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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO GISELA BOCHNER INVESTIGAÇÂO ERGONÕMICA ACERCA DOS POSTOS DE ESTUDO DE ESTUDANTES DE CURSOS TÉCNICOS NA MODALIDADE EAD: ESTUDO DE CASO NA REDE E-TEC DO CEFET-RJ Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de Concentração: Sistema de Gestão em Ergonomia Orientador: Prof. Fernando Toledo Ferraz, D.Sc. Universidade Federal Fluminense Niterói 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE

MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO

GISELA BOCHNER

INVESTIGAÇÂO ERGONÕMICA ACERCA DOS POSTOS DE ESTUDO DE

ESTUDANTES DE CURSOS TÉCNICOS NA MODALIDADE EAD:

ESTUDO DE CASO NA REDE E-TEC DO CEFET-RJ

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de

Concentração: Sistema de Gestão em Ergonomia

Orientador:

Prof. Fernando Toledo Ferraz, D.Sc.

Universidade Federal Fluminense

Niterói

2017

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca CEFET/RJ Campus Nova Friburgo

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca

B664i Bochner, Gisela.

Investigação ergonômica acerca dos postos de estudo de

estudantes de cursos técnicos na modalidade EaD: estudo de caso

na Rede e-Tec do CEFET-RJ / Gisela Bochner. – 2017.

78f. ; enc.

Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) – Departamento

de Engenharia de Produção, Universidade Federal Fluminense,

2017.

Orientador : Fernando Toledo Ferraz

1. Ergonomia. 2. Ensino à Distância. 3. CEFET/RJ. I. Título.

CDD 620.82

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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra aos meus Pais, que me deram a vida e me proporcionaram adquirir

conhecimentos que possibilitaram a execução deste trabalho

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por iluminar meus caminhos e fazer-me perseverante e paciente em

meus ideais.

Especialmente à minha família que, sem eles não existe chão.

Outros dois agradecimentos mais que especiais:

Ao meu orientador, Professor Fernando Toledo Ferraz que insistiu nesta temática e por fim, eu

acabei absolutamente envolvida e ainda mais crente nos valores da ergonomia, e por ter

confiado e me direcionado com maestria pelos caminhos científicos.

À minha amiga e competente colega de trabalho, Gisele Moraes Marinho, que incentivou e

ajudou-me incansavelmente por dias e horas a fio com o tratamento estatístico, sem os quais,

creio, não teria finalizado esta obra. Devo muito a ela.

Agradeço indiscriminadamente a todos os professores e equipe técnica do Mestrado em

Sistemas de Gestão da UFF pelo carinho e paciência.

Aos queridos colegas de mestrado que enfrentaram os mesmos desafios e não deixaram, em

nenhum momento, ocorrer desistências e desânimos.

Ao meu amigo e colega de empreitada, Professor Edvar Batista Fernandes que dividiu comigo

os pernoites, os estudos e também, todas as idas e vindas do longo caminho...

Não poderia deixar de agradecer a gentil ajuda do Professor Alexandre Martinez dos Santos,

coordenador adjunto da Rede e-Tec do CEFET/RJ pelas informações e apoio técnico da

inclusão do questionário desta dissertação na plataforma Moodle.

Ao CEFET/RJ pela oportunidade única.

E finalmente, agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização e

conclusão deste trabalho, que há tantos anos eu perseguia.

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A sabedoria é um adorno na prosperidade e um refúgio na adversidade.

Aristóteles

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RESUMO

Esta pesquisa foi efetuada com uma amostra de 448 alunos respondentes da modalidade à

distância da Rede e-Tec do CEFET-RJ com o objetivo principal de conhecer dados dos postos

de estudo/trabalho destes discentes, desvendando como e onde estes alunos desenvolvem seus

estudos. A metodologia de investigação teve por base um questionário misto com 28 questões

quantitativas e qualitativas, fundamentado em critérios ergonômicos. A pesquisa apontou que

os postos de estudos são localizados, pela maioria dos entrevistados, em suas próprias

residências, tarefas são executadas no período noturno, com jornada de estudos semanais com

4 a 8 horas de duração e são realizados com postura sentados em cadeiras com mesas e

executam, também, pausas durante esta jornada. Neste contexto, os fatores ambientais apontam

para postos de estudo confortáveis, com tolerância aos ruídos, iluminação adequada e

temperatura e ventilação agradáveis, conforme as diversas recomendações ergonômicas e

sugestões da Norma reguladora 17, abordados na vasta revisão bibliográfica desta pesquisa. Foi

apontado, também, fatores negativos como a má qualidade da cadeira utilizada e a monotonia

e estresse advindos das rotinas das tarefas executadas nas jornadas de estudos. Os dados

pesquisados de forma quantitativa no Diagrama de dor/desconforto de Corlett e Manenica

demonstram que as regiões corporais onde os discentes do EaD apresentam maior frequência

de desconforto físico são: pescoço, ombros e região lombar. A análise estatística aplicada na

pesquisa foi feita através de um teste de independência para verificar a relação entre o gênero

dos entrevistados e a frequência de dores musculoesqueléticas. Para tanto, foi empregado o teste

de independência qui-quadrado onde verificou se que a frequência de dor no pescoço, nos

ombros e na região lombar não são independentes do gênero dos respondentes. Os resultados

obtidos seguem um mesmo padrão apontado nas pesquisas referenciadas neste trabalho: a

frequência de dor musculoesquelética é mais elevada entre as mulheres e podem ser

consideradas pelo teste como dependentes do gênero, o que corrobora esta pesquisa de forma

científica.

Palavras chave: Ensino à Distância; Avaliação Ergonômica; Postos de Estudo

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ABSTRACT

This research was carried out with a sample of 448 students from the distance modality of the

CEFET-RJ e-Tec Network, with the main objective of knowing data from the study / work

places of these students, revealing how and where these students develop their studies . The

research methodology was based on a mixed questionnaire with 28 quantitative and qualitative

questions, based on ergonomic criteria. The research pointed out that the study places are

located by the majority of the interviewed in their own residences, tasks are carried out in the

nocturnal period, with weekly study hours of 4 to 8 hours and are performed with posture seated

in chairs with tables And also perform pauses during this journey. In this context, the

environmental factors point to comfortable study places, with noise tolerance, adequate lighting

and pleasant temperature and ventilation, according to the various ergonomic recommendations

and suggestions of the regulatory norm 17, addressed in the vast bibliographical review of this

research. Negative factors were also pointed out, such as the poor quality of the chair used and

the monotony and stress arising from the routines of the tasks performed during the study days.

Data quantitatively investigated in the Pain / Discomfort Diagram of Corlett and Manenica

demonstrate that the body regions where ESA students present a higher frequency of physical

discomfort are: neck, shoulders and lower back. The statistical analysis applied in the research

was done through an independence test to verify the relationship between the gender of the

interviewees and the frequency of musculoskeletal pain. For this purpose, the chi-square

independence test was used to verify that the frequency of pain in the neck, shoulders and lower

back are not independent of the gender of the respondents. The results obtained follow the same

pattern indicated in the researches referenced in this research: the frequency of musculoskeletal

pain is higher among women and can be considered by the test as gender dependent. This

corroborates this research in a scientific way.

Keywords: Distance Learning; Ergonomic Evaluation; Posts of Study

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Profissionais envolvidos na EAD, por função (em números absolutos) ................... 24

Figura 2. Campos da ergonomia contemporânea ..................................................................... 28

Figura 3. Parâmetros ideais para uma estação de estudo .......................................................... 38

Figura 4. As fontes de luz devem estar localizadas de modo a evitar reflexos e sombra na

superfície de trabalho................................................................................................................ 47

Figura 5. Exemplo de uma cadeira ergonômica para trabalho de digitação. ............................ 50

Figura 6. Mapa de regiões corporais. ....................................................................................... 53

Figura 7. Horas semanais dedicadas aos estudos. .................................................................... 58

Figura 8. Frequência dos fatores relacionados à monotonia e estresse .................................... 63

Figura 9. Frequência de dores ou desconfortos ........................................................................ 64

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Quantidade de vagas ofertadas em 2015 nos cursos da Rede e-Tec do CEFET/RJ . 34

Tabela 2. Quantidade de polos atendidos pela Rede e-Tec do CEFET/RJ............................... 35

Tabela 3. Exemplo de tabela de contingência .......................................................................... 54

Tabela 4. Quantidade de respondentes por sexo e faixa etária ................................................. 57

Tabela 5. Posição de estudo ...................................................................................................... 58

Tabela 6. Tempo de pausa durante os estudos.......................................................................... 59

Tabela 7. Intensidade dos ruídos .............................................................................................. 60

Tabela 8. Iluminação do ambiente de estudos .......................................................................... 61

Tabela 9. Temperatura/ventilação do ambiente de estudo ....................................................... 61

Tabela 10. Considerações sobre o conforto do local de estudo ................................................ 62

Tabela 11. Considerações sobre a organização do local de estudo .......................................... 62

Tabela 12. Cálculo de estatística de teste qui-quadrado: independência entre frequência de dor

no ombro e gênero .................................................................................................................... 65

Tabela 13. Cálculo de estatística de teste qui-quadrado: independência entre frequência de dor

no pescoço e gênero .................................................................................................................. 66

Tabela 14. Cálculo de estatística de teste qui-quadrado: independência entre frequência de dor

na região lombar e gênero ........................................................................................................ 66

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABED

ABERGO

Associação Brasileira de Educação a Distância

Associação Brasileira de Ergonomia

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CECIERJ Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de

Janeiro

CEDERJ Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

CEFET

EAD

EJA

IUB

INEP

LMERT

Centro Federal de Educação Tecnológica

Ensino à Distância

Educação de Jovens e Adultos

Instituto Universal Brasileiro

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa

Lesão Musculo Esquelético Relacionada com o Trabalho

MEC Ministério da Educação

OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS

PRONATEC

SENAC

SENAI

SENAR

SENAT

SIT

Organização Mundial da Saúde

Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte

Secretaria de Inspeção do Trabalho

UAB Universidade Aberta do Brasil

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................ 14

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA ........................................................................................... 16

1.3 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 17

1.4 OBJETIVO ESPECÍFICO ............................................................................................ 17

1.5 QUESTÕES DA PESQUISA ....................................................................................... 17

1.6 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA ................................................ 17

1.7 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ................................................................................ 19

1.8 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................. 19

2.1 BIBLIOMETRIA .......................................................................................................... 20

2.2 ENSINO À DISTÂNCIA ............................................................................................. 21

2.3 BREVE HISTÓRICO DO EAD NO BRASIL ............................................................. 21

2.4 NÚMEROS DO EAD NO BRASIL ............................................................................. 23

2.5 ESTRUTURA DO ENSINO À DISTÂNCIA .............................................................. 24

2.6 ERGONOMIA .............................................................................................................. 25

2.6.1 Norma Reguladora 17 - NR17 ...................................................................................... 29

2.6.2 Ergonomia nos postos de Estudo do Ensino à Distância .............................................. 30

2.6.3 A Rede e-Tec no CEFET/RJ ......................................................................................... 33

2.7 POSTURAS .................................................................................................................. 35

3. METODOLOGIA ......................................................................................................... 39

3.1 ETAPAS DA PESQUISA ............................................................................................ 40

3.1.1 Metodologia da Avaliação Ergonômica ....................................................................... 40

3.1.2 Construção e aplicação de Instrumento Avaliativo ...................................................... 44

3.1.3 Tratamento Estatístico .................................................................................................. 54

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 57

4.1 RESULTADOS DA PESQUISA ................................................................................. 57

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4.1.1 Características da população e fatores relacionados a rotina de estudos. ..................... 57

4.1.2 Fatores ambientais ........................................................................................................ 60

4.1.3 Fatores Organizacionais ................................................................................................ 62

4.1.4 Fatores relacionados a possíveis sintomas característicos à monotonia e estresse ....... 63

4.1.5 Fatores relacionados à frequência de desconforto físico .............................................. 64

4.1.6 Análise estatística ......................................................................................................... 65

5. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 68

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ....................................................................................... 70

ANEXO I .................................................................................................................................. 74

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1 INTRODUÇÃO

O EaD em si é um termo amplo e genérico. Certamente, há várias maneiras de se

realizar a EaD, porém muitas pessoas ainda parecem ver a educação à distância apenas

como oposição a educação presencial. É preciso entender que se vive um momento de

transição para uma educação mais flexível e acessível.

Torna-se premente atender às demandas da sociedade e a partir daí, esquadrinhar

recursos para se antecipar a essas mudanças.

Desta forma, e na incansável busca de eficácia e eficiência pelo homem

contemporâneo, não podemos dissociar que as inovações tecnológicas e que sua inserção

no cotidiano da sociedade assumem um papel cada vez mais importante.

Borges e Fontana (2003, apud LÉVY, 1997, 2000; MORAN, 2003; RAMAL,

2002; SILVA, 2001) apontam que segundo estudiosos, as tecnologias digitais estão ainda

modificando os processos de criação, transmissão, codificação, acesso e armazenamento

do conhecimento de uma maneira nunca verificada anteriormente.

A área de EaD teve seu surgimento marcado pela necessidade de atender às

pessoas que não tinham condições de se dedicar ao ensino presencial, sendo considerada,

então, uma alternativa bastante viável para elas (TORRES, 2007).

Neste contexto, o processo ensino-aprendizagem tem se apropriado das

possibilidades oferecidas pela informática e pela Internet e desta forma, torna-se

necessário conhecer os atores e os fatores envolvidos neste processo.

Neste contexto contemporâneo, o CEFET/RJ, a cada ano tem um ingresso cada

vez maior de alunos pela Rede e-Tec e conta com um atendimento para cerca de três mil

discentes, ficando evidenciado o crescimento desta modalidade de educação.

Diante deste quadro, torna-se relevante saber como e onde estes discentes

desenvolvem seus estudos, que de forma antagônica à educação presencial, estes

indivíduos não têm suas salas de aula preparadas ergonomicamente. Como se dá o tão

importante aprendizado?

Esta pesquisa procura alinhar-se às mudanças tecnológicas, cotidianas e

educacionais e desvendar, aportada em critérios ergonômicos, às respostas a esta questão.

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1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A palavra ergonomia origina-se do grego, onde o prefixo ergo significa trabalho

e nomos significa normas, regras, e de forma geral, é a possibilidade de melhorar a

qualidade de vida das pessoas nos mais diferentes ambientes, seja doméstico, seja laboral.

Trata-se de um neologismo criado pelo polonês W. Jastrzebowski em 1857, em sua obra

“Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho”. O termo foi adotado em 1949 na fundação

da Ergonomic Research Society, na Inglaterra (LAVILLE, 1993).

Iida (2005) entende, também, como o estudo das interações das pessoas com a

tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem

melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a

eficácia das atividades humanas. Na sua intervenção, a ergonomia tem como horizonte

construir uma solução de compromisso que contemple o bem-estar das pessoas e a

eficiência e eficácia de suas atividades.

Nesta busca de eficácia e eficiência pelo homem contemporâneo, não podemos

dissociar que as inovações tecnológicas e a sua inserção no cotidiano da sociedade

assumem um papel cada vez mais importante.

Rasmussen (2000, apud SARMET; ABRAHÃO, 2007) afirma que a sociedade

torna se mais dinâmica e integrada em função do uso intensivo dessas tecnologias,

acarretando mudanças expressivas nas diversas formas de produção humana.

