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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO DEPARTAMENTO DE TURISMO CURSO DE TURISMO FLÁVIO DA SILVA VELLASQUEZ TURISMO DE NEGÓCIOS: PERSPECTIVAS GERADAS PELA EXPLORAÇÃO MINERADORA NO COMPLEXO DE CARAJÁS E REGIÃO Niterói 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO

DEPARTAMENTO DE TURISMO CURSO DE TURISMO

FLÁVIO DA SILVA VELLASQUEZ

TURISMO DE NEGÓCIOS: PERSPECTIVAS GERADAS PELA EXPLORAÇÃO MINERADORA NO COMPLEXO DE CARAJÁS E REGIÃO

Niterói 2012

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FLÁVIO DA SILVA VELLASQUEZ

TURISMO DE NEGÓCIOS: PERSPECTIVAS GERADAS PELA EXPLORAÇÃO MINERADORA NO COMPLEXO DE CARAJÁS E REGIÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Turismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Turismo. Orientador: Prof. Dra. Helena Catão H. Ferreira

Niterói 2012

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Dedico esse trabalho aos meus pais pelo apoio em todos os

momentos da minha vida e aos amigos que me acompanharam

durante essa primeira jornada de crescimento acadêmico.

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AGRADECIMENTOS

A professora Helena Catão, pela orientação, dedicação, paciência e pelas palavras

encorajadoras e reconfortantes durante o processo de elaboração desse trabalho.

Aos professores Mestre Eduardo Vilela e Dr. Marcello Tomé que aceitaram

prontamente o convite para participação em minha banca e pelas contribuições que

certamente enriqueceram esse trabalho.

Ao professor Ronnie Figueiredo pela colaboração acerca das discussões sobre

estruturas organizacionais e aos demais professores do Departamento de Turismo

da UFF que contribuíram para os meus estudos sobre o fenômeno turístico.

Aos funcionários do grupo Vale S.A., tanto os empregados próprios quanto os

terceiros, pela colaboração na realização desse trabalho. Em especial as senhoras

Simone Lacerda, responsável do RH pelas viagens corporativas, Michelle Gusso,

terceirizada da agência de turismo corporativo da Vale e Isabella Figueiredo,

responsável pelo planejamento de longo prazo de infraestrutura Norte, do qual

incluía meu escopo de pesquisa.

À minha família pelo apoio, carinho, educação e encorajamento que proporcionaram

durante toda a minha vida.

Aos companheiros de trabalho, que dedicaram parte do seu tempo para orientar e

compartilhar informações que foram primordiais para a finalização desse projeto.

E por fim, aos meus amigos, pelas sugestões em relação à pesquisa, pelos

incentivos nos momentos mais difíceis e pelo carinho de sempre se fazerem

presentes.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Sete aspectos do conceito de sustentabilidade 23

Figura 2 Marcos Internacionais relacionados com ambiente e o desenvolvimento sustentável

25

Figura 3 Desenvolvimento do turismo sustentável versus não sustentável

29

Figura 4 Sustentabilidade Corporativa segundo a abordagem Triple Bottom Line

34

Figura 5 Níveis de sensibilidade social nas organizações 35

Figura 6 Estágios e atitudes das organizações frente à RSC 36

Figura 7 Urbanização Turística do Rio Tocantins, Marabá – PA 40

Figuras 8 Acesso ao centro do Município, Curionópolis – PA. 41

Figura 9 Área urbana, Tucumã – PA 42

Figura 10 Projeto Onça Puma de Mineração, Ourilândia - PA 44

Figura 11 Mina de Minério de Ferro, Eldorado do Carajás - PA 45

Figura 12 Vista Aérea, São Félix do Xingú - PA 46

Figura 13 Índio nativo Kaiapó, Cumaru do Norte – PA 47

Figura 14 Vista Aérea, Redenção - PA 48

Figura 15 Vista Litorânea, Pau D´Arco - PA 49

Figura 16 Vista Litorânea, Bannach - PA 50

Figura 17 Vista Aérea, Rio Maria - PA 50

Figura 18 Apresentação Cultural, Xinguara - PA 51

Figura 19

Figura 20

Figura 21

Figura 22

Figura 23

Figura 24

Figura 25

Figura 26

Figura 27

Apoio Eleitoral dos Índios Kaiapó, Agua Azul do Norte Reforma Urbanística, Sapucaia - PA

Circuito das Águas, Piçarra - PA Cachoeira das Andorinhas, São Geraldo do Araguaia Vista Aérea, Brejo Grande do Araguaia - PA Atração Turística de Motocross, Palestina do Pará Cachoeira do Prado, São Domingos do Araguaia Festa do Círio de Nazaré, São João do Araguaia Vista Aérea, Bom Jesus do Tocantins – PA Mina de minério de ferro, Carajás – PA

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Figura 28

Figura 29

Figura 30

Figura 31

Figura 32

Figura 33

Figura 34

Figura 35

Figura 36

Figura 37

Figura 38

Figura 39

Figura 40

Figura 41

Figura 42

Figura 43

Artesanato com fibras e madeira ecologicamente correta em Arapiuns – PA Sítio Cerâmico localizado em Santarém, PA Sambaquis na região do Salgado, PA Sítio com Arte Rupestre em Serra da Lua, PA Sitio Lítico em São João do Araguaia, PA Sitio Histórico em Joanes, PA Acervo de Pintura Rupestre em São Geraldo do Araguaia, PA Antecedentes Históricos do Meio Socioeconômico Áreas de Proteção Ambiental PIB Total – áreas de influência direta Projeções de massa salarial e geração de empregos Localização dos principais projetos de mineração no Pará Planejamento de metas por unidade de negócios Áreas protegidas por parcerias entre a Vale e os governos locais Potenciais impactos gerados

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RESUMO

O presente trabalho investiga o processo de formação e a gestão atual da região do Complexo de Carajás impactada diretamente pelo desenvolvimento das atividades extrativistas de mineração em seus domínios territoriais. A indústria extrativista mineral, pela sua abrangência e importância na economia nacional, historicamente tem tido um papel importante no esforço de promover o desenvolvimento econômico e social e de reduzir as desigualdades regionais. Para isso, investimentos em infraestrutura e em serviços têm gerado discussões e vistos como prioridades no fomento ao crescimento das cidades. Atividades secundárias como as que envolvem o ramo turístico tornaram-se um ponto estratégico pelo setor de logística visando à sustentabilidade dos projetos, pois é percebida a importância de incentivar o crescimento do turismo de negócios que contribui tanto para as comunidades locais (geração de empregos) quanto para as grandes mineradoras (ampliação da rede de serviços aos seus empregados). Através de análises e estudos realizados em algumas cidades cujas características se encontram nesse contexto, será discutido nesse trabalho o lado sustentável em expansão e não apenas o depredatório já conhecido das atividades mineradoras. Palavras-chave: Turismo, Sustentabilidade, Desenvolvimento Local, Mineração.

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ABSTRACT

This study investigates the process of training and current management of the region's current Carajás complex directly impacted by the development of extractive mining activities in their territorial domains. The mining industry, for its scope and importance in the national economy, has historically played an important role in the effort to promote economic development and social and regional inequalities. For this, investments in infrastructure and services have generated discussion and seen as priorities in fostering the growth of cities. Secondary activities such as those involving the tourist industry became a strategic point for the logistics sector with a view to sustainability of projects because it is perceived the importance of encouraging the undoubted growth of business tourism that contributes both to local communities (job creation ) and for the large mining companies (expansion of the services to their employees). Through analysis and studies conducted in some cities whose characteristics are in this issue will be discussed throughout the work the next expansion and development in not only predatory familiar to mining. Key-Words: Tourism, Sustainability, Local Community, Mining.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 11

2 SUSTENTABILIDADE E NEGÓCIOS....................................................... 16

2.1 DO TURISMO DE NEGÓCIOS.................................................................. 16

2.2 DA ATIVIDADE TURÍSTICA...................................................................... 21

2.2.1 Desenvolvimento sustentável................................................................ 23

2.2.2 Desenvolvimento Sustentável no Turismo........................................... 27

2.3 DA SUSTENTABILIDADE NOS NEGÓCIOS............................................ 31

3 COMPLEXO DE CARAJÁS: UMA VISÃO HOLÍSTICA........................... 38

3.1 MARABÁ.................................................................................................... 38

3.2 CURIONÓPOLIS....................................................................................... 41

3.3 TUCUMÃ.................................................................................................... 42

3.4 OURILÂNDIA DO NORTE......................................................................... 44

3.5 ELDORADO DO CARAJÁS....................................................................... 45

3.6 SÃO FÉLIX DO XINGU.............................................................................. 46

3.7 CUMARU DO NORTE............................................................................... 47

3.8 REDENÇÃO.............................................................................................. 48

3.9 PAU D´ARCO............................................................................................ 49

3.10 BANNACH................................................................................................. 50

3.11 RIO MARIA................................................................................................ 50

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3.12 XINGUARA.............................................................................................. 51

3.13 AGUA AZUL DO NORTE......................................................................... 52

3.14

3.15

3.16

3.17

3.18

3.19

3.20

3.21

SAPUCAIA...............................................................................................

PIÇARRA.................................................................................................

SÃO GERALDO DO ARAGUAIA.............................................................

BREJO GRANDE DO ARAGUAIA...........................................................

PALESTINA DO PARÁ............................................................................

SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA...........................................................

SÃO JOÃO DO ARAGUAIA.....................................................................

BOM JESUS DO TOCANTINS................................................................

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4 DESENVOLVIMENTO DO TURISMO ARTICULADO A ATIVIDADE

DE MINERAÇÃO......................................................................................

64

4.1 PRINCIPAIS ATIVIDADES TURÍSTICAS................................................. 64

4.1.1 Turismo de Negócios no Complexo de Carajás.................................. 65

4.1.1.1 Viagens de Negócio em Geral................................................................. 67

4.1.1.2 Turismo de Eventos................................................................................. 68

4.1.1.3 Feiras Comerciais.................................................................................... 70

4.1.1.4 Viagens de Incentivo................................................................................ 70

4.1.2 Turismo de Aventura e Turismo Ecológico......................................... 72

4.1.2.1 Caso de Turismo Ecológico em comunidades extrativistas..................... 75

4.1.3 Turismo Arqueológico........................................................................... 77

4.2 CENÁRIOS E ÍNDICES PROPICIADOS PELA MINERAÇÃO................. 82

4.2.1

4.2.2

4.2.3

Perspectiva Geral...................................................................................

Medidas Preservacionistas...................................................................

Evolução Socioeconômica....................................................................

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4.2.4

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Relatório de Sustentabilidade e Desenvolvimento Local – Vale S.A.

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................

REFERÊNCIAS.......................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

O setor do turismo tem obtido cada vez mais importância no cenário

socioeconômico brasileiro. Tal fato pode ser evidenciado nas diversas estatísticas

relativas à geração de renda e emprego, quantidade de pessoas que fazem turismo,

e até mesmo, a criação de um Ministério único para o setor, o Ministério do Turismo

(MTur). De acordo com Hall: A valorização da atividade turística no Brasil, a partir da década de 1990, resulta de diversos fatores conjugados, como o crescente significado econômico do setor de serviços no mundo e, inserido neste, o turismo; a chamada potencialidade natural turística do país; a disponibilização de capitais estrangeiros para financiamento de projetos e os posicionamentos público e privado favoráveis ao desenvolvimento da atividade. (2004, p.10)

Com isso, o presente trabalho surge a partir de uma inquietação sobre o que

se vem discutindo a respeito do desenvolvimento local e, consequentemente, do

turismo nas áreas em que a mineração é identificada como um fator comercial.

Procuramos pesquisar, nesse sentido, uma possibilidade de articulação entre o

turismo e uma prática de sustentabilidade de negócios.

Dessa forma, não se pretende (re)conceituar um paradigma para o turismo de

negócios – até pela proposta e/ou tamanho de um trabalho monográfico. Ao

contrário: o que se pretende, sim, a partir de um conceito já legitimado, é dialogar

com outras formas em que negócio e turismo possam se aproximar a partir de

experiências pouco exploradas.

O objeto de estudo selecionado para a pesquisa representa um recorte de

uma realidade maior, mas, tendo em vista que a atividade mineradora, dentre as

demais áreas econômicas, ainda provoca grandes repercussões sociais, para além

de um impacto de mercado apenas, tal escolha tende a ampliar a discussão,

problematizando-a. Logo, falar dessa realidade já significa considerar possíveis

intervenções macro, dentre as quais o próprio turismo na região.

Assim, o tema do trabalho se justifica, uma vez que a proposta é a de

desenvolver um estudo em que a sustentabilidade de negócios possa ser refletida a

partir de outras vivências. Ademais, também corrobora para a justificativa a

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possibilidade de, em um trabalho de conclusão de curso em Turismo, ser possível

focar um caso em particular, mas com vistas à elaboração de um pensamento que

não está distante de outras realidades locais no Brasil.

Como relevância, a pesquisa pode propiciar, a partir da análise sobre os

impactos gerados pela exploração mineradora no complexo de Carajás e região, não

apenas o conhecimento dessa realidade, mas, sobretudo, o incentivo a outros

estudos, ou o aprofundamento dos que já existem, como forma de evidenciar

possibilidades no turismo de negócios. Sua importância reflete justamente a

necessidade de se construir trabalhos que estimulem novas perspectivas.

O objetivo geral do presente trabalho é investigar a possibilidade da atividade

mineradora como propulsora do desenvolvimento local dos municípios que fazem

parte do complexo de Carajás. A partir disso, o estudo também terá como objetivo

central analisar se nesse processo de desenvolvimento o turismo será considerado

como uma prática que se faz presente e através de quais segmentos.

Para tal, os objetivos específicos pretenderam verificar em que medida já

havia publicações e documentação sobre o tema, de maneira geral, e, em um

segundo momento, sobre a região delimitada; bem como o de conhecer alguns

índices econômicos e sociais dos municípios que compõem o complexo de Carajás;

além de pesquisar, nos conceitos teóricos, a adequação das possíveis atividades

relacionadas ao setor turístico encontradas no local, capazes de referenciar cada

segmento.

Outro objetivo específico que mereça destaque foi a necessidade de obter

uma postura de imparcialidade para a pesquisa consumada. Com isso, a análise dos

dados por muitas vezes teve que ser cruzada com fontes diferentes a fim de

validarmos os reais indicadores econômicos, sociais e ambientais dos quais

estavam sendo apresentados. Ou seja, as visões não se restringiram somente ao

escopo de informações oriundas dos municípios, mas também do agente externo do

qual nosso trabalho esta se baseando: nos atores responsáveis pela atividade

mineradora na região (Cia Vale S.A. e Vale Fertilizantes).

A metodologia realizada baseou-se em análise bibliográfica e documental,

além de entrevistas orais partindo de um roteiro aberto. A escolha desses

procedimentos metodológicos ocorreu em virtude de dois fatores. O primeiro, que

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corresponde às metodologias de análise, se justifica pela necessidade de retorno

aos registros – teóricos e documentais – que se tinha sobre o tema.

O segundo ponto, que diz respeito aos momentos de entrevistas, procurou

contribuir para uma compreensão mais aprofundada sobre o tema, partindo, no

entanto, do recorte escolhido, a saber: a exploração mineradora no complexo de

Carajás e região. Logo, procuramos manter essa prática de elaboração, como fontes

que deveriam acontecer nessa ordem: a ida às bibliografias e aos documentos –

como forma de se compreender o que os autores e os atores apresentavam; e, a

partir disso, conhecer melhor, por meio dos relatos orais, a realidade local

destacada.

As entrevistas realizadas foram estruturadas por departamentos dentro da

mineradora de maior importância na região: a Vale S.A. O departamento de RH

responsável pelas viagens corporativas, a agência terceirizada Net Tour responsável

pelas viagens e o departamento de planejamento de longo prazo Norte englobaram

nosso escopo de entrevistas, totalizando cerca de dez relatos orais. As

representantes de cada equipe, das quais colaboraram significantemente para esse

trabalho foram respectivamente: Simone Lacerda, Michelle Gusso e Isabella

Figueiredo.

A estrutura do trabalho está baseada em três capítulos de desenvolvimento,

além da introdução e das considerações finais. O primeiro capítulo apontará a

necessidade de esclarecer, através de pesquisa bibliográfica, conceitos referentes a

turismo de negócios, sustentabilidade de projetos e desenvolvimento sustentável

vinculado a atividade turística.

Adentraremos no referencial teórico que espera justificar o turismo de

negócios como um segmento da atividade turística. E, com isso, demonstrar de

maneira sucinta e objetiva, a quebra do paradigma do qual está associado o turismo

apenas como uma atividade de lazer. O segmento voltado para os negócios

apresenta características próprias que serão exploradas através dos autores

específicos ao tema.

Quanto à sustentabilidade de projetos, nosso capitulo buscará desenvolver

sob a teoria do Triple Bottom Line o equilíbrio exigido por esse conceito. A

sustentação desse equilíbrio através dos pilares econômicos, sociais e ambientais

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demonstra como o progresso de um negócio deve relacionar diferentes esferas para

obter o sucesso em seu ramo de atividades.

O desenvolvimento sustentável relacionado à atividade turística será

apresentado nesse capítulo com uma visão além de questões ambientais e políticas

públicas remetendo a esse tema. O direcionamento desse trabalho apontando o

turismo como uma atividade econômica não distante das demais, impulsionou o

conceito de sustentabilidade no setor como uma variável de desenvolvimento, não

focando exclusivamente no caráter ambientalista.

No capítulo seguinte, será apresentada a divisão dos municípios que

compõem a esfera do nosso escopo de pesquisa: o Complexo de Carajás.

Procuramos demonstrar através de registros e documentos o processo de formação

histórica desses municípios e seu grau de importância na região. Ou seja, através de

uma visão holística que pudesse apresentar pontualmente as diferenças entre essas

localidades e apontar as referências que merecessem destaque.

No último capítulo, será apresentada uma articulação do referencial teórico

exposto na primeira parte com o objeto de estudo apresentado na segunda. Essa

análise é continuada por relacionarmos esse material com as atividades

mineradoras existentes na região, ou seja, nesse momento de nossa pesquisa é

importante agregar a teoria ao que de fato é nosso objetivo. Que será explicar a

relação entre o que hoje temos para: o turismo e seus segmentos, a região do

Complexo de Carajás como o cenário de nossa pesquisa e a intervenção positiva

das mineradoras ao setor turístico.

As atividades turísticas encontradas são exemplificadas a partir do nosso

escopo de pesquisa, sendo analisados os casos individualmente através de cada

segmento encontrado e de suas ramificações.

Nesse capítulo também será apresentado um panorama geral que explicita as

alterações do cenário no Complexo de Carajás e de sua região através de dados

históricos, de projetos que estão em andamento e de projeções futuras. Essas

premissas e projetos citados englobam uma base de informações dividida em:

resumo histórico, ou seja, os motivos que propiciaram essa região no decorrer dos

anos a se tornar a magnitude de nosso objeto de pesquisa; medidas

preservacionistas, que salienta a necessidade de haver contrapontos para suprir o

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desgaste natural que as atividades mineradoras proporcionam ao meio ambiente; e,

por fim, a evolução socioeconômica, que tem como objetivo demonstrar a evolução

progressiva dos índices econômicos e sociais intrinsicamente ligados, ou seja,

perspectivas a cerca do PIB das cidades, aumento da população, quadro de

projeção salarial e de geração de empregos, dentre outros.

Ao final desse capítulo, será apresentado um panorama que aponte as

mudanças em nosso cenário de interesse. Porém, essa visão não parte mais da

região, mas sim dos dados e projeções da mineradora mediante o objeto de

pesquisa. Ou seja, é analisado através de documentação específica, o parecer da

mineradora envolvida no Complexo de Carajás e as intervenções da mesma sobre a

região explorando o que é de importância para esse estudo: as medidas envolvendo

os fatores econômicos, sociais e ambientais em conjunto com o desenvolvimento

local que projetou o surgimento de outras atividades geradoras de renda, incluindo o

turismo.

