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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA GESTÃO CONTÁBIL INTEGRADA NAS DIMENSÕES ECONÔMICA, AMBIENTAL E SOCIAL: UMA ANÁLISE EXPLORATÓRIA EM EMPRESAS DO SETOR SUCROALCOOLEIRO DO ESTADO DE SÃO PAULO. MARIA APARECIDA PEREIRA ORIENTADOR: PROF. DR. FELIPE ARAUJO CALARGE COORIENTADOR: PROF. DR. FÁBIO HENRIQUE PEREIRA São Paulo 2011

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA GESTÃO CONTÁBIL

INTEGRADA NAS DIMENSÕES ECONÔMICA, AMBIENTAL E SOCIAL: UMA ANÁLISE

EXPLORATÓRIA EM EMPRESAS DO SETOR SUCROALCOOLEIRO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

MARIA APARECIDA PEREIRA

ORIENTADOR: PROF. DR. FELIPE ARAUJO CALARGE

COORIENTADOR: PROF. DR. FÁBIO HENRIQUE PEREIRA

São Paulo

2011

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA GESTÃO

CONTÁBIL INTEGRADA NAS DIMENSÕES ECONÔMICA, AMBIENTAL E SOCIAL: UMA ANÁLISE

EXPLORATÓRIA EM EMPRESAS DO SETOR SUCROALCOOLEIRO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

MARIA APARECIDA PEREIRA

ORIENTADOR: PROF. DR. FELIPE ARAUJO CALARGE

COORIENTADOR: PROF. DR. FÁBIO HENRIQUE PEREIRA

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós Graduação em Engenharia

de Produção da Universidade Nove de Julho –

UNINOVE, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Mestre em Engenharia

de Produção.

São Paulo

2011

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ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA GESTÃO CONTÁBIL

INTEGRADA NAS DIMENSÕES ECONÔMICA, AMBIENTAL E SOCIAL: UMA ANÁLISE

EXPLORATÓRIA EM EMPRESAS DO SETOR SUCROALCOOLEIRO DO ESTADO DE SÃO

PAULO.

MARIA APARECIDA PEREIRA

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós Graduação em Engenharia

de Produção da Universidade Nove de Julho –

UNINOVE, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Mestre em Engenharia

de Produção.

_______________________________________

Prof. Dr. Felipe Araújo Calarge (Presidente)

_______________________________________

Prof. Dr. José Carlos Curvelo Santana (Membro)

_______________________________________

Prof. Dr. José Roberto Kassai (Membro)

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Dedicatória

Dedico este trabalho a todos que me

apoiaram nos momentos mais difíceis

e mais necessários.

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AGRADECIMENTOS

- Agradeço a Deus o dom, a graça, as conquistas e os desafios da vida. Agradeço de forma grata e

grandiosa meus pais, Deolinda e Elmiro, por minha existência, por seus ensinamentos, por

compreenderem os meus muitos momentos de ausência e principalmente pelos sacrifícios que tiveram

que fazer para que eu chegasse até aqui.

- Agradeço meu orientador, Prof. Dr. Felipe Araujo Calarge, por sua constante compreensão e

paciência, por seu imenso conhecimento científico, o que considero fundamental para estabelecer uma

relação de incentivo e cooperação para o desenvolvimento dos nossos trabalhos e por todos “rabiscos

vermelhos” que carinhosamente tanto contribuíram para meu aprendizado.

- Agradeço meu co-orientador Prof. Dr. Fábio Henrique Pereira pelo apoio, incentivo e ensinamento

recebidos. Agradeço de coração o Prof. Dr. José Carlos Curvelo Santana, por ter acreditado em meu

trabalho e pela sua grandiosa simplicidade de ser.

- Agradeço as amigas Marilda e Lúcia, pela acolhida em São Paulo, por nossa imensa amizade e por

sempre estarem a meu lado nas horas mais difíceis. Agradeço o amigo Tony, por ter acreditado, pelo

apoio e incentivo desde os primeiros passos em direção a mais esta conquista.

- Agradeço a todos os colegas mestrandos pelo companheirismo e atenção. Agradeço todos os

colaboradores do programa de mestrado sempre muito dedicados e atenciosos. Agradeço todos os

professores que contribuíram para a minha formação acadêmica e os membros da banca, pelos

comentários, sugestões e revisões.

- Agradeço especialmente a Universidade Nove de Julho, pelo crescimento intelectual e profissional e

por proporcionar a realização desde trabalho, através da bolsa de gratuidade do Programa de Mestrado

de Engenharia de Produção. Finalmente agradeço a todos aqueles que direta ou indiretamente

acreditaram, incentivaram e contribuíram para a realização de mais uma conquista em minha vida.

A todos, de coração, o meu muito obrigado!

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“Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!”

Mário Quintana

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PEREIRA, Maria Aparecida. Elaboração e aplicação de Instrumento para avaliação da Gestão

Contábil Integrada nas Dimensões Econômica, Ambiental e Social: uma análise exploratória em

Empresas do Setor Sucroalcooleiro do Estado de São Paulo. 2011. 112 p. Dissertação (Mestrado

em Engenharia de Produção). Universidade Nove de Julho – UNINOVE, São Paulo.

RESUMO

Diante da problemática ambiental do século XXI, ou seja, as externalidades negativas geradas pelo

processo produtivo faz-se necessário uma reestruturação do desenvolvimento de forma sustentável, de

maneira que as necessidades de consumo atuais possam ser supridas sem comprometer a

sustentabilidade do planeta no futuro. A reestruturação exige postura estratégica das organizações

muito além da visão de lucratividade, criando assim a exigibilidade de implantação de novos métodos

de gestão e processos produtivos. A partir do assunto abordado, o objetivo do presente estudo é a

elaboração e a aplicação de um instrumento de avaliação para analisar o posicionamento das usinas

em funcionamento do setor sucroalcooleiro no Estado de São Paulo ao que se refere a uma gestão

organizacional direcionada ao desenvolvimento sustentável nas dimensões financeira, ambiental,

tecnológica e humana. Dado este cenário, no que se refere ao aspecto contábil verifica-se que

informações fornecidas pela contabilidade tradicional não contemplam aspectos relacionados às

externalidades geradas pelas práticas empresariais com relação aos investimentos que visam à

sustentabilidade. Diante da dificuldade de mensurar os custos ambientais, uma Gestão Contábil

Integrada irá colaborar para o levantamento de investimentos e retornos obtidos pelas empresas

engajadas no contexto da preservação ambiental.

Palavras-chave: Sistema Integrado de Gestão – SIG. Gestão Contábil Integrada – GCI. Setor

Sucroalcooleiro

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PEREIRA, Maria Aparecida. Development and application of an instrument for assessment of the

integrated management in economics, environmental and social dimensions: an exploratory

analysis in companies of the sugar-alcohol sector of the State of Sao Paulo. 2011. 112 p.

Dissertation (Master in Production Engineers). Universidade Nove de Julho – UNINOVE, São Paulo.

ABSTRACT

According to the environmental problems of the XXI century, in others words, the externalities caused

by the production process, it is necessary to restructure the development in a sustainable manner, in

order to supply the current consumption needs without to compromise the sustainability of the eart

planet in the future. The restructuring requires strategic posture of organizations beyond the vision of

profitability, creating a liability for implementation of new management methods and productive

processes. This paper aims to propose an assessment tool to analyze the placement of plants in

operation in the sugar-alcohol sector State of São Paulo which refers to an organizational management

directed towards sustainable development in the financial, environmental, technological and human

dimensions. Given this scenario, which refers to the accounting aspects, it is checked that the

information provided by traditional accounting does not include aspects related to the externalities

caused by the business practices according to the investments that aim at sustainability. An Integrated

Accounting Management will contribute to raise the investment returns earned by companies engaged

in the context of environmental preservation, due to the difficulty of measuring environmental costs.

Keywords: Integrated Management System - IMS. Integrated Management Accounting - IMA. Sugar

Alcohol Sector.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: A sustentabilidade e suas dimensões. .....................................................................................20

Figura 2: Produção Nacional e Produção Região Centro Sul safra 2007/08...........................................22

Figura 3: Sustentabilidade Pontuações ITAUSA.....................................................................................29

Figura 4: Sustentabilidade Pontuações CEMIG.......................................................................................29

Figura 5: Elementos essenciais da abordagem P+L................................................................................33

Figura 6: Etapas necessárias para a obtenção da P+L...........................................................................33

Figura 7: Estágios e aspectos da gestão organizacional no complexo sucroalcooleiro..........................34

Figura 8: Modelo representativo da CCEC..............................................................................................45

Figura 9: Constructos do modelo Balanço Patrimonial Ambiental das Nações.......................................54

Figura 10: Evolução do lançamento dos relatórios de sustentabilidade das organizações de acordo com

as diretrizes da GRI.............................................................................................................................. ...55

Figura 11: Eliminação da queimada no Estado de São Paulo.................................................................66

Figura 12: Eliminação da queimada no Estado de São Paulo. ...............................................................67

Figura 13: Etapas de trabalho da presente pesquisa..............................................................................72

Figura 14: Consultas realizadas......................................................................................................... ......87

Figura 15: Distribuição das usinas produtoras safra 2007/08.................................................................87

Figura 16: Distribuição das usinas produtoras posição em 30/08/2010..................................................88

Figura 17: Percentual de divulgação nas usinas pesquisadas................................................................88

Figura 18: Aspectos e práticas voltadas à sustentabilidade – Setor Sucroalcooleiro no Estado de São

Paulo........................................................................................................................................................89

Figura 19: Produção de cana-de-açúcar safra 2007/08 em milhões de toneladas .................................90

Figura.20: Distribuição da Produção- Região Centro Sul - Safra 2007/08...............................................90

Figura 21: Evolução da produção de cana-de-açúcar por safra..............................................................91

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Figura 22: Evolução da produtividade agrícola de uma usina do Grupo Balbo (Native) em toneladas por

hectare do ano de 1970 ao ano de 2009...............................................................................................92

Figura 23: Quantidade de usinas avaliadas com aplicação do instrumento............................................93

Figura 24: Comparativo da pontuação obtido no setor sucroalcooleiro e pontuação máxima do

elemento................................................................................................................... ...............................94

Figura 25: Grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista à Abordagem Contábil Ambiental........94

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: As visões do profissional contábil...........................................................................................27

Quadro 2: Princípios de sustentabilidade................................................................................................30

Quadro 3: Resumo dos índices de sustentabilidade................................................................................31

Quadro 4: Demonstrações Contábeis Obrigatórias.................................................................................40

Quadro 5: Conteúdo dos Demonstrativos Contábeis Obrigatórios..........................................................41

Quadro 6: Conteúdo do Ativo e de seus grupos de contas.....................................................................42

Quadro 7: Conteúdo do Passivo e de seus grupos de contas.................................................................42

Quadro 8: Dimensões da Contabilidade.............................................................................................. ....43

Quadro 9: Contribuições do contador e pontos que a contabilidade deveria cobrir........ ........................48

Quadro 10: Conteúdo do Ativo Ambiental e de seus grupos de contas..................................................49

Quadro 11: Conteúdo do Passivo Ambiental e de seus grupos de contas..............................................49

Quadro 12: Pesquisas no contexto Global...............................................................................................51

Quadro 13: Pesquisas no contexto organizacional.............................................................................. ....52

Quadro 14: Possíveis resultados da equação básica da contabilidade...................................................53

Quadro 15- Contexto histórico da GRI de 1997 a 2002...........................................................................56

Quadro 16 - Contexto histórico da GRI de 2003 a 2010..........................................................................57

Quadro 17 – Etapas de integração de acordo como A4S........................................................................59

Quadro 18 - Três principais áreas de trabalho do projeto A4S para 2010/11..........................................60

Quadro 19: Inovações ocorridas no setor sucroalcooleiro.......................................................................64

Quadro 20: Indicadores do setor sucroalcooleiro brasileiro safra 2007/08..............................................65

Quadro 21: Estrutura da ferramenta de avaliação SAE J4000................................................................74

Quadro 22: Escala de medição do nível de satisfação em comparação com as melhores práticas.......74

Quadro 23: Ativo nas abordagens Tradicional e Ambiental.....................................................................76

Quadro 24: Passivo nas abordagens Tradicional e Ambiental................................................................77

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Quadro 25: Custos e Despesas nas abordagens Tradicional e Ambiental..............................................78

Quadro 26: Receitas e Ganhos nas abordagens Tradicional e Ambiental..............................................78

Quadro 27: Estrutura do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil

Ambiental.................................................................................................................................................80

Quadro 28: Escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão Contábil Ambiental.......80

Quadro 29: Estrutura do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil

Ambiental.................................................................................................................................................83

Quadro 30: Escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão Contábil Ambiental.......83

Quadro 31 – Identificação da empresa e elemento 1 Ativo Circulante e não Circulante.........................84

Quadro 32 - Elemento 2: Passivo Circulante e Não Circulante...............................................................85

Quadro 33 - Elemento 3: Resultados de Exercícios Futuros...................................................................85

Quadro 34 - Elemento 4: Patrimônio Líquido...........................................................................................85

Quadro 35 - Elemento 5: Demonstração do Resultado do Exercício......................................................86

Quadro 36 - Apresentação dos resultados da aplicação do instrumento de avaliação...........................86

Quadro 37: Resultados apurados no setor sucroalcooleiro paulista com a aplicação do instrumento de

avaliação..................................................................................................................................................93

Quadro 38: Resultados apurados com aplicação do instrumento em outros setores da economia........95

Quadro 39: Resultados da abordagem contábil referente à aplicação do instrumento de avaliação em

outros setores da economia.....................................................................................................................95

Quadro 40: Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação no “Balanço das

Nações” consolidado................................................................................................................................97

Quadro 41: Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação no “Balanço das

Nações” consolidado dos países considerados “Monster Countries”......................................................97

Quadro 42: Abordagem Contábil do Balanço das Nações......................................................................98

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ALCA – Área de Livre Comércio das Américas

APEC – Cooperação da Ásia e do Pacífico

A4S – Prince’s Accounting for Sustainability Project

BCN – Balanço Contábil das Nações

BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo

BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China

CCE – Contabilidad de Costes Ecológicos

CCEC – Contabilidade de Custos Ecológicos Completos

CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CFC – Conselho Federal de Contabilidade

CGA – Contabilidade Gerencial Ambiental

CGA – Contabilidade de Gestão Ambiental

CICA – Canadian Institute of Chartered Accounts

CSEAR – Centre for Social and Environmental Accounting Research

DFC – Demonstração dos Fluxos de Caixa

DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos

DJSI – Dow Jones Sustainability Indexes

DLPac – Demonstração dos Lucros ou prejuízos acumulados

DOAR – Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

DRE – Demonstração do Resultado do Exercício

DVA – Demonstração do Valor Adicionado

EMAS – Eco-Management and Audit Scheme

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FEA/USP – Faculdade de Economia e Administração/Universidade de São Paulo

FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FSC – Forest Stewardship Council

GCA – Gestão Contábil Ambiental

GCT – Gestão Contábil Tradicional

GRI – Global Reporting Iniciative

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IRFS - International Financial Reporting Standards

IIRC - International Integrated Reporting Committee

IPCC – Intergovernamental Panel on Climate Change

ISO – International Organization for Standardization

ISO TS - International Organization for Standardization Technical Specification

ISR – Investimento Socialmente Responsável

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

NBC – Norma Brasileira de Contabilidade

NBR - Norma Brasileira Regulamentadora

NECMA – Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente

SAE – Society for Automotive Engineers

SIG – Sistemas Integrados de Gestão

SGQ – Sistemas de Gestão da Qualidade

MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

NAFTA – North American Free Trade Agreement

OSHAS - Occupational Health & Safety Advisory Services

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PIB – Produto Interno Bruto

P + L – Produção mais Limpa

TBL – Triple Botton Line

UE – União Européia

UNICA – União da Indústria da Cana de Açúcar

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SUMÁRIO

CAPITULO I. INTRODUÇÃO...................................................................................................................17

1.1 JUSTIFICATIVA......................................................................................................................... .......19

1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................................................20

1.2.1 OBJETIVOS GERAIS.....................................................................................................................21

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................................................21

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO...........................................................................................................22

CAPITULO II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................23

2.1 MUDANÇAS NOS PARADIGMAS DE GESTÃO ORGANIZACIONAL..............................................23

2.2 SUSTENTABILIDADE NAS ABORDAGENS ECONÔMICA FINANCEIRA E PRODUÇÃO..............25

2.2.1 ABORDAGEM ECONÔMICA FINANCEIRA...................................................................................25

2.2.2 ABORDAGEM DE PRODUÇÃO.....................................................................................................30

2.3 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO..........................................................................................32

2.3.1 NORMAS REGULAMENTADORAS DE CERTIFICAÇÃO..............................................................33

2.3.2 SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO COM ABORDAGEM NA SUSTENTABILIDADE................34

2.4 GESTÃO CONTÁBIL: ABORDAGEM TRADICIONAL E ABORDAGEM INTEGRADA ....................34

2.4.1 SISTEMA DE GESTÃO CONTÁBIL...............................................................................................35

2.4.1.1 ABORDAGEM CONTÁBIL TRADICIONAL..................................................................................36

2.4.1.2 ABORDAGEM CONTÁBIL INTEGRADA À GESTÃO AMBIENTAL............................................40

2.4.2 A APLICAÇÃO DA GESTÃO CONTÁBIL AMBIENTAL NO CONTEXTO MUNDIAL.....................47

2.4.2.1 BALANÇO CONTÁBIL DAS NAÇÕES.........................................................................................49

2.4.3 Relatórios de Sustentabilidade no Contexto Mundial.....................................................................54

2.4.3.1 Global Reporting Initiative (GRI)..................................................................................................54

2.4.3.2 Prince’s Accounting for Sustainability Project (A4S) e o Connected Reporting...........................57

2.4.3.3 International Integrated Reporting Committee (IIRC)...................................................................60

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2.5 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DO SETOR SUCROOALCOLEIRO...............................................51

2.5.1 O SETOR SUCROALCOOLEIRO...................................................................................................51

2.5.1.1 CONTEXTO ORGANIZACIONAL................................................................................................52

2.5.1.2 CONTEXTO ECONÔMICO..........................................................................................................53

2.5.13 CONTEXTO SÓCIO AMBIENTAL................................................................................................54

CAPITULO III MÉTODO E CONDUÇÃO DA PESQUISA.......................................................................57

3.1 PESQUISA E METODOLOGIA CIENTÍFICA: PRINCIPAIS ASPECTOS CONCEITUAIS................57

3.1.1 DEFINIÇÃO DO TIPO DE PESQUISA ADOTADA NESTE TRABALHO........................................58

3.2 ESTRATÉGIAS PARA CONDUÇÃO DA PRESENTE PESQUISA....................................................59

3.3 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS PARA CONDUÇÃO DA PRESENTE PESQUISA................................60

3.4 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS PARA ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO.............62

3.4.1 NORMA SAE J4000: BREVE CONCEITUAÇÃO E ESTRUTURA DE REFERÊNCIA...................62

3.4.2 OS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS CONSIDERANDO AS ABORDAGENS TRADICIONAL E

AMBIENTAL.............................................................................................................................................64

3.4.3 ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO..................................................................68

3.4.4 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO GRAU DE ADERÊNCIA.........................70

CAPITULO IV - ANÁLISE DOS RESULTADOS.....................................................................................71

4.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................................................71

4.2 APRESENTAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO ELABORADO.........................................72

4.3 ANÁLISE CONJUNTA DOS DADOS APURADOS...........................................................................73

4.3.1 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO ELABORADO NO PRESENTE ESTUDO................................78

4.3.2 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO EM OUTROS SETORES DA ECONOMIA...80

4.3.3 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIÇÃO EM RELATÓRIOS DE CONTEXTO

GLOBAL...................................................................................................................................................81

CAPITULO V CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................85

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5.1 ASPECTOS RELACIONADOS AO TEMA DA PESQUISA...............................................................85

5.2 ASPECTOS RELACIONADOS À CONDUÇÃO DA PESQUISA......................................................86

5.3 CONCLUSÕES..................................................................................................................................87

5.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...............................................................................102

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................103

ANEXO A ARTIGOS ELABORADOS A PARTIR DESTA PESQUISA..................................................112

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19

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO

Diante da problemática ambiental do século XXI, ou seja, as externalidades geradas pelo

processo produtivo com ameaças para a economia global associadas às mudanças climáticas,

destruição do ambiente natural e a poluição da terra, do ar e da água faz-se necessária uma

reestruturação do desenvolvimento de forma sustentável.

Desenvolvimento sustentável de maneira que as necessidades de consumo atuais possam ser

supridas sem comprometer a sustentabilidade do planeta no futuro. A reestruturação exige postura

estratégica das organizações muito além da visão de lucratividade, criando assim a exigibilidade de

implantação de novos métodos de gestão e processos produtivos.

A partir do assunto abordado o presente estudo analisou o posicionamento das usinas em

funcionamento do setor sucroalcooleiro no Estado de São Paulo, no que se refere a uma gestão

organizacional direcionada ao desenvolvimento sustentável nas dimensões: financeira, ambiental,

tecnológica e humana. Setor considerado por Bragato et al. (2008) como evidente propulsor de

desenvolvimento, com expressiva dimensão social e base de sustentação econômica do país.

Com a abertura de novos mercados, para o setor permanecer na posição de liderança mundial,

as destilarias estão sendo incorporadas por grandes grupos e informações estão sendo divulgadas em

fontes públicas onde os dados necessários para a presente pesquisa foram coletados para análise do

posicionamento do setor.

Devido à expressividade brasileira em produção e exportação no setor sucroalcooleiro, a busca

pela excelência torna-se constante e diretamente ligada à sustentabilidade. Diante do crescimento na

participação em mercados internacionais e das exigências dos grupos de interesses, as empresas

nacionais do setor sucroalcooleiro buscam melhorias na gestão organizacional, ou seja, melhores

práticas, novas tecnologias e adequação, no que diz respeito à questão ambiental.

Savitz e Weber (2007) definem como Sweet Spot o lugar em que a busca do lucro se mistura

com a busca do bem comum e, destacam que as empresas bem gerenciadas em todo mundo estão

tentando localizar e atuar nessas regiões de interesses mútuos.

Os autores complementam que as empresas estão desenvolvendo novas maneiras de fazer

negócios, com o objetivo de localizar nessas áreas de interesses mútuos e nelas se estabelecerem.

Sugerem ainda refletir sobre sustentabilidade como território compartilhado pelos interesses da

empresa (os stakeholders financeiros) e pelos interesses do público (stakeholders não financeiros).

Há um consenso que uma das maneiras de se tornar um sistema sustentável é realizando o

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seu gerenciamento de maneira integrada, ou seja, envolvendo as dimensões econômica, ecológica e

social, como destaca Satolo (2008) e ilustrado na Figura 1.

Satolo e Calarge (2008) destacaram que ao se analisar a dimensão de sustentabilidade do

complexo sucroalcooleiro nota-se que este setor ainda terá de enfrentar diversas dificuldades até

alcançar um grau de sustentabilidade.

As empresas do setor sucroalcooleiro para se manterem competitivas estão voltadas para uma

gestão de transparência, ética e responsabilidade socioambiental, com mudanças nos processos e na

gestão organizacional, estão vivenciando assim uma fase de mudanças, uma vez que isso não é uma

prática comum dessas empresas.

FIGURA 1 - A sustentabilidade e suas dimensões. Fonte: Adaptado Fresner e Engelhardt, 2004.

Devido a este cenário, no que se refere ao aspecto contábil verifica-se que informações

fornecidas pela contabilidade tradicional não contemplam aspectos relacionados às externalidades

geradas pelas práticas empresariais com relação aos investimentos que visam à sustentabilidade.