Borges e Fontana (2003, apud LÉVY, 1997, 2000; MORAN, 2003; RAMAL,

2002; SILVA, 2001) apontam que segundo estudiosos, as tecnologias digitais estão ainda

modificando os processos de criação, transmissão, codificação, acesso e armazenamento

do conhecimento de uma maneira nunca verificada anteriormente, incorporando em um

só espaço multifacetado, o ciberespaço que aporta todas as demais tecnologias

intelectuais.

Neste contexto, o processo ensino-aprendizagem apropria se das possibilidades

oferecidas pela informática e pela Internet, desta forma torna-se necessário conhecer os

fatores envolvidos neste processo.

Uma das áreas da educação que reflete mais diretamente as mudanças ocorridas

com o uso dessas novas tecnologias é a Educação à Distância – EaD. A área de EaD teve

seu surgimento marcado pela necessidade de atender às pessoas que não tinham condições

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15

de se dedicar ao ensino presencial, sendo considerada, então, uma alternativa bastante

viável para elas (TORRES, 2007).

De acordo com Borges e Fontana (2003), as possibilidades de comunicação

propiciadas pelas tecnologias digitais tais como as comunicações síncronas ou

assíncronas (correio eletrônico, chats, fóruns de discussão, blogs, ambientes virtuais de

aprendizagem) reconfiguram as modalidades de educação, uma vez que elas podem ser

utilizadas também na modalidade presencial.

O uso destas tecnologias em educação provoca, por consequência, modificações

significativas nas atividades profissionais dos atores envolvidos na Educação, e em

particular nos envolvidos em EaD: alunos, professores e tutores. (MACHADO,

MACHADO, 2004)

De forma geral, os cursos ofertados nessa modalidade de ensino não oferecem um

espaço físico para as salas de aula, mas sim um espaço virtual, como a plataforma Moodle,

onde diversas atividades são desenvolvidas de modo on-line tais como, postagens de

trabalhos, participação em fóruns de discussão, leituras de aulas e materiais didáticos

diversos, entre outros.

Diante dessa situação, os alunos da modalidade EaD, utilizam diferentes espaços

físicos como postos de trabalho/estudo, tais como, o espaço físico doméstico, espaços

públicos como Bibliotecas e, também, os espaços para tutoria presencial e laboratórios

ofertados pelas instituições de ensino, entre tantos outros.

Como foi salientado, o ambiente da aprendizagem on-line é amplo e subjetivo,

somando diferentes fatores que podem influenciar o bem-estar do discente em sua

eficiência e eficácia.

Somando-se a isso, e conforme cita Lucinda (2011), a metodologia da Educação

à Distância possui uma relevância social muito importante, pois permite o acesso ao seu

sistema daqueles que vêm sendo excluídos do processo educacional por morarem longe

das instituições ou por indisponibilidade de tempo nos horários tradicionais de aula, uma

vez que a modalidade de Educação a Distância contribui para a formação de profissionais

sem deslocá-los de seus municípios, como apresentado por PRETI (1996):

A crescente demanda por educação, devido não somente à expansão

populacional como, sobretudo às lutas das classes trabalhadoras por acesso à

educação, ao saber socialmente produzido, concomitantemente com a

evolução dos conhecimentos científicos e tecnológicos está exigindo

mudanças em nível da função e da estrutura da escola e da universidade

(PRETI, 1996).

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Atualmente, há o interesse em se analisar a adequação dos artefatos

informatizados e seu impacto na realização de determinadas atividades (SARMET;

ABRAHÃO, 2007).

Apesar disso, SCHACKEL (2000) ressalta a escassez de estudos que relacionam

a ergonomia a EaD. Essa realidade evidencia a relevância em se produzir conhecimentos

específicos sobre essa área, principalmente considerando o papel da interface

informatizada enquanto instrumento de mediação entre o professor e os alunos.

Neste sentido, faz-se necessário um estudo em que seja abordado a ergonomia dos

postos de trabalho dos atores envolvidos no EaD com vistas a tão crescente demanda

desta modalidade educacional, proporcionando uma eficácia e eficiência maior neste

processo de aprendizagem.

1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA

O CEFET/RJ vem ofertando cursos técnicos na modalidade à distância através da

Escola Técnica Aberta do Brasil desde 2009, em demanda crescente. Contudo, não há, no

contexto do objeto de estudo uma abordagem acerca das condições ergonômicas dos

postos de trabalho/estudo.

Por outro lado, uma avaliação destas condições aborda diversos fatores, como

usabilidade e adaptação das interfaces de estudo virtual, bem como dos espaços físicos,

compreendendo seus mobiliários, equipamentos e utensílios, fatores econômicos e

sociais, produtividade acadêmica e, ainda, o bem-estar físico e psicológico dos discentes.

Neste sentido, faz-se necessária a realização de uma pesquisa para o levantamento

de informações sobre os postos de estudo utilizados pelos alunos e, posteriormente,

realizar uma análise conjunta desses dados e através de uma avaliação dos critérios

ergonômicos, tornar o ambiente de trabalho mais confortável e, dessa forma, tornar o

processo de aprendizagem mais prazeroso, eficaz e eficiente.

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1.3 OBJETIVO GERAL

O objetivo desta pesquisa é desenvolver um instrumento para investigar os postos

de estudos dos discentes do EaD da Rede e-Tec do CEFET/RJ, sob fundamentação de

critérios ergonômicos.

1.4 OBJETIVO ESPECÍFICO

Para alcançar o objetivo geral dessa pesquisa, será necessário:

Realizar revisão da literatura para fundamentação teórica da pesquisa;

Coletar e analisar dados dos postos de estudo/trabalho dos discentes da Rede

e-Tec do CEFET/RJ, desvendando como e onde estes alunos desenvolvem seus estudos;

Propor uma coleta e tratamento dos dados levantados;

Desenvolver uma investigação sob os critérios ergonômicos deste

levantamento de dados.

1.5 QUESTÕES DA PESQUISA

Neste contexto, as questões que surgem para o desenvolvimento desta pesquisa

são:

Quais são os postos de estudo dos discentes do EaD da Rede e-Tec do

CEFET/RJ e quais são as condições físico-ambientais desses postos?

Como serão captadas e tratadas essas informações?

Qual seria a avaliação ergonômica desses dados?

1.6 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA

O Ensino Técnico à Distância no CEFET/RJ teve seu início em 2009 com um

curso de formação em Técnico de Segurança do Trabalho e uma turma de cinquenta

alunos alocados em um único polo presencial: O CEFET - Maracanã.

Após sete anos, o CEFET/RJ conta com dezenove polos espalhados por todo

Estado do Rio de Janeiro e vários cursos desenvolvidos: Técnico em Segurança do

Trabalho, Técnico em Telecomunicações, Técnico em Meio Ambiente, Técnico em

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Administração, Técnico em Automação, Técnico em Mecânica e Técnico em

Informática, com uma média de três mil alunos inscritos e atuantes.

A cada ano, o CEFET/RJ tem um ingresso cada vez maior de alunos pela Rede e-

Tec que tem como meta o crescimento para cinquenta polos espalhados por todo Estado

do Rio de Janeiro com um atendimento para cerca de cinco mil discentes.

Dessa forma, fica evidenciado o crescimento desta modalidade de educação que

democratiza e torna o acesso ao ensino cada vez maior.

Como o número de ingressantes nesses cursos é cada vez mais significativo, torna-

se essencial a realização de um estudo sobre as adaptações físicas e cognitivas, levando-

se em consideração os aspectos ergonômicos posturais dos postos de trabalho/estudo

destes discentes.

Diante deste cenário e a partir do enfoque da ergonomia, os postos de trabalho, se

utilizados e explorados de forma negativa podem interferir diretamente na falta de

motivação e consequentemente na eficiência e eficácia do desempenho cognitivo dos

alunos nos cursos desta modalidade de ensino.

É de suma importância que o estudo ergonômico dos postos de trabalho atue

positivamente para o processo de ensino-aprendizagem, transformando o sofrimento em

prazer e, desta forma, contribuir para diminuir as taxas de evasão, fator este, que coloca

em risco todo o projeto de EaD da Rede e-Tec do CEFET/RJ.

De acordo com Iida (2005), no Brasil a Associação Brasileira de Ergonomia

(www.abergo.org.br) adota a seguinte definição:

Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a

tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos

que visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o

conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas. (IIDA, 2005)

Sendo assim, verifica-se que o homem moderno necessita, para sua melhor

eficiência, manter uma boa relação com seu ambiente produtivo. A lógica da ação

ergonômica é justamente gerar transformações positivas no ambiente de trabalho para que

a mesma obtenha um melhor desempenho (RODRIGUES; MERINO; FILHO, 2013).

Por fim, a justificativa para a escolha do tema desta pesquisa, dá-se em função da

demanda levantada acima.

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1.7 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa será desenvolvida junto aos alunos da modalidade à distância da

Rede e-Tec do CEFET/RJ.

1.8 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta dissertação está estruturada em cinco capítulos.

No capitulo um serão apresentados: a contextualização desta pesquisa, sua

situação problema, seus objetivos, as perguntas da pesquisa, sua justificativa e relevância,

além da delimitação da pesquisa e da estrutura do trabalho, que foram apresentados no

decorrer deste capítulo introdutório.

No capitulo dois será apresentada a revisão da literatura, base para a

fundamentação teórica desta pesquisa, abordando os conceitos e definições de ergonomia,

EaD e seus postos de estudo. Esta revisão será realizada em bibliografias publicadas em

periódicos indexados nas bases SciELO, Scopus e ISI Web of Science e Google

Acadêmico com finalidade de oferecer fontes informativas fidedignas.

O capítulo três apresenta a metodologia empregada, demonstrando os critérios

utilizados para elaboração do questionário, etapas da pesquisa, construção de instrumento

de coleta de dados, aplicação dos dados junto aos discentes, universo e amostra da

pesquisa e análise dos dados coletados, observando-se também, as temáticas e fontes

utilizadas na pesquisa.

O capitulo quatro é destinado aos enfoques abordados e estudados. Nele, será

difundida a discussão entre EaD e ergonomia através de citações e comparações, além do

desenvolvimento do parecer ergonômico dos dados levantados e tratados

estatisticamente.

O capitulo cinco apresenta a conclusão deste trabalho alinhada aos objetivos e

respondendo as questões da pesquisa através de questionário desenvolvido e apresentado

aos alunos da Rede e-Tec do CEFET/RJ.

Ao término do trabalho seguem-se os apêndices e a bibliografia utilizados na

pesquisa.

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2. REVISÃO LITERÁRIA

A revisão da literatura apresentada neste capítulo foi desenvolvida com base em

textos selecionados das bases de dados especializadas Scientific Eletronic Library Online

– Scielo e Scopus, por meio do Portal de Periódicos da CAPES.

Como estratégia auxiliar, foi utilizado o Google Acadêmico que disponibiliza a

pesquisa em documentos não indexados em bases bibliográficas renomadas, entre eles

livros, teses, dissertações, resumos, artigos e pre-prints de editoras acadêmicas,

organizações profissionais, universidades e outras entidades (GOOGLE, 2010).

Considerando que o objeto de pesquisa deste trabalho relaciona ergonomia e

ensino, foram também utilizadas as normas técnicas relativas à saúde e ergonomia, bem

como a legislação brasileira no que diz respeito à saúde e ao ensino.

2.1 BIBLIOMETRIA

Para o desenvolvimento deste levantamento de dados foram utilizadas as palavras

chaves a seguir: ergonomia, ergonomia cognitiva, análise ergonômica, estação de estudos

com computador, Educação à Distância, postos de trabalho. As buscas foram realizadas

em 2016 e no primeiro semestre de 2017, com as palavras-chaves em língua portuguesa

e língua inglesa.

O quadro a seguir apresenta os resultados quantitativos do levantamento entre o

período de 1990- 2017.

Quadro 1. Levantamento do material pesquisado na

base de periódicos da CAPES

Termos da Pesquisa Número de registros

encontrados

Ergonomia Cognitiva 125

Cognitive Ergonomics 32.216

ComputerWorkstation

Ergonomics 2.993

Estação de estudos com

computador 39

Ergonomia no EAD 12

Postos de Trabalho no ensino a

distancia 221

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2016.

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As obras e os autores que foram referenciados neste trabalho, encontram-se

listados ao término do texto, no referencial bibliográfico.

2.2 ENSINO À DISTÂNCIA

De acordo com Nunes (1994), a Educação à Distância constitui um recurso de

incalculável importância para atender grandes contingentes de alunos, de forma mais

efetiva que outras modalidades e sem riscos de reduzir a qualidade dos serviços oferecidos

em decorrência da ampliação da clientela atendida.

Para Pretti (1996), o ensino no século XX encontrou na Educação à Distância uma

alternativa, uma opção às exigências sociais e pedagógicas, contando com o apoio dos

avanços das novas tecnologias da informação e da comunicação, ocupando uma posição

instrumental estratégica para satisfazer as amplas e diversificadas necessidades de

qualificação das pessoas adultas.

Já para Fels e Weiss (2001) a comunicação mediada por vídeo, recentemente

ganhou uma aceitação muito mais ampla como uma ferramenta de instrução importante

e eficaz.

Educadores de todos os tipos - professores, tutores e coordenadores - começaram

a aproveitar esta tecnologia para aumentar as modalidades tradicionais de ensino. Este

tipo de comunicação é um recurso educacional valioso porque fornece acesso a materiais

de aprendizagem de outra forma inatingíveis, motiva os alunos e os ajuda a melhorar as

habilidades de comunicação (KNIGHT,1998).

Além disso, a comunicação mediada por vídeo demonstrou aumentar a motivação

dos alunos e ajudá-los a aprender habilidades de comunicação (WEISS et al., 2000).

No próximo tópico será apresentada uma revisão dos conceitos dessa modalidade

de ensino, bem como um breve histórico de sua implementação no CEFET/RJ.

2.3 BREVE HISTÓRICO DO EAD NO BRASIL

De acordo com o Ministério da Educação (2016), o Brasil já vem atuando há várias

décadas na modalidade de Ensino à Distância.

Como marco inicial do desenvolvimento dessa modalidade no Brasil, destaca-se:

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A criação, em 1923, da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro que oferecia cursos

de Português, Francês, Silvicultura, Literatura Francesa, Esperanto, Radiotelegrafia e

Telefonia, por um grupo liderado por Henrique Moirize e Edgard Roquete-Pinto.

A fundação do Instituto Rádio Monitor, em 1939, e do Instituto Universal

Brasileiro, em 1941 com o objetivo da formação da mão de obra técnica, que

correspondem aos primeiros cursos por correspondência no Brasil.

Alves (2011) cita que o Instituto Universal Brasileiro, IUB agregou outras

organizações similares e ao longo de sua história, foi responsável pelo atendimento de

milhões de alunos em cursos abertos de iniciação profissionalizante à distância, tendo

formado mais de quatro milhões de pessoas.

Para Gomes (2009), a televisão foi um marco do EaD nos anos 80 no Brasil,

especialmente com os telecursos de primeiro e segundo graus, que foram transmitidos em

mais de 40 emissoras para todo país e com uma abrangência de mais de 500 mil

expectadores.

Em 1995, foi criado pela Fundação Roberto Marinho, o Telecurso, uma tecnologia

educacional, reconhecida pelo MEC, que oferece escolaridade básica de qualidade a quem

precisa. No Brasil, ele é utilizado para a diminuição da defasagem idade-ano, Educação

de Jovens e Adultos (EJA) e como alternativa ao ensino regular em municípios e

comunidades distantes.

