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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E
TECNOLÓGICAS
BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PALLOMA BORGES DE MORAIS
ARQUITETURA INCLUSIVA – UTILIZAÇÃO DO DESENHO UNIVERSAL NA
CONSTRUÇÃO DE APARTAMENTOS ACESSÍVEIS
MOSSORÓ-RN
2013
PALLOMA BORGES DE MORAIS
ARQUITETURA INCLUSIVA – UTILIZAÇÃO DO DESENHO UNIVERSAL NA
CONSTRUÇÃO DE APARTAMENTOS ACESSÍVEIS
Monografia apresentada à Universidade
Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,
Departamento de Ciências Ambientais e
Tecnológicas, para a obtenção do título de
Bacharel em Ciência e Tecnologia.
Orientador: Prof. D. Sc. Natanael Takeo
Yamamoto.
MOSSORÓ-RN
2013
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e
catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA
M827a Morais, Palloma Borges de.
Arquitetura inclusiva - utilização do desenho universal na construção
de apartamentos acessíveis (EIS). / Palloma Borges de Morais. --
Mossoró, RN: 2013.
65f.: il.
Monografia (Graduação em Ciência e Tecnologia) –
Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pró-Reitoria de
Graduação.
Orientador: Profº. Dr. Sc. Natanael Takeo Yamamoto.
1.Desenho universal. 2.Apartamento. 3.Acessível. 4.Revit.
I.Título.
CDD:720 Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo
CRB-5/1033
Aos meus pais Geraldo e Maria Helena, e à
minha irmã Priscila, que me apoiaram e me
ajudaram durante todo esse tempo, sempre
acreditando no meu potencial.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por ter me abençoado com uma família e amigos tão
maravilhosos e por sempre estar presente na minha vida, seja abençoando minhas vitórias ou
me confortando nas horas difíceis;
Aos meus pais, Geraldo e Maria Helena, por todo carinho, amor e dedicação e por sempre
estarem ao meu lado, pois sem eles nada disso teria conseguido. Agradeço ainda pelo apoio,
compreensão, por cuidarem, acreditarem e investirem em mim;
À minha irmã Priscila, por toda a ajuda, companhia, incentivo, conversas durante os bons e
maus momentos;
À toda minha família, pelos ensinamentos, apoio, carinho, respeito e por sempre estarem
torcendo por mim;
Aos colegas e amigos que fiz, em especial, Tayrone, Magno, Vanessa, Rafael, Kaick,
Atawalpa, Jonathas, Carlos, Jéssica, Marcelo, Márcia, Juliana, Eudes e João pela amizade
construída, ajudas constantes, conversas, conselhos, apoio, incentivo, presença em todos os
momentos, pelas nossas confraternizações maravilhosas, por terem me escutado, confortado e
estarem presentes em todos os momentos da minha vida, tornando a vida acadêmica muito
mais divertida. Agradeço também por terem me ajudado sempre que precisei;
Ao meu orientador, professor Natanael Takeo, pela paciência, competência, ensinamentos,
dedicação, credibilidade e compreensão, que foram indispensáveis para concretização desta
monografia;
A todos os professores que tive na graduação, pela contribuição na minha formação
acadêmica e no meu aprendizado;
A Glaudiane, Adalberto e funcionários do GETRAN (Gerência de Trânsito) que ajudaram
para que este trabalho pudesse ser concretizado;
O Milton, Danilo, Rafael, Audeiza e todos os bolsistas do LES que estavam sempre dispostos
a auxiliarem, permitindo a elaboração das imagens dos apartamentos.
Por fim, agradeço a todas as pessoas que acreditaram e contribuíram, ainda que indiretamente,
para a conclusão do curso.
RESUMO
A Arquitetura Inclusiva trata de uma nova forma de visão em que são planejadas moradias,
objetos, equipamentos etc. que atendem a diversidade humana e geram acessibilidade a todos.
E para que ela seja implementada são utilizados os conceitos do Desenho Universal. Assim
este trabalho foca na analise dos princípios e dos principais parâmetros que podem ser
utilizados para o desenvolvimento de um apartamento adaptável, comparando este com um
apartamento convencional. Ambos os apartamentos foram desenvolvidos com o auxílio do
programa Revit Architecture, da Autodesk, que proporcionou a elaboração de plantas baixas,
cortes, além de imagens em 3D que ajudaram a melhor visualização e facilitaram as mudanças
realizadas no projeto. Após a realização das modificações para que o apartamento atendesse
aos princípios do Desenho Universal, foi feito o comparativo entre os apartamentos, tendo
sido avaliado a relação entre as dimensões dos cômodos, dimensões dos móveis e posições
dos móveis. Também foram feitas tabelas, através do Revit, para elaboração de uma
estimativa de custos e, consequentemente, uma análise quantitativa referente ao custo dos
apartamentos. Através dos resultados comprovou-se a viabilidade em se construir moradias
que atendam os princípios do Desenho Universal, em substituição a moradias comuns, dentro
de um padrão, sem grandes mudanças interiores e nenhuma mudança exterior.
Palavras chave: Desenho; apartamento; acessível; Revit.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Planta baixa do apartamento convencional .............................................................. 22
Figura 2 - Dimensões referenciais para deslocamento de pessoa em pé .................................. 24
Figura 3 - Dimensões referenciais às medidas de uma cadeira de rodas .................................. 25
Figura 4 - Dimensão do módulo de referência ......................................................................... 25
Figura 5 - Largura para deslocamento de pessoa em cadeira de rodas ..................................... 26
Figura 6 - Área referente a manobras sem deslocamento ......................................................... 27
Figura 7 - Área de manobras em cadeira de rodas com deslocamento..................................... 27
Figura 8 - Área de manobra em cadeira de rodas com deslocamento ...................................... 27
Figura 9 - Área de transferência lateral, perpendicular e diagonal ........................................... 28
Figura 10 - Exemplo de área de aproximação .......................................................................... 29
Figura 11 - Alcance manual frontal - Pessoa em pé ................................................................. 30
Figura 12 - Alcance manual frontal - Pessoa sentada ............................................................... 30
Figura 13 - Alcance manual lateral - Pessoa sentada ............................................................... 30
Figura 14 - Alcance manual com superfície de trabalho - Pessoa em cadeira de rodas ........... 31
Figura 15 - Superfície de trabalho ............................................................................................ 31
Figura 16 - Alcance visual - Pessoa em pé ............................................................................... 32
Figura 17 - Alcance visual - Pessoa sentada............................................................................. 33
Figura 18 - Alcance visual - Pessoa em cadeira de rodas ......................................................... 33
Figura 19 - Croqui - Dimensionamento do apartamento adaptável .......................................... 35
Figura 20 - Configuração do apartamento adaptável................................................................ 37
Figura 21 - Quarto de casal adaptável ...................................................................................... 38
Figura 22 - Espaço com raio de giro de 180º destacado em verde ........................................... 39
Figura 23 - Espaço para módulos de referência em vermelho ................................................. 39
Figura 24 - Raio de giro de 360º destacado pelo circulo em azul ............................................ 40
Figura 25 - Quarto de casal convencional - Dimensões dos móveis ........................................ 41
Figura 26 - Quarto de casal adaptável - Dimensões dos móveis .............................................. 41
Figura 27 - Quarto de casal convencional - Distância do peitoril da janela ............................. 42
Figura 28 - Quarto de casal adaptável - Distância do peitoril da janela ................................... 43
Figura 29 - Quarto de solteiro adaptável .................................................................................. 44
Figura 30 - Módulos de referência do quarto adaptável, em vermelho. ................................... 44
Figura 31 - Raio de giro de 360º do quarto adaptável (destacado pelo circulo) ....................... 45
Figura 32 - Quarto de solteiro convencional - Dimensionamento dos móveis ........................ 46
Figura 33 - Quarto de solteiro adaptável - Dimensionamento dos móveis .............................. 46
Figura 34 - Quarto de solteiro convencional - Dimensionamento da mesa do computador .... 47
Figura 35 - Quarto de solteiro adaptável - Dimensões referentes à mesa do computador ....... 48
Figura 36 - Medidas necessárias para área de trabalho ............................................................ 48
Figura 37 - banheiro adaptável ................................................................................................. 49
Figura 38 - Módulo de referência do banheiro adaptável em vermelho ................................... 50
Figura 39 - Raio de giro de 360º do banheiro adaptável mostrado pelo circulo azul ............... 50
Figura 40 – Banheiro convencional - corte com cotas ............................................................. 52
Figura 41 - Banheiro adaptável - corte com cotas .................................................................... 52
Figura 42 - Banheiro adaptável - Corte com modificações ...................................................... 53
Figura 43 - Módulos de referência da cozinha adaptável ......................................................... 54
Figura 44 - Raio de giro de 360º na cozinha adaptável ............................................................ 55
Figura 45 - Cozinha convencional - Corte com dimensões ...................................................... 55
Figura 46 - Cozinha adaptada - Corte com dimensões ............................................................. 56
Figura 47 - Sala adaptável ........................................................................................................ 57
Figura 48 - Módulos de referência na sala adaptável ............................................................... 57
Figura 49 - Raio de giro de 360º na sala adaptada ................................................................... 58
Figura 50 - Sala convencional - Dimensão do sofá .................................................................. 59
Figura 51 - Sala adaptável - Dimensão do sofá ........................................................................ 59
Figura 52 - Sala adaptável - Medidas da janela ........................................................................ 60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Estimativa de custos de materiais para o apartamento convencional ...................... 62
