos os ingleses começaram a dar

espaço para os norte-americanos. Segundo Alves, (1997, p. 20), durante o período

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da política getulista de desenvolvimento industrial, o capital norte-americano foi se

infiltrando em nossa economia sob a forma de empréstimos e equipamentos,

estabelecimento de subsidiárias (filiais), assistência técnica, etc..

A partir desse momento o Brasil abriu suas portas para as multinacionais (a

partir de uma empresa matriz, atual em diferentes países), empresas com um vasto

número de funcionários e que alavancavam nosso capitalismo em diferentes áreas

como nos setores automobilístico, farmacêutico, têxtil, entre outros. Conforme Alves,

(1997, p. 21), “a grande maioria dessas empresas multinacionais tinham sede,

sobretudo nos Estados Unidos e foi sob a tutela do capitalismo internacional,

sobretudo yankee.”

Com a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, os Estados Unidos

percebendo nossa fraca economia e nossa dependência econômica garantiu nossa

aliança primeiramente contra as nações do Eixo (Itália, Alemanha e Japão) e depois

contra a União Soviética. Eis a palavra da autora:

Não foi, entretanto só nossas indústrias de bens de consumo materiais que surgiram ligadas ao capital norte-americano. Os setores de comunicação de massa se constituíram da mesma forma, ou com investimentos diretos de multinacionais ou com a associação de empresários yankees aos brasileiros, ou ainda, quando de capital nacional, utilizando tecnologia e modelos de produção oriundos dos Estados Unidos. (Alves, 1997, p. 21).

Para Alves, (1997, p. 21), sem que os norte-americanos se apropriassem das

terras brasileiras como os portugueses, passamos a sofrer quase o mesmo processo

de invasão, dominação e colonialismo cultural experimentado pelos índios após

1500.

Outro grande fator que muito contribuiu para a influência norte-americana

segundo Harvey, D. (2005, p. 50-51) é de no âmbito externo, os Estados Unidos se

apresentaram como o país da liberdade e dos direitos à propriedade privada. O país

proporcionava proteção econômica e militar às classes proprietárias onde quer que

elas estivessem, em troca, essas classes e elites se centravam tipicamente numa

política a favor do país. Na verdade, Os Estados Unidos estimularam a criação e a

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ascensão ao poder dessas elites e classes por todo o mundo: o país se tornou o

principal protagonista da projeção do poder burguês por todo o globo.

A cultura americana muito fortemente disseminada também por Hollywood,

assim como os atletas de ponta das olimpíadas e os parques temáticos do complexo

Disneyworld influenciam e muito na decisão do jovem escolher os Estados Unidos

da América o destino para o seu programa de Intercâmbio Cultural. Ao refletirmos

sobre o grande número de jovens brasileiros que escolhem os Estados Unidos

observamos que nossa cultura sofre uma grande influência da cultura americana.

O imperialismo cultural tornou-se importante arma na luta para afirmar a hegemonia geral. Hollywood, a música popular, formas culturais e até movimentos políticos inteiros, como o dos direitos civis, foram mobilizados para promover o desejo de emular o modo americano de ser. Os Estados Unidos foram concebidos como um farol da liberdade dotado do poder exclusivo de engajar o resto do mundo numa civilização duradoura caracterizada pela paz e pela prosperidade. (Harvey, D., 2005, p. 53).

Os Estados Unidos também são considerados um grande celeiro para quem

busca o desenvolvimento da tecnologia, da medicina, da indústria, da ciência nas

diferentes áreas em que atua, sua influência vai além dos filmes de Hollywood, dos

Outlets, da música pop, entre outros. O American way of life é o estilo de vida

exportado que possui uma alta receptividade em vários países, eis as palavras do

teórico:

Filmes americanos, televisão, música, moda e alimentos cativaram especialmente os jovens em todo o mundo, mesmo quando eles espalharam a exportação mais importante da América: o seu estilo de vida do consumidor e do individualismo que promove. A Internet, computadores e outros aparelhos de alta tecnologia revolucionam a vida diária em todo o planeta, quer se originando nos Estados Unidos ou tendo seu pleno desenvolvimento lá. (Hertsgaard, 2003, p. 7).13

13 Nossa tradução para: American movies, television, music, fashion, and food have captivated especially young people throughout the world even as they spread America´s most important export: its consumer lifestyle and the individualism it promotes. The Internet, computers, and other high-tech gadgets revolutionizing daily life all over the planet either originated in the United States or find their fullest development there.

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Outra questão relevante em relação à influência que os Estados Unidos

exercem sobre os demais países é devido a grande e presente contribuição que a

mídia faz ao transmitir para as outras nações o que está acontecendo no país.

Segundo Hertsgaard (2003, p. 7), “a América recebe uma quantidade

desproporcional de cobertura da mídia ao redor do mundo, reforçando a sombra da

Águia sobre os estrangeiros.” 14

Além dessas influências citadas, os Estados Unidos difundi fortemente sua

cultura por intermédio dos seriados difundidos por TVs a cabo em todo o mundo,

sendo o país também sede de grandes empresas do ramo da tecnologia, das redes

sociais e do vídeo game, atraindo muitos estudantes que buscam desenvolvem uma

carreira acadêmica e profissional nesses setores.

Atualmente o cenário das escolhas como destino feito pelos intercambistas do AFS

continua sendo os Estados Unidos.

14 Nossa tradução para: America receives a disproportionate amount of coverage from news media around the world, reinforcing foreigners’ sense of living always in the Eagle´s shadow.

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2.2 O lugar da interculturalidade no contexto de mobilidade estudantil

Os intercâmbios culturais estão em diversas ocasiões, transitam em

diferentes espaços como numa reunião de negócios entre dois países, numa

conversa informal com um estrangeiro, nas migrações, nas viagens, no comércio,

surgindo questionamentos relacionados às diferenças culturais, aos diferentes

pontos de vistas, costumes, que surgem teorias que visam analisar a

interculturalidade.

Ao longo da história da humanidade, diferentes nações passaram por

transformações culturais, ocorridas pela dominação, conflitos e até mesmo pelo

intercâmbio recíproco entre os seus indivíduos. Essas relações foram intensificadas

após o desenvolvimento e evolução tecnológica dos meios e veículos de

comunicação, a ampliação do mercado global e as relações políticas e sociais entre

grupos e organizações do mundo todo. A partir desse contexto internacional,

antropólogos, sociólogos e comunicólogos intensificaram seus estudos na

diversidade cultural, com foco na interculturalidade. (Pierobon, 2006, p. 57).

Segundo (Gabriel, 2007) o surgimento da interculturalidade advém de um

movimento social, que apoia a diversidade cultural e suas relações e é contra os

processos de exclusão social.

O termo diversidade é a palavra chave para a questão da interculturalidade,

pois se trata de duas ou maios culturas conectadas, relacionadas, se comunicando.

O indivíduo intercultural aceita a diversidade e respeita as diferenças.

Já para o teórico Oatey, (2000, p. 4), “o termo intercultural se refere à interação

entre pessoas de dois grupos culturais distintos”.

A interculturalidade conforme o teórico acima se refere a interação entre

pessoas de culturas diferentes, e o indivíduo, o falante intercultural tem a

competência de saber se relacionar com pessoas com diferentes aspectos na

aparência física, na vestimenta, nas atitudes, aspectos que são somente diferentes,

nem piores e nem melhores.

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O termo intercultural sugere, antes de tudo, a noção de comparação, uma cultura particular é vista através do panorama de outra cultura - similaridades e diferenças são reveladas ao se adotar o aprendizado de línguas estrangeiras centrado na Abordagem Comunicativa lembre-se, mais uma vez, que estará implícito o conceito holístico de ensino, que estabelece como corolários metodológicos não somente os elementos gramaticais e do discurso, mas também as características sociais, culturais e pragmáticas da língua. Logo, a compreensão da interculturalidade torna-se uma asserção básica desse aprendizado. Hanna, (2013, p.5).

A palavra intercultural traz a ideia de duas culturas conectadas, com suas

semelhanças e diferenças, proporcionando a conscientização do respeito à

individualidade sem a criação de estereótipos, julgamentos, críticas aos outros, à

sua cultura, despertando o propósito do relacionamento entre diversas identidades

com o respeito à individualidade.

A base do entendimento intercultural envolve o reconhecimento das similitudes e das dessemelhanças entre duas ou mais culturas, do mesmo modo que pondera a respeito de como se relacionar com múltiplas identidades e desenvolver respeito à individualidade com vistas a evitar generalizações, estereótipos, uma única visão do ‘outro’. Agir como um falante intercultural implica o aprendiz ter consciência, também, de sua própria identidade e cultura, e de como é percebido pelos outros com quem está interagindo. Hanna, (2013, p.1).

Poderíamos associar Interculturalidade à palavra “Multiculturalismo”, mas há

uma grande diferença, segundo Damázio, 2008, p.69 apud Walzer 1999, p. 144,

O Multiculturalismo como ideologia é um programa social que visa a uma igualdade econômica e social. Em relação à Europa, a partir dos anos 80, surge o debate acadêmico do multiculturalismo, importado dos Estados Unidos e que teve sua origem no Canadá. Este alcançou grande espaço na Alemanha, vinculados às temáticas da nacionalidade, cidadania e políticas de imigração. (apud Vallescar Palanca, 2000, p. 125).

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“A proposta intercultural surge, principalmente, a partir do vazio deixado pelo

multiculturalismo. Visa à superação do horizonte da tolerância e das diferenças

culturais e a transformação das culturas por processos de interação.” (Damázio,

2008, p. 15).

O Multiculturalismo apresenta uma proposta diferente da interculturalidade, à

medida que se preocupa em seguir modelos adotados por outros países

anteriormente e suas políticas econômicas e sociais, sendo assim, não há igualdade

entre as culturas, uma se destaca em relação à outra. Já a interculturalidade

defende uma educação intercultural, o reconhecimento e a compreensão das

diferenças culturais, ou seja, não há uma cultura superior a outra.

Para Panikkar (apud Vallescar Palanca, 2000, p. 266) multiculturalismo e

interculturalidade são propostas diferentes, já que o Multiculturalismo se refere à

síndrome ocidental que consiste em acreditar que existe uma supercultura, superior

a todas e capaz de resolver os problemas supostamente universais. “Já

interculturalidade questiona quais são estes problemas universais. Caracteriza-se

pela exigência de abertura ao “outro”, uma vez que a problematicidade das

perguntas é algo que não se pode resolver solitariamente.” (Damázio, 2008, p. 16).

Damázio afirma que na Europa o interculturalismo está relacionado aos imigrantes

do terceiro mundo. A proposta de assunção do interculturalismo pela sociedade se

dá na forma de “comunicação intercultural”, como uma nova aprendizagem

democrática entre os diversos grupos culturais apud (Godenzzi, 2005, p. 4-10).

Damázio (apud Godenzzi), afirma que na América Latina o interculturalismo

diz respeito aos distintos povos e comunidades que são partes constitutivas de cada

nação. Para Godenzzi (p. 6-7), a interculturalidade, surgida das reivindicações dos

povos indígenas, foi uma resposta crítica diante dos problemas e conflitos do mundo

atual.

Rozenfeld, Viana, (2011 p. 270), apud Mota et al. (2004), afirma que no Brasil,

importantes estudos foram descobertos com foco no ensino de Língua Estrangeira

com base intercultural,

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As autoras reuniram trabalhos do campo da interculturalidade que abordam questões relativas à promoção de consciência cultural crítica em relação à construção de uma identidade fortalecida ao desenvolvimento de uma competência multicultural e à formação intercultural humanizadora de professores de Língua Estrangeiras. Elas se opõem à rigidez pré-fixada dos roteiros didáticos de sala de aula, ao silenciamento da voz do aluno, à imposição de padrões interculturais estereotipados e à ausência de uma política pedagógica que promova a construção de um espírito de cidadania mais humana. Dessa forma, as autoras buscam situar a língua em um contexto sociocultural historicamente constituído, considerar os componentes identitários de alunos e integrar os conteúdos linguísticos em cenários pluriculturais, mediadores de uma conscientização intercultural crítica, a partir do conhecimento da cultura de origem.

A interculturalidade alude a um tipo de sociedade em que as comunidades étnicas, os grupos sociais se reconhecem em suas diferenças e buscam uma mútua compreensão e valorização. O prefixo “inter” expressaria uma interação positiva que concretamente se expressa na busca da supressão das barreiras entre os povos, às comunidades étnicas e os grupos humanos. Damázio (apud Astrain, 2003, p.327).

A Instituição AFS Intercultural Programs por intermédio do Intercultura Brasil

visa a propagar com o seu programa de intercâmbio cultural, a interculturalidade, a

educação intercultural por intermédio da vivência em diversos países, enviando

estudantes brasileiros não somente aos Estados Unidos ou países mais tradicionais

como Inglaterra e França, mas também países com culturas mais exóticas como

Finlândia, Eslováquia, Letônia, Rússia, Tailândia, entre outras nações, inclusive o

Brasil, trazendo a vivência da interculturalidade já mesmo no processo seletivo para

a realização do intercâmbio incentivando a troca de experiências entre os indivíduos

que estão participando da seleção, os estrangeiros que estão morando no Brasil, os

que retornaram de suas viagens e os próprios voluntários responsáveis pela seleção

dos participantes à vaga de intercâmbio.

Dessa forma, a Instituição possibilita que não somente os selecionados

tenham essa consciência, mas também todos os indivíduos que passaram pelo

processo de seleção para as vagas de intercâmbio, como também seus familiares,

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seus amigos e as comunidades em que vivem, pois a seleção exige como parte da

avaliação o desenvolvimento de trabalhos sociais realizados voluntariamente.

No contexto da organização AFS Intercultural Programs, os candidatos à vaga

de intercâmbio passam por um processo seletivo que tem o objetivo de selecionar os

jovens que estão bem mais preparados segundo os avaliadores da Instituição,

jovens que estão mais envolvidos com os conceitos de interculturalidade. Além

disso, os participantes da seleção tem a oportunidade de discutir questões que

envolvam preconceito, cidadania, respeito ao próximo, tolerância a diversidade

cultural e igualdade entre os povos. É nessa questão que o interculturalismo

aparece,

A interculturalidade orienta processos que têm por base o reconhecimento do direito à diferença e a luta contra todas as formas de discriminação e desigualdade social. Tenta promover relações dialógicas e igualitárias entre pessoas e grupos que pertencem a universos culturais diferentes, trabalhando os conflitos inerentes a esta realidade. (Candau, 2003), PUC-Rio/Novamétrica.

Os conceitos ensinados sobre interculturalidade se limitaram à experiência do

programa de Intercâmbio, além do processo de preparação para tal experiência

efetuada pela organização, pois essa temática é abordada muito raramente nas

escolas,

No Brasil, a reflexão sobre esta temática vai penetrando na vida acadêmica. Nas diferentes práticas educativas ainda está muito pouco presente. Nos anos que levamos aprofundando nesta temática, identificar propostas educativas concretas que tenham uma referência explícita a questões que podem ser situadas no âmbito das preocupações interculturais não tem sido fácil. (Candau, 2003).

Byram e Fleming (1998, p. 121 apud WRINGE) dizem que “conhecimento de

mundo é crucial em todos os aspectos da vida, incluindo o vocacional”

Conhecimento de mundo é relevante tanto para alguém viver a sua vida quanto para fazer o seu trabalho... Em nosso trabalho nós

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usamos um conhecimento específico de alguma parte do mundo para tomar decisões de um modo particular (Wringe, 1991, p. 42).15

Damázio, p. 17, apud Candau, (2005, p.19) diz que a interculturalidade orienta

processos que têm por base o reconhecimento do direito à diferença e à luta contra

todas as formas de discriminação e de desigualdade social. Tenta promover

relações dialógicas e igualitárias entre pessoas e grupos que pertencem a universos

culturais diferentes, trabalhando os conflitos inerentes a esta realidade. Não ignora

as relações de poder presentes nas relações sociais e interpessoais. Reconhece e

assume os conflitos, procurando as estratégias mais adequadas para enfrentá-los.

Ao morar em outro país você vive o interculturalismo no cotidiano.

Destacamos o contexto desta pesquisadora, ter sido exposta a um processo de

seleção e depois de preparação para vivenciar a experiência de intercâmbio, foi

possível vivenciar a interculturalidade na prática, mesmo sem saber que esse termo

existia, mesmo sem ter essa percepção enquanto morava na Noruega.

O intercultural não pode ser considerado apenas como um conceito exclusivo

do domínio pedagógico. O intercultural ou a interculturalidade acaba por ser uma

opção sociológica global. Nessa perspectiva o intercultural é uma “forma esclarecida

de ver e entender o mundo, uma forma de estar antropológica porque legitima as

heterogeneidades dentro das identidades.” (Vieira 1995, p. 142).

Um indivíduo intercultural se constrói por intermédio dos diálogos com

diferentes grupos, com a experiência de novos hábitos e o mais importante, muda o

seu jeito de enxergar e de pensar o mundo. Há uma relação de interação com o

novo contexto o qual está inserido, tornando-se mais observador, flexível, tolerante,

curioso, respeitoso e solidário a vida alheia.

