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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA GESTÃO CONTÁBIL
INTEGRADA NAS DIMENSÕES ECONÔMICA, AMBIENTAL E SOCIAL: UMA ANÁLISE
EXPLORATÓRIA EM EMPRESAS DO SETOR SUCROALCOOLEIRO DO ESTADO DE SÃO PAULO.
MARIA APARECIDA PEREIRA
ORIENTADOR: PROF. DR. FELIPE ARAUJO CALARGE
COORIENTADOR: PROF. DR. FÁBIO HENRIQUE PEREIRA
São Paulo
2011
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
PROGRAMA DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA GESTÃO
CONTÁBIL INTEGRADA NAS DIMENSÕES ECONÔMICA, AMBIENTAL E SOCIAL: UMA ANÁLISE
EXPLORATÓRIA EM EMPRESAS DO SETOR SUCROALCOOLEIRO DO ESTADO DE SÃO PAULO.
MARIA APARECIDA PEREIRA
ORIENTADOR: PROF. DR. FELIPE ARAUJO CALARGE
COORIENTADOR: PROF. DR. FÁBIO HENRIQUE PEREIRA
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós Graduação em Engenharia
de Produção da Universidade Nove de Julho –
UNINOVE, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Engenharia
de Produção.
São Paulo
2011
ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DE INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA GESTÃO CONTÁBIL
INTEGRADA NAS DIMENSÕES ECONÔMICA, AMBIENTAL E SOCIAL: UMA ANÁLISE
EXPLORATÓRIA EM EMPRESAS DO SETOR SUCROALCOOLEIRO DO ESTADO DE SÃO
PAULO.
MARIA APARECIDA PEREIRA
Dissertação de mestrado apresentada ao
Programa de Pós Graduação em Engenharia
de Produção da Universidade Nove de Julho –
UNINOVE, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Engenharia
de Produção.
_______________________________________
Prof. Dr. Felipe Araújo Calarge (Presidente)
_______________________________________
Prof. Dr. José Carlos Curvelo Santana (Membro)
_______________________________________
Prof. Dr. José Roberto Kassai (Membro)
Dedicatória
Dedico este trabalho a todos que me
apoiaram nos momentos mais difíceis
e mais necessários.
AGRADECIMENTOS
- Agradeço a Deus o dom, a graça, as conquistas e os desafios da vida. Agradeço de forma grata e
grandiosa meus pais, Deolinda e Elmiro, por minha existência, por seus ensinamentos, por
compreenderem os meus muitos momentos de ausência e principalmente pelos sacrifícios que tiveram
que fazer para que eu chegasse até aqui.
- Agradeço meu orientador, Prof. Dr. Felipe Araujo Calarge, por sua constante compreensão e
paciência, por seu imenso conhecimento científico, o que considero fundamental para estabelecer uma
relação de incentivo e cooperação para o desenvolvimento dos nossos trabalhos e por todos “rabiscos
vermelhos” que carinhosamente tanto contribuíram para meu aprendizado.
- Agradeço meu co-orientador Prof. Dr. Fábio Henrique Pereira pelo apoio, incentivo e ensinamento
recebidos. Agradeço de coração o Prof. Dr. José Carlos Curvelo Santana, por ter acreditado em meu
trabalho e pela sua grandiosa simplicidade de ser.
- Agradeço as amigas Marilda e Lúcia, pela acolhida em São Paulo, por nossa imensa amizade e por
sempre estarem a meu lado nas horas mais difíceis. Agradeço o amigo Tony, por ter acreditado, pelo
apoio e incentivo desde os primeiros passos em direção a mais esta conquista.
- Agradeço a todos os colegas mestrandos pelo companheirismo e atenção. Agradeço todos os
colaboradores do programa de mestrado sempre muito dedicados e atenciosos. Agradeço todos os
professores que contribuíram para a minha formação acadêmica e os membros da banca, pelos
comentários, sugestões e revisões.
- Agradeço especialmente a Universidade Nove de Julho, pelo crescimento intelectual e profissional e
por proporcionar a realização desde trabalho, através da bolsa de gratuidade do Programa de Mestrado
de Engenharia de Produção. Finalmente agradeço a todos aqueles que direta ou indiretamente
acreditaram, incentivaram e contribuíram para a realização de mais uma conquista em minha vida.
A todos, de coração, o meu muito obrigado!
“Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas!”
Mário Quintana
PEREIRA, Maria Aparecida. Elaboração e aplicação de Instrumento para avaliação da Gestão
Contábil Integrada nas Dimensões Econômica, Ambiental e Social: uma análise exploratória em
Empresas do Setor Sucroalcooleiro do Estado de São Paulo. 2011. 112 p. Dissertação (Mestrado
em Engenharia de Produção). Universidade Nove de Julho – UNINOVE, São Paulo.
RESUMO
Diante da problemática ambiental do século XXI, ou seja, as externalidades negativas geradas pelo
processo produtivo faz-se necessário uma reestruturação do desenvolvimento de forma sustentável, de
maneira que as necessidades de consumo atuais possam ser supridas sem comprometer a
sustentabilidade do planeta no futuro. A reestruturação exige postura estratégica das organizações
muito além da visão de lucratividade, criando assim a exigibilidade de implantação de novos métodos
de gestão e processos produtivos. A partir do assunto abordado, o objetivo do presente estudo é a
elaboração e a aplicação de um instrumento de avaliação para analisar o posicionamento das usinas
em funcionamento do setor sucroalcooleiro no Estado de São Paulo ao que se refere a uma gestão
organizacional direcionada ao desenvolvimento sustentável nas dimensões financeira, ambiental,
tecnológica e humana. Dado este cenário, no que se refere ao aspecto contábil verifica-se que
informações fornecidas pela contabilidade tradicional não contemplam aspectos relacionados às
externalidades geradas pelas práticas empresariais com relação aos investimentos que visam à
sustentabilidade. Diante da dificuldade de mensurar os custos ambientais, uma Gestão Contábil
Integrada irá colaborar para o levantamento de investimentos e retornos obtidos pelas empresas
engajadas no contexto da preservação ambiental.
Palavras-chave: Sistema Integrado de Gestão – SIG. Gestão Contábil Integrada – GCI. Setor
Sucroalcooleiro
PEREIRA, Maria Aparecida. Development and application of an instrument for assessment of the
integrated management in economics, environmental and social dimensions: an exploratory
analysis in companies of the sugar-alcohol sector of the State of Sao Paulo. 2011. 112 p.
Dissertation (Master in Production Engineers). Universidade Nove de Julho – UNINOVE, São Paulo.
ABSTRACT
According to the environmental problems of the XXI century, in others words, the externalities caused
by the production process, it is necessary to restructure the development in a sustainable manner, in
order to supply the current consumption needs without to compromise the sustainability of the eart
planet in the future. The restructuring requires strategic posture of organizations beyond the vision of
profitability, creating a liability for implementation of new management methods and productive
processes. This paper aims to propose an assessment tool to analyze the placement of plants in
operation in the sugar-alcohol sector State of São Paulo which refers to an organizational management
directed towards sustainable development in the financial, environmental, technological and human
dimensions. Given this scenario, which refers to the accounting aspects, it is checked that the
information provided by traditional accounting does not include aspects related to the externalities
caused by the business practices according to the investments that aim at sustainability. An Integrated
Accounting Management will contribute to raise the investment returns earned by companies engaged
in the context of environmental preservation, due to the difficulty of measuring environmental costs.
Keywords: Integrated Management System - IMS. Integrated Management Accounting - IMA. Sugar
Alcohol Sector.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: A sustentabilidade e suas dimensões. .....................................................................................20
Figura 2: Produção Nacional e Produção Região Centro Sul safra 2007/08...........................................22
Figura 3: Sustentabilidade Pontuações ITAUSA.....................................................................................29
Figura 4: Sustentabilidade Pontuações CEMIG.......................................................................................29
Figura 5: Elementos essenciais da abordagem P+L................................................................................33
Figura 6: Etapas necessárias para a obtenção da P+L...........................................................................33
Figura 7: Estágios e aspectos da gestão organizacional no complexo sucroalcooleiro..........................34
Figura 8: Modelo representativo da CCEC..............................................................................................45
Figura 9: Constructos do modelo Balanço Patrimonial Ambiental das Nações.......................................54
Figura 10: Evolução do lançamento dos relatórios de sustentabilidade das organizações de acordo com
as diretrizes da GRI.............................................................................................................................. ...55
Figura 11: Eliminação da queimada no Estado de São Paulo.................................................................66
Figura 12: Eliminação da queimada no Estado de São Paulo. ...............................................................67
Figura 13: Etapas de trabalho da presente pesquisa..............................................................................72
Figura 14: Consultas realizadas......................................................................................................... ......87
Figura 15: Distribuição das usinas produtoras safra 2007/08.................................................................87
Figura 16: Distribuição das usinas produtoras posição em 30/08/2010..................................................88
Figura 17: Percentual de divulgação nas usinas pesquisadas................................................................88
Figura 18: Aspectos e práticas voltadas à sustentabilidade – Setor Sucroalcooleiro no Estado de São
Paulo........................................................................................................................................................89
Figura 19: Produção de cana-de-açúcar safra 2007/08 em milhões de toneladas .................................90
Figura.20: Distribuição da Produção- Região Centro Sul - Safra 2007/08...............................................90
Figura 21: Evolução da produção de cana-de-açúcar por safra..............................................................91
Figura 22: Evolução da produtividade agrícola de uma usina do Grupo Balbo (Native) em toneladas por
hectare do ano de 1970 ao ano de 2009...............................................................................................92
Figura 23: Quantidade de usinas avaliadas com aplicação do instrumento............................................93
Figura 24: Comparativo da pontuação obtido no setor sucroalcooleiro e pontuação máxima do
elemento................................................................................................................... ...............................94
Figura 25: Grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista à Abordagem Contábil Ambiental........94
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: As visões do profissional contábil...........................................................................................27
Quadro 2: Princípios de sustentabilidade................................................................................................30
Quadro 3: Resumo dos índices de sustentabilidade................................................................................31
Quadro 4: Demonstrações Contábeis Obrigatórias.................................................................................40
Quadro 5: Conteúdo dos Demonstrativos Contábeis Obrigatórios..........................................................41
Quadro 6: Conteúdo do Ativo e de seus grupos de contas.....................................................................42
Quadro 7: Conteúdo do Passivo e de seus grupos de contas.................................................................42
Quadro 8: Dimensões da Contabilidade.............................................................................................. ....43
Quadro 9: Contribuições do contador e pontos que a contabilidade deveria cobrir........ ........................48
Quadro 10: Conteúdo do Ativo Ambiental e de seus grupos de contas..................................................49
Quadro 11: Conteúdo do Passivo Ambiental e de seus grupos de contas..............................................49
Quadro 12: Pesquisas no contexto Global...............................................................................................51
Quadro 13: Pesquisas no contexto organizacional.............................................................................. ....52
Quadro 14: Possíveis resultados da equação básica da contabilidade...................................................53
Quadro 15- Contexto histórico da GRI de 1997 a 2002...........................................................................56
Quadro 16 - Contexto histórico da GRI de 2003 a 2010..........................................................................57
Quadro 17 – Etapas de integração de acordo como A4S........................................................................59
Quadro 18 - Três principais áreas de trabalho do projeto A4S para 2010/11..........................................60
Quadro 19: Inovações ocorridas no setor sucroalcooleiro.......................................................................64
Quadro 20: Indicadores do setor sucroalcooleiro brasileiro safra 2007/08..............................................65
Quadro 21: Estrutura da ferramenta de avaliação SAE J4000................................................................74
Quadro 22: Escala de medição do nível de satisfação em comparação com as melhores práticas.......74
Quadro 23: Ativo nas abordagens Tradicional e Ambiental.....................................................................76
Quadro 24: Passivo nas abordagens Tradicional e Ambiental................................................................77
Quadro 25: Custos e Despesas nas abordagens Tradicional e Ambiental..............................................78
Quadro 26: Receitas e Ganhos nas abordagens Tradicional e Ambiental..............................................78
Quadro 27: Estrutura do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil
Ambiental.................................................................................................................................................80
Quadro 28: Escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão Contábil Ambiental.......80
Quadro 29: Estrutura do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil
Ambiental.................................................................................................................................................83
Quadro 30: Escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão Contábil Ambiental.......83
Quadro 31 – Identificação da empresa e elemento 1 Ativo Circulante e não Circulante.........................84
Quadro 32 - Elemento 2: Passivo Circulante e Não Circulante...............................................................85
Quadro 33 - Elemento 3: Resultados de Exercícios Futuros...................................................................85
Quadro 34 - Elemento 4: Patrimônio Líquido...........................................................................................85
Quadro 35 - Elemento 5: Demonstração do Resultado do Exercício......................................................86
Quadro 36 - Apresentação dos resultados da aplicação do instrumento de avaliação...........................86
Quadro 37: Resultados apurados no setor sucroalcooleiro paulista com a aplicação do instrumento de
avaliação..................................................................................................................................................93
Quadro 38: Resultados apurados com aplicação do instrumento em outros setores da economia........95
Quadro 39: Resultados da abordagem contábil referente à aplicação do instrumento de avaliação em
outros setores da economia.....................................................................................................................95
Quadro 40: Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação no “Balanço das
Nações” consolidado................................................................................................................................97
Quadro 41: Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação no “Balanço das
Nações” consolidado dos países considerados “Monster Countries”......................................................97
Quadro 42: Abordagem Contábil do Balanço das Nações......................................................................98
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ALCA – Área de Livre Comércio das Américas
APEC – Cooperação da Ásia e do Pacífico
A4S – Prince’s Accounting for Sustainability Project
BCN – Balanço Contábil das Nações
BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo
BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China
CCE – Contabilidad de Costes Ecológicos
CCEC – Contabilidade de Custos Ecológicos Completos
CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais
CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CFC – Conselho Federal de Contabilidade
CGA – Contabilidade Gerencial Ambiental
CGA – Contabilidade de Gestão Ambiental
CICA – Canadian Institute of Chartered Accounts
CSEAR – Centre for Social and Environmental Accounting Research
DFC – Demonstração dos Fluxos de Caixa
DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
DJSI – Dow Jones Sustainability Indexes
DLPac – Demonstração dos Lucros ou prejuízos acumulados
DOAR – Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
DRE – Demonstração do Resultado do Exercício
DVA – Demonstração do Valor Adicionado
EMAS – Eco-Management and Audit Scheme
FEA/USP – Faculdade de Economia e Administração/Universidade de São Paulo
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
FSC – Forest Stewardship Council
GCA – Gestão Contábil Ambiental
GCT – Gestão Contábil Tradicional
GRI – Global Reporting Iniciative
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IRFS - International Financial Reporting Standards
IIRC - International Integrated Reporting Committee
IPCC – Intergovernamental Panel on Climate Change
ISO – International Organization for Standardization
ISO TS - International Organization for Standardization Technical Specification
ISR – Investimento Socialmente Responsável
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
NBC – Norma Brasileira de Contabilidade
NBR - Norma Brasileira Regulamentadora
NECMA – Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente
SAE – Society for Automotive Engineers
SIG – Sistemas Integrados de Gestão
SGQ – Sistemas de Gestão da Qualidade
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
MERCOSUL – Mercado Comum do Sul
NAFTA – North American Free Trade Agreement
OSHAS - Occupational Health & Safety Advisory Services
PIB – Produto Interno Bruto
P + L – Produção mais Limpa
TBL – Triple Botton Line
UE – União Européia
UNICA – União da Indústria da Cana de Açúcar
SUMÁRIO
CAPITULO I. INTRODUÇÃO...................................................................................................................17
1.1 JUSTIFICATIVA......................................................................................................................... .......19
1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................................................20
1.2.1 OBJETIVOS GERAIS.....................................................................................................................21
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................................................21
1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO...........................................................................................................22
CAPITULO II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................23
2.1 MUDANÇAS NOS PARADIGMAS DE GESTÃO ORGANIZACIONAL..............................................23
2.2 SUSTENTABILIDADE NAS ABORDAGENS ECONÔMICA FINANCEIRA E PRODUÇÃO..............25
2.2.1 ABORDAGEM ECONÔMICA FINANCEIRA...................................................................................25
2.2.2 ABORDAGEM DE PRODUÇÃO.....................................................................................................30
2.3 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO..........................................................................................32
2.3.1 NORMAS REGULAMENTADORAS DE CERTIFICAÇÃO..............................................................33
2.3.2 SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO COM ABORDAGEM NA SUSTENTABILIDADE................34
2.4 GESTÃO CONTÁBIL: ABORDAGEM TRADICIONAL E ABORDAGEM INTEGRADA ....................34
2.4.1 SISTEMA DE GESTÃO CONTÁBIL...............................................................................................35
2.4.1.1 ABORDAGEM CONTÁBIL TRADICIONAL..................................................................................36
2.4.1.2 ABORDAGEM CONTÁBIL INTEGRADA À GESTÃO AMBIENTAL............................................40
2.4.2 A APLICAÇÃO DA GESTÃO CONTÁBIL AMBIENTAL NO CONTEXTO MUNDIAL.....................47
2.4.2.1 BALANÇO CONTÁBIL DAS NAÇÕES.........................................................................................49
2.4.3 Relatórios de Sustentabilidade no Contexto Mundial.....................................................................54
2.4.3.1 Global Reporting Initiative (GRI)..................................................................................................54
2.4.3.2 Prince’s Accounting for Sustainability Project (A4S) e o Connected Reporting...........................57
2.4.3.3 International Integrated Reporting Committee (IIRC)...................................................................60
2.5 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DO SETOR SUCROOALCOLEIRO...............................................51
2.5.1 O SETOR SUCROALCOOLEIRO...................................................................................................51
2.5.1.1 CONTEXTO ORGANIZACIONAL................................................................................................52
2.5.1.2 CONTEXTO ECONÔMICO..........................................................................................................53
2.5.13 CONTEXTO SÓCIO AMBIENTAL................................................................................................54
CAPITULO III MÉTODO E CONDUÇÃO DA PESQUISA.......................................................................57
3.1 PESQUISA E METODOLOGIA CIENTÍFICA: PRINCIPAIS ASPECTOS CONCEITUAIS................57
3.1.1 DEFINIÇÃO DO TIPO DE PESQUISA ADOTADA NESTE TRABALHO........................................58
3.2 ESTRATÉGIAS PARA CONDUÇÃO DA PRESENTE PESQUISA....................................................59
3.3 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS PARA CONDUÇÃO DA PRESENTE PESQUISA................................60
3.4 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS PARA ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO.............62
3.4.1 NORMA SAE J4000: BREVE CONCEITUAÇÃO E ESTRUTURA DE REFERÊNCIA...................62
3.4.2 OS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS CONSIDERANDO AS ABORDAGENS TRADICIONAL E
AMBIENTAL.............................................................................................................................................64
3.4.3 ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO..................................................................68
3.4.4 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DO GRAU DE ADERÊNCIA.........................70
CAPITULO IV - ANÁLISE DOS RESULTADOS.....................................................................................71
4.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................................................71
4.2 APRESENTAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO ELABORADO.........................................72
4.3 ANÁLISE CONJUNTA DOS DADOS APURADOS...........................................................................73
4.3.1 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO ELABORADO NO PRESENTE ESTUDO................................78
4.3.2 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO EM OUTROS SETORES DA ECONOMIA...80
4.3.3 APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIÇÃO EM RELATÓRIOS DE CONTEXTO
GLOBAL...................................................................................................................................................81
CAPITULO V CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................85
5.1 ASPECTOS RELACIONADOS AO TEMA DA PESQUISA...............................................................85
5.2 ASPECTOS RELACIONADOS À CONDUÇÃO DA PESQUISA......................................................86
5.3 CONCLUSÕES..................................................................................................................................87
5.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...............................................................................102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................103
ANEXO A ARTIGOS ELABORADOS A PARTIR DESTA PESQUISA..................................................112
19
CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO
Diante da problemática ambiental do século XXI, ou seja, as externalidades geradas pelo
processo produtivo com ameaças para a economia global associadas às mudanças climáticas,
destruição do ambiente natural e a poluição da terra, do ar e da água faz-se necessária uma
reestruturação do desenvolvimento de forma sustentável.
Desenvolvimento sustentável de maneira que as necessidades de consumo atuais possam ser
supridas sem comprometer a sustentabilidade do planeta no futuro. A reestruturação exige postura
estratégica das organizações muito além da visão de lucratividade, criando assim a exigibilidade de
implantação de novos métodos de gestão e processos produtivos.
A partir do assunto abordado o presente estudo analisou o posicionamento das usinas em
funcionamento do setor sucroalcooleiro no Estado de São Paulo, no que se refere a uma gestão
organizacional direcionada ao desenvolvimento sustentável nas dimensões: financeira, ambiental,
tecnológica e humana. Setor considerado por Bragato et al. (2008) como evidente propulsor de
desenvolvimento, com expressiva dimensão social e base de sustentação econômica do país.
Com a abertura de novos mercados, para o setor permanecer na posição de liderança mundial,
as destilarias estão sendo incorporadas por grandes grupos e informações estão sendo divulgadas em
fontes públicas onde os dados necessários para a presente pesquisa foram coletados para análise do
posicionamento do setor.
Devido à expressividade brasileira em produção e exportação no setor sucroalcooleiro, a busca
pela excelência torna-se constante e diretamente ligada à sustentabilidade. Diante do crescimento na
participação em mercados internacionais e das exigências dos grupos de interesses, as empresas
nacionais do setor sucroalcooleiro buscam melhorias na gestão organizacional, ou seja, melhores
práticas, novas tecnologias e adequação, no que diz respeito à questão ambiental.
Savitz e Weber (2007) definem como Sweet Spot o lugar em que a busca do lucro se mistura
com a busca do bem comum e, destacam que as empresas bem gerenciadas em todo mundo estão
tentando localizar e atuar nessas regiões de interesses mútuos.
Os autores complementam que as empresas estão desenvolvendo novas maneiras de fazer
negócios, com o objetivo de localizar nessas áreas de interesses mútuos e nelas se estabelecerem.
Sugerem ainda refletir sobre sustentabilidade como território compartilhado pelos interesses da
empresa (os stakeholders financeiros) e pelos interesses do público (stakeholders não financeiros).
Há um consenso que uma das maneiras de se tornar um sistema sustentável é realizando o
20
seu gerenciamento de maneira integrada, ou seja, envolvendo as dimensões econômica, ecológica e
social, como destaca Satolo (2008) e ilustrado na Figura 1.
Satolo e Calarge (2008) destacaram que ao se analisar a dimensão de sustentabilidade do
complexo sucroalcooleiro nota-se que este setor ainda terá de enfrentar diversas dificuldades até
alcançar um grau de sustentabilidade.
As empresas do setor sucroalcooleiro para se manterem competitivas estão voltadas para uma
gestão de transparência, ética e responsabilidade socioambiental, com mudanças nos processos e na
gestão organizacional, estão vivenciando assim uma fase de mudanças, uma vez que isso não é uma
prática comum dessas empresas.
FIGURA 1 - A sustentabilidade e suas dimensões. Fonte: Adaptado Fresner e Engelhardt, 2004.
Devido a este cenário, no que se refere ao aspecto contábil verifica-se que informações
fornecidas pela contabilidade tradicional não contemplam aspectos relacionados às externalidades
geradas pelas práticas empresariais com relação aos investimentos que visam à sustentabilidade.
Traduzir a informação social e ambiental em linguagem de negócios é uma possibilidade de
atrair a atenção dos mercados e, para tanto, é necessário desenvolver ferramentas contábeis que
permitam que as externalidades sejam incorporadas ao beneficio econômico calculado pelas empresas
e a Contabilidade de Custos Ecológicos Completos (CCEC) pretende ser uma resposta válida para esta
questão (CHULIÁN, 2006).
