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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI
MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL
EFEITO DA FRUTIFICAÇÃO INDUZIDA POR 2,4-D EM CARACT ERÍSTICAS AGRONÔMICAS DOS FRUTOS DE ABÓBORA ‘TETSUKABUTO’
FLÁVIA FERNANDES RIBEIRO DE MIRANDA
2012
FLÁVIA FERNANDES RIBEIRO DE MIRANDA
EFEITO DA FRUTIFICAÇÃO INDUZIDA POR 2,4-D EM CARACT ERÍSTICAS AGRONÔMICAS DOS FRUTOS DE ABÓBORA ‘TETSUKABUTO’
Dissertação apresentada à Universidade Federal do Tocantins como parte das exigências do curso de Mestrado em Produção Vegetal, para obtenção do título de “Mestre”.
Orientador: Prof° Dr° Ildon Rodrigues do Nascimento
Co-Orientador: Prof° Dr° Gil Rodrigues dos Santos
GURUPI
TOCANTINS-BRASIL
2012
O temor do Senhor é a instrução da sabedoria; e adiante da honra vai à humildade.
Provérbios 15:33
Aos meus Pais, Ilma e Joaquim.
Ao meu esposo Cairo, pelo apoio incondicional.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Com o tempo aprendi que, não importa para onde fomos e sim, para onde estamos indo;
Não importa o que temos e sim, a quem temos. Essa vitória não seria completa se vocês não
estivessem ao meu lado.
Agradeço a Deus, meu refúgio e força, onde sempre encontrei respostas para os meus
problemas, que me deu sabedoria e força nos momentos de angústias, nos de dificuldades e
incertezas deu-me humildade e calma para vencer todos os obstáculos.
Agradeço em especial ao meu esposo Cairo, que por todo tempo incentivou-me ir em
frente, em busca dos meus objetivos. OBRIGADA, pelo apoio incondicional, por tamanho
amor, tamanha compreensão, dedicação, sabedoria e por ajudar nos “detalhezinhos” da
informática (...rs).
Agradeço aos meus pais Ilma Fernandes Ribeiro e Joaquim Naldir Ribeiro por apoiar-
me durante essa jornada, dar-me força e me conduzir pelo caminho mais sábio... A toda minha
família que durante todo tempo me incentivaram em busca do meu sonho.
Meus agradecimentos aos colegas do grupo NEO, que colaboraram para que esta se
tornasse uma realidade: Edgar Henrique (o menino presente de corpo e ausente de alma),
Priscilla Pâmela (a paraense poço de delicadeza), Edilson (o da floresta), Tiago (a alma do
grupo), Gilberto (o sabe tudo), muito obrigada pela força. Aos amigos (as) Evelynne,
Franscimar, Rubia e Dalmarcia pelo apoio. Á minha “amiga – irmã” Ana Claudia por me
entender e dar-me ânimo para continuar lutando.
Agradeço ao professor Dr. Gil Rodrigues dos Santos pelos conhecimentos repassados,
pela dedicação e o prazer em ensinar. Em especial agradeço ao professor Dr. Ildon Rodrigues
do Nascimento, pela orientação, pelo tempo dedicado ao trabalho, por me guiar com tanta
humildade e sabedoria.
Agradeço ao professor Dr. Clovis Maurilio de Souza pelo apoio dado durante as
análises de pós colheita.
Agradeço a Universidade Federal do Tocantins e todos os funcionários que dela faz
parte.
Meus agradecimentos a CAPES pela bolsa concedida.
Enfim, meu muito obrigado a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para
conclusão deste.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE GURUPI
MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL
EFEITO DA FRUTIFICAÇÃO INDUZIDA POR 2,4-D EM CARACT ERÍSTICAS AGRONÔMICAS DOS FRUTOS DE ABÓBORA ‘TETSUKABUTO’
____________________________________ ____________________________________
Dr. Ildon Rodrigues do Nascimento Dr. Gil Rodrigues dos Santos Universidade Federal do Tocantins Universidade Federal do Tocantins
____________________________________ ____________________________________
Dr. Marcelo Rodrigues dos Reis Dr. Geovani Bernardo Amaro Universidade Federal de Viçosa Embrapa Hortaliças
SUMÁRIO
Pg.
1. INTRODUÇÃO GERAL ..................................................................................................... 01
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 04
2.1 Aspectos gerais da cultura da abóbora ............................................................................... 04
2.2 Abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ .......................................................................................... 06
2.3 Padrão de florescimento e polinização em abóboras .......................................................... 07
2.4 Uso de 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético) como indutor de frutificação.................... 09
2.5 Conservação pós-colheita de frutos de abóbora ................................................................. 10
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 12
CAPITULO I – CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICA EM FRUTOS D E ABÓBORA
HÍBRIDA TIPO ‘TETSUKABUTO’ EM FUNÇÃO DE DOSES DE 2, 4-D.....................15
RESUMO ................................................................................................................................. 15
ABSTRACT ............................................................................................................................. 15
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 16
2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................. 18
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 20
4. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 24
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 25
CAPITULO II - CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE FR UTOS IN NATURA
DE ABÓBORA HÍBRIDA TIPO ‘TETSUKABUTO’ EM DIFERENTES PERÍODOS
DE PÓS-COLHEITA EM FUNÇÃO DE DOSES DE 2,4-D..............................................28
RESUMO ................................................................................................................................. 28
ABSTRACT ............................................................................................................................ 28
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 29
2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 30
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 32
4. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 36
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 38
CAPITULO III – EFEITO DE DOSES DE 2,4-D EM DIFERENT ES PERÍODOS DE
ARMAZENAMENTO SOBRE CARACTERÍSTICAS FÍSICO QUÍMICAS DE
FRUTOS COZIDOS DE ABÓBORA HÍBRIDA TIPO ‘TETSUKABUTO .................41
RESUMO ................................................................................................................................ 41
ABSTRACT ............................................................................................................................ 41
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 42
2. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................ 43
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 44
4. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 49
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 51
ANEXOS ................................................................................................................................. 53
EFEITO DA FRUTIFICAÇÃO INDUZIDA POR 2,4-D EM CARACT ERÍSTICAS AGRONÔMICAS DOS FRUTOS DE ABÓBORA ‘TETSUKABUTO’
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
As abóboras e morangas são espécies cultivadas da família Cucurbitácea e pertencem
ao gênero Cucurbita. O gênero Cucurbita é composto por 15 espécies, entre elas as
domesticadas são: C. argyrosperma, C. ficifolia Bouche, C. máxima Duch., C. mochata Duch.
e C. pepo L. sendo as três últimas mais cultivadas no Brasil. As espécies de Cucurbita estão
entre as mais antigas cultivadas na América. Por muitos anos espécies de abóbora foram a
base da alimentação da civilização Olmeca, que posteriormente foi absorvida pelas
civilizações Asteca, Inca e Maia (Bisognin, 2002).
As abóboras e morangas são amplamente conhecidas e cultivadas no mundo todo. São
consideradas ricas fontes de retinol, pró-vitamina A e carboidratos, vitaminas do complexo B,
cálcio, ferro e fósforo.
Nas diferentes regiões do país, o consumo de abóbora tem aumentado passando de 1,6
kg pessoa ano-1 para 4,2 kg pessoa ano-1 (IBGE, 2006). As abóboras e morangas têm elevada
importância socioeconômica em diferentes regiões do país ocupando o 7° lugar entre as
hortaliças, sendo que o cultivo da abóbora híbrida interespecífica, conhecidamente como
abóbora ‘Tetsukabuto’, está em franca expansão, chegando a dominar o mercado em algumas
regiões brasileiras.
A abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ foi desenvolvida no Japão em meados 1940, chegou
ao Brasil na década de 1960, também conhecida como abóbora japonesa ou Kabutiá. Seus
frutos possuem polpa de coloração alaranjada, espessa, enxuta, com 12 a 18% de sólidos
totais. Entre as vantagens sobre as cultivares tradicionais de abóbora está a precocidade,
elevado potencial produtivo, estabilidade de produção, uniformidade, resistência ao manuseio,
transporte e pós-colheita (Franco, 1999).
A abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ possui como característica reprodutiva mais
relevante a macho esterilidade, que requer o plantio de espécies polinizadoras intercaladas às
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plantas hibridas. Essa necessidade é considerada um problema para os produtores, já que a
produtividade depende da eficiência do processo de polinização natural ou artificial.
Para assegurar a frutificação pode ser adotado o uso de fitorreguladores do grupo das
auxinas, desta forma, à formação de frutos partenocárpicos, ou seja, sem a fertilização do
óvulo (Pereira & Lima, 1996). As produtividades obtidas através do sistema de frutificação
com o uso de fitohormônios são maiores cerca de 50 a 200 %, se a lavoura estiver com
adubação adequada e boas condições fitossanitárias (Franco, 1999).
A substituição da polinização natural por hormônio sintético para promover a
frutificação, elimina assim necessidade do plantio de cultivares polinizadoras, que ocupam de
15 a 20% da área plantada e ainda permite contornar as adversidades climáticas, que
comprometem a atividade polinizadora das abelhas.
O presente trabalho teve como objetivos:
- Avaliar características agronômicas da abóbora híbrida “Tetsukabuto” em função de
doses de 2,4-D como indutor hormonal;
- Verificar o efeito de doses de 2,4-D sobre características físico química de frutos da
abóbora híbrida “Tetsukabuto” in natura em diferentes períodos de pós-colheita;
- Acompanhar o efeito de doses de 2,4-D sobre características físico química de frutos
cozidos da abóbora híbrida “Tetsukabuto” em diferentes períodos de pós-colheita.
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2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Aspectos gerais da cultura da abóbora
As abóboras e morangas são espécies da família Cucurbitácea e do gênero Cucurbita,
dentre elas C. moschata Duchesne, C. máxima Duchesne, C. pepo L. e C. mixta Pangalo e C.
ficifolia Bouche, são as cultivadas no Brasil.
A espécie de abóbora (C. moschata Duch.) é originária da região sudeste do México,
América Central, Colômbia e Peru (Nee, 1990; Wilson et al., 1992) onde foi por muito tempo
parte substancial da base da alimentação das civilizações antigas, em especial do povo Asteca,
Inca e Maia. Evidências mostram que, 2000 anos a.C., cultivava-se abóbora nas Américas,
mais precisamente no Nordeste do México. As sementes palatáveis foram, provavelmente, a
principal atração para os primeiros coletores e a domesticação veio posteriormente através dos
índios americanos (Nee, 1990).
As abóboras são plantas de ciclo anual, que apresentam hábito de crescimento
indeterminado ou indeterminado. Algumas espécies possuem caule herbáceo rastejante que
podem chegar a 6 metros de comprimento de coloração verde-escura e provida de gavinhas e
raízes adventícias que auxiliam na fixação da planta. As folhas são em geral grandes
levemente recortadas, com pêlos macios. Possui pedúnculo pentagonal (5 quinas), achatado
na base, assentado sobre o fruto, bastante duro e lenhoso (Filgueira, 2003). As flores são
unissexuais grandes e vistosas com coloração alaranjadas. Ocorrem isoladas em axilas
foliares. As flores femininas apresentam ovário destacado. Os frutos apresentam tamanhos e
formatos variando de globular a globular achatado de casca rugosa e gomos discretos. As
condições climáticas ideais para o desenvolvimento vegetativo e frutificação é temperatura
amena a quente (15 e 35 °C) e boa disponibilidade de água durante todo o ciclo (Filgueira,
2003).
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As morangas (C. máxima Duch.) têm como região de origem o Peru, Bolívia e norte
da Argentina, tendo sido um dos primeiros vegetais cultivados pelo homem (Whitaker, 1975).
No Brasil, essa olerícola esteve associada ao milho e à mandioca, considerados a base
alimentar das populações indígenas antes do período colonial e, após o descobrimento e
colonização, foi incorporada à dieta dos escravos africanos.
As morangas são plantas que se diferem das abóboras por possuir folhas não lobadas
com manchas “prateadas”, pedúnculo de secção arredondada e cortiço quando o fruto está
maduro. Os frutos são globulares achatados com gomos destacados, casca geralmente salmão
e polpa alaranjada (Filgueira, 2003).
Utilizada principalmente na alimentação humana, as abóboras e morangas são
consideradas ricas fontes de fibras, retinol, pró-vitamina A, também fornece vitaminas do
complexo B, vitamina C, ácido fólico, niacina, cálcio, potássio, ferro e fósforo (West &
Temalilwa, 1988). As sementes de abóbora podem ser utilizadas na dieta humana e animal.
São consumidas secas, frescas ou torradas, sendo utilizadas, por exemplo, como aperitivo,
para extração de óleo ou em forma de farinha. A farinha possui elevado teor de fibra alimentar
e também é considerada uma boa fonte de proteína (Esuoso et al., 1998).
No Brasil a área total cultivada com hortaliças está em torno de 700 mil hectares. As
cucurbitáceas compõem a segunda família de maior importância econômica e inserida nela
estão as abóbora e morangas que, em 2006 teve produção estimada em 950 mil toneladas,
numa área de aproximadamente 100 mil hectares. As abóboras e morangas são produzidas em
todo território nacional, tendo como principais produtores os Estados de São Paulo (31,7%),
Bahia (12,1%), Rio Grande do Sul (10,2%), Maranhão (7,2%), Minas Gerais (7,0%) e Piauí
(6,5%) (IBGE, 2006).
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2.2 Abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’
A abóbora híbrida “Tetsukabuto”, também denominada abóbora japonesa ou Kabutiá,
é resultado do cruzamento entre linhagens selecionadas de moranga (Cucurbita maxima
Duchesne) empregadas como genitores femininos e linhagens de abóbora (C. moschata
Duchesne), empregadas como genitores masculinos (Amarante et al., 1994; Bisognin, 2002),
onde foram reunidas as boas características das duas espécies em um só híbrido.
Desenvolvida na década de 1940 no Japão, chegou ao Brasil em meados de 1960, introduzida
inicialmente em Minas Gerais onde os frutos ganharam grande aceitação nos mercados do
centro-sul.
Os frutos da híbrida ‘Tetsukabuto’, são considerados como padrão de qualidade para
abóboras e morangas no mercado nacional, por apresentarem vantagens sobre as cultivares de
polinização aberta, precocidade (95 a 110 dias); resistência à broca dos frutos; estabilidade de
produção; uniformidade no tamanho e coloração do fruto (casca verde escuro e polpa
alaranjada); resistência ao manuseio, transporte e pós-colheita; melhor qualidade nutritiva e
culinária. Essas características proporcionam uma grande aceitação para a comercialização,
principalmente nos mercados mais exigentes onde somente a abóbora com frutos de tamanho
e coloração uniformes, bom sabor, polpa enxuta e baixo teor de fibras alcançam maior valor
comercial.
As flores do hibrido ‘Tetsukabuto’ são de tamanho relativamente grande e coloração
amarela, são monóicas, ou seja, apresentam flores femininas e masculinas na mesma planta,
fecundação predominantemente cruzada (Whitaker & Davis, 1962). No entanto, apresentam
flores masculinas macho estéreis ficando, portanto, a frutificação sexuada ou assexuada,
dependente primordialmente da eficiência do processo de florescimento e fecundação.
O cultivo da abóbora híbrida está em franca expansão, dominando o mercado em
algumas regiões brasileiras. O Brasil produz 426 mil tonelada de abóbora híbrida, em uma
6
área de aproximadamente 44, 9 mil hectares, o que equivale à uma produtividade média de 10
t ha-1, sendo as maiores regiões produtoras Manga - MG (12,5%), São Desidério - BA
(12,2%), Ponte Alta - SC (8,8%), Paracatu - MG (4,2%) e Alcobaça - BA (2,7%) (Agrianual,
2007). O consumo da abóbora vem aumentando com o passar dos anos passando de 1,6 kg
por pessoa ano para 4,2 kg por pessoa/ano (IBGE, 2006).
