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“DETERMINAÇÃO VOLTAMÉTRICA DE CHUMBO EM AMOSTRAS DE CREME CAPILAR TONALIZANTE POR MEIO DE ELETRODOS COMPÓSITOS” Niterói 1/2016 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO JULIA OLIVEIRA FERNANDES

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“DETERMINAÇÃO VOLTAMÉTRICA DE CHUMBO EM AMOSTRAS DE CREME CAPILAR TONALIZANTE POR MEIO DE ELETRODOS COMPÓSITOS”

Niterói

1/2016

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

JULIA OLIVEIRA FERNANDES

P

a

r

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Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação

em Engenharia Química, oferecido pelo

departamento de Engenharia Química e de Petróleo

da Escola de Engenharia da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial para obtenção

do Grau de Engenheiro Químico.

ORIENTADOR

Profº. Drº. Felipe Silva Semaan

JULIA OLIVEIRA FERNANDES

“DETERMINAÇÃO VOLTAMÉTRICA DE CHUMBO EM AMOSTRAS DE CREME CAPILAR TONALIZANTE POR MEIO DE ELETRODOS COMPÓSITOS”

Niterói

1/2016

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Aprovado em 26 de julho de 2016.

BANCA EXAMINADORA

JULIA OLIVEIRA FERNANDES

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação

em Engenharia Química, oferecido pelo

departamento de Engenharia Química e de Petróleo

da Escola de Engenharia da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial para obtenção

do Grau de Engenheiro Químico.

“DETERMINAÇÃO VOLTAMÉTRICA DE CHUMBO EM AMOSTRAS DE CREME CAPILAR TONALIZANTE POR MEIO DE ELETRODOS COMPÓSITOS”

Niterói

1/2016

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Se você quer ser bem sucedido, precisa ter

dedicação total, buscar seu último limite e

dar o melhor de si.

Ayrton Senna

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Agradecimentos

Agradeço a Deus porque me amou primeiro e me abençoou para que eu tivesse

condições de perseguir os meus sonhos.

Ao meu marido, Wesley Pintor, que durante toda a graduação esteve ao meu lado me

dando todo o apoio e me fazendo acreditar no meu potencial.

Aos meus pais, Juvenil Fernandes e Joana Oliveira e ao meu irmão Jonas Fernandes,

pelo apoio, confiança, carinho e dedicação à minha educação.

Aos meus amigos e familiares que contribuíram para a minha formação, em especial à

amiga Deisilaine Neves.

Ao meu professor orientador, Felipe Semaan pela oportunidade de aplicar os meus

conhecimentos teóricos em uma pesquisa tão interessante e importante para a sociedade.

Aos professores e funcionários da Universidade Federal Fluminense que contribuíram

para a minha graduação.

A toda a equipe do Laboratório de Eletroanalítica da UFF, principalmente ao

mestrando Leonardo Furtado por todo o suporte e aprendizado uma vez que este trabalho é

derivado da sua dissertação de mestrado.

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Resumo

Os metais tóxicos são muito nocivos à saúde humana, pois alteram atividades bioquímicas no

organismo provocando diversas doenças. Neste contexto, detectá-los de forma fácil, rápida,

barata e reprodutível nos diversos produtos utilizados pelo homem é muito importante.

Alguns cosméticos contêm quantidades consideráveis de metais tóxicos e essas precisam ser

determinadas e monitoradas para que a sua absorção pelo organismo possa ser controlada. No

presente trabalho determinou-se chumbo (um metal tóxico) em amostras reais de um creme

capilar tonalizante, o Grecin 2000®, por meio da voltametria de onda quadrada (SWV). A

análise voltamétrica pode ser dividida em três etapas: um pré-tratamento aplicando um

potencial de -1,4 V durante 120 segundos, SWV de -1,5 V a +0,1 V em condições otimizadas

(frequência 25 Hz, amplitude 50 mV e degrau 10 mV) e um pós-tratamento de +0,3 V durante

60 segundos, para limpeza. O eletrodo de trabalho utilizado na determinação consiste em um

eletrodo compósito de grafite-epóxi (65% m/m) modificado por um filme de bismuto formado

in situ, um eletrodo de referência de Ag|AgCl e um contra-eletrodo de fio fino de prata.

Obteve-se uma média de (0,505 ± 0,025) % de acetato de chumbo (%m/m) na amostra de

Grecin® com uma média de recuperação de (98,75 ± 6,58)%. Os limites de detecção,

quantificação e região linear foram respectivamente 0,07 µmol L-1, 0,21 µmol L-1 e 0,98 –

1,92 µmol L-1 para o Pb, 0,36 µmol L-1, 1,09 µmol L-1 e 2,99 – 14,5 µmol L-1 para o Zn e 0,05

µmol L-1, 0,15 µmol L-1 e 0,50 – 2,47 µmol L-1 para o Cd. Como procedimento de

comparação realizou-se a espectrometria de absorção atômica em chama (F AAS). Os

resultados obtidos foram satisfatórios e compatíveis com a porcentagem divulgada pelo

fabricante e abaixo da permitida pela ANVISA, sendo também compatíveis ao método de

comparação.

Palavras-Chave: eletroquímica; eletrodos compósitos; metais; detecção de chumbo;

cosméticos; voltametria

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Abstract

Toxic metals are very harmful to human health since they can change biochemical activity in

the body causing various diseases. In this context, their easy and fast detection, in a cheap and

reproducible way in different products used by humans is very important. Some cosmetics

contain considerable amounts of toxic metals conducting this to the need to determining and

monitoring allowing in such sense human exposure. In this study lead was determined (a toxic

metal) in real samples of a hair cream tint, the Grecin 2000®, by square wave voltammetry

(SWV). Voltammetric analysis can be divided into three steps: a pretreatment by applying a

potential of -1.4 V for 120 seconds, SWV -1.5 V to +0.1 V under optimized conditions

(frequency 25 Hz, amplitude of 50 mV and the step 10 mV), and a post-treatment of +0.3 V

for 60 seconds for cleaning. The working electrode consisted of a graphite-epoxy composite

electrode (65% m/m) modified by a film of bismuth formed in situ, the reference electrode

was Ag|AgCl and a thin silver wire counter electrode. It was obtained as a weighted average

(0.505 ± 0.025)% lead acetate (% m/m) in the sample Grecin® with an average recovery

(98.75 ± 6.58)%. The limits of detection, quantification and linear region were respectively

0.07 µmol L-1, 0.21 µmol L-1and from 0.98 to 1.92 µmol L-1for Pb, 0.36 µmol L-1, 1.09 µmol

L-1 and from 2.99 to 14.5 µmol L-1 for Zn and 0.05 µmol L-1, 0.15 µmol L-1 and from 0.50 to

2.47 µmol L-1 for Cd. As a comparison procedure was held on Atomic Absorption

Spectrometry in Flame (F AAS).Results found were satisfactory and consistent with the

percentage reported by the manufacturer and below the permitted by ANVISA, being also

compatible to those found by a comparison method.

Keywords: electrochemistry; composite electrodes; metals; lead determination; cosmetics;

voltammetry

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SUMÁRIO

Agradecimentos ....................................................................................................................... 5

Resumo ..................................................................................................................................... 6

Abstract .................................................................................................................................... 7

SUMÁRIO ................................................................................................................................ 7

Lista de tabelas ...................................................................................................................... 10

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ............................................................ 11

1.1 Introdução .................................................................................................................... 11

1.2 Objetivo geral .............................................................................................................. 12

1.3 Objetivos específicos ................................................................................................... 12

1.4 Organização do Texto .................................................................................................. 12

CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 14

2.1 Cosméticos ................................................................................................................... 14

2.1.1 Tipos de cosméticos capilares .................................................................. 16

2.2 Metais e seus malefícios .............................................................................................. 17

2.2.1 Chumbo em tinturas ................................................................................. 19

2.2.2 Técnicas para determinação de chumbo .................................................. 20

2.3 Eletrodos Compósitos .................................................................................................. 26

2.3.1 Eletrodos de grafite-epóxi ........................................................................ 28

2.3.2 Modificações in situ pelo uso de filmes de bismuto ................................ 29

CAPÍTULO 3 METODOLOGIA .................................................................................... 30

3.1 Reagentes e Materiais .................................................................................................. 30

3.2 Preparo de Soluções ..................................................................................................... 30

3.2.1 Solução Tampão ...................................................................................... 30

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3.2.2 Peróxido de hidrogênio ............................................................................ 31

3.2.3 Padrão de zinco, cádmio e chumbo ......................................................... 31

3.2.4 Padrão de chumbo .................................................................................... 31

3.3 Instrumentação ............................................................................................................. 31