A interculturalidade requer um projeto educativo. Não chega a ter uma atitude multicultural de tolerância em relação aos outros, trata-se de pensar uma educação para o plural, onde as diferentes culturas possam comunicar-se, respeitar-se e enriquecer-se

15 Nossa tradução para: Knowledge of the world is relevant to both the way one lives one´s life and the way one does one´s job… in our work we use knowledge of a specific part of the world to make decisions of a particular kind.

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mutuamente através de uma participação conjunta. (Gabriel, 2007, p. 58).

Além das duas culturas Brasil/Noruega (nosso caso) ou Brasil/Estados

Unidos, temos também as outras culturas inseridas no contexto de intercâmbio, pois

há os outros intercambistas de outras nacionalidades, sendo assim, surgindo já uma

globalização.

Outra questão dentro da interculturalidade é o relativismo cultural. Há atitudes em

nossa cultura brasileira que não são “apropriadas” ou “incorretas” em outras

culturas. Como por exemplo, chegar um amigo em casa que você não está

esperando, e a família hospedeira na Noruega começar a jantar e não convidar esse

amigo. A primeira vista podemos pensar em falta de educação, egoísmo, mas na

verdade é somente um hábito dos noruegueses, faz parte da cultura deles. Isso é

relativismo.

Uma dificuldade da abordagem cultural é o relativismo. Com efeito, o culturalismo, considerando o homem quase exclusivamente como o produto da sua cultura, conduz ao relativismo cultural, ou seja, à avaliação de cada cultura no seu próprio contexto. O relativismo cultural supõe que cada elemento do comportamento cultural seja considerado em relação com a cultura da qual faz parte, e que, neste conjunto sistemático, cada detalhe tenha um significado e um valor positivo ou negativo. Limita-se à descrição, à observação, isolam-se as culturas e considera-se cada uma como um sistema fechado e coerente. (Gabriel, F. 2007, p. 59).

A partir das análises acima, ressaltamos a importância da interculturalidade. A

perspectiva intercultural se compromete com a busca de alternativas e práticas de

convivência entre culturas. Defende a ideia de que o ponto de vista ocidental não é o

único correto.

A interculturalidade traz ao indivíduo a noção de que a sua cultura não é nem melhor

e nem pior, apenas diferente daquela que está vivenciando durante o intercâmbio, a

partir das experiências adquiridas no processo de mobilidade estudantil, o estudante

começa a deixar o preconceito, os estereótipos e começa a abrir a mente para

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vivências que até aquele momento não faziam nenhum sentido antes de começar o

intercâmbio.

A base do entendimento intercultural envolve o reconhecimento das similitudes e das semelhanças entre duas ou mais culturas, do mesmo modo que pondera a respeito de como se relacionar com múltiplas identidades e desenvolver respeito à individualidade com vistas a evitar generalizações, estereótipos, uma única visão do “outro” Agir com um falante intercultural implica o aprendiz ter consciência, também, de sua própria identidade e cultura, e de como é percebido pelos outros com quem está interagindo. (Hanna, 2013, p.2).

O falante intercultural é o indivíduo que reconhece a sua cultura nativa e

consegue identificar que possui novos valores, ou seja, novas posições, novos

pontos de vista que foram agregados a sua identidade devido a vivência no exterior.

Ele é capaz de relacionar ambas as culturas, no caso desse estudo, a brasileira e a

norte americana, identificar suas semelhanças e diferenças sem dizer que uma é

superior a outra, porém, respeitando suas particularidades.

2.3 Competência Intercultural

Ao longo dos anos, valores, sociedades, tecnologias, conhecimentos

passaram por muitas transformações e continuam se transformando. Com o mundo

globalizado, com as nações conectadas, há cada vez mais troca de informações

entre os indivíduos de diferentes culturas seja por intermédio das viagens, dos

negócios, da internet, ou seja, cada vez mais diferentes culturas passam a se

encontrar e a conviver no mesmo espaço, portanto a comunicação desempenha um

papel fundamental em nosso cotidiano.

O atual momento do planeta aponta para um processo dinâmico de tendências para a globalização da economia, dos mercados e dos negócios; principalmente, para a propagação das particularidades

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culturais de toda a sociedade. Essas mudanças têm gerado um crescente número de contextos internacionalizados dentro de empresas nacionais, que exigem do trabalhador a competência necessária para lidar com equipes de pessoas de diferentes nacionalidades. Tais pessoas trazem consigo não só uma língua diferente, mas acima de tudo costumes, valores e concepções de mundo que podem alavancar conflitos nos relacionamentos e nas tomadas de decisão. (Rovai, E.; Pompeu, S. p. 1:2).

Com a crescente internacionalização ao fato de o mundo estar se tornando

cada vez mais globalizado surge frequentemente a demanda por indivíduos que

além de terem a habilidade de se comunicarem numa segunda língua, tenham

competências que os ajudam a se comunicar dentro desse contexto globalizado,

transitando por diferentes culturas.

Existe um conceito entre estudiosos contemporâneos da área de

ensino de Língua Estrangeira quanto à indissolubilidade das noções

de língua e de cultura, principalmente tomando-se a vertente

antropológica e simbólica de cultura. (Rozenfeld, C.; Viana, N. (2011,

p. 265).

A partir de década de 70, observamos no campo da Linguística Aplicada uma

maior preocupação com o papel da cultura e com as diferenças culturais para a

comunicação em Língua Estrangeira. Autores como Hymes (1972), Canalee Swan

(1980), Widdowson (1978), Kramsch (1993) e no Brasil, Almeida filho (2008), são

alguns exemplos de estudiosos que contribuíram fortemente para o paradigma

comunicativo vigente até a atualidade, o qual evidencia a relevância de aspectos

culturais da língua no ensino de Língua Estrangeira.

“Todavia, ainda há poucas pesquisas que focalizem a relação língua/cultura

na comunicação/interação”. (apud Viana, 2003, p. 86).

É com a relação entre língua e cultura, que a Competência Intercultural surge

nos mais variados campos,

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O Conceito de Competência Intercultural (CI) surge a partir dos pilares da relação entre língua e cultura na interação, bem como das concepções de interculturalidade, comunicação intercultural, Interkulturelle Germanistik, todos com base teórica (e aplicação) também nos campos da antropologia, da sociologia, da psicologia e da comunicação. Tais conceitos adquirem expressividade no contexto contemporâneo, marcado pela globalização, pela rápida troca de informações e intercâmbio cultural e evidenciam desafios das/nas interações culturais. (Rozenfeld, C.; Viana, N. 2011, p. 266).

Segundo Jin, L., Cortazzi, M. (1999 p. 198) o conceito de competência

intercultural foi amplamente utilizado em psicologia social e nos estudos de

comunicação. Nesses campos, a competência intercultural é vista a afetividade

social (como por exemplo, a habilidade de alcançar objetivos sociais) e adequações

(como por exemplo, uma comunicação apropriada dentro de um aprendizado de

uma língua estrangeira).16 (apud Dinges, 1883; Hammer, 1989; Martin, 1989; Kim,

1991; Wiseman & Koester, 1993).

Já o teórico Rodrigues G. (2012) aponta que o conceito de competência

intercultural é vinculado a uma variedade de conceitos ligados à literatura das áreas

de psicologia intercultural, gestão intercultural, gestão de diversidade e de negócios

internacionais, entre outras. Alguns desses conceitos comumente encontrados são:

“mentalidade multinacional”, “cosmopolitismo”, “inteligência cultural” e “mentalidade

global”. Assim os autores acreditam que existem lógicas potencialmente diferentes

sobre as quais se desenvolve o raciocínio a respeito do desenvolvimento da

competência intercultural ao longo do tempo. (apud Morley e Cerdin 2010).

Para Rozenfeld, C.; Viana, N. (2011, p. 266) apud (Volkmann et al. 2002, p.7),

“a Comunicação Intercultural vai além da aquisição dos conhecimentos puramente

factíveis sobre a geografia, costumes e produção linguística, englobando também o

conhecimento sobre modelos de comunicação e comportamento de pessoas de

outras culturas.”

16 Nossa tradução para: This concept has been widely used in social psychology and studies of communication (Dinges, 1983; Hammer, 1989; Martin, 1989; Kim, 1991; Wiseman & Koester, 1993). In these fields, intercultural competence is seen in social effectiveness (i. e., the ability to achieve instrumental and social goals) and appropriateness (i. e., suitable communication in a given situation in a particular culture).

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Segundo Rozenfeld, C.; Viana, N., 2011, p. 266 “se Competência Intercultural

(CI) não significa o simples conhecimento, mas também reflexão sobre o outro, é

necessário que se teçam comparações com a própria cultura”. Isso é muito

importante para que não tenhamos a formação de estereótipos e para que a cultura

que está em foco possa transmitir uma impressão realística. (Vollmuth, 2002, p. 49).

Também para as estudiosas Rozenfeld, C.; Viana, N. 2011, p. 267 apud

Stierstofer 2002, p. 119 ambas enfatizam que há uma dimensão dinâmica da

Competência Intercultural que visa, por meio de desdobramento processual,

transpor o vazio entre Língua Materna e a Língua Estrangeira e entre a própria

cultura e a cultura-alvo. O processo é representado pela Figura 1.

Figura 1 – Representação da região de mediação da Competência Intercultural. (ROSENFELD, C, VIANA, N. 2011, p. 268)

Ainda Rozenfeld, C.; Viana, N. (2011, p. 267) apud (Weier, 2002, p.166)

apontam para a dificuldade de definição do termo e atribui tal dificuldade às

diferentes implicações relacionadas a ele. As autoras caracterizam a Competência

Intercultural como a competência baseada em capacidades humanas gerais como a

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de empatia, de tolerância frente a ambiguidades e de manejo de conflitos e postula

que a Competência Intercultural deve servir a situações em que está envolvida a

compreensão entre os povos e a política de paz. Elas propõem diferentes elementos

envolvidos na Competência Intercultural, os quais se encontram representados na

Figura 2.

Figura 2 – Representação dos diferentes elementos envolvidos na Competência Intercultural. (ROSENFELD, C, VIANA, N. 2011, p. 268)

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Ao adquirirmos a Competência Intercultural nos tornamos indivíduos mais

críticos e analíticos em relação a nossa cultura e a dos outros.

“Uma pessoa com algum grau de Competência Intercultural é aquela capaz de ver relações entre diferentes culturas – tanto internas quanto externas – e de mediar, ou seja, interpretar cada uma a partir da perspectiva do outro, para os outros ou para si mesma”. Além disso, essa pessoa se caracteriza por apresentar facilidade para ter uma compreensão crítica e analítica da própria cultura e de outras, bem como consciência de que sua perspectiva pessoal, sua forma de pensar, não são naturais, mas determinadas culturalmente. Rozenfeld, C.; Viana, N. (2011, p. 268-269), apud (Byram, 200, s/p).

Outro conceito sobre Competência Intercultural segundo Hanna (2015, p. 6)

afirma que é a habilidade de se escolher um comportamento comunicacional-

interacional efetiva em determinada circunstâncias de compartilhamento entre

múltiplas identidades sociais. Segundo a autora apud Byram (2010) há cinco

aptidões que o indivíduo desenvolve ao ter a Competência Intercultural:

- Atitudes: curiosidade e prontidão para eliminar para eliminar o ceticismo em

relação a outras culturas e de ter convicção sobre a própria;

- Conhecimento: conhecer grupos sociais, seus produtos culturais e práticas,

e os processos gerais e individuais de interação, incluindo os próprios e dos

interlocutores;

- Capacidade de interpretação: habilidade de interpretar eventos da cultura-

alvo e relacioná-los com a própria;

- Capacidade de ação e interação: habilidade em adquirir novos

conhecimentos a respeito de uma cultura e de práticas culturais e de operar o

conhecimento e adequar as atitudes sob pressão em tempo real de comunicação e

interação.

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- Consciência crítica cultural/aprendizado político: habilidade de avaliar

criticamente sob perspectivas explícitas de critérios, práticas e produtos de sua

própria cultura e de outros.

Também para Hanna (2015, p 7-8), os encontros interculturais envolvem

interação entre as múltiplas identidades sociais dos participantes e das percepções

que têm sobre as identidades de cada um, especialmente, o reconhecimento que

algumas são dominantes em determinadas circunstâncias. Segunda a autora apud

Byram 2005, p. 20, há a teoria do “terceiro espaço da enunciação” de Homi K.

Bhabha, na qual a interação é vista com mais do que a soma das partes, os

encontros interculturais ampliam as identidades culturais envolvidas. Hanna (2015,

p. 7-8) afirma que Bhabha elucida o conceito de terceiro espaço como o lugar em

que a cultura é disseminada, e abre espaço para o aparecimento de uma identidade

híbrida em que os dois lados consideram compartilhar uma identidade comum em

relação a espaços e diálogos comuns.

De acordo com Hanna (2015 p. 7-8), habilidade em encontrar o “terceiro

espaço” está na essência da competência intercultural, aquele que participa da

interação não é apenas um observador, ele vive a experiência – a interação cultural

não é uma questão de manter a moldura da própria cultura ou, muito menos, de

assimilar a daquele com quem interage. Trata-se de encontrar um lugar

intermediário entre as duas posições, demandas, na verdade, “adotar um terceiro

espaço” (Crozet, 1999, apud Kumaravadivelu, 2008, p. 134).

O sucesso da Comunicação Intercultural implica que uma mensagem

produzida numa determinada cultura possa ser processada com sucesso em outra.

Nesse sentido, uma integração entre o ensino de línguas e da cultura pode contribuir

para o conhecimento do homem em geral, e ao devolver a habilidade linguística e a

sensibilidade cultural pode, assim, desempenhar um papel de extrema importância

na compreensão das diferenças culturais. (Santos, P., Alvarez, M. 2010, p. 18).

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2.4 O modelo de sinergia cultural

Outro conceito dentro da área de Competência Comunicativa é o que propôs

Jin, L.; Cortazzi, M. (1998, p. 114) que é o modelo de sinergia cultural. “Este modelo

sugere a necessidade de compreensão mútua das diferentes culturas, estilos de

comunicação e culturas acadêmicas.” 17

Isso não significa que a diversidade e variedade serão fundidas em um só,

mas que existem divisões naturais e culturais. Praticantes acadêmicos devem ter a

mente aberta para estar ciente da operação de outros estilos e apreciar a sua

ênfase. Sinergia cultural aqui implica que existe um benefício adicional de

colaboração, que é maior do que o benefício único para cada um dos lados, no

contexto intercultural. (Jin, L.; Cortazzi, M. 1998, p. 114) 18

De acordo com Jin, L.; Cortazzi, M. (1998, p. 118), comunicação intercultural,

em termos de sinergia, é provável que estabilize a auto-identidade dos alunos

(Meyer I99I: I37). “Modelo de sinergia, porque ele é visto em termos de relações

chinesas de oferecer benefícios mútuos e exigindo responsabilidade mútua para a

compreensão intercultural.”19

Para Jin, L.; Cortazzi, M. 1998, p. 117 apud Martin 1993; Meyer, 1991, O

modelo de sinergia Cultural visa promover a competência intercultural, tornando os

participantes sociáveis - e educacionalmente - eficazes entre culturas, não só se

comunicando adequadamente em contextos interculturais, mas, ainda mais, tendo a

compreensão dos padrões de comunicação, das expectativas e das interpretações

dos outros.20

17 Nossa tradução para: This model suggests the need for mutual understanding of different cultures, communication styles and academic cultures. 18 Nossa tradução para:This does not mean that diversity and variety will be merged into one, but that natural divisions exist and academic cultural practitioners should have a open mind to be aware of the operation of other styles and appreciate their emphasis. 19 Nossa tradução para:Intercultural Communication, in terms of synergy, is likely to stabilise learners´self-identity (Meyer 1991, p. 137). The synergy model, because it is seen in Chinese relation terms of offering mutual benefit and requiring mutual responsibility for intercultural understanding. 20 Nossa tradução para: The cultural synergy model is aimed at fostering intercultural competence, in the sense that participants will be socially - and educationally - effective across cultures, not only

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Figura 3 – O modelo de sinergia cultural da aquisição de segunda língua (Jin 1992).

communicating appropriately in intercultural contexts but, further, understanding the communication patterns, expectations an interpretations of others.

