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Luciana de Lourdes Souza “ESTUDO DO REPARO DAS LESÕES INDUZIAS PELA RADIAÇÃO UVB (UVB) NO DNA DE Escherichia coli E Saccharomyces cerevisiaeTESE SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho 2 0 0 9

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Luciana de Lourdes Souza

“ESTUDO DO REPARO DAS LESÕES INDUZIAS

PELA RADIAÇÃO UVB (UVB) NO DNA DE

Escherichia coli E Saccharomyces cerevisiae”

TESE SUBMETIDA À UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

DE JANEIRO VISANDO A OBTENÇÃO DO GRAU DE

DOUTOR EM CIÊNCIAS

Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho 2 0 0 9

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Ficha Catalográfica

Souza, Luciana de Lourdes Estudo do Reparo das lesões induzidas pela radiação Ultravioleta B (UVB) no DNA de Escherichia coli e Saccharomyces cerevisiae. Rio de Janeiro, UFRJ, IBCCF, 2009. x..., 94f.

Tese: Doutor em Ciências Biológicas (Biofísica)

1. Reparo 2. Ultravioleta B

3. DNA 4. Lesão

5. Tese

I Universidade Federal do Rio de Janeiro

II Título

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Este trabalho foi desenvolvido sob orientação dos professores Alvaro Augusto da

Costa Leitão e Marcelo de Pádula no Laboratório de Radiobiologia Molecular do

Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, com auxílios concedidos por: CNPq (Conselho Nacional d

Desenvolvimento Científico e tecnológico), FINEP (Financiadora de Estudos e

Projetos), FAPERJ (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do

Estado do Rio de Janeiro), PRONEX (Programa de Núcleos de Excelência) e

CEPG-UFRJ (Conselho de Ensino para Graduados da Universidade Federal do

Rio de Janeiro).

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Tua caminhada ainda não terminou A realidade te acolhe

dizendo que pela frente o horizonte da vida necessita

de tuas palavras e do teu silêncio.

Se amanhã sentires saudades,

lembra-te da fantasia e sonha com tua próxima vitória.

Vitória que todas as armas do mundo jamais conseguirão obter...

É certo que irás encontrar situações

tempestuosas novamente, mas haverá de ver sempre

o lado bom da chuva que cai e não a faceta do raio que destrói.

Não faças do amanhã o sinônimo de nunca,

nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais.

Teus passos ficaram. Olhes para trás... mas vá em frente

pois há muitos que precisam que chegues para poderem seguir-te.

- Charles Chaplin –

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Agradecimentos

Por tudo o que tens feito...

Por tudo que vais fazer...

Por tuas promessas e tudo que és

Eu quero te agradecer com todo o meu ser.

Te agradeço Senhor.

“Quando tudo diz que não tua voz me encoraja a prosseguir...”.

Ao meu pai, por ter em vida transmitido importantíssimos ensinamentos como:

enfrentar as dificuldades e não desanimar. Obrigada por ter construído a minha

base para que eu possa construir os degraus.

À minha mãe Lourdes e meu padrasto Messias por sempre me incentivarem.

Às minhas irmãs Renata, Jessica e meu cunhado Elber por acreditarem em

mim.

Às minhas tias Maria e Ivanilda por todo amor e cuidado dados a mim.

A minha amiga e praticamente irmã gêmea, Ivy Ribeiro por estar do meu lado

em todos os momentos da minha vida.

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Aos meus orientadores Alvaro Leitão e Marcelo de Pádula, pelos

ensinamentos, orientação, mas principalmente pela paciência e confiança dadas

desde a minha iniciação científica.

A todos os amigos do Laboratório de Radiobiologia Molecular: Barbara pelo

carinho que tem comigo, Claudia Lage por transmitir “ricos” conhecimentos,

Janine por ter aberto as portas da pesquisa para mim, Rita pela amizade,

companheirismo e agradáveis conversas, Roberto pelo amigo que sempre

demonstrou ser desde a faculdade, Tatiana por sempre me dar força nos

momentos de insegurança, Claudia Ribeiro, Elder, Eliza, Gabriel, Glória, Ivan,

Larissa, Léo, Marcus, Mariana, Tula e Viviana pela preciosa amizade no dia a dia

de trabalho.

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Siglas e Abreviaturas

ºC- graus Celsius

AP- apurínico ou apirimidínico

ATP- adenosina tri-fosfato

BER- reparo por excisão de base

Can- canavanina

DIP- dipiridil (2,2’-Bipyridyl)

DL- Dose Letal

DNA- ácido desoxirribonucléico

E. coli- Escherichia coli

Endo- endonuclease

ERO- espécies reativas de oxigênio

Exo- Exonuclease

g- grama

h- hora

J- Joules

L- litro

Lac- Lactose

LB- meio rico de crescimento bacteriano

M9- tampão para diluição de células

mg- miligrama

min- minuto

mL- mililitrp

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mM- milimolar

µg- micrograma

µL- microlitro

nm- nanômetro

NIR- reparo por incisão de nucleotídeo

NUV- near UV, UV longo

O2•- radical superóxido

OH•- radical hidroxila

Rif- rifampicina

RNA- ácido ribonucléico

S. cerevisiae- Saccharomyces cerevisiae

SOD- Superóxido Dismutase

UFC- Unidade formadora de colônia

UV- Ultravioleta

UVA- Ultravioleta A

UVB- Ultravioleta B

UVC- Ultravioleta C

%- porcentagem

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Resumo

O espectro da radiação eletromagnética está dividido em três regiões do

comprimento de onda: ultravioleta (UV), visível e infravermelho. A radiação UV

está dividida em três seções, cada uma com distintos efeitos biológicos: UVA

(320-400 nm), UVB (290-320 nm) e UVC (200-290 nm). O comprimento de onda

do espectro solar que corresponde ao UVB é absorvido pela pele, produzindo

eritema, queimaduras e eventualmente câncer de pele.

A luz UVB estimula a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO). ERO

são importantes mensageiros na indução de vários genes em diversas condições

fisiológicas e patológicas. UVB induz lesões oxidativas e não oxidativas. O

mecanismo de reparo por excisão de bases tem um importante papel no reparo de

lesões oxidativas.

Exo III e Endo IV apresentam importante papel no reparo por excisão de bases

(BER) de Escherichia coli. Ambas possuem atividade AP endonucleolítica

clivando a ligação 5’ fosfodiéster adjacente ao sítio abásico espontâneo ou

induzido. Mutantes deficientes na Exo III (xthA) são hipersensíveis a agentes

oxidantes como por exemplo peróxido de hidrogênio, UV longo e UV médio,

raios X, enquanto que mutantes deficientes em nfo não são sensíveis como a cepa

xthA. Nós avaliamos a sensibilidade e mutagênese das cepas xthA e nfo após

tratamento com UVB e comparamos com UVC. O uso do quelante de Fe+2

(dipiridil) antes da irradiação protegeu completamente o mutante xthA dos efeitos

letais do UVB, sugerindo a geração de lesões oxidativas tóxicas, via reação por

metal de transição. A cepa nfo apresentou aumento na mutagênese induzida por

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UVB. Este aumento foi significativamente suprimido pelo pré - tratamento com

dipiridil. Entretanto, a cepa xthA não apresentou aumento de mutagênese após

tratamento com UVB e UVC. Após a irradiação com UVB o espectro de

substituição de base da cepa nfo, revelou aumento de transição AT→GC e aumento

de transversão CG→GC, este aumento é suprimido após o pré – tratamento com

quelante de Fe+2.

Em Sacharomyces cerevisiae, as AP endonucleases codificadas pelos genes APN1

e APN2 participam do reparo de sítios abásicos. A Endo IV de E. coli é similar à

proteína Apn1 de Sacharomyces cerevisiae. A segunda família de classe II das AP

endonuclease inclui exonuclease III (Exo III) de E. coli, cuja proteína similar é

Apn2 de S. cerevisiae. Nossos resultados revelaram aumento na mutagênese para

a cepa apn1 após tratamento com UVB. Este aumento foi significativamente

suprimido após o pré – tratamento com dipiridil. O mesmo foi observado com o

gene similar de E. coli. Com base nas diferenças de sensibilidade e mutagênese

para UVB e UVC nós propomos um importante papel de ExoIII e Endo IV de E.

coli assim como para Apn1 e Apn2 de S. cerevisiae no reparo de lesões oxidativas

geradas pelo UVB.

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Abstract

The spectrum of electromagnetic radiation is divided into three main regions of

wavelengths: ultraviolet (UV), visible and infrared. The UV radiation is divided into three

sections, each one producing distinct biological effects: UVA (320-400 nm), UVB (290-

320 nm) and UVC (200-290 nm). UVB wavelengths are absorbed by the skin, producing

erythematic lesions, burns, and eventually skin cancer.

UVB light stimulates the production of reactive oxygen species (ROS). ROS are

important messengers for the induction of several genes in a variety of physiological and

pathological conditions. UVB induces non oxidative and oxidative lesions. Base excision

repair (BER) has an important role in the repair of oxidative lesions.

Exonuclease III (Exo III) and endonuclease IV (Endo IV) play a critical role in the

base excision repair (BER) of Escherichia coli. Both are endowed with AP endonucleolytic

activity, cleaving the 5’ phosphodiester bond adjacent to spontaneous or induced abasic

sites in DNA. Although mutants defective in Exo III (xthA) are usually hypersensitive to

oxidative agents such as hydrogen peroxide, near-UV-light and X rays, mutants defective in

Endo IV (nfo) are not as sensitive as the xthA strain. We evaluated the sensitivity and

mutagenesis of xthA and nfo strains after UVB treatment and comparison with

UVCirradiation. The use of Fe+2 ion chelator (dipyridyl), prior to irradiation, completely

protected the xthA mutant against UVB lethal lesions, suggesting the generation of toxic

oxidative lesions mediated by transition metal reactions. Although xthA strain did not

display increased mutagenesis after UVC and UVB treatments. After UVB irradiation, the

base substitution spectra of nfo strain revealed a bias towards AT→GC transitions and

CG→GC transversions, which were also suppressed by previous treatment with the iron

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chelator. In Sacharomyces cerevisiae, the AP endonucleases encoded by the APN1 and

APN2 genes provide alternate pathways for the removal of abasic sites. The endonuclease

IV of E. coli is similar to the Apn1 protein of Sacharomyces cerevisiae. The second family

of class II AP endonucleases includes exonuclease III (Exo III) of E. coli, which

similar is the Apn2 protein of S. cerevisiae. Our results with yeast revealed the apn1 strain

displayed increased UVB induced mutagenesis, which was significantly suppressed by pre-

treatment with dipyridyl. The same was observed to similar gene in E. coli. In sum, based

on the differential sensitivities and mutational spectra displayed after UVC and UVB

treatments, we propose a role for Endo IV and Exo III to counteract DNA damage induced

by the oxidative counterpart of UVB in Escherichia coli as to Apn1 and Apn2 in

Sacharomyces cerevisiae.

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ÍNDICE

1-Introdução........................................................................................................................01 1.1- Radiação Ultravioleta....................................................................................................01 1.1.2- Lesões induzidas pelas Radiações UV........................................................................04 1.1.3- UV e câncer de pele....................................................................................................06 1.2- Fototerapia.....................................................................................................................09 1.2.1- Fotobiologia................................................................................................................10 1.3- Mutagênese....................................................................................................................12 1.4- Estresse Oxidativo.........................................................................................................14 1.4.1- Oxidação de lipídeos..................................................................................................15 1.5- Principais Mecanismos de Reparo.................................................................................17 1.5.1- Reparo por Excisão de Bases......................................................................................17 1.5.1.1- DNA-N- glicosilase.................................................................................................18 1.5.1.2- AP endonuclease relevantes neste trabalho.............................................................21 1.5.1.2.1- Exonuclease III.....................................................................................................21 1.5.1.2.2- Endonuclease IV...................................................................................................23 1.5.2- AP endonucleases de leveduras..................................................................................26 1.5.2.1- Apn1.........................................................................................................................26 1.5.2.2- Apn2.........................................................................................................................26 1.5.3- Reparo por Incisão de Nucleotídeos...........................................................................27 2-Objetivos...........................................................................................................................29 3- Material e Métodos.........................................................................................................30 3.1- Cepas utilizadas.............................................................................................................30 3.1.1- Manutenção das cepas................................................................................................32 3.1.2- Obtenção das culturas para os experimentos..............................................................33 3.2- Meios de cultura e tampões para bactéria......................................................................34 3.2.1- Meio Seletivo para Mutagênese Lactose....................................................................35 3.3- Meios de cultura para levedura......................................................................................36 3.4- Construção de cepas.......................................................................................................36 3.5- Competência e transformação bacteriana......................................................................38 3.6- Sobrevivência e mutagênese bacteriana........................................................................39 3.7- Sobrevivência e Mutagênese de leveduras....................................................................41 3.8- Lipoperoxidação (TBARS)............................................................................................42

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4- Resultados........................................................................................................................44 5.1- Resultados com bactéria................................................................................................44 5.1.1- Mutagênese induzida pela radiação UVB...................................................................47 5.1.2- Resultados com TBARS (Lipoperoxidação)..............................................................58 5.2- Resultados com levedura...............................................................................................60 5.2.1- Resultados de Mutagênese..........................................................................................65 5-Discussão...........................................................................................................................70 6-Conclusão..........................................................................................................................78 6.1- Comclusões-Bactéria.....................................................................................................78 6.2- Conclusões-Levedura.....................................................................................................79 7-Perspectiva........................................................................................................................80 8- Referências Bibliográficas..............................................................................................81 9-Anexo.................................................................................................................................94

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1-Introdução

1.1-Radiação Ultravioleta

→→→→ Histórico

Em 1801, a radiação ultravioleta foi descoberta pelo físico Johannw Wilhelm Ritter.

Ao fazer a dispersão de um feixe de luz visível através de um prisma, ele deslocou uma

chapa fotográfica ao longo do espectro obtido e demonstrou que em uma região situada

acima do violeta, ou seja, de maior energia, ocorria maior enegrecimento da chapa

fotográfica. Devido ao fato desta região do espectro ser mais energética do que a do violeta,

Ritter denominou-a de ULTRAVIOLETA.

→→→→ Definição e Considerações

A radiação ultravioleta é uma radiação eletromagnética não ionizante para

moléculas biológicas, que ao ser absorvida pelas substâncias químicas produz excitação dos

elétrons dos átomos e moléculas, produzindo, como conseqüência, quebras de ligações

químicas modificação de moléculas, etc (Pfeifer et al., 2005).

