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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE
MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO
KEITIANE DA CUNHA AGUIAR
PROPOSTA DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO SETOR ALIMENTÍCIO.
Niterói 2015
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE
MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO
KEITIANE DA CUNHA AGUIAR
PROPOSTA DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO SETOR ALIMENTÍCIO.
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Organizações e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão para a Qualidade Total.
Orientador: Marcelo Jasmim Meiriño
Niterói 2015
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KEITIANE DA CUNHA AGUIAR
PROPOSTA DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DO SETOR ALIMENTÍCIO.
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Organizações e Estratégia. Linha de Pesquisa: Sistema de Gestão para a Qualidade Total.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
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3
Dedico este trabalho
À minha mãe, Fátima, pela bela profissão de educar e dedicar sua vida à realização
de meus sonhos e, principalmente, proporcionar todos os recursos necessários para
a realização deste Mestrado.
Ao meu pai, José, por ter ensinado ao longo de minha vida a ética, superação e
valores fundamentais para conquistar os objetivos traçados até hoje.
Ao meu amado esposo, Edvaldo, por acreditar no meu potencial e incentivar meus
passos e projetos.
III
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AGRADECIMENTOS
À Deus Pai Criador, à Jesus Redentor e ao Espírito Santo Consolador.
Ao meu orientador, Professor Dr. Marcelo Jasmim Meiriño, pelo apoio e
ensinamentos fundamentais que muito contribuiram para meu crescimento pessoal
e profissional.
Aos amigos Marineuza e Josias, que abriram seus corações e as portas de seu lar
para me acolher no momento mais difícil desta jornada.
Às amigas Eliza Regina, Cristiana Farias e Adriana Sanseverino pela parceria e
incentivo.
IV
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“Para realizar grandes conquistas, devemos não
apenas agir, mas também sonhar, não apenas
planejar, mas também acreditar.” (Anatole France)
V
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RESUMO
A gestão do conhecimento está em destaque nas abordagens da gestão das
organizações devido à rapidez com que o ambiente externo está sofrendo mudanças.
Estas, por sua vez, estão voltadas às novas formas de competição adotadas pelas
empresas, a globalização dos mercados e de suas cadeias de suprimentos, os
velozes avanços tecnológicos, a emergência de novas indústrias, e as modificações
rápidas no perfil dos profissionais talentos. Dessa forma o conhecimento produzido
por estas complexas interferências necessita ser gerenciado na mesma velocidade
com que estas temáticas estão acontecendo. O presente estudo objetivou identificar
ações estratégicas para a implementação da gestão do conhecimento em uma
empresa do setor alimentício. Foi realizada pesquisa de campo, cujo roteiro está
baseado na revisão da literatura sobre gestão do conhecimento, estratégia,
competências organizacionais e vantagem competitiva. Portanto, como conclusão
deste estudo foi elaborado um plano de ação para implementação das ações
estratégicas, bem como apresentado para a empresa estudo de caso.
Palavras-chave: Gestão do Conhecimento. Estratégia. Vantagem Competitiva.
7
ABSTRACT
Knowledge management is highlighted in the approaches of the management
of organizations because of how quickly the external environment is changing. These,
in turn, are geared to new forms of competition adopted by companies, the
globalization of markets and their supply chains, the fast technological advances, the
emergence of new industries and the rapid changes in the profile of talent
professionals. Thus the knowledge produced by these complex interference needs to
be managed at the same speed with which these issues are happening. This study
aimed to identify strategic actions for the implementation of knowledge management
in a company in the food sector. Field research will be conducted, whose script is
based on a review of the literature on knowledge management, strategy, organizational
skills and competitive advantage. Therefore, as a conclusion of this study was
prepared an action plan for implementation of strategic actions, as well was introduced
to study case.
Keywords: Knowledge Management. Strategy. Competitive Advantage.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Classificação metodológica ........................................................................ 34
Figura 2 Etapas do levantamento de dados ............................................................. 36
Figura 3 Escala de relevância para respostas às questões...................................... 42
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Roteiro de entrevista com base na revisão da literatura........................... 39 Quadro 2 Agrupamento de ações: Fortalecendo a liderança.................................... 69 Quadro 3 Agrupamento de ações: Utilizar experiências........................................... 70 Quadro 4 Agrupamento de ações: Explorar competências....................................... 71
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Sexo dos respondentes ............................................................................ 45
10
Gráfico 2 Faixa etária................................................................................................ 46
Gráfico 3 Tempo de empresa.................................................................................... 46
Gráfico 4 Questão 1.................................................................................................. 47
Gráfico 5 Questão 2.................................................................................................. 48
Gráfico 6 Questão 3.................................................................................................. 49
Gráfico 7 Questão 4.................................................................................................. 50
Gráfico 8 Questão 5.................................................................................................. 51
Gráfico 9 Questão 6.................................................................................................. 52
Gráfico 10 Questão 7................................................................................................ 53
Gráfico 11 Questão 8................................................................................................ 54
Gráfico 12 Questão 9................................................................................................ 55
Gráfico 13 Questão 10.............................................................................................. 56
Gráfico 14 Questão 11.............................................................................................. 57
Gráfico 15 Questão 12.............................................................................................. 58
Gráfico 16 Questão 13.............................................................................................. 59
Gráfico 17 Questão 14.............................................................................................. 60
Gráfico 18 Questão 15.............................................................................................. 61
Gráfico 19 Questão 16.............................................................................................. 62
Gráfico 20 Questão 17.............................................................................................. 63
Gráfico 21 Questão 18.............................................................................................. 64
Gráfico 22 Questão 19.............................................................................................. 65
Gráfico 23 Questão 20.............................................................................................. 66
Gráfico 24 Questão 21.............................................................................................. 67
Gráfico 25 Questão 22.............................................................................................. 68
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................12
11
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ...................................................................12
1.2 O PROBLEMA DA PESQUISA ........................................................................16
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ...........................................................................17
1.3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................17
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .....................................................................17
1.4 RELEVÂNCIA DO TRABALHO ......................................................................18
2 REVISÃO DA LITERATURA...............................................................................19
2.1 GESTÃO DO CONHECIMENTO ......................................................................19
2.2 ESTRATÉGIA E VANTAGEM COMPETITIVA .................................................23
2.3 LIDERANÇA E CONHECIMENTO ...................................................................26
2.4 COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS ..........................................................30
3 METODOLOGIA DA PESQUISA.........................................................................34
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ...................................................................33
3.2 MÉTODO............................................................................................................36
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.......................................................37
3.3.1 UNIVERSO E AMOSTRA...........................................................................37
3.3.2 FUNDAMENTAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO...............38
3.3.3 ANÁLISE DOS DADOS..............................................................................40
3.3.4 CONSULTA PRÉVIA AOS ENTREVISTADOS..........................................41
4 EMPRESA ESTUDO DE CASO..........................................................................44
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS...........................................................................45
5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS......................................................................45
5.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS...........................................................47
5.3 AÇÕES ESTRATÉGICAS.................................................................................69
6 CONCLUSÃO......................................................................................................73
APÊNDICE I.............................................................................................................74
APÊNDICE II............................................................................................................80
REFERÊNCIAS .......................................................................................................81
1 INTRODUÇÃO
12
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Com o advento da era da informação, em 1990, e atualmente com a era do
crescimento exponencial ganhando expressividade por intermédio das novas
tecnologias, novo sistema de produção e nova força de trabalho as organizações
enfrentam rápidas mudanças, o que leva a gestão de pessoas exigir dos líderes um
perfil de conhecimento mais apurado, uma vez que os postos de trabalho diminuíram
com a sofisticação das tecnologias. (HSM Management, 2011).
Pokharel e Choi (2015) corroboram que a era do crescimento exponencial
trouxe mudanças para o cenário das organizações, onde as quais devem traçar
estratégias de compartilhamento do conhecimento para que os líderes estejam
preparados para proporcionar as inovações necessárias a fim de garantir a vantagem
competitiva para os negócios.
Nesse sentido, Drucker (1993) destaca o conhecimento da revolução gerencial,
onde a aplicação do conhecimento é denominada gerência eficaz. Para ele, o líder,
usualmente conhecido como gerente, é o responsável pela aplicação e gerenciamento
do desempenho do conhecimento.
Na verdade, o conhecimento é hoje o único recurso com significado. Os tradicionais fatores de produção – terra (isto é, recursos naturais), mão-de-obra e capital – não desapareceram, mas tornaram-se secundários. Eles podem ser obtidos facilmente, desde que haja conhecimento. (DRUCKER, 1993, p.80).
Dessa forma, a administração estratégica é a melhor maneira de
gerenciamento por parte dos líderes, uma vez bem formulada ajuda na organização e
alocação dos recursos em uma postura única e viável por parte das organizações,
baseadas em competências e deficiências internas, bem como mudanças no
ambiente para o alcance dos objetivos. (MINTZBERG, 2007).Segundo Pokharel e
Choi (2015), sabe-se que o conhecimento é um fator crítico para se analisar quando
se fala em alcance e também na manutenção da vantagem competitiva, pois ele é o
mais complexo e difícil de imitar ou substituir do que os tradicionais recursos tangíveis.
Sendo assim, a maior importância do conhecimento é maneira com que ele se
expressa, pois chega a ser um meta recurso, ou seja, aquele que é determinante para
a definição de valor dos demais recursos de uma organização.
13
Nesse contexto, existem fatores que também devem ser considerados ao se
falar de estratégia para alcance de vantagem competitiva, são eles: complexidade,
incerteza e decições operacionais. A complexidade é um recurso decisivo de decisões
estratégicas e utilizado principalmente em organizações de amplo alcance geográfico,
como as multinacionais. O segundo trata da incerteza, pois as organizações não
conseguem prever seu futuro, apenas projetá-lo e impulcionar para conseguí-lo. O
último relata as interferências das decisões operacionais, que devem ser tomadas
com base na visão de todo o contexto para não afetar outras estratégias isoloadas,
como por exemplo, a de custos. (JOHNSON, 2009).
Portanto, a competição existente entre as organizações não se estabelece
apenas por participação de mercado, nem pela diversidade de produtos oferecidos,
mas sim de níveis competitivos do conhecimento disponível e gerenciado pela
empresa.
A vantagem competitiva é obtida, fundamentalmente, por meio da inovação. A inovação, por sua vez, é uma espécie de monopólio do conhecimento. O conhecimento representa o controle, mesmo que temporário, da incerteza. É construído socialmente, por atores inteligentes, por meio de processos dinâmicos de aprendizagem, a qual tem como essência a solução de problemas que decorrem de eventos incertos do mundo do trabalho e que levam as pessoas à tomada de decisões em tempo real. (CARBONE, 2009, p.80).
Nesse sentido, percebe-se que o líder do conhecimento precisa utilizar-se de
dados, informações, conhecimento, inteligência, sabedoria, insight, criatividade e
inovação para levar sua equipe ao atingimento de metas e, principalmente, ao
desenvolvimento pessoal para que todos estes fatores culminem com a vantagem
competitiva do negócio e por consequência a valorização do capital humano de que a
empresa dispõe. (FIGUEIREDO, 2011).
Vale ressaltar que cada vez mais se torna necessária a utilização da influência
dos líderes, devido ao dinamismo do mercado e as constantes mudanças
organizacionais. (RIOS et al., 2011). O principal papel do líder está em estimular as
integrações entre colaboradores, gestores sem deixar de considerar o planejamento
estratégico da organização. Portanto, o líder possui um lugar de destaque nas
organizações, com a proposta de novos modelos de organização que vão de encontro
aos modelos burocráticos. (BASS, 2007; SANT’ANNA et al., 2012).
Dessa forma, em 1995 foi iniciado um movimento para instaurar uma nova
teoria de criação do conhecimento organizacional, pois foi constatado que a gestão
14
do conhecimento está no centro das discussões e possui grande importância nas
modificações que estão ocorrendo no ambiente externo com a rapidez das mudanças
e a velocidade com que o conhecimento se torna obsoleto. (NONAKA, TAKEUCHI,
2008).
