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Energia Solar: oportunidades e ameaças para a
geração de energia elétrica no Brasil
LÍVIA LARISSA DE CARVALHO GONÇALVES
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF
FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS – EST
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO - STA
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO – STA
Niterói
2019
2016
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LÍVIA LARISSA DE CARVALHO GONÇALVES
Energia Solar: oportunidades e ameaças para a geração de energia elétrica no Brasil
Monografia submetida ao corpo docente do
Departamento de Administração da Universidade
Federal Fluminense como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do Grau de Bacharel. Área
de concentração: Administração.
Orientador: Prof. Dr. Maurício De Souza Leão
Niterói
2019
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Energia Solar: oportunidades e ameaças para a geração de energia elétrica no Brasil
LÍVIA LARISSA DE CARVALHO GONÇALVES
Monografia submetida ao corpo docente do
Departamento de Administração da
Universidade Federal Fluminense como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do
Grau de Bacharel. Área de concentração:
Administração
Examinada por:
_______________________________________
Prof.. Dr.: Maurício de Souza Leão
Universidade Federal Fluminense
_______________________________________
Prof. Dr.: Carlos Navarro Fontanillas
Universidade Federal do Rio de Janeiro
_______________________________________
Prof. Dr: Sergio de Sousa Montalvão
Universidade Federal Fluminense
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NITERÓI, RJ – BRASIL
JULHO 2019
“Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias
sombras.”
São Francisco de Assis
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AGRADECIMENTOS
À minha família, pelo apoio e estímulo em todos os passos
da minha caminhada pelo curso de Administração da
Universidade Federal Fluminense.
Aos meus amigos que compartilharam dos momentos e me
apoiaram sempre que precisei.
Aos professores desta instituição que todos os dias
contribuem para a formação de administradores de
excelência para o mercado e seres humanos críticos e bem
instruídos para a vida em sociedade.
À Associação de Niterói Atlética Três de Agosto por tudo
que construímos juntas e por todo aprendizado que adquiri
nesses longos 8 períodos de dedicação.
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RESUMO
A presente monografia busca compreender o ambiente do mercado brasileiro de energia elétrica
para a fonte energética solar e obter o cenário atual de oportunidades e ameaças à esta fonte.
Para alcançar este objetivo, foi realizado um levantamento documental e bibliográfico acerca
das principais características das energias renováveis disponíveis no Brasil, da energia solar, do
potencial energético do país e da utilização da Matriz Pestal, que foi o método empregado para
realizar a análise. O mercado brasileiro para energia solar no setor elétrico foi analisado a partir
da Matriz em seus fatores: político, econômico, social, tecnológico, ambiental e legal, e como
resultado da análise se obteve uma lista de oportunidades e ameaças ao negócio. Paralelamente
ao objetivo de se identificar as oportunidades e ameaças do mercado da energia solar pro setor
elétrico o trabalho tem o objetivo de difundir a utilização de fontes renováveis para a geração
de energia elétrica, a tendência mundial para a utilização das energias renováveis e a energia
solar como um todo, tanto para uso energético em geral, quanto para seu uso na geração de
energia elétrica.
Palavras-chaves: análise pestal, energia solar, energia renovável
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ABSTRACT
This monograph seeks to understand the environment of the Brazilian electricity market for the
solar energy source and to obtain the current scenario of opportunities and threats to this source.
To achieve this goal, a documentary and bibliographical research was carried out about the
characteristics of renewable energies available in Brazil, solar energy, the energy potential of
the country and the usage of the Pestal analysis, which was the method applied to perform the
analysis. The Brazilian market for solar energy in the electric industry was analyzed from the
analysis in its factors, political, economic, social, technological, environmental and legal, and
as a result of the analysis was obtained a list of opportunities and threats to the business.
Alongside the goal of identifying the opportunities and threats of the solar energy market for
the electric industry, the work aims to disseminate the use of renewable sources for the
generation of electricity, the global trend for the use of renewable energies and solar energy as
a whole, both for energy use in general and for its use in the generation of electricity.
Keywords: Pestel analysis, Solar energy, Renewable energy
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Média anual de insolação diária no Brasil (horas) ..................................................18
Figura 2 – Esquema: Radiação Solar........................................................................................20
Figura 3 - Órbita da Terra em torno do Sol ..............................................................................23
Figura 4 – Esquema de conversão da energia solar..................................................................24
Figura 5 - Ilustração de um sistema solar de aquecimento de água..........................................25
Figura 6 - Aquecedores solares de água....................................................................................26
Figura 7: Ciclo Heliotérmico simplificado. .............................................................................27
Figura 8: Maior Torre de Energia Solar do Mundo..................................................................27
Figura 9: Configuração básica de um sistema fotovoltaico isolado..........................................29
Figura 10: Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede.................................................................30
Figura 11: Sistemas de Grande Porte........................................................................................31
Figura 12 - Análise Pestel ........................................................................................................33
Figura 13 - Brainstorm .............................................................................................................34
Figura 14 - Geração Centralizada – dados de 2019 .................................................................41
Figura 15 - Geração Distribuida – dados de 2019 ...................................................................42
Figura 16 - Célula Solar Orgânica ...........................................................................................45
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Fornecimento de energia primária total mundial por combustível........................13
Gráfico 2 – Matriz Energética Brasileira por Fonte ...................................................................16
Gráfico 3 – Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte.........................................................17
Gráfico 4 – Preço dos painéis solares no Japão (em US$/W) ..................................................29
Gráfico 5 - Evolução do Preço da Fonte Solar Fotovoltaica em Leilões de Energia no Mercado
Regulado ..................................................................................................................................43
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Energia Eólica – Potência insstalada mundial .........................................................14
Tabela 2: Geração e Potência Instalada Solar no Mundo – 2016 ............................................15
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................12
2. ENERGIA SOLAR ..........................................................................................................18
2.1. RADIAÇÃO SOLAR .................................................................................................19
2.1.1. Radiacao direta.......... .......................................................................................20
2.1.2. Radiação difusa ................................................................................................21
2.2. ROTAÇÃO TERRESTRE ..........................................................................................22
2.3. POTENCIAL ENERGÉTICO ....................................................................................23
2.3.1. Energia solar térmica ........................................................................................24
2.3.2. Energia solar fotovoltaica .................................................................................28
3. MATRIZ PESTAL ...........................................................................................................31
3.1. BRAINSTORM ............................................................................................................33
3.2. FATORES POLÍTICOS .............................................................................................34
3.3. FATORES ECONÔMICOS .......................................................................................34
3.4. FATORES SOCIAIS ..................................................................................................35
3.5. FATORES TECNOLÓGICOS ...................................................................................35
3.6. FATORES AMBIENTAIS .........................................................................................36
3.7. FATORES LEGAIS ...................................................................................................37
4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................37
5. APLICAÇÃO DA MATRIZ PESTAL ...........................................................................38
5.1. FATORES POLÍTICOS .............................................................................................39
5.2. FATORES ECONÔMICOS .......................................................................................40
5.3. FATORES SOCIAIS ..................................................................................................44
5.4. FATORES TECNOLÓGICOS ...................................................................................44
5.5. FATORES AMBIENTAIS .........................................................................................45
5.6. FATORES LEGAIS ...................................................................................................46
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................47
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................49
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12
1 INTRODUÇÃO
O crescimento e desenvolvimento da espécie humana levou a utilização de recursos da
natureza como combustível para a realização de tarefas cotidianas, como cozinhar e lavar
roupas, e a evolução da sociedade se dá concomitante à evolução das fontes de energia. Tudo
começou com a madeira, dela vinha a lenha, que alimentava o fogo, para manter a população
aquecida e afastar possíveis ameaças. No século XVIII acontece a primeira revolução industrial,
demandando um consumo de energia muito maior e mais eficiente para a nova forma de
produção, o carvão mineral é, então, introduzido como fonte de energia e principal combustível
para a indústria. Mais à frente no século XX os combustíveis fósseis passaram a ser utilizados
em todas as fases da produção, inclusive pelo consumidor final, como gasolina e diesel.