A radiação ultravioleta apresenta três denominações em função do comprimento de

onda. A faixa de comprimento de onda que compreende 320-400 nm é classificada como

UVA, entre 290-320 nm é classificada como UVB e a faixa de 190-290 nm é denominada

UVC ou UV germicida (Pfeifer et al., 2005).

A luz solar está envolvida no surgimento de câncer de pele e diversas evidências

experimentais indicam que dentre os comprimentos de onda da radiação solar que

atravessam a camada de ozônio, o responsável pela carcinogênese na pele é o UVB,

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contudo os mecanismos envolvidos no reparo das lesões e na indução de mutações que

causam câncer de pele induzido por esta faixa de comprimento de onda ainda não foram

completamente esclarecidos (Armstrog & Kunz, 1990). De fato, desordens humanas como

o xeroderma pigmentosum; que conduzem ao câncer de pele entre outros, estão

correlacionadas com defeitos no reparo de lesões induzidas por UV (Armstrog & Kunz,

1990).

As macromoléculas de DNA absorvem, com maior intensidade, na região UVC

entre 240 e 280 nm. Há alguns anos atrás, foi detectado que o UVC poderia ocasionar

mutações e letalidade através da absorção da radiação pelos ácidos nucléicos (Eisenstark,

1987). Todavia, a região que compreende UVA e UVB é absorvida com menor intensidade

pelos ácidos nucléicos e proteínas, e consequentemente, a absorção por outros cromóforos

torna-se relativamente importante (Eisenstark, 1987).

A letalidade mediada pelas radiações UVA e UVB não é totalmente devida a danos

diretos no DNA, mas sim por dependência do oxigênio (Eisenstark, 1989). Isto sugere que

os efeitos das radiações UVA e UVB podem envolver espécies reativas de oxigênio (ERO),

como peróxido de hidrogênio (H2O2), oxigênio singleto (1O2), radical superóxido (O2·-

) e

radical hidroxil (OH•), todas estas espécies são tóxicas para a célula (Shennan et al., 1996).

O comprimento de onda ideal para estudar os efeitos que possivelmente estão

envolvidos com câncer de pele seria na região do UVC, o comprimento de onda de 260 nm,

já que é nessa faixa que ocorre o pico de absorção dos ácidos nucléicos. Entretanto, a

camada de ozônio que envolve o planeta filtra com bastante eficiência o UVC, permitindo

apenas a passagem do UVB e UVA, caracterizando-os, com relação ao que atinge a

superfície terrestre como UV solar ou NUV (near UV) (Eisenstark, 1987).

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A radiação NUV pode ter influências em vários sistemas biológicos como

microrganismos, plantas e animais.

Diferentes estudos indicam que os comprimentos de onda mais eficientes na geração

de carcinogênese e eritema na pele humana compreendem a faixa de 290-320 nm, portanto

UVB. Há fotoprodutos produzidos por estes comprimentos de onda diferentes daqueles

produzidos pelo UVC e, além disso, estas radiações podem atuar em outros sítios além do

DNA, como a membrana celular (Brash, 1988).

Os mecanismos de ação da radiação são bastante diferentes quanto aos efeitos

celulares, assim sendo, a resposta a estes agentes é provavelmente bastante complexa, pois

várias moléculas de importância biológica podem ser atingidas. Deve-se ressaltar, porém,

que o DNA e os mecanismos de reparo que resguardam sua integridade devem ser os alvos

mais importantes para o comprometimento da viabilidade celular (Brash, 1988).

Na figura 1 está representado o espectro das diferentes radiações destacando a

radiação UV.

Figura 1: Espectro de diferentes radiações.

100 150 200 250 300 350 400

Raios - X Luz Visível

Radiação Ultravioleta

UVC UVB UVA

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1.1.2- Lesões induzidas pelas Radiações UV

A radiação UVC é conhecida como sendo capaz de induzir principalmente dímeros

ciclobutano de pirimidina (CPD), além de fotoprodutos do tipo 6-4. A dimerização ocorre

principalmente entre timinas (T^T) e em menor proporção entre timinas e citosinas (T^C) e

entre citosinas (C^C), além disso, a dimerização é fortemente influenciada pelas seqüências

adjacentes. CPDs são formados entre as ligações 5,6 de duas pirimidinas adjacentes e os

fotoprodutos são formados por ligações instáveis entre os carbonos 6,4 de bases vizinhas.

Destas as que se formam com maior freqüência são 5’TC e 5’ CC, no entanto, estes

fotoprodutos se formam em níveis menores quando comparados aos CPDs (Pfeifer et al.,

2005). Em quantidades mais restritas, a radiação UVC de 254 nm também pode induzir

hidratos de pirimidina (Sage, 1993).

A radiação UVB pode induzir a formação de dímeros de pirimidina em menor

proporção do que a radiação UVC, se compararmos doses iguais de cada radiação. A

formação de fotoprodutos 6,4 existe igualmente assim como uma fotoisomerização

concomitante destas lesões gerando os fotoprodutos de Dewar (Taylor & Cohrs, 1987.,

Sage, 1993).

O UVA pode induzir CPDs no DNA e, também através de mecanismos indiretos,

pode promover a formação de radicais oxigenados que reagem com o DNA, levando à

formação de bases oxidadas, podendo gerar quebras, ligações DNA-proteína, hidratos, etc

(Pfeifer et al., 2005). Esta produção de radicais ocorre através da participação de moléculas

fotossensibilizadoras, presentes na própria célula ou de moléculas exógenas, capazes de

captar a energia fotônica e de transferi-la para outras moléculas (como a água ou oxigênio,

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por exemplo) que vão poder causar lesões na célula. A este fenômeno damos o nome de

fotossensibilização (Piette et al., 1986).

Os CPDs são produzidos em frequência três vezes maior que os fotoprodutos 6-4

(Tornaletti & Pfeifer, 1996). Ambas as lesões ocorrem mais frequentemente em resíduos

pirimidínicos conhecidos como ‘hot spots’ de mutações induzidas por UV (Kanjilal &

Ananthaswamy, 1996). Embora ambas as lesões sejam potencialmente mutagênicas, os

CPDs são considerados os maiores contribuidores de mutações em mamíferos (Matsumura

& Ananthaswamy, 2003); fotoprodutos 6,4 são reparados muito mais rapidamente que os

CPDs em células de mamíferos (Mitchell & Nairm, 1989).

Se não reparadas, as lesões induzidas por UV podem aumentar as mutações nas

sequências de DNA. Estas mutações são transições de C→T e CC→TT. A regra do “A” tem

explicado o aumento das mutações a partir das lesões induzidas por UV (Tessman et al.,

1992). De acordo esta regra, a DNA polimerase insere adenina (A) em frente à lesão que

não pode ser interpretada. O dímero TT não resulta em mutação, pois A normalmente é

pareado com T. Entretanto, com CPDs CC, uma transição dupla CC→TT ocorre pois dois

resíduos de A são colocados opostos ao dímero no lugar de dois resíduos de guanina

(Kanjilal & Ananthaswamy, 1996).

Sabe-se que UVA não induz significativamente transições C→T e CC→TT, estas

mutações são específicas para UVB e não se verificam transversões T→G (Pfeifer et al.,

2005) como pode ser visto na figura 2.

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G→C+C→G

G→T+C→A

G→A+C→T

GG→AA+CC→TT

T→A+A→T

T→C+A→G

T→G+A→C

múltiplas substituições debasesdeleção/inserção

Figura 2: Espectro de mutagênese do UVB que se caracteriza pela predominância de C→T

e CC→TT. Adaptado de Pfeifer et al., 2005.

1.1.3- UV e câncer de pele

Câncer de pele é o mais comum dos tumores diagnosticados e o número dos

cânceres não melanoma e melanoma tem aumentado dramaticamente nas últimas décadas

(Houghton & Polsky, 2002).

Melanoma é a forma mais letal de câncer (Gilchrest et al., 1999). Há evidências

epidemiológicas sugerindo que um histórico de queimadura e intermitente exposição à forte

luz solar, particularmente durante a infância pode promover o desenvolvimento de

melanoma (Gilchrest et al., 1999).

A principal conclusão de vários estudos é que UVB está claramente relacionado

com o câncer não melanoma e que UVA tem um papel importante na indução de melanoma

(Pfeifer et al., 2005). Enquanto, UVB domina os efeitos carcinogênicos da luz solar,

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estima-se que UVA contribua com apenas 10-20% dos efeitos carcinogênicos da luz solar

(Pfeifer et al., 2005).

A exposição contínua e por longo tempo à luz solar acarreta danos progressivos às

várias estruturas da pele, como: queratinócitos, melanócitos, vasos, fibras e glândulas, entre

outras. Aparentemente, isto ocorre como resultado do acumulo de lesões no DNA e de

efeitos inflamatórios crônicos, que resultariam no câncer de pele (Pfeifer et al., 2005).

A irradiação UV causa mutações e aumento na proliferação celular e é capaz de

ocasionar o câncer de pele sem que iniciadores ou promotores adicionais estejam presentes

e é, de fato, denominada como um “completo carcinógeno” (Matsuma & Ananthaswamy,

2003), (ver figura 3).

Figura 3: Efeitos da radiação UV na pele (Matsuma & Ananthaswamy, 2003).

Efeitos do UV

Queimadura, Bronzeamento, Hiperplasia Epidérmica

Lesões no DNA

Indução de p53

Imuno supressão

Controle do ciclo celular

Apoptose

Manutenção da estabilidade genômica

Replicação do DNA e reparo

Inibição da angiogênese

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O gene p53 é o mais freqüente alvo de alterações genéticas identificados em

cânceres humanos (Hollstein et al., 1991). A perda ou mutação de p53 foi identificada em

aproximadamente 50% de todos os cânceres humanos examinados, contudo a freqüência de

mutações varia dependendo do tipo de câncer. A função básica da proteína p53 é manter a

célula em estado normal contra vários estresses extracelulares, incluindo a irradiação ou a

indução de apoptose quando o DNA é severamente lesado, para poder prevenir a

carcinogênese (Matsumura & Ananthaswamy, 2003).

Além de contribuir para a estabilidade genômica, p53 promove a replicação correta

do DNA, o reparo e inibe a angiogênese, que é um fator crítico na progressão da

malignidade. Desta forma, p53 tem um papel relevante na proteção do genoma, células e

pele contra a irradiação UV (Matsumura & Ananthaswamy, 2003).

Os cânceres de pele são influenciados por vários fatores (Matsumura & Ananthaswamy,

2003):

• Tempo total de exposição ao sol

• Intensidade e duração do componente UV

• Predisposição genética

O câncer ocorre nas áreas expostas ao sol e há maior incidência em indivíduos de pele

clara. A exposição intensa à luz solar, com queimadura pode ser fatal ao indivíduo, quando

este ingerir algum produto (medicamento por exemplo) fotossensibilizante, o qual é capaz

de aumentar o efeito da radiação solar no DNA (Matsumura & Ananthaswamy, 2003).

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1.2-Fototerapia

A fototerapia é uma modalidade terapêutica empregada para tratamento de várias

dermatoses. O início de sua utilização data da antiguidade, e sua classificação é feita

segundo o tipo de irradiação utilizada (UVA ou UVB), variável de acordo com os

comprimentos de onda (Roelandts, 2002).

As primeiras descrições do uso da fototerapia datam de 1400 e dizem respeito à

prática dos hindus no emprego de plantas medicinais associadas à exposição ao sol para

tratamento de vitiligo. Foi, porém, a partir de 1903, quando Niels Finsen recebeu o prêmio

Nobel pelo sucesso do tratamento de lúpus com a radiação UV, que a fototerapia começou

a ser realmente estudada e praticada para o tratamento de várias dermatoses (Roelandts,

2002).

→→→→ Indicações do UV (Yashar et al., 2003):

• Acne, alopecia;

• Casos de alterações circulatórias periféricas e

• Pele com infecções bacterianas, infecções por fungos, feridas infectadas.

→→→→ Contra Indicações do UV (Yashar et al., 2003):

• Tuberculose pulmonar;

• Eczema;

• Dermatites agudas e

• Pessoas muito sensíveis à luz solar, com pele branca, olhos claros (fotofobia).

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1.2.1-Fotobiologia

A radiação UVA atinge a epiderme, derme superficial e média e o UVB atinge

principalmente a epiderme. Tanto UVB como UVA agem sobre os queratinócitos.

PUVA (psoraleno + ultravioleta A) e a terapia UVB são bastante usados no

tratamento de muitas desordens na pele incluindo psoríases, dermatites atópicas, vitiligo e

linfomas cutâneos. O uso reduzido de PUVA deve-se à intenção de diminuir a incidência de

doenças de pele por repetições do tratamento e para controlar reações fototóxicas. Estas

reações ocorrem somente quando psoralenos são ativados por UVA. A fototerapia UVB

também vem sendo usada com muito sucesso principalmente no tratamento de doenças

inflamatórias de pele. A radiação UVB é considerada por exercer efeitos terapêuticos por

inibição da proliferação celular, indução de apoptose e imunossupressão (Matsumura &

Ananthaswamy, 2003).

Além disso, a foterapia pode ser utilizada associada a vários outros medicamentos

sistêmicos, como os retinóides e outros (Roelandts, 2002).

Como em toda fototerapia, o potencial fotocarcinogênico do UVB está presente. O

potencial fotocarcinogênico foi identificado após a observação da produção de lesões como

CPD e 8-oxoguanina. Estas lesões causam mutações em oncogenes e genes supressores de

tumores aumentando a fotocarcinogênese. Avaliando a formação dessas lesões pelo

Narrowband, banda estreita de UVB (311-312 nm) e Broadband, banda larga de UVB

(290-320 nm), após a exposição a equivalentes doses terapêuticas foi verificado que a

proporção de formação de CPD é similar no Narrowband UVB e no Broadband UVB, no

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entanto, a formação de 8-oxo-7,8-dihydro-2’-deoxiguanina (8 oxoguanina) é até 3 vezes

maior após o tratamento com Narrowband UVB (Budiyanto et al., 2002).

Os efeitos colaterais do tratamento são temporários, sendo o mais comum um

eritema transitório. Pessoas submetidas ao tratamento têm maior probabilidade de

desenvolver câncer de pele (Yashar et al, 2003).

O Narrowband UVB permite que os pacientes recebam o tratamento com menos

riscos de queimaduras ou exposição ao UV em níveis prejudiciais e evita os efeitos

colaterais de psoralenos usados no tratamento com PUVA (Psoraleno + UV-A) (Yashar et

al, 2003).

