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UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO KELLY SANDRA DANTAS PEREIRA NÍVEL DE ANSIEDADE EM CANDIDATOS À OBTENÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO MACEIÓ AL 2014

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UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

KELLY SANDRA DANTAS PEREIRA

NÍVEL DE ANSIEDADE EM CANDIDATOS À OBTENÇÃO DA

CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO

MACEIÓ – AL

2014

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KELLY SANDRA DANTAS PEREIRA

NÍVEL DE ANSIEDADE EM CANDIDATOS À OBTENÇÃO DA CARTEIRA

NACIONAL DE HABILITAÇÃO

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva

MACEIÓ – AL

2014

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KELLY SANDRA DANTAS PEREIRA

NÍVEL DE ANSIEDADE EM CANDIDATOS À OBTENÇÃO DA CARTEIRA

NACIONAL DE HABILITAÇÃO

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

________________________________________________________

PROF MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA

ORIENTADOR

_______________________________________________________

PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

Dedico esta aos meus amados pais Hilton e Marly, ao meu irmão Geandrio,

ao meu esposo Rivelino e especialmente aos meus melhores e maiores presentes,

Breno e Higor que trazem luz e tornam leve meu caminhar.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade de estar realizando este trabalho

A minha mãe Marly, pelo incentivo e a presença constante, sempre.

Aos meus filhos, pelo exemplo de generosidade.

Aos familiares que torceram pela concretização desse sonho.

Aos professores que contribuíram para meu crescimento intelectual e

profissional.

A minha amiga e sócia Magda Leal, parceira de curso, de viagem, de quarto

de hotel, de clinica.

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“Uma coisa é certa: o problema da ansiedade é um ponto

que liga as mais importantes questões; um enigma cuja

solução deve lançar uma torrente de luz sobre toda a

nossa vida mental”.

Sigmund Freud

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RESUMO

Todos os anos milhões de brasileiros são avaliados psicologicamente para conduzir veículos, com base na legislação vigente. Este trabalho se propõe a realizar uma pesquisa de campo, de abordagem quantitativa. Descreveremos aqui os dados coletados acerca dos níveis de ansiedade durante o processo de avaliação psicológica pericial e sua correlação com o resultado de aptidão ou inaptidão psicológica em candidatos à obtenção à Carteira Nacional de Habilitação. Com o intuito de alcançar o objetivo maior deste trabalho, esta pesquisa se propôs a elucidar teoricamente aspectos relevantes sobre o processo de avaliação psicológica e sobre a ansiedade. Justifica-se, então, pela relevância do tema a ser tratado, ainda pouco discutido.

Palavras-chave: Avaliação Psicológica Pericial; Ansiedade; Inaptidão Psicológica.

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ABSTRACT

Every year millions of Brazilians are evaluated psychologically to drive, based on current legislation. This paper aims to conduct a field research, quantitative approach. We describe here the data collected about the levels of anxiety during the process of forensic psychological assessment and its correlation with the result of psychological fitness or unfitness for candidates to obtain the driver's license. In order to achieve the larger goal of this study, this research aims to elucidate theoretically relevant aspects of the evaluation process and the psychological anxiety. Justified, then the relevance of the topic to be discussed, yet little discussed. Keywords: Expert Psychological Assessment, Anxiety, Psychological Disability.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1: Referente ao gênero dos candidatos .................................................... 31

Gráfico 2: Referente ao nível de escolaridade ...................................................... 32

Gráfico 3: Referente à faixa etária ......................................................................... 32

Gráfico 4: Referente ao resultado geral da Avaliação Psicológica Pericial ........... 33

Gráfico 5: Referente ao gênero e o índice de reprovação ..................................... 33

Gráfico 6: Referente aos graus de ansiedade ....................................................... 34

Gráfico 7: Referente a resultado da Avaliação Psicológica Pericial X Nível

Mínimo de Ansiedade ........................................................................... 35

Gráfico 8: Referente a resultado da Avaliação Psicológica Pericial X Nível

Leve de Ansiedade ............................................................................... 35

Gráfico 9: Referente a resultado da Avaliação Psicológica Pericial X Nível

de Moderado de Ansiedade ................................................................. 36

Gráfico 10: Referente a resultado da Avaliação Psicológica Pericial X

Nível Severo de Ansiedade .................................................................. 37

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 12

2.1 Avaliação Psicológica ....................................................................................... 12

2.2 Avaliação Psicológica Pericial no Contexto do Trânsito ............................... 13

2.2.1 Entrevista Psicológica ................................................................................... 16

2.2.2 Testes Psicológicos ....................................................................................... 19

2.3 Ansiedade .......................................................................................................... 22

2.3.1 Diagnóstico ..................................................................................................... 25

2.3.2 Características Associadas ........................................................................... 25

2.3.3 Os Sintomas ................................................................................................... 26

2.3.4 Grupo de Risco ............................................................................................... 27

2.3.5 Transtornos Associados ............................................................................... 27

2.3.6 Curso ............................................................................................................... 28

2.3.7 Tratamento ...................................................................................................... 28

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 29

3.1 Ética .................................................................................................................... 29

3.2 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 29

3.3 Universo ............................................................................................................. 29

3.4 Sujeitos da Amostra .......................................................................................... 29

3.5 Instrumentos e Procedimentos da Coleta de Dados ...................................... 30

3.6 Procedimentos para Análise dos Dados ......................................................... 30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 31

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 38

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40

APÊNDICE ................................................................................................................ 42

ANEXO ..................................................................................................................... 43

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1 INTRODUÇÃO

A avaliação psicológica no contexto do trânsito tem recebido destaque na

psicologia nos últimos anos diante das mudanças na legislação e questionamentos

acerca das práticas e da sua validade. Para que ela possa se desenvolver, faz‑se

necessário conhecer tendências e lacunas acerca do que tem sido pesquisado nos

últimos anos.

Segundo Wechsler (1999), a avaliação psicológica tem por objetivo conhecer

o individuo com o intuito de obter informações a respeito de suas diferentes

dimensões psicológicas tais como: capacidades cognitivas e sensório-motoras,

componentes sociais, emocionais, afetivos e motivacionais da personalidade,

atitudes, aptidões e valores. Dá-se por meio de coleta de dados e interpretações

viabilizadas por meio de instrumentos psicológicos.

É notório que qualquer humano possui dificuldades em ser avaliado. Na

nossa cultura, ser avaliado está ligado à avaliações de escola, à notas, à ser

aprovado ou reprovado. Na verdade a questão que se encontra implícita na

avaliação é a comparação, na qual será verificado se tal pessoa se encontra

posicionado na média, acima dela ou abaixo dela, em relação ao seu grupo, isto é,

pessoas de sua faixa etária, sua idade, sua condição social.

No que tange a ansiedade, Ramos (2011) considera esse ser um sentimento

universal e adaptativo, que ocorre em resposta a situações de potenciais infortúnios,

ameaças ou diversas outras formas de estressores.

Com certeza, até por uma questão biológica, podemos dizer que

a ansiedade sempre esteve presente na jornada humana, desde a caverna até a

nave espacial. A novidade é que só agora estamos dando atenção à quantidade,

tipos e efeitos dessa ansiedade sobre o organismo e sobre o psiquismo humano.

