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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO
DEPARTAMENTO DE TURISMO CURSO DE TURISMO
FLÁVIO DA SILVA VELLASQUEZ
TURISMO DE NEGÓCIOS: PERSPECTIVAS GERADAS PELA EXPLORAÇÃO MINERADORA NO COMPLEXO DE CARAJÁS E REGIÃO
Niterói 2012
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FLÁVIO DA SILVA VELLASQUEZ
TURISMO DE NEGÓCIOS: PERSPECTIVAS GERADAS PELA EXPLORAÇÃO MINERADORA NO COMPLEXO DE CARAJÁS E REGIÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Turismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Turismo. Orientador: Prof. Dra. Helena Catão H. Ferreira
Niterói 2012
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Dedico esse trabalho aos meus pais pelo apoio em todos os
momentos da minha vida e aos amigos que me acompanharam
durante essa primeira jornada de crescimento acadêmico.
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AGRADECIMENTOS
A professora Helena Catão, pela orientação, dedicação, paciência e pelas palavras
encorajadoras e reconfortantes durante o processo de elaboração desse trabalho.
Aos professores Mestre Eduardo Vilela e Dr. Marcello Tomé que aceitaram
prontamente o convite para participação em minha banca e pelas contribuições que
certamente enriqueceram esse trabalho.
Ao professor Ronnie Figueiredo pela colaboração acerca das discussões sobre
estruturas organizacionais e aos demais professores do Departamento de Turismo
da UFF que contribuíram para os meus estudos sobre o fenômeno turístico.
Aos funcionários do grupo Vale S.A., tanto os empregados próprios quanto os
terceiros, pela colaboração na realização desse trabalho. Em especial as senhoras
Simone Lacerda, responsável do RH pelas viagens corporativas, Michelle Gusso,
terceirizada da agência de turismo corporativo da Vale e Isabella Figueiredo,
responsável pelo planejamento de longo prazo de infraestrutura Norte, do qual
incluía meu escopo de pesquisa.
À minha família pelo apoio, carinho, educação e encorajamento que proporcionaram
durante toda a minha vida.
Aos companheiros de trabalho, que dedicaram parte do seu tempo para orientar e
compartilhar informações que foram primordiais para a finalização desse projeto.
E por fim, aos meus amigos, pelas sugestões em relação à pesquisa, pelos
incentivos nos momentos mais difíceis e pelo carinho de sempre se fazerem
presentes.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Sete aspectos do conceito de sustentabilidade 23
Figura 2 Marcos Internacionais relacionados com ambiente e o desenvolvimento sustentável
25
Figura 3 Desenvolvimento do turismo sustentável versus não sustentável
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Figura 4 Sustentabilidade Corporativa segundo a abordagem Triple Bottom Line
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Figura 5 Níveis de sensibilidade social nas organizações 35
Figura 6 Estágios e atitudes das organizações frente à RSC 36
Figura 7 Urbanização Turística do Rio Tocantins, Marabá – PA 40
Figuras 8 Acesso ao centro do Município, Curionópolis – PA. 41
Figura 9 Área urbana, Tucumã – PA 42
Figura 10 Projeto Onça Puma de Mineração, Ourilândia - PA 44
Figura 11 Mina de Minério de Ferro, Eldorado do Carajás - PA 45
Figura 12 Vista Aérea, São Félix do Xingú - PA 46
Figura 13 Índio nativo Kaiapó, Cumaru do Norte – PA 47
Figura 14 Vista Aérea, Redenção - PA 48
Figura 15 Vista Litorânea, Pau D´Arco - PA 49
Figura 16 Vista Litorânea, Bannach - PA 50
Figura 17 Vista Aérea, Rio Maria - PA 50
Figura 18 Apresentação Cultural, Xinguara - PA 51
Figura 19
Figura 20
Figura 21
Figura 22
Figura 23
Figura 24
Figura 25
Figura 26
Figura 27
Apoio Eleitoral dos Índios Kaiapó, Agua Azul do Norte Reforma Urbanística, Sapucaia - PA
Circuito das Águas, Piçarra - PA Cachoeira das Andorinhas, São Geraldo do Araguaia Vista Aérea, Brejo Grande do Araguaia - PA Atração Turística de Motocross, Palestina do Pará Cachoeira do Prado, São Domingos do Araguaia Festa do Círio de Nazaré, São João do Araguaia Vista Aérea, Bom Jesus do Tocantins – PA Mina de minério de ferro, Carajás – PA
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Figura 28
Figura 29
Figura 30
Figura 31
Figura 32
Figura 33
Figura 34
Figura 35
Figura 36
Figura 37
Figura 38
Figura 39
Figura 40
Figura 41
Figura 42
Figura 43
Artesanato com fibras e madeira ecologicamente correta em Arapiuns – PA Sítio Cerâmico localizado em Santarém, PA Sambaquis na região do Salgado, PA Sítio com Arte Rupestre em Serra da Lua, PA Sitio Lítico em São João do Araguaia, PA Sitio Histórico em Joanes, PA Acervo de Pintura Rupestre em São Geraldo do Araguaia, PA Antecedentes Históricos do Meio Socioeconômico Áreas de Proteção Ambiental PIB Total – áreas de influência direta Projeções de massa salarial e geração de empregos Localização dos principais projetos de mineração no Pará Planejamento de metas por unidade de negócios Áreas protegidas por parcerias entre a Vale e os governos locais Potenciais impactos gerados
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RESUMO
O presente trabalho investiga o processo de formação e a gestão atual da região do Complexo de Carajás impactada diretamente pelo desenvolvimento das atividades extrativistas de mineração em seus domínios territoriais. A indústria extrativista mineral, pela sua abrangência e importância na economia nacional, historicamente tem tido um papel importante no esforço de promover o desenvolvimento econômico e social e de reduzir as desigualdades regionais. Para isso, investimentos em infraestrutura e em serviços têm gerado discussões e vistos como prioridades no fomento ao crescimento das cidades. Atividades secundárias como as que envolvem o ramo turístico tornaram-se um ponto estratégico pelo setor de logística visando à sustentabilidade dos projetos, pois é percebida a importância de incentivar o crescimento do turismo de negócios que contribui tanto para as comunidades locais (geração de empregos) quanto para as grandes mineradoras (ampliação da rede de serviços aos seus empregados). Através de análises e estudos realizados em algumas cidades cujas características se encontram nesse contexto, será discutido nesse trabalho o lado sustentável em expansão e não apenas o depredatório já conhecido das atividades mineradoras. Palavras-chave: Turismo, Sustentabilidade, Desenvolvimento Local, Mineração.
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ABSTRACT
This study investigates the process of training and current management of the region's current Carajás complex directly impacted by the development of extractive mining activities in their territorial domains. The mining industry, for its scope and importance in the national economy, has historically played an important role in the effort to promote economic development and social and regional inequalities. For this, investments in infrastructure and services have generated discussion and seen as priorities in fostering the growth of cities. Secondary activities such as those involving the tourist industry became a strategic point for the logistics sector with a view to sustainability of projects because it is perceived the importance of encouraging the undoubted growth of business tourism that contributes both to local communities (job creation ) and for the large mining companies (expansion of the services to their employees). Through analysis and studies conducted in some cities whose characteristics are in this issue will be discussed throughout the work the next expansion and development in not only predatory familiar to mining. Key-Words: Tourism, Sustainability, Local Community, Mining.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 11
2 SUSTENTABILIDADE E NEGÓCIOS....................................................... 16
2.1 DO TURISMO DE NEGÓCIOS.................................................................. 16
2.2 DA ATIVIDADE TURÍSTICA...................................................................... 21
2.2.1 Desenvolvimento sustentável................................................................ 23
2.2.2 Desenvolvimento Sustentável no Turismo........................................... 27
2.3 DA SUSTENTABILIDADE NOS NEGÓCIOS............................................ 31
3 COMPLEXO DE CARAJÁS: UMA VISÃO HOLÍSTICA........................... 38
3.1 MARABÁ.................................................................................................... 38
3.2 CURIONÓPOLIS....................................................................................... 41
3.3 TUCUMÃ.................................................................................................... 42
3.4 OURILÂNDIA DO NORTE......................................................................... 44
3.5 ELDORADO DO CARAJÁS....................................................................... 45
3.6 SÃO FÉLIX DO XINGU.............................................................................. 46
3.7 CUMARU DO NORTE............................................................................... 47
3.8 REDENÇÃO.............................................................................................. 48
3.9 PAU D´ARCO............................................................................................ 49
3.10 BANNACH................................................................................................. 50
3.11 RIO MARIA................................................................................................ 50
9
3.12 XINGUARA.............................................................................................. 51
3.13 AGUA AZUL DO NORTE......................................................................... 52
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3.15
3.16
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3.18
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SAPUCAIA...............................................................................................
PIÇARRA.................................................................................................
SÃO GERALDO DO ARAGUAIA.............................................................
BREJO GRANDE DO ARAGUAIA...........................................................
PALESTINA DO PARÁ............................................................................
SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA...........................................................
SÃO JOÃO DO ARAGUAIA.....................................................................
BOM JESUS DO TOCANTINS................................................................
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4 DESENVOLVIMENTO DO TURISMO ARTICULADO A ATIVIDADE
DE MINERAÇÃO......................................................................................
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4.1 PRINCIPAIS ATIVIDADES TURÍSTICAS................................................. 64
4.1.1 Turismo de Negócios no Complexo de Carajás.................................. 65
4.1.1.1 Viagens de Negócio em Geral................................................................. 67
4.1.1.2 Turismo de Eventos................................................................................. 68
4.1.1.3 Feiras Comerciais.................................................................................... 70
4.1.1.4 Viagens de Incentivo................................................................................ 70
4.1.2 Turismo de Aventura e Turismo Ecológico......................................... 72
4.1.2.1 Caso de Turismo Ecológico em comunidades extrativistas..................... 75
4.1.3 Turismo Arqueológico........................................................................... 77
4.2 CENÁRIOS E ÍNDICES PROPICIADOS PELA MINERAÇÃO................. 82
4.2.1
4.2.2
4.2.3
Perspectiva Geral...................................................................................
Medidas Preservacionistas...................................................................
Evolução Socioeconômica....................................................................
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4.2.4
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Relatório de Sustentabilidade e Desenvolvimento Local – Vale S.A.
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................
REFERÊNCIAS.......................................................................................
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1 INTRODUÇÃO
O setor do turismo tem obtido cada vez mais importância no cenário
socioeconômico brasileiro. Tal fato pode ser evidenciado nas diversas estatísticas
relativas à geração de renda e emprego, quantidade de pessoas que fazem turismo,
e até mesmo, a criação de um Ministério único para o setor, o Ministério do Turismo
(MTur). De acordo com Hall: A valorização da atividade turística no Brasil, a partir da década de 1990, resulta de diversos fatores conjugados, como o crescente significado econômico do setor de serviços no mundo e, inserido neste, o turismo; a chamada potencialidade natural turística do país; a disponibilização de capitais estrangeiros para financiamento de projetos e os posicionamentos público e privado favoráveis ao desenvolvimento da atividade. (2004, p.10)
Com isso, o presente trabalho surge a partir de uma inquietação sobre o que
se vem discutindo a respeito do desenvolvimento local e, consequentemente, do
turismo nas áreas em que a mineração é identificada como um fator comercial.
Procuramos pesquisar, nesse sentido, uma possibilidade de articulação entre o
turismo e uma prática de sustentabilidade de negócios.
Dessa forma, não se pretende (re)conceituar um paradigma para o turismo de
negócios – até pela proposta e/ou tamanho de um trabalho monográfico. Ao
contrário: o que se pretende, sim, a partir de um conceito já legitimado, é dialogar
com outras formas em que negócio e turismo possam se aproximar a partir de
experiências pouco exploradas.
O objeto de estudo selecionado para a pesquisa representa um recorte de
uma realidade maior, mas, tendo em vista que a atividade mineradora, dentre as
demais áreas econômicas, ainda provoca grandes repercussões sociais, para além
de um impacto de mercado apenas, tal escolha tende a ampliar a discussão,
problematizando-a. Logo, falar dessa realidade já significa considerar possíveis
intervenções macro, dentre as quais o próprio turismo na região.
Assim, o tema do trabalho se justifica, uma vez que a proposta é a de
desenvolver um estudo em que a sustentabilidade de negócios possa ser refletida a
partir de outras vivências. Ademais, também corrobora para a justificativa a
12
possibilidade de, em um trabalho de conclusão de curso em Turismo, ser possível
focar um caso em particular, mas com vistas à elaboração de um pensamento que
não está distante de outras realidades locais no Brasil.
Como relevância, a pesquisa pode propiciar, a partir da análise sobre os
impactos gerados pela exploração mineradora no complexo de Carajás e região, não
apenas o conhecimento dessa realidade, mas, sobretudo, o incentivo a outros
estudos, ou o aprofundamento dos que já existem, como forma de evidenciar
possibilidades no turismo de negócios. Sua importância reflete justamente a
necessidade de se construir trabalhos que estimulem novas perspectivas.
O objetivo geral do presente trabalho é investigar a possibilidade da atividade
mineradora como propulsora do desenvolvimento local dos municípios que fazem
parte do complexo de Carajás. A partir disso, o estudo também terá como objetivo
central analisar se nesse processo de desenvolvimento o turismo será considerado
como uma prática que se faz presente e através de quais segmentos.
Para tal, os objetivos específicos pretenderam verificar em que medida já
havia publicações e documentação sobre o tema, de maneira geral, e, em um
segundo momento, sobre a região delimitada; bem como o de conhecer alguns
índices econômicos e sociais dos municípios que compõem o complexo de Carajás;
além de pesquisar, nos conceitos teóricos, a adequação das possíveis atividades
relacionadas ao setor turístico encontradas no local, capazes de referenciar cada
segmento.
Outro objetivo específico que mereça destaque foi a necessidade de obter
uma postura de imparcialidade para a pesquisa consumada. Com isso, a análise dos
dados por muitas vezes teve que ser cruzada com fontes diferentes a fim de
validarmos os reais indicadores econômicos, sociais e ambientais dos quais
estavam sendo apresentados. Ou seja, as visões não se restringiram somente ao
escopo de informações oriundas dos municípios, mas também do agente externo do
qual nosso trabalho esta se baseando: nos atores responsáveis pela atividade
mineradora na região (Cia Vale S.A. e Vale Fertilizantes).
A metodologia realizada baseou-se em análise bibliográfica e documental,
além de entrevistas orais partindo de um roteiro aberto. A escolha desses
procedimentos metodológicos ocorreu em virtude de dois fatores. O primeiro, que
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corresponde às metodologias de análise, se justifica pela necessidade de retorno
aos registros – teóricos e documentais – que se tinha sobre o tema.
O segundo ponto, que diz respeito aos momentos de entrevistas, procurou
contribuir para uma compreensão mais aprofundada sobre o tema, partindo, no
entanto, do recorte escolhido, a saber: a exploração mineradora no complexo de
Carajás e região. Logo, procuramos manter essa prática de elaboração, como fontes
que deveriam acontecer nessa ordem: a ida às bibliografias e aos documentos –
como forma de se compreender o que os autores e os atores apresentavam; e, a
partir disso, conhecer melhor, por meio dos relatos orais, a realidade local
destacada.
As entrevistas realizadas foram estruturadas por departamentos dentro da
mineradora de maior importância na região: a Vale S.A. O departamento de RH
responsável pelas viagens corporativas, a agência terceirizada Net Tour responsável
pelas viagens e o departamento de planejamento de longo prazo Norte englobaram
nosso escopo de entrevistas, totalizando cerca de dez relatos orais. As
representantes de cada equipe, das quais colaboraram significantemente para esse
trabalho foram respectivamente: Simone Lacerda, Michelle Gusso e Isabella
Figueiredo.
A estrutura do trabalho está baseada em três capítulos de desenvolvimento,
além da introdução e das considerações finais. O primeiro capítulo apontará a
necessidade de esclarecer, através de pesquisa bibliográfica, conceitos referentes a
turismo de negócios, sustentabilidade de projetos e desenvolvimento sustentável
vinculado a atividade turística.
Adentraremos no referencial teórico que espera justificar o turismo de
negócios como um segmento da atividade turística. E, com isso, demonstrar de
maneira sucinta e objetiva, a quebra do paradigma do qual está associado o turismo
apenas como uma atividade de lazer. O segmento voltado para os negócios
apresenta características próprias que serão exploradas através dos autores
específicos ao tema.
Quanto à sustentabilidade de projetos, nosso capitulo buscará desenvolver
sob a teoria do Triple Bottom Line o equilíbrio exigido por esse conceito. A
sustentação desse equilíbrio através dos pilares econômicos, sociais e ambientais
14
demonstra como o progresso de um negócio deve relacionar diferentes esferas para
obter o sucesso em seu ramo de atividades.
O desenvolvimento sustentável relacionado à atividade turística será
apresentado nesse capítulo com uma visão além de questões ambientais e políticas
públicas remetendo a esse tema. O direcionamento desse trabalho apontando o
turismo como uma atividade econômica não distante das demais, impulsionou o
conceito de sustentabilidade no setor como uma variável de desenvolvimento, não
focando exclusivamente no caráter ambientalista.
No capítulo seguinte, será apresentada a divisão dos municípios que
compõem a esfera do nosso escopo de pesquisa: o Complexo de Carajás.
Procuramos demonstrar através de registros e documentos o processo de formação
histórica desses municípios e seu grau de importância na região. Ou seja, através de
uma visão holística que pudesse apresentar pontualmente as diferenças entre essas
localidades e apontar as referências que merecessem destaque.
No último capítulo, será apresentada uma articulação do referencial teórico
exposto na primeira parte com o objeto de estudo apresentado na segunda. Essa
análise é continuada por relacionarmos esse material com as atividades
mineradoras existentes na região, ou seja, nesse momento de nossa pesquisa é
importante agregar a teoria ao que de fato é nosso objetivo. Que será explicar a
relação entre o que hoje temos para: o turismo e seus segmentos, a região do
Complexo de Carajás como o cenário de nossa pesquisa e a intervenção positiva
das mineradoras ao setor turístico.
As atividades turísticas encontradas são exemplificadas a partir do nosso
escopo de pesquisa, sendo analisados os casos individualmente através de cada
segmento encontrado e de suas ramificações.
Nesse capítulo também será apresentado um panorama geral que explicita as
alterações do cenário no Complexo de Carajás e de sua região através de dados
históricos, de projetos que estão em andamento e de projeções futuras. Essas
premissas e projetos citados englobam uma base de informações dividida em:
resumo histórico, ou seja, os motivos que propiciaram essa região no decorrer dos
anos a se tornar a magnitude de nosso objeto de pesquisa; medidas
preservacionistas, que salienta a necessidade de haver contrapontos para suprir o
15
desgaste natural que as atividades mineradoras proporcionam ao meio ambiente; e,
por fim, a evolução socioeconômica, que tem como objetivo demonstrar a evolução
progressiva dos índices econômicos e sociais intrinsicamente ligados, ou seja,
perspectivas a cerca do PIB das cidades, aumento da população, quadro de
projeção salarial e de geração de empregos, dentre outros.
Ao final desse capítulo, será apresentado um panorama que aponte as
mudanças em nosso cenário de interesse. Porém, essa visão não parte mais da
região, mas sim dos dados e projeções da mineradora mediante o objeto de
pesquisa. Ou seja, é analisado através de documentação específica, o parecer da
mineradora envolvida no Complexo de Carajás e as intervenções da mesma sobre a
região explorando o que é de importância para esse estudo: as medidas envolvendo
os fatores econômicos, sociais e ambientais em conjunto com o desenvolvimento
local que projetou o surgimento de outras atividades geradoras de renda, incluindo o
turismo.
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2 SUSTENTABILIDADE E NEGÓCIOS
Conciliar o progresso de uma atividade economicamente lucrativa com os
pilares viáveis que sustentem sua produção é pauta para diversos estudos e
pesquisas vigentes hoje no mercado.