Tabela 2 - Estimativa de custos de materiais para o apartamento adaptável ............................ 62
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 12
2.1 OBJETIVOS GERAIS ...................................................................................................... 12
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 12
3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 12
3.1 DESENHO UNIVERSAL ................................................................................................. 13
3.1.1 Histórico ......................................................................................................................... 13
3.1.2 Sete princípios do desenho universal ........................................................................... 15
3.1.2.1 Uso equitativo ............................................................................................................... 15
3.1.2.2 Flexibilidade no uso ...................................................................................................... 16
3.1.2.3 Uso simples e intuitivo ................................................................................................. 16
3.1.2.4 Informação perceptível ................................................................................................. 16
3.1.2.5 Tolerância ao erro ......................................................................................................... 17
3.1.2.6 Baixo esforço físico ...................................................................................................... 17
3.1.2.7 Tamanho e espaço para aproximação e uso .................................................................. 17
3.2 LEGISLAÇÃO REFERENTE AO DESENHO UNIVERSAL NO BRASIL .................. 18
3.2.1 A NBR 9050 de 2004 – informações relevantes .......................................................... 19
3.3 PLATAFORMA BIM ....................................................................................................... 20
4. METODOLOGIA .............................................................................................................. 20
4.1 PROJETO DO APARTAMENTO CONVENCIONAL ................................................... 21
4.1.1 Requisitos definidos ...................................................................................................... 21
4.2 PROJETO CONCEITUAL DO APARTAMENTO ADAPTÁVEL ................................ 23
4.2.1 Levantamento dos requisitos ........................................................................................ 23
4.2.1.1 Pessoas em pé ............................................................................................................... 24
4.2.1.2 Pessoas em cadeiras de rodas........................................................................................ 25
4.2.1.3 Área de circulação ........................................................................................................ 26
4.2.1.4 Área de transferência .................................................................................................... 28
4.2.1.5 Área de aproximação .................................................................................................... 29
4.2.1.6 Alcance manual............................................................................................................. 29
4.2.1.7 Superfície de trabalho ................................................................................................... 31
4.2.1.8 Ângulo de alcance visual .............................................................................................. 32
4.2.2 Projeto preliminar ......................................................................................................... 34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 37
5.1 ESTIMATIVA DE CUSTOS ............................................................................................ 61
5.2 BIM.................................................................................................................................... 64
6. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 66
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 68
11
1. INTRODUÇÃO
Inúmeros brasileiros enfrentam, diariamente, dificuldades de acesso aos mais diversos
locais, seja dentro de casa ou em ambientes públicos e privados. Precisam, na maioria das
vezes, da ajuda de terceiros para que possam desenvolver suas atividades.
Corrobora para isso o fato de que, cerca de 24,6 milhões de pessoas são portadoras de
algum tipo de deficiência ou incapacidade (IBGE, 2012). Esse valor corresponde a
aproximadamente 14,5% da população brasileira. Dentre os que pertencem a esse grupo,
encontram-se pessoas com deficiência mental, física, motora, visual, auditiva, entre outras.
Para atender não apenas essa considerável parcela da população, mas também
qualquer outra pessoa que possa vir a apresentar algum tipo de limitação durante algum
estágio da vida, foram criados os conceitos do Desenho Universal.
Assim, este trabalho irá apresentar, com o auxilio de uma ferramenta BIM (Building
Imformation Modeling), como esses conceitos podem ser aplicados em apartamentos para a
obtenção de um ambiente acessível que possa atender às necessidades do morador por toda
vida.
A BIM é uma ferramenta de desenvolvimento que vem ganhando destaque no
mercado internacional. É aplicada na construção de conceitos orientados a objeto e sua
modelagem é considerada em 5D, pois, ao mesmo tempo que trabalha com a modelagem
espacial em 3D, trabalha tanto com a incorporação e o acompanhamento de dados em tempo
real, como também com a quantificação de dados colhidos durante todo o processo produtivo
e seus valores orçamentários (ENGWORKS, 2013).
12
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVOS GERAIS
O presente trabalho teve por objetivo geral estudar e analisar como os conceitos do
Desenho Universal podem ser utilizados para a construção de apartamentos que atendam
pessoas com qualquer tipo de incapacidade ou limitação, de qualquer faixa etária e, ao mesmo
tempo, proporcionando maior conforto, qualidade e segurança aos moradores.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Em relação aos objetivos específicos, foi utilizada uma revisão bibliográfica sobre os
conceitos do Desenho Universal e uma construção de parâmetros que servissem como pré-
requisitos para elaboração de um projeto de uma moradia adaptável. Também foi
desenvolvido um projeto conceitual de um apartamento adaptável utilizando as ferramentas
CAD (computer-aided design) e BIM. Por fim, foram apresentadas comparações qualitativas
e quantitativas entre o projeto do apartamento adaptável e de um convencional (elaborado
durante o trabalho), mostrando as vantagens da utilização do processo BIM.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
Para o desenvolvimento do projeto, foi necessário o conhecimento sobre o conceito de
Desenho Universal. Isto permitiu entende-lo, saber como está dividido e como iria auxiliar
para uma melhor qualidade de vida. Também foi necessário o conhecimento sobre a
plataforma BIM utilizada, pois esta serviu como ferramenta principal para o desenvolvimento
do estudo em questão.
13
3.1 DESENHO UNIVERSAL
Durante os estágios da vida, todas as pessoas passam por mudanças, sejam elas
significativas ou não. Quando crianças, por exemplo, suas dimensões reduzidas impedem a
manipulação de produtos e acesso a determinados locais, seja devido a questões de segurança,
ou simplesmente pelo fato de a criança não ter sido pensada como mais um usuário. Durante a
fase adulta, podem ser encontradas diversas situações temporárias que impedem a perfeita
interação com o ambiente (fratura de algum membro, torcicolo, transporte de cargas pesadas,
gravidez, entre outros).
Em meio a esse contexto que surge o Desenho Universal, com o objetivo de elaborar
projetos para espaços privados, públicos e comuns que possam atender todos os tipos de
pessoas e por toda a vida. Porém, por tratar-se de um conceito recente, muitas vezes é
confundido simplesmente como acessibilidade a deficientes (SCHWARZ e HABER, 2009).
Uma ideia errônea, já que abrange uma maior quantidade de pessoas, como: pessoas
com deficiência auditiva ou visual, tanto temporária, quanto permanente; pessoas de qualquer
faixa etária; pessoas com mobilidade reduzida, temporária ou permanente etc. Sendo assim, o
estudo e o melhor conhecimento desse conceito são importantes para que o mesmo possa ser
aplicado de maneira correta e eficiente.
O objetivo do Desenho Universal é assegurar que não sejam necessários ambientes ou
produtos específicos para pessoas com deficiência, mas que todos possam usufruir com
segurança tanto dos produtos disponibilizados, como dos ambientes nos quais estão inseridos.
Sendo assim, a meta do Desenho Universal, de acordo com Carletto (2013) “É que
qualquer ambiente ou produto poderá ser alcançado, manipulado e usado, independentemente
do tamanho do corpo do indivíduo, sua postura ou sua mobilidade”.
3.1.1 Histórico
O termo Desenho Universal surgiu após a Revolução Industrial, quando começou a
aparecer o questionamento a respeito da massificação dos processos produtivos. Um dos
questionamentos proposto por Carletto (2013) era “Por que criamos ambientes à revelia das
14
necessidades reais do usuário? Por que estruturamos um modelo de massa que iguala o que
não é igual – ou seja, nós mesmos?”.
Essa necessidade de desenvolver modelos (sejam prédios, infraestruturas urbanas,
moradias e até mesmo produtos de uso no dia-a-dia) que fossem projetados e pensados para
proporcionar conforto e facilitar a vida das pessoas independentemente de suas condições
particulares, fez com que países como Japão, EUA e nações europeias se reunissem na Suécia,
em 1961. O objetivo era reestruturar o conceito de padrão, tendo como base a constatação de
que produtos que abrangessem a maior quantidade possível de pessoas eram melhores que
aqueles que restringissem o seu uso (AZEVEDO, 2012).
Em 1963 foi criada a Barrier Free Design, em Washington, uma comissão que tinha
como objetivo discutir a respeito de desenhos de equipamentos, áreas urbanas e edifícios que
fossem adequados para a utilização por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida
(AZEVEDO, 2012).
Esse conceito continuou se difundindo pelos países até ser abordado mais
profundamente pelos Estados Unidos, passando a se chamar Universal Design (Desenho
Universal). Esse novo conceito se espalhou por profissionais da área de arquitetura e passou a
ser utilizado na elaboração e construção de projetos para ambientes e produtos que facilitem a
vida das pessoas, independente do público-alvo (pessoas com mobilidade reduzida,
cadeirantes, deficientes sensoriais, deficientes cognitivos etc.), sem necessidade de adaptação
ou projetos especializados para pessoas com deficiência.