Assim sendo, esse estudo visa investigar o nível de ansiedade em candidatos

à CNH durante o processo de avaliação psicológica pericial, como também se tais

alterações e em que níveis essas significativas a ponto de constituir-se como fator

de reprovação.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Avaliação Psicológica

A avaliação psicológica é uma das atividades exclusivas do psicólogo tal

como dispõe o § 1º do Art. 13 da lei brasileira 4.119/62, e pode ser utilizada com

diferentes finalidades, sendo algumas delas: diagnóstico, intervenção, orientação

psicopedagógico e vocacional, pesquisa e seleção. O Conselho Federal de

Psicologia (CFP), em sua resolução nº 1 de 19 de abril de 2002, regulamenta a

avaliação psicológica em concursos públicos e processos seletivos, definindo-a

como um processo realizado através do emprego de procedimentos científicos que

possibilitam a identificação de aspectos psicológicos do candidato, objetivando um

prognóstico do desempenho nas atividades referentes ao cargo almejado. Nessa

resolução é destacada, dentre outros aspectos, a necessidade do uso de

instrumentos reconhecidos pela comunidade científica.

A avaliação psicológica difunde e representa uma parte relevante da atuação

profissional dos psicólogos. De acordo com Noronha e Alchieri (2002), esses

enfatizam que a regulamentação da psicologia enquanto profissão (Lei no. 4119 de

1962), auxiliou na consolidação, dentre outras atividades profissionais, da avaliação

psicológica por meio do uso de instrumentos e técnicas privativas ao psicólogo.

Segundo os mesmos autores, existe a necessidade de aprimorar a formação em

psicologia no Brasil, especialmente no que tange à avaliação psicológica, uma vez

que professores, acadêmicos, instituições e editores se beneficiam mutuamente.

Sob o mesmo prisma, cabe ao psicólogo ter critério na escolha dos testes,

além da pertinência do construto avaliado para o processo, as qualidades

psicométricas do instrumento, a saber, sua validade e precisão, e os dados

normativos.

O processo de avaliação psicológica depende do objetivo que essa deseja

alcançar, buscando sempre uma orientação voltada no sentido de compreender o

que está sendo avaliado, com que objetivo e a sua finalidade. Cabe também ao

avaliador a demanda, escolher e utilizar adequadamente os instrumentos

apropriados para a situação. Em acréscimo, os autores sugerem que é necessário

que o conhecimento produzido a partir de experiências práticas seja posto à

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disposição da comunidade profissional, como forma de ampliar e aperfeiçoar a

interpretação sobre a realidade investigada (ALCHIERI e CRUZ, 2003).

No que tange ao processo de seleção e baseado em Wechsler (1999), pode-

se distinguir quatro etapas da avaliação psicológica dentro do processo seletivo:

seleção de instrumentos (ou planejamento); aplicação; correção e interpretação dos

resultados; relato e devolução dos resultados.

Quando se trata de seleção em psicologia do trânsito, a literatura tanto

nacional quanto internacional tem questionado se avaliar aspectos psicológicos dos

motoristas traz uma efetiva colaboração para a diminuição dos acidentes ou das

infrações.

No mesmo prisma, evidenciam-se, ainda, algumas críticas ao modelo de

atuação profissional dos psicólogos, que enfatiza um enfoque observacional

classificatório, especialmente em vigor no Brasil, cuja raiz remeteria aos primórdios

da psicologia científica. Este se limita a avaliar e classificar as respostas dos

avaliados, para decidir se eles devem obter ou renovar sua habilitação, em

detrimento de um modelo intervencionista, cuja tônica é a intervenção nos processos

humanos para tentar modificá-los, considerando os fenômenos observados como

determinados pelo momento e pelo ambiente social (Monterde i Bort, 1987).

Assim sendo, existem diferentes técnicas psicológicas que embasam a

avaliação psicológica, como testes psicológicos, entrevista psicológica, provas

situacionais, dinâmicas de grupo etc, da mesma forma que o processo de avaliação

psicológica comporta algumas fases que são importantes na busca do conhecimento

da subjetividade humana, sendo atualmente utilizadas em âmbito nacional.

2.2 Avaliação Psicológica Pericial no Contexto do Trânsito

A Avaliação Psicológica no contexto do Trânsito é um processo técnico-

científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações a respeito dos

fenômenos psicológicos dos indivíduos. Na Avaliação Psicológica Pericial o

conhecimento do outro se dá de forma científica e especializada através de

instrumentos psicológicos, sendo eles: testes, entrevistas, questionários e

observações. Para os candidatos a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), a

avaliação psicológica é requisito obrigatório.

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O campo da avaliação psicológica de motoristas é caracterizado por

dificuldades e limitações em sua fundamentação e exercício profissional,

necessitando de estudos que sistematizem os conhecimentos produzidos e

ofereçam sugestões de pesquisas futuras para o seu desenvolvimento.

Embora as primeiras aplicações sobre os testes psicológicos no âmbito do

tráfego datem da década de 1920 do século passado (BLASCO, 1994; HOFFMANN

& CRUZ, 2003; TORTOSA & MONTORO, 2002), a literatura utilizada para embasar

esta prática profissional em nosso país configura-se escassa.

Somente na década de 1950, foram publicadas as primeiras reflexões sobre a

seleção psicotécnica de motoristas e sua importância na diminuição dos acidentes

de trânsito, bem como, os primeiros resultados de exames psicotécnicos e normas

para a população brasileira nos diversos testes usados em exames de habilitação,

como os testes de Atenção Difusa, Inibição Retroativa, Visão Noturna e

Ofuscamento, Volante Dinamógrafo e Psicodiagnóstico Miocinético - PMK

(CAMPOS, 1951, 1973; VIEIRA et al., 1953).

Na década de 1980, Spagnhol (1985), ao analisar o desenvolvimento e as

perspectivas da psicologia do trânsito no Brasil, evidenciou que após trinta anos do

estabelecimento da obrigatoriedade dos exames psicológicos, apenas seis artigos

sobre a validade dos exames psicológicos, estatísticas e reflexões teóricas sobre a

ocorrência de acidentes tinham sido publicados.

Mais atualmente, Alchieri (2002) identificaram diversos problemas no

desenvolvimento da psicologia do trânsito brasileira e concluíram que, desde o início

da psicotécnica aplicada ao trânsito, os psicólogos ainda não haviam conseguido

responder com precisão o que eles observam nos testes que caracteriza uma

indicação ou não à habilitação.

A utilidade e a exigência da avaliação psicológica estão fundamentadas na

necessidade de que a atividade do ser humano deve ser responsável, isto é, ele

deve dar conta do que faz, no sentido de poder afirmar que seus atos são legítimos,

benéficos e condizentes com o investimento dos recursos da natureza e da

sociedade de que ele faz uso. E para tal aferição devem ser utilizadas técnicas

apropriadas de avaliação que, obviamente, precisam ser variadas, considerando a

gama enorme de tipos de atividades e de processos psicológicos envolvidos nela.

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Disto resulta que a avaliação psicológica deve se constituir num processo

integrado, utilizando técnicas apropriadas para diagnosticar e/ou prognosticar

fenômenos psicológicos, visando alguma intervenção.