Além de o UVB ser menos maléfico que o PUVA, ele também tem ação benéfica já

que age na pele promovendo a ativação da pró-vitamina D e no máximo de absorção de 297

nm ocorre em maior quantidade a síntese da vitamina D3. Esta vitamina se liga ao cálcio

(Ca++) e o conduzem à matriz óssea. Este fenômeno de absorção e deposição do Ca++ nas

células ósseas previne o raquitismo, a osteomalácea e a osteoporose (Yashar et al, 2003).

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1.3- Mutagênese

Os efeitos em longo prazo das lesões no DNA envolvem indução de mutações via

replicação do DNA lesado que podem levar à transformação neoplásica das células. A

radiação UVB induz câncer em mutantes com predisposição à síndrome de Cockayne e

pode levar também ao envelhecimento precoce observável em pessoas cronicamente

expostas ao sol. Em termos de saúde coletiva, o risco mais significativo da irradiação UV é

a fotocarcinogênese (Van der Host et al., 2002).

As mutações C→T foram identificadas como sequências dipirimidínicas nos genes

ras e p53 isolados de cânceres de pele e transições em tandem C→T também foram

detectados nos genes p53. Contudo, o mecanismo preciso de como a luz UV causa

transições de citosinas em sítios dipirimidínicos ainda não é conhecido (Pfeifer et al.,

2005).

O CPD é considerado como a lesão mais importante devido à sua abundância,

reparo lento e conhecida mutagenicidade (Lee & Pfeifer, 2003). Já foi observado que duas

citosinas metiladas formam 15 vezes mais CPD após exposição ao UVB quando comparado

ao UVC Lee & Pfeifer, 2003). O fotoproduto 6-4 parece ser muito mais mutagênico do que

o CPD em experimentos com lesões sítio específica (Pfeifer et al., 2005). A frequência de

mutação obtida com um sítio específico 5’-TT-CPD é geralmente baixa (Taylor & O’Day,

1990), ainda que o dímero de TT cis-syn não seja altamente mutagênico (1% TT→TC, 5%

TT→TC (Smith et al., 1996). O isômero de “Dewar” é menos mutagênico, causando

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somente 32-42% de mutações, das quais 20-30% também são mutações TT→TC (LeClerc et

al., 1991).

A excisão de nucleotídeo (NER) constitui mecanismo envolvido no reparo de CPD

e fotoproduto 6-4. Sabe-se que NER também participa do reparo das lesões induzidas por

UVB (Souza, 2004).

Resíduos de guaninas lesadas oxidativamente podem estar envolvidos na

mutagênese induzida por UVB. Há evidências que este componente da luz solar pode ser

capaz de produzir ERO através de um processo que envolve absorção de luz e subseqüente

transferência de energia para o átomo de oxigênio. Interessantemente, a 8 oxoguanina, uma

forma de guanina lesada oxidativamente, pode originar uma transversão G→T, C→A (Kunz

& Armstrong, 1998).

Há fortes evidências sugerindo que as lesões causadas por NUV sejam substratos

para Exo III, devido à sensibilidade dos mutantes xthA. A lesão no DNA pode ser uma

quebra simples com um terminal 3’ que pode ser ativado pela Exo III para permitir a síntese

pela DNA polimerase I. Isto é consistente com as observações de mutantes de E. coli xthA

(deficientes em exonuclease III) e polA (deficientes em DNA polimerase I) sejam sensíveis

a H2O2 e NUV. Algumas características das lesões no DNA são semelhantes para NUV e

H2O2, porém há algumas que são específicas de NUV. Isto provavelmente deve-se ao fato

do fotoefeito de NUV poder ocasionar lesões indiretas do DNA, talvez via lesões na

membrana (Kelland et al, 1984), tRNA (Blanchetot et al, 1984) e/ou outros fotorreceptores

(Blanchetot et al, 1984).

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1.4- Estresse Oxidativo

Todos os organismos aeróbios vivem em função do oxigênio molecular, utilizando-

o como aceptor final de quatro elétrons da cadeia respiratória. No entanto, se a redução do

oxigênio for incompleta, espécies reativas desta molécula irão se formar (Rocha et al.,

1996). Quando a cadeia respiratória não está com sua eficiência máxima, há a produção de

uma quantidade insuficiente de elétrons podendo fazer com que muitas moléculas de O2

sofram uma redução incompleta, levando à geração de formas intermediárias chamadas de

espécies reativas de oxigênio (ERO) (Halliwell & Gutteridge, 1984). Há três tipos de ERO:

• radical superóxido (O2•-), formado a partir do recebimento de um simples elétron pela

molécula de O2, podendo também ser gerado pela oxidação do peróxido de hidrogênio,

• peróxido de hidrogênio (H2O2), o radical O2•- pode receber um segundo elétron dando

origem ao íon O2-- . Este íon captura dois prótons gerando peróxido de hidrogênio.

• Radical hidroxila (OH•), sua formação pode se dar através da fissão da ligação O-O do

H2O2 gerando dois radicais hidroxila OH•.

Estas formas de oxigênio causam danos aos constituintes celulares como DNA, lipídeos

e proteínas e, portanto, para sobreviverem os organismos tiveram que desenvolver

mecanismos de proteção antioxidantes (Cooke et al., 2003). Além do processo de

respiração, espécies reativas de oxigênio podem ser geradas por outros processos

metabólicos como na síntese de ácidos graxos insaturados da membrana citoplasmática

(Cooke et al., 2003). ERO também podem ser formadas pela exposição das células à

radiação ionizante, a agentes químicos ou a metais pesados (Asad et al., 1998). Portanto,

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através destes mecanismos todo organismo aeróbio é constantemente exposto a agentes

pró-oxidantes. Quando a concentração destes agentes ultrapassa a capacidade antioxidante

da célula ocorre o que se chama de estresse oxidativo, que se caracteriza pelo acúmulo

intracelular de ERO (Heck et al., 2003).

O estresse oxidativo tornou-se de grande interesse para inúmeros grupos de

pesquisa, uma vez que está associado a várias enfermidades, como o câncer, doenças

cardiovasculares, artrite, doença de Alzheimer, síndrome de Down, Parkinson e mostrou

estar envolvido no aumento da expressão e replicação do HIV-1 (Schreck et al., 1991).

1.4.1- Oxidação de lipídeos

A oxidação das membranas é uma outra consequência bastante frequente em

decorrência do ataque de qualquer espécie reativa de oxigênio. Este ataque pode ter como

alvo os ácidos graxos livres, lipídeos de membrana ou proteínas de membrana (integrais ou

não). A taxa de peroxidação lipídica é diretamente proporcional ao número de ligações

insaturadas C=C, ou seja, uma membrana celular rica em ácidos graxos poli-isaturados é

mais susceptível ao ataque das espécies reativas de oxigênio (Mahmutoglu & Kappus,

1985).

Os ácidos graxos celulares são oxidados prontamente por espécies ativas de

oxigênio para produzir os radicais peróxidos de lipídeos e hidroperóxidos de lipídeos (Rice-

Evans e Burdon, 1993). Hidroperóxidos de lipídeos são reduzidos através de glutationas

peroxidases para formas alcoólicas de ácidos graxos não reativos ou eles reagem com

metais para produzir uma variedade de produtos que são reativos (por exemplo, epóxidos,

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aldeídos, etc.). Os principais aldeídos produtos de peroxidação de lipídeos são

malondialdeído (MDA) e 4-hidroxinonenal (HNE) (Shauenstein & Esterbauer, 1978).

A peroxidação de lipídeos pode resultar em vários possíveis danos, inclusive

oxidação de proteínas (Rice-Evans e Burdon, 1993).

Pode-se dividir a peroxidação lipídica em 3 fases: iniciação, propagação e

terminação. Kappus, em 1985, propôs um mecanismo cujas reações em cadeia levam a

peroxidação lipídica. O processo é iniciado com a abstração de um átomo de hidrogênio de

um ácido graxo poli-insaturado, dando origem a um radical lipídico.

lipídeo-H + OH• → lipídeo· + H2O

Este radical lipídico tende a se estabilizar através de um rearranjo molecular para produzir

um conjugado dieno, que então reage rapidamente com O2 produzindo um radical lipídico.

lipídeo· + O2 → lipídeo-O2·

Esta reação é propagada através do ataque deste radical a outros ácidos graxos, abstraindo

destes o átomo de hidrogênio para formar o radical hidroperóxido (Lipídio- O2H).

lipídeo- O2· + lipídeo-H→ lipídeo- O2H + lipídeo

Estes radicais hidroperóxicos parecem sofrer ainda fragmentação na presença de

O2,- metais de transição ou por aumento de temperatura, gerando novos radicais peróxi-

lipídicos (LOO·) ou radicais alcoxi lipídicos, capazes de iniciar nova peroxidação lipídica

(Mahmutoglu & Kappus, 1985).

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1.5-Principais Mecanismos de Reparo de DNA Envolvidos Neste Estudo

1.5.1- Reparo por Excisão de Bases O reparo por excisão de bases é provavelmente o mais importante sistema de

reparação de lesões oxidativas, bases modificadas, sítios com perda de bases, quebras

simples e pequenas lacunas de DNA. Tanto procariotos como eucariotos possuem uma

grande variedade de DNA glicosilases, enzimas hidrolíticas responsáveis pela retirada de

bases alteradas do DNA, cada qual possuindo especificidade para um ou alguns tipos de

lesão ( revisto por Cunningham, 1997).

Dependendo da lesão, o reparo pode ser iniciado por enzimas que hidrolisam a

ligação N-glicosídica que une a base nitrogenada ao DNA. Como resultado, é gerado um

sítio apurínico ou apirimidínico (AP). O reparo de sítio AP pode ser feito de duas formas: a

ligação fosfodiéster pode ser clivada do lado 5’ do mesmo por uma AP endonuclease de

classe II [(Exo III) ou (Endo IV)], e o resíduo de desoxirribose 5’-fosfato remanescente é

removido por uma 5’ desoxirribofosfodiesterase (dRPase). A outra via de reparo de sítios

AP ocorre pela clivagem da ligação fosfodiéster por um mecanismo de β-eliminação

promovido por uma AP endonuclease de classe I ou AP liase [(Fpg) ou (Endo III)] (esta

atividade AP liase está presente em algumas DNA glicosilases), gerando terminais 5’-

fosfato e resíduos 3’ contendo um aldeído α, β insaturado. Nesta segunda via (pelas AP

liases), pode ocorrer ainda δ-eliminação do aldeído, mediada pela enzima Fpg, deixando

um terminal 5’-fosfato e um terminal 3’-fosfato. Tanto o terminal 3’-fosfato como o aldeído

insaturado, podem ser removidos pela atividade 3’ fosfodiesterásica presente nas AP

endonucleases de classe II (Demple e Harrison, 1994).

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Ambas as vias culminam com a excisão da base lesada e do resíduo de

desoxirribose fosfato, deixando uma lacuna que pode ser preenchida pela enzima DNA

polimerase I e o (s) nucleotídeo (s) incorporado (s) será (ão) ligados ao restante da cadeia

fosfodiéster pela ação da DNA ligase, desta forma, completando o reparo (Demple e

Harrison, 1994).

.

1.5.1.1- DNA- N-glicosilases Na categoria de BER estão incluídas as enzimas que apenas retiram a base

nitrogenada danificada através da quebra da ligação glicosídica, gerando sítios AP no DNA.

As DNA glicosilases são capazes de romper a ligação entre a base e a desoxirribose. Muitas

DNA glicosilases reconhecem somente um tipo particular de lesão e a maioria das DNA

glicosilases é altamente específica para classes de bases oxidadas. Elas são proteínas

pequenas, com aproximadamente 30 kDa e o aparecimento de bases livres após tratamento

do DNA com agentes genotóxicos é a maior demonstração da atividade das DNA

glicosilases (Friedberg et al., 2006). Sítios AP também podem ocorrer a partir da

depurinação ou depiridiminação do DNA devido à hidrólise espontânea da ligação

glicosídica (Friedberg et al., 2006). O reparo de sítios AP requer sucessivos eventos

bioquímicos para completar o processo. A remoção dos sítios AP é iniciada por uma

segunda classe de enzimas envolvidas no BER, conhecidas como AP endonucleases, que

reconhecem os sítios AP. Diversos estudos estimaram que aproximadamente 20.000 sítios

AP são gerados por dia por célula humana em condições fisiológicas normais (Friedberg et

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al., 2006). AP endonucleases produzem incisões ou quebras na dupla fita de DNA por

hidrólise de uma ou outra ligação fosfodiéster. Como será discutido, a maioria das AP

endonucleases têm especificidade pela ligação 5’ fosfodiéster. É importante frisar que as

endonucleases que realizam a incisão do lado 3’ adjacente ao sítio AP, não são verdadeiras

AP endonucleases, pois não realizam a hidrólise da ligação fosfodiéster, mas sim uma

reação de β-eliminação sem deixar uma extremidade 3’OH livre. As enzimas da classe I

clivam a ligação 3’, e as de classe II clivam a ligação 5’ do açúcar abásico. Todas as

enzimas de classe I conhecidas são glicosilases com AP liases associadas (Friedberg et al.,

2006).

Dentre as DNA glicosilases conhecidas em bactérias podemos citar: as 3-metil

adenina DNA glicosilases (I e II), responsáveis pela eliminação de bases metiladas ou com

radicais maiores (Bjelland & Seeberg, 1987); a uracil DNA glicosilase, responsável pela

eliminação de uracil no DNA (Cone et al., 1977). É importante lembrar que estes dois

exemplos possuem seus similares em leveduras e em células humanas. A atividade

correspondente a uma 3-metil adenina DNA glicosilase em células humanas é codificada

pelo gene AAG (3-alquiladenina DNA glicosilase) ou MPG (N-metil purina DNA

glicosilase) (O’ Connor e Laval, 1990). Já em leveduras, encontramos o gene MAG de

Saccharomyces cerevisiae (Chen et al., 1989).

Existem em diversos organismos, assim como no homem, DNA glicosilases que

possuem uma atividade AP liase associada. A proteína MutY bacteriana possui uma

atividade glicosilase que remove adenina emparelhada com guanina, além de ser uma AP

liase (Boiteux et al., 2004). O homólogo da proteína MutY em levedura ainda não foi

encontrado, entretanto, o homólogo funcional de mutY humano (hMYH) já foi identificado

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e possui grande homologia de seqüência com o gene bacteriano. Porém a atividade tipo

Mut Y em levedura está a cargo do mismatch repair MSH2 e MSH6 (Memisoglu &

Samson., 2000).

