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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) Bruno Cesar Rosa Mentzingen RELATÓRIO DE PESQUISA E PRÁTICA DE ENSINO EM FÍSICA Niterói 2018.2

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF)

Bruno Cesar Rosa Mentzingen

RELATÓRIO DE PESQUISA E PRÁTICA DE ENSINO EM FÍSICA

Niterói

2018.2

2

Bruno Cesar Rosa Mentzingen

RELATÓRIO DE PESQUISA E PRÁTICA DE PESQUISA EM FÍSICA.

Trabalho de conclusão de disciplina apresenta a

Universidade Federal Fluminense (UFF) com requisito

para obtenção da aprovação na disciplina de

Pesquisa e Prática de Ensino IV

Professor: José Roberto

Niterói

2018.2

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Sumário

1. Introdução. ..................................................................................................................................... 4

2. Caracterização da escola: ........................................................................................................... 4

2.1. Um pouco da história ........................................................................................................... 4

2.2. A estrutura física. .................................................................................................................. 5

2.3. O pedagógico. ....................................................................................................................... 8

2.4. A organização administrativa. .......................................................................................... 12

3. As aulas acompanhadas e sua dinâmica: .............................................................................. 13

4. O ensino de Física na escola. .................................................................................................. 21

5. Atividades desenvolvidas. ......................................................................................................... 24

6. Considerações Finais. ............................................................................................................... 32

Anexos. ................................................................................................................................................ 34

Anexo 1: Plano de aula. ................................................................................................................ 34

Anexo 2: Folha de atividades. ...................................................................................................... 36

Referências Bibliográficas................................................................................................................. 44

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1. Introdução.

Apesar de todos termos passado pelos diversos níveis escolares, e até o

momento vivenciado uma sala de aula, não nos fica claro todos os aspectos inerentes

ao ambiente escolar, muito disso vem simplesmente pelo lugar que ocupamos até

então. As disciplinas de PPE permitem que troquemos de lugar e vejamos a instituição

escola por uma visão ainda, não experimentada. O estágio permite um espaço de

reflexão sobre os diferentes conflitos e prazeres que permeiam o ambiente escolar,

sob um ponto de vista munido de criticidade e ferramental teórico.

Não espero sair completamente preparado para assumir turmas da educação

de nível básico, mas espero sair com mais consciência, mais experiência, mais

consistência, mais clareza sobre os dilemas que cercam a educação básica no Brasil.

É uma oportunidade ver na prática boa parte das questões discutidas ao longo das 4

PPE’s, além de ser uma boa oportunidade de fazer conexões com profissionais

atuantes na área.

2. Caracterização da escola:

2.1. Um pouco da história

O Liceu Nilo Peçanha se localiza na avenida Ernani do Amaral Peixoto, no

número 707, no Centro da cidade de Niterói. Compartilha o espaço e a arquitetura

com o conjunto da Praça da República. Trata-se conjunto arquitetônico, erguida para

lembrar o fato histórico e todos aqueles que por ela lutaram. Tombado pelo INEPAC

Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, todo em estilo eclético, construído no início

do século XX, em Niterói. Composto da praça, com o monumento "Triunfo a

República", e os prédios públicos do seu entorno, constituindo um dos mais

importantes conjuntos arquitetônicos do Estado do Rio de Janeiro.

Os prédios públicos que integram o conjunto arquitetônico são a Biblioteca

Parque de Niterói, a Câmara Municipal de Niterói (antiga ALERJ de 1917 até 1975), a

Liceu Nilo Peçanha, a 76ª delegacia de Polícia Civil (antigo Palácio da Polícia) e o

Tribunal do Júri da comarca de Niterói (antigo Palácio da Justiça). O projeto de

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construção da praça do monumento e dos respectivos prédios foi idealizado em 1913,

e compete ao arquiteto Pietro Campofiorito, com o objetivo de ali se fazer o grande

centro cívico de Niterói, então capital fluminense, entretanto foi concluído apenas

em 1935, com a inauguração do último grande prédio, a Biblioteca Parque de Niterói.

O Liceu Provincial de Niterói, como foi inicialmente denominado foi criado por

autorização do então presidente da Província do Rio de Janeiro Aureliano de Sousa e

Oliveira Coutinho também conhecido como Visconde de Sepetiba em 12 de setembro

de 1847 como resultado da fusão da Escola Normal, a primeira de ensino público

nesta categoria a ser criada nas Américas (1835), que visava a formação de

educadores para o magistério da instrução primária, com o Liceu de Artes Mecânicas

e a Escola de Arquitetos Medidores, sendo que os dois últimos só existiam no papel.

Já recebeu outros nomes, como Liceu de Humanidades de Niterói (1890) e

Liceu Popular de Niterói. O nome atual foi definido em 1931, quando houve a junção

da Escola Normal com o Curso Ginasial, reinaugurados com o nome do ex-presidente

da república, Nilo Procópio Peçanha(1967 – 1924), que também governou o estado

do Rio de Janeiro duas vezes (1903 a 1906 e 1914 a 1917).

Não só no Brasil mas em países como Portugal e França, de modo geral, Liceu

é o substantivo utilizado para descrever estabelecimentos de ensino secundarista,

para crianças e jovens de 10 a 18 anos, que possuem diversos objetivos como de

ensino geral e tecnológico, liceus profissionalizantes e agrícolas que oferecem em

alguns casos uma formação terminal e em outros uma formação propedêutica, aquela

que visa preparar o estudante para subir de nível na vida acadêmica.

2.2. A estrutura física.

O prédio do Liceu Nilo Peçanha foi tombado, como dito anteriormente pelo

INEPAC (em 1983) e pelo Depac (Departamento de proteção do património cultural)

do município de Niterói, em 2016. Passou por uma grande reforma em 2007, ano em

que atingiu 160 anos de ensino de qualidade. Conta com dois andares nos quais são

distribuídas salas de aulas, salas multimídia, auditórios, banheiros, laboratórios e etc.

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Além da área externa com espaços de convivência, refeitório e quadra poliesportiva,

entre outros.

No térreo, além das salas de aula, sala dos professores, direção, coordenação

e secretaria, sala dos inspetores, encontram-se escadarias para o hall de entrada, o

estacionamento para professores e funcionários, a quadra poliesportiva e anexada a

ela um banheiro com chuveiro, o laboratório de ciências, o refeitório, banheiros para

professores e aluno, um Jardim interno com arvores e plantas ornamentais muito bem

cuidadas, bancos de concreto e madeira que auxiliam na distribuição e recreação dos

que usufruem do espaço.

O acesso ao segundo andar pode ser feito por três escadas diferentes, uma

central e outras duas nas laterais do prédio. Vale ressaltar que a escola conta com

uma rampa para acesso de pessoas com deficiência física somente para o térreo.

Esse acesso se dá pelo estacionamento e todos os outros ambientes do térreo são

conectados por rampas. Ainda no primeiro andar a escola conta com banheiros para

pessoas com deficiência física. No segundo andar encontramos o salão nobre, no qual

são realizadas cerimonias, reuniões de pais e professores, palestras em eventos

culturais e científicos promovidos pela escola, salas de aula, sala dos professores

separadas por área do conhecimento, banheiros para professores e alunos,

laboratório de informática, sala de vídeo, todos funcionais.

Para melhor caracterizar a escola vale a descrição mais detalhada dos

ambientes e recursos mais utilizados pelos alunos, professores e funcionários. Pelo

estilo e idade da construção o pé direito é alto o que desfavorece a acústica e acaba

fazendo todos falarem mais alto, principalmente o professor, mas por outro lado

favorece a ventilação em dias quentes.

Mais especificamente as salas de aula são equipadas, em sua maioria, com

cadeiras e mesas separadas para os alunos o que traz muito conforto pois oferece um

bom espaço de trabalho. Não possuem aparelhos de ar condicionado, no lugar,

ventiladores de teto e de parede, que quando ligados oferecem mais ruído ao

ambiente. As janelas são de madeira e vidro e todas gradeadas para oferecer maior

segurança aos usuários. O quadro branco, de tamanho satisfatório, conta com um

quadro de avisos de cortiça revestido por um pano, no qual são fixados avisos diversos

aos alunos e professore. As paredes apresentam boa pintura e são revestidas por

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uma ripa de madeira na altura das mesas e cadeiras para evitar eventuais danos à

superfície. A iluminação é satisfatória no turno da noite e muito boa no turno da manha

e tarde pois aproveita muito bem a luz do dia. Algumas salas do térreo não possuem

paredes completas até o teto. característica que não pode ser modificada por conta

do tombamento do prédio, fato que prejudica ainda mais o silencio muitas vezes

necessário ao trabalho docente.

A sala dos professores do térreo é equipada com aparelho de ar condicionado

mesa de 8 lugares e sofás, para reuniões e interações diversas, conta também com

um quadro de avisos no qual são afixados calendários e avisos diversos da

coordenação. Fica a disposição e constantemente abastecido um café com biscoitos

salgados e doces assim como a sala de professores do segundo andar que é

separada por áreas do conhecimento.

Os laboratórios, apesar de ainda funcionais, oferecem uma estrutura pouco

prática. O laboratório de informática, por exemplo, tem muitos computadores

obsoletos e muitos nem funcionam mais. Os alunos não têm livre acesso ao

laboratório de informática. O laboratório de ciências da natureza fica fora do prédio

principal em um anexo e o principal problema é o pouco espaço, cerca de 15 pessoas,

turmas típicas são compostas por um número próximo de 35 alunos e o professor não

possui nenhum tipo de subsidio para orientar dois grupos em dois espaços diferentes

e ao mesmo tempo.