2.3 Padrão de florescimento e polinização em abóboras
As abóboras são espécies de plantas alógamas, e de expressão sexual monóica
realizando preferencialmente a fecundação cruzada (acima de 95%). Necessita de insetos para
realizar a polinização, pois o pólen apresenta uma textura pegajosa e as flores masculinas e
femininas são dispostas em pontos diferentes da planta. Em especial abelhas Appis mellifera
(Minussi & Alves, 2007) são consideradas as principais polinizadoras das cucurbitáceas.
Devido a importância da polinização para a produção dos frutos, as pulverizações de
agrotóxicos utilizados para controle de pragas e doenças, devem ser realizadas ao final do dia
para que não interfiram na atividade polinizadora das abelhas, que geralmente ocorre no
período entre as 6:00 e 10:00 horas da manhã (Lopes & Casali, 1982). Temperaturas baixas
(abaixo de 21°C), ventos fortes e chuvas contínuas também reduzem a atividade dos insetos
polinizadores, o que também pode resultar em redução significativa na produção dos frutos
(Pasqualeto et al., 2001).
A frutificação natural ou sexuada consiste na deposição do grão de pólen sobre o
estigma do pistilo, que nessa espécie ocorre principalmente através das abelhas que, carregam
o pólen da flor masculina contendo gametas masculinos transferindo para os óvulos da flor
feminina, contendo gametas femininos para a união sexual (Ferri, 1985).
Ao cair no estigma, o grão de pólen é estimulado por substâncias químicas a
desenvolver-se, formando-se o tubo polínico. Ao penetrar no óvulo, o tubo polínico
7
proporciona o encontro entre o núcleo espermático (gameta masculino) e a oosfera (gameta
feminino), este encontro resultará na fecundação. Após a fecundação, a flor murcha,
perdendo, em geral, cálice, corola e androceu, permanecendo apenas o ovário, onde ocorre um
brusco aumento no conteúdo da auxina (hormônio do crescimento) que estimula o
crescimento de suas paredes que se desenvolve, dando origem ao fruto propriamente dito
(Ferri, 1985).
As características físicas dos frutos como: tamanho, formato e uniformidade
dependem da quantidade de pólen transferido. Então, a perfeita frutificação fica depende da
qualidade da polinização, ou seja, da quantidade de óvulos fertilizados.
Para que ocorra o completo desenvolvimento do ovário da flor feminina da abóbora
‘Tetsukabuto’, formando frutos com sementes, essa flor deve receber pólen de uma cultivar
polinizadora que pode ser Menina Brasileira, Coroa, Menina Gigante, Exposição, Tronco
Redondo e Ebisu, já que os híbridos são considerados machos estéreis. Essas polinizadoras
são plantadas numa proporção de 15% a 20% da área, e são as responsáveis em oferecer pólen
para o hibrido.
Além da proporção adequada deve-se atentar a sincronização do florescimento, ou
seja, 15 a 21 dias antes da semeadura da ‘Tetsukabuto’. Deve se plantar a cultivar
polinizadora, para que as flores femininas do híbrido estejam receptivas e as masculinas da
cultivar com pólen viável. Uma vez que as flores femininas das cucurbitáceas apresentam-se
receptivas para fertilização somente por poucas horas na parte da manhã quando elas estão em
antese ou abertas uma única vez.
Os tecidos da parede do ovário e um receptáculo após serem fecundados crescem
rapidamente, resultando no desenvolvimento de um fruto. O crescimento celular é gerado por
um processo mediado pela auxina. Se não ocorrer fecundação, os óvulos não são
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transformados em sementes e, consequentemente, ocorre a abscisão da flor com a queda do
ramo floral.
As flores pulverizadas com auxinas (AIA) podem induzir a formação do fruto a partir
do desenvolvimento da parede do ovário, sem que ocorra a fecundação. A aplicação exógena
de um hormônio sintético (ácido indol acético (AIA), alfa naftaleno acetato de sódio) ou
produto com características da auxina, tal como o 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético)
quando aplicado em concentrações baixas atua como hormônio de crescimento,
desenvolvendo frutos partenocárpicos que não possuem sementes.
2.4 Uso de 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético) como indutor de frutificação
O 2,4-D, nome simplificado do ácido diclorofenoxiacético, é um dos herbicidas mais
utilizados e antigos do mundo. Foi desenvolvido na década de 40 durante o programa
da guerra química e biológica no período da segunda Guerra Mundial (1939-1945), sendo
também utilizado na guerra do Vietnã (1954-1975).
Com mais de 60 anos no mercado o 2,4 –D do grupo dos fenoxiacéticos foram e ainda
são largamente utilizados nos Estados Unidos, Europa, América do Sul, entre outras regiões.
Anualmente são comercializados no mundo cerca de 120 milhões de litros deste produto, dos
quais 20 milhões no Brasil (Osipe & Osipe, 2009).
No início de 1941 verificou-se que o 2,4-D tinha potencial para afetar os processos de
crescimento em plantas de um modo semelhante aos reguladores de crescimento naturais das
plantas, razão pela qual o produto foi descrito depois como “hormonal”. Desde então o 2,4-D
vem sendo utilizado no controle seletivo de ervas daninhas, principalmente em pastagens,
pois, nesta situação, controla dicotiledôneas, preservando as monocotiledôneas. Sua ação nas
plantas é como mimetizador de auxinas (Vidal, 1997).
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O 2,4-D age como uma auxina (regulador do crescimento vegetal), no entanto
acumula-se em maiores concentrações do que a auxina natural AIA (ácido indol acético)
degradando-se mais lentamente, induzindo mudanças metabólicas e bioquímicas, que leva
redução no processo de crescimento. Esse efeito é verificado por que o produto afeta a divisão
celular, levando a um crescimento desordenado, resultando na destruição dos tecidos. Pode
afetar também a ação da enzima RNA-polimerase e, consequentemente, na síntese de ácidos
nucléicos e proteínas, resultando numa alta taxa de divisão celular nos tecidos, o que causa
epinastia de folhas e caule, além de interrupção do floema, o que impede o movimento dos
fotoassimilados das folhas para o sistema radicular, levando a planta à morte.
Quando aplicado em concentrações baixas o 2,4-D atua como hormônio de
crescimento, com efeito semelhante ao da auxina ou ácido indol acético (AIA). Pesquisas
desenvolvidas pela Embrapa Hortaliças mostram que as dosagens de 200 a 250 ppm de 2,4-D
promoveram maiores produtividades em abóboras hibridas do tipo “Tetsukabuto”. Nesse
trabalho foi observado que valores acima do recomendado atuam de maneira inversa à auxina
natural (AIA) existente no interior das plantas, proporcionando uma completa desregulação
nos principais processos metabólicos (Pereira & Menezes, 1995).
2.5 Conservação pós-colheita de frutos de abóbora
Os frutos e produtos hortícolas, de modo geral, são organismos vivos e sua vida útil
pós-colheita é limitada por reações bioquímicas de natureza catabólica. Mesmo após a
colheita, os tecidos de frutas e hortaliças permanecem com suas funções fisiológicas normais.
No entanto, separadas da planta mãe, passam a usar suas reservas de substrato ou de
compostos orgânicos ricos em energia, como açúcares e amido, a fim de respirar e assim
produzir a energia necessária para manterem-se vivas.
10
Durante a maturação, iniciam-se mudanças que se tornam mais evidentes durante a
senescência. Nos frutos que apresentam o padrão climatério de respiração ocorre, após a
colheita do fruto fisiologicamente maduro, uma diminuição gradual da taxa respiratória, até
atingir um mínimo denominado mínimo pré-climatérico. Logo depois, inicia-se um aumento
gradual e depois rápido da taxa respiratória, até atingir seu nível mais alto ou pico climatério.
Após este pico de produção de CO2, há um declínio da taxa respiratória. O ponto em que o
fruto se torna apto para o consumo humano está próximo do início da senescência situando no
pico climatério ou logo depois (Taiz & Zeiger, 2004). O climatério é um excelente ponto de
referência fisiológico ao qual podem relacionar-se outras mudanças que se dão durante a
maturação.
O estádio de maturação, em que os frutos são colhidos determina a qualidade do fruto.
