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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS “O USO DE PARD, ANÁLISE DA ÁGUA E DO SEDIMENTO PARA AVALIAR A QUALIDADE AMBIENTAL DO VALÃO DOS BOIS (BACIA DO RIO DA GUARDA), NO MUNICÍPIO DE SEROPÉDICA.” Uiara Einaudi Ribeiro Orientação: Carlos Domingos da Silva Co-orientação: Benjamin Carvalho Teixeira Pinto Seropédica 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

“O USO DE PARD, ANÁLISE DA ÁGUA E DO SEDIMENTO PARA

AVALIAR A QUALIDADE AMBIENTAL DO VALÃO DOS BOIS

(BACIA DO RIO DA GUARDA), NO MUNICÍPIO DE SEROPÉDICA.”

Uiara Einaudi Ribeiro

Orientação: Carlos Domingos da Silva

Co-orientação: Benjamin Carvalho Teixeira Pinto

Seropédica – 2014

Uiara Einaudi Ribeiro

Orientação: Carlos Domingos da Silva

Co-orientação: Benjamin Carvalho Teixeira Pinto

“O USO DE PARD, ANÁLISE DA ÁGUA E DO SEDIMENTO PARA AVALIAR A

QUALIDADE AMBIENTAL DO VALÃO DOS BOIS (BACIA DO RIO DA GUARDA), NO

MUNICÍPIO DE SEROPÉDICA.”

Monografia apresentada como requisito

parcial para obtenção do grau de Bacharel

em Ciências Biológicas do Instituto de

Biologia da Universidade Federal Rural do

Rio de Janeiro

Fevereiro – 2014

i

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por estar ao meu lado em todos os dias dessa

jornada, mantendo sempre o meu ânimo e minhas aspirações. Agradeço minha família,

por suportar minhas ausências e aguentar a saudade e por, acima de tudo, representar

meu porto seguro, e minha fé.

Agradeço ao meu noivo Pedro Henrique, por aturar todos meus momentos de

frustração e desânimo, por me fazer acreditar e tornar possível essa realização, me

auxiliando em campo e sendo um ótimo parceiro para minhas discussões ambientais.

Ao meu orientador Carlos Domingos da Silva, que esteve ao meu lado durante

os últimos anos, pelos dias corridos que tivemos e pelos trabalhos de campo. Ao meu

co-orientador Benjamin Carvalho Teixeira Pinto, por todo o auxilio disponibilizado

durante toda a pesquisa e por se mostrar sempre disposto a me ajudar, seja no campo ou

nas correções e por me apresentar essa área tão fascinante à qual pretendo me dedicar.

Agradeço às minhas companheiras moradoras e ex-moradoras do F3 403, por

aturarem meus longos dias na frente do computador e minhas crises de estresse. E em

especial à Virgínia Araújo Pereira por me auxiliar sempre com uma disposição única.

Como não poderia esquecer todos àqueles que me auxiliaram, abrindo diversas

portas do meu saber e das minhas experiências, que me receberam com muito respeito e

assim o fizeram até o concluir desse trabalho. Agradeço, assim, o Departamento de

Solos do Instituto de Agronomia da UFFRJ, em especial ao Dr. Everaldo Zonta, ao Dr.

Nelson Moura, ao Dr. Marcos Gervásio Pereira, à mestranda, Izabela Bezerra Coutinho

e à equipe técnica da Sala de Absorção Atômica. Agradeço também, ao laboratório de

Herpetologia do Instituto de Biologia da UFRRJ, pelo auxílio na análise dos dados

encontrados e elaboração de gráficos.

Agradeço o recurso de auxílio financeiro e de divulgação provido pelo Comitê

de Bacia Hidrográfica GUANDU e da Agência de Bacia – Agevap. Agradeço ao

PROIC pela bolsa de iniciação científica.

Por fim, a todos àqueles que me auxiliaram de alguma forma, obrigada!

ii

RESUMO

Foram utilizados três diagnósticos diferentes para avaliar a qualidade ambiental do

Valão dos Bois (bacia do rio da Guarda): o diagnóstico visual, através da utilização do

PARD; o diagnóstico físico-químico (com a análise de campo e laboratorial de

parâmetros da água) e a análise de metais pesados (Cd, Pb, Zn, Cu, Cr e Fe) do

sedimento. O Valão dos Bois é o principal formador da bacia do rio da Guarda e suas

águas cortam o município de Seropédica/RJ, recebendo os dejetos de sua área urbana e

do antigo Lixão. Em sua segunda travessia pela BR465, esta localizada a área do antigo

vazadouro do município. O objetivo dessa pesquisa é apresentar um diagnóstico prévio

da qualidade ambiental do Valão dos Bois e identificar se ocorreu/ocorre infiltração de

chorume do antigo Lixão. Para a avaliação ambiental foram selecionados 8 pontos (P 1,

P2, P3, P4, P5, P6, P7 e P8) ao longo de seu curso. O PARD variou de 12 (P6) a 80

(P1) pontos. Os trechos que apresentaram os menores valores do PARD se localizavam

em áreas urbanas, os quais apresentaram os piores estados de conservação da vegetação

ciliar. A temperatura variou de um mínimo de 28,6°C (P1) a 30,4°C (P5) e os menores

índices de turbidez foram encontrados em P1, P2, P7 e P8. Os parâmetros químicos

analisados enquadraram P1 e P2 na classificação de Classe 1 de águas doces, e P3, P4,

P5,P6, P7 e P8 na classificação de classe 4 de água doce. As concentrações de oxigênio

dissolvido da água foram as variáveis determinantes para o enquadramento desses

corpos hídricos. Os níveis de Cr, Cd, Cu, Pb encontrados em todos os pontos

amostrados, enquadraram as amostras em material dragado nível 1 (água doce), de

acordo com a Resolução Conama 344/04. As concentrações de Zn ultrapassaram o

permitido no trecho P7, (123,97mg/kg), enquadrando a amostra em material dragado

nível 2 (água doce). Segundo os valores estipulados pela Agência de Proteção

Ambiental do Canadá, o nível de cobre foi ultrapassado em P3 (22,265mg/Kg) e em P7

(28, 1mg/L) . As concentrações de zinco no local P7 se encontram no limite da

concentração permitida para TEL (threshold effects level). Considerando todos os

resultados encontrados neste estudo e compatibilizando as variáveis ambientais bióticas

e abióticas, os trechos (P3 e P7) revelam a necessidade de monitoramento ambiental. A

pesquisa sugere que é de extrema necessidade para o município políticas públicas que

contemplem a coleta e o tratamento de esgoto, juntamente com ações de recuperação

desse sistema lótico.

iii

ABSTRACT

Three different diagnoses were used to assess the environmental quality of the “Valão

dos Bois” (Guarda river basin): the visual diagnosis through the use of PARD, the

physicochemical diagnosis (with the analysis of field and laboratory parameters of the

water) and analysis of heavy metals (Cd, Pb, Zn, Cu, Fe and Cr) of the sediment. The

“Valão dos Bois” is the main tributary of the Guarda river basin and its waters cut the

town of Seropédica / RJ, receiving waste from its urban area and the old dump. On his

second crossing by BR 465, is located at the old landfill area of the city. The purpose of

this research is to present a preliminary diagnosis of the environmental quality of the

“Valão dos Bois” and identify if infiltration of manure from old dump occurred/occurs.

For environmental assessment, 8 points (P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7 and P8) were

selected along its course. The PARD ranged from 12 (P6) to 80 (P1) points. The

excerpts that showed the lowest values of the PARD were located in urban areas, which

have the worst conservation status of riparian vegetation. The temperature ranged from

a minimum of 28.6ºC (P1) to 30.4ºC (P5) and reduced levels of turbidity were found in

P1, P2, P7 and P8. Chemical parameters analyzed framed P1 and P2 in the classification

of Class 1 freshwaters, and P3, P4, P5, P6, P7 and P8 in the classification of Class 4

freshwater. Concentrations of dissolved oxygen in water were determinants for framing

these watercourses. The levels of Cr, Cd, Cu, Pb found in all sampling points, framed

the samples dredged material level 1 (freshwater) according to CONAMA 344/04. Zn

concentrations above the permitted excerpts in P7 (123.97 mg/Kg), framing the sample

dredged material level 2 (freshwater). According to the values set by the Environmental

Protection Agency of Canada, the copper level was exceeded in P3 (22.265 mg/ Kg)

and P7 (28.1 mg/L). Zinc concentrations at the site P7 are at the limit of permitted to

TEL (Threshold Level Effects). Considering all results in this study and conciliating

biotic and abiotic environmental variables, the excerpts (P3 and P7) reveal the need for

environmental monitoring. Research suggests that it is of dire need for county public

policies that include the collection and treatment of sewage, along with shares this lotic

system recovery.

iv

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2- OBJETIVOS ............................................................................................................. 3

3- REVISÃO LITERATURA ....................................................................................... 3

3.1- Sistema hídrico e a degradação ambiental ........................................................... 3

3.2- Características gerais do município de Seropédica .............................................. 4

3.3- Seropédica e o Sistema Hídrico .......................................................................... 5

3.4- Avaliação da Qualidade Ambiental no Valão dos Bois ....................................... 8

3.4.1- Avaliando o ambiente físico e a qualidade de seus habitats........................... 8

3.4.2 Parâmetros físicos avaliados pelo PARD ..................................................... 12

3.5- Parâmetros físico-químicos da água. ................................................................. 13

3.6- Metais pesados e o meio ambiente. ................................................................... 14

4- MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 15

4.1- Área de Estudo ................................................................................................. 15

4.2- Avaliação dos Parâmetros Físicos do Valão e ambiente de entorno. .................. 17

4.3- Avaliação dos parâmetros físico-químicos da água ........................................... 17

4.4- Avaliação do sedimento de deposição do valão................................................. 19

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................. 21

5.1- Observações Realizadas em Campo .................................................................. 21

5.2- Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade (PARD) ................................... 25

5.3- Parâmetros Físicos da Água .............................................................................. 28

5.4- Parâmetros Químicos da Água .......................................................................... 31

5.4.1- Oxigênio dissolvido (OD) .......................................................................... 34

5.4.2- Série Nitrogenada ...................................................................................... 35

5.4.3- Fósforo Total ............................................................................................. 38

5.4.5- Alcalinidade e Dureza ................................................................................ 39

5.5- Metais Pesados no Sedimento ........................................................................... 40

6- CONCLUSÃO ........................................................................................................ 45

7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ................................................................... 47

v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Região Hidrográfica do CBH Guandu. Destaque para o município de

Seropédica. ................................................................................................................... 5

Figura 2. Valão dos Bois, no Município de Seropédica. Destaque para o Antigo Lixão

de Seropédica. ............................................................................................................... 6

Figura 3. Valão dos Bois em sua trajetória pela reta de Piranema. Destaque para as

cavas de extração de areia. ............................................................................................ 7

Figura 4. Ciclo de contaminação do recurso hídrico pelas áreas urbanas. FONTE:

(TUCCI, 2011). ............................................................................................................. 8

Figura 5. Contaminação do Valão dos Bois, em área urbana. As construções foram

realizadas praticamente no interior do curso d'água. O despejo de esgoto direto ao curso

evidencia o grau de degradação de Valão. .................................................................... 8

Figura 6. Trecho avaliado do valão dos Bois. destaque para os pontos amostrados. .... 15

Figura 7. Aterro do curso do Valão dos Bois para a passagem de uma estrada de terra.