Também no século XX uma vertente mais sustentável deu aporte para o desenvolvimento das
energias, chamadas, limpas, que consistem na utilização de fontes renováveis para a produção
de energia, como a energia solar que utiliza a energia proveniente do sol, a energia eólica que
utiliza os ventos como fonte de energia e a energia maremotriz que é proveniente dos
movimentos das ondas. (FARIAS; SELLITTO, 2011)
Segundo Goldemberg e Lucon (2007) “Os padrões atuais de produção e consumo de
energia são baseados nas fontes fósseis, o que gera emissões de poluentes locais, gases de efeito
estufa e põem em risco o suprimento de longo prazo no planeta.”. As fontes fósseis são
consumidas em uma velocidade muito maior que a de produção destas fontes pela Terra, o que
foi formado em um processo de decomposição de milênios é consumido em poucos séculos.
Em dado momento as fontes fósseis serão extintas, completamente exploradas e consumidas, e
alternativas à esta questão devem ser levantadas desde agora.
A partir da vigência do Protocolo de Kyoto em 1997, onde os 20 países mais
industrializados se comprometeram a tomar medidas concretas para diminuir a emissão de gases
do efeito estufa, como o CO2, diversos países buscam esse caminho e consequentemente
buscam tornar sua matriz energética cada vez mais limpa (CASTRO; MENEGUELLO, 2007).
É possível ver no gráfico 1, a seguir, a evolução da energia limpa na matriz energética mundial
entre os anos 1973 e 2016.
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13
Gráfico 1: Fornecimento de energia primária total mundial por combustível
Fonte: IEA, 2018.
Em países como a Alemanha o investimento em energias limpas é tão forte que, mesmo o país
não tendo as condiçoes climáticas mais favoráveis para a geração de energias solar e eólica, por
exemplo, em 2018 ela ocupava a terceira posição no ranking mundial de energia eólica por
potência, apenas atrás da China e do Estados Unidos, enquanto o Brasil ocupava a 8ª colocação,
conforme Tabela 1 e no ranking de potência instaladas em energia solar a Alemanha aparece
em 4º lugar da lista, atrás apenas do Japão, Estados Unidos e China, como pode ser observado
na Tabela 2.
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14
Tabela 1: Energia Eólica – Potência instalada mundial
Fonte: WWEA, 2018
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15
Tabela 2: Geração e Potência Instalada Solar no Mundo - 2016
Fonte: MME, 2016
A matriz energética do Brasil é majoritariamente oriunda de fontes renováveis,
principalmente da geração de energia hídrica, através das hidrelétricas. A geração de energia
por meio de Hidrelétricas é considerada uma fonte limpa, porém ela dependente do ciclo
hidrológico, que é influenciado por diversas variáveis atmosféricas, oferecendo instabilidade
no abastecimento energético. Historicamente o Brasil vem passando por algumas crises
energéticas, um fator importante que influencia essas crises é a falta de chuva, que resulta no
rebaixamento dos níveis dos reservatórios e consequentemente em uma insuficiência do setor
hídrico de gerar energia. Além de prejudicar os níveis dos reservatórios, quando há uma
escassez de água, há uma prioridade estabelecida por lei para seu uso. De acordo com a Lei nº
9.433 de 8 de janeiro de 1997, “em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos
hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais;”. Portanto a geração de energia
por meio de hidrelétricas é posta em desvantagem. A partir disto, é notável que se faz necessária
a discussão sobre as demais formas de geração de energia, a população não pode correr o risco
de ter outro Apagão como aconteceu em 1999.
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16
“O blecaute de março de 1999 atingiu cerca de 31 milhões de clientes em dez Estados
do Sul, Sudeste e Centro-Oeste e do Distrito Federal. Começou às 22h16 do dia 11 e deixou
pessoas no escuro por até 4h15.” (Folha de S. Paulo, 2007)
No Brasil e no mundo inteiro existe uma demanda crescente por energia, comandada
pela evolução demográfica da população e do desenvolvimento do PIB de cada país. O gráfico
2 representa a evolução da matriz energética no Brasil entre os anos de 1990 e 2012. Um ponto
positivo que pode ser destacado do gráfico 2 é que mesmo com o crescimento da demanda e
troca de fontes de energia consideradas renováveis, como a lenha, por fontes não renováveis, a
porcentagem de participação das fontes renováveis na matriz energética do Brasil se manteve
maior que 40% (fontes consideradas renováveis no gráfico 2: Outras renováveis, Produtos da
cana-de-açúcar, Lenha e carvão vegetal, Hiddráulica, Urânio).
Gráfico 2: Matriz Energética Brasileira por Fonte
Fonte: EPE, 2017.
Como é evidenciado no Gráfico 3, desconsiderando a energia hidráulica que é a fonte
de energia predominante no país utilizada para geração de energia elétrica, as demais fontes são
em sua maioria de origem não renováveis. Então conclui-se que as diversas energias limpas são
pouco exploradas no Brasil, com destaque para a energia solar com 0,13% apenas. Pensando
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nessa energia pouco explorada no país, este trabalho tem como objetivo analisar através da
matriz Pestal, a geração de energia solar com fins elétricos.
Gráfico 3: Oferta Interna de Energia Elétrica por Fonte
Fonte: EPE, 2018
Para direcionar este trabalho, a seguinte pergunta foi formulada: Quais seriam as
oportunidades e ameaças no Brasil para a energia solar no setor elétrico?
Como método para obter a resposta à pergunta acima, será utilizada a Matriz Pestal,
uma análise que envolve diversos fatores e permite a avaliação das ameaças e oportunidades
existentes, nesse caso, para a geração de energia elétrica por fontes solares.
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18
Parte-se da hipótese que no mercado de energia elétrica brasileiro as ameaças serão
sobrepostas pelas oportunidades, já que a sociedade se mostra interessada em assuntos
relacionados ao meio ambiente e como não causar mais danos à natureza.
O estudo discute temas que dão base para o entendimento de como a energia elétrica é
gerada a partir da energia solar.
Como segunda delimitação do presente trabalho tem-se que o estudo está focado no
mercado brasileiro de energia elétrica, excluindo a verificação das oportunidades e ameaças em
outros países.
Este estudo busca contribuir tanto para o meio acadêmico quanto para a sociedade de
forma a difundir conhecimentos sobre o tema. Percebe-se no decorrer da pesquisa que a análise
Pestal é uma ferramenta essencial no que diz respeito à avaliação do ambiente externo de uma
corporação, sua existencia e funcionalidade devem ser discutidas por mais trabalhos para que a
informação alcance cada vez mais pessoas que precisem dela, Além disso, percebe-se também
que políticas públicas se fazem necessárias para a alavancagem da energia solar no Brasil e que
o desenvolvimento técnico dos equipamentos responsáveis pela conversão de energia solar em
energia elétrica é desejado, portanto as informações discutidas neste trabalho se tornam
relevantes para o meio acadêmico. Por outro lado, percebe-se que a sociedade de hoje em dia
se preocupa com os danos causados pelos seres humanos ao planeta desde os primórdios da
civilização e em como revertê-los ou minimizá-los. A partir deste entendimento a pesquisa se
faz relevante para a sociedade em geral a fim de difundir informações sobre a geração de energia
elétrica por uma fonte renovável, diminuindo o impacto ambiental causado por essa geração a
partir de fontes fósseis.
2 – ENERGIA SOLAR
De acordo com o Atlas da Energia elétrica no Brasil publicado pela Agência Nacional
de Energia Elétrica - ANEEL em 2005: “Quase todas as fontes de energia – hidráulica,
biomassa, eólica, combustíveis fósseis e energia dos oceanos – são formas indiretas de energia
solar.”
