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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA CURSO DE SERVIÇO SOCIAL LIEGE SARMENTO LIRIO O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA INCLUSÃO DO TRABALHADOR COM DEFICIÊNCIA Canoas 2007

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

LIEGE SARMENTO LIRIO

O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA INCLUSÃO DO TRABALHADOR COM DEFICIÊNCIA

Canoas

2007

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LIEGE SARMENTO LIRIO

O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA INCLUSÃO DO TRABALHADOR COM DEFICIÊNCIA

Trabalho Conclusão de Curso de Serviço Social apresentada como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Serviço Social da Universidade Luterana do Brasil, Curso de Serviço Social.

Orientadora: Profª. Ms. Maria da Graça Maurer Türck

Canoas

2007

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LIEGE SARMENTO LIRIO

O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA INCLUSÃO DO TRABALHADOR COM DEFICIÊNCIA

Trabalho Conclusão de Curso de Serviço Social apresentada como requisito parcial

para obtenção do título de bacharel em Serviço Social da Universidade Luterana do

Brasil, curso de Serviço Social.

Aprovada em: ____/____/2007.

Banca Examinadora

_________________________________________ Professora ME. Maria da Graça Maurer Türck

Orientadora (ULBRA)

_________________________________________ Profª. Lúcia Zanella

Argüidor (a)

_________________________________________ Profª. Dra. Ana Lúcia Maciel Argüidor (a) convidado (a)

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Para a minha amada mãe, por todo amor e

carinho dedicados a mim e por ter

possibilitado a realização deste sonho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Renato e Maria, pelo amor incondicional que me

dedicaram em todos os momentos de minha vida, o qual me impulsionou nesta

longa caminhada.

Aos meus dois filhos, Gabriela e Jorge, pela compreensão e apoio, por

todas as noites em que estava ausente debruçada em meus livros ou em sala de

aula. Por suas carinhas de felicidade e euforia com minha chegada.

Ao meu namorado, Aquiles, pelo incentivo e companheirismo a mim

dispensado, sem me deixar esmorecer ao final da jornada.

A minha orientadora Maria da Graça Türck, com sua sabedoria e

profissionalismo, pela oportunidade de aprender e me fazer sentir capaz.

A minha supervisora de campo, Viridiana Robaina Pacheco, pelo

aprendizado e pela confiança depositados em mim.

E a todos os meus amigos que, direta ou indiretamente, acreditaram,

contribuíram e acompanharam o meu trabalho. Em especial, a minha grande

amiga Daiane, companheira nos momentos de alegria e dor.

No entanto, meus mais fiéis agradecimentos são para Deus, pela dádiva

de ter colocado essas pessoas tão maravilhosas e importantes ao longo de minha

existência.

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“Quem são os excluídos, disfarçados em incluídos? São aqueles que para não denunciarem as injustiças

decorrentes da ideologia dominante, necessárias para a manutenção do poder de alguns e de um status quo, são

‘incluídos’ no sistema. São os negros que denunciam a escravidão, hoje

disfarçada em preconceitos ou discriminações ambíguas. São os deficientes que denunciam a ausência da Saúde

Pública e de Educação reabilitada. São os pobres que denunciam a injustiça econômica e a má distribuição de renda que impede o acesso à saúde e

à educação. São os índios ‘protegidos’ em reservas, que são

considerados incluídos, apesar da autodestruição. E muito mais.

Será esta a democracia que almejamos?“.

Silvia Tatiana Maurer Lane

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SUMÁRIO

INDRODUÇÃO....................................................................................................... 07 1 SOCIEDADE CAPITALISTA, QUESTÃO SOCIAL E TRABALHO .............. 101.1 1.2 1.3

QUESTÃO SOCIAL, TRABALHO E SUA EVOLUÇÃO SOCIAL ...................REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO TRABALHO..............................................TRABALHO, VIDA HUMANA, RIQUEZA E ALIENAÇÃO..............................

151720

2 QUESTÃO SOCIAL, PESSOA COM DEFICIÊNCIA E MERCADO DE

TRABALHO...................................................................................................

242.1 POLÍTICAS PÚBLICAS DE INSERÇÃO DA PESSOA COM

DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO ............................................

27 RESPONSABILIDADE SOCIAL, ACESSIBILIDADE E PRECONCEITO ...... 34 3 OCUPANDO O ESPAÇO DE RESISTÊNCIA NA GARANTIA DE

DIREITOS......................................................................................................

393.1 A DIVERSIDADE COMO PANO DE FUNDO NO PROCESSO DE

TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL........................................................

453.2 O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA

INCLUSÃO DO TRABALHADOR COM DEFICIÊNCIA .................................

47 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 55

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho de Conclusão de Curso tem como tema principal a

inclusão da pessoa com deficiência (PCD) no mercado de trabalho, mais

precisamente no Sistema FIERGS/CIERGS, onde se realizou a prática de estágio no

período de 2007/2. A abordagem se dá a partir de um olhar crítico, em que as

transformações sócio-culturais acerca das pessoas com deficiência só acontecem de

fato através da mudança de cultura e da superação de antigos paradigmas.

Sabe-se que a deficiência, tanto no Brasil quanto no mundo, sempre foi

estigmatizada por atitudes discriminatórias, causando a essas pessoas

desvantagens no desempenho de seus papéis sociais. Essas barreiras, que

discriminam a minoria e suas diferenças, consistem em atitudes preconceituosas e

de exclusão em todos os âmbitos da vida, mas, principalmente, no mercado de

trabalho, quando se tornam ainda mais contundentes. Principalmente, estando-se

inserido em uma sociedade capitalista em que a relação do capital com o trabalho,

por si só, já é excludente e exploradora.

Baseado no princípio da inclusão e da garantia de direitos, este trabalho foi

escrito e tem como objetivo principal disseminar informações para todos aqueles

profissionais que tenham o papel de desempenhar funções de responsabilidade

social nas empresas, bem como acadêmicos, principalmente de Serviço Social, que

tenham interesse pelo tema.

“O Processo de Trabalho do Assistente Social na Inclusão do Trabalhador

com Deficiência” visa a abordar assuntos relacionados a essa expressão da Questão

Social aprofundando a questão do trabalho desde a sua evolução, quando ainda não

possuía seu significado real de alienação da vida humana, típico de uma sociedade

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capitalista de cunho periférico. Além do como e do porquê dessa transformação ao

longo dos anos.

A compreensão acerca sociedade em que se vive e o desenvolvimento do

sistema vigente, bem como o reflexo das múltiplas expressões da Questão Social,

ocasionado pelo empobrecimento da classe trabalhadora, estarão presentes no

primeiro capítulo.

O segundo capítulo trará a pessoa com deficiência, sua história ao longo dos

anos, sua inclusão no mercado de trabalho pelo intermédio de políticas públicas de

inserção e ações afirmativas para a garantia de direitos.

Pode-se ainda, afirmar que compromisso social é o que dá sustentabilidade

aos negócios de uma empresa. Pesquisas recentes comprovam que para uma

empresa se manter competitiva no mercado, nos dias de hoje, se faz necessário que

a mesma crie programas e ações socialmente responsáveis. É a partir desse

contexto que a Responsabilidade Social Empresarial surge e cria um novo modelo

de gestão fundamentado nesses princípios.

O terceiro capítulo, então, articulará o Serviço Social dentro do espaço

institucional na consolidação de seu Projeto Ético-Político, bem como, o processo de

trabalho do Assistente Social dentro da instituição, que se operacionaliza através

dos fundamentos teóricos metodológicos sustentados pelo Método Dialético

Materialista para a compreensão das demandas emergentes naquele contexto.

Logo, o Processo de Intervenção do Assistente Social vai inicialmente priorizar o

desvendamento da Questão Social no espaço empresarial. Esta que emerge da

relação do capital e trabalho e vai se constituir na sociedade em que se vive e que

explicita a sua concretude, principalmente nas relações de exploração e negação de

direitos.

Assim, há a conciliação da prática profissional com um olhar investigativo e

crítico, peculiar de um acadêmico, investigando, constatando e propondo. Com este

trabalho, portanto, espera-se dar uma contribuição através da “prática miúda”1, para

que nossa sociedade se torne mais inclusiva e menos preconceituosa e 1 “Prática Miúda” é o termo utilizado pela Assistente Social Carmelita Yasbek ao referir a prática cotidiana dos Assistentes Sociais.

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discriminatória. E que a pessoa com deficiência possa ser vista como uma pessoa

de direitos, a qual possui limitações, mas também competências, aliás, como

qualquer ser humano!

Após, as considerações finais e as referências.

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1 SOCIEDADE CAPITALISTA, QUESTÃO SOCIAL E TRABALHO

O desenvolvimento do capitalismo ocasionou uma série de modificações na

sociedade ocidental. E compreendê-la significa conhecer o desenvolvimento da

história humana, a evolução do homem enquanto sujeito transformador, tanto da

natureza quanto da sociedade.

Todas as formas de vida humana desenvolvem atividades com o propósito de

apoderar-se de produtos naturais em seu próprio proveito, porém fazer uso destes

materiais não é considerado trabalho. O trabalho é entendido como uma atividade

que altera o estado natural de tais produtos, de modo a transformá-los para

satisfazer suas necessidades. Desta forma, pode-se concluir que as formigas ao

retirarem elementos da natureza e transportarem ao seu habitat, a fim de manter sua

sobrevivência, estão trabalhando. No entanto, o que difere o trabalho das formigas

do trabalho da espécie humana sendo que ambas atuam sobre a natureza, de modo

a transformá-la para melhor satisfazer suas necessidades?

O trabalho humano é consciente e proposital, enquanto o da formiga, como o

de outros animais, é puramente instintivo.

Não estamos tratando agora daquelas primitivas formas instintivas de trabalho que nos lembram o mero animal. [...] No final do processo do trabalho aparece um resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador. Ele não transforma apenas o material no qual opera; ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em mira, o qual constitui a lei determinante do seu modo de operar e ao qual tem de subordinar sua vontade (MARX apud BRAVERMAN, 1974, p.49).

Entende-se que o trabalho em sua forma humana consiste na idealização do

resultado final antes de sua realização, ou seja, o trabalho provido de inteligência e

propósito é produto único de seres humanos. Pode-se concluir que não foi o homem

que criou o trabalho, mas sim, o trabalho que criou o homem, e este, por sua vez, a

sociedade.

Por ser o trabalho dotado de intencionalidade e inteligência, o organismo

humano, para sua realização, necessita consumir um conjunto de energias físicas e

mentais, a qual se denomina “força de trabalho”. Então, esta é a capacidade

humana de poder efetuá-lo.

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Considera-se objeto de trabalho tudo aquilo sobre o qual pode recair o

trabalho, sendo que a maior fonte de onde são extraídos os objetos de trabalho é

terra (natureza), tanto como fornecedora primitiva de alimentos como fornecedora de

meios de trabalho. Segundo Braverman (1974), num sentido mais amplo, Marx ainda

inclui entre os meios de trabalho aqueles que são empunhadas pelo homem para

transmitir a ação do trabalho sobre o objeto, mais todas as condições materiais que

são necessárias para a efetivação do processo. A terra, então, é o meio de trabalho

geral que se enquadra nesta condição, pois oferece ao homem o campo de ação

para o processo de trabalho.

Dessa forma, a ação do homem realizada com a ajuda dos meios apropriados

produz de maneira intencional uma modificação permanente no objeto de trabalho, o

qual conduz o produto desejado. Sendo assim, pode-se dizer que todo produto é um

valor de uso, pois, se não fosse assim, não haveria por que fazê-lo. Mas nem todo

valor de uso é um produto; por exemplo, o ar que se respira para sobreviver é um

valor de uso, mas não é produto de nenhum processo de trabalho. Desta maneira,

pode-se concluir que todo o processo de trabalho tem como produto um valor de

uso, e que este mesmo valor de uso pode se transformar em meio de produção de

um novo trabalho - por exemplo, as sementes na agricultura, as quais são produtos

de um trabalho anterior.

Se o processo de trabalho for considerado do ponto de vista do produto que ele resulta, então os meios de trabalho e os objetivos de trabalho podem ser reunidos num conceito mais abrangente: os meios de produção. Se é verdade que o processo de trabalho sai como o produto um valor de uso, também é certo que outros valores de uso, produzidos em processos de trabalhos anteriores, neles podem entrar como meios de produção. Em outras palavras, o mesmo valor de uso, que é o produto de trabalho, pode constituir-se em meio de produção de outro trabalho; os produtos não são apenas resultados, mas a seu turno condição de outro processo (OHLWEILER, 1984, p.13).