Frutos colhidos imaturos, além de pouca qualidade, têm alto índice de perda de água e são
muito suscetíveis às desordens fisiológicas. No entanto, quando colhidos em processo
avançado de maturação, entram rapidamente em senescência (Manica et al., 2005). A correta
determinação do estádio de maturação em que um fruto se encontra é essencial para que a
colheita seja efetuada no momento certo. Para isso, são utilizados os índices de maturação,
que compreendem medidas físico-químicas e químicas, que são mudanças ocorridas ao longo
do período de armazenamento (Chitarra & Chitarra, 1990). Dentre as transformações
desencadeadas estão, firmeza (ocorre o amolecimento da polpa devido a mudança na
composição da pectina), cor (degradação da clorofila e desmontagem do aparelho
fotossintético, síntese de antocianinas responsáveis pela coloração verde e azul e síntese de
carotenoides responsável pela cor amarela, laranja e vermelha), aroma e sabor (ocorre a
degradação de amido em açúcar, aumento na concentração de sólidos solúveis, diminuição do
teor em ácidos e produção de taninos e de voláteis) (Taiz & Zeiger, 1998). Os índices de
11
maturação devem assegurar a obtenção de frutos de boa qualidade, durante o período de
armazenamento.
12
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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15
CAPITULO I – CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICA EM FRUTOS D E ABÓBORA
HÍBRIDA TIPO ‘TETSUKABUTO’ EM FUNÇÃO DE DOSES DE 2, 4-D
RESUMO
O objetivo do trabalho foi avaliar características agronômicas da abóbora híbrida
(Tetsukabuto) em função de doses de 2,4-D como indutor fitohormonal. O experimento foi
instalado a campo, onde utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados
com quatro repetições e cinco plantas por parcela. Foram estabelecidos oito tratamentos,
sendo sete deles doses crescentes do Ácido 2,4 Diclorofenoxacético (187,5; 200; 212,5; 225;
237,5; 250 e 262,5mg L-1 de 2,4-D) e uma testemunha (flores fertilizadas com pólen). O peso
médio dos frutos, produtividade e dias do plantio a colheita com o uso de 2,4-D foram
superiores à polinização natural. O aumento da dose de 2,4-D culminou com o aumento na
produtividade e no peso médio dos frutos até a dose 250 mg L-1. Observou-se redução no
ciclo da cultura com o aumento das doses de 2,4-D.
Palavras-chave: Cucurbita maxima Duch x Cucurbita moschata Duch.; fitohomônio;
produtividade.
Agronomic characteristics in hybrid pumpkin fruits of the kind “ tetsukabuto” due to
doses of 2,4-D
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate agronomic characteristics of hybrid pumpkin
(Tetsukabuto) due to doses of 2,4-D as a fitohormonal inducer. The experiment was installed
in field where we used an experimental design in blocks randomized with four replications
and five plants per parcel. Eight treatments were established, being that seven of them were
increasing doses of 2,4 diclorofenoxacético acid (187,5; 200; 212,5; 225; 237,5; 250 and
262,5mg L-1 of 2,4-D) and an attestant (flowers fertilized with pollen). The average weight of
the fruit, productivity and days from planting to harvest with the use of 2,4-D was superior
than natural pollination. The increase of the dose of 2,4-D culminated with the increase in
productivity and in the average weight of the fruit up to the dose 250 mg L-1. We observed a
reduction in the crop cycle with the increase of the doses 2,4-D.
Key-words: Cucurbita maxima Duch x Cucurbita moschata Duch.; phytohormone;
productivity.
16
1. INTRODUÇÃO
A abóbora (Curcubita spp.), é originária da região central do México e da América do
Sul (Nee, 1990; Wilson et al., 1992). Devido sua importância alimentar é amplamente
conhecida e cultivada no mundo todo para alimentação humana e animal por ser rica em
fibras, vitaminas A, C e vitaminas do complexo B.
Entre as espécies de abóboras cultivadas, a abóbora híbrida Tetsukabuto, também
denominada abóbora japonesa ou kabutiá é resultante do cruzamento da abóbora x moranga.
A boa aceitação do híbrido ‘Tetsukabuto’ é atribuída ao fato de possuir frutos que apresentam
polpa de coloração alaranjada, espessa, enxuta, com teor de sólidos totais variando de 12 a
18%. Atribui-se também devido a ampla capacidade de adaptação, precocidade, uniformidade
e resistência na pós-colheita ao manuseio e transporte, a cada ano sua expressão tem sido
cada vez maior, quando comparada a abóbora comum. (Tavares, 1999).
A abóbora híbrida “Tetsukabuto” tem expressão sexual do tipo monóica produzindo
flores femininas e masculinas na mesma planta. São em geral machos estéreis, pois as flores
masculinas abortam ou não produzem pólen, portanto são funcionalmente ginóicas (Cheng &
Gavilanes, 1980), necessitando assim para frutificação, o plantio sincronizado com uma
espécie polinizadora que pode ser C. moschata ou C. máxima e que servirá como fornecedor
de pólen para a polinização cruzada (Sonnenberg ,1985) ou mesmo fazer uso de técnicas
indutoras de partenocarpia via aplicação de reguladores de crescimento (Pereira, 1999;
Pasqualetto et al., 2001).
A eficiência do processo de frutificação está diretamente ligada à polinização, porém a
redução na produção de frutos pode ser devido a condições como, baixas temperaturas, ventos
fortes ou chuvas continuas que reduzem a atividade dos insetos polinizadores (Pasqualetto et
al., 2001). As abelhas melíferas, principalmente as do gênero Appis são os insetos que em
condições favoráveis polinizam as cucurbitáceas e têm preferência pelo período matutino,
17
com maior concentração de visitas entre as 6 e 10 horas quando as flores estão abertas e
receptivas à fecundação (Lopes & Casali, 1982). A viabilidade dos grãos de pólen em
abóboras é de aproximadamente 92% no momento em que as flores se abrem, reduzindo para
75% quando elas se fecham e depois para 10% no dia seguinte à abertura da flor, devido
principalmente à desidratação do grão de pólen (Cardoso, 2005).
Nos plantios comercias de abóbora híbrida “Tetsukabuto”, uma das técnicas adotadas
para contornar as falhas no processo de polinização e assegurar o desenvolvimento dos frutos,
é o uso de fitorreguladores do grupo das auxinas, que, quando pulverizados na flor, asseguram
a formação do fruto pelo processo denominado de partenocarpia, sem necessidade de
polinização. Com o uso dessa prática as produtividades obtidas são superiores as obtidas com
o uso de fonte de pólen (Franco, 1999).
A produtividade média brasileira está estimada entre 9 e 12 toneladas por hectare,
porém pode se chegar a 25 toneladas por hectare quando se utiliza produtos com propriedades
fitohormonais capazes de estimular o desenvolvimento do fruto via partenocarpia. Quando
comparada a necessidade de polinizadores, o uso de produtos com propriedade fitohormonal
(2,4-D: ácido 2,4-diclorofenoxiacético) é relativamente barata, pois com 15 ml produto
comercial 2,4-D é suficiente para pulverizar um hectare cultivado com abóboras (Franco,
1999).
A substituição da polinização natural por fitohormônio sintético para promover a
frutificação, elimina a necessidade do plantio de cultivares polinizadoras, evitando-se os
efeitos das adversidades climáticas na atividade polinizadora das abelhas.
Objetivou-se neste trabalho teve como objetivo avaliar características agronômicas da
abóbora híbrida Tetsukabuto em função de doses de 2,4-D como indutor fitohormonal.
18
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em área experimental da Universidade Federal do
Tocantins – UFT, Campus Universitário de Gurupi, na região sul do estado do Tocantins, com
280 m de altitude (latitude de 11°43’45”e longitude 49°04’07”). A classificação climática
segundo Köppen (1984) caracteriza a região como tipo B1wAa, úmido com moderada
deficiência hídrica. A temperatura média anual é de 29,5 °C, com precipitação anual média de
1.804 mm.
O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com quatro repetições.