Esta nova abordagem da gestão do conhecimento traz como objetivo gerenciar
os ativos intelectuais de uma organização, de forma que promova uma abordagem
sistêmica, integrada e colaborativa para criação, captura, organização, acesso e
utilização dos entitulados ativos de conhecimento. Estes ativos compreendem as
bases de dados estruturais e físicas, documentos técnicos e administrativos, o
conhecimento tácito e expertise residentes na mente dos colaboradores. (NONAKA,
TAKEUCHI, 2008).
O ambiente competitivo está sofrendo alterações, onde há intensificação das
áreas que incluem inovação de produtos e relacionamento com clientes e
fornecedores num mercado global. Passa então a ser uma atividade crítica das
empresas a competência de lidar com o conhecimento. Portanto, nota-se que a
vantagem obtida por meio do conhecimento é sustentável, pois este aumenta à
medidia que é utilizado, ao contrário dos ativos e bens materiais que diminuem seu
tempo de vida útil ao serem utilizados. (FACCINA, 2009).
Neste contexto, as empresas, em sua grande maioria, preocupam-se apenas
com os ativos físicos e seus recursos financeiros. Já a gestão do conhecimento traz
novo enfoque às organizações, a qual passa a agregar novos ativos, ou seja, o
conhecimento e a capacidade de gerar novos conhecimentos. Além de propiciar
cultura ética nas relações entre líderes e colaboradores, por possuírem mais acesso
às informações e conhecimentos para disseminar práticas eficazes. Estes são os
ativos intangíveis, os quais proporcionam desenvolvimento e melhoria de processos,
produtos e serviços. (BATEMAN, SNELL, 2011).
Confirmando esta abordagem, Silva et al. (2007), afirmam que o sucesso
organizacional está mais relacionado à conquista de vantagens dinâmicas do que nos
fatores tradicionais de produção. Os autores definem gestão do conhecimento como
um diferencial de ascensão para as organizações, pois elas passam a compreender
que informações e dados por si só não garantem mais o que necessitam para
sobreviver no atual cenário de competitividade.
A gestão do conhecimento surge com o objetivo de possibilitar a criação e o
compartilhamento dos conhecimentos produzidos, enquanto, também mantém o olhar
15
nos objetivos e metas empresariais. Dessa forma, o conhecimento é resultado dos
processos de intercâmbio de ações individuais, grupais e organizacionais como um
todo, sendo o conhecimento tácito dos indivíduos a base de criação e propagação do
conhecimento nas empresas. (DAVENPORT, PRUSAK, 1998).
Vale ressaltar que o conhecimento tácito é importante para o processo de
gestão de desempenho, pois está profundamente arraigado nas ações e experiências
dos indivíduos, principalmente expressos por suas emoções, valores ou ideais,
podendo ser facilmente transformado em conhecimento explícito. (RODRIGUEZ,
2010).
Logo, torna-se necessário utilizar as estratégias presentes na gestão do
conhecimento para gerar vantagem competitiva às empresas. Isto poderá ser
evidenciado por meio de revisão da literatura; correlacionamento das ações
identificadas com as atuais de gestão do conhecimento, bem como, a priorização dos
“gaps” identificados por ordem de relevância.
A implantação da gestão do conhecimento está relacionada às várias ações
estratégicas que as organizações poderão adotar. Estas estratégias identificam as
áreas críticas de conhecimento, conforme os objetivos estabelecidos na estratégia de
empresa. O conteúdo destas estratégias, por sua vez, identificam as ações
necessárias para a melhoria dos processos de gestão do conhecimento e, a partir
desta coerência, pode-se assegurar que estas ações produzam melhorias no
desempenho dos processos organizacionais. (ABREU, 2006).
Para Brandão e Bahry (2005), o mapeamento de competências mostra-se
fundamental para a organização, pois é por meio dele que ocorrem ações para a
correção dos gaps de competências. Reforçam ainda que este processo é o passo
inicial para a busca da vantagem competitiva. Neste sentido Carbone et al. (2009)
confirmam o mapeamento de competências como tendo a finalidade de identificar a
discrepância existente entre as competências necessárias para concretizar a
estratégia corporativa, bem como as competências internas na organização.
Uma estratégia bastante desafiadora da gestão de pessoas está vinculada à
capacidade de treinar, desenvolver e educar as pessoas, para que tenham as
competências necessárias ao cumprimento de suas atividades (ABREU, 2006). Neste
contexto, a ferramenta coaching poderá ser utilizada comobusca do desenvolvimento
dos indivíduos, aumentando sua capacidade de ação e desenvolvendo competências.
(DI STÉFANO, 2005).
16
Davenport e Prusak (2003) enfatizam que a transferência do conhecimento é
vital para o sucesso da empresa. Esta poderá se dar por meio de estratégias
específicas adotadas internamento para incentivar as trocas espontâneas de
conhecimento entre as pessoas. Este é um passo fundamental para atingimento da
vantagem competitiva.
Vale ressaltar que a avaliação de desempenho é uma ferramenta essencial
para a manutenção da gestão do conhecimeto, juntamente com o feedback, pois
proporcionam melhores resultados de desenvolvimento e aprendizagem das pessoas,
além de estarem focados no desenvolvimento de competências estratégicas para o
negócio. (BOOG; BOOG, 2006).
Portanto, as organizações perceberão a melhoria da performance das pessoas
vinculadas ao aumento significativo do engajamento com as metas e objetivos
propostos pela empresa, não como uma forma impositiva por parte da diretoria, mas
de uma maneira positiva no que diz respeito ao crescimento intelectual das pessoas
e desenvolvimento estruturado de competências. (DAVENPORT, PRUSAK, 2003).
1.2 O PROBLEMA DA PESQUISA
A gestão do conhecimento está em destaque nas abordagens da gestão das
organizações devido à rapidez com que o ambiente externo está sofrendo mudanças.
Estas, por sua vez, estão voltadas às novas formas de competição adotas pelas
empresas, a globalização dos mercados e de suas cadeias de suprimentos, os
velozes avanços tecnológicos, a emergência de novas indústrias, e as modificações
rápidas no perfil dos profissionais talentosos. Estas são algumas evidências de que o
conhecimento produzido por estas complexas interferências necessita ser gerenciado
na mesma velocidade com que estas temáticas estão acontecendo.
A gestão deve responder às mudanças com rápidas ações para a manutenção
de sua competitividade. As organizações necessitam identificar estratégias em seus
negócios que proporcionem a elas uma posição de destaque no mercado e, então,
sabe-se que a gestão do conhecimento cria condições mais favoráveis para que as
organizações estabeleçam práticas alinhadas às diretrizes e ao planejamento
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estratégico que impulsiona o modelo de gestão a se estabelecer com efetividade e
levar as empresas ao atingimento da vantagem competitiva.
Nesse sentido, destaca-se como problema de investigação desta pesquisa: que
estratégias da gestão do conhecimento organizacional propiciam vantagem
competitiva?
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
Tendo em vista a problemática apresentada, defini-se na sequência o objetivo
geral e os específicos desta pesquisa.
1.3.1 OBJETIVO GERAL
Identificar ações estratégicas para a implementação da gestão do
conhecimento em uma empresa do setor alimentício, com sede em São Paulo.
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Tendo em vista o objetivo geral apresentado, definem-se como obejtivos
específicos desta pesquisa:
1 - Diagnosticar na empresa estudo de caso práticas estratégicas voltadas à gestão
do conhecimento.
2 - Correlacionar as ações identificadas com práticas estratégicas para a gestão do
conhecimento identificadas na literatura.
3 - Identificar as lacunas existentes entre as ações estratégicas identificadas na
literatura e as presentes na empresa estudo de caso.
4 - Levantar por meio de pesquisa de campo a viabilidade e aderência da proposta a
realidade da organização.
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5 - Elaborar um plano de ação visando à eliminação das lacunas estratégicas para
implementação da gestão do conhecimento.
1.4 RELEVÂNCIA DO TRABALHO
Este trabalho apresenta grande importância para as organizações, bem como
aspectos primordiais do tema “gestão do conhecimento”, cada vez mais utilizado pelas
empresas, como forma de minimizar a perda de conhecimento por meio de suas
ferramentas.
Vale ressaltar que as empresas que adotam a gestão do conhecimento
conquistam vantagem competitiva para o negócio por intermédio das pessoas.
(NONAKA, TAKEUCHI, 2008). Isto ocorre pela possibilidade do conhecimento não se
perder internamente e nem quando ocorre a saída do colaborador, fato este que é
atualmente o fator mais crítico para a gestão do conhecimento. Então, com uma
metodologia bem estruturada e tendo o devido acompanhamento as empresas só
tendem a atingir conquistas através do bom desempenho dos talentos. (NONAKA,
TAKEUCHI, 2008).
Dessa forma, por meio deste trabalho são propostas ações estratégicas para
implementação da gestão do conhecimento.
2 REVISÃO DA LITERATURA
19
Neste capítulo serão abordados os seguintes temas que estão relacionados ao
presente trabalho: gestão do conhecimento; estratégia e vantagem competitiva;
liderança e conhecimento e competências organizacionais.
2.1 GESTÃO DO CONHECIMENTO
A passagem da Sociedade Industrial para a Sociedade do Conhecimento
alterou a maneira de analisar o paradoxo. Este era algo a ser eliminado, na proposta
de Frederick Taylor, na Sociedade Industrial. Onde, por exemplo, para aumentar a
eficiência da produção foram propostos os estudos de tempos e movimentos como
uma proposta de eliminação do paradoxo. (NONAKA, TAKEUCHI, 2008).
Nonaka e Takeuchi (2008), expõem a passagem para a Sociedade do
Conhecimento com a elevação do paradoxo, de algo a ser eliminado para algo a ser
aceito e cultivado, pois o conhecimento é formado por dois componentes dicotômicos
e, em primeiro aspecto, opostos, são eles: conhecimentos tácitos e explícitos.
A mudança comportamental mostra-se como um desafio de atitude, uma vez
que os fatores que motivam as pessoas a mudarem nas organizações altamente
profissionalizadas são os sistemas de aprendizado e conhecimento. Estes, por sua
vez, preparam as empresas para obter maior sucesso por meio do capital intelectual.
(TUSHMAN; NADLER, 1997).
Ao mesmo tempo, uma tentativa de eliminar a ambiguidade entre conhecimento
tácito e explícito ocorreu na área de processamento da informação, fortemente
influenciada pelo desenvolvimento do computador e, consequentemente, das ciências
cognitivas. Herbert Simon investigou a natureza humana no quesito solução de
problemas e análise da tomada de decisões e desenvolveu uma temática da
organização como sendo uma “máquina da informação”. (NONAKA, TAKEUCHI,
2008).
O conhecimento é uma mistura de vários elementos como experiências,
valores, informações e insight, onde se demonstram presentes nas organizações por
meio de documentos, repositórios, rotinas, processos, práticas e normas. Além de
existir dentro das pessoas e fazer parte da complexidade e imprevisibilidade humana.
(DAVENPORT, PRUSAK, 2003).
20
Na sociedade atual, percebe-se que os fatores tradicionais de produção como
capital, terra e trabalho deixaram de ser os maiores geradores de poder e riqueza,
pois o conhecimento passou a assumir este papel e tornou-se o mais importante fator
de produção que pode gerar maior competitividade às empresas que se atentam para
este cenário de mudança. (LEITE; SILVA, 2004).
O conhecimento tácito é aquele facilmente perceptível e explicável, porém,
altamente pessoal e difícil de ser formalizado, o que dificulta seu o compartilhamento.
Este tipo de conhecimento está enraizado nas ações e experiências do indivíduo,
valores e emoções incorporadas por ele. Já o conhecimento explícito é aquele
facilmente expresso em palavras, números, sons, dados, fórmulas científicas,
recursos visuais, especificações de produtos e manuais, etc. Vale ressaltar que o
conhecimento assume as duas abordagens, tanto tácito quanto explícito e os quais
precisam ser gerenciados pelas organizações. (NONAKA, TAKEUCHI, 2008).
