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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO GESTÃO DA INFORMAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE Matheus Marinho Monteiro de Oliveira Maria Helena Campos Soares de Mello

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

GESTÃO DA INFORMAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA: UM

ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE

CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE

Matheus Marinho Monteiro de Oliveira

Maria Helena Campos Soares de Mello

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MATHEUS MARINHO MONTEIRO DE OLIVEIRA

GESTÃO DA INFORMAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA: UM ESTUDO DE CASO

EM UMA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Engenharia de

Produção da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial à

obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção.

Orientador (a):

Prof. Maria Helena Campos Soares de Mello

Niterói 2018

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O48g Oliveira, Matheus Marinho Monteiro de GESTÃO DA INFORMAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA: UM ESTUDO DE CASO

EM UMA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE / Matheus

Marinho Monteiro de Oliveira ; Maria Helena Mello, orientador.

Niterói, 2018.

58 p. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia

de Produção)-Universidade Federal Fluminense, Escola de

Engenharia, Niterói, 2018.

1. Comunicação. 2. Processo. 3. Melhoria. 4.

Priorização. 5. Produção intelectual. I. Título II.

Mello,Maria Helena, orientador. III. Universidade Federal

Fluminense. Escola de Engenharia. Departamento de Engenharia

de Produção.

CDD -

Ficha catalográfica automática - SDC/BEE

Bibliotecária responsável: Fabiana Menezes Santos da Silva - CRB7/5274

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MATHEUS MARINHO MONTEIRO DE OLIVEIRA

GESTÃO DA INFORMAÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA: UM ESTUDO DE CASO

EM UMA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO NAVAL E OFFSHORE

Projeto Final apresentado ao curso de Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a aquisição do

Grau de Engenheiro de Produção.

Aprovado em: 13/07/2018 BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Professora Maria Helena Campos Soares de Mello – Orientadora _____________________________________________ Professor Valdecy Pereira _____________________________________________ Professor Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas

NITERÓI – RJ

2018

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Carlos Eduardo M. Oliveira e Margarete Marinho, que em toda

minha trajetória sempre me apoiaram em todos os sentidos para que essa etapa

da vida fosse concluída com sucesso.

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AGRADECIMENTOS

Aos professores do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade

Federal Fluminense – UFF, aos quais admiro e respeito. Em especial a minha

orientadora Professora Maria Helena que sempre buscou me ajudar em todos os

momentos do meu TCC e a minha banca Professor Osvaldo Quelhas e Valdecy

Pereira por estarem presentes e enriquecendo com conhecimento esse momento

tão especial.

A Atlética de Engenharia UFF por me proporcionar a oportunidade de conhecer

pessoas incríveis, por todo o trabalho realizado e por todo amadurecimento

adquirido profissionalmente e interpessoalmente.

Ao melhor período da Engenharia de Produção, 2013.1, que me proporcionou

conhecer a faculdade de forma incrível e sempre foi um motivo de muito orgulho e

inspiração para que esse importante momento chegasse. Em especial a Carolina

Rangel que me acompanhou durante toda essa jornada e a Caroline Carmo com

toda sua contribuição com materiais didáticos e completos.

A minha família por todo apoio recebido em todos os momentos, em especial aos

meus pais, padrinhos e tios por estarem sempre acompanhando de perto toda

minha trajetória e servindo de exemplo na busca de objetivos cada vez maiores.

Aos meus amigos do Colégio Pedro II e da vida, que me acompanham em todos

os momentos. Em especial a Paulo Portilho, Gabriel Teixeira, Gustavo Teixeira,

João Bizzo, Lucas Faraht, Jônatas Freitas, Fernando Lucas, Jean Mendonça e

Davi Gelenske.

Ao meu tio Jorge Lima por me apoiar em um momento decisivo de escolha na

graduação, aos meus irmãos Tawane Canela e Guilherme Canela por me

fazerem buscar sempre ser alguém melhor a cada dia e a Clara Natalino por todo

apoio concedido nesses últimos períodos de graduação.

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EPÍGRAFE

“O sucesso é uma consequência e não um objetivo”

Gustave Flaubert

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RESUMO

O presente estudo definiu três departamentos de uma empresa de construção

naval e offshore: Planejamento e Controle da Produção, Suprimentos e

Almoxarifado com o intuito de identificar como funciona a relação dos processos

que envolvem esses três departamentos e propor planos de ação com melhorias

para as atividades já realizadas. Inicialmente foi aplicada uma entrevista

semiestruturada com dois representantes de cada setor, foram coletadas

informações relacionadas aos perfis dos respectivos funcionários e as principais

atividades desempenhadas pelos setores. A partir dos dados obtidos análises

foram geradas e um principal processo de cada setor mapeado, com descrição e

fluxo do processo. Com o mapeamento realizado foram levantadas atividades que

ocasionam os chamados desperdícios da produção, esses desperdícios tiveram

suas causas levantadas e foram colocadas no Diagrama de Ishikawa. Houve um

processo de priorização utilizando a Matriz GUTFI e posteriormente o Diagrama

de Pareto, que teve como resultado causas a serem priorizadas. Foram

elaborados planos de ação utilizando a metodologia 5W2H para cada uma das

causas priorizadas. Pode-se concluir que o estudo identificou a necessidade de

um maior alinhamento entre os setores, o processo precisa ser claro não só para

quem realiza como também para quem é impactado por ele. Todas as ações

propostas convergiram para a melhora da troca de informação entre os processos

principalmente no que diz respeito aos fornecedores e clientes internos.

Palavras-chave: Comunicação, processo, melhoria, priorização

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ABSTRACT

The present study defined three departments of a shipbuilding and offshore

company: Planning and Control of Production, Supplies and Warehousing in order

to identify how the relationship between the processes involving these three

departments works and propose action plans with improvements to the activities

already carried out. Initially a semi-structured interview with two representatives of

each sector was applied information was collected regarding the profiles of the

respective employees and the main activities performed by the sectors. From the

data obtained analysis were generated and a main process of each mapped

sector with description and flow of the process. With the mapping carried out

activities were raised that cause the so-called production wastes these wastes

have had their causes raised and were placed in the Ishikawa Diagram with the

causes raised hears a prioritization process using the GUTFI Matrix and later the

Pareto Diagram, which resulted in causes to be prioritized. Action plans were

developed using the 5W2H methodology for each of the prioritized causes. It can

be concluded that the study identified the need for greater alignment among

sectors the process needs to be good not only for those who perform but also for

those impacted by the process. All of the proposed actions have converged to

improve information exchange between processes especially with regard to

suppliers and internal customers.

Keywords: Communication, process, improvement, prioritization

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Processo de transformação 20

Figura 2 – Diagrama de Ishikawa 25

Figura 3 – Matriz GUTFI 26

Figura 4 - Fluxograma de Requisição interna de material 40

Figura 5 – Fluxograma de Recebimento interno 42

Figura 6 – Fluxograma de Compra de material 44

Figura 7 – Diagrama de Ishikawa 46

Figura 8 – Parâmetros Matriz GUTFI 47

Figura 9 – Diagrama de Pareto 48

Figura 10 – Plano de Ação para padronizar cadastro de materiais 49

Figura 11 – Plano de Ação para tornar procedimentos mais eficientes 50

Figura 12 – Plano de Ação para comunicação de recebimento do material 51

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Resumo do perfil dos entrevistados

35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resumo de perfil dos entrevistados 2 35

Tabela 2 – Matriz GUTFI 47

Tabela 3 – Suporte para Diagrama de Pareto 48

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 15

1.2 Problema Estudado ................................................................................................................ 17

1.3 Objetivo Do Estudo ................................................................................................................ 17

2 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................................................. 18

2.1 Informação e Comunicação Interna ....................................................................................... 18

2.2 Processo ................................................................................................................................. 19

2.3 Fluxograma ............................................................................................................................. 20

2.4 Lean Manufacturing: Os 7 Desperdícios Da Indústria ............................................................ 21

2.4.1 Perda por superprodução ............................................................................................... 21

2.4.2 Perda por tempo de espera ............................................................................................ 22

2.4.3 Perda por transporte ....................................................................................................... 22

2.4.4 Perda por processamento ............................................................................................... 22

2.4.5 Perda por defeito ............................................................................................................ 23

2.4.7 Perda por estoque ........................................................................................................... 23

2.5 Diagrama de Ishikawa ............................................................................................................ 24

2.6 Matriz GUTFI .......................................................................................................................... 25

2.7 Diagrama de Pareto ................................................................................................................ 25

2.8 Estoque ................................................................................................................................... 26

2.9 Planejamento e Controle da Produção .................................................................................. 27