Algumas das primeiras experiências de EaD podem ser vistas hoje em dia. Como

exemplos, podemos citar o Instituto Universal Brasileiro, que ainda atua no mercado no

formato on-line, e o Telecurso Segundo Grau que ainda tem horários televisivos de

apresentação.

Em 1996, a Educação à Distância é oficializada no Brasil, sendo as bases legais

para essa modalidade de educação, estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Nesse mesmo ano foi criada a

Secretaria de Educação à Distância, cuja responsabilidade era de atuar como agente de

inovação dos processos de ensino e aprendizagem na EaD.

Posteriormente, podemos destacar:

A criação do CEDERJ, Centro de Educação à Distância do Estado do Rio de

Janeiro (CEDERJ), em 2000, uma parceria entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro,

por intermédio da Secretaria de Ciência e Tecnologia, as universidades públicas e as

prefeituras do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente o CEDERJ atua com cursos de

graduação, pós-graduação latu sensu e qualificação profissional.

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A criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB) em 2005 formando uma

parceria entre o MEC, estados e municípios; integrando cursos, pesquisas e programas de

educação superior à distância e fortemente atuante até os dias de hoje.

A criação do Pronatec em 2011. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino

Técnico e Emprego (Pronatec) tem como objetivo expandir, interiorizar e democratizar a

oferta de cursos de educação profissional e tecnológica no país. (BRASIL, Lei 12.513, 26

de outubro de 2011)

2.4 NÚMEROS DO EAD NO BRASIL

Hoje, na era da tecnologia, os cursos à distância permitem ao estudante se formar

sem sair da cidade onde vive e com essa prerrogativa esta modalidade de ensino tem

crescido vertiginosamente no Brasil.

De acordo com Filho (2009), em comparação com a educação presencial, a

educação a distância tem mostrado avanços significativos. O autor cita a criação da

Universidade Aberta do Brasil, UAB, como um amadurecimento do Governo Federal,

principalmente visando à formação de professores.

Ainda no ano de 2009, destaca-se a criação do Programa Rede e-Tec- Brasil, que

permitiu a expansão e a interiorização da oferta de ensino técnico de nível médio à

distância, público e gratuito. O Programa tem como parceiros as instituições da Rede

Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, as unidades de ensino dos

Serviços Nacionais de Aprendizagem (SENAI, SENAC, SENAR e SENAT) e

instituições de educação profissional vinculadas aos sistemas estaduais de ensino.

De acordo com Relatório Analítico da Aprendizagem a Distância no Brasil 2015

- Censo EAD.BR, divulgado pela Associação Brasileira de Educação à Distância, ABED,

o EaD está presente em todo o país, nas capitais e nas regiões interioranas. Este Censo foi

realizado com o apoio de 339 instituições formadoras e outras 69 instituições que

forneceram dados, das quais 40 também atuam como instituições formadoras.

O estudo da ABED sobre o perfil dos alunos apontou que 53% são mulheres,

49,78% têm entre 31 e 40 anos de idade e aproximadamente 70% das instituições contam

com alunos que, em sua maioria, estudam e trabalham.

A maioria das matrículas em cursos totalmente à distância e semipresenciais

encontram-se nas licenciaturas, com 148.222 alunos matriculados em licenciaturas

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propriamente ditas, 134.262 em habilitações mistas (licenciatura e bacharelado) e

410.470 em licenciaturas semipresenciais, conforme declara a ABED.

Analisando o Censo Escolar da Educação Básica de 2013, percebe-se um aumento

significativo no número de matrículas na Educação Profissional: em 2007 o total de

matrículas era de 780.162, em 2013, este número passou para 1.441.051, um aumento de

cerca de 90% em 2015. Porém, o Censo divulgado pelo INEP, não diferencia os cursos

profissionais ofertados presencialmente, semi-presencialmente ou à distância.

Em relação aos cursos técnicos, o Censo de 2015 divulgado pela ABED aponta

um total de mais de 123.900 matrículas no ensino Técnico profissionalizante, sendo

43.841 matrículas em cursos totalmente à distância e 80.092 em cursos semipresenciais.

2.5 ESTRUTURA DO ENSINO À DISTÂNCIA

Conforme apontado por Schlosser (2010), a denominação “à distância” nos induz

a pensar em distância geográfica e isolamento. No entanto, está aí o ponto chave da EaD,

superar qualquer distância, aproximar, interagir, utilizando para isso meios tecnológicos,

como televisão, internet, vídeo conferência, telefone, telefone móvel e-mail, entre outros,

e o principal, pessoas.

Conforme apontado pelo Relatório Analítico da Aprendizagem a Distância no

Brasil 2015 - Censo EAD.BR, da ABED, a maioria dos profissionais atuantes no EaD são

tutores e professores. Foram contados 29.380 tutores e 18.769 professores no período

pesquisado para este Censo, sendo que no ano de 2014, foram levantados 17.692 tutores

e 11.074 docentes que trabalham nesta forma de ensino. Tais dados estão representados

no gráfico abaixo.

Figura 1. Profissionais envolvidos na EAD, por função (em números absolutos)

Fonte: ABED, 2015.

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No que se refere ao tipo de atendimento, ficou constatado que é comum oferta de

atendimento presencial e/ou on-line para os alunos.

Nos cursos à distância (de todos os tipos), existe exploração de vários tipos de

comunicação com o aluno no fornecimento de distribuição de conteúdo e dos repositórios

de aprendizagem, incluindo livros impressos e bibliotecas físicas.

No caso do atendimento on-line verificou-se que mais de 60% das instituições

optam pelos ambientes de aprendizagem de software livre, como o Moodle, customizados

pelas próprias instituições, para todos os tipos de cursos.

Para Martins (2010), o momento atual está exigindo a incorporação de um número

cada vez mais denso de “alunos” por parte das Instituições de Ensino utilizando se as mais

diversas tecnologias para mediar ações educativas no sistema de educação à distância.

Nesse contexto, destaca-se que nos ambientes virtuais de aprendizagem, os

professores disponibilizam recursos e desenvolvem atividades para os alunos. A maior

parte desses ambientes veem equipados com ferramentas que permitem a interação entre

tutores, professores e alunos, tais como ferramentas de chat, e-mail e vídeo conferências.

O Moodle é a plataforma virtual mais utilizada, tendo traduções em mais de 73

línguas. Legoinha et al, (2006) explicita que o Moodle como um sistema de gestão de

ensino e aprendizagem, apresenta funcionalidades com fortes componentes de

participação, comunicação e colaboração entre formandos, formadores e pares.

Ainda conforme cita o referido autor, a disponibilização de grande quantidade de

informação, acessível permanentemente, a baixo custo, e em qualquer lugar com ligação

à internet, criou grande expectativa de poder melhorar, rapidamente, o alcance de faixas

significativas da população estudantil através do e-learning — educação por recurso a

meios eletrônicos (páginas na internet, plataformas, e-mail.)

2.6 ERGONOMIA

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De acordo com a Ergonomics Research Society (1949), “Ergonomia é o estudo do

relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e,

particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na

solução dos problemas surgidos desse relacionamento”. (MANUAL DE APLICAÇÃO

DA NR17, 2002 p.11).

O conceito acima foi, com as devidas adaptações, utilizado na transcrição do item

17.1 da redação da NR17. Mais tarde (1994), o mesmo autor, reformula sua definição

colocando o saber do trabalhador no mesmo nível do saber técnico científico e como

condição indispensável para o sucesso da ação ergonômica: “Ergonomia

é arte na qual são utilizados o saber técnico científico e o

saber dos trabalhadores sobre sua própria situação de trabalho”.

(MANUAL DE APLICAÇÃO DA NR17, 2002, p 11)

Já Abrahão e Pinho (2002), destacam que a importância da ergonomia nos anos

1940 se deu pela abordagem do trabalho humano e suas interações nos contextos social e

tecnológico, buscando mostrar a complexidade dessas interações.

Dul e Weerdmeester (2004) declaram que a Sociedade de Pesquisa em Ergonomia

(Ergonomics Research Society, Inglaterra, 1949), definiu ergonomia como sendo o estudo

do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente, e

particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na

solução de problemas surgidos desse relacionamento.

Para Vidal (2005), os primeiros estudos sobre as relações entre o homem e o

trabalho perderam-se na origem dos tempos: em termos arqueológicos, é possível

demonstrar que os utensílios de pedra lascada se miniaturizaram, num processo de

melhoria de maneabilidade e que teve por resultado produtivo, o ganho de eficiência na

caça e coleta de itens para sobrevivência.

Já Kroemer e Grandjean (2005), definem ergonomia conforme a Associação

Internacional de Ergonomia (IEA), ou seja, como uma disciplina científica que estuda

interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo aplicações da teoria,

princípios e métodos de projeto, com o objetivo de melhorar o bem-estar humano e o

desempenho global do sistema.

Assim como Iida (2005), quando diz que Ergonomia é o estudo da adaptação do

trabalho ao homem.

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Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a

tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos

que visem melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o

conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas (IIDA, 2005).

De acordo com Lima e Cruz (2010), o comitê misto OIT/OMS aprovou em 1950

uma resolução que foi a primeira definição sobre as funções da medicina do trabalho.

Esta definição aborda a manutenção do bem-estar física, mental e social dos

trabalhadores, a prevenção dos desvios de saúde causados pelas condições de trabalho, a

proteção dos trabalhadores, em seus empregos, dos riscos resultantes de fatores adversos

à saúde. Em suma, aborda a adaptação do trabalho ao homem e de cada homem à sua

atividade.

Já Moraes e Montal`avão (2010) apud Reitz (2003), citam que a Ergonomia como

ciência, trata de desenvolver conhecimentos sobre as capacidades, limites e outras

características do desempenho humano que se relacionam com o projeto de interfaces

entre indivíduos e outros componentes do sistema.

Desta forma, o estudo e o desenvolvimento da ergonomia passaram a ser

desenvolvidos com o intuito de contribuir com a saúde e o conforto do trabalhador,

abordando a adaptação do trabalho às características físicas e psicológicas do indivíduo.

Conforme citam Lima e Cruz (2011), a definição oficial foi divulgada em 1969

pelo Congresso Internacional de Ergonomia:

A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus meios,

métodos e espaços de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a

contribuição de diversas disciplinas cientificas que a compõe, um corpo de

conhecimento que, dentro de uma perspectiva de aplicação, deve resultar numa

melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de

trabalho e de vida. (IV Congresso Internacional de Ergonomia, 1969)

Ainda segundo Lima e Cruz (2011), que destacam que a contribuição da

ergonomia para a boa postura é muito importante. Visto que a boa postura corporal é mais

do que algo para melhorar a aparência. A postura corporal reflete o movimento dinâmico

do corpo humano, sendo que sem uma boa postura corporal, a saúde geral pode ser

comprometida.

De acordo com Lourenço (2012), o vocábulo ergonomia, o qual tem sua origem

no idioma grego, em que Ergon significa trabalho e Nomos leis, foi definida como ciência,

no ano de 1857, exprimindo o estudo científico do homem e do seu trabalho, passando a

ser observado e avaliado como forma de se obter, não só o aumento da produção, como

também a redução das doenças relativas à atividade humana, prevenção de acidentes e

consequentemente uma melhora na qualidade de vida dos trabalhadores.

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Já Ruiz e Araújo (2012) declaram que a ergonomia tornou se um instrumento

potencial para melhorar a eficiência, a eficácia e também a segurança e a saúde nos postos

de trabalho. Ela levanta a ideia de proteger o trabalhador dos riscos físicos e psicológicos

provocados pela necessidade de aumento de produção.

Rothstein (2013) enfatiza também, que a ergonomia tem demonstrado avanços ao

ser pró ativa com a concepção de ambientes ergonomicamente adequados e com a

conscientização do uso correto dos postos de trabalho.

Desta forma, torna-se importante salientar que o conforto do trabalhador no seu

posto de trabalho é necessário para que se desenvolva um equilíbrio salubre deste

ambiente. Quando as ferramentas de trabalho, os ruídos, a iluminação e a postura não

estão devidamente adequadas ao trabalhador, estas podem induzir a diversos tipos de

doenças ocupacionais, prejudicando a saúde do trabalhador a curto, médio e longo prazo.

Sob esse ponto de vista, a ação ergonômica vem propor transformações no ambiente de

trabalho de forma que este se torne um ambiente mais produtivo e saudável tornando-se

desta forma eficiente e eficaz.

E finalmente, vale ressaltar que através da ergonomia é possível contribuir para a

concepção e avaliação de postos de trabalho, de tarefas, produtos, de ambientes e

sistemas, tornando-os compatíveis com as necessidades, as competências e as limitações

dos trabalhadores. Dentre as razões que justificam a sua introdução no trabalho:

produtividade, eficiência, segurança e motivação, conforme define PINTO, (2009).

De acordo com Natal (2015), a definição de ergonomia hoje internacionalmente

aceita pela ABERGO (Associação Brasileira de Ergonomia) chama a atenção para três

aspectos: o tipo de conhecimento e suas inter-relações, o foco nas mudanças e os critérios

da ação ergonômica. Estes aspectos definem contemporaneamente a ergonomia como

uma disciplina de síntese entre vários aspectos do conhecimento sobre as pessoas, a

tecnologia e a organização. (NATAL, 2015).

Ergonomia

Física

Cognitiva

Posto de Trabalho

Ambiente Físico

Individual

Figura 2. Campos da ergonomia contemporânea

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Fonte: VIDAL, (2002).

A ergonomia física, que é o aspecto abordado nesta pesquisa, está relacionada aos

aspectos físicos de uma situação de trabalho/estudo, engajando o corpo do

trabalhador/estudante a exigências físicas ao longo da jornada de trabalho/estudo. Assim,

visa à adequação das condições de trabalho às exigências sob a ótica física. (NATAL,

2015)

2.6.1 Norma Reguladora 17 - NR17

No Brasil, um importante marco para saúde do trabalhador, no que diz respeito a

questões ergonômicas, se deu com a publicação da Portaria nº 3.751, do Ministério do

Trabalho e Previdência Social, assinada em 23 de novembro de 1990, que estabelece a

Norma Regulamentadora de nº17, NR 17, cujo embasamento jurídico é dado pelos artigos

198 e 199 da Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto 5452 de 1º de maio de 1943.

De acordo com a redação dada pela referida portaria, esta Norma

Regulamentadora visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições

de trabalho às características psico-fisiológicas dos trabalhadores, de modo a

proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

Conforme a NR 17, as condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao

levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às

condições ambientais dos postos de trabalho, e à própria organização do trabalho.

Esta norma ainda estabelece que, para avaliar a adaptação das condições de

trabalho às características psico-fisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador

realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as

condições de trabalho. (Manual de Aplicação da NR17).

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Para Lourenço (2012), este conjunto de normas veio para especificar, organizar e

ditar exigências cabíveis, no caso da adaptação do mobiliário, dos equipamentos, da

jornada de trabalho, das pausas necessárias para descanso, entre outros, buscando

padronizar as condições a prevenção de doenças e acidentes de trabalho por meio de

normas de saúde, higiene e segurança, conforme suas especificações, contribuindo para a

redução dos altos índices de doenças e acidentes de trabalho.

