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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA DEPARTAMENTO DE TURISMO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM HOTELARIA RUAN HERBERT CASTRO DOS SANTOS ESTUDO SOBRE A HOSPITALIDADE PÚBLICA DA PRAIA DE ICARAÍ, Niterói - RJ” NITERÓI 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA

DEPARTAMENTO DE TURISMO

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM HOTELARIA

RUAN HERBERT CASTRO DOS SANTOS

“ESTUDO SOBRE A HOSPITALIDADE PÚBLICA DA PRAIA DE ICARAÍ,

Niterói - RJ”

NITERÓI

2018

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RUAN HERBERT CASTRO DOS SANTOS

“ESTUDO SOBRE A HOSPITALIDADE PÚBLICA DA PRAIA DE ICARAÍ,

Niterói - RJ”

Monografia apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de tecnólogo em Hotelaria, no curso de graduação em Hotelaria, Faculdade de Turismo e Hotelaria, da Universidade Federal Fluminense Orientador : Prof. Dr. Marcello de Barros Tomé Machado

NITERÓI

2018

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S237" Santos , Ruan Herbert Castro dos

"ESTUDO SOBRE A HOSPITALIDADE PÚBLICA DA PRAIA DE ICARAÍ,

Niterói- RJ" / Ruan Herbert Castro dos Santos ; Marcello de Barros Tomé Machado , orientador. Niterói, 2018.

98 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação Tecnológica em Hotelaria)-Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Turismo e Hotelaria, Niterói, 2018.

1. Hospitalidade pública. 2. Praia de Icaraí . 3. Indicadores de hospitalidade . 4. Acessibilidade, lazer, segurança, poluição . 5. Produção intelectual. I. Título II. Machado ,Marcello de Barros Tomé , orientador. III. Universidade Federal Fluminense. Faculdade de Turismo e Hotelaria. Departamento de Turismo.

CDD -

II. Machado ,Marcello de Barros Tomé , orientador. III. Universidade Federal Fluminense. Faculdade de Turismo e Hotelaria. Departamento de Turismo.

CDD -

Ficha catalográfica automática - SDC/BCG

Bibliotecária responsável: Angela Albuquerque de Insfrán - CRB7/2318

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TERMO DE APROVAÇÃO

RUAN HERBERT CASTRO DOS SANTOS

“ESTUDO SOBRE A HOSPITALIDADE PÚBLICA DA PRAIA DE ICARAÍ,

Niterói- RJ”

Monografia aprovada como requisito parcial para a obtenção do grau de tecnólogo

no Curso Superior de Tecnologia em Hotelaria, departamento de Turismo,

Universidade Federal Fluminense, pela seguinte banca examinadora:

__________________________________________

Prof. Dr. Marcello de Barros Tomé Machado

Orientador- Departamento de Turismo, UFF

__________________________________________

Prof. Dr. Frederico Cascardo Alexandre e Silva

Professor convidado- Departamento de Turismo, UFF

__________________________________________

Prof. Dr. Bernardo Lazary Cheibub

professor STT- Departamento de Turismo, UFF

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a gradeço à Deus por ter me dado saúde, capacitação e

condições para finalizar esse trabalho.

Agradeço aos meus pais por sempre terem me dado total apoio nas minhas

escolhas, assim como, me auxiliado com suas falas e pensamentos positivos.

Agradeço ao Prof. Dr. Marcello de Barros Tomé Machado por ter me auxiliado na

finalização desta monografia.

Agradeço ao Prof. Dr. Bernardo Lazary Cheibub e ao Prof. Dr. Frederico Cascardo

Alexandre e Silva por terem aceitado fazer parte da minha banca de TCC.

Agradeço ao Prof. Dr. Ari da Silva Fonseca Filho por ter me ajudado quantos as

regras da ABNT e também com suas dicas na disciplina de TCC.

Agradeço à Professora Doutora Lúcia Oliveira da Silveira Santos por sempre ter feito

o maior esforço possível para ajudar os estudantes em todas as situações de

estresse e dificuldade.

Agradeço aos demais professores da FTH que contribuíram com suas aulas para o

enriquecimento e ampliação do meu conhecimento.

Agradeço aos meus colegas de classe por toda a amizade e também por todos os

trabalhos em grupo compartilhados. Em especial agradeço ao Antônio por ter me

emprestado o notebook para a apresentação.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- MAPA DO MUNICÍPIO DE NITERÓI...................................................19

FIGURA 2- LOCALIZAÇÃO DE ICARAÍ NA CIDADE DE NITERÓI..................... 19

FIGURA 3- VISÃO AÉREA DA PRAIA DE ICARAÍ............................................... 20

FIGURA 4- SINALIZAÇÃO NO INÍCIO DA ALAMEDA SÃO BOAVENTURA........ 25

FIGURA 5- SINALIZAÇÃO NA METADE DA ALAMEDA SÃO BOAVENTURA.... 25

FIGURA 6- SINALIZAÇÃO PRÓXIMA AO HOSPITAL DAS CLÍNICAS.............. 26

FIGURA 7- SINALIZAÇÃO ANTES DA SUBIDA DA PONTE RIO-NITERÓI......... 26

FIGURA 8- SINALIZAÇÃO UM POUCO À FRENTE AO DA FIGURA 5................ 26

FIGURA 9- SINALIZAÇÃO NO INÍCIO DA AVENIDA FELICIANO SODRÉ.......... 26

FIGURA 10- SINALIZAÇÃO PERTO DA CHEGADA AO TERMINAL JOÃO

GOULART.............................................................................................................. 27

FIGURA 11- SINALIZAÇÃO EM FRENTE À PRAÇA ARARIBÓIA......................... 27

FIGURA 12- SINALIZAÇÃO PERTO DA ENTRADA PRINCIPAL DO CAMPUS

GRAGOATÁ (UFF).................................................................................................. 27

FIGURA 13- SINALIZAÇÃO PERTO DE UMA DAS ENTRADAS DO CAMPUS

PRAIA VERMELHA (UFF)....................................................................................... 27

FIGURA 14- SINALIZAÇÃO NA RUA PRESIDENTE PEDREIRA......................... 27

FIGURA 15- SINALIZAÇÃO PRÓXIMA A PRAIA DE ICARAÍ............................... 27

FIGURA 16- TRAVESSIA DA AVENIDA JORNALISTA ALBERTO FRANCISCO

TORRES.....................................................................................................................29

FIGURA 17- CALÇADÃO DA PRAIA DE ICARAÍ.....................................................29

FIGURA 18- RAMPA DE ACESSO À PRAIA DE ICARAÍ DE QUEM VEM DE BOA

VIAGEM................................................................................................................... 29

FIGURA 19- SEGUNDA RAMPA DE ACESSO À PRAIA DE ICARAÍ.................... 29

FIGURA 20- ESTACIONAMENTO E OFICINA DE BICICLETA AO AR LIVRE.......33

FIGURA 21- APARELHO PARA A PRÁTICA DE GINÁSTICA AO AR LIVRE.........33

FIGURA 22- PESSOAS SE EXERCITANDO NO APARELHO DE GINÁSTICA..... 34

FIGURA 23- PLACA INDICANDO POSSIBILIDADES DE USO DO APARELHO DE

GINÁSTICA ........................................................................................................... 34

FIGURA 24- LIXEIRA NO CALÇADÃO DA PRAIA DE ICARAÍ (PONTO 1)........... 34

FIGURA 25- LIXEIRA NO CALÇADÃO DA PRAIA DE ICARAÍ (PONTO 2)........... 34

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FIGURA 26- LIXEIRA RECICLÁVEL SEM IDENTIFICAÇÃO NO CALÇADÃO DA

PRAIA....................................................................................................................... 35

FIGURA 27- LIXEIRAS TRANCADAS NA AREIA.................................................. 35

FIGURA 28- MESAS E BANQUETAS NO CALÇADÃO DE ICARAÍ..................... 36

FIGURA 29- BANCOS PÚBLICOS NO CALÇADÃO DE ICARAÍ........................... 36

FIGURA 30- ESPAÇO RESERVADO PARA A PRÁTICA DO VÔLEI DE PRAIA.. 40

FIGURA 31- ESPAÇO RESERVADO PARA A PRÁTICA DO TÊNIS DE PRAIA. 40

FIGURA 32- DIVERSAS REDES PRESENTES NA PRAIA DE ICARAÍ................. 40

FIGURA 33- PESSOAS BRINCANDO DE EMBAIXADINHA NA PRAIA DE

ICARAÍ...................................................................................................................... 40

FIGURA 34- CAMINHADA NO CALÇADÃO DA PRAIA DE ICARAÍ...................... 40

FIGURA 35- CANOAS UTILIZADAS PARA A PRÁTICA ESPORTIVA.................. 40

FIGURA 36- POLUIÇÃO NA PRAIA DE ICARAÍ.................................................... 59

FIGURA 37- POLUIÇÃO NA PRAIA DE ICARAÍ EM 17 DE ABRIL DE

2014......................................................................................................................... 59

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1- CALENDÁRIO DAS ATIVIDADES ESPORTIVAS SEDIADAS NAS

PRAIAS DE NITERÓI EM 2017 ....................................................................... 42

TABELA 2- LEGENDA DE IDENTIFICAÇÃO DA ÁGUA PRÓPRIA E IMPRÓPRIA

.......................................................................................................................... 60

TABELA 3- BOLETIM DE BALNEABILIDADE DO MAR DA PRAIA DE ICARAÍ-

NITERÓI 2018- ANÁLISE DO MÊS DE JANEIRO............................................ 61

TABELA 4- BOLETIM DE BALNEABILIDADE DO MAR DA PRAIA DE ICARAÍ-

NITERÓI 2018- ANÁLISE DO MÊS DE FEVEREIRO...................................... 62

TABELA 5- BOLETIM DE BALNEABILIDADE DO MAR DA PRAIA DE ICARAÍ-

NITERÓI 2018- ANÁLISE DO MÊS DE MARÇO .............................................. 64

TABELA 6- BOLETIM DE BALNEABILIDADE DO MAR DA PRAIA DE ICARAÍ-

NITERÓI 2018- ANÁLISE DO MÊS DE ABRIL....................................................65

TABELA 7- BOLETIM DE BALNEABILIDADE DO MAR DA PRAIA DE ICARAÍ-

NITERÓI 2018- ANÁLISE DO MÊS DE MAIO.....................................................67

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RESUMO

Esta monografia fala sobre a temática da hospitalidade pública. Para esta finalidade utilizamos a praia de Icaraí como objeto de estudo. Ela é localizada na zona sul do município de Niterói. Este tema fala do modo como os espaços públicos recebem moradores locais e turistas. Para verificar a hospitalidade da praia de Icaraí, analisamos os indicadores acessibilidade, legibilidade, mobiliário urbano, lazer, segurança e poluição. Para coletar as informações, nós escolhemos uma pesquisa qualitativa. Utilizamos a técnica de observação e também entrevistas com pessoas que visitaram a praia de Icaraí. As falas dos entrevistados foram captadas por um celular. Os resultados preliminares da pesquisa apontam que a paisagem, as pessoas, as lixeiras do calçadão e a oferta de lazer relacionada a prática esportiva são os elementos que mais contribuem para a sensação de hospitalidade nesse espaço público. Entretanto, a poluição do mar, a falta de segurança, a falta de banheiros e chuveiros públicos, a falta de acessibilidade do calçadão para as pessoas com deficiência, a falta de comida nos quiosques, a iluminação pública e os bancos públicos são os elementos que mais contribuem para a hostilidade da praia de Icaraí.

Palavras-chave: Hospitalidade pública. praia de Icaraí. acessibilidade. lazer. . poluição.

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ABSTRACT

This monograph talks about the thematic of public hospitality. For this purpose, we use the Icaraí`s beach as study object. It is situated in Niteroi’s City South Zone. This issue talks the way of how public spaces receive local people and tourists. For verifying the hospitality of the Icaraí`s beach, we have analyzed the indicators accessibility, legibility, urban furniture, leisure, security and pollution. For collecting the information we chose a qualitative research. We use the observation technique and also interviews with people who have visited this public space. The talks of the interviewees were captured by a cell phone. The survey`s preliminary results point out that the landscape, the people, the sidewalk`s garbage cans and the leisure offer related to sporting practice are the elements that contribute most for the hospitality`s feeling in this public space. However, the pollution, the lack of security, the lack of public bathrooms and showers, the lack of sidewalk`s accessibility to people with disability, the lack of food in the kiosks, the street lighting and the public benches are the elements that contribute most for the hostility of the Icaraí`s beach.

Keywords: public hospitality. Beach of Icaraí. accessibility. leisure. pollution.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................ 11

1 DEFINIÇÃO DO TERMO PRAIA ...................................................................... 15

1.1 PRAIA: EXEMPLO DE ESPAÇO PÚBLICO E BEM PÚBLICO DE USO

COMUM….............................................................................................................. 16

1.2 INFORMAÇÕES SOBRE A PRAIA DE ICARAÍ…................................... 19

2 CATEGORIAS DE ANÁLISE DA HOSPITALIDADE NA PRAIA DE ICARAÍ…. 22

2.1 ACESSIBILIDADE E LEGIBILIDADE………………………………………… 23

2.1.1 Legibilidade: Sinalização até à praia de Icaraí…………….......…… 25

. 2.1.2 Acessibilidade na orla da praia de Icaraí……………………………. 28

2.2 MOBILIÁRIO URBANO…………………………………………………………. 30

2.2.1 Mobiliário urbano no calçadão da praia de Icaraí…………………. 33

2.3 A PRAIA COMO ESPAÇO DE USO PÚBLICO PROPÍCIO AO LAZER ...…37

2.3.1 O lazer na praia de Icaraí………………………………………………. 39

2.4 A SEGURANÇA PÚBLICA…………………………………………………… 48

2.4.1 A segurança pública na praia de Icaraí……………………………. 49

2.5 DEFINIÇÃO DE POLUIÇÃO E SEUS EFEITOS…………………………… 50

2.5.1 O papel da industrialização na aceleração da poluição………… 52

2.5.2 Os tipos de poluição…………………………………………………….. 53

2.5.2.1 A poluição visual………………………………………………………. 53

2.5.2.2 Poluição sonora………………………………………………………... 54

2.5.2.3 Poluição atmosférica………………………………………………….. 54

2.5.2.4 Poluição do solo……………………………………………………….. 56

2.5.2.5 Poluição da água……………………………………………………..... 57

2.6 POLUIÇÃO NAS PRAIAS……………………………………………………..... 57

2.6.1 Poluição na praia de Icaraí…………………………………………...... 58

2.6.1.1 Análise mensal de balneabilidade do mar da praia de Icaraí..... 60

2.6.1.2 Análise geral da balneabilidade do mar da praia de Icaraí …... 69

3 PESQUISA DE CAMPO…………………………………………………………... 71

3.1 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA DA PESQUISA DE CAMPO……….. 71

3.1.1 Resultados da pesquisa de campo………………………………...... 73

3.1.2 Análise do resultado da pesquisa de campo…………………....... 88

CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………….........………… 92

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REFERÊNCIAS ................................................................................. 96

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem por intuito, discorrer sobre a temática da

hospitalidade pública. Para essa finalidade, a Praia de Icaraí foi definida como objeto

de estudo. A referida praia está localizada na zona sul do município de Niterói, entre

a praia das Flechas e a de São Francisco, na região metropolitana do Estado do Rio

de Janeiro.

As praias como Icaraí podem ser pensadas como um espaço para a

hospitalidade pública, pois recepciona moradores e turistas. Grinover (2007) declara

que a hospitalidade, antes de ser uma qualidade individual, é uma qualidade social,

portanto, plausível aos espaços públicos da cidade. Camargo (2004) afirma que uma

relação de hospitalidade exige pelo menos dois atores, a saber, um anfitrião e um

hóspede. Ainda segundo ele, essa relação sempre acontece no espaço da casa, dos

empreendimentos de hospedagem, das redes sociais ou dos espaços públicos das

cidades.

Na hospitalidade pública os governantes são os anfitriões. Segundo

Severini (2013), eles são responsáveis por sanar os problemas e carências dos

espaços públicos, visando a satisfação e a qualidade de vida dos hóspedes,

representados por moradores e turistas. Os espaços públicos, desse modo, passam

a serem representações da administração pública, desempenhando também,

portanto, o papel de anfitriões. A praia de Icaraí é, desse modo, anfitriã de seus

frequentadores.

Para mensurarmos a hospitalidade da praia de Icaraí, é necessário, não

somente analisarmos os indicadores referentes à praia, mas também aqueles

relacionados ao bairro em que esse espaço público está inserido. Devemos analisar,

portanto, a integração de diversos indicadores, dentre os quais estão, a

acessibilidade e a legibilidade em volta da praia, o nível de segurança da praia e do

bairro de Icaraí, a quantidade de mobiliário urbano presente na praia, a diversidade

de empreendimentos alimentícios perto da praia, as opções de esporte e lazer

presentes na praia de Icaraí, as leis de uso desse espaço público, os níveis de

poluição da água e da areia.

A praia de Icaraí possui uma considerável importância turística, pois a partir

dela podemos avistar pontos turísticos relevantes, a saber: Museu de Arte

Contemporânea de Niterói, as Pedras de Itapuca e do Índio, a Igreja Nossa Senhora

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dos Navegantes, em Boa Viagem, o Pão de Açúcar, os Morros da Urca e Dois

irmãos, a Pedra da Gávea e o Cristo Redentor, no alto do Morro do Corcovado.

A praia de Icaraí já foi utilizada diversas vezes para sediar eventos como: a

queima de fogos de artifício de final de ano, etapas do circuito brasileiro de vôlei de

praia, além de alguns eventos de triatlo1. A praia de Icaraí, portanto, estimula o lazer

e a recreação, pois permite a integração de diversos estilos de pessoas,

independentemente, de condição social, econômica, étnica, religiosa e sexual delas.

Os diversos problemas urbanos existentes nos dias de hoje, interferem de

maneira direta na hospitalidade pública dos espaços e na qualidade de vida de

moradores e visitantes. Sabendo disso, buscaremos descobrir como os problemas

urbanos vigentes na praia de Icaraí, prejudicam a hospitalidade desse espaço

público. Para isso, formulamos a seguinte questão problema: De que modo a

hospitalidade pública está presente na praia de Icaraí?

O objetivo geral dessa pesquisa é baseado em alguns indicadores

compreender a hospitalidade da praia de Icaraí pelos olhos de quem frequenta esse

espaço público. Os objetivos específicos são: levantar informações acerca da

hospitalidade da praia de Icaraí, visando, desse modo, comparar com a

hospitalidade pública defendida nas teorias de Grinover (2007), investigar se as

opiniões dos entrevistados vão de acordo com os dados oficiais utilizados como

embasamento e analisar quais elementos conferem hospitalidade e hostilidade à

praia de Icaraí.

Para tentar adquirir um maior conhecimento sobre a hospitalidade pública,

foi feita uma pesquisa bibliográfica, visando utilizar como embasamento teórico, as

ideias e escritas de importantes autores da hospitalidade, a saber, Grinover (2007),

Valduga (2017) e Severini (2013). Os dois primeiros escrevem sobre a

acessibilidade nos espaços públicos, já o último também foca na questão do

mobiliário urbano. Ao falarmos de lazer, utilizamos como embasamento as escritas

de Dumazedier (1973), Requixa (1980) e Dieckert (1984). Gil (2008) descreve que a

pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído

principalmente de livros e artigos científicos. Consultamos também alguns sites que

têm notícias relacionadas à praia de Icaraí, assim como, utilizamos uma pesquisa

documental, pois consultamos alguns documentos governamentais, a saber, Projeto

1 Evento esportivo que reúne três esportes: natação, ciclismo e corrida.

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Orla (2004), Código Ambiental do Município de Niterói (2008) e Código Civil

brasileiro (2016). Consultamos os relatórios do Instituto Estadual do Ambiente

(2018), sobre a balneabilidade da praia de Icaraí, além do calendário (2017) da

Secretaria Municipal de Esporte e lazer do Município de Niterói.

A pesquisa apresenta um caráter descritivo, pois ela descreve cada uma das

categorias de análise responsáveis por conferir hospitalidade aos espaços públicos.

Gil (2008) descreve que a pesquisa de caráter descritivo visa descrever as

características de determinado fenômeno, mas também a existência de associações

entre variáveis. Desse modo, as categorias de análise passam a ser variáveis que

em associação, produzem hospitalidade ou hostilidade públicas.

Embora, a hospitalidade pública em praias não seja um tema de pesquisa

inovador, uma vez que alguns pesquisadores já abordaram essa temática, a

hospitalidade pública, com foco específico na praia de Icaraí, é um tema pouco

explorado. A pesquisa, portanto, possui também um caráter exploratório, pois busca

cruzar os dados de cada uma das categorias de análise, visando, desse modo, obter

uma visão mais completa e aproximativa da hospitalidade pública presente na praia

de Icaraí.

Gil (2008) afirma que as “pesquisas exploratórias objetivam proporcionar

visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato”. Ele também descreve

que a pesquisa exploratória depende de levantamento bibliográfico, documental e de

entrevistas com pessoas que vivenciam o problema.

A pesquisa apresentou uma abordagem qualitativa. Esse estilo de pesquisa

tem como objetivo deixar os pesquisados mais à vontade para expressarem suas

opiniões acerca do objeto de estudo, visando, desse modo, obter da amostra

respostas mais completas e diversas, buscando ressaltar a qualidade e os detalhes

de cada depoimento. A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista

semiestruturada. Gil (2008) declara que essa técnica consiste em levantar alguns

temas de interesse relacionados ao objeto de estudo e produzir algumas perguntas

em cima dessas temáticas, visando obter dados específicos, sem, entretanto, deixar

de lado informações novas que possam surgir. Para a realização das entrevistas,

ficamos cara a cara com os pesquisados, a fim de captar as reações de cada um.

Os depoimentos dos entrevistados foram gravados por celular e depois transcritos

nesta monografia. A pesquisa foi feita nos dias 12 e 26 de maio, e também no dia 05

de junho de 2018, na praia de Icaraí.

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A amostra foi composta por pessoas que visitaram esse espaço público, ou

seja, utilizamos, portanto, uma amostra por acessibilidade que segundo Gil (2008),

se refere ao pesquisarmos um determinado grupo de pessoas a que temos acesso,

admitindo que os dados descobertos possam representar a maioria da população. A

amostra foi composta por 6 pessoas, 3 do sexo feminino e 3 do masculino.

Utilizamos indivíduos de diferentes faixas etárias, buscando, dessa maneira, extrair

a opinião de pessoas que estão em diferentes fases de vida, ou seja, nas fases

adolescente, adulta e adulta avançada.

No capítulo 1 desta monografia, foi feita uma conceituação do termo praia,

uma vez que ela é o nosso objeto de Estudo. Ainda neste capítulo, produzimos um

subtítulo voltado à praia de Icaraí e destacamos informações importantes com

relação a ela. Um segundo subtítulo foi criado, visando desse modo, reafirmar que

as praias são espaços públicos e também bens públicos de uso comum do povo.