2.10 Gestão do Conhecimento ..................................................................................................... 27

2.11 Plano de ação: Metodologia 5W2H ..................................................................................... 28

3 METODOLOGIA .............................................................................................................................. 30

3.1 Pesquisa .................................................................................................................................. 30

3.2 Identificação Dos Processos ................................................................................................... 31

3.3 Identificação Dos Desperdícios Dos Processos ...................................................................... 31

3.4 Priorização Dos Problemas ..................................................................................................... 32

3.5 Elaboração De Plano De Ação ................................................................................................ 33

4 ANÁLISE DE RESULTADO ............................................................................................................... 34

4.1 Análise De Respostas Quantitativas ....................................................................................... 34

4.2 Análise De Respostas Qualitativas ......................................................................................... 35

4.3 Mapeamento E Descrição Do Processo.................................................................................. 37

4.3.1 Processo de requisição interna de material ........................................................................ 37

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4.3.2 Processo de recebimento de material ............................................................................ 39

4.3.3 Processo de compra de material ..................................................................................... 42

4.4 Análise De Desperdícios Dos Processos ................................................................................. 43

4.5 Diagrama De Ishikawa ............................................................................................................ 45

4.6 Matriz GUTFI .......................................................................................................................... 45

4.7 Diagrama De Pareto ............................................................................................................... 46

4.8 Plano De Ação ........................................................................................................................ 48

5 Conclusão ...................................................................................................................................... 51

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................ 53

Anexo I – Questionário aplicado ...................................................................................................... 58

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1 INTRODUÇÃO

1.1 O Contexto Do Estudo

A industrialização e o desenvolvimento econômico de um país estão

inteiramente relacionados, para Pinto e Silva (2006), se a indústria estiver ativa os

demais setores econômicos também estão em evolução, o que retrata sua

importância para o bem estar de toda a sociedade. Basta olhar para os fatos e

verificar que os países que buscaram seu desenvolvimento econômico através da

industrialização e obtiveram sucesso nesse processo, se tornaram grandes

potências mundiais, como por exemplo, Inglaterra e França. Sendo assim, a

busca pela industrialização atraiu cada vez mais as nações, o que fez aumentar a

concorrência e evidenciar a importância da competitividade para manutenção

constante do processo de industrialização. (VISENTINI e PEREIRA, 2012).

No caso do Brasil, o país passou pela chamada industrialização tardia,

tendo o processo iniciado apenas ao final do século XIX, um século após o

processo de industrialização das principais potências mundiais (SZMRECSÁNYI,

2002). Esse início tardio fez com que o país encontrasse diversas dificuldades e

barreiras para competir por mercado com as principais potências, o que reforça a

necessidade da intensa busca por vantagens competitivas. Uma interessante

vantagem competitiva está na forma como as informações fluem pela empresa e

tornam os processos mais eficazes, há um cenário de reduções drásticas no

custo de aquisição, processamento e transmissão das informações e isso vem

alterando a maneira como os negócios são realizados. (PORTER,1999)

A troca de informação historicamente foi fundamental para sobrevivência

do homem. Para Costella (2001), “a história da comunicação se inicia no

momento em que os integrantes de um primitivo agrupamento humano

começaram a se entender por gritos, gestos com os quais externaram intenções e

indicaram objetos.” Esse entendimento permitiu certa forma de organização e

forneceu um diferencial na intensa disputa que era a convivência no mundo

animal.

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Quando se olha para as empresas, nota-se também uma intensa

concorrência por mercado e assim como no mundo animal, a comunicação se

mostra fundamental para a sobrevivência, nesse caso, da própria empresa. Nesse

sentido, não só a importância como também a constante necessidade de

aprimoramento surgem como imperativos na medida em que os meios de

produção vêm evoluindo, e a necessidade de coordenação entre os funcionários

aumentando. Uma coordenação eficaz pode ser vista como uma força interna da

empresa, pois é uma qualidade da organização que pode influenciar

positivamente no seu desempenho. (REZENDE, 2008)

Sob a ótica empresarial, a comunicação organizacional começa a ter sua

relevância elevada entre 1830 e 1840, na Suíça e Alemanha, no momento em que

foram criados os primeiros jornais de empresa. Nesse primeiro momento, a

comunicação corporativa visava fazer contraposição em relação à imprensa

sindical e trazer informação aos operários vindos do campo, que em muitos casos

estavam perdidos nas fábricas. (SOARES, 2004)

No Brasil, o jornal coorporativo teve seu início em 1926, publicado pela

General Motors. A partir da década de 1960 essa prática ganha volume e tem

como grande marco a criação em 1967 da Associação Brasileira de Comunicação

Empresarial (ABCE). (SOARES, 2004)

Artesanato, manufatura e indústria retratam de forma resumida alguma das

evoluções pelas quais os meios de produção passaram. Algo que se destaca

nessa evolução é exatamente o elevado crescimento do número de agentes

envolvidos no processo, o que apenas corrobora a tese de que a troca de

informação é cada dia mais essencial. (DAFT, 2008)

Segundo dados do Sindicato Nacional DA Indústria DA Construção e

Reparação Naval e Offshore - Sinaval (2017), a atividade industrial naval

brasileira passou por um grande período de crescimento entre 2007-2014 e a

partir de então, tem vivido em período de queda. Esse período de queda tem

diversas explicações e a principal passa pelo escândalo de corrupção na

Petrobrás, principal contratante do setor. Essa situação fez com que a Petrobrás

interrompesse diversas obras e cancelasse uma série de licitações que teriam o

uso de conteúdo local. (FERREIRA, 2017)

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1.2 Problema Estudado

Este trabalho aborda a troca de informação entre três departamentos que

impactam diretamente em seu cliente final, o setor de Produção. Uma

comunicação com ruído ou até mesmo que leve um tempo maior do que deveria

entre esses setores pode conduzir não só a um atraso no projeto, como também à

ocorrência de ociosidade na mão de obra direta.

Outro aspecto que pode ter causa na falha da troca de informação está na

alocação de recurso financeiro indevido, já que um dos grandes impactados por

essa comunicação é o departamento responsável pela compra de materiais e

equipamentos. Essa ação por muitas vezes envolve a compra de produtos caros

e um erro pode ser determinante para que o projeto resulte em lucro ou termine

em prejuízo para empresa.

1.3 Objetivo Do Estudo

O contexto apresentado evidencia um cenário de crise no setor Naval.

Sendo assim, a necessidade de identificar fraquezas e transformá-las em força

fica cada vez mais clara. O presente estudo tem como objetivo

propor com base em dados, ferramentas e metodologias, um conjunto de ações

que viabilizem uma melhora na gestão do conhecimento entre os três setores

estudados, que são departamentos chaves para a produção, são eles:

Suprimentos, Almoxarifado e PCP( Planejamento e controle da Produção).

A premissa é que, ao melhorar a troca de informação entre esses três

departamentos (Planejamento e Controle da Produção, Suprimentos e

almoxarifado) haverá uma melhoria direta na gestão do conhecimento da

empresa. A gestão do conhecimento quando feita de forma eficaz, se mostra um

valioso recurso estratégico para as empresas, principalmente em um momento de

crise, onde a disputa por competitividade é cada vez mais intensa e cada detalhe

pode fazer a diferença.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Informação e Comunicação Interna

Para Gleick (2012), existe um processo de evolução na medida em que a

informação passou a ser vista de forma diferente, passou de uma simples

expressão do pensamento humano ou emoção, até se tornar uma mercadoria que

pode, inclusive, ser processada. Essa evolução registra o quão valorosa a

informação vem se tornando.

Para Berlo (2003) a comunicação é essencial para viabilizar a existência de

uma organização. Através da comunicação é possível interligar os elementos e

tornar, de fato, a organização uma organização e não apenas um conjunto de

elementos isolados e independentes.

A frequência e a atividade de comunicação aumentam conforme aumenta a variedade da tarefa. Problemas frequentes requerem maior intercâmbio de informação para serem resolvidos e garantir apropriada completude de atividades. A direção da comunicação é habitualmente horizontal em unidades de trabalho não-rotineiro e vertical em unidades de trabalho rotineiro. A forma da comunicação varia com a analisabilidade da tarefa. Quando as tarefas são altamente analisáveis, as formas escritas e estatísticas da comunicação (memorandos, relatórios, regras e procedimentos) são frequentes. Quando as tarefas são menos analisáveis, a informação é habitualmente conduzida face a face, ao telefone ou em reuniões de grupo (DAFT, 2008, p. 258).