A energia eletromagnética proveniente dos raios solares, ou energia solar, pode ser
aproveitada de forma benéfica nas atividades humanas de diversas formas, as duas formas mais
usuais são a geração de energia elétrica e energia térmica majoritatiamente utilizada para
aquecimento de água. (SILVA, 2015)
A maior parte do Brasil, está localizada na zona intertropical do planeta Terra. Isso
significa que a variação da energia total incidente sobre a superfície terrestre é mais amena
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19
durante as estações do ano (ANEEL, 2008). Devido a extenção territorial do Brasil, existem
estados bem próximos a linha do equador, onde a variação de irradiação solar durante o ano é
mínima e estados próximos a linha do trópico de capricórnio, onde a variação de irradiação
solar já é mais intensa. A figura 1 a seguir mostra a média anual de insolação diária no Brasil,
com ela é possível identificar que os estados do nordeste possuem a maior incidência de
radiação solar.
Figura 1: Média anual de insolação diária no Brasil (horas)
Fonte: CEPEL – CRESESB, 2000
Esta análise pode causar confusão com a posição geográfica dos locais onde o mapa
aponda maior incidência dos raios solares, mas deve-se lembrar que a quantidade de radiação
que chega ao solo é fracionada, os raios solares encontram obstáculos pelo caminho e somente
parte deles não são refratados ou absorvidos pela atmosfera (ANEEL, 2005).
2.1 RADIAÇÃO SOLAR
Ao entrar em contato com a atmosfera, os raios solares começam a sofrer com alguns
obstáculos até chegar à superfície terrestre. É considerado que parte dessa radiação pode entrar
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20
em contato com nuvens, por exemplo, e sofrer um processo de reflexão, não alcançando a
superfície. As demais parcelas da radiação são divididas em radiação direta, onde os raios
atingem diretamente a superfície terrestre e são absorvidos, radiação difusa, onde os raios
solares encontraram algum obstáculo pelo caminho e ao fim são absorvidos pela superfície e
radiação refletida, que entrará em contato com a superfície terrestre, mas será refletida pelo
próprio solo ou qualquer obstáculo próximo a este, como por exemplo a neve que possui um
alto albedo. Albedo é o coeficiente de reflexão da matéria, a neve e as nuvens possuem um dos
maiores albedo e pelo contrário o carvão possui um dos menores albedos.
Figura 2: Esquema - Radiação Solar
Fonte: BIBLUS, 2017
2.1.1 Radiação direta
Os raios emitidos pelo sol se encontram dentro do espectro eletromagnético entre 0,3 a
3,0 μm, ou seja, são ondas curtas. (GEODESIGN, 2016)
O nome, radiação direta, induz muito bem o significado desta componente da radiação
solar. A radiação solar direta é aquela que sai do sol e atinge a superfície terrestre diretamente,
ela não sofre nenhum desvio, absorção ou espalhamento na atmosfera. Quando o céu está
nublado e o sol totalmente encoberto por nuvens, a incidência de radiação direta é igual a 0
(zero) (GOMES, E., 2006).
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21
2.1.2 Radiação difusa
A radiação solar também tem a componente difusa, que significa que esta teve alguma
interação com um obstáculo ao entrar na atmosfera terrestre. Os dois processos predominantes
de desdobramento da radiação solar são absorção e espalhamento (ROSSINI, 2002)
No processo de absorção o comprimento da onda é crucial para definir onde esta
radiação será absorvida, pois os componentes atmosféricos moleculares somente absorvem os
comprimentos de onda discretos, quando não for correspondente a radiação passa normalmente
e, devido à essa característica são chamados de absorventes seletivos. As moléculas mais
significativas que estão presentes na atmosfera e absorvem a radiação solar são o oxigênio
molecular (O2), ozônio (O3) e dióxido de carbono (CO2), cada molécula dessas é responsável
por absorver um tipo de radiação em um comprimento de onda. As moléculas de O2 absorvem
a radiação solar numa região esteita no visível do espectro, as moléculas de O3 absorvem as
ondas nas regiões ultravioleta em bandas fortes e no visível em bandas fracas e as moléculas de
CO2 absorvem a radiação da região do infravermelho, de diversas bandas. O vapor d’água
também é responsável por absorver radiação solar na atmosfera, e absorve as ondas na região
do infravermelho. (ROSSINI, 2002)
Por outro lado, o processo de espalhamento é mais difícil de definir responsabilidades,
pois depende da posição da partícula no momento em que a radiação solar se choca com ela e
dessa forma funcionam como uma fonte secundária de energia, espalhando a radiação, e este
processo pode ocorrer diversas vezes, causando os múltiplos. (ROSSINI, 2002)
No processo de espalhamento é considerado que quando o tamanho de uma partícula é
menor que o tamanho da onda incidente o espalhamento é máximo, quando o tamanho da
partícula é maior que o tamanho da onda incidente o expalhamento somente ocorre para uma
direção. Muitos fenômenos são oriundos deste processo, e podem ser vistos todos os dias como
o azul do céu e o branco das nuvens. O processo onde as partículas são menores que a radiação
incidente do comprimento de onda referente, dá origem ao céu azul, o oposto, quando as
partículas são maiores que a radiação incidente origina o movimento de igualar a proporção da
difusão das ondas de todos os comprimentos tornando a abóbada celeste branca, efeito que
ocorre nas nuvens. (ROSSINI, 2002)
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2.2 ROTAÇÃO TERRESTRE
Os movimentos de rotação e translação terrestre em torno do sol e de si mesma, dão
origem às estações do ano. Esse movimento de rotação em torno do sol tem num formato
elíptico e a Terra se encontra em uma inclinação de aproximadamente 23,45º comparado ao
plano normal da elipse. (CEPEL – CRESESB, 2014)
Como descrito no Manual de Energia para sistemas Fotovoltaicos, revisado em março
de 2014:
“Observando-se o movimento aparente do Sol, ao meio dia solar, ao
longo do ano, verifica-se que o ângulo entre os seus raios e o plano do
Equador varia entre +23,45º em torno do dia 21 de junho (solstício de
inverno no hesmifério Sul), e -23,45º em 21 de dezembro (solstício de
verão no hemisfério Sul). Este ângulo, denominado Declinação Solar
(δ) é positivo ao Norte e negativo ao Sul do Equador.” (CEPEL –
CRESESB, 2014)
É possível observar Figura 3, que no hemisfério sul os dias são mais longos próximos ao
solstício de verão e mais curtos quando ocorre o solstício de inverno e quanto mais
próximo à linha do equador menor é a variação da duração do dia ao longo do ano, até a
variação 0, encontrada nas localidades sob a linha do equador. A declinação solar e a
latitude sempre serão positivas no hemisfério Norte e negativas no hemisfério Sul. Para
saber a trajetória do movimento aparente do Sol em um dia e local previamente definidos,
deve-se calcular a diferença entre a declinação solar e a latitide (CEPEL – CRESESB
2014).
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Figura 3: Órbita da Terra em torno do Sol
Fonte: CEPEL – CRESESB, 2014
2.3 POTENCIAL ENERGÉTICO
Bastam apenas duas horas de irradiação solar recebida pela superfície terrestre para
superar a quantidade de energia primária consumida durante um ano inteiro pela população
mundial, e o valor ainda extrapola. O consumo mundial em 2011 foi de 143 mil TWh e em duas
horas recebermos em nossa superfície 188 mil TWh. (CEPEL – CRESESB 2014)
Como comentado a priore, o Brasil é um país com enorme potencial para o
aproveitamento da energia solar, porém esse potencial é pouco explorado e a energia solar
somente representou 0,023% da matriz energética e 0,1% da matriz elétrica do país em 2017
(EPE, 2018).
A figura 4 expõe os caminhos para a utilização da energia solar, tanto a energia termica
quando a fotovoltaica.
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Figura 4: Esquema de conversão da energia solar
Fonte: LODI, 2011
2.3.1 Energia solar térmica
A energia solar térmica pode ser utilizada para aquecimento imediato de um
fluido, como a água, mas também pode ser utilizada para a gereação de eletricidade.
