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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE MUDAS ENXERTADAS EM
MARACUJAZEIRO NAS CONDIÇÕES DA DEPRESSÃO CUIABANA
JANAINA BATISTA LENZA SOARES
CUIABÁ - MT
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO – UFMT FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE MUDAS ENXERTADAS EM MARACUJAZEIRO NAS CONDIÇÕES DA DEPRESSÃO CUIABANA
Janaina Batista Lenza Soares
ORIENTADOR: PROF. DR. JOÃO PEDRO VALENTE
CO-ORIENTADOR: PESQ. DR. GIVANILDO RONCATTO
Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso para obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical
CUIABÁ - MT
2007
FICHA CATALOGRÁFICA S676a Soares, Janaina Batista Lenza Avaliação do comportamento de mudas enxertadas em
maracujazeiro nas condições da depressão cuiabana / Janaina Batista Lenza Soares. – 2007.
66p. : il. ; color. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato
Grosso, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Agri- cultura Tropical, 2007.
“Orientação: Profº Drº João Pedro Valente”. “Co-orientador: Profº Drº Givanildo Roncatto”.
CDU – 634.776.3 Índice para Catálogo Sistemático 1. Maracujazeiros – Mudas enxertadas 2. Maracujazeiros – Emissão de gravinhas 3. Maracujazeiros – Enxertia – Índice de pegamento 4. Maracujazeiro-amarelo – Depressão cuiabana (MT) 5. Maracujá – Cultura
DEDICO
À Deus - Sabedoria Máxima
À minha avó Carmem pelo Amor Imensurável e também em memória de meu Avô João.
Ao meu esposo, Davi, pelo apoio, acima de tudo, amigo, dedicado e paciente nos momentos mais difíceis.
À minha mãe Clarisse por nunca me deixar desistir, em fim pelo apoio incondicional.
Ao meu orientador, Dr. João Pedro Valente – pela atenção e carinho, por acreditar em mim, dando-me a oportunidade de subir mais um degrau.
Ao meu co-orientador, Dr. Givanildo Roncatto – pelo seu companheirismo, carinho e acima de tudo profissionalismo e respeito - amigo em todos os momentos deste curso de pós-graduação.
Aos meus familiares que sempre torceram pelo meu sucesso.
Ao Prof. Dr. Carlos Ruggiero pelo exemplo profissional que representa dentro da área de propagação em maracujazeiros, pela atenção e carinho dispensada a nossa equipe.
Ao Pesquisador Dr. Nilton Tadeu Junqueira, por sua disponibilidade e gentileza a todos que o procuram a fim de estudar desde a taxonomia até patologia da passicultura.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Agronomia e
Medicina Veterinária, UFMT/FAMEV, pela oportunidade de realização do
curso.
À FAPEMAT – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso
– pela concessão da bolsa de Mestrado, para que eu pudesse me dedicar
integralmente a este curso.
À Professora Maria Cristina Albuquerque por acreditar em cada um que
ingressa neste curso e pela dedicação ao mesmo.
Aos Professores Dr. Joadil Gonçalves de Abreu e Dr. Mariano Martinez
Espinosa e ao colega Léo Adriano Chig, pela colaboração nas análises
estatísticas e sugestões.
A todos os funcionários da Fazenda Experimental da UFMT/FAMEV, em
especial ao Joerci pela colaboração no viveiro.
Aos funcionários deste Programa de Pós-graduação – Maria e Denize pelo
carinho e paciência.
Aos professores das disciplinas cursadas, de forma especial ao Prof. Dr.
Mariano Martinez Espinosa e ao Prof. Dr. Holanda Campelo Jr., pelo
conhecimento transmitido, e apesar de que aos nossos olhos parecem ter
exigido muito, fizeram com que déssemos os primeiros passos na
elaboração de resumos e trabalhos científicos.
Aos meus amigos e colegas, que nos momentos difíceis me apoiaram para
poder chegar até aqui, de forma especial a minha amigos Sandra Regina
Braga, Daniela Beledeli, Jean Pinheiro, Frank Souza.
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. – Maracujazeiro ‘FB200’ - A) Folhas e flor B) Variedade fruto. .. 68
FIGURA 2. – Roxinho miúdo (Passiflora edulis) A) Folha,B) Flor,C) Fruto.. 68
FIGURA 3.- Passiflora alata A) Muda em tubete com folhas, B) Flor, C)
Fruto. ......................................................................................................................... 68
FIGURA 4 – Maracujá de veado – (Passiflora giberti) – Flor com folhas. ..... 69
Figura 5 – Passiflora quadrangularis – A) Muda com folhas. B) Fruto com
folhas. ........................................................................................................................ 69
Figura 6 – Passiflora nitida – A) Flor com folhas. B) Fruto e Folhas ............. 69
Figura 7 - Passiflora coccinea - A) Maracujazeiro com folhas e frutos. B)
Flor. C) Fruto............................................................................................................ 70
FIGURA 8. - Porta-enxertos com 30 a 60 dias:A) P. nitida B) P. alata, C) P.
coccinea, D) P. quadrangularis, E) P. giberti, F) P. edulis e G) P. edulis f.
flavicarpa (‘FB 200’) ................................................................................................ 72
FIGURA 9 – Corte longitudinal no porta-enxerto para inserir o garfo. ......... 72
FIGURA 10 – Preparo do garfo. .................................................................. 72
FIGURA 1 – Etapas da enxertia por fenda cheia: A) Preparo da cunha. B)
Preparo do Garfo enxerto. C) e D) Inserção do enxerto. E)
Acondicionamento do enxerto com saco plástico..........................................63
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Médias das características do desenvolvimento das espécies
/variedade de maracujazeiros utilizados com porta-enxerto para a variedade
FB200, aos 120 dias. ................................................................................ 60
TABELA 2. Análise descritiva do desenvolvimento vegetativo do maracujazeiro entre os porta-enxertos FB200 e P. nítida............................63
TABELA 3. Análise descritiva do desenvolvimento vegetativo do maracujazeiro entre os diferentes tratamentos ............................................64
TABELA 4. Manova de comparação e interação dos fator 1 e fator 2. ....... 65
SUMÁRIO
Página1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 11
1.1 Referências Bibliográficas........................................................................... 19
2 EFEITO DE DIFERENTES ESPÉCIES E VARIEDADE DE MARACUJAZEIROS NO PEGAMENTO DA ENXERTIA DO ‘FB200’............
23
Resumo............................................................................................................. 23
Abstract............................................................................................................. 24
2.1 Introdução.................................................................................................... 25
2.2 Material e Métodos...................................................................................... 25
2.3 Resultados e Discussão.............................................................................. 27
2.4 Conclusões.................................................................................................. 31
2.5 Referências Bibliográficas........................................................................... 32
3 AVALIAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE MARACUJAZEIRO PROPAGADAS POR ENXERTIA...................................
34
Resumo............................................................................................................. 34
Abstract............................................................................................................. 35
3.1 Introdução.................................................................................................... 36
3.2 Material e Métodos...................................................................................... 37
3.3 Resultados e Discussão.............................................................................. 39
3.4 Conclusões.................................................................................................. 45
3.5 Referências Bibliográficas........................................................................... 46
4 .SELEÇÃO DE PORTA-ENXERTOS PARA MARACUJAZEIRO-AMARELO NAS CONDIÇÕES DA DEPRESSÃO CUIABANA......................
48
Resumo............................................................................................................. 48
Abstract............................................................................................................. 49
3.1 Introdução.................................................................................................... 50
3.2 Material e Métodos...................................................................................... 51
3.3 Resultados e Discussão.............................................................................. 53
3.4 Conclusões.................................................................................................. 54
3.5 Referências Bibliográficas........................................................................... 55
5 CONCLUSÕES.............................................................................................. 57
6 ANEXO..................................................................................................... 58
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DE MUDAS ENXERTADAS EM MARACUJAZEIROS NAS CONDIÇÕES DA DEPRESSÃO CUIABANA
RESUMO: Este trabalho tem por objetivo avaliar o índice de pegamento e
precocidade na emissão de gavinhas de mudas enxertadas de
maracujazeiros, bem como o seu desenvolvimento através da mensuração
da altura de plantas, diâmetro, número de entrenós e de folhas, nas
condições da depressão cuiabana. O experimento foi realizado na Fazenda
Experimental da FAMEV/UFMT. As espécies utilizadas foram Passiflora
edulis, P. quadrangularis, P. giberti, P. coccinea, P. alata, P. nitida e a
variedade ‘FB200’ (maracujazeiro amarelo), enxertadas sob o ‘FB200’. Os
porta-enxertos e enxertos foram oriundos de sementes. O método de
enxertia foi o de garfagem por fenda cheia utilizando-se porta-enxertos com
três folhas e altura de 15 a 30 cm até o ponto de enxertia. Estas plantas
apresentavam no momento da enxertia cerca de 30 a 90 dias. O
delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com sete
tratamentos e três repetições, sendo cada parcela formada por 15 mudas
enxertadas. Foram avaliados pegamento de mudas, precocidade na emissão
de gavinhas e desenvolvimento de mudas (altura total de plantas, do porta-
enxerto e altura do enxerto, diâmetro do enxerto e do porta-enxerto, número
de folhas, número de entrenós do enxerto e do porta-enxerto). O período
compreendido entre as avaliações foi de 60 a 120 dias após a enxertia num
intervalo quinzenal. Com relação as espécies e variedade estudada, o P.
edulis e o ‘FB200’ se destacaram em todas as características avaliadas.
Palavra – chaves: enxertia, pegamento, emissão de gavinhas, altura da
planta, diâmetro.
EVALUATION OF THE BEHAVIOR OF GRAFTING SEEDLINGS IN PASSION FRUIT TREE IN THE CONDITIONS OF DEPRESSION
CUIABANA ABSTRACT: This work has for objective to evaluate the index of
establishment and precocity in the emission of tendril of grafting seedlings of
passion fruit tree, as well the its development through the mensuration of the
height of plants, diameter, number of internodes and leafs, in the conditions
of the cuiabana depression. The experiment was carried through in the
Experimental Farm of the FAMEV/UFMT. The used species had been
Passiflora edulis, P. quadrangularis, P. giberti, P. coccinea, P. alata, P. clear
e the variety `FB200' (yellow passion fruit tree), grafting under `FB200'. The
rootstock and grafting had been deriving of seeds. The grafting method was
of full cleft grafting using rootstock with three leafs and height of 15 to 30 cm
until the grafting point. These plants presented at the moment of the grafting
one about 30 to 90 days. The experimental delineation was entirely
randomized, with seven treatments and three repetitions, where each
repetition was formed by 15 grafting seedlings. Establishment of seedlings,
precocity in the emission of tendril and development of seedlings had been
evaluated (total height of plants, of the rootstock and height of grafting,
diameter of grafting and the rootstock, leafs number, number of internodes of
grafting and the rootstock), being that the period between the evaluations
was of 60 to 120 days after the grafting in a biweekly interval. Taking in
consideration the species and the studied variety, it was P. edulis e `FB200'
that if had detached in all the evaluated parameters.
Keywords: grafting, establishment, emission of tendril, height of the plant.
1. INTRODUÇÃO O maracujazeiro pertence ao gênero Passiflora que é o mais
conhecido da família da Passifloraceae, a qual é constituída por cerca de
530 espécies tropicais e subtropicais, sendo que dessas mais de 150 são
indígenas do Brasil, dentre as quais mais de 60 produzem frutos que podem
ser aproveitados como alimento direto ou indiretamente.
Os pomares de maracujazeiros têm se expandido em função do preço
de seus frutos, sendo estes comercializados “in natura” e industrializado
como polpa e suco ou ainda néctar pronto para beber. Explorado também
para fins medicinais, pois contém passiflorina, um calmante natural e como
planta ornamental por apresentar flores, coloridas e perfumadas.
O maracujá amarelo (Passiflora edulis Flavicarpa) tem maior
importância comercial devido à qualidade dos frutos, à divulgação junto aos
consumidores e ao rendimento industrial. Representa 95% dos pomares
brasileiros, enquanto que o maracujá doce (Passiflora alata), apesar da
menor representatividade, atinge preços unitários mais expressivos nos
segmento das frutas frescas (Bernacci et al; 2002; Meletti & Maia, 1999).