3.4 Eletrodo compósito de carbono-epóxi ......................................................................... 32

3.5 Preparo do filme de bismuto ........................................................................................ 33

3.6 Preparo da amostra de Grecin® .................................................................................... 33

3.7 Determinação voltamétrica de chumbo por adição padrão .......................................... 34

3.8 Determinação de chumbo por F AAS .......................................................................... 34

CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................... 35

4.1 Otimização de condições voltamétricas ....................................................................... 35

4.2 Determinação voltamétrica de Pb ................................................................................ 38

4.2.1 Curvas de calibração ................................................................................ 38

4.2.2 Determinação de chumbo em Grecin® ..................................................... 40

4.3 Determinação de Pb por F AAS como procedimento de comparação ........................ 43

CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS ..................................................... 44

CAPÍTULO 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 45

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Lista de Figuras

Figura 2-1: Receita da indústria cosmética nos últimos 19 anos...... .............. ........ ..................15

Figura 2-2: Embalagem do Grecin 2000® – Loção Cremosa Progressiva.......... ........... ...........19

Figura 2-3: Estrutura cristalina do grafite................ ................... ................ ..............................27

Figura 3-1: Descrição técnica da seringa utilizada...... .................. ................... ............... .........33

Figura 4-1: Voltamograma de otimização das condições voltamétricas da detecção de Zn, Cd

e Pb....................................................................................... .....................................................37

Figura 4-2: Curva de adição padrão, voltametria de onda quadrada (SWV) de -1,5 V a +0,1 V,

frequência 25 Hz, amplitude 50 mV, degrau 10 mV.......... ............ .......... .................................38

Figura 4-3: Relação de linearidade entre as correntes de pico e a concentração de cada

metal....................................................... ........................................................... ........................39

Figura 4-4: Voltamograma da primeira amostra da triplicada de Grecin®....... ....... ..... ............41

Figura 4-5: Voltamograma da segunda amostra da triplicada de Grecin®................. ...............42

Figura 4-6: Voltamograma da terceira amostra da triplicada de Grecin®....... .............. ............42

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Lista de tabelas

Tabela 2-1: Resumo dos trabalhos citados de detecção de metais com diferentes técnicas e

amostras.....................................................................................................................................25

Tabela 4-1: Combinações analisadas na otimização de condições voltamétricas.....................35

Tabela 4-2: Concentração de cada metal em solução por adição..............................................39

Tabela 4-3: Resultados da curva de calibração.............. ...................................... .....................40

Tabela 4-4: Concentração do analito em solução a cada adição..................... ...........................40

Tabela 4-5: Curvas Corrente de pico (µA) vs Concentração do analito em solução (µmol L-1)

em cada amostra................................................................. ................................ .......................41

Tabela 4-6: Resultados da determinação de chumbo no Grecin®......... ......... ...........................43

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CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

1.1 Introdução

A indústria que abrange o setor de cosméticos vem apresentando nos últimos anos

franco crescimento se comparado ao Produto Interno Bruto e ao crescimento médio das

indústrias de outros setores. No Brasil, existem muitas indústrias deste tipo instaladas, dado o

grande potencial do seu mercado consumidor. Daí a grande relevância de se estudar produtos

advindos deste segmento (ABIHPEC, 2015).

Esta indústria abrange diversos tipos de produtos de uso pessoal e de beleza, inclusive

produtos cosméticos capilares. Dentre esses produtos estão os cremes que têm o objetivo de

conferir cor ao cabelo. Para alcançar este objetivo, alguns tipos de produtos capilares utilizam

o acetato de chumbo como agente, pois o mesmo reage com o sulfeto formando sulfeto de

chumbo que confere a cor negra ao fio de cabelo (LOPES et al., 2013).

O chumbo é um metal encontrado na natureza de forma livre muito conhecido e

estudado. Possui número atômico 82 e massa atômica igual a 207,2 u, encontra-se sólido a

temperatura e pressão ambientes. Assim como outros metais que podem estar presentes nos

cosméticos, o chumbo é um metal tóxico à saúde humana, pois, além de não ter nenhuma

função fisiológica, se acumulada no organismo trazendo diversas doenças afetando

praticamente todos os órgãos e sistemas do corpo humano (MOREIRA, 2004a).

Portanto, é de suma importância quantificar este metal em produtos consumidos pelo

homem. Este trabalho pretende determinar o chumbo em amostras de um creme capilar

tonalizante comercializado livremente: o Grecin 2000®. Para tanto, será testado um método

mais simples, barato, rápido e reprodutível do que métodos comumente usados.

O método consiste na utilização de um eletrodo compósito de grafite com resina epóxi

na proporção de 65% (m/m) preparado artesanalmente em laboratório utilizado como eletrodo

de trabalho modificado in situ com filme de bismuto para a realização da técnica de

voltametria de onda quadrada (SWV – Square Wave Voltammetry).

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1.2 Objetivo geral

Determinar, por meio da técnica voltamétrica de onda quadrada (SWV), com eletrodos

compósitos com filme de bismuto formado in situ o metal tóxico chumbo em amostras reais

de um creme capilar tonalizante Grecin 2000®.

1.3 Objetivos específicos

a) Preparar eletrodos compósitos a base de grafite e resina epóxi a 65%;

b) Modificar tais eletrodos pela eletrodeposição in situ de filmes de bismuto;

c) Otimizar os parâmetros voltamétricos de análise;

d) Avaliar a aplicabilidade do método para determinação de metais pesados;

e) Mineralizar as amostras de Grecin 2000®;

f) Aplicar o procedimento voltamétrico otimizado empregando eletrodos

compósitos modificados na determinação de chumbo em amostras reais de Grecin 2000®

mineralizadas.

1.4 Organização do Texto

Este trabalho foi organizado da seguinte forma: no capítulo 1 está apresentada uma

visão geral do trabalho, das motivações de realização do mesmo e os objetivos a serem

cumpridos durante o seu desenvolvimento. No segundo capítulo estão descritas as referências

bibliográficas presentes na literatura que basearam a pesquisa e os estudos dos metais tóxicos

em cosméticos. Já no terceiro capítulo são descritas a preparação das soluções e dos

instrumentos utilizados.

No capítulo 4 estão apresentados os resultados obtidos na pesquisa, desde a análise e

otimização dos parâmetros voltamétricos, passando pela curva de adição padrão até a

determinação de chumbo na amostra real de Grecin 2000®, além de sua comparação com a

técnica de espectrometria de absorção atômica em chama. Por fim, no capítulo 5 foram

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expostas as conclusões e perspectivas referentes a esta linha de pesquisa e no sexto e último

capítulo estão dispostos por ordem alfabética os artigos, livros e estudos utilizados como fonte

para a realização deste trabalho de conclusão de curso.

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CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Cosméticos

Segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), responsável por

regulamentar a distribuição e fabricação de cosméticos, sendo tais produtos de uso corporal

externo fabricados a partir de substâncias sintéticas ou naturais que têm como objetivos

principais limpar, perfumar ou proteger determinada parte do corpo. Os cosméticos são

classificados de acordo com o grau de risco que oferecem em dois grandes grupos: produtos

de graus 1 e 2.

Os de grau 1 são produtos que apresentam propriedades básicas ou elementares, não

sendo necessária a comprovação de informações detalhadas sobre seu modo de uso. Já os

produtos de grau 2 apresentam maior grau de risco e é necessária comprovação de segurança

e/ou eficácia, além de informações sobre o modo de uso. São exemplos de cosméticos de grau

1 os esmaltes, os batons labiais (sem finalidade protetora) os xampus e os condicionadores

(exceto os com ação antiqueda, anticaspa e/ou outros benefícios específicos).

Já dentre os cosméticos de grau 2, destacam-se os bronzeadores, os repelentes, as

tinturas capilares temporárias/progressivas/permanentes, xampus e condicionadores antiqueda

ou anticaspa. A despeito da classificação simplista da ANVISA, de acordo com Chorilli

(2007), um produto cosmético deve ser considerado seguro independente de qual seja seu

grau de risco, ou seja, não deve existir risco de lesão considerável e que possa ser prevista

visto não existir garantia total de segurança em nenhuma substância química já que tal

segurança se relaciona sobretudo ao uso adequado do produto.

Segundo o Statista (2016), um portal mundial de estatísticas e estudos, o mercado de

beleza é divido em cinco segmentos: cuidados com a pele, cuidados capilares, maquiagem,

fragrâncias e higiene pessoal. Os produtos cosméticos abrangem todos esses segmentos, de

modo que a comercialização e aceitação dos mesmos no mercado dependem diretamente do

perfil étnico e cultural da população. Dessa forma, para o sucesso de determinada empresa é

imprescindível a variedade e diversificação dos produtos. A L’Oreal® é a líder no mercado de

beleza brasileiro, apresentando uma receita em 2014 de aproximadamente 29,94 bilhões de

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dólares. Na sequência está a Unilever® com uma receita no mesmo ano de 21,66 bilhões de

dólares.