A capacidade de idealizar um projeto sustentável vem considerando
consultorias especializadas no assunto como fatores determinantes para o sucesso
do trabalho final. Visto que, a necessidade de uma boa gestão a fim de aproveitar da
melhor maneira o seu mercado se tornou uma tendência econômica contemporânea
que se programa com planejamentos de longo prazo e projeta a manutenção de
suas fontes como prioridades de causa.
Os investimentos econômicos em parceria com as atividades sociais e
ambientais tornaram-se não mais apenas uma obrigatoriedade ou uma imposição
por parte do governo. Hoje, em alguns empreendimentos, a mentalidade empresarial
incorpora a idéia de que a evolução de seu negócio está atrelada aos paradigmas da
sustentabilidade e do desenvolvimento local (abrangendo o âmbito social e o
ambiental). Como consequência desse fenômeno, esse capítulo tem como objetivo
apresentar diferentes pontos de vista que justifiquem relacionar, por exemplo, a
progressão de negócios com características preponderantemente econômicas,
porém com diretrizes sociais e ambientais rígidas e de grande importância para o
êxito do projeto.
2.1 DO TURISMO DE NEGÓCIOS
Temos hoje o turismo como uma das principais atividades econômicas do
mundo; e sua magnitude contribui para a geração de milhares de empregos diretos e
indiretos nas suas atividades. Dentre uma de suas vertentes podemos destacar o
turismo de negócios, que vem ganhando importância principalmente pelo volume
financeiro movimentado dentro do setor turístico.
Apesar das conclusões quanto ao seu crescimento e destaque, o conceito de
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turismo de negócios ainda é considerado uma divergência entre alguns autores
quando o assunto é tratá-lo ou não como uma atividade turística. Um grupo, no qual
se destaca Barreto (1995), acredita que quando a viagem está atrelada a um fim
financeiro ou que a mesma representa uma obrigatoriedade para o deslocamento e
acontecimento, ela não pode ser considerada uma viagem turística. Para esses
estudiosos, o caráter que determina a existência de uma atividade turística seria
aquela vinculada ao lazer e ao prazer meramente de satisfação social, não
reconhecendo, assim, o turismo de negócios – tendo em vista, sobretudo, sua
própria origem, que estaria diretamente ligada a uma ação de trabalho e
consequentemente financeira.
Já outro grupo, com pensamento diverso do primeiro, acredita que o fato
associado a esse tipo de abordagem é que, apesar do motivo do deslocamento, o
mesmo implicará a utilização de serviços e de facilidades existentes no destino final.
Ou seja: a alimentação, a hospedagem, o transporte, o lazer serão consumidos pelo
sujeito independentemente do porquê de sua visitação naquele local. Segundo
Andrade:
O conjunto de atividades relacionadas à viagem, hospedagem, alimentação e transporte das pessoas que viajam a negócios ligados aos diversos setores comerciais, industriais ou financeiros, ou para conhecer mercados, firmar convênios, parcerias, treinar tecnologias, negociar serviços, etc, denomina-se turismo de negócios (ANDRADE, 1997, p. 74).
Assim como Andrade, Beni (1997) considera o turismo de negócios,
apresentando, ainda, a definição de turismo empresarial, compreendendo essa
atividade como sendo:
O deslocamento de executivos e homens de negócios, portanto turistas potenciais, que afluem aos grandes centros empresariais e cosmopolitas a fim de efetuarem transações e atividades profissionais, comerciais e industriais empregando seu tempo livre no consumo de recreação e entretenimento típicos desses grandes centros, incluindo-se também a frequência a restaurantes com gastronomia típica e internacional (BENI, 1997, p. 382).
Partindo desses conceitos, a postura mais adequada para nossa realidade
hoje seria a de entender esse tipo de viagem como inserido na atividade turística.
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Principalmente tendo em vista que, a partir do processo de globalização e, portanto,
da economia global é produzido cada vez mais um encurtamento de barreiras e
espaços físicos, e que crescem as oportunidades de negócios associados a viagens
de profissionais de diversas áreas, que precisam ser realizadas para a concretização
de parcerias, atualizações profissionais, inovações tecnológicas e transações
comerciais.
Graças a sua abrangência e crescimento exponencial, o turismo de negócios
é considerado um grande propulsor da economia mundial. Os envolvidos, devido a
sua posição e motivação ao viajar, quase sempre são pessoas com poder aquisitivo
considerável e por muitas vezes representam suas companhias e empresas fora de
seu lugar de origem.
Essa realidade, defendida por alguns autores, tal como Lickorish e Jenkins
(2000), revela que este turista não está muito distante, em termos de necessidade
de serviços, dos demais. Pelo contrário: precisam de um mínimo de informações
acessíveis, além de transporte e alimentação, por exemplo, mas, pelo caráter
corporativo podem – e muitas vezes fazem uso disso – dispor de categorias mais
elevadas, com relação à qualidade dos serviços utilizados.
Com isso, há uma preocupação de envolver uma boa hospedagem, um bom
restaurante ou centro de convenções adequado, abrangendo todo o processo de
sua visita (quase sempre unidas a reuniões, fechamento de negócios, dentre outros)
propiciando um cenário adequado de negociações e de atendimento às
necessidades desse turista.
Embora possa existir um perfil de turista de negócios que não se encaixe
nesse padrão, há de se considerar que, na maioria das viagens a trabalho, o
funcionário, pela natureza desse deslocamento, pode contar com um serviço
privilegiado. Logo, são mais raros os casos de turistas que se hospedam, nessas
situações, em hotéis mais simples, ainda que próximos dos grandes centros.
Além de ser direcionado a um tipo de turista em potencial, há alguns anos o
turismo de negócios vem se tornando uma alternativa de investimento no setor, até
mesmo se comparado com outros segmentos turísticos, como o de lazer, por
exemplo. A diferença primordial entre o de negócios e as outras modalidades é de
que não necessariamente sua demanda varia de acordo com as mudanças no
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cenário econômico. Ou seja: a manutenção no fluxo de pessoas é mantida
provocando uma estabilidade e possibilidade de planejamento prolongado de seu
negócio frente às atividades do turismo corporativo. Isso ocorre, basicamente, por
dois motivos principais, que serão descritos a seguir.
O primeiro motivo diz respeito, principalmente, a dois fatores muito caros no
meio corporativo: tempo e espaço geográfico. Logo, se as empresas possuem
demandas e prazos, é preciso que, além de fazê-los cumprir estes prazos, devem
exigir que também o façam com qualidade – daí a importância de poder contar com
serviços que estabeleçam o mínimo de confiança no desenrolar do que foi acordado.
Junte-se a isso a necessidade constante de participação de funcionários em outras
unidades para reuniões e encontros ou para acompanhamento de processos – o que
envolve, para além do tempo, um deslocamento que se mantenha dentro do
previsto.
O segundo motivo está relacionado à viagem dos funcionários com fins de
capacitação, de atualização de conhecimento por meio de cursos fora de sua área
de origem, de divulgação de sua instituição na participação em feiras, convenções,
congressos e eventos, bem como promover o benchmarking de suas empresas e
produtos.
Em busca dos grandes centros ou de regiões estrategicamente importantes, o
turismo de negócios se expande. Sua importância para uma cidade ou uma região
(principalmente aquelas que não estão inseridas em um padrão adequado ao
turismo considerado tradicional – como atrativos naturais e artificiais de grande
apelo) baseia-se no incentivo ao crescimento econômico local, com o aumento da
renda per capita dos habitantes, pela geração de empregos ligados ao setor, pela
infraestrutura gerada que não beneficia somente o turista, aumento de polos
educacionais e de cursos que preparem a população local para exercer as
atividades que essas empresas necessitam, dentre outros.
Ainda de acordo com essa melhoria na capacitação local para um melhor
serviço e aproveitamento da mão-de-obra, os turistas de negócios no geral
requerem produtos de qualidade visto que seus gastos são superiores aos gastos de
um turista de lazer. Uma melhor estruturação na cadeia de serviços turísticos deve
ser tratada como primordial nos envolvidos desse processo, pois, em caso de um
evento de grande importância ou de um fechamento de um negocio estratégico de
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uma empresa, algum erro no serviço de hospedagem ou de alimentação pode
comprometer o sucesso do esperado.
E, nesse sentido, a perda de um cliente corporativo pode ser um prejuízo de
grande porte. Por isso há a necessidade de uma qualificação adequada e atenta aos
detalhes, pois, como já foi explicitado, há grandes investimentos nesse tipo de
atividade. O cliente, pois, tende a ser tornar mais exigente, uma vez que dispõe de
mais recursos a serem aplicados.
Em parceria com a adequação do serviço qualificado, as cidades com
potencial para atender a esse tipo de turismo necessitam possuir condições mínimas
para receber tal público. Ou seja, uma boa rede de telecomunicações, saneamento
básico adequado, abastecimento de água e energia elétrica, e com acessos
condizentes, que apresentem conexões e boas alternativas entre aeroportos,
rodovias e portos (Moletta, 2003).
Moletta (2003) nos aponta, ainda, alguns fatores determinantes para o núcleo
receptor de turismo de negócios, como por exemplo:
Investimento na cadeia hoteleira;
Espaço adequado para realização de eventos, feiras e congressos;
Serviços de taxi adequado;
A existência de agências bancárias;
Segurança publica;
Disponibilidade de equipamentos e serviços para atendimento ao
turista;
Boa oferta de compras;
Serviços de agencia receptivo como passeios opcionais, tradutores,
contratações de traslado, guias, etc.
Mas, para que isso ocorra, é preciso que haja mudanças no comportamento
organizacional de todos os envolvidos diretamente na prestação de serviços
turísticos, considerando a vertente de turismo de negócios como uma atividade que
tenha legitimidade e premissas respeitadas. Como salienta Ruschmann:
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Assim, a sobrevivência das empresas nesse mercado em transformação e em contínua mudança depende, essencialmente, da capacidade de inovação de cada uma delas – não apenas no setor de marketing ou nos conceitos de viagem, mas também do planejamento, do qual dependem a organização, a elaboração do produto, a criação de “pacotes” e a administração da atividade (RUSCHMANN, 1997, p. 17).
Vemos, assim, que o turismo de negócios não deve prescindir de alguns
elementos fundamentais à atividade, tais como o planejamento e a elaboração do
produto, pois, por mais que a viagem seja de cunho profissional, justamente por isso
é que o risco de erro deve ser o menor possível.
No entanto, mesmo que o segmento represente um espaço no cenário
econômico brasileiro (com destaque para São Paulo), ainda há muitas
potencialidades pouco exploradas e que mereceriam um enfoque no ramo do
turismo no país. Afinal, além de incrementar a economia, como já dissemos, ele
também daria mais visibilidade nas relações comerciais do Brasil com outros países.
Através dessa reformulação da ideia, desassociando o turismo como apenas
uma fonte de lazer, o Brasil poderia vivenciar um amadurecimento de uma atividade
econômica em ascensão em todo o mundo de forma a explorar todos os seus
nichos. Isso poderia contribuir, dessa forma, para desconstruir uma imagem do país
vinculada a uma estrutura de praia e sol como principal modelo.
Tais argumentos nos ajudam a construir a base do presente trabalho, a saber:
a possibilidade de se considerar Carajás como um estudo de caso que represente
um turismo de negócios sustentável de grande porte no Brasil. Logo, uma realidade
diferente, e por isso relevante, do que se tem visto no país – o que justifica,
inclusive, sua importância de pesquisa.
2.2 DA ATIVIDADE TURÍSTICA
O termo turismo, como conhecemos atualmente, surgiu no século XIX, porém
suas atividades como prática estendem suas raízes pela historia. A necessidade de
deslocamento do ser humano sempre existiu, fator que leva alguns autores a
relacioná-la com a existência do turismo desde as civilizações mais antigas, pois
22
através desse deslocamento tornou-se necessário o desenvolvimento da
hospedagem e da alimentação.
A partir do século XX, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial, o
turismo alcança maior desenvolvimento devido a diversos aspectos, principalmente
aqueles relacionados à produtividade empresarial, ao desenvolvimento dos meios de
transporte, ao poder de compra das pessoas e ao bem-estar resultante da
restauração da paz concordada ao final da Guerra (FOURASTIÉ, 1979 apud
RUSCHMANN, 1997).
O turismo, segundo Bissoli (1992), compreende um conjunto de fatores e
recursos capazes de satisfazer os nichos e aspirações mais diversas,
caracterizando-se, a princípio, como uma atividade associada diretamente à
utilização do tempo livre.
Hoje a atividade apresenta-se sob as mais variadas formas e é pensada por
meio de diversos conceitos e teorias. De acordo com Ruschmann (1997), uma
viagem pode compreender o espaço de tempo de alguns poucos quilômetros até
mesmo milhares deles, incluindo um ou mais tipos de transporte para o
deslocamento e estadas de alguns dias, semanas ou meses nos mais variados tipos
de alojamentos de hospedagem que uma ou mais localidades de destino venha a
oferecer. A experiência de viagem envolve a recreação ativa ou passiva, passeios
ou negócios, conferências e reuniões, das quais o turista opta pelo “leque” de
opções de equipamentos disponíveis criado para seu uso e sua satisfação de
necessidade imediata.
A atividade turística surge como um elemento chave para suprir uma
necessidade de descompressão psicológica, resultante da própria dinâmica da
sociedade industrial, pós-industrial e do processo de urbanização, em que o
aumento do tempo livre cria uma demanda por lazer (LIMA; JUNIOR, 2008).
O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e
temporário de indivíduos ou de grupos de pessoas, por uma diversidade de motivos
que, através desse deslocamento busca entretenimento, trocas culturais, descanso
e relacionamentos sociais. (CORIOLANO apud BARRETO; TAMANINI, 2002)
Procuramos, a seguir, discorrer sobre os fundamentos da idéia de turismo
sustentável entendendo-a como fazendo parte do paradigma contemporâneo do
desenvolvimento sustentável.
23
2.2.1 Desenvolvimento Sustentável
De acordo com Viana (2007), sustentabilidade deriva do latim sustenere:
sustentar, suportar, tolerar, manter. No entanto, o conceito de desenvolvimento
sustentável (em inglês, sustainable development) não se refere a um estado estável,
mas enfatiza um estado dinâmico e continuo.
O conceito de sustentabilidade foi elaborado no inicio da década de 1980
(embora as bases desta discussão sejam bem anteriores e remontem o final dos
anos 60 e o início dos 70), que definiu comunidade sustentável como aquela que é
capaz de satisfazer as próprias necessidades sem esgotar as possibilidades de
oportunidades para as gerações futuras (CAPRA apud TRIGUEIRO, 2005).
O conceito de sustentabilidade nos aponta seis aspectos principais, vide
figura 1:
Sustentabilidade Social - melhoria da qualidade de vida da população, equidade, na distribuição de renda e de diminuição das diferenças sociais, com participação e organização popular.
Sustentabilidade Econômica - públicos e privados, regularização do fluxo desses investimentos, compatibilidade entre padrões de produção e consumo, equilíbrio de balanço de pagamento, acesso à ciência e tecnologia.
Sustentabilidade Ecológica - o uso dos recursos naturais deve minimizar danos aos sistemas de sustentação da vida: redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para uma adequada proteção ambiental.
Sustentabilidade Cultural - respeito aos diferentes valores entre os povos e incentivo a processos de mudança que acolham as especificidades locais.
Sustentabilidade Espacial - equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migrações, desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligentes e não agressivas à saúde e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização descentralizada.
24
Sustentabilidade Política - no caso do Brasil, a evolução da democracia representativa para sistemas descentralizados e participativos, contrução de espaços públicos comunitários, maior autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de recursos.
Sustentabilidade Ambiental - conservação geográfica, equilíbrio de ecossistemas, erradicação da pobreza e da exclusão, respeito aos direitos humanos e integração social. Abarca todas as dimensões anteriores através de processos complexos.
Figura 1: Sete aspectos do conceito de sustentabilidade Fonte: Rede de Cooperação para Sustentabilidade, 2008
Atualmente, o tema desenvolvimento sustentável quando relacionado ao
desenvolvimento turístico se encontra articulado às politicas de planejamento, que
englobam todas as esferas de poder público (municipal, estadual e federal) no
esforço para obtenção de um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e as
questões sociais e ambientais, com o intuito de promover um destino.
Para Viana (2007), o conceito de desenvolvimento sustentável aparece no
final do século XX com o objetivo de orientar a humanidade no seu propósito de
crescimento, mas tendo em atenção a sua sobrevivência.
O desenvolvimento sustentável pode ser compreendido como um processo
dinâmico que engloba diversos segmentos da sociedade participando ativamente em
prol de um objetivo comum. Ele compreende:
O processo político, participativo que integra a sustentabilidade econômica ambiental, espacial, social e cultural, sejam coletivas ou individuais, tendo em vista o alcance e a manutenção da qualidade de vida, seja nos momentos de disposição de recursos, seja nos períodos de escassez, tendo como perspectivas a cooperação e a solidariedade entre os povos e as gerações (SILVA, 2006, p.18).
Em 1987, em resposta às consequências predatórias do desenvolvimento
econômico, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou o relatório “Nosso
Futuro Comum”. Nele, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD) criticava o modelo adotado pelos países desenvolvidos
e defendia um novo tipo de desenvolvimento: capaz de manter o progresso em todo
o mundo e ao longo prazo partilhá-lo entre países em desenvolvimento e
desenvolvidos. Surgia assim, o conceito de desenvolvimento sustentável ou
sustentabilidade (ROLIM, 2004).
Para engendrar o conceito de desenvolvimento sustentável foram realizados
25
diversos encontros, pesquisas e grandes eventos internacionais que foram
verdadeiros marcos na história por sua importância no crescimento das
preocupações com as questões ambientais e econômicas concomitantemente,
conforme figura 2.
Ano Evento
1972
Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) - Conferência de Estolcolmo sobre o Ambiente em 1972 - primeira iniciativa a nível global e coordenada para encontrar soluções para os problemas existentes sobre a problemática ambiental e definir linhas de ação.
1974 No CIRED - Centre International de Recherche sur First Environnment et lê Dévéloppement, Ignacy Sachs e sua equipe ampliam e diversificam a questão do ecodesenvolvimento, criada em Estocolmo em 1972.
1974/1975
Conferência Extraordinária das Nações Unidas - reutilização das idéias de Sachs e sua equipe na Declaração de Cocoyoc de 1974 e no Relatório Que Faire apresentado no final de 1975 pela Fundação Dag Hammarskjold, sem utilizar, contudo o termo ecodesenvolvimento de forma explícita, mas sim as expressões como "um outro desenvolvimento e desenvolvimento sustentado".
1980 "Estratégia Mundial para a conservação 1980" (União Internacional para a Conservação da Natureza - Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente - World Wildlife Fund).
1987
Relatório Brundtland "Nosso Futuro Comum" - Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, com intenção de despertar a opinião pública para a necessidade de melhorar a gestão do meio ambiente como forma de sustentar o planeta Terra.
1992
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro - Brasil. Muitas das idéias e percepções do Relatório Brundtland foram discutidas e analisadas nesta conferência onde surgiram os seguintes documentos: a "Carta da Terra", uma declaração de princípios básicos a serem seguidos por todos os povos com respeito ao meio ambiente e ao desenvolvimento; ("Declaração sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento"; "Convençãosobre Mudança Climática"; Convenção da Diversidade Biológica; "Agenda 21", um plano de ação com as metas aceites universalmente para o período pós - 1992 e entrando pelo século 21).
1997 Conferência Rio + 5 - "Programa para a implementação da Agenda 21" da Comissão sobre o Desenvolvimento Sustentável.
26
2002 Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável em Joanesburgo - África do Sul.
Figura 2: Marcos Internacionais relacionados com ambiente e o desenvolvimento sustentável Fonte: VIANA, 2007.