Através deste entendimento, analisa-se o processo de trabalho como uma

relação entre homem e natureza, na qual o homem executa o papel de sujeito e

natureza de objeto, em que a ação do homem é realizada através dos meios de

trabalho e tem como finalidade a produção de valores de uso. Sendo assim, a

atividade produtiva do homem é um processo metabólico entre este e a natureza, a

qual, como mencionado, é fonte de produção de todos os recursos materiais do

processo de produção. Este processo produtivo, então, através dos tempos,

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impulsionou os meios de produção e as forças de trabalho da sociedade, marcada

pela produção de excedentes econômicos, de grupos fortes que se apropriam

desses excedentes, do nascimento da propriedade privada, das classes sociais e do

Estado.

O tempo de trabalho socialmente necessário é o tempo de trabalho necessário à produção de qualquer valor de uso sob as condições de produção normais em uma determinada sociedade e com o grau médio de habilidade e de intensidade de trabalho predominantes nessa sociedade. [...] O que determina exclusivamente a magnitude do valor de qualquer produto é, portanto, a quantidade de trabalho socialmente necessário ou o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção (MARX apud BOTTOMORE, 1983, p.386).

Portanto, o processo produtivo do homem está vinculado ao caráter alienado

da relação do capital, o qual apropria-se da força de trabalho dos trabalhadores,

fetichizando2 o capital e rotulando os sujeitos conforme sua capacidade de

produção.

Na Idade Antiga (4000 a.C. até 476 d.C), já se encontravam as sociedades

organizando sua vida econômica através da produção de bens em feiras ou

mercados permanentes. Alguns eram produzidos como mercadorias (economia de

mercado), e muitos outros apenas como valor de uso para o consumo dos próprios

produtores.

Na era medieval (476 até 1453), a vida das pessoas estava ligadas

basicamente à economia doméstica, a troca de produtos era a base da economia. O

tempo reservado para produzir bens redirecionados aos senhores feudais3 deveria

ser menor do que o dedicado à produção para o autoconsumo e atividades

religiosas e de lazer. Os regimes de mercado eram muito diversos, mas os mais

comuns eram as corporações de oficio4 para se evitar a concorrência mútua. Esta

característica da Idade Média sobrevive, inclusive, nas regiões intocadas pelo

capitalismo até os dias de hoje.

2 Ilusão que confere caráter místico à mercadoria, por atribuir-lhe valor imanente, quando esse valor não pertence senão ao trabalho humano que a produz (SANTOS, 1995, p. 97). 3 Grupo social da sociedade feudal, também chamado de Nobreza, tutor da terra e com considerável poder político sobre o clero e os camponeses ( MASUKO, 2007, p.46). 4 Tipo de organização social que congregava os que exerciam uma mesma profissão ou ofício, a fim de alcançar objetivos comuns de natureza econômica, jurídica, social ou política (SANTOS, 1995, p. 44).

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Já o capitalismo manufatureiro5 é uma economia de mercado também, mas

com índole completamente diferente. Ele surgiu no século XVI, como conseqüência

da formação do mercado mundial, resultante das grandes navegações. Com a

Revolução Industrial (1760 a 1860), ocorrida na Inglaterra, mas com reflexos em

toda a Europa Moderna, nascia o capitalismo industrial no final do século XVIII, que

difere do manufatureiro não só pela técnica de produção, mas pela postura que

assumia na economia de mercado. Enquanto o manufatureiro inspirou o

mercantilismo, que veio a ser a base da economia mundial, fixada principalmente

com as grandes navegações do século XV, o capitalismo industrial inspirou o

liberalismo6 (séculos XVII e XVIII). O primeiro, então, para se expandir necessitava

da intervenção do estado e da unificação do mercado nacional. O segundo,

unificação de todos os mercados, rejeitando intervenção do Estado.

Assim, o capitalismo se transformava paulatinamente de manufatureiro para

industrial, adquirindo muitas de suas características atuais: dinamismo tecnológico,

centralização do capital pela minoria burguesa, trabalho assalariado, globalização,

desresponsabilização do Estado.

Com o modo de produção capitalista, a partir da propriedade privada dos

meios de produção, a sociedade passou, então, a ser dividida entre proprietários

(burguesia) e trabalhadores (proletariado), isto é, os possuidores dos meios de

produção e os possuidores da força de trabalho. Essa divisão da sociedade em

classes sociais ocorreu quando as forças produtivas atingiram certo nível de

produtividade, quando o excedente produzido já promovia maior segurança à

sociedade em relação as suas necessidades. Como a burguesia era quem possuía o

controle sobre o excedente, possuía também poder sobre todos os outros membros

da sociedade e, portanto, havendo uma diferenciação quanto à tarefa social de cada

membro. Desta maneira, a história do homem é sempre a história da classe

dominante.

Dentro desse contexto, tem-se que o capitalismo privilegia uma sociedade

divida em classes, em que de um lado estão os capitalistas (burguesia) por 5 Organização econômica com unificação e expansão do mercado mundial para comércio a longa distância e produção industrial em grande escala (BEAUD, 1991, p. 69). 6 Ampla liberdade econômica (lei da oferta e da procura e lei da livre concorrência) e não intervenção do Estado na economia (MASUKO, 2007, p. 61).

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possuírem o capital e de outro, o proletariado (trabalhadores), por possuir a sua

força de trabalho.

Ao mesmo tempo, contudo, Marx e Engels admitiram que a classe era uma característica singularmente distintiva das sociedades capitalistas. [...] Nas épocas mais antigas da história, encontramos em quase toda parte uma complicada disposição da sociedade em várias ordens, uma múltipla gradação de categorias sociais e contrastaram essa situação com a “característica distintiva” da época burguesa em que a sociedade como um todo está cada vez mais dividida em dois grandes campos hostis, em duas grandes classes que se enfrentaram diretamente – a burguesia e o proletariado (BOTTOMORE, 1983, p.62).

Poder-se-ia traduzir esta divisão de classes como uma relação entre

explorados e exploradores, os que dominam e os que são dominados. Relação esta

que sempre ocasionará desigualdade social, exploração econômica, domínio político

e, também, movimentos de resistência. Portanto, tanto a desigualdade social como a

resistência traduzem a Questão Social, resultado dessa relação capital e trabalho.

O reflexo então, da Questão Social se reflete em todas as esferas da vida

social do sujeito, surgindo a partir da explicitação de suas múltiplas expressões, se

inserindo através do contexto do empobrecimento da classe trabalhadora com a

consolidação e expansão do capitalismo. Bem como com o quadro da luta e do

reconhecimento dos direitos sociais e das políticas públicas correspondentes, além

do espaço das organizações e movimentos por cidadania social.

Até o século XIX, os trabalhadores ligados à terra não podiam ser expulsos;

tinham, apesar da pobreza, um mínimo de segurança. Com o capitalismo, esta

proteção social se perdeu e bandos de excluídos surgiram marginalizados por seu

próprio responsável. Se o Estado do Bem Estar Social7 (a partir de 1930),

implantado na França após as revoluções liberais no século XIX graças às lutas dos

trabalhadores e aos ideais socialistas, conseguiu certa estabilidade social com o

reconhecimento dos direitos econômicos e sociais, o neoliberalismo8 (a partir de

1980), que veio a ser o modelo adotado após o colapso do modelo Keynesiano9 (a

7 Esfera pública converte-se em suporte da ordem social, garantindo para todos os cidadãos o direito aos benefícios sociais e instituições públicas (JOHNSON, 1997, p.104). 8 Completa liberdade de mercado e total afastamento do Estado na produção e na intermediação das relações entre patrão e empregado (http://brasilescola.com). 9 Sistema econômico intermediário entre a economia liberal e a economia neoliberal, onde há intervenção do Estado na economia, regulamentando e direcionando as relações e transações econômicas e sociais.

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partir de 1930), provocou um segundo ato da tragédia: agora, aqueles excluídos da

terra, que conseguiram se afirmar como trabalhadores pela garantia das prestações

sociais do Estado, tudo perderam, já não tendo propriedade e sendo despojados dos

direitos econômicos e sociais. Esta é a nova forma econômica baseada no Estado

Mínimo10 (a partir de 1990).

Historicamente, os direitos sociais11 são aqueles direitos das classes ou

grupos despossuídos, sem poder econômico, sem autonomia cultural, sem poder

político. Em uma sociedade onde tudo se compra e tudo se vende, é que se afirmam

os direitos sociais. Portanto, sem a superação do capitalismo, estes não se

efetivaram através das políticas públicas e programas de ação governamental. Em

uma democracia efetiva de direitos, no entanto, não se poderia separar o respeito às

liberdades individuais da garantia de direitos sociais.

Na atualidade, então, a Questão Social, no Brasil, se evidencia através de

suas múltiplas expressões: o desemprego, o subemprego, o alcoolismo, a

drogadição, a violência, a deficiência, entre tantas outras. E as quais se atribuem

diferentes fatores, como, por exemplo, uma fase histórica centrada no crescimento

maciço da produção em grandes complexos industriais, ocasionando uma sociedade

fragmentada que não conseguiu manter o controle e gerou desigualdade social com

conseqüente a exclusão de seu povo.

1.1 QUESTÃO SOCIAL, TRABALHO E SUA EVOLUÇÃO SOCIAL.

Engels (1876), quando escreve sobre o papel do trabalho na transformação

do macaco em homem, afirma que a causa desta evolução ocorreu pela

necessidade de se exercer funções unicamente pelo trabalho, para as quais os

antepassados do homem foram se adaptando pouco a pouco. A cada novo

progresso, o domínio sobre a natureza que teve início com o desenvolvimento da

mão, com o trabalho, ia ampliando os horizontes. Por outro lado, o desenvolvimento

do trabalho, ao multiplicar as situações de ajuda mútua e ao mostrar, assim, as

vantagens dessa atividade conjunta para cada indivíduo, tinha que contribuir 10 Desregulamentação e flexibilização da ação do Estado na garantia de direitos sociais. 11 Segundo o art. 6º da Constituição Federal do Brasil de 1988, são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e a infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição (p.12).

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forçosamente para agrupar ainda mais os membros da sociedade. Em resumo, os

homens em formação (na pré-história) chegaram a um ponto em que tiveram

necessidade de dizer algo uns aos outros. Desta maneira, surgia a fala e, com ela, a

linguagem, que teve, então, sua origem também através do trabalho humano. O

desenvolvimento do cérebro e dos sentidos, a clareza de consciência e a

capacidade de discernimento cada vez maior reagiram, por sua vez, sobre o trabalho

e a palavra, estimulando mais e mais o seu desenvolvimento até o surgimento da

sociedade. Com seu desenvolvimento pleno, o ser humano começava a desenvolver

instrumentos de caça e pesca, as quais pressupõem a passagem da alimentação

exclusivamente vegetal à alimentação mista. O uso da carne significou mais dois

novos avanços de significativa importância: o uso do fogo e a domesticação de

animais. O segundo, por sua vez, proporcionou o leite e seus derivados. Assim,

estes avanços converteram-se para o homem em novos meios de emancipação e,

conseqüentemente, para o seu desenvolvimento e o da sociedade.

Graças, portanto, à cooperação da mão, da linguagem e do cérebro, não só

em cada indivíduo, mas também na sociedade, os homens foram aprendendo a

realizar atividades cada vez mais complexas. Novas atividades foram surgindo,

como agricultura, fiação, tecelagem, elaboração de metais, navegação, juntamente

com o comércio e os ofícios, surgiram, também, as artes e as ciências. De tribos e

grupos para Nações e Estados, e, com estes a política, o direito e a religião.

Maravilhado pelo seu domínio sobre a natureza e pelo que podia transformar

pela sua inteligência, o homem deixou em segundo plano o fruto do trabalho da

mão. Agora, a cabeça que planejava já era capaz de delegar a realização do

trabalho a outros. E com o surgimento da máquina a vapor em meados do século

XVII (após a Revolução Industrial), o homem criou seu mais novo instrumento,

aquele que seria capaz de transformar de vez toda a sociedade, criava-se, assim,

com ele, também o seu principal objeto de escravidão. Desta forma, colocava-se na

mão de uma minoria toda a riqueza e privava-se a imensa maioria da população o

direito da propriedade. Surgia então, o capitalismo, que marcaria a nova era, capaz

de modificar as condições sociais no mundo todo e conceder à burguesia o domínio

social, econômico e político.

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De um lado, todo trabalho é um dispêndio de força de trabalho humana, no sentido fisiológico, e é uma nessa qualidade, de trabalho humano igual, ou abstrato, que ele constitui o valor das mercadorias. Por outro lado, todo trabalho é um dispêndio de força de trabalho humana de uma determinada forma e com um objeto definido e é nessa qualidade de trabalho concreto útil que produz valores de uso (MARX apud BOTTOMORE, 1983, p.383).