Ron Mace, arquiteto norte americano, foi o primeiro a utilizar esse termo em 1985. Ele
tinha como objetivo atender tanto deficientes (neste caso, entende-se por deficiente toda e
qualquer pessoa que apresente algum tipo de dificuldade para interagir eficientemente e de
forma autônoma com ambiente no qual se encontra), quanto arquitetos, engenheiros,
urbanistas e designers que desejavam elaborar projetos que fossem mais democráticos e
pudessem ser aplicados em diversos produtos consumidos diariamente, nos espaços públicos,
nas moradias, nos meios de transporte, nos locais de trabalho e nos meios de comunicação
(ZAGO, 2011).
Com o passar dos anos, os estudos sobre o Desenho Universal foram aprofundados.
Fez-se necessária a elaboração de resoluções e legislações. Surgiu, em 1996, o Conceito
Europeu de Acessibilidade, atualizado em novembro de 2003. Tal conceito foi traduzido e
passou a ser utilizado por diversos países (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO,
2010, p. 22).
15
Já no Brasil, essa ideia só veio chegar em 1980 e foi ganhando, aos poucos, sua
importância. Passou a ser normatizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), naquela que foi a primeira norma referente à acessibilidade elaborada no país: a
NBR 9050, 2004. Esta passou por três revisões, sendo a última em 2008, e é utilizada até hoje
(GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2010, p. 24).
3.1.2 Sete princípios do desenho universal
O arquiteto americano Ron Mace, que usava cadeira de rodas e respirava com auxilio
de aparelhos, foi o primeiro a utilizar a terminologia Universal Design e que viu a
necessidade do desenvolvimento de parâmetros que pudessem ser seguidos mundialmente no
projeto de produtos e ambientes.
Esses parâmetros foram desenvolvidos, em 1997, por peritos do Centro de
Desenvolvimento Universal da Universidade da Carolina do Norte e tinha como função
permitir “A concepção de produtos e ambientes utilizáveis, sem adaptação, por todas as
pessoas, no maior grau possível” (CRPG, 2008).
Foram desenvolvidos 7 (sete) princípios do Desenho Universal. São eles:
Uso equitativo;
Flexibilidade no uso;
Uso simples e intuitivo;
Informação perceptível;
Tolerância ao erro;
Baixo esforço físico;
Tamanho e espaço para aproximação e uso.
3.1.2.1 Uso equitativo
Corresponde à utilização de produtos e ambientes por pessoas com diversas
capacidades. Isso significa: proporcionar aos usuários uma utilização idêntica ou uma
16
equivalente; evitar o isolamento de qualquer usuário; proporcionar privacidade, proteção e
segurança a todos os utilizadores; e tornar o espaço e equipamentos utilizáveis por todos
(CRPG, 2008).
3.1.2.2 Flexibilidade no uso
Trata-se de acomodar as preferências e capacidades de todos os usuários. Para isso, é
necessário: escolher a forma de utilização; acomodar o acesso e o uso destro ou canhoto;
facilitar a exatidão e a precisão do utilizador; e garantir adaptabilidade ao ritmo do utilizador
(CRPG, 2008).
3.1.2.3 Uso simples e intuitivo
Princípio que facilita a compreensão, independentemente da experiência, do
conhecimento, das capacidades linguísticas ou do nível de concentração do utilizador. Para
isso, devem ser eliminadas complexidades desnecessárias; os projetos devem ser coerentes
com as expectativas e a intuição do utilizador; deve ser acomodada uma grande quantidade de
capacidades linguísticas e níveis de instrução; as informações devem ser organizadas de
acordo com sua ordem de importância; e deve haver garantia de respostas efetivas durante e
após a execução de tarefas (CRPG, 2008).
3.1.2.4 Informação perceptível
Significa transmitir a informação necessária ao utilizador de forma eficiente,
independentemente de suas capacidades ou condições ambientais. Para tanto, podem ser
utilizados vários meios de comunicação (símbolos, informações sonoras, táteis, entre outras)
para a compreensão de usuários com dificuldades de audição, visão, cognição ou estrangeiros;
disponibilizar formas e objetos de comunicação com contraste adequado; disponibilizar com
17
clareza as informações essenciais; e tornar fácil o uso dos espaços e equipamentos (CRPG,
2008).
3.1.2.5 Tolerância ao erro
Consiste na minimização de riscos e consequências adversas evitando ações
acidentais. Para isso, devem ser tomadas medidas como: organizar os elementos de forma a
minimizar os erros e perigos, com os materiais mais utilizados sendo dispostos em locais mais
acessíveis, e os materiais perigosos, eliminados, isolados ou protegidos; informar por meio de
avisos a presença de perigo; considerar uma faixa segura para falhas; e desencorajar ações
individuais para situações que exigem vigilância (CRPG, 2008).
3.1.2.6 Baixo esforço físico
Confere a realização de tarefas de forma confortável, eficiente e com o mínimo de
fadiga. Este princípio permite ao utilizador manter uma posição neutra durante a execução de
tarefas; diminui operações repetitivas; e reduz esforços físicos (CRPG, 2008).
3.1.2.7 Tamanho e espaço para aproximação e uso
Corresponde ao dimensionamento dos espaços de modo que seja possível a
aproximação, o alcance, a manipulação e o uso, independentemente da postura, do tamanho
do corpo ou da mobilidade do utilizador. As providências necessárias são: um campo de visão
desimpedido para qualquer utilizador sentado ou em pé; alcance confortável a todos os
componentes de um produto; acomodação da variação no tamanho da mão ou da capacidade
de agarrar; e a adequação de espaços para os casos de ajuda técnica ou de assistência pessoal
(CRPG, 2008).
18
3.2 LEGISLAÇÃO REFERENTE AO DESENHO UNIVERSAL NO BRASIL
Com relação ao Desenho Universal, foram desenvolvidas normas e leis. As normas
têm função de especificação, determinação de parâmetros e métodos a serem seguidos. Já as
leis servem para obrigar o poder público e os cidadãos a seguirem essas especificações.
No Brasil, o Desenho Universal é especificado por meio da NBR 9050, criada em
1985, sendo revisada em 2004. Porém, esta norma só veio a receber força de lei em dezembro
de 2004, com a publicação do Decreto Federal 5.296 (CRPG, 2008).
O decreto define, em seu artigo 8º e inciso IX, o Desenho Universal como:
Concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender
simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características
antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável,
constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade
(PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2004).
Em relação à implementação desta definição, o artigo 10 deste mesmo Decreto
estabelece que:
A concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e urbanísticos
devem atender aos princípios do desenho universal, tendo como referências
básicas as normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a legislação
específica e as regras contidas neste Decreto (PRESIDÊNCIA DA
REPÚBLICA, 2004).
Portanto, o Desenho Universal é uma determinação que deve ser cumprida, garantindo
assim o direito de ir e vir de todos os cidadãos, com qualidade de vida independente de suas
características físicas ou sensoriais.
19
3.2.1 A NBR 9050 de 2004 – informações relevantes
A NBR 9050 é a principal norma responsável pela acessibilidade de pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida, idosos, obesos e gestantes. Ela atende todas as
disposições do Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana, o Brasil Acessível, lançado
pelo Ministério das Cidades para implementar o decreto nº 5.296 de 2004 (LIMA, 2006).
Como visto, essa norma é bem abrangente, atendendo uma grande quantidade de
pessoas, e não apenas cadeirantes, como alguns pensam. Em relação aos objetivos da NBR
9050, a norma deixa clara que visa:
Proporcionar maior quantidade possível de pessoas, independentemente de
idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de
maneira autônoma e segura do ambiente, edificação, mobilidade,
equipamentos urbanos e elementos (ABNT, 2004).
A NBR 9050 surgiu no Brasil, inicialmente com o título: “Acessibilidade de pessoas
portadoras de deficiências a edificações, espaços mobiliários e equipamentos urbanos”.
Posteriormente, foi realizada uma revisão, em 2004, e seu título foi alterado para:
“Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”, mostrando a
amplitude dessa norma para qualquer pessoa e não apenas para deficientes (FROTA, 2010). A
última revisão foi realizada em 2008, apresentando algumas modificações relacionadas a
banheiros (ABNT NBR 9050, 2008).
Essa norma, juntamente com as práticas do Desenho Universal, tem o intuito de
proporcionar não apenas o livre acesso, mas também a utilização e a percepção de maneira
indiscriminada e menos diferenciada possível. A mesma estabelece critérios de
dimensionamentos, equipamentos, procedimentos, dentre outros, levando em consideração as
diferenças presentes na população de modo a viabilizar o seu objetivo de acessibilidade
(TAVARES, 2011).
20
3.3 PLATAFORMA BIM
A Modelagem de Informação da Construção (Building Information Modeling – BIM)
corresponde a um termo que foi popularizado por Jarry Laiserin. Essa modelagem permite
que um banco de dados com todas as informações da obra seja armazenado em um único
arquivo, tornando esses dados acessíveis para toda a equipe participante da construção
(ARQUITETURA UNIMAR, 2011).
A BIM é uma ferramenta de desenvolvimento de construção criada em um software de
modelagem orientado a objetos, que trabalha em 5D. O termo 5D refere-se às dimensões
atuais da BIM: o espaço é considerado a terceira dimensão (3D) ; a quarta dimensão (4D) é o
tempo; e a quinta dimensão (5D) é o custo.