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2 SUSTENTABILIDADE E NEGÓCIOS

Conciliar o progresso de uma atividade economicamente lucrativa com os

pilares viáveis que sustentem sua produção é pauta para diversos estudos e

pesquisas vigentes hoje no mercado.

A capacidade de idealizar um projeto sustentável vem considerando

consultorias especializadas no assunto como fatores determinantes para o sucesso

do trabalho final. Visto que, a necessidade de uma boa gestão a fim de aproveitar da

melhor maneira o seu mercado se tornou uma tendência econômica contemporânea

que se programa com planejamentos de longo prazo e projeta a manutenção de

suas fontes como prioridades de causa.

Os investimentos econômicos em parceria com as atividades sociais e

ambientais tornaram-se não mais apenas uma obrigatoriedade ou uma imposição

por parte do governo. Hoje, em alguns empreendimentos, a mentalidade empresarial

incorpora a idéia de que a evolução de seu negócio está atrelada aos paradigmas da

sustentabilidade e do desenvolvimento local (abrangendo o âmbito social e o

ambiental). Como consequência desse fenômeno, esse capítulo tem como objetivo

apresentar diferentes pontos de vista que justifiquem relacionar, por exemplo, a

progressão de negócios com características preponderantemente econômicas,

porém com diretrizes sociais e ambientais rígidas e de grande importância para o

êxito do projeto.

2.1 DO TURISMO DE NEGÓCIOS

Temos hoje o turismo como uma das principais atividades econômicas do

mundo; e sua magnitude contribui para a geração de milhares de empregos diretos e

indiretos nas suas atividades. Dentre uma de suas vertentes podemos destacar o

turismo de negócios, que vem ganhando importância principalmente pelo volume

financeiro movimentado dentro do setor turístico.

Apesar das conclusões quanto ao seu crescimento e destaque, o conceito de

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turismo de negócios ainda é considerado uma divergência entre alguns autores

quando o assunto é tratá-lo ou não como uma atividade turística. Um grupo, no qual

se destaca Barreto (1995), acredita que quando a viagem está atrelada a um fim

financeiro ou que a mesma representa uma obrigatoriedade para o deslocamento e

acontecimento, ela não pode ser considerada uma viagem turística. Para esses

estudiosos, o caráter que determina a existência de uma atividade turística seria

aquela vinculada ao lazer e ao prazer meramente de satisfação social, não

reconhecendo, assim, o turismo de negócios – tendo em vista, sobretudo, sua

própria origem, que estaria diretamente ligada a uma ação de trabalho e

consequentemente financeira.

Já outro grupo, com pensamento diverso do primeiro, acredita que o fato

associado a esse tipo de abordagem é que, apesar do motivo do deslocamento, o

mesmo implicará a utilização de serviços e de facilidades existentes no destino final.

Ou seja: a alimentação, a hospedagem, o transporte, o lazer serão consumidos pelo

sujeito independentemente do porquê de sua visitação naquele local. Segundo

Andrade:

O conjunto de atividades relacionadas à viagem, hospedagem, alimentação e transporte das pessoas que viajam a negócios ligados aos diversos setores comerciais, industriais ou financeiros, ou para conhecer mercados, firmar convênios, parcerias, treinar tecnologias, negociar serviços, etc, denomina-se turismo de negócios (ANDRADE, 1997, p. 74).

Assim como Andrade, Beni (1997) considera o turismo de negócios,

apresentando, ainda, a definição de turismo empresarial, compreendendo essa

atividade como sendo:

O deslocamento de executivos e homens de negócios, portanto turistas potenciais, que afluem aos grandes centros empresariais e cosmopolitas a fim de efetuarem transações e atividades profissionais, comerciais e industriais empregando seu tempo livre no consumo de recreação e entretenimento típicos desses grandes centros, incluindo-se também a frequência a restaurantes com gastronomia típica e internacional (BENI, 1997, p. 382).

Partindo desses conceitos, a postura mais adequada para nossa realidade

hoje seria a de entender esse tipo de viagem como inserido na atividade turística.

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Principalmente tendo em vista que, a partir do processo de globalização e, portanto,

da economia global é produzido cada vez mais um encurtamento de barreiras e

espaços físicos, e que crescem as oportunidades de negócios associados a viagens

de profissionais de diversas áreas, que precisam ser realizadas para a concretização

de parcerias, atualizações profissionais, inovações tecnológicas e transações

comerciais.

Graças a sua abrangência e crescimento exponencial, o turismo de negócios

é considerado um grande propulsor da economia mundial. Os envolvidos, devido a

sua posição e motivação ao viajar, quase sempre são pessoas com poder aquisitivo

considerável e por muitas vezes representam suas companhias e empresas fora de

seu lugar de origem.

Essa realidade, defendida por alguns autores, tal como Lickorish e Jenkins

(2000), revela que este turista não está muito distante, em termos de necessidade

de serviços, dos demais. Pelo contrário: precisam de um mínimo de informações

acessíveis, além de transporte e alimentação, por exemplo, mas, pelo caráter

corporativo podem – e muitas vezes fazem uso disso – dispor de categorias mais

elevadas, com relação à qualidade dos serviços utilizados.

Com isso, há uma preocupação de envolver uma boa hospedagem, um bom

restaurante ou centro de convenções adequado, abrangendo todo o processo de

sua visita (quase sempre unidas a reuniões, fechamento de negócios, dentre outros)

propiciando um cenário adequado de negociações e de atendimento às

necessidades desse turista.

Embora possa existir um perfil de turista de negócios que não se encaixe

nesse padrão, há de se considerar que, na maioria das viagens a trabalho, o

funcionário, pela natureza desse deslocamento, pode contar com um serviço

privilegiado. Logo, são mais raros os casos de turistas que se hospedam, nessas

situações, em hotéis mais simples, ainda que próximos dos grandes centros.

Além de ser direcionado a um tipo de turista em potencial, há alguns anos o

turismo de negócios vem se tornando uma alternativa de investimento no setor, até

mesmo se comparado com outros segmentos turísticos, como o de lazer, por

exemplo. A diferença primordial entre o de negócios e as outras modalidades é de

que não necessariamente sua demanda varia de acordo com as mudanças no

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cenário econômico. Ou seja: a manutenção no fluxo de pessoas é mantida

provocando uma estabilidade e possibilidade de planejamento prolongado de seu

negócio frente às atividades do turismo corporativo. Isso ocorre, basicamente, por

dois motivos principais, que serão descritos a seguir.

O primeiro motivo diz respeito, principalmente, a dois fatores muito caros no

meio corporativo: tempo e espaço geográfico. Logo, se as empresas possuem

demandas e prazos, é preciso que, além de fazê-los cumprir estes prazos, devem

exigir que também o façam com qualidade – daí a importância de poder contar com

serviços que estabeleçam o mínimo de confiança no desenrolar do que foi acordado.

Junte-se a isso a necessidade constante de participação de funcionários em outras

unidades para reuniões e encontros ou para acompanhamento de processos – o que

envolve, para além do tempo, um deslocamento que se mantenha dentro do

previsto.

O segundo motivo está relacionado à viagem dos funcionários com fins de

capacitação, de atualização de conhecimento por meio de cursos fora de sua área

de origem, de divulgação de sua instituição na participação em feiras, convenções,

congressos e eventos, bem como promover o benchmarking de suas empresas e

produtos.

Em busca dos grandes centros ou de regiões estrategicamente importantes, o

turismo de negócios se expande. Sua importância para uma cidade ou uma região

(principalmente aquelas que não estão inseridas em um padrão adequado ao

turismo considerado tradicional – como atrativos naturais e artificiais de grande

apelo) baseia-se no incentivo ao crescimento econômico local, com o aumento da

renda per capita dos habitantes, pela geração de empregos ligados ao setor, pela

infraestrutura gerada que não beneficia somente o turista, aumento de polos

educacionais e de cursos que preparem a população local para exercer as

atividades que essas empresas necessitam, dentre outros.

Ainda de acordo com essa melhoria na capacitação local para um melhor

serviço e aproveitamento da mão-de-obra, os turistas de negócios no geral

requerem produtos de qualidade visto que seus gastos são superiores aos gastos de

um turista de lazer. Uma melhor estruturação na cadeia de serviços turísticos deve

ser tratada como primordial nos envolvidos desse processo, pois, em caso de um

evento de grande importância ou de um fechamento de um negocio estratégico de

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uma empresa, algum erro no serviço de hospedagem ou de alimentação pode

comprometer o sucesso do esperado.

E, nesse sentido, a perda de um cliente corporativo pode ser um prejuízo de

grande porte. Por isso há a necessidade de uma qualificação adequada e atenta aos

detalhes, pois, como já foi explicitado, há grandes investimentos nesse tipo de

atividade. O cliente, pois, tende a ser tornar mais exigente, uma vez que dispõe de

mais recursos a serem aplicados.

Em parceria com a adequação do serviço qualificado, as cidades com

potencial para atender a esse tipo de turismo necessitam possuir condições mínimas

para receber tal público. Ou seja, uma boa rede de telecomunicações, saneamento

básico adequado, abastecimento de água e energia elétrica, e com acessos

condizentes, que apresentem conexões e boas alternativas entre aeroportos,

rodovias e portos (Moletta, 2003).

Moletta (2003) nos aponta, ainda, alguns fatores determinantes para o núcleo

receptor de turismo de negócios, como por exemplo:

Investimento na cadeia hoteleira;

Espaço adequado para realização de eventos, feiras e congressos;

Serviços de taxi adequado;

A existência de agências bancárias;

Segurança publica;

Disponibilidade de equipamentos e serviços para atendimento ao

turista;

Boa oferta de compras;

Serviços de agencia receptivo como passeios opcionais, tradutores,

contratações de traslado, guias, etc.

Mas, para que isso ocorra, é preciso que haja mudanças no comportamento

organizacional de todos os envolvidos diretamente na prestação de serviços

turísticos, considerando a vertente de turismo de negócios como uma atividade que

tenha legitimidade e premissas respeitadas. Como salienta Ruschmann:

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Assim, a sobrevivência das empresas nesse mercado em transformação e em contínua mudança depende, essencialmente, da capacidade de inovação de cada uma delas – não apenas no setor de marketing ou nos conceitos de viagem, mas também do planejamento, do qual dependem a organização, a elaboração do produto, a criação de “pacotes” e a administração da atividade (RUSCHMANN, 1997, p. 17).

Vemos, assim, que o turismo de negócios não deve prescindir de alguns

elementos fundamentais à atividade, tais como o planejamento e a elaboração do

produto, pois, por mais que a viagem seja de cunho profissional, justamente por isso

é que o risco de erro deve ser o menor possível.

No entanto, mesmo que o segmento represente um espaço no cenário

econômico brasileiro (com destaque para São Paulo), ainda há muitas

potencialidades pouco exploradas e que mereceriam um enfoque no ramo do

turismo no país. Afinal, além de incrementar a economia, como já dissemos, ele

também daria mais visibilidade nas relações comerciais do Brasil com outros países.

Através dessa reformulação da ideia, desassociando o turismo como apenas

uma fonte de lazer, o Brasil poderia vivenciar um amadurecimento de uma atividade

econômica em ascensão em todo o mundo de forma a explorar todos os seus

nichos. Isso poderia contribuir, dessa forma, para desconstruir uma imagem do país

vinculada a uma estrutura de praia e sol como principal modelo.

Tais argumentos nos ajudam a construir a base do presente trabalho, a saber:

a possibilidade de se considerar Carajás como um estudo de caso que represente

um turismo de negócios sustentável de grande porte no Brasil. Logo, uma realidade

diferente, e por isso relevante, do que se tem visto no país – o que justifica,

inclusive, sua importância de pesquisa.

2.2 DA ATIVIDADE TURÍSTICA

O termo turismo, como conhecemos atualmente, surgiu no século XIX, porém

suas atividades como prática estendem suas raízes pela historia. A necessidade de

deslocamento do ser humano sempre existiu, fator que leva alguns autores a

relacioná-la com a existência do turismo desde as civilizações mais antigas, pois

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através desse deslocamento tornou-se necessário o desenvolvimento da

hospedagem e da alimentação.

A partir do século XX, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial, o

turismo alcança maior desenvolvimento devido a diversos aspectos, principalmente

aqueles relacionados à produtividade empresarial, ao desenvolvimento dos meios de

transporte, ao poder de compra das pessoas e ao bem-estar resultante da

restauração da paz concordada ao final da Guerra (FOURASTIÉ, 1979 apud

RUSCHMANN, 1997).

O turismo, segundo Bissoli (1992), compreende um conjunto de fatores e

recursos capazes de satisfazer os nichos e aspirações mais diversas,

caracterizando-se, a princípio, como uma atividade associada diretamente à

utilização do tempo livre.

Hoje a atividade apresenta-se sob as mais variadas formas e é pensada por

meio de diversos conceitos e teorias. De acordo com Ruschmann (1997), uma

viagem pode compreender o espaço de tempo de alguns poucos quilômetros até

mesmo milhares deles, incluindo um ou mais tipos de transporte para o

deslocamento e estadas de alguns dias, semanas ou meses nos mais variados tipos

de alojamentos de hospedagem que uma ou mais localidades de destino venha a

oferecer. A experiência de viagem envolve a recreação ativa ou passiva, passeios

ou negócios, conferências e reuniões, das quais o turista opta pelo “leque” de

opções de equipamentos disponíveis criado para seu uso e sua satisfação de

necessidade imediata.

A atividade turística surge como um elemento chave para suprir uma

necessidade de descompressão psicológica, resultante da própria dinâmica da

sociedade industrial, pós-industrial e do processo de urbanização, em que o

aumento do tempo livre cria uma demanda por lazer (LIMA; JUNIOR, 2008).

O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e

temporário de indivíduos ou de grupos de pessoas, por uma diversidade de motivos

que, através desse deslocamento busca entretenimento, trocas culturais, descanso

e relacionamentos sociais. (CORIOLANO apud BARRETO; TAMANINI, 2002)

Procuramos, a seguir, discorrer sobre os fundamentos da idéia de turismo

sustentável entendendo-a como fazendo parte do paradigma contemporâneo do

desenvolvimento sustentável.

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2.2.1 Desenvolvimento Sustentável

De acordo com Viana (2007), sustentabilidade deriva do latim sustenere:

sustentar, suportar, tolerar, manter. No entanto, o conceito de desenvolvimento

sustentável (em inglês, sustainable development) não se refere a um estado estável,

mas enfatiza um estado dinâmico e continuo.

O conceito de sustentabilidade foi elaborado no inicio da década de 1980

(embora as bases desta discussão sejam bem anteriores e remontem o final dos

anos 60 e o início dos 70), que definiu comunidade sustentável como aquela que é

capaz de satisfazer as próprias necessidades sem esgotar as possibilidades de

oportunidades para as gerações futuras (CAPRA apud TRIGUEIRO, 2005).

O conceito de sustentabilidade nos aponta seis aspectos principais, vide

figura 1:

Sustentabilidade Social - melhoria da qualidade de vida da população, equidade, na distribuição de renda e de diminuição das diferenças sociais, com participação e organização popular.

Sustentabilidade Econômica - públicos e privados, regularização do fluxo desses investimentos, compatibilidade entre padrões de produção e consumo, equilíbrio de balanço de pagamento, acesso à ciência e tecnologia.

Sustentabilidade Ecológica - o uso dos recursos naturais deve minimizar danos aos sistemas de sustentação da vida: redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para uma adequada proteção ambiental.

Sustentabilidade Cultural - respeito aos diferentes valores entre os povos e incentivo a processos de mudança que acolham as especificidades locais.

Sustentabilidade Espacial - equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migrações, desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligentes e não agressivas à saúde e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização descentralizada.

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Sustentabilidade Política - no caso do Brasil, a evolução da democracia representativa para sistemas descentralizados e participativos, contrução de espaços públicos comunitários, maior autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de recursos.

Sustentabilidade Ambiental - conservação geográfica, equilíbrio de ecossistemas, erradicação da pobreza e da exclusão, respeito aos direitos humanos e integração social. Abarca todas as dimensões anteriores através de processos complexos.

Figura 1: Sete aspectos do conceito de sustentabilidade Fonte: Rede de Cooperação para Sustentabilidade, 2008

Atualmente, o tema desenvolvimento sustentável quando relacionado ao

desenvolvimento turístico se encontra articulado às politicas de planejamento, que

englobam todas as esferas de poder público (municipal, estadual e federal) no

esforço para obtenção de um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e as

questões sociais e ambientais, com o intuito de promover um destino.

Para Viana (2007), o conceito de desenvolvimento sustentável aparece no

final do século XX com o objetivo de orientar a humanidade no seu propósito de

crescimento, mas tendo em atenção a sua sobrevivência.

O desenvolvimento sustentável pode ser compreendido como um processo

dinâmico que engloba diversos segmentos da sociedade participando ativamente em

prol de um objetivo comum. Ele compreende:

O processo político, participativo que integra a sustentabilidade econômica ambiental, espacial, social e cultural, sejam coletivas ou individuais, tendo em vista o alcance e a manutenção da qualidade de vida, seja nos momentos de disposição de recursos, seja nos períodos de escassez, tendo como perspectivas a cooperação e a solidariedade entre os povos e as gerações (SILVA, 2006, p.18).

Em 1987, em resposta às consequências predatórias do desenvolvimento

econômico, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou o relatório “Nosso

Futuro Comum”. Nele, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD) criticava o modelo adotado pelos países desenvolvidos

e defendia um novo tipo de desenvolvimento: capaz de manter o progresso em todo

o mundo e ao longo prazo partilhá-lo entre países em desenvolvimento e

desenvolvidos. Surgia assim, o conceito de desenvolvimento sustentável ou

sustentabilidade (ROLIM, 2004).

Para engendrar o conceito de desenvolvimento sustentável foram realizados

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diversos encontros, pesquisas e grandes eventos internacionais que foram

verdadeiros marcos na história por sua importância no crescimento das

preocupações com as questões ambientais e econômicas concomitantemente,

conforme figura 2.

Ano Evento

1972

Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) - Conferência de Estolcolmo sobre o Ambiente em 1972 - primeira iniciativa a nível global e coordenada para encontrar soluções para os problemas existentes sobre a problemática ambiental e definir linhas de ação.

1974 No CIRED - Centre International de Recherche sur First Environnment et lê Dévéloppement, Ignacy Sachs e sua equipe ampliam e diversificam a questão do ecodesenvolvimento, criada em Estocolmo em 1972.

1974/1975

Conferência Extraordinária das Nações Unidas - reutilização das idéias de Sachs e sua equipe na Declaração de Cocoyoc de 1974 e no Relatório Que Faire apresentado no final de 1975 pela Fundação Dag Hammarskjold, sem utilizar, contudo o termo ecodesenvolvimento de forma explícita, mas sim as expressões como "um outro desenvolvimento e desenvolvimento sustentado".

1980 "Estratégia Mundial para a conservação 1980" (União Internacional para a Conservação da Natureza - Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente - World Wildlife Fund).

1987

Relatório Brundtland "Nosso Futuro Comum" - Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, com intenção de despertar a opinião pública para a necessidade de melhorar a gestão do meio ambiente como forma de sustentar o planeta Terra.

1992

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro - Brasil. Muitas das idéias e percepções do Relatório Brundtland foram discutidas e analisadas nesta conferência onde surgiram os seguintes documentos: a "Carta da Terra", uma declaração de princípios básicos a serem seguidos por todos os povos com respeito ao meio ambiente e ao desenvolvimento; ("Declaração sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento"; "Convençãosobre Mudança Climática"; Convenção da Diversidade Biológica; "Agenda 21", um plano de ação com as metas aceites universalmente para o período pós - 1992 e entrando pelo século 21).