A propagação do maracujazeiro pode ser realizada sexuadamente,
por sementes ou assexuadamente por meio de enxertia, estaquia ou cultura
de tecidos (Parizzotto et al., 2004).
A propagação vegetativa por meio da enxertia tem sido uma técnica
bastante utilizada na fruticultura, garantindo a formação de pomares com
populações de plantas homogêneas (Gonzaga Neto et al., 1993). Além
disso, a enxertia possibilita a união de mais de um genótipo, combinando as
características desejáveis de ambos em uma planta composta.
Porém, até o momento no Brasil, a propagação vegetativa não tem
sido utilizada em escala comercial, na cultura do maracujazeiro, ao contrário
do que ocorre na África do Sul, onde o principal método de propagação é a
enxertia (Grech & Rijkenberg, 1991).
As doenças provocadas por patógenos do solo em maracujazeiro
constituem-se em um dos principais problemas para essa cultura no Brasil.
Uma das alternativas de controle dessas doenças é a utilização de porta-
enxerto resistente. Várias espécies nativas do gênero Passiflora vêm
apresentando resistência a essas doenças, mas a utilização como porta-
enxertos oriundos de sementes tem sido dificultada pelas diferenças de
diâmetro entre porta-enxerto e o enxerto da espécie comercial no momento
da enxertia (Chaves et al., 2004).
Outro método de propagação não muito utilizada no Brasil é a
estaquia. Esta técnica de propagação vegetativa do maracujazeiro que
permite a obtenção de pomares uniformes, bem como de porta-enxertos que
confiram ganhos de produtividade e/ou resistência a pragas e doenças
também pode ser explorada juntamente com a enxertia, possibilitando assim
uma “enxertia perfeita”, onde o porta-enxerto seria um clone.
Este trabalho teve como objetivo avaliar o índice de pegamento e
precocidade na emissão de gavinhas de mudas enxertadas de
maracujazeiros, e o seu desenvolvimento através da altura das plantas,
diâmetro, número de entrenós e de folhas nas condições da Depressão
Cuiabana.
2. REVISÃO DE LITERATURA O termo maracujá é utilizado para designar o fruto da planta do
gênero Passiflora, sendo assim uma forma generalizada de referir-se a uma
das plantas mais atraentes, não só pela beleza das flores, mas também por
diversas qualidades atribuídas aos frutos (Lima & Cunha; 2004).
A presença de uma corona típica constituída de 1 a 5 verticilos
concêntricos de filamentos, caracteriza a família Passifloraceae, ficando o
maracujazeiro, classificado na ordem das Passiflorales, que possui ainda
duas famílias exóticas no Brasil (Leitão Filho & Aranha, 1974).
Maracujá é originário da língua tupi, vindo de maracujá, fruto de
marhú, que significa, por derivação, ma-rã-ú ou aquilo que se sorve
(Teixeira, 1994; citado por Lima & Cunha;2004). Sendo ainda encontrado por
alguns dicionários que registram os nomes suboruku já e uboru-cayá. Sendo
originário do tupi ‘maracuiá’, que significa comida preparada em cuia
(Ruggiero, 1973).
2.1 PROPAGAÇÃO DO MARACUJAZEIRO A propagação sexuada vem tendo preferência, junto aos produtores
em relação aos métodos assexuados devido à facilidade do processo e ao
menor tempo gasto para a formação das mudas. Pode-se conceituar a
propagação sexuada como o processo em que ocorre a fusão dos gametas
masculinos e femininos para formar uma só célula, o zigoto no interior do
ovário, após a polinização. A partir daí é produzida a semente. A propagação
assexuada é denominada de vegetativa ou agâmica, é o processo de
multiplicação que ocorre através de divisão celular (mitose), por meio da
regeneração de partes da planta-mãe.
A propagação vegetativa de plantas é a mais recomendada para
frutíferas, porque possibilita a manutenção das características mais
desejadas das plantas que se pretende multiplicar. Dentre os métodos
possíveis de serem utilizados na cultura do maracujazeiro destacam-se os
métodos de estaquia e a enxertia.
2.1.1 ESTAQUIA Consiste no enraizamento adventício de parte do ramo, contendo
diversas gemas e folhas inteiras ou parte delas, sob condições de elevada
umidade relativa, em substrato previamente preparado. (Roncatto, 2007)1
Os fatores que influenciam a propagação por estaquia são: espécie,
época do ano, substrato, condição fisiológica das matrizes, ambiente
(temperatura, luminosidade e umidade), tipo de estaca (porção do ramo,
idade, lignificação do tecido), estiolamento e reguladores de crescimento -
fitohormônios (Fachinello et al., 1995).
Pode ser feito o uso de auxinas, que é um fitohormônio estimulador
de crescimento, auxiliando no enraizamento das estacas do maracujazeiro.
O uso deste recurso maximiza o desenvolvimento das mudas por estaca;
podendo ainda ser utilizado o estufim plástico, que cria condição favorável
no ambiente. O local de coleta e forma de preparação das estacas exerce
influência no enraizamento, aquelas da parte mediana dos ramos, com duas
1GIVANILDO RONCATTO - Comunicação pessoal
a três meias-folhas e com dois ou três nós enraízam melhor e após 20 a 30
dias do estaqueamento, já estão enraizadas podendo ser transferidas para
recipientes contendo substrato convencional. (Roncatto, 2007).1
Salomão et al. (2002) comprovaram que o maracujazeiro amarelo e o
doce apresentaram maior potencial para formação de mudas por estaquia a
partir de estacas oriundas das porções mediana e basal do último surto de
crescimento.
2,1.2 ENXERTIA A enxertia do maracujazeiro além de permitir a reprodução fiel das
plantas matrizes, possibilita o controle de pragas e doenças, resistência à
seca, influênciar na qualidade dos frutos e na produtividade. Há relatos de
resistência de algumas espécies utilizadas como porta-enxerto à podridão do
pé causada por Phythopthora cinnamoni Rands, à murcha de Fusarium
oxysporum Schl f. passiflora, à nematóides, e a morte prematura de plantas
(Ruggiero & Oliveira, 1998).
Segundo Roncatto et al., (2004), a morte prematura de plantas, pode
ser controlada com a utilização de porta-enxertos resistentes/tolerantes
como, por exemplo: P. nitida, P. giberti, P. setacea e P. alata.
A enxertia tem sido testada utilizando diversas espécies como porta-
enxertos: Passiflora edulis f. Flavicarpa, Passiflora alata, P. nitida, P.
setacea, P. giberti, P. caerulea, P. foetida, os resultados tem sido os mais
controversos, e os estudos não têm avançado muito acerca desta técnica,
mesmo com os constantes esforços, as grandes dúvidas ainda persistem
(Menezes, 1994).
Neste sentido, vários autores estudaram o pegamento de enxertos e a
subseqüente resistência à morte prematura de plantas. Menezes (1990)
obteve bom pegamento de enxertos sobre P. giberti e P. setacea, que
proporcionou resistência à morte prematura de plantas. Já Lima et. al. (1999)
conseguiram melhor pegamento quando utilizaram P. caerulea e P.
cincinnata. Porém, as espécies P. foetida, P. alata e o próprio maracujá
amarelo, não se comportaram bem como porta-enxertos e não tiveram
pegamento satisfatório.
Avaliando o efeito da enxertia através da comparação de mudas
enxertadas em porta-enxertos oriundos de sementes Maldonado (1991)
constatou que o tempo gasto foi de cinco meses da semeadura até o plantio
em local definitivo, enquanto que as mudas formadas através da propagação
sexuada (pés francos) demoraram cerca de dois meses. Em outro
experimento Menezes et al. (1994) efetivou o plantio de mudas enxertadas
sobre P. giberti, P. caerulea, P. edulis aos três meses após a enxertia e aos
sete meses após a semeadura dos porta-enxertos, porém, com P. nitida e
P. alata tiveram dificuldades na germinação de sementes.
O conhecimento sobre os aspectos da germinação de sementes das
diversas espécies de Passiflora é fundamental para a propagação e para a
manutenção de bancos de germoplasma, visando a evitar a erosão genética
(Passos et al; 2004). Ainda cabe mencionar que questões referentes ao
conhecimento da fisiologia das sementes, como o mecanismo de dormência
presente nas espécies silvestres ou em domesticação recente, a exemplo do
P. nitida, tem prejudicado esta primeira etapa do processo de enxertia, ou
seja, na obtenção dos porta-enxertos.
2.2 CARACTERIZAÇÕES DAS ESPÉCIES E VARIEDADES As espécies descritas abaixo foram utilizadas levando-se em
consideração suas características agronômicas favoráveis, como tolerância
ou resistência a doenças, principalmente a morte prematura de plantas
Também, buscou-se identificar material produtivo, tolerante ou resistente a
pragas, à seca e à nematóides., entre os materiais descritos abaixo;
(ANEXO 1)
2.2.1 -Variedade FB200 – (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Degener) Variedade do maracujazeiro amarelo ou azedo, que é a espécie mais
utilizada nos cultivos comerciais, ocupando cerca de 95% da área plantada.
A variedade FB200 apresenta-se como uma planta arbustiva, escandente,
com gavinhas, folhas alternas, trilobadas, de lobos serrilhados, flores
solitárias, violáceas, com androginóforo, rodeado por uma coroa de
estaminódios (FIGURA 1.). O ‘FB200’ apresenta como benefícios para o produtor, as
características agronômicas abaixo:
1- Frutos com maior uniformidade de tamanho, formato e cor;
2- Casca mais grossa proporcionando maior resistência durante o
transporte;
3- Rendimento de suco em torno de 36% apresentando a média de sólido
solúveis totais em torno de 14,0 ° Brix.
4- Média do peso de fruto de 240g, com potencial para uma produtividade
média de 50 ton/ha/ano.
2.2.2- Maracujá Roxinho miúdo – (Passiflora edulis) Conhecida pelo nome vulgar maracujá roxinho miúdo, apresenta
caule cilíndrico e vigoroso com folhas profundamente trilobadas, glandular-
serreadas e face superior lustrosa, sendo que na juvenilidade são inteiras e
ovaladas, ocasionalmente bilobadas. Desenvolve-se normalmente no interior
de florestas, floresce de setembro a março, têm importância ornamental e
medicinal. (FIGURA 2.). As folhas são desobstruentes e diuréticas, raízes e
sementes anti-helmínticas, os frutos levemente acidulados têm casca de
coloração roxa (Lima & Cunha; 2004).
2.2.3 - Maracujá doce – (Passiflora alata Dryander) Esta espécie comercialmente é pouco difundida, com cerca de 5% do
total de maracujazeiros cultivados, mas desperta interesse pela resistência a
morte prematura de plantas e pela qualidade de seus frutos. As
características botânicas desta espécie conhecida como maracujá doce, são
mostradas em seus frutos de formato obovóide ou piriforme, coloração
amarela, tamanho grande (80 - 300g), adocicado, que são propriedades
importantes para o consumo "in natura".
Suas flores também de tamanho grande com 10 -12 cm de diâmetro,
vistosas, ornamentais, externamente brancas e carmins na parte interna,
sendo que a floração ocorre de setembro a maio, podendo estender-se para
o ano todo nas regiões de clima mais favorável, principalmente a altas
temperaturas e luminosidade (FIGURA 3.). As plantas são totalmente
glabras, hastes firmes, tetrangulares, aladas, tem folhas ovais-oblongas com
15 a 20 cm de comprimento e presença de brácteas na base das flores, que
são agudas serrilhadas, ovais com cerca de 1,5 cm de comprimento.
(Vasconcelos, 1991; Vasconcelos et al., 1993; Martins, 2002).
2.2.4- Maracujá de veado – (Passiflora giberti N.E.Brown) Maracujá de veado é o nome vulgar desta espécie que no início de
seu desenvolvimento, a planta apresenta caule fino, delicado, esverdeado,
crescimento vegetativo rápido. Quando adulta apresenta-se vigorosa, folhas
trilobadas de verde intenso (FIGURA 4.). O florescimento ocorre de outubro
a abril, os frutos são de formato oval, coloração amarela cenoura quando
maduro, a casca é fina envolvendo numerosas sementes, e a polpa tem
sabor agradável. As plantas são muito produtivas, rústicas e de fácil
adaptação, apresentam resistência à morte prematura de plantas. Menezes,
1990; Menezes et al., 1994).
