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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
FLAVIANE CARVALHO DA ROCHA
A ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS DE TRÂNSITO NAS CLÍNICAS
CREDENCIADAS AO DETRAN DA CIDADE DE BOA VISTA DO ESTADO DE
RORAIMA
MACEIÓ
2013
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FLAVIANE CARVALHO DA ROCHA
A ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS DE TRÂNSITO NAS CLÍNICAS
CREDENCIADAS AO DETRAN DA CIDADE DE BOA VISTA DO ESTADO DE
RORAIMA.
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
Orientador: Prof Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva
MACEIÓ
2013
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FLAVIANE CARVALHO DA ROCHA
A ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS DE TRÂNSITO NAS CLÍNICAS
CREDENCIADAS AO DETRAN DA CIDADE DE BOA VISTA DO ESTADO DE
RORAIMA
Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.
Aprovado em: ____/____/______
____________________________________ Prof Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva
Orientador
____________________________________ Prof. Dr. Liércio Pinheiro de Araújo
Banca Examinadora
____________________________________ Prof. Esp. Franklin Barbosa Bezerra
Banca Examinadora
3
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha mãe, que sempre esteve ao meu ledo nessa e em
todas as jornadas de minha vida.
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por toda graça recebida.
Agradeço a toda minha família, em especial minha mãe Francisca, que me
deu a oportunidade de crescer em minha profissão.
Ao meu pai Josemar in memorian, que me amou e me proporcionou a alegria
de ter um pai.
A minha irmã Fabrícia, pela sua determinação, e por mostrar que um sonho
pode ser realizado, basta querer.
Ao meu irmão Jardel, por todo carinho, paciência e pelo sorriso contagiante, a
minha irmã Fredne, minha companheira de brincadeiras e travessuras na infância e
pelas confidências e os conselhos de hoje.
Ao meu sobrinho Guilherme, por todas as surpresas boas que descobrimos a
cada dia. A todos os amigos do curso de especialização em psicologia do trânsito
pelo coleguismo e apoio.
A todos o meu sincero OBRIGADA.
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“Bom mesmo é ir a luta com determinação,
abraçar a vida com paixão, perder com
classe e vencer com ousadia, pois o triunfo
pertence a quem se atreve....
A vida é muito para ser insignificante.”
(Charles Chaplin)
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RESUMO
O trânsito no Brasil é um grande problema de saúde pública e que a maioria dos acidentes são devidos ao comportamento das pessoas, devido a esta constatação que os psicólogos de trânsito têm muito a contribuir com a saúde pública. A Psicologia do Trânsito não se limita ao Exame Psicológico de motorista, pois toda participação no trânsito é um comportamento, portanto, a psicologia do trânsito estuda de forma científica a mobilidade humana e urbana quanto ao comportamento dos usuários, construtores, fiscais e mantenedores das vias públicas e em geral todos os comportamentos relacionados com o trânsito. E, durante algum tempo o trabalho do Psicólogo do Trânsito se resumia a aplicação de testes psicológicos, sem muita fundamentação teórico-científica onde o psicólogo deveria fazer a seleção de motoristas e de candidatos a motoristas, antes de ter em mãos resultados de estudos sobre os processos psicológicos envolvidos no ato de dirigir e sequer sem ter submetido os testes a estudos críticos sobre sua validade e fidedignidade para a seleção de motorista. Atualmente existe uma gama de atribuições para os psicólogos de trânsito e este trabalho tem como objetivo conhecer tais atribuições e analisar a atuação do profissional da psicologia dentro do contexto do trânsito, mais especificamente a atuação dos profissionais que trabalham nas clinicas credenciadas ao DETRAN. A metodologia de pesquisa é de campo, através de um estudo descritivo e exploratório, tendo como instrumento de pesquisa, entrevista estruturada em forma de questionário. Para se conhecer as várias possibilidades de atuação do psicólogo de trânsito foi pesquisado o Catálogo Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho e feito uma correlação entre essas atribuições e a atuação realizada pelos psicólogos das 7 (sete) clinicas de trânsito da cidade de Boa Vista, Roraima.
Palavras chave: Psicologia, trânsito, atuação do psicólogo de transito.
7
ABSTRACT
The traffic in Brazil is a major public health problem and that most accidents are due to people's behavior due to this observation that traffic psychologists have much to contribute to public health. The Traffic Psychology is not limited to the Psychological Examination of driver because every interest in traffic behavior is therefore the traffic psychology scientifically studies human mobility and urban as to behavior of users, builders, tax and maintaining the roads and in general all traffic related behaviors. And, for some time the work of the Traffic Psychologist boiled the application of psychological tests, without much theoretical and scientific where the psychologist should make the selection of candidates for drivers and drivers before have at hand the results of studies on the psychological processes involved in the act of driving and even without having undergone tests to critical studies on its validity and reliability for selecting driver. Currently there is a range of assignments for psychologists traffic and this work aims to evaluate and analyze the work of professional psychology within the context of transit, specifically the work of professionals who work in clinics accredited to the DETRAN. The research methodology is a field, through a descriptive, exploratory study, and as a research tool, in the form of structured interview questionnaire. To know the various possibilities of the psychologist traffic was researched catalog the Brazilian Ministry of Labor Occupations and made a correlation between these assignments and activities conducted by psychologists from seven (7) clinical transit the city of Boa Vista, Roraima. Keywords: Psychology, transit,role of psychologists transit.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICO 01- Desenvolvimento de pesquisas cientificas no campo dos processos
psicológicos........................................................................................................... 28
GRÁFICO 02 - Realização de exames em candidatos a habilitação de
transito................................................................................................................... 29
GRÁFICO 03 - Participação de equipes multiprofissionais................................... 30
GRÁFICO 04 - Avaliação da relação causa-efeito na ocorrência de acidentes de
trânsito................................................................................................................... 31
GRÁFICO 05 - Colaboração com as autoridades competentes ........................... 32
GRÁFICO 06 - Elaboração e aplicação de técnicas de mensuração.................... 33
GRÁFICO 07 - Desenvolvimento estudos, relativos a educação e ao
comportamento individual e coletivo na situação de trânsito................................ 34
GRÁFICO 08 - Estudo das aplicações psicológicas do alcoolismo e de outros
distúrbios nas situações de trânsito....................................................................... 35
GRÁFICO 09 - Atuação como perito em exames para motorista, objetivando sua
readaptação ou reabilitação profissional .............................................................. 36
GRÁFICO 10 - Prestação da assessoria e consultoria a órgãos públicos e
normativos em matéria de trânsito.........................................................................37
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 12
2.1 Trânsito ........................................................................................................... 12
2.2Psicologia do Trânsito ..................................................................................... 14
2.3Atribuições do Psicólogo de Trânsito .............................................................. 17
2.4 As interfaces entre Psicologia e Trânsito ....................................................... 21
3 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................26
3.1 Ética ................................................................................................................ 26
3.2- Tipo de Pesquisa ........................................................................................... 26
3.3 – Universo ....................................................................................................... 26
3.4 – Sujeitos da Amostra ..................................................................................... 27
3.5 – Instrumentos de Coleta de Dados ............................................................... 27
3.6 – Plano para Coleta dos Dados ...................................................................... 27
3.7 – Plano para a Análise dos Dados ................................................................. 27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 28
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 38
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 41
APÊNDICE............................................................................................................ 45
ANEXO.................................................................................................................. 49
10
1 INTRODUÇÃO
A importância do estudo do trânsito decorre da imprescindibilidade deste na
vida cotidiana de todas as pessoas. Além disso, configura uma relevante questão
social, pois é responsável pelos altos índices de acidentes e mortes no Brasil.
Dados do DENATRAN (1997) indicam uma relação de um acidente de trânsito
para cada 410 veículos enquanto na Suécia a relação é de um para cada 21.400
veículos em circulação. O Governo do Estado de São Paulo (1993) indica que o
custo material e social dos acidentes de trânsito chega a 1% do PIB nacional.
Estimativas da Organização Pan-Americana de Saúde apontam que 6% das
deficiências físicas são causadas por acidentes de trânsito. Esses dados apontam a
seriedade do problema de trânsito no Brasil.