Traduzir a informação social e ambiental em linguagem de negócios é uma possibilidade de

atrair a atenção dos mercados e, para tanto, é necessário desenvolver ferramentas contábeis que

permitam que as externalidades sejam incorporadas ao beneficio econômico calculado pelas empresas

e a Contabilidade de Custos Ecológicos Completos (CCEC) pretende ser uma resposta válida para esta

questão (CHULIÁN, 2006).

A metodologia apresentada por Chulián (2006) esclarece e traduz em linguagem de negócios

as contribuições geradas para empresa tornar-se sustentável, sendo a mesma um dos modelos

utilizados no presente trabalho, dentre outros que foram pesquisados junto ao referencial bibliográfico,

como os critérios definidos pelas normas do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

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Ribeiro (1998) destacou que a mensuração dos custos ambientais esbarrava nas limitações

dos instrumentos da contabilidade, já que, pela sua natureza, a maioria destes custos se enquadra na

classificação de custos indiretos de fabricação, ou o consumo de recursos ocorre concomitante ao

processo produtivo normal, dificultando com isso sua identificação.

Diante da dificuldade de mensurar os custos ambientais uma gestão contábil integrada poderá

colaborar para o levantamento de investimentos e retornos obtidos pelas empresas engajadas no

contexto da preservação ambiental. Destaca-se que o Brasil ocupa um lugar de destaque em produção

acadêmica sobre açúcar e álcool, por o Brasil ocupa o primeiro lugar em produção acadêmica sobre

açúcar e álcool, porém constatou-se neste estudo que em sua maioria as pesquisas estão

concentradas na área de ciências biológicas.

1.1 Justificativa

Foi observado que na literatura há um número reduzido de discussões quanto aos aspectos

envolvidos no processo de uma Gestão Contábil Integrada, no entanto há também inúmeras lacunas a

serem preenchidas e a aplicação de princípios e ferramentas na mensuração dos custos ambientais

mostrou-se necessária. Além disso, a discussão possibilita a verificação da necessidade de

implantação de uma gestão que contemple as dimensões econômica, social e ambiental.

Carvalho (2008) destaca que a contabilidade tradicional já definiu instrumentos necessários e

suficientes para demonstrar os fatos que se relacionam com a empresa, tendo em vista os fatos

ambientais não poderia ser diferentes.

Para Ribeiro (2005), os objetivos da contabilidade ambiental estão consolidados em identificar,

mensurar e esclarecer os eventos e transações econômico-financeiros que estejam relacionados com a

proteção, preservação e recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período, visando à

evidenciação da situação patrimonial da entidade.

Optou-se analisar o Estado de São Paulo devido a sua expressividade no setor sucroalcooleiro

nacional e internacional, por existir uma pequena quantidade de trabalhos direcionados a abordagem

em questão, e pelo fato da gestão contábil tradicional não contemplar informações que dizem respeito

à gestão ambiental, ou seja, as externalidades positivas e negativas geradas pelas empresas durante o

processo produtivo. A Figura 2 apresenta as porcentagens de participação na produção da safra

2007/2008.

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FIGURA 2 – Produção Nacional e Produção Região Centro Sul Safra 2007/2008. Fonte: ÚNICA, 2009.

De acordo com Freire et al. (2006), frente aos dilemas no que diz respeito à forma se relacionar

com a sociedade e com o meio ambiente as entidades têm repensado suas ações e a contabilidade

diante deste cenário, tem papel preponderante junto a seus usuários internos e externos, impondo a

necessidade de adequação a essa realidade.

Para Lima e Viegas (2002) a contabilidade, na condição de ciência social, passou a ser

questionada sobre o desempenho ecológico das empresas na sociedade, tendo, com isso, uma nova

perspectiva acerca de seu papel. Neste contexto, justifica-se o estudo a seguir como uma contribuição

acadêmica, com vistas de que a contabilidade é uma ciência social inserida na gestão das empresas.

1.2 Objetivos

O presente trabalho teve como objetivo elaborar e aplicar um instrumento de avaliação para

verificar o grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista à abordagem da Gestão Contábil

Ambiental, de acordo com os constructos definidos neste trabalho.

Pretendeu-se obter com presente estudo um instrumento que possa verificar o posicionamento

do setor sucroalcooleiro paulista quanto à Gestão Contábil Integrada, para tanto os itens 1.2.1 e 1.2.2 a

seguir apresentam o Objetivo Geral e os Objetivos específicos para que o presente estude pudesse

alcançar sua proposta.

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1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do presente trabalho foi a elaborar e aplicar um instrumento de avaliação do

grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista sob a abordagem da Gestão Contábil Ambiental.

Para tanto, realizou-se uma análise das práticas socioambientais no que diz respeito ao

contexto em que as usinas paulistas estão inseridas. As práticas analisadas foram quanto às

exigências para preservação do meio ambiente, as necessidades do mercado consumidor, e aos

fatores tecnológicos e humanos de seus processos organizacionais e produtivos.

1.2.2 Objetivos específicos

Dando ênfase as tendências no cenário da indústria canavieira, faz-se necessário uma análise

de aspectos que são importantes para que as empresas possam atingir novos patamares de gestão

contábil, possibilitando a apresentação de relatórios em uma linguagem acessível aos seus usuários e

permanecendo competitivas e lucrativas em seus mercados de atuação.

Tendo em vista o objetivo geral do presente trabalho, como objetivos específicos destacaram-

se como podem ser apresentados os fatores ambientais nos relatórios contábeis integrados, a partir de:

- realizar um levantamento nas empresas do setor sucroalcooleiro paulista das práticas

socioambientais que subsidiam a gestão contábil ambiental, sob o escopo da Resolução 1.003/04

denominada Norma Brasileira de Contabilidade NBC T 15 e da minuta da NBC TE, ambas do CFC.

- analisar sob o ponto de vista da Gestão Contábil Tradicional e da Gestão Contábil Ambiental as

informações constantes nos relatórios econômico-financeiros das empresas do setor.

- verificar a aplicação de Sistemas de Gestão Integrada (SIS) e de Sistemas Normativos de Gestão:

Internacional Organization for Stardardization (ISO) 9001, Internacional Organization for Stardardization

ISO 14001 e Occupational Health & Safety Advisory Services (OSHAS) 18001 nas empresas do setor,

bem como a adequação destas informações aos sistemas de avaliação contábil e financeira.

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1.3 Estrutura do Trabalho

Para atingir os objetivos propostos, esta dissertação está estruturada em 5 (cinco) capítulos,

que buscam descrever o desenvolvimento do estudo sobre o posicionamento das empresas do setor

sucroalcooleiro do Estado de São Paulo diante das exigências dos stakeholders (financeiros e não

financeiros) e da necessidade de implantação de novos processos para uma gestão direcionada ao

desenvolvimento sustentável. Para tanto o presente capítulo apresenta a introdução e contextualização

do assunto a ser abordado.

O Capítulo II apresenta a revisão conceitual sobre: (i) Mudanças nos paradigmas de gestão, (ii)

Sustentabilidade e suas abordagens, (iii) Sistemas Integrados de Gestão – SIG, (iv) A questão contábil

com abordagem tradicional e integrada e (v) Breve contextualização do setor sucroalcooleiro.

O Capítulo III descreve a metodologia utilizada para o desenvolvimento do presente trabalho e

as etapas para a condução da pesquisa. No Capítulo IV são analisados os resultados obtidos na

condução da pesquisa. As conclusões e as considerações finais são apresentadas no Capítulo V.

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CAPÍTULO II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Mudanças no paradigma de Gestão Organizacional

No contexto atual das organizações, com as exigências dos grupos de interesses (stakeholders

financeiros e não financeiros) e com diferentes sistemas de gestão sendo implantados surge uma nova

necessidade: a integração dos sistemas em um único sistema, que Karapetrovic e Casedésus (2009)

denominam como Sistema Integrado de Gestão (SIG).

Para os autores, quando se trata de organizações com responsabilidades ambientais, a norma

ISO 14001 não foi o único Sistema de Gestão a ser implantado e destacam que os Sistemas de Gestão

da Qualidade (SGQ), baseados principalmente em normas ISO, como a ISO 9001, também têm sido

bem sucedidos em sua implantação.

Os autores complementam que a literatura especializada contém muitas contribuições para a

análise do impacto do SIG e no plano teórico, diferentes modelos e teorias para a integração têm sido

desenvolvidos sendo que alguns países criaram os seus próprios modelos de integração de sistemas

de gestão, citam como exemplo: a Austrália, a Dinamarca e a Espanha.

Para Henri e Journeault (2009), considerando o desempenho econômico resultante de

melhorias no desempenho ambiental, os gestores devem estar conscientes da importância da

integração das questões ambientais nos sistemas de controle de gestão existentes e denominam de

eco-controle a aplicação de métodos de controle financeiro e estratégico no gerenciamento ambiental.

Diante da necessidade de se obter e prestar informações das estratégias adotadas, para

Dillard et al. (2009) a gestão das organizações deve formular e implementar estratégias ambientais e

sistemas de informação que permitam sustentar tais estratégias, sendo os sistemas de gestão e as

informações contábeis um tipo particular de representação simbólica que contém o conhecimento,

facilitando o controle hierárquico.

Complementam que tal representação simbólica manifesta-se como tecnologia de gestão que

informa a ação intencional das organizações no processo de transformação e de sistemas que podem

promover a manutenção dos processos, o processo de exploração, ou alguma combinação de ambos.

Schaltegger e Burrit (2009) destacam que a procura de informações sobre os efeitos

econômicos das atividades ambientais e sociais contribui para impulsionar o desenvolvimento de

ferramentas de contabilidade para uso em práticas de sustentabilidade empresarial.

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Para Vellani e Ribeiro (2009) os conceitos “Responsabilidade Social Corporativa” e

“Sustentabilidade Empresarial” convergem para o mesmo objetivo: integrar os aspectos econômicos,

sociais e ecológicos dos negócios.

Segundo os autores a sustentabilidade empresarial pode ser alcançada por meio da

manutenção de ações ecológicas que convergem para a eco eficiência. Além disso, outras atividades

ambientais podem contribuir para a proteção do meio ambiente, mas não reduzem o impacto negativo

do próprio negócio.

Bebbington e Gray (2001) destacam que a literatura contábil tem demonstrado um aumento

considerável na preocupação com questões de sustentabilidade e os papéis que desempenha na

prática contábil: (i) legitimando a crença e legado do negócio para a sustentabilidade das operações e

(ii) desafiar essa crença e, no desenvolvimento da contabilidade alternativa que pode oferecer

diferentes construções da "natureza", "sociedade" e "sucesso empresarial".

Para Gray (2009), qualquer tentativa de abordagem de conta da sustentabilidade

organizacional obriga abordar como essa conta será articulada com o entendimento a nível global do

termo. A primeira escolha que se faz, portanto, acerca de contabilidade é como se pode imaginar e

descrever (explicar) um estado em que a sustentabilidade é de interesse e preocupação.

Schaltegger e Burrit (2000) apud Burrit et al. (2009) destacam a que Gestão Contábil Ambiental

incorpora um conjunto relativamente novo de ferramentas de gestão que ajudam as empresas que

procuram melhorar o seu desempenho ambiental e econômico e complementam a mesma parte da

infra-estrutura da contabilidade.

A infra-estrutura citada, segundo os autores, fornece um ambiente de informações

relacionadas aos gestores que ajuda a aumentar a conscientização da sociedade diante dos impactos

ambientais, para descobrir os benefícios financeiros e a redução de custos que podem ser adquiridos

ao enfrentar os desafios ambientais que se colocam diante das atividades.

A Gestão Contábil ao assumir sua nova dimensão traz inovações para a visão de seus

profissionais como descrevem Fleischman e Schuele (2006) baseando-se nas descrições de Medley

(1997). As visões para os profissionais contábeis, de acordo com os autores, são apresentadas no

Quadro 1 a seguir.

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PROFISSIONAL VISÃO

Contador Financeiro - Que o torna apto a compreender o patrimônio ambiental, passivos e contingências;

- E ser capaz de identificar e relatá-los com precisão, utilizando algum processo padronizado

Contador de Gestão

- Que o torna apto ao entendimento completo de todos os custos e benefícios ambientais dentro de uma organização;

- Do ponto de vista operacional e de produto o que permitiria decisões racionais a serem feitas sobre a maneira que a organização deve desenvolver no futuro.

Auditor - Que o torna apto a entender dos controles de gestão ambiental, processos e sistemas, o que permitirá fornecer uma real verificação das contas ambientais.

QUADRO 1 – As visões do profissional contábil. Fonte: Medley (1997) apud Fleischman e Schuele (2006).

2.2 Sustentabilidade nas abordagens econômico-financeira e de produção

Este item apresenta os aspectos da sustentabilidade contemplando as abordagens econômico-

financeira e de produção.

2.2.1 Abordagem econômica financeira

Desde a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto a possibilidade de utilização do “Mecanismo

de Desenvolvimento Limpo” (MDL), tem atraído cada vez mais a atenção do mundo dos negócios e do

setor empresarial, surgindo a necessidade de se rever de forma geral o tratamento direcionado ao meio

ambiente e de criar fontes alternativas de desenvolvimento e subsistência humana sem causar danos

irreversíveis à vida do ser humano no planeta Terra (CGEE, 2008).

Acordos, protocolos, convenções, debates e inúmeras informações compõem o universo que

trata do desenvolvimento sustentável e há necessidade de mudanças no setor econômico de imediato,

para obtenção de resultados em longo prazo. Dessa forma, várias organizações têm procurado estar

em conformidade com as questões relacionadas à sustentabilidade, trilhando caminhos que as

projetem como responsáveis, comprometidas e transparentes em relação aos problemas do meio

ambiente.

Para Camargos (2006) um indicador considerado para a realização da análise de

sustentabilidade é o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (Dow Jones Sustainability Indexes - DJSI),

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o qual foi criado pelo mercado de capitais como meio de considerar a sustentabilidade como projeção

para os participantes de suas carteiras.

O autor complementa que o índice DJSI tem representado ganhos para acionistas que

investem em empresas sustentáveis, sendo que considerando como exemplo os primeiros nove meses

de 2006, o DJSI registrou valorização de 15,9% frente a 14% do Índice Dow Jones.

Turnhout et al. (2007) destacam os indicadores como fenômenos bem conhecidos, para a

gestão e compreensão de sistemas complexos, como os existentes na sociedade ou no ambiente. A

simplificação é uma exigência, sendo essencial para essa compreensão a construção de uma imagem

simples com um conjunto limitado de fatores relevantes: os indicadores. Os autores citam como

exemplo o DJSI sendo o indicador número um de qualidade econômica.

Souza (2008) demonstrou que de um total de 320 participantes da carteira 2007/2008 do DJSI,

08 são empresas brasileiras sendo elas: Aracruz, Bradesco, Itaú Holding Financeira, Cemig, Itaúsa

Investimentos, Petrobrás, Usiminas e Votorantin Celulose e Papel, que atuam em diferentes setores da

economia como as demais participantes.

De acordo com o DJSI (2010) a carteira do índice possui um total de 19 setores, sendo eles:

bancário, químico, automobilístico, serviços públicos, petróleo e gás, sendo as empresas reconhecidas

quanto à criação de valor em longo prazo aos seus investidores, ao gerenciamento de riscos

econômicos, ambientais e sociais.

Na carteira 2008/09 de 317 participantes, de 19 supersetores diferentes, o Brasil está

representado por 7 empresas: Aracruz Celulose S/A, Banco Bradesco S/A, Cemig – Cia Energética de

Minas Gerais, Banco Itaú Unibanco S/A, Itaúsa – Investimentos Itaú S/A, Petrobras – Petróleo

Brasileiro S/A e Redecard.

Segundo o DJSI (2010) o resultado global da Itaúsa melhorou impulsionado pela gestão de

riscos e de crises, gestão da marca, gestão ambiental, eco-eficiência das operações, saúde

ocupacional e segurança dos empregados, bem como inclusões financeiras.

Sendo uma holding de investimentos, a Itaúsa conseguiu avançar na incorporação das

questões econômicas, sociais e ambientais nas suas sociedades gestoras de participações nos setores

financeiro e imobiliário, madeira, cerâmica, produtos químicos, metais sanitários e componentes

eletrônicos.

No DJSI (2010) há o destaque também para a holding da Itaúsa, a Duratex, que atua na

fabricação de produtos de madeira através de oito unidades industriais no Brasil, como membro

financiador e membro fundador do Green Building Council Brazil, suas operações florestais na Forest

Stewardship Council (FSC) e sua certificação pelo Selo Verde.

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No que diz respeito a eco-eficiência, de acordo com o DJSI (2010) em todas as explorações

houve melhores resultados e a capacidade de gestão de humanos destaca-se em toda a exploração,

nomeadamente em termos de práticas de trabalho e bem-estar dos trabalhadores.

Destaca-se que a Cemig e a Itaúsa estão classificadas como líderes nesta carteira de 2009,

nos supersetores a que pertencem denominados de utilitários e serviços financeiros respectivamente.

As pontuações das brasileiras líderes no DJSI podem ser observadas nas Figuras 3 e 4.

FIGURA 3 – Sustentabilidade Pontuações - ITAUSA. Fonte: DJSI, 2010.

FIGURA 4 – Sustentabilidade Pontuações - CEMIG. Fonte: DJSI, 2010.

Consta no DJSI (2010) que a CEMIG é um membro de longa data e uma empresa com

impressionante desempenho e mais uma vez tornou-se líder da indústria. O DJSI relata o lançamento

em março de 2009 do Programa Minas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que tem como objetivo

SUSTENTABILIDADE – PONTUAÇÕES Dimensão Econômica

Dimensão Ambiental

Dimensão Social

DJSI média do setor em uma base global

Cia Energética Minas Gerais (CEMIG)

Melhor empresa em uma base global no setor DJSI

Dimensão Social

Dimensão Ambiental

Dimensão Econômica

SUSTENTABILIDADE - PONTUAÇÕES

DJSI média do setor em uma base global

Melhor empresa em uma base global no setor DJSI

ITAUSA-INVESTIMENTOS ITAU SA

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alavancar o desenvolvimento e expansão de mercados regionais e capitalizar oportunidades de

mercado existentes para a energia hidrelétrica.

Os consumidores da energia gerada pelas PCHs serão beneficiados pela redução de sua tarifa

e poderão, também, ser beneficiados por consumirem energia de fontes renováveis. Os projetos de

geração a partir dessas fontes são elegíveis ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), visando

à obtenção de créditos de carbono (CEMIG, 2010).

O DJSI (2010) destaca também que em conjunto a todo este contexto, a CEMIG tem

aproveitado as oportunidades do mercado potencial, investindo em projetos que utilizam fontes de

energia renováveis, especialmente a biomassa, energia solar e usinas de geração elétrica eólica e

possui um sistema de medição bem desenvolvido para o desempenho, com indicadores de satisfação

do cliente, inovação, entre outros.

A empresa tem demonstrado a sua sensibilidade para com o ambiente, investindo em projetos

que visem o uso racional da energia, a co-geração e a distribuição. A empresa também foca reforçar a

interação com as partes interessadas, pois, em 2008 criou um projeto chamado Cemig 2.0, para

aproveitar os benefícios de aplicações Web 2.0.

Índices como o DJSI, listam empresas que operam em conformidade com os princípios do

desenvolvimento sustentável. O Quadro 2 apresenta os critérios pelos quais as empresas são

identificadas e classificadas no índice.

PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO

Tecnologia Tecnologia inovadora e de organização que utiliza recursos financeiros, naturais e sociais de forma eficiente, eficaz e economicamente viável.

Governança Os elevados padrões de governança corporativa, incluindo a responsabilidade pela gestão, capacidade organizacional, cultura corporativa e relações das partes interessadas.

Acionistas As exigências devem ser cumpridas pelo retorno financeiro de longo prazo com crescimento econômico, aumento da produtividade e contribuições de capital intelectual levando em consideração a acirrada competitividade global.

Indústria Liderar uma mudança rumo à sustentabilidade da indústria demonstrando compromisso e alto desempenho.

Sociedade Incentivo duradouro ao bem estar social por adequadas respostas em tempo oportuno para a mudança social, evolução demográfica, fluxos migratórios, mudando os padrões culturais e a necessidade de educação continuada.

QUADRO 2 – Princípios de Sustentabilidade. Fonte: Adaptado de Shingh et al., 2008.

O Quadro 3 abaixo apresenta um resumo de índices de sustentabilidade na área de

investimento, avaliação e gerenciamento de ativos.

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ÁREA ÍNDICES LOCAL In

vest

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valia

ção

e G

eren

ciam

ento

de

Ativ

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Gerenciamento de Ativo Sustentável (SAM) Suíça

Sustentabilidade Dow Jones (grupo DJSGI) E.U.A.

Sustentabilidade Empresarial da Bovespa Brasil

Benchmarking E.U.A. refinarias de petróleo, o Fundo de Defesa Ambiental (EDF) E.U.A.

ECCO-CHECK Índice de Avaliação de Riscos Ambientais Ltd. Reino Unido

Investor Responsibility Research Centre (IRRC) E.U.A.

Council on Economic Priorities (CEP) E.U.A.

Oeko Sar Fund, Bank Sarasin e Cie Suíça

Storebrand Scudder Environmental Value Fund Noruega

Innovest Strategic Advisors E.U.A.

Oekom Ambiente Avaliação Alemanha

Júpiter Income Trust Funds (filial de Júpiter Tyndall Group PLC) Reino Unido

QUADRO 3 - Resumo dos índices de sustentabilidade. Fonte: Shingh et al., 2008.

Segundo Shingh et al. (2008) o DJSI permite a aferição do desempenho dos investimentos em

empresas e fundos de sustentabilidade, monitora o desempenho dos primeiros 10% das empresas no

índice Dow Jones Global ao que se refere à liderança em sustentabilidade. Os critérios pelos quais as

empresas são identificadas e classificadas baseiam-se em cinco princípios de "sustentabilidade":

tecnologia, governança, acionistas, indústria e sociedade.

Luz (2009) destaca a crescente preocupação da sociedade e a urgência de se buscar o

equilíbrio entre desenvolvimento econômico, meio ambiente e justiça social e que os mercados

financeiros atentos a essa preocupação, buscando atender a demanda de uma parcela crescente de

investidores têm criado índices e fundos.

De acordo com este autor o pré-requisito para participação da empresa é ter uma atuação

diferenciada em termos de sustentabilidade empresarial. Conforme o autor esse tipo de investimento é

conhecido como “Investimentos Socialmente Responsáveis (ISR)”.

Krajnc e Glavic (2005) ressaltam que relatórios de sustentabilidade estão surgindo como uma

nova tendência na comunicação corporativa, integrando o desempenho financeiro, ambiental e social

da empresa, fazendo aumentar a complexidade na agregação de diferentes indicadores em um índice

único, o que possibilitaria a avaliação rápida e eficiente de sustentabilidade da empresa, bem como

aferição de empresas dentro de um setor específico.

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2.2.2 Abordagem de Produção

De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 2002) o processo

de uso e transformação de recursos naturais traz efeitos negativos, como fica cada vez mais evidente

conforme se tornam mais intensas e complexas as interações entre a humanidade e a natureza.

Segundo a CESTESB este fato fez necessárias medidas que limitassem os danos causados pelas

atividades no meio ambiente.

Diante das conseqüências decorrentes das atividades produtivas, iniciativas têm surgido no

sentido da redução e controle dos problemas causados com a geração de resíduos, considerando

primariamente a abordagem corretiva, a qual envolve procedimentos tais como descarte de resíduos,

redução de emissões poluentes e tratamento dos efluentes.

Contudo, segundo a CETESB a abordagem direcionada pelo controle corretivo tem sido

redirecionada para uma abordagem fundamentada em ações preventivas, uma vez que a geração de

resíduos é resultado da ineficiência de transformação de insumos (matéria-prima, água e energia) em

produtos.