De acordo com um documento publicado pela ABIHPEC (Associação Brasileira da

Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), a indústria brasileira de Higiene

Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) apresentou ao longo dos últimos 19 anos um

crescimento anual médio em torno de 10%, passando de R$ 4,9 Bilhões em 1996 para R$ 43,2

bilhões em 2014 (Figura 2-1). Podemos observar que este setor apresentou um crescimento

mais vigoroso nos últimos anos do que o restante da indústria comparando o crescimento

médio anual do setor de quase 10% contra 2,8% ao ano do PIB (Produto Interno Bruto) total e

1,9% ao ano da indústria em geral.

Os principais fatores para o crescimento acentuado foram o aumento da renda das

classes D e E brasileiras (possibilitando assim o acesso aos produtos), o aumento da

participação da mulher no mercado de trabalho, o aumento da expectativa de vida da

população, a adequação de novos produtos às necessidades do consumidor, aumentos menores

dos preços dos produtos do setor se comparados aos outros setores da indústria (o aumento do

preço dos produtos de Higiene e Beleza nos últimos cinco anos foi menor do que a inflação) e

aumento da produtividade nas indústrias devido à incorporação de tecnologia.

Figura 2-1: Receita da indústria cosmética nos últimos 19 anos

Fonte: ABIHPEC, 2015

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No Brasil há 2540 empresas instaladas atuando no setor. Destas, apenas 0,8% são de

grande porte, porém representam 73,0% do faturamento líquido total de impostos. Em 2015

destacou-se o estado de São Paulo com o maior número de empresas instaladas (1058),

aproximadamente 41,6% delas, e o Rio de Janeiro em segundo lugar com 234 empresas, o que

corresponde a 9,2% (ABIHPEC, 2015).

Ainda segundo este panorama do setor publicado pela ABIHPEC, dados da

Euromonitor de 2014, mostram que o Brasil ocupa a terceira posição no mercado mundial de

HPPC atrás apenas dos Estados Unidos e China, representando 9,4% do consumo mundial.

Em 2014 o setor criou mais de 5600 empregos representando um crescimento médio anual

nos últimos vinte anos de 8,4%, muito acima do percentual de crescimento de empregos de

todos os setores no país.

Os produtos cosméticos capilares compõem grande parte da indústria cosmética

voltada para a beleza. Alguns tipos de cosméticos capilares são: xampus, condicionadores,

tinturas e emulsões.

2.1.1 Tipos de cosméticos capilares

2.1.1.1 Xampus

Xampu é uma solução ou suspensão que tem como objetivo higienizar os fios capilares

e o couro cabeludo, além de conferir aos mesmos, propriedades físicas importantes. É

importante ressaltar que a limpeza precisa ser seletiva, ou seja, retirar apenas o necessário:

parte do sebo, microrganismos, resíduos ambientais, entre outros (WILKINSON, 1990).

Nesta solução são empregados tensoativos aniônicos, sobreengordurantes, doadores de

viscosidade, estabilizantes de espuma, conservadores, corretivos do pH, perfumes, corantes e

agentes perolizantes (LEONARDI, 2004; SIMMONS, 2000).

2.1.1.2 Condicionadores

Os condicionadores são definidos como uma emulsão que contém tensoativos

catiônicos que agem de forma a neutralizar as cargas negativas deixadas pelo xampu na

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superfície do fio, tornando-os mais lisos e com menos volume. Os condicionadores

normalmente possuem em sua composição espessante, essência, água e agente sobre-

engordurante, além dos tensoativos catiônicos, conferindo pH ácido ao mesmo (LEONARDI,

2004).

2.1.1.3 Tinturas

Os primeiros registros de uso de tinturas capilares foram encontrados em múmias

egípcias, que há quatro mil anos atrás coloriam seus cabelos com henna. Ao longo dos séculos

as técnicas usadas para colorir o cabelo foram aprimoradas e muita literatura e pesquisa foram

produzidas, até chegarmos aos produtos e técnicas diversificados disponíveis atualmente.

As tinturas capilares são classificadas de acordo com a sua composição e o tempo que

permanecem no cabelo em permanente, semipermanentes, temporárias e naturais

(KIRKLAND et al., 2005).

2.1.1.4 Emulsões

As emulsões, comumente conhecidas como cremes ou loções, são definidas como

sistemas heterogêneos compostos de fase dispersa, meio dispersante e tensoativo. O

tensoativo tem o objetivo de dispersar duas fases imiscíveis. Geralmente a fase dispersa é um

óleo e o meio dispersante é aquoso. As loções possuem baixa e os cremes alta viscosidade

(LEONARDI, 2004).

2.2 Metais e seus malefícios

De acordo com Moreira et al. (2004b), os metais tóxicos são agentes que podem

comprometer direta ou indiretamente as atividades bioquímicas e, consequentemente

biológicas nos organismos, ou seja, podem causar grandes malefícios à saúde humana. Já os

metais pesados, são definidos como o grupo de elementos que se apresentam em baixas

concentrações e com densidade igual ou acima de 5 g cm-3. Além disso, também podem ser

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chamados de “elementos traço” ou “microelementos” (ADRIANO, 1986; POVINELLI, 1987;

EGREJA FILHO, 1993). Comumente refere-se aos elementos metálicos que causam

malefícios à saúde humana como metais pesados, porém existem metais com alta densidade

que não apresentam toxicidade à saúde humana. Por isso, neste trabalho, referir-se-á aos

metais como chumbo, mercúrio, cádmio, zinco e cromo como “metais tóxicos”.

Os cosméticos frequentemente contêm metais em sua formulação, sendo tais

componentes carreados a partir de impurezas de matérias primas contendo metais como

chumbo, mercúrio, cádmio, cromo, antimônio, arsênio e níquel. Tais metais e seus compostos

podem ser absorvidos pela pele caso estejam dissolvidos na matriz de um cosmético pastoso

ou líquido, principalmente (GOLDHABER, 2003). Muitos estudos de diferentes autores têm

mostrado que o uso de cosméticos é o principal caminho de entrada dos metais tóxicos e

cumulativos no corpo humano (KALICANIN et al., 2016).

Produtos cosméticos podem conter mais de 10000 ingredientes cujas características

podem estar ligadas a doenças, pois mudam diversos processos bioquímicos alterando a

estrutura de algumas células, competindo contra metais essenciais e inibindo enzimas vitais

(GOLDHABER, 2003; ULLAH et al., 2013). Devido a isso a Food and Drug Administration

– FDA proibiu alguns ingredientes de estarem presentes em cosméticos, tais como:

formaldeído, glicol éteres, chumbo, mercúrio, parabenos e fenilenodiamina (ULLAH et al.,

2013).

O chumbo é considerado um metal pesado tóxico cumulativo e não essencial para o

organismo humano que, se absorvido pelo organismo, afeta praticamente todos os órgãos do

corpo. Por isso é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos elementos

químicos mais nocivos à saúde, uma vez que a intoxicação por chumbo ou compostos de

chumbo, dependendo da magnitude, pode causar até mesmo a morte (MOREIRA, 2004a).

Este metal pode ser introduzido no organismo humano através de inalação, ingestão ou

absorção cutânea (NORDBERG et al., 2007). É comum haver no organismo humano entre

100 e 400 mg de chumbo de acordo com a idade. No sangue, o nível normal de chumbo

precisa ser inferior a 400 ng mL-1 (CAMPOS et al., 2009). Apesar da gravidade na toxicidade

deste metal, é estimado que sejam absorvidos pelo organismo humano 300 a 460 µg de

chumbo diariamente (LARINI et al., 1997). Entre os principais malefícios do chumbo no

organismo estão a inibição da ação do cálcio por competição e a interação com as proteínas,

alterando o funcionamento das membranas celulares e enzimas e formando complexos

estáveis com ligantes doadores de elétrons. Como consequências da intoxicação por chumbo

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estão anemia, encefalopatia, cefaleia, convulsões, hepatotoxicidade e neoplasias, além de estar

associada à redução de fertilidade e abortos espontâneos (SHRIVAS et al., 2010).

2.2.1 Chumbo em tinturas

Geralmente presente nas tinturas capilares classificadas como progressivas, o acetato

de chumbo é facilmente sorvido pelo fio de cabelo, pois reage com o enxofre disperso e com

o enxofre presente nas proteínas capilares formando o sulfeto de chumbo que confere a cor

preta ao fio. Portanto, gradualmente, a cor natural do cabelo é substituída pela cor mais

escura. Um exemplo de cosmético que o contém é o Grecin® (Figura 2-2) (LOPES et al.,

2013).

