universidade federal fluminense julianna pinho … julianna... · a deus, meu melhor amigo,...

66
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE JULIANNA PINHO DIAS ÓXIDO DE GRAFENO FUNCIONALIZADO COM GRUPOS SULFÔNICOS: UM NOVO CATALISADOR PARA A SÍNTESE DE BIODIESEL NITERÓI 2016

Upload: phungdien

Post on 01-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

JULIANNA PINHO DIAS

ÓXIDO DE GRAFENO FUNCIONALIZADO COM GRUPOS SULFÔNICOS: UM NOVO CATALISADOR

PARA A SÍNTESE DE BIODIESEL

NITERÓI 2016

JULIANNA PINHO DIAS

ÓXIDO DE GRAFENO FUNCIONALIZADO COM GRUPOS SULFÔNICOS: UM NOVO CATALISADOR PARA A SÍNTESE DE

BIODIESEL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação dos cursos de Química da Universidade Federal Fluminense como requisito para a graduação no curso de bacharelado em Química Industrial.

Orientadora:

Profª. Drª. CÉLIA MACHADO RONCONI

Co-Orientador:

MSc. THIAGO CUSTÓDIO DOS SANTOS

NITERÓI

2016

D 541 Dias, Julianna Pinho

Óxido de grafeno funcionalizado com grupos sulfônicos: um ca-

talisador para síntese de biodiesel./Julianna Pinho Dias.--Niterói:

[s.n.], 2016.

61f.

Trabalho de Conclusão--(Bacharelado em Química Industrial)

--Universidade Federal Fluminense, 2016.

1. Catálise. 2.Síntese orgânica. 3. Óxido. 4. Grafeno. 5. Biodie-

sel. 6. Metanol. I. Título.

CDD. : 591.395

JULIANNA PINHO DIAS

ÓXIDO DE GRAFENO FUNCIONALIZADO COM GRUPOS SULFÔNICOS: UM NOVO CATALISADOR PARA A SÍNTESE DE

BIODIESEL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação dos cursos de Química da Universidade Federal Fluminense como requisito para a graduação no curso de bacharelado em Química Industrial.

Data de aprovação: 15/07/16

Banca Examinadora:

Dedico este trabalho a Deus, a meus

pais Sergio e Rosalia, e à minha irmã,

Gabriella.

AGRADECIMENTOS

A Deus, meu melhor amigo, princípio e fim de todas as coisas. Obrigada Senhor!!

À Mãezinha do céu, Maria Santíssima, por sempre me acompanhar com sua

materna intercessão.

À Profª. Célia Machado Ronconi, minha orientadora, pela oportunidade que me

concedeu, pelo incentivo e por tudo o que me ensinou durante a graduação. Muito

obrigada!

Ao meu co-orientador Thiago Custódio, pelo apoio, pelos conselhos e pela

paciência. Obrigada por me ajudar em cada etapa desse projeto. Sem sua ajuda não

seria possível terminar este trabalho.

À Evelyn, pela disponibilidade em me ajudar durante a execução do projeto,

principalmente na parte de catálise. Obrigada!

Aos melhores pais de todos os tempos, Sergio e Rosalia, pela paciência, apoio e

amor. Vocês foram fundamentais para a conclusão de mais uma etapa de minha

vida acadêmica. Amo vocês!

À minha irmã Gabriella, por sempre acreditar em mim. Obrigada pela ajuda e por

estar sempre me incentivando em tudo o que faço. Você é a melhor irmã do mundo

Gabs!

À minha amiga Roberta Escudero, por toda a compreensão e incentivo durante

todos esses anos de amizade. Muito obrigada mesmo Beta!

Às minhas amigas Isabela Abreu e Olívia Moreira pelas conversas, pelo apoio nas

dificuldades e por estarem sempre por perto em toda a minha trajetória acadêmica.

Vocês são demais!

À Carolina Bispo, pela ajuda e apoio. Valeu!

Aos amigos do Laboratório 5A e 5B, pelas conversas e pela ajuda no dia-a-dia.

Valeu gente!

Aos meus amigos e irmãos em Cristo Alexia Batuella, Marcelo Gomes, Marcelle

Veloni, Giovanni Pereira, Carla Medeiros, Joanna Sousa, Mariana Vaz, Guilherme

Sousa, Luan Lopes, Roberta Sande, Fillipe Amorim e Marina Queiroga, Alice Lima,

Annanza Venceslau, Kennia Venceslau, Gabriela Miranda, Graziele Araújo, Renato

Santos, Alessandra Ribeiro e Joyce Noronha. Obrigada pelo carinho, pelas orações

e pelas partilhas que me fortaleceram até o fim deste trabalho. Obrigada por serem

anjos de Deus em minha vida!

Ao LAMATE (UFF), pelas análises térmicas no TGA.

Ao LARHCO e ao Profº Cláudio Mota, do Polo de Xistoquímica-UFRJ, pela

possibilidade do uso do reator Parr e HPLC.

A todo o corpo docente do Instituto de Química da UFF, pelos conhecimentos

passados.

À banca examinadora por aceitar o convite.

À FINEP – EMBRAPA (Brasília, DF) – Projeto: “Estratégias Genômicas e Agregação

de Valor para a Cadeia produtiva do Dendê” pela bolsa concedida.

“Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.” (Santo Agostinho)

RESUMO

Este trabalho mostra a síntese, caracterização e aplicação de um catalisador

ácido derivado do óxido de grafeno na reação de transesterificação do óleo de soja

para obtenção de biodiesel. O óxido de grafeno (GO) foi obtido a partir da oxidação

de flocos de grafite, utilizando o KMnO4 e NaNO3 em meio ácido, seguida de um

processo de esfoliação. Esse material foi então reduzido com borohidreto de sódio

(NaBH4) em meio alcalino para formar o óxido de grafeno reduzido (rGO). Grupos –

SO3H foram adicionados ao rGO a partir de uma reação de sulfonação aromática, a

qual deu origem ao catalisador ácido (rGO-SO3H). Posteriormente, a síntese do

rGO-SO3H foi confirmada pela combinação de diversas técnicas de caracterização,

tais como análise elementar, espectroscopia na região do infravermelho no modo de

refletância total atenuada (ATR), análise termogravimétrica (ATG) microscopia

eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia de energia dispersiva de raios X

(EDS) e difração de raios X (DRX). Os testes catalíticos foram realizados em refluxo

e em reator Parr. As amostras de biodiesel obtidas através da reação de

transesterificação do óleo de soja foram analisadas e quantificadas por ressonância

magnética nuclear de hidrogênio (RMN de ¹H). A taxa de conversão alcançada pelo

catalisador rGO-SO3H foi de 84 %, utilizando razão molar metanol/óleo 20:1, 100 mg

do catalisador e 6 h de reação a 80 °C em reator Parr. O seu desempenho catalítico

foi comparado ao do seu precursor, o rGO. A conversão alcançada por este nas

mesmas condições do rGO-SO3H foi de 45 %. O catalisador rGO-SO3H também

mostrou boa capacidade de reuso ao alcançar valores constantes de conversão até

o terceiro ciclo catalítico (1º ciclo: 84 %; 2º ciclo: 86 %; 3º ciclo: 87 %).

Palavras-chave: óxido de grafeno sulfonado, biodiesel, catálise.

ABSTRACT

This work shows the synthesis, characterization, and application of a catalyst

derivate from graphene for use in the transesterification reaction of soybean oil to

produce biodiesel. Graphene oxide (GO) was obtained from the oxidation of graphite

with KMnO4 and NaNO3 in acidic medium, followed by exfoliation. Then GO was

reduced by sodium borohydride (NaBH4) in an alkaline medium to form the reduced

graphene oxide (rGO). Groups –SO3H were added to rGO from an aromatic

sulfonation reaction, which resulted in the acid catalyst (rGO-SO3H). Subsequently,

the rGO-SO3H was characterized by several techniques, such as elemental analysis,

infrared spectroscopy in attenuated total reflectance (ATR) mode, thermogravimetric

analysis (TGA), scanning electron microscopy (SEM), energy-dispersive X-ray

spectroscopy (EDS) and X-ray diffraction (XRD). The catalytic tests were carried out

at both reflux and in a Parr reactor. The samples of biodiesel obtained by

transesterification of soybean oil were analyzed and quantified by nuclear magnetic

ressonance (¹H NMR). The catalyst showed the best performance with 84 % yield,

using molar ratio methanol/oil 20:1, 100 mg of catalyst in 6 h of reaction at 80 °C.

The reaction was also conducted using the precursor rGO, and the yield achieved in

the same conditions was 45 %. The catalyst rGO-SO3H also showed a good

reusability by keeping the yield values up to the third catalytic cycle. (1st cycle: 84 %;

2nd cycle: 86 %; 3rd cycle: 87 %).

Keywords: sulfonated graphene oxide, biodiesel, catalysis.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Principais matérias-primas utilizadas para a produção de

biodiesel.................................................................................................................

19

Figura 1.2: Esquema da reação de transesterificação.......................................... 20

Figura 1.3: Representação estrutural do (a) grafite, (b) GO e (c) rGO................. 25

Figura 2.1: Representação estrutural do catalisador sintetizado neste trabalho...................................................................................................................

