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1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA A COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL DO RECÉM-NASCIDO E O CUIDADO DE ENFERMAGEM EM UTI NEONATAL: um estudo com a equipe de enfermagem VIVIANE DE SOUZA IZIDOR0 Niterói-RJ 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

A COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL DO RECÉM-NASCIDO E O CUIDADO DE

ENFERMAGEM EM UTI NEONATAL: um estudo com a equipe de enfermagem

VIVIANE DE SOUZA IZIDOR0

Niterói-RJ

2014

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VIVIANE DE SOUZA IZIDORO

A COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL DO RECÉM-NASCIDO E O CUIDADO DE

ENFERMAGEM EM UNIDADE NEONATAL: um estudo com a equipe de

enfermagem

Orientadora: PROFA DRA

2014

FÁTIMA HELENA DO ESPÍRITO SANTO

Niterói

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Título de Enfermeira e Licenciado em Enfermagem.

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I 98 Izidoro, Viviane de Souza. A comunicação não verbal do recém-nascido e o cuidado de

enfermagem em UTI Neonatal: um estudo com a equipe de enfermagem em Unidade Neonatal / Viviane de Souza Izidoro. – Niterói: [s.n.], 2014. 50 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) - Universidade Federal Fluminense, 2014. Orientador: Profª. Fátima Helena do Espírito Santo.

1. Enfermagem Neonatal. 2. Comunicação. 3. Cuidados de Enfermagem. 4. Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. I. Título.

CDD 610.736

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VIVIANE DE SOUZA IZIDORO

A COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL DO RECÉM-NASCIDO E O CUIDADO DE

ENFERMAGEM EM UTI NEONATAL: um estudo com a equipe de enfermagem

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Coordenação do Curso de Enfermagem e Licenciatura da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção de Título de Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem.

Aprovada em / /

BANCA EXAMINADORA

Profª Drª. Fátima Helena do Espírito Santo- Orientadora Universidade Federal Fluminense – UFF

_______________________________________________________________________ Enfo Luiz Henrique Ferreira da Silva- 1º Examinador

Hospital Universitário Antônio Pedro- HUAP

________________________________________________________________________ Enfª Msc. Luiz dos Santos- 2ª Examinador

Universidade Federal Fluminense- UFF

________________________________________________________________________ Enfª Maria Teresa S. R. Barbosa- Suplente

Hospital Universitário Antônio Pedro- HUAP

Niterói, RJ 2014

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DEDICO ESSE TRABALHO...

As minhas irmãs, Juliana e Thaiane, que de certa forma sempre me incentivaram. Que esse

trabalho seja um estímulo para que vocês jamais venham desistir dos seus sonhos.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu amado JESUS

Autor da minha fé, razão da minha existência, Senhor da minha vida. Tudo que sou e

tudo que tenho é por meio Dele e para Ele. Obrigada Senhor, pela tua grandeza, pelo seu amor

incondicional, por tudo que tens feito e por tudo que ainda vais fazer e por mais um grande

sonho realizado na minha vida.

Ao meu esposo Matheus

Por ser meu incentivador, sempre me encorajando e me impulsionando a ir sempre

mais longe. Seu coração apaixonado por Jesus me atraiu, e a cada dia ao seu lado tem me

inspirado a buscar por mais de Deus. Você é meu sonho realizado, o grande amor da minha

vida. Obrigada também por me ajudar neste trabalho, pela paciência, compreensão e pelas

observações e dicas. TE AMO !!!!

A minha Mãe e ao meu avô Ariosto

Que não mediram esforços para me ajudar, vocês fazem parte dessa conquista.

Obrigada pelo carinho, pela dedicação e por sempre investirem na minha vida, dando-me

sempre o seu melhor. Essa vitória também é de vocês!!!!!

A minha orientadora Fátima Helena

Por acreditar em mim, pela confiança, por me proporcionar uma vasta área de

conhecimento. Por sempre me mostrar que eu sou capaz e que eu posso ir além. Obrigada

professora por aceitar fazer parte desta caminhada, trazendo contribuições para o

enriquecimento deste estudo e pelas orientações que eram sempre recheadas de sorrisos e

carinho.

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Aos meus amados AMIGOS

Cada um que faz parte da minha vida, direta ou indiretamente. Sou grata aos amigos

que fiz ao longo dessa caminha. Aos amigos de escola, o meu inesquecível "quarteto

fantástico". Ao grupo de amigos que fiz no início dessa faculdade, denominado como "mão",

ao lado de vocês eu dei as melhores risadas, lamento em não tê-los tão mais próximos a mim.

Aos amigos do apartamento 603 por sempre me receberem na casa de vocês de braços

abertos, na humilde residência de vocês eu literalmente encontrei descanso. Em especial a

minha flor, que sempre esteve disponível a me socorrer, prestativa e sempre muito sábia em

suas palavras.

A todos os grupos de estágio em que eu fiz parte, eu aprendi muito com cada um de vocês.

Aos amigos mais chegados que irmãos, obrigada pelas orações, pelo carinho e incentivo,

vocês são presente de Deus na minha vida.

Aos meus tios e a família Ribeiro

Vocês são fundamentais na minha vida. Obrigada pelas orações e todo apoio que

vocês estão me dando.

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Longa e difícil é a caminhada que conduz à excelência.

Mas quando você chegar ao topo, verá que foi mais fácil

do que pensava (Hesíodo 700 a.C).

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RESUMO

O nascimento de um filho é um acontecimento que gera grande expectativa para os pais, mas às vezes o nascimento prematuro e/ou alterações fisiológicas levam a necessidade de que o recém-nascido (RN) seja encaminhado a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), ficando sob cuidados intensivos 24 horas por dia. Dessa forma os profissionais de saúde, principalmente os membros da equipe de enfermagem possuem papel importante no reconhecimento das formas de comunicação da criança, decodificando-as visando reconhecer e diagnosticar as necessidades deste RN a fim de proporcionar uma assistência adequada considerando suas necessidades e demandas de saúde. Objetivos: compreender a comunicação do recém-nascido e suas implicações no cuidado de enfermagem em UTIN; Descrever as formas de comunicação do RN durante o cuidado da equipe de enfermagem em UTJN; Identificar como a equipe de enfermagem interpreta as formas de comunicação do RN durante o cuidado em UTIN; Analisar como a equipe de enfermagem articula as formas de comunicação do RN no cuidado ao mesmo em UTIN. Considerando a complexidade que envolve o cuidado de enfermagem ao recém-nato em UTIN, é fundamental que o enfermeiro juntamente com a sua equipe estabeleçam um plano de cuidados que atenda as necessidades e demandas de cuidados dessas crianças, a partir do desenvolvimento de conhecimentos e habilidades para identificar e decodificar suas formas de comunicação visando proporcionar um ambiente seguro e favorável a sua recuperação. Metodologia: trata-se de um estudo de natureza qualitativa, do tipo exploratória e descritiva. O cenário da pesquisa foi a Unidade Neonatal localizada atualmente no 5° andar do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), Niterói-RJ. Os participantes do estudo foram 24 membros da equipe de enfermagem da referida unidade e a coleta de informações foi desenvolvida através da observação direta e entrevista semi estruturada, após a conclusão da coleta de informações, as entrevistas foram submetidas à análise temática. Depois da identificação dos temas comuns nas informações colhidas, estes foram agrupados nas seguintes categorias: A comunicação do RN em UTIN e O Cuidado de enfermagem ao RN em UTIN. Resultados:Constatou-se que a equipe de enfermagem da Unidade é composta, predominantemente, por mulheres, casadas, cuja maioria possui mais de um vínculo empregatício e que grande parte dos técnicos e auxiliares de enfermagem possui ensino superior em enfermagem e outras profissões. A equipe de enfermagem da UTIN através do convívio diário com o recém nato tem a oportunidade de estabelecer uma relação com ele através das atividades de cuidado e com isso, perceber suas formas de comunicação, sendo o reconhecimento da linguagem não verbal do recém -nato uma das estratégias para o cuidado humanizado. Concluímos que o reconhecimento da linguagem não verbal exige da enfermagem e principalmente do enfermeiro, conhecimento na área de neonatologia, experiência e um olhar diferencial, para que se tenha assim, percepção desses sinais. Ou seja, faz se necessário uma comunicação efetiva e afetiva entre os profissionais da equipe de enfermagem e o RN para que o cuidado vá além das técnicas e procedimentos, e isso implica em presença, olhar atento, escuta sensível, olhar habilidoso, mãos que acalentam e foco naquele ser que necessita ser cuidado e para isso necessita ser compreendido em sua integralidade, para que cuidar seja mais que um ato mas também uma intenção de contribuir para sua recuperação e desenvolvimento.

Palavras –chave: Enfermagem Neonatal; Comunicação; Cuidados de Enfermagem; Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

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ABSTRACT The birth of a child is an event that generates great expectations for parents , but

sometimes premature birth and / or physiological changes lead to the need for the newborn ( NB) is forwarded to the Neonatal Intensive Care Unit ( NICU ) , being under intensive care 24 hours a day. Thus health professionals , especially members of the nursing staff have an important role in the recognition of shapes the child's communication , decoding them aiming to recognize and diagnose the needs of the RN to provide adequate assistance considering their needs and demands of health. Objectives: To understand the communication of the newborn and its implications for nursing care in the NICU ; Describe forms of communication during the newborn care nursing team in UTJN ; Identify how the nursing staff interprets the forms of communication during the care of newborns in the NICU ; Analyze how the nursing staff articulates forms of communication in the care of newborns in the same NICU . Considering the complexity involved in the nursing care of the newborn in the NICU , it is essential that the nurse and her team establish a plan of care that meets the needs and demands for care of these children , from the development of knowledge and skills to identify and decode their forms of communication aiming to provide a safe and supportive environment to their recovery. Methodology : This is a qualitative study , the exploratory and descriptive . The research scenario was the Neonatal Intensive Care Unit currently located on the 5th floor of the Antonio Pedro University Hospital ( HUAP ) , Niterói - RJ . The study participants were 24 members of the nursing staff of the unit and the collection was developed through direct observation and semi -structured interview, after completion of data collection , interviews were subjected to thematic analysis . After the identification of common themes on the information gathered , these were grouped into the following categories : Communication RN in NICU Care and nursing the newborn in the NICU . Results: It was found that the nursing staff of the unit is composed predominantly of married women, most of whom have more than one job and that most technicians and nursing assistants have higher education in nursing and other professions . The nursing staff of the NICU through daily contact with the newborn baby have the opportunity to establish a relationship with him through the activities of care and thereby realize its forms of communication , and the recognition of non- verbal language of newborn one strategies for humanized care . We conclude that the recognition of non- verbal language demands of nursing and especially nurses , knowledge in the field of neonatology , experience and a differential looking for has thus perception of these signals . That is, does it need an effective and affective communication between professionals and nursing staff who care for infants beyond the techniques and procedures , and implies presence , watchful eye , sensitive listening , looking skilled , hands and cherish focus be that you need to be careful and it needs to be understood in its entirety , so that caring is more than an act but also an intention to contribute to their recovery and development. Keywords : Neonatal Nursing ; communication ; Nursing ; Neonatal Intensive Care Unit .