São vários os fatores que contribuem para o aumento dos acidentes no
trânsito, sendo um deles, o comportamento humano. Conforme alguns estudos, um
mau comportamento no trânsito pode expor o condutor a uma situação de risco e
ocasionar um acidente. Sendo assim, faz-se necessário investigar os fatores
humanos responsáveis pela ocorrência de infrações e acidentes no ambiente viário.
Em virtude disso, a psicologia vem atuando na complexidade do trânsito em
seus aspectos interdisciplinares, desenvolvendo formas de atuação, de modo a
minimizar o impacto desses fatores no contexto de trânsito.
As transgressões no trânsito são um fenômeno social e devem ser analisadas
em uma perspectiva mais ampla. Atualmente, os comportamentos não ajustados de
autodestruição, como o uso de álcool e drogas, apresentam-se com maior
frequência em acidentes nas vias. Diante dessa problemática, a saúde mental e
psicológica dos motoristas de trânsitos torna-se essencial. Nesse sentido, a
psicologia do trânsito, apresenta-se como estratégia em função de colaborar para
uma melhoria da segurança viária, já que os psicólogos podem dar subsídios
teóricos e técnicos às novas demandas do trânsito que surgem a partir do aumento
do uso do automóvel.
Para tanto analisar a situação em questão, inicialmente se fizeram
apontamentos entorno da psicologia e do trânsito. Foram analisados dados da
pesquisa feita com profissionais atuantes na área. A partir de uma revisão
bibliográfica foram discutidas questões referentes à atuação profissional do
11
psicólogo de transito e sua importância nesse contexto, destacando os problemas do
trânsito, o comportamento do homem do trânsito, a interface entre a psicologia e o
trânsito
A pesquisa torna-se relevante por ser um tema de grande importância já que os
problemas do trânsito atingem direta e indiretamente a sociedade como um todo, daí
a urgente necessidade de fomentar uma reflexão sobre a atuação do psicólogo do
trânsito.
12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Trânsito
O Código de Trânsito Brasileiro, Lei nº 9.503, 23/09/1997 considera-se
trânsito a utilização de vias por pessoas, veículos e animais isolados ou em grupo,
conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de
carga e descarga.
Rozestraten (1988) define trânsito como “o conjunto de deslocamentos de
pessoas e veículos nas vias públicas, dentro de um sistema convencional de
normas, que tem por fim assegurar a integridade de seus participantes”
(ROZESTRATEN, 1988, p.04). O autor, em uma análise dessa definição, explica o
uso de alguns termos: vias públicas, pois o que ocorre em terreno particular não é
trânsito oficial; sistema, pois é um conjunto de elementos que cooperam na
realização de uma função comum, que é e o deslocamento; sistema convencional
em oposição a sistema natural, ou seja, foi criado pelos homens e se trata de um
convênio na sociedade; a finalidade é assegurar a integridade de seus participantes,
cada um deve atingir seu destino são e salvo.
Rozestraten (1988) divide o trânsito em três subsistemas: as vias, os veículos
e o homem. A questão de atribuir maior relevância ao comportamento humano no
trânsito, em detrimento ao estudo das vias e veículos, poderia surgir. A resposta
poderia ser encontrada em Rozestraten (2003) quando afirma que o homem é o
subsistema mais complexo do trânsito.
Bezerra, Cordeiro e Ferreira (2003) afirmam que, além do funcionamento e da
estrutura física do trânsito, deve-se levar em consideração quem participa dele, suas
individualidades, seus interesses e sua postura perante o mundo. Alguns números
também responderiam prontamente a dúvida: na Conferência de Roma (OMS) foi
constatado que o comportamento do motorista é o principal fator responsável por
acidentes de trânsito, o Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos (apud
ROZESTRATEN, 1988) avaliou em 1976 que o fator humano foi responsável por
85% dos acidentes, o Centro de Informações da Finlândia informou que 89% dos
acidentes são causados principalmente pelo motorista. No Brasil, Tupinanbá (2003)
13
constatou que 90% dos acidentes de trânsito ocorrem por responsabilidade do
condutor do veículo.
Tradicionalmente, o sistema trânsito é considerado em termos de três
componentes: o ambiente físico, o veículo e o condutor. Muitos ganhos de
segurança têm sido conquistados pela redução das conseqüências de acidentes,
através da melhoria do ambiente rodoviário e dos veículos. Como exemplos de tais
medidas, destacam-se a introdução de barreiras de colisão nas rodovias, cintos de
segurança e veículos que não se deformam na colisão. De fato, a maior parte da
redução das mortes por acidentes nas estradas, em países industrializados, pode
ser atribuída às referidas medidas. (Hoffmann, 2005).
Em contrapartida, bem menos progresso tem sido alcançado em melhorias do
potencial de segurança do próprio condutor. Na circulação humana, o
comportamento do condutor é, sem dúvida, o mais importante fator contribuinte de
acidentes, pois se estima que 90% das ocorrências sejam causadas por erros ou
infrações à lei de trânsito. O estudo do comportamento do condutor não foi, no
passado, o território de psicólogos, cuja tendência visava à seleção dos motoristas
(ALCHIERI & STROEHER, 2002; HOFFMANN, 1995; ROZESTRATEN, 1988), mas
sim de engenheiros e profissionais da ergonomia. A Psicologia se tornou mais
atuante neste campo de conhecimento, denominado de Psicologia do Trânsito
(HOFFMANN, 2005).
Queiroz e Oliveira (2002) entendem que o comportamento no trânsito é
fortemente influenciado tanto por uma dimensão comportamental, como por um
sistema de valores estreitamente relacionado a uma dimensão sociocultural.
Portanto, faz-se necessário um conhecimento maior dos contextos socioculturais e
psicológicos para que se possa desenvolver programas de capacitação, reabilitação
e educação que promovam um comportamento mais adequado no trânsito, visando
reduzir as graves consequências dos acidentes e o alto custo social que
representam.
Partindo desse pressuposto, pode-se dizer que o trânsito é caracterizado por
pessoas de uma dada sociedade com diferenças políticas, sociais e importâncias
diversas, se caracterizando por uma disputa de tempo, espaço físico e acesso aos
equipamentos urbanos.
Corroborando com este entendimento, Vasconcelos (1998) explica que no
trânsito, o que acontece é uma disputa pelo espaço físico, refletindo numa
14
negociação permanente do espaço, coletivo e conflituoso. Tal negociação, conforme
autor, não se dá entre pessoas iguais, mas tem uma base ideológica e política que
irá depender da forma como cada indivíduo se vê na sociedade e de seu acesso real
ao poder.
De acordo com essas constatações de que a maioria dos acidentes é
provocado pelo fator humano, torna-se oportuno recorrer à Psicologia do Trânsito
para saber o que pode ser feito para diminuir esse índice alarmante.
2.2 Psicologia do trânsito
Segundo Rozestraten (2003) a Psicologia do trânsito nasceu em 1910 com
Hugo Musterberg, aluno de Wundt. Musterberg foi o primeiro a submeter motoristas
de bonde de Nova York a baterias de testes de habilidades e inteligência. O autor a
define como “uma área da psicologia que estuda, através de métodos científicos
válidos, os comportamentos humanos no trânsito e os fatores e processos externos
e internos, conscientes e inconscientes que os provocam ou os alteram. Em síntese:
é o estudo dos comportamentos-deslocamentos no trânsito e de suas causas.”
(ROZESTRATEN, 2003, p.39).
Foi nos últimos anos da década de 1950 e no começo dos anos 1960, porém,
que a psicologia do trânsito começou a se desenvolver. Enquanto diversos países
do mundo, como Inglaterra, Finlândia, Áustria, Holanda, Suécia, França, Canadá e
Estados Unidos, começaram a estruturar centros de pesquisa para estudar essa
área e o comportamento humano nesse contexto, no Brasil pouco foi desenvolvido
(ALCHIERI & STROEHER, 2002).
