universidade federal fluminense uff faculdade de ... livia larissa.pdf · elétrico o trabalho tem...

54
Energia Solar: oportunidades e ameaças para a geração de energia elétrica no Brasil LÍVIA LARISSA DE CARVALHO GONÇALVES UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS EST DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - STA DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO STA Niterói 2019

Upload: others

Post on 14-Aug-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

Energia Solar: oportunidades e ameaças para a

geração de energia elétrica no Brasil

LÍVIA LARISSA DE CARVALHO GONÇALVES

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS – EST

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - STA

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO – STA

Niterói

2019

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de
Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

LÍVIA LARISSA DE CARVALHO GONÇALVES

Energia Solar: oportunidades e ameaças para a geração de energia elétrica no Brasil

Monografia submetida ao corpo docente do

Departamento de Administração da Universidade

Federal Fluminense como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do Grau de Bacharel. Área

de concentração: Administração.

Orientador: Prof. Dr. Maurício De Souza Leão

Niterói

2019

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

Energia Solar: oportunidades e ameaças para a geração de energia elétrica no Brasil

LÍVIA LARISSA DE CARVALHO GONÇALVES

Monografia submetida ao corpo docente do

Departamento de Administração da

Universidade Federal Fluminense como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do

Grau de Bacharel. Área de concentração:

Administração

Examinada por:

_______________________________________

Prof.. Dr.: Maurício de Souza Leão

Universidade Federal Fluminense

_______________________________________

Prof. Dr.: Carlos Navarro Fontanillas

Universidade Federal do Rio de Janeiro

_______________________________________

Prof. Dr: Sergio de Sousa Montalvão

Universidade Federal Fluminense

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

NITERÓI, RJ – BRASIL

JULHO 2019

“Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias

sombras.”

São Francisco de Assis

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

AGRADECIMENTOS

À minha família, pelo apoio e estímulo em todos os passos

da minha caminhada pelo curso de Administração da

Universidade Federal Fluminense.

Aos meus amigos que compartilharam dos momentos e me

apoiaram sempre que precisei.

Aos professores desta instituição que todos os dias

contribuem para a formação de administradores de

excelência para o mercado e seres humanos críticos e bem

instruídos para a vida em sociedade.

À Associação de Niterói Atlética Três de Agosto por tudo

que construímos juntas e por todo aprendizado que adquiri

nesses longos 8 períodos de dedicação.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

RESUMO

A presente monografia busca compreender o ambiente do mercado brasileiro de energia elétrica

para a fonte energética solar e obter o cenário atual de oportunidades e ameaças à esta fonte.

Para alcançar este objetivo, foi realizado um levantamento documental e bibliográfico acerca

das principais características das energias renováveis disponíveis no Brasil, da energia solar, do

potencial energético do país e da utilização da Matriz Pestal, que foi o método empregado para

realizar a análise. O mercado brasileiro para energia solar no setor elétrico foi analisado a partir

da Matriz em seus fatores: político, econômico, social, tecnológico, ambiental e legal, e como

resultado da análise se obteve uma lista de oportunidades e ameaças ao negócio. Paralelamente

ao objetivo de se identificar as oportunidades e ameaças do mercado da energia solar pro setor

elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração

de energia elétrica, a tendência mundial para a utilização das energias renováveis e a energia

solar como um todo, tanto para uso energético em geral, quanto para seu uso na geração de

energia elétrica.

Palavras-chaves: análise pestal, energia solar, energia renovável

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

ABSTRACT

This monograph seeks to understand the environment of the Brazilian electricity market for the

solar energy source and to obtain the current scenario of opportunities and threats to this source.

To achieve this goal, a documentary and bibliographical research was carried out about the

characteristics of renewable energies available in Brazil, solar energy, the energy potential of

the country and the usage of the Pestal analysis, which was the method applied to perform the

analysis. The Brazilian market for solar energy in the electric industry was analyzed from the

analysis in its factors, political, economic, social, technological, environmental and legal, and

as a result of the analysis was obtained a list of opportunities and threats to the business.

Alongside the goal of identifying the opportunities and threats of the solar energy market for

the electric industry, the work aims to disseminate the use of renewable sources for the

generation of electricity, the global trend for the use of renewable energies and solar energy as

a whole, both for energy use in general and for its use in the generation of electricity.

Keywords: Pestel analysis, Solar energy, Renewable energy

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Média anual de insolação diária no Brasil (horas) ..................................................18

Figura 2 – Esquema: Radiação Solar........................................................................................20

Figura 3 - Órbita da Terra em torno do Sol ..............................................................................23

Figura 4 – Esquema de conversão da energia solar..................................................................24

Figura 5 - Ilustração de um sistema solar de aquecimento de água..........................................25

Figura 6 - Aquecedores solares de água....................................................................................26

Figura 7: Ciclo Heliotérmico simplificado. .............................................................................27

Figura 8: Maior Torre de Energia Solar do Mundo..................................................................27

Figura 9: Configuração básica de um sistema fotovoltaico isolado..........................................29

Figura 10: Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede.................................................................30

Figura 11: Sistemas de Grande Porte........................................................................................31

Figura 12 - Análise Pestel ........................................................................................................33

Figura 13 - Brainstorm .............................................................................................................34

Figura 14 - Geração Centralizada – dados de 2019 .................................................................41

Figura 15 - Geração Distribuida – dados de 2019 ...................................................................42

Figura 16 - Célula Solar Orgânica ...........................................................................................45

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Fornecimento de energia primária total mundial por combustível........................13

Gráfico 2 – Matriz Energética Brasileira por Fonte ...................................................................16

Gráfico 3 – Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte.........................................................17

Gráfico 4 – Preço dos painéis solares no Japão (em US$/W) ..................................................29

Gráfico 5 - Evolução do Preço da Fonte Solar Fotovoltaica em Leilões de Energia no Mercado

Regulado ..................................................................................................................................43

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Energia Eólica – Potência insstalada mundial .........................................................14

Tabela 2: Geração e Potência Instalada Solar no Mundo – 2016 ............................................15

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................12

2. ENERGIA SOLAR ..........................................................................................................18

2.1. RADIAÇÃO SOLAR .................................................................................................19

2.1.1. Radiacao direta.......... .......................................................................................20

2.1.2. Radiação difusa ................................................................................................21

2.2. ROTAÇÃO TERRESTRE ..........................................................................................22

2.3. POTENCIAL ENERGÉTICO ....................................................................................23

2.3.1. Energia solar térmica ........................................................................................24

2.3.2. Energia solar fotovoltaica .................................................................................28

3. MATRIZ PESTAL ...........................................................................................................31

3.1. BRAINSTORM ............................................................................................................33

3.2. FATORES POLÍTICOS .............................................................................................34

3.3. FATORES ECONÔMICOS .......................................................................................34

3.4. FATORES SOCIAIS ..................................................................................................35

3.5. FATORES TECNOLÓGICOS ...................................................................................35

3.6. FATORES AMBIENTAIS .........................................................................................36

3.7. FATORES LEGAIS ...................................................................................................37

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................37

5. APLICAÇÃO DA MATRIZ PESTAL ...........................................................................38

5.1. FATORES POLÍTICOS .............................................................................................39

5.2. FATORES ECONÔMICOS .......................................................................................40

5.3. FATORES SOCIAIS ..................................................................................................44

5.4. FATORES TECNOLÓGICOS ...................................................................................44

5.5. FATORES AMBIENTAIS .........................................................................................45

5.6. FATORES LEGAIS ...................................................................................................46

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................47

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................49

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

12

1 INTRODUÇÃO

O crescimento e desenvolvimento da espécie humana levou a utilização de recursos da

natureza como combustível para a realização de tarefas cotidianas, como cozinhar e lavar

roupas, e a evolução da sociedade se dá concomitante à evolução das fontes de energia. Tudo

começou com a madeira, dela vinha a lenha, que alimentava o fogo, para manter a população

aquecida e afastar possíveis ameaças. No século XVIII acontece a primeira revolução industrial,

demandando um consumo de energia muito maior e mais eficiente para a nova forma de

produção, o carvão mineral é, então, introduzido como fonte de energia e principal combustível

para a indústria. Mais à frente no século XX os combustíveis fósseis passaram a ser utilizados

em todas as fases da produção, inclusive pelo consumidor final, como gasolina e diesel.

Também no século XX uma vertente mais sustentável deu aporte para o desenvolvimento das

energias, chamadas, limpas, que consistem na utilização de fontes renováveis para a produção

de energia, como a energia solar que utiliza a energia proveniente do sol, a energia eólica que

utiliza os ventos como fonte de energia e a energia maremotriz que é proveniente dos

movimentos das ondas. (FARIAS; SELLITTO, 2011)

Segundo Goldemberg e Lucon (2007) “Os padrões atuais de produção e consumo de

energia são baseados nas fontes fósseis, o que gera emissões de poluentes locais, gases de efeito

estufa e põem em risco o suprimento de longo prazo no planeta.”. As fontes fósseis são

consumidas em uma velocidade muito maior que a de produção destas fontes pela Terra, o que

foi formado em um processo de decomposição de milênios é consumido em poucos séculos.

Em dado momento as fontes fósseis serão extintas, completamente exploradas e consumidas, e

alternativas à esta questão devem ser levantadas desde agora.