A quadra poliesportiva conta com uma cobertura o que facilita o uso do espaço

não só para prática de esportes mas para eventos como feira de ciências, formaturas,

apresentações diversas. Entre quadra e arquibancada somam-se cerca de 1300 m²

um espaço de ótima qualidade, com pintura do chão satisfatória, boa ventilação,

equipado com grade de proteção entre a quadra e a arquibancada de três níveis,

equipado também com traves para futsal e voleibol, e tabelas de basquete. A escola

conta também com uma quadra externa que está desativada.

O refeitório é constantemente elogiado pelos professores e alunos. São

produzidas refeições de boa qualidade e diversidade. São elas, desjejum, almoço,

café da tarde, jantar e ceia. O espaço também coberto e conta com mesas e cadeiras,

em sua maioria, fixas no chão, o que favorece a utilização, arrumação e limpeza do

ambiente.

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A biblioteca concentra, além do armazenamento de livros didáticos e

documentos diversos da escola. Além do armazenamento, cuida também da

distribuição e controle dos livros didáticos cedidos aos alunos. Sedia eventos de cunho

literário na escola, promovendo a leitura e a utilização de livros no dia a dia escolar. A

biblioteca fica aberta durante os turnos da manha e tarde e início do turno da noite e

oferece um espaço no qual os alunos podem interagir de diversas maneiras inclusive

consultar e fazer empréstimos de livros a qualquer momento.

A segurança dos alunos, professores e funcionários da escola está

constantemente sendo verificada e atualizada. Em um dos corredores do prédio

principal, mais especificamente perto da sala dos diretores constam quadros de aviso

nos quais são expostos certificados de vistorias da estrutura do prédio incluindo

telhado, o certificado de regularização da edificação do Corpo de Bombeiros Militar do

estado Rio de Janeiro, consta também um plano de manutenção dos extintores de

incêndio feita por uma empresa particular contratada pela escola, o plano anual de

desinsetização também feito por uma empresa particular contratada pela escola, e o

plano anual limpeza de caixa d’água e cisternas novamente um serviço prestado por

uma empresa particular contratada pela escola.

Os corredores e as portas são largas para uma rápida evacuação do prédio,

apesar da escola não contar com portas corta fogo e nem com saídas de emergência,

durante as atividades a entrada principal e a entrada pelo estacionamento ficam

abertas, por questões de organização e controle da escola os alunos não passam pela

saída do estacionamento, salvo em casos de emergência. Locais nos quais o piso é

muito liso contam com fitas antiderrapante. Os extintores estavam de acordo com o

plano de manutenção dos extintores e são de tipos diversos, destinados a diferentes

causas de incêndio.

2.3. O pedagógico.

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A caracterização da escola sob o ponto de vista pedagógico pode ser iniciada

por uma carta aberta dos professores do Liceu Nilo Peçanha em defesa da autonomia

pedagógica.

A carta se dá em função do ataque do nefasto “Escola Sem Partido” sofrido

pela professora de História Valéria Borges. O projeto 193/2016, “Programa Escola

Sem Partido” de autoria do Senador Magno Malta foi recusado pelo congresso

nacional, entretanto várias tentativas sorrateiras se espalharam pelo Brasil em

estados e municípios, uma delas foi no município de Niterói. O vereador Carlos Jordy

(PSL) é o autor do “Escola Sem Partido” na Câmara Municipal de Niterói. O citado

vereador divulgou na internet trechos de uma aula dada pela professora do Liceu Nilo

Peçanha.

Nas palavras da professora:

“Supostamente eu estaria assediando um aluno ao explicar a ação da juventude

hitlerista durante a ascensão do nazismo na Alemanha e compará-la ao

comportamento de grande parte dos seguidores de uma figura pública, o deputado

federal Jair Bolsonaro”

Segue trecho da carta dos professores do Liceu Nilo Peçanha.

“Um dos princípios fundamentais da escola democrática é a iconoclastia, ou seja, a

desnaturalização do mundo social, demonstrar a diversidade de posições da

sociedade, investigar como surgem ideias e analisar pressupostos políticos e

processos sociais, práticas estas defendidas no debate coletivo pela construção do

nosso Projeto Político-Pedagógico no início deste ano letivo. No entanto, quando um

projeto de lei, como o Escola Sem Partido, propõe um número de punições que ataca

a liberdade de ensinar, punem-se também os princípios da criação e do respeito às

diferenças. E nós, do Liceu Nilo Peçanha, historicamente prezamos muito esses

valores.”

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Vamos aos principais pontos dos da caracterização pedagógica do Liceu Nilo

Peçanha. O primeiro ponto a se destacar é a diversidade em suas várias aplicações,

diversidade de gênero, de estilo, de culturas, étnico racial, socioeconômica, e para os

que desejam a diversidade religiosa. É crucial que o professor se atente em

desenvolver sua aula reconhecendo as diversidade existentes entre os alunos, do

contrário estará desenvolvendo um ensino igual para todos, valorizando somente a

pura transmissão de conteúdos, o que traz um trabalho descontextualizado, que não

desafia os alunos e nem a ele mesmo, que não os leva a verdadeira aprendizagem,

desse modo o ensino se efetiva somente para alguns alunos, não atingindo o todo.

“A escola que se insere nessa perspectiva procura abrir os horizontes

de seus alunos para a compreensão de outras culturas, de outras

linguagens e modos de pensar, num mundo cada vez mais próximo,

procurando construir uma sociedade pluralista.” Gadotti (1992, p. 21),

Outro aspecto importante que deve ser destacado é a democracia. Não há

dúvidas de que, recentemente, a democracia tem se manifestado como um dos

assuntos mais relevantes, seja em nível nacional ou internacional. Democracia não é

válida somente no âmbito da política é evidente a necessidade da expansão de seu

uso para outros setores da sociedade. A socialização da democracia é um arquétipo

que deve ser buscado, pois os valores e condutas democráticos são os mais

acertados para se resolver os conflitos e se traçar a história. Para garantir um modo

de vida democrático é importante proporcionar oportunidades para descobrir o que

significa esse modo de vida e como pode ser vivenciado. O que nos leva a outro ponto

crucial no ambiente escolar, a igualdade de oportunidades.

O princípio da igualdade que consta na CF/1988, tem como propósito,

erradicar, ou ao menos reduzir as desigualdades econômicas e sociais, ascendendo

a justiça social. Vale dizer que para garantir uma igualdade de oportunidades àqueles

que se encontram em incontestável desigualdade é fundamental a interferência do

estado por meio de políticas sociais. Direito à igualdade remete ao direito à diferença.

A constatação da diferença retoma, o tópico anteriormente levantado que é, a

diversidade, e mais, diversidade como uma virtude.

“Por orientação inclusiva entendemos os esforços empreendidos pela

instituição educacional (e seus membros) no sentido de se minimizar,

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ou eliminar, as barreiras que estudantes possam sofrer e que os

impeça de participar plenamente da vida acadêmica, por conta de

suas diversidades oriundas de gênero, etnias, condições sociais,

situações familiares, religião, habilidades acadêmicas, etc.” (Santos,

1999, p.3)

Ainda sobre diversidade e desigualdade.

“A regra da igualdade não consiste senão em aquinhoar

desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam.”

(Barbosa, 1999, p19)

O desafio persiste na escola que sempre foi o berço da diferença, entretanto,

tal diferença tende a ser descaracterizada pela escola em razão da predominância de

políticas e práticas de padronização dos anseios e das experiencias pedagógicas. O

Liceu de modo geral, em suas diversas ações, busca exatamente a pluralidade de

ideias e a valoração das diferentes habilidades de seus alunos, professores e

funcionários.

Por último, em lugar de destaque, está a investigação como um caminho para

a educação. Investigar fomenta o questionamento, o planeamento, a recolha de

evidências, as explicações com bases nas evidências e a comunicação. Durante as

suas investigações, os alunos devem formular hipóteses, observar, experimentar,

especular e tirar as suas conclusões.

“A vivência de situações diferenciadas (…), a discussão de assuntos

controversos, a condução de investigação pelos alunos, o

envolvimento em projetos interdisciplinares (realizações que implicam

a seleção de informação e comunicação de resultados) que

conduzem, de uma forma mais completa, à compreensão do que é a

Ciência (Galvão et al., 2002, p. 8).

Fora dos destaques vemos, outras características pedagógicas e culturais

como debates e a construção do coletivo. E todos esses aspectos relacionados a

caracterização pedagógica da escola só são viáveis numa sociedade que guarde a

liberdade, a coletividade, as diferenças. Os professores do Liceu buscam equilibrar

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autonomia pedagógica que possuem, para desenvolver seu próprio trabalho, com as

pressões políticas e administrativas externas e internas.

2.4. A organização administrativa.

Para desenvolver na temática da organização administrativa da escola é

importante delinear o que seja a organização escolar e a sua administração, entendida

a escola com uma entidade social, que distinta das empresas dos setores industriais,

comerciais e de serviços. A escola tem, como grande propósito, a educação e a

formação de pessoas, cujos fatos envolvidos são inevitavelmente muito mais

qualitativos do que quantitativos.

Assim, a organização escolar refere-se aos princípios e

procedimentos relacionados à ação de planejar o trabalho da escola,

racionalizar o uso de recursos (materiais, financeiros, intelectuais) e

coordenar e avaliar o trabalho das pessoas, tendo em vista a

consecução de objetivos. (LIBÂNEO, OLIVEIRA & TOSCHI, 2009, p.