Acima, a umidade encharcando a estrada. Abaixo, a formação de pequenos acúmulos às

margens da estrada de terra. ........................................................................................ 16

Figura 8. Coletas de água com a utilização de "pegador" improvisado. ....................... 17

Figura 9. Modelo Pegador Manual. Proposto pelo Guia Nacional de Coleta e

Preservação de Amostra. Fonte: CETESB, 1988. ...................................................... 19

Figura 10. Valão dos Bois. Registro da presença de pequenos cardumes em P6. ......... 22

Figura 11. Destaque para os cardumes de peixes em P6.............................................. 22

Figura 12. Presença de peixes médio/grandes em P8. ................................................. 23

Figura 13. Presença de girinos ao longo das margens no trecho P7. Destaque para

girino em vermelho. .................................................................................................... 23

Figura 14. Lixo no curso do Valão. Oriundos do descarte direto de lixo e entulho ao

sistema; através do esgoto sanitário e da lavagem das cidades. Destaque para a presença

de entulho em P4......................................................................................................... 24

Figura 15. Resultado Final do PARD nos oito pontos avaliados. ................................ 25

Figura 16. Trecho P1. Escolhido como ambiente menos antropizado. ......................... 26

Figura 17. Trecho P2, Valão das Louças, em Seropédica. ........................................... 26

Figura 18. Qualidade da vegetação ciliar em P3, P4, P5e P6. Todos os trechos em área

urbana. ........................................................................................................................ 27

Figura 19. Temperatura nos oito trechos avaliados. .................................................... 28

Figura 20. Variação da Turbidez nos oito trechos avaliados........................................ 29

Figura 21. Turbidez da água nos trechos P3, P4, P5 e P6. ........................................... 30

Figura 22. Turbidez da água nos trechos P1, P2, P7 e P8. ........................................... 30

Figura 23. Variação do pH ao longo dos oitos trechos avaliados. ................................ 31

Figura 24. Valores de Condutividade Elétrica mensurados nos oito trechos. ............... 32

Figura 25. Trechos P1 e P2, parâmetros e enquadramento da água em Classe 1, de

Águas Doces. .............................................................................................................. 33

Figura 26. Trechos P3, P4, P5, P6, P7, P8, parâmetros e o enquadramento em Classe 4,

de Águas Doces. Destaque para as concentrações de oxigênio dissolvido. ................... 33

vi

Figura 27. Ciclo simplificado do nitrogênio (nitrificação, desnitrificaçaõe anammox)

FONTE: SCHEERENI, et al, 2011 ............................................................................. 35

Figura 28. Concentrações para a Série Nitrogenada, nos oito trechos avaliados. ......... 36

Figura 29. Tabela da distribuição relativa das formas de nitrogênio segundo distintas

condições. FONTE: VON SPERLING (2005). ............................................................ 37

Figura 30. Valores de alcalinidade e dureza encontrados no oito trechos avaliados. .... 40

Figura 31. Variação das concentrações de cada metal nos trechos avaliados. .............. 42

Figura 32. Variações das Concentrações de todos os metais através do LOG10(mg/Kg

metal).......................................................................................................................... 43

vii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Modelo planilha de avaliação (adaptado de HANNAFORD, et al.,

1997;BARBOUR, et al., 1999; CALLISTO, et al., 2002. .............................................. 9

Tabela 2. Concentrações de metais no Chorume coletado nos Módulos I e II do aterro

sanitário de Ribeirão Preto, SP. ................................................................................... 14

Tabela 3. Observações realizadas durante a aplicação do PARD e coleta de amostras. 21

Tabela 4. Observações realizadas durante a aplicação do PARD e coleta de amostras. 21

Tabela 5. Resultados dos Protocolos de Avaliação Rápida de Diversidade. ................. 25

Tabela 6. Resultados da avaliação dos parâmetros químicos nos oito trechos estudados

em comparativo ao Conama 357/2005. ........................................................................ 31

Tabela 7. Variação do pH e as concentrações de Hidróxidos, Carbonatos e

Bicarbonatos. Fonte: Moraes (2008)............................................................................ 39

Tabela 8. Dureza Carbonato. Fonte: SPERLING (2005) .............................................. 39

Tabela 9. Concentrações de Metais Pesados (mg/Kg). ................................................. 41

1

1- INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da vida na superfície da Terra, a água esta aliada à

sobrevivência de todos os seres vivos, determinando, inclusive, sua distribuição

geográfica. A água é o componente que constitui aproximadamente 70% de todos os

organismos vivos, e sua essencialidade é comprovada quando todas as reações

metabólicas se tornam possíveis em via aquosa, sendo a substância ideal para garantir a

estabilidade interna, inclusive térmica, dos mesmos (FRACALANZA, 2005). Sua alta

capacidade de dissolução de substâncias químicas faz da água o principal receptor de

impurezas do ambiente, sendo muito utilizada para tal fim pelas sociedades humanas,

que tornaram diversos reservatórios desse recurso poluídos e altamente degradados

(BRANCO, 2003).

Os diversos usos da água pela sociedade se intensificaram com a invenção das

descargas hidráulicas para os sanitários, em meados do século XIX. As matérias fecais

passaram a ser transportadas pelas redes de esgotos em direção aos sumidouros finais,

rios e mar, agravando a degradação dos sistemas lóticos (BRANCO, 2003). A poluição

por compostos orgânicos constituintes da matéria fecal exige alta demanda de oxigênio

dos sistemas hídricos aos quais são lançados, resultando em um processo gradual de

mortandade dos residentes aquáticos aeróbicos, seja pela diminuição do oxigênio

disponível ou pela elevação de metabólitos tóxicos oriundos da degradação dos

compostos orgânicos.

Segundo Carvalho et al. (2003), o processo de urbanização quase sempre resulta

na interrupção ou limitação do uso desse recurso, devido aos impactos na sua qualidade

sanitária. A demanda mundial por água de qualidade tem-se acentuado nos últimos

anos, devido ao crescimento demográfico. No Brasil, os serviços de águas residuais

estão muito aquém dos serviços de abastecimento de água potável, contanto apenas com

48% das residências urbanas e 3% dos domicílios rurais ligados à rede pública de

esgoto (CSILLAG, 2000). No Estado do Rio de Janeiro, o crescente desenvolvimento

das atividades urbanas, industriais e agrícolas, sem planejamento adequado, e fazendo

uso de sistemas de saneamento insuficientes, vem deteriorando a qualidade das águas e

reduzindo a disponibilidade hídrica nas suas bacias. De acordo com o Relatório de

Situação Guandu (2012-2013), os principais usos da água hoje verificados nos Rios

2

Guandu, da Guarda e Guandu Mirim referem-se ao abastecimento de água, à diluição de

esgotos domésticos e de efluentes industriais. .

Com a precariedade nos serviços de saneamento básico, a população passa a ser

uma grande fonte de contaminação dos recursos hídricos, não somente através do

despejo de esgoto sanitário como através do descarte de resíduos diretamente nas fontes

de águas superficiais (ROHDEN et al, 2009). Os impactos causados pelas ações

antrópicas nos ambientes lóticos resultam na perda de qualidade dificultando a

manutenção da integridade desses ecossistemas, interferindo na sustentabilidade de suas

comunidades (KARR, 1999). De acordo com Malm, (1986, apud Soares, 1999), o

sedimento de um curso d’água é apontado como compartimento integrador das

condições ambientais desse sistema e, para Esteves (1988), o uso do sedimento na

avaliação da qualidade ambiental, permite que se tenha um breve histórico dos impactos

ocorridos no curso d’água.

Estudar a diversidade de habitats dos rios, e seu entorno, oferece a oportunidade

de avaliar os níveis de impactos antropogênicos em trechos de bacias hidrográficas,

constituindo-se uma importante ferramenta para os programas de monitoramento

ambiental (Agências de Proteção Ambiental de Ohio – EPA, 1987; HANNAFORD et

al., 1997; CALLISTO et al., 2002; BERGMANN & PEDROZO, 2008). De acordo com

CALLISTO & MORENO (2002), a caracterização do ambiente físico constitui etapa

fundamental para avaliar a qualidade da água, pois as interferências ocorridas no

ambiente de entorno geram consequências em todo o sistema hídrico. Assim, integrar a

análise do ambiente físico à outras metodologias de avaliação do meio lótico, permite

uma melhor avaliação dos impactos antropogênicos gerados no sistema.

Essa pesquisa apresenta um diagnóstico prévio da qualidade ambiental do Valão dos

Bois, principal afluente da bacia do Rio da Guarda, na Baixada Fluminense. A

caracterização ambiental será realizada pela integração de três diagnósticos diferentes, o

diagnóstico visual dos trechos avaliados, com a utilização do PARD; o diagnóstico

físico-químico, com a análise laboratorial de alguns parâmetros físico-químicos da água

e; a análise de sedimento,

Esse diagnóstico prévio é importante para que sejam estudadas as alterações

causadas pelas atividades antrópicas nesse ambiente e as consequências iniciais desse

processo, alertando para importância de ações mitigadoras e de recuperação, aliada à

ações mais conscientes em relação ao meio ambiente.

3

2- OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivos avaliar a qualidade do Valão dos Bois (Bacia

do Rio da Guarda), no município de Seropédica e, observar se a associação de diferentes

metodologias de análise do ambiente corrobora para um melhor entendimento do

sistema lótico.

3- REVISÃO DE LITERATURA

3.1- Sistema hídrico e a degradação ambiental

As bacias hidrográficas brasileiras têm sofrido um forte processo de degradação

face às atividades antrópicas inadequadas realizadas em sua área de drenagem. Nesse

sentido, a preocupação com preservação ambiental é debatida por governantes e

população, embora ações concretas que busquem o equilíbrio entre sociedade e meio

ambiente não encontrem pleno espaço para sua concretização.

O crescimento populacional aliado à urbanização aumenta a demanda pelos

mesmos recursos naturais (ar, água e terra) em pequenas regiões, que devem suportar

todas as atividades humanas de vida, produção e recreação. Um bom gerenciamento

desses recursos implica na sua conservação e, portanto, constante disponibilidade para o

uso. Gerenciar o recurso hídrico abrange o uso da água e o saneamento. “A urbanização

também aumenta a velocidade da água e a produção de sedimentos e dos resíduos

sólidos que escoam para a drenagem.” (TUCCI, 2011. p.117).

A falta de serviços de limpeza e manutenção reduz a capacidade de escoamento,

aumentando a poluição. A pouca ou ausente conservação das vegetações ciliares em

cursos d’água inseridos em regiões urbanas corrobora para o agravamento da

degradação do recurso hídrico e seu entorno. A vegetação ciliar dos sistemas lóticos

filtra as impurezas que chegaram à água, minimizando os efeitos de “lavagens das

cidades” pelas chuvas, enquanto fornece sustentação às margens, minimizando os

efeitos da erosão.

Infelizmente, a forte ocorrência de perturbações na estrutura do solo por

tratamento inadequado em práticas agrícolas ou em obras de engenharia, vem

favorecendo a erosão e elevando o acúmulo de sedimentos para os sistemas lóticos. Os

sedimentos são um dos maiores poluentes das águas, servindo como catalisadores,

carreadores e fixadores para outros agentes poluidores (CARVALHO et al.,2000). A

4

existência de uma fonte de contaminação resulta na acumulação progressiva no solo,

alcançando o curso d’água e seus sedimentos de fundo. Como comenta Ferreira (2009)

na medida em que o material vai decantando, faz com que fiquem registradas no

sedimento as variações às quais o corpo d’água foi submetido.

Muitos metais são empregados ou liberados em atividades industriais, agrícolas

e de mineração, sendo posteriormente lançados no ambiente. Diferentemente dos

contaminantes orgânicos, a maioria dos metais não sofre degradação microbiana ou

química, sendo suas concentrações persistentes por longos períodos no ambiente (GUO

et al., 2006). As formas iônicas do metal presentes na solução (especiação química) e

sua reação com a superfície coloidal do solo indicarão a mobilidade e toxicidade de

cada elemento no meio ambiente e sua disponibilidade nas cadeias tróficas.

