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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE FARMÁCIA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA A GESTÃO ORIENTADA A PROCESSOS APLICADA A UMA FARMÁCIA DE UM SERVIÇO DE SAÚDE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE JANE MARIA DE CARVALHO Niterói 2014

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE FARMÁCIA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

A GESTÃO ORIENTADA A PROCESSOS APLICADA A UMA FARMÁCIA

DE UM SERVIÇO DE SAÚDE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

JANE MARIA DE CARVALHO

Niterói

2014

2

JANE MARIA DE CARVALHO

A GESTÃO ORIENTADA A PROCESSOS APLICADA A UMA FARMÁCIA

DE UM SERVIÇO DE SAÚDE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Dissertação apresentada ao curso de Pós-

Graduação em Mestrado Profissional em

Administração e Gestão da Assistência

Farmacêutica da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial para a

obtenção do Grau de Mestre. Área de

Concentração: Assistência Farmacêutica.

Orientador: Prof. Dr. BENEDITO CARLOS CORDEIRO

Co-Orientador: Prof. Dra SELMA RODRIGUES DE CASTILHO

Niterói

2014

3

JANE MARIA DE CARVALHO

A GESTÃO ORIENTADA A PROCESSOS APLICADA A UMA FARMÁCIA

DE UM SERVIÇO DE SAÚDE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Dissertação apresentada ao curso de Pós-

Graduação em Mestrado Profissional em

Administração e Gestão da Assistência

Farmacêutica da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial para a

obtenção do Grau de Mestre. Área de

Concentração: Assistência Farmacêutica.

Aprovada em fevereiro de 2014.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________

Prof. Dr. BENEDITO CARLOS CORDEIRO - Orientador

UFF

___________________________________________________________________________

Prof. Dra SELMA RODRIGUES DE CASTILHO – co-orientadora

UFF

___________________________________________________________________________

Prof. Dra DÉBORA OMENA FUTURO

UFF

___________________________________________________________________________

Prof. Dra CAROLINA LAZZAROTTO SILVA

SES-RJ

Niterói

2014

4

Dedico este trabalho ao meu amado

esposo Erick pelo incentivo e apoio em

todos os momentos desde que nos

conhecemos e ao meu filho Enzo que

mesmo sendo uma criança compreende os

momentos de ausência.

5

AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal Fluminense,

Ao professor Doutor Benedito Carlos Cordeiro, meu orientador, pela

paciência, sabedoria, gentileza e pelas agradáveis aulas de SUS,

A professora doutora Selma, coordenadora do mestrado, pela sua

dedicação já tão conhecida por todos, pelas suas aulas estimulantes e pela

sua gentileza de sempre,

A todos os professores do mestrado GAFAR, em especial a professora

Monique, sempre com apontamentos tão valiosos,

A Luiza Helena Parada Valle, ex diretora do CMS Ernani Agrícola, por

sempre acreditar que o farmacêutico é fundamental na equipe

multiprofissional e sempre me apoiar nos projetos pretendidos, em

especial esse,

A Graça, Elias, Miguel (em memória), Odílio, Macedo e Thaís,

funcionários da farmácia do CMS Ernani Agrícola, colaboradores e

amigos preciosos,

A Cristina Gonçalves, diretora do CMS Ernani Agrícola, de personalidade

incrível, pelo apoio de sempre,

A Luana, colega do mestrado, com quem pude dividir minhas dúvidas,

angústias e felicidades, e pelo companheirismo nos trabalhos exigidos

pelo curso,

Aos colegas do mestrado, companheiros e lutadores pelo ideal de

melhorar a profissão farmacêutica e a situação dos usuários do sistema de

saúde brasileiro e pelas trocas de conhecimentos nas aulas e fora delas.

6

“Abandonar o estudo é libertar-se de cuidados.

Pois em que diferem o sim e o não?

Em que diferem o bem o mal?

Deve-se temer o estudo, temido pelos homens, porque todo estudo é

interminável.”

Lao-Tse – Tao Te King

7

RESUMO

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a principal porta de entrada no sistema de saúde e se

direciona para a promoção, prevenção e recuperação da saúde. No Brasil, o modelo de

Estratégia da Saúde da Família (ESF) foi escolhido para fortalecimento da APS. A renovação

da APS e o sistema baseado na ESF constitui uma importante abordagem para a produção de

melhorias e a promoção da equidade nos serviços de saúde. Visando atender a essas

necessidades a Assistência Farmacêutica precisa se reorganizar garantindo melhorias nos

processos logísticos de abastecimento e qualidade na Atenção à Saúde. A Organização Pan

Americana da Saúde (OPAS) apresenta uma alternativa para isto, a utilização do modelo de

gestão por processos tendo como foco principal o indivíduo, família e comunidade (IFC). Ao

direcionar a atenção principal do trabalho para IFC há a integração do farmacêutiuco com o

usuário e a equipe multidisciplinar, promovendo saúde e o uso racional dos medicamentos. O

propósito deste trabalho é aplicar o modelo de gestão por processos em uma farmácia de um

serviço da atenção primária à saúde do município do Rio de Janeiro com o intuito de

aproximar o farmacêutico na realização de serviços clínicos. Foi realizado um estudo de caso

para demonstrar como ocorreu a aplicação do modelo de gestão por processos apresentado por

autores que propõem a gestão por processos como um modelo alternativo à gestão

convencional focada em funções. Os processos da farmácia foram mapeados e redesenhados.

Os processos-chave e os críticos de êxito foram identificados e os indicadores foram

selecionados na literatura para a mensuração destes processos. O processo de logística foi

eleito como processo crítico, este processo teve seus indicadores mensurados ao longo de 6

meses, melhorias foram implantadas e foram definidos responsáveis por cada subprocesso. Os

técnicos de farmácia se aproximaram do processo de logística e o farmacêutico se aproximou

dos processos-chave. O processo-chave passou a ter maior destaque e participação do

farmacêutico visando à melhoria do atendimento ao usuário, além disto, foi iniciado um novo

processo-chave: o seguimento farmacoterapêutico de hipertensos. A reorientação do modelo

de gestão do serviço de farmácia pôde contribuir com a inserção do farmacêutico na equipe

multidisciplinar e na transformação do usuário do serviço no principal cliente das atividades

desenvolvidas pelo farmacêutico.

Palavras-chave: Assistência Farmacêutica. Gestão por Processos. Atenção Primária à Saúde.

8

ABSTRAT

The Primary Health Care (PHC) is the main gateway to the health system and is directed to

the promotion, prevention and recovery. In Brazil, the model of the Family Health Strategy

(FHS) was chosen to strengthen PHC. PHC renewal and based on the FHS system is an

important approach for producing improvements and promoting equity in health services.

Aiming to meet these needs the Pharmaceutical Assessment needs restructuring ensuring

improvements in logistics processes and supply quality in Health Care The Pan American

Health Organization (PAHO) presents an alternative to this, using the model of management

by processes having as main focus of the individual, family and community (IFC). By

targeting the main focus of the work for IFC pharmacist no integration with the user and

multidisciplinary team, health and promoting rational use of medicines. The purpose of this

paper is to apply the model of process management in a pharmacy of a service of primary

health care in the city of Rio de Janeiro in order to approach the pharmacist in clinical

services. A case study was conducted to demonstrate how the application of the management

model for processes submitted by authors propose process management as an alternative

model to conventional focused management functions occurred. The pharmacy processes

were mapped and redesigned. The key processes and critical success were identified and

indicators were selected from literature to measure these processes. The logistics process was

elected as a critical process, this process had its indicators measured over 6 months,

improvements were implemented and defined responsible for each subprocess. Pharmacy

technicians approached the logistics process and the pharmacist approached the key

processes. The key process now has greater prominence and participation of pharmacist

seeking to improve the service to the user, in addition, has started a new key case:

pharmacotherapeutic follow-up of hypertensive patients. The reorientation of the management

model of the pharmacy service could contribute to the insertion of the pharmacist in the

multidisciplinary team and the transformation of the service user in the main client of the

activities performed by the pharmacist.

Keywords: Pharmaceutical Assessment. Business Process Management. Primary Health Care.

9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Medicamentos padronizados na SMS/RJ, f. 29

Fig. 1 Estrutura por processos, f. 35

Fig.2 Tipos de processos, f. 35

Fig. 3 Exemplos de processos de serviços farmacêuticos, f. 40

Quadro 2 Plano do trabalho de campo, f. 47

Fig. 4 Mapa de processos da farmácia, f. 50

Fig. 5 Redesenho do mapa de processos da farmácia, f. 52

Quadro 3 Macroprocesso de logística com seus processos e subprocessos, f. 53

Quadro 4 Diagrama do processo de programação, f. 54

Quadro 5 Diagrama do processo de armazenamento, f. 54

Quadro 6 Diagrama do processo de distribuição, f. 55

Quadro 7 Ficha do processo de programação, f. 56

Quadro 8 Ficha do processo de distribuição, f. 57

Quadro 9 Ficha do processo de armazenamento, f. 58

Quadro 10 Matriz de responsabilidade da farmácia, f. 59

Quadro 11 Planilha dos indicadores selecionados para os processos críticos da farmácia, f. 60

Tab. 1 Indicadores dos processos de programação, distribuição e armazenamento medidos

ao longo de 6 meses, f. 61

Gráfico 1 Comparação dos indicadores de programação, distribuição e armazenamento

mensurados no serviço de farmácia da unidade de saúde pesquisada, Rio de Janeiro, maio a

outubro de 2013, f. 64

Fig. 6 Fluxograma do Novo Processo-chave, o Seguimento Farmacoterapêutico de

Hipertensos, f. 65

Quadro 12 Ficha do Novo Processo chave: Descrição das características do processo, f. 66

Quadro 13 Escala de Adesão Terapêutica de Morisky de 8 itens – MMAS-8, f. 69

10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO, p. 12 1.1 CONTEXTO, p. 12

1.2 JUSTIFICATIVA, p. 13

2 REFERENCIAL TEÓRICO, p. 15

2.1 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA, p. 15

2.1.1 O FARMACÊUTICO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA, p .18

2.1.2 ATENÇÃO FARMACÊUTICA, p. 22

2.2 HIPERTENSÃO, p.25

2.2.1 MEDICAMENTOS NA HIPERTENSÃO, p .28

2.3 GESTÃO POR PROCESSOS, p. 30

2.3.1 BREVE HISTÓRICO EVOLUTIVO, p. 30

2.3.2 GESTÃO POR PROCESSOS X GESTÃO CONVENCIONAL, p. 32

2.3.3 ANÁLISE, MODELAGEM E DOCUMENTAÇÃO DE PROCESSOS, p. 36

2.3.4 METODOLOGIAS PARA ORIENTAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE UMA GESTÃO BASEADA EM

PROCESSOS, p. 37

2.3.5 GESTÃO POR PROCESSOS NOS SERVIÇOS FARMACÊUTICOS, p. 39

3 OBJETIVOS, p. 42

3.1 OBJETIVOS GERAIS, p. 42

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS, p. 42

4 METODOLOGIA, p. 43

4.1 TIPO DE ESTUDO, p .43

4.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ESTUDOS DE CASO, p. 43

4.3 O CASO, p. 46

4.4 DESCRIÇÃO DO MÉTODO (TRABALHO DE CAMPO), p. 46

4.5 ANÁLISE, p. 48

4.6ASPECTOS ÉTICOS, p. 48

5 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO (CONSTRUINDO OS OBJETIVOS E

DISCUTINDO OS RESULTADOS), p. 50 5.1 PROCESSOS ATUAIS DA FARMÁCIA, p. 50

5.2 REDESENHO DO MAPA DE PROCESSOS DA FARMÁCIA, p .51 5.3 EXECUÇÃO E CONTROLE DOS PROCESSOS CRÍTICOS, p. 53

5.4 IDEALIZAÇÃO DO NOVO PROCESSO CHAVE, p. 65

5.5 PROPOSTA DE EXECUÇÃO DO NOVO PROCESSO CHAVE, p. 66 5.6 PROPOSTA DE CONTROLE DO NOVO PROCESSO CHAVE, p. 68

5.7 EXECUÇÃO DOS PROCESSOS CHAVES: DISPENSAÇÃO E INÍCIO DO SEGUIMENTO

FARMACOTERAPÊUTICO, p. 70

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS, p.72

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS, p. 75

8 APÊNDICES, p. 82

8.1 Banco de dados qualitativos do estudo de caso, p. 83

8.2 Planilha de registro dos dados para o cálculo dos indicadores do processo de distribuição,

11

p. 84

9 ANEXOS, p. 85

9.1 Cópia do documento de autorização para utilização de dados da unidade de saúde

pesquisada, p. 86

9.2 Método Dáder: planilha para registro de dados pessoais do usuário, p. 87

9.3 Método Dáder: planilha para registro das informações complementares, p. 88

9.4 Método Dáder: planilha para registro dos problemas de saúde, p. 89

9.5 Método Dáder: planilha para registro de informações sobre medicamentos, p. 90

9.6 Método Dáder: planilha para registro de verificação geral do usuário, p. 91

9.7 Método Dáder: planilha para registro da análise situacional, p. 92

9.8 Método Dáder: planilha para registro do plano de atuação, p. 93

9.9 Método Dáder: planilha para registro das intervenções, p. 94

9.10 Método Dáder: planilha para registro das entrevistas sucessivas, p. 95

12

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTO

No Brasil, as farmácias são estabelecimentos de saúde que executam um conjunto de

atividades que tem o eixo principal o medicamento. Como são estabelecimentos de saúde

devem oferecer serviços aos seus usuários, muito além da simples entrega de um produto

físico e estocável, como por exemplo a atenção farmacêutica. No entanto, o Brasil encontra-se

em um atraso considerável em relação à prestação de serviços farmacêuticos a usuários, com

poucos exemplos práticos em comparação com outros países (BORGES E NASCIMENTO

JR, 2008).

Algumas das atividades que estão sob a responsabilidade do farmacêutico, mesmo que não

exclusivas deste profissional, são o incentivo ao emprego racional dos medicamentos que

inclui o fornecimento de orientações para que seu consumo seja adequado, a educação dos

pacientes para a adesão aos tratamentos e a dos profissionais para uma prescrição racional e

correta. No entanto, o que ocorre é o desenvolvimento quase que somente das atividades

voltadas para a obtenção do medicamento (ARAÚJO e FREITAS, 2006; DE BERNARDI et

al, 2006; ARAÚJO, 2008). Borges e Nascimento Jr (2008, p.57) apontam diversos problemas

para explicar este fato:

a assistência farmacêutica é um tema desconhecido para os gestores do SUS, o que

leva à uma redução na compreensão das suas finalidades e propósitos; raros

municípios brasileiros têm a assistência farmacêutica implantada como serviço e esse

integrado aos demais serviços de saúde oferecidos à população; controle social frágil;

não incorporação de farmacêuticos na estrutura administrativa e de prestação de

serviços das secretarias municipais de saúde; problemas de formação acadêmica e

outros intrínsecos à profissão (divergências políticas e técnicas entre entidades

farmacêuticas, desmotivação dos profissionais); falta de valorização e reconhecimento

profissional; ausência de políticas claras e viáveis para a área de medicamentos;

entendimento do medicamento como uma mercadoria indiferenciada; escassez de

recursos financeiros e não priorização para a sua aplicação na área da saúde. O

principal deles, porém, é a falta de uma visão sistemática do serviço de farmácia, por

13

parte de toda a sociedade.

Como ressaltado acima, a falta de uma visão sistemática do serviço de farmácia por

parte da sociedade é uma realidade e para mudar este fato, a organização do serviço de

farmácia deve estar centrada no usuário, por isso a OPAS se posicionou quanto a este assunto

apresentando uma proposta de um modelo para a implantação de serviços farmacêuticos

baseados na atenção primária à saúde. Essa proposta apresenta a gestão por processos como

ferramenta a ser utilizada na organização dos serviços de farmácia (OPAS, 2013).

A orientação voltada para processos busca eficiência organizacional e foca atividades

geradoras de valor para os clientes. (SANZ et al, 2002; OLIVEIRA, 2012a). A OPAS

apresenta a entrega de serviços farmacêuticos como processos-chave, ou seja, os processos

voltados para o indivíduo, família e comunidade (OPAS,2013).

Este trabalho tem o propósito de aplicar a gestão por processos em um serviço de

farmácia de uma unidade de Atenção Primária à Saúde do município do Rio de Janeiro com a

pretensão de mudar o trabalho do farmacêutico fazendo com que ele se envolva mais nos

processos-chaves da farmácia.

1.2 JUSTIFICATIVA

O município do Rio de Janeiro adotou a Estratégia de Saúde da Família (ESF) para

fortalecer a Atenção Primária à Saúde. Desde então vem construindo novas unidades básicas

de saúde conhecidas como “Clinica da Família” e adaptando unidades básicas tradicionais

com equipes de saúde da família (SMSDC, 2010). O município do Rio de Janeiro avançou na

questão de ter farmacêutico em todas as unidades básicas de saúde, sejam as novas ou as

antigas adaptadas, uma vez que a ESF prevê farmacêutico apenas no Núcleo de Apoio à

Saúde da Família (NASF) (BRASIL, 2010). Este fato mostra por parte dos gestores o

reconhecimento da importância deste profissional na equipe de saúde da família. Porém, o

farmacêutico tem um desafio: se inserir na equipe de saúde tendo como foco o indivíduo, a

família e a comunidade. O farmacêutico pode contribuir com a equipe oferecendo serviços

farmacêuticos ao usuário (seguimento farmacoterapêutico, orientação individualizada,

realizando atividades com grupos específicos de usuários), fazendo visitas domiciliares no

contexto da assistência farmacêutica e contribuindo para discussões de casos e construção de

projeto terapêutico singular.

Uma maneira do farmacêutico se inserir na equipe multiprofissional seria através da

realização de um serviço clínico como o acompanhamento de usuários hipertensos. A

14

hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônica não transmissível, sendo as

doenças crônicas não transmissíveis as principais causas de óbitos no mundo. No Brasil elas

representam cerca de 70% das causas de óbitos. As doenças do aparelho circulatório, dentre

elas a hipertensão arterial, correspondem a cerca de 31,3% das causas de morte. Apesar da

HAS ter um diagnóstico fácil e tratamentos efetivos, a maior parte dos indivíduos em

tratamento não possui a pressão controlada (MALTA et al, 2011).

Os usuários hipertensos da unidade de saúde pesquisada são, em sua maioria, idosos,

com pouca instrução escolar e apresentam dificuldades em seguir a prescrição médica.

Percebendo esta problemática e a atual conjuntura da Atenção Primária no município do Rio

de Janeiro, é oportuno rever os processos de trabalho do serviço de farmácia com o intuito de

agregar valor ao serviço oferecido aos usuários.

A gestão orientada a processos tem como finalidade mapear os processos a fim de

melhorá-los e assim elevar a produtividade, com eficiência e eficácia, e aumentar o valor do

produto ou serviço. No caso da farmácia, aumentar o valor do serviço significa melhorar os

processos dirigidos aos usuários.

Como a pesquisadora é também funcionária do serviço de farmácia, descrever a

aplicação deste modelo de gestão torna-se de grande utilidade ao ter-se como produto um

projeto factível.