No ano de 1992, governantes de diversos países do mundo reuniram-se na
cidade do Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), que posteriormente acabou sendo
conhecida como Rio 92 ou Eco 92.
O objetivo principal da Conferência era debater sobre os caminhos a serem
percorridos para se conseguir uma união e equilíbrio justo entre as necessidades
econômicas, sociais e ambientais das gerações presentes e futuras. Além disso, era
necessário firmar as bases de uma parceria mundial entre os países desenvolvidos
e os ainda em desenvolvimento voltados para a compreensão das reais
necessidades e dos interesses de comum acordo (MRE, 2006 apud SOUSA, 2006).
Conforme Rolim (2004), esse ideal se popularizou nas Conferências do Rio
de Janeiro, em 1992, e em Johanesburgo (Rio+10), em 2002. A partir daí, o debate
e os estudos sobre desenvolvimento sustentável encontram-se ativos na sociedade
civil, empresas, governos, órgãos internacionais, ONGs, dentre outros.
A Rio 92 se consagrou como um divisor de águas a respeito da reflexão sobre
as questões ambientais e sua relação com o desenvolvimento, visto que os debates
e questões pertinentes ao tema giraram ao redor de estratégias que pudessem ser
adotadas pelo países periféricos na direção de um desenvolvimento sustentável,
bem como das convenções sobre diversidade biológica e mudança climática. As
estratégias de ação e de cooperação entre países estão consolidadas nos 40
capítulos da Agenda 21, documento oficial da Conferência (DESENVOLVIMENTO E
SUSTENTABILIDADE, 2008).
O conceito de sustentabilidade atinge as dimensões econômicas, ambientais
e sociais, tornando-se um grande desafio na prática, devido principalmente ao
grande interesse econômico por parte de alguns empresários e por falta de uma
politica direcionada às questões sociais e ambientais (REDE DE COOPERAÇÃO
PARA SUSTENTABILIDADE, 2008).
Somente é possível promover o desenvolvimento sustentável se projetarmos
uma visão de baixo para cima, a partir do local da implementação. Para que isso
aconteça se devem multiplicar os processos de promoção do desenvolvimento local
27
de um ponto de vista sistêmico, investindo em capital social. O foco da questão está
no investimento em capital, recurso sistêmico para o desenvolvimento, aventado
recentemente para explicar por que razão certos conjuntos humanos conseguem
criar ambientes favoráveis à boa governança, à prosperidade econômica e à
expansão de uma cultura cívica capaz de melhorar as suas condições de
convivência social (DESENVOLVIMENTO REGIONAL, 2008).
Conforme dito, se constata que se não houver um desenvolvimento
sustentável no âmbito local não haverá desenvolvimento sustentável em qualquer
que seja a instância. A complexidade do desenvolvimento envolve diversas
vertentes, como a riqueza, o poder, o conhecimento e uma relação de conservação
dinâmica com o meio ambiente além da renda.
Por fim, desenvolvimento sustentável pode ser definido como aquele que
consegue fazer todas as variáveis que o sustenta oscilarem ao redor de valores
relativos para cada sociedade em questão (DESENVOLVIMENTO REGIONAL,
2008). Portanto, esse conceito vai além do desenvolvimento simplesmente
econômico, envolve também questões que requerem reflexões a respeito de como
age cada individuo perante a sociedade e o meio em que esta situado.
2.2.2 Desenvolvimento Sustentável no Turismo
O conceito de sustentabilidade inserido no turismo evoluiu do seu
predecessor, o desenvolvimento sustentável, entendido como um termo muito usado
na literatura turística de acordo com Hardly, Beeto apud Viana (2007). Os mesmos
autores consideram que este conceito está sujeito a muitos debates, não só em
termos da sua definição, mas também em termos da sua validação e
operacionalização.
De acordo com Clarke (1997) apud Viana (2007), o conceito de
sustentabilidade no turismo nasceu em 1980 como uma oposição ao turismo
convencional apresentado até então: o turismo de massas. Isso é entendido visto
que ao turismo de massas são atribuídos os efeitos negativos dos impactos sociais e
ambientais experimentados nos destinos receptores.
A Organização Mundial do Turismo (OMT) definiu, em 1995, o Turismo
Sustentável como:
28
Aquele economicamente suportável a longo prazo, economicamente viável, assim como ética e socialmente equitativo para as comunidades locais. Exige integração ao meio ambiente natural, cultural e humano, respeitando a frágil balança que caracteriza muitos destinos turísticos, em particular pequenas ilhas e áreas ambientalmente sensíveis (OMT, 1995 apud VIANA, 2007).
Clarke (apud SWARBROOKE, 2000) apresentou quatro abordagens que
definiam o conceito de turismo sustentável no decorrer dos tempos, apresentados
nessa forma:
Opostos Polares: em que o turismo sustentável e o de massa eram vistos
como opostos polares. Haveríamos que renunciar ao turismo de massa para
desenvolver o turismo sustentável.
Um Continuum: em que o turismo sustentável e o de massa não eram mais
vistos como Opostos Polares, mas reconhecia-se que havia diferentes
nuances de turismo sustentável e de massa, as quais se fundiriam em algum
ponto central.
Movimento: uma abordagem cuja sugestão era a de que uma ação positiva
poderia tornar o turismo de massa mais sustentável.
Convergência: como a ideia de que todos os tipos de turismo podem se
esforçar para serem sustentáveis.
A partir da abordagem de convergência é percebido que as ações denominadas
sustentáveis devem ser despertadas mediante mudanças de mentalidade dos
envolvidos no processo de desenvolvimento. Mesmo que a principio esse
desenvolvimento seja em pequena escala, torna-se necessário o reordenamento de
prioridades e planejamento em busca da sustentabilidade: a corresponsabilidade
dos envolvidos em prol de um objetivo comum. Segundo Irving, temos:
É evidente que o desafio de operacionalização do conceito de desenvolvimento sustentável transcende a discussão teórica e acadêmica, e se esteia significativamente sobre a vontade política e as novas formas de relação entre a tríade e os países periféricos, no cenário de globalização. No entanto, é fundamental que, a partir de iniciativas pioneiras, essa prática possa ser percebida, internalizada e legitimada pelos vários setores da sociedade. Ainda que em pequena escala, experiências bem-sucedidas de participação e envolvimento comunitário na tomada de decisões e no equacionamento de problemas comuns prioritários podem ter um papel
29
singular na mudança de mentalidade dos atores envolvidos, no sentido de corresponsabilidade e exercício da cidadania, elementos essenciais ao desenvolvimento efetivo das sociedades humanas rumo ao terceiro milênio (IRVING, 2002, p. 36).
Para Beni (2004), o turismo sustentável, na sua vasta e complexa
abrangência, envolve: a compreensão dos impactos turísticos; a geração de
empregos locais diretos e indiretos; a distribuição justa de custos e benefícios; o
fomento de negócios lucrativos; a injeção de capital com consequente diversificação
da economia local; a interação com todos os setores e segmentos da sociedade; o
desenvolvimento estratégico e logístico de modais de transporte; o encorajamento
ao uso produtivo de terras tidas como marginais (turismo em espaço rural) e
subvenções para os custos de conservação ambiental.
Mediante isso, o turismo contempla diversos aspectos dos quais compreende
o desenvolvimento, sendo que, o mesmo pode ser considerado sustentável ou não-
sustentável como percebido na figura 3.
Sustentável
Não-sustentável
Conceitos gerais Conceitos gerais
Desenvolvimento lento Desenvolvimento controlado Escala adequada Longo Prazo Qualitativo Controle local
Desenvolvimento rápido Desenvolvimento descontrolado Escala inadequada Curto Prazo Quantitativo Controle remoto
Estratégias de Desenvolvimento Estratégias de Desenvolvimento
Planejamento com posterior desenvolvimento
Esquemas baseados em conceitos Pressão e benefícios difusos Promotores de desenvolvimento
locais Moradores locais empregados
Desenvolvimento sem planejamento Esquemas baseados em projetos Capacidade de crescimento Promotores de desenvolvimento no
exterior Força de trabalho somente importada
Comportamento do visitante Comportamento do visitante
30
Pouca valorização Algum preparo mental Repete as visitas
Muita valorização Pouco ou nenhum preparo mental Improvável que regresse
Figura 3: Desenvolvimento do turismo sustentável versus não sustentável Fonte: Swarbrooke (2000) Adaptado de Krippendorf (1982, Lane (1989, 1990) e Godfrey (1996)).
Para a realização de um desenvolvimento sustentável do turismo seria
necessário, portanto, tomar decisões politicas de longo prazo, pois ele envolve todo
um planejamento que consiste em mudanças de hábitos e costumes, educação
ambiental, dentre outros.
Tomando conceitos da politica de desenvolvimento sustentável, se pode
afirmar que ela é fundamental para uma região, independentemente da sua escala
de grandeza. O processo deve ser implantado de maneira planejada, organizada,
avaliada e controlada, integrando a população em busca do mesmo interesse.
Constata-se que a sua não implantação pode ocorrer a fim de camuflar interesses
econômicos e os impactos sociais e ambientais que possam vir a ocorrer, gerando
um conflito entre os envolvidos. Novamente Irving nos aponta:
O nascer compartilhado relaciona-se ao saber compartilhado, e não a uma relação desigual de dominantes e dominados, na qual o saber está em vinculação estreita com a concentração de poder e a exclusão social. A participação emerge, nesse cenário, como elemento de contracultura; mas provavelmente constitui a única garantia ética de sustentabilidade de um processo efetivo de desenvolvimento. Essa afirmação é ainda mais verdadeira num país periférico como o Brasil, com significativas heterogeneidades regionais e com desafios sem precedentes na busca de equilíbrio social e resgate da cidadania. Vale lembrar ainda que, em nome do emblemático desenvolvimento sustentável, o país tem recebido um aporte expressivo de recursos internacionais para projetos de desenvolvimento. E o custo-benefício na aplicação desses recursos só será justificável se a democratização da informação trouxer consigo o compromisso de corresponsabilidade. Corresponsabilidade só é possível mediante um processo efetivo de participação na tomada de decisões políticas (IRVING, 2002, p. 38).
Por fim, o turismo sustentável tende a envolver em suas decisões todos os
segmentos da sociedade, principalmente as populações locais, de forma a que todos
os usuários possam coexistir em equilíbrio. Nesse âmbito, incorpora o planejamento
e o zoneamento para que fique assegurado o desenvolvimento do turismo e das
demais atividades econômicas e sociais adequadas à capacidade de carga do
31
ecossistema que a suporta.
A sustentabilidade do turismo envolve a importância da preservação dos
recursos naturais e culturais para a economia de uma comunidade e seu
crescimento social. Desta forma, torna-se necessário monitorar, assessorar e
administrar os impactos do turismo, desenvolvendo métodos confiáveis de obtenção
de respostas e se opondo a possíveis efeitos negativos oriundos de suas práticas.
Relacionando o turismo sustentável à prática do turismo de negócios no
intuito de promovermos a sustentabilidade de um segmento que acreditamos
merecer destaque, os conceitos acima apresentados precisam estar pautados no
sentido da cooperação. Faz-se necessário que as empresas privadas, a população,
os gestores públicos e os demais envolvidos busquem a integração para que as
ações tomadas sejam vistas e sentidas por todos os integrantes. O objetivo que
impulsiona as ações deve remeter ao equilíbrio entre os aspectos econômicos,
socioculturais e ambientais.
2.3 DA SUSTENTABILIDADE NOS NEGÓCIOS
A necessidade de abordarmos até agora questões sobre o turismo de
negócios, o desenvolvimento sustentável e o turismo sustentável remetem ao
objetivo de agrupar esses conceitos para explicarmos posteriormente no presente
trabalho as características de sustentabilidade nos negócios.
Temas como desenvolvimento sustentável e sustentabilidade devem ser
relacionados e incorporados às estratégias de mercado e negócios. Nessa premissa
temos dois enfoques para formular estratégias organizacionais adequadas a essa
nova realidade: uma delas busca uma análise externa, e de como o negócio está se
comportando perante o mercado em um ambiente com proporções macro. A
segunda análise de formulação estratégica deve apontar para a realidade interna,
que remete a pontos planejados que discutam em como ele será encarado, e o que
deverá ser promovido para obter uma vantagem competitiva diante da concorrência.
Em analogia a isso, Nascimento afirma:
Para enfrentar a constante mutação dos diversos ambientes ou variáveis, a organização precisa fazer a vigilância sistemática destes. É necessário analisar e compreender as possíveis tendências e descontinuidades, a fim
32
de garantir a sua sobrevivência ao longo do tempo. O mundo das organizações apresenta a mesma característica. Quanto mais rápida for a adaptação das organizações ao seu ambiente externo, melhor para a sua sobrevivência (NASCIMENTO et al, 2008, p. 22).
Seguindo esse pensamento, a sustentabilidade deve estar ligada a um
conjunto de capacidades e competências que devem se adaptar aos
questionamentos voltados a um macro ambiente com aspectos rigorosos e taxativos,
apesar de serem questões motivadoras do desenvolvimento sustentável, como: leis
nacionais e internacionais mais rígidas envolvendo a pauta ambiental; o conceito e
aplicação da sustentabilidade como um requisito a mais em um ambiente
competitivo de mercado (a consciência dos consumidores conectada a uma logística
ecológica de consumo); o ideal de a natureza possuir uma identidade própria
apontando as organizações como uma determinadora de produzir sustentavelmente
ou não seus insumos. Isso os torna responsáveis pelo eminente impacto às
gerações futuras, dentre outros (Shrivastava e Hart, 1998).
A gestão ambiental tem como principal meta reduzir consideravelmente os
impactos ambientais, proporcionando uma frenagem aos danos que por longo tempo
degradaram o meio ambiente através das atividades das indústrias. Com isso, esse
processo, que busca a melhoria das ações exercidas sem planejamento adequado
no passado, se remonta de maneira a conquistar a qualidade de vida das
sociedades locais, o equilíbrio do desenvolvimento social e econômico entre as
regiões e cidades, com a conservação do meio ambiente e com o controle dos
recursos naturais essenciais ao negócio.
Conceituando o que vimos sobre desenvolvimento sustentável, no âmbito dos
negócios, a visão da sustentabilidade está apoiada sobre três pilares. Tal processo é
reconhecido como sendo o Triple Bottom Line (vide figura 4). Indriunas (2007) nos
explica da seguinte forma:
No tripé estão contidos os aspectos econômicos, ambientais e sociais, que devem interagir, de forma holística, para satisfazer o conceito. Pelo parâmetro anterior, uma empresa era sustentável se tivesse economicamente saudável, ou seja, tivesse um bom patrimônio e um lucro sempre crescente, mesmo que houvesse dívidas. Para um país, o conceito incluía um viés social. Afinal, o desenvolvimento teria que incluir uma repartição da riqueza gerada pelo crescimento econômico, seja por meio de mais empregos criados, seja por mais serviços sociais para a população em geral. Esse critério, na maioria das vezes, é medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) do país, o que para o novo conceito é uma medição limita. A perna ecológica do tripé trouxe, então, um problema e uma constatação. Se
33
os empresários e os governantes não cuidassem do aspecto ambiental podiam ficar em maus lençóis sem matéria-prima e talvez, sem consumidor, além do fantasma de contribuir para a destruição do planeta Terra. (INDRIUNAS, 2007).
Do ponto de vista econômico, o desenvolvimento sustentável requer uma
busca dessa sustentabilidade da organização em longo prazo, ou seja, o capital puro
e simples (a quantidade de seus ativos menos as suas obrigações) dentro do
conceito de desenvolvimento sustentável precisa acoplar ideias como o capital
intelectual e humano. Tal maturidade financeira é adquirida no tempo adequado a
cada realidade para que esses conceitos se integrem definitivamente ao capital
econômico como qual nós conhecemos.
Do ponto de vista social, Fukuyama (1995, p. 47) afirma que “o capital social é
uma capacidade que surge da prevalência da confiança em uma sociedade ou em
partes dela e da capacidade de as pessoas trabalharem juntas, em grupos ou
organizações, para um objetivo comum”. Apesar dessa afirmação remeter a um
mundo ideal, é necessário compreender que em um ambiente empresarial nem
sempre as questões sociais são de interesse das grandes organizações. Práticas e
medidas vêm sendo tomadas conforme os interesses mútuos, como a geração e
promoção da mão-de-obra local e o aumento da renda per capita dos habitantes.
Porém, a sustentação desse pilar baseia-se em que as ações que envolvem a
sociedade acarretam em maior visibilidade para a empresa, aumentando o numero
de ações pelas mesmas em prol da diminuição da desigualdade social.
Por fim, em uma visão ambiental, toda a sua importância se fez necessária à
reconstrução de uma nova ordem empreendedora de gestão dos negócios. Dias nos
aponta que:
Embora grande parte das iniciativas de regulamentação ambiental partam de países centrais, e sem dúvida nenhuma expressam seus interesses, o fato é que o processo de globalização traz para o cenário internacional novas realidades e novas formas de intervenção (DIAS, 2003, p. 42).
Ratificando tal ponto apresentado, o capital natural deve ser tratado como
prioridade no modelo do Triple Bottom Line, principalmente por ser o pilar mais frágil
e passível de alterações irreversíveis. E essa responsabilidade não deve ser apenas
dos produtores de grandes reservas, ou de países e organizações com mais
recursos. Sua existência remete ao desenvolvimento continuo e sem grandes danos
34
ao que hoje nos é oferecido às gerações que irão nos suceder posteriormente.
Figura 4: Sustentabilidade Corporativa segundo a abordagem Triple Bottom Line Fonte: Diretrizes de Sustentabilidade, Relatório Petrobrás (2006).
Dentro da realidade da sustentabilidade nos negócios, um conceito que
merece destaque é o que conhecemos por RSC ou Responsabilidade
Socioambiental Corporativa. Sua natureza estaria baseada, de acordo com
Nascimento, como sendo:
“O conceito de Responsabilidade Socioambiental tem sido reduzido à responsabilidade corporativa. E tem como definição o fator de promover a obrigação no estabelecimento de diretrizes, na tomada de decisões e na direção dos rumos de ações que são importantes em termos de valores e objetivos da sociedade. Outros termos ou expressões costumam serem utilizados com o mesmo sentido, como ação social, relações públicas, atividades comunitárias, desafios sociais e preocupação social. Porém, há uma grande diferença entre agir legalmente, seguindo a letra da lei, e agir com ética e responsabilidade social” (NASCIMENTO et al, 2008, p. 183).
Nas ultimas décadas não houve uma busca efetivamente considerável por
parte das organizações em incluir as questões socioambientais em seu
planejamento estratégico. Recentemente, com a explosão de mobilizações e
transparência a respeito do tema, essas práticas estão se disseminando e ganhando
mercado com maior rapidez. Para que essas transformações aconteçam é
necessário que as organizações apresentem uma visão horizontal de seus negócios
35
e seu campo de atuação, visando entender os detalhes e nichos específicos do seu
macroambiente, do seu ambiente interno e de suas inter-relações com os demais
mercados.
O envolvimento organizacional na Responsabilidade Socioambiental
Corporativa (RSC) se apresenta sobre diversos níveis. Eles podem ser entendidos
como: abordagem da obrigação social; abordagem da responsabilidade social e
abordagem da sensibilidade social. Suas divergências podem ser compreendidas
conforme a figura 5. (NASCIMENTO, 2008)
Abordagem da obrigação social
Assume que as únicas obrigações de RSC da empresa
são aquelas exigidas por lei.
Uma empresa que assume esta postura se satisfaz
apenas cumprindo as obrigações sociais, ou seja, não
realiza nenhuma ação voluntaria na área
socioambiental.