Para a CETESB a ineficiência acarreta danos ao meio ambiente e custos para as empresas,

passando a ser considerada como um desperdício de recursos com compra de insumos, desgaste de

equipamentos, horas de empregados, além dos demais custos envolvidos com o seu armazenamento,

tratamento, transporte e disposição final

O conceito de Produção Mais Limpa (P+L) tem surgido como uma forma de adequar os

sistemas de transformação aos preceitos da sustentabilidade, podendo ser conceituada segundo a

Rede Brasileira de Eco Eficiência (2009) como a aplicação contínua de uma estratégia técnica,

econômica e ambiental.

A Rede Brasileira cita a estratégia de modo a aumentar a eficiência no uso da matéria-prima,

como água e energia, integrando processos, produtos e serviços visando a não geração, minimização

ou reciclagem de resíduos e emissões, resultando assim em benefícios ambientais, ocupacionais e

econômicos. A Figura 5 a seguir ilustra os elementos envolvidos na P+L.

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FIGURA 5– Elementos essenciais da abordagem P+L. Fonte: Rede Brasileira de Eco Eficiência, 2009.

Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP, 2009), a implementação de

um programa de prevenção de poluição consiste em aplicação de técnicas ou conjunto de técnicas em

uma área contaminada, visando à remoção a contenção dos contaminantes presentes de modo a

possibilitar sua reutilização com limites aceitáveis ao meio ambiente e a saúde humana, as etapas são

apresentadas na Figura 6.

FIGURA 6 – Etapas necessárias para a obtenção da P+L. Fonte: FIESP, 2009.

Oliveira e Alves (2007) citam que um maior interesse pela consciência ambiental em diversos

segmentos industriais tem sido observado dado ao aumento dos níveis de poluição, desenvolvimento

de legislações preventivas e crescimento da demanda de produtos e processos de produção “verde”.

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Os autores complementam que até recentemente, os esforços industriais para aliviar os

impactos ambientais de seus produtos e processos estavam focados em duas áreas: desenvolvimento

de um processo de reciclagem, especialmente para metais e plásticos, e substituições de produtos

químicos nos processos de manufatura, tornando-os denominados “processos limpos”.

2.3 Sistemas Integrados de Gestão (SIG)

Para Barbeiro et al. (2007) um Sistema de Gestão compreende a estrutura organizacional, as

atividades de planejamento, as responsabilidades, as práticas, os métodos e critérios, os processos e

os recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política de uma

dada dimensão de interesse.

Os autores também salientam que esta dimensão de interesse pode ser a qualidade, o meio

ambiente, a segurança da informação, a segurança e saúde ocupacional, a responsabilidade social

interna ao local de trabalho ou a responsabilidade social ampla, dentre outras.

Satolo (2008) destaca que há um consenso que uma das maneiras de se tornar um sistema

sustentável é realizando o seu gerenciamento de maneira integrada, ou seja, envolvendo as dimensões

econômicas, ecológicas e sociais, com destaque a vários estágios e aspectos referentes à aplicação de

sistemas de gestão no complexo sucroalcooleiro, como ilustra a Figura 7.

FIGURA 7 – Estágios e aspectos da gestão organizacional no complexo sucroalcooleiro. Fonte: Satolo, 2008.

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Como integrar os Sistemas de Gestão ainda possui inúmeras lacunas, para os autores

Karapetrovic e Jonker (2003) muitas questões referentes à integração ainda estão sem resposta, sendo

elas: (i) Integração significa total fusão dos Sistemas de Gestão, onde funções específicas dos

sistemas perdem sua identidade em separado, ou simplesmente um alinhamento dos Sistemas

existentes com o objetivo de alcançar uma maior compatibilidade? (ii) A integração envolve todos os

níveis hierárquicos da organização ou é possível que, por exemplo, na média gerência isto não seja

necessário? (iii) Qual o melhor modelo de um SIG? (iv) Em qual seqüência as funções específicas dos

Sistemas deveriam ser integradas? (v) Quais metodologias e técnicas/métodos de suporte deveriam

ser adotadas?

Para Barbeiro et al. (2007) as respostas a estas questões dependem da situação em que a

empresa se encontra, como por exemplo, uma organização pode necessitar apenas do alinhamento

dos seus Sistemas de Gestão da Qualidade, Segurança e Meio Ambiente, enquanto que outra,

principalmente se for de pequeno porte, pode preferir um Sistema totalmente integrado, há também a

necessidade de uma metodologia que ilustre como colocar diferentes sistemas juntos, de maneira

compreensível, que possibilite diferentes condições iniciais e objetivos.

Segundo o autor uma boa alternativa é iniciar a integração pelos elementos que são mais

facilmente integráveis dentro do Sistema já existente, principalmente pelo fato de muitas empresas

estarem considerando (ou estarem em processo de) a integração da ISO 14.001, com algum Sistema

de Qualidade já certificado (ISO 9.001ou ISO TS 16.949).

2.3.1 Normas regulamentadoras de certificação

A International Organization for Standardization (ISO), com sede em Genebra na Suíça, é

definida por Fleischman e Schuele (2006) como a federação mundial que estabelece normas para

facilitar o intercâmbio internacional de bens e serviços, que em 1987 emitiu a ISO 9.000, preocupada

com a Gestão da Qualidade.

Os autores citam que no ano de 1996 foi criada a primeira norma da família ISO 14.000,

preocupada com a gestão ambiental com a ISO 14.001 abordando especificamente os sistemas de

Gestão Ambiental. Destacam ainda que a conformidade ISO 9.000 tornou-se um pré-requisito em todo

o mundo para estabelecer relações comerciais.

De acordo com Herrera et al. (2005) a ISO série 9.000 compreende um conjunto de cinco

normas (ISO 9.000 a ISO 9.004) e que além destas cinco normas deve-se citar a existência da ISO

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8.402 (Conceitos e Terminologia da Qualidade), da ISO 10.011 (Diretrizes para a Auditoria de Sistemas

da Qualidade) como também de uma série de guias ISO pertinentes à certificação e registro de

sistemas da qualidade.

Celik (2009) complementou que a série ISO 9.000 é um conjunto de padrões internacionais de

qualidade de gestão e orientações e desde a publicação inicial em 1987, as normas ganharam uma

reputação mundial e devido à sua natureza genérica têm ampla gama de campo de aplicação em

diferentes ramos da indústria.

Satolo (2008) destacou que no SIG estão integradas basicamente quatro normas: (i) Norma

Brasileira Regulamentadora (NBR) ISO 9.001 (Qualidade); (ii) NBR ISO 14.001 (Meio ambiente); (iii)

OSHAS 18.001 (Saúde e Segurança Ocupacional) e (iv) SA 8.000 (Responsabilidade Social).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) destaca que as normas da ISO

contribuem positivamente para o mundo, uma vez que asseguram características vitais como:

qualidade, ecologia, economia, segurança, confiabilidade, compatibilidade, interoperabilidade,

eficiência e efetividade. Facilitam o comércio, difundem conhecimento e compartilham os avanços

tecnológicos e as boas práticas de gestão, protegem usuários e consumidores simplificando muitos

aspectos de suas vidas.

2.3.2 Sistema Integrado de Gestão com abordagem na sustentabilidade

Fresner e Engelhardt (2004) apontaram que a base para a compreensão das abordagens para

o desenvolvimento sustentável pode ser estabelecida por traduzir o desenvolvimento em pequenos

passos relevantes para as condições reais das empresas.

Segundo os autores estas medidas consistem na aplicação de métodos de produção mais

limpa seguido de um sistema integrado de gestão, otimização da cadeia de abastecimento e

conseqüentemente as relações dos produtos, procedimento que constitui uma forma eficaz de começar

a compreender o desenvolvimento sustentável e suas estratégias nas empresas.

O item 2.4 a seguir apresenta a Gestão Contábil nas abordagens tradicional e integrada.

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2.4 Gestão Contábil: Abordagem Tradicional e Abordagem Integrada

Este item apresenta a Gestão Contábil sob os aspectos das abordagens da Gestão Contábil

Tradicional e da Gestão Contábil Ambiental.

2.4.1 Sistema de Gestão Contábil

Para Mosimann e Fisch (2009), a contabilidade é o ramo do conhecimento que estuda

conceitos de identificação e acompanhamento no tempo do patrimônio das entidades expresso

monetariamente, ocupa-se com fatos relacionados com a atividade econômica do homem limitada ao

âmbito das entidades, deve ser preditiva e fornecer informações e não dados.

Segundo os autores, no âmbito gerencial, o sistema de informação contábil deve habilitar a

otimização da distribuição de recursos sob controle de um responsável, com o fim de confrontar os

resultados reais de suas ações com os esperados.

Ribeiro (2008) destaca que a contabilidade é desenvolvida para as entidades, e define entidade

sendo o conjunto de pessoas, recursos e organizações capazes de exercer atividade econômica, como

meio ou como fim, as estruturas organizacionais são conhecidas como: empresas, indústrias,

companhias, fundações e consolidado ou conglomerado de empresas. Para a autora, até mesmo seus

segmentos internos, alvo de interesse e controle, podem ser considerados entidades.

Como destaca Ferreira (2009), as abordagens da contabilidade subordinam-se a seus

princípios fundamentais, sem os quais ela perde suas características. Sendo assim, qualquer modelo

que se diga contábil tem, obrigatoriamente, de seguir os Postulados Contábeis que são seu

sustentáculo científico, os quais são Entidade e Continuidade.

De acordo com a Resolução CFC n.º 750/93 - Princípios Fundamentais de Contabilidade,

quanto à sua observância é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade

das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), uma vez que na aplicação dos Princípios

Fundamentais de Contabilidade há situações concretas, a essência das transações deve prevalecer

sobre seus aspectos formais.

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade, conforme apresenta a Resolução do CFC,

representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o

entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País, concernem desta

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forma à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das

Entidades.

A Resolução do CFC em seu Capítulo II Art. 3º Incisos de I à VII enumera os princípios

contábeis quanto à conceituação, amplitude e enumeração: (i) da entidade; (ii) da continuidade; (iii) da

oportunidade; (iv) do registro pelo valor original; (v) da atualização monetária; (vi) da competência e (vii)

da prudência.

Em seu Art. 4º § Único, a referida Resolução esclarece o Princípio da Entidade quanto à

conceituação, amplitude e enumeração:

Reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos.

Por conseqüência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. O Patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova Entidade, mas numa unidade de natureza econômico-contábil.

Em seu Art. 5º §§ 1º e 2º, a referida Resolução esclarece o Princípio da Continuidade quanto à

conceituação, amplitude e enumeração:

A continuidade ou não da entidade, bem como sua vida definida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas. A continuidade influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da entidade tem prazo determinado, previsto ou previsível.

A observância do Princípio da continuidade é indispensável à correta aplicação do Princípio da competência, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado.

2.4.1.1 Abordagem Contábil Tradicional

Marion (2007) define contabilidade como instrumento que fornece o máximo de informações

úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa, muito antiga e sempre existiu para auxiliar

as pessoas a tomarem decisões, com o passar do tempo, o governo passou a utilizar-se dela para

arrecadar impostos tornando-a obrigatória para a maioria das empresas.

De acordo com Martins (2003) no que diz respeito às Demonstrações Contábeis, as referidas

demonstrações surgiram, provavelmente, na forma mais rudimentar possível, para suprir a necessidade

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do proprietário ou do gestor da atividade econômica controlar, avaliar e analisar a situação patrimonial

e o desempenho de seu negócio.

Para Ribeiro (2008), com a expansão das empresas, surgiram outros interessados como

banqueiros, fornecedores, governos, sindicatos, empregados e sociedade em geral que passaram a

exigir a prestação de contas sobre a entidade e seu desempenho, exigência que passou a se

concretizar nas demonstrações contábeis já em forma bem mais aprimorada que antes.

Para o governo as Demonstrações Contábeis são instrumentos adequados para controlar e

principalmente conhecer a base de sua arrecadação, para tanto instituiu a obrigatoriedade de sua

apresentação. De acordo com a Lei 6404/76 em seu Art. 176 § 4º, as demonstrações devem ser

complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis

necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício.

De acordo com o referido artigo, contemplando as alterações ocorridas com a nova Lei ao fim

de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia,

as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da

companhia e as mutações ocorridas no exercício:

- Balanço Patrimonial;

- Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPac);

- Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);

- Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC);

- Demonstração do Valor Adicionado (DVA).

Segundo o Pronunciamento Técnico CPC 09 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC),

a Demonstração do Valor Adicionado (DVA), representa um dos elementos componentes do Balanço

Social e tem por finalidade evidenciar a riqueza criada pela entidade e sua distribuição, durante

determinado período. A DVA deve ser elaborada e apresentada como parte integrante das

demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social. A distribuição da riqueza criada

deve ser detalhada da seguinte forma:

a) pessoal e encargos;

b) impostos, taxas e contribuições;

c) juros e aluguéis;

d) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos;

e) lucros retidos/prejuízos do exercício.

Para Ribeiro (2008) a DVA é uma forma de evidenciar a função social da empresa, bem como

sua contribuição para formar a riqueza global do país: o Produto Interno Bruto (PIB). Existe no Tesouro

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Americano do século XVIII referências sobre a DVA, no entanto seu desenvolvimento estaria associado

com a introdução do imposto sobre valor agregado nesses países.

A autora destaca também que a demonstração ganhou destaque a partir do ano de 1975 com a

publicação do Corporate Report pelo Accounting Standarts Steering Comittee, atualmente Accounting

Standarts Comittee, o qual recomendava a elaboração da DVA para evidenciar a distribuição da

riqueza gerada.

No que diz respeito ao Balanço Social, Ribeiro (2008) destaca que o mesmo foi instituído na

França no ano de 1977 com uma visão restrita a recursos humanos. No entanto, com o tempo, ganhou

uma abordagem mais ampla e passou a contemplar, além dos dados relativos a esses recursos, a

questão ambiental, a cidadania e o valor agregado à economia do país. Desta forma o Balanço Social

deve refletir toda a responsabilidade da empresa para com a sociedade.

Em 1984, a empresa Nitrofértil produz seu Balanço Social, reconhecido como o primeiro

publicado no Brasil. Atualmente, independentemente da obrigatoriedade, por questão de

responsabilidade social, a empresa que sempre buscou o lucro dos proprietários, precisa incluir entre

suas metas a satisfação da sociedade. Muitas empresas têm publicado nos jornais de grande

circulação, o Balanço Social, tentando evidenciar sua contribuição para o desenvolvimento sustentável.

Outras empresas têm utilizado seus sites para levar tal informação ao público (RIBEIRO, 2008).

O Quadro 4 a seguir apresenta as demonstrações obrigatórias para efeito da legislação

tributária de acordo com o Art. 176 da Lei 6404/76 e situação atual levando em consideração as

alterações ocorridas com a Lei 11.638/07.

Lei 6404/76 Situação atual

Balanço Patrimonial Permanece

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados - DLPac Permanece

Demonstração do Resultado do Exercício - DRE Permanece

Demonstração das Origens e Aplicações de recursos - DOAR Vetada pela Lei 11.638/76

Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC Redação dada pela Lei 11.638/07

Demonstração do Valor Adicionado - DVA Incluída pela Lei 11.638/07

QUADRO 4 – Demonstrações Contábeis Obrigatórias. Fonte: Lei 6404/76 e Lei 11.638/07 Brasil, 2007.

O Quadro 5 apresenta o conteúdo de cada um dos demonstrativos contábeis de acordo com a

Lei 6404/76 considerando as alterações ocorridas com Lei 11.638/07.

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DEMONSTRATIVO DESCRIÇÃO

Balanço Patrimonial

Seção III Art. 178 Lei 6.404/76 com alterações da Lei 11.638/07

As contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados

Seção IV Art. 186 Lei 6.404/76 com alterações da Lei 11.638/07

Discriminará:

- Saldo do início do período, ajustes de exercícios anteriores e correção monetária do saldo inicial; reversões de reservas e lucro líquido do exercício; transferências para reservas, dividendos, parcela dos lucros incorporada ao capital e saldo ao fim do período.

Demonstração do Resultado do Exercício

Seção V Art. 187 Lei 6.404/76 com alterações da Lei 11.638/07

Discriminará:

- Receita bruta das vendas e serviços, deduções das vendas, abatimentos e impostos; receita líquida das vendas e serviços, custo das mercadorias e serviços vendidos e lucro bruto; despesas com as vendas, despesas financeiras, deduzidas das receitas, despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; lucro ou prejuízo operacional, outras receitas e outras despesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009);

- Resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e provisão para o imposto; participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009);

- Lucro ou prejuízo líquido do exercício e seu montante por ação do capital social.

Demonstrações dos Fluxos de Caixa e do Valor Adicionado

Seção VI Art. 188 Lei 6.404/76 com alterações da Lei 11.638/07

As alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

Demonstração do Valor Adicionado

Seção VI Art. 188 Lei 6.404/76 com alterações da Lei 11.638/07

O valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

QUADRO 5 – Conteúdo dos Demonstrativos Contábeis Obrigatórios. Fonte: Lei 6404/76 e Lei 11.638/07. Brasil, 2007.

Os Quadros 6 e 7 a seguir apresentam os conteúdos do Ativo e do Passivo, bem como o

conteúdo de cada um de seus grupos de contas de acordo com a Lei 6404/76 considerando as

alterações ocorridas com a Lei 11.638/07.

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GRUPO DESCRIÇÃO

1. ATIVO As contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados. Art. 178 § 1º

1.1 Ativo Circulante As disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte. Art. 178 § 1º Inciso I e Art. 179 Inciso I (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

1.2 Ativo não Circulante Composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Art. 178 § 1º Inciso II (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

1.2.1 Ativo Realizável a Longo Prazo

Os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia. Art. 179 Inciso II

1.2.2 Investimentos As participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa. Art. 179 Inciso III

1.2.3 Ativo imobilizado

Os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens. Art. 179 Inciso IV (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)

1.2.4 Intangível

Os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007). Art. 179 Inciso VI (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)

QUADRO 6 – Conteúdo do Ativo e de seus grupos de contas. Fonte: Lei 6404/76 e Lei 11.638/07.

GRUPO DESCRIÇÃO

2. PASSIVO Serão classificadas os seguintes grupos: Passivo Circulante, Passivo não Circulante e patrimonio Líquido.

2.1 Passivo Circulante As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante quando se vencerem no exercício seguinte, observado o disposto no parágrafo único do Art. 179 (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

2.2 Passivo não Circulante As obrigações se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do Art. 179 (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

2.3 Patrimônio Líquido Dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. Art. 178 § 2º Inciso III (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)

QUADRO 7 – Conteúdo do Passivo e de seus grupos de contas. Fonte: Lei 6404/76 e Lei 11.638/07. Brasil, 2007.

Cavalcanti et al. (2009), destacam que muitas empresas ainda não se adequaram ao real

conceito de sustentabilidade e ainda relutam em publicar de forma transparente informações de cunho

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ambiental. O assunto merece destaque uma vez que as exigências mercadológicas pressionam as

empresas a serem transparentes na divulgação de suas informações econômicas e ambientais.

Cordeiro e Chaves (2009), destacam a importância da contabilidade assumir um papel de

alinhamento com as políticas de gestão ambiental e se envolver cada vez mais neste novo contexto,

para uma melhor e mais correta evidenciação dos dados socioambientais nas Demonstrações e nos

Relatórios divulgados pela empresa.

Para Bansal (2005), ter integridade meio-ambiental, igualdade social e prosperidade econômica

são formas de expressar o conceito de sustentabilidade em uma empresa. O papel da contabilidade

tradicional possui tendências a mudanças partindo do pressuposto que necessita registrar não só o

desempenho econômico, mas principalmente o desempenho ecológico das empresas e fornecer

informações aos grupos de interesse diante da preocupação com o meio ambiente.

Ribeiro (2008) apresenta que em todo contexto desenvolvido a contabilidade é mantida para as

entidades possuindo assim quatro dimensões: (i) jurídica; (ii) econômica; (iii) organizacional e (iv) social

apresentadas na Quadro 8. Para autora, ao considerá-las, a contabilidade terá como objetivo não só a

evolução econômica da entidade, como também suas contribuições e responsabilidades sociais.

DIMENSÃO OBJETIVO

Jurídica Considerar a distinção entre os interesses dos proprietários e da empresa em si

Econômica Analisar o aspecto patrimonial da entidade

Organizacional Examinar a atuação dos gestores responsáveis pelo controle dos recursos possuídos pela entidade

Social Valorar os benefícios sociais da entidade

QUADRO 8 – Dimensões da Contabilidade. Fonte: Ribeiro, 2008.

2.4.1.2 Abordagem Contábil integrada à Gestão Ambiental

Para Costa e Marion (2007) em sua forma tradicional, a contabilidade pouco proporciona em

termos de qualidade as informações ambientais, pois essas são evidenciadas em conjunto com as

informações financeiras ou operacionais. Segundo os autores a segregação das informações

ambientais torna-se necessária à medida que possibilita uma maior ênfase no acompanhamento dos

resultados entre períodos e empresas, proporcionando informações de maior qualidade para o

processo decisório.

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Os autores destacam que a sociedade pode utilizar a Contabilidade Ambiental para monitorar

as ações empresariais em prol do meio ambiente e acaba selecionando as empresas que praticam

atividades consideradas como ambientalmente corretas. Desta forma permitirá um detalhamento maior

da Contabilidade Financeira e visa à correta mensuração e evidenciação das informações ambientais

em relatórios específicos ou nas próprias demonstrações contábeis.

Traduzir a informação social e ambiental em linguagem de negócios é uma possibilidade de

atrair a atenção dos mercados e para tanto é necessário desenvolver ferramentas contábeis que

permitam que as externalidades sejam incorporadas ao beneficio econômico calculado pelas empresas

e a Contabilidade de Custos Ecológicos Completos (CCEC) pretende ser uma resposta válida para esta

questão (CHULIÁN, 2006).

Jimenez (2006) destaca que a CCEC foi proposta como um meio para permitir a apresentação

de relatórios sobre a contribuição das empresas para a sustentabilidade através da integração dos

custos internos e externos e, surge como uma proposta inovadora que poderá permitir a solução das

limitações que apresentam a prática atual de divulgação de informações sobre a contribuição

empresarial para a sustentabilidade.

A CCEC faz-se necessária para evidenciação das informações inerentes à gestão ambiental. A

primeira discussão sobre este sistema deu-se em 1993 no 5º Programa de Acción em Materia de

Medio Ambiente de La Comisión Europea. No programa buscou-se discutir e criar uma ferramenta que

pudesse incluir o uso e consumo de recursos naturais de uma organização como parte dos custos

totais da produção de bens e serviços, como destacam Satolo e Calarge (2008).

Segundo os autores, um aspecto de dificuldade tem sido mensurar e integrar os custos

internos e externos de forma a demonstrar a contribuição das empresas para a sustentabilidade, sendo

a CCEC uma maneira citada pela literatura da área para realizar a mensuração e integração dos

custos.

Assis et al. (2009) destacam que o desafio da contabilidade ambiental consiste em corrigir

pontos ainda deficientes e incorporar os aspectos econômicos e financeiros dos impactos ao meio

ambiente. Para os autores alguns conceitos da contabilidade ambiental foram desenvolvidos a partir

dos conceitos tradicionais da contabilidade como: Ativo, Passivo, Receita e Despesa Ambiental .

Segundo Shum et al. (2009), a obrigatoriedade de relatórios de sustentabilidade é um primeiro

passo para preparar o caminho para a introdução e integração de atividades de sustentabilidade nas

práticas de negócios tradicionais. No entanto o que se encontra atualmente são publicações de certa

forma voluntárias por parte das empresas que se vêem comprometidas a serem transparentes diante

das exigências dos grupos de interesses.