SLA

ALU

SOCIAL DISTANCE PSYCHOLOGICAL DISTANCE

ACADEMIC DISTANCE

Congruence Similar/Discimilar

Social familiarity/Isolation

Character atributs of source/target cultures

Steriotyte/Realistic Positive/Negative

Academic language use Listening, speaking, intonation ,writing,

vocabulary,discourse, Pattern, pausing,note-

taking,turn-taking quoting,referencing Cultural

Individual/Collective Asking for help/Expecting

offer of help Respect for

privacy/offering help

Culture Shock

Tutor-student relationships Personal, social, academic

Knowledge of target/source

Socieles and cultures

Finance Anxiety

Social consequences Academic cultural

orientation Active involvement/passive

participation Alternatives/single solution Critical evaluation/uncritical

acceptance Individual/collective

Independence/dependence Speaker/writer´s

Responsibility/listener & Reader´s respectability

Racism Superiority/Inferiority

Inverted racism

Academic culture shock Academic expectations Academic presentations Knowledge of education

system Motivation for study Research process Research methods Teaching-learning

strategies Reverse culture shock

Languge Shock Attitudes towards language learning

Balance of language competence/acculturation

Confidence/Lack of confidence Language

Social-emotional Interaction/cognitive

processing

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2. 5 AFS Intercultural Programs

A AFS Intercultural Programs (AFS, antigo American Field Service, no Brasil é

uma organização não governamental internacional, sem fins lucrativos, fundada em

1915 por Abram Andrew (1983-1936), antigo professor na Universidade Harvard. A

organização, com sede em Nova Iorque, pretende ajudar a construir um mundo

solidário por meio do intercâmbio cultural entre os povos. É a maior e mais antiga

organização de intercâmbios para jovens do mundo.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/AFS_Intercultural_Programs. 21

Atuando em mais de 88 países, o AFS Intercultural Programs realiza o seu

trabalho por intermédio de voluntários que acreditam na missão do programa:

promover a paz mundial e fazer com que os seres humanos se tornem mais

solidários. Entretanto o programa oferecido aos estudantes do Ensino Médio dá a

oportunidade dos participantes de vivenciarem uma experiência no exterior, não

apenas com o foco turístico, mas também acadêmico e cultural.

Durante o período de um ano, período do programa que pode ser iniciado em

janeiro ou julho dependendo do destino, o estudante viverá com uma família

hospedeira nativa do país o qual estará vivendo e passará a frequentar uma escola

do Ensino Médio estudando as matérias obrigatórias solicitadas pelo Ministério da

Educação (MEC).

Ao regressar para o país de origem o estudante poderá fazer a convalidação

das notas, processo realizado pelo estudante em parceira com a escola no exterior e

o MEC para que o ano que estudou no exterior possa ser válido e sendo assim dar a

continuidade de seu Ensino Médio numa escola brasileira. Em relação aos

estudantes que participarem do programa saindo do Brasil no terceiro ano do Ensino

Médio, não terão que regressar a Instituição Brasileira o qual estudavam

anteriormente, será necessário somente fazer o processo da convalidação. O

processo de convalidação só é feito mediante aprovação das matérias estudadas no

21 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/AFS_Intercultural_Programs>. Acesso em 06 mai 2014)

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exterior como inglês, educação física, matemática, uma matéria relacionada a

ciências (física, química e biologia) e outra a estudos sociais (história ou geografia).

Segundo site da Organização (www.afs.org.br) segue a lista dos países participantes

do programa de acordo com os cinco continentes:

África – Egito.

Ásia/Pacífico – China, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Tailândia e Índia.

Europa – Alemanha, Bélgica Flandres, Bélgica Francesa, Bósnia e Herzegovina,

Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Hungria, Irlanda,

Islândia, Itália, Letônia, Noruega, República Tcheca, Reino Unido, Rússia, Suécia,

Suíça, Sérvia, Turquia, Áustria.

América Latina – Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador,

Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Brasil.

América do Norte – Canadá e Estados Unidos.

Oceania – Austrália e Nova Zelândia.

O programa oferecido pela AFS Intercultural Programs visa também à

conscientização dos jovens participantes em relação à cidadania, à política, à

promoção da paz mundial, a tolerância, o não ao preconceito, ao racismo, a

homofobia, entre outros. Para isso a organização através de seus comitês locais

trabalha voluntariamente na preparação dos estudantes para o ano de intercâmbio,

com viagens, reuniões em que discutem as culturas que irão encontrar na

experiência de intercâmbio, o choque cultural que terão, além de discutirem sobre as

etapas do intercâmbio cultural, além de promoverem o trabalho voluntário durante a

seleção.

Segundo o site da Organização, no Programa Escolar, o participante ficará

hospedado em casa de família, onde frequentemente estabelece uma relação típica

entre filhos, pais e irmãos. O AFS tem a preocupação de selecionar cuidadosamente

estas famílias e, sempre que possível, busca “encaixar” os perfis destas com a do

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estudante. O participante deverá se adequar a rotina desta família, se tornando um

membro dela e realmente vivenciando a cultura local.

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CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA E ANÁLISE DO CORPUS

O Capítulo 3 trata do processo de definição da escolha metodológica e do

instrumento de pesquisa, além de descrever os procedimentos de coleta de dados.

Serão apresentados os dados para serem analisados de acordo com as teorias

mencionadas nos capítulos anteriores.

3.1 Motivação e pressupostos

Por ter participado do programa do AFS Intercultural Programs, pelo motivo

de ter recebido, em nossa casa, em São Paulo, pelo mesmo programa, uma

intercambista norueguesa, pela experiência desta pesquisadora ter vivenciado as

propostas do interculturalismo e as experiências de interculturalidade num programa

de intercâmbio cultural, e, acreditamos ter tido a oportunidade de desenvolver a

competência cultural, entre outras experiências, o tema tornou-se o objetivo dessa

pesquisa.

Obedecendo à ordem dos objetivos específicos elencados na Introdução, iniciamos

com a elaboração do questionário, seguido do envio à Gerência de Marketing do

AFS que se encarregou de remetê-los aos participantes para que posteriormente os

resultados fossem coletados e então a análise desses dados fosse concluída.

3.2 Instrumentos de pesquisa - questionário

Conhecer ou adquirir conhecimento é um bem que ninguém consegue tirar de nós. É

possível aprendermos em qualquer lugar, em diversas circunstâncias. Desde os

primórdios até os tempos modernos, a informação, o conhecimento, a sabedoria

continua tendo o seu valor.

Desde a história mais remota o homem primitivo, possui a ânsia do conhecimento, a busca insana pela sabedoria, fazendo com que o homem começasse a pensar com base nas usas observações evoluindo seus conhecimentos desde as concepções astrológicas evoluindo até registros em papiros a fim de realmente tornar o conhecimento explícito. É possível dizer cientificamente que o

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conhecimento sofreu várias fases, na qual se fundou em vários tipos. Dalfovo, Lana e Silveira (2008, apud Fachin et al., 2005).

De acordo com os estudiosos acima o mais estudado e difundido é o

conhecimento científico (apud Fachin, 2003) que se apresenta como o resultado de

uma investigação que segue uma metodologia, baseada na realidade de fatos e

fenômenos capaz de analisar, descobrir, criar e resolver novos e antigos problemas.

Além disso, o autor afirma que é necessária uma análise documental e textual, de

como é realizada a metodologia para verificar os resultados da pesquisa realizada.

Com base nos autores citados, utilizaremos como metodologia de pesquisa

um questionário cujo objetivo é comprovar a hipótese aventada. Apresentaremos os

processos da elaboração do questionário, da coleta de dados e da análise dos

resultados.

3.3. Elaboração do questionário

O questionário foi elaborado cuidadosamente com questões

cujas respostas pudessem demonstrar nossos objetivos. Houve uma preocupação

em relação a sua divisão para que a análise dos resultados fosse facilitada,

oferecendo ao leitor um texto mais organizado, seguindo as premissas a seguir,

O processo de construção de um questionário implica, entre outras coisas, “que se saiba exatamente o que se procura que todos os aspectos do assunto em estudo tenham sido bem abordados e que as questões sejam formuladas de modo a terem o mesmo significado para todos os elementos da amostra” (Hill & Hill, 2000).

Considerando as particularidades do estudo elaboramos um questionário

misto, estruturado da forma que se entendeu melhor servir os objetivos a que se

propunha. Assim o questionário foi construído por questões fechadas (a maioria) que

incidem, sobre fatos, e três questões abertas, totalizando dezoito questões.

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As questões que constituem os questionários podem ser classificadas de acordo com o seu conteúdo ou com a sua forma. No que se refere ao conteúdo, podem ser divididas em duas grandes categorias de questões: as que são relacionadas a fatos e as que são relacionadas a opiniões, atitudes, preferências, etc. Já em relação à forma, as questões podem ser abertas (o inquirido responde como entender melhor) ou fechadas (ao inquirido é apresentada uma lista de respostas possíveis da qual ele indica a que melhor corresponde à resposta que deseja dar). Ghiglione e Matalon (2005).

O questionário foi enviado por e-mail a Sra. Ana Beatriz Cavalcanti, Gerente

de Marketing do AFS, que ficou responsável por remetê-lo aos intercambistas que

estavam dentro do perfil pretendido, ou seja, brasileiros que estudaram um ano do

Ensino Médio nos Estados Unidos nas décadas de 1990 a 1999 ou 2000 a 2010.

O e-mail enviado para Sra. Ana Beatriz apresentou a pesquisadora e o

objetivo do trabalho. A pesquisadora solicitou ajuda ao AFS para contatar os

participantes do programa. No Anexo I a primeira resposta da Sra. Ana Beatriz

Cavalcanti enviada à pesquisadora. Posteriormente o primeiro e-mail da

pesquisadora enviado a Instituição AFS Intercultura Brasil com apresentação do

trabalho e da própria pesquisadora. Posteriormente temos o e-mail enviado por Ana

Beatriz (gerente de Marketing do AFS) respondendo que iria atender a solicitação da

pesquisadora e que sua diretora estava de acordo. A Gerente do AFS solicitou à

pesquisadora que fosse enviado um texto apresentando o trabalho para que ela

finalmente pudesse enviar o link aos participantes com o questionário, todas essas

informações estão no Anexo II. O texto solicitado e elaborado pela pesquisadora

está no Anexo III.

Foi utilizada a ferramenta tecnológica “Google Forms” um formulário online

que permitiu que a coleta e a organização das respostas fossem automatizadas para

a concretização da pesquisa.

Existem diversos sites que permitem a criação de formulários online. Um bom exemplo oferecido gratuitamente é o Google Forms. Esse aplicativo encontra-se no Google Docs, um serviço do Google que permite a edição colaborativa de documentos. Destacamos como vantagens desse formulário a sua apresentação, facilidade de uso e

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a forma organizada e simples com que são apresentadas as respostas. (Mozart, A., Heidemann, L., 2009, p.1),

A ferramenta “Google Forms” nos proporcionou o envio aos participantes de

um link no qual os participantes apenas precisavam clicar para responder as

perguntas do questionário. Ao terminar de respondê-las, nós já recebíamos

automaticamente as respostas de cada participante no item Resumo das Respostas

que consta no anexo IV, desta pesquisa. No Resumo das Respostas é apresentado

além dos gráficos dos resultados a demonstração em números e porcentagem em

relação ao total dos 44 entrevistados. O “Google Forms” garante agilidade e

segurança.

3.4 Análises dos resultados

Para a realização de um estudo, pesquisa é necessário que o pesquisador se

baseie em uma hipótese, que o objetivo desse estudo seja a comprovação dessa

hipótese, que na pesquisa contenha os resultados, como foram obtidos e por quem,

ou seja, se quem participou do estudou.

A população utilizada como objeto desse estudo foram os Intercambistas que

viajaram aos Estados Unidos, de ambos os sexos e que realizaram seus

intercâmbios nas décadas de 1990 a 2000 ou 2001 a 2010.

De maneira geral, autores classificam como partes de uma pesquisa a população como o conjunto a que se pretende estudar, e indivíduo uma peça deste conjunto. Apesar ainda de alguns autores classificarem amostra também como população, a amostra tem como corpo uma fração da população delineada na pesquisa. Segundo Dalfovo, M., Lana, R., Silveira, A. (2004, p. 8)

Para conseguimos desenvolver melhor análise dos resultados, dividimos o

questionário em a saber:

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Parte I – dados primários (três questões);

Parte II – regresso ao país de origem (quatro questões);

Parte III – intercâmbio e vida profissional (três questões);

Parte IV – língua e cultura finalizando (sete questões)

As perguntas foram analisadas individualmente de acordo com os resultados

obtidos do “Google Forms”, dados que poderão ser consultados no anexo IV.

É importante destacarmos que alguns intercambistas que responderam ao

questionário (4) não foram aos Estados Unidos, viajaram para outros países.

Decidimos não editar as respostas dos questionários, pois esses participantes

também tiveram experiências de interculturalidade, processos de identificação,

aquisição da competência cultural, ou seja, as decorrências, as experiências, de um

modo geral foram bem semelhantes ao programa de intercâmbio cultural nos

Estados Unidos. Praticamente o que alterou foi o idioma do local. Todas as

respostas dos participantes, os dados originais estão no Anexo IV intitulado Resumo

das Respostas.

PARTE I - DADOS PRIMÁRIOS

1) Assinale a década em que fez o intercâmbio:

Como podemos observar pela figura 1, tivemos a grande maioria dos

questionários respondidos pelos intercambistas que viajaram na década de 2000.

Houve um maior interesse em responder os questionários o público mais jovem, na

faixa etária de 30 anos. Somente quatro estudantes, o que corresponde a 9% do

universo de 44 intercambistas entrevistados responderam que viajaram na década

de 1990.

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Década de 1990 a 1999 – 4 estudantes – 10%

Década de 2000 a 2010 – 38 estudantes – 90%

É importante ressaltar que esses números não se referem a todos os

intercambistas brasileiros que fizeram intercâmbio nos Estados Unidos pelo AFS no

período delimitado na pesquisa já que nem todos os participantes estavam com os

cadastros atualizados, no banco de dados do AFS Intercultural Brasil, sede matriz do

AFS no Brasil, localizada no Rio de Janeiro.

2) Sexo:

A figura 2, que se refere à questão dois, abordamos a porcentagem em

relação ao sexo dos candidatos, 57% do sexo masculino em relação a 41% do sexo

feminino. Constatou-se um número maior de participantes do sexo masculino que

participaram do programa, ainda que as oportunidades de estudos e o mercado de

trabalho estejam em ascensão para a população feminina.

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Masculino – 25 homens – 58%

Feminino – 18 mulheres – 42%

3) Idade:

A pergunta três apresenta a idade atual dos participantes, lembrando que o período pesquisado foi de 1990 a 2010. Como demonstram os resultados abaixo, tivemos idades variadas, mas as maiorias dos participantes estão na faixa dos 27, 28 anos.

34 anos – 1 participante

40 anos – 1 participante

22 – 1 participante

24 – 1 participante

25 – 1 participante

26 – 1 participante

27 – 1 participante

28 – 1 participante

29 – 1 participante

30 – 1 participante

32 – 1 participante

31 – 1 participante

18 – 1 participante

16 – 1 participante

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20 – 1 participante

17 anos – 1 participante

27 anos – 1 participante

27 anos – 1 participante

63 anos – 1 participante

4) Comitê do AFS que realizou o Intercâmbio:

A questão quatro finaliza a Parte I – Dados Primários. Os dados obtidos com

a questão quatro apresentam um recorte dos comitês que mais responderam aos

questionários. Isso sugere os comitês mais ativos no AFS Intercultural Programs.

Entende-se por ativos aqueles comitês que enviam um grande número de

estudantes para o exterior e recebem estudantes em seus comitês também, que

estão engajados com a filosofia/missão da Instituição, que desenvolvem trabalhos

voluntários e são comprometidos com a seleção dos estudantes. Segue a lista com

os comitês que participaram da pesquisa:

Rio de Janeiro – Rio De janeiro

Assis – São Paulo

Belo Horizonte – Minas Gerais

Americana – São Paulo

Ribeirão Preto – São Paulo

Ribeirão Preto – São Paulo

Joinville – Santa Catarina

Americana – São Paulo

Vale dos Sinos – Rio Grande do Sul

São Paulo Alfa – São Paulo

Mocóca – São Paulo

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Rio Grande – Rio Grande do Sul

Americana – São Paulo

São Paulo – São Paulo

ABC – São Paulo

Americana – São Paulo

Lages – Santa Catarina

São Paulo – Alfa – São Paulo

Americana – São Paulo

Natal – Rio Grande do Norte

Ouro Branco – Minas Gerais

Vale dos Sinos – Rio Grande do Sul

Macaé – Rio de Janeiro

Salvador – Bahia

Vitória – Espírito Santo

João Pessoa – Paraíba

Chapecó – Santa Catarina

Mocóca – São Paulo

Salvador – Bahia

Joinville – Santa Catarina

São Paulo – São Paulo

Macaé – Rio de Janeiro

Porto Alegre – Rio Grande do Sul

PARTE ll - REGRESSO AO PAÍS DE ORIGEM

5) Retornou alguma vez ao local de intercâmbio?

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A questão cinco examina se o intercambista retornou alguma vez ao local de

intercâmbio, ou seja, não ao país, os Estados Unidos, mas ao local em que

vivenciou a experiência de Intercâmbio Cultural, a cidade que morou.