15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O primeiro grupo teórico visa compreender o contexto da organização em estudo, a

farmácia de um serviço de saúde da atenção primária. O segundo grupo teórico traz o

referencial sobre a gestão por processos e a proposta da Organização Panamericana de Saúde

(OPAS) de aplicação da gestão por processos em farmácias locais.

2.1 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

O termo assistência farmacêutica foi citado oficialmente pela primeira vez no Brasil na

Política Nacional de Medicamento (PNM), que sofreu influência da OMS, como:

Grupo de atividades relacionadas com o medicamento, destinada às ações de saúde

demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em

todas e em cada uma de suas etapas constituitivas, a conservação e o controle de qualidade, a segurança e a eficiência terapêutica dos medicamentos, o

acompanhamento, e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação

sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais da saúde, do paciente

e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos (BRASIL,1998,

p.15).

A assistência farmacêutica envolve atividades tanto clínicas como gerenciais e é

conhecida como um ciclo, porque cada etapa dá seguimento a outra. O ciclo compreende

atividades gerenciais como: a seleção, programação, aquisição, armazenamento e distribuição.

E atividades clínicas que envolvem a utilização de medicamentos: a prescrição, a dispensação

e o uso de medicamentos.

As atividades gerenciais são executadas obedecendo a normas e procedimentos pré-

estabelecidos com intuito de proporcionar o abastecimento de medicamentos de qualidade,

seguros e eficazes, passo essencial para garantir o acesso da população a este insumo.

Quanto às atividades clínicas, a prescrição apresenta-se bem normatizada legalmente,

ela é um documento com valor legal, mas na prática geralmente as normas não são seguidas

16

pelo prescritor. A dispensação farmacêutica, atividade muito importante, mas pouco

valorizada, compreende segundo a Política Nacional de Medicamentos (PNM):

o ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou mais medicamentos a um

paciente, geralmente como resposta a apresentação de uma receita elaborada por um

profissional autorizado. Neste ato o farmacêutico informa e orienta o paciente sobre o

uso adequado do medicamento. São elementos importantes da orientação, entre

outros, a ênfase no cumprimento da dosagem, a influência dos alimentos, a interação com outros medicamentos, o reconhecimento de reações adversas potenciais e as

condições de conservação dos produtos (BRASIL, 1998, p. 15).

A dispensação, em alguns países como por exemplo os Estados Unidos, ocorre com o

técnico de farmácia separando os itens contidos na prescrição e passando para o farmacêutico

fazer a conferência e entregar ao usuário informando-o e orientando-o. No Brasil, apesar da

colocação da PNM de ser ato do farmacêutico, normalmente esta atividade é atribuição do

atendente de farmácia, que na maioria dos casos não é um técnico habilitado (PEREIRA e

FREITAS, 2008). Já a dispensação de medicamentos na alta hospitalar é considerada muito

importante visto que é desta atividade que ocorrerá a continuação do tratamento. Porém, na

prática, a maioria dos hospitais não fornecem os medicamentos na alta e no caso de doenças

crônicas não faz a contra-referência para o seguimento do tratamento, deixando que o próprio

usuário procure na rede de atenção à saúde uma porta de entrada. Segundo Oliveira,

Bermudez e Osório-de-Castro (2007) o seguimento de um protocolo de dispensação para o

farmacêutico ou o seu colaborador é uma medida útil, e este protocolo deve se basear tanto

nas listas de medicamentos selecionados da instituição ou sistema quanto na legislação

farmacêutica vigente. Ainda, segundo os mesmos autores, a política de dispensação de

medicamentos nos sistemas de saúde deverá estar alicerçada sobre três pólos: a lista de

medicamentos selecionados (constantemente revista e atualizada de acordo com o perfil do

sistema), a legislação vigente e o orçamento disponível (capacidade de financiamento).

O uso dos medicamentos envolve a administração do medicamento e a adesão à

terapêutica prescrita. (OLIVEIRA; BERMUDEZ; OSÓRIO-de-CASTRO, 2007).

Informações sobre estas ações são prestadas aos usuários pelos profissionais de saúde,

principalmente o médico e o enfermeiro. Mas o farmacêutico através de práticas como a

Farmácia Clínica, pode prestar apoio sobre medicamentos aos profissionais de saúde, e a

Atenção Farmacêutica, prática onde se pode, por exemplo, permitir um seguimento

farmacoterapêutico individualizado, passa a exercer efetivamente a atividade clínica do ciclo

de assistência farmacêutica (PEREIRA e FREITAS, 2008). Segundo Borges e Nascimento Jr.

(2008), realizar o seguimento farmacoterapêutico demanda muito tempo do farmacêutico e

um preparo técnico que muitas vezes este profissional não possui. Estes autores acham que

17

atualmente é inviável realizar sistematicamente o seguimento, mesmo sabendo dos benefícios

que resultam dele, e propõem um modelo de prática que acreditam contribuir de modo

decisivo para a adesão ao tratamento. Esta pratica foi denominada pelos autores de POM

(Princípio de Orientação Mínima aos Usuários de Medicamentos).

A assistência farmacêutica idealizada como atividade multiprofissional, mas entendida

na prática como atividade do farmacêutico, encontra-se em um estágio incipiente, tendo

apenas parte de seus objetivos sendo executados. Como aponta Araújo e Freitas (2006), em

um estudo realizado nas farmácias das unidades básicas de Ribeirão Preto, as atividades do

farmacêutico estão relacionadas à tecnologia de gestão do medicamento, de forma a garantir o

abastecimento e o acesso, com objeto no controle de estoque, faltando atividades relacionadas

à tecnologia do uso do medicamento: uso correto e eficaz. Os autores acreditam que a falta de

um modelo que norteie as práticas da Assistência Farmacêutica nos sistemas locais seja um

dos fatores que têm dificultado sua evolução.

Araújo (2008) revisou e analisou a assistência farmacêutica na atenção primária e

verificou que as farmácias de unidades básicas possuíam estrutura física pequena, cerca de 20

metros quadrados, com os medicamentos sendo entregues através de uma “janela” ou balcão

envidraçado, com uma demanda crescente de usuários e com o profissional farmacêutico

ocupando grande parte do seu tempo na resolução de problemas operacionais referentes a

gestão dos estoques, o que não permitia um atendimento individualizado ou uma orientação

adequada.

No estudo realizado por De Bernardi et al (2006) foi percebido que de 20 municípios

pesquisados, somente cinco tinham farmacêutico contratado e geralmente este era responsável

pela Assistência Farmacêutica (AF), vigilância sanitária e Laboratório de análises clínicas. Os

municípios eram de pequeno porte e possuíam uma farmácia central, onde ocorria a

dispensação de medicamentos, geralmente por um profissional não farmacêutico. A AF foi

avaliada como deficitária com necessidade de maiores investimentos em recursos humanos,

físicos e materiais.

Já no estudo realizado por Naves e Silver (2005), foram utilizados os mesmos

indicadores da assistência farmacêutica propostos pela Organização Mundial de Saúde, em

amostra aleatória de 15 centros de saúde dos 62 do Distrito Federal. Foi percebido que apenas

18,7% dos pacientes compreendiam integralmente a prescrição, sendo que 56,3% conseguiam

ler a receita.

Isso indica que, ao menos no primeiro nível de atenção à saúde, há uma necessidade

de sensibilizar os gestores de que a presença do farmacêutico significa uma economia para os

18

cofres públicos e privados, visto que o medicamento é um insumo caro e um mau

gerenciamento causa prejuízo financeiro. O prejuízo maior é sem dúvida para o usuário do

sistema de saúde que não tem uma melhora da sua situação ou apresenta piora do seu quadro

devido ao uso inadequado ou irracional do medicamento.

2.1.1 O FARMACÊUTICO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA

No cenário internacional, países com atenção primária forte tem mostrado melhores

resultados de saúde. (STARFIELD, 2002)

No cenário brasileiro, vive-se tempos de escassez no financiamento do Sistema Único

de Saúde (SUS) aliado a dados de má gestão. (CARVALHO, 2012; MENDES, 2012). Numa

tentativa de melhorar os resultados em saúde e racionalizar os gastos em saúde, o governo

brasileiro, desde 1994, vem implantando a saúde da família, inicialmente como um programa

e agora como estratégia para melhorar a atenção primária no país. O Ministério da Saúde

(MS) vem fazendo repasses financeiros aos municípios que adotam a Estratégia de Saúde da

Família (ESF) substituindo o modelo tradicional - os postos de saúde ou centros de saúde - ou

convivendo com ele (BRASIL, 2011a).

De fato, é necessário uma estratégia para melhorar a APS e estudos citados por

Mendes (2012) indicam que vem melhorando, mesmo que muito lentamente e ainda com

muitos desafios a vencer. A ESF vem trazendo mudanças em todas as categorias

profissionais, haja vista que, para se consolidar, seja necessário, entre outras coisas, uma

mudança de paradigma na prática de trabalho, mudança do modelo hospitalocêntrico, baseado

nas consultas com médicos especialistas e focado na doença, para um modelo de cuidado com

foco nas pessoas em seu contexto social através de um acompanhamento com uma equipe de

saúde (BRASIL, 2010).

A nível mundial, o farmacêutico tem redirecionado a sua prática profissional para o

cuidado do usuário com práticas voltadas para o contato direto, prática esta que foi deixada de

lado com o desenvolvimento da indústria farmacêutica, onde as atividades farmacêuticas

voltaram-se principalmente para a produção de medicamentos, abandonando as atividades

exercidas pelos boticários, que preparavam e vendiam medicamentos fornecendo orientações

aos seus clientes sobre o uso dos mesmos e inclusive prescrevendo, o que era comum

(VIEIRA, 2007). O redirecionamento da prática farmacêutica inclui a farmácia clínica

iniciada na década de 1960 e a atenção farmacêutica iniciada nos anos de 1990 (PEREIRA e

FREITAS, 2008).

19

O papel do farmacêutico nos sistemas de saúde passou a ser pauta de reunião na

Organização Mundial de Saúde (OMS) e após várias discussões, em 1994, foi definido que: o

farmacêutico deve colaborar com os objetivos de garantir a qualidade, acesso e uso racional

de medicamentos; a atenção farmacêutica deve ser desenvolvida; os Estados Membros e as

associações de farmacêuticos devem definir o papel do farmacêutico na atenção à saúde;

deve-se aproveitar melhor as capacidades deste profissional nos sistemas de saúde; e que a

OMS deve apoiar os países no desenvolvimento de serviços farmacêuticos. Em 1997 foram

discutidos os conhecimentos e habilidades que o farmacêutico deve ter e a necessidade de

mudanças na educação básica do farmacêutico (OMS / FIP, 2006). Em 2006, uma parceria

entre a OMS e a Federación Farmacéuticos Internacional (FIP) gerou um documento como

ferramenta para apoiar a mudança da prática: Developing Pharmacy Practice: A Focus em

Patiente Care. O produto mais recente desta aliança é o documento publicado em 2011:

Buenas Prácticas en Farmacia – estándares para la calidade de los servicios farmacéuticos

(OMS/FIP, 2011).

Na região das Américas, a OPAS em 2010, pela primeira vez iniciou a discussão sobre

serviços farmacêuticos ao publicar um documento não finalizado intituído “Guía de Servicios

Farmacéuticos em la Atencion Primaria de la Salud” propondo um modelo para o

desenvolvimento de serviços farmacêuticos baseados em APS. Do foco em logística de

medicamentos e atenção curativa para o foco na saúde e estilos de vida. Somente em 2013 a

OPAS finalizou a discussão sobre serviços farmacêuticos e apresentou seu posicionamento em

relação ao assunto publicando o documento “Servicios farmacêuticos basados em la atención

primaria de salud”. Neste documento é apresentado a definição para serviços farmacêuticos,

com a consideração de que trata-se de um ideal e que deverá ser adaptado às condições

próprias de cada país. Segundo a OPAS/OMS (2013, p.3), serviços farmacêuticos são

definidos como:

Conjunto de ações em um sistema de saúde que buscam garantir a atenção integral,

integrada e continua às necessidades e problemas de saúde da população tanto

individual como coletiva, tendo o medicamento como um de seus elementos

essenciais, e contribuindo a seu acesso equitativo e seu uso racional. Estas ações,

desenvolvidas pelo farmacêutico - ou sob sua coordenação – incorporado a uma

equipe de saúde e com a participação comunitária, tem como objetivo a obtenção de

resultados concretos em saúde com vistas a melhoria da qualidade de vida da

população.

Este mesmo documento também apresenta a missão e a visão dos serviços

farmacêuticos:

20

Missão:

contribuir com o cuidado de saúde individual e coletiva da população, através da

participação ativa do profissional farmacêutico na equipe de saúde e na comunidade,

com serviços integrais, integrados e contínuos, comprometidos com acesso equitativo

a medicamentos e outros insumos sanitários essenciais de qualidade, e seu uso

racional, incluindo as terapias alternativas e complementares em um sistema de saúde

baseado na atenção primaria à saúde, para alcançar seu maior nível de saúde possível.

Visão:

Serviços farmacêuticos, com relevância social, integrados ao sistema de saúde e

baseados na atenção primaria à saúde, que respondam as necessidades do indivíduo,

família e comunidade, com papeis e funções bem definidos que promovam estilos de

vida saudáveis, e o acesso e o uso racional dos medicamentos, contribuindo assim ao

alcance do mais alto nível de saúde possível.

Antes da finalização do documento sobre os serviços farmacêuticos houve uma

publicação em 2012 que ainda permanece aberta para considerações, “Competências do

farmacêutico para desenvolvimento de serviços farmacêuticos”, onde são apresentadas 25

competências como recomendação (CPEF/FFA/FIP/OPS/OMS, 2012).

No Brasil, o desenvolvimento de Serviços Farmacêuticos na APS é incipiente ou quase

inexistente, ainda não há farmacêutico em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e

quando há, este emprega muito de seu tempo com atividades logísticas do medicamento

(PEREIRA e FREITAS, 2008; ARAÚJO et al, 2008). São poucas as iniciativas em que o

farmacêutico desenvolve o serviço de atenção farmacêutica, geralmente ocorre como produto

de uma pós-graduação ou como uma parceria entre a universidade e o município. No contexto

da ESF, o farmacêutico não compõe a equipe mínima, ele se insere no Núcleo de Apoio à

Saúde da Família (NASF). Trabalhos que mostram a atuação do farmacêutico nesta área são

escassos. Mas algumas iniciativas têm mostrado bons resultados. Uma delas foi a realizada

em Goiânia - onde após a realização de seguimento farmacoterapêutico de usuários

hipertensos, ocorreu a identificação dos PRMs que geraram intervenções farmacêuticas e

estas foram apresentadas à equipe da ESF. Então, outros profissionais de saúde perceberam a

importância do farmacêutico na equipe. Essa percepção gerou mudanças, com a inserção do

farmacêutico na estrutura da equipe de saúde da família (PROVIN et al, 2010). A outra

iniciativa foi a realizada em Florianópolis – onde o seguimento farmacoterapêutico de

algumas doenças crônicas adotou para a resolução dos PRMs, uma abordagem que inclui os

contextos familiar e social, os autores observaram a importância da família e dos grupos de

apoio para a resolução dos PRMs (FOPPA et al, 2008).

21

O desenvolvimento dos Serviços Farmacêuticos está ocorrendo dentro de um

panorama político-econômico que se transformou nas últimas duas décadas em um modelo de

economia capitalista, a partir da implantação das mudanças neoliberais e das dificuldades de

alguns países em construírem alternativas capazes de se generalizar com igualdade social e

com liberdade política. Como diz Rozenfeld (2008):

temos sido atores e platéia de um espetáculo no qual predomina o mercado, que avassala o conjunto da sociedade e se sobrepõe a todas as outras dimensões da vida

humana. Sucessos e vitórias, pessoais e coletivos, são medidos pela impiedosa métrica

do dinheiro. Importa ter e não ser. Importa parecer ter e não verdadeiramente ser.

(ROZENFELD, 2008, p. 562)

Essas questões se refletem na prática do farmacêutico, pois apesar de a OMS

reconhecer esse profissional como chave na implantação dos serviços farmacêuticos, o que se

observa no Brasil são iniciativas isoladas e não ações inseridas nos planos municipais de

saúde. É claro que algumas atitudes fogem ao poder de governança deste profissional,

cabendo ao Estado fazê-las como promover medidas que diminuam as desigualdades de

acesso a medicamentos.

Rozenfeld (2008) destaca outra situação que merece atenção do Estado, é a pressão

dos fabricantes sobre médicos e pesquisadores, onde brindes são moeda corrente na compra

de consciências enquanto que o que deveria influenciar são evidências científicas. Mesmo

profissionais que conhecem o paradigma das condutas baseadas em evidências preferem atuar

mais comodamente informados por propagandistas de laboratórios, palestras em congressos e

consensos de sociedades nacionais e internacionais, optando pela informação passiva e

permeada pelo conflito de interesses. Talvez no setor privado isto seja mais forte que no

público, pelo menos são comuns as visitas dos propagandistas das indústrias farmacêuticas

nos consultórios médicos e também prescrição de “novos medicamentos”, porém no público

isto também ocorre. E as pessoas, podendo pagar ou não, ficam a mercê desta situação.

Mas ações no campo de governança do profissional farmacêutico devem ser pensadas

e algumas atitudes na APS podem melhorar a situação de saúde das pessoas, diminuindo

internações hospitalares ou retardando processos de doença, melhorando a qualidade de vida

das pessoas e aumentando a expectativa de vida. Em vários países já se reconhece o papel do

farmacêutico na melhoria da qualidade da prescrição e da dispensação. Um exemplo é a

inserção do farmacêutico no manejo das doenças crônicas, pratica comum nos EUA (Pizzi et

al, 2001). No Brasil, algumas iniciativas do governo federal com o intuito de qualificar as

ações dos farmacêuticos vem ocorrendo: o MS publicou o livro “Planejar é Preciso: Uma

22

proposta de Método para Aplicação à Assistência Farmacêutica”, foi oferecido o curso de

especialização em gestão da Assistência Farmacêutica aos farmacêuticos de todos os estados

brasileiros e houve a implementação de mestrados profissionalizantes o que tem colaborado

para a busca de metodologias que possam ser aplicadas na prática profissional com o intuito

de melhorar o cenário atual (BRASIL, 2006a).

Serviços farmacêuticos, como apresentado anteriormente, são discutidos mais

recentemente pela OPAS com o intuito de incentivar os farmacêuticos a participarem

diretamente no cuidado das pessoas e contribuírem para a melhoria da atenção primária na

região das Américas (OPAS, 2013). Já a Atenção Farmacêutica merece ser discutida por ter

sido inserida na sociedade desde os anos 90 e por ser uma prática consolidada em vários

países (CORDEIRO e REYNAUD, 2008; PEREIRA e FREITAS, 2008).

2.1.2 ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO BRASIL

O desenvolvimento da indústria farmacêutica levou o farmacêutico a ser o profissional

do medicamento e o afastou do cuidado do paciente, sendo visto apenas como vendedor ou

entregador de medicamentos (PEREIRA e FREITAS, 2008).

Nos anos 60, esta situação levou estudantes e professores da Universidade de São

Francisco a refletir sobre a prática do farmacêutico e isto levou a um movimento chamado de

Farmácia Clínica. No entanto a prática de Farmácia Clínica foi desenvolvida no ambiente

hospitalar com o farmacêutico analisando a farmacoterapia dos pacientes internados e

prestando apoio técnico a equipe de saúde (PEREIRA e FREITAS, 2008).