Para Dorighello e Figueiredo (2017), a comunicação vem ganhando cada

dia mais espaço nas estratégias empresariais e, nesse sentido, a quantidade de

engenheiros trabalhando em setores historicamente de comunicadores vem

aumentado. Isso evidencia que a comunicação vem gradativamente conquistando

espaços e exigindo cada vez mais um conjunto de habilidades de seus

especialistas nas empresas, principalmente habilidades relacionadas à visão

estratégica e a capacidade de análise do negócio como um todo.

Em suma, a comunicação deve ser tratada de forma especial, entendendo

e identificando suas etapas e seus objetivos. A partir dessa análise, se torna

possível a identificação de desperdícios no processo de comunicação e a

elaboração de processos cada vez melhores.

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2.2 Processo

Para Rummler e Brache (1992), processo pode ser visto como uma “cadeia

de agregação de valores”, é uma conjunto de atividades que geram saídas, o que

faz com que a organização seja tão boa quanto os seus processos. Para

gerenciar suas variáveis é necessário garantir que os processos atendam a

necessidade do cliente, funcionando de forma efetiva e eficiente correspondendo

aos requisitos da organização e do cliente.

Segundo Shingo (1996), processo pode ser identificado como o fluxo de

materiais no tempo e no espaço, é a transformação da matéria prima em

componente semiacabado e posteriormente produto acabado.

Para Slack et al (2009), o processo é responsável por transformar o estado

ou condição de algo para produzir outputs, através do uso de recursos

transformados ou recursos de transformação.

Figura 1 – Processo de transformação

Fonte: Slack et al, 2009.

Os processos variam de acordo com seus objetivos e necessidades, mas

de modo geral pode-se destacar alguns componentes apresentados na figura1:

• Recursos transformados - inputs: são tratados, transformados ou

convertidos de alguma forma, por exemplo, materiais e informações.

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• Recursos de transformação – inputs: atuam sobre os recursos

transformados, por exemplo, pessoas e equipamentos.

• processo de transformação: operações, estruturadas de forma lógica, para

garantir a transformação dos insumos em produtos.

• output: produtos e informações, que são gerados a partir do processo de

transformação;

2.3 Fluxograma

Para Pyzdek e Keller (2011), o fluxograma é uma ferramenta gráfica

simples usada para documentar o fluxo do processo. Segundo Heizer e Render

(2001), os fluxogramas utilizam símbolos, em alguns casos até mesmo tempo e

distância, para fornecer um meio objetivo e estruturado para registro e analise das

atividades que compõem um processo.

O fluxograma tem diversas vantagens, como por exemplo, promover o

entendimento de um processo, facilita a identificação das deficiências pela fácil

visualização dos passos do processo, provê um modo prático de treinar os

funcionários, descreve as relações cliente-fornecedor. Assim como permite o

rápido entendimento de qualquer alteração que se proponha nos sistemas

existentes, por mostrar claramente as modificações introduzidas e fornecer uma

visão sistêmica do processo.

Para Campos (1992), o fluxograma de processo é essencial na busca por

um padrão e para um posterior entendimento do processo. Ele torna mais simples

a visualização ou identificação das saídas dos processos, dos clientes e

fornecedores externos e internos, das funções de cada atividade e dos seus

pontos críticos.

A partir das vantagens apresentadas pode-se identificar como o fluxograma

pode ser bem aproveitado na busca por possibilidades de melhoria. Por meio de

sua visualização é possível identificar operações que podem ser eliminadas,

operações que podem ser combinadas, um melhor trajeto que pode ser seguido,

máquinas mais econômicas que podem ser empregadas e a espera entre as

operações que podem ser eliminadas.

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2.4 Lean Manufacturing: Os 7 Desperdícios Da Indústria

Para Jacobs e Chase (2009), o Lean tem base no modelo Toyota de

Produção e possui orientação em cinco princípios básicos:

1. Valor: entender o valor do trabalho, definido a partir dos valores atribuídos

pelos clientes.

2. Cadeia de valor: mapear as etapas dos processos da cadeia de

suprimentos identificando etapas que agregam valor.

3. Puxar: iniciar a produção a partir do recebimento da demanda

4. Fluxo: garantir que as mercadorias fluam de forma contínua, sem que

precisem parar dentro da cadeia de suprimentos.

5. Melhoria contínua: busca constante pela redução de perdas dentro do

processo de produção.

Segundo Ohno (1997), o intuito deve ser produzir apenas o que precisa, no

momento em que se precisa e na quantidade necessária. Buscando sempre

eliminar os desperdícios e os elementos que não são necessários, reduzindo

assim os custos de produção. Para Shingo (1996), existem 7 tipos clássicos de

desperdícios/perdas que devem ser eliminados.

2.4.1 Perda por superprodução

Existem dois tipos de perda por superprodução, a quantitativa e a

antecipada. A superprodução quantitativa pode ser observada nos momentos em

que a Produção fabrica mais produtos do que o necessário. A superprodução

antecipada é identificada quando a fabricação é realizada antes que seja

necessária. Esse tipo de situação faz com que a empresa gaste seus recursos

com a produção de um bem que gera custo e não gera receita em um primeiro

momento. Conforme observado, existem situações em que em um momento

posterior a empresa até consegue utilidade para o bem produzido, no entanto, o

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bem precisa ficar estocado durante um tempo, o que aumenta o seu custo.

(Shingo,1996)

2.4.2 Perda por tempo de espera

A perda por tempo de espera é caracterizada pelo tempo em que o produto

ou a mão de obra ficam aguardando para dar continuidade ao processo de

produção. Existem diversos fatores que podem ocasionar nesse tipo de perda, por

exemplo, falta ou atraso de matéria prima, falta de balanceamento da linha

produtiva, tempo de setup, entre outros. (Shingo,1996)

O lead time é um dos grandes impactados por esse tipo de perda, esse

tempo de espera pode aumentar significativamente o ciclo produtivo, diminuindo

assim a capacidade produtiva da empresa. A capacidade produtiva da empresa,

por sua vez, é fundamental para que se alcance uma boa competitividade no

mercado.

2.4.3 Perda por transporte

A perda por transporte é a perda que ocorre quando transportes

desnecessários são realizados. As atividades de transporte, em geral, não

agregam valor ao produto e por isso devem ser eliminadas ou reduzidas ao

máximo. Nesse sentido, é essencial para eficiência da empresa que seu layout

objetive minimizar o transporte dentro da planta produtiva. (Shingo, 1996)

2.4.4 Perda por processamento

A perda por processamento ocorre quando são realizados processamentos

que não agregam valor na visão do cliente. Esse tipo de situação faz com que

sejam utilizados mais recursos do que os necessários para atender a demanda,

ou seja, tornam os métodos produtivos menos ineficientes. (Shingo, 1996)

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Com o objetivo de diminuir a perda por processamento é interessante que

a empresa tenha completo entendimento do que, de fato, o seu cliente valoriza.

Um processamento desnecessário pode encarecer significativamente o produto.

2.4.5 Perda por defeito

A perda por defeito é caracterizada pela produção de produtos fora dos

parâmetros estabelecidos. Esse tipo de perda pode causar a perda de todos os

custos já gastos com o produto produzido com defeito ou a perda por ter que

fazer algum tipo de retrabalho ou reparo na unidade defeituosa. (Shingo,1996)

Um importante aspecto a ser observado em relação a essa perda está no

potencial impacto que ela pode gerar. Caso a perda não seja detectada antes do

produto entrar no mercado, além do custo financeiro existe também o custo de

imagem. Esse custo de imagem pode provocar um descontentamento entre os

clientes e isso pode impactar diretamente nas vendas da empresa.

2.4.6 Perda por movimentação nas operações

A perda por movimentação é identificada em situações nas quais os

trabalhadores realizam movimentos que não agregam valor ao produto e, sendo

assim, devem ser evitados para que o processo se torne mais eficiente. Esse tipo

de movimento pode não só tornar o processo em si mais lento, mas também pode

fadigar o colaborador, o que faz com que sua capacidade produtiva seja reduzida.

(Shingo,1996)

Uma das grandes ferramentas de auxilio na redução dessa perda está no

estudo de tempos e movimentos. Através desse estudo é possível mapear e

cronometrar os movimentos, o que permite a otimização de alguns movimentos e

até mesmo a eliminação de alguns deles.

2.4.7 Perda por estoque

A perda por estoque é um fenômeno não lucrativo, que deve ser

cuidadosamente estudado e reduzido de forma racional. Esse tipo de perda pode

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ser vista no momento em que o produto é processado e não surge demanda para

o produto. Esse produto não só representa capital sem liquidez, mas também um

custo a mais de armazenamento. (Shingo,1996)

Uma boa forma de evitar o surgimento dos estoques está em um bom

balanceamento da cadeia produtiva, em uma previsão de demanda feita de forma

eficiente e principalmente, com uma alta confiabilidade no processo produtivo

como um todo.