Com a figura abaixo podemos constatar que a maioria dos intercambistas

ainda possui algum tipo de vínculo que fez com que retornassem ao local onde

realizou o intercâmbio. O motivo pelo retorno pode ser uma visita à família

hospedeira, ou simplesmente uma visita ao local, não necessariamente sendo

obrigatória a visita à família hospedeira. Dos 44 entrevistados, 26 intercambistas

voltaram ao local de intercâmbio.

Sim – 26 participantes – 60%

Não – 17 participantes – 40%

6) Continua com algum contato com a família hospedeira?

Foi elaborada com o objetivo de demonstrar que esse programa de

intercâmbio cultural, o High School, que também foi apresentado como um programa

de mobilidade estudantil proporciona na grande maioria das vezes, um vínculo

relevante com o país e com a família que hospedou o intercambista, como podemos

observar na figura baixo:

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Sim – 40 participantes – 93%

Não – 3 participantes – 7%

A grande maioria dos participantes, ou seja, 91% dos entrevistados

confirmam que mantêm vínculo com a família hospedeira atualmente. Isso significa,

primeiramente, que o resultado da experiência foi positivo, caso contrário,

provavelmente não existiria mais o vínculo. Segundo, os estudantes continuam

mantendo contato efetivo com a cultura adquirida, já que se comunicam com a

família hospedeira.

7) Qual(is) fator(es) o levou(aram) a fazer o programa de intercâmbio nos

Estados Unidos?

A questão sete foi dividida em dois grupos, o Grupo I e o Grupo II. O Gráfico

referente ao Grupo I nos revela primeiramente fatores que levaram os estudantes a

fazer o programa de Intercâmbio Cultural, quais os motivos, de maneira geral,

levaram os participantes a deixar seus pais, amigos, escola, suas rotinas para

mudarem completamente de vida num país estrangeiro por um ano.

Como podemos obervar segundo a figura abaixo a alternativa mais

assinalada foi à letra C que corresponde a experimentar vivência internacional. Em

segundo lugar aparecem às letras A e D. Os dados demonstram que o motivo

principal é ter vivência internacional, ou seja, conhecer outro país, outros povos,

outras culturas. Quando falamos em vivência internacional estamos nos referindo à

experimentação do cotidiano em um país estrangeiro por um determinado tempo. O

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segundo objetivo ou motivo desses intercambistas de acordo com os resultados foi

aprender/aprimorar a língua (o inglês) e tornar-se uma pessoa mais madura,

independente e flexível.

a) Aprender e/ou aprimorar a Língua Inglesa – 28 participantes – 21%

b) Melhorar o curriculum profissional no futuro – 15 participantes – 11%

c) Experimentar vivência internacional – 30 participantes – 22%

d) Torna-se uma pessoa mais madura, independente e flexível

28 participantes. – 21%

e) Ter conhecido alguém que já tivesse feito algum tipo de intercâmbio

15 participantes – 11%

f) Gostar de viajar – 19 participantes – 14%

Já o segundo gráfico aponta motivos mais específicos para estudantes

escolherem fazer o programa de intercâmbio, especificamente nos Estados Unidos.

Como podemos notar, na figura abaixo, a opção mais votada é a letra C, “melhor

qualidade de vida comparada ao Brasil”.

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a) Aspecto econômico do país – 15 participantes – 28%

b) Desenvolvimento e performance acadêmica – 11 participantes – 21%

c) Melhor qualidade de vida comparado ao Brasil - 16 participantes – 30%

d) Influência adquirida por intermédio de filmes de Hollywood, música,

alimentos, consumismo, o chamado “American way of life” – 8

participantes – 15%

e) Lugar visto como “Lugar de oportunidades” – 3 participantes – 6%

8) O que sentiu imediatamente ao voltar ao seu país de origem?

A questão oito foi dividida em quatro grupos (I, II, III e IV) de respostas. Os

gráficos foram analisados individualmente.

O gráfico que representa o Grupo I apresenta sentimentos que o

intercambista viveu assim que retornou ao Brasil. Nesse primeiro gráfico

observamos que a grande maioria dos intercambistas vivenciou sentimentos

positivos como alegria e realização. A palavra com a maior porcentagem é

“realização”. A realização vem do sonho concretizado, do objetivo alcançado e da

persistência do desafio de ficar um ano longe de casa, longe dos pais, da família,

dos amigos, da vida que tinha no país de origem. Já o sentimento da alegria reflete

nos participantes por estarem revendo a família, os amigos, os lugares que

costumavam frequentar, as atividades que costumavam fazer, etc. O curioso é a

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palavra “depressão”, 27% responderam depressão; muitos intercambistas ficam

deprimidos ao voltarem para seus países de origem, pois sentem saudade da família

hospedeira, dos amigos que fizeram, da vida que tinham lá, das atividades que

faziam, da escola, do país, como podemos perceber pelos dados dos seguintes

gráficos:

a) Alívio – 3 participantes – 5%

b) Alegria – 21 participantes – 35%

c) Depressão – 12 participantes – 20%

d) Realização – 24 estudantes – 40%

É importante ressaltarmos que é de grande valia que as organizações de

intercâmbio prestem um serviço de preparação para a experiência que esses

adolescentes irão enfrentar, assim como o acompanhamento desses intercambistas

no seu programa de intercâmbio e o retorno, a adaptação em seus países de

origem. Assim como há o “choque cultural” ao chegar aos Estados Unidos, há

também o “choque cultural” ao voltar para o Brasil.

Os dados do Gráfico 2 demonstram que 64% dos participantes assinalaram

que sentiram falta da família hospedeira e 55% das amizades que fizeram durante a

experiência do intercâmbio. Também assinalaram em menor proporção perda de

algumas amizades que deixaram no Brasil (23%) e falta do ambiente escolar (20%).

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A letra C do gráfico abaixo corresponde à perda de amizades deixadas no

Brasil como, por exemplo, o estudante retornou ao país de origem o amigo (a) já não

se encontrava mais no Brasil e a distância provocou um afastamento natural, ou não

havia mais tantas afinidades numa determinada relação de amizade, entre outras

possibilidades. É importante destacarmos que o estudante sai do Brasil uma pessoa

“X” e volta uma pessoa “Y”, ou seja, não deixando de ser a pessoa que era, porém,

com uma nova identidade, uma identidade que agrega novos valores, novas

perspectivas, novos conhecimentos, novas opiniões, fatores que são relevantes para

alterarem certas relações.

a) Falta das amizades que fez no país do intercâmbio – 24 participantes – 34%

b) Falta da família hospedeira – 28 estudantes – 39%

c) Perda de algumas amizades que deixou aqui no Brasil – 10 participantes – 14%

d) Falta do ambiente escolar – 9 participantes – 13%

O terceiro gráfico aponta dados mais recorrentes do cotidiano desses

intercambistas no Brasil, novamente. Nesse momento de retorno ao seu país de

origem o estudante terá que reaprender a conviver em sua casa, com sua família,

com seus pais, com as novas regras dessa casa brasileira, do país Brasil, da

sociedade brasileira.

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De acordo com a figura abaixo houve equilíbrio no que diz respeito à

dificuldade e facilidade de readaptação, ambos com 41% dos resultados, ou seja,

metade dos entrevistados encontrou dificuldade para se readaptar enquanto que

exatamente 41% encontraram facilidade de readaptação.

Esse pode ser um dado que revela o quanto o estudante assimilou, vivenciou

o seu cotidiano, o seu ano de intercâmbio, a sua experiência internacional, já a

dificuldade de readaptação nos mostra que o intercambista estava muito bem

adaptado em solo americano.

Já em relação à família de origem somente 1% dos entrevistados assinalaram

que tiveram uma pior convivência com os pais ao retornar para o país de origem.

a) Dificuldade de readaptação – 18 estudantes – 30,5%

b) Facilidade de readaptação – 18 estudantes – 30,5%

c) Melhor convivência com os pais – 18 estudantes – 30,5%

d) Pior convivência com os pais – 5 estudantes – 8,5%

O Gráfico IV apresenta dados referentes ao ambiente escolar brasileiro,

quando o intercambista volta para a sua antiga escola, poderíamos perguntar, “será

que o jovem volta diferente como aluno?”.

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Segundo a figura abaixo 48% dos participantes concluíram que ao voltar para

a escola antiga houve uma melhora na convivência com os colegas da escola em

relação a 16% dos entrevistados que opinaram que a convivência com os demais no

ambiente escolar piorou. Outro dado positivo é que 36% dos participantes afirmaram

que tiveram melhor desempenho acadêmico após a experiência do intercâmbio

cultural.

a) Melhor desempenho acadêmico – 16 participantes – 30%

b) Pior desempenho acadêmico – 9 participantes – 17%

c) Melhor convivência com os colegas de escola – 21 participantes – 40%

d) Pior convivência com os colegas de escola – 7 participantes – 13%

PARTE III - INTERCÂMBIO E VIDA PROFISSIONAL

9) Em relação à vida profissional, ter participado do programa de Intercâmbio

Cultural, proporciona-me:

A questão de número nove foi elaborada com o propósito de identificarmos a

relação entre a experiência de intercâmbio cultural vivenciada e a aquisição de

competências como: intercultural, de liderança, de comunicação na língua inglesa e

de vivência internacional. Pretendíamos descobrir se o intercâmbio contribuiu para a

aquisição das competências.

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De acordo com o gráfico abaixo retirado do anexo IV, a competência mais

mencionada é a vivência internacional com 86% seguida da comunicação na língua

Inglesa e da Competência Intercultural, ambas com 80% dos participantes.

a) Comunicação na Língua Inglesa (inglês avançado-fluente)

35 participantes – 27%

b) Vivência internacional – 38 participantes – 32%

c) Liderança – 23 participantes – 14%

d) Competência Intercultural, ao conseguir compreender e interessar-me mais

pela cultura de outros povos e colo lidar com diferentes tipos de culturas

35 participantes – 27%

O segundo gráfico apresentou outros tipos de competências, mais voltadas

para as relações interpessoais e pessoais, quanto uma experiência de intercambio

cultural, High School, pode contribuir para que o indivíduo possa desenvolver mais a

sua segurança, tolerância, independência, maturidade?

De acordo com as respostas dos intercambistas demonstradas no gráfico

abaixo, todas as competências apresentadas no gráfico foram assinaladas pelos

intercambistas. Algumas com maior número de participantes como, por exemplo,

maturidade e flexibilidade. Dos 44 entrevistados, 38 assinalaram essa opção. Outro

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aspecto considerável é a independência que aparece em segundo lugar como a

mais assinalada.

a) Maturidade e flexibilidade – 38 participantes – 29%¨

b) Maior segurança ao tomar decisões – 28 participantes – 21%

c) Tolerância – 29 participantes – 22%

d) Independência – 37 participantes – 28%

10) Por ter participado do programa de Intercâmbio Cultural, tornei-me uma

pessoa:

A questão dez foi elaborada com o objetivo de buscar saber a respeito das

decorrências advindas da experiência de intercambio referentes à questão pessoal,

modo de se comportar, de tratar as pessoas, modo se ser. Os dados revelaram que

a experiência modificou os intercambistas, grande parte assinalou que voltou

diferente de quando foram para os Estados Unidos. Dividimos em três grupos de

respostas que foram analisadas individualmente.

De acordo com a figura abaixo, 80% deles voltaram mais comunicativos e

nenhum assinalou a opção de ter voltado menos comunicativo. Além disso, 91% dos

entrevistados assinalaram que voltaram mais independentes sendo que 0% menos

independente.

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a) Mais comunicativa – 35 participantes – 47%

b) Menos comunicativa – 0 participante – 0%

c) Mais independente – 40 participantes – 53%

d) Menos independente – 0 participante – 0%

O segundo gráfico apresenta que 86% dos entrevistados voltaram mais

flexíveis e 0% menos flexível. Em contrapartida, 14% assinalarem que voltaram mais

individualistas em relação a 39% dos participantes que disseram que retornaram ao

Brasil menos individualistas.

a) Mais flexível – 38 participantes – 62%

b) Menos flexível – 0 participante – 0%

c) Mais individualista – 6 participantes – 10%

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d) Menos individualista – 17 participantes – 28%

O terceiro gráfico como podemos observar abaixo aponta que 80% dos

participantes voltaram mais compreensivos em relação a 0% estudante menos

compreensível. Porém, em relação à tolerância 75% assinalaram que retornaram

mais tolerantes sendo que 2% retornaram ao Brasil menos tolerante. Como

podemos observar na figura baixo:

Quando abordamos o termo “tolerância”, estamos nos referindo à palavra de

forma geral, ou seja, tolerância às pessoas, ao país, ao modo de vida nos lugares

seja nos Estados Unidos ou no Brasil, ao convívio familiar, aos amigos, ao trânsito, á

sociedade, etc.

a) Mais compreensível – 35 participantes – 51%

b) Menos compreensível – 0 participante – 0%

c) Mais tolerante – 33 participantes – 48%

d) Menos tolerante – 1 participante – 1%

11) A experiência de intercâmbio influenciou de alguma maneira na escolha da

profissão?

A questão 11 foi elaborada com o propósito de verificarmos o quanto a

experiência de intercâmbio cultural foi relevante na vida dos estudantes, dos

intercambistas o quanto influenciou em suas decisões. Uma decisão importante na

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vida do jovem, do indivíduo, é a escolha da profissão. Decidimos questionar os

participantes se a experiência havia influenciado nessa decisão.

Como aponta a figura 11, um pouco mais da metade dos entrevistados

disseram que sim.

a) Sim – 22 participantes – 51%

b) Não – 21 participantes – 49%

PARTE IV - LÍNGUA E CULTURA

12) Você conseguiu de alguma maneira assimilar a cultura norte-americana?

Nessa fase do questionário abordamos questões direcionadas à

interculturalidade, ao binômio língua-cultura e identidade. Dos entrevistados, 75%

responderam que de alguma maneira conseguiram assimilar a cultura norte-

americana, conforme a figura abaixo:

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a) Sim – 33 participantes – 89%

b) Não 4 participantes – 11%

Ao falarmos de “assimilar a cultura” estamos nos referindo à nova identidade

do intercambista, ou seja, uma identidade mista com valores da cultura americana

somados a valores da cultura brasileira.

13) Você adquiriu hábitos ou costumes da cultura americana quando fazia

intercâmbio e os mantém até os dias de hoje, morando no Brasil?

A questão treze demonstra que a grande maioria dos intercambistas

realmente assimilou a cultura norte americana e construiu uma nova identidade. De

acordo com os dados abaixo, 66% dos entrevistados adquiriram hábitos e costumes

da cultura americana e os mantém, atualmente, residindo no Brasil.

a) Sim – 29 participantes – 81%

b) Não – 7 participantes – 19%

14) Você se identifica com a cultura norte-americana de um modo geral?

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A questão catorze refere-se à identidade. Viajar, conhecer outros lugares,

outras pessoas, acarretam experiências novas que servem para a construção de

uma nova identidade para o indivíduo. Vivenciar em um país, com costumes

diferentes, tradições, leis, idioma por um ano, traz muitas experiências que servirão

para a construção de uma nova identidade.

Segundo a Figura 14 a grande maioria dos entrevistados disse que se

identificam com a cultura norte-americana de um modo geral. Ou seja, conseguiram

experimentar novas vivências e gostaram se identificaram. Somente seis estudantes

responderam que não.

a) Sim – 30 estudantes – 83%

b) Não – 6 estudantes – 17%

15) A experiência do Intercâmbio Cultural, de vivenciar uma nova cultura

ajudou-me a despertar a consciência da cidadania e de cidadão do mundo?

O objetivo da questão de número quinze foi verificarmos se a experiência do

intercâmbio cultural despertaria nos intercambistas a consciência da cidadania, já

que infelizmente esse tema não é discutido frequentemente nos colégios brasileiros

e muitas vezes o jovem nem tem conhecimento do que se trata. Desenvolver

cidadania significa desenvolver o respeito pelo lugar que você vive e pelas pessoas

que você convive, significa prestar solidariedade seja por intermédio de um trabalho

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voluntário ou ajudando um deficiente visual a atravessar a rua, significa você saber

dos seus direitos e deveres como brasileiros significa você cuidar do meio ambiente

entre outras ações.

De acordo com a figura abaixo, 84% dos entrevistados responderam que sim,

que o intercâmbio cultural ajudou na cidadania.

a) Sim – 37 participantes – 95%

b) Não – 2 participantes – 5%

16) Por favor cite quatro experiências mais marcantes da sua experiência de

Intercâmbio.

A questão 16 por ser uma questão aberta será feita uma análise de forma

geral, porém, com exemplos de trechos de respostas dos intercambistas retirados do

Anexo V. Nosso objetivo é o de verificarmos exemplos de experiências vividas pelos

intercambistas no programa de Intercâmbio que foram relevantes em suas vidas,

que modificaram seus modos de agir, de pensar, que trouxeram novas descobertas

que foram relevantes para a construção de um novo indivíduo. É importante

ressaltar que o jovem continua sendo ele mesmo, porém, com valores agregados ao

seu repertório de mundo, ou seja, o seu repertório de conhecimento.