Para Terra (2001) as organizações que focam sua gestão na criação, aquisição
e compartilhamento do conhecimento têm maiores possibilidades de alcançar bons
resultados e vantagens competitivas nos negócios. Já para Grotto (2002),
“compartilhamento do conhecimento é o processo de partilhar conhecimentos tácitos
e explícitos por meio de práticas formais e informais”. Com isto percebe-se que as
empresas diferem umas das outras pelas práticas adotadas e suas maneiras de
compartilharem e gerarem o conhecimento.
Nonaka e Takeuchi (2008) afirmam a existência de duas dimensões do
conhecimento tácito. A primeira é a dimensão técnica, na qual estão as habilidades
informais e de difícil detecção. No ambiente dos negócios, esta dimensão é
caracterizada como sendo o “know-how”. Já a outra dimensão é a cognitiva, que
consiste em crenças, percepções, ideias, valores, emoções e modelos mentais
naturalmente identificáveis no indivíduo e tidos como naturais.
Fialho e Santos (2012) consideram que o conhecimento amplia seu valor
quando é compartilhado, pois o capital intelectual não possui esta interferência por ser
restrito ao indivíduo. Portanto, Nonaka e Takeuchi (2008) corroboram definindo a
gestão do conhecimento como uma caracterização do processo de criação contínua
de novos conhecimentos, disseminando-os através da organização e incorporando-
os rapidamente em novos produtos ou serviços, em desenvolvimento de novas
tecnologias e sistemas, os quais perpetuam a mudança no interior da empresa.
21
Na concepção de Angeloni e Dazzi (2004), as organizações que
compreenderem as interações que acontecem nos processos de desenvolvimento e
nos processos de gestão do conhecimento organizacional, dominarão o cenário
competitivo e conquistarão vantagem competitiva e valor agregado para seus
produtos, além de provocar o crescimento excepcional ao capital intelectual.
No entanto, surge a necessidade da empresa inovar seus processos, melhorar,
aprender e se superar para maximizar valor. Esta perspectiva identifica a estrutura
necessária para gerar crescimento e melhorias a longo prazo, o que é papel do
gerenciamento do conhecimento e do capital intelectual. Portanto, para isto ocorrer é
necessário direcionar o foco de gestão para pessoas, sistemas e procedimentos
organizacionais. (LARA, 2004).
Sabe-se que atualmente a maioria das empresas opera em um ambiente de
conhecimento cada vez mais dinâmico, onde os produtos e os processos são mais
intensivos em conhecimento. Para acompanhar esta evolução, os ativos intelectuais
necessitam de outras abordagens e instrumentos para administrar os fatores
tradicionais de produção, a saber: competências do campo da inovação e estratégias
específicas para disseminação do conhecimento. (PROBST; RAUB; ROMHARDT,
2000).
Com base na tendência da era do conhecimento, as empresas estão
incorporando em seu clima organizacional práticas de reconhecimento, valorização
da educação continuada para que haja retenção de talentos, uma vez que quando
eles saem da empresa levam consigo todo o conhecimento adquirido ao longo do
tempo e ocasiona também a perda de valor e resultado econômico em potencial para
a organização. (TACHIZAWA; FERREIRA; FORTUNA, 2008).
Surge uma temática da gestão do conhecimento chamada de aprendizagem
organizacional. Esta, por sua vez, traz mudanças na base de conhecimento da
organização, na criação de estruturas coletivas de referência e no crescimento das
competências para agir e resolver problemas. (PROBST; RAUB; ROMHARDT, 2000).
Então observa-se que as definições mais comuns das organizações que
aprendem estão relacionadas à capacidade de adaptação ao processo de mudança
acelerado que o mundo enfrenta. Entretanto, a adaptabilidade crescente constitui
apenas um passo no vasto processo de aprendizagem. Além disso, a criatividade e
produtividade são competências que elevam o nível das organizações quando se fala
da gestão do conhecimento. (FLEURY; FLEURY, 2001).
22
No entanto, a aprendizagem nas organizações só passa a ter sentido se estiver
associada à temática de mudanças, levando em consideração os tipos de estratégias
do negócio, métodos e práticas de trabalho adotadas. Sabe-se que a aprendizagem é
muito valorizada nas empresas pelo seu caráter integrador e dinâmico que
possibilitam mudanças contínuas, sejam elas individuais, grupais ou a níveis de
estratégias organizacionais. (RUAS; ANTONELLO; BOFF, 2005).
Dessa forma, para que as organizações permaneçam viáveis, lucrativas e
sobrevivam em meio a um ambiente caracterizado por mudanças rápidas e incertezas
a principal direção a seguir é desenvolver a capacidade de mudar. Para isso identifica-
se a necessidade de adoção de uma gestão expressiva e que entenda o brilho
presente no conhecimento e os benefícios e ferramentas que a gestão do
conhecimento dispõe. (RUAS; ANTONELLO; BOFF, 2005).
Vale ressaltar que são inúmeras as vantagens do conhecimento e das
competências para a gestão das empresas. As competências individuais e as
desenvolvidas em grupos favorecem o alcance de objetivos estratégicos, além de
aumentar a capacidade competitiva quando ocorre a produção e disseminação do
conhecimento. No entanto, as organizações que apostam na gestão do conhecimento
como sendo uma ferramenta para alcance da vantagem competitiva seguem
diferentes abordagens para a formação continuada, onde utilizam melhores sistemas
de reconhecimento, recompensas e remuneração. (DOMINGUES; NEVES, 2009).
Portanto, à medida que as empresas reconhecem o potencial da gestão do
conhecimento para impulsionar o alcance da vantagem competitiva, tem-se criado
cargos de diretoria para gerenciar a informação e o conhecimento. Com isso espera-
se cada vez mais que os líderes da era do conhecimento não assumam o papel de
meros arquitetos da estratégia, mas que criem e articulem objetivos que envolvam
disseminação de conhecimento pela organização, de forma que as pessoas sintam-
se comprometidas e entusiasmadas a conquistarem em conjunto a meta proposta
para levar a empresa ao objetivo traçado na estratégia. (BATEMAN, SNELL, 2011).
2.2 ESTRATÉGIA E VANTAGEM COMPETITIVA
23
O ambiente de rápidas mudanças que a gestão tem enfrentado é também um
ambiente de muita complexidade.
Exige tanto conhecimento técnico quanto insight humano; demanda a perspectiva e o temperamento para lidar com enorme complexidade, incerteza e mudança. Necessita de análise e empatia, entusiasmo e curiosidade, poder decisório e paciência. Os gestores são céticos que questionam tudo, não presumindo nada como verdadeiro, devendo ainda assim confiar em outros para que a tarefa seja realizada. (NONAKA, TAKEUCHI, p. 154, 2008).
Neste sentido, percebe-se que as organizações estão enfrentando esta
complexidade nos negócios com estratégicas agressivas e, principalmente, tirando
vantagem deste novo cenário evolutivo do management. (NONAKA; TAKEUCHI,
2008).
A gestão do conhecimento está sendo considerada uma estratégia para a
empresa melhorar seu desempenho e aumentar seus índices de competitividade.
Dessa forma, o negócio atinge uma proporção tão expressiva que confere à empresa
vantagem competitiva com a utilização deste modelo de gestão. (BHUSRY; RANJAN,
2012).
Contudo, deve-se entender valor na perspectiva de seu uso, troca ou
transação. Este conceito caracteriza os modelos de natureza transacional, também
chamados mecanismos de mercado. Já a perspectiva do uso está relacionada com o
processo de interação do cliente ou consumidor com o produto. (BORHO; NETO;
LIMA, 2012).
Os autores em questão evidenciam que o uso também pode ser manifestado
em todo o sistema de cadeia de valores de uma rede de operações, justificando,
assim, a criação de vantagem competitiva frente a seus competidores, pois o uso está
diretamente relacionado ao desenvolvimento das competências organizacionais.
Vale ressaltar que os processos de aprendizagem organizacional, formação e
desenvolvimento de capacitações e competências são fatores importantes para
maximizar o investimento tecnológico, pois somente o acesso à tecnologia não
assegura a efetividade estratégica. A estratégia deve estar integrada à todos os
processos da organização, com o objetivo de envolver a criação de modelos mais
eficazes de capacitações para que a empresa possa continuar competindo no
mercado. Então, destaca-se a gestão do conhecimento somo sendo uma estratégia
apropriada para a conquista da vantagem competitiva pela organização. (HAYES;
PISANO, 1994).
24
O desenvolvimento da visão estratégica pelas organizações implica na
integração da dimensão tecnológica à visão gerencial, pois os líderes assumem um
papel fundamental para o desenvolvimento da mudança de paradigma relativo à
cultura, processos e competências individuais. Este é um processo contínuo e
denominado processo de aprendizagem organizacional, visto que prepara a
organização para novas escolhas estratégicas e favorece o desenvolvimento de novas
ideias, que são impulsionadores importantes para a vantagem competitiva
(JOHANSEN; RIIS, 2003).
Quanto à competitividade baseada no conhecimento, as empresas necessitam
aumentar rapidamente o investimento em qualificação profissional, planejamento e
desenvolvimento de novos produtos, implementar práticas e modelos de gestão
identificados como estratégicos pelo mercado e voltados, também, à inovação de
produtos, processos e pessoas. Dessa forma, surge a necessidade de mudança de
paradigma e adoção de estratégias da gestão do conhecimento. (TERRA, 2001).
Churchill e Peter (2003) trazem à tona a vantagem competitiva como sendo
uma capacidade importante para as empresas terem um desempenho melhor que o
dos concorrentes na oferta de algo que o mercado valorize. E com a era do
conhecimento percebe-se que o mercado está mais atento e demonstrando maior
valor para o conhecimento e o que ele poderá trazer de inovação para o cenário de
rápidas mudanças do management.
A análise da organização sob a ótica da competência deve focar a vantagem
competitiva sustentada, a qual passa a ganhar força à medida que a empresa a utiliza
na construção dos objetivos organizacionais ao longo do tempo. Portanto, é
responsabilidade das empresas se posicionarem diante do mercado estabelecendo
uma estratégia de atuação que melhor utilize seu conjunto de competências.
(RUZZARIN; AMARAL; SIMIONOVSCHI, 2006).
Segundo Porter (1992), o posicionamento competitivo da empresa está
elencado em cinco forças competitivas, são elas: ameaça de produtos ou serviços
substitutos, criados a partir do conhecimento; ameaça de empresas entrantes, cada
vez mais competitivas; poder de barganha de fornecedores, o que se torna possível
devido a uma melhor produtividade por parte de quem detém o conhecimento; poder
de barganha de consumidores, devido à concorrência acirrada; e rivalidade entre
empresas, que adotam práticas para excluir a concorrência.
25
Para Mintzberg et al. (2010), estratégia tem por definição ser uma forma de
pensar no futuro, uma ação integrada ao processo decisório dos negócios de uma
empresa, além de ser um procedimento formalizado e articulado de resultados. Nesse
sentido, o autor apresenta definições de estratégia que são importantes para o
atingimento de vantagem competitiva, são elas:
a) Estratégia como plano: é aquela concebida antes de uma ação que será
executada. É desenvolvida com um propósito bem definido e para uma ação
intencional;
b) Estratégia como artifício ou manobra: é uma verdadeira tática de jogo, um
artifício, uma simulação de poder para desencorajar os concorrentes. É criada para
sobrepor a ação de um competidor ou adversário;
c) Estratégia como padrão: necessita de um plano e de uma definição clara que
englobe o padrão de comportamento resultante;
d) Estratégia como posição: refere-se a um nicho de mercado para localizar a
organização no mercado. É a força mediadora dos ambientes internos e externos de
um negócio;
e) Estratégia como perspectiva: é uma forma de se encontrar o caminho para
prever os cenários futuros.
Portanto, todas estas interferências estratégicas e de posicionamento
competitivo estão fortemente ligadas às conquistas de vantagem competitiva das
organizações. Uma destas interferências está relacionada à gestão do conhecimento
que as organizações estão adotando em suas práticas para diferenciação no
mercado. Por fim, vale ressaltar que o conhecimento precisa ser gerenciado e
disseminado na organização, não somente produzido. (NONAKA; TAKEUCHI, 2008).