1997 Conferência Rio + 5 - "Programa para a implementação da Agenda 21" da Comissão sobre o Desenvolvimento Sustentável.

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2002 Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo - África do Sul.

Figura 2: Marcos Internacionais relacionados com ambiente e o desenvolvimento sustentável Fonte: VIANA, 2007.

No ano de 1992, governantes de diversos países do mundo reuniram-se na

cidade do Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas para o Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que posteriormente acabou sendo

conhecida como Rio 92 ou Eco 92.

O objetivo principal da Conferência era debater sobre os caminhos a serem

percorridos para se conseguir uma união e equilíbrio justo entre as necessidades

econômicas, sociais e ambientais das gerações presentes e futuras. Além disso, era

necessário firmar as bases de uma parceria mundial entre os países desenvolvidos

e os ainda em desenvolvimento voltados para a compreensão das reais

necessidades e dos interesses de comum acordo (MRE, 2006 apud SOUSA, 2006).

Conforme Rolim (2004), esse ideal se popularizou nas Conferências do Rio

de Janeiro, em 1992, e em Johanesburgo (Rio+10), em 2002. A partir daí, o debate

e os estudos sobre desenvolvimento sustentável encontram-se ativos na sociedade

civil, empresas, governos, órgãos internacionais, ONGs, dentre outros.

A Rio 92 se consagrou como um divisor de águas a respeito da reflexão sobre

as questões ambientais e sua relação com o desenvolvimento, visto que os debates

e questões pertinentes ao tema giraram ao redor de estratégias que pudessem ser

adotadas pelo países periféricos na direção de um desenvolvimento sustentável,

bem como das convenções sobre diversidade biológica e mudança climática. As

estratégias de ação e de cooperação entre países estão consolidadas nos 40

capítulos da Agenda 21, documento oficial da Conferência (DESENVOLVIMENTO E

SUSTENTABILIDADE, 2008).

O conceito de sustentabilidade atinge as dimensões econômicas, ambientais

e sociais, tornando-se um grande desafio na prática, devido principalmente ao

grande interesse econômico por parte de alguns empresários e por falta de uma

politica direcionada às questões sociais e ambientais (REDE DE COOPERAÇÃO

PARA SUSTENTABILIDADE, 2008).

Somente é possível promover o desenvolvimento sustentável se projetarmos

uma visão de baixo para cima, a partir do local da implementação. Para que isso

aconteça se devem multiplicar os processos de promoção do desenvolvimento local

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de um ponto de vista sistêmico, investindo em capital social. O foco da questão está

no investimento em capital, recurso sistêmico para o desenvolvimento, aventado

recentemente para explicar por que razão certos conjuntos humanos conseguem

criar ambientes favoráveis à boa governança, à prosperidade econômica e à

expansão de uma cultura cívica capaz de melhorar as suas condições de

convivência social (DESENVOLVIMENTO REGIONAL, 2008).

Conforme dito, se constata que se não houver um desenvolvimento

sustentável no âmbito local não haverá desenvolvimento sustentável em qualquer

que seja a instância. A complexidade do desenvolvimento envolve diversas

vertentes, como a riqueza, o poder, o conhecimento e uma relação de conservação

dinâmica com o meio ambiente além da renda.

Por fim, desenvolvimento sustentável pode ser definido como aquele que

consegue fazer todas as variáveis que o sustenta oscilarem ao redor de valores

relativos para cada sociedade em questão (DESENVOLVIMENTO REGIONAL,

2008). Portanto, esse conceito vai além do desenvolvimento simplesmente

econômico, envolve também questões que requerem reflexões a respeito de como

age cada individuo perante a sociedade e o meio em que esta situado.

2.2.2 Desenvolvimento Sustentável no Turismo

O conceito de sustentabilidade inserido no turismo evoluiu do seu

predecessor, o desenvolvimento sustentável, entendido como um termo muito usado

na literatura turística de acordo com Hardly, Beeto apud Viana (2007). Os mesmos

autores consideram que este conceito está sujeito a muitos debates, não só em

termos da sua definição, mas também em termos da sua validação e

operacionalização.

De acordo com Clarke (1997) apud Viana (2007), o conceito de

sustentabilidade no turismo nasceu em 1980 como uma oposição ao turismo

convencional apresentado até então: o turismo de massas. Isso é entendido visto

que ao turismo de massas são atribuídos os efeitos negativos dos impactos sociais e

ambientais experimentados nos destinos receptores.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) definiu, em 1995, o Turismo

Sustentável como:

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Aquele economicamente suportável a longo prazo, economicamente viável, assim como ética e socialmente equitativo para as comunidades locais. Exige integração ao meio ambiente natural, cultural e humano, respeitando a frágil balança que caracteriza muitos destinos turísticos, em particular pequenas ilhas e áreas ambientalmente sensíveis (OMT, 1995 apud VIANA, 2007).

Clarke (apud SWARBROOKE, 2000) apresentou quatro abordagens que

definiam o conceito de turismo sustentável no decorrer dos tempos, apresentados

nessa forma:

Opostos Polares: em que o turismo sustentável e o de massa eram vistos

como opostos polares. Haveríamos que renunciar ao turismo de massa para

desenvolver o turismo sustentável.

Um Continuum: em que o turismo sustentável e o de massa não eram mais

vistos como Opostos Polares, mas reconhecia-se que havia diferentes

nuances de turismo sustentável e de massa, as quais se fundiriam em algum

ponto central.

Movimento: uma abordagem cuja sugestão era a de que uma ação positiva

poderia tornar o turismo de massa mais sustentável.

Convergência: como a ideia de que todos os tipos de turismo podem se

esforçar para serem sustentáveis.

A partir da abordagem de convergência é percebido que as ações denominadas

sustentáveis devem ser despertadas mediante mudanças de mentalidade dos

envolvidos no processo de desenvolvimento. Mesmo que a principio esse

desenvolvimento seja em pequena escala, torna-se necessário o reordenamento de

prioridades e planejamento em busca da sustentabilidade: a corresponsabilidade

dos envolvidos em prol de um objetivo comum. Segundo Irving, temos:

É evidente que o desafio de operacionalização do conceito de desenvolvimento sustentável transcende a discussão teórica e acadêmica, e se esteia significativamente sobre a vontade política e as novas formas de relação entre a tríade e os países periféricos, no cenário de globalização. No entanto, é fundamental que, a partir de iniciativas pioneiras, essa prática possa ser percebida, internalizada e legitimada pelos vários setores da sociedade. Ainda que em pequena escala, experiências bem-sucedidas de participação e envolvimento comunitário na tomada de decisões e no equacionamento de problemas comuns prioritários podem ter um papel

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singular na mudança de mentalidade dos atores envolvidos, no sentido de corresponsabilidade e exercício da cidadania, elementos essenciais ao desenvolvimento efetivo das sociedades humanas rumo ao terceiro milênio (IRVING, 2002, p. 36).

Para Beni (2004), o turismo sustentável, na sua vasta e complexa

abrangência, envolve: a compreensão dos impactos turísticos; a geração de

empregos locais diretos e indiretos; a distribuição justa de custos e benefícios; o

fomento de negócios lucrativos; a injeção de capital com consequente diversificação

da economia local; a interação com todos os setores e segmentos da sociedade; o

desenvolvimento estratégico e logístico de modais de transporte; o encorajamento

ao uso produtivo de terras tidas como marginais (turismo em espaço rural) e

subvenções para os custos de conservação ambiental.

Mediante isso, o turismo contempla diversos aspectos dos quais compreende

o desenvolvimento, sendo que, o mesmo pode ser considerado sustentável ou não-

sustentável como percebido na figura 3.

Sustentável

Não-sustentável

Conceitos gerais Conceitos gerais

Desenvolvimento lento Desenvolvimento controlado Escala adequada Longo Prazo Qualitativo Controle local

Desenvolvimento rápido Desenvolvimento descontrolado Escala inadequada Curto Prazo Quantitativo Controle remoto

Estratégias de Desenvolvimento Estratégias de Desenvolvimento

Planejamento com posterior desenvolvimento

Esquemas baseados em conceitos Pressão e benefícios difusos Promotores de desenvolvimento

locais Moradores locais empregados

Desenvolvimento sem planejamento Esquemas baseados em projetos Capacidade de crescimento Promotores de desenvolvimento no

exterior Força de trabalho somente importada

Comportamento do visitante Comportamento do visitante

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Pouca valorização Algum preparo mental Repete as visitas

Muita valorização Pouco ou nenhum preparo mental Improvável que regresse

Figura 3: Desenvolvimento do turismo sustentável versus não sustentável Fonte: Swarbrooke (2000) Adaptado de Krippendorf (1982, Lane (1989, 1990) e Godfrey (1996)).

Para a realização de um desenvolvimento sustentável do turismo seria

necessário, portanto, tomar decisões politicas de longo prazo, pois ele envolve todo

um planejamento que consiste em mudanças de hábitos e costumes, educação

ambiental, dentre outros.

Tomando conceitos da politica de desenvolvimento sustentável, se pode

afirmar que ela é fundamental para uma região, independentemente da sua escala

de grandeza. O processo deve ser implantado de maneira planejada, organizada,

avaliada e controlada, integrando a população em busca do mesmo interesse.

Constata-se que a sua não implantação pode ocorrer a fim de camuflar interesses

econômicos e os impactos sociais e ambientais que possam vir a ocorrer, gerando

um conflito entre os envolvidos. Novamente Irving nos aponta:

O nascer compartilhado relaciona-se ao saber compartilhado, e não a uma relação desigual de dominantes e dominados, na qual o saber está em vinculação estreita com a concentração de poder e a exclusão social. A participação emerge, nesse cenário, como elemento de contracultura; mas provavelmente constitui a única garantia ética de sustentabilidade de um processo efetivo de desenvolvimento. Essa afirmação é ainda mais verdadeira num país periférico como o Brasil, com significativas heterogeneidades regionais e com desafios sem precedentes na busca de equilíbrio social e resgate da cidadania. Vale lembrar ainda que, em nome do emblemático desenvolvimento sustentável, o país tem recebido um aporte expressivo de recursos internacionais para projetos de desenvolvimento. E o custo-benefício na aplicação desses recursos só será justificável se a democratização da informação trouxer consigo o compromisso de corresponsabilidade. Corresponsabilidade só é possível mediante um processo efetivo de participação na tomada de decisões políticas (IRVING, 2002, p. 38).

Por fim, o turismo sustentável tende a envolver em suas decisões todos os

segmentos da sociedade, principalmente as populações locais, de forma a que todos

os usuários possam coexistir em equilíbrio. Nesse âmbito, incorpora o planejamento

e o zoneamento para que fique assegurado o desenvolvimento do turismo e das

demais atividades econômicas e sociais adequadas à capacidade de carga do

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ecossistema que a suporta.

A sustentabilidade do turismo envolve a importância da preservação dos

recursos naturais e culturais para a economia de uma comunidade e seu

crescimento social. Desta forma, torna-se necessário monitorar, assessorar e

administrar os impactos do turismo, desenvolvendo métodos confiáveis de obtenção

de respostas e se opondo a possíveis efeitos negativos oriundos de suas práticas.

Relacionando o turismo sustentável à prática do turismo de negócios no

intuito de promovermos a sustentabilidade de um segmento que acreditamos

merecer destaque, os conceitos acima apresentados precisam estar pautados no

sentido da cooperação. Faz-se necessário que as empresas privadas, a população,

os gestores públicos e os demais envolvidos busquem a integração para que as

ações tomadas sejam vistas e sentidas por todos os integrantes. O objetivo que

impulsiona as ações deve remeter ao equilíbrio entre os aspectos econômicos,

socioculturais e ambientais.

2.3 DA SUSTENTABILIDADE NOS NEGÓCIOS

A necessidade de abordarmos até agora questões sobre o turismo de

negócios, o desenvolvimento sustentável e o turismo sustentável remetem ao

objetivo de agrupar esses conceitos para explicarmos posteriormente no presente

trabalho as características de sustentabilidade nos negócios.

Temas como desenvolvimento sustentável e sustentabilidade devem ser

relacionados e incorporados às estratégias de mercado e negócios. Nessa premissa

temos dois enfoques para formular estratégias organizacionais adequadas a essa

nova realidade: uma delas busca uma análise externa, e de como o negócio está se

comportando perante o mercado em um ambiente com proporções macro. A

segunda análise de formulação estratégica deve apontar para a realidade interna,

que remete a pontos planejados que discutam em como ele será encarado, e o que

deverá ser promovido para obter uma vantagem competitiva diante da concorrência.

Em analogia a isso, Nascimento afirma:

Para enfrentar a constante mutação dos diversos ambientes ou variáveis, a organização precisa fazer a vigilância sistemática destes. É necessário analisar e compreender as possíveis tendências e descontinuidades, a fim

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de garantir a sua sobrevivência ao longo do tempo. O mundo das organizações apresenta a mesma característica. Quanto mais rápida for a adaptação das organizações ao seu ambiente externo, melhor para a sua sobrevivência (NASCIMENTO et al, 2008, p. 22).

Seguindo esse pensamento, a sustentabilidade deve estar ligada a um

conjunto de capacidades e competências que devem se adaptar aos

questionamentos voltados a um macro ambiente com aspectos rigorosos e taxativos,

apesar de serem questões motivadoras do desenvolvimento sustentável, como: leis

nacionais e internacionais mais rígidas envolvendo a pauta ambiental; o conceito e

aplicação da sustentabilidade como um requisito a mais em um ambiente

competitivo de mercado (a consciência dos consumidores conectada a uma logística

ecológica de consumo); o ideal de a natureza possuir uma identidade própria

apontando as organizações como uma determinadora de produzir sustentavelmente

ou não seus insumos. Isso os torna responsáveis pelo eminente impacto às

gerações futuras, dentre outros (Shrivastava e Hart, 1998).

A gestão ambiental tem como principal meta reduzir consideravelmente os

impactos ambientais, proporcionando uma frenagem aos danos que por longo tempo

degradaram o meio ambiente através das atividades das indústrias. Com isso, esse

processo, que busca a melhoria das ações exercidas sem planejamento adequado

no passado, se remonta de maneira a conquistar a qualidade de vida das

sociedades locais, o equilíbrio do desenvolvimento social e econômico entre as

regiões e cidades, com a conservação do meio ambiente e com o controle dos

recursos naturais essenciais ao negócio.

Conceituando o que vimos sobre desenvolvimento sustentável, no âmbito dos

negócios, a visão da sustentabilidade está apoiada sobre três pilares. Tal processo é

reconhecido como sendo o Triple Bottom Line (vide figura 4). Indriunas (2007) nos

explica da seguinte forma:

No tripé estão contidos os aspectos econômicos, ambientais e sociais, que devem interagir, de forma holística, para satisfazer o conceito. Pelo parâmetro anterior, uma empresa era sustentável se tivesse economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom patrimônio e um lucro sempre crescente, mesmo que houvesse dívidas. Para um país, o conceito incluía um viés social. Afinal, o desenvolvimento teria que incluir uma repartição da riqueza gerada pelo crescimento econômico, seja por meio de mais empregos criados, seja por mais serviços sociais para a população em geral. Esse critério, na maioria das vezes, é medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) do país, o que para o novo conceito é uma medição limita. A perna ecológica do tripé trouxe, então, um problema e uma constatação. Se

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os empresários e os governantes não cuidassem do aspecto ambiental podiam ficar em maus lençóis sem matéria-prima e talvez, sem consumidor, além do fantasma de contribuir para a destruição do planeta Terra. (INDRIUNAS, 2007).

Do ponto de vista econômico, o desenvolvimento sustentável requer uma

busca dessa sustentabilidade da organização em longo prazo, ou seja, o capital puro

e simples (a quantidade de seus ativos menos as suas obrigações) dentro do

conceito de desenvolvimento sustentável precisa acoplar ideias como o capital

intelectual e humano. Tal maturidade financeira é adquirida no tempo adequado a

cada realidade para que esses conceitos se integrem definitivamente ao capital

econômico como qual nós conhecemos.

Do ponto de vista social, Fukuyama (1995, p. 47) afirma que “o capital social é

uma capacidade que surge da prevalência da confiança em uma sociedade ou em

partes dela e da capacidade de as pessoas trabalharem juntas, em grupos ou

organizações, para um objetivo comum”. Apesar dessa afirmação remeter a um

mundo ideal, é necessário compreender que em um ambiente empresarial nem

sempre as questões sociais são de interesse das grandes organizações. Práticas e

medidas vêm sendo tomadas conforme os interesses mútuos, como a geração e

promoção da mão-de-obra local e o aumento da renda per capita dos habitantes.

Porém, a sustentação desse pilar baseia-se em que as ações que envolvem a

sociedade acarretam em maior visibilidade para a empresa, aumentando o numero

de ações pelas mesmas em prol da diminuição da desigualdade social.

Por fim, em uma visão ambiental, toda a sua importância se fez necessária à

reconstrução de uma nova ordem empreendedora de gestão dos negócios. Dias nos

aponta que:

Embora grande parte das iniciativas de regulamentação ambiental partam de países centrais, e sem dúvida nenhuma expressam seus interesses, o fato é que o processo de globalização traz para o cenário internacional novas realidades e novas formas de intervenção (DIAS, 2003, p. 42).

Ratificando tal ponto apresentado, o capital natural deve ser tratado como

prioridade no modelo do Triple Bottom Line, principalmente por ser o pilar mais frágil

e passível de alterações irreversíveis. E essa responsabilidade não deve ser apenas

dos produtores de grandes reservas, ou de países e organizações com mais

recursos. Sua existência remete ao desenvolvimento continuo e sem grandes danos

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34

ao que hoje nos é oferecido às gerações que irão nos suceder posteriormente.

Figura 4: Sustentabilidade Corporativa segundo a abordagem Triple Bottom Line Fonte: Diretrizes de Sustentabilidade, Relatório Petrobrás (2006).

Dentro da realidade da sustentabilidade nos negócios, um conceito que

merece destaque é o que conhecemos por RSC ou Responsabilidade

Socioambiental Corporativa. Sua natureza estaria baseada, de acordo com

Nascimento, como sendo:

“O conceito de Responsabilidade Socioambiental tem sido reduzido à responsabilidade corporativa. E tem como definição o fator de promover a obrigação no estabelecimento de diretrizes, na tomada de decisões e na direção dos rumos de ações que são importantes em termos de valores e objetivos da sociedade. Outros termos ou expressões costumam serem utilizados com o mesmo sentido, como ação social, relações públicas, atividades comunitárias, desafios sociais e preocupação social. Porém, há uma grande diferença entre agir legalmente, seguindo a letra da lei, e agir com ética e responsabilidade social” (NASCIMENTO et al, 2008, p. 183).

Nas ultimas décadas não houve uma busca efetivamente considerável por

parte das organizações em incluir as questões socioambientais em seu

planejamento estratégico. Recentemente, com a explosão de mobilizações e

transparência a respeito do tema, essas práticas estão se disseminando e ganhando

mercado com maior rapidez. Para que essas transformações aconteçam é

necessário que as organizações apresentem uma visão horizontal de seus negócios

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e seu campo de atuação, visando entender os detalhes e nichos específicos do seu

macroambiente, do seu ambiente interno e de suas inter-relações com os demais

mercados.

O envolvimento organizacional na Responsabilidade Socioambiental

Corporativa (RSC) se apresenta sobre diversos níveis. Eles podem ser entendidos

como: abordagem da obrigação social; abordagem da responsabilidade social e

abordagem da sensibilidade social. Suas divergências podem ser compreendidas

conforme a figura 5. (NASCIMENTO, 2008)

Abordagem da obrigação social

Assume que as únicas obrigações de RSC da empresa

são aquelas exigidas por lei.

Uma empresa que assume esta postura se satisfaz

apenas cumprindo as obrigações sociais, ou seja, não

realiza nenhuma ação voluntaria na área

socioambiental.