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Para Bebbington et al. (2001) a CCEC ao ser implantada como ferramenta pode se dar em

quatro diferentes etapas:

1. Definição do objeto de custo;

2. Especificação do alcance da análise;

3. Identificação e medida das externalidades, etapa para qual o autor sugere o uso de técnicas

de eco-balanço, análise do ciclo de vida ou impacto ecológico;

4. Cálculo dos custos externos.

Para Burrit e Saka (2006) a gestão da contabilidade ambiental é uma ferramenta relativamente

nova na gestão ambiental inicialmente concebido para rastrear e monitorar os custos ambientais e

destaca que é a gestão de desempenho ambiental e econômico por meio do desenvolvimento e

aplicação de medidas relacionadas com o ambiente e sistemas de práticas contábeis.

Para Chulián (2006), a CCEC pode ser considerada como a forma mais adequada de se atrair

a atenção dos mercados financeiros e reduzir os problemas relacionados com as informações sociais e

ambientais da organização, a Figura 8 ilustra o modelo criado pelo autor.

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- Gastos

= Benefício econômico

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as Externalidades positivas

- Externalidades negativas

= Benefício Social

FIGURA 8 - Modelo representativo da CCEC. Fonte: Chulián, 2006.

Segundo Grzebieluckas et al. (2008), as questões ambientais aliadas aos custos, receitas e

benefícios, preocupam cidadãos, governos, dirigentes de empresas na maioria dos países em todo o

mundo, tais preocupações sinalizam que as empresas devem mudar sua postura em relação ao meio

ambiente e buscar estratégias para amenizar os impactos ambientais, reduzir os custos ambientais,

otimizar os processos produtivos, bem como encontrar alternativas de ganhos ligados à preservação

ambiental.

De acordo com Assis et al. (2009), a correta apropriação e análise dos custos e despesas

ambientais, ainda que por meio de valores aproximados, pode auxiliar a avaliação da eficiência

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ambiental e evitar desperdícios e a contabilidade pode exercer um papel fundamental na preservação

do meio ambiente e na busca de sustentabilidade, tendo em vista ainda, valores éticos a postura de

responsabilidade socioambiental assumida pelas entidades.

Costa e Marion (2007) ressaltam que os custos ambientais, também, devem ser evidenciados

de maneira segregada na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), devendo os mais

relevantes, ainda serem discriminados por natureza nas notas explicativas.

Há várias razões pelas quais tem crescido o interesse dos gestores pela gestão de custos

ecológicos, entre elas destaca-se de acordo com Burrit e Saka (2006) a melhoria da eco-eficiência,

funcionando como “driver” de gestão de negócios, de modo a ampliar estratégias para promover,

manter ou reparar legitimidade social.

Por ser um tema relativamente recente, não há uma definição única para CCEC conforme

Atkinson (2000) e Chulián (2006), mas de maneira geral, sua definição pode ser como uma

metodologia para identificar, valorizar e comunicar as externalidades positivas e negativas, que

possibilita a entidade informar sua contribuição em relação à sustentabilidade e apurar resultados

relativos à gestão ambiental.

Como a definição, a denominação para a Gestão Contábil Ambiental também não é única:

Contabilidade Gerencial Ambiental (CGA); Contabilidade de Gestão Ambiental (CGA); Contabilidade

Socioambiental; e Contabilidade Ambiental são termos utilizados no Brasil (RIBEIRO, 2005; KASSAI et

al 2008; TINOCO e KRAMER, 2006; FERREIRA, 2009; GRZEBIELUCKAS et al. 2008). Contabilidad de

Costes Ecológicos (CCE), Contabilidad de Costes Ecológicos Completos (CCEC), termos utilizados na

Espanha (JIMENEZ, 2006; CHULIÁN, 2006).

No âmbito internacional também são utilizados termos como: Environmental Management

Accounting (BURRITT e SAKA, 2006; SCHALTEGGER e BURRIT, 2009), Environmental Accounting

(BALL, 2007; GRAY, 2009; BARTELMUS, 2009); Green Accounting (FLEISCHMAN e SCHUELE, 2006)

e Management Accounting (ABDEL-KADER e LUTHER, 2008; MESSNER, 2009).

Possuem como escopo, mensurar e evidenciar os efeitos das transações realizadas pelas

organizações, uma vez que as informações fornecidas pela contabilidade tradicional não contemplam

aspectos relacionados às externalidades geradas pelas práticas empresariais com relação aos

investimentos que visam à sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável atualmente possui

destaque na gestão das empresas.

Encontrar uma forma de associar a contabilidade tradicional à gestão ambiental para se

conhecer o desempenho ecológico das organizações é o desafio do momento. Enquanto veículo de

divulgação das informações ambientais, a Contabilidade Ambiental pode oferecer ferramentas

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necessárias ao controle e divulgação do processo de gestão ambiental implantado pelas empresas, de

acordo com os objetivos fixados, como destacam Souza e Ribeiro (2004).

Schaltegger e Burrit (2009) a contabilidade ambiental descreve um subconjunto de

contabilidade que trata de atividades, métodos e sistemas para registrar, analisar e relatar:

Primeiro: ambiental e socialmente induzida a impactos financeiros;

Segundo: os impactos ecológicos e sociais de uma definição econômica, por exemplo:

sistema, a empresa, local de produção, nação, etc., e;

Terceiro: as interações e relações entre as questões sociais, ambientais e econômicos,

constituindo as três dimensões da sustentabilidade e que pode ser considerado o mais

importante.

Durante vários anos houve resistência, por parte de empresas e empresários, em realizar

investimenos na área ambiental, partiam do princípio que tais investimentos reduziriam os resultados

da empresa. Atualmente, de acordo com Bertoli e Ribeiro (2006), esta visão mudou e percebe-se que a

ausência de recursos nessa área pode comprometer até mesmo a continuidade da empresa. Assim,

segundo as autoras, tornou-se muito importante obter informações objetivas e claras sobre a postura

ambiental adotada pelas companhias.

Para Ferreira (2009), o papel da contabilidade diante dessa situação é o de prover informações

que encorajem a empresa a caminhar em direção à sustentabilidade e também a inibir resultados que

possam afetar negativamente o meio ambiente. Segundo a autora, a contabilidade deveria influenciar

na construção de formas de mensuração que levem em conta não apenas o aspecto econômico e

financeiro, mas também o ambiental.

A contabilidade ambiental não é uma nova ciência, mas um segmento da contabilidade

tradicional ou um conjunto de informações que relatem de forma adequada e em termos econômicos

ações de uma entidade que modifiquem seu patrimônio, ou seja, não é outra contabilidade mas uma

especialização (RIBEIRO, 2005; FERREIRA, 2009).

Ribeiro (2005) destaca que ao adaptar os objetivos da contabilidade tradicional, os objetivos

do novo segmento contábil podem ser definidos como: a identificação, mensuração e esclarecimento

dos eventos e transações economico-financeiros que estejam relacionados com a proteção,

preservação e recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período, visando a evidenciação

da situação patrimonial de uma entidade.

Santos et al. (2001) apresenta como objetivo da contabilidade ambiental, fornecer aos seus

usuários informações sobre os eventos ambientais que possam modificar a situação patrimonial,

através de sua identificação, mensuração e evidenciação. Assim, a contabilidade ambiental pode ser

definida como o estudo do patrimônio ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) das entidades.

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No entanto, para Tinoco e Kraemer (2008) a contabilidade ambiental é tratada como um novo

ramo da Ciência Contábil. A contabilidade ambiental ganhou destaque a partir do início do ano de

1998, quando o Grupo de Trabalho Intergovernamental das Nações finalizou o Relatório Financeiro e

Contábil sobre Passivo e Custos Ambientais.

Resumindo as idéias de Rob Gray, um dos nomes em contabilidade ambiental, no

gerenciamento do meio ambiente o contador poderia contribuir em cinco áreas e a contabilidade está

ligada às duas grandes categorias em que o espectro do meio ambiente se apresenta: uma de caráter

legislativo e outra de caráter mercadológico. O Quadro 9 apresenta as contribuições do contador e os

pontos os quais a contabilidade deveria cobrir. (FERREIRA, 2009)

Contribuições do contador

1. Modificar os sistemas de contabilidade existentes

2. Eliminar elementos conflitantes dos sistemas de contabilidade

3. Planejar as implicações financeiras de uma agenda ambiental

4. Introduzir o desempenho ambiental nos relatórios externos

5. Desenvolver uma nova contabilidade e sistemas de informações

Pontos que a contabilidade deveria cobrir

1. Contabilidade para passivos e riscos contingentes

2. Contabilidade para reavaliações de ativos e projeções de capital

3. Análises de custos em áreas chaves como energia, lixo e proteção ambiental

4. Métodos de investimento para incluir fatores ambientais

5. Desenvolvimento de uma nova contabilidade e sistema de informações

6. Avaliação dos custos e benefícios dos programas de melhorias ambientais

7. Desenvolvimento de técnicas contábeis que expressem ativos, passivos em custos em termos ecológicos (não financeiros)

QUADRO 9 – Contribuições do contador e pontos que a contabilidade deveria cobrir. Fonte: Ferreira 2009.

Os Quadros 10 e 11, a seguir, apresentam o conteúdo do Ativo Ambiental e do Passivo

Ambiental, bem como o conteúdo de cada um de seus grupos de contas de acordo com uma

adaptação da NBC TE do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, a qual foi oferecida à Audiência

Pública em 2009. Os resultados da votação ainda não foram divulgados pelo CFC.

Para Slomski et al. (2010) a minuta do CFC propõe uma mudança radical em relação às

normas até então existentes, formula um novo plano de contas com nomenclaturas específicas de

ativos, passivos, receitas, custos e despesas ambientais. Segundo os autores a minuta inclui métodos

de mensuração objetivos e subjetivos, tais como: custos de oportunidade, custo de reposição, shadow

price, técnica Delphi, programação linear, entre outros. No entanto, destacam que as políticas e ações

citadas na proposta da minuta do CFC são bastante ousadas mas, ao propor uma estrutura rígida de

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contabilização e registro, poderá dificultar a interação da empresa com o meio ambiente.

GRUPO DESCRIÇÃO

1. ATIVO AMBIENTAL O reconhecimento contábil do evento ou da transação de natureza ambiental deve ocorrer no momento em que a entidade obtiver controle e/ou posse do ativo ambiental

1.1 Ativo Circulante Ambiental Os ativos circulantes ambientais referem-se aos estoques de insumos (bens e serviços) que serão utilizados no processo operacional, ou ao final deste, com o objetivo de reduzir ou eliminar a produção de poluentes, ou, ainda, aqueles com a finalidade de recuperar danos ambientais.

1.2 Ativo não Circulante Ambiental São aqueles cuja realização se dará no longo prazo e associados com a proteção e a recuperação ambiental e podem ser formados por contas de Investimento Ambiental, Imobilizado Ambiental e Intangível Ambiental

1.2.1 Ativo Realizável a Longo Prazo Os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia. Art. 179 Inciso II

1.2.2 Investimentos São caracterizados por aplicação de recursos na aquisição de áreas de conservação de recursos naturais com o objetivo específico de promover a preservação da fauna e da flora, ressalte-se que, mudando a intenção, o ativo tem que ser reclassificadoou da empresa. Art. 179 Inciso III

1.2.3 Ativo imobilizado Ambiental São itens utilizados ao longo de vários períodos, especificamente, para tratar os poluentes oriundos do processo operacional da entidade, durante a operação, ou após o final desta. Pode incluir, também, os ativos de longa duração, destinados, exclusivamente, à recuperação de áreas degradadas pela entidade em períodos anteriores, enquanto estiverem em atividade.

1.2.4 Intangível Ambiental São os itens incorpóreos controlados pela entidade capazes de produzir fluxos de caixa futuros e que estejam vinculados à interação com o meio ambiente.

QUADRO 10 – Conteúdo do Ativo Ambiental e de seus grupos de contas. Fonte: Minuta NBC TE do CFC, 2009.

GRUPO DESCRIÇÃO

2. PASSIVO AMBIENTAL As obrigações ambientais se dividem em circulantes e não-circulantes, dependendo do prazo previsto para sua realização. Os riscos ambientais do negócio, conhecidos ou calculáveis, devem ser provisionados no passivo ambiental.

2.1 Passivo Circulante Ambiental Valor das obrigações exatas ou estimadas para recuperação de áreas degradadas pela entidade, tais como indenizações a terceiros, multas.

2.2 Passivo não Circulante Ambiental Não consta

2.3 Patrimônio Líquido Ambiental Não consta

QUADRO 11 – Conteúdo do Passivo Ambiental e de seus grupos de contas. Fonte: Minuta NBC TE do CFC, 2009.

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Schaltegger e Burrit (2009) destacam que a procura de informações sobre os efeitos

econômicos das atividades ambientais e sociais contribui para impulsionar o desenvolvimento de

ferramentas de contabilidade para uso em práticas de sustentabilidade empresarial. Para Fleischman e

Schuele (2006) a Gestão Contábil ao assumir sua nova dimensão – a abordagem ambiental - traz

inovações para a visão dos profissionais envolvidos em seu contexto.

2.4.2 A aplicação da Gestão Contábil Ambiental no contexto mundial

De acordo com Cavalcanti (2009) discussões relacionadas ao meio ambiente, embora não

sejam recentes, não perdem o caráter contemporâneo, sobretudo no contexto empresarial e a

sociedade por meio de suas organizações passou a exercer maior cobrança exigindo uma postura

ambientalmente responsável.

Observou-se, de acordo com Ferreira (2009), que existem iniciativas ao redor do mundo, como

por exemplo: o Centre for Social and Environmental Accounting Research (CSEAR), criado na Escócia

em 1991 por Rob Gray; o Canadian Institute of Chartered Accounsts (CICA), o qual publicou em 1993 o

relatório Environmental costs and liabilities: accounting and financial reporting issues – research report.

No contexto mundial, como destaca Ribeiro (2005) encontra-se também: o Eco-Management

and Audit Scheme (EMAS), uma organização não governamental européia; a Global Reporting

Iniciative (GRI), um grupo internacional e independente fundado em 1998 com o objetivo de

desenvolver e disseminar diretrizes para a elaboração de relatórios de maneira integrada sob os

aspectos econômicos, ambientais e sociais.

Destaca-se também Prince’s Accounting for Sustainability Project (A4S) instituído no ano de

2004 por Sua Alteza Real o Príncipe de Gales. O projeto possui o objetivo de construir um consenso

internacional da necessidade de relatórios integrados denominados Connected Reporting. No ano de

2010 o A4S em conjunto com a Global Reporting Initiative (GRI) anunciou a criação de um quadro

globalmente aceito para a Contabilidade voltada à sustentabilidade: o International Integrated Reporting

Committee (IIRC). A GRI foi criada no ano de 1997 a partir da concepção da idéia de uma estrutura de

divulgação de informações sobre sustentabilidade.

Além das iniciativas realizadas no âmbito organizacional, de acordo com Kassai et al. (2009) no

Brasil os membros fundadores do Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente (NECMA), da

Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP), desenvolveram em 2008 um

estudo sob o título “Balanço das Nações – reflexões sobre as mudanças climáticas globais”.

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Conforme destacam os autores o estudo realizado pelo grupo de pesquisadores da USP

elaborou balanços contábeis de sete países (Brasil, Rússia, Índia, China, EUA, Japão e Alemanha) e

do planeta consolidado, com base nos cenários de aquecimento global apontados nos relatórios do

Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC) 2008. A metodologia utilizada no trabalho

permitiu mensurar os ativos, passivos e patrimônios líquidos ambientais em balanços individuais e

consolidado.

O Quadro 12 apresenta as pesquisas realizadas no âmbito global por pesquisadores

brasileiros, os estudos compreendem: o Balanço das Nações (países membros do BRIC e países

desenvolvidos da América, Europa e Ásia e os Monster Countries (países membros do BRIC e EUA).

AUTORES PAÍSES RESULTADOS ENCONTRADOS CONCLUSÕES DOS AUTORES

Kassai et al. (2008)

- BRIC: Brasil, Rússia, Índia e China

- EUA, Alemanha e Japão

Balanço das Nações

Nova fronteira da contabilidade - reconhecimento de uma nova entidade em seus relatórios: o meio ambiente.

- Contribuição para a questão emergente de mudanças climáticas e prestação de contas para humanidade

- Expande os significados de passivo ambiental e sugere o patrimônio líquido ambiental

Kassai et al. (2009)

Monster Countries :

- BRIC: Brasil, Rússia, Índia e China + EUA

- Posição global do planeta deficitária

- Cenário de falência em 2050

- A contabilidade ambiental assume uma nova posição diante do cenário global.

QUADRO 12 – Pesquisas no contexto global.

Kassai et al. (2009) apresentam que o estudo agrega pesquisadores que utilizam a Ciência

Contábil como linguagem e método para avaliar o meio ambiente, valendo-se da interdisciplinaridade

com outras áreas como: biologia, agronomia, física, energia, geociência, geologia, metereologia,

química, economia, atuária, entre outras.

Destacam também as parcerias com outros grupos de estudos da USP e de outras entidades

que atuam com pesquisas e ações na área socioambiental. O estudo foi publicado em diversos anais e

periódicos nacionais e internacionais e objeto de publicações em diversos jornais, revistas e periódicos

eletrônicos. Os títulos das publicações foram: “Balanço das Nações”, “Patrimônio Líquido Ambiental”,

“Superávit ambiental do Brasil e Rússia em 2050”, “Energia Verde”, “PIB Verde pode se tornar uma

realidade”, “Esverdeamento radical”.

O Quadro 13 abaixo apresenta um breve cenário das pesquisas realizadas nos mais variados

setores da economia de diversos países no que diz respeito à Gestão Contábil em sua abordagem

ambiental.

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AUTORES NACIONALIDADE

EMPRESAS ANALISADAS

SETOR RESULTADOS

ENCONTRADOS CONCLUSÕES DOS AUTORES

Burrit e Saka (2006)

Japonesas Diversos

- Informações incompletas e subutilizadas

- Práticas diversas

- Necessidade de maior promoção do conceito, para medir o desempenho ambiental

Cavalcanti et al (2009)

Brasileiras

Utilidade Pública

(cadastradas BOVESPA)

- Aderência parcial

(NBC-T 15 2004)

- Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental NBC-T 15 é um instrumento voluntário, as cias divulgam apenas se conveniente

Cordeiro e Chaves (2009)

Brasileiras Diversos

- Não há padrão formulado - Poucas publicações

- Mesma informação pode ser interpretada de diversas maneiras.

- As evidenciações com o passar dos anos estão evoluindo

Chulián (2006)

Espanholas Diversos

- Opiniões dos gestores possuem variações de acordo com o posicionamento estratégico adotado.

- Diversos formatos de apresentação

- Falta de verificação externa das informações

- Usuários não podem mensurar o compromisso da empresa com suas responsabilidades socioambientais

- Aspectos abordados não cumprem os princípios da contabilidade.

Jiménez (2006)

Espanholas Diversos

- Inviabilidade da ferramenta, mesmo sendo útil para o desenvolvimento integrado de um indicador

- Valorização da ferramenta pelos gestores

Ribeiro (2009)

Brasileiras

Sucroalcooleiro

(Cadastradas na ÚNICA)

- Conceito e utilidade desconhecidos pelos profissionais consultados

- Necessidade de maior divulgação

- Desconhecimento é que retarda as iniciativas

QUADRO 13 – Pesquisas no contexto organizacional.

2.4.2.1 Balanço Contábil das Nações

Slomski et al. (2010) destacam que o Balanço Contábil das Nações (BCN) é metodologia para

a elaboração de relatórios financeiros de países ou regiões. Segundo os autores o BCN utiliza-se do

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método inquired balance sheet ou balanço perguntado e da equação básica da contabilidade: ativo

menos passivo é igual ao patrimônio líquido.

De acordo com Kassai (2005) a terminologia “Balanço Perguntado” tem sido utilizada para

expressar uma técnica antiga adotada pelos analistas financeiros e que permite elaborar relatórios

contábeis de pequenas empresas, tendo em vista que a maioria delas não dispõe de demonstrações

contábeis adequadas.

No entanto, segundo o autor nos últimos anos foram publicados diversos artigos relativos a

essa terminologia e pode-se observar que as técnicas que compõem esses modelos podem ser

aplicadas tanto em pequenas como em grandes empresas e o nível de complexidade e sofisticação

também é crescente.

Para Kassai et al (2008) a equação básica da contabilidade orienta a mensuração das variáveis

envolvidas, pois traduz a lei de equilíbrio entre: débitos e créditos; origens e aplicações; e causas e

efeitos. O Quadro 14 apresenta os três resultados possíveis da equação básica.

PA

TR

IMÔ

NIO

LÍQ

UID

O A

MB

IEN

TA

L

POSSÍVEIS RESULTADOS

POSITIVO

- Quando a situação econômica de cada cidadão de determinado país é “superavitária”;

- Gera uma renda mais do que suficiente para honrar seus compromissos com a preservação do meio ambiente; e

- Sobram créditos de carbono excedentes.

NULO

- Quando a situação econômica de cada cidadão de determinado país é “nula”;

- Gera uma renda suficiente para honrar seus compromissos com a preservação do meio ambiente.

NEGATIVO

- Quando a situação econômica de cada cidadão de determinado país é “deficitária”;

- Gera uma renda insuficiente para honrar seus compromissos com a preservação do meio ambiente;

- Necessidade de reduzir as emissões ou negociar créditos de carbono de outras nações.

QUADRO 14 – Possíveis resultados da equação básica da contabilidade. Fonte: Kassai et al., 2008.

Segundo Kassai et al (2008) o objetivo do estudo realizado pelos pesquisadores da USP foi

elaborar o balanço patrimonial das nações, ou seja, dos principais países e do planeta consolidado.

Para tanto, reuniu informações de natureza multidisciplinar, propôs a classificação do que seriam os

ativos, os passivos e o patrimônio líquido, de acordo com os seus recursos naturais e respectivas

capacidades de carbon sequestration. A Figura 9 apresenta a estrutura do Balanço Ambiental

Patrimonial.

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FIGURA 9 – Constructos do modelo “Balanço Patrimonial Ambiental” das Nações. Fonte: Kassai et al., 2008.

Para os autores este relatório contábil é uma prestação de contas à humanidade

(accountability) sujeita à consciência de cada cidadão planetário e a seus valores éticos e morais, o

que requer ações economicamente viáveis, socialmente justas, ambientalmente corretas e respeito às

culturas e crenças locais.

Diante deste contexto, os autores destacam que desta forma a Ciência Contábil não estaria

limitada por aspectos normativos, auditorias e tribunais de contas, mas à consciência de cada cidadão,

valores estes implícitos nos conceitos de equilíbrio e accountability. O item 2.4.3 a seguir apresenta as

iniciativas mundiais no que diz respeito aos Relatórios de Sustentabilidade.

2.4.3 Relatórios de Sustentabilidade no Contexto Mundial

Este item apresenta as iniciativas ao redor do mundo no que diz respeito aos relatórios de

sustentabilidade que abordam as dimensões ambiental, social e econômica.

2.4.3.1 Global Reporting Initiative (GRI)

A Global Reporting Initiate (GRI) comemorou seu décimo aniversário em 2007 e segundo seu

Briefing Paper (2007), desde a sua criação em 1997, desenvolveu a partir de uma idéia ousada uma

próspera rede internacional com 30.000 envolvidos em 70 países.

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Crescimento considerado um reflexo da maturidade do relatório de sustentabilidade, o qual

evoluiu em uma década passando de um extraordinário exercício de algumas organizações pioneiras

para uma gestão essencial e ferramenta de comunicação para muitas empresas. Considerado um

recurso valioso para os seus interessados. A Figura 10 a seguir ilustra a evolução de 1997 a 2006 do

lançamento dos relatórios de sustentabilidade das organizações de acordo com as diretrizes da GRI.