2.3 LIDERANÇA E CONHECIMENTO
Segundo Davenport e Prusak (1998), a organização que se basear em
conhecimento deve distinguir claramente as diferenças entre dado, informação e
26
conhecimento. Assim, dados podem ser classificados como o conglomerado de fatos
distintos e objetivos, relativos a situações que não possuem um significado inerente.
Com isso, informações são dados organizados para delinear uma situação e
expressar uma mensagem buscando mudar o modo como as pessoas entendem algo.
Dessa forma, o conhecimento é a junção de dados e informações. Contudo, a
organização que se basear em conhecimento reconhecerá, promoverá e utilizará as
habilidades e vivências coletivas das pessoas como as maiores fontes de vantagens
competitivas sustentáveis.
É importante evidenciar que existem dois tipos de conhecimento: o prático e o
teórico. O primeiro é denominado conhecimento tácito e é expresso de maneira que
se sabe mais do que se pode informar, ou seja, um observador percebe que o sujeito
detém um conhecimento que não pode transformar em informação, já o segundo é
conhecido como explícito, por ser transmitido claramente e de maneira racional.
(BITENCOURT, 2010).
O estudo da Liderança tem sido bastante abordado nas organizações no que
se refere às suas mudanças e inserções de novos estilos e, principalmente, pelas
interferências sociopolíticas e econômicas no contexto mundial. Dessa forma, o líder
passa a ocupar papel de destaque no cenário organizacional por possuir capacidade
de coordenar mudanças e flexibilizar alternativas para o atingimento de metas.
(BITENCOURT, 2010).
Após o despertar da liderança, as Teorias Administrativas identificaram
diferentes aspectos em que o papel do líder era exercido de maneira distinta.
Começando pela Escola de Administração Científica, início do século XX, onde o foco
estava na eficiência da produção, Taylor (1939) referia-se ao líder como sendo a
pessoa que desempenha o papel de comandar os empregados, cumprir as tarefas
propostas e atingir racionalmente as metas organizacionais. Dando sequência, até
meados de 1940, a liderança foi vista como uma prerrogativa das pessoas que detém
traços, ou seja, a Teoria dos Traços revelou que a liderança era baseada em
características que tornavam o líder apto a obter seguidores. Já entre as décadas de
1920 e 1930, a Escola de Relações Humanas vem deixando os traços para trás e
trazendo consigo a interpessoalidade para o trabalho, além de estabelecer que o
papel do líder passe a ser o de proporcionar aos liderados um estado de cooperação
para o alcance dos objetivos traçados. Percebe-se, então, que esta escola representa
27
um grande impulso para o futuro amadurecimento da liderança. (BITENCOURT,
2010).
Vale ressaltar que sempre que o líder conseguir transmitir sua visão e mobilizar
a equipe para juntos buscarem a meta proposta a liderança está sendo bem exercida,
pois o líder de alta performance não é aquele que dita regras e se mostra reativo aos
distintos pontos de vista dos colaboradores, pelo contrário, ela prega a visão
compartilhada, inspira paixão pela organização e assimila a cultura da empresa rumo
ao atingimento dos objetivos do negócio. (BLANCHARD, 2010).
Dessa forma, com a abordagem contingencial o líder passa a se adaptar às
diversas situações. Em conseguinte, na década de 1980 são desenvolvidos novos
aspectos para a liderança com a Teoria Transformacional, onde o líder passa a ocupar
o papel de agente de mudanças, visionário, administrador de incertezas e que
conheça o que vem a ser motivação para os seus liderados. Portanto, as expressivas
mudanças no papel do líder surgem no final do século XX com os acontecimentos de
globalização, competitividade, transformação do trabalho, enfim, nova abordagem
passou a ser expressiva para o líder: papel de coach. É neste momento que se
estabelece a analogia com o treinador, pois este está voltado para os resultados e
para a realização pessoal unindo a ética, os comportamentos e a excelência ao seu
estilo de liderar. (MAÇÃES, 2014).
Portanto, é neste momento que surge o líder servidor que passa a servir ao
invés de ser servido pelos liderados. (BITENCOURT, 2010). Em suma, Hunter (2006)
afirma que a liderança servidora pode ser aprendida e aplicada por aqueles que
possuem vontade e intenção de mudar, melhorar e crescer.
Pode-se identificar um novo estilo de liderança que David Ulrich (HSM
Management, 2011) evidencia como sendo o “líder de um novo tempo”. Onde diz que
neste contexto a figura do indivíduo com seus valores passam a ganhar o espaço da
percepção do que ele é de fato e demonstra ser para a empresa. Vale ressaltar a
comparação feita pelo autor onde “O bom líder é como um pai. Como pai, minha
função é ajudar meus filhos a desenvolver suas competências”. Portanto, esta
comparação é base para o entendimento da liderança na era do conhecimento, onde
é preciso que o líder invista no desenvolvimento de sua equipe como se você o “pai”,
que prioriza ações para ajudar os “filhos”.
Com base neste legado, David Ulrich (HSM Management, 2011) enfatiza que o
bom líder somente cumpre seu papel a partir do momento que deixa sucessores
28
prontos para assumir seu cargo e relata alguns indicadores que as empresas podem
utilizar para identificar seus líderes e analisar se eles realmente estão cumprindo seus
papeis, a saber:
a) Afluência e rotatividade de talentos;
b) Existência de substitutos plenamente preparados;
c) Colocação segundo o plano de sucessão;
d) Reputação em seu setor de atividade;
e) Superação das expectativas acerca da liderança.
Para o referido autor o papel dos stakeholders, ou seja, todos os parceiros
estratégicos envolvidos no ambiente da organização, é fundamental para a avaliação
justa dos colaboradores, uma vez que possuem contato direto com os avaliados e, na
maioria das vezes, até mais frequentes do que com membros da própria empresa.
Divide-se em cinco esferas as marcas da liderança, que são fatores decisivos para o
sucesso da gestão e para o bom desempenho da equipe. São elas:
a) A marca do líder estrategista, que diz ao time “para onde vamos”. Neste
estilo o líder procura direcionar as pessoas para onde o a estratégia da empresa
caminha, de forma a dar treinamentos e desenvolver habilidades para atuação dos
talentos junto ao rumo do negócio;
b) O líder como executor é aquele diz “como chegaremos até lá”. Neste tipo de
marca o líder consegue transformar claramente ideias em ações de forma a disciplinar
a equipe e conseguir resultados de curto prazo;
c) O gestor de talentos diz “quem irá conosco”. O foco deste líder é bastante
operacional, envolvendo treinamentos, desenvolvimento e significado ao trabalho,
porém, consegue resultado de curto prazo;
d) A marca de desenvolvedor de capital humano diz “quem permanecerá
depois que formos”. Este estilo cultiva líderes para o futuro, suas carreiras bem como
a autonomia que lhes é concedida, porém, o foco desde gestor é a longo prazo;
e) O líder capacitador de si mesmo diz respeito “a quem o líder é”. Pois
determina a capacidade de desempenhar bem as quatro marcas descritas
anteriormente. Portanto, pode-se dizer que o líder que atua com esta marca de
liderança é o líder eficaz.
29
Segundo Gramigna (2004), com a era do conhecimento surge o modelo de
liderança inovadora, que traz às empresas outras maneiras para lidar com a melhoria
dos processos, mudanças de layout, abordagem aos clientes e com a tecnologia. Para
tal, são dispostas as formas de inteligência que o líder precisa desenvolver para atuar
no ambiente altamente dinâmico:
a) Inteligência linguística: necessária para o líder comunicar-se de todas as
maneiras possíveis e agir com maior desenvoltura nos assuntos organizacionais;
b) Inteligência lógico-matemática: necessária para o líder desenvolver
habilidades no desenvolvimento de estratégias, avaliação de planos, análise imparcial
de dados e aspectos significativos para o negócio, o que influencia na tomada de
decisões;
c) Inteligência musical: necessária para o líder perceber diversos tons das
pessoas, tornar o ambiente harmonioso e motivador;
d) Inteligência espacial: necessária para o líder identificar seu espaço na
organização e projetar espaços para o desenvolvimento de sua equipe;
e) Inteligência sinestésica: necessária para o líder deslocar-se e movimentar-
se nos vários contextos empresariais, além de conhecer as diversas realidades,
tomando atitudes cabíveis e analisar sensivelmente a motivação das pessoas;
f) Inteligência interpessoal: uma das competências mais exigidas para o líder
conseguir desenvolver os talentos existentes em seus times;
g) Inteligência intrapessoal: necessária para o líder atingir seu
autoconhecimento, que faz parte da caminhada rumo ao sucesso de sua liderança.
Vale ressaltar que a inovação deve ser utilizada pelo líder como um elemento
estratégico de trabalho para o negócio, uma vez que a liderança na era do
conhecimento necessita de constante inovação de processos, atividades e estratégias
para que a organização se mantenha competitiva nos negócios. (LAFLEY; CHARAN,
2008).
Dessa forma, faz-se necessário entender que o conhecimento, mais importante
fonte de vantagem competitiva e desempenho sustentável das organizações, é a base
para o desenvolvimento do líder, assim como expressa uma brilhante fonte de
30
excelência de performance em ambientes tomados pela turbulência. (BITENCOURT,
2010).
2.4 COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS
Com o surgimento da era do conhecimento as organizações estão entendendo
que a gestão de talentos deve ganhar espaço para que cesse a falta de planejamento
e foco nas seleções, treinamentos e desenvolvimentos de líderes, onde tal gestão
objetiva o desenvolvimento de talentos por meio das competências vislumbradas e
abordadas pela organização.
Segundo Rabaglio (2004) competência pode ser definida como um
agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionadas, que oferta
parte considerável da atividade de alguém, que se relaciona com seu desempenho,
que pode ser medido segundo padrões preestabelecidos, e que pode ser melhorado
por meio de treinamento e desenvolvimento.
Espera-se com este modelo de gestão de talentos, que os colaboradores
potenciais se reconheçam como tal e busquem inovar seus estilos de trabalho para
que a organização consiga desenvolvê-lo como líder de algum projeto ou até mesmo
assumir uma posição estratégica onde seu perfil se enquadre. (RABAGLIO, 2004).
Vale ressaltar que quando o talento está abaixo do nível de competências que
a função necessita, é imprescindível traçar um plano de desenvolvimento em comum
acordo com o colaborador para que haja um alinhamento sobre as competências que
ele necessita reforçar e como isso poderá ser feito, para que quando preparado, a
posição de líder seja ocupada com efetividade e assertividade, não como lideranças
desenvolvidas imaturamente, erro que muitas organizações ainda cometem.
(RESENDE, 2004).
A gestão de talentos por sua vez adota como teoria e estudo base o modelo
CHA, caracterizado pelo conhecimento, habilidade e atitude do indivíduo. No entanto,
percebe-se que o conhecimento é o próprio saber, o que se aprende na formação
escolar e acadêmica, nas leituras de livros e revistas, no trabalho e nas relações
diárias. A habilidade é o saber fazer, onde é expressa por tudo o que utiliza
conhecimentos adquiridos cotidianamente. Por fim, a atitude é o que impulsiona ao
31
exercício da habilidade de um determinado conhecimento, pois é o querer fazer.
(LEME, 2005).
Por isso devemos analisar o modelo CHA do aspecto da organização e
indivíduo, onde os conhecimentos, habilidades e atitudes do talento estejam
relacionados com os objetivos e estratégias da empresa, para que os valores
organizacionais não estejam distanciados das expectativas e valores dos indivíduos.
Atingindo este padrão, a empresa consegue um bom mapeamento das competências
disponíveis em comparação às quais precisam ser desenvolvidas para que haja um
desenvolvimento de sua liderança, desde seu caminhar no aspecto operacional até o
amadurecimento e nivelamento das competências desejadas pela organização.
(BITENCOURT, 2010).