Abordagem da responsabilidade social

Reconhece que a empresa tem responsabilidades

econômicas (RE) e sociais (RS). As responsabilidades

econômicas são a otimização dos lucros e o aumento

do patrimônio líquido dos acionistas, As RS consistem

em lidar com os problemas sociais atuais, mas

somente ate o ponto em que o bem-estar econômico

da empresa não é afetado de forma negativa. Os

grupos de ação social são reconhecidos e pode-se ate

contribuir com eles, encorajando gerentes e

funcionários a fazer o mesmo. Esta postura é

denominada adaptação reativa – um processo de

reação aos problemas

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Abordagem da sensibilidade social

Esta abordagem enfatiza que a empresa não tem

apenas responsabilidades econômicas e sociais. Ela

também precisa se antecipar aos futuros problemas

sociais e destinar recursos organizacionais para lidar

com esses problemas. Isso é feito pela adaptação

proativa, ou seja, prevendo problemas futuros e

lidando com eles agora. Esses problemas podem não

estar diretamente ligados à empresa, mas sua solução

beneficiara a sociedade como um todo. Esta postura

da organização atribui aos gestores a responsabilidade

de compatibilizar os interesses dos proprietários da

empresa com os interesse da sociedade.

Figura 5: Níveis de sensibilidade social nas organizações Fonte: Adaptado de Montana e Charnov, 1998, p.37

Visto a figura 5, a gestão socioambiental estratégica deseja que o parâmetro

de sensibilidade social citado seja o considerado pelas maiores esferas dos níveis

organizacionais. Pois, na medida em que exista uma gestão pautada no

planejamento de prever com antecedência os impactos de suas atividades, a mesma

direcionará soluções emergenciais adequadas para a resolução do problema.

Junto desses níveis de sensibilidade social nas organizações, estas devem

abordar essas responsabilidades por meio de cinco níveis de estágio

(NASCIMENTO, 2008), conforme demonstrado na figura 6 abaixo:

Estágio 1

A organização não assume responsabilidades perante

a sociedade e não toma ações em relação ao

exercício da cidadania, não há promoção do

comportamento ético.

Estágio 2

A organização reconhece os impactos causados por

seus produtos, processos e instalações, apresentando

algumas ações isoladas no sentido de minimiza-los.

Eventualmente busca promover o comportamento

ético.

Estágio 3

A organização esta iniciando a sistematização de um

processo de avaliação dos impactos de seus produtos,

processos e instalações e exerce alguma liderança em

questões de interesse da comunidade. Existe

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envolvimento das pessoas em esforços de

desenvolvimento social.

Estágio 4

O processo de avaliação dos impactos dos produtos,

processos e instalações está em fase de

sistematização. A organização exerce liderança em

questões de interesse da comunidade de diversas

formas. O envolvimento das pessoas em esforços de

desenvolvimento social é frequente. A organização

promove o comportamento ético.

Estágio 5

O processo de avaliação dos impactos dos produtos,

processos e instalações está sistematizado, buscando

antecipar as questões publicas. A organização lidera

questões de interesse da comunidade e do setor. O

estimulo a participação das pessoas em esforços de

desenvolvimento social é sistemático. Existem formas

implementadas de avaliação e melhoria da atuação da

organização no exercício da cidadania e no tratamento

de suas responsabilidades publicas. É o estagio mais

avançado e deve ser considerado como meta da

organização.

Figura 6: Estágios e atitudes das organizações frente à RSC Fonte: Tachizawa, 2002, p. 85

A visão socioambiental aparece hoje como uma das principais diretrizes

estratégicas nas organizações. O conjunto de ações baseados na RSC é observada

pelo macroambiente como um fator positivo e de aceitação global (além da

promoção das comunidades locais), o que gera vantagens competitivas em um

mercado já saturado através de medidas que enaltecem o nome da organização e

que proporcionam uma conscientização ate mesmo no seu ambiente interno

(satisfação dos stakeholders, sócios e empregados).

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3 COMPLEXO DE CARAJÁS: UMA VISÃO HOLÍSTICA

Este capítulo tem por objetivo fazer uma contextualização histórica da região

na qual o Complexo de Carajás está inserido, mais precisamente, o Sudeste do

Pará. Essa área de abrangência engloba diversos municípios, dos quais buscamos

informações sobre processos de delimitação de seus territórios entre outras

características relevantes - coletadas junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) e prefeituras envolvidas.

Os municípios citados são: Marabá, Curionópolis, Tucumã, Ourilândia do

Norte, Eldorado do Carajás, São Félix do Xingu, Cumaru do Norte, Redenção, Pau

D’Arco, Bannach, Rio Maria, Xinguara, Água Azul do Norte, Sapucaia, Piçarra, São

Geraldo do Araguaia, Brejo Grande do Araguaia, Palestina do Pará, São Domingos

do Araguaia, São João do Araguaia e Bom Jesus do Tocantins.

3.1 MARABÁ1

A cidade de Marabá, desde o extrativismo primário nos séculos XVII e XVIII

até as sofisticadas técnicas de extração mineral empreendidas em nossos dias, teve

o seu desenvolvimento baseado no movimento de obtenção da riqueza extraída da

natureza.

A tentativa de fixação de uma população naquelas plagas foi sempre alvo de

imensa dificuldade. Apesar das iniciativas do Estado, É importante ressaltar que o povoamento da região nesse período não se processou dentro de um planejamento. Não havia o propósito de fazer funcionar um sistema de colonização visando demográfica e politicamente ao futuro. Era uma multidão de que se esperava apenas o rendimento material de uma produção cada vez maior. (PRADO; CAPELATO, 1985, p. 291)

No início do século XX assiste-se uma nova tentativa de povoação da região

com a descoberta do caucho, uma árvore produtora de látex semelhante à

seringueira, e a coleta de castanha-do-pará, que tinham boa aceitação do mercado

externo. Logo, trocar-se-ia a produção pela coleta/extração. A extração predatória de

1 Fonte: Prefeitura Municipal de Marabá. Disponível em: www.maraba.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012

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caucho prosseguiu até 1919, quando sua importância econômica foi abalada pela

queda dos preços no mercado internacional (em função do fim da Primeira Guerra

Mundial) e por um conflito político local entre coronéis da área que acabaram por

inviabilizar a exploração do caucho, dando lugar a exploração de castanheiras

(castanha-do-pará) (VELHO, 1972)

A população encontrava uma alternativa de sobrevivência, fortalecendo sua

vocação para o extrativismo. Todavia, a exploração da castanha, mesmo com a

mesma estrutura de escoamento da produção do caucho, trouxe relações novas

entre comerciantes e coletores, bem como alterou a lógica da posse da terra na

região.

Desta forma, a política desenvolvida nas primeiras décadas na região

reforçava o coronelismo, prática que se caracteriza pelo monopólio da vida política

por uma ou mais famílias, criando uma disputa acirrada pelo privilégio e controle das

instituições do Estado para benefício dos próximos ou familiares. O controle

fundiário, a concentração de poderes políticos, a troca de favores e o favorecimento

nas coisas públicas eram características marcantes dessa forma de fazer política,

além do confronto entre famílias pelo poder. (VELHO, 1987).

A condição de cidade só viria em 1923, conjuntamente com a anexação do

município de São João do Araguaia. Com isso, no ano seguinte, Marabá contava

com dois mil habitantes, sempre tendo sua população variando em períodos de

coleta da castanha. Em poucas ocasiões esses trabalhadores permaneciam na

região: somente depois de 1935, quando ocorreu a mineração, que deslocava a

força de trabalho de uma atividade para outra. Essa foi uma característica marcante

na história da região – o trabalho sazonal. Essa característica permaneceu até a

década de 1980, produzida ora pelas safras sazonais, ora pelo afluxo desenfreado

de trabalhadores para a extração de minério. (VELHO, 1987)

A mineração já era conhecida da população de Marabá desde a época dos

diamantes e cristais. Até meados dos anos 60 haviam sido feitos reconhecimentos

geológicos na região da Serra dos Carajás, os quais ganharam dimensão

empresarial a partir de 1966. A data convencionada para a descoberta do que seria

a maior jazida de minério de ferro do mundo foi 31 de julho de 1967, quando o

geólogo Breno Augusto dos Santos (cuja curiosidade pela formação geológica da

região já havia sido despertada por fotos aéreas que revelavam extensas clareiras

em serras e platôs em meio à floresta virgem) confirmou a existência dos depósitos

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de minério de ferro (MORAES, 1998)

A partir de então, a atividade mineradora deixava de ser uma ação isolada ou

da livre iniciativa e passou a ser uma política de Estado. A região, pelas descobertas

recentes na área de mineração e por uma questão geopolítica, tornou-se área

estratégica para os governos militares. Vem daí a grandiosidade do Projeto Grande

Carajás (PGC), que incluía uma série de iniciativas na região. A descoberta de

reservas de cobre (em 1977) e a instalação de indústrias siderúrgicas visando à

produção de ferro-gusa e do distrito industrial, em 1988, efetivaram a atividade

mineradora na cidade. Entre 1980 e 1985 a população cresceu quase três vezes,

saindo de 59 mil para 140 mil (sem incluir os garimpeiros de Serra Pelada), criando

sérias dificuldades urbanísticas.

Figura 7: Urbanização Turística do Rio Tocantins - Marabá, PA. Fonte: Folha do Pará, 2012

Com o tempo, passou a existir uma pequena infraestrutura: lojas,

lanchonetes, hotéis, bancos, correios, além de igrejas de credos diferentes. Mas,

sempre aos finais de semanas, a população oriunda da mineração deslocava-se às

centenas para Parauapebas e Curionópolis, núcleos urbanos próximos que ainda

não haviam se emancipado de Marabá.

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3.2 CURIONÓPOLIS2

Figura 8: Acesso ao centro do Município, Curionópolis - PA. Fonte: City Brazil, 2012

O surgimento de Curionópolis remonta o final da década de 1970, como um

desdobramento de Marabá, mas a localidade foi elevada à condição de município

em 1988. Sua população de origem é composta por pessoas que se instalaram na

região próxima ao quilômetro 30 da Rodovia PA-275, com a expectativa de

conseguir emprego com a implantação do Projeto Ferro Carajás ou em busca de

ouro nos garimpos (IBGE, 2012).

De acordo com a página oficial do município na internet, na década seguinte,

a região se consolidou como núcleo de apoio ao garimpo, com a descoberta de ouro

em Serra Pelada. Na época a localidade era conhecida como “Trinta” e sustentou-se

através de serviços como comércio, hotéis, pensões, lanchonetes, dentre outros.

(CURIONÓPOLIS, 2012). O nome Curionópolis foi escolhido em homenagem ao

Major Sebastião Curió, um dos líderes do garimpo de Serra Pelada.

Atualmente o município não é apenas um ponto de apoio ao garimpo, e sim

um importante centro no cenário da exploração de minérios. Há a previsão de o

município receber o Projeto Serra Leste, o Projeto Cristalino e o Projeto Serra

Pelada, projetos de incentivo e desenvolvimento da mineração dos próximos anos.

Segundo a mesma fonte, o município vive um momento de expectativa em

relação à implementação desses projetos. Acredita-se a que implantação da mina de

2 Fonte: Prefeitura Municipal de Curionópolis. Disponível em: www.ourilandia.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012

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Ferro Serra Leste trará uma série de benefícios ao município que passará a produzir

minério de ferro granulado para atender o mercado das siderurgias de ferro gusa

nos municípios de Marabá, Açailândia, Santa Inês e Rosário. Isso gerará novos

postos de trabalho, além de royalites e impostos.

O Projeto Cristalino será implementado na divisa entre as cidades de

Curionópolis e Canaã dos Carajás, sendo que a mina de extração de cobre ficará no

primeiro município.

3.3 TUCUMÃ3

Figura 9: Área urbana, Tucumã - PA. Fonte: City Brazil, 2012

A área do município de Tucumã está toda inserida no Programa Grande

Carajás. Este programa tinha como objetivo conceder incentivos fiscais específicos

para os projetos agrícolas e industriais instalados na área de 900.000 km² ao redor

do pólo de mineração. (REIS, 2001)

O nome do município, em tupi, significa fruto de planta espinhosa. A palmeira

do fruto Tucumã ou Tucum chega a medir até 20 metros e é explorada em estados

como Acre, Amazonas, Pará e Rondônia. Além do palmito e frutos comestíveis, sua

madeira é usada para fazer brincos, o óleo das sementes utilizado em cozinha e das

3 Fonte: Prefeitura Municipal de Tucumã. Disponível em: www.prefeituradetucuma.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012

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folhas se extrai fibra para confecção de redes e cordas que resistem à água salgada.

De acordo com o IBGE (2012), durante a década de 1970 o governo federal

incentivou a ocupação de vazios demográficos. Assim, foi implantado o Projeto

Tucumã, liderado pela Construtora Andrade Gutierrez. A instalação de uma

colonização de caráter agrícola resolveria o problema de migração de mão-de-obra

e de produção local.

A primeira unidade residencial urbana foi ocupada em 1981. Entretanto, a

partir de 1983 os investimentos destinados ao Projeto começaram a diminuir e com

isso, deixou-se de fazer a comercialização de lotes aos colonos interessados. (IBGE,

2012)

Apesar do preço elevado dos lotes, tal situação causou sérios

descontentamentos entre os colonos que chegaram à área e não tiveram acesso ao

Projeto. Em 1985, as terras foram invadidas e como a empresa não pôde resistir à

onda de invasão, o resultado foi um processo de crescimento populacional

desordenado nas terras, inviabilizando a colonização particular. A partir de então

iniciaram negociações que culminaram na reversão do Projeto de Colonização e

suas benfeitorias para a União em 1988, de acordo com o IBGE (2012)

Com a saída da empresa e a pouca participação da prefeitura de São Félix do

Xingu na área (que na época pertencia à esse município), a comunidade local

elegeu representantes para a formação do Conselho de Desenvolvimento

Comunitário de Tucumã (Codetuc), que tinha como objetivo ordenar as ocupações

urbanas, preservando o planejamento urbanístico, áreas ambientais comuns,

serviços públicos essenciais e os bens da União guardados e em uso pelo poder

público municipal. O conselho só foi desativado com a formação da prefeitura em

1990.

De acordo com a página oficial do município na internet, a economia de

Tucumã está baseada no setor primário, através da agropecuária e do extrativismo

vegetal e mineral. Na época do Projeto Tucumã, pretendia-se o desenvolvimento da

agropecuária na localidade, entretanto, essa pretensão esbarrou na falta de

infraestrutura e condições propícias para o desenvolvimento das atividades. Durante

as décadas de 80 e 90, a produção industrial do município foi essencialmente em

torno da atividade madeireira. Apenas a partir dos anos 2000 a região desenvolveu

expressivamente a produção de arroz, cacau, café, arroz, feijão e milho, além da

produção de leite.

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Segundo a mesma fonte, em relação à atividade garimpeira, tão logo o

município se emancipou, essa atividade obteve grande expressão. Entretanto, a

rápida exploração dos minérios levou os garimpos à extinção e, no final da década

de 1990 a atividade já era escassa. No ano de 2009 foi proposta a implantação de

um projeto mineral (Projeto Boa Esperança) para lavra e beneficiamento do cobre.

3.4 OURILÂNDIA DO NORTE4

Figura 10: Projeto Onça Puma de Mineração, Ourilândia - PA. Fonte: Figueira, 2012

A origem do município de Ourilândia do Norte está na implantação do Projeto

Tucumã, que atraiu imigrantes de várias regiões do país. Esse projeto, entretanto,

selecionava as pessoas para se estabelecerem na região e alguns dos que não

tinham condições financeiras em adquirir lotes de terra, se aglomeravam próximos à

guarita do Projeto Tucumã, construindo barracos de lona e pau-a-pique. Em virtude

desse motivo, o primeiro nome de Ourilândia foi Guarita, sendo então uma colônia,

subdividida entre Guarita I e Guarita II. Muitos colonos que não sabiam identificar o

significado do algarismo (I) em romano chamavam a localidade de Guaritaí. (IBGE,

2012)

O progresso que chegava a São Félix do Xingu, em virtude do Projeto

4 Fonte: Prefeitura Municipal de Ourilândia do Norte. Disponível em: www.ourilandia.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012

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Tucumã, não alcançava Ourilândia do Norte, onde o povo, que crescia em número

ficava apenas a observar, já com a ideia de transformar todo aquele conglomerado

em município, o que ocorreu em 1988, de acordo com o IBGE (2012).

De acordo com a página oficial do município na internet, em relação ao

turismo, há destaque para a Reserva Ecológica e o Rio Vermelho, localizados no

território indígena Kaiapó, além do Rio Branco, localizado a 22 km do município.

3.5 ELDORADO DO CARAJÁS5

Figura 11: Mina de Minério de Ferro, Eldorado do Carajás - PA. Fonte: Wikipedia, 2012

O município tem sua origem ligada aos projetos locais de extração de minério

e também à tentativa de implantação de um loteamento particular. Outras pessoas

chegaram atraídas pelo Projeto Ferro Carajás e posteriormente, pelo advento do

garimpo de Serra Pelada (IBGE, 2012).

Segundo o IBGE (2012), a emancipação político-administrativa de Eldorado

está ligada a história de Curionópolis. Havia a expectativa que com o

desmembramento desse último da cidade de Marabá, a sede do novo município

fosse instalada em Eldorado. Como isso não ocorreu, a população se manteve em

mobilização para conquistar a sua emancipação, alinhado ao fato de que havia na

região um grande crescimento populacional desacompanhado de expansão de

serviços essenciais para a comunidade.

5 Fonte: Prefeitura Municipal de Eldorado do Carajás. Disponível em: www.carajasnews.com Acesso em: 26/04/2012

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Como Eldorado era uma das mais importantes localidades do município de

Curionópolis, a emancipação traria grandes prejuízos para o município, por isso,

houve a implantação de uma subprefeitura em Eldorado para tentar aproximar a

administração pública dos problemas e solucioná-los, o que não ocorreu

efetivamente, pois a demanda de bens e serviços da localidade continuou não sendo

atendida.

Ainda de acordo com o IBGE (2012) e com os dados da prefeitura local, o

município foi desmembrado de Curionópolis em 1991. O nome “Eldorado” vem do

espanhol “o homem dourado” e foi escolhido, pois, no imaginário dos primeiros

habitantes do Eldorado dos Carajás como uma “cidade perdida” pelas “montanhas

de ouro”. Já o segundo nome, “Carajás” existe em função da proximidade do

município com o complexo da Serra dos Carajás e a influência exercida pelo projeto

em toda aquela localidade.

No âmbito do turismo, destacamos essa região como uma das potencialmente

receptoras ao turismo de negócios como foi visto neste trabalho. Esse fenômeno e o

deslocamento maciço de trabalhadores serão explorados posteriormente no capítulo

seguinte.

3.6 SÃO FÉLIX DO XINGÚ6

Figura 12: Vista Aérea, São Félix do Xingú - PA. Fonte: Xingú, 2012

O território atual do município de São Félix do Xingu foi habitado a principio

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por índios e pouco se sabe de sua origem histórica. (IBGE, 2012)

Segundo informações da página oficial da prefeitura de São Félix do Xingu na

internet, em 1874 foi criado o município de Souzel, do qual, o então município de

Altamira fazia parte. O território de São Félix era então distrito de Altamira (ex-

Xingu).

Ainda de acordo com a página na internet, em março de 1938, Xingu passou

a ser formado por dois distritos: Altamira e Novo Horizonte. Em 1943, Altamira

mantinha-se com dois distritos: o de Altamira e o de Gradaús (ex Novo Horizonte).

Em 1961, foi criado o município de São Félix do Xingu, com área desmembrada de

Altamira, graças ao desenvolvimento da produção de arroz com casca, da borracha,

da seringa e do milho.

Em 1988 houve ainda outra modificação territorial, quando o município teve

seu território desmembrado para criação dos municípios de Ourilândia do Norte e

Tucumã (IBGE, 2012).