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De um modo geral os resultados mostraram que os eventos mais marcantes

foram relacionados à família hospedeira, ou seja, a experiência de conviver com

uma nova família e se tornar um membro dessa família com deveres e direitos

dentro da casa. Outras experiências citadas foram a novas amizades feitas tanto no

ambiente escolar quanto por intermédio dos comitês do AFS, novas amizades que

proporcionaram misturas de culturas, conhecimento de diferentes modos de se

vestir, de se alimentar, já que os intercambistas tiveram a oportunidade de conhecer

outros intercambistas através dos comitês locais do AFS em cada cidade ou região

nos Estados Unidos. Abaixo seguem algumas respostas dos estudantes que foram

retiradas do Anexo V:

“A chegada à família. Ciúmes da minha família em relação a outra

intercambista. Dificuldade de adaptação nos primeiros três meses. A

despedida”.

“Viver com pessoas de outra nacionalidade (talvez mais difícil que viver com

norte-americanos).”

“Família americana Inverno Escola Língua.”

“Momento de encontro com a família hospedeira e conhecer a nova casa -

primeira semana na escola - participar dos esportes - formatura e o prom.”

“Viagem com a banda de Jazz da escola, família hospedeira foi fantástica,

Organização da escola e da sociedade como um todo. Como tudo nos EUA

funciona melhor que no Brasil.”

“Ter contato diário com crianças (irmãos hospedeiros). Aprender uma nova

língua em menos de seis meses Ter mergulhado na cultura geral do país.”

“Convivência na escola, adaptação com costumes da família, adaptação

com outra intercambista que morou na mesma casa.”

“Integração com intercambistas de outros países - Excelente convívio com a

família hospedeira, já voltei para visita-los oito vezes e eles já vieram me

visitar duas vezes. Falamo-nos quase que diariamente e possuo total

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integração familiar com eles mesmo após 12 anos do programa de

intercâmbio. - Troca cultural - Aprendizado de outra língua.”

Com a demonstração desses primeiros resultados, constatamos que a

relação com a família hospedeira teve muita importância, foi de fato uma experiência

marcante para os intercambistas, seja pelo vínculo afetivo criado, pela experiência

positiva da adaptação, pelo acolhimento por parte dessa família que o estudante

recebeu, pela integração com os novos “pais e irmãos”, entre outras possibilidades.

O aprendizado de um novo idioma foi mencionado por alguns intercambistas e a

relação com a imersão numa nova cultura.

É importante destacarmos a relação dos participantes brasileiros com outras

intercambistas, desses encontros nasceram algumas amizades duradouras. Há

também a valorização do país de origem principalmente quando o intercambista

brasileiro sofre o choque cultural, sente saudades da cultura brasileira ou tem certa

dificuldade em se adaptar a cultura norte-americana. Vejamos alguns exemplos:

Conhecer pessoas do Japão e da Turquia; Perceber-me como cidadã do

mundo; Receber o amor da família hospedeira; Sonhar em inglês.

Perceber que não importa o quão bem você é recebido em outro país, o seu

país de origem sempre será o lugar de conforto. Que viver longe de família e

amigos não é tão simples quanto parece; Ter minha "Mom" hospedeira

presente na minha formatura no Brasil e posteriormente no meu intercambio

é algo que significa muito para mim; Conhecer pessoas do mundo inteiro e

aprender que as diferenças são boas e agregam muito na nossa vida; Ter

viajado e conhecido lugares que não conheceria em uma viagem de turismo

Snowboard e neve; Viagens com a família; Domínio da língua; Capacidade

crítica; visão de mundo.

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Participar do time de tênis da escola; Viajar por diversos estados americanos

com outros intercambistas; Viajar com a família hospedeira para esquiar;

Participar do baile de formatura da escola.

Convivência com nova família hospedeira; Atividades extracurriculares na

escola; Amigos intercambistas de diferentes partes do mundo; Viver em uma

cidade de 1.200 habitantes na parte central dos Estados Unidos.

Ter tido um irmão 11 anos mais novo foi uma experiência muito legal.

Sempre soube que tinha jeito com crianças, mas o amor fraterno que se

criou superou qualquer expectativa minha, de quando eu cheguei e de

quando fui embora. Numa certa vez, durante meu ano de intercambio, fui

convidado por um amigo da escola para ir à casa de campo de sua tia no

estado de Maryland. Era uma propriedade fascinante, que escondia vários

segredos. Um deles era aquele lugar ter sido o refúgio do menino cubano

Elián Gonçalves de cinco anos que foi protagonista de uma briga judicial

pela guarda do garoto, mas que tinha um cheiro de briga política nos anos

1999 e 2000. Lembro-me daquela fazenda de flores à beira de um lago

salgado como se fosse hoje. Uma das melhores experiências da minha vida.

Sair de uma cidade super grande e fui para uma fazenda; Dificuldade em se

comunicar sem saber o idioma; Aprender a rotina de uma família

completamente diferente da minha; Me comunicava com os meus pais

nativos, a cada 01 mês.

Morar com outra família (extraordinária); Vivenciar o 11 de setembro; ser

reconhecida academicamente por notas boas; Fazer novos amigos.

Participei do time de futebol americano da escola como "kicker". Em um jogo

importante, faltando 3 segundos para acabar o jogo, tive a chance de

desempatar o jogo e dar a primeira vitória do time na temporada... mas errei!

Quando cheguei nos EUA ainda não sabia quem seria minha família

hospedeira. Quando os vi pela primeira vez e meu "novo irmão" de 2 anos

correu para me abraçar. Participei do time de basquete, e, apesar de não ser

muito bom, no último jogo da temporada, o técnico fez um discurso

emocionante, falou que apesar de ter chegado lá sem nem saber todas as

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regras do jogo, tinha ganho um lugar com muito treino e simpatia. Pela

primeira vez, joguei pelo time principal da escola como titular. O último dia

na minha cidade, foi num 4 de julho. Minha festa de despedida foi com fogos

de artifício e celebração pela liberdade.

Vivência escolar; Descobrimento de novos hábitos e cultura; Percepção de

crescimento pessoal e na língua; Amor e carinho infinitos pelos que convivi.

Quando vi uma mãe voltar ao caixa para pagar uma cartela de adesivos que

o filho pequeno tinha levado do supermercado sem pagar (por engano), a

cartela valia US$0,50. O envolvimento da comunidade com a

conscientização dos novos estudantes universitários, no começo do ano

letivo. Preservação das coisas públicas, por parte de população.

Independência que os filhos atingem ao saírem de casa para estudar na

universidade.

Compreensão de novas culturas; Amizades que levo comigo até hoje;

Amadurecimento e a vontade de compreender mais o mundo e suas

diferenças.

17) Ao participar do programa de Intercâmbio Cultural você vivencia em seu

cotidiano a interculturalidade, ou seja, quando duas ou mais culturas entram

em interação. Por gentileza cite 4 exemplos que considera uma experiência

intercultural.

O objetivo da questão 17 é apresentar exemplos de experiências do cotidiano

dos intercambistas em seu ano de intercâmbio que envolveu interculturalidade. O

termo interculturalidade, já apresentado anteriormente nesse estudo, propõe que

não há uma cultura que seja superior em relação à outra, as culturas são diferentes

e o indivíduo cultural desenvolve a competência intercultural, ou seja, consegue

reconhecer as similaridades e diferenças entre a sua cultura e a cultura do outro,

num convívio harmonioso, que resulta da troca de experiências culturais em que

ambos assimilam um pouco das duas culturas, assim evitando o reconhecimento de

estereótipos, julgamentos, preconceitos, entre outros comportamentos nocivos a

sociedade.

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O programa de intercâmbio cultural permite ao jovem experimentar essa

interculturalidade no dia a dia, nas atividades mais simples como ir à escola,

cozinhar, ir ao supermercado... Essas vivências vão transformando o intercambista

em um indivíduo cultural, sendo capaz de reconhecer as diferenças por intermédio

da vivência com as diferentes culturas.

Abaixo apresentamos resultados da pesquisa, frases citadas pelos

entrevistados que, acreditamos, constatam exemplos de interculturalidade. A grande

maioria dos entrevistados respondeu com exemplos que sustentam a teoria

apresentada nesse estudo. Todos os resultados podem ser consultados no Anexo V.

“Diferentes valores para educação e disciplina - frequentar semanalmente

uma religião diferente da sua - festejos e comemorações de feriados e festas

religiosas diferentes da sua - hábitos alimentares diferentes.”

“O choque ao conhecer a história segregacionista americana. A forma como

outras culturas interagem com os americanos. São, de certa forma isoladas,

criando mini núcleos de convivência. Os vizinhos mal se comunicam. Grande

incentivo que dão ao estudo e ao esporte.”

“Fui morar em uma pequena cidade que havia uma comunidade Amish - A

experiência de viver em uma pequena cidade do interior foi fabulosa e me

fez ver a vida de uma forma diferente (Sempre morei no Rio de Janeiro) -

Meu melhor amigo durante o intercambio além da minha família foi um

intercambista Groenlandês onde foi possível uma excelente troca cultura e

de costumes na forma de viver e pensar na vida. - Minha mãe hospedeira

trabalhava em uma escola para deficientes mentais na qual foi possível

conviver com pessoas maravilhosas na qual nunca imaginaria ter convivido.”

Com os três exemplos acima podemos observar exemplos diferentes de

interculturalidade, relacionados a temas diferentes como religião, história, amizade,

e altruísmo.

“Certa vez na aula de álgebra, o meu professor me chamou na frente para

que eu explicasse como nós, brasileiros, fazíamos uma conta de dividir. Não

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me lembro muito bem, mas os americanos fazem a conta de uma outra

forma. Lembro-me que todos ficaram encantados com algo tão simples. -

Ainda na escola, fui apresentada a um menino que não conhecia, e quando

fui falar meu nome, ele não entendeu direito e colocou a cabeça pra frente

para me escutar melhor, mas eu acostumada com o "beijinho" que damos ao

ser apresentados a alguém, lasquei um beijo na bochecha do menino. Só

depois fui perceber que ele não tinha me escutado, tive que explicar nossa

cultura, minha mãe americana “mom” me fazia levar brigadeiro para todas as

festas que íamos, como sobremesa.”

“A amizade com outros intercambistas me fez conhecer um pouco da cultura

de cada um deles (comidas típicas, costumes, as diferenças culturais em

como lhe dar com diferentes situações do cotidiano e a até mesmo como se

vestir.”

“1) Trabalho com um Libio. Ele é mulçumano e fala português com bastante

sotaque. 2 - Recebo muitos americanos, indianos e argentinos no trabalho. 3

- No clube de vela que frequento na represa Guarapiranga em São Paulo

capital costuma ter pessoas de países distintos da Europa. Talvez não

falamos a mesma língua mas amamos o mesmo esporte! 4 -

Interculturalidade é simplesmente dividir os mesmos motivos de estar em

certo local. Dividir experiências!”

“1) Cumprimentar pessoas de uma forma diferente porque eu estava no país

delas e não no meu; 2) Comer comidas comuns para os americanos e

extremamente diferentes para mim e fazer um pouco de comida brasileira

para eles; 3) Vestir-me do meu jeito, mas adaptando-me ao clima e um

pouco ao estilo deles; 4) Explicar para os americanos a visão de uma

brasileira sobre os Estados Unidos.”

“A própria língua e como temos que nos desenvolver para entendermos e

sermos compreendidos - A percepção de sermos (brasileiros) muito

extrovertidos e termos que nos conter perto dos tão comedidos americanos -

A dificuldade em fazer amizades, mas, depois conseguir mantê-las e passar

um pouco de cultura de nosso país que muitas vezes parece soar como um

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país com macacos nas ruas e sem telefone - Namorar estrangeiros pode ser

muito mais difícil do que imagina-se.”

“Patriotismo americano. O jeito brasileiro de abraçar todo mundo, o que não

é nem um pouco comum nos EUA. A comida. A escola.”

“Conhecer e aceitar hábitos diários muito diferentes dos nossos, se dispor a

se integrar à nova cultura que estamos adotando, mostrar e explicar nossos

hábitos também e demonstrar e ver que ser diferente é algo muito

importante e agradável.”

“1) Divergências políticas e ideológicas. No Kansas, a grande maioria das

pessoas são republicanas e conservadoras. Já no início, percebi que não

poderia divergir frontalmente das posições de toda a sociedade. E com o

tempo, percebi que realmente era muito difícil alguém daquela sociedade

pensar de outra forma, pois estava inserido em um ambiente extremamente

propício para repetir o mesmo discurso (e fortemente influenciada pela

televisão). Com o tempo, passei a compreender as razões para pensarem

daquela forma e até a defendê-la quando debatia com amigos e familiares

que estavam no Brasil. 2) Tentar divergir dos pais americanos, mesmo que

de forma educada, pode ser considerado um desrespeito ("backtalking"). 3)

As pessoas pareciam ser mais diretas para fazer críticas ou elogios. Se não

gostasse de uma comida, por exemplo, não havia constrangimentos e falar.

Assim como assoar o nariz com todo fôlego que você tiver. Se era

necessário, então era só fazer.”

“Formas de comunicação; - visões de mundo/política/economia; - hábitos

cotidianos.”

“1- Ajudar estrangeiros na rua com informações 2- Ajudar estrangeiros mais

próximos que vivem no mesmo meio a resolver questões relacionadas à

língua ou a problemas culturais. 3-Ser mais tolerante a diferenças culturais

entre eu e as pessoas com quem convivo, pois apesar de muitos serem

brasileiros há diferenças culturais claras entre os estados brasileiros (resido

no Rio de Janeiro , mas sou de São Paulo) 4- A mais importante é ver que

na verdade os limites entre nações não existem. Somos todos seres

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humanos com questões muito similares, apesar de estarmos em contextos

diferentes.”

“Observar as diferenças na minha família americana ao mesmo tempo que

via que eles se surpreendiam comigo.”

“Falar de sotaques, adquirir hábitos alimentares do outro país, aceitar a

cultura e costumes do país que esteve. Cultivar hábitos até hoje do que

aprendi durante o intercâmbio.”

“Alimentação e demais hábitos alimentares (provar das diferentes comidas e

cozinhar comidas típicas brasileiras para eles) - estudar em uma classe só

de americanos e compartilhar estudos e experiências - participar do

programa de esportes da escola e todos pensarem que você deve jogar

futebol por ser brasileiro - se adaptar a regras antes não existentes na minha

casa/ cidade como horário certo para dormir ou mesmo um certo toque de

recolher.”

18) Cite quatro exemplos de como a língua o ajudou a compreender a

cultura/identidade do povo norte-americano ao vivenciar o intercâmbio nos

Estados Unidos.

A questão 18 foi elaborada com o objetivo de mostrar ao leitor o quanto a

língua está relacionada à cultura, a relação que existe entre língua, cultura e

identidade, que a língua desempenha um papel de “ferramenta” na assimilação,

entendimento, vivência em outra cultura. Sem essa “ferramenta” não há

comunicação e sem comunicação não há a transmissão e o compartilhamento de

informações, conhecimentos, experiências remetidas à nova cultura.

A partir do momento que os intercambistas começam a se sentir mais

confortáveis e confiantes com o idioma, começam a querer participar cada vez mais

das atividades da casa, da escola, do clube, entre outras. Conseguir entender a

língua de uma sociedade é entender seus valores, suas atitudes, sua história, sua

política, é entender a sua cultura.

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Quando o jovem tem a oportunidade de ter experiência intercultural ele tem

acesso a interculturalidade, competência intercultural, conhecimentos, informações

que contribuem para a formação, para a visão de mundo desse indivíduo. É

relevante destacarmos que essa educação encaminha o jovem a compreender mais

os outros, as diferenças e julgar menos, criticar menos o outro, ou seja, se

colocando no lugar do outro indivíduo, evitando muitas vezes a criação de

estereótipos, preconceitos e valores absolutos. Vejamos algumas respostas:

“O convívio na escola me fez entender a essência do povo americano -

Consegui criar amizades com pessoas em todo o mundo - Se tive uma boa

integração com minha família hospedeira foi graças ao meu

desenvolvimento com a língua inglesa”.

“Muitos americanos me diziam para ser bem vindo à América. De início,

ficava bastante incomodado, mas com o tempo fui percebendo que não se

achavam 'donos da América' como muitos supõem, mas uma forma de

abreviação à United States of America com a vivência e melhor

compreensão da língua (consequentemente da cultura) percebi que não era

algo pejorativo quanto ao resto dos países das Américas e não se

intitulavam donos do continente etc. - uma tia de intercâmbio que havia

morado no Brasil me disse certa vez sentir falta da palavra ‘saudades’ no

vocabulário inglês, eu disse que para mim 'miss' traduzia bem, mas ela disse

que o sentimento era outro, ainda hoje penso que 'miss' traduz bem o

sentimento da saudade, mas para ela não... Talvez seja a percepção dela

com a cultura brasileira, mais quente/próxima... - a língua culta e a falada se

aproximam bastante, norte-americanos abreviam bastante às coisas,

chegando até mesmo a falar errado algumas coisas, mas no português

temos um abismo muito maior entra a língua culta/acadêmica e o português

falado, sendo que neste último as diferenças são gritantes. Nos EUA o inglês

falado das pessoas muda muito pouco, não importando a classe social ou o

nível de escolaridade, isso mostra o nível de desenvolvimento deles, embora

exista desigualdade e ela seja acentuada, é muito menor que no Brasil. Esse

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fato, além de evidenciar quão mais simples é a língua inglesa, demonstra a

cultura e até mesmo a identidade deles”.