Figura 2-2: Embalagem do Grecin 2000® - Loção Cremosa Progressiva

Fonte: PANVEL, 2016

A ANVISA, órgão responsável pelo controle sanitário de produtos e serviços no

Brasil, autorizou e regulamentou em 27 de março de 2013 o uso de acetato de chumbo na

composição de cosméticos, especialmente de tinturas de cabelo limitando para 0,6% a

concentração máxima expressa no produto final por meio da RDC nº15/2013. O acetato de

chumbo estava proibido desde 2006 pela agência. Além disso, a resolução estabelece que

deva constar no rótulo do produto cuja composição contiver acetato de chumbo informações

sobre condições de uso e advertências, como manter fora do alcance de crianças, evitar

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contato com os olhos, não utilizar durante a gravidez, lavar bem as mãos após o uso e não

usar para tingir os cílios, sobrancelhas e bigodes.

2.2.2 Técnicas para determinação de chumbo

Devido à alta toxidade deste metal, são necessárias técnicas de determinação eficazes

para doseamento de tal analito nas mais diversas matrizes. Dentre as técnicas utilizadas para

determinar chumbo em cosméticos estão as espectrometrias de absorção atômica (Atomic

Absorption Spectrometry – AAS), em chama (Flame Atomic Absorption Spectrometry – F

AAS), e em forno de grafite (Graphite Furnace Atomic Absorption Spectrometry – GF AAS),

voltametria de pulso diferencial de redissolução anódica (Diferential Pulse Anodic Stripping

Voltammetry - DPASV), espectrometria de massas com plasma acoplado indutivamente

(Inductively Coupled Plasma – Mass Spectrometry – ICP-MS), espectrometria óptica com

plasma acoplado indutivamente (Inductively Coupled Plasma – Optical Emission

Spectrometry – ICP-OES).

Técnicas potenciométricas e voltamétricas têm se mostrado alternativas bastante

viáveis para determinar concentração de metais-traço em variadas matrizes, tais como ligas,

alimentos, matérias biológicas e ambientais (LAPERA et al., 2003).

2.2.2.1 Espectrometria de Absorção Atômica

A espectrometria de absorção atômica consiste em uma técnica espectroanalítica que

tem como objetivo determinar quantitativamente os elementos de determinada amostra por

meio da absorção da radiação incidida em átomos livres no estado gasoso (WELZ et al.,

1999). Como princípios para realizar a técnica, têm-se: a geração de uma “nuvem” no estado

fundamental, a incidência de radiação de comprimento de onda adequado nesta “nuvem”

gerada, e a medida diferenciada do sinal de absorção dos átomos do sinal de absorção de

fundo (SCHIAVO, 2013).

A diferença entre a espectrometria de absorção atômica em chama (F AAS) e a em

forno de grafite (GF AAS) está na forma em que será realizada a atomização (SCHIAVO,

2013). A F AAS é uma das técnicas mais utilizadas. O primeiro espectrômetro de absorção

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atômica comercial chegou ao mercado em 1959 e a partir de então esta técnica tem sido muito

difundida para fins de determinação de metais (SKOOG et al., 2006). Já a GF AAS tornou-se

conhecida dois anos depois (1961) surgindo no mercado apenas na década de 70.

Comparando-se o método de atomização em chama com o em forno de grafite tem-se que este

último apresenta maior sensibilidade devido ao menor intervalo de tempo em que a amostra é

atomizada, ao maior tempo médio de residência do átomo no caminho óptico e à menor

diluição da amostra. De forma que os limites de detecção na GF AAS normalmente são

melhores do que na F AAS (WELZ et al., 1999).

Serão apresentadas a seguir algumas metodologias de determinação de chumbo e

outros metais tóxicos em amostras.

Odukudu F. B. et al. (2014) determinaram cádmio, cromo, cobre, zinco, ferro, chumbo

e níquel em 82 diferentes amostras de 6 classes de produtos de consumo do mercado local

nigeriano, entre eles cosméticos, inseticidas e desinfetantes. O limite de detecção encontrado

para o chumbo foi de 4 µg L-1 por meio da técnica F AAS. Foram encontrados níveis

inferiores ao permitido pela Health Canada (2009) em todas as amostras.

Islam F. et al (2015) realizaram a determinação de metais pesados e elementos traço

em xampus vendidos no mercado local de Bangladesh por meio da técnica de AAS. Os metais

tóxicos avaliados foram cádmio, chumbo e mercúrio, enquanto os elementos traço foram

alumínio, magnésio, ferro, cobre, manganês, arsênio, cobalto, zinco, cromo e níquel. Eles

concluíram que a concentração de mercúrio de xampus sintéticos (41 amostras) e a base de

plantas (8 amostras) estava acima do limite permitido pela OMS (Organização Mundial da

Saúde) e o teor de alumínio em xampus sintéticos foi quase o triplo do existente em xampus a

base de plantas.

Batista E. F. et al (2015) determinaram Pb, Cd, Co, Cr, Cu e Ni em amostras de

sombras de olho produzidas em diferentes países através de espectrometria de absorção

atômica em forno de grafite (GF AAS) e espectrometria óptica com plasma acoplado

indutivamente (ICP OES). O chumbo foi determinado através da absorção atômica e os

demais metais através da espectrometria ótica. Foram analisadas 14 amostras de sombra de

olho para crianças e em cinco delas havia concentrações de metal acima da legislação sendo 2

de chumbo. Já entre as 21 amostras de sombra de olho para adultos, 9 apresentaram

concentrações de cromo acima do permitido e 6 de níquel. Os limites de detecção e

quantificação para o chumbo foram 226 e 678 µg L-1 respectivamente e a região linear foi 5-

120 µg L-1.

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Unsal Y. E. et al. (2015) determinaram Pb, Cu e Fe em cosméticos, água, solo e

alimentos usando pré-concentração de poliidroxibutirato-B-polidimetilsiloxano e AAS.

Chegando a um limite de detecção para o Pb2+ de 2,5 µgL-1.

Barros A. I. et al. (2015) estudaram a quantificação de chumbo em sombras de olho e

blush através da espectrometria de absorção atômica em forno de grafite de alta resolução

com fonte contínua (HR-CS GF AAS) aplicando diretamente a amostra sólida ao método e

comparando com a espectrometria de absorção atômica em forno de grafite com fonte de

linhas (LS GF AAS). Observou-se resultados próximos entre as duas técnicas com limite de

quantificação de 226 µg L-1, limite de detecção de 67,8 µg L-1 e região linear de 250-2500 µg.

Yildiz E. et al.(2016) estudaram um novo reagente quelante (QAN) e aplicação para

coprecipitação de alguns metais em amostras de alimentos por FAAS. O objetivo era separar e

pré-concentrar traços de cobalto, cobre, ferro, chumbo e manganês em diferentes amostras

antes da sua determinação por FAAS. O limite de detecção encontrado para esta técnica foi de

0,03 µg L-1.

2.2.2.2 Técnicas Voltamétricas

As técnicas voltamétricas nasceram com análises realizadas com célula eletroquímica

contendo apenas dois eletrodos, sendo o eletrodo de trabalho um eletrodo de mercúrio

gotejante, e o eletrodo de referência um eletrodo de calomelano saturado, esta técnica

chamou-se polarografia e a sua descoberta e desenvolvimento concedeu o prêmio Nobel em

1959 ao seu criador (HEYROVSKÝ, 2012).

A polarografia surgiu em 1922, estudada por J. Heyrovský como "eletrólise com

catodo de mercúrio gotejante". As curvas corrente-potencial medidas com este eletrodo foram

bastante reprodutíveis e melhores do que com quaisquer outros eletrodos. Mais tarde, após

diversos testes descobriu-se que o eletrodo de mercúrio gotejante podia ser usado tanto como

catodo como anodo e assim a polarografia passou a ser definida como "eletrólise com eletrodo

de mercúrio gotejante" (HEYROVSKÝ, 2012).

Durante os anos de 1938 e 1945, período entre o qual ocorreu a segunda guerra

mundial, o número de publicações utilizando a polarografia no mundo aumentou cerca de

170%, o que se deve principalmente à utilização desta análise na indústria de guerra. Uma

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empresa checa realizou a primeira versão comercial do polarógrafo de Heyrovský em 1929

(BORMAN, 2005).

O sucesso rápido da polarografia pode ser atribuído à simplicidade na realização da

técnica e às propriedades únicas do eletrodo de mercúrio. Dentre as vantagens deste eletrodo

estão a superfície renovável, lisa e uniforme, a alta reprodutibilidade e a alta purificabilidade

do mercúrio. Porém, o mercúrio apresenta limitações para ser usado como anodo, uma vez

que em potenciais acima de +0,4 V ocorre a sua oxidação que produz sinais que inviabilizam

a visualização dos sinais de interesse, além de requerer bastantes cuidados na sua

manipulação, uma vez que apresenta alta toxicidade e preço. O limite de detecção da

polarografia clássica é cerca de 2070 µg L-1 para o chumbo (10-5 mol L-1), considerado alto se

comparado às demais técnicas voltamétricas (MMA, 2013; SKOOG et al., 2006).