O farmacêutico continuava afastado do contato direto com o paciente, então o conceito

de atenção farmacêutica apareceu pela primeira vez em 1975 como: “A atenção que um dado

paciente requer e recebe com garantias do uso seguro e racional dos medicamentos” (Mikeal1

et al, 1975 apud OMS e FIP, 2006, p.29).

Segundo a revisão feita por Pereira e Freitas (2008), Hepler e Strand foram os

primeiros autores a definir cientificamente o termo “Pharmaceutical Care” que foi traduzido

no Brasil para Atenção Farmacêutica. “Atenção Farmacêutica é a provisão responsável do

tratamento farmacológico com o objetivo de alcança resultados satisfatórios na saúde,

melhorando a qualidade de vida do paciente” (HEPLER e STRAND, 1990, p.539). Logo

1 MIKEAL, R.L. et al. Quality of Pharmaceutical Care in Hospitals. Am. J. Hosp. Pharm.,

v.32, n.6, 1975, p.567-674

23

depois o conceito elaborado por Hepler e Strand passou a ser discutido, aceito e ampliado pela

OMS. A Espanha também passou a discutir o termo “Atención Farmacéutica” e em 2001

elaborou um consenso sobre atenção farmacêutica. O documento gerado pelo consenso

ressalta três serviços para a prática de atenção farmacêutica: A dispensação de especialidades

farmacêuticas, consulta ou indicação farmacêutica e seguimento farmacoterapêutico

personalizado (CORDEIRO e REYNAUD, 2008). Este país desenvolveu um modelo de

seguimento farmacoterapêutico, denominado método Dader, criado por um grupo de

investigação em Atenção Farmacêutica da Universidade de Granada (HERNANDEZ,

CASTRO e DÁDER, 2010).

No Brasil, expertises participaram de uma oficina liderada pela Organização Pan-

Americana de Saúde (OPAS), OMS e Ministério da Saúde para discutir o termo Atenção

Farmacêutica. Após a oficina, foi realizada uma reunião onde foi gerado um documento com a

proposta de consenso sobre Atenção Farmacêutica. Ficou assim definido:

Um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades,

compromissos e co-responsabilidades na prevenção de doenças,promoção e

recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do

farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de

resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida.

Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as

suas especificidades bio-psico-sociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde.

(OPAS, 2002, p. 16).

O consenso também define os macro-componentes da atenção farmacêutica: educação

em saúde (promoção do uso racional de medicamentos), orientação farmacêutica, dispensação

de medicamentos, atendimento farmacêutico, acompanhamento farmacoterapêutico e registro

sistemático das atividades (OPAS, 2002).

Na revisão de Pereira e Freitas (2008) foi identificado que a atenção farmacêutica

baseia-se principalmente no seguimento farmacoterapêutico dos usuários, buscando a

obtenção de resultados terapêuticos por meio da resolução dos problemas com medicamentos.

Eles perceberam também que os modelos de seguimento farmacoterapêutico mais utilizados

são o espanhol (Método Dáder) e o americano (Modelo de Minnesota).

Nesta mesma revisão os autores puderam perceber que alguns países desenvolvidos

como Estados Unidos, Canadá, Espanha, Alemanha, França, Suécia, entre outros implantaram

e implementaram a atenção farmacêutica por possuírem um sistema de saúde estruturado e

reconhecerem o farmacêutico como imprescindível na saúde. Esses países estavam discutindo

os honorários do farmacêutico na prestação do serviço. No Canadá, por exemplo, os

honorários são repassados ao farmacêutico quando este demonstra êxito com seguimento

24

farmacoterapêutico dos usuários (PEREIRA e FREITAS, 2008).

2.1.2.1 O Seguimento Farmacoterapêutico pelo método Dáder

Dentre os métodos para a realização da Atenção Farmacêutica, o Método Dáder de

Seguimento Farmacoterapêutico (SFT), foi desenhado pelo Grupo de Investigação em

Atenção Farmacêutica da Universidade de Granada em 1999, e atualmente está sendo

utilizado em diversos países. Trata-se de um procedimento operacional que permite realizar

SFT a qualquer paciente, em qualquer âmbito assistencial, de forma sistematizada, continuada

e documentada. Seu desenvolvimento permite registrar, monitorar e avaliar os efeitos da

farmacoterapia de um paciente, através de um processo simples e claro (HERNANDEZ,

CASTRO e DÁDER, 2010).

O Método Dáder fundamenta-se na obtenção da informação sobre os problemas de

saúde e os medicamentos utilizados pelo paciente, elaborando assim a história

farmacoterapêutica. A partir da informação contida nessa história, é realizada uma análise

situacional, um panorama da saúde do paciente e tratamento em diferentes momentos. A partir

da análise situacional é estabelecido com o paciente um plano de atuação do farmacêutico,

onde todas as intervenções oportunas para melhorar ou preservar seu estado de saúde serão

realizadas (HERNANDEZ, CASTRO e DÁDER, 2010).

O SFT contribui para prevenção do problema complexo que é a ocorrência de Reações

Adversas a Medicamentos (RAM). Através da Atenção Farmacêutica o farmacêutico participa

de forma ativa e contínua no sistema de notificação de RAM, proporcionando informações

relevantes ao Sistema de Farmacovigilância (OPAS, 2002).

A intervenção farmacêutica é definida por Hernandez, Castro e Dáder (2010, p.66)

como “qualquer ação que surge de uma tomada de decisão prévia e que trata de modificar

alguma característica do tratamento do paciente que o utiliza ou das condições que o

envolvem”. Sua finalidade é resolver ou prevenir os Resultados Negativos a Medicamentos

(RNM), preservar ou melhorar os resultados positivos alcançados ou simplesmente assessorar

ou instruir o paciente para conseguir um melhor cuidado e seguimento de seus problemas de

saúde e um melhor uso de seus medicamentos (HERNANDEZ, CASTRO e DÁDER, 2010).

No Brasil, a Atenção Farmacêutica (AF) para se consolidar como prática profissional

nos serviços de saúde, como toda prática nova, precisa ser embasada cientificamente.

25

No estudo de Castro et al (2006) foi realizado um ensaio clinico randomizado duplo

cego para o seguimento de pacientes hipertensos em nível terciário da atenção, onde foi

possível detectar que a AF é exeqüível e contribui para a diminuição da pressão arterial de

pacientes hipertensos não-controlados. Os autores consideraram ser necessário o

desenvolvimento de novos estudos envolvendo esta prática profissional em atenção primária e

secundária para que sejam avaliadas técnicas específicas de intervenção e confirmada a

proporção de pacientes que podem ser beneficiados.

Souza e colaboradores (2009) ao realizar o seguimento farmacoterapêutico de 10

usuários hipertensos sugeriram 69 intervenções farmacêuticas (IF), sendo que após as IF,

somente 4 usuários não apresentaram pressão normal ou limítrofe mas tiveram uma ligeira

redução na pressão, ainda que 2 destes estivessem aguardando IF que seriam realizadas pelo

profissional médico. Para os autores, os resultados permitiram concluir que AF influencia

positivamente na otimização da terapêutica principalmente na identificação, resolução e

prevenção de problemas decorrentes do uso de medicamentos.

Cordeiro (2007) ao realizar seguimento farmacoterapêutico de gestantes soropositivas

concluiu que a prática se mostrou efetiva para a resolução de problemas com medicamentos

quando associado a trabalho multidisciplinar de atenção integral.

Segundo Pereira e Freitas (2008) para a implementação da Atenção Farmacêutica no

Brasil são necessárias mudanças na estrutura e processos dos serviços de saúde, na

capacitação do profissional farmacêutico para esta nova atividade e a criação e validação,

social e econômica de modelo tecnológico de Atenção Farmacêutica. Eles concluem que

existem farmacêuticos, isoladamente, que buscam alternativas para desenvolver a Atenção

Farmacêutica, mas na maioria das vezes ocorre com associação às Universidades e seus

docentes. E para a implementação efetiva da Atenção Farmacêutica no setor público, devem-

se conscientizar os gestores que esta atividade reduz custos para o sistema de saúde e melhora

a qualidade de vida dos usuários, enquanto que no setor privado, pode representar o

diferencial de atendimento que contribui para a fidelidade do cliente.

Como apresentado, a atenção farmacêutica representando o seguimento

farmacoterapêutico não é uma prática consolidada nos serviços de saúde pública e para

contribuir para que esta prática possa algum dia ser consolidada, este trabalho científico

propõe iniciar o seguimento farmacoterapêutico de hipertensos.

2.2 HIPERTENSÃO

26

A Sociedade Brasileira de Cardiologia ao publicar a VI diretrizes brasileiras de

hipertensão apresenta o conceito de hipertensão (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIA, 2010, p. 1) :

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial

caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA). Associa-se

frequentemente a alterações funcionais e /ou estruturais dos orgãos-alvo (coração,

encefalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente

aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais.

A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle, é considerada um dos

principais fatores de risco modificáveis para a doença cardiovascular e um dos mais

importantes problemas de saúde pública devido a carga de doenças representada pela

morbimortalidade causada por ela. Quanto às baixas taxas de controle da HAS, que ocorre em

todo o mundo, são considerados os principais fatores: a doença ser, na maior parte das vezes,

de curso assintomática, seu diagnóstico e tratamento frequentemente negligenciados e a baixa

adesão do usuário ao tratamento prescrito. Para a doença cardiovascular, outros fatores de

risco são considerados principais: história familiar de doença arterial coronariana (DAC)

prematura, homem maior de 45 anos e mulher maior de 55 anos, tabagismo,

hipercolesterolemia, diabete mellito, obesidade, gordura abdominal, sedentarismo, dieta pobre

em frutas e vegetais, estresse psico-social (BRASIL, 2006b).

O mundo moderno, industrializado e consumista, apresenta um modo de vida onde as

pessoas precisam trabalhar muitas horas para ter o capital necessário e com isto não há tempo

para praticar exercícios físicos, ter uma alimentação saudável, já que esta é substituída por

alimentos industrializados que têm, em sua maioria, altas taxas de gordura e açúcares, o que

torna a sociedade moderna obesa. No Brasil, 48% das brasileiras e 50,0% dos brasileiros

adultos encontram-se com peso considerado excessivo (SCHMIDT e DUNCAN, 2011). A

obesidade, o tabaco e o consumo de álcool são os principais fatores de risco para as doenças

crônicas não transmissíveis (DCNT) que, no Brasil, constituem o problema de saúde de maior

magnitude e respondem por cerca de 70% das causas de morte. Estão entre as DCNT o

acidente vascular encefálico, infarto, hipertensão arterial, câncer, diabetes e doenças

respiratórias crônicas, sendo que as doenças do aparelho circulatório são responsáveis por

31,3% das causas de óbitos. As DCNT atingem indivíduos de todas as camadas

socioeconômicas, com maior prevalência para os grupos vulneráveis, baixa renda e

escolaridade. Além disso, contribui para o aumento da pobreza do indivíduo e das famílias e

oneram os sistemas de saúde, já que os gastos com essas doenças reduzem a disponibilidade

de recursos para alimentação, moradia e educação, mesmo no Brasil que tem o Sistema Único

27

de Saúde (SUS) gratuito e universal, devido aos custos agregados (MALTA et al, 2011).

O Brasil, após um debate mundial sobre como enfrentar a DCNT, elaborou um plano,

o “plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíves

no Brasil, 2011-2022”. Esse plano contou com a participação de diferentes instituições,

secretarias e áreas técnicas do Ministério da Saúde e outros orgãos governamentais. O plano

possui diretrizes e metas para enfrentar e combater principalmente os fatores de risco, mas

também as doenças instaladas (MALTA et al, 2011).

Desde a criação do departamento de atenção básica em 2006, o Ministério da Saúde

tem publicado manuais no intuito de estabelecer diretrizes para o manejos das doenças

sensíveis à atenção primária. Em 2006 foi publicado o manual da série “Cadernos de Atenção

Básica” sobre prevenção clínica de doença cardiovascular, cerebrovascular e renal crônica,

com o objetivo de nortear planos de ação de cuidado integral, com foco na prevenção das

doenças cardiovasculares (doenças cardíacas ateroscleróticas, cerebrovasculares e renais)

sistematizando as condutas atuais recomendadas com base em evidências científicas e teve a

contribuição de profissionais de reconhecido saber e das sociedades científicas da área

(BRASIL, 2006b).

A principal relevância na identificação e controle da HAS reside na diminuição de

suas complicações, tais como: doença cérebro-vascular, doença arterial coronariana,

insuficiência cardíaca, doença renal crônica, doença arterial periférica (BRASIL, 2006b).

A HAS é definida como pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma

pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg. Devem-se considerar no diagnóstico da

HAS, além dos níveis tensionais, o risco cardiovascular global estimado pela presença dos

fatores de risco, a presença de lesão nos orgãos-alvo e as comorbidades presentes (BRASIL,

2006c).

O Ministério da Saúde em uma outra série dos “Cadernos de Atenção Básica”, traz o

manual dedicado a HAS que atualiza conhecimentos e estratégias e visa melhorar a

capacidade da Atenção Primária para abordagem integral desse agravo. O manual

esquematiza as condutas para diagnóstico e classificação da HAS, bem como da avaliação

clínica. Também faz uma abordagem do tratamento não farmacológico e farmacológico da

hipertensão arterial secundária, da estratificação do risco cardiovascular. Traz considerações

sobre a hipertensão em populações especiais, sobre situações de emergência e urgência

hipertensiva e os critérios de encaminhamento para referência e contra-referência (BRASIL,

2006c).

28

2.2.1 MEDICAMENTOS NA HIPERTENSÃO

O manual do ministério da saúde, o caderno de atenção básica sobre hipertensão,

define seis recomendações como princípios gerais do medicamento (BRASIL, 2006c, p.28).

Esses princípios são:

1) O medicamento anti-hipertensivo deve ser eficaz por via oral, ser bem tolerado e

permitir a administração em menor número possível de tomadas, diárias, com

preferência para posologia de dose única diária.

2) Iniciar com as menores doses efetivas preconizadas para cada situação clínica,

podendo ser aumentadas gradativamente. Deve-se levar em conta que quanto maior a

dose, maiores serão as probabilidades de efeitos adversos.

3) Pode-se considerar o uso combinado de medicamentos anti-hipertensivos em

pacientes com hipertensão em estágio 2.

4) Respeitar o período mínimo de quatro semanas, salvo em situações especiais, para

aumento de dose, substituição da monoterapia ou mudança da associação de fármacos.

5) Instruir o paciente sobre a doença hipertensiva, particularizando a necessidade do

tratamento continuado, a possibilidade de efeitos adversos dos medicamentos

utilizados, a planificação e os objetivos terapêuticos.

6) Considerar as condições socioeconômicas.

Os agentes anti-hipertensivos exercem sua ação terapêutica através de distintos

mecanismos que interferem na fisiopatologia da hipertensão arterial. Basicamente, podem ser

catalogados em cinco classes, diuréticos, inibidores adrenérgicos, vasodilatadores diretos,

antagonistas do sistema renina-angiotensina e bloqueadores do canal de cálcio (RANG,

DALE e RITTER, 2001).

Entre os fármacos mais estudados e que se mostraram benéficos em reduzir eventos

cardiovasculares, cerebrovasculares e renais maiores estão os diuréticos em baixas doses.

Considerando ainda o baixo custo e extensa experiência de emprego, são recomendados como

primeira opção anti-hipertensiva na maioria dos pacientes hipertensos. Devem ser prescritos

em monoterapia inicial, especialmente para pacientes com hipertensão arterial em estágio 1

que não responderam às medidas não-medicamentosas. Entretanto, a monoterapia inicial é

eficaz em apenas 40% a 50% dos casos. Muitos pacientes necessitam a associação com anti-

hipertensivo de outra classe, como inibidores da ECA, beta-bloqueadores, antagonista do

cálcio. Para pacientes em estágio 2, pode-se considerar o uso de associações de fármacos anti-

hipertensivos como terapia inicial (BRASIL, 2006c).

O uso de antiagregantes, em especial a aspirina em dose baixa (100 mg/dia), reduz a

morbimortalidade cardiovascular de pacientes que apresentam hipertensão e doença

cardiovascular manisfesta. Em pacientes sem doença aterosclerótica definida, o emprego de

29

aspirina também é recomendado naqueles com HAS, acima de 50 anos e considerados de alto

risco cardiovascular (probabilidade >20% de apresentar um evento cardiovascular em 10

anos). Cabe ressaltar, que o benefício deve ser balanceado com os efeitos adversos associados

a esta terapia, como AVCs hemorrágico e hemorragias gastrintestinais. Em indivíduos com

HAS e risco cardiovascular alto, é recomendado o uso de aspirina profilática (100mg/dia),

após controle ideal ou próximo do alvo da pressão arterial (<140/90 mmHg) (RANG, DALE e

RITTER, 2001).

No âmbito do Rio de Janeiro a Secretaria Municipal de Saúde tem os seguintes

medicamentos anti-hipertensivos padronizados:

Quadro 1: Medicamentos padronizados na SMS/ RJ

medicamento Dose diária Intervalo de doses

Diuréticos

Hidroclorotiazida (25 mg)

Furosemida (40 mg)

Espironolactona (25 e 100mg)

12,5 a 25mg

20 a 80 mg

25 a 100 mg

24 h

12-24h

24h

Beta-bloqueadores

Atenolol 50 e 100mg

Propranolol 40 mg

Carvedilol 3,125 e 12,5 mg

25 a 100mg

40 a 240 mg

12,5 a 50 mg

24h

12h

12-24h

IECA

Captopril

Enalapril

25 a 150 mg

10 a 40 mg

12h

12h

Bloqueadores canal de calcio

Anlodipina 5 mg 2,5 a 10 mg 24h

Vasodilatadores direto

Hidralazina 25mg

50 a 150

8-12h

Anti adrenérgico central

Metildopa 250 mg

200 a 2000

12-24h

Bloqueador do receptor AT1

Losartana 50 mg

25 a 100

24h

Fonte: Linha de cuidado da hipertensão na SMS/RJ e Diretrizes da Sociedade Brasileira de

Cardiologia de 2010 (SMSDC-RJ, 2010 e SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA,

2010).

A inserção do farmacêutico na equipe multidisciplinar e o desenvolvimento da

Atenção Farmacêutica contribuirão para eficácia terapêutica e segurança no uso dos

antihipertensivos, além de proporcionar melhoria da qualidade da assistência aos usuários

hipertensos, otimizando os resultados positivos alcançados e promovendo maior adesão ao

tratamento. Para a implantação da atenção farmacêutica nas farmácias, entre outros motivos, é

necessário um olhar para os processos existentes, visto que a atenção farmacêutica é um novo

processo a ser iniciado. Aqui se insere a gestão por processos.

30

2.3 A GESTÃO POR PROCESSOS

“Gestão é a habilidade ou capacidade de utilizar os recursos da melhor maneira

possível para alcançar os resultados desejados. É a capacidade de lidar com conflitos, ofertar

métodos (modos de fazer), diretrizes, quadros de referência para análise e ação das equipes

nas organizações” (BRASIL, 2011, p. 26).