Como indica a Figura 4 a conversão da energia térmica para a energia mecânica e por
fim energia elétrica pode ser feita através de três tipos de ciclos termodinâmicos de
combustão externa, Rankine, Brayton ou Stirlin. (LODI, 2011). O ciclo Rankine é
caracterizado por trabalhar com a bomba de alimentação líquida, motor a vapor, o ciclo
Brayton realiza o trabalho mecânico com uma turbina a gás e o ciclo Stirling utiliza dois
motores para a movimentação do pistão a partir da expansão do ar aquecido pela energia
solar (KAMAL, 1988). Exemplificado abaixo é possível ver técnicas de aproveitamento
da energia solar térmica.
Coletor Solar: é utilizado para aquecimento de água a temperaturas de até 100ºC.
Normalmente utilizado em residências, hospitais, hotéis, centros comerciais, o sistema
faz uso de um coletor solar discreto, que é instalado no teto das residências ou outro
estabelecidmentos. A função do coletor solar é transformar a energia das ondas solares
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em energia interna no fluido. O aparelho absorve a radiação, converte isso em calor e
transfere esse calor para o fluido, que compõe o coletor (LODI, 2011). A seguir nas
figuras 5 e 6 será possível ver exemplos de coletores solares.
Figura 5: Ilustração de um sistema solar de aquecimento de água
Fonte: ANEEL, 2008
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Figura 6: Aquecedores solares de água
Fonte: WSSA, 2017
Energia Heliotérmica: A energia heliotérmica produz eletricidade a partir do calor
proveniente dos raios solares. O processo para a geração de energia elétrica neste sistema
passa por três tipos de energia, térmica, que é transformada em energia mecânica e por fim em
energia elétrica. Para que seja possível acumular o calor proveniente dos raios solares, é
necessário concentrar os raios em um único ponto, portanto espelhos são utilizados,
direcionando os raios que incidem sobre eles. Nesse ponto pra onde os raios estão sendo
direcionados, existe um receptor que absorve o calor e o transmite para o fluido térmico, (esse
fluido pode ser água, ar, óleos, entre outros) e a partir desta etapa o processo é similar ao de
uma termelétrica. O fluido térmico aquece a água ate que seja gerado vapor, esse vapor faz
girar uma turbina, obtendo energia mecânica e o gerador, conectado à turbina, transforma a
energia mecânica em energia elétrica. (BRASIL, 2018)
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Figura 7: Ciclo Heliotérmico simplificado
Fonte: BRASIL, 2018
Figura 8: Maior Torre de Energia Solar do Mundo
Fonte: MARDUQUE, 2017
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2.3.2 Energia solar fotovoltaica
A segunda forma mais usual de utilização da energia solar é através da transformação
direta das ondas solares para energia elétrica. Essa transformação se dá a partir de um
instrumento chamado célula fotovoltaica. A célula fotovoltaica tem em sua composição um
material semicondutor (usualmente o silício), que quando a radiação solar se choca com ele,
este é estimulado e dá início ao fluxo das partículas positivas e negativas, gerando a eletricidade
(ANEEL, 2008).
Quanto maior a irradiação solar, maior será a produção de energia elétrica. Essa
afirmação é sustentada pelo funcionamento das células fotovoltaicas. A célula recebe a radiação
solar e no contato dos fótons, presentes na luz solar, e os átomos do semicondutor, os elétrons
se desprendem do átomo do semicondutor, esses elétrons livres vão migrar para outro átomo
com ausência de elétron, esse deslocamento é o que gera a corrente elétrica (CEPEL –
CRESESB, 2014)
A história das células fotovoltaicas é antiga, porém o desenvolvimento da tecnologia
somente foi possível em tempos recentes. Tudo começou com o físico Edmond Becquerel, em
1839, ele direcionou luz sobre um eletrodo em uma solução eletrolítica e descobriu o efeito
fotovoltaico. Em 1877 as primeiras células fotovoltaicas foram desenvolvidas a partir de
Selênio que abaram sendo usada no ramo da fotografia, como medidores de luz. Quase 100
anos depois, em 1950 os semicondutores eletrônicos foram desenvolvidos e somente a partir
dai temos a célula fotovoltaica como a conhecemos hoje (FTHENAKIS AND LYNN, 2018).
A energia solar tem um potencial enorme, porém não recebe a atenção e, principalmente,
o investimento necessário para que essa tecnologia seja difundida tanto entre os consumidores
quanto entre as empresas e governos fornecedores de energia. Essa dificuldade que a energia
fotovoltaica encontra para ser amplamente utilizada pelo mundo se dá principalmente pelo custo
dessa tecnologia. De fato, o preço da placa solar está cada vez menor, se tornando cada vez
mais acessível, porém ainda é caro para a maior parte da população. Podemos ver a evolução
dos preços dos painéis no Japão no Gráfico 4.
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Gráfico 4: Preço dos painéis solares no Japão (em US$/W)
Fonte: ANEEL. 2008
A energia elétrica gerada através da tecnologia fotovoltaica pode ser explorada de três formas,
basicamente. Sistemas isolados (off-grid), sistemas ligados à rede (on-grid) e geração
centralizada.
Sistema Fotovoltaico Isolado (off-grid): nesse sistema seu funcionamento é isolado da
rede elétrica, não conectado. Para isso a energia gerada e não utilizada imediatamente necessita
ser armazenada, em uma bateria ou em outras formas de armazenamento de energia. No sistema
isolado é necessário haver um controle e condicionamento de potência e para isso o sistema
conta com um inversor e controlador de carga (CEPEL – CRESESB, 2014). Na figura 9 é
possível ver a esquematização do sistema isolado.
Figura 9: Configuração básica de um sistema fotovoltaico isolado
Fonte: CEPEL – CRESESB 2014
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Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede (on-grid): nesse sistema a energia elétrica
produzida pelo gerador é disponibilizada diretamente na rede elétrica. Se faz necessária a
utilização de um inversor que seja compatível com as exigências de qualidade e segurança do
gestor da rede elétrica, no caso do Brasil, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
que também determina em qual nível de tensão essa energia deverá entrar na rede elétrica
(CEPEL – CRESESB, 2014). O esquema do sistema fotovoltaico conectado à rede é
demonstrado na figura 10.
Figura 10: Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede
Fonte: CEPEL – CRESESB, 2014
Usinas Fotovoltaicas: nesses sistemas de grande porte a energia elétrica gerada deve
entrar na rede elétrica no nível de média tensão necessariamente, para isso é necessário um
transformador que eleve o nível de baixa para média tensão. Este sistema pode chegar a gerar
potência na ordem de MWp (CEPEL – CRESESB, 2014). Pode-se ver na figura 11, como
deve funcionar uma usina fotovoltaica.
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Figura 11: Sistemas de Grande Porte
Fonte: CEPEL – CRESESB, 2014
3 – MATRIZ PESTAL
O principal objetivo deste capítulo é conceituar a Matriz Pestal como ferramenta de
análise ambiental da corporação. Busca-se compreender o que é a Matriz Pestal como
ferramenta, para que serve, como sua utilização pode contribuir para a corporação e qual o papel
dela no apoio à tomada de decisão corporativa. Durante esse capítulo, procura-se abordar a
ferramenta acima citada em caráter histórico, funcional e metodológico. Para isso, foi realizada
uma pesquisa bibliográfica sobre o tema.
A Matriz Pestal (em inglês Pestel) é um modelo analítico que permite um estudo
qualitativo do ambiente em que as organizações estão inseridas a fim de evidenciar as ameaças
e oportunidades relacionadas à Ela a partir de diversas perspectivas. Têm-se que PESTAL é um
acrônimo das seguintes palavras, Político, Econômico, Social, Tecnológico, Ambiental e Legal.
Historicamente a matriz Pestal sofreu algumas alterações no acronimo e inclusões
também. O primeiro registro foi em 1967 no livro “Scanning the Business Environment” de
Francis J. Aguilar, onde a matriz tinha o nome de ETPS (econômico, tecnológico, político e
social). A seguir o acrônimo foi reorganizado para STEP (social, tecnológico, econômico e
político) para uma análise estratégica de tendências no Arnold Brown Intitute of Life Insurance.