Em 2002 foi desenvolvido pela Secretaria de Inspeção do Trabalho, SIT, o Manual

de Aplicação da Norma Regulamentadora nº 17, que tem como objetivo subsidiar a

atuação dos auditores-fiscais do trabalho e dos profissionais de Segurança e Saúde do

Trabalhador nas suas atividades. A publicação contou com a colaboração da Comissão

Nacional de Ergonomia, composta pelos técnicos: Mário Gawryszewski, Claudio Cezar

Peres, Rosemary Dutra Leão, Lívia Santos Arueira, Lys Esther Rocha, Paulo Antônio

Barros Oliveira, Carlos Alberto Diniz Silva e Maria de Lourdes Moure. (MINISTÉRIO

DO TRABALHO E EMPREGO, 2002).

De acordo com o referido manual, as características psico-fisiológicas dizem

respeito a todo o conhecimento referente ao funcionamento do ser humano e que todo o

conhecimento antropológico, psicológico, fisiológico está aí incluído. Dessa forma, todas

as aquisições dos diversos ramos do conhecimento devem ser utilizadas na melhoria das

condições de trabalho.

Esta pesquisa utilizará a NR17 como referência para fundamentação teórica das

questões ergonômicas abordadas.

2.6.2 Ergonomia nos postos de Estudo do ensino à Distância

A partir do século XIX, juntamente com a evolução da ciência e da tecnologia,

surgiram então preocupações com o trabalhador e o seu ambiente de trabalho

(DELIBERATO, 2002).

Neste cenário, destaca- se a importante ação dos estudos ergonômicos dos postos

de trabalho. De acordo com Lourenço (2012), para uma melhor compreensão do modo

como a Ergonomia é empregada, torna-se necessário distinguir posto e local de trabalho.

Em conformidade com Pinto (2009), entende-se por local de trabalho todo o local

destinado à implantação de postos de trabalho e por posto de trabalho, o espaço que o

trabalhador ocupa quando desempenha uma tarefa.

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Já Freitas (2003), apud Pinto (2009), escreve a este respeito que “o posto de

trabalho é o espaço que o trabalhador ocupa quando desempenha uma tarefa, seja durante

a totalidade do período laboral, seja através da utilização de vários locais”.

Para Fiedler et al (2010), o ambiente de trabalho é composto por um conjunto de

fatores interdependentes, que atuam direta ou indiretamente na qualidade de vida dos

trabalhadores.

Montmollin (1967) define posto de trabalho como uma unidade isolada,

inteiramente determinada pelas suas características materiais (as máquinas, as

ferramentas, os materiais), pelas tarefas prescritas (os objetivos quantitativos e

qualitativos, os métodos, os constrangimentos temporais) e pelo seu enquadramento na

organização social (nível de qualificação do trabalhador, tipos de controle e de

remuneração).

Neste entendimento, o ambiente escolar também é visto como um posto de

trabalho, não somente para docentes e funcionários, mas também para os discentes. Para

estes últimos, uma boa ambientação é fundamental para o processo de aprendizagem.

Conforme cita Villa e Silva (2000), além do programa de ensino e não menos

importante para a formação do aluno é a adequação ergonômica do ambiente, o que

envolve determinadas condições de ordem física, como a limpeza, a organização, a

conservação, a iluminação, a temperatura, o ruído e o mobiliário escolar.

No que diz respeito ao ensino formal presencial, encontramos postos de trabalho

em ambientes bem definidos e bem planejados tais como: sala de aula, carteiras, quadro

branco, iluminação, ventilação, dentre outros, o que torna a avaliação ergonômica destes

ambientes mais frequente.

De acordo com Oyewole et al (2010) todos os esforços devem ser feitos para

garantir que estudantes não experimentem dor nas costas e outros distúrbios

musculoesqueléticos devido a sessão prolongada em mobiliários inadequadamente

projetados.

O Mobiliário escolar, por exemplo, é citado por Moro et al (2005) como um

elemento da sala de aula que influi diretamente no desempenho, segurança, conforto e no

comportamento dos alunos, uma vez que este determina a configuração postural dos

alunos.

Para Bergmiller (1999) as instituições de ensino precisam estar equipadas com

mobiliário “classe”, que é a carteira escolar ou cadeira e mesa, adequados

ergonomicamente a cada estudante, para que os alunos possam realizar suas funções.

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Em 1998, o Ministério da Educação, lançou um caderno com parâmetros para a

fabricação do mobiliário escolar e sua disposição na sala de aula tradicional, elaborado

por Mello Filho. Em 2003, as normas ergonômicas existentes no país passaram por uma

revisão e a Norma 14007 foi incorporada na Norma 14006, formando uma única

referência. Esses documentos são atualmente as referências para projetos de mobiliário

escolar desenvolvidos no Brasil.

Em âmbito mundial e conforme indica Oyewole (2010) apud Lueder e Rice

(2007), a, antropometria e ergonomia têm sido utilizadas para desenvolver novas formas

de mobiliário que incluem tarefas, ou mesas de escritório e cadeiras, incorporando a

ajustabilidade, a fim de acomodar uma gama mais ampla de pessoas e população. Isto não

se destina apenas a adequar um leque de usuários, mas também uma série de posturas.

(LUEDER & RICE, 2007).

Na atual era da tecnologia, e com o comprovado crescimento dos cursos à

distância, é permitido ao estudante se formar sem sair da cidade ou do local de onde se

vive. Essa modalidade de estudo trouxe muito conforto com relação ao deslocamento do

indivíduo.

Para Machado (2004), o uso das novas tecnologias em educação provoca, por

consequência, modificações significativas nas atividades profissionais dos atores

envolvidos na Educação, e em particular nos envolvidos em EaD: alunos, professores e

tutores.

Conforme visto nas seções anteriores, é corrente a utilização de ambientes virtuais

de ensino na modalidade EaD. Com o objetivo de tornar o cotidiano do aluno mais fácil

e mais rápido, estas “salas de aula” virtuais são cada vez mais presentes nas atividades e

na rotina do ensino à distância por tornar-se disponível em qualquer local e a qualquer

momento. Assim, os cursos ofertados nesta modalidade de ensino geralmente não oferecem

um espaço físico para as salas de aula, mas sim espaços virtuais.

Diante desta situação, os alunos da modalidade EaD, utilizam diferentes espaços

físicos como postos de trabalho/estudo, tais como, o espaço físico doméstico, espaços

públicos como Bibliotecas e, também, os espaços para tutoria presencial e laboratórios

ofertados pelas instituições de ensino, entre tantos outros.

No posto de trabalho/estudo com computador, conforme cita Iida (2002), o aluno

deve permanecer com o corpo quase estático durante horas, com a atenção fixa na tela do

monitor e as mãos sobre o teclado, realizando operações de digitação, altamente

repetitivas.

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Portanto, como afirma esse autor, as condições de trabalho/estudo no terminal

computadorizado, em comparação com as aulas tradicionais em salas, são mais severas e

as inadaptações ergonômicas destes postos, provocam consequências bastante

incômodas. Elas se concentram na fadiga visual, nas dores musculares do pescoço e

ombros e dores nos tendões dos pulsos e dedos. Em casos extremos podem transformar-

se em doenças ocupacionais que podem até incapacitar a pessoa para o serviço de

digitação.

Como foi salientado anteriormente, o ambiente da aprendizagem on-line é amplo

e subjetivo, somando diferentes fatores que podem influenciar o bem-estar do discente

em sua eficiência e eficácia.

Conforme destacado por Sarmet e Abrahão (2007), atualmente, há o interesse em

se analisar a adequação dos artefatos informatizados e seu impacto na realização de

determinadas atividades.

Entretanto, Schackel (2000) ressalta a escassez de estudos que relacionam a

ergonomia a EaD. Desta forma, através da investigação ergonômica é possível contribuir

para a avaliação dos postos de trabalho no EaD, o que torna a proposta deste estudo

pertinente e relevante.

2.6.3 A Rede e-Tec no CEFET/RJ

De acordo com o Decreto nº 5.224 de 2004, dentre algumas das finalidades da

criação dos CEFETs podemos citar a formação e a qualificação no âmbito da educação

tecnológica, nos diferentes níveis e modalidades de ensino, para os diversos setores da

economia, e a oferta de mecanismos para a educação continuada.

O Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ)

teve sua origem em 1917 como Escola Normal de Artes e Ofícios Wenceslau Braz.

Atualmente, é uma instituição federal de ensino que oferece cursos técnicos integrados

ao ensino médio, subsequentes, tecnológicos, de graduação e de pós-graduação latu senso

e stricto senso (mestrado e doutorado), nas modalidades presencial e à distância.

Como integrante do Consórcio CEDERJ, o CEFET/RJ oferece dois cursos de

graduação à distância:

Curso superior de Tecnologia em Gestão de Turismo, implantado no primeiro

semestre de 2012, ofertado nos polos de Duque de Caxias, Miguel Pereira, Niterói, Nova

Iguaçu e Rocinha;

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Curso superior de Bacharelado em Engenharia de Produção, implantado no

primeiro semestre de 2015, ofertado nos polos de Belford Roxo, Itaperuna, Piraí e

Resende.

No âmbito da Universidade Aberta do Brasil e em parceria com o Consórcio

CEDERJ, o CEFET/RJ oferece o curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação

Tecnológica. Em sua quarta edição, o curso está presente em oito polos no interior do

estado do Rio de Janeiro.

A oferta do ensino técnico na modalidade EaD no CEFET/RJ teve seu início em

2009 com um curso de formação em Técnico de Segurança do Trabalho e uma turma de

cinquenta alunos inscritos e alocados em um único polo presencial: o CEFET Maracanã.

Decorridos um pouco mais de sete anos desta implantação, hoje, são trinta e um

cursos alocados em vários polos espalhados por todo Estado do Rio de Janeiro e, dentre

eles, Técnico em Segurança do Trabalho, Técnico em Telecomunicações, Técnico em

Meio Ambiente, Técnico em Administração, Técnico em Automação, Técnico em

Mecânica e Técnico em Informática, com uma média de três mil alunos inscritos e

atuantes.

Nas tabelas abaixo é possível verificar o quantitativo de vagas ofertadas nos cursos

de ensino técnico na modalidade EaD no CEFET/RJ no ano de 2015 e o número de

cidades/polos atendidos.

Tabela 1. Quantidade de vagas ofertadas em 2015 nos cursos da Rede e-Tec do CEFET/RJ

Curso Quantidade de vagas

ofertadas em 2015

Técnico em Administração 450

Técnico em Automação 50

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Técnico em Informática 205

Técnico em Mecânica 50

Técnico em Meio Ambiente 405

Técnico em Segurança do Trabalho 150

Fonte: SAAS, 2016.

Tabela 2. Quantidade de polos atendidos pela Rede e-Tec do CEFET/RJ

Curso Quantidade de polos

atendidos

Técnico em Administração 09

Técnico em Automação 01

Técnico em Informática 04

Técnico em Mecânica 01

Técnico em Meio Ambiente 08

Técnico em Segurança do Trabalho 03

Fonte: SAAS, 2016.

É importante para o desenvolvimento do interior do Estado do Rio de Janeiro que

o Ensino à Distância amplie suas divisas e também forneça ferramentas aos cidadãos dos

municípios e áreas rurais, uma acessibilidade à Educação Tecnológica e

profissionalizante, oportunizando cada vez mais profissionais ingressarem no mercado de

trabalho.

A Rede e-Tec do CEFET/RJ atende em 19 polos instalados em escolas estaduais,

municipais e federais em todo Estado do Rio de Janeiro, nas localidades de: Angra dos

Reis, Armação de Búzios, Cantagalo, Campos dos Goytacazes, Engenheiro Paulo de

Frontin, Itaguaí, Itaocara, Miguel Pereira, Nova Iguaçú, Nova Friburgo, Petrópolis,

Pinheiral, Piraí, Rio de Janeiro, Santa Maria Madalena, Santo Antônio de Pádua, São José

do Vale do Rio Preto, Sapucaia e Valença.

2.7 POSTURAS

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Um dos motivos para o rápido desenvolvimento da Ergonomia no mundo foi o

advento das chamadas lesões osteomusculares que, além de dolorosas, são incapacitantes

e, com isso, reduzem a produtividade dentro de um sistema organizado (LIMA, 2007).

Conforme demonstram Lima e Cruz (2010), a postura corporal reflete o

movimento dinâmico do corpo humano, sendo que, sem uma boa postura corporal a saúde

geral pode ser comprometida. Isto porque, os efeitos em longo prazo da má postura

corporal devem afetar vários sistemas do organismo, podendo a pessoa sentir-se cansada

e incapaz de trabalhar eficientemente.

Para que a produtividade do trabalhador/estudante seja realmente efetiva, em

conformidade com Lange (2005), a posição, a postura assumida por este durante a

realização das tarefas definidas, é outro fator importante a ser observado, ou seja, o estado

favorável ou não, em que o corpo deste trabalhador/estudante se coloca ao executar esta

atividade irá interferir em seu maior ou menor aproveitamento, podendo causar cansaço

e desgastes que não seriam necessários, caso a postura correta fosse observada. E nesse

sentido, o conceito de postura pode se configurar como: “... arranjo harmônico das partes

constituintes do corpo, tanto em posição estática (parado) como em diferentes situações

dinâmicas (movimento e força) ” (LANGE, 2005, p. 28).

Conforme apontam Workineh e Yamaura (2016), apud Andersen et al. (2011) a

posição sentada por longos períodos leva à dor ao redor do pescoço, ombros, parte inferior

das costas, braços, pulsos, pernas e outras partes do corpo. O desconforto por longo prazo

também facilita a lesão por esforço repetitivo (LER). WORKINEH E YAMAURA (2016)

apud ANDERSEN et al (2011).

Para Dul & Weerdmeester (2008) a postura e o movimento corporal têm grande

importância na ergonomia. Tanto no trabalho, como na vida cotidiana, eles são

determinados pela tarefa e pelo posto de trabalho. Posturas e movimentos inadequados

produzem tensões mecânicas nos músculos, ligamentos e articulações resultando em

dores no pescoço, costas, ombros, punhos e outras partes do sistema músculo esquelético.

(DUL & WEERDMEESTER, 2008)

Ohlendorf et al (2017), afirma que um desconforto musculoesquelético

geralmente gera um desejo de se evitar a dor. O aluno/trabalhador é forçado a

experimentar alternativas posturais corporais usando músculos acessórios, que conduzem

a um desvio da direção do movimento e eventualmente podem prejudicar seu desempenho

de forma permanente.

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Assim como afirma também Sigurdsson et al (2012), que os distúrbios

musculoesqueléticos são prevalentes na força de trabalho, são caros para a indústria

privada, e podem resultar em desconforto ou sofrimento humano.

No entanto, convém salientar que, em se tratando de uma boa postura, pode se dizer

que:

Não existe uma postura correta para todas as pessoas. Somos seres

biologicamente diferentes, sendo assim, a postura mais adequada varia de uma

pessoa para outra. Pode-se então dizer, que a melhor postura que deve ser

adotada por um indivíduo é aquela que preenche todas as necessidades

mecânicas do seu corpo e também que possibilite o indivíduo manter uma

posição ereta com o mínimo esforço muscular. (LANGE, 2005, p. 28-29).