No capítulo 2, fizemos uma conceituação de alguns indicadores de

hospitalidade dos espaços, a saber, acessibilidade e legibilidade, mobiliário urbano,

lazer, segurança e poluição. Para cada um desses indicadores foi produzido um

subtítulo voltado à praia de Icaraí.

O capítulo 3 foi dedicado à pesquisa de campo. Fizemos a descrição do

nosso objeto de estudo, descrevemos a metodologia aplicada na pesquisa de

campo, apresentamos os dados colhidos, fizemos a análise dos dados e concluímos

nosso estudo.

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1 DEFINIÇÃO DO TERMO PRAIA

É difícil definirmos um conceito para praia. Isso ocorre, devido ao fato de

que ela não possui um padrão de limite físico-geográfico bem estabelecimento. De

acordo com a visão popular, a praia é um ambiente natural, composto pelo encontro

de água salgada, proveniente do mar, com uma faixa de areia. A praia é, portanto, o

encontro entre os ambientes aquático e terrestre. Ela é o encontro da região mais

rasa do mar, utilizada pelas pessoas para banho e nado, com a faixa de areia.

O código ambiental do município de Niterói (2008)2, todavia, vai contra o

pensamento popular, afirmando que a água do mar não compõe a praia, ela serve

somente como elemento de delimitação desse ambiente. Segundo o conceito

jurídico, a praia é composta por uma faixa de material detrítico, dividida em duas

partes, uma emersa, que fica exposta continuamente aos olhos humanos, além de

uma parte semi-imersa, ou seja, uma parte que periodicamente é encoberta e

descoberta pela água do mar.

É evidente, portanto, que a lei enxerga a água do mar, apenas como um

instrumento de delimitação da praia e não como composição dela. Outra noção que

a lei desmistifica é o pensamento popular de que a faixa de material detrítico da

praia é composta somente por areia. De acordo com o código ambiental do

município de Niterói, também existem praias com faixa de material detrítico

composto por cascalhos3, seixos4 e pedregulhos. De acordo com o parágrafo único,

contido no artigo 77 da lei número 2.602, referente ao código ambiental do município

de Niterói, de 14 de outubro de 2008, a definição de praia é:

Entende-se por praia a área coberta e descoberta periodicamente pelas águas, acrescida da faixa subseqüente de material detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos e pedregulhos, até o limite onde se inicie a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde comece um outro ecossistema. (NITERÓI, 2008, p. 23)

A praia é, desse modo, uma faixa de material detrítico emersa, mais a região

encoberta e descoberta pela água do mar, após a arrebentação das ondas. Como

2 Disponível em:http://pgm.niteroi.rj.gov.br/legislacao_pmn/2008/LEIS/2602_CODIGO_AMBIENTAL_DO_MUNICIIPIO_DE_%20NITEROI.pdf Acesso em: 15 dez 2017 3 Pequenos fragmentos de pedras sedimentares, de formato arredondado e aspecto liso. 4 Pequenos fragmentos de pedras sedimentares, de formato arredondado e aspecto liso, porém são maiores que os cascalhos.

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dito anteriormente, o material detrítico pode ser, a saber, areia, cascalho, seixo ou

pedregulho. A escrita abaixo de Correia e Sovierzoski (2005)5, deixa claro os

diferentes tipos de praias existentes em razão dos diversos tipos de materiais

detríticos.

A formação geológica das praias divide-se em praias arenosas, constituídas por areias, claras ou escuras, e pelas praias rochosas, formadas por seixos de diferentes tamanhos, podendo conter ainda pedaços de conchas e de esqueletos de corais e outros invertebrados, além de restos de algas calcárias. (CORREIA; SOVIERZOSKI, 2005, p.20)

De modo geral, a areia é o material detrítico que impera nas praias do município de

Niterói. A areia é composta pela erosão das rochas. A erosão, nada mais é do que a

desintegração de uma rocha grande em pequenos pedaços, chamados de

sedimentos. Essa erosão ocorre pela ação de alguns agentes, a saber, vento,

chuva, temperatura, sol, raízes de árvores e microorganismos.

Segundo o site mundo estranho (2018)6, esses agentes lixam durante

milhões de anos a pedra grande, denominada pelos geólogos de “rocha-mãe”,

fazendo com que ela se decomponha em partículas minúsculas. Ainda segundo o

site, essas partículas são levadas pelo vento e pela chuva até os rios, que por sua

vez, conduzem esses sedimentos ao mar. As partículas sofrem mais desgaste no

mar, formando a areia. As correntezas e ondulações marítimas conduzem os grãos

de areia até a costa, formando as faixas de areia.

1.1 PRAIA: EXEMPLO DE ESPAÇO PÚBLICO E BEM PÚBLICO DE USO COMUM

São públicos os espaços físicos murados ou não murados, ausentes de

casas e prédios, abertos ao uso de toda a população, que pertencem a todos e que

se apresentam, prioritariamente, sob os cuidados dos governantes, mas também da

sociedade. Os espaços públicos são, portanto, aqueles que não são privados, ou

seja, correspondem aos locais que têm a sociedade como proprietária e não um

único indivíduo. Grinover (2007, p. 143) descreve o que é espaço público :

Do ponto de vista jurídico, o termo espaço público não reconhece uma definição própria. É caracterizado por um estatuto de propriedade e, ao

5 Disponível em: http://www.usinaciencia.ufal.br/multimidia/livros-digitais-cadernos-tematicos/Ecossistemas_Marinhos_recifes_praias_e_manguezais.pdf Acesso em: 02 mai 2018 6 Disponível em: https://mundoestranho.abril.com.br/ciencia/como-se-formou-a-areia-da-praia/ . Acesso em: 12 mai 2018

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mesmo tempo, por aplicações e usos. Recobre, simultaneamente, a categoria de domínio público, definido pelo Direito público, em oposição aos bens privados, regidos pelas regras do Direito Civil, e a ideia empírica de espaço aberto a todos, tal como se dá pelo uso, sem serem aparentemente objetivo de qualquer restrição.

Os espaços públicos são divididos em urbanos e naturais, sendo que ambos

compõem a paisagem da cidade. Os espaços públicos urbanos são as ruas,

avenidas, becos, vielas, praças e parques públicos. Em contrapartida, os naturais

correspondem a praias, lagoas, rios e lagos. Ferrari (2004) se dedicou a conceituar

espaço público. Para ele espaço público é “Como qualquer área urbanizada

inalienável, sem edificação e destinada ao uso comum ou especial dos munícipes

como praças, parques, ruas, jardins, largos, etc”. Ferrari (2004, p. 219).

Ao analisarmos a definição de espaço público de Celson Ferrari, entende-se

que ele é o espaço da cidade isento de quaisquer instalações urbanas fechadas,

como casas, prédios residenciais, comerciais e destinado ao usufruto de toda a

população. Ao conceituar espaço público, Ferrari (2004) dá exemplos unicamente de

espaços públicos urbanos, esquecendo-se da existência dos espaços públicos

naturais que estão inseridos no ambiente urbano.

O espaço público é o local comum a todas as pessoas. Ele promove por

essência, a integração entre pessoas de diversas camadas da sociedade, sendo,

dessa maneira, um instrumento de socialização. Os espaços públicos têm como

função, promover o encontro de indivíduos de diferentes ideologias, sexos, etnias,

credos, idades e tamanhos. Outra função desses espaços é promover o lazer, a

recreação, a cultura e, consequentemente, o turismo. Gomes (2002, p. 163) define

espaço público de acordo com o papel social que esse local desempenha. Para ele,

esse local:

Trata-se, portanto, essencialmente de uma área onde se processa a mistura social. Diferentes segmentos, com diferentes expectativas e interesses, nutrem-se da copresença, ultrapassando suas diversidades concretas e transcendendo o particularismo, em uma prática recorrente da civilidade e do diálogo.

O pensamento de Grinover (2007) conversa com o conceito de Gomes

(2002), na medida em que ambos têm ideias similares quanto à função e significado

dos espaços públicos. Grinover (2007, p. 140) fala:

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A essência da cidade é justamente o estímulo à aproximação entre seus habitantes, o que cria as condições para a integração social e define o espaço urbano como público, acessível, lugar das diferenças, da heterogeneidade.

Tanto Gomes (2002) quanto Grinover (2007) deixam evidentes que os

espaços públicos servem, respectivamente, para a “mistura social” e ”integração

social” das pessoas, o que deixa claro que os espaços públicos são ou devem ser

livres e acessíveis a todos.

As praias são espaços públicos, pois são ambientes não murados, ausentes

de edificações e destinados ao uso comum de todos, se encaixando, portanto, na

definição de Ferrari (2004). Elas também promovem o encontro de diferentes

indivíduos, com variadas características, gostos e personalidades, contribuindo para

a interação social, além de disponibilizarem diversas opções de lazer. As praias

também se alinham às definições de espaço público propostas por Gomes (2002) e

Grinover (2007).

As praias, hoje em dia, talvez sejam os espaços públicos que propiciem a

maior interação entre as pessoas, pois a cultura brasileira de banhar-se no mar,

aliada à diversidade de atividades que as praias fornecem, faz com que os

indivíduos aproveitem por um maior tempo esses espaços.

As praias são também bens públicos. O artigo 98 do código civil brasileiro7,

publicado em Brasília, no ano de 2016, nos revela o que são bens públicos. “São

públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito

público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que

pertencerem” (BRASÍLIA, 2016, p. 54). O artigo 98 fala que tudo o que não for

particular de alguém é, portanto, público e pertence ao governo, seja ele federal,

estadual ou municipal.

Os bens públicos vão desde espaços naturais como as praias até

instalações públicas, a saber, hospitais, escolas e universidades. Eles não podem

ser vendidos, penhorados ou dados em garantia. As praias se encaixam no grupo

dos bens públicos de uso comum. Esse grupo corresponde aos bens livres à

utilização de toda a população. O artigo 77 contido na lei 2.602 de 14 de outubro de

2008, relativo ao código ambiental do município de Niterói, deixa claro à todos que

7 Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/525763/codigo_civil.pdf Acesso em: 4 abr 2018.

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as praias são bens públicos de uso comum, ou seja, são locais destinados ao

usufruto de todos os moradores e visitantes.

Art. 77 – As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado sempre o livre acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por legislação específica. (NITERÓI, 2008, p. 23)

O artigo 77 deixa evidente, portanto, que as praias podem e devem ser

frequentadas por todas as pessoas, já que todos os seres humanos têm direito ao

seu acesso. Em contrapartida, o mesmo artigo, esclarece que por motivos de

segurança militar ou por razões de preservação da natureza, esse direito de acesso

às praias pode ser ferido e o espaço que antes era aberto à todos, se tornar um

ambiente privado, visando a manutenção da ordem pública, no que tange o aspecto

militar, e a recuperação para as gerações futuras, em relação ao aspecto ambiental.

1.2 INFORMAÇÕES SOBRE A PRAIA DE ICARAÍ

FIGURA 1: MAPA DO MUNICÍPIO DE NITERÓI FIGURA 2: LOCALIZAÇÃO DE ICARAÍ NA CIDADE DE NITERÓI

FONTE: site map of Rio de Janeiro FONTE: Google maps

A praia de Icaraí localiza-se no bairro de Icaraí, zona sul do município de

Niterói, região metropolitana do Estado do Rio de janeiro. A praia de Icaraí encontra-

se entre as praias das Flechas e de São Francisco, estando também do lado oposto

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às praias de Flamengo e Botafogo. Ela está situada no interior da Baía de

Guanabara. Segundo o site da Neltur8, a praia de Icaraí possui 1.200 metros de

extensão, um longo calçadão, além de apresentar amendoeiras e coqueiros como

vegetação arbórea. O nome da praia significa em tupi “água benta”, "água santa”,

“rio sagrado” ou rio salgado”.

Abaixo está ilustrada uma imagem aérea da praia de Icaraí. Ela nos informa

que o material detrítico que prevalece na praia é a areia. É possível, também,

percebemos que a praia possui uma considerável largura e comprimento. Notamos

que a praia é margeada por uma selva de prédios residenciais, o que cria as bases

para citarmos neste trabalho as ideias e conclusões do projeto Orla (2004)

FIGURA 3: VISÃO AÉREA DA PRAIA DE ICARAÍ

FONTE: site destinos do Rio9

A praia de Icaraí, conforme dito anteriormente, localiza-se no bairro de

Icaraí. Esse bairro é caracterizado por um forte adensamento populacional. Segundo

o site do jornal “A TRIBUNA” (2016)10, uma empresa de inteligência geográfica, na

época, apontou Icaraí como a terceira região mais povoada do país, atrás somente

da Rocinha e de Copacabana. O terreno é ocupado por casas e prédios

residenciais. O bairro a partir da década de 1970 passou por um intenso processo de

verticalização, fazendo com que parte das edificações no bairro não sejam

8 Disponível em: http://neltur.com.br/var/www/html/neltur.com.br/web/attractives/view/17 . Acesso em: 14 mai 2018 9 Disponível em: http://www.destinosdorio.com.br/cidades/niteroi/natureza-e-geografia/praias/item/427-praia-de-icarai-uma-praia-super-urbana . Acesso em: 14 mai 2018. 10 Disponível em: http://www.atribunarj.com.br/icarai-esta-no-ranking-das-regioes-mais-povoadas-do-brasil/ . Acesso em: 14 mai 2018

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unifamiliares e sim multifamiliares, como prédios, conforme ilustrado na imagem

acima.

O projeto orla (2004)11, categoriza as praias de acordo com o modo de

ocupação dos bairros, nos quais elas estão inseridas. Os traços do bairro de Icaraí

nos permite classificá-lo como um ”bairro residencial metropolitano”. De acordo com

o projeto orla (2004) esses tipos de bairros são: ”Terrenos da beira-mar ocupados

por construções verticalizadas, alto adensamento de construções e população,

paisagem totalmente formada com antropismo, alta contaminação”. (BRASÍLIA,

2004, p. 38). O bairro de Icaraí é “urbano-residencial” e de acordo com o projeto orla

(2004), a praia que banha esse tipo de bairro recebe o nome de “praia urbana

residencial” ou “turística adensada”.

11 Plano nacional voltado às questões da urbanização da orla brasileira. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/orla/_arquivos/11_04122008110506.pdf . Acesso em: 14 mai 2018

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2 CATEGORIAS DE ANÁLISE DA HOSPITALIDADE NA PRAIA DE ICARAÍ

Para analisarmos a hospitalidade pública da praia de Icaraí, devemos

ultrapassar o conceito de praia, estabelecido no capítulo 1 desta monografia e

considerar o mar, o calçadão e a avenida ligada à praia, como elementos integrantes

dela. Para chegarmos à hospitalidade pública desse espaço, analisaremos aspectos

como: a acessibilidade física do calçadão da praia de Icaraí e da Avenida Jornalista

Alberto Francisco Torres, a qualidade e as opções de mobiliário urbano presentes no

calçadão, a variedade de atividades de lazer existentes na praia, a questão da

segurança no bairro de Icaraí, além de verificar a poluição vigente no mar e na praia

em si.

Ao cruzarmos os dados referentes a cada um dos aspectos acima citados,

podemos chegar à um resultado que nos permite apontar os elementos de

hospitalidade e hostilidade presentes na praia de Icaraí, além de extrairmos a

qualidade de vida das pessoas que visitam esse espaço público. Grinover (2013) em

seu artigo intitulado “hospitalidade, qualidade de vida, cidadania, urbanidade: novas

e velhas categorias para a compreensão da hospitalidade urbana”, nos revela que a

qualidade de vida é uma categoria de análise fundamental à hospitalidade pública.

Ela é, portanto, o produto final da interação dos outros indicadores.

Todas as pessoas possuem necessidades e anseios. A qualidade de vida

está ligada à possibilidade de suprir essas necessidades, sendo, portanto, uma

razão entre o que se tem ou é, e o que se deveria ter ou ser. Para se chegar à

qualidade de vida é preciso três condições, a saber, acesso aos serviços essenciais

ao ser humano como: água, alimentação, saneamento básico, trabalho, moradia,

saúde, educação, segurança e transporte, além de acesso aos espaços da cidade e

ao meio ambiente equilibrado. O artigo 5° inciso IV contido na lei 2.602 do código

ambiental do município de Niterói nos revela o significado do termo qualidade de

vida.

Art. 5° IV - qualidade de vida: é resultado da interação de múltiplos fatores no funcionamento das sociedades humanas e traduz-se na situação de bem estar físico, mental e social e na satisfação e afirmação culturais, bem como em relações autênticas entre o indivíduo e a comunidade. ( NITERÓI, 2008, p.3)

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Uma boa qualidade de vida, portanto, proporciona “bem estar físico, mental

e social”. A poluição da água do mar e da praia pode proporcionar mal-estar físico,

pois expõe as pessoas a possíveis doenças. A dificuldade de alguns espaços da

cidade em receber cadeirantes e deficientes visuais, causa mal estar social e

mental, uma vez que impede a interação social entre esses indivíduos e a

sociedade, prejudicando-os psicologicamente. A criminalidade é outro problema

grave que causa mal estar mental e muitas vezes também físico, especialmente

quando as pessoas roubadas e furtadas são agredidas pelos criminosos.

2.1 ACESSIBILIDADE E LEGIBILIDADE

Grinover (2007) declara que a acessibilidade está ligada à possibilidade de

acesso dos indivíduos aos serviços, equipamentos e espaços da cidade. Um

indivíduo sem acesso não possui, portanto, cidadania, vida social e qualidade de

vida. Esse acesso pode se dar de modo físico e socioeconômico.

A acessibilidade pode ser percebida por dois aspectos, sendo o primeiro deles referente aos aspectos físicos da acessibilidade e o segundo referente aos aspectos socioeconômicos. Os aspectos físicos englobam a malha viária, a oferta de transporte, etc. Os aspectos socioeconômicos aludem ao acesso aos diversos serviços públicos de direito dos cidadãos, como a saúde, a educação, a informação, a segurança, o saneamento básico, os espaços de habitação, o lazer, entre outros. (VALDUGA, 2017, p. 22)

Os aspectos ”físicos“ e “socioeconômicos” descritos por Valduga (2017)

correspondem, respectivamente, ao acesso físico “tangível” e “intangível” relatado

por Grinover (2007). O acesso físico tangível diz respeito à qualidade de

deslocamento físico pelos espaços da cidade. Esse deslocamento acontece através

de meios de transporte ou à pé. Ao olharmos pela perspectiva de quem vai à pé, os

problemas relacionados à malha viária, impactam de modo considerável a sensação

de hospitalidade dos seres humanos.

Os problemas de malha viária correspondem às ruas esburacadas, com falta

de pavimentação, as calçadas e ruas desniveladas e com falta de adaptação aos

cadeirantes, deficientes visuais e pessoas com limitação de movimentos. Fica

evidente, portanto, que esses problemas atrasam em muito o tempo de

deslocamento das pessoas, principalmente daquelas que convivem com algum tipo

de deficiência. Em contrapartida, a acessibilidade física intangível está relacionada à

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possibilidade de acesso dos indivíduos aos serviços básicos, citados acima por

Valduga (2017).

Grinover (2007) afirma que a informação é um dos serviços mais

importantes na cidade e nos espaços públicos, pois ela permite às pessoas se

localizarem pelo território e não se sentirem perdidas. Grinover (2007) afirma que:

“As cidades que oferecem informações procuram se identificar e ser identificadas:

oferecer e receber informação é um mecanismo de hospitalidade” (GRINOVER,

2007, p. 82). A informação, desse modo, contribui para a legibilidade, uma vez que

ela permite que criemos mapas mentais sobre os espaços. Valduga (2017, p. 22)

define legibilidade.

A legibilidade diz respeito à qualidade visual de uma cidade. Em referência à semiótica, é a forma de perceber, ler e interpretar um lugar. A forma como o local é interpretado facilita a orientação do sujeito no espaço. Seria a qualidade de um local em ser transposto a um mapa mental e facilmente compreendido.

A legibilidade de uma cidade, desse modo, depende diretamente das placas

de sinalização presentes nela, pois são as informações contidas nessas placas que

auxiliam os moradores e principalmente os visitantes a se orientarem pelos diversos

espaços da cidade. Quanto maior for a carga de informação e melhor a sua

distribuição, mais fácil será para quem se locomove pela cidade achar os principais

pontos turísticos, espaços e serviços dela, facilitando, desse modo, a leitura e

visualização mental das várias áreas que compõem a cidade.

A seguir falaremos um pouco sobre a hospitalidade pública presente no

nosso objeto de estudo, ou seja, na praia de Icaraí. Para verificarmos a

hospitalidade desse espaço público, utilizamos duas abordagens diferentes, a

primeira diz respeito à quantidade e à qualidade da sinalização viária entre a

Alameda São Boaventura, localizada no bairro do Fonseca, zona norte de Niterói e a

praia de Icaraí, zona sul do mesmo município. A segunda abordagem diz respeito a

infraestrutura física da Avenida Jornalista Alberto Francisco Torres e à adaptação

do calçadão da praia de Icaraí aos deficientes visuais, cadeirantes e pessoas com

mobilidade reduzida.

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2.1.1 Legibilidade: sinalização até à praia de Icaraí

As fotos a seguir referem-se à placas de sinalização. Elas marcam o trajeto

entre a Alameda São Boaventura e a praia de Icaraí. Para tirarmos as fotografias,

lançamos mão da técnica de pesquisa denominada observação simples, uma vez

que só fotografamos aquilo que observamos. Gil (2008) fala que na observação

simples o pesquisador se mantém alheio à situação que se pretende estudar, no

caso, a hospitalidade informada no trajeto descrito acima. Essa técnica nos permitiu

observar todo o trajeto e visualizar as informações expostas pelo caminho pré-

estabelecido.

As fotos foram tiradas no dia 21 de maio de 2018. Utilizamos um carro para

a locomoção em detrimento do largo espaço a ser percorrido. As figuras serão

mostradas, portanto, de acordo com a visão de quem vem da Alameda em direção à

praia de Icaraí. O trajeto contemplou a Alameda São Boaventura, a Avenida

Feliciano Sodré, a Avenida Visconde do Rio Branco e continuou pelo trajeto do

ônibus da “linha 47”, pertencente à empresa chamada Araçatuba.

Essa empresa de transporte é municipal, desse modo, seus ônibus só

percorrem os bairros que integram o município de Niterói. As ruas contempladas por

essa linha são: Rua Alexandre Moura, Rua Coronel Tamarindo, Rua Passo da

Pátria, Rua Presidente Domiciano, Rua Presidente Pedreira, Rua Doutor Paulo

Alves, Praia João Caetano e Avenida Jornalista Alberto Francisco Torres.

O objetivo das fotografias abaixo é verificar quantas vezes o nome do bairro

e da praia de Icaraí é citado, visando, desse modo, avaliar a facilidade com que

moradores e turistas chegam à essa praia. Outro objetivo é evidenciar possíveis

falhas informacionais que as placas apresentam e que podem gerar confusões na

cabeça das pessoas, especialmente em relação aos turistas.