A proteína Fpg codificada pelo gene fpg, é uma DNA glicosilase com função AP

liase que reconhece principalmente lesões geradas em purinas oxidadas (Memisoglu &

Samson., 2000).

É importante frisar que em bactérias existe um sistema responsável pela proteção

contra mutações espontâneas devido a danos oxidativos. Neste sistema, as proteínas MutY,

Fpg e MutT tomam parte impedindo transversões. Este é o chamado sistema GO que

impede a presença de 8-oxoguanina no DNA ou sua inserção a partir do “pool” de dGTP

intracelular contendo dGTP oxidada (Memisoglu & Samson, 2000).

Em E. coli também podemos encontrar uma DNA glicosilase/ AP liase capaz de

reconhecer produtos oxidado de pirimidina: a endonuclease III (Nth) ou timina glicol DNA

glicosilase codificada pelo gene nth.

A MutY-DNA-glicosilase que catalisa a remoção de adenina de um pareamento 8-

oxoguanina-adenina, mostra significativa homologia com a Endo III (Michaels et al.,

1990).

Em leveduras encontramos duas proteínas que partilham funções similares às da

proteína Nth bacteriana: as proteínas Ntg1 e Ntg2 (Memisoglu & Samson., 2000).

Algumas AP liases, como a Endo III, incisam o DNA por uma reação de β-

eliminação o que produz resíduos de desoxinucleosídeo 5’- fosfato 5’- terminais e aldeídos

alfa beta-insaturados 3’ terminais (Cunningham & Weiss, 1985).

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1.5.1.2-AP endonucleases relevantes neste trabalho

Exonuclease III (Exo III), codificada pelo gene xthA, e Endonuclease IV (Endo IV),

codificada pelo gene nfo, possuem importante papel no reparo das lesões induzidas por

UVB (Souza et al., 2006). Ambas apresentam atividade AP endonucleolítica clivando a

ligação 5’ fosfodiéster adjacente ao sítio AP (Souza et al., 2006).

Estudaremos a seguir a atividade destas enzimas a fim de compreender suas

importâncias em nosso trabalho.

1.5.1.2.1- Exonuclease III (Exo III)

A Exo III, produto do gene xthA, é uma proteína de ~ 28kDa com atividade

endonucleásica dependente de Mg2+, sendo inibida em presença de EDTA. A enzima

catalisa a hidrólise, em hélice dupla, de sítios AP no lado 5’ da perda da base, deixando

terminais 3’ OH e 5’P (o 5’P ficando no açúcar abásico). É geralmente aceito que a função

AP endonucleásica da Exo III reconhece sítios AP oriundos da perda de pirimidinas ou

purinas do DNA com igual facilidade; contudo, comparações quantitativas deste parâmetro

não foram relatadas. A enzima é menos ativa no DNA que contem sítios AP reduzidos com

borohidrato de sódio como um substrato, sugerindo que o grupo aldeído do C-1 na

deoxirribose não está sendo necessário para a ação da enzima. O mecanismo de ação da

enzima é distinto das reações de β-eliminação catalisada por álcalis ou AP liases (Friedberg

et al., 2006).

O gene xthA foi clonado e sequenciado (Lehmann et al., 1993). O cálculo do peso

molecular e a seqüência amino terminal do polipeptídeo estão em concordância com as da

proteína purificada. Um gene homólogo (exoA), que não codifica uma exonuclease com

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muitas das propriedades da Exo III, foi isolado a partir de Streptococcus pneumoniae

(Lavin & Schroeder, 1988).

A presença de diversas funções catalíticas associadas a uma pequena proteína

sugere que um único sítio ativo catalisa todas as reações enzimáticas da Exo III, através de

três importantes domínios em sua estrutura. Um é o sítio ativo que catalisa a clivagem das

ligações fosfodiéster em uma das hélices do DNA. O segundo reconhece a estrutura de

dupla hélice e o terceiro reconheceria o espaço deixado pela base retirada, facilitando a

função AP endonuclease (Doetsch & Cunningham, 1990).

A hidrólise da ligação 5’ fosfodiéster de um sítio AP gera um resíduo 5’deoxirribose

fosfato. A remoção deste resíduo durante o reparo por excisão de bases requer uma outra

classe de enzimas: nucleases que podem iniciar a degradação deste terminal. Estas enzimas

são conhecidas como exonucleases. Ao contrário das DNA-N-glicosilases e AP

endonucleases, as exonucleases não são enzimas específicas de reparo. Elas podem

degradar terminações de DNA em uma variedade de processos do DNA, incluindo reparo,

recombinação e replicação (Doetsch & Cunningham, 1990).

O resíduo 5’deoxirribose fosfato originado pela atividade da Exo III pode ser

clivado por uma deoxiribofosfodiesterase (dRPase) gerando uma lacuna no DNA. Esta

lacuna pode ser facilmente reparada pela DNA polimerase I e DNA ligase. Durante o

reparo do DNA a eliminação de bases oxidadas por uma DNA glicosilase origina sítios AP

que são substratos da Exo III (Doetsch & Cunningham, 1990).

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1.5.1.2.2- Endonuclease IV (Endo IV)

Há uma outra enzima codificada, pelo gene nfo, que é responsável por uma pequena

parte da atividade AP endonucleolítica. A Endo IV reconhece e cliva o DNA da mesma

maneira que a Exo III, ela atuaria na ausência da Exo III ou complementando sua atividade.

Semelhante à atividade da Exo III, a Endo IV ataca as ligações fosfodiéster no lado

5’ do sítio AP, deixando grupos 3’OH. Adicionalmente, ela também pode remover

fosfoglicoaldeído 3’-fosfato, desoxirribose -5-fosfato e resíduos 4-hidroxi-2-pentenal do

terminal 3’ do DNA dupla fita. Ela também tem uma ação sobre resíduos de uréia. Em

verdade, a única diferença é que a Exo III tem uma ação 3’ exonuclease que não está

presente na Endo IV. A enzima Endo IV parece servir como “reserva” em relação a Exo III

para uma série de substratos (Friedberg et al., 2006).

Os mutantes deficientes em Endo IV são sensíveis a metil metano sulfanato (MMS),

mitomicina C e aos agentes oxidantes tert-butil hidroperóxido e à bleomicina. Em presença

da mutação xthA a sensibilidade a estes agentes e às radiações ionizantes é aumentada. Os

mutantes nfo são mais sensíveis ao tert-butil hidroperóxido e à bleomicina que os mutantes

xthA sugerindo que a Endo IV pode reconhecer algumas lesões que não são reconhecidas

pela Exo III (Friedberg et al., 2006).

A Endo IV está presente nas células em níveis dez vezes menores que a Exo III após

tratamento das células com agentes que geram superóxido ou pelo óxido nítrico, que ativam

o regulon SoxRS (Nickoloff & Hoekstra, 1998).

A redundância das atividades de AP endonuclease em E. coli comprova a sua

fundamental importância no reparo por excisão de bases no DNA (Friedberg et al., 2006).

Agentes químicos como paraquat e menadiona, que são reduzidos

enzimaticamente in vivo via transferência de um elétron e então auto-oxidados gerando

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radicais superóxido, induzem um aumento de 10 a 20 vezes no nível de Endo IV (Chan &

Weiss, 1987). A Endo IV também é induzida quando as células deficientes em superóxido

dismutase são cultivadas em presença de oxigênio puro e esta indução é independente do

gene oxyR que controla o regulon do estresse oxidativo induzido por peróxido (Friedberg et

al., 2006).

Sabe-se que a ausência de Endo IV também interfere na sensibilidade de células

deficientes no mecanismo de reparo por excisão de nucleotídeos (NER) após tratamento

com UVB. Estudos realizados com duplos mutantes nfo uvrA, nfo uvrB e nfo uvrC

mostraram que os duplos mutantes são mais sensíveis que o simples mutante nfo e o

simples mutante uvrC apresentou sensibilidade semelhante ao duplo mutante nfo uvrC.

Estes resultados sugerem a participação da proteína UvrA e UvrB de maneira independente

de Endo IV. Esta estaria atuando de maneira semelhante à proteína UvrC (Souza, 2004).

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Figura 4: Esquema proposto para o BER em E. coli adaptado de Nickoloff & Hoekstra.,

1998.

5’-AP Endonuclease (Classe II) *

3’5’

5’3’

5’

5’3’

3’

5’

5’

3’

3’

OH5’ 3’

3’ 5’

3’

3’

5’

5’

OH

3’

3’

5’

5’

5’

5’

3’

3’

MODIFICAÇÃO DE BASE (EX.: ALQUILAÇÃO, OXIDAÇÃO)

(DNA GLICOSILASE OU PERDA ESPONTÂNEA)

3’-AP Liase (Classe I)

Desoxirribofosfodiesterase 3’-Diesterase de reparo *

Ligação (DNA ligase)

P

P

REMOÇÃO DA BASE

Polimerização (DNA pol I)

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1.5.2- AP endonucleases de leveduras

1.5.2.1- Apn1

Possui aproximadamente 97% da atividade AP-endonuclease e 3’-fosfodieterase em

leveduras. Em células humanas encontramos também conservada esta atividade que é

codificada pelo gene HAP1 (Memisoglu & Samson, 2000). O gene APN1 está localizado

no cromossomo XI (Boiteux & Guillet, 2004). Apn1 é uma enzima monomérica composta

de 367 aminoácidos com peso molecular de 41.4 kDa e tem homologia com Endo IV de E.

coli. Apn1 é uma proteína nuclear, porém estudos revelaram que ela também pode estar

localizada na mitocôndria (Vongsamphanh et al., 2001). O mesmo estudo mostra que a

translocação de Apn1 dentro da mitocôndria requer uma interação física entre Apn1 e Pir 1,

uma proteína inicialmente descrita como constituinte da parede celular (Vongsamphanh

etal., 2001).

1.5.2.2- Apn2

A inativação de Apn1 não resulta em uma instabilidade genética para a célula visto

que, Apn2 apresenta cerca de 3% da atividade AP endonuclease/3’ fosfodiesterase que

pode atuar na ausência da proteína Apn1. Apn2 apresenta homologia com Xth de E. coli

(Exo III) e Ape 1 em humanos (Boiteux & Guillet, 2004). Além disso, Apn2 também

possui uma porção carboxi terminal presente em Ape 2 de humanos e ausente em ExoIII e

Ape1. Isto classifica Ape 2 como uma subfamília dentro das proteínas homólogas de Apn2

(Unk et al., 2002).

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O gene APN2 está localizado no cromossomo II e codifica uma proteína com 520

aminoáciddos com massa molecular de 59.4 kDa. Quanto à sua localização estudos

bioquímicos indicam uma localização nuclear (Unk et al., 2002).

1.5.3- Reparo por Incisão de Nucleotídeos (NIR)

Evidências sugerem a existência de uma via alternativa de reparo em que a Endo IV

incisa ligações fosfodiéster no lado 5’ das bases lesadas, gerando 3’-hidroxil e 5’ fosfato

terminal. Entre algumas bases modificadas incluem-se a 5,6 dihidrotimina, 5,6

dihidrouracil, 5-hidroxiuracil e 2,6 diamino-4-hidroxi-5-N-metilformamidopirimidina

(Ischenko & Saparbaev, 2002). Radicais hidroxila reagem predominantemente com

carbonos 5 e 6 da dupla ligação de pirimidinas formando timina e uracil glicóis (Tg e Ug),

5-hidroxiuracil (5OHU), 5-hidroxicitosina (5OHC) e com carbono 8 de purinas formando

7,8-dihidro-8-oxo-2’guanina (8oxoG). 5,6 dihidroxiuracil (DHU) e resíduos α anômero de

2’-deoxiadenosina (α dA) constituem os principais adutos gerados pela radiação ionizante

em condições anóxicas. Os α anômeros de 2’-deoxinucleosídeos (α dN) incluindo α dA, α T

e α C são gerados por abstração de um átomo de hidrogênio do C1 por um radical hidroxila

(Daviet et al., 2006).

Endo IV promove uma incisão a 5’ do DNA nas bases lesadas de maneira

independente de uma DNA glicosilase (Daviet et al., 2006).

A via NIR é evolutivamente conservada em E. coli, leveduras e células de

mamíferos. Em células humanas a principal AP endonuclease, Ape1/Ref 1/HAP-1, incisa

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oligonucleotídeo duplex contendo DHU, 5ohU, α dA e α T. Ape 1 foi descrita como uma

AP endonuclease homóloga da proteína Xth de E. coli (Daviet et al., 2006).

O homólogo da proteína Nfo de E. coli foi identificado em Saccharomyces

cerevisae. Trata-se da AP endonuclease Apn1 que contribui com mais de 90% da atividade

AP endonucleolítica da célula. Assim como Nfo a Apn1 tem atividade 3’ diesterase e 3’

fosfatase. Mutantes Apn1 são hipersensíveis a agentes oxidantes como H2O2 e tert-butil-

hidroperóxido (Ishchenko et al., 2004).

Ishchenko e colaboradores em 2002 mostraram que as AP endonucleases Nfo em E.

coli, Apn1 em Saccharomyces cerevisiae em levedura e Ape1 em humanos estão

envolvidas no reparo por incisão de nucleotídeos. Ainda que NIR seja evolutivamente

conservado desde bactérias até humanos, esta via é proposta como um “backup” de DNA

glicosilase na via BER e que α dA e α T quando presentes no DNA são reconhecidas por

Nfo e Apn1. Porém, o reparo não é finalizado, a enzima incisa no lado5’ da lesão gerando

uma quebra simples (Ishchenko et al., 2004).

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2-Objetivos

→→→→ Geral

Estudos demonstraram que o UVB causa efeitos letais em Escherichia coli,

sobretudo nas cepas deficientes no mecanismo de reparo por excisão de bases. Deste modo

objetivamos estudar os efeitos letais e mutagênicos nestas células bem como em

organismos eucarióticos usando como modelo Saccharomyces cerevisiae. A similaridade

que possui a levedura (Saccharomyces cerevisiae) com as células de mamíferos em relação

aos genes de reparação do DNA (Friedberg et al., 2006) justificam a escolha desse modelo

para o estudo proposto.

→→→→ Abordagens

1- Realizar um estudo de mutagênese específica no gene lacZ de E. coli que

permite a determinação de substituição de seis bases por monitoramento

da reversão para Lac + (Cupples & Miller, 1989).