Cada parcela foi composta por cinco plantas (espaçadas 2 m entre plantas nas linhas e 2,5 m
entre linhas de plantio). Foram avaliados oito tratamentos que consistiram de sete doses
crescentes de 2,4-D, nas seguintes concentrações: 187,5; 200; 212,5; 225; 237,5; 250; 262,5
mg L-1 e uma testemunha obtida de polinização artificial com pólen.
O experimento foi implantado em maio de 2011, plantando-seo híbrido “Tetsukabuto”
cultivar Kyoto® (Feltrin). A semeadura deu-se em covas previamente adubadas, colocando-se
duas sementes por cova em solo preparado mediante aração, gradagem e sulcamento, com o
adubo previamente incorporado em toda linha do plantio. A adubação de plantio foi realizada
conforme resultado da análise físico química e exigência da cultura, utilizando-se 150 kg ha-1
da formulação 05-25-15. Aos 30 e 45 dias após o plantio realizou-se as adubações de
cobertura com 60 g cova-1 de uréia e cloreto de potássio, respectivamente.
O manejo e controle de plantas daninhas, pragas e doenças foi realizado conforme
recomendação para a cultura (Filgueira, 2003). A irrigação foi realizada por aspersão sempre
que necessário.
Usou-se como fonte de 2,4-D o produto comercial DMA 806 BR®DowElanco. O
pólen da testemunha foi obtida de plantas da cultivar de abóbora Menina Brasileira plantada
com 18 dias de antecedência em local distante do experimento.
19
A solução de 2,4-D foi preparada com água destilada e armazenada em local fresco e
sombreada sendo, renovada a cada oito dias. As flores femininas que abririam no dia seguinte
foram protegidas um dia antes da sua abertura. As aplicações das diferentes concentrações de
cada produto foi realizada com um mini pulverizador manual, utilizando-se um esguicho com
cerca de 5 ml na parte interior da flor no período matinal (das 06 as 09 h da manhã). Após as
pulverizações as flores foram novamente protegidas com sacos de papel, para evitar possíveis
contaminações. Aos 110 dias após semeadura foi realizada a colheita dos frutos, avaliando-se
as seguintes características:
- Produtividade (PROD): obtida pelo somatório do peso dos frutos colhidos das
plantas da área útil de cada parcela e o resultado foi convertido em ton ha-1;
- Peso médio dos frutos (PMFT): obtido pelo peso total dos frutos colhidos em cada
parcela útil, dividido pelo número de frutos de cada parcela útil, resultado dado em kg;
- Textura da casca (TEXCASC): obtida visualmente por meio de uma escala de notas,
em que: 1 – frutos com casca com aspecto liso; 2 – frutos com casca finamente ondulada; e 3 -
frutos com casca ondulada;
- Formato do fruto (FORMFRUT): obtido visualmente por meio de uma escala de notas,
em que: 1 – frutos com formato globular; 2 – frutos com formato globular achatado; 3 – frutos
com formato esférico; 4 – frutos com formato cilíndrico; e 5 – frutos com formato alongado;
- Ciclo: obtido através da contagem de dias do plantio a colheita, onde foi considerada
em ponto de colheita a parcela que atingisse mais de 50% dos maduros.
Com os valores médios de cada repetição para cada tratamento, foi feito análise de
variância e os tratamentos foram comparados com contrastes ortogonais por teste de “t” e para
o efeito de doses foram ajustado equações de regressão.
20
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1 é apresentado o resumo da análise de variância para as características
agronômicas avaliadas. Houve significância 1 e 5 % de probabilidade pelo teste F para as
característica produtividade e dias do plantio a colheita, e a 5% de probabilidade para peso
médio de frutos e textura, não sendo significativo para formato do fruto.
Tabela 1. Resumo da análise de variância para as características produtividade (PROD), peso médio de fruto total (PMFT), textura da casca (TEXTCASC), formato do fruto (FORMFRUT) e dias para a colheita (DIAS) em abóboras hibridas “Tetsukabuto” produzidas em função das doses de 2,4-D. Gurupi-TO. 2011.
*,** e nsSignificativo a p<0,05 e p<0,01 de probabilidade e não significativo respectivamente, pelo teste F.
A produtividade aumentou à medida que elevou-se a dose de 2,4-D, atingindo o
máximo na dose de 250 mg L-1. Esse resultado demonstrou que esta dose tendeu em elevar a
produtividade para 18,73 ton ha-1 decrescendo quando se empregou 262,5 mg L-1 do produto
(Figura 1). Quando comparada à testemunha, observou-se acréscimo 4,73 ton ha-1 na
produtividade (Tabela 2). Esses resultados são semelhantes a pesquisas desenvolvidas por
Pereira (1999), onde verificou-se que as dosagens variando de 200 a 250 mg L-1 de 2,4-D
promoveram maiores produtividades. Todavia, Oliveira (2002), observou que plantas que
receberam doses acima de 250 mg L-1de 2,4-D, apresentaram sintomas de fitoxicidade,
reduzindo a produtividade.
F.V G.L Q.M.
PROD PMFT TEXT CASC
FORM FRUT DIAS
Blocos 3 1,67 0,05 0,05 0,26 7,08 Tratamentos 7 54,08** 0,14* 0,35* 0,14ns 82,57** Resíduo 18 8,57 0,05 0,15 0,13 3,66 C.V. (%) 20,10 11,02 19,22 31,73 1,88 Média geral 14,57 2,18 2,04 1,71 101,60
21
Figura 1. Produtividade média (ton ha-1) de frutos em abóbora hibrida “Tetsukabuto” produzidas em função das doses de 2,4-D. Gurupi-TO. 2011.
Esse fato parece confirmar as observações de que as produtividades obtidas através do
sistema de frutificação paternocárpica com o uso de fitohormônio são normalmente maiores
(cerca de 50 a 200%) do que o processo de frutificação entomófila (Franco, 1999). Casillas et
al. (1986) esclarece que os fitohormônios são eficientes quando aplicados em pequenas doses,
favorecendo o bom desempenho de processos vitais da planta com o objetivo de aumentos na
produção.
O peso médio dos frutos apresentou a mesma tendência observada para produtividade,
elevando-se até 250 mg L-1 de 2,4–D e decrescendo quando a dose foi aumentada para 262 mg
L-1 do produto. Hathoutet al.,(1993),observou que o uso de fitohormônios à base de auxina
quando utilizada em concentrações entre 200 e 250 mg L-1 induziu a floração e a frutificação
em plantas de tomateiro, aumentando o número e a massa dos frutos. Já as concentrações
14,87
y = -0,002*x2 + 1,347**x - 147,2R² = 0,803
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
187,5 200 212,5 225 237,5 250 262,5
Pro
dutiv
idad
e (t
on h
a -1
)
Doses de 2,4-D (mg l -1) Produtividade Pólen
** ,* Significativo ao nivel de 1 e 5% de probabilidade pelo teste t
22
acima de 250 mg L-1, resultou na redução do peso médio de frutos, semelhante ao observado
nesse trabalho.
Pedrosa, (1982) relata que na abóbora hibrida “Tetsukabuto” possui ciclo que varia de
95 a 110 dias do plantio a colheita. No experimento avaliado, observa-se que a testemunha
apresentou maior ciclo, com média de 111 dias e a maior dose 262,5 mg L-1 de 2,4-D tendeu
apresentar menor média 95 dias. Em geral, observou-se que o aumento da dosagem de 2,4-D
promoveu redução no ciclo da cultura (Tabela 2).
Quanto à textura da casca, as doses de 2,4-D promoveram maior expressão dessa
caraterística, com média variando de 2,00 a 2,25, superior àtestemunha com média de 1,62
(Tabela 2). Com base nesses resultados, verificou-se que o uso de 2,4-D promove maior
rugosidade da casca dos frutos, quando comparado com a utilização de pólen como agente
indutor do desenvolvimento de frutos. De acordo com a CEAGESP (2006), um fruto de
abóbora hibrida ideal para comercialização deve apresentar casca com textura com pouca
rugosidade e goma suave.
Para característica formato do fruto, não houve diferença doses de 2,4-D, quando
comparadas a testemunha. Pela escala de notas utilizadas, a maioria dos frutos apresentaram
média de 1,00 a 1,25 apresentando assim formato globular que é caracteristico do hibrido
“Tetsukabuto”.