A partir da vigência do Protocolo de Kyoto em 1997, onde os 20 países mais

industrializados se comprometeram a tomar medidas concretas para diminuir a emissão de gases

do efeito estufa, como o CO2, diversos países buscam esse caminho e consequentemente

buscam tornar sua matriz energética cada vez mais limpa (CASTRO; MENEGUELLO, 2007).

É possível ver no gráfico 1, a seguir, a evolução da energia limpa na matriz energética mundial

entre os anos 1973 e 2016.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

13

Gráfico 1: Fornecimento de energia primária total mundial por combustível

Fonte: IEA, 2018.

Em países como a Alemanha o investimento em energias limpas é tão forte que, mesmo o país

não tendo as condiçoes climáticas mais favoráveis para a geração de energias solar e eólica, por

exemplo, em 2018 ela ocupava a terceira posição no ranking mundial de energia eólica por

potência, apenas atrás da China e do Estados Unidos, enquanto o Brasil ocupava a 8ª colocação,

conforme Tabela 1 e no ranking de potência instaladas em energia solar a Alemanha aparece

em 4º lugar da lista, atrás apenas do Japão, Estados Unidos e China, como pode ser observado

na Tabela 2.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

14

Tabela 1: Energia Eólica – Potência instalada mundial

Fonte: WWEA, 2018

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

15

Tabela 2: Geração e Potência Instalada Solar no Mundo - 2016

Fonte: MME, 2016

A matriz energética do Brasil é majoritariamente oriunda de fontes renováveis,

principalmente da geração de energia hídrica, através das hidrelétricas. A geração de energia

por meio de Hidrelétricas é considerada uma fonte limpa, porém ela dependente do ciclo

hidrológico, que é influenciado por diversas variáveis atmosféricas, oferecendo instabilidade

no abastecimento energético. Historicamente o Brasil vem passando por algumas crises

energéticas, um fator importante que influencia essas crises é a falta de chuva, que resulta no

rebaixamento dos níveis dos reservatórios e consequentemente em uma insuficiência do setor

hídrico de gerar energia. Além de prejudicar os níveis dos reservatórios, quando há uma

escassez de água, há uma prioridade estabelecida por lei para seu uso. De acordo com a Lei nº

9.433 de 8 de janeiro de 1997, “em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos

hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;”. Portanto a geração de energia

por meio de hidrelétricas é posta em desvantagem. A partir disto, é notável que se faz necessária

a discussão sobre as demais formas de geração de energia, a população não pode correr o risco

de ter outro Apagão como aconteceu em 1999.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

16

“O blecaute de março de 1999 atingiu cerca de 31 milhões de clientes em dez Estados

do Sul, Sudeste e Centro-Oeste e do Distrito Federal. Começou às 22h16 do dia 11 e deixou

pessoas no escuro por até 4h15.” (Folha de S. Paulo, 2007)

No Brasil e no mundo inteiro existe uma demanda crescente por energia, comandada

pela evolução demográfica da população e do desenvolvimento do PIB de cada país. O gráfico

2 representa a evolução da matriz energética no Brasil entre os anos de 1990 e 2012. Um ponto

positivo que pode ser destacado do gráfico 2 é que mesmo com o crescimento da demanda e

troca de fontes de energia consideradas renováveis, como a lenha, por fontes não renováveis, a

porcentagem de participação das fontes renováveis na matriz energética do Brasil se manteve

maior que 40% (fontes consideradas renováveis no gráfico 2: Outras renováveis, Produtos da

cana-de-açúcar, Lenha e carvão vegetal, Hiddráulica, Urânio).

Gráfico 2: Matriz Energética Brasileira por Fonte

Fonte: EPE, 2017.

Como é evidenciado no Gráfico 3, desconsiderando a energia hidráulica que é a fonte

de energia predominante no país utilizada para geração de energia elétrica, as demais fontes são

em sua maioria de origem não renováveis. Então conclui-se que as diversas energias limpas são

pouco exploradas no Brasil, com destaque para a energia solar com 0,13% apenas. Pensando

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

17

nessa energia pouco explorada no país, este trabalho tem como objetivo analisar através da

matriz Pestal, a geração de energia solar com fins elétricos.

Gráfico 3: Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte

Fonte: EPE, 2018

Para direcionar este trabalho, a seguinte pergunta foi formulada: Quais seriam as

oportunidades e ameaças no Brasil para a energia solar no setor elétrico?

Como método para obter a resposta à pergunta acima, será utilizada a Matriz Pestal,

uma análise que envolve diversos fatores e permite a avaliação das ameaças e oportunidades

existentes, nesse caso, para a geração de energia elétrica por fontes solares.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

18

Parte-se da hipótese que no mercado de energia elétrica brasileiro as ameaças serão

sobrepostas pelas oportunidades, já que a sociedade se mostra interessada em assuntos

relacionados ao meio ambiente e como não causar mais danos à natureza.

O estudo discute temas que dão base para o entendimento de como a energia elétrica é

gerada a partir da energia solar.

Como segunda delimitação do presente trabalho tem-se que o estudo está focado no

mercado brasileiro de energia elétrica, excluindo a verificação das oportunidades e ameaças em

outros países.

Este estudo busca contribuir tanto para o meio acadêmico quanto para a sociedade de

forma a difundir conhecimentos sobre o tema. Percebe-se no decorrer da pesquisa que a análise

Pestal é uma ferramenta essencial no que diz respeito à avaliação do ambiente externo de uma

corporação, sua existencia e funcionalidade devem ser discutidas por mais trabalhos para que a

informação alcance cada vez mais pessoas que precisem dela, Além disso, percebe-se também

que políticas públicas se fazem necessárias para a alavancagem da energia solar no Brasil e que

o desenvolvimento técnico dos equipamentos responsáveis pela conversão de energia solar em

energia elétrica é desejado, portanto as informações discutidas neste trabalho se tornam

relevantes para o meio acadêmico. Por outro lado, percebe-se que a sociedade de hoje em dia

se preocupa com os danos causados pelos seres humanos ao planeta desde os primórdios da

civilização e em como revertê-los ou minimizá-los. A partir deste entendimento a pesquisa se

faz relevante para a sociedade em geral a fim de difundir informações sobre a geração de energia

elétrica por uma fonte renovável, diminuindo o impacto ambiental causado por essa geração a

partir de fontes fósseis.

2 – ENERGIA SOLAR

De acordo com o Atlas da Energia elétrica no Brasil publicado pela Agência Nacional

de Energia Elétrica - ANEEL em 2005: “Quase todas as fontes de energia – hidráulica,

biomassa, eólica, combustíveis fósseis e energia dos oceanos – são formas indiretas de energia

solar.”

A energia eletromagnética proveniente dos raios solares, ou energia solar, pode ser

aproveitada de forma benéfica nas atividades humanas de diversas formas, as duas formas mais

usuais são a geração de energia elétrica e energia térmica majoritatiamente utilizada para

aquecimento de água. (SILVA, 2015)

A maior parte do Brasil, está localizada na zona intertropical do planeta Terra. Isso

significa que a variação da energia total incidente sobre a superfície terrestre é mais amena

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

19

durante as estações do ano (ANEEL, 2008). Devido a extenção territorial do Brasil, existem

estados bem próximos a linha do equador, onde a variação de irradiação solar durante o ano é

mínima e estados próximos a linha do trópico de capricórnio, onde a variação de irradiação

solar já é mais intensa. A figura 1 a seguir mostra a média anual de insolação diária no Brasil,

com ela é possível identificar que os estados do nordeste possuem a maior incidência de

radiação solar.

Figura 1: Média anual de insolação diária no Brasil (horas)

Fonte: CEPEL – CRESESB, 2000

Esta análise pode causar confusão com a posição geográfica dos locais onde o mapa

aponda maior incidência dos raios solares, mas deve-se lembrar que a quantidade de radiação

que chega ao solo é fracionada, os raios solares encontram obstáculos pelo caminho e somente

parte deles não são refratados ou absorvidos pela atmosfera (ANEEL, 2005).

2.1 RADIAÇÃO SOLAR

Ao entrar em contato com a atmosfera, os raios solares começam a sofrer com alguns

obstáculos até chegar à superfície terrestre. É considerado que parte dessa radiação pode entrar

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

20

em contato com nuvens, por exemplo, e sofrer um processo de reflexão, não alcançando a

superfície. As demais parcelas da radiação são divididas em radiação direta, onde os raios

atingem diretamente a superfície terrestre e são absorvidos, radiação difusa, onde os raios

solares encontraram algum obstáculo pelo caminho e ao fim são absorvidos pela superfície e

radiação refletida, que entrará em contato com a superfície terrestre, mas será refletida pelo

próprio solo ou qualquer obstáculo próximo a este, como por exemplo a neve que possui um

alto albedo. Albedo é o coeficiente de reflexão da matéria, a neve e as nuvens possuem um dos

maiores albedo e pelo contrário o carvão possui um dos menores albedos.

Figura 2: Esquema - Radiação Solar

Fonte: BIBLUS, 2017

2.1.1 Radiação direta

Os raios emitidos pelo sol se encontram dentro do espectro eletromagnético entre 0,3 a

3,0 μm, ou seja, são ondas curtas. (GEODESIGN, 2016)

O nome, radiação direta, induz muito bem o significado desta componente da radiação

solar. A radiação solar direta é aquela que sai do sol e atinge a superfície terrestre diretamente,

ela não sofre nenhum desvio, absorção ou espalhamento na atmosfera. Quando o céu está

nublado e o sol totalmente encoberto por nuvens, a incidência de radiação direta é igual a 0

(zero) (GOMES, E., 2006).