Mais tarde o acrônimo foi modificado para STEPA/STEPE (social, tecnológico, econômico,
político e ambiental/environmental) a fim de acrescentar uma análise do meio ambiente onde o
sujeito analisado está inserido, uma análise visando identificar mudanças e impactos
ambientais. Nos anos 1980 a análise da esfera legal foi adicionada ao modelo por Richardson,
tornando, então o acrônomo como é utilizado hoje em dia PESTAL - político, econômico,
social, tecnológico, ambiental e legal. (Yüksel, 2012).
A análise PESTAL tem um cunho estratégico para as organizações, pois nesta análise o
ambiente externo à organização é avaliado de várias perspectivas diferentes. Especificamente
fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais que dão uma visão
profunda, mas ao mesmo tempo abrangente sobre a situação do ambiente onde a empresa está
inserida. A análise é feita em todos os critérios mencionados a priori e ao concluí-la,
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oportunidades e ameaças externas à empresa são identificadas. Essas oportunidades e ameaças
são fatores que fogem do controle das empresas, fazendo com que as mesmas ao os identificar
criem mecanismos para ou aproveitá-los ou evitá-los. (Fontanillas, 2015).
Esclarecendo a importância da análise para a companhia e o quão crucial é a descoberta
das oportunidades e ameaças para a tomada de decisão estratégica desta, colocam-se as duas
funções básicas da análise Pestal. Primeiramente, a partir da análise Pestel, o ambiente em que
a corporação está inserida é identificado e desmistificado, trazendo o conhecimento do mundo
com que a corporação está lidando. A segunda função básica é que a análise produz dados e
informações que serão de extrema importância para a previsão de possíveis situações a ocorrer
no futuro. Portanto a Matriz Pestal deveria ser de amplo conhecimento dos diretores executivos
das empresas para que tomassem decisões estratégicas mais assertivas, levando em
consideração o ambiente externo à companhia (Yüksel, 2012).
Segundo Fontanillas (2015) a utilização conjunta da matriz PESTAL com a matriz
SWOT dão o suporte necessário para tomadas de decisão no planejamento estratético que foi
pensada por dois professores, Kenneth Andrews e Roland Christensen. SWOT, assim como
PESTAL, é um acrônimo, e as palavras que formam esse acõnimo são: Forças/Strengths,
Fraquezas/Weaknesses, Oportunidades/Opportunities e Ameaças/Threats. Essas matrizes
possuem algo em comum, as duas analisam o ambiente externo em que a organização está
inserida, e uma das principais diferenças entre a matriz swot e a matriz pestal é que a matriz
swot também engloba uma análise do ambiente interno. (FONTANILLAS, 2015).
A matriz Pestal é conhecida como uma análise qualitativa dos fatores externos definidos
por esta. Neste ponto encontra-se um problema na medição das informações coletadas para a
realização da análise na matriz Pestal, os dados que serão analisados são majoritariamente dados
subjetivos, não numéricos, não dando a possibilidade de a mensuração ser feita genericamente,
somente conseguem ser qualitativamente analisados. Desta forma os dados do ambiente externo
não podem ser objetivamente analisados. Um outro problema encontrado nesta análise é que
mesmo a teoria da análise Pestal a descreva como uma análise completa e interligada do
ambiente externo, isso não é refletido na mensuração prática dos dados coletados, onde os
fatores são geralmente analisados separadamente. Entretanto o grau de influência de cada fator
na Companhia economicamente e comercialmente não são esperados serem iguais. (YÜKSEL,
2012). As 6 esferas que são englobadas pela análise Pestal estão exemplificadas na figura 12.
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Figura 12: Análise Pestel
Fonte: CAMARGO, 2017
Os fatores serão explicados a seguir e estes podem ser exemplificados a partir de
algumas perguntas chave, que se aplicam a toda situação analisada pela matriz Pestal.
Entretanto na realização efetiva da análise essas perguntas são muito particulares a cada caso,
pois cada objeto a ser analisado tem suas especificidades, portanto, é usual a prática de sessões
de brainstorm para a identificação das perguntas a serem feitas a cada fator.
3.1 BRAINSTORM
Brainstorm é uma ferramenta de pensamento criativo publicada em 1959 pelo seu
idealizador Alex Faickney Osborn. Este nos diz que a ferramente é uma forma de colaboração
criativa em grupo. Cada participante deve pensar na solução do problema com o mesmo
objetivo, e o líder das sessões de brainstorm não deve permitir julgamento às ideias
compartilhadas durante o experimento, todas as ideias devem ser julgadas a porteriore em
particular. Também não são permitidas atitudes como direcionamento proposital de
pensamento, os participantes devem se sentir livres para exporem suas ideias (OSBORN, 1953).
A figura 13 demonstra a cooperação de um grupo para a elaboração de uma ideia.
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Figura 13: Brainstorm
Fonte: Próprio Autor
3.2 FATORES POLÍTICOS
O fator político diz respeito a ações e especulações políticas que de certa forma têm
influência na economia e, de que forma o governo intervém na economia.
Exemplos de perguntas:
- Qual será a próxima eleição e como isso pode afetar minha empresa?
- A situação política do país é estável ou instável? De que forma isso pode influenciar
os meus negócios?
- Como o terrorismo pode influenciar na comercialização do meu produto?
(CAMARGO, 2017)
3.3 FATORES ECONÔMICOS
Os fatores econômicos são os fatores que delimitam o crescimento econômico,
identificando se haverá crescimento ou recuo na economia. Identificamos esses fatores como
taxas de câmbio, taxas de juros, valor do salário mínimo, taxa de desemprego, taxa de inflação,
entre outros.
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Podemos analisar esse fator a partir de questionamentos sobre a economia, como por
exemplo:
- Qual a taxa de desemprego atual no país? Será mais caro ou mais barato contratar mão
de obra qualificada?
- Meus clientes têm facilidade no acesso ao crédito? De que forma o engessamento e
burocratização no acesso ao crédito pode influenciar as minhas vendas?
- Como a taxa de câmbio pode afetar a aquisição de material para a fabricação do meu
produto e quanto isso refletirá no preço final repassado ao cliente?
(DALTON, 2015)
3.4 FATORES SOCIAIS
A organização está inserida em um macroambiente. Neste macroambiente encontramos
elementos demográficos diversos como as religiões praticadas, o nível educacional da
população e como ela está distribuída no território. Encontramos também elementos culturais
como comidas típicas da região, vestimenta utilizada pela população e músicas produzidas no
território estudado. No intuito de construir a melhor estratégia corporativa para o objetivo fim
que foi submetido à análise Pestal é necessário compreender o mercado em que está inserido,
potenciais mudanças sociais que influenciem seu negócio, ou necessidades futuras de seus
clientes.
Questões sobre a sociedade são propostas para que a análise seja feita, como os
exemplos a posteriore:
- Como a população está lidando com as mudanças climáticas e de que forma a
conscientização ambiental da população pode influenciar o meu negócio?
- Qual o nível de preocupação da população que envolve meu negócio com a saúde?
Como isso pode influenciar o comportamento do meu cliente em relação ao meu produto? De
que forma isso afeta o gasto com pessoal, pode aumentar ou pode diminuir o custo do meu
funcionário?
- Quão engajado é o meu público alvo em questões de direitos humanos? A população
ser muito engajada em assuntos políticos pode influenciar no desempenho dos meus negócios?