É perceptível a amplitude do impacto causado pelas atividades humanas aos

recursos naturais, porém de complicada mensuração. Segundo Rodrigues et al., (2010) é

por meio da avaliação do meio físico que pode-se perceber a associação existente entre

as condições biológicas do meio e a qualidade dos habitats presentes no sistema

aquático, além de ajudar a identificar distúrbios ou alterações nos trechos analisados e

obter uma série de dados relevantes para a interpretação de dados biológicos.

Estudos que utilizam critérios integrados na análise dos recursos hídricos e das

condições biológicas têm sido amplamente utilizados e testados, em resposta à evidente

necessidade de abordagens e monitoramento. Dessa forma, para se avaliar a qualidade

ambiental de uma bacia hidrográfica, ou de um de seus afluentes, é importante se

considerar, os aspectos químicos e o ambiente físico como um todo, observando as

atividades impactantes desenvolvidas e as relações ambientais estabelecidas entre os

constituintes do meio. Sendo o meio lótico um ‘ambiente com elevado fluxo de energia

e matéria é importante observar sua dinâmica e as inter-relações de seus componentes.

3.2- Características gerais do município de Seropédica

O município de Seropédica esta localizado no Estado do Rio de Janeiro, com as

coordenadas 22°44′29″S e 43°42′18″W, apresenta 284 km² e população de 78 mil

habitantes (Costa, 2013) (Figura 1). O clima característico é o tropical úmido com

temperatura média anual entre 20ºC e 27ºC e elevados índices pluviométricos, cuja

média anual varia de 1000 mm a 2300 mm.

“Dotada de terras férteis, a região do município de Seropédica desfrutou, até a

década de 1880, de fortes atividades rurais e comerciais, exportando em grande escala

5

cereais, café, farinha, açúcar e aguardente” (Estudos socioeconômicos dos municípios

do Estado do Rio de Janeiro, 2011, p.6). Com a abolição da escravatura, houve forte

crise econômica, fato, que, aliado à falta de transporte e à insalubridade da região,

resultaram no desaparecimento das grandes plantações, periódicas ou permanentes. O

abandono das terras provocou a obstrução dos rios que cortam quase toda a baixada do

território municipal, alagando-a. (Estudos socioeconômicos dos municípios do Estado

do Rio de Janeiro, 2011).

A passagem da antiga rodovia Rio-São Paulo pelo território do antigo distrito de

Seropédica e a instalação de indústria têxtil no antigo distrito de Paracambi, aliadas às

obras de saneamento da Baixada Fluminense, possibilitaram ao município readquirir sua

antiga posição de prestígio, juntamente com as obras, iniciadas em 1938, do Centro

Nacional de Estudos e Pesquisas Agronômicas, hoje Universidade Federal Rural do Rio

de Janeiro – UFRRJ. Em 1995, em face da edição da Lei nº 2.446, de 12 de outubro,

Seropédica tornou-se município independente de Itaguaí, e foi instalado em 1º de

janeiro de 1997 (Estudos Socioeconômicos dos Municípios do Estado do RJ, 2011).

Figura 1. Região Hidrográfica do CBH Guandu. Destaque para o município de Seropédica.

3.3- Seropédica e o Sistema Hídrico

Na última década Seropédica apresentou o 21º maior crescimento demográfico

do estado do Rio de Janeiro. Em 2010, o município contava com uma população de

6

64.285 habitantes, sendo 82% residentes em zona urbana (Censo, 2010). O rápido

crescimento populacional, aliado à falta de planejamento territorial e gestão de recursos,

resultou em apenas 34% de esgoto coletado e ausência de qualquer tratamento desse

efluente no município (Relatório da Situação da Região Hidrográfica do Guandu, 2013).

Após o uso da água pela população, a mesma retorna para os rios sem tratamento. Os

esgotos poluem os rios, que não podem ser usados como fonte de abastecimento. O

abastecimento procura utilizar água de fontes sem contaminação, enquanto lança a água

poluída em outros afluentes. Com o tempo, as fontes existentes tendem a se tornarem

todas contaminadas pelos novos desenvolvimentos. (TUCCI, 2011). A gestão

fragmentada dos recursos hídricos interfere na integração das ações e nas possibilidades

de atuação dos programas gestores, dificultando sua eficiência.

O município de Seropédica apresenta 67% de suas terras na região hidrográfica

da bacia do rio da Guarda, que compreende uma área de 346 Km2, apresentando o

município de Seropédica 67% de suas terras no interior dessa bacia. O valão dos Bois

(Figura.2) é o principal formador dessa bacia, apresentando uma vazão média de

2,16m2/s e nascente situada na vertente nordeste da Serra da Cachoeira (Relatório de

Situação da Região Hidrográfica do Guandu, 2013). Suas águas cortam o município de

Seropédica recebendo os dejetos sanitários da área urbana. Após sua segunda travessia

pela rodovia Presidente Dutra, segue quase paralelo ao Rio Guandu passando próximo

ao local onde esteve em funcionamento, por 30 anos, o vazadouro do município (Figura

2).

Figura 2. Valão dos Bois, no Município de Seropédica. Destaque para o Antigo Lixão de Seropédica.

7

Na sua trajetória pelo “Polígono de Piranema” o Valão dos Bois encontra-se

ligado a cavas de extração de areia (Figura 3) e atravessa uma pequena extensão de

campos; e pastagens até desaguar no Rio da Guarda, após cruzamento com a BR 101.

O mau uso dos recursos hídricos pelo município de Seropédica aponta para um

modelo de gestão insustentável e prejudicial para o desenvolvimento da cidade, onde a

falta de estações de tratamento de efluente e serviços de coleta e deposição de resíduos

sólidos produz uma fonte de contaminação interna (Figura 4). Essa fonte de

contaminação auxilia a propagação de doenças e epidemias, como dengue, leptospirose,

diarréia, hepatite e cólera (TUCCI, 2011); além de expor o meio ambiente à toxidade,

influenciando a dinâmica dos ecossistemas e favorecendo o desaparecimento de

diversas espécies (Figura 5).

Figura 3. Valão dos Bois em sua trajetória pela reta de Piranema. Destaque para as cavas de extração de areia.

8

3.4- Avaliação da Qualidade Ambiental no Valão dos Bois

3.4.1- Avaliando o ambiente físico e a qualidade de seus habitats.

Estudar a qualidade do habitat físico é uma importante ferramenta para

dimensionar o impacto antropogênico em trechos das bacias hidrográficas, pois a fauna

aquática apresenta exigências específicas de habitats, que se associam a características

do entorno e feição geomorfológica dos rios e riachos (HANNAFORD, 1997). A

estrutura física dos ambientes lóticos exerce impacto direto na qualidade de suas águas e

nos habitats disponíveis, estabelecendo padrões de vida nas comunidades aquáticas e

influenciando sua distribuição micro ou macro-geográfica (CASTRO, MALAFAIA &

RODRIGUES, 2010). A avaliação do meio físico permite entender a relação entre a

Figura 4. Ciclo de contaminação do recurso hídrico pelas áreas urbanas. FONTE: (TUCCI, 2011).

Figura 5. Contaminação do Valão dos Bois, em área urbana. As construções foram realizadas praticamente no interior do curso d'água. O despejo de esgoto direto ao curso evidencia o grau de degradação de Valão.

9

qualidade do habitat e as condições biológicas do meio, auxiliando na interpretação de

informações biológicas e na detecção de alterações ambientais.

Nessa pesquisa será aplicado um Protocolo de Avaliação Rápida de Diversidade

– PARD, modificado, de acordo com o proposto por HANNAFORD et al. (1997),

BARBOUR et al., (1999) e por CALLISTO et al. (2002). Segundo SOUTHWOOD

(1977, apud RODRIGUES et al., 2010), o PARD visa não apenas avaliar o ambiente

aquático, mas também a ocupação das margens nos trechos dos riachos estudados.

Esses protocolos descrevem diversos parâmetros classificados em um gradiente

de pobre à ótimo tendo como sistema de referência base, um ecossistema com alta

biodiversidade e condições naturais preservadas.

O PARD (tabela 1), utilizado nesse estudo, avalia um conjunto de 10 parâmetros

em categorias descritas e pontuadas de 0 a 5. Essa pontuação é atribuída a cada

parâmetro com base na observação visual das condições dos habitats da calha do riacho

ou rio e de suas margens. O valor final do protocolo de avaliação será obtido através do

somatório dos valores atribuídos a cada parâmetro independentemente e refletirá o nível

de conservação direta da paisagem e indiretamente da biota aquática.

Tabela 1. Modelo planilha de avaliação (adaptado de HANNAFORD, et al., 1997;BARBOUR, et al.,

1999; CALLISTO, et al., 2002.

PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA DA DIVERSIDADE

1 - Presença de mata ciliar

Ótimo (5) Bom (3) Regular (2) Pobre (0)

Acima de 90% da

margem com vegetação

ripária nativa,

incluindo árvores e

arbustos; Mínimas

evidências de

deflorestamento; todas

as plantas atingindo

altura “normal”.

Entre 70% e 90% com

margens ocupadas por

vegetação ripária nativa;

Presença de

desmatamento, mas não

afetando o

desenvolvimento da

vegetação; maioria das

plantas atingindo altura

“normal”

Entre 50% e 70% com

margens ocupadas por

vegetação ripária nativa;

Presença de

desmatamento evidente

e solos expostos ou

vegetação eliminada;

menos da metade das

plantas atingindo altura

“normal”

Menos de 50% de presença

da mata ciliar nativa; Alta

presença de vegetação não

nativa ou falta de vegetação

ripária.

2 - Estabilidade das margens

Ótimo Bom Regular Pobre

10

Margens estáveis,

ausência ou mínima

evidência de erosão ou

falhas nas margens;

pouco potencial para

problemas futuros.

Menos de 5% da

extensão das margens

encontram-se afetadas.

Margens moderadamente

estáveis, com presença de

áreas com erosões

cicatrizadas e de 5 a 30%

da extensão das margens

apresentam-se erodidas.

Margens

moderadamente

instáveis. De 30 a 60%

da extensão das

margens apresenta-se

erodida e o potencial à

erosão é alto durante as

cheias.

Margens instáveis e muitas

áreas erodidas. A erosão é

freqüentes ao longo da seção

reta e nas curvas. Em termos

relativos, de 60 a 100% da

extensão das margens

apresentam-se erodidas.

3 - Ocupação das margens do corpo d’água

Ótimo Bom Regular Pobre

Vegetação natural. Reflorestamento e ou

Culturas associadas à

vegetação natural.

Pastagem/Agricultura/p

avimentação de terra.

Residencial/ Comercial/

Industrial, pavimentação de

concreto.

4 - Alteração no Canal

Ótimo Bom Regular Pobre

Canalização

(retificação)

ou dragagem ausente

ou mínima; rio com

padrão normal.

Alguma canalização

presente, normalmente

próximo à construção de

pontes; evidência de

modificações há mais de

20 anos.

Alguma modificação

presente nas duas

margens; 40 a 80%

do rio modificado.

Margens modificadas; acima

de 80% do rio modificado.

5 - Qualidade da água (efluente, odor da água e oleosidade)

Ótimo Bom Regular Pobre

Ausente. Menos de 30% de entrada

de esgoto in natura;

baixoodor; ausência de

óleo.

De 30 a 50% de entrada

de esgoto in natura; de

baixo a moderado odor;

sinais de presença

moderada de óleo.

Mais de 50% de entrada de

esgoto in natura e/ou entrada

de efluente industrial, alto

odor; presença abundante de

óleo.

6 - Tipos de fluxo da água (mesohabitats)

Ótimo Bom Regular Pobre

11

Presença de diversos

tipos de fluxo

(corredeiras, rápidos

rasos, rápidos

profundos e remansos).

Presença de 3 regimes,

sendo obrigatória a

presença do regime do

tipo rápido raso.

Presença de 2 tipos de

regimes.