Todas as formas mais elevadas de produção que vieram depois conduziram à

divisão da população em classes - as classes dominantes, compostas por uma

minoria e as classes oprimidas, pela grande maioria, onde o maior bem que o

homem teve como objeto de sua criação foi a riqueza. Porém, a mesma se

concentrava na mão de poucos e, como conseqüência, se herda, hoje, uma

sociedade em que a maioria vive em situação de miserabilidade, de desigualdade e

de desemprego, presentes ao lado da insatisfação dos trabalhadores que buscam

seu sustento no setor informal e/ou precarizando suas condições de trabalho.

Em contraponto com os progressos tecnológicos e econômicos, se é levado

por uma sociedade em que se regride socialmente, na qual grande parte da

população depende de políticas públicas para a mera sobrevivência.

1.2 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO TRABALHO

Não se pode negar que o trabalho é a fonte de toda riqueza do mundo.

Porém, é muito mais que isso, é condição básica e fundamental de toda a vida

humana em tal grau que, até certo ponto, se pode afirmar que criou o próprio

homem.

A procura acrescida de trabalho pelo trabalhador nada mais significa do que a disposição deste de tomar para si mesmo a menor parte de seu próprio produto, deixando a parte maior para seu empregador; e, quando se diz que assim se diminuiu o consumo dos trabalhadores, provocando abarrotamento do mercado, superprodução, só posso responder que essa superabundância é sinônima de lucros elevados (MARX, 2006, p.694).

Tanto que, no Brasil, o direito ao trabalho é garantia fundamental de todo o

cidadão. Está expresso na Constituição Federal de 1988 que um dos fundamentos

da nossa República é a valorização do trabalho humano.

Mas, voltando-se a um passado não muito distante, a fim de se ter um

entendimento da representação social que o trabalho concebe às vidas de todos,

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percebe-se que as transformações econômicas e sociais que aconteceram no Brasil,

devido à transição do regime feudal ao regime capitalista, comandadas pela

burguesia européia no século XVIII, prosperavam através da exploração do comércio

mantido entre a metrópole e a colônia. Durante séculos todo o sentido da vida social

brasileira se deu através da sua ligação intrínseca com o mundo europeu. O único

objetivo para ocupar e explorar terras e vidas humanas no país foi o de atender às

necessidades do capitalismo comercial europeu.

Então, com o surgimento do capitalismo industrial inglês, no início do século

XIX, e com seu processo de rápida industrialização, a Europa passa a necessitar,

além de matéria-prima, mercados consumidores para seus produtos. A escravidão,

então, era um obstáculo para as necessidades do capitalismo. Assim, durante a

primeira metade do século XIX, a Inglaterra desenvolveu forte pressão contra o

tráfico de escravos e contra a escravidão.

Com base neste contexto mundial, ocorreram mudanças no regime de

trabalho das nações capitalistas. No Brasil, ao invés de escravos, houve a

introdução de trabalhadores livres e o início do desenvolvimento do capitalismo.

E, como fato para que uma sociedade capitalista se fundamente, existe

sempre uma relação de exploração, tanto dos recursos naturais, quanto da força de

trabalho do homem (mais valia12) para a busca sistemática do lucro.

Capital, por isso, não é apenas comando sobre trabalho. [...] É essencialmente comando sobre trabalho não pago. Toda mais valia, qualquer que seja a forma na qual se cristalize, a de lucro, juros, renda, etc., é, por sua substância, materialização de trabalho não pago. O segredo da auto-expansão ou valorização do capital se reduz ao seu poder de dispor de uma quantidade determinada de trabalho alheio não pago (MARX, 2006, p. 609).

12 Aquela parte do valor total da mercadoria em que se incorpora o sobretrabalho, ou o trabalho não remunerado, que Marx chama de lucro, ou seja, o excedente de trabalho do trabalhador, ao qual o capitalista não paga equivalente algum (MARX, 1983, p.XL).

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Fonte: MIR & MAX, s/d, p.27.

Visto o trabalho como relação de exploração - e para que uma relação social

totalmente desigual possa se manter - não basta a vontade do mais poderoso. É

preciso também que os oprimidos acreditem que as coisas são assim e não de outro

modo. Desta maneira foi introjetada a cultura da valorização do trabalho, visto como

emancipação, independência. Em contrapartida, quem não trabalhasse para alguém

e entendesse o trabalho como uma maneira de escravidão, era intitulado como

“vadio”, “preguiçoso”, e deveria viver à margem da sociedade.

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Portanto, que se venda a força de trabalho a míseros trocados, encarando-se

o ócio de maneira negativa e produzindo-se mais e mais a fim de enriquecer aqueles

que exploram. Pois não se pode ficar à sombra da sociedade e ser encarado como

vagabundo e marginal. Afinal, “o trabalho dignifica o homem”! E que se lembre,

também, ao se acordar antes do nascer do sol, que “Deus ajuda a quem cedo

madruga”!

1.3. TRABALHO, VIDA HUMANA, RIQUEZA E ALIENAÇÃO

O capitalismo, libertando e explorando os meios de vida e de produção do

trabalhador e destruindo as antigas formas de produção, impôs o sistema salarial e

generalizou o trabalho “livre” ao planeta todo, reduzindo, assim, em todo lado, o

homem ao estado de trabalhador.

O trabalho torna o homem estrangeiro a ele próprio, ao que produz e a sua

própria atividade. O trabalho nada mais é do que a atividade humana reprimida às

necessidades das classes dominantes de apropriarem-se do sobreproduto13. No

trabalho, o trabalhador é privado da posse do seu produto, negando-se na sua

essência, na sua vida.

Fonte: MIR & MAX, s/d, p. 53.

13 Produto da força de trabalho resultante do sobretrabalho, ou seja, do trabalho não remunerado.

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A palavra "trabalho" já traduz o seu significado real de alienação14, pois deriva

etimologicamente do latim "tripalium" (ou trepaliun), um instrumento romano de

tortura antiga, uma espécie de tripé formado por três estacas, onde eram torturados

os escravos.

A partir do Renascimento15, é que o vocábulo adquiriu também o sentido de

“labuta, atividade, exercício profissional”.

Na teoria de Marx, é nesse momento que o trabalho passa a ser vinculado a

mercadorias, ou seja, passa a satisfazer as necessidades de alguma espécie. Ou

seja, no final do processo de trabalho é gerado um resultado que no início era

planejado, há a transformação objetiva da matéria. O trabalho possui a mesma

premissa básica nos seus diversos campos e formas: transformar produtos em

mercadorias, tanto no campo como nas indústrias, o que se busca incessantemente

é satisfazer a necessidade social e transformar essa necessidade em “riqueza”.

Entretanto, é também quando ocorre a principal contradição no processo, ou

seja, o trabalho gera mercadoria, e o acúmulo destas gera riqueza. Mas, esta

pertence ao detentor dos meios de produção: os grandes capitalistas.

Por fim, a maior parte da sociedade é transformada em assalariados, gente que vive da mão para a boca, que recebe seu salário semanalmente e o gasta diariamente, tendo, portanto, de encontrar seus meios de subsistência como estoque. Por mais que elementos individuais desse estoque possam fluir, parte deles precisa estar continuamente imobilizada para que o estoque possa estar sempre em fluxo (MARX, 1983, p.105).

O homem precisa, então, da sua força de trabalho para consumir

necessidades básicas e, por isso, esta se transforma em uma mercadoria, mas uma

mercadoria que tem seu valor fixado pelo “comprador”.

O trabalho humano perpassa, dessa forma, a questão natural e chega a um

status de sobrevivência básica, necessidade social e inserção econômica. Sendo

assim, a produção capitalista depende da força de trabalho operária, pois gera 14 Perda da identidade social; quando o homem perde o domínio da sua ação criadora, ou seja, o produto do trabalho humano se transforma em algo alheio; cisão do individuo como tal e o seu ser genérico (SANTOS, 1995, p.19). 15 Movimento cultural europeu que, entre os séculos XIV e XVI, buscou resgatar valores da civilização greco-romana e resgatar as potencialidades realizadoras do homem (humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural (MASUKO, 2007, P.50).

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riqueza necessária para o movimento do capitalismo, ao mesmo tempo em que o

trabalhador depende dos meios de produção e da oferta de trabalho para estar

inserido a esta mesma “máquina”.

A mercadoria encerra uma contradição entre valor de uso e valor. Assim também o trabalho, que produz a mercadoria, se distingue contraditoriamente como trabalho concreto, determinado por certas características técnicas, que cria valor de uso, e trabalho abstrato, geral, gasto indiferenciado de energia humana, que cria valor. O tempo de trabalho abstrato despendido na produção da mercadoria, de acordo com a norma social historicamente generalizada, constitui a medida do valor (Marx, 1982, p. XIV).

São os capitalistas que ditam as regras do valor dos salários através de sua

necessidade de obtenção de lucro. Ou seja, quando há um grande excedente de

produção, existe a necessidade de um maior consumo para que haja manutenção

do lucro. E esta é a principal característica do acúmulo, pois só ele gera riqueza.

O importante é entender, ainda, que, o aumento do salário do trabalhador

significa um maior poder de consumo em direção ao capitalista, e, sendo esse

controlado para que não ocorra um acúmulo de capital por parte do trabalhador,

gera-se, assim, retorno de capital para o mercado.

A alienação torna-se o processo por meio do qual a criação da riqueza pelos operários é deles expropriada e convertida em capital, ou seja, em instrumento da continuada subjugação daqueles que o criaram, nele exteriorizando sua essência humana (MARX, 1982, p. IX).

Isso significa um processo de abstração que o homem realiza de suas

determinações naturais. Ou seja, ele produz um mundo material que lhe é estranho

e antagônico. Sua criatividade, ao invés de enriquecer sua existência, só fortalece o

poder que o domina. Ele cria um mundo de riquezas, porém não usufrui deste. Por

meio dessa alienação, então, o trabalho deixa de ser um meio de realização da vida

humana e passa a ser um simples meio de manutenção da sua existência física. E,

ao alienar-se de sua atividade criativa e livre, o trabalhador aliena-se de sua

natureza humana e dele mesmo.

Esta é a sociedade capitalista, que reduz as relações humanas a relações

meramente econômicas, que aliena o sentido do “ser” ao “ter”. Não se é mais

“homens em sua essência”, mas, sim, medidos pelos bens que se possui.

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E é assim que o capitalismo vai rotulando os sujeitos. Quem não adere ao

sistema ou não produz para a obtenção do lucro, acaba sendo excluído e vivendo à

margem da sociedade.

Autor: Quino.

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2 QUESTÃO SOCIAL, PESSOA COM DEFICIÊNCIA E MERCADO DE TRABALHO

A conjuntura da sociedade brasileira é assinalada por diferenças e

comportamentos preconceituosos intrínsecos no que dizem respeito às mais

variadas questões, como, por exemplo, gênero, raça, opção sexual e pessoa com

deficiência. Também no mercado de trabalho, esses preconceitos se solidificam em

condutas e atitudes discriminatórias, dificultando ao sujeito seu acesso e

permanência no trabalho.

Surge, então, um novo conceito de precariedade e de pobreza, o de nova pobreza, para designar os desempregados de longa duração que vão sendo expulsos do mercado produtivo e os jovens que não conseguem nele entrar, impedidos do acesso ao “primeiro emprego”. Ou seja, são camadas da população consideradas aptas ao trabalho e adaptadas à sociedade moderna, porém, vítimas da conjuntura econômica e da crise de emprego. Assim, os excluídos na terminologia dos anos 90 não são residuais nem temporários, mas contingentes populacionais crescentes que não encontram lugar no mercado (SAWAIA, 1999, p.19).

Em se tratando, então, de trabalhadores que possuem algum tipo de

deficiência, sabe-se que são alvo de obstáculos e dificuldades de acesso e

permanência no mercado de trabalho. Entretanto, existe uma legislação específica

relacionada à pessoa com deficiência, que lhe garante o direito de acesso aos bens

da sociedade, como educação, saúde, trabalho, remuneração digna, entre outros.

Segundo o Instituto ETHOS (2002), o investimento das empresas na contratação

dessas pessoas tem um relevante impacto social. Mesmo assim, não se trata

apenas de contratar, mas, sim, oferecer as possibilidades para que essas pessoas

desenvolvam seus talentos e suas potencialidades e permanecer na empresa,

atendendo aos critérios de desempenho previamente estabelecidos.

Se voltando ao passado e trazendo-se um breve histórico mundial e brasileiro

sobre a pessoa com deficiência, perceber-se-á que a Idade Primitiva (4 milhões de

anos até 4.000 a.C.) foi marcada pela inexistência de registros de pessoas com

deficiência. Já na Idade Antiga (4.000 a.C. até 476 d.C), a deficiência era comparada

a um fardo ou à morte; nessa época, estava, ainda, associada à idéia de castigo ou

a de possuir poderes sobrenaturais. Já na Idade Média (476 até 1453), foram

reforçadas as idéias de incapacidade e improdutividade, restando-se as alternativas

da esmola e mendicância, de modo que as pessoas que não se adaptassem

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estariam excluídas. Nessa fase surge, então, por meio da Igreja, a assistência social

às pessoas com deficiência.