27

Figura 3.1: Rota sintética para a obtenção do óxido de grafite............................. 31

Figura 3.2: Rota sintética para obtenção do rGO.................................................. 32

Figura 3.3: Rota sintética para obtenção do rGO-SO3H....................................... 33

Figura 4.1: Espectros de IV do GO, rGO e rGO-SO3H......................................... 39

Figura 4.2: ATG do GO, do rGO e do rGO-SO3H................................................. 41

Figura 4.3: Difratograma do GO e do rGO-SO3H.................................................. 43

Figura 4.4: Sistema cristalino hexagonal. Os parâmetros de rede a e c são calculados a partir da Equação 2........................................................................... 45

Figura 4.4: Imagem em MEV do GO..................................................................... 46

Figura 4.5: Imagem em MEV do rGO-SO3H......................................................... 47

Figura 4.7.1: Imagem que deu origem ao mapeamento elementar...................... 48

Figura 4.7.2: Imagem (a) do mapeamento elementar total do rGO-SO3H e do mapeamento por elemento: (b) carbono, (c) oxigênio e (d) enxofre...................... 48

Figura 4.8: EDS do rGO-SO3H (inset: imagem que deu origem à análise).......... 49

Figura 4.9: Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3 obtido a partir da catálise homogênea em sistema de refluxo.............................................

51

Figura 4.10: Sistema formado após catálise heterogênea do biodiesel em

condições de refluxo, utilizando como catalisador o rGO-SO3H............................

52

Figura 4.11: Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3 obtido

a partir da catálise heterogênea em sistema de refluxo, utilizando rGO-SO3H

como catalisador....................................................................................................

53

Figura 4.12 (a): Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3 obtido a partir da catálise heterogênea em reator Parr, utilizando rGO-SO3H como catalisador....................................................................................................

54

Figura 4.12 (b): Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3 obtido a partir da catálise heterogênea em reator Parr, utilizando rGO como catalisador..............................................................................................................

55

Figura 4.13: Taxa de conversão do catalisador rGO-SO3H após sucessivos testes de reuso.......................................................................................................

56

Figura 4.14 (a): Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3

obtido a partir da catálise heterogênea em reator Parr, após o primeiro reuso do catalisador rGO-SO3H. O biodiesel formado na primeira reação catalisada por este material está na Figura 4.10 (a)......................................................................

57

Figura 4.14 (b): Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3

obtido a partir da catálise heterogênea em reator Parr, após o segundo reuso do catalisador rGO-SO3H.......................................................................................

57

Figura 4.14 (c): Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3

obtido a partir da catálise heterogênea em reator Parr, após o terceiro reuso do catalisador rGO-SO3H............................................................................................

58

LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1.1: Mecanismo da reação de transesterificação básica...................... 20

Esquema 1.2: Mecanismo da reação de saponificação........................................ 22

Esquema 1.3: Mecanismo da reação de transesterificação ácida........................ 23

Esquema 4.1: Formação do Mn2O7 a partir do KMnO4 em presença de H2SO4 concentrado............................................................................................................

36

Esquema 4.2: Esquema mecanístico para a reação de sulfonação do rGO........ 38

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1: Principais atribuições dos espectros de IV do GO, rGO e rGO-SO3H..................................................................................................................

40

Tabela 4.2: Resultados da determinação de S por ICP-OES no catalisador rGO-SO3H..........................................................................................................

42

Tabela 4.3: Variáveis calculadas a partir dos resultados obtidos nos difratogramas do GO e do rGO- SO3H...............................................................

45

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

Deformação axial

ANP Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis

AE Análise elementar

ATR Refletância total atenuada

ATG Análise termogravimétrica

CB Carbon Black

CLAE Cromatografia a líquido de alta eficiência

CNT Nanotubos de carbonos

DRX Difração de raios X

EDS Espectroscopia de energia dispersiva de raios X

FR Fator resposta

GO Óxido de grafeno

HMF 5-(hidroximetil)-2-furfural

ICP-OES Espectrômetro Ótico de Emissão Atômica com Plasma Indutivamente Acoplado

IV Infravermelho

LARHCO Laboratório de Reatividade de Hidrocarbonetos e Catálise Orgânica

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

min Minuto

PNPB Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel

PTFE Politetrafluoretileno

RMN ¹H Ressonância Magnética Nuclear de Hidrogênio

rpm Rotações por minuto

SBA-15 Sílicas mesoporosas

S-CB Carbon Black sulfonado

S-CNT Nanotubos de carbonos sulfonados

TBD 1,5,7-triazabiciclo[4,4,0]dec-5-eno

u.a. Unidades arbitrárias

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 17

1.1 Biocombustíveis: uma alternativa aos combustíveis fósseis....... 17

1.2 Histórico do biodiesel........................................................................ 17

1.3 Reações de transesterificação.......................................................... 19

1.4 Óxido de grafeno (GO)....................................................................... 24

1.5 Revisão bibliográfica do óxido de grafeno...................................... 25

2 OBJETIVOS................................................................................................. 27

3 PARTE EXPERIMENTAL............................................................................ 28

3.1 Materiais utilizados............................................................................. 28

3.2 Métodos................................................................................................ 28

3.2.1 Espectroscopia na Região do Infravermelho (IV)........................... 28

3.2.2 Análise Termogravimétrica (ATG).................................................. 28

3.2.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).................................. 29

3.2.4 Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X (EDS)............ 29

3.2.5 Análise Elementar (AE).................................................................. 29

3.2.6 Análise por Difração de Raios X (DRX).......................................... 29

3.2.7 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de H (RMN

de ¹H)................................................................................................................

30

3.3 Síntese e caracterização dos materiais............................................. 30

3.3.1 Síntese do óxido de grafite............................................................. 30

3.3.2 Síntese do óxido de grafeno reduzido (rGO).................................. 32

3.3.3 Síntese do catalisador (rGO-SO3H)............................................... 33

3.3.4 Testes catalíticos............................................................................ 34

3.3.4.1 Catálise homogênea do biodiesel........................................... 34

3.3.4.2 Catálise heterogênea do biodiesel.......................................... 34

4 RESULTADOS E DISCUSÃO..................................................................... 36

4.1 Síntese do óxido de grafite............................................................... 36

4.2 Síntese do rGO-SO3H........................................................................ 36

4.3 Espectroscopia na Região do Infravermelho (IV)........................... 39

4.4 Análise Termogravimétrica (ATG)................................................... 40

4.5 Análise Elementar (AE)..................................................................... 42

4.6 Análise por Difração de Raios X (DRX)............................................ 43

4.7 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)................................... 46

4.8 Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X (EDS)............ 47

4.9 Avaliação da atividade catalítica...................................................... 49

4.9.1 Avaliação da atividade catalítica do H2SO4.................................... 50

4.9.2 Avaliação da atividade catalítica do rGO-SO3H em refluxo........... 52

4.9.3 Avaliação da atividade catalítica do rGO-SO3H em reator Parr... 53

4.9.4 Avaliação da atividade catalítica do rGO-SO3H em sucessivas

reações catalíticas............................................................................................

55

5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS............................................................ 59

5.1 Conclusões......................................................................................... 59

5.2 Perspectivas....................................................................................... 60

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 61

17

1. INTRODUÇÃO

1.1 Biocombustíveis: uma alternativa aos combustíveis fósseis

Algumas atividades humanas em setores da economia, como por exemplo,

indústrias, agricultura e no transporte têm levado a um grande consumo de

combustíveis fósseis (gasolina, gás natural e o óleo diesel, etc.) como fontes

energéticas. No entanto, por serem fontes de energia não renováveis, o uso desses

combustíveis é limitado (NASIR et al., 2013).

Outra consequência da queima destes combustíveis é a grande liberação de

poluentes na atmosfera, tais como dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio

(NOx), monóxido de carbono (CO), compostos orgânicos voláteis (COV). Essas

espécies químicas são prejudiciais ao ser humano e, em altas concentrações,

podem gerar desde leves irritações nos olhos até problemas respiratórios como a

asma (RANI et al., 2011). Além disso, o agravamento relacionado a mudanças

climáticas têm sido atribuído à grande emissão de gases do efeito estufa (GEE) –

dióxido de carbono (CO2) e óxido nitroso (N2O) – na atmosfera.

Esses problemas têm levado a uma incessante busca por fontes alternativas

de energia que, além de suprir a demanda energética, sejam menos agressivas ao

meio ambiente. Neste contexto, os biocombustíveis formados a partir de fontes

renováveis são uma alternativa ao uso dos combustíveis fósseis. Biogás, biomassa,

etanol e biodiesel são alguns exemplos de biocombustíveis empregados atualmente

(NAIK et al., 2009). Em especial, os dois últimos são largamente utilizados em

automóveis no Brasil, apesar da produção de biodiesel ainda apresentar problemas

no que diz respeito à sua produção.

1.2 Biocombustíveis: uma alternativa aos combustíveis fósseis

O primeiro registro de produção de biodiesel no mundo data do final do século

XIX quando o engenheiro alemão Rudolf Diesel, inspirado no trabalho de Nicolas

18

Carnot, utilizou óleo de amendoim como combustível em motores à combustão

interna. Em 1911, Diesel afirmou: “O motor diesel pode ser alimentado com óleos

vegetais e contribuirá, de forma significativa, no desenvolvimento da agricultura dos

países que o utilizam”. Óleos vegetais continuaram a ser usados amplamente como

combustíveis até a década de 20. Somente em 1980, foi repensado o uso de óleos

vegetais como uma possível fonte de energia renovável em detrimento à crise

gerada pela escassez do petróleo (DERMIBAS, 2008).

Na década de 90 foi realizado um grande esforço por parte do governo

brasileiro para o desenvolvimento do biodiesel. Contudo, somente a partir de 2004

que o biodiesel entrou na matriz energética brasileira, com o lançamento do

Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) pelo Governo Federal.