Devido aos ótimos resultados obtidos na pesquisa eletroquímica com a polarografia,

muitos cientistas se dedicaram a estudar modificações do método original desenvolvendo

assim a polarografia de corrente alternada, a tensametria, a polarografia de onda quadrada e a

polarografia de pulso, por exemplo.

Portanto, a voltametria pode ser definida como uma técnica eletroanalítica que permite

quantificar qualitativa e quantitativamente determinado composto de interesse por meio da

medição de corrente de acordo com o potencial aplicado, ou seja, são geradas curvas corrente-

potencial, os voltamogramas, que possibilitam o estudo do composto de interesse (SKOOG et

al., 2006).

As técnicas voltamétricas perderam espaço para as técnicas espectrométricas na

década de 50 devido à fácil automação, fácil operação e avanços eletrônicos que foram

aplicados à eletroanálise posteriormente (WELZ et al., 2003). Porém, hoje, estas técnicas se

complementam, principalmente, em função da complexidade e variedade das amostras.

A seguir serão apresentados alguns trabalhos realizados recentemente aplicando

técnicas voltamétricas em geral.

Shahbazi et al.(2016) estudaram a determinação de chumbo, cádmio, zinco, cobre e

selênio em amostras de leite e produtos lácteos coletados no Irã. Foram usadas duas técnicas

voltamétricas: voltametria de pulso diferencial de redissolução anódica (DPASV) e catódica

(DPCSV). Para a determinação do zinco, do cádmio e do chumbo utilizou-se DPASV e para

os demais metais DPCSV. Constatou-se que na maioria dos casos a concentração de metal foi

inferior aos limites permitidos internacionalmente. Os limites de detecção e quantificação de

chumbo foram respectivamente 0,25 e 0,5 µg L-1 e a região linear foi de 0,5-200 µg L-1.

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Zhou et al. (2016) determinaram simultaneamente traços de cádmio e chumbo por

meio de eletrodos de carbono vítreo modificados com I-cysteine/grafeno-CS/GCE. As

técnicas utilizadas para caracterizar o eletrodo modificado foram a voltametria cíclica (CV) e

a impedância eletroquímica de corrente alternada. Já na determinação dos metais em questão

foi utilizada a técnica de voltametria pulso diferencial de redissolução anódica (DPASV). O

limite de detecção nesta técnica para o chumbo foi de 0,12 µg L-1 apresentando uma região

linear no intervalo 1,04-62,1 µg L-1. O sensor foi aplicado na detecção de metais de amostras

reais – Mel Laosham e Arroz Wuxi – e os resultados foram comparados com os resultados

obtidos através da técnica ICP-AES de forma que a diferença na quantificação dos dois

métodos foi em torno de 5% considerando o sensor desenvolvido aplicável para este método.

Maria-Hormigos et al. (2016) estudaram a determinação de cádmio e chumbo por

meio de eletrodos compósitos SPCEs (screen-printed carbon electrode) com bismuto

incorporado e modificado com poliestireno sulfonado (PPS) e carbono nanopowder (CnP)

compósitos. A técnica utilizada foi a DPASV, porém foram testados dois métodos de

incorporação do bismuto: “método da gota” (colocando a solução teste na superfície do

SPCE) e o procedimento de imersão (imergindo a célula numa solução teste agitada). Os

limites de detecção e quantificação para o chumbo no primeiro método foi de 0,27 e 0,91 µg

L-1 respectivamente, já para o método de imersão foi de 0,029 e 0,098 µg L-1.

2.2.2.3 Espectrometria com plasma acoplado indutivamente

A espectrometria com plasma acoplado indutivamente (ICP) é uma técnica de análise

química instrumental que usa um plasma de argônio com o objetivo de excitar a amostra

atomizando-a a alta temperatura (7000 a 15000 K) e alta densidade eletrônica (1 a 3 x 1015

eletrons cm-3) concedendo energia suficiente para gerar os átomos e íons necessários.

Quando a amostra é ionizada no plasma os íons emitem luzes de diferentes extensões

que são medidas e permitem quantificar os elementos presentes na amostra de acordo com a

absorção da radiação pelos mesmos (AIR PRODUCTS, 2016; LIMA, 2014).

Chen et al. (2015), determinaram chumbo em amostras de batom por injeção de fluxo

de vapor químico diluído isotopicamente por espectrometria de massa com plasma

indutivamente acoplado (ICP-MS). A maior vantagem desta técnica é que não é necessária

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digestão da amostra. O limite de detecção encontrado para as amostras de batom analisadas

foi de 1,243 µg L-1.

Zainy (2015) determinou metais tóxicos em 16 cremes clareadores e 3 misturas de

cremes clareadores do mercado local de Jeddah. As amostras foram digeridas com técnicas de

micro-ondas de alta pressão seguidas de injeção no ICP-OES. Foram encontradas

concentrações de mercúrio e bismuto acima do limite permitido. Os limites de detecção

encontrados variaram de 282 a 5650 µg L-1.

Na Tabela 2-1 estão resumidas as técnicas, amostras, seus limites de detecção,

quantificação e região linear relacionados a cada referência citada.

Tabela 2-1 – Resumo dos trabalhos citados de detecção de metais com diferentes técnicas e

amostras

Amostra Técnicas

Limite de

Detecção

(µg L-1)

Limite de

Quantificação

(µg L-1)

Região

Linear

(µg L-1)

Referências

Cosméticos,

inseticidas e

desinfetantes

F AAS 4 - - ODUKUDU

et al., 2014

Xampus de

Bangladesh

AAS - - - ISLAM et

al., 2015

Sombras de

olho

GF AAS 226 678 5-120 BATISTA et

al., 2015

Água, solo e

alimentos

AAS 2,5 - - UNSAL et

al., 2015

Sombras de

olho e blush

HR-CS GF

AAS

LS GF AAS

67,8 226 250-2500 BARROS et

al., 2015

Alimentos F AAS 0,03 - - YILDIZ et

al., 2015

Leite e

produtos

lácteos do Irã

DPASV 0,25 0,5 0,5-200 SHAHBAZI

et al., 2016

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Tabela 2-1 – Resumo dos trabalhos citados de detecção de metais com diferentes técnicas e

amostras (continuação)

Mel e arroz DPASV 0,12 - 1,04–62,1 ZHOUet al.,

2016

- DPASV “Método

da gota”

0,27 0,91 - MARIA-

HORMINGOS

et al., 2016

- DPASV

“Procedimento de

imersão”

0,029 0,098 - MARIA-

HORMINGOS

et al., 2016

Batom ICP-MS 1,243 - - CHEN et al.,

2015

Cremes

clareadores

ICP-OES 282 - - ZAINY, 2015

2.3 Eletrodos Compósitos

Os primeiros eletrodos de carbono foram estudados e aplicados em 1838 por Sir

Humphrey Davy. Em 1958, Adams propõe uma releitura de tal descoberta em uma época na

qual a polarografia se difundia e os eletrodos de mercúrio eram largamente utilizados como

eletrodos de trabalho a fim de determinar diversos analitos redutíveis como íons metálicos

(ADAMS, 1958).

Adams observou, no entanto, que os eletrodos de pasta de carbono apresentavam

diversas vantagens se comparados ao eletrodo comumente usados na época, o eletrodo de

mercúrio gotejante. São elas: alta reprodutibilidade, fácil preparo e manipulação, maior

aplicabilidade devido a maior região de potencial (inclusive em potenciais acima de +0,4 V),

menor custo e ausência de toxidade.

Inicialmente os eletrodos de pasta de carbono foram preparados agitando o carbono e

um líquido orgânico até alcançar a uniformidade na mistura. Foram utilizados um grama de

carbono e 7 mL de bromofórmio formando uma pasta espessa. O eletrodo foi fabricado com

0,5 cm de altura e 3 mm de diâmetro e um fio de platina foi colocado através da haste até

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entrar em contato com o compósito. Com este procedimento foram encontrados resultados

reprodutíveis (ADAMS, 1958).

Os compósitos são materiais híbridos compostos de uma fase condutora e uma fase

isolante misturados em proporções adequadas (ADAMS, 1958). A fase condutora

normalmente é composta de pó de grafite, pois o mesmo apresenta baixo custo e é encontrado

facilmente na natureza. O grafite é um dos alótropos do carbono que apresenta arranjo lamelar

de átomos de carbono (chamadas de folhas de grafeno) em organização hexagonal atraídas

por ligações fracas (Figura 2-3) conferindo ao mesmo, propriedades como capacidade de

lubrificação, condução de calor e eletricidade. (CHUNG, 2002; ZARBIN et al., 2013).