FIGURA 4: SINALIZAÇÃO NO INÍCIO DA FIGURA 5: SINALIZAÇÃO NA METADE DA ALA- ALAMEDA SÃO BOAVENTURA MEDA SÃO BOAVENTURA

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

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FIGURA 6: SINALIZAÇÃO PRÓXIMA AO HOS- FIGURA 7: SINALIZAÇÃO ANTES DA SUBIDA PITAL DAS CLÍNICAS DA PONTE RIO-NITERÓI

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

FIGURA 8: SINALIZAÇÃO UM POUCO À FIGURA 9: SINALIZAÇÃO NO INÍCIO DA AVENIDA FRENTE AO DA FIGURA 5 FELICIANO SODRÉ.

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

As fotografias 4, 5, 6, 7 e 8, referem-se a placas de sinalização contidas na

Alameda São Boaventura. Essa via serve para a locomoção de pessoas que saem

diariamente de bairros do município de São Gonçalo, mas também de bairros da

zona norte da cidade de Niterói, em direção ao centro e à zona sul do mesmo

município. A Alameda promove uma importante ligação entre a região metropolitana

do Estado do Rio de Janeiro e a Cidade do Rio de Janeiro, pois ela está diretamente

conectada à Ponte Rio-Niterói.

Ao analisarmos as cinco placas citadas, anteriormente, observamos que elas

são bem diversas entre si. As placas contidas nas figuras de número 5 e 6 ressaltam

os bairros situados perto da Alameda São Boaventura. Em contrapartida, as placas

expostas nas figuras 4 e 7 direcionam as pessoas para a Ponte Rio-Niterói e para

marcos da cidade de Niterói, a saber, caminho Niemeyer, Rodoviária Roberto

Silveira e as praias da Baía de Guanabara.

A placa ilustrada na figura 8 conduz os indivíduos para o centro de Niterói,

todavia, também os orienta à retornar para o município de São Gonçalo.

Percebemos que nenhuma placa da Alameda cita o bairro e a praia de Icaraí,

havendo, somente uma menção às praias da Baía de Guanabara.

A figura de número 9 pode causar alguma confusão de informação,

especialmente para os turistas de primeira viagem, ou seja, aqueles indivíduos que

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não costumam passar pelo município de Niterói todo dia. A placa do lado direito

destaca que, ao seguir pela Avenida Feliciano Sodré, as pessoas só podem chegar

às barcas e aos bairros do Ingá e Gragoatá, excluindo-se, portanto, a possibilidade

de se chegar ao bairro de Icaraí pela orla.

FIGURA 10: SINALIZAÇÃO PERTO DA CHE- FIGURA 11: SINALIZAÇÃO EM FRENTE À GADA AO TERMINAL JOÃO GOULART PRAÇA ARARIBÓIA.

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

FIGURA 12: SINALIZAÇÃO PERTO DA ENTRA- FIGURA 13: SINALIZAÇÃO PERTO DE UMA DAS DA PRINCIPAL DO CAMPUS GRAGOATÁ (UFF) ENTRADAS DO CAMPUS PRAIA VERMELHA

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

FIGURA 14: SINALIZAÇÃO NA RUA PRESI- FIGURA 15: SINALIZAÇÃO PRÓXIMA À PRAIA DE DENTE PEDREIRA. ICARAÍ

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

As figuras de número 10, 11, 12, 13 e 14 citam o bairro de Icaraí, aliás esse

bairro é o mais citado entre todos. A imagem de número 15 destaca diretamente a

praia de Icaraí, desse modo, só há uma placa que destaca esse espaço público.

Notamos que as placas foram instaladas de modo estratégico, pois elas estão

situadas perto de pontos importantes da cidade, a saber, Ponte Rio-Niterói, Terminal

João Goulart, a Praça Araribóia e os Campus da UFF de Gragoatá e Praia

Vermelha.

Ao analisarmos todas as placas de sinalização acima, percebemos que das

12 figuras, 6 figuras, ou seja, 50%, apresentam sinalização para se chegar ao bairro

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de Icaraí. Em contrapartida, bairros como São Francisco, Ingá, Gragoatá e Boa

viagem receberam respectivamente, 3, 3, 2 e 1 sinalização. Percebemos que o

bairro de Icaraí só começa a ser citado, nas placas do início da Avenida Feliciano

Sodré. Apenas 2 placas citam as praias, sendo que a primeira fala das praias da

Baía, ou seja, de modo abrangente e se localiza ao lado da subida da ponte Rio-

Niterói, já a segunda cita a praia de Icaraí de modo específico, localizando-se no

final da Rua Presidente Pedreira.

2.1.2 Acessibilidade na orla da praia de Icaraí

Para verificarmos a hospitalidade presente no calçadão da praia de Icaraí,

utilizaremos quatro fotos como objetos de análise. As fotos representam de maneira

exata aquilo que verificamos in loco. Analisamos a acessibilidade desse calçadão

por meio de uma perspectiva inclusiva, ou seja, verificaremos a adaptação desse

espaço para receber os deficientes, sejam eles físicos ou visuais. Para Pereira

(2015, p. 34):

A acessibilidade de um modo geral é vista de maneira que a infraestrutura urbana seja produzida considerando toda a diversidade de locomoção populacional existente e não apenas um modelo padrão de ser humano; não se pode excluir ou discriminar as pessoas por terem características físicas diferentes do padrão.

Pereira (2015) faz uma forte crítica implícita aos gestores públicos e aos

planejamentos urbanos das cidades, pois ele declara que os espaços públicos só

são adaptados às necessidades de pessoas consideradas comuns pela sociedade,

ou seja, aquelas pessoas sem nenhum tipo de deficiência. Ele alega que

cadeirantes, deficientes visuais e pessoas com mobilidade reduzida são excluídas

da vida em sociedade, pois encontram diariamente diversos obstáculos de

locomoção. Isso ocorre devido esses indivíduos estarem fora do padrão.

Ele defende que o planejamento urbano deve levar em consideração a

pluralidade de pessoas existentes nas cidades. Ao pensar nessa pluralidade de

indivíduos, Pereira (2015, p. 16) continua suas escritas acerca da acessibilidade

para os deficientes.

As pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida se locomovem em condições precárias e muitos problemas podem ser identificados, basta

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discutir e ouvir da parte interessada, as melhorias que poderiam ser feitas, assim como os problemas existentes para tentar encontrar soluções que melhorassem a vida dessas pessoas que tanto sofrem com o descaso sofrido.

Podemos afirmar que muitos dos problemas estruturais, presentes nos

espaços das cidades poderiam ser previstos e evitados. Os obstáculos de

locomoção que acometem deficientes físicos e visuais poderiam ser solucionados,

para isso, no caso, deveriam ser abertos diálogos e debates entre os governantes e

os variados estilos de grupos que usufruem dos espaços públicos.

Esse contato estabelecido abre margem para os gestores públicos extraírem

dos deficientes, os principais problemas enfrentados por eles em determinado

espaço, assim como, descobrir suas necessidades. É preciso, desse modo, que os

espaços da cidade sejam projetados com a participação popular, buscando a melhor

hospitalidade possível para todos.

FIGURA 16: TRAVESSIA DA AVENIDA JORNA- FIGURA 17: CALÇADÃO DA PRAIA DE ICARAÍ LISTA ALBERTO FRANCISCO TORRES

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

FIGURA 18: RAMPA DE ACESSO À PRAIA DE FIGURA 19: SEGUNDA RAMPA DE ACESSO Á ICARAÍ DE QUEM VEM DE BOA VIAGEM PRAIA DE ICARAÍ

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

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Ao olharmos para a figura 16 na página anterior, notamos que a Avenida

Jornalista Alberto Francisco Torres é bem pavimentada, ou seja, não possui

buracos, o que facilita a locomoção de pessoas deficientes. A faixa de pedestre

também auxilia na orientação dos indivíduos no momento de atravessar o asfalto. A

relação entre a rua, a rampa e o calçadão, no entanto, é desarmônica, pois só tem a

sinalização para os deficientes visuais na borda da rampa, ou seja, o deficiente

visual não tem como se locomover com segurança pelo calçadão, podendo

inclusive, em função da falta de infraestrutura física, se desviar do trajeto, ir parar no

asfalto e sofrer algum acidente

A figura 17 fornece uma melhor visualização do calçadão da praia de Icaraí.

Essa imagem corrobora com as observações anotadas no parágrafo anterior, pois

percebemos algumas falhas estruturais nesse equipamento urbano, pois ele não

possui piso tátil para os deficientes visuais e as pedras que compõem a calçada

podem atrapalhar na locomoção dos cadeirantes. Existem também alguns desníveis

na calçada. Esse calçadão, portanto, prejudica o acesso dessas pessoas à praia de

Icaraí, impedindo a interação social delas.

Os deficientes, portanto, ficam refém do auxílio de outras pessoas para

aproveitarem esse espaço público. Fica evidente que o calçadão foi construído sem

levar em conta as opiniões das pessoas deficientes, não havendo, portanto, o

diálogo proposto por Pereira (2015). Embora a rampa ilustrada na figura 18 seja uma

boa iniciativa para facilitar o acesso dos cadeirantes, ela não tem a possibilidade de

comportar um piso tátil para deficientes visuais. Não há também sinalização de

alerta no início e no final dessa rampa. A rampa ilustrada na imagem 19, também

não possui piso tátil para os deficientes visuais e nem sinalização de alerta,

prejudicando a conexão entre o calçadão e a praia.

2.2 MOBILIÁRIO URBANO

O mobiliário urbano corresponde aos aparelhos construídos nos espaços

públicos, para auxiliar os moradores das cidades em variados aspectos.

Encontramos, portanto, esses aparelhos nas ruas, avenidas, praças, parques

públicos e na orla de algumas praias. John e Reis (2010, p. 182) definem o termo

mobiliário urbano.

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[...] é adotado o termo “mobiliário urbano” para designar objetos em diferentes escalas, componentes da paisagem urbana, implantados no espaço público com a finalidade de auxiliar na prestação de serviços, na segurança, na orientação e no conforto dos usuários.

O mobiliário urbano que integra as paisagens das cidades é, a saber,

lixeiras, bancos públicos, cabines telefônicas, postes de iluminação, cabines de

polícia, banheiros e chuveiros públicos, semáforos, placas de sinalização, parada de

ônibus, entre outros. Essas estruturas visam atender as necessidades de cidadania

das pessoas, além de tornar os espaços públicos mais paisagísticos, hospitaleiros,

seguros e funcionais. Ferrari (2004, p. 240) descreve que mobiliário urbano é:

Conjunto de elementos materiais localizados em logradouros públicos ou em locais visíveis desses logradouros e que complementam as funções urbanas de habitar, trabalhar, recrear e circular: cabinas telefônicas, anúncios, idealizações horizontal, vertical e aérea; postes, torres, hidrantes, abrigos e pontos de parada de ônibus, bebedouros, sanitários públicos, monumentos, chafarizes, fontes luminosas etc..

Os bancos públicos são destinados a facilitar a “habitação”, a vivência e a

contemplação dos espaços públicos, uma vez que os bancos públicos são feitos

para que os indivíduos se sentem e gastem mais tempo nesses ambientes. As

academias públicas de ginástica permitem a “recreação” das pessoas. Os semáforos

auxiliam e regulam a “circulação” de pessoas e automóveis pelos centros urbanos.

As paradas dos ônibus facilitam o “trabalho” dos motoristas de ônibus.

Também denominados “equipamentos urbanos”, esses objetos públicos

foram criados e construídos para desempenhar algumas funções, dentre as quais

podemos citar, aquelas descritas por John e Reis (2010), “prestação de serviços,

segurança, orientação e conforto”. Os quiosques têm como função a prestação de

serviços, enquanto que os postes de iluminação, as placas de sinalização e os

bancos públicos, apresentam respectivamente, as funções de segurança, orientação

e conforto.

A quebra e a degradação do mobiliário urbano tornam os espaços públicos

hostis, pois os seres humanos passam a não ter mais serviços complementares,

essenciais à cidade. Em caso de quaisquer danos aos equipamentos urbanos, é

necessário que entremos em contato com o governo municipal, pois ele é o

responsável por lutar pela construção, assim como, zelar pela preservação dos bens

públicos.

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O prefeito, no papel de representante legal do povo é quem deve cuidar das ruas, das calçadas, da iluminação pública, dos equipamentos de educação e saúde etc. Nesse sentido, está correto afirmar que o anfitrião urbano é o gestor público. Contudo, se o espaço da hospitalidade urbana é público e, por consequência, é de todos, logo todos deveriam cuidar. (SEVERINI, 2013, p. 90)

Os governantes devem fazer a manutenção constante do mobiliário urbano,

visando, desse modo, oferecer a melhor qualidade de vida para os indivíduos,

todavia, somente as ações dos gestores públicos não são o suficiente, sendo

necessária também a constante participação popular, ou seja, é preciso ter a

consciência de que todos são usuários do mobiliário urbano e, desse modo, todos

sofrem com sua depredação.

As pessoas costumam reclamar do descaso existente em relação aos

espaços públicos e aos seus equipamentos por parte dos governantes, no entanto,

elas esquecem que muitas das vezes é a própria comunidade que estraga os

artefatos públicos, seja por uso indevido, por pichações e etc. O homem, portanto,

reclama da situação que ele mesmo cria, ele é o gerador de seus próprios

problemas. Severini (2013, p. 95) descreve que um cidadão consciente e

sensibilizado:

[...] retribui cuidando desses espaços, mantendo-os limpos e conservados, usufruindo de toda a infraestrutura sem estragar o mobiliário urbano (tais como orelhões, lixeiras, pontos de ônibus etc.), cuidando da vegetação urbana e respeitando o meio ambiente, pagando os impostos, os pedágios, as taxas etc. Ou seja, estamos falando de “cidadania”, de “civilidade”.

As pessoas pagam impostos que visam à construção e a manutenção do

mobiliário urbano, desse modo, elas têm total direito de exigir os melhores

equipamentos possíveis aos gestores públicos. O pagamento de impostos pela

população, no entanto, não a isenta de sua responsabilidade social, ou seja, não é

porque se paga por um produto entre aspas, como o mobiliário urbano, que se pode

fazer o que quiser com ele.

A variedade e qualidade do mobiliário urbano acabam criando novos

espaços de lazer nas cidades. Todavia, a degradação do patrimônio comum do

povo, provoca impactos graves na dinâmica de uso dos espaços, nos quais os

equipamentos urbanos estão inseridos. John e Reis (2010, p. 196) afirma que o

mobiliário urbano

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[...] além da necessidade de atender às funções para as quais se destina, afeta o uso dos espaços abertos públicos na medida em que pode criar novas possibilidades de uso dos espaços urbanos assim como pode impedir ou diminuir o seu uso

A queima dos postes de Iluminação nas praias urbanas, nas praças, nas

ruas, reduz de modo concreto o uso dos espaços públicos pela sociedade, no

período da noite. Isso ocorre, devido ao receio que as pessoas possuem de

frequentar um local escuro e sofrerem uma tentativa de assalto, assédio sexual ou

mesmo de estupro. A falta de ruas acessíveis gera uma diminuição do uso dos

espaços públicos por cadeirantes e por deficientes visuais. A precária infraestrutura

de quiosques faz com que os frequentadores da praia não utilizem esse serviço.

2.2.1 Mobiliário urbano no calçadão da praia de Icaraí

As imagens a seguir se referem ao mobiliário urbano presente no calçadão

da praia de Icaraí. Como descrito anteriormente, o mobiliário urbano é quaisquer

equipamentos construídos ou instalados pelos governantes nos espaços públicos,

que visam o cumprimento de uma função e estão aptos à utilização comum de todos

os indivíduos.

O calçadão da praia de Icaraí possui diversos mobiliários urbanos. Esses

vão desde aqueles destinados à função de “prestação de serviço”, até aqueles feitos

para o “conforto” dos indivíduos, concordando, portanto, com a classificação

estabelecida por John e Reis (2010). A seguir mostraremos alguns desses

equipamentos públicos.

FIGURA 20: ESTACIONAMENTO E OFICINA FIGURA 21: APARELHO PARA A PRÁTICA DE DE BICICLETA AO AR LIVRE GINÁSTICA AO AR LIVRE.

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

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FIGURA 22: PESSOAS SE EXERCITANDO NO FIGURA 23: PLACA INDICANDO POSSIBILIDA- APARELHO DE GINÁSTICA DES DE USO DO APARELHO DE GINÁSTICA

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

FIGURA 24: LIXEIRA NO CALÇADÃO DA PRAIA FIGURA 25: LIXEIRA NO CALÇADÃO DA PRAIA DE ICARAÍ ( PONTO 1) DE ICARAÍ ( PONTO 2)

FONTE: Acervo Pessoal FONTE: Acervo pessoal

Três mobiliários urbanos da praia de Icaraí foram captados nas fotografias

acima. Essas figuras foram selecionadas por apresentarem equipamentos urbanos

que proporcionam algum tipo de hospitalidade aos moradores e visitantes. A figura

de número 20 destaca um estacionamento público de bicicletas, sendo que esse

artefato, também é uma oficina.

A infraestrutura permite que os praticantes do ciclismo usufruam, de modo

adequado, desse espaço público, pois o equipamento conta com uma bombinha de

ar para enchimento dos pneus. O estacionamento possibilita, também, que as

pessoas parem as bicicletas nesses locais construídos, permitindo aos indivíduos

fazerem outras coisas na própria praia.

As figuras 21, 22 e 23 mostram em diferentes ângulos o aparelho de

ginástica ao ar livre. O equipamento permite que jovens, adultos e idosos pratiquem

movimentos com o corpo, melhorando a resistência física das pessoas, além de

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auxiliar na elasticidade dos corpos e no movimento das articulações, contribuindo

para a saúde da população. A imagem 22 ilustra o uso do aparelho pelos indivíduos.

O equipamento foi disponibilizado à população graças a uma parceria

público-privada entre a prefeitura de Niterói e o Banco Santander. A figura de

número 23 ilustra uma placa de sinalização. A placa orienta os usuários quanto ao

modo correto de utilização do aparelho de ginástica. Ela é, portanto, um exemplo da

“hospitalidade informada” descrita por Grinover (2007). Esse autor escreve que a

cidade e seus espaços públicos são constituídos de símbolos que emergem aos

olhos do ser humano. Esses símbolos não são apenas palavras, mas podem ser

também, elementos visuais como os desenhos expressos na placa.

As figuras de número 24 e 25 mostram as lixeiras presentes no calçadão da

praia de Icaraí. Elas estão em diferentes posições do calçadão. O calçadão da praia

possui diversas lixeiras, sendo que estas ficam distribuídas por toda a orla. As

lixeiras permitem que o ser humano deposite seus resíduos em locais adequados,

ajudando, desse jeito, para a limpeza da praia. O número de lixeiras permite que

elas sejam elementos de hospitalidade da praia de Icaraí.

Apresentaremos a seguir, todavia, algumas imagens de mobiliários urbanos

inadequados presentes na praia de Icaraí, ou seja, de equipamentos que causam

um sentimento de hostilidade para as pessoas que se utilizam deles. É importante

lembrarmos que um mobiliário urbano estragado ou inadequado impossibilita o uso

correto desses artefatos pela população.

FIGURA 26: LIXEIRA RECICLÁVEL SEM IDEN- TIFICAÇÃO NO CALÇADÃO DA PRAIA FIGURA 27: LIXEIRAS TRANCADAS NA AREIA

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

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FIGURA 28: MESAS E BANQUETAS NO CAL- FIGURA 29: BANCOS PÚBLICOS NO CALÇA- ÇADÃO DE ICARAÍ DÃO DE ICARAÍ

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

Alguns equipamentos urbanos, no entanto, estão ou degradados fisicamente

ou impossibilitados de serem usados pela população. A figura de número 26

evidencia duas lixeiras recicláveis, que possuem características similares entre si,

são grandes, volumosas, possuem mesmo traço físico. Essas lixeiras são destinadas

ao recolhimento dos resíduos recicláveis, ou seja, daquele lixo que pode ser

reutilizado, contribuindo para o equilíbrio ecológico da praia. Há, entretanto, um

elemento de hostilidade nesse equipamento urbano, pois a lixeira do lado direito

está sem a placa de identificação, portanto, não sabemos se ela também é reciclável

ou não. A falta dessa informação causa uma hostilidade informada.

A figura de número 27 dá destaque para as lixeiras, que ao invés de estarem

abertas ao uso de todos, estão trancadas a cadeado. Há, assim, uma privatização

do mobiliário urbano, causando uma sensação de hostilidade pública.

A imagem de número 28, diz respeito a mesas e banquetas instaladas no

calçadão da praia de Icaraí. Esse mobiliário urbano tem como função, auxiliar no

conforto e descanso de quem frequenta esse espaço público. Observamos na figura

28 que uma das mesas está quebrada, não permitindo, portanto, o seu uso devido

pela população. A foto mostra também, a ausência de ação do poder público sobre

esse equipamento.

A fotografia de número 29, ilustra os bancos públicos do calçadão da praia

de Icaraí, no entanto, eles não possuem encosto para as costas dos indivíduos,

dificultando o conforto das pessoas, especialmente o de pessoas idosas.

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2.3 A PRAIA COMO ESPAÇO DE USO PÚBLICO PROPÍCIO AO LAZER

O lazer corresponde à atividades que fazemos no nosso tempo livre, ou seja,

fora dos horários de trabalho, de deslocamento, de compromissos institucionais,

sociais, familiares e religiosos. O lazer diz respeito à atividades que fazemos não por

obrigação, mas por prazer, satisfação e opção, ou seja, fazemos porque nos

sentimos bem ao realizá-las. Requixa (1980, p.35) descreve que lazer é “ uma

ocupação não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a vive e cujos valores

propiciam condições de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal

e social”

A definição proposta por Requixa (1980) deixa evidente que o lazer contribui

para a recuperação de pessoas que apresentam doenças de origem emocional e

psicológica. Segundo o site tua saúde (2018)12, umas das causas da doença

psicossomática é o desgaste profissional e a carga horária de trabalho exagerada,

principalmente daqueles profissionais que lidam constantemente com o público, a

saber, professores, vendedores, entre outros. O lazer ainda segundo Requixa (1980)

auxilia na interação social das pessoas, além de ajudar no desenvolvimento pessoal

de cada uma delas.

Dumazedier (1973) afirma que o lazer deve proporcionar pelo menos uma

das características citadas a seguir: Diversão, desenvolvimento e descanso. As

atividades ligadas à diversão são aquelas que promovem a movimentação do corpo,

ou seja, correspondem às brincadeiras ( pega-pega, pular corda, amarelinha) e às

práticas esportivas (vôlei, futebol, etc). O desenvolvimento ocorre em atividades que

promovem o aprendizado de modo informal e incentivam o raciocínio lógico,

correspondendo à atividades como: ler por gosto um livro, jornal ou uma revista,

participar de jogos de perguntas e respostas, jogar cartas, fazer aulas de desenho,

de pinturas de quadros e etc. As atividades ligadas ao descanso são: dormir, meditar

e contemplar uma paisagem. Dumazedier (1973, p. 34) fala que o lazer:

É um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após

12 Disponível em: https://www.tuasaude.com/doencas-psicossomaticas/ Acesso em: 25 mai 2018

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livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.