Neste ano, também foi publicado o artigo 2º da Resolução ANP Nº 42 de 24 de

novembro de 2004, da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que definiu biodiesel

(B100) e a mistura comercial de biodiesel/diesel (B2), como segue (ANP, 2004):

I – Biodiesel – B100 – combustível composto de alquil ésteres

de ácidos graxos de cadeia longa, derivados de óleos vegetais

ou de gorduras animais conforme a especificação contida no

Regulamento Técnico nº 4/2004, parte integrante desta

Resolução;

II – Mistura óleo diesel/ biodiesel – B2 – combustível comercial

composto de 98% em volume de óleo diesel, conforme

especificação da ANP, e 2% em volume de biodiesel, que

deverá atender à especificação prevista pela Portaria ANP nº

310 de 27 de dezembro de 2001 e suas alterações.

O biodiesel provém de óleos vegetais e gorduras animais. No entanto, em sua

maior parte, o biodiesel é obtido a partir de óleos vegetais, como por exemplo, coco,

colza, girassol, dendê, soja, mamona, babaçu e um álcool, que pode ser o etanol ou

metanol (SIVASAMY, 2009). A Figura 1.1 apresenta dados da ANP referentes aos

principais óleos utilizados como matéria prima, em que o óleo de soja é o mais

utilizado para produção de biodiesel.

19

Figura 1.1: Principais matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel (ANP, 2015).

Segundo Pinto et al. (2005) as fontes de matérias-primas utilizadas na

produção de biodiesel devem apresentar baixo custo de produção, alta

disponibilidade na região de interesse, fácil armazenamento e transporte. Deste

modo, o uso majoritário de óleo de soja se deve ao seu baixo custo de obtenção, já

que este é um subproduto da soja. Este baixo custo da produção de soja é

favorecido em países de clima tropical como o Brasil, sendo este responsável por 57

% de toda a produção de soja no mundo. Somado a isto, a soja produzida é

destinada à produção de ração animal sendo o óleo um subproduto (TAELMAN,

2015).

1.3 Reações de transesterificação

Os óleos vegetais ou gorduras animais possuem uma alta viscosidade

cinemática e baixa volatilidade devido às longas cadeias dos ácidos graxos. Assim,

para sua aplicação como combustíveis, são necessárias reações de

transesterificação para a obtenção de compostos que tenham uma menor massa

molar. A reação global de transesterificação está representada na Figura 1.2.

20

Figura 1.2: Esquema da reação de transesterificação.

Para estas reações é necessário empregar um catalisador que pode ser

ácido, básico ou enzimático. Ainda, os catalisadores ácidos e básicos podem ser

classificados como homogêneos ou heterogêneos (LEUNG, 2010). Atualmente, os

catalisadores básicos homogêneos tais como, hidróxido de sódio, metóxido de

sódio, hidróxido de potássio estão entre os mais utilizados (VICENTE, 2004).

Contudo, existem vários problemas relacionados ao uso destes catalisadores, como

a não reutilização do catalisador e a dificuldade de sua remoção do meio reacional,

a qual é realizada através de sucessivas etapas de lavagens, que resultam na

produção de grandes volumes de rejeito (VICENTE, 2004).

As reações de esterificação em meio básico para a formação de mono-alquil

ésteres (biodiesel) competem diretamente com reações para a formação de sabões,

as quais são irreversíveis. O mecanismo de formação de mono-alquil ésteres está

representado no Esquema 1.1 e o de formação de sabões está no Esquema 1.2.

A primeira etapa das reações de catálise básica ocorre a partir da reação

entre o catalisador básico e o álcool formando íon alcóxido e um ácido conjugado

(BH+). O alcóxido realiza o ataque nucleofílico ao carbono da carbonila do

triglicerídeo formando um intermediário tetraédrico. Em seguida, um rearranjo do

intermediário tetraédrico resulta na eliminação de um mono-alquil éster (biodiesel) e

na formação de uma base conjugada do diglicerídeo. Este reage com a espécie BH+,

formando o diglicerídeo e regenerando o catalisador. Esta reação ocorre em mais

duas etapas até a formação do glicerol.

21

No mecanismo de formação de sabões, a base ataca diretamente o carbono

da carbonila do triglicerídeo para formar um intermediário tetraédrico. Em seguida,

ocorre um rearranjo do intermediário tetraédrico levando à formação de um ácido

carboxílico. Por fim, ocorre a transferência do próton do ácido e a formação do

sabão.

Esquema 1.1: Mecanismo da reação de transesterificação básica (SINGH, S.; SINGH, D., 2010).

22

Esquema 1.2: Mecanismo da reação de saponificação (SOLOMONS, 2000).

As reações de saponificação podem ser evitadas com o uso de catalisadores

ácidos, como o sulfúrico (H2SO4), sulfônico (RSO3H) e fosfórico (H3PO4) (BIAN,

2015). Como apresentado no Esquema 1.3, a primeira etapa nas reações de catálise

ácida ocorre pela formação de um carbocátion, a partir da transferência de um

próton do catalisador ácido para a carbonila do triglicerídeo. Em seguida, o álcool

realiza um ataque nucleofílico ao carbocátion para a formação de um intermediário

tetraédrico, o qual passa por um rearranjo para posterior eliminação de um mono-

alquil éster protonado e um diglicerídeo. Por fim, a regeneração do catalisador e

formação do mono-alquil éster (biodiesel) ocorre pela transferência de um próton do

mono-alquil éster protonado para a espécie A-.

23

Esquema 1.3: Mecanismo da reação de transesterificação ácida (SINGH, S.; SINGH, D., 2010).

A fim de evitar a formação de sabões e a geração de uma grande quantidade

de rejeitos na etapa de purificação, catalisadores heterogêneos funcionalizados com

grupos ácidos, como zeólitas (SHU et al., 2007), sílicas mesoporosas

funcionalizadas (USAI et al. 2013) e carbonos amorfos funcionalizados com grupos

sulfônicos (NAKAJIMA; HARA, 2012) têm sido relatados na literatura para catálise

de biodiesel.

Recentemente, sólidos derivados do grafeno, tais como o óxido de grafeno

(GO) e o óxido de grafeno reduzido (rGO) têm sido estudados para aplicação em

processos catalíticos (GARG; BISHT; LING, 2014). Estes sólidos têm despertado

interesse para aplicação nesta área devido às suas boas propriedades mecânicas e

à alta área superficial disponível. Como mostrado por Montes-Navajas et al. (2013),

a área superficial do GO medida em uma dispersão aquosa foi de aproximadamente

700 m2 g-1. Esta alta área pode permitir que uma grande quantidade de sítios ativos

seja ancorada ao material, além de disponibilizar uma grande superfície de contato

com os reagentes.

24

1.4 Óxido de grafeno (GO)

O grafite é um material lamelar, contendo átomos de carbono de hibridização

sp2 em que as folhas se mantém em uma estrutura de empilhamento através de

interações π-π. O óxido de grafeno (GO) é obtido a partir da oxidação do grafite,

utilizando um forte agente oxidante em meio ácido, seguido por processo de

esfoliação. Na etapa de oxidação são introduzidos grupos oxigenados entre as

folhas do grafite levando a um aumento da distância interlamelar e ao

enfraquecimento das interações π-π. O grafite oxidado pode ser então submetido a

um processo mecânico, conhecido como esfoliação, em que as folhas são

separadas para dar origem ao GO. Esse material é constituído de folhas

bidimensionais contendo carbonos com hibridização sp² e sp³, além de grupos

oxigenados como carbonila (C=O), hidroxila (O-H) e epóxido (C-O-C) (ZARBIN;

OLIVEIRA, 2013). O rGO é obtido através de reações de redução do GO (PEI;

CHENG, 2012). Na Figura 1.3 estão representadas as estruturas do grafite, do GO e

do rGO. A seguir será apresentada uma breve revisão bibliográfica na qual os

derivados do grafeno são utilizados como catalisadores.

25

Figura 1.3: Representação estrutural do (a) grafite, (b) GO e (c) rGO.

1.5 Revisão bibliográfica do óxido de grafeno (GO)

Antunes et al. (2014) sintetizaram catalisadores ácidos a partir da

funcionalização do óxido de grafeno reduzido (rGO), carbon black (CB) e de

nanotubos de carbono (CNT) com grupos sulfônicos para gerar S-rGO, S-CB e S-

CNT, respectivamente. Estes catalisadores foram aplicados em reações de

formação de éter, utilizando como reagentes o 5-(hidroximetil)-2-furfural (HMF) e o

etanol. O S-rGO, S-CB e S-CNT apresentaram taxas de conversão semelhantes

após o primeiro ciclo. Contudo, os testes de reuso mostraram um melhor

desempenho para o S-rGO, que manteve sua taxa de conversão constante até o

terceiro ciclo (1° ciclo: 100 %; 2° ciclo: 99 %; 3° ciclo: 99 %), diferentemente dos

26

catalisadores S-CB e S-CNT, os quais obtiveram taxas de conversão menores que

70 % a partir do segundo ciclo. Os autores atribuíram a maior estabilidade do S-rGO

a uma menor perda por lixiviação dos sítios ativos. Resultados similares de

estabilidade foram encontrados por Liu et al. (2012), mostrando que S-rGO perde

menos grupos sulfônicos por lixiviação em reações de esterificação e de hidratação

de óxido de propileno quando comparado a outros sólidos (SBA-15; carbono

mesoporoso e copolímero de estireno-divinilbenzeno) sulfonados.