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SUMÁRIO

Pág

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A Motivação para o Tema ........................................................................................12

O Tema e sua contextualização ................................................................................12

Objeto de Estudo ......................................................................................................14

Questão Norteadora ..................................................................................................14

Objetivos ..................................................................................................................15

Justificativa ..............................................................................................................15

Contribuições ...........................................................................................................16

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Desenvolvimento Infantil.........................................................................................18

História da Neonatologia .........................................................................................19

Comunicação não verbal do neonato .......................................................................21

O cuidado de enfermagem as recém-nascido ...........................................................23

METODOLOGIA

Tipo de Estudo .........................................................................................................25

Cenário e sujeitos do Estudo ....................................................................................25

A coleta de Informações............................................................................................26

Organização e analise das informações ....................................................................27

Aspectos Éticos.........................................................................................................28

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conhecendo os participantes da pesquisa.................................................................29

A comunicação do RN em UTIN..............................................................................30

Expressão Corporal..................................................................................................31

Expressão pré verbal- Choro................................................................................... 33

O cuidado de enfermagem ao RN em UTIN.............................................................34

Princípios do cuidado de Enfermagem ao RN........................................................ .35

Reconhecendo as necessidades de cuidado através da comunicação do RN............38

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................40

REFERÊNCIAS .....................................................................................................42

Obras citadas .........................................................................................................42

Obras consultadas ..................................................................................................46

APÊNDICES

Apêndice A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ....................................48

Apêndice B: Roteiro de Entrevista ...........................................................................49

ANEXO

Anexo A: Aprovação do CEP/HUAP ......................................................................50

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A enfermagem tem como foco de trabalho o cuidado ao ser humano em todas as fases

do desenvolvimento. O trabalho da enfermagem realizado com o RN é um desafio constante,

pois requer vigilância, habilidades, conhecimentos e sensibilidade, uma vez que a criança não

CONSIDERAÇÕES INICIAIS____________________________________________

Motivação para o Tema

O nascimento de um filho é um acontecimento que gera grande expectativa para os

pais, mas às vezes o nascimento prematuro e/ou alterações fisiológicas levam a necessidade

de que o recém-nascido (RN) seja encaminhado a unidade de terapia intensiva neonatal

(UTIN), ficando sob cuidados intensivos 24 horas por dia.

Para Souza (2011. p. 65), “O nascimento é um evento de grande vulnerabilidade

biológica para a criança. As taxas de mortalidade no período neonatal precoce (até seis dias de

vida) são mais elevadas durante toda infância, chegando a 14,2 óbitos/1000 nascidos vivos”.

De acordo com o Manual de Atenção à Saúde do Recém-Nascido(2011), a mortalidade

neonatal (entre 0 e 27 dias de vida) representa cerca de 60 a 70% da mortalidade infantil e,

portanto, maiores avanços na saúde da criança brasileira demandam maior atenção à saúde do

RN. O período neonatal compreende os primeiros vinte oito dias de vida do bebê. O recém-

nascido a termo é aquele cuja idade gestacional é de 37 a 42 semanas e o pré-termo tem idade

gestacional inferior a 37 semanas. Assim, esse bebê, independente de sua idade ao

nascimento, é capaz de expressar suas emoções, o prazer e a dor (ROLIM et al, 2006).

Dessa forma, os profissionais de saúde, principalmente os membros da equipe de

enfermagem têm papel importante no reconhecimento das formas de comunicação da criança,

decodificando-as visando reconhecer e diagnosticar suas necessidades para proporcionar uma

assistência adequada, considerando suas demandas de saúde (PINHEIRO et al, 2008).

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fala, é extremamente vulnerável e totalmente dependente da equipe que a assiste (HAHN;

GOMES, 2011).

A enfermeira é facilitadora desse processo e, para isso, ela precisa estar atenta ao

mundo de informações à volta a fim de compreender e interpretar tudo que envolve o cuidado.

Por isso é importante escutar e compreender o que os sujeitos expressam nas situações de

enfermagem, reapreender a ver e ouvir a linguagem que objetiva o subjetivo do ser humano

através do corpo (ESPÍRITO SANTO; PORTO, 2008).

O interesse pelo tema deste estudo surgiu após a experiência de estagiar em uma

maternidade durante o curso técnico de enfermagem e, atualmente se intensificou, pois desde

o sétimo período do curso de graduação pude vivenciar a assistência de enfermagem na UTIN

do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP) ampliando meu interesse por esta área de

atuação do enfermeiro, bem como os meus conhecimentos, habilidades e técnicas no cuidado

a esses pequenos clientes.

Assim, o próprio neonato já despertava um interesse de estudo, o fato de ter sido

separado da mãe, a agitação da UTIN com inúmeros procedimentos invasivos e sua

manipulação excessiva. Nesse sentido, nem sempre o choro vai ser a única forma que o

recém-nascido vai ter pra se comunicar e nem sempre o choro vai ser de dor. O corpo do bebê

diz muito sobre o que ele quer expressar, a agitação, a coloração da pele e suas expressões

faciais indicam muito sobre o cuidado e atenção que ele necessita Ao longo dessa experiência

me vi refletindo sobre como vem sendo o cuidado de enfermagem na promoção e bem estar

dos recém-nascidos e de como a equipe de enfermagem interage com essas crianças,

entendendo elas através dos sons emitidos pelo choro, gemidos, agitação e expressões de dor,

durante a realização dos cuidados de enfermagem na unidade.

Na UTIN, a assistência se torna ainda mais complexa, pois segundo Tamez (2013

p.90), no recém-nascido encontram-se estruturas anatômicas e funcionais que os tornam

capazes de sentir estímulos dolorosos e responder a eles. O manejo da dor no recém-nascido é

um desafio que requer uma equipe qualificada, com conhecimento da fisiologia, do processo

de avaliação e do manejo efetivo da dor.

Segundo Farias et al (2010, p.38):

a UTIN é um ambiente impessoal, frio e hostil. Em virtude de suas características, os profissionais de saúde se encontram quase sempre envolvidos em procedimentos de alta complexidade, o que pode comprometer um cuidado mais humanizado.

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Isso porque, como referem Rolim e Cardoso (2006, p. 89), “Não se pode direcionar os

conhecimentos somente ao funcionamento dos equipamentos, pois, o conhecimento mais

amplo do pequeno ser a quem se devota a assistência é primordial”

Assim, como ressaltam Pinheiro et al (2008, p. 16), tendo em vista que os recém-

nascidos não verbalizam, seus sinais não-verbais precisam se decodificados pelos membros da

equipe de enfermagem para que identifiquem se estes são decorrentes de dor ou de outras

alterações na situação de saúde da criança.

Desse modo, a apreensão dos estados comportamentais da criança pelos profissionais e o conhecimento de suas peculiaridades podem ser transmitidos à família com o objetivo de ajudá-la a interagir com o bebê, possibilitando o desenvolvimento de seu novo papel e o vínculo afetivo entre ambos.

Segundo Borba e Spazziani (2005), desde pequeno, ainda recém-nascido, o homem

utiliza a emoção para comunicar-se com o mundo. O bebê, antes mesmo da aquisição da

linguagem consegue estabelecer relação com a mãe e com as pessoas que são responsáveis

pelo seu cuidado, através de movimentos de expressão, primeiramente fisiológica.

Nesse sentido, Farias et al (2010, p.41) ressaltam que na relação enfermeiro-bebê, a

comunicação precisa ser eficiente para viabilizar uma assistência humanística e personalizada,

de acordo com suas necessidades. A enfermeira precisa dar à comunicação significado mais

amplo pela interação, o que possibilita atitudes de sensibilidade, aceitação e empatia. Desta

forma, há maior êxito nas ações de enfermagem. A comunicação ao lado da evolução tecnológica permite a ampliação da maneira de cuidar do enfermeiro, principalmente, no cenário hospitalar. Ela representa a ampliação do olhar para além do corpo biológico doente do bebê, para vê-lo também como um ser biopsicosócioespiritual (op.cit.42).

À luz dessas considerações, definiu-se como Questão Norteadora desse estudo:

Como a equipe de enfermagem interpreta a comunicação não verbal do recém

nato em UTIN?

Objeto de estudo: a comunicação não verbal do recém-nascido e o cuidado de

enfermagem em UTIN

Objetivo geral:

Compreender a comunicação do recém-nascido e suas implicações no cuidado

de enfermagem em UTIN

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Objetivos específicos

Descrever as formas de comunicação do recém-nascido durante o cuidado de

enfermagem na UTIN.

Identificar como a equipe de enfermagem interpreta as formas de comunicação

do RN durante o cuidado em UTIN

Analisar como a equipe de enfermagem articula as formas de comunicação do

RN para implementação do cuidado ao mesmo em UTI neonatal.