A metodologia apresentada por Chulián (2006) esclarece e traduz em linguagem de negócios
as contribuições geradas para empresa tornar-se sustentável, sendo a mesma um dos modelos
utilizados no presente trabalho, dentre outros que foram pesquisados junto ao referencial bibliográfico,
como os critérios definidos pelas normas do Conselho Federal de Contabilidade (CFC).
21
Ribeiro (1998) destacou que a mensuração dos custos ambientais esbarrava nas limitações
dos instrumentos da contabilidade, já que, pela sua natureza, a maioria destes custos se enquadra na
classificação de custos indiretos de fabricação, ou o consumo de recursos ocorre concomitante ao
processo produtivo normal, dificultando com isso sua identificação.
Diante da dificuldade de mensurar os custos ambientais uma gestão contábil integrada poderá
colaborar para o levantamento de investimentos e retornos obtidos pelas empresas engajadas no
contexto da preservação ambiental. Destaca-se que o Brasil ocupa um lugar de destaque em produção
acadêmica sobre açúcar e álcool, por o Brasil ocupa o primeiro lugar em produção acadêmica sobre
açúcar e álcool, porém constatou-se neste estudo que em sua maioria as pesquisas estão
concentradas na área de ciências biológicas.
1.1 Justificativa
Foi observado que na literatura há um número reduzido de discussões quanto aos aspectos
envolvidos no processo de uma Gestão Contábil Integrada, no entanto há também inúmeras lacunas a
serem preenchidas e a aplicação de princípios e ferramentas na mensuração dos custos ambientais
mostrou-se necessária. Além disso, a discussão possibilita a verificação da necessidade de
implantação de uma gestão que contemple as dimensões econômica, social e ambiental.
Carvalho (2008) destaca que a contabilidade tradicional já definiu instrumentos necessários e
suficientes para demonstrar os fatos que se relacionam com a empresa, tendo em vista os fatos
ambientais não poderia ser diferentes.
Para Ribeiro (2005), os objetivos da contabilidade ambiental estão consolidados em identificar,
mensurar e esclarecer os eventos e transações econômico-financeiros que estejam relacionados com a
proteção, preservação e recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período, visando à
evidenciação da situação patrimonial da entidade.
Optou-se analisar o Estado de São Paulo devido a sua expressividade no setor sucroalcooleiro
nacional e internacional, por existir uma pequena quantidade de trabalhos direcionados a abordagem
em questão, e pelo fato da gestão contábil tradicional não contemplar informações que dizem respeito
à gestão ambiental, ou seja, as externalidades positivas e negativas geradas pelas empresas durante o
processo produtivo. A Figura 2 apresenta as porcentagens de participação na produção da safra
2007/2008.
22
FIGURA 2 – Produção Nacional e Produção Região Centro Sul Safra 2007/2008. Fonte: ÚNICA, 2009.
De acordo com Freire et al. (2006), frente aos dilemas no que diz respeito à forma se relacionar
com a sociedade e com o meio ambiente as entidades têm repensado suas ações e a contabilidade
diante deste cenário, tem papel preponderante junto a seus usuários internos e externos, impondo a
necessidade de adequação a essa realidade.
Para Lima e Viegas (2002) a contabilidade, na condição de ciência social, passou a ser
questionada sobre o desempenho ecológico das empresas na sociedade, tendo, com isso, uma nova
perspectiva acerca de seu papel. Neste contexto, justifica-se o estudo a seguir como uma contribuição
acadêmica, com vistas de que a contabilidade é uma ciência social inserida na gestão das empresas.
1.2 Objetivos
O presente trabalho teve como objetivo elaborar e aplicar um instrumento de avaliação para
verificar o grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista à abordagem da Gestão Contábil
Ambiental, de acordo com os constructos definidos neste trabalho.
Pretendeu-se obter com presente estudo um instrumento que possa verificar o posicionamento
do setor sucroalcooleiro paulista quanto à Gestão Contábil Integrada, para tanto os itens 1.2.1 e 1.2.2 a
seguir apresentam o Objetivo Geral e os Objetivos específicos para que o presente estude pudesse
alcançar sua proposta.
23
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral do presente trabalho foi a elaborar e aplicar um instrumento de avaliação do
grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista sob a abordagem da Gestão Contábil Ambiental.
Para tanto, realizou-se uma análise das práticas socioambientais no que diz respeito ao
contexto em que as usinas paulistas estão inseridas. As práticas analisadas foram quanto às
exigências para preservação do meio ambiente, as necessidades do mercado consumidor, e aos
fatores tecnológicos e humanos de seus processos organizacionais e produtivos.
1.2.2 Objetivos específicos
Dando ênfase as tendências no cenário da indústria canavieira, faz-se necessário uma análise
de aspectos que são importantes para que as empresas possam atingir novos patamares de gestão
contábil, possibilitando a apresentação de relatórios em uma linguagem acessível aos seus usuários e
permanecendo competitivas e lucrativas em seus mercados de atuação.
Tendo em vista o objetivo geral do presente trabalho, como objetivos específicos destacaram-
se como podem ser apresentados os fatores ambientais nos relatórios contábeis integrados, a partir de:
- realizar um levantamento nas empresas do setor sucroalcooleiro paulista das práticas
socioambientais que subsidiam a gestão contábil ambiental, sob o escopo da Resolução 1.003/04
denominada Norma Brasileira de Contabilidade NBC T 15 e da minuta da NBC TE, ambas do CFC.
- analisar sob o ponto de vista da Gestão Contábil Tradicional e da Gestão Contábil Ambiental as
informações constantes nos relatórios econômico-financeiros das empresas do setor.
- verificar a aplicação de Sistemas de Gestão Integrada (SIS) e de Sistemas Normativos de Gestão:
Internacional Organization for Stardardization (ISO) 9001, Internacional Organization for Stardardization
ISO 14001 e Occupational Health & Safety Advisory Services (OSHAS) 18001 nas empresas do setor,
bem como a adequação destas informações aos sistemas de avaliação contábil e financeira.
24
1.3 Estrutura do Trabalho
Para atingir os objetivos propostos, esta dissertação está estruturada em 5 (cinco) capítulos,
que buscam descrever o desenvolvimento do estudo sobre o posicionamento das empresas do setor
sucroalcooleiro do Estado de São Paulo diante das exigências dos stakeholders (financeiros e não
financeiros) e da necessidade de implantação de novos processos para uma gestão direcionada ao
desenvolvimento sustentável. Para tanto o presente capítulo apresenta a introdução e contextualização
do assunto a ser abordado.
O Capítulo II apresenta a revisão conceitual sobre: (i) Mudanças nos paradigmas de gestão, (ii)
Sustentabilidade e suas abordagens, (iii) Sistemas Integrados de Gestão – SIG, (iv) A questão contábil
com abordagem tradicional e integrada e (v) Breve contextualização do setor sucroalcooleiro.
O Capítulo III descreve a metodologia utilizada para o desenvolvimento do presente trabalho e
as etapas para a condução da pesquisa. No Capítulo IV são analisados os resultados obtidos na
condução da pesquisa. As conclusões e as considerações finais são apresentadas no Capítulo V.
25
CAPÍTULO II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Mudanças no paradigma de Gestão Organizacional
No contexto atual das organizações, com as exigências dos grupos de interesses (stakeholders
financeiros e não financeiros) e com diferentes sistemas de gestão sendo implantados surge uma nova
necessidade: a integração dos sistemas em um único sistema, que Karapetrovic e Casedésus (2009)
denominam como Sistema Integrado de Gestão (SIG).
Para os autores, quando se trata de organizações com responsabilidades ambientais, a norma
ISO 14001 não foi o único Sistema de Gestão a ser implantado e destacam que os Sistemas de Gestão
da Qualidade (SGQ), baseados principalmente em normas ISO, como a ISO 9001, também têm sido
bem sucedidos em sua implantação.
Os autores complementam que a literatura especializada contém muitas contribuições para a
análise do impacto do SIG e no plano teórico, diferentes modelos e teorias para a integração têm sido
desenvolvidos sendo que alguns países criaram os seus próprios modelos de integração de sistemas
de gestão, citam como exemplo: a Austrália, a Dinamarca e a Espanha.
Para Henri e Journeault (2009), considerando o desempenho econômico resultante de
melhorias no desempenho ambiental, os gestores devem estar conscientes da importância da
integração das questões ambientais nos sistemas de controle de gestão existentes e denominam de
eco-controle a aplicação de métodos de controle financeiro e estratégico no gerenciamento ambiental.
Diante da necessidade de se obter e prestar informações das estratégias adotadas, para
Dillard et al. (2009) a gestão das organizações deve formular e implementar estratégias ambientais e
sistemas de informação que permitam sustentar tais estratégias, sendo os sistemas de gestão e as
informações contábeis um tipo particular de representação simbólica que contém o conhecimento,
facilitando o controle hierárquico.
Complementam que tal representação simbólica manifesta-se como tecnologia de gestão que
informa a ação intencional das organizações no processo de transformação e de sistemas que podem
promover a manutenção dos processos, o processo de exploração, ou alguma combinação de ambos.
Schaltegger e Burrit (2009) destacam que a procura de informações sobre os efeitos
econômicos das atividades ambientais e sociais contribui para impulsionar o desenvolvimento de
ferramentas de contabilidade para uso em práticas de sustentabilidade empresarial.
26
Para Vellani e Ribeiro (2009) os conceitos “Responsabilidade Social Corporativa” e
“Sustentabilidade Empresarial” convergem para o mesmo objetivo: integrar os aspectos econômicos,
sociais e ecológicos dos negócios.
Segundo os autores a sustentabilidade empresarial pode ser alcançada por meio da
manutenção de ações ecológicas que convergem para a eco eficiência. Além disso, outras atividades
ambientais podem contribuir para a proteção do meio ambiente, mas não reduzem o impacto negativo
do próprio negócio.
Bebbington e Gray (2001) destacam que a literatura contábil tem demonstrado um aumento
considerável na preocupação com questões de sustentabilidade e os papéis que desempenha na
prática contábil: (i) legitimando a crença e legado do negócio para a sustentabilidade das operações e
(ii) desafiar essa crença e, no desenvolvimento da contabilidade alternativa que pode oferecer
diferentes construções da "natureza", "sociedade" e "sucesso empresarial".
Para Gray (2009), qualquer tentativa de abordagem de conta da sustentabilidade
organizacional obriga abordar como essa conta será articulada com o entendimento a nível global do
termo. A primeira escolha que se faz, portanto, acerca de contabilidade é como se pode imaginar e
descrever (explicar) um estado em que a sustentabilidade é de interesse e preocupação.
Schaltegger e Burrit (2000) apud Burrit et al. (2009) destacam a que Gestão Contábil Ambiental
incorpora um conjunto relativamente novo de ferramentas de gestão que ajudam as empresas que
procuram melhorar o seu desempenho ambiental e econômico e complementam a mesma parte da
infra-estrutura da contabilidade.
A infra-estrutura citada, segundo os autores, fornece um ambiente de informações
relacionadas aos gestores que ajuda a aumentar a conscientização da sociedade diante dos impactos
ambientais, para descobrir os benefícios financeiros e a redução de custos que podem ser adquiridos
ao enfrentar os desafios ambientais que se colocam diante das atividades.
A Gestão Contábil ao assumir sua nova dimensão traz inovações para a visão de seus
profissionais como descrevem Fleischman e Schuele (2006) baseando-se nas descrições de Medley
(1997). As visões para os profissionais contábeis, de acordo com os autores, são apresentadas no
Quadro 1 a seguir.
27
PROFISSIONAL VISÃO
Contador Financeiro - Que o torna apto a compreender o patrimônio ambiental, passivos e contingências;
- E ser capaz de identificar e relatá-los com precisão, utilizando algum processo padronizado
Contador de Gestão
- Que o torna apto ao entendimento completo de todos os custos e benefícios ambientais dentro de uma organização;
- Do ponto de vista operacional e de produto o que permitiria decisões racionais a serem feitas sobre a maneira que a organização deve desenvolver no futuro.
Auditor - Que o torna apto a entender dos controles de gestão ambiental, processos e sistemas, o que permitirá fornecer uma real verificação das contas ambientais.
QUADRO 1 – As visões do profissional contábil. Fonte: Medley (1997) apud Fleischman e Schuele (2006).
2.2 Sustentabilidade nas abordagens econômico-financeira e de produção
Este item apresenta os aspectos da sustentabilidade contemplando as abordagens econômico-
financeira e de produção.
2.2.1 Abordagem econômica financeira
Desde a entrada em vigor do Protocolo de Kyoto a possibilidade de utilização do “Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo” (MDL), tem atraído cada vez mais a atenção do mundo dos negócios e do
setor empresarial, surgindo a necessidade de se rever de forma geral o tratamento direcionado ao meio
ambiente e de criar fontes alternativas de desenvolvimento e subsistência humana sem causar danos
irreversíveis à vida do ser humano no planeta Terra (CGEE, 2008).
Acordos, protocolos, convenções, debates e inúmeras informações compõem o universo que
trata do desenvolvimento sustentável e há necessidade de mudanças no setor econômico de imediato,
para obtenção de resultados em longo prazo. Dessa forma, várias organizações têm procurado estar
em conformidade com as questões relacionadas à sustentabilidade, trilhando caminhos que as
projetem como responsáveis, comprometidas e transparentes em relação aos problemas do meio
ambiente.
Para Camargos (2006) um indicador considerado para a realização da análise de
sustentabilidade é o Índice Dow Jones de Sustentabilidade (Dow Jones Sustainability Indexes - DJSI),
28
o qual foi criado pelo mercado de capitais como meio de considerar a sustentabilidade como projeção
para os participantes de suas carteiras.
O autor complementa que o índice DJSI tem representado ganhos para acionistas que
investem em empresas sustentáveis, sendo que considerando como exemplo os primeiros nove meses
de 2006, o DJSI registrou valorização de 15,9% frente a 14% do Índice Dow Jones.
Turnhout et al. (2007) destacam os indicadores como fenômenos bem conhecidos, para a
gestão e compreensão de sistemas complexos, como os existentes na sociedade ou no ambiente. A
simplificação é uma exigência, sendo essencial para essa compreensão a construção de uma imagem
simples com um conjunto limitado de fatores relevantes: os indicadores. Os autores citam como
exemplo o DJSI sendo o indicador número um de qualidade econômica.
Souza (2008) demonstrou que de um total de 320 participantes da carteira 2007/2008 do DJSI,
08 são empresas brasileiras sendo elas: Aracruz, Bradesco, Itaú Holding Financeira, Cemig, Itaúsa
Investimentos, Petrobrás, Usiminas e Votorantin Celulose e Papel, que atuam em diferentes setores da
economia como as demais participantes.
De acordo com o DJSI (2010) a carteira do índice possui um total de 19 setores, sendo eles:
bancário, químico, automobilístico, serviços públicos, petróleo e gás, sendo as empresas reconhecidas
quanto à criação de valor em longo prazo aos seus investidores, ao gerenciamento de riscos
econômicos, ambientais e sociais.
Na carteira 2008/09 de 317 participantes, de 19 supersetores diferentes, o Brasil está
representado por 7 empresas: Aracruz Celulose S/A, Banco Bradesco S/A, Cemig – Cia Energética de
Minas Gerais, Banco Itaú Unibanco S/A, Itaúsa – Investimentos Itaú S/A, Petrobras – Petróleo
Brasileiro S/A e Redecard.
Segundo o DJSI (2010) o resultado global da Itaúsa melhorou impulsionado pela gestão de
riscos e de crises, gestão da marca, gestão ambiental, eco-eficiência das operações, saúde
ocupacional e segurança dos empregados, bem como inclusões financeiras.
Sendo uma holding de investimentos, a Itaúsa conseguiu avançar na incorporação das
questões econômicas, sociais e ambientais nas suas sociedades gestoras de participações nos setores
financeiro e imobiliário, madeira, cerâmica, produtos químicos, metais sanitários e componentes
eletrônicos.
No DJSI (2010) há o destaque também para a holding da Itaúsa, a Duratex, que atua na
fabricação de produtos de madeira através de oito unidades industriais no Brasil, como membro
financiador e membro fundador do Green Building Council Brazil, suas operações florestais na Forest
Stewardship Council (FSC) e sua certificação pelo Selo Verde.
29
No que diz respeito a eco-eficiência, de acordo com o DJSI (2010) em todas as explorações
houve melhores resultados e a capacidade de gestão de humanos destaca-se em toda a exploração,
nomeadamente em termos de práticas de trabalho e bem-estar dos trabalhadores.
Destaca-se que a Cemig e a Itaúsa estão classificadas como líderes nesta carteira de 2009,
nos supersetores a que pertencem denominados de utilitários e serviços financeiros respectivamente.
As pontuações das brasileiras líderes no DJSI podem ser observadas nas Figuras 3 e 4.
FIGURA 3 – Sustentabilidade Pontuações - ITAUSA. Fonte: DJSI, 2010.
FIGURA 4 – Sustentabilidade Pontuações - CEMIG. Fonte: DJSI, 2010.
Consta no DJSI (2010) que a CEMIG é um membro de longa data e uma empresa com
impressionante desempenho e mais uma vez tornou-se líder da indústria. O DJSI relata o lançamento
em março de 2009 do Programa Minas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que tem como objetivo
SUSTENTABILIDADE – PONTUAÇÕES Dimensão Econômica
Dimensão Ambiental
Dimensão Social
DJSI média do setor em uma base global
Cia Energética Minas Gerais (CEMIG)
Melhor empresa em uma base global no setor DJSI
Dimensão Social
Dimensão Ambiental
Dimensão Econômica
SUSTENTABILIDADE - PONTUAÇÕES
DJSI média do setor em uma base global
Melhor empresa em uma base global no setor DJSI
ITAUSA-INVESTIMENTOS ITAU SA
30
alavancar o desenvolvimento e expansão de mercados regionais e capitalizar oportunidades de
mercado existentes para a energia hidrelétrica.
Os consumidores da energia gerada pelas PCHs serão beneficiados pela redução de sua tarifa
e poderão, também, ser beneficiados por consumirem energia de fontes renováveis. Os projetos de
geração a partir dessas fontes são elegíveis ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), visando
à obtenção de créditos de carbono (CEMIG, 2010).
O DJSI (2010) destaca também que em conjunto a todo este contexto, a CEMIG tem
aproveitado as oportunidades do mercado potencial, investindo em projetos que utilizam fontes de
energia renováveis, especialmente a biomassa, energia solar e usinas de geração elétrica eólica e
possui um sistema de medição bem desenvolvido para o desempenho, com indicadores de satisfação
do cliente, inovação, entre outros.
A empresa tem demonstrado a sua sensibilidade para com o ambiente, investindo em projetos
que visem o uso racional da energia, a co-geração e a distribuição. A empresa também foca reforçar a
interação com as partes interessadas, pois, em 2008 criou um projeto chamado Cemig 2.0, para
aproveitar os benefícios de aplicações Web 2.0.
Índices como o DJSI, listam empresas que operam em conformidade com os princípios do
desenvolvimento sustentável. O Quadro 2 apresenta os critérios pelos quais as empresas são
identificadas e classificadas no índice.
PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO
Tecnologia Tecnologia inovadora e de organização que utiliza recursos financeiros, naturais e sociais de forma eficiente, eficaz e economicamente viável.
Governança Os elevados padrões de governança corporativa, incluindo a responsabilidade pela gestão, capacidade organizacional, cultura corporativa e relações das partes interessadas.
Acionistas As exigências devem ser cumpridas pelo retorno financeiro de longo prazo com crescimento econômico, aumento da produtividade e contribuições de capital intelectual levando em consideração a acirrada competitividade global.
Indústria Liderar uma mudança rumo à sustentabilidade da indústria demonstrando compromisso e alto desempenho.
Sociedade Incentivo duradouro ao bem estar social por adequadas respostas em tempo oportuno para a mudança social, evolução demográfica, fluxos migratórios, mudando os padrões culturais e a necessidade de educação continuada.
QUADRO 2 – Princípios de Sustentabilidade. Fonte: Adaptado de Shingh et al., 2008.
O Quadro 3 abaixo apresenta um resumo de índices de sustentabilidade na área de
investimento, avaliação e gerenciamento de ativos.
31
ÁREA ÍNDICES LOCAL In
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ento
de
Ativ
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Gerenciamento de Ativo Sustentável (SAM) Suíça
Sustentabilidade Dow Jones (grupo DJSGI) E.U.A.
Sustentabilidade Empresarial da Bovespa Brasil
Benchmarking E.U.A. refinarias de petróleo, o Fundo de Defesa Ambiental (EDF) E.U.A.
ECCO-CHECK Índice de Avaliação de Riscos Ambientais Ltd. Reino Unido
Investor Responsibility Research Centre (IRRC) E.U.A.
Council on Economic Priorities (CEP) E.U.A.
Oeko Sar Fund, Bank Sarasin e Cie Suíça
Storebrand Scudder Environmental Value Fund Noruega
Innovest Strategic Advisors E.U.A.
Oekom Ambiente Avaliação Alemanha
Júpiter Income Trust Funds (filial de Júpiter Tyndall Group PLC) Reino Unido
QUADRO 3 - Resumo dos índices de sustentabilidade. Fonte: Shingh et al., 2008.
Segundo Shingh et al. (2008) o DJSI permite a aferição do desempenho dos investimentos em
empresas e fundos de sustentabilidade, monitora o desempenho dos primeiros 10% das empresas no
índice Dow Jones Global ao que se refere à liderança em sustentabilidade. Os critérios pelos quais as
empresas são identificadas e classificadas baseiam-se em cinco princípios de "sustentabilidade":
tecnologia, governança, acionistas, indústria e sociedade.
Luz (2009) destaca a crescente preocupação da sociedade e a urgência de se buscar o
equilíbrio entre desenvolvimento econômico, meio ambiente e justiça social e que os mercados
financeiros atentos a essa preocupação, buscando atender a demanda de uma parcela crescente de
investidores têm criado índices e fundos.
De acordo com este autor o pré-requisito para participação da empresa é ter uma atuação
diferenciada em termos de sustentabilidade empresarial. Conforme o autor esse tipo de investimento é
conhecido como “Investimentos Socialmente Responsáveis (ISR)”.
Krajnc e Glavic (2005) ressaltam que relatórios de sustentabilidade estão surgindo como uma
nova tendência na comunicação corporativa, integrando o desempenho financeiro, ambiental e social
da empresa, fazendo aumentar a complexidade na agregação de diferentes indicadores em um índice
único, o que possibilitaria a avaliação rápida e eficiente de sustentabilidade da empresa, bem como
aferição de empresas dentro de um setor específico.
32
2.2.2 Abordagem de Produção
De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 2002) o processo
de uso e transformação de recursos naturais traz efeitos negativos, como fica cada vez mais evidente
conforme se tornam mais intensas e complexas as interações entre a humanidade e a natureza.
Segundo a CESTESB este fato fez necessárias medidas que limitassem os danos causados pelas
atividades no meio ambiente.
Diante das conseqüências decorrentes das atividades produtivas, iniciativas têm surgido no
sentido da redução e controle dos problemas causados com a geração de resíduos, considerando
primariamente a abordagem corretiva, a qual envolve procedimentos tais como descarte de resíduos,
redução de emissões poluentes e tratamento dos efluentes.
Contudo, segundo a CETESB a abordagem direcionada pelo controle corretivo tem sido
redirecionada para uma abordagem fundamentada em ações preventivas, uma vez que a geração de
resíduos é resultado da ineficiência de transformação de insumos (matéria-prima, água e energia) em
produtos.