3.7 CUMARU DO NORTE7

Figura 13: Indio nativo Kaiapó, Cumaru do Norte - PA. Fonte: Prefeitura de Cumaru do Norte, 2012

Este município foi criado em 1991, em torno de um garimpo que havia surgido

na década de 1980. A origem populacional se deve aos homens atraídos pela

6 Fonte: Prefeitura Municipal de São Félix do Xingú. Disponível em: www.sfxingu.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012 7 Fonte: Prefeitura Municipal de Cumaru do Norte. Disponível em: www.cumarudonorte.net.br Acesso em: 26/04/2012

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descoberta do ouro em uma fazenda da região. (IBGE, 2012)

O crescimento da atividade foi tão grande que foi necessário criar o Projeto

Cumaru, sob responsabilidade do CSN – Conselho de Segurança Nacional –

objetivando acabar com o contrabando de ouro e dar assistência aos garimpeiros e

evitar conflitos entre eles e os índios kaiapós. Durante alguns anos a área foi

controlada pelos militares do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI) e pela

Polícia Federal, de acordo com o IBGE (2012).

De acordo com a página da prefeitura na internet, enquanto a garimpagem

crescia, a Caixa Econômica Federal se fez presente na localidade para abertura de

caderneta de poupança e compra de ouro. O povoado se desenvolveu enquanto os

problemas sociais se agravavam, o que gerou o movimento de emancipação, do

município de Ourilândia.

Como curiosidade, o nome da cidade vem de uma árvore da família das

leguminosas próprias da mata úmida, de flores vermelhas e perfumadas.

3.8 REDENÇÃO8

Figura 14: Vista Aérea, Redenção - PA. Fonte: Araújo, 2012

Este município foi fundado em 1972 e somente emancipado em 1982. Suas

origens históricas remontam a 1916, quando a área servia de apoio a tropeiros que

demandavam aos cauchais situados nos rios Itacaiunas e Xingu, com pouso nas

8 Fonte: Prefeitura Municipal de Redenção. Disponível em: www.redencao.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012

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margens do igarapé Acaba-Saco. (IBGE, 2012)

O município foi desbravado por mineiros, paranaenses e goianos, sendo

ainda, marcante a presença de vários indígenas das aldeias Kaiapós. De acordo

com a página oficial da prefeitura na internet, Redenção foi desmembrada em 1992

do município de Conceição do Araguaia.

3.9 PAU D´ARCO9

Figura 15: Vista Litorânea, Pau D´Arco - PA. Fonte: Portal do Turismo, 2012

O núcleo populacional de Pau D’arco teve início com a abertura da rodovia

PA-150 e se desenvolveu principalmente com a montagem da Serraria Pau D’arco e

a construção de casas para operários. Desmembrou-se do município de Redação

em 1991. (IBGE, 2012)

Atualmente Pau D’Arco investe no turismo, através da visitação ao Rio Pau

D’Arco, pois nele são encontrados diversos tipos de peixes. Desenvolve também um

projeto que ajuda a cultivar o mel de abelha, outro recurso econômico local, sendo

sede de importantes eventos de apicultura no estado.

9 Fonte: Prefeitura Municipal de Pau D´Arco. Disponível em: www.paudarco.pa.gov.br Acesso em: 27/04/2012

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3.10 BANNACH10

Figura 16: Vista Litorânea, Bannach - PA. Fonte: Brasil Gigante, 2012

A origem do município de Bannach data de 1993, após desmembramento de

Ourilândia do Norte. Seu nome se deve ao sobrenome de uma família que possuía

negócios relacionados à indústria madeireira e que foi responsável pela

transformação da área em município. (IBGE, 2012)

De acordo com a página oficial do município, em termos de economia, o

município tem destaque na atividade madeireira e na agropecuária de rebanho

bovino. Possui ainda plantações de cacau, café, arroz, feijão e milho.

Ainda de acordo com a mesma fonte, o município possui potencial para

desenvolver o turismo na localidade por conta de suas atrações naturais como as

serras Gradaús, Seringa e Araguaxim. Possui pontos para praticar caminhadas,

escaladas, ralis, além de cachoeiras e córregos.

3.11 RIO MARIA11

Figura 17: Vista Aérea, Rio Maria - PA. Fonte: Portal do Turismo, 2012

10 Fonte: Prefeitura Municipal de Bannach. Disponível em: www.bannach.pa.gov.br Acesso em: 27/04/2012 11 Fonte: Prefeitura Municipal de Rio Maria. Disponível em: www.riomaria.pa.gov.br Acesso em: 27/04/2012

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O território de Rio Maria é originário de dois grandes latifúndios que foram

doados com o intuito de colonizar e povoar a região. De acordo com o IBGE (2012),

sua fundação como cidade data de 1982.

Os seus fundamentos históricos vem da implantação da rodovia que liga

Conceição do Araguaia a Marabá, que fez com que inúmeros posseiros se

estabelecessem nas margens do ribeirão Mariazinha, com atividades agrícolas e

pecuárias. (IBGE, 2012)

De acordo com a página oficial da prefeitura, após a instalação da firma

Madeira Araguaia LTDA, MAGINCO, e outras, à margem do rio Maria, a localidade

se desenvolveu e, em pouco tempo, tornou-se ponto de apoio para as atividades

comerciais adjacentes.

3.12 XINGUARA12

Figura 18: Apresentação Cultural, Xinguara - PA. Fonte: Berokan, 2012

O atual município de Xinguara, localizado na zona fisiográfica do planalto, é

de recente criação. O desbravamento do seu território ocorreu por ocasião da

abertura da rodovia PA-279, ainda em fase de conclusão. Essa rodovia fora

projetada no Governo de Aloisio Chaves, com a finalidade de ligar o município de

São Félix do Xingu à rodovia PA-150, que corta o estado do Pará.

O marco inicial da estrada foi fixado no entroncamento onde se encontra a

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sede municipal. Entretanto inúmeras pessoas para lá se dirigiram, e, em pouco

tempo, já estavam ali instaladas diversas indústrias e fazendas agropecuárias. Com

isso, a localidade prosperou e transformou-se num polo de atração da região.

Mais tarde, o então Prefeito de Conceição do Araguaia, Giovanni Correa

Queiroz determinou a sua urbanização, criando, também, uma subprefeitura para

coordenação desses serviços.

Na mesma época, o povoado do entroncamento do Xingu passou a chamar-

se Xinguara, e, em 1982, emancipou-se político-administrativamente,

desmembrando-se do município de Conceição do Araguaia, pela lei estadual nº

5082, de 13-05-1982. A instalação oficial deu-se no ano seguinte, sendo

primeiramente constituído de dois distritos: Xinguara e São Geraldo (ex-São Geraldo

do Araguaia). Em 1988, pela lei estadual nº 541, o distrito de São Geraldo

desmembra-se do município de Xinguara e é elevado à categoria de município com

a denominação de São Geraldo do Araguaia.

3.13 AGUA AZUL DO NORTE13

Figura 19: Apoio Eleitoral dos Indios Kaiapó, Agua Azul do Norte - PA. Fonte: Wikipedia, 2012

12 Fonte: Prefeitura Municipal de Xinguara. Disponível em: www.prefeituraxinguara.com.br Acesso em: 27/04/2012 13 Fonte: Prefeitura Municipal de Agua Azul do Norte. Disponível em: www.aguaazuldonorte.pa.gov.br Acesso em: 28/04/2012

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A área denominada Água Azul, pertencente à época ao município de

Marabá, começou a ser ocupada, formando-se uma vila, a partir de 1978, pelo

pioneiro Antônio Vicente. A presença de Vicente no local atraiu dezenas de famílias,

entre as quais a de Ary Camanéa, que se estacou na luta em defesa dos direitos das

pessoas que ali se encontravam, reivindicando o loteamento da área para que cada

família pudesse trabalhar e morar.

De 1979 a 1988, a vila teve três administradores nomeados pela Prefeitura

de Marabá que trouxeram melhorias como escolas e postos de saúde para a região.

Em 1988 foi criado o município de Parauapebas, que passou a agregar a vila

de Água Azul, sendo representada na Câmara Municipal de Parauapebas, e tendo

mais outros dois administradores nomeados pela nova prefeitura.

A distância da sede à Parauapebas, que ficava a 308 quilômetros da vila,

levou a população de Água Azul a lutar pela emancipação política. O plebiscito foi

realizado em 1991 e seu resultado não deixou dúvidas: quase 100% dos moradores

aprovaram a transformação da vila em município, com o desmembramento de

Parauapebas, o que foi concretizado naquele mesmo ano. Em 1º de janeiro de 1993,

Renan Lopes Souto tomou posse como o primeiro prefeito do município de Água

Azul do Norte.

3.14 SAPUCAIA14

Figura 20: Reforma Urbanística, Sapucaia - PA. Fonte: City Brazil, 2012

14 Fonte: Prefeitura Municipal de Sapucaia. Disponível em: www.sapucaia.pa.gov.br Acesso em: 28/04/2012

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O município de Sapucaia foi formado a partir de território desmembrado do

Município de Xinguara através da Lei Estadual nº 5.961, de 24 de abril de 1996,

tornando-se cidade com a denominação de Sapucaia, com sede na localidade de

Vila Sapucaia. O município é constituído somente pelo distrito sede e seu nome

refere-se à árvore que abunda na região.

Em 01 de janeiro de 1997 ocorre a instalação oficial, marcada pelo início da

prefeitura de José Augusto Marinho, eleito no pleito municipal de 03 de outubro de

1996. Nessa gestão, a região começou a verificar a possibilidade de usufruir de

atividades de lazer e turismo por conta dos funcionários de municípios vizinhos. Com

isso, a urbanização teve um caráter turístico, valorizando praças e monumentos e

revitalizando os zoneamentos dos bares e da orla do rio Tocantins.

3.15 PIÇARRA15

Figura 21: Circuito das Águas, Piçarra - PA. Fonte: EngeVale, 2012

A primeira denominação do atual Município de Piçarra foi Cruzelândia e se

constituía num vilarejo, que evoluiu com o crescimento de São Geraldo do Araguaia.

Piçarra surgiu quando, em 1978, o Batalhão de Engenharia e Construção - BEC

iniciou a estrada de São Geraldo do Araguaia à Itaipava, em um percurso de 90 km.

Em decorrência da grande distância tornou-se necessária a montagem de um

acampamento para alojar a equipe e guarda do maquinário. Em seguida decidiu-se

15 Fonte: Prefeitura Municipal de Piçarra. Disponível em: www.picarra.pa.gov.br Acesso em: 28/04/2012

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por dividir a distância ao meio e montar o acampamento no km 45, que,

coincidentemente, seria em cima de uma cascalheira. Por ser uma região totalmente

de mata, o BEC mantinha em sua equipe profissionais da área de saúde (médicos e

dentistas), que atendiam as pessoas que necessitavam de cuidados médicos e que

na época eram conhecidas como sobra de terra.

Como consequência dos atendimentos médicos realizados na região, pois

havia muita malária e tifo, muitas pessoas se aproximaram e, por conseguinte,

passaram a montar barracos junto ao acampamento da Piçarreira, como era

conhecido o lugar, originando assim o povoado e sua denominação.

O município de Piçarra foi criado através da Lei nº 5.934, de 29 de dezembro

de 1995, sancionada pelo governador Almir Gabriel, desmembrado do Município de

São Geraldo do Araguaia. A instalação deu-se no dia 01 de janeiro de 1977, com a

posse do primeiro prefeito, Sr. Milton Perreira de Freitas.

No âmbito do turismo, a região possui o que é denominado de circuito das

aguas de Piçarras. Esse circuito é composto por diversas quedas d´água e

cachoeiras de médio porte, sua exploração ainda é primária visto que seus domínios

encontram-se no interior da Serra da Andorinhas, área protegida ambientalmente.

3.16 SÃO GERALDO DO ARAGUAIA16

Figura 22: Cachoeira das Andorinhas, São Geraldo do Araguaia - PA. Fonte: Portal do Turismo, 2012

16 Fonte: Prefeitura Municipal de São Geraldo do Araguaia. Disponível em: www.saogeraldodoaraguaia.olx.com.br Acesso em: 28/04/2012

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Criado em 10 de maio de 1988, sob a lei nº 5.441, sancionada pelo

governador do Estado, Hélio Mota Gueiros, e publicada em Diário Oficial do Estado,

o município de São Geraldo do Araguaia começa seus primeiros passos de

fortalecimento, nas mãos do prefeito Raimundo Silveira Lima, tenente da reserva do

Exército, formado em Ciências Exatas e que chegara a São Geraldo em 1980, para

operar na coordenação do 2º BEC (Batalhão de Engenharia e Construção). Com o

término da Guerrilha do Araguaia, fazia-se o assentamento de posseiros e a

abertura de estradas.

Adaptando-se a terra e aquela gente humilde, Raimundo Silveira Lima, à

época sargento Lima, não só coordenou os trabalhos do BEC como passou a

desenvolver trabalho como professor, lecionando na Escola de Primeiro e Segundo

Graus Dantas Marcário. Transferido para Brasília em 1985, após dois anos ele

retornava para lutar pela emancipação de São Geraldo, que desmembrado em 1982

do município de Conceição do Araguaia, ainda permanecia como distrito do

município de Xinguara.

Antes de ser transferido para Brasília, Lima disputara em 1982 a prefeitura

de Xinguara, pelo PSD, sendo o candidato mais votado entre os cincos correntes ao

cargo. Perdeu, no entanto, para a legenda do PMDB. Com emancipação de São

Geraldo do Araguaia, Lima foi eleito seu primeiro prefeito por vontade popular,

podendo então colocar em prática todos os planos de progresso para a localidade.

O distrito foi criado com a denominação de São Geraldo do Araguaia, pela

lei estadual nº 2460, de 29-12-1961, subordinado ao município de Conceição do

Araguaia. Pela lei estadual nº 5028, de 13-05-1982, o distrito de São Geraldo do

Araguaia passou a denominar-se simplesmente São Geraldo. Sob esta mesma lei

acima citada, passou a pertencer ao novo município Xinguara. Foi elevado à

categoria de município somente em 1988, pela lei estadual nº 5441, com a

denominação de São Geraldo do Araguaia, desmembrando-se de Xinguara.

No aspecto turístico, a situação do município é próxima ao ocorrido em São

Geraldo do Araguaia, ou seja, apesar do potencial turístico encontrado na Serra das

Andorinhas, aspectos sobre a necessidade de se estabelecer a capacidade de carga

nessa área de proteção ambiental ainda são considerados como um delimitador de

visitantes.

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3.17 BREJO GRANDE DO ARAGUAIA17

Figura 23: Vista Aérea, Brejo Grande do Araguaia - PA. Fonte: DB City, 2012

Brejo Grande do Araguaia se originou do desmembramento de São João do

Araguaia que surgiu nos anos 50, com o início da exploração de terras, situada às

margens do rio Araguaia.

O primeiro morador da localidade foi o senhor Raimundo Victor que se

estabeleceu em Brejo Grande do Araguaia, no dia 25 de julho de 1958. Por volta de

1959, chegaram à localidade algumas pessoas vindas de Bela Vista, atual Estado do

Tocantins. Essas pessoas, que eram lideradas pelo senhor Raimundo Negro,

consolidaram a fundação de Brejo Grande, atual distrito-sede. Em 1960, outras

famílias chegaram ao local, dando origem à rua principal, atual Avenida Goiás, à

Rua Trizidela e à Rua Nova. Na metade da década de 1960, aumentou o fluxo de

pessoas em Brejo Grande do Araguaia, atraídas pela descoberta do garimpo de

Itamerim, localizado a 16 km da sede municipal. O processo de emancipação de

Brejo Grande do Araguaia teve início na gestão do então prefeito de São João do

Araguaia, Luis Carlos Lopes, através dos vereadores Agenor Miranda de Brito e

Severino Gomes Pereira, residentes em Brejo Grande, que muito lutaram pela

emancipação.

Em 10 de maio de 1988, através da Lei nº 5.448, Brejo Grande do Araguaia

foi elevado à condição de Município. Sua instalação ocorreu em 1º de janeiro de

17 Fonte: Prefeitura Municipal de Brejo Grande do Araguaia. Disponível em: www.bgaraguaia.pa.gov.br Acesso em: 28/04/2012

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1989, com a posse da prefeita Maria Alves dos Santos, eleita em 15 de novembro de

1988. O nome de Brejo Grande do Araguaia é em homenagem ao igarapé local, que

possui águas frias e cristalinas e está em sua maior parte, numa brejaria. O

Município é constituído somente de um distrito, que é o da sede, apesar de possuir

outras localidades importantes, como: Palestina, São Raimundo do Araguaia, Jarbas

Passarinho, Santa Isabel do Araguaia, Itapemirim, Santa Rita, São Pedro e Grota de

Lages.

3.18 PALESTINA DO PARÁ18

Figura 24: Atração Turística de Motocross, Palestina do Pará - PA. Fonte: Prefeitura de Palestina do Pará, 2012

De acordo com a página oficial do município na internet, Palestina do Pará

está localizado na região Sudeste do Estado do Pará, às margens do rio Araguaia,

criado pela Lei nº 5.689, de 13 de dezembro de 1991, e foi desmembrado do

Município de Brejo Grande do Araguaia.

O processo de emancipação de Palestina do Pará teve origem na gestão da

Prefeita de Brejo Grande do Araguaia, Maria Alves dos Santos e foi encaminhado

em 4 de março de 1990 pelos vereadores, seguido de um abaixo assinado de 104

moradores.

Preenchidos todos os requisitos necessários à sua emancipação e tomando

como base os artigos 18, parágrafo 4º da Constituição Federal e 83, parágrafos 1º e

2º da Constituição Estadual e a Lei Complementar nº 001/90, de 18 de janeiro de

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1990, a localidade passou à categoria de Município em 13 de dezembro de 1991,

através da Lei nº 5.689, com a denominação de Palestina do Pará.

Como atividade potencialmente turística, a região apresenta o maior evento

de seu município anualmente nos meses de junho e julho. Denominado de Corrida

do Ouro, o encontro de participantes e visitantes interessados no motocross

movimenta cerca de 600 pessoas nesse período em que o evento ocorre.

3.19 SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA19

Figura 25: Cachoeira do Prado, São Domingos do Araguaia - PA. Fonte: Prefeitura de São Domingos do Araguaia, 2012

Conforme informações da página oficial da prefeitura na internet, a história do

município de São Domingos do Araguaia teve início com a chegada do lavrador

piauiense Serafim Canário da Silva, no ano de 1952. A partir do ano de 1953 outras

famílias, começaram a chegar e se estabelecer próximo ao local onde habitava o

lavrador piauiense.

O povoado cresceu e por muito tempo ficou conhecido por “Centro das Latas”,

por terem sido encontradas várias latas de querosene junto aos pés de mangueiras

existente na área.

O nome “São Domingos” surgiu em 1955, em homenagem ao primeiro padre

que celebrou missa no local. São Domingos de Gusmão foi escolhido padroeiro da

18 Fonte: Prefeitura Municipal de Palestina do Pará. Disponível em: www.folhadepalestina.blogspot.com Acesso em: 29/04/2012

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localidade, que passou a chamar-se “São Domingos das Latas”.

Empreiteiras responsáveis pela abertura da Transamazônica nos anos 70,

instalaram acampamentos para seus trabalhadores no local onde hoje se encontra a

sede do município. Com isso e junto com a transferência de colonos de outras

regiões do Brasil para as margens da nova rodovia aumentou consideravelmente a

população do povoado. Outras áreas como os castanhais foram sendo ocupadas o

que gerou conflitos pelas posses das terras. Essa disputa foi solucionada quando a

Prefeitura de Marabá desapropriou os castanhais e doou para os agricultores.

Destaque histórico do município de São Domingos do Araguaia foi a

“Guerrilha do Araguaia”, luta armada iniciada pelos militares do Partido Comunista

do Brasil contra o regime militar e sufocada entre 1972 e 1974 pelo Exército.