A partir do momento em que esse modelo é criado, pode ser usado para ajudar em
tarefas de desenho, construção e operação. Ainda é utilizado como ferramenta de
comunicação. A BIM é uma tecnologia digital aplicada na concepção e produção de
Arquitetura, Engenharia e Construção – AEC (ENGWORKS, 2013).
A ferramenta de desenvolvimento BIM está cada vez mais ganhando espaço no
mercado internacional. Pois sua capacidade de trabalhar com o conceito orientado a objeto
permite que ao mesmo tempo em que é desenvolvida uma modelagem espacial, também possa
ser realizada a incorporação de dados novos ou a consulta de dados já existentes, como
também a quantificação de dados colhidos durante o processo produtivo e valores
orçamentários, tudo isso realizado em tempo real. (MARITZN, 2013).
4. METODOLOGIA
O estudo do Desenho Universal, bem como da NBR 9050 (Norma Brasileira referente
à acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos) serviu de norte
para a definição dos parâmetros e especificações a serem seguidas para a elaboração do
projeto conceitual de um apartamento adaptável, que atenda as necessidades de qualquer
morador que venha a habitar o ambiente.
Para isso, foram desenvolvidos dois projetos, um convencional e um adaptável, ambos
apresentando a mesma área externa. Assim, o apartamento convencional serviu como
21
referência, possibilitando uma observação mais clara sobre as mudanças realizadas, de acordo
com a norma, no apartamento adaptável, além de uma análise sobre a viabilidade de construir
apartamentos que seguem os princípios do Desenho Universal.
4.1 PROJETO DO APARTAMENTO CONVENCIONAL
Para que a análise das especificações e dimensionamentos adotados no projeto do
apartamento adaptável fosse realizada de maneia mais clara e eficiente possível, foi proposta,
inicialmente, a elaboração do projeto de um apartamento convencional. Este serviu como
referência comparativa para todas as modificações e adaptações realizadas no apartamento
adaptável. Sendo os mesmo construídos em uma mesma área total e formato externo.
O projeto foi realizado através do Revit que permitiu a realização de várias
modificações, nas dimensões das paredes e na locação dos cômodos, até que fosse obtida a
estrutura imaginada para o apartamento.
4.1.1 Requisitos definidos
Como mencionado anteriormente, um dos requisitos principais para elaboração dos
projetos é que a área de ocupação total do apartamento convensional seja a mesma do
apartamento adaptável: o valor atribuído foi de aproximadamente 72,17 m². Outro requisito
para o desenvolvimento do projeto foi a definição da quantidade de cômodos presentes no
apartamento. Assim, foram definidos 6 (seis) cômodos, constando de:
01 (um) quarto de casal com 13,25 m²;
02 (dois) quartos de solteiro, 01 (um) com 10,30 m² e o outro com 7,91 m²;
01 (um) banheiro com 5,01 m²;
01 (uma) sala integrada à sala de jantar com 12,63 m²;
01 (uma) cozinha integrada à área de serviço com 11,15 m²;
01 (um) corredor com 2,93 m².
22
Os móveis utilizados em cada cômodo foram: no quarto de casal – 01 (uma) cama, 02
(dois) criados-mudos e 01 (um) guarda-roupa; em ambos os quartos de solteiro – 01 (uma)
cama de solteiro, 01 (um) criado-mudo e 01 (guarda-roupa); na sala – 01 (um) sofá de dois
lugares, 01 (uma) luminária de pé, 01 (uma) cadeira, 01 (uma) mesa de centro, 01 (uma) TV
LCD e uma mesa de jantar com 04 (quatro) lugares; na cozinha – 01 (um) armário com pia e
fogão integrados, 01 (uma geladeira), 01 (uma) máquina de lavar roupas e 01 (um) tanque
também para lavar roupas. Na figura 1 é possível encontrar a planta baixa com o
dimensionamento dos cômodos.
Figura 1 - Planta baixa do apartamento convencional
23
4.2 PROJETO CONCEITUAL DO APARTAMENTO ADAPTÁVEL
O projeto conceitual foi à fase do projeto onde foram especificados os requisitos que o
produto deveria atender, suas funções e a importância de cada item.
Sabendo que as pessoas tendem a permanecer por muitos anos em suas moradias,
torna-se conveniente que essas casas sejam adaptáveis e consigam atentar para as novas
necessidades que forem aparecendo no decorrer do tempo, até mesmo no caso em que a casa
passa a ter outros moradores.
O projeto conceitual atendeu as especificações do desenho universal, de modo que
pudesse ser elaborado um ambiente totalmente acessível, com flexibilidade, boa circulação e
de fácil alcance para que qualquer tipo de pessoa, independente de sua faixa etária ou
limitação, (temporária ou permanente), pudesse interagir perfeitamente com o ambiente,
utilizando de maneira segura e confortável todos os objetos, móveis e compartimentos de sua
moradia.
O apartamento foi desenvolvido de forma que todos os cômodos fossem flexíveis, com
espaço suficiente para a circulação de pessoas com cadeira de rodas, andadores, com tomadas
e torneiras posicionadas de maneira adequada e em alturas que facilitassem o acesso etc.
Assim, tratou-se do modelo de um projeto que permitisse acompanhar as pessoas ao longo de
toda a vida, atendendo desde crianças até idosos e incluindo também pessoas com algum tipo
de limitação, como gestantes, cadeirantes, bem como os casos em que alguém precisasse
transportar algum tipo de carga pesada que limitasse seus movimentos ou campo de visão.
4.2.1 Levantamento dos requisitos
O desenho universal estabelece alguns parâmetros a serem seguidos para que possa ser
proporcionada maior comodidade aos moradores de uma residência, permitindo interagir de
maneira mais eficiente e adequada possível com o meio. Todas as dimensões utilizadas no
desenvolvimento do projeto conceitual foram estabelecidas pela norma brasileira responsável
pela acessibilidade à edificação, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos – NBR 9050.
24
Um dos parâmetros seguido foi o antropométrico que especifica diversas medidas, que
variam de acordo com a posição e condição em que a pessoa se encontra. Dentre elas,
encontram-se parâmetros relacionados: à posição das pessoas; às áreas de circulação,
transferência e aproximação; às superfícies de trabalho; e ao alcance visual.
4.2.1.1 Pessoas em pé
A locomoção de pessoas em pé pode ser apresentada de diversas maneiras. O caso
mais comum é quando a pessoa permanece em pé sem a necessidade de auxílio, porém
existem casos em que é necessária a utilização de equipamentos que ajudam a ficar em pé.
Estes, por sua vez, podem ser uma ou duas bengalas, andadores, muletas, apoios (para o caso
de pessoas com alguma dificuldade de locomoção temporária ou permanente), bengalas de
rastreamento (para pessoas que apresentam limitação visual parcial ou total), além de
utilização de cão guia (também para pessoas com limitação visual), de acordo com a figura 2.
Figura 2 - Dimensões referenciais para deslocamento de pessoa em pé
Fonte: NBR 9050
25
4.2.1.2 Pessoas em cadeiras de rodas
Em relação a pessoas em cadeiras de rodas, foram levadas em consideração as
dimensões da cadeira, pois esta deve ser analisada na hora de dimensionar os espaços de
circulação. A cadeira de rodas tem seu peso variando de 12 kg a 20 kg e pode apresentar as
seguintes dimensões referentes às suas vistas, como ilustrado na figura 3.
Figura 3 - Dimensões referenciais às medidas de uma cadeira de rodas
Fonte: NBR 9050
Levando-se em consideração essas dimensões, foi definido um módulo de referência,
mostrado na figura 4, com 0,80 m x 1,20 m necessário para ser ocupada por uma pessoa
utilizando uma cadeira de rodas.
Figura 4 - Dimensão do módulo de referência
FONTE: NBR 9050
26
4.2.1.3 Área de circulação
Corresponde à área necessária para a circulação de pessoas em um local. Para isso,
foram levadas em consideração as dimensões necessárias para o deslocamento em linha reta
de pessoas em cadeiras de rodas de acordo com a figura 5.
Figura 5 - Largura para deslocamento de pessoa em cadeira de rodas
Fonte: NBR 9050
Também em relação à área de circulação foram analisados os espaços necessários para
a realização de manobras em cadeiras de rodas. Haja vista que podem ser realizadas manobras
sem deslocamento (onde a cadeira gira em relação ao seu próprio eixo), como na figura 6, e
com deslocamentos (quando é necessário um espaço a mais para que a cadeira possa efetuar o
seu giro), como na figura 7 e na figura 8 (deslocamentos consecutivos).
27
Figura 6 - Área referente a manobras sem deslocamento
Fonte: NBR 9050
Figura 7 - Área de manobras em cadeira de rodas com deslocamento
Fonte: NBR 9050
Figura 8 - Área de manobra em cadeira de rodas com deslocamento
Fonte: NBR 9050
28
4.2.1.4 Área de transferência
Para que móveis, como cama, sofá, cadeiras etc. pudessem ser usados de forma
independente, foi considerado outro parâmetro: a área de transferência. Esta permitiu que um
cadeirante, por exemplo, pudesse se transportar da sua cadeira de rodas para algum assento,
sem maiores dificuldades.
Para que esse parâmetro fosse atendido, foram: estabelecidas condições de
deslocamento e de manobra para posicionamento próximo ao local de transferência;
instaladas, de preferência, barras de apoio para auxiliar a transferência; garantidas que a
alturas do local para o qual se deseja fazer a manobra fosse próxima à altura da cadeira de
rodas; e por último obtido os ângulos de alcance que permitissem a execução da transferência.