Em concordância com o autor citado, observa-se que, uma boa postura para se

executar as tarefas deve ser empregada pelo trabalhador/estudante de forma a se evitar

tensões, dores e sobrecarga nas articulações, procurando assim, um equilíbrio corporal

que obtenha menores gastos de energia e corrobore com uma boa produtividade.

Dessa forma, de acordo com Ferreira (2009) a estação de trabalho no contexto de

EaD tem um papel fundamental para reduzir o custo cognitivo e postural do aluno nas

suas atividades de aprendizagem, proporcionando bem-estar e melhor desempenho.

Ainda em acordo com o mesmo autor, do ponto de vista corporal, a

compatibilidade da estação de trabalho diminui, atenua e/ou elimina a sobrecarga

muscular imposta pela postura sentada.

É indicado também que a estação de trabalho seja equipada com itens de

segurança, tais como dispositivos de proteção e passagem de fiação dos equipamentos

(elétrica e de rede). Fatores físico-ambientais também podem influenciar o ambiente de

aprendizagem, dentre eles os mais importantes são: local de trabalho, iluminação, nível

de ruído, conforto térmico e ventilação.

A figura abaixo ilustra alguns parâmetros importantes para que a estação de

trabalho se torne mais compatível com a atividade do sujeito. (FERREIRA, 2009)

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Figura 3. Parâmetros ideais para uma estação de estudo

Fonte: Ferreira, 2009, p.5.

Além dos aspectos apontados pela figura, outros cuidados são importantes para

aumentar a compatibilidade da estação de trabalho do aluno, tornando-a mais confortável.

Dentre eles: inclinação e iluminação da tela do monitor, posição do teclado, organização

espacial da estação de trabalho/estudo e seus acessórios, tais como, suporte para pés e

punhos.

Todos os fatores anteriores devem ser considerados como um conjunto, e não de

forma isolada para a avaliação ergonômica do ambiente de trabalho/estudo.

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3. METODOLOGIA

Segundo Moraes e Mont’alvão (2000), há registros que desde as civilizações

antigas, o homem aplicava conhecimentos de ergonomia na busca de melhorar as

ferramentas, os instrumentos e os utensílios de uso na sua vida cotidiana.

Baú (2005) apud Lourenço (2012) acrescenta que os pontos básicos a serem

abordados incluem sentar-se e posicionar-se corretamente ao computador. O processo de

reeducação postural dos hábitos e conscientização da adoção de uma postura correta

durante o trabalho trazem excelentes benefícios, sendo de grande valia para manutenção

de um programa preventivo e corretivo, contribuindo assim, para redução de queixas de

desconfortos musculoesqueléticos. Segundo o autor, ainda para prevenção de problemas

da posição sentada e do trabalho em computadores é: sentar-se corretamente, em uma

cadeira ergonomicamente projetada, tendo uma relação adequada entre cadeira-mesa e

computador.

O uso das novas tecnologias na Educação provoca, por consequência,

modificações significativas nas atividades profissionais dos atores nela envolvidos, e em

particular nos envolvidos em EaD: alunos, professores e tutores. (MACHADO,

MACHADO, 2004)

De forma geral, os cursos ofertados na modalidade EaD não oferecem um espaço

físico pré-definido para as salas de aula, mas sim um espaço virtual, como a plataforma

Moodle, onde diversas atividades são desenvolvidas de modo on-line.

Diante desta situação, os alunos desta modalidade de ensino, utilizam diferentes

espaços físicos como postos de trabalho/estudo, tais como, o espaço físico doméstico,

espaços públicos como Bibliotecas e, também, os espaços para tutoria presencial e

laboratórios ofertados pelas instituições de ensino, entre tantos outros.

Como foi salientado anteriormente, o ambiente da aprendizagem on-line é amplo

e subjetivo, somando diferentes fatores que podem influenciar o bem-estar do discente

em sua eficiência e eficácia.

Atualmente, há o interesse em se analisar a adequação dos artefatos

informatizados e seu impacto na realização de determinadas atividades (SARMET;

ABRAHÃO, 2007).

No entanto, Schackel (2000) ressalta a escassez de estudos que relacionam a

ergonomia a EaD. Desta forma, a investigação ergonômica dos postos de estudo dos

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discentes desta modalidade de ensino, que é proposta nesta pesquisa, se faz pertinente e

relevante.

Para a realização deste estudo, foi feita vasta revisão de literatura no

desenvolvimento desta pesquisa para conferir um bom suporte teórico ao estudo. A

revisão apresentada foi desenvolvida com base em textos selecionados das bases de dados

especializadas Scientific Eletronic Library Online – Scielo e Scopus, por meio do Portal

de Periódicos da CAPES e como estratégia auxiliar, foi utilizado o Google Acadêmico.

Posteriormente foi desenvolvido um questionário de avaliação ergonômica para

investigação junto aos alunos da Rede e-Tec do CEFET/RJ. Para a elaboração do

questionário aplicado aos alunos, foram selecionados dados que melhor se alinhassem aos

objetivos da pesquisa, baseados em critérios ergonômicos e na NR 17.

Por fim o questionário foi aplicado ao público alvo desta pesquisa e após a coleta

de dados, foi realizada uma análise estatística descritiva para tratar as variações referentes

aos critérios ergonômicos percebidos pelos alunos/respondentes em seus postos de

estudo.

3.1 ETAPAS DA PESQUISA

Para desenvolver este estudo foram planejadas as seguintes etapas de pesquisa:

Revisão da literatura buscando identificar os critérios ergonômicos adequados

aos alunos de EaD da Rede e-Tec do CEFET/RJ;

Construção de instrumento de coleta de dados (questionário);

Efetivação da coleta de dados junto aos discentes entrevistados;

Análise dos dados coletados através de tratamento estatístico descritivo;

Conclusões e recomendações.

3.1.1 Metodologia da Avaliação Ergonômica

Mesmo com as mais variadas definições, a ergonomia está sempre relacionada ao

estudo da interação do homem com o meio, e o meio por sua vez, quase sempre remete

ao conceito de trabalho. Assim, a aplicação prática ergonômica se justifica quando atua

na interface que relaciona o homem e a sua tarefa.

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Atualmente existe no Brasil, 34 Normas Regulamentadoras (NR), que obrigam as

empresas cumprirem normas relativas à segurança e medicina no trabalho. Para o

desenvolvimento desta pesquisa observou-se com mais afinco a NR17, que trata da

adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores.

Iida (2005) propõe que, para garantir a satisfação, a segurança do trabalhador e

produtividade do sistema, algumas recomendações ergonômicas devem ser seguidas nos

postos de trabalho, conforme quadro a seguir.

Quadro 2. Recomendações ergonômicas para prevenir dores e lesões ósteo-musculares

nos postos de trabalho.

Limitar os movimentos ósteo-

musculares nos postos de trabalho

Evitar concentrações estáticas da

musculatura

- Os movimentos repetitivos devem ser

limitados a 200 por hora;

- Frequências maiores que 1 ciclo/seg.

prejudicam as articulações;

- Eliminar tarefas com ciclos menores a 90

seg;

- Evitar tarefas repetitivas sob frio ou calor

intenso;

- Providenciar micro pausas de 2 a 10 seg.

cada 2 ou 3 min.

- Permitir movimentações para

mudanças frequentes de postura;

- Manter a cabeça na vertical;

- Usar suportes para apoiar os braços e

antebraços;

- Providenciar fixações e outros tipos de

apoios mecânicos para avaliar a ação de

segurar

Promover o equilíbrio biomecânico Evitar o estresse mental

- Alternar as tarefas altamente repetitivas

com outras de ciclos mais longos;

- Aumentar a variedade de tarefas,

incluindo tarefas de inspeção, registros,

cargas e limpezas;

- Não usar mais de 50% do tempo no

mesmo tipo de tarefa;

- Evitar os movimentos que exijam rápida

aceleração, mudanças bruscas de direção ou

paradas repentinas;

- Evitar ações que exijam posturas

inadequadas, alcances exagerados ou

cargas superiores a 23kg;

- Não fixar prazos ou metas de produção

irrealistas;

- Evitar regulagens muito rápidas das

máquinas;

- Evitar o excesso de controles e

cobranças;

- Evitar competição exagerada entre os

membros do grupo;

- Evitar remunerações por produtividade

Atuar preventivamente antes que os desconfortos transformem se em lesões

Fonte: Iida (2005).

Conforme cita Lourenço (2012), a NR 17 veio para atuar na prevenção de possíveis

sobrecargas psíquica ou muscular, priorizando a parâmetros mínimos para que tal direito

se concretize, no entanto, para que tal fato ocorra, torna-se fundamental importância a

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realização de uma Avaliação Ergonômica, que tem a finalidade de investigar para

aprimorar as condições de trabalho, ou seja, preservar e promover a segurança e a saúde

de quem está executando tais atividades, que é a função desta norma.

Couto (2007) apresenta algumas situações antiergonômicas, passíveis de

causarem DORT (dor no pescoço, na região dorsal, extensão do pulso, musculatura dos

ombros) apresentadas no quadro abaixo:

Quadro 3. Situações antiergonômicas no trabalho com computador

SITUAÇÃO

ANTIERGONÔMICA DIAGNÓSTICO

Fatores referentes à má qualidade da

cadeira de trabalho

Pode ocasionar fadiga dos músculos das costas

e do pescoço, inchação das pernas,

degeneração dos discos da coluna.

Trabalhar com o monitor deslocado

para a lateral

Ocasiona dores no pescoço, na região do

trapézio e do músculo

esternocleidomastóideo.

Monitor de vídeo excessivamente alto Costuma causar dores na região do pescoço.

Monitor de vídeo excessivamente

baixo

Além da dor na região do pescoço, costuma

causar dor na região dorsal.

Teclado excessivamente baixo

Geralmente obrigam a pessoa a ficar com o

tronco encurvado para frente e com os braços

e antebraços fora da posição correta de

trabalho. Podem ocasionar extensão do punho.

Uso do mouse com abdução do ombro

direito

Ocasiona sobrecarga para a musculatura do

ombro direito.

Uso do mouse longe do corpo Ocasiona sobrecarga para a musculatura do

ombro direito.

Dificuldade visual em esforços

prolongados de visualização do

monitor de vídeo

É mais frequente em portadores de

astigmatismo e de hipermetropia. É decorrente

do esforço visual prolongado.

Reflexos na tela do monitor de vídeo

Podem ocorrer reflexos na tela em

decorrências devido a janelas e claridades no

campo visual.

Síndrome do olho seco

É agravada em ambientes climatizados, onde a

utilização do ar condicionado causa o

esfriamento e redução da umidade do ar.

Fonte: Adaptado de Couto (2007, p.166-167)

No EaD o uso intensivo do computador é uma realidade e as situações

antiergonômicas com maior incidência estão relacionadas à posição de trabalho sentada,

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ao tempo de trabalho em frente ao computador e ao posicionamento dos objetos e

acessórios na estação de trabalho.

Desta forma é comum o aparecimento de diversos problemas de natureza

ergonômica conforme apontado no Quadro 3.

Conforme cita Moraes e Montalvão (2010), a Ergonomia ao realizar suas

pesquisas e intervenções, lança mão dos métodos em uso pelas ciências sociais e das

técnicas propostas pela engenharia de métodos. A Ergonomia, ao avaliar as condições de

trabalho e analisar a tarefa, realiza pesquisas descritivas.

Na pesquisa descritiva, o pesquisador procura conhecer e interpretar a

realidade, sem nela interferir para modifica-la; interessa-se em descobrir e

observar fenômenos e procura descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. Os

dados obtidos, qualitativos ou quantitativos, devem ser analisados e

interpretados. (MORAES & MONTALVÃO, 2010).

Considera-se pesquisa descritiva, aquela que pode ser realizada através da

observação ou da inquirição. A observação pode ser subdividida em observação

assistemática, observação sistemática e registro de comportamento. A inquirição busca

informações e a quantificação dos resultados, através de questionários, entrevistas,

verbalizações, entre outros. (GRAY, 2012)

Gray (2012) define, também, entrevista como uma conversa entre pessoas, na qual

uma cumpre o papel de pesquisador. A entrevista, porém, pode representar desafios em

função da interação humana entre entrevistador e respondente e da subjetividade das

perguntas abertas.

O checklist ou lista de verificação é uma ferramenta para avaliação da qualidade

ergonômica de um posto de trabalho, que se caracteriza pela checagem da conformidade

da interface de um sistema interativo com recomendações ergonômicas provenientes de

pesquisas aplicadas (COUTO, 2007).

O questionário é uma ferramenta comumente utilizada para a avaliação de fatores

subjetivos. Pode ser feito através de entrevista, enquete, escala, formulário ou teste, todas

as formas têm o mesmo sentido de questionário.

Moraes e Montalvão (2010) apud Gil (1978), aponta o questionário como uma

técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões

apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões,

crenças, sentimentos, expectativas e situações vivenciadas. (MORAES E

MONTALVÃO, 2010 p.73).

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Cuixart e Pons (1997), apud Paccola e Silva (2008), atentam para o fato de que

são muitos os métodos que podem ser utilizados para a análise e avaliação do ônus

postural, porém nem todos são aplicáveis a todas as situações, e também não apresentam

os mesmos resultados.

Outro fator muito importante na seleção de uma determinada aplicação de

metodologia é o nível da adequação desta em função dos objetivos a serem alcançados.

De acordo com Gray (2012), onde o público for relativamente grande e onde for

preciso usar perguntas padronizadas, o questionário é o instrumento ideal e permitirá, se

for necessário, uma abordagem analítica explorando as relações entre variáveis.

Considerando as características da população objeto de estudo desta pesquisa,

para a investigação acerca da ergonomia dos postos de estudo dos discentes da Rede e-

Tec do CEFET/RJ, foi utilizado o questionário como ferramenta de investigação.

3.1.2 Construção e aplicação de Instrumento Avaliativo

Os questionários são ferramentas de pesquisa por meio das quais as pessoas devem

responder ao mesmo conjunto de perguntas em uma ordem pré-determinada. Geralmente

as questões são feitas de forma fechada ou aberta.

Nas questões fechadas existem possíveis respostas para cada questionamento e

estas buscam medir fatores como frequência, intensidade, conforto, satisfação, dentre

outros. Como exemplos de questões fechadas podemos citar aquelas com respostas pré-

elaboradas, “sim/não”, “verdadeiro/falso”; respostas de múltipla escolha “nunca/às

vezes/sempre”, “pouco confortável/confortável/muito confortável” ou respostas onde

exista a possibilidade de escolher entre vários números representando uma escala.

Já as questões abertas, estas não têm resposta definitiva e contêm respostas que

são registradas integralmente, de modo que o questionário deve ser desenhado de maneira

que os respondentes consigam oferecer essas respostas sem restrição de espaço. (GRAY.

2012)

Nos questionários, questões abertas, no geral, devem ser evitadas a fim de

objetivar a pesquisa e evitar múltiplas interpretações, ou utilizar a mescla de perguntas

fechadas e abertas, como um convite para que se acrescentem mais comentários a uma

questão fechada prévia.

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O quadro abaixo apresenta uma comparação entre as vantagens e desvantagens da

utilização de perguntas abertas e fechadas em questionários.