Abordagem da responsabilidade social
Reconhece que a empresa tem responsabilidades
econômicas (RE) e sociais (RS). As responsabilidades
econômicas são a otimização dos lucros e o aumento
do patrimônio líquido dos acionistas, As RS consistem
em lidar com os problemas sociais atuais, mas
somente ate o ponto em que o bem-estar econômico
da empresa não é afetado de forma negativa. Os
grupos de ação social são reconhecidos e pode-se ate
contribuir com eles, encorajando gerentes e
funcionários a fazer o mesmo. Esta postura é
denominada adaptação reativa – um processo de
reação aos problemas
36
Abordagem da sensibilidade social
Esta abordagem enfatiza que a empresa não tem
apenas responsabilidades econômicas e sociais. Ela
também precisa se antecipar aos futuros problemas
sociais e destinar recursos organizacionais para lidar
com esses problemas. Isso é feito pela adaptação
proativa, ou seja, prevendo problemas futuros e
lidando com eles agora. Esses problemas podem não
estar diretamente ligados à empresa, mas sua solução
beneficiara a sociedade como um todo. Esta postura
da organização atribui aos gestores a responsabilidade
de compatibilizar os interesses dos proprietários da
empresa com os interesse da sociedade.
Figura 5: Níveis de sensibilidade social nas organizações Fonte: Adaptado de Montana e Charnov, 1998, p.37
Visto a figura 5, a gestão socioambiental estratégica deseja que o parâmetro
de sensibilidade social citado seja o considerado pelas maiores esferas dos níveis
organizacionais. Pois, na medida em que exista uma gestão pautada no
planejamento de prever com antecedência os impactos de suas atividades, a mesma
direcionará soluções emergenciais adequadas para a resolução do problema.
Junto desses níveis de sensibilidade social nas organizações, estas devem
abordar essas responsabilidades por meio de cinco níveis de estágio
(NASCIMENTO, 2008), conforme demonstrado na figura 6 abaixo:
Estágio 1
A organização não assume responsabilidades perante
a sociedade e não toma ações em relação ao
exercício da cidadania, não há promoção do
comportamento ético.
Estágio 2
A organização reconhece os impactos causados por
seus produtos, processos e instalações, apresentando
algumas ações isoladas no sentido de minimiza-los.
Eventualmente busca promover o comportamento
ético.
Estágio 3
A organização esta iniciando a sistematização de um
processo de avaliação dos impactos de seus produtos,
processos e instalações e exerce alguma liderança em
questões de interesse da comunidade. Existe
37
envolvimento das pessoas em esforços de
desenvolvimento social.
Estágio 4
O processo de avaliação dos impactos dos produtos,
processos e instalações está em fase de
sistematização. A organização exerce liderança em
questões de interesse da comunidade de diversas
formas. O envolvimento das pessoas em esforços de
desenvolvimento social é frequente. A organização
promove o comportamento ético.
Estágio 5
O processo de avaliação dos impactos dos produtos,
processos e instalações está sistematizado, buscando
antecipar as questões publicas. A organização lidera
questões de interesse da comunidade e do setor. O
estimulo a participação das pessoas em esforços de
desenvolvimento social é sistemático. Existem formas
implementadas de avaliação e melhoria da atuação da
organização no exercício da cidadania e no tratamento
de suas responsabilidades publicas. É o estagio mais
avançado e deve ser considerado como meta da
organização.
Figura 6: Estágios e atitudes das organizações frente à RSC Fonte: Tachizawa, 2002, p. 85
A visão socioambiental aparece hoje como uma das principais diretrizes
estratégicas nas organizações. O conjunto de ações baseados na RSC é observada
pelo macroambiente como um fator positivo e de aceitação global (além da
promoção das comunidades locais), o que gera vantagens competitivas em um
mercado já saturado através de medidas que enaltecem o nome da organização e
que proporcionam uma conscientização ate mesmo no seu ambiente interno
(satisfação dos stakeholders, sócios e empregados).
38
3 COMPLEXO DE CARAJÁS: UMA VISÃO HOLÍSTICA
Este capítulo tem por objetivo fazer uma contextualização histórica da região
na qual o Complexo de Carajás está inserido, mais precisamente, o Sudeste do
Pará. Essa área de abrangência engloba diversos municípios, dos quais buscamos
informações sobre processos de delimitação de seus territórios entre outras
características relevantes - coletadas junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) e prefeituras envolvidas.
Os municípios citados são: Marabá, Curionópolis, Tucumã, Ourilândia do
Norte, Eldorado do Carajás, São Félix do Xingu, Cumaru do Norte, Redenção, Pau
D’Arco, Bannach, Rio Maria, Xinguara, Água Azul do Norte, Sapucaia, Piçarra, São
Geraldo do Araguaia, Brejo Grande do Araguaia, Palestina do Pará, São Domingos
do Araguaia, São João do Araguaia e Bom Jesus do Tocantins.
3.1 MARABÁ1
A cidade de Marabá, desde o extrativismo primário nos séculos XVII e XVIII
até as sofisticadas técnicas de extração mineral empreendidas em nossos dias, teve
o seu desenvolvimento baseado no movimento de obtenção da riqueza extraída da
natureza.
A tentativa de fixação de uma população naquelas plagas foi sempre alvo de
imensa dificuldade. Apesar das iniciativas do Estado, É importante ressaltar que o povoamento da região nesse período não se processou dentro de um planejamento. Não havia o propósito de fazer funcionar um sistema de colonização visando demográfica e politicamente ao futuro. Era uma multidão de que se esperava apenas o rendimento material de uma produção cada vez maior. (PRADO; CAPELATO, 1985, p. 291)
No início do século XX assiste-se uma nova tentativa de povoação da região
com a descoberta do caucho, uma árvore produtora de látex semelhante à
seringueira, e a coleta de castanha-do-pará, que tinham boa aceitação do mercado
externo. Logo, trocar-se-ia a produção pela coleta/extração. A extração predatória de
1 Fonte: Prefeitura Municipal de Marabá. Disponível em: www.maraba.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012
39
caucho prosseguiu até 1919, quando sua importância econômica foi abalada pela
queda dos preços no mercado internacional (em função do fim da Primeira Guerra
Mundial) e por um conflito político local entre coronéis da área que acabaram por
inviabilizar a exploração do caucho, dando lugar a exploração de castanheiras
(castanha-do-pará) (VELHO, 1972)
A população encontrava uma alternativa de sobrevivência, fortalecendo sua
vocação para o extrativismo. Todavia, a exploração da castanha, mesmo com a
mesma estrutura de escoamento da produção do caucho, trouxe relações novas
entre comerciantes e coletores, bem como alterou a lógica da posse da terra na
região.
Desta forma, a política desenvolvida nas primeiras décadas na região
reforçava o coronelismo, prática que se caracteriza pelo monopólio da vida política
por uma ou mais famílias, criando uma disputa acirrada pelo privilégio e controle das
instituições do Estado para benefício dos próximos ou familiares. O controle
fundiário, a concentração de poderes políticos, a troca de favores e o favorecimento
nas coisas públicas eram características marcantes dessa forma de fazer política,
além do confronto entre famílias pelo poder. (VELHO, 1987).
A condição de cidade só viria em 1923, conjuntamente com a anexação do
município de São João do Araguaia. Com isso, no ano seguinte, Marabá contava
com dois mil habitantes, sempre tendo sua população variando em períodos de
coleta da castanha. Em poucas ocasiões esses trabalhadores permaneciam na
região: somente depois de 1935, quando ocorreu a mineração, que deslocava a
força de trabalho de uma atividade para outra. Essa foi uma característica marcante
na história da região – o trabalho sazonal. Essa característica permaneceu até a
década de 1980, produzida ora pelas safras sazonais, ora pelo afluxo desenfreado
de trabalhadores para a extração de minério. (VELHO, 1987)
A mineração já era conhecida da população de Marabá desde a época dos
diamantes e cristais. Até meados dos anos 60 haviam sido feitos reconhecimentos
geológicos na região da Serra dos Carajás, os quais ganharam dimensão
empresarial a partir de 1966. A data convencionada para a descoberta do que seria
a maior jazida de minério de ferro do mundo foi 31 de julho de 1967, quando o
geólogo Breno Augusto dos Santos (cuja curiosidade pela formação geológica da
região já havia sido despertada por fotos aéreas que revelavam extensas clareiras
em serras e platôs em meio à floresta virgem) confirmou a existência dos depósitos
40
de minério de ferro (MORAES, 1998)
A partir de então, a atividade mineradora deixava de ser uma ação isolada ou
da livre iniciativa e passou a ser uma política de Estado. A região, pelas descobertas
recentes na área de mineração e por uma questão geopolítica, tornou-se área
estratégica para os governos militares. Vem daí a grandiosidade do Projeto Grande
Carajás (PGC), que incluía uma série de iniciativas na região. A descoberta de
reservas de cobre (em 1977) e a instalação de indústrias siderúrgicas visando à
produção de ferro-gusa e do distrito industrial, em 1988, efetivaram a atividade
mineradora na cidade. Entre 1980 e 1985 a população cresceu quase três vezes,
saindo de 59 mil para 140 mil (sem incluir os garimpeiros de Serra Pelada), criando
sérias dificuldades urbanísticas.
Figura 7: Urbanização Turística do Rio Tocantins - Marabá, PA. Fonte: Folha do Pará, 2012
Com o tempo, passou a existir uma pequena infraestrutura: lojas,
lanchonetes, hotéis, bancos, correios, além de igrejas de credos diferentes. Mas,
sempre aos finais de semanas, a população oriunda da mineração deslocava-se às
centenas para Parauapebas e Curionópolis, núcleos urbanos próximos que ainda
não haviam se emancipado de Marabá.
41
3.2 CURIONÓPOLIS2
Figura 8: Acesso ao centro do Município, Curionópolis - PA. Fonte: City Brazil, 2012
O surgimento de Curionópolis remonta o final da década de 1970, como um
desdobramento de Marabá, mas a localidade foi elevada à condição de município
em 1988. Sua população de origem é composta por pessoas que se instalaram na
região próxima ao quilômetro 30 da Rodovia PA-275, com a expectativa de
conseguir emprego com a implantação do Projeto Ferro Carajás ou em busca de
ouro nos garimpos (IBGE, 2012).
De acordo com a página oficial do município na internet, na década seguinte,
a região se consolidou como núcleo de apoio ao garimpo, com a descoberta de ouro
em Serra Pelada. Na época a localidade era conhecida como “Trinta” e sustentou-se
através de serviços como comércio, hotéis, pensões, lanchonetes, dentre outros.
(CURIONÓPOLIS, 2012). O nome Curionópolis foi escolhido em homenagem ao
Major Sebastião Curió, um dos líderes do garimpo de Serra Pelada.
Atualmente o município não é apenas um ponto de apoio ao garimpo, e sim
um importante centro no cenário da exploração de minérios. Há a previsão de o
município receber o Projeto Serra Leste, o Projeto Cristalino e o Projeto Serra
Pelada, projetos de incentivo e desenvolvimento da mineração dos próximos anos.
Segundo a mesma fonte, o município vive um momento de expectativa em
relação à implementação desses projetos. Acredita-se a que implantação da mina de
2 Fonte: Prefeitura Municipal de Curionópolis. Disponível em: www.ourilandia.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012
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Ferro Serra Leste trará uma série de benefícios ao município que passará a produzir
minério de ferro granulado para atender o mercado das siderurgias de ferro gusa
nos municípios de Marabá, Açailândia, Santa Inês e Rosário. Isso gerará novos
postos de trabalho, além de royalites e impostos.
O Projeto Cristalino será implementado na divisa entre as cidades de
Curionópolis e Canaã dos Carajás, sendo que a mina de extração de cobre ficará no
primeiro município.
3.3 TUCUMÃ3
Figura 9: Área urbana, Tucumã - PA. Fonte: City Brazil, 2012
A área do município de Tucumã está toda inserida no Programa Grande
Carajás. Este programa tinha como objetivo conceder incentivos fiscais específicos
para os projetos agrícolas e industriais instalados na área de 900.000 km² ao redor
do pólo de mineração. (REIS, 2001)
O nome do município, em tupi, significa fruto de planta espinhosa. A palmeira
do fruto Tucumã ou Tucum chega a medir até 20 metros e é explorada em estados
como Acre, Amazonas, Pará e Rondônia. Além do palmito e frutos comestíveis, sua
madeira é usada para fazer brincos, o óleo das sementes utilizado em cozinha e das
3 Fonte: Prefeitura Municipal de Tucumã. Disponível em: www.prefeituradetucuma.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012
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folhas se extrai fibra para confecção de redes e cordas que resistem à água salgada.
De acordo com o IBGE (2012), durante a década de 1970 o governo federal
incentivou a ocupação de vazios demográficos. Assim, foi implantado o Projeto
Tucumã, liderado pela Construtora Andrade Gutierrez. A instalação de uma
colonização de caráter agrícola resolveria o problema de migração de mão-de-obra
e de produção local.
A primeira unidade residencial urbana foi ocupada em 1981. Entretanto, a
partir de 1983 os investimentos destinados ao Projeto começaram a diminuir e com
isso, deixou-se de fazer a comercialização de lotes aos colonos interessados. (IBGE,
2012)
Apesar do preço elevado dos lotes, tal situação causou sérios
descontentamentos entre os colonos que chegaram à área e não tiveram acesso ao
Projeto. Em 1985, as terras foram invadidas e como a empresa não pôde resistir à
onda de invasão, o resultado foi um processo de crescimento populacional
desordenado nas terras, inviabilizando a colonização particular. A partir de então
iniciaram negociações que culminaram na reversão do Projeto de Colonização e
suas benfeitorias para a União em 1988, de acordo com o IBGE (2012)
Com a saída da empresa e a pouca participação da prefeitura de São Félix do
Xingu na área (que na época pertencia à esse município), a comunidade local
elegeu representantes para a formação do Conselho de Desenvolvimento
Comunitário de Tucumã (Codetuc), que tinha como objetivo ordenar as ocupações
urbanas, preservando o planejamento urbanístico, áreas ambientais comuns,
serviços públicos essenciais e os bens da União guardados e em uso pelo poder
público municipal. O conselho só foi desativado com a formação da prefeitura em
1990.
De acordo com a página oficial do município na internet, a economia de
Tucumã está baseada no setor primário, através da agropecuária e do extrativismo
vegetal e mineral. Na época do Projeto Tucumã, pretendia-se o desenvolvimento da
agropecuária na localidade, entretanto, essa pretensão esbarrou na falta de
infraestrutura e condições propícias para o desenvolvimento das atividades. Durante
as décadas de 80 e 90, a produção industrial do município foi essencialmente em
torno da atividade madeireira. Apenas a partir dos anos 2000 a região desenvolveu
expressivamente a produção de arroz, cacau, café, arroz, feijão e milho, além da
produção de leite.
44
Segundo a mesma fonte, em relação à atividade garimpeira, tão logo o
município se emancipou, essa atividade obteve grande expressão. Entretanto, a
rápida exploração dos minérios levou os garimpos à extinção e, no final da década
de 1990 a atividade já era escassa. No ano de 2009 foi proposta a implantação de
um projeto mineral (Projeto Boa Esperança) para lavra e beneficiamento do cobre.
3.4 OURILÂNDIA DO NORTE4
Figura 10: Projeto Onça Puma de Mineração, Ourilândia - PA. Fonte: Figueira, 2012
A origem do município de Ourilândia do Norte está na implantação do Projeto
Tucumã, que atraiu imigrantes de várias regiões do país. Esse projeto, entretanto,
selecionava as pessoas para se estabelecerem na região e alguns dos que não
tinham condições financeiras em adquirir lotes de terra, se aglomeravam próximos à
guarita do Projeto Tucumã, construindo barracos de lona e pau-a-pique. Em virtude
desse motivo, o primeiro nome de Ourilândia foi Guarita, sendo então uma colônia,
subdividida entre Guarita I e Guarita II. Muitos colonos que não sabiam identificar o
significado do algarismo (I) em romano chamavam a localidade de Guaritaí. (IBGE,
2012)
O progresso que chegava a São Félix do Xingu, em virtude do Projeto
4 Fonte: Prefeitura Municipal de Ourilândia do Norte. Disponível em: www.ourilandia.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012
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Tucumã, não alcançava Ourilândia do Norte, onde o povo, que crescia em número
ficava apenas a observar, já com a ideia de transformar todo aquele conglomerado
em município, o que ocorreu em 1988, de acordo com o IBGE (2012).
De acordo com a página oficial do município na internet, em relação ao
turismo, há destaque para a Reserva Ecológica e o Rio Vermelho, localizados no
território indígena Kaiapó, além do Rio Branco, localizado a 22 km do município.
3.5 ELDORADO DO CARAJÁS5
Figura 11: Mina de Minério de Ferro, Eldorado do Carajás - PA. Fonte: Wikipedia, 2012
O município tem sua origem ligada aos projetos locais de extração de minério
e também à tentativa de implantação de um loteamento particular. Outras pessoas
chegaram atraídas pelo Projeto Ferro Carajás e posteriormente, pelo advento do
garimpo de Serra Pelada (IBGE, 2012).
Segundo o IBGE (2012), a emancipação político-administrativa de Eldorado
está ligada a história de Curionópolis. Havia a expectativa que com o
desmembramento desse último da cidade de Marabá, a sede do novo município
fosse instalada em Eldorado. Como isso não ocorreu, a população se manteve em
mobilização para conquistar a sua emancipação, alinhado ao fato de que havia na
região um grande crescimento populacional desacompanhado de expansão de
serviços essenciais para a comunidade.
5 Fonte: Prefeitura Municipal de Eldorado do Carajás. Disponível em: www.carajasnews.com Acesso em: 26/04/2012
46
Como Eldorado era uma das mais importantes localidades do município de
Curionópolis, a emancipação traria grandes prejuízos para o município, por isso,
houve a implantação de uma subprefeitura em Eldorado para tentar aproximar a
administração pública dos problemas e solucioná-los, o que não ocorreu
efetivamente, pois a demanda de bens e serviços da localidade continuou não sendo
atendida.
Ainda de acordo com o IBGE (2012) e com os dados da prefeitura local, o
município foi desmembrado de Curionópolis em 1991. O nome “Eldorado” vem do
espanhol “o homem dourado” e foi escolhido, pois, no imaginário dos primeiros
habitantes do Eldorado dos Carajás como uma “cidade perdida” pelas “montanhas
de ouro”. Já o segundo nome, “Carajás” existe em função da proximidade do
município com o complexo da Serra dos Carajás e a influência exercida pelo projeto
em toda aquela localidade.
No âmbito do turismo, destacamos essa região como uma das potencialmente
receptoras ao turismo de negócios como foi visto neste trabalho. Esse fenômeno e o
deslocamento maciço de trabalhadores serão explorados posteriormente no capítulo
seguinte.
3.6 SÃO FÉLIX DO XINGÚ6
Figura 12: Vista Aérea, São Félix do Xingú - PA. Fonte: Xingú, 2012
O território atual do município de São Félix do Xingu foi habitado a principio
47
por índios e pouco se sabe de sua origem histórica. (IBGE, 2012)
Segundo informações da página oficial da prefeitura de São Félix do Xingu na
internet, em 1874 foi criado o município de Souzel, do qual, o então município de
Altamira fazia parte. O território de São Félix era então distrito de Altamira (ex-
Xingu).
Ainda de acordo com a página na internet, em março de 1938, Xingu passou
a ser formado por dois distritos: Altamira e Novo Horizonte. Em 1943, Altamira
mantinha-se com dois distritos: o de Altamira e o de Gradaús (ex Novo Horizonte).
Em 1961, foi criado o município de São Félix do Xingu, com área desmembrada de
Altamira, graças ao desenvolvimento da produção de arroz com casca, da borracha,
da seringa e do milho.
Em 1988 houve ainda outra modificação territorial, quando o município teve
seu território desmembrado para criação dos municípios de Ourilândia do Norte e
Tucumã (IBGE, 2012).