A área de transferência pode ser de transferência lateral, de transferência perpendicular
e de transferência diagonal, como apresentado na figura 9.
Figura 9 - Área de transferência lateral, perpendicular e diagonal
Fonte: NBR 9050
29
4.2.1.5 Área de aproximação
Foi considerado como área sem obstáculos que permitisse o usuário deslocar-se,
aproximar-se e utilizar um mobiliário ou algum elemento com autonomia e segurança. Para
isso, foi garantido o posicionamento tanto lateral, quanto frontal da área definida pelo módulo
de referência de acordo com a figura 10.
Figura 10 - Exemplo de área de aproximação
Fonte: NBR 9050
4.2.1.6 Alcance manual
Os valores de alcance manual referiram-se a dimensões máximas e mínimas com as
quais uma pessoa necessita para manusear móveis, equipamentos ou dispositivos que
possibilitam um uso confortável e seguro. Os tipos de alcance manuais considerados foram:
em relação à pessoa em pé, como na figura 11; à pessoa sentada, de acordo com a figura 12; e
alcance manual lateral, como na figura 13.
30
Figura 11 - Alcance manual frontal - Pessoa em pé
Fonte: NBR 9050
Figura 12 - Alcance manual frontal - Pessoa sentada
Fonte: NBR 9050
Figura 13 - Alcance manual lateral - Pessoa sentada
Fonte: NBR 9050
31
4.2.1.7 Superfície de trabalho
As superfícies de trabalho também apresentaram dimensões que proporcionassem
maior conforto durante o tempo de execução da atividade. Essas dimensões foram
relacionadas ao alcance manual frontal com superfície de trabalho, como na figura 14. E as
dimensões necessárias em uma área de trabalho propriamente dita, de acordo com a figura 15.
Figura 14 - Alcance manual com superfície de trabalho - Pessoa em cadeira
de rodas
Fonte: NBR 9050
Figura 15 - Superfície de trabalho
Fonte: NBR 9050
32
Falando ainda sobre alcance manual, podem ser encontrados outros parâmetros, como:
ângulos para execução de forças de tração e compressão; medidas relacionadas a dimensões e
posições de empunhadores (corrimão e barras de apoio); além de dimensões e posições para
controles e comandos.
4.2.1.8 Ângulo de alcance visual
Dependendo da posição em que a pessoa se encontre, foram encontrados ângulos de
visão para cada caso. Entre eles, pôde ser definido o alcance visual para pessoa em pé como
na figura 16, sentada como na figura 17 ou em cadeiras de rodas de acordo como a figura 18.
Figura 16 - Alcance visual - Pessoa em pé
Fonte: NBR 9050
33
Figura 17 - Alcance visual - Pessoa sentada
Fonte: NBR 9050
Figura 18 - Alcance visual - Pessoa em cadeira de rodas
Fonte: NBR 9050
34
Além dos requisitos referentes aos parâmetros antropométricos (como a boa
circulação, o uso de objetos de forma a realizar pouco esforço etc.) outro requisito,
considerado básico e necessário ao desenvolvimento do projeto, foi encontrar uma solução
para que ambos os apartamentos pudessem ser projetados em uma mesma área total de
ocupação, de modo que, ao final do trabalho, pudesse ser analisada uma possível viabilidade,
ou não, na construção de apartamentos adaptáveis em substituição a apartamentos
convencionais.
4.2.2 Projeto preliminar
Nessa fase, os requisitos levantados no projeto conceitual foram unidos no desenho
preliminar do produto, na construção civil, essa forma preliminar é chamada croqui e foi
também nesta fase que os requisitos foram verificados e as mudanças, quando necessárias,
foram feitas.
A elaboração do projeto foi realizada em 05 (cinco) etapas: o estudo dos parâmetros
antropométricos; o dimensionamento e locação dos cômodos; o posicionamento do
mobiliário; o estudo das dimensões necessárias em móveis para cada tipo de limitação; e as
modificações nas dimensões e configurações dos móveis para permitir maior segurança e
conforto no uso.
Durante a primeira fase do projeto, referente aos parâmetros antropométricos, foi
realizado o estudo em relação ao deslocamento de pessoas em pé, em pé com algum
equipamento que auxilie o movimento e em cadeira de rodas. Foram analisados também os
módulos de referência necessários às áreas de circulação, áreas de transferência e de
aproximação, além das dimensões necessárias ao alcance manual de pessoas nas mais
variadas posições, do ângulo de visão etc.
Essas especificações foram de fundamental importância durante a segunda fase da
elaboração do projeto, pois, através desses parâmetros antropométricos, foi possível
dimensionar os cômodos para que eles tivessem uma boa área de circulação. Lembrando que
um dos critérios levados em consideração na hora de iniciar o projeto adaptável foi que este
apresentasse a mesma área total de ocupação do apartamento convencional (que está servindo
como ponto de referência e comparação).
35
Ainda na segunda etapa, as medidas dos móveis que foram usados no apartamento
convencional funcionaram como base para ajudar na locação e dimensionamento dos
cômodos adaptáveis. Neste ponto do projeto, foram desenhados croquis com o objetivo de
encontrar a melhor maneira de posicionar as medidas dos móveis para que o espaço
disponível fosse aproveitado da maneira mais eficiente possível como mostra a figura 19.
Figura 19 - Croqui - Dimensionamento do apartamento adaptável
É evidente que cômodos adaptáveis precisariam ter tamanhos relativamente maiores
em relação aos convencionais. Esta constatação gerou problemas, pois se os apartamentos
continuassem com a mesma quantidade de cômodos, o adaptável ficaria com sua dimensão
total muito maior que o apartamento convencional. Portanto, para que o critério principal (os
dois apartamentos apresentassem a mesma área e ocupação total) fosse atendido, foi
36
necessária uma mudança na quantidade dos cômodos do apartamento adaptável, sendo que
este perdeu um dos quartos (ficando apenas com dois) e o espaço referente a esse cômodo foi
distribuído da maneira mais adequada.
A distribuição dos novos cômodos, no apartamento adaptável, foi realizada de modo a
conseguir espaços para uma boa circulação em todos os ambientes. Com o dimensionamento,
tentou-se obter pelo menos uma área de manobra de 360º em cada cômodo, além de módulos
de referência para aproximação dos móveis e áreas de manobra de 180º. Permitindo,
particularmente, aos cadeirantes uma melhor movimentação.
Na terceira etapa, o posicionamento dos mobiliários foi realizado locando os móveis
de maneira a manter um bom espaço de movimentação nos ambientes. É importante salientar
que, inicialmente, os móveis usados em ambos os apartamentos foram os mesmos, para que,
após a realização das modificações no apartamento adaptável, fosse facilitada a comparação e
a identificação das modificações realizadas nos ambientes.
Na quarta etapa, foram levantados dados, presentes na NBR 9050, necessários para
que móveis e dispositivos pudessem ser usados de maneira confortável por todos.
Na quinta e última etapa, esses dados foram usados para modificar os móveis
presentes no projeto, de modo que os mesmos ficassem acessíveis e seguros para todas as
pessoas.
Após a realização de todas as etapas conseguiu obter, através do Revit, o apartamento
adaptável com todas as especificações definidas anteriormente, como apresentado na figura
20.
37
Figura 20 - Configuração do apartamento adaptável
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a realização de todas as etapas, foi possível obter o projeto definitivo de um
apartamento adaptável que atendesse um grande numero de pessoas, independentemente de
suas diversidades. A seguir, serão detalhados todos os cômodos com suas respectivas
modificações.
38
QUARTO DE CASAL
O quarto de casal que apresentava 13,25 m² (no apartamento convencional) passou a
ter 14,22 m² (no apartamento adaptável). Com esse leve aumento no tamanho do cômodo foi
possível acomodar móveis como: uma cama de casal, um criado-mudo, um guarda-roupa e
um sofá (de um lugar), que pode auxiliar a calçar um sapato, por exemplo. É possível
observar parte da decoração do quanto na figura 21 a seguir.
Figura 21 - Quarto de casal adaptável
A locação dos móveis próximos às paredes permitiu a obtenção de um maior espaço
de movimentação no ambiente. Com essa disponibilização dos móveis foram obtidos os
seguintes espaços de circulação: área de manobra de 180º próximo à porta (módulo
representado em verde) como mostra a figura 22; um módulo de referência tanto no espaço
entre o guarda-roupa e o criado-mudo, como no espaço em frente ao sofá (representado pelos
retângulos em vermelho) como mostra a figura 23; já no espaço intermediário entre a cama e
o guarda-roupa conseguiu-se obter um raio de giro de 360º (circulo mostrado em azul)
ilustrado na figura 24.
39
Figura 22 - Espaço com raio de giro de 180º destacado em verde
Figura 23 - Espaço para módulos de referência em vermelho
40
Figura 24 - Raio de giro de 360º destacado pelo circulo em azul
As modificações feitas nos móveis foram determinadas pelas especificações presentes
na NBR 9050. Essas modificações foram as seguintes:
A altura da cama passou a ser de 45 cm, pois as dimensões entre 45 e 50 cm
permitem um maior conforto para se deitar e se levantar, sendo possível apoiar os pés no chão
quando sentado, evitando tonturas e proporciona maior apoio e segurança.