316)

É mister que o diretor tenha o entendimento de todas as variáveis que

compõem o trabalho e o arranjo escolar, para que seja apto a desenvolver essas

variáveis, com o intuito de atingir os propósitos e metas estabelecidos no

planejamento da escola. Desta forma, na prática diária, o diretor deve incentivar e

possibilitar a integração dos sujeitos da escola com vistas a formar um todo

congruente, onde os objetivos da aprendizagem, cerne da ação da escola, sejam

conquistados a partir do compromisso de todos. O diretor, deve admitir como rumo de

sua ação as políticas públicas deliberadas na expressividade do Estado, e

transmutadas para a ação ordinária da escola, a partir da colaboração coletiva dos

projetos político-pedagógicos e dos outros documentos que dessas políticas derivam.

Durante o pouco tempo que passei no Liceu pude notar que a administração

não é solo, existe uma equipe de cerca de 6 diretores, que se revezam nos três turnos

em que a escola opera. A relação entre os diretores e os professores aparenta ser de

relativa proximidade o que agrega e facilita na construção do projeto político

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pedagógico da escola. O mesmo se repete na relação entre os diretores e os alunos,

este último tem boa assistência quando precisa resolver assuntos de cunho

burocrático e pedagógico. Os outros setores, como limpeza, manutenção, cozinha,

almoxarifado, secretaria, entre outros, apresentaram um excelente funcionamento. A

cozinha sempre recebendo elogios, a limpeza sempre em dia com as salas,

corredores e banheiros. Tive a oportunidade de presenciar uma obra de reparo em

um dos banheiros, o que revela um bom estado de conservação e manutenção, os

extintores todos dentro da data de validade e pressão de trabalho, e a secretaria

sempre trabalhando a todo vapor resolvendo burocracias de futuros alunos, alunos

atuais e até ex-alunos e estagiários.

3. As aulas acompanhadas e sua dinâmica:

Sem grandes esforços de pensamento deparamo-nos com a dificuldade de

combinar diferentes fatores que dizem respeito à formação humana. Ser professor

exige muita energia e dedicação. E desde já deixo a minha admiração por todos os

professores que cruzaram a minha vida em especial a professora Maria José que me

concedeu a honra que estagiar com suas turmas.

Há inúmeros desafios, dentro e fora da sala de aula, tornam o trabalho docente

difícil, além da constante mutação de diversos campos da sociedade; principalmente

por meio da tecnologia, as informações são propagadas com extrema velocidade e

em enormes proporções. Em várias perspectivas, esses desafios e transformações,

que também incluem princípios e atitudes, têm ocasionado a desvalorização do

profissional da educação pela sociedade. É muito intensa a presença dos

smartphones em sala de aula.

Os professores têm que, literalmente disputar a atenção dos alunos com as

conversas de WhatsApp, com os memes do momento, com as curtidas no Facebook

ou Instagram, entre outros. Ao questionar um aluno sobre o uso do smartphone

durante a fala da professora obtive a resposta de que o que está sendo ministrado

tem “aos montes” no YouTube. Sinal claro da desvalorização do professor. Em

contrapartida, no fim da aula, fiz um desafio. Propus referido aluno que tivéssemos

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uma conversa na semana seguinte sobre o assunto que fora ministrado naquela aula.

Na aula seguinte, fui abordado pelo aluno e indagado sobre alguns aspectos que não

haviam ficado claros no vídeo aula do YouTube e junto dessas duvidas um

reconhecimento meio desajeitado da importância da participação nas aulas e da

presença do professor em sala. Esse aluno em especial se mostrou ativo na vida

escolar, mas outros são simplesmente iludidos pela facilidade com que acessamos

informações hoje.

A sociedade da informação, uma sociedade mais complexa, tem se

aperfeiçoado em todos os países em acordo com suas particularidades. Entretanto

uma característica é relevante em todos: A sociedade deixou os insumos energéticos

e se voltou para os insumos da informação graças aos avanços das tecnologias e

telecomunicações. Mas isso não significa informação de qualidade e/ou relevante. E

ciente dessa realidade a professora regente se propôs a avaliar vídeos no YouTube e

repassa-los aos alunos como uma fonte segura de informação para o melhor

entendimento do conteúdo ministrados e para a realização de trabalhos extraclasse.

Nessa “recente” sociedade, com toda a sua capacidade de mudança, o

professor deve procurar por constante atualização em relação aos acontecimentos

globais (principalmente em sua área do conhecimento), de modo a garantir uma boa

contextualização, como recomendam documentos oficiais que orientam o sistema

educacional nacional. No entanto, é importante ressaltar que essa formação

continuada não se estabelece por meio da simples retenção de cursos ou técnicas,

mas principalmente com um trabalho de reflexão crítica sobre as práticas e de

reconstrução ininterrupto de uma identidade pessoal e profissional. E para essa

constante atualização é necessário que o profissional se mantenha aberto a novos

conhecimentos, disposto a superar paradigmas existentes em sua prática docente, é

necessária uma postura flexível e receptiva que pude compartilhar e observar na

prática da professora regente.

“O professor ideal é alguém que deve conhecer sua matéria, sua

disciplina, seu programa, além de possuir conhecimentos relativos às

ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático

baseado em sua experiência cotidiano com os alunos. Tardif (2002,

p.39)

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“Para se concretizar a construção e a formação desse professor ideal,

é importante construir uma identidade profissional, a junção de uma

dimensão comum aos docentes a uma dimensão específica,

constituída por uma parte individual e por outra ligada aos diversos

contextos de trabalho.” Souza (2016, p. 48)

Mas não só de flexibilidade, reflexão, dedicação e empenho vive um professor.

A atual conjuntura social e tecnológica, cada vez mais dinâmico e moderno, reclama

maior atualização profissional, que adicionado à incompatível remuneração, impõe o

exercício de duplas ou triplas, exaustivas, jornadas de trabalho. Junte a isso o baixo

fomento governamental e às condições de trabalho insuficientes, em boa parte das

instituições nacionais de ensino, Temos um professor cada vez mais entorpecido no

exercício de suas atividades, com desvalorização da categoria por várias instâncias

distintas. Os antagônicos salários, a depreciação social, a indisciplina dos alunos, a

enorme carga burocrática do Estado, a violência na escola, a covardia de ser

considerado o único responsável pelo insucesso dos alunos e muitos outros fatores

de cunho social, econômico e político são exemplos que esmorecem categoria de

professor.

O professor, diante das variadas funções que a escola pública

assume, tem de responder a exigências para a s quais não se sente

preparado. Muitas vezes os trabalhadores docentes são obrigados a

desempenhar funções de agente público, assistente social,

enfermeiro, psicólogo, entre outras. Tais exigências contribuem para

um sentimento de desprofissionalização, de perda de identidade, da

constatação de que ensinar às vezes não é o mais importante

(Oliveira, 2010, p. 24).

Quando as condições do trabalho docente são muito ruins, torna-se

praticamente impossível conceber a escola como um local de

produção de conhecimentos e de saberes. O professor torna-se um

mero dador de aulas (Pereira, 2007, p. 90).

No caso do Liceu ainda encontramos uma espécie de resistência contra toda

essa depreciação do trabalho docente. Certamente aspectos como salários e a

burocracia imposta pelo governo são pontos que não competem à unidade escolar,

16

mas outros como autoridade e autonomia do professor em sala de aula, a valorização

do professor no ambiente escolar são pontos fortes do Liceu. Certamente existem

muitos casos de indisciplina em sala de aula, presenciei muitos, que foram resolvidos

em sala de aula mesmo. É necessário que o aluno e o próprio professor entendam

que o papel do professor não é punir, e tive a oportunidade de ver conflitos resolvidos

pela professora regente, através de um olhar mais individualizado, de uma fala mais

firme e até mesmo através de uma punição quando aconteciam excessos que não

devem se repetir em nenhuma esfera da sociedade.

Outro grande problema enfrentado particularmente pelo professor de Física é

o pouco tempo de permanência na escola, tanto dentro como fora da sala de aula. O

currículo mínimo sugerido pelo estado é enorme se comparado a todas as exigências

que devem ser cumpridas no tempo de aula disponibilizado. Outro fator que onera o

professor é a sua atuação em várias unidades de ensino. Todos esses fatores fazem

com que muitos professores não tenham tempo e oportunidade para colaborar de

forma ajustada com outros docentes na elaboração e desenvolvimento de iniciativas

multidisciplinares. Ainda assim tive o prazer de presenciar e a oportunidade de

trabalhar em uma bela construção coletiva que foi a 1ª Feira de Ciências da Natureza

e Matemática do Liceu Nilo Peçanha. A professora regente se dispôs a comparecer

na escola por diversas ocasiões para tratar de assuntos relacionados à feira, sem

nenhuma remuneração extra ou até mesmo de custo. Muitas pendências foram

resolvidas em dias e horários extras aos dias de aulas regulares.