Para tanto, o Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, apregoa a partir da

resolução Nº 267 de 15 de fevereiro de 2008, no processo de avaliação psicológica

pericial deverão ser aferidos os seguintes processos psíquicos: tomada de

informação, processamento de informação, tomada de decisão, comportamento,

auto-avaliação do comportamento e traços de personalidade, sendo:

a) Tomada de Informação

Referimo-nos a atenção em seus diferentes tipos, como: atenção difusa /

vigilância / atenção sustentada; atenção concentrada; atenção distribuída/dividida;

atenção alternada, conforme definidas pela literatura e pelos manuais padronizados,

como também, detecção, discriminação e identificação: estes aspectos fazem parte

e são recursos utilizados quando se responde a um instrumento para avaliar a

atenção. Porém, eles também devem ser aferidos por meio da entrevista, criando

situações hipotéticas vivenciadas no ambiente do trânsito com a finalidade de

identificar a capacidade de perceber e interpretar sinais específicos do

ambiente/contexto do trânsito.

b) Processamento de Informação e Tomada de Decisão

Nesse ponto avaliamos o processo cognitivo da inteligência que se

caracteriza por ser a capacidade do individuo de resolver problemas novos,

relacionar idéias, induzir conceitos e compreender implicações, assim como a

habilidade adquirida de uma determinada cultura por meio da experiência e

aprendizagem.

Avaliamos também a função mental chamada de memória que é a

capacidade de registrar, reter e evocar estímulos em um curto período de tempo

(memória em curto prazo) e capacidade de recuperar uma quantidade de informação

armazenada na forma de estruturas permanentes de conhecimento (memória de

longo prazo).

Verificamos ainda sua orientação espacial, identificação significativa,

julgamento ou juízo crítico e tomada de decisão: esses aspectos devem ser

avaliados por meio de entrevista, com o objetivo de obter informações a respeito da

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capacidade do indivíduo situar-se no tempo e espaço; de sua escala de valores para

perceber e avaliar a realidade para, dessa forma, identificar quais os julgamentos

que levam a atitudes seguras no trânsito.

c) Comportamento

São o conjunto de reações de um sistema dinâmico em face das interações

propiciadas pelo meio. No caso do ambiente do trânsito, por meio da entrevista e

situações hipotéticas, deverão ser aferidos comportamentos adequados às situações

no trânsito, como tempo de reação, coordenação viso e audiomotora, assim como a

capacidade para perceber quando as ações no trânsito correspondem ou não a

comportamentos adequados, sejam eles individuais ou coletivos.

d) Traços de personalidade

Avaliamos através de testes psicológicos, em sua grande parte, projetivos o

equilíbrio entre os diversos aspectos de personalidade, em especial os relacionados

a controle emocional, ansiedade, impulsividade e agressividade. Os resultados

desses itens devem ser compatíveis com as exigências para condutores

remunerados e não remunerados.

Para avaliava todos esses aspectos utilizaram-se instrumentos científicos, tais

como: os testes psicológicos e as entrevistas psicológicas. Entretanto, o rol de

possibilidades de instrumentos psicológicos é bastante variado, incluindo também os

questionários, observações situacionais e outras técnicas reconhecidas pela

Psicologia.

Tratemos de algumas das principais técnicas utilizadas no processo de

avaliação psicológica pelos psicólogos.

2.2.1 Entrevista Psicológica

A entrevista pode ser caracterizada como uma interação em que uma das

partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação. No

caso da entrevista psicológica, esses dados se referem a diferentes dimensões

psicológicas do indivíduo (GOULART JÚNIOR, 2003).

Como técnica de avaliação psicológica, a entrevista apresenta vantagens e

desvantagens. Isso, porém, não a invalida, já que podemos trabalhar com aspectos

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opostos de um mesmo fenômeno, através de um pensamento integrador que aceita

a contradição, confrontando-a e superando-a, mas sem negá-la ou querer reduzi-la.

Assim, tendo em vista a complexidade do indivíduo que se apresenta,

confrontamos a contradição de um instrumento que possui vantagens e

desvantagens. Isso evidencia que a questão não está na técnica, mas no método,

na postura do psicólogo que já teria admitido que não há uma melhor metodologia

previamente definida e que também novas metodologias poderão ser construídas.

Classicamente, um dos aspectos da entrevista tido como negativo é a

influência interpessoal que o entrevistado exerce sobre o entrevistador e, por outro

lado, a interferência que o entrevistador exerce nas respostas e comportamento do

entrevistado (GIL, 1994).

Segundo o mesmo autor, no que tange aos tipos de entrevista psicológica,

podemos classificá-las em:

a) Entrevista Informal (livre ou não estruturada)

Caracteriza-se por apresentar um tipo menos estruturado, só se distingue da

simples conversação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. O que se

pretende é a obtenção de uma visão geral do problema pesquisado, bem como a

identificação de alguns aspectos da personalidade do entrevistado.

b) Entrevista Focalizada (semiestruturada ou semidirigida)

Tão livre quanto a informal, todavia enfoca um tema bem específico. Permite

ao entrevistado falar livremente sobre o assunto, mas quando este se desvia do

tema original, o entrevistador deve se esforçar para sua retomada.

c) Entrevista por Pautas (semiestruturada ou semidirigida)

Apresenta-se com certo grau de estruturação, já que se guia por uma relação

de pontos de interesses que o entrevistador vai explorando ao longo do seu curso.

As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação entre si. O entrevistador faz

poucas perguntas diretas e deixa o entrevistado falar livremente à medida que se

refere às pautas assimiladas. Quando este, por ventura, se afasta, o entrevistador

intervém de maneira sutil, para preservar a espontaneidade da entrevista.

d) Entrevista Estruturada (fechada)

Desenvolve-se a partir de uma relação fixa de perguntas cuja ordem e

redação permanece invariável para todos os entrevistados, que geralmente são em

grande número. Por possibilitar o tratamento quantitativo dos dados, este tipo de

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entrevista torna-se o mais adequado para o desenvolvimento de levantamentos

sociais.

Sob a perspectiva da intersubjetividade, os aspectos expostos não são vistos

como limitações, mas como fatores inerentes a qualquer interação, de modo que

precisam ser considerados. Sendo assim, a entrevista vai exigir do profissional maior

preparo para conduzi-la e dela obter resultados, principalmente quando se trata do

uso de entrevistas estruturadas que podem permitir uma maneira mais proveitosa de

lidar com a intersubjetividade de modo a alcançar os objetivos almejados.

Na entrevista psicológica acontece uma conversação dirigida, com um

propósito definido. Seu objetivo primordial é prover ao avaliador subsídios técnicos

acerca de conduta, comportamentos, conceitos, valores e opiniões do candidato,

completando os dados obtidos pelos demais instrumentos utilizados.

Deve ser utilizada em caráter inicial e faz parte do processo de avaliação

psicológica. É neste procedimento que o psicólogo tem condições de identificar

situações que possam interferir negativamente na avaliação psicológica, podendo o

avaliador optar por não proceder à testagem naquele momento, para não prejudicar

o candidato. Nesse caso, o candidato deverá retornar em momento posterior. O

psicólogo deve, portanto, planejar e sistematizar a entrevista a partir de indicadores

objetivos de avaliação correspondentes ao que pretende examinar.