A altura do criado-mudo foi alterada para um valor 10 cm acima da altura da cama
e foi fixado no chão ou nas paredes para o caso de a pessoa precisar se apoiar ao levantar.
Outra modificação realizada no criado-mudo foi o arredondamento das bordas, a fim de
reduzir o número de acidentes provocado por quinas de móveis.
Ainda no quarto, foi colocada uma poltrona com assento a uma altura de 46 cm,
pois os valores entre 45 e 50 cm auxiliam a calçar meias ou sapatos.
A relação entre as modificações citadas acima, podem ser vista nas figuras 25 e 26
logo abaixo.
41
Figura 25 - Quarto de casal convencional - Dimensões dos móveis
Figura 26 - Quarto de casal adaptável - Dimensões dos móveis
42
Tanto a cama quanto a poltrona instalados no quarto de casal não podem ser muito
macios, devendo ser ao mesmo tempo firmes e confortáveis, pois ao sentar em assentos
macios, a pessoa irá “afundar”. Isso irá dificultar o apoio para se levantar e também irá
influenciar na postura do usuário, podendo causar dores.
Outra modificação realizada foi em relação à distância do peitoril da janela, pois
esta deve apresentar uma distância que proporcione um alcance visual adequado. Para isso, foi
utilizada uma distância referente a 60 cm do piso. Desse modo, um cadeirante ou uma criança,
por exemplo, também terá condições de desfrutar a paisagem. Na figura 27 é possível ver a
distância referente à janela do apartamento convencional, já a figura 28 mostra a janela do
apartamento adaptável.
Figura 27 - Quarto de casal convencional - Distância do peitoril da janela
43
Figura 28 - Quarto de casal adaptável - Distância do peitoril da janela
QUARTO DE SOLTEIRO
O quarto de solteiro adaptável teve uma área de 11,41 m², também sendo maior que a
área presente em cada um dois quartos de solteiro do apartamento convencional, que tinha
10,30 e 7,91 m². Nesse ambiente, foi possível locar 01 (um) guarda-roupa, 01 (uma) cama de
solteiro, 01 (uma) mesa de computador, com computador e cadeira e 01 (um) criado-mudo.
A disposição dos móveis, presentes no quarto, pode ser vista na figura 29.
44
Figura 29 - Quarto de solteiro adaptável
A disposição dos móveis no ambiente permitiu a obtenção de uma área ampla para
movimentação, com módulos de referência: ao lado da cama; e entre a mesa e o computador
como é possível observar na figura 30. Conseguiu-se também espaço para raio de giro de 360º
no centro do quarto mostrado na figura 31.
Figura 30 - Módulos de referência do quarto adaptável, em vermelho.
45
Figura 31 - Raio de giro de 360º do quarto adaptável (destacado pelo circulo)
No quarto de solteiro, foram feitas as seguintes modificações:
As modificações realizadas na cama e no criado-mudo foram as mesmas realizadas
para o quarto de casal: altura da cama com 45 cm e o criado-mudo com uma altura 10 cm
acima da cama. Além disso, o criado-mudo teve suas bordas arredondadas para maior
segurança do morador, em caso de acidentes.
As modificações citadas acima podem ser visualizadas nas imagens abaixo, o quarto
convencional na figura 32 e o quarto adaptável na figura 33.
46
Figura 32 - Quarto de solteiro convencional - Dimensionamento dos móveis
Figura 33 - Quarto de solteiro adaptável - Dimensionamento dos móveis
47
Na mesa usada para a colocação do computador foram usadas as dimensões
necessárias às superfícies de trabalho. Dentre as modificações, constam: uma altura livre de
no mínimo 0,73 m entre o piso e a superfície inferior da mesa; já na altura entre a superfície
superior da mesa e o piso que deveria estar entre os valores de 0,75 e 0,85 cm, foi usado um
valor de 78 cm no quarto adaptável, como mostram as figuras 34 (quarto convencional) e 35
(quarto adaptável).
Figura 34 - Quarto de solteiro convencional - Dimensionamento da mesa do
computador
48
Figura 35 - Quarto de solteiro adaptável - Dimensões referentes à mesa do computador
A figura 36, a seguir, mostra as dimensões necessárias em superfícies de trabalho.
Figura 36 - Medidas necessárias para área de trabalho
As dimensões A1 (1,50 m) e A2 (0,50 m) correspondem ao alcance máximo para
atividades eventuais; os valores de B1 (1,00 m) e B2 (0,50 m) correspondem ao alcance usado
para atividades sem necessidade de precisão; e, por último, as medidas correspondentes a C1
(0,35 m) e C2 (0,25 m) são equivalentes ao alcance para atividade por tempo prolongado.
49
Em relação à janela, foi realizada a mesma modificação do quarto de casal,
alterando a sua altura, em relação ao piso, para um valor que pudesse atender a um ângulo de
visão maior.
BANHEIRO
A área do banheiro adaptável foi ampliada passando de 5,01 m² (no apartamento
convencional) para uma área de 5,49 m². No banheiro, consta 01 (uma) pia com bancada
larga, 01 (um) vaso sanitário, 01 (um) chuveiro, 01 (um) assento para banho e 07 (sete) barras
de apoio para maior segurança. Como é mostrado na imagem 37.
Figura 37 - banheiro adaptável
No ambiente, a disposição adequada dos itens necessários ao banheiro permitiu obter
os espaços para a boa circulação. Os espaços utilizados para obter a circulação necessária
foram: áreas de aproximação frontal da pia; área de aproximação frontal e diagonal do vaso
sanitário; área de aproximação frontal, lateral e diagonal do assento para banho (mostradas na
figura 38); áreas suficientes para manobras de 180º e 360º (apresentada na figura 39); além de
área de manobra para sair e entrar de frente no local.
50
Figura 38 - Módulo de referência do banheiro adaptável em vermelho
Figura 39 - Raio de giro de 360º do banheiro adaptável mostrado pelo circulo azul
51
As modificações realizadas nos banheiro, para a maior comodidade do usuário, foram:
A distância da parte superior da pia até o piso passou de 75 cm (no apartamento
convencional) para uma altura de 80 cm, pois esse valor entre 80 e 85 cm permite uma maior
comodidade na hora de usar a pia. Além disso, o espaço livre na parte inferior da pia
possibilita a obtenção de uma área de aproximação frontal ao usuário.
Ainda em relação a pia, a posição da torneira foi alterada para a lateral da mesma.
Esta modificação associada ao dispositivo responsável por abrir/fechar a torneira (que pode
ser um dispositivo de alavanca ou célula fotoelétrica) permite o fácil manuseio e com menor
esforço possível.
Para uma maior segurança durante o uso, foi instalada uma barra de apoio ao redor
de toda a bancada da pia, proporcionando um apoio melhor durante a utilização da pia.
Em relação ao vaso sanitário, a altura do assento foi modificada de 40 cm (no
apartamento convencional) para 48 cm, pois com essa altura variando de 45 cm a 50 cm é
possível apoiar os pés no chão, proporcionando uma sensação de maior conforto e,
consequentemente, maior segurança.
Ainda em relação ao vaso, foram instaladas 04 (quatro) barras de apoio que são
usadas como função de apoio no momento de sentar e levantar do vaso.
A descarga do vaso também foi trocada. Inicialmente era composta por uma caixa
acoplada que acabava distanciando o vaso da parede e, consequentemente, dificultando a
utilização das barras como apoio. Foi instalada, então, uma válvula de descarga na parede.
Esta por sua vez apresenta o seu botão acionador com diâmetro de 2,54 cm², uma vez que a
norma especifica a dimensão mínima dos acionadores de pressão como sendo de 2,5 cm em
pelo menos uma de suas dimensões.
Nas imagens abaixo podem ser observadas as dimensões no banheiro convencional
(figura 40) e as do banheiro adaptável (figura 41).
52
Figura 40 – Banheiro convencional - corte com cotas
Figura 41 - Banheiro adaptável - corte com cotas
De preferência, o chuveiro deve apresentar disponibilidade para modificar de
posição. Abaixo do chuveiro, foi instalado um assento dobrável para o caso de o morador não
53
ter condições de passar muito tempo em pé e para ter um pouco mais de segurança, como
mostra a figura 42.
Figura 42 - Banheiro adaptável - Corte com modificações
Foi realizada também a instalação de barras de apoio no chuveiro, próximo ao vaso
sanitário e ao redor da pia. Essas barras devem ter seção circular com diâmetro entre 3,0 e 4,5
cm (no projeto foi usado um diâmetro de 3,7 cm) e devem estar afastadas da parede e de
outros obstáculos por uma distância mínima de 4,0 cm. As barras utilizadas no vaso sanitário
devem ser instaladas a 30 cm acima da tampa do vaso.
Além disso, o banheiro deve apresentar piso antiderrapante. Em caso de possuir
desnível, este não deve ser superior a 1,5 cm, e se o banheiro tiver box, deve ser feito com um
material resistente ou de plástico.
54
COZINHA
No apartamento convencional, a área correspondente ao espaço da cozinha e da área
de serviço era de 11,15 m²; já no apartamento adaptável, esse valor passou a ser de 11,59 m².