2.5 Diagrama de Ishikawa

Para Abreu (1987), trata-se de um diagrama de registro das diversas

causas de um problema, que é elaborado a partir de uma análise e classificação

das prováveis origens destas causas. O Diagrama de Ishikawa, também chamado

de diagrama espinha de peixe, estabelece em sua forma original os

relacionamentos diretos a serem considerados em um ambiente fabril. A partir

dessa representação são constatadas as relações de causa-efeito.

Figura 2 – Diagrama de Ishikawa

Fonte: Camargo, 2011.

Segundo Werkema (1995), o Diagrama de Ishikawa é utilizado para

apresentar as relações existentes entre os outputs de um processo (efeito) e os

fatores que geraram esse efeito, que seriam suas causas. Essa ferramenta

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proporciona uma intensa busca por causas, o que faz com que a investigação do

problema se torne mais eficiente, assim como a possível solução levantada a

partir do estudo do diagrama.

2.6 Matriz GUTFI

Segundo Lima (2013), a matriz GUTFI trata-se de uma técnica de

priorização que possibilita transformar dados qualitativos em quantitativos,

proporcionando uma análise simples do resultado para as priorizações. São

utilizados cinco parâmetros estabelecidos (Gravidade, Urgência, Tendência,

Facilidade e Investimento) para obtenção do resultado.

Figura 3 – Matriz GUTFI

Fonte: Lima, 2013

Para elaboração dessa matriz é importante compreender os conceitos de

cada critério. Gravidade está ligada à magnitude do problema. Urgência está

relacionado ao quão curto é o prazo para uma ação ser tomada. Tendência é o

parâmetro que mede o quanto pode ser danoso no futuro, caso nenhuma ação

seja realizada. A Facilidade avalia como é o nível de simplicidade para que a

situação seja resolvida. O Investimento registra o quanto de capital é necessário

para resolução do problema.

2.7 Diagrama de Pareto

Segundo Heizer e Render (2001), o diagrama de Pareto é um método de

organização de erros, problemas ou defeitos que auxilia em dar foco aos esforços

CAUSAS GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA FACILIDADE INVESTIMENTO TOTAL PRIORIZAÇÃO

CAUSA 1

CAUSA 2

CAUSA 3

CAUSA 4

CAUSA 5

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na resolução dos problemas. O diagrama tem como base o trabalho de Vilfredo

Pareto, economista do século IXX.

Para Werkema (1995), o digrama de Pareto é um gráfico de barras

verticais que evidencia de forma visual a priorização das causas elencadas. A

forma como a informação é apresentada permite o estabelecimento de metas e

quantitativas viáveis de serem atingidas.

Para Neves (2016), o princípio de Pareto também conhecido como

princípio 80/20, induz que qualquer relação de causa e efeito tende a seguir essa

proporção, sendo 20% das causas responsáveis por 80% dos resultados. Essa

relação entre causa e consequência pode ser observada através do Gráfico de

Pareto, que viabiliza a priorização das causas de maior impacto nos resultados.

Segundo Campos (1992), o Gráfico de Pareto é uma ferramenta simples

que organiza e identifica uma representação gráfica de forma estratificada,

identificando os dados de acordo com sua prioridade. O que possibilita a divisão

de um problema grande em problemas menores, possibilitando a priorização dos

problemas mais importantes.

Para Fernandes et al (2012), o Gráfico de Pareto é utilizado não só para

identificar os problemas com prioridade, mas também para esclarecer as metas a

serem selecionadas nas atividades de solução de problema. Essa característica

do gráfico permite o estabelecimento de um certo limite de causas atacadas, de

forma a tornar o processo mais eficiente.

2.8 Estoque

Para Slack et al (2009), estoque é definido como a acumulação

armazenada de recursos materiais em um sistema de transformação. O estoque

existe devido a diferença existente entre fornecimento e demanda.

Segundo Ballou (1993), o estoque é necessário para que se consiga atingir

um grau razoável de disponibilidade de produto, ele age como “amortecedor”

entre oferta e demanda. Existem três custos relacionados ao estoque: custo de

manutenção, custo de compra e custo de falta. Esses três valores precisam ser

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levados em conta para que se chegue à quantidade de estoque considerada

favorável a empresa.

Para Pinheiro (2005), o objetivo da administração de estoques á garantia

da existência de estoque suficiente para a manutenção das operações a serem

realizadas. Além disso, devem ser mantidos os mais baixos níveis de custos de

estocagem, de encomenda e recebimento, de falta de estoque e os de

obsolescência.

2.9 Planejamento e Controle da Produção

Para Slack et al (2009), o Planejamento e Controle da Produção (PCP) tem

como objetivo decidir sobre o melhor emprego dos recursos da Produção, de

forma a garantir a execução do que foi previsto de forma eficaz, ou seja, levando

em conta parâmetros como ,por exemplo, quantidade, momento de produzir e

qualidade.

Segundo Lustosa et al (2008), o Planejamento e Controle da Produção

(PCP) ao desempenhar suas funções de comandar, coordenar e controlar o

processo produtivo, se torna imprescindível, pois as empresas devem estar em

constante adaptação de seus sistemas para a melhoria contínua da produtividade,

criando sistemas flexíveis e sustentáveis.

Para Rodrigues e Inácio (2010), o PCP tem como função dar apoio e

coordenar o sistema produtivo. Esse sistema é notabilizado por transformar

entradas (inputs) em saídas (outputs), cabe ao PCP estar envolvido com as

diversas áreas ligadas direta ou indiretamente com a Produção para buscar

recursos e informações necessárias para elaboração e execução dos planos de

produção.

2.10 Gestão do Conhecimento

Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), os filósofos ocidentais em geral

concordam que conhecimento é a “crença verdadeira justificada”. Sob o ponto de

vista empresarial, pode-se atrelar essa “justificativa” ao recebimento da

informação. Nesse sentido, uma importante ferramenta para gestão do

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conhecimento está na circulação da informação de forma eficiente, que faz com

que o conhecimento seja transmitido para todos envolvidos.

Para Gomes et al (2017), o conhecimento passa a ser cada vez mais visto

como um bem patrimonial, por muitas vezes são confidenciais, só foram

adquiridas com anos de experiência e podem ser determinantes para a

competitividade da empresa no mercado. Essas informações precisam ser

entendidas com afinco pelos funcionários e dessa mesma forma precisam ser

transmitidas para os novos funcionários, permitindo assim que a informação

circule de forma eficiente pela empresa.

Para Terra (2005), a importância do recurso “conhecimento” vem

aumentando na medida em que o mundo se torna cada vez mais globalizado. A

gestão proativa do conhecimento ganha um papel de destaque para a

competitividade tanto nas empresas como nos países. Nesse sentido, se fazem

necessárias estratégias voltadas para o aprendizado e para o armazenamento de

conhecimento pelas organizações.

Segundo Vieira e Garcia (2004), a gestão do conhecimento passa pela

criação de um ambiente de aprendizagem constante, quando isso acontece são

estabelecidas condições para o desenvolvimento de importantes competências

profissionais, as quais trazem ganhos para a empresa.

2.11 Plano de ação: Metodologia 5W2H

Segundo Lisbôa e Godoy (2012), o método 5W2H representa um conjunto

de perguntas direcionadas ao processo produtivo, que permite a identificação das

rotinas mais importantes, constatando seus problemas e indicando soluções. A

metodologia possibilita a fragmentação das vária etapas de uma ação, o que

favorece o seu pleno cumprimento.

A metodologia 5W2H é composta basicamente por 7 perguntas: “O que?”

“Quando?” “Quem?” “Onde?” “Por que?” “Como?” “Quanto?”. Nem sempre todas

as perguntas são utilizadas, o que permite a variação da metodologia, por

exemplo, 5W1H, 4W1H, entre outras variações.

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Para Werkema (1995), um plano de ação é um conjunto de contramedidas

que possuem como objetivo promover o bloqueio da causas fundamentais. Para

cada plano de ação deverão ser definidos o 5W1H: (“What”) o que será feito,

(“When”) quando será feito, (“Who”) quem fará, (“Where”) onde será feito, (“Why”)

por que será feito e (“How”) como será feito.

Segundo Shingo (1996), as causas raízes são intensamente perseguidas

no modelo Toyota e a aplicação da metodologia 5W1H também deve seguir esse

preceito. Nesse sentido, para que se chegue à causa raiz para cada fator – o que,

quem, onde, quando e como – deve-se perguntar “Por que?” cinco vezes. Após

perguntado cinco vezes, o como será resolvido o problema será esclarecido.