Presença de 1 tipo de

regime.

7 - Tipos de substrato de fundo

Ótimo Bom Regular Pobre

Mais de 60% do fundo

é de cascalho e pedras

arredondadas. Com

mistura heterogênea de

classes de tamanho de

substrato.

De 30 a 60% do fundo

coberto por pedras

arredondadas. Substrato

pode ser dominado por

estruturas de um só

tamanho.

De 10 a 30% do fundo é

composto por material

de maior porte.

Apresenta fundo

dominante por silte e

areia (70 a 90%).

Substrato dominado por silte

e areia. Cascalho e pedras de

maior porte representam

menos do que 10% da

cobertura.

8 - Complexidade estrutura de habitat: troncos, galhos, pedras arredondadas,

vegetação aquática, margens escavadas e barrancos submersos.

Ótimo Bom Regular Pobre

Vários tipos e tamanhos

de estruturas formando

um habitat altamente

diversificado. Mistura

de folhas, galhos e

troncos submersos,

margens escavadas, etc.

Os tipos e tamanhos das

estruturas são menores,

porém fornecem uma

cobertura adequada.

Possui a existência de

alguns habitats em

potencial como, por

exemplo, troncos e galhos

inclinados sobre o curso

da água, mas que ainda

não fazem parte do

substrato do rio.

Habitat dominado por

somente um ou dois

componentes

estruturais. Em alguns

trechos a velocidade da

água não permite a

estabilização dos

substratos que são

algumas vezes

removidos.

Habitat monótono com

pouca diversificação. Não há

presença de galhos, pedras

ou vegetação aquática.

9 - Sinuosidade do canal

Ótimo Bom Regular Pobre

A ocorrência de curvas

é evidente no trecho

avaliado, propiciando

um aumento na

diversidade de habitats

para a biota local.

A sinuosidade do canal

não é tão evidente,

podendo ser observadas

curvas distantes e uma

diversificação de habitats

para a biota local.

O trecho apresenta

poucas curvas e os

habitats ocorrentes são

monótonos, havendo

poucos locais

disponíveis para refúgio

e reprodução da biota

local.

O trecho apresenta-se

retilíneo.

12

10 - Presença de plantas aquáticas

Ótimo Bom Regular Pobre

Pequenas macrófitas

aquáticas e/ou musgos

distribuídos pelo leito.

Macrófitas aquáticas ou

algas filamentosas ou

musgos distribuídos no

sistema aquático.

Substrato no perifiton.

Algas filamentosas ou

macrófitas em poucas

pedras ou alguns

remansos. Perifiton

abundante.

Ausência de vegetação

aquática no leito do rio ou

grandes bancos de

macrófitas (eg. Aguapé).

3.4.2 Parâmetros físicos avaliados pelo PARD

Cada parâmetro presente no protocolo pretende categorizar o nível de

degradação ambiental das estruturas que compõe o meio lótico e seu ambiente de

entorno. O parâmetro presença de mata ciliar verifica a quantidade e diversidade de

vegetação ao longo das margens dos cursos hídricos. Este parâmetro é importante, pois

a vegetação ripária funciona como um filtro para a entrada de sedimentos ao sistema

lótico, e contribui para a manutenção da temperatura da água. O parâmetro estabilidade

da margem fornece dados avaliativos da capacidade da margem em resistir aos

processos erosivos.

O parâmetro ocupação das margens do corpo d’água avalia o uso da terra nos

espaços geográficos adjacentes ao corpo hídrico estudado, os quais podem,

eventualmente, causar danos à estrutura física, química ou biológica do sistema

(BARBOUR et al., 1999).

Por sua vez, o parâmetro alteração no canal do rio, pretende avaliar as condições

do sistema hidráulico do canal, como o efeito de assoreamentos, canalizações, diques e

aterros, que reduzem a área de drenagem e afetam a biota aquática.

O parâmetro qualidade da água (efluente, odor da água e oleosidade) busca

qualificar a integridade química da água por meio da avaliação desses três atributos que

estão intimamente relacionados. A presença de efluentes de diversas origens (poluição

difusa), tais como urbana e industrial, gera grandes alterações no meio físico e na biota

aquática, ocasionando problemas de saúde à população que moram em suas

proximidades e utilizam suas águas, seja para quais forem os fins.

O parâmetro tipo de fluxo da água refere-se à avaliação dos diferentes regimes

hidráulicos presentes no sistema aquático. Ambientes que combinam em seu curso,

remansos, corredeiras e rápidos (mesohabitat) indicam apresentam maior nível de

13

estabilidade e capacidade de resiliência, inclusive por possibilitar uma maior

diversidade biológica (ROTH et al., 1996).

O atributo substrato de fundo refere-se à composição do substrato. Esse

parâmetro relaciona os tipos de substrato com variadas possibilidades de habitat,

permitindo assim o desenvolvimento de um número maior de espécies e cadeias

tróficas. Diferentes substratos em um mesmo ambiente lótico também indicam

diferentes níveis de evolução presentes no ecossistema, referenciando um ambiente

menos antropizado.

A Complexidade da estrutura de habitat é um parâmetro importante, pois busca

expressar as diversas estruturas (troncos, pedras arredondadas, margens escavadas e

outros elementos) naturais do corpo hídrico que servem de locais para reprodução,

alimentação e refúgio. Esse parâmetro se assemelha à avaliação da importância de

diferentes substratos de fundo, avaliando os elementos que se tornam habitats

diversificados e complexos, como comenta BELLIARD et al (1999).

A sinuosidade do canal avalia a existência de curvas ao longo do curso d’água.

De acordo com BARBOUR et al., (1999), as sinuosidades do canal fornecem diversos

habitats auxiliando a capacidade de controlar o movimento e a velocidade das águas,

quando em cheias e sob a corrente flutuante das chuvas.

O parâmetro presença de plantas aquáticas garante abrigo para pequenos

aquáticos, servindo também de alimento. No entanto, a presença excessiva de plantas

aquáticas no corpo hídrico é um indicativo de excesso de matéria orgânica,

representando um ambiente impactado por rejeitos sanitários. A abundância de plantas

aquáticas na superfície do corpo hídrico reduz a entrada de luz para esse sistema,

diminuindo o nível de oxigênio e alterando os processos fotossintetizantes internos

(PLAFKIN et al., 1989).

3.5- Parâmetros físico-químicos da água.

A realização de caracterizações físico-químicas de corpos hídricos, objetiva

mensurar alguns elementos e espécies iônicas presentes na água, buscando relacionar os

efeitos de suas concentrações no meio ambiente, para a qualidade dos mesmos. Nesse

estudo foram utilizados para avaliação o pH, a temperatura, a condutividade elétrica,

turbidez, oxigênio dissolvido, alcalinidade, níveis de amônia, nitrito, nitrato, ferro e

fósforo totais.

14

3.6- Metais pesados e o meio ambiente.

Segundo Baird (2002), o termo metal pesado se refere a uma classe de elementos

químicos com densidade superior a 5 g/cm3 (ARAÚJO & SOUZA, 2012), muitos dos

quais nocivos aos seres humanos. O aumento da contaminação por metais pesados no

solo, água e atmosfera se tornou um dos maiores problemas ambientais representando

riscos à saúde humana e aos ecossistemas (CHEN et al., 2004). O grande acúmulo de

resíduos (lixo) em locais sem a devida proteção do solo, como lixões, pode impactar o

ambiente devido à produção de chorume com metais percolados e outros contaminantes

(como exemplifica a Tabela 2), que se misturam à água e infiltram no solo, alcançando

os recursos hídricos e, por consequência, plantas, animais e o homem (MAGOSSI &

BONACELLA, 1991; SERRA et al.,1998; CHEN et al., 2004).

Tabela 2. Concentrações de metais no Chorume coletado nos Módulos I e II do aterro sanitário de

Ribeirão Preto, SP.

Quando os metais são liberados no corpo hídrico, primeiramente, são adsorvidos

por partículas orgânicas ou inorgânicas e então, incorporados ao sedimento pelo

processo de sedimentação, resultando em níveis mais elevados de metais pesados neste

compartimento (BOTTÉ et al., 2007). Como comenta Esteves (1988), o sedimento atua

como testemunho de tudo que aconteceu na coluna d´água, acumulando em sua

estrutura todas as substâncias que estiveram em contato com corpo hídrico e

decantaram. Por essa razão, o sedimento foi escolhido como meio de avaliação do nível

de metais pesados acumulados no Valão dos Bois, em sua trajetória no município de

Seropédica.

Após o fechamento do antigo lixão de Seropédica, ocorre a obra de remediação

do local. No dia 29 de novembro de 2012, a Recuperação do antigo lixão de Seropédica

recebe seu termo de encerramento pela Empresa Ciclus (que administra o Centro de

Tratamento de Resíduos de Seropédica, CTR Rio). De acordo com o Comitê Guandu

(2013), compete à Prefeitura realizar o monitoramento do lixão remediado.

15

Por essa razão, o sedimento foi escolhido como meio de avaliação do nível de

metais pesados acumulados no Valão dos Bois, em sua trajetória no município de

Seropédica. A avaliação de metais pesados no sedimento busca compreender se

ocorreu/ocorre infiltração de chorume do antigo Lixão de Seropédica para o Valão dos

Bois e, avaliar quais são os metais encontrados com maiores concentrações nos trechos

com alto despejo de esgoto sanitário. Para isso serão mensuradas nos sedimentos as

concentrações totais de cádmio (Cd), chumbo (Pb), zinco (Zn), cobre (Cu), cromo (Cr),

ferro (Fe), que são os metais pesados mais comumente estudados, com exceção do ferro,

devido seus perigosos à saúde (Segura-Muñoz, 2002).

4- MATERIAIS E MÉTODOS

4.1- Área de Estudo

O presente trabalho utilizou como local de estudo o trecho do Valão dos Bois no

município de Seropédica (Figura 6). Para a avaliação ambiental do valão dos Bois foram

selecionados seis pontos ao longo de seu curso (P3, P4, P5, P6, P7, P8), e dois em

cursos próximos (P1 e P2).

Figura 6. Trecho avaliado do valão dos Bois. destaque para os pontos amostrados.

16

O trecho P1 compôs o ponto referência, devido às características mais limpas

das águas nesse ponto, e por corresponder a um local próximo à nascente. O trecho P1

pertence a um curso vizinho ao Valão dos Bois. Optamos por esse local, pois devido às

obras do Arco Metropolitano o Valão dos Bois apresenta seu trecho próximo à nascente

aterrado, para a passagem de uma estrada de terra que oferece suporte ao processo de

construção do Arco (Figura 7). O aterramento do curso dificulta a utilização das águas

do Valão dos Bois como referência para os demais pontos. Nesse local, é possível

observar que a terra da estrada apresenta aparência úmida e que existem pequenos

depósitos d’água ao longo da margem da pista, demonstrando a instabilidade da obra e

os prejuízos causados ao Valão.

O trecho P2 pertence ao Valão das Louças, afluente do Valão dos Bois, no

município de Seropédica. Esse trecho foi selecionado, pois, após a localidade P7, o

Valão dos Bois recebe as águas do Valão das Louças, sendo essa mistura analisada em

P8.

Em todos os pontos foram avaliados parâmetros físico-químicos da água e

parâmetros físicos do ambiente (PARD) e nos sete pontos, P2, P3, P4, P5, P6, P7e P8,

foi também, mensurado o conteúdo de metais pesados no sedimento.

Figura 7. Aterro do curso do Valão dos Bois para a passagem de uma estrada de terra. Acima, a umidade encharcando a estrada. Abaixo, a formação de pequenos acúmulos às margens da estrada de terra.

17

4.2- Avaliação dos Parâmetros Físicos do Valão e ambiente de entorno.