O Renascimento (séculos XIV a XVI) trouxe, através da expressão artística, a

representação das pessoas com deficiência, que teve como fonte inspiradora o

grande número de soldados mutilados de guerras. No entanto, a imagem retratada

nas obras era a de um ser pobre, incapaz, improdutivo e dotado de poderes

sobrenaturais.

Já o final da II Guerra Mundial (1939 a 1945) marcou o início da real

preocupação com essas pessoas, visto que, como saldo de guerra, restaram

famílias órfãs e um grande contingente de mutilados. A fundação da Organização

das Nações Unidas (ONU), em 1945, deu início, então, ao processo de inclusão

social das pessoas com deficiência. Em dezembro de 1948, foi adotada e

proclamada pela Assembléia Geral da ONU a Declaração Universal dos Direitos

Humanos que estabelece, no seu art. 23, o trabalho como direito humano

fundamental: “Todo homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a

condições justas e favoráveis de trabalho e a proteção contra o desemprego” (ONU,

1948).

A partir dos anos 1980, os movimentos mundiais de luta pelos direitos

humanos se intensificaram, independentes de raça, credo ou deficiência. Em 1981, a

ONU declarava o Ano Internacional das Pessoas Deficientes, cujo lema foi

“Participação Plena e Igualdade”.

No Brasil, com o governo de Getúlio Vargas (1930/1945) se começou a

pensar em uma participação mais efetiva por parte destas pessoas na sociedade, no

que dizia respeito à educação, reabilitação, profissionalização e inserção no

mercado de trabalho. Foi nessa época que surgiu a Consolidação das Leis

Trabalhistas (CLT) e também quando foram implementadas as primeiras políticas

assistencialistas para as pessoas com deficiência.

Nos anos 1950, com o governo de Juscelino Kubitschek, o Brasil passou a

viver uma fase de pleno desenvolvimento, baseado numa indústria

internacionalizada, marcada pela chegada de multinacionais, indústrias

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automobilísticas e, conseqüentemente, com o surgimento de muitos empregos,

criando-se a possibilidade de se conciliar as potencialidades das pessoas com

algum tipo de deficiência. Mas o período também foi marcado como o ícone da

exclusão social através do confinamento, com essas pessoas passando a ser vistas

como diferentes (loucos, deficientes intelectuais, indigentes, entre outros), excluídas,

medicadas e isoladas da vida em sociedade.

Posteriormente, passou-se para a fase da prática do assistencialismo, quando

as pessoas com deficiência foram reconhecidas como seres com necessidades,

mas, também, marcadas pelo estigma da incapacidade. Foram-lhes concedidos

vários serviços de reabilitação, educação e trabalho, mas sempre em ambientes

protegidos e feitos exclusivamente só para elas. O período seguinte foi assinalado

por práticas integradoras. De acordo com estas, a inserção das pessoas no mercado

de trabalho consistiu em as empresas aceitarem apenas aquelas pessoas

consideradas aptas ou capazes de exercer funções que as barreiras arquitetônicas e

atitudinais apresentavam no ambiente de trabalho.

Apenas na década de 1990 veio a surgir o paradigma da inclusão, baseado

no exercício de direitos de todo e qualquer cidadão, independente deste possuir

algum tipo de deficiência, de ser homem ou mulher, negro ou branco. Portanto,

basear-se nas práticas inclusivas de inserção das pessoas com deficiência no

mercado de trabalho significava contratar pessoas com qualquer tipo de deficiência,

desde que profissionalmente qualificadas, e que os locais de trabalho tivessem

eliminado as barreiras existentes na empresa contratante.

Foram muitos os anos na luta pela conquista ao direito da inclusão

profissional e social e, ao mesmo tempo, de sofrimento e depreciação da própria

imagem, além da marginalização por pensamentos e atitudes preconceituosas e

noções pré-concebidas. As pessoas com deficiência viram, ao longo do tempo, essa

lógica se repetir e reforçar no mercado de trabalho. Dessa forma, promover

mudanças no mundo organizacional, bem como na sociedade de modo geral, não é

tarefa fácil, nem rápida. Superar o estereótipo da deficiência e construir a figura da

pessoa com deficiência como um ser capaz e dotado de qualificação profissional é

sem dúvida um grande desafio da sociedade. Romper barreiras discriminatórias e

preconceituosas significa quebrar paradigmas enraizados. Sendo assim, tem-se por

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consciência que a informação acerca da pessoa com deficiência e de suas

capacidades e atribuições em todos os âmbitos sociais é o caminho para a mudança

de cultura e para uma sociedade verdadeiramente inclusiva e justa.

2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS DE INSERÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO

Embora as conquistas, a partir da Revolução Francesa de 1789, tenham

possibilitado a consolidação da compreensão da cidadania, elas foram suficientes.

Apenas a legislação e a declaração formal das liberdades nos documentos não

bastaram para combater a exclusão econômica da maioria da população.

A sociedade civil para Rousseau, é imperfeita: foi corrompida pela sociedade e é produto da voracidade do homem, obra do mais rico e poderoso que quer proteger seus interesses próprios. Assim, o Estado foi até aquele momento uma criação dos ricos para preservar a desigualdade e a propriedade e não o bem comum (MOTA, 2006, p.16).

Com o enfraquecimento dos argumentos liberais, tratou-se de, a partir da

metade do século XIX e início do século XX, buscar os direitos sociais com ações

estatais que compensassem aquelas desigualdades. A partir de direitos construídos

de forma coletiva, em prol da saúde, educação, moradia, trabalho, lazer e da cultura

para todos, pôde-se, então, destacar dois processos político-econômicos

importantes para este resultado. O primeiro foi o movimento operário, que passou a

ocupar espaços políticos importantes, obrigando a burguesia a reconhecer seus

direitos sociais e políticos. Com maior poder coletivo passaram a exigir acordos

coletivos de trabalho e ganhos de produtividade.

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Fonte: MAX & MIX, s/d, p. 50.

O segundo foi a concentração e monopolização do capital, o mercado passou

a ser liderado por grandes monopólios e as empresas cada vez mais dependeram

de grandes investimentos para se manterem no mercado competitivo. As empresas

nacionais invadiram as fronteiras, e as elites político-econômicas começaram a

reconhecer que os limites de mercado e os pressupostos liberais de mercado livre -

a oferta criando sua própria demanda e a economia sendo auto-regulável - não

explicavam os acontecimentos.

Como já se sabe, foi apenas depois da Segunda Guerra Mundial (1939 a

1945) que a afirmação pela cidadania se completou, tanto nos países de capitalismo

central quanto na periferia, pois as condições econômicas de uma sociedade

interferem diretamente no poder político e econômico dos governos.

A partir, então, de um novo programa de intervenção do Estado é que surgem

as políticas sociais como estratégias política e econômica. Seriam um conjunto de

medidas anticrise que dariam sustentação ao Estado, fundamentadas pelo modelo

keynesiano no Welfare State.

A continuidade do sucesso da estratégia keynesiana encontrou limites estruturais. A busca de superlucros, associada a uma revolução tecnológica permanente (e sua generalização), a ampliação da capacidade de resistência e, ainda, a intensificação do processo de monopolização do capital foram elementos que estiveram na base do início de um novo período depressivo que se abre em fins da década de 60. [...] As despesas de manutenção da regulação do mercado colocam em crise, também, a política social. Mas a política social é uma estratégia política e econômica, fato do qual decorre uma crise de legitimação política articulada à queda dos gastos na área social, já que o suporte dos benefícios e serviços sociais

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tornou-se decisivo para a vida cotidiana de milhões de famílias, e as políticas e os direitos sociais também uma conquista dos trabalhadores no terreno da luta de classes como se viu antes (MOTA, 2006, p.33).

Dessa maneira, o discurso neoliberal passou a atacar as políticas sociais com

o argumento de excesso de paternalismo do Welfare State e, assim, defendeu a

desresponsabilização do Estado diante dos direitos sociais dos cidadãos, passando-

se cada vez mais a responsabilidade para as esferas do Segundo e Terceiro

Setores.

Pegando-se como exemplo o Brasil, que, ao mesmo tempo em que garantiu

em sua Constituição Federal de 1988 os “Direitos Sociais” a todos os cidadãos

brasileiros, estabeleceu através da implementação de políticas públicas

compensatórias a garantia de inclusão na sociedade de determinados grupos. Se os

direitos são igualitários e para todos, o que, então, diferencia raça, gênero e opção

sexual? Conclui-se, então, que cidadãos mesmo são aqueles que possuem

condições para o mercado. Sim, para esta parte da população o direito é

assegurado.

Para a outra parcela, criam-se ações afirmativas que obrigam outros setores

da sociedade a garantir determinados acessos, como, por exemplo, a inserção da

pessoa com deficiência no mercado de trabalho pela “Lei das Cotas”, que será

aprofundada a seguir.

O processo de exclusão historicamente imposto às pessoas com deficiência

deve ser superado pela conscientização da sociedade sobre as potencialidades

desses indivíduos, ou seja, superar o viés assistencialista e caridoso para

possibilitar-lhes a inclusão efetiva. Passando-se, assim, de meros beneficiários de

políticas de assistência social, para sujeitos autônomos, cidadãos de direitos. Isto

sim é a mola propulsora de inclusão de qualquer pessoa. A construção de uma

sociedade com igualdade de direitos e oportunidades deve ser estabelecida a fim de

se emancipar o sujeito e torná-lo autor de sua própria história.

Porém, a responsabilidade de zelar pelos direitos das pessoas com

deficiência é de todos. As empresas, por sua vez, devem primar pelo princípio

constitucional do valor social do trabalho, para que se implemente a cidadania plena

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e a dignidade do trabalhador com ou sem deficiência, garantindo-lhe oportunidades

e não assistencialismo.

A implementação de Política Pública de Inserção Laboral das Pessoas com

Deficiência, apesar de legalmente instituída há mais de uma década, tem trazido

avanços significativos nos últimos anos. A sociedade civil, entidades especializadas

no tema, sindicatos de trabalhadores e o setor empresarial entram no cenário para

discutirem o tema juntamente com o Poder Público.

O Brasil conta com aproximadamente 24,5 milhões de pessoas com

deficiência, segundo o Instituto de Geografia e Estatística (censo 2000 – IBGE).

Dentre os fatores de risco, um dos que mais contribui para tornar uma pessoa sem

deficiência em uma pessoa com deficiência são os acidentes de trabalho, a cada 12

acidentes, tem-se o registro de uma doença do trabalho ou uma incapacidade

permanente (segundo registros da Previdência Social entre 2000 e 2002).

Esses argumentos já seriam suficientes para que a sociedade brasileira

abandonasse o preconceito e visualizasse a pessoa com deficiência como um ser

com limitações, sim, mas também com suas potencialidades. Mas é no mercado de

trabalho que essas barreiras tornam-se ainda mais contundentes - barreiras físicas,

como a falta de acessibilidade, e barreiras humanas, como o preconceito e

discriminação.

Os dados do IBGE também apontam que o desemprego, um mal que assola

todo o Brasil, é ainda mais incisivo entre as pessoas portadoras de deficiência. Das

24,5 milhões, 15,22 milhões estão em idade de atuar no mercado de trabalho formal,

porém 49% deste total estão desempregadas ou em subempregos.

A baixa escolaridade é um dos principais argumentos usados pelos

empregadores na hora de fechar as portas do mercado de trabalho para as PCD’s.

Embora os números do IBGE confirmem o déficit educacional entre esta parcela da

população, seu uso como barreira para conseguir uma vaga se mostra questionável.

Pois, 9,3 milhões das pessoas com deficiência que concluíram ao menos o ensino

médio equivalem a dois milhões de pessoas, número quatro vezes maior do que as

vagas de emprego que deveriam ser criadas para elas caso todas as empresas com

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mais de 100 funcionários no país cumprissem a Lei das Cotas, que determina

reserva de vagas a esta parcela da população.

A Convenção nº. 159/83, da OIT16, foi ratificada pelo Brasil por meio de

Decreto Legislativo nº. 51, de 28 de agosto de 1989, o que lhe outorgou força de lei.

Seu princípio baseia-se na garantia de um emprego adequado e na possibilidade de

inserção ou reinserção das pessoas com deficiência na sociedade, ou seja,

igualdade de oportunidades aos trabalhadores com deficiência. Os mesmos devem

dispor de serviços de orientação, de colocação, de emprego ou de outras

finalidades, bem adaptado as suas necessidades.