Quadro 4. As vantagens e desvantagens das perguntas abertas e fechadas

Vantagens Desvantagens

Perguntas abertas

Liberdade e espontaneidade das respostas Demoradas

Oportunidades de aprofundar Em entrevistas: demandam muito tempo

do entrevistador

Demandam mais esforços dos

respondentes

Úteis para testar hipóteses sobre ideias ou

consciências

Perguntas fechadas

Demandam pouco tempo Perda de respostas espontâneas

Não é necessário escrever muito Viés nas categorias de resposta

Baixo custo Às vezes muito rudes

Facilidade de processamento Podem irritar os respondentes

Facilita a comparação em grupos

São úteis para testar hipóteses específicas

Fonte: Gray (2012) apud Oppenheim (1992), p. 286.

O questionário é uma das ferramentas mais utilizadas para coleta de dados. Para

Gillham (2000) sua popularidade também se baseia em algumas de suas vantagens, como

por exemplo: baixo custo em termos de tempo e dinheiro, influxo de dados rápido de

muitas pessoas, conveniência de local e momento de aplicação para os respondentes,

anonimato dos respondes, facilidade de análise dos dados coletados, entre outros.

Ainda de acordo com Gray (2012), o uso de pesquisas de levantamento em rede é

especialmente vantajoso em termos de conveniência e acesso a amostras e populações

grandes. Os questionários na internet apresentam muitas facilidades para o desenho, bem

como para a coleta dos dados, uma vez que possibilitam que os dados sejam baixados em

formato de planilhas ou bancos de dados.

Considerando o número de alunos e o número total de polos regionais atendidos

pela Rede e-Tec do CEFET/RJ, conforme pode ser observado na Tabela 1 e na Tabela 2

e as demais vantagens apresentadas anteriormente, para esta pesquisa adotou-se um

questionário no formato on-line.

Para a elaboração do questionário primeiramente foi considerado o tema desta

pesquisa: onde e de que forma as atividades de estudo são executadas pelos alunos do

EaD, com objetivo de verificar a existência de possíveis sintomas característicos a

monotonia no cotidiano da execução destas tarefas.

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As atividades analisadas em questão são as tarefas de interação com o AVA

(Ambiente Virtual de Aprendizagem), e qual é a qualidade do ambiente e da postura física

no momento de execução destas tarefas.

Para tanto, foram coletados os seguintes dados: informações de satisfação dos

alunos a respeito da iluminação, ventilação, ruídos, conforto, organização, adaptação

musculoesquelético e psico-fisiológicas com vistas à investigação e percepção do

ambiente que é desenvolvido os estudos do AVA.

O questionário misto (qualitativo e quantitativo) sobre a percepção dos usuários

quanto à ergonomia de seu posto de estudo/trabalho, contendo 28 (vinte e oito) perguntas,

foi apresentado com questões que abordam:

Fatores ambientais, tais como iluminação, ventilação, temperatura e nível

de ruídos;

Fatores organizacionais abrangendo a qualidade do ambiente de estudo,

tais como, altura e posicionamento do mobiliário e acessórios do ambiente,

seu conforto e organização;

Fatores relacionados a rotina de estudo tais como turno, quantidade de

horas e pausas durante a jornada de estudos, local de estudo e posição

musculoesquelético;

Fatores relacionados a possíveis sintomas característicos a monotonia e

estresse;

Fatores relacionados a frequência de desconforto físico através de uma

adaptação do Diagrama de Corlett e Nanenica (1980).

3.1.2.1 Fatores ambientais

Os fatores ambientais são aqueles de natureza física e química, tais como ruídos,

vibrações, iluminação, clima e substâncias químicas, que podem afetar a saúde, a

segurança e o conforto das pessoas, evidencia Dul e Weerdmeester (2004, p.69).

Em conformidade com Couto (2007), sem conforto térmico não se trabalha bem.

Tanto o frio excessivo quanto o calor em excesso comprometem muito a capacidade

produtiva. O frio e calor intensos são desconfortáveis e provocam sobrecarga energética

no corpo, principalmente no coração e pulmões.

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Temperaturas acima de 24ºC provocam queda de rendimento e aumento dos erros,

havendo necessidade de concessão de pausas para recuperação do organismo. (DUL E

WEERDMEESTER, 2004, p.84)

Também o conforto acústico é fundamental. Em ambientes de alto nível de ruído,

especialmente de conversas, o grau de concentração das pessoas cai e, por incrível que

pareça em condições de baixíssimo nível de ruído o desempenho também não é

satisfatório.

Como relatado na NR17, em todos os locais de trabalho deve haver iluminação

adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade.

A iluminação geral, em conformidade com esta norma deve ser uniformemente

distribuída e difusa e também, deve ser projetada e instalada de forma a evitar

ofuscamentos, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos conforme

demonstrado na figura abaixo.

Figura 4. As fontes de luz devem estar localizadas de modo a evitar

reflexos e sombra na superfície de trabalho

Fonte: Dul & Weerdmeester, 2004 p.81

E também, como alertado por Dul e Weerdmeester (2004) nos trabalhos com

monitores deve-se tomar especial cuidado para evitar os reflexos sobre a tela.

De forma final e conforme propõe a redação da NR17, com referência às

condições ambientais dos postos de trabalho, relata que estas devem estar adequadas às

características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser

executado.

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3.1.2.2 Fatores organizacionais

Os fatores organizacionais abrangendo a qualidade do ambiente de estudo

investigados nesta pesquisa foram: adequação da altura e posicionamento do mobiliário

e dos acessórios do ambiente, seu conforto e organização.

Com relação à adaptação musculo esquelética ao mobiliário da estação de estudos,

a altura do tampo de mesa, ou local de apoio do computador, os ajustes da cadeira e outros

mobiliários, no item 17.4 da NR17, diz que todos os equipamentos/mobiliários que

compõem um posto de trabalho/estudos, devem ser adequados às características

psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado,

proporcionando uma sensação de conforto.

Em conformidade com Workineh e Yamaura (2016) apud Karlqvist et al (2002),

que afirmam que como nos tornamos uma sociedade que se senta por uma maior

proporção do dia, a cadeira de escritório tornou-se um componente crítico na

determinação do nosso conforto e na saúde. Portanto, essas ferramentas de uso diário

precisam proporcionar conforto, porque em caso contrário, o desconforto pode afetar

negativamente na saúde geral e na produtividade, especialmente para as pessoas que

trabalham sentadas por muitas horas por dia.

De maneira geral, os problemas lombares advindos da postura sentada são

justificados pelo fato de a compressão dos discos intervertebrais ser maior na posição

sentada que na posição em pé. No entanto, tais problemas não são apenas decorrentes das

cargas que atuam sobre a coluna vertebral, mas, principalmente, da manutenção da

postura estática.

A postura de trabalho sentado, se bem concebida (com apoios e inclinações

adequados), pode apresentar até pressões intradiscais inferiores à posição em pé imóvel,

desde que o esforço postural estático e as solicitações articulares sejam reduzidos ao

mínimo. Trabalhar/estudar sentado permite maior controle dos movimentos porque o

esforço para manter o equilíbrio postural é reduzido.

O sentar é uma situação dinâmica que deve ser vista como um comportamento e

não somente como uma condição estática. As cadeiras também influenciam o

comportamento de sentar, sendo que algumas permitem maior troca de posturas.

(MARQUES et al, 2010)

A disfunção musculoesquelética geralmente reflete em uma postura não saudável.

Em contraste com o trabalhador em pé, um trabalhador sentado não utiliza todo o seu

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corpo, e sua tuberosidade isquiática (anca) suporta a maior parte do seu peso. É por isso

que a condição e qualidade da cadeira e sua superfície de sentar torna-se de grande

importância. (OHLENDORF, WANKE, & GERBER, 2017)

O quadro abaixo apresenta as vantagens e desvantagens da posição sentada, de

acordo com o Manual de Aplicação da NR17.

Quadro 5. Vantagens e desvantagens da posição sentada

Vantagens Desvantagens

Baixa solicitação da musculatura dos

membros inferiores, reduzindo, assim,

a sensação de desconforto e cansaço

Pequena atividade física geral

(sedentarismo)

Possibilidade de evitar posições

forçadas do corpo

Adoção de posturas desfavoráveis:

lordose ou cifoses excessivas

Menor consumo de energia

Estase sanguínea nos membros

inferiores, situação agravada quando há

compressão da face posterior das coxas

ou da panturrilha contra a cadeira, se

esta estiver mal posicionada

Facilitação da circulação sanguínea

pelos membros inferiores

Fonte: Manual de Aplicação da NR17 p.32,33

Conforme observa Iida (2002), as pessoas preferem posições inclinadas, mais

relaxadas, que se assemelham a uma pessoa dirigindo um carro, sendo, portanto,

diferentes daquelas posturas geralmente adotadas em escritórios, que são mais eretas.

Outras características indicadas por Iida (2002), da cadeira de trabalho são:

A altura do assento e do encosto da cadeira deve ser regulável;

Deve ter apoio com altura regulável para cotovelos e braços,

As bordas do assento devem ser arredondadas,

Devem ter pouco estofamento,

Devem ser giratórias,

Devem ter cinco pés com rodinhas.

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Figura 5. Exemplo de uma cadeira ergonômica para trabalho de digitação.

\

Fonte: Dul &Weerdmeester, 2004, p 15

Ainda segundo Iida (2002), adota-se que apenas algumas dimensões ajustáveis

como assento, encosto e apoio dos braços que devem ser combinadas com uma

mobilidade do monitor. Assim, constata-se que há mais facilidade de se adaptar o posto

de trabalho às diferenças antropométricas dos seus usuários.

Baú (2005), afirma que para a prevenção de problemas da posição sentada e do

trabalho em computadores é: sentar-se corretamente, em uma cadeira ergonomicamente

projetada, tendo uma relação adequada entre cadeira, mesa e computador (BAÚ, 2005).

Finalmente e em conformidade com Dul e Weerdmeester (2004, p.10), a altura

adequada para um indivíduo de altura mediana, pode ser desconfortável para os

indivíduos mais altos ou mais baixos. Uma cadeira que tenha ajustes de altura pode

adaptar-se às diferenças individuais desses usuários.

Já com relação à altura do tampo (mesa, balcão, apoio, bancada) utilizado para o

apoio do computador/notebook, a NR17 estabelece que para trabalho manual sentado, as

bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador condições

de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes requisitos

mínimos:

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Possuir altura e características da superfície de trabalho compatíveis com

o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de

trabalho e com a altura do assento;

Possuir área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador;

Possuir características dimensionais que possibilitem posicionamento e

movimentação adequados dos segmentos corporais.

3.1.2.3 Fatores relacionados a rotina de estudo

Como declara Santos et al (2009) as posturas podem ser mais ou menos

confortáveis ou prejudiciais para a saúde, dependendo fundamentalmente das condições

de trabalho que existam para realizar suas atividades.

Um dos princípios fundamentais que deve existir em todo design ergonômico é

que o mobiliário e suas relações com o ser humano permitam, em primeiro lugar, que seja

adaptado às características antropométricas da população que vai utilizar este posto e que

permita, quando necessário, as mudanças de posturas, já que em cada tipo de postura um

diferente conjunto de musculatura é acionado. (SANTOS et al,2009)

Os fatores relacionados a rotina de estudos investigados foram: qual o turno

utilizado, quantidade de horas e pausas efetuadas durante a jornada de estudos, local de

estudo e a posição musculo esquelético.

De acordo com a redação da NR17 e referente aos trabalhos com postura sentada,

as atividades de processamento eletrônico de dados (digitação), devem observar o

seguinte:

a) O tempo efetivo de trabalho de entrada de dados (digitação) não deve exceder o

limite máximo de cinco horas, sendo que, no período de tempo restante da

jornada, o trabalhador poderá exercer outras atividades, observado o disposto no

art.468 da Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não exijam movimentos

repetitivos, nem esforço visual;

b) devem ser incluídas pausas para descanso;

c) nas atividades de entrada de dados (digitação) deve haver, no mínimo, uma pausa

de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados.

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3.1.2.4 Fatores relacionados a possíveis sintomas característicos à monotonia e

estresse

Baú (2002) faz algumas recomendações básicas de prevenção ao estresse como:

dormir o suficiente, entre 6 e 8 horas por dia; praticar exercícios físicos regulares;

alimentar-se bem; evitar cigarro e bebidas alcoólicas; manter cuidados com a postura,

utilizando ajustes confortáveis, porem recomendáveis para a estrutura

musculoesquelético; fazer pausas ou micro pausas durante o trabalho, para interromper

posturas estáticas e prolongadas e praticar o revezamento.

3.1.2.5 Fatores relacionados à frequência de desconforto físico

Para o fator dor e desconforto dos postos de estudo, foi feita e incluída no

instrumento uma adaptação da análise do diagrama de dores proposto por Corlett e

Manenica (1980).

Este diagrama apresenta uma figura do corpo humano visto de costas e dividido

em 24 segmentos (ombro, braço, antebraço, mão, pescoço, dorso superior, dorso médio,

dorso inferior, quadril, coxa, perna e pé) facilitando a localização das áreas corporais que

os alunos supostamente sentem dor ou desconforto.

Maia (2008) afirma que através do diagrama de Corlett e Manenica (1980), o

pesquisador pode identificar máquinas, equipamentos e postos de trabalho que promovam

maior desconforto postural. Ainda em concordância com Maia (2008), este método pode

ser aplicado com ou sem auxílio de softwares específicos, podendo ser vantajoso em

algumas situações de pesquisa, sendo esta uma metodologia simples, que dispensa

interrupção do trabalho na coleta de dados. Todavia, seus resultados baseiam-se

exclusivamente na colaboração do trabalhador/estudante entrevistado, podendo este

omitir ou mascarar este índice de desconforto no momento da avaliação.

Em conformidade com IIda (2002), esse diagrama facilita a localização de áreas

dolorosas. Nesta pesquisa foram considerados quatro possíveis níveis de frequências de

desconforto: sempre, frequentemente, às vezes e nunca.

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Figura 6. Mapa de regiões corporais.

Fonte: Adaptado de Corlett e Manenica (1980).

Nas empresas e indústrias aplica-se este diagrama antes e depois das atividades

laborais para que se obtenha uma quantificação da dor no referido momento. Para cada

uma dessas regiões ou áreas dolorosas existe uma graduação que varia entre o valor

mínimo (1), que indica a inexistência de dor ou de desconforto no segmento corporal, até

o valor máximo (5), que indica dor ou desconforto intolerável no segmento considerado.

As marcações são realizadas linearmente no diagrama da esquerda para a direita.

Devido à forma de aplicação on-line do questionário e para evitar

desentendimento dos respondentes, foi feita uma adaptação na gradação de valores de

intensidade de dor. Foram incluídos quatro valores qualitativos: sempre, às vezes, nunca

e frequentemente em substituição à quantificação numérica para efeito de sondagem da

intensidade de dor ou desconforto no ambiente de estudos dos discentes de EaD.

3.2.2.6 Aplicação do Questionário

O questionário, em sua íntegra, encontra-se disponível no Anexo I desta

dissertação.

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Uma vez que, os alunos de EaD, de forma geral, não estão presentes no polo

diariamente, o questionário foi aplicado de forma on-line na plataforma Moodle,

juntamente com a prova final do respectivo curso, a fim de abranger o maior número de

respondentes simultaneamente.

Através do consentimento e autorização dos Professores Mauro Godinho

Gonçalves, e Alexandre Martinez dos Santos, respectivamente Coordenador Geral e

Coordenador Adjunto da Rede e-Tec no CEFET/RJ, o instrumento de pesquisa foi

adicionado à plataforma Moodle para que os alunos respondessem antes da realização da

prova obrigatória bimestral. Esta prova é aplicada presencialmente nos polos a cada dois

meses.