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3 METODOLOGIA

A metodologia empregada ao estudo de caso tem como intuito promover

um completo entendimento dos processos, estruturando as etapas realizadas de

forma a facilitar a elaboração de propostas para solução do problema abordado.

3.1 Pesquisa

Com o objetivo de promover o entendimento dos processos

foi realizada uma pesquisa quali-quantitativa, foram feitas entrevistas com

funcionários dos três setores objetos de estudo, ou seja, funcionários do

Almoxarifado, Suprimentos e PCP. As entrevistas foram semiestruturadas, tendo

como base um questionário, apresentado em anexo, previamente elaborado com

perguntas fechadas e abertas, permitindo que, no decorrer da entrevista os

entrevistados tivessem liberdade para falar, podendo inclusive, surgir novas

perguntas durante a entrevista.

Na primeira parte do questionário aplicado, foram realizadas perguntas que

visavam identificar o perfil dos entrevistados, reconhecer sua resistência à

mudança e compreender se entendiam a importância de um processo de

melhoria. Tão importante quanto propor uma melhoria é motivar o grupo entorno

da importância dessa mudança, viabilizando assim que as ações teóricas passem

a se tornar verdadeiras, na prática.

Na segunda parte do questionário, foram feitas perguntas que objetivavam

entender os processos existentes e identificar os processos que proporcionam

mais chances de falha. Foi observada a realidade vivida pelos setores,

mostrando, de fato, como o serviço é desempenhado. Além disso, foram ouvidos

dos funcionários, que convivem com o problema estudado, onde eles percebem

um maior impacto negativo ou positivo devido à questão estudada e também se já

foi pensada alguma alternativa.

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3.2 Identificação Dos Processos

Para pensar em qualquer solução para o problema abordado é preciso em

um primeiro momento identificar as atividades. A partir dessa identificação é

necessário buscar um entendimento dos processos como um todo, obtendo assim

de forma clara a importância de cada atividade dentro do processo.

A partir da realização das entrevistas, o fluxograma foi o método utilizado

para mapear as principais atividades relatadas. O mapeamento permitiu a

descrição objetiva de cada etapa da atividade estudada, evidenciando os recursos

o os procedimentos necessários para execução do processo. Através da

elaboração do fluxograma as atividades foram expostas e consequentemente

puderam ser observadas de forma sistêmica.

3.3 Identificação Dos Desperdícios Dos Processos

Os desperdícios são ocasionados por atividades que consomem recursos

e, no entanto, não agregam valor ao processo. Nessa etapa da metodologia foram

identificados os desperdícios existentes nos procedimentos estudados, usando

como base os sete desperdícios da produção enxuta.

No desperdício por defeito, tomando como base os processos de

comunicação interna, foram observadas as ocorrências de comunicação com

ruído, ou seja, uma comunicação que não transmita de forma clara a mensagem.

Esse tipo de desperdício pode impactar significativamente o processo, tendo em

vista os três setores abordados, pode resultar inclusive na compra de um produto

desnecessário para a produção.

No desperdício por superprodução, foram analisados os episódios em que

a produção acabou tendo que, por exemplo, processar determinado produto que

já estava em seu estoque. Esse tipo de operação apenas contribui com custo

para todo o processo.

No desperdício por espera, foram observados os casos em que por motivo

de comunicação tardia ou equivocada, a mão de obra ficou ociosa e por

consequência os índices de produtividade da empresa caíram. Esses índices são

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importantes não só para este projeto, mas para angariar futuros projetos, já que

os índices fazem parte da base de cálculo para orçamento de projetos.

No desperdício por transporte, a perda pode ser notada em situações em

que o transporte é realizado de forma desnecessária. A comunicação inadequada

entre os três setores objetos de estudo, pode aumentar consideravelmente o

número de operações de transporte, o que poderá ser analisado no estudo de

caso.

No desperdício por movimentação, pode ser verificada a existência de

movimentações desnecessárias devido à falta de previsibilidade por parte de

quem armazena o estoque, o almoxarifado. A falta de comunicação entre os três

setores estudados pode ocasionar essa falta de previsibilidade, que impacta

diretamente na eficiência da organização do almoxarifado e por consequência

ocasiona movimentações desnecessárias.

No desperdício por processamento inadequado, foram identificados casos

em que o processamento foi feito de forma inadequada devido à inexistência do

material apropriado para produção. Esse tipo de desperdício pode gerar

retrabalho e até mesmo perda de prazo do projeto.

No desperdício por estoque, poderão ser verificadas questões de estoque

excessivo devido à falta de confiabilidade entre os setores estudados. Nesse

sentido, uma comunicação eficiente é essencial para o estabelecimento de

confiança no processo, o que tem por consequência a possibilidade da diminuição

do estoque mínimo.

3.4 Priorização Dos Problemas

Nessa etapa os problemas e suas causas foram elencados e priorizados

até que se chegue à causa raiz daquele que mais impacte na comunicação

interna entre os três setores abordados. Chegando, de fato, na causa raiz

procurada, uma medida corretiva se torna mais eficaz para resolução do

problema.

O Diagrama de Ishikawa foi utilizado com o objetivo de indicar a relação

entre os efeitos e as causas que contribuem para ocorrência dos problemas de

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comunicação. A partir das causas encontradas no Diagrama de Ishikawa, a

próxima etapa foi priorizá-las. Foram selecionadas as causas mais recorrentes no

diagrama, as quais farão parte da próxima etapa de priorização.

A terceira etapa de priorização foi a matriz GUTFI, que é uma ferramenta

de auxilio para o estabelecimento de prioridades. A matriz foi preenchida de

acordo com os parâmetros estabelecidos e a ao final de seu preenchimento foi

obtido o produto entre esses parâmetros, que estabeleceram a ordem de

prioridade das causas. A partir do produto obtido foi feito um Diagrama de Pareto,

que determinou quais as causas devem ser priorizadas.

3.5 Elaboração De Plano De Ação

Após a realização de um levantamento de problemas e posteriormente a

realização de uma priorização, chega-se as principais causas de problemas.

Sendo assim, uma medida se faz necessária para solucionar essas causas. Uma

elaboração de plano de ação foi realizada seguindo a ferramenta: 5W2H. Trata-se

de um modelo de plano de ação, que tem como principal objetivo detalhar as

informações necessárias para a boa execução de um plano de ação.

O modelo utilizado contém informações importantes e leva em conta a

realidade vivida pela empresa. Essas informações tornam o plano de ação viável,

pois além de apresentar as particularidades necessárias para sua execução

também estão adequados ao contexto.

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4 ANÁLISE DE RESULTADO

4.1 Análise De Respostas Quantitativas

Os primeiros dados coletados na entrevista estão diretamente ligados ao

perfil dos seis entrevistados. Pode-se constatar que os seis possuem mais de um

ano de experiência em seus atuais cargos, o que ratifica o conhecimento dos

processos aos quais estão submetidos. Em relação ao tempo de atuação em suas

respectivas áreas, nota-se uma certa heterogeneidade, há entrevistado com 40

anos de experiência, outros na faixa de 15 anos e até mesmo entrevistado com 2

anos de experiência. As respostas estão apresentadas no quadro 1.

Quadro 1 – Resumo do perfil dos entrevistados

A primeira parte do questionário também foi formada por perguntas

objetivas, que mostram de forma direta a opinião do entrevistado. As perguntas

têm como propósito identificar o perfil do entrevistado, entender se ele tem algum

tipo de problema com a mudança, verificar se a importância da comunicação

entre esses três setores é algo considerado realmente relevante para todos e

observar como o atual método é avaliado. As respostas foram compiladas e

podem ser observadas na tabela 1.

Tabela 1 – Resumo de perfil dos entrevistados 2

QUESTÕES

ENTREVISTADOS

PCP Suprimentos Almoxarifado

A B A B A B

Resistência à mudança 1 2 1 2 2 3

Importância da comunicação 5 5 5 5 5 5

Classificação do atual método 3 2 3 2 1 2

Potencial de melhoria do atual método 5 5 4 5 5 4

Legenda: 1= Muito baixo 2=Baixo 3=Médio 4=Alto 5=Muito alto

RESPONDENTE DEPARTAMENTO CARGOTEMPO DE EXPERIÊNCIA

NA ÁREATEMPO NO ATUAL CARGO

PCP A PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO COORDENADOR DE PLANEJAMENTO 40 ANOS 1 ANO E 2 MESES

PCP B PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO AUXILIAR DE PLANEJAMENTO 2 ANOS 1 ANO E 2 MESES

SUP. A SUPRIMENTOS COORDENADOR DE SUPRIMENTOS 5 ANOS 3 ANOS

SUP. B SUPRIMENTOS COMPRADOR/DILIGENCIADOR 12 ANOS 1 ANO E 3 MESES

ALM. A ALMOXARIFADO ASSIST. TÉCNICO 14 ANOS 5 ANOS

ALM. B ALMOXARIFADO ASSIST. TÉCNICO 12 ANOS 1 ANO E 5 MESES

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Segundo Maquiavel (1532, apud tradução de Nassetti de 2002), não existe

nada mais difícil de fazer, nada mais perigoso de conduzir, ou de êxito mais

incerto do que tomar a iniciava de introduzir uma nova ordem de coisas. Nesse

sentido, analisando as respostas obtidas através da aplicação do questionário e

compiladas na tabela 1 pode-se constatar que a resistência à mudança não seria

um problema, o que já é uma informação de grande valia para qualquer processo

de melhoria.