Justificativa

Considerando a complexidade que envolve o cuidado de enfermagem ao recém-nato

em UTIN, é fundamental que o enfermeiro junto com a sua equipe estabeleçam um plano de

cuidados que atenda as necessidades e demandas de cuidados dessas crianças, a partir do

desenvolvimento de conhecimentos e habilidades para identificar e decodificar suas formas de

comunicação visando proporcionar um ambiente seguro e favorável a sua recuperação.

Segundo Reichert; Lins e Collet (2007, p.201): O ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) propicia uma experiência ao recém-nascido bastante diferente daquela do ambiente uterino, uma vez que este é o ideal para o crescimento e desenvolvimento fetal, pois possui características distintas, como temperatura agradável e constante, macicez, aconchego, e os sons extra-uterinos são filtrados e diminuídos.

Para Rolim e Cardoso (2006), o recém-nascido se comunica com o rosto, com as mãos

e com o corpo. Esta situação em que o bebê não verbaliza seus sentimentos chama a atenção

do profissional para observar a presença de outros sinais na criança, como agitação, cianose,

queda de saturação e até mesmo vômitos, cujas alterações podem contribuir para o seu

agravamento.

Para Araújo et al (2007, p.420), a comunicação não verbal qualifica a interação

humana e permite uma compreensão não apenas do significado das palavras mas também dos

sentimentos que o emissor da mensagem sente, logo:

A qualificação da linguagem verbal é dada pelo tom de voz e jeito com que palavras são ditas, por olhares e expressões faciais, por gestos que acompanham o discurso, pela postura corporal, pelo tamanho da distância física que as pessoas mantêm umas das outras e, até mesmo por suas roupas, acessórios e características físicas. Mesmo o silêncio, em determinado contexto, é significativo e pode transmitir inúmeras mensagens.

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Nesse sentido, Farias et al (2010, p.42), ressaltam a comunicação e o papel do

enfermeiro no cuidado ao recém nato no cenário hospitalar: A comunicação ao lado da evolução tecnológica permite a ampliação da maneira de cuidar do enfermeiro, principalmente, no cenário hospitalar. Ela representa a ampliação do olhar para além do corpo biológico doente do bebê, para vê-lo também como um ser bio-psico-sócio-espiritual. (...) Nessa perspectiva, efetiva-se a comunicação entre enfermeiro e paciente, uma vez que se considera essencial a comunicação terapêutica na assistência de enfermagem.

Mas, para viabilizar uma assistência adequada às necessidades do recém nato na

UTIN, Reichert; Lins e Collet (2007, p.208) destacam que é fundamental a capacitação dos

profissionais da equipe de enfermagem pois:

para apreender as necessidades singulares de cada bebê é de grande importância para que os procedimentos e cuidados de rotina, dolorosos e invasivos, sejam empregados de forma individualizada e singular. Um dos primeiros passos nesse sentido é a observação acurada das respostas comportamentais e fisiológicas do bebê, visando à diminuição do estresse e da dor, contribuindo para o seu conforto, segurança e desenvolvimento

Nesse sentido, entendemos que o ponto de partida pode ser a compreensão das formas

de comunicação do recém nato durante os cuidados de enfermagem o que pode favorecer um

atendimento de acordo com suas necessidades expressadas na sua expressão corporal e nos

diversos tons do seu choro, percebidas e interpretadas pelos membros da equipe de

enfermagem no cotidiano da assistência em UTIN.

Contribuições

Este estudo pretender contribuir para que os profissionais de enfermagem tenham um

maior conhecimento sobre a comunicação não verbal do neonato, visando aprimoramento da

assistência, proporcionando aos bebês um cuidado integral e humanizado.

Espera-se ainda contribuir para as pesquisas em enfermagem na área de cuidado em

neonatologia, considerando a importância do reconhecimento das formas de comunicação do

recém nato durante sua permanência na UTIN, haja vista ser uma unidade especializada que

envolve um ambiente com equipamentos que embora permitam o monitoramento das funções

vitais da criança, não substituem o olhar sensível, o toque e a presença humano como

elementos fundamentais no cuidado de enfermagem.

Portanto, este estudo espera fomentar discussões sobre a necessidade de incluir

conteúdos de enfermagem em neonatologia na formação de enfermeiros e membros da equipe

de enfermagem, bem como nos programas de educação permanente das instituições para

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profissionais da equipe de enfermagem que atuam em UTIN, buscando tanto a atualização

desses profissionais quanto a melhoria crescente da qualidade da assistência a essa clientela.

E, para isso, é fundamental desenvolver estratégias educacionais interativas que

possibilitem espaços de discussão e reflexão entre os profissionais da equipe de enfermagem,

familiares e demais membros da equipe de saúde na perspectiva da humanização dos serviços

em unidades intensivas de neonatologia.

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O peso do recém-nascido ao nascimento correlaciona com a incidência de

morbidade e mortalidade perinatais. Eles podem ser classificados como macrossômico (maior

que 4000g), peso ao nascer normal (2500 a 3999g), baixo peso ao nascer (menos de 2500g),

muito baixo peso (menos de 1500g) e extremo baixo peso (menos de 1000 g) (SOUZA,2011).

CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA_________________________________

Desenvolvimento Infantil

Os recém-nascidos podem ser classificados de acordo com a idade gestacional e o

peso. O período gestacional é dividido em três trimestres, totalizando 42 semanas de gestação;

considera-se uma gestação normal quando evolui sem intercorrências para a mãe e para o feto

(TAMEZ,2012). Com a finalidade de prestar assistência adequada ao recém-nascido de alto

risco, é, fundamental conhecer as condições maternas durante a gravidez, pois elas acometem

diretamente o feto. A partir da idade gestacional, é possível classificar o recém-nascidos em

pré termo, a termo e pós termo (SOUZA,2011).

Recém-nascido pré-termo, ou prematuro, corresponde a idade gestacional inferior a 37

semanas. A prematuridade é fator de risco para síndromes asfíxicas, imaturidade pulmonar,

hemorragia Peri-intraventricular, encefalopatia bilirrubinêmica, infecções, distúrbios

metabólicos e nutricionais (MANUAL DO INTERNATO NA ÁREA DE

NEONATOLOGIA, 2012). O recém-nascido a termo equivale a idade gestacional entre 37 e

41 semanas e 6 dias, ou seja, o recém-nascido a termo em média nasce com 40 semanas ou

280 dias de gestação (SCHMITZ,2005).

O recém-nascido pós-termo refere-se à idade gestacional igual ou maior que 42

semanas.

Após 36 semanas de gestação, a placenta começa a envelhecer, deixando de fornecer nutrientes necessários para o crescimento uterino. Por volta de 42 semanas, a superfície da placenta, que promove a troca de oxigênio e gás carbônico, encontra-se diminuída, reduzindo Também a quantidade de líquido amniótico, devido a diminuição do fluxo sanguíneo (TAMEZ,2012, p.15).

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Pode se presumir que o recém-nato cujo peso é apropriado para a idade gestacional

(AIG) tem crescimento a uma taxa normal, independente da ocasião do nascimento, pré-

termo, a termo ou pós-termo. O recém-nascido que é grande para idade gestacional (GIG) tem

crescimento a uma taxa acelerada durante a vida fetal e o recém-nascido pequeno para idade

gestacional (PIG) tem restrição ou atraso do crescimento intra-uterino (HOCKENBERRY et

al, 2011).

A classificação dos recém-nascidos tanto pelo peso ao nascimento quanto a idade

gestacional possibilita um método mais satisfatório de predição dos riscos de mortalidade e

fornecimento de orientações para lidar com o neonato do que a estimativa da idade

gestacional ou peso ao nascimento isoladamente (HOCKENBERRY et al, 2011). Cabe

ressaltar que o período neonatal corresponde aos primeiros 28 dias de vida pós-natal (0 a 27

dias de vida). Na prática o cuidado neonatal é estendido por muitos meses para RN doentes ou

prematuros (MANUAL DO INTERNATO NA ÁREA DE NEONATOLOGIA,2012).

História da Neonatologia

A contextualização do cuidado à criança pode ser resgatada por diversos registros

encontrados em diferentes culturas. A neonatologia (do grego neo: novo, nato: nascimento;

logos: estudo) surgiu no século XIX como especialidade médica sendo indissociável da

história da pediatria (SOUZA, 2011).

Antes da existência da neonatologia, o século XVII caracterizou-se pelo alvorecer dos

estudos de Fisiologia, da Microscopia e, conseqüentemente, da Histologia e Embriologia bem

como, pela descrição de entidades clínicas, tais como a difteria, a escarlatina, a rubéola, o

sarampo, a varíola e a varicela. Ao longo destes séculos a assistência ao recém-nascido era

competência, na maioria das vezes, da pessoa que assistia ao parto (FERRAZ et al, 2007).

A neonatologia é considerada tendo seu início com o obstetra Frances Pierre Budin

(1846-1907) que estendeu sua preocupação com recém-nascidos além da sala de parto,

criando o ambulatório de puericultura anexo à maternidade (OLIVEIRA; RODRIGUES,

2005).

No final do século XIX ocorreram várias evoluções no tratamento obstétrico e

neonatal. As incubadoras começaram a ser utilizadas no tratamento de crianças prematuras,

para melhorar o controle térmico dos bebês, e as maternidades foram ampliadas para

atendimento ao neonato com diferentes patologias (OLIVEIRA; RODRIGUES, 2005).

Os avanços médicos e tecnológicos da época propiciaram grandes transformações no cuidado neonatal durante e após o parto. As fundações que antes eram designadas

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para prestar assistência a crianças abandonadas foram modificadas e transformadas em hospitais infantis, e os pediatras assumiram um grande papel no tratamento neonatal” (OLIVEIRA; ROGRIGUES, 2005, p.3).

No ano de 1888, Karl Siegmend introduziu a utilização do nitrato de prata para a

prevenção da conjuntivite neonatal (LOHMANN, 2011).