As praias são espaços de lazer, uma vez que elas são frequentadas pelas

pessoas nos horários e dias de folga delas, ou seja, nos períodos ausentes de

compromissos sociais, profissionais e familiares. As praias também apresentam

variadas atividades de lazer. No que tange a esse aspecto, quanto maior for o

número de atividades de lazer presentes na praia, maior será sua hospitalidade. A

classificação das praias vai desde aquelas “desertas”, que possuem limitadas

atividades de lazer, até aquelas “urbanas”, que possuem um leque maior de

atividades. As praias, principalmente, as urbanas, possuem geralmente atividades

de lazer que promovem diversão, desenvolvimento e descanso, se encaixando,

desse modo, na definição de Dumazedier (1973).

Tomar banho de sol na praia, consumir uma água de coco, contemplar a

paisagem natural e conversar no calçadão da praia são exemplos de atividades de

lazer que promovem o descanso e o relaxamento, enquanto que a confecção de

castelinhos de areia, o banho de mar e as atividades esportivas, contribuem para a

diversão dos frequentadores desse espaço público.

As atividades físicas praticadas na praia como o vôlei de praia, o tênis de

praia, o futevôlei, o futebol de areia, os circuitos funcionais, além dos esportes que

utilizam o mar, a saber, surf, windsurf, stand up paddle, canoagem, maratona

aquática, entre outros, promovem diversão, mas principalmente ajudam no

desenvolvimento.

Esse desenvolvimento pode ser físico, uma vez que o esporte auxilia na

saúde de seus praticantes, fazendo com que os corpos das pessoas se tornem mais

resistentes ao cansaço, mais fortes, menos disponíveis à doenças psicológicas,

respiratórias e cardiovasculares, ou pode ser também um desenvolvimento

intelectual, ao passo que ao iniciarem as atividades esportivas, os praticantes

consciente ou inconscientemente acabam aprendendo sobre as regras dos esportes,

suas técnicas, o que contribui para a “formação desinteressada” de cada indivíduo,

defendida por Dumazedier (1973). É o que chamamos de aprendizagem na prática.

Dieckert (1984, p. 29) foca mais nos aspecto esportivo do lazer, pois para ele o lazer

é:

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Um evento que une os benefícios da prática de esportes (propícios à saúde) com a satisfação proporcionada ao indivíduo que o pratica, propondo a socialização do esporte (lazer, esporte para todos).

Dieckert (1984) descreve que os esportes são “propícios à saúde”, ou seja,

contribuem para a melhoria da qualidade de vida de quem os pratica, além de

proporcionar uma satisfação mental e pessoal, influenciando, portanto, nos aspectos

psicológicos de cada ser humano.

De acordo com Artmann (2016), a prática de atividade física auxilia no

combate aos problemas de saúde, a saber, obesidade, hipertensão arterial, infarto,

diabetes, câncer, artrite, artrose, osteoporose, além de ajudar a evitar doenças

degenerativas do cérebro como Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla. Ele ainda

afirma que o esporte interfere de modo verídico na psicologia. Artmann (2016, p. 10)

escreve que:

A atividade física pode proporcionar as seguintes vantagens: As pessoas ativas têm vida mais intensa, tem uma maior interação social, apresentam mais energia, resistem mais às doenças e permanecem em forma. São menos deprimidas, estressadas.

Artmann (2016) descreve que as pessoas que praticam lazer esportivo

ficam menos deprimidas, estressadas e isso se reflete na qualidade de vida delas. O

esporte também segundo ele torna-se uma ferramenta de inclusão social. Ao

analisarmos essa escrita de Artmann (2016), percebemos que quando praticamos

esportes, principalmente os coletivos, precisamos interagir, se comunicar e se

entender com nossos companheiros de equipe, assim como, interagimos

inevitavelmente com nossos adversários. O esporte passa a ser, dessa forma, uma

ferramenta de inclusão.

2.3.1 O lazer na praia de Icaraí

A praia de Icaraí tem como grande marco as suas inúmeras atividades de

lazer. O tipo de lazer que predomina nesse espaço público é o esportivo.

Percebemos ao longo de toda a praia, pessoas se exercitando em variadas

atividades, a saber, vôlei de praia, tênis de praia, futevôlei, frescobol, altinha,

circuito, além de esportes praticados no calçadão como caminhada e ciclismo. As

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figuras abaixo revelam as diversas atividades esportivas presentes na praia de

Icaraí.

FIGURA 30: ESPAÇO RESERVADO PARA A FIGURA 31: ESPAÇO RESERVADO PARA A PRÁTICA DO VÔLEI DE PRAIA PRÁTICA DO TÊNIS DE PRAIA.

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

FIGURA 32: DIVERSAS REDES PRESENTES FIGURA 33: PESSOAS BRINCANDO DE EMBAI- NA PRAIA DE ICARAÍ XADINHA NA PRAIA DE ICARAÍ

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

FIGURA 34: CAMINHADA NO CALÇADÃO DA FIGURA 35: CANOAS UTILIZADAS PARA A PRAIA DE ICARAÍ PRÁTICA ESPORTIVA

FONTE: Acervo pessoal FONTE: Acervo pessoal

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Ao observarmos as imagens anteriores, podemos facilmente afirmar que a

praia de Icaraí possui variadas opções de lazer esportivo. A praia de Icaraí é

utilizada por escolinhas de ensino de diversas modalidades. Segundo o site O Globo

(2017)13, a praia de Icaraí concentra aulas de circuito funcional, vôlei, beach tênis,

jiu-jítsu, futevôlei, canoa havaiana, stand up paddle e slackline. Essas escolinhas

possuem diversas turmas nos turnos da manhã e da tarde. Desse modo, quase

sempre a praia respira esporte. O traço negativo é que para participar das aulas

técnicas, ministradas pelos professores de educação física, as pessoas precisam

pagar.

De acordo com o site O Globo (2017), diferente do que ocorre no Rio de

Janeiro, a utilização de trechos da praia pelos professores não é cobrada pela

prefeitura de Niterói. Outra curiosidade mencionada pelo O Globo (2017), é que 10%

das vagas de cada equipe são reservadas para indivíduos que não tem condições

de pagarem pelas aulas. No entanto, muitas pessoas não conhecem esse direito e

sobram vagas. As bolsas ofertadas promovem uma certa hospitalidade parcial, uma

vez que possibilita a integração de pessoas com diferentes realidades

socioeconômicas, todavia, esse benefício contempla poucas pessoas.

Um traço positivo é que muitas das estruturas esportivas utilizadas pelas

escolinhas, não são recolhidas após o término das aulas, ou seja, estruturas como

as redes de tênis de praia, vôlei de praia, futevôlei, ficam montadas na praia de

Icaraí, possibilitando o uso delas pela população nos horários livres de aulas, basta

que os indivíduos possuam materiais simples, a saber, uma bola de vôlei para a

prática do vôlei de praia, uma bola de futebol para o futevôlei, além de duas

raquetes e uma bolinha para o tênis de praia. As imagens de número 30, 31 e 32

corroboram com as escritas desse parágrafo.

O site O Globo (2017) afirma que as escolinhas são regulamentadas e

fiscalizadas pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Niterói (SMEL). Esse

órgão municipal é responsável por realizar variadas atividades de lazer esportivo na

cidade sorriso, como é popularmente conhecido o Município de Niterói.

A seguir apresentamos o calendário 2017 de eventos esportivos realizados

na cidade de Niterói. A agenda foi produzida pela Secretaria Municipal de esporte e

13 Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/bairros/vagas-sociais-devem-ser-oferecidas-para-atividades-nas-praias-de-niteroi-21938696 Acesso em: 25 mai 2018

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lazer do município. O uso deste calendário nessa monografia, visa reunir a

quantidade de atividades realizadas na praia de Icaraí, além de comparar o

resultado com os números de outras praias do município, a saber, Gragoatá, Boa

viagem, Flechas, São Francisco, Charitas, Piratininga, Camboinhas, Itaipu e

Itacoatiara.

O calendário original reúne atividades realizadas em diferentes espaços da

cidade de Niterói, sejam eles praças, ruas, ginásios, teatros, além das praias. Para a

utilização dos dados nesta monografia, no entanto, fizemos um recorte espacial e

reduzimos o calendário, uma vez que focamos somente nas atividades feitas nas

praias. Consideramos atividades esportivas sediadas em praias, aquelas feitas na

areia ou no mar que a banha. As atividades esportivas feitas em mais de uma praia

foram desconsideradas.

TABELA 1: CALENDÁRIO DAS ATIVIDADES ESPORTIVAS SEDIADAS NAS PRAIAS DE NITERÓI EM 2017.

CALENDÁRIO DE EVENTOS SMEL 2017

EVENTOS DIAS HORÁRIOS LOCAIS

JANEIRO

1º Torneio de

Futevôlei da

Praia de

Piratininga

15 08 às 19 h (Bairro de Piratininga).

(Praia de Piratininga)

Em frente ao Bar do Peixe

FEVEREIRO

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Curta a Praia -

Globo TV

04 09 às 19h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

– Belizário Augusto e Otávio

Carneiro

MARÇO

Team Gaudie

(Centro de

treinamento)

25 09 às 14h (Bairro de Icaraí)

(praia de Icaraí)

Inauguração do Team

Gaudie

ABRIL

Circuito

Brasileiro de

Vôlei de Praia

27,28, 29 e

30

08 às 18h Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

– Lopes Trovão/ Otávio

Carneiro

Sexto torneio

MF Futevôlei

30 08 às 18h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

Em frente a Rua Miguel de

Frias

MAIO

Copa Rio de

Beach Tennis

5,6 e 7 07 às 22h (Bairro de Piratininga)

(Praia de Piratininga)

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3º Desafio de

Revezamento

de Águas

Abertas

13 07 às 09h (Bairro de Itaipu)

(Praia de Itaipu)

Night Run –

Icaraí Beach

13 17 às 22h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí – Areia)

Circuito UFF de

Aquathlon

21 05:00 á 9:30h (Bairro de Itaipu)

(Praia de Itaipu)

JUNHO

Beach

treino(jiu-jitsu)

Brasil Va’a

DRK

10 09 às 13h (Bairro de Charitas)

(Praia de Charitas)

– Kioske 16

1º Circuito de

Futevôlei de

Niterói

20 e 21 08 às 17h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

Otávio Carneiro e Lopes

Trovão

II Etapa do

Estadual de

Canoas

Havaiana

11

07 às 13h

(Bairro de Charitas)

(Praia de Charitas)

Itacoatiara Pro

– Mundial de

Bodyboard

15 á 25 07 às 18h (Bairro de Itacoatiara)

(Praia de Itacoatiara)

JULHO

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Circuito VA’A

Individual e

Dupla

09 08 às 14h (Bairro de São Francisco)

(Praia de São Francisco)

Frente ao Mcdonalds

1ª Etapa do

Projeto Surf

Campeão

15 ou 16 08 às 16h (Bairro de Itaipu)

(praia de Itaipu)

Itacoa Legends

– Bodysurf

World Cup

22 a 30 07 às 18h (Bairro de Itacoatiara)

(Praia de Itacoatiara)

Campeonato

Brasileiro de

Futevôlei

25 a 30 08 às 16h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

AGOSTO

2ª Circuito

Futevôlei

Niterói

05 e 06 08 às 17h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

Otávio Carneiro e Lopes

Trovão

SETEMBRO

2ª Etapa do

Projeto Surf

Campeão

02 ou 03 08 às 16h (Bairro de Itaipu)

(Canal de Itaipu)

Slack Pro

Icaraí

02 08 às 22h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

Campeonato

Universitário de

Praia

16 e 17 08 às 18h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

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46

Night Run

Icaraí Beach

23 17 às 22h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

Campeonato

Universitário de

Praia

23 e 24 08 às 18h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

Campeonato

Universitário de

Praia

30 e 01 08 às 18h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

3ª Circuito

Futevôlei

Niterói

30 e 01 08 às 17h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

Otávio Carneiro e Lopes

Trovão

OUTUBRO

3ª Etapa do

Projeto Surf

Campeão

07 ou 08 08 às 16h (Bairro de Itaipu)

(Canal de Itaipu)

Copa

Sulamericana

de Slack Line

13, 14 e 15 08 às 22h (Bairro de Piratininga)

Prainha de Piratininga

Corrida

Oceânica

29 07 às 11h

(Bairro de Piratininga)

(Orla de Piratininga)-

Areia

NOVEMBRO

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47

4ª Circuito

Futevôlei de

Niterói

18 e 19 08 às 17h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)-

Altura da Rua Otávio

Carneiro

Canoa

Havaiana Hoa

Aloha

25 08 às 15h (Bairro de Charitas)

(Praia de Charitas)

DEZEMBRO

Night Run

Icaraí Beach

09 17 às 22h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí)

- Areia

5ª Circuito de

Futevôlei de

Niterói

16 e 17 08 às 17h (Bairro de Icaraí)

(Praia de Icaraí),

FONTE: Tabela de elaboração própria. Os dados foram tirados da tabela original 2017 da SMEL14

A tabela acima nos mostra que houveram 32 atividades de lazer esportivo

realizadas nas praias de Niterói, no ano de 2017. Desses 100%, 17 atividades, ou

seja, 53,12% do total de atividades esportivas, localizaram-se na praia de Icaraí,

seguido pela praia de Itaipú que sediou 5 atividades, ou seja, 15,62% do total de

atividades. A terceira praia que mais hospedou atividades foi Piratininga, ela sediou

4 atividades, correspondente a 12,50% do total de lazer esportivo. A quarta praia

que mais recebeu eventos esportivos foi Charitas, com 3 eventos, o que

corresponde a 9,37% do total de atividades esportivas.

A praia que menos hospedou atividades esportivas foi São Francisco, com

apenas 1 atividade, correspondente a 3,12% do total. A segunda praia que menos

sediou eventos foi Itacoatiara, com 2 atividades esportivas, ou seja, 6,25% do total.

As praias de Gragoatá, Boa Viagem, Flechas e Camboinhas não sediaram

14 Disponível em:

http://esporte.niteroi.rj.gov.br/eventos/CALENDARIO%20DE%20EVENTOS%20SMEL%20%20-%202017.pdf Acesso em: 10 mai 2018

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atividades esportivas em 2017.

Observamos, a partir dessa tabela, a importância que a praia de Icaraí tem

como centro de lazer esportivo no município de Niterói. Ela sediou mais da metade

das atividades esportivas no ano de 2017, desse modo, podemos depreender que

esse espaço possui variadas opções de entretenimento. A praia de Icaraí é,

portanto, hospitaleira no que tange o indicador lazer.

2.4 A SEGURANÇA PÚBLICA

A segurança pública é um sistema formado por políticas públicas aprovadas

e adotadas pelos governantes e, também, por órgãos públicos de atuação prática.

Ela é composta, desse modo, por uma parte teórica, a saber, as leis municipais,

estaduais e federais, assim como, por uma parte prática, relacionada aos órgãos

como as polícias militar, civil e federal.

A segurança pública visa à manutenção da ordem pública, ou seja, busca

fazer com que as pessoas cumpram as leis e não firam as condutas sociais

consideradas adequadas pela sociedade. A segurança pública tem como objetivo

garantir que as pessoas andem em segurança pelos espaços públicos da cidade,

sem correrem o risco de qualquer tipo de ameaça, seja ela física, psicológica ou

emocional. A segurança pública é, portanto, um dos indicadores responsáveis por

conciliar as relações de hospitalidade e hostilidade nos espaços públicos. Ela é

voltada ao bem estar social. Matos (2013, p. 20) afirma que:

Atualmente, face às inovações das diretrizes democráticas contidas na constituição de 1988, passou a segurança pública a se legitimar para atuar nos interesses de defesa social da sociedade brasileira, ou seja, passa a atuar focada no interesse público.

Compreendemos da fala de Matos (2013), que durante o período da

ditadura militar, a polícia estava mais preocupada em manter-se no poder, através

de atos repressivos e muitas das vezes desumanos, do que em proteger a

população. Segundo ele, a constituição de 1988 veio como um alívio, pois fez com

que a polícia se voltasse para as questões sociais em detrimento dos problemas

internos.

A segurança pública possibilita a ordem pública e vai contra a desordem

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pública. Matos (2013, p. 29) declara que:

A desordem se caracteriza muitas vezes pela necessidade de luta contra inimigos que devem ser combatidos para justamente restaurar-se a “ordem” supostamente perdida ou ameaçada, cujo não restabelecimento, colocaria em risco a normalidade de funcionamento das instituições de uma sociedade politicamente organizada.

A desordem é, portanto, caracterizada por tudo aquilo que coloca em risco

a normalidade da vida cotidiana. Os assaltos, furtos, homicídios, agressões são

exemplos dos problemas que devem ser combatidos, visando assim, a restauração

da ordem pública e, consequentemente, da hospitalidade dos espaços da cidade.

Os índices de criminalidade interferem de maneira direta na hospitalidade

dos espaços públicos e também nos fluxos turísticos das localidades. A

criminalidade é inversamente proporcional à segurança pública e à hospitalidade

pública, ou seja, quanto maior são os números de infrações dos delinquentes em

um local, menor é a segurança e a hospitalidade desse mesmo espaço.

Podemos citar alguns motivos para o aumento da criminalidade, dentre os

quais estão, a saber, a desigualdade social, o aumento dos usuários e do tráfico de

drogas, a expansão do crime organizado e a falta de continuidade das políticas

governamentais.

2.4.1 A segurança pública na praia de Icaraí

De acordo com o site o globo (2017)15, dados do Instituto de Segurança

Pública revelaram números preocupantes em relação à criminalidade no bairro de

Icaraí, em Niterói. Segundo o instituto, Icaraí registrou em agosto de 2017,

crescimento de 137% no número de roubos em relação ao mesmo mês de 2015,

pulando de 69 para 164 no ano de 2017. O site também afirma que em 2016, o

número de crimes foi de 158, ou seja, os índices de criminalidade só vêm

aumentando ano após ano, desse modo, a razão entre o passar dos anos e os

números da criminalidade é diretamente proporcional.

15 Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/bairros/aumento-da-violencia-faz-ruas-de-icarai-esvaziarem-noite-comercio-fechar-mais-cedo-21919802#ixzz5HxYpCwFV Acesso em: 17 mai 2018

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O site do jornal o fluminense (2018)16, descreveu que o Instituto de

Segurança Pública fez uma comparação com os meses de Janeiro de 2017 e 2018,

revelando que o roubo de veículos em Niterói disparou de 122 em janeiro de 2017

para 176 no mesmo período de 2018, havendo, portanto, um acréscimo de 44% nos

números.

Ainda, segundo o instituto, os roubos a estabelecimentos subiram de 7 para

30, às residências aumentaram de 4 para 12, aos pedestres saltaram de 162 para

338, de celulares passaram de 38 para 72, o roubo de cargas foi de 3 para 14 e o

roubo a coletivos saiu de 16 para 22, um aumento de 37,5% na quantidade

Ao analisarmos os dados acima, verificamos que o número que mais se

destaca é o de roubos a pedestres, pois houve um aumento de 108% nesses

números. Os roubos a pedestres, geralmente, ocorrem em espaços públicos, ou

seja, nos momentos em que os indivíduos estão contemplando e vivenciando os

espaços da cidade. Baseado nesta análise e, também, nos dados do Instituto de

Segurança Pública, sobre o município de Niterói e o bairro de Icaraí, podemos falar

que a segurança é, atualmente, um elemento de hostilidade pública na praia de

Icaraí.

2.5 DEFINIÇÃO DE POLUIÇÃO E SEUS EFEITOS

A poluição é um dos indicadores responsáveis por prejudicar de maneira

concreta a experiência turística de moradores e visitantes, uma vez que interfere na

hospitalidade dos espaços públicos, principalmente daqueles naturais. O artigo 5°,

inciso VI, contido na lei 2.602 do código ambiental do município de Niterói, de 14 de

outubro de 2008, descreve que poluição é:

A alteração da qualidade ambiental resultante de atividades humanas ou fatores naturais que direta ou indiretamente: prejudicam a saúde, a segurança ou o bem-estar da população; criem condições adversas ao desenvolvimento socioeconômico; afetem desfavoravelmente a biota; lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos e afetem as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente. (NITERÓI, 2008, p. 3)

16 Disponível em: http://www.ofluminense.com.br/pt-br/pol%C3%ADcia/isp-viol%C3%AAncia-dispara-em-niter%C3%B3i Acesso em: 19 mai 2018

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A poluição é, portanto, a transformação de um espaço limpo e com bom

índice sanitário, propício ao uso, ao lazer, à recreação, à interação e ao bem-estar

das pessoas, em um espaço sujo e prejudicial a saúde delas. Essa transformação

deve-se às diversas atividades realizadas pelos seres humanos, pois elas na maioria

das vezes são responsáveis por lançarem resíduos no meio ambiente, prejudicando-

o. O homem, portanto, tem papel fundamental na intensificação da poluição. De

acordo com o artigo acima, a poluição danifica a paisagem esteticamente, impacta

de forma negativa a economia, além de prejudicar os ecossistemas ambientais.

A poluição, como escrito acima, impacta de modo negativo a economia,

principalmente o ramo turístico, tornando-se, portanto, um motivo para a não

utilização dos espaços da cidade pelos moradores e visitantes. Ela faz com que

percamos o direito de frequentar e aproveitar os ambientes de socialização.

A poluição é resultado de ações humanas, a saber, jogar lixo nos espaços

públicos urbanos e naturais, desmatar a vegetação nativa, lançar resíduos sólidos e

líquidos domésticos, industriais e hospitalares no solo e nas águas, além de liberar

gases poluentes na atmosfera.

Qualquer espaço natural possui um traço estético-sanitário específico,

estabelecido pela própria natureza. Essa característica corresponde a um estado de

equilíbrio ambiental, o que permite a vivência, convivência e desenvolvimento de

muitos tipos de vida. A modificação desse traço ambiental é o que identifica a

poluição. A poluição ocorre quando há no ambiente natural, a presença de

elementos não compatíveis a esse espaço. O lançamento de resíduos sólidos,

líquidos e gasosos no espaço natural é, desse modo, um exemplo de poluição.

Grinover (2007, p. 96) descreve que:

O equilíbrio que deve existir na relação homem/natureza é rompido quando o meio ambiente, o território, o espaço, deixa de ser patrimônio comum, propriedade do grupo, e perde-se o controle sobre o aproveitamento do meio e sobre as consequências das diferentes formas de transformação desse ambiente.

A poluição dificulta a apropriação dos espaços públicos urbanos e naturais

pelas pessoas, com isso, os ambientes destinados à interação social perdem sua

função, ou seja, esses espaços deixam de ser propriedade comum do povo. O

equilíbrio existente entre Homem/natureza dá espaço para a poluição quando os

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seres humanos, ao invés de só aproveitarem os ambientes naturais, acabam os

modificando ambientalmente.