Os oito pontos escolhidos para a pesquisa foram avaliados fisicamente no dia 22

de setembro de 2013. Foi utilizado um (1) Protocolo de Avaliação Rápida de

Diversidade – PARD por ponto selecionado, onde foram avaliados e qualificados

visualmente 10 parâmetros do ambiente físico. Juntamente com o preenchimento do

protocolo foram anotadas informações referentes à data e horário de avaliação,

coordenadas geográficas e observações visuais relevantes, em cada um dos 8 trechos

selecionados. Essas informações relevantes compuseram uma tabela de caracterização

do Valão avaliado, que serviu de auxílio para o entendimento de algumas dinâmicas do

sistema hídrico.

4.3- Avaliação dos parâmetros físico-químicos da água

Foram coletadas amostras de água superficial nos oito pontos determinados para

a pesquisa, no dia 14 de setembro de 2013. As amostras foram coletadas com auxilio de

um “pegador” improvisado (Figura.8). Esse pegador foi confeccionado com uma garrafa

de 500 ml amarrada por arame a um cabo de madeira com medidas aproximadas de 5cm

de diâmetro e 130cm de comprimento. Foi coletada uma amostra de água em cada

trecho avaliado e, armazenadas em recipientes (coletores universais) de polietileno

esterilizados, de 50ml. As amostras foram acondicionadas a 4°C por 3-4 horas, até o

momento de análise laboratorial.

Foram mensurados pelo kit colorimétrico Alfakit os teores de amônia, nitrito,

nitrato, ferro, fosfato, alcalinidade total e alcalinidade total com espécies iônicas,

através das seguintes metodologias (METODOLOGIA ANALÍTICA, ALFAKIT,

2010).

Figura 8. Coletas de água com a utilização de "pegador" improvisado.

18

Ferro Total, II e III: pelo método do Tiocianato, que determina a

concentração de Ferro Total, II e III através da reação com íons

Tiocianato.

Nitrogênio amoniacal: pelo método do Indofenol, onde a reação de fenol

em meio básico e hipoclorito reagem com a amônia para a formação do

azul indofenol que é proporcional à concentração de amônia.

Nitrito (NTD): Neste método o nitrito é determinado através da formação

de um composto de coloração púrpura avermelhada em pH 2 a 2,5, pela

diazotação do ácido sulfanílico com o diloreto de N-(1-Naftil)-

etilenodiamino.

Nitrato (NTD): Neste método o nitrato é determinado através da

formação de um composto de coloração rósea em pH 2 a 2,5, pela

diazotação do ácido sulfanílico com o diloreto de N-(1-Naftil)-

etilenodiamino na presença de Zinco.

FOSFATO (orto B/C): pelo Método Molibdênio, no qual ocorre a

formação de um complexo azul, proporcional à concentração de

ortofosfato presente na amostra.

ALCALINIDADE TOTAL (B/C e A/C) e HIDRÓXIDA: pelo método

Titulométrico de Neutralização. Nesse método, ocorre reação dos íons

causadores da Alcalinidade Total, que têm características básicas, com

soluções ácidas, ocorrendo reação de neutralização. Para a determinação

final da reação é usado um indicador com viragem de cor para

alcalinidade total. Alcalinidade Total é a medida do teor de hidróxidos,

carbonatos e bicarbonatos presentes na amostra, expressa em termos de

CaCO3. A alcalinidade hidróxida, a fenolftaleína, é a medida do teor de

hidróxidos e/ou carbonatos presentes na amostra, expressa em termos de

CaCO3.

No momento de realização da coleta foram mensurados em campo, a

temperatura e o oxigênio dissolvido, com Oxímetro Microprocessado AT170; a

condutividade elétrica, com condutivímetro CD4301 Conductivity meter; o pH, com

pHmetro Microprocessado AT-315 e; a turbidez, com turbidímetro portátil 2100P –

Hach.

19

4.4- Avaliação do sedimento de deposição do valão

As coletas de sedimento do Valão dos Bois foram realizadas no dia 14 de

setembro de 2013. Foram determinados 250g de amostra de sedimento para cada ponto

avaliado. As amostras foram coletas com auxilio de um pegador manual, feito com cano

PVC de 10cm de diâmetro por 50cm de comprimento, baseado no modelo proposto pelo

Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras (Figura 9). Para cada coleta

utilizou-se um pegador de cano PVC diferente, sendo o material coletado foi

armazenado em sacos de polietileno, previamente imergidos em solução de ácido nítrico

10%, por 48 horas, e enxaguados com água deionizada. Para a coleta de sedimento,

foram utilizadas luvas de borracha e botas estilo “galocha” de plástico, evitando

qualquer contato com o lodo de esgoto.

Para a realização da coleta de sedimento em rios, é necessário considerar a

variabilidade temporal. Nos períodos de seca ocorre deposição de sedimentos finos e

nos períodos das chuvas, lavagem desse material. De acordo com o Guia Nacional de

Coleta e Preservação de Amostras, (2011), em estudos de caracterização, diagnóstico e

monitoramento da qualidade de sedimentos, uma única coleta anual no período de seca

pode ser adequada.

Figura 9. Modelo Pegador Manual. Proposto pelo Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostra. Fonte: CETESB, 1988.

20

No intuito de coletar uma amostra que representasse o acúmulo de metais

pesados no ambiente foi identificada a margem deposicional em cada ponto. Como

indica o Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras (2011), qualquer que seja

o tipo de ambiente amostrado a coleta para avaliação da qualidade de sedimentos

(biológica, física e química) geralmente ocorre nas áreas de deposição de sedimentos

finos (argila), pois nesses locais os contaminantes são retidos e a comunidade bentônica

é mais desenvolvida.

As amostras foram acondicionadas à temperatura aproximada de 4°C, do

momento de coleta até sua preparação para secagem. No momento de secagem os

sedimentos foram dispostos em papel e secos ao ar, em área com sombrite. As amostras

secas ao ar passaram por peneira 2mm e com a terra fina resultante realizou-se o

processo de digestão EPA3051A (Test Methods on-line, 2004). Foram determinadas 3

réplicas para cada amostra, e três réplicas de ensaio branco.

Para o preparo das amostras foram utilizadas 0,5g de sedimento para cada

réplica, depositados em tubos de teflon (próprio para digestão) e acrescidos de 9ml de

solução de HNO3 e 3ml de solução HCL. Os tubos foram levados ao Digestor Mars

Xpress, onde sofreram elevação de temperatura, com tempo de rampa de 12 minutos,

até a temperatura de 175°C, quando é iniciada a digestão, por 4 minutos e 30 segundos.

Após a digestão e o resfriamento das amostras, foi acrescida água destilada até 25ml, e

esse volume final foi filtrado em papel de filtração média.

O filtrado foi armazenado em recipientes de polietileno até o momento de

leitura. A leitura por absorção atômica foi realizada no dia 14 de janeiro de 2014, em

SpectrAA 55B, espectrometer (Varian). As leituras foram realizadas em mg/L, e o

resultado convertido à mg/Kg, para facilitar a comparação com a Resolução Conama

344/2004.

21

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1- Observações Realizadas em Campo

Algumas informações importantes para a avaliação dos ambientes escolhidos

para a pesquisa foram especificadas em forma de tabela.

As informações presentes nas tabelas foram somadas aos registros fotográficos

dos trechos avaliados e de trechos próximos, auxiliando a caracterização da qualidade

ambiental do Valão dos Bois. Entre as observações visuais, a presença de peixes nos

trechos P6 (Figura 10 e Figura 11) e P8 (Figura 12), e de girinos em P7 (Figura 13),

chamaram a atenção.

Pontos Vegetação RipáriaSubstrato

PredominanteCor Odor ruim Óleo Peixes habitanto o local

P1Gramíneas, arbustiva

e arborea

Areia e pedras

arrendodastranslúcida ausente ausente

Muitos peixes pequenos em

toda extensão

P2Gramíneas, arbustiva

e arborea

Arenoso com pedras

pequenas clara ausente ausente

Quantidade moderada de peixes

pequenos e alguns médios

P3Gramíneas, sub-arbustiva

e arbustivaArenoso/lodo acinzentado muito forte presente Ausente

P4Gramíneas, sub-arbustiva,

arbustivaArenoso/lodo acinzentado muito forte presente Ausente

P5 Gramíneas Arenoso/lodo cinza-amarronzado muito forte presente Ausente

P6Gramínea, sub-arbustivas e

poucas arboreas.Arenoso/lodo cinza-amarronzado muito forte presente

Boa quantidade de peixes muito

pequenos, respirando às margens

P7Gramíneas, arbustiva e

arboreaArgiloso/lodo cinza-escuro forte presente

Girinos por toda

a margem

P8Gramíneas, arbustiva e

arboreaArenoso/lodo verde-amarronzada forte ausente

Mutos peixes pequenos às margens

e, peixes grandes nas áreas profundas.

Tabela 3. Observações realizadas durante a aplicação do PARD e coleta de amostras.

Tabela 4. Observações realizadas durante a aplicação do PARD e coleta de amostras.

LOCAL Pontos Data Horário Clima CoordenadasÁrea de

Localização

Influência

AntrópicaLargura Profundidade

Sá Freire P1 14/set 12:00 ensolarado 0627846/7482863 UTM Rural Ausente 100cm 17cm

Valão das Louças P2 14/set 14:30 ensolarado 0638570/7505740 UTM Rural Despejo de esgoto 230cm 40cm

Rua Laurea de Barcelos(40) P3 14/set 15:40 ensolarado 0634003/484917 UTM UrbanaDespejo de esgoto e

residuos sólidos170cm 30cm

Rua Renato Gabriel (39) P4 14/set 16:00 ensolarado 0633989/7484848 UTM UrbanaDespejo de esgoto e

residuos sólidos140cm 23cm

Rua Parati P5 14/set 16:20 ensolarado 0633597/7484667 UTM UrabanaDespejo de esgoto e

residuos sólidos100cm 25cm

Rua Macaé P6 14/set 16:35 ensolarado 0633178/7484583 UTM UrbanaDespejo de esgoto e

resíduos sólidos.150cm 25cm

Valao (Estrada do lixo) P7 14/set 15:10 ensolarado 0638575/7505734 UTM Rural Ausente no local. 250cm 45cm

Jd. Maracanã P8 14/set 17:15 ensolarado 0638717/7481438 UTM Rural-UrbanaDespejo de esgoto e

resíduoas sólidos300cm 80cm

22

Figura 10. Valão dos Bois. Registro da presença de pequenos cardumes em P6.

Figura 11. Destaque para os cardumes de peixes em P6.

23

Figura 12. Presença de peixes médio/grandes em P8.

Figura 13. Presença de girinos ao longo das margens no trecho P7. Destaque para girino em vermelho.

24

Construções próximas ao curso em trechos próximos aos estudados na área

urbana foram registradas, apontando para a irregularidade no uso do solo de margem do

Valão dos Bois. A presença de lixo descartado diretamente no curso foi observada nos

trechos P3, P4, P6 (Figura 14) e P5.

Nos trechos P7 e P8 os resíduos oriundos do lixo doméstico parecem estar

integrados ao sedimento e ao solo das margens em um processo de decomposição. A

existência de períodos de cheia do Valão, relatada por moradores de diversos trechos

avaliados, parece corroborar para a deposição e integração dos materiais descartados

com o solo de margem, principalmente nos trechos P7 e P8, onde ainda existe área de

margem relativamente conservada.

Figura 14. Lixo no curso do Valão. Oriundos do descarte direto de lixo e entulho ao sistema; através do esgoto sanitário e da lavagem das cidades. Destaque para a presença de entulho em P4.

25

5.2- Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade (PARD)

Os conceitos finais do PARD nos oito pontos avaliados variaram de 12 (P6) a 80

pontos (P1), como observado na Tabela 5. .

É possível observar a variação das notas ao longo dos trechos estudados, e

identificar àqueles pontos mais impactados fisicamente (Figura 15).