Figura 2-3: Estrutura cristalina do grafite

Fonte: adaptado de PIERSON, 1993

As características mecânicas deste material são determinadas pela fase isolante quando

a fase condutora é o pó de grafite. A fase isolante precisa ser quimicamente inerte com relação

ao grafite, imiscível em soluções aquosas, ter alta viscosidade, ter baixa volatilidade e alta

pureza. (CERVINI et al., 2002; FRANZOI et al., 2011; GRANGER, 2015). Os materiais

isolantes usados podem ser solventes orgânicos (ADAMS, 1958), óleo mineral (KALCHER,

1990), parafina (MATSON, 1974), poli(4-vinil-piridina) (GENO et al., 1985), resina epóxi

(ALEGRET et al., 1993) e resina de poliuretana (TOLEDO et al., 2005). A fase isolante que

será usada neste trabalho será a resina epóxi.

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Esses eletrodos podem ter diversas aplicações como a determinação de metais (LY et

al., 2007), análises bioquímicas e farmacêuticas como a determinação simultânea de

dopamina e ácido ascórbico (ILINOIU et al., 2013), melanina (ZHU et al., 2011), atenolol

(CALIXTO et al., 2011) e ureia (ALEGRET, 1993).

Os eletrodos compósitos têm sido muito utilizados devido a sua alta aplicabilidade,

baixo custo, versatilidade, facilidade de preparo e regeneração da superfície. Esses eletrodos

podem ser utilizados em eletroanálise, eletrocatálise, fotoeletroquímica, biosensores, entre

outras técnicas.

O mesmo possui vantagens consideráveis uma vez que podem ser preparados de forma

padronizada na quantidade necessária, com baixo gasto de recursos e de tempo. E, além disso,

é possível, através do polimento remover o filme depositado e alterar a área eletroativa do

mesmo. Sensores eletroquímicos são bastante aplicáveis ao rastreamento de metais em

soluções aquosas devido a sua sensibilidade, compactação, baixo custo e facilidade de

aplicação.

2.3.1 Eletrodos de grafite-epóxi

Os eletrodos de carbono-epóxi podem ser caracterizados usando métodos

eletroquímicos como microscopia eletrônica de varredura e microscopia eletroquímica de

varredura. Ramírez-García et al. realizaram em 2002 a caracterização desses eletrodos e

concluíram que os mesmos são bastante rígidos e apresentam alta condutividade elétrica e

estabilidade em solventes orgânicos por longo período de tempo. Além disso, apresentam

baixa resistência (até 200 Ω) se comparados a eletrodos de silicone (em torno de 1500 Ω), por

exemplo, dado principalmente pela alta porosidade do material compósito. Mostraram

também que a constante ko para este eletrodo compósito é maior se comparada a um eletrodo

de fibra de carbono sugerindo que o eletrodo compósito apresenta uma superfície mais pura.

Azevedo et al. (2014) estudaram estes eletrodos e concluíram que o material cujos

eletrodos são fabricados possui estabilidade térmica até 150oC, além disso, não foi observada

interação relevante entre o grafite e a resina epóxi. Os eletrodos compósitos também

apresentaram dependência linear entre as correntes catódica e anódica quando submetidas à

voltametria cíclica com diferentes velocidades de varredura e os melhores resultados com

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relação à estabilidade e às propriedades mecânicas e elétricas foram encontrados para a

proporção entre grafite e epóxi de 65% (m/m).

2.3.2 Modificações in situ pelo uso de filmes de bismuto

A aplicação de filmes de bismuto na superfície de eletrodos de carbono resulta em um

melhor desempenho na detecção de metais, como zinco, cádmio e chumbo. Se comparados

com eletrodos de mercúrio, Wang J. et al. (2000) concluíram que os eletrodos de carbono

modificados com filmes de bismuto são alternativas que apresentam comportamento muito

próximo ao do mercúrio com características sustentáveis.

Os filmes de bismuto formados in situ são preparados simultaneamente à detecção dos

metais e consistem em adicionar determinada quantidade de Bi3+ à solução na qual será

realizada a determinação.

Os eletrodos com filme de bismuto oferecem uma alta resolução e definição de pico.

Os filmes de bismuto apresentam este comportamento, pois formam ligas multicomponentes

de baixa temperatura de fusão com os metais a serem detectados como o chumbo, o cádmio, o

tálio, antimônio, índio e gálio. Tal formação de ligas de baixa temperatura facilita o processo

de nucleação durante a deposição de metais pesados (WANG, 2005).

A seguir serão apresentados alguns trabalhos que estudaram filmes de bismuto.

Wang J. et al. (2000) utilizaram solução tampão acetato pH 4,5 contendo 50 µg L-1 de

chumbo, cádmio e zinco juntamente com 400 µg L-1 de bismuto. Foi aplicado um potencial de

deposição de -1,4 V durante 120 segundos e um pós-tratamento para limpeza de +0.3 V

durante 30 segundos. A técnica voltamétrica foi a Voltametria de Onda Quadrada (SWV) com

frequência de 20 Hz, degrau de 5 mV e amplitude de 25 mV.

Wu Y. et al. (2008) determinaram simultaneamente chumbo, cádmio e zinco usando

voltametria de pulso diferencial de redissolução anódica em um filme de bismuto e

poli(ácidop-aminobenzeno). Os limites de detecção de Pb, Cd e Zn foram de 0,80, 0,63 e 0,62

µg L-1, respectivamente. As condições foram: solução tampão acetato pH 5,3, concentração de

chumbo, cádmio e zinco de 50 µg L-1, concentração de bismuto de 0,15 µg L-1, potencial de

deposição −1.40 V durante 240 s, velocidade de 50 mV s-1 amplitude igual a 100 mV.

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CAPÍTULO 3 METODOLOGIA

3.1 Reagentes e Materiais

Acetato de sódio (Sigma Aldrich®)

Ácido acético glacial (99,8% v/v - Sigma Aldrich®)

Ácido nítrico (Sigma Aldrich®)

Cloreto de potássio (Vetec® Química)

Epóxi (SILAEX® SQ 3024)

Fio de cobre 1mm

Grafite em pó (tamanho de partícula entre 2-20 µm – Sigma Aldrich®)

Nitrato de bismuto (Vetec® Química)

Padrão de cádmio 997 ppm (Spectrum Chemical®)

Padrão de chumbo 995 ppm (Fluka Chemical®)

Padrão de zinco 1000 ppm (Spectrum Chemical®)

Peróxido de hidrogênio (Vetec® Química)

Seringa 1 mL (BD Ultra-fine®)

Todas as soluções foram preparadas em água destilada. Com objetivo de se certificar

de que os componentes presentes na água destilada não influenciariam nas medidas por meio

do método utilizada, realizou-se teste branco antes de todas as medidas.

3.2 Preparo de Soluções

3.2.1 Solução Tampão

Foram preparados 500,0 mL de solução tampão acetato pH 6,0 pela adição e

solubilização direta de 3,8874 g acetato de sódio e 0,149 mL ácido acético, sendo o volume

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ajustado com água destilada. O pH da solução foi medido com o auxílio de um pHmetro

(marca Radiometer Copenhagen modelo PHM 250 Ion Analyzer).

3.2.2 Peróxido de hidrogênio

Uma solução de peróxido de hidrogênio 10% (v/v) foi utilizada para a digestão da

amostra de Grecin®. A solução foi preparada adicionando-se 1,000 mL de peróxido de

hidrogênio 50% (v/v) PA em um balão volumétrico de 10,0 mL e completando o mesmo.

3.2.3 Padrão de zinco, cádmio e chumbo

Diferentes soluções foram preparadas visando calibração, estoques de 25,0 mL de

padrão contendo 3,77 x 10-4 mol L-1 de zinco, 1,26 x 10-4 mol L-1 de cádmio e 5 x 10-5 mol L-1

de chumbo foram empregados. Para tanto foram adicionados 615 µL de zinco 1000 ppm, 353

µL de cádmio 997 ppm e 260 µL de chumbo 995 ppm a um balão volumétrico e o mesmo foi

completado com água destilada.

3.2.4 Padrão de chumbo

Foram preparados 25,0 mL de padrão de chumbo 5 x 10-5 mol L-1. Para tanto foram

adicionados 260 µL de chumbo 995 ppm a um balão volumétrico e o mesmo foi completado

com água destilada.

3.3 Instrumentação

Foi utilizado um potenciostato e galvanostato Autolab PGSTAT204 Metrohm® por

meio do qual foi realizado o procedimento de voltametria de onda quadrada, técnica usada

para detectar o chumbo na amostra.