Por fim, a alta atividade catalítica do rGO-SO3H também foi investigada por

Mirza-Aghayan et al. (2016) em reações de amidação. O catalisador foi preparado

pela reação de sal de diazônio ao reagir o rGO com um grupo aril sulfônico contendo

um grupo amino. Para as reações catalíticas foram testadas diversas aminas e

ácidos carboxílicos em condições reacionais nas quais o catalisador estava presente

e para avaliar o efeito deste, também foram realizadas reações sem a presença de

catalisador. Quando o catalisador foi empregado, as taxas de conversão variaram de

80 a 95 % em tempos de 20 a 40 min, à temperatura ambiente, utilizando um banho

de ultrassom. Em reações nas quais não foi utilizado o catalisador, as taxas de

conversão variaram de 0 a 32 %, mesmo em condições reacionais mais severas,

nas quais foram utilizados sistema de refluxo e tempos de até 72 h. Este catalisador

também apresentou uma boa estabilidade em sucessivos testes de reuso.

Neste contexto, catalisadores derivados do grafeno têm mostrado altas taxas

de conversão em diversos tipos de reação, além da sua boa capacidade de reuso.

Quando comparados a outros sólidos, os catalisadores derivados de grafeno têm

apresentado um melhor desempenho devido às suas propriedades químicas e

físicas. Contudo, até o presente momento, não têm sido encontrados em trabalhos

da literatura o emprego de catalisadores ácidos derivados do grafeno em reações de

transesterificação para a produção de biodiesel. Assim, o presente trabalho tem por

objetivo a síntese, caracterização e avaliação de rGO sulfonado em reações de

produção de biodiesel.

27

2. OBJETIVOS

Este presente trabalho tem como objetivo a síntese e a caracterização de um

catalisador derivado do grafeno funcionalizado com grupos sulfônicos, como

representado na Figura 2.1, e a sua aplicação na reação de síntese de biodiesel via

rota ácida.

Figura 2.1: Representação estrutural do catalisador sintetizado neste trabalho.

28

3. PARTE EXPERIMENTAL

3.1 Materiais utilizados

Os seguintes reagentes foram utilizados sem tratamento prévio: flocos de

grafite (Sigma-Aldrich), ácido sulfúrico (H2SO4 98%, Sigma-Aldrich), persulfato de

potássio (K2S2O8, Aldrich), pentóxido de fósforo (P2O5, Sigma-Aldrich), nitrato de

sódio (NaNO3, Vetec), permanganato de potássio (KMnO4, Sigma-Aldrich), peróxido

de hidrogênio (H2O2 30%, Vetec), ácido clorídrico (HCl 37%, Vetec), carbonato de

sódio (Na2CO3, Vetec), borohidreto de sódio (NaBH4, Sigma-Aldrich), ácido sulfúrico

fumegante (H2SO4.SO3, Riedel-daHäue), óleo de soja (Liza ®). Os solventes

metanol (Vetec), hexano (Vetec), éter etílico (Sigma-Aldrich) foram utilizados sem

tratamento prévio.

3.2 Métodos

3.2.1 Espectroscopia na Região do Infravermelho (IV)

Os espectros na região do infravermelho (IV), na faixa de 4000 a 400 cm-1,

foram obtidos em um espectrômetro Varian 660-IR FT-IR no Instituto de Química da

Universidade Federal Fluminense, em modo de refletância total atenuada (ATR).

3.2.2 Análise Termogravimétrica (ATG)

As análises termogravimétricas (ATG) dos materiais foram realizadas em um

equipamento da Shimadzu (DTG-60/60H) no Laboratório Multiusuário de

Caracterização de Materiais (LAMATE) da Universidade Federal Fluminense. As

29

condições empregadas foram: taxa de aquecimento de 5 °C min-1, variando-se a

temperatura de 20 a 600 °C, com fluxo de N2 de 50 mL min-1 e em cadinhos de

platina.

3.2.3 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As microscopias eletrônicas de varredura (MEV) foram realizadas em um

equipamento EVO MA10, da marca Carl Zeiss, do Instituto de Física da

Universidade Federal Fluminense.

3.2.4 Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X (EDS)

O espectro de energia dispersiva de raios X (EDS) do catalisador foi obtido

em um equipamento EVO MA10, da marca Carl Zeiss, do Instituto de Física da

Universidade Federal Fluminense.

3.2.5 Análise Elementar de Enxofre (AE)

O percentual de enxofre foi determinado por um Espectrômetro Ótico de

Emissão Atômica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES, Radial) da marca

Spectro, modelo Arcos na Central Analítica da Universidade de São Paulo.

3.2.6 Análise por Difração de Raios X (DRX)

As análises por difração de raios X (DRX) de pó foram realizadas em um

equipamento Bruker AXS D8 Advance com CuKα1 = 1,5406 Ǻ e CuKα2 = 1,54439 Ǻ

30

com valores de 40 kV e 40 mA, filtro para ferro, varredura de 3 ° a 70 ° com passo

de 0,0194 °. O DRX está localizado no Instituto de Física da Universidade Federal

Fluminense.

3.2.7 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear de 1H (RMN de ¹H)

Os espectros de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN de 1H)

foram obtidos em um espectrômetro de Ressonância Magnética Nuclear Varian

VNMRS 500 MHz no Laboratório Multiusuário de RMN (LaReMN) da Universidade

Federal Fluminense. Os espectros de RMN de 1H foram utilizados para analisar de

forma quantitativa a taxa de conversão dos ácidos graxos em biodiesel. A taxa de

conversão foi calculada aplicando-se a Equação (1) (MONTEIRO et al., 2008).

3.3 Síntese e caracterização dos materiais

3.3.1 Síntese do óxido de grafite

O óxido de grafite foi obtido a partir do método de Hummers modificado

(HUMMERS; OFFEMAN, 1958; KOVTYUKHOVA, 1999), como descrito na Figura

3.1.

31

Primeiramente, foi realizada a pré-oxidação do material: 10,0 g de grafite

foram adicionados a um balão de fundo redondo de 100 mL contendo uma mistura

de 5,00 g (18,5 mmol) de K2S2O8, 5,00 g (17,6 mmol) de P2O5 e 15,00 mL (281

mmol) de H2SO4, que foi mantida a 80 °C por 2 h e, posteriormente, resfriada à

temperatura ambiente e deixada em repouso por um período de 12 h. Em seguida, a

mistura foi filtrada e lavada por três vezes com água destilada, de modo a retirar o

excesso de ácido presente no grafite. O material foi seco em condições ambiente por

um período de 24 h. Em seguida, 13,0 g do sólido resultante foram misturados a

5,00 g (59,0 mmol) de NaNO3 em um béquer de 250 mL e transferidos para um

béquer de 5 L contendo 230 mL de H2SO4 concentrado sob agitação em banho de

gelo. Após homogeneização do meio, 44,9 g (284 mmol) de KMnO4 foram

adicionados lentamente ao meio reacional, ao qual foi mantido sob agitação

magnética por 3 h.

Após este procedimento, 460 mL de água destilada foram adicionados à

mistura e o meio foi mantido sob agitação por 15 min a 98 °C. Em seguida,

acrescentaram-se alíquotas de aproximadamente 50 mL (2,17 mol) de H2O2 30%. O

produto foi filtrado e lavado sucessivas vezes com uma solução de HCl 10% (v/v) até

total remoção dos íons metálicos.

O rejeito aquoso da reação anterior foi tratado pela adição de NaOH até pH

14 para a formação de óxidos insolúveis de manganês e sais de sulfato de sódio.

Esses óxidos foram filtrados e retidos no papel de filtro, o sobrenadante foi

neutralizado com HCl e posteriormente descartado. O óxido de grafite purificado foi

seco sob vácuo por 3 dias, resultando em 17,8 g de um sólido de coloração marrom.

Figura 3.1: Rota sintética para a obtenção do óxido de grafite.

32

3.3.2 Síntese do óxido de grafeno reduzido (rGO)

Esta síntese foi realizada de acordo com o procedimento descrito na literatura

(JAHAN et al., 2010), Figura 3.2.

Figura 3.2: Rota sintética para obtenção do rGO.

Uma dispersão de 2,00 g de óxido de grafite em 500 mL de água destilada foi

colocada em banho de ultrassom por 2 h sendo posteriormente centrifugada a 5000

rpm por 40 min, formando uma dispersão de 4 mg mL-1 de óxido de grafeno (GO). O

volume dessa dispersão foi completado para 1200 mL e acrescentou-se 100 mL de

uma solução a 5% de Na2CO3 (94 mmol) para ajustar o pH do meio para 11. A nova

solução foi dividida igualmente em dois balões de 1 L e mantida sob refluxo por 24 h

a 93 °C. Posteriormente, uma solução preparada a partir de 16,0 g (423 mmol) de

NaBH4 em 400 mL de H2O foi adicionada à dispersão de GO e o sistema mantido

sob refluxo por 6 h a 80 °C. O produto resultante, filtrado e lavado duas vezes com

500 mL de H2O e uma vez com éter etílico dando origem a um sólido de cor preta.

Este sólido foi seco em condições ambiente por 24 h e depois na linha de vácuo por

3 dias, resultando em 1,64 g de rGO.

IV (ATR) (cm-1): 3314 cm-1(f).

33

3.3.3 Síntese do catalisador (rGO-SO3H)

O catalisador foi obtido modificando-se o procedimento descrito por Liu et al.

(LIU; XUE; DAI, 2012), Figura 3.3.

Figura 3.3: Rota sintética para obtenção do rGO-SO3H.

Inicialmente adicionou-se, em um balão de fundo redondo de 2 L, 0,71 g de

rGO e 240 mL de ácido sulfúrico fumegante (H2SO4.SO3). O sistema permaneceu

sob fluxo de N2 durante 20 min. Após esse período, o sistema foi mantido em

atmosfera de N2 sob agitação magnética, à temperatura ambiente durante 4 dias.