Seu início no Brasil foi marcado pela contratação de psicólogos pelo Detran-
RJ, na década de 1950, com a finalidade de estudar o comportamento dos
condutores. Isso ocorreu em virtude de o diretor do Detran-RJ, na época, se
interessar por conhecer as causas humanas que provavelmente estavam envolvidas
na ocorrência de acidentes. Assim, foi sancionada a Lei 9545, que instituía o Exame
Psicotécnico para candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH), sendo o
Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) o responsável por tal atividade.
Nas décadas seguintes, o Detran-MG contratou a Professora Alice Mira Lopez para
15
prestar assessoria e treinar seus psicólogos na área de Psicologia de Trânsito
(ROZESTRATEN, 1983).
A partir daí, a Psicologia de Trânsito passou a ser definida como “uma área
da Psicologia que investiga os comportamentos humanos no trânsito, os fatores e
processos externos e internos, conscientes e inconscientes que os provocam ou os
alteram” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2000, p. 10).
A Psicologia do Trânsito pode ser conceituada como o estudo do
comportamento do usuário das vias e dos fenômenos/processos psicossociais
subjacentes ao comportamento. O conceito é amplo, pois o comportamento do
condutor tem sido estudado em relação a uma diversidade de questões, tais como:
procura visual, dependência de campo (Rozestraten & Pottier, 1984; Shinar, 1978);
estilo de percepção (ROZESTRATEN, 1981); atitudes (Fishbein & Ajzen, 1975;
Macedo, 2002); percepção de risco (HOFFMANN, 1995; HOFFMANN, SOLER E
CARBONELL, 1994; MONTERDE, 1989; SIVAK E SOLLER, 1987; SIVAK, SOLER,
TRÄNKLE, & SPAGNOL, 1989; WILDE, 1982; 2005); procura de emoções,
atribuição, estilo de vida, e carga de trabalho/trabalho penoso (SATO, 1995;
VITTORELLO, 1998); estresse (SILVA e GÜNTHER, 1999) e representação social
(SILVA, 2000; SILVA, STREY & HOFFMANN, 1999; SOUZA, 2001). Estas questões
indicam a pluralidade de abordagens que constituem a fundamentação teórica para
a pesquisa em Psicologia do Trânsito (HOFFMANN, 2005).
Segundo Rozestraten (1983) o objetivo da Psicologia do trânsito é estudar e
analisar todos os comportamentos relacionados com o trânsito; e em sentido restrito,
o comportamento dos usuários: o do pedestre, do motorista, do ciclista e do
motociclista. Todas as pessoas são alvo e poderão ter seus comportamentos
estudados pela psicologia do trânsito já que todos são sujeitos, ativos ou passivos,
do trânsito.
De acordo com Silva (2006) a psicologia do trânsito estuda exatamente o
comportamento das pessoas que participam do trânsito, este sistema complexo que,
apesar dos grandes avanços que vem nos possibilitando, também vem se
mostrando bastante problemático. Desse modo, todos os envolvidos no trânsito,
direta e/ou indiretamente, são “objetos” da psicologia do trânsito: motoristas,
passageiros, pedestres, ciclistas, engenheiros de tráfego, instrutores de trânsito etc.
Assim, a psicologia do trânsito procura investigar os fatores determinantes dos
comportamentos neste espaço, sob que condições eles se manifestam, bem como
16
os diversos aspectos (psicológicos, sociais, culturais, políticos, econômicos…) que
estão implicados nesses comportamentos, tendo como finalidade colaborar para a
segurança e o bem-estar das pessoas em seus deslocamentos.
De modo geral, no entanto, a Psicologia do Trânsito se restringe ao
comportamento dos usuários das rodovias e das redes viárias urbanas.
Este comportamento, aparentemente simples, é na realidade bastante
complexo. Ele pode incluir processo de atenção, de detecção, de diferenciação e de
percepção, a tomada e o processamento de informações, a memória a curto e a
longo prazo, a aprendizagem e o conhecimento de normas e de símbolos, a
motivação, a tomada de decisões bem como uma série de automatismos percepto-
motores, de manobras rápidas e uma capacidade de reagir prontamente ao
feedback, a previsão de situações em curvas, em cruzamentos e em lombadas, e
também, uma série de atitudes em relação aos outros usuários, aos inspetores, às
normas de segurança, ao limite de velocidade, etc. Uma análise detalhada da tarefa
do condutor de veículos revela uma infinidade de fatores, cada um dos quais pode
ser importante para evitar um acidente, merecendo portanto ser assunto de um
estudo aprofundado (ROZESTRATEN, 1981).
O autor afirma que a metodologia não difere essencialmente daquela usada
nas outras áreas de Psicologia: ao lado de muitos estudos experimentais, realizados
em laboratórios, tem sido desenvolvidos numerosos estudos observacionais feitos
nas rodovias e nos cruzamentos urbanos, alem de análises pormenorizadas dos
casos de acidentes. Entre o método de observação em situação real e o
experimento no laboratório está o método que usa simuladores, estes últimos
variando do mais simples ao mais sofisticado.
Como é óbvio, a Psicologia do Trânsito se relaciona com quase todas as
áreas especializadas da Psicologia: desde a psicofísica e psicofisiologia até à teoria
de decisão e os processos cognitivos, procurando explicações na teoria do
condicionamento operante e na teoria psicanalítica. Interessa-se por psicologia do
desenvolvimento e por psicologia gerontológica e se relaciona com a psicologia da
motivação e da aprendizagem, com a psicopedagogia e com a psicologia social. O
comportamento no trânsito é algo que compreende as reações de todas as pessoas
que se movimentam, independente de sua idade, condição socio-econômica, nível
de instrução, sexo ou profissão. É um campo que envolve grande complexidade de
fatores, e por isto mesmo não muito fácil de ser estudado (ROZESTRATEN, 1981).
17
Para o autor além de estar ligado às diversas àreas da Psicologia, este
campo requer também contatos com a engenharia de estradas e de veículos, com a
medicina do trabalho, com a estatística, a física (um carro é uma massa em
movimento), a ergonomia,a sociologia, a psicopedagogia e mesmo com o direito e
com a criminologia.
No que se refere aos psicólogos que atuam na área do trânsito, cabe ressaltar
a importância da pesquisa científica como forma de elucidação de questões
importantes da mobilidade humana, bem como, com o propósito de produzir
conhecimentos que venham a contribuir para a melhoria da qualidade de vida da
população por meio de práticas norteadoras às políticas públicas voltadas à
prevenção dos acidentes de trânsito e à promoção de um trânsito mais seguro. E no
que se refere em especial ao psicólogo perito-examinador do trânsito, sua atuação
reflete consonância com os pressupostos da Psicologia da Saúde à medida que faz
uso dos testes e demais procedimentos técnicos de avaliação visando a
identificação de fatores de risco à segurança do indivíduo no trânsito, como a
detecção de capacidade atentiva e senso perceptiva prejudicada, ou dificuldades no
plano relacional com níveis acentuados de ansiedade, apontando para a
manifestação de possíveis comportamentos impulsivos no trânsito (ARMÔA &
PETTENGILL, 2010).
Quando este profissional detecta elementos na avaliação do indivíduo que
podem representar riscos à direção veicular, e decide diante disto encaminhá-lo a
outros profissionais de saúde, ele está demonstrando tanto sua preocupação com a
prevenção de acidentes quanto com a saúde e bem-estar deste sujeito, atuando de
modo a promover melhor qualidade de vida ao mesmo.
2.3 Atribuições do Psicólogo de Trânsito
A expansão do campo de atuação dos psicólogos nos Departamentos de
Trânsito inclui ações para prevenir acidentes; perícia em exames para motorista
objetivando sua readaptação ou reabilitação profissional e tratamento de fobias no
volante. Outro ponto em destaque é a inserção profissional de estudantes de
18
psicologia através de estágios curriculares, propiciando experiência e aprendizagem
(SILVA & GÜNTHER, 2009 apud ALCHIERI, SILVA & GOMES, 2006).