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3.4 Eletrodo compósito de carbono-epóxi

Os eletrodos de trabalho utilizados foram preparados em proporção 65% (m/m) de

grafite e 35% (m/m) de resina epóxi. A resina epóxi utilizada é da marca SILAEX SQ 3024,

composta por uma resina base (produto líquido, resultante da reação da epicloridrina com o

Bisfenol A modificada) e um endurecedor (poliamina). Misturou-se 1500 mg de resina epóxi

a cinco gotas do endurecedor, o que resultou em aproximadamente 1,7609 g, que

correspondem a 35% em massa da composição do compósito.

Calculou-se a massa de grafite correspondente a 65% em massa da composição do

compósito, nesse caso, 3,2702 g. Adicionou-se lentamente o grafite à mistura entre resina e

endurecedor contida em um bécher misturando continuamente com um bastão de vidro

garantindo a máxima homogeneidade. Uma seringa de insulina foi utilizada como molde

(Figura 3-1).

A mistura homogênea entre o compósito e a resina foi introduzida na seringa e logo

após o êmbolo da mesma com um fio acoplado foi introduzido no corpo da seringa até que o

fio de cobre estivesse em contato. O sistema foi, então, submetido à pressão para a cura por

no mínimo 24 horas.

Após este período o sistema foi isolado com a resina e a parte inferior da seringa foi

polida de maneira mais perpendicular possível, primeiramente com uma lixa de granulometria

alta com o objetivo de expor o compósito. A partir daí a superfície do compósito foi polida

com lixas progressivamente mais finas com o auxílio de uma politriz até a obtenção de uma

superfície lisa e espelhada.

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Figura 3-1: Descrição técnica da seringa utilizada

Fonte: Adaptado de AZEVEDO, 2014; MELLO, 2014

3.5 Preparo do filme de bismuto

A deposição de bismuto foi realizada adicionando 1,0 mg de nitrato de Bi3+

diretamente à solução de forma que o filme de bismuto é formado na superfície do eletrodo

compósito simultaneamente à detecção dos metais. As condições voltamétricas de deposição

foram: potencial de -1,4 V durante 120 s, que configura o pré-tratamento realizado a cada

varredura.

3.6 Preparo da amostra de Grecin®

Para preparo e digestão de amostras de Grecin® foram inicialmente pesados em

triplicata aproximadamente 0,100 g de Grecin® que foram adicionados a tubos Falcon de 15

mL. Em cada tubo foi adicionado 10 mL de ácido nítrico 70% e colocado em aquecimento em

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banho-maria em uma faixa de temperatura de 60 a 70 oC. Após aproximadamente cada duas

horas de aquecimento foi adicionado 1,000 mL de água oxigenada 10% em cada tubo

sucessivamente durante quatro vezes, totalizando um tempo total de digestão em torno de 8

horas. Além disso, foi realizada em triplicata a abertura da amostra fortificada e ensaios de

branco.

Feito isso, a amostra já digerida foi diluída 1:250 para que fossem realizadas as

determinações. O procedimento de diluição consistiu em avolumar a amostra digerida para 10

mL e retirar uma alíquota de 1 mL da amostra avolumada diluindo-a até 25,0 mL.

3.7 Determinação voltamétrica de chumbo por adição padrão

A determinação de chumbo na amostra de Grecin® foi realizada por meio da técnica

voltametria de onda quadrada utilizando o aparelho Autolab PGSTAT204. A técnica consistiu

em adicionar em um bécher 25 mL de solução tampão acetato/ácido acético pH 6, 0,1 mg de

nitrato de bismuto III e 1mL da amostra diluída 250 vezes.

Foi aplicado um potencial de -1,4 V durante 120 segundos como pré-tratamento e

depois realizada efetivamente a voltametria de onda quadrada com frequência de 25 Hz,

amplitude de 50mV e degrau de 10mV numa janela potencial de -1,4 a 0,1V, logo após, com

o objetivo de limpar a superfície do eletrodo foi aplicado um potencial positivo de 0,3 V

durante 60 segundos. O mesmo procedimento foi repetido mais quatro vezes. Porém, agora,

ao invés de adicionar 1 mL de amostra foram adicionados 0,1 mL de padrão de chumbo 50

µmol L-1.

3.8 Determinação de chumbo por F AAS

Com o objetivo de comparar com a técnica voltamétrica, a mesma amostra foi

analisada por meio da espectrometria de absorção atômica em chama (F AAS) utilizando um

equipamento da marca Varian AA 240FS, taxa de aspiração 7,7 mL min-1, comprimento de

onda do chumbo de 217 nm, corrente de 10,0 mA e um gás composto por uma mistura de ar e

acetileno com vazão de 13,50 L min-1 e 2,00 L min-1, respectivamente.

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CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Otimização de condições voltamétricas

A otimização das condições voltamétricas para detecção de metais empregando

eletrodos compósitos modificados in situ por deposição de bismuto foi realizada utilizando

3,000 mL de uma solução padrão contendo Zn, Cd e Pb, cujo preparo e concentrações foram

detalhados no capítulo anterior. A otimização foi realizada num volume de 25,0 mL de

solução tampão acetato pH 6,0 contendo os analitos em diferentes concentrações, a saber:

4,04 x 10-5 mol L-1 de zinco, 1,35 x 10-5 mol L-1 de cádmio e 5,36 x 10-6 mol L-1 de chumbo.

Uma vez que a janela de potencial a ser variado foi definida em -1,5 V a +0,4 V

utilizando como critérios os potenciais de oxi-redução dos metais a serem estudados,

analisou-se combinações dos principais parâmetros da técnica utilizada: a voltametria de onda

quadrada (SWV – Square Wave Voltammetry). Os parâmetros analisados foram: frequência,

amplitude e degrau por meio da realização de varreduras com diferentes combinações destes

parâmetros, que estão explicitadas na Tabela 4-1 e os resultados estão explicitados no

respectivo gráfico (Figura 4-1).

Estes parâmetros foram analisados devido ao seu impacto no voltamograma. A

frequência é definida como o inverso do período e quantifica a duração do pulso, ou seja, em

uma curva potencial vs tempo, a frequência mede quanto tempo um pulso demora para

terminar, quanto maior a frequência mais rápido o pulso está sendo aplicado. Já a amplitude é

a altura do potencial aplicado e o degrau é o incremento de potencial aplicado em determinada

freqüência (SOUZA et al., 2003).

Tabela 4-1: Combinações analisadas na otimização de condições voltamétricas.

Frequência (Hz) Amplitude (mV) Degrau (mV) Figura

15 10 1 IAa

15 10 5 IAb

15 10 10 IAc

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Tabela 4-1: Combinações analisadas na otimização de condições voltamétricas (continuação).

15 25 1 IBa

15 25 5 IBb

15 25 10 IBc

15 50 1 ICa

15 50 5 ICb

15 50 10 ICc

20 10 1 IIAa

20 10 5 IIAb

20 10 10 IIAc

20 25 1 IIBa

20 25 5 IIBb

20 25 10 IIBc

20 50 1 IICa

20 50 5 IICb

20 50 10 IICc

25 10 1 IIIAa

25 10 5 IIIAb

25 10 10 IIIAc

25 25 1 IIIBa

25 25 5 IIIBb

25 25 10 IIIBc

25 50 1 IIICa

25 50 5 IIICb

25 50 10 IIICc

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Figura 4-1: Voltamogramas de otimização das condições voltamétricas da detecção de Zn, Cd e Pb em concentrações 4,04 x 10-5 mol L-1, 1,35 x

10-5 mol L-1 e 5,36 x 10-6 mol L-1, respectivamente . Voltametria de onda quadrada em pH 6 numa janela de -1,5 V a +0,4 V com (I) frequência

15 Hz (II) 20 Hz (III) 25 Hz, (A) Amplitude 10 mV (B) 25 mV (C) 50 mV e (a) degrau 1 mV (b) 5 mV (c) 10 mV.

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(IA) (IB) (IC)

(IIA) (IIB) (IIC)

(IIIA) (IIIB) (IIIC)

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A combinação que apresentou melhor qualidade dos picos, ou seja, altura dos mesmos

para cada metal, maior nitidez e sensibilidade sem perder simetria ou ocorrer a sobreposição

dos picos foi a combinação correspondente à Figura IIICc (frequência 25 Hz, amplitude 50

mV e degrau 10 mV). Desse modo, tais condições voltamétricas serão utilizadas para a

obtenção da curva padrão de adição e da análise da amostra de creme capilar.