“Sem dúvida houve um tempo em que ensinar era muito menos

complexo. A vida, em seu cotidiano, era muito mais comunitária e as

salas de aula abrigavam, nas escolas, número muito menor de

alunos. Além de tudo isso, as cabecinhas estavam menos

desarrumadas pelos meios de comunicação de massa, com sua

transmissão de valores conflitantes.” Morais (1986, p. 13)

Aproveitando o gancho do que fala Morais, R. outro fator de peso que contribui

imensamente para desmotivação de professores e alunos, e para dificuldades de

trabalho é o tamanho das turmas que aparentam não ter limites. No período de estágio

presenciei, após o meio do ano as turmas do turno da noite inflarem sobremaneira de

alunos, algumas até bateram a marca de 40 alunos. E esses alunos transferidos

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principalmente de outros turnos chegavam inclusive no quarto e último bimestre do

ano. Um maior número de alunos influencia profundamente no método de trabalho.

Quanto mais alunos em sala de aula menos tempo o professor tem para dedicar a

cada alunos, assim, atividades mais mecanizadas são inevitavelmente priorizadas.

A elaboração das aulas de hoje envolve, muito mais do que uma simples

sondagem do conteúdo e da execução de alguma dinâmica para a discussão em sala,

vale incluir também a busca na internet e a consideração das atualidades divulgadas

nos jornais e revistas que tenham alguma utilidade para a contextualização em sala

ou para serem trabalhados como um novo conteúdo. As aulas sem dúvida alguma se

tornaram mais multifacetadas pela diversidade maior dos alunos, que foi

consequência das políticas de inclusão social e de expansão do ensino.

Dentro desse contexto mutante foram utilizados nas aulas da professora

regente diversos recursos didáticos, como proposta de dinâmica de grupo, roteiro de

estudos, roteiro de pesquisa, trabalhos práticos que tinham como resultado um

produto final e contemplavam a física experimental, indicação de vídeos na internet,

quadro branco, listas de exercícios, leitura de livros e apostilas de autoria da

professora regente além dos tradicionais testes e provas discursivas e objetivas, pude

notar que muitos dos materiais utilizados foram desenvolvidos e aperfeiçoados ao

longo de sua densa trajetória profissional.

No tocante a participação dos alunos nas atividades em sala a perspectiva

relacional professor-aluno dentro e fora, mais dentro do que fora, do procedimento de

ensino - aprendizagem é uma das razões imprescindíveis do sucesso ou não desse

processo. No momento em que o professor se distancia dos alunos, na grande maioria

dos casos, por conta da exaustão física, mental e/ou psicológica, acaba por mecanizar

o processo de ensino - aprendizagem, o que obviamente o torna pobre, inexpressivo,

monótono, enfadonho e sem significado. Aquela velha pergunta vem à tona

“Professor, em que eu vou usar isso na minha vida?”. A diminuição e, em casos mais

graves, a extinção de interesse dos alunos pelo processo de ensino – aprendizagem,

pelo ambiente escolar, é um fator crucial para o bom desempenho escolar, geralmente

baixo no sistema de ensino atual. Certamente uma cena de fracasso escolar.

O fracasso escolar além de possuir origem orgânica, psicológica e/ou

ambiental, causa outros problemas no aluno, como desmotivação e

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desinteresse, que interfere no seu processo de aprendizagem.

Lacerda (2011, on-line)

Manter uma boa relação com os alunos certamente foi uma preocupação minha

e da professora regente. Bom humor, e a mente aberta a novas gírias, novos

comportamentos, são itens de sobrevivência na sala de aula. Não foi fácil! As turmas

eram muito heterogêneas, numa mesma turma tivemos, alunos que já eram pais (uma

aluna levou um filho para fazer prova junto dela), alunos que trabalhavam durante o

dia em uma rotina maçante, alunos que não trabalhavam, alunos que tinham vícios

em bebida alcóolica, alunos religiosos, alunos faltosos, alunos mal-educados, e alunos

com sérias dificuldades de aprendizagem, alunos cuja estrutura familiar era ausente

ou totalmente instável, e muitas vezes haviam casos de intersecção dos grupos

citados.

Tive a oportunidade de conversar mais profundamente com alguns alunos e

conhecer um pouco da trajetória de cada um. Um deles é o Thiago, não conseguia

fazer um minuto de silencio em sala de aula, e o outro era o Matheus veio transferido

para o turno da noite, ausente das aulas. O Thiago, como já citado, é conhecido pela

inquietude em sala de aula, absolutamente não respeita o espaço sonoro da sala de

aula. Apesar de nunca ter enfrentado diretamente aos professores e a mim, se

mostrava arredio e inconformado em ter que estar ali depois de um dia cansativo de

trabalho.

Em um dia de prova, com a sua saída precoce da prova tivemos a oportunidade

de conversar melhor, descobri que o Thiago tem uma filha recém-nascida, e que

trabalha em uma loja de soluções tecnológicas de segurança residencial e comercial.

Além disso faz um curso técnico de eletrônica para, em breve, assumir formalmente o

cargo de técnico de eletrônica na empresa que ele trabalha. O Thiago tem planos de

abrir a própria empresa de segurança tecnológica, orgulhoso, me mostrou as câmeras

de segurança que instalara em sua própria casa.

Certa vez sai muito tarde do Liceu e acidentalmente fiquei preso no

estacionamento, fui correndo para o portão antes que o fechassem, mas o portão

automático foi mais rápido. Gritei algumas vezes pelo inspetor que já estava dentro

de seu carro pronto para atravessar a avenida quando pouco antes de partir foi

abordado pelo Thiago avisando que havia alguém preso no estacionamento. Fui salvo!

19

Após sair do estacionamento nessa noite chuvosa, Thiago me disse que não havia

motivo para preocupação, caso o inspetor fosse embora era só mexer num

mecanismo do motor do portão para abri-lo manualmente, até hoje não sei se é

verdade, prefiro acreditar que sim.

O outro caso que tive oportunidade de conhecer é o do Matheus, também em

um dia de provas o Matheus saiu mais cedo da prova e com a testa franzida disse que

não havia feito nada, indaguei o motivo pelo qual ele faltava tanto e me disse que

estava estudando para concursos públicos de nível médio. Num tom de brincadeira

disse que para ser admitido nos concursos precisaria de presença para obter o

diploma de nível médio. Sem jeito o Matheus sorriu e disse que estava tentando. No

fim, Matheus foi aprovado no concurso para a Escola de Sargentos do Exercito

Brasileiro e estava muito feliz! Tão feliz que compareceu assiduamente às últimas três

semanas de aula.

Em outras rasas conversas que tive com outros alunos do turno da noite, pude

notar que, apesar de uma valoração por parte da escola com as aprovações em

vestibulares para ingresso no ensino superior, muitos alunos não vislumbravam esse

ensino num futuro próximo. Diferente dos alunos do turno na manhã. E boa parte

dessa diferença está conectada à estrutura familiar. No turno da noite se concentram

alunos que exercem alguma outra atividade durante o dia, muitas vezes porque já

constituíram família, ou complementam a renda familiar, ou simplesmente vivem

sozinhos. Realidade bem diferente da maioria dos alunos do turno da manhã.

A presença da família na vida escolar do aluno e nas diferentes tomadas de

decisão da comunidade escolar é cada vez menor. Consequentemente são imputadas

à escola e, por conseguinte, ao professor, incumbências educacionais pertencentes à

família. O ilógico dessa conjuntura é que, embora alguns desses relapsos

responsáveis dos estudantes não se fazerem minimamente presente nas atividades

do âmbito da vida escolar da criança/adolescente, eles requerem da escola ações que

competem ao ambiente familiar. De modo que o professor fica cada vez mais

assoberbado de questões de construção da personalidade e do caráter que cabem

tão somente à família.

O desejoso para minimizar a sobrecarga docente, para elevar o envolvimento

e o desempenho dos estudantes dentro da escola e na vida, e garantir o bom exercício

20

das instituições de ensino é que familiares, estudantes, professores, além de todos os

envolvidos no cenário escolar como inspetores, diretores e coordenadores e outros

funcionários das escolas direcionem propostas e força de trabalho em prol da melhoria

de todo o sistema/cenário educacional. Apesar de tímida, o Liceu conta com uma

associação de pais (os poucos mais engajados) que dão suporte e participam

ativamente do dia a dia da escola auxiliando e suprindo necessidades dos alunos em

trabalhos extraclasse e do cotidiano da escola. No dia da Feira de Ciências da

Natureza e Matemática tive a oportunidade de conhecer um representante da

associação de pais, o Sr. Antônio Carlos pai de uma aluna do segundo ano do ensino

médio do turno da manhã.

O sr. Antônio Carlos desempenhou um papel fundamental para o bom

andamento de um dos muitos trabalhos apresentados na feira de ciências da Natureza

e matemática. No trabalho cujo tema principal era o lixo, os alunos visitaram diversas

unidades da companhia de limpeza de Niterói, a CLIN que, vale ressaltar, desenvolve

um belo trabalho de conscientização da população desenvolvendo palestras, oficinas

de reciclagem, postos de coleta e diversos parceiros para destinação correta de lixo

extraordinário. O sr. Antônio se dispôs a levar de carro os alunos que precisavam

visitar as unidades da CLIN.

A parceria entre família e escola é essencial para que o processo

educacional se efetive de maneira satisfatória, uma vez que “a família

tem a responsabilidade de formar o caráter, educar para os desafios

da vida, perpetuar valores éticos e morais” (Chalita, 2004, p. 11).