23
4. CONCLUSÕES
- A produtividade dos frutos da abóbora híbrida aumentou com as doses de 2,4-D,
atingindo o ponto máximo na dose de 250 mg L-1;
- O aumento nas doses de 2,4-D aumentou o peso médio dos frutos, a rugosidade e
reduziu o ciclo da cultura;
- O uso de 2,4-D não alterou o formato dos frutos da abóbora híbrida tipo
‘Tetsukabuto’.
24
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26
Tabela 2. Estimativas de médias para as características produtividade (PROD), peso médio de fruto total (PMFT), textura casca (TEXTCASC), formato do fruto (FORMTFRUT) e dias para a colheita (DIAS) em abóbora hibrida ‘Tetsukabuto’ produzidas em função das doses de 2,4-D. Gurupi-TO. 2011.
Características Doses 2,4-D (mg L-1)
Equações de regressão R2 Testemunha 187,5 200 212,5 225 237,5 250 262,5
PROD 8,51* 12,99 12,47 16,57 16,52 18,73* 14,90 Y = -0,0028x2 + 1,34x - 145,83 85,0 14,87
PMF 2,06 1,85 2,10 2,26 2,43* 2,34* 2,22 Y = 2,41-0,57x+0,20x2-0,01x3 91,1 1,74
TEXTCASC 2,25* 2,00* 2,25* 2,00* 2,00* 2,00* 2,25* Y = 2,04 - 1,62
FORMFRUT 1,00 1,25 1,25 1,00 1,00 1,00 1,25 Y = 0,42+0,80x-0,242+0,02x3 90,2 1,12
DIAS 99,75* 106,50 105,75 106,25 99,50* 98,5* 95,00* Y = 97,25x2+5,07x-0,79 81,5 111
* Indica que houve diferença significa por contraste pelo teste de “t” (p=0,05).
27
CAPITULO II - CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE FR UTOS IN NATURA
DE ABÓBORA HÍBRIDA TIPO ‘TETSUKABUTO’ EM DIFERENTES PERÍODOS
DE PÓS-COLHEITA EM FUNÇÃO DE DOSES DE 2,4-D
RESUMO
Objetivou-se neste trabalho avaliar características físico químicas de frutos in natura da
abóbora híbrida “Tetsukabuto” em função de doses de 2,4-D como indutor fitohormonal. As
avaliações foram realizadas em três épocas distintas (0, 30 e 60 dias após a colheita). Em cada
período de avaliação, o delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com
quatro repetições e quatro frutos por parcela. Foram estabelecidos oito tratamentos, sendo sete
deles doses crescentes do ácido 2,4 (187,5; 200; 212,5; 225; 237,5; 250 e 262,5mgL-1 de 2,4-
D) e uma testemunha (frutos obtidos de flores fertilizadas com pólen). Os resultados
indicaram que apenas para espessura da casca, houve diferenças significativas, apresentando
maior espessura da casca quando as doses são aumentadas. As demais características croma
da polpa, hue da polpa, firmeza da casca e da polpa e sólidos solúveis apresentaram diferença
apenas para época de armazenamento.
Palavras-chave: Cucurbita maxima Duch x Cucurbita moschata Duch.; fitohomônio; pós-
colheita.
Physico-chemical characteristics of fresh fruit of hybrid pumpkin type
“tetsukabuto” in different periods of post-harvest due to doses of 2,4-D
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate physico-chemical characteristics of fresh fruit of hybrid
pumpkin “Tetsukabuto” due to doses of 2,4-D as a fitohormonal inducer. The evaluations
were performed in three different epochs (0, 30 and 60 days after harvest).
In each evaluation period, the experimental design was randomized blocks with four
replications and four fruit per parcel. Eight treatments were established being that seven of
them were increasing doses of the acid 2,4 (187,5; 200; 212,5; 225; 237,5; 250 and 262,5mgL-
1 of 2,4-D) and an attestant (fruit obtained from flowers fertilized with pollen). The results
indicated that that were significant differences only for the crust thickness, showing higher
28
thickness when the doses were increased. The other characteristics of the pulp, pulp hue, crust
stability and of the pulp and soluble solids showed difference only in the period of storage.
Key-words: Cucurbita maxima Duch x Cucurbita moschata Duch.; phytohormone; post-
harvest
1. INTRODUÇÃO
A abóbora híbrida “Tetsukabuto”, também denominada abóbora japonesa ou Kabutiá,
é resultado do cruzamento entre linhagens selecionadas de moranga (Cucurbita máxima
Duchesne) empregadas como genitores femininos e linhagens de abóbora (C. moschata
Duchesne), empregadas como genitores masculinos. A ‘Tetsukabuto’ possui como
característica reprodutiva mais relevante a macho esterilidade, que requer o plantio de
espécies polinizadoras intercaladas às plantas híbridas. Essa necessidade é considerada um
problema para os produtores, já que a produtividade depende da eficiência do processo de
polinização natural ou artificial.
O uso correto de fitohormônios permite o desenvolvimento normal de um bom número
de frutos e elimina a necessidade de plantio de cultivares polinizadoras, e ainda permite
contornar os problemas relativos às condições climáticas, que comprometem a atividade
polinizadora das abelhas (Vilela et al., 2007).
Os frutos do híbrido ‘Tetsukabuto’ são considerados como padrão de qualidade para
abóboras e morangas no mercado nacional, por apresentarem frutos de tamanho e coloração
uniformes, bom sabor, polpa enxuta, resistência ao manuseio, transporte e maior período de
conservação pós-colheita (dependo das condições, podem ser armazenadas por até 90 dias)
(Pedrosa et al., 1982).
A abóbora é considerada um fruto climatérico, porém, apresenta pequena respiração
após a colheita. Entretanto, chega um momento em que a respiração começa a aumentar
bruscamente até atingir o pico climatérico. Logo depois vem uma queda drástica da atividade
respiratória, chamada senescência. O ponto em que o fruto se torna apto para o consumo
29
humano coincide aproximadamente com o início da senescência e se situa no pico climatério
ou imediatamente depois. O climatério é um excelente ponto de referência fisiológico ao qual
podem relacionar-se outras mudanças que se dão durante a maturação que são: firmeza
(geralmente ocorre o amolecimento da polpa devido à mudança na composição da pectina);
cor (ocorre degradação da clorofila e desmontagem do aparelho fotossintético, síntese de
antocianinas responsáveis pela coloração verde e síntese de carotenoides responsável pela cor
amarela, laranja e vermelha); aroma e sabor (ocorre a degradação de amido em açúcar,
aumento na concentração de sólidos solúveis, diminuição do teor em ácidos e produção de
taninos e de voláteis) (Taiz & Zeiger, 1998). Essas alterações definem o índice de maturação
que deve assegurar a obtenção de frutos de boa qualidade, mesmo durante longos períodos de
armazenamento (Salunkhe & Desai, 1984).
Este trabalho teve como objetivo verificar o efeito de doses de 2,4-D sobre
características físico química de frutos in natura em diferentes períodos de pós-colheita.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Processamento de Produtos
Agropecuários, da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Gurupi – TO. Os frutos
avaliados foram obtidos de oito tratamentos que consistiram de sete doses crescentes de 2,4-
D, nas seguintes concentrações: 187,5; 200; 212,5; 225; 237,5; 250; 262,5 mg L-1 e uma
testemunha obtida de polinização artificial com pólen. Usou-se como fonte de 2,4-D o
produto comercial DMA 806 BR®DowElanco. O pólen da testemunha foi obtida de plantas da
cultivar de abóbora Menina Brasileira plantada com 18 dias de antecedência em local distante
do experimento. Depois de colhidos e identificados, os frutos foram armazenados em local
fresco e seco para que se procedessem as análises em três períodos de armazenamento: na
colheita; aos 30 e 60 dias após a colheita.
30
Em cada período de avaliação, o delineamento experimental utilizado foi blocos
casualizados com quatro repetições e quatro frutos por parcela. As características avaliadas
foram:
- Espessura da casca (ESPCASC): obtida com o auxilio de um paquímetro digital.