4.2 Determinação voltamétrica de Pb

4.2.1 Curvas de calibração

Curvas de calibração para os analitos foram obtidas através da análise voltamétrica de

onda quadrada (SWV) do padrão de Zn, Cd e Pb preparado conforme descrito no capítulo

anterior. O método consiste em realizar sucessivas varreduras adicionando quantidades

constantes de padrão. As três etapas do método são: aplicar um pré-tratamento de -1,4 V

durante 120 segundos, aplicar SWV de -1,5 V a +0,1 V com frequência 25 Hz, amplitude 50

mV e degrau 10 mV e um pós-tratamento de +0,3 V durante 60 segundos para limpeza. As

concentrações de metais em solução a cada adição encontram-se na Tabela 4-2.

Figura 4-2: Curva de adição padrão, voltametria de onda quadrada (SWV) de -1,5 V a +0,1 V,

frequência 25 Hz, amplitude 50 mV, degrau 10 mV.

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Tabela 4-2: Concentração de cada metal em solução por adição

Figura 4-2

Volume de

padrão

adicionado (mL)

Concentração de

Zn em solução

(µmol L-1)

Concentração de

Cd em solução

(µmol L-1)

Concentração de

Pb em solução

(µmol L-1)

a 0,100 1,502 0,502 0,199

b 0,200 2,992 1,000 0,397

c 0,300 4,470 1,494 0,593

d 0,400 5,937 1,984 0,787

e 0,500 7,392 2,470 0,980

f 0,700 10,27 3,432 1,362

g 0,800 11,69 3,907 1,550

h 0,900 13,10 4,378 1,737

i 1,000 14,50 4,846 1,923

j 1,100 15,89 5,310 2,107

k 1,200 17,27 5,771 2,290

Dessa forma, se a concentração em solução for relacionada à corrente de pico, temos

retas com coeficientes de correlação satisfatoriamente próximos a 1, como mostra a Figura 4-

3 e a Tabela 4-3.

Figura 4-3: Relação de linearidade entre as correntes de pico e a concentração de cada metal.

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Tabela 4-3: Resultados da curva de calibração

Analito

Limite de

Detecção

(µmol L-1)

Limite de

Quantificação

(µmol L-1)

Região Linear

(µmol L-1) Curva

Zn2+ 0,36 1,09 2,99 – 14,5 Ip=-1,13 + 2,11C (R2 = 0,9932)

Cd2+ 0,05 0,15 0,50 – 2,47 Ip=-1,88 + 16,05C (R2 = 0,9826)

Pb2+ 0,07 0,21 0,98 – 1,92 Ip= 3,92 + 13,60C (R2 = 0,9872)

4.2.2 Determinação de chumbo em Grecin®

A determinação de chumbo em amostras reais de Grecin 2000® foi realizada em

triplicata. A curva de determinação foi obtida por meio de diferentes varreduras do eletrólito-

suporte (tampão acetato pH 6, branco), após adição de 1,000 mL da amostra tratada conforme

descrito no capítulo anterior e quatro adições sucessivas de 0,100 mL de padrão de chumbo

5,0 x 10-5 mol L-1 preparado conforme descrito no capítulo 3 deste trabalho.

As três etapas do método foram: aplicar um pré-tratamento de -1,4 V durante 120

segundos, aplicar SWV de -1,5 V a +0,1 V com frequência 25 Hz, amplitude 50 mV e degrau

10 mV e um pós-tratamento de +0,3 V durante 60 segundos para limpeza. As concentrações

de metais em solução a cada adição encontram-se na Tabela 4-4.

Tabela 4-4: Concentração do analito em solução a cada adição

Figuras 4-4, 4-5 e 4-6 Adição de padrão (mL) Concentração de Pb2+ em

solução (µmol L-1)

b 0,100 0,1916

c 0,200 0,3817

d 0,300 0,5703

e 0,400 0,7576

As correntes de pico foram relacionadas à concentração de chumbo em solução,

considerando a concentração de chumbo na amostra como sendo nula, uma vez que a mesma

é desconhecida e quer-se determiná-la. Assim, foi possível achar a equação da reta que

descreve satisfatoriamente esta relação para as três amostras analisadas (Tabela 4-5) e

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determinar a concentração de chumbo presente em 1,000 mL de amostra tratada adicionada e

posteriormente a concentração de chumbo e percentual de acetato de chumbo (%m/m)

presentes no Grecin 2000® (Tabela 4-5) e a respectiva média.

Tabela 4-5: Curvas Corrente de pico (µA) vs Concentração do analito em solução (µmol L-1)

em cada amostra

Amostra Curva

1 Ip=8,22 + 33,5C (R2=0,9973)

2 Ip = 12,5 + 48,0C (R2=0,9953)

3 Ip= 5,60 + 24,1C (R2=0,9778)

Figura 4-6: Voltamograma da primeira amostra da triplicata de Grecin®. (a) adição de 1,000

mL de amostra (b) adição de 0,100 mL de padrão de chumbo (c) adição de 0,100 mL de

padrão de chumbo (d) adição de 0,100 mL de padrão de chumbo (e) adição de 0,100 mL de

padrão de chumbo.

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Figura 4-7: Voltamograma da segunda amostra da triplicata de Grecin®. (a) adição de 1,000

mL de amostra (b) adição de 0,100 mL de padrão de chumbo (c) adição de 0,100 mL de

padrão de chumbo (d) adição de 0,100 mL de padrão de chumbo (e) adição de 0,100 mL de

padrão de chumbo

Figura 4-8: Voltamograma da terceira amostra da triplicata de Grecin®. (a) adição de 1,000

mL de amostra (b) adição de 0,100 mL de padrão de chumbo (c) adição de 0,100 mL de

padrão de chumbo (d) adição de 0,100 mL de padrão de chumbo (e) adição de 0,100 mL de

padrão de chumbo

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Tabela 4-6: Resultados da determinação de chumbo no Grecin®

Amostra Massa de Grecin

(g)

Concentração de chumbo

(µmol L-1)

Percentual de acetato de

chumbo (%m/m)

1 0,1022 0,243 0,503

2 0,1039 0,261 0,532

3 0,1022 0,232 0,481

Portanto, obteve-se uma média de (0,505 ± 0,025) % de acetato de chumbo (%m/m) na

amostra de Grecin®. Foram realizados também testes de recuperação, no qual foram

adicionados à amostra antes do seu tratamento e digestão, 0,108 mL de um padrão de chumbo

com concentração de 4800 µmol L-1. Para os testes obteve-se uma média de recuperação de

(98,75 ± 6,58)%.

4.3 Determinação de Pb por F AAS como procedimento de comparação

Os resultados obtidos pela análise voltamétrica foram comparados aos obtidos pela

técnica espectrometria de absorção atômica em chama (F AAS), ambos foram realizados em

triplicata. Obteve-se um resultado de (0,494 ± 0,003)% para a porcentagem de acetato de

chumbo na amostra e uma recuperação de (96,500 ± 0,002)%. Além disso, os limites de

detecção de quantificação foram de 81,51 e 244,5 µg L-1 respectivamente.

Comparando pelo teste t de student, o valor do tcal foi de 0,749 e para 95% de

confiança e grau de liberdade igual 4, o tcrit foi de 2,776. Concluímos, portanto que, uma vez

que tcrit é menor do que o tcalc, os métodos são equivalentes.

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CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

O presente trabalho mostrou que é possível determinar satisfatoriamente metais

tóxicos em amostras reais por meio da voltametria de onda quadrada utilizando eletrodos

compósitos de grafite-epóxi modificados por filmes de bismuto. Estes eletrodos têm sido

largamente utilizados para diversas aplicações e a amostra de Grecin® é uma delas.

Observou-se que os limites de detecção e quantificação foram compatíveis a técnicas

comumente usadas, como a espectrometria de absorção atômica, para este fim e ao realizar a

comparação com a detecção realizada por meio desta última técnica observou-se que os

resultados são equivalentes. É importante pontuar, porém, que a técnica voltamétrica requer

que o preparo da amostra seja feito com bastante cuidado, uma vez que qualquer desvio nesta

etapa pode resultar na não reprodutibilidade do método.

Vale ressaltar que as otimizações feitas com relação ao Zn e ao Cd permitem inferir

que, com base aos LDs e LQs, assim como na resolução observada, tais elementos não se

apresentavam em níveis detectáveis nas amostras avaliadas. Recomenda-se para a realização

de trabalhos futuros a determinação de outros íons metálicos em outras amostras, pois o

método se mostrou bastante aplicável a diversos íons e amostras.

Visto o custo, a rapidez, reprodutibilidade e a relativamente baixa necessidade de

treinamento do operador, recomenda-se que a técnica voltamétrica possa substituir sem

prejuízos outras técnicas com implementação e manutenção mais caras, ou que necessitam

grande especialização do operador.

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CAPÍTULO 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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