(CAMARGO, 2017)
3.5 FATORES TECNOLÓGICOS
Hoje em dia as pessoas vivem em um mundo globalizado e altamente tecnológico, onde
o ritmo acelerado do avanço da tecnologia é de extrema importância para o sucesso de uma
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corporação. Empresas de grande prestígio que fizeram muito sucesso anos atrás já não existem
mais ou não possuem o mesmo prestígio que antes, por não acompanharem o avanço da
tecnologia, como por exemplo a BlackBerry que chegou a dominar 43% do mercado de
smartphones empresariais e governamentais (DIAS, 2014) e hoje em dia tem em torno de 3%
do mercado, ou como a Eastman Kodak Company, comercialmente conhecida como Kodak,
que dominou uma grande fatia do mercado até os anos 90 e atualmente não se houve mais falar
em Kodak que não seja como exemplo da empresa que falhou em assimilar a importância da
transição tecnológica que viveu.
Assim como os fatores supracitados, a análise dos fatores tecnológicos deve ser guiada
por perguntas como as seguintes:
- Há no mercado alguma nova tecnologia que eu possa implementar no meu negócio
para melhorá-lo de alguma forma?
- Meus concorrentes têm acesso à informações ou produtos tecnológicos mais avançados
e eu não tenho? Em que nível de gravidade isso pode afetar o meu negócio.
- Há alguma previsão de lançamento de novas tecnologias que poderiam afetar de forma
muito radical a minha empresa?
(CAMARGO, 2017)
3.6 FATORES AMBIENTAIS
Com o passar dos anos a Responsabilidade Social Empresarial têm tomado cada vez
mais importância para a sociedade, chegando a influenciar a preferência de marcas por parte do
consumidor, a escolha da empresa em que irá trabalhar por parte do candidato a empregado,
influencia também no estilo de vida que a pessoa tende a seguir e até a criação de leis por parte
do governo. As mudanças climáticas e a relação da população com o meio ambiente vêm sendo
discutida abertamente e ficando cada vez mais importante (CAMARGO, 2017).
Na análise deste fator precisamos entender como o meio ambiente e as causas ecológicas
influenciam na empresa, fazendo questionamentos como:
- Meu público alvo busca por produtos ecologicamente corretos?
- O aquecimento global afeta a logística do meu negócio ou a produção do meu produto?
- Existem fatores ambientais que sofrerão mudança no futuro próximo? Como essa
mudança pode influenciar a minha empresa?
(HEWITT, 2018)
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3.7 FATORES LEGAIS
O ser humano é regido por normas e leis em qualquer sociedade em que tiver inserido,
portanto não seria diferente com uma empresa. A Companhia precisa entender a legislação da
cidade, do estado e do país em que está inserida, caso seja uma empresa multinacional ela
precisa entender as diversas legislações e as práticas permitidas em cada uma das localidades.
Também se faz necessário acompanhar o setor legislativo da região para saber sobre alterações
na legislação. Mudanças na legislação podem causar inúmeros impactos para a empresa, como
aumento ou diminuição de imposto devido, mudança na relação empregador – empregado e
proibição ou liberação da importação de algum material importante para a sua produção
(CAMARGO, 2017).
Os questionamentos a serem feitos para analisar os fatores legais seguem
exemplificados:
- As leis anticorrupção influenciam em compras ou aquisições que a empresa está
interessada?
- Teremos mudanças nas leis que regulam o mercado em que atuamos?
- Como está a discussão da reforma da previdência? Caso aprovada, de que forma isso
poderia influenciar o meu negócio?
(CAMARGO, 2017)
4– PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O objetivo desta sessão é esclrarecer o tipo de pesquisa e as técnicas que serão utilizadas
pela autora na produção do presente trabalho. Segundo Vergara (1998), a pesquisa pode ser
classificada perante dois aspectos: relacionados aos fins da pesquisa e aos meios da pesquisa.
Quanto aos fins da pesquisa temos que neste trabalho ela será exploratória, descritiva e
explicativa.
Exploratória: esta pesquisa acontece em campos onde o problema apresentado é pouco
explorado. No caso, o problema apresentado neste trabalho é pouco difundido, busca-se então
a identificação das oportunidades e ameaças à produção de energia elétrica pela energia solar
no Brasil.
Descritiva: sem ter o compromisso de explicar os fenômenos que descreve, essa técnica
se responsabiliza por expor as caracteristas do elemento analisado e estabelecer relações sobre
os objetos estudados. Neste trabalho trata-se da exposição das principais características da
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energia solar como um todo, da energia solar para fins elétricos e da matriz Pestal, ferramenta
de análise utilizada.
Explicativa: esta técnica de pesquisa busca esclarecer quai são os fatores que contribuem
para que o fenômeno estudado aconteça. Ela busca justificar os motivos do problema analisado.
Neste trabalho a pesquisa explicativa se aplica à pergunta inicial tornando inteligível as
oportunidades e ameaças à produção de energia elétrica a partir da energia solar no Brasil.
Quanto aos meios da pesquisa temos que neste trabalho ela será documental e
bibliográfica.
Documental: a pesquisa documental se caracteriza pela utilização de documentos
armazenados em repositórios pertencentes ao governo ou órgão particulares, de qualquer
natureza, arquivos fotográficos, arquivos escritos, filmes, cartas, entre outros.
Bibliográfica: esse tipo de pesquisa se caracteriza pela busca de material publicado em
livros, revistas, redes eletrônicas, entre outros, ela fornece instrumental analítico para todos os
outros tipos de pesquisa, mas também pode ser suficiente por si própria. As fontes podem ser
primárias ou secundárias, primária quando o material utilizado é o original do autor e secundária
quando o material utilizado foi editado e disponibilizado em outro meio ou então, citado por
outros autores.
Segundo Mynaio (2002), a presente pesquisa também pode ser caracterizada como
pesquisa qualitativa, pois ela propõe uma análise mais profunda e subjetiva dos pontos a serem
discutos em relação à energia solar. Estes não podem ser quantificados através da matriz pestal,
eles avaliam um nível de realidade que não cabe à padrões ou equações matemáticas, por serem
exploratórios e, como dito anteriormente, subjetivos, ao contrário da pesquisa quantitativa onde
os resultados seriam traduzidos em termos matemáticos e objetivos. Entretanto a pesquisa
qualitativa e a quantitativa não são excludentes, podem ser independentes ou complementares,
quando complementares a pesquisa abrange todas as realidades, excluindo qualquer dualidade
existente no fenômeno estudado.
5 – APLICAÇÃO DA MATRIZ PESTAL
Como comentado no capítulo 3, a matriz pestal é utilizada para uma análise do ambiente
externo ao objeto que está sendo estudado. Neste trabalho propõe-se identificar através da
Matriz Pestal as oportunidades e ameaças existentes no mercado brasileiro de energia solar
voltada para produção de energia elétrica.
Segundo Carlos Fontanillas (2015), para uma análise empresarial é aconselhável que a
matriz pestal seja utilizada juntamente com a matriz swot, dando uma visão mais ampla e
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39
detalhada do ambiente tanto interno quanto externo. Entretanto, como neste caso estamos
avaliando um objeto em caráter geral, sem pertencer à nenhuma organização, iremos apenas
avaliar o ambiente em que este está presente, que é o mercado brasileiro de energia elétrica.
Cada fator será analisado a partir de ideias pensadas pela autora de possíveis
especificidades cabíveis para a geração de energia elétrica a partir da energia solar.
5.1 FATORES POLÍTICOS
A geração de energia solar e a geração de energia elétrica são controladas politicamente
e como o governo pode interferir neste mercado?
A geração de energia elétrica é controlada por uma agência reguladora do governo a
ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. A ANEEL está ligada ao Ministério de Minas
e Energia. A autarquia tem 6 funções básicas, são elas: Regular a geração, transmissão,
distribuição e comercialização da energia elétrica em todo território nacional; Fiscalizar as
concessões, permissões e os serviços de energia elétrica; Implementar as diretrizes e políticas
de exploração e aproveitamento da energia elétrica guiados pelo governo federal; Estabelecer
as tarifas referentes a geração, a transmissão, a distribuição e a tarifa da comercialização que é
cobrada pelas distribuidoras ao cliente final; Diminuir as divergências entre as empresas do
ramo, e também na relação empresa – consumidor; Promover as atividades burocráticas de
concessão, permissão e autorização de empreendimentos e serviços de energia elétrica por
delegação do Governo Federal (BRASIL, 1996)
Portanto, como visto acima, a direção a ser seguida pela ANEEL em relação à energia
solar vai ser determinada pela diretriz governamental, dependendo esta de qual governo estará
no poder.