Em seguida, adicionaram-se, lentamente, 500 mL de éter etílico à solução a fim de

precipitar o produto. Essa dispersão foi dividida em alíquotas de 30 mL e cada uma

delas centrifugadas a 5000 rpm por 20 min. O sobrenadante foi removido e o corpo

de fundo foi disperso novamente em éter etílico e filtrado. Esse procedimento foi

realizado três vezes para remoção de todo ácido sulfúrico. O último filtrado foi seco

ao ar por 24 h e, posteriormente, em vácuo durante 48 h, resultando em 1,61 g de

rGO-SO3H.

IV (ATR) (cm-1): 720 cm-1 (f); 826 cm-1 (f); 958 cm-1(f); 1102 cm-1(f).

Análise elementar S (%) encontrada: 5,0 mmol / g.

34

3.3.4 Testes catalíticos

Os testes catalíticos foram realizados em diferentes condições reacionais

para se ter um comparativo. Foram realizadas reações de catálise homogênea e

heterogênea em sistema de refluxo, e também reações de catálise heterogênea em

reatores Parr.

3.3.4.1 Catálise homogênea do biodiesel

Inicialmente, 0,11 mL de H2SO4 concentrado foi misturado a 8,00 mL de

metanol em um béquer de 25 mL. Essa mistura foi adicionada a um balão de fundo

redondo de 50 mL contendo 20 mL de óleo de soja e o sistema mantido por 4 h a 80

°C. Alíquotas de aproximadamente 5 mL foram retiradas a cada hora. Essas

alíquotas, contendo a mistura reacional, foram transferidas para um funil de

separação onde foi observada a formação de duas fases: i) uma menos densa,

contendo o biodiesel e ii) outra inferior, mais densa, contendo glicerina, sabões e

excesso de catalisador e álcool. A fase inferior foi recolhida e a superior submetida a

várias etapas de lavagem com uma solução saturada de NaCl. Em seguida, o

produto foi transferido para um erlenmeyer, seco com CaCl2 e, posteriormente,

filtrado. O biodiesel foi, então, submetido à análise por RMN de ¹H utilizando CDCl3

como solvente deuterado.

3.3.4.2 Catálise heterogênea do biodiesel

O catalisador funcionalizado com grupos sulfônicos sintetizado e

caracterizado neste trabalho foi testado em reações de transesterificação metílica do

óleo de soja. As reações foram testadas tanto na aparelhagem de refluxo, quanto

35

em reator Parr de 10 mL. Várias tentativas foram estudadas até que fossem

encontradas as melhores condições reacionais.

Para o sistema em refluxo, 93,0 mg de catalisador (rGO-SO3H) foram

misturados a 4,00 mL de álcool metílico num béquer de 10 mL. Em seguida, essa

mistura foi adicionada a um balão de fundo redondo de 25 mL contendo 10 mL de

óleo de soja. A reação foi mantida sob refluxo por 5 h. O catalisador foi separado da

fase orgânica por centrifugação e lavado com hexano e álcool metílico a fim de

retirar o óleo presente. O biodiesel foi então submetido à análise por RMN de ¹H em

solução, utilizando CDCl3 como solvente deuterado.

Para o sistema no reator, 100 mg de catalisador (rGO-SO3H) foram

misturados a 4,63 mL de álcool metílico em um béquer de 10 mL. Em seguida, essa

mistura foi transferida para o reator Parr de 10 mL contendo 5 mL de óleo de soja. O

reator foi aquecido a 80 ºC por 6 h. O catalisador foi separado da fase orgânica por

centrifugação e lavado com hexano, a fim de retirar o óleo presente, e álcool

metílico. O biodiesel foi, então, submetido à análise por RMN de ¹H, utilizando CDCl3

como solvente deuterado. Mantidas as condições do teste realizado no reator, o

catalisador recuperado foi submetido a consecutivos testes catalíticos para testar

sua capacidade de reuso.

36

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Síntese do óxido de grafite

O óxido de grafeno (GO) obtido neste trabalho foi sintetizado pela oxidação

de flocos de grafite seguido por processo de esfoliação em um banho de ultrassom.

A reação de oxidação foi realizada utilizando um método de Hummers modificado

(HUMMERS; OFFEMAN, 1957). Neste método, o KMnO4 reage com H2SO4

concentrado para formar a espécie ativa heptóxido de dimanganês (Mn2O7)

(DREYER et al., 2009). Segundo Dreyer et al. (2009) a espécie Mn2O7 apresenta

uma maior reatividade que seu percussor, KMnO4, e reage seletivamente com as

ligações duplas de cadeia alifática em comparação às ligações duplas de anel

aromático. Adicionalmente, flocos de grafite contêm diversos defeitos na sua

estrutura de carbono sp2 que atuam como sítios ativos de oxidação. A formação da

espécie Mn2O7 está apresentada no Esquema 4.1.

A esfoliação promovida pelo banho de ultrassom consiste na separação das

camadas provocada por um estresse mecânico, que é proporcionado pela cavitação

das ondas de ultrassom (CAI et. al, 2012). Neste método, uma dispersão de óxido

de grafite foi deixada em um banho de ultrassom (40 kHz) por 2 h.

4.2 Síntese do rGO-SO3H

Após a obtenção do GO, os grupos funcionais hidroxila e epóxido presentes

neste composto foram removidos através de uma reação de redução com o

Esquema 4.1: Formação do Mn2O7 a partir do KMnO4 em presença de H2SO4 concentrado.

37

borohidreto de sódio (NaBH4) formando o rGO. Esta reação foi realizada com o

objetivo de aumentar a quantidade de grupos sulfônicos na superfície das folhas de

grafeno após a reação de sulfonação. Isto porque a redução dos grupos funcionais

leva a restituição de ligações insaturadas, as quais irão realizar o ataque eletrofílico

no composto trióxido de enxofre (SO3) durante a reação de sulfonação.

Portanto, o catalisador rGO-SO3H foi obtido a partir de uma típica reação de

sulfonação entre o rGO e o ácido sulfúrico fumegante (H2SO4.SO3) à temperatura

ambiente. O mecanismo desta reação ocorre como uma substituição eletrofílica,

como representado no Esquema 4.2.

38

Esquema 4.2: Esquema mecanístico para a reação de sulfonação do rGO.

39

Nas reações de sulfonação de anéis aromáticos, duas moléculas de H2SO4

reagem entre si gerando o eletrófilo SO3 e as espécies H3O+, HSO4

-. Posteriormente,

o eletrófilo sofre um ataque do carbono sp² resultando no íon arênio. Por fim, a

espécie HSO4- remove o próton do íon arênio originando o H2SO4 e restituindo a

aromaticidade do anel.

4.3 Espectroscopia na Região do Infravermelho (IV)

A espectroscopia na região do infravermelho (IV) tem papel fundamental na

identificação de grupos funcionais em moléculas orgânicas. Esta técnica foi empregada

para confirmar a modificação química dos materiais obtidos neste trabalho. Os

espectros de IV do GO, rGO e rGO-SO3H estão apresentados na Figura 4.1 e as

principais atribuições dos espectros de IV desses materiais estão apresentadas na

Tabela 4.1.

Figura 4.1: Espectros de IV do GO, rGO e rGO-SO3H.

40

Tabela 4.1: Principais atribuições dos espectros de IV do GO, rGO e rGO-SO3H.

GO rGO rGO-SO3H

Número de

onda (cm-1)

Atribuição

Número de

onda (cm-1)

Atribuição

Número de

onda (cm-1)

Atribuição

3314 (f)

(O-H) ácidos

carboxílicos e

água

3314 (f)

(O-H) ácidos

carboxílicos e

água

1102 (S=O)

1723 (f) (C=O) ácidos

carboxílicos

958, 826, 720 (SO3H)

1224 (f) (C-O-C)

epóxidos

1053 (C-O-H) álcoois

O espectro de absorção de IV do GO apresenta bandas em 3314 cm-1 atribuídas

à deformação axial de grupos hidroxila (O-H), em 1723 cm-1, ao estiramento da ligação

C=O de ácidos carboxílicos e em 1224 cm-1, referentes à presença de grupos epóxido.

Estes resultados confirmam a oxidação dos flocos de grafite.

O espectro do rGO não apresenta bandas relativas aos grupos hidroxila e

epóxido, mostrando que estes grupos são removidos no processo de redução do GO.

O rGO-SO3H apresenta uma banda em 1102 cm-1, referente ao estiramento do

grupo S=O e as bandas em 956, 828 e 720 cm-1 são atribuídas a formas de

estiramento do grupo – SO3H (NAKAJIMA; HARA, 2012).

4.4 Análise Termogravimétrica (ATG)

A análise termogravimétrica (ATG) é uma técnica que monitora a variação de

massa de um material em função da temperatura ou do tempo, em um ambiente de

atmosfera controlada. Portanto, pode-se avaliar a estabilidade térmica dos materiais.

As ATGs do GO, rGO e rGO-SO3H estão apresentados na Figura 4.2.

41

A ATG do GO apresenta três estágios de perda de massa: um abaixo de 100

ºC (33,3%), atribuído à perda de moléculas de água e gases adsorvidos; outro entre

185-325 ºC (25 %), atribuído à perda dos grupos funcionais e o último acima de 325

ºC (40 %), referente à decomposição da matéria orgânica.

O rGO apresenta apenas dois estágios de perda massa, um abaixo de 100 ºC

(27,3%) devido a moléculas de água e gases, e um outro estágio acima de 305 ºC

(52 %) atribuído a decomposição da estrutura do material. A perda dos grupos

funcionais presentes no GO é verificada no intervalo de temperatura de 185-325 ºC,

o qual não é observado no rGO, mostrando assim que a reação de redução dos

grupos funcionais ocorreu com sucesso. Em relação ao seu precursor rGO, o rGO-

SO3H apresenta uma nova perda de 110-350 ºC (81,6%), atribuída a presença dos

grupos sulfônicos. Adicionalmente, uma acima de 345 ºC (18,4 %), referente à

decomposição da matéria orgânica no rGO-SO3H.