2- Construir cepas mutantes nos genes de interesse em cada uma das seis

cepas utilizadas para detecção de trocas de bases supracitadas.

3- Avaliar a participação de íons Fe+2 nas cepas que apresentarem elevado

índice de mutagênese.

4- Avaliar também os efeitos lesivos provocados pelas EAO nos lipídeos de

membrana através da técnica TBAR.

5- Avaliar a sensibilidade da cepa selvagem de Saccharomyces cerevisiae

bem como dos simples mutantes apn1, apn2 e do duplo mutante

apn1apn2 deste organismo às radiações UVC e UVB.

6- Obtenção das colônias de mutantes CanR (células passam a ser resistentes

ao antibiótico canavanina) tratadas com UVB.

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3-Material e Métodos

3.1- Cepas Utilizadas: →→→→ Cepas Bacterianas e plasmídeo:

Foram utilizadas, nos experimentos, cepas bacterianas derivadas de E. coli K12. No

quadro abaixo encontram-se relacionadas todas as cepas, bem como suas características

genéticas mais relevantes para este estudo.

Designação Substituição de

Bases

Genótipo Relevante Origem

AB1157 - WT P.Howard-Flanders

(Univ. of Yale,

USA)

BW9091 - xthA B. Weiss (Univ.of

Emory, USA)

BW9116 ∆ xthA B. Weiss (Univ.of

Emory, USA)

BW527 - nfo B. Weiss

BW544 - xthA nfo B. Weiss

CC101 AT→ CG WT J.H. Miller (UCLA)

CC102 GC → AT WT J.H. Miller

CC103 GC → CG WT J.H. Miller

CC104 GC → TA WT J.H. Miller

CC105 AT → TA WT J.H. Miller

CC106 AT → GC WT J.H. Miller

CC101 xthA AT→ CG xthA Este Trabalho

CC102 xthA GC → AT xthA Este Trabalho

CC103 xthA GC → CG xthA Este Trabalho

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CC104 xthA GC → TA xthA Este Trabalho

CC105 xthA AT → TA xthA Este Trabalho

CC106 xthA AT → GC xthA Este Trabalho

CC101 nfo AT→ CG nfo Este Trabalho

CC102 nfo GC → AT nfo Este Trabalho

CC103 nfo GC → CG nfo Este Trabalho

CC104 nfo GC → TA nfo Este Trabalho

CC105 nfo AT → TA nfo Este Trabalho

CC106 nfo AT → GC xthA nfo Este Trabalho

CC101 xthA nfo AT→ CG xthA nfo Este Trabalho

CC102 xthA nfo GC → AT xthA nfo Este Trabalho

CC103 xthA nfo GC → CG xthA nfo Este Trabalho

CC104 xthA nfo GC → TA xthA nfo Este Trabalho

CC105 xthA nfo AT → TA xthA nfo Este Trabalho

CC106 xthA nfo AT → GC xthA nfo Este Trabalho

pBW21 - nfo B. Weiss (Univ.of

Emory, USA)

Quadro 1: Cepas de E. coli utilizadas neste trabalho.

Os antibióticos foram acrescentados ao meio de cultivo das cepas bacterianas

resistentes nas concentrações abaixo (Quadro 2).

Antibióticos Cepas Concentração Final

Estreptomicina AB1157, BW9091, BW544 100 µg/ml

Kanamicina BW527, BW544 e CCs nfo 40 µg/ml

Tetraciclina CC xthA 15 µg/ml

Quadro 2: Antibióticos utilizados. Fornecedor-Sigma-Aldrich.

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Cepas de Levedura:

Foram utilizadas, nos experimentos, cepas de levedura de Saccharomyces cerevisae.

No quadro abaixo encontram-se relacionadas todas as cepas, bem como suas características

genéticas mais relevantes para este estudo.

Designação GENÓTIPO

RELEVANTE

ORIGEM

FF 18733 MATa, his7, leu2, lys1,

ura3, trp1

F. Fabre (CEA-França)

BPS1088 apn1::URA3 S. Boteux (Fontenary aux

Roses, France)

BPS 1085 apn2::KANMX S. Boteux (Fontenary aux

Roses, France)

BPS 1087 apn1:: URA3 apn2::KANMX S. Boteux (Fontenary aux

Roses, France)

Quadro 3: Cepas de Saccharomyces cerevisiae cerevisae utilizadas neste trabalho.

KANMX é o gene responsável pela resistência ao antibiótico Geneticina (G418),

cuja concentração final é 200 µg/ml.

3.1.1- Manutenção das cepas

As cepas utilizadas neste estudo foram mantidas em estoques tipo “slants”, que

consistem de meio LB (Miller, 1992) suplementado com timina 50 µg/ml e solidificado

com ágar 0,75%, à temperatura ambiente. Para utilização freqüente das cepas, as culturas

foram transferidas dos “slants” com auxílio de alça de platina, para Erlenmeyers contendo

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meio LB líquido com os antibióticos apropriados, mantidas a 37ºC sob agitação por 24

horas (pernoite) e então transferidas, na proporção de 1:1 para “criovials” contendo glicerol

85% (Merck).

No caso das leveduras as cepas foram crescidas a 30ºC sob agitação até a fase estacionária

e então transferidas para “criovials” contendo glicerol 85% (Merck). Estas culturas estoque

foram então mantidas sob refrigeração à temperatura de –70º C.

3.1.2- Obtenção das culturas para os experimentos

→ Bactérias

Para as culturas utilizadas nos experimentos foram transferidos, alíquotas com

auxílio de micropipetas, dos estoques a –70ºC para Erlenmeyers contendo 10 mL de LB

líquido, com ou sem antibiótico dependendo da cepa, sendo incubadas a 37ºC com agitação

(150 rpm) durante a noite, atingindo desta forma, a fase estacionária de crescimento

(aproximadamente 109 células/mL). Os antibióticos foram acrescentados ao meio de cultivo

das cepas resistentes nas concentrações descritas no quadro 2. Inóculos na proporção de

1:40 foram feitos em meio líquido a partir dessas culturas em fase estacionária e cultivadas

até a fase exponencial de crescimento (1-2x108 células/mL) a 37º C com agitação.

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→ Leveduras

Para cada experimento realizou-se uma pré-cultura a partir do estoque em 10 mL de

meio rico incubadas a 30ºC com agitação por 24 h. Após este período (a cultura atingiu a

fase exponencial de crescimento) foi realizado um outro repique em um meio de cultura

novo (10 mL de YPG líquido), deixando-as incubadas a 30ºC por 48 h com agitação.

3.2- Meios de cultura e soluções tampões para bactérias

• Meio LB (Miller, 1992)

NaCl 1% (Merck);

Bacto-triptona 1% (Difco Laboratories);

Extrato de levedura 0,5% (Difco Laboratories);

• Meio LB sólido-meio LB solidificado com ágar 1,5% (Difco Laboratories)

•Tampão M9 pH 7,0 (Miller, 1992)

Na2HPO4 anidro 0,6%

KH2PO4 0,3%

NH4Cl 0,1%

NaCl 0,05%

Água deionizada (q.s.p) 1000 ml

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•••• Tampão

•••• Citrato de Sódio 1 M

Na3C6H5O7. 2H2O -----------------------------------------------------2,94 g 10 ml de H2O

•••• Sais MMM-10X

Fosfato de Potássio dibásico (K2HPO4) -------------------------------105 g

Fosfato de Potássio monobásico (KH2PO4) ---------------------------45 g

Sulfato de amônio (NH4)2SO4 ------------------------------------------10 g

Citrato de Sódio (Na3C6H5O7.2H2O)-----------------------------------5 g

Água destilada-------------------------------------------------------------ajustar até 1000 ml

Os meios LB, líquido e sólido, após preparação, eram autoclavados por 20 min a

120ºC, assim como os componentes do tampão M9, dos sais MMM e citrato, acima

mencionados. Após autoclavagem do tampão M9, adicionou-se 100 µL de MgSO4 7 H2O 1

mM () e 100 µL CaCl2 0,1 mM a cada 100 ml de tampão. Os sais foram obtidos das

Indústrias Químicas Merck.

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3.2.1-Meio seletivo para a mutagênese que utiliza a lactose como fonte de

carbono (Lac- /Lac+ ).

Ágar Difco----------------------9 g

Água destilada-----------------533 ml

Após autoclavação acrescenta-se:

Sais MMM-10X---------------------------------60 ml

Tiamina (1%) (Merck)--------------------------0,300 ml

Lactose(20%) (Merck)---------------------------6 ml

Casaminoácido (10%) (Merk)-------------------0,240 ml

MgSO4.7H2O (1M) (Merck)---------------------0,600 ml

3.3- Meios de cultura para levedura

•••• YPG – meio rico de crescimento contendo:

Estrato de levedura 1% (Difco)

Peptona 1% (Difco)

Glicose 2% (Merck)

•••• YNBG – meio mínimo de crescimento contendo:

YNB 0,7% (Difco)

Glicose 2% (Merck)

Aminoácidos (Sigma) conforme as necessidades nutricionais das cepas

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•••• Quelante de Fe++ (2,2’-dipiridil)

Foi utilizado o 2,2’-dipiridil (Sigma) 100 mM, solubilizado em etanol absoluto

(Merck) e após solubilização foi adicionada H2O deionizada estéril, até a solução de etanol

atingir 30%.

3.4-Obtenção de cepas mutantes

Os simples e duplos mutantes das cepas CC101 a CC106 foram construídos através

da técnica de transdução com os fagos P1 (Miller, 1992). Para isso, as cepas selvagens

foram cultivadas até a fase estacionária, centrifugadas a 7.710 x g por 10 minutos e

ressuspensas em 2 mL de Mcbis (MgSO4 10 mM e CaCl2 5 mM) e em seguida incubadas

com os fagos de interesse. Para a construção do simples mutante xthA utilizou-se o P1

obtido da cepa BW9116 (∆xthA), que possui resistência ao antibiótico tetraciclina,

seguindo a proporção de fago e bactéria de 1: 10. Os fagos carreiam o DNA bacteriano, que

contém a mutação de interesse associada a um marcador (normalmente de resistência a um

antibiótico). Para a construção do simples mutante nfo foi utilizado o P1 obtido da cepa

BW527 (nfo), que possui resistência ao antibiótico kanamicina.

Posteriormente, após um período de 30 minutos de incubação a 37ºC sem agitação

(fase de infecção), as células foram centrifugadas e ressuspensas em LB contendo 250 µL

de citrato de sódio 1 M para impedir a reinfecção dos fagos, permanecendo a cultura por

mais uma hora a 37ºC sem agitação. Depois de todo esse processo a cultura foi centrifugada

a 7710 g por 10 minutos e ressuspensas em 1 mL de LB contendo 20 mM de citrato de

sódio. Em seguida, as células foram espalhadas em placas de LB, contendo citrato de sódio

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1 M e o antibiótico de seleção. Após 24 h de incubação, as células que recombinaram seu

DNA com o fragmento de DNA veiculado pelo vírus de interesse formaram colônias na

placa contendo o antibiótico, as quais foram, isoladas e repicadas, para então serem

estocadas e mantidas em glicerol a –20ºC (Miller, 1992) e posterior verificação dos

fenótipos. Os duplos mutantes foram construídos inserindo o P1 obtido da cepa ∆ xthA nas

cepas CC nfo já construídas como mencionado anteriormente.

3.5- Competência e transformação bacteriana

Para realizar a metodologia de competência foi feito um inóculo de 1 ml da cultura

bacteriana BW527 (nfo) na fase estacionária em 50 ml de meio rico (LB). Após atingir a

fase exponencial 40 ml da cultura foram centrifugados a 5000 rpm por 10 minutos a 4 ºC, o

sobrenadante foi retirado e ressuspenso em 20 ml de CaCl2 100 mM gelado e deixado por

20 minutos no gelo. Após esse período as células foram novamente centrifugadas a 5000

rpm por 10 minutos a 4 ºC, ressuspensas em 2 ml de CaCl2 e incubadas no gelo por no

mínimo 1 h para então tornarem-se competentes.

Na etapa da transformação 2 µl do plasmídeo pBW21 nfo, resistente à ampicilina,

foram adicionados a 100 µl da suspensão de bactérias competente. Essa mistura foi então

incubada 20 minutos no gelo, após esse período foi efetuado um choque térmico incubando

a mistura em banho Maria a 42ºC durante 90 segundos e imediatamente após foram

colocadas no gelo por 1 minuto e em seguida foram adicionados 500 µl de LB para então a

cultura ser plaqueada em LB sólido com o antibiótico de resistência do plasmídeo. No dia

seguinte os clones foram isolados e inoculados em LB líquido com ampicilina.

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3.6- Sobrevivência e mutagênese bacteriana

Após a obtenção das culturas em fase exponencial de crescimento, as culturas foram

centrifugadas a 7710 x g por 10 minutos entre 4 –10ºC e ressuspensas em tampão M9. Uma

alíquota então era retirada para ser diluída apropriadamente em M9, a fim de se obter o

número inicial de células viáveis, antes do tratamento. As culturas eram irradiadas com

uma lâmpada Vilber Lourmat Ultravioleta, duplo comprimento de onda 312/365 nm 15

Watts com filtro Mod. VL - 215 LM de amplo espectro. Utilizamos a lâmpada de UV-B,

com pico de 312 nm, nas doses de 2, 4, 6 e 8 kJ/m2 para bactéria e nas doses 2,5; 5; 10; 15 e

20 kJ/m2 para as leveduras. Para evitar contaminação e o efeito de comprimento de onda

inferior a 300 nm utilizamos um filtro de PVC (poli cloreto de vinila) capaz de barrar 100%

desses comprimentos. Após cada dose, alíquotas foram retiradas para determinação da

sobrevivência celular. Essas alíquotas, então, foram diluídas em tampão M9 e semeadas em

placas de Petri contendo LB sólido no caso das bactérias e espalhadas em duplicata em

meio YPG sólido a 30º C por um período de aproximadamente 96 h no caso das leveduras.

A fonte de UVC era uma lâmpada GE G15T8 15W, com emissão predominante em

254nm com taxa de dose 1 J.m-2.s-1.

A sobrevivência celular N/N0 (ordenadas) é o quociente obtido pela divisão do nº de

células sobreviventes após cada dose (N) pelo nº inicial de células (N0) plotada contra as

diferentes doses de UV-B. Cada curva de sobrevivência foi obtida a partir da média de três

experimentos.