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

21

2.1.2 Radiação difusa

A radiação solar também tem a componente difusa, que significa que esta teve alguma

interação com um obstáculo ao entrar na atmosfera terrestre. Os dois processos predominantes

de desdobramento da radiação solar são absorção e espalhamento (ROSSINI, 2002)

No processo de absorção o comprimento da onda é crucial para definir onde esta

radiação será absorvida, pois os componentes atmosféricos moleculares somente absorvem os

comprimentos de onda discretos, quando não for correspondente a radiação passa normalmente

e, devido à essa característica são chamados de absorventes seletivos. As moléculas mais

significativas que estão presentes na atmosfera e absorvem a radiação solar são o oxigênio

molecular (O2), ozônio (O3) e dióxido de carbono (CO2), cada molécula dessas é responsável

por absorver um tipo de radiação em um comprimento de onda. As moléculas de O2 absorvem

a radiação solar numa região esteita no visível do espectro, as moléculas de O3 absorvem as

ondas nas regiões ultravioleta em bandas fortes e no visível em bandas fracas e as moléculas de

CO2 absorvem a radiação da região do infravermelho, de diversas bandas. O vapor d’água

também é responsável por absorver radiação solar na atmosfera, e absorve as ondas na região

do infravermelho. (ROSSINI, 2002)

Por outro lado, o processo de espalhamento é mais difícil de definir responsabilidades,

pois depende da posição da partícula no momento em que a radiação solar se choca com ela e

dessa forma funcionam como uma fonte secundária de energia, espalhando a radiação, e este

processo pode ocorrer diversas vezes, causando os múltiplos. (ROSSINI, 2002)

No processo de espalhamento é considerado que quando o tamanho de uma partícula é

menor que o tamanho da onda incidente o espalhamento é máximo, quando o tamanho da

partícula é maior que o tamanho da onda incidente o expalhamento somente ocorre para uma

direção. Muitos fenômenos são oriundos deste processo, e podem ser vistos todos os dias como

o azul do céu e o branco das nuvens. O processo onde as partículas são menores que a radiação

incidente do comprimento de onda referente, dá origem ao céu azul, o oposto, quando as

partículas são maiores que a radiação incidente origina o movimento de igualar a proporção da

difusão das ondas de todos os comprimentos tornando a abóbada celeste branca, efeito que

ocorre nas nuvens. (ROSSINI, 2002)

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

22

2.2 ROTAÇÃO TERRESTRE

Os movimentos de rotação e translação terrestre em torno do sol e de si mesma, dão

origem às estações do ano. Esse movimento de rotação em torno do sol tem num formato

elíptico e a Terra se encontra em uma inclinação de aproximadamente 23,45º comparado ao

plano normal da elipse. (CEPEL – CRESESB, 2014)

Como descrito no Manual de Energia para sistemas Fotovoltaicos, revisado em março

de 2014:

“Observando-se o movimento aparente do Sol, ao meio dia solar, ao

longo do ano, verifica-se que o ângulo entre os seus raios e o plano do

Equador varia entre +23,45º em torno do dia 21 de junho (solstício de

inverno no hesmifério Sul), e -23,45º em 21 de dezembro (solstício de

verão no hemisfério Sul). Este ângulo, denominado Declinação Solar

(δ) é positivo ao Norte e negativo ao Sul do Equador.” (CEPEL –

CRESESB, 2014)

É possível observar Figura 3, que no hemisfério sul os dias são mais longos próximos ao

solstício de verão e mais curtos quando ocorre o solstício de inverno e quanto mais

próximo à linha do equador menor é a variação da duração do dia ao longo do ano, até a

variação 0, encontrada nas localidades sob a linha do equador. A declinação solar e a

latitude sempre serão positivas no hemisfério Norte e negativas no hemisfério Sul. Para

saber a trajetória do movimento aparente do Sol em um dia e local previamente definidos,

deve-se calcular a diferença entre a declinação solar e a latitide (CEPEL – CRESESB

2014).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

23

Figura 3: Órbita da Terra em torno do Sol

Fonte: CEPEL – CRESESB, 2014

2.3 POTENCIAL ENERGÉTICO

Bastam apenas duas horas de irradiação solar recebida pela superfície terrestre para

superar a quantidade de energia primária consumida durante um ano inteiro pela população

mundial, e o valor ainda extrapola. O consumo mundial em 2011 foi de 143 mil TWh e em duas

horas recebermos em nossa superfície 188 mil TWh. (CEPEL – CRESESB 2014)

Como comentado a priore, o Brasil é um país com enorme potencial para o

aproveitamento da energia solar, porém esse potencial é pouco explorado e a energia solar

somente representou 0,023% da matriz energética e 0,1% da matriz elétrica do país em 2017

(EPE, 2018).

A figura 4 expõe os caminhos para a utilização da energia solar, tanto a energia termica

quando a fotovoltaica.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

24

Figura 4: Esquema de conversão da energia solar

Fonte: LODI, 2011

2.3.1 Energia solar térmica

A energia solar térmica pode ser utilizada para aquecimento imediato de um

fluido, como a água, mas também pode ser utilizada para a gereação de eletricidade.

Como indica a Figura 4 a conversão da energia térmica para a energia mecânica e por

fim energia elétrica pode ser feita através de três tipos de ciclos termodinâmicos de

combustão externa, Rankine, Brayton ou Stirlin. (LODI, 2011). O ciclo Rankine é

caracterizado por trabalhar com a bomba de alimentação líquida, motor a vapor, o ciclo

Brayton realiza o trabalho mecânico com uma turbina a gás e o ciclo Stirling utiliza dois

motores para a movimentação do pistão a partir da expansão do ar aquecido pela energia

solar (KAMAL, 1988). Exemplificado abaixo é possível ver técnicas de aproveitamento

da energia solar térmica.

Coletor Solar: é utilizado para aquecimento de água a temperaturas de até 100ºC.

Normalmente utilizado em residências, hospitais, hotéis, centros comerciais, o sistema

faz uso de um coletor solar discreto, que é instalado no teto das residências ou outro

estabelecidmentos. A função do coletor solar é transformar a energia das ondas solares

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

25

em energia interna no fluido. O aparelho absorve a radiação, converte isso em calor e

transfere esse calor para o fluido, que compõe o coletor (LODI, 2011). A seguir nas

figuras 5 e 6 será possível ver exemplos de coletores solares.

Figura 5: Ilustração de um sistema solar de aquecimento de água

Fonte: ANEEL, 2008

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

26

Figura 6: Aquecedores solares de água

Fonte: WSSA, 2017

Energia Heliotérmica: A energia heliotérmica produz eletricidade a partir do calor

proveniente dos raios solares. O processo para a geração de energia elétrica neste sistema

passa por três tipos de energia, térmica, que é transformada em energia mecânica e por fim em

energia elétrica. Para que seja possível acumular o calor proveniente dos raios solares, é

necessário concentrar os raios em um único ponto, portanto espelhos são utilizados,

direcionando os raios que incidem sobre eles. Nesse ponto pra onde os raios estão sendo

direcionados, existe um receptor que absorve o calor e o transmite para o fluido térmico, (esse

fluido pode ser água, ar, óleos, entre outros) e a partir desta etapa o processo é similar ao de

uma termelétrica. O fluido térmico aquece a água ate que seja gerado vapor, esse vapor faz

girar uma turbina, obtendo energia mecânica e o gerador, conectado à turbina, transforma a

energia mecânica em energia elétrica. (BRASIL, 2018)

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

28

2.3.2 Energia solar fotovoltaica

A segunda forma mais usual de utilização da energia solar é através da transformação

direta das ondas solares para energia elétrica. Essa transformação se dá a partir de um

instrumento chamado célula fotovoltaica. A célula fotovoltaica tem em sua composição um

material semicondutor (usualmente o silício), que quando a radiação solar se choca com ele,

este é estimulado e dá início ao fluxo das partículas positivas e negativas, gerando a eletricidade

(ANEEL, 2008).

Quanto maior a irradiação solar, maior será a produção de energia elétrica. Essa

afirmação é sustentada pelo funcionamento das células fotovoltaicas. A célula recebe a radiação

solar e no contato dos fótons, presentes na luz solar, e os átomos do semicondutor, os elétrons

se desprendem do átomo do semicondutor, esses elétrons livres vão migrar para outro átomo

com ausência de elétron, esse deslocamento é o que gera a corrente elétrica (CEPEL –

CRESESB, 2014)

A história das células fotovoltaicas é antiga, porém o desenvolvimento da tecnologia

somente foi possível em tempos recentes. Tudo começou com o físico Edmond Becquerel, em

1839, ele direcionou luz sobre um eletrodo em uma solução eletrolítica e descobriu o efeito

fotovoltaico. Em 1877 as primeiras células fotovoltaicas foram desenvolvidas a partir de

Selênio que abaram sendo usada no ramo da fotografia, como medidores de luz. Quase 100

anos depois, em 1950 os semicondutores eletrônicos foram desenvolvidos e somente a partir

dai temos a célula fotovoltaica como a conhecemos hoje (FTHENAKIS AND LYNN, 2018).