No campo profissional é oportuno reconhecer que existe vida fora das clínicas
e DETRANs. Isso implica no desafio de continuar expandindo as atividades dos
psicólogos, de ocupar outros campos potenciais de atuação e desenvolver práticas
inovadoras. A esse respeito, destaca-se a resolução 267/2008 do conselho Nacional
de Trânsito (CONTRAN), recentemente em vigor. Ela estabelece algumas mudanças
importantes para o trabalho do psicólogo, dentre elas, que, até 2013, só serão
credenciados os profissionais portadores de título de especialistas em psicologia do
trânsito reconhecido pelo CFP. Essa medida é importante para que, em alguns anos,
tenhamos profissionais mais capacitados para atuar em diversos problemas do
trânsito, desenvolvendo novas competências e ocupando outros espaços,
notadamente no contexto das políticas públicas de transporte. (SILVA & GÜNTHER,
2009).
De acordo com o Catálogo Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho
as atribuições do psicólogo de trânsito são:
Desenvolve pesquisas cientificas no campo dos processos psicológicos,
psicossociais e psicofísicos relacionados aos problemas de trânsito,
elaborando e aplicando técnicas psicológicas, como exames psicotécnicos,
para a determinação de aptidões motoras, físicas, sensoriais e outros
métodos de verificação, para possibilitar a habilitação de candidatos à carteira
de motorista;
Colabora na elaboração e implantação de sistema de sinalização, prevenção
de acidentes e educação de transito: desenvolve pesquisas científicas no
campo dos processos psicológicos, psicossociais e psicofísicos, relacionando
os às questões do trânsito; elabora e implanta programas de treinamento à
capacitação;
Realiza exames em candidatos à habilitação de trânsito, aplicando entrevistas
e testes psicotécnicos, para dirigir veículos automotores;
Participa de equipes multiprofissionais, elaborando e aplicando técnicas
psicológicas em programas, para prevenir acidentes de trânsito;
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Avalia a relação causa-efeito na ocorrência de acidentes de trânsito, levando
atitudes-padrão dos envolvidos nessas ocorrências, para sugerir formas de
evitar e/ou atenuar as suas incidências;
Colabora com as autoridades competentes, quando designado, apresentando
laudos, pareceres ou estudos sobre a natureza psicológica dos fatos, para
favorecer a aplicação da lei e da justiça;
Elabora e aplica técnicas de mensuração das aptidões, habilidades e
capacidade psicológicas dos motoristas e candidatos à habilitação, atuando
em equipes multiprofissionais, para aplicar os métodos psicotécnicos de
diagnóstico;
Desenvolve estudos, relativos à educação e ao comportamento individual e
coletivo na situação de trânsito, especialmente nos complexos urbanos,
levantando atitudes-padrão dos envolvidos e sua causa/efeito, para sugerir
formas de evitar e atenuar as ocorrências;
Pode estudar as aplicações psicológicas do alcoolismo e de outros distúrbios
nas situações de trânsito;
Pode atuar como perito em exames para motorista objetivando sua
readaptação ou reabilitação profissional;
Pode prestar assessoria e consultoria a órgãos públicos e normativos em
matéria de trânsito. (CBO, 2011).
As Resoluções do Conselho Federal de Psicologia assumem lugar importante
na prática do psicólogo de trânsito. Especificamente, a Resolução CFP nº 002/2003
definiu os padrões técnicos para avaliação dos testes psicológicos em condições de
uso no Brasil e mudou a feição da Avaliação Psicológica em território nacional. Maior
avanço que este, no entanto, é considerarmos que a Psicologia, hoje, deixa de ser
vista apenas como operadora da Avaliação Psicológica para habilitação de
condutores de veículos automotores, passando a compreender também a análise
dos planejamentos urbanos, da cidadania, da educação de um povo. São
discussões profundas, ainda não enraizadas, para as quais precisamos construir e
aperfeiçoar fundamentos teóricos, metodológicos e científicos. A pesquisa precisa
ser estimulada, a formação, mais bem cuidada. A construção das intervenções só
será possível se houver essa unidade entre ciência e profissão. Quando pensamos
na relação entre Psicologia e mobilidade humana, devemos pensar na busca da
20
qualificação da intervenção das práticas psicológicas em resposta às reais
necessidades da sociedade brasileira que se utiliza dos nossos serviços.
(MORETZSOHN, MACEDO, 2005).
É possível também identificar algumas vertentes de investigação e
intervenção junto a cada um dos grupos de pessoas envolvidas nas mortes violentas
no trânsito. Cada uma das pessoas vivencia sofrimentos que devem ser
compreendidos e orientados. E a psicologia também tem referenciais para atuar com
o sofrimento humano em diferentes perspectivas. Mas essa possibilidade de atuação
se refere a um “depois”. Depois que um ato imprudente, imperito ou negligente foi
perpetrado. Mas à psicologia cabe também prover respostas em relação aos fatores
que orientam as decisões para agir “dessa ou daquela” maneira, adotando
comportamentos mais ou menos arriscados. Ou seja, a psicologia tem também um
papel importante na prevenção da violência no trânsito.
A trajetória histórica da psicologia também indica uma atuação voltada para a
avaliação psicológica utilizada para o processo de habilitação de condutores, com o
intuito de identificar características psicológicas que poderiam verificar condições
prévias para o exercício da atividade de dirigir veículos (HOFFMAN & CRUZ, 2003;
MONTERDE I BORT, 2008; RISSER, 2004; ROZESTRATEN, 1988).
Em outra vertente, mas sem esgotar as possibilidades de atuação, há o
campo de estudos da psicologia voltado para todas as relações que se estabelecem
entre os sujeitos e seus lugares, a análise da mobilidade urbana, das escolhas
individuais dos modais de transporte, dos posicionamentos ideológicos, da força
grupal e de fatores interpessoais orientando percepções e decisões acerca da
ocupação de espaços e da vinculação dos sujeitos. O fortalecimento das identidades
e o desenvolvimento de vínculos e concepções compartilhadas em direção à
convivência harmônica a partir das diferenças também pode ser foco de
investigação e intervenção, principalmente com o objetivo de prevenção da violência
no espaço onde se transita.
E, finalmente, a psicologia pode contribuir nas pesquisas e intervenções com
os acidentados visando à reabilitação, estabelecendo investigações nas relações no
campo das organizações, e até mesmo intervenções clínicas.
O trânsito demanda a formação de profissionais para atuar com pesquisas
que permitam subsidiar políticas públicas e intervenções profissionais tanto na
prevenção, quanto junto aos grupos envolvidos com a violência no trânsito. Essa
21
atuação pode focalizar o tradicional triplo “E” da segurança do trânsito: engenharia,
educação e esforço legal (engineering, education, enforcement) ou ampliar as
perspectivas incluindo outras formas de desvelar a participação da psicologia na
compreensão do com-portamento humano no trânsito.
Para Slovic, Fischhoff e Lichtenstein (1982) esforços para promover
mudanças, sejam pessoais, organizacionais ou políticas dependem da forma como
as pessoas reagem aos riscos que percebem. Se essas percepções forem
equivocadas, os esforços podem ser malogrados. Compreender os mecanismos
subjacentes às percepções de risco possibilita identificar como são construídas,
mantidas e fortalecidas, tornando possível planejar estratégias de intervenção que
promovam conscientização em relação à quantidade de risco que as pessoas estão
dispostas assumir. Wilde (2005, p. 302) orienta sobre a necessidade de criar meios
para “motivar o indivíduo para que ele queira estar seguro”, ou seja, que ele tenha
motivos para querer se preservar para um futuro próximo ou distante, adotando um
comportamento globalmente mais seguro em todos os seus comportamentos,
incluindo o trânsito.
2.4 As Interfaces entre Psicologia e Trânsito
Etimologicamente, a palavra psicologia é oriunda do grego psykhê (alma) e
logos (ciência), portanto, é comumente considerada como a ciência da alma.
Conforme Bock; Furtado; Teixeira (2001), os gregos entendiam que alma, por ser
parte imaterial do ser humano, abarca todo sem abstrato, ou seja, o pensamento, os
sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.