A partir do século XX vários estudos foram realizados e novas técnicas de

procedimentos desenvolvidas para o cuidado com recém-nascidos. O neonatologista austríaco

August Ritter Von Reuss contribuiu decisivamente para o aprimoramento do cuidado ao

prematuro quando descreveu a ventilação com pressão positiva, em 1911 (SOUZA, 2011).

Segundo Lohmann (2011), como os estudos eram recentes, todo cuidado destinado aos

bebês era com o intuito de promover um índice maior de sobrevida neonatal e de natalidade,

desta forma as pesquisas para controle de infecção se intensificaram.

Em 1914, o pediatra Julius Hess cria um centro para prematuros, em Chicago. Anos

após, juntamente com a médica Evelyn Lundeen (1922), preconizou a manipulação mínima

do recém-nascido e a lavagem frequente das mãos (SOUZA, 2011). Para Oliveira e Rodrigues

(2005), com os avanços técnico-cientificos na neonatologia reduziram-se as taxas de

mortalidades e a infecção hospitalar foi controlada com o isolamento estrito do recém-

nascido.

Em 1953, a anestesiologista Vírgínia Apgar cria o boletim de avaliação do neonato no 1º

e 5º minuto de vida, que vem sendo utilizado até os dias atuais. Nessa mesma época, Kramer

(1958) institui a fototerapia para o tratamento da hiperbilirrubina. Dando continuidade aos

avanços alcançados, da década de 60, a Organização Mundial de Saúde publicou

recomendações gerais para a triagem neonatal de erros inatos do metabolismo, estimulando a

aplicação do teste em recém-nascidos de todas as nações. As décadas de 70 e 80 são marcadas

pela disseminação das unidades de tratamento intensivo, com normas e rotinas específicas

(SOUZA,2011).

No Brasil, o início dos cuidados neonatais ficou a cargo dos médicos Jaime Silvado e

Antonieta Mopurgo, que em 1903, receberam o convite para a criação de um serviço de

incubadora no Dispensário Moncorvo no Rio de Janeiro, conhecida como Creche Senhora

Alfredo Pinto (CARMO, 2010).

Assim, conforme afirma Santos (2011, p.25), todos esses avanços possibilitaram uma

melhoria no atendimento ao neonato, culminando com a viabilização de bebês considerados,

até então, inviáveis, como os que nasciam com menos de 500g ou idade gestacional menor

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que 20 semanas. O século XXI é marcado por uma assistência mais humanizada, com a

adoção do método canguru e o estimulo ao aleitamento materno (SANTOS,2011)

A Comunicação não verbal do Neonato

O existir do homem só é possível por meio da comunicação, o indivíduo tem por

necessidade comunicar-se, pois o mesmo vive em um sistema social, onde existe a

interdependência entre os homens, a fim de atingirem um objetivo comum, tornando o

homem um ser sociável (SANTOS et al, 2005).

Segundo Silva (2006, p.22): No decorrer da vida, o desenvolvimento da comunicação adquire maior complexidade pela própria necessidade de domínio da linguagem, leitura, processo de raciocínio, analise do mundo e de si próprio.

Para Santos et al (2005, p.434), a comunicação de forma verbal e não-verbal, em que: A comunicação verbal é entendida como sendo aquela que é transmitida através da linguagem escrita ou falada, por meio dos sons e palavras. A comunicação não verbal pode ser transmitida de várias formas. Ela pode ser Cinésica, proxêmica, paralinguagem e acética. A cinésica ou linguagem do corpo, descreve as posições e a movimentação do corpo humano que possui significado na comunicação interpessoal, nas diferentes culturas.

A comunicação não verbal proxêmica estuda como o homem usa o espaço que ele

dispõe e como ocorre a interação com o outro quando ocorrem adaptações devido à redução

ou aumento de determinado espaço sendo observado como se processam as distâncias entre

interações (QUEIROZ,2011).

A paralinguagem analisa os sons produzidos pelo aparelho fonador, sendo usado no

sistema sonoro da linguagem que esta sendo usada. A tacésica focaliza o toque em situações

de saudações, de despedida entre indivíduos diferentes (SANTOS et al, 2005).

Desta forma, a comunicação é considerada como um importante instrumento no

cuidado ao paciente crítico e, segundo Araújo et al (2007), para a enfermagem a comunicação

não é apenas mais um instrumento básico para o relacionamento terapêutico, mas deve ser

considerada competência ou capacidade interpessoal.

Já para Santos et al (2005 p.434):

Quando a equipe de enfermagem consegue comunicar-se com o cliente impossibilitado de expressar-se verbalmente, ela passa interagir com o mesmo, possibilitando uma melhor integração enfermagem/ cliente, isto é, proporcionando uma relação social com o individuo que muita vezes esta adoecido e fora do seu ambiente social. Logo, ao se estabelecer à comunicação, esta poderá diminuir o

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estresse, a angústia, a ansiedade, o medo, a tristeza do cliente que antes não conseguia interagir com os profissionais.

Para Silva (2006, p. 9), “a comunicação não constitui apenas na palavra verbalizada.

Temos que aprender a ser artistas, no sentindo de captar as mensagens, interpretá-las

adequadamente e potencializá-las criativamente”.

Em neonatologia, nos comunicamos de modo constante com o bebê, utilizando

intensamente a comunicação não verbal e “os sinais não verbais emitidos pelos prematuros

precisam ser valorizados pelos profissionais de enfermagem” (PERENCIN; RIBEIRO,2011

p.818). Assim:

Ao praticarem o cuidado, não observamos na maioria das enfermeiras uma interação afetiva e efetiva com o paciente, não vislumbramos troca de olhares, a fala, a escuta do bebê percebida pelas posturas e pelas mímicas de desagrado. Não se concretizou o toque carinhoso. A enfermeira, ao praticar um cuidado, muitas vezes, interagiu com as pessoas ao redor, participou de brincadeiras ou tomou atitudes que em nada se relacionam com o bebê. Este, por sua vez, tenta uma comunicação, reage, demonstra sua dor ou desconforto por uma maior abertura de sua boca, pelo arqueamento das sobrancelhas, pelo choro, o oxímetro alarma em consequência de alterações de sua fisiologia (ROLIM; CARDOSO, 2006, p521.).

A comunicação não verbal é essencial ao cuidado humano, por resgatar a capacidade

do profissional de saúde de perceber com maior precisão, os sentimentos do paciente, suas

dúvidas e dificuldades de verbalização, além de ajudar a potencializar sua própria

comunicação (INABA et al, 2005).

É importante que os profissionais de enfermagem despertem o interesse sobre a

comunicação não verbal, como um instrumento a ser utilizado pela equipe de enfermagem,

possibilitando a este compreender as mensagens emitidas pelo paciente e assim estabelecer

um plano de cuidado (ARAÚJO et al, 2007). Assim:

A comunicação interpessoal é componente chave dos profissionais de enfermagem para gerarem apoio à família e torná-la sua parceira nos cuidados dispensados ao bebê, pois, dependendo do modo como estabelecem essas interações, é possível ajudá-la a entender a realidade que a envolve nesse novo momento do ciclo familiar (PINHEIRO et al, 2008 p.16).

O neonato por muitas vezes não é compreendido em sua comunicação por não ter

ainda a capacidade de fala desenvolvida. Essa interação entre o profissional de saúde e o bebê

fica mais difícil ainda quando este esta intubado. Uma criança intubada não pode fazer uso da

palavra, não chora, mas continua se expressando através de seu corpo (ROLIM; CARDOSO,

2006).

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Diante do grande número de RN que são submetidos a diversos eventos estressantes

ou dolorosos e ao considerar a subjetividade da dor e a inabilidade em relatá-la verbalmente,

os enfermeiros devem estar atentos a essa linguagem tão peculiar, expressa através de

alterações comportamentais e fisiológicas promovendo, assim, o cuidado integral e seguro ao

prematuro (SANTOS et al, 2012).

A inabilidade no relacionamento com outras pessoas e a incapacidade de expressão

através da linguagem verbal faz com que o recém-nascido utilize a linguagem corporal e

choro como seu primeiro recurso para a emissão de sinais sobre seus sentimentos. Contudo,

para obter sucesso com este tipo de comunicação, ele depende do cuidador para observar e

aprender a interpretar seus sinais, de responder seus chamados e de atendê-los nas suas

necessidades (MENDES et al, 2003).

.

O Cuidado de Enfermagem ao Recém Nascido

Desde o início dos tempos que o ato de cuidar faz parte da existência do homem. A

origem do cuidar surgiu na imagem materna, que cuida do seu filho preservando a sua

sobrevivência.

A enfermagem é considerada como a profissão do cuidar, uma ciência cujo âmago e

especificidade é o cuidado ao ser humano, individualmente, na família ou em comunidade de

modo integral e holístico, desenvolvendo a promoção da saúde e a prevenção de doenças

(OLIVEIRA,2009).

Os cuidados ao recém-nato internados na UTI neonatal são, em geral, atividades

complexas que requerem constante interação com as famílias dos recém-nascidos. A

fragilidade dos recém-nascidos, a introdução e crescente implementação de procedimentos de

alto risco em neonatos de baixo peso, constitui uma preocupação maior dos profissionais das

UTI neonatais (MONTANHOLI, 2008).

A forma como os profissionais de saúde cuidam poderá influenciar no processo de

saúde e doença do neonato e no seu crescimento e desenvolvimento. O neonato necessita de

cuidados em seu todo, de cuidado profissional e expressivo, ou seja humanizado (SIMSEN;

CROSSETTI,2004).

Nesse contexto:

É importante abordar a necessidade de humanização do cuidado de enfermagem na UTI, com a finalidade de provocar uma reflexão da equipe, em especial, dos enfermeiros. Humanizar é uma medida que visa, sobretudo, tornar efetiva a

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assistência ao indivíduo criticamente doente, considerando-o como um ser biopsicossocioespiritual. Além de envolver o cuidado ao paciente, a humanização estende-se a todos aqueles que estão envolvidos no processo saúde-doença neste contexto, que são, além do paciente, a família, a equipe multiprofissional e o ambiente (VILA; ROSSI,2002 p.138).