Dessa forma, Knapik (2006) expõe a metáfora da “árvore de competências”
como sendo um desdobramento das competências. Com isso, existe uma
comparação do desenvolvimento de competências do indivíduo ao crescimento de
uma árvore. Portanto, quando os três elementos da árvore, raízes, tronco e copa,
crescem de forma natural e sadia, contribuem juntos para a gênese de bons frutos,
proporcionando, então, um desenvolvimento de talentos eficaz. Sendo assim, a raiz
corresponde às atitudes, ou seja, valores, crenças e princípios formados ao longo da
vida. O tronco, por sua vez, corresponde ao conhecimento, expresso pelo conjunto de
informações que são armazenadas e de que se pode lançar mão quando necessário.
Por fim, a copa corresponde às habilidades, como agir com talento, capacidade e
técnica.
Contudo, as organizações devem ser vistas como um catálogo de produtos,
serviços e competências. Uma vez que a definição de competência é incorporada e
disseminada como um valor da empresa, esta tende a desenvolver seus talentos para
se tornarem líderes atuantes com níveis ótimos de competência, e assim a Gestão de
Talentos passa a ser uma prática estratégica nas organizações. (LEME, 2005).
Pode-se verificar que as competências passaram a agregar valor para a gestão
e passaram por uma mudança de paradigma em suas definições e objetivos para
melhor utilização na gestão contemporânea. Para tal, deve-se entender a diferença
existente entre as competências essenciais, estratégicas, e as de gestão para a
melhor utilização na gestão de talentos. (RABAGLIO, 2004).
As competências essenciais dão ênfase nas capacidades de possuir, adaptar
ou transformar tecnologias para o atingimento do sucesso no negócio. No entanto,
32
são chamadas de essenciais por estarem relacionadas à essência das atividades-fim
da organização e do negócio. Já as competências estratégicas estão expressas pelo
conjunto de dez a quinze competências que proporcionam à empresa vantagem
competitiva ao serem adotadas como modelo para a gestão, são elas: criatividade,
comunicação, relações, agilidade, satisfação do cliente, decisão, planejamento
estratégico, gestão de pessoas, visão de negócios, foco nos resultados, dentre outras.
E por fim, as competências de gestão que estão ganhando força no cenário da gestão
por competências da atualidade e pelo despertar das organizações para o trabalho
efetivo pelos resultados finais de qualidade, produtividade e satisfação dos clientes.
Essa categoria de competências, não totalmente reconhecida ainda, que traz
resultados satisfatórios para a gestão dos negócios. (RESENDE, 2004).
Segundo Junqueira (2009) existem competências que são chaves para o
sucesso, pois estão orientadas para resultados, o que assegurará maior sucesso às
organizações. São elas: Competência de planejamento; organização; controle;
orientação; delegação; decisão; liderar; treinar e educar; comunicar; dar e receber
feedback e conduzir reuniões. Dessa forma, o grau e rapidez com que a empresa
atinge o sucesso estão relacionados com a maior ou menor aplicação dessas
competências.
É importante salientar que as competências organizacionais estão associadas
aos elementos da estratégia competitiva da empresa, a saber: visão, missão e
integração estratégica, por se tratar de uma abordagem coletiva. Além destas, existem
as competências individuais, que são as capacidades de se lidar com situações
complexas, resolver problemas, saber ouvir, ser comprometido, ter foco em
resultados, dentre outras tantas valorizadas pelas organizações. (RUAS;
ANTONELLO; BOFF, 2005).
Dentre os diversos recursos disponíveis nas organizações, as competências
das pessoas apresentam o maior valor à serviço da empresa, como por exemplo, a
criatividade, iniciativa e expertise. Portanto, a gestão de competências chega ao
ambiente organizacional para ajudar no alcance da vantagem competitiva, uma vez
que todas as habilidades das pessoas podem ser canalizadas para o atingimento de
objetivos, metas, bem como do cumprimento da estratégia. (FERNANDES, 2013).
Pode-se observar que as competências individuais estão relacionadas à forma
de agir das pessoas por meio dos conhecimentos, habilidades e atitudes. Envolve,
também, os fatores comportamentais, que são pontos importantes para implantação
33
e desenvolvimento de ferramentas de gestão de desempenho nas organizações.
Sendo assim, as competências técnicas são aquelas necessárias para o indivíduo
ocupar determinada função na empresa. (DALMAU; TOSTA, 2009).
É importante salientar que a gestão por competências, além de alinhar os
esforços individuais de forma a gerar e sustentar as competências organizacionais
também é bastante importante para o alinhamento estratégico da organização, uma
vez que surge como fonte de vantagem competitiva e alternativa aos modelos
gerenciais utilizados atualmente na era do conhecimento e no mundo globalizado.
(BOAS; ANDRADE, 2009).
Portanto, as organizações que apostam na gestão do conhecimento seguem
abordagens que valorizam as pessoas nos processos de gestão de desempenho,
formação contínua, sistema de recompensas e remuneração. Por fim, o talento é o
principal ativo organizacional e fonte de vantagem competitiva, por isso há
necessidade de se investir no desenvolvimento das capacidades e no aprimoramento
constante. (DOMINGUES; NEVES, 2009).
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
A pesquisa possui diferentes métodos e técnicas de coleta de dados que se
fundamentam em conceitos definidos por autores que abordam assuntos sobre
metodologia científica. Neste contexto, propõe-se apresentar o entendimento e as
limitações do método adotado.
Vários aspectos interferem no planejamento da pesquisa, a saber: o problema
de pesquisa abordado, a natureza da pesquisa, o espaço e tempo da pesquisa e nível
de conhecimento do investigador sobre o assunto. Isto significa dizer que em uma
investigação pode haver um número sem fim de tipos de pesquisa (KÖCHE, 1997).
Marconi e Lakatos (2001) corroboram com KÖCHE (1997) quando afirmam que
a metodologia a ser utilizada na pesquisa está relacionada com o problema estudado,
34
em função da natureza do fenômeno, objetivo da pesquisa e de outros aspectos
envolvidas na investigação.
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Dessa forma, o desenvolvimento da pesquisa tem a natureza de uma pesquisa
aplicada, pois seus fundamentos são motivados pela necessidade de soluções
concretas dos problemas. Seu objetivo é gerar conhecimentos para uma aplicação
prática dirigida às soluções de problemas específicos. Assim, a pesquisa aplicada
preconiza a geração do conhecimento para aplicação prática na solução de problemas
específicos, os quais envolvem os fatos verdadeiros obtidos na pesquisa e o
conhecimento dos interesses locais (GIL, 1999).
Quanto aos propósitos, este trabalho ostenta a forma de uma pesquisa
exploratória. De acordo com GIL (1999), a pesquisa exploratória objetiva maior
familiaridade com o problema de forma a torná-lo explícito ou a construir hipóteses.
Contempla levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que
estimulem a compreensão. Portanto, explora novos fatos ou situações desconhecidas
e assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.
No que tange à natureza dos dados, a pesquisa qualitativa tem por fim
compreender o contexto no qual a situação está inserida por meio de dados
descritivos. Para Demo (2000), as metodologias qualitativas são geralmente
consideradas como pesquisa participante, pesquisa ação, levantamentos feitos
Figura 1: Classificação metodológica. Fonte: Autora (2015).
35
através de questionários abertos ou diretamente gravados, história oral e análises de
grupo.
Quanto ao tipo de amostragem, utilizou-se o modelo não probabilístico, onde
neste tipo de amostra a seleção não é feita ao acaso, pois os membros da população
não possuem igual chance de serem escolhidos para a pesquisa. Esse tipo de
procedimento inviabiliza a estimativa de erro de amostragem bem como impede a
generalização dos resultados para a amostra. Vale ressaltar que existem as
abordagens de amostragem por cotas, amostragem por conveniência e amostragem
intencional. Neste estudo, a amostragem de população a ser pesquisada é do tipo
amostragem por conveniência.
No que se refere ao delineamento ou forma esta pesquisa apresenta caráter
não-experimental. No entanto, a pesquisa não experimental tem por objetivo explorar,
compreender, descrever fenômenos ou situações de interesse. Requer cuidados com
sua validação interna, caracterizada pelo design e validação dos constructos, por meio
de critérios e níveis de medições. Vale ressaltar que existem vários tipos quanto ao
delineamento: estudo de caso, etnografia, pesquisa participante, análise de conteúdo,
análise documental e pesquisa bibliográfica.
No que tange aos procedimentos técnicos, esta é uma pesquisa bibliográfica,
documental e participante. Segundo (GIL, 1999), a pesquisa bibliográfica é elaborada
a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de
periódicos e material disponibilizado na internet; a pesquisa documental, que é
sempre elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico e a
pesquisa participante, a qual ocorre a partir da interação entre pesquisadores e
membros das situações investigadas.
3.2 MÉTODO
A estratégia da pesquisa é constituída de revisão da literatura sobre gestão do
conhecimento. A pesquisa bibliográfica foi realizada nas bases de pesquisas
científicas especializadas Scopus e I.S.I., as quais foram selecionadas devido à
abrangência e o reconhecimento como fontes de difusão do conhecimento científico.
Dessa forma, para a realização das entrevistas de campo, o modelo a ser seguido
está expresso na figura 2.
2 – Operacionalização dos objetivos e variáveis
Os conceitos e variáveis do levantamento devem ser passíveis de observação empírica e mensuráveis.
1- Especificação do objetiv
Esclarecer, refinar e delimitar o assunto que será pesquisado.
36
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
A pesquisa de campo envolveu a estruturação de um questionário que objetivou
coletar dados importantes para a identificação de ações estratégicas para
implementação da gestão do conhecimento.
Foi elaborado um questionário, que se encontra no Apêndice I, o qual orientou
e definiu o processo de investigação. O mesmo foi aplicado objetivando a validação
interna e dos constructos formulados para a pesquisa.
3.3.1 UNIVERSO E AMOSTRA
A amostra da população pesquisada foi composta por dez Gerentes,
considerados membros da Diretoria; dez Especialistas em Educação e Treinamento e
Figura 2: Etapas do levantamento de dados Fonte: Autora (2013).
37
Gestão do Conhecimento de uma empresa do setor alimentício, com sua sede em
São Paulo. Esta equipe foi escolhida por ter tempo médio de empresa de cinco anos
e possuir a cultura da organização bastante enraizada, fatores que contribuiram para
melhor resultado da pesquisa.
Sabe-se que a equipe composta pela amostra desenvolve atividades de
gerenciamento de talentos por meio de avaliação de desempenho; trilha de
desenvolvimento de pessoas; plano de carreira e sucessão; desenvolvimento de
treinamentos funcionais e comportamentais para equipes de alta performance, além
de cuidar da gestão do conhecimento de toda a organização no Brasil. Trata-se,
portanto, de uma amostra não-probabilística e do tipo por conveniência. A aplicação
do questionário será feita de maneira presencial.
Nesse sentido, foi realizado um pré-teste com cinco integrantes da equipe de
Educação e Treinamento da empresa do setor alimentício em questão com o objetivo
de verificação da adequabilidade do instrumento de coleta de dados e consequentes
ajustes para melhor atendimento aos objetivos da pesquisa.
A principal justificativa para o uso desta amostra está na crença de que estes
sejam formadores de opinião (KAYO e SECURATO, 1997). Portanto, este grupo deve
sentir-se pessoalmente envolvido com o problema em debate e motivado para as
respostas. Além disso, deve possuir informações consistentes, a serem
compartilhadas, e estar convencidos de que os resultados da pesquisa irão fornecer
informações valiosas, não acessíveis de outra forma para uso na prática.
3.3.2 FUNDAMENTAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO
O questionário é um conjunto de questões, elaborado para gerar os dados
necessários para se atingir os objetivos do projeto. Vale ressaltar que nem todos os
projetos de pesquisa utilizam essa forma de instrumento de coleta de dados, porém,
o questionário é muito importante na pesquisa científica. (KAYO e SECURATO, 1997).
Estes autores ainda expressam que a elaboração de questionários não é uma tarefa
fácil, pois demanda tempo e esforço para a realização de um bom trabalho de coleta
de dados. Dessa forma, não existe metodologia padrão para o projeto de
38
questionários, porém, existem algumas recomendações que são importantes para
garantir o processo de pesquisa científica.