100 200 300 400 500 600

0

20

40

60

80

100

18,4%

81,6%

27,3%

52%

40%

25%

Perd

a d

e m

assa (

%)

Temperatura (°C)

GO

rGO

rGO-SO3H

33,3%

Figura 4.2: ATG do GO, rGO e rGO-SO3H.

42

4.5 Análise elementar (AE)

A análise elementar (AE) de S foi realizada com o intuito de quantificar o

porcentual de átomos de enxofre (S) presentes no catalisador. O resultado da AE

está descrito na Tabela 4.2.

Tabela 4.2: Resultados da determinação de S por ICP-OES no catalisador rGO-SO3H.

Elemento Resultado 1 (%) Resultado 2 (%)

S 15,773 15,688

A média das porcentagens de S encontrada em rGO-SO3H é de 15,7305 %.

Este resultado é superior ao encontrado por Mirza-Aghayan et al. (2016). Neste

trabalho, os autores sintetizaram um catalisador a partir da reação de redução do GO

seguida da introdução de grupos aril sulfônicos em sua superfície, obtendo 4,74 % de

S. Outra forma comumente utilizada para quantificação é converter a quantidade de S

dada em porcentagem para mmol g-1. Ao realizar esta conversão, o valor encontrado

para rGO-SO3H foi de 5 mmol g-1. Este resultado também é superior aos encontrados

na literatura. Como por exemplo, Nakajima e Hara (2012) obtiveram cinco

catalisadores, em diferentes temperaturas, a partir de reações de sulfonação do

carbono amorfo. As quantidades de S encontradas estão na faixa de 0,75 a 1,8 mmol g-

1. A grande quantidade de átomos de S presentes no rGO-SO3H, comparada a de

outros trabalhos presentes na literatura, mostra a alta eficiência do processo de

sulfonação do rGO. Isto se deve à sua estrutura lamelar e à presença de uma grande

quantidade de carbonos sp2 disponíveis para esta reação.

43

4.6 Análise por Difração de Raios X (DRX)

A técnica de difração de raios X foi aplicada com o objetivo de identificar o

grau de separação das folhas nas estruturas do GO e do rGO-SO3H. Os

difratogramas obtidos para os materiais estudados estão apresentados na Figura

4.3. Nestas análises pode ser observada a presença de picos de difração do plano

(002) em 2θ = 21,88 º (GO) e 2θ = 23,69 º (rGO-SO3H). Além desses picos, os

difratogramas mostram picos de difração do plano (101) em 2θ = 42,72 º (rGO-

SO3H) e 2θ = 42,13 º (GO). Os picos relativos aos planos (002) e (101) ocorrem

devido a estrutura de empilhamento das folhas de carbono nestes materiais (PENG

et. al, 2014). O GO ainda apresentou um pico de difração em 2θ = 10,71 º. O

aparecimento desse pico mostra uma mudança na estrutura de empilhamento para o

GO em relação ao rGO-SO3H.

10 20 30 40 50 60 70

42,13°

42,72°

23,69°

Inte

nsid

ad

e (

u.

a.)

GO

rGO-SO3H

2 (°)

10,71°

21,88°

Figura 4.3: Difratogramas do GO e do rGO-SO3H.

44

Para comparar o grau de separação das folhas do GO e do rGO-SO3H, a

distância interlamelar foi calculada utilizando a lei de Bragg (Equação 1).

(1)

Onde:

n = 1,2,3...

= comprimento de onda dos raios X (CuKα1 = 1,5406 Ǻ)

dhkl = distância interplanar entre os planos que causam interferência construtiva; hkl

são os índices de Miller

= ângulo de Bragg. É a metade do ângulo entre o feixe difratado e o feixe original

(θ = 5,335 º para o GO e θ = 11,845 º para o rGO-SO3H)

Ainda foram calculados os valores dos parâmetros de rede a e c para o GO e

para o rGO-SO3H, utilizando a Equação 2, a qual é aplicada em sistemas

hexagonais (Figura 4.4). Os resultados encontrados estão apresentados na Tabela

4.3.

(2)

Onde:

d = distância interplanar entre os planos que causam interferência construtiva

hkl = índices de Miller, correspondentes aos valores dos planos (002) e (101)

a = parâmetro de rede

c = parâmetro de rede

45

Figura 4.4: Sistema cristalino hexagonal. Os parâmetros de rede a e c são calculados a partir da

Equação 2.

Tabela 4.3: Variáveis calculadas a partir dos resultados obtidos nos difratogramas do GO e do rGO-SO3H.

Material 2θ (º) Distância

interlamelar (d)

Parâmetro de

rede a

Parâmetro

de rede c

GO 10,71 8,25 Ǻ 2,49 Ǻ 16,5 Ǻ

rGO-SO3H 23,69 3,75 Ǻ 2,53 Ǻ 7,50 Ǻ

A partir dos valores encontrados para os parâmetros de rede, é possível

inferir que o pico em 2θ = 10,71 ° presente no difratograma do GO é um harmônico

do pico em 2θ = 23,69 °, tendo em vista que seu valor do parâmetro c é

aproximadamente o dobro do valor encontrado para o sistema formado com o rGO-

SO3H. Assim, o plano referente ao GO em 2θ = 10,71 ° é o (001).

Além disso, o deslocamento do pico de difração do rGO-SO3H (2θ = 23,69 °)

em relação ao GO (2θ = 10,71 °) indica uma diminuição da distância interlamelar na

estrutura do catalisador, provavelmente devido à remoção dos grupos oxigenados

durante a etapa de redução.

46

4.7 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

A morfologia do GO e rGO-SO3H foi investigada através da técnica de

microscopia eletrônica de varredura (MEV). A imagem de MEV do GO apresentada

na Figura 4.5 mostra uma estrutura bidimensional constituída por folhas de GO

(MKHOYAN et al., 2009) que resultaram do processo de esfoliação. Adicionalmente,

a imagem de MEV do GO apresenta um pequeno número de folhas com estrutura

de empilhamento, as quais têm dimensões da ordem de micrometros. Já o MEV do

catalisador rGO-SO3H (Figura 4.6) mostra uma drástica mudança na morfologia do

material, evidenciada pela presença de aglomerados.

Figura 4.5: Imagem em MEV do GO.

47

4.8 Espectroscopia de Energia Dispersiva de Raios X (EDS)

A funcionalização das folhas de rGO ainda foi confirmada pela técnica

espectroscopias de energia dispersiva de raios X (EDS). O mapeamento elementar

mostra uma distribuição homogênea dos átomos de carbono, oxigênio e enxofre,

como pode ser visto nas Figuras 4.7.1, 4.7.2 e 4.8. Uma análise quantitativa da

composição atômica de rGO-SO3H mostra que o material é composto por 6% de

oxigênio, 63,9 % de carbono e 30,1 % de enxofre.

Figura 4.6: Imagem em MEV do rGO-SO3H.

48

Figura 4.7.1: Imagem que deu origem ao mapeamento elementar,

Figura 4.7.2: Imagem (a) do mapeamento elementar total do rGO-SO3H e do mapeamento por

elemento: (b) carbono, (c) oxigênio e (d) enxofre.

49

Figura 4.8: EDS do rGO-SO3H (inset: imagem que deu origem à análise).

4.9 Avaliação da atividade catalítica

Os materiais rGO-SO3H e rGO apresentam grupos ácidos em sua superfície,

os quais podem ter potencial atividade catalítica em reações de produção de

biodiesel. Essas reações ocorrem pela transesterificação de triglicerídeos, presentes

em óleos vegetais ou gorduras animais, com um álcool e podem ser catalisadas por

ácidos, bases ou enzimas (LIMA et. al, 2016). O rGO contém grupos de ácidos

carboxílicos (–COOH), que são ácidos fracos, e podem atuar como sítios catalíticos.

Adicionalmente, a funcionalização do rGO através da reação de sulfonação, para

gerar o rGO-SO3H que contém os grupos –COOH e –SO3H. A presença do grupo –

SO3H pode levar a uma melhora na atividade catalítica por ser um ácido forte.

Assim, foram realizados testes preliminares em regime de catálise homogênea em

que o H2SO4 foi utilizado como catalisador a fim de conhecer a sua atividade

catalítica antes de funcionalizar as folhas de rGO com estes grupos. Em regime de

50

catálise heterogênea, foram avaliadas as seguintes condições catalíticas: sistema

em refluxo e em reator Parr. Com o reator Parr foram realizadas reações com rGO-

SO3H e rGO, a fim de comparar as taxas de conversão em um mesmo intervalo e

tempo. Para investigar a estabilidade e uma possível aplicação industrial do

catalisador rGO-SO3H, este foi submetido a subsequentes reações catalíticas para

avaliar o seu reuso.

As taxas de conversão foram monitoradas através da técnica de

espectroscopia de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN de 1H).

Segundo Monteiro et al., a taxa de conversão do biodiesel pode ser estimada

através da integração das áreas dos sinais relativos aos grupos metileno (2,3 ppm, t)

e metóxi (3,7 ppm, s) obtidas a partir dos espectros de RMN de 1H do biodiesel e

aplicando-se os valores de área na Equação (3).

(3)

Onde:

= Área do singleto, referente a um grupo metóxi, localizado em 3,7 ppm.

= Área do tripleto, referente ao grupo metilênico, localizado em 2,3 ppm.