A energia solar tem um potencial enorme, porém não recebe a atenção e, principalmente,

o investimento necessário para que essa tecnologia seja difundida tanto entre os consumidores

quanto entre as empresas e governos fornecedores de energia. Essa dificuldade que a energia

fotovoltaica encontra para ser amplamente utilizada pelo mundo se dá principalmente pelo custo

dessa tecnologia. De fato, o preço da placa solar está cada vez menor, se tornando cada vez

mais acessível, porém ainda é caro para a maior parte da população. Podemos ver a evolução

dos preços dos painéis no Japão no Gráfico 4.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

29

Gráfico 4: Preço dos painéis solares no Japão (em US$/W)

Fonte: ANEEL. 2008

A energia elétrica gerada através da tecnologia fotovoltaica pode ser explorada de três formas,

basicamente. Sistemas isolados (off-grid), sistemas ligados à rede (on-grid) e geração

centralizada.

Sistema Fotovoltaico Isolado (off-grid): nesse sistema seu funcionamento é isolado da

rede elétrica, não conectado. Para isso a energia gerada e não utilizada imediatamente necessita

ser armazenada, em uma bateria ou em outras formas de armazenamento de energia. No sistema

isolado é necessário haver um controle e condicionamento de potência e para isso o sistema

conta com um inversor e controlador de carga (CEPEL – CRESESB, 2014). Na figura 9 é

possível ver a esquematização do sistema isolado.

Figura 9: Configuração básica de um sistema fotovoltaico isolado

Fonte: CEPEL – CRESESB 2014

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

30

Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede (on-grid): nesse sistema a energia elétrica

produzida pelo gerador é disponibilizada diretamente na rede elétrica. Se faz necessária a

utilização de um inversor que seja compatível com as exigências de qualidade e segurança do

gestor da rede elétrica, no caso do Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),

que também determina em qual nível de tensão essa energia deverá entrar na rede elétrica

(CEPEL – CRESESB, 2014). O esquema do sistema fotovoltaico conectado à rede é

demonstrado na figura 10.

Figura 10: Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede

Fonte: CEPEL – CRESESB, 2014

Usinas Fotovoltaicas: nesses sistemas de grande porte a energia elétrica gerada deve

entrar na rede elétrica no nível de média tensão necessariamente, para isso é necessário um

transformador que eleve o nível de baixa para média tensão. Este sistema pode chegar a gerar

potência na ordem de MWp (CEPEL – CRESESB, 2014). Pode-se ver na figura 11, como

deve funcionar uma usina fotovoltaica.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

31

Figura 11: Sistemas de Grande Porte

Fonte: CEPEL – CRESESB, 2014

3 – MATRIZ PESTAL

O principal objetivo deste capítulo é conceituar a Matriz Pestal como ferramenta de

análise ambiental da corporação. Busca-se compreender o que é a Matriz Pestal como

ferramenta, para que serve, como sua utilização pode contribuir para a corporação e qual o papel

dela no apoio à tomada de decisão corporativa. Durante esse capítulo, procura-se abordar a

ferramenta acima citada em caráter histórico, funcional e metodológico. Para isso, foi realizada

uma pesquisa bibliográfica sobre o tema.

A Matriz Pestal (em inglês Pestel) é um modelo analítico que permite um estudo

qualitativo do ambiente em que as organizações estão inseridas a fim de evidenciar as ameaças

e oportunidades relacionadas à Ela a partir de diversas perspectivas. Têm-se que PESTAL é um

acrônimo das seguintes palavras, Político, Econômico, Social, Tecnológico, Ambiental e Legal.

Historicamente a matriz Pestal sofreu algumas alterações no acronimo e inclusões

também. O primeiro registro foi em 1967 no livro “Scanning the Business Environment” de

Francis J. Aguilar, onde a matriz tinha o nome de ETPS (econômico, tecnológico, político e

social). A seguir o acrônimo foi reorganizado para STEP (social, tecnológico, econômico e

político) para uma análise estratégica de tendências no Arnold Brown Intitute of Life Insurance.

Mais tarde o acrônimo foi modificado para STEPA/STEPE (social, tecnológico, econômico,

político e ambiental/environmental) a fim de acrescentar uma análise do meio ambiente onde o

sujeito analisado está inserido, uma análise visando identificar mudanças e impactos

ambientais. Nos anos 1980 a análise da esfera legal foi adicionada ao modelo por Richardson,

tornando, então o acrônomo como é utilizado hoje em dia PESTAL - político, econômico,

social, tecnológico, ambiental e legal. (Yüksel, 2012).

A análise PESTAL tem um cunho estratégico para as organizações, pois nesta análise o

ambiente externo à organização é avaliado de várias perspectivas diferentes. Especificamente

fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais que dão uma visão

profunda, mas ao mesmo tempo abrangente sobre a situação do ambiente onde a empresa está

inserida. A análise é feita em todos os critérios mencionados a priori e ao concluí-la,

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

32

oportunidades e ameaças externas à empresa são identificadas. Essas oportunidades e ameaças

são fatores que fogem do controle das empresas, fazendo com que as mesmas ao os identificar

criem mecanismos para ou aproveitá-los ou evitá-los. (Fontanillas, 2015).

Esclarecendo a importância da análise para a companhia e o quão crucial é a descoberta

das oportunidades e ameaças para a tomada de decisão estratégica desta, colocam-se as duas

funções básicas da análise Pestal. Primeiramente, a partir da análise Pestel, o ambiente em que

a corporação está inserida é identificado e desmistificado, trazendo o conhecimento do mundo

com que a corporação está lidando. A segunda função básica é que a análise produz dados e

informações que serão de extrema importância para a previsão de possíveis situações a ocorrer

no futuro. Portanto a Matriz Pestal deveria ser de amplo conhecimento dos diretores executivos

das empresas para que tomassem decisões estratégicas mais assertivas, levando em

consideração o ambiente externo à companhia (Yüksel, 2012).

Segundo Fontanillas (2015) a utilização conjunta da matriz PESTAL com a matriz

SWOT dão o suporte necessário para tomadas de decisão no planejamento estratético que foi

pensada por dois professores, Kenneth Andrews e Roland Christensen. SWOT, assim como

PESTAL, é um acrônimo, e as palavras que formam esse acõnimo são: Forças/Strengths,

Fraquezas/Weaknesses, Oportunidades/Opportunities e Ameaças/Threats. Essas matrizes

possuem algo em comum, as duas analisam o ambiente externo em que a organização está

inserida, e uma das principais diferenças entre a matriz swot e a matriz pestal é que a matriz

swot também engloba uma análise do ambiente interno. (FONTANILLAS, 2015).

A matriz Pestal é conhecida como uma análise qualitativa dos fatores externos definidos

por esta. Neste ponto encontra-se um problema na medição das informações coletadas para a

realização da análise na matriz Pestal, os dados que serão analisados são majoritariamente dados

subjetivos, não numéricos, não dando a possibilidade de a mensuração ser feita genericamente,

somente conseguem ser qualitativamente analisados. Desta forma os dados do ambiente externo

não podem ser objetivamente analisados. Um outro problema encontrado nesta análise é que

mesmo a teoria da análise Pestal a descreva como uma análise completa e interligada do

ambiente externo, isso não é refletido na mensuração prática dos dados coletados, onde os

fatores são geralmente analisados separadamente. Entretanto o grau de influência de cada fator

na Companhia economicamente e comercialmente não são esperados serem iguais. (YÜKSEL,

2012). As 6 esferas que são englobadas pela análise Pestal estão exemplificadas na figura 12.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

33

Figura 12: Análise Pestel

Fonte: CAMARGO, 2017

Os fatores serão explicados a seguir e estes podem ser exemplificados a partir de

algumas perguntas chave, que se aplicam a toda situação analisada pela matriz Pestal.

Entretanto na realização efetiva da análise essas perguntas são muito particulares a cada caso,

pois cada objeto a ser analisado tem suas especificidades, portanto, é usual a prática de sessões

de brainstorm para a identificação das perguntas a serem feitas a cada fator.

3.1 BRAINSTORM

Brainstorm é uma ferramenta de pensamento criativo publicada em 1959 pelo seu

idealizador Alex Faickney Osborn. Este nos diz que a ferramente é uma forma de colaboração

criativa em grupo. Cada participante deve pensar na solução do problema com o mesmo

objetivo, e o líder das sessões de brainstorm não deve permitir julgamento às ideias

compartilhadas durante o experimento, todas as ideias devem ser julgadas a porteriore em

particular. Também não são permitidas atitudes como direcionamento proposital de

pensamento, os participantes devem se sentir livres para exporem suas ideias (OSBORN, 1953).

A figura 13 demonstra a cooperação de um grupo para a elaboração de uma ideia.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

34

Figura 13: Brainstorm

Fonte: Próprio Autor

3.2 FATORES POLÍTICOS

O fator político diz respeito a ações e especulações políticas que de certa forma têm

influência na economia e, de que forma o governo intervém na economia.

Exemplos de perguntas:

- Qual será a próxima eleição e como isso pode afetar minha empresa?

- A situação política do país é estável ou instável? De que forma isso pode influenciar

os meus negócios?

- Como o terrorismo pode influenciar na comercialização do meu produto?

(CAMARGO, 2017)

3.3 FATORES ECONÔMICOS

Os fatores econômicos são os fatores que delimitam o crescimento econômico,

identificando se haverá crescimento ou recuo na economia. Identificamos esses fatores como

taxas de câmbio, taxas de juros, valor do salário mínimo, taxa de desemprego, taxa de inflação,

entre outros.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

35

Podemos analisar esse fator a partir de questionamentos sobre a economia, como por

exemplo:

- Qual a taxa de desemprego atual no país? Será mais caro ou mais barato contratar mão

de obra qualificada?