Muitas organizações utilizam modelos ou normas de referência reconhecidos

internacionalmente para estabelecer, documentar e manter sistemas de gestão que lhes

permitam dirigir e controlar suas respectivas organizações. Os modelos ou normas conhecidos

internacionalmente como a família ISO 9000 e o modelo EFQM (European Foundation for

Quality Management – Fundação Européia para a Gestão da Qualidade) apresentam a adoção

de um enfoque baseado em processos em seu sistema de gestão como princípio básico para a

obtenção de maneira eficiente de resultados relativos a satisfação do cliente e das demais

partes interessadas (SANZ et al, 2002).

2.3.1 BREVE HISTÓRICO EVOLUTIVO

A procura por melhores práticas de negócio nas organizações começou a ocorrer em

1911 com Frederick Winslow Taylor que publicou o livro Principles of scietific management.

Taylor argumentava que a simplificação, os estudos de tempos e a experimentação sistemática

eram as ferramentas indicadas para se encontrar o melhor caminho para executar uma tarefa,

monitorá-la e avaliar os seus resultados. (DE SORDI, 2008)

Após a segunda guerra mundial surgiram organizações industriais como grandes

conglomerados estruturados verticalmente e suportados por amplas divisões funcionais, que

operavam independentemente umas das outras. Essa verticalização levou à especialização e

ao trabalho individual, também levou a criação de barreiras hierárquicas em que supervisores

só falam com supervisores, gerentes com gerentes, levando à quebra das vias de comunicação

entre departamentos e ocasionando a perda da visão do negócio (DE SORDI,2008).

Diante da busca pela Qualidade Total, absorvida na década de 1980 e implementada na

década de 1990, tem-se a especialização das áreas funcionais em busca da excelência. Porém,

observou-se que desempenhar diversas funções com excelência não implicava

obrigatoriamente em satisfação do cliente (DE SORDI, 2008).

Em busca de um modelo que trouxesse soluções para as empresas frente a

inadequação da gestão funcional surge na década de 1990 o movimento de reengenharia de

31

processos (DE SORDI, 2008).

Para Hammer e Champy (1994), a reengenharia ou BPR (Business Process

Reengineering) é a reestruturação radical dos processos empresariais que visam alcançar

drásticas melhorias em termos de custos, qualidade, atendimento e velocidade.

Em meados dos anos 1990, alguns projetos tiveram sucesso, porém muitos geraram

frustração quanto à reengenharia. Alguns motivos para a falha são apontados por

(SEETHAMRAJU e MARJANOVIC2, 2009 apud MARTINHO, 2011, p.26): “visão radical

de redesenho, abordagem hierárquica impositiva de cima para baixo, forte foco em

automatização de processos e histórico de falhas”. Hammer e Champy (1994) definem a

mudança radical preconizada pelo movimento da reengenharia como a mudança que não

conserta o processo existente e sim a mudança que cria um novo processo apenas para agregar

valor para o cliente. No entanto, é neste momento que é inserido o olhar para a organização

através do enfoque por processos (DE SORDI, 2008).

Mais tarde o movimento da Reengenharia é substituído pelo modelo paulatino de

transição para processos de negócio por meio do redesenho dos processos e pelo movimento

da melhoria dos processos e então ocorre o crescimento da importância da gestão por

processos. Hoje se fala em redesenho gradual e contínuo dos processos de negócio,

denominado BPD (Business Process Design) (MARTINHO, 2011; DE SORDI, 2008). Pensar

dessa maneira é conseqüência da tendência atual em pensar a empresa em termos de seus

processos e correspondentes atividades em vez da abordagem rígida hierárquica (NETO,

2012).

Diante da necessidade das organizações em saber como administrar com enfoque em

processos, a academia criou uma nova matéria, a gestão por processos de negócio sendo

reconhecida de forma ampla pela sigla BPM – Business Process Management (NETO, 2012;

DE SORDI, 2008).

A evolução da importância da gestão por processos fez surgir um amplo e promissor

mercado de ferramentas para automatizar seu tratamento, os conhecidos softwares que servem

para mapear os processos criando modelos e algumas versões conseguem reproduzir o

comportamento do negócio ou serviço, seus processos e suas atividades, propiciando ações de

análise e simulação. O objetivo é dar o suporte necessário para construir, documentar,

2SEETHAMRAJU, R.; MARJANOVIC,O. Role of process knowledge in business process

improvement methodology: a case study.Business Process Management Journal,n.6,v.15,

p.920-936, 2009

32

organizar, analisar, guardar e gerir as informações sobre esses processos (NETO, 2012).

2.3.2 GESTÃO POR PROCESSOS x GESTÃO CONVENCIONAL

De acordo com Sescam (2002) a palavra processo vem do latim processus, que

significa avanço e progresso. Processo é definido como “um conjunto de atividades de

trabalho inter-relacionadas que se caracterizam por requerer certos insumos (inputs: produtos

ou serviços obtidos de outros fornecedores) e tarefas particulares que implicam valor

agregado, com vistas a obter certos resultados”. (Sescam, 2002, p.5)

Segundo a ISO 9001:2005 “processo é um conjunto de atividades inter-relacionadas

que transformam insumos (entradas) em produtos (saídas)” (OLIVEIRA, 2012a, p.152).

Para Oliveira (2012a, p,146), uma definição mais operacional para o termo gestão por

processos seria: “Modelo de gestão organizacional orientado para gerir a organização com

foco nos processos”.

Alguns conceitos básicos precisam ser entendidos para melhor compreender o enfoque

por processos. Oliveira (2012b) explicita esses conceitos:

Organização- “Pode ser entendida de duas formas: como uma macrofunção

administrativa, por exemplo: planejamento, organização, direção e controle; como uma

instituição, entidade ou empresa, neste caso a norma ISO 9000:2005 descreve como ‘grupo de

pessoas e instalações com responsabilidade, autoridade e relações definidas’’ (OLIVEIRA,

2012b, p.29). Segundo Oliveira (2012b) o objetivo de qualquer organização deve ser atender

às demandas sociais e tais demandas representam as necessidades de clientes.

Visão- Embora seja um componente do planejamento estratégico, é utilizado no

enfoque por processos uma vez que os processos devem ter missão e estes devem estar

alinhados a visão da organização. Refere-se ao cenário de futuro que queremos construir para

a organização.

Missão- É a razão da existência da organização e delimita as atividades dentro do

espaço que ela deseja ocupar e fora dele. Representa um compromisso e uma orientação

objetiva de como a organização deve atuar para cumprir o que está contido no pensamento

estratégico, na visão e na definição do negócio.

Objetivos e metas- são alvos ou resultados a serem alcançados para que a organização

cumpra a sua missão. Segundo Oliveira (2012), tanto os objetivos quanto as metas, devem

ser: claros, explícitos e concisos; mensuráveis e quantificáveis, visando a imprimir

responsabilidade na busca de resultados; coerentes e viáveis; em número reduzido para que a

33

empresa tenha foco e não haja desperdício de recursos e esforços, evitando-se, assim, a

dispersão; conhecidos e acreditados por todos os envolvidos em sua busca.

Objetivos: são de longo ou médio prazos; geralmente de responsabilidade da alta

administração (objetivos estratégicos) ou departamentos (objetivos funcionais)

Metas: são de curto prazo, geralmente de responsabilidade de equipes, indivíduos. As

metas podem também ser consideradas como os desdobramentos dos objetivos. Neste caso,

elas auxiliam a busca contínua do alcance dos objetivos.

Eficácia e eficiência- A eficácia refere-se à extensão na qual as atividades planejadas

são realizadas e os resultados planejados são alcançados. A eficiência, por outro lado, diz

respeito à relação entre o resultado alcançado e os recursos usados no processo de produção

de um bem ou desenvolvimento de um serviço.

Indicadores- são o parâmetro que mede a diferença entre a situação desejada e a

situação atual. Permite quantificar um processo/atividade. Os indicadores fornecem referência

para coleta de dados e evidências para os propósitos da avaliação. São utilizados para

acompanhar e avaliar o cumprimento de metas. O objetivo da avaliação é provocar uma

resposta adequada dos indivíduos e grupos, isto é, que leve a melhorias nos processos. Este

retorno das informações é, portanto, indispensável para que o grupo saiba onde deve

concentrar suas atenções e energias e, sobretudo, para que ele se motive para um

aperfeiçoamento contínuo. Os indicadores devem ser acompanhados também de explicações

sobre sua gênese, que garantam sua vinculação ao critério que deseja expressar (BRASIL,

2006d; VALLE, 2012). Segundo Valle (2012), a Organização de Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE) define bons indicadores aqueles que possuem:

relevância política – são simples, fáceis de se entender e comparáveis; solidez e

confiabilidade analítica – dever ter validade e serem bem fundamentados, técnica e

cientificamente; mensurabilidade – devem ser facilmente medidos, adequadamente

documentados e ter qualidade reconhecida.

A gestão orientada por processos valoriza o trabalho em equipe, a cooperação, a

responsabilidade individual e a vontade de fazer um trabalho melhor. Estas características

fazem com que as pessoas cumpram tarefas mas tenham uma visão ampla e pensem a respeito

dos processos. Diferente da gestão tradicional, o modelo por processos necessita de

negociação e colaboração. Empresas orientadas pelo modelo tradicional de gestão são

organizadas por função (áreas “verticais”) e exageram na divisão de tarefas, o que leva a

hiperespecialização. Nessa situação, as empresas têm estruturas hierárquicas rígidas e

pesadas, repletas de “caixinhas” que executam pedaços e não se comunicam entre si

34

(GONÇALVES, 2000).

Com a finalidade de caracterizar a abordagem administrativa da gestão por processos,

De Sordi (2008) traduziu doze princípios fundamentais escritos por Ostroff (1999).

(OSTROFF3, 1999 apud DE SORDI, 2008, p. 10-11). São eles:

- está organizada em torno de processos-chave multifuncionais, em vez de tarefas ou

funções;

- opera por meio de donos de processos ou gerentes dotados de responsabilidade

integral sobre os processos-chave;

- Faz com que times, não indivíduos, representem o alicerce da estrutura

organizacional e do seu desempenho;

- reduz níveis hierárquicos pela eliminação de trabalhos que não agregam valor e

pela transferência de responsabilidades gerenciais aos operadores de processos, os

quais tem completa autonomia de decisão sobre suas atividades nos processos como

um todo; - opera de forma integrada com clientes e fornecedores;

- fortalece políticas de recursos humanos, disponibilizando ferramentas de apoio,

desenvolvendo habilidades e motivações, além de incentivar o processo de

transferência de autoridade aos operadores de processos para que as decisões

essenciais à performance do grupo sejam tomadas no nível operacional;

- Utiliza a tecnologia da informação como ferramenta auxiliar para chegar aos

objetivos de performance e promover a entrega da proposição de valor ao cliente

final.

- incentiva o desenvolvimento de múltiplas competências de forma que os

operadores de processos possam trabalhar produtivamente ao longo de áreas

multifuncionais;

- promove a multifuncionalidade, ou seja, a habilidade de pensar criativamente e responder com flexibilidade aos novos desafios impostos pela organização;

- redesenha as funções de departamentos ou áreas de forma a trabalhar em parceria

com os grupos de processos;

- desenvolve métricas para a avaliação de objetivos de desempenho ao final dos

processos, as quais são direcionadas pela proposição de valor ao cliente final, no

sentido de medir a satisfação dos clientes, dos empregados e avaliar a contribuição

financeira do processo como um todo;

- promove a construção de uma cultura corporativa transparente, de cooperação e

colaboração, com foco contínuo no desenvolvimento de desempenho e

fortalecimento dos valores dos colaboradores, promovendo a responsabilidade e o

bem-estar na organização.

O modelo de gestão por processos coloca que os processos-chave ou essenciais são

aqueles voltados para o usuário ou cliente e que as organizações devem explorar o seu

potencial da centralização das prioridades, das ações e dos recursos nos seus processos

essenciais ou chave (GONÇALVES, 2000).

Na gestão por processos a organização pode ser dividida em macroprocessos formados

por atividades e estas, por sua vez, por tarefas. Os macroprocessos são conjuntos de processos

que geralmente se identificam com a razão de ser da organização, enquanto as atividades e

tarefas são as ações executadas para se chegar aos processos (figura 1).

3 OSTROFF, F. The horizontal organization: what the organization of the future actually looks like and how it

delivers value to customers. Oxford University Press, 1999

35

Figura 1. Estrutura por processos

Fonte: Adaptado de OPAS/OMS (2010), p. 35

Os macroprocessos são classificados como gerenciais ou estratégicos, aqueles que têm

a responsabilidade de dar as diretrizes da organização e definir as estratégias da instituição;

operacionais ou chave, conjunto de processos que estão dirigidos ao cliente final e a prestação

do serviço, traduzindo a missão da organização; e, finalmente, os de apoio, conjunto que dá

suporte ao processo-chave e a entrega do serviço ou produto. Estes tipos de processos se

relacionam e interconectam, configurando um mapa de processos (Figura 2). Além da divisão

em macroprocessos, observa-se que esses acontecem por meio de entradas de insumos

(inputs) e saídas de produtos (outputs), transformados pelos processos. Por sua vez, esses

produtos podem passar a ser os insumos que gerarão outro processo, criando novos produtos e

retroalimentando todo o conjunto.

Figura 2. Tipos de processos

Fonte: Adaptado de OPAS (2013), p. 40

36

Após a divisão dos macroprocessos, é importante definir quais são os processos

críticos para a organização. Mendes (2012) pontua que para saber quais são estes processos

deve-se fazer a seguinte pergunta: “o que seria crítico na sua organização? Ou melhor, o que

se deixar de ser feito coloca em risco o desempenho da organização?”.

Mapear os processos tem como objetivo elevar sensivelmente a produtividade, com

eficiência e eficácia e aumentar o valor do produto ou serviço. As vantagens de mapear os

processos são muitas: compreender o impacto que o processo tem para a organização e o

cliente; entender a relação de dependência entre os setores; compreender quais são os atores

envolvidos no processo; analisar se ele é necessário e se é bem feito; propor mudanças no

processo; identificar quais são os fatores críticos no processo (aquelas ações que precisam

ocorrer sem falhas no processo) (SESCAM, 2002).

2.3.3 ANÁLISE, MODELAGEM E DOCUMENTAÇÃO DE PROCESSOS

A atividade de análise e modelagem de processos é conhecida como mapeamento de

processos e antes de iniciar a análise e modelagem, Oliveira (2012a, p. 177) sugere as

seguintes etapas:

- identifique os processos-chave do negócio;

- defina os objetivos e as metas que devem ser alcançados com base na gestão por

processos;

- desenvolva um plano de trabalho, contendo os objetivos, as atividades e os

resultados de cada fase, os prazos de entrega e a equipe de trabalho;

- busque junto à direção a aprovação, todo o apoio e os recursos necessários;

- faça análises críticas periódicas e procure dar feedback a todos os responsáveis;

- observe que o mapeamento de processos é um meio e não um fim. O que deve ser

atingido de fato são os objetivos e as metas compromissados;

- não é preciso mapear todos os processos, nem todos os níveis de processos.

O primeiro passo para adotar o enfoque baseado em processos é identificar e fazer a

sequência dos processos da organização, que deve ser feito a partir de uma reflexão acerca das

atividades desenvolvidas. Para tanto, podem ser utilizadas diferentes ferramentas de gestão:

Técnicas de “braimstorming” (dinâmicas de equipes de trabalho), checklist (lista de

verificação), diagrama de Ishikawa (diagrama de causa e efeito) (OLIVEIRA, 2012a).

Para representar os processos identificados e suas inter-relações utilizam-se modelos

que podem ser de vários tipos, como: organogramas, script de processos, UML (Unified

37

Modeling Language) que trata-se de uma técnica robusta de modelagem e utilizada pelos

desenvolvedores de software, mapa de processos (diagramas diversos – modelo SIPOC,

diagrama de bloco, IDEF0, fluxograma vertical, fluxograma funcional ou horizontal, planilhas

e formulários) e outros (rede PERT, diagrama de classe) (OLIVEIRA, 2012a).

No entanto, um modelo de grande valor é uma representação gráfica, um mapa de

processos (em forma de diagramas), que são processos agrupados de forma a permitir

estabelecer analogias entre eles, ao mesmo tempo que facilita a interpretação do mapa em seu

conjunto (SANZ et al, 2002; OSORIO, 2008).

Todos os processos bem definidos ou bem administrados têm algumas características

comuns: tem um responsável pelo processo; tem limites bem definidos, são importantes

porque determinam quem se envolvem com o processo e que atividades se desenvolvem nele;

tem procedimentos documentados, obrigações de trabalho e requisitos de treinamento; tem

controles de avaliação e de retroalimentação; tem medidas de avaliação e objetivos que se

relacionam com o cliente; tem tempos de ciclos conhecidos (OSORIO, 2008).

Realizar a modelagem utilizando diagramas (usando fluxogramas) apresenta vantagens

como facilitar a organização do seu raciocínio, das atividades e tarefas e possibilita:

identificar pendências, relacionamentos, pontos de estrangulamento, atividades que não

agregam valor; localizar elos e elementos desconexos ou perdidos; controlar o processo;

pontos de verificação, decisão, revisão, registro, arquivamento, etc (OLIVEIRA, 2012a).

Documentação inclui os procedimentos escritos e as instruções de trabalho.

2.3.4 METODOLOGIAS PARA ORIENTAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DE UMA GESTÃO BASEADA EM

PROCESSOS

Metodologia é a forma de direcionar os esforços de análise partindo do levantamento

do estado atual – “como está” passando pela idealização do melhor cenário “como deveria

ser” até a proposição da implementação mais adequada – “como será”.

Algumas metodologias são voltadas para o processo de negócio, como a apresentada

por Neto e Oliveira, (2012, p.220) que compilou 8 etapas inter-relacionadas, a partir de várias

fontes e da experiência profissional do seu grupo de trabalho. São elas:

1- Análise de requisitos: Estudo inicial e caracterização do negócio; piloto para

a escolha da técnica e ferramenta a serem utilizadas – foco no uso; identificação da

engenharia do negócio – macroprocessos do negócio; elaborar plano de trabalho

prevendo ação em cada departamento com produção de resultados setoriais e

38

reuniões de avaliação parcial em cada setor; palestra de nivelamento e exposição da

técnica a ser adotada.

2- Construção do modelo: mapeamento dos processos; documentação de

processo; refinamento do modelo; revisão do modelo global

3- Análise de processos: análise funcional (avaliar se cada processo cumpre seus

objetivos); análise qualitativa(avaliar o desempenho de cada processo, indicadores);

avaliação dos requisitos dos usuários do processo (avaliar se os processos críticos

levam em consideração os requisitos de seus clientes e fornecedores); análise dos

processos selecionados: ; formulação da proposta de melhoria (melhores práticas e

indicadores).

4- Simulação: avaliar o comportamento e desempenho dos processos, existentes

ou novos, mediante a criação de cenários onde serão testados os impactos das

variações de seus parâmetros de funcionamento.

5- Reengenharia (criação de novos processos, fusão, eliminação ou mudanças):

racionalização dos processos contemplando sua automação; redesenho dos processos

buscando a adoção de melhores práticas de trabalho; elaborar o plano de mudanças

no processo; implementação – gestão de mudanças.