O trecho P1 apresenta menor interferência antropogênica, apresentando maiores

possibilidades de habitats para biota (Figura 16). O trecho P2 apresentou uma boa

Data: 22/09/2013

PARÂMETROS AVALIADOS Nota Conceito Nota Conceito Nota Conceito Nota Conceito Nota Conceito Nota Conceito Nota Conceito Nota Conceito

1- Mata Ci l iar 5 BOM 5 BOM 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 5 BOM 3 REGULAR

2- Estabi l idade das Margens 5 BOM 5 BOM 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 5 BOM 3 REGULAR

3- Ocupação das Margens do corpo d'água 10 ÓTIMO 10 ÓTIMO 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 3 REGULAR 3 REGULAR

4- Al teração no canal 10 ÓTIMO 10 ÓTIMO 1 POBRE 3 REGULAR 1 POBRE 1 POBRE 5 BOM 3 REGULAR

5- Qual idade da água 10 ÓTIMO 5 BOM 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 3 REGULAR 3 REGULAR

6- Tipos de fluxo de água 5 BOM 3 REGULAR 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE

7- Tipos de substrato 10 ÓTIMO 5 BOM 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 3 REGULAR 5 BOM

8- Complexidade das estruturas de habitats 10 ÓTIMO 5 BOM 5 BOM 3 REGULAR 3 REGULAR 1 POBRE 10 ÓTIMO 5 BOM

9-Sinuos idade do canal 10 ÓTIMO 5 BOM 3 REGULAR 3 REGULAR 3 REGULAR 3 REGULAR 5 BOM 5 BOM

10-Presença de plantas aquáticas 5 BOM 5 BOM 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 1 POBRE 3 REGULAR

CONCEITO FINAL: 80 ÓTIMO 58 BOM 16 POBRE 16 POBRE 14 POBRE 12 POBRE 41 REGULAR 34 REGULAR

Ponto 6 (P6) Ponto 7 (P7) Ponto 8 (P8)Ponto 1 (P1) Ponto 2 (P2) Ponto 3 (P3) Ponto 4 (P4) Ponto 5 (P5)

Figura 15. Resultado Final do PARD nos oito pontos avaliados.

Tabela 5. Resultados dos Protocolos de Avaliação Rápida de Diversidade.

26

conservação de sua estrutura, recebendo um conceito final superior a 75% de todos os

pontos avaliados (Figura 17).

Os trechos P3, P4, P5 e P6 apresentaram uma estrutura ambiental semelhante,

com conceitos variando entre 12 e 16 pontos, de maneira a formar um platô no gráfico.

Foi possível observar que esses trechos, com menores conceitos, são aqueles localizados

Figura 16. Trecho P1. Escolhido como ambiente menos antropizado.

Figura 17. Trecho P2, Valão das Louças, em Seropédica.

27

nas áreas urbanas, apresentando pior estado de conservação da vegetação ciliar. A

qualidade da vegetação ciliar influenciou na pontuação de outros parâmetros avaliados

no protocolo, onde os únicos parâmetros que não receberam conceito pobre foram

sinuosidade do canal e complexidade de estruturas do habitat (Figura.18 e Tabela.5).

Os trechos P7 e P8 apresentaram conceitos finais intermediárias entre os pontos

caracterizados visualmente, sendo ambos caracterizados como ambiente REGULARES.

Nesses trechos a presença de uma vegetação ciliar mais conservada, corroborou para

que o ambiente apresentasse melhores condições para o desenvolvimento de uma biota

mais diversificada. A presença de uma vegetação ciliar mais desenvolvida melhora as

condições de diversos parâmetros analisados no sistema lótico e observados nos

resultados do PARD da seguinte forma, a vegetação confere maior estabilidade das

margens (2), favorecendo uma melhor ocupação das margens do corpo d’água (3),

conservando melhor o canal (4), evitando o carreamento de partículas e elevação da

turbidez d’água (5), o que altera o tipo de substrato (7), e a sinuosidade do canal (9).

Figura 18. Qualidade da vegetação ciliar em P3, P4, P5e P6. Todos os trechos em área urbana.

28

27,5

28

28,5

29

29,5

30

30,5

31

1 2 3 4 5 6 7 8

Temperatura (ºC)

Temperatura (ºC)

5.3- Parâmetros Físicos da Água

A avaliação da cor, assim como do odor encontra-se na caracterização dos

pontos NA TABELA 1. Nos pontos avaliados a temperatura variou de um mínimo de

28,6°C, no ponto 1, à 30,4°C, no ponto 5 (Figura 19).

É possível observar que os trechos com temperaturas mais elevadas condizem

com aqueles trechos localizados no perímetro urbano e, caracterizados pela pouca ou

nenhuma conservação da vegetação ripária. Como comenta (GREGORY et al., 1991),

(BESCHTA, 1991), a interação do sistema hídrico com a vegetação ciliar resulta na

atenuação da entrada de radiação solar no sistema lótico, devido ao sombreamento em

diversos trechos do curso d’água, favorecendo o equilíbrio térmico da água e

influenciando positivamente a produção primária do ecossistema lótico.

A turbidez mensura a alteração da penetração da luz provocada por partículas

em suspensão. Essas partículas podem dispersar ou absorver a luz, caracterizando a

água como nebulosa, esteticamente indesejável e potencialmente perigosa (PINTO,

1998). Nos resultados obtidos nas medições em campo 75% dos pontos encontraram

níveis de turbidez abaixo do determinado pelo CONAMA 357/05 para a CLASSE I de

Águas Doces. Os pontos P5 e P6, no entanto, se encontraram acima do limite permitido,

40 UTN, como mostra a Figura 20.

Figura 19. Temperatura nos oito trechos avaliados.

29

Os trechos com maiores níveis de turbidez, (P3, P4, P5 e P6) são caracterizados

pelo despejo constante de esgoto sanitário, suas águas são rasas e de baixa correnteza

(Figura. 21). Segundo Pinto, Oliveira e Pereira (2010), os esgotos sanitários são uma

das causas da elevação da turbidez das águas e, ambientes com elevada turbidez

apresentam em seus sistemas uma redução na fotossíntese da vegetação enraizada e

algas. O decréscimo dessas populações suprime também a produtividade dos peixes.

Os trechos que apresentaram menores índices de turbidez foram em ordem, P1,

P2, P7 e P8, apresentando uma coloração mais clara em suas águas (Figura 22). O

trecho P8 apresenta um decréscimo na turbidez em relação à P7, e isso pode ser

explicado pelo desaguar do Valão das Louças (P2) no Valão dos Bois após o P7,

diluindo a relação das partículas em suspensão.

CONAMA CLASSE I

ÁGUASDOCES

0

10

20

30

40

50

60

1 2 3 4 5 6 7 8

Turbidez UTN

Turbidez UTN

Figura 20. Variação da Turbidez nos oito trechos avaliados.

30

Figura 21. Turbidez da água nos trechos P3, P4, P5 e P6.

Figura 22. Turbidez da água nos trechos P1, P2, P7 e P8.

31

5.4- Parâmetros Químicos da Água

Foram avaliados em todos os trechos os parâmetros químicos, pH, condutividade

elétrica, oxigênio dissolvido, amônia, nitrito, nitrato, ferro total, fósforo total e

alcalinidade. Os resultados obtidos foram comparados aos valores estipulados pelo

Conama 357/2005.

O parâmetro químico pH variou de 6,8, (P2 e P4) à 7,5, (P1) (Figura 23). Todas

as medições se encontraram dentro dos limites estipulas pelo CONAMA 357/2005, que

recomenda um pH de 6 a 9. Sendo P1 o ponto com maior potencial hidrogeniônico e P2

e P4, os que apresentaram sua menor medição.

Parâmetros P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8CONAMA 357/05

CLASSE 1

CONAMA 357/05

CLASSE 4

Ph 7,5 6,8 7,2 6,8 7,2 7,2 7,4 7,4 6,0 - 9,0 6,0 - 9,0

Cond. Elet. (mS) 0,15 0,18 0,42 0,43 0,45 0,44 0,36 0,31

Oxigênio Diss.(mg/L) 6,13 5,24 2,42 2,7 2,9 2,85 1,92 2,95 6 2

Amônia (mg/L) 0,607 1,214 7,284 7,284 7,284 7,284 10,926 3,642 3,7 (pH<7,5) 13,3 (pH<7,5)

Nitrato (mg/L) 0 0,9 0,09 0,09 0,07 0,08 0 0,5 10 10

Nitrito (mg/L) 0 0,328 0,033 0,033 0,098 0,066 0 0,328 1 1

Ferro (mg/L) 0,25 0,5 2,5 1 0,5 0,5 2 2 0,3 5

P total (mg/L) 0 0 0,653 0,816 0,326 0,391 1,305 0 0,1 0,15

Alcalinidade Total (mg/L-1 CaCO3) 55 32 90 130 130 120 105 55

Alcalinidade, sp iônicas (mg/L-1 CaCO3-) 55 20 80 80 120 130 110 55

6,4

6,6

6,8

7

7,2

7,4

7,6

1 2 3 4 5 6 7 8

pH

Ph

Figura 23. Variação do pH ao longo dos oitos trechos avaliados.

Tabela 6. Resultados da avaliação dos parâmetros químicos nos oito trechos estudados em comparativo ao Conama 357/2005.

32

A condutividade elétrica determina a capacidade da água de conduzir corrente

elétrica, indicando a quantidade de sais existentes na coluna d’água (PINTO,

OLIVEIRA &PEREIRA, 2010). Nos 8 pontos avaliados a condutividade foi mensurada

em mS cm-1

, sendo seus valores observados na Figura 24.

Os trechos P3, P4, P5, P6, apresentaram os maiores níveis de condutividade,

com 42, 43, 45 e 44 mS cm-1

, respectivamente. De acordo com a CETESB (2009),

elevações nos valores de condutividade indicam ambientes com maiores níveis de sais,

podendo representar uma medida indireta de concentrações de poluentes em na coluna

d’água (CETESB, 2009). Dessa maneira, os resultados indicam que o despejo de esgoto

pelas residências situadas às margens dos pontos avaliados é a principal causa da

elevação da condutividade elétrica, indicando a presença de poluentes na coluna d’água.

Para a avaliação dos resultados das medições dos parâmetros de Oxigênio

Dissolvido, Serie Nitrogenada, Fósforo Total e Ferro Total nos pontos avaliados, foram

comparados e suas águas categorizadas de acordo com a Conama 357/2005. Dessa

forma, os pontos P1 e P2, foram enquadrados na Classe I de Águas Doces, e seus

resultados podem ser observados na Figura 25..

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

1 2 3 4 5 6 7 8

Condutividade Elétrica (mS)

Cond. Elet. (mS)

Figura 24. Valores de Condutividade Elétrica mensurados nos oito trechos.

33

Os demais trechos avaliados, (P3, P4, P5, P6, P7 e P8), foram enquadrados na

CLASSE 4 de Águas Doces. As concentrações de oxigênio dissolvido encontrado nas

águas foram determinantes para esse enquadramento do corpo hídrico. A Figura 26

representa os resultados utilizados para o enquadramento do corpo hídrico nos trechos

em questão. No gráfico está representada uma linha (em azul) com os níveis permitidos

para o enquadramento da água na Classe 4 do Conama destacados.

Figura 25. Trechos P1 e P2, parâmetros e enquadramento da água em Classe 1, de Águas Doces.

Figura 26. Trechos P3, P4, P5, P6, P7, P8, parâmetros e o enquadramento em Classe 4, de Águas Doces. Destaque para as concentrações de oxigênio dissolvido.