- Meus clientes têm facilidade no acesso ao crédito? De que forma o engessamento e

burocratização no acesso ao crédito pode influenciar as minhas vendas?

- Como a taxa de câmbio pode afetar a aquisição de material para a fabricação do meu

produto e quanto isso refletirá no preço final repassado ao cliente?

(DALTON, 2015)

3.4 FATORES SOCIAIS

A organização está inserida em um macroambiente. Neste macroambiente encontramos

elementos demográficos diversos como as religiões praticadas, o nível educacional da

população e como ela está distribuída no território. Encontramos também elementos culturais

como comidas típicas da região, vestimenta utilizada pela população e músicas produzidas no

território estudado. No intuito de construir a melhor estratégia corporativa para o objetivo fim

que foi submetido à análise Pestal é necessário compreender o mercado em que está inserido,

potenciais mudanças sociais que influenciem seu negócio, ou necessidades futuras de seus

clientes.

Questões sobre a sociedade são propostas para que a análise seja feita, como os

exemplos a posteriore:

- Como a população está lidando com as mudanças climáticas e de que forma a

conscientização ambiental da população pode influenciar o meu negócio?

- Qual o nível de preocupação da população que envolve meu negócio com a saúde?

Como isso pode influenciar o comportamento do meu cliente em relação ao meu produto? De

que forma isso afeta o gasto com pessoal, pode aumentar ou pode diminuir o custo do meu

funcionário?

- Quão engajado é o meu público alvo em questões de direitos humanos? A população

ser muito engajada em assuntos políticos pode influenciar no desempenho dos meus negócios?

(CAMARGO, 2017)

3.5 FATORES TECNOLÓGICOS

Hoje em dia as pessoas vivem em um mundo globalizado e altamente tecnológico, onde

o ritmo acelerado do avanço da tecnologia é de extrema importância para o sucesso de uma

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

36

corporação. Empresas de grande prestígio que fizeram muito sucesso anos atrás já não existem

mais ou não possuem o mesmo prestígio que antes, por não acompanharem o avanço da

tecnologia, como por exemplo a BlackBerry que chegou a dominar 43% do mercado de

smartphones empresariais e governamentais (DIAS, 2014) e hoje em dia tem em torno de 3%

do mercado, ou como a Eastman Kodak Company, comercialmente conhecida como Kodak,

que dominou uma grande fatia do mercado até os anos 90 e atualmente não se houve mais falar

em Kodak que não seja como exemplo da empresa que falhou em assimilar a importância da

transição tecnológica que viveu.

Assim como os fatores supracitados, a análise dos fatores tecnológicos deve ser guiada

por perguntas como as seguintes:

- Há no mercado alguma nova tecnologia que eu possa implementar no meu negócio

para melhorá-lo de alguma forma?

- Meus concorrentes têm acesso à informações ou produtos tecnológicos mais avançados

e eu não tenho? Em que nível de gravidade isso pode afetar o meu negócio.

- Há alguma previsão de lançamento de novas tecnologias que poderiam afetar de forma

muito radical a minha empresa?

(CAMARGO, 2017)

3.6 FATORES AMBIENTAIS

Com o passar dos anos a Responsabilidade Social Empresarial têm tomado cada vez

mais importância para a sociedade, chegando a influenciar a preferência de marcas por parte do

consumidor, a escolha da empresa em que irá trabalhar por parte do candidato a empregado,

influencia também no estilo de vida que a pessoa tende a seguir e até a criação de leis por parte

do governo. As mudanças climáticas e a relação da população com o meio ambiente vêm sendo

discutida abertamente e ficando cada vez mais importante (CAMARGO, 2017).

Na análise deste fator precisamos entender como o meio ambiente e as causas ecológicas

influenciam na empresa, fazendo questionamentos como:

- Meu público alvo busca por produtos ecologicamente corretos?

- O aquecimento global afeta a logística do meu negócio ou a produção do meu produto?

- Existem fatores ambientais que sofrerão mudança no futuro próximo? Como essa

mudança pode influenciar a minha empresa?

(HEWITT, 2018)

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

37

3.7 FATORES LEGAIS

O ser humano é regido por normas e leis em qualquer sociedade em que tiver inserido,

portanto não seria diferente com uma empresa. A Companhia precisa entender a legislação da

cidade, do estado e do país em que está inserida, caso seja uma empresa multinacional ela

precisa entender as diversas legislações e as práticas permitidas em cada uma das localidades.

Também se faz necessário acompanhar o setor legislativo da região para saber sobre alterações

na legislação. Mudanças na legislação podem causar inúmeros impactos para a empresa, como

aumento ou diminuição de imposto devido, mudança na relação empregador – empregado e

proibição ou liberação da importação de algum material importante para a sua produção

(CAMARGO, 2017).

Os questionamentos a serem feitos para analisar os fatores legais seguem

exemplificados:

- As leis anticorrupção influenciam em compras ou aquisições que a empresa está

interessada?

- Teremos mudanças nas leis que regulam o mercado em que atuamos?

- Como está a discussão da reforma da previdência? Caso aprovada, de que forma isso

poderia influenciar o meu negócio?

(CAMARGO, 2017)

4– PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O objetivo desta sessão é esclrarecer o tipo de pesquisa e as técnicas que serão utilizadas

pela autora na produção do presente trabalho. Segundo Vergara (1998), a pesquisa pode ser

classificada perante dois aspectos: relacionados aos fins da pesquisa e aos meios da pesquisa.

Quanto aos fins da pesquisa temos que neste trabalho ela será exploratória, descritiva e

explicativa.

Exploratória: esta pesquisa acontece em campos onde o problema apresentado é pouco

explorado. No caso, o problema apresentado neste trabalho é pouco difundido, busca-se então

a identificação das oportunidades e ameaças à produção de energia elétrica pela energia solar

no Brasil.

Descritiva: sem ter o compromisso de explicar os fenômenos que descreve, essa técnica

se responsabiliza por expor as caracteristas do elemento analisado e estabelecer relações sobre

os objetos estudados. Neste trabalho trata-se da exposição das principais características da

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

38

energia solar como um todo, da energia solar para fins elétricos e da matriz Pestal, ferramenta

de análise utilizada.

Explicativa: esta técnica de pesquisa busca esclarecer quai são os fatores que contribuem

para que o fenômeno estudado aconteça. Ela busca justificar os motivos do problema analisado.

Neste trabalho a pesquisa explicativa se aplica à pergunta inicial tornando inteligível as

oportunidades e ameaças à produção de energia elétrica a partir da energia solar no Brasil.

Quanto aos meios da pesquisa temos que neste trabalho ela será documental e

bibliográfica.

Documental: a pesquisa documental se caracteriza pela utilização de documentos

armazenados em repositórios pertencentes ao governo ou órgão particulares, de qualquer

natureza, arquivos fotográficos, arquivos escritos, filmes, cartas, entre outros.

Bibliográfica: esse tipo de pesquisa se caracteriza pela busca de material publicado em

livros, revistas, redes eletrônicas, entre outros, ela fornece instrumental analítico para todos os

outros tipos de pesquisa, mas também pode ser suficiente por si própria. As fontes podem ser

primárias ou secundárias, primária quando o material utilizado é o original do autor e secundária

quando o material utilizado foi editado e disponibilizado em outro meio ou então, citado por

outros autores.

Segundo Mynaio (2002), a presente pesquisa também pode ser caracterizada como

pesquisa qualitativa, pois ela propõe uma análise mais profunda e subjetiva dos pontos a serem

discutos em relação à energia solar. Estes não podem ser quantificados através da matriz pestal,

eles avaliam um nível de realidade que não cabe à padrões ou equações matemáticas, por serem

exploratórios e, como dito anteriormente, subjetivos, ao contrário da pesquisa quantitativa onde

os resultados seriam traduzidos em termos matemáticos e objetivos. Entretanto a pesquisa

qualitativa e a quantitativa não são excludentes, podem ser independentes ou complementares,

quando complementares a pesquisa abrange todas as realidades, excluindo qualquer dualidade

existente no fenômeno estudado.

5 – APLICAÇÃO DA MATRIZ PESTAL

Como comentado no capítulo 3, a matriz pestal é utilizada para uma análise do ambiente

externo ao objeto que está sendo estudado. Neste trabalho propõe-se identificar através da

Matriz Pestal as oportunidades e ameaças existentes no mercado brasileiro de energia solar

voltada para produção de energia elétrica.

Segundo Carlos Fontanillas (2015), para uma análise empresarial é aconselhável que a

matriz pestal seja utilizada juntamente com a matriz swot, dando uma visão mais ampla e

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

39

detalhada do ambiente tanto interno quanto externo. Entretanto, como neste caso estamos

avaliando um objeto em caráter geral, sem pertencer à nenhuma organização, iremos apenas

avaliar o ambiente em que este está presente, que é o mercado brasileiro de energia elétrica.

Cada fator será analisado a partir de ideias pensadas pela autora de possíveis

especificidades cabíveis para a geração de energia elétrica a partir da energia solar.

5.1 FATORES POLÍTICOS

A geração de energia solar e a geração de energia elétrica são controladas politicamente

e como o governo pode interferir neste mercado?