3.7 CUMARU DO NORTE7
Figura 13: Indio nativo Kaiapó, Cumaru do Norte - PA. Fonte: Prefeitura de Cumaru do Norte, 2012
Este município foi criado em 1991, em torno de um garimpo que havia surgido
na década de 1980. A origem populacional se deve aos homens atraídos pela
6 Fonte: Prefeitura Municipal de São Félix do Xingú. Disponível em: www.sfxingu.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012 7 Fonte: Prefeitura Municipal de Cumaru do Norte. Disponível em: www.cumarudonorte.net.br Acesso em: 26/04/2012
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descoberta do ouro em uma fazenda da região. (IBGE, 2012)
O crescimento da atividade foi tão grande que foi necessário criar o Projeto
Cumaru, sob responsabilidade do CSN – Conselho de Segurança Nacional –
objetivando acabar com o contrabando de ouro e dar assistência aos garimpeiros e
evitar conflitos entre eles e os índios kaiapós. Durante alguns anos a área foi
controlada pelos militares do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI) e pela
Polícia Federal, de acordo com o IBGE (2012).
De acordo com a página da prefeitura na internet, enquanto a garimpagem
crescia, a Caixa Econômica Federal se fez presente na localidade para abertura de
caderneta de poupança e compra de ouro. O povoado se desenvolveu enquanto os
problemas sociais se agravavam, o que gerou o movimento de emancipação, do
município de Ourilândia.
Como curiosidade, o nome da cidade vem de uma árvore da família das
leguminosas próprias da mata úmida, de flores vermelhas e perfumadas.
3.8 REDENÇÃO8
Figura 14: Vista Aérea, Redenção - PA. Fonte: Araújo, 2012
Este município foi fundado em 1972 e somente emancipado em 1982. Suas
origens históricas remontam a 1916, quando a área servia de apoio a tropeiros que
demandavam aos cauchais situados nos rios Itacaiunas e Xingu, com pouso nas
8 Fonte: Prefeitura Municipal de Redenção. Disponível em: www.redencao.pa.gov.br Acesso em: 26/04/2012
49
margens do igarapé Acaba-Saco. (IBGE, 2012)
O município foi desbravado por mineiros, paranaenses e goianos, sendo
ainda, marcante a presença de vários indígenas das aldeias Kaiapós. De acordo
com a página oficial da prefeitura na internet, Redenção foi desmembrada em 1992
do município de Conceição do Araguaia.
3.9 PAU D´ARCO9
Figura 15: Vista Litorânea, Pau D´Arco - PA. Fonte: Portal do Turismo, 2012
O núcleo populacional de Pau D’arco teve início com a abertura da rodovia
PA-150 e se desenvolveu principalmente com a montagem da Serraria Pau D’arco e
a construção de casas para operários. Desmembrou-se do município de Redação
em 1991. (IBGE, 2012)
Atualmente Pau D’Arco investe no turismo, através da visitação ao Rio Pau
D’Arco, pois nele são encontrados diversos tipos de peixes. Desenvolve também um
projeto que ajuda a cultivar o mel de abelha, outro recurso econômico local, sendo
sede de importantes eventos de apicultura no estado.
9 Fonte: Prefeitura Municipal de Pau D´Arco. Disponível em: www.paudarco.pa.gov.br Acesso em: 27/04/2012
50
3.10 BANNACH10
Figura 16: Vista Litorânea, Bannach - PA. Fonte: Brasil Gigante, 2012
A origem do município de Bannach data de 1993, após desmembramento de
Ourilândia do Norte. Seu nome se deve ao sobrenome de uma família que possuía
negócios relacionados à indústria madeireira e que foi responsável pela
transformação da área em município. (IBGE, 2012)
De acordo com a página oficial do município, em termos de economia, o
município tem destaque na atividade madeireira e na agropecuária de rebanho
bovino. Possui ainda plantações de cacau, café, arroz, feijão e milho.
Ainda de acordo com a mesma fonte, o município possui potencial para
desenvolver o turismo na localidade por conta de suas atrações naturais como as
serras Gradaús, Seringa e Araguaxim. Possui pontos para praticar caminhadas,
escaladas, ralis, além de cachoeiras e córregos.
3.11 RIO MARIA11
Figura 17: Vista Aérea, Rio Maria - PA. Fonte: Portal do Turismo, 2012
10 Fonte: Prefeitura Municipal de Bannach. Disponível em: www.bannach.pa.gov.br Acesso em: 27/04/2012 11 Fonte: Prefeitura Municipal de Rio Maria. Disponível em: www.riomaria.pa.gov.br Acesso em: 27/04/2012
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O território de Rio Maria é originário de dois grandes latifúndios que foram
doados com o intuito de colonizar e povoar a região. De acordo com o IBGE (2012),
sua fundação como cidade data de 1982.
Os seus fundamentos históricos vem da implantação da rodovia que liga
Conceição do Araguaia a Marabá, que fez com que inúmeros posseiros se
estabelecessem nas margens do ribeirão Mariazinha, com atividades agrícolas e
pecuárias. (IBGE, 2012)
De acordo com a página oficial da prefeitura, após a instalação da firma
Madeira Araguaia LTDA, MAGINCO, e outras, à margem do rio Maria, a localidade
se desenvolveu e, em pouco tempo, tornou-se ponto de apoio para as atividades
comerciais adjacentes.
3.12 XINGUARA12
Figura 18: Apresentação Cultural, Xinguara - PA. Fonte: Berokan, 2012
O atual município de Xinguara, localizado na zona fisiográfica do planalto, é
de recente criação. O desbravamento do seu território ocorreu por ocasião da
abertura da rodovia PA-279, ainda em fase de conclusão. Essa rodovia fora
projetada no Governo de Aloisio Chaves, com a finalidade de ligar o município de
São Félix do Xingu à rodovia PA-150, que corta o estado do Pará.
O marco inicial da estrada foi fixado no entroncamento onde se encontra a
52
sede municipal. Entretanto inúmeras pessoas para lá se dirigiram, e, em pouco
tempo, já estavam ali instaladas diversas indústrias e fazendas agropecuárias. Com
isso, a localidade prosperou e transformou-se num polo de atração da região.
Mais tarde, o então Prefeito de Conceição do Araguaia, Giovanni Correa
Queiroz determinou a sua urbanização, criando, também, uma subprefeitura para
coordenação desses serviços.
Na mesma época, o povoado do entroncamento do Xingu passou a chamar-
se Xinguara, e, em 1982, emancipou-se político-administrativamente,
desmembrando-se do município de Conceição do Araguaia, pela lei estadual nº
5082, de 13-05-1982. A instalação oficial deu-se no ano seguinte, sendo
primeiramente constituído de dois distritos: Xinguara e São Geraldo (ex-São Geraldo
do Araguaia). Em 1988, pela lei estadual nº 541, o distrito de São Geraldo
desmembra-se do município de Xinguara e é elevado à categoria de município com
a denominação de São Geraldo do Araguaia.
3.13 AGUA AZUL DO NORTE13
Figura 19: Apoio Eleitoral dos Indios Kaiapó, Agua Azul do Norte - PA. Fonte: Wikipedia, 2012
12 Fonte: Prefeitura Municipal de Xinguara. Disponível em: www.prefeituraxinguara.com.br Acesso em: 27/04/2012 13 Fonte: Prefeitura Municipal de Agua Azul do Norte. Disponível em: www.aguaazuldonorte.pa.gov.br Acesso em: 28/04/2012
53
A área denominada Água Azul, pertencente à época ao município de
Marabá, começou a ser ocupada, formando-se uma vila, a partir de 1978, pelo
pioneiro Antônio Vicente. A presença de Vicente no local atraiu dezenas de famílias,
entre as quais a de Ary Camanéa, que se estacou na luta em defesa dos direitos das
pessoas que ali se encontravam, reivindicando o loteamento da área para que cada
família pudesse trabalhar e morar.
De 1979 a 1988, a vila teve três administradores nomeados pela Prefeitura
de Marabá que trouxeram melhorias como escolas e postos de saúde para a região.
Em 1988 foi criado o município de Parauapebas, que passou a agregar a vila
de Água Azul, sendo representada na Câmara Municipal de Parauapebas, e tendo
mais outros dois administradores nomeados pela nova prefeitura.
A distância da sede à Parauapebas, que ficava a 308 quilômetros da vila,
levou a população de Água Azul a lutar pela emancipação política. O plebiscito foi
realizado em 1991 e seu resultado não deixou dúvidas: quase 100% dos moradores
aprovaram a transformação da vila em município, com o desmembramento de
Parauapebas, o que foi concretizado naquele mesmo ano. Em 1º de janeiro de 1993,
Renan Lopes Souto tomou posse como o primeiro prefeito do município de Água
Azul do Norte.
3.14 SAPUCAIA14
Figura 20: Reforma Urbanística, Sapucaia - PA. Fonte: City Brazil, 2012
14 Fonte: Prefeitura Municipal de Sapucaia. Disponível em: www.sapucaia.pa.gov.br Acesso em: 28/04/2012
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O município de Sapucaia foi formado a partir de território desmembrado do
Município de Xinguara através da Lei Estadual nº 5.961, de 24 de abril de 1996,
tornando-se cidade com a denominação de Sapucaia, com sede na localidade de
Vila Sapucaia. O município é constituído somente pelo distrito sede e seu nome
refere-se à árvore que abunda na região.
Em 01 de janeiro de 1997 ocorre a instalação oficial, marcada pelo início da
prefeitura de José Augusto Marinho, eleito no pleito municipal de 03 de outubro de
1996. Nessa gestão, a região começou a verificar a possibilidade de usufruir de
atividades de lazer e turismo por conta dos funcionários de municípios vizinhos. Com
isso, a urbanização teve um caráter turístico, valorizando praças e monumentos e
revitalizando os zoneamentos dos bares e da orla do rio Tocantins.
3.15 PIÇARRA15
Figura 21: Circuito das Águas, Piçarra - PA. Fonte: EngeVale, 2012
A primeira denominação do atual Município de Piçarra foi Cruzelândia e se
constituía num vilarejo, que evoluiu com o crescimento de São Geraldo do Araguaia.
Piçarra surgiu quando, em 1978, o Batalhão de Engenharia e Construção - BEC
iniciou a estrada de São Geraldo do Araguaia à Itaipava, em um percurso de 90 km.
Em decorrência da grande distância tornou-se necessária a montagem de um
acampamento para alojar a equipe e guarda do maquinário. Em seguida decidiu-se
15 Fonte: Prefeitura Municipal de Piçarra. Disponível em: www.picarra.pa.gov.br Acesso em: 28/04/2012
55
por dividir a distância ao meio e montar o acampamento no km 45, que,
coincidentemente, seria em cima de uma cascalheira. Por ser uma região totalmente
de mata, o BEC mantinha em sua equipe profissionais da área de saúde (médicos e
dentistas), que atendiam as pessoas que necessitavam de cuidados médicos e que
na época eram conhecidas como sobra de terra.
Como consequência dos atendimentos médicos realizados na região, pois
havia muita malária e tifo, muitas pessoas se aproximaram e, por conseguinte,
passaram a montar barracos junto ao acampamento da Piçarreira, como era
conhecido o lugar, originando assim o povoado e sua denominação.
O município de Piçarra foi criado através da Lei nº 5.934, de 29 de dezembro
de 1995, sancionada pelo governador Almir Gabriel, desmembrado do Município de
São Geraldo do Araguaia. A instalação deu-se no dia 01 de janeiro de 1977, com a
posse do primeiro prefeito, Sr. Milton Perreira de Freitas.
No âmbito do turismo, a região possui o que é denominado de circuito das
aguas de Piçarras. Esse circuito é composto por diversas quedas d´água e
cachoeiras de médio porte, sua exploração ainda é primária visto que seus domínios
encontram-se no interior da Serra da Andorinhas, área protegida ambientalmente.
3.16 SÃO GERALDO DO ARAGUAIA16
Figura 22: Cachoeira das Andorinhas, São Geraldo do Araguaia - PA. Fonte: Portal do Turismo, 2012
16 Fonte: Prefeitura Municipal de São Geraldo do Araguaia. Disponível em: www.saogeraldodoaraguaia.olx.com.br Acesso em: 28/04/2012
56
Criado em 10 de maio de 1988, sob a lei nº 5.441, sancionada pelo
governador do Estado, Hélio Mota Gueiros, e publicada em Diário Oficial do Estado,
o município de São Geraldo do Araguaia começa seus primeiros passos de
fortalecimento, nas mãos do prefeito Raimundo Silveira Lima, tenente da reserva do
Exército, formado em Ciências Exatas e que chegara a São Geraldo em 1980, para
operar na coordenação do 2º BEC (Batalhão de Engenharia e Construção). Com o
término da Guerrilha do Araguaia, fazia-se o assentamento de posseiros e a
abertura de estradas.
Adaptando-se a terra e aquela gente humilde, Raimundo Silveira Lima, à
época sargento Lima, não só coordenou os trabalhos do BEC como passou a
desenvolver trabalho como professor, lecionando na Escola de Primeiro e Segundo
Graus Dantas Marcário. Transferido para Brasília em 1985, após dois anos ele
retornava para lutar pela emancipação de São Geraldo, que desmembrado em 1982
do município de Conceição do Araguaia, ainda permanecia como distrito do
município de Xinguara.
Antes de ser transferido para Brasília, Lima disputara em 1982 a prefeitura
de Xinguara, pelo PSD, sendo o candidato mais votado entre os cincos correntes ao
cargo. Perdeu, no entanto, para a legenda do PMDB. Com emancipação de São
Geraldo do Araguaia, Lima foi eleito seu primeiro prefeito por vontade popular,
podendo então colocar em prática todos os planos de progresso para a localidade.
O distrito foi criado com a denominação de São Geraldo do Araguaia, pela
lei estadual nº 2460, de 29-12-1961, subordinado ao município de Conceição do
Araguaia. Pela lei estadual nº 5028, de 13-05-1982, o distrito de São Geraldo do
Araguaia passou a denominar-se simplesmente São Geraldo. Sob esta mesma lei
acima citada, passou a pertencer ao novo município Xinguara. Foi elevado à
categoria de município somente em 1988, pela lei estadual nº 5441, com a
denominação de São Geraldo do Araguaia, desmembrando-se de Xinguara.
No aspecto turístico, a situação do município é próxima ao ocorrido em São
Geraldo do Araguaia, ou seja, apesar do potencial turístico encontrado na Serra das
Andorinhas, aspectos sobre a necessidade de se estabelecer a capacidade de carga
nessa área de proteção ambiental ainda são considerados como um delimitador de
visitantes.
57
3.17 BREJO GRANDE DO ARAGUAIA17
Figura 23: Vista Aérea, Brejo Grande do Araguaia - PA. Fonte: DB City, 2012
Brejo Grande do Araguaia se originou do desmembramento de São João do
Araguaia que surgiu nos anos 50, com o início da exploração de terras, situada às
margens do rio Araguaia.
O primeiro morador da localidade foi o senhor Raimundo Victor que se
estabeleceu em Brejo Grande do Araguaia, no dia 25 de julho de 1958. Por volta de
1959, chegaram à localidade algumas pessoas vindas de Bela Vista, atual Estado do
Tocantins. Essas pessoas, que eram lideradas pelo senhor Raimundo Negro,
consolidaram a fundação de Brejo Grande, atual distrito-sede. Em 1960, outras
famílias chegaram ao local, dando origem à rua principal, atual Avenida Goiás, à
Rua Trizidela e à Rua Nova. Na metade da década de 1960, aumentou o fluxo de
pessoas em Brejo Grande do Araguaia, atraídas pela descoberta do garimpo de
Itamerim, localizado a 16 km da sede municipal. O processo de emancipação de
Brejo Grande do Araguaia teve início na gestão do então prefeito de São João do
Araguaia, Luis Carlos Lopes, através dos vereadores Agenor Miranda de Brito e
Severino Gomes Pereira, residentes em Brejo Grande, que muito lutaram pela
emancipação.
Em 10 de maio de 1988, através da Lei nº 5.448, Brejo Grande do Araguaia
foi elevado à condição de Município. Sua instalação ocorreu em 1º de janeiro de
17 Fonte: Prefeitura Municipal de Brejo Grande do Araguaia. Disponível em: www.bgaraguaia.pa.gov.br Acesso em: 28/04/2012
58
1989, com a posse da prefeita Maria Alves dos Santos, eleita em 15 de novembro de
1988. O nome de Brejo Grande do Araguaia é em homenagem ao igarapé local, que
possui águas frias e cristalinas e está em sua maior parte, numa brejaria. O
Município é constituído somente de um distrito, que é o da sede, apesar de possuir
outras localidades importantes, como: Palestina, São Raimundo do Araguaia, Jarbas
Passarinho, Santa Isabel do Araguaia, Itapemirim, Santa Rita, São Pedro e Grota de
Lages.
3.18 PALESTINA DO PARÁ18
Figura 24: Atração Turística de Motocross, Palestina do Pará - PA. Fonte: Prefeitura de Palestina do Pará, 2012
De acordo com a página oficial do município na internet, Palestina do Pará
está localizado na região Sudeste do Estado do Pará, às margens do rio Araguaia,
criado pela Lei nº 5.689, de 13 de dezembro de 1991, e foi desmembrado do
Município de Brejo Grande do Araguaia.
O processo de emancipação de Palestina do Pará teve origem na gestão da
Prefeita de Brejo Grande do Araguaia, Maria Alves dos Santos e foi encaminhado
em 4 de março de 1990 pelos vereadores, seguido de um abaixo assinado de 104
moradores.
Preenchidos todos os requisitos necessários à sua emancipação e tomando
como base os artigos 18, parágrafo 4º da Constituição Federal e 83, parágrafos 1º e
2º da Constituição Estadual e a Lei Complementar nº 001/90, de 18 de janeiro de
59
1990, a localidade passou à categoria de Município em 13 de dezembro de 1991,
através da Lei nº 5.689, com a denominação de Palestina do Pará.
Como atividade potencialmente turística, a região apresenta o maior evento
de seu município anualmente nos meses de junho e julho. Denominado de Corrida
do Ouro, o encontro de participantes e visitantes interessados no motocross
movimenta cerca de 600 pessoas nesse período em que o evento ocorre.
3.19 SÃO DOMINGOS DO ARAGUAIA19
Figura 25: Cachoeira do Prado, São Domingos do Araguaia - PA. Fonte: Prefeitura de São Domingos do Araguaia, 2012
Conforme informações da página oficial da prefeitura na internet, a história do
município de São Domingos do Araguaia teve início com a chegada do lavrador
piauiense Serafim Canário da Silva, no ano de 1952. A partir do ano de 1953 outras
famílias, começaram a chegar e se estabelecer próximo ao local onde habitava o
lavrador piauiense.
O povoado cresceu e por muito tempo ficou conhecido por “Centro das Latas”,
por terem sido encontradas várias latas de querosene junto aos pés de mangueiras
existente na área.
O nome “São Domingos” surgiu em 1955, em homenagem ao primeiro padre
que celebrou missa no local. São Domingos de Gusmão foi escolhido padroeiro da
18 Fonte: Prefeitura Municipal de Palestina do Pará. Disponível em: www.folhadepalestina.blogspot.com Acesso em: 29/04/2012
60
localidade, que passou a chamar-se “São Domingos das Latas”.
Empreiteiras responsáveis pela abertura da Transamazônica nos anos 70,
instalaram acampamentos para seus trabalhadores no local onde hoje se encontra a
sede do município. Com isso e junto com a transferência de colonos de outras
regiões do Brasil para as margens da nova rodovia aumentou consideravelmente a
população do povoado. Outras áreas como os castanhais foram sendo ocupadas o
que gerou conflitos pelas posses das terras. Essa disputa foi solucionada quando a
Prefeitura de Marabá desapropriou os castanhais e doou para os agricultores.
Destaque histórico do município de São Domingos do Araguaia foi a
“Guerrilha do Araguaia”, luta armada iniciada pelos militares do Partido Comunista
do Brasil contra o regime militar e sufocada entre 1972 e 1974 pelo Exército.