Reunidos de 3 a 12 de outubro de 2001 em Genebra, um grupo de

especialistas, representantes de 20 países, chamados pela OIT, elaboraram

orientações para a gestão das deficiências no local de trabalho, objetivando elaborar

orientações práticas com o objetivo de:

a) Assegurar que as pessoas com deficiência tenham igualdade de

oportunidades no local de trabalho;

b) Melhorar as perspectivas de emprego para as pessoas com deficiência,

facilitando sua contratação, reinserção profissional, manutenção de

emprego e oportunidades de promoção;

c) Promover um lugar de trabalho seguro, acessível e saudável;

d) Fazer com que os gastos dos empregadores em relação à deficiência dos

trabalhadores se reduzam ao mínimo, incluídos, em alguns casos, o

pagamento com assistência médica e seguro;

e) Maximizar a contribuição que os trabalhadores com deficiência podem

trazer para a empresa (p.39).

16 A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é um órgão da ONU com sede em Genebra, na Suíça. Foi criada com o Tratado de Versalhes, assinado em 1919, com o final da Primeira Guerra Mundial. É constituída por representantes dos governos, empregados e empregadores e tem por objetivos: prestar assistência técnica aos governos; manter a paz; melhorar as condições de trabalho; recomendar legislações sobre salários, acidentes de trabalho e previdência social; e garantir liberdade e autonomia sindicais.

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A legislação brasileira conta, então, com um tópico específico para garantir a

inserção de pessoas com deficiência no mercado formal de trabalho. Criada em

1991, a Lei nº. 8.213 - Lei das Cotas - estabelece reserva de vagas de emprego para

pessoas com deficiência (habilitadas) ou acidentados de trabalhos beneficiários da

Previdência Social (reabilitados). A obrigação vale para empresas com 100 ou mais

empregados, e as cotas variam de 2% a 5%, na seguinte proporção, conforme

estabelece o seu art.9317.

Além disso, a lei estabelece que a dispensa sem justa causa do trabalhador

reabilitado ou da pessoa com deficiência só pode ocorrer após a contratação de um

substituto em situação semelhante.

Essa foi, portanto, a primeira lei brasileira a tornar obrigatória a inserção da

pessoa com deficiência no mercado de trabalho, as legislações anteriores sobre

empregabilidade eram mais focadas nas questões de discriminação no ambiente

laboral e no incentivo à promoção de ações para geração de empregos a essa

parcela da população.

No Brasil há, ainda, além da Convenção nº. 159/83 da OIT, outra norma

internacional devidamente ratificada: a Convenção Interamericana para a Eliminação

de Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de

Deficiência, também conhecida como Convenção de Guatemala, de 1999. Ambas

conceituam deficiência, para fins de proteção legal, como uma limitação física,

mental, sensorial ou múltipla, que incapacite a pessoa para o exercício de atividades

normais da vida, e que, em razão destas, tenham dificuldade de inserção social.

Nesse caso, há também o conceito nacional de pessoa portadora de

deficiência, de acordo com o Decreto nº. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, cuja

redação foi atualizada após longas discussões no Conselho Nacional dos Direitos da

17 I – de 100 a 200 empregados ........... 2% II – de 201 a 500.................................. 3% III – de 501 a 1000............................... 4% IV – de 1.001 em diante....................... 5%

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33

Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE), pelo Decreto nº. 5.296, de 02 de

dezembro de 200418.

18ART. 1º A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência compreende o conjunto de orientações normativas que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência. ART. 3º Para efeito deste Decreto, considera-se: I – deficiência - toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. II – deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III – incapacidade - uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem estar e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. ART. 5º - § 1º. Considera-se, para efeitos deste Decreto: I – pessoa portadora de deficiência, além daquelas previstas na Lei nº. 10.690, de 16 de junho de 2003, a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias: I – Deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções (Decreto nº 5.296,04, art.5º § 1º, I, “a”). II – Deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (db) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz (Decreto nº. 5.296,04, art.5º § 1º, I, “b”). III – Deficiência visual: Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; Baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60 graus; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores. As pessoas com baixa visão são aquelas que, mesmo usando óculos comuns, lentes de contato, ou implantes de lente intra-oculares, não conseguem ter uma visão nítida. Estas pessoas podem ter sensibilidade ao contraste, percepção das cores e intolerância à luminosidade, dependendo da patologia causadora da perda visual (Decreto nº. 5.296,04, art.5º § 1º, I, “c”). IV – Deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestações antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: Comunicação; Cuidado pessoal; Habilidades sociais; Utilização de recursos da comunidade; Saúde e segurança; Habilidades acadêmicas; Lazer; Trabalho. (Decreto nº. 5.296,04, art.5º § 1º, I, “d”). V – Deficiência múltipla: associação de duas ou mais deficiências (Decreto nº. 5.296,04, art.5º § 1º, I, “e”). A condição de pessoa com deficiência pode ser comprovada por meio de: Laudo médico, que pode ser emitido por médico do trabalho da empresa ou outro médico, atestando enquadramento legal do (a) empregado (a) para integrar a cota, de acordo com as definições estabelecidas na Convenção nº. 159 da OIT, Parte I, art. 1; Decreto nº. 3.298/99, arts. 3º e 4º, com as alterações dadas pelo art. 70 do Decreto 5.296/04; bem como, Certificação de Reabilitação Profissional emitido pelo INSS.

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Para, então, a implementação desse tipo de política pública o cumprimento da

Lei das Cotas é fiscalizado em duas esferas. De um lado, atua o Ministério do

Trabalho e Emprego, por meio de Delegacias do Trabalho. Nesse caso, o

descumprimento da legislação resulta em multas. De outro, há as ações do

Ministério Público do Trabalho, que firma termos com as empresas e, caso não haja

acordo, inicia processos judiciais.

Embora seja de fundamental importância da criação dessa lei, ela ainda está

muito longe de assegurar a estas pessoas o pleno exercício de seus direitos

básicos, como educação, saúde, previdência social, lazer, habitação e demais

direitos que lhes propiciem condições dignas de bem-estar social e econômico. No

entanto, não se pode negar que gera as vagas que hoje estão sendo paulatinamente

preenchidas pela pessoa com deficiência, tanto na indústria, comércio, nos serviços,

nos setores públicos. Porém, é um número ainda muito pequeno diante da

quantidade de pessoas que se encontram nessa situação, em condições de

precariedade e exclusão.

2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL, ACESSIBILIDADE E PRECONCEITO

Pode-se afirmar que compromisso social e produtividade são hoje, requisitos

importantes para o sucesso e a sustentabilidade dos negócios de uma empresa. E é

nesse contexto que Responsabilidade Social Empresarial (RSE) surge no âmbito

social, político e econômico, criando-se um novo modelo de gestão empresarial

dentro da conjuntura de uma sociedade capitalista contemporânea.

Segundo o Instituto ETHOS (2000), o conceito de Responsabilidade Social

aplicado às empresas se traduz como “um compromisso ético voltado para a criação

de valores para todos os públicos com os quais a empresa se relaciona: clientes,

funcionários, fornecedores, acionistas, governo e meio ambiente”.

A Social Accontability 8000 (SA8000) é a primeira certificação internacional de

responsabilidade social e baseou-se nas normas da OIT, na Declaração Universal

dos Direitos Humanos e na Declaração Universal dos Direitos das Crianças da ONU.

Essa norma vem atender a uma necessidade de consumidores mais esclarecidos e

preocupados com a forma de como os produtos que consomem são produzidos, e

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não apenas com a sua qualidade. O certificado só é dado àquelas empresas que

cumprem totalmente os requisitos da norma, como, por exemplo, não utilizar

trabalho infantil; respeitar a liberdade de associação e direitos coletivos; não

promover a discriminação (sexual, racial, política, nacionalidade, deficiência, etc.).

O Brasil possui uma norma própria de responsabilidade social (Norma 16001),

que foi criada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), afiliada à

International Standards Organization (ISO) e atuante desde 1940. A Norma 16001

estabelece requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da

responsabilidade. Essa certificação visa a atender à crescente preocupação da

sociedade com temas que dizem respeito à ética, à cidadania, aos direitos humanos,

ao desenvolvimento econômico, ao desenvolvimento sustentável e à inclusão social.

A organização estabelece, implementa e mantém programas para atingir seu

objetivo de responsabilidade social, dentre os quais estão boas práticas de

governança; combate ao trabalho infantil; direitos do trabalhador, incluindo o de livre

associação, de negociação, a remuneração justa e benefícios básicos, bem como, o

combate ao trabalho forçado; promoção da diversidade; combate à discriminação

(cultural, de gênero, de raça, idade, deficiência); compromisso com o

desenvolvimento profissional; promoção da saúde; e segurança.

A ABNT está dividida em comitês nacionais, dentre eles o Comitê Brasileiro

de Acessibilidade (CB 40), que começou a atuar no ano de 2000. Em 1985, foi

criada a primeira Norma Técnica Brasileira da Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT, 1985), pertinente à acessibilidade intitulada: “Adequação das

Edificações, Equipamentos e Mobiliário Urbano à pessoa portadora de deficiência” -

NBR 9050.

Com a globalização da economia, o vínculo entre a competitividade das

empresas e o desempenho da economia do Brasil aumentam. Sabe-se que, nos

dias de hoje, manter uma lógica organizacional discriminatória e preconceituosa traz

para as empresas um impacto negativo perante a sociedade. E é, a partir deste novo

modelo de gestão, baseado na responsabilidade social, que as empresas adotam

políticas de diversidade nas suas práticas gerenciais, como sendo, organizações

modernas e responsavelmente ativas.

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De acordo com o Instituto ETHOS (2000), diante da tendência de

disponibilidade cada vez maior dos recursos tecnológicos, a vantagem competitiva

de uma empresa é determinada, em grande medida, pela qualidade da relação que

ela mantém com as pessoas, interna e externamente. E essa qualidade está

diretamente relacionada à questão da inclusão ou exclusão de diferentes grupos

sociais, com suas múltiplas culturas, visões de mundo e estilos de trabalho.

Ainda segundo a publicação “Como as empresas podem (e devem) Valorizar

a Diversidade”, do Instituo ETHOS (2000) as práticas de responsabilidade social se

tornam cada vez mais freqüentes e necessárias na esfera organizacional. Existem,

ainda, muitos motivos para que essa prática se sustente, segundo a pesquisa

“Percepção dos Consumidores Brasileiros da Responsabilidade Social nas

Empresas”, também do ETHOS, em parceria com o jornal Valor Econômico,

realizada pelo Instituto Indicator em maio de 2000. Esta mostrou que a

implementação de diversidade da mão-de-obra que compõe as empresas constitui

um fator crítico positivo para os negócios, pois para 85% dos entrevistados, em 11

capitais brasileiras, as empresas têm total responsabilidade na definição de uma

postura que vise a tratar os seus funcionários e candidatos a um emprego de forma

justa, independentemente de sexo, raça, religião ou orientação sexual.

Na mesma pesquisa, quando o consumidor foi perguntado sobre “Qual atitude

de uma empresa o estimularia a comprar mais ou menos os seus produtos e

recomendar aos seus amigos?”, 46% dos entrevistados responderam: “A empresa

que contrata deficientes físicos”.

Portanto, a valorização da diversidade surge como uma forte tendência no

mundo organizacional, tornando a empresa conhecida como um bom lugar para se

trabalhar, com um ambiente aberto e inclusivo, e, dessa maneira, agregando

qualidades positivas à sua imagem no mercado.

A inclusão faz parte do compromisso ético de promover a diversidade,

respeitar as diferenças e reduzir as desigualdades sociais. O Instituo ETHOS (2002)

afirma que esta realidade coloca a inclusão de pessoas com deficiência entre os

temas mais importantes a serem tratados pelas empresas.

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No entanto, tem-se a consciência que se poderia ir mais além, com essas

empresas atuando juntamente com a comunidade de seu entorno e entidades

governamentais, contribuindo dessa forma para a mudança de cultura e, por

conseqüência, de comportamento, tornando a sociedade mais inclusiva. Este é o

desafio da empresa socialmente responsável, eliminar todas as barreiras físicas,

programáticas19, atitudinais e de comunicação para que as pessoas com deficiência

possam ter acesso digno ao mundo do trabalho e garantia de direitos, criando-se,

assim, condições para que elas se desenvolvam pessoal, social, educacional e

profissionalmente.

Dessa forma, uma das maneiras de se trabalhar a inclusão dos PCD’s,

fisicamente, é a questão da acessibilidade, sendo, de acordo com o artigo 8º, do

decreto 5.296 de 02/12/04,

Condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida (p.58).

A partir da década de 1990, então, passou a ficar cada vez mais claro que a

noção de acessibilidade deveria seguir o desenho universal: “concepção de

espaços, artefatos e produtos que visam a atender simultaneamente todas as

pessoas, com diferentes características antropométricas20 e sensoriais, de forma

autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que

compõem a acessibilidade” (Decreto 5.296, de 02/12/2004).