A geração de energia elétrica é controlada por uma agência reguladora do governo a

ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. A ANEEL está ligada ao Ministério de Minas

e Energia. A autarquia tem 6 funções básicas, são elas: Regular a geração, transmissão,

distribuição e comercialização da energia elétrica em todo território nacional; Fiscalizar as

concessões, permissões e os serviços de energia elétrica; Implementar as diretrizes e políticas

de exploração e aproveitamento da energia elétrica guiados pelo governo federal; Estabelecer

as tarifas referentes a geração, a transmissão, a distribuição e a tarifa da comercialização que é

cobrada pelas distribuidoras ao cliente final; Diminuir as divergências entre as empresas do

ramo, e também na relação empresa – consumidor; Promover as atividades burocráticas de

concessão, permissão e autorização de empreendimentos e serviços de energia elétrica por

delegação do Governo Federal (BRASIL, 1996)

Portanto, como visto acima, a direção a ser seguida pela ANEEL em relação à energia

solar vai ser determinada pela diretriz governamental, dependendo esta de qual governo estará

no poder.

Em 17 de abril de 2012 a ANEEL publicou novas regras para facilitar a geração de

energia nas unidades consumidoras.

“A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)

aprovou hoje (17/04) regras destinadas a reduzir barreiras para

instalação de geração distribuída de pequeno porte, que incluem a

microgeração, com até 100 KW de potência, e a minigeração, de 100

KW a 1 MW. A norma cria o Sistema de Compensação de Energia, que

permite ao consumidor instalar pequenos geradores em sua unidade

consumidora e trocar energia com a distribuidora local. A regra é válida

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

40

para geradores que utilizem fontes incentivadas de energia (hídrica,

solar, biomassa, eólicae cogeração qualificada).”

(ANEEL, 2012)

Com esta resolução vê-se um incentivo à utilização de energia solar, pois a energia

gerada e não utilizada será disponibilizada na rede e isso gerará créditos para o cliente na

empresa de distribuição de energia local, podendo ser utilizado em uma próxima fatura, dentro

de 36 meses. O custo inicial deve ser financiado pelo cliente gerador, porém a distribuidora será

a responsável pela manutenção, o que inclui custos de uma enventuasl substituição do

equipamento. Especificamente para energia solar foi aprovado, paralelamente ao sistema

mencionado acima, novas regras para descontos nas tarifas TUSD (Tarifa de Uso do Sistema

de Distribuição) e TUST (Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão), que são aplicadas para

usinas com capacidade de ate 30MW (ANEEL, 2012).

No Brasil possuímos a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar

Fotovoltaica) que faz pressão frente ao governo para atingir melhores condições para a geração

de energia solar no país, além disso promove e dissemina conhecimento da tecnologia solar

fotovoltaica (ABSOLAR, 2019)

5.2 FATORES ECONÔMICOS

Em dados publicados pela ABSOLAR no dia 14 de junho de 2019 em artigo à Revista

O Setor Elétrico, temos que os investimentos privados no Brasil em usinas centralizadas de

energia solar fotovoltaica desde 2014 ultrapassam R$10 bilhões e 2.000 megawatts (MW). O

crescimento da energia solar fotovoltaica no país depende muito da evolução das usinas

centralizadas e o governo indica que esse é o camin ho, após incluir pela primeira vez em um

Leilão de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Novos Empreendimentos de Geração,

que está previsto para ocorrer no dia 26 de setembro deste ano (BARROS; KOLOSZUK;

SAUAIA, 2019).

Em dados publicados pelo Ministério de Minas e Energia, pela ABSOLAR e pela

Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e consolidades pela ABSOLAR na Figura 14

tem-se que a geração centralizada tem previstos investimentos de R$21,3 bilhões ate 2022 e

que em fevereiro deste ano a geração de energia solar fotovoltaica centralizada significou 0,7%

da oferta nacional de energia elétrica.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

41

Figura 14: Geração Centralizada – dados de 2019

Fonte: ABSOLAR, 2019

É psosível ver também os dados relacionados à micro e minigeração distribuída, com

dados publicados pela ANEEL e pela ABSOLAR e consolidados pela ABSOLAR, na figura

15.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

42

Figura 15: Geração Distribuida – dados de 2019

Fonte: ABSOLAR, 2019

A tendência da energia fotovoltaica é ficar mais acessível à população e atrativa aos

investidores e o gráfico 5 mostra a evolução da queda do preço da fonte solar nos leilões

promovidos pelo governo. Essa queda no preço que é de extrema importância para a difusão da

tecnologia solar fotovoltaica.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

43

Gráfico 5: Evolução do Preço da Fonte Solar Fotovoltaica em Leilões de Energia no

Mercado Regulado

Fonte: ABSOLAR, 2019

Uma situação importante de se analisar no fator econômico é se há incentivo e acesso

facilitado ao crédito para o empreendedor investir nessa tecnologia. No Brasil existem

programas de crédito em diversos bancos, entre eles a Caixa Econômica Federal, o Banco do

Brasil e o Santander. A seguir podemos ver o que cada banco oferece de vantagem para o

investidor da energia solar.

Caixa Econômica Federal: Construcard – é o financiamento para a compra de materiais

de construção em lojas conveniadas da Caixa, com um cartão que é recebido ao contratar o

financiamento, o cliente tem até 6 meses para comprar o material necessário, incluindo

materiais de construção comuns e outros, aquecedores solares e equipamentos de energia

fotovoltaica. O financiamento tem as fases de utilização e amortização, onde na primeira, o

cliente paga apenas os juros dos valores utilizados e na segunda, que pode ir até 240 meses, o

cliente deve amortizar o seu financiamento, pagando mensalmente até quitar a dívida. As taxas

giram em torno de 1,95% ao mês (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2019).

Banco do Brasil: o Banco do Brasil possui diversas formas de financiamento

relacionados à energia solar, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica. Vejamos dois

exemplos de financiamentos oferecidos pelo BB. 1) Proger Urbano Empresarial, é o

financiamento voltado para reforma, modernização e aquisição de bens de empresa, o

empréstimo é realizado com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do governo

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

44

federal. O financiamento é de até 80% do projeto e está disponível para empresas que faturam

ate R$10 milhões por ano. As taxas de juros são bem variáveis dadas que são estipuladas

considerando o relacionamento do cliente com o banco (BANCO DO BRASIL, 2019); 2) um

financiamento específico para as empresas da região Centro-Oeste, é uma linha de crédito que

financia até 100% dos bens e os prazos para quitar o financiamento podem chegar até 20 anos.

Se aplica a empresas dos setores industrial, agroindustrial, mineral, turismo, infra-estrutura

econômica e comercio e serviços (BANCO DO BRASIL, 2019)

Santander: o Banco Santander possui o CDC Socioambiental Solar, crétido destinado à

geração de energia renovável para correntistas do banco. O financiamento pode ser utilizado

tanto para a compra quanto para a instalação dos sistemas fotovoltaicos, financia ate 100% o

valor dos bens e pode ser parcelado em ate 48 meses. A taxa de juros é variável de caso a caso,

sendo avaliado pelo banco (SANTANDER, 2019).

5.3 FATORES SOCIAIS

O crescimento populacional aumenta proporcionalmente a demanda por energia elétrica

em todos os setores de seu uso. O que aumenta necessariamente sua produção seja por meios

sustentáveis ou não. Entretanto, cada vez mais temos uma sociedade participativa e ativa nas

questões sociais e isso se dá por uma disseminação do conhecimento mais abrangente e da

utilização da tecnologia e das redes sociais para atingir a maior quantidade de pessoas possível.

O engajamento socioambiental da população atualmente é crucial para os comportamentos

reflexivos e autocríticos praticados atualmente.

É possível observar essa reflexão no anteriormente citado protocolo de Kyoto. A partir

dele medidas deveriam ser tomadas para a diminuição do impacto ambiental por parte de

algumas nações

Levando em consideração que a análise foi feita para a geração de energia por fonte

solar, uma energia limpa, esse enganjamento em relação ao desenvolvimento da população e os

riscos que isso apresenta ao bem-estar socioambiental, é muito positivo.

5.4 FATORES TECNOLÓGICOS

Hoje em dia pode-se dizer que a energia solar na geração de energia elétrica tem dois

problemas que precisam ser refletidos, o preço e a real sustentabilidade.

Em relação ao preço da energia solar o que mais encarece na geração é o painel solar e

sua instalação. Uma das formas de baratear esse instrumento é desenvolvendo novas

tecnologias que otimizem e o tornem cada vez mais atrativo para o mercado.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

45

Em relação à verdadeira sustentabilidade do processo de geração de energia elétrica

através da energia solar, existe um problema ligado a produção dos painéis solares, que utilizam

muita energia na sua fabricação, que geralmente é oriunda de fontes fósseis, emitindo gases do

efeito estufa na atmosfera, além de que o silício, matéria prima principal da célula voltaica pode

ser muito perigoso ao entrar em contato com outros elementos químicos. Isso traz uma

preocupação no descarte da placa solar e é um assunto pouco pensado e planejado atualmente,

podendo gerar um problema enorme no futuro (ECYCLE, 2019).

Novas tecnologias já estão sendo desenvolvidas para solucionar os problemas

mencionados anteriormente e uma delas é a Célula Solar Orgânica, que está na figura 16. Essa

tecnologia consiste numa célula solar flexível e maleável, pois é feita com materiais plásticos.

Os eletrodos são impressos em polímeros e funciona da seguinte maneira: a luz solar é

absorvida pelos polímeros e transportada para o conversor que transforma em energia elétrica.