Nesse ambiente constam: 01 (uma) geladeira; 01 (um) armário com bancada, na qual está
acoplado o fogão, a pia de lavar louça e o tanque de lavar roupas; e 01 (uma) máquina de
lavar roupas.
Todos os móveis/eletrodomésticos utilizados na cozinha/área de serviço foram
disponibilizados próximos à parede, proporcionando um ambiente livre de obstáculos em seu
centro. Neste cômodo foi possível obter área de aproximação a todo o mobiliário, bem como a
possibilidade de alcance e manuseio dos dispositivos de manuseio e equipamentos presentes.
Conseguiu-se também área de aproximação lateral na geladeira, na máquina de lavar e no
local destinado ao armazenamento de utensílios de cozinha e alimentos. Em relação aos locais
em que é necessário um dispêndio maior de tempo para execução de tarefas (como é o caso do
fogão, pia e tanque de lavar roupa), foi disponibilizado um espaço entre o piso e a parte
inferior da bancada, possibilitando assim uma área de aproximação frontal como mostra a
figura 43. Consegue-se facilmente realizar um raio de giro de 360º no centro da cozinha,
possibilitando entrar e sair desse ambiente de frente, como é possível observar na imagem 44.
Figura 43 - Módulos de referência da cozinha adaptável
55
Figura 44 - Raio de giro de 360º na cozinha adaptável
Para o cômodo em questão foram realizadas as seguintes modificações:
A distância da parte superior da bancada até o piso foi modificada para 85 cm, pois
a partir desse valor máximo é possível obter uma facilidade de acesso e uso nos
equipamentos, utensílios ou dispositivos situados sobre a bancada. Como é possível perceber
a modificação na figura 45 (apartamento convencional) e na figura 46 (apartamento
adaptável).
Figura 45 - Cozinha convencional - Corte com dimensões
56
Figura 46 - Cozinha adaptada - Corte com dimensões
Sob o fogão, a pia e o tanque de lavar roupas, a bancada apresenta um espaço livre
entre sua parte inferior e o piso. Assim, foi possível obter espaços de aproximação frontal para
esses equipamentos.
Ainda referente à bancada, a mesma deve ser fabricada com material reforçado para
o caso de alguém precisar se apoiar nela (um idoso ou uma gestante passando mal, por
exemplo).
A torneira utilizada foi instalada ao lado da pia, para facilitar a sua utilização, e
apresenta um comando que não exige esforços para abrir/fechar.
Outra adequação seria a utilização de controles que fechem o gás quando a chama
se apaga, além de guardar objetos de uso frequente em locais de fácil acesso.
SALA
O ambiente da sala, de estar que se encontra integrada à sala de jantar, apresentava a
dimensão de 12,63 m² (no apartamento convencional), passando a apresentar 21,73 m². Nesse
ambiente, adcionou-se: 01 (um) sofá de dois lugares; 01 (um) sofá com um lugar; 01 (uma)
mesa de canto; 01 (uma) mesa de jantar com quatro cadeiras; 01 (um) rack; e 01 (uma) TV.
Como mostrado na figura 47.
57
Figura 47 - Sala adaptável
Após o dimensionamento dos cômodos dos quartos, banheiro e cozinha, restou uma
área ampla, na qual foi locada a sala de estar e de jantar. Este é um espaço totalmente livre de
obstáculos, apresenta área de transferência lateral em relação aos sofás, ao rack e às cadeiras
da mesa de jantar como é mostrado na imagem 48.
Figura 48 - Módulos de referência na sala adaptável
58
Logo na porta de entrada do apartamento conseguiu-se uma área de manobra de 360º,
possibilitando uma área de aproximação frontal da janela. No centro da sala também foi
possível obter espaço para área de manobra de 360º, permitindo que um cadeirante, por
exemplo, possa se locomover com facilidade ao cômodo que deseja ir. Como mostra a figura
49.
Figura 49 - Raio de giro de 360º na sala adaptada
No mobiliário das salas foram realizadas algumas modificações, como:
O assento dos sofás passou a apresentar altura máxima, em relação ao piso, de 50
cm (mostrado nas figuras 50 e 51), além de uma profundidade de 70 cm. Essas dimensões
associadas a assento não muito macio permite que o morador consiga se sentar com conforto.
59
Figura 50 - Sala convencional - Dimensão do sofá
Figura 51 - Sala adaptável - Dimensão do sofá
O rack que sustenta a TV deve estar devidamente fixado ao piso ou a parede, para
que o mesmo possa ser usado como apoio em caso de emergência.
60
A TV, bem como outros equipamentos eletrônicos, devem apresentar controles
remotos permitindo a execução de tarefas (como trocar o canal da TV) sem a necessidade de
sair do lugar.
A mesa de jantar dever possuir uma altura média de 75 cm, bordas arredondadas
para evitar acidentes, e cadeiras sem braço, permitindo sentar sem dificuldade de acordo com
a figura 50.
Em relação à janela, foi realizada a mesma modificação do quarto de casal e de
solteiro, alterando a sua altura, em relação ao piso, para um valor que pudesse atender a um
ângulo de visão maior, neste caso 60 cm, como mostra a figura 50.
Figura 52 - Sala adaptável - Medidas da janela
MEDIDAS GERAIS
Existem ainda medidas de caráter geral que foram tomadas para obter uma maior
acessibilidade ao apartamento, como:
Iluminação antiofuscante 03 (três) vezes mais forte para permitir uma melhor
utilização do ambiente por pessoas idosas ou que apresentem problemas como visão reduzida.
Ambientes livres de obstáculos ou tapetes que impeçam a livre circulação e possam
causar acidentes.
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Todas as janelas devem possuir uma altura mínima de 60 cm de peitoril, permitindo
que todos, independentes de suas condições ou ângulo de visão, possam ter uma visão da
paisagem.
A altura das maçanetas (de guarda-roupa, geladeira etc.) até o piso deve estar no
intervalo de no mínimo 0,40 m a 1,20 m no máximo.
Os comandos de janelas devem estar entre 0,60 m (no mínimo) e 1,20 m (no
máximo). No projeto em questão foi utilizada altura de 0,95 m.
Em relação às portas, a maçaneta deve estar entre os valores de 0,80 m (no mínimo)
e 1,00 m (no máximo). No projeto foi utilizado 0,90 m.
Interruptores devem estar situados entre os valores de 0,60 m e 1,00 m. Já as
tomadas devem estar entre o intervalo de 0,40 m e 1,00 m. A dimensão mínima para as
tomadas deve ser maior que a dos interruptores para evitar acidentes com crianças.
Após o comparativo realizado entre as mudanças nas dimensões e medidas dos
apartamentos, constatou-se que através dessas pequenas modificações (relacionadas às
dimensões dos cômodos, algumas modificações na altura e posicionamento dos móveis, além
da adição de barras de segurança), foi possível obter um apartamento adaptável no mesmo
espaço destinado a um convencional, com a ressalva de se perder um cômodo.
5.1 ESTIMATIVA DE CUSTOS
Para auxiliar no comparativo referente aos dados quantitativos, foi elaborado para os
apartamentos em questão (também através do software Autodesk Revit Architecture) planilhas
com a estimativa de custos simplificada referente ao gasto para a construção das paredes e das
modificações relacionadas a dispositivos/objetos instalados (portas, maçanetas, vaso sanitário,
torneiras e barras de apoio), como mostram as tabelas 1 e 2.
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Tabela 1 - Estimativa de custos de materiais para o apartamento convencional
Itens Quantidade
Valor por
unidade ou m²
(R$)
Custo total (R$)
Alvenaria 61,71 m² 11,98 739,29
Reboco 123,19 m² 3,50 431,17
Porta com 60 cm 1 146,09 146,09
Porta com 70 cm 3 151,45 454,35
Porta com 80 cm 1 120,45 120,45
Maçaneta redonda 5 15,79 78,95
Vaso sanitário com caixa acoplada 1 201,00 201,00
Torneira 3 138,90 416,70
Total 2.588,00
Tabela 2 - Estimativa de custos de materiais para o apartamento adaptável
Itens Quantidade
Valor por
unidade ou m²
(R$)
Custo total
(R$)
Alvenaria 43,51 m² 11,98 521,25
Reboco 87,02 m² 3,50 304,57
Porta com 80 cm 4 120,45 481,80
Maçaneta com alavanca 4 14,42 57,68
Vaso sanitário com dispositivo de
descarga
1 213,00 213,00
Torneira 3 135,90 407,70
Barras de apoio 6 123,80 742,80
Total 2.728,80
Os valores referentes ao metro quadrado dos materiais foram fornecidos pelo
Engenheiro Chefe do setor de planejamento do GETRAN (Gerência de Trânsito) e os outros
valores (referentes a portas, maçanetas, torneiras etc.) foram obtidos através de lojas de
materiais de construção na cidade de Mossoró.
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Em relação ao metro quadrado de parede construída, foram analisadas apenas as
dimensões internas, uma vez que ambos os apartamentos apresentam a mesma área externa e,
consequentemente, a quantidade de metros quadrados das paredes externas será o mesmo.
Assim, analisando a área das paredes internas, constatou-se que, para o apartamento
adaptável, foi necessária uma quantidade menor.
Desse modo, o custo para a construção das paredes no apartamento adaptável será
menor que o necessário para construir as paredes do apartamento convencional, sendo essa
diferença de R$ 344,64.