“Apesar de ter feito o IBEU por cinco anos antes de viajar, tive dificuldade

com a fala inicialmente. Após seis meses é que a comunicação tornou-se

mais fácil e prazerosa.”

“Sem comunicação não conseguiria me virar bem. Ajudou-me a fazer

amizades, inclusive melhorou a convivência com minha família estrangeira.”

“Aprender gírias das regiões, estudar literatura americana, acompanhar os

programas de TV e me comunicar de forma independente em qualquer

lugar.”

“Conversando com amigos e família - escutando as aulas e programas de

TV - lendo o jornal local e acompanhando as notícias importantes para os

locais - falando sobre o Brasil e nossos costumes comparando com os

deles.”

“1) Entender as piadas, que são parte da cultura de um povo; 2) Entender a

poesia; 3) Entender as letras das músicas; 4) Entender as expressões dos

sentimentos.”

“A língua me ajudou a entender melhor o pensamento político dos

americanos, isto é, a divisão entre os democratas e republicanos. Ajudou

também a pensar de uma forma distinta a política externa norte-americana.

Além disso, a língua auxilia muito em aspectos simples, como na culinária e

em momentos de lazer (seja praticando esportes ou em festas).”

“1) Percepção das diferentes formas de povos dentro do mesmo país. 2)

Aprendi que algumas palavras são proibidas pela sociedade, por causa da

época segregacionista. 3) O humor americano é diferente. 4) A melhor

experiência que tive foi quando presenciei uma aula da universidade em que

tinham alunos de 10 nacionalidades diferentes, todos eles falando o ponto

de vista deles sobre o EUA.”

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Compreensão das situações de vivencia, oportunidade de manifestação de

ideias e vontades pessoais.

1 - Falar inglês é como ter um super poder. 2 - A partir do momento em que

se sonha na nova língua, você se sente parte daquela cultura. 3 - A língua

me ajudou a poder explorar sozinho, realmente vivendo os Estados Unidos.

4 - A língua me fez ler a parede do Capitólio, com a constituição norte-

americana, me fazendo compreender o porquê as coisas são como são.

1) Interagir com as crianças. Fazia isso diariamente, por ter irmãos

hospedeiros de dois e 8 anos. 2) Na sala de aula, entender tudo o que se

passava foi importantíssimo para compreender a dinâmica da escola. Por

estar em uma escola pequena, existia uma relação de amizade com os

professores, mas um respeito muito grande até mesmo na forma de

tratamento (Mr. Sobrenome). 3) Mesmo em uma cidade pequena, entender a

forma super-protetora dos pais em relação aos filhos.

“A língua foi importante, mas não foi essencial para eu vivenciar a minha

experiência de intercambio. Eu acredito que até mesmo quando eu cheguei

aos Estados Unidos e quase não falava inglês, eu já estava vivenciando e

aprendendo muitas coisas que foram importantes na minha experiência. O

intercambio foi muito mais do que aprender uma nova língua, esta foi uma

experiência que me ajudou a aprender muito mais sobre minha pessoa, o

mundo, as diferentes culturas e tantas outras coisas.”

É bem interessante essa citação acima quando o intercambista diz que a

língua é importante, mas não foi essencial para a vivência no exterior. Como ele

mesmo nos fala mesmo sem saber falar muito inglês ele já estava aprendendo e

vivenciando a cultura, por mais que ele não falasse muito a língua, ele sempre

esteve em contato com ela, ouvindo em casa, na escola, no rádio, na televisão, e ao

ouvi-la e ao tentar se expressar o processo de aprendizagem foi ocorrendo

naturalmente. É por esse motivo que o AFS não solicita este do idioma norueguês

para os intercambistas que vão para a Noruega, ou japonês, tampouco o idioma

inglês, pois a Organização acredita que a língua é uma ferramenta utilizada no

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processo da interculturalidade, ela será aprendida espontaneamente, como

decorrência do programa. É relevante destacar que o foco, o objetivo principal do

programa de intercâmbio cultural oferecido pelo AFS é o de proporcionar ao jovem

educação intercultural.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, analisamos 44 questionários de participantes de diversas

regiões do Brasil que realizaram o programa de intercâmbio cultural nos Estados

Unidos por intermédio da Organização AFS Intercultural Programs nas décadas de

1990 a 1999 e 2000 a 2010.

O objetivo principal do estudo é “o de demonstrar como o fator

interculturalidade pode ser entendido” num programa de mobilidade estudantil, ou

seja, como as experiências de interculturalidade vividas pelos intercambistas em

situações do cotidiano num programa de intercâmbio cultural e as decorrências que

essas experiências trazem contribuições para os estudantes seja nas relações

interpessoais, no ambiente acadêmico ou corporativo.

Os dados obtidos apresentaram que muitos estudantes ao terem a

experiência do intercâmbio cultural conseguem adquirir a competência intercultural,

um novo olhar em relação ao outro, uma nova visão de mundo, um maior interesse

pela cultura alheia. Além do objetivo principal, queríamos demonstrar o quanto o

programa de intercâmbio havia influenciado a vida dos intercambistas, o que a

experiência agregou de forma positiva à vida dos estudantes e para as suas

famílias.

O objeto da pesquisa, o resultado de um questionário de 18 questões e que

para um melhor entendimento, pode ser consultado no Anexo III, foi elaborado

criteriosamente com questões que visavam demonstrar com suas respectivas

respostas os objetivos pretendidos. Os dados foram satisfatórios e coerentes com o

referencial teórico mencionado e os objetivos foram alcançados.

Na parte I do questionário com dados primários, os resultados serviram para

apresentarmos um perfil geral dos intercambistas que estavam participando

da pesquisa. A maioria que respondeu viajou na década de 2000, estudantes

de diversas regiões do Brasil, houve equilíbrio em relação ao sexo e

percebemos que apesar de vários estudantes de diversas regiões do Brasil

terem respondido o questionário, há comitês que mais enviaram respostas

como São Paulo Alfa (São Paulo), Macaé (Rio de Janeiro), Joinville (Santa

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Catarina), Vale dos Sinos (Rio Grande do Sul) e Americana (São Paulo), entre

outros. Esses comitês são comitês que se destacam mais na organização por

enviarem mais intercambistas brasileiros, pois recebem mais intercambistas

de várias nacionalidades para viverem um ano no Brasil, comitês com maior

número de voluntários e de famílias hospedeiras que também são voluntárias.

O programa de intercâmbio cultural, o High School, geralmente traz ao

intercambista uma experiência muito positiva e enriquecedora. A Instituição AFS por

intermédio de seus comitês em cidades em vários países conta com a ajuda de

muitos voluntários que realizam um trabalho de preparação do estudante para

enfrentar o desafio da experiência de morar um ano fora. Essa preparação é feita

com discussões sobre temas, países, culturas, dinâmicas, eventos, festas que a

organização faz para todos que estão envolvidos com a organização possam se

conhecer, ou seja, quem vai viajar quem já voltou faz tempo, quem acabou de voltar,

os estrangeiros que estão vivendo no Brasil, ou seja, os estudantes já começam a

ter suas primeiras vivências de interculturalidade aqui mesmo no Brasil.

Com a parte II, do questionário, intitulada “Regresso ao país de origem”

abordamos questões sobre a readaptação do estudante no Brasil, o que ele sentiu

ao retornar ao país de origem, se continua com algum contato com a família

hospedeira e os motivos que o levaram a querer vivenciar a experiência do

intercâmbio. Os dados obtidos sugerem que a princípio a grande maioria havia

decidido vivenciar a experiência de intercâmbio pelo motivo de gostar de viajar, ter

uma experiência internacional, melhorar ou aprender a língua inglesa, porém, eles

mesmos perceberam que o desafio da experiência traria outros benefícios. Os

intercambistas tiveram uma experiência positiva não só pelos motivos citados acima,

principalmente por terem criado vínculo com uma nova família, com uma nova

cultura, com novos amigos americanos ou de diferentes nacionalidades. Essas

considerações ficaram bem evidentes com as respostas que obtivemos dos

estudantes, a grande maioria retornou ao país de origem e mais do que isso

continua mantendo contato coma família hospedeira e com a cultura norte-

americana, pois ainda mantém hábitos e costumes adquiridos na experiência.

Os resultados da parte III do questionário – intercâmbio e vida profissional - l

demonstraram que a experiência de intercâmbio cultural modifica o intercambista, à

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medida que ele convive com outra cultura, com outra família, outro ambiente escolar,

outra sociedade, outros amigos. Ele tem a oportunidade de conhecer ponto de

vistas diferentes, modos de viver à vida tornando geralmente um indivíduo mais

tolerante às diferenças, menos preconceituoso e mais compreensível perante o

outro.

Os dados da pesquisa apontaram que a grande maioria dos intercambistas

regressaram ao Brasil mais tolerantes, mais compreensivos, mais maduros, menos

individualistas, mais flexíveis e mais independentes, ou seja, melhoraram ou até

adquiriram competências que o mercado de trabalho prestigia. Essas competências

estão associadas à Competência Intercultural, adquirida, o jovem consegue

compreender e se interessar mais pela cultura de outros povos, além de ter a

habilidade de lidar com as diferenças de um modo geral.

Além disso, a pesquisa apontou Liderança, Comunicação Língua Inglesa e

Vivência Internacional, decorrências que o intercâmbio trouxe para a vida dos

estudantes. Contudo, a experiência de intercâmbio para muitos teve grande

influência na escolha da profissão.

Finalizamos o questionário com a quarta parte intitulada Língua e Cultura. A

relação entre língua e cultura, interculturalidade, identidade, evidenciou-se na parte

IV do instrumento de pesquisa. Os dados obtidos apontaram que a maioria dos

entrevistados conseguiu de alguma maneira assimilar a cultura e até se identifica

com essa nova cultura, já que mantém costumes, hábitos adquiridos até hoje

residindo no Brasil, além de manter contato com a família hospedeira.

Com as respostas das questões abertas foram apresentadas as experiências

mais marcantes que os jovens tiveram no programa de intercâmbio, exemplos de

interculturalidade e como a Língua os ajudou a compreender a cultura e a identidade

do povo norte-americano. A Língua é a principal ferramenta para participarmos,

vivenciarmos, aprendermos sobre uma determinada cultura, porque sem ela não há

comunicação e sem comunicação não há transmissão do conhecimento.

As pessoas estão cada vez mais próximas, migrando de um lugar para o

outro e o espaço geográfico se torna frequentemente mais reduzido, defendemos

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uma aprendizagem cultural para que a humanidade possa conviver em paz (Bennet,

2011),

A primeira atitude é convertermos a pessoa que é diferente para nós, porém, se a tentativa falha, a história mostra que o ser humano opta pela saída mais imediata que é a eliminação do povo diferente culturalmente falando.22

Concordamos com o interculturalista Milton Bennet (2011) que é necessário

investirmos em educação intercultural principalmente por intermédio de Instituições,

Organizações, ONGS que ofereçam programas de Intercâmbio Cultural, programas

que preparam o estudante para a experiência, acompanham o desenvolvimento dele

durante toda a experiência e o ajuda a se readaptar em seu país de origem ao

regressar.

É importante destacarmos que a experiência do programa de intercâmbio

cultural pode não ser uma experiência agradável para alguns intercambistas, pois

acidentes, imprevistos acontecem. Há fases, meses, momentos que a experiência

terá seus dias bons e ruins, provavelmente a experiência terá essas fases,

momentos agradáveis mesmo para aqueles estudantes que retornam ao país de

origem dizendo que tiveram uma experiência negativa. De qualquer forma, o

programa de intercâmbio cultural traz relações de interculturalidade, visões

diferentes de mundo, opiniões, convivência com diferentes culturas, convívio e

aprendizado da cultura local, autoconhecimento, novos desafios, novas amizades,

aquisição de novas competências seja o programa de intercâmbio realizado nos

Estados Unidos ou na Noruega.

22Disponível em: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI250960-15228,00-INTERCULTURALIDADE+VOCE+SABE+O+QUE+E.html

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105

ANEXOS

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106

ANEXO I

Fwd: AJUDA PARA A AFSer LILIAN RUDOLF (COMITÊ ABC)

Ana Beatriz Cavalcanti BRA ([email protected])

22/10/2014

Para: [email protected]

Boa tarde Lilian, tudo bom?

Ficamos muito felizes em ver que sua experiência teve um impacto tão positivo em

sua vida e mais ainda e vermos sua dedicação num trabalho sobre

Interculturalidade. Vimos também que o seu prazo está bem apertado para

conseguir as respostas, tabular as perguntas e ainda concluir seu trabalho. Teremos

grande prazer em ajudá-la, mas para isso, precisaríamos entender um pouco melhor

o foco do seu trabalho e como o AFS está posicionado/citado no mesmo.

Você poderia nos passar mais de informações?

Obrigada!

Ana Beatriz Cavalcanti

Gerente de Marketing & Desenvolvimento / Marketing & Development Manager

AFS Intercultura Brasil

Em Terça-feira, 21 de Outubro de 2014 19:10, Lilian Rudolf <[email protected]>

escreveu:

Olá voluntários do AFS, tudo bem?

Eu sou uma AFSer, fui do comitê ABC. Meu nome é Lilian Rudolf eu viajei para a

Noruega (Oslo) em 1996 e retornei em 1997. Nesse mesmo período minha família

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107

aqui no Brasil foi uma família hospedeira voluntária em Santo André. Nós

hospedamos a intercâmbista norueguesa também do AFS, a Siri Anna Warwick.

Depois minha irmã também foi intercâmbista pelo AFS para Alemanha, o nome dela

é Carla Rudolf e o meu irmão foi para a França (só que não pelo AFS), o nome dele

é Marcel Rudolf.

O AFS mudou a minha vida, a vida dos meus irmãos e da minha família no geral.

Sou professora e estou finalizando meu mestrado na Universidade Presbiteriana

Mackenzie em São Paulo na área de Letras. O Título do meu trabalho é:

A INTERCULTURALIDADE E OS PROGRAMAS DE MOBILIDADE ESTUDANTIL:

UMA AMOSTRAGEM COM PARTICIPANTES DO

AFS INTERCULTURAL PROGRAMS

Nesse trabalho eu falo de língua, cultura, identidade, interculturalidade, competência

intercultural, apresento o AFS, entre outros, o meu recorte, o foco do trabalho é com

a organização AFS porque eu a conheço muito bem, fui voluntária, minha família foi

voluntária, nós nunca perdemos o contato com a minha família norueguesa e nem

com a norueguesa que ficou em casa, já voltei para a Noruega cinco vezes, minha

família já veio para o Brasil, assim como meus irmãos já foram para a Noruega e o

mesmo acontece com o pessoal da França e Alemanha.

Tive que escolher um grupo para focar o trabalho e decidir trabalhar com o grupo

que foi fazer intercâmbio nos Estados Unidos nas décadas de 1990 a 1999 e 2000 a

2010.

Anexado está o questionário que eu preparei como coleta de dados para o meu

estudo. Preciso muito da ajuda de vocês. Preciso que vocês o envie para os

estudantes do comitê de vocês que fizeram o intercâmbio nos Estados Unidos nesse

período. Eles não precisam se identificar. É um questionário curto e super fácil de

responder. É só preencher e me enviar por e-mail.

Também preciso do e-mail ou do telefone para eu verificar como fica a questão de

eu estar usando/divulgando o nome do AFS em meu trabalho de mestrado. Posso

enviar a essa pessoa o que foi escrito até agora.

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108

Caso vocês prefiram me enviar o contato dos estudantes para que eu possa enviar o

questionário desde já agradeço.

Quero que o meu trabalho seja lido por muitas pessoas da área de letras ou não e

que possam ter a noção de o quanto o AFS mudou a minha vida, de quanto a

experiência de intercâmbio é válida. Conto com a ajuda de vocês.

MUUUUUUUUUUUUUUITO OBRIGADA!!!!!!

Grande abraço!

Lilian Rudolf

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109

ANEXO II

From: [email protected]

Date: Mon, 27 Oct 2014 13:00:07 -0200

Subject: Re: AJUDA PARA A AFSer LILIAN RUDOLF (COMITÊ ABC)

To: [email protected]

Oi Lilian,

Conversei com minha diretora e ela também concordou em ajudá-la na pesquisa!

Boa notícia, né?