A maneira como a enfermagem cuida do neonato é um diferencial para o seu conforto,

recuperação e para que esse processo seja eficaz é necessário que se conheça esse neonato. O

fato dos neonatos serem mais delicados orienta para necessidades de habilidades e

competências específicas para cuidar. Dentre essas, destaca-se a sensibilidade do cuidador,

uma característica fundamental nessa relação, que mostrará a capacidade de ver não somente

o que vêem, mas ver o que o coração tem a capacidade de sentir (SIMSEN;

CROSSETTI,2004).

O enfermeiro, ao realizar o cuidado humanizado ao RN de risco deve considerar a sua

fragilidade física e emocional provocada pelas condições de seu nascimento e doença, pois,

diante disso, torna-se indispensável a ele próprio desenvolver sentimentos de afeição, de

respeito e de simpatia inerentes as necessidades do bebê (SILVA; VIEIRA,2008).

Segundo Rolim et al (2006), a assistência ao bebê deve ser estruturada e organizada no

sentido de atender uma população sujeita a riscos. Entretanto, devem existir recursos

materiais e humanos especializados e capazes de garantir observação rigorosa, além de

tratamentos adequados ao RN.

Desse modo, Rolim et al (2006, p.91) afirmam que: o cuidado a ser implementado na UTI neonatal necessita ser exercido e vivenciado na totalidade, na tentativa de reduzir manuseios excessivos que possam comprometer o bem-estar do bebê, provocando nele manifestações de estresse.

O cuidado humanizado deve fazer parte da filosofia da enfermagem. O ambiente

físico, os recursos materiais e tecnológicos são importantes, contudo não mais significativos

do que a essência humana a qual irá conduzir as ações da equipe, principalmente do

enfermeiro, tornando-o capaz de criticar e construir uma realidade mais humana (VILA;

ROSSI,2002).

A humanização da assistência na UTIN deve se pautar no cuidado singular, na

integralidade e no respeito à vida. É dependente do encontro envolvendo cuidador e ser

cuidado. A construção da integralidade não deve ser transformada em um conceito, mas sim

numa prática do cuidado que trata da valorização da vida, do respeito ao outro e das

diferenças entre os seres humanos. Portanto, momentos de reflexão acerca do processo de

trabalho no cotidiano são fundamentais a fim de se rever as práticas (VILLA; ROSSI, 2002).

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A humanização do cuidado aparece relacionada a atitudes de dar atenção, ter

responsabilidade, cuidar bem, respeitando as particularidades de cada um e, principalmente,

promovendo uma assistência integral ao bebê e sua família. De acordo com os profissionais,

ação humanitária relaciona-se com a maneira como se cuida (VILLA; ROSSI,2002).

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CAPÍTULO II: METODOLOGIA_________________________________________

Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, do tipo exploratória e descritiva.

Classifica-se como qualitativa, já que se trata de uma problemática que sugere a necessidade

de ser capaz de ajustar ao que vai sendo descoberto durante o curso da coleta de dados e, neste

caso, é uma importante ferramenta para identificar questões e entender porque elas são

importantes (POLIT e BECK, 2011).

O estudo é exploratório na medida em que busca o aprofundamento da realidade em

questão, mediante a aproximação entre o pesquisador e o objeto de estudo e será descritivo a

partir da caracterização e da análise das informações coletadas criando uma abordagem

significativa entre coletividades (GIL, 2002).

Cenário e Participantes do Estudo

O cenário da pesquisa foi a unidade de tratamento intensivo neonatal localizada

atualmente no 5° andar do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), Niterói-RJ. A

escolha da referida instituição se deu pela demanda de gestantes com gravidez de alto risco e,

consequentemente, demandando um cuidado especializado ao recém-nascido.

O Hospital Universitário Antônio Pedro atende a população da Zona Metropolitana II

que engloba, além de Niterói, as cidades de Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, São Gonçalo, Silva

Jardim e Tanguá. Sua área de abrangência atinge uma população estimada em mais de dois

milhões de habitantes e, pela proximidade com a cidade do Rio de Janeiro, atende também

parte da população desse município.

A Maternidade do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) é referência no

atendimento às gestantes de alto risco e seus conceptos, atendendo, principalmente, casos de

prematuridade espontânea ou induzida. Sendo parte de um hospital escola, esse setor possui a

mesma missão dessa organização, que é gerar, transformar e difundir o conhecimento,

prestando serviços de saúde com excelência, de forma digna, crítica e hierarquizada.

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A unidade neonatal (UN) do HUAP divide-se em unidade de tratamento intensivo

neonatal(UTIN) e unidade de internação neonatal(UI), com o um número total de 15 leitos,

sendo 7 na UTIN e 8 na UI. Atualmente, por causa de um período de obras para ampliação, a

UN foi deslocada, provisoriamente, para o 5º andar onde funciona o setor de pediatria do

HUAP.

Apesar de pequeno, o setor é bem organizado. Ao entrar na UTIN observa-se

incubadoras localizadas umas ao lado das outras, sendo a UTIN composta por sala de

medicação, expurgo, depósito de material de limpeza e depósito de material de consumo. Já a

UI funciona como unidade de internação. Para cada unidade fica um enfermeiro com 3

técnicos de enfermagem na UTIN e 2 Técnicos de enfermagem na UI.

Segundo a Portaria nº 930, do Ministério da Saúde, de 10 de maio de 2012, as

diretrizes e objetivos para a organização da atenção integral e humanizada ao recém-nascido

grave ou potencialmente grave e os critérios de classificação e habilitação de leitos de

Unidade Neonatal no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a equipe de enfermagem

deve ser composta da seguinte forma, segundo o Artigo 13, cap.VI:

um enfermeiro coordenador com jornada horizontal diária de oito horas com habilitação em neonatologia ou no mínimo dois anos de experiência profissional comprovada em terapia intensiva pediátrica ou neonatal; um enfermeiro assistencial para cada dez leitos ou fração, em cada turno; técnicos de enfermagem, no mínimo, um para cada dois leitos em cada turno.

No período de coleta de informações, o setor era composto por um quadro de

profissionais de 12 enfermeiros, 19 técnicos de enfermagem e 08 auxiliares de enfermagem.

Os participantes do estudo foram 24 membros da equipe de enfermagem da referida

unidade, com base nos seguintes critérios de inclusão e exclusão:

Critérios de inclusão:profissionais da equipe de enfermagem, de ambos os sexos, estar lotado

na UTIN há no mínimo 2 meses, atuar diretamente na assistência ao recém nato na UTIN e

aceitar participar da pesquisa com a devida assinatura do TCLE (APENDICE A) e, como

critérios de exclusão: profissionais da equipe de enfermagem afastados e/ou ausentes da

unidade durante a coleta de dados

A Coleta de Informações

A coleta de informações foi desenvolvida nos meses de dezembro de 2013 e janeiro de

2014 através de observação direta e entrevista semi estruturada.

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Segundo Gil (2002, p.35), a observação direta é o procedimento fundamental na

construção de hipóteses. O estabelecimento assistemático de relações entre os fatos no dia-a-

dia é que fornece os indícios para a solução dos problemas propostos pela ciência. Esse estudo

teve como finalidade a aproximação com os possíveis sujeitos e descrição do ambiente da

UTIN, dinâmica de funcionamento da unidade e descrever a atuação da equipe de

enfermagem no cuidado ao recém-nato.

A entrevista semi estruturada é definida por Polit e Beck (2011, p.375), "quando os

pesquisadores possuem tópicos ou questão amplas que precisam ser abordadas durante a

entrevista”.

A finalidade da observação direta foi conhecer a dinâmica da unidade e favorecer a

aproximação com os possíveis participantes da pesquisa e a entrevista visava captar o ponto

de vista dos participantes acerca da temática estudada.

Após ter me aproximado dos membros da equipe de enfermagem da unidade,

conhecido um pouco da rotina do setor e observado como ela se relacionava com RN,

procurei saber do interesse dos mesmos em participar da pesquisa. Os funcionários da UTI

neonatal foram bem receptivos e não se incomodaram em serem entrevistados e a

participarem da pesquisa. Por estar mais próxima da equipe, percebi que o melhor horário

para estar no setor era por volta das 11horas e depois das 15 horas.

Para realização das entrevistas foi elaborado um roteiro de questões abertas

(APENDICE B) para nortear o desenvolvimento das mesmas.

Ao aceitarem participar do estudo, cada pessoa era orientada quanto a assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecida (APENDICE A). As entrevistas foram

realizadas em uma sala privativa na UTIN e, para garantir o registro integral dos depoimentos,

as mesmas foram gravadas em aparelho celular. No total foram realizadas 24 entrevistas com

média de duração de 10 minutos.

Organização e análise das informações

Após a conclusão da coleta de informações, as entrevistas foram transcritas na íntegra,

identificadas com nomes bíblicos para preservar a identidade dos participantes e,

posteriormente, foram submetidas à análise temática. Segundo Oliveira (2008), a análise

temática é o conjunto de procedimentos sistemático que implica na determinação de tais

procedimentos, de forma a dar segurança ao pesquisador no caminho a seguir, permitindo a

replicabilidade da técnica, possibilitando a comparação entre resultados de diferentes estudos.

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Depois da identificação dos temas comuns nas informações colhidas, estes foram

agrupados nas seguintes categorias: A comunicação do RN em UTIN e O Cuidado de

enfermagem ao RN em UTIN.

Aspectos Éticos

Este estudo segue o preconizado na Resolução nº 466 do Conselho Nacional de Saúde,

de 12 de dezembro de 2012, que trata de pesquisas envolvendo seres humanos. O estudo é

parte do projeto de pesquisa: Educação Permanente na Unidade Neonatal: uma proposta

coletiva da equipe de enfermagem aprovado sob n° 292.566 em 07/06/2013 no CEP do

Hospital Universitário Antônio Pedro (ANEXO A). Os sujeitos foram orientados quanto aos

objetivos da pesquisa e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

antes da realização das entrevistas.