Essas células são recicláveis após o uso e são de fácil adaptação em qualquer superfície

justamente por ser de plástico maleável (ECYCLE, 2019).

Figura 16: Célula Solar Orgânica

Fonte: DESIRÉE, 2011

5.5 FATORES AMBIENTAIS

A evolução da necessidade energética provocou historicamente um impacto ambiental

brutal em busca de formas de produzir energia. Entretanto, recentemente, como citado no item

5.3, a sociedade está mais reflexiva em relação ao impacto que causa ao meio ambiente. Se

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

46

pode observar as mudanças ocorrendo a partir das ações conscientes da sociedade para reduzir

o nosso impacto ambiental, por exemplo, na constatação feita no inicio de 2018, por cientistas

da NASA (National Aeronautics and Space Administration – Administração Nacional da

Aeronáutica e do Espaço) que o buraco na camada de ozônio está diminuindo (REVISTA

GALILEU, 2018).

A energia solar é uma solução para produção de energia elétrica de forma limpa,

contribuindo para a evolução de energias renováveis na a matriz energética do Brasil e do

Mundo.

Atualmente o mercado está em busca de produtos sustentáveis, green friendly,

ambientalmente amigáveis e que não agridam ao meio ambiente, portanto a expansão da

comercialização de energia solar é favorável e encontra pouca ou nenhuma barreira no que diz

respeito aos aspectos ambientais. Não se deve deixar de refletir sobre o descarte das placas

solares, já mencionadas anteriormente, pois no longo prazo, sem um planejamento adequado, a

balança tende a ficar desequilibrada negativamente para a utilização de energia solar

fotovoltaica.

5.6 FATORES LEGAIS

Ao fazer uma reflexão em relação à energia solar e a legislação brasileira, pode-se

concluir que esta fonte de energia não é tão abrangida pela legislação brasileira. Alguns decretos

e poucas leis a mencionam e dizem respeito, porém são mais voltadas à incentivos fiscais.

Alguns equipamentos são isentos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e

prestação de Serviços) na esfera estadual, e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na

esfera federal, como por exemplo módulos fotovoltaicos, células solares não montadas e células

solares em módulos ou painéis (GOMES; JANNUZZI; VARELLA, 2009)

Como visto anteriormente, em 2012 foi publicada uma resolução normativa pela

ANEEL garantido acesso à rede por parte de micro e miniprodutores de energia por fontes

renováveis, dentre elas a solar.

Em 2015 outro avanço foi tomado na direção da energia solar que foi a publicação da

Resolução Normativa 687, que diminui o processo burocrático para a ligação do gerador com

a concessionaria de energia elétrica que receberá a energia excessiva do gerador em sua rede.

Essa norma definiu o tempo de aprovação da inserção na rede de 30 dias, alterou de 36 para 60

meses o prazo para uso dos créditos recebidos a partir da energia excedente e acabou com o

custo de aquisição de medidores para a microgeração de energia (BRASIL, 2015).

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

47

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi proposto com o objetivo de identificar oportunidades e ameaças à

geração de energia elétrica a partir da energia solar no mercado brasileiro, através de uma

análise pestal do objeto. O foco para a geração de energia elétrica limpa foi direcionado a partir

de uma percepção social que demanda um avanço nos assuntos relacionados à sustentabilidade

e a busca da sociedade por um estilo de vida cada vez mais green friendly, mais amigo do meio

ambiente.

Dado as intenções, foi possível identificar algumas ameaças à energia solar e algumas

oportunidades.

Como ameaças foi identificado um grande problema relacionado às placas solares.

Atualmente não há um planejamento de reaproveitamento ou descarte das placas solares após

vencidas. A placa solar tem vida útil de mais ou menos 25 anos, ao fim da sua vida útil o que

fazer com ela? Esse debate ainda não tem a importância que deveria ter e é possível que em

alguns anos o descarte das placas solares seja um empecilho ambiental para o consumo da

energia solar fotovoltaica.

Também foi percebida como ameaça a dependência internacional para a produção dos

painéis solares em escala comercial. Como o Brasil precisa importar partes da placa solar, o

custo do produto final acaba ficando maior e, consequentemente, o tempo de produção também.

O investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia solar se dá, basicamente,

através de universidades e centros de pesquisa que não possuem relação direta com o mercado.

As empresas, em sua maioria, não estão ligadas a busca por novas tecnologias para a produção

de energia solar.

A ameaça principal encontrada a partir desse estudo foi o custo desta tecnologia. Mesmo

com incentivos fiscais e disponibilização de crédito, o investimento em energia solar elétrica é

caro para consumidores de média ou baixa renda. O desembolso inicial para a compra e

instalação das placas é muito alto e inacessível a maior parte da população. Isso causa um

afastamento do interesse nesta tecnologia e também um atraso no avanço da mesma na matriz

energética do país.

O Brasil possui um enorme potencial para a alavancagem da produção de energia

elétrica a partir da energia solar. A matéria prima principal utilizada nas placas solares, o silício,

é encontrada em abundância no território brasileiro.

O potencial energético do país é um dos melhores do mundo. No Brasil a variação de

radiação solar é considerada baixa, tendo índices mais constantes, e existem muitas áreas com

potencial ótimo para a produção constante de energia elétrica através da energia solar.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

48

No investimento em produção de equipamentos para geração de energia elétrica a partir

da energia solar e na implantação destes equipamentes são gerados muitos empregos, e

consequentemente novos consumidores para essa tecnologia em especifico mas principalmente

para o mercado em geral, o que pode ser uma moeda de barganha para conseguir alcançar novos

incentivos por parte do governo local e federal.

Por último, foi identificado que a tendência para as tecnologias relacionadas à energia

solar é serem cada vez mais difundidas e portanto cada vez mais barateadas, alcançando em um

prazo não muito longo um preço competitivo no mercado de energias limpas no Brasil, atraindo

interesse tanto de investidores para produção em larga escala de energia elétrica quanto

consumidores individuais que visam economia e produção limpa de energia para sua própria

residência ou empresa.

Esta análise não tem como objetivo propor ações a serem tomadas para aproveitar as

oportunidades e converter as ameaças, isso cabe às empresas e aos interessados em investir

nessa tecnologia. O intuito do trabalho é dar um panorama brasileiro em relação a produção de

energia elétrica através da energia solar e difundir um pouco mais o conhecimento sobre uma

fonte tão rica de energia.

O mundo caminha na direção da sustentabilidade, da produção cada vez mais limpa, da

diminuição do impacto humano ao meio ambiente, esse caminho é direcionado a todos os

setores do mercado, desde a venda de materiais plásticos até o uso de combustível fóssil em

veículos automotores. A energia renovável terá um importante papel na matriz enérgica

mundial e o investimento em energias com potencial de geração próximos aos de fontes fósseis

devem ser explorados e amplamente comercializados.

O presente trabalho procura gerar conteúdo abrangente sobre o mercado brasileiro, que

estimule novos projetos para trabalhos futuros. Sugere-se que a análise Pestal seja aplicada à

projetos específicos envolvendo a geração de energia elétrica por fontes solares, projetos estes

idealizados por empresas privadas, órgãos públicos ou iniciativas individuais.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

49

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABSOLAR – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica. Infográfico ABSOLAR.

ABSOLAR, 2019. Disponível em: <http://www.absolar.org.br/infografico-absolar-.html>.

Acesso em: 23/06/2019.

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. ANEEL aprova regras para facilitar a geração

de energia nas unidades consumidoras. ANEEL, abril/2012. Disponível em:

<http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/noticias/Output_Noticias.cfm?Identidade=5457&id_ar

ea=90>. Acesso em: 16/06/2019.

__________. Atlas de energia elétrica do Brasil (segunda edição). Brasília: ANEEL, 2005.

Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/download.htm>. Acesso em:

15/06/2019.

__________. Atlas de energia elétrica do Brasil (terceira edição). Brasília: ANEEL, 2008.

Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas3ed.pdf>. Acesso em:

15/06/2019.

BANCO DO BRASIL. FCO Empresarial. Banco do Brasil, 2019. Disponível em:

<https://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/empresas/produtos-e-servicos/credito/financiar-

um-investimento/fco-empresarial#/>. Acesso em: 23/jun/2019.

__________. Proger Urbano Empresarial. Banco do Brasil, 2019. Disponível em:

<https://www.bb.com.br/pbb/pagina-inicial/empresas/produtos-e-servicos/credito/financiar-

um-investimento/proger-urbano-empresarial#/>. Acesso em: 23/06/2019.

BARROS, Ricardo; KOLOSZUK, Ronaldo; SAUAIA, Rodrigo. Perspectivas para a geração

centralizada solar fotovoltaica no Brasil. ABSOLAR, 2019. Disponível em:

<http://www.absolar.org.br/noticia/artigos-da-absolar/artigo-perspectivas-para-a-geracao-

centralizada-solar-fotovoltaica-no-brasil.html>. Acesso em: 23/06/2019.

BIBLUS. Radiação Solar em Terra, 10 de abril de 2017. Disponível em:

<http://biblus.accasoftware.com/ptb/desenho-de-uma-usina-fotovoltaica/solar-radiation>.

Acesso em: 18/06/2019.

BRASIL. Como funciona? Energia heliotérmica, 2018. Disponível em:

<http://energiaheliotermica.gov.br/pt-br/energia-heliotermica/como-funciona>. Acesso

em:16/05/2019

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

50

__________. Lei Nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996. Institui a Agência Nacional de Energia

Elétrica - Aneel, disciplina o regime das concessões de serviços públicos de energia elétrica e

dá outras providências. Brasília, DF, dez 1996.