6- Documentação dos resultados/produtos parciais e finais

7- Divulgação

8- Gestão dos processos – monitoramento: depois de implantado, cada processo

precisa ser monitorado, avaliado e devidamente ajustado, levando em consideração o

seu desempenho na busca constante e sucessiva de melhoria contínua; avaliar o

desempenho do processo com base nos indicadores construídos para esta finalidade

através de mecanismos efetivos de follow-up; implementar processo de gestão de

forma a orquestrar o funcionamento harmônico, balanceado e integrado do negócio;

reavaliar de forma constante e efetiva como meio de garantir a qualidade e contínua

melhoria.

Osorio (2008, p.96) também apresenta uma metodologia de análise e redesenho de

processos, que segundo ele, implica em uma revisão mais profunda e global de um processo

com o objetivo de mudá-lo e ou redesenhá-lo à luz das necessidades dos clientes ou da

instituição. A metodologia proposta consta de quatro etapas:

1- Enfoque geral do processo a analisar: objetivo geral do processo, equipe de

trabalho, cronograma de trabalho.

2- Situação atual do processo: levantamento de informação, identificar fatores

chaves de êxito, determinar metas quantitativas para o processo, documentar o

processo.

3- Desenho de um novo processo: identificar necessidades dos clientes ou

usuários, planejar desenho de um novo processo, fazer diagrama de fluxo do novo

processo, identificar recursos para o novo processo, validação do novo processo-

realizar prova piloto.

39

4- Implementação do novo processo: com a informação levantada na etapa 3, a

equipe deve documentar o novo processo e comunicar as mudanças. É necessário dar

ênfase nas novas atividades derivadas do redesenho, para comunicar de maneira

detalhada as pessoas ou áreas envolvidas.

Já outras metodologias apresentam o enfoque por processos com visão assistencial,

como a apresentada por Sanz et al (2002). Estes autores propõem que as organizações que

desejam implantar o enfoque em processos em seus sistemas de gestão, particularmente

aquelas que desejam focar em Gestão da Qualidade, podem seguir os princípios do Modelo

EFQM de Excelência Empresarial (European Foundation for Quality Management – fundação

Européia para a gestão da Qualidade) ou a família de normas ISO 9000. Esses modelos

compreendem uma série de normas que permitem estabelecer requisitos e diretrizes relativas a

um Sistema de Gestão da Qualidade. Estes mesmos autores, tomando como referência esses

modelos que trazem em suas essências princípios parecidos, propõem quatro passos para

serem seguidos por qualquer organização que queira implantar uma gestão orientada a

processos:

1- Identificar e fazer a sequência dos processos.

2- Descrever cada um dos processos

3- Monitorar e medir para conhecer os resultados que obtêm.

4- Propor melhoria dos processos com base no monitoramento e na aferição

Além de Sanz et al (2002), Neto e Oliveira (2012) e Osorio (2008), já está disponível

um bom número de referências que fornecem embasamento teórico para a gestão por

processos (SESCAM, 2002; GONÇALVES, 2000; DE SORDI, 2008). Outros autores

aplicaram a gestão por processos a situações específicas, como Almeida (2010), que a aplicou

a uma indústria da moda, López-Revuelta et al (2002), Martínez, Armedo e Quirós (2002) e

SESCAM (2002), que publicaram artigos aplicando a gestão por processos respectivamente à

nefrologia, à enfermagem e à saúde em geral. Já para a área da farmácia, uma referência é a

apresentada pelo posicionamento da OPAS, a gestão por processos como ferramenta a ser

utilizada na organização das farmácias locais (OPAS, 2013).

2.3.5 GESTÃO POR PROCESSOS NOS SERVIÇOS FARMACÊUTICOS

A gestão por processos em serviços farmacêuticos é descrita no documento da OPAS

considerando como processo-chave a prestação do serviço farmacêutico, e os processos

estratégico e de apoio como uma série de etapas que se relacionam e contribuem para a

40

execução do processo-chave (Figura 3).

Figura 3. Exemplos de processos de serviços farmacêuticos

Fonte: Adaptado da OPAS/OMS (2013), p. 41

De acordo com a figura, reconhece-se nos processos-chave o cumprimento da missão

do Serviço Farmacêutico: oferecer serviços aos Indivíduos, Família e Comunidade (IFC),

capazes de proporcionar o Uso Racional de Medicamentos, considerando o ser humano que

usará o medicamento como principal objetivo das atividades desenvolvidas, seja atuando na

promoção da saúde, na prevenção de doenças ou na recuperação da saúde (OPAS, 2013). Por

outro lado, os processos-chave podem acontecer somente quando amparados por processos

estratégicos e de apoio. Assim, os processos estratégicos representam aqueles que dão as

diretrizes do Serviço Farmacêutico ou servem a sua gestão, como a seleção de medicamentos

e a informação sobre medicamentos atuantes nos serviços. Pode também compreender

atividades de coordenação, como a participação em uma equipe multiprofissional ou,

formalmente, quando for o caso, em uma Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT). Os

processos de apoio representam os processos logísticos, como a programação, aquisição,

armazenamento e distribuição, componentes clássicos do Ciclo da Assistência Farmacêutica, e

que historicamente representam uma importante fatia do tempo (se não a maior parte)

reservado ao trabalho dos farmacêuticos (ARAÚJO et al, 2008).

A visão dos Serviços Farmacêuticos, orientados a IFC, retomam a importância do

En

trad

as

Saí

das

Processos Estratégicos:

Políticas, Seleção de medicamentos, informação sobre

medicamentos, ensaios clínicos.

Processos Chave: Dispensação de medicamentos, atividades

de promoção e prevenção, acompanhamento

farmacoterapêutico, farmacovigilância, educação em saúde,

apoio ao autocuidado, aconselhamento.

Processos de Apoio:

Abastecimento, investigação, gestão de recursos humanos,

gestão financeira, gestão da informação.

41

trabalho do farmacêutico junto às pessoas, seja na forma de educação, de orientação, da

dispensação com qualidade (até quando haverá necessidade de se adjetivar a dispensação?) ou

do seguimento farmacoterapêutico, como sugerido na Proposta de Consenso Brasileiro de

Atenção Farmacêutica (OPAS, 2002), resgatando o papel social da profissão. Ao mesmo

tempo, reconhece a importância dos processos estratégicos e de apoio, pois sem eles não seria

possível a realização de processos-chave que atinjam os objetivos pré-estabelecidos. Não se

trata de substituir as atividades, mas de se priorizar aquelas nas quais se visualiza a missão

dos Serviços Farmacêuticos e de se garantir a capacidade dos processos estratégicos e de

apoio como vitais ao processo como um todo.

42

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL:

Descrever a aplicação da gestão orientada a processos em uma farmácia de uma

unidade de atenção primária à saúde.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

Mapear os processos do serviço de farmácia

Re-desenhar os processos do serviço de farmácia.

Executar e controlar os processos críticos.

Executar o processo-chave

43

4 METODOLOGIA

4.1 TIPO DE ESTUDO

O estudo é do tipo descritivo quanto aos objetivos e quanto aos meios empregados se

caracteriza por um estudo de caso único (TOBAR e YALOUR, 2001). Um estudo de caso é

preferido quando as questões “como” e “porque” são prepostas. Assim, o presente estudo tem

a finalidade de:

Descrever como ocorreu a modificação do trabalho do farmacêutico em uma unidade de

atenção primária após a aplicação da gestão por processos na farmácia.

Para a descrição dos eventos fez-se uso duplo de dados qualitativos e quantitativos.

4.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ESTUDOS DE CASO

Os estudos de caso podem ser classificados em explanatório, exploratório ou

descritivo.

Os projetos de estudo de caso podem ser de caso único ou de múltiplos casos e estes

podem ser holísticos, quando possuem unidades de análise unitária, ou integrados, quando

possuem múltiplas unidades de análise. Assim são conhecidos quatro tipos de estudos de

casos:tipo1, projetos de caso único(holísticos), tipo 2, projetos de caso único (integrados), tipo

3,projeto de casos múltiplos (holísticos) e tipo 4, projeto de casos múltiplos (integrados).

Para este estudo optou-se por realizar um estudo de caso único holístico. Essa escolha

ocorreu porque a pesquisadora é a farmacêutica responsável pelo cenário do estudo e tem o

desejo de responder a questão da pesquisa.

Yin (2010) descreve as quatro condições necessárias para a realização de um estudo de

caso de qualidade: a validade do constructo, a confiabilidade, a validade interna e a validade

44

externa. Estas condições estão mencionadas a seguir.

A validade do constructo diz respeito à identificação das medidas operacionais

corretas para os conceitos sendo estudados e três táticas estão disponíveis para aumentar a

validade do constructo, o uso de múltiplas fontes de evidências, estabelecer uma cadeia de

evidências e fazer com que uma minuta do relatório do estudo de caso seja revisado pelos

informantes-chave ou pelos participantes do estudo. Foi utilizado, como fonte de evidência,

neste estudo o uso de observação participante (diário de campo do pesquisador) registros em

arquivos (relatórios do sistema informatizado da farmácia e planilhas manuais de registro da

farmácia), evidência documental (minutas de reunião) e artefato físico (fotografia). Para a

coleta dos dados quantitativos, foram mensurados indicadores selecionados a partir da

literatura para o processo identificado como crítico. Procurou-se selecionar indicadores que

atendessem as características mencionadas no referencial teórico apresentado. Para aumentar

a validade do constructo foi realizada uma triangulação das evidências coletadas.

A confiabilidade é a demonstração de que as operações de um estudo podem ser

repetidas, com os mesmos resultados. Para tanto, Yin (2010) propõe na fase de coleta de

dados o uso do protocolo do estudo de caso ou o desenvolvimento de uma base de dados de

estudo de caso. O banco de dados é uma maneira de apresentar os dados separados das

interpretações e tem o propósito de ajudar o leitor a tirar conclusões independentes sobre o

estudo de caso. Yin (2010, p.147) coloca que “a falta de um banco de dados formal, para a

maioria dos estudos de caso, é um defeito importante da pesquisa que precisa ser corrigido”.

Assim, para o presente estudo, com os dados qualitativos coletados foi desenvolvido um

banco de dados na forma de tabela e para tanto foi utilizado o aplicativo Microsoft ®

word

(apêndice 1).

A validade interna é preocupação apenas para os estudos explanatórios ou causais,

pois busca o estabelecimento de relação causal pela qual se acredita que determinadas

condições levem a outras condições, diferenciadas das relações espúrias. Para aumentar a

validade interna é necessário realizar a análise de dados utilizando uma das quatro táticas:

combinação de padrão, construção da explanação, abordagem as explanações rivais ou uso de

modelos lógicos. Os outros tipos de estudos de caso também podem aumentar a validade

interna ao utilizarem técnicas analíticas adequadas. É sugerido por Yin (2010) o uso da

estratégia analítica geral e da técnica analítica específica na análise do estudo de caso.

Quanto à estratégia analítica, é necessária a adoção de uma, pois esta guiará a

construção do relatório do estudo de caso como uma história a ser contada, já que engloba os

dados coletados, diferentemente da narrativa ficcional. Quatro estratégias gerais são descritas

45

por Yin (2010, p.158):

- contando com proposições teóricas, neste caso as orientações teóricas guiam a

análise do estudo de caso;

- desenvolvimento da descrição do caso, usada quando uma estrutura descritiva

organiza a análise do estudo de caso;

- uso de dados qualitativos e quantitativos, quando se coletou quantidades

substanciais de dados quantitativos, esses dados podem ser analisados

estatisticamente ao mesmo tempo em que os dados qualitativos permanecem centrais

a todo o estudo de caso;

- pensando sobre as explanações rivais, esta quarta estratégia analítica geral se refere

a abordagem e rejeição das análises às explanações rivais. Quanto mais rivais forem

abordadas e rejeitadas maior confiança será atribuída às constatações.

Quanto às técnicas analíticas específicas são descritas cinco tipos que devem ser

usadas como parte de e em conjunto com qualquer das estratégias gerais.

1-Combinação de padrão, compara eventos empiricamente observados com eventos

teoricamente previstos (ou com várias previsões alternativas); 2-Construção da explanação,

analisar os dados do estudo de caso construindo uma explanação sobre o caso; 3-Análise de

séries temporais, tem a capacidade de rastrear mudanças ao longo do tempo focando as

inferências causais; 4-Modelos lógicos, o modelo é construído através de um encadeamento

de eventos durante um período longo de tempo, onde estes eventos são estagiados em padrões

repetidos de causa e efeito. O uso de modelos lógicos consiste em combinar eventos

empiricamente observados com eventos teoricamente previstos. Devido aos estágios

sequenciais são diferenciados da técnica de combinação de padrão; 5-Síntese cruzada dos

casos, é específica a análise dos casos múltiplos, a síntese pode ser realizada caso os estudos

de caso individuais tenham sido previamente conduzidos como estudos de pesquisa

independente (autoria de pessoas diferentes) ou como uma parte pré-projetada do mesmo

estudo. Resume-se em totalizar descobertas ao longo de uma série de estudos individuais.

A análise dos dados deste estudo será apresentada mais adiante.

A validade externa diz respeito à generalização das descobertas do estudo de caso. Yin

(2010) expõe duas táticas para conseguir a generalização, o uso da teoria nos estudos de caso

únicos e o uso da lógica da replicação nos estudos de caso múltiplos.

Segundo Thiolent (2011), no contexto qualitativo da pesquisa social, o problema da

generalização é situado em dois níveis: o dos pesquisadores, quando estabelecem

generalizações mais ou menos teóricas acerca das situações observadas; e o dos participantes

que generalizam, em geral com menos abstrações e a partir de noções que lhes são familiares.

46

Independentemente das exigências estatísticas e lógicas, os pesquisadores aplicam outros

tipos de exigências no que diz respeito aos aspectos qualitativos das inferências. Uma

primeira exigência é a não generalização quando se obtêm poucas informações locais, porém

uma generalização pode ser progressivamente elaborada a partir da discussão dos resultados

de várias pesquisas organizadas em locais ou situações diferentes. A segunda exigência

consiste em identificar as formas ideológicas que interferem na generalização. Deve-se tomar

cuidado ao estabelecer generalizações, pois a informação concreta deve-se realmente ser

levada em consideração.

Neste estudo de caso foi aplicada a teoria da Gestão por Processos em um setor de

uma instituição assistencial e embora esta teoria esteja sendo aplicada em diferentes tipos de

instituições, não foi possível uma generalização, uma vez que as farmácias locais têm

realidades muito diferentes, tanto em estrutura física quanto de pessoal.

4.3 O CASO

A instituição tida como caso é a farmácia de um Centro Municipal de Saúde do Rio de

Janeiro. O município do Rio de Janeiro adotou a estratégia de Saúde da Família para

fortalecer a Atenção Primária à Saúde. Para tanto implantou novas unidades de saúde

conhecidas como “clínicas de família” que possuem várias equipes de saúde da família. E

adaptou as unidades tradicionais implantando equipes de saúde da família nestas unidades. O

caso é a farmácia de uma unidade tradicional com a implantação recente de duas equipes de

saúde da família.

A farmácia possui dois setores: a central de abastecimento farmacêutico (CAF) e a

dispensação de medicamentos aos usuários. A equipe é composta por um farmacêutico e três

técnicos de farmácia. A farmácia possui como tecnologia um sistema informatizado de

controle de estoque (SIGMA), um sistema de prontuário eletrônico implantado recentemente

(Medicineone) e dois computadores com conexão à internet.

4.4 DESCRIÇÃO DO MÉTODO (TRABALHO DE CAMPO)

Com base no que propõe Sanz et al (2002) e Neto e Oliveira (2012) quanto ao enfoque

em processos no sistema de gestão e Yin (2010) quanto a metodologia do estudo de caso, este

estudo foi planejado da seguinte maneira (Quadro 2):

47

Quadro 2: Plano do trabalho de campo

Fases do Estudo

Etapas do plano de

aplicação do modelo

de gestão por

processos

Técnicas

utilizadas

Fontes de

evidências

Objetivo específico 1:

Mapear os

processos atuais

Mapear os processos e

identificar os processos-

chave e os críticos de

êxito.

- Experiência prática

do responsável pelo

serviço que é o

pesquisador. - Observação.

-Mapeamento com

base em Sanz et al

(2002) e Neto e

Oliveira (2012)

diário de campo do

observador

participante

Objetivo específico 2:

Re-desenhar os

processos

- Propor um novo

processo-chave

- Estabelecer os

Indicadores para o novo

processo-chave

- Reuniões com a

equipe da farmácia e

com a direção para

sensibilização e

participação nas

decisões.

- Pesquisar na

literatura os

indicadores para o

novo processo-chave.

-Descrição do novo

processo

-Minuta das

reuniões

-Anúncio no blog

do centro de saúde

sobre a intenção de

implantação de um

novo processo.

- exposição do

farmacêutico sobre

a proposta em

apresentação de

seminário do CMS

`a coordenação de

área programática.

Objetivo específico 3:

Execução dos

processos críticos

- Selecionar os processos

críticos.

- Construir matriz de

responsabilidade

- Estabelecer os

indicadores para os

processos críticos

- Treinar a equipe da

farmácia em relação às

mudanças que afetarão

seu trabalho.

- Implantar as mudanças.

- Utilização do

referencial teórico

exposto pela

pesquisadora

- Busca na literatura.

- Reuniões com os

técnicos da farmácia

Registrar as medições

dos indicadores em

planilha própria.

Registros internos

(matriz afixada no

quadro de aviso da

farmácia)

Registro em serviço

(planilha de

indicadores)

Minuta de reunião

Diário de campo

Registros de serviço

(relatórios Sigma e

manual)

Controle dos

processos críticos

- Identificar fatores

críticos de êxito.

- Reunião para

realizar análise dos indicadores e propor

melhorias.

Minuta de reunião

48

- Análise do indicadores

mensurados

- Estabelecer metas com

base na medição

realizada.

- Construção de

gráfico para a análise

ao longo dos meses

- Reunião com os

técnicos a fim de

pactuar as metas.

Registros de serviço

Minuta de reunião.

Objetivo específico 4:

Execução dos

processos-chave

-Construir agenda do

farmacêutico com

disponibilidade de 50% de

seu tempo de trabalho na

dispensação ou outro

processo-chave.

-Iniciar o Seguimento

Farmacoterapêutico de

Hipertensos.

Embasamento teórico

apresentado.

Registro de serviço

Minuta de reunião

da farmácia e da

direção.

Relatório de produção do

farmacêutico no

sistema

informatizado do

Ministério da Saúde

(GIL,

MS/SE/DATASUS)

4.5 ANÁLISE

Para descrever os eventos do estudo de caso foi utilizado o uso duplo de dados

qualitativos e quantitativos.

Os dados qualitativos obtidos no presente estudo foram analisados pelo método de

análise temporal e estará presente ao longo do trabalho de campo mostrando a modificação do

trabalho do farmacêutico e dos técnicos ao longo dos meses de maio a outubro de 2013.

Os dados quantitativos neste estudo representam os indicadores selecionados para os

processos críticos que foram mensurados ao longo de 6 meses (maio a outubro). Estes dados

foram analisados considerando os números-índices que são medidas estatísticas usadas para

indicar variações de um ou mais produtos, artigos ou preços em distintos períodos de tempo.