Cabe ao profissional de psicologia, durante a entrevista, verificar as condições

físicas e psíquicas do candidato ou examinar, por exemplo, se ele tomou alguma

medicação que possa interferir no seu desempenho; se possui problemas visuais; se

está bem alimentado e descansado, como também verificar se o candidato não está

passando por algum problema situacional ou qualquer outro que possa vir interferir

no seu desempenho durante o processo de avaliação.

Na entrevista psicológica realizada com candidatos à CNH e condutores de

veículos é obrigatória e individual e deve considerar os indicadores abaixo, como

informação básica:

1. Identificação pessoal;

2. Motivo da avaliação psicológica;

3. Histórico escolar e profissional;

4. Histórico familiar;

5. Indicadores de saúde/doença;

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6. Aspectos da conduta social.

Após a realização da entrevista e do estabelecimento do rapport com o

candidato, deve-se iniciar a testagem psicométrica, utilizando-se de testes

psicológicos que possibilitem uma medida padronizada de uma amostra do

comportamento (ANASTASI E URBINA, 2000).

2.2.2 Testes Psicológicos

De acordo com os autores acima citados, os testes psicológicos são

ferramentas que fornecem uma medida objetiva e padronizada de uma amostra do

comportamento. Os testes psicológicos se caracterizam como sendo de uso privativo

do psicólogo na avaliação psicológica.

Há inúmeros tipos de testes psicológicos Pasquali (2001) os distingue, quanto

à objetividade e à padronização, em testes psicométricos e testes projetivos.

Os primeiros seriam maximamente padronizados em suas tarefas e na

interpretação, podendo qualquer examinador treinado chegar aos mesmos

resultados. Já os segundos seriam constituídos por tarefas não estruturadas, de tal

sorte que a decodificação e a interpretação dos resultados dependeriam em grande

parte do aplicador.

As mesmas considerações quanto a cuidados imprescindíveis na aplicação

da entrevista valem também em relação aos testes: o profissional tem papel ativo

nesse processo, pois, como vimos, o observador nunca é alheio e assim é oportuno

que busque estabelecer com o examinando uma relação cordial e de confiança

(rapport).

Conforme Anastasi e Urbina (2001), o rapport favorecerá a cooperação do

candidato e o encorajará a responder de maneira adequada aos objetivos dos

testes. Além disso, leva-se em conta o estado emocional do candidato que, dada a

situação de avaliação, pode não ser favorável. Cabe aqui a consideração do

princípio da instabilidade e da importância de se descrever com verbo estar, ou seja,

compreender um sistema como algo em constante mudança e evolução, que é

apenas probabilístico e não imutável e que pressupõe flutuações em seu curso.

É conveniente considerar o próprio ambiente físico em todas as suas

condições gerais (iluminação, temperatura, ventilação, higiene), físicas (conforto dos

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móveis, espaço suficiente) e psicológicas (ausência de interrupções, apresentação

pessoal do examinador com roupas, posicionamento e vocabulário adequados). O

desempenho de um candidato em um teste, por exemplo, pode não depender

apenas de suas habilidades prévias, mas de toda a condição presente (PASQUALI,

2001).

Uma das grandes críticas em relação aos testes é que o problema não se

encontraria neles, mas sim no aplicador, na forma como ele os utiliza e interpreta.

Certamente um aspecto imprescindível na escolha de um teste é, além do fato de se

adequar às intenções de avaliação, que o profissional tenha pleno domínio em seu

uso, tanto no que se refere à aplicação, quanto à interpretação de resultados

(GOULART JÚNIOR, 2003).

Sendo assim, é conveniente aprender a conviver com o que Vasconcelos

(2002) chama de uma “objetividade entre parênteses”, de modo que o fato de os

testes serem aplicados por um ser humano passível de uma interpretação subjetiva

não os invalida. Isso também se aplica a todos os outros instrumentos e ainda para

toda a ciência, dentro de uma visão sistêmica.

O teste psicológico pode ser conceituado como uma medida objetiva e

padronizada de uma amostra do comportamento do sujeito, tendo a função

fundamental de mensurar diferenças ou mesmo as semelhanças entre indivíduos, ou

entre as reações do mesmo indivíduo em diferentes momentos. As etapas

pertinentes ao trabalho com os testes devem seguir as recomendações contidas em

toda a regulamentação do CFP – Conselho Federal de Psicologia, que trata do

assunto.

Para ser utilizado adequadamente, o teste precisa ter evidências empíricas de

validade e precisão e também deve ser normatizado. É necessário, ainda, que traga

instruções para aplicação. Assim, o psicólogo deve seguir todas as recomendações

contidas nos manuais dos testes, bem como atualizações divulgadas para garantir a

qualidade técnica do trabalho.

Cabe ao psicólogo observar se os testes são originais e se estão em

condições de uso. Caso forem reutilizáveis, verificar se estão sem rasuras, defeitos

ou marcas que o descaracterizem e influenciem nos resultados. Portanto, na

aplicação de qualquer instrumento de avaliação psicológica, devem ser seguidas

algumas recomendações básicas e imprescindíveis:

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a) aplicar os testes de forma clara e objetiva, inspirando tranqüilidade e

evitando, com isto, acentuar a ansiedade situacional típica do processo de avaliação

psicológica;

b) seguir rigorosamente as instruções do manual sem, entretanto, assumir

uma postura estereotipada e rígida, razão pela qual é dever do psicólogo apresentar

domínio das normas de aplicação;

c) pessoas com deficiência não impeditivas para a obtenção da Carteira

Nacional de Habilitação devem ser avaliadas de forma compatível com suas

limitações.

Além das recomendações relativas à aplicação do teste, é imprescindível

considerar a importância do ambiente quanto à sua adequação. Um ambiente

minimamente adequado deve possuir as seguintes características:

a) O ambiente físico de uma sala de atendimento individual deve ter, no

mínimo, as dimensões de quatro metros (2,0 m x 2,0 m);

b) A sala de atendimento coletivo deve ter, no mínimo, as dimensões

descritas pela Resolução do CONTRAN.

c) O ambiente deve estar bem iluminado por luz natural ou artificial fria,

evitando-se sombras ou ofuscamento;

d) As condições de ventilação devem ser adequadas à situação de teste,

considerando se as peculiaridades regionais do país;

e) Deve ser mantida uma adequada higienização do ambiente, tanto na sala

de recepção como nas salas de teste, escritórios, sanitários e anexos;

f) As salas de teste devem ter isolamento acústico, de forma a evitar

interferência ou interrupção na execução das tarefas dos candidatos.

Sendo certo que os instrumentos e o material a ser usado, a apresentação, a

postura e o tom de voz do aplicador e as possíveis interferências externas podem

alterar os resultados do usuário, é importante que se leve em consideração alguns

aspectos importantes:

Infelizmente, a avaliação psicológica é vista como uma mera formalidade, que

não há utilidade na sua execução, que todos os candidatos são aprovados etc.

Verifica-se que a população em geral e mesmo a classe de psicólogos não tem

esclarecimento a respeito dos seus objetivos e da sua importância, criando, à partir

da ignorância e auxiliados pelo “folclore” , uma série de concepções errôneas à

respeito do trabalho do psicólogo em DETRAN's.