FIGURA 10 - Evolução do lançamento dos relatórios de sustentabilidade das organizações de acordo com as diretrizes da

GRI. Fonte: GRI, 2011.

Segundo informações do portal GRI (2011) a estrutura de seus relatórios estabelece os

princípios e os indicadores de desempenho que as organizações podem usar para medir e relatar os

seus desempenhos nas dimensões econômica, ambiental e social. O que irá promover uma abordagem

padronizada de comunicação para estimular a demanda por informações sobre sustentabilidade

beneficiando as organizações de informação e os usuários de relatórios.

Os relatórios de sustentabilidade com base na estrutura da GRI podem ser usados para

demonstrar o compromisso da organização para o desenvolvimento sustentável, para comparar o

desempenho organizacional ao longo do tempo, e para medir o desempenho organizacional com

respeito às leis, normas, padrões e iniciativas voluntárias.

A GRI (2011) possui visão global de que as divulgações nos contextos ambiental, social e

desempenho econômico se tornarão comuns e comparáveis como os relatórios financeiros, serão

importantes para o sucesso organizacional. A missão da GRI é criar condições para a confiança e troca

transparente de informações sobre sustentabilidade através do desenvolvimento e melhoria contínua

dos Relatórios de Sustentabilidade.

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A GRI foi pioneira mundial no desenvolvimento e na utilização mais ampla de Relatórios de

Sustentabilidade e está empenhada em sua melhoria contínua e de aplicação em todo o mundo. Define

os princípios e indicadores que as organizações podem usar para medir e relatar o seu desempenho

econômico, ambiental e social.

Para Ribeiro e Gasparino (2006) a GRI possui um conjunto de diretrizes que representa

avanço no que diz respeito em atender a necessidade e a busca por informações. Ao reunir milhares

de parceiros e centenas de organizações interessadas, a GRI continua trabalhando rumo à

homogeneização de relatórios, maximizando o seu valor tanto para as próprias organizações relatoras

quanto para os usuários.

O Quadro 15 apresenta o resumo da história do crescimento, a entrada e o marco da rede de

desenvolvimento do ano de 1997 ao ano 2004 da GRI.

GRI – HISTÓRIA DO CRESCIMENTO, ENTRADA E MARCO NA REDE DE DESENVOLVIMENTO

Ano Histórico de 1997 a 2004

1997-1998

- Concebida a idéia de uma estrutura de divulgação de informações sobre sustentabilidade; - Formação do comitê de direção; - Coalition for Environmentally Responsible Economies (CERES) inicia o relatório de iniciativas globais da divisão do projeto; - Angariação de fundos; Início do desenvolvimento da rede;

1999 - Parceria com o UNEP, uma garantia de plataforma global para o GRI;

2000 - Lançamento do primeiro conjunto de Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade da GRI

2001 - GRI como instituição independente; - Desenvolvimento institucional centra-se na elaboração de artigos de incorporação e recrutamento de membros da Diretoria; - Estruturado Processo de comentários sobre as Diretrizes 2000 envolvendo 30 empresas, resultando em recomendações para atualizar as diretrizes;

2002 - GRI como instituição pública inaugurada no âmbito das Nações Unidas na cidade de Nova York; Muda e é incorporada como fundação para Holanda. Operações e os recursos transferidos da Coalition for Environmentally Responsible Economies (CERES);

2003 - Aprovação do Plano de negócios para o período de 2003-2005; - Primeira reunião anual; Iniciado o processo de Feedback estruturado; - Stakeholder Organizacional (SO) lança o programa de adesão;

2004 - Estruturado feedback do processo com 450 especialistas em todo o mundo e as descobertas apresentadas ao Conselho; - Câmara aprova plano de dois anos para desenvolver a próxima geração das diretrizes da GRI;

QUADRO 15- Contexto histórico da GRI de 1997 a 2004. Fonte: GRI ; 2007; GRI, 2011.

O Quadro 16 a seguir apresenta o resumo da história do crescimento, a entrada e o marco da

rede de desenvolvimento da GRI do ano de 2005 ao ano de 2010.

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GRI – HISTÓRIA DO CRESCIMENTO, ENTRADA E MARCO NA REDE DE DESENVOLVIMENTO

Histórico de 2005 a 2010

2005 - Início da revisão das principais técnicas do processo e envolve 100 pessoas em todo o mundo nos Grupos de Trabalho para produzir a terceira geração das diretrizes da GRI (G3); - Protocolo de Limites (PDF) completo; - Câmara aprova Plano de Negócios para o período 2005-2010;

2006 - Projeto de Diretrizes do G3 liberado para comentários do público; Introdução das Diretrizes do Projeto G3; - Resultados de engajamento e de análise avaliados por organismos de governança e integrados no G3 final; Convocada parceria de Tecnologia com fornecedores de software;

2007

- Aprovação do Plano de Desenvolvimento 2008-2012; - GRI Prêmio escolha dos leitores e lançamentos de pesquisas; Iniciado Certificado Programa de Capacitação - a primeira chamada para os parceiros nos EUA, Brasil e Índia; Ciclo de sustentabilidade: Um manual das organizações de pequeno porte; GRI / GTZ transparência no projeto inicial da cadeia de suprimentos;

2008

- Primeira escolha do Prêmio Escolha dos Leitores e Avaliação/pesquisa revelam as opiniões dos leitores do relatório de sustentabilidade; - Estabelecida a Rede de Ação Global para a transparência na cadeia de fornecimento; - Primeiro GRI de parceiros autorizados em diversos países; - GRI estabelece Grupo Consultivo Governamental - um grupo consultivo de nível elevado para fornecer ao membros do grupo idéias, informações e questões do setor governamental;

2009 - Emissão da Declaração de Amsterdam sobre Transparência e Relatórios, pedindo aos governos para exigir a divulgação das empresas; - GRI e a Association of Chartered Certified Accountants parceria para o projeto de pesquisa de setores de alto impacto: O Desafio do Relatório sobre as Alterações Climáticas;

2010

- 3ª Conferência Global de Amsterdã sobre Sustentabilidade e Transparência; - Memorando de Entendimento assinado entre o GRI e OECD e entre o GRI e o UNGC; - G3.1 começa o processo de revisões com os Grupos de Trabalho para iniciar atualizações das diretrizes sobre os direitos humanos, gênero, comunidade local e do conteúdo do relatório; - Agência Sueca de Cooperação do Desenvolvimento Internacional começa relacionamento com financiamento de base da GRI; - Pesquisa e desenvolvimento de publicações incluem GRI em agências governamentais; GRI - ISO 26000: Como utilizar as Diretrizes da GRI em combinação com a ISO 26000; Conexão de Sustentabilidade da IFC’s Padrões de Desempenho e do GRI Reporting Framework e Carrots and Sticks - Promoção da Sustentabilidade e Transparência.

QUADRO 16 - Contexto histórico da GRI de 2003 a 2010. Fonte: GRI, 2007; GRI, 2011.

2.4.3.2 Prince’s Accounting for Sustainability Project (A4S) e o Connected Reporting

O Projeto de Contabilidade do Príncipe para a Sustentabilidade, conhecido como A4S, trabalha

com: empresas, investidores, governos, órgãos de contabilidade, sociedade civil e área acadêmica.

Possui o objetivo de construir um consenso internacional em torno da necessidade de um quadro

geralmente aceito, de relatórios integrados conhecidos como Connected Reporting, segundo

informações de seu portal eletrônico.

Busca desenvolver orientações e ferramentas práticas para a sustentabilidade ser inserida em

processos decisórios. A instituição do projeto A4S se deu no ano de 2004 por Sua Alteza Real o

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Príncipe de Gales e é regido pelos seguintes grupos: Conselho Executivo, Conselho de Supervisão,

Conselho Fiscal e Grupo Consultivo.

De acordo com A4S (2011) o lançamento formal do projeto se deu no ano de 2006, na

presença de altos representantes de governos, empresas e o mundo da contabilidade, incluindo o

então primeiro-ministro Tony Blair e Lord Browne (Diretor Executivo da BP). O Connected Reporting foi

estabelecido pela primeira vez em um relatório do Projeto de Contabilidade do Príncipe para a

Sustentabilidade no ano de 2007.

Desde então, conforme consta em seu portal tem sido adotado por inúmeras organizações,

incluindo Aviva, BT, EDF Energy, HSBC, Hammerson e Northen Foods. Além disso, foi adaptado para

utilização por todas as organizações do setor público no Reino Unido com base nas orientações do

Tesouro, com adoção prevista para o ano de 2010.

Para o A4S (2011) o desenvolvimento de relatórios integrados reflete a consulta com mais de

100 organizações, com diretrizes baseadas em relatórios do ano de 2007 fornece orientações práticas

de implementação. Possui base na obra de uma série de organizações, bem como em pesquisas

acadêmicas realizadas no ano de 2009 mediante a experiência de oito organizações que têm ou que

conduziram o Connected Reporting Framework desde o ano de 2007 e são considerados líderes em

relatórios integrados.

O A4S (2011) apresenta que a comunicação integrada está focada em como fatores de

sustentabilidade ambiental e social podem ser reportados utilizando uma abordagem de comunicação

integrada. Destina-se principalmente para uso dentro dos Relatórios de Contas, nas apresentações ao

investidor ou como parte de relatórios internos de gestão.

Considera-se para tanto a sustentabilidade a partir de duas perspectivas: primeiro, que os

impactos ambientais e sociais são relevantes para a concretização dos objetivos estratégicos da

organização; segundo, como esses objetivos e as medidas tomadas em resposta a eles, contribuem

para uma economia mais sustentável.

Segundo o portal é improvável, por exemplo, que uma organização seja capaz de prosseguir

uma estratégia com impacto negativo significativo sobre a comunidade local, sem que haja um risco de

danos à reputação, um potencial de resposta regulatória ou perda da licença para operar.

O Quadro 17 apresenta as três etapas para a realização da integração entre a direção

estratégica, o desempenho financeiro e as considerações ambientais e sociais nas organizações.

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ETAPAS DESCRIÇÃO

Integração estratégias dos negócios e sustentabilidade Identificação das questões de sustentabilidade e descrição de cada impacto nos objetivos estratégicos da organização

Indicadores Chaves de Desempenho (KPIs) Avaliação das medidas tomadas para resolver cada questão da sustentabilidade material e identificação de KPIs para medir o desempenho.

Desempenho do Relatório Integrado Avaliação equilibrada dos progressos relativos aos objetivos acordados e em direção aos resultados pretendidos.

QUADRO 17 – Etapas de integração de acordo como A4S. Fonte: Portal Accounting for sustainability, 2011.

Para o Prince of Wales (2011) as alterações climáticas e o excesso de consumo de recursos

naturais finitos apresentam riscos significativos que terá um profundo impacto na sociedade e na

economia. O projeto A4S foi lançado para o desenvolvimento de tomada de decisão e sistemas de

notificação que levem em conta as conseqüências de longo prazo. Em sentido mais amplo das ações,

possuir a capacidade de responder aos desafios de sustentabilidade enfrentados no século 21.

Segundo o Príncipe o mundo vai continuar a viver sem capital, no entanto a renda e o que se

tem hoje se dá “às custas” das futuras gerações, a menos que sistemas de práticas sejam

desenvolvidos para permitir maiores fatores em longo prazo para serem levadas em consideração de

forma mais eficaz a contabilidade e a tomada de decisão.

O portal mostra que atualmente há uma maior consciência da necessidade de

"sustentabilidade", considerando o que se faz, não só em termos de hoje, mas também em termos do

amanhã. Comissões e comitês foram criados, as políticas e as estratégias desenvolvidas estão sendo

colocadas em prática pelo Governo e pelas empresas, no entanto, a tradução dessa aspiração em

ação efetiva é freqüentemente entravada pela falta de novos "sistemas de sustentabilidade e de

processos".

A criação do projeto se deu para abordar esta questão e para fornecer orientações e

ferramentas práticas para ajudar a garantir que a sustentabilidade não é apenas discutida, mas tornou-

se parte integrante do dia-a-dia das operações das organizações. O projeto enfoca o desenvolvimento

de sistemas para ajudar as organizações a levar em conta e ter em relatórios, os custos sociais mais

amplos e ambientais de suas ações.

O Quadro 18 a seguir apresenta um resumo das três principais áreas de trabalho do projeto

A4S para 2010/11, segundo o portal eletrônico do projeto.

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60

Área de trabalho Ação Foco

Relatório Integrado

Continuar a desenvolver ferramentas para ajudar as organizações a integrar a sustentabilidade no relatório geral.

Realizar uma consulta como orientação sobre o Relatório Integrado lançado em dezembro de 2009, a fim de produzir uma versão atualizada do guia.

Promover a aplicação da comunicação integrada através de oficinas e estudos-piloto, numa base internacional.

Trabalhar em colaboração com a GRI e outras organizações, estabelecendo o Internacional Comitê de Relatório Integrado (IIRC).

Incorporação da sustentabilidade

Pesquisar e compartilhar abordagens que as organizações têm adotado para contato e considerações de sustentabilidade para as operações econômicas e financeiras

Publicar Insights Práticos de Contabilidade para a Sustentabilidade que apresenta os estudos de caso completos, resumos publicados em dezembro de 2009 como Insights Práticos - Um resumo dos estudos de caso em incorporação e relatórios de sustentabilidade que relata os resultados da pesquisa acadêmica sobre como organizações têm utilizado contabilidade e princípios de sustentabilidade para incorporar a sustentabilidade em seu DNA.

Novo estudo de caso com a Marks & Spencer em como tem considerado sustentabilidade na tomada de decisões corporativas.

Rede de Órgão de Contabilidade Órgãos (ABN) e Fórum maior de atividades A4S

A rede internacional de organismos de contabilidade e outras organizações vão contribuir para o desenvolvimento e promoção de melhores práticas contabilísticas para a sustentabilidade

Lançar um website da comunidade em colaboração com a International Federation of Accountants (IFAC).

O site permitirá que qualquer pessoa com interesse em sustentabilidade e comunicação integrada para compartilhar idéias, discutir iniciativas e se conectar com o outro.

Convocar, influenciar e educar investidores, empresas e comunidades de contabilidade, através de comunicações e reuniões regulares, trabalho com escolas de negócios e outros, através dos principais eventos anuais Fórum.

Levantar o perfil do trabalho, através de apresentação em eventos relevantes no Reino Unido e internacionalmente.

QUADRO 18 - Três principais áreas de trabalho do projeto A4S para 2010/11. Fonte: Portal Accounting for sustainability,

2011.

2.4.3.3 International Integrated Reporting Committee (IIRC)

O Comitê Internacional de Relatórios Integrados, o IIRC, foi anunciado pelo Projeto A4S e o

GRI em primeiro de agosto do ano de 2010. O portal Prince of Wales (2011) apresenta que o IIRC

reúne uma seção transversal de representantes da sociedade civil, da contabilidade e das empresas.

Sua composição se dá através de um Comitê Gestor e um Grupo de Trabalho.

Para o IIRC (2011) o mundo nunca enfrentou desafios maiores, como: o excesso de consumo

de recursos naturais finitos, as alterações climáticas e a necessidade de fornecer água potável,

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alimentos e um melhor padrão de vida para uma população mundial crescente. As decisões tomadas

no combate a estes problemas precisam ser baseadas em informações claras e completas.

O IIRC (2011) é a criação de um quadro globalmente aceito para a Contabilidade voltada à

Sustentabilidade. Um quadro que reúne financeiros, informações ambientais, sociais e de governança

de forma clara, concisa, coerente e comparável, ou seja, em um formato integrado.

Este conjunto de normas possui o objetivo de contribuir com o desenvolvimento da informação

mais abrangente e compreensível sobre o desempenho total de uma organização, prospectivo, bem

como retrospectivo, para atender às necessidades dos países emergentes, um modelo econômico

global mais sustentável.

Para o IIRC (2011) seu papel é responder à necessidade de um quadro de relatórios

integrados concisos, claros, coerentes e comparáveis, refletindo a organização através de seus

objetivos estratégicos, governança e modelo de negócios integrando desta forma a informação

financeira e não financeira. O papel desempenhado pelo IIRC conforme divulgação em seu portal:

a. sensibilizar para esta questão e desenvolver um consenso entre os governos, listando as

autoridades, empresários, investidores, órgãos de contabilidade e de normalização para a

melhor forma de abordá-la;

b. desenvolver um quadro geral e integrado de informação que define o âmbito da comunicação

integrada e seus componentes fundamentais;

c. identificar as áreas prioritárias onde o trabalho adicional é necessário e fornecer um plano de

desenvolvimento;

d. verificar se as normas nesta área devem ser voluntárias ou obrigatórias e facilitar a

colaboração entre os órgãos normativos e de convergência nos padrões necessários para

sustentar os relatórios integrados; e

e. promover a adoção de relatórios integrados pelos órgãos reguladores competentes e

responsáveis pela elaboração de relatório.

Todas as empresas cotadas em bolsa são obrigadas a apresentar um relatório anual sobre seu

desempenho financeiro na maioria dos casos em conformidade com o International Financial Reporting

Standards (IFRS) ou com os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos conhecido como GAAP dos

EUA.

O IIRC (2011) apresenta que cada vez mais as empresas estão produzindo, principalmente

numa base voluntária, a responsabilidade social corporativa ou relatórios de sustentabil idade, mas

estes podem variar muito em termos de relevância e qualidade, principalmente porque não existe um

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padrão global para a medição e relato do desempenho ambiental, social e de governança. Segundo o

IIRC (2011) os objetivos de um quadro integrado de informação são:

a. apoiar as necessidades de informação dos investidores de longo prazo, mostrando as

conseqüências mais amplas e de longo prazo do processo de decisão;

b. refletir as interligações entre meio ambiente, governança, social e fatores financeiros nas

decisões que afetam o desempenho de longo prazo e condição, tornando clara a relação entre

sustentabilidade e valor econômico;

c. fornecer o enquadramento necessário para os fatores ambientais e sociais a serem tomadas

em consideração sistematicamente em comunicação e de tomada de decisão;

d. reequilibrar as métricas de desempenho longe de uma ênfase excessiva em curto prazo, o

desempenho financeiro e

e. trazer informação mais perto da informação usada pela gerência para administrar o negócio no

dia-a-dia.

O IIRC (2011) destaca que o excesso de consumo de recursos naturais finitos juntamente com

o risco muito real de uma mudança climática catastrófica são possivelmente os maiores desafios do

mundo. Uma resposta eficaz a estes desafios exigirá mudanças profundas para o nosso modelo

econômico atual.

2.5 Breve contextualização do setor sucroalcooleiro

A breve contextualização do setor será através dos contextos econômico, sócio ambiental e

gestão organizacional, com a apresentação de dados e estimativas relevantes para conhecimento do

potencial e da importância social do agronegócio sucroalcooleiro.

2.5.1 O setor sucroalcooleiro

Nichols et al. (2008), salientam que a produção e uso do etanol derivado da cana-de-açúcar

como combustível é crescente em todo o mundo em resposta à economia, segurança, e as

preocupações ambientais. No Brasil o etanol é fabricado em larga escala a partir da cana de açúcar, o

que vem ao encontro da crescente demanda nacional e internacional da substituição do combustível

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fóssil por uma fonte renovável, de qualidade e ecologicamente viável devido à redução da emissão de

gases nocivos ao meio ambiente.

Freitas e Mendonça (2009) afirmam que o setor sucroalcooleiro do país se defronta com boas

perspectivas nos mercados mundiais de açúcar e de etanol, ambos se encontram em expansão, a

iniciativa privada local está atenta mostrando disposição para os desafios de um mercado globalizado.

De acordo com levantamento realizado na União da Indústria da Cana de Açúcar (ÚNICA), na

safra 2007/2008 a produção nacional do setor sucroalcooleiro possuía a seguinte distribuição: 13% na

região denominada norte-nordeste que compreende os estados das regiões norte e nordeste; 87% na

região centro-sul compreendendo os estados das regiões centro oeste, sudeste e sul.

Destacando-se no contexto, São Paulo, o Estado de maior representatividade do setor que

segundo Nogueira e Soler (2008), é o Estado que tem estimulado a produção sustentável de etanol por

meio do respeito aos recursos naturais, controle da poluição, com responsabilidade social e certificação

do setor.

Correndo o risco de perderem espaço no mercado mundial de açúcar e etanol, as usinas

precisam aliar a gestão empresarial de custos e menores preços ao desenvolvimento social e à

preservação do meio ambiente para manter a maior competitividade do mundo.

2.5.1.1 Contexto Organizacional

Moraes (2007) salienta que o setor de açúcar e álcool nacional tem passado por profundas

alterações nos anos recentes, com impactos importantes sobre a organização setorial, estratégias

empresariais e sobre o mercado de trabalho, sendo que, desde 1999, o Estado afastou-se

consideravelmente deste setor; atualmente os preços dos produtos são formados em livre mercado, o

que impôs um novo padrão de competitividade às usinas de açúcar e/ou álcool, induzindo-as a buscar

estratégias competitivas visando redução de custos e aumento de competitividade para sobrevivência

neste novo ambiente competitivo.

O produtor brasileiro de maior expressividade no que diz respeito ao cultivo da cana de açúcar

é o Estado de São Paulo e para Nogueira e Soler (2008), é o Estado que tem estimulado a produção

sustentável de etanol por meio do respeito aos recursos naturais, controle da poluição, com

responsabilidade social e certificação do setor.

O Estado possui datas específicas para o fim das queimadas nas lavouras já existentes e nas

áreas novas haverá permissão somente de colheitas mecanizadas. Ainda segundo os autores, o

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Estado de São Paulo tem estimulado a produção sustentável de etanol por meio do respeito aos

recursos naturais, controle da poluição, com responsabilidade social e certificação do setor.

O Quadro 19 apresenta as inovações ocorridas no setor sucroalcooleiro.

Divisão Inovação

Industrial Usinas e destilarias

Automação completa, aumento da intensidade do trabalho com redução dos postos de trabalho.

Agrícola Plantio e corte Mudanças tecnológicas e organizacionais mais nítidas: Logística, mecanização e terceirização.

QUADRO 19 – Inovações ocorridas no setor sucroalcooleiro. Fonte: Alves, 2008.

As usinas empreendedoras caracterizam-se por inovações logísticas, mecanização, automação

de processos, novas formas de gestão, aumento da produtividade e alteração nas relações com

fornecedores, trabalhadores e compradores, o resultado observado é a concentração de capital no

segmento industrial da atividade, com a incorporação de algumas usinas com dificuldades financeiras,

fusões entre usinas e desativação de unidades industriais. As mudanças implicam perdas para os

atores sociais com menor poder de barganha (DIEESE, 2007).

Neste contexto destacam-se as usinas paulistas do Grupo Balbo (Native) que possui como

missão a exploração do potencial da cana de açúcar e de outros produtos agroindustriais, de forma a

gerar valor através da agricultura sustentável. Conforme informações de seu portal o processo

produtivo do grupo busca harmonizar os interesses econômicos, sociais e ambientais do

empreendimento de forma sustentável.

2.5.1.2 Contexto Econômico

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)

(2007), o agronegócio sucroalcooleiro faturou, direta e indiretamente, cerca de R$ 40 bilhões por ano, o

que correspondeu a aproximadamente 2,35% do PIB nacional, sendo também, um dos setores que

mais empregam no país, com a geração de mais de 3,6 milhões de empregos, diretos e indiretos,

reúne mais de 72.000 agricultores. Em relação à geração de impostos, confirma-se a importância social

do agronegócio sucroalcooleiro, pois a cada ano recolheu mais de R$ 12 bilhões aos cofres públicos.

O Quadro 20 a seguir apresenta os indicadores do setor sucroalcooleiro na safra 2007/2008.