Para a CETESB a ineficiência acarreta danos ao meio ambiente e custos para as empresas,
passando a ser considerada como um desperdício de recursos com compra de insumos, desgaste de
equipamentos, horas de empregados, além dos demais custos envolvidos com o seu armazenamento,
tratamento, transporte e disposição final
O conceito de Produção Mais Limpa (P+L) tem surgido como uma forma de adequar os
sistemas de transformação aos preceitos da sustentabilidade, podendo ser conceituada segundo a
Rede Brasileira de Eco Eficiência (2009) como a aplicação contínua de uma estratégia técnica,
econômica e ambiental.
A Rede Brasileira cita a estratégia de modo a aumentar a eficiência no uso da matéria-prima,
como água e energia, integrando processos, produtos e serviços visando a não geração, minimização
ou reciclagem de resíduos e emissões, resultando assim em benefícios ambientais, ocupacionais e
econômicos. A Figura 5 a seguir ilustra os elementos envolvidos na P+L.
33
FIGURA 5– Elementos essenciais da abordagem P+L. Fonte: Rede Brasileira de Eco Eficiência, 2009.
Para a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP, 2009), a implementação de
um programa de prevenção de poluição consiste em aplicação de técnicas ou conjunto de técnicas em
uma área contaminada, visando à remoção a contenção dos contaminantes presentes de modo a
possibilitar sua reutilização com limites aceitáveis ao meio ambiente e a saúde humana, as etapas são
apresentadas na Figura 6.
FIGURA 6 – Etapas necessárias para a obtenção da P+L. Fonte: FIESP, 2009.
Oliveira e Alves (2007) citam que um maior interesse pela consciência ambiental em diversos
segmentos industriais tem sido observado dado ao aumento dos níveis de poluição, desenvolvimento
de legislações preventivas e crescimento da demanda de produtos e processos de produção “verde”.
34
Os autores complementam que até recentemente, os esforços industriais para aliviar os
impactos ambientais de seus produtos e processos estavam focados em duas áreas: desenvolvimento
de um processo de reciclagem, especialmente para metais e plásticos, e substituições de produtos
químicos nos processos de manufatura, tornando-os denominados “processos limpos”.
2.3 Sistemas Integrados de Gestão (SIG)
Para Barbeiro et al. (2007) um Sistema de Gestão compreende a estrutura organizacional, as
atividades de planejamento, as responsabilidades, as práticas, os métodos e critérios, os processos e
os recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política de uma
dada dimensão de interesse.
Os autores também salientam que esta dimensão de interesse pode ser a qualidade, o meio
ambiente, a segurança da informação, a segurança e saúde ocupacional, a responsabilidade social
interna ao local de trabalho ou a responsabilidade social ampla, dentre outras.
Satolo (2008) destaca que há um consenso que uma das maneiras de se tornar um sistema
sustentável é realizando o seu gerenciamento de maneira integrada, ou seja, envolvendo as dimensões
econômicas, ecológicas e sociais, com destaque a vários estágios e aspectos referentes à aplicação de
sistemas de gestão no complexo sucroalcooleiro, como ilustra a Figura 7.
FIGURA 7 – Estágios e aspectos da gestão organizacional no complexo sucroalcooleiro. Fonte: Satolo, 2008.
35
Como integrar os Sistemas de Gestão ainda possui inúmeras lacunas, para os autores
Karapetrovic e Jonker (2003) muitas questões referentes à integração ainda estão sem resposta, sendo
elas: (i) Integração significa total fusão dos Sistemas de Gestão, onde funções específicas dos
sistemas perdem sua identidade em separado, ou simplesmente um alinhamento dos Sistemas
existentes com o objetivo de alcançar uma maior compatibilidade? (ii) A integração envolve todos os
níveis hierárquicos da organização ou é possível que, por exemplo, na média gerência isto não seja
necessário? (iii) Qual o melhor modelo de um SIG? (iv) Em qual seqüência as funções específicas dos
Sistemas deveriam ser integradas? (v) Quais metodologias e técnicas/métodos de suporte deveriam
ser adotadas?
Para Barbeiro et al. (2007) as respostas a estas questões dependem da situação em que a
empresa se encontra, como por exemplo, uma organização pode necessitar apenas do alinhamento
dos seus Sistemas de Gestão da Qualidade, Segurança e Meio Ambiente, enquanto que outra,
principalmente se for de pequeno porte, pode preferir um Sistema totalmente integrado, há também a
necessidade de uma metodologia que ilustre como colocar diferentes sistemas juntos, de maneira
compreensível, que possibilite diferentes condições iniciais e objetivos.
Segundo o autor uma boa alternativa é iniciar a integração pelos elementos que são mais
facilmente integráveis dentro do Sistema já existente, principalmente pelo fato de muitas empresas
estarem considerando (ou estarem em processo de) a integração da ISO 14.001, com algum Sistema
de Qualidade já certificado (ISO 9.001ou ISO TS 16.949).
2.3.1 Normas regulamentadoras de certificação
A International Organization for Standardization (ISO), com sede em Genebra na Suíça, é
definida por Fleischman e Schuele (2006) como a federação mundial que estabelece normas para
facilitar o intercâmbio internacional de bens e serviços, que em 1987 emitiu a ISO 9.000, preocupada
com a Gestão da Qualidade.
Os autores citam que no ano de 1996 foi criada a primeira norma da família ISO 14.000,
preocupada com a gestão ambiental com a ISO 14.001 abordando especificamente os sistemas de
Gestão Ambiental. Destacam ainda que a conformidade ISO 9.000 tornou-se um pré-requisito em todo
o mundo para estabelecer relações comerciais.
De acordo com Herrera et al. (2005) a ISO série 9.000 compreende um conjunto de cinco
normas (ISO 9.000 a ISO 9.004) e que além destas cinco normas deve-se citar a existência da ISO
36
8.402 (Conceitos e Terminologia da Qualidade), da ISO 10.011 (Diretrizes para a Auditoria de Sistemas
da Qualidade) como também de uma série de guias ISO pertinentes à certificação e registro de
sistemas da qualidade.
Celik (2009) complementou que a série ISO 9.000 é um conjunto de padrões internacionais de
qualidade de gestão e orientações e desde a publicação inicial em 1987, as normas ganharam uma
reputação mundial e devido à sua natureza genérica têm ampla gama de campo de aplicação em
diferentes ramos da indústria.
Satolo (2008) destacou que no SIG estão integradas basicamente quatro normas: (i) Norma
Brasileira Regulamentadora (NBR) ISO 9.001 (Qualidade); (ii) NBR ISO 14.001 (Meio ambiente); (iii)
OSHAS 18.001 (Saúde e Segurança Ocupacional) e (iv) SA 8.000 (Responsabilidade Social).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) destaca que as normas da ISO
contribuem positivamente para o mundo, uma vez que asseguram características vitais como:
qualidade, ecologia, economia, segurança, confiabilidade, compatibilidade, interoperabilidade,
eficiência e efetividade. Facilitam o comércio, difundem conhecimento e compartilham os avanços
tecnológicos e as boas práticas de gestão, protegem usuários e consumidores simplificando muitos
aspectos de suas vidas.
2.3.2 Sistema Integrado de Gestão com abordagem na sustentabilidade
Fresner e Engelhardt (2004) apontaram que a base para a compreensão das abordagens para
o desenvolvimento sustentável pode ser estabelecida por traduzir o desenvolvimento em pequenos
passos relevantes para as condições reais das empresas.
Segundo os autores estas medidas consistem na aplicação de métodos de produção mais
limpa seguido de um sistema integrado de gestão, otimização da cadeia de abastecimento e
conseqüentemente as relações dos produtos, procedimento que constitui uma forma eficaz de começar
a compreender o desenvolvimento sustentável e suas estratégias nas empresas.
O item 2.4 a seguir apresenta a Gestão Contábil nas abordagens tradicional e integrada.
37
2.4 Gestão Contábil: Abordagem Tradicional e Abordagem Integrada
Este item apresenta a Gestão Contábil sob os aspectos das abordagens da Gestão Contábil
Tradicional e da Gestão Contábil Ambiental.
2.4.1 Sistema de Gestão Contábil
Para Mosimann e Fisch (2009), a contabilidade é o ramo do conhecimento que estuda
conceitos de identificação e acompanhamento no tempo do patrimônio das entidades expresso
monetariamente, ocupa-se com fatos relacionados com a atividade econômica do homem limitada ao
âmbito das entidades, deve ser preditiva e fornecer informações e não dados.
Segundo os autores, no âmbito gerencial, o sistema de informação contábil deve habilitar a
otimização da distribuição de recursos sob controle de um responsável, com o fim de confrontar os
resultados reais de suas ações com os esperados.
Ribeiro (2008) destaca que a contabilidade é desenvolvida para as entidades, e define entidade
sendo o conjunto de pessoas, recursos e organizações capazes de exercer atividade econômica, como
meio ou como fim, as estruturas organizacionais são conhecidas como: empresas, indústrias,
companhias, fundações e consolidado ou conglomerado de empresas. Para a autora, até mesmo seus
segmentos internos, alvo de interesse e controle, podem ser considerados entidades.
Como destaca Ferreira (2009), as abordagens da contabilidade subordinam-se a seus
princípios fundamentais, sem os quais ela perde suas características. Sendo assim, qualquer modelo
que se diga contábil tem, obrigatoriamente, de seguir os Postulados Contábeis que são seu
sustentáculo científico, os quais são Entidade e Continuidade.
De acordo com a Resolução CFC n.º 750/93 - Princípios Fundamentais de Contabilidade,
quanto à sua observância é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade
das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), uma vez que na aplicação dos Princípios
Fundamentais de Contabilidade há situações concretas, a essência das transações deve prevalecer
sobre seus aspectos formais.
Os Princípios Fundamentais de Contabilidade, conforme apresenta a Resolução do CFC,
representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o
entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso País, concernem desta
38
forma à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o Patrimônio das
Entidades.
A Resolução do CFC em seu Capítulo II Art. 3º Incisos de I à VII enumera os princípios
contábeis quanto à conceituação, amplitude e enumeração: (i) da entidade; (ii) da continuidade; (iii) da
oportunidade; (iv) do registro pelo valor original; (v) da atualização monetária; (vi) da competência e (vii)
da prudência.
Em seu Art. 4º § Único, a referida Resolução esclarece o Princípio da Entidade quanto à
conceituação, amplitude e enumeração:
Reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos.
Por conseqüência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. O Patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova Entidade, mas numa unidade de natureza econômico-contábil.
Em seu Art. 5º §§ 1º e 2º, a referida Resolução esclarece o Princípio da Continuidade quanto à
conceituação, amplitude e enumeração:
A continuidade ou não da entidade, bem como sua vida definida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas. A continuidade influencia o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da entidade tem prazo determinado, previsto ou previsível.
A observância do Princípio da continuidade é indispensável à correta aplicação do Princípio da competência, por efeito de se relacionar diretamente à quantificação dos componentes patrimoniais e à formação do resultado, e de constituir dado importante para aferir a capacidade futura de geração de resultado.
2.4.1.1 Abordagem Contábil Tradicional
Marion (2007) define contabilidade como instrumento que fornece o máximo de informações
úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa, muito antiga e sempre existiu para auxiliar
as pessoas a tomarem decisões, com o passar do tempo, o governo passou a utilizar-se dela para
arrecadar impostos tornando-a obrigatória para a maioria das empresas.
De acordo com Martins (2003) no que diz respeito às Demonstrações Contábeis, as referidas
demonstrações surgiram, provavelmente, na forma mais rudimentar possível, para suprir a necessidade
39
do proprietário ou do gestor da atividade econômica controlar, avaliar e analisar a situação patrimonial
e o desempenho de seu negócio.
Para Ribeiro (2008), com a expansão das empresas, surgiram outros interessados como
banqueiros, fornecedores, governos, sindicatos, empregados e sociedade em geral que passaram a
exigir a prestação de contas sobre a entidade e seu desempenho, exigência que passou a se
concretizar nas demonstrações contábeis já em forma bem mais aprimorada que antes.
Para o governo as Demonstrações Contábeis são instrumentos adequados para controlar e
principalmente conhecer a base de sua arrecadação, para tanto instituiu a obrigatoriedade de sua
apresentação. De acordo com a Lei 6404/76 em seu Art. 176 § 4º, as demonstrações devem ser
complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis
necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício.
De acordo com o referido artigo, contemplando as alterações ocorridas com a nova Lei ao fim
de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia,
as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da
companhia e as mutações ocorridas no exercício:
- Balanço Patrimonial;
- Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPac);
- Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
- Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC);
- Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
Segundo o Pronunciamento Técnico CPC 09 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC),
a Demonstração do Valor Adicionado (DVA), representa um dos elementos componentes do Balanço
Social e tem por finalidade evidenciar a riqueza criada pela entidade e sua distribuição, durante
determinado período. A DVA deve ser elaborada e apresentada como parte integrante das
demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social. A distribuição da riqueza criada
deve ser detalhada da seguinte forma:
a) pessoal e encargos;
b) impostos, taxas e contribuições;
c) juros e aluguéis;
d) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos;
e) lucros retidos/prejuízos do exercício.
Para Ribeiro (2008) a DVA é uma forma de evidenciar a função social da empresa, bem como
sua contribuição para formar a riqueza global do país: o Produto Interno Bruto (PIB). Existe no Tesouro
40
Americano do século XVIII referências sobre a DVA, no entanto seu desenvolvimento estaria associado
com a introdução do imposto sobre valor agregado nesses países.
A autora destaca também que a demonstração ganhou destaque a partir do ano de 1975 com a
publicação do Corporate Report pelo Accounting Standarts Steering Comittee, atualmente Accounting
Standarts Comittee, o qual recomendava a elaboração da DVA para evidenciar a distribuição da
riqueza gerada.
No que diz respeito ao Balanço Social, Ribeiro (2008) destaca que o mesmo foi instituído na
França no ano de 1977 com uma visão restrita a recursos humanos. No entanto, com o tempo, ganhou
uma abordagem mais ampla e passou a contemplar, além dos dados relativos a esses recursos, a
questão ambiental, a cidadania e o valor agregado à economia do país. Desta forma o Balanço Social
deve refletir toda a responsabilidade da empresa para com a sociedade.
Em 1984, a empresa Nitrofértil produz seu Balanço Social, reconhecido como o primeiro
publicado no Brasil. Atualmente, independentemente da obrigatoriedade, por questão de
responsabilidade social, a empresa que sempre buscou o lucro dos proprietários, precisa incluir entre
suas metas a satisfação da sociedade. Muitas empresas têm publicado nos jornais de grande
circulação, o Balanço Social, tentando evidenciar sua contribuição para o desenvolvimento sustentável.
Outras empresas têm utilizado seus sites para levar tal informação ao público (RIBEIRO, 2008).
O Quadro 4 a seguir apresenta as demonstrações obrigatórias para efeito da legislação
tributária de acordo com o Art. 176 da Lei 6404/76 e situação atual levando em consideração as
alterações ocorridas com a Lei 11.638/07.
Lei 6404/76 Situação atual
Balanço Patrimonial Permanece
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados - DLPac Permanece
Demonstração do Resultado do Exercício - DRE Permanece
Demonstração das Origens e Aplicações de recursos - DOAR Vetada pela Lei 11.638/76
Demonstração dos Fluxos de Caixa - DFC Redação dada pela Lei 11.638/07
Demonstração do Valor Adicionado - DVA Incluída pela Lei 11.638/07
QUADRO 4 – Demonstrações Contábeis Obrigatórias. Fonte: Lei 6404/76 e Lei 11.638/07 Brasil, 2007.
O Quadro 5 apresenta o conteúdo de cada um dos demonstrativos contábeis de acordo com a
Lei 6404/76 considerando as alterações ocorridas com Lei 11.638/07.
41
DEMONSTRATIVO DESCRIÇÃO
Balanço Patrimonial
Seção III Art. 178 Lei 6.404/76 com alterações da Lei 11.638/07
As contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
Seção IV Art. 186 Lei 6.404/76 com alterações da Lei 11.638/07
Discriminará:
- Saldo do início do período, ajustes de exercícios anteriores e correção monetária do saldo inicial; reversões de reservas e lucro líquido do exercício; transferências para reservas, dividendos, parcela dos lucros incorporada ao capital e saldo ao fim do período.
Demonstração do Resultado do Exercício
Seção V Art. 187 Lei 6.404/76 com alterações da Lei 11.638/07
Discriminará:
- Receita bruta das vendas e serviços, deduções das vendas, abatimentos e impostos; receita líquida das vendas e serviços, custo das mercadorias e serviços vendidos e lucro bruto; despesas com as vendas, despesas financeiras, deduzidas das receitas, despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; lucro ou prejuízo operacional, outras receitas e outras despesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009);
- Resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e provisão para o imposto; participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009);
- Lucro ou prejuízo líquido do exercício e seu montante por ação do capital social.
Demonstrações dos Fluxos de Caixa e do Valor Adicionado
Seção VI Art. 188 Lei 6.404/76 com alterações da Lei 11.638/07
As alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
Demonstração do Valor Adicionado
Seção VI Art. 188 Lei 6.404/76 com alterações da Lei 11.638/07
O valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída. (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
QUADRO 5 – Conteúdo dos Demonstrativos Contábeis Obrigatórios. Fonte: Lei 6404/76 e Lei 11.638/07. Brasil, 2007.
Os Quadros 6 e 7 a seguir apresentam os conteúdos do Ativo e do Passivo, bem como o
conteúdo de cada um de seus grupos de contas de acordo com a Lei 6404/76 considerando as
alterações ocorridas com a Lei 11.638/07.
42
GRUPO DESCRIÇÃO
1. ATIVO As contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados. Art. 178 § 1º
1.1 Ativo Circulante As disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte. Art. 178 § 1º Inciso I e Art. 179 Inciso I (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
1.2 Ativo não Circulante Composto por ativo realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Art. 178 § 1º Inciso II (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
1.2.1 Ativo Realizável a Longo Prazo
Os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia. Art. 179 Inciso II
1.2.2 Investimentos As participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa. Art. 179 Inciso III
1.2.3 Ativo imobilizado
Os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens. Art. 179 Inciso IV (Redação dada pela Lei nº 11.638,de 2007)
1.2.4 Intangível
Os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007). Art. 179 Inciso VI (Incluído pela Lei nº 11.638,de 2007)
QUADRO 6 – Conteúdo do Ativo e de seus grupos de contas. Fonte: Lei 6404/76 e Lei 11.638/07.
GRUPO DESCRIÇÃO
2. PASSIVO Serão classificadas os seguintes grupos: Passivo Circulante, Passivo não Circulante e patrimonio Líquido.
2.1 Passivo Circulante As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante quando se vencerem no exercício seguinte, observado o disposto no parágrafo único do Art. 179 (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
2.2 Passivo não Circulante As obrigações se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no parágrafo único do Art. 179 (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
2.3 Patrimônio Líquido Dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. Art. 178 § 2º Inciso III (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)
QUADRO 7 – Conteúdo do Passivo e de seus grupos de contas. Fonte: Lei 6404/76 e Lei 11.638/07. Brasil, 2007.
Cavalcanti et al. (2009), destacam que muitas empresas ainda não se adequaram ao real
conceito de sustentabilidade e ainda relutam em publicar de forma transparente informações de cunho
43
ambiental. O assunto merece destaque uma vez que as exigências mercadológicas pressionam as
empresas a serem transparentes na divulgação de suas informações econômicas e ambientais.
Cordeiro e Chaves (2009), destacam a importância da contabilidade assumir um papel de
alinhamento com as políticas de gestão ambiental e se envolver cada vez mais neste novo contexto,
para uma melhor e mais correta evidenciação dos dados socioambientais nas Demonstrações e nos
Relatórios divulgados pela empresa.
Para Bansal (2005), ter integridade meio-ambiental, igualdade social e prosperidade econômica
são formas de expressar o conceito de sustentabilidade em uma empresa. O papel da contabilidade
tradicional possui tendências a mudanças partindo do pressuposto que necessita registrar não só o
desempenho econômico, mas principalmente o desempenho ecológico das empresas e fornecer
informações aos grupos de interesse diante da preocupação com o meio ambiente.
Ribeiro (2008) apresenta que em todo contexto desenvolvido a contabilidade é mantida para as
entidades possuindo assim quatro dimensões: (i) jurídica; (ii) econômica; (iii) organizacional e (iv) social
apresentadas na Quadro 8. Para autora, ao considerá-las, a contabilidade terá como objetivo não só a
evolução econômica da entidade, como também suas contribuições e responsabilidades sociais.
DIMENSÃO OBJETIVO
Jurídica Considerar a distinção entre os interesses dos proprietários e da empresa em si
Econômica Analisar o aspecto patrimonial da entidade
Organizacional Examinar a atuação dos gestores responsáveis pelo controle dos recursos possuídos pela entidade
Social Valorar os benefícios sociais da entidade
QUADRO 8 – Dimensões da Contabilidade. Fonte: Ribeiro, 2008.
2.4.1.2 Abordagem Contábil integrada à Gestão Ambiental
Para Costa e Marion (2007) em sua forma tradicional, a contabilidade pouco proporciona em
termos de qualidade as informações ambientais, pois essas são evidenciadas em conjunto com as
informações financeiras ou operacionais. Segundo os autores a segregação das informações
ambientais torna-se necessária à medida que possibilita uma maior ênfase no acompanhamento dos
resultados entre períodos e empresas, proporcionando informações de maior qualidade para o
processo decisório.
44
Os autores destacam que a sociedade pode utilizar a Contabilidade Ambiental para monitorar
as ações empresariais em prol do meio ambiente e acaba selecionando as empresas que praticam
atividades consideradas como ambientalmente corretas. Desta forma permitirá um detalhamento maior
da Contabilidade Financeira e visa à correta mensuração e evidenciação das informações ambientais
em relatórios específicos ou nas próprias demonstrações contábeis.
Traduzir a informação social e ambiental em linguagem de negócios é uma possibilidade de
atrair a atenção dos mercados e para tanto é necessário desenvolver ferramentas contábeis que
permitam que as externalidades sejam incorporadas ao beneficio econômico calculado pelas empresas
e a Contabilidade de Custos Ecológicos Completos (CCEC) pretende ser uma resposta válida para esta
questão (CHULIÁN, 2006).
Jimenez (2006) destaca que a CCEC foi proposta como um meio para permitir a apresentação
de relatórios sobre a contribuição das empresas para a sustentabilidade através da integração dos
custos internos e externos e, surge como uma proposta inovadora que poderá permitir a solução das
limitações que apresentam a prática atual de divulgação de informações sobre a contribuição
empresarial para a sustentabilidade.
A CCEC faz-se necessária para evidenciação das informações inerentes à gestão ambiental. A
primeira discussão sobre este sistema deu-se em 1993 no 5º Programa de Acción em Materia de
Medio Ambiente de La Comisión Europea. No programa buscou-se discutir e criar uma ferramenta que
pudesse incluir o uso e consumo de recursos naturais de uma organização como parte dos custos
totais da produção de bens e serviços, como destacam Satolo e Calarge (2008).
Segundo os autores, um aspecto de dificuldade tem sido mensurar e integrar os custos
internos e externos de forma a demonstrar a contribuição das empresas para a sustentabilidade, sendo
a CCEC uma maneira citada pela literatura da área para realizar a mensuração e integração dos
custos.
Assis et al. (2009) destacam que o desafio da contabilidade ambiental consiste em corrigir
pontos ainda deficientes e incorporar os aspectos econômicos e financeiros dos impactos ao meio
ambiente. Para os autores alguns conceitos da contabilidade ambiental foram desenvolvidos a partir
dos conceitos tradicionais da contabilidade como: Ativo, Passivo, Receita e Despesa Ambiental .