“por melhor que seja a escola, por mais bem preparados que estejam

seus professores, nunca vai suprir a carência deixada por uma família

ausente”. Chalita (2004, p. 10)

Em uma reflexão sobre a feira de ciências, que tive a oportunidade de vivenciar,

e os vários outros trabalhos desenvolvidos me leva a pensar que a escola não é a

única encarregada pela modificação do coletivo, mas sua atribuição social (além de

todos os outros atores envolvidos) é de extrema relevância, pois é através dela que o

estudante desenvolve competências de trato pessoal e científico, sua criticidade,

capacidade de atuar em equipe, moldando assim a sua identidade cidadã, em

atividades elaboradas e mediadas pelo professor.

21

Em suma pude notar e concluir que um docente efetivamente envolvido

desempenha suas incumbências de maneira autônoma, engendrada e com seriedade,

procurando soluções para diferentes acontecimentos, através de uma atitude ética e

reflexiva e incentivando seus alunos a aprimorar suas competências. A conduta

profissional que o professor exibe em seu dia a dia escolar, seus posicionamentos e

métodos de trabalhar, aliados à sua habilidade em incentivar e mediar a edificação do

conhecimento, produzirão vínculos de empatia, respeito, confiança e afeto com os

seus alunos, tão fundamentais para o progresso do ensino-aprendizagem. As formas

de trato social (professor-aluno, aluno-aluno, e outras possíveis inter-relações próprias

da escolar), assim como a profundidade desses vínculos, exercem significativa

influência no desempenho escolar.

“É papel do professor intermediar a relação do aluno com a matéria,

em especial com os conteúdos da sua disciplina, levando em

consideração o conhecimento, a experiência de vida e a visão de

mundo que o aluno traz à sala de aula, sua habilidade intelectual, sua

capacidade, motivação e interesse, seu modo de raciocinar e agir.

Libâneo (1998)

Nós (eu e a professora regente) fomos surpreendido neste fim de ano letivo por

inúmeros agradecimentos por parte dos alunos, um sentimento de missão cumprida

se estabeleceu e mais, um sentimento de reconhecimento, de afago, de valorização.

Certamente reflexo de um trabalho bem desenvolvido. Nos sentimos mais próximos

dos alunos e eles da Física. Até os mais arredios durante as aulas se renderam a um

sorriso e um aperto de mãos. Nem todos se salvaram restam ainda aqueles que farão

a recuperação final, mas ainda assim, esses, se mostraram alcançados.

4. O ensino de Física na escola.

Selecionei alguns problemas e desafios comuns ao ensino de Física no Brasil

para estabelecer relações dialógicas com a minha experiencia de estágio.

22

O primeiro e, na minha opinião, mais grave problema do ensino de Física no

Brasil é o que vem denuncia do pela SBF (Sociedade Brasileira de Física) na em 1970.

Apesar de uma denúncia antiga os fatos ainda se mantém.

“O ensino é livresco e acadêmico, e os professores pouco tocam em

problemas mais concretos” (SBF, 1970, p. 20)

Antes de crucificar os professores de Física é necessário observar alguns

aspectos importantes. É pequena a carga horária destinada ao ensino de Física frente

ao programa sugerido, é grande número de alunos em classe, há defasagem de

laboratórios de ciências e de bibliotecas com acervo apropriado, além de dificuldades

para o acesso e a aquisição de livros e de material experimental.

No Liceu, eu me deparei com turmas grandes, com laboratórios precários,

apesar de funcionais. Não restam dúvidas de que um laboratório bem equipado traz

conforto e glamour para o ensino de Física entretanto tive como importante lição a

percepção de que para se ensinar Física prática/experimental podemos recorrer a um

repertório barato e de fácil acesso por professores e alunos interessados. Outra lição

importante foi a de que mais do que exibir experimentos interessantes, é importante

trazer para a aula a realidade do aluno, após estabelecido um certo grau de intimidade

e conforto com o conteúdo ministrado é hora de trazer o aluno para o seio da ciência

mais formal. Introduzindo-o termos mais técnicos, métodos de trabalho

proporcionando assim um alfabetizado científico.

Outro relato feito pela SBF acerca do ensino de física no Brasil faz menção à

interação/integração entre professores de uma mesma escola e até de uma mesa

disciplina. a troca de sucessos didáticos também conhecidos como (“boas práticas”)

é afetada pela interação fraca entre os docentes, também os de física.

“Cada um de nós particularmente desconhece o que o outro faz no

campo do ensino” (SBF, 1970, p. 13).

Costumeiramente, essa interação acontece em congressos, simpósios,

encontros de professores, entre outros. Boa parte das causas desse problema já

foram apontadas em trechos anteriores do presente texto. O principal fator é a falta

23

de tempo dos docentes em se reunir para planejar e posteriormente executar projetos

pedagógicos multidisciplinares. Esse tempo é escasso visto a carga horaria destinada

a disciplina de Física na grade horaria das turmas, e visto o tempo de planejamento

que os professores têm reunidos no ambiente escolar, quase inexistente.

O desafio da Feira de Ciências da Natureza e Matemática proposto em

conselhos de classe da escola foi, sem dúvida alguma, incorporado pelos professores

participantes, e junto do desafio veio à tona o problema da falta de tempo. Foram

muitas as dificuldades enfrentadas pelos professores regentes em cuidar do bom

andamento dos trabalhos que seriam apresentados na Feira. O tempo em sala é curto

e o tempo fora dela menor ainda. Uma saída foi criar um grupo de WhatsApp, neste

caso gerenciado por mim, no qual os alunos pudessem tirar dúvidas, fazer sugestões,

compartilhar materiais, links entre outros. E ainda assim se fez necessário utilizar o

curto tempo de aula para tratar de assuntos da Feira.

Todas as turmas nas quais estagiei eram de segundo ou terceiro ano do ensino

médio, ou seja, os alunos já eram iniciados na Física e ainda assim aconteceram

resistências e “espantos” em determinados assuntos que foram abordados. Aquele

friozinho na barriga que inicialmente é alimentado por comentários infundados feito

por colegas de séries mais avançadas ou até pela própria família. A Física é na maior

parte do tempo vista como uma vilã, como uma ciência totalmente fora da realidade

comum, um domínio do conhecimento reservado aos gênios. Boa parte do trabalho

que deve ser desenvolvido no ensino-aprendizagem da Física tem por atribuição

desmitificar essa alegoria obscura que normalmente se estabelece no imaginário dos

alunos. Gastamos, eu e a professora regente, boa parte do tempo em diálogos na

tentativa de trazer a Física para a realidade do aluno. Certamente não obtivemos

sucesso em todas as investidas, mas garantimos algumas perguntas curiosas que

certamente não surgiriam sem esse estímulo.

Ainda falando do distanciamento dos alunos para com a Física, notei, e já

esperava, um enorme problema relacionado à linguagem matemática quase sempre

presente nos conteúdos de Física. Neste momento valem duas observações, a

primeira é que a matemática é dispensável para se ensinar/aprender boa parte das

Leis e conceitos da Física, e a segunda é que há uma valorização pragmática dos

problemas matemáticos dentro da Física, então a Física perde o encanto e se torna

24

uma mera aplicação de fórmulas sem sentido. Por diversas ocasiões fui solicitado

pelos alunos que me perguntavam qual era a “fórmula da questão” e eu prontamente,

em um tom irônico, respondia que não havia “fórmula mágica” e que eles teriam que

pensar o fenômeno para encontra uma solução para o problema.

Afinal, problema é

“um fato, uma situação, uma colocação que não se pode resolver

automaticamente com os mecanismos usuais, mas que exige a

mobilização de diversos recursos intelectuais.” (García & García

(1989)

Claro que para dar esse tipo de resposta eu precisava do respaldo das

questões que eram cobradas. A professora regente escolhia problemas, em sua

maioria, de cunho teórico que permitissem conjecturas acerca do fenômeno

observado e não simplesmente aplicações de fórmula. Mas não dá para escapar

totalmente das contas, é importante que seja dada uma abordagem matemática a

alguns fenômenos estudados pela Física. Nesse caso, foi necessário, em boa parte

das ocasiões, uma breve revisão, que para muitos alunos se mostrava novidade, dos

conceitos e regras matemáticas.

5. Atividades desenvolvidas.

Gostaria de iniciar essa parte do trabalho reiterando algumas visões que tive

ao longo dos períodos de estágio supervisionado. O professor em formação precisa

entender que o magistério é um processo mutante, uma constante experimentação e

muito mais complexo do que uma simples preparação para a sala de aula. As

primeiras disciplinas de educação durante a graduação são o ponto de partida, mas a

conclusão do curso não é o fim da formação. A maior parte da bagagem adquirida

pelo professor vem da atividade em sala de aula. Definitivamente uma formação mais

harmoniosa com as demandas atuais precisa valorizar uma atuação crítica e reflexiva

e a contextualização do conhecimento.

Segundo os PCN,

25

“(...) além de uma formação inicial consistente, é preciso considerar

um investimento educativo contínuo e sistemático para que o

professor se desenvolva como profissional de educação. O conteúdo

e a metodologia para essa formação precisam ser revistos para que

haja possibilidade de melhoria do ensino. A formação não pode ser

tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um

processo reflexivo e crítico sobre a prática educativa. Investir no

desenvolvimento profissional dos professores é também intervir em

suas reais condições de trabalho (BRASIL, p. 25, 1997).

O professor precisa apreender e ser capaz de usar, diferentes metodologias e

recursos em seu processo de ensino - aprendizagem (experimentos, aplicativos,

vídeos, simulações, animações, jogos, textos, tirinhas, sites, fotografias e diferentes

tecnologias), pluralizar suas aulas. Com isso, ele será capaz de aumentar as chances

de um aprendizado significativo alcançando boa parte dos alunos. O contato com

essas metodologias e com esses recursos de ensino deve acontecer ainda na

formação inicial.