Os tutores presenciais de cada polo foram instruídos previamente pela

pesquisadora em uma reunião geral ocorrida na sede do CEFET/RJ, no polo Maracanã,

no dia 19 de novembro de 2016, sobre o conteúdo do instrumento.

O questionário foi aplicado no formato on-line, via Plataforma Moodle, a todos os

discentes do público alvo deste trabalho, no dia 03 de dezembro de 2016.

3.1.3 Tratamento Estatístico

Para o tratamento estatístico utilizado no levantamento dos dados da pesquisa

empregou-se um teste de independência para verificar a relação entre o gênero dos

entrevistados e a frequência de dores musculoesqueléticas. Para tanto foi empregado o

teste de independência qui-quadrado.

O teste de independência do qui-quadrado permite verificar a independência entre

duas variáveis de qualquer tipo que se apresentem agrupadas numa tabela de

contingência, conforme exemplo a seguir:

Tabela 3. Exemplo de tabela de contingência

Frequência de dor

Gênero

Sempre Às vezes Nunca

Masculino célula (1,1) célula (1,2) célula (1,3)

Feminino célula (2,1) célula (2,2) célula (2,3)

Fonte: Elaborado pela própria autora, 2017.

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Este teste não deve ser utilizado se mais que 20% das frequências esperadas, sob

a hipótese da independência, forem inferiores a 5 (cinco) ou se alguma delas for igual a 0

(zero).

Hipóteses em teste:

𝐻0: as variáveis são independentes;

𝐻𝑎: as variáveis não são independentes.

Note-se que a hipótese alternativa não tem nenhuma indicação sobre o tipo de

associação entre as variáveis.

O teste funciona da seguinte maneira: comparam-se as frequências observadas de

cada uma das 𝑚 × 𝑛 células, 𝑓𝑖𝑗 com as correspondentes frequências esperadas sob a

hipótese da independência, 𝑒𝑖𝑗, através do valor:

𝜒2 = ∑ ∑(𝑓𝑖𝑗 − 𝑒𝑖𝑗)2

𝑒𝑖𝑗𝑗𝑖

(1)

Onde:

𝑓𝑖𝑗 = frequência observada para a categoria da tabela de contingência na linha

i e coluna j

𝑒𝑖𝑗 = frequência esperada para a categoria da tabela de contingência na linha i

e coluna j baseada na hipótese da independência.

O valor 𝜒2 é usado para o cálculo do coeficiente de contingência de Pearson. Se

este valor for suficientemente pequeno, significará que as diferenças 𝑓𝑖𝑗 − 𝑒𝑖𝑗 são

pequenas, então somos conduzidos à aceitação de 𝐻0.

Observação: com n linhas e m colunas na tabela de contingencia, a estatística de

teste tem uma distribuição de qui-quadrado com (𝑚 − 1) × ( 𝑛-1) graus de liberdade,

desde que as frequências esperadas sejam cinco ou mais para todas as categorias.

As frequências esperadas das células da tabela de contingência são calculadas

através da seguinte expressão:

𝑒𝑖𝑗 =(𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑖)(𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 𝑗)

𝑇𝑎𝑚𝑎𝑛ℎ𝑜 𝐴𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎𝑙

(2)

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Resumo das etapas do teste de independência Teste de Independência em uma

tabela de contingência:

Teste de Independência: resumo

1. Estabeleça as hipóteses nula e alternativa.

𝐻0: a variável na coluna é independente da variável na linha.

𝐻𝑎: a variável na coluna não é independente da variável na linha.

2. Selecione uma amostra aleatória e registre as frequências observadas para cada

célula na tabela de contingência.

3. Use a equação (11.9) para calcular a frequência esperada de cada célula.

4. Use a equação (11.10) para calcular o valor da estatística de teste.

5. Regra de rejeição:

Critério do valor-p: Rejeitar 𝐻0 se o 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟_𝑝 ≤ 𝛼

Critério do valor crítico: Rejeita 𝐻0 se 𝜒2 ≥ 𝜒𝛼2

onde 𝛼 é o nível de significância, com n linhas e m colunas que produzem (n-1) (m-1)

graus de liberdade.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este capítulo apresenta os resultados obtidos através da aplicação do questionário

proposto.

No total, foram colhidas informações de 448 alunos respondentes, alocados em

diversos cursos e municípios de Rede e-Tec do CEFET/RJ. Os dados foram tratados por

meio de planilha eletrônica.

4.1 RESULTADOS DA PESQUISA

4.1.1 Características da população e fatores relacionados a rotina de estudos.

A amostra consistiu de 448 indivíduos, sendo aproximadamente 54% do sexo

feminino, este número está em conformidade com os dados do Censo da ABED conforme

apresentados na seção 2.2.2.

A média de idade observada nesta pesquisa foi de 32 anos. Aproximadamente

45% dos alunos estão na faixa etária entre 15 e 29 anos, aproximadamente 32% entre 30

e 39 anos e os demais possuem mais de 40 anos. Neste quesito, os dados divergem

daqueles apresentados pelo Censo da ABED no âmbito nacional A tabela abaixo

apresenta a quantidade de respondentes por sexo e faixa etária.

Tabela 4. Quantidade de respondentes por sexo e faixa etária

Número de respondentes

por faixa etária

Sexo

Total Feminino Masculino

De 15 a 29 anos 117 86 203

De 30 a 39 anos 75 69 144

A partir de 40 anos 51 50 101

Total 243 205 448

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

Já em relação ao tempo médio de horas semanais dedicadas aos estudos, conforme

os dados apresentados na

Figura 7, pode-se observar que a grande maioria dedica de 4 (quatro) a 8

(oito) horas de estudo por semana.

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Figura 7. Horas semanais dedicadas aos estudos.

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

Dos respondentes, aproximadamente 5,15% estudam no período da manhã, 7,61%

estudam à tarde, 44,07% à noite e 43,18% alternam os turnos de estudo.

Quanto ao local de estudos a maior parte dos respondentes, 70,5% utiliza sua

própria residência, dos demais 4,05% responderam que utilizam o polo de apoio

presencial, 6,53% utilizam seu local de trabalho, 17,34% utilizam ambos (residência, polo

e local de trabalho) e 1,58% utilizam outros ambientes, dentre os citados, meios de

transportes como ônibus durante o trajeto da residência ao trabalho e do trabalho para a

residência.

Quanto à posição corporal de estudo, a pesquisa aponta que 90,38% dos

respondentes estudam sentados em mesa e cadeira, 4,70% estudam reclinados, 2,46%

estudam deitados e 2,46% estudam em outras posições como aponta a tabela abaixo.

Tabela 5. Posição de estudo

Posição de estudo Total

Deitado 2,46%

Outras posições 2,46%

Reclinado (no sofá) 4,70%

Sentado (mesa com

cadeira) 90,38%

Total 100%

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

Com relação às pausas, observou-se que 54,83% dos discentes fazem pausas de

10 a 29 minutos, 22,95% fazem pausas de 30 a 59 minutos, 12,56% fazem pausas com

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

até4h/semana.

de 4 a8h/semana

de 8 a12h/semana

de 12 a16h/semana

mais de16h/semana

Porcentagem de respondentes por horas semanais dedicadas aos estudos

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menos de 10 minutos e somente 9,66% fazem longas pausas com mais de 60 minutos

como aponta a Tabela abaixo.

Tabela 6. Tempo de pausa durante os estudos

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

O estudo aponta que a rotina da execução de tarefas da maioria dos respondentes

é feita em períodos alternados ou à noite e em suas residências. As tarefas são executadas

com os alunos sentados em mesas e cadeiras, e estes realizam pausas de 10 a 29 minutos

entre as jornadas de trabalho/estudos, caracterizando assim, uma boa qualidade na rotina

destes estudantes.

Batiz et al (2009) ressalta que a duração da jornada de trabalho/estudos é um

elemento fundamental para a conservação da saúde dos estudantes. Quando a jornada é

muito extensa e intensa, torna-se maior a possibilidade de aparição da fadiga, sendo

necessária a introdução de pausas para descanso que garantam a recuperação do

indivíduo. A pesquisa apontou um comportamento positivo entre os respondentes.

Baú (2005), afirma que para a prevenção de problemas da posição sentada e do

trabalho em computadores é: sentar-se corretamente, em uma cadeira ergonomicamente

projetada, tendo uma relação adequada entre cadeira, mesa e computador (BAÚ, 2005).

Os critérios ergonômicos citados por Iida (2005) em conformidade com os

indicados na NR17 apontam que a cadeira ideal para estudos e escritórios deve ter os

seguintes acessórios:

Regulagem de altura do assento;

Regulagem do apoio lombar;

Apoio para cotovelos;

Base giratória;

Base com pelo menos cinco pontos de apoio, provida ou não de rodízios;

Pausa durante os estudos

Porcentagem entre

os respondentes

Menos de 10 minutos 12,56%

De 10 a 29 minutos 54,83%

De 30 a 59 minutos 22,95%

Mais de 60 minutos 9,66%

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Conformação da superfície do assento um pouco acentuada, e borda frontal

arredondada.

Marques et al (2010) afirmam que acessórios como suportes lombares e apoios

para braços, bem como a inclinação e a altura do encosto e do assento são componentes

ergonômicos que reduzem a carga mecânica na coluna durante a posição sentada.

O mesmo é destacado por Iida (2005) que diz que algumas dimensões ajustáveis

como assento, encosto e apoio dos braços devem ser combinadas com uma mobilidade

do monitor.

Em relação aos acessórios da cadeira utilizada nos postos de estudos dos discentes,

dos 415 respondentes desta questão, percebeu-se que a grande maioria destes, possui em

seus postos de estudo, somente um ou dois acessórios. Este dado aponta que a cadeira

utilizada pelos estudantes não é ideal, uma vez que não atende aos critérios enunciados

acima.

4.1.2 Fatores ambientais

Quanto ao fator ruído, os resultados se encontram na tabela abaixo. Os dados

apresentados demonstram que mais da metade dos respondentes considera a intensidade

dos ruídos do ambiente de trabalho tolerável, outra parcela significante apontou o

ambiente de trabalho como silencioso e apenas 4% dos respondentes apontou o ambiente

como barulhento.

Tabela 7. Intensidade dos ruídos

Intensidade de

Ruídos

Porcentagem entre os

respondentes

Silencioso 38,65%

Barulhento 4,27%

Tolerável 57,08%

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

Abaixo são apresentados os resultados para o fator iluminação. Os dados

apresentados demonstram que a maioria dos respondentes, aproximadamente 90%,

considera a iluminação do ambiente de estudo adequada, aproximadamente 8% a

consideram fraca e apenas 2% a consideram excessiva ou estudam no escuro.

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Tabela 8. Iluminação do ambiente de estudos

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

Com relação à ventilação e à temperatura do ambiente de estudos, quase que a

totalidade dos respondentes descreveram o ambiente como agradável, sendo que

aproximadamente 6% descreveram o ambiente como muito quente e apenas 1

respondente apontou o ambiente como muito frio, conforme tabela abaixo.

Tabela 9. Temperatura/ventilação do ambiente de

estudo

Iluminação do

ambiente de estudo

Número de

respondentes

Agradável 415

Muito quente 27

Muito fria 1

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

Iida (2005) aponta que grande fonte de tensão no trabalho são as condições

ambientais desfavoráveis, como excesso de calor, ruídos e vibrações. Esses fatores,

segundo Fiedler et al. (2010), causam desconforto, aumentam o risco de acidentes e

podem provocar danos consideráveis à saúde.

A pesquisa apontou que os fatores ambientais dos postos de estudo dos discentes

com relação à intensidade dos ruídos é tolerável, com uma iluminação adequada e

temperatura e ventilação ambiental agradável. Fatores esses, que influem diretamente no

desempenho do trabalho humano uma vez que o desconforto extremo acaba diminuindo

muito o rendimento e aumentando a fadiga, o que leva, muitas vezes, o estudante ao

estresse.

Iluminação do

ambiente de estudo

Porcentagem entre os

respondentes

Adequada 89,86%

Fraca 7,88%

Excessiva 1,80%

Estudam no escuro 0,45%

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4.1.3 Fatores Organizacionais

A pesquisa aponta que a maioria dos discentes do EaD, 269 respondentes, exercem

suas atividades em ambientes com condições razoáveis de conforto, 151 atuam em locais

muito confortável e 23 respondentes atuam em locais pouco confortável como

demonstrado na Tabela abaixo.

Tabela 10. Considerações sobre o conforto do

local de estudo

Conforto no local de

estudo

Número de

respondentes

Muito confortável 151

Pouco confortável 23

Razoável 269

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

O significado popular de organização é colocar ordem num conjunto de recursos

diversos para fazer deles um instrumento ou uma ferramenta a serviço favorável de uma

vontade que busca a realização de um projeto ou, atingir os objetivos da tarefa.

Conforme apontado na NR17, a organização do trabalho deve ser adequada às

características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser

executado, em conformidade com o caso dos estudantes averiguados, que a maioria da

amostra estudada, demonstrou que têm conforto razoável em seus postos de estudo.

Em relação à organização do local de estudo a pesquisa aponta que a grande

maioria dos respondentes têm seu ambiente de trabalho organizado como apontado na

tabela abaixo.

Tabela 11. Considerações sobre a organização do

local de estudo

Organização no local

de estudo

Número de

respondentes

Desorganizado 22

Muito organizado 38

Organizado 361

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

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4.1.4 Fatores relacionados a possíveis sintomas característicos à monotonia e

estresse

Sintomas com fadiga, monotonia e falta de motivação interferem diretamente na

produtividade e na saúde dos estudantes. Vieira (2013) aponta que fadiga, estresse

e burnout são termos cada vez mais presentes em nosso cotidiano e têm caracterizado a

vida contemporânea, sobretudo em seu aspecto de relação com o trabalho.

Os dados a seguir apresentam a frequência observada para que se relacionem à

monotonia e estresse.

A figura abaixo apresenta os resultados para a pergunta 21 do questionário. Os

fatores relacionados para os respondentes foram sonolência, falta de concentração, fadiga

e falta de disposição. O que aponta diretamente para a monotonia e estresse da rotina das

atividades executadas nos postos de estudo.

Figura 8. Frequência dos fatores relacionados à monotonia e estresse

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

Outro fator relacionado à monotonia e ao estresse é a prática (ou falta) de atividades

físicas. Dentre os respondentes, constatou-se que apenas 39% dos alunos praticam

atividades físicas regulares com um índice de pelo menos três vezes na semana.

Este dado aponta que os discentes do EaD não são uma população fisicamente ativa.

Segundo o American College of Sports Medicine (1998) atualmente, está comprovado

que quanto mais ativa é uma pessoa, menos limitações físicas ela tem.

Conforme cita Franchi e Junior (2012), dentre os inúmeros benefícios que a

prática de exercícios físicos promove, um dos principais é a proteção da capacidade

funcional em todas as idades.