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Indicadores do setor sucroalcooleiro brasileiro safra 2007/08

Movimentação R$ 40 bilhões

Representatividade na economia nacional 2,35 % do PIB e R$ 12 bilhões de impostos e taxas

Geração de empregos (diretos e indiretos) 3,6 milhões

Envolve 72.000 agricultores

Produção de cana 572,5 mil toneladas

Rendimento por ha 76,6 toneladas

Produção de açúcar e álcool 27,7 m3 de álcool e 31,5 ton. de açúcar

Área plantada - total 8.491 mil ha plantados e 7.010 mil ha em produção

Área em formação 1.481 mil há

Exportação de açúcar e álcool 14,3 mil ton. de açúcar e 2,5 ton. de álcool

Investimentos do setor R$ 4 bilhões/ano

Total de usinas e destilarias 370 usinas (em operação + projetos)

QUADRO 20 - Indicadores do setor sucroalcooleiro brasileiro safra 2007/08. Fonte: Conab; DIEESE; 2009; IBGE;2009; MAPA, 2009.

Outros dados relevantes foram referentes ao potencial deste mercado, uma vez que

aproximadamente 50 mil empresas brasileiras sofreram o impacto do elevado volume de capital

destinado a investimentos, compra de equipamentos/insumos e contratação de serviços por parte das

usinas de açúcar e álcool, o que ultrapassou R$ 4 bilhões/ano.

2.5.1.3 Contexto sócio ambiental

Nichols et al. (2008), salientam que a produção e uso do etanol derivado da cana-de-açúcar

como combustível é crescente em todo o mundo em resposta à economia, segurança, e as

preocupações ambientais. No Brasil o etanol é fabricado em larga escala a partir da cana de açúcar, o

que vem ao encontro da crescente demanda nacional e internacional da substituição do combustível

fóssil por uma fonte renovável, de qualidade e ecologicamente viável devido à redução da emissão de

gases nocivos ao meio ambiente.

Lins e Saavedra (2009), afirmam que características do país e do próprio ramo de atuação são

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partes dos determinantes do contexto no qual se inserem os desafios de sustentabilidade do setor e

destacam como importantes características atuais da atividade sucroalcooleira brasileira na agenda da

sustentabilidade, os seguintes pontos: (i) a intensidade de uso de recursos naturais e sociais; (ii) o

diferencial competitivo brasileiro por condições climáticas e pela experiência adquirida do setor; e (iii) o

movimento de consolidação, expansão e entrada de novos players no mercado.

No caso do Estado de São Paulo, há o Protocolo Agroambiental que estabelece uma série de

compromissos e diretivas técnicas relacionadas às indústrias sucroenergéticas. Uma delas refere-se à

antecipação legal do fim da colheita de cana com o uso de fogo até 2014 (para área mecanizáveis) e

2017 (para áreas não mecanizáveis).

Segundo divulgações da UNICA até dezembro de 2017 somente em relação à queima da palha

da cana, serão 8,5 milhões toneladas de CO2 que deixarão de ser emitidas (PORTAL DO

AGRONEGÓCIO, 2009). A Figura 11 ilustra os prazos e o percentual da cana colhida sem queima no

Estado de 2006 a 2021, de acordo com a Lei Estadual 11.241/02 e o Protocolo Agroambiental, nas

áreas mecanizáveis.

FIGURA 11 – Eliminação da queimada no Estado de São Paulo. Fonte: Lei Estadual de Queima 11.241/02 e Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista, 2007.

A Figura 12 a seguir ilustra os prazos e o percentual da cana colhida sem queima no Estado de

2006 a 2021, de acordo com a Lei Estadual 11.241/02 e o Protocolo Agroambiental, nas áreas não

mecanizáveis.

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FIGURA 12 – Eliminação da queimada no Estado de São Paulo. Fonte: Lei Estadual de Queima 11.241/02 e Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista, 2007.

Diante das iniciativas do setor sucroalcooleiro paulista há o destaque para as usinas do Grupo

Balbo (Native) que segundo divulgações em seu portal, realiza o manejo adequado do solo, de maneira

a manter o seu equilíbrio, evitando a depauperação de seus nutrientes. O grupo possui práticas como a

criação de ilhas de biodiversidade, compostas por mata nativa, em meio à plantação de cana, elevando

a biodiversidade das áreas de cultivo contribuindo para o equilíbrio do meio ambiente.

Segundo declarações de sua diretoria, a Native está posicionada em um dos mercados mais

promissores do setor alimentício mundial: os orgânicos. Em todo o mundo, esse mercado vem

crescendo a taxas exponenciais, movimentando alguns bilhões de dólares, trata-se de um mercado

consolidado. De acordo com as declarações a produção de alimentos orgânicos beneficia, sobretudo, o

consumidor com produtos saborosos e nutritivos. Traz mais que benefícios à saúde humana, um

alimento orgânico certificado é produzido em harmonia com o meio ambiente.

Desde a fundação da primeira usina em 1946 o grupo busca a excelência em qualidade e

produtividade, mas com o foco também voltado para o ser humano e o meio ambiente. O grupo

expressa desta forma seu compromisso com a sustentabilidade, em busca de um modelo de

desenvolvimento economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável.

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CAPITULO III. MÉTODO E CONDUÇÃO DA PESQUISA

Este capítulo apresenta definições e conceitos relacionados ao método de pesquisa adotado

no presente estudo. Para tanto, os métodos e técnicas utilizados foram descritos, como também foram

descritos os aspectos relacionados à coleta de dados, os procedimentos adotados na condução da

pesquisa e na análise dos resultados obtidos.

3.1 Pesquisa e metodologia científica: principais aspectos conceituais

A pesquisa é um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico e seu

objetivo fundamental é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos

científicos (GIL, 2008).

Para Silva e Menezes (2001), pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação

planejada e desenvolvida de acordo com as normas consagradas pela metodologia científica.

Metodologia científica entendida como um conjunto de etapas ordenadamente dispostas que devem

ser vencidas na investigação de um fenômeno.

Os autores complementam que nas etapas se incluem: (i) a escolha do tema; (ii) o

planejamento da investigação; (iii) o desenvolvimento metodológico; (iv) a coleta e a tabulação de

dados; (v) a análise dos resultados; (vi) a elaboração das conclusões e (vii) a divulgação de resultados.

Para Marconi e Lakatos (2010), a pesquisa sempre parte de um tipo de problema, de uma

interrogação e vai responder às necessidades de conhecimento de certo problema ou fenômeno, várias

hipóteses são levantadas e a pesquisa pode invalidá-las ou confirmá-las.

Os autores destacam ainda que toda pesquisa deva basear-se em uma teoria, que serve como

ponto de partida para a investigação bem sucedida de um problema. A teoria sendo instrumento da

ciência é utilizada para conceituar os tipos de dados a serem analisados. Para ser válida, deve apoiar -

se em fatos observados e provados, resultantes da pesquisa.

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3.1.1 Definição do tipo de pesquisa adotada neste trabalho

A presente pesquisa possui como escopo a elaboração e aplicação de um instrumento de

avaliação para analisar sob da Gestão Contábil Ambiental as informações constantes nos relatórios

econômico-financeiros das empresas do setor sucroalcooleiro paulista. Sendo assim, ao aplicar o

instrumento pretende-se encontrar resposta à seguinte questão: qual o posicionamento e o grau de

aderência do setor às práticas que subsidiam a Gestão Contábil Ambiental?

Para tanto, a pesquisa possui caráter exploratório com procedimentos sistemáticos para

análise dos dados, uma vez que existem poucos ou inexistem trabalhos sobre tema e desta forma

pretende-se proporcionar uma visão global sobre a abordagem em questão com precedentes para

estudos futuros.

Pesquisas exploratórias para Marconi e Lakatos (2002), são investigações de pesquisa

empírica ou de um problema, com tripla finalidade: (i) desenvolver hipóteses; (ii) aumentar a

familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa

futura mais precisa ou (iii) modificar ou clarificar conceitos.

Gil (2010) destaca que do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa exploratória visa

proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir

hipóteses.

Para Ludke e André (1986), a análise documental constitui uma técnica importante na pesquisa

qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos

novos de um tema ou problema.

A pesquisa ainda possui caráter descritivo porque faz levantamento e observa as

características de um determinado grupo. Esse tipo de pesquisa descreve as características de

determinada população ou fenômeno, de grupos relevantes ou o estabelecimento entre variáveis,

registrando suas percepções sobre um referido tema. Envolve o uso de técnicas padronizadas de

coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento

(GIL, 2008).

A observação sistemática, de acordo com Marconi e Lakatos (2010), utiliza instrumentos para a

coleta dos dados ou fenômenos observados, realiza-se em condições controladas, para responder a

propósitos preestabelecidos e as normas não devem ser padronizadas nem rígidas demais, uma vez

que situações, objetos e objetivos da investigação podem ser muito diferentes.

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3.2 Estratégias para condução da presente pesquisa

Como estratégia metodológica na condução desta pesquisa, empregou-se análise documental

através de pesquisa exploratória de dados divulgados em fontes públicas. Foram realizadas consultas

nos portais eletrônicos das companhias, ou seja, levantamento de dados públicos disponibilizados via

web, onde constam: (i) informações institucionais com abrangência do histórico, missão, visão, valores,

políticas de gestão, produtos, parcerias, (ii) relatórios financeiros e socioambientais, informações

consideradas relevantes para empresas inseridas em um cenário que atualmente os stakeholders

exigem comprometimento socioambiental, conduta ética e transparência.

Neste contexto, foram analisadas divulgações públicas no âmbito das usinas em

funcionamento no estado de São Paulo cadastradas na UNICA, sob o ponto de vista da Gestão

Contábil Tradicional e da Gestão Contábil Ambiental para elaborar um instrumento que possa identificar

o grau de aderência do setor às práticas que subsidiariam a Gestão Contábil Ambiental, para tanto

uma série de etapas foram percorridas através:

- Do levantamento de informações nos relatórios econômico-financeiros das empresas do setor

sucroalcooleiro para analisá-las de acordo com a Resolução 1.003/04 denominada NBC T 15 e minuta

da NBC TE, colocada em audiência pública no ano de 2009, ambas do Conselho Federal de

Contabilidade (CFC);

- Da verificação do grau de aplicação de Sistemas Integrados de Gestão (SIG) e de Sistemas

Normativos de Gestão (ISO 9001, ISO 14001 e OSHAS 18001) em empresas do setor sucroalcooleiro,

bem como a adequação destas informações aos sistemas de avaliação contábil e financeira;

- Da Lei 11.638/07 que regulamenta os procedimentos contábeis das sociedades por ações e os

aproxima aos padrões internacionais, os relatórios contábeis econômico-financeiros obrigatórios e a

adequação destas informações às questões socioambientais;

- Do modelo de Contabilidade de Custos Ecológicos Completos (CCEC) que Jimenez (2006) destaca

“como uma proposta inovadora que poderá permitir a solução das limitações que apresentam a prática

atual de divulgação de informações sobre a contribuição empresarial para a sustentabilidade”, sua

aplicabilidade em um modelo contábil integrado.

- Verificação do posicionamento do setor diante da necessidade de implantação de novos

procedimentos para adoção de uma gestão que possa contemplar de forma integrada as dimensões

economica, ambiental e social.

A fonte de coleta dos dados é de natureza secundária, uma vez que os dados foram coletados

em fontes públicas. A web foi o principal instrumento de coleta de dados, diversas informações estão

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destinadas ao público em geral através da homepage das empresas, de órgãos governamentais e dos

demais órgãos ligados ao setor. O procedimento adotado no levantamento dos dados foi a consulta

das informações disponibilizadas nos portais eletrônicos, através de relatórios financeiros, notas

explicativas e de programas divulgados.

Para fundamentação do presente estudo realizou-se levantamento bibliográfico com enfoque

histórico, conceitos básicos, análise de publicações científicas, teses e dissertações com abordagem

qualitativa, técnica exploratória e caráter descritivo para contextualização da situação das

organizações, do meio ambiente, da sociedade e dos métodos contábeis em suas abordagens

tradicional e ambiental, tomando como fator direcionador o aspecto da sustentabilidade.

3.3 Descrição das etapas para condução da presente pesquisa

A fase inicial caracterizou-se por realizar pesquisa nas fontes públicas no contexto das

empresas do setor sucroalcooleiro por meio da qual se buscou fazer um levantamento das informações

pertinentes ao assunto relacionado à Gestão Contábil Integrada. Para tanto, utilizou-se o modelo da

Contabilidade de Custos Ecológicos (CCEC), quanto ao tratamento das externalidades geradas, sejam

positivas ou negativas e a estrutura contábil ambiental apresentada pela NBC TE 15 do Conselho

Federal de Contabilidade.

Nesta primeira etapa realizou-se uma análise das informações coletadas, para desenvolver a

pesquisa e verificar a existência de dados que pudessem dar consistência às informações. Considerou-

se como universo as 167 usinas processadoras de cana de açúcar, em funcionamento e cadastradas

na União da Indústria da Cana de Açúcar (UNICA) do estado de São Paulo na safra 2007/2008. O

objetivo foi conhecer os procedimentos adotados e divulgados quanto ao assunto abordado no

presente estudo.

O foco principal da pesquisa em seu primeiro momento foi dar ênfase aos dados coletados de

acordo com a metodologia de pesquisa exploratória, em um segundo momento realizar a compilação, a

tabulação dos dados coletados. Para Marconi e Lakatos (2010) dar ênfase aos dados coletados faz

parte do processo da técnica de análise estatística dos dados, sendo assim, para finalizar realizou-se

análise estatística descritiva dos dados, dos resultados e verificação das seguintes variáveis:

- O que as empresas do setor apresentam em suas divulgações;

- Qual o posicionamento do setor diante das questões socioambientais;

- Quais as ferramentas utilizadas;

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- Quais os procedimentos adotados;

- Qual o grau de aderência às práticas contábeis ambientais apresentado nos relatórios.

A Figura 13 apresenta um gráfico das etapas de trabalho da presente pesquisa.

FIGURA 13 - Etapas de trabalho da presente pesquisa

Uma análise das externalidades geradas pelas empresas do setor foi realizada para se obter

informações a serem evidenciadas na contabilidade ambiental, o que possibilitou a elaboração de um

roteiro para avaliar um sistema de informação contábil que considerasse as questões socioambientais.

A opção por pesquisar as usinas paulistas em funcionamento e cadastradas na UNICA, é

devido a relevância do estado de São Paulo no contexto sucroalcooleiro nacional e internacional, tendo

em vista que na safra 2007/08 apresentou 167 usinas em funcionamento o que representou 45% das

usinas brasileiras que totalizavam um número de 370 usinas.

Consultas

Fontes Públicas

Usina paulista cadastrada na UNICA

NBC TE e CCEC Órgãos ligados ao setor

Possui portal

SIM Coleta de Dados

Análise e tratamento dos dados

Discussão dos Resultados da pesquisa

NÃO

Considerações Finais

Toda a amostra foi analisada

SIM

NÃO

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Nesta etapa realizou-se análise e categorização das informações coletadas, para desenvolver

a pesquisa e verificar a existência de dados que dessem consistência às informações. Para tanto o

levantamento de dados foi realizado nos relatórios contábeis divulgados nos portais eletrônicos das

usinas em funcionamento no estado de São Paulo e no Diário Oficial da União (D.O.U.), com a

intenção de conhecer procedimentos adotados quanto ao assunto abordado no presente estudo e o

grau de aderência à Gestão Contábil Ambiental.

Durante a pesquisa foram utilizadas planilhas da ferramenta Excel do Microsoft Office 2007

para registro, organização, tratamento das informações coletadas e elaboração de tabelas, escalas e

gráficos para a ilustração dos resultados.

A utilização da ferramenta Excel 2007 possibilitou a elaboração de uma estatística descritiva a

partir dos dados levantados nos portais eletrônicos consultados para mostrar o posicionamento e o

grau de aderência do setor possibilitando melhor visualização e comparabilidade dos resultados.

Após o estudo dos dados coletados, iniciou-se a elaboração do instrumento de avaliação do

grau de aderência à Abordagem Contábil Ambiental, adaptado da norma SAE J4000. O passo seguinte

foi a validação do instrumento aplicando-o para análise dos relatórios contábeis da usina considerada a

maior produtora mundial de cana-de-açúcar.

O procedimento foi realizado para verificar a aplicabilidade e para validação do instrumento de

avaliação proposto no presente trabalho.

O item 3.4 a seguir, descreve as etapas para a elaboração do instrumento proposto, bem como

os conceitos e os componentes utilizados na sua concepção.

3.4 Descrição das etapas para elaboração do instrumento de avaliação

O item 3.4.1 a seguir apresenta os conceitos e os componentes utilizados como referência na

estruturação do instrumento de avaliação proposto na avaliação contábil, sendo que os mesmos

tomaram como referência o modelo proposto na Norma SAE J4000.

3.4.1 Norma SAE J4000: breve conceituação e estruturação de referência

O instrumento de avaliação proposto foi elaborado tomando como referência a estruturação

proposta pela norma SAE J4000. A norma recebe a denominação de “Identificação e mensuração de

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melhores práticas de uma operação enxuta em uma organização industrial”, como destacam Satolo et

al. (2007), sendo desenvolvida pela Society for Automotive Engineers (SAE) em 1999.

A norma SAE J4000, composta por um conjunto de elementos divididos em áreas que atingem

empresa, clientes e fornecedores, lista os critérios pelos quais a manufatura enxuta poderá ser

alcançada, sempre enfocando na eliminação ou minimização de desperdícios (SATOLO et al. 2007;

NOGUEIRA e SAURIN 2006).

A seguir os Quadros 21 e 22 apresentam elementos, tema principal, número de componentes e

peso, escala de medição do nível de satisfação em comparação com as melhores práticas.

Elemento Tema principal Número de componentes Peso

Elemento 1 Ética e Organização 12 25%

Elemento 2 Pessoas e RH 13 25%

Elemento 3 Sistema de Informação 4

25% Elemento 4 Relação Cliente/Fornecedores e Organização 4

Elemento 5 Produto e Gestão do Produto 6

Elemento 6 Produto e Fluxo de Processos 13 25%

QUADRO 21- Estrutura da ferramenta de avaliação SAE J4000. Fonte: Satolo, et al., 2007.

Nível Pontuação Significado

0 0 O componente não está implementado ou existem inconsistências fundamentais na sua implementação.

1 1 O componente está implementado mais ainda existem inconsistências menos significativas na sua implementação.

2 2 O componente está satisfatoriamente implementado.

3 3 O componente está satisfatoriamente implementado e mostra um contínuo melhoramento nos últimos 12 meses.

QUADRO 22 - Escala de medição do nível de satisfação em comparação com as melhores práticas.

Fonte: Satolo, et al., 2007.

O item 3.4.2 a seguir, apresenta os demonstrativos contábeis utilizados no presente trabalho

como base para elaboração do instrumento de avaliação.

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3.4.2 Os demonstrativos contábeis considerando as abordagens tradicional e ambiental

O prosseguimento do estudo se deu através da estrutura das contas apresentadas no Balanço

Patrimonial e classificadas como Contas Patrimoniais que representam os bens, direitos, obrigações e

o Patrimônio Líquido da entidade, agrupadas de acordo com o escopo das normas brasileiras de

contabilidade.

O estudo das estruturas dos demonstrativos contábeis se deu em três etapas, como descritas a

seguir:

Etapa 1:

Consulta e estudo da estrutura dos relatórios contábeis em sua abordagem tradicional, ou seja,

sob a ótica da Lei 6404/76 com alterações da 11.638/07 e Lei 11.941/09, das Normas Brasileiras de

Contabilidade e dos Princípios Contábeis;

Etapa 2:

Consulta e estudo da estrutura contábil em sua abordagem ambiental, ou seja, sob a ótica da

Minuta NBC TE - Interação da Entidade com o Meio Ambiente do CFC; da metodologia da

Contabilidade de Custos Ecológicos Completos (CCEC) e da Contabilidade Ambiental;

Etapa 3:

Elaboração de Quadros para realização de uma análise minuciosa da estrutura de

apresentação dos relatórios contábeis nas abordagens: Tradicional e Ambiental.

O Quadro 23 a seguir apresenta estrutura contábil em suas abordagens tradicional e

ambiental, contempla o Ativo e seus grupos, representando os bens e direitos que fazem parte do

patrimônio das empresas.

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Abordagem Contábil Tradicional Abordagem Contábil Ambiental

1. ATIVO (Bens e Direitos)

1.1 Ativo Circulante 1.1.1 Disponibilidades 1.1.2 Créditos 1.1.2.1 Clientes 1.1.2.1.99 (-) Duplic. Descontadas 1.1.2.2 Outros Créditos 1.1.2.3 Valores a Recuperar 1.1.3 Estoques 1.1.3.1 Matéria Prima 1.1.3.2 Produtos em elaboração 1.1.3.3 Produtos Acabados 1.1.4 Despesas do Exercício Seguinte 1.2 Ativo Não Circulante 1.2.1 Realizável a Longo Prazo 1.2.2 Investimentos 1.2.2.1 Participação em outras Cias 1.2.3 Imobilizado 1.2.3.1 Bens em operações 1.2.3.99 (-) Depreciação Acumulada 1.2.4 Intangível 1.2.5 Diferido 1.2.5.1 Gastos c/ Pesq. e Desenv. de Produtos 1.2.5.99 (-) Amortização Acumulada

1. ATIVO AMBIENTAL (Bens e Direitos)

1.1 Ativo Circulante Ambiental 1.1.1 Disponibilidades 1.1.2 Créditos 1.1.2.1 Clientes 1.1.2.2 Clientes Ambientais 1.1.2.99 (-) Duplicatas Descontadas 1.1.2.2 Outros Créditos 1.1.2.3 Valores a Recuperar 1.1.3 Estoques 1.1.3.1 Matéria Prima

1.1.3.1.01 Renovável 1.1.3.1.02 Não Renovável 1.1.3.1.03 Reciclável 1.1.3.1.04 Não Reciclável

1.1.3.2 Produtos em elaboração 1.1.3.2.01 Renovável 1.1.3.2.02 Não Renovável 1.1.3.2.03 Reciclável 1.1.3.2.04 Não Reciclável

1.1.4.3 Produtos Acabados 1.1.4.3.01 Renovável 1.1.4.3.02 Não Renovável 1.1.4.3.03 Reciclável

1.1.4.3.04 Não Reciclável 1.2 Ativo Não Circulante Ambiental 1.2.1 Realizável a longo prazo 1.2.2 Investimentos 1.2.2.1 Participação em outras Cias 1.2.2.2 Partic. Fundos Invest. Ambientais 1.2.3 Imobilizado 1.2.3.1 Bens em operações 1.2.3.2 Bens em operações ambientais 1.2.3.99 (-) Depreciação Acumulada 1.2.4 Intangível Ambiental 1.2.5 Diferido 1.2.5.1 Gastos c/ Pesq. e Desenvolvimento de Produtos 1.2.5.2 Gastos c/ Projetos de Gestão Ambiental 1.2.5.99 (-) Amortização Acumulada

QUADRO 23 - Ativo nas abordagens Tradicional e Ambiental. Fonte: CFC, 2009; Ribeiro, 2005; Ferreira, 2009; e Tinoco e Kramer, 2006.

O Quadro 24 a seguir apresenta estrutura contábil em suas abordagens tradicional e

ambiental, contempla o Passivo e seus grupos, representando as obrigações que fazem parte do

patrimônio das empresas e apresenta também o Patrimônio Líquido.