Segundo Kayo e Securato (1997), a modalidade anônima é um dos pontos mais
importantes e menos questionados pela literatura pesquisada, uma vez que garante a
igualdade na expressão de ideias, pois não há possibilidade de pressão psicológica
ou qualquer tipo de manipulação pelos membros mais influentes do grupo. Sabe-se
que o anonimato ajuda a eliminar tendências e distorções decorrentes da
personalidade dos participantes, tais como: insegurança, pressões políticas, medo de
admitir erros e reavaliar posições.
Tendo em vista que é necessário identificar ações estratégicas para a
implementação da gestão do conhecimento na empresa estudo de caso, foram
entrevistados vinte membros da área Recursos Humanos, sendo dez Gerentes e dez
Especialistas em Educação e Treinamento e Gestão do Conhecimento. A aplicação
do questionário será individual e presencial na sede da empresa estudo de caso, em
São Paulo, por meio das perguntas estruturadas com base nos autores que são
referência no assunto gestão do conhecimento, conforme pode-se verificar pela figura
3.
Questões Autores Grupo de Questões
1 – Com qual relevância você identifica que o tema gestão do conhecimento é abordado pela Diretoria?
KNAPIK (2006); TERRA (2001);
BITENCOURT (2010)
Gestão do Conhecimento
2 – Qual a relevância do nível de implementação de fatores estratégicos que levam a empresa ao alcance da vantagem competitiva por meio da gestão do conhecimento?
CARBONE (2009); FERNANDES (2013); MINTZBERG (2007)
Vantagem Competitiva
3 – Qual a relevância da frequência com que a empresa utiliza as competências dos colaboradores e a liderança como fatores de sucesso?
JUNQUEIRA (2009); MAÇÃES (2014); DUTRA (2012)
Competências Organizacionais
4 – Na sua visão, qual a relevância do nível de envolvimento da liderança na busca pela vantagem competitiva do negócio?
CARBONE (2009); FERNANDES (2013); MINTZBERG (2007)
Vantagem Competitiva
39
5 – Qual a relevância da frequência de disseminação da estratégia de gestão conhecimento pela empresa?
KNAPIK (2006); TERRA (2001);
BITENCOURT (2010)
Gestão do Conhecimento
6 – Qual a relevância das estratégias presentes na gestão do conhecimento que são suficientes para o futuro da gestão de pessoas na sua organização?
JUNQUEIRA (2009); MAÇÃES (2014); DUTRA (2012)
Competências Organizacionais
7 – Com qual frequência a empresa divulga sua estratégia de pessoas para todos os níveis?
CARBONE (2009); FERNANDES (2013); MINTZBERG (2007)
Vantagem Competitiva
8 – Na sua visão, a gestão do conhecimento poderá sustentar os pilares competitivos da sua empresa no longo prazo?
KNAPIK (2006); TERRA (2001);
BITENCOURT (2010)
Gestão do Conhecimento
9 – Quanto você acredita que a gestão do conhecimento pode realmente proporcionar a vantagem competitiva para a empresa?
KNAPIK (2006); TERRA (2001);
BITENCOURT (2010)
Gestão do Conhecimento
10 – Na sua visão, a empresa utiliza todas as ferramentas existentes na gestão do conhecimento para manter seu posicionamento competitivo?
KNAPIK (2006); TERRA (2001);
BITENCOURT (2010)
Gestão do Conhecimento
11 – Os gestores estimulam as equipes a buscarem informações sobre os resultados dos trabalhos ligados às estratégias dos negócios?
CARBONE (2009); FERNANDES (2013); MINTZBERG (2007)
Vantagem Competitiva
12 – Com qual relevância os processos de tomada de decisão das áreas levam em conta as experiências de trabalhos anteriores e as competências individuais dos colaboradores?
JUNQUEIRA (2009); MAÇÃES (2014); DUTRA (2012)
Competências Organizacionais
13 – Com qual relevância os líderes fazem os cascateamentos das estratégias dos negócios para as equipes?
CARBONE (2009); FERNANDES (2013); MINTZBERG (2007)
Vantagem Competitiva
14 – Com qual relevância a aquisição de conhecimento é mapeada e gerenciada por sua área?
KNAPIK (2006); TERRA (2001);
BITENCOURT (2010)
Gestão do Conhecimento
15 – Quando há perda de conhecimento, ou seja, membro desligado na equipe, é utilizada uma matriz de competências para não impactar nos processos e estratégias?
CARBONE (2009); FERNANDES (2013); MINTZBERG (2007)
Vantagem Competitiva
16 - Os conhecimentos possuídos pelos colaboradores que se aposentam são perdidos?
KNAPIK (2006); TERRA (2001);
BITENCOURT (2010)
Gestão do Conhecimento
40
17 – A matriz de habilidades é divulgada para os membros da equipe e alinhada com as estratégias para o setor?
CARBONE (2009); FERNANDES (2013); MINTZBERG (2007)
Vantagem Competitiva
18 – Qual a relevância de se mensurar aquisição de conhecimento na gestão de desempenho anual?
JUNQUEIRA (2009); MAÇÃES (2014); DUTRA (2012)
Competências Organizacionais
19 – Qual a relevância de alcançar vantagem competitiva com base no conhecimento das pessoas?
CARBONE (2009); FERNANDES (2013); MINTZBERG (2007)
Vantagem Competitiva
20 – Você acredita que há relevância em preferir o processo de aprendizagem com base em manuais do que com o contato direto com as pessoas?
CARBONE (2009); FERNANDES (2013); MINTZBERG (2007)
Vantagem Competitiva
21 - Os colaboradores têm acesso a arquivos que identificam as pessoas da organização possuidoras de determinado conhecimento?
KNAPIK (2006); TERRA (2001);
BITENCOURT (2010)
Gestão do Conhecimento
22 – Qual a relevância das pessoas detentoras de conhecimentos especializados serem multiplicadores nas áreas?
KNAPIK (2006); TERRA (2001);
BITENCOURT (2010)
Gestão do Conhecimento
3.3.3 ANÁLISE DOS DADOS
A análise do conteúdo foi feita conforme (BARDIN, 1994), com base no
conjunto de técnicas de análise de comunicações, as quais lançam mão de
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo de mensagens,
indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção ou recepção (variáveis inferidas) dessas
mensagens analisadas.
A análise estatística dos dados foi feita de forma qualitativa, utilizando-se a
escala tipo Likert com cinco pontos, onde foi coletada a moda, ou seja, a resposta
mais frequente. (GIL, 1999).
Likert (1932) introduziu uma técnica de medição de atitudes em formato de uma
escala ordinal. O objetivo é que um indivíduo seja confrontado com declarações e que
sejam feitas reflexões ou disposições psíquicas do indivíduo (como sentimentos,
desejos, anseios e percepções) especificando seu nível de concordância com a
Quadro 1: Roteiro de entrevista com base na revisão da literatura. Fonte: Autora (2015).
41
declaração feita. A escala de Likert é usada habitualmente em questionários, e pode
ser aplicada também em pesquisas que envolvam opiniões.
Wakita et al. (2012) afirmam que a maioria das escalas Likert variam entre 4 e
7 pontos. Um número ímpar de opções é usado quando os pesquisadores precisam
de uma opção neutra, como “Não concordo nem discordo”, enquanto que um número
par de opções é usado quando pesquisadores precisam obter as opiniões dos
participantes, porém não é recomendado pelo trabalho original de Likert (1932),
justamente por não se ter uma opção neutra. Em termos de confiabilidade, Lissitz &
Green (1975) e Boote (1981) sugerem que escalas de 5 pontos possuem maior
confiabilidade estatística.
3.3.4 CONSULTA PRÉVIA AOS ENTREVISTADOS
Com o objetivo de fornecer suporte a este estudo com aspectos práticos de
uma organização do setor alimentício, como recomenda Lakatos (2011), demonstrou-
se no capítulo 2 a revisão da literatura com abordagens atuais da gestão do
conhecimento como importante ferramenta para o atingimento da vantagem
competitiva nas organizações.
Desta forma, foi realizada uma consulta informal a cinco integrantes da equipe
de Educação e Treinamento, com base na revisão da literatura. Esta consulta teve o
objetivo de traçar um panorama sobre o conhecimento prévio dos entrevistados
quanto ao tema gestão do conhecimento organizacional.
A escala de relevância abaixo será utilizada para todas as perguntas dispostas
no questionário disponível no Apêndice I.
1 – Nenhuma relevância
2 – Baixa relevância
3 – Indiferente
4 – Crescente relevância
5 – Alta relevância
1 2 3 4 5
Figura 3: Escala de relevância para respostas às questões. Fonte: Autora (2015).
42
Pode-se observar que o resultado do pré-teste permite evidenciar na primeira
consulta prévia realizada com três membros da diretoria, com base na questão 1, foi
questionado se estão discutindo nas reuniões estratégicas da cúpula o tema gestão
do conhecimento. Foi relatada que esta é uma preocupação da organização
mundialmente e que já se fala em criar unidades de negócio suportes para
desenvolver estratégias de disseminação de gestão do conhecimento por todos os
países presentes no conglomerado de empresas. Ainda reforçaram que a área de
Gestão de Pessoas tem este desafio para a estratégia de longo prazo a implantação
de todas as ferramentas de gestão já disponibilizadas pela empresa para todos os
países para ajudar no gerenciamento do capital intelectual.
Foi questionado qual o nível de implementação de fatores estratégicos que
levam a empresa ao alcance da vantagem competitiva por todas as unidades de
negócios presentes no mundo. Como primeira resposta veio o “avançado” com ênfase
na palavra conhecimento como sendo o fator preponderante para levar a empresa ao
atingimento de vantagem competitiva, isto porque não se consegue uma posição de
destaque no segmento sem que haja domínio do conhecimento e formas de se
perpetuar a marca pelos anos.
Foi questionada com que frequência a empresa utiliza as competências dos
colaboradores e a liderança como fatores de sucesso. Foi dito “constantemente”, onde
os departamentos de Talento e Desenvolvimento são ferramentas da empresa que
estão à frente das estratégias, pois têm o objetivo de desenvolver a liderança para as
tendências e para os desafios do mercado brasileiro, além de desenvolver estratégias
para preencher as lacunas de competências existentes que ainda prejudicam o
avanço da empresa e maturidade dos processos internos.
Na sequência foi questionado qual o nível de envolvimento da liderança na
busca pela vantagem competitiva do negócio. A resposta foi muito positiva,
demonstrando “alto envolvimento”, onde os líderes desta organização têm uma grade
de desenvolvimento de acordo com suas aspirações de carreira e também com os
desafios do negócio e a disseminação do conhecimento por parte de suas equipes é
prioridade, sendo meta anual analisada pela diretoria nas ferramentas de gestão de
desempenho disponíveis.
43
Sobre a frequência de disseminação da estratégia de gestão conhecimento
pela empresa foi identificada a “mensal”, onde a estratégia é desmembrada em
estratégias menores para disseminação às unidades espalhadas no Brasil. O objetivo
é único: alcançar vantagem competitiva. A forma de disseminação da gestão do
conhecimento se dá por meio de divulgações internas, manuais, treinamentos com o
enfoque comportamental e de desenvolvimento de talentos e por fim a busca pelo
engajamento de todos para alcance do mesmo objetivo.
Por fim, foi questionado se as estratégias presentes na gestão do conhecimento
são suficientes para o futuro da gestão de pessoas na organização. Foi identificado
que “em sua totalidade” a gestão do conhecimento é um complemento fundamental
da estratégia para as práticas de gestão atuais e do futuro da organização, porém,
não são suficientes para garantir a perpetuação da vantagem competitiva da empresa
no mercado. Foi identificado também, que as ferramentas presentes na inovação,
sustentabilidade, engenharia, tecnologia e capital intelectual serão futuros
direcionadores estratégicos ao lado da gestão do conhecimento para o atingimento
da vantagem competitiva, pois é necessário ainda o amadurecimento destes
processos para que se incluam na estratégia geral da organização.