Vou mandar um e-mail para todos os participantes desta época com o link. Não é

certo que você tenha uma resposta muito alta, pois muitos não atualizaram o

cadastro, mas é uma tentativa válida!

Só te peço um favor: me ajude no texto :) Gostaria de fazer um texto bem curto, te

apresentando com Ex-AFSer, explicando seu trabalho e pedindo a colaboração

deles. Você pode me mandar um esboço?

Obrigada e vamos torcer para ter um bom retorno!

Ana Beatriz Cavalcanti

Gerente de Marketing & Desenvolvimento / Marketing & Development Manager

AFS Intercultura Brasil

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110

ANEXO III

Em 28 de outubro de 2014 11:03, Lilian Rudolf <[email protected]> escreveu:

Bom dia Ana Beatriz,

Segue o meu texto:

Olá, meu nome é Lilian Rudolf, sou ex-AFSer, fiz intercâmbio em Oslo, Noruega nos

anos de 1996 e 1997 pelo comitê ABC. Na mesma época do meu intercâmbio minha

família foi uma família hospedeira voluntária do AFS e nós hospedamos uma

norueguesa. Trabalhei como voluntária depois no comitê ABC durante alguns anos e

a experiência do intercâmbio e com o AFS foi tão positiva para mim e para toda a

minha família que depois o meu irmão e a minha irmã também fizeram intercâmbio

para França e Alemanha respectivamente.

Faço mestrado em Letras na Universidade Mackenzie e o meu trabalho é sobre a

Interculturalidade e os programas de mobilidade estudantil: uma amostragem com

participantes do AFS Intercultural Programs. Nesse trabalho eu falo sobre língua,

cultura, a relação entre língua, cultura e identidade, os programas de mobilidade

estudantil e nesse caso eu falo sobre o AFS, explico sobre o programa de

intercâmbio, sobre a interculturalidade adquirida e vivida nesses programas, também

abordamos a competência intercultural, entre outros. O foco da pesquisa é com os

participantes que fizeram intercâmbio para os Estados Unidos. Optamos por esse

público para a pesquisa pois os Estados Unidos ainda ser o país mais procurado

para o programa de intercâmbio cultural. Essa questão também será abordada.

Nossa pesquisa de campo, a coleta de dados será feita por um questionário. Peço

gentilmente a ajuda de vocês para que eu consiga finalizar essa pesquisa utilizando

os dados apresentados nos questionários. Não é preciso colocar nome, se

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111

identificar. O questionário é curto, simples e fácil de responder. As questões são

para assinalar com exceção das três últimas questões.

Conto com a ajuda de vocês para a finalização da minha pesquisa, da minha

dissertação. Será mais que responder a um simples questionário, vocês irão estar

contribuindo para a realização de um sonho meu. Sempre quis fazer esse mestrado

e só tive a oportunidade agora. Muito obrigada por toda a ajuda.

Mais uma vez, muito obrigada!

Abraços.

Lilian Rudolf

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112

ANEXO IV – QUESTIONÁRIO AOS INTERCÂMBISTAS

PARTE I – DADOS PRIMÁRIOS

1) Assinale a década em que fez o intercâmbio:

· Década de 1990 a 1999

· Década de 2000 a 2010

2) Sexo:

· Masculino

· Feminino

3) Idade:

4) Comitê do AFS em que realizou o intercâmbio:

PARTE ll - REGRESSO AO PAÍS DE ORIGEM

5) Retornou alguma vez ao local de intercâmbio?

· Sim

· Não

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113

6) Continua com algum contato com a família hospedeira?

· Sim

· Não

7) Qual(is) fator(es) o levou(aram) a fazer o programa de intercâmbio nos

Estados Unidos?

Grupo I

· a) Aprender e/ou aprimorar a Língua Inglesa

· b) Melhorar o curriculum profissional no futuro

· c) Experimentar vivência internacional

· d) Torna-se uma pessoa mais madura, independente e flexível

· d) Ter conhecido alguém que já tivesse feito algum tipo de intercâmbio

cultural

· f) Gostar de viajar

Grupo II

· a) Aspecto econômico do país

· b) Desenvolvimento e performance acadêmica

· c) Melhor qualidade de vida comparado ao Brasil

· d) Influência adquirida por intermédio de filmes de Hollywood, música,

alimentos, o consumismo, o chamado "American way of life".

· e) Lugar visto como "lugar de oportunidades".

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114

8) O que sentiu imediatamente ao voltar ao seu país de origem?

Grupo I

· a) Alívio

· b) Alegria

· c) Depressão

· d) Realização

Grupo II

· a) Falta das amizades que fez no país de intercâmbio

· b) Falta da família hospedeira

· c) Perda de algumas amizades que deixou aqui no Brasil

· d) Falta do ambiente escolar

Grupo III

· a) Dificuldade de readaptação

· b) Facilidade de readaptação

· c) Melhor convivência com os pais

· d) Pior convivência com os pais

Grupo IV

· a) Melhor desempenho acadêmico

· b) Pior desempenho acadêmico

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115

· c) Melhor convivência com os colegas de escola

· d) Pior convivência com os colegas de escola

PARTE III – INTERCÂMBIO E VIDA PROFISSIONAL

9) Em relação à vida profissional, ter participado do programa de

Intercâmbio Cultural, proporciona-me:

Grupo I

· a) Comunicação na Língua Inglesa (inglês avançado-fluente)

· b) Vivência internacional

· c) Liderança

· d) Competência Intercultural, ao conseguir compreender e interessar-me

mais pela cultura de outros povos e como lidar com diferentes tipos de

culturas.

Grupo II

· a) Maturidade e flexibilidade

· b) Maior segurança ao tomar decisões

· c) Tolerância

· d) Independência

10) Por ter participado do programa de Intercâmbio Cultural, tornei-me uma

pessoa:

Grupo I

· a) Mais comunicativa

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116

· b) Menos comunicativa

· c) Mais independente

· d) Menos independente

Grupo II

· a) Mais flexível

· b) Menos flexível

· c) Mais individualista

· d) Menos individualista

Grupo III

· a) Mais compreensível

· b) Menos compreensível

· c) Mais tolerante

· d) Menos tolerante

11) A experiência de intercâmbio influenciou de alguma maneira na escolha

da profissão?

· a) Sim

· b) Não

PARTE IV – LÍNGUA E CULTURA

12) Você conseguiu de alguma maneira assimilar a cultura norte-americana?

· Sim

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117

· Não

·

13) Você adquiriu hábitos ou costumes da cultura americana quando fazia

intercâmbio e os mantém até os dias de hoje, morando no Brasil?

· Sim

· Não

14) Você se identifica com a cultura norte-americana de um modo geral?

· Sim

· Não

15) A experiência do Intercâmbio Cultural, de vivenciar uma nova cultura

ajudou-me a despertar a consciência da cidadania e de cidadão do

mundo?

· Sim

· Não

16) Por favor, cite quatro experiências mais marcantes da sua experiência

de Intercâmbio.

17) Ao participar do programa de Intercâmbio Cultural você vivencia em seu

cotidiano a interculturalidade, ou seja, quando duas ou mais culturas

entram em interação. Por gentileza cite 4 exemplos que considera uma

experiência intercultural.

18) Cite quatro exemplos de como a língua o ajudou a compreender a

cultura/identidade do povo norte-americano ao vivenciar o intercâmbio

nos Estados Unidos.

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118

ANEXO V – RESUMO DAS RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO

PARTE I - DADOS PRIMÁRIOS

1) Assinale a década em que fez o intercâmbio:

Década de 1990 a 1999 4 10%

Década de 2000 a 2010 38 90%

2) Sexo:

Masculino 25 58%

Feminino 18 42%

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119

3) Idade:

34

40

22

24

25

26

27

28

29

30

32

31

18

16

20

17 anos

Hoje 27, 16 à época.

Hoje tenho 27 mas quando fui tinha 16 anos

63 anos

4) Comitê do AFS em que realizou o intercâmbio:

Rio de Janeiro

Assis

Belo Horizonte

Americana/São Paulo

Ribeirão Preto

Ribeirão preto

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120

Joinville

Americana (Brasil) /Seattle (EUA)

Vale dos sinos

São Paulo alfa

Mococa - tite

Rio Grande - RS

Americana

São Paulo

ABC

Americana-SP

Lages - SC

SP ALFA

Americana

Natal-RN

Ouro branco

Vale dos Sinos

Macaé, RJ

Axé (Salvador)

Vitória

João Pessoa

Chapecó

Mococa

Salvador

Joinville

São Paulo

Macaé

Porto Alegre

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121

PARTE ll - REGRESSO AO PAÍS DE ORIGEM

5) Retornou alguma vez ao local de intercâmbio?

Sim 26 60%

Não 17 40%

6) Continua com algum contato com a família hospedeira?

Sim 40 93%

Não 3 7%

7) Qual(is) fator(es) o levou(aram) a fazer o programa de intercâmbio nos

Estados Unidos?

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122

a) Aprender e/ou aprimorar a Língua Inglesa 28 21%

b) Melhorar o curriculum profissional no futuro 15 11%

c) Experimentar vivência internacional 30 22%

d) Torna-se uma pessoa mais madura, independente e flexível 28 21%

d) Ter conhecido alguém que já tivesse feito algum tipo de intercâmbio

cultural 15 11%

f) Gostar de viajar 19 07%

a) Aspecto econômico do país 15 28%

b) Desenvolvimento e performance acadêmica 11 21%

c) Melhor qualidade de vida comparado ao Brasil 16 30%

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123

d) Influência adquirida por intermédio de filmes de Hollywood, música,

alimentos, o consumismo, o chamado "American way of life". 8 15%

e) Lugar visto como "lugar de oportunidades". 3 6%

8) O que sentiu imediatamente ao voltar ao seu país de origem?

a) Alívio 3 5%

b) Alegria 21 35%

c) Depressão 12 20%

d) Realização 24 40%

a) Falta das amizades que fez no país de intercâmbio 24 34%

b) Falta da família hospedeira 28 39%

c) Perda de algumas amizades que deixou aqui no Brasil 10 14%

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124

d) Falta do ambiente escolar 9 13%

a) Dificuldade de readaptação 18 30,5%

b) Facilidade de readaptação 18 30,5%

c) Melhor convivência com os pais 18 30,5%

d) Pior convivência com os pais 5 8,5%

PARTE III - INTERCÂMBIO E VIDA PROFISSIONAL

9) Em relação à vida profissional, ter participado do programa de Intercâmbio

Cultural, proporciona-me:

a) Comunicação na Língua Inglesa (inglês avançado-fluente) 35 27%

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125

b) Vivência internacional 38 32%

c) Liderança 23 14%

d) Competência Intercultural, ao conseguir compreender e interessar-me

mais pela cultura de outros povos e como lidar com diferentes tipos de

culturas.

35

27%

a) Maturidade e flexibilidade 38 86%

b) Maior segurança ao tomar decisões 28 64%

c) Tolerância 29 66%

d) Independência 37 84%

10) Por ter participado do programa de Intercâmbio Cultural, tornei-me uma

pessoa:

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126

a) Mais comunicativa 35 47%

b) Menos comunicativa 0 0%

c) Mais independente 40 53%

d) Menos independente 0 0%

a) Mais flexível 38 62%

b) Menos flexível 0 0%

c) Mais individualista 6 10%

d) Menos individualista 17 28%

a) Mais compreensível 35 51%

b) Menos compreensível 0 0%

c) Mais tolerante 33 48%

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127

d) Menos tolerante 1 1%

11) A experiência de intercâmbio influenciou de alguma maneira na escolha da profissão?

a) Sim

22

51%

b) Não 21 49%

PARTE IV - LÍNGUA E CULTURA

12) Você conseguiu de alguma maneira assimilar a cultura norte-americana?

Sim 33 89%

Não 4 11%

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128

13) Você adquiriu hábitos ou costumes da cultura americana quando fazia intercâmbio e os mantém até os dias de hoje, morando no Brasil?

Sim 29 81%

Não 7 19%

14) Você se identifica com a cultura norte-americana de um modo geral?

Sim 30 83%

Não 6 19%

15) A experiência do Intercâmbio Cultural, de vivenciar uma nova cultura ajudou-me a despertar a consciência da cidadania e de cidadão do mundo?

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129

Sim 37 95%

Não 2 5%

16) Por favor cite quatro experiências mais marcantes da sua experiência de

Intercâmbio

A chegada na família. Ciúmes da minha família em relação a outra intercambista.

Dificuldade de adaptação nos primeiros 3 meses. A despedida.

Aaprender novos esportes (esquiar e escalada (rock climbing)); viver com pessoas

de outra nacionalidade (talvez mais difícil que viver com norte-americanos; fiz

intercâmbio nos EUA); adaptação a novos hábitos alimentares; focar mais a vida

acadêmica.

Experimentar o Frio e a neve em Michigan; o medo e o nervosismo de ter que falar

perante o Auditório de toda a Escola High School; a primeira experiência com a

maconha; Sexo mais liberado.

Família americana, Inverno, Escola e Língua.

Momento de encontro com a família hospedeira e conhecer a nova casa; primeira

semana na escola; participar dos esportes; formatura e o prom.

Segurança; maturidade, aprendizagem; cultura / liderança.

Viagem com a banda de Jazz da escola; a família hospedeira foi fantástica; a

organização da escola e da sociedade como um todo e como tudo nos EUA funciona

melhor que no Brasil.

Não fiz intercambio nos EUA, mas sim na Áustria e em Liechtenstein. Respondi a

tudo baseando-me na minha experiência na Áustria e em Liechtenstein. Os

acampamentos organizados pelo AFS; mudança de família hospedeira; mudança de

país hospedeiro (da Áustria para Liechtenstein); viajar pela Europa.

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130

Ver neve pela primeira vez, ter contato diário com crianças (irmãos hospedeiros),

aprender uma nova língua em menos de 6 meses e ter mergulhado na cultura geral

do país.

Convivência na escola, adaptação com costumes da família, adaptação com outra

intercambista que morou na mesma casa.

Integração com intercambistas de outros países; excelente convívio com a família

hospedeira, já voltei para visita-los 8 vezes e eles já vieram me visitar 2 vezes, nos

falamos quase que diariamente e possuo total integração familiar com eles mesmo

após 12 anos do programa de intercâmbio. Troca cultural; aprendizado de uma outra

língua.

Conhecer pessoas do Japão e da Turquia; perceber-me como cidadã do mundo;

receber o amor da família hospedeira; sonhar em inglês.

Perceber que não importa o quão bem você é recebido em outro país, o seu país de

origem sempre será o lugar de conforto. Que viver longe de família e amigos não é

tão simples quanto parece. Ter minha "Mom" hospedeira presente na minha

formatura no Brasil e posteriormente no meu intercambio é algo que significa muito

para mim. Conhecer pessoas do mundo inteiro e aprender que as diferenças são

boas e agregam muito na nossa vida. Ter viajado e conhecido lugares que não

conheceria em uma viagem de turismo.

Snowboard e neve; viagens com a família; domínio da língua; capacidade, critica e

visão de mundo.

Participar do time de tênis da escola. Viajar por diversos estados americanos com

outros intercambistas. Viajar com a família hospedeira para esquiar. Participar do

baile de formatura da escola.

Convivência com nova família hospedeira Atividades extracurriculares na escola

Amigos intercambistas de diferentes partes do mundo. Viver em uma cidade de

1.200 habitantes na parte central dos Estados Unidos.

Eu não fui aos EUA, fui a Holanda.

Respeito, aprendizado, autoconhecimento e saber a controlar os seus sentimentos.

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131

Ter tido um irmão 11 anos mais novo foi uma experiência muito legal. Sempre soube

que tinha jeito com crianças mas o amor fraterno que se criou superou qualquer

expectativa minha, de quando eu cheguei e de quando fui embora. Numa certa vez,

durante meu ano de intercambio, fui convidado por um amigo da escola para ir à

casa de campo de sua tia no estado de Maryland. Era uma propriedade fascinante,

que escondia vários segredos. Um deles era aquele lugar ter sido o refúgio do

menino cubano Elián Gonsalves de 5 anos que foi protagonista de uma briga judicial

pela guarda do garoto, mas que tinha um cheiro de briga política nos anos 1999 e

2000. Lembro-me daquela fazenda de flores a beira de um lago salgado como se

fosse hoje. Uma das melhores experiências da minha vida.

1- O primeiro jantar em família. Sentar à mesa com 3 estranhos. Comendo uma

comida que nunca comera na minha casa. Todos mudos. Com conversas gentis.

Muito claramente e com nada em comum. Uma situação bizarra. 2-Minha primeira

festa na Bélgica. No meio de uma floresta a noite, voltamos de bicicleta eu e uma

amiga as 3 da manhã, riamos muito, não nos sentia-os inseguras. Foi um ano sem

medo de roubo, sequestro, estupro e todos esses medos que existem aqui no Brasil.

Sair de uma cidade super grande e fui para uma fazenda. - Dificuldade em se

comunicar sem saber o idioma - Aprender a rotina de uma família completamente

diferente da minha. - Me comunicava com os meus pais nativos, a cada 01 mês.