Segundo Shum et al. (2009), a obrigatoriedade de relatórios de sustentabilidade é um primeiro
passo para preparar o caminho para a introdução e integração de atividades de sustentabilidade nas
práticas de negócios tradicionais. No entanto o que se encontra atualmente são publicações de certa
forma voluntárias por parte das empresas que se vêem comprometidas a serem transparentes diante
das exigências dos grupos de interesses.
45
Para Bebbington et al. (2001) a CCEC ao ser implantada como ferramenta pode se dar em
quatro diferentes etapas:
1. Definição do objeto de custo;
2. Especificação do alcance da análise;
3. Identificação e medida das externalidades, etapa para qual o autor sugere o uso de técnicas
de eco-balanço, análise do ciclo de vida ou impacto ecológico;
4. Cálculo dos custos externos.
Para Burrit e Saka (2006) a gestão da contabilidade ambiental é uma ferramenta relativamente
nova na gestão ambiental inicialmente concebido para rastrear e monitorar os custos ambientais e
destaca que é a gestão de desempenho ambiental e econômico por meio do desenvolvimento e
aplicação de medidas relacionadas com o ambiente e sistemas de práticas contábeis.
Para Chulián (2006), a CCEC pode ser considerada como a forma mais adequada de se atrair
a atenção dos mercados financeiros e reduzir os problemas relacionados com as informações sociais e
ambientais da organização, a Figura 8 ilustra o modelo criado pelo autor.
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as Entradas
- Gastos
= Benefício econômico
Cu
sto
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tern
as Externalidades positivas
- Externalidades negativas
= Benefício Social
FIGURA 8 - Modelo representativo da CCEC. Fonte: Chulián, 2006.
Segundo Grzebieluckas et al. (2008), as questões ambientais aliadas aos custos, receitas e
benefícios, preocupam cidadãos, governos, dirigentes de empresas na maioria dos países em todo o
mundo, tais preocupações sinalizam que as empresas devem mudar sua postura em relação ao meio
ambiente e buscar estratégias para amenizar os impactos ambientais, reduzir os custos ambientais,
otimizar os processos produtivos, bem como encontrar alternativas de ganhos ligados à preservação
ambiental.
De acordo com Assis et al. (2009), a correta apropriação e análise dos custos e despesas
ambientais, ainda que por meio de valores aproximados, pode auxiliar a avaliação da eficiência
46
ambiental e evitar desperdícios e a contabilidade pode exercer um papel fundamental na preservação
do meio ambiente e na busca de sustentabilidade, tendo em vista ainda, valores éticos a postura de
responsabilidade socioambiental assumida pelas entidades.
Costa e Marion (2007) ressaltam que os custos ambientais, também, devem ser evidenciados
de maneira segregada na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), devendo os mais
relevantes, ainda serem discriminados por natureza nas notas explicativas.
Há várias razões pelas quais tem crescido o interesse dos gestores pela gestão de custos
ecológicos, entre elas destaca-se de acordo com Burrit e Saka (2006) a melhoria da eco-eficiência,
funcionando como “driver” de gestão de negócios, de modo a ampliar estratégias para promover,
manter ou reparar legitimidade social.
Por ser um tema relativamente recente, não há uma definição única para CCEC conforme
Atkinson (2000) e Chulián (2006), mas de maneira geral, sua definição pode ser como uma
metodologia para identificar, valorizar e comunicar as externalidades positivas e negativas, que
possibilita a entidade informar sua contribuição em relação à sustentabilidade e apurar resultados
relativos à gestão ambiental.
Como a definição, a denominação para a Gestão Contábil Ambiental também não é única:
Contabilidade Gerencial Ambiental (CGA); Contabilidade de Gestão Ambiental (CGA); Contabilidade
Socioambiental; e Contabilidade Ambiental são termos utilizados no Brasil (RIBEIRO, 2005; KASSAI et
al 2008; TINOCO e KRAMER, 2006; FERREIRA, 2009; GRZEBIELUCKAS et al. 2008). Contabilidad de
Costes Ecológicos (CCE), Contabilidad de Costes Ecológicos Completos (CCEC), termos utilizados na
Espanha (JIMENEZ, 2006; CHULIÁN, 2006).
No âmbito internacional também são utilizados termos como: Environmental Management
Accounting (BURRITT e SAKA, 2006; SCHALTEGGER e BURRIT, 2009), Environmental Accounting
(BALL, 2007; GRAY, 2009; BARTELMUS, 2009); Green Accounting (FLEISCHMAN e SCHUELE, 2006)
e Management Accounting (ABDEL-KADER e LUTHER, 2008; MESSNER, 2009).
Possuem como escopo, mensurar e evidenciar os efeitos das transações realizadas pelas
organizações, uma vez que as informações fornecidas pela contabilidade tradicional não contemplam
aspectos relacionados às externalidades geradas pelas práticas empresariais com relação aos
investimentos que visam à sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável atualmente possui
destaque na gestão das empresas.
Encontrar uma forma de associar a contabilidade tradicional à gestão ambiental para se
conhecer o desempenho ecológico das organizações é o desafio do momento. Enquanto veículo de
divulgação das informações ambientais, a Contabilidade Ambiental pode oferecer ferramentas
47
necessárias ao controle e divulgação do processo de gestão ambiental implantado pelas empresas, de
acordo com os objetivos fixados, como destacam Souza e Ribeiro (2004).
Schaltegger e Burrit (2009) a contabilidade ambiental descreve um subconjunto de
contabilidade que trata de atividades, métodos e sistemas para registrar, analisar e relatar:
Primeiro: ambiental e socialmente induzida a impactos financeiros;
Segundo: os impactos ecológicos e sociais de uma definição econômica, por exemplo:
sistema, a empresa, local de produção, nação, etc., e;
Terceiro: as interações e relações entre as questões sociais, ambientais e econômicos,
constituindo as três dimensões da sustentabilidade e que pode ser considerado o mais
importante.
Durante vários anos houve resistência, por parte de empresas e empresários, em realizar
investimenos na área ambiental, partiam do princípio que tais investimentos reduziriam os resultados
da empresa. Atualmente, de acordo com Bertoli e Ribeiro (2006), esta visão mudou e percebe-se que a
ausência de recursos nessa área pode comprometer até mesmo a continuidade da empresa. Assim,
segundo as autoras, tornou-se muito importante obter informações objetivas e claras sobre a postura
ambiental adotada pelas companhias.
Para Ferreira (2009), o papel da contabilidade diante dessa situação é o de prover informações
que encorajem a empresa a caminhar em direção à sustentabilidade e também a inibir resultados que
possam afetar negativamente o meio ambiente. Segundo a autora, a contabilidade deveria influenciar
na construção de formas de mensuração que levem em conta não apenas o aspecto econômico e
financeiro, mas também o ambiental.
A contabilidade ambiental não é uma nova ciência, mas um segmento da contabilidade
tradicional ou um conjunto de informações que relatem de forma adequada e em termos econômicos
ações de uma entidade que modifiquem seu patrimônio, ou seja, não é outra contabilidade mas uma
especialização (RIBEIRO, 2005; FERREIRA, 2009).
Ribeiro (2005) destaca que ao adaptar os objetivos da contabilidade tradicional, os objetivos
do novo segmento contábil podem ser definidos como: a identificação, mensuração e esclarecimento
dos eventos e transações economico-financeiros que estejam relacionados com a proteção,
preservação e recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período, visando a evidenciação
da situação patrimonial de uma entidade.
Santos et al. (2001) apresenta como objetivo da contabilidade ambiental, fornecer aos seus
usuários informações sobre os eventos ambientais que possam modificar a situação patrimonial,
através de sua identificação, mensuração e evidenciação. Assim, a contabilidade ambiental pode ser
definida como o estudo do patrimônio ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) das entidades.
48
No entanto, para Tinoco e Kraemer (2008) a contabilidade ambiental é tratada como um novo
ramo da Ciência Contábil. A contabilidade ambiental ganhou destaque a partir do início do ano de
1998, quando o Grupo de Trabalho Intergovernamental das Nações finalizou o Relatório Financeiro e
Contábil sobre Passivo e Custos Ambientais.
Resumindo as idéias de Rob Gray, um dos nomes em contabilidade ambiental, no
gerenciamento do meio ambiente o contador poderia contribuir em cinco áreas e a contabilidade está
ligada às duas grandes categorias em que o espectro do meio ambiente se apresenta: uma de caráter
legislativo e outra de caráter mercadológico. O Quadro 9 apresenta as contribuições do contador e os
pontos os quais a contabilidade deveria cobrir. (FERREIRA, 2009)
Contribuições do contador
1. Modificar os sistemas de contabilidade existentes
2. Eliminar elementos conflitantes dos sistemas de contabilidade
3. Planejar as implicações financeiras de uma agenda ambiental
4. Introduzir o desempenho ambiental nos relatórios externos
5. Desenvolver uma nova contabilidade e sistemas de informações
Pontos que a contabilidade deveria cobrir
1. Contabilidade para passivos e riscos contingentes
2. Contabilidade para reavaliações de ativos e projeções de capital
3. Análises de custos em áreas chaves como energia, lixo e proteção ambiental
4. Métodos de investimento para incluir fatores ambientais
5. Desenvolvimento de uma nova contabilidade e sistema de informações
6. Avaliação dos custos e benefícios dos programas de melhorias ambientais
7. Desenvolvimento de técnicas contábeis que expressem ativos, passivos em custos em termos ecológicos (não financeiros)
QUADRO 9 – Contribuições do contador e pontos que a contabilidade deveria cobrir. Fonte: Ferreira 2009.
Os Quadros 10 e 11, a seguir, apresentam o conteúdo do Ativo Ambiental e do Passivo
Ambiental, bem como o conteúdo de cada um de seus grupos de contas de acordo com uma
adaptação da NBC TE do Conselho Federal de Contabilidade – CFC, a qual foi oferecida à Audiência
Pública em 2009. Os resultados da votação ainda não foram divulgados pelo CFC.
Para Slomski et al. (2010) a minuta do CFC propõe uma mudança radical em relação às
normas até então existentes, formula um novo plano de contas com nomenclaturas específicas de
ativos, passivos, receitas, custos e despesas ambientais. Segundo os autores a minuta inclui métodos
de mensuração objetivos e subjetivos, tais como: custos de oportunidade, custo de reposição, shadow
price, técnica Delphi, programação linear, entre outros. No entanto, destacam que as políticas e ações
citadas na proposta da minuta do CFC são bastante ousadas mas, ao propor uma estrutura rígida de
49
contabilização e registro, poderá dificultar a interação da empresa com o meio ambiente.
GRUPO DESCRIÇÃO
1. ATIVO AMBIENTAL O reconhecimento contábil do evento ou da transação de natureza ambiental deve ocorrer no momento em que a entidade obtiver controle e/ou posse do ativo ambiental
1.1 Ativo Circulante Ambiental Os ativos circulantes ambientais referem-se aos estoques de insumos (bens e serviços) que serão utilizados no processo operacional, ou ao final deste, com o objetivo de reduzir ou eliminar a produção de poluentes, ou, ainda, aqueles com a finalidade de recuperar danos ambientais.
1.2 Ativo não Circulante Ambiental São aqueles cuja realização se dará no longo prazo e associados com a proteção e a recuperação ambiental e podem ser formados por contas de Investimento Ambiental, Imobilizado Ambiental e Intangível Ambiental
1.2.1 Ativo Realizável a Longo Prazo Os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (artigo 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia. Art. 179 Inciso II
1.2.2 Investimentos São caracterizados por aplicação de recursos na aquisição de áreas de conservação de recursos naturais com o objetivo específico de promover a preservação da fauna e da flora, ressalte-se que, mudando a intenção, o ativo tem que ser reclassificadoou da empresa. Art. 179 Inciso III
1.2.3 Ativo imobilizado Ambiental São itens utilizados ao longo de vários períodos, especificamente, para tratar os poluentes oriundos do processo operacional da entidade, durante a operação, ou após o final desta. Pode incluir, também, os ativos de longa duração, destinados, exclusivamente, à recuperação de áreas degradadas pela entidade em períodos anteriores, enquanto estiverem em atividade.
1.2.4 Intangível Ambiental São os itens incorpóreos controlados pela entidade capazes de produzir fluxos de caixa futuros e que estejam vinculados à interação com o meio ambiente.
QUADRO 10 – Conteúdo do Ativo Ambiental e de seus grupos de contas. Fonte: Minuta NBC TE do CFC, 2009.
GRUPO DESCRIÇÃO
2. PASSIVO AMBIENTAL As obrigações ambientais se dividem em circulantes e não-circulantes, dependendo do prazo previsto para sua realização. Os riscos ambientais do negócio, conhecidos ou calculáveis, devem ser provisionados no passivo ambiental.
2.1 Passivo Circulante Ambiental Valor das obrigações exatas ou estimadas para recuperação de áreas degradadas pela entidade, tais como indenizações a terceiros, multas.
2.2 Passivo não Circulante Ambiental Não consta
2.3 Patrimônio Líquido Ambiental Não consta
QUADRO 11 – Conteúdo do Passivo Ambiental e de seus grupos de contas. Fonte: Minuta NBC TE do CFC, 2009.
50
Schaltegger e Burrit (2009) destacam que a procura de informações sobre os efeitos
econômicos das atividades ambientais e sociais contribui para impulsionar o desenvolvimento de
ferramentas de contabilidade para uso em práticas de sustentabilidade empresarial. Para Fleischman e
Schuele (2006) a Gestão Contábil ao assumir sua nova dimensão – a abordagem ambiental - traz
inovações para a visão dos profissionais envolvidos em seu contexto.
2.4.2 A aplicação da Gestão Contábil Ambiental no contexto mundial
De acordo com Cavalcanti (2009) discussões relacionadas ao meio ambiente, embora não
sejam recentes, não perdem o caráter contemporâneo, sobretudo no contexto empresarial e a
sociedade por meio de suas organizações passou a exercer maior cobrança exigindo uma postura
ambientalmente responsável.
Observou-se, de acordo com Ferreira (2009), que existem iniciativas ao redor do mundo, como
por exemplo: o Centre for Social and Environmental Accounting Research (CSEAR), criado na Escócia
em 1991 por Rob Gray; o Canadian Institute of Chartered Accounsts (CICA), o qual publicou em 1993 o
relatório Environmental costs and liabilities: accounting and financial reporting issues – research report.
No contexto mundial, como destaca Ribeiro (2005) encontra-se também: o Eco-Management
and Audit Scheme (EMAS), uma organização não governamental européia; a Global Reporting
Iniciative (GRI), um grupo internacional e independente fundado em 1998 com o objetivo de
desenvolver e disseminar diretrizes para a elaboração de relatórios de maneira integrada sob os
aspectos econômicos, ambientais e sociais.
Destaca-se também Prince’s Accounting for Sustainability Project (A4S) instituído no ano de
2004 por Sua Alteza Real o Príncipe de Gales. O projeto possui o objetivo de construir um consenso
internacional da necessidade de relatórios integrados denominados Connected Reporting. No ano de
2010 o A4S em conjunto com a Global Reporting Initiative (GRI) anunciou a criação de um quadro
globalmente aceito para a Contabilidade voltada à sustentabilidade: o International Integrated Reporting
Committee (IIRC). A GRI foi criada no ano de 1997 a partir da concepção da idéia de uma estrutura de
divulgação de informações sobre sustentabilidade.
Além das iniciativas realizadas no âmbito organizacional, de acordo com Kassai et al. (2009) no
Brasil os membros fundadores do Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio Ambiente (NECMA), da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA/USP), desenvolveram em 2008 um
estudo sob o título “Balanço das Nações – reflexões sobre as mudanças climáticas globais”.
51
Conforme destacam os autores o estudo realizado pelo grupo de pesquisadores da USP
elaborou balanços contábeis de sete países (Brasil, Rússia, Índia, China, EUA, Japão e Alemanha) e
do planeta consolidado, com base nos cenários de aquecimento global apontados nos relatórios do
Intergovernamental Panel on Climate Change (IPCC) 2008. A metodologia utilizada no trabalho
permitiu mensurar os ativos, passivos e patrimônios líquidos ambientais em balanços individuais e
consolidado.
O Quadro 12 apresenta as pesquisas realizadas no âmbito global por pesquisadores
brasileiros, os estudos compreendem: o Balanço das Nações (países membros do BRIC e países
desenvolvidos da América, Europa e Ásia e os Monster Countries (países membros do BRIC e EUA).
AUTORES PAÍSES RESULTADOS ENCONTRADOS CONCLUSÕES DOS AUTORES
Kassai et al. (2008)
- BRIC: Brasil, Rússia, Índia e China
- EUA, Alemanha e Japão
Balanço das Nações
Nova fronteira da contabilidade - reconhecimento de uma nova entidade em seus relatórios: o meio ambiente.
- Contribuição para a questão emergente de mudanças climáticas e prestação de contas para humanidade
- Expande os significados de passivo ambiental e sugere o patrimônio líquido ambiental
Kassai et al. (2009)
Monster Countries :
- BRIC: Brasil, Rússia, Índia e China + EUA
- Posição global do planeta deficitária
- Cenário de falência em 2050
- A contabilidade ambiental assume uma nova posição diante do cenário global.
QUADRO 12 – Pesquisas no contexto global.
Kassai et al. (2009) apresentam que o estudo agrega pesquisadores que utilizam a Ciência
Contábil como linguagem e método para avaliar o meio ambiente, valendo-se da interdisciplinaridade
com outras áreas como: biologia, agronomia, física, energia, geociência, geologia, metereologia,
química, economia, atuária, entre outras.
Destacam também as parcerias com outros grupos de estudos da USP e de outras entidades
que atuam com pesquisas e ações na área socioambiental. O estudo foi publicado em diversos anais e
periódicos nacionais e internacionais e objeto de publicações em diversos jornais, revistas e periódicos
eletrônicos. Os títulos das publicações foram: “Balanço das Nações”, “Patrimônio Líquido Ambiental”,
“Superávit ambiental do Brasil e Rússia em 2050”, “Energia Verde”, “PIB Verde pode se tornar uma
realidade”, “Esverdeamento radical”.
O Quadro 13 abaixo apresenta um breve cenário das pesquisas realizadas nos mais variados
setores da economia de diversos países no que diz respeito à Gestão Contábil em sua abordagem
ambiental.
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AUTORES NACIONALIDADE
EMPRESAS ANALISADAS
SETOR RESULTADOS
ENCONTRADOS CONCLUSÕES DOS AUTORES
Burrit e Saka (2006)
Japonesas Diversos
- Informações incompletas e subutilizadas
- Práticas diversas
- Necessidade de maior promoção do conceito, para medir o desempenho ambiental
Cavalcanti et al (2009)
Brasileiras
Utilidade Pública
(cadastradas BOVESPA)
- Aderência parcial
(NBC-T 15 2004)
- Demonstração de Informações de Natureza Social e Ambiental NBC-T 15 é um instrumento voluntário, as cias divulgam apenas se conveniente
Cordeiro e Chaves (2009)
Brasileiras Diversos
- Não há padrão formulado - Poucas publicações
- Mesma informação pode ser interpretada de diversas maneiras.
- As evidenciações com o passar dos anos estão evoluindo
Chulián (2006)
Espanholas Diversos
- Opiniões dos gestores possuem variações de acordo com o posicionamento estratégico adotado.
- Diversos formatos de apresentação
- Falta de verificação externa das informações
- Usuários não podem mensurar o compromisso da empresa com suas responsabilidades socioambientais
- Aspectos abordados não cumprem os princípios da contabilidade.
Jiménez (2006)
Espanholas Diversos
- Inviabilidade da ferramenta, mesmo sendo útil para o desenvolvimento integrado de um indicador
- Valorização da ferramenta pelos gestores
Ribeiro (2009)
Brasileiras
Sucroalcooleiro
(Cadastradas na ÚNICA)
- Conceito e utilidade desconhecidos pelos profissionais consultados
- Necessidade de maior divulgação
- Desconhecimento é que retarda as iniciativas
QUADRO 13 – Pesquisas no contexto organizacional.
2.4.2.1 Balanço Contábil das Nações
Slomski et al. (2010) destacam que o Balanço Contábil das Nações (BCN) é metodologia para
a elaboração de relatórios financeiros de países ou regiões. Segundo os autores o BCN utiliza-se do
53
método inquired balance sheet ou balanço perguntado e da equação básica da contabilidade: ativo
menos passivo é igual ao patrimônio líquido.
De acordo com Kassai (2005) a terminologia “Balanço Perguntado” tem sido utilizada para
expressar uma técnica antiga adotada pelos analistas financeiros e que permite elaborar relatórios
contábeis de pequenas empresas, tendo em vista que a maioria delas não dispõe de demonstrações
contábeis adequadas.
No entanto, segundo o autor nos últimos anos foram publicados diversos artigos relativos a
essa terminologia e pode-se observar que as técnicas que compõem esses modelos podem ser
aplicadas tanto em pequenas como em grandes empresas e o nível de complexidade e sofisticação
também é crescente.
Para Kassai et al (2008) a equação básica da contabilidade orienta a mensuração das variáveis
envolvidas, pois traduz a lei de equilíbrio entre: débitos e créditos; origens e aplicações; e causas e
efeitos. O Quadro 14 apresenta os três resultados possíveis da equação básica.
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TR
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MB
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TA
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POSSÍVEIS RESULTADOS
POSITIVO
- Quando a situação econômica de cada cidadão de determinado país é “superavitária”;
- Gera uma renda mais do que suficiente para honrar seus compromissos com a preservação do meio ambiente; e
- Sobram créditos de carbono excedentes.
NULO
- Quando a situação econômica de cada cidadão de determinado país é “nula”;
- Gera uma renda suficiente para honrar seus compromissos com a preservação do meio ambiente.
NEGATIVO
- Quando a situação econômica de cada cidadão de determinado país é “deficitária”;
- Gera uma renda insuficiente para honrar seus compromissos com a preservação do meio ambiente;
- Necessidade de reduzir as emissões ou negociar créditos de carbono de outras nações.
QUADRO 14 – Possíveis resultados da equação básica da contabilidade. Fonte: Kassai et al., 2008.
Segundo Kassai et al (2008) o objetivo do estudo realizado pelos pesquisadores da USP foi
elaborar o balanço patrimonial das nações, ou seja, dos principais países e do planeta consolidado.
Para tanto, reuniu informações de natureza multidisciplinar, propôs a classificação do que seriam os
ativos, os passivos e o patrimônio líquido, de acordo com os seus recursos naturais e respectivas
capacidades de carbon sequestration. A Figura 9 apresenta a estrutura do Balanço Ambiental
Patrimonial.
54
FIGURA 9 – Constructos do modelo “Balanço Patrimonial Ambiental” das Nações. Fonte: Kassai et al., 2008.
Para os autores este relatório contábil é uma prestação de contas à humanidade
(accountability) sujeita à consciência de cada cidadão planetário e a seus valores éticos e morais, o
que requer ações economicamente viáveis, socialmente justas, ambientalmente corretas e respeito às
culturas e crenças locais.
Diante deste contexto, os autores destacam que desta forma a Ciência Contábil não estaria
limitada por aspectos normativos, auditorias e tribunais de contas, mas à consciência de cada cidadão,
valores estes implícitos nos conceitos de equilíbrio e accountability. O item 2.4.3 a seguir apresenta as
iniciativas mundiais no que diz respeito aos Relatórios de Sustentabilidade.
2.4.3 Relatórios de Sustentabilidade no Contexto Mundial
Este item apresenta as iniciativas ao redor do mundo no que diz respeito aos relatórios de
sustentabilidade que abordam as dimensões ambiental, social e econômica.