Com o rápido crescimento e desenvolvimento do distrito, começou haver
reivindicações pela autonomia política já que a localidade abrigava a maioria dos
comerciantes e produtores de São João do Araguaia. Com isso, em 1991 foi
realizado o plebiscito para emancipação do município tendo 99,5% dos votantes
apoiado esse movimento, que se concretizou no mesmo ano.
O movimento migratório continua forte até os dias de hoje. A busca pela
posse da terra na região é muito intensa e praticamente neste município ocasionou o
aparecimento de vilas e comunidades em torno da sede e na zona rural.
No aspecto turístico a ser explorado, a região de São Domingos do Araguaia,
assim como a maioria dos municípios vizinhos, possui um potencial para o
ecoturismo. A região é contemplada por diversas cachoeiras e é cenário de uma
vegetação ainda pouco explorada turisticamente e conhecida biologicamente.
19 Fonte: Prefeitura Municipal de São Domingos do Araguaia. Disponível em: www.pmsaodomingosdoaraguaia.com.br Acesso em: 29/04/2012
61
3.20 SÃO JOÃO DO ARAGUAIA20
Figura 26: Festa do Círio de Nazaré, São João do Araguaia - PA. Fonte: Zeca News, 2012
De acordo com as informações da página oficial da prefeitura, a origem
histórica do município de São João do Araguaia, situado sudeste do estado do Pará,
na zona fisiográfica do Itacáitunas, data de 1779. Quando o então Governador
Capitão-General José de Nápoles Tello de Meneses determinou a fundação de um
povoado que se localizasse à margem esquerda do rio Tocantins. O objeto da
iniciativa era facilitar a colonização da região.
Nas proximidades do local escolhido, que se denominou São Bernardo da
Pederneira, existia um mocambo chefiado por Maria Aranha, donde foi construída a
povoação primitiva de São João do Araguaia. Esse fato ocorreu logo após a
coexistência pacífica dos habitantes dos dois núcleos populacionais que, com isso,
atraiu a sujeição do Governo.
Em 1870, foram fundados, também, na região, um novo povoado com o nome
de Alcobaça e um pequeno fortim à beira do rio Tocantins, sob a inovação de Nossa
Senhora de Nazaré.
Dez anos depois, seguindo a mesma idéia de colonizar o alto Tocantins, o
Governador e Capitão-General Francisco de Souza Coutinho, organizou uma
expedição mercantil comandada pelo Cabo Tomaz de Souza, por estabelecer
comunicação com o Estado de Goiás. O êxito alcançado acarretou o surgimento de
ouras expedições, incentivando assim, o intercâmbio comercial entre o Pará e
Goiás. Com isso, em 1797, o alferes Joaquim José Maximino para lá se dirigiu e,
20 Fonte: Pref. S. João do Araguaia. Disponível em: www.sjaraguaia.pa.gov.br Acesso em: 29/04/2012
62
após, reconstruir o forte de Nossa Senhora de Nazaré, reuniu a população de
Alcobaça e São Bernardo e fundou o registro de Itaboca, mais tarde transferido para
a margem esquerda do Tocantins, entre o Seco do Bacadal e a Praia do Tição.
Nessa ocasião passou a chamar-se São João do Araguaia, por ter-se à vista, o rio
Araguaia.
A povoação definitiva desse registro, formou-se em 1850, quando após a
criação de uma colônia militar na região, o tenente Constâncio Dias Martins, mudou-
se para São João do Araguaia.
Em 1901, a localidade adquiriu a categoria de povoado, e, em 1908, foi
elevado à Vila e Município. Entretanto, em 1922, veio a ser anexada ao município de
Marabá, por ocasião de sua extinção. Essa situação perdurou até 1961, quando dali
desanexou-se para emancipar-se político – administrativamente, em definitivo.
No aspecto turístico, o município de São João do Araguaia apresenta um
evento que merece destaque para o segmento de turismo religioso, em virtude da
procissão do Círio de Nazaré, que movimenta, de acordo com o IBGE, uma média
de 400 pessoas não residentes no município.
3.21 BOM JESUS DO TOCANTINS21
Figura 27: Vista Aérea, Bom Jesus do Tocantins - PA. Fonte: Jornal Net, 2012
Conforme dados da página oficial do município, Bom Jesus do Tocantins foi
criado pela Lei nº 5.454, de 10 de maio de 1988, com área desmembrada de São
21 Fonte: Prefeitura Municipal de Piçarra. Disponível em: www.bomjesusdotocantins.pa.gov.br Acesso em: 29/04/2012
63
João do Araguaia. Essa lei estabelece que o Município, enquanto não possuísse
legislação própria, seria regido pelas leis e atos reguladores do Município de São
João do Araguaia e, com isso, integraria a comarca de judiciária de Marabá.
Devido à inexistência de uma rodovia própria e de fácil acesso, poucas
pessoas tinham conhecimento do local e, por isso, sua história está relacionada com
a do município que lhe deu origem.
Segundo a memória social local, o morador mais antigo do município é o
maranhense Adão de Souza, que estabeleceu, por volta de 1962, uma roça local.
A denominação de Bom Jesus surgiu a partir das ideias de moradores mais
antigos que consideravam ser um nome significativo, por ser o nome de Deus.
Dados do IBGE (2012) aponta que, apesar de sua tardia ocupação, o
município de Bom Jesus do Tocantins se beneficia de sua posição territorial para
usufruir de serviços que atendem ao turismo de forma indireta. Um exemplo disso é
a existência de três hotéis na região, o que remete a uma demanda por meios de
hospedagem devido ao município ser um ponto de apoio para a rota de
embarcações ali existente.
64
4 DESENVOLVIMENTO DO TURISMO ARTICULADO A ATIVIDADE DE
MINERAÇÃO
Após apresentarmos conceituação referente ao turismo de negócios e à
sustentabilidade, bem como uma contextualização da região em estudo,
pretendemos nesse capítulo analisar como esses segmentos do turismo, articulado
às exigências do paradigma do desenvolvimento sustentável estão sendo encarados
no complexo de Carajás e seus arredores.
O potencial turístico de uma localidade é um fator de grande importância para
que ela se torne um destino turístico. Ele pode ser percebido, num primeiro
momento, pela disponibilidade de recursos naturais e culturais locais, capazes de
atrair um fluxo de visitantes.
A possibilidade de fazer do turismo uma atividade geradora de renda para
população local, em Carajás, está associada ao potencial da mineração. Pois em
consequência desse negócio, hoje altamente consolidado em seus territórios, houve
a possibilidade de promover infraestrutura que adequasse, também, às
necessidades do setor turístico.
4.1 PRINCIPAIS ATIVIDADES TURÍSTICAS
O estado do Pará vem apresentando um crescimento econômico considerável
em comparação aos demais estados da região Norte do Brasil. Acompanhando o
aumento desses índices, o turismo se apresenta como uma possibilidade
diversificada e lucrativa. Dentre os segmentos que se apresentam como possíveis
de serem explorados na região, podemos destacar:
Turismo de Negócios
Turismo de Aventura
Turismo Ecológico
Turismo Arqueológico
65
4.1.1 Turismo de Negócios no complexo de Carajás
Percebemos esse segmento como o mais adequado a esta região
constituindo-se, portanto, em nosso objeto central de estudo. Iremos nos estender
mais nesse ponto a fim de demonstrar como hoje o turismo de negócios é
vivenciado na localidade.
O turismo de negócios pode oferecer inúmeros benefícios para o lugar onde
ocorre. Para Davidson (2000), muitas dessas vantagens são as mesmas obtidas por
outras formas de turismo, como a necessidade de manter um ambiente atrativo e
uma boa infraestrutura de transporte e comércio, por exemplo.
Quanto à maior rentabilidade, é admissível dizer que o turista de negócios
gasta mais do que o turista comum, o que proporciona benefícios econômicos para
grande parte da comunidade do destino.
Dados da OMT indicam que o turista que viaja para participar de um evento,
gasta em média três vezes mais que o turista tradicional.
Além da rentabilidade como ponto de interesse desse segmento, Davidson
(2000) defende a teoria de que aquele que esteve à negócios em uma localidade
ajuda a formar a imagem do destino junto aos que nunca ali estiveram. E se o
individuo tiver uma boa impressão há grandes chances de passá-la adiante. Da
mesma forma, uma impressão negativa, certamente será multiplicada. É o marketing
“boca-a-boca”, importante para a atividade turística. Segundo Petrocchi:
O marketing boca-a-boca seria, então, a circulação de informações de pessoa para pessoa sobre determinados destinos, produtos ou serviços, disseminando-se por comunidades em uma rede invisível. (PETROCCHI, 2004, p. 70).
As trocas de informações entre as pessoas, na visão de Petrocchi (2004),
facilitam o processo de tomada de decisão, poupando tempo e propiciando maior
qualidade a essa decisão, além de produzir benefícios econômicos. As informações
que uma pessoa recebe de outra sobre determinado destino turístico influenciam
seu julgamento e comportamento.
O marketing boca-a-boca vem adquirindo um papel ainda mais relevante na
atualidade. O grau de importância desta troca interpessoal de impressões acerca de
destinações turísticas fica claro pela aceitação do fato de que “o receptor da
66
mensagem vê o turista que a emite como uma pessoa que teve experiências
pessoais no destino e é independentemente dele, logo, uma fonte razoável de
informação.” (Petrocchi, 2004, p. 71)
As viagens de negócios podem, portanto, representar uma oportunidade de
marketing para o destino. Isso porque o executivo que esteve em certa localidade a
negócios, pode ficar tão satisfeito com as características locais, equipamentos e
serviços turísticos, que se interesse em recomendar aquele destino e até mesmo
retorne a lazer ou por outras motivações.
Quanto à distribuição sazonal, diz-se que o mercado encontra-se em
equilíbrio quando há um ajustamento entre oferta e demanda, ou seja, não há
aumento nem diminuição em nenhum dos dois, ou ainda quando oferta e demanda
variam proporcionalmente. (CUNHA, 1997)
Para Cunha (1997, p. 189) “o equilíbrio do mercado turístico, embora seja
desejável, é uma situação inalcançável”. Na verdade, o mercado turístico é bastante
instável, na medida em que a oferta é relativamente rígida se comparada as grandes
variações a que está sujeita a demanda.
Os desequilíbrios do mercado turístico são explicados por fatores conjunturais
e estruturais. Os fatores conjunturais podem ser econômicos, sociais, institucionais,
políticos e militares. Já os estruturais estão relacionados às características da
própria atividade turística.
A sazonalidade, por exemplo, é um fator estrutural de desequilíbrio do
mercado turístico relativo à distribuição temporal da demanda, ou seja, maior
concentração de turistas em determinadas épocas do ano. Essa distribuição
geralmente é influenciada por fatores climáticos, sociais, econômicos, pelos
períodos de férias escolares nas empresas, dentre outros. Também existe a
sazonalidade semanal, na qual se pode observar a variação da demanda entre os
dias uteis e os fins-de-semana.
Nos estudos de turismo considera-se que na maioria dos casos a
sazonalidade do fluxo de visitantes seja prejudicial aos destinos turísticos. Em
relação à mão-de-obra, por exemplo, ela acarreta a necessidade de contratações
nos períodos de alta temporada, assim como demissões nos de baixa. E a
consequência disso é a queda na qualidade dos serviços, pois sempre há um novo
contingente de trabalhadores que necessita ser treinado nas funções. Da mesma
forma, para os equipamentos turísticos, a alternação entre os períodos de
67
sobrecarga e períodos sem utilização pode causar problemas. Não só os
empreendimentos turísticos são afetados pela sazonalidade, mas também a
comunidade local que direta ou indiretamente se envolve com a atividade turística,
ficando sem trabalho e renda por períodos anuais.
Segundo Davidson (2000), o turismo de negócios costuma ocorrer fora dos
períodos de alta temporada de férias, o que ajuda a reduzir os efeitos negativos da
sazonalidade em determinados destinos.
No caso das viagens oriundas da atividade mineradora em Carajás, os
deslocamentos de negócios estão estritamente vinculados ao próprio negócio, não
sendo possível definir sua data de realização em função da distribuição sazonal da
demanda em um determinado destino turístico. Porém, quando se trata de eventos,
feiras comerciais ou mesmo o turismo de incentivo, é possível que as entidades
responsáveis pelo turismo na localidade, como secretarias de turismo ou os próprios
empreendimentos turísticos, estimulem a demanda de negócios, na busca de um
melhor equilíbrio.
Considerando que o turismo de negócios está relacionado a qualquer viagem
que o individuo realiza por razões profissionais, faz-se necessário um estudo dos
tipos de viagens que estão incluídas neste segmento e que ocorrem hoje em nosso
local de estudo. Para isso, será adotada a classificação de Davidson (2000), que
divide o turismo de negócios em:
Viagens de negócio em geral
Eventos e reuniões
Feiras comerciais
Viagens de incentivo
4.1.1.1 Viagens de negócio em geral
As viagens de negócio em geral – general business travel, segundo Davidson
(2000) – são as chamadas viagens corporativas, e envolvem pessoas trabalhando
longe de seu local normal de trabalho por um curto período de tempo. Trazendo para
a realidade de nosso estudo, em Carajás, essas viagens ocorrem geralmente nos
casos em que necessitam de trabalhadores de outros estados com expertise não
68
encontrada na região para o desenvolvimento de algum projeto. Além disso, outra
possibilidade para esse tipo de translado pode ser para cobrir a necessidade relativa
a um aumento da produção nas grandes jazidas por determinado período
(geralmente por menos de dois meses).
Na realidade, pode-se considerar que “viagens corporativas” é um termo que
engloba todos os outros – eventos, reuniões, feiras comerciais e viagens de
incentivo – porém é mais adequado para referir-se às viagens relacionadas ao
trabalho que não estejam em nenhuma das outras categorias.
4.1.1.2 Turismo de Eventos
Davidson (2000, p.21) define esta categoria como “um evento organizado que
reúne pessoas para discutir um tópico de interesse mútuo”.
O evento pode ter propósitos comerciais ou não-comerciais, pode contar com
um número pequeno de pessoas ou com centenas delas, durar apenas algumas
horas ou uma semana. Porém, o que qualifica o evento como parte do mercado do
Turismo de Negócios é a utilização de serviços, como o aluguel de uma sala de
conferências em um hotel ou o transporte aéreo de um executivo para participar de
uma reunião em local diferente do habitual.
Sob esse ponto de vista, considera-se que o nível dos eventos pode variar
muito. Quanto maior a quantidade de pessoas e organizações envolvidas no evento
e seu tempo de duração, maior a utilização de serviços de transporte, acomodação,
agenciamento e, inclusive, atrativos turísticos e equipamentos de lazer dos quais os
participantes do evento podem usufruir em seu tempo livre. Há hoje uma tendência,
nos grandes núcleos urbano-mineradores, de se prever tempo na agenda oficial
para a prática de city-tours ou outras atividades de lazer. Também é cada vez mais
usual, e interessante para a localidade, o estimulo à chegada antecipada ou
extensão da estada após o termino do evento, a fim de aproveitar a viagem também
para passeios, descanso ou qualquer outra atividade não ligada ao evento em si.
Nesses casos, o participante do evento pode sentir-se estimulado a levar a família
para a viagem, desde que as despesas sejam pagas pelo próprio funcionário.
No Brasil, a terminologia utilizada para definir os diversos tipos de eventos
baseia-se no consenso entre os profissionais que atuam na área. Isso ocorre por
69
não haver regras estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas –
ABNT. Por isso são comuns divergências de conceitos em alguns casos. Brunin
(2007) destaca as características dos principais tipos de eventos:
- Congresso: evento promovido por entidades associativas, visando debater
assuntos de interesse de um determinado ramo profissional;
- Convenção: atividade realizada por organização empresarial, caracterizada por
ações comerciais, comemorativas, vendas, etc;
- Seminário: conjunto de exposições orais (palestras) para pessoas com
conhecimento (técnico, cientifico, acadêmico) dos assuntos a serem debatidos;
- Simpósio: evento com a participação de especialistas de renome, onde esses
conferencistas não debatem entre si;
- Fórum: tipo de atividade menos técnica, cujo objetivo é o de sensibilizar a opinião
pública para certos problemas sociais;
- Jornada: reuniões de determinado grupo de profissionais realizadas
periodicamente para debater assuntos que, em geral, não são objetos de discussão
em Congresso;
Atualmente, de acordo com Simone Lacerda (entrevistada em março de
2012), funcionária responsável pelas viagens corporativas de RH da mineradora
Vale S.A., todos os principais tipos de eventos listados por Brunin ocorrem nas áreas
remotas de operações em Carajás, sendo Congresso o mais comum. Simone ainda
destaca que a mobilização de funcionários para esse tipo de eventos pode assumir,
inclusive, em uma agenda internacional efetiva. Como exemplo, em dezembro de
2011, Carajás foi escolhido como a sede do Congresso Internacional de Negócios
Sustentáveis. Esse evento foi responsável pela lotação dos três hotéis corporativos
no Complexo, incluindo visitantes nacionais e estrangeiros relacionados à empresa
Vale pelo período de dois dias.
No Brasil, é importante ressaltar o papel da EMBRATUR que, desde 2003,
possui um programa da Diretoria de Turismo de Eventos e Negócios, que é
responsável pelo apoio à captação de eventos internacionais para o país. O
resultado dessas ações fica comprovado pelo posicionamento do Brasil no ranking
da Internacional Congress & Convention Association (ICCA). No ano de 2006, o
Brasil ficou na décima posição dos países que mais sediaram eventos e deteve a
sétima posição no TOP 10, a melhor colocação em toda a América Latina e o
segundo melhor das Américas – atrás apenas dos Estados Unidos.
70
4.1.1.3 Feiras Comerciais em Carajás
As Feiras Comerciais consistem na “apresentação de produtos e serviços para um
público convidado, com o objetivo de induzir uma venda ou informar o visitante”
(DAVIDSON, 2000, p. 94). No caso das grandes mineradoras, elas funcionam como
uma forma tridimensional de publicidade, em que o produto pode ser visto,
manuseado, experimentado. Neste sentido, desempenham papel fundamental no
cenário de negócios, estimulando a competitividade no mercado nacional e
divulgando seu produto no mercado externo, com vistas ao aumento de suas
exportações. Em Carajás, essas feiras são praticas constantes, já que, por ser uma
área de produção, toda inovação de processo e de descoberta de um novo tipo de
material explorado (tanto quanto sua qualidade, quanto suas características
minerais) precisam ser apresentados a potenciais clientes e aos sócios majoritários.
Sob o ponto de vista do Turismo de Negócios, as Feiras Comerciais
estimulam as viagens de dois diferentes grupos (DAVIDSON, 2000): os expositores,
que viajam para trabalhar, vendendo seus produtos e serviços; e os visitantes das
feiras que estão ali por razões ligadas ao trabalho, a fim de conhecer as novidades
tecnológicas e de mercado, fazer contatos profissionais – o chamado networking.
Segundo dados da União Brasileira dos Promotores de Feiras – UBRAFE,
anualmente, as feiras com a marca da entidade reúnem cerca de 32 mil expositores
nacionais e 6 mil expositores estrangeiros. Abrangendo os mais variados setores da
economia nacional, essas feiras representam 90% da ocupação em pavilhões de
todos os eventos de promoção comercial realizados no Brasil, sendo o de setor de
mineração responsável por mais de 2 milhões de visitantes em cada evento.
(UBRAFE, 2012).
A promoção das Feiras Comerciais brasileiras no mercado internacional é
feita atualmente através da Gerencia de Turismo de Negócios, subordinada à
Diretoria de Turismo de Negócios e Eventos da EMBRATUR. As ações consistem na
participação em feiras comerciais internacionais a fim de divulgar as feiras
comerciais brasileiras correlatas.