4.6 ASPECTOS ÉTICOS

O trabalho utilizou dados do serviço de farmácia e da unidade de saúde pesquisada,

por isto foi solicitado autorização da direção da unidade de saúde para divulgação destes

dados. (Anexo 1). O presente trabalho tinha a intenção de realizar entrevistas com usuários

hipertensos ao executar o novo processo, seguimento farmacoterapêutico. Por isto o trabalho

49

foi submetido (protocolo n.°06/13) ao Conselho de Ética e Pesquisa da SMSDC do Rio de

Janeiro e aprovado com o parecer n.°25A/13 em 11/03/13. No entanto, preferiu-se conduzir a

pesquisa utilizando-se da mesma teoria (gestão por processos) mas com o objetivo desta teoria

ser facilitadora de condições para o farmacêutico conseguir implantar o novo processo. Por

este motivo não foi utilizado o termo de consentimento livre e esclarecido- TCLE, uma vez

que não foi realizado entrevistas com os usuários.

50

5 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO (CONSTRUINDO OS OBJETIVOS E

DISCUTINDO OS RESULTADOS)

5.1 PROCESSOS ATUAIS DO SERVIÇO DE FARMÁCIA.

Para a elaboração do mapa de processos (representação gráfica da estrutura de

processos) da farmácia, a pesquisadora que é a responsável pelo serviço, com base em sua

experiência prática, em observação da farmácia e seguindo o modelo de gestão por processos

proposto por Sanz (2002) e Neto e Oliveira (2012) identificou os processos atuais da

Farmácia (Figura 4).

Figura 4: Mapa de identificação dos processos da farmácia.

Fonte: Elaboração própria

Baseado no referencial teórico apresentado, os processos gerenciais que a farmácia

executa são: Programação, Armazenamento e Distribuição. Os processos de Seleção e

• informação sobre medicamentos

• promoção de URM - grupo de usuários da fitoterapia

• recursos humanos

• reunião de equipe, com a CAP e com os gerentes das linhas de cuidado

processo de gestão

•programação

• armazenamento

•distribuição interna e externa

processo de logistica de medicamentos

• recebimento da receita

• separação dos medicamentos

• entrega dos medicamentos

• orientação sobre o uso quando o usuário solicita

processo de dispensação de medicamentos

Entrada

medicamento

Saída

Atendimento

à prescrição

51

Aquisição não são executados pelas farmácias locais e sim pelo Núcleo de Assistência

Farmacêutica da SMSDC-RJ. Já os processos assistenciais que são executados pela

farmácia compreendem a Dispensação e o Grupo Educativo de Usuários da Fitoterapia.

Após a construção do mapa de processos foi possível:

- identificar os processos existentes na farmácia.

- identificar os responsáveis por cada processo.

- perceber que o farmacêutico emprega quase todo o seu tempo nos processos de gestão e

logística de medicamentos, realizando a dispensação apenas esporadicamente.

- identificar que os técnicos de farmácia são os responsáveis pelos processos de

distribuição e dispensação.

- perceber que o farmacêutico dedica a maior parte do seu tempo de trabalho nos

processos voltados para a obtenção de medicamentos.

5.2 REDESENHO DO MAPA DE PROCESSOS DA FARMÁCIA PARA INCLUSÃO DE UM

NOVO PROCESSO-CHAVE

Para o redesenho dos processos da farmácia a pesquisadora seguiu o que propõe a

OPAS (2013), ou seja, os serviços farmacêuticos devem ter processos principais voltados para

os indivíduos, família e comunidade, como a dispensação, o seguimento farmacoterapêutico, a

educação sanitária, entre outros.

De acordo com OPAS (2013), a farmácia deve ser organizada em processos

estratégicos, processos-chave e processos de apoio, onde os processos-chave são aqueles

voltados para os indivíduos, família e comunidade. Desta forma, o redesenho dos processos

teve como objetivo principal a proposta de um novo processo-chave, o seguimento

farmacoterapêutico.

Os processos da farmácia foram agrupados de acordo com a proposta da OPAS (2013)

e podem ser vistos na figura 5.

De acordo com a figura 5 a farmácia foi desenhada em macroprocessos estratégicos,

macroprocessos-chave e macroprocessos de apoio.

Neste formato, pôde-se agregar valor ao serviço, transformando os processos dirigidos

ao usuário em processos-chave, sendo que a entrada no serviço passou a ser o “usuário” e a

saída “o usuário + resultados terapêuticos”.

52

Figura 5: Redesenho do Mapa de Processos da Farmácia.

Fonte: Adaptado de OPAS (2013), p.41

Dentre os macroprocessos-chave, o processo “seguimento farmacoterapêutico” é um

novo processo proposto por este trabalho de forma a aproximar o farmacêutico da equipe

multidisciplinar através da execução de um serviço clínico e de contribuir com a equipe de

saúde no cuidado das pessoas.

•processos estratégicos

informação sobre medicamentos, reunião de equipe e com gerentes das linhas de cuidado

• processos-chave

processos de atenção farmacêutica

• processos de apoio

logística de medicamentos, cumprimento da legislação, recursos humanos

U

S

R

I

O

+

R

E

C

E I

T

A

USUÁR

IO+RESUL

TADO

TER

APÊUTIC

O

Orientação Farmacêutica Dispensação

Grupo de Usuários Seguimento Farmacoterapêutico

Educação em Saúde

Orientação Farmacêutica Dispensação

Grupo de Usuários Seguimento Farmacoterapêutico

Educação em Saúde

Processos dirigidos ao usuário – uso racional de medicamentos

53

5.3 EXECUÇÃO E CONTROLE DOS PROCESSOS CRÍTICOS

Para a consecução desta etapa, o processo crítico selecionado pela responsável pela

farmácia foi o Macroprocesso de logística de medicamentos. Tal seleção foi baseada no

referencial teórico apresentado pela autora, em observação do serviço e em Pereira (2011) que

definiu a logística de medicamentos como o principal processo em uma farmácia hospitalar.

No quadro 3 foi identificado o macroprocesso de logística com seus processos e

subprocessos.

Quadro 3. Macroprocesso de logística com seus processos e subprocessos.

Macroprocesso de Logística

Programação Armazenamento Distribuição

Envio mensal de planilhas

de controle de estoque e

pedido de medicamentos

Recebimento

Estocagem

Distribuição Interna

Distribuição externa

Fonte: Elaboração própria

Após a evidenciação dos processos e subprocessos de logística houve necessidade de

descrever as atividades de cada um dos processos, que segundo a metodologia proposta por

Sanz et al (2002), seria a elaboração do diagrama de processos. O diagrama deve ter o fluxo

das atividades, as entradas e saídas necessárias ao processo e os limites do mesmo. O modelo

de diagrama escolhido pela pesquisadora para representar esta etapa foi o “SIPOC”

(Suppliers, Imput, Process, Output, Customers), ou seja, Fornecedores, Entrada, Processo,

Saída, Clientes.

Os quadros 4,5 e 6 evidenciam os diagramas construídos pela pesquisadora.

54

Quadro 4: Diagrama do processo de programação

Diagrama do processo de programação

fornecedor entrada atividades saída cliente

CAF Ponto de

requisição

Envio mensal de planilhas de controle

de estoque e pedido de medicamentos:

- tuberculose: tratamentos com esquema

básico, tratamentos especiais e tratamentos

multiressistentes.

- da hanseníase

- da atenção básica

- tabagismo ( envio de planilha trimestral)

- da homeopatia

- antiretrovirais

Pedido

Pedido

Pedido

Pedido

Pedido

pedido

CAP

Cap

Cap

Gerência

FM

gerência

CAP- coordenação de área programática FM – Farmácia de Manipulação de medicamentos homeopáticos da SMS

Fonte: Elaboração própria

Quadro 5: Diagrama do processo de armazenamento

Diagrama do processo de armazenamento

fornecedor entrada atividades saída cliente

Depósito

central de

medicamen

-to da SMS

Medica-

mento

Recebimento

- Conferênciados medicamentos com a nota

fiscal.

- Digitar a entrada nos sistemas

informatizados da farmácia.(Sigma e Siclom )

Estocagem

- Proceder a estocagem observando as boas

práticas de armazenagem de medicamentos e

as validades conforme o princípio de FIFO

(primeiro a vencer, primeiro a sair).

Medica-

mento

armaze-

nado

adequada

mente

CAF

Fonte: Elaboração própria

55

Quadro 6: Diagrama do processo de distribuição

Diagrama do processo de distribuição

fornecedor entrada atividades saída cliente

CAF

Necessi-

dade da

dispensa-

ção

pedido

do enfer-

meiro

Distribuição Interna

(Abastecimento diário do setor de dispensação)

- Separação dos medicamentos da CAF

- anotar a saída em planilha própria para

posterior digitação no sistema informatizado

de controle de estoque, Sigma.

- acondicionar os medicamentos nos bins

Distribuição externa

(Atendimento mensal ao pedido do enfermeiro)

- Separação dos medicamentos

- Digitar a saída no sistema informatizado

“sigma” e entregar no posto de enfermagem.

Medica-

mento

reposto

nos bins

entrega do

medica-

mento

solicitado

Setor de

Dispensa

-ção

Posto de

enferma-

gem

CAF – Central de Abastecimento Farmacêutico

Fonte: Elaboração própria

Após a confecção do diagrama dos processos, o próximo passo é a elaboração da ficha

de cada processo. A ficha, segundo Sanz et al (2002), descreve as características de cada

processo e deve ter dados como: responsável pelo processo, missão, fornecedores, clientes,

indicadores.

Para a definição dos indicadores de processo/resultado foi realizada busca na

literatura, e foram encontrados indicadores descritos para a farmácia hospitalar e assistência

farmacêutica básica. A maioria dos indicadores foram adaptados, alguns são reprodução quase

fiel dos autores, com exceção para os indicadores selecionados para o processo de

distribuição. O processo de distribuição descrito neste trabalho é composto de distribuição

interna que é a saída do medicamento da CAF e entrada no setor de dispensação e distribuição

externa que é a saída de medicamentos da CAF e entrada no posto de enfermagem, o que

difere do processo de distribuição da farmácia hospitalar e também da distribuição descrita na

assistência farmacêutica básica (uma CAF distribuindo medicamentos para várias farmácias

locais). Para este processo, o indicador selecionado 4, foi o que sofreu maior alteração, sendo

inclusive considerado a experiência prática da pesquisadora em sua adaptação. Trata-se do

56

indicador: “percentagem de dias em que houve reposição de medicamentos no horário de pico

de atendimento”; onde o texto original dizia: “tempo médio gasto na reposição de

medicamentos”. A opção pela mudança ocorreu porque era fundamental que a reposição

ocorresse em horários com pouco atendimento na farmácia evitando interrupção no

atendimento ao usuário nos horários de pico. Este fato é mais importante do que saber quanto

tempo é despendido na reposição de medicamentos.

Segundo Oliveira (2012a) e Osorio (2008), a escolha de indicadores eficientes é um

desafio para as organizações.

Os quadros 7, 8 e 9 representam as fichas dos processos críticos da farmácia.

Quadro 7: Ficha do processo de Programação.

Processo: Programação Responsável: farmacêutico

Missão: Estimar quantidades a serem recebidas para dispor de

medicamentos selecionados nas quantidades necessárias em tempo

oportuno possibilitando o acesso ao medicamento e evitando o

desabastecimento.

Documentação:

manual de

procedimentos da

farmácia.

Alcance: Inicial: datas limites para o envio dos pedidos

Final: pedidos enviados

Entradas:ponto de requisição

Fornecedores: Farmacêutico

Saídas:pedidos de medicamentos

Clientes:coordenação de área programática e gerentes de programas

Recursos: relatórios de consumo e de

estoques existentes do sistema informatizado

Registros: dados de demanda não

atendida

Variáveis de controle:

Lista mensal aos

prescritores

Indicadores

1-percentagem de itens de medicamentos recebidos em relação

aos itens programados

2- percentagem de itens de medicamentos em falta.

3- percentagem de itens de medicamentos sem uso por 6 meses.

Fonte: Adaptado de Sanz et al (2002), p. 29

57

Quadro 8: Ficha do processo de Distribuição

Processo: Distribuição Responsável: Técnico 1

Missão: suprir medicamentos ao setor de dispensação e ao posto de

enfermagem em quantidade, qualidade e tempo oportuno, para

posterior dispensação a população usuária.

Documentação:

manual de

procedimentos da

farmácia.

alcance Inicial: lista diária de medicamentos a serem repostos na dispensação ou solicitação

do enfermeiro para reposição do posto de enfermagem.

Inclusão: separação dos medicamento no estoque

Final: medicamentos acondicionados nos “bins”

Entradas: Necessidade do setor de dispensação ou posto de enfermagem, informação sobre

capacidade de acondicionamento dos medicamentos solicitados.

Fornecedores: CAF

Saídas: medicamentos acondicionados.

Clientes: setor de dispensação e posto de enfermagem

Recursos:

(verificação no 1° e 15° dia de cada mês)

Registros: anotação em planilha de saída

para posterior registro no sistema inform.

anotação dos dados para o cálculo dos

indicadores em planilha própria

Variáveis de controle:

Indicadores

Distribuição interna

4- percentagem de dias em que houve reposição de

medicamentos no horário de pico de atendimento.

5- percentagem de itens de medicamentos perdidos na

dispensação.

Fonte: Adaptado de Sanz et al (2002), p. 29

58

Quadro 9: Ficha do processo de Armazenamento

Processo: Armazenamento Responsável: Técnico 2

Missão: Executar um conjunto de procedimentos técnicos e

administrativos que envolvem as atividades de: recebimento de

medicamentos, estocagem e guarda de medicamentos, conservação de

medicamentos e controle de estoque.

Documentação:

manual de

procedimentos da

farmácia.

Alcance: Inicial: recebimento de medicamentos

Final: medicamento estocado adequadamente

Entradas: recebimento de medicamentos

Fornecedores: Depósito Central da SMS

Saídas: medicamento estocado adequadamente

Clientes: CAF

Recursos: Sistema informatizado de controle

de estoque

Registros: Entrada no sistema

Saída no sistema

Variáveis de controle:

Não receber

medicamentos

com prazo de

validade inferior

a 2 meses, salvo

exceções

Indicadores

6- percentagem de medicamentos em estoque cuja contagem

física corresponde com o registrado no sistema informatizado

(SIGMA).

7- percentagem de medicamentos com possibilidade de ser

expirado, ou seja, medicamentos expirando em 3 meses com

estoque superior as quantidades necessárias (consumo médio

mensal).

Fonte: Adaptado de Sanz et al (2002), p. 29

Os processos de logística de medicamentos foram selecionados como críticos porque

são extremamente importantes para o serviço de farmácia, uma vez que sem o medicamento

não há como fornecer o tratamento medicamentoso ao usuário. Diante desta importância, o

farmacêutico era o responsável por quase todos os processos (programação e

armazenamento). A gestão orientada a processos permitiu mudar a visão do farmacêutico em

relação aos processos executados por ele. A partir da visão com foco no usuário, foi possível

redefinir os responsáveis pelos processos da farmácia como mostra a matriz de

responsabilidade (quadro 10) elaborada pela pesquisadora e afixada no quadro interno de

avisos da farmácia.

59

Quadro10: Matriz de responsabilidade do serviço de farmácia.

Processos Responsáveis

Estratégicos Farmacêutico e outros profissionais

Programação Farmacêutico

Armazenamento Técnico 1

Distribuição Técnico 2

Confecção do livro de controlados Técnico 1 supervisionado pelo Farmacêutico

Grupo educativo de usuários Farmacêutico

Seguimento farmacoterapêutico (proposta) Farmacêutico

Dispensação Farmacêutico e técnicos

Fonte: Elaboração própria

A partir da definição dos responsáveis pelos processos da farmácia, tornando a

distribuição do trabalho mais homogênea entre os colaboradores, foi possível a aproximação

dos técnicos com os processos de logística e do farmacêutico com os processos-chave.

A etapa de seleção dos indicadores resultou na elaboração do Quadro 11. Este Quadro

contêm o objetivo, a definição e o método de cálculo de cada indicador selecionado. Não

foram selecionados indicadores para medir o processo de distribuição externa, pois este

processo consiste em atender ao pedido mensal do enfermeiro e consta de poucos itens, sendo

portanto, um processo que demanda muito pouco tempo de trabalho da farmácia e não seria

vantajoso o seu monitoramento.

Os indicadores selecionados foram medidos ao longo de seis meses (maio a outubro de

2013). A evolução destes indicadores pode ser vista através da tabela 1 e do gráfico 1.

O monitoramento dos indicadores selecionados para os processos de logística permitiu

conhecer melhor cada processo e melhorias foram apontadas ao longo dos meses. Gonsalves

(2011, p.120) salienta “a implantação da metodologia de gestão por metas e indicadores é

importante para absorção e ampliação do conhecimento organizacional”.

60

Quadro 11: Planilha dos indicadores selecionados para os processos críticos da farmácia.

Denominação do

indicador

Objetivo Definição Método de cálculo

1-Percentagem de itens

de medicamentos

recebidos em relação

ao programado.1

Monitorar o

abastecimento

Medicamentos programados são

aqueles constantes de listas

padronizadas (REMUME ou

programas verticais) encaminhados

para a coordenação de área ou gerentes das linhas de cuidado,

contendo a quantidade a ser recebida.

Número de

medicamentos

recebidos dividido

pelo número total de

medicamentos programados.

(x 100)

-2 percentagem de

medicamentos em

falta2.

Monitorar a falta

de medicamentos

N°itens de

medicamentos em

zero unidades na

dispensação dividido

pelo n° total de itens

na dispensação (180).

(x 100)

3- percentual de itens

de medicamentos

programados X não

utilizados.1

Identificar

medicamentos não

utilizados para

fazer intervenção junto ao prescritor

ou

remanejamento,

evitando perdas.

Serão considerados medicamentos

não utilizados aqueles sem

movimentação no estoque por mais

de 180 dias. Será utilizado a impressão do relatório Sigma C117R

(itens sem movimentação há 6 meses)

número de itens do

estoque sem

movimentação no

período de 180 dias divido pelo número

total de itens em

estoque. (x100)

4- percentagem de dias

em que houve

reposição de

medicamentos no

horário de pico de

atendimento.1

Monitorar a

reposição de

medicamentos na

dispensação.

O intervalo de tempo entre as

distribuições deve ser

cuidadosamente observado, evitando

o desabastecimento. No caso

estudado a distribuição interna,

entendida como reposição do setor de

dispensação, não deve ocorrer no

horário de pico de atendimento ao usuário.

n° de dias em que

houve reposição na

dispensação no

horário de pico de

atendimento dividido

por 20 dias. (x 100)

5- percentagem de

itens de medicamentos

perdidos na

dispensação.3

Retirar

medicamentos

perdidos da

dispensação.

Serão considerados medicamentos

perdidos aqueles que estejam fora de

condição de uso, seja por perda de

validade e/ou por perda de qualidade.