0 50 100 150 200 250 300

Às vezes

Nunca

Sempre

Fatores relacionados à monotonia e estresse

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Um programa de exercícios físicos, bem direcionado e eficiente deve ter como

meta a melhora da capacidade física do indivíduo, diminuindo a deterioração

das variáveis como: resistência cardiovascular, força, flexibilidade e equilíbrio,

o aumento do contato social e a redução de problemas psicológicos como a

ansiedade e a depressão. (FRANCHI E JUNIOR, 2012)

Assim como recomenda Samulski e Noce (2012), que exercícios físicos devem

ser praticados semanalmente (2 a 3 vezes por semana) de forma prazerosa e relaxada,

sendo de preferência com grupos de amigos. Citam também, que os motivos para prática

regular de atividades físicas são o prazer, a melhoria da saúde e o desejo de manter-se em

forma.

Já Lima (2007), diz que a ginástica laboral destaca se também, como atividade de

auxílio na prevenção de lesões no ambiente de trabalho, pois visam à melhora da

flexibilidade muscular e mobilidade articular, reduzindo a fadiga precoce causada pela

repetitividade e tensão que acometem tendões, músculos, fáscias e nervos.

4.1.5 Fatores relacionados à frequência de desconforto físico

Os dados estudados demonstram que as regiões onde os discentes apresentam

maior frequência de desconforto são: pescoço e ombros, região lombar e dorsal, conforme

gráfico apresentado abaixo.

Figura 9. Frequência de dores ou desconfortos

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

Os apontamentos relativos à intensidade de dor e desconforto levantados nesta

pesquisa estão de acordo com um estudo realizado por Gomes Neto, Santos, & Santos

0

200

400

FREQUÊNCIA DE DORES OU DESCONFORTO

AS VEZES NUNCA SEMPRE

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(2016) onde uma pesquisa realizada com discentes universitários, apontou uma alta

frequência de distúrbios osteomusculares percebidos entre os participantes, destacando a

região lombar, seguida de ombros e pescoço como as regiões mais afetadas, fato

igualmente apontado pelos discentes de EaD.

4.1.6 Análise estatística

De acordo com diversos autores, como Kreling, Cruz & Pimenta (2006) e Walsh,

et al., (2004), a frequência de dor musculoesquelética é mais elevada entre as mulheres.

Dessa forma, foi realizada uma análise estatística a partir dos dados observados para

verificar se a frequência de dor musculoesquelética depende ou independe do gênero do

respondente.

Para verificar se a frequencia de dor nas regiões onde foram observadas maior

frequência conforme Figura 9. Frequência de dores ou desconfortos (pescoço, ombro e

região lombar) independe do gênero do respondente (masculino ou feminino), foi relizado

um teste de independência entre duas variáveis.

As hipóteses para esse teste de independência são:

𝐻𝑜: a frequencia de dor independe do gênero do respondente

𝐻𝑎: a frequencia de dor depende do gênero do respondente

As tabelas abaixo apressentam o cálculo da estatística de teste de qui-quadrado

para determinar se a frequencia de dor independe do gênero do respondente.

O número total de frequência observada não leva em consideração o número de

entrevistados que não declararam a frequência de dor. As frequências esperadas foram

calculadas de acordo com a Eq. (2).

Tabela 12. Cálculo de estatística de teste qui-quadrado: independência entre

frequência de dor no ombro e gênero

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Gênero

Frequência

de dor

Observada

fi Esperada

ei Diferença

(fi-ei) (fi-ei)2 (fi-ei)

2/ei

Masculino Sempre 10 21 11 114 5,52

Masculino Às vezes 69 75 6 35 0,47

Masculino Nunca 103 86 -17 275 3,19

Feminino Sempre 35 24 -11 114 4,69

Feminino Às vezes 94 88 -6 35 0,40

Feminino Nunca 85 102 17 275 2,71 Total 396 𝝌𝟐 = 𝟏𝟔, 𝟗𝟕

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

Tabela 13. Cálculo de estatística de teste qui-quadrado: independência entre

frequência de dor no pescoço e gênero

Gênero

Frequência

de dor

Observada

fi Esperada

ei Diferença

(fi-ei) (fi-ei)2 (fi-ei)

2/ei

Masculino Sempre 33 46 -13 170 3,70

Masculino Às vezes 108 100 8 67 0,67

Masculino Nunca 45 40 5 24 0,59

Feminino Sempre 68 55 13 170 3,10

Feminino Às vezes 111 119 -8 67 0,56

Feminino Nunca 43 48 -5 24 0,50 Total 𝝌𝟐 = 𝟗, 𝟏𝟏

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

Tabela 14. Cálculo de estatística de teste qui-quadrado: independência entre

frequência de dor na região lombar e gênero

Gênero

Frequência

de dor

Observada

fi Esperada

ei Diferença

(fi-ei) (fi-ei)2 (fi-ei)

2/ei

Masculino Sempre 22 42 20 387 9,29

Masculino Às vezes 99 87 -12 155 1,79

Masculino Nunca 64 57 -7 52 0,92

Feminino Sempre 69 49 -20 387 7,84

Feminino Às vezes 90 102 12 155 1,51

Feminino Nunca 60 67 7 52 0,78 Total 𝝌𝟐 = 𝟐𝟐, 𝟏𝟑

Fonte: Elaborado pela autora deste trabalho, 2017.

O número de graus de liberdade para a distribuição de qui-quadrado apropriada

para ambas as análises é dado por: 𝑔𝑙 = (3 − 1) × (2 − 1) = 2 .

Utilizando 𝛼 = 0,05, encontramos o valor 𝜒𝛼2 = 5,991. Como 𝜒2 ≥ 𝜒𝛼

2 para todos

os casos analisados, rejeitamos a hipótese nula e concluímos que a frequência de dor no

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pescoço, nos ombros e na região lombar não são independentes do gênero dos

respondentes.

Os resultados encontrados seguem um mesmo padrão apontado nas pesquisas

citadas: a frequência de dor musculoesquelética é mais elevada entre as mulheres e podem

ser corroboradas pelo teste como dependentes do gênero.

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5. CONCLUSÃO

Como consequência do objetivo geral, foram definidos outros objetivos

específicos que pretenderam: coletar e analisar dados dos postos de estudo/trabalho dos

discentes da Rede e-Tec do CEFET/RJ, desvendando como e onde estes alunos

desenvolvem seus estudos.

Desta forma, é importante salientar que o conforto do estudante no seu posto de

trabalho é necessário para que se desenvolva um equilíbrio salubre deste ambiente.

Quando as ferramentas de trabalho, os ruídos, a iluminação e a postura não estão

devidamente alinhados ao indivíduo, estas podem induzir a diversos tipos de doenças e

transtornos, prejudicando a saúde do estudante a curto, médio e longo prazo.

Sob esse ponto de vista, a ação ergonômica vem propor transformações neste

ambiente de forma a contribuir para que se torne mais produtivo, saudável, eficiente e

eficaz.

Nesta pesquisa foi efetuada uma ánalise estatística, para verificar se a frequência

de dor nas regiões onde foram observadas a maior incidência, conforme apontado pelos

individuos da amostra, independe do gênero do respondente (masculino ou feminino).

Para isso, foi relizado um teste de independência qui-quadrado entre duas

variáveis e foi concluído que a frequência de dor no pescoço, nos ombros e na região

lombar não são independentes do gênero dos respondentes.

Os resultados desta pesquisa seguem um mesmo padrão apontados e

referenciadas nos artigos pesquisados, onde a frequência de dor musculoesquelética é

mais elevada entre mulheres e podem ser consideradas pelo teste como dependentes do

gênero.

Com este perfil, e os dados encontrados na pesquisa, observa-se que os discentes

do EaD buscam um bom ambiente de estudo, dentro de bons padrões ergonômicos, à

exceção das cadeiras utilizadas. Fato este, que seria recomendado, antes do início da

jornada de estudos e aplicado à plataforma, apresentar de forma on-line, um manual de

utilização e sinalização para melhor adaptar os ambientes de estudo aos critérios

ergonômicos e com informações acerca da tipologia adequada de mobiliários que devem-

se utilizar para o desenvolvimento destes estudos.

Seria recomendado, também, salientar a importância para a prática regular de

atividades físicas a estes estudantes. Fato este, que colabora para o bem-estar geral dos

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indivíduos evitando dessa forma sedentarismo, estresse e monotonia. Fatores estes que

foram apontados na rotina de estudos dos pesquisados.

Conclui-se que após esta investigação, informar aos discentes da Rede e-Tec do

CEFET/RJ sobre ergonomia e consciência corporal pode ser uma alternativa promissora

na prevenção de doenças ocupacionais. Visto que é necessário sensibilizá-los para a

questão do cuidado dentro e fora do ambiente de estudos.

Com base na análise e caracterização das condições de estudo destes discentes que

laboram ao computador, procuramos com esta dissertação contribuir para uma correta

interpretação dos aspectos posturais, ambientais e comportamentais relacionados aos

postos de estudo destes alunos.

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SCHACKEL, B. (2000). People and computers: Some recent highlights. Applied

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Schlosser, R. L. (2010). A atuação dos tutores nos curso de Educação à Distância.

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO SOBRE A PERCEPÇÃO ERGONOMICA

DOS POSTOS DE ESTUDOS DOS ALUNOS DA

REDE E-TEC / CEFET-RJ

Este questionário é um instrumento de levantamento de dados dos alunos da rede E-

TEC/CEFET-RJ. Tem a finalidade de estudar a ergonomia dos postos de estudo/trabalho

destes alunos. O resultado será empregado na dissertação para obtenção do título de

mestre.

AGRADEÇO A PARTICIPAÇÃO, Prof. Esp. GISELA BOCHNER

1. Idade: __________________________

2. SEXO: ( ) MASCULINO ( ) FEMININO

3. Como você classifica a altura do tampo (mesa, balcão, apoio, etc.) para o

computador/notebook no mobiliário que você usa nos seus estudos?

( ) BAIXO ( )ADEQUADO ( )ALTO

4. Como você classifica a distância para a visualização do monitor no mobiliário que

você usa nos seus estudos?

( ) MUITO PERTO ( )ADEQUADA ( ) MUITO LONGE

5. De forma geral, em que posição você executa as tarefas/estudo do seu AVA

(ambiente virtual de aprendizado)?

( )SENTADO (em cadeira/mesa)

( )DEITADO (em cama)

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( )RECLINADO (no sofá)

( )OUTRAS POSIÇÕES

6. Se você estuda sentado, quais características abaixo tem a cadeira que você usa

frequentemente para seus estudos? (marque todos que existirem)

( ) Encosto para as costas

( ) Apoio para os cotovelos

( ) Rodinhas para mover pelo chão

( ) Ajuste de altura do assento

( ) Ajuste de altura do encosto das costas

( ) Ajuste de altura do apoio de braços

07. Você considera seu local de estudos confortável?

( ) MUITO CONFORTÁVEL

( ) RAZOÁVEL

( ) POUCO CONFORTÁVEL

08. De forma geral, você estuda em qual período do dia?

( ) MANHÃ ( )TARDE ( )NOITE ( )VÁRIADAMENTE

09. De forma geral, você estuda onde?

( ) TRABALHO

( ) RESIDÊNCIA

( ) POLO

( ) TODOS ACIMA

( ) OUTROS

10. ESPECIFIQUE: ___________________________

11. Como você considera o local dos seus estudos:

( ) DESORGANIZADO

( ) ORGANIZADO

( ) MUITO ORGANIZADO

12. No local dos seus estudos, como você considera a ventilação/temperatura?

( ) AGRADÁVEL ( ) MUITO QUENTE ( ) MUITO FRIA

13. No local dos seus estudos, como você considera a intensidade dos ruídos?

( ) SILENCIOSO ( ) BARULHENTO ( )TOLERÁVEL

14. No local dos seus estudos, você considera a iluminação:

( ) ADEQUADA

( ) FRACA

( ) EXCESSIVA

( ) ESTUDO NO ESCURO

15. Você sofre com ofuscamentos e reflexos emitidos pelo monitor?

( ) SEMPRE ( ) NUNCA ( ) ÀS VEZES

16. Você já teve sintomas caracterizados por ardor e vermelhidão dos olhos?

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( ) SEMPRE ( ) NUNCA ( ) ÀS VEZES

17. Você já teve sintomas de visão dupla ou percepção de áureas coloridas em torno dos

objetos?

( ) SEMPRE ( ) NUNCA ( ) ÀS VEZES

18. Você já teve sensações de desconfortos ou vertigens ?

( ) SEMPRE ( ) NUNCA ( ) ÀS VEZES

19. Você sente dores de cabeça?

( ) SEMPRE ( ) NUNCA ( ) ÀS VEZES

20. Caso já tenha sentido algum dos sintomas acima, eles acontecem durante qual

período?

( ) NO INÍCIO DA JORNADA DE ESTUDOS

( ) NO MEIO DA JORNADA DE ESTUDOS

( ) NO FINAL DA JORNADA DE ESTUDOS

( ) MAIS FREQUENTE QUE AS ALTERNATIVAS ANTERIORES

21. Você sente falta de estímulo para os estudos como sonolência, falta de concentração,

fadiga e falta de disposição?

( ) SEMPRE ( ) NUNCA ( ) ÀS VEZES

22. Você considera as atividades, exercidas em seu posto de estudo, monótonas, tediosas?

( ) SEMPRE ( ) NUNCA ( ) ÀS VEZES

23. Você faz alguma pausa durante a jornada de estudos?

( ) SEMPRE ( ) NUNCA ( ) ÀS VEZES

24. Caso você faça alguma pausa, a mesma é feita em média por quanto tempo (em

minutos)?

____________min.

25. Qual é a sua jornada de estudos semanal (total de horas por semana dedicada aos

estudos)?

( ) até 4h/semana.

( ) de 4 a 8h/semana

( ) de 8 a 12h/semana

( ) de 12 a 16h/semana

( ) mais de 16h/semana

26.Você pratica alguma atividade física regular, 3 ou mais vezes por semana?

( ) SIM ( ) NÃO

27. Se sim, qual? ______________________________________

28. Assinale qual (is) das regiões abaixo você já sentiu alguma dor ou desconforto,

decorrente de seus estudos em postos informatizados (AVA) e especifique a intensidade

da dor ou desconforto:

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Figura XX – Mapa de regiões corporais.

FONTE: Adaptado de CORLETT E MANENICA (1980)

PESCOÇO: ( )SEMPRE ( ) FREQUENTEMENTE ( )ÀS VEZES ( )NUNCA

OMBROS: ( )SEMPRE ( ) FREQUENTEMENTE ( )ÀS VEZES ( )NUNCA

REGIÃO DORSAL: ( )SEMPRE ( ) FREQUENTEMENTE ( )ÀS VEZES ( )NUNCA

COTOVELOS: ( )SEMPRE ( ) FREQUENTEMENTE ( )ÀS VEZES ( )NUNCA

ANTEBRAÇO: ( )SEMPRE ( ) FREQUENTEMENTE ( )ÀS VEZES ( )NUNCA

REGIÃO LOMBAR:

( )SEMPRE ( ) FREQUENTEMENTE ( )ÀS VEZES ( )NUNCA

PUNHOS/MÃOS/DEDOS:

( )SEMPRE ( ) FREQUENTEMENTE ( )ÀS VEZES ( )NUNCA

QUADRIS E COXAS:

( )SEMPRE ( ) FREQUENTEMENTE ( )ÀS VEZES ( )NUNCA

JOELHOS: ( )SEMPRE ( ) FREQUENTEMENTE ( )ÀS VEZES ( )NUNCA

TORNOZELOS/ PÉS:

( )SEMPRE ( ) FREQUENTEMENTE ( )ÀS VEZES ( )NUNCA

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