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Os profissionais de Enfermagem são essenciais para que o processo de cuidado dentro

de uma UTIN seja efetivo. Entretanto, para que este ocorra de forma a proporcionar melhora

no estado de vida de um RN, é necessário conhecer como, de fato, este cuidado é realizado,

CAPÍTULO III: RESULTADOS E DISCUSSÃO____________________________

Conhecendo os Participantes do Estudo

Dentre os 24 participantes da pesquisa, 23 são do sexo feminino e 01 do sexo

masculino. Quanto à categoria profissional: 08 são enfermeiros, 11 técnicos de enfermagem e

05 auxiliares de enfermagem. No que diz respeito à situação conjugal: 14 são casados, 08 são

solteiros e 1 é divorciado. A idade média de equipe de enfermagem da UTIN foi de 45 anos.

Dos 24 participantes, 15 tem filhos e 8 não tem filhos. Com relação à jornada de

trabalho, 15 trabalham no Serviço Diurno (SD), 07 no Serviço Noturno (SN) e 02 são

Diaristas no horário de 7 as 13 horas. Todos os participantes da pesquisa atuam em escalas

alternadas, tanto na UTIN quanto na UIN.

Dos 11 técnicos de enfermagem, 07 possuem graduação em enfermagem e 04 não têm

curso superior; dentre os 05 auxiliares de enfermagem, 04 possuem graduação em

enfermagem e 01 curso superior incompleto em História. Dos 24 entrevistados, 10 possuem

outro vínculo empregatício.

Quanto à qualificação profissional, 11 possuem pós-graduação, sendo elas: Ensino

Superior, Saúde Pública, Enfermagem Neonatal, Enfermagem Pediátrica, Enfermagem em

Terapia Intensiva Adulto e UTI Neonatal.

Percebe-se que o profissional de enfermagem tem buscado cada vez mais se qualificar,

isso porque UTIN é um setor que requer mão de obra especializada, treinada e capacitada para

uma atuação de forma segura.

Para Coutinho e Rolim (2005), as unidades de tratamento intensivo neonatal, são

consideradas de alta complexidade assistencial e tecnológica e exigem conhecimento técnico

e científico avançado, com equipe altamente especializada e, para isso, os profissionais de

Enfermagem devem estar sempre se aprimorando para que possam assistir melhor o recém-

nato.

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suas práticas e técnicas, o envolvimento afetivo que este cuidado demanda, as facilidades e as

limitações que a rotina da prática de enfermagem na unidade demanda (VELOSO, 2013).

Sendo assim, a equipe de enfermagem da UTIN através do convívio diário com o

recém nato tem a oportunidade de estabelecer uma relação com ele através das atividades de

cuidado e com isso, perceber suas formas de comunicação, sendo o reconhecimento da

linguagem não verbal do recém -nato uma das estratégias para o cuidado humanizado.

Gaíva e Scochi (2005) reafirmam essa idéia quando dizem que a comunicação é uma

atividade que intermedia as relações, portanto é essencial no dia-a-dia do hospital. As

interações na UTIN são mediadas pela necessidade de comunicação que se estabelece através

de diálogo, de troca de informações e de mensagens não verbais

A comunicação do RN em Unidade Tratamento Intensivo Neonatal

A comunicação é o processo de interação no qual compartilhamos mensagens, idéias,

emoções e sentimentos. A comunicação remete à capacidade criativa e reflexiva do pensar,

com isso se faz necessária uma compreensão clara da mensagem transmitida (SILVA et al,

2000).

A comunicação humana é complexa e multidimensional e o processo dessa interação

supõe, necessariamente, comunicação, seja por meio de palavras ou de outros meios não

verbais, como expressões faciais, gestos e postura corporal, entre outros (BRAGA e SILVA,

2007).

Segundo Silva, et al (2000, p.52), a comunicação pode ser verbal e não verbal, em

que:

A comunicação verbal exterioriza o ser social e a não verbal o ser psicológico, sendo sua principal função a demonstração dos sentimentos. A comunicação é um instrumento essencial na atuação do enfermeiro, auxiliando a ampliar sua capacidade de perceber as mensagens implícitas ou explícitas, que permeiam a relação enfermeiro-paciente e são fundamentais para a assistência de Enfermagem. (...) a comunicação não-verbal exerce fascínio sobre a humanidade desde seus primórdios, pois envolve todas as manifestações de comportamento não expressas por palavras, como os gestos, expressões faciais, orientações do corpo, as posturas, a relação de distância entre os indivíduos e, ainda, organização dos objetos no espaço. Pode ser observada na pintura, literatura, escultura, entre outras formas de expressão humana.

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Levando em consideração a comunicação não verbal do recém-nato, o profissional de

saúde deve ter a percepção de decodificar as expressões e sons que estão envolvidos na sua

comunicação. Nesse estudo foram identificados elementos que remetem a comunicação do

recém- nato em UTIN, pela comunicação não verbal, através da expressão corporal e

expressão pré - verbal representada no choro.

Expressão Corporal

Após o nascimento, os recém-natos revelam seu estado de saúde não somente por

meio de parâmetros físicos, como peso e sinais vitais, mas também mediante sinais

comportamentais como posturas, gestos, grito e choro, entre outros (NASCIMENTO, et al.

2012).

Deste modo, podemos perceber que o RN tem seus meios para chamar atenção do

profissional, sendo eles dotados de habilidades inatas que permitem uma forma de

comunicação, este tipo de linguagem é expresso no corpo que fala, conforme ilustram os

depoimentos abaixo:

Eles não falam, mas eles demonstram tudo pelo corpo. Tipo de choro, tipo de feições, modo de se mexer, a irritabilidade, a agitação, até mesmo as reações orgânicas como um vômito por exemplo, é um modo deles se comunicarem. (SARA) Através da expressão facial, do movimento corporal, ele pode expressar dor ou bem estar, através desse movimento e também o choro. Ele pode chorar por fome, por dor ou porque tá querendo trocar de posição. (LÓIDE) (...) o fato dele estar parado ou se mexendo é uma forma de comunicação, testa franzida, bocejo. Tudo isso pode indicar alguma coisa que ele quer dizer pra gente. (DÉBORA)

Corroborando com essas falas, Silva et al. (2005) destacam que a linguagem do corpo

diz muitas coisas tanto para nós quanto para aqueles que nos rodeiam. Tal perspectiva torna-

se relevante na enfermagem neonatal, que tem como sujeito um ser habilitado a usar outras

formas de expressão que não a fala para estabelecer a comunicação. Então, deve-se considerar

que é por meio da linguagem corporal e das reações comportamentais que o recém-nascido

comunica-se.

Outra questão que podemos destacar é a resposta ao estímulo doloroso, o recém-nato

exibe um amplo repertório de alterações fisiológicas, hormonais e comportamentais. As

alterações da mímica facial constituem uma das respostas comportamentais fundamentais, que

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segundo Balda et al. (2009, p.61), destaca-se contração da fronte com abaixamento das

sobrancelhas, estreitamento das pálpebras e/ou fechamento dos olhos, nariz franzido e/ou

bochechas levantadas e boca entreaberta e/ou lábios esticados.

Dentre as alterações fisiológicas pode-se destacar: aumento da frequência cardíaca e

respiratória, queda da saturação, tremores e cianose. Observam-se essas características nas

falas dos profissionais de enfermagem quando questionados sobre as formas de comunicação

do RN.

O Choro, que pode representar sono e dor. A postura do recém nascido pode identificar dor. As feições da face, o enrugar da testa, dos lábios pode identificar dor ou outro desconforto. (MATEUS) Expressão facial, choro, queda de saturação e coloração da pele. (DÂMARIS) Através do choro, do gemido, as mudanças de feições da criança, o franzir da testa, se espreme todo, ficar se mexendo na incubadora. (ANA)

Também se pode destacar que o repertório gestual do recém-nato é reconhecido pelos

membros da equipe de enfermagem como forma de comunicação não verbal.

Eles trancam muito os olhos normalmente num estado de estresse, os gestos, os membros mais soltos. (MARTA) Expressão facial, a movimentação do corpinho, apertar os olhos. (LÍDIA) Eles se comunicam através do choro, a gente percebe agitação, movimentação do corpo, dos bracinhos, sinais vitais alteram. (ESTER)

Quando indagados sobre os tipos de expressão que os RN utilizam para se comunicar,

as respostas eram quase sempre as mesmas e alguns citaram o movimento do corpo, a

expressão de dor, expressão serena.

Expressão de careta de dor, ele grita mesmo, os movimentos. (MICAL)

Todas. Tem o rostinho de expressão serena, de dor expressão agônica, ele franze o cenho quando está agitado, a movimentação dos braços e das pernas e quando ele tá mais irritado ele se contorce. (LÓIDE) Expressão de dor e os movimentos dos bracinhos. (CLAÚDIA)

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Expressão de tranquilidade dependendo de como eu toque nele ou quando dou um afago. (EUNICE)

Souza (2011, p.199) ratifica essa idéia quando diz que:

Os recém-nascidos são incapazes de verbalizar de forma objetiva, mas utilizam de alterações comportamentais para se expressarem como: o choro, fronte saliente, olhos espremidos, lábios entreabertos, movimentação excessiva de membros e rigidez torácica

O cuidado ao recém nato permite que a enfermagem desenvolva os sentidos e a

percepção percebendo na linguagem corporal formas de se comunicar e expressar suas

necessidades.Tal habilidade tende a ser mais desenvolvida à medida que se convive e

permanece mais tempo com ele no cenário da UTIN o que permite identificar mudanças na

sua expressão e nos tons do seu choro.

Expressão pré Verbal – Choro

O choro é considerado como um parâmetro clínico de avaliação, em que o mesmo

pode ser considerado como uma forma do bebê se comunicar. Esta variável, apesar de ser um

indicativo de que algo errado acontece, pode ou não estar relacionada à dor.