“(...) novas exigências educacionais pedem às universidades um novo

professor capaz de ajustar sua didática às novas realidades da

sociedade, do conhecimento, do aluno, dos meios de comunicação.

O novo professor precisaria, no mínimo, de adquirir sólida cultura

geral, capacidade de aprender a aprender, competência para saber

agir na sala de aula, habilidades comunicativas, domínio da

linguagem informal e dos meios de informação, habilidade de articular

as aulas com as mídias e as multimídias (p.29-30). Libâneo (2011).

No Liceu, tive a oportunidade de visualizar, conhecer e praticar, o acima

exposto e foram muitas as experiências, as expectativas criadas, os desafios

propostos e os problemas resolvidos. Sem dúvida alguma a disciplina de estágio é

crucial para iniciar os estudantes de licenciatura na vida profissional.

Como atividades de pré-regência gostaria de destacar a observação do espaço

da sala de aula, do comportamento dos alunos, da postura da professora regente, do

suporte oferecido pela escola, das relações interpessoais (aluno – aluno, aluno –

professor, professor – direção, entre outros) todos esses aspectos observados

26

contribuíram para uma familiarização com a escola e suas particularidades.

Contribuíram para delinear as minhas atitudes, as atividades propostas, o trato com

os alunos, com outros professores, inspetores e outros funcionários. Nos primeiros

dias de observação o caderno de campo forneceu uma orientação mais focada, mais

direcionada a assuntos relevantes para a formação, com o auxílio das orientações do

caderno campo pude desenvolver um olhar mais atento.

Os temas tratados na regências foram os sugeridos pelo currículo mínimo do

Estado do Rio de Janeiro, neste ponto vale lembrar que o professor regente tem

liberdade para organizar e ministrar os conteúdos do currículo mínimo. Nas Turmas

de terceiro ano foi trabalhado, inicialmente a Eletricidade mais especificamente a

eletrodinâmica seguido do eletromagnetismo. Mais para o fim do semestre os temas

relacionados a óptica geométrica ganharam vez. Nas turmas de segundo ano foram

os conteúdos relacionados ao calor, suas forma de propagação e seu efeitos nos

corpos e substâncias como, dilatação, mudança de fase, variação de temperatura.

Aproveitando a ideia de que calor é energia, partimos para o trato da energia sob o

ponto de vista de suas várias formas de manifestação, sua conservação e

mecanismos de transformação. Usina de geração de energia elétrica dos mais

variados tipos.

A organização e seleção dos temas foram simples, foi adotado o que foi

sugerido pelo currículo mínimo do estado do Rio de Janeiro, com pequenas variações

quanto ao momento em que o tópico foi abordado em sala de aula. Uma vez que o

planejamento estava pronto as variações que surgiram se devem principalmente a

questões de falta de tempo.

Das muitas orientações que recebi da professora regente uma, em especial, foi

muito útil e marcante na minha experiência de estágio. Ao apresentar um novo

conteúdo não se devem estender muito os comentários acerca do novo conteúdo.

Pois depois de vencida a batalha do barulho e tenha se estabelecido o silêncio em

sala, o tempo de atenção concentrada dos alunos, para uma aula expositiva é

relativamente curto quando comparado ao tempo total de aula. É necessário que a

informação, caso a aula seja expositiva, venha, num primeiro momento, simplificada

ao máximo. Mas o que fazer no restante do tempo de aula? Aqui se faz necessário

27

introduzir a diversidade através de atividades variadas de modo a contemplar as

experiências individuais e habilidades de cada aluno.

A minha maior dificuldade na elaboração das aulas foi, sem dúvida fazer caber

no tempo de aula todos os pontos de vista e particularidades do conteúdo que seria

ministrado, todas as atividades pensadas, todos os vídeos, os experimentos, roteiros

de estudo e etc. foi muito difícil, mais do que pensei que seria, escolher essa ou outra

atividade. Fazer escolhas significa abrir mão de algumas coisas em função de outras,

e o questionamento do seria mais efetivo, em termos de aprendizado me norteou

nessas escolhas. O que mais me deixou intrigado é que atividades que funcionaram

muito bem em uma turma não foram tão efetivas assim em outras. Pude notar que

fatores como horário da aula (em geral as aulas no fim do turno eram mais penosas),

ou as atividades que precediam ou sucediam a aula de Física, preferencia dos alunos

entre outros fatores devem ser avaliados ao se pensar um conjunto de atividades para

uma ou mais turmas.

Utilizei durante o processo de pesquisa para a produção dos planos de aula e

dos materiais, o currículo mínimo do Estado do Rio de Janeiro, o qual oferece, em

certo grau de detalhe, o que se espera em termos de habilidades e competências, que

o aluno adquira/ desenvolva. Outra ferramenta de extrema importância é a internet, e

os livros didáticos que curiosamente não estão disponíveis para o turno da noite. O

primeiro passo para elaborar o plano de aula foi reler o assunto que seria ministrado,

sob o ponto de vista de diferentes autores, daí saíram algumas anotações e linhas de

raciocínio. De posse desse esboço assisti algumas vídeo aulas de outros professores

no YouTube e fiz algumas adaptações. A intenção de assistir as videoaulas foi a de

perceber, possíveis links e exemplos que pudessem ser aplicados em sala de aula.

Após ter claro o caminho para a apresentação dos conteúdos para os alunos

prossegui para a pesquisa de experimentos, vídeos, aplicativos, e materiais multimídia

que pudessem ser incorporados à aula e sugeridos como material extraclasse. Depois

de ter todas essas informações claras e organizadas em mãos segui com a árdua

escolha das atividades que seriam propostas em sala dentro do tempo e das

condições disponíveis e que supostamente trariam o melhor resultado em termos de

aprendizagem tanto para mim quanto para os alunos. Tive o cuidado de selecionar

atividades curtas e simples que trabalhassem mais a parte fenomenológica do que a

28

parte matemática. E ao fim de cada aula deixei uma sugestão de exercícios, de

notícias que tratassem do assunto, de vídeos que retomassem o mesmo assunto sob

uma ótica que não foi possível desenvolver em sala de aula mas que julgo relevante

para complementação daquele conteúdo.

Durante a regência tive algumas decepções e algumas surpresas boas. O

primeiro fato desanimador, na verdade, já era esperado. Foi difícil conseguir silêncio,

os alunos mais ao fundo da sala reclamavam que não conseguiam ouvir minha voz, o

barulho externo (carros, ônibus, caminhões, motocicletas, buzinas diversas, alarmes

de construções próximas), atrapalharam bastante o início da aula. Finalmente

consegui projetar a minha voz intensa o suficiente para que todos estivessem ouvindo.

Eu estava gritando! E enquanto gritava, refletia sobre como seria dar cinco ou seis

tempos de aula todos os dias naquele tom. Foi um pouco desanimador. Depois reparei

a posição das salas em relação ao meio externo e pude perceber que algumas salas

são mais prejudicadas pelo barulho do que outras.

Voltando à regência notei que os alunos estavam tão ansiosos quanto eu,

percebi olhares atentos e comentários baixinhos. Optei por começar a aula com uma

breve exposição (dica da professora regente), durante a exposição utilizei o quadro

branco e um experimento para exemplificar e tornar mais concreto e organizado o

exposto. Depois desse momento de breve exposição partimos para uma lista de

exercícios conceituais na tentativa de reforçar o que fora exposto. Ao fim da aula deixei

mais uma lista de exercícios de fixação e sugestões de vídeos na internet. Refletindo

sobre o motivo de ser orientado a começar uma aula com uma exposição pude

constatar que se estabeleceu no contexto escolar de que matéria nova só tem validade

quando passa pelo processo de exposição.

Durante a exposição e a realização dos exercícios pude notar a enorme

diferença entre os alunos, enquanto alguns já haviam resolvido todos os exercícios

outros não haviam terminado o primeiro exercício proposto. Fiquei sem saber o que

fazer com os alunos que já haviam terminado tudo. Senti que precisava de uma “carta

na manga”, uma espécie de atividade que pudesse ocupar os alunos mais rápidos

enquanto os outros terminavam a principal atividade proposta. Em outro extremo me

deparei com alunos que afirmaram que não haviam entendido nada. Indignado, me

voltei para esses alunos e argumentei que quando isso ocorre é por que o aluno não

29

prestou atenção em absolutamente nada do que foi ministrado. Ainda num tom de

insatisfação comecei a fazer perguntas que instigassem o pensamento acerca do

conteúdo ministrado, e através das respostas que eles davam eu argumentava

parabenizando pelos os pontos certos e valorizando e questionando pelo os pontos

errados fazendo-os refletir sobre o que eles acabaram de dizer. Consegui converter

alguns!

Avalio as minhas experiências de regência como positivas, em diversos

momentos ao longo do semestre tive retornos positivos dos alunos e da professora

regente. Senti uma maior aproximação dos alunos após a minha primeira regência.

Tive uma sensação de trabalho bem feito e reconhecido. Foram muitas as perguntas

fora da sala de aula sobre o conteúdo que eles estavam estudando, principalmente

em dias de prova. Deixei de ser chamado de estagiário e fui chamado de professor

num ato falho que se repetia! E de fato acho que experimentei o gostinho do

magistério. Em uma avaliação geral, terminei a regência com uma boa sensação,

certamente tive falhas, percebi que preciso treinar a minha organização no quadro

branco e a minha grafia. Preciso também me preparar melhor para lidar com as

diferentes velocidades com que os alunos avançam no entendimento da matéria.