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Desta forma, acaba-se tendo que avaliar uma pessoa que não está disponível

para ser avaliada, que não tem o desejo de ser avaliada, o que é muito complicado

tecnicamente, exigindo do psicólogo uma grande habilidade para transpor estas

barreiras antes de poder continuar o seu trabalho que, sem a colaboração do

candidato, é impossível de ser realizado.

Percebe-se uma falta de esclarecimento muito grande da população em geral

sobre o trabalho do psicólogo. Quando a pessoa é suspensa para complementar sua

avaliação, ela acha que é louca, que deve se internar, ou o pai da moça ou do rapaz

nos procura, cheio de fantasias e agressividade, querendo saber sobre a avaliação,

que seu filho(a) é normal, etc.

Para minorar este problema, o psicólogo avaliador deve sempre buscar

estabelecer um contrato de trabalho com o candidato, deixando o mais claro

possível como vai acontecer o mesmo, quais as possibilidades de aprovação ou

reprovação e aproveitar todas as oportunidades possíveis para esclarecer à

população em geral à respeito do seu trabalho e da responsabilidade social do

mesmo.

Cabe ao próprio psicólogo a tarefa de correção dos instrumentos psicológicos,

seguindo os critérios apropriados de cada instrumento de modo a contextualizar os

dados quantitativos obtidos, integrando- -os com uma avaliação qualitativa

(WECHSLER, 1999).

Ao considerar a instabilidade dos sistemas, o psicólogo também considera

que o desempenho apresentado pelo indivíduo está relacionado à situação em que

foi avaliado, ao momento de vida e tantas outras variáveis inter-relacionadas,

podendo se alterar à medida que muda a relação do indivíduo com o ambiente.

2.3 Ansiedade

Há autores que definem a era moderna como a Idade da Ansiedade,

associando a este acontecimento psíquico a agitada dinâmica existencial da

modernidade; sociedade industrial, competitividade, consumismo desenfreado e

assim por diante. Diz-se que a simples participação da pessoa na sociedade

contemporânea já preenche, por si só, um requisito suficiente para o surgimento

da Ansiedade. Portanto, viver ansiosamente passou a ser considerado uma

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condição do homem moderno ou um destino comum ao qual todos estamos, de

alguma maneira, atrelados.

Nosso potencial ansioso sempre se manteve fisiologicamente presente e

sempre carregando consigo o sentimento do medo, sua sombra inseparável. É muito

difícil dizer se era diferente o estresse (esta revolução orgânica e psíquica) que

acometia o homem das cavernas diante de um urso invasor de sua morada, daquilo

que sente hoje um cidadão comum diante do assaltante que invade seu lar

(HAWTON,1997).

Faz parte da natureza humana certos sentimentos determinados pelo perigo,

pela ameaça, pelo desconhecido e pela perspectiva de sofrimento.

A Ansiedade passou a ser objeto de distúrbios quando o ser humano colocou-a não

a serviço de sua sobrevivência, como fazia antes, mas a serviço de sua existência,

com o amplo leque de circunstâncias quantitativas e qualitativas desta existência.

De acordo com Hawton (1997), o estresse passou a ser o representante

emocional da ansiedade, a correspondência psíquica de toda movimentação que o

estresse causa na pessoa. O fato de um evento ser percebido como estressante não

depende apenas da natureza do mesmo, como acontece no mundo animal, mas do

significado atribuído à este evento pela pessoa, de seus recursos, de suas defesas e

de seus mecanismos de enfrentamento.

No ser humano, um elevador pode representar um elevador mesmo, se a

pessoa não tem ansiedade patológica, ou um estímulo bastante estressor, se a

pessoa tiver claustrofobia. Apesar dos perigos primitivos e concretos não existirem

mais com a mesma freqüência, persistiu em nossa natureza a capacidade de

reagirmos ansiosamente diante das ameaças.

Com a civilidade do ser humano, outros perigos apareceram e ocuparam o

lugar daqueles que estressavam nossos ancestrais arqueológicos. Hoje em dia

tememos a competitividade social, a segurança, a competência profissional, a

sobrevivência econômica, as perspectivas futuras e mais uma infinidade de

ameaças abstratas e reais. Enfim, tudo isso passou a ter o mesmo significado de

ameaça e de perigo que as questões de pura sobrevivência à vida animal que

assombravam nossos ancestrais.

Se, em épocas primitivas o coração palpitava, a respiração ofegava e a pele

transpirava diante de um animal feroz a nos atacar, se ficávamos estressados diante

da invasão de uma tribo inimiga, hoje em dia nosso coração bate mais forte diante

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do desemprego, dos preços altos, das dificuldades para educação dos filhos, das

perspectivas de um futuro sombrio, dos muitos compromissos econômicos

cotidianos e assim por diante. Como se vê, hoje nossa Ansiedade é contínua e

crônica. Se a adrenalina antes aumentava só de vez em quando, hoje ela está

aumentada quase diariamente.

A Ansiedade aparece em nossa vida como um sentimento de apreensão, uma

sensação de que algo está para acontecer, ela representa um contínuo estado de

alerta e uma constante pressa em terminar as coisas que ainda nem começamos.

De acordo com Ramos (2003) a ansiedade pode se manifestar em três níveis:

neuroendócrino, visceral e de consciência. O nível neuroendócrino diz respeito aos

efeitos da adrenalina, noradrenalina, glucagon, hormônio anti-diurético e cortisol. No

plano visceral a ansiedade corre por conta do Sistema Nervoso Autônomo (SNA), o

qual reage se excitando o organismo na reação de alarme (sistema simpático) ou

relaxando (sistema vagal) nas fase de esgotamento. Cognitivamente a Ansiedade se

manifesta por dois sentimentos desagradáveis: através da consciência das

sensações fisiológicas de sudorese, palpitação, inquietação e outros sintomas

autossômicos do sistema do sistema nervoso autônomo e através da consciência de

estar nervoso ou amedrontado.

Sob o mesmo prisma, os padrões individuais de ansiedade variam

amplamente. Alguns indivíduos têm sintomas cardiovasculares, tais como

palpitações, sudorese ou opressão no peito, outros manifestam sintomas

gastrointestinais como náuseas, vômito, diarréia ou vazio no estômago, outros ainda

apresentam mal-estar respiratório ou predomínio de tensão muscular exagerada, do

tipo espasmo, torcicolo e lombalgia.

Preocupar-se e ficar ansioso não é apenas uma reação normal, mas

necessária para a boa adaptação individual à sociedade e ao ambiente. Como o

estado de ansiedade perturba a visão que a pessoa tem a respeito de si mesma e a

respeito do que acontece no ambiente é necessário que esse diagnóstico seja

sempre feito por um especialista. No caso do paciente ser um profissional da saúde

mental, por um outro especialista que não ele próprio.

A informação das características da ansiedade generalizada não é suficiente

para que uma pessoa se autodiagnostique. Mesmo um psiquiatra não teria

condições de realizar esse diagnóstico a respeito de si mesmo porque ele não teria

imparcialidade para julgar o que tem.