2.5.1 O papel da industrialização na aceleração da poluição

A revolução industrial iniciada na Inglaterra, no século XVIII, impulsionou a

aceleração dos diversos tipos de poluição, ao começar pela atmosférica, já que

houveram emissões de diversos gases poluentes. A substituição da produção

manual pela utilização de máquinas a combustíveis fósseis, fez com que

aumentassem a quantidade de produtos fabricados, assim como, diminuiu o tempo

de produção. A expansão das indústrias e a capacidade delas de produzir mais, com

maior qualidade e em menos tempo, fez com que o modelo de produção em massa

ganhasse força. O aumento do número de indústrias acentuou a necessidade de

utilização de recursos naturais, causando o esgotamento deles em várias

localidades. Leal; Farias e Araújo (2008, p. 1) embasam o que foi dito acima:

Com o advento da industrialização, ocorrido na Inglaterra, no século XVIII, novos processos produtivos foram descobertos, objetivando maiores quantidades e melhor qualidade dos produtos, sempre visando maiores lucros.

A produção em massa possibilitou a confecção de maiores quantidades de

produtos, em menor tempo, e veio como resposta ao crescimento populacional do

mundo, especialmente nas cidades, tendo em vista que muitas pessoas começaram

a residir ao redor das indústrias, já que muitos indivíduos passaram a trabalhar

nelas. É evidente, portanto, que a urbanização é consequência da industrialização. A

industrialização também foi responsável por instaurar o trabalho assalariado, abrindo

espaço para a implantação do sistema capitalista.

Revolução Industrial representou a consolidação e a mundialização do capitalismo, sistema sócio-econômico dominante hoje no espaço mundial. E o capitalismo, que tem na indústria a sua atividade econômica de vanguarda, acarreta urbanização, com grandes concentrações humanas em algumas cidades. (LEAL; FARIAS; ARAÚJO, 2008, p. 4)

O capitalismo foca-se essencialmente na relação produção-consumo, ou

seja, ele busca produzir mais, com melhor qualidade e menor tempo e custo,

visando, desse modo, o consumo exorbitante das pessoas. Com o passar do tempo,

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uma cultura consumista começou a imperar em várias sociedades, pois a

quantidade e a diversidade de produtos era enorme e a população dispunha de

dinheiro para gastar.

[...] enquanto grandes centros de produção e consumo, as cidades são cada vez mais consideradas como responsáveis e como vítimas dos atentados ao meio ambiente. Elas são, ao mesmo tempo, motor do progresso e espelho de seus problemas (GRINOVER, 2007, p. 111-112)

Esse consumo passou a gerar uma quantidade excessiva de lixos, oriundos

de diversos ramos industriais, a saber, eletrodomésticos, eletrônicos, alimentação,

têxtil, entre outras. As cidades passaram a serem, simultaneamente, espelhos do

progresso econômico e da poluição ambiental.

2.5.2 Os tipos de poluição

Existem variados tipos de poluição, dentre as quais estão: a poluição visual,

a sonora, a atmosférica, do solo e da água. Descreveremos um pouco sobre cada

uma dessas tipologias, dando mais ênfase para as duas últimas, pois elas são as

que provocam maior impacto nas praias e na água do mar.

2.5.2.1 A poluição visual

A poluição visual é um fenômeno recente, nasceu junto com a sociedade da

informação, nome dado aos dias de hoje, em que as informações chegam de

maneira veloz e por várias fontes aos seres humanos.

A grande quantidade de elementos destinados à comunicação visual, como cartazes publicitários, anúncios, placas, pichações, outdoors, entre outros, geram desconforto visual para a população. Esse processo é caracterizado como poluição visual. (BRASIL ESCOLA, 201817)

A poluição visual é caracterizada pelo excesso de informações contidos nos

centros urbanos. O sistema capitalista, descrito anteriormente, fez com que as

empresas investissem pesado nas propagandas, objetivando seduzir as pessoas e

torná-las possíveis consumidoras dos seus produtos. No que tange esse aspecto, a

publicidade passou a desempenhar um papel fundamental.

17 Disponível em:< https://brasilescola.uol.com.br/geografia/poluicao-visual.htm> Acesso em: 2 jun 2018.

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A poluição visual é conseqüência da deterioração dos espaços da cidade devido ao amontoado impensado de anúncios publicitários em determinados locais. Pode ser entendida, também, como a perturbação do campo visual que impede ou dificulta ao cidadão a percepção da paisagem urbana. (LEMOS; FALCÃO; COSTA, 2009, p. 13)

Os inúmeros tipos de publicidade fazem com que as cidades fiquem com um

aspecto sujo, interferindo na percepção de moradores e visitantes, ou seja, as

informações, por vezes, escondem a paisagem urbana e seus traços arquitetônicos.

Essas publicidades também prejudicam a saúde dos indivíduos, uma vez que

cansam os olhos das pessoas, podendo causar acidentes.

2.5.2.2 Poluição sonora

A poluição sonora está associada aos níveis de ruídos, ou seja, de

barulhos presentes nas cidades, nos seus bairros e, consequentemente, nos seus

espaços públicos. Um bairro urbanizado e que sofre com constantes obras, possui

altos níveis de poluição sonora. O barulho de carros, motos, caminhões, ônibus,

máquinas, sirenes, alarmes, músicas altas em rádios e casa noturnas contribuem

para este tipo de poluição. Lopes (2008, p. 75) afirma que a poluição sonora:

Afeta principalmente a saúde mental, pois causa irritação, nervosismo, fadiga e outros sintomas relacionados aos órgãos do sistema nervoso e aos órgãos dos sentidos. [...] a longo prazo provoca diminuição da audição e até surdez.

As pessoas que ficam sob a influência de altos ruídos por um longo período

de tempo, tendem a desenvolver uma deficiência auditiva. Os indivíduos que

trabalham em lugares barulhentos devem procurar um acompanhamento médico,

visando dessa maneira, preservar sua saúde física, emocional, e garantir, portanto,

sua qualidade de vida.

2.5.2.3 Poluição atmosférica

A poluição atmosférica é uma grave e constante mazela dos centros

urbanos. Ela ocorre com a introdução no ar de partículas e de gases danosos à

saúde, não somente dos seres humanos, mas também da fauna e da flora. As

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principais fontes desses gases danosos são, a saber, as chaminés das indústrias, as

queimadas nas florestas e os automóveis em geral, sejam eles carros, ônibus ou

caminhões. Esses gases prejudiciais à qualidade de vida das pessoas são, dentre

outros, dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO) e dióxido de enxofre

(SO2).

A poluição do ar pode ser causada pelo aumento da quantidade de gás carbônico, que acentua o efeito estufa causando o aquecimento global, pela introdução de partículas que ficam em suspensão no ar e pela introdução de gases poluentes, como monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), ozônio (O3), dióxido de nitrogênio (NO2) e hidrocarbonetos, liberados por diversos agentes poluidores (LOPES, 2008, p. 75)

Esses gases poluentes são provenientes da combustão de combustíveis

fósseis, sendo que esses combustíveis correspondem aos derivados do petróleo,

sendo estes, a gasolina e o óleo diesel, muito usados para abastecer os automóveis.

O outro recurso fóssil que produz gases nocivos é o carvão mineral. Ele começou a

ser utilizado na Inglaterra, após a revolução industrial. Os gases tóxicos acentuam

doenças das pessoas como a bronquite, a asma e a rinite alérgica.

Além da gasolina, a queima de outro derivado do petróleo, o óleo diesel, e a queima do carvão mineral pelas indústrias também liberam produtos tóxicos na atmosfera. É o caso do dióxido de enxofre (SO2) e do dióxido de nitrogênio (NO2), gases que causam distúrbios respiratórios no ser humano, como bronquite e asma. (LOPES, 2008, p. 76)

A revolução industrial e os avanços no modelo de produção, contribuíram

para o processo de globalização, que é visto como o principal combustível para a

poluição atmosférica.

O tema da poluição do ar pode ser encarado como o resultado desse intenso processo de globalização, que ao inserir objetos espaciais para uma maior fluidez do capital, proporciona efeitos negativos ao homem, pois a construção de estradas e rodovias, para a circulação de pessoas e mercadorias, tende a aumentar a frota de veículos circulando por esses espaços, assim como a criação de indústrias para sustentar a crescente demanda de uma sociedade consumista. (ALVES; ALVES; SILVA, 2009, p.88)

A globalização é, portanto, a raiz de todo o problema da poluição. O

desenvolvimento da globalização depende da implantação de alguns elementos,

entre estes, indústrias, rodovias e ferrovias. Os dois últimos elementos favorecem a

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movimentação, respectivamente, de automóveis e trens, contribuindo para a

emissão de gases poluentes na atmosfera. Algumas indústrias prejudicam o meio

ambiente, dentre outras razões, por causa de suas chaminés, pois algumas também

liberam gases tóxicos sem nenhum tipo de tratamento.

2.5.2.4 Poluição do solo

A poluição do solo caracteriza-se pela modificação física e química dele.

Podem ser identificadas várias fontes de poluição do solo, tanto na cidade como na

zona rural. Nos centros urbanos, o abandono de lixo doméstico em espaços públicos

e em lixões, além do lançamento de resíduos industriais em locais inadequados,

acaba causando consideráveis impactos no solo.

Entre os vários fatores de degradação dos solos estão: o desmatamento desordenado e suas conseqüências; a utilização irracional do solo; a poluição provocada pela aplicação indiscriminada de pesticidas, herbicidas e fertilizantes na agricultura; a poluição provocada pelos resíduos sólidos e líquidos, tanto domésticos quanto industriais. (LEMOS; MUSAFIR, 2014, p. 2)

A poluição do solo acentuou-se de maneira desordenada, a partir do

aumento da quantidade de indústrias pelo mundo, principalmente nas grandes

cidades, no entanto, antes da chegada de indústrias às cidades, a poluição já se

fazia presente nelas, uma vez que muitas cidades cresceram a partir do

desmatamento de florestas, o que causa danos irreversíveis ao solo. O aumento

populacional nas cidades também provocou o crescimento da quantidade de lixo,

contaminando os solos.

A poluição do solo pode ser definida como qualquer alteração provocada nas suas características pela ação de produtos químicos (fertilizantes, herbicidas ou pesticidas) ou de resíduos sólidos ou líquidos, que prejudique os usos do solo ou o torne prejudicial ao homem e outros organismos (LEMOS; MUSAFIR, 2014, p. 4)

Como escrito anteriormente, a poluição do solo não é uma característica

apenas da zona urbana, mas também das áreas do campo. O inchaço urbano exigiu

a necessidade de uma maior produção de alimentos, pois alimentar-se é uma das

necessidades fisiológicas do homem. Esse cenário fez com que os produtores

agrícolas das zonas rurais, além de produzirem mais, passassem a utilizar produtos

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químicos para acelerar a produção, desse modo, iniciou-se o uso de defensivos

agrícolas e fertilizantes, que muitas das vezes modificam as características físicas e

químicas dos solos.

2.5.2.5 Poluição da água

A poluição da água diz respeito à contaminação das águas de rios, lagos,

lagoas, baías e mares. Percebemos facilmente que uma água está poluída quando

ela possui um cheiro desagradável e uma cor diferente do seu padrão, no entanto,

existem águas que parecem fisicamente boas, mas que também estão poluídas.

Vários são os fatores que provocam a contaminação hídrica, dentre os quais

podemos citar, o lançamento de esgoto doméstico e lixo flutuante nos rios e mares,

o lançamento de dejetos químicos de indústria e farmácias e o vazamento de óleo

de navios petrolíferos. Focaremos na poluição dos mares, em razão de nosso objeto

de estudo ser uma praia.

O mar se tornou receptor final de diversos elementos, provenientes de rios, lançamento de esgoto in natura e despejos de navios ou plataformas de petróleo. Os aportes mais comuns em áreas costeiras são os de origem orgânica, oriundos de despejos de esgotos e que são constituídos basicamente de matéria orgânica. (ASLAN; PINTO; OLIVEIRA, 2018, p. 176)

A falta de cumprimento de legislações ambientais por parte das indústrias, a

negligência de fiscalização por parte do governo, a falta de sensibilização das

pessoas para com os assuntos ambientais, aliado à falta de infraestrutura de

saneamento básico tem gerado consequências incalculáveis para o mar no Estado

do Rio de Janeiro. Grinover (2007) descreve que as matrizes industriais químicas e

petroquímicas trouxeram uma forte carga de impacto sobre o meio ambiente.

2.6 POLUIÇÃO NAS PRAIAS

O principal tipo de poluente encontrado nas praias é o lixo doméstico.

Existem duas formas desse lixo chegar às praias, a saber, por meio da correnteza

do mar que joga para a costa aquilo que recebe dos rios, ou ainda, por meio das

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pessoas que frequentam as praias e deixam o lixo jogado nelas, se ausentando de

sua responsabilidade social para com o meio ambiente.

Lemos e Musafir (2014) descrevem que o lixo doméstico é composto por

lixo vegetal (papel, papelão, restos de comida), animal (carnes, laticínios), mineral

(latas, vidros), sintético (plásticos), além de eletrodomésticos, pneus, pilhas, baterias

e etc. O tipo de lixo que predomina nas praias são o mineral, o vegetal e o sintético.

Para Coelho (2007, p. 218-219):

As praias têm enorme importância como recreação e lazer para a sociedade brasileira. A perda temporária de seu uso é considerada um grave impacto social. Devido à poluição, esse impacto estende-se às atividades ligadas ao turismo [...] como o turismo tem como foco principal as praias e as regiões costeiras, torna-se extremamente importante proteger essas áreas.

A poluição das praias dificulta a prática do lazer e da recreação nesses

espaços públicos, pela população. Esse problema causa um impacto enorme para a

sociedade brasileira, pois pelas características do nosso clima e pela exuberância de

nossas praias, os brasileiros criaram uma cultura de frequentá-las, principalmente

nos fins de semana, feriados, férias e dias de calor. O turismo brasileiro é baseado

no segmento denominado sol e praia, portanto, o comprometimento das praias

causa um acentuado dano econômico para o país.

2.6.1 Poluição na praia de Icaraí

A praia de Icaraí sofre constantemente com a poluição, isso se deve ao fato

de que a praia está conectada diretamente à Baía de Guanabara, cartão postal do

Estado do Rio de Janeiro que à muito tempo vem sendo agredido, por diversas

fontes de poluição. Coelho (2007, p. 18), em outro trecho descreve os problemas de

poluição enfrentados pela Baía de Guanabara.

Hoje, são muitas as fontes de poluição: os rejeitos das indústrias, os derrames de óleo, os problemas com o lixo, as águas de drenagem urbana e o assoreamento, que agridem principalmente os espelhos d`água e

destroem os manguezais ainda existentes na baía.

A Baía de Guanabara sofre, portanto, o recebimento de diversos produtos

químicos sólidos e líquidos. Esses resíduos são lançados nesse ambiente natural

por variados tipos de indústrias, contaminando, dessa maneira, a água da Baía e,

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também, de todas as praias que se conectam à ela. Dentre as praias do município

de Niterói, ligadas diretamente à Baía de Guanabara, podemos citar a praia de

Icaraí, uma vez que ela é nosso objeto de estudo.

Os outros atores que contribuem para a poluição da Baía de Guanabara e,

consequentemente, da praia de Icaraí são, a saber, o despejo de óleo por parte de

atividades ligadas ao petróleo, além da própria população que joga lixo nas praias.

Com relação à população, é necessário que se crie uma cultura de

sensibilização em relação aos problemas ambientais. A população deve ter em

mente que sujar a praia com lixo é contribuir para a sua hostilidade. O governo

municipal deve lançar campanhas de sensibilização, incentivando as pessoas a

cuidarem dos espaços que frequentam, enquanto que as pessoas devem recolher

seus lixos na praia, coloca-los em uma sacola e depois depositá-los em lixeiras

adequadas.

FIGURA 36: POLUIÇÃO NA PRAIA DE ICARAÍ.

FONTE: site global garbage18. Foto tirada pelo leitor Paulo Mariano

FIGURA 37: POLUIÇÃO NA PRAIA DE ICARAÍ EM 17 DE ABRIL DE 2014

FONTE: site do jornal o globo19. Fotografia tirada por Gustavo Stephan.

18 Disponível em: http://www.globalgarbage.org.br/portal/2014/01/21/cartao-postal-de-niteroi-tomado-por-muito-lixo-e-mau-cheiro/ Acesso em: 07 jun 2018

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As fotos 36 e 37 referem-se à poluição na praia de Icaraí . Essa poluição

geralmente se concentra na praia de Icaraí em períodos de fortes chuvas ou em

épocas em que o mar fica de ressaca. A característica do lixo é diversa, pois vai

desde garrafas pet até eletrônicos como celulares. É comum vermos pedaços de

madeira, de brinquedos quebrados, embalagens de xampu inteiras, entre outros

materiais. Isso se deve ao ser humano que joga lixo nos rios e este por sua vez é

empurrado para a Baía, que depois o conduz até a praia de Icaraí.

2.6.1.1 Análise mensal de balneabilidade do mar da praia de Icaraí

Analisaremos a seguir o índice de poluição do mar que banha a praia de

Icaraí. Para isso, utilizaremos dados oficiais do Inea20. Esse órgão do governo faz

alguns dias por mês a coleta de amostras de água, em 4 pontos da praia de Icaraí, a

fim de verificar a qualidade da água do mar e sua possível utilização pela população

para a prática do lazer. Os pontos do mar em que a coleta de água é feita são: em

frente à esquerda da Pedra de Itapuca, em frente à Praça Getúlio Vargas, em frente

à Rua Otávio Carneiro e em frente à Rua Mariz e Barros.

TABELA 2: LEGENDA DE IDENTIFICAÇÃO DA ÁGUA PRÓPRIA E IMPRÓPRIA

LEGENDA

CORES SITUAÇÃO DA ÁGUA

ÁGUA PRÓPRIA AO BANHO

ÁGUA IMPRÓPRIA AO BANHO

FONTE: Elaboração própria, baseado nas cores usadas pelo Inea.

19 Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/bairros/lixo-na-praia-na-rua-comeca-render-multa-aos-sujoes-de-niteroi-15063269 Acesso em: 07 jun 2018 20 Instituto Estadual do Ambiente

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61

TABELA 3: BOLETIM DE BALNEABILIDADE DO MAR DA PRAIA DE ICARAÍ- NITERÓI 2018- ANÁLISE DO MÊS DE JANEIRO.

PRAIA

PONTO COLETA

LOCALIZAÇÃO (*)

Janeiro - 2018

2 4 10 15 18 22 25 29

ICARAÍ

IC003 À esquerda da Pedra de Itapuca

IC000 Em frente à Praça Getúlio Vargas

IC002 Em frente à Rua Otávio Carneiro

IC001 Em frente à Rua Mariz e Barros

Balneabilidade imprópria (CONAMA21 274/2000

Se o último resultado for superior a 400 (NMP de Enterococos22/100mL) ou se nas últimas 5 campanhas, dois ou mais resultados forem superiores a 100 (NMP de Enterococos/100 mL)

FONTE: Tabela de elaboração própria, adaptada da tabela original23 do INEA.

A tabela acima mostra os dias do mês de Janeiro em que foram coletadas

amostras dos quatro pontos do mar da praia de Icaraí. Foram oito dias de coleta da

água, sendo que, o primeiro dia de coleta foi 2, já o último dia foi 29. A água

coletada “à esquerda da Pedra de Itapuca”, revelou que dos oito dias de coleta e

análise, em sete a água estava imprópria para banho e apenas no dia 29 de Janeiro

a água apresentou bons índices higiênicos. Nesse ponto de coleta, dos 100% de

coletas feitas, em 87,50% a água estava com altos índices de poluição e em apenas

12,25% a água estava dentro dos padrões permitidos.

21 Conselho nacional do meio ambiente 22 Bactérias do grupo dos estreptococos fecais, pertencentes ao gênero “Enterococcus”. A maioria das espécies dos “Enterococcus” são de origem fecal humana. 23 A tabela original do INEA está disponível em: http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/documents/document/zwew/mtq4/~edisp/inea0148578.pdf . Acesso em: 05 mai 2018. OBS: Os dados da balneabilidade da praia de Icaraí nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril estão reunidos em uma mesma tabela, a original do INEA. Aqui por questões de tamanho da folha, foi adotado uma tabela para cada mês.

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62

As coletas de água recolhidas “em frente à Praça Getúlio Vargas” tiveram os

mesmos resultados do ponto de coleta anterior, pois dia 29 foi o único dia em que a

água desse ponto estava dentro dos padrões de poluição permitidos.

As amostras que foram pegas “em frente à Rua Otávio Carneiro” revelam

que dos 100% de coletas desse ponto de coleta, 87,50% apontaram índices

consideráveis de poluição do mar da praia, ou seja, 8/9. Em contrapartida, apenas 1

coleta ou 12,25% das coletas desse ponto apresentou uma porcentagem de

poluição aceitável. A data em que uma única amostra se mostrou positiva foi dia 2

de Janeiro.

As coletas pegas “em frente à Rua Mariz e Barros” tiveram os mesmos

resultados que as amostras pegas “em frente à Rua Otávio Carneiro”, inclusive o dia

2 de janeiro foi o único em que a amostra estava dentro dos padrões de poluição

aceitáveis.

TABELA 4: BOLETIM DE BALNEABILIDADE DO MAR DA PRAIA DE ICARAÍ- NITERÓI 2018- ANÁLISE DO MÊS DE FEVEREIRO.

PRAIA

PONTO COLETA

LOCALIZAÇÃO (*)

Fevereiro - 2018

1 5 7 15 19 22 26

ICARAÍ

IC003 À esquerda da Pedra de Itapuca

IC000 Em frente à Praça Getúlio Vargas

IC002 Em frente à Rua Otávio Carneiro

IC001 Em frente à Rua Mariz e Barros

Balneabilidade imprópria (CONAMA 274/2000

Se o último resultado for superior a 400 (NMP de Enterococos/100mL) ou se nas últimas 5 campanhas, dois ou mais resultados forem superiores a 100 (NMP de Enterococos/100 mL)

FONTE: Tabela de elaboração própria, adaptada da tabela original do INEA.

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63

A tabela acima se refere à poluição do mar da praia de Icaraí, no mês de

fevereiro de 2018. Ao todo foram 7 dias de coleta de amostras da água. Foram

escolhidos 4 pontos de coleta de água, sendo que ao todo foram recolhidas 28

amostras, 7 amostras pertencentes a cada um dos pontos de coleta. Os

pesquisadores do Inea pegaram 4 amostras em cada um dos 7 dias, ou seja, foi

recolhida 1 amostra de cada ponto de coleta por dia.

Ao analisarmos a tabela acima, percebemos que o ponto de coleta “em

frente à Praça Getúlio Vargas” foi o que apresentou os maiores índices de poluição

da água, pois das 7 amostras de água coletadas, em 7 o nível de poluição ficou fora

dos padrões aceitos pelo Inea, ou seja, esse ponto de coleta apresentou 100% de

suas amostras poluídas.

O ponto de coleta “à esquerda da Pedra de Itapuca” apresentou 85,71% de

suas amostras com os níveis de poluição acima do permitido pelo Inea, ou seja, das

7 amostras desse ponto de coleta, 6 apresentaram índices ruins de poluição, sendo

que apenas 1 amostra, recolhida no dia 5 de fevereiro, apresentou índices sanitários

adequados.