(verificação no dia 01 e 15 de cada

mês).

n° itens de

medicamentos

retirados da

dispensação por

caducidade ou por

perda de qualidade

dividido pelo n° total

de itens de

medicamentos

disponíveis na

dispensação. (X100)

6- percentagem de

medicamentos em estoque cuja contagem

física corresponde com

o registrado no sistema

informatizado

(SIGMA).4

Obter dados

informatizados confiáveis

Impressão do relatório C100R (relação de posição de estoque) e

realizar o inventário do estoque

n° itens com

contagem física igual ao registrado no

sistema dividido pelo

total de itens

registrados no

sistema. (x100)

7- percentagem de

medicamentos com

possibilidade de ser

expirado, ou seja,

Identificar

medicamentos que

não serão

consumidos até a

Prazo de validade é entendido como o

tempo durante o qual o produto

poderá ser usado, caracterizado como

período de vida útil e fundamentada

n° de itens expirando

em 3 meses com

estoque superior as

quantidades

61

medicamentos

expirando em 3 meses

com estoque superior

as quantidades

necessárias.3 (consumo

médio mensal).

data de

vencimento

possibilitando que

sejam

remanejados.

nos estudos de estabilidade

específicos.5

Impressão do relatório C116R (itens

com prazo de validade inferior a 3

meses).

necessárias dividido

pelo total de itens em

estoque. (x100)

Fonte: Elaboração própria.

1Adaptado de BRASIL. Assistência Farmacêutica na Atenção Básica: instruções técnicas para

a sua organização, 2ª edição, 2006d. 2

CIPRIANO, Sonia Lucena. Propostas de um conjunto de indicadores para utilização na

farmácia hospitalar com foco na acreditação hospitalar. São Paulo, 2004. 191p. Dissertação

(Mestrado em Saúde Pública- Faculdade de saúde Pública, Universidade de São Paulo, São

Paulo, 2004.) 3Adaptado de MARGARINOS-TORRES, Rachel; OSORIO DE CASTRO, Claudia Garcia

Serpa; PEPE, Vera Lucia Edais. Critérios e indicadores de resultados para a farmácia

hospitalar brasileira utilizando o método Delfos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro,

23(8):1791-1802, ago., 2007 4Management Sciences for Health /Rational Pharmaceutical Management Project

(MSH/RPMP), Arlington: Rapid pharmaceutical management assessment: an indicator-

based approach. USA; 1995. 5BRASIL. ANVISA, RDC n. 157, de 31 de maio de 2002.

Tabela 1: indicadores dos processos de programação, distribuição e armazenamento medidos

ao longo de 6 meses do ano de 2013.

Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro

Programação indicador 1 97,50% 94,50% 88,00% 90,00% 90,00% 94,00%

indicador 2 2,80% 2,80% 2,80% 3,30% 6,10% 3,30%

indicador 3 13,40% 10,23% 3,70% 0,70% 0 0

Distribuição indicador 4 15,00% 10,00% 10,00% 10,00% 15,00% 10,00%

indicador 5 3,30% 1,10% 1,10% 1,10% 2,70% 1,10%

Armazena- mento

indicador 6 40,20% 52,00% 81,48% 68,00% 75,00% 66,00%

indicador 7 8,90% 8,60% 10,10% 5,30% 5,20% 6,60%

Fonte: dados do serviço de farmácia da unidade pesquisada.

De acordo com a tabela 1, o monitoramento do processo de programação evidenciou

que a farmácia recebeu, de maio a outubro, em média 92% dos itens de medicamentos

programados, teve em média 3,5% de faltas de medicamentos e possuía no mês de maio

13,4% de itens em estoque sem movimentação. O monitoramento do processo de distribuição

mostrou a ocorrência média de 10% de dias em que houve a reposição no horário de pico de

atendimento e média aproximada de 2% de medicamentos perdidos no setor de dispensação.

Para o processo de armazenamento inicialmente somente 40% dos itens em estoque

62

correspondiam com o registrado no sistema informatizado mostrando um resultado muito

aquém do desejado, e aproximadamente 9% de itens de medicamentos com possibilidade de

serem perdidos por caducidade.

Ao longo dos meses foram propostas, pela equipe da farmácia, melhorias nos

processos como agora se descreve:

No mês de maio iniciou-se a medição dos indicadores selecionados para o processo de

logística. Foi explicado aos técnicos sobre a metodologia orientada a processos, sobre os

indicadores e como se iria medir cada indicador. No primeiro mês de medição, a farmacêutica

fez os registros dos dados de cada indicador junto com os técnicos para que ambos se

familiarizassem com os indicadores. Foi elaborada uma planilha para o registro dos dados

para o cálculo dos indicadores 4 e 5, do processo de distribuição. (Apêndice 2). (Diário de

campo do pesquisador e minuta de reunião da farmácia do mês de maio)

No mês de junho a farmacêutica continuou a medir os indicadores junto com os

técnicos e ao final do mês os técnicos relataram que perceberam uma distribuição melhor do

trabalho entre os profissionais. A melhoria proposta neste mês foi no processo de distribuição,

a reposição no setor de dispensação era para ocorrer no horário de 8-9hs mas percebeu-se que

uma hora não era suficiente para repor todos os medicamentos necessários, ficando um

técnico quase a manhã toda nesta atividade. Então, foi pactuado que a reposição ocorreria em

três horários diferentes: 8-9 hs, 13-14hs e 16-17hs, horários fora do pico de atendimento na

farmácia. Com esta mudança a farmacêutica notou uma melhora considerável na reposição,

uma vez que o setor estava mais organizado já que não se fazia mais a reposição no momento

em que o medicamento acabava no bin, fato que ocorria geralmente no horário de pico de

atendimento. (minuta de reunião da farmácia do mês de junho e diário de campo do

pesquisador). O indicador da distribuição 4, não mostrou uma melhora, pois no momento em

que se começou a medir (maio) já se estabeleceu um horário para a reposição, atividade que

não era estabelecida antes de trabalhar com processo, a reposição ocorria no momento em que

acabava o medicamento no bin, o que atrapalhava o atendimento ao usuário e causava

desorganização na farmácia já que não era possível neste momento parar para fazer o

acondicionamento nos bins.

No mês de julho, foi sugerido por um técnico um quadro para anotar os casos especiais

que a farmácia atende de forma que fique fácil a visualização e que também facilite a

atualização dos dados, já que o livro de ocorrências para este assunto não é eficiente, pois a

anotação depois de algum tempo cai no esquecimento. Também foi falado da dificuldade em

encontrar os medicamentos na CAF pois a arrumação em ordem alfabética muitas vezes não

63

estava organizada. Para melhorar esta situação foi sugerido a colocação de imãs com a

identificação dos medicamentos nas prateleiras. Foi sugerido ainda, a confecção de uma lista

de faltas no estoque afixada na dispensação de forma a impedir a ida desnecessária à CAF.

Como a farmacêutica não é mais quem executa o processo de armazenamento, ela tem estado

mais presente na dispensação de medicamentos o que facilita a programação, pois ela percebe

demanda de medicamentos padronizados que ela não solicitava porque acreditava que não

tinha demanda. (minuta de reunião da farmácia do mês de junho e diário de campo do

pesquisador).

No mês de agosto, a farmacêutica, com o propósito de melhorar o indicador 3,

conversou com alguns prescritores sobre os medicamentos que não tinham saída há mais 6

meses e isto resultou em remanejamento de alguns medicamentos para outras unidades de

saúde e em atendimento na farmácia de outros medicamentos que passaram a ser prescritos. A

arrumação da CAF foi melhorada e os imãs de identificação foram afixados. O indicador 6

que em maio estava com resultado muito aquém do desejado (40%), melhorou bastante

(variação calculada no mês de outubro), como pode ser visto no gráfico 1, isto devido à

realização de inventário mensal na CAF.

No mês de setembro os técnicos tinham se apropriado totalmente dos processos pelos

quais são responsáveis e o farmacêutico pôde colocar em prática a agenda construída

disponibilizando 50% do seu tempo para se dedicar na dispensação. Também neste mês a

direção da unidade disponibilizou uma sala para o farmacêutico.

No mês de outubro foi feito a análise dos indicadores e constatou-se que os

indicadores 3 e 6 foram os que sofreram maior variação ao longo dos meses. O indicador 3

sofreu decréscimo de 100% de medicamentos programados e não utilizados, refletindo que as

ações de melhorias propostas foram eficazes. O indicador 6 sofreu acréscimo de 61% de itens

em estoque cuja contagem física corresponde ao estoque virtual no período de maio a outubro.

Os outros indicadores desde o início das medições mostraram bons resultados permanecendo

assim ao longo dos meses estudados mostrando pouca variação.

64

Gráfico 1: Comparação dos indicadores de programação, distribuição e armazenamento mensurados no serviço de farmácia da unidade de saúde

pesquisada, Rio de Janeiro, maio a outubro de 2013.

Fonte: Dados do serviço de farmácia da unidade pesquisada.

Legenda: 1-percentagem de itens de medicamentos recebidos em relação aos itens programados.

2- percentagem de itens de medicamentos em falta.

3- percentagem de itens de medicamentos sem uso por 6 meses.

4- percentagem de dias em que houve reposição de medicamentos no horário de pico de atendimento.

5- percentagem de medicamentos expirados na dispensação.

6- percentagem de medicamentos em estoque cuja contagem física corresponde com o registrado no sistema informatizado (SIGMA).

7- percentagem de medicamentos com possibilidade de ser expirado.

129/133

5/180

15/112 3/20

6/180

45/112

10/112

94/100

6/180

2/20

2/180

80/121

8/121

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

100,00%

indicador 1 indicador 2 indicador 3 indicador 4 indicador 5 indicador 6 indicador 7

maio

junho

julho

agosto

setembro

outubro

65

5.4 IDEALIZAÇÃO DO NOVO PROCESSO-CHAVE

Foi idealizada a possibilidade de implantação de um novo processo-chave, o

seguimento farmacoterapêutico. Para este processo foi desenhado um fluxograma conforme

mostra a figura 6 e uma ficha de processo conforme mostra o quadro 12.

Figura 6. Fluxograma do Novo Processo-chave: Seguimento Farmacoterapêutico de

Hipertensos.

Fonte: Adaptado de Hernández, Castro e Dáder (2010), p.30.

66

Quadro 12: Ficha do Novo Processo-chave: Descrição das características do processo.

Processo: Seguimento Farmacoterapêutico de Hipertensos Proprietário: Farmacêutico

Missão: processo que acompanha usuários hipertensos em tratamento

medicamentoso através de consultas farmacêuticas com o objetivo de

detectar RNM e sugerir intervenções que possam controlar a pressão

arterial.

Documentação:

POP (Método Dáder)

POP (Morisky para a

aferição da adesão

Alcance: Inicial: aceitação do usuário hipertenso pelo serviço oferecido

Final: usuário hipertenso com PA controlada.

Entradas: Oferta do serviço pelo farmacêutico ou encaminhamento pelo médico

Fornecedores: Farmacêutico

Saídas: usuário hipertenso com PA controlada.

Clientes: usuários em uso de antihipertensivo e PAS ≥ 140 ou PAD ≥ 90

Recursos: esfigmomanômetro Registros: necessidades do usuário

Variáveis de controle:

Alimentação

Exercício físico

Adesão ao

regime

terapêutico

prescrito

Indicadores

- aferição da adesão ao tratamento prescrito,

- número de RNMs detectados, prevenidos e resolvidos,

- intervenções farmacêuticas registradas e aceitas,

- número de usuários com pressão controlada,

- número de eventos adversos relacionados com medicamentos

identificados e notificados.

RNM -Resultados Negativos associados aos medicamentos POP- Procedimento Operacional Padrão

Fonte: Adaptado de Sanz et al (2002), p. 29

5.5 PROPOSTA DE EXECUÇÃO DO NOVO PROCESSO

Para a execução do novo processo, o Seguimento Farmacoterapêutico, buscou-se na

literatura um método apropriado, sendo o método Dáder escolhido pela pesquisadora por

apresentar um processo detalhado de execução e por ser um método aplicado em vários

países. (PEREIRA e FREITAS, 2008; CORDEIRO e REYNAUD, 2008)

Para este estudo optou-se por realizar o Seguimento Farmacoterapêutico de usuários

hipertensos porque a hipertensão é uma doença com tratamento efetivo porém com baixas

67

taxas de controle e porque a pesquisadora, com base em sua experiência prática, percebe que

esta população em tratamento farmacológico possui problemas relacionados ao medicamento.

Com o propósito de apresentar o novo processo à equipe técnica, médicos clínicos,

enfermeiros e nutricionistas, será realizada uma reunião de equipe, onde os principais

conceitos serão apresentados e será solicitado a cooperação tanto na seleção dos usuários

quanto na resolução dos RNMs encontrados.

5.5.1 A PRÁTICA DE SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO

Os usuários serão acompanhados de acordo com o método Dáder que consiste de

entrevistas mensais realizadas na farmácia em uma sala privativa sendo agendados

individualmente. (HERNANDEZ, CASTRO e DÁDER, 2010)

Na primeira entrevista o farmacêutico preencherá a ficha de dados pessoais do usuário

(anexo 2). Neste dia o farmacêutico programará o retorno do usuário e solicitará que ele traga

todos os medicamentos que utiliza, as últimas receitas médicas e os últimos exames.

No segundo encontro ocorrerá a coleta de informações a respeito de comorbidades,

hábitos alimentares e hábitos sociais (anexo 3). O usuário será indagado sobre suas

preocupações de saúde e buscar-se-á informações amplas dos seus problemas de saúde, sua

percepção e suas dúvidas (anexo 4). Serão obtidas informações de cada medicamento que o

usuário utiliza, onde o mesmo demonstrará seu conhecimento a respeito da indicação, modo

de utilização e efetividade e segurança do medicamento (anexo 5). Neste momento será feita a

avaliação da adesão do usuário ao uso do medicamento através do teste desenvolvido por

Morisky et al (2008) que será explicado no próximo item em virtude da adesão ser

considerada neste trabalho como um indicador. Por fim, será feita uma verificação geral, que

consiste numa série de perguntas objetivas sobre o funcionamento do seu organismo buscando

a detecção de novos problemas de saúde e medicamentos utilizados, além de aprofundar

alguma informação não esclarecida (anexo 6). A aferição da PA será realizada a cada

encontro. Os parâmetros hematológicos, bioquímicos, hormonais e outros exames realizados

pelo usuário serão obtidos previamente, mediante busca no prontuário e os dados serão

registrados em formulário específico.

Os dados obtidos no primeiro e no segundo encontro serão compilados no formulário

de análise situacional do usuário (anexo 7), onde os problemas de saúde, medicamentos

68

utilizados e parâmetros clínicos serão relacionados, permitindo uma visão geral de sua

situação em uma determinada data. Será realizada uma busca de evidências científicas

disponíveis em fontes relevantes, centrada na avaliação da situação clínica do usuário, nos

seus problemas de saúde e nos medicamentos em uso, para avaliar criticamente a necessidade,

a efetividade e a segurança dos medicamentos que o usuário utiliza (fase de estudo). Esta

análise tem como objetivo identificar os RNM, assim como suas suspeitas, classificados

segundo o Terceiro Consenso de Granada (fase de avaliação).

A próxima etapa (3ª entrevista) a ser seguida é a fase de intervenção (anexo 9), onde

será elaborado e iniciado o plano de atuação com o usuário e outros profissionais de saúde

(anexo 8). O plano de atuação é um programa de trabalho contínuo, elaborado em conjunto

com o usuário e com a equipe multidisciplinar, no qual serão registradas as intervenções ou

atividades que o farmacêutico empreenderá para melhorar ou preservar o estado de saúde do

usuário.

As entrevistas farmacêuticas após a fase de intervenção fecham o processo de

seguimento do usuário, tornando-o cíclico. As entrevistas sucessivas (4ª e 5ª entrevistas)

permitem conhecer a resposta do paciente e/ou da equipe multidisciplinar frente à proposta de

intervenção do farmacêutico, comprovar sua continuidade e obter informações sobre o

resultado (anexo 10). Permite também iniciar novas intervenções previstas no plano de

atuação, detectar o aparecimento de novos problemas de saúde, uso de novos medicamentos e

RNM.

Ao final de cada ciclo serão registrados os RNM detectados e os resultados positivos

alcançados e as intervenções não farmacoterapêuticas realizadas. No último encontro (6ª

entrevista) com o usuário será novamente aplicado o teste desenvolvido por Morisky et al

(2008), (Quadro 10) para avaliar se ocorreu alguma modificação quanto à adesão do paciente

ao tratamento com anti-hipertensivos. Para o planejamento estratégico e registro das ações

realizadas ao longo do Seguimento Farmacoterapêutico, o farmacêutico terá como suporte

uma agenda para cada paciente.

5.6 PROPOSTA DE CONTROLE DO NOVO PROCESSO-CHAVE

Para o monitoramento do Processo-chave, buscou-se na literatura os indicadores de

resultado descritos e propôs-se para este estudo (ALANO, CORRÊA e GALATO, 2012;

69

MARGARINOS-TORRES, OSÓRIO-de-CASTRO e PEPE, 2007) :

- aferição da adesão ao tratamento prescrito,

- número de RNMs detectados, prevenidos e resolvidos,

- número de eventos adversos relacionados com medicamentos identificados e

notificados,

- intervenções farmacêuticas registradas e aceitas,

- número de usuários com pressão controlada.

Para a aferição da adesão foi escolhido o método de Morisky de oito itens (MMAS-8)

porque é um instrumento que foi construído para determinar a adesão a tratamentos anti-

hipertensivos (MORISKY et al, 2008). Esse método foi desenvolvido a partir da Escala de

Adesão Terapêutica de Morisky de 4 itens (MMAS-4) publicado em 1986.

A Escala de Morisky de oito itens foi traduzida (Quadro 13), utilizada no estudo

brasileiro de Oliveira-Filho et al (2012) e apresentou associação significativa com o controle

da PA, o que justifica a escolha deste método no presente estudo.

Quadro 13 Escala de Adesão Terapêutica de Morisky de 8 itens – MMAS-8

1) Você às vezes esquece de tomar os seus remédios para pressão?

2) Nas duas últimas semanas, houve algum dia em que você não tomou seus remédios

para pressão alta?

3) Você já parou de tomar seus remédios ou diminuiu a dose sem avisar seu médico

porque se sentia pior quando os tomava?

4) Quando você viaja ou sai de casa, às vezes esquece de levar seus medicamentos?

5) Você tomou seu medicamentos para pressão alta ontem?

6) Quando sente que sua pressão está controlada,você às vezes para de tomar seus

medicamentos?

7) Você já se sentiu incomodado por seguir corretamente o seu tratamento para

pressão alta?

8) Com que frequência você tem dificuldades para se lembrar de tomar todos os seus

remédios para pressão?

Nunca/ Quase Nunca/ Às Vezes/ Frequentemente/ Sempre

Fonte: OLIVEIRA-FILHO et al (2012)

70

A MMAS-8 é um método de autorrelato para a determinação da adesão terapêutica,

contem sete perguntas com respostas fechadas de caráter dicotômico sim/não e uma pergunta

com resposta em escala de opções, formuladas para evitar o viés de respostas positivas dos

pacientes a perguntas feitas por profissionais de saúde, por meio da inversão das respostas

relacionadas ao comportamento aderente do entrevistado. Assim, cada item mensurou um

comportamento aderente específico, com sete perguntas que devem ser respondidas

negativamente e apenas uma, positivamente, sendo a última questão respondida segundo uma

escala de cinco opções: nunca, quase nunca, ás vezes, frequentemente, sempre.

O grau de adesão terapêutica é determinado de acordo com a pontuação resultante da

soma de todas as respostas corretas: alta adesão (oito pontos), média adesão (6 a <8 pontos) e

baixa adesão (< 6 pontos).

Será aplicado o questionário no início do estudo (segunda entrevista) e no final do estudo

(última entrevista).