__________. Resolução Normativa nº 687, de 24 de novembro de 2015. Altera a Resolução

Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, e os Módulos 1 e 3 dos Procedimentos de Distribuição

– PRODIST. Brasília, DF, nov 2015.

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Construcard. Caixa Econômica Federal, 2019. Disponível

em: <http://www.caixa.gov.br/voce/cartoes/casa/construcard/Paginas/default.aspx.>. Acesso

em: 23/062019

CAMARGO, Renata Freitas de. O que é Análise Pest e como elaborar uma Matriz Pestel?

Contamos tudo aqui! Treasy, outubro/2017. Disponível em:

<https://www.treasy.com.br/blog/analise-pest/>. Acesso em: 08/06/2019

CASTRO, Marcus Cesar Avezum Alves de; MENEGUELLO, Luiz Augusto. O Protocolo de

Kyoto e a geração de energia elétrica pela biomassa da cana-de-açúcar como mecanismo de

desenvolvimento limpo. Revista Internacional de Desenvolvimento Local 8, no. 1, pag. 33-43,

2007. Disponível em: < www.scielo.br/pdf/inter/v8n1/a04v8n1>. Acesso em: 31/05/2019

CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica; CRESESB - Centro de Referência para as

Energias Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito. Manual de engenharia para sistemas

fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL – CRESESB, 2014. Disponível em:

<http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Manual_de_Engenharia_FV_2014.pdf>.

Acesso em: 16/06/2019

__________. Atlas Solarimétrico do Brasil. Recife: CEPEL – CRESESB, 2000. Disponível em:

<http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Atlas_Solarimetrico_do_Brasil_2000.pdf>.

Acesso em: 16/06/2019

DALTON, Chris. The every day MBA. Pearson Education, 2015. Disponível em:

<https://learning.oreilly.com/library/view/The+Every+Day+MBA/9781292016771/html/chap

ter-007.html>. Acesso em: 17/06/2019

DESIRÉE, R.A. Células fotovoltaicas orgânicas, 2011. Disponível em: <

https://www.energiasrenovables.es/2011/09/14/fotovoltaicasorganicas/>. Acesso em:

16/06/2019.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

51

DIAS, Guilherme. Perdidas no tempo: 10 grandes empresas que já estiveram no topo.

Tecmundo, maio/2014. Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/empresas-e-

instituicoes/56240-perdidas-tempo-10-grandes-empresas-estiveram-no-topo.htm>. Acesso em:

08/06/2019.

ECYCLE - Células orgânicas solares: nova tecnologia é leve e pode gerar energia solar em

praticamente qualquer superfície. Ecycle, 2019. Disponível em:

<https://www.ecycle.com.br/component/content/article/69-energia/4178-celulas-organicas-

solares-nova-tecnologia-e-leve-e-pode-gerar-energia-solar-em-praticamente-qualquer-

superficie.html>. Acesso em: 23/06/2019.

EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Balanço energético nacional 2018: relatório síntese

(ano base 2017). Rio de Janeiro: EPE, 2018. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/sites-

pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-303/topico-

397/Relat%C3%B3rio%20S%C3%ADntese%202018-ab%202017vff.pdf>. Acesso em:

16/06/2019.

__________. Monitorando o Progresso da Eficiência Energética no Brasil. Rio de Janeiro: EPE,

dezembro de 2017. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-

abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-251/topico-311/DEA%20025-17%20-

%20%20Indicadores%20de%20Eficiência%20Energética.pdf#search=matriz%20energetica>

Acesso em: 29 de Junho de 2019.

FARIAS, Leonel Marques; SELLITTO, Miguel Afonso. Uso da energia ao longo da história:

evolução e perspectivas futuras. Revista Liberato, v. 12, n. 17, p. 01-106, 2011.

FOLHA DE S. PAULO, Blecaute de 1999 não foi causado por raio, diz Inpe. São Paulo: Folha

de S. Paulo, 06 de outubro de 2007. Disponível em:

<https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0610200731.htm>. Acesso em: 18/06/2019.

FONTANILLAS, Carlos Navarro. Uma análise da cadeia produtiva do petróleo a partir da

aplicação do metodo Ahp/Fuzzy ao modelo Pestal sob a ótica dos experts do petróleo. Tese de

Doutorado (Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção – COPPE). Universidade

Federal do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2015

FTHENAKIS, Vasilis; LYNN, Paul. Electricity from sunlight, second edition. Wiley, 2018.

Disponível em: <https://learning.oreilly.com/library/view/electricity-from-

sunlight/9781118963807/c01.xhtml#head-2-5>. Acesso em: 15/06/2019.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

52

GEODESIGN. Conhecimento básico sobre o recurso solar. GeoDesign, 2016. Disponível em:

<http://recursosolar.geodesign.com.br/Pages/Sol_Rad_Basic_RS.html>. Acesso em:

18/06/2019.

GOLDEMBERG, José ; LUCON, Oswaldo. Energia e meio ambiente no Brasil. Estudos

avançados – 21 no. 59, pp. 7-20, 2007.

GOMES, Eduardo Nardini. Medidas e modelos de estimativa da radiação direta na incidência:

Eduardo Nardini Gomes. -. 2006. xii, 97 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista,

Faculdade de Ciências Agronômicas, 2006.

GOMES, Rodolfo Dourado Maia; JANNUZZI, Gilberto de Martino; VARELLA, Fabiana K.

de O. M. Relatório final: sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica no Brasil. Campinas:

IEI – International Energy Initiative, 2009. Disponível em: <http://www.iei-

la.org/admin/uploads/relatorio-projeto-2-final.pdf>. Acesso em: 15/06/2019

HEWITT, Eben. Technology strategy patterns. O’Reilly Media, 2018. Disponível em:

<https://learning.oreilly.com/library/view/technology-strategy-

patterns/9781492040866/ch03.html#pattern-pestel>. Acesso em: 10/06/2019

IEA – International Energy Agency. Key world energy statistics. IEA, 2018. Disponível em:

<https://webstore.iea.org/key-world-energy-statistics-2018>. Acesso em: 15/06/2019

KAMAL, Wafik A. Solar Water Pumping: an analytical overview. Engineering Journal of Qatar

University. Qatar, v. 1, 1988. Disponível em:

<http://qspace.qu.edu.qa/bitstream/handle/10576/7914/06-88-1-09fulltext.pdf?sequence=3>.

Acesso em: 16/06/2019

LODI, Cristiane. Perspectivas para a geração de energia elétrica no Brasil utilizando a

tecnologia solar térmica concentrada. 127 f. Dissertação de mestrado (COPPE – Programa de

Planejamento Energético). Universidade Federal do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2011.

MARDUQUE, Max. Maior torre de energia solar do mundo é construída em deserto de Israel.

Linkedin, 2017. Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/maior-torre-de-energia-

solar-do-mundo-é-construída-em-max-marduque/>. Acesso em: 12/06/2019.

Minayo, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: Teoria, Método e criatividade. Ciência

Técnica, Petrópolis: Vozes, 2002.

MME - Ministério se Minas e Energia. Energia Solar no Brasil e Mundo, 2016. Disponível

em:<www.mme.gov.br/documents/10584/3580498/17+-+Energia+Solar+-

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF FACULDADE DE ... LIVIA LARISSA.pdf · elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração de

53

+Brasil+e+Mundo+-+ano+ref.+2015+%28PDF%29/4b03ff2d-1452-4476-907d-

d9301226d26c;jsessionid=41E8065CA95D1FABA7C8B26BB66878C9.srv154>. Acesso em:

18/06/2019.

OSBORN, Alex. Applied imagination – principles and procedures of creative writing. Read

Books Ltd, 1953.

REVISTA GALILEU. O buraco na camada de ozônio está diminuindo, afirma NASA. Revista

Galileu, 2018. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/01/o-

buraco-na-camada-de-ozonio-esta-diminuindo-afirma-nasa.html>. Acesso em: 18/06/2019.

ROSSINI, Elton Gimenez. Caracterização da distribuição de intensidade da radiação solar

difusa. 162 f. Tese de Doutorado (Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica).

Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2002.

SANTANDER. CDC Socioambiental Solar. Santander, 2019. Disponível em:

<https://www.santander.com.br/creditos-e-financiamentos/para-voce/cdc-socioambiental-

solar>. Acesso em: 23/06/2019.

SILVA, Rutelly Marques da. Energia Solar no Brasil: dos incentivos aos desafios. Brasília:

Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado, fevereiro/2015 (Texto para Discussão nº

166). Disponível em: < https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-

estudos/textos-para-discussao/td166>. Acesso em: 16/06/2019.

VERGARA, Silvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 2. ed.

São Paulo: Atlas, 1998.

YÜKSEL, Ihsan. Developing a multi-criteria decision making model for PESTEL

analysis. International Journal of Business and Management, v.7, n.24, p.52-66, 2012.

WSSA – Water Society of South Africa. Benefits of a solar water heating system. WSSA, 2017.

Disponível em: <http://www.wssa.org.za/benefits-of-a-solar-water-heating-system/>. Acesso

em: 19/06/2019.

WWEA – World Wind Energy Association. Global Wind Installations. WWEA, 2018.

Disponível em: <https://library.wwindea.org/global-statistics-2018-preliminary/>. Acesso em:

23/06/2019.