A importância de uma atividade está diretamente ligada ao empenho e ao

cuidado com que os envolvidos na atividade irão executá-la, sendo assim, ter a

consciência de que uma atividade é importante é essencial para sua realização de

forma plena. A partir dos dados obtidos pode-se afirma que todos os

entrevistados enxergam como muito importante à comunicação entre os três

departamentos objetos de estudo, o que favorece ao fato da atividade merecer

uma atenção especial.

A opinião dos funcionários envolvidos no processo e os seus respectivos

poderes de análise são ferramentas relevantes que precisam ser utilizadas como

estímulo em qualquer mudança de processo. Analisando as respostas obtidas e

compiladas na tabela 1 é notório que o atual método não é considerado eficiente,

todos o seis entrevistados classificaram o atual método não só variando de médio

até muito baixo, como também julgaram ter altas ou muito altas possibilidades de

melhoria.

4.2 Análise De Respostas Qualitativas

As respostas qualitativas têm como característica deixar o respondente

mais a vontade, podendo falar com liberdade e não apenas preso a uma resposta

pré-determinada. As respostas qualitativas obtidas com o questionário foram

bastante proveitosas e em diversos momentos diferentes informações sobre os

processos foram adquiridas, tornando o conhecimento adquirido cada vez mais

completo.

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Em relação às atividades de comunicação entre os departamentos objetos

de estudo pode-se contatar que ambos os pequenos processos fazem parte um

grande processo que tem como objetivo, comprar, armazenar e disponibilizar para

uso todos os materiais comprados de forma transparente. Foi possível não só

ouvir diferentes pontos de vistas sobre os processos, como também observar que

existe certa convergência entre os pontos levantados principalmente por

integrantes do mesmo departamento.

O departamento Planejamento e Controle da Produção tem como principal

responsabilidade programar e controlar as atividades desempenhadas pela mão

de obra direta do projeto. Para programar é preciso levar em conta

fundamentalmente três fatores: mão de obra, equipamento e material. Este último

item, por sua vez, é diretamente impactado pelo processo de comunicação

estudado. Sendo assim, os respondentes do PCP foram críticos em relação aos

erros do processo que impactam diretamente suas atividades, como por exemplo,

atualização lenta do estoque, acompanhamento pouco dinâmico em relação a

previsão de recebimento dos materiais comprados, entre outros.

O departamento Suprimentos tem como principal incumbência realizar a

compra para os projetos. Para realizar a compra de forma correta, ou seja, não só

adquirindo o produto certo, mas também pelo melhor valor para empresa, é

necessário que se tenha um bom prazo e uma descrição correta para compra.

Nesse sentido, os respondentes do departamento de Suprimentos convergiram

para o fato de que é necessário um melhor controle na qualidade da descrição

dos itens a serem comprados, assim como no prazo estabelecido para que os

materiais cheguem na empresa. Esses dois aspectos podem culminar em uma

compra equivocada, o pagamento de um frete com o custo acima do normal e até

mesmo em um desgaste na relação com os fornecedores.

O departamento Almoxarifado tem como principal escopo receber,

armazenar e disponibilizar os itens em estoque quando solicitado. Com o objetivo

de atender ao seu escopo principal, foi possível ouvir algumas das dificuldades

relatadas pelos respondentes pertencentes ao Almoxarifado. Foram identificados

pelos funcionários problemas com o atual processo em relação falta de

previsibilidade do recebimento de material, requisições de materiais feitas de

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forma incorreta, não recebimento de retorno de Suprimentos em relação aos

materiais recebidos com não conformidades, entre outras.

Logo, após analisar as respostas qualitativas pode-se afirmar que o atual

processo possui diferentes formas de melhoria para que os departamentos sejam

melhores atendidos. Ambos puderam identificar pontos de atenção que precisam

ser melhorados para que o método empregado seja mais eficiente e

consequentemente mais produtivo para empresa.

4.3 Mapeamento E Descrição Do Processo

O mapeamento de processo possibilita uma visão sistêmica das atividades

e propicia mais claramente a identificação de suas fraquezas e oportunidades.

Com os relatos absorvidos dos questionários aplicados, a construção de um

fluxograma das atividades foi realizada. Com o objetivo de tornar a visão do

macroprocesso mais facilitada, foi decidido que o macroprocesso seria dividido

em três processos que estão diretamente relacionados e podem ser observados

nos subitens abaixo.

4.3.1 Processo de requisição interna de material

O processo de requisição interna de material tem início com a identificação

da demanda. Após identificada a demanda é necessário verificar a existência do

material no estoque virtual do almoxarifado (planilha emitida toda sexta-feira com

os saldos e saídas dos materiais), a busca é feita primeiramente através do

código do material que consta no desenho de fabricação e posteriormente pela

descrição do item caso não seja encontrado. Caso esteja disponível em estoque é

preciso fazer a requisição do material (documento com descrição, quantidade,

código e aplicação), a requisição é entregue ao encarregado ou supervisor da

Produção, que leva até o almoxarifado para fazer a retirada. Caso o material

esteja disponível no estoque físico, o item é entregue e o processo chega ao fim.

Caso inicialmente o material já não esteja disponível na etapa de verificação no

estoque virtual, é preciso realizar um pedido de compra. Verifica-se se o material

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possui cadastro no sistema (a procura é feita através da descrição do material),

caso possua o código é identificado e o pedido de compra é emitido, caso não

tenha cadastro o mesmo é cadastrado gerando um código e a emissão do pedido

de compra é realizada, feito isso basta aguardar o recebimento. Caso a não

existência do material seja identificada apenas na atividade de verificação no

estoque físico, o responsável pela retirada (encarregado ou supervisor da

Produção) informa ao PCP, que procede da mesma forma como se não houvesse

encontrado o material no estoque virtual.

A figura 4 registra em forma de fluxograma o conjunto de atividades

realizadas no processo de requisição interna de material.

4.3.1.1 Análise do processo de requisição interna

A análise do processo mapeado na figura 4 possibilita a identificação de

alguns pontos que podem trazer riscos ao processo. A emissão do estoque virtual

apenas semanalmente faz com que o estoque virtual disponível durante toda a

semana não reflita, de fato, o saldo dos materiais, já que a retirada é feita de

forma dinâmica. Outro ponto está na questão da busca pelos materiais na

planilha, foi relatado que em muitos momentos o material não é encontrado pelo

código e a busca pela descrição não é algo fácil, causando um gasto de tempo

excessivo e um possível resultado errado. A busca pela descrição também é

realizada no momento da emissão da compra, caso não seja encontrado no

sistema o material é cadastrado e o código gerado é utilizado para compra. Como

a busca pela descrição não é muito eficiente pela falta de padrão na escrita,

podem ser que alguns itens sejam cadastrados novamente, o que faz com que

mesmos materiais tenham códigos diferentes. Isso impacta diretamente na busca,

como o código é o primeiro item a ser procurado no estoque virtual, cria a

possibilidade para que seja encontrado saldo 0 para determinado item e na

verdade o material tem saldo, apenas está cadastrado em outro código.

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Figura 4 - Fluxograma de Requisição interna de material

4.3.2 Processo de recebimento de material

O processo recebimento de material tem início com o recebimento da nota

fiscal do material, a nota é recebida e o número da AF (Autorização de

Fornecimento) é identificada. Com o número da AF identificada, ela é impressa e

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os itens presentes na nota fiscal são conferidos para verificar se estão presentes

na AF. Caso estejam de acordo, o Controle de Qualidade é chamado para

inspecionar o material recebido (é fornecido a AF, nota fiscal e certificado de

qualidade para auxiliar na inspeção). Caso o material seja aprovado, o material é

armazenado, é enviado um e-mail informando o recebimento do material e a

Planilha de Controle de Estoque é atualizada (a planilha é emitida semanalmente

e informa o saldo do estoque e a saída dos materiais). Caso os itens da nota

fiscal não estejam presentes na AF, o material não é recebido. Caso o Controle

de Qualidade não aprove o material, é registrado um RNC (Relatório de Não

Conformidade), o produto é segregado para devolução e é enviado um e-mail

para Suprimentos informando o número do RNC.