2.2.5 – Passiflora quadrangularis L Conhecido vulgarmente como maracujá melão, planta robusta, glabra
de caule vigoroso, quadrangular de ângulos alados, folhas completamente
ovaladas, inteiras. Flores grandes e brilhantes, vermelho escuras, púrpuras
ou brancas. Sépalas oblongo-ovaladas, verdes ou esverdeadas, vermelho
escuras exteriormente, vermelho esbranquiçada ou vermelho escuro
brilhante. (FIGURA 5.). Filamentos da corona: azul-púrpura e branca na
direção da base e manchados de rosa, azul, violeta na metade superior.
Fruto muito grande, amarelo pálido, verde quando maduro, oblongo,
quadrangular. Possui propriedades anti-helmínticas e letárgicas (Lima &
Cunha et al., 2004).
2.2.6 - Passiflora nitida H.B.K. Conhecida vulgarmente por maracujá do mato ou maracujá suspiro é
robusta, de caule cilíndrico, de porções subangulares, suas estipulas
apresentam ápice biglanduloso, as folhas são ovalada-oblongas, coriáceas e
tem 9 a 17 cm de comprimento, com aspecto oleoso, lúcidas na superfície,
flores de pétalas brancas (FIGURA 6.). Fruto globoso com 3 a 4 cm de
diâmetro e coloração amarelo-alaranjado quando maduros. Conhecida como
maracujá do mato ou maracujá suspiro, é resistente a morte prematura de
plantas (Menezes, 1990; Menezes et al., 1994).
2.2.7 - Passiflora coccinea Aubl. Planta vigorosa, caules jovens de coloração púrpura e caules mais
velhos com estrias profundas, folhas oblongas, inteiras, levemente
pubescentes, serreadas. Flores com sépalas linear-lanceoladas escarlates
ou vermelhas (FIGURA 4.). Filamentos na corona têm série externa, púrpura
escura, metade superior rosa-pálida ou branca em direção à base, série
interna branca. Fruto ovóide ou subgloboso, comestível (Lima & Cunha et
al., 2004).
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EFEITO DE DIFERENTES ESPÉCIES E VARIEDADE DE MARACUJAZEIROS NO PEGAMENTO DA ENXERTIA DO ‘FB200’
RESUMO: O maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis Sims. f. flavicarpa
Deg.) principal Passifloracea cultivada no Brasil, vem registrando diminuição
na longevidade, dos pomares ao longo dos anos, devido à incidência de
doenças/ nematóides que atacam o seu sistema radicular. O objetivo deste
trabalho foi comparar o índice de pegamento e precocidade na emissão de
gavinhas da variedade ‘FB200’ enxertada nos porta-enxertos P. edulis, P.
quadrangularis, P. giberti, P. coccinea, P. alata, P. nitida e na variedade
‘FB200’ (maracujazeiro amarelo). O experimento foi realizado em viveiro sob
telado (50% de sombra) na Fazenda Experimental da FAMEV/UFMT. Os
porta-enxertos e enxertos foram oriundos de sementes, do viveiro Flora
Brasil (Araguari-MG), UNESP/Jaboticabal-SP e coletadas na região. O
método de enxertia foi de fenda cheia utilizando-se porta-enxertos com três
folhas e altura de 15 a 30 cm até o ponto de enxertia. As mudas
apresentavam no momento da enxertia com de 30 a 90 dias. O
delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com sete
tratamentos e três repetições, onde cada parcela foi formada por 15 mudas
enxertadas. O índice de pegamento e a emissão de gavinhas foram
avaliados em intervalos quinzenais, até os 60 e 120 dias, respectivamente.
As mudas do maracujazeiro ‘FB200’ enxertadas em Passiflora edulis, P.
quadrangularis e ‘FB200’, apresentam o melhor índice de pegamento da
enxertia e precocidade na emissão de gavinhas, estando aptas para serem
levadas ao campo entre 30 a 120 dias após a enxertia.
Palavras - chaves: porta-enxerto, pegamento, gavinhas, desenvolvimento
de mudas.
EFFECT OF DIFFERENT SPECIES AND VARIETY OF PASSION FRUIT TREE IN ESTABLISHMENT OF GRAFTING OF `FB200'
ABSTRACT: The yellow passion fruit tree (Passiflora edulis Sims. f.
flavicarpa Deg.) main Passifloracea cultivated in Brazil comes registering
reduction in the longevity, of the orchards throughout the years, due to
incidence of illnesses/ nematode that they attack its to radicular system. The
challenge is to search mechanisms that they make possible to extend the
cycle of this culture. The objective of this work was to compare the index of
establishment and precocity in the emission of tendril of the grafting variety
`FB200' in the rootstock P. edulis, P. quadrangularis, P. giberti, P. coccinea,
P. alata, P. clear e in the variety `FB200' (yellow passion fruit tree). The
experiment was carried through in vivarium under fabric (50% of shade), in
the Experimental Farm of the FAMEV/UFMT. The rootstock and grafting had
been deriving of seeds, the vivarium Flora Brazil (Araguari-MG),
UNESP/Jaboticabal-SP and collected in the region. The grafting method was
of full cleft grafting using rootstock with three leafs and height of 15 the 30 cm
until the grafting point. The seedlings presented at the moment of the grafting
with about 30 the 90 days. The experimental delineation was entirely
randomized, with seven treatments and three repetitions, where each
repetition was formed by 15 grafting seedlings. The index of establishment
and the emission of tendril had been evaluated in biweekly intervals, until the
60 and 120 days respectively. Grafting seedlings of the passion fruit tree
`FB200' in Passiflora edulis, P. quadrangularis e in `FB200', presents
optimum index of establishment of the grafting and precocity in the emission
of tendril, been apt to be led to the field after enters the 30 to 120 days of the
grafting.
Keywords: grafting, rootstock, establishment, tendril, development of
seedlings.
1. INTRODUÇÃO É conhecida a liderança mundial do Brasil na produção de frutas in
natura. Isto é favorecido pelas condições ambientais, entretanto o país não
tem utilizado este potencial, visto que ocupa o 12º lugar nas exportações
mundiais (Fachinello et al., 1996).
O Brasil é responsável por cerca de 90% da produção mundial de
maracujá, segundo Silva et al. (2005), produzindo-se aproximadamente meio
milhão de toneladas destacando-se como uma das principais frutíferas
cultivadas no país. O maracujazeiro amarelo (P. edulis f. flavicarpa Degener)
é a espécie de maior representatividade nos cultivos, tendo 95% da área
plantada. Os principais estados produtores são Bahia, São Paulo, Sergipe,
Espírito Santo, Pará e Minas Gerais (IBGE, 2007). Neste contexto, o estado
de Mato Grosso não apresenta uma produção significativa.
O maracujazeiro é propagado através de sementes, principalmente
em nível comercial. No entanto, a propagação vegetativa constitui-se em
uma possibilidade de avanço sob o ponto de vista da multiplicação de
plantas selecionadas, para a produção em escala de frutos uniformes,
tolerantes ou resistentes a pragas e doenças. O objetivo do trabalho foi de
selecionar espécies de porta-enxertos que apresentam a melhor combinação
para a variedade comercial FB200.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em viveiro telado (50% de sombra), da
Fazenda Experimental da FAMEV/UFMT, entre os meses de fevereiro a
junho/2006. A Fazenda está localizada em Santo Antônio do Leverger/MT,
situada a 30 km de Cuiabá, latitude 15°47’11”S, longitude 56°04’17” W e
altitude de 140 m. O clima da região é classificado conforme Köppen, como
Aw ou Tropical de Savana, com períodos distintos de secas e chuvas. A
temperatura média anual fica em torno de 26ºC, precipitação média de 1360
mm, umidade relativa do ar de 66% (Miranda & Amorim, 2000).
O método de enxertia utilizado foi do tipo fenda cheia, realizado acima
da terceira folha e a uma altura variável dependendo da espécie (15 a 30 cm
de altura nas plantas). As espécies e acessos utilizados como porta-enxertos
foram os seguintes materiais: Passiflora edulis (acesso Guiratinga-MT), P.
quadrangularis (acesso Cuiabá-MT), P. giberti (acesso Jaboticabal-SP), P.
alata (acesso Aquidauana-MS), maracujazeiro amarelo (‘FB 200’-Araguari-
MG), P. nitida (acesso Santa Terezinha-MT), P. coccinea (Jaboticabal-SP).
Utilizou-se como copa (enxerto) o maracujazeiro amarelo (‘FB200’-Araguari-
MG).
As sementes, utilizadas para a produção dos porta-enxertos e do
enxerto, foram previamente embebidas em água destilada por cerca de 24
horas, em seguida semeadas em tubetes de plástico (25 x 5cm) com
substrato comercial Plantimax (carvão ativado e casca de pinus).
Posteriormente transplantadas para saco polietileno (20 x 30 cm), com
mistura de solo de superfície, e esterco de curral bem curtido, na proporção
de 5,25 : 1, respectivamente, sendo enriquecida com superfosfato simples
(5 kg m3).
Quando as plantas apresentavam três a quatro folhas, aos 30 a 60
dias após a semeadura, dependendo da espécie, foi realizada a enxertia.
Utilizou-se uma lâmina de aço e em cada operação, foi mergulhada em água
sanitária a 70%, para evitar contaminações.
Os porta-enxertos foram decapitados a uma altura que variou de 15 a
30 cm, em função da espécie/variedade, as quais apresentaram vigor inicial
distinto. Fez-se uma incisão longitudinal de aproximadamente 2 cm no topo
do porta-enxerto, para inserir o garfo (enxerto).
As folhas abaixo do ponto de enxertia, em número de 3 a 4 foram
mantidas nas plantas.
O enxerto foi retirado de plantas matrizes jovens da variedade FB200,
sendo que os ramos foram desfolhados e os garfos preparados com duas a
três gemas com 10 cm de comprimento, sendo sua extremidade inferior
cortada em forma de cunha, para possibilitar a inserção do mesmo no porta-
enxerto.
A enxertia pelo método de garfagem do tipo fenda cheia, consistiu na
inserção do garfo no porta-enxerto, previamente preparado. A região da
união dos mesmos foi amarrada com fita plástica transparente (fitilho), e
depois de revestido com um saco plástico que acondicionou o enxerto e o
porta-enxerto, formando uma câmara úmida para possibilitar o aumento do
metabolismo e acelerar a união dos materiais. Este saco plástico
permaneceu de 15 a 20 dias após a enxertia.
A partir do 15º dia após a enxertia, foram feitas, em intervalos
quinzenais, as avaliações do índice de pegamento e da emissão de
gavinhas. Para determinar o índice de pegamento, contabilizaram-se as
plantas a partir do momento que apresentavam início de brotação. A
contagem de plantas com gavinhas foram realizadas considerando-se como
emitidas, aquelas plantas com a estrutura da gavinha no início da fase de
enovelamento. O índice de pegamento foi avaliado nos primeiros 60 dias, e
a emissão de gavinhas até 120 dias a partir da enxertia.