2.4.3.1 Global Reporting Initiative (GRI)
A Global Reporting Initiate (GRI) comemorou seu décimo aniversário em 2007 e segundo seu
Briefing Paper (2007), desde a sua criação em 1997, desenvolveu a partir de uma idéia ousada uma
próspera rede internacional com 30.000 envolvidos em 70 países.
55
Crescimento considerado um reflexo da maturidade do relatório de sustentabilidade, o qual
evoluiu em uma década passando de um extraordinário exercício de algumas organizações pioneiras
para uma gestão essencial e ferramenta de comunicação para muitas empresas. Considerado um
recurso valioso para os seus interessados. A Figura 10 a seguir ilustra a evolução de 1997 a 2006 do
lançamento dos relatórios de sustentabilidade das organizações de acordo com as diretrizes da GRI.
FIGURA 10 - Evolução do lançamento dos relatórios de sustentabilidade das organizações de acordo com as diretrizes da
GRI. Fonte: GRI, 2011.
Segundo informações do portal GRI (2011) a estrutura de seus relatórios estabelece os
princípios e os indicadores de desempenho que as organizações podem usar para medir e relatar os
seus desempenhos nas dimensões econômica, ambiental e social. O que irá promover uma abordagem
padronizada de comunicação para estimular a demanda por informações sobre sustentabilidade
beneficiando as organizações de informação e os usuários de relatórios.
Os relatórios de sustentabilidade com base na estrutura da GRI podem ser usados para
demonstrar o compromisso da organização para o desenvolvimento sustentável, para comparar o
desempenho organizacional ao longo do tempo, e para medir o desempenho organizacional com
respeito às leis, normas, padrões e iniciativas voluntárias.
A GRI (2011) possui visão global de que as divulgações nos contextos ambiental, social e
desempenho econômico se tornarão comuns e comparáveis como os relatórios financeiros, serão
importantes para o sucesso organizacional. A missão da GRI é criar condições para a confiança e troca
transparente de informações sobre sustentabilidade através do desenvolvimento e melhoria contínua
dos Relatórios de Sustentabilidade.
56
A GRI foi pioneira mundial no desenvolvimento e na utilização mais ampla de Relatórios de
Sustentabilidade e está empenhada em sua melhoria contínua e de aplicação em todo o mundo. Define
os princípios e indicadores que as organizações podem usar para medir e relatar o seu desempenho
econômico, ambiental e social.
Para Ribeiro e Gasparino (2006) a GRI possui um conjunto de diretrizes que representa
avanço no que diz respeito em atender a necessidade e a busca por informações. Ao reunir milhares
de parceiros e centenas de organizações interessadas, a GRI continua trabalhando rumo à
homogeneização de relatórios, maximizando o seu valor tanto para as próprias organizações relatoras
quanto para os usuários.
O Quadro 15 apresenta o resumo da história do crescimento, a entrada e o marco da rede de
desenvolvimento do ano de 1997 ao ano 2004 da GRI.
GRI – HISTÓRIA DO CRESCIMENTO, ENTRADA E MARCO NA REDE DE DESENVOLVIMENTO
Ano Histórico de 1997 a 2004
1997-1998
- Concebida a idéia de uma estrutura de divulgação de informações sobre sustentabilidade; - Formação do comitê de direção; - Coalition for Environmentally Responsible Economies (CERES) inicia o relatório de iniciativas globais da divisão do projeto; - Angariação de fundos; Início do desenvolvimento da rede;
1999 - Parceria com o UNEP, uma garantia de plataforma global para o GRI;
2000 - Lançamento do primeiro conjunto de Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade da GRI
2001 - GRI como instituição independente; - Desenvolvimento institucional centra-se na elaboração de artigos de incorporação e recrutamento de membros da Diretoria; - Estruturado Processo de comentários sobre as Diretrizes 2000 envolvendo 30 empresas, resultando em recomendações para atualizar as diretrizes;
2002 - GRI como instituição pública inaugurada no âmbito das Nações Unidas na cidade de Nova York; Muda e é incorporada como fundação para Holanda. Operações e os recursos transferidos da Coalition for Environmentally Responsible Economies (CERES);
2003 - Aprovação do Plano de negócios para o período de 2003-2005; - Primeira reunião anual; Iniciado o processo de Feedback estruturado; - Stakeholder Organizacional (SO) lança o programa de adesão;
2004 - Estruturado feedback do processo com 450 especialistas em todo o mundo e as descobertas apresentadas ao Conselho; - Câmara aprova plano de dois anos para desenvolver a próxima geração das diretrizes da GRI;
QUADRO 15- Contexto histórico da GRI de 1997 a 2004. Fonte: GRI ; 2007; GRI, 2011.
O Quadro 16 a seguir apresenta o resumo da história do crescimento, a entrada e o marco da
rede de desenvolvimento da GRI do ano de 2005 ao ano de 2010.
57
GRI – HISTÓRIA DO CRESCIMENTO, ENTRADA E MARCO NA REDE DE DESENVOLVIMENTO
Histórico de 2005 a 2010
2005 - Início da revisão das principais técnicas do processo e envolve 100 pessoas em todo o mundo nos Grupos de Trabalho para produzir a terceira geração das diretrizes da GRI (G3); - Protocolo de Limites (PDF) completo; - Câmara aprova Plano de Negócios para o período 2005-2010;
2006 - Projeto de Diretrizes do G3 liberado para comentários do público; Introdução das Diretrizes do Projeto G3; - Resultados de engajamento e de análise avaliados por organismos de governança e integrados no G3 final; Convocada parceria de Tecnologia com fornecedores de software;
2007
- Aprovação do Plano de Desenvolvimento 2008-2012; - GRI Prêmio escolha dos leitores e lançamentos de pesquisas; Iniciado Certificado Programa de Capacitação - a primeira chamada para os parceiros nos EUA, Brasil e Índia; Ciclo de sustentabilidade: Um manual das organizações de pequeno porte; GRI / GTZ transparência no projeto inicial da cadeia de suprimentos;
2008
- Primeira escolha do Prêmio Escolha dos Leitores e Avaliação/pesquisa revelam as opiniões dos leitores do relatório de sustentabilidade; - Estabelecida a Rede de Ação Global para a transparência na cadeia de fornecimento; - Primeiro GRI de parceiros autorizados em diversos países; - GRI estabelece Grupo Consultivo Governamental - um grupo consultivo de nível elevado para fornecer ao membros do grupo idéias, informações e questões do setor governamental;
2009 - Emissão da Declaração de Amsterdam sobre Transparência e Relatórios, pedindo aos governos para exigir a divulgação das empresas; - GRI e a Association of Chartered Certified Accountants parceria para o projeto de pesquisa de setores de alto impacto: O Desafio do Relatório sobre as Alterações Climáticas;
2010
- 3ª Conferência Global de Amsterdã sobre Sustentabilidade e Transparência; - Memorando de Entendimento assinado entre o GRI e OECD e entre o GRI e o UNGC; - G3.1 começa o processo de revisões com os Grupos de Trabalho para iniciar atualizações das diretrizes sobre os direitos humanos, gênero, comunidade local e do conteúdo do relatório; - Agência Sueca de Cooperação do Desenvolvimento Internacional começa relacionamento com financiamento de base da GRI; - Pesquisa e desenvolvimento de publicações incluem GRI em agências governamentais; GRI - ISO 26000: Como utilizar as Diretrizes da GRI em combinação com a ISO 26000; Conexão de Sustentabilidade da IFC’s Padrões de Desempenho e do GRI Reporting Framework e Carrots and Sticks - Promoção da Sustentabilidade e Transparência.
QUADRO 16 - Contexto histórico da GRI de 2003 a 2010. Fonte: GRI, 2007; GRI, 2011.
2.4.3.2 Prince’s Accounting for Sustainability Project (A4S) e o Connected Reporting
O Projeto de Contabilidade do Príncipe para a Sustentabilidade, conhecido como A4S, trabalha
com: empresas, investidores, governos, órgãos de contabilidade, sociedade civil e área acadêmica.
Possui o objetivo de construir um consenso internacional em torno da necessidade de um quadro
geralmente aceito, de relatórios integrados conhecidos como Connected Reporting, segundo
informações de seu portal eletrônico.
Busca desenvolver orientações e ferramentas práticas para a sustentabilidade ser inserida em
processos decisórios. A instituição do projeto A4S se deu no ano de 2004 por Sua Alteza Real o
58
Príncipe de Gales e é regido pelos seguintes grupos: Conselho Executivo, Conselho de Supervisão,
Conselho Fiscal e Grupo Consultivo.
De acordo com A4S (2011) o lançamento formal do projeto se deu no ano de 2006, na
presença de altos representantes de governos, empresas e o mundo da contabilidade, incluindo o
então primeiro-ministro Tony Blair e Lord Browne (Diretor Executivo da BP). O Connected Reporting foi
estabelecido pela primeira vez em um relatório do Projeto de Contabilidade do Príncipe para a
Sustentabilidade no ano de 2007.
Desde então, conforme consta em seu portal tem sido adotado por inúmeras organizações,
incluindo Aviva, BT, EDF Energy, HSBC, Hammerson e Northen Foods. Além disso, foi adaptado para
utilização por todas as organizações do setor público no Reino Unido com base nas orientações do
Tesouro, com adoção prevista para o ano de 2010.
Para o A4S (2011) o desenvolvimento de relatórios integrados reflete a consulta com mais de
100 organizações, com diretrizes baseadas em relatórios do ano de 2007 fornece orientações práticas
de implementação. Possui base na obra de uma série de organizações, bem como em pesquisas
acadêmicas realizadas no ano de 2009 mediante a experiência de oito organizações que têm ou que
conduziram o Connected Reporting Framework desde o ano de 2007 e são considerados líderes em
relatórios integrados.
O A4S (2011) apresenta que a comunicação integrada está focada em como fatores de
sustentabilidade ambiental e social podem ser reportados utilizando uma abordagem de comunicação
integrada. Destina-se principalmente para uso dentro dos Relatórios de Contas, nas apresentações ao
investidor ou como parte de relatórios internos de gestão.
Considera-se para tanto a sustentabilidade a partir de duas perspectivas: primeiro, que os
impactos ambientais e sociais são relevantes para a concretização dos objetivos estratégicos da
organização; segundo, como esses objetivos e as medidas tomadas em resposta a eles, contribuem
para uma economia mais sustentável.
Segundo o portal é improvável, por exemplo, que uma organização seja capaz de prosseguir
uma estratégia com impacto negativo significativo sobre a comunidade local, sem que haja um risco de
danos à reputação, um potencial de resposta regulatória ou perda da licença para operar.
O Quadro 17 apresenta as três etapas para a realização da integração entre a direção
estratégica, o desempenho financeiro e as considerações ambientais e sociais nas organizações.
59
ETAPAS DESCRIÇÃO
Integração estratégias dos negócios e sustentabilidade Identificação das questões de sustentabilidade e descrição de cada impacto nos objetivos estratégicos da organização
Indicadores Chaves de Desempenho (KPIs) Avaliação das medidas tomadas para resolver cada questão da sustentabilidade material e identificação de KPIs para medir o desempenho.
Desempenho do Relatório Integrado Avaliação equilibrada dos progressos relativos aos objetivos acordados e em direção aos resultados pretendidos.
QUADRO 17 – Etapas de integração de acordo como A4S. Fonte: Portal Accounting for sustainability, 2011.
Para o Prince of Wales (2011) as alterações climáticas e o excesso de consumo de recursos
naturais finitos apresentam riscos significativos que terá um profundo impacto na sociedade e na
economia. O projeto A4S foi lançado para o desenvolvimento de tomada de decisão e sistemas de
notificação que levem em conta as conseqüências de longo prazo. Em sentido mais amplo das ações,
possuir a capacidade de responder aos desafios de sustentabilidade enfrentados no século 21.
Segundo o Príncipe o mundo vai continuar a viver sem capital, no entanto a renda e o que se
tem hoje se dá “às custas” das futuras gerações, a menos que sistemas de práticas sejam
desenvolvidos para permitir maiores fatores em longo prazo para serem levadas em consideração de
forma mais eficaz a contabilidade e a tomada de decisão.
O portal mostra que atualmente há uma maior consciência da necessidade de
"sustentabilidade", considerando o que se faz, não só em termos de hoje, mas também em termos do
amanhã. Comissões e comitês foram criados, as políticas e as estratégias desenvolvidas estão sendo
colocadas em prática pelo Governo e pelas empresas, no entanto, a tradução dessa aspiração em
ação efetiva é freqüentemente entravada pela falta de novos "sistemas de sustentabilidade e de
processos".
A criação do projeto se deu para abordar esta questão e para fornecer orientações e
ferramentas práticas para ajudar a garantir que a sustentabilidade não é apenas discutida, mas tornou-
se parte integrante do dia-a-dia das operações das organizações. O projeto enfoca o desenvolvimento
de sistemas para ajudar as organizações a levar em conta e ter em relatórios, os custos sociais mais
amplos e ambientais de suas ações.
O Quadro 18 a seguir apresenta um resumo das três principais áreas de trabalho do projeto
A4S para 2010/11, segundo o portal eletrônico do projeto.
60
Área de trabalho Ação Foco
Relatório Integrado
Continuar a desenvolver ferramentas para ajudar as organizações a integrar a sustentabilidade no relatório geral.
Realizar uma consulta como orientação sobre o Relatório Integrado lançado em dezembro de 2009, a fim de produzir uma versão atualizada do guia.
Promover a aplicação da comunicação integrada através de oficinas e estudos-piloto, numa base internacional.
Trabalhar em colaboração com a GRI e outras organizações, estabelecendo o Internacional Comitê de Relatório Integrado (IIRC).
Incorporação da sustentabilidade
Pesquisar e compartilhar abordagens que as organizações têm adotado para contato e considerações de sustentabilidade para as operações econômicas e financeiras
Publicar Insights Práticos de Contabilidade para a Sustentabilidade que apresenta os estudos de caso completos, resumos publicados em dezembro de 2009 como Insights Práticos - Um resumo dos estudos de caso em incorporação e relatórios de sustentabilidade que relata os resultados da pesquisa acadêmica sobre como organizações têm utilizado contabilidade e princípios de sustentabilidade para incorporar a sustentabilidade em seu DNA.
Novo estudo de caso com a Marks & Spencer em como tem considerado sustentabilidade na tomada de decisões corporativas.
Rede de Órgão de Contabilidade Órgãos (ABN) e Fórum maior de atividades A4S
A rede internacional de organismos de contabilidade e outras organizações vão contribuir para o desenvolvimento e promoção de melhores práticas contabilísticas para a sustentabilidade
Lançar um website da comunidade em colaboração com a International Federation of Accountants (IFAC).
O site permitirá que qualquer pessoa com interesse em sustentabilidade e comunicação integrada para compartilhar idéias, discutir iniciativas e se conectar com o outro.
Convocar, influenciar e educar investidores, empresas e comunidades de contabilidade, através de comunicações e reuniões regulares, trabalho com escolas de negócios e outros, através dos principais eventos anuais Fórum.
Levantar o perfil do trabalho, através de apresentação em eventos relevantes no Reino Unido e internacionalmente.
QUADRO 18 - Três principais áreas de trabalho do projeto A4S para 2010/11. Fonte: Portal Accounting for sustainability,
2011.
2.4.3.3 International Integrated Reporting Committee (IIRC)
O Comitê Internacional de Relatórios Integrados, o IIRC, foi anunciado pelo Projeto A4S e o
GRI em primeiro de agosto do ano de 2010. O portal Prince of Wales (2011) apresenta que o IIRC
reúne uma seção transversal de representantes da sociedade civil, da contabilidade e das empresas.
Sua composição se dá através de um Comitê Gestor e um Grupo de Trabalho.
Para o IIRC (2011) o mundo nunca enfrentou desafios maiores, como: o excesso de consumo
de recursos naturais finitos, as alterações climáticas e a necessidade de fornecer água potável,
61
alimentos e um melhor padrão de vida para uma população mundial crescente. As decisões tomadas
no combate a estes problemas precisam ser baseadas em informações claras e completas.
O IIRC (2011) é a criação de um quadro globalmente aceito para a Contabilidade voltada à
Sustentabilidade. Um quadro que reúne financeiros, informações ambientais, sociais e de governança
de forma clara, concisa, coerente e comparável, ou seja, em um formato integrado.
Este conjunto de normas possui o objetivo de contribuir com o desenvolvimento da informação
mais abrangente e compreensível sobre o desempenho total de uma organização, prospectivo, bem
como retrospectivo, para atender às necessidades dos países emergentes, um modelo econômico
global mais sustentável.
Para o IIRC (2011) seu papel é responder à necessidade de um quadro de relatórios
integrados concisos, claros, coerentes e comparáveis, refletindo a organização através de seus
objetivos estratégicos, governança e modelo de negócios integrando desta forma a informação
financeira e não financeira. O papel desempenhado pelo IIRC conforme divulgação em seu portal:
a. sensibilizar para esta questão e desenvolver um consenso entre os governos, listando as
autoridades, empresários, investidores, órgãos de contabilidade e de normalização para a
melhor forma de abordá-la;
b. desenvolver um quadro geral e integrado de informação que define o âmbito da comunicação
integrada e seus componentes fundamentais;
c. identificar as áreas prioritárias onde o trabalho adicional é necessário e fornecer um plano de
desenvolvimento;
d. verificar se as normas nesta área devem ser voluntárias ou obrigatórias e facilitar a
colaboração entre os órgãos normativos e de convergência nos padrões necessários para
sustentar os relatórios integrados; e
e. promover a adoção de relatórios integrados pelos órgãos reguladores competentes e
responsáveis pela elaboração de relatório.
Todas as empresas cotadas em bolsa são obrigadas a apresentar um relatório anual sobre seu
desempenho financeiro na maioria dos casos em conformidade com o International Financial Reporting
Standards (IFRS) ou com os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos conhecido como GAAP dos
EUA.
O IIRC (2011) apresenta que cada vez mais as empresas estão produzindo, principalmente
numa base voluntária, a responsabilidade social corporativa ou relatórios de sustentabil idade, mas
estes podem variar muito em termos de relevância e qualidade, principalmente porque não existe um
62
padrão global para a medição e relato do desempenho ambiental, social e de governança. Segundo o
IIRC (2011) os objetivos de um quadro integrado de informação são:
a. apoiar as necessidades de informação dos investidores de longo prazo, mostrando as
conseqüências mais amplas e de longo prazo do processo de decisão;
b. refletir as interligações entre meio ambiente, governança, social e fatores financeiros nas
decisões que afetam o desempenho de longo prazo e condição, tornando clara a relação entre
sustentabilidade e valor econômico;
c. fornecer o enquadramento necessário para os fatores ambientais e sociais a serem tomadas
em consideração sistematicamente em comunicação e de tomada de decisão;
d. reequilibrar as métricas de desempenho longe de uma ênfase excessiva em curto prazo, o
desempenho financeiro e
e. trazer informação mais perto da informação usada pela gerência para administrar o negócio no
dia-a-dia.
O IIRC (2011) destaca que o excesso de consumo de recursos naturais finitos juntamente com
o risco muito real de uma mudança climática catastrófica são possivelmente os maiores desafios do
mundo. Uma resposta eficaz a estes desafios exigirá mudanças profundas para o nosso modelo
econômico atual.
2.5 Breve contextualização do setor sucroalcooleiro
A breve contextualização do setor será através dos contextos econômico, sócio ambiental e
gestão organizacional, com a apresentação de dados e estimativas relevantes para conhecimento do
potencial e da importância social do agronegócio sucroalcooleiro.
2.5.1 O setor sucroalcooleiro
Nichols et al. (2008), salientam que a produção e uso do etanol derivado da cana-de-açúcar
como combustível é crescente em todo o mundo em resposta à economia, segurança, e as
preocupações ambientais. No Brasil o etanol é fabricado em larga escala a partir da cana de açúcar, o
que vem ao encontro da crescente demanda nacional e internacional da substituição do combustível
63
fóssil por uma fonte renovável, de qualidade e ecologicamente viável devido à redução da emissão de
gases nocivos ao meio ambiente.
Freitas e Mendonça (2009) afirmam que o setor sucroalcooleiro do país se defronta com boas
perspectivas nos mercados mundiais de açúcar e de etanol, ambos se encontram em expansão, a
iniciativa privada local está atenta mostrando disposição para os desafios de um mercado globalizado.
De acordo com levantamento realizado na União da Indústria da Cana de Açúcar (ÚNICA), na
safra 2007/2008 a produção nacional do setor sucroalcooleiro possuía a seguinte distribuição: 13% na
região denominada norte-nordeste que compreende os estados das regiões norte e nordeste; 87% na
região centro-sul compreendendo os estados das regiões centro oeste, sudeste e sul.
Destacando-se no contexto, São Paulo, o Estado de maior representatividade do setor que
segundo Nogueira e Soler (2008), é o Estado que tem estimulado a produção sustentável de etanol por
meio do respeito aos recursos naturais, controle da poluição, com responsabilidade social e certificação
do setor.
Correndo o risco de perderem espaço no mercado mundial de açúcar e etanol, as usinas
precisam aliar a gestão empresarial de custos e menores preços ao desenvolvimento social e à
preservação do meio ambiente para manter a maior competitividade do mundo.
2.5.1.1 Contexto Organizacional
Moraes (2007) salienta que o setor de açúcar e álcool nacional tem passado por profundas
alterações nos anos recentes, com impactos importantes sobre a organização setorial, estratégias
empresariais e sobre o mercado de trabalho, sendo que, desde 1999, o Estado afastou-se
consideravelmente deste setor; atualmente os preços dos produtos são formados em livre mercado, o
que impôs um novo padrão de competitividade às usinas de açúcar e/ou álcool, induzindo-as a buscar
estratégias competitivas visando redução de custos e aumento de competitividade para sobrevivência
neste novo ambiente competitivo.
O produtor brasileiro de maior expressividade no que diz respeito ao cultivo da cana de açúcar
é o Estado de São Paulo e para Nogueira e Soler (2008), é o Estado que tem estimulado a produção
sustentável de etanol por meio do respeito aos recursos naturais, controle da poluição, com
responsabilidade social e certificação do setor.
O Estado possui datas específicas para o fim das queimadas nas lavouras já existentes e nas
áreas novas haverá permissão somente de colheitas mecanizadas. Ainda segundo os autores, o
64
Estado de São Paulo tem estimulado a produção sustentável de etanol por meio do respeito aos
recursos naturais, controle da poluição, com responsabilidade social e certificação do setor.
O Quadro 19 apresenta as inovações ocorridas no setor sucroalcooleiro.
Divisão Inovação
Industrial Usinas e destilarias
Automação completa, aumento da intensidade do trabalho com redução dos postos de trabalho.
Agrícola Plantio e corte Mudanças tecnológicas e organizacionais mais nítidas: Logística, mecanização e terceirização.
QUADRO 19 – Inovações ocorridas no setor sucroalcooleiro. Fonte: Alves, 2008.
As usinas empreendedoras caracterizam-se por inovações logísticas, mecanização, automação
de processos, novas formas de gestão, aumento da produtividade e alteração nas relações com
fornecedores, trabalhadores e compradores, o resultado observado é a concentração de capital no
segmento industrial da atividade, com a incorporação de algumas usinas com dificuldades financeiras,
fusões entre usinas e desativação de unidades industriais. As mudanças implicam perdas para os
atores sociais com menor poder de barganha (DIEESE, 2007).
Neste contexto destacam-se as usinas paulistas do Grupo Balbo (Native) que possui como
missão a exploração do potencial da cana de açúcar e de outros produtos agroindustriais, de forma a
gerar valor através da agricultura sustentável. Conforme informações de seu portal o processo
produtivo do grupo busca harmonizar os interesses econômicos, sociais e ambientais do
empreendimento de forma sustentável.