A figura 5 registra em forma de fluxograma o conjunto de atividades

realizadas no processo de recebimento de material.

4.3.2.1 Análise do processo de recebimento de material

O fluxograma do processo presenta na figura 5 permite uma visão

sistêmica, que alinhada aos relatos ouvidos nas entrevistas evidenciam pontos de

perda. Em relação ao envolvimento dos três departamentos objetos de estudo,

alguns pontos ganham destaque. O Almoxarifado não se prepara para o

recebimento dos materiais previstos por Suprimentos, apenas toma ação na

medida em que os mesmos vão chegando, ou seja, o planejamento das

atividades não leva em conta o dimensionamento dos materiais que serão

recebidos no dia, o que torna o processo menos eficiente do que poderia ser.

Outro ponto está na comunicação dos materiais recebidos não conformes, o

material é recebido e aguarda até que o Controle de Qualidade abra uma RNC(

Relatório de Não Conformidades), quando isso é feito o Almoxarifado envia um e-

mail informando ao Suprimentos o número da RNC. Essa comunicação feita por

um simples e-mail, por vezes faz com que o assunto passe despercebido e o

problema só volta a ser levantado na medida em que o material passa a ser

necessário no projeto, o que pode atrasar a obra ou até mesmo inviabilizar a troca

devido ao tempo passado do momento do recebimento. Um último ponto

observado está na comunicação do recebimento do material aprovado, após a

aprovação na inspeção o Almoxarifado envia um e-mail informando

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principalmente ao Planejamento e Controle da Produção com as notas fiscais dos

materiais recebidos, com a enorme quantidade de e-mails recebidos durante o

dia, ocorrem situações em que o PCP não percebe a informação e a programação

que necessita daquele material acaba sendo postergada.

Figura 5 – Fluxograma de Recebimento interno

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4.3.3 Processo de compra de material

O processo de compra de material tem início com o recebimento do pedido

de compra do material (o pedido é feito via sistema), o pedido é recebido e a

descrição do material cadastrado é verificado. Caso a descrição não esteja

completa, o dado que está faltando é identificado e a cotação iniciada. Caso a

descrição esteja completa, a cotação é diretamente iniciada (a cotação é iniciada

no sistema e os fornecedores são informados para mandarem propostas). As

cotações são recebidas, a melhor cotação é escolhida e é solicitado ao Financeiro

uma AF(Autorização de Fornecimento). Caso a AF seja concedida a compra com

o fornecedor selecionado é aprovada e o mapa de suprimentos é atualizado

(planilha emitida semanalmente com as informações de previsão de chegada e

recebimento). Caso a AF não seja concedida, o material volta para etapa de

cotação e segue o fluxo novamente.

A figura 6 registra em forma de fluxograma o conjunto de atividades

realizadas no processo de compra de material.

4.3.3.1 Análise do processo de compra de material

Analisando o fluxograma apresentado na figura 6 pode-se notar pontos

ineficientes que impactam diretamente no resultado do processo. A conferência

da descrição de material evidencia a possibilidade de erro no momento do

cadastro, algo que pode ocasionar uma compra errada ou uma demora no

processo de compra que, no entanto, não deveria ocorrer. Outro ponto está no

Mapa de Suprimentos, que é emitido apenas semanalmente. Esse mapa é

utilizado para informar a previsão de chegada e o recebimento dos materiais,

como essas informações são dinâmicas e a emissão do mapa não, faz com que a

informação circule de forma desatualizada em boa parte do tempo, o que pode

impactar diretamente na programação do Planejamento e Controle da Produção,

por exemplo.

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Figura 6 – Fluxograma de Compra de material

4.4 Análise De Desperdícios Dos Processos

A análise dos desperdícios do processo deve ser sempre realizada a fim de

obter um conjunto de atividades cada vez mais eficiente. Após mapeado o

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processo, a identificação e posteriormente o combate aos desperdícios se torna

uma tarefa mais assertiva. Sendo assim, a análise a abaixo foi feita com base não

só nas respostas dos questionários, mas também no mapeamento elaborado:

➢ Perda por superprodução: pode ser observada na compra de mais

materiais do que o necessário.

➢ Perda por tempo de espera: podem ser observadas na confirmação do

material no estoque físico do almoxarifado, no processo de compra

desnecessária de material, falta de confirmação de recebimento do

material, falta de dados completos para compra do material requisitado,

busca do material no estoque virtual, falta de planejamento para

recebimento dos materiais.

➢ Perda por transporte: alto custo do frete em caráter de emergência,

quantidade de fretes desnecessários, no transporte interno de mercadorias

compradas equivocadamente e no transporte interno de produtos que não

puderam ser acabados por pendência de material.

➢ Perda por processamento: cadastro ineficiente do produto, busca ineficaz

por produto no estoque virtual e compras equivocadas.

➢ Perda por defeito: falta de ação para resolução de alguns materiais

recebidos errados, requisição interna de material errado e compra de

material errado.

➢ Perda por movimentação nas operações: procura física de material

existente no estoque virtual e não no físico, ida ao almoxarifado em vão

para retirada do produto.

➢ Perda por estoque: excesso de materiais comprados, produtos

inacabados dependendo de materiais pendentes, materiais recebidos

errado aguardando troca.

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4.5 Diagrama De Ishikawa

O Diagrama de Ishikawa possibilita uma visão sistêmica das causas

relacionadas ao efeito estudado. A partir dessa ótica, as causas levantadas são

identificadas e possibilitam o descobrimento da causa-raiz. No atual trabalho o

diagrama foi elaborado a partir dos desperdícios evidenciados na etapa anterior,

com os desperdícios elencados pode-se levantar suas possíveis causas e aplicá-

las na montagem do diagrama que é apresentado na figura 7.

Figura 7 – Diagrama de Ishikawa

4.6 Matriz GUTFI

A matriz GUTFI é uma ferramenta da qualidade que permite a priorização

das causas levantadas. A partir do levantamento realizado no Diagrama de

Ishikawa foi possível realizar a montagem da matriz como pode ser observado na

tabela 2 e posteriormente a realização da priorização a partir dos parâmetros

estabelecidos e resultados encontrados.

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Figura 8 – Parâmetros Matriz GUTFI

Tabela 2 – Matriz GUTFI

MATRIZ GUTFI DE PRIORIZAÇÃO

CAUSAS G U T F I TOTAL PRIORIDADE

Falta de atualização dinâmica do estoque virtual em relação ao físico

9 7 9 3 3 5103 6º

Mesmos materiais cadastrados com códigos diferentes no estoque virtual

7 5 9 3 7 6615 5º

Demora da informação de recebimento 7 5 5 9 9 14175 3º

Informação incompleta no cadastro do material

5 5 7 7 7 8575 4º

Falta de previsibilidade no recebimento 5 3 7 3 7 2205 7º

Falta de padronização no cadastro dos materiais

7 9 9 5 7 19845 1°

Ineficiência do procedimento 7 9 9 5 7 19845 1º

4.7 Diagrama De Pareto

O Diagrama de Pareto proporciona o estabelecimento de um parâmetro

que evidencia até onde as causas levantadas devem ser tratadas para que se

resolva grande parte dos problemas. Através dos dados coletados na Matriz

GUTFI, o diagrama foi elaborado e pode ser observado na figura 9.

Como pode ser observado, continuando na figura 9, o Diagrama de Pareto

apresenta as causas que devem ser tratadas para minimizar os problemas de

forma eficiente. Sendo assim, a partir da análise do gráfico foram definidas para

serem corrigidas as causas: falta de padronização no cadastro dos materiais,

ineficiência do procedimento e demora da informação de recebimento.