O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com sete
tratamentos e três repetições, onde cada parcela foi formada por 15 mudas
enxertadas, perfazendo-se um total de 45 plantas por tratamento, em
esquema fatorial 3 x 5 x 7 composto de dois fatores: época de coleta de
dados e espécie utilizada como porta-enxerto. Os dados foram submetidos a
regressão.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O índice de pegamento está representado na Figura 12, onde se
observa que as mudas enxertadas em P. edulis e P. quadrangularis
apresentaram 45 plantas pegas até os 60 dias, representando 100% das
plantas enxertadas. Na figura 12, pode-se observar ainda que as espécies P.
edulis e P. quadrangularis quando comparada às demais espécies
estudadas, foram as que tiveram melhor ajuste na equação construída para
representar o pegamento, onde 99% dos dados podem ser explicados
utilizando-se a equação de regressão linear, ao nível de significância de 1%. Aliado a este excelente resultado observou-se que os materiais
apresentaram desenvolvimento uniforme em relação ao diâmetro entre
enxerto e porta-enxerto. Estes resultados estão de acordo com os obtidos
por Nogueira Filho (2003) e Nogueira Filho et al. (2005) que conseguiram
pegamento de 100% em diversas espécies nativas de maracujazeiro como o
P. edulis f. flavicarpa, P. alata, P. giberti. Ressalta-se que estes autores
utilizaram a técnica de enxertia hipocotiledonar, que é um tipo de enxertia
que se utiliza plântulas obtidas a partir de sementes. Silva et al. (2005),
também conseguiram 100% de pegamento com a espécie P. alata como
porta-enxerto do maracujazeiro amarelo, utilizando a enxertia de mesa por
garfagem ou borbulhia, considerando-se excelente pegamento.
Os resultados de pegamento da enxertia foram satisfatórios para P.
alata apresentando 95%, P. giberti com 93%, ‘FB200’ com 92% e o P. nitida
com 90%. O P. coccinea obteve o menor índice com 85% de pegamento das
plantas enxertadas. Estes resultados são melhores do que os obtidos por
Nogueira Filho (2003) e Nogueira Filho et al. (2005) na espécie P. coccínea,
conseguindo 72% de pegamento, e por Lima et al. (1999) que também
utilizou enxertia por garfagem em fenda cheia em plantas jovens,
alcançaram 60% de pegamento nas espécies de maracujazeiro em estudo.
Menezes (1990) e Menezes et al. (1994) conseguiram até 90% de
pegamento nestas mesmas espécies de maracujazeiro. Ressalta-se que
estes autores utilizaram metodologia muito próxima ao que foi utilizado no
presente trabalho. Estes resultados devem-se a vários fatores, desde o
aprimoramento da técnica até a afinidade dos materiais genéticos, como a
utilização de variedade comercial para o maracujazeiro amarelo e acessos
regionais, que apresentavam-se aclimatados na região.
No P. nitida obteve-se 90% de pegamento, sendo este resultado
considerado semelhante ao obtido por Chaves et al. (2004) que relataram ter
obtido com P. nitida índices de pegamento da enxertia, numa faixa
compreendida entre 86,7 e 100%. Estes resultados ocorreram quando as
estacas foram enxertadas aos 40 e 55 dias após a sua coleta e plantio, mas
esse índice diminuiu aos 70 dias para 60% de pegamento. Essa redução foi
atribuída ao envelhecimento dos tecidos da estaca, que se tornaram mais
lignificada. Salienta-se que, estes autores produziram porta-enxerto a partir
de estacas, enquanto que no presente trabalho os porta-enxertos foram de
plantas jovens oriundas de semente.
Vale ressaltar a variação de espécies utilizadas como porta-enxertos,
e enxertos encontrados nas bibliografia. Também se verifica grande variação
nos índices de pegamento encontrados na literatura, mesmo quando se
utiliza o mesmo método de enxertia e a mesma combinação enxerto/porta-
enxerto.
20 30 40 50 6015 25 35 45 55DIAS
10
20
30
40
50
PE
GAM
EN
TO
P. edulis = 10,07 ln(X) + 3,72R2 = 1**P. quadrandularis = 0,0055 X + 3,47R2 = 0,99**P. giberti = 0,32 X + 22,5R2 = 0,98**P. coccinea = 18,6 ln(X) - 37,13R2 = 0,99**P. alata = 16,48 ln(X) - 24,474R2 = 0,99**P. nitida = 12,55 ln(X) - 9,46R2 = 0,92**FB200 = 6,95 ln(X) + 12,14R2 = 0,99**
FIGURA 12 – Representação gráfica do número de plantas que brotaram até
60 dias após a enxertia da variedade FB200, enxertada em diferentes
espécies e nela mesma. * Significativo a 5% ** Significativo a 1% Na Figura 13, observam-se os dados referentes ao número de plantas
com emissão de gavinhas. Pelo teste não paramétrico de Kolmogorov-
Smirnov (p = 10), todos os materiais avaliados neste trabalho apresentaram
distribuição normal, o que demonstra a consistência dos dados obtidos.
As gavinhas começaram a ser emitidas a partir de 30 dias para o
‘FB200’, P. edulis e P. quadrangularis. Aos 60, 100 e 120 dias, observou-se
a emissão de gavinhas em 33%, 66% e 100%, respectivamente
demonstrando que estes materiais induziram maior precocidade à mudas A
emissão de gavinhas é considerada como um indicador do ponto de plantio
em campo, ou seja, quando as mudas emitem gavinhas estão aptas para
serem levadas ao campo.
Por outro lado, as mudas enxertadas em P. giberti iniciaram a
emissão de gavinhas aos 60 dias, P. alata aos 90 dias e nas espécies P.
coccinea e P. nitida somente aos 105 dias. Ressalta-se que aos 120 dias
(termino das avaliações), 33% das mudas enxertadas em P. giberti e P.
alata; e 18% das mudas de P. nitida e P. coccinea haviam emitido gavinhas.
Estes dados demonstram a necessidade de maior período de tempo para
produção de mudas de maracujazeiros enxertadas, se forem utilizadas estas
espécies como porta-enxerto.
Os resultados obtidos neste trabalho, estão de acordo com os obtidos
por Nogueira Filho (2003) e Nogueira filho et al. (2005), os quais observaram
que as espécies P. giberti, P. nitida e P. coccinea demoraram mais que a
‘FB200’ para atingir ponto de plantio a campo. São José et al. (1991) e Lima
et al. (1999) observaram rápido desenvolvimento e precocidade induzida
pelo maracujazeiro amarelo. Vale ressaltar que estes autores consideraram
o ponto de plantio quando as mudas enxertadas atingiram altura mínima de
15 cm. No entanto, a emissão de gavinhas pode ocorrer em diferentes
alturas de plantas, constituindo-se como parâmetro mais confiável para se
detectar o momento das mudas serem levadas a campo.
20 40 60 80 100 120Dias
0
10
20
30
40
50
Núm
ero
de p
lant
as c
om g
avin
ha
P. edulis = exp(0,019x) 4.09r2 = 0,96**P. quadrangularis = exp(0,021x) 3,36r2 = 0,93**P. giberti = 0,193x - 6,3r2 = 0,96**P. coccinea = exp(0,037x)0,079r2 = 1**P. alata = 0.0026 x2-0,244x + 5,122r2 = 0,99P. nitida = 0,0024x2 - 0,264x + 6,43r2= 0,92*FB 200 = exp(0,019x) 4,09r2 = 0,96**
FIGURA 13 – Número de plantas que emitiram gavinhas até 120 dias após a
execução da enxertia na variedade FB200, enxertada em diferentes
espécies e nela mesma. * Significativo a 5% ** Significativo a 1%
4. CONCLUSÃO 1. As mudas de maracujazeiro ‘FB200’ enxertadas em Passiflora edulis, P.
quadrangularis e no ‘FB200’, apresentam alto índice de pegamento da
enxertia e precocidade na emissão de gavinhas, estando aptas para serem
levadas ao campo entre 30 a 120 dias após a enxertia.
2. As espécies P. nitida e P. coccinea utilizadas como porta-enxerto,
retardaram a emissão de gavinhas na variedade FB200.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHAVES, R. da C.; JUNQUEIRA, N. T. V.; MANICA, I.; PEIXOTO, J. R.; PEREIRA, A. V.; FIALHO, J. F. Enxertia de maracujazeiro-azedo em estacas herbáceas enraizadas de espécies de passifloras nativas. Revista Brasileira Fruticultura, Jaboticabal, v. 26, n. 1, p.120-3, 2004. FACHINELLO, J.C.; NACHTIGAL, J.C.; KERSTEN, E. Fruticultura: fundamentos e práticas. Pelotas: Editora Universidade Federal de Pelotas, 1996, 311p. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. PRODUÇÃO AGRÍCOLA MUNICIPAL. Maracujá. Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2007. http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?z=t&o=10&i=P Acesso em 19/01/2007. LIMA, A. de A.; CALDAS, R. C.; CUNHA, M. A .P.; SANTOS FILHO, H. P. Avaliação de porta-enxertos e tipos de enxertia para o maracujá amarelo. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.21, n.3, p.318-321, 1999. MENEZES, J. M. T. Seleção de porta-enxertos tolerantes a morte prematura de plantas para P. edulis Sims f. flavicarpa Deg. e comportamento de P. nitida H.B.K. na região de Jaboticabal. Jaboticabal, 1990. 73p. Dissertação (Mestrado em Melhoramento Genético Vegetal) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista. MENEZES, J. M. T.; OLIVEIRA, J. C.; RUGGIERO, C.; BANZATO, D. A. Avaliação da taxa de pegamento de enxertos de maracujá-amarelo sobre espécies tolerantes à "morte prematura de plantas". Científica, São Paulo, v.22, n.1, p.95-104, 1994. MIRANDA, L.; AMORIM L. Mato Grosso - Atlas geográficos. Cuiabá: Entrelinhas, 2000. NOGUEIRA FILHO, G. C. Enxertia hipocotiledonar de maracujazeiro-amarelo em diferentes espécies de passifloras silvestres. 2003. 119 f. Tese (Doutorado em Agronomia) - Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2003. NOGUEIRA FILHO, G. C.; RONCATTO, G.; RUGGIERO, C.; OLIVEIRA, J.C.; MALHEIROS, E.B. Propagação vegetativa do maracujazeiro-conquista de novas adesões. In: FALEIRO, F.G.; JUNQUEIRA, N.T.V.; BRAGA, M.F. (Eds.) Maracujá: germoplasma e melhoramento genético. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2005, p. 340-358.
SÃO JOSÉ, A. R. Propagação do maracujazeiro. In: SÃO JOSE, A. R.; FERREIRA, E.R.; VAZ, R. L. (Coord.). A cultura do maracujá no Brasil. Jaboticabal: FUNEP, p. 25-42, 1991. SILVA, F. M.; CORREA, L. de S.; BOLIANI, A. C. SANTOS, P. C. dos Enxertia de mesa de Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Deg. sobre Passiflora alata Curtis, em ambiente de nebulização intermitente. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.27, n.1, p.98, 2005
AVALIAÇÕES DO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE MARACUJAZEIRO PROPAGADAS POR ENXERTIA
RESUMO: O Brasil é o maior produtor de maracujá, produzindo
aproximadamente meio milhão de toneladas, sendo considerada uma das
principais frutíferas cultivadas no país. O objetivo deste trabalho foi avaliar o
desenvolvimento de mudas de maracujazeiro amarelo ’FB200’ enxertadas
em seis espécies e nela mesma como porta-enxerto. O trabalho foi
desenvolvido na Fazenda Experimental da FAMEV/UFMT entre fevereiro a
junho/2006. O método de enxertia utilizado foi tipo fenda cheia, realizada
acima da terceira folha e a uma altura variável dependendo da espécie (15 a
30 cm de altura). As espécies utilizadas como porta-enxerto foram:
Passiflora edulis, P. quadrangularis, P. giberti, P. alata, P. nitida, P. coccinea
e a variedade FB 200; e como enxerto a ‘FB200’. Foram avaliadas para
medir o desenvolvimento das plantas as seguintes características: altura,
diâmetro, número de folhas e de entrenós, aos 60, 75, 90,105 e 120 dias
após a enxertia. As mudas da variedade FB200, produzidas através do
método de enxertia por garfagem em fenda cheia, apresentam
desenvolvimento satisfatório, nas condições da Depressão Cuiabana,
quando enxertada nos porta-enxertos Passiflora edulis e a ‘FB200’. Um
grande entrave para a produção de mudas de maracujazeiros utilizando as
espécies P. giberti, P. coccinea e P. nitida como porta-enxerto, é o pequeno
e lento desenvolvimento do diâmetro do caule.
Palavras chave: altura, diâmetro, porta-enxerto, número de folhas, número
de entrenós.