Em tempos recentes, a psicologia não mais é concebida como no passado,
quando a psicologia era associada à ideia de espírito ou metafísica, mas, por volta
do século XIX, na Alemanha, segundo autores acima citados, foram definidos: seu
objeto de estudo; seu campo de estudo, diferenciando-o de outras áreas de
conhecimento, os métodos de estudo de seu objeto; as teorias enquanto um corpo
consistente de conhecimentos na área (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001).
Teles (2003) define a psicologia como uma observação para compreender o
homem, seu comportamento para facilitar a convivência consigo próprio e com o
22
outro. Pretende fornecer-lhe subsídios para que ele saiba lidar consigo mesmo e
com as experiências da vida. É, pois, a Ciência do comportamento, compreendida
esta em seu sentido mais amplo.
Por essa razão, nos dias atuais, a psicologia é utilizada como subsídio para a
compreensão dos mais diversos comportamentos humanos nas instituições públicas
e privadas. No contexto do trânsito, a psicologia tem sido utilizada em larga escala,
pois este espaço tem sido palco de encontros que podem levar o indivíduo aos mais
variados tipos de comportamentos, podendo desencadear desajustes danosos, tanto
para ele quanto para à sociedade.
O fenômeno trânsito, como consideram Moretzsohn e Macedo (2005), no
mundo inteiro, atinge proporções alarmantes. Em diversos países, os problemas
causados pelo trânsito configuram-se na perspectiva do meio ambiente, impactam
na qualidade de vida das pessoas e, não raro, são casos de alarde na saúde
pública.
A segurança no trânsito, em geral, está fortemente associada ao
envolvimento em acidentes automobilísticos. A psicologia, por sua vez, tem
contribuído para aprofundar os conhecimentos sobre os aspectos humanos no
trânsito, dentre eles, as diferenças individuais. Os psicólogos envolvidos nesta tarefa
iniciaram os estudos por meio da seleção de motoristas profissionais e se baseiam
na suposição de que alguns motoristas são mais propensos a se envolverem em
acidentes do que outros (GROEGER & ROTHENGATTER, 1998; ROTHENGATTER,
1997, 2002 apud SILVA & ALCHIERI, 2010).
Segundo Armôa & Pettengill (2010) a punição contra atitudes e
comportamentos inadequados e favoráveis à aceitação de risco no trânsito, pode
atuar como fator de proteção aos acidentes. Pensar sobre os fatores de risco e de
proteção aos acidentes de trânsito pode ser considerada ação preventiva contra a
ocorrência dos mesmos, cuja participação do psicólogo do trânsito é de grande
relevância.
É neste sentido que práticas em Psicologia do Trânsito respaldadas nos
pressupostos da Psicologia da Saúde podem significar ações visando à prevenção
de acidentes e comportamentos de risco à segurança viária, fomentando-se
concomitantemente a promoção de comportamentos seguros e a proteção da
qualidade de vida, do bem-estar e da saúde das pessoas.
Segundo Mânica (2004) existem diversas técnicas que podem ser usadas
23
pela Psicologia do Trânsito para contribuir para um trânsito mais seguro. A forma
mais tradicional da aplicação da Psicologia do Trânsito tem sido realizada junto aos
órgãos oficiais de trânsito no sentido de medir as capacidades psíquicas necessárias
para o comportamento adequado no trânsito. A avaliação psicológica parte do
principio que o bom funcionamento do trânsito depende da existência de
características pessoais adequadas.
O psicólogo perito-examinador do trânsito tem a chance de, por meio do
trabalho de avaliação psicológica junto aos motoristas profissionais, identificar os
indivíduos que apesar de ainda não terem se envolvido em acidentes, apresentam
um grande número de multas por infrações de trânsito. Oferecer a estas pessoas um
espaço para a discussão dos motivos que possivelmente motivaram tais infrações
seria de grande relevância, uma vez que se teria acesso aos fatores de risco
biopsicossociais que emolduraram aquelas ocorrências infracionais. A partir da
identificação destes fatores de risco com o auxílio do psicólogo, o indivíduo tem a
chance de refletir sobre o investimento em maiores cuidados com a própria saúde
bem como com a sua segurança e a dos demais no trânsito (ARMÔA &
PETTENGILL, 2010).
A psicologia do Trânsito em primeiro lugar serve para conhecer toda a gama
de comportamentos neste tipo de situações, comportamentos individuais e sociais,
contribuindo para um melhor conhecimento do homem. Em segundo lugar, o estudo
dos diversos fatores perceptivos, cognitivos e de reação podem contribuir para
melhorar por um lado a situação da estrada e da sinalização rodoviária e urbana, e
por outro lado pode aperfeiçoar os veículos, permitindo maior visibilidade, melhor
feedback e colocação mais eficiente dos comandos. Como consequência, a
Psicologia do Transito pode contribuir para diminuir a enorme quantidade de
acidentes nas estradas. Em terceiro lugar, ela pode dar as diretrizes educacionais,
sugerindo recursos mais eficientes para o ensino; dirigir é aparentemente simples
mas um pequeno erro pode ter consequências seriíssimas. A Psicologia do Trânsito
oferece subsídios para garantir a todo ser humano condições de maior segurança no
trânsito, diminuindo os riscos de acidentes e as ameaças de perder a vida
(ROZESTRATEN, 1981).
A Psicologia do Trânsito constitui-se num campo extremamente
surpreendente no microcosmo do comportamento humano e na circulação viária,
onde Psicologia Social, Psicologia Experimental e Psicologia Ambiental se
24
encontram, porque os problemas, variáveis e pautas de pesquisa podem englobar,
por exemplo, desde a pesquisa sobre a acuidade visual mínima indispensável a um
motorista até a pesquisa sobre a representação social do automóvel feita por
determinado grupo. (HOFFMANN, 2005, p.22).
Nota-se que a psicologia do trânsito é um ponto fértil de intersecção entre
vários campos da ciência psicológica no enfrentamento das amplas questões que
envolvem o trânsito. A Psicologia Experimental é o ramo da Psicologia no qual
“aspectos emocionais e comportamentais devem ser estudados através da
experimentação científica”. Assim, os ramos da Psicologia Experimental praticada
em laboratório que tradicionalmente mais se associam à Psicologia do Trânsito são
a Psicofísica, Psicofisiologia e Psicologia da Cognição (ROZESTRATEN, 1988).
Conforme o autor, a finalidade de tais métodos é descobrir os limiares
absolutos e diferenciais dos órgãos dos sentidos. Pode-se investigar, por exemplo,
tipos de vidros de veículos que menos cansem a visão do condutor ou a relação
entre distância, velocidade e capacidade de discriminar letras e palavras, relação útil
à configuração científica de placas de sinalização.
A Psicologia Social é o ramo da Psicologia que trata de “estudar o
comportamento dos indivíduos no que ele é influenciado socialmente” (LANE, 1991,
p.8). A determinação social do indivíduo consiste em sua visão de mundo, sistema
de valores, comportamentos, sentimentos e emoções decorrentes (LANE, 1991, p.9
apud OLIVEIRA & VIEIRA, 2010).
Com relação ao trânsito, de acordo com Lemes (2003), talvez até seja
impossível qualquer apontamento sobre fenômenos do trânsito que desconsidere
suas causas sociais, cujo peso não raro supera em importância a contribuição de
outros fatores deterministas. Por exemplo, os altos índices (LÈON; VIZZOTTO,
2005) de jovens do sexo masculino envolvidos em acidentes possivelmente devem-
se menos a disposições genéticas do que a fatores culturais, como a exaltação da
virilidade, que estimula ao excesso de velocidade conseqüentemente aumentando
os riscos de acidentes. (OLIVEIRA & VIEIRA, 2010).
As contribuições da Psicologia Ambiental podem se estender à todas as
questões ligadas ao trânsito. Pode-se, por exemplo, viabilizar a construção de uma
rodovia cujo desenho seja influenciado pelas descobertas da Psicofisiologia ligada
ao trânsito: engenheiros e ambientalistas somariam esforços na elaboração de um
traçado em que prevalecessem as curvas contra a monotonia das longas retas, que
25
predispõem à fadiga, causa provável de muitos acidentes, conforme Rozestraten
(1988).