Os pontos de coleta “em frente à Rua Otávio Carneiro” e “em frente à Rua

Mariz e Barros” foram os menos poluídos, pois ambos os pontos obtiveram 42,85%

de suas amostras com índices aceitáveis de poluição, ou seja, das 7 amostras

desses 2 pontos de coleta, em 3 amostras os índices sanitários foram bons e em 4

os índices foram ruins, o que representa uma porcentagem de 57,15% de amostras

poluídas.

O dia 5 de fevereiro foi a data em que o mar da praia de Icaraí apresentou o

melhor índice de balneabilidade, uma vez que, dos 4 pontos de coleta, 3

apresentaram índices sanitários aceitáveis, ou seja, 75% dos pontos de coleta

apresentaram um baixo índice de poluição e apenas 1 ponto de coleta apresentou o

nível de poluição acima do permitido pelo Inea.

Nos dias 7 e 19 de fevereiro, o mar da praia de Icaraí apresentou 50% de

seus pontos de coleta dentro dos níveis de poluição permitidos, todavia, os outros

50% apresentaram índices de degradação acima do que o Inea permite, ou seja, dos

4 pontos de coleta, 2 estavam poluídos e 2 estavam com índices aceitáveis de

balneabilidade.

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64

Nos dias 1,15, 22 e 26 de fevereiro, a praia de Icaraí estava imprópria para

banho em todos os seus pontos de coleta, ou seja, dos 4 pontos de coleta, os 4

excederam o grau de poluição permitido pelo Inea. Desse modo, 100% dos pontos

de coleta de amostras estavam impróprios ao banho.

TABELA 5: BOLETIM DE BALNEABILIDADE DO MAR DA PRAIA DE ICARAÍ- NITERÓI 2018- ANÁLISE DO MÊS DE MARÇO. .

PRAIA

PONTO COLETA

LOCALIZAÇÃO (*)

Março - 2018

1 5 8 12 15 19 22 26

ICARAÍ

IC003 À esquerda da Pedra de Itapuca

IC000 Em frente à Praça Getúlio Vargas

IC002 Em frente à Rua Otávio Carneiro

IC001 Em frente à Rua Mariz e Barros

Balneabilidade imprópria (CONAMA 274/2000

Se o último resultado for superior a 400 (NMP de Enterococos/100mL) ou se nas últimas 5 campanhas, dois ou mais resultados forem superiores a 100 (NMP de Enterococos/100 mL)

FONTE: Tabela de elaboração própria, adaptada da tabela original do INEA.

A tabela acima se refere à poluição do mar da praia de Icaraí, no mês de

março de 2018. Ao todo foram 8 dias de coleta de amostras da água. Foram

escolhidos 4 pontos de coleta de água, sendo que ao todo foram recolhidas 32

amostras, 8 amostras pertencentes a cada um dos pontos de coleta. Os

pesquisadores do Inea pegaram 4 amostras em cada um dos 8 dias, ou seja, foi

recolhida 1 amostra de cada ponto de coleta por dia.

Ao analisarmos a tabela acima, percebemos que o ponto de coleta de

amostras “em frente à esquerda da Pedra de Itapuca“, assim como, os pontos de

coleta “em frente à Rua Otávio Carneiro” e “em frente à Rua Mariz e Barros”,

obtiveram na maior parte de suas amostras, índices de poluição além do permitido

pelo Inea. Das 8 amostras de cada um desses três pontos de coleta, 7 amostras

tinham água imprópria para o banho, sendo que apenas as amostras do dia 12 de

março estavam dentro dos padrões sanitários definidos pelo Inea.

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65

O ponto de coleta “em frente à Praça Getúlio Vargas” apresentou 6 amostras

com água imprópria e 2 amostras com água própria para o banho, ou seja, de 100%

das amostras desse ponto, 75% apresentaram água com altos índices de poluição e

25% apresentaram água com grau de poluição permitidos pelo Inea.

O dia 12 de fevereiro apresentou todos os 4 pontos de coleta de água com

bons índices sanitários, ou seja, as 4 amostras desse dia apresentaram água própria

para o banho, desse modo, 100% das amostras desse dia estavam dentro dos

padrões sanitários estabelecidos pelo Inea. No dia 19 de março de 2018 a praia de

Icaraí apresentou 75% dos seus pontos de coleta com água poluída, ou seja, dos 4

pontos de coleta de água, 3 estavam com índices sanitários prejudiciais à saúde

humana, e apenas em 1 ponto de coleta, a água estava dentro dos padrões

estabelecidos pelo Inea. Nos dias 1,5,8,15, 22 e 26 de março, todos os pontos de

coleta estavam com água imprópria para o banho de moradores e visitantes.

TABELA 6: BOLETIM DE BALNEABILIDADE DO MAR DA PRAIA DE ICARAÍ- NITERÓI 2018- ANÁLISE DO MÊS DE ABRIL

PRAIA

PONTO COLETA

LOCALIZAÇÃO (*)

Abril - 2018

2 5 9 12 16 19 24 26

ICARAÍ

IC003 À esquerda da Pedra de Itapuca

IC000 Em frente à Praça Getúlio Vargas

IC002 Em frente à Rua Otávio Carneiro

IC001 Em frente à Rua Mariz e Barros

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66

Balneabilidade imprópria (CONAMA 274/2000

Se o último resultado for superior a 400 (NMP de Enterococos/100mL) ou se nas últimas 5 campanhas, dois ou mais resultados forem superiores a 100 (NMP de Enterococos/100 mL)

FONTE: Tabela de elaboração própria, adaptada da tabela original do INEA.

A tabela acima se refere à poluição do mar da praia de Icaraí, no mês de

abril de 2018. Ao todo foram 8 dias de coleta de amostras da água. Foram

escolhidos 4 pontos de coleta de água, sendo que ao todo foram recolhidas 32

amostras, 8 amostras pertencentes a cada um dos pontos de coleta. Os

pesquisadores do Inea pegaram 4 amostras em cada um dos 8 dias, ou seja, foi

recolhida 1 amostra de cada ponto de coleta por dia.

Ao analisarmos a tabela acima, percebemos que o ponto de coleta de água

“em frente à Praça Getúlio Vargas”, apresentou o maior número de amostras com

índices sanitários toleráveis pelo Inea, pois das 8 amostras desse ponto de coleta, 7

apresentaram água própria para o banho das pessoas, ou seja, corresponde à

87,50% do total de amostras. Apenas 1 amostra, correspondente à 12,50% do total

de amostras, apresentou água imprópria.

Tanto o ponto de coleta “à esquerda da Pedra de Itapuca” quanto aquele ”

em frente à Rua Otávio Carneiro”, apresentaram os mesmos números de amostras

com água própria e imprópria para o banho das pessoas. Ambos os pontos de coleta

apresentaram 2 amostras com água poluída, o que corresponde à 25% do total de

amostras desses pontos. As amostras poluídas foram recolhidas nos dias 2 e 5 de

abril. As outras 12 amostras, 6 de cada um dos 2 pontos de coleta, apresentam água

com índices de poluição compatíveis com o estabelecido pelo Inea, correspondendo

à 75% do total de amostras.

O ponto de coleta “em frente à Rua Mariz e Barros” revelou que das 8

amostras, 6 apresentaram água com problema de poluição, ou seja, 75% das

amostras estavam com poluição acima do permitido pelo Inea. Em contrapartida,

somente 2 amostras tiveram água propícia ao banho de moradores e turistas, ou

seja, 25% das amostras. As amostras com resultados positivos foram colhidas nos

dias 5 e 26 de abril.

A tabela revela que houveram 2 unanimidades, já que no dia 2 de abril,

todos os 4 pontos de coleta apresentaram água imprópria para o banho, ou seja,

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67

100% dos pontos de coleta estavam com a poluição da água acima do tolerável pelo

Inea. Em contrapartida, no dia 26 de abril, todos os 4 pontos de coleta apresentaram

água propícia ao banho, ou seja, 100% dos pontos de coleta estavam com a

poluição da água dentro dos padrões permitidos pelo Inea.

No dia 5 de abril, 50% dos pontos de coleta, ou seja, 2 pontos, apresentaram

água imprópria para o banho de acordo com o Inea. Os outros 2 pontos de coleta

apresentaram água propícia ao banho, correspondendo à 50% dos pontos de coleta.

Nos dias 9, 12, 16, 19 e 24 de abril, o mar da praia de Icaraí apresentou 3 de

seus pontos de coleta com água própria para o banho, o que corresponde à 75%

dos pontos de coleta. Em apenas 1 ponto de coleta, correspondente à 25% dos

pontos de coleta, a água estava com grau de poluição adequado, segundo o Inea.

TABELA 7: BOLETIM DE BALNEABILIDADE DA PRAIA DE ICARAÍ- NITERÓI 2018- ANÁLISE DO MÊS DE MAIO.

PRAIA

PONTO COLETA

LOCALIZAÇÃO (*)

Maio - 2018

3 7 10 14 17 21 24

ICARAÍ

IC003 À esquerda da Pedra de Itapuca

IC000 Em frente à Praça Getúlio Vargas

IC002 Em frente à Rua Otávio Carneiro

IC001 Em frente à Rua Mariz e Barros

Balneabilidade imprópria (CONAMA 274/2000

Se o último resultado for superior a 400 (NMP de Enterococos/100mL) ou se nas últimas 5 campanhas, dois ou mais resultados forem superiores a 100 (NMP de Enterococos/100 mL)

FONTE: Tabela de elaboração própria, adaptada da tabela original do INEA.

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68

A tabela acima se refere à poluição no mar da praia de Icaraí, no mês de

maio de 2018. Ao todo foram 7 dias de coleta de amostras da água. Foram

escolhidos 4 pontos de coleta de água, sendo que ao todo foram recolhidas 28

amostras, 7 amostras pertencentes a cada um dos pontos de coleta. Os

pesquisadores do Inea pegaram 4 amostras em cada um dos 7 dias, ou seja, foi

recolhida 1 amostra de cada ponto de coleta por dia.

Ao analisarmos a tabela acima, percebemos que o ponto de coleta de água

“em frente à Praça Getúlio Vargas”, apresentou um maior número de amostras com

índices sanitários toleráveis pelo Inea, pois das 7 amostras desse ponto de coleta, 5

apresentaram água própria para o banho das pessoas, ou seja, correspondendo à

71,42% do total de amostras. Apenas 2 amostras, correspondentes à 28,58% do

total de amostras desse ponto, apresentaram água imprópria.

Tanto o ponto de coleta “em frente à Rua Otávio Carneiro” quanto aquele

”em frente à Rua Mariz e Barros”, apresentaram os mesmos números de

amostras com água própria e imprópria para o banho das pessoas. Ambos os

pontos de coleta apresentaram todas as suas amostras com água propícia ao

banho, o que corresponde à 100% do total de amostras desses pontos.

Ao analisarmos a tabela acima, percebemos que o ponto de coleta “em

frente à esquerda da Pedra de Itapuca” foi o que apresentou os maiores índices de

poluição da água, pois das 7 amostras de água coletadas, em 3 amostras o nível de

poluição ficou fora dos padrões aceitos pelo Inea, correspondendo à 42,85% do total

de amostras. Em contrapartida, 4 amostras obtiveram índices de poluição dentro dos

estipulados pelo Inea, ou seja, correspondendo à 57,15% do total de amostras.

A tabela revela que houveram 4 unanimidades, já que nos dias 7, 10, 21 e

24 de maio, todos os 4 pontos de coleta apresentaram água própria para o banho,

ou seja, 100% dos pontos de coleta estavam com a poluição da água dentro dos

padrões toleráveis pelo Inea.

Os dias 14 e 17 de maio, apresentaram 2 pontos de coleta, com índices de

poluição da água do mar, acima do permitido pelo Inea, correspondendo à 50% do

total de amostras desses dias. Em contrapartida, os outros 50%, ou seja, 2 pontos

de coleta de água, apresentaram amostras com índices de poluição dentro do

estabelecido pelo Inea. O dia 3 de maio foi o único que obteve 3 pontos de coleta de

água, com bons índices de balneabilidade, ou seja, 75% do total de amostras do dia.

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69

Apenas 1 amostra obteve índices de poluição acima do permitido pelo Inea,

correspondendo à 25% do total do dia.

2.6.1.2 Análise geral da balneabilidade do mar da praia de Icaraí

Após analisarmos a balneabilidade do mar da praia de Icaraí,

separadamente, nos meses de Janeiro, fevereiro, março, abril e maio, cruzaremos

os dados de todos os meses, visando obter uma visão geral e abrangente, do

quanto a poluição influencia a água do mar.

Foram coletadas ao todo, 38 amostras de cada um dos pontos de coleta. Ao

analisarmos o ponto de coleta “em frente à esquerda da Pedra de Itapuca”,

constatamos que das 38 amostras de água, em 25 amostras, o índice de poluição

estava acima do tolerável pelo Inea, ou seja, de 100% das coletas, 65,78% das

amostras de água estavam poluídas e apenas 34,22% das amostras, apresentaram

índice de poluição compatível com o determinado pelo Inea.

Ao verificarmos o ponto de coleta “em frente à Praça Getúlio Vargas”,

descobrimos que das 38 amostras de água, em 23 amostras, o índice de poluição

está além do aceito pelo Inea, ou seja, de 100% das coletas, 60,52% das amostras

de água estavam poluídas e apenas 39,48% das amostras, apresentaram bons

índices de poluição para o uso das pessoas.

Ao examinarmos o ponto de coleta “em frente à Rua Otávio Carneiro”,

constatamos que das 38 amostras de água, em 20 amostras, o índice de poluição

estava acima do tolerável pelo Inea, ou seja, de 100% das coletas, 52,63% das

amostras de água estavam poluídas e 47,37% das amostras, apresentaram índice

de poluição compatível com o determinado pelo Inea.

Ao analisarmos o ponto de coleta “em frente à Rua Mariz e Barros”,

descobrimos que das 38 amostras de água, em 24 amostras, o índice de poluição

está além do aceito pelo Inea, ou seja, de 100% das coletas, 63,15% das amostras

de água estavam poluídas e 36,85% das amostras, apresentaram bons índices de

poluição para o uso das pessoas.

Verificamos, desse modo, que todos os pontos de coleta estavam mais

impróprios do que próprios, pois cada ponto de coleta obteve água poluída em mais

de 50% de suas amostras. Ao ordenarmos os pontos de coleta do mais poluído para

o menos, constatamos que o ponto “em frente à Esquerda da Pedra de Itapuca”,

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70

apresentou a maior poluição, com 65,78%, seguido pelos pontos ”em frente à Rua

Mariz e Barros”, com 63,15%, “em frente à Praça Getúlio Vargas”, com 60,52% e

terminando com o ponto “em frente à Rua Otávio Carneiro”, com 52,63%.

Ao somarmos as 38 amostras de cada um dos pontos de coleta, temos um

total de 152 amostras, ou seja, 100%. Desse total de 152 amostras, verificamos que

em 92 amostras, correspondente à 60,52% do total de amostras, a água estava com

índice de poluição acima do estipulado pelo Inea. Em contrapartida, 60 amostras,

correspondentes à 39,48% do total de amostras, apresentaram água própria para a

utilização da sociedade. Há, portanto, um desequilíbrio entre o número de amostras

com água própria e imprópria ao banho de acordo com os padrões do Instituto

Estadual do Ambiente.

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71

3 PESQUISA DE CAMPO

3.1 DESCRIÇÃO DA METODOLOGIA DA PESQUISA DE CAMPO.

O levantamento de campo foi feito na praia de Icaraí. Ela conforme descrito,

anteriormente, localiza-se na zona sul do município de Niterói, entre as praias das

Flechas e de São Francisco, interior da Baía de Guanabara, no estado do Rio de

Janeiro.

Para a coleta de dados foram utilizadas duas técnicas de pesquisa

diferentes. Foram feitas duas visitas na praia de Icaraí, uma no sábado dia 9 de

maio, além de outra no domingo, dia 10 de maio. Ao visitarmos nosso objeto de

estudo, lançamos mão da técnica de pesquisa denominada observação simples. Gil

(2008) descreve que ao utilizar essa técnica, o pesquisador se mantém alheio à

situação que se pretende estudar e observa os fatos que ocorrem. Ele fala que o

pesquisador é mais um espectador do que um ator.

A observação teve como intuito, verificar o aspecto físico da Avenida

Jornalista Alberto Francisco Torres, do calçadão, da praia e do mar de Icaraí, além

de examinar os serviços e as relações sociais que se estabeleceram na praia,

nesses dois dias de visita. Em ambos os dias, a observação foi feita nos períodos da

manhã e da tarde.

Os resultados da observação foram: Percebemos a ausência de deficientes

visuais e cadeirantes na praia de Icaraí, notamos também, a falta de infraestrutura

do calçadão para receber os deficientes, a ausência de alguns mobiliários urbanos

fundamentais, pouco policiamento na orla da praia, o baixo uso dos quiosques pela

população, o grande número de pessoas que praticam esportes na praia e no

calçadão e que muitos indivíduos que frequentam a praia de Icaraí, não se banham

no mar.

Os resultados da observação simples serviram de base para selecionarmos

algumas categorias de análise, a saber, a acessibilidade, o lazer, a segurança, a

poluição e o mobiliário urbano presente na praia de Icaraí.

A outra técnica de pesquisa adotada para a coleta de dados foi uma

entrevista semiestruturada. Gil (2008) afirma que esse método de coleta de dados

permite aos entrevistados se expressarem de maneira mais livre acerca de

determinado fato ou assunto, ou seja, a entrevista foca nos detalhes dos

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72

depoimentos dos pesquisados. A entrevista contém 15 perguntas. Ela foi dividida

em duas partes, a primeira é composta por 5 perguntas mais abrangentes, pois

visam descobrir dos pesquisados os elementos de hospitalidade e de hostilidade da

praia de Icaraí, já a segunda parte conta com outras 10 perguntas, essas mais

direcionadas à cada um dos indicadores acima.

As perguntas que integram a primeira parte da entrevista semiestruturada

são: Por quais motivos você visita a praia de Icaraí? O que a praia de Icaraí tem que

a torna convidativa? Quais serviços e infraestruturas a tornam atrativa? Quais são os

pontos negativos da praia de Icaraí? O que a praia não tem e você acha que deveria

ter?

As questões que compõem a segunda parte da entrevista semiestruturada

são: O que você acha do acesso da praia de Icaraí para deficientes visuais e

cadeirantes? O que você acha da segurança na orla da praia? Qual é a sua opinião

acerca do lazer presente na praia? O que você acha da poluição da praia? Qual é a

sua opinião sobre os quiosques da praia de Icaraí? O que você acha da quantidade

e da qualidade das lixeiras na praia de Icaraí? O que você acha da ausência de

banheiros e chuveiros públicos na praia? O que você acha do número e da

qualidade dos bancos públicos da praia? O que você acha da ausência de telefones

públicos na orla da praia? O que você acha da iluminação noturna na praia de

Icaraí?

As entrevistas foram feitas na praia de Icaraí nos dias 12 e 26 de maio e 5

de junho. Ao todo entrevistamos 6 pessoas, 2 pertencentes à cada um dos dias. O

baixo número de entrevistados se justifica em razão de termos trabalhado com

muitas questões e adotado uma pesquisa qualitativa, ou seja, escrevemos as falas

de cada um dos pesquisados nesta monografia. As respostas da amostra foram

gravadas com o auxílio de um celular.

Dos 6 entrevistados, 3 pertencem ao sexo masculino e as outras 3 ao sexo

feminino. Captamos dados de pessoas com variadas faixas etárias. Nosso objetivo,

portanto, é obter respostas de indivíduos em diferentes fases da vida. As pessoas

que compuseram a amostra foram: Marcos, 54 anos; Márcia, 41 anos; Tauã, 25

anos; Patrick, 18 anos; Cristiane, 50 anos e Maria Elisabeth, 65 anos.

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73

3.1.1 Resultados da pesquisa de campo

Primeira parte: Corresponde as 5 primeiras perguntas da entrevista. Essas

questões são abrangentes, ou seja, não focam nos indicadores acessibilidade,

mobiliário urbano, lazer, segurança e poluição. As perguntas visam descobrir

aspectos positivos e negativos da praia de Icaraí.

Ao perguntarmos por quais motivos eles visitam a praia de Icaraí, o Marcos

de 54 anos, oriundo de Nova Friburgo, respondeu de modo educado e sorridente:

“Rapaz, eu tô aqui à passeio, tô com minha filha alí no salão, minha filha é modelo, aí de seis em seis meses eu venho aqui no salão pra ela cortar o cabelo. Aí eu fiquei aqui curtindo a praia que é muito bonita, bem cuidada, é tranquilo, né?”. ( MARCOS, 54 anos)

Podemos observar que a visita do Marcos à praia de Icaraí é consequência

de um compromisso social dele com sua filha, ou seja, seu principal objetivo era

ajudá-la e não visitar a praia, no entanto, ele descreve que ao vivenciar esse espaço

público, o achou “bonito” e “bem cuidado”. Ele também descreve que estava

“curtindo a praia”, desse modo, podemos depreender que essa praia para ele é um

ambiente de diversão e lazer.

A Márcia de 41 anos, oriunda de Niterói, relatou de modo veloz e simpático,

o seguinte em relação à mesma pergunta:

“A motivação é que meu filho estudo aqui, é perto, aí eu fico aqui sempre esperando dar a hora, e também porque eu gosto muito, o calçadão tem bastante gente também”. (MÁRCIA, 41 anos)

A principal motivação para a Márcia visitar a praia de Icaraí não é a praia em

si, mas sim porque ela situa-se perto do colégio de seu filho, desse modo, a Márcia

utiliza a praia para fazer hora. Todavia, ela também fala que gosta muito de fazer

hora nesse espaço público, pois ela gosta de observar a movimentação de pessoas

no calçadão. Isso nos permite descrever que a Márcia gosta da praia porque o

calçadão é bem movimentado. A Márcia utiliza como forma de lazer, a contemplação

da praia de Icaraí e das relações sociais estabelecidas nesse ambiente. A praia de

Icaraí, portanto, contribui para o desenvolvimento da participação social dela.

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Dumazedier (1973) defende que o lazer serve para o desenvolvimento da

participação social das pessoas.

O Tauã que nasceu e mora em Niterói, tem 25 anos e respondeu de modo

direto e educado:

“Então, só venho nessa praia aqui porque é perto da minha casa e a galera aqui vem jogar uma Altinha também, curtir um pouco o visual” (TAUÃ, 25 anos)

O Tauã deixa claro que o que lhe impulsiona a visitar a praia de Icaraí, são

três motivos, a saber, a proximidade dela em relação à sua casa, o lazer esportivo

presente nela e o visual que essa praia proporciona. Ao falar que visita a praia para

jogar altinha com os amigos, o Tauã revela que a praia serve como um ambiente de

socialização para ele. Artmann (2016) afirma que a prática esportiva auxilia na

interação social dos indivíduos.

O Patrick de 18 anos respondeu de modo interessado:

“Cara, é o meu quintal, é um lugar pra relaxar, tá ligado? dar uma abstraída da cidade, por isso que eu venho pra cá”. (PATRICK, 18 anos)

O Patrick, portanto, utiliza a praia de Icaraí para o relaxamento e para a

contemplação da paisagem natural. Ele enxerga a praia de Icaraí como a sua

segunda casa. Para ele a paisagem é um elemento de hospitalidade da praia de

Icaraí.