O documento “Carta do Rio – Desenho Universal para um desenvolvimento

Inclusivo e Sustentável”, de 12/12/2004, elaborado na cidade do Rio de janeiro, na

Conferencia Internacional sobre Desenho Universal “Projetando para o Século XXI”,

concebe o desenho universal como:

Gerador de ambientes, serviços, programas e tecnologias acessíveis, utilizáveis eqüitativamente, de forma segura e autônoma por todas, na maior extensão possível, sem que tenham que ser adaptados ou readaptados especificamente em virtude dos sete princípios que o sustentam:

19 Barreiras invisíveis que estejam embutidas em políticas públicas: lei, decretos, portarias, resoluções e medidas provisórias (BAHIA, 2006, p. 22). 20 Antropometria é o estudo das proporções e medidas das diversas partes do corpo. Registro das particularidades físicas do indivíduo (http://wwwkinghost.com.br/dicionário.).

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• Uso equiparável: para pessoas com diferentes capacidades; • Uso flexível: com leque amplo de preferências e habilidades; • Simples e intuitivo: fácil de entender; • Informação perceptível: comunica eficazmente a informação

necessária; • Tolerante ao erro: que diminui riscos de ações involuntárias; • Com pouca exigência de esforço físico; e, • Tamanho e espaço para o acesso e o uso (p. 59).

Segundo o Instituto ETHOS (2002), estima-se que o acréscimo de custo para

construir seguindo estes parâmetros seja de menos de 5% do valor da obra.

Mas a barreira atitudinal ainda é a principal configuração da exclusão de

pessoas com deficiência no Brasil. O preconceito está intrínseco, onde nem mesmo

as políticas públicas de inclusão e as diretrizes do desenho universal conseguem

permear: dentro de cada cidadão. Até certo ponto, é explicável esse tipo de

sentimento, pois não se é ensinado a conviver com diferente. Na infância,

dificilmente há contato com “amiguinhos” deficientes, na adolescência o

distanciamento se exacerba e, na fase adulta, se extrapola a discriminação. Está na

hora, portanto, de se mudar essa realidade, tratando da convivência do diferente

como algo positivo, seja na escola ou no trabalho, seja pela inserção por políticas de

cotas, ou pela responsabilidade social do empregador. Pessoas com deficiência são,

antes de mais nada, pessoas.

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3 OCUPANDO O ESPAÇO DE RESISTÊNCIA NA GARANTIA DE DIREITOS

A apropriação da Questão Social como objeto do Serviço Social é explicitar

no cotidiano que a:

Contradição entre o universal e o concreto sempre se reproduz, em todos os graus, já o concreto (singular) implica o universal numa ligação dialética ( o individuo, como sabemos, não é gênero nem a espécie; estão numa relação recíproca de meio e fim; a espécie que reproduz o indivíduo leva o seu fim) (LEFEBVRE, 1991, p. 25).

Logo, o Assistente Social, ao se apropriar da Questão Social, se apropria da

contradição, consolidando, então, espaços de resistência para concretizar o Projeto

Ético-Político da profissão. Agindo em suas expressões, no caso das pessoas com

deficiência, talvez uma das ações mais difíceis seja romper antigos paradigmas e

construir uma nova cultura organizacional embasada nos direitos sociais a fim de se

garantir a inclusão, o respeito e a qualidade de vida a essas pessoas.

Dentro do Sistema FIERGS/CIERGS21, onde foi realizada a prática

profissional, não foi diferente. Após o Processo de Conhecimento dentro da

instituição, foi desvendado, então: relações sociais de agravamento de exclusão da

pessoa com deficiência do mercado de trabalho. Logo, o Processo de Intervenção 21 A Federação das indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Sistema FIERGS/CIERGS) foi fundada em 14 de agosto de 1937. Desde o inicio, a FIERGS e o Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (CIERGS) tiveram uma trajetória única, compondo hoje, o Sistema Indústria do Rio Grande do Sul, que além das duas entidades que o lideram, contempla o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). A Superintendência Geral representa o principal cargo executivo do Sistema FIERGS. Está ligada diretamente à presidência e conduz o processo de gestão executiva do Sistema, busca promover a integração das quatro Entidades (CIERGS, SESI, SENAI e IEL); garantir a gestão dos recursos da Organização; assegurar a qualidade dos serviços. Também responde pelos resultados atingidos. Não têm responsabilidade técnica direta sobre as entidades SESI, SENAI e IEL, inclusive de representação. Estas três entidades possuem seus respectivos superintendentes. A Diretoria do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (CIERGS) é integrada por representantes de todos os segmentos de atividades do setor industrial e de todas as regiões do Estado. Esse grupo de empreendedores define as ações da entidade. No CIERGS, o fórum maior é a assembléia dos associados. A Diretoria do CIERGS é eleita a cada três anos e, por dispositivo estatutário, o presidente só pode ser reeleito por uma gestão consecutiva. A gestão atual composta pelo Presidente Paulo Gilberto Fernandes Tigre e dezesseis vice-presidentes regionais. A Missão do Sistema FIERGS/CIERGS é “liderar, representar e desenvolver o setor industrial, na construção do futuro do Rio Grande do Sul e do Brasil”. E na sua Visão: “A indústria gaúcha reconhecida mundialmente por sua competitividade, pela qualidade e valor de seus produtos e por sua capacidade de inovação”. O Sistema FIERGS conta com aproximadamente 3.600 funcionários em todo o Estado do Rio grande do Sul. Seu Departamento Regional é composto Coordenadoria de Serviços Compartilhados da organização, responsável pela gestão operacional do Sistema FIERGS/CIERGS. Dentro desta área estão localizadas as gestões responsáveis pelo suporte técnico de todo Sistema. São elas: a Gestão de Controladoria (GECON), de Auditoria Interna (AUDIN), de Suprimentos (GESUP), de Informática (GINFO), de Serviços Administrativos (GESAD) e a Gestão de Pessoas (GEPES).

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se deu a partir da afirmação da garantia de direitos das pessoas com deficiência,

voltado para o acesso ao emprego desse segmento da população, efetivado sob a

ótica da eficiência e da igualdade de oportunidades.

[...] As alternativas não saem de uma suposta “cartola mágica” do assistente social; as possibilidades estão dadas na realidade, mas não são automaticamente transformadas em alternativas profissionais. Cabe aos assistentes sociais apropriarem-se dessas possibilidades e, como sujeitos, desenvolvê-las transformando-as em projetos e frentes de trabalho (IAMAMOTO, 2001, p. 21).

Portanto, não é a conjuntura que norteia a direção da ação do profissional e

que define as perspectivas de trabalho do Assistente Social, mas, sim, impõe limites

e possibilidades. O Assistente Social deve, então, saber identificar esses limites e

estas possibilidades para intervir de modo a, apropriar-se das alternativas de ação a

partir das contradições presentes na dinâmica da vida social. Assim, a Questão

Social traz para o cotidiano os processos sociais através de suas expressões. E são

estes que dão o tom da realidade social e, ao mesmo tempo, explicitam a

contradição como um campo de luta no cotidiano profissional.

É importante, ainda, que o Assistente Social tenha essa visão no seu

processo de trabalho, para que, dessa forma, não perceba a realidade de maneira

definitiva. Assim, tem condições de se apropriar da mesma e enfrentá-la

efetivamente. Evitando, então, se tornar um profissional acomodado, preso às

rotinas e burocracias institucionais e assumindo uma identidade atribuída:

[...] a ausência de identidade profissional fragiliza a consciência social da categoria profissional, determinando um percurso alienado e alienador da prática profissional (MARTINELLI, 2006, p. 17).

Romper com a identidade atribuída é tornar-se um profissional capaz de

romper com as atividades rotineiras e ilusórias que negam a realidade social,

impossibilitando-se de assumir espaços de resistência na garantia de direitos. Mas a

prática profissional do Assistente Social sempre esteve fundamentada pelas

relações entre o Estado e a Sociedade Civil, ou seja, condicionada pelas relações

contraditórias existentes nas classes sociais.

O Serviço Social surge na visão do Estado, como profissão com base técnico-científica às atividades de ajuda, à filantropia, fruto de uma evolução interna e autônoma das formas de proteção e apoio social. No entanto, a institucionalização do Serviço Social como profissão na

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sociedade depende, ao contrario, de uma progressiva ação do Estado na regulação da vida social, quando passa a administrar e gerir os conflitos de classe, o que pressupõe a relação capital/trabalho. É quando o Estado se amplia e começa a tratar a Questão Social não só pela coerção, mas buscando um consenso na sociedade (IAMAMOTO, 2001, p.23).

É fundamental, portanto, que o Assistente Social apreenda a leitura da teoria

social que trata da relação capital e trabalho dentro dessa perspectiva.

É nesse sentido que a apropriação das categorias teóricas do Método, como historicidade22, totalidade23 e contradição24 são fundamentais para a compreensão dos fenômenos que se contextualizam na vida cotidiana dos sujeitos. E, principalmente, para se ter sempre em conta a heterogeneidade das expressões da Questão Social postas pelos processos sociais a partir das relações sociais determinadas pelas relações de produção, através da relação capital e trabalho. [...] É na contradição que se consolidam os espaços de resistência em que o Assistente Social irá executar seu processo de trabalho, a partir da operacionalização do Método Dialético Materialista (TÜRCK, 2007, p.11).

Ao se ratificar a importância do trabalho na vida social dos sujeitos em que

uma sociedade capitalista contemporânea de cunho periférico, cujas relações sociais

emergem das relações de produção, em que a produção da riqueza prioriza o lucro

em detrimento dos sujeitos, fetichizando e reificando25 a sociedade, é que se insere

o processo de trabalho do Assistente Social no âmbito da produção e reprodução

dessa vida social.

A partir, então, dessa compreensão, o Projeto Ético-Político dá a orientação

social à profissão e vai se explicitar através do processo de trabalho dentro da

instituição, neste caso, no âmbito da inclusão social das pessoas com deficiência.

Logo, foi através da ocupação do espaço de resistência que se buscou

discutir a noção de diversidade, como sinônimo de valorização das relações

humanas, principio básico de cidadania, partindo-se do pressuposto de que todos os

cidadãos têm o direito de desenvolver suas potencialidades. É aí que se encaixa no

22 Permite que nos conheçamos mesmos pelo processo da sociedade em que vivemos, ou seja, pelo contexto histórico (SILVA apud TESKE, 2000, p.79). 23 Busca a unidade do todo, isto é, busca os fatos nas suas estruturas internas, nas estruturas de suas realizações, nas suas contínuas mudanças (SILVA apud TESKE, 2000, p.79). 24 Fenômeno determinado que sempre comporta aspectos contrários que se excluem mutuamente, e que, ao mesmo tempo se pressupõem. Espaço de resistência construído para fazer processo de enfrentamento (SILVA apud TESKE, 2000, p.79). 25 Processo de tomar uma idéia ou conceito e tratá-los como se fossem algo concreto e real, “sociedade”, por exemplo, é um conceito usado por sociólogos para descrever a organização da vida social. A sociedade não é algo que possamos ver ou experimentar de alguma outra forma com nossos sentidos; ela também não é capaz de pensar, sentir, agir (JOHNSON, 1997, p. 193).

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caso da prática de estágio, o desenvolvimento e implementação do “Programa de

Inclusão das Pessoas com Deficiência no Sistema FIERGS/CIERGS, com a intenção

de contribuir para a promoção de inclusão social deste segmento estigmatizado,

através da articulação, geração e disseminação do conhecimento acerca da pessoa

com deficiência. Dessa maneira, haveria uma sensibilização dentro da organização,

ocasionando, assim, uma mudança de cultura e quebra de antigos paradigmas,

tanto por parte dos empregados quanto dos gestores e diretores.

Mudar a cultura de um povo, nação, sociedade, grupo, ou instituição, enfim,

construir uma nova maneira de pensar e entender o “mundo” de um outro jeito, parte

do conhecimento que se tem sobre o mesmo. Principalmente dando-se conta de que

a luta passa pela superação da alienação.

Na esfera econômica, basta lembrarmos a universalidade abstrata do trabalho sustentado (e sendo sustentado por) na fragmentação absoluta do processo de trabalho para que percebamos a alienação inscrita no modo de produção, não apenas como sua face subjetiva, mas como processo objetivo. Se, paradoxalmente, o trabalhador contemporâneo, enquanto trabalhador individual se reconhece no produto imediato, é porque não pode reconhecer-se como trabalhador coletivo que efetivamente é, pois não só lhe escapa a realidade da classe, mas sobretudo lhe escapa o significado global do processo produtivo como valorização e o significado parcial desse mesmo processo enquanto decisão e controle do capitalista e de seus gerentes (CHAUÍ, 2006, p. 73).