EVALUATIONS OF THE DEVELOPMENT OF SEEDLINGS OF PASSION FRUIT TREE PROPAGATED FOR GRAFTING
ABSTRACT: Brazil is the producing greater of passion fruit, producing
approximately half million of tons, being considered one of main the fruitful
ones cultivated in the country. The objective of this work was to evaluate the
development seedlings of yellow passion fruit tree ' FB200' grafting in six
species and in same it as rootstock. The work was developed in the
Experimental Farm of the FAMEV/UFMT between February and June /2006,
used method of grafting was of the type full cleft grafting, carried through
above of the third leaf and to a changeable height depending on the species
(the 15 to 30 cm of height). The used species as rootstock had been:
Passiflora edulis, P. quadrangularis, P. giberti, P. alata, P. coccinea, P. nitida
e variety FB 200; e as grafting `FB200'. The following characteristics had
been evaluated to measure the development of the plants: height, diameter,
number of leafs and internodes, to the 60, 75, 90,105 and 120 days after the
grafting. The seedlings of variety FB200, produced through the method of
grafting for full cleft grafting, present satisfactory development, in the
conditions of the Cuiabana Depression, when grafting in the rootstock
Passiflora edulis e `FB200'. A great impediment for the production of
seedlings of passion fruit tree using the species P. giberti, P. coccinea and P.
nitida as rootstock, development of the diameter of stalk of these species is
the small slow.
Keywords: leaf height, diameter, rootstock, number, number of internodes.
1. INTRODUÇÃO O maracujazeiro é uma cultura típica de países tropicais, sendo o
Brasil responsável por cerca de 90% da produção mundial (Silva et al.,
2005), com meio milhão de toneladas de frutas produzidas destacando-se
como uma das principais frutíferas cultivadas no país. O maracujazeiro
amarelo (P. edulis f. flavicarpa Degener) é a espécie de maior
representatividade nos cultivos de Passifloraceas, com 95% da área
plantada (IBGE, 2007). Comercialmente o maracujazeiro é propagado via
sexuada, porém este tipo de reprodução encontra sérios problemas na
cultura devidos pragas e doenças que atacam esta cultura.
A propagação vegetativa do maracujazeiro permite a obtenção de
pomares uniformes, bem como de porta-enxertos altamente produtivos ou
resistentes a doenças (Ruggiero & Olivera, 1998; Roncatto et al., 2004; Silva
et al., 2005).
Com relação à enxertia, Ruggiero (1991) afirma que os tipos mais
usados são fenda cheia e inglês simples, com pegamento superior a 90%,
em ambos os processos.
Segundo Chaves et al. (2004), várias espécies de passifloras nativas
apresentam resistência a algumas doenças, mas a utilização desta como
porta-enxertos oriundos de sementes tem sido dificultada pelas diferenças
de diâmetro entre o porta-enxerto e o enxerto. Algumas passifloras foram
pesquisadas com uso da enxertia: P. nitida, P. alata, P. edulis. Por outro
lado, são escassas as informações sobre porta-enxertos silvestres, como o
P. coccinea, P. quadrangularis e P. giberti.
O P. nitida apresenta grande potencial para utilização em programas
de melhoramento que incluam hibridação interespecífica em virtude de sua
rusticidade e resistência a vários patógenos e pragas do maracujazeiro
(Menezes et al., 1994; Fischer, 2003; Roncatto et al., 2004). É uma espécie
amplamente distribuída no território nacional e tem grande capacidade para
adaptação em ambientes diversos. Ocorre em todos os estados da região
Norte e Centro-Oeste e exemplares já foram coletados no Maranhão, Bahia,
Minas Gerais e nordeste do Estado de São Paulo. No Cerrado, esta espécie
pode ser encontrada em tipos fisionômicos distintos, como nas Matas
úmidas e Veredas, Matas calcárias ou Matas secas, Matas ciliares, Cerradão
e em chapadas com vegetação de cerrado "stricto sensu". Apresenta grande
variabilidade quanto ao vigor, tamanho e formato dos frutos (Junqueira et al.,
2006).
O maracujazeiro amarelo (P. edulis f. flavicarpa) tem maior
importância devido à qualidade dos frutos, à divulgação junto aos
consumidores e ao incentivo da agroindústria, representa 95% dos pomares
brasileiros. O maracujazeiro doce (P. alata), apesar da menor
representatividade, atinge preços unitários mais expressivos no segmento
das frutas frescas (Bernacci et al., 2003). Menezes (1990), e Menezes et al.
(1994) trabalhando em Jaboticabal – SP, com enxertia de maracujazeiro
amarelo sobre espécies resistentes à murcha de Fusarium sp., constataram
que havia diferença quanto ao pegamento entre as espécies estudadas e
que, utilizando porta-enxerto de maracujazeiro-doce, obtiveram 93,7% de
pegamento.
O objetivo do trabalho foi avaliar o desenvolvimento de mudas de
maracujazeiro amarelo enxertadas sob seis diferentes espécies e uma
variedade de maracujazeiros para o FB200 (maracujazeiro amarelo).
2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em viveiro telado (50% de sombra), da
Fazenda Experimental da FAMEV/UFMT, entre os meses de fevereiro a
junho/2006. A Fazenda está localizada em Santo Antônio do Leverger/MT,
situada a 30 km de Cuiabá, latitude 15°47’11”S, longitude 56°04’17” W e
altitude de 140 m. O clima da região é classificado conforme Köppen, como
Aw ou Tropical de Savana, com períodos distintos de secas e chuvas. A
temperatura média anual fica em torno de 26ºC, precipitação média de 1360
mm, umidade relativa do ar de 66% (Miranda & Amorim, 2000).
O método de enxertia utilizado foi do tipo fenda cheia, realizada acima
da terceira folha altura variável dependendo da espécie (15 a 30 cm de
altura nas plantas). As espécies e acessos utilizados como porta-enxertos
foram: Passiflora edulis (acesso Guiratinga-MT), P. quadrangularis (acesso
Cuiabá-MT), P. giberti (acesso Jaboticabal-SP), P. alata (acesso
Aquidauana-MS), maracujazeiro amarelo (‘FB 200’-Araguari-MG), P. nitida
(acesso Santa Terezinha-MT), P. coccinea (Jaboticabal-SP). Utilizou-se
como copa (enxerto) o maracujazeiro amarelo (‘FB200’-Araguari-MG).
As mudas foram enxertadas entre 30 e 90 dias conforme espécies,
após serem semeadas em tubetes de plástico (25 x 5cm) com substrato
comercial Plantimax (carvão ativado e casca de pinus). Posteriormente
transplantadas para saco polietileno (20 x 30cm), com mistura de solo de
superfície, e esterco de curral bem curtido, na proporção de 5,25 : 1.
respectivamente, sendo enriquecida com superfosfato simples ( 5 kg m3).
As mudas oriundas de sementes foram decaptadas na altura do ponto
de enxertia, que variou de 15 a 30 cm conforme espécie. Fez-se uma incisão
longitudinal de aproximadamente 2 cm no topo do porta-enxerto, para inserir
o garfo (enxerto). Nas mudas enxertadas foram usadas plantas jovens de
‘FB200’ as quais apresentavam duas a três gemas com 10 cm de
comprimento. A extremidade distal foi preparada na forma de cunha para
possibilitar a inserção da mesma no porta-enxerto.
O local da enxertia foi amarrado com fita de enxertia transparente (fitilho).
Após a enxertia foi colocado saco plástico transparente buscando formar
uma câmara úmida, envolvendo o enxerto, até que se efetivasse o
pegamento. O saco plástico foi retirado por volta de 15 a 20 dias após a
enxertia.
Após 60 dias iniciou a avaliação do desenvolvimento das mudas
através das seguintes características: altura total de plantas,altura do
enxerto e do porta-enxerto, diâmetro do enxerto e do porta-enxerto; o
número de folhas, número de entrenós do enxerto e do porta-enxerto. As
alturas foram medidas utilizando-se um metro (dobrável). As medidas dos
diâmetros foram feitos com paquímetro de 1,0 mm de precisão. Todas as
avaliações foram realizadas aos 60, 75, 90, 105 e 120 dias após a enxertia
das mudas. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado,
com sete tratamentos e três parcelas, onde cada repetição foi formada por
15 mudas enxertadas.
Os dados obtidos foram tabulados e submetidos à análise de
variância pelo teste de média Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO As características do desenvolvimento das mudas de maracujazeiro
da variedade FB200 enxertadas nas espécies Passiflora edulis, P. alata, P.
quadrangularis, P. nitida, P. coccinea, e ‘FB200’, estão nas avaliações
realizadas aos 60, 75, 90, 105, e 120 dias após a enxertia e nas médias
apresentadas na (Tabela 1) em anexo
FIGURA 14 – Altura total (m) das mudas para os diferentes materiais
utilizados como porta-enxerto, obtidas no período de 60 a 120
após a enxertia.
Os valores referentes a altura total representam a altura da muda,
incluindo enxerto e porta-enxerto. Na Figura 14 verifica-se que os melhores
resultados para esta caracterítica, foram obtidos com os porta-enxertos
Passiflora edulis e ‘FB200’. As mudas enxertadas em P. quadrangularis e P.
giberti apresentaram valores intermediários, e os porta-enxertos P. alata, P.
nitida e P. coccinea induziram o menor desenvolvimento das mudas em
altura. Para o desenvolvimento da planta em relação a altura, outras
características estão envolvidas para dar o respectivo suporte, uma delas é
o diâmetro.
Com relação aos diâmetros (Figura 15) alguns materiais
apresentavam um resultado razoável para altura, mais não correspondente
para diâmetro, como por exemplo o Passiflora giberti, o que ao longo dos
120 dias de avaliação culminou com a perda de algumas plantas. O maior diâmetro do colo foi obtido na variedade FB200, seguido das espécies, P.
alata, P. quadrangularis e P. edulis. O P. nitida, P. coccinea e o P. giberti
apresentaram respectivamente os menores diâmetros, ao final do período
avaliado. Porém, se observar os valores dos diâmetros aos 60 e 120 dias,
verifica-se que o desenvolvimento neste período foi semelhante para todos
os materiais.
FIGURA 15 – Diâmetro do colo (cm) das mudas enxertadas nos diferentes
materiais utilizados como porta-enxerto, nos períodos de 60 a
120 após a enxertia.
Este resultado também foi observado por Nogueira Filho (2005), que
relacionou a compatibilidade do diâmetro do porta enxerto/enxerto com o
pegamento e desenvolvimento da muda. Neste estudo, o maior
desenvolvimento do porta-enxerto foi obtido quando ele foi enxertado sobre
ele mesmo, reforçando que o ‘FB200’ foi usado como enxerto para todos os
materiais avaliados.
Com relação ao diâmetro acima da região enxertada os materiais que
apresentaram resultados mais satisfatórios foram Passiflora alata e P. edulis,
‘FB200’ e P. quadrangularis (Figura 16). Enquanto P. coccinea apresentou o
resultado mais baixos em relação à característica avaliada. No início da
avaliação aos 60 dias até os 120 dias observa-se que a espécie/variedade
que apresentou maior desenvolvimento em relação ao diâmetro acima da
região enxertada foram respectivamente P. giberti, P. alata, P. edulis e
‘FB200’ apresentando os dois últimos o mesmo nível de desenvolvimento.
FIGURA 16 – Diâmetro acima da região enxertada (cm) em mudas com
diferentes porta-enxertos nos períodos de 60 a 120 após a
enxertia.
Conforme Junqueira et al. (2006), a P. nitida é uma das espécies da
família Passifloraceae que apresentam um bom crescimento e
desenvolvimento, além de resistência a algumas doenças como a Fusariose,
gera porta-enxertos com caules finos. Porém, ao se trabalhar com materiais
que apresentam diâmetro maior 0,33m que foi a média do diâmetro do
enxerto no momento da enxertia, se torna incompatível com o diâmetro dos
garfos da espécie comercial, o que ocorreu com este trabalho, já que a
média da variedade do FB200 é de 0,40m.
Acredita-se que o bom desenvolvimento de algumas
espécies/variedade deve-se a compatibilidade do diâmetro do enxerto e do
porta enxerto, já que os diâmetros dos materiais usados como enxerto, com
resultados satisfatórios, são bem semelhantes ao do porta-enxerto.