A circulação humana é realizada no meio ambiente. O ser humano não
apenas vive no ambiente, mas pertence a ele. Essa interação permite compreender
a interface do ambiente, trânsito e psicologia. O ambiente do sistema de trânsito
exige do participante algumas condições psicológicas fundamentais para o convívio.
As intersecções de outras áreas de conhecimento ampliam a atuação dos
profissionais no alcance dos objetivos almejados. Uma das intervenções importantes
e ainda insuficiente dos profissionais de Psicologia é a educação para o trânsito
(SILVA & DAGOSTIN, 2006).
Silva & Dagostin (2006), destacam que a educação para o trânsito é um
compromisso social e político de todos os cidadãos, focando a educação ética-
social, integrando o homem, o meio ambiente e a realidade social. Os autores ainda
apresentam algumas estratégias de atuação na área da educação, tendo como
objetivo contribuir com criações de atitudes, comportamentos e pautas de conduta
da população alvo, seja condutor, pedestre ou passageiro. As ações de políticas
públicas estão intimamente relacionadas às necessidades de articular
conhecimentos produzidos e comportamento humano. Para que essa integração
aconteça, ações educativas são essenciais para a promoção da consciência cidadã
em crianças, jovens, adultos e idosos, auxiliando na adaptação de comportamentos
adequados e favorecendo a construção de responsabilidades coletivas para
melhorar o relacionamento humano no trânsito.
Percebe-se que a psicologia investe de todo o seu arsenal teórico para
encontrar respostas para os diferentes contextos do trânsito. Reconheceu-se que os
aspectos psicológicos do condutor e os usuários de trânsito são um fator chave para
entender e resolver o problema do transporte rodoviário. Estas questões têm
contribuído para o desenvolvimento e a consolidação da Psicologia do Trânsito
(OLIVEIRA & VIEIRA, 2010).
26
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Ética
A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais
conforme determina o Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/96 do Decreto nº
93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos:
A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme apregoa a
Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário identificar-se ao
responder o questionário. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE). Foram coletados dados a respeito da atuação do profissional
psicólogo de trânsito, para que se possa obter maiores informações sobre a
população pesquisada.
3.2 Tipo de Pesquisa
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com dupla, combinação de
abordagens, a saber, quanti-qualitativa.
3.3 Universo
O presente estudo abrangeu a capital Boa Vista do Estado de Roraima que
possui 469, 525 mil habitantes sendo que 296, 959 mil se situam na capital do
Estado. Boa Vista conta com 07 (sete) clinicas credenciadas ao DETRAN para
atender essa população.
27
3.4 – Sujeitos da Amostra
A amostra deu-se por conveniência quando lançou-se mão os profissionais
psicólogos que atuam em clinicas credenciadas ao DETRAN. Participaram dessa
pesquisa 07(sete) psicólogos que atuam nas clinicas de transito credenciadas ao
DETRAN.
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados
Construiu-se um instrumento estruturado, um questionário com perguntas
objetivas que levavam a repostas semi-abertas. Composto por 10 perguntas, que
abrange as dez principais atribuições do psicólogo de acordo com Catalogo
Brasileiro de Atribuições.
3.6 Plano para Coleta dos Dados
Na oportunidade, o questionário foi entregue pessoalmente aos profissionais,
num total de 07 (sete) participantes, que concordaram em responder e participar da
pesquisa. Foram respondidos 05 (cinco) questionários.
3.7 Plano para a Análise dos Dados
Os dados foram tratados e analisados com auxílio de um software, EXCEL,
para o tratamento estatístico (Média, Mediana e Moda). Quanto a parte qualitativa
recorreu se a análise de conteúdo enquanto técnica para dar sentido as falas dos
sujeitos entrevistados.
28
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No que se refere ao desenvolvimento de pesquisas cientificas no campo dos
processos psicológicos, psicossociais e psicofísicos, relacionando-os às questões do
trânsito; elaborar e implantar programas de treinamento à capacitação, gráfico 01,
verifica-se que 71% das clinicas responderam que não realizam tais atribuições e
29% não responderam ao questionário.
Gráfico 01- Desenvolve pesquisas científicas no campo dos processos psicológicos, psicossociais e psicofísicos, relacionando os às questões do trânsito; elabora e implanta programas de treinamento à capacitação.
Fonte: Dados da pesquisa. Boa Vista/RR. 2012.
Pesquisas de investigações da literatura são importantes, pois permitem
estipular um determinado panorama acerca da área de interesse pretendida,
possibilitando assim a proposição de novas perspectivas, e desenvolvimento de
pesquisas futuras. Em outras palavras, é por meio dessa modalidade de estudo que
se identificam semelhanças e lacunas dos estudos produzidos até então (MEIS;
LETA, 1996; MUGNAINI; CARVALHO; CAMPANATTI-OSTIZ, 2006).
No Brasil, como ressaltou Silva e Dagostin (2006), a psicologia do trânsito
ainda está começando no que se refere a avanços científicos quando comparada a
outros países. A inserção nos Departamentos de Trânsito contribuiu, também, para
29
que os psicólogos assumissem outras tarefas decorrentes da evolução da legislação
de habilitação e de novas demandas sociais: a capacitação de psicólogos peritos em
trânsito, capacitação de diretores e instrutores de trânsito e elaboração/implantação
de programas de reabilitação e educação de motoristas infratores, Hoffmann (2003,
apud SILVA; GUNTHER; 2009, p.166).
No que se refere a realização de exames em candidatos a habilitação de
transito, aplicando entrevistas e testes psicotecnicos, para dirigir veículos
automotores, apresentado no gráfico 02, verifica-se que 71% das clinicas
responderam que realizam esta atribuição e 29% não responderam.
Gráfico 02 - Realiza exames em candidatos à habilitação de trânsito, aplicando entrevistas e testes psicotécnicos, para dirigir veículos automotores.
Fonte: Dados da pesquisa. Boa Vista/RR. 2012.
Em tempos recentes, é possível notar que os psicólogos que trabalham nos
DETRANs priorizam a avaliação psicológica de condutores, cujas ações incluem:
administrando, avaliando e analisando os resultados dos instrumentos; coordenando
este serviço, desempenhando atividade administrativa, ou fiscalizando as atividades
realizadas pelas clínicas credenciadas.
Atualmente, conforme Silva; Gunther (2009), algumas instituições brasileiras
têm colaborado de alguma forma para expansão da psicologia, especificamente a
psicologia do trânsito, através de atividades relacionadas aos exames psicotécnicos.
Por essa razão, a identidade de muitos psicólogos do trânsito ainda se encontra
30
fortemente ligada à avaliação psicológica, como atividade profissional, e aos
DETRANs e clínicas psicológicas, enquanto contextos de atuação.
No gráfico 03, apresenta a participação de equipes multiprofissionais,
elaborando e aplicando técnicas psicológicas em programas, para prevenir
acidentes de trânsito, 71% das clinicas responderam que não realizam tal atribuição
e 29% não responderam ao questionário.
Gráfico 03 - Participa de equipes multiprofissionais, elaborando e aplicando técnicas psicológicas em programas, para prevenir acidentes de trânsito.
Fonte: Dados da pesquisa. Boa Vista/RR. 2012.
A psicologia aplicada ao trânsito tem como cerne o fator humano, tendo como
fundamento a teoria da propensão aos acidentes, segundo a qual, “algumas
pessoas são mais propensas do que outras a se envolver em acidentes” (HAIGHT
apud SILVA; GUNTHER, 2009). Tal aspecto justificava a elaboração de um
processo de habilitação para identificar os indivíduos propensos/não propensos aos
acidentes, com vistas a aumentar a segurança no trânsito.
Quanto à avaliação da relação causa-efeito na ocorrência de acidentes de
trânsito, levando atitudes-padrão dos envolvidos nessas ocorrências, para sugerir
formas de evitar e ou atenuar as suas incidências, gráfico 04, verifica-se que 43%
das clinicas responderam que realizam esta atribuição, 29% não responderam ao
questionário e 28% responderam que não realizam.
31
Gráfico 04 - Avalia a relação causa-efeito na ocorrência de acidentes de trânsito, levando atitudes-padrão dos envolvidos nessas ocorrências, para sugerir formas de evitar e/ou atenuar as suas incidências.