Nesse sentido, tem-se que a alienação vai sendo consolidada pela educação

– e o primeiro passo para que se rompa com antigos modelos socialmente

construídos parte da informação e de uma reeducação coletiva. Do enfrentamento a

uma educação bancaria em que os sujeitos são expectadores e receptores de

conhecimentos.

[...] O que quero dizer é que o educando se torna realmente educando quando e na medida em que conhece, ou vai conhecendo os conteúdos, os objetivos cognoscíveis, e não na medida em que o educador vai depositando nele a descrição dos objetos, ou dos conteúdos (FREIRE, 2006, p. 47).

Logo, quando se menciona a sensibilização dentro da organização, está se

falando no sentido de movimentação/mudança através de um processo educativo

que vai gerar a transformação do cotidiano. A superação de idéias, conceitos,

preconceitos, estereótipos, estigmas, para que os trabalhadores possam atuar como

sujeitos transformadores de sua própria realidade de exclusão social vivenciada.

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Que eles possam se ver como autores de sua gestão social dentro das unidades

que contemplam, neste caso, o Sistema FIERGS/CIERGS.

Dentro da instituição, então, o Serviço Social está numa busca constante à

garantia de direitos dos trabalhadores, delimitando constantemente seu espaço de

trabalho - onde identifica as expressões da Questão Social que estão presentes na

vida destes sujeitos, buscando a construção de propostas de enfrentamento das

mesmas.

Procurando-se incorporar a responsabilidade social na relação custo e

benefício dentro desta nova proposta de cultura institucional, o processo de trabalho

do Assistente Social se entende como um trabalho especializado que se expressa

sob a forma de serviços e programas26.

O Serviço Social tem também um efeito que não é material, mas é socialmente objetivo. Tem uma objetividade que não é material, mas é social. Por exemplo, quando o Assistente Social viabiliza o acesso a um óculos, uma prótese, está fornecendo algo que é material e tem uma utilidade. Mas, o Assistente Social não trabalha só com coisas materiais. Tem também efeitos na sociedade como um profissional que incide no campo do conhecimento, dos valores, dos comportamentos, da cultura, que, por sua vez, têm efeitos reais interferindo na vida dos sujeitos. Os resultados das suas ações existem e são objetivos, embora nem sempre se corporifiquem como coisas materiais autônomas, ainda que tenham uma objetividade social (e não material), expressando-se sob a forma de serviços (IAMAMOTO, 2001, p.68).

Por essa ótica, o Código de Ética dos Assistentes Sociais, aprovado em 13 de

março de 1993, tem ainda, em um de seus princípios fundamentais, o

Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos sociais discriminados e à discussão das diferenças; e: Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda a sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras (p.21).

Este é o documento que dá sustentação ao processo de trabalho do

Assistente Social na consolidação do compromisso ético no resgate da cidadania

26 O Serviço Social dentro da instituição exerce um trabalho voltado aos trabalhadores e suas famílias, apontando para o desenvolvimento das potencialidades dos mesmos. Estes programas e serviços se dão através de programas de gerenciamento de stress; prevenção ao uso de drogas; preparação para aposentadoria; atendimentos sociais, visitas domiciliares e hospitalares; entre outros, voltados sempre para a qualidade de vida do trabalhador.

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dos trabalhadores e na construção de propostas que criem alternativas para o

enfrentamento da Questão Social dentro da organização.

Administrativamente, então, o Sistema FIERGS/CIERGS criou um espaço de

inserção do Serviço Social. Este é a já mencionada Responsabilidade Social

Empresarial, cujos programas e projetos estão sob a responsabilidade de criação e

execução pelo Serviço Social. Logo,

O exercício da profissão exige, portanto, um sujeito profissional que tem competências para propor, para negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e atribuições profissionais. Requer ir além das rotinas institucionais para buscar apreender, no movimento da realidade, as tendências e possibilidades, ali presentes, possíveis de serem apropriadas pelo profissional, desenvolvidas e transformadas em projetos de trabalho (IAMAMOTO, 2006, p.173).

Portanto, é a partir dessa dimensão que o processo de trabalho do Assistente

Social cria e executa programas e projetos para proporcionar qualidade de vida aos

seus usuários, bem como o desenvolvimento de suas potencialidades e capacidades

- para que, dessa forma os mesmos se apropriem de seus direitos enquanto

trabalhadores. Ao mesmo tempo em que as demandas dos trabalhadores também

vão definindo a prática do Assistente Social, que vai trabalhar a garantia de direitos

mediada pela política da empresa.

Pensar o projeto profissional supõe articular essa dupla dimensão: a) de um lado, as condições macro-societárias que tecem o terreno sócio-histórico em que se exerce a profissão, seus limites e possibilidades que vão além da vontade do sujeito individual; b) e, de outro lado, as respostas de caráter ético-político e técnico-operativo – apoiadas em fundamentos teóricos e metodológicos – de parte dos agentes profissionais a esse contexto. Elas traduzem como esses limites e possibilidades são apropriados, analisados e projetados pelos assistentes sociais. (IAMAMOTO, 2006, p. 172).

Foi segundo essas premissas que o processo de trabalho foi efetuado,

apropriando-se dos conhecimentos que fundamentam a profissão, alcançando o

produto da ação profissional na busca da garantia de direitos e respeito à

diversidade dentro desta organização.

3.1

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A DIVERSIDADE COMO PANO DE FUNDO NO PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL.

Entende-se por diversidade tudo o que diz respeito à variedade e convivência

de idéias, características ou elementos diferentes entre si, determinado assunto,

situação ou ambiente.

O Brasil é um país de miscigenações, tanto de raças, credos, culturas, enfim,

uma sociedade tão rica de diferenças. Pressupõe-se ser fácil conviver com a

diversidade em uma sociedade assim. No entanto, não é isso o que acontece. A

exclusão social e a discriminação que os “diferentes” sofrem em uma sociedade

constituída principalmente pelas diferenças se devem à forma pela qual,

historicamente, esse “diferente” vem sendo construído. Pois, mesmo sendo o Brasil

um país de variadas misturas, seu paradigma foi estabelecido ao longo da história

com embasamento sócio-cultural europeu e pela relação conturbada do capital e

trabalho.

É preciso se discutir o tema diversidade como sinônimo de diferenças físicas,

étnicas, culturais, etárias, de gênero, mas, principalmente, em nível de debate dos

mecanismos sociais de exclusão que transformam a diversidade em desigualdades.

Nesse sentido, nos últimos anos, a noção de diversidade vem ganhando

espaço nas políticas públicas e nas ações afirmativas27 no que diz respeito ao

resgate de direitos sociais, promoção de igualdade de oportunidades e combate à

discriminação. As empresas têm-se, então, valido de programas de diversidade para

promover a elevação da produtividade, melhorar sua imagem e, assim, se tornarem

mais competitivas. O reconhecimento que as empresas vêm tendo em relação ao

enfoque da diversidade se dá em razão da redução de eventuais conflitos internos,

estímulo à cooperação, a criatividade e produtividade dos trabalhadores. Não é,

então, apenas por razões humanitárias que a empresas têm buscado aplicar essa

noção de diversidade em programas de desenvolvimento de recursos humanos.

27 Medidas especiais temporárias que têm por objetivo eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como, compensar perdas provocadas pela discriminação por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros (RASKIN, 2000, p.13).

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As políticas de diversidade representam, portanto, um investimento em ações

de atração, manutenção e valorização de um quadro funcional diversificado, social,

cultural, econômico e etnicamente. Isso exige do profissional responsável pela

execução desse tipo de política dentro da empresa um entendimento aprofundado

de seu objeto de trabalho e das relações sociais postas. É nesse contexto que o

Assistente Social se insere, então, nas empresas do segundo setor - como

profissional extremamente qualificado para lidar com as expressões da Questão

Social contextualizadas sobre forma de exclusão, preconceito, discriminação e

tantas outras.

A matéria-prima do trabalho do Assistente Social (ou da equipe interprofissional em que se insere) encontra-se no âmbito da Questão Social em suas múltiplas manifestações – saúde da mulher, relações de gênero, pobreza, habitação popular, urbanização de favelas, etc. -, tal como vivenciados pelos indivíduos sociais em suas relações sociais quotidianas, às quais respondem com ações, pensamentos e sentimentos. Tais questões são abordadas pelo Assistente Social por meio de inúmeros recortes, que contribuem para delimitar o “campo social” ou objeto de trabalho profissional no âmbito da “questão social”. Importa considerar as características especificas que as expressões da questão social assumem aos níveis regional, estadual e municipal e as alterações sócio-históricas que nelas vêm se processando, também em função das formas coletivas com que possam estar sendo enfrentadas pelos sujeitos envolvidos (IAMAMOTO, 2000, p. 100).

É nessa perspectiva de uma profissão de intervenção social, a partir dos

fundamentos teórico-metodológicos, éticos-políticos e técnico-operativos que

qualificam a profissão, que se espera do Assistente Social uma intervenção

competente nas expressões que emergem da Questão Social.

Por isso, decifrar as novas mediações através das quais se expressa a “Questão Social” na cena contemporânea é de fundamental importância para o Serviço Social em uma dupla perspectiva: para que se possa apreender as várias expressões que as desigualdades sociais assumem na atualidade e os processos de sua produção e reprodução ampliada; e para projetar e forjar formas de resistência e de defesa da vida. Formas de resistência já presentes, por vezes de forma parcialmente ocultas, no cotidiano dos segmentos majoritários da população que dependem do trabalho para sua sobrevivência. Assim, apreender a “Questão Social” é também captar as múltiplas formas de pressão social, de invenção e de re-invenção da vida, construídas no cotidiano (MOTA, 2006, p. 177).

Portanto, o processo de trabalho do Assistente Social, tanto na construção da

diversidade como em todos os âmbitos da sociedade em que emergem as refrações

da Questão Social (dentro ou fora das instituições), deve ser efetivado através das

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competências de sua profissão; conhecendo-se, propondo-se e intervindo-se para a

garantia de direitos de todos seus usuários.

3.2 O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA INCLUSÃO DO TRABALHADOR COM DEFICIÊNCIA

Como se viu, o Método Dialético Materialista, através de suas categorias -

historicidade, totalidade e contradição -, dimensiona a compreensão da sociedade

capitalista ocidental a partir da Questão Social. Esta se explicita, então, pela

desigualdade social e também pela resistência. Para que o Assistente Social possa

concretizar seu processo de trabalho, é necessário, portanto, que o mesmo

desvende a Questão Social, que aponta as desigualdades, viola os direitos mais

fundamentais na vida de seus usuários e explicita os espaços de resistência no

enfrentamento das mesmas.

Então, a sua aplicabilidade para se desvendar o objeto Questão Social na

vida dos sujeitos pode ser feita através da metodologia dos Quadros de Prática

Relacional: 1. Processo de Conhecimento e 2. Processo de Intervenção - que irão

materializar no concreto a Questão Social como objeto do Serviço Social.

Para TÜRCK (2007), a Questão Social, objeto genérico do Serviço Social, que

se constitui como base geradora das desigualdades e de resistência vai ser

explicitada no cotidiano profissional através de um sujeito que chega e que vai

contextualizá-la no concreto a partir do seguinte trinômio:

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Fonte: Profª. Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Türck.

A partir da leitura deste, há a apropriação das categorias, identificando-as e,

assim, contextualizando-se o entendimento dos fenômenos sociais na vida dos

sujeitos.

O primeiro movimento de intervenção, então, se faz através da metodologia

do Quadro do Processo de Conhecimento, com o objetivo de se conhecer a

realidade do mesmo, desvendar o objeto e propor a superação deste objeto,

conforme demonstra o quadro a seguir:

Se

Relações Sociais

S o c i e d a d e

C a p i t a l i s t

Sujeito individual Subjetividade.

No comportamento do sujeito emerge a expressão que dá visibilidade à

Questão Social, portanto, “aquilo que é sentido por experiência” (Bueno,

1986, p.467)

Eu

Países do Terceiro Mundo

Relações de produção

a

Acontecem na comunidade cálida na qual o sujeito pertence: família.

Nós

Processos Particulares

Processos Sociais

Acontecem na comunidade fria na qual o sujeito constrói sua vida: espaço social amplo e específico.

Sociedade internacional – sociedade brasileira, estado e município.

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Quadro de Prática Relacional: 1. Processo de Conhecimento

Processo de Trabalho

Fundamentos teórico-metodológicos: Leituras agregadas: Atendimentos: semanal quinzenal mensal

Expressão que dá

visibilidade à Questão Social

Estratégias metodológicas / instrumentais

operativos

Subjetividade do sujeito

Processos Particulares

Processos Sociais

Pontos nodais elencados

Objeto Objetivos Produto Final

Forma de manifestação da desigualdade social através do comportamento do sujeito.

Abordagens, técnicas e instrumentos necessários à execução do Processo de Conhecimento.