4.1.1.4 Viagens de Incentivo
À primeira vista, o enquadramento das Viagens de Incentivo dentro do
71
segmento do Turismo de Negócios no setor de Mineração, por sua ênfase nas
atividades de lazer e recreação, aparentemente desconexas da realidade do dia-a-
dia de trabalho, pode parecer um equívoco. Porém, uma análise mais criteriosa
dessas viagens corrige essa ideia. Para Hoeller, as viagens de incentivo:
são viagens para premiar ou reconhecer a excelência profissional com um diferencial de forte apelo cultural, emocional, e psicológico, que proporcionam aos vencedores o lazer e o descanso merecidos em meio à atividades grupais prazerosas e altamente socializadoras. (HOELLER, 1999 apud UNIVALI, 2000, p. 26).
Davidson (2000) destaca o papel dessas viagens nas empresas, como uma
técnica motivacional, por meio da qual se recompensam os melhores desempenhos
ou encoraja-se o alcance das metas organizacionais. Pode-se dizer, então, que as
viagens de incentivo apoiam o marketing interno, que é “a tarefa bem-sucedida de
contratar, treinar e motivar funcionários hábeis que desejam atender bem os
consumidores” (KOTLER, 1998, p. 40). Dentro do conceito atual de marketing, que
coloca o consumidor no centro de todas as preocupações das organizações, o
marketing interno complementa estrategicamente o marketing externo,
proporcionando assim o marketing integrado.
Novamente de acordo com Simone Lacerda, a Vale S.A. possui um programa
de viagens de incentivo nas unidades operacionais onde a empresa atua no Brasil e
no mundo, incluindo Carajás. A ideia, segundo ela, é vincular através dessa
premiação não somente o lazer como motivação. O ideal seria, também, expandir a
realidade para esses funcionários do funcionamento de uma empresa global em
outras unidades. Essa prática do turismo de incentivo propicia o fortalecimento da
cultura organizacional e a interação social, provocando, também, uma maior
promoção e sentimento de fidelização à empresa.
72
Figura 28: Mina de minério de ferro, Carajás - PA. Fonte: Economia, 2012 4.1.2 Turismo de Aventura e Turismo Ecológico
Como visto, o Brasil se beneficia de sua variedade de recursos naturais e
culturais para desenvolver e propiciar a pratica de diversos segmentos turísticos. No
estado do Pará essa tendência também ocorre, visto que através de sua diversidade
a promoção pode ser feita por diferentes atividades. Uma delas, cada vez mais em
consolidação é a do turismo de Aventura e o Turismo Ecológico. A busca pela
atividade de lazer cada vez mais peculiar desenvolve o campo do turismo e promove
alterações no comportamento do consumidor e de suas escolhas.
Nas últimas décadas, a sociedade tem presenciado várias transformações no comportamento do consumidor. Uma guinada na direção de estilos de vida mais saudáveis, uma sensibilidade e assuntos ligados à preservação e um consumidor mais exigente são apenas algumas das transformações em andamento na sociedade contemporânea. Tais mudanças se refletem no comportamento de férias das pessoas – por exemplo, mais pessoas estão participando de férias de atividade. (SWARBROOKE, 2003, p.57)
De acordo com a Associação Brasileira de Ecoturismo e Turismo de Aventura
(ABETA), o ecoturismo atraiu em 2012 quase cinco milhões de turista, entre
73
nacionais e estrangeiros. E, ainda como reforço a essa afirmação, o Brasil foi eleito
consecutivamente o melhor destino para a prática do turismo de aventura por uma
das revistas mais importantes do setor do turismo, a National geographic Adventure.
(ABETA, 2012).
A prática do turismo de aventura pouco difere da do turismo ecológico. A
sensação e experiência gerada pelo primeiro pode ser a maior diferença entre eles.
Mas, geralmente, o perfil dos dois tipos de turistas são muito próximos e se
misturam por diversos momentos, já que as motivações de ambos são associadas
ao contato com a natureza, ao respeito ao meio-ambiente e à conscientização sobre
a conservação da natureza, se comparados aos demais visitantes. (PIRES, 1998)
Em relação ao turismo de aventura, é difícil determinar os limites dessa
atividade. Além disso, muitas vezes ele foi incluído no segmento ecoturismo mas,
atualmente, possui características estruturais e consistência mercadológica própria
que o diferencia de outro segmento (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2008). O conceito
de Turismo de Aventura emitido pelo Ministério do Turismo é:
Turismo de Aventura compreende os movimentos turísticos decorrentes da prática de atividades de aventura de caráter recreativo e não competitivo. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2008, p.15)
Segundo o Ministério do Turismo, essa modalidade está profundamente
relacionada com outra – o turismo esportivo. Portanto, de acordo com essa
definição, atividades de aventura são:
Experiências físicas e sensoriais recreativas que envolvem desafio, riscos avaliados, controláveis e assumidos que podem proporcionar sensações diversas como liberdade, prazer, superação, a depender da expectativa e experiência de cada pessoa e do nível de dificuldade de cada atividade. (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2008, p. 16)
Como visto, os aspectos que conceituam o ecoturismo e turismo de aventura
variam de autor para autor. No âmbito do ecoturismo, diferentes autores emitem
diferentes conceitos, e optamos neste trabalho pelos estabelecidos por Pires (1998,
p. 75) e Swarbrooke (2000, p. 68). Já com relação ao turismo de aventura, tomamos
como referência o Manual de Orientações básicas para o turismo de aventura
organizado pelo Ministério do Turismo (2008, p. 30). Esses conceitos são
sumarizados a seguir:
74
Ecoturismo ou Turismo Ecológico:
Ocorre em áreas naturais.
Interesse pela história natural, pelos aspectos originais e autênticos dos
destinos e de suas culturas.
Promove a conscientização ecológica e uma conduta ambiental positiva,
através de elementos educacionais e de interpretação que permitam a
conscientização de questões relacionadas à sustentabilidade.
Reduz ao mínimos os impactos negativos sobre o entorno natural e
sociocultural.
Baseia a motivação em valores intrínsecos, não por modismo ou por status.
Isso envolve turistas mais esclarecidos, conscientes dos riscos potenciais do
turismo, ávidos por aprender mais sobre temas relacionados à
sustentabilidade e que procuram se comportar de forma mais sensível do que
outros turistas.
Caráter biocêntrico: igualdade entre todos os seres vivos, o ser humano e a
vida selvagem têm a mesma importância e todos têm direito a uma vida
plena, contrapondo o antropocentrismo no qual a relação do homem com a
natureza é de apropriação.
Beneficia a vida silvestre e o meio ambiente, contribuindo para sua proteção.
Proporciona uma experiência cognitiva e emocional.
Normalmente em pequena escala e cuidadosamente gerenciado.
Não exige uma infraestrutura de turismo sofisticada, e sim uma desenvolvida
em harmonia com o meio ambiente.
Traz benefícios econômicos para a população local e pode ser fonte de renda
para projetos de preservação.
Já as características do Turismo de Aventura são:
Variedade de atividades. As atividades de aventura têm diferentes níveis de
dificuldades, exigindo muitas vezes habilidades e técnicas previamente
adquiridas. Utilizam-se de equipamentos e procedimentos diversos, envolvem
diferentes riscos e variam de acordo com os locais de cada pratica.
75
Riscos controláveis que variam de acordo com a atividade e com a
capacidade física e psicológica do turista.
A segurança é condição indispensável.
Intensa participação do turista. Ele é o protagonista da vivência.
Favorece o estreitamento da relação entre os turistas, deles com seus guias e
condutores, e com o meio ambiente.
Resultados incertos.
Desafio.
Expectativa de recompensa.
Novidade.
Estímulo e entusiasmo.
Escapismo e separação.
Exploração e descoberta.
Atenção e concentração.
Emoções contrastantes.
4.1.2.1 Caso de Turismo Ecológico em comunidades extrativistas - PA
De acordo com uma iniciativa ocorrida há quase uma década atrás, fonte
proveniente do relato de Simone Lacerda, da Vale S.A., aponta a experiência de
nove comunidades ribeirinhas situadas nos domínios da Reserva Extrativista
Tapajós-Arapiuns, Pará. Essas comunidades uniram os benefícios provenientes de
seus territórios e não se contentaram apenas com a possibilidade de utilizar seus
recursos naturais para o extrativismo vegetal e mineral. As oportunidades criadas
pelas empresas mineradoras na região foram além da criação de empregos e
aumento da renda local. O investimento também em capacitação da sociedade para
o desenvolvimento do próprio negócio e o favorecimento indireto da população em
vista da infraestrutura gerada promoveu tal iniciativa. Iniciativa essa que trata da
exploração das possibilidades turísticas da região como uma fonte econômica
alternativa.
A área de abrangência totaliza-se por quase 650 mil hectares e sua
diversidade de fauna, flora e paisagens compõem um conjunto de recursos naturais
76
adequados e competitivos se comparado às demais ofertas turísticas hoje no
mercado de segmento ecológico e de aventura.
A capacitação ocorreu através de turmas compostas por 18 lideranças
comunitárias. O projeto de criação de cursos especializados na preparação dessas
pessoas para atividades turísticas foi financiado pelas mineradoras Vale S.A. e Vale
Fertilizantes. Essa iniciativa integra o Programa de Diversificação da Oferta Turística
que tende a incentivar o desenvolvimento de ações que busquem a exploração dos
recursos e da diversidade natural de forma sustentável do produto turístico. Dessa
forma, contribuiu para agregar valor econômico e diversificar a oferta de serviços e
produtos em áreas naturais, não sendo a atividade mineradora a única opção de
trabalho e renda da população.
É interessante também para o setor corporativo dessas empresas, o
desenvolvimento de programas que gerem esse dinamismo de cunho social. A
mineração é mal vista pelos ambientalistas, e o impacto ambiental inerente à
atividade, além do risco possível de acidentes demográficos de grandes proporções
são realidades às quais esse setor está intrinsicamente associado. Portanto, não é
apenas marketing ou jogo publicitário o envolvimento dessas mineradoras com
ações ecologicamente sustentáveis, mas sim contrapartida e compensação,
essenciais para o equilíbrio e desenvolvimento das regiões em que exercem suas
operações.
Figura 29: Artesanato com fibras ecologicamente correta em Arapiuns, PA. Fonte: Economia, 2012
77
4.1.3 Turismo Arqueológico
Em busca de novas possibilidades, o turismo arqueológico se apresenta como
uma importante modalidade com potencialidade local, devida ao interesse que os
vestígios arqueológicos despertam, capazes de provocar o deslocamento de
diversos turistas e viajantes.
Concomitante ao movimento de conservação ambiental essa mudança
relativa aos investimentos na área de arqueologia vem sendo propiciada pela
valorização da natureza, o que motivou, também, o incremento do ecoturismo,
ambos oriundos das politicas de desenvolvimento sustentável.
O turismo arqueológico consiste no processo decorrente do deslocamento e
da permanência de visitantes a sítios arqueológicos, onde são encontrados vestígios
remanescentes de antigas sociedades, sejam elas pré-históricas ou históricas,
passiveis de visitação terrestre ou aquática. (MANZATO, 2005)
A curiosidade e o misticismo envolvidos nesse segmento não ocorreram de
forma diferente no Brasil, mais especificamente na região de São João do Araguaia
e São Geraldo do Araguaia, sudeste do Pará. Mas para esse potencial turístico
poder ser valorizado é necessária a implantação de alguns elementos adequados,
como a facilitação do acesso e a dotação de transportes aos sítios arqueológicos,
bem como de serviços de apoio em distância adequada para suprir a demanda,
além de controle e planejamento das peças e conservação do patrimônio, dentre
outros.
De acordo com Simone Lacerda, a Vale S.A., em parceria com as prefeituras
locais desenvolve o Programa de Fomento ao Desenvolvimento Socioeconômico
Local, que dentre outras atribuições financia e patrocina alguns desses sítios
arqueológicos, visando sua manutenção e conservação. Ainda de acordo com a
entrevistada, a Vale entende que tais incentivos podem transformar essa atividade
em um grande fator econômico, possibilitando às demais gerações uma consciência
de preservação de sua própria espécie registrada na história e um incentivo ao
crescimento de politicas adequadas. Além disso, primordialmente, possibilita o
estreitamento das relações dos negócios entre a mineradora, a atividade turística e a
sociedade.
Partindo de uma visão de mercado, não são todos os sítios arqueológicos que
podemos considerar como um produto turístico. As classificações de seus atributos
78
variam em diversos estágios, sendo por ordem cronológica e historicamente ligadas
a um período de colonização ou civilização existente; por ordem de funcionalidade
(cemitérios, habitações, contemplações religiosas, dentre outros); por ordem
temporal (escritas e pinturas rupestres); e por fim, por ordem geográfica, que
classifica seu acervo através de sua localização: planícies, morros, grutas, e demais
pontos específicos (GONZALES, 1993).
Temos hoje no Brasil, mais especificamente nos arredores de Carajás, alguns
sítios específicos considerados como os mais frequentes de acordo com sua
evolução histórica e cultural, são eles:
Sítios Cerâmicos:
Geralmente esses sítios estão associados à localizações próximas às
margens de rios e seus afluentes. Tem como característica principal a quantidade
abundante de cerâmicas e pequenos fragmentos de artesanatos e louças funcionais
em sua época, em solos de terra escura, de origem antrópica. No sudeste do Pará,
os locais onde essa terra preta predomina, geralmente estão associados a possíveis
sítios arqueológicos. Os sítios cerâmicos podem ser entendidos também em uma
subdivisão: como os de moradia (sitio-habitação) e a enterramentos (sítio-cemitério).
Figura 30: Sítio Cerâmico localizado em Santarém, PA. Fonte: Couto, 2012
Sambaquis
Os sítios arqueológicos denominados de Sambaquis são aqueles cuja a
79
composição se dá predominantemente por conchas. Esses restos de moluscos são
encontrados em grandes amontoados que se misturam inclusive com ossos de
mamíferos, objetos de artes e algumas cerâmicas formando uma grande carapaça
pré-histórica de registros ancestrais. Na região do Salgado, no Pará, esses
Sambaquis são considerados uns dos mais antigos do país.
Figura 31: Sambaquis na região do Salgado, PA. Fonte: Couto, 2012
Sítios com arte rupestre
Os sítios com arte rupestres talvez sejam um dos mais famosos e conhecidos
pelo grande público. Esses sítios possuem um acervo geralmente em bom estado de
conservação devido os seus maiores registros estarem à salvo, localizados longe do
litoral e dos cursos dos rios, onde a exploração se deu de forma intensa e onde
elementos como vento e maresia são mais presentes. Geralmente localizados em
grutas, desfiladeiros e cavernas, suas pinturas representam situações práticas do
cotidiano do homem pré-histórico, como atividades de caça, de culto religioso e até
mesmo calendários primitivos.
80
Figura 32: Sítio com Arte Rupestre em Serra da Lua, PA. Fonte: Rupestre Brasil, 2012
Sítios Líticos
Os sítios líticos representam os acervos oriundos de pedra bruta, ou seja,
confecções de ferramentas e utilitários para caça principalmente. Sua distribuição
pode ser de caráter de ocupação temporária, como também permanente, no caso de
sítios em que de fato eram oficinas de fabricação de amoladores e afiadores feitos
de pedra e madeira.
Figura 33: Sitio Lítico em São João do Araguaia, PA. Fonte: Rupestre Brasil, 2012
81
Sítios Históricos
Por último, os sítios históricos podem ser definidos como aqueles dos quais
possuem a influencia de outras civilizações e culturas no caso do Brasil. Exemplos
como engenhos, fortalezas e missões religiosas nos apontam a existência desses
sítios ligados a uma cultura externa dominante no local em algum momento da
história.
Figura 34: Sitio Histórico em Joanes, PA. Fonte: Rupestre Brasil, 2012
Abordando nosso objeto de estudo, uma das importantes questões
relacionadas com a Serra das Andorinhas é a preservação dos sítios arqueológicos.
Essa serra, localizada no município de São Geraldo do Araguaia, no sudeste do
Pará tem sofrido pela falta de conscientização de alguns visitantes a respeito da
importância desse patrimônio.
Próximo a essa localidade, ocorre tradicionalmente no sitio Abrigo da Neblina
uma festa religiosa todos os anos. No período de uma semana de evento, os turistas
acampam no entorno da área do sitio arqueológico sem maiores preocupações a
respeito do lugar e sua preservação (MATTOS, 1999). Com isso, após o período
festivo, é comum notar pichações e atos de vandalismo deixados por esses viajantes
próximos às inscrições pré-históricas além da retirada de materiais de origem lítica
82
dos sítios sem permissão. (PEREIRA. 2003).
De acordo com Simone Lacerda, a Vale S.A. não atribui essas intervenções
externas como um problema causado pela infraestrutura de acesso ou de serviços
decorrente de seu programa de incentivo. Elas dependem, também, do visitante
estar informado e familiarizado com o tipo de atividade existente na região, e reitera
a importância do apoio às comunidades e a preocupação com a preservação de seu
patrimônio. Em sua opinião, as atividades mineradoras não exercem um papel
destrutivo do mesmo, ressaltando ainda o caráter benéfico da atividade em relação
ao desenvolvimento. Salienta, também, a importância da comunidade local valorizar
o seu patrimônio a fim de gerar benefícios com essa atividade, não apenas no
aspecto econômico, mas também no aspecto social.
Figura 35: Acervo de Pintura Rupestre em São Geraldo do Araguaia, PA. Fonte: Couto, 2012
4.2 CENÁRIOS E ÍNDICES PROPICIADOS PELA MINERAÇÃO
Para o fechamento do presente trabalho, será apresentado nesse item de
conclusão do capítulo, o panorama atual dos atores no processo estudado. Tal
panorama diz respeito às praticas de desenvolvimento local sustentável e às
medidas ecologicamente responsáveis adotadas pelas empresas mineradoras que
atuam na área que faz parte do escopo desta pesquisa.
83
4.2.1 Perspectiva Geral
Hoje, a maior empresa mineradora atuante em Carajás é a Vale S.A., com
produção de 240 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano (IBGE, 2012),
sendo a maior do mundo no setor de mineração no complexo, praticamente um
monopólio desse segmento na região. Baseado nisso, os índices apresentados
abaixo demonstrarão um pouco da história dessa empresa vinculada às questões de
nosso interesse, ou seja: no que diz respeito aos resultados alcançados no
desenvolvimento das cidades e do setor de serviços, que podem propiciar o
crescimento e a viabilidade do turismo na região.
A figura a seguir demonstra como esse processo histórico aconteceu a partir
da década de 80, quando a exploração da maior mina de minério de ferro ao céu
aberto do mundo teve inicio (RELATÓRIO FERROSOS NORTE, 2006)
Figura 36: Antecedentes Históricos do Meio Socioeconômico Fonte: Relatórios Ferrosos Norte Vale S.A. 2006
O cenário que antecedeu o início da exploração da Mina de Carajás data de
1967, quando outras empresas não legalizadas praticavam atividades extrativistas
de maneira desordenada tais como o desmatamento, violência no campo, situações
insalubres de trabalho e déficit de infraestrutura em toda a região.
Segundo Santos, diversos fatores ou técnicas motivaram algumas
84
descobertas de Carajás que variaram desde o fator sorte até aspectos ligados a
pesquisas de fotointerpretação, geoquímica de solos e reconhecimento geológico
(SANTOS, 1983).
Em dezembro de 1983, a Vale S.A. preparou, após um ano e meio de
trabalho, um zoneamento ecológico da área de influencia da Estrada de Ferro
Carajás, com uma definição de área física abrangendo os 890 quilômetros de
ferrovia e cerca de 80 quilômetros de largura em toda a extensão, em mapas
temáticos de ordem física, social, institucional e econômica. (ALMEIDA, 1986)
Este zoneamento, em sua primeira fase, define áreas de recuperação e
preservação que se fazem necessárias estimular, desenvolver ou mesmo criar,
envolvendo organizações de meio ambiente e ações governamentais e ou
comunitárias.