Fonte: Dados da pesquisa. Boa Vista/RR. 2012.
Rozestraten (1988) acredita que a Psicologia do Trânsito investiga o
comportamento dos participantes do trânsito indistintamente, não excluindo
ninguém. Segundo o autor é uma das Psicologias aplicadas mais abrangentes e
mais extensas, uma vez que analisa as causas dos acidentes de trânsito, os fatores
associados à ocorrência de acidentes, políticas públicas e de controle do
comportamento no trânsito, entre outros. Dessa forma, pode-se afirmar que, de
maneira geral, o objetivo da Psicologia do Trânsito consiste em estudar e analisar o
comportamento humano relacionado ao trânsito, sobretudo, no que se refere ao
comportamento dos sujeitos que compõem o contexto viário, sejam estes ativos ou
passivos, isto é, pedestres, motorista, ciclista ou motociclista.
No gráfico 05 apresenta os resultados da colaboração com as autoridades
competentes, quando designado, apresentando laudos, pareceres ou estudos sobre
a natureza psicológica dos fatos, para favorecer a aplicação da lei e da justiça, 71%
das clinicas responderam que realizam tal atribuição e 29% não responderam ao
questionário.
32
Gráfico 05 - Colabora com as autoridades competentes, quando designado, apresentando laudos, pareceres ou estudos sobre a natureza psicológica dos fatos, para favorecer a aplicação da lei e da justiça.
Fonte: Dados da pesquisa. Boa Vista/RR. 2012.
Atualmente há uma preocupação dos psicólogos, através de suas
organizações, na busca de garantir uma qualidade dos serviços oferecidos à
sociedade, pautados na cientificidade, fidedignidade e rigorosidade. No entanto,
existe necessidade de se pensar a psicologia do trânsito para além dos seus
instrumentos, buscando uma integralização as diversas áreas e conhecimentos da
psicologia, pois quase todos os campos da psicologia oferecem elementos que
podem ser aproveitado na solução de problemas do comportamento no trânsito.
(ROZESTRATEN, 1988).
No gráfico 06, apresenta os resultados quanto à elaboração e aplicação de
técnicas de mensuração das aptidões, habilidades e capacidade psicológicas dos
motoristas e candidatos à habilitação, atuando em equipes multiprofissionais, para
aplicar os métodos psicotécnicos de diagnóstico, verifica-se que 43% das clinicas
responderam que não realizam tais atribuições, 29% não responderam ao
questionário e 28% responderam que realizam tais atribuições.
33
Gráfico 06 - Elabora e aplica técnicas de mensuração das aptidões, habilidades e capacidade psicológicas dos motoristas e candidatos à habilitação, atuando em equipes multiprofissionais, para aplicar os métodos psicotécnicos de diagnóstico.
Fonte: Dados da pesquisa. Boa Vista/RR. 2012.
Vale ressaltar que cabe a cada profissional desenvolver um trabalho pautado
na competência técnica e na ética profissional em parceria com outros psicólogos e
pesquisadores na busca da qualificação de seu trabalho tendo em vista a psicologia
ciência e profissão.
Rozestraten (2005) ressalta que atualmente é grande o desenvolvimento de
pesquisas no setor e técnicas de mensuração, principalmente com uso de
tecnologias, tais como uso de computadores, câmeras de vídeos e simuladores.
No que se refere ao desenvolvimento estudos, relativos a educação e ao
comportamento individual e coletivo na situação de trânsito, especialmente nos
complexos urbanos, levantando atitudes-padrão dos envolvidos e sua causa.efeito,
para sugerir formas de evitar e atenuar as ocorrências, gráfico 07, pode-se constatar
que 71% das clinicas responderam que não realizam tais atribuições e 29% não
responderam ao questionário.
34
Gráfico 07 - Desenvolve estudos, relativos à educação e ao comportamento individual e coletivo na situação de trânsito, especialmente nos complexos urbanos, levantando atitudes-padrão dos envolvidos e sua causa/efeito, para sugerir formas de evitar e atenuar as ocorrências.
Fonte: Dados da pesquisa. Boa Vista/RR. 2012.
Observamos que dois aspectos importantes contribuíram na qualificação do
trabalho do psicólogo do trânsito: o exercício da profissão passou a ser realizada
somente por psicólogos que possuíssem curso de capacitação específico para a
função de perito examinador de trânsito com carga horária mínima de 120
horas/aula, e atualmente, a exigência de título de especialista/especialização em
Psicologia do Trânsito regulamentado pelo Conselho Federal de Psicologia.
Este cenário tem possibilitado ao psicólogo um aprofundamento nos estudos
quanto aos procedimentos e instrumentos utilizados na avaliação psicológica no
contexto do trânsito, bem como as questões relacionadas à segurança no trânsito, a
capacidade do candidato a motorista em lidar de forma adaptativa ao estresse do
seu cotidiano e a possibilidade de manter sua saúde física e mental, e ainda, tem
buscado preparar profissionais que atuem, de forma interdisciplinar, com pesquisas,
projetos e ações que fortaleçam princípios éticos que norteiem o processo de
Avaliação Psicológica e a construção de relações humanas no trânsito.
No gráfico 08 tem-se os resultados referentes ao estudo das aplicações
psicológicas do alcoolismo e de outros distúrbios nas situações de trânsito, percebe-
se que 43% das clinicas responderam que realizam esta atribuição, 29% não
responderam ao questionário e 28% responderam que não realizam.
35
Gráfico 08 - Pode estudar as aplicações psicológicas do alcoolismo e de outros distúrbios nas situações de trânsito.
Fonte: Dados da pesquisa. Boa Vista/RR. 2012.
A Psicologia do Trânsito estuda e analisa o comportamento humano em
função das normas ou leis que buscam segurança e a integridade de todos que se
locomove. Trata-se de uma “área da psicologia que investiga os comportamentos
humanos no trânsito, os fatores e processos externos e internos, conscientes e
inconscientes que os provocam e o alteram” (CONSELHO FEDERAL DE
PSICOLOGIA, 2000, p. 10).
Quanto à atuação como perito em exames para motorista, gráfico 09,
objetivando sua readaptação ou reabilitação profissional, verifica-se que 71% das
clinicas responderam que realizam esta atribuição e 29% não responderam ao
questionário.
36
Gráfico 09 - Pode atuar como perito em exames para motorista objetivando sua readaptação ou
reabilitação profissional.
Fonte: Dados da pesquisa. Boa Vista/RR. 2012.
O psicólogo de trânsito tem como desafio no seu trabalho, traçar perfil de bom
motorista, para tanto deve saber utilizar os instrumentos necessários para o
processo de avaliação psicológica e saber adequadamente qual técnica empregar
diante do perfil do candidato, para assim poder selecionar os candidatos à carteira
de habilitação. A avaliação psicológica no contexto do trânsito tem sido foco de
discussão por causa da necessidade de estudar os instrumentos que vêm sendo
empregados para avaliação de candidatos à carteira nacional de habilitação.
No que se refere à prestação da assessoria e consultoria a órgãos públicos e
normativos em matéria de trânsito, os resultados, gráfico 10, demonstram que 71%
das clinicas responderam que realizam esta atribuição e 29% não responderam ao
questionário.
37
Gráfico 10 - Pode prestar assessoria e consultoria a órgãos públicos e normativos em matéria de trânsito.
Fonte: Dados da pesquisa. Boa Vista/RR. 2012.
Não é possível pensar no meio urbano sem pensar em trânsito. Em muitos
países os problemas causados pelo trânsito são enquadrados tanto na perspectiva
do meio ambiente, quanto na da saúde pública tamanho é o seu impacto na
qualidade de vida das pessoas. Tal complexidade implica para o psicólogo do
trânsito uma formação comprometida com o estudo das cidades e seu planejamento
urbano, do comportamento humano no trânsito, com a saúde pública, com o acesso
aos bens e serviços sociais e sua qualidade, com o convívio humano e a
diversidade. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2000).