Portanto, esta consulta prévia, realizada com as seis primeiras questões do
questionário, nos permitiu confirmar que o instrumento de pesquisa está de acordo
com as expectativas e apto a devolver análises suficientes para responder aos
objetivos do presente estudo.
4 EMPRESA ESTUDO DE CASO
A empresa estudo de caso é de origem Suíça e atualmente considerada como
a maior indústria de alimentos do mundo, atuando em 194 países dos cinco
continentes. Sua primeira fábrica no Brasil foi construída em 1921, no estado de São
Paulo, para a produção de leite condensado.
Suas vendas estão divididas por segmentos, a saber: 27% de bebidas; 26% de
produtos lácteos e alimentos; 18% de pré-preparados e pratos prontos a comer; 12%
de chocolate; 11% de produtos para animais; 8% de leites infantis.
No Brasil, a empresa atua com 31 fábricas e um escritório Sede onde seus
principais produtos são chocolates; sorvetes; biscoitos; achocolatados; cereais; águas
e cafés.
44
Por fim, sabe-se que a empresa estudo de caso no Brasil representa para a
corporação o terceiro mercado após União Europeia e EUA e nacionalmente é uma
das maiores companhias brasileiras.
Em se tratando da área de interesse deste estudo, gestão do conhecimento,
pode-se perceber que esta empresa possui ferramentas de alta performance para lidar
com gestão de pessoas. Em gestão do conhecimento, pode-se citar sistemas próprios
e adquiridos por meio de licenças que permitem análises de estrutura organizacional;
reportes; gerencimento de talentos; gestão de desempenho; acompanhamento de
plano de sucessão e análise de cenários futuros ligados à mão de obra.
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A pesquisa foi realizada no período entre os dias 27 de julho a 07 de agosto de
2015, na sede da empresa em São Paulo, onde cem por cento do público alvo
respondeu ao questionário enviado por e-mail, o qual poderá ser consultado no
Apêndice I.
Foi utilizada a plataforma online de criação de questionários “Survio”, onde o
mesmo foi criado e endereçado aos respondentes e após seu retorno à base de dados
foi feita uma análise dos resultados, que está disponível na sequência.
5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS
45
As informações referentes ao perfil dos entrevistados foram solicitadas à área
de Recursos Humanos da empresa, meramente para os fins acadêmicos propostos
por este trabalho.
Nota-se que 65% dos respondentes são do sexo masculino, o que corresponde
a treze pessoas, enquando 35% são mulheres, caracterizando sete respondentes
conforme o gráfico 1.
Quanto à idade dos respondentes, percebe-se que há predominância de 85%
dos respondentes na faixa etária de 31 a 40 anos, o que corresponde a 17 pessoas.
Já na faixa etária acima de 41 anos nota-se que os entrevistados estão representando
10%, com 2 respondentes. Por fim, na faixa etária de 20 a 30 anos, percebe-se o
menor número de entrevistados, apenas 5%, ou seja, uma pessoa.
Fonte: Autora (2015).
Gráfico 1 – Sexo dos respondentes
Gráfico 2 – Faixa etária
46
Gráfico 4 – Questão 1
Quanto ao tempo de empresa, observa-se que a maioria dos repondentes tem
até 10 anos de empresa, representados por 50%, ou seja, 10 pessoas. Já 40% dos
entrevistados estão entre 11 e 20 anos na empresa, totalizando 8 colaboradores. Por
fim, apenas 10% dos respondentes estão na empresa por um período superior a 21
anos, o que corresponde a 2 pessoas.
5.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Com base na primeira pergunta do questionário, pode-se analisar que 55% dos
respondentes expressam que o tema gestão do conhecimento está em crescente
relevância na abordagem da Diretoria da empresa. Desta forma, este resultado
corrobora com o que os autores Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2008) expressam
sobre a gestão do conhecimento, que traz às organizações a possibilidade de utilizar
seu conceitos e ferramentas.
Fonte: Autora (2015).
Gráfico 3 – Tempo de empresa
Fonte: Autora (2015).
47
Gráfico 5 – Questão 2
Quanto à segunda questão, nota-se que 60% dos respondentes asseguram
que o nível de implementação de fatores estratégicos que levam a empresa ao
alcance da vantagem competitiva, por meio da gestão do conhecimento, tem ganhado
crescente relevância na organização. Uma vez que Terra (2001) abordou a
importância da adoção de fatores estratégicos, como por exemplo, inovação de
processos e pessoas, pode-se afirmar que este é o caminho para a organização atingir
a vantagem competitiva.
Fonte: Autora (2015).
48
Gráfico 6 – Questão 3
No que se refere à frequência com que a empresa utiliza as competências dos
colaboradores e a liderança como fatores de sucesso a questão 3 vem trazer 65% de
crescente relevância. Esta resposta vem reafirmar o que Blanchard (2010) ressalta
sobre a liderança, a qual é a força impulcionadora por levar a equipe ao atingimento
das metas.
Fonte: Autora (2015).
49
Gráfico 7 – Questão 4
A questão 4 revela que 70% dos respondentes assumem a crescente
relevância do nível de envolvimento da liderança na busca pela vantagem competitiva
do negócio. Dessa forma, é importante correlacionar esta percepção com a
abordagem de Bitencourt (2010) sobre o importante papel da liderança para o
desempenho sustentável das organizações.
Fonte: Autora (2015).
50
Gráfico 8 – Questão 5
Do ponto de vista de 75% dos respondentes a frequência de disseminação da
estratégia de gestão do conhecimento pela empresa tem crescente relevância na
organização. O que é extremamente positivo como relata Terra (2001) sobre a
competitividade baseada no conhecimento que as empresas estão enfrentando, onde
o aumento do investimento em qualificação profissional, planejamento e
desenvolvimento de novos produtos têm que ser rápidos para acompanhar o
dinamismo das mudanças organizacionais.
Fonte: Autora (2015).
51
Gráfico 9 – Questão 6
Com relação à questão 6, nota-se que 80% dos respondentes identificam
crescente relevância das estratégias presentes na gestão do conhecimento, que são
suficientes para o futuro da gestão de pessoas na organização. Esta tendência foi
abordada por Nonaka e Takeuchi (2008) ao citar as interferências estratégicas e de
posicionamento competitivo que estão ligadas às conquistas de vantagem
competitiva.
Fonte: Autora (2015).
52
Gráfico 10 – Questão 7
Sobre a frequência com que a empresa divulga sua estratégia de pessoas para
todos os níveis, os respondentes sinalizaram uma crescente relevância por meio de
60% das respostas. Para Mintzberg et al. (2010), a forma de se pensar no futuro,
denominada estratégia, deve ser cascateada por todos os níveis da organização para
que todos reúnam forças para buscar o atingimento dos objetivos.
Fonte: Autora (2015).
53
Gráfico 11 – Questão 8
Com relação à questão 8, 65% dos respondentes afirmaram que há crescente
relevância no tema em que a gestão do conhecimento poderá sustentar os pilares
competitivos da empresa no longo prazo. Isto se deve ao fato de que a análise da
organização sob a ótica da competência deve focar a vantagem competitiva
sustentada, que ganha expressividade à medida que a empresa a utiliza na
construção dos objetivos organizacionais ao longo do tempo. (RUZZARIN; AMARAL;
SIMIONOVSCHI, 2006).
Fonte: Autora (2015).
54
Gráfico 12 – Questão 9
Do ponto de vista de 60% dos respondentes indicam crescente relevância de
que a gestão do conhecimento pode realmente propiciar a vantagem competitiva para
a empresa. Neste contexto os autores Bhusry e Ranjan (2012) afirmam que a gestão
do conhecimento está sendo considerada uma estratégia para a empresa melhorar
seu desempenho e aumentar seus índices de competitividade.
Fonte: Autora (2015).
55
Gráfico 13 – Questão 10
Para 45% dos respondentes existe uma crescente relevância em que a
empresa utiliza todas as ferramentas existentes na gestão do conhecimento para
manter seu posicionamento competitivo. Já para 40% existe baixa relevância. O autor
Johnson (2009) ajuda nesta análise ao afirmar que existem fatores que também
devem ser considerados ao se falar de estratégia para alcance de vantagem
competitiva, são eles: complexidade, incerteza e decições operacionais. Reforça-se,
neste momento, apenas a complexidade, pois é um recurso de decisões estratégicas
e utilizado principalmente em organizações de amplo alcance geográfico, como as
multinacionais. Então, por esta complexidade há divergência entre os respondentes.
Fonte: Autora (2015).
56
Gráfico 14 – Questão 11
Sobre a questão 11, os respondentes afirmaram com 45% das respostas que
tem havido crescente relevância dos gestores em estimularem as equipes a buscarem
informações sobre os resultados dos trabalhos ligados às estratégias dos negócios.
Já para 35% existe baixa relevância para o tema. Neste contexto, o autor Maçães
(2014) aponta o ambiente de expressivas mudanças e o papel do líder em ser o
disseminador das estratégias para sua equipe, além de ser o estimulador para que
todos busquem realizar atividades que estejam ligadas à estratégia.
Fonte: Autora (2015).
57
Gráfico 15 – Questão 12
Para 50% dos respondentes existe crescente relevância quanto aos processos
de tomada de decisão das áreas levando em conta as experiências de trabalhos
anteriores e as competências individuais dos colaboradores. Neste contexto, Rabaglio
(2004) afirma que com o modelo de gestão de talentos, os colaboradores potenciais
devem buscar inovar seus estilos de trabalho para que a os líderes consigam
desenvolvê-lo baseando-se em seus gaps de competências.
Fonte: Autora (2015).
58
Gráfico 16 – Questão 13
A questão 13 expressa que 55% dos entrevistados percebem crescente
relevância com relação aos cascateamentos que os líderes fazem das estratégias dos
negócios para as equipes. Este tema corrobora com Mintzberg et al. (2010) no que se
refere à disseminação das metas e objetivos das equipes com relação ao
planejamento mestre seguido por toda a organização.
Fonte: Autora (2015).
59
Gráfico 17 – Questão 14
Para 65% dos respondentes foi identificada crescente relevância para
aquisição de conhecimento como sendo mapeada e gerenciada pela área. Isto
demonstra a mudança necessária que a organização deve enfrentar como um desafio
de atitude, pois os fatores que motivam as pessoas a mudarem nas organizações
altamente profissionalizadas são os sistemas de aprendizado e conhecimento, os
quais preparam as empresas para obter maior sucesso por meio do capital intelectual.
(TUSHMAN; NADLER, 1997).
Fonte: Autora (2015).
60
Gráfico 18 – Questão 15
A questão 15 demonstra que 60% dos respondentes percebem crescente
relevância quando há perda de conhecimento, ou seja, quando algum membro é
desligado na equipe, é utilizada uma matriz de competência para não impactar nos
processos e estratégia. Portanto, as organizações que apostam na gestão do
conhecimento seguem abordagens que valorizam as pessoas nos processos de
gestão de desempenho e formação contínua para que o conhecimento seja
disseminado e não haja impacto negativo na organização quando houver
desligamento ou transferência do colaborador. (DOMINGUES; NEVES, 2009).
Fonte: Autora (2015).
61
Gráfico 19 – Questão 16
Nota-se que 50% dos respondentes percebem crescente relevância no tema
dos conhecimentos possuídos pelos colaboradores que se aposentam são perdidos.
Esta resposta traz à empresa grande oportunidade de desenvolver as ferramentas
existentes de gestão do conhecimento, como reforçam em sua abordagem os autores
Domingues e Neves (2009), para que não haja perda de conhecimento em qualquer
nível, quando houver colaborador aposentado.
Fonte: Autora (2015).
62
Gráfico 20 – Questão 17
Percebe-se que 70% dos respondentes afirmam crescente relevância do tema
em que a matriz de habilidades é divulgada para os membros da equipe e alinhada
com as estratégias para o setor. Bitencourt (2010) corrobora com esta prática
afirmando que a gestão de desempenho é o momento oportuno entre líder e
colaborador para alinhamento das expectativas, além de disseminar as estratégias e
a matriz de habilidade da equipe para demonstrar o caminho a ser percorrido.
Fonte: Autora (2015).