Segundo Guinsburg e Cuenca (2010, p.12), o choro do neonato, de maneira geral,

apresenta uma fase expiratória definida, seguida por uma breve inspiração, um período de

descanso e, de novo, uma fase expiratória. Assim: Diante do estímulo doloroso, ocorrem alterações sutis nos parâmetros descritos: a fase expiratória torna-se mais prolongada, a tonalidade mais aguda, há perda do padrão melódico e a duração do choro aumenta. Tais achados parecem indicar que existe, realmente, um choro específico de dor. (op. Cit. p.12).

Percebemos que os profissionais de enfermagem estão atentos as formas que o choro

se apresenta e, que na maioria das vezes, são eles que conseguem diferenciar quando o choro

é dor, fome ou “um choro de manha”, conforme mostram os relatos abaixo:

A gente percebe quando o choro é de dor porque é um choro mais irritado e forte, quando é manha é chorinho leve você dá um afago ele para. (ESTER) O choro de dor é um choro irritante, é um choro agudo é um choro que expressa mesmo dor. Quanto um choro de manha, de fome é diferente sim. (REBECA)

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O choro mais forte é de dor, de fome é um choro contínuo e quando é manha a gente pega no colo e ele para. (MARIA) Ah tem, o choro de dor é diferente. Se o choro é de fome você tenta acalmar se não tiver a dieta na hora. Se for um choro de dor é diferente porque é um choro contínuo. (LIA)

Estas falas encontram respaldo em Nascimento et al (2012, p.608) quando afirmam

que:

A primeira forma de comunicação do bebê com o mundo é o choro. É a forma mais poderosa e eficaz de conseguir chamar a atenção dos outros para o que está sentindo. O recém-nascido chora não somente porque está com fome ou dor; chora para demonstrar que algo o incomoda. Decifrar o choro do bebê é um desafio para a equipe de enfermagem, que mistura intuição, conhecimento e muita percepção.

É importante que a equipe de enfermagem fique bastante atenta em relação à

qualidade do choro apresentado por um recém-nascido, já que nem sempre esse pode ser

considerado um indicador clínico de dor. Na maioria das vezes, pode ocorrer devido a

estímulos tais como a fome, manha, cólicas abdominais, agitação, sono, à presença de

dispositivos do cuidado neonatal, como sonda orogástrica e vesical, e o desconforto

(SANTOS et al, 2012).

A comunicação vai além da forma verbal, manifestando-se por um sistema sensorial,

entendido pelo convívio diário com o RN e através da observação, por tanto, se faz necessário

que a equipe de enfermagem leve em consideração todas as formas dos recém- natos se

comunicarem, estabelecendo assim um mecanismo de codificação e decodificação para poder

desenvolver o cuidado de forma específica.

O cuidado de enfermagem ao RN em UTN

O cuidar envolve verdadeiramente uma ação interativa. Essa ação e comportamento

estão calcados em valores e no conhecimento do ser que cuida para com o ser que é cuidado.

O cuidado ativa um comportamento de compaixão, de solidariedade, de ajuda, no sentido de

promover o bem (FERREIRA,2006).

Por este motivo, exige ser a enfermeira uma profissional consciente e comprometida

com o cuidado e que mantenha um relacionamento efetivo e terapêutico com o paciente,

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considerando sua unicidade, pois é indispensável o conhecimento de cada indivíduo como

existência singular em sua situação (ROLIM, 2006, p.20).

Para Ferreira (2006, p. 327), o ponto de partida:

é o entendimento da enfermagem como uma ciência humana, empenhada no cuidar da pessoa sadia ou doente. O ato de cuidar implica no estabelecimento de interação entre sujeitos (quem cuida e quem é cuidado) que participam da realização de ações, as quais denominamos cuidados, que é a verdadeira essência da enfermagem. Isto porque ao cuidarmos do outro estamos realizando não somente uma ação técnica, como também sensível, que envolve o contato entre humanos através do toque, do olhar, do ouvir, do olfato, da fala. Ação que envolve a sensibilidade própria dos sentidos e também a liberdade, a subjetividade, a intuição e a comunicação.

A enfermagem, pela natureza de sua atividade, exerce junto ao recém nato uma

atividade de cuidado contínuo. Assim o cuidador, quando está diretamente ligado a essa

função para interagir de forma integral com o RN, mediante a execução de procedimentos,

tem inúmeras oportunidades de interagir com o recém-nato estabelecendo uma dimensão da

comunicação. Mas para que essa relação se estabeleça, alguns princípios foram identificados a

partir da análise das falas dos participantes da pesquisa.

Princípios do cuidado ao recém-nato

É essencial que se saiba quem é esse ser, o neonato, para a efetivação do processo de

cuidar. Devido sua dependência total de cuidados, é importante que a enfermagem esteja

preparada para receber essa clientela, o que vai exigir da equipe observação constante,

sensibilidade, avaliação, experiência e conhecimento.

Diniz (2008) diz que é imprescindível a existência de profissionais de enfermagem

preparados, que saibam avaliar e estabelecer uma adequada intervenção com o intuito de

diminuir ou evitar efeitos nocivos para o desenvolvimento do RN. Essa preparação da

enfermagem visa contribuir para recuperação mais rápida do neonato, além de melhorar a

qualidade da assistência.

O fazer da enfermagem, dentro da UTIN, é estruturado em diferentes atividades, entre

elas a que se denomina procedimento de enfermagem. O procedimento de enfermagem é aqui

entendido como o procedimento técnico, que faz parte do cuidar da enfermagem. Os membros

da equipe de enfermagem têm sob sua responsabilidade a execução de diversos

procedimentos, inerentes ao seu cotidiano de cuidado ao recém-nato e, através deles têm a

oportunidade de observar, avaliar e conhecer o RN.

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Deste modo, pode-se destacar que através da observação e avaliação é possível

realizar um cuidado direcionado e de forma específica pelos profissionais da equipe de

enfermagem, conforme ilustram as falas a seguir:

A gente observa muito e com o tempo a gente passa conhecer quando o bebê tá evoluindo bem ou não. A gente tem que olhar a criança e perceber, às vezes é o acesso que se perdeu, às vezes é fome ou fralda suja a gente tem que ir eliminando pra poder identificar. (LÍDIA) A gente tem que estar sempre avaliando o estado de repouso do RN e o estado de estresse, normalmente quando ele tá agitado tem um aumento da frequência cardíaca, aumento da respiração, o choro é diferente. Essas coisas a gente vai pegando com o tempo. (MARTA)

Montanholi (2008) afirma que profissionais de enfermagem devem estar atentos para

atender as necessidades de cada recém-nascido. Assim o trabalho da equipe deve estar voltado

para a promoção de um cuidado de qualidade durante o tempo de internação deste.

Outro ponto evidenciado nas entrevistas foi a experiência e o conhecimento que a

equipe precisa ter para cuidar do RN. Há um interesse cada vez maior em compreender o

bebê, avaliando e adequando os procedimentos de cuidado, sendo um dos passos do cuidado

humanizado a observação das respostas comportamentais e fisiológicas do bebê ao manuseio.

Relacionado a esse contexto, buscou-se descrever como os profissionais de

enfermagem interpretam a comunicação do RN para poder cuidar dele.

Eu olho pra criança e vejo como ela está. Tem crianças que eu olho e percebo que a criança ta pedindo um banho, fica agoniada, angustiada, um choro diferente que não é manha. E a gente com o tempo conhece um choro de manha, um choro de fome, existem vários tipos de choro. Tem que conhecer e com o tempo você pega essa experiência. (AGAR) Cada Bebê tem uma forma de se apresentar, a gente primeiramente faz o cuidado básico e cada bebê tem um cuidado específico. Então eu vou ter que tá olhando pra ele de uma forma diferenciada de acordo com peso desse bebê, de acordo com a necessidade dele, com cuidado pra que ele não sinta dor, com o cuidado pra que ele fique mais confortável possível. (MARIA) Muito tempo de experiência, porque não é qualquer pessoa que consegue ter esse olhar pra observar se a criança esta com dor, se tem algo incomodando. Gostar de estar numa UTI neonatal e se preocupar com esse bebê. Observar principalmente o posicionamento dessa criança na incubadora, verificando se ela tá aconchegada. (ANA)

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Padilha e Monticelli (2010) ratificam que o conhecimento científico e a habilidade

técnica são imprescindíveis para o controle rigoroso das funções vitais, na tentativa de

garantir a sobrevivência do RN de risco.

Neste sentido é necessário buscar referenciais de competência como sendo uma

capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em

conhecimentos, mas sem limitar-se a eles (BRAGA; SILVA, 2007).

Os profissionais de enfermagem devem, então, buscar aproximação e afinidade com a

área, demonstrando gostar do que fazem, ter embasamento científico, sendo ele adquirido a

partir de atualizações frequentes e ter envolvimento no que diz respeito à sensibilidade para

realizar o cuidado. Nesse sentido a experiência na área ajuda a desenvolver um olhar

diferenciado.

Segundo Rolim e Cardoso (20006), a atenção ao recém-nascido deve ser estruturada e

organizada, pois este faz parte da população sujeita a riscos. A assistência, portanto, não deve

ser direcionada somente para condutas técnicas operacionais, mas também para uma

tecnologia associada ao acolhimento, desenvolvendo uma visão esclarecedora, que vem do

coração do cuidador para o ser que está sendo cuidado em sua integralidade, respeitando sua

individualidade.

É preciso reconhecer as necessidades básicas e de afeto do RN para poder

implementar o cuidado de forma integral. Deste modo, podemos destacar como é para um

profissional de enfermagem estar em contato com este público-alvo que requer cuidados

diferenciados, conforme mostra o relato abaixo:

Pode ser uma simples troca de decúbito, um objeto que esta incomodando e causando dor ou podem ser gases que o bebê não consegue expelir ou porque ele esta querendo arrotar e não consegue. A partir desse choro você tem que fazer um diagnóstico desse choro pra aplicar o cuidado. Pode ser também apenas uma necessidade de higiene. (LÓIDE)

A maneira como a enfermagem cuida do RN será o diferencial para o seu conforto,

recuperação e desenvolvimento. Portanto é necessário que a equipe esteja capacitada para

fazer a leitura das mensagens não verbais para melhor se comunicar com o neonato

(SIMSEN; CROSSETTI, 2004).