A Cristiane de 50 anos, também moradora de Niterói, respondeu de modo

alegre:

“Ah, essa praia é linda, eu gosto daqui, é a praia mais perto de casa pra mim, e também venho pegar um pouco de sol “ (CRISTIANE, 50 anos)

A Cristiane também cita a proximidade de casa como fator determinante

para frequentar a praia de Icaraí. Ela também relata que usufrui da praia para

relaxar, descansar e tomar um banho de sol. Descanso é um dos objetivos do lazer

segundo Dumazedier (1973).

A Maria Elisabeth de 65 anos respondeu a primeira questão falando:

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“Eu venho pela saúde, pra andar no calçadão, pra isso que eu venho, eu caminho, gosto de caminhar, então eu venho caminhar de manhã cedo, eu gosto também, porque eu acho que distrai a cabeça da gente” ( MARIA, 65 anos)

Maria Elisabeth frequenta a praia de Icaraí, basicamente para praticar o

lazer esportivo. Ela sempre caminha de manhã cedo, visando, desse modo, sua

saúde. Ela também afirma que caminhar ajuda a distrair sua cabeça. De acordo

com Dieckert (1984), a prática esportiva propicia a saúde.

Ao perguntarmos sobre o que a praia de Icaraí tem que a torna convidativa,

o Marcos respondeu:

“Aqui é a tranquilidade e a segurança que aqui tem, entendeu? e tudo limpinho, tudo tranquilo”.(MARCOS, 54 anos)

Na visão do Marcos, o que torna a praia de Icaraí convidativa é a sua

segurança e tranquilidade. Podemos deduzir da sua fala, que ele acha o

policiamento da praia bom.

A Márcia e o Patrick, no entanto, citaram a mesma coisa, ao falarem sobre o

que torna a praia de Icaraí atrativa. Segundo eles, a paisagem é o que torna esse

espaço público convidativo. O Patrick respondeu:

“Cara, ela não tem muito coisa interessante não, mas a vista dela é bem bonita, dá pra você ver o Cristo, tem o Mac alí, tem a igrejinha de São Domingos, o Pão de Açúcar, dá pra ver uma paisagem bem bonita, tá ligado?”( PATRICK, 18 anos)

O Tauã, a Cristiane e a Maria Elisabeth, em contrapartida, citaram outro

aspecto que torna a praia de Icaraí atrativa. Eles relataram que as pessoas que

frequentam esse espaço é que tornam a praia convidativa. O Tauã falou:

“só a galera mesmo cara porque a praia é imunda, só a galera, eu jogo futevôlei também, amador, então eu venho aqui brincar com os amigos” (TAUÃ, 25 anos)

A fala de Cristiane abaixo complementa o pensamento de Tauã. Ela

respondeu:

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“As pessoas, tipo assim, Icaraí é um bairro zona sul, né? você vê muita gente bonita, a praia não é muito agressiva igual Itacoatiara”. (CRISTIANE, 50 anos)

Entendemos, portanto, que as pessoas são vistas como um elemento de

hospitalidade da praia de Icaraí e, também, que segundo a Cristiane, muita das

pessoas que visitam a praia são bonitas.

Ao perguntarmos sobre quais infraestruturas e serviços que a praia tem que

a tornam convidativa, o Marcos respondeu:

“As calçadas né rapaz? estão bem cuidadas, né? são bem amplas, tem bastante espaço, a pessoa anda de bicicleta, não atrapalha os pedestres, bem legal”. (MARCOS, 54 anos)

O Marcos acredita que o calçadão da praia de Icaraí é bem estruturado,

pois permite que muitas pessoas o utilize ao mesmo tempo, seja tanto para andar à

pé como para andar de bicicleta. O marcos, portanto, destacou a qualidade de um

dos mobiliários urbanos da praia de Icaraí, revelando, desse modo, que esse

equipamento urbano é uma estrutura de hospitalidade da praia.

A Márcia, todavia, destacou outro mobiliário urbano. Ela falou:

“Quiosque, mas eu acho que deveria ter mais, né? eu acho muito caro também as coisas, né? porque por isso que talvez as pessoas não param muito, né? muito caro, guaravita três reais, podia botar dois e cinquenta”. (MÁRCIA, 41 anos)

A Márcia acredita que os quiosques representam uma boa infraestrutura da

praia de Icaraí, no entanto, ela faz duras críticas aos preços estipulados por quem

trabalha nessa estrutura, apontando que os altos valores das mercadorias são

responsáveis por criarem um ambiente de hostilidade, pois afastam os possíveis

consumidores. A Maria Elizabeth relatou:

“Eu acho que só tem os caras que vende o coco nos quiosques, que serviço não tem nenhum, né? serviço assim, a areia é limpa, varrida, assim, o calçadão, também é varrido, é limpinho, mas de serviço tá difícil” (MARIA, 65 anos)

A fala de Maria Elisabeth passa a impressão de que os quiosques que

vendem coco é a única opção de serviço que há na praia de Icaraí, e ainda assim,

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ao falar que “só tem os caras que vendem coco”, ela transmite a ideia de que os

quiosques são mal estruturados. O Tauã relatou:

“No Clube Central alí, tem uns refletores e dá para praticar o esporte, mas em outras partes da praia, falta um pouco de infraestrutura pra praticar o esporte, entendeu?” (TAUÃ, 25 anos)

Segundo Tauã, a iluminação pública em frente ao Clube Central é um

elemento de hospitalidade da praia de Icaraí, no entanto, ele explica que em outros

trechos falta infraestrutura de iluminação. Podemos depreender que nesses trechos

que possuem ausência de luz, impera a hostilidade pública, uma vez que a escuridão

prejudica a prática esportiva à noite e expõe as pessoas a roubos e agressões.

Ao perguntarmos quais infraestruturas e serviços tornam a praia de Icaraí

atrativa, o Patrick respondeu:

“Cara, acho que aqui não tem muito serviço não, nem tanta infraestrutura também, tipo eu venho mais por mim mesmo, não é por causa de serviço nem nada não, mas aqui tem várias escolinhas de altinha, sabe? futevôlei, eu acho que isso é um serviço legal da praia, só que eu venho mais por mim mesmo.”( PATRICK, 18 anos)

O Patrick deixa claro que para ele a praia de Icaraí é precária em serviços.

Ele cita que as escolinhas de lazer esportivo é o melhor serviço que esse espaço

público possui. A Cristiane, todavia, destaca outro serviço como o de destaque da

praia de Icaraí. Ela fala que os eventos realizados na praia de Icaraí são sempre

muito bons.

Ao perguntarmos sobre os pontos negativos da praia, o Marcos respondeu:

“rapaz, no momento, eu não observei nenhum ponto negativo não cara, aqui está bem estruturada a praia, bem cuidada”.(MARCOS, 54 anos)

O Marcos acredita que a praia não possui pontos negativos, para ele, a praia

apresenta todos os serviços e infraestruturas necessárias. Os outros entrevistados,

no entanto, observaram diversos fatores negativos relacionados à praia de Icaraí. A

Márcia falou:

“Esgoto, esgoto, esgoto”.(MÁRCIA, 41 anos)

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A Márcia é bem incisiva ao dizer que o esgoto é o principal problema vigente

na praia de Icaraí, ela acredita que a poluição do mar faz com que esse ambiente se

torne impraticável. O Tauã, o Patrick, a Cristiane e a Maria Elizabeth concordam e

reforçam o pensamento da Márcia, pois em algum momento de seus depoimentos

todos citam a poluição como um dos principais aspectos negativos da praia de

Icaraí. O Tauã relatou:

“Cara, os pontos negativos da praia, como eu te falei é a iluminação à noite, aqui eu acho fraco, segurança aqui à noite não tem também, o mar também tem dia que tá limpo, tem dia que não tá, a galera que consome aqui bebida na praia, invés de jogar o lixo fora, deixa lixo na rua, deixa aí na areia, isso aí cai um pouco a qualidade da praia”. (TAUÃ, 25 anos)

O Tauã é muito crítico com relação aos problemas existentes nesse espaço

público. Ele cita desde problemas relacionados à iluminação noturna, até os

problemas ligados à poluição. No que tange a essa temática, ele chama atenção

para o fato de que as pessoas contribuem para a degradação, pois segundo ele,

elas jogam lixo na rua e na areia, prejudicando a qualidade do ambiente. O Patrick

concorda com o Tauã, pois ele respondeu:

“Pô, aqui é bem poluído e também de noite ela é perigosa, por causa da região e tal, porque aqui tá ficando muito perigoso, só isso mesmo”. (PATRICK, 18 anos)

O Patrick conversa com o Tauã, na medida em que ambos citam a poluição,

mas também a segurança como aspectos negativos da praia de Icaraí e que

prejudicam a hospitalidade desse espaço urbano. A Cristiane, todavia, além da

poluição citou outro aspecto negativo da praia.

“O calçadão eles deram uma melhorada, mas antes tava um pouquinho pior, meio esburacado, assim, mas como aqui é um bairro zona sul, né? eles sempre tão dando um consertinho, hoje a praia tá meia suja, mas sempre tem o cara da Clin limpando, né? até porque aqui é um bairro zona sul, não pode ficar muito largado, né? eles sempre cuidam mais do que tipo Centro, Fonseca”. (CRISTIANE, 50 anos)

A Cristiane declara que o calçadão da praia estava ruim, já que ele possuía

alguns buracos. Ela, entretanto, acredita que pelo fato dessa estrutura se encontrar

situada em um bairro nobre como Icaraí, os problemas são rapidamente resolvidos

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ou pelo menos diminuídos. A Maria Elizabeth cita outros elementos de hostilidade da

praia de Icaraí, além da poluição. Com um rosto de insatisfação ela relatou o

seguinte:

“A falta de banheiro pras pessoas, a poluição da água e os quiosques que podiam ser melhores”. (MARIA, 65 anos)

A Maria relatou que a ausência de banheiros públicos na praia de Icaraí é

um grave problema a ser resolvido. Ela também nos revelou que acha os quiosques

pouco estruturados.

Ao perguntarmos sobre o que a praia de Icaraí não tem e que deveria ter, o

Marcos respondeu de modo pensativo:

“rapaz, aí é uma pergunta meio difícil, porque observando aqui em todas as praias que eu já fui, eu acho que isso aqui já contém todos os contextos, eu acho que aqui já tem tudo já cara, aqui é bem organizado.” (MARCOS, 54 anos)

O Marcos não enxerga que falta algo na praia de Icaraí, para ele esse

espaço já é muito bem organizado. Tanto a Márcia, quanto o Tauã e a Cristiane

afirmam que a praia não tem segurança e que deveria ter. A Márcia falou:

“Eu acho que, no meu ponto de vista não tem segurança, porque tem aqueles policiais lá, mas eles não faz nada, porque eu já vi um assalto do lado deles e eles não faz nada, deveria ter mais segurança andando”. (MÁRCIA, 41 anos)

A Cristiane corrobora com a fala da Márcia, pois ela também descreve a falta de

ação por parte dos policiais que vigiam a orla. A Cristiane falou:

“Não é que não tenha, mas eu acho que deveria ter mais, assim, policiamento. Outro dia tinha uma moça caminhando e gritando que tava sendo assaltada, aí tinha uma cabine da polícia, mas não tinha nenhum policial e aqui é um bairro que muita gente caminha cedo, idosos, eu acho que deveria ter mais policiamento”. (CRISTIANE, 50 anos)

A Cristiane, desse modo, relatou a ineficiência da polícia quanto à segurança

na praia de Icaraí. Quem concordou com a Cristiane em seu depoimento foi o Tauã

que destacou que deveria haver mais ”segurança”, “infraestrutura de iluminação” e

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“pessoas praticando o esporte”. A Maria Elizabeth falou de outro aspecto na hora de

responder o que a praia não tem e deveria ter.

“não tem um banheiro, né? podia ter banheiro pras pessoas que tão caminhando, tem muita gente que caminha e as vezes tem necessidade de ir no banheiro e não pode, porque não tem esse serviço, esses quiosques de coco também podia ser melhores”. (MARIA, 65 anos)

A Maria relata que as pessoas que caminham no calçadão da praia de Icaraí

ficam entregues à própria sorte, pois não possuem um local digno para aliviar uma

de suas mais importantes necessidades fisiológicas. Ela também reclama da

infraestrutura dos quiosques de coco. O Patrick, no entanto, respondeu algo

totalmente diferente.

“Pô, ela já teve aquele trampolim, sabe? já ouviu falar? podia voltar à ter, ía ser do caralho mano, se botassem de volta eu ía direto”. (PATRICK, 18 anos)

O Patrick mencionou o trampolim que durante muito tempo ficou em

funcionamento na praia de Icaraí, mas já foi destruído por questões de segurança de

banhistas. Durante muito tempo esse trampolim foi um centro de lazer da praia.

Segunda parte da entrevista: Corresponde às perguntas voltadas aos indicadores

acessibilidade, mobiliário urbano, lazer, segurança e poluição.

Ao perguntarmos sobre o acesso do calçadão da praia de Icaraí para

deficientes visuais e cadeirantes, o Marcos respondeu:

“É rapaz, aí tá faltando mesmo, observando esses pontos aí, acho que tá faltando muita coisa aqui”. (MARCOS, 54 anos)

Em um primeiro momento, ao ser perguntado sobre quais serviços e

infraestruturas faziam a praia de Icaraí atrativa, ele respondeu o calçadão, porém ao

ser sensibilizado a pensar no público deficiente ele modificou sua opinião, dizendo

que esse equipamento urbano está com carências. Ao ser indagada com a mesma

pergunta, a Márcia respondeu:

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Nenhum, não tô vendo nenhuma faixa, nenhum piso, nada, não tem nada, é isso que eu tava olhando, o calçadão é de pedra e que eu tropeço, porque eu vivo tropeçando, eu mesma que não tenho deficiência nenhuma, eu vivo caindo aí, tropeçando”. (MÁRCIA, 41 anos)

A Márcia deixa claro que acha o calçadão hostil para com os deficientes,

segundo ela, não há qualquer tipo de sinalização que auxilie os deficientes visuais e

cadeirantes a aproveitar esse espaço público. Ela ainda afirma que vive tropeçando

no calçadão de Icaraí mesmo não sendo deficiente.

O Tauã concorda com a Márcia e com o Marcos, ao relatar que o número

de acessos para os deficientes é fraco. A Cristiane, no entanto, enxerga que o

calçadão é hospitaleiro para os cadeirantes e não para os deficientes visuais. Ela

falou:

”bom, acho que é boa, porque eu reparo que tem bastante aquela rampa, né? pra descer até a areia, assim na calçada eu vejo muitas pessoas empurrando cadeirantes, assim, eu acho que em relação ao centro, é bem melhor que o centro no caso, mas no caso dos deficientes visuais, eles deveriam visualizar mais esse pedaço para os cegos, agora pros cadeirantes eu acho que tem” (CRISTIANE, 50 anos)

A Cristiane acredita que a facilidade das pessoas em empurrar os

cadeirantes no calçadão de Icaraí, é o que determina a hospitalidade desse

equipamento, entretanto, ela desconhece as normas de acessibilidade defendidas

por Grinover (2007) e pela NBR 9050. A qualidade da acessibilidade está baseada

justamente, na possibilidade dos deficientes se deslocarem sem a ajuda de outras

pessoas. A Cristiane também falou que os cegos não possuem qualquer tipo de

auxílio para se deslocarem. Maria Elizabeth também citou que o calçadão é

hospitaleiro para os cadeirantes e não para os deficientes visuais. Ela relatou:

“Olha, pra deficiente físico fizeram uma rampa alí, né? pra ter acesso pra deficiente, cadeirantes essas coisas, mas pra visuais não tem nada, né? visuais eu não vejo nada aqui pra pessoas cegas não”. (MARIA, 65 anos)

É evidente, portanto, que os cadeirantes ainda possuem alguma

infraestrutura na praia de Icaraí, embora ela não seja adequada. Em compensação,

os deficientes visuais não possuem nada. O Patrick conversa com Maria, na medida

em que ele tem uma opinião parecida com a dela. Ele disse:

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“Olha aqui tem duas descidas pra cadeirantes, duas é, e pra cego não, nada, nada, nada, mas cadeirantes eu já vi até alguns, eles descem pela rampinha e o pessoal até ajuda, mas isso é muito raro”. (PATRICK, 18 anos)

Patrick fala três vezes a palavra “nada”, visando, desse modo, enfatizar que

os deficientes visuais sofrem bastante para se deslocarem sozinhos pelo calçadão

da praia de Icaraí. Ele também descreve que já até viu uns cadeirantes na praia,

mas isso é raro.

Ao perguntarmos sobre a segurança na orla da praia, o Marcos respondeu:

“Rapaz, eu ia falar isso agora, com tanto segurança e policial, eu tô aqui, sentado aqui quase duas horas, não vi nenhum policial passar aqui em frente, entendeu? Eu vi uns carros passar na rua, mas policial no calçadão, aqui eu acho que não tem”. (MARCOS, 54 anos)

O Marcos deixa evidente que, no dia em que estava na praia de Icaraí, não

viu nenhum tipo de policiamento no calçadão. Podemos dizer que nessas duas

horas houve uma hostilidade para com os frequentadores da praia, pois eles ficaram

sob o perigo de assaltos. A Márcia reforça a fala do Marcos ao afirmar que não há

segurança na praia de Icaraí. Ela falou:

“Nada, não vejo nada, a gente quer mexer no celular aqui e não consegue nem mexer, não dá nem pra mexer, é complicado, né? a qualidade do policiamento é péssima, a gente não tem segurança”. (MÁRCIA, 41 anos)

A Márcia fala que sua insegurança chega a ser tanta que ela não tem

coragem nem de mexer no seu celular. A Cristiane concorda com a Márcia e afirma

que não vê policiamento na praia de Icaraí. O Tauã fala que até tem policiamento,

mas não todo o tempo.

“Só na parte da manhã, inclusive, tava comentando esses dias com um amigo meu, que a gente frequenta aqui junto, que tem esse “Niterói mais seguro”, só que a segurança só tem de manhã até às 5 horas da tarde, depois não tem mais segurança, vire mexe passa um carro de polícia, mas pro índice de roubo aqui que tá muito grande, não atende, o policiamento” (TAUÃ, 25 anos)

A fala de Tauã nos permite dizer que em relação à segurança, a praia de

Icaraí produz uma hospitalidade parcial, uma vez que durante o período da noite não

existe o policiamento. O Patrick falou que acha a segurança boa, pois ele vê toda

hora policiais andando pela orla.

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“Costumo ver bastante até, toda hora passa um carro de polícia militar ou então aquele niterói presente, já ouviu falar? tá direto aí”. (PATRICK, 18 anos)

O Patrick revelou-nos que nem gosta de polícia, mas que sempre ele vê

policiais passando de carro pela orla da praia, principalmente as pessoas que

compõem a operação chamada de “Niterói presente”. A Maria Elizabeth respondeu:

“Agora que colocaram aí o pessoal da prefeitura, né? tá melhor, mas policial mesmo nem tem, né? tem muito pouco, não tem nada, antigamente ainda tinha um carro que parava alí, agora nem para, e também não tem muita coisa não, acho que Niterói tá devendo ainda muito de segurança”. (MARIA, 65 anos )

A Maria Elizabeth fez uma declaração expondo que antigamente tinha um

carro de polícia que ficava parado na orla, mas que agora dificilmente vê

policiamento, só vê os encarregados da prefeitura.

Quando perguntamos o que eles achavam sobre o lazer na praia de Icaraí,

não obtivemos respostas contrastantes, pois todos os 6 entrevistados falaram que a

praia possui muita boa qualidade e variedade de lazer. A Márcia respondeu:

“Olha só! eu sei que tem bastante negócio de fit, tem esse negócio na praia né? eu já fui até chamada pra vir, só que eu não achei um tempinho pra mim vir. Eu acho que é bom porque aqui tem várias atividades, pra criança, né? futebol, até as escolas eu acho que vem pra cá pra participar” (MÁRCIA, 41 anos)

O Patrick Macedo reitera o que foi dito pela Márcia e dá mais exemplos de

atividades fornecidas pela praia.

“Pô cara, eu acho excelente aqui, tem bastante coisa, slackline, futevôlei, vôlei também, tênis, várias paradas assim, eu acho excelente aqui”. (PATRICK, 18 anos)

Tanto o Patrick quanto a Márcia e os outros entrevistados, mostraram-se

satisfeitos e atendidos em suas necessidades esportivas. O lazer é, desse modo, um

indicador de hospitalidade pública na praia de Icaraí. Artmann (2016) afirma que as

pessoas que praticam esportes ficam mais contentes e com maior autoestima.

Ao perguntarmos o que eles achavam da poluição na praia de Icaraí, todos

os 6 entrevistados declararam que a poluição é um problema gigante. Conseguimos

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reunir, entretanto, respostas intrigantes, pois elas mostraram uma incoerência entre

a fala e a ação dos indivíduos. As respostas que mais chamaram atenção foram as

da Márcia, Cristiane e principalmente a do Patrick. A Márcia disse:

“Eu acho que a poluição é péssima né? porque a poluição impede a gente de vir na praia, eu venho mais pra passear, às vezes, assim quando o mar tá limpo, às vezes eu trago meu filho, mas se eu chegar aqui e o mar tá péssimo, ele não entra não” (MÁRCIA, 41 anos)

Podemos verificar que apesar de achar o mar poluído, a Márcia às vezes

leva seu filho para se banhar no mar da praia. No entanto, não há como saber se o

mar está ausente de perigos para a saúde humana, pois existem poluentes que não

podem ser identificados a olho nu. A Cristiane tem a mesma atitude da Márcia. Ela

nos falou que:

“A poluição, né? destrói o meio ambiente né? contamina a água, causa doenças, eu acho que é importante a gente cuidar da limpeza da praia, né? até porque vem muita criança também na praia. [...] é muito difícil eu cair nessa água, eu gosto mais das praias de Itaipu, mas quando eu venho aqui, é difícil tomar banho, mas eu tomo, não tenho problema com isso não. Essa praia aqui antigamente era bem melhor, vamos dizer que ela ficou bem poluída de uns anos pra cá, ela era muito limpinha essa praia. É uma pena não cuidarem deste mar tão bonito”. (CRISTIANE, 50 anos)

A Cristiane descreveu alguns efeitos da poluição, dentre os quais ela

destacou a transmissão de doenças. O mais impressionante desse depoimento é

que ele apresenta uma contradição, pois mesmo sabendo dos riscos que corre ao

banhar-se no mar, a Cristiane falou que quando vai à praia de Icaraí acaba

mergulhando na água que a banha. O Patrick também falou de modo similar.

“Olha, o pessoal que vem aqui na praia de Icaraí já sabe que a praia é suja, aí tipo turisticamente, eu acho que pra pessoa que vem assim de fora, pela primeira vez, é um impacto, tá ligado? pra ver uma água suja assim, mas tipo pra quem já mora aqui, pro pessoal que já tá acostumado já, é tranquilão entrar na praia, tá ligado? tenho várias amigas que a água tá nojenta entra mesmo assim, já tá acostumado já, tá ligado?” (PATRICK, 18 anos)

O Patrick fala que a poluição não assusta e nem amedronta mais ninguém, pois

quem mora perto da praia ou quem já está acostumado a visitá-la, não tem receio de

tomar banho no mar.