Em outras oportunidades de regência, nas turmas de segundo ano, segui mais

ou menos o mesmo caminho e me deparei com os mesmos problemas. Pesquisei em

livros, depois assisti alguns vídeos de outros professores no YouTube, mas não tive

sucesso em escolher um bom experimento para realizar em sala, pois o assunto não

era viável. Estávamos falando de trocas de calor. Os experimentos que pesquisei

demandavam um ferramental que eu não tinha. Como peguei uma parte do conteúdo

que já havia sido iniciado utilizei o material que a professora regente havia

disponibilizado aos alunos, trata-se de uma apostila de própria autoria. No meio do

processo de aula fui interpelado por um grupo de alunos que disseram que não

estavam entendo nada. Respirei fundo e comecei a questiona-los para entender as

necessidades de cada um. Após cerca de cinco perguntas respondidas corretamente

perguntei o que exatamente eles não estavam entendendo, quando um deles disse

que a Física era tranquila, e o que “pegava” mesmo era a matemática. Parei de

30

avançar com o conteúdo e fiz uma breve revisão sobre conceitos matemáticos que

aquela parte da matéria demandava e só então consegui terminar a aula.

As outras experiências de regência foram em aulas de revisão e aulas de

dúvidas e/ou em dias não planejados, nas quais tive a oportunidade de verificar como

aquele conteúdo que fora ministrado se organizou, ou não, na cabeça de cada aluno.

Salvo algumas raras exceções a grande maioria dos alunos demonstrou que entendeu

minimamente o que fora ministrado. Ficou claro em muitos casos que o único

elemento faltoso era o habito de estudo tão rechaçado entre os estudantes.

A 1ª Feira de Ciências da Natureza e Matemática, como foi chamada,

proporcionou uma experiencia única de aprendizado. Desde a escolha e seleção dos

temas até a apresentação dos trabalhos em dois dias exaustivos e prazerosos de

feira, muito tempo, esforço e empenho foram depositados tanto pela professora

regente quanto por mim e boa parte dos alunos. A feira foi proposta com três grandes

temas e alguns modelos pré-definidos de trabalhos que deveriam ser distribuídos

aproximadamente igual entre os grupos de responsabilidade de cada professor.

Dos objetivos listados no edital da Feira gostaria de destacar

“Desenvolver e consolidar as relações de ensino e cultura do Colégio

e região, através da interação espontânea entre os estudantes,

professores, comunidade escolar e responsáveis dos alunos.” (Liceu

Nilo Peçanha – edital da 1ª Feira de Ciências da Natureza e

Matemática, 2018)

“Despertar o interesse dos estudantes do Ensino Médio pelas

ciências da natureza e matemática e o desenvolvimento de pesquisas

e da inovação.” (Liceu Nilo Peçanha – edital da 1ª Feira de Ciências

da Natureza e Matemática, 2018)

Os três grandes Temas eram, Saúde, Água e Lixo. Após escolher um dos temas

o grupo deveria pesquisar e escolher um subtema dentro do contexto do tema

escolhido. E na sequência o grupo deveria escolher um modelo de trabalho que

pretendia apresentar, os sugeridos pelo edital foram: Experiencia com Banner,

Oficina, Apresentação artística, Vídeo autoral, Exposição de Fotografias e Mesa

Redonda com debates. Certamente o grupo que não se sentisse confortável com os

31

formatos sugeridos poderia idealizar e sugerir novos modelos de trabalho. Uma vez

definido também o modelo do trabalho era hora de colocar a mão na massa. Com a

ajuda da professora regente peguei e-mails e telefones de representantes de todos os

grupos, criei três grupos no WhatsApp, um para cada turma do turno da manhã (o

turno da noite não participou da feira) a intensão era ficar próximo dos alunos e auxilia-

los na execução do trabalho. O tempo de aula era insuficiente para ministrar os

conteúdos previstos e para resolver todos os assuntos relacionados à Feira.

Durante a execução do trabalho, os alunos eram instruídos a preencher um

diário de bordo relatando cada avanço, cada dificuldade encontrada, cada novidade

que surgia no trabalho. A ideia era que nós, orientadores, estivéssemos a par da

situação dos trabalhos e de que os alunos pudessem perceber de forma clara o

andamento do trabalho. Esse diário de bordo, deveria num primeiro momento ser

entregue semanalmente nos dias de aula ao professor responsável. Após refletir sobre

a logística do diário de bordo sugeri a criação de um diário de bordo online, que

pudesse ser preenchido e entregue a qualquer momento e em qualquer lugar. Criei,

junto da professora regente, um Formulário do Google e para o preenchimento do

diário de bordo online era necessário divulgar um link, esse link foi divulgado através

de um blog de minha autoria com uma área reservada aos alunos do Liceu Nilo

Peçanha. Lá, constavam todos os documentos oficiais da Feira para que eventuais

dúvidas pudessem ser tiradas de maneira autônoma pelos alunos.

Junto da ideia de criar um diário de bordo online veio também a ideia de criar

um blog para divulgação de informações úteis que certamente viriam dos trabalhos

realizados pelos alunos. Seria uma maneira de prestigiar os trabalhos, divulga-los, e

deixar uma contribuição para a posteridade. No blog foram reunidos todos os

trabalhos dos grupos que concordaram em fazer a divulgação. O endereço eletrônico

do blog é: 1fcnm.wordpress.com. e para divulgar o blog no dia da feira e nos dias

subsequentes foi feito um QR Code que pode ser lido por qualquer smartphone, basta

baixar um aplicativo específico de leitura de QR Code (Os aparelhos mais modernos

já oferecem essa funcionalidade no próprio aplicativo da câmera fotográfica). Essas

sugestões tornaram o trabalho da feira mais arrojado e moderno.

Chegado o dia da Feira os trabalhos foram arrumados e apresentados nos

locais específicos, salas de aula, quadra de esportes, corredores, escadas, refeitório,

32

jardim entre outros, o que sem dúvida promoveu uma maior integração e relação do

espaço da escola com cada indivíduo que a frequenta, eu mesmo conheci boa parte

do espaço físico da escola no dia da feira. Além da avaliação dos trabalhos que estava

sendo feita pela professora regente eu me encarreguei de levantar mais material para

o Blog, fotografias, vídeos, relatos e etc.

6. Considerações Finais.

No estágio obrigatório orientado tive a oportunidade de observar, refletir, aplicar

e analisar muito das teorias sobre educação apresentadas nas PPE’s. Tive contato

com a realidade de chão da escola e a oportunidade de discutir e comparar a

diferentes problemas enfrentadas por colegas de classe que fizeram as PPE’s comigo.

Nesse tempo também foi possível perceber outras dimensões da educação que

normalmente ficam ocultas para a maior parte da população, desenvolvi em função

disso um senso crítico que me norteará no trabalho docente.

Desenvolvi, observei, apliquei, planejei, expliquei, tive muitas decepções e

muitas surpresas boas. No fim, as recompensas se fizeram maiores do que as

decepções, certamente não me sinto completamente preparado para enfrentar o dia

a dia escolar mas me sinto na obrigação de a cada dia me aperfeiçoar mais um pouco,

a formação do professor deve ser continuada, as novidades e os desafios nunca

cessam!

Depois de todas as discussões, reflexões, trabalhos desenvolvidos,

observações, regências, os diferentes planejamentos, trabalho de pesquisa, leituras

de texto e etc. cheguei a conclusão de que não existe fórmula para a educação, não

existe um único método que resolverá todos as questões do processo ensino-

aprendizagem de todos os alunos. Cada situação, cada problema envolverá diferentes

atores, diferentes realidades, é importante que o professor se mantenha ativo no

cumprimento de suas atribuições. Outro ponto que foi marcante nas discussões e no

estágio é a importância de se manter a educação sem amarras, é vital que o professor

milite sempre por autonomia melhores condições de trabalho.

33

E por último, não existe escola neutra, é inerente da natureza humana se

posicionar, aliás é para isso que a instituição escola existe. A escola tem a principal

missão de formar cidadãos críticos, reflexivos, capazes de opinar e resolver

problemas acerca de um assunto com base em sua própria experiencia e nas visões

que lhe foram apresentadas.

34

Anexos.

Anexo 1: Plano de aula.

Disciplina de pesquisa e

pratica de ensino IV - 2018.

Plano de Aula – Física

Professor: Bruno Cesar Rosa Mentzingen. Tema: Eletricidade – Resistores

Duração: 35 a 45 minutos

Objetivo Principal:

Desenvolver novos conhecimentos a respeito dos circuitos elétricos.

Objetivo Específico:

- Conhecer o efeito Joule

- Caracterizar os resistores.

- Identificar as funções dos resistores em um circuito elétrico.

- Perceber a presença de resistores em aparelhos elétricos.

- Compreender a Lei de Joule

- Conhecer as diversas formas de calcular potência elétrica dissipada por um resistor.

- Analisar o os parâmetros que influenciam na resistência elétrica de um condutor.

- Conhecer e saber usar unidades de medida.

Abordagem Conteúdo Metodologia Recursos Tempo

previsto

Introdução - Apresentação do tema da

aula;

- Relembrar os conceitos de

eletricidade já estudados;

- Exposição

Oral;

- Exposição de

exemplos.

- Uso do

quadro;

10

minutos

35

Desenvolvimento - Apresentação do Efeito

Joule.