38
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Rozestraten (1988), no trânsito todas as pessoas devem atuar de
forma a permitir que cada participante chegue com segurança a seu destino. Desta
forma é imprescindível que haja uma mudança do comportamento das pessoas no
trânsito. Estas devem compreender que o comportamento desajustado de uma só
pessoa traz prejuízo para todo o sistema e que este pode ser modificado a partir de
contribuições individuais. Por isso, para que seja consolidado um trânsito mais
seguro, é necessário que haja o abandono de atitudes individualistas para a
consolidação do comportamento cooperativo.
Portanto, a psicologia do trânsito tem o papel de discutir e tomar
encaminhamentos a favor de políticas públicas que garantam a equidade e
qualidade no trânsito, no intento de defender os direitos e o bem estar das pessoas.
Os estudos realizados no campo da Psicologia mostram que é preciso
considerar também o enfoque psicossocial na condução de veículos, se houver
objetivo de compreender a amplitude e complexidade da circulação humana. A
organização coerente entre linguagem científica e a pesquisa dos fenômenos
psicológicos subjacentes ao comportamento do condutor permite buscar a verdade,
em sentido filosófico, de algo que nunca se atinge totalmente, mas é para este
processo que o conhecimento humano se orienta. Portanto, a preocupação com a
segurança viária deverá, neste século, fomentar uma quantidade considerável de
pesquisas inter e multidisciplinares.
Segundo essa pesquisa constatou-se que com relação ao desenvolvimento
de pesquisas científicas no campo dos processos psicológicos, psicossociais e
psicofísicos, relacionando os às questões do trânsito, a grande maioria dos
psicólogos que atuam na cidade de Boa Vista não realizam tal importante atribuição
do psicólogo de trânsito bem como não elabora e implanta programas de
treinamento à capacitação, o que é uma situação preocupante, pois não são
motivados a desenvolver novos projetos.
Com relação à realização de exames em candidatos à habilitação de trânsito,
aplicando entrevistas e testes psicotécnicos, para dirigir veículos automotores;
participar de equipes multiprofissionais, elaborando e aplicando técnicas
39
psicológicas em programas, para prevenir acidentes de trânsito, foi citada como a
atribuição principal dos psicólogos de Boa Vista nas clinicas de trânsito.
Todos os entrevistados afirmaram que não participam de equipes
multiprofissionais, elaborando e aplicando técnicas psicológicas em programas, para
prevenir acidentes de trânsito, justificaram tal resposta afirmando que a atuação em
clinica demanda muito trabalho e que não consideram um tempo determinado para a
realização de tal atividade.
A avaliação da relação causa-efeito na ocorrência de acidentes de trânsito,
levando atitudes-padrão dos envolvidos nessas ocorrências, para sugerir formas de
evitar e/ou atenuar as suas incidências, é uma função que a maioria dos psicólogos
responderam que realizam e os profissionais que responderam que não realizam
justificaram-se afirmando que os mesmos não recebem nenhum tipo de auxilio para
realizar tal função.
Todos os profissionais que foram entrevistados responderam que colaboram
com as autoridades competentes, quando designados, apresentando laudos,
pareceres ou estudos sobre a natureza psicológica dos fatos, para favorecer a
aplicação da lei e da justiça.
Com relação à elaboração e aplicação técnicas de mensuração das aptidões,
habilidades e capacidade psicológicas dos motoristas e candidatos à habilitação,
atuando em equipes multiprofissionais, para aplicar os métodos psicotécnicos de
diagnóstico, a maioria dos entrevistados responderam que não realizam tais
atribuições e uma minoria respondeu que realizam.
Desenvolver estudos, relativos à educação e ao comportamento individual e
coletivo na situação de trânsito, especialmente nos complexos urbanos, levantando
atitudes-padrão dos envolvidos e sua causa/efeito, para sugerir formas de evitar e
atenuar as ocorrências, mais uma vez com relação a estudos e levantamentos de
dados estatísticos sobre o comportamento da população não se apresentam como
sendo uma atribuição fundamental dos profissionais de Boa Vista.
Porém, com relação ao estudo mais específico das aplicações psicológicas do
alcoolismo e de outros distúrbios nas situações de trânsito, a maioria dos
profissionais respondeu que realizam tal função.
Com relação à atuação como perito em exames para motorista objetivando
sua readaptação ou reabilitação profissional, e a prestação de assessoria e
40
consultoria a órgãos públicos e normativos em matéria de trânsito, todos os
entrevistados responderam que realizam tais atribuições.
Conclui-se, assim, que o objetivo da pesquisa foi alcançado, pois constatou-
se que a maioria das atribuições elencadas pelo Catalogo Brasileiro de Ocupações
do Ministério do Trabalho são realizadas pelos profissionais psicólogos da cidade de
Boa Vista.
41
REFERÊNCIAS
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estado da arte no Brasil sessenta anos depois. In R. M. Cruz, J. C. Alchieri & J.
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Campo Grande. Campo Grande.
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Cidadania e sua Relação com o Trânsito. In: Estudos de Psicologia no Trânsito.
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BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi.
(2001) Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. São Paulo:
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45
APËNDICE - Questionário usado na coleta de dados da pesquisa
Questionário
As atribuições seguintes são retiradas do catálogo brasileiro de ocupações do
Ministério do Trabalho. Segundo o catálogo o psicólogo de trânsito procede ao
estudo no campo dos processos psicológicos, psicossociais e psicofísicos
relacionados aos problemas de trânsito, elaborando e aplicando técnicas
psicológicas, como exames psicológicos, para a determinação de aptidões motoras,
físicas, sensoriais e outros métodos de verificação, para possibilitar a habilitação de
candidatos à carteira de motorista e colaborar na elaboração e implantação de
sistema de sinalização, prevenção de acidentes e educação de transito:
Das atribuições abaixo responda quais são exercidas por você na clinica de trânsito:
1. Desenvolve pesquisas científicas no campo dos processos psicológicos,
psicossociais e psicofísicos, relacionando os às questões do trânsito, para
elaborar e implantar programas de treinamento à capacitação;
( ) sim ( ) não
De que forma atua:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________
2. Realiza exames em candidatos à habilitação de trânsito, aplicando entrevistas
e testes psicológicos, para dirigir veículos automotores,
( ) sim ( ) não
De que forma atua:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________
46
3. Participa de equipes multiprofissionais, elaborando e aplicando técnicas
psicológicas em programas, para prevenir acidentes de trânsito;
( ) sim ( ) não
De que forma atua:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________
4. Avalia a relação causa efeito na ocorrência de acidentes de trânsito, levando
atitudes-padrão dos envolvidos nessas ocorrências, para sugerir formas de
evitar e/ou atenuar as suas incidências;
( ) sim ( ) não
De que forma atua:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________
5. Colabora com as autoridades competentes, quando designado, apresentando
laudos, pareceres ou estudos sobre a natureza psicológica dos fatos, para
favorecer a aplicação da lei e da justiça,
( ) sim ( ) não
De que forma atua:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________
47
6. Elabora e aplica técnicas de mensuração das aptidões, habilidades e
capacidade psicológicas dos motoristas e candidatos à habilitação, atuando
em equipes multiprofissionais, para aplicar os métodos psicológicos de
diagnóstico;
( ) sim ( ) não
De que forma atua:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________
7. Desenvolve estudos, relativos à educação e ao comportamento individual e
coletivo na situação de trânsito, especialmente nos complexos urbanos,
levantando atitudes-padrão dos envolvidos e sua causa/efeito, para sugerir
formas de evitar e atenuar as ocorrências.
( ) sim ( ) não
De que forma atua:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________
8. Pode estudar as aplicações psicológicas do alcoolismo e de outros distúrbios
nas situações de trânsito.
( ) sim ( ) não
De que forma atua:
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________
48
9. Pode atuar como perito em exames para motorista objetivando sua
readaptação ou reabilitação profissional.
( ) sim ( ) não
De que forma atua:
______________________________________________________________
______________________________________________________
10. Pode prestar assessoria e consultoria a órgãos públicos e normativos em
matéria de trânsito.
( ) sim ( ) não
De que forma atua:
______________________________________________________________
______________________________________________________
Obrigada pela participação!