0

2

4

6

8

10

12

Oxigênio Diss. (mg

L-1)

Amônia (mg/L)

Nitrato (mg/L)

Nitrito (mg/L)

Ferro (mg/L)

P total (mg/L)

Parâmetros (mg/L) de P1 e P2

P1 P2 CONAMA

0

2

4

6

8

10

12

Parâmetros (mg/L) - P3, P4, P5, P6, P7, P8

Oxigênio Diss. (mg L-1)

Amônia (mg/L)

Nitrato (mg/L)

Nitrito (mg/L)

Ferro (mg/L)

P total (mg/L)

34

5.4.1- Oxigênio dissolvido (OD)

Dentre os gases dissolvidos na água, o oxigênio é um dos mais importantes na

dinâmica e caracterização dos ecossistemas aquáticos. De acordo com Sperling (1995) e

Thomann & Muller (1987), uma das principais causas do decréscimo de oxigênio em

sistemas fluviais é a poluição orgânica, que resulta em elevado consumo de oxigênio

por bactérias para oxidação da matéria orgânica presente no esgoto.

As principais formas de reintrodução do oxigênio nos sistemas lóticos são

através da reaeração mecânica, turbulência causada pela ação dos ventos e pelo

processo de fotossíntese. Contudo, a fotossíntese não é significativa nos trechos iniciais

de rios à jusante de fortes lançamentos de esgotos (PINTO, OLIVEIRA & PEREIRA,

2010), como ocorre nos trechos P3, P4, P5 e P6. A turbidez e a cor elevadas dificultam

a penetração dos raios solares e poucas espécies resistem às severas condições de

poluição, conseguindo sobreviver (PINTO, OLIVEIRA & PEREIRA, 2010). Nos seis

pontos caracterizados em Classe 4 de Águas Doces o oxigênio dissolvido pode refletir o

grau de poluição e de autodepuração do curso d' água, apontando para um elevado grau

de degradação do recurso hídrico nas áreas urbanas.

Nas águas naturais, o oxigênio é indispensável para os peixes, onde a maioria

das espécies não resiste à concentrações inferiores a 4,0 mg/L de oxigênio dissolvido

(KEGLEY& ANDREWS, 1998). Nesse estudo foi verificada a sobrevivência de muitos

peixes de pequeno porte no trecho P6, onde foi registrado 2,85 mg/L de oxigênio

dissolvido. Isso pode indicar um processo de seleção natural e pequena recolonização de

locais impactados com espécies mais generalistas e resistentes. De acordo com Levins,

(1968), espécies de ambientes impactados apresentam maior amplitude no uso dos

recursos.

O trecho P7, apresentou o menor nível de oxigênio dissolvido (1,92mg/L) e, em

suas águas foram observados girinos ao longo das margens (TABELA 1,eFigura 13),

Como comenta Silva (2013), nos resultados de seu estudo com girinos de 13 espécies de

anuros, foi detectada a sobrevivência da maioria das espécies em águas com oxigênio

dissolvido variando de 1,32 a 4,3, e algumas espécies que sobreviviam com níveis de

variando de 0,8 a 1,11., em sua grande maioria, generalistas.

35

5.4.2- Série Nitrogenada

Nos sistemas lóticos o nitrogênio pode ser encontrado nas águas nas formas:

nitrogênio orgânico e amoniacal (formas reduzidas) e; nitrito e nitrato (formas

oxidadas). Sempre respeitando o ciclo, simplificado, abaixo (Figura.27).

“As fontes de nitrogênio nas águas naturais são diversas. Os esgotos sanitários

constituem, em geral, a principal fonte, lançando nas águas nitrogênio orgânico,

devido à presença de proteínas, e nitrogênio amoniacal, pela hidrólise da uréia na

água.” (Cetesb-SP, 2009, p.24)

De acordo com o ciclo apresentado, em uma análise de água, é possível associar

a degradação da poluição orgânica por meio da relação entre as formas de nitrogênio

encontradas. Dessa forma as concentrações encontradas de cada componente da série

nitrogenada podem indicar diferentes estados de depuração da matéria orgânicanos oito

trechos avaliados. Os valores mensurados em cada ponto estão representados na Figura

28, permitindo um comparativo entre os ambientes avaliados.

Figura 27. Ciclo simplificado do nitrogênio (Destaque para B e C como processos de desnitrificação, com o consumo de oxigênio disponível no meio. FONTE: www.infoescola.com.br.

36

Nos trechos P3 à P7, foram registradas as maiores concentrações de nitrogênio

orgânico ou amônia; com 7, 29 mg/L (em P3, P4, P5,P6) e 10,93 mg/L (em P7). Os

elevados níveis de amônia observados indicam poluição recente ou foco de poluição.

Nos trechos P3, P4, P5 e P6 foram identificados despejos pontuais de esgoto sanitário,

fazendo com que esse seja um dos principais responsáveis pelos altos níveis de amônia

encontrados. A Figura 29 apresenta formas predominantes de N e respectivo nível de

conservação do ambiente hídrico servindo de comparativo para a interpretação das

concentrações encontradas e caracterização dos trechos estudados.

Figura 28. Concentrações para a Série Nitrogenada, nos oito trechos avaliados, com destaque para os níveis de nitrito e nitrato.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Nitrito (mg/L) Nitrato (mg/L)

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8

0

2

4

6

8

10

12

Concentração Série Nitrogenada, destaque para a relação Nitrito Nitrato.

Amônia (mg/L)

Nitrito (mg/L)

Nitrato (mg/L)

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8

37

Para que ocorra o processo de nitrificação é necessário que esteja disponível no

sistema lótico oxigênio suficiente. Como comenta Resende (2002), o enriquecimento do

sistema hídrico com nitrogênio pode afetar esses sistemas através da depleção do

oxigênio pela proliferação de bactérias heterotróficas que se alimentam da matéria

orgânica de algas e de outros microorganismos em decomposição.

Durante a coleta, não foi observada nenhuma descarga pontual de esgoto em P7

possibilitando que a ausência de nitrito e nitrato nesse trecho, indique um ambiente com

limitação em oxigênio (1,92mg/L) para a conversão das altas taxas de amônia, oriundas

da contaminação dos outros trechos do Valão dos Bois.

Nos pontos P1, P2 e P8, são observadas elevações nas concentrações de nitrato,

indicando que o processo de nitrificação tem ocorrido com menores interferências do

meio. O nitrato corresponde à estrutura preferencialmente absorvida pelos vegetais,

sendo encontrado comumente em baixas concentrações em águas superficiais. O nitrito

é observado em pequenas quantidades no sistema lótico, como também foi registrado

nos pontos avaliados. No processo de nitrificação, o nitrito corresponde à estrutura

intermediária de oxidação do N e, segundo Halling-Sorensen & Jorgensen, (1993), o

nitrito raramente atinge concentrações elevadas na natureza, pois é oxidado ou reduzido

tão rápido quanto é formado.

A queda de amônia e presença de nitrito e nitrato em P8, demonstra que o

desaguar do Valão das Louças (P2) no Valão dos Bois auxiliou o processo de

Figura 29. Tabela da distribuição relativa das formas de nitrogênio segundo distintas condições. FONTE: VON SPERLING (2005).

38

nitrificação, muito provavelmente devido à elevação do OD (5,13mg/L, em P8) para as

reações de depuração da água.

Como afirma a Cetesb – SP (2009), a amônia é um tóxico bastante restritivo à

vida dos peixes, e muitas espécies não suportam concentrações acima de 5 mg/L. O

trecho P6, no entanto, apresentou cardumes de peixes pequenos sobrevivendo em uma

concentração de amônia de 7,284 mg/L.

No trecho P7 onde foi registrada a maior concentração de amônia, habitam suas

margens alguns girinos. Hecnar (1995) afirma que a exposição ao nitrogênio inorgânico

pode alterar o comportamento das larvas de anuros causando redução dos níveis de

atividade e, de acordo com seu estudo, as moléculas de NO-3, NO

-2, NH3 e NH

+4

presentes no ambiente penetram o corpo dos anfíbios por difusão através da pele,

brânquias, pulmões e/ou por ingestão (HECNAR, 1995)

5.4.3- Fósforo Total

Como observado nos resultados da Figura 26, todos os pontos em questão

ultrapassam as concentrações permitidas pelo Conama para Classe 4 de Águas Doces,

que é 0,1mg/L, chegando à máxima de 1,305mg/L, em P7. As elevações nos níveis de

fósforo no sistema aquático registradas nos trechos P3, P4, P5, P6 podem ser explicadas

pelo constante lançamento de esgotos ao corpo hídrico nesses locais.

Segundo Alves et al. (2008) o fósforo aparece em águas naturais em decorrência

de descargas de esgotos sanitários, particularmente detergentes, efluentes industriais e

fertilizantes. E de acordo com Rebouças et al (1999), valores acima de 1mg/L, são

indicativos de ambiente com elevada poluição, como observado em P7 (1,305mg/L).

5.4.4- Ferro Total

As fontes de ferro são minerais escuros (máficos) portadores de Fe: magnetita,

biotita, pirita, piroxênios e anfibólios (PARRON, MUÑIZ & FERREIRA, 2011). O

ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à dissolução do minério

pelo gás carbônico da água, formando carbonato de ferro.

O carreamento de solos e a ocorrência de processos de erosão das margens

podem influenciar as concentrações de ferro total (Cetesb, 2009). Efluentes industriais,

39

esgotos sanitários e o lançamento direto de resíduos sólidos também interferem nas

concentrações de ferro do ambiente hídrico (LIMA, 2001; ABU-HILAL, 1990;

PEDROZO, 2001). A concentração mais elevada de Fe em P3 (2,5 mg/L), pode estar

relacionada à deposição de resíduos que contenham Fe em sua composição, realizadas

diretamente no sistema hídrico.

5.4.5- Alcalinidade e Dureza

A alcalinidade indica a quantidade de íons na água que reagem para neutralizar

os íons hidrogênio. Representa a medição da capacidade da água de neutralizar os

ácidos, o tamponamento da água, i.e., e sua condição de resistir a mudanças do pH

(MORAES, 2008). Os principais constituintes da alcalinidade são os bicarbonatos

(HCO3-), carbonatos (CO3-) e hidróxidos (OH-), e a distribuição dessas formas de

alcalinidade é determinada pelo pH da água:

Tabela 7. Variação do pH e as concentrações de Hidróxidos, Carbonatos e Bicarbonatos. Fonte:

Moraes (2008)

Nos trechos avaliados o pH não ultrapassou o valor de 7,5, de maneira que

prevaleceu em todos os trechos a forma Bicarbonatos (HCO-3

).

É possível utilizar a medição da alcalinidade para determinar a dureza carbonato

e classificar o tipo de água, como observado na Tabela 8.

Tabela 8. Dureza Carbonato. Fonte: SPERLING (2005)

pH›9,4 Hidróxidos e Carbonatos

8,3‹pH‹9,4 Carbonatos e

Bicarbonatos

4,4‹pH‹8,3 Bicarbonatos

Mole ou Branda <50 mg/L

Dureza moderada 50-150mg/L

Dura 150-300

mg/L

Muito Dura >300 mg/L

40

Para este estudo, foi avaliado em cada ponto a alcalinidade total e a alcalinidade

com espécies iônicas. Na Figura.30 estão representados os valores encontrados em cada

trecho, juntamente com uma linha que classifica as águas avaliadas em relação à dureza.

Nos trechos estudados a alcalinidade total variou de 32 mg/L de CaCO3 (P1) a

130 mg/L de CaCO3 (P4 e P5). Como afirma Moraes (2008), a maioria das águas

naturais apresenta valores de alcalinidade entre 30 a 500 mg/L de CaCO3. A elevação da

alcalinidade está associada a processos de decomposição da matéria orgânica e altas

taxas respiratórias de microrganismos, com liberação e dissolução do gás carbônico

(CO2) na água (Moraes, 2008), o que pode explicar as elevações de concentração

encontradas nos trechos mais impactados (P3 a P7).