Considerada polpa toda parte de coloração laranja e casca toda parte verde;
- Coloraçãoda polpa: medida obtida em, colorímetro portátil marca Minolta, modelo
CR 400, obtendo-se os atributos L, a* e b* que foram tranformados em C* (cromaticidade)
através de fórmula C = 22 ba + e h° (ângulo de cor) pela fórmula h° = a
bg 1tan − . Em que a
coordenada L (luminosidade) indica quão claro ou escuro é o fruto (valor zero cor preta e
valor 100 cor branca), a coordenada a* representa a variação da seção vermelha (+) a verde (-)
do espectro de luz e a coordenada b* q representa a variação da seção amarela (+) ao azul (-)
do espectro de luz;
- Firmeza de casca (FIRMC) e polpa (FIRMP): determinada com o auxílio de
penetrômetro digital, com ponteira de 8mm de diâmetro. Os resultados foram expressos em
Newton (N);
- Teor de sólidos solúveis (SS): obtida de amostra triturada em liquidificador. Da qual
retirou-se uma amostra para leitura em refratômetro portátil. Os resultados foram convertidos
em °Brix.
Análise estatística
Com os valores médios de cada repetição para cada tratamento foi feito análise de
variância e os tratamentos foram comparados por contrastes ortogonais pelo teste de Tukey e
de “t”. Para efeito de doses foram ajustadas equação de regressão.
31
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve diferença significativa à 1 e 5 % de probabilidade pelo teste F na interação
doses de 2,4-D vs épocas de avaliação para espessura da casca, firmeza da casca, croma da
polpa, hue da polpa e firmeza da polpa e a 5% de probabilidade sólidos solúveis (Tabela 1).
Tabela 1. Resumo da análise de variância para as características espessura da casca (ESPCASC), firmeza da casca (FIRMCASC), croma polpa (CROMPOLP), hue polpa (HUEPOLP), firmeza polpa (FIRMPOLP) e sólidos solúveis (SS) em frutos de abóboras híbridas “Tetsukabuto” produzidas em função das doses de 2,4-D e época de avaliação. Gurupi-TO, 2011.
*,** e ns: Significativo a e 1 % e 5 % de probabilidade pelo teste de F, respectivamente e não significativo.
Os dados de coloração croma e hue para casca e polpa foram transformados para arco tanga
b.
Espessura da casca
Observa-se redução da espessura da casca nas diferentes épocas de avaliação. O
tratamento com pólen (testemunha) apresentou 7,11 mm de espessura de casca na colheita,
2,41 mm com 30 dias e 1,78 mm aos 60 dias. A dose de 250 mg L-1 apresentou uma redução
de 5,24 mm na colheita para 2,01mm aos 60 dias. As demais doses acompanhou a mesma
tendência (Tabela 2). Segundo Mcguire (1992) a alteração da cor da polpa, deve-se à
degradação da clorofila e ao aumento na síntese de carotenoides, esses são pigmentos
geralmente mascarados pela clorofila que se apresentam em maior quantidade (Vieira et al.,
2010). A proporção do halo verde da polpa, que representa uma região com elevada
concentração de clorofila situada abaixo da casca e que se estende para a polpa, foi
considerada casca, e devido à degradação da clorofila e a síntese de carotenoides nesse local,
F.V G.L
Q.M
ESP CASC
FIRM CASC
CROM POLP
HUE POLP
FIRM POLP
SS
Blocos 3 1,85 18,25 30,25 11,18 22,06 5,95 Tratamentos 7 2,18* 59,99ns 35,84ns 6,38* 79,36ns 5,71ns
Época 2 83,11** 7002,17** 367,39** 81,62** 8035,74** 14,68*
Trat x Época 14 3,04** 73,89ns 23,31ns 3,17ns 85,84ns 3,86ns
Resíduo 69 0,84 116,91 22,57 2,45 131,06 3,56 C.V (%) 28,61 32,77 7,58 2,12 29,71 20,96
Média Geral 3,21 32,99 62,65 73,86 38,53 9,00
32
essa porção passou da coloração esverdeada para “laranjada”, diminuindo assim a área
considerada casca, o que explica a redução da espessura na casca.
Observou-se também quando as doses de 2,4-D foram aumentadas, a partir da
dosagem 225 mg L-1 houve um comportamento crescente quanto a espessura da casca,
apresentando nessa dosagem 3,43 mm e para dosagem 262 mg L-1 6,30 mm (Tabela 2).
Croma polpa
As abóboras armazenadas mantiveram valores de cromaticidade (*C) variando de 57,35
a 64,36 na colheita. Já com 30 dias apresentou uma variação de 58,73 a 62,91. Quando
comparada aos 60 dias de armazenamento houve uma variação maior de 59,54 a 70,65
apresentando tendência de elevar a saturação da cor durante o periodo de armazenamento
(Tabela 2).
A coloração é considerada um dos principais parâmetros de qualidade, pois os
consumidores já desenvolveram uma relação entre a cor e a qualidade máxima do produto
(Kays, 1991). No caso das abóboras, a cor laranja é atribuída à qualidade do produto, quanto
mais intensa essa cor, maior é qualidade atribuída pelo consumidor.
A testemunha demonstrou uma perda de 1,09 de C* apresentando na colheita média de
60,63 e 59,54 aos 60 dias de armazenamento (Tabela 2). Em geral, os carotenoides são muito
susceptíveis á isomerização e oxidação durante o armazenamento, isso tem como
consequências práticas perda da coloração (Rodriguez-Amaya, 2001).
Hue polpa
O Angulo Hue (h) expresso em graus é usado para definir as cores em vermelho,
amarelo e outras ou mesmo a mistura destas, onde 0° está no eixo +a* (vermelho), 90° no
eixo +b*(amarelo) (Konica Minolta, 1998). Houve uma variação decrescente quanto ao
ângulo para dose de 250 mg L-1 na colheita apresentando média igual a 76,46° e após 60 dias
73,37° (Tabela 2). Já o tratamento com pólen apresentou média igual a 75,38° na colheita e
33
70,42° após 60 dias, sendo semelhante ao encontrado por Vilas Boas (2006) para abóbora
menina brasileira, que apresentou uma média de 53,46° na colheita.
O valor de hº encontrado para polpa in natura corresponde à cor amarelo-avermelhado
(laranja). A redução dessa variável indica que houve perda na cor avermelhada e tendeu ao
amarelo-laranja.
Firmeza da casca
Os frutos apresentaram perda acentuada da firmeza da casca, especialmente após 60
dias de colhidos. Para dose de 250 mg L-1 apresentou na colheita 46,68 Newtons aos 60 dias
19,53 (N) (Tabela 2). Na testemunha houve uma redução ainda mais drástica, de 46,71 (N) na
colheita para 16,2 (N) aos 60 dias de armazenamento. Para meloeiro, observou-se um
decréscimo na firmeza da polpa de apenas 35% dos 25 aos 34 dias. A partir desse período, até
os 37 dias, houve um decréscimo de 62%, provavelmente influenciado pelo aumento da
concentração de etileno endógeno. Em curcubitáceas a redução da firmeza da polpa é
decorrente principalmente da degradação da parede celular (Giehl & Fagan, 2006). Esses
autores observaram que a redução da firmeza de melões é precedida por um incremento na
síntese de etileno e um aumento na despolimerização e solubilização das substâncias pécticas,
devido ao aumento da atividade enzimática, o que provavelmente ocorre em abóbora, em
proporções mais lentas, explicando assim o maior período de armazenamento desses frutos.
Firmeza da polpa
Para os frutos de abóbora, verificou-se que quanto maior o período de armazenamento
maior o amaciamento da polpa. Observou-se que para a dose de 250 mg L-1 na colheita uma
média de 52,22 (N), 30 dias 51,25 (N) e com 60 dias 21,55 (N). Comparada à testemunha o
amaciamento da polpa foi ainda maior, passando na colheita de 56, 97 (N) para 17,85 (N) aos
60 dias (Tabela 2).