Identificação das formas de resistência do sujeito, contextualizada nas formas de enfrentamento utilizadas para responder, através do comportamento, aos processos de exclusão e desigualdade social cotidiana.

Contextualização dos processos relacionais no espaço afetivo do sujeito, e no contexto familiar, que produzem interações de violência agravando as desigualdades sociais.

Identificação das formas de resistência e das estruturas sociais e institucionais que “alimentam” as formas de exclusão e desigualdade social, que se expressam nas interações afetivas e sociais dos sujeitos.

Análise da situação com os pontos nodais de vulnerabilidade, que impedem a superação das formas de desigualdades sociais.

Desvendamento do objeto Questão Social, na vida do sujeito, a ser superado.

Identificação dos objetivos a serem atingidos para o encaminhamento a outros espaços institucionais, ou a implementação do Processo de Intervenção.

Resultado do Processo de Conhecimento: documentação para circular no espaço público; encaminhamento, ou Processo de Intervenção.

Fonte: Profª. Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Türck.

Após o desvendamento do objeto, então, é necessário superá-lo para que se

possibilite a garantia de direitos. Assim, o segundo movimento se faz através do

quadro a seguir explicitado:

Quadro de Prática Relacional: 2. Processo de Intervenção Processo de Trabalho

Fundamentos Teórico-Metodológicos: Leituras agregadas: Atendimentos: semanal quinzenal mensal

Objeto

Objetivos

Estratégias Metodológicas / Instrumentais

Operativos

Desenvolvimento do Processo de Intervenção na superação do objeto

Produto Final

Análise

Relação do objeto desvendado no Processo de Conhecimento a ser superado e, assim, sucessivamente.

Identificação dos objetivos anteriormente elencados a serem atingidos.

Definição das abordagens e técnicas operativas a serem utilizadas.

Definição dos pontos importantes que proporcionarão a visualização da articulação teórico-prático e os nexos importantes na superação do objeto na continuidade do atendimento.

Superação do objeto trabalhado e dos pontos nodais elencados, assim sucessivamente, na garantia de direitos.

A análise dos objetivos alcançados.

Fonte: Assistente Social Profª. Maria da Graça Maurer Gomes Türck

Portanto, a metodologia de aplicação dos Quadros de Prática Relacional se

constitui em um caminho de aplicabilidade do Método Dialético Materialista no

processo de trabalho do Assistente Social.

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A seguir, o Processo de Conhecimento explicitado pela apropriação das

relações sociais de agravamento de exclusão da pessoa com deficiência do

mercado de trabalho no Sistema FIERGS/CIERGS.

Quadro de Prática Relacional: 1. Processo de Conhecimento

Processo de Trabalho

Fundamentos teórico-metodológicos: Método Dialético Materialista. Leituras agregadas: pessoa com deficiência, mercado de trabalho, preconceito, baixa escolaridade, desinformação, negação de direitos.

Atendimentos: semanal quinzenal mensal

Expressão que dá

visibilidade à Questão Social

Estratégias metodológicas / instrumentais

operativos

Subjetividade do sujeito

Processos Particulares

Processos Sociais

Pontos nodais elencados

Objeto coletivo

Objetivos Produto Final

Pessoa com Deficiência e Mercado de Trabalho.

Observação28; escuta sensível29 l; Acolhimento30; Vinculação; acompanhamento; Construção de Redes de Apoio; Seminários e Workshops; Abordagens individuais e coletivas; Visitas de “benchmarking”; Elaboração de Programa de Inclusão de PCD’s na Instituição.

Gerência: resistência na contratação de PCD’s, comportamentos discriminatórios; desinformação; Trabalhadores: comportamentos discriminatórios; dificuldade de relacionamento interpessoal com a PCD; PCD: sentimento de isolamento social; baixa escolaridade; não pertencimento; exclusão do grupo social.

PCD fragilizado no exercício de seus direitos; Relações interpessoais discriminatórias; Instabilidade financeira; Falta de conhecimento acerca das potencialidades e limites do PCD.

Mercado competitivo; Não cumprimento de políticas públicas de inserção do PCD no mercado de trabalho; Local de trabalho com pouca acessibilidade física; Formação de grupos discriminatórios; Invalidação social.

Desinformação; Discriminação; Preconceito; Baixa escolaridade. Preconceito; Falta de informação; Negação de direitos.

Relações de exclusão pelo preconceito no ambiente de trabalho.

- mudança de cultura organizacional para a contratação embasada na garantia de direitos; - fortalecer a auto-estima do PCD, de modo a conseguir sua inserção no mercado de trabalho dignamente; - propiciar a inclusão com respeito às diferenças para garantir a inclusão social; - oferecer canais de informação de seus direitos no resgate da cidadania de forma autônoma; - exigir a inserção da política publica, bem como, da Responsabilidade Social, através do Programa de Inclusão do PCD, afim estabelecer a garantia de direitos; - construção de Redes Internas e Sociais, objetivandoa inserção social doPCD.

Continuidade do Processo de Intervenção pelo Serviço Social através da implementação de uma Política Organizacional de inclusão do PCD na Instituição, contemplando os objetivos propostos no Programa de Inclusão.

Fonte: Assistente Social Profª. Maria da Graça Maurer Gomes Türck

28 Capacidade de âmbito subjetivo de estar atento a tudo o que emana do sujeito (TÜRCK, 2007, p.7). 29 A escuta sensível supõe uma inversão da atenção. Antes de situar uma pessoa em seu “lugar”, é preciso reconhecê-la em seu ser, em sua qualidade de pessoa complexa, dotada de liberdade e de imaginação criadora (TÜRCK, 2007, p. 7). 30 Receber bem, ouvir a demanda, buscar formas de compreendê-la e solidarizar-se com ela.

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Dando-se continuidade, o Processo de Intervenção, através do processo de

trabalho para a superação do objeto desvendado, se dá por meio do quadro a

seguir:

Quadro de Prática Relacional: 2. Processo de Intervenção

Processo de Trabalho

Fundamentos Teórico-Metodológicos: Método Dialético Materialista. Leituras agregadas: pessoa com deficiência, mercado de trabalho, preconceito, baixa escolaridade, desinformação, negação de direitos. Atendimentos: semanal quinzenal mensal

Objeto coletivo

Objetivos

Estratégias Metodológicas / Instrumentais

Operativos

Desenvolvimento do Processo de

Intervenção na superação do objeto

Produto Final

Análise

Relações de exclusão pelo preconceito no ambiente de trabalho.

- mudança de cultura organizacional para a contratação embasada na garantia de direitos; - fortalecer a auto-estima do PCD, de modo a conseguir sua inserção no mercado de trabalho dignamente; - propiciar a inclusão com respeito às diferenças para garantir a inclusão social; - oferecer canais de informação de seus direitos no resgate da cidadania de forma autônoma; - exigir a inserção da política publica, bem como, da Responsabilidade Social, através do Programa de Inclusão do PCD, afim estabelecer a garantia de direitos; - construção de Redes Internas e Sociais, objetivando a inserção social do PCD.

Observação; Escuta sensível; Acolhimento; Vinculação, Acompanhamento; Construção de Redes de Apoio; Seminários e Workshops; Abordagens individuais e coletivas; Visitas de “benchmarking”; Elaboração de Programa de Inclusão de PCD’s na instituição; Entrevistas individuais reflexivas com o trabalhador PCD.

Primeiramente o processo de trabalho se centrou nas visitas às instituições que implementaram programas de inclusão a PCD’s em suas Instituições, na busca de conhecimentos. Paralelamente foram construídas as redes externas através de Instituições que capacitam e encaminham os PCD’s para o mercado de trabalho. Foi acionada também a rede interna com a formação de um grupo de trabalho que participou da elaboração da Política Organizacional e se tornaram facilitadores/multiplicadores na implementação para todo o Estado. Participação em seminários, workshops, palestras na área, a fim de se obter maior apropriação do tema.

A consolidação da Política Organizacional de Inclusão da Pessoa com Deficiência, mediante a aprovação da Superintendência Geral do Sistema FIERGS/CIERGS.

Trabalhar com o objeto, no enfrentamento do preconceito nada mais é do que identificar os processos sociais e a subjetividade na vida dos sujeitos e que e explicitam em seus processos particulares, pela desinformação que gera a negação dos direitos. Somente com conhecimento sobre os deficientes, suas potencialidades e limites é que se dará a mudança de cultura e o rompimento de antigos paradigmas. Assim, se construirá a superação do objeto, tendo como produto final a garantia de direitos na vida desses sujeitos.

Fonte: Assistente Social Profª. Maria da Graça Maurer Gomes Türck

Assim, se faz o processo de trabalho do Assistente Social, articulando-se

teoria e prática. Também assim, se construiu o processo de trabalho, o qual se

concretizará em produto final, objeto da Questão Social, desvendado no Processo

de Conhecimento e superado no Processo de Intervenção.

Hoje, o programa de inclusão das pessoas com deficiência no Sistema

FIERGS/CIERGS, que se chama “Programa INCLUIR”, iniciado pela estagiária de

Serviço Social e com todo o apoio e comprometimento de sua supervisora de

estágio, se transformou em Política de Inclusão de Pessoas com Deficiência do

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Sistema FIERGS/CIERGS. É o início de uma longa caminhada para se possibilitar a

garantia de direitos dessas pessoas.

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CONSIDERAÇOES FINAIS

Este Trabalho de Conclusão do Curso de Serviço Social abordou a temática

da pessoa com deficiência frente ao mercado de trabalho e as informações acerca

da inclusão profissional destes sujeitos.

Como pôde ser visto no primeiro capítulo, faz-se um apanhado geral sobre o

mundo do trabalho, desde os primórdios até atualidade, percebendo-se a

importância dessas informações para o entendimento da sociedade capitalista

contemporânea, que fetichiza o capital e reifica a sociedade.

O que tem-se então, é um exército de excluídos, que têm e vêem seus

direitos essenciais negados em prol da acumulação de bens e da riqueza do capital.

Capital este que se concentra da mão de uma minoria e divide a sociedade em

classes, constituindo uma relação entre explorados e exploradores.

Esta relação vem a ocasionar a desigualdade social e a negação dos direitos,

evidenciados nas múltiplas expressões da Questão Social, dentre as quais podem-

se citar as relações de exclusão ocasionadas pelo preconceito nas relações de

trabalho, principalmente para com pessoas com deficiência.

Nesse contexto, apresentaram-se as políticas públicas de inserção da pessoa

com deficiência no mercado de trabalho por se entender que existe uma

desinformação acerca desta legislação. Porém, como este trabalho foi proveniente

de uma prática de estágio em Serviço Social no Sistema FIERGS/CIERGS, o

processo de trabalho do Assistente Social e a importância do mesmo na garantia de

direitos dos trabalhadores deficientes também foram temas relevantes. Sendo assim,

apontou-se a Questão Social como objeto do Serviço Social significando apropriar-

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se da contradição para consolidar espaços de resistência na concretização do

Projeto Ético-Político da profissão.

As empresas contratam Assistentes Sociais com o intuito de adquirir mão de

obra qualificada que possa criar e executar projetos de responsabilidade social

empresarial, visando, desta forma, ao lucro para a organização. Por isso é

fundamental que o profissional que atue na área tenha uma identidade profissional

definida, fortalecendo a consciência social da categoria, ou pode correr o risco de se

tornar alienado, alienante e alienador. Reside aí, portanto, a importância da

compreensão do Projeto Ético-Político na orientação da profissão.

Foi, então, através do espaço de resistência que se buscou discutir a noção

de diversidade e de responsabilidade social no que dizia respeito à contratação de

pessoas com deficiência no Sistema FIERGS/CIERGS. Procurando-se, assim,

incorporar a relação custo e benefício como nova proposta de cultura institucional, a

partir da criação e execução de um programa de inclusão. Essa luta exigiu uma ação

qualificada e embasada em fundamentos já consagrados em atividades efetivas da

prática profissional do Serviço Social: os fundamentos teórico-metodológicos, éticos-

políticos e técnico-operativos.

Hoje, o programa de inclusão para pessoas com deficiência na instituição

elaborado a partir da prática de estágio curricular, se consolidou como Política

Organizacional de Inclusão à Pessoa com Deficiência, passando-se a chamar

“Programa INCLUIR”.

Duas, então, se colocam como grandes conquistas nesse contexto: a

primeira, sem dúvida a mais importante, o reconhecimento e efetivação do projeto; a

segunda, a proposta de assumir o cargo de Assistente Social na instituição a partir

da finalização da formação acadêmica.

Para esse novo momento da caminhada, fica, então, a reflexão de que

construir uma sociedade inclusiva não significa negar as diferenças, mas, sim,

reconhecê-las e respeitá-las. O reconhecimento da cidadania só se dará a partir da

garantia de direitos e de oportunidade de trabalho digno para todos, independente

de suas deficiências e diferenças.

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