FIGURA 17 – Número de folhas nas mudas enxertadas nos diferentes porta-
enxerto, nos períodos de 60 a 120 dias após a enxertia.
Nas mudas enxertadas na variedade FB200 aos 120 dias após a
enxertia verificou-se um número significativamente maior de folhas (11). . O
P. edulis, P. giberti e o P. quadrangularis apresentaram na última contagem,
sete, seis e cinco folhas, respectivamente, tendo um desempenho
intermediário, em relação às mudas sobre os demais portas-enxertos, que
na mesma época apresentavam em torno de duas folhas. O número de
folhas é uma característica que no maracujazeiro pode sofrer muitas
variações devido a fatores não controlados, segundo Nogueira Filho (2005).
Talvez este seja o motivo pelo qual não foi encontrado referências na
literatura a cerca de outros trabalhos que tenham sido desenvolvidos, nos
quais o número de folhas em mudas de maracujazeiros tenha sido avaliado.
Mesmo assim, entende-se que para avaliar o desenvolvimento das mudas
enxertadas, esta característica deve ser considerada, pois verificou-se uma
grande variação em função dos porta-enxertos utilizados.
FIGURA 18 – Número de entrenós acima da região enxertada, em mudas
com diferentes porta-enxertos, nos períodos de 60 a 120 dias
após a enxertia.
Na última contagem realizada aos 120 dias, as mudas sobre a
variedade do FB200 apresentaram número de entrenós (14) superior às
demais (Figura 19). As mudas em P. edulis e P. giberti e P. quadrangularis
apresentaram um bom número de entrenós (8). No P. coccinea, as mudas
chegaram aos 120 dias com menor número de entrenós (2).
Analisando-se os dados médios obtidos para todas as caracteristicas
(altura total, altura do porta-enxerto, diâmetro do colo, diâmetro acima da
região enxertada, número de entrenós e número de folha).
A espécie P. edulis e a variedade FB200 foram os que mais se
destacaram apresentando os melhores resultados, especialmente em
número de folhas e de entrenós. Estas espécie/variedade foram às únicas
que em todo o período de avaliação em que não ocorreu morte de mudas.
(Tabela 1)
Nogueira Filho (2003) e Nogueira Filho et al. (2005), que avaliaram
mudas obtidas por enxertia hipocotiledonar e registraram o pior
desenvolvimento (altura e diâmetro) na espécie P. coccinea, para altura e
diâmetro de plantas. Estes resultados podem ser comparados ao obtido no
presente trabalho, onde o desempenho das mudas desta espécie foi inferior
em relação às demais.
O número de folhas não foi considerado bom parâmetro para comparação
pelos autores citados anteriormente, pois contrariou os resultados
apresentados em relação à altura e diâmetro de plantas, demonstrando que
fatores como pragas e doenças e a própria senescência das folhas causam
a queda podendo não representar o desenvolvimento das mudas. Os
mesmos autores consideram que o número de internódios é parâmetro mais
confiável para se mensurar o desenvolvimento das plantas.
O pior desempenho apresentado nas espécies P. nitida e P. coccinea
pode ser atribuído as grandes diferenças nos diâmetros destes porta-
enxertos, com o diâmetro do enxerto ‘FB200’. Este fato dificultava a
realização da enxertia, conseqüentemente a união dos tecidos, o que
provavelmente induziu a morte de mudas em maior número nestas
combinações.
No P. coccinea aos 90 dias após a enxertia, constatou-se a morte de
8 plantas, aos 105 dias mais 17 plantas e aos 120 dias mais 4 plantas,
totalizando 29 plantas mortas de um total de 45 mudas. A mortalidade das
mudas na espécie do P. nitida começou aos 75dias com 6 plantas, aos 90
dias mais 6 mudas e aos 120 dias mais 20 plantas, totalizando 32 plantas
mortas de 45 mudas. Aos 120 dias, constatou-se a morte de 1, 14 e 17
mudas, respectivamente, nas espécies P. alata, P. quadrangularis e P.
giberti. Nas espécies P. edulis e na variedade FB200 não houve morte de
mudas enxertadas.
Nas mudas que morreram não foi encontrado nenhum agente
fitopatogênico, desta forma acredita-se que a morte pode ter sido causada
pela diferença dos diâmetros dos garfos (enxerto) e do porta-enxerto, que
prejudicaram a translocação das seivas.
Vale ressaltar que na última avaliação aos 120 dias, segundos os
dados (Tabela 1), as espécies P. nitida e P. giberti, foram as que
apresentaram melhores resultados quando avaliadas as características de
altura total, altura do enxerto, altura do porta-enxerto, e número de entrenós
do enxerto. Com excussão da P. alata, todas as demais espécies/variedade,
desenvolveram satisfatoriamente quando avaliada a característica número
de entrenós do porta-enxerto.
4. CONCLUSÃO 1. Mudas de maracujazeiros da variedade FB200, produzidas através do
método de enxertia por garfagem em fenda cheia, apresentam
desenvolvimento satisfatório, nas condições da Depressão Cuiabana,
quando enxertada nos porta-enxertos Passiflora edulis e a ‘FB200’.
2. As espécies P. coccinea e P. nitida utilizados como porta-enxerto,
proporcionaram lento desenvolvimento do diâmetro do caule.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNACCI, L. C.; MELETTI, L. M. M.; SOARES-SCOTT, M. D. Maracujá-doce: o autor, a obra e a data da publicação de Passiflora alata (Passifloraceae). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n. 2, 2003. CHAVES, R. da C.; JUNQUEIRA, N. T. V.; MANICA, I.; PEIXOTO, J. R.; PEREIRA, A.V.; FIALHO, J. de F. Enxertia de maracujazeiro-azedo em estacas herbáceas enraizadas de espécies de passifloras nativas. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 26, n. 1,p. 120-123, 2004. FISCHER, I. H. Seleção de plantas resistentes e de fungicidas para o controle da "morte prematura" do maracujazeiro, causada por Nectria hematococca e Phytophthora parasitica. 2003. 48f. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. PRODUÇÃO AGRÍCOLA MUNICIPAL. Maracujá. Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2007. http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?z=t&o=10&i=P Acesso em 19/01/2007. JUNQUEIRA, N. T. V.; LAGE, D. A. da C.; BRAGA, M. F.; PEIXOTO, J. R.; BORGES, T. A.; ANDRADE, S. R. M. de Reação a doenças e produtividade de um clone de maracujazeiro-azedo propagado por estaquia e enxertia em estacas herbáceas de Passiflora silvestre. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 28, n. 1, p. 97 – 100. 2006. MENEZES, J. M. T. Seleção de porta-enxertos tolerantes a morte prematura de plantas para P. edulis Sims f. flavicarpa Deg. e comportamento de P. nitida H.B.K. na região de Jaboticabal. Jaboticabal, 1990. 73p. Dissertação (Mestrado em Melhoramento Genético Vegetal) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista. MENEZES, J. M. T.; OLIVEIRA, J. C.; RUGGIERO, C.; BANZATO, D. A. Avaliação da taxa de pegamento de enxertos de maracujá-amarelo sobre espécies tolerantes à "morte prematura de plantas". Científica, São Paulo, v.22, n.1, p.95-104, 1994. MIRANDA, L.; AMORIM, L. Mato Grosso - Atlas geográficos. Cuiabá: Entrelinhas, 2000. NOGUEIRA FILHO, G. C. Enxertia hipocotiledonar de maracujazeiro-amarelo em diferentes espécies de passifloras silvestres. 2003. 119 f.
Tese (Doutorado em Agronomia) - Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2003. NOGUEIRA FILHO, G. C.; RONCATTO, G.; RUGGIERO, C.; OLIVEIRA, J. C.; MALHEIROS, E.B. Propagação vegetativa do maracujazeiro-conquista de novas adesões. In: FALEIRO, F.G.; JUNQUEIRA, N.T.V.; BRAGA, M.F. (Eds.) Maracujá: germoplasma e melhoramento genético. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2005. p. 340-358. RONCATTO, G.; OLIVEIRA, J. C.; RUGGIERO, C.; NOGUEIRA FILHO, G. C.; CENTURION, M. A. P. C.; FERREIRA, F. R. Comportamento de maracujazeiros (Passiflora spp.) quanto à morte prematura. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.26, n.3, p.552-554, 2004. RUGGIERO, C. Enxertia do maracujazeiro. In: SÃO JOSÉ, A. R.; FERREIRA, F. R.; VAZ, R. L. A cultura do maracujá no Brasil. Jaboticabal: FUNEP, p.43-60. 1991. RUGGIERO, C.; OLIVEIRA, J. C. de Enxertia do maracujazeiro. In: SIMPÓSIO SOBRE A CULTURA DO MARACUJAZEIRO, 5., 1998, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: UNESP/FCAV, p.70-92. 1998. SILVA, F. M.; CORREA, L. de S.; BOLIANI, A. C. SANTOS, P. C. dos Enxertia de mesa de Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Deg. sobre Passiflora alata Curtis, em ambiente de nebulização intermitente. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.27, n.1, p.98, 2005
SELEÇÃO DE PORTA-ENXERTOS PARA MARACUJAZEIRO-AMARELO NAS CONDIÇÕES DA DEPRESSÃO CUIABANA
RESUMO: O presente trabalho foi realizado na Fazenda Experimental da
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso, com o objetivo de
selecionar porta-enxertos, que apresentava maior vigor vegetativo para o
maracujazeiro-amarelo, nas condições da Depressão Cuiabana. O
delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, sendo as épocas
de avaliação consideradas como blocos (60, 75, 90, 105 e 120 dias), os
tratamentos foram os porta-enxertos (seleção FB200 e a espécie Passiflora
nítida), com 3 repetições. As variáveis estudadas foram o diâmetro do colo,
diâmetro do tronco cerca de 1 cm acima da região enxertada, altura do colo
da planta até o enxerto, altura a partir do enxerto, altura total, número de
entrenós até a região enxertada, número de entrenós a partir da região
enxertada e número de folhas. Os dados foram tabulados utilizando-se o
pacote Statistical Package for the Social Science (SPSS) versão 11.0 e
submetidos à analise estatística descritiva. Posteriormente, as variáveis
foram submetidas à análise de variância multivariada com dois fatores
(Manova two-way). O uso da análise de MANOVA, possibilitou observar que
os porta-enxertos, o tempo e as interação entre eles tiveram grande
importância na avaliação do desenvolvimento vegetativo do maracujazeiro-
amarelo. A resposta quanto ao desenvolvimento vegetativo a melhor
resposta foi induzida pelo porta-enxerto. O porta-enxerto ‘FB200’ apresentou
resultados mais favoráveis quanto ao vigor de suas mudas.
Termos de indexação: Passiflora, porta-enxerto, enxertia, Manova two-way.
SELECTION OF ROOTSTOCKS FOR PASSION FRUIT PLANT-YELLOW IN THE CONDITIONS OF THE CUIABANA DEPRESSION
ABSTRACT: The present work was accomplished in the Experimental Farm
of Federal University of Mato Grosso Foundation, with the objective of select
rootstocks for passion fruit plant-yellow, in the conditions of the cuiabana
depression. Used the selection FB200 and the Passiflora nitida within
rootstock (treatments), in the experimental delineation entirely randomized
with 5 blocks and 3 repetitions. The blocks in the different dates of evaluate
(60, 75, 90, 105 e 120 days). The variables studied was the diameter of lap,
diameter of caulis approximated 1 cm above of graft area, height of lap of
plant until the graft, height beginning from the graft, total height, number of
internode until the graft area, number of internode beginning in the graft area
and the number of leafs. The data were worked using the Statistical Package
for the Social Science (SPSS) version 11.0 and submitted to descriptive
statistics analysis. Later, the variables were submitted to Manova two-way to
detect differences between the treatments, the time and them interaction
among them had great importance in the evaluation of the vegetative
development of the passion fruit plant-yellow. The answer as for the
vegetative development the best answer was induced by the rootstocks. The
rootstocks 'FB200' it presented more favorable results as for the energy of
their seedlings.