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Abordagem Contábil Tradicional Abordagem Contábil Ambiental

2. PASSIVO (Obrigações+Patrimônio Líquido)

2.1 Passivo Circulante 2.1.1 Fornecedores 2.1.2 Obrigações Tributárias 2.1.3 Obrigações Trabalhistas 2.1.3.1 Salários e Ordenados 2.1.3.2 Encargos Sociais 2.1.4 Empréstimos e Financiamentos 2.1.4.1 Empréstimos e Financiamentos 2.1.5 Outras Obrigações 2.1.5.1 Multas 2.1.5.2 Indenizações 2.1.6 Provisões

2.2 Passivo não Circulante 2.2.1 Exigível a Longo Prazo 2.3 Resultados de exercícios futuros 2.3.1 Resultados Operacionais

2.4 Patrimônio Líquido 2.4.1 Capital Social 2.4.2 Reservas 2.4.2.1 Reservas de Lucros 2.4.2.2 Reservas para contingências 2.4.3 Prejuízos Acumulados

2. PASSIVO AMBIENTAL (Obrigações + Patrimônio Líquido)

2.1 Passivo Circulante 2.1.1 Fornecedores 2.1.1.1 Fornecedores 2.1.1.2 Fornecedores Ambientais 2.1.2 Obrigações Tributárias 2.1.3 Obrigações Trabalhistas 2.1.3.1 Salários e Ordenados 2.1.3.2 Encargos Sociais 2.1.3.3 Aposentadoria Precoce 2.1.3.4Indenizações por doenças-funcionário 2.1.4 Empréstimos e Financiamentos 2.1.4.1 Empréstimos e Financiamentos 2.1.4.2 Emprest. e Financ. Ambientais 2.1.5 Outras Obrigações 2.1.5.1 Multas 2.1.5.1.01 Multas por danos ambientais 2.1.5.2 Indenizações 2.1.5.2.01 Indeniz. por danos ambientais 2.1.5.3 Recuperação Ambiental

2.1.5.3.01 Recuperação de áreas degradadas 2.2 Passivo não Circulante Ambiental 2.2.1 Exigível a Longo Prazo

2.4 Patrimônio Líquido 2.4.1 Capital Social 2.4.2 Reservas 2.4.2.1 Reservas de Lucros 2.4.2.2 Reservas para contingências 2.4.2.3 Reservas p/ contingências ambientais 2.4.3 Prejuízos Acumulados

QUADRO 24 - Passivo nas abordagens Tradicional e Ambiental. Fonte: CFC, 2009; Ribeiro, 2005; Ferreira, 2009; e Tinoco e Kramer, 2006.

O modelo apresentado pode ser classificado como de Plano de Contas Sintético se analisado

sob a ótica contábil. Ressalta-se, no entanto que o modelo contempla a estrutura de um relatório

contábil em suas abordagens Tradicional e Ambiental. A abordagem ambiental refere-se a uma

adaptação da NBC TE do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) apresentada em audiência pública

em 2009 com modelos apresentados por Ribeiro (2005), Ferreira (2009) e Tinoco e Kramer (2006).

A norma do CFC possuía como objetivo definir conceitos e critérios para a contabilização de

eventos e transações que possam refletir as interações da entidade com o meio ambiente. A norma

segundo o CFC determina os critérios para reconhecimento, classificação, mensuração e divulgação

desses eventos e transações.

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De acordo com a legislação vigente, além de apresentarem os relatórios com o registro, a

evidenciação e a divulgações das contas patrimoniais, as entidades também possuem a

obrigatoriedade de realizarem a apuração do resultado ao final do exercício social.

Para tanto receitas, ganhos, custos e despesas são classificadas como Contas de Resultado, e

ao final de cada exercício social os saldos remanescentes nas contas devem ser apurados e

transferidos para a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), onde será apurado o resultado do

exercício Lucro ou Prejuízo, ou seja, se empresa ganhou ou perdeu. O resultado do exercício Lucro ou

Prejuízo (Ganho ou Perda) apurado será registrado no Balanço Patrimonial, aumentando

(Lucro/Ganho) ou diminuindo (prejuízo/Perda) o Patrimônio Líquido da entidade.

Os Quadros 25 e 26 apresentam a estrutura das contas de resultados que devem ser

apuradas ao final do exercício social, agrupadas de acordo com o escopo das normas brasileiras de

contabilidade. Observa-se, no entanto que a Abordagem Contábil Ambiental apresentada refere-se a

uma adaptação da NBC TE do CFC, a qual foi oferecida à Audiência Pública em 2009 com modelos

apresentados por Ribeiro (2005), Ferreira (2009) e Tinoco e Kramer (2006).

O Quadro 25 apresenta os Custos e as Despesas nas Abordagens Tradicional e Ambiental.

Abordagem Contábil Tradicional Abordagem Contábil Ambiental

3. Custos e Despesas 3.1 Custos 3.2 Despesas 3.3 Perdas

3. Custos e Despesas 3.1 Custos 3.2 Custos Ambientais 3.3 Despesas 3.4 Despesas Ambientais 3.5 Perdas 3.6 Perdas Ambientais

QUADRO 25 - Custos e Despesas nas abordagens Tradicional e Ambiental. Fonte: CFC, 2009; Ribeiro, 2005; Ferreira, 2009; e Tinoco e Kramer, 2006.

O Quadro 26 apresenta as Receitas e os Ganhos nas abordagens Tradicional e Ambiental.

Abordagem Contábil Tradicional Abordagem Contábil Ambiental

4. Receitas e Ganhos 4.1 Receitas 4.2 Ganhos

4. Receitas e Ganhos 4.1 Receitas 4.2 Receitas Ambientais 4.3 Ganhos 4.4 Ganhos Ambientais

QUADRO 26- Receitas e Ganhos nas abordagens Tradicional e Ambiental. Fonte: CFC, 2009; Ribeiro, 2005; Ferreira, 2009; e Tinoco e Kramer, 2006.

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Após estudos realizados nas estruturas contábeis em suas abordagens Tradicional e

Ambiental, o passo seguinte foi a elaboração do instrumento de avaliação como descrito no item 3.4.3

a seguir.

3.4.3 Elaboração do instrumento de avaliação

A elaboração de um instrumento deu-se com o objetivo de se elaborar uma ferramenta que

possibilitasse quantificar o grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista com a temática central

da pesquisa. Utilizou-se assim como proposições para a construção da escala as abordagens da

Gestão Contábil Tradicional (GCT) e da Gestão Contábil Ambiental (GCA).

Para a elaboração do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil

ambiental realizou-se análise dos dados levantados nos relatórios contábeis. As etapas para a

realização da análise foram as seguintes:

Etapa 1:

Escolha dos grupos de contas, que foram tratados de acordo com a proposta do presente

estudo, ou seja, separação das contas consideradas relevantes a serem analisadas de forma

minuciosa para que os objetivos deste trabalho pudessem ser atingidos;

Etapa 2:

Formulação dos itens que foram elencados no instrumento de avaliação, também levando em

consideração a relevância para os objetivos do presente estudo;

Etapa 3:

Elaboração do instrumento de avaliação, ao contexto contábil proposto no presente trabalho.

Após a adaptação ao contexto da Gestão Contábil Ambiental, o instrumento de avaliação

elaborado neste estudo, apresentou a estrutura ilustrada no Quadro 27 a seguir. A estrutura analítica

contendo a discriminação de cada componente dos elementos elencados no quadro acima está

apresentada no Apêndice A.

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Elemento Tema principal Número de componentes Peso

Elemento 1 Ativo Circulante e não Circulante 12 40 %

Elemento 2 Passivo Circulante e não Circulante 09 30 %

Elemento 3 Resultados de Exercícios Futuros 01 10 %

Elemento 4 Patrimônio Líquido 02

Elemento 5 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE 05 20%

QUADRO 27 - Estrutura do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil Ambiental

O Quadro 28 apresenta a escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão

Contábil Ambiental.

Nível Pontuação Significado

0 0 O componente não está adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental.

1 1 O componente está adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental, mais ainda existem inconsistências quanto a esta adequação.

2 2 O componente está satisfatoriamente adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental.

3 3 O componente está satisfatoriamente adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental e mostra uma tendência de aumento quanto a esta adequação.

QUADRO 28 - Escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão Contábil Ambiental

Para Vallejo et al. (2003), traduzir ou adaptar testes e escalas de outros idiomas é muito

habitual, sendo que um caso distinto é quando os instrumentos em outros idiomas servem

simplesmente de modelo de inspiração para a construção de um novo instrumento. Segundo os

autores, quando se pensa em traduzir e adaptar um instrumento uma das primeiras perguntas a serem

feitas é: “é a melhor alternativa?”.

Os autores também destacam que freqüentemente se prepara um novo instrumento levando

em consideração determinadas amostras e situações que podem ser muito específicas, e não se

dispõe de um instrumento que se apresente mais adequado, e a melhor opção é de construir um novo.

Citam ainda que a informação sobre a validade que vem a partir da versão original é uma boa fonte de

hipóteses, mas deve ser confirmado novamente com a nova versão do teste ou escala.

Após a construção do instrumento de avaliação do grau de aderência à abordagem da Gestão

Contábil Ambiental, para verificação de sua aplicabilidade e validação de sua estrutura o primeiro

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passo foi realizar uma análise nos relatórios contábeis da usina considerada como a maior em termos

de produção mundial.

Em seguida, após a validação do instrumento, realizou-se a aplicação nas demais usinas de

acordo com o objetivo proposto no presente trabalho. Além das usinas, aplicou-se também em

relatórios de empresas de outros setores da economia e no Balanço das Nações.

3.4.4 Aplicação do instrumento de avaliação do grau de aderência

Para aplicação do instrumento de avaliação, realizou-se análise dos dados levantados nos

relatórios divulgados pelas usinas paulistas. As etapas para a realização da análise foram as

seguintes:

Etapa 1:

Coleta de dados nos relatórios contábeis das usinas divulgados publicamente;

Etapa 2:

Aplicação do instrumento de avaliação nos dados coletados nos relatórios das usinas;

Etapa 3:

Análise dos resultados obtidos e da aplicabilidade do instrumento de avaliação.

Ressalta-se que os relatórios analisados se referem ao ano calendário de 2009 que constam

das publicações do ano de 2010 conforme legislação vigente.

A interpretação da escala de valores dos itens colaborou para definir o perfil quantitativo da

pesquisa que foi desenvolvido obedecendo a uma avaliação estatística descritiva, na qual se

determinou relações percentuais. A partir deste ponto elaborou-se o cálculo do grau de aderência da

empresa do setor sucroalcooleiro paulista no que diz respeito à abordagem da Gestão Contábil

Ambiental.

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CAPITULO IV - ANÁLISE DOS RESULTADOS

No presente capítulo, estão apresentados os resultados obtidos com a análise da

aplicabilidade do instrumento de avaliação do grau de aderência à abordagem da Gestão Contábil

Ambiental. O capítulo também apresenta o resultado obtido no que diz respeito à divulgação das

práticas que subsidiam a gestão organizacional voltada ao contexto socioambiental.

Os resultados apresentados são referentes à aplicação do instrumento de avaliação no setor

sucroalcooleiro paulista de acordo com o objetivo proposto. Além do setor em estudo o instrumento foi

aplicado em outros setores da economia. A aplicação também foi realizada na dimensão global no

contexto do “Balanço das Nações”.

4.1 Resultados e discussões

A análise dos resultados foi conduzida através do levantamento das práticas que subsidiam a

gestão organizacional voltada ao contexto socioambiental no setor sucroalcooleiro paulista, bem como

o levantamento dos demonstrativos contábeis divulgados.

Nos demonstrativos contábeis, foram analisadas as contas elencadas em seu escopo sob a

ótica da Gestão Contábil Ambiental, tendo em vista o instrumento de avaliação do grau de aderência

proposto no presente trabalho.

O item 4.2 faz a apresentação da estrutura instrumento elaborado, bem como a estrutura de

apresentação de seus resultados. O item 4.3 apresenta a análise conjunta dos resultados apurados

com o levantamento das práticas socioambientais do setor sucroalcooleiro e os resultados obtidos a

partir da aplicação do instrumento no setor.

O item 4.3 apresenta também a aplicação do instrumento em outros setores da economia e

como norteador utilizou as empresas brasileiras da carteira do DJSI 2008/09. Na dimensão global o

item apresenta a aplicação do instrumento no contexto do “Balanço das Nações”.

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83

4.2 Apresentação do Instrumento de Avaliação elaborado

Como resultado da elaboração do instrumento de avaliação, o mesmo apresentou a

estrutura de pontuação do Quadro 29 abaixo. A escolha do tema principal constante no quadro se deu

partir da análise da estrutura contábil adotada de acordo com a legislação vigente e após o estudo dos

relatórios contábeis em suas abordagens: tradicional e ambiental.

A relevância da escolha do tema principal dos elementos foi devido à estrutura contábil a

partir das diretrizes da legislação e das normas do CFC em vigor. Para tanto, os grupos do Ativo são os

direitos e os grupos do Passivo são as obrigações na composição do Patrimônio Líquido que na

abordagem ambiental passa a ser: “Patrimônio Líquido Ambiental”. No que diz respeito à DRE, a

mesma possibilita conhecer o resultado da apuração de ganhos ou perdas nas operações.

Elemento Tema principal Número de componentes Peso

Elemento 1 Ativo Circulante e não Circulante 12 40 %

Elemento 2 Passivo Circulante e não Circulante 09 30 %

Elemento 3 Resultados de Exercícios Futuros 01 10 %

Elemento 4 Patrimônio Líquido 02

Elemento 5 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE 05 20%

QUADRO 29 - Estrutura do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil Ambiental.

A escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão Contábil Ambiental está

apresentada no Quadro 30 abaixo.

Nível Pontuação Significado

0 0 O componente não está adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental.

1 1 O componente está adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental, mas ainda existem inconsistências quanto a esta adequação.

2 2 O componente está satisfatoriamente adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental.

3 3 O componente está satisfatoriamente adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental e mostra uma tendência de aumento quanto a esta adequação.

QUADRO 30 - Escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão Contábil Ambiental.

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Os Quadros 31, 32, 33, 34 e 35 apresentam a estrutura analítica do instrumento elaborado por

esta pesquisa contendo a discriminação de cada componente dos elementos elencados no Quadro 29

acima, bem como a pontuação máxima de cada elemento.

INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA GESTÃO CONTÁBIL INTEGRADA 1. Ramo de atividade 2. Número de funcionários 3. Faturamento (milhares de R$) 4. Localização (região/estado) 5. Produção de cana-de-açúcar (t) 6. Bovespa 7. Novo mercado 8. Grau de aderência da empresa (g)

ELEMENTOS E COMPONENTES

Elemento 1 - ATIVO CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE

1.1 - Os grupos apresentam aspectos relacionados à Abordagem Contábil Ambiental: bens ou direitos de natureza ambiental

1.2 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla os insumos aplicáveis ao processo produtivo para eliminar, reduzir ou controlar as externalidades geradas.

1.3 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla o item Matéria Prima Renovável.

1.4 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla o item Matéria Prima Não Renovável

1.5 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla o item Matéria Prima Reciclavel

1.6 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla o item Matéria Prima Não Reciclável

1.7 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla o item Serviço de seqüestro de carbono: em andamento e certificado

1.8 - O grupo "Investimentos" possui subdivisão que contempla o item Participação em Fundos de Investimentos Ambientais

1.9 - O grupo "Imobilizado" possui subdivisão que contempla o item Bens em Operações Ambientais

1.10 - O grupo "Imobilizado" possui subdivisão que contempla o item de contas redutoras que refletem o processo de desgaste

1.11 - O grupo "Intangível" possui subdivisão que contempla o item Intangível Ambiental

1.12 - O grupo Diferido possui subdivisão que contempla Gastos com Projetos de Gestão Ambiental

PONTUAÇÃO 0

PONTUAÇÃO MÁXIMA 36

GRAU DE ADERÊNCIA AO ELEMENTO 1 (ge) %

QUADRO 31 – Identificação da empresa e elemento 1 Ativo Circulante e não Circulante

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85

Elemento 2: PASSIVO CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE

2.1 - Os grupos apresentam aspectos relacionados à Abordagem Contábil Ambiental: obrigações de natureza ambiental

2.2 - O grupo Fornecedores possui subdivisão que contempla o item Fornecedores Ambientais

2.3 - O grupo Obrigações Trabalhistas possui subdivisão que contempla o item Aposentadoria Precoce

2.4 - O grupo Empréstimos e Financiamentos possui subdivisão que contempla o item Empréstimos e Financiamentos Ambientais

2.5 - O grupo Obrigações possui subdivisão que contempla o controle de poluição: atmosférica, solo e recursos hídricos

2.6 - O grupo Outras Obrigações possui subdivisão que contempla o item Multas por Danos Ambientais

2.7 - O grupo Outras Obrigações possui subdivisão que contempla o item Recuperação de áreas Degradadas

2.8 - O grupo Provisões possui subdivisão que contempla o item Controle de poluição e Recuperação de áreas Degradadas

2.9 - O grupo Exigível a Longo Prazo possui subdivisão que contempla o item Exigível a Longo Prazo Ambiental

PONTUAÇÃO

PONTUAÇÃO MÁXIMA 27

GRAU DE ADERÊNCIA AO ELEMENTO 2 (ge) %

QUADRO 32 – Elemento 2: Passivo Circulante e Não Circulante

Elemento 3: RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS

3.1 - O grupo apresenta aspectos relacionados à Abordagem Contábil Ambiental

PONTUAÇÃO

PONTUAÇÃO MÁXIMA 3

GRAU DE ADERÊNCIA AO ELEMENTO 3 (ge) %

QUADRO 33 – Elemento 3: Resultados de Exercícios Futuros

Elemento 4: PATRIMÔNIO LÍQUIDO

4.1 - Os grupos apresentam aspectos relacionados à Abordagem Contábil Ambiental

4.2 - O grupo Reservas possui subdivisão que contempla o item Reservas para Contingências Ambientais

PONTUAÇÃO

PONTUAÇÃO MÁXIMA 6

GRAU DE ADERÊNCIA AO ELEMENTO 4 (ge) %

QUADRO 34 – Elemento 4: Patrimônio Líquido.

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86

Elemento 5: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

5.1 - Os grupos apresentam aspectos relacionados à Abordagem Contábil Ambiental

5.2- O grupo apresenta subdivisão que contempla Receitas Ambientais

5.3 - O grupo apresenta subdivisão que contempla Custos Ambientais

5.4 - O grupo apresenta subdivisão que contempla Despesas Ambientais

5.5 - O grupo apresenta subdivisão que contempla Ganhos ou Perdas Ambientais

PONTUAÇÃO

PONTUAÇÃO MÁXIMA 15

GRAU DE ADERÊNCIA AO ELEMENTO 4 (ge) %

QUADRO 35 – Elemento 5: Demonstração do Resultado do Exercício

O Quadro 36 abaixo apresenta a estrutura para apresentação dos resultados obtidos com a

elaboração e aplicação do instrumento de avaliação, ou seja, apresenta a pontuação de cada elemento

e a porcentagem do grau de aderência à abordagem da Gestão Contábil Ambiental. No entanto, o

mesmo pode ser utilizado para resultados individuais ou consolidado.

Elemento Peso Tema Principal

Pontuação do elemento Grau de Aderência

% Máxima Obtida

1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 0 0 0

2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 0 0 0

3

10%

Resultados Exercícios Futuros 3

9

0

0 0 4 Patrimônio Líquido 6 0

5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 0 0 0

SOMA 90 90 0 0 0

QUADRO 36 – Apresentação dos resultados da aplicação do instrumento de avaliação.

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87

4.3 Análise conjunta dos dados apurados

Com os resultados obtidos, apurou-se que havia um total de 167 usinas em funcionamento na

safra 2007/08 no estado de São Paulo, o que representou 45% das usinas em funcionamento no Brasil.

Apurou-se também que 90 usinas possuem site, ou seja, nas consultas realizadas na web 54% das

usinas paulistas em funcionamento na safra 2007/08 se utilizam deste meio de comunicação. A Figura

14 ilustra o número de consultas realizadas.

FIGURA 14 – Consultas realizadas na web nas usinas paulistas em funcionamento safra 2007/2008.

Ressalta-se que na safra 2010/11, segundo a relação das usinas cadastradas no Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), posição em 30 de agosto de 2010, o estado de São

Paulo permaneceu com 45% de participação nacional com 196 usinas produtoras. No entanto, a região

centro sul passou de 76% para 66% de participação. As Figuras 15 e 16 ilustram os números

referentes às usinas produtoras com destaque para a participação do estado de São Paulo.

FIGURA15 – Distribuição das usinas produtoras safra 2007/08. Fonte: MAPA, 2010.

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88

FIGURA 16 – Distribuição das usinas produtoras posição em 30/08/2010. Fonte: MAPA, 2010.

Ressalta-se que do total de 54% das usinas paulistas que possuem site, 36% divulgam

informações do contexto organizacional e práticas socioambientais e 18% possuem um canal de

informação, mas não fazem divulgações do contexto organizacional e das práticas socioambientais,

como ilustra a Figura 17.

FIGURA 17 – Percentual de divulgação nas usinas pesquisadas.

No que diz respeito à divulgação de práticas, o resultado apresentou que 13% das usinas

paulistas que divulgam suas informações, abordam a integração na qualidade de processos e produtos,

ambiental, saúde e segurança ocupacional.

Apurou-se também que 87% divulgam programas socioambientais e 70% das usinas

apresentam programas de qualidade voltados ao produto e ao processo produtivo. Quando se trata de

certificações, 10% são certificadas pelos órgãos regulamentadores com normas como ISO e OSHAS,

para que sejam atendidas as especificações do mercado, principalmente o internacional.

O assunto sustentabilidade foi o que mais se destacou com aproximadamente 50% das usinas

pesquisadas divulgando procedimentos de desenvolvimento sustentável, tais como gestão de resíduos

e geração de energia e 10% indicando aspectos relacionados à utilização de créditos de carbono.

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89

Outros pontos nas divulgações também podem ser destacados, como: políticas de recursos

humanos/saúde e segurança do trabalho, missão/visão/valores, código de conduta ética, balanço

social, informativos – jornais eletrônicos e canal de comunicação - fale conosco. A Figura 18 a seguir

ilustra os resultados discutidos com relação à divulgação das usinas paulistas.

FIGURA 18 – Aspectos e práticas voltadas à sustentabilidade – Setor Sucroalcooleiro no Estado de São Paulo.

Pode-se inferir pelos resultados a representatividade dos dados apurados, devido à relevância

da participação do estado de São Paulo no setor sucroalcooleiro. Em termos de produção a região

centro-sul onde se localiza o estado de São Paulo, na safra 2007/08, produziu aproximadamente 430

milhões de toneladas e a produção em termos de Brasil foi de aproximadamente 495 milhões de

toneladas. A região centro-sul na safra 2007/08 concentrou 87% da produção, como ilustra a Figura 19.

O estado de São Paulo concentrou na safra de 2007/08 uma produção de aproximadamente

296 milhões de toneladas, o que representa aproximadamente 60% da produção nacional e 70% da

produção da região centro sul, como ilustra a Figura 20.

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FIGURA 19 - Produção de cana-de-açúcar safra 2007/08 em toneladas. Fonte: UNICA, 2009.

FIGURA 20- Distribuição da Produção- Região Centro Sul - Safra 2007/08. Fonte: UNICA, 2009.

Destaca-se conforme informações de seu portal o grupo paulista Balbo (Native) como o maior

produtor de açúcar e álcool orgânico, uma história de sucesso que teve início no ano de 1987 com o

Projeto Cana Verde, o qual exigiu investimentos em torno de US$ 25 milhões. O projeto revolucionou

os métodos de produção açucareira, envolvendo desde o preparo da terra até o desenvolvimento de

embalagens especiais para a comercialização dos produtos.

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Segundo Carolo (2009 no ano de 2009 o Grupo Balbo (Native) cultivava organicamente 7,5 mil

hectares de terras com cana-de-açúcar e para complementar as necessidades de matéria prima

orgânica da usina, 6 mil hectares de 11 fazendas foram certificados. Os 13,5 mil hectares de canaviais

certificados foram industrializados organicamente por uma das usinas do grupo, a Usina São Francisco.