4.2.2 Medidas Preservacionistas
A região do Complexo de Carajás, bem como a região com regime especial
de incentivos ao seu redor, é de especial interesse com relação à fauna. Na Serra
dos Carajás existem formações abertas com animais característicos de cerrados e
outras áreas não florestadas, ao lado das matas com fauna característica da
Amazônia. À nordeste da serra, dentro da área com regime especial de incentivos,
está um provável refugio de floresta e centro de diversificação de espécies.
(ALMEIDA apud HAFFER, 1982)
Figura 37: Áreas de Proteção Ambiental Fonte: Relatórios Ferrosos Norte Vale S.A. 2006
85
No interior da área do Complexo de Carajás e das áreas hoje mapeadas
como de proteção ambiental ocorrem censos anuais com o objetivo de mapear e
reconhecer toda a fauna e flora da região. O simples fato de delimitar zoneamentos
não desenvolve o reconhecimento do objeto de proteção. Esses censos propiciam o
fichamento das espécies e suas funcionalidades em relação ao seu bioma e
características próprias.
4.2.3 Evolução Socioeconômica
Se por um lado o crescimento econômico com as atividades mineradoras
apontam recordes e lucros anuais, o desenvolvimento e manutenção da população
em áreas outrora consideradas inóspitas nem sempre acompanhou essa evolução.
Investimentos em infraestrutura e o apoio aos projetos de reurbanização dos
pequenos centros comerciais favoreceram os índices de permanência e de migração
de mão-de-obra para a região. A tabela a seguir aponta esse processo migratório e
uma projeção para o ano de 2014 desse fluxo de transformação de sua população
local.
Tabela 1: Contagem e Projeção Diagonal de População
Fonte: Relatórios Ferrosos Norte Vale S.A. 2006
Voltado para uma questão econômica que reintegra ao fato exposto, as
figuras a seguir nos remetem a realidade da riqueza e do crescimento gerado com
essa atividade fim. As áreas mais representativas apontadas abaixo indicam a
86
importância não somente econômica do negócio em seus domínios territoriais, mas
também indicam a capacidade de influência em representatividade desses
municípios dos quais foram subutilizados em um passado ainda recente.
Figura 38: PIB Total – áreas de influência direta Fonte: Relatórios Ferrosos Norte Vale S.A. 2006
Figura 39: Projeções de massa salarial e geração de empregos Fonte: Relatórios Ferrosos Norte Vale S.A. 2006
4.2.4 Relatório de Sustentabilidade e Desenvolvimento Local - Vale S.A. 22
Visando uma satisfação de seus negócios e processos à comunidade e aos
seus acionistas, a Vale S.A. produz como documentação o Relatório de
87
Sustentabilidade anualmente. Esse relatório contém informações a respeito da
saúde de seus índices e metas que foram projetadas tanto no curto quanto no longo
prazo. Para nosso interesse e como complemento final desse estudo, foram
consideradas as medidas e planejamentos vinculados ao desenvolvimento dos
municípios dos quais englobam o Complexo de Carajás. Um breve histórico desse
panorama nos remete ao entendimento consolidado de como o turismo de negócios
e as demais vertentes do setor turístico da região se beneficiou da atividade
mineradora.
Figura 40: Localização dos principais projetos de mineração no Pará Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2010
Como estratégia de sustentabilidade a Vale S.A. busca o alinhamento de seu
planejamento através do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM), do
qual é signatária desde 2006.
A Companhia compartilha suas práticas em eventos do ICMM, o que favorece
uma importante colaboração para a melhoria do seu desempenho e gestão em
sustentabilidade. Um exemplo dessa atuação conjunta é o trabalho voltado para a
Área de Responsabilidade Social frente ao Desenvolvimento Comunitário,
propiciando orientações e posicionamentos como os guias de Boas Práticas em
22 As informações constantes desta seção baseiam-se fundamentalmente no disposto no Relatório de Sustentabilidade 2010 – Vale S.A.
88
Povos Indígenas e Mineração, Comunidade e Mineração em Pequena Escala,
dentre outros programas. Além disso, a Vale participa e colabora com discussões a
respeito de gestão de mudanças climáticas, que tem como objetivo garantir a
competitividade da indústria e de sua produção em uma economia com baixa
emissão de carbono. Segundo levantamento realizado em 2010, a Vale investiu
aproximadamente US$ 335 milhões em iniciativas ligadas à sustentabilidade, e
estão previstas 880 ações para o aprimoramento dos indicadores de avaliação
relacionados, principalmente, para a redução dos resíduos e da má utilização dos
recursos naturais.
Figura 41: Planejamento de metas por unidade de negócios Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2010
Do orçamento destinado às medidas sustentáveis, a maior parte desse
recurso destinou-se à três frentes de ações, são elas:
89
Aquisição e implantação de equipamentos, sistemas e processos de
controle ambiental, voltados a assegurar a conformidade e o aprimoramento do
desempenho em operações já existentes, como: investimento em um sistema de
inteligência que monitora através do solo o gerenciamento e a reciclagem das
disponibilidades hídricas. Isso evita o desperdício de água, estimula a economia de
energia e analisa se haverá a necessidade da utilização de agua para projetos
futuros.
Manutenção geotécnica para a segurança estrutural e ambiental das
barragens e das pilhas de estéril.
Reflorestamento e reabilitação de áreas degradadas
Devido à importância dos recursos hídricos como insumo primordial, foi
realizado um diagnóstico no ano de 2010 que visava direcionar as áreas das quais o
uso da água era mais abundante e consequentemente mais necessitado de medidas
que controlassem esses índices. Carajás foi responsável por cerca de 20% desse
levantamento no nível Brasil nas cadeias de produção.
As oportunidades oriundas desse estudo geraram melhorias nos processos
aumentando a eficiência no uso da água pela substituição de fontes alternativas,
como água de chuva e afluentes.
Como mapeado anteriormente, o Complexo de Carajás encontra-se em uma
área considerada estratégica em virtude de seu bioma múltiplo. Para essas unidades
operacionais localizadas em áreas de especial importância para a biodiversidade
(áreas protegidas e/ou consideradas de alto índice de biodiversidade), são propostos
Planos Específicos de Gerenciamento da Biodiversidade. Entre as ações específicas
desenvolvidas em Carajás, destacam-se:
O Plano de Prevenção e Combate a Incêndios em Ecossistemas no
Mosaico de Unidades de Conservação da Província Mineral de Carajás, abrangendo
Unidades de Conservação que abrigam operações da Vale e áreas protegidas
vizinhas.
O levantamento e monitoramento de fauna na Floresta Nacional de
Carajás e na Floresta Nacional de Tapirapé-Aquiri, que constituem estudos de fauna
de longo prazo, visando ao licenciamento ambiental, a padronização das
metodologias aplicadas a estudos de fauna, a geração de dados científicos, o
90
suprimento de lacunas de conhecimento, a capacitação técnica e o desenvolvimento
regional.
Figura 42: Áreas protegidas por parcerias entre a Vale e os governos locais Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2010
Ainda em destaque as questões ecológicas e de sustentabilidade, a Vale
recebeu um importante prêmio pela sua atitude ambiental: o Eco 2010. Esse prêmio
foi concedido às práticas exercidas na cidade de Ourilândia do Norte, no sudeste do
Pará, com apenas 27 mil habitantes. O reconhecimento se deu pelo
empreendimento Onça Puma, de extração de Níquel. Todo o planejamento do
negócio antes mesmo de sua implementação levou em consideração todos os
agentes externos e suas aplicabilidades, promovendo um plano de negócios voltado
às questões ambientais como um dos fatores primordiais ao sucesso do trabalho.
Partindo para o desenvolvimento local nas áreas de atuação em que opera
sua produção, o relatório de sustentabilidade usado como base para orientação nos
aponta que a Vale visa contribuir com a melhoria das condições de vida das
populações. Para isso, fortalece o relacionamento com as comunidades, potencializa
91
os investimentos sociais, respeita as culturas locais, realiza ações estruturantes e
minimiza o impacto de sua atuação.
A empresa procura estimular o uso dos recursos oriundos do investimento da
mineração, como maior arrecadação de impostos, geração de empregos, aumento
da massa salarial e da renda familiar, para a geração de oportunidades nas
respectivas regiões. A redução dos déficits locais, com foco em infraestrutura e
habitação; o fortalecimento da gestão pública; a qualificação dos trabalhadores e
fornecedores; e a diversificação da economia fazem parte desse trabalho.
Além dos diagnósticos, outras ferramentas são utilizadas no apoio à gestão
de impactos socioambientais visando a evitar ou minimizar os impactos negativos e
maximizar os impactos positivos da atuação da empresa. Com base no Estudo de
Impacto Ambiental e Relatório de Impacto de Meio Ambiente (EIA/Rima) e em outros
estudos semelhantes, a Vale considera os potenciais impactos de sua presença nas
regiões, desde as fases de pré-viabilidade até o fim da vida útil de seus projetos. De
maneira sucinta, os principais impactos positivos e negativos gerados estão
representados na figura a seguir.
Figura 43: Potenciais impactos gerados Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2010
Como núcleo integrador dessas medidas sociais, a Vale conta com o apoio da
iniciativa Fundação Vale que tem como missão contribuir para o desenvolvimento
territorial integrado – econômico, social e ambiental – das regiões onde a
Companhia atua no Brasil, articulando e potencializando os investimentos sociais,
92
fortalecendo o capital humano nas comunidades e respeitando as identidades locais.
Para apoiar o desenvolvimento social dessas regiões, a Fundação Vale adota
uma abordagem estratégica, fundamentada em parcerias com o poder público, setor
privado e organizações da sociedade civil, integrando ações e maximizando
resultados.
Como resultado dessa atuação temos a redução do déficit em infraestrutura
urbana e habitacional, que foi o foco de 202 projetos executivos desenvolvidos ou
apoiados pela Fundação Vale em 56 cidades no Pará. Ao todo, entre os anos de
2009 e 2010, foram aplicados US$ 16 milhões em parceria com prefeituras no
desenvolvimento de projetos executivos e apoio à captação de recursos disponíveis
nas esferas estadual e federal para a implantação das obras.
Idealizadas pela Fundação Vale, as Estações Conhecimento são núcleos de
desenvolvimento humano e econômico. Seu objetivo é contribuir para a melhoria da
qualidade de vida e o desenvolvimento integrado e sustentável das comunidades.
Os núcleos são organizações da sociedade civil de interesse público, viabilizadas
por parcerias locais com o poder público e a sociedade civil organizada.
As Estações funcionam como centros educacionais e produtivos para
promover e fortalecer a economia local, além de melhorar a qualidade de vida dos
indivíduos e aumentar a geração de trabalho e renda da comunidade. Compostas
por unidades rurais e urbanas, as Estações são focadas na educação
profissionalizante, no esporte, na cultura, na cidadania, no empreendedorismo e no
apoio técnico. Até 2012, está prevista a finalização da primeira fase de obras de três
Estações Conhecimento: Curionópolis, Canaã dos Carajás e Ourilândia do Norte, no
Pará.
No âmbito de novos postos de trabalho, a fim de intensificar a contratação de
mão de obra local, a Vale trabalha na qualificação profissional da cadeia produtiva
nas regiões onde atua. No Brasil, além dos programas de educação externa da
Valer – Educação Vale, os Centros de Educação Profissional Vale funcionam como
escolas de ensino profissionalizante.
Criados em parceria com instituições de ensino e construídos e equipados
pela Vale, os centros oferecem cursos de qualificação para as atividades da cadeia
produtiva de mineração com foco na sustentabilidade e no fomento das vocações
regionais, como: construção civil, eletricidade predial, carpintaria e hotelaria.
Ações como essas objetivam contribuir para o desenvolvimento
93
socioeconômico comunitário em áreas geralmente remotas e de difícil acesso nas
quais a empresa atua, como, por exemplo, a região de Marabá (PA), onde cerca de
4.200 pessoas foram capacitadas em 2010.
94
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como visto, o objetivo geral do presente trabalho foi investigar a possibilidade
da atividade mineradora como propulsora do desenvolvimento local dos municípios
que fazem parte do complexo de Carajás. E, em conjunto, analisar se nesse
processo de desenvolvimento o turismo e seus segmentos de mercado eram
considerados como uma das possibilidades também em expansão na região.
Para sustentar o objetivo geral, os objetivos específicos focaram na
verificação de publicações e documentações sobre o tema em um panorama macro
e, posteriormente, sobre o espaço delimitado.
Conforme visto no capítulo 2, o embasamento teórico permitiu verificar a
possibilidade da atividade turística através de outros nichos mercadológicos que não
possuíssem referência direta ao lazer. Ou seja, o deslocamento físico apoiado com a
utilização de serviços adjacentes como hotéis, pousadas, restaurantes, transportes e
etc., pode ser considerado como um segmento do turismo moderno: o turismo de
negócios.
Ainda no mesmo capítulo, também por referencial teórico, foi corroborada a
necessidade de diferenciarmos o conceito de sustentabilidade puro e simplesmente,
para o de sustentabilidade vinculada aos negócios. Ou seja, a sustentabilidade como
referência nos direciona imediatamente a uma visão ambiental, de proteção e
equilíbrio ao meio ambiente. Porém, quando partimos desse conceito em união à
saúde de um empreendimento, entendemos que a necessidade de implantar ou
manter a sustentabilidade está intrinsicamente associada ao equilíbrio do negócio
em relação ao meio do qual encontra-se inserido.
Para isso, foi importante ressaltarmos a visão do modelo do Triple Bottom
Line em que salienta a necessidade de considerarmos não somente os aspectos
ambientais, mas também os aspectos sociais e os econômicos gerados. Junto disso,
a figura do RSC (Responsabilidade Socioambiental Corporativa) aponta um viés
social que configura essa nova estrutura de mercado como uma tendência a ser
dimensionada. Ou seja, a gestão socioambiental estratégica deseja que o parâmetro
de sensibilidade social citado seja o considerado pelas maiores esferas dos níveis
organizacionais. Pois, na medida em que exista uma gestão pautada no
95
planejamento de prever com antecedência os impactos de suas atividades, a mesma
direcionará soluções emergenciais adequadas para a resolução do problema.
Portanto, no capítulo 2, foi apresentado com base em publicações
relacionadas ao tema, a busca do equilíbrio pertinente aos presentes
empreendimentos hoje no mercado competitivo. A necessidade de explorar não
apenas o lado econômico de seus índices apontou medidas e direcionamentos que
provocou o desenvolvimento local em ambientes outrora subaproveitados. Essa
tendência apresentada gerou a possibilidade do surgimento de atividades de apoio
ao negócio especifico, sendo, dentre elas, segmentos oriundos do setor turístico.
No capítulo seguinte, apresentamos a divisão dos municípios que compõem a
esfera do nosso escopo de pesquisa: o Complexo de Carajás. Através de análises
de registros e documentos foi apresentado o processo de formação histórica desses
municípios e seu grau de importância na região. Ou seja, foram apresentadas
pontualmente as diferenças entre essas localidades e as referências que
consideramos que merecem destaque.
Em meio às informações sobre os municípios, foram identificadas atividades
relacionadas ao turismo. Dessas atividades, algumas foram consideradas mais
consolidadas que as outras dependendo da localidade, da promoção de
infraestrutura de apoio, de fatores políticos, de falta de informação e orientação de
como explorar o potencial existente, da maturidade da oferta demandada, dentre
outros. Porém, apesar de gerarmos um consolidado histórico da região, por carência
de maiores informações sobre índices demográficos e especificações do setor
turístico nesse cenário, é viável para futuros trabalhos uma analise mais profunda
nesses aspectos.
Por fim, para o fechamento desse trabalho monográfico, procurou-se no
último capítulo relacionar o referencial teórico utilizado ao objeto de estudo
apresentado. Essa análise foi continuada por relacionarmos esse material com as
atividades mineradoras existentes na região, ou seja, nesse momento de nossa
pesquisa foi importante agregar a teoria ao que de fato era nosso objetivo: explicar a
relação entre o que hoje temos para o turismo e seus segmentos, na região do
Complexo de Carajás como o cenário de nossa pesquisa e a intervenção positiva
das mineradoras para o setor turístico.
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Após análise do vasto campo do turismo, englobando a variedade de seus
segmentos, foi corroborada a presença e a utilização de alguns desses segmentos
em nosso escopo de pesquisa. Além do turismo de negócios sendo nosso principal
objeto de orientação dentro do Complexo de Carajás, foram apresentados
segmentos pouco conhecidos do grande público nessa região. Exemplificando tal
ponto temos a presença consolidada do turismo ecológico, de aventura e o turismo
arqueológico.
Os problemas enfrentados hoje pela manutenção dessas atividades junto das
medidas adotadas para o seu desenvolvimento foram discutidas com o viés voltado
para o setor de mineração. Essa discussão foi proporcionada no intuito de
estreitarmos e demonstrarmos a relação da qual atualmente esses dois cenários
distintos se beneficiavam um do outro. Pois, se por um lado a atividade turística era
embalada com o incentivo dessas mineradoras, com o apoio à infraestrutura de
acesso e com a capacitação de pessoas através de programas de educação, esses
empreendimentos com caráter exploratório também se beneficiavam de alguma
maneira. De acordo com o presente trabalho, esse benefício tornava-se claro
quando percebíamos que além de agregar uma imagem adequada pela mídia, e de
demonstrar uma preocupação com o desenvolvimento local, o maior retorno para o
envolvimento com tais questões era justamente alinhar a realidade hoje exigida no
mercado com o seu negócio. Ou seja, as questões exploradas mais uma vez pelo
modelo do Triple Bottom Line e da Responsabilidade Socioambiental Corporativa
apresentadas no embasamento teórico dessa pesquisa como tendências
mercadológicas a serem seguidas e demonstradas no nosso ambiente estudado.
O panorama geral que aponta as alterações históricas no cenário do
Complexo de Carajás faz ligação direta entre assunto explorado e as questões
levantadas nesse trabalho. As medidas preservacionistas e a evolução
socioeconômica revelam que a atual situação na região estudada está longe de ser
um exemplo perfeito de desenvolvimento local sustentável em parceria com grandes
empreendimentos, em especial pelo fato de que seu negócio esta pautado em uma
fonte não renovável. Porém, como caráter evolutivo e considerando o fator histórico
como um ponto ainda recente se comparado com outros objetos de pesquisa,
percebemos que o ambiente é de fato de transformação, e os agentes atuantes
nesse processo encontram-se alinhados a um mesmo objetivo.
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Portanto, é perceptível que através do levantamento teórico e dos fatos
explorados nessa pesquisa que a sustentabilidade no turismo de negócios é
possível e que, hoje, esse conceito é aplicado no Complexo de Carajás e região
indiretamente pelas empresas mineradoras. Junto disso, e diferenciando novamente
o fator sustentabilidade com referência apenas de caráter ambiental, vimos à
possibilidade de outros segmentos do turismo se beneficiarem desses
empreendimentos. O apoio com infraestrutura, com programas de fomento à
pesquisa, capacitação e educação, valorização da cultura e identidade local são
exemplos dos quais destacamos como realidades que acontecem nesses ambientes
que permaneceram por anos da história sendo explorados de forma inconsequente.
Tais práticas direcionam ao estimulo de caráter em base comunitária para o
desenvolvimento da região quando o interesse mineral existente se extinguir.
Por fim, acredita-se que mediante os dados e exemplos mencionados e
analisados durante essa pesquisa, haja o interesse e o apoio para a geração de
demais estudos relacionados ao tema e, seguindo a tendência hoje percebida, que
os índices que corroboram esse trabalho sigam a lógica esperada: o equilíbrio entre
a atividade mineradora e o ambiente do qual ela está envolvida. Ou seja, a
valorização real de seus medidores econômicos só realmente fará sentido quando
houver equidade junto aos medidores sociais e ambientais respeitados,
desenvolvendo a sociedade local e fomentando direta ou indiretamente atividades
de apoio ao seu negócio, incluindo o turismo.
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