Index terms: Passiflora, rootstocks, graft, multivariate analysis of variance
with two-way
1. INTRODUÇÃO O Brasil produzindo aproximadamente meio milhão de toneladas
destacando-se como uma das principais frutíferas cultivadas no país, sendo
que o maracujazeiro amarelo (P. edulis f. flavicarpa Degener) é a espécie de
maior representatividade nos cultivos, com 95% da área plantada. Esta
produção está distribuída principalmente nos estados da Bahia, São Paulo,
Sergipe, Espírito Santo, Pará e Minas Gerais (IBGE, 2007). Porém, em Mato
Grosso não se tem uma produção ainda significativa.
A falta de variedades adequadas tem prejudicado o desenvolvimento
da cadeia produtiva do maracujá no estado de Tocantins (Campos et al.,
2006). Também, no estado de Mato Grosso, produtores apresentam esta
mesma dificuldade em encontrar uma variedade satisfatória. O ‘FB200’
(maracujá amarelo) desenvolvido pelo Viveiro Flora Brasil-Araguari/MG é um
material que está apresentando melhores resultados, até o presente
momento nas características edafoclimáticas de Mato Grosso.
Em nível comercial a propagação do maracujazeiro é realizada
principalmente por via sexuada, através de sementes (Meletti, 1998). Devido
às características inerentes à propagação por sementes, considerando a
carência de híbridos ou variedades selecionadas, a maioria dos pomares de
maracujazeiros são desuniformes, em termos de produção e qualidade dos
frutos, o que contribui para a baixa produtividade nacional de 10 t ha-1 ano-1
(Almeida et al., 1991).
A propagação vegetativa por meio da enxertia tem sido uma técnica
bastante utilizada na fruticultura (Maldonado, 1992). Esta técnica de
propagação vegetativa do maracujazeiro permite a obtenção de pomares
uniformes, bem como de porta-enxertos que confiram ganhos de
produtividade e/ou resistência a pragas e doenças (Ruggiero, 1998). Porém,
até o momento, no Brasil, esses métodos de propagação não são muito
utilizados, em escala comercial, ao contrário do que ocorre na África do Sul,
onde o principal método de propagação é a enxertia (Grech & Rijkenberg,
1991).
As doenças em maracujazeiro, causadas por patógenos encontrados
no solo, constituem em um dos principais problemas para essa cultura no
Brasil. Uma das alternativas de controle dessas doenças seria a utilização
de porta-enxertos resistentes (Roncatto, 2004). Várias espécies nativas do
gênero Passiflora vêm apresentando resistência a essas doenças, mas a
utilização desta como porta-enxertos tem sido dificultada pelas diferenças de
diâmetro entre o porta-enxerto e o enxerto da espécie comercial (Chaves,
2004).
Sobre o processo de enxertia, os tipos mais usados são: fenda cheia
e inglesa simples, com pegamento superior a 90% em ambos os processos,
sendo que este deve ser realizado no início da brotação primaveril (Ruggiero
& Corrêa, 1980).
O planejamento inteiramente casualizado é apropriado quando não
existir variação dos recursos (Box, et al., 1978), no entanto os cálculos se
tornam complexos quando, primeiramente existe mais de uma variável
dependente, segundo existem diferentes fatores, e por último, diferentes
níveis que é o caso da MANOVA Two-Way (Análise de Variância
Multivariada com dois fatores). Este teste se baseia no valor de F e na razão
Wilks´lambda, baseado na matriz de variância/covariância dos resíduos e
matriz de variância/covariância dos efeitos (Anderson, 1984). A interpretação
dos resultados é realizada da seguinte forma: se o teste multivariado for
significativo, conclui-se que o efeito é significativo, isso é realizado para cada
fator e para interação, também de modo a observar se existe ou não
diferença significativa entre os fatores e a interação (Hair et al., 1998)
O objetivo do trabalho foi selecionar entre dois porta-enxertos ‘FB200’
e P. nitida, no qual, apresente maior vigor vegetativo para o maracujazeiro-
amarelo, nas condições da Depressão Cuiabana.
2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em viveiro com telado (50% de
sombreamento) na Fazenda Experimental da Fundação Universidade
Federal de Mato Grosso, localizada em Santo Antonio do Leverger-MT,
situada a 30 km de Cuiabá, na latitude 15°47’11”S e longitude 56°04’17” W
altitude de 140 m. O clima da região é classificado conforme Köppen, como
Aw ou Tropical de Savana, com períodos distintos de secas e chuvas. A
temperatura média anual se situa em torno de 26ºC, precipitação de 1360
mm e umidade relativa do ar em torno de 66%. (Miranda & Amorim, 2000).
As mudas enxertadas (enxerto e porta-enxerto) foram produzidas a
partir de sementes, obtidas em dois locais distintos: Campus de Jaboticabal
da Universidade do Estadual Paulista-UNESP, P. nitida, e Viveiros Flora
Brasil (‘FB200’). Como porta-enxertos foram utilizadas Passiflora nitida e a
‘FB200’, como enxerto a variedade comercial de Passiflora edulis Sims
flavicarpa Deg. (FB200).
Utilizou-se a técnica de fenda cheia, com presença de três folhas. As
mudas foram decaptadas em diferentes alturas dependendo da espécie. A
técnica de garfagem por fenda cheia consistiu na inserção deste enxerto no
porta-enxerto preparado com um corte longitudinal ao caule, no local
decaptado, de maneira que se pudesse inserir o enxerto em cunha (Lima et
al, 1999). O local foi amarrado com fita de enxertia ou fitilho e foi utilizado um
saco plástico transparente com o objetivo de formar câmara úmida, sobre a
nova muda enxertada, até o efetivo pegamento.
A taxa de pegamento foi calculada com base na contagem dos
enxertos pegos após 20 dias da execução da enxertia, e subseqüentemente
quando a muda enxertada estive-se pronta, transformando-se em
percentagens.
A partir de 60 até 120 dias com intervalo quinzenal, foram avaliados
as seguintes características: diâmetro do colo, diâmetro acima da região
enxertada cerca de 1 cm, altura do colo da planta até o enxerto, altura a
partir do enxerto, altura total, número de entrenós até a região enxertada,
número de entrenós a partir da região enxertada e número de folhas.
O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, sendo as
épocas de avaliação consideradas como blocos, os tratamentos foram os
porta-enxertos (seleção FB200 e a espécie Passiflora nítida), com 3
repetições. Considerou-se como blocos as diferentes datas de avaliação
após a enxertia: Bloco 1= após 60 dias da enxertia; Bloco 2 = após 75 dias
da enxertia; Bloco 3 = após 90 dias da enxertia; Bloco 4 = após 105 dias da
enxertia; e Bloco 5: após 120 dias da enxertia.
Os dados obtidos foram tabulados utilizando-se o pacote Statistical
Package for the Social Science (SPSS) versão 11.0 e submetidos ao teste
de normalidade (Martínez, 2001) e posteriormente a, estatística descritiva de
média, desvio-padrão, valor máximo e mínimo, amplitude. Posteriormente,
as variáveis foram submetidas à Manova two-way para detectar diferenças
das variáveis estudadas entre os tratamentos e as espécies.
Assume-se que medições são registradas em vários níveis de dois
fatores. Em alguns casos, esta condição experimental representa os níveis
de um tratamento simples arranjado com vários blocos. O planejamento
experimental particular empregado não interessará para o presente trabalho.
No entanto, assume-se que observações de combinações diferentes de
condições experimentais são independentes uma da outra. Onde as
condições experimentais são: fator 1 (blocos), fator 2 (tratamentos que foram
os porta-enxertos) e interação entre eles.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Comparando ambos lotes de plantas enxertadas a variedade FB200
sob ele mesmo e P. nitida sob o ‘FB200’ (Tabela 2). O ‘FB200’ apresentou
em todo o seu crescimento e desenvolvimento maior vigor em suas mudas,
representado pelo diâmetro do colo, diâmetro acima da região enxertada
cerca de 1 cm, altura do colo da planta até o enxerto, altura a partir do
enxerto, altura total, número de entrenós até a região enxertada, número de
entrenós a partir da região enxertada e número de folhas, nos 120 dias da
avaliação e não tendo neste período nenhuma mortalidade. Já, o lote de
plantas de P. nitida, obteve pegamento, mas seu crescimento e
desenvolvimento foi muito lento, e, além disso, comparando com a variedade
FB200 seu desenvolvimento em nível de quantidade de entrenós, altura,
diâmetro e quantidade de folhas foi muito inferior.
Pode-se observar que todas as variáveis estudadas apresentaram
segundo classificação proposta por Pimentel Gomes (2000), o grau de
dispersão dos dados do desenvolvimento vegetativo relacionados aos porta-
enxertos variam de baixo a muito forte.
Os dados do desenvolvimento vegetativo estudados para o
maracujazeiro-amarelo referentes aos diferentes tratamentos não diferiram
significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (Tabela 3).
Porém, pode-se observar que o grau de dispersão dos dados em torno da
média, variou de baixo a muito forte. E por não ter sido significativo a 5%,
mostra que os tratamentos, variaram pouco, demonstrando que nas
diferentes leituras o crescimento foi constante. Se comparado aos porta-
enxertos que apresentaram uma diferença significativa .
Os resultados da Manova two-way podem ser observados na Tabela
3, onde o fatorial 2 (tratamentos) apresenta o valor de F com 230,96 e o
fatorial 1 (blocos) o valor de F com 5,96, ou seja, o fatorial 2 é 39 vezes
maior que o fator 1. Porém, não encontrou-se diferença significativa a 5% de
probabilidade quando analisado fator 1, fator 2 e interação entre eles.
4. CONCLUSÃO 1. O uso da análise de variância multivariada, possibilitou observar que os
porta-enxertos, o tempo e as interação entre eles tiveram grande importância
na avaliação do desenvolvimento vegetativo do maracujazeiro-amarelo. A
resposta quanto ao desenvolvimento vegetativo a melhor resposta foi
induzida pelo porta-enxerto..
2. O porta-enxerto ‘FB200’ apresentou resultados mais favoráveis quanto ao
vigor de suas mudas.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, L. P.; BOARETTO, M. A. C.; SANTANA, R. G. de Estaquia e comportamento de maracujazeiros (Passiflora edulis SIMS F. flavicarpa DEG.) propagados por vias sexual e vegetativa. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v. 13, n. 1, p.153-156, 1991. AMORIM, R. S. S. Avaliação dos modelos de predição da erosão hídrica USLE, RUSLE e WEPP para condições edafoclimáticas brasileiras. Viçosa, MG, UFV, 2004. 120 p. Tese... (Doutorado em Engenharia Agrícola) – Universidade Federal de Viçosa, 2004. ANDERSON, T. W. An Introduction to Multivariate Statistical Analysis. 2th edition John Wiley. New York, 1984. 532. BOX, G. E. P.; HUNTER, W. G.; HUNTER, J. S. Statistics for experimenters: An introduction to Design, Data Analysis, and Model Building. John Wiley & Sons, inc., New York, 1978. 653p. CAMPOS, G. A.; CELLA, A. J. DA S.; FERNÁNDEZ, D. C.; COSTA, J. S.; CORRÊA, T.S.; CHAVES, R. da C.; JUNQUEIRA, N. T. V.; MANICA, I. Enxertia de maracujazeiro-azedo em estacas herbáceas enraizadas de espécies de passifloras nativas. Revista Brasileira de Fruticultura, v.26, n.1, p.120-123. 2004. GRECH, N. M.; RIJKENBERG, H. J. Laboratory and field evaluation of the performance of Passiflora caerulea as a rootstock tolerant to certain fungal root pathogen. Journal of Horticultural Science, Littlehampton, v. 66, n. 6, p.725-729, 1991. HAIR, J. F.; ANDERSON, R. E.; PATHAM, R. L.; BLACK, W. C. Multivariate data Analysis. New Jersey. Prentice Hall, 1998. p-729. Case precise. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. PRODUÇÃO AGRÍCOLA MUNICIPAL. Maracujá. Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2007. http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?z=t&o=10&i=P Acesso em 19/01/2007. LIMA, A. de A.; CALDAS, R. C.; CUNHA, M.A.P., SANTOS FILHO, H. P. Avaliação de porta-enxertos e tipos de enxertia para o maracujá amarelo. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.21, n.3, p.318-321, 1999. MALDONADO, J. Utilização de porta-enxertos do gênero Passiflora para maracujazeiro amarelo (P. edulis Sims f. flavicarpa Deg.). Revista Brasileira de Fruticultura, v.13, n.2, p.51-54, 1992. MARTÍNEZ, E. M. Desenvolvimento de um Modelo Estatístico para Aplicação no Estudo da Fadiga em Emendas Dentadas de Madeira. São
Carlos –SP- Brasil. Tese de doutorado – Interunidades em Ciência e Engenharia Materiais EESC/IFSC/IQSC – SP, novembro, 2001. MELETTI, L. M. M. Caracterização agronômica de progênies de maracujá-amarelo (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Degener). Tese (Doutorado em Produção Vegetal) Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz, Universidade de São Paulo. Piracicaba, p.9-22, 1998. MIRANDA, L.; AMORIM L. Mato Grosso - Atlas geográficos. Cuiabá: Entrelinhas, 2000. PIMENTEL GOMES, F. Curso de estatística experimental. 14. ed. Piracicaba: Degaspari, 2000. 477p. RONCATTO, G.; RUGGIERO, C., OLIVEIRA, J.C. de, NOGUEIRA FILHO, G. C., SILVA, F.F. da Comportamento de maracujazeiros (Passiflora spp.) quanto à morte prematura. Revista Brasileira Fruticultura, Jaboticabal, v.26, n.3, 2004. RUGGIERO, C., OLIVEIRA, J.C. de Enxertia do maracujazeiro. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA DO MARACUJAZEIRO, Jaboticabal, Resumos... p.70-92, 1998. RUGGIERO, C.; CORRÊA, L. S. Implantação da cultura e propagação. In: RUGGIERO, C. Cultura do maracujazeiro. Jaboticabal: Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, p.23-31, 1980.