5.7 EXECUÇÃO DOS PROCESSOS-CHAVE: DISPENSAÇÃO E INÍCIO DO SEGUIMENTO

FARMACOTERAPÊUTICO

Como visto na fase anterior (execução e controle do processo crítico), os técnicos se

apropriaram dos processos de que são responsáveis e no mês de outubro o farmacêutico pôde

colocar em prática a agenda construída disponibilizando 50% do seu tempo de trabalho para

se dedicar aos processos-chave. (minuta de reunião da farmácia e banco de dados qualitativos,

apêndice 1).

A presença do farmacêutico na dispensação de medicamentos permitiu a ele melhorar a

programação de medicamentos uma vez que ele passou a perceber demandas de

medicamentos que constavam na lista da REMUME e que ele não tinha conhecimento,

melhorando o acesso do usuário a medicamentos. O acolhimento ao usuário na farmácia,

assim como orientações de como preparar ou usar os medicamentos foi melhorado pelos

técnicos que ao observarem como o farmacêutico fazia também começaram a fazer. Ainda,

com a presença do farmacêutico na dispensação foi possível convidar usuários que na

percepção do farmacêutico necessitavam de acompanhamento do uso de medicamentos e os

técnicos também passaram a encaminhar usuários com dificuldade quanto ao uso ou

71

dificuldade de adesão quanto ao tratamento prescrito ao farmacêutico. (diário de campo do

pesquisador e banco de dados qualitativos, apêndice 1).

A dispensação de medicamentos na farmácia é realizada através de uma “janelinha” o

que dificulta a interação do farmacêutico ou técnico com o usuário. Para mudar este cenário, a

direção da unidade foi sensibilizada e há a proposta de mudar o layout da sala de forma a

permitir que o usuário entre na farmácia e possa sentar-se para receber os seus medicamentos

junto com as orientações sobre o uso dos medicamentos.

Os fatos acima aliados à disponibilidade de uma sala privativa para o farmacêutico

facilitou o início do seguimento farmacoterapêutico no mês de novembro. (relatório de

produção do farmacêutico do mês de novembro no GIL, MS/SE/DATASUS e minuta de

reunião da direção da unidade de saúde pesquisada).

72

6 CONSIDERAÇÔES FINAIS

O presente estudo descreveu a aplicação de uma ferramenta de gestão, a orientação por

processos em um setor de uma unidade de saúde específica destacando e focalizando a

modificação do trabalho do farmacêutico. As considerações finais serão descritas em três

tópicos, o primeiro, a geração de valor, comprovado no cenário estudado, porém com a

tentativa de considerar citações e argumentos que valham para a utilização em outros

cenários, o segundo tópico, a limitação do estudo e o terceiro tópico, a conclusão, com a

opinião da autora deste estudo diante dos fatos vividos no cenário sob o tema referenciado.

1- Geração de valor – “Os processos permitem que a organização tenha foco no atendimento

ao cliente e consequentemente, possa dirigir seus recursos e esforços para a melhoria

contínua deste atendimento” (OLIVEIRA, 2012a, p.173). Na orientação por processos as

atividades são voltadas para criar valor para seus clientes. No caso estudado observou que

os resultados demonstraram, ao longo dos meses, melhorias no processo de logística,

maior participação do farmacêutico nos processos-chave e a implantação de um novo

processo-chave. Entretanto não se pode direcionar estes fatos, única e exclusivamente a

gestão por processos, mas pode-se direcionar como consequência de um novo modelo

vivenciado na unidade de saúde, a estratégia de saúde da família, que tem possibilitado

mudar a visão dos profissionais da atenção primária para uma nova maneira de trabalhar,

focalizando o indivíduo, família e comunidade e não apenas as doenças. Para isso,

ressalta-se que a gestão por processos atuou como facilitadora das mudanças ocorridas no

cenário deste estudo. Neste contexto pode-se vincular os resultados atingidos, a geração

de valor na farmácia, após a aplicação da ferramenta de gestão, uma vez que se atingiu os

objetivos propostos.

73

2- Limitação do estudo - A pesquisadora é a farmacêutica responsável pelo local do estudo

de caso. É positivo o grande conhecimento da intervenção por parte da pesquisadora e a

oportunidade diferenciada de captar a realidade do ponto de vista de alguém “interno” ao

estudo de caso, sendo valioso a produção de um retrato “preciso” do fenômeno. Mas pode

ocasionar certa dificuldade de distanciamento e imparcialidade nas análises realizadas.

3- Conclusão do estudo-

Retomando a questão que originou este estudo:

- descrever como ocorreu a modificação do trabalho do farmacêutico em uma

unidade de atenção primária após a aplicação da gestão por processos na farmácia.

Buscou-se comprovar a questão de pesquisa por meio das fontes de evidências

utilizadas, observação participante, documentos e registros em arquivo, e pode-se

corroborar que são verdadeiras no caso estudado.

As conclusões, porém, devem ser revistas à luz das limitações deste trabalho, entre as

quais se destaca o fato de não serem conclusões generalizadas estatisticamente.

Baseada nas provas analisadas, a gestão por processos facilitou sensibilizar a direção

da unidade quanto a necessidade de mudanças no trabalho do farmacêutico. O apoio

institucional aliado a cursos oferecidos aos farmacêuticos da rede através da assistência

farmacêutica municipal e a colaboração dos atendentes lotados na farmácia pesquisada,

contribuíram para que este estudo tornasse realidade e observa-se que o trabalho do

farmacêutico foi substancialmente modificado. A modificação pode ser comprovada pelo

início do atendimento individualizado aos usuários pelo farmacêutico.

Ressalta-se a necessidade de implementar o controle da dispensação focando em

indicadores de resultado e promovendo melhorias deste processo-chave. Contudo,

algumas melhorias foram apontadas nos resultados deste estudo. Ressalta-se também a

necessidade de contratação de técnicos de farmácia, pois o que geralmente ocorre é a

contratação de profissionais que não tem formação técnica em farmácia e o oferecimento

de cursos de capacitação aos atendentes da farmácia, colaboradores imprescindíveis do

farmacêutico. A autora acredita que a falta de técnicos habilitados seja um fator que

colabora para a estagnação ou involução da farmácia analisada. O passo seguinte ao ponto

que este trabalho parou seria a pactuação das metas para o processo logístico e a

implementação do seguimento farmacoterapêutico iniciado.

Na opinião da autora, se faz urgente a necessidade de institucionalizar a nível

74

municipal o trabalho do farmacêutico voltado para o usuário, inclusive com a criação de

ferramentas que possam ser utilizadas pelo farmacêutico no prontuário eletrônico, uma

vez que esta tecnologia está disponível nas unidades municipais mas não oferece nenhum

auxílio ao farmacêutico, nem como controle de estoque, nem como atendimento

individualizado ao usuário. Talvez se fossem criados formulários no prontuário eletrônico

para o uso do farmacêutico voltados para o acompanhamento da adesão ao tratamento ou

seguimento das doenças crônicas não transmissíveis, de forma a orientar e facilitar o

trabalho do farmacêutico, teríamos uma mudança substancial na assistência farmacêutica

no município do Rio de Janeiro.

75

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82

8 APÊNDICES

83

8.1 Banco de dados qualitativos do estudo de caso

Registros das intervenções

farmacêuticas

Melhorias propostas nas

reuniões da farmácia

Agenda do

farmacêutico

(20hs)

Divulgação escrita e verbal da

REMUME aos prescritores

Divisão do trabalho entre os

colaboradores melhor

distribuída

Segunda: 8-

11:30hs

Pedidos, e-mail,

digitação Sigma

empoderamento dos técnicos nos

processos logísticos

imãs de identificação de

medicamentos nas prateleiras

das estantes da CAF.

Segunda: 11:30-

12h

almoço

Orientação aos usuários asmáticos

sobre a administração dos aerossóis e

da capsula de inalação.

Afixação de quadro com

anotação de casos especiais

que a farmácia atende.

Segunda: 12-13hs

Realização do

acolhimento no

CMS

Identificação de receita com

sobredose de antibiótico para criança.

Afixação na dispensação de

lista contendo faltas no

estoque.

Segunda: 13 -17hs

Seguimento

farmacoterapêutico

identificação de posologia inadequada

na prescrição de permetrina 5%.

Estabelecimento de horários

para a reposição e

acondicionamento dos

medicamentos na

dispensação.

Terça: 8-12hs

Seguimento

farmacoterapêutico

identificação de esquema terapêutico

equivocado em usuário HIV/Aids.

Realização de inventário

mensal na CAF.

Terça: 12-13hs

almoço

acolhimento na farmácia a usuários

novos (orientação do uso ou

explicação quando na eventual falta

de medicamento)

Programação de

medicamentos melhorada a

partir do melhor

conhecimento das demandas

pelo farmacêutico.

Terça: 13-17hs

Pedidos, e-mail,

digitação Sigma

fornecimento de dosadores orais

(seringas graduadas) para as receitas

pediátricas, informando o volume do

medicamento a ser retirado do frasco.

Os dosadores dos líquidos orais tem a

marcação de apenas 2,5, 5,0 e 10 ml,

geralmente.

Sexta: 8- 12hs

- Grupo educativo

(15/15 dias)

- dispensação

Identificação de receita com

sobredose de albendazol, sulfato

ferroso, fluconazol e enalapril.

Aconselhamento ao usuário asmático

e hipertenso a ir no acolhimento da

unidade solicitar consulta médica

devido a não melhora de seu quadro

clínico diante do uso de salbutamol

aerossol. Este usuário foi convidado a

participar do seguimento farmacoter.

84

8.2 Planilha construída para a coleta de dados para os indicadores 4 e 5 do processo de

distribuição

85

9 ANEXOS

86

9.1 Cópia do documento de autorização para a divulgação dos dados da unidade de saúde

pesquisada.

87

9.2 Método Dáder: planilha para registro de dados pessoais do usuário.

Nome:

Endereço:

Telefone: Data de nascimento:

Celular: Sexo: (M) (F)

Religião: Estado civil:

Grau de Instrução: Horário de trabalho:

Equipe: Médico de família:

Enfermeira : Agente Comunitário:

Mora sozinho: (S) (N) Com quem?

Tem acompanhante nas consultas: (S) (N) Nome:

Grau de Parentesco: Telefone:

Anexo 02

88

9.3 Método Dáder: planilha para registro de informações complementares

Data: ___/___/______

( ) Hipertensão ( ) Bronquite ( ) Outras Qual (is):

( ) Depressão ( ) Hipercolesterolemia

( ) ICC ( ) Artrite

( ) Hepatite ( ) Hipertireoidismo

( ) Osteoporose ( ) Úlcera

( ) Asma ( ) Gastrite

Frutas ( N ) ( S ) Frequência: ( ) Raramente ( ) 1x/sem ( ) 2x/sem ( ) 3 a 4x/sem ( ) Todos os dias

Qual (is):

Verduras ( N ) ( S ) Frequência: ( ) Raramente ( ) 1x/sem ( ) 2x/sem ( ) 3 a 4x/sem ( ) Todos os dias

Qual (is):

Legumes ( N ) ( S ) Frequência: ( ) Raramente ( ) 1x/sem ( ) 2x/sem ( ) 3 a 4x/sem ( ) Todos os dias

Qual (is):

Carboidratos ( N ) ( S ) Frequência: ( ) Raramente ( ) 1x/sem ( ) 2x/sem ( ) 3 a 4x/sem ( ) Todos os dias

Qual (is):

Carnes ( N ) ( S ) Frequência: ( ) Raramente ( ) 1x/sem ( ) 2x/sem ( ) 3 a 4x/sem ( ) Todos os dias

Qual (is):

Laticínios ( N ) ( S ) Frequência: ( ) Raramente ( ) 1x/sem ( ) 2x/sem ( ) 3 a 4x/sem ( ) Todos os dias

Qual (is):

Embutidos ( N ) ( S ) Frequência: ( ) Raramente ( ) 1x/sem ( ) 2x/sem ( ) 3 a 4x/sem ( ) Todos os dias

Qual (is):

Chás / Café ( N ) ( S ) Frequência: ( ) Raramente ( ) 1x/sem ( ) 2x/sem ( ) 3 a 4x/sem ( ) Todos os dias

Qual (is):

Refrigerantes ( N ) ( S ) Frequência: ( ) Raramente ( ) 1x/sem ( ) 2x/sem ( ) 3 a 4x/sem ( ) Todos os dias

Qual (is):

Quantos copos de água bebe por dia?

Fumo: ( N ) ( S ) Quantidade (cigarros/dia): Drogas ilícitas: (N) (S) Qual (is):

Bebida alcóolica: ( N ) ( S ) Frequência: ( ) Raramente ( ) Nos fins de semana ( ) 3 a 4x/sem ( ) Todos os dias

Quantidade: ( ) 1 copo ou dose ( ) 2-3 copos ou doses ( ) Mais de 3 copos ou doses

Exercício Físico: ( N ) ( S ) Qual (is): Frequência: ( ) Raramente ( ) 1x/sem ( ) 2x/sem ( ) 3 a 4x/sem ( ) Todos os dias

Anexo 03

Informações Complementares

Comorbidades

Hábitos alimentares:

Hábitos sociais:

89

9.4 Método Dáder: planilha para registro dos problemas de saúde

Data: ___/___/______ Folha: ___/___

Anexo 04

Início: ___/___/_____

Problemas de saúde

Problema de Saúde:

Problema de Saúde:

Fim: ___/___/_____

Início: ___/___/_____

Início: ___/___/_____

Fim: ___/___/_____

Início: ___/___/_____

Problema de Saúde:

Início: ___/___/_____

Fim: ___/___/_____

Fim: ___/___/_____ Fim: ___/___/_____

Início: ___/___/_____

Fim: ___/___/_____

Problema de Saúde:

Problema de Saúde:Problema de Saúde:

90

9.5 Método Dáder: planilha para registro de informações sobre medicamentos.

Data: ___/___/______

Requer ajuda para tomada do(s) medicamentos: ( N ) ( S )

Medicamento:

Princípio ativo:

Prescritor: ( ) N ( ) S ( ) sim

Nome: ( ) não

Medicamento:

Princípio ativo:

Prescritor: ( ) N ( ) S ( ) sim

Nome: ( ) não

Medicamento:

Princípio ativo:

Prescritor: ( ) N ( ) S ( ) sim

Nome: ( ) não

Data final:

Data final:

P.S. que trata: Modo de usar e administrar

Modo prescrito

Adesão

Percepção da efetividade: Percebe efeito? Data inicial:

P.S. que trata: Modo de usar e administrar

Percepção da efetividade: Percebe efeito? Data inicial:

Percepção da segurança: Algo estranho?

P.S. que trata: Modo de usar e administrar

Percepção da efetividade: Percebe efeito? Data inicial:

Data final:

Adesão

Percepção da segurança: Algo estranho?

Modo utilizado

Adesão

Modo prescrito

Percepção da segurança: Algo estranho?

Modo utilizado

Medicamentos

Modo utilizado

Anexo 05

Modo prescrito

91

9.6 Método Dáder: planilha para registro de verificação geral do usuário.

Anexo 06

Repasse

Cabelo (queda, ressecamento,...) Rins(dor na micção, aspecto da urina, quantidade da urina,...)

Cabeça (dor,...) Fígado

Olhos (ardência, ressecamento, visão,...) Aparelho Genitário (prurido, secreção,...)

Ouvidos (dor, secreção, zumbido,...) Pernas (cãimbras, dor,...)

Nariz (sercreção, irritação,...) Pés (dedos, unhas,...)

Garganta (dor, irritação,...) Músculos esqueléticos (gota, dor nas costas, tendinite,...)

Boca (ferida, secura, ...) Pele (ressecamento, erupções,...)

Pescoço (dor, nódulos, desconforto,...) Psicológico (depressão,...)

Mãos (dedos, unhas,...) Neurológico (eplepsia,...)

Braços e músculos (cãimbras, dor,...) IMC

Coração (palpitação, taquicardia,...) Parâmetros anormais (temperatura, PA, colesterol, glicose,...)

Pulmões (falta de ar, chiado,...) Hábitos de vida (cigarro,álcool,drogas, atividades físicas, dieta,...)

Aparelho digestivo (náusea, azia, queimação,...) Vacinas e alergias

92

9.7 Método Dáder: planilha para registro da análise situacional.

Paciente:

IF

* Diagnóstico documentado pelo médico Preocupa: Não Preocupa (NP); Pouco (P); Regular (R); Bastante (B) Avaliação: Necessidade (N); Efetividade (E); Segurança (S)

OBSERVAÇÕES

Data: ___/___/______ Folha: ___/___

Sexo: Idade: IMC: Alergias:

Análise situacional

Início Problema de saúde Controlado DesdeMedicamento (princípio

ativo)

Avaliação

Usado

Problemas de saúde Medicamentos

S Classif. RNMENData de

inícioPreocupa

Anexo 07

Modo

Prescrito

93

9.8 Método Dáder: planilha para registro do plano de atuação.

NºData

(delinemamento)Prioridade Data

Prioridade: Alta (A); Média (M); Baixa (B)

Data: início, controle,

resultado

Alcançado

Intervenções farmacêuticas

Descrição e planejamento Objetivo relacionado (Nº)

Folha: ___/___Plano de atuação

Anexo 8

Objetivos (Descrição)

94

9.9 Método Dáder: planilha para registro das intervenções.

Problema manifestado

O que aconteceu com a intervenção? Data: ___/___/______

Anexo 9

Não está claro

Educar em medidas não farmacológicas

Descrição:

Folha de intervenção

Modificar posologia

Retirar um medicamento

Substituir um medicamento

Intervir na educação do

paciente

Forma de uso e administração do medicamento

Aumentar a adesão ao tratamento (atitude do paciente)

Modificar o modo de utilizar (redistribuição da quantidade)

Intervir na terapia

farmacológica

Verbal paciente-médico

Verbal com o paciente

O que aconteceu com o problema de saúde? Data: ___/___/______

Escrita com o paciente

Escrita paciente-médico

Resultado

Administração errada do medicamento

Via de comunicação

Ação

Data: Objetivo:

Intervir na quantidade

dos medicamentos

Modificar a dose

Medicamento (s) envolvido (s)

Incluir um medicamento

Causa: identificação do PRM (selecionar quantas considerar oportunas)

Outros

Duplicidade

Características pessoais

Contra-indicação

Dose, modo de usar ou tempo de tratamento não adequado

Medição final:

Intervenção não aceita

Intervenção aceita

RNM não

resolvidoRNM resolvidoResuldado

Descrição:

Probabilidade de efeitos adversos

Não adesão

Interações

Erros na prescrição

Outros problemas de saúde que afetam o tratamento

Problema de saúde insuficientemente tratado

Erros na dispensação

Conservação inadequada

Identificação

Código

Medição Inicial:

Nome, Dose, Forma Farmacêutica

Insegurança não quantitativa

Efeito de medicamento desnecessário

Inefetividade quantitativa

Risco de manifestação

Insegurança quantitativa

O que se pretende fazer para resolução do problema

RNM:Data:

Classificação do RNM (Marcar um)

Problema de saúde não tratado

Situação do PS (Marcar um)

Inefetividade não quantitativa

95

9.10 Método Dáder: planilha para registro das entrevistas sucessivas.

Data: ___/___/______

Anexo 10

Folha: ___/___

Data Próxima revisãoObervaçõesProblema de Saúde e Motivo da Consulta

Entrevistas Sucessivas