63
Gráfico 21 – Questão 18
Para 85% dos respondentes há crescente relevância de se mensurar aquisição
de conhecimento na gestão de desempenho anual. A expressividade deste tema está
de acordo com a abordagem de Bitencourt (2010), no que diz respeito à gestão de
desempenho anual realizada nas organizações, cujo momento é propício para
identificar as competências e conhecimentos adquiridos, bem como aqueles que ainda
precisam ser desenvolvidos.
Fonte: Autora (2015).
64
Gráfico 22 – Questão 19
Por meio da questão 19 pode-se concluir que 80% dos respondentes acreditam
que há crescente relevância em alcançar vantagem competitiva com base no
conhecimento das pessoas. Esta expressividade também é descrita por Bhusry e
Ranjan (2012) de forma que o negócio atinge uma proporção tão expressiva que
confere à empresa vantagem competitiva com a utilização do modelo de gestão do
conhecimento por meio das pessoas.
Fonte: Autora (2015).
65
Gráfico 23 – Questão 20
Para 80% dos respondentes há crescente relevância em preferir o processo de
aprendizagem com base em manuais do que com o contato direto com as pessoas.
Dessa forma, mesmo que haja troca de conhecimento entre as pessoas ainda existe
a necessidade de leitura de manuais e procedimentos de como realizar as atividades,
como já mencionava Davenport e Prusak (2003) da importância de se ter registros
físicos nas organizações para ser uma maneira de perpetuar o conhecimento.
Fonte: Autora (2015).
66
Gráfico 24 – Questão 21
Nota-se que 75% dos respondentes afirmam que os colaboradores têm acesso
a arquivos que identificam as pessoas da organização possuidoras de determinado
conhecimento. Este resultado corrobora com o que Davenport e Prusak (2003)
afirmam da necessidade de se registrar em manuais o procedimento a ser seguido
pelos colaboradores que não o sabem executar.
Fonte: Autora (2015).
67
Gráfico 25 – Questão 22
Por fim, 85% dos entrevistados afirmam que há crescente relevância das
pessoas detentoras de conhecimentos especializados serem multiplicadores nas
áreas. Este resultado é bastante importante conforme a visão de Nonaka e Takeuchi
(2008) quando afirmam que o conhecimento precisa ser gerenciado e disseminado na
organização, não somente produzido.
Fonte: Autora (2015).
68
5.3 AÇÕES ESTRATÉGICAS
A partir dos dados levantados em campo, é possível definir ações estratégicas
prioritárias para a implementação da gestão do conhecimento na organização. Elas
foram divididas em três agrupamentos, de forma que puderam ser detalhadas abaixo
e estarem disponíveis no plano de ação do APÊNDICE II.
Fortalecer a liderança: as ações disponíveis no Quadro 2 fazem com que a
gestão do conhecimento ganhe maturidade, pois à medida que o líder se desenvolve
ele traz empoderamento para a tomada de decisões e utiliza a visão estratégica, além
de proporcionar coaching para a equipe e poder estimular e formar novos líderes.
Fonte: Autora (2015).
69
Na ação número 1, o líder poderá divulgar a estratégia nas reuniões diárias
com a equipe para que todos participem do cenário da empresa e entendam seus
desafios.
Para o item 2 ele poderá utilizar uma seção de feedback com a equipe para
informar aos colaboradores sobre as práticas de gestão do conhecimento que a
empresa está adotando no momento, além de alinhar expectativas e conceitos sobre
o assunto, para que todos estejam engajados para o fortalecimento da gestão do
conhecimento e com isso a maturidade da liderança.
Na ação número 3 o líder poderá organizar uma reunião de alinhamento no
setor, onde poderá expor os indicadores da área, bem como expor informações
estratégicas sobre os principais desafios da equipe para que todos estejam próximos
do negócio.
Por fim, com o item 4, o líder poderá elaborar um plano mestre de trabalho onde
coloque numa planilha todas as ações a serem atingidas pelo setor e designar um
responsável da equipe para liderar cada iniciativa, que no conjunto, levará a equipe
ao atingimento da estratégia esperada pela empresa. Este seria o melhor momento
para que todos entendam sua real contribuição e já sinalizem seus principais e
desafios.
Utilizar experiências: as ações disponíveis no Quadro 3 podem ser
determinantes para a gestão do conhecimento na empresa, pois utiliza as
Agradupamento
Fortalecer a liderança 1 Divulgar a estratégia para todos os níveis.
Fortalecer a liderança 2Divulgar aos colaboradores quais as práticas de gestão
do conhecimento que estão sendo adotadas.
Fortalecer a liderança 3Estimular as equipes a buscarem informações
estratégicas e dos negócios.
Fortalecer a liderança 4Cascatear as estratégias dos negócios para as equipes e
explicar qual a contribuição que se espera.
Plano de Ação
Quadro 2: Agrupamento de ações: Fortalecer a liderança. Fonte: Autora (2015).
70
experiências de trabalhos anteriores dos colaboradores e abre espaço para inovação
da forma de trabalho.
Vale ressaltar que a falta de experiência que a liderança jovem traz, se torna
uma possível barreira para a implementação da gestão do conhecimento, pois neste
cenário da “geração Y” uma das competências que mais se percebe é inovação, a
qual sem uma base sólida não consegue muito êxito. E para uma boa implementação,
a base de conhecimento tem que estar forte, com um bom mapeamento das
competências da equipe, um plano de treinamento para os gaps encontrados e, por
fim, um engajamento da liderança para que após este passo possa-se utilizar os
insights que a inovação possibilita.
Para a ação número 5, o líder poderá criar um manual de pessoas da equipe
prestes a se aposentar e alinhar com a área de recursos humanos formas de
disseminar os conhecimentos destas pessoas, isto pode acontecer por meio de
palestras no setor, mini cursos, treinamentos no local de trabalho e até mesmo a
criação de treinamentos e-learnings por meio de toda a facilidade que a tecnologia
traz atualmente às empresas.
Para o item 6, o líder poderá elaborar um fluxo de atividades de cada processo
existente em sua área e pedir auxílio à equipe de treinamento para desenvolverem
conteúdos físicos e online para disponibilizar em cursos no setor.
Explorar competências: as ações disponíveis no Quadro 4 fazem com que a
organização seja uma “companhia de talentos”, pois identifica as fortalezas que cada
um da equipe possui e pode elaborar planos de aprimoramento de habilidades de
Agradupamento
Utilizar experiências 5Criar um manual de atividades de pessoas prestes a se
aposentar.
Utilizar experiências 6Elaborar fluxo de atividades nas áreas e proporcionar
treinamento às equipes.
Plano de Ação
Quadro 3: Agrupamento de ações: Utilizar experiências. Fonte: Autora (2015).
71
forma a ter uma matriz de competências forte e realista para a gestão do
conhecimento.
Na ação número 7, o líder poderá solicitar apoio da equipe de treinamento para
montarem um curso utilizando os conhecimentos e experiências dos coladores
aposentados e também daqueles com mais tempo de empresa, que já dominam todos
processos. Isto fará com que o conhecimento não se perca.
Já para o item 8, o líder poderá organizar uma reunião com a equipe e fazer a
leitura do manual de competências da empresa e, principalmente, proporcionar um
tempo para cada um se auto avaliar, para que todos saiam da reunião com a
identificação clara de suas qualidades e de seus gaps. Dessa forma, o líder poderá
solicitar ajuda da equipe de desenvolvimento de talentos.
Para a ação número 9, o líder poderá atualizar a matriz de competências de
sua equipe e deixar um membro responsável pela atualização, de forma que em sua
reunião mensal possa mostrar as atualizações e aquisições de novos conhecimentos.
Vale ressaltar que poderá ser feito um rodízio na equipe para que cada mês um
membro fique responsável pela atualização, pois assim criará uma sinergia na equipe,
bem como poderá despertar nos colaboradores a vontade de adquirir novos
conhecimentos e desenvolver competências.
Agradupamento
Explorar competências 7Treinar sucessores dos aposentados para disseminar o
conhecimento.
Explorar competências 8Disseminar o manual de competências aos colaboradores
para auto-avaliação.
Explorar competências 9Atualizar a matriz de competência e designar um
responsável por sua atualização.
Plano de Ação
Quadro 4: Agrupamento de ações: Explorar competências. Fonte: Autora (2015).
72
6 CONCLUSÃO
O estudo possibilitou identificar com base na análise dos resultados da
pesquisa e da revisão da literatura, várias ações estratégicas para a implementação
da gestão do conhecimento, como por exemplo, estabelecer um processo de tomada
de decisão levando em conta as experiências de trabalhos anteriores e as
competências individuais dos colaboradores; utilizar as competências e a liderança
como fatores de sucesso; utilizar as ferramentas existentes para o melhor
gerenciamento do conhecimento na organização, dentre outras. O resultado das
análises será entregue à empresa no formato de diagnóstico para que seja facilmente
interpretado e implementado.
73
É importante salientar que serão apresentadas à direção da empresa as
lacunas estratégicas identificadas neste trabalho, que são elas: baixa utilização das
ferramentas existentes na gestão do conhecimento para manter o posicionamento
competitivo; pouca divulgação da estratégia para todos os níveis da organização e o
conhecimento dos colaboradores que se aposentam é perdido.
No entanto, o resultado da consulta prévia feita aos entrevistados, que está
disponível no item 3.3.4, identificou a viabilidade e aderência dos temas para a
aplicação da pesquisa de campo e também será compartilhada com empresa, pois
traz informações importantes, como por exemplo, quanto à forma de disseminação da
gestão do conhecimento se tem a percepção de serem por meio de divulgações
internas, manuais, treinamentos com o enfoque comportamental e de
desenvolvimento de talentos.
Portanto, foi elaborado um plano de ação, disponível no APÊNDICE II e
atendendo a todos os objetivos propostos por este trabalho, para planejamento e
execução das ações estratégicas, onde a empresa poderá utilizá-lo para
aprimoramento das suas práticas e implementação de uma gestão do conhecimento
eficaz, capaz de lhe proporcionar vantagem competitiva.
Por fim, este estudo é aplicável à todas as empresas, de qualquer segmento,
uma vez que sua base é a gestão do conhecimento das pessoas. Sugere-se, então,
como inspiração para trabalhos futuros, pesquisar quais seriam os fatores intrínsecos
que poderiam prejudicar a disseminação do conhecimento pelas pessoas nas
organizações.
APÊNDICE I
QUESTIONÁRIO
Prezado (a), as questões a seguir servirão unicamente para fins acadêmicos.
Vale destacar que a veracidade e qualidade das respostas refletirão no resultado da
análise para o referido trabalho.
Para suas respostas utilize a escala de relevância a seguir:
1 2 3 4 5
74
1 – Nenhuma relevância
2 – Baixa relevância
3 – Indiferente
4 – Crescente relevância
5 – Alta relevância
75
76
77
78
79
APÊNDICE II
PLANO DE AÇÃO
Este plano contempla as ações identificadas por meio da análise dos resultados
e ao ser apresentado à empresa poderão ser atualizados os campos de responsável
e prazo, de forma a facilitar o gerenciamento das ações.
80
REFERÊNCIAS
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Agradupamento Responsável Prazo
Fortalecer a liderança 1 Divulgar a estratégia para todos os níveis.
Fortalecer a liderança 2Divulgar aos colaboradores quais as práticas de gestão
do conhecimento que estão sendo adotadas.
Fortalecer a liderança 3Estimular as equipes a buscarem informações
estratégicas e dos negócios.
Fortalecer a liderança 4Cascatear as estratégias dos negócios para as equipes e
explicar qual a contribuição que se espera.
Utilizar experiências 5Criar um manual de atividades de pessoas prestes a se
aposentar.
Utilizar experiências 6Elaborar fluxo de atividades nas áreas e proporcionar
treinamento às equipes.
Explorar competências 7Treinar sucessores dos aposentados para disseminar o
conhecimento.
Explorar competências 8Disseminar o manual de competências aos colaboradores
para auto-avaliação.
Explorar competências 9Atualizar a matriz de competência e designar um
responsável por sua atualização.
Plano de Ação
81
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