2.5.1.2 Contexto Econômico
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE)
(2007), o agronegócio sucroalcooleiro faturou, direta e indiretamente, cerca de R$ 40 bilhões por ano, o
que correspondeu a aproximadamente 2,35% do PIB nacional, sendo também, um dos setores que
mais empregam no país, com a geração de mais de 3,6 milhões de empregos, diretos e indiretos,
reúne mais de 72.000 agricultores. Em relação à geração de impostos, confirma-se a importância social
do agronegócio sucroalcooleiro, pois a cada ano recolheu mais de R$ 12 bilhões aos cofres públicos.
O Quadro 20 a seguir apresenta os indicadores do setor sucroalcooleiro na safra 2007/2008.
65
Indicadores do setor sucroalcooleiro brasileiro safra 2007/08
Movimentação R$ 40 bilhões
Representatividade na economia nacional 2,35 % do PIB e R$ 12 bilhões de impostos e taxas
Geração de empregos (diretos e indiretos) 3,6 milhões
Envolve 72.000 agricultores
Produção de cana 572,5 mil toneladas
Rendimento por ha 76,6 toneladas
Produção de açúcar e álcool 27,7 m3 de álcool e 31,5 ton. de açúcar
Área plantada - total 8.491 mil ha plantados e 7.010 mil ha em produção
Área em formação 1.481 mil há
Exportação de açúcar e álcool 14,3 mil ton. de açúcar e 2,5 ton. de álcool
Investimentos do setor R$ 4 bilhões/ano
Total de usinas e destilarias 370 usinas (em operação + projetos)
QUADRO 20 - Indicadores do setor sucroalcooleiro brasileiro safra 2007/08. Fonte: Conab; DIEESE; 2009; IBGE;2009; MAPA, 2009.
Outros dados relevantes foram referentes ao potencial deste mercado, uma vez que
aproximadamente 50 mil empresas brasileiras sofreram o impacto do elevado volume de capital
destinado a investimentos, compra de equipamentos/insumos e contratação de serviços por parte das
usinas de açúcar e álcool, o que ultrapassou R$ 4 bilhões/ano.
2.5.1.3 Contexto sócio ambiental
Nichols et al. (2008), salientam que a produção e uso do etanol derivado da cana-de-açúcar
como combustível é crescente em todo o mundo em resposta à economia, segurança, e as
preocupações ambientais. No Brasil o etanol é fabricado em larga escala a partir da cana de açúcar, o
que vem ao encontro da crescente demanda nacional e internacional da substituição do combustível
fóssil por uma fonte renovável, de qualidade e ecologicamente viável devido à redução da emissão de
gases nocivos ao meio ambiente.
Lins e Saavedra (2009), afirmam que características do país e do próprio ramo de atuação são
66
partes dos determinantes do contexto no qual se inserem os desafios de sustentabilidade do setor e
destacam como importantes características atuais da atividade sucroalcooleira brasileira na agenda da
sustentabilidade, os seguintes pontos: (i) a intensidade de uso de recursos naturais e sociais; (ii) o
diferencial competitivo brasileiro por condições climáticas e pela experiência adquirida do setor; e (iii) o
movimento de consolidação, expansão e entrada de novos players no mercado.
No caso do Estado de São Paulo, há o Protocolo Agroambiental que estabelece uma série de
compromissos e diretivas técnicas relacionadas às indústrias sucroenergéticas. Uma delas refere-se à
antecipação legal do fim da colheita de cana com o uso de fogo até 2014 (para área mecanizáveis) e
2017 (para áreas não mecanizáveis).
Segundo divulgações da UNICA até dezembro de 2017 somente em relação à queima da palha
da cana, serão 8,5 milhões toneladas de CO2 que deixarão de ser emitidas (PORTAL DO
AGRONEGÓCIO, 2009). A Figura 11 ilustra os prazos e o percentual da cana colhida sem queima no
Estado de 2006 a 2021, de acordo com a Lei Estadual 11.241/02 e o Protocolo Agroambiental, nas
áreas mecanizáveis.
FIGURA 11 – Eliminação da queimada no Estado de São Paulo. Fonte: Lei Estadual de Queima 11.241/02 e Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista, 2007.
A Figura 12 a seguir ilustra os prazos e o percentual da cana colhida sem queima no Estado de
2006 a 2021, de acordo com a Lei Estadual 11.241/02 e o Protocolo Agroambiental, nas áreas não
mecanizáveis.
67
FIGURA 12 – Eliminação da queimada no Estado de São Paulo. Fonte: Lei Estadual de Queima 11.241/02 e Protocolo Agroambiental do Setor Sucroalcooleiro Paulista, 2007.
Diante das iniciativas do setor sucroalcooleiro paulista há o destaque para as usinas do Grupo
Balbo (Native) que segundo divulgações em seu portal, realiza o manejo adequado do solo, de maneira
a manter o seu equilíbrio, evitando a depauperação de seus nutrientes. O grupo possui práticas como a
criação de ilhas de biodiversidade, compostas por mata nativa, em meio à plantação de cana, elevando
a biodiversidade das áreas de cultivo contribuindo para o equilíbrio do meio ambiente.
Segundo declarações de sua diretoria, a Native está posicionada em um dos mercados mais
promissores do setor alimentício mundial: os orgânicos. Em todo o mundo, esse mercado vem
crescendo a taxas exponenciais, movimentando alguns bilhões de dólares, trata-se de um mercado
consolidado. De acordo com as declarações a produção de alimentos orgânicos beneficia, sobretudo, o
consumidor com produtos saborosos e nutritivos. Traz mais que benefícios à saúde humana, um
alimento orgânico certificado é produzido em harmonia com o meio ambiente.
Desde a fundação da primeira usina em 1946 o grupo busca a excelência em qualidade e
produtividade, mas com o foco também voltado para o ser humano e o meio ambiente. O grupo
expressa desta forma seu compromisso com a sustentabilidade, em busca de um modelo de
desenvolvimento economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável.
68
CAPITULO III. MÉTODO E CONDUÇÃO DA PESQUISA
Este capítulo apresenta definições e conceitos relacionados ao método de pesquisa adotado
no presente estudo. Para tanto, os métodos e técnicas utilizados foram descritos, como também foram
descritos os aspectos relacionados à coleta de dados, os procedimentos adotados na condução da
pesquisa e na análise dos resultados obtidos.
3.1 Pesquisa e metodologia científica: principais aspectos conceituais
A pesquisa é um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico e seu
objetivo fundamental é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos
científicos (GIL, 2008).
Para Silva e Menezes (2001), pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação
planejada e desenvolvida de acordo com as normas consagradas pela metodologia científica.
Metodologia científica entendida como um conjunto de etapas ordenadamente dispostas que devem
ser vencidas na investigação de um fenômeno.
Os autores complementam que nas etapas se incluem: (i) a escolha do tema; (ii) o
planejamento da investigação; (iii) o desenvolvimento metodológico; (iv) a coleta e a tabulação de
dados; (v) a análise dos resultados; (vi) a elaboração das conclusões e (vii) a divulgação de resultados.
Para Marconi e Lakatos (2010), a pesquisa sempre parte de um tipo de problema, de uma
interrogação e vai responder às necessidades de conhecimento de certo problema ou fenômeno, várias
hipóteses são levantadas e a pesquisa pode invalidá-las ou confirmá-las.
Os autores destacam ainda que toda pesquisa deva basear-se em uma teoria, que serve como
ponto de partida para a investigação bem sucedida de um problema. A teoria sendo instrumento da
ciência é utilizada para conceituar os tipos de dados a serem analisados. Para ser válida, deve apoiar -
se em fatos observados e provados, resultantes da pesquisa.
69
3.1.1 Definição do tipo de pesquisa adotada neste trabalho
A presente pesquisa possui como escopo a elaboração e aplicação de um instrumento de
avaliação para analisar sob da Gestão Contábil Ambiental as informações constantes nos relatórios
econômico-financeiros das empresas do setor sucroalcooleiro paulista. Sendo assim, ao aplicar o
instrumento pretende-se encontrar resposta à seguinte questão: qual o posicionamento e o grau de
aderência do setor às práticas que subsidiam a Gestão Contábil Ambiental?
Para tanto, a pesquisa possui caráter exploratório com procedimentos sistemáticos para
análise dos dados, uma vez que existem poucos ou inexistem trabalhos sobre tema e desta forma
pretende-se proporcionar uma visão global sobre a abordagem em questão com precedentes para
estudos futuros.
Pesquisas exploratórias para Marconi e Lakatos (2002), são investigações de pesquisa
empírica ou de um problema, com tripla finalidade: (i) desenvolver hipóteses; (ii) aumentar a
familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa
futura mais precisa ou (iii) modificar ou clarificar conceitos.
Gil (2010) destaca que do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa exploratória visa
proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir
hipóteses.
Para Ludke e André (1986), a análise documental constitui uma técnica importante na pesquisa
qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos
novos de um tema ou problema.
A pesquisa ainda possui caráter descritivo porque faz levantamento e observa as
características de um determinado grupo. Esse tipo de pesquisa descreve as características de
determinada população ou fenômeno, de grupos relevantes ou o estabelecimento entre variáveis,
registrando suas percepções sobre um referido tema. Envolve o uso de técnicas padronizadas de
coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento
(GIL, 2008).
A observação sistemática, de acordo com Marconi e Lakatos (2010), utiliza instrumentos para a
coleta dos dados ou fenômenos observados, realiza-se em condições controladas, para responder a
propósitos preestabelecidos e as normas não devem ser padronizadas nem rígidas demais, uma vez
que situações, objetos e objetivos da investigação podem ser muito diferentes.
70
3.2 Estratégias para condução da presente pesquisa
Como estratégia metodológica na condução desta pesquisa, empregou-se análise documental
através de pesquisa exploratória de dados divulgados em fontes públicas. Foram realizadas consultas
nos portais eletrônicos das companhias, ou seja, levantamento de dados públicos disponibilizados via
web, onde constam: (i) informações institucionais com abrangência do histórico, missão, visão, valores,
políticas de gestão, produtos, parcerias, (ii) relatórios financeiros e socioambientais, informações
consideradas relevantes para empresas inseridas em um cenário que atualmente os stakeholders
exigem comprometimento socioambiental, conduta ética e transparência.
Neste contexto, foram analisadas divulgações públicas no âmbito das usinas em
funcionamento no estado de São Paulo cadastradas na UNICA, sob o ponto de vista da Gestão
Contábil Tradicional e da Gestão Contábil Ambiental para elaborar um instrumento que possa identificar
o grau de aderência do setor às práticas que subsidiariam a Gestão Contábil Ambiental, para tanto
uma série de etapas foram percorridas através:
- Do levantamento de informações nos relatórios econômico-financeiros das empresas do setor
sucroalcooleiro para analisá-las de acordo com a Resolução 1.003/04 denominada NBC T 15 e minuta
da NBC TE, colocada em audiência pública no ano de 2009, ambas do Conselho Federal de
Contabilidade (CFC);
- Da verificação do grau de aplicação de Sistemas Integrados de Gestão (SIG) e de Sistemas
Normativos de Gestão (ISO 9001, ISO 14001 e OSHAS 18001) em empresas do setor sucroalcooleiro,
bem como a adequação destas informações aos sistemas de avaliação contábil e financeira;
- Da Lei 11.638/07 que regulamenta os procedimentos contábeis das sociedades por ações e os
aproxima aos padrões internacionais, os relatórios contábeis econômico-financeiros obrigatórios e a
adequação destas informações às questões socioambientais;
- Do modelo de Contabilidade de Custos Ecológicos Completos (CCEC) que Jimenez (2006) destaca
“como uma proposta inovadora que poderá permitir a solução das limitações que apresentam a prática
atual de divulgação de informações sobre a contribuição empresarial para a sustentabilidade”, sua
aplicabilidade em um modelo contábil integrado.
- Verificação do posicionamento do setor diante da necessidade de implantação de novos
procedimentos para adoção de uma gestão que possa contemplar de forma integrada as dimensões
economica, ambiental e social.
A fonte de coleta dos dados é de natureza secundária, uma vez que os dados foram coletados
em fontes públicas. A web foi o principal instrumento de coleta de dados, diversas informações estão
71
destinadas ao público em geral através da homepage das empresas, de órgãos governamentais e dos
demais órgãos ligados ao setor. O procedimento adotado no levantamento dos dados foi a consulta
das informações disponibilizadas nos portais eletrônicos, através de relatórios financeiros, notas
explicativas e de programas divulgados.
Para fundamentação do presente estudo realizou-se levantamento bibliográfico com enfoque
histórico, conceitos básicos, análise de publicações científicas, teses e dissertações com abordagem
qualitativa, técnica exploratória e caráter descritivo para contextualização da situação das
organizações, do meio ambiente, da sociedade e dos métodos contábeis em suas abordagens
tradicional e ambiental, tomando como fator direcionador o aspecto da sustentabilidade.
3.3 Descrição das etapas para condução da presente pesquisa
A fase inicial caracterizou-se por realizar pesquisa nas fontes públicas no contexto das
empresas do setor sucroalcooleiro por meio da qual se buscou fazer um levantamento das informações
pertinentes ao assunto relacionado à Gestão Contábil Integrada. Para tanto, utilizou-se o modelo da
Contabilidade de Custos Ecológicos (CCEC), quanto ao tratamento das externalidades geradas, sejam
positivas ou negativas e a estrutura contábil ambiental apresentada pela NBC TE 15 do Conselho
Federal de Contabilidade.
Nesta primeira etapa realizou-se uma análise das informações coletadas, para desenvolver a
pesquisa e verificar a existência de dados que pudessem dar consistência às informações. Considerou-
se como universo as 167 usinas processadoras de cana de açúcar, em funcionamento e cadastradas
na União da Indústria da Cana de Açúcar (UNICA) do estado de São Paulo na safra 2007/2008. O
objetivo foi conhecer os procedimentos adotados e divulgados quanto ao assunto abordado no
presente estudo.
O foco principal da pesquisa em seu primeiro momento foi dar ênfase aos dados coletados de
acordo com a metodologia de pesquisa exploratória, em um segundo momento realizar a compilação, a
tabulação dos dados coletados. Para Marconi e Lakatos (2010) dar ênfase aos dados coletados faz
parte do processo da técnica de análise estatística dos dados, sendo assim, para finalizar realizou-se
análise estatística descritiva dos dados, dos resultados e verificação das seguintes variáveis:
- O que as empresas do setor apresentam em suas divulgações;
- Qual o posicionamento do setor diante das questões socioambientais;
- Quais as ferramentas utilizadas;
72
- Quais os procedimentos adotados;
- Qual o grau de aderência às práticas contábeis ambientais apresentado nos relatórios.
A Figura 13 apresenta um gráfico das etapas de trabalho da presente pesquisa.
FIGURA 13 - Etapas de trabalho da presente pesquisa
Uma análise das externalidades geradas pelas empresas do setor foi realizada para se obter
informações a serem evidenciadas na contabilidade ambiental, o que possibilitou a elaboração de um
roteiro para avaliar um sistema de informação contábil que considerasse as questões socioambientais.
A opção por pesquisar as usinas paulistas em funcionamento e cadastradas na UNICA, é
devido a relevância do estado de São Paulo no contexto sucroalcooleiro nacional e internacional, tendo
em vista que na safra 2007/08 apresentou 167 usinas em funcionamento o que representou 45% das
usinas brasileiras que totalizavam um número de 370 usinas.
Consultas
Fontes Públicas
Usina paulista cadastrada na UNICA
NBC TE e CCEC Órgãos ligados ao setor
Possui portal
SIM Coleta de Dados
Análise e tratamento dos dados
Discussão dos Resultados da pesquisa
NÃO
Considerações Finais
Toda a amostra foi analisada
SIM
NÃO
73
Nesta etapa realizou-se análise e categorização das informações coletadas, para desenvolver
a pesquisa e verificar a existência de dados que dessem consistência às informações. Para tanto o
levantamento de dados foi realizado nos relatórios contábeis divulgados nos portais eletrônicos das
usinas em funcionamento no estado de São Paulo e no Diário Oficial da União (D.O.U.), com a
intenção de conhecer procedimentos adotados quanto ao assunto abordado no presente estudo e o
grau de aderência à Gestão Contábil Ambiental.
Durante a pesquisa foram utilizadas planilhas da ferramenta Excel do Microsoft Office 2007
para registro, organização, tratamento das informações coletadas e elaboração de tabelas, escalas e
gráficos para a ilustração dos resultados.
A utilização da ferramenta Excel 2007 possibilitou a elaboração de uma estatística descritiva a
partir dos dados levantados nos portais eletrônicos consultados para mostrar o posicionamento e o
grau de aderência do setor possibilitando melhor visualização e comparabilidade dos resultados.
Após o estudo dos dados coletados, iniciou-se a elaboração do instrumento de avaliação do
grau de aderência à Abordagem Contábil Ambiental, adaptado da norma SAE J4000. O passo seguinte
foi a validação do instrumento aplicando-o para análise dos relatórios contábeis da usina considerada a
maior produtora mundial de cana-de-açúcar.
O procedimento foi realizado para verificar a aplicabilidade e para validação do instrumento de
avaliação proposto no presente trabalho.
O item 3.4 a seguir, descreve as etapas para a elaboração do instrumento proposto, bem como
os conceitos e os componentes utilizados na sua concepção.
3.4 Descrição das etapas para elaboração do instrumento de avaliação
O item 3.4.1 a seguir apresenta os conceitos e os componentes utilizados como referência na
estruturação do instrumento de avaliação proposto na avaliação contábil, sendo que os mesmos
tomaram como referência o modelo proposto na Norma SAE J4000.
3.4.1 Norma SAE J4000: breve conceituação e estruturação de referência
O instrumento de avaliação proposto foi elaborado tomando como referência a estruturação
proposta pela norma SAE J4000. A norma recebe a denominação de “Identificação e mensuração de
74
melhores práticas de uma operação enxuta em uma organização industrial”, como destacam Satolo et
al. (2007), sendo desenvolvida pela Society for Automotive Engineers (SAE) em 1999.
A norma SAE J4000, composta por um conjunto de elementos divididos em áreas que atingem
empresa, clientes e fornecedores, lista os critérios pelos quais a manufatura enxuta poderá ser
alcançada, sempre enfocando na eliminação ou minimização de desperdícios (SATOLO et al. 2007;
NOGUEIRA e SAURIN 2006).
A seguir os Quadros 21 e 22 apresentam elementos, tema principal, número de componentes e
peso, escala de medição do nível de satisfação em comparação com as melhores práticas.
Elemento Tema principal Número de componentes Peso
Elemento 1 Ética e Organização 12 25%
Elemento 2 Pessoas e RH 13 25%
Elemento 3 Sistema de Informação 4
25% Elemento 4 Relação Cliente/Fornecedores e Organização 4
Elemento 5 Produto e Gestão do Produto 6
Elemento 6 Produto e Fluxo de Processos 13 25%
QUADRO 21- Estrutura da ferramenta de avaliação SAE J4000. Fonte: Satolo, et al., 2007.
Nível Pontuação Significado
0 0 O componente não está implementado ou existem inconsistências fundamentais na sua implementação.
1 1 O componente está implementado mais ainda existem inconsistências menos significativas na sua implementação.
2 2 O componente está satisfatoriamente implementado.
3 3 O componente está satisfatoriamente implementado e mostra um contínuo melhoramento nos últimos 12 meses.
QUADRO 22 - Escala de medição do nível de satisfação em comparação com as melhores práticas.
Fonte: Satolo, et al., 2007.
O item 3.4.2 a seguir, apresenta os demonstrativos contábeis utilizados no presente trabalho
como base para elaboração do instrumento de avaliação.
75
3.4.2 Os demonstrativos contábeis considerando as abordagens tradicional e ambiental
O prosseguimento do estudo se deu através da estrutura das contas apresentadas no Balanço
Patrimonial e classificadas como Contas Patrimoniais que representam os bens, direitos, obrigações e
o Patrimônio Líquido da entidade, agrupadas de acordo com o escopo das normas brasileiras de
contabilidade.
O estudo das estruturas dos demonstrativos contábeis se deu em três etapas, como descritas a
seguir:
Etapa 1:
Consulta e estudo da estrutura dos relatórios contábeis em sua abordagem tradicional, ou seja,
sob a ótica da Lei 6404/76 com alterações da 11.638/07 e Lei 11.941/09, das Normas Brasileiras de
Contabilidade e dos Princípios Contábeis;
Etapa 2:
Consulta e estudo da estrutura contábil em sua abordagem ambiental, ou seja, sob a ótica da
Minuta NBC TE - Interação da Entidade com o Meio Ambiente do CFC; da metodologia da
Contabilidade de Custos Ecológicos Completos (CCEC) e da Contabilidade Ambiental;
Etapa 3:
Elaboração de Quadros para realização de uma análise minuciosa da estrutura de
apresentação dos relatórios contábeis nas abordagens: Tradicional e Ambiental.
O Quadro 23 a seguir apresenta estrutura contábil em suas abordagens tradicional e
ambiental, contempla o Ativo e seus grupos, representando os bens e direitos que fazem parte do
patrimônio das empresas.
76
Abordagem Contábil Tradicional Abordagem Contábil Ambiental
1. ATIVO (Bens e Direitos)
1.1 Ativo Circulante 1.1.1 Disponibilidades 1.1.2 Créditos 1.1.2.1 Clientes 1.1.2.1.99 (-) Duplic. Descontadas 1.1.2.2 Outros Créditos 1.1.2.3 Valores a Recuperar 1.1.3 Estoques 1.1.3.1 Matéria Prima 1.1.3.2 Produtos em elaboração 1.1.3.3 Produtos Acabados 1.1.4 Despesas do Exercício Seguinte 1.2 Ativo Não Circulante 1.2.1 Realizável a Longo Prazo 1.2.2 Investimentos 1.2.2.1 Participação em outras Cias 1.2.3 Imobilizado 1.2.3.1 Bens em operações 1.2.3.99 (-) Depreciação Acumulada 1.2.4 Intangível 1.2.5 Diferido 1.2.5.1 Gastos c/ Pesq. e Desenv. de Produtos 1.2.5.99 (-) Amortização Acumulada
1. ATIVO AMBIENTAL (Bens e Direitos)
1.1 Ativo Circulante Ambiental 1.1.1 Disponibilidades 1.1.2 Créditos 1.1.2.1 Clientes 1.1.2.2 Clientes Ambientais 1.1.2.99 (-) Duplicatas Descontadas 1.1.2.2 Outros Créditos 1.1.2.3 Valores a Recuperar 1.1.3 Estoques 1.1.3.1 Matéria Prima
1.1.3.1.01 Renovável 1.1.3.1.02 Não Renovável 1.1.3.1.03 Reciclável 1.1.3.1.04 Não Reciclável
1.1.3.2 Produtos em elaboração 1.1.3.2.01 Renovável 1.1.3.2.02 Não Renovável 1.1.3.2.03 Reciclável 1.1.3.2.04 Não Reciclável
1.1.4.3 Produtos Acabados 1.1.4.3.01 Renovável 1.1.4.3.02 Não Renovável 1.1.4.3.03 Reciclável
1.1.4.3.04 Não Reciclável 1.2 Ativo Não Circulante Ambiental 1.2.1 Realizável a longo prazo 1.2.2 Investimentos 1.2.2.1 Participação em outras Cias 1.2.2.2 Partic. Fundos Invest. Ambientais 1.2.3 Imobilizado 1.2.3.1 Bens em operações 1.2.3.2 Bens em operações ambientais 1.2.3.99 (-) Depreciação Acumulada 1.2.4 Intangível Ambiental 1.2.5 Diferido 1.2.5.1 Gastos c/ Pesq. e Desenvolvimento de Produtos 1.2.5.2 Gastos c/ Projetos de Gestão Ambiental 1.2.5.99 (-) Amortização Acumulada
QUADRO 23 - Ativo nas abordagens Tradicional e Ambiental. Fonte: CFC, 2009; Ribeiro, 2005; Ferreira, 2009; e Tinoco e Kramer, 2006.