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2.3.1 Diagnóstico

Uma das maneiras de diferenciar a ansiedade generalizada da ansiedade

normal é através do tempo de duração dos sintomas. A ansiedade normal se

restringe a uma determinada situação, e mesmo que uma situação problemática

causadora de ansiedade não mude, a pessoa tende a adaptar-se e tolerar melhor a

tensão diminuindo o grau de desconforto com o tempo, ainda que a situação

permaneça desfavorável.

Assim uma pessoa que permaneça apreensiva, tensa, nervosa por um

período superior a seis meses, ainda que tenha um motivo para estar ansiosa,

começa a ter critérios para diagnóstico de ansiedade generalizada. Uma vez

eliminada a ocorrência de outros transtornos mentais assim como eliminada a

possibilidade do estado estar sendo causado por alguma substância ou doença

física, podemos admitir o diagnóstico de ansiedade generalizada. Respeitadas essas

condições os sintomas que precisam estar presentes são:

1. Dificuldade para relaxar ou a sensação de que está a ponto de estourar,

está no limite do nervosismo

2. Cansa-se com facilidade

3. Dificuldade de concentração e freqüentes esquecimentos

4. Irritabilidade

5. Tensão muscular

6. Dificuldade para adormecer ou sono insatisfatório

Por fim, um critério presente em todos os transtornos mentais é o prejuízo no

funcionamento pessoal ou marcante sofrimento. Não podemos considerar os

sintomas como suficientes para dar o diagnóstico caso o paciente não tenha seu

desempenho pessoal, social e familiar afetados.

2.3.2 Características Associadas

A ansiedade patológica se manifesta da mesma forma como a ansiedade

normal, ou seja, de múltiplas maneiras, tanto fisicamente como mentalmente. Além

de amplamente variáveis os sintomas mudam ao longo do tempo e oscilam

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permitindo que a pessoa se sinta completamente bem em algumas ocasiões e pior

noutras. Nos períodos que os pacientes estão livres dos sintomas, o que pode durar

de horas a dias, os pacientes acreditam que ficaram recuperados.

Antes de procurar um médico praticamente todos os paciente tentaram algo

para melhorar seu mal estar, seja através de coisas simples como mudar a cor das

roupas que veste, seja por meios mais complexos como medicações naturais ou

florais. A aparente melhora que muitas vezes obtêm, só faz confundir o paciente

pela coincidência que aconteceu entre uma melhora espontânea e temporária da

ansiedade. Depois de alguns dias, quando a ansiedade volta, o paciente fica

confuso pois a tentativa inicialmente havia funcionado e depois perdeu a eficácia.

As mesmas tentativas são reforçadas ou modificadas e a ausência de

resultado ou a falta de correlação entre novas tentativas com o resultado vão

deixando o paciente embaraçado, nos casos dessas tentativas de "autotratamento".

Geralmente após alguns meses as pessoas se cansam e procuram um especialista.

Não sabemos por enquanto se este atraso no início do tratamento prejudica o

tratamento posterior, tornando-o mais difícil de ser solucionado.

2.3.3 Os Sintomas

A preocupação com a possibilidade de vir a adoecer com algo grave ou sofrer

um acidente embora não existam indicativos de que essas coisas possam vir a

acontecer é o foco mais comum das preocupações das pessoas com ansiedade

generalizada. Algumas pessoas temem mais que os entes queridos sofram algum

desses males, como os pais, ou filhos. Estes pacientes estão sempre imaginando

situações como essas e freqüentemente se consideram incapazes de lidar com elas

caso realmente venham a acontecer.

As variedades dos sintomas de ansiedade são enormes e muitas vezes

pessoais. Ganho de peso, por exemplo, tanto pode não ter nenhuma relação com

ansiedade como pode, para determinadas pessoas, ser a manifestação mais

freqüente. Os sintomas mais comuns então são: boca seca, mãos ou pés úmidos,

enjôos ou diarréia, aumento da freqüência urinária, sudorese excessiva, dificuldade

de engolir ou sensação de um bolo na garganta, assustar-se com facilidade e de

forma mais intensa, sintomas depressivos são comuns desde que não sejam mais

exuberantes que os de ansiedade pois isso mudaria o diagnóstico.

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O fato desses sintomas citados se parecerem com os sintomas do transtorno

do pânico exigem um procedimento para distinção deste porque no pânico, o

surgimento deagorafobia é mais comum e requer a indicação de terapia cognitiva.

Na ansiedade generalizada não há crises mas estados permanentes e prolongados

de desconforto ansioso.

Os pacientes com pânico podem experimentar estados de ansiedade

prolongada entre uma crise e outra mas as crises de pânico diferenciam um

transtorno do outro.

2.3.4 Grupo de Risco

As mulheres são duas vezes mais acometidas pela ansiedade generalizada

do que os homens. A prevalência desse transtorno na população é relativamente

alta, em torno de 3% da população geral sendo também o tipo de transtorno de

ansiedade mais freqüente do grupo dos transtornos de ansiedade. Nos períodos

naturais de estresse os sintomas tendem a piorar, ainda que o estresse seja bom,

como o próprio casamento ou um novo emprego.

As mulheres abaixo de 20 anos são as mais acometidas, podendo, contudo,

começar antes disso, desde a infância, ou pelo contrário, em idades mais

avançadas, apesar da idade avançada diminuir as chances do surgimento de

transtornos de ansiedade.

2.3.5 Transtornos Associados

Os problemas clínicos como feocromocitoma e alterações dos hormônios

tireoideanos, por exemplo, devem sempre ser descartados porque a manifestação

clínica dessas doenças é semelhante ao transtorno de pânico. Os demais

transtornos de ansiedade também podem confundir o diagnóstico da ansiedade

generalizada.A sistemática eliminação de sintomas serve como procedimento para

eliminar transtornos de ansiedade que se parecem com a ansiedade generalizada.

A eliminação de crises de ansiedade descarta o transtorno do pânico. A

eliminação do comportamento de evitação por lugares específicos descarta

a agorafobia; a evitação por submeter-se a avaliação dos outros revela a fobia

social; o medo de objetos como sangue ou animais revela a fobia específica; a

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recorrência de pensamentos revela o transtorno obsessivo-compulsivo e a ausência

de acontecimentos traumáticos descarta o estresse pós-traumático.

Na verdade a quantidade de transtornos psiquiátricos ou clínicos é numeroso.

Portanto o psiquiatra deve estar sempre atento a sinais ou sintomas que surgem. Há

sempre a possibilidade de se tratar de uma outra doença que provoca os sintomas

semelhantes a ansiedade generalizada. Geralmente os outros problemas médicos

apresentam sintomas inexistentes na ansiedade generalizada, o que deve motivar

uma investigação mais detalhada com auxílio de exames de laboratório.

2.3.6 Curso

O transtorno de ansiedade generalizada costuma ser crônico, duradouro com

pequenos períodos de remissão dos sintomas mas geralmente leva o paciente a

sofrer com o estado de ansiedade elevado durante anos. Pode vir a ceder

espontaneamente em alguns casos e não há meios de se prever quando isso

acontecerá.