Para determinação da mutagênese induzida, de cada cultura eram também retirados

100 µl após cada dose e novamente inoculados em meio LB líquido por 48 h. Após este

período, 200 µl foram espalhados em meio LB contendo 100 µg/mL de rifampicina (LB-

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RIF) em duplicata. As placas foram incubadas a 37ºC entre 18 e 24 h e as colônias

contadas.

No caso da mutagênese Lac-/Lac+, além dos 100 µl retirados para sobrevivência,

800 µl foram também retirados, centrifugados durante 1 minuto por 12 000 rpm e

ressuspendidos em metade do volume. Deste volume foram retirados 200 µl e incubados

em 2 ml de LB por 24 hs para então serem plaqueados (duplicata) em meio seletivo para

lactose já as células viáveis eram plaqueadas em LB. As células plaqueadas em meio

seletivo para lactose foram incubadas durante 48 ou 72 hs a 37ºC e as células viáveis

durante 24 hs.

Para os experimentos com dipiridil as células foram pré-tratadas com dipiridil 1mM

por 20 minutos, para então serem submetidas às doses de UVB.

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3.7- Sobrevivência e mutagênese de leveduras

Com a cultura em fase estacionária, as células foram concentradas a 107 células/mL,

lavadas duas vezes com água, centrifugadas, ressuspensas e submetidas às doses descritas

anteriormente para levedura. Após cada tratamento foram realizadas diluições seriadas as

quais foram plaqueadas em duplicata em meio YPG sólido a 30ºC por um período de

aproximadamente 96 h.

Para analisar a mutagênese foi utilizado o sistema de resistência a canavanina. É um

sistema de “mutagênese direta” (“forward mutation”) que detecta todas as mutações que

inativam o gene da arginina permease, CAN1, que permite a entrada de arginina para o uso

da célula. Porém, com a presença de altas concentrações de canavanina no meio de cultivo

haverá incorporação deste antibiótico que irá inativar a célula. As células que possuem o

gene CAN1 não funcionante irão sobreviver, pois não utilizarão a canavanina da placa. Este

sistema de seleção é possível, uma vez que as cepas utilizadas em nosso trabalho são

prototróficas para arginina. Este sistema permite identificar todos os eventos moleculares:

substituição de bases, deslocamento de quadro de leitura (frameshift), deleções, inversões,

etc.

A mutagênese induzida era determinada a partir de alíquotas retiradas nas doses

indicadas e plaqueadas em meio YNBG sólido com canavanina (60mg/L) por 96 h a 30 ºC.

Na seleção de clones CanR após 96 h a 30 ºC, cerca de 40 colônias foram estriadas

em placas de YNBG sólido com canavanina e novamente incubadas por igual período. Em

seguida as leveduras de cada estria foram colocadas para crescer em meio rico líquido

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(2ml) por 48 h. Após este período a cultura foi centrifugada durante 1 minuto por 12 000

rpm, o sobrenadante foi descartado e o pellet congelado para posterior análise.

Esta metodologia foi empregada com todas as cepas, selvagens e mutantes,

espontâneo e após tratamento com UVB, com dipiridil e sem dipiridil.

3.8- Lipoperoxidação (TBARS)

Para obtermos uma medida de lipoperoxidação utilizamos o método TBARS

(“ thiobarbturic acid reactive substances”), que se baseia na reação da amostra com ácido

tio-barbitúrico (TBA), gerando uma marcação colorimétrica, que pode ser medida em

espectrofotômetro a 535 nm. Em paralelo, foi feita uma curva padrão de MDA

(malondialdeído) (figura 4) para a estimativa dos níveis de lipoperoxidação nas diferentes

amostras. O MDA é um dos produtos formados pela ação de ERO sobre lipídeos (Fraga et

al., 1988).

Curva Padrão MDA

y = 0,1359x + 0,0249

R2 = 0,965

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0 0,5 1 1,5 2 2,5

concentração MDA (nmoles/tubo)

Abs

orbÂ

ncia

(535

nm

)

Figura 5: Curva de MDA (malondialdeído) em diferentes concentrações.

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A metodologia TBARS é utilizada como medida de estresse oxidativo de lipídeos

em muitos organismos (Semchyshyn et al., 2005). Para esta técnica as células na fase

estacionária foram crescidas em 60 ml de LB até a fase exponencial de crescimento

(repique 1:40) e centrifugadas 3 vezes. Na terceira centrifugação as células eram

ressuspensas em 600 µl de tampão de lise (Tris HCl 25 mM, pH 7,6; EDTA 0,1 M; NaCl

0,25 M; PMSF 1 mM) e 600 µl de bilhas (microesferas de vidro de 212-300 µm) e

vortexadas 6 vezes por 30 segundos com intervalo de 1 minuto no gelo. Foi feita uma

centrifugação de 10 000 rpm por 1 minuto para coletar as bilhas, o sobrenadante foi

recuperado e novamente centrifugado por 1 h a 14 000 rpm, para separar os restos

celulares. As amostras foram então utilizados para a reação.

Reação: 300 µl de cada amostra + 20 µl de butil hidroxi-tolueno (agente antioxidante) 8

mM + 700 µl de TBA 0,375% ( em HCl 0,25).

As reações foram levadas a banho a 100ºC por 15 minutos, deixadas em temperatura

ambiente por mais 15 minutos e quantificadas em espectrofotômetro. Os resultados foram

expressos após padronização pela concentração de proteínas através da metodologia de

Bradford (Bradford, 1976).

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4-Resultados

4.1- Resultados com bactérias

Inicialmente realizamos estudos da sobrevivência celular ao UVB e UVC com a

cepa selvagem e cepas deficientes nas enzimas que realizam atividade AP endonucleolítica

no mecanismo de reparo por excisão de bases.

Diferentemente dos resultados obtidos com o mutante xthA, o mutante nfo se

mostrou resistente ao tratamento, apresentando sensibilidade próxima à da cepa selvagem.

Interessantemente, o duplo mutante xthA nfo apresentou sensibilidade intermediária

entre o mutante xthA e o mutante nfo, indicando que a ausência de Endo IV protege o

mutante xthA da inativação pela radiação UVB.

Isto indica que Exo III tem um papel crucial no reparo das lesões produzidas por

UVB. A hipersensibilidade de xthA após o tratamento com UVB se assemelha aos

resultados obtidos com peróxido de hidrogênio (Asad et al., 1998), que gera lesões

oxidativas, nos levando a sugerir mais uma vez que estas lesões podem ser geradas pela

radiação UVB (Souza et al., 2006). In vivo, a geração de ERO ocorre frequentemente via

reação de Fenton através de metais de transição (Gutteridge et al., 2000).

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Sobrevivência ao UV-B

Dose kJ/m 2

0 2 4 6 8

Fra

ção

de S

obre

vivê

ncia

1e-6

1e-5

1e-4

1e-3

1e-2

1e-1

1e+0

AB1157 (selvagem)BW527(nfo)BW544(xthA nfo)BW9091 (xthA)

WT

nfo

xthA

xthA nfo

Figura 6: Sobrevivência das cepas AB1157 (Selvagem), BW527 (nfo), BW544 (xthA nfo)

e BW9091 (xthA) após tratamento com UVB nas doses indicadas acima. Estes resultados

representam média de no mínimo três experimentos.

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Esta hipersensibilidade da cepa xthA, bem como a supressão parcial de sensibilidade

do duplo mutante são resultados vistos somente para UVB. Uma vez que quando tratadas

com UVC todas as cepas se mostram tão resistentes quanto à cepa selvagem, como pode ser

visto na figura 7.

Sobrevivência ao UVC

UVC J/m2

0 20 40 60 80 100

Fra

ção

de S

obre

vivê

ncia

1e-5

1e-4

1e-3

1e-2

1e-1

1e+0

WTnfoxthA nfoxthA

Figura 7: Sobrevivência das cepas AB1157 (Selvagem), BW527 (nfo), BW544 (xthA nfo) e

BW9091 (xthA) após tratamento com UVC nas doses indicadas acima. Estes resultados

representam média de no mínimo três experimentos.

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4.1.1-Mutagênese induzida pela radiação UVB

Nós verificamos anteriormente (Souza et al., 2006) que a ausência de mecanismo de

reparação de bases interferia na indução de mutagênese pela radiação UVB. Isto foi

verificado determinando o número de mutantes que adquiriu resistência a rifampicina.

Neste trabalho, para UVB verificou-se um elevado índice de mutagênese na cepa nfo sendo

este índice da ordem de 236 vezes para DL10 comparado ao espontâneo que foi de 2 vezes,

enquanto a cepa xthA apresentou um aumento da ordem de 59 vêzes em relação ao

espontâneo que apresentou índice de 0,4. Já o duplo mutante xthA nfo apresentou um

aumento de 151,2 em relação ao espontâneo que apresentou valores na ordem de 3,1. Os

mutantes nfo e xthA nfo não apresentaram semelhante aumento de mutagênese com relação

à cepa selvagem para UVC.

Abaixo no quadro 4 temos os valores do número de Rifr/108 céls para UVB.

UVB Selvagem nfo xthA nfo xthA

Espontâneo 2,0 ± 0,3 2,0 ± 1,6 3,1 ± 0,2 0,4 ± 0,2

DL10 176,2 ± 14,5 472,7 ± 99,2 460,8 ± 102,7 23,8 ± 1,1

Quadro 4: Mutagênese das cepas AB 1157 (Selvagem), BW527 (nfo), BW544 (xthA nfo) e

BW9091 (xthA) após tratamento com UVB. Destaque em negrito para o aumento do

número de mutantes para as cepas nfo e xthA nfo.

Na figura 8 podemos observar que as cepas deficientes no gene nfo apresentaram

níveis de mutagênese superiores à cepa selvagem para UVB. Já a cepa deficiente no gene

xthA apresentou baixos índices de mutagênese para os tratamentos UVB e UVC.

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Rif

R/1

08 cél

s

0

200

400

600

UVB UVC

xthA nfo

xthA

nfo

WT

nfo

xthA nfo

*

WT

Figura 8: Mutagênese das cepas AB 1157 (Selvagem), BW527 (nfo), BW544 (xthA nfo) e

BW9091 (xthA) após tratamento com UVB e UVC. O asterisco indica o baixo valor da

mutagênese para xthA após tratamento com UVC, este valor foi da ordem de 2 vêzes, não

sendo possível visualizar no gráfico. Estes resultados representam média de no mínimo três

experimentos.

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Na figura 9 podemos observar que quando complementamos a cepa BW527 com o

plasmídeo nfo o número de mutantes RifR/108 células diminui, ficando esta cepa com níveis

de mutagênese próximos da cepa selvagem.

Rif

R/1

08 cél

s

0

200

400

600

WT

BW527(nfo)

BW 527 +plasmídeo nfo

UVB

Figura 9: Mutagênese induzida por UVB: cepas AB 1157 (Selvagem), BW527 (nfo) e

BW527 complementada com plasmídeo nfo. Estes resultados representam média de no

mínimo três experimentos.

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Objetivando avaliar a mutagênese induzida pela radiação UVB resolvemos construir

diferentes mutantes em seis cepas de Escherichia coli com diferentes mutações no códon

461 do gene lacZ que codifica a enzima β galactosidase. Com esta técnica poderíamos

avaliar qual troca de base estaria ocorrendo após o tratamento com UVB, já que uma vez

com a substituição de base teríamos o códon 461 restaurado, como podemos ver abaixo.

Cupples and Miller, 1989.

Analisando a mutagênese lactose, muagênese na qual as células adquirem a

proficiência de utilizar a lactose como fonte de carbono, mutantes no gene nfo observamos

que as cepas CC103 nfo e CC106 nfo apresentaram um aumento na mutagênese, que

corresponde as troca de bases CG→GC e AT→GC respectivamente, quando comparado à

cepa selvagem, como pode ser visto na figura 10 a seguir.

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M

utan

tes

Lac

+ /108 c

éls

0

50

100

150

200

250

300

350 1) CC101(WT) AT::CG2)CC102(WT) GC::AT3)CC103(WT) GC::CG4)CC104(WT) GC::TA5)CC105(WT) AT::TA6)CC106(WT) AT::GC

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

7)CC101(nfo) AT::CG8) CC102(nfo) GC::AT9) CC103(nfo) GC::CG10) CC104(nfo) GC::TA11) CC105(nfo) AT::TA12) CC106(nfo) AT::GC

Figura 10: Número de mutantes Lac+/108 céls após tratamento com UVB. A dose de UVB

para todas as cepas foi de 8 kJ/m2, o que corresponde à DL10 das 12 cepas tratadas. Os

números de 1 a 6 correspondem às cepas selvagens e os números de 7 a 12 correspondem

às cepas deficientes em nfo. Este resultado representa média de no mínimo três

experimentos.

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Este aumento de mutantes Lac + nas cepas CC103 nfo e CC106 nfo correspondendo

as trocas AT→GC e CG →GC é característico da radiação ultravioleta B, uma vez que, o

mesmo não foi observado para UVC, como pode ser visto na figura 11 a seguir.

Mut

ante

s La

c+ /1

08 cél

s

0

50

100

150

200

1 2 3 4

1)CC1032)CC103 nfo

3)CC1064)CC106 nfo

A B

Figura 11: Mutagênese induzida (Lac-→Lac +) por UVC. A dose de UVC para todas as

cepas foi de 60 J/m2, o que corresponde à DL10 das 4 cepas tratadas. Na figura A temos as

cepas que correspondem as trocas CG →GC e na figura B temos cepas que correspondem às

trocas AT→GC. Este resultado representa média de no mínimo três experimentos.

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Objetivando avaliar se a geração de radicais OH•, bem como de outras ERO

estariam contribuindo para o aumento no número de mutantes após tratamento com UVB,

as células foram pré-tratadas com dipiridil na concentração de 1 mM, no sentido de

verificar se os efeitos mutagênicos do UVB seriam dependentes da reação de Fenton.

Verificamos que após o pré-tratamento ocorreu uma diminuição no número de revertentes

Lac+ para as cepas CC103 nfo e CC106 nfo. Os metais provavelmente mais envolvidos na

reação de Fenton in vivo são os íons ferro e cobre (Kehrer, 2000), como pode ser visto

abaixo:

Fe2+ + H2O2 →Fe3+ + OH· + OH-

Cu+ + H2O2 → Cu2+ + OH·

+ OH-

Enquanto o dipiridil não tem efeito na indução de revertentes Lac+ nas cepas

selvagens após o tratamento com UVB, o pré-tratamento com o quelante foi capaz de

diminuir as substituições GC → CG e AT → GC induzidas por UVB nos mutantes nfo,

como pode ser visto na figura 12.