4- CONCLUSÕES 1- Mudas de maracujazeiro ‘FB200’ enxertadas em Passiflora edulis, P.
quadrangularis e nele mesmo, apresentaram alto índice de pegamento
(100%), precocidade na emissão de gavinhas e desenvolvimento; estando
aptas para serem levadas ao campo entre 30 e 120 dias após a enxertia,
nas condições da Depressão Cuiabana.
2. Um grande entrave para a produção de mudas de maracujazeiros
utilizando as espécies P. giberti, P. coccinea e P. nitida como porta-enxerto,
é o pequeno e lento desenvolvimento do diâmetro do caule destas espécies.
3. A emissão de gavinhas ocorre tardiamente em mudas da variedade
FB200 enxertadas em P. coccinea e P. nitida.
ANEXO A – Materiais utilizados como enxerto e porta-enxerto
FIGURA 2. – Maracujazeiro ‘FB200’ - A) Folhas e flor B) Variedade fruto.
FIGURA 3. – Roxinho miúdo (Passiflora edulis) – A) Folha,B) Flor, C) Fruto.
FIGURA 4.- Passiflora alata – A) Muda em tubete com folhas, B) Flor, C)- Fruto.
FIGURA 5 – Maracujá de veado – (Passiflora giberti) – Flor com folhas.
Figura 6 – Passiflora quadrangularis – A) Muda com folhas. B) Fruto com folhas.
Figura 7 – Passiflora nitida – A) Flor com folhas. B) Fruto e Folhas
Figura 8 - Passiflora coccinea - A) Maracujazeiro com folhas e frutos. B) Flor. C) Fruto.
ANEXO B – Segundo artigo
TABELA 1 – Médias das características do desenvolvimento das espécies /variedade de maracujazeiros utilizados como
porta-enxerto para a variedade FB200, aos 120 dias.
Características Altura (m) Diâmetro (m) Número de entrenós
Espécies / variedade
Total Enxerto
Porta-enxerto
Enxerto Porta-enxertoNúmero de folhas Enxerto
Porta-
enxerto P. giberti 0,75a 0,22a 0,53a 0,50a 0,67a 12a 13a 10a
P. edulis 0,39b 0,18a 0,21c 0,32b 0,46c 5b 7b 13a
P. alata 0,52b 0,17a 0,35b 0,35b 0,42c 6b 8b 9b
P.
quadrangularis
0,34b 0,16a 0,19c 0,42a 0,61b 4b 6b 9a
P. nitida 0,88a 0,24a 0,65a 0,42a 0,54b 9a 12a 10a
P. coccinea 0,48b 0,16a 0,33b 0,44a 0,60b 7b 8b 10a
‘FB 200’ 0,53b 0,19a 0,18c 0,38b 0,49c 6a 7b 11a
CV (%) 16 21 31 9 9,5 22 20 15 *Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade.
ANEXO C – Metodologia do processo de enxertia
FIGURA 9. - Porta-enxertos com 30 a 60 dias:A) P. nitida B) P. alata, C) P. coccinea, D) P. quadrangularis, E) P. giberti, F) P. edulis e G) P. edulis f. flavicarpa (‘FB 200’)
FIGURA 10 – Corte longitudinal no porta-enxerto para inserir o garfo.
FIGURA 11 – Preparo do garfo.
FIGURA 12 – Etapas da enxertia por fenda cheia: A) Preparo da cunha. B) Preparo do Garfo enxerto. C) e D) Inserção do enxerto. E) Acondicionamento do enxerto com saco plástico.
ANEXO D – Tabela referente aos dados do terceiro artigo TABELA 2. Análise descritiva do desenvolvimento vegetativo do maracujazeiro entre os porta-enxertos FB200 e P. nítida
D.V. Porta- Enxerto Mínimo Maximo a Média Desvio CV% GD
A2 1 0,13 0,61 0,48 0,29 A 0,1573 54,23 MFA2 2 0,03 0,18 0,15 0,11 B 0,03602 31,59 MFA3 1 0,10 0,32 0,22 0,24 A 0,0605 25,61 F A3 2 0,03 0,14 0,11 0,10 B 0,03399 32,47 MFD1 1 0,53 0,70 0,17 0,61 A 0,0475 7,79 B D1 2 0,11 0,46 0,35 0,34 B 0,1000 29,76 F D2 1 0,39 0,54 0,15 0,44 A 0,0524 11,76 F D2 2 0,08 0,34 0,26 0,24 B 0,0743 31,05 MFE1 1 3,00 15,00 12,00 7,53 A 4,02 53,30 MFE1 2 1,00 5,00 4,00 2,67 B 1,291 48,41 MFE2 1 10,00 11,00 1,00 10,33 A 0,488 4,72 B E2 2 3,00 12,00 9,00 9,13 B 3,044 33,33 MFD.V. = Desenvolvimento Vegetativo, A2 = altura do porta-enxerto, A3 = altura a partir do enxerto (ambos em metro); E1= entrenós a partir do enxerto, E2 = entrenós do porta enxerto; D1 = diâmetro do colo, D2 = diâmetro acima do ponto de enxertia (centímetro cúbico); Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de tukey a 5% de probabilidade; a = amplitude;GD = Grau de disperção. *B = Baixa = CV≤10%; M = Moderado = 10%>CV<20%; F = Forte = 20%>CV<30%; e MF = Muito Forte = 30%<CV (Pimentel Gomes, 2000).
ANEXO E – Tabela referente aos dados do terceiro artigo TABELA 3. Análise descritiva do desenvolvimento vegetativo do maracujazeiro entre os diferentes tratamentos
D.V. Trat. Minimo Maximo Amplitude Media Desvio Cv GD A2 1 0,1200 0,16000 0,04000 0,13333 a 0,01366 10,25 M
2 0,1200 0,2700 0,1500 0,1567 a 0,0565 36,03 MF 3 0,1200 0,2600 0,1400 0,1833 a 0,0524 28,59 F 4 0,0600 0,4900 0,4300 0,2350 a 0,1665 70,84 MF 5 0,0300 0,610 0,580 0,302 a 0,252 83,69 MF
A3 1 0,1200 0,2900 0,1700 0,1950 a 0,0734 37,65 MF 2 0,1200 0,2400 0,1200 0,1800 a 0,0555 30,83 MF 3 0,0900 0,2600 0,1700 0,1750 a 0,0792 45,25 MF 4 0,0700 0,3100 0,2400 0,1633 a 0,0950 58,17 MF 5 0,0300 0,3200 0,2900 0,1383 a 0,1158 83,73 MF
D1 1 0,3700 0,5800 0,2100 0,4833 a 0,0995 20,59 F 2 0,3800 0,6000 0,2200 0,4983 a 0,0956 19,18 M 3 0,3400 0,6200 0,2800 0,4700 a 0,1319 28,07 F 4 0,2000 0,6600 0,4600 0,4783 a 0,1868 39,05 MF 5 0,110 0,700 0,590 0,435 a 0,270 62,07 MF
D2 1 0,2600 0,4000 0,1400 0,3367 a 0,0665 19,76 M 2 0,2700 0,4000 0,1300 0,3433 a 0,0565 16,44 M 3 0,2400 0,4900 0,2500 0,3500 a 0,1088 31,09 MF 4 0,1600 0,5400 0,3800 0,3733 a 0,1456 38,99 MF 5 0,0800 0,5200 0,4400 0,3083 a 0,2086 67,64 MF
E1 1 1,000 4,000 3,000 2,667 a 1,211 45,41 MF 2 2,000 6,000 4,000 3,833 a 1,472 38,40 MF 3 2,000 7,000 5,000 4,667 a 1,633 34,99 MF 4 1,00 11,00 10,00 6,33 a 4,18 65,99 MF 5 1,00 15,00 14,00 8,00 a 6,36 79,45 MF
E1 1 10,000 12,000 2,000 11,167 a 0,983 8,80 B 2 10,000 12,000 2,000 11,167 a 0,983 8,80 B 3 9,000 11,000 2,000 9,833 a 0,753 7,66 B 4 6,000 11,000 5,000 9,000 a 2,000 22,22 F 5 3,00 11,00 8,00 7,50 a 3,27 43,61 MF D.V. = Desenvolvimento Vegetativo, Trat=Tratamento, A2 = altura do porta-enxerto, A3 = altura a partir do enxerto (ambos em metro); E1= entrenós a partir do enxerto, E2 = entrenós do porta enxerto; D1 = diâmetro do colo, D2 = diâmetro acima do ponto de enxertia (centímetro cúbico); Letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de tukey a 5% de probabilidade; GD = Grau de disperção. *B = Baixa = CV≤10%; M = Moderado = 10%>CV<20%; F = Forte = 20%>CV<30%; e MF = Muito Forte = 30%<CV (Pimentel Gomes, 2000).
ANEXO F - Tabela referente aos dados do terceiro artigo
TABELA 4. Manova de comparação e interação dos fator 1 e fator 2
SSPFonte de
Variação A2 A3 E1 E2 D1 D2GL Λ* F
Fator 1 0.109 -0.034 3.37 -2.47 -0.0325 -0.013 4 0.02 5,96
0.011 -1.05 0.76 0.01 0.0047
105.87 -76.37 -0.9573 -0.307
57.87 0.7907 0.2837
0.0134 0.0084
0.0133
Fator 2 0.2323 0.1734 6.424 1.584 0.3617 0.2719 1 0.01 230,96
0.1294 4.794 1.182 0.2699 0.2029
177.633 43.8 10.001 7.519
10.8 2.466 1.854
0.5631 0.4233
0.32
INTERAÇÃO 0.2051 0.017223 4.699 3.2843 0.13735 0.11653 4 0.03 3,89
0.00442 0.413 0.3563 0.01569 0.01391
111.867 75.7 3.21733 2.71433
57.8667 2.33067 2.04767
0.09898 0.8452
0.07361
RESIDUAL 0.054 -0.03247 0.3267 0.31 0.02267 0.0093 20
0.05213 0.4867 0.3567 0.0127 0.0159
31.3333 7.6667 0.51 0.476667
17.3333 0.89667 0.503333
0.0592 0.033433
0.0288
TOTAL 0.2323 0 0 0 0 0.11238 29
0 0 0 0 0
0.1734 6.424 1.584 0.3617
13.1897 2.3063 0.39742
45.273 10.03939
5.23603