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Ao perguntarmos sobre o número e a qualidade de quiosques, assim como,

as opções de produtos destes, reunimos as seguintes opiniões. O Marcos

respondeu:

“Rapaz, eu não posso opinar muito sobre isso não, pois quase nunca venho pra Icaraí, mas pelo que eu observei hoje aqui, até que tem uma boa quantidade, mas as opções de produtos eu não sei, pois quando venho aqui não compro nada nos quiosques.” (MARCOS, 54 anos)

Percebemos que por ser de Nova Friburgo, o Marcos não vivencia o

cotidiano da praia de Icaraí, por isso, ele desconhece algumas informações que

exigem a observação e a participação contínua. A Cristiane achou o número e a

qualidade dos quiosques boa, porém reclamou da diversidade de produtos. A Maria

Elizabeth falou que tem bastante quiosque, no entanto, ela reclamou da qualidade

deles e da diversidade de produtos, pois segundo ela é pouca. Tanto a Márcia como

o Tauã, acham a quantidade e a qualidade dos quiosques ruins. Ambos acham fraca

a variedade de produtos. O Tauã falou em relação aos quiosques:

“É ruim, os quiosques aqui na verdade, só servem água de coco, bebida, eu acho que poderia ter um quiosque mais pra comida, pra chamar a população que mora aqui em Icaraí, frequentar mais aqui, entendeu? fazer com que a praia se torne melhor, às vezes, você quer comer alguma coisa e as pessoas acabam preferindo ir pra região oceânica, Itacoatiara, Camboinhas, porque lá tem os quiosques que servem comida, aqui só servem bebida. A pessoa acaba vindo pra cá pra praia, fica um pouco, mas poderia ficar mais tempo e devido a esse fator do quiosque não servir alimentação, cai um pouco a qualidade dos frequentadores”. (TAUÃ, 25 anos)

O Tauã, desse modo, afirma que a praia de Icaraí deixa de ser atrativa para

as pessoas do próprio bairro, pois a falta de diversidade de alimentos nos quiosques

da praia de Icaraí contribui para o turismo das praias da região oceânica, uma vez

que há uma grande migração de pessoas para aquela região.

Ao perguntarmos sobre a quantidade e a qualidade das lixeiras no calçadão

da praia de Icaraí, o Marcos, o Tauã, a Maria e a Cristiane acham bom o número e a

qualidade das lixeiras, no entanto, eles destacam que não adianta ter um grande

número de lixeiras se as pessoas não se conscientizam em jogar o lixo no lixo. A

Cristiane falou:

“Eu tô vendo bastante lixeiras, mesmo assim, ainda há pessoas que jogam lixo no chão, né? daqui pra lá, tô vendo bastante lixeiras, mas é complicado,

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né? então é muito difícil, você aprende as coisas, tipo assim, jogar lixo no lixo, você aprende em criança, mas mesmo assim, você vê muitos adultos tipo, chupa uma bala, um picolé, vai lá e joga o lixo no chão, né? é complicado isso. Você colocar na cabeça de cada um que o lixo é no lixo, é muito complicado. (CRISTIANE, 50 anos)

A fala de Cristiane deixa claro que os seres humanos também são

responsáveis pela hospitalidade dos espaços e dos mobiliários urbanos. Não

adianta, portanto, investir em equipamentos urbanos, se as pessoas não colaboram

para o seu adequado uso.

A Márcia falou que quando veio anteriormente não viu muita lixeira, mas que

na volta o número havia aumentado muito. O Patrick foi o único a falar mal desse

mobiliário urbano.

“Horrível, deveria não só ter mais lixeira, como o sistema de coleta também ser melhor, sabe? porque tipo, nego bota uma lixeira alí no negócio, aí pô, quando tu vai ver, a lixeira já tá entupida, jogando pra fora e ninguém vem recolher tá ligado? aí nem tem como, tinha que ter mais lixeira para melhorar a coleta”. (PATRICK, 18 anos)

O Patrick fala que a quantidade de lixo é muita e o recolhimento por parte da

empresa de coleta não é eficiente.

Ao perguntarmos da ausência de chuveiros e banheiros públicos na orla da

praia de Icaraí, todos os 6 entrevistados alegaram que isso é um problema grave. A

Maria Elizabeth Falou:

“Acho um horror, podia ter chuveiro e banheiro, porque a gente às vezes tá caminhando, fica apertada pra ir no banheiro e não tem onde ir. Acho que toda praia devia ter banheiro público, assim, pras pessoas que fazem exercício, praticam o esporte, o pessoal que tá caminhando”. (MARIA, 65 anos)

O Patrick complementa a fala de Maria Elizabeth ao falar que todos os

quiosques da praia de Icaraí deveriam ter banheiro público. Ele também fala que os

chuveiros ajudariam a tirar o sal da água do mar.

Ao perguntarmos sobre o número e a qualidade dos bancos públicos

presentes no calçadão da praia de Icaraí, obtivemos várias respostas. O Marcos, a

Márcia, a Cristiane e o Patrick falaram que os bancos deveriam ser mais

confortáveis. O Marcos declarou:

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“Poderiam ser melhores, pois as vezes vem pessoa mais idosa que quer encostar, que não consegue ficar igual a gente, né?”. (MARCOS, 54 anos)

O Marcos, portanto, indica a falta de encosto para as costas como um fator

de hostilidade desse mobiliário urbano. A Maria Elizabeth, entretanto, indica o fator

numérico como o elemento de hostilidade desse equipamento urbano. Para ela

existem poucos bancos no calçadão da praia. O Tauã vai contra o pensamento de

todos ao falar que “acha excelente os bancos públicos na praia”.

Ao perguntarmos sobre a ausência de telefone público na orla da praia de

Icaraí, o Marcos relatou:

“É péssimo mesmo, se quiser usar um telefone rápido não tem como”. (MARCOS, 54 anos)

O Marcos acha que a falta de orelhões públicos na orla da praia de Icaraí,

acaba prejudicando a hospitalidade desse espaço público. Ele fala que em um

momento de urgência não tem como se comunicar rápido com ninguém. A Márcia

falou que não existe telefone público na praia de Icaraí. Ela ainda revela que os

poucos que existem, geralmente, estão estragados por causa da própria população

que degrada esse equipamento. O Tauã, a Maria Elizabeth, a Cristiane e o Patrick

enxergam os orelhões hoje como artigos de cortesia das cidades. O Tauã falou:

“Hoje em dia todo mundo tem celular, né? usam bastante. [...] se tiver uma opção maior de orelhão pra nesse caso, assim, de uma urgência ou ficar sem bateria e você conseguir telefonar, é bom, mas influenciar hoje em dia, acho que não”. (TAUÃ, 25 anos)

Podemos falar, então, que o uso do celular tem tornando o telefone público

cada vez mais obsoleto, pois o primeiro oferece mais possibilidades de contato do

que os orelhões. A ausência de telefone público, portanto, não tem sido vista como

um fator de hostilidade pelas pessoas que visitam a praia.

Ao perguntarmos sobre a iluminação pública na praia de Icaraí à noite, o

Marcos respondeu:

“Infelizmente eu não posso te ajudar rapaz, eu nunca vim aqui de noite, como moro em Friburgo, só venho aqui algumas vezes”, (MARCOS, 54 anos)

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Podemos observar que a distância impede que o Marcos verifique a hospitalidade da

iluminação da praia de Icaraí. A Cristiane acha a iluminação da praia de Icaraí boa.

O Patrick relatou que a iluminação contempla as práticas esportivas, porém perto do

mar fica bem escuro. Em contrapartida, a Márcia, o Tauã e a Maria Elizabeth acham

a iluminação ruim. O Tauã relatou:

“A iluminação não atende as necessidades das pessoas, como te disse antes, só perto do clube Central é que a iluminação é melhor, mas no geral não atende.” (TAUÃ, 25 anos).

3.1.2 Análise do resultado da pesquisa de campo

Primeira parte

Ao analisarmos as respostas dos entrevistados quanto aos motivos que os

levam a visitar a praia de Icaraí, conseguimos perceber que dos 6 entrevistados, 2

visitam a praia pela proximidade de casa, os outros 2 visitam a praia para fazer hora,

enquanto que 1 pessoa vai à praia para relaxar, além de outra pessoa que vai à

praia por questões de saúde. Depreendemos, portanto, que os fatores que mais

influenciam a visita à praia de Icaraí nessa amostra são, a saber, a proximidade da

casa das pessoas com a praia, além de fazer hora.

Ao analisarmos as respostas dadas, ao perguntarmos o que a praia de

Icaraí tem que a torna convidativa, notamos que dos 6 entrevistados, 3 pessoas

responderam que eram as pessoas que frequentam a praia, já outras 2 pessoas

declararam que era a paisagem, em contrapartida, 1 pessoa respondeu a segurança

e tranquilidade. Concluímos, desse modo, que a maior parte da amostra acha as

pessoas o elemento mais atrativo da praia de Icaraí.

Ao verificarmos as respostas dadas, ao perguntarmos quais serviços e

infraestruturas tornam a praia de Icaraí atrativa, percebemos que de 6 pessoas

entrevistadas, apenas 2 indivíduos responderam quiosques, os outros entrevistados

deram respostas diferentes entre si. 1 pessoa relatou que as calçadas são a

infraestrutura que confere atratividade à praia de Icaraí. Outro pesquisado, no

entanto, declarou que as escolinhas de esportes é o serviço que deixa a praia

atrativa. Um outro ser humano, todavia, falou que os refletores do calçadão é uma

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das estruturas atrativas da praia de Icaraí. Um último pesquisado respondeu que a

infraestrutura para sediar eventos é o que torna a praia de Icaraí atrativa. Os

entrevistados, no entanto, apontaram problemas em relação a diversidade de

produtos comercializados pelos quiosques e, também, em relação aos refletores.

Ao examinarmos as respostas dadas, ao perguntarmos sobre os pontos

negativos da praia de Icaraí, verificamos que de 6 pessoas pesquisadas, 5 pessoas

apontaram a poluição como o principal fator negativo da praia de Icaraí. No entanto,

dessas 5 pessoas, 4 também falam de problemas secundários, pois 2 indivíduos

citam o problema da segurança à noite, 1 respondente relata os problemas do

calçadão da praia, 1 entrevistado fala do problema da ausência de banheiros

públicos e da má infraestrutura de quiosques. Apenas 1 respondente não achou

pontos negativos na praia além da poluição.

Ao analisarmos as respostas dadas, ao perguntarmos o que a praia não tem

e deveria ter, constatamos que de 6 pessoas respondentes, 3 pessoas responderam

que deveria ter mais segurança, 1 pessoa, declarou que faltam banheiros públicos,

já 1 outro indivíduo disse que deveria ter o trampolim da praia de Icaraí de volta.

Apenas 1 pesquisado falou que a praia já tem tudo. Percebemos, desse modo, que

o fator segurança é o que as pessoas mais sentem falta.

Segunda parte

Ao verificarmos as respostas dadas, ao perguntarmos o que as pessoas

acham do acesso do calçadão da praia para deficientes visuais e cadeirantes,

percebemos que de 6 pessoas pesquisadas, as 6 acham que o calçadão não é

adaptado aos deficientes, no entanto, 3 indivíduos falam que até tem estrutura para

cadeirantes por causa das rampas, mas para os deficientes visuais não há nada.

Ao examinarmos as respostas dadas, ao perguntarmos o que as pessoas

acham da segurança na praia de Icaraí, constatamos que de 6 pessoas

pesquisadas, 5 pessoas responderam que o policiamento não é bom. Desses 5

indivíduos, 2 até disseram que tem policiamento, mas para a violência dos dias

atuais, o número de policiais não supre a demanda. 3 pesquisados declararam que

não enxergam nenhum policiamento na praia, inclusive, 1 respondente desses 3

pesquisados entrou em contradição, pois havia mencionado, anteriormente, que a

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segurança e a tranquilidade eram os atrativos da praia de Icaraí. Apenas uma

pessoa achou a praia segura.

Ao analisarmos as respostas dadas, ao perguntarmos sobre o que as

pessoas achavam do lazer na praia de Icaraí, percebemos que de 6 respondentes, 6

falaram que o lazer da praia de Icaraí é bom.

Ao verificarmos as respostas dadas, ao perguntarmos sobre o que as

pessoas achavam da poluição, constatamos que de 6 indivíduos, 6 declararam que

a poluição é um problema grave no mar da praia de Icaraí, portanto, ela é um

indicador de hostilidade na praia de Icaraí. A contradição, no entanto, revelou-se no

depoimento de 3 pessoas que disseram que entram no mar, mesmo ele estando

poluído.

Ao verificarmos as respostas dadas, ao perguntarmos o que as pessoas

acham da quantidade e qualidade dos quiosques, assim como, da diversidade de

produtos deles, percebemos que em relação à quantidade, de 6 pessoas, 4

indivíduos falaram que ela é boa, 2 pessoas disseram que a quantidade é ruim.

Em relação a qualidade dos quiosques, de 6 pessoas, 4 indivíduos disseram

que a qualidade dos quiosques é ruim, em compensação, 2 pessoas declararam

que a qualidade é boa. Com relação à diversidade de produtos, 5 dos 6 indivíduos

disseram que a variedade de produtos é pouca. 1 indivíduo não opinou quanto à

diversidade de produtos dos quiosques.

Ao analisarmos as respostas dadas, ao perguntarmos o que as pessoas

acham do número e da qualidade das lixeiras, constatamos que de 6 pessoas, todos

falaram que a qualidade é boa, no entanto, apenas 4 pesquisados disseram que a

quantidade é boa, ou seja, 2 pessoas acharam a quantidade ruim.

Ao verificarmos as respostas dadas, ao perguntarmos o que as pessoas

acham da ausência de banheiros e chuveiros públicos, verificamos que de 6

pessoas, todas declararam que sentem falta desse mobiliário urbano.

Ao analisarmos as respostas dadas, ao perguntarmos o que as pessoas

acham dos bancos públicos do calçadão da praia de Icaraí, constatamos que de 6

pessoas pesquisadas, 4 indivíduos falaram que os bancos não são confortáveis,

mas estão em bom número. 1 pessoa disse que a quantidade é pouca, mas a

qualidade é satisfatória. Em contrapartida, 1 outra pessoa relatou que acha a

quantidade e a qualidade dos bancos adequados aos indivíduos.

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Ao verificarmos as respostas dadas, ao perguntarmos o que as pessoas

acham da ausência de telefones públicos na orla da praia de Icaraí, notamos que de

6 pessoas, 4 relataram que não sentem falta de orelhões públicos, já que hoje em

dia tem-se o celular. Em contrapartida, 1 pessoa falou que faz falta um orelhão

público em caso de emergência, pois se o celular estragar, não tem como se

comunicar. 1 respondente disse que faz falta, mas destaca que é a própria

população que danifica esse mobiliário urbano.

Ao analisarmos as respostas dadas, ao perguntarmos o que as pessoas

acham da iluminação pública da praia à noite, constatamos que de 6 pessoas, 3

falaram que a iluminação é péssima. Uma pessoa disse que não pode opinar, pois

nunca esteve na praia à noite. Outro pesquisado declarou que a iluminação é

regular, pois serve para iluminar as áreas de prática esportiva, no entanto, perto do

mar fica escuro. Somente 1 respondente falou positivamente da iluminação pública

na orla da praia de Icaraí.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa de campo teve como intuito, descobrir a hospitalidade pública da

praia de Icaraí. Grinover (2007) descreve que esse tipo de hospitalidade ocorre nos

espaços públicos das cidades. Ele também defende que nesse tipo de relação, os

anfitriões são os governantes, enquanto que os hóspedes são, a saber, moradores e

turistas. Grinover declara que um espaço público adequado, deve possibilitar a

mobilidade e acessibilidade de todos, independentemente, da condição física dos

indivíduos.

Para receber bem as pessoas, fazendo com que elas se sintam em suas

próprias casas, os espaços da cidade devem contar com estruturas e serviços que

estimulem a população a se apropriar e a aproveitar esse ambiente. Ao olharmos

por essa perspectiva, é necessário que esses locais possam contar com serviços

diversos, proporcionados pelo mobiliário urbano, além de infraestrutura de lazer. É

necessário, também, segurança nos espaços da cidade, visando, desse modo, fazer

com que as pessoas queiram vivenciá-los novamente. Buscando esse entendimento

da hospitalidade pública na praia de Icaraí, formulamos a questão problema: De que

modo a hospitalidade pública está presente na praia de Icaraí?

O objetivo geral dessa pesquisa é baseado em alguns indicadores

compreender a hospitalidade da praia de Icaraí pelos olhos de quem frequenta esse

espaço público. Para atender esse objetivo realizamos uma entrevista

semiestruturada, que contou com perguntas feitas em cima de alguns indicadores.

O primeiro objetivo específico foi levantar informações acerca da

hospitalidade da praia de Icaraí, visando, desse modo, comparar com a

hospitalidade pública defendida nas teorias de Grinover (2007). O segundo objetivo

específico é investigar se as opiniões dos entrevistados vão de acordo com os

dados oficiais utilizados como embasamento. O terceiro objetivo específico é

analisar quais elementos conferem hospitalidade e hostilidade à praia de Icaraí.

Para respondermos nossa questão problema, utilizamos perguntas na nossa

entrevista semiestruturada que estimulam a revelação dos pontos positivos da praia

de Icaraí e o que a torna atrativa para as pessoas. Segundo as diversas opiniões

dos pesquisados, a hospitalidade pública está presente na praia de Icaraí de

variadas formas, para isso, ela utiliza-se de elementos, a saber, a paisagem que

contempla os pontos turísticos de Niterói e do Rio de Janeiro, passando pelas

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pessoas que frequentam esse espaço público e terminando com as opções de lazer

presentes na praia.

Grinover (2007) afirma que a hospitalidade pública só é possível devido a

coexistência da acessibilidade, legibilidade e identidade. No que tange ao aspecto

acessibilidade, o autor fala que todo ser humano tem direito de acesso aos serviços

públicos fundamentais como moradia, trabalho, educação, assim como, acesso aos

espaços públicos da cidade. Grinover (2007) fala, portanto, dos acessos físicos

tangível e intangível. O acesso aos espaços da cidade se dá através de meios de

transporte ou a pé. O autor defende que qualquer tipo de pessoa possa ter

condições de frequentar os espaços da cidade. Essa teoria engloba os deficientes

físicos, sejam eles cadeirantes ou visuais. Os espaços públicos hospitaleiros,

portanto, permitem a socialização dos deficientes.

Os depoimentos dos entrevistados revelam que eles possuem uma opinião

negativa quanto à estrutura física do calçadão da praia de Icaraí. Ao sensibilizá-los

com a questão dos deficientes, eles falaram que o calçadão é hostil, pois não possui

piso adequado para a locomoção de cadeirantes e citaram, principalmente, a

ausência de piso tátil para a locomoção dos deficientes visuais. As fotos de nosso

acervo pessoal também ilustram a falta de pisos táteis de alerta nas rampas de

acesso à praia de Icaraí, assim como, a ausência de piso tátil de locomoção no

calçadão. Esse espaço público, portanto, não possui as características hospitaleiras

defendidas por Grinover (2007), além de ir contra as normas da lei NBR 9050,

respondendo, desse modo, nosso primeiro objetivo específico.

Para respondermos nosso segundo objetivo específico, faremos uma

comparação entre os dados oficiais da praia e do bairro de Icaraí e as opiniões dos

pesquisados. As fotografias do acervo pessoal revelam que não há uma

acessibilidade adequada para deficientes visuais e cadeirantes no calçadão da praia

de Icaraí. Dos 6 entrevistados, todos disseram que esse equipamento urbano não é

adequado aos deficientes, especialmente os visuais. Desse total de pesquisados, 3

declararam que o calçadão é menos hostil ao cadeirantes, em função de haver

algumas rampas de ligação do calçadão à praia. Há, dessa maneira, uma

concordância entre os dados oficiais e as opiniões dos entrevistados.

Dados do calendário 2017, pertencentes à Secretaria Municipal de esporte e

lazer da cidade de Niterói, revelam que a maior parte do lazer esportivo realizado em

praias, concentrou-se na praia de Icaraí. Esse dado oficial vai de acordo com a

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opinião dos pesquisados, pois todos os 6 falaram que o lazer esportivo presente na

praia de Icaraí é bom.

Dados do Instituto de segurança pública, publicados pelo site do jornal O

globo (2017), mostram que a criminalidade no bairro de Icaraí só vem crescendo

com o passar dos anos. A opinião dos entrevistados conversa com os dados oficiais,

pois 5 dos 6 entrevistados, ou seja, 83,3% do total de pesquisados, declararam que

o policiamento não é bom e a segurança é ruim.

Ao analisarmos os dados oficiais do Instituto Estadual do ambiente,

constatamos que a água do mar que banha a praia de Icaraí é poluída na maior

parte do tempo, ou seja, de um total de 152 amostras coletadas, 92 apresentaram

água imprópria ao banho e apenas 60 amostras contaram com água própria. Dos 6

pesquisados, todos disseram que acham uma pena a água do mar ser poluída. É

necessário ressaltarmos, no entanto, que algumas pessoas se arriscam e usufruem

da água do mar para o lazer. Há, desse modo, uma concordância entre os dados

oficiais e a opinião dos frequentadores da praia de Icaraí.

As imagens expressas nesta monografia mostram que, alguns mobiliários

urbanos provocam a hospitalidade da praia de Icaraí, todavia, outros equipamentos

promovem a hostilidade. Os pesquisados reclamaram principalmente da qualidade

de equipamentos como os bancos que não possuem encosto para as costas e

citaram também o calçadão que não auxilia na locomoção dos deficientes. As

opiniões dos entrevistados vão de acordo, respectivamente, com as imagens de

número 27 e 15.

Os resultados da pesquisa revelaram que os elementos que conferem

hospitalidade à praia de Icaraí são, a saber, a paisagem da praia, as pessoas, e as

opções de lazer. Em contrapartida, a poluição da água do mar, a falta de segurança

na praia, a falta de banheiros e chuveiros públicos, a qualidade dos bancos públicos,

a iluminação noturna, a falta de opções alimentícias dos quiosques e a falta de

acessibilidade para deficientes foram os elementos apontados como os que

contribuem para a hostilidade desse espaço público, respondendo nosso terceiro

objetivo específico.

A praia de Icaraí é, desse modo, hostil para com seus frequentadores, pois

somente a paisagem, as pessoas e as opções de lazer foram apontadas pela

maioria como aspectos positivos desse espaço público. Os indicadores como

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segurança, poluição, acessibilidade e a maior parte do mobiliário urbano receberam

críticas pela maioria dos pesquisados.

Uma das principais dificuldades enfrentadas foi achar produções científicas

que falassem do nosso objeto de estudo, uma vez que tivemos que recorrer a sites

para obter dados específicos com relação ao bairro e à praia de Icaraí. Outra

dificuldade foi extrair de alguns pesquisados respostas mais completas e

elaboradas, pois alguns eram bem sucintos.

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