2.3.7 Tratamento

As medicações como os tranquilizantes benzodiazepínicos ou a buspirona

são eficazes assim como os antidepressivos. É curioso que os antidepressivos

sejam eficazes porem empiricamente observamos esse fato: alguns antidepressivos

com mais eficácia do que outros. Além das medicações, terapias também

proporcionam bons resultados sendo muitas vezes recomendada a combinação de

ambas as técnicas. A terapia cognitivo-comportamental é a que mais vem sendo

estudada e apresentado bons resultados.

Assim sendo, considerando a nossa necessidade fisiológica de nos

adaptarmos às diversas circunstâncias através da ansiedade, falamos em ansiedade

normal. Por outro lado, falamos também da ansiedade patológica como uma forma

de resposta inadequada, em intensidade e duração, à solicitações de adaptação.

Um determinado estímulo (interno ou externo) funcionando como uma convocação

de alarme continuamente, por exemplo, pode favorecer o surgimento da Ansiedade

Patológica.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais

conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº

93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas

regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. A identidade dos

sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme apregoa a Resolução 196/96 do

CNS-MS, visto que, não foi necessário identificar-se ao responder o questionário.

Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

3.2 Tipo de Pesquisa

Trata-se de um estudo exploratório quantitativo, através de um questionário

aplicado a indivíduos que pretendem estavam realizando a avaliação psicológica

pericial.

3.3 Universo

Esse estudo foi realizado em candidatos à CHN, abrangendo o município de

Patos- PB, sendo realizada na Clinica de Avaliação Psicológica – Cliapsi, localizada

na Avenida Pedro Firmino, nº 98, Edifício Estevão, Patos- PB.

3.4 Sujeitos da Amostra

A amostra deu-se por conveniência quando lançou-se mão os candidatos à

obtenção da CNH, que estavam presentes no período de 01 à 31 de julho de 2013,

no qual foram coletados dados a respeito do gênero, nível de escolaridade, idade,

estado civil e sintomas comuns de ansiedade vivenciados durante o processo de

avaliação psicológica pericial. Na oportunidade, o questionário foi entregue

pessoalmente aos candidatos, num total de 100 participantes, que concordaram em

responder e participar da pesquisa. Foram respondidos 100 questionários.

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3.5 Instrumentos e Procedimentos da Coleta de Dados

O questionário de ansiedade de Beck constitui de um instrumento estruturado,

sendo composto por 21 questões sobre como o indivíduo tem se sentido na última

semana, expressas em sintomas comuns de ansiedade (como sudorese e

sentimentos de angústia). Cada questão apresenta quatro possíveis respostas, e a

que se assemelha mais com o estado mental do indivíduo deve ser sinalizada,

sendo elas: Não; Levemente: não me incomodou muito; Moderadamente: foi

desagradável, mas pude suportar; Severamente: Quase não suportei. O candidato

seleciona uma alternativa para cada pergunta.

A confiabilidade da Escala de Ansiedade de Beck depende exclusivamente da

honestidade do paciente ao responder cada questão. A pontuação na Escala de

Ansiedade de Beck pode ser obtida através de cinco passos simples. Pontua-se

cada questão com zero quando a resposta for não, 1 (um) ponto quando a resposta

for levemente, 2 (dois) pontos quando a resposta for moderadamente e 4 (quatro)

pontos quando a resposta for severamente. Soma-se os pontos de cada pergunta

para obter uma pontuação total de toda a Escala de Ansiedade de Beck.

A escala de pontos deve ficar entre zero e sessenta e três. Avalia-se a

pontuação total para determinar o nível de ansiedade. Zero a sete pontos indica um

nível mínimo de ansiedade, de oito a quinze pontos indica uma leve ansiedade, 16-

25 pontos indica ansiedade moderada e 26-63 pontos indica ansiedade severa.

Indivíduos com uma pontuação na faixa de ansiedade moderada normalmente

apresentam efeitos colaterais físicos de ansiedade e podem precisar de ajuda

profissional para avaliar sua condição de reduzir a ansiedade. Pacientes com

ansiedade severa precisam geralmente de ajuda médica imediata para reduzir o

stress, avaliar a suas condições e rapidamente encontrar soluções para reduzir o

nível doentio de ansiedade.

3.6 Procedimentos para Análise dos Dados

Os dados foram tratados e analisados com auxílio do software EXCEL para o

tratamento estatístico.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após apresentar a fundamentação teórica sobre o objeto de estudo deste

trabalho, realiza-se a análise dos resultados a partir das informações coletadas

através do questionário aplicado na amostra. Foi realizada uma pesquisa de campo,

com o intuito de levantar dados acerca do nível e ansiedade e de sua influencia no

resultado da avaliação psicológica pericial para obtenção da CNH.

A pesquisa foi direcionada a 100 (cem) candidatos de ambos os gêneros,

masculino e feminino, diferentes faixas etárias, diferentes níveis de escolaridade. A

escolha dos informantes foi realizada de forma aleatória desde que este esteve

presente e aceitasse participar da pesquisa.

Nos resultados apresentados no gráfico 1, observa-se que a incidência do

sexo masculino na realização da avaliação psicológica é quase que a sua totalidade

(68%), o que nos possibilita concluir, que proporção é de 7:1 em relação à avaliação

psicológica quanto ao gênero.

Gráfico 1: Referente ao gênero dos candidatos

Fonte: Dados da Pesquisa. Patos- PB. 2013.

Nos resultados apresentados no gráfico 2, verifica-se que que 25% dos

participantes referiram possuir ensino fundamental I, 45% ensino fundamental II,

ensino médio 23% e nível superior de escolaridade 7%. Não houve índices

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significativos entre níveis de escolaridade, níveis de ansiedade e inaptidão

psicológica.

Gráfico 2: Referente ao nível de escolaridade

Fonte: Dados da Pesquisa. Patos- PB. 2013.

Observa-se, gráfico 3, que no que tange a idade dos participantes, 38% tem

entre 18 à 28 anos, 27% estão entre 29 à 39 anos, 16% possuem entre 40 à 50

anos, 11% tem entre 51à 61 anos e 8¢ possuem 61 anos ou mais. Não houve

índices significativos entre idade, níveis de ansiedade e inaptidão psicológica

Gráfico 3: Referente à faixa etária

Fonte: Dados da Pesquisa. Patos- PB. 2013.

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Nos resultados apresentados no gráfico 4, verifica-se que 25% dos candidatos

obtiveram inaptdão psicológica para obtenção da CNH.

Gráfico 4: Referente ao resultado geral da Avaliação Psicológica Pericial

Fonte: Dados da Pesquisa. Patos- PB. 2013.

Entretanto, o resultado na avaliação psicológica no que tange a gênero

apresentou 48% de reprovação do sexo masculino e 52% no sexo feminino,

conforme demonstra o gráfico 5.

Gráfico 5: Referente ao gênero e o índice de reprovação

Fonte: Dados da Pesquisa. Patos- PB. 2013.

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Nos resultados apresentados no gráfico 6, verifica-se que 51% dos

candidatos apresentaram nível mínimo de ansiedade, onde, 38 eram do sexo

feminino e 13 eram do sexo masculino. Quase metade, 35% apresentaram nível leve

de ansiedade, onde 25 eram do sexo feminino e 10 do sexo masculino. 13% indicou

nível moderado de ansiedade, onde, 09 candidatos eram do sexo feminino e 4 do

sexo masculino. 1% demonstrou nível severo de ansiedade, onde, o candidato era

do sexo feminino.