5.5- Metais Pesados no Sedimento

Os resultados obtidos nos sete trechos (P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8) foram

comparados à Resolução Conama 344/2004 e aos valores permitidos pela Agência de

Proteção Ambiental do Canadá (Tabela 9).

0

20

40

60

80

100

120

140

1 2 3 4 5 6 7 8

Alcalinidade e Dureza de CaCo3

Alcalinidade Total (mg/L-1 CaCO3) Alcalinidade com sp iônicas (mg/L-1 CaCO3-)

Branda ou mole

Moderadamente dura

Figura 30. Valores de alcalinidade e dureza encontrados nos oito trechos avaliados.

41

Tabela 9. Concentrações de Metais Pesados (mg/Kg). Destaque para os níveis mais elevados

de alguns metais pesados quando comparados com o Conama e com a Agência de Proteção

Ambiental do Canadá.

Metais Pesado (mg/Kg)

Amostras Cd Pb Zn Cu Cr Fe

P1 0,35 0,8 10,9 2,2 1,7 13,2

P2 0,35 8,65 36,4 6,2 7,1 9180,6

P3 0,36 16,5 105,1 22,3 12,4 13615,6

P4 0,35 10,8 65,9 13,7 9,5 9309,3

P5 0,35 11,0 53,6 10,3 8,9 7620

P6 0,35 10,2 46,3 8,4 7,9 7497,3

P7 0,46 27,0 124,0 28,1 13,5 19694,6

P8 0,35 21,6 83,6 16,4 18,0 27175,6

Conama 0,6 35 123 35,7 37,3

Canadá (TEL) 0,68 30,2 124 19 52

De acordo com a Resolução Conama 344/2004, os níveis de Cr, Cd, Cu, Pb

encontrados nas amostras, se apresentam dentro do permitido para material dragado

Nível 1 (Água Doce). As concentrações de zinco ultrapassam o permitido, registrando

124mg/kg no P7, classificando-o como material dragado Nível 2 (Água Doce).

Quando são utilizados os valores padrões da Agência de Proteção Ambiental do

Canadá, o nível de cobre é ultrapassado em dois trechos, no P3 (com 22,3mg/Kg) e no

P7 (com 28,1mg/L). Em relação à concentração de Zinco no P7 é possível afirmar que

seus níveis se encontram no limite da concentração permitida para TEL (threshold

effects level). O comportamento observado pela concentração de cada metal ao longo

do oito trechos estudados, está representado em gráficos individuais na Figura 31.

42

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8

Cd

Cd

0

5

10

15

20

25

30

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8

Cu

Cu

0

20

40

60

80

100

120

140

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8

Zn (mg/Kg)

Zn

0

5

10

15

20

25

30

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8

Pb (mg/Kg)

Pb

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8

Cr

Cr

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8

Fe (mg/Kg)

Fe

Figura 31. Variação das concentrações de cada metal nos trechos avaliados.

43

Através dos valores de Log10 das concentrações de cada metal, o gráfico abaixo

demonstra o comportamento de todos os metais ao longo dos pontos avaliados. Esse

gráfico permite observar com maior nitidez as variações nas concentrações de Pb, Zn,

Cu, Cr e Fe, entre o P2 e os demais pontos, atingindo sua máxima quando comparados

os P2 e P7.

Os resultados expressos indicam o trecho P7 como o ambiente mais influenciado

antropicamente, e os metais parecem apresentar comportamento semelhante em relação

às variações de concentração (Figura 31).

No meio aquático, os metais são oriundos de fontes como lavagem geológica de

solos e rochas e pelo próprio desgaste provocado pelo curso d’água (Ebrahimpour &

Mushrifah, 2008). As fontes antropogênicas de metais no meio hídrico têm sido

relacionadas aos efluentes urbanos (principalmente Cr, Cu, Pb, Zn, Mn e Ni), a queima

de combustíveis fósseis (Cu, Ni, Pb), as indústrias de beneficiamento de ferro e aço (Cr

e Zn), fertilizantes (Cu, Fe, Mn, Ni e Zn) e depósitos de rejeitos (Zn, Mn e Pb) (Förstner

&Wittman, 1983).

A elevação nos níveis dos metais Pb, Zn, Cu e Cr nos trechos P4, P5 e P6, pode

ser explicada pela ausência de rede de coleta de esgoto nesses locais, sendo o despejo de

esgoto sanitário realizado direto ao curso d’água. Segundo Vega (1996) os esgotos e os

excrementos humanos contêm misturas tóxicas, como pesticidas, metais pesados,

-1

0

1

2

3

4

5

Títu

lo d

o E

ixo

Sedimento

log (Cd)

log (Pb)

log (Zn)

log (Cu)

log (Cr)

log (Fe)

Figura 32. Variações das Concentrações de todos os metais através do LOG10(mg/Kg metal).

44

produtos industriais e uma variedade de outras substâncias nocivas ao homem e ao meio

ambiente.

A elevação na concentração de todos os metais no sedimento do trecho P3 pode

indicar uma contaminação pontual ou uma menor vazão do curso d’água nesse trecho, o

que auxiliaria a maior deposição de partículas associadas à metais no sedimento de

fundo. A possibilidade dessas hipóteses se dá, principalmente, por esse trecho se

localizar muito próximo ao P4, onde os níveis de metais no sedimento se encontram

mais próximos aos valores dos pontos seguintes. No entanto, nesse estudo não foram

realizadas medições de vazão do curso hídrico nos trechos avaliados.

Ao avaliar o comportamento dos metais pesados nos pontos estudados, observa-

se a elevação diferenciada de suas concentrações no trecho P7 sendo possível apontar o

acúmulo de lixo do município de Seropédica, no antigo Lixão, como potencial causador

dessa contaminação. Em áreas de acúmulo de lixo a água percola através dos resíduos,

sendo vários componentes, orgânicos e inorgânicos, acrescidos ao chorume oriundo da

decomposição desse lixo. A representação da formação de um “pico” nas concentrações

de Zn, Pb, Cu e Cd no trecho P7, corroboram para a hipótese de infiltração e

escoamento desse chorume, oriundo do antigo lixão de Seropédica.

A avaliação das concentrações de metais pesados no trecho P8 permitiu

identificar um comportamento peculiar. Os metais Zn, Pb, Cu e Cd, têm suas

concentrações diminuídas após a confluência do Valão das Louças com o Valão dos

Bois, resultado de um aumento da vazão do Valão e diluição desses metais no ambiente

hídrico. No entanto, os metais Cr e Fe, após a confluência, apresentam suas

concentrações aumentadas em relação ao P7. Isso atenta para a necessidade de estudos

mais aprofundados

45

6- CONCLUSÃO

De acordo com os resultados obtidos nas diversas metodologias de avaliação da

qualidade ambiental ao longo do Valão dos Bois, é possível observá-lo como um curso

altamente impactado para as condições de vida aquática. Segundo Rosemberg (1993), a

contaminação da água é um problema primeiramente biológico, pois mesmo pequenas

alterações podem representar reflexos imediatos sobre os organismos aquáticos. Assim

os principais impactos da recorrente descarga de esgoto doméstico e resíduos no Valão

dos Bois são observados na fauna e flora desse curso.

A adição de metais pesados ao solo pode afetar a biomassa microbiana do solo

na ordem Cu>Zn>Ni>Cd, podendo também gerar estresse na microbiota, que pode

aumentar sua atividade por compensação (MELO, MARQUES & MELO, 2001b). A

biota aquática é comumente sensível à concentrações elevadas de metais pesados. Aos

peixes, doses de 0,1 a 0,4 mg/L de Pb (FIT chumbo, 2012), podem ser fatais, assim

como concentrações de 0,5mg/L de cobre (FIT cobre, 2012) causam coagulação do

muco das brânquias levando o peixe à morte.

Foram localizados dois pontos (P3 e P7) como os trechos mais alterados

ambientalmente, quando considerados todos os resultados observados e

compatibilizando as variáveis ambientais bióticas e abióticas. O trecho P3 revela a

necessidade de monitoramento dos níveis de metais pesados no local, procurando

descobrir sua principal fonte e características comportamentais desses metais no

ambiente.

Os resultados do trecho P7 apontam para a contaminação oriunda do chorume

resultante do processo de decomposição do Antigo Lixão do município de Seropédica.

As elevações de metais pesados no sedimento avaliado, os altos níveis de amônia e ferro

na água, corroboram para essa conclusão. A menor concentração de oxigênio disponível

encontrada nesse estudo indica a situação de saturação e dificuldade de ressurgência do

meio, apontando para a urgente necessidade de monitoramento do local.

De acordo com as observações sobre o ambiente físico de entorno dos trechos

estudados e as avaliações realizadas através do PARD foi possível perceber que os

pontos localizados no perímetro urbano apresentam menores condições para o

desenvolvimento da biota, sendo registrada a presença de peixes somente no P6. A

46

presença da vegetação ciliar parece influenciar os parâmetros turbidez e condutividade

elétrica, comprovando a função da vegetação ciliar como um filtro à entrada de todo o

tipo de particulado, isolando estrategicamente o curso d’água dos terrenos mais

elevados da microbacia. (AUBERTIN & PATRIC, 1974), (KARR & SCHLOSSER,

1978), (SCHLOSSER & KARR, 1981), (BAKER, 1984), (MORING et al., 1985),

(BORG et al., 1988), (ADAMS et al., 1988), (ICE et al., 1989), (MAGETTE et al.,

1989).

Conforme tem demonstrado diversos estudos, ao atravessar a zona ripária,

grande parte dos nutrientes são eficazmente absorvidos pelo sistema radicular da mata

ciliar. (AUBERTIN & PATRIC, 1974), (PETERJOHN & CORRELL, 1984), (FAIL et

al., 1987), (DILLAHA et al., 1989), ( MAGETTE et al., 1989), (MUSCUTT et al.,

1993).Dessa maneira é possível afirmar a vegetação ciliar mais conservada nos trechos

localizados em áreas rurais, permitiram o desenvolvimento de uma biota mais

diversificada, o que é refletido em maiores conceitos quando analisadas com o PARD.

No P7 essa relação é observada, onde mesmo com elevadas concentrações de Zn, Cu,

10,92 mg/L de amônia e 1,92mg/L de oxigênio dissolvido, foram observados girinos

sobrevivendo em suas margens.

Assim, integrar a avaliação dos parâmetros físicos do habitat com a dos

tradicionalmente utilizados pelo Conama, consiste em um método mais adequado de

avaliação da qualidade da água dos rios permitindo a conservação da biota aquática

(RODRIGUES & CASTRO, 2008). O uso de protocolos de avaliação rápida pode

contribuir muito para a conservação dos recursos fluviais, na medida em que são

capazes de denotar pequenas alterações no ambiente, auxiliando processos de

monitoramento (RODRIGUES, MALAFAIA & CASTRO, 2010).

O tratamento e a disposição final correta do lixo amenizam os danos causados ao

meio ambiente. Os lixões devem ser permanentemente evitados, pois sua presença gera

impactos negativos como poluição do solo, água e ar, disseminação de doenças e

degradação da paisagem (SNSA, 2007 apud, ARAÚJO & SOUZA, 2012), e da mesma

forma os lixões inativos devem ser remediados e monitorados, pois seu potencial

poluidor existirá até que todo o resíduo seja decomposto.

Dessa forma, enquanto se perpetuar a ausência de coleta e tratamento de esgoto

no munícipio de Seropédica as taxas de contaminantes tenderão a aumentar, se somando

aos poluentes do lixão. De maneira que, sem ações de políticas públicas claras e

imediatas de recuperação desse sistema lótico, acompanharemos de forma silenciosa e

47

preocupante a deterioração desses ecossistemas e a biomagnificação de metais nos

níveis tróficos subsequentes, como comenta Mishra et al, (2008).

48

7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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