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Mut

ante

s La

c+ /1

08 cel

ls

0

50

100

150

200

250

300

3501)GC::CG (WT)

2)GC::CG (WT com dip)

3)AT::GC (WT)

4)AT::GC (WT com dip)

5)GC::CG (nfo)

6)GC::CG (nfo com dip)

7)AT::GC ( nfo)

8)AT::GC ( nfo com dip)

1 2 3 4 5 6 7 8

Figura 12: Efeito do quelante dipiridil na mutagênese induzida por UVB nas cepas CC103

e CC106 selvagens, números de 1 a 4, CC103 e CC106 (nfo), números de 5 a 8. A dose de

UVB para todas as cepas foi de 8 kJ/m2, o que corresponde à DL10 das 8 cepas pré-tratadas

ou não com dipiridil 1 mM. Este resultado representa média de no mínimo três

experimentos.

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Como na mutagênese lactose, verificamos aumento de transversão GC →CG e

transição AT→GC nas cepas nfo, objetivamos analisar a mutagênese lactose também com as

cepas xthA e o duplo mutante xthA nfo.

Como pode ser visto na figura 13 as cepas com mutação no gene xthA não

apresentaram aumento de revertentes Lac+ após o tratamento com UVB. O índice de

mutagênese foi baixo para mutantes Lac+, o que também foi observado anteriormente para

os níveis de mutantes RifR com o mutante xthA.

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Mut

ante

s La

c+ /1

08 cél

s

0

5

10

15

20

CC101xthA (1)CC102 xthA (2)CC103 xthA (3)CC104 xthA (4)CC105 xthA (5)CC106 xthA (6)

1 2 3 4 5 6 1

Figura 13: Mutagênese induzida por UVB. A dose de UVB para todas as cepas foi de 2

kJ/m2, o que corresponde à DL10 das 6 cepas tratadas. Este resultado representa média de

no mínimo três experimentos.

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Interessantemente também foi observado um aumento no número de troca de bases

GC →CG e AT→GC com o duplo mutante xthA nfo, (figura 14), assim como foi visto na

mutagênese com as cepas CC103 nfo e CC106 nfo. O mesmo não foi observado para as

cepas CC103 xthA e CC106 xthA. Assim este aumento deve-se exclusivamente à ausência

do gene nfo.

Mut

ante

s La

c+ /1

08 cél

s

0

100

200

300

400

CC101xth nfo (1)CC102 xth nfo (2)CC103 xth nfo (3)CC104 xth nfo (4)CC105 xth nfo (5)CC106 xth nfo (6)

1 2 3 4 5 6

Figura 14: Mutagênese induzida por UVB. A dose de UVB para todas as cepas foi de 6

kJ/m2, o que corresponde à DL10 das 6 cepas tratadas. Este resultado representa média de

no mínimo três experimentos.

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4.1.2- Resultado com TBARS (Lipoperoxidação)

Como marcador molecular de estresse oxidativo foi utlilizado o parâmetro de

indicação de lipoperoxidação (TBARS). Esta técnica nos permitiu avaliar se as lesões

oxidativas induzidas por UVB em Escherichia coli estariam ocorrendo somente no DNA ou

se este agente também estaria ocasionando estresse oxidativo na membrana da célula. Nós

verificamos que houve um pequeno aumento nos níveis de TBARS, indicador de

lipoperoxidação para todas as cepas tratadas. E este aumento na concentração de MDA,

produto da peroxidação, foi semelhante para as todas as cepas como pode ser visto na

figura 12. Houve um aumento significativo para as cepas tratadas com UVB. Este aumento

nos níveis de lipoperoxidação já foi visto por Semchyshyn e colaboradores em 2005

quando observaram um aumento da ordem de 2,1 vezes para células tratadas com peróxido

de hidrogênio 5 µM em relação ao não tratado e aumento da ordem de 3,7 vezes para

células tratadas com peróxido a 20 µM. É importante lembrar que os resultados expressos

na figura 15 foram padronizados com a concentração de proteínas.

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TBARSC

once

ntra

ção

MD

A (

nmol

es/m

g de

ptn

)

0

2

4

6

WT

WT + UVB xthA + UVB

nfo

nfo + UVB

xthA

Figura 15: Medida de concentração de MDA das cepas AB1157 (Selvagem), BW9091

(xthA) e BW527 (nfo) após tratamento com UVB

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4.2- Resultados com Leveduras.

4.2.1- Sobrevivência celular

Os primeiros estudos sobre a reparação foram realizados em procariotos e

eucariotos unicelulares. Dentre estes últimos figura a levedura, um organismo eucarioto,

dado o grande número de mutantes disponíveis, deficientes nas diversas vias metabólicas e

de reparação. Vale frisar que as leveduras apresentam similaridade com as células de

mamíferos, por exemplo, vários genes de reparação de DNA de leveduras possuem seus

similares funcionais em células de mamíferos (Friedberg et al., 2006).

Nos resultados que seguem foram utilizados os similares funcionais dos genes nfo,

xthA e nfo xthA de bactéria, que são os genes de grande importância na reparação das lesões

induzidas por UVB no DNA de Escherichia coli. Há duas famílias de AP endonucleases

que estão envolvidas no reparo dessas lesões. Uma dessas é a AP endonuclease IV (nfo)

que possui cerca de 10% do total da atividade AP endonucleolítica em células bacterianas,

cujo homólogo funcional em levedura é apn1 que possui cerca de 90% da atividade AP

endonucleolítica em células de leveduras. A segunda família inclui a Exonuclease III (xthA)

de E. coli cujo homólogo funcional em levedura é apn2 e em humanos é a proteína Ape1

(Unk et al., 2001).

Na figura 16 podemos observar que a cepa apn2 se mostrou mais sensível ao

tratamento com UVB quando comparada com as demais cepas. O duplo mutante apn1 apn2

apresentou sensibilidade intermediária aos simples mutantes apn1 e apn2. Assim como foi

visto com os genes similares em bactéria.

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Sobrevivência ao UVB

Dose kJ/m 2

0 5 10 15 20

Fra

ção

de S

obre

viên

cia

1e-5

1e-4

1e-3

1e-2

1e-1

1e+0

apn1

apn2 apn1 apn2

WT

WT

apn1

apn1 apn2

apn2

Figura 16: Sobrevivência das cepas FF 18733 (Selvagem), BPS1088 (apn1), BPS 1085

(apn2) e BPS 1087 (apn1 apn2) após tratamento com UVB. Estes resultados representam

média de no mínimo três experimentos.

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Na figura 17 podemos observar que as cepas apresentaram níveis semelhantes de

sensibilidade ao UVC diferentemente do que foi visto após o tratamento com UVB.

Sobrevivência ao UVC

Dose J/m 2

0 20 40 60 80 100 120

Fra

ção

de S

obre

vivê

ncia

0,0001

0,001

0,01

0,1

1

WT apn 1apn 2

apn1 apn2

Figura 17: Sobrevivência das cepas FF 18733 (Selvagem), BPS1088 (apn1), BPS 1085

(apn2) e BPS 1087 (apn1 apn2) após tratamento com UVC. Estes resultados representam

média de no mínimo três experimentos.

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Quando pré–tratamos as cepas com dipiridil o que observamos foi uma significativa

diminuição da sensibilidade da cepa apn1 e apn2. A cepa apn1 se apresentou próxima à

cepa selvagem enquanto que para a cepa apn2 verificamos que houve uma pequena

diminuição na sensibilidade, como pode ser visto na figura 18. Na figura 16 observamos

que a sensibilidade das cepas é maior quando não pré - tratadas com dipiridil. A cepa apn2,

após o pré – tratamento com dipiridil (figura 18) apresenta uma sensibilidade semelhante a

sensibilidade da cepa apn1 com dipiridil (figura 16).

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Sobrevivência após pré - tratamento com dipiridil

Dose kJ/m 2

0 5 10 15 20

Fra

ção

de S

obre

viên

cia

1e-5

1e-4

1e-3

1e-2

1e-1

1e+0

apn1

apn2 apn1 apn2

WT

WT

apn1

apn1 apn2

apn2

Figura 18: Sobrevivência das cepas FF 18733 (Selvagem) BPS1088 (apn1), BPS 1085

(apn2) e BPS 1087 (apn1 apn2) pré-tratadas com dipiridil 1 mM e submetidas à radiação

UVB. Estes resultados representam média de no mínimo três experimentos.

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4.2.2- Resultados de mutagênese

No trabalho feito com bactérias foi verificado um aumento na mutagênese das cepas

nfo e xthA nfo, o mesmo não foi visto com o simples mutante xthA. Desta forma,

verificamos que o aumento de mutantes resistentes ao antibiótico rifampicina deve-se

essencialmente à mutação nfo. Interessantemente, quando fomos avaliar a mutagênese para

levedura verificamos um aumento na mutagênese das cepas apn1 e apn1 apn2, que

correspondem aos similares de bactéria nfo e xthA nfo, respectivamente, (Quadro 5 e figura

19).

Abaixo temos um quadro com os valores do número CanR/107 céls para UVB.

UVB Selvagem apn1 apn1 apn2 apn2

Espontâneo 3,0 ± 0,3 4,5 ± 0,6 1,5 ± 0,1 1,0 ± 0,2

DL10 2250 ± 250 3533,9 ± 351,9 3127,4 ± 47,0 335,4 ± 123,2

Quadro 5: Mutagênese das cepas FF 18733 (Selvagem), BPS1088 (apn1), BPS 1085

(apn2) e BPS 1087 (apn1 apn2) após tratamento com UVB. Destaque em negrito para o

aumento do número de mutantes para as cepas apn1 e apn1apn2.

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CA

NR m

utan

tes/

107 c

els

0

1000

2000

3000

4000

5000

WT

apn1

apn2

apn1apn2

Figura 19: Mutagênese das cepas FF 18733 (Selvagem), BPS1088 (apn1), BPS 1085

(apn2) e BPS 1087 (apn1 apn2) após tratamento com UVB. Estes resultados representam

média de no mínimo três experimentos.

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O pré–tratamento dessas cepas com 2,2’ dipiridil e posterior tratamento com UVB

resultou na diminuição significativa do número de mutantes CanR como pode ser visto na

figura abaixo.

CA

NR m

utan

tes

/107 c

éls

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

40001)WT sem dip

2)WT com dip

3)apn1 sem dip

4)apn1 com dip

5)apn2 sem dip

6)apn2 com dip

7)apn1 apn2 sem dip

8)apn1 apn2 com dip

1 2 3 4 5 6 7 8

Figura 20: Mutagênese das cepas FF 18733 (Selvagem), BPS1088 (apn1), BPS 1085

(apn2) e BPS 1087 (apn1 apn2) após tratamento com UVB, pré –tratadas ou não com

dipiridil 1 mM. Estes resultados representam média de no mínimo três experimentos.

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Este aumento da ordem de 3000 mutantes/107 céls para as cepas apn1 e apn1apn2 é

especifica para UVB. Como pode ser visto na figura a seguir o mesmo não acontece para

UVC. O aumento de mutagênese para UVC é pequeno quando comparado com os níveis de

mutagênese para UVB.

Mutagênese UVC

CA

NR m

utan

tes/

107 c

éls

0

100

200

300

400

500

WT

apn1

apn2

apn1 apn2

Figura 21: Mutagênese das cepas FF 18733 (Selvagem), BPS1088 (apn1), BPS 1085

(apn2) e BPS 1087 (apn1 apn2) após tratamento com UVC. Estes resultados representam

média de no mínimo três experimentos.

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4.3- Obtenção de clones de mutantes CanR

A maneira mais direta e mais completa de se obter um espectro de mutações

espontâneas ou induzidas consiste no sequênciamento do gene alvo do DNA cromossômico

em um sistema de mutagênese direta (forward mutation). Os mutantes CanR correspondem

a esta definição. Para isto foram obtidos os seguintes números de clones:

Cepas Espontâneo

sem dipiridil

Espontâneo

com dipiridil

DL10

sem dipiridil

DL10

com dipiridil

Selvagem 43 36 35 43

apn1 41 34 37 40

apn2 38 40 45 35

apn1 apn2 39 40 35 37

Quadro 5: Número de colônias CanR selecionadas para posterior sequenciamento.

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5- Discussão

Quando analisamos o sistema de reparo de organismos procarióticos e eucarióticos

podemos observar uma grande similaridade nas vias que estes organismos utilizam para

reparar as lesões no DNA. O genoma de ambas as espécies de organismos está sujeito às

mesmas reações químicas gerando os mesmos substratos lesados para as proteínas

envolvidas no reparo (Augusto-Pinto et al., 2003).

AP endonucleases têm um papel importante no reparo das lesões no DNA. A perda

de purinas e pirimidinas origina o surgimento de sítios apurínicos e apirimidínicos, sítios

AP, que são reparados após a ação de AP endonucleases, que catalisam a incisão adjacente

aos sítios AP preparando o DNA para as próximas etapas do reparo como excisão e ligação.

Esta via é a mesma em bactérias e leveduras. Contudo, há diferenças no sistema de reparo

de bactérias e organismos eucarióticos. Neste último o cenário metabólico é mais complexo

e possui participação de um número maior de proteínas envolvidas no reparo das lesões

(Augusto-Pinto et al., 2003).

A fim de compararmos o sistema de reparo desses dois organismos diferentes este

trabalho vem avaliar a participação das proteínas envolvidas no reparo das lesões

originadas pelo agente ultravioleta B no DNA de um organismo procariótico, Escherichia

coli e outro eucariótico, Saccharomyces cerevisiae.

Iniciamos este estudo analisando a relativa importância das lesões oxidativas na

genotoxicidade induzida por luz ultravioleta B utilizando cepas de E. coli deficientes nas

duas principais AP endonucleases envolvidas no reparo por excisão de bases. Com objetivo

de discriminar o efeito oxidativo do UVB foi utilizado como controle a radiação

ultravioleta C, cuja lesão clássica e o dímero de pirimidina.

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Trabalhos anteriores têm sugerido que a radiação UVB é capaz de gerar espécies

oxidativas ocasionando lesões no DNA (Heck et al., 2003).

Em nossos estudos, nós demonstramos que a cepa mutante xthA é rapidamente

inativada por UVB mas não por UVC quando comparada com a cepa selvagem, figura 5 e

6. Isso nos mostra que a sensibilidade do mutante xthA deve-se à toxicidade típica do UVB

e não ao clássico CPD originado pelo UVC. Sabe-se ainda que esta sensibilidade de xthA

pode ser abolida com o quelante dipiridil (Souza et al., 2006). Este fato sugere que a

geração das espécies oxidativas por UVB pode ocorrer via reação de Fenton.