Em 17 de abril de 2012 a ANEEL publicou novas regras para facilitar a geração de
energia nas unidades consumidoras.
“A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)
aprovou hoje (17/04) regras destinadas a reduzir barreiras para
instalação de geração distribuída de pequeno porte, que incluem a
microgeração, com até 100 KW de potência, e a minigeração, de 100
KW a 1 MW. A norma cria o Sistema de Compensação de Energia, que
permite ao consumidor instalar pequenos geradores em sua unidade
consumidora e trocar energia com a distribuidora local. A regra é válida
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para geradores que utilizem fontes incentivadas de energia (hídrica,
solar, biomassa, eólicae cogeração qualificada).”
(ANEEL, 2012)
Com esta resolução vê-se um incentivo à utilização de energia solar, pois a energia
gerada e não utilizada será disponibilizada na rede e isso gerará créditos para o cliente na
empresa de distribuição de energia local, podendo ser utilizado em uma próxima fatura, dentro
de 36 meses. O custo inicial deve ser financiado pelo cliente gerador, porém a distribuidora será
a responsável pela manutenção, o que inclui custos de uma enventuasl substituição do
equipamento. Especificamente para energia solar foi aprovado, paralelamente ao sistema
mencionado acima, novas regras para descontos nas tarifas TUSD (Tarifa de Uso do Sistema
de Distribuição) e TUST (Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão), que são aplicadas para
usinas com capacidade de ate 30MW (ANEEL, 2012).
No Brasil possuímos a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar
Fotovoltaica) que faz pressão frente ao governo para atingir melhores condições para a geração
de energia solar no país, além disso promove e dissemina conhecimento da tecnologia solar
fotovoltaica (ABSOLAR, 2019)
5.2 FATORES ECONÔMICOS
Em dados publicados pela ABSOLAR no dia 14 de junho de 2019 em artigo à Revista
O Setor Elétrico, temos que os investimentos privados no Brasil em usinas centralizadas de
energia solar fotovoltaica desde 2014 ultrapassam R$10 bilhões e 2.000 megawatts (MW). O
crescimento da energia solar fotovoltaica no país depende muito da evolução das usinas
centralizadas e o governo indica que esse é o camin ho, após incluir pela primeira vez em um
Leilão de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Novos Empreendimentos de Geração,
que está previsto para ocorrer no dia 26 de setembro deste ano (BARROS; KOLOSZUK;
SAUAIA, 2019).
Em dados publicados pelo Ministério de Minas e Energia, pela ABSOLAR e pela
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica e consolidades pela ABSOLAR na Figura 14
tem-se que a geração centralizada tem previstos investimentos de R$21,3 bilhões ate 2022 e
que em fevereiro deste ano a geração de energia solar fotovoltaica centralizada significou 0,7%
da oferta nacional de energia elétrica.
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Figura 14: Geração Centralizada – dados de 2019
Fonte: ABSOLAR, 2019
É psosível ver também os dados relacionados à micro e minigeração distribuída, com
dados publicados pela ANEEL e pela ABSOLAR e consolidados pela ABSOLAR, na figura
15.
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Figura 15: Geração Distribuida – dados de 2019
Fonte: ABSOLAR, 2019
A tendência da energia fotovoltaica é ficar mais acessível à população e atrativa aos
investidores e o gráfico 5 mostra a evolução da queda do preço da fonte solar nos leilões
promovidos pelo governo. Essa queda no preço que é de extrema importância para a difusão da
tecnologia solar fotovoltaica.
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Gráfico 5: Evolução do Preço da Fonte Solar Fotovoltaica em Leilões de Energia no
Mercado Regulado
Fonte: ABSOLAR, 2019
Uma situação importante de se analisar no fator econômico é se há incentivo e acesso
facilitado ao crédito para o empreendedor investir nessa tecnologia. No Brasil existem
programas de crédito em diversos bancos, entre eles a Caixa Econômica Federal, o Banco do
Brasil e o Santander. A seguir podemos ver o que cada banco oferece de vantagem para o
investidor da energia solar.
Caixa Econômica Federal: Construcard – é o financiamento para a compra de materiais
de construção em lojas conveniadas da Caixa, com um cartão que é recebido ao contratar o
financiamento, o cliente tem até 6 meses para comprar o material necessário, incluindo
materiais de construção comuns e outros, aquecedores solares e equipamentos de energia
fotovoltaica. O financiamento tem as fases de utilização e amortização, onde na primeira, o
cliente paga apenas os juros dos valores utilizados e na segunda, que pode ir até 240 meses, o
cliente deve amortizar o seu financiamento, pagando mensalmente até quitar a dívida. As taxas
giram em torno de 1,95% ao mês (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2019).
Banco do Brasil: o Banco do Brasil possui diversas formas de financiamento
relacionados à energia solar, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica. Vejamos dois
exemplos de financiamentos oferecidos pelo BB. 1) Proger Urbano Empresarial, é o
financiamento voltado para reforma, modernização e aquisição de bens de empresa, o
empréstimo é realizado com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do governo
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federal. O financiamento é de até 80% do projeto e está disponível para empresas que faturam
ate R$10 milhões por ano. As taxas de juros são bem variáveis dadas que são estipuladas
considerando o relacionamento do cliente com o banco (BANCO DO BRASIL, 2019); 2) um
financiamento específico para as empresas da região Centro-Oeste, é uma linha de crédito que
financia até 100% dos bens e os prazos para quitar o financiamento podem chegar até 20 anos.
Se aplica a empresas dos setores industrial, agroindustrial, mineral, turismo, infra-estrutura
econômica e comercio e serviços (BANCO DO BRASIL, 2019)
Santander: o Banco Santander possui o CDC Socioambiental Solar, crétido destinado à
geração de energia renovável para correntistas do banco. O financiamento pode ser utilizado
tanto para a compra quanto para a instalação dos sistemas fotovoltaicos, financia ate 100% o
valor dos bens e pode ser parcelado em ate 48 meses. A taxa de juros é variável de caso a caso,
sendo avaliado pelo banco (SANTANDER, 2019).
5.3 FATORES SOCIAIS
O crescimento populacional aumenta proporcionalmente a demanda por energia elétrica
em todos os setores de seu uso. O que aumenta necessariamente sua produção seja por meios
sustentáveis ou não. Entretanto, cada vez mais temos uma sociedade participativa e ativa nas
questões sociais e isso se dá por uma disseminação do conhecimento mais abrangente e da
utilização da tecnologia e das redes sociais para atingir a maior quantidade de pessoas possível.
O engajamento socioambiental da população atualmente é crucial para os comportamentos
reflexivos e autocríticos praticados atualmente.
É possível observar essa reflexão no anteriormente citado protocolo de Kyoto. A partir
dele medidas deveriam ser tomadas para a diminuição do impacto ambiental por parte de
algumas nações
Levando em consideração que a análise foi feita para a geração de energia por fonte
solar, uma energia limpa, esse enganjamento em relação ao desenvolvimento da população e os
riscos que isso apresenta ao bem-estar socioambiental, é muito positivo.
5.4 FATORES TECNOLÓGICOS
Hoje em dia pode-se dizer que a energia solar na geração de energia elétrica tem dois
problemas que precisam ser refletidos, o preço e a real sustentabilidade.
Em relação ao preço da energia solar o que mais encarece na geração é o painel solar e
sua instalação. Uma das formas de baratear esse instrumento é desenvolvendo novas
tecnologias que otimizem e o tornem cada vez mais atrativo para o mercado.