- Caracterização dos

Resistores;

-; Apresentação do

experimento para a

identificação das funções dos

resistores.

- Introduzir a Lei de Joule.

- Introduzir o conceito de

potência elétrica.

- Resolução das atividades da

folha de atividades;

- Exposição

Oral;

- Definições

formais;

- Folha de

atividades.

- Experimento

- Folha com

atividades;

30

minutos

Conclusão - Proposta de exemplos de

fixação;

- Proposta de tarefa de casa.

- Folha de

atividades;

- Folha

impressa

para casa.

5

minutos

36

Anexo 2: Folha de atividades.

COLÉGIO LICEU NILO PEÇANHA

3º ANO DO ENSINO MÉDIO.

TEMA

Resistores

RESISTORES

Professor: Bruno Cesar Rosa Mentzingen Data:

Nome: Nº: Turma:

Folha de Atividades – Aula e Casa

1. Defina os termos e conceitos a seguir:

a) Dissipar energia elétrica:

___________________________________________________________

___________________________________________________________

b) Resistência elétrica:

___________________________________________________________

___________________________________________________________

2. Caracterize os resistores preenchendo a tabela a seguir.

Resistores

Funções

Principal propriedade física

3. Reveja a definição de efeito Joule completando a frase com os termos

presentes nos quadros abaixo.

37

Quando a ______________________atravessa um ___________________,

ocorre a transformação de energia elétrica em _________________________, devido

à colisão dos___________________________ com os átomos do condutor. Esse

fenômeno é denominado efeito térmico ou______________________________.

4. Exemplifique objetos que você conhece que utilizam resistores elétricos.

Explique qual é a função do resistor em cada um deles.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5. Nomeie os termos relacionados à lei de Ohm e indique suas unidades no SI.

U: ____________________________________________________

R: ____________________________________________________

i: ____________________________________________________

6. Conceitue a lei de Ohm completando a frase com alguns dos termos

apresentados nos quadros abaixo.

38

O quociente da ___________________ nos terminais do__________________ pela

intensidade da corrente elétrica que o atravessa é __________________ e igual à

resistência elétrica do ____________________.

7. Indique as equações utilizadas para o cálculo da potência elétrica completando

o diagrama a seguir. Utilize os símbolos: U para a ddp, i para a intensidade da

corrente elétrica e R para a resistência elétrica do resistor.

8. Descreva os fatores que interferem na resistência de um resistor.

a) Material do resistor:

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

b) Dimensões do resistor:

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

39

c) Temperatura do resistor:

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

9. Nomeie as grandezas envolvidas na equação que define a resistência de um

material: 𝑅 =𝜌∙𝐿

𝐴. Em seguida, indique as unidades de medida de cada

grandeza no SI.

Grandeza Nome Unidade de medida

R

𝜌

L

A

10. O que é resistor equivalente?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

11. (ITA-SP) Medidas de intensidade de corrente e ddps foram realizadas com dois

condutores de metais diferentes e mantidos à mesma temperatura,

encontrando-se os resultados da tabela abaixo:

Nessas condições pode-se afirmar que:

40

a) ambos os condutores obedecem à lei de Ohm.

b) nenhum dos condutores obedece à lei de Ohm.

c) somente o condutor 1 obedece à lei de Ohm.

d) somente o condutor 2 obedece à lei de Ohm.

e) nenhuma das anteriores.

12. (Cesgranrio-RJ) Alguns elementos passivos de um circuito elétrico são

denominados resistores ôhmicos por obedecerem à lei de Ohm. Tal lei afirma

que:

a) mantida constante a temperatura do resistor,sua resistência elétrica é constante,

independente da tensão aplicada.

b) a resistência elétrica do resistor é igual à razão entre a tensão que lhe é aplicada e

a corrente que o atravessa.

c) a potência dissipada pelo resistor é igual ao produto da tensão que lhe é aplicada

pela corrente que o atravessa.

d) o gráfico tensão versus corrente para o resistor é uma linha reta que passa pela

origem, independente de sua temperatura ser ou não mantida constante.

e) a resistência elétrica do resistor aumenta com o aumento de sua temperatura e

diminui com a diminuição de sua temperatura.

13. (Uepa) Os choques elétricos produzidos no corpo humano podem provocar

efeitos que vão desde uma simples dor ou contração muscular até paralisia

respiratória ou fibrilação ventricular. Tais efeitos dependem de fatores como a

intensidade da corrente elétrica, duração, resistência da porção do corpo

envolvida. Suponha, por exemplo, um choque produzido por uma corrente de

apenas 4 mA e que a resistência da porção do corpo envolvida seja de 3.000

41

C. Então podemos afirmar que o choque elétrico pode ter ocorrido devido ao

contato com:

a) uma pilha grande de 1,5 V.

b) os contatos de uma lanterna contendo uma pilha grande de 6,0 V.

c) os contatos de uma bateria de automóvel de 12 V.

d) uma descarga elétrica produzida por um raio num dia de chuva.

e) os contatos de uma tomada de rede elétrica de 120 V.

14. Em um chuveiro elétrico (2.200 W — 220 V) cortou-se a resistência ao meio;

em virtude desse corte, a nova potência do chuveiro será:

a) 550 W

b) 1.100 W

c) 4.400 W

d) a mesma de antes

e) nenhuma das anteriores

15. (Unisinos-RS) Um estudante resolveu acampar durante as férias de verão. Em

sua bagagem levou uma lâmpada com as especificações: 220 V — 60 W. No

camping escolhido, a rede elétrica é de 110 V. Se o estudante utilizar a sua

lâmpada

na voltagem do camping:

a) não terá luz, pois a lâmpada “queimará”.

b) ela brilhará menos, porque a potência dissipada será de 15 W.

42

c) ela brilhará menos, porque a potência dissipada será de 30 W.

d) ela brilhará normalmente, dissipando a potência de 60 W.

e) ela brilhará mais, porque dissipará uma potência de 120 W.

16. A chave de ligação de um chuveiro pode ser colocada em três posições: fria,

mor na, quente. A resistência elétrica que aquece a água varia com essas

posições, assumindo, não respectivamente, os valores, média, baixa, alta. A

correspondência certa é:

a) água quente, resistência baixa.

b) água fria, resistência baixa.

c) água quente, resistência média.

d) água morna, resistência alta.

e) nenhuma das correspondências anteriores é correta.

Sugestões para evoluir!

• Acesse, estude e divirta-se!

https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulations/category/physics/electricity-

magnets-and-circuits

• Acesse no YouTube

✓ Como funcionam as baterias (Adam Jacobson) – TED-ed

✓ Vocabulário elétrico - TED-ed

43

Anexo 3: QR Code do Blog.

Anexo 4: Endereço eletrônico do Blog.

<https://1fcnm.wordpress.com/>

44

Referências Bibliográficas.

▪ <http://sosbrasilsoberano.org.br/professores-liceu-nilo-pecanha-divulgam-

carta-em-defesa-da-autonomia-pedagogica/.> Acesso em(06/12/2018)

▪ <http://www.cbmerj.rj.gov.br/para-o-cidadao/regularizacao/semana-de-

prevencao.> Acesso em(06/12/2018)

▪ <http://www.inepac.rj.gov.br/index.php/acervo/detalhar/32/0.> Acesso

em(06/12/2018)

▪ <http://www.ofluminense.com.br/pt-br/cidades/tombado-liceu-nilo-

pe%C3%A7anha-se-torna-patrim%C3%B4nio-municipal.> Acesso

em(06/12/2018)

▪ BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília:

Ministério da Educação, 1997.

▪ CHALITA, G. Educação: a solução está no afeto. 12ª ed. São Paulo: Gente,

2004.

▪ GADOTTI, Moacir. Diversidade Cultural e Educação para Todos. Juiz de Fora:

Graal.1992. p. 21, 70.

▪ GARCÍA, J. E.; GARCÍA, F. F. Aprender investigando: una propuesta

metodológica basada en la investigación. Sevilla: Diada, 1989.

▪ LACERDA, C. C. Problemas de aprendizagem no contexto escolar: dúvidas ou

desafios? Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/index.php/941-

problemas-de-aprendizagem-no-contexto-escolar-duvidas-ou-desafios.

Acesso em: 5 dez. 2018.

▪ LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, adeus professora. 13º Edição. São Paulo:

Cortez, 2011.

▪ LIBÂNEO, J.C.; OLIVEIRA, J.F.; TOSCHI, M.S. Educação Escolar: políticas,

estrutura e organização. 8.ed. São Paulo: Cortez, 2009 (Coleção Docência em

Formação).

▪ MORAIS, Régis de. O que é ensinar. São Paulo: E.P.U, 1986.

▪ OLIVEIRA, D. A. Os trabalhadores da educação e a construção política da

profissão docente no Brasil. Educar em Revista, Curitiba, Número Especial1, p.

17-35, 2010.

45

▪ PEREIRA, J. E. D. Formação de professores, trabalho docente e suas

repercussões na escola e na sala de aula. Educação & Linguagem, v. 10, nº

15, p. 82-98, 2007.

▪ SOCIEDADE BRASILEIRA DE FÍSICA. Boletim, São Paulo, n. 4., dez. 1970.

▪ SOUZA, F. S. Política nacional de formação de professores: análise da

implementação do PIBID de Matemática da Universidade Federal Fluminense.

345 f. Tese (doutorado em Educação) – Universidade Federal Fluminense.

Niterói, 2016.

▪ TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes,

2002.