Assim como a Exo III, a Endo IV também está envolvida no reparo dos sítios AP

(Saporito et al., 1989). No entanto, em nosso trabalho observamos que o reparo desses

sítios está sendo realizado fundamentalmente pela Exo III, já que a cepa xthA se mostrou

muito mais sensível quando comparada com a cepa nfo que apresentou sensibilidade

semelhante à da cepa selvagem. Sabe-se que apesar da Endo IV ter um papel AP

endonucleolítico semelhante a Exo III, que consiste em clivar o lado 5’ do sítio AP, a

atividade da Endo IV representa menos de 10%, sendo somente requerida na ausência de

Exo III (Cunningham et al., 1986).

Sítios AP são os principais “ameaçadores” da informação genética, visto que são

capazes de bloquear a replicação do DNA, a transcrição e originar mutações. Sítios AP

podem também originar quebras simples 3’ ou 5’ altamente tóxicas. Estes resultados

sugerem que sítios AP não são compatíveis com a vida na ausência de reparo (Boiteux &

Guillet., 2004).

Endo IV não está sendo requerida para o reparo das lesões letais induzidas por

UVB, mas parece ter grande participação na reparação das lesões mutagênicas induzida por

este agente, figura 7.

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Wang et al., 1998 estudaram in vitro lesões aleatórias ou sítio específicas na

molécula de DNA para avaliar interações com várias DNA polimerases e verificaram que

se a lesão promove uma distorção no DNA e bloqueia a progressão da DNA polimerase na

molécula esta lesão é considerada potencialmente letal. Porém, se a lesão não promove uma

distorção estrutural, a DNA polimerase insere bases não complementares e a lesão é

considerada mutagênica (Wallace, 2002). Algumas lesões não são mutagênicas nem letais,

enquanto outras são letais ou mutagênicas. Em nosso trabalho há lesões essencialmente

letais, como pode ser verificado pela sensibilidade da cepa xthA. Entretanto, na cepa nfo

verificamos um elevado nível de mutagênese induzida pelo UV-B. Isto indica que as lesões

substrato para Endo IV têm caráter mutagênico uma vez não reparadas (quadro 4).

Dentre as pirimidinas oxidadas, sabe-se que timina oxidada não tem papel

significativo na indução de mutagênese. Em contraste com a timina, a citosina oxidada é

essencialmente mutagênica (Wallace, 2002). O principal produto resultante da ação do

radical hidroxil na citosina é a citosina glicol, que é altamente instável e desamina

facilmente originando uracil glicol, podendo dehidratar originando 5-hidroxicitosina (5-

OHC) ou 5- hidroxiuracil (5-OHU). Estes produtos não bloqueiam a DNA polimerase,

portanto, citosina oxidada seria uma lesão não letal e principalmente mutagênica (Wallace,

2002).

Com os trabalhos de Ischenko & Saparbaev (2002) foi verificado que a Endo IV

possui outra atividade além da atividade 5’ AP endonucleolítica, podendo também

reconhecer pirimidinas oxidadas e outros produtos como α-deoxiadenosina, que não são

substratos para DNA glicosilase, sugerindo assim, uma nova via de reparo das lesões

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oxidativas, no qual Endo IV funcionaria auxiliando as DNA glicosilases, porém incisando a

cadeia fosfodiéster a 5’ da base oxidada.

As cepas CC103 e CC106 deficientes no gene nfo apresentaram aumento na

mutagênese. O aumento de transversões CG→GC pode ser atribuído a 5-hidroxicitosina.

Como foi discutido anteriormente, a radiação UVB pode gerar ERO via reação de Fenton.

Esta reação gera o radical OH• (Cooke et al., 2003). O principal produto resultante do

ataque do radical hidroxil no DNA é a citosina glicol que é altamente instável e

rapidamente dehidrata para 5-hidroxicitosina (5-OHC) (Wallace et al., 2002). O

pareamento de 5-OHC ocorre frequentemente com guanina bem como adenina, e em menor

freqüência com citosina (Purmal et al., 1994). Esta lesão não bloqueia a DNA polimerase

que segue inserindo nucleotídeos, por isto citosinas oxidadas não são classificadas como

lesões letais e sim mutagênicas, aumentando as transições C→T e as transversões C→G

(Susan et al., 2002). Este específico aumento no mutante nfo pode ser atribuído a uma outra

atividade da Endo IV diferente da atividade de AP endonuclease como foi mencionado

anteriormente. Esta atividade é o reparo por incisão de nucleotídeo (NIR), no qual Endo IV

reconhece e incisa DNA contendo pirimidinas oxidadas, incluindo a 5-hidroxicitosina. E a

única proteína de E. coli identificada e envolvida neste reparo é a Endo IV (Ischenko &

Saparbaev., 2002).

Entre os diferentes substratos que podem ser reconhecidos por Endo IV tem-se a α-

deoxiadenosina (αdA). Esta lesão é originada pela abstração do hidrogênio do C1’ por um

radical hidroxil, mas a base permanece totalmente intacta (Shimizu et al., 1997). Nos

trabalho de Ide et al., 1994 verificou-se que no oligonucleotídeo contendo αdA é

incorporado dC e dA, bem como a incorporação correta do nucleotídeo dT sugerindo que

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αdA constitui uma lesão pré mutagênica in vivo. Nos trabalhos realizados in vitro por

Shimizu e colaboradores foi verificado que αdA é uma lesão potencialmente mutagênica.

As enzimas Endo IV de Escherichia coli e Apn1 de Saccharomyces cerevisiae são

capazes de reconhecer este tipo de lesão (Shimizu et al., 1997).

Na presença da lesão αdA a capacidade de polimerização in vivo é cerca de 20%

normal, isto significa cerca de 20 vezes mais que a replicação de sítios AP, que é um forte

bloqueador da replicação (Shimizu et al., 1997).

Interessantemente, o uso de dipiridil diminuiu consideravelmente a mutagênese das

cepas CC103 nfo e CC106 nfo induzidas por UVB, corroborando a participação de radicais

OH• na geração das lesões mutagênicas nas células nfo, além de reforçar a idéia da presença

da lesão αdA na origem da substituição de base AT→GC.

O fato das células nfo serem sensíveis a mutação induzidas por UVB está

relacionado à participação desta enzima no reparo das lesões, uma vez que na presença de

nfo os níveis de mutagênese são consideravelmente menores como pode ser visto na figura

12, no qual as células são xthA e possuem o gene nfo funcionante.

Quando o mesmo trabalho foi feito com o duplo mutante xthA nfo a mutagênese

aumenta, semelhante ao que ocorreu com o simples mutante nfo. Sabe-se que Endo IV e

não ExoIII, está envolvida na via de reparo NIR sendo capaz de incisar o DNA contendo

lesões geradas pelo estresse oxidativo (Ishchenko et al., 2005). Diferentemente de Endo IV

a Exo III não reconhece lesões do tipo αdA. Isto sugere que Endo IV pode ser responsável

pelo reparo de uma nova classe de lesão que não é reconhecida por Exo III e nenhuma AP

liase (Ide et al., 1994).

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O nível de lipoperoxidação em bactéria foi medido via TBARS. Neste trabalho nós

observamos diferença na concentração de MDA das cepas não tratadas e nas cepas tratadas

com UVB. Indicando que a radiação UVB é capaz de ocasionar oxidação e que esta não

ocorre somente no DNA, mas também na membrana da célula aumentando os níveis de

lipoperoxidação. Uma vez que, níveis elevados de ERO são produzidos em sistemas

celulares, uma resposta enzimática antioxidante é ativada. Entretanto, estes níveis podem

extrapolar a capacidade catalítica das diferentes enzimas responsivas, fazendo com que uma

quantidade significativa de ERO passe a não ser destruída e então reagir com diferentes

biomoléculas do sistema, tais como lipídeos (Goulart et al., 2005).

Nossos resultados indicam que, a radiação UVB é capaz de ocasionar oxidação e

que esta não ocorre somente no DNA e além disso, podemos observar que as diferentes

sobrevivências celulares não são devidas a níveis diferentes de oxidação membranar, mas

sim devido às diferenças de capacidade de reparo de DNA.

Em S. cerevisiae, Apn1 e Apn2 estão envolvidas no reparo de lesões ocasionadas

por agentes oxidantes como H2O2, assim como no reparo de certos tipos de lesão como fita

simples contendo 3’ fosfato ou 3’ fosfoglicolato terminal (Unk et al., 2001). A Endo IV de

E. coli é homóloga da proteína Apn1 de S. cerevisiae. Enquanto em E. coli esta proteína

possui cerca de 10% da atividade AP endonuclease em S. cerevisiae Apn1 constitui mais de

90% da atividade AP endonuclease e uma maior participação no reparo de sítios AP quando

comparada com Apn2 (Unk et al., 2002).

Em nosso trabalho verificamos que Apn1 possui menor sensibilidade ao tratamento

com UVB quando comparada com a cepa Apn2. Este resultado foi ao encontro do

verificado em E. coli com as cepas homólogas. Mostrando a semelhança do efeito de UVB

para organismos procarióticos e eucarióticos, além da especificidade uma vez que, isto

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ocorre somente para UVB, já que com UVC todas as cepas se mostraram resistentes ao

tratamento, figura (16 e 17).

Quando as células foram pré–tratadas com o quelante dipiridil observamos que

houve uma significativa proteção para a letalidade.

Nos trabalhos de Melo e colaoradores em 2004, também foi observado que o pré-

tratamento com dipiridil e posterior tratamento com H2O2 não diminui a sensibilidade das

cepas testadas. Provavelmente isto se deve ao fato dos íons de ferro não quelados pelo

dipiridil estarem sendo suficiente para ocasionar a letalidade da cepa Apn2.

Na mutagênese com leveduras foi observado elevado aumento de mutantes das

cepas Apn1 e Apn1 Apn2 assim como ocorreu em bactérias, este aumento foi da ordem de

3000 mutantes/107 células para o tratamento com UVB e da ordem de 400 mutantes/107

após o tratamento com UVC. Mostrando que as lesões que estão elevando os níveis de

mutagênese são específicas da radiação UVB e que estas são reconhecidas principalmente

por Apn1 e, além disso, esta enzima está atuando no reconhecimento de uma classe de

lesão que não é reconhecida pela AP endonuclease Apn2. Esta lesão provavelmente é

originada pela atuação de ERO como o radical OH•, uma vez que na presença do quelante

de ferro este radical não estaria sendo gerado e consequentemente o número de mutantes

diminui drasticamente como pode ser visto na figura 19. Em humanos, a endonuclease que

atua como Endo IV e Apn1 no reparo por incisão de nucleotídeo é Ape 1, porém esta é

homóloga de ExoIII em bactéria (Gros et al., 2004).

As lesões oxidativas são identificadas como importantes causas das desordens

degenerativas tais como: câncer, doenças cardiovasculares e disfunções cerebrais. Sabe-se

que o BER é o principal mecanismo de reparo destas lesões e que este reconhece substratos

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em comum com o NIR no reparo das lesões potencialmente mutagênicas e citotóxicas

(Gros et al., 2004). Avaliando o mecanismo de reparo envolvido nas diferentes classes de

lesões podemos sugerir que o NIR seria o principal mecanismo de reparo das lesões

mutagênicas induzidas por UVB. Enquanto para UVA seria o BER e para UVC o NER.

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6-Conclusão

6.1- Conclusões – Bactérias

• A sensibilidade xthA → toxicidade típica do UVB e não ao clássico CPD →UVC

• Exo III (xthA) e Endo IV (nfo) → atividade AP endonucleolítica → sítios AP → Exo III

• Endo IV não está sendo requerida para o reparo das lesões letais induzidas por UVB

• O aumento de transversão GC→ CG (CC103 nfo e CC103 xthA nfo) pode ser atribuída a

5-hidroxicitosina (5-OHC)

• UVB gera radicais OH• que podem gerar no DNA produtos como citosina glicol, que é

instável e pode resultar na 5-hidroxicitosina

• O pareamento de 5-OHC ocorre frequentemente com guanina bem como adenina → ↑

transversões C →G e transições C →T

• O específico aumento da mutagênese UVB no mutante nfo deve-se a outra atividade de

nfo diferente da AP endonucleolítica

• NIR reconhece e incisa DNA contendo pirimidinas oxidadas incluindo a 5-

hidroxicitosina (Saparbaev et al., 2004).

• Além de Endo IV de bactéria Apn1 de levedura também participa do reparo de lesões

induzidas pelo UVB, reconhecendo provavelmente a α - deoxiadenosina

• Diferente de Endo IV a Exo III não reconhece lesões do tipo α-dA

6.2- Conclusões – Leveduras

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● Há semelhança do efeito do UVB para organismos procarióticos e eucarióticos

● Além da semelhança há uma especificidade para UVB uma vez que todas as cepas se

mostram resistentes ao tratamento com UVC

● Em levedura a cepa mais sensível foi apn2 cujo similar em bactéria é xthA, que foi a

cepa que se mostrou mais sensível ao UVB.

● As lesões mutagênicas são reconhecidas por Apn1

● São lesões originadas provavelmente pela atuação de EAO como o radical OH• , uma vez

que, quando pré-tratamos com dipiridil o número de mutantes diminui.

● O NIR seria o principal mecanismo de reparo que estaria atuando no reparo das lesões

induzidas por UVB

7-Perspectiva

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Pretendemos sequenciar um número suficiente (30-40) de mutantes CanR das cepas

selvagem e dos mutantes apn1, apn2 e apn1 apn2.

Este sistema apresenta como vantagens o espectro completo das mutações e

mutações em um gene cromossômico transcrito.

O resultado obtido permitirá analisar se a mutagênese induzida por UVB em

leveduras é semelhante ou não a mutagênese induzida por UVB em bactérias.

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9-Anexo

Endonuclease IV and Exonuclease III are involved in the repair and mutagenesis of DNA

lesions induced by UVB in Escherichia coli .

Mutagenesis vol. 21 no. 2 pp. 125–130, 2006 doi:10.1093/mutage/gel006 Advance Access Publication 8 March 2006

L.L.Souza, I.R.Eduardo, M.Pádula1 and A.C.Leitão* Laboratório de Radiobiologia Molecular, Instituto de Biofisica Carlos

Chagas Filho–IBCCF and 1LAMIAG, Departamento de Fármacos, Faculdade de Farma´cia, Universidade Federal do Rio de

Janeiro-UFRJ, Brazil

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