Como uma das medidas adotadas para a construção dos dois apartamentos, de modo a
apresentar a mesma área total de ocupação, foi a redução de um cômodo no apartamento
adaptável. Então, já era esperado que a quantidade de material necessária para a construção
das paredes desse apartamento fosse menor que a necessária para o apartamento
convencional, como pôde ser analisado anteriormente.
Também foi constatada uma economia em relação à mudança das portas, maçanetas e
torneiras. As portas de 80 cm instaladas no apartamento adaptável provocaram uma economia
de R$ 239,09. Em relação às maçanetas, a economia foi de R$ 21,27 com a colocação da
maçaneta tipo alavanca no apartamento adaptável. Já nas torneiras, foi obtida uma redução de
R$ 9,00.
O acréscimo de custo no apartamento adaptável foi devido à substituição do vaso
sanitário e da adição de barras de apoio no banheiro. O aumento devido à troca do vaso
sanitário foi de R$ 12,00 e o acréscimo de 6 barras de apoio provocou um custo extra de R$
742,80.
Por fim, fazendo uma análise do custo total de ambos os apartamentos (R$ 2.588,00
para o convencional e R$ 2.728,80 para o adaptável), observou-se acréscimo de apenas R$
140,80. Um valor muito baixo se levado em consideração o conforto e a melhor qualidade de
vida que o morador irá desfrutar.
Desse modo, comprovou-se que a substituição de apartamentos convencionais por
aqueles que sigam os princípios do Desenho Universal pode ser economicamente viável, uma
vez que são necessárias pequenas modificações, sem perda de espaço e sem a necessidade de
maiores investimentos. Cabe ressaltar que a população está envelhecendo (devido o aumento
da expectativa de vida). Então, nada melhor que adquirir uma casa que possa acompanhá-la
por toda a sua vida.
Como sugestão para melhorar a segurança dos moradores, podem ser utilizados
dispositivos elétricos, como: interruptores com LED instalados de modo a sinalizar
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ambientes, principalmente durante a noite quando os ambientes ficam escuros e as pessoas
estão sonolentas; utilização de luzes de emergência para o caso de falta de energia;
dispositivos que impeçam as portas de baterem, evitando acidentes, com criança ou qualquer
pessoa prendendo os dedos na porta; luzes que acendam aos poucos, permitindo a adaptação
da visão à troca de luminosidade e evitando ofuscamento; varal elétrico para reduzir esforços;
sensores de infiltração e alarmes de emergência sonora para o caso de acidentes ou quedas no
banheiro; e abertura das portas nas duas direções, principalmente no banheiro, auxiliando a
fuga em caso de emergência.
5.2 BIM
A ideia inicial para a realização do projeto era a utilização do programa AutoCAD com
o auxílio do Sketchup, porém foi lançado o desafio de elaborar todo o trabalho em uma
plataforma BIM, mais especificamente, utilizando o programa Autodesk Revit Architecture.
Para tanto, foi necessário o aprendizado do programa. Inicialmente o conhecimento foi
adquirido a partir de tutoriais e vídeos na internet. Esse conhecimento foi indispensável, uma
vez que o Revit apresenta tanto uma interface quanto uma forma de tratar projetos diferentes
do CAD convencional. Posteriormente, o conhecimento inicialmente adquirido sobre o
software foi sendo incrementado com a utilização do programa.
Por a plataforma BIM – Building Information Modeling ser uma tecnologia recente, a
mesma ainda não é muito adotada. O Revit mostra-se adequado e eficaz na realização das
atividades a que foi destinado. As imagens geradas por essa ferramenta permitiu um
entendimento melhor do ambiente físico que está sendo representado, auxiliando no
desenvolvimento de maquetes eletrônicas dos dois apartamentos projetados.
O Revit, assim como todos os programas que utilizam a plataforma BIM, permite
trabalhar com objetos paramétricos, ou seja, todos os componentes de um projeto recebem
parâmetros para defini-los, que determinam suas restrições, características e comportamento
em qualquer forma de representação no programa. Assim, uma parede, por exemplo, que em
um software CAD convencional seria representada por linhas (em sua representação 2D) e por
sólidos (na representação 3D), no Revit pode ser visualizada externamente da mesma maneira,
porém apresenta algumas informações a mais, como: posição no espaço; parâmetros de
controle; custos; especificações; fabricantes etc.
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A possibilidade de utilizar objetos paramétricos permitiu que durante todo o projeto
fossem acrescentadas informações ao modelo em cada elemento durante todos os processos
do projeto. Essas informações eram incorporadas ao projeto e modificadas simultaneamente
em todas as formas de visualização do mesmo. Desse modo, a forma de trabalhar tornou-se
muito mais dinâmica, facilitando a representação de casa situação (planta, cortes, elevação,
perspectivas etc.) e permitindo a visualização simultânea de cada ponto da casa, da maneira
desejada, sem a necessidade de geração manual de um desenho adicional.
O BIM ajudou muito em relação à visualização espacial dos apartamentos, pois em
qualquer momento do processo de desenvolvimento era possível visualizar a edificação em
3D. O software também permitiu trabalhar com os desenhos e detalhamentos de maneira
facilitada, reduzindo o tempo de desenvolvimento (já que os elementos são paramétricos,
interconectados e integrados), que seria muito maior caso tivesse sido feito com um programa
tradicional, não orientado a objeto e sem objetos paramétricos.
A partir dos modelos desenvolvidos através do Revit, foi possível obter imagens
renderizadas geradas quase que automaticamente, já que não são necessários maiores ajustes
referentes a texturas, iluminação, vistas etc., sendo necessária, apenas, a definição de poucos
parâmetros para que as perspectivas fossem geradas. Essas imagens, por sua vez,
proporcionaram uma forma de visualização bem elaborada e de ótima qualidade.
Um ponto negativo sobre o Revit é que a rapidez no desenvolvimento do projeto
tornou-se limitada devido à dificuldade na obtenção de objetos paramétricos de qualidade que
possam ser usados para mobiliar o ambiente. Essa dificuldade é encontrada pelo fato de ser
uma tecnologia recente. Assim, a falta de objetos com padrões brasileiros e de acordo com a
ABNT faz com que seja despendido um tempo muito grande com o desenvolvimento ou com
a modelagem de objetos que já poderiam estar prontos, mas compensam a médio prazo.
Em suma, o Revit alia a facilidade de trabalhar em ambientes voltados para a
elaboração de projetos de edificação com a vantagem de gerar automaticamente diversas
formas de visualização do projeto, bem como a renderização do projeto de forma facilitada.
Esse software mostrou-se inovador, pois sua utilização foi bastante útil e aperfeiçoou a
geração dos desenhos, tornando o desenvolvimento do projeto mais ágil e detalhado, tornando
desnecessária a utilização de outros programas para o desenvolvimento do projeto.
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6. CONCLUSÃO
Por meio deste trabalho foi possível realizar um estudo dos conceitos do Desenho
Universal, analisando as medidas e modificações necessárias para que a elaboração de
moradias fosse feita de forma mais eficiente e atendendo ao maior número de pessoas
possível. Assim, esses conceitos foram utilizados como parâmetros na elaboração de um
apartamento conceitual de moradia adaptável.
Paralelamente, foi elaborado um apartamento considerado como convencional, que
serviu como base de comparação e permitiu visualizar que era possível desenvolver um
apartamento adaptável realizando pequenas modificações, como: alterações nas dimensões
dos cômodos; alterações no posicionamento dos móveis; troca ou acréscimo de
dispositivos/equipamentos etc.
Um dos grandes desafios do projeto (encontrar uma solução para que os dois
apartamentos tivessem a mesma área total) foi resolvido planejando o apartamento adaptável
de maneira que tivesse um cômodo a menos que o convencional. Assim, foi possível ampliar
as dimensões dos outros cômodos sem precisar alterar o tamanho total do imóvel.
Por sua vez, o desenvolvimento deste projeto foi facilitado graças ao programa da
Autodesck, o Revit Architecture, que possibilitou o planejamento dos apartamentos de maneira
dinâmica e ágil. Por meio dele, foi possível realizar modificações em qualquer etapa do
desenvolvimento do projeto, incorporando ou modificando parâmetros sempre que necessário.
O Revit também possibilitou a elaboração da estimativa de custos do projeto. Tal estimativa,
juntamente com as modificações nas dimensões dos apartamentos, permitiu uma análise
quantitativa dos dados, mostrando a possibilidade de substituir moradias convencionais por
adaptáveis, que ocupem um mesmo espaço, sendo necessárias pequenas modificações a um
custo não muito elevado.
Já em termos qualitativos, as mudanças visaram propiciar uma melhor qualidade de
vida para os moradores de uma residência, já que o ambiente foi desenvolvido para atender as
necessidades de todas as pessoas, por toda a vida, e para qualquer situação que o morador
possa apresentar. Assim, a finalidade principal em se projetar moradias desse tipo foi
desenvolver uma casa adaptável (casas que se adaptam facilmente ao morador e às
necessidades do mesmo), e não uma casa adaptada (casas que atendem às necessidades de
uma limitação específica). Por fim, é importante ressaltar que um planejamento prévio
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utilizando os princípios do Desenho Universal evita gastos futuros com reformas para atender
alguma necessidade que possa vir a aparecer no decorrer da vida.
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