O Quadro 24 a seguir apresenta estrutura contábil em suas abordagens tradicional e
ambiental, contempla o Passivo e seus grupos, representando as obrigações que fazem parte do
patrimônio das empresas e apresenta também o Patrimônio Líquido.
77
Abordagem Contábil Tradicional Abordagem Contábil Ambiental
2. PASSIVO (Obrigações+Patrimônio Líquido)
2.1 Passivo Circulante 2.1.1 Fornecedores 2.1.2 Obrigações Tributárias 2.1.3 Obrigações Trabalhistas 2.1.3.1 Salários e Ordenados 2.1.3.2 Encargos Sociais 2.1.4 Empréstimos e Financiamentos 2.1.4.1 Empréstimos e Financiamentos 2.1.5 Outras Obrigações 2.1.5.1 Multas 2.1.5.2 Indenizações 2.1.6 Provisões
2.2 Passivo não Circulante 2.2.1 Exigível a Longo Prazo 2.3 Resultados de exercícios futuros 2.3.1 Resultados Operacionais
2.4 Patrimônio Líquido 2.4.1 Capital Social 2.4.2 Reservas 2.4.2.1 Reservas de Lucros 2.4.2.2 Reservas para contingências 2.4.3 Prejuízos Acumulados
2. PASSIVO AMBIENTAL (Obrigações + Patrimônio Líquido)
2.1 Passivo Circulante 2.1.1 Fornecedores 2.1.1.1 Fornecedores 2.1.1.2 Fornecedores Ambientais 2.1.2 Obrigações Tributárias 2.1.3 Obrigações Trabalhistas 2.1.3.1 Salários e Ordenados 2.1.3.2 Encargos Sociais 2.1.3.3 Aposentadoria Precoce 2.1.3.4Indenizações por doenças-funcionário 2.1.4 Empréstimos e Financiamentos 2.1.4.1 Empréstimos e Financiamentos 2.1.4.2 Emprest. e Financ. Ambientais 2.1.5 Outras Obrigações 2.1.5.1 Multas 2.1.5.1.01 Multas por danos ambientais 2.1.5.2 Indenizações 2.1.5.2.01 Indeniz. por danos ambientais 2.1.5.3 Recuperação Ambiental
2.1.5.3.01 Recuperação de áreas degradadas 2.2 Passivo não Circulante Ambiental 2.2.1 Exigível a Longo Prazo
2.4 Patrimônio Líquido 2.4.1 Capital Social 2.4.2 Reservas 2.4.2.1 Reservas de Lucros 2.4.2.2 Reservas para contingências 2.4.2.3 Reservas p/ contingências ambientais 2.4.3 Prejuízos Acumulados
QUADRO 24 - Passivo nas abordagens Tradicional e Ambiental. Fonte: CFC, 2009; Ribeiro, 2005; Ferreira, 2009; e Tinoco e Kramer, 2006.
O modelo apresentado pode ser classificado como de Plano de Contas Sintético se analisado
sob a ótica contábil. Ressalta-se, no entanto que o modelo contempla a estrutura de um relatório
contábil em suas abordagens Tradicional e Ambiental. A abordagem ambiental refere-se a uma
adaptação da NBC TE do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) apresentada em audiência pública
em 2009 com modelos apresentados por Ribeiro (2005), Ferreira (2009) e Tinoco e Kramer (2006).
A norma do CFC possuía como objetivo definir conceitos e critérios para a contabilização de
eventos e transações que possam refletir as interações da entidade com o meio ambiente. A norma
segundo o CFC determina os critérios para reconhecimento, classificação, mensuração e divulgação
desses eventos e transações.
78
De acordo com a legislação vigente, além de apresentarem os relatórios com o registro, a
evidenciação e a divulgações das contas patrimoniais, as entidades também possuem a
obrigatoriedade de realizarem a apuração do resultado ao final do exercício social.
Para tanto receitas, ganhos, custos e despesas são classificadas como Contas de Resultado, e
ao final de cada exercício social os saldos remanescentes nas contas devem ser apurados e
transferidos para a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), onde será apurado o resultado do
exercício Lucro ou Prejuízo, ou seja, se empresa ganhou ou perdeu. O resultado do exercício Lucro ou
Prejuízo (Ganho ou Perda) apurado será registrado no Balanço Patrimonial, aumentando
(Lucro/Ganho) ou diminuindo (prejuízo/Perda) o Patrimônio Líquido da entidade.
Os Quadros 25 e 26 apresentam a estrutura das contas de resultados que devem ser
apuradas ao final do exercício social, agrupadas de acordo com o escopo das normas brasileiras de
contabilidade. Observa-se, no entanto que a Abordagem Contábil Ambiental apresentada refere-se a
uma adaptação da NBC TE do CFC, a qual foi oferecida à Audiência Pública em 2009 com modelos
apresentados por Ribeiro (2005), Ferreira (2009) e Tinoco e Kramer (2006).
O Quadro 25 apresenta os Custos e as Despesas nas Abordagens Tradicional e Ambiental.
Abordagem Contábil Tradicional Abordagem Contábil Ambiental
3. Custos e Despesas 3.1 Custos 3.2 Despesas 3.3 Perdas
3. Custos e Despesas 3.1 Custos 3.2 Custos Ambientais 3.3 Despesas 3.4 Despesas Ambientais 3.5 Perdas 3.6 Perdas Ambientais
QUADRO 25 - Custos e Despesas nas abordagens Tradicional e Ambiental. Fonte: CFC, 2009; Ribeiro, 2005; Ferreira, 2009; e Tinoco e Kramer, 2006.
O Quadro 26 apresenta as Receitas e os Ganhos nas abordagens Tradicional e Ambiental.
Abordagem Contábil Tradicional Abordagem Contábil Ambiental
4. Receitas e Ganhos 4.1 Receitas 4.2 Ganhos
4. Receitas e Ganhos 4.1 Receitas 4.2 Receitas Ambientais 4.3 Ganhos 4.4 Ganhos Ambientais
QUADRO 26- Receitas e Ganhos nas abordagens Tradicional e Ambiental. Fonte: CFC, 2009; Ribeiro, 2005; Ferreira, 2009; e Tinoco e Kramer, 2006.
79
Após estudos realizados nas estruturas contábeis em suas abordagens Tradicional e
Ambiental, o passo seguinte foi a elaboração do instrumento de avaliação como descrito no item 3.4.3
a seguir.
3.4.3 Elaboração do instrumento de avaliação
A elaboração de um instrumento deu-se com o objetivo de se elaborar uma ferramenta que
possibilitasse quantificar o grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista com a temática central
da pesquisa. Utilizou-se assim como proposições para a construção da escala as abordagens da
Gestão Contábil Tradicional (GCT) e da Gestão Contábil Ambiental (GCA).
Para a elaboração do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil
ambiental realizou-se análise dos dados levantados nos relatórios contábeis. As etapas para a
realização da análise foram as seguintes:
Etapa 1:
Escolha dos grupos de contas, que foram tratados de acordo com a proposta do presente
estudo, ou seja, separação das contas consideradas relevantes a serem analisadas de forma
minuciosa para que os objetivos deste trabalho pudessem ser atingidos;
Etapa 2:
Formulação dos itens que foram elencados no instrumento de avaliação, também levando em
consideração a relevância para os objetivos do presente estudo;
Etapa 3:
Elaboração do instrumento de avaliação, ao contexto contábil proposto no presente trabalho.
Após a adaptação ao contexto da Gestão Contábil Ambiental, o instrumento de avaliação
elaborado neste estudo, apresentou a estrutura ilustrada no Quadro 27 a seguir. A estrutura analítica
contendo a discriminação de cada componente dos elementos elencados no quadro acima está
apresentada no Apêndice A.
80
Elemento Tema principal Número de componentes Peso
Elemento 1 Ativo Circulante e não Circulante 12 40 %
Elemento 2 Passivo Circulante e não Circulante 09 30 %
Elemento 3 Resultados de Exercícios Futuros 01 10 %
Elemento 4 Patrimônio Líquido 02
Elemento 5 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE 05 20%
QUADRO 27 - Estrutura do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil Ambiental
O Quadro 28 apresenta a escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão
Contábil Ambiental.
Nível Pontuação Significado
0 0 O componente não está adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental.
1 1 O componente está adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental, mais ainda existem inconsistências quanto a esta adequação.
2 2 O componente está satisfatoriamente adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental.
3 3 O componente está satisfatoriamente adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental e mostra uma tendência de aumento quanto a esta adequação.
QUADRO 28 - Escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão Contábil Ambiental
Para Vallejo et al. (2003), traduzir ou adaptar testes e escalas de outros idiomas é muito
habitual, sendo que um caso distinto é quando os instrumentos em outros idiomas servem
simplesmente de modelo de inspiração para a construção de um novo instrumento. Segundo os
autores, quando se pensa em traduzir e adaptar um instrumento uma das primeiras perguntas a serem
feitas é: “é a melhor alternativa?”.
Os autores também destacam que freqüentemente se prepara um novo instrumento levando
em consideração determinadas amostras e situações que podem ser muito específicas, e não se
dispõe de um instrumento que se apresente mais adequado, e a melhor opção é de construir um novo.
Citam ainda que a informação sobre a validade que vem a partir da versão original é uma boa fonte de
hipóteses, mas deve ser confirmado novamente com a nova versão do teste ou escala.
Após a construção do instrumento de avaliação do grau de aderência à abordagem da Gestão
Contábil Ambiental, para verificação de sua aplicabilidade e validação de sua estrutura o primeiro
81
passo foi realizar uma análise nos relatórios contábeis da usina considerada como a maior em termos
de produção mundial.
Em seguida, após a validação do instrumento, realizou-se a aplicação nas demais usinas de
acordo com o objetivo proposto no presente trabalho. Além das usinas, aplicou-se também em
relatórios de empresas de outros setores da economia e no Balanço das Nações.
3.4.4 Aplicação do instrumento de avaliação do grau de aderência
Para aplicação do instrumento de avaliação, realizou-se análise dos dados levantados nos
relatórios divulgados pelas usinas paulistas. As etapas para a realização da análise foram as
seguintes:
Etapa 1:
Coleta de dados nos relatórios contábeis das usinas divulgados publicamente;
Etapa 2:
Aplicação do instrumento de avaliação nos dados coletados nos relatórios das usinas;
Etapa 3:
Análise dos resultados obtidos e da aplicabilidade do instrumento de avaliação.
Ressalta-se que os relatórios analisados se referem ao ano calendário de 2009 que constam
das publicações do ano de 2010 conforme legislação vigente.
A interpretação da escala de valores dos itens colaborou para definir o perfil quantitativo da
pesquisa que foi desenvolvido obedecendo a uma avaliação estatística descritiva, na qual se
determinou relações percentuais. A partir deste ponto elaborou-se o cálculo do grau de aderência da
empresa do setor sucroalcooleiro paulista no que diz respeito à abordagem da Gestão Contábil
Ambiental.
82
CAPITULO IV - ANÁLISE DOS RESULTADOS
No presente capítulo, estão apresentados os resultados obtidos com a análise da
aplicabilidade do instrumento de avaliação do grau de aderência à abordagem da Gestão Contábil
Ambiental. O capítulo também apresenta o resultado obtido no que diz respeito à divulgação das
práticas que subsidiam a gestão organizacional voltada ao contexto socioambiental.
Os resultados apresentados são referentes à aplicação do instrumento de avaliação no setor
sucroalcooleiro paulista de acordo com o objetivo proposto. Além do setor em estudo o instrumento foi
aplicado em outros setores da economia. A aplicação também foi realizada na dimensão global no
contexto do “Balanço das Nações”.
4.1 Resultados e discussões
A análise dos resultados foi conduzida através do levantamento das práticas que subsidiam a
gestão organizacional voltada ao contexto socioambiental no setor sucroalcooleiro paulista, bem como
o levantamento dos demonstrativos contábeis divulgados.
Nos demonstrativos contábeis, foram analisadas as contas elencadas em seu escopo sob a
ótica da Gestão Contábil Ambiental, tendo em vista o instrumento de avaliação do grau de aderência
proposto no presente trabalho.
O item 4.2 faz a apresentação da estrutura instrumento elaborado, bem como a estrutura de
apresentação de seus resultados. O item 4.3 apresenta a análise conjunta dos resultados apurados
com o levantamento das práticas socioambientais do setor sucroalcooleiro e os resultados obtidos a
partir da aplicação do instrumento no setor.
O item 4.3 apresenta também a aplicação do instrumento em outros setores da economia e
como norteador utilizou as empresas brasileiras da carteira do DJSI 2008/09. Na dimensão global o
item apresenta a aplicação do instrumento no contexto do “Balanço das Nações”.
83
4.2 Apresentação do Instrumento de Avaliação elaborado
Como resultado da elaboração do instrumento de avaliação, o mesmo apresentou a
estrutura de pontuação do Quadro 29 abaixo. A escolha do tema principal constante no quadro se deu
partir da análise da estrutura contábil adotada de acordo com a legislação vigente e após o estudo dos
relatórios contábeis em suas abordagens: tradicional e ambiental.
A relevância da escolha do tema principal dos elementos foi devido à estrutura contábil a
partir das diretrizes da legislação e das normas do CFC em vigor. Para tanto, os grupos do Ativo são os
direitos e os grupos do Passivo são as obrigações na composição do Patrimônio Líquido que na
abordagem ambiental passa a ser: “Patrimônio Líquido Ambiental”. No que diz respeito à DRE, a
mesma possibilita conhecer o resultado da apuração de ganhos ou perdas nas operações.
Elemento Tema principal Número de componentes Peso
Elemento 1 Ativo Circulante e não Circulante 12 40 %
Elemento 2 Passivo Circulante e não Circulante 09 30 %
Elemento 3 Resultados de Exercícios Futuros 01 10 %
Elemento 4 Patrimônio Líquido 02
Elemento 5 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE 05 20%
QUADRO 29 - Estrutura do instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil Ambiental.
A escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão Contábil Ambiental está
apresentada no Quadro 30 abaixo.
Nível Pontuação Significado
0 0 O componente não está adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental.
1 1 O componente está adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental, mas ainda existem inconsistências quanto a esta adequação.
2 2 O componente está satisfatoriamente adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental.
3 3 O componente está satisfatoriamente adequado à estrutura da Gestão Contábil Ambiental e mostra uma tendência de aumento quanto a esta adequação.
QUADRO 30 - Escala de medição do nível de aderência considerando a Gestão Contábil Ambiental.
84
Os Quadros 31, 32, 33, 34 e 35 apresentam a estrutura analítica do instrumento elaborado por
esta pesquisa contendo a discriminação de cada componente dos elementos elencados no Quadro 29
acima, bem como a pontuação máxima de cada elemento.
INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA GESTÃO CONTÁBIL INTEGRADA 1. Ramo de atividade 2. Número de funcionários 3. Faturamento (milhares de R$) 4. Localização (região/estado) 5. Produção de cana-de-açúcar (t) 6. Bovespa 7. Novo mercado 8. Grau de aderência da empresa (g)
ELEMENTOS E COMPONENTES
Elemento 1 - ATIVO CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE
1.1 - Os grupos apresentam aspectos relacionados à Abordagem Contábil Ambiental: bens ou direitos de natureza ambiental
1.2 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla os insumos aplicáveis ao processo produtivo para eliminar, reduzir ou controlar as externalidades geradas.
1.3 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla o item Matéria Prima Renovável.
1.4 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla o item Matéria Prima Não Renovável
1.5 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla o item Matéria Prima Reciclavel
1.6 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla o item Matéria Prima Não Reciclável
1.7 - O grupo "Estoques" possui subdivisão que contempla o item Serviço de seqüestro de carbono: em andamento e certificado
1.8 - O grupo "Investimentos" possui subdivisão que contempla o item Participação em Fundos de Investimentos Ambientais
1.9 - O grupo "Imobilizado" possui subdivisão que contempla o item Bens em Operações Ambientais
1.10 - O grupo "Imobilizado" possui subdivisão que contempla o item de contas redutoras que refletem o processo de desgaste
1.11 - O grupo "Intangível" possui subdivisão que contempla o item Intangível Ambiental
1.12 - O grupo Diferido possui subdivisão que contempla Gastos com Projetos de Gestão Ambiental
PONTUAÇÃO 0
PONTUAÇÃO MÁXIMA 36
GRAU DE ADERÊNCIA AO ELEMENTO 1 (ge) %
QUADRO 31 – Identificação da empresa e elemento 1 Ativo Circulante e não Circulante
85
Elemento 2: PASSIVO CIRCULANTE E NÃO CIRCULANTE
2.1 - Os grupos apresentam aspectos relacionados à Abordagem Contábil Ambiental: obrigações de natureza ambiental
2.2 - O grupo Fornecedores possui subdivisão que contempla o item Fornecedores Ambientais
2.3 - O grupo Obrigações Trabalhistas possui subdivisão que contempla o item Aposentadoria Precoce
2.4 - O grupo Empréstimos e Financiamentos possui subdivisão que contempla o item Empréstimos e Financiamentos Ambientais
2.5 - O grupo Obrigações possui subdivisão que contempla o controle de poluição: atmosférica, solo e recursos hídricos
2.6 - O grupo Outras Obrigações possui subdivisão que contempla o item Multas por Danos Ambientais
2.7 - O grupo Outras Obrigações possui subdivisão que contempla o item Recuperação de áreas Degradadas
2.8 - O grupo Provisões possui subdivisão que contempla o item Controle de poluição e Recuperação de áreas Degradadas
2.9 - O grupo Exigível a Longo Prazo possui subdivisão que contempla o item Exigível a Longo Prazo Ambiental
PONTUAÇÃO
PONTUAÇÃO MÁXIMA 27
GRAU DE ADERÊNCIA AO ELEMENTO 2 (ge) %
QUADRO 32 – Elemento 2: Passivo Circulante e Não Circulante
Elemento 3: RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS
3.1 - O grupo apresenta aspectos relacionados à Abordagem Contábil Ambiental
PONTUAÇÃO
PONTUAÇÃO MÁXIMA 3
GRAU DE ADERÊNCIA AO ELEMENTO 3 (ge) %
QUADRO 33 – Elemento 3: Resultados de Exercícios Futuros
Elemento 4: PATRIMÔNIO LÍQUIDO
4.1 - Os grupos apresentam aspectos relacionados à Abordagem Contábil Ambiental
4.2 - O grupo Reservas possui subdivisão que contempla o item Reservas para Contingências Ambientais
PONTUAÇÃO
PONTUAÇÃO MÁXIMA 6
GRAU DE ADERÊNCIA AO ELEMENTO 4 (ge) %
QUADRO 34 – Elemento 4: Patrimônio Líquido.
86
Elemento 5: DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
5.1 - Os grupos apresentam aspectos relacionados à Abordagem Contábil Ambiental
5.2- O grupo apresenta subdivisão que contempla Receitas Ambientais
5.3 - O grupo apresenta subdivisão que contempla Custos Ambientais
5.4 - O grupo apresenta subdivisão que contempla Despesas Ambientais
5.5 - O grupo apresenta subdivisão que contempla Ganhos ou Perdas Ambientais
PONTUAÇÃO
PONTUAÇÃO MÁXIMA 15
GRAU DE ADERÊNCIA AO ELEMENTO 4 (ge) %
QUADRO 35 – Elemento 5: Demonstração do Resultado do Exercício
O Quadro 36 abaixo apresenta a estrutura para apresentação dos resultados obtidos com a
elaboração e aplicação do instrumento de avaliação, ou seja, apresenta a pontuação de cada elemento
e a porcentagem do grau de aderência à abordagem da Gestão Contábil Ambiental. No entanto, o
mesmo pode ser utilizado para resultados individuais ou consolidado.
Elemento Peso Tema Principal
Pontuação do elemento Grau de Aderência
% Máxima Obtida
1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 0 0 0
2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 0 0 0
3
10%
Resultados Exercícios Futuros 3
9
0
0 0 4 Patrimônio Líquido 6 0
5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 0 0 0
SOMA 90 90 0 0 0
QUADRO 36 – Apresentação dos resultados da aplicação do instrumento de avaliação.
87
4.3 Análise conjunta dos dados apurados
Com os resultados obtidos, apurou-se que havia um total de 167 usinas em funcionamento na
safra 2007/08 no estado de São Paulo, o que representou 45% das usinas em funcionamento no Brasil.
Apurou-se também que 90 usinas possuem site, ou seja, nas consultas realizadas na web 54% das
usinas paulistas em funcionamento na safra 2007/08 se utilizam deste meio de comunicação. A Figura
14 ilustra o número de consultas realizadas.
FIGURA 14 – Consultas realizadas na web nas usinas paulistas em funcionamento safra 2007/2008.
Ressalta-se que na safra 2010/11, segundo a relação das usinas cadastradas no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), posição em 30 de agosto de 2010, o estado de São
Paulo permaneceu com 45% de participação nacional com 196 usinas produtoras. No entanto, a região
centro sul passou de 76% para 66% de participação. As Figuras 15 e 16 ilustram os números
referentes às usinas produtoras com destaque para a participação do estado de São Paulo.
FIGURA15 – Distribuição das usinas produtoras safra 2007/08. Fonte: MAPA, 2010.
88
FIGURA 16 – Distribuição das usinas produtoras posição em 30/08/2010. Fonte: MAPA, 2010.
Ressalta-se que do total de 54% das usinas paulistas que possuem site, 36% divulgam
informações do contexto organizacional e práticas socioambientais e 18% possuem um canal de
informação, mas não fazem divulgações do contexto organizacional e das práticas socioambientais,
como ilustra a Figura 17.
FIGURA 17 – Percentual de divulgação nas usinas pesquisadas.
No que diz respeito à divulgação de práticas, o resultado apresentou que 13% das usinas
paulistas que divulgam suas informações, abordam a integração na qualidade de processos e produtos,
ambiental, saúde e segurança ocupacional.
Apurou-se também que 87% divulgam programas socioambientais e 70% das usinas
apresentam programas de qualidade voltados ao produto e ao processo produtivo. Quando se trata de
certificações, 10% são certificadas pelos órgãos regulamentadores com normas como ISO e OSHAS,
para que sejam atendidas as especificações do mercado, principalmente o internacional.
O assunto sustentabilidade foi o que mais se destacou com aproximadamente 50% das usinas
pesquisadas divulgando procedimentos de desenvolvimento sustentável, tais como gestão de resíduos
e geração de energia e 10% indicando aspectos relacionados à utilização de créditos de carbono.
89
Outros pontos nas divulgações também podem ser destacados, como: políticas de recursos
humanos/saúde e segurança do trabalho, missão/visão/valores, código de conduta ética, balanço
social, informativos – jornais eletrônicos e canal de comunicação - fale conosco. A Figura 18 a seguir
ilustra os resultados discutidos com relação à divulgação das usinas paulistas.
FIGURA 18 – Aspectos e práticas voltadas à sustentabilidade – Setor Sucroalcooleiro no Estado de São Paulo.
Pode-se inferir pelos resultados a representatividade dos dados apurados, devido à relevância
da participação do estado de São Paulo no setor sucroalcooleiro. Em termos de produção a região
centro-sul onde se localiza o estado de São Paulo, na safra 2007/08, produziu aproximadamente 430
milhões de toneladas e a produção em termos de Brasil foi de aproximadamente 495 milhões de
toneladas. A região centro-sul na safra 2007/08 concentrou 87% da produção, como ilustra a Figura 19.