O grupo vence desta forma o desafio de produzir em larga escala, sem lançar mão de insumos

químicos sintéticos e com reutilização dos nutrientes gerados no processo produtivo. Um trabalho que

proporciona benefícios a todos os envolvidos, onde ganham: organização, consumidores e sociedade.

De acordo com o acompanhamento da produção sucroalcooleira safra 2010/11 do MAPA,

posição em 15 de novembro de 2010, o estado de São Paulo concentra aproximadamente uma

produção de 340 milhões de toneladas o que corresponde a 62% da produção da região centro sul e

também 62% da produção nacional.

A Figura 21 apresenta a evolução da produção sucroalcooleira da safra 2007/08 até a safra

2010/11 de acordo com os acompanhamentos do MAPA.

FIGURA 21 – Evolução da produção em toneladas por safra. Fonte MAPA, 2010.

A Figura 22 apresenta a evolução da produtividade agrícola de uma usina do Grupo Balbo

(Native) em toneladas por hectare do ano de 1970 ao ano de 2009. Destaca-se o ano de 2009 no qual

a produção é totalmente orgânica.

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FIGURA 22: Evolução da produtividade agrícola de uma usina do Grupo Balbo (Native) em toneladas por hectare do ano de

1970 ao ano de 2009.Fonte: Native, 2011.

4.3.1 Aplicação do instrumento elaborado no presente estudo

Após a análise das divulgações das usinas paulistas, com os resultados apresentados na

Figura 17 acima, apurou-se que o posicionamento atual do setor sucroalcooleiro paulista deixa evidente

fatos relacionados às práticas socioambientais que poderiam estar evidenciadas nos relatórios

contábeis.

O resultado apurado mediante a aplicação do instrumento de avaliação, foi a partir da análise

de 90 usinas que possuem um canal de divulgação e dentre elas 32 usinas divulgam seus relatórios

econômicos e financeiros, os quais foram analisados pelo presente estudo. A quantidade de usinas que

divulgam relatórios representa 36% das usinas paulistas. A Figura 23 ilustra a quantidade de usinas

avaliadas no presente estudo.

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93

FIGURA 23 – Quantidade de usinas avaliadas com aplicação do instrumento.

Ressalta-se que no Brasil ainda não há legislação que faça exigências quanto a apresentação

de relatórios contábeis na abordagem da Gestão Contábil Ambiental. Entretanto, após a realização do

presente estudo, pode-se inferir que há uma necessidade emergente de se traduzir as práticas

socioambientais em linguagem de negócios para atender os grupos de interesses financeiros e não

financeiros.

O Quadro 37 a seguir, apresenta o resultado consolidado obtido a partir da aplicação do

instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil Ambiental proposto no presente

estudo em empresas do setor sucroalcooleiro paulista.

Elemento Peso Tema Principal

Pontuação do elemento Grau de Aderência

% Máxima Obtida

1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 0 0 0

2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 0 0 0

3

10%

Resultados Exercícios Futuros 3

9

0

0 0

4 Patrimônio Líquido 6 0

5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 0 0 0

SOMA 90 90 0 0 0

QUADRO 37 - Resultados apurados no setor sucroalcooleiro paulista com a aplicação do instrumento de avaliação.

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No entanto, o resultado apurado mediante a aplicação do instrumento de avaliação proposto na

presente pesquisa é de que os relatórios contábeis obrigatórios apresentados pelas usinas são

preponderantemente na abordagem da Gestão Contábil Tradicional. A Figura 24 ilustra a pontuação

obtida pelo setor em comparação com a pontuação máxima do elemento.

FIGURA 24 – Comparativo da Pontuação obtida setor sucroalcooleiro e Pontuação máxima do elemento

Portanto, o resultado do grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista foi “nulo”, ou seja,

o percentual do grau de aderência foi igual a “zero”, ilustração da Figura 25.

FIGURA 25 – Grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista à Abordagem Contábil Ambiental.

Os itens 4.3.2 e 4.3.3 a seguir apresentam os resultados obtidos a partir da aplicação em

outros setores da economia, bem como no contexto global, respectivamente.

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95

4.3.2 A APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO EM OUTROS SETORES DA ECONOMIA

Além do setor sucroalcooleiro paulista, o instrumento de avaliação proposto no presente estudo

foi aplicado em empresas de diversos setores da economia. Para tanto, foram avaliadas as empresas

brasileiras participantes da carteira 2008/09 do DJSI devido à relevância deste índice no cenário

econômico mundial. O Quadro 38 a seguir ilustra o resultado consolidado obtido a partir da aplicação

do instrumento de avaliação nas empresas brasileiras participantes do DJSI.

Elemento Peso Tema Principal Pontuação do elemento Grau de

Aderência %

Máxima Obtida

1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 0 0 0

2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 0 0 0

3

10%

Resultados Exercícios Futuros 3

9

0

0 0

4 Patrimônio Líquido 6 0

5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 0 0 0

SOMA 90 90 0 0 0

QUADRO 38 - Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação em outros setores da economia.

O Quadro 39 apresenta os setores nos quais o instrumento foi aplicado, bem como o resultado

da abordagem contábil adotada pelos mesmos.

Setor DJSI Abordagem Contábil

Bancos Sim Preponderantemente tradicional

Financeiro Sim Preponderantemente tradicional

Petróleo e Gás Sim Preponderantemente tradicional

Recursos Básicos Sim Preponderantemente tradicional

Utilitários Sim Preponderantemente tradicional

QUADRO 39– Resultados da abordagem contábil referente à aplicação do instrumento de avaliação em outros setores da economia.

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96

Como resultado foi apurado que apesar das empresas participarem do referido índice e

apresentarem o relatório anual de sustentabilidade, seus demonstrativos foram avaliados como

“preponderantemente tradicional”, uma vez que o percentual do grau de aderência foi igual a “zero”.

O item 4.3.3 a seguir apresenta a avaliação fora do contexto organizacional e realiza uma

avaliação no âmbito global, analisando para tanto os relatórios elaborados pelo grupo de

pesquisadores do NECMA/USP a partir do estudo denominado de “Balanço das Nações”.

4.3.3 A APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO EM RELATÓRIOS DE CONTEXTO GLOBAL

O instrumento de avaliação elaborado no presente estudo, também foi aplicado fora do

contexto organizacional. Para tanto foi aplicado nos relatórios elaborados a partir do estudo da USP

denominado de “Balanço das Nações” o qual apresentou cenários para 2020 e 2050. Os cenários

foram apresentados em balanços contábeis elaborados para cada país e em balanço consolidado.

Como destacam Kassai et al. (2008) o estudo utilizou para composição de sua base de dados

países representantes do BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China) e países desenvolvidos da América,

Europa e Ásia (EUA, Alemanha e Japão). A representatividade da amostra segundo os autores é de

32% da área emersa do planeta; 50% da população mundial; e 68% do PIB mundial.

Os autores destacam que a amostra envolve os principais blocos econômicos, como: União

Européia (UE); Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico

(APEC); Tratado Norte Americano de Livre Comércio (NAFTA); e Área Livre de Comércio das Américas

(ALCA).

De acordo com instrumento de avaliação o resultado obtido no “Balanço das Nações”

consolidado apresenta um grau de aderência de 23,33% à abordagem da Gestão Contábil Ambiental.

O Quadro 40 a seguir ilustra o resultado obtido a partir da aplicação do instrumento de avaliação no

“Balanço das Nações” consolidado.

Em um segundo momento, o instrumento de avaliação foi aplicado no Balanço das Nações

consolidado dos países considerados como “Monster Countries” ou “Países Monstros”, também

elaborado pelo grupo de pesquisadores da USP do Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio

Ambiente da Universidade de São Paulo (NECMA/USP).

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97

Kassai et al. (2009) destaca que são assim denominados os países que possuem vantagens

comparativas necessárias à manutenção de economias avançadas, típicas de grandes potências:

populações gigantescas e territórios continentais.

Os países considerados no estudo da USP como “Monster Countries” são os membros do

BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e os E.U.A. De acordo com os autores possuem representatividade

de 31,5% da área emersa do planeta, 47% da população mundial e 42,9% do PIB mundial.

O grau de aderência obtido para os “Monster Countries” também foi de 23,33% a partir da

aplicação do instrumento de avaliação, como pode ser observado no Quadro 40.

Elemento

Peso Tema Principal Pontuação do elemento Grau de

Aderência % Máxima Obtida

1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 6 6 6,67

2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 6 6 6,67

3

10%

Resultados Exercícios Futuros 3

9

3

6 6,67

4 Patrimônio Líquido 6 3

5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 3 3 3,33

SOMA 90 90 21 21 23,33

QUADRO 40 - Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação no “Balanço das Nações” consolidado.

Elemento Peso Tema Principal Pontuação do elemento Grau de

Aderência %

Máxima Obtida

1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 6 6 6,67

2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 6 6 6,67

3

10%

Resultados Exercícios Futuros 3

9

3

6 6,67

4 Patrimônio Líquido 6 3

5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 3 3 3,33

SOMA 90 90 21 21 23,33

QUADRO 41 - Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação no “Balanço das Nações” consolidado

dos países considerados “Monster Countries”.

Ressalta-se que a pontuação foi obtida a partir dos constructos do modelo do referido balanço,

no entanto, pode-se inferir pela metodologia de desenvolvimento do mesmo que apesar do resultado

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98

ser de aproximadamente 25%, a abordagem contábil apresentada pelos relatórios, sob um ponto de

vista analítico, é “preponderantemente ambiental”. O Quadro 42 abaixo apresenta a abordagem

contábil a partir da análise realizada.

Países Relatório avaliado

Abordagem Contábil

Balanço de cada país Balanço consolidado

Membros do BRIC e países desenvolvidos da América, Europa e Ásia

Balanço das Nações

Preponderantemente ambiental Preponderantemente ambiental

Monster Countries Balanço das Nações

Preponderantemente ambiental Preponderantemente ambiental

QUADRO 42 – Abordagem Contábil do “Balanço das Nações”.

No que diz respeito à apuração de resultados, ressalta-se a relevância dos relatórios

analisados, que segundo Kassai et al. (2008) apontam para uma situação deficitária ou falimentar, com

“passivo a descoberto” equivalente a US$ 2,3 mil anuais para cada um dos atuais 6,6 bilhões de

habitantes e um passivo ambiental equivalente a um quarto do PIB Mundial.

Segundo os autores este relatório contábil é uma prestação de contas à humanidade

(accountability) sujeita à consciência de cada cidadão planetário e a seus valores éticos e morais

requerem ações economicamente viáveis, socialmente justas, ambientalmente corretas e respeito às

culturas e crenças locais.

Ações que dizem respeito ao “Triple Botton Line” (TBL) ou Tripé da Sustentabilidade,uma

ideologia empresarial, que para Cirelli e Kassai (2010) se refere à prosperidade econômica, qualidade

ambiental e progresso social de forma interligada, formando um amálgama das três dimensões de

evolução organizacional.

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CAPITULO V - CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 Aspectos relacionados ao tema da pesquisa

Este capítulo apresenta as conclusões e considerações finais no que diz respeito aos aspectos

relacionados à condução da presente pesquisa, bem como seus aspectos limitativos e sugestões para

desenvolvimento de trabalhos futuros relacionados à Gestão Contábil Ambiental.

Com a condução da presente pesquisa, apurou-se que o tema proposto possui relevância, uma

vez que existem iniciativas no Brasil e ao redor do mundo no que diz respeito ao desenvolvimento de

ferramentas contábeis que possam fornecer subsídios à tomada de decisões.

Os trabalhos desenvolvidos sob os aspectos da Gestão Contábil Ambiental têm como ponto de

partida o pressuposto do TBL ou o Tripé da Sustentabilidade que por sua vez possui como objetivo a

integração das dimensões econômica, ambiental e social. No entanto, foram encontradas limitações

que favorecem o desenvolvimento de novos trabalhos sobre o tema, como por exemplo, a inexistência

de legislação específica no contexto contábil e a falta de padronização dos relatórios que dificultam a

comparabilidade entre empresas.

Um ponto a ser ressaltado sobre o desenvolvimento do presente tema foi o de conhecer as

iniciativas existentes no âmbito econômico-financeiro sob os aspectos organizacional e global, e as

práticas desenvolvidas em relação ao contexto socioambiental.

Como aspecto limitativo aponta-se que os relatórios obrigatórios divulgados pelas empresas

apresentam grau de aderência “nulo”, ou seja, igual a zero apesar de práticas e programas

socioambientais serem divulgados.

Outro aspecto de limitação desta pesquisa traz que as empresas divulgam relatórios que

constam as referidas práticas, no entanto não há um padrão nestas divulgações que possa favorecer a

comparabilidade entre as mesmas. Ressalta-se que as divulgações de certa forma são voluntárias, o

que justifica a inexistência de padronização.

Portanto, espera-se que este trabalho possa contribuir para o desenvolvimento de trabalhos

futuros de pesquisa relacionados à Gestão Contábil Ambiental. Destaca-se que contabilidade engajada

no contexto ambiental, terá de caminhar com as empresas com o objetivo de reconhecer as

externalidades (positivas e negativas) e evidenciá-las, o que deverá ser sua nova função.

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100

5.2 Aspectos relacionados à condução da pesquisa

Este trabalho teve como objetivo elaborar e aplicar um instrumento de avaliação do grau de

aderência do setor sucroalcooleiro paulista sob a abordagem da Gestão Contábil Ambiental. Para tanto,

analisou as práticas socioambientais no que diz respeito ao contexto em que as usinas paulistas estão

inseridas e os relatórios econômico-financeiros, ambos divulgados publicamente pelas empresas do

setor.

As práticas analisadas foram quanto às exigências dos grupos de interesses (financeiros e

não-financeiros) à preservação do meio ambiente e às necessidades do mercado consumidor.

Analisou-se também as práticas relacionadas aos fatores tecnológicos e humanos de seus processos

organizacionais e produtivos.

A análise dos aspectos e das práticas que norteiam o desenvolvimento sustentável foi sob o

ponto de vista da Contabilidade Ambiental. Aspectos considerados importantes para as empresas

atingirem novos patamares de gestão contábil, possibilitando a apresentação de relatórios em uma

linguagem acessível aos seus usuários e permanecerem competitivas e lucrativas em seus mercados

de atuação.

No que diz respeito aos relatórios econômico-financeiros divulgados pelo setor, a pretensão foi

de verificar se as práticas relacionadas ao contexto socioambiental e divulgadas publicamente foram

evidenciadas nos relatórios analisados.

Este trabalhou apresentou o instrumento de avaliação e sua aplicabilidade atingindo assim os

objetivos propostos inicialmente. Apresentou também a aplicação do instrumento em empresas de

outros setores da economia, para tanto analisou os relatórios das empresas brasileiras participantes da

carteira 2008/2009 do DJSI.

Além da análise do setor sucroalcooleiro paulista e das empresas do DJSI, este trabalho

também realizou uma análise no Balanço das Nações que possui uma dimensão além do contexto

organizacional, ou seja, possui uma dimensão no contexto global.

Diante deste contexto, como pode ser constatado, foi possível a elaboração do instrumento de

avaliação e também dimensionar sua aplicabilidade nos relatórios divulgados. Com os resultados

obtidos e demonstrados por este trabalho, foram atendidas as questões referentes aos objetivos

propostos e aos aspectos metodológicos desta pesquisa.

Com o desenvolvimento do trabalho e apuração dos resultados, a justificativa da pesquisa foi

constatada não somente pelas exigências dos grupos de interesses, mas também pela necessidade de

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101

tradução das práticas socioambientais atuais e futuras em linguagem de negócios e a falta de

exigências legais e padrões que possam nortear sua divulgação.

5.3 Conclusões

A análise dos dados sobre o setor sucroalcooleiro do estado de São Paulo permitiu conhecer, a

partir de suas divulgações, o posicionamento do mesmo no que diz respeito à gestão voltada às

dimensões que exigem nova cultura organizacional.

A nova cultura deverá atender as exigências do mercado e dos grupos de interesses, os

stakeholders (financeiros e não financeiros), que estão voltadas a qualidade, ao desenvolvimento

sustentável, a responsabilidade sócio ambiental, a transparência e a conduta ética.

Destaca-se, segundo seu portal, a vocação para inovação do Grupo Balbo (Native) o qual

concretizou uma joint-venture de usinas voltada à ampliação e consolidação da tecnologia e da

produção de plástico biodegradável a partir do açúcar de cana, bem como à sua exploração industrial e

comercial: a Biocycle.

A tecnologia foi desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Copersucar (CTC) e pelo Instituto de

Pesquisas Tecnológicas (IPT) e implantada em uma usina do Grupo Balbo (Native), entre os anos de

1995 e 1999. A Biocycle assumiu a unidade-piloto já instalada, a produção anual está em

aproximadamente em 50 toneladas de plástico biodegradável, com o objetivo de ampliar as

possibilidades de aplicação industrial do produto.

A divulgação de políticas de gestão do setor sucroalcooleiro paulista confirma a transição em

que o mesmo se encontra. Com a condução do presente estudo foi verificado que existem:

comprometimento e preocupação crescentes para que as empresas do setor se mantenham

transparentes.

Transparência quanto aos resultados e decorrentes das exigências atuais, principalmente para

que as usinas acompanhem o dinamismo do mercado, o que evidencia a tendência de transição com

mudanças nos processos e na gestão organizacional.

A postura adotada pelo setor sucroalcooleiro do estado de São Paulo deixa evidente a

preocupação do mesmo em manter a posição de liderança no mercado competitivo, exigente e em

expansão a que pertence, apesar das crises e dos riscos inerentes ao negócio.

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102

Pode-se inferir pelos resultados obtidos que as empresas estão em fase de direcionamento no

sentido de atuar com objetivo nos interesses mútuos, desenvolvendo formas inovadoras de

manutenção de seus negócios e mantendo controle sobre a rentabilidade.

No que diz respeito à Gestão Contábil Integrada, principalmente na abordagem da Gestão

Contábil Ambiental, o setor apesar da transparência não mostra aderência como pode ser verificado na

aplicação do instrumento de avaliação proposto no presente estudo.

Ao aplicar o instrumento em outros setores da economia, o grau de aderência encontrado

também foi “nulo”, ou seja, foi igual a “zero”. No entanto, fora do contexto organ izacional a aplicação

realizada no “Balanço das Nações”, o qual possui dimensão global, o resultado encontrado foi a

aderência à abordagem em questão.

Ressalta-se que no Brasil e ao redor do mundo ainda não há leis específicas ou normas

contábeis que façam exigências quanto a elaboração e apresentação de relatórios contábeis na

abordagem da Gestão Contábil Ambiental. Entretanto, após a realização do presente estudo, pode-se

inferir que há uma necessidade emergente de se traduzir as práticas socioambientais em linguagem de

negócios para atender os grupos de interesses financeiros e não financeiros. Relatórios estes que

possam contemplar principalmente as externalidades geradas pelo processo produtivo atual e que

possam apurar os resultados para as futuras gerações.

5.4 Sugestões para trabalhos futuros

Finalizando, como sugestões para futuros trabalhos de pesquisas, sugere-se o

desenvolvimento de trabalhos que possam analisar a percepção dos grupos de interesses e gestores

de empresas quanto às práticas e evidenciações contábeis envolvendo a Gestão Contábil Ambiental.

Sugere-se também trabalhos que possam explanar a apuração do Custo Ambiental nos processos

produtivos, a fim de se obter informações sobre os resultados das externalidades geradas pelo refer ido

processo e pelas ações que visam o desenvolvimento sustentável. Sugere-se ainda pesquisa

exploratória das iniciativas voltadas ao desenvolvimento sustentável no setor sucroalcooleiro com foco

na produção de orgânicos como a iniciativa o Grupo Balbo (Native). Sugere-se também o

desenvolvimento de pesquisas relacionadas à estrutura de um plano de contas contábil com

abordagem ambiental, uma vez que esta pesquisa apurou um número reduzido de trabalhos que

traziam em seu escopo o assunto em questão.

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SHUM, P.; CHEN, H.; BURRIT, R. L.. A Cross-Country Study of the Determinants of Sustainability

Reporting and Assurance. In CSEAR - 1st South American Congress on Social and Environmental

Accounting Research, 2009.

SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da Pesquisa e Elaboração da Dissertação.

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. 2001.

SLOMSKI, V.; SLOMSKI, V. G.; MEGLIORINI, E.; KASSAI, J. R. Gestão de custos: uma proposta de

internalização de custos da destinação final relacionadas ao descarte do produto e/ou de sua

embalagem aos custos de produção. In: 10º Congresso USP de Controladoria e Contabilidade. São

Paulo: 2010.

SOUZA, V. R. de; RIBEIRO, M. de SOUZA. Aplicação da contabilidade ambiental na Indústria

madeireira. Revista Contabilidade & Finanças - USP, São Paulo, n. 35, p. 54 - 67, maio/agosto 2004.

SOUZA, M. Índice Dow Jones de Sustentabilidade tem 8 brasileiras. AE Investimentos notícias –

Finanças. Agência Estado, 2008.

TINOCO, J. E. P.; KRAEMER, M. E. P. Contabilidade e Gestão Ambiental. 1ª ed. 220 p. São Paulo:

Saraiva, 2006.

TURNHOLD, E.; HISSCHEMOLLER, M.; EIJSACKERS. H. Ecological indicators: Between the two fires

of science and policy. Ecological Indicators, pp. 215–228, 2007.

ÚNICA - UNIÃO DA INDÚSTRIA DA CANA DE AÇÚCAR. Informativo. Notícias, 2009. Disponível em

http://unica.com.br Acesso em maio/2009.

VALLEJO, P. M.; SANZ, B. U.; BLANCO, A. B. Construcción de escalas de actitudes tipo likert - Una

guia práctica. pp. 175 Espanha: Editorial La Muralla S.A, 2003.

VELLANI, C. L.; RIBEIRO, M. de S. Sistema contábil para gestão da eco eficiência empresarial.

Revista Contabilidade & Finanças USP, v. 20, n. 49, pp. 25-43, 2009.

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ANEXO I

Os artigos relacionados abaixo foram elaborados a partir desta pesquisa:

Artigos publicados:

PEREIRA, M. A.; CALARGE, F. A.; PEREIRA, F. H. Uma análise exploratória da aplicação de

sistemas de gestão integrada em empresas do setor sucroalcooleiro no estado de São Paulo. In:

XVII SIMPEP – Simpósio de Engenharia de Produção. UNESP. Bauru, 2009.

QUINTELA, W. T.; PEREIRA, M. A.; CALARGE, F. A. Análise da relação entre participação e

divulgações socioambientais dos bancos brasileiros participantes do DJSI Dow Jones

Sustainability Indexes considerando a contabilidade ambiental. In: XLII SBPO – Simpósio

Brasileiro de Pesquisa Operacional. Bento Gonçalves, 2010.

PEREIRA, M. A.; CALARGE, F. A. PEREIRA, F. H. New approaches in organizational management

focusing the sustainability: an analisys considering sugar – ethanol companies in Brazil. In:

Safety Health and Environment World Congress - SHEWC, 2010. São Paulo, 2010.

PEREIRA, M. A; ROSA, J. M.; PEREIRA, F. H.; CALARGE, F. A.; SANTANA, J. C. Advanced

oxidative processes apllied to the dye degration, for reducing of the production costs in a textile

industry. In: XVI International Conference on Industrial Engineering and Operations Management -

ICIEOM 2010. São Carlos, 2010.

PEREIRA, M. A.; CREPALDI, M. R.; CALARGE, F. A. questão da sustentabilidade voltada ao

desempenho organizacional: uma análise exploratória em empresas do setor sucroalcooleiro no

Estado de São Paulo. Revista Exacta UNINOVE. v. 8, n. 3, pp. 269-278. São Paulo, 2010.