Observa-se que a enfermeira e sua equipe têm buscado direcionar seus cuidados de

acordo com cada tipo de bebê e sua respectiva patologia, proporcionando-lhe um cuidado

holístico, conforme ilustram as falas:

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Cada bebê tem um diferencial. Eu vejo pelo tipo do bebê, pela patologia, o tamanho. A gente já conhece a criança quando ele se sente mais confortável de um jeito ou de outro, se ele se apresenta.mais ativo ou menos ativo. A gente procura dá um conforto melhor pra ele, a gente tem que ta aconchegando cada um de acordo com a sua necessidade (ORFA) O cuidado varia de criança para a criança, às vezes você vai assistir uma criança que está dormindo ela não tem nenhum tipo de reação e as vezes você tá cuidando de uma criança que ela mesmo vai te demonstrando algum tipo de sinal como virar de decúbito sozinha (HULDA)

De acordo com Diniz (2008), os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros,

necessitam utilizar a experiência, empatia e a compreensão do cuidado prestado

fundamentado no relacionamento interpessoal terapêutico, a fim de promover um cuidado

seguro e responsável em um ser tão vulnerável e frágil.

É preciso que haja um cuidado humanizado, onde através de pequenas ações se

consiga diminuir o estresse promovido na UTIN, sendo importante o empenho de cada

profissional para decifrar o que cada bebê quer passar.

Reconhecendo as necessidades através da comunicação do RN

O reconhecimento da linguagem não verbal do recém-nato é uma das estratégias para

o cuidado humanizado, em especial no âmbito da UTIN, isso porque o trabalho da equipe de

enfermagem dentro de uma UTI Neonatal é um desafio constante que requer vigilância,

habilidade, respeito, aprimoramento da sensibilidade, compreensão dos chamados e respostas

e olhar intuitivo, pois o neonato não se expressa verbalmente, é extremamente vulnerável e

altamente dependente da equipe.

Para isso, o profissional de enfermagem utiliza do choro e da expressão corporal do

RN para decifrar e direcionar o cuidado. Foram verificados esses cuidados direcionados

através das falas dos sujeitos:

Ele fala através dos gestos, da linguagem corporal dele e a gente diferencia através disso, tá com fome você já sabe por que está no horário da comida, quando tá com cocô ele fica irritado, chora e soluça, várias coisas que eles apresentam e você vai tentando diferenciar dessa forma e com a observação. (ESTER)

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O choro é sempre um parâmetro. É o observar mesmo, o sentir que o profissional que trabalha na Neo tem que ter. A percepção do sentir quando você está manuseando a criança. (REBECA) Percebe o que ele esta precisando, é só no olhar mesmo. Quando ele tá sujo ou quando ele está numa posição desconfortável. (DALILA)

Para Nascimento (2012), apesar de o choro ser, indubitavelmente, uma situação de

comunicação, esta não dever ser a única a ser considerada, uma vez que o recém-nascido

estabelece outras formas de se comunicar, mas, para que sejam percebidas é imprescindível a

predisposição, além da sensibilidade e observação da equipe que dele cuida.

Neste sentido, os depoimentos demonstram que a comunicação não verbal é mais

perceptível para os participantes do estudo em situações de manuseio, como troca de fraldas e

banho; situações de desconforto relacionadas à fome, dor, submissão a procedimentos,

especialmente procedimentos dolorosos, como a punção venosa.

Por exemplo, se você der um banho de água fria na criança ele tem um tipo de expressão, se você tira da incubadora e expõe a criança ao ar condicionado ele tem outra expressão tanto corporal e facial. Então a pessoa tem que observar e conhecer tem que ter uma percepção muito grande pra cuidar do RN. (ANA)

Mendes e Bonilha (2003, p.113) ressaltam que "mesmo que o procedimento de

enfermagem provoque dor ou desconforto no recém- nascido, para o cuidador, este é um

importante momento de comunicação, tanto quanto os outros."

A fase neonatal demanda cuidados e muita atenção, pois, apesar do RN não se

comunicar através da fala, o processo de comunicação não é inexistente e acontece de várias

maneiras. Portanto, se faz necessário que a equipe de enfermagem identifique e decodifique as

mensagens transmitidas pelo RN, conforme foi explicitado nas falas dos membros da equipe

de enfermagem. Diante do exposto, este estudo confirmou a importância da realização de

pesquisas mais amplas que foquem na avaliação da comunicação não verbal como uma forma

de cuidado ao recém-nascido em UTIN e suas implicações para o cuidado de enfermagem.

Assim, no cenário do cuidado ao RN: Os profissionais têm forte necessidade de olhar o RN, talvez para ver o invisível e além das aparências. Isso pode ser explicado também pelo olhar do profissional que tenta trazer a cura pelo olhar. Autores de trabalhos similares constataram o mesmo modo de olhar o RN: invisível e além das aparências (BRASIL, 2002)

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Assim é possível compreender que o RN, por meio de sinais como expressão facial, a

movimentação corporal, agitação, coloração da pele, estado de vigília e o choro, exprime e

tenta comunicar algo que possa estar incomodando. Dessa forma, os sinais emitidos pelo

CONSIDERAÇÕES FINAIS__________________________________________________

Nesse estudo, buscou se conhecer como a equipe de enfermagem tem interpretado a

comunicação do RN numa UTIN e a forma como é realizado o cuidado ao RN inerente dessa

comunicação. No decorrer desta pesquisa, constatou-se a escassez de estudos sobre as formas

de comunicação não verbal do neonato e o cuidado de enfermagem sem relação com a dor.

Contudo no cenário doe estudo constatou-se que a equipe de enfermagem reconhece as

expressões dos recém-nato como uma forma de comunicação. Assim, diante das questões

levantadas e dos objetivos propostos, a investigação conseguiu, através do seu caminho

metodológico, chegar a quatro categorias: a expressão corporal; expressão pré-verbal;

princípios do cuidado ao recém-nascido; reconhecendo as necessidades através da

comunicação do RN.

Pesquisou-se sobre o perfil deste profissional, onde foram considerados como dados o

sexo, idade, estado civil, tempo de atuação no setor, categoria profissional, horário de trabalho

e a formação profissional. Com isso constatou-se que se trata de um grupo

predominantemente composto por mulheres, casadas, cuja maioria possui mais de um vínculo

empregatício e que grande parte dos técnicos e auxiliares de enfermagem possui ensino

superior em enfermagem e outras profissões.

Tendo em vista os resultados deste estudo, constatou-se que a equipe de enfermagem

reconhece a expressão corporal do RN como uma forma de comunicação, e que os mesmos

identificam no RN a movimentação do corpinho, expressão facial e principalmente o choro.

Quanto ao choro a equipe de enfermagem compreende e diferencia as formas que esse

choro se apresenta, ficando evidente que o choro de dor é bem forte e contínuo e o choro de

manha cessa assim que o bebê recebe um afago.

Cabe ressaltar a importância de se reconhecer e decodificar as mensagens transmitida

pelo neonato, visando assim diagnosticar as necessidades deste RN a fim de proporcionar um

cuidado direcionado e com qualidade.

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neonato, seriam um tipo de código, uma linguagem que a equipe de enfermagem precisa estar

atenta para observar e sensível para interpretar esses sinais.

O reconhecimento dessa linguagem não verbal exige da enfermagem e principalmente

do enfermeiro, conhecimento na área de neonatologia, experiência e um olhar diferencial,

para que se tenha assim, percepção desses sinais. Ou seja, é fundamental uma comunicação

efetiva e afetiva entre os profissionais e o RN para que o cuidado vá além das técnicas e

procedimentos. E isso implica em presença, olhar atento, escuta sensível, olhar habilidoso,

mãos que acalentam e foco naquele ser que necessita ser cuidado e para isso necessita ser

compreendido em sua integralidade, para que cuidar seja mais que um ato mas também uma

intenção de contribuir para sua recuperação e desenvolvimento.

Nutrir a criança? Sim. Mas não só com o leite. É preciso pegá-la no colo. É preciso acariciá-la, embalá-la. É necessário conversar com sua pele, que têm sede e fome, como sua barriga (Frédérick Leboyer)

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Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

APÊNDICES___________________________________________________________

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Apêndice B - Roteiro de Entrevista

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA

ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA

ROTEIRO DE ENTREVISTA

SETOR: UTI NEONATAL DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Data: ___________ Entrevista n°:_______ Início/Término:__________

Iniciais Nome:_________ Sexo: ( ) M ( ) F Idade:______

Situação conjugal:____________Filhos/netos: ( ) Sim ( ) Não Quantos: _____

Endereço: ___________________________________________________________-

Categoria profissional: ( ) enfermeiro ( ) técnico de Enfermagem ( ) auxiliar de enfermagem

Tempo atuação no setor:______ Horário de trabalho: ( ) SD ( ) SN ( ) Diarista

Trabalha em outro local: ( ) Sim ( ) Não Onde:____________________________

Formação Profissional:

Nível superior completo ( ) sim ( ) não _____________________________________

Pós graduação: ( ) Sim ( ) Não Qual:_____________________________________

QUESTÕES

1. Fale sobre as formas de comunicação do recém-nascido

2- Como você interpreta a comunicação do recém nato para poder cuidar dele?

3- Você diferencia o choro do bebê? como?

4 Durante o cuidado que tipos de expressões o RN utiliza para se comunicar?

5-Como você sabe diferenciar as necessidades do recém nato durante o cuidado?

Impressões do Pesquisador:

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Anexo A - Parecer do CEP

ANEXO_______________________________________________________________