O estado de São Paulo concentrou na safra de 2007/08 uma produção de aproximadamente
296 milhões de toneladas, o que representa aproximadamente 60% da produção nacional e 70% da
produção da região centro sul, como ilustra a Figura 20.
90
FIGURA 19 - Produção de cana-de-açúcar safra 2007/08 em toneladas. Fonte: UNICA, 2009.
FIGURA 20- Distribuição da Produção- Região Centro Sul - Safra 2007/08. Fonte: UNICA, 2009.
Destaca-se conforme informações de seu portal o grupo paulista Balbo (Native) como o maior
produtor de açúcar e álcool orgânico, uma história de sucesso que teve início no ano de 1987 com o
Projeto Cana Verde, o qual exigiu investimentos em torno de US$ 25 milhões. O projeto revolucionou
os métodos de produção açucareira, envolvendo desde o preparo da terra até o desenvolvimento de
embalagens especiais para a comercialização dos produtos.
91
Segundo Carolo (2009 no ano de 2009 o Grupo Balbo (Native) cultivava organicamente 7,5 mil
hectares de terras com cana-de-açúcar e para complementar as necessidades de matéria prima
orgânica da usina, 6 mil hectares de 11 fazendas foram certificados. Os 13,5 mil hectares de canaviais
certificados foram industrializados organicamente por uma das usinas do grupo, a Usina São Francisco.
O grupo vence desta forma o desafio de produzir em larga escala, sem lançar mão de insumos
químicos sintéticos e com reutilização dos nutrientes gerados no processo produtivo. Um trabalho que
proporciona benefícios a todos os envolvidos, onde ganham: organização, consumidores e sociedade.
De acordo com o acompanhamento da produção sucroalcooleira safra 2010/11 do MAPA,
posição em 15 de novembro de 2010, o estado de São Paulo concentra aproximadamente uma
produção de 340 milhões de toneladas o que corresponde a 62% da produção da região centro sul e
também 62% da produção nacional.
A Figura 21 apresenta a evolução da produção sucroalcooleira da safra 2007/08 até a safra
2010/11 de acordo com os acompanhamentos do MAPA.
FIGURA 21 – Evolução da produção em toneladas por safra. Fonte MAPA, 2010.
A Figura 22 apresenta a evolução da produtividade agrícola de uma usina do Grupo Balbo
(Native) em toneladas por hectare do ano de 1970 ao ano de 2009. Destaca-se o ano de 2009 no qual
a produção é totalmente orgânica.
92
FIGURA 22: Evolução da produtividade agrícola de uma usina do Grupo Balbo (Native) em toneladas por hectare do ano de
1970 ao ano de 2009.Fonte: Native, 2011.
4.3.1 Aplicação do instrumento elaborado no presente estudo
Após a análise das divulgações das usinas paulistas, com os resultados apresentados na
Figura 17 acima, apurou-se que o posicionamento atual do setor sucroalcooleiro paulista deixa evidente
fatos relacionados às práticas socioambientais que poderiam estar evidenciadas nos relatórios
contábeis.
O resultado apurado mediante a aplicação do instrumento de avaliação, foi a partir da análise
de 90 usinas que possuem um canal de divulgação e dentre elas 32 usinas divulgam seus relatórios
econômicos e financeiros, os quais foram analisados pelo presente estudo. A quantidade de usinas que
divulgam relatórios representa 36% das usinas paulistas. A Figura 23 ilustra a quantidade de usinas
avaliadas no presente estudo.
93
FIGURA 23 – Quantidade de usinas avaliadas com aplicação do instrumento.
Ressalta-se que no Brasil ainda não há legislação que faça exigências quanto a apresentação
de relatórios contábeis na abordagem da Gestão Contábil Ambiental. Entretanto, após a realização do
presente estudo, pode-se inferir que há uma necessidade emergente de se traduzir as práticas
socioambientais em linguagem de negócios para atender os grupos de interesses financeiros e não
financeiros.
O Quadro 37 a seguir, apresenta o resultado consolidado obtido a partir da aplicação do
instrumento de avaliação do grau de aderência à Gestão Contábil Ambiental proposto no presente
estudo em empresas do setor sucroalcooleiro paulista.
Elemento Peso Tema Principal
Pontuação do elemento Grau de Aderência
% Máxima Obtida
1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 0 0 0
2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 0 0 0
3
10%
Resultados Exercícios Futuros 3
9
0
0 0
4 Patrimônio Líquido 6 0
5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 0 0 0
SOMA 90 90 0 0 0
QUADRO 37 - Resultados apurados no setor sucroalcooleiro paulista com a aplicação do instrumento de avaliação.
94
No entanto, o resultado apurado mediante a aplicação do instrumento de avaliação proposto na
presente pesquisa é de que os relatórios contábeis obrigatórios apresentados pelas usinas são
preponderantemente na abordagem da Gestão Contábil Tradicional. A Figura 24 ilustra a pontuação
obtida pelo setor em comparação com a pontuação máxima do elemento.
FIGURA 24 – Comparativo da Pontuação obtida setor sucroalcooleiro e Pontuação máxima do elemento
Portanto, o resultado do grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista foi “nulo”, ou seja,
o percentual do grau de aderência foi igual a “zero”, ilustração da Figura 25.
FIGURA 25 – Grau de aderência do setor sucroalcooleiro paulista à Abordagem Contábil Ambiental.
Os itens 4.3.2 e 4.3.3 a seguir apresentam os resultados obtidos a partir da aplicação em
outros setores da economia, bem como no contexto global, respectivamente.
95
4.3.2 A APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO EM OUTROS SETORES DA ECONOMIA
Além do setor sucroalcooleiro paulista, o instrumento de avaliação proposto no presente estudo
foi aplicado em empresas de diversos setores da economia. Para tanto, foram avaliadas as empresas
brasileiras participantes da carteira 2008/09 do DJSI devido à relevância deste índice no cenário
econômico mundial. O Quadro 38 a seguir ilustra o resultado consolidado obtido a partir da aplicação
do instrumento de avaliação nas empresas brasileiras participantes do DJSI.
Elemento Peso Tema Principal Pontuação do elemento Grau de
Aderência %
Máxima Obtida
1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 0 0 0
2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 0 0 0
3
10%
Resultados Exercícios Futuros 3
9
0
0 0
4 Patrimônio Líquido 6 0
5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 0 0 0
SOMA 90 90 0 0 0
QUADRO 38 - Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação em outros setores da economia.
O Quadro 39 apresenta os setores nos quais o instrumento foi aplicado, bem como o resultado
da abordagem contábil adotada pelos mesmos.
Setor DJSI Abordagem Contábil
Bancos Sim Preponderantemente tradicional
Financeiro Sim Preponderantemente tradicional
Petróleo e Gás Sim Preponderantemente tradicional
Recursos Básicos Sim Preponderantemente tradicional
Utilitários Sim Preponderantemente tradicional
QUADRO 39– Resultados da abordagem contábil referente à aplicação do instrumento de avaliação em outros setores da economia.
96
Como resultado foi apurado que apesar das empresas participarem do referido índice e
apresentarem o relatório anual de sustentabilidade, seus demonstrativos foram avaliados como
“preponderantemente tradicional”, uma vez que o percentual do grau de aderência foi igual a “zero”.
O item 4.3.3 a seguir apresenta a avaliação fora do contexto organizacional e realiza uma
avaliação no âmbito global, analisando para tanto os relatórios elaborados pelo grupo de
pesquisadores do NECMA/USP a partir do estudo denominado de “Balanço das Nações”.
4.3.3 A APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO EM RELATÓRIOS DE CONTEXTO GLOBAL
O instrumento de avaliação elaborado no presente estudo, também foi aplicado fora do
contexto organizacional. Para tanto foi aplicado nos relatórios elaborados a partir do estudo da USP
denominado de “Balanço das Nações” o qual apresentou cenários para 2020 e 2050. Os cenários
foram apresentados em balanços contábeis elaborados para cada país e em balanço consolidado.
Como destacam Kassai et al. (2008) o estudo utilizou para composição de sua base de dados
países representantes do BRIC (Brasil, Rússia, Índia, China) e países desenvolvidos da América,
Europa e Ásia (EUA, Alemanha e Japão). A representatividade da amostra segundo os autores é de
32% da área emersa do planeta; 50% da população mundial; e 68% do PIB mundial.
Os autores destacam que a amostra envolve os principais blocos econômicos, como: União
Européia (UE); Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico
(APEC); Tratado Norte Americano de Livre Comércio (NAFTA); e Área Livre de Comércio das Américas
(ALCA).
De acordo com instrumento de avaliação o resultado obtido no “Balanço das Nações”
consolidado apresenta um grau de aderência de 23,33% à abordagem da Gestão Contábil Ambiental.
O Quadro 40 a seguir ilustra o resultado obtido a partir da aplicação do instrumento de avaliação no
“Balanço das Nações” consolidado.
Em um segundo momento, o instrumento de avaliação foi aplicado no Balanço das Nações
consolidado dos países considerados como “Monster Countries” ou “Países Monstros”, também
elaborado pelo grupo de pesquisadores da USP do Núcleo de Estudos em Contabilidade e Meio
Ambiente da Universidade de São Paulo (NECMA/USP).
97
Kassai et al. (2009) destaca que são assim denominados os países que possuem vantagens
comparativas necessárias à manutenção de economias avançadas, típicas de grandes potências:
populações gigantescas e territórios continentais.
Os países considerados no estudo da USP como “Monster Countries” são os membros do
BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e os E.U.A. De acordo com os autores possuem representatividade
de 31,5% da área emersa do planeta, 47% da população mundial e 42,9% do PIB mundial.
O grau de aderência obtido para os “Monster Countries” também foi de 23,33% a partir da
aplicação do instrumento de avaliação, como pode ser observado no Quadro 40.
Elemento
Peso Tema Principal Pontuação do elemento Grau de
Aderência % Máxima Obtida
1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 6 6 6,67
2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 6 6 6,67
3
10%
Resultados Exercícios Futuros 3
9
3
6 6,67
4 Patrimônio Líquido 6 3
5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 3 3 3,33
SOMA 90 90 21 21 23,33
QUADRO 40 - Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação no “Balanço das Nações” consolidado.
Elemento Peso Tema Principal Pontuação do elemento Grau de
Aderência %
Máxima Obtida
1 40% Ativo Circulante e não Circulante 36 36 6 6 6,67
2 30% Passivo Circulante e não Circulante 27 27 6 6 6,67
3
10%
Resultados Exercícios Futuros 3
9
3
6 6,67
4 Patrimônio Líquido 6 3
5 20% Demonstração do Resultado do Exercício 18 18 3 3 3,33
SOMA 90 90 21 21 23,33
QUADRO 41 - Resultados apurados com a aplicação do instrumento de avaliação no “Balanço das Nações” consolidado
dos países considerados “Monster Countries”.
Ressalta-se que a pontuação foi obtida a partir dos constructos do modelo do referido balanço,
no entanto, pode-se inferir pela metodologia de desenvolvimento do mesmo que apesar do resultado
98
ser de aproximadamente 25%, a abordagem contábil apresentada pelos relatórios, sob um ponto de
vista analítico, é “preponderantemente ambiental”. O Quadro 42 abaixo apresenta a abordagem
contábil a partir da análise realizada.
Países Relatório avaliado
Abordagem Contábil
Balanço de cada país Balanço consolidado
Membros do BRIC e países desenvolvidos da América, Europa e Ásia
Balanço das Nações
Preponderantemente ambiental Preponderantemente ambiental
Monster Countries Balanço das Nações
Preponderantemente ambiental Preponderantemente ambiental
QUADRO 42 – Abordagem Contábil do “Balanço das Nações”.
No que diz respeito à apuração de resultados, ressalta-se a relevância dos relatórios
analisados, que segundo Kassai et al. (2008) apontam para uma situação deficitária ou falimentar, com
“passivo a descoberto” equivalente a US$ 2,3 mil anuais para cada um dos atuais 6,6 bilhões de
habitantes e um passivo ambiental equivalente a um quarto do PIB Mundial.
Segundo os autores este relatório contábil é uma prestação de contas à humanidade
(accountability) sujeita à consciência de cada cidadão planetário e a seus valores éticos e morais
requerem ações economicamente viáveis, socialmente justas, ambientalmente corretas e respeito às
culturas e crenças locais.
Ações que dizem respeito ao “Triple Botton Line” (TBL) ou Tripé da Sustentabilidade,uma
ideologia empresarial, que para Cirelli e Kassai (2010) se refere à prosperidade econômica, qualidade
ambiental e progresso social de forma interligada, formando um amálgama das três dimensões de
evolução organizacional.
99
CAPITULO V - CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 Aspectos relacionados ao tema da pesquisa
Este capítulo apresenta as conclusões e considerações finais no que diz respeito aos aspectos
relacionados à condução da presente pesquisa, bem como seus aspectos limitativos e sugestões para
desenvolvimento de trabalhos futuros relacionados à Gestão Contábil Ambiental.
Com a condução da presente pesquisa, apurou-se que o tema proposto possui relevância, uma
vez que existem iniciativas no Brasil e ao redor do mundo no que diz respeito ao desenvolvimento de
ferramentas contábeis que possam fornecer subsídios à tomada de decisões.
Os trabalhos desenvolvidos sob os aspectos da Gestão Contábil Ambiental têm como ponto de
partida o pressuposto do TBL ou o Tripé da Sustentabilidade que por sua vez possui como objetivo a
integração das dimensões econômica, ambiental e social. No entanto, foram encontradas limitações
que favorecem o desenvolvimento de novos trabalhos sobre o tema, como por exemplo, a inexistência
de legislação específica no contexto contábil e a falta de padronização dos relatórios que dificultam a
comparabilidade entre empresas.
Um ponto a ser ressaltado sobre o desenvolvimento do presente tema foi o de conhecer as
iniciativas existentes no âmbito econômico-financeiro sob os aspectos organizacional e global, e as
práticas desenvolvidas em relação ao contexto socioambiental.
Como aspecto limitativo aponta-se que os relatórios obrigatórios divulgados pelas empresas
apresentam grau de aderência “nulo”, ou seja, igual a zero apesar de práticas e programas
socioambientais serem divulgados.
Outro aspecto de limitação desta pesquisa traz que as empresas divulgam relatórios que
constam as referidas práticas, no entanto não há um padrão nestas divulgações que possa favorecer a
comparabilidade entre as mesmas. Ressalta-se que as divulgações de certa forma são voluntárias, o
que justifica a inexistência de padronização.
Portanto, espera-se que este trabalho possa contribuir para o desenvolvimento de trabalhos
futuros de pesquisa relacionados à Gestão Contábil Ambiental. Destaca-se que contabilidade engajada
no contexto ambiental, terá de caminhar com as empresas com o objetivo de reconhecer as
externalidades (positivas e negativas) e evidenciá-las, o que deverá ser sua nova função.
100
5.2 Aspectos relacionados à condução da pesquisa
Este trabalho teve como objetivo elaborar e aplicar um instrumento de avaliação do grau de
aderência do setor sucroalcooleiro paulista sob a abordagem da Gestão Contábil Ambiental. Para tanto,
analisou as práticas socioambientais no que diz respeito ao contexto em que as usinas paulistas estão
inseridas e os relatórios econômico-financeiros, ambos divulgados publicamente pelas empresas do
setor.
As práticas analisadas foram quanto às exigências dos grupos de interesses (financeiros e
não-financeiros) à preservação do meio ambiente e às necessidades do mercado consumidor.
Analisou-se também as práticas relacionadas aos fatores tecnológicos e humanos de seus processos
organizacionais e produtivos.
A análise dos aspectos e das práticas que norteiam o desenvolvimento sustentável foi sob o
ponto de vista da Contabilidade Ambiental. Aspectos considerados importantes para as empresas
atingirem novos patamares de gestão contábil, possibilitando a apresentação de relatórios em uma
linguagem acessível aos seus usuários e permanecerem competitivas e lucrativas em seus mercados
de atuação.
No que diz respeito aos relatórios econômico-financeiros divulgados pelo setor, a pretensão foi
de verificar se as práticas relacionadas ao contexto socioambiental e divulgadas publicamente foram
evidenciadas nos relatórios analisados.
Este trabalhou apresentou o instrumento de avaliação e sua aplicabilidade atingindo assim os
objetivos propostos inicialmente. Apresentou também a aplicação do instrumento em empresas de
outros setores da economia, para tanto analisou os relatórios das empresas brasileiras participantes da
carteira 2008/2009 do DJSI.
Além da análise do setor sucroalcooleiro paulista e das empresas do DJSI, este trabalho
também realizou uma análise no Balanço das Nações que possui uma dimensão além do contexto
organizacional, ou seja, possui uma dimensão no contexto global.
Diante deste contexto, como pode ser constatado, foi possível a elaboração do instrumento de
avaliação e também dimensionar sua aplicabilidade nos relatórios divulgados. Com os resultados
obtidos e demonstrados por este trabalho, foram atendidas as questões referentes aos objetivos
propostos e aos aspectos metodológicos desta pesquisa.
Com o desenvolvimento do trabalho e apuração dos resultados, a justificativa da pesquisa foi
constatada não somente pelas exigências dos grupos de interesses, mas também pela necessidade de
101
tradução das práticas socioambientais atuais e futuras em linguagem de negócios e a falta de
exigências legais e padrões que possam nortear sua divulgação.
5.3 Conclusões
A análise dos dados sobre o setor sucroalcooleiro do estado de São Paulo permitiu conhecer, a
partir de suas divulgações, o posicionamento do mesmo no que diz respeito à gestão voltada às
dimensões que exigem nova cultura organizacional.
A nova cultura deverá atender as exigências do mercado e dos grupos de interesses, os
stakeholders (financeiros e não financeiros), que estão voltadas a qualidade, ao desenvolvimento
sustentável, a responsabilidade sócio ambiental, a transparência e a conduta ética.
Destaca-se, segundo seu portal, a vocação para inovação do Grupo Balbo (Native) o qual
concretizou uma joint-venture de usinas voltada à ampliação e consolidação da tecnologia e da
produção de plástico biodegradável a partir do açúcar de cana, bem como à sua exploração industrial e
comercial: a Biocycle.
A tecnologia foi desenvolvida pelo Centro de Tecnologia Copersucar (CTC) e pelo Instituto de
Pesquisas Tecnológicas (IPT) e implantada em uma usina do Grupo Balbo (Native), entre os anos de
1995 e 1999. A Biocycle assumiu a unidade-piloto já instalada, a produção anual está em
aproximadamente em 50 toneladas de plástico biodegradável, com o objetivo de ampliar as
possibilidades de aplicação industrial do produto.
A divulgação de políticas de gestão do setor sucroalcooleiro paulista confirma a transição em
que o mesmo se encontra. Com a condução do presente estudo foi verificado que existem:
comprometimento e preocupação crescentes para que as empresas do setor se mantenham
transparentes.
Transparência quanto aos resultados e decorrentes das exigências atuais, principalmente para
que as usinas acompanhem o dinamismo do mercado, o que evidencia a tendência de transição com
mudanças nos processos e na gestão organizacional.
A postura adotada pelo setor sucroalcooleiro do estado de São Paulo deixa evidente a
preocupação do mesmo em manter a posição de liderança no mercado competitivo, exigente e em
expansão a que pertence, apesar das crises e dos riscos inerentes ao negócio.
102
Pode-se inferir pelos resultados obtidos que as empresas estão em fase de direcionamento no
sentido de atuar com objetivo nos interesses mútuos, desenvolvendo formas inovadoras de
manutenção de seus negócios e mantendo controle sobre a rentabilidade.
No que diz respeito à Gestão Contábil Integrada, principalmente na abordagem da Gestão
Contábil Ambiental, o setor apesar da transparência não mostra aderência como pode ser verificado na
aplicação do instrumento de avaliação proposto no presente estudo.
Ao aplicar o instrumento em outros setores da economia, o grau de aderência encontrado
também foi “nulo”, ou seja, foi igual a “zero”. No entanto, fora do contexto organ izacional a aplicação
realizada no “Balanço das Nações”, o qual possui dimensão global, o resultado encontrado foi a
aderência à abordagem em questão.
Ressalta-se que no Brasil e ao redor do mundo ainda não há leis específicas ou normas
contábeis que façam exigências quanto a elaboração e apresentação de relatórios contábeis na
abordagem da Gestão Contábil Ambiental. Entretanto, após a realização do presente estudo, pode-se
inferir que há uma necessidade emergente de se traduzir as práticas socioambientais em linguagem de
negócios para atender os grupos de interesses financeiros e não financeiros. Relatórios estes que
possam contemplar principalmente as externalidades geradas pelo processo produtivo atual e que
possam apurar os resultados para as futuras gerações.
5.4 Sugestões para trabalhos futuros
Finalizando, como sugestões para futuros trabalhos de pesquisas, sugere-se o
desenvolvimento de trabalhos que possam analisar a percepção dos grupos de interesses e gestores
de empresas quanto às práticas e evidenciações contábeis envolvendo a Gestão Contábil Ambiental.
Sugere-se também trabalhos que possam explanar a apuração do Custo Ambiental nos processos
produtivos, a fim de se obter informações sobre os resultados das externalidades geradas pelo refer ido
processo e pelas ações que visam o desenvolvimento sustentável. Sugere-se ainda pesquisa
exploratória das iniciativas voltadas ao desenvolvimento sustentável no setor sucroalcooleiro com foco
na produção de orgânicos como a iniciativa o Grupo Balbo (Native). Sugere-se também o
desenvolvimento de pesquisas relacionadas à estrutura de um plano de contas contábil com
abordagem ambiental, uma vez que esta pesquisa apurou um número reduzido de trabalhos que
traziam em seu escopo o assunto em questão.
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VELLANI, C. L.; RIBEIRO, M. de S. Sistema contábil para gestão da eco eficiência empresarial.
Revista Contabilidade & Finanças USP, v. 20, n. 49, pp. 25-43, 2009.
ANEXO I
Os artigos relacionados abaixo foram elaborados a partir desta pesquisa:
Artigos publicados:
PEREIRA, M. A.; CALARGE, F. A.; PEREIRA, F. H. Uma análise exploratória da aplicação de
sistemas de gestão integrada em empresas do setor sucroalcooleiro no estado de São Paulo. In:
XVII SIMPEP – Simpósio de Engenharia de Produção. UNESP. Bauru, 2009.
QUINTELA, W. T.; PEREIRA, M. A.; CALARGE, F. A. Análise da relação entre participação e
divulgações socioambientais dos bancos brasileiros participantes do DJSI Dow Jones
Sustainability Indexes considerando a contabilidade ambiental. In: XLII SBPO – Simpósio
Brasileiro de Pesquisa Operacional. Bento Gonçalves, 2010.
PEREIRA, M. A.; CALARGE, F. A. PEREIRA, F. H. New approaches in organizational management
focusing the sustainability: an analisys considering sugar – ethanol companies in Brazil. In:
Safety Health and Environment World Congress - SHEWC, 2010. São Paulo, 2010.
PEREIRA, M. A; ROSA, J. M.; PEREIRA, F. H.; CALARGE, F. A.; SANTANA, J. C. Advanced
oxidative processes apllied to the dye degration, for reducing of the production costs in a textile
industry. In: XVI International Conference on Industrial Engineering and Operations Management -
ICIEOM 2010. São Carlos, 2010.
PEREIRA, M. A.; CREPALDI, M. R.; CALARGE, F. A. questão da sustentabilidade voltada ao
desempenho organizacional: uma análise exploratória em empresas do setor sucroalcooleiro no
Estado de São Paulo. Revista Exacta UNINOVE. v. 8, n. 3, pp. 269-278. São Paulo, 2010.