Com o rápido crescimento e desenvolvimento do distrito, começou haver

reivindicações pela autonomia política já que a localidade abrigava a maioria dos

comerciantes e produtores de São João do Araguaia. Com isso, em 1991 foi

realizado o plebiscito para emancipação do município tendo 99,5% dos votantes

apoiado esse movimento, que se concretizou no mesmo ano.

O movimento migratório continua forte até os dias de hoje. A busca pela

posse da terra na região é muito intensa e praticamente neste município ocasionou o

aparecimento de vilas e comunidades em torno da sede e na zona rural.

No aspecto turístico a ser explorado, a região de São Domingos do Araguaia,

assim como a maioria dos municípios vizinhos, possui um potencial para o

ecoturismo. A região é contemplada por diversas cachoeiras e é cenário de uma

vegetação ainda pouco explorada turisticamente e conhecida biologicamente.

19 Fonte: Prefeitura Municipal de São Domingos do Araguaia. Disponível em: www.pmsaodomingosdoaraguaia.com.br Acesso em: 29/04/2012

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3.20 SÃO JOÃO DO ARAGUAIA20

Figura 26: Festa do Círio de Nazaré, São João do Araguaia - PA. Fonte: Zeca News, 2012

De acordo com as informações da página oficial da prefeitura, a origem

histórica do município de São João do Araguaia, situado sudeste do estado do Pará,

na zona fisiográfica do Itacáitunas, data de 1779. Quando o então Governador

Capitão-General José de Nápoles Tello de Meneses determinou a fundação de um

povoado que se localizasse à margem esquerda do rio Tocantins. O objeto da

iniciativa era facilitar a colonização da região.

Nas proximidades do local escolhido, que se denominou São Bernardo da

Pederneira, existia um mocambo chefiado por Maria Aranha, donde foi construída a

povoação primitiva de São João do Araguaia. Esse fato ocorreu logo após a

coexistência pacífica dos habitantes dos dois núcleos populacionais que, com isso,

atraiu a sujeição do Governo.

Em 1870, foram fundados, também, na região, um novo povoado com o nome

de Alcobaça e um pequeno fortim à beira do rio Tocantins, sob a inovação de Nossa

Senhora de Nazaré.

Dez anos depois, seguindo a mesma idéia de colonizar o alto Tocantins, o

Governador e Capitão-General Francisco de Souza Coutinho, organizou uma

expedição mercantil comandada pelo Cabo Tomaz de Souza, por estabelecer

comunicação com o Estado de Goiás. O êxito alcançado acarretou o surgimento de

ouras expedições, incentivando assim, o intercâmbio comercial entre o Pará e

Goiás. Com isso, em 1797, o alferes Joaquim José Maximino para lá se dirigiu e,

20 Fonte: Pref. S. João do Araguaia. Disponível em: www.sjaraguaia.pa.gov.br Acesso em: 29/04/2012

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após, reconstruir o forte de Nossa Senhora de Nazaré, reuniu a população de

Alcobaça e São Bernardo e fundou o registro de Itaboca, mais tarde transferido para

a margem esquerda do Tocantins, entre o Seco do Bacadal e a Praia do Tição.

Nessa ocasião passou a chamar-se São João do Araguaia, por ter-se à vista, o rio

Araguaia.

A povoação definitiva desse registro, formou-se em 1850, quando após a

criação de uma colônia militar na região, o tenente Constâncio Dias Martins, mudou-

se para São João do Araguaia.

Em 1901, a localidade adquiriu a categoria de povoado, e, em 1908, foi

elevado à Vila e Município. Entretanto, em 1922, veio a ser anexada ao município de

Marabá, por ocasião de sua extinção. Essa situação perdurou até 1961, quando dali

desanexou-se para emancipar-se político – administrativamente, em definitivo.

No aspecto turístico, o município de São João do Araguaia apresenta um

evento que merece destaque para o segmento de turismo religioso, em virtude da

procissão do Círio de Nazaré, que movimenta, de acordo com o IBGE, uma média

de 400 pessoas não residentes no município.

3.21 BOM JESUS DO TOCANTINS21

Figura 27: Vista Aérea, Bom Jesus do Tocantins - PA. Fonte: Jornal Net, 2012

Conforme dados da página oficial do município, Bom Jesus do Tocantins foi

criado pela Lei nº 5.454, de 10 de maio de 1988, com área desmembrada de São

21 Fonte: Prefeitura Municipal de Piçarra. Disponível em: www.bomjesusdotocantins.pa.gov.br Acesso em: 29/04/2012

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João do Araguaia. Essa lei estabelece que o Município, enquanto não possuísse

legislação própria, seria regido pelas leis e atos reguladores do Município de São

João do Araguaia e, com isso, integraria a comarca de judiciária de Marabá.

Devido à inexistência de uma rodovia própria e de fácil acesso, poucas

pessoas tinham conhecimento do local e, por isso, sua história está relacionada com

a do município que lhe deu origem.

Segundo a memória social local, o morador mais antigo do município é o

maranhense Adão de Souza, que estabeleceu, por volta de 1962, uma roça local.

A denominação de Bom Jesus surgiu a partir das ideias de moradores mais

antigos que consideravam ser um nome significativo, por ser o nome de Deus.

Dados do IBGE (2012) aponta que, apesar de sua tardia ocupação, o

município de Bom Jesus do Tocantins se beneficia de sua posição territorial para

usufruir de serviços que atendem ao turismo de forma indireta. Um exemplo disso é

a existência de três hotéis na região, o que remete a uma demanda por meios de

hospedagem devido ao município ser um ponto de apoio para a rota de

embarcações ali existente.

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4 DESENVOLVIMENTO DO TURISMO ARTICULADO A ATIVIDADE DE

MINERAÇÃO

Após apresentarmos conceituação referente ao turismo de negócios e à

sustentabilidade, bem como uma contextualização da região em estudo,

pretendemos nesse capítulo analisar como esses segmentos do turismo, articulado

às exigências do paradigma do desenvolvimento sustentável estão sendo encarados

no complexo de Carajás e seus arredores.

O potencial turístico de uma localidade é um fator de grande importância para

que ela se torne um destino turístico. Ele pode ser percebido, num primeiro

momento, pela disponibilidade de recursos naturais e culturais locais, capazes de

atrair um fluxo de visitantes.

A possibilidade de fazer do turismo uma atividade geradora de renda para

população local, em Carajás, está associada ao potencial da mineração. Pois em

consequência desse negócio, hoje altamente consolidado em seus territórios, houve

a possibilidade de promover infraestrutura que adequasse, também, às

necessidades do setor turístico.

4.1 PRINCIPAIS ATIVIDADES TURÍSTICAS

O estado do Pará vem apresentando um crescimento econômico considerável

em comparação aos demais estados da região Norte do Brasil. Acompanhando o

aumento desses índices, o turismo se apresenta como uma possibilidade

diversificada e lucrativa. Dentre os segmentos que se apresentam como possíveis

de serem explorados na região, podemos destacar:

Turismo de Negócios

Turismo de Aventura

Turismo Ecológico

Turismo Arqueológico

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4.1.1 Turismo de Negócios no complexo de Carajás

Percebemos esse segmento como o mais adequado a esta região

constituindo-se, portanto, em nosso objeto central de estudo. Iremos nos estender

mais nesse ponto a fim de demonstrar como hoje o turismo de negócios é

vivenciado na localidade.

O turismo de negócios pode oferecer inúmeros benefícios para o lugar onde

ocorre. Para Davidson (2000), muitas dessas vantagens são as mesmas obtidas por

outras formas de turismo, como a necessidade de manter um ambiente atrativo e

uma boa infraestrutura de transporte e comércio, por exemplo.

Quanto à maior rentabilidade, é admissível dizer que o turista de negócios

gasta mais do que o turista comum, o que proporciona benefícios econômicos para

grande parte da comunidade do destino.

Dados da OMT indicam que o turista que viaja para participar de um evento,

gasta em média três vezes mais que o turista tradicional.

Além da rentabilidade como ponto de interesse desse segmento, Davidson

(2000) defende a teoria de que aquele que esteve à negócios em uma localidade

ajuda a formar a imagem do destino junto aos que nunca ali estiveram. E se o

individuo tiver uma boa impressão há grandes chances de passá-la adiante. Da

mesma forma, uma impressão negativa, certamente será multiplicada. É o marketing

“boca-a-boca”, importante para a atividade turística. Segundo Petrocchi:

O marketing boca-a-boca seria, então, a circulação de informações de pessoa para pessoa sobre determinados destinos, produtos ou serviços, disseminando-se por comunidades em uma rede invisível. (PETROCCHI, 2004, p. 70).

As trocas de informações entre as pessoas, na visão de Petrocchi (2004),

facilitam o processo de tomada de decisão, poupando tempo e propiciando maior

qualidade a essa decisão, além de produzir benefícios econômicos. As informações

que uma pessoa recebe de outra sobre determinado destino turístico influenciam

seu julgamento e comportamento.

O marketing boca-a-boca vem adquirindo um papel ainda mais relevante na

atualidade. O grau de importância desta troca interpessoal de impressões acerca de

destinações turísticas fica claro pela aceitação do fato de que “o receptor da

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mensagem vê o turista que a emite como uma pessoa que teve experiências

pessoais no destino e é independentemente dele, logo, uma fonte razoável de

informação.” (Petrocchi, 2004, p. 71)

As viagens de negócios podem, portanto, representar uma oportunidade de

marketing para o destino. Isso porque o executivo que esteve em certa localidade a

negócios, pode ficar tão satisfeito com as características locais, equipamentos e

serviços turísticos, que se interesse em recomendar aquele destino e até mesmo

retorne a lazer ou por outras motivações.

Quanto à distribuição sazonal, diz-se que o mercado encontra-se em

equilíbrio quando há um ajustamento entre oferta e demanda, ou seja, não há

aumento nem diminuição em nenhum dos dois, ou ainda quando oferta e demanda

variam proporcionalmente. (CUNHA, 1997)

Para Cunha (1997, p. 189) “o equilíbrio do mercado turístico, embora seja

desejável, é uma situação inalcançável”. Na verdade, o mercado turístico é bastante

instável, na medida em que a oferta é relativamente rígida se comparada as grandes

variações a que está sujeita a demanda.

Os desequilíbrios do mercado turístico são explicados por fatores conjunturais

e estruturais. Os fatores conjunturais podem ser econômicos, sociais, institucionais,

políticos e militares. Já os estruturais estão relacionados às características da

própria atividade turística.

A sazonalidade, por exemplo, é um fator estrutural de desequilíbrio do

mercado turístico relativo à distribuição temporal da demanda, ou seja, maior

concentração de turistas em determinadas épocas do ano. Essa distribuição

geralmente é influenciada por fatores climáticos, sociais, econômicos, pelos

períodos de férias escolares nas empresas, dentre outros. Também existe a

sazonalidade semanal, na qual se pode observar a variação da demanda entre os

dias uteis e os fins-de-semana.

Nos estudos de turismo considera-se que na maioria dos casos a

sazonalidade do fluxo de visitantes seja prejudicial aos destinos turísticos. Em

relação à mão-de-obra, por exemplo, ela acarreta a necessidade de contratações

nos períodos de alta temporada, assim como demissões nos de baixa. E a

consequência disso é a queda na qualidade dos serviços, pois sempre há um novo

contingente de trabalhadores que necessita ser treinado nas funções. Da mesma

forma, para os equipamentos turísticos, a alternação entre os períodos de

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sobrecarga e períodos sem utilização pode causar problemas. Não só os

empreendimentos turísticos são afetados pela sazonalidade, mas também a

comunidade local que direta ou indiretamente se envolve com a atividade turística,

ficando sem trabalho e renda por períodos anuais.

Segundo Davidson (2000), o turismo de negócios costuma ocorrer fora dos

períodos de alta temporada de férias, o que ajuda a reduzir os efeitos negativos da

sazonalidade em determinados destinos.

No caso das viagens oriundas da atividade mineradora em Carajás, os

deslocamentos de negócios estão estritamente vinculados ao próprio negócio, não

sendo possível definir sua data de realização em função da distribuição sazonal da

demanda em um determinado destino turístico. Porém, quando se trata de eventos,

feiras comerciais ou mesmo o turismo de incentivo, é possível que as entidades

responsáveis pelo turismo na localidade, como secretarias de turismo ou os próprios

empreendimentos turísticos, estimulem a demanda de negócios, na busca de um

melhor equilíbrio.

Considerando que o turismo de negócios está relacionado a qualquer viagem

que o individuo realiza por razões profissionais, faz-se necessário um estudo dos

tipos de viagens que estão incluídas neste segmento e que ocorrem hoje em nosso

local de estudo. Para isso, será adotada a classificação de Davidson (2000), que

divide o turismo de negócios em:

Viagens de negócio em geral

Eventos e reuniões

Feiras comerciais

Viagens de incentivo

4.1.1.1 Viagens de negócio em geral

As viagens de negócio em geral – general business travel, segundo Davidson

(2000) – são as chamadas viagens corporativas, e envolvem pessoas trabalhando

longe de seu local normal de trabalho por um curto período de tempo. Trazendo para

a realidade de nosso estudo, em Carajás, essas viagens ocorrem geralmente nos

casos em que necessitam de trabalhadores de outros estados com expertise não

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68

encontrada na região para o desenvolvimento de algum projeto. Além disso, outra

possibilidade para esse tipo de translado pode ser para cobrir a necessidade relativa

a um aumento da produção nas grandes jazidas por determinado período

(geralmente por menos de dois meses).

Na realidade, pode-se considerar que “viagens corporativas” é um termo que

engloba todos os outros – eventos, reuniões, feiras comerciais e viagens de

incentivo – porém é mais adequado para referir-se às viagens relacionadas ao

trabalho que não estejam em nenhuma das outras categorias.

4.1.1.2 Turismo de Eventos

Davidson (2000, p.21) define esta categoria como “um evento organizado que

reúne pessoas para discutir um tópico de interesse mútuo”.

O evento pode ter propósitos comerciais ou não-comerciais, pode contar com

um número pequeno de pessoas ou com centenas delas, durar apenas algumas

horas ou uma semana. Porém, o que qualifica o evento como parte do mercado do

Turismo de Negócios é a utilização de serviços, como o aluguel de uma sala de

conferências em um hotel ou o transporte aéreo de um executivo para participar de

uma reunião em local diferente do habitual.

Sob esse ponto de vista, considera-se que o nível dos eventos pode variar

muito. Quanto maior a quantidade de pessoas e organizações envolvidas no evento

e seu tempo de duração, maior a utilização de serviços de transporte, acomodação,

agenciamento e, inclusive, atrativos turísticos e equipamentos de lazer dos quais os

participantes do evento podem usufruir em seu tempo livre. Há hoje uma tendência,

nos grandes núcleos urbano-mineradores, de se prever tempo na agenda oficial

para a prática de city-tours ou outras atividades de lazer. Também é cada vez mais

usual, e interessante para a localidade, o estimulo à chegada antecipada ou

extensão da estada após o termino do evento, a fim de aproveitar a viagem também

para passeios, descanso ou qualquer outra atividade não ligada ao evento em si.

Nesses casos, o participante do evento pode sentir-se estimulado a levar a família

para a viagem, desde que as despesas sejam pagas pelo próprio funcionário.

No Brasil, a terminologia utilizada para definir os diversos tipos de eventos

baseia-se no consenso entre os profissionais que atuam na área. Isso ocorre por

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69

não haver regras estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas –

ABNT. Por isso são comuns divergências de conceitos em alguns casos. Brunin

(2007) destaca as características dos principais tipos de eventos:

- Congresso: evento promovido por entidades associativas, visando debater

assuntos de interesse de um determinado ramo profissional;

- Convenção: atividade realizada por organização empresarial, caracterizada por

ações comerciais, comemorativas, vendas, etc;

- Seminário: conjunto de exposições orais (palestras) para pessoas com

conhecimento (técnico, cientifico, acadêmico) dos assuntos a serem debatidos;

- Simpósio: evento com a participação de especialistas de renome, onde esses

conferencistas não debatem entre si;

- Fórum: tipo de atividade menos técnica, cujo objetivo é o de sensibilizar a opinião

pública para certos problemas sociais;

- Jornada: reuniões de determinado grupo de profissionais realizadas

periodicamente para debater assuntos que, em geral, não são objetos de discussão

em Congresso;

Atualmente, de acordo com Simone Lacerda (entrevistada em março de

2012), funcionária responsável pelas viagens corporativas de RH da mineradora

Vale S.A., todos os principais tipos de eventos listados por Brunin ocorrem nas áreas

remotas de operações em Carajás, sendo Congresso o mais comum. Simone ainda

destaca que a mobilização de funcionários para esse tipo de eventos pode assumir,

inclusive, em uma agenda internacional efetiva. Como exemplo, em dezembro de

2011, Carajás foi escolhido como a sede do Congresso Internacional de Negócios

Sustentáveis. Esse evento foi responsável pela lotação dos três hotéis corporativos

no Complexo, incluindo visitantes nacionais e estrangeiros relacionados à empresa

Vale pelo período de dois dias.

No Brasil, é importante ressaltar o papel da EMBRATUR que, desde 2003,

possui um programa da Diretoria de Turismo de Eventos e Negócios, que é

responsável pelo apoio à captação de eventos internacionais para o país. O

resultado dessas ações fica comprovado pelo posicionamento do Brasil no ranking

da Internacional Congress & Convention Association (ICCA). No ano de 2006, o

Brasil ficou na décima posição dos países que mais sediaram eventos e deteve a

sétima posição no TOP 10, a melhor colocação em toda a América Latina e o

segundo melhor das Américas – atrás apenas dos Estados Unidos.

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70

4.1.1.3 Feiras Comerciais em Carajás

As Feiras Comerciais consistem na “apresentação de produtos e serviços para um

público convidado, com o objetivo de induzir uma venda ou informar o visitante”

(DAVIDSON, 2000, p. 94). No caso das grandes mineradoras, elas funcionam como

uma forma tridimensional de publicidade, em que o produto pode ser visto,

manuseado, experimentado. Neste sentido, desempenham papel fundamental no

cenário de negócios, estimulando a competitividade no mercado nacional e

divulgando seu produto no mercado externo, com vistas ao aumento de suas

exportações. Em Carajás, essas feiras são praticas constantes, já que, por ser uma

área de produção, toda inovação de processo e de descoberta de um novo tipo de

material explorado (tanto quanto sua qualidade, quanto suas características

minerais) precisam ser apresentados a potenciais clientes e aos sócios majoritários.

Sob o ponto de vista do Turismo de Negócios, as Feiras Comerciais

estimulam as viagens de dois diferentes grupos (DAVIDSON, 2000): os expositores,

que viajam para trabalhar, vendendo seus produtos e serviços; e os visitantes das

feiras que estão ali por razões ligadas ao trabalho, a fim de conhecer as novidades

tecnológicas e de mercado, fazer contatos profissionais – o chamado networking.

Segundo dados da União Brasileira dos Promotores de Feiras – UBRAFE,

anualmente, as feiras com a marca da entidade reúnem cerca de 32 mil expositores

nacionais e 6 mil expositores estrangeiros. Abrangendo os mais variados setores da

economia nacional, essas feiras representam 90% da ocupação em pavilhões de

todos os eventos de promoção comercial realizados no Brasil, sendo o de setor de

mineração responsável por mais de 2 milhões de visitantes em cada evento.

(UBRAFE, 2012).

A promoção das Feiras Comerciais brasileiras no mercado internacional é

feita atualmente através da Gerencia de Turismo de Negócios, subordinada à

Diretoria de Turismo de Negócios e Eventos da EMBRATUR. As ações consistem na

participação em feiras comerciais internacionais a fim de divulgar as feiras

comerciais brasileiras correlatas.