NOTA GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA FACILIDADE INVESTIMENTO

9 EXTREMAMENTE GRAVE PRECISA DE AÇÃO IMEDIATA PIORAR MUITO RÁPIDO MUITO FÁCIL MUITO BAIXO

7 MUITO GRAVE PRECISA DE AÇÃO RÁPIDA PIORAR RÁPIDO FÁCIL BAIXO

5 GRAVE PRECISA DE AÇÃO A MÉDIO PRAZO PIORAR A MÉDIO PRAZO MÉDIA DIFICULDADE MEDIO

3 POUCO GRAVE PRECISA DE AÇÃO A LONGO PRAZO PIORAR A LONGO PRAZO DIFÍCIL ALTO

1 SEM GRAVIDADE NÃO PRECISA DE AÇÃO NÃO IRÁ PIORAR MUITO DIFÍCIL MUITO ALTO

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Tabela 3 – Suporte para Diagrama de Pareto

CAUSA QTD CAUSA (CRESC) QTD

(CRESC) %

ACUMULADO

Falta de atualização dinâmica do estoque virtual em relação ao físico

5103 Falta de padronização no cadastro dos materiais

19845 26,0%

Mesmos materiais cadastrados com códigos diferentes no estoque virtual

6615 Ineficiência do procedimento 19845 52,0%

Demora da informação de recebimento

14175 Demora da informação de recebimento

14175 70,5%

Informação incompleta no cadastro do material

8575 Informação incompleta no cadastro do material

8575 81,8%

Falta de previsibilidade no recebimento

2205 Mesmos materiais cadastrados com códigos diferentes no estoque virtual

6615 90,4%

Falta de padronização no cadastro dos materiais

19845 Falta de atualização dinâmica do estoque virtual em relação ao físico

5103 97,1%

Ineficiência do procedimento 19845 Falta de previsibilidade no recebimento

2205 100,0%

Figura 9 – Diagrama de Pareto

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4.8 Plano De Ação

A partir da definição das causas priorizadas para correção, chega-se à

proposta de um plano de ação para resolução das causas priorizadas. Como

pode ser observado nas figuras 10, 11 e 12, foram elaborados 3 planos de ação

utilizando a metodologia 5W2H com o objetivo de impactar de forma positiva

respectivamente, nas causas: falta de padronização no cadastro dos materiais,

ineficiência do procedimento e demora da informação de recebimento.

A figura 10 explicita a tratativa a ser realizada. Será feito uma padronização

no cadastro de materiais, esse trabalho deve ser feito entre o responsável pelo

cadastro dos materiais, que pertence ao PCP e um responsável pela engenharia

que possui todo o know-how no que diz respeito aos materiais e equipamentos

utilizados pela empresa. Essa ação deve ser realizada o mais breve possível e

isso se justifica pelo fato da busca ineficiente por material estar trazendo custo

para empresa (excesso de tempo na busca, resultado equivocado, compra

desnecessária). A ação a ser feita deve ser a elaboração de um procedimento de

cadastro de material, padronizando assim toda a descrição dos materiais. Esse

trabalho deve levar até um mês a partir do seu início.

Figura 10 – Plano de Ação para padronizar cadastro de materiais

Plano de ação - Metodologia 5W2H

O que? Padronizar cadastro de materiais

Quem? Responsável pelo cadastro e responsável pelo setor de engenharia

Onde? Na sede da empresa

Quando? O mais breve possível

Por que? A dificuldade na busca por materiais tem trazido custos desnecessários a empresa

Como? Elaborar procedimento para cadastro de material, padronizando a descrição dos materiais

Quanto? Em até um mês após o início do plano de ação

A figura 11 evidencia um plano de ação que tem como objetivo revisar os

procedimentos já existentes que possuam envolvimento entre os três departamentos

objetos de estudo (Planejamento e Controle da Produção, Suprimentos e

Almoxarifado). Essa revisão deve ser feita com a presença de um representante de

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cada um dos três setores da empresa e deverá ser feito em sua sede. Essa ação

precisa ser feita o mais breve possível, tendo em vista que os atuais procedimentos

precisam de um maior alinhamento entre os três setores para que os clientes

internos sejam atendidos de forma plena, melhorando assim a eficiência do

processo. Para isso, devem ser feitas reuniões semanais para que seja feito um

levantamento de problemas com os atuais procedimentos que afetam a eficiência

dos três setores objetos de estudo, a partir desse levantamento propostas de

melhorias devem ser levantadas e os respectivos procedimentos revisados. Esse

trabalho deve durar 6 semanas.

Figura 11 – Plano de Ação para tornar procedimentos mais eficientes

Plano de ação - Metodologia 5W2H

O que? Revisar procedimentos que tenham relação entre os três setores

Quem? Representantes do Almoxarifado, PCP e Suprimentos

Onde? Na sede da empresa

Quando? O mais breve possível

Por que? Atuais procedimentos precisam de um maior alinhamento entre os três setores

Como? Realizando reuniões semanais para levantar os atuais problemas detectados nos procedimentos e revisando-os de forma a atender da melhor forma possível aos três departamentos envolvidos

Quanto? Durante 6 semanas

A figura 12 expressa um plano de ação que tem como objetivo tornar mais

rápida e eficiente à comunicação de recebimento do material. Essa ação deve ser

feita o mais breve possível na sede da empresa pelo responsável pelo

Almoxarifado. A justificativa da ação está no fato do atual método ser ineficiente,

existe uma demora na comunicação e o meio de divulgação (e-mail) não se

mostra eficiente. Deverá ser criado um padrão eficiente de comunicação dos

materiais recém recebidos, uma sugestão seria a utilização de dados na nuvem

com pastas atualizadas referentes aos recebimentos do dia. A criação desse

padrão deve durar até uma semana.

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Figura 12 – Plano de Ação para comunicação de recebimento do material

Plano de ação - Metodologia 5W2H

O que? Comunicar informação de chegada do material de forma mais rápida e eficiente

Quem? Responsável pelo Almoxarifado

Onde? Sede da empresa

Quando? O mais breve possível

Por que? A demora e ineficiência da comunicação de recebimento do material causa custo desnecessário

Como? Criar padrão eficiente de método de comunicação dos materiais recém recebidos

Quanto? Em até uma semana após o início do plano de ação

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5 Conclusão

Este trabalho teve como objetivo estudar, entender e identificar a existência

de problemas de troca de informação entre três departamentos de uma empresa

do ramo de construção naval. São eles: Almoxarifado, Planejamento e Controle

da Produção e Suprimentos. O estudo teve como fonte de dados a entrevista

semiestruturada aplicada a dois representantes de cada departamento, o que

possibilitou a verificação de como os processos, de fato, são realizados.

A análise das respostas obtidas foi realizada de forma a garantir o melhor

aproveitamento das informações. Inicialmente foi feito uma análise dos perfis dos

funcionários, com o objetivo de entender suas realidades e como enxergam uma

possível mudança. Em um primeiro momento foi constatado que os funcionários

não têm um tempo grande em suas funções na empresa, o que pode ser

explicada pela alta volatilidade do mercado de construção naval e offshore.

Identificado isso, foi observado também que os envolvidos no processo notam um

grande potencial de melhoria e possuem uma característica importante em

qualquer processo de aperfeiçoamento, não possuem significativa resistência à

mudança.

Foi elaborado o mapeamento do principal processo de cada um dos

setores apresentados na forma de fluxograma, utilizando as respostas obtidas

sobre os atuais processos, que serviram como base para o seu entendimento.

Esse mapeamento permitiu evidenciar não apenas cada atividade executada

como também a sua função sistêmica. Com o mapeamento realizado, foram feitas

análises sobre os processos e a partir disso foram identificados pontos de perda

relacionados aos sete desperdícios da produção. Combinando conceito e

ferramenta, os sete desperdícios da produção foram relacionados ao Diagrama de

Ishikawa e foram levantadas as possíveis causas. Após identificadas as perdas e

suas possíveis causas, foi iniciada a etapa de priorização.

A priorização começou com a utilização da Matriz GUTFI e com os

resultados encontrados foi elaborado o Diagrama de Pareto, que determinou

quais causas devem ser priorizadas. A partir da determinação das causas a

serem priorizadas foram feitos três planos de ação utilizando a metodologia 5W2H

com o objetivo de propor melhorias para cada causa selecionada. Sendo assim,

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foram feitas proposições para padronizar o cadastro de materiais, para revisar os

procedimentos já existentes levando em conta a participação dos setores

impactados pelo processo e para a comunicação mais eficiente dos materiais

recém-recebidos.

Assim como previsto inicialmente, o estudo pode propor com base em

dados, ferramentas e metodologias, um conjunto de ações que viabilizem uma

melhora na gestão do conhecimento entre os três setores estudados. A gestão da

informação mostrou-se importante para que esse objetivo seja alcançado e a

forma encontrada para melhorar essa gestão foi pela avaliação dos processos já

existentes e no entendimento de como eles se relacionam. Respondendo as

questões colocadas inicialmente nas premissas desse trabalho, pode-se concluir

que a falha na comunicação reduz a produtividade e gera custos significantes

para o resultado final da empresa, por outro lado, uma melhoria de processo na

troca de informação pode ser empregada com um custo relativamente baixo e

impactar positivamente na produtividade, o que evidencia a importância desse

trabalho.

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Anexo I – Questionário aplicado