4.9.1 Avaliação da atividade catalítica do H2SO4

O teste catalítico em sistema homogêneo foi realizado empregando H2SO4

como catalisador na reação de transesterificação metílica do óleo de soja em um

sistema de refluxo pelo tempo de 4 h, razão metanol/óleo de 9:1 e 1% em massa de

H2SO4 (2 mmol). Ao término da reação, observa-se a formação de duas fases: i) a

inferior, que contém glicerina e ii) a superior, que contém o biodiesel. Na parte

superior, foram realizadas diversas etapas de lavagem com solução saturada de

NaCl para completa remoção do H2SO4. A lavagem com esta solução salina facilita a

separação do biodiesel da água de lavagem, já que ela tem um papel contrário ao

de um surfactante, isto é, ela age desestabilizando a emulsão num fenômeno

51

conhecido como “salting-out”. Neste processo os íons da solução salina competem

com a cabeça polar do surfactante (sais de ácidos graxos presentes) pela água de

hidratação (SANTOS et al., 2014). Ao fim, o biodiesel foi seco com CaCl2 e filtrado.

Parte desta amostra foi submetida à análise pela técnica de RMN de ¹H (Figura 4.9).

A quantificação por RMN de ¹H foi feita utilizando a Equação (1) e a área dos sinais

metileno (2,28 ppm, t) e do metóxi (3,64 ppm, s) resultou em uma conversão de

87%.

Figura 4.9: Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3 obtido a partir da catálise

homogênea em sistema de refluxo.

4.9.2 Avaliação da atividade catalítica do rGO-SO3H em refluxo

Em condições bastante similares à reação com o H2SO4 foi realizada a reação

com o catalisador rGO-SO3H. A reação de transesterificação metílica do óleo de soja

foi realizada em um sistema de refluxo pelo tempo de 5 h, razão metanol/óleo de 9:1

e 1 % em massa de rGO-SO3H, que corresponde a 0,465 mmol de SO3H. Ao final

52

da reação, a mistura reacional foi centrifugada a 1800 rpm por 30 min e pode se

observar a formação de três fases (Figura 4.10).

Figura 4.10: Sistema formado após catálise heterogênea do biodiesel em condições de refluxo, utilizando como catalisador o rGO-SO3H.

A fase superior, contendo o biodiesel foi separada e enviada para análise por

RMN de ¹H. A fase intermediária, composta majoritariamente pelo catalisador rGO-

SO3H foi removida e lavada três vezes com hexano e uma vez com metanol e seca

em condições ambiente por 24 h. A parte inferior, contendo metanol e glicerol foi

descartada. A localização do rGO-SO3H entre as fases de polaridades opostas

mostra que este catalisador tem uma propriedade anfifílica, o qual pode interagir

tanto com a parte polar como apolar da reação. O espectro de RMN de ¹H deste

biodiesel está apresentado na Figura 4.11.

53

Figura 4.11: Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3 obtido a partir da catálise heterogênea em sistema de refluxo, utilizando rGO-SO3H como catalisador.

A quantificação usando a Equação (1) e a área dos sinais do metileno (2,29

ppm, t) e do metóxi (3,64 ppm, s) resultou em uma conversão de 5%. Este resultado

mostra uma baixa conversão quando comparado ao obtido quando o H2SO4 foi

utilizado como catalisador. Contudo, a quantidade em mol utilizada na reação com o

H2SO4 (2 mmol) foi quatro vezes maior do que a quantidade de grupos –SO3H

(0,465 mmol) disponíveis para reação quando o rGO-SO3H foi empregado como

catalisador.

4.9.3 Avaliação da atividade catalítica do rGO-SO3H em reator Parr

Devido à baixa conversão em biodiesel na reação catalisada pelo rGO-SO3H

em condições de refluxo e vários trabalhos na literatura realizarem esta reação em

reatores Parr, (BASSAN et al., 2013; GARCIA et al., 2008; SRILATHA et al., 2012), a

atividade catalítica do rGO-SO3H e rGO também foi avaliada nesta condição.

54

A reação de transesterificação metílica do óleo de soja foi realizada em um

um reator Parr pelo tempo de 6 h, 80 °C, razão metanol/óleo de 20:1 e 2 % em

massa de rGO-SO3H. Ao final da reação, a mistura reacional foi centrifugada a 1800

rpm por 30 min e pode se observar a formação de três fases, como descrito

anteriormente. Os espectros de RMN de 1H da reação com o rGO-SO3H e rGO

estão apresentados nas Figuras 4.12 (a) e (b), respectivamente. As taxas de

conversão calculadas a partir dos espectros de RMN de 1H e empregando a

Equação (1) foram de 84 % e 45 % para o rGO-SO3H e rGO, respectivamente. Este

resultado mostra o efeito positivo da presença dos grupos sulfônicos (–SO3H) na

atividade catalítica do rGO-SO3H. A taxa de conversão alcançada pelo rGO não é

tão baixa devido à presença de grupos –COOH neste material. A presença desses

sítios ácidos possibilita a ocorrência da reação, como mostrado no mecanismo de

transesterificação ácido descrito no esquema 1.3 da seção 1.3.

Figura 4.12 (a): Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3 obtido a partir da catálise heterogênea em reator Parr, utilizando rGO-SO3H como catalisador.

55

Figura 4.12 (b): Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3 obtido a partir da catálise heterogênea em reator Parr, utilizando rGO como catalisador.

4.9.4 Avaliação do desempenho do catalisador rGO-SO3H em sucessivas

reações catalíticas

Testes de reuso foram realizados para o catalisador rGO-SO3H por este ter

apresentado a maior taxa de conversão. Assim, foi utilizado um reator Parr pelo

tempo de 6 h, 80 °C, razão metanol/óleo de 20:1 e 2 % em massa de rGO-SO3H. Ao

final da reação, a mistura reacional foi centrifugada a 1800 rpm por 30 min e pode se

observar a formação de três fases, como descrito anteriormente. A fase em que o

rGO-SO3H estava presente foi recuperada e o catalisador lavado por três vezes com

hexano e uma vez com metanol. Em seguida, este material foi seco à temperatura

ambiente e usado novamente nas reações de transesterificação, caracterizando um

ciclo. Neste estudo, foram realizados quatro ciclos. Um gráfico mostrando a taxa de

conversão de cada ciclo está apresentado na Figura 4.13. Estas taxas de conversão

foram obtidas a partir dos espectros de RMN de 1H que estão apresentados nas

Figuras 4.14 (a) – (c). A taxa de conversão foi praticamente invariável do primeiro ao

56

terceiro ciclo, apresentando uma brusca queda no quarto ciclo. Essa desativação,

provavelmente, ocorreu devido à perda dos grupos sulfônicos por processo de

lixiviação. Este resultado é melhor do que o encontrado por Shuit e Tan (2015) que

sintetizaram um catalisador através da sulfonação de nanotubos de carbono com

H2SO4. Os resultados catalíticos mostraram uma conversão de 78 % no primeiro

ciclo que decai para aproximadamente 75% no terceiro ciclo, sendo mantidas as

condições reacionais.

Figura 4.13: Taxa de conversão do catalisador rGO-SO3H após sucessivos testes de reuso.

1 2 3 40

20

40

60

80

Taxa

de

co

nvers

ão

(%

)

Número de ciclos

57

Figura 4.14 (a): Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3 obtido a partir da catálise heterogênea em reator Parr, após o primeiro reuso do catalisador rGO-SO3H. O biodiesel formado na

primeira reação catalisada por este material está na Figura 4.10 (a).

Figura 4.14 (b): Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3 obtido a partir da catálise

heterogênea em reator Parr, após o segundo reuso do catalisador rGO-SO3H.

58

Figura 4.14 (c): Espectro de RMN de ¹H (500 MHz) do biodiesel em CDCl3 obtido a partir da catálise

heterogênea em reator Parr, após o terceiro reuso do catalisador rGO-SO3H.

59

5. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

5.1 Conclusões

Neste trabalho foi empregado o método de Hummers modificado, seguido do

processo de esfoliação para obter o GO. Este material foi reduzido com NaBH4 em

meio básico, com o objetivo de aumentar sua área disponível para ancorar os sítios

ácidos, dando origem ao rGO. Em seguida, o catalisador foi obtido a parir de uma

reação de sulfonação do rGO. A partir deste material foi sintetizado o catalisador

rGO-SO3H, obtido a partir da reação de sulfonação do rGO. Este catalisador foi

caracterizado por diversas técnicas.

A espectroscopia na região do infravermelho confirmou a perda dos grupos

funcionais oxigenados no processo de redução devido à ausência de bandas

referentes aos grupamentos hidroxila, carbonila e epóxido. Confirmou a sulfonação

do rGO pelo aparecimento de bandas referentes ao estiramento do grupo S=O, em

1102 cm-1, e referentes a formas de estiramento do grupo –SO3H, em 956, 828 e

720 cm-1. O TGA mostrou perda equivalente a 81,6 % da massa total do catalisador

no estágio de 110-350 ºC, relativa à perda de grupos sulfônicos, o que evidencia a

grande quantidade de sítios ácidos presentes no rGO-SO3H. O resultado da análise

elementar de enxofre foi de 5 mmol g-1, confirmando a efetiva sulfonação do rGO-

SO3H. O DRX do rGO-SO3H apresentou um deslocamento do pico (200) de 2θ =

10,71 º, presente no GO para 2θ = 23,69 º, o qual indica uma diminuição da

distância interlamelar, provavelmente devido à remoção dos grupos oxigenados

durante a etapa de redução. O MEV mostrou que o catalisador é constituído de um

aglomerado. O EDS possibilitou um mapeamento da superfície do rGO-SO3H e foi

observada uma distribuição homogênea dos grupos sulfônicos na superfície do

material.