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Em relação à verdadeira sustentabilidade do processo de geração de energia elétrica
através da energia solar, existe um problema ligado a produção dos painéis solares, que utilizam
muita energia na sua fabricação, que geralmente é oriunda de fontes fósseis, emitindo gases do
efeito estufa na atmosfera, além de que o silício, matéria prima principal da célula voltaica pode
ser muito perigoso ao entrar em contato com outros elementos químicos. Isso traz uma
preocupação no descarte da placa solar e é um assunto pouco pensado e planejado atualmente,
podendo gerar um problema enorme no futuro (ECYCLE, 2019).
Novas tecnologias já estão sendo desenvolvidas para solucionar os problemas
mencionados anteriormente e uma delas é a Célula Solar Orgânica, que está na figura 16. Essa
tecnologia consiste numa célula solar flexível e maleável, pois é feita com materiais plásticos.
Os eletrodos são impressos em polímeros e funciona da seguinte maneira: a luz solar é
absorvida pelos polímeros e transportada para o conversor que transforma em energia elétrica.
Essas células são recicláveis após o uso e são de fácil adaptação em qualquer superfície
justamente por ser de plástico maleável (ECYCLE, 2019).
Figura 16: Célula Solar Orgânica
Fonte: DESIRÉE, 2011
5.5 FATORES AMBIENTAIS
A evolução da necessidade energética provocou historicamente um impacto ambiental
brutal em busca de formas de produzir energia. Entretanto, recentemente, como citado no item
5.3, a sociedade está mais reflexiva em relação ao impacto que causa ao meio ambiente. Se
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46
pode observar as mudanças ocorrendo a partir das ações conscientes da sociedade para reduzir
o nosso impacto ambiental, por exemplo, na constatação feita no inicio de 2018, por cientistas
da NASA (National Aeronautics and Space Administration – Administração Nacional da
Aeronáutica e do Espaço) que o buraco na camada de ozônio está diminuindo (REVISTA
GALILEU, 2018).
A energia solar é uma solução para produção de energia elétrica de forma limpa,
contribuindo para a evolução de energias renováveis na a matriz energética do Brasil e do
Mundo.
Atualmente o mercado está em busca de produtos sustentáveis, green friendly,
ambientalmente amigáveis e que não agridam ao meio ambiente, portanto a expansão da
comercialização de energia solar é favorável e encontra pouca ou nenhuma barreira no que diz
respeito aos aspectos ambientais. Não se deve deixar de refletir sobre o descarte das placas
solares, já mencionadas anteriormente, pois no longo prazo, sem um planejamento adequado, a
balança tende a ficar desequilibrada negativamente para a utilização de energia solar
fotovoltaica.
5.6 FATORES LEGAIS
Ao fazer uma reflexão em relação à energia solar e a legislação brasileira, pode-se
concluir que esta fonte de energia não é tão abrangida pela legislação brasileira. Alguns decretos
e poucas leis a mencionam e dizem respeito, porém são mais voltadas à incentivos fiscais.
Alguns equipamentos são isentos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
prestação de Serviços) na esfera estadual, e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na
esfera federal, como por exemplo módulos fotovoltaicos, células solares não montadas e células
solares em módulos ou painéis (GOMES; JANNUZZI; VARELLA, 2009)
Como visto anteriormente, em 2012 foi publicada uma resolução normativa pela
ANEEL garantido acesso à rede por parte de micro e miniprodutores de energia por fontes
renováveis, dentre elas a solar.
Em 2015 outro avanço foi tomado na direção da energia solar que foi a publicação da
Resolução Normativa 687, que diminui o processo burocrático para a ligação do gerador com
a concessionaria de energia elétrica que receberá a energia excessiva do gerador em sua rede.
Essa norma definiu o tempo de aprovação da inserção na rede de 30 dias, alterou de 36 para 60
meses o prazo para uso dos créditos recebidos a partir da energia excedente e acabou com o
custo de aquisição de medidores para a microgeração de energia (BRASIL, 2015).
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47
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho foi proposto com o objetivo de identificar oportunidades e ameaças à
geração de energia elétrica a partir da energia solar no mercado brasileiro, através de uma
análise pestal do objeto. O foco para a geração de energia elétrica limpa foi direcionado a partir
de uma percepção social que demanda um avanço nos assuntos relacionados à sustentabilidade
e a busca da sociedade por um estilo de vida cada vez mais green friendly, mais amigo do meio
ambiente.
Dado as intenções, foi possível identificar algumas ameaças à energia solar e algumas
oportunidades.
Como ameaças foi identificado um grande problema relacionado às placas solares.
Atualmente não há um planejamento de reaproveitamento ou descarte das placas solares após
vencidas. A placa solar tem vida útil de mais ou menos 25 anos, ao fim da sua vida útil o que
fazer com ela? Esse debate ainda não tem a importância que deveria ter e é possível que em
alguns anos o descarte das placas solares seja um empecilho ambiental para o consumo da
energia solar fotovoltaica.
Também foi percebida como ameaça a dependência internacional para a produção dos
painéis solares em escala comercial. Como o Brasil precisa importar partes da placa solar, o
custo do produto final acaba ficando maior e, consequentemente, o tempo de produção também.
O investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia solar se dá, basicamente,
através de universidades e centros de pesquisa que não possuem relação direta com o mercado.
As empresas, em sua maioria, não estão ligadas a busca por novas tecnologias para a produção
de energia solar.
A ameaça principal encontrada a partir desse estudo foi o custo desta tecnologia. Mesmo
com incentivos fiscais e disponibilização de crédito, o investimento em energia solar elétrica é
caro para consumidores de média ou baixa renda. O desembolso inicial para a compra e
instalação das placas é muito alto e inacessível a maior parte da população. Isso causa um
afastamento do interesse nesta tecnologia e também um atraso no avanço da mesma na matriz
energética do país.
O Brasil possui um enorme potencial para a alavancagem da produção de energia
elétrica a partir da energia solar. A matéria prima principal utilizada nas placas solares, o silício,
é encontrada em abundância no território brasileiro.
O potencial energético do país é um dos melhores do mundo. No Brasil a variação de
radiação solar é considerada baixa, tendo índices mais constantes, e existem muitas áreas com
potencial ótimo para a produção constante de energia elétrica através da energia solar.
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No investimento em produção de equipamentos para geração de energia elétrica a partir
da energia solar e na implantação destes equipamentes são gerados muitos empregos, e
consequentemente novos consumidores para essa tecnologia em especifico mas principalmente
para o mercado em geral, o que pode ser uma moeda de barganha para conseguir alcançar novos
incentivos por parte do governo local e federal.
Por último, foi identificado que a tendência para as tecnologias relacionadas à energia
solar é serem cada vez mais difundidas e portanto cada vez mais barateadas, alcançando em um
prazo não muito longo um preço competitivo no mercado de energias limpas no Brasil, atraindo
interesse tanto de investidores para produção em larga escala de energia elétrica quanto
consumidores individuais que visam economia e produção limpa de energia para sua própria
residência ou empresa.
Esta análise não tem como objetivo propor ações a serem tomadas para aproveitar as
oportunidades e converter as ameaças, isso cabe às empresas e aos interessados em investir
nessa tecnologia. O intuito do trabalho é dar um panorama brasileiro em relação a produção de
energia elétrica através da energia solar e difundir um pouco mais o conhecimento sobre uma
fonte tão rica de energia.
O mundo caminha na direção da sustentabilidade, da produção cada vez mais limpa, da
diminuição do impacto humano ao meio ambiente, esse caminho é direcionado a todos os
setores do mercado, desde a venda de materiais plásticos até o uso de combustível fóssil em
veículos automotores. A energia renovável terá um importante papel na matriz enérgica
mundial e o investimento em energias com potencial de geração próximos aos de fontes fósseis
devem ser explorados e amplamente comercializados.
O presente trabalho procura gerar conteúdo abrangente sobre o mercado brasileiro, que
estimule novos projetos para trabalhos futuros. Sugere-se que a análise Pestal seja aplicada à
projetos específicos envolvendo a geração de energia elétrica por fontes solares, projetos estes
idealizados por empresas privadas, órgãos públicos ou iniciativas individuais.
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49
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