4.1.1.4 Viagens de Incentivo

À primeira vista, o enquadramento das Viagens de Incentivo dentro do

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71

segmento do Turismo de Negócios no setor de Mineração, por sua ênfase nas

atividades de lazer e recreação, aparentemente desconexas da realidade do dia-a-

dia de trabalho, pode parecer um equívoco. Porém, uma análise mais criteriosa

dessas viagens corrige essa ideia. Para Hoeller, as viagens de incentivo:

são viagens para premiar ou reconhecer a excelência profissional com um diferencial de forte apelo cultural, emocional, e psicológico, que proporcionam aos vencedores o lazer e o descanso merecidos em meio à atividades grupais prazerosas e altamente socializadoras. (HOELLER, 1999 apud UNIVALI, 2000, p. 26).

Davidson (2000) destaca o papel dessas viagens nas empresas, como uma

técnica motivacional, por meio da qual se recompensam os melhores desempenhos

ou encoraja-se o alcance das metas organizacionais. Pode-se dizer, então, que as

viagens de incentivo apoiam o marketing interno, que é “a tarefa bem-sucedida de

contratar, treinar e motivar funcionários hábeis que desejam atender bem os

consumidores” (KOTLER, 1998, p. 40). Dentro do conceito atual de marketing, que

coloca o consumidor no centro de todas as preocupações das organizações, o

marketing interno complementa estrategicamente o marketing externo,

proporcionando assim o marketing integrado.

Novamente de acordo com Simone Lacerda, a Vale S.A. possui um programa

de viagens de incentivo nas unidades operacionais onde a empresa atua no Brasil e

no mundo, incluindo Carajás. A ideia, segundo ela, é vincular através dessa

premiação não somente o lazer como motivação. O ideal seria, também, expandir a

realidade para esses funcionários do funcionamento de uma empresa global em

outras unidades. Essa prática do turismo de incentivo propicia o fortalecimento da

cultura organizacional e a interação social, provocando, também, uma maior

promoção e sentimento de fidelização à empresa.

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72

Figura 28: Mina de minério de ferro, Carajás - PA. Fonte: Economia, 2012 4.1.2 Turismo de Aventura e Turismo Ecológico

Como visto, o Brasil se beneficia de sua variedade de recursos naturais e

culturais para desenvolver e propiciar a pratica de diversos segmentos turísticos. No

estado do Pará essa tendência também ocorre, visto que através de sua diversidade

a promoção pode ser feita por diferentes atividades. Uma delas, cada vez mais em

consolidação é a do turismo de Aventura e o Turismo Ecológico. A busca pela

atividade de lazer cada vez mais peculiar desenvolve o campo do turismo e promove

alterações no comportamento do consumidor e de suas escolhas.

Nas últimas décadas, a sociedade tem presenciado várias transformações no comportamento do consumidor. Uma guinada na direção de estilos de vida mais saudáveis, uma sensibilidade e assuntos ligados à preservação e um consumidor mais exigente são apenas algumas das transformações em andamento na sociedade contemporânea. Tais mudanças se refletem no comportamento de férias das pessoas – por exemplo, mais pessoas estão participando de férias de atividade. (SWARBROOKE, 2003, p.57)

De acordo com a Associação Brasileira de Ecoturismo e Turismo de Aventura

(ABETA), o ecoturismo atraiu em 2012 quase cinco milhões de turista, entre

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nacionais e estrangeiros. E, ainda como reforço a essa afirmação, o Brasil foi eleito

consecutivamente o melhor destino para a prática do turismo de aventura por uma

das revistas mais importantes do setor do turismo, a National geographic Adventure.

(ABETA, 2012).

A prática do turismo de aventura pouco difere da do turismo ecológico. A

sensação e experiência gerada pelo primeiro pode ser a maior diferença entre eles.

Mas, geralmente, o perfil dos dois tipos de turistas são muito próximos e se

misturam por diversos momentos, já que as motivações de ambos são associadas

ao contato com a natureza, ao respeito ao meio-ambiente e à conscientização sobre

a conservação da natureza, se comparados aos demais visitantes. (PIRES, 1998)

Em relação ao turismo de aventura, é difícil determinar os limites dessa

atividade. Além disso, muitas vezes ele foi incluído no segmento ecoturismo mas,

atualmente, possui características estruturais e consistência mercadológica própria

que o diferencia de outro segmento (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2008). O conceito

de Turismo de Aventura emitido pelo Ministério do Turismo é:

Turismo de Aventura compreende os movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2008, p.15)

Segundo o Ministério do Turismo, essa modalidade está profundamente

relacionada com outra – o turismo esportivo. Portanto, de acordo com essa

definição, atividades de aventura são:

Experiências físicas e sensoriais recreativas que envolvem desafio, riscos avaliados, controláveis e assumidos que podem proporcionar sensações diversas como liberdade, prazer, superação, a depender da expectativa e experiência de cada pessoa e do nível de dificuldade de cada atividade. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2008, p. 16)

Como visto, os aspectos que conceituam o ecoturismo e turismo de aventura

variam de autor para autor. No âmbito do ecoturismo, diferentes autores emitem

diferentes conceitos, e optamos neste trabalho pelos estabelecidos por Pires (1998,

p. 75) e Swarbrooke (2000, p. 68). Já com relação ao turismo de aventura, tomamos

como referência o Manual de Orientações básicas para o turismo de aventura

organizado pelo Ministério do Turismo (2008, p. 30). Esses conceitos são

sumarizados a seguir:

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74

Ecoturismo ou Turismo Ecológico:

Ocorre em áreas naturais.

Interesse pela história natural, pelos aspectos originais e autênticos dos

destinos e de suas culturas.

Promove a conscientização ecológica e uma conduta ambiental positiva,

através de elementos educacionais e de interpretação que permitam a

conscientização de questões relacionadas à sustentabilidade.

Reduz ao mínimos os impactos negativos sobre o entorno natural e

sociocultural.

Baseia a motivação em valores intrínsecos, não por modismo ou por status.

Isso envolve turistas mais esclarecidos, conscientes dos riscos potenciais do

turismo, ávidos por aprender mais sobre temas relacionados à

sustentabilidade e que procuram se comportar de forma mais sensível do que

outros turistas.

Caráter biocêntrico: igualdade entre todos os seres vivos, o ser humano e a

vida selvagem têm a mesma importância e todos têm direito a uma vida

plena, contrapondo o antropocentrismo no qual a relação do homem com a

natureza é de apropriação.

Beneficia a vida silvestre e o meio ambiente, contribuindo para sua proteção.

Proporciona uma experiência cognitiva e emocional.

Normalmente em pequena escala e cuidadosamente gerenciado.

Não exige uma infraestrutura de turismo sofisticada, e sim uma desenvolvida

em harmonia com o meio ambiente.

Traz benefícios econômicos para a população local e pode ser fonte de renda

para projetos de preservação.

Já as características do Turismo de Aventura são:

Variedade de atividades. As atividades de aventura têm diferentes níveis de

dificuldades, exigindo muitas vezes habilidades e técnicas previamente

adquiridas. Utilizam-se de equipamentos e procedimentos diversos, envolvem

diferentes riscos e variam de acordo com os locais de cada pratica.

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Riscos controláveis que variam de acordo com a atividade e com a

capacidade física e psicológica do turista.

A segurança é condição indispensável.

Intensa participação do turista. Ele é o protagonista da vivência.

Favorece o estreitamento da relação entre os turistas, deles com seus guias e

condutores, e com o meio ambiente.

Resultados incertos.

Desafio.

Expectativa de recompensa.

Novidade.

Estímulo e entusiasmo.

Escapismo e separação.

Exploração e descoberta.

Atenção e concentração.

Emoções contrastantes.

4.1.2.1 Caso de Turismo Ecológico em comunidades extrativistas - PA

De acordo com uma iniciativa ocorrida há quase uma década atrás, fonte

proveniente do relato de Simone Lacerda, da Vale S.A., aponta a experiência de

nove comunidades ribeirinhas situadas nos domínios da Reserva Extrativista

Tapajós-Arapiuns, Pará. Essas comunidades uniram os benefícios provenientes de

seus territórios e não se contentaram apenas com a possibilidade de utilizar seus

recursos naturais para o extrativismo vegetal e mineral. As oportunidades criadas

pelas empresas mineradoras na região foram além da criação de empregos e

aumento da renda local. O investimento também em capacitação da sociedade para

o desenvolvimento do próprio negócio e o favorecimento indireto da população em

vista da infraestrutura gerada promoveu tal iniciativa. Iniciativa essa que trata da

exploração das possibilidades turísticas da região como uma fonte econômica

alternativa.

A área de abrangência totaliza-se por quase 650 mil hectares e sua

diversidade de fauna, flora e paisagens compõem um conjunto de recursos naturais

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adequados e competitivos se comparado às demais ofertas turísticas hoje no

mercado de segmento ecológico e de aventura.

A capacitação ocorreu através de turmas compostas por 18 lideranças

comunitárias. O projeto de criação de cursos especializados na preparação dessas

pessoas para atividades turísticas foi financiado pelas mineradoras Vale S.A. e Vale

Fertilizantes. Essa iniciativa integra o Programa de Diversificação da Oferta Turística

que tende a incentivar o desenvolvimento de ações que busquem a exploração dos

recursos e da diversidade natural de forma sustentável do produto turístico. Dessa

forma, contribuiu para agregar valor econômico e diversificar a oferta de serviços e

produtos em áreas naturais, não sendo a atividade mineradora a única opção de

trabalho e renda da população.

É interessante também para o setor corporativo dessas empresas, o

desenvolvimento de programas que gerem esse dinamismo de cunho social. A

mineração é mal vista pelos ambientalistas, e o impacto ambiental inerente à

atividade, além do risco possível de acidentes demográficos de grandes proporções

são realidades às quais esse setor está intrinsicamente associado. Portanto, não é

apenas marketing ou jogo publicitário o envolvimento dessas mineradoras com

ações ecologicamente sustentáveis, mas sim contrapartida e compensação,

essenciais para o equilíbrio e desenvolvimento das regiões em que exercem suas

operações.

Figura 29: Artesanato com fibras ecologicamente correta em Arapiuns, PA. Fonte: Economia, 2012

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77

4.1.3 Turismo Arqueológico

Em busca de novas possibilidades, o turismo arqueológico se apresenta como

uma importante modalidade com potencialidade local, devida ao interesse que os

vestígios arqueológicos despertam, capazes de provocar o deslocamento de

diversos turistas e viajantes.

Concomitante ao movimento de conservação ambiental essa mudança

relativa aos investimentos na área de arqueologia vem sendo propiciada pela

valorização da natureza, o que motivou, também, o incremento do ecoturismo,

ambos oriundos das politicas de desenvolvimento sustentável.

O turismo arqueológico consiste no processo decorrente do deslocamento e

da permanência de visitantes a sítios arqueológicos, onde são encontrados vestígios

remanescentes de antigas sociedades, sejam elas pré-históricas ou históricas,

passiveis de visitação terrestre ou aquática. (MANZATO, 2005)

A curiosidade e o misticismo envolvidos nesse segmento não ocorreram de

forma diferente no Brasil, mais especificamente na região de São João do Araguaia

e São Geraldo do Araguaia, sudeste do Pará. Mas para esse potencial turístico

poder ser valorizado é necessária a implantação de alguns elementos adequados,

como a facilitação do acesso e a dotação de transportes aos sítios arqueológicos,

bem como de serviços de apoio em distância adequada para suprir a demanda,

além de controle e planejamento das peças e conservação do patrimônio, dentre

outros.

De acordo com Simone Lacerda, a Vale S.A., em parceria com as prefeituras

locais desenvolve o Programa de Fomento ao Desenvolvimento Socioeconômico

Local, que dentre outras atribuições financia e patrocina alguns desses sítios

arqueológicos, visando sua manutenção e conservação. Ainda de acordo com a

entrevistada, a Vale entende que tais incentivos podem transformar essa atividade

em um grande fator econômico, possibilitando às demais gerações uma consciência

de preservação de sua própria espécie registrada na história e um incentivo ao

crescimento de politicas adequadas. Além disso, primordialmente, possibilita o

estreitamento das relações dos negócios entre a mineradora, a atividade turística e a

sociedade.

Partindo de uma visão de mercado, não são todos os sítios arqueológicos que

podemos considerar como um produto turístico. As classificações de seus atributos

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variam em diversos estágios, sendo por ordem cronológica e historicamente ligadas

a um período de colonização ou civilização existente; por ordem de funcionalidade

(cemitérios, habitações, contemplações religiosas, dentre outros); por ordem

temporal (escritas e pinturas rupestres); e por fim, por ordem geográfica, que

classifica seu acervo através de sua localização: planícies, morros, grutas, e demais

pontos específicos (GONZALES, 1993).

Temos hoje no Brasil, mais especificamente nos arredores de Carajás, alguns

sítios específicos considerados como os mais frequentes de acordo com sua

evolução histórica e cultural, são eles:

Sítios Cerâmicos:

Geralmente esses sítios estão associados à localizações próximas às

margens de rios e seus afluentes. Tem como característica principal a quantidade

abundante de cerâmicas e pequenos fragmentos de artesanatos e louças funcionais

em sua época, em solos de terra escura, de origem antrópica. No sudeste do Pará,

os locais onde essa terra preta predomina, geralmente estão associados a possíveis

sítios arqueológicos. Os sítios cerâmicos podem ser entendidos também em uma

subdivisão: como os de moradia (sitio-habitação) e a enterramentos (sítio-cemitério).

Figura 30: Sítio Cerâmico localizado em Santarém, PA. Fonte: Couto, 2012

Sambaquis

Os sítios arqueológicos denominados de Sambaquis são aqueles cuja a

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composição se dá predominantemente por conchas. Esses restos de moluscos são

encontrados em grandes amontoados que se misturam inclusive com ossos de

mamíferos, objetos de artes e algumas cerâmicas formando uma grande carapaça

pré-histórica de registros ancestrais. Na região do Salgado, no Pará, esses

Sambaquis são considerados uns dos mais antigos do país.

Figura 31: Sambaquis na região do Salgado, PA. Fonte: Couto, 2012

Sítios com arte rupestre

Os sítios com arte rupestres talvez sejam um dos mais famosos e conhecidos

pelo grande público. Esses sítios possuem um acervo geralmente em bom estado de

conservação devido os seus maiores registros estarem à salvo, localizados longe do

litoral e dos cursos dos rios, onde a exploração se deu de forma intensa e onde

elementos como vento e maresia são mais presentes. Geralmente localizados em

grutas, desfiladeiros e cavernas, suas pinturas representam situações práticas do

cotidiano do homem pré-histórico, como atividades de caça, de culto religioso e até

mesmo calendários primitivos.

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Figura 32: Sítio com Arte Rupestre em Serra da Lua, PA. Fonte: Rupestre Brasil, 2012

Sítios Líticos

Os sítios líticos representam os acervos oriundos de pedra bruta, ou seja,

confecções de ferramentas e utilitários para caça principalmente. Sua distribuição

pode ser de caráter de ocupação temporária, como também permanente, no caso de

sítios em que de fato eram oficinas de fabricação de amoladores e afiadores feitos

de pedra e madeira.

Figura 33: Sitio Lítico em São João do Araguaia, PA. Fonte: Rupestre Brasil, 2012

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Sítios Históricos

Por último, os sítios históricos podem ser definidos como aqueles dos quais

possuem a influencia de outras civilizações e culturas no caso do Brasil. Exemplos

como engenhos, fortalezas e missões religiosas nos apontam a existência desses

sítios ligados a uma cultura externa dominante no local em algum momento da

história.

Figura 34: Sitio Histórico em Joanes, PA. Fonte: Rupestre Brasil, 2012

Abordando nosso objeto de estudo, uma das importantes questões

relacionadas com a Serra das Andorinhas é a preservação dos sítios arqueológicos.

Essa serra, localizada no município de São Geraldo do Araguaia, no sudeste do

Pará tem sofrido pela falta de conscientização de alguns visitantes a respeito da

importância desse patrimônio.

Próximo a essa localidade, ocorre tradicionalmente no sitio Abrigo da Neblina

uma festa religiosa todos os anos. No período de uma semana de evento, os turistas

acampam no entorno da área do sitio arqueológico sem maiores preocupações a

respeito do lugar e sua preservação (MATTOS, 1999). Com isso, após o período

festivo, é comum notar pichações e atos de vandalismo deixados por esses viajantes

próximos às inscrições pré-históricas além da retirada de materiais de origem lítica

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dos sítios sem permissão. (PEREIRA. 2003).

De acordo com Simone Lacerda, a Vale S.A. não atribui essas intervenções

externas como um problema causado pela infraestrutura de acesso ou de serviços

decorrente de seu programa de incentivo. Elas dependem, também, do visitante

estar informado e familiarizado com o tipo de atividade existente na região, e reitera

a importância do apoio às comunidades e a preocupação com a preservação de seu

patrimônio. Em sua opinião, as atividades mineradoras não exercem um papel

destrutivo do mesmo, ressaltando ainda o caráter benéfico da atividade em relação

ao desenvolvimento. Salienta, também, a importância da comunidade local valorizar

o seu patrimônio a fim de gerar benefícios com essa atividade, não apenas no

aspecto econômico, mas também no aspecto social.

Figura 35: Acervo de Pintura Rupestre em São Geraldo do Araguaia, PA. Fonte: Couto, 2012

4.2 CENÁRIOS E ÍNDICES PROPICIADOS PELA MINERAÇÃO

Para o fechamento do presente trabalho, será apresentado nesse item de

conclusão do capítulo, o panorama atual dos atores no processo estudado. Tal

panorama diz respeito às praticas de desenvolvimento local sustentável e às

medidas ecologicamente responsáveis adotadas pelas empresas mineradoras que

atuam na área que faz parte do escopo desta pesquisa.

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4.2.1 Perspectiva Geral

Hoje, a maior empresa mineradora atuante em Carajás é a Vale S.A., com

produção de 240 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano (IBGE, 2012),

sendo a maior do mundo no setor de mineração no complexo, praticamente um

monopólio desse segmento na região. Baseado nisso, os índices apresentados

abaixo demonstrarão um pouco da história dessa empresa vinculada às questões de

nosso interesse, ou seja: no que diz respeito aos resultados alcançados no

desenvolvimento das cidades e do setor de serviços, que podem propiciar o

crescimento e a viabilidade do turismo na região.

A figura a seguir demonstra como esse processo histórico aconteceu a partir

da década de 80, quando a exploração da maior mina de minério de ferro ao céu

aberto do mundo teve inicio (RELATÓRIO FERROSOS NORTE, 2006)

Figura 36: Antecedentes Históricos do Meio Socioeconômico Fonte: Relatórios Ferrosos Norte Vale S.A. 2006

O cenário que antecedeu o início da exploração da Mina de Carajás data de

1967, quando outras empresas não legalizadas praticavam atividades extrativistas

de maneira desordenada tais como o desmatamento, violência no campo, situações

insalubres de trabalho e déficit de infraestrutura em toda a região.

Segundo Santos, diversos fatores ou técnicas motivaram algumas

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descobertas de Carajás que variaram desde o fator sorte até aspectos ligados a

pesquisas de fotointerpretação, geoquímica de solos e reconhecimento geológico

(SANTOS, 1983).

Em dezembro de 1983, a Vale S.A. preparou, após um ano e meio de

trabalho, um zoneamento ecológico da área de influencia da Estrada de Ferro

Carajás, com uma definição de área física abrangendo os 890 quilômetros de

ferrovia e cerca de 80 quilômetros de largura em toda a extensão, em mapas

temáticos de ordem física, social, institucional e econômica. (ALMEIDA, 1986)

Este zoneamento, em sua primeira fase, define áreas de recuperação e

preservação que se fazem necessárias estimular, desenvolver ou mesmo criar,

envolvendo organizações de meio ambiente e ações governamentais e ou

comunitárias.