Os testes catalíticos inicialmente feitos em refluxo não foram eficientes, sendo

necessárias condições mais drásticas de reação, o que é comum quando se utiliza

catalisadores heterogêneos. A taxa de conversão alcançada pelo catalisador rGO-

SO3H foi de 84 %, utilizando razão molar metanol/óleo 20:1, 100 mg do catalisador e

6 h de reação a 80 °C em reator Parr. Os testes de reuso confirmaram uma boa

atividade catalítica desse material, o qual alcançou valores constantes de conversão

até o 3° ciclo catalítico (1º ciclo: 84 %; 2º ciclo: 86 %; 3º ciclo: 87 %; 4º ciclo: 2 %).

No entanto, foi observada uma redução drástica na taxa de conversão no 4º ciclo

60

catalítico, o que mostra uma desativação do rGO-SO3H associada a um processo de

lixiviação.

5.2 Perspectivas

● As condições de reação de transesterificação do óleo de soja para a produção de

biodiesel empregando o catalisador rGO-SO3H podem ser otimizadas com o objetivo

de aumentar sua capacidade de reuso.

● Será realizada a análise elementar do catalisador utilizado nos testes de reuso, de

modo a verificar se ocorreu o processo de lixiviação.

● Escrita de um manuscrito com os resultados deste trabalho.

61

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Boletim

Mensal do Biodiesel, p. 10, 2015.

Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Resolução nº

42 de 24 de novembro de 2004, art. 2.

ANTUNES, M. M. et al. Sulfonated Graphene Oxide as Effective Catalyst for

Conversion of 5-(Hydroxymethyl)-2-furfural into Biofuels. Chemical & Sustainability

Energy & Materials, v. 7, n. 48, p. 804–812, 2014.

BASSAN, I. A. L. et al. Esterification of fatty acids with alcohols over niobium

phosphate. Fuel Processing Technology, v. 106, p. 619–624, 2013.

BIAN, G. et al. A novel poly(p-styrenesulfonic acid) grafted carbon

nanotube/graphene oxide architecture with enhanced catalytic performance for the

synthesis of benzoate esters and fatty acid alkyl esters. RSC Advances, v. 5, n. 110,

p. 90757–90765, 2015.

CAI, M. et al. Methods of graphite exfoliation. Journal of Materials Chemistry, v.

22, n. 48, p. 24992–25002, 2012.

CIRUJANO, F.G.; CORMA, A.; LLABRÉS I XAMENA, F.X. Zirconium-containing

metal organic frameworks as solid acid catalysts for the esterification of free fatty

acids: Synthesis of biodiesel and other compounds of interest. Catalysis Today, v.

257, n. 2, p. 213–220, 2015.

DE LIMA, A. L.; RONCONI, C. M.; MOTA, C. J. A. Heterogeneous Basic Catalysts for

Biodiesel Production. Catalysis Science & Technology, v. 6, n. 9, p. 2877–2891,

2016.

62

DEMIRBAS, A. Biodiesel: a realistic fuel alternative for diesel engines. Turquia,

Ed. Springer, 2008, p. 112.

DREYER, D. R. et al. The chemistry of graphene oxide. Chemical Society Reviews,

v. 39, n. 1, p. 228–240, 2010.

GARCIA, C. M. et al. Transesterification of soybean oil catalyzed by sulfated zirconia.

Bioresource Technology, v. 99, n. 14, p. 6608–6613, 2008.

GARG, B.; BISHT, T.; LING, Y. Graphene-Based Nanomaterials as Heterogeneous

Acid Catalysts: A Comprehensive Perspective. Molecules, v. 19, n. 9, p. 14582–

14614, 2014.

HUMMERS, W.; OFFEMAN, R. Preparation of Graphitic Oxide. Journal of

American Chemical Society, v. 80, n. 3, p.1339, 1958.

JACOBSON, K. et al. Solid acid catalyzed biodiesel production from waste cooking

oil. Applied Catalysis B: Environmental, v. 85, n. 1–2, p. 86–91, 2008.

JAHAN, M. et al. Structure-Directing Role of Graphene in the Synthesis of Metal-

Organic Framework Nanowire. Journal of American Chemical Society, v. 132, n.

31, p. 14487–14495, 2010.

KOVTYUKHOVA, N. I. et al. Layer-by-Layer Assembly of Ultrathin Composite Films

from Micron-Sized Graphite Oxide Sheets and Polycations. Chemistry of Materials,

v. 11, n. 3, p. 771–778, 1999.

LEUNG, D. Y. C.; WU X.; LEUNG, M. K. H. A review on biodiesel production using

catalyzed transesterification. Applied Energy, v. 87, n. 4, p. 1087, 2010.

LIU, F. et al. Sulfated graphene as an efficient solid catalyst for acid-catalyzed liquid

reactions. Journal of Materials Chemistry, v. 22, n. 12, p. 5495, 2012.

63

LIU, J.; XUE, Y.; DAI, L. Sulfated Graphene Oxide as a Hole-Extraction Layer in

High-Performance Polymer Solar Cells. The Journal of Physical Chemistry

Letters, v. 3, n. 14, p. 1928−1933, 2012.

MIRZA-AGHAYAN, M.; TAVANA, M. M.; BOUKHERROUB, R. Sulfonated reduced

graphene oxide as a highly efficient catalyst for direct amidation of carboxylic acids

with amines using ultrasonic irradiation. Ultrasonics Sonochemistry, v. 29, p. 371–

379, 2016.

MKHOYAN, K. A. et al. Atomic and Electronic Structure of Graphene-Oxide. Nano

Letters, v. 9, n. 3, p. 1058–1063, 2009.

MONTEIRO, M. R. et al. Critical review on analytical methods for biodiesel

characterization. Talanta, v. 77, n. 2, p. 597, 2008.

MONTES-NAVAJAS, P. et al. Surface Area Measurement of Graphene Oxide in

Aqueous Solutions. Langmuir, v. 29, n. 44, p. 13443−13448, 2013.

NAIK, S. N. et al. Production of first and second generation biofuels: A

comprehensive review. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 14, n. 2,

p. 578–597, 2010.

NAKAJIMA, K.; HARA, M. Amorphous Carbon with SO3H Groups as a Solid

Brønsted Acid Catalyst. ACS Catalysis, v. 2, n. 7, p. 1296−1304, 2012.

NASIR, N. F. et al. Process system engineering in biodiesel production: A review.

Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 22, p. 631–639, 2013.

PEI, S.; CHENG, H. The reduction of graphene oxide. Carbon, v. 50, n. 9, p. 3210–

3288, 2012.

64

PENG, S. et al. GREEN SYNTHESIS AND CHARACTERIZATION OF GRAPHITE

OXIDE BY ORTHOGONAL EXPERIMENT, Journal of The Chilean Chemical

Society, v. 58, n. 4, p. 2215, 2013.

PINTO, A. C. et al. Biodiesel: An Overview. Journal of the Brazilian Chemical

Society, v. 16, n. 6B, p. 1313–1330, 2005.

RANI, B. et al. Photochemical Smog Pollution and Its Mitigation Measures. Journal

of Advanced Scientific Research, v. 2, n. 4, p. 28–33, 2011.

SANTOS, E. C. S. et al. Guanidine-functionalized Fe3O4 magnetic nanoparticles as

basic recyclable catalysts for biodiesel production. RSC Advances, v. 5, n. 59, p.

48031–48038, 2015.

SANTOS, E. C. S. Síntese, caracterização e aplicação de nanopartículas

magnéticas funcionalizadas para produção de biodiesel. Niterói, 2014.

SHU, Q. et al. Synthesis of biodiesel from soybean oil and methanol catalyzed by

zeolite beta modified with La3+. Catalysis Communications, v. 8, n. 12, p. 2159–

2165, 2007.

SHUIT, S. H.; TAN, S. H. Feasibility study of various sulphonation methods for

transforming carbon nanotubes into catalysts for the esterification of palm fatty acid

distillate. Energy Conversion and Management, v. 88, p. 1283–1289, 2015.

SINGH, S.P.; SINGH, D. Biodiesel production through the use of different sources

and characterization of oils and their esters as the substitute of diesel: A review.

Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 14, n. 1, p. 200–216, 2010.

SIVASAMY, A. et al. Catalytic Applications in the Production of Biodiesel from

Vegetable Oils. Chemical & Sustainability Energy & Materials, v. 2, n. 4, p. 278–

300, 2009.

65

SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B. Química Orgânica, v. 2, 7ª ed., EUA, Ed.

John Willey & Sons, 2000, p. 102.

SRILATHA, K. et al. Biodiesel production from used cooking oil by two-step

heterogeneous catalyzed process. Bioresource Technology, v. 119, p. 306–311,

2012.

TAELMAN, S. E. et al. Environmental sustainability analysis of a protein-rich livestock

feed ingredient in The Netherlands: Microalgae production versus soybean import.

Resources, Conservation and Recycling, v. 101, p. 61, 2015.

USAI, E. M. et al. Sulfonic acid-functionalized mesoporous silicas: Microcalorimetric

characterization and catalytic performance toward biodiesel synthesis. Microporous

and Mesoporous Materials, v. 179, p. 54–62, 2013.

VICENTE, G.; MARTÍNEZ, M.; ARACIL, J. Integrated biodiesel production: a

comparison of different homogeneous catalysts systems. Bioresource Technology,

v. 92, n. 3, p. 298, 2004.

ZARBIN, A. J. G.; OLIVEIRA, M. M. NANOESTRUTURAS DE CARBONO

(NANOTUBOS, GRAFENO): QUO VADIS? Quimica Nova, v. 36, n.10, p. 1533–

1539, 2013.