Gráfico 6: Referente aos graus de ansiedade

Fonte: Dados da Pesquisa. Patos- PB. 2013.

Assim sendo, verificamos que o índice de ansiedade é mais comum entre

mulheres, como já havia sido descrito por Barlow (2011) ao afirmar que 75% dos

indivíduos que sofrem de transtornos de ansiedade são mulheres.

No gráfico 7, verifica-se que os candidatos que apresentaram nível mínimo de

ansiedade apresentaram 20% de inaptidão psicológica. Desses 40¢ eram do sexo

feminino e 60% do sexo masculino. Diante disso, verificamos que não há relação

entre ansiedade leve e inaptidão psicológica, posto que, a porcentagem de

candidatos não aprovados é semelhante a porcentagem geral de reprovação, o que

nos leva a acreditar que tal incidência deu-se por outros aspectos não avaliados

nesta.

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Gráfico 7: Referente a resultado da Avaliação Psicológica Pericial X Nível Mínimo de

Ansiedade

Fonte: Dados da Pesquisa. Patos- PB. 2013.

Observa-se nos resultados apresentados no gráfico 8, que dos

candidatos que obtiveram nível leve de ansiedade, 25% apresentaram inaptidão

psicológica para obtenção da CNH. Desses 55% eram do sexo feminino e 45% do

sexo masculino. Diante disso, verificamos que não há relação entre ansiedade leve

e inaptidão psicológica, posto que, a porcentagem de candidatos não aprovados é

semelhante a porcentagem geral de reprovação. Sendo assim, não há uma

correlação especifica entre esse grau de ansiedade e o resultado da avaliação

psicológica.

Gráfico 8: Referente a resultado da Avaliação Psicológica Pericial X Nível Leve de Ansiedade

Fonte: Dados da Pesquisa. Patos- PB. 2013.

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De acordo com os dados apresentados no gráfico 9, verifica-se que 40% dos

candidatos que apresentaram nível moderado de ansiedade, foram considerados

inaptos temporariamente. Desses, 80% eram do sexo feminino e 20% do sexo

masculino. Sendo assim, verificamos uma correlação entre esse grau de ansiedade

e o resultado da avaliação psicológica pericial.

Gráfico 9: Referente a resultado da Avaliação Psicológica Pericial X Nível de Moderado de

Ansiedade

Fonte: Dados da Pesquisa. Patos- PB. 2013.

A totalidade daqueles que fazem a avaliação psicológica pericial e que no

momento apresentam nível severo de ansiedade, gráfico 10, apresentaram inaptidão

psicológica temporária para obtenção da CNH. Apresentamos nessa pesquisa a

incidência de 1% dos candidatos que apresentaram tal gravidade de sintomas,

observamos que o candidato é do sexo feminino.

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Gráfico 10: Referente a resultado da Avaliação Psicológica Pericial X Nível Severo de

Ansiedade

Fonte: Dados da Pesquisa. Patos- PB. 2013.

Na discussão dos resultados, buscou-se examinar os dados coletados

quantitativamente. De acordo com os dados quantitativos obtidos e com a

visualização dos gráficos apresentados, pôde-se observar que a maioria dos

participantes que apresentou níveis moderados e severos de ansiedade apresentou

inaptidão psicológica na tentativa de obtenção da CNH, concluindo - se assim, que a

ansiedade em graus patológicos é um função cognitiva importante que influencia no

resultado da avaliação psicológica pericial.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Milhões de brasileiros realizam anualmente a Avaliação Psicológica Pericial

com o intuito de obter a Carteira Nacional de Habilitação.

Diante disso, a discussão quanto aos aspectos da personalidade dos

candidatos a condutores que possibilitam sua aptidão ou inaptidão psicológica

revela-se estéril diante do quadro de pesquisas e estudos, posto que, são escassas

e bastante restritivas quanto às generalizações, não apresentando resultados

conclusivos que justifiquem tais pareceres.

O presente trabalho possibilitou explorar através de dados obtidos por um

questionário uma nova óptica sobre razões que levam os candidatos a reprovação

temporária nos testes realizados. Os resultados foram avaliados de forma

quantitativa e neles verificamos que níveis mínimos e leves de ansiedade não são

fatores diretos que podem levar indivíduos a inaptidão psicológica, contudo,

observamos índices consideráveis de inaptidão em candidatos que apresentaram

níveis moderados e severos de ansiedade.

É importante lembrar que o número de participantes que colaborou com a

pesquisa não permite a generalização dos resultados. Além disso, vale observar que

existe a necessidade de pesquisas que explorem a história de vida de cada

indivíduo, através de entrevistas e outras técnicas especializadas, para que, assim,

a individualidade de cada um seja levada em conta no levantamento dos resultados

e que possamos de uma forma mais profunda, elucidar os motivos e ou razões que

levam os individuo a apresentarem níveis considerados de ansiedade na sua vida

cotidiana.

Sendo assim, a fim de conseguir respostas mais concreta acerca da influência

da ansiedade no resultado das avaliações psicológicas periciais, julga-se necessário

novas pesquisas realizadas com outros extratos de população, bem como uma

investigação maior da experiência de cada indivíduo.

Mediante esta sistematização, espera-se contribuir com estudos que

objetivem elaborar um perfil de condutores de veículos, quanto aos aspectos da

personalidade, pelo desenvolvimento de melhores instrumentos de avaliação ou,

mesmo, pelo delineamento de uma alternativa metodológica para a avaliação

psicológica na elaboração de novos procedimentos de investigação e no

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desenvolvimento da psicologia do trânsito, possibilitando o fomento de esforços mais

efetivos e substanciais sobre o construto personalidade.

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APÊNDICE

QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS

INVENTÁRIO DE ANSIEDADE DE BECK - BAI

Iniciais do Nome:_______________________________

Escolaridade:_____________________

Idade:_____________ Sexo: ( ) M ( ) F Data: _____/_____/_____

Abaixo está uma lista de sintomas comuns de ansiedade. Por favor, leia

cuidadosamente cada item da lista. Identifique o quanto você tem sido incomodado por

cada sintoma durante a última semana, incluindo hoje, colocando um “x” no espaço

correspondente, na mesma linha de cada sintoma.

Absolutamente

não

Levemente

Não me

incomodou

muito

Moderadamente

Foi muito

desagradável mas

pude suportar

Gravemente

Dificilmente

pude

suportar

1. Dormência ou formigamento

2. Sensação de calor

3. Tremores nas pernas

4. Incapaz de relaxar

5. Medo que aconteça o pior

6. Atordoado ou tonto

7. Palpitação ou aceleração

do coração

8. Sem equilíbrio

9. Aterrorizado

10. Nervoso

11. Sensação de sufocação

12. Tremores nas mãos

13. Trêmulo

14. Medo de perder o controle

15. Dificuldade de respirar

16. Medo de morrer

17. Assustado

18. Indigestão ou desconforto

no abdômen

19. Sensação de desmaio

20. Rosto afogueado

21. Suor (não devido ao calor)

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ANEXO

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