Morar com outra família (extraordinária) - vivenciar o 11 de setembro - ser

reconhecida academicamente por notas boas - novos amigos

1) Participei do time de futebol americano da escola como "kicker". Em um jogo

importante, faltando 3 segundos para acabar o jogo, tive a chance de desempatar o

jogo e dar a primeira vitória do time na temporada... mas errei! 2) Quando cheguei

nos EUA ainda não sabia quem seria minha família hospedeira. Quando os vi pela

primeira vez e meu "novo irmão" de 2 anos correu para me abraçar. 3) Participei do

time de basquete, e, apesar de não ser muito bom, no último jogo da temporada, o

técnico fez um discurso emocionante, falou que apesar de ter chegado lá sem nem

saber todas as regras do jogo, tinha ganho um lugar com muito treino e simpatia.

Pela primeira vez, joguei pelo time principal da escola como titular. 4) O último dia na

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minha cidade, foi num 4 de julho. Minha festa de despedida foi com fogos de artifício

e celebração pela liberdade.

- Vivência escolar - Descobrimento de novos hábitos e cultura - Percepção de

crescimento pessoal e na língua - Amor e carinho infinitos pelos que convivi.

Preconceito, alimentação, consumismo, assedio sexual.

- Quando vi uma mãe voltar ao caixa para pagar uma cartela de adesivos que o filho

pequeno tinha levado do supermercado sem pagar (por engano), a cartela valia

US$0,50. - O envolvimento da comunidade com a conscientização dos novos

estudantes universitários, no começo do ano letivo. - Preservação das coisas

públicas, por parte de população. - Independência que os filhos atingem ao saírem

de casa para estudar na universidade.

Fui intercambista na Tailândia, marcante para mim foi ficar num templo budista por

30 dias.

Compreensão de novas culturas, amizades que levo comigo até hoje,

amadurecimento e a vontade de compreender mais o mundo e suas diferenças.

17) Ao participar do programa de Intercâmbio Cultural você vivencia em seu

cotidiano a interculturalidade, ou seja, quando duas ou mais culturas

entram em interação. Por gentileza cite 4 exemplos que considera uma

experiência intercultural

Cozinhar; praticar; esportes; aprender e ensinar História do meu país e os

Encontros do AFS.

Língua; escola; segurança e qualidade de vida

Atividades domésticas em geral. As festas, como por exemplo o baile de formatura.

A relação com os animais domésticos. O modo como os familiares se relacionam.

Imersão em uma escola estrangeira Menos contato com o país natural Dificuldades

de comunicação Choque cultural, quando valores locais são diferentes dos meus

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Diferentes valores para educação e disciplina; frequentar semanalmente uma

religião diferente da sua; festejos e comemorações de feriados e festas religiosas

diferentes da sua e hábitos alimentares diferentes.

O choque ao conhecer a história segregacionista americana. A forma como outras

culturas interagem com os americanos. São, de certa forma isoladas, criando mini

núcleos de convivência. Os vizinhos mal se comunicam. Grande incentivo que dão

ao estudo e ao esporte.

Fui morar em uma pequena cidade que havia uma comunidade Amish - A

experiência de viver em uma pequena cidade do interior foi fabulosa e me fez ver a

vida de uma forma diferente (Sempre morei no Rio de Janeiro) - Meu melhor amigo

durante o intercambio além da minha família foi um intercambista Groelandez onde

foi possível uma excelente troca cultura e de costumes na forma de viver e pensar

na vida. - Minha mãe hospedeira trabalhava em uma escola para deficientes mentais

na qual foi possível conviver com pessoas maravilhosas na qual nunca imaginaria

ter convivido.

Certa vez na aula de álgebra, o meu professor me chamou na frente para que eu

explicasse como nós, brasileiros, fazíamos uma conta de dividir. Não me lembro

muito bem, mas os americanos fazem a conta de uma outra forma. Me lembro que

todos ficaram encantados com algo tão simples. Ainda na escola, fui apresentada a

um menino que não conhecia, e quando fui falar meu nome, ele não entendeu direito

e colocou a cabeça pra frente para me escutar melhor, mas eu acostumada com o

"beijinho" que damos ao ser apresentados a alguém, lasquei um beijo na bochecha

do menino. Só depois fui perceber que ele não tinha me escutado, Tive que explicar

nossa cultura, minha mãe hospedeira me fazia levar brigadeiro para todas as festas

que íamos, como sobremesa.

Pontualidade; honestidade; educação; frieza por parte dos americanos.

Não fiz intercambio nos EUA, mas sim na Áustria e em Liechtenstein. Respondi a

tudo baseando-me na minha experiência na Áustria e em Liechtenstein. Estudar

conteúdos didáticos na escola hospedeira que já haviam sido estudados na escola

de origem, e ver que o enfoque e os objetivos são fundamentalmente diferentes,

apesar de o assunto estudado ser o aproximadamente o mesmo. Ser motivo de

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novidade e de curiosidade para familiares, conhecidos e amigos da família

hospedeira, "simplesmente" por vir de um país diferente. Sentir frio abaixo de zero e

ver a neve pela primeira vez, estando na companhia de colegas de aula que ficaram

surpresos ao ver meu entusiasmo, apesar de uma boa interação e integração geral,

em eventos do AFS, quando uma nacionalidade era mais numerosa que outras,

seus membros costumavam ficar mais entre si, num grupo um pouco mais fechado,

em vez de ficarem igualmente abertos à formação de um grupo totalmente

internacional.

Convivência com outra família/cultura; Convivência com outros intercambistas de

diversos países e choque cultural.

Alimentação hábitos diários flexibilidade cotidiano familiar

A amizade com outros intercambistas me fez conhecer um pouco da cultura de cada

um deles (comidas típicas, costumes, as diferenças culturais em como lhe dar com

diferentes situações do cotidiano e a até mesmo como se vestir).

Trabalho com um Líbio. Ele é mulçumano e fala português com bastante sotaque.

Recebo muitos americanos, indianos e argentinos no trabalho. No clube de vela que

frequento na represa Guarapiranga em São Paulo capital costuma ter pessoas de

países distintos da Europa. Talvez não falamos a mesma língua mas amamos o

mesmo esporte. Interculturalidade é simplesmente dividir os mesmos motivos de

estar em certo local. Dividir experiências!

Cumprimentar pessoas de uma forma diferente porque eu estava no país delas e

não no meu. Comer comidas comuns para os americanos e extremamente

diferentes para mim e fazer um pouco de comida brasileira para eles. Vestir-me do

meu jeito, mas adaptando-me ao clima e um pouco ao estilo deles. Explicar para os

americanos a visão de uma brasileira sobre os Estados Unidos.

A própria língua e como temos que nos desenvolver para entendermos e sermos

compreendidos. A percepção de sermos (brasileiros) muito extrovertidos e termos

que nos conter perto dos tão comedidos americanos. A dificuldade em fazer

amizades mas depois conseguir mantê-las e passar um pouco de cultura de nosso

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país que muitas vezes parece soar como um país com macacos nas ruas e sem

telefone. Namorar estrangeiros pode ser muito mais difícil do que imagina-se.

Patriotismo americano. O jeito brasileiro de abraçar todo mundo, o que não é nem

um pouco comum nos EUA. A comida. A escola.

Conhecer e aceitar hábitos diários muito diferentes dos nossos, se dispor a se

integrar à nova cultura que estamos adotando, mostrar e explicar nossos hábitos

também e demonstrar e ver que ser diferente é algo muito importante e agradável.

Divergências políticas e ideológicas. No Kansas, a grande maioria das pessoas são

republicanas e conservadoras. Já no início, percebi que não poderia divergir

frontalmente das posições de toda a sociedade. E com o tempo, percebi que

realmente era muito difícil alguém daquela sociedade pensar de outra forma, pois

estava inserido em um ambiente extremamente propício para repetir o mesmo

discurso (e fortemente influenciada pela televisão). Com o tempo, passei a

compreender as razões para pensarem daquela forma e até a defendê-la quando

debatia com amigos e familiares que estavam no Brasil. Tentar divergir dos pais

americanos, mesmo que de forma educada, pode ser considerado um desrespeito

("backtalking"). 3) As pessoas pareciam ser mais diretas para fazer críticas ou

elogios. Se não gostasse de uma comida, por exemplo, não havia constrangimentos

e falar. Assim como assoar o nariz com todo fôlego que você tiver. Se era

necessário, então era só fazer.

Formas de comunicação; Visões de mundo/política/economia; Hábitos do cotidiano.

Ajudar estrangeiros na rua com informações. Ajudar estrangeiros mais próximos que

vivem no mesmo meio a resolver questões relacionadas a língua ou a problemas

culturais. Ser mais tolerante a diferenças culturais entre eu e as pessoas com quem

convivo, pois apesar de muitos serem brasileiros há diferenças culturais claras entre

os estados brasileiros. A mais importante é ver que na verdade os limites entre

nações não existem. Somos todos seres humanos com questões muito similares,

apesar de estarmos em contextos diferentes.

Latinidade; língua, relacionamentos interpessoais; tecnologia.

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Observar às diferenças na minha família americana e ao mesmo tempo notar que se

surpreendiam comigo.

Falar de sotaques; adquirir hábitos alimentares de outros países; aceitar a cultura e

os costumes do país que morou; cultivar hábitos até hoje os quais aprendi durante o

intercâmbio.

Alimentação e demais hábitos alimentares (provar das diferentes comidas e cozinhar

comidas típicas brasileiras para eles); estudar em uma classe só de americanos e

compartilhar estudos e experiências; participar do programa de esportes da escola e

todos pensarem que você deve jogar futebol por ser brasileiro; Adapatar-se a regras

antes não existentes na minha casa/ cidade como “toque de recolher, horário para

dormir, chamado por eles de "curfew".

18) Cite quatro exemplos de como a língua o ajudou a compreender a

cultura/identidade do povo norte-americano ao vivenciar o intercâmbio

nos Estados Unidos

Não acredito que a língua teve contribuição.

O convívio na escola me fez entender a essência do povo americano - Consegui

criar amizades com pessoas em todo o mundo - Se tive uma boa integração com

minha família hospedeira foi graças ao meu desenvolvimento com a língua inglesa

Muitos americanos me diziam para ser bem vindo na América. De início, ficava

bastante incomodado, mas com o tempo fui percebendo que não se achavam 'donos

da América' como muitos supõe, mas uma forma de abreviação à United States of

America com a vivência e melhor compreensão da língua (consequentemente da

cultura) percebi que não era algo pejorativo quanto ao resto dos países das

Américas e não se intitulavam donos do continente etc; uma tia de intercâmbio que

havia morado no Brasil me disse certa vez sentir falta da palavra 'saudades' no

vocabulário inglês, eu disse que para mim 'miss' traduzia bem, mas ele disse que o

sentimento era outro, ainda hoje penso que 'miss' traduz bem o sentimento da

saudade, mas para ela não...talvez seja a percepção dela com a cultura brasileira,

mais quente/próxima... - a língua culta e a falada se aproximam bastante, norte-

americanos abreviam bastante as coisas, chegando até mesmo a falar errado

algumas coisas, mas no português temos um abismo muito maior entra a língua

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culta/acadêmica e o português falado, sendo que neste último as diferenças são

gritantes. Nos EUA o inglês falado das pessoas muda muito pouco, não importando

a classe social ou o nível de escolaridade, isso mostra o nível de desenvolvimento

deles, embora exista desigualdade e ela seja acentuada, é muito menor que no

Brasil. Esse fato, além de evidenciar quão mais simples é a língua inglesa,

demonstra a cultura e até mesmo a identidade deles.

Meu intercâmbio na verdade foi para a Bélgica e quando comecei a prender o idioma

local percebi que fui integrada mais facilmente ao grupo com um todo, além de os

belgas gostarem de ver que estava disposta a aprender seu idioma e assim se

oferecerem para me ajudar.

Economia; política; piadas; cotidiano.

Quando cheguei lá, não falava nada de inglês. Perdi muitas coisas pela dificuldade

com a língua no começo, mas em pouco tempo já estava fluente.

A língua é muito importante para a comunicação e ajuda a entender as expressões,

o comportamento de um outro povo.

Apesar de ter feito o IBEU por 5 anos antes de viajar, tive dificuldade com a fala

inicialmente. Após 6 meses é que a comunicação tornou-se mais fácil e prazerosa.

Sem comunicação não conseguiria me virar bem, o intercâmbio me ajudou a fazer

amizades, inclusive melhorou a convivência com minha família estrangeira.

Meu intercâmbio foi na Dinamarca.

Aprender gírias das regiões; estudar literatura americana; acompanhar os

programas de TV; me comunicar de forma independente em qualquer lugar.

Conversando com amigos e família; escutando as aulas e programas de TV; lendo o

jornal local e acompanhando as notícias importantes referente a outros locais;

retratando o Brasil e nossos costumes comparando com os deles.

Entender as piadas, que são parte da cultura de um povo; Entender a poesia;

Entender as letras das músicas; Entender as expressões dos sentimentos.

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A língua me ajudou a entender melhor o pensamento político dos americanos, isto é,

a divisão entre os democratas e republicanos. Ajudou também a pensar de uma

forma distinta a política externas norte-americana. Além disso, a língua auxilia muito

em aspectos simples, como na culinária e em momentos de lazer (seja praticando

esportes ou em festas).

Cinema, TV, esportes, conversas com amigos / família, festas e confraternização.

1) Percepção das diferentes formas de povos dentro do mesmo país. Aprendi que

algumas palavras são proibidas pela sociedade, por causa da época

segregacionista. O humor americano é diferente. A melhor experiência que tive foi

quando presenciei uma aula da universidade em que tinham alunos de 10

nacionalidades diferentes, todos eles falando o ponto de vista deles sobre o EUA.

Não fiz intercambio nos EUA, mas sim na Áustria e em Liechtenstein. Respondi a

tudo baseando-me na minha experiência na Áustria e em Liechtenstein. - pessoas

mais velhas (incluindo avos hospedeiros) só falavam alemão e, porque eu os

entendia e podia me comunicar com eles, eles me contavam sobre os tempos

vividos durante a Segunda Guerra Mundial (inclusive como combatentes) e os duros

tempos do pós-guerra - ao verem que eu falava alemão fluentemente, as pessoas se

dispunham a ter conversas mais profundas, longas e diversas comigo; se não fosse

por isso, eu dificilmente teria um relacionamento não-superficial, e não poderia

observar como eles realmente são, do que falam, o que pensam, como pensam -

convivi com muitas crianças pequenas (menos de 10 anos, e acima de 2 anos), que

só falavam alemão. Por eu falar alemão, eu podia brincar com eles (brincadeiras

diferentes do Brasil), ver seus livros, cantar cantigas locais - por falar alemão padrão,

e por não falar dialeto local, mas entendê-lo, sentia-me um pouco excluído em

ambientes que se comunicavam exclusivamente em dialeto, sensação que era bem

menos presente quando se comunicavam em alemão padrão.

Compreensão das situações de vivencia, oportunidade de manifestação de ideias e

vontades pessoais.

Falar inglês é como ter um super poder. A partir do momento em que se sonha na

nova língua, você se sente parte daquela cultura. A língua me ajudou a poder

explorar sozinho, realmente vivendo os Estados Unidos. A língua me fez ler a

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parede do Capitólio, com a constituição norte-americana, me fazendo compreender

o porquê as coisas são como são.

Não fiz intercambio nos EUA.

Não fiz intercambio nos estados unidos. Como fiz na Bélgica falarei sobre esses

pais. A língua me ajudou a entender que eles não aceitam improvisação. Ninguém

brinca com as palavras ou entende brincadeiras. Existem poucas exceções. A regra

está muito clara. Se você aprende a regra você aprende o idioma. Assim como para

conviver com eles você tem que aprender as regras, ninguém iria fazer uma exceção

para você. Existe pouca criatividade no vocabulário. O que me mostrou um povo

pouco criativo.

A língua foi importante mas não foi essencial para eu vivenciar a minha experiência

de intercambio. Eu acredito que até mesmo quando eu cheguei nos Estados Unidos

e quase não falava inglês e já estava vivenciando e aprendendo muitas coisas que

foram importantes na minha experiência. O intercambio foi muito mais do que

aprender uma nova língua, esta foi uma experiência que me ajudou a aprender

muito mais sobre minha pessoa, o mundo, as diferentes culturas e tantas outras

coisas.

1) Interagir com as crianças. Fazia isso diariamente, por ter irmãos hospedeiros de 2

e 8 anos. 2) Na sala de aula, entender tudo o que se passava foi importantíssimo

para compreender a dinâmica da escola. Por estar em uma escola pequena, existia

uma relação de amizade com os professores, mas um respeito muito grande até

mesmo na forma de tratamento (Mr. Sobrenome). 3) Mesmo em uma cidade

pequena, entender a forma super-protetora dos pais em relação aos filhos.

Meu intercâmbio foi para Austrália.

Número de respostas diárias

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