4.2.2 Medidas Preservacionistas

A região do Complexo de Carajás, bem como a região com regime especial

de incentivos ao seu redor, é de especial interesse com relação à fauna. Na Serra

dos Carajás existem formações abertas com animais característicos de cerrados e

outras áreas não florestadas, ao lado das matas com fauna característica da

Amazônia. À nordeste da serra, dentro da área com regime especial de incentivos,

está um provável refugio de floresta e centro de diversificação de espécies.

(ALMEIDA apud HAFFER, 1982)

Figura 37: Áreas de Proteção Ambiental Fonte: Relatórios Ferrosos Norte Vale S.A. 2006

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No interior da área do Complexo de Carajás e das áreas hoje mapeadas

como de proteção ambiental ocorrem censos anuais com o objetivo de mapear e

reconhecer toda a fauna e flora da região. O simples fato de delimitar zoneamentos

não desenvolve o reconhecimento do objeto de proteção. Esses censos propiciam o

fichamento das espécies e suas funcionalidades em relação ao seu bioma e

características próprias.

4.2.3 Evolução Socioeconômica

Se por um lado o crescimento econômico com as atividades mineradoras

apontam recordes e lucros anuais, o desenvolvimento e manutenção da população

em áreas outrora consideradas inóspitas nem sempre acompanhou essa evolução.

Investimentos em infraestrutura e o apoio aos projetos de reurbanização dos

pequenos centros comerciais favoreceram os índices de permanência e de migração

de mão-de-obra para a região. A tabela a seguir aponta esse processo migratório e

uma projeção para o ano de 2014 desse fluxo de transformação de sua população

local.

Tabela 1: Contagem e Projeção Diagonal de População

Fonte: Relatórios Ferrosos Norte Vale S.A. 2006

Voltado para uma questão econômica que reintegra ao fato exposto, as

figuras a seguir nos remetem a realidade da riqueza e do crescimento gerado com

essa atividade fim. As áreas mais representativas apontadas abaixo indicam a

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importância não somente econômica do negócio em seus domínios territoriais, mas

também indicam a capacidade de influência em representatividade desses

municípios dos quais foram subutilizados em um passado ainda recente.

Figura 38: PIB Total – áreas de influência direta Fonte: Relatórios Ferrosos Norte Vale S.A. 2006

Figura 39: Projeções de massa salarial e geração de empregos Fonte: Relatórios Ferrosos Norte Vale S.A. 2006

4.2.4 Relatório de Sustentabilidade e Desenvolvimento Local - Vale S.A. 22

Visando uma satisfação de seus negócios e processos à comunidade e aos

seus acionistas, a Vale S.A. produz como documentação o Relatório de

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Sustentabilidade anualmente. Esse relatório contém informações a respeito da

saúde de seus índices e metas que foram projetadas tanto no curto quanto no longo

prazo. Para nosso interesse e como complemento final desse estudo, foram

consideradas as medidas e planejamentos vinculados ao desenvolvimento dos

municípios dos quais englobam o Complexo de Carajás. Um breve histórico desse

panorama nos remete ao entendimento consolidado de como o turismo de negócios

e as demais vertentes do setor turístico da região se beneficiou da atividade

mineradora.

Figura 40: Localização dos principais projetos de mineração no Pará Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2010

Como estratégia de sustentabilidade a Vale S.A. busca o alinhamento de seu

planejamento através do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), do

qual é signatária desde 2006.

A Companhia compartilha suas práticas em eventos do ICMM, o que favorece

uma importante colaboração para a melhoria do seu desempenho e gestão em

sustentabilidade. Um exemplo dessa atuação conjunta é o trabalho voltado para a

Área de Responsabilidade Social frente ao Desenvolvimento Comunitário,

propiciando orientações e posicionamentos como os guias de Boas Práticas em

22 As informações constantes desta seção baseiam-se fundamentalmente no disposto no Relatório de Sustentabilidade 2010 – Vale S.A.

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Povos Indígenas e Mineração, Comunidade e Mineração em Pequena Escala,

dentre outros programas. Além disso, a Vale participa e colabora com discussões a

respeito de gestão de mudanças climáticas, que tem como objetivo garantir a

competitividade da indústria e de sua produção em uma economia com baixa

emissão de carbono. Segundo levantamento realizado em 2010, a Vale investiu

aproximadamente US$ 335 milhões em iniciativas ligadas à sustentabilidade, e

estão previstas 880 ações para o aprimoramento dos indicadores de avaliação

relacionados, principalmente, para a redução dos resíduos e da má utilização dos

recursos naturais.

Figura 41: Planejamento de metas por unidade de negócios Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2010

Do orçamento destinado às medidas sustentáveis, a maior parte desse

recurso destinou-se à três frentes de ações, são elas:

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Aquisição e implantação de equipamentos, sistemas e processos de

controle ambiental, voltados a assegurar a conformidade e o aprimoramento do

desempenho em operações já existentes, como: investimento em um sistema de

inteligência que monitora através do solo o gerenciamento e a reciclagem das

disponibilidades hídricas. Isso evita o desperdício de água, estimula a economia de

energia e analisa se haverá a necessidade da utilização de agua para projetos

futuros.

Manutenção geotécnica para a segurança estrutural e ambiental das

barragens e das pilhas de estéril.

Reflorestamento e reabilitação de áreas degradadas

Devido à importância dos recursos hídricos como insumo primordial, foi

realizado um diagnóstico no ano de 2010 que visava direcionar as áreas das quais o

uso da água era mais abundante e consequentemente mais necessitado de medidas

que controlassem esses índices. Carajás foi responsável por cerca de 20% desse

levantamento no nível Brasil nas cadeias de produção.

As oportunidades oriundas desse estudo geraram melhorias nos processos

aumentando a eficiência no uso da água pela substituição de fontes alternativas,

como água de chuva e afluentes.

Como mapeado anteriormente, o Complexo de Carajás encontra-se em uma

área considerada estratégica em virtude de seu bioma múltiplo. Para essas unidades

operacionais localizadas em áreas de especial importância para a biodiversidade

(áreas protegidas e/ou consideradas de alto índice de biodiversidade), são propostos

Planos Específicos de Gerenciamento da Biodiversidade. Entre as ações específicas

desenvolvidas em Carajás, destacam-se:

O Plano de Prevenção e Combate a Incêndios em Ecossistemas no

Mosaico de Unidades de Conservação da Província Mineral de Carajás, abrangendo

Unidades de Conservação que abrigam operações da Vale e áreas protegidas

vizinhas.

O levantamento e monitoramento de fauna na Floresta Nacional de

Carajás e na Floresta Nacional de Tapirapé-Aquiri, que constituem estudos de fauna

de longo prazo, visando ao licenciamento ambiental, a padronização das

metodologias aplicadas a estudos de fauna, a geração de dados científicos, o

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suprimento de lacunas de conhecimento, a capacitação técnica e o desenvolvimento

regional.

Figura 42: Áreas protegidas por parcerias entre a Vale e os governos locais Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2010

Ainda em destaque as questões ecológicas e de sustentabilidade, a Vale

recebeu um importante prêmio pela sua atitude ambiental: o Eco 2010. Esse prêmio

foi concedido às práticas exercidas na cidade de Ourilândia do Norte, no sudeste do

Pará, com apenas 27 mil habitantes. O reconhecimento se deu pelo

empreendimento Onça Puma, de extração de Níquel. Todo o planejamento do

negócio antes mesmo de sua implementação levou em consideração todos os

agentes externos e suas aplicabilidades, promovendo um plano de negócios voltado

às questões ambientais como um dos fatores primordiais ao sucesso do trabalho.

Partindo para o desenvolvimento local nas áreas de atuação em que opera

sua produção, o relatório de sustentabilidade usado como base para orientação nos

aponta que a Vale visa contribuir com a melhoria das condições de vida das

populações. Para isso, fortalece o relacionamento com as comunidades, potencializa

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os investimentos sociais, respeita as culturas locais, realiza ações estruturantes e

minimiza o impacto de sua atuação.

A empresa procura estimular o uso dos recursos oriundos do investimento da

mineração, como maior arrecadação de impostos, geração de empregos, aumento

da massa salarial e da renda familiar, para a geração de oportunidades nas

respectivas regiões. A redução dos déficits locais, com foco em infraestrutura e

habitação; o fortalecimento da gestão pública; a qualificação dos trabalhadores e

fornecedores; e a diversificação da economia fazem parte desse trabalho.

Além dos diagnósticos, outras ferramentas são utilizadas no apoio à gestão

de impactos socioambientais visando a evitar ou minimizar os impactos negativos e

maximizar os impactos positivos da atuação da empresa. Com base no Estudo de

Impacto Ambiental e Relatório de Impacto de Meio Ambiente (EIA/Rima) e em outros

estudos semelhantes, a Vale considera os potenciais impactos de sua presença nas

regiões, desde as fases de pré-viabilidade até o fim da vida útil de seus projetos. De

maneira sucinta, os principais impactos positivos e negativos gerados estão

representados na figura a seguir.

Figura 43: Potenciais impactos gerados Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2010

Como núcleo integrador dessas medidas sociais, a Vale conta com o apoio da

iniciativa Fundação Vale que tem como missão contribuir para o desenvolvimento

territorial integrado – econômico, social e ambiental – das regiões onde a

Companhia atua no Brasil, articulando e potencializando os investimentos sociais,

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fortalecendo o capital humano nas comunidades e respeitando as identidades locais.

Para apoiar o desenvolvimento social dessas regiões, a Fundação Vale adota

uma abordagem estratégica, fundamentada em parcerias com o poder público, setor

privado e organizações da sociedade civil, integrando ações e maximizando

resultados.

Como resultado dessa atuação temos a redução do déficit em infraestrutura

urbana e habitacional, que foi o foco de 202 projetos executivos desenvolvidos ou

apoiados pela Fundação Vale em 56 cidades no Pará. Ao todo, entre os anos de

2009 e 2010, foram aplicados US$ 16 milhões em parceria com prefeituras no

desenvolvimento de projetos executivos e apoio à captação de recursos disponíveis

nas esferas estadual e federal para a implantação das obras.

Idealizadas pela Fundação Vale, as Estações Conhecimento são núcleos de

desenvolvimento humano e econômico. Seu objetivo é contribuir para a melhoria da

qualidade de vida e o desenvolvimento integrado e sustentável das comunidades.

Os núcleos são organizações da sociedade civil de interesse público, viabilizadas

por parcerias locais com o poder público e a sociedade civil organizada.

As Estações funcionam como centros educacionais e produtivos para

promover e fortalecer a economia local, além de melhorar a qualidade de vida dos

indivíduos e aumentar a geração de trabalho e renda da comunidade. Compostas

por unidades rurais e urbanas, as Estações são focadas na educação

profissionalizante, no esporte, na cultura, na cidadania, no empreendedorismo e no

apoio técnico. Até 2012, está prevista a finalização da primeira fase de obras de três

Estações Conhecimento: Curionópolis, Canaã dos Carajás e Ourilândia do Norte, no

Pará.

No âmbito de novos postos de trabalho, a fim de intensificar a contratação de

mão de obra local, a Vale trabalha na qualificação profissional da cadeia produtiva

nas regiões onde atua. No Brasil, além dos programas de educação externa da

Valer – Educação Vale, os Centros de Educação Profissional Vale funcionam como

escolas de ensino profissionalizante.

Criados em parceria com instituições de ensino e construídos e equipados

pela Vale, os centros oferecem cursos de qualificação para as atividades da cadeia

produtiva de mineração com foco na sustentabilidade e no fomento das vocações

regionais, como: construção civil, eletricidade predial, carpintaria e hotelaria.

Ações como essas objetivam contribuir para o desenvolvimento

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socioeconômico comunitário em áreas geralmente remotas e de difícil acesso nas

quais a empresa atua, como, por exemplo, a região de Marabá (PA), onde cerca de

4.200 pessoas foram capacitadas em 2010.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como visto, o objetivo geral do presente trabalho foi investigar a possibilidade

da atividade mineradora como propulsora do desenvolvimento local dos municípios

que fazem parte do complexo de Carajás. E, em conjunto, analisar se nesse

processo de desenvolvimento o turismo e seus segmentos de mercado eram

considerados como uma das possibilidades também em expansão na região.

Para sustentar o objetivo geral, os objetivos específicos focaram na

verificação de publicações e documentações sobre o tema em um panorama macro

e, posteriormente, sobre o espaço delimitado.

Conforme visto no capítulo 2, o embasamento teórico permitiu verificar a

possibilidade da atividade turística através de outros nichos mercadológicos que não

possuíssem referência direta ao lazer. Ou seja, o deslocamento físico apoiado com a

utilização de serviços adjacentes como hotéis, pousadas, restaurantes, transportes e

etc., pode ser considerado como um segmento do turismo moderno: o turismo de

negócios.

Ainda no mesmo capítulo, também por referencial teórico, foi corroborada a

necessidade de diferenciarmos o conceito de sustentabilidade puro e simplesmente,

para o de sustentabilidade vinculada aos negócios. Ou seja, a sustentabilidade como

referência nos direciona imediatamente a uma visão ambiental, de proteção e

equilíbrio ao meio ambiente. Porém, quando partimos desse conceito em união à

saúde de um empreendimento, entendemos que a necessidade de implantar ou

manter a sustentabilidade está intrinsicamente associada ao equilíbrio do negócio

em relação ao meio do qual encontra-se inserido.

Para isso, foi importante ressaltarmos a visão do modelo do Triple Bottom

Line em que salienta a necessidade de considerarmos não somente os aspectos

ambientais, mas também os aspectos sociais e os econômicos gerados. Junto disso,

a figura do RSC (Responsabilidade Socioambiental Corporativa) aponta um viés

social que configura essa nova estrutura de mercado como uma tendência a ser

dimensionada. Ou seja, a gestão socioambiental estratégica deseja que o parâmetro

de sensibilidade social citado seja o considerado pelas maiores esferas dos níveis

organizacionais. Pois, na medida em que exista uma gestão pautada no

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planejamento de prever com antecedência os impactos de suas atividades, a mesma

direcionará soluções emergenciais adequadas para a resolução do problema.

Portanto, no capítulo 2, foi apresentado com base em publicações

relacionadas ao tema, a busca do equilíbrio pertinente aos presentes

empreendimentos hoje no mercado competitivo. A necessidade de explorar não

apenas o lado econômico de seus índices apontou medidas e direcionamentos que

provocou o desenvolvimento local em ambientes outrora subaproveitados. Essa

tendência apresentada gerou a possibilidade do surgimento de atividades de apoio

ao negócio especifico, sendo, dentre elas, segmentos oriundos do setor turístico.

No capítulo seguinte, apresentamos a divisão dos municípios que compõem a

esfera do nosso escopo de pesquisa: o Complexo de Carajás. Através de análises

de registros e documentos foi apresentado o processo de formação histórica desses

municípios e seu grau de importância na região. Ou seja, foram apresentadas

pontualmente as diferenças entre essas localidades e as referências que

consideramos que merecem destaque.

Em meio às informações sobre os municípios, foram identificadas atividades

relacionadas ao turismo. Dessas atividades, algumas foram consideradas mais

consolidadas que as outras dependendo da localidade, da promoção de

infraestrutura de apoio, de fatores políticos, de falta de informação e orientação de

como explorar o potencial existente, da maturidade da oferta demandada, dentre

outros. Porém, apesar de gerarmos um consolidado histórico da região, por carência

de maiores informações sobre índices demográficos e especificações do setor

turístico nesse cenário, é viável para futuros trabalhos uma analise mais profunda

nesses aspectos.

Por fim, para o fechamento desse trabalho monográfico, procurou-se no

último capítulo relacionar o referencial teórico utilizado ao objeto de estudo

apresentado. Essa análise foi continuada por relacionarmos esse material com as

atividades mineradoras existentes na região, ou seja, nesse momento de nossa

pesquisa foi importante agregar a teoria ao que de fato era nosso objetivo: explicar a

relação entre o que hoje temos para o turismo e seus segmentos, na região do

Complexo de Carajás como o cenário de nossa pesquisa e a intervenção positiva

das mineradoras para o setor turístico.

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Após análise do vasto campo do turismo, englobando a variedade de seus

segmentos, foi corroborada a presença e a utilização de alguns desses segmentos

em nosso escopo de pesquisa. Além do turismo de negócios sendo nosso principal

objeto de orientação dentro do Complexo de Carajás, foram apresentados

segmentos pouco conhecidos do grande público nessa região. Exemplificando tal

ponto temos a presença consolidada do turismo ecológico, de aventura e o turismo

arqueológico.

Os problemas enfrentados hoje pela manutenção dessas atividades junto das

medidas adotadas para o seu desenvolvimento foram discutidas com o viés voltado

para o setor de mineração. Essa discussão foi proporcionada no intuito de

estreitarmos e demonstrarmos a relação da qual atualmente esses dois cenários

distintos se beneficiavam um do outro. Pois, se por um lado a atividade turística era

embalada com o incentivo dessas mineradoras, com o apoio à infraestrutura de

acesso e com a capacitação de pessoas através de programas de educação, esses

empreendimentos com caráter exploratório também se beneficiavam de alguma

maneira. De acordo com o presente trabalho, esse benefício tornava-se claro

quando percebíamos que além de agregar uma imagem adequada pela mídia, e de

demonstrar uma preocupação com o desenvolvimento local, o maior retorno para o

envolvimento com tais questões era justamente alinhar a realidade hoje exigida no

mercado com o seu negócio. Ou seja, as questões exploradas mais uma vez pelo

modelo do Triple Bottom Line e da Responsabilidade Socioambiental Corporativa

apresentadas no embasamento teórico dessa pesquisa como tendências

mercadológicas a serem seguidas e demonstradas no nosso ambiente estudado.

O panorama geral que aponta as alterações históricas no cenário do

Complexo de Carajás faz ligação direta entre assunto explorado e as questões

levantadas nesse trabalho. As medidas preservacionistas e a evolução

socioeconômica revelam que a atual situação na região estudada está longe de ser

um exemplo perfeito de desenvolvimento local sustentável em parceria com grandes

empreendimentos, em especial pelo fato de que seu negócio esta pautado em uma

fonte não renovável. Porém, como caráter evolutivo e considerando o fator histórico

como um ponto ainda recente se comparado com outros objetos de pesquisa,

percebemos que o ambiente é de fato de transformação, e os agentes atuantes

nesse processo encontram-se alinhados a um mesmo objetivo.

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Portanto, é perceptível que através do levantamento teórico e dos fatos

explorados nessa pesquisa que a sustentabilidade no turismo de negócios é

possível e que, hoje, esse conceito é aplicado no Complexo de Carajás e região

indiretamente pelas empresas mineradoras. Junto disso, e diferenciando novamente

o fator sustentabilidade com referência apenas de caráter ambiental, vimos à

possibilidade de outros segmentos do turismo se beneficiarem desses

empreendimentos. O apoio com infraestrutura, com programas de fomento à

pesquisa, capacitação e educação, valorização da cultura e identidade local são

exemplos dos quais destacamos como realidades que acontecem nesses ambientes

que permaneceram por anos da história sendo explorados de forma inconsequente.

Tais práticas direcionam ao estimulo de caráter em base comunitária para o

desenvolvimento da região quando o interesse mineral existente se extinguir.

Por fim, acredita-se que mediante os dados e exemplos mencionados e

analisados durante essa pesquisa, haja o interesse e o apoio para a geração de

demais estudos relacionados ao tema e, seguindo a tendência hoje percebida, que

os índices que corroboram esse trabalho sigam a lógica esperada: o equilíbrio entre

a atividade mineradora e o ambiente do qual ela está envolvida. Ou seja, a

valorização real de seus medidores econômicos só realmente fará sentido quando

houver equidade junto aos medidores sociais e ambientais respeitados,

desenvolvendo a sociedade local e fomentando direta ou indiretamente atividades

de apoio ao seu negócio, incluindo o turismo.

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