34
Com o amadurecimento do fruto, tem-se como característica o amaciamento da polpa,
principalmente devido liberação de água decorrente da ação de enzimas, como
pectinametilesterase e poligalacturonase, ambas atuam na degradação de pectinas. Essas duas
enzimas são as duas principais enzimas relacionadas com a queda de firmeza em frutos em
armazenamento (Chitarra & Chitarra, 2005; Kluge et al., 2002). Observou esse
comportamento para pêssego, onde notou-se a redução da firmeza ao longo do período de
armazenamento (Cunha, 2007).
Teor de sólidos solúveis
Os frutos com dose de 250 mg L-1 de 2,4-D apresentou 9°Brix na colheita, 9,75 aos 30
dias e 10,37 aos 60 dias, tendenciando um aumento no teor de sólidos solúvieis. Os
tratamentos 187,5; 212,5; 225 e 262,5 de 2,4-D apresentaram a mesma tendência de aumento
em relação ao tempo de armazenamento.
Segundo Kluge (2002) a variação dos sólidos solúveis durante o amadurecimento e
armazenamento é composta em grande parte por açucares que compõem o sabor dos frutos.
Quando o fruto perder massa, pode haver aumento no teor de sólidos solúveis, isso porque há
concentração nos teores de açúcares no interior dos tecidos devido a perda de água do
processo de amdurecimento dos frutos.
35
4. CONCLUSÕES
- O aumento nas doses de 2,4-D aumentou a espessura da casca, porém, os períodos de
armazenamento mais longos promove redução expressiva na espessura da casca;
- A cromaticidade não foi influenciada pelas doses de 2,4-D, no entanto, o período de
armazenamento mais longo tendeu a aumentar a saturação da cor;
- O ângulo Hue reduziu ao longo do período de armazenamento, com frutos passando
da coloração avermelhada para amarelo-laranja;
- A firmeza da casca e polpa foi afetada com o período de armazenamento sendo
reduzida com o passar do tempo;
- Os teores de sólidos solúveis aumentou com o aumento no período de
armazenamento.
36
Tabela 2. Estimativas de médias para as características espessura da casca (ESPCASC), firmeza da casca (FIRMCASC), croma polpa (CROMPOLP), hue polpa (HUEPOLP), firmeza da polpa (FIRMPOLP) e sólidos solúveis (SS) em abóbora hibrida ‘Tetsukabuto’ produzidas em função das doses de 2,4-D em diferentes períodos de armazenamento. Gurupi-TO. 2011.
Épocas de avaliação
Doses 2,4-D (mg L-1) Equações de regressão R2 Testemunha
187,5 200 212,5 225 237,5 250 262,5 Espessura da casca (mm) - ESPCASC
0 5,64a 3,65a 4,48a 3,43a 3,75a 5,24a 6,30a Y=7,05x2-1,86x+0,25 82,71 7,11a 30 2,66b 3,41a 2,79b 2,51ab 3,69a 2,93b 2,78b Y=2,90 - 2,41b 60 2,12b 1,52b 1,63b 1,78b 1,41b 2,01b 1,92b Y=2,79-0,91x+0,202-0,01x3 53,85 1,78b
Firmeza casca (N) - FIRMCASC 0 38,00a 54,33a 40,42a 21,52a 48,33a 46,68a 42,68a Y= 46,08 - 46,71a 30 39,46a 35,39b 36,77ab 36,42ab 30,76ab 42,63a 33,18a Y= 35,94 - 32,9ab 60 17,00b 13,81c 20,16b 18,12b 18,13b 19,53b 12,61b Y=20,05-5,59x+2,222-0,22x3 61,63 16,2b
Croma polpa - CROMPOLP 0 64,20b 61,10b 61,19b 58,76b 57,35b 59,07b 64,36b Y= 63,35+1,62x-1,382+0,16x3 92,86 60,63b 30 61,73b 62,48b 59,75b 58,43b 59,09b 62,91ab 61,76b Y= 60,57 - 58,42b 60 65,08b 70,65a 66,86b 68,24a 67,19a 68,83a 66,14b Y= 66,56 - 59,54b
Hue polpa (h°) - HUEPOLP 0 74,95a 75,64a 74,68b 76,41a 75,64a 76,46a 76,34a Y= 75,11-0,16x+0,122+0,01x3 53,65 75,38a 30 73,35ab 72,42b 72,97b 74,44ab 72,57b 73,58b 74,00ab Y= 73,14 - 71,81b 60 71,61b 75,29 72,55b 72,69b 73,14ab 73,37b 72,87b Y=72,74 - 70,42b
Firmeza polpa (N) - FIRMPOLP 0 49,75a 56,16a 43,55ab 49,48a 48,12a 52,22a 38,81a Y= 49,38 - 56,97a 30 44,67a 41,55a 46,67a 44,33a 48,72a 51,22a 47,11a Y= 50,87-9,14x+3,042-0,25x3 73,44 42,59a 60 19,99b 19,7b 25,16b 22,17b 23,78b 21,55b 12,52b Y= 21,07-2,77x+1,762-0,21x3 87,76 17,85b
Sólidos Solúveis (°Brix) - SS 0 8,87b 7,45b 7,37b 7,87b 8,25b 9,00b 6,25b Y= 12,55-4,64x+1,34x2-0,11x3 75,53 9,87b 30 9,62b 8,37ab 8,00b 8,87b 10,62b 9,75b 8,00ab Y= 9,29 - 9,62b 60 9,75b 10,87a 9,50b 9,12b 10,62b 10,37b 9,50a Y= 12,79-4,61x+1,422-0,11x3 69,50 8,62b
Médias com letras diferentes nas colunas indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p=0,05).
37
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40
CAPITULO III – EFEITO DE DOSES DE 2,4-D EM DIFERENT ES PERÍODOS DE
ARMAZENAMENTO SOBRE CARACTERÍSTICAS FÍSICO QUÍMICAS DE
FRUTOS COZIDOS DE ABÓBORA HÍBRIDA TIPO ‘TETSUKABUTO ’
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo avaliar caraterísticas físico químicas de frutos cozidos
da abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ em função de doses de 2,4-D como indutor de
desenvolvimento paternocárpico de frutos. Foi avaliado caracterísiticas físico química de
frutos de abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ obtido de oito tratamentos, sendo sete deles doses
crescentes do Ácido 2,4-D (187,5; 200; 212,5; 225; 237,5; 250 e 262,5 mg L-1 de 2,4-D) e
uma testemunha (frutos obtidos de flores fertilizadas com pólen). Os frutos foram cozidos e
avaliados em três épocas distintas (0, 30 e 60 dias após a colheita). Em cada período de
avaliação, o delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com quatro
repetições e quatro frutos por parcela. A firmeza da polpa dos frutos cozidos e sólidos
solúveis foram influenciados pelas doses crescentes de 2,4-D. Entre os tratamentos, a polpa
dos frutos apresentou redução da firmeza com o aumento do período de armazenamento,
quando comparada aos tratamentos com 2,4-D. Para sólidos solúveis observou-se que todas os
tratamentos com doses de 2,4-D foram incrementadas com o aumento no período de pós-
colheita. A utilização de pólen promoveu redução desse atributo.
Palavras-chave: Cucurbita máxima Duch x Cucurbita moschata Duch.; fitohomônio; pós-
colheita; cozimento.
Effect of doses of 2,4-D in different periods of storage on physico-chemical
characteristics of cooked fruit of hybrid pumpkin type “tetsukabuto”
ABSTRACT
The present study aims to evaluate physico-chemical characteristics of cooked fruit of hybrid
pumpkin type ‘Tetsukabuto’ due to doses of 2,4-D as a development inducer in fruits.
Physico-chemical characteristics were evaluated in hybrid pumpkin ‘Tetsukabuto’ fruit
obtained from eight treatments being that seven of them were increasing doses of the acid 2,4-
D (187,5; 200; 212,5; 225; 237,5; 250 and 262,5 mg L-1 of 2,4-D) and an attestant (fruit
obtained from flowers fertilized with pollen). The fruit was cooked and evaluated in three
different epochs (0, 30 and 60 days after harvest). In each evaluation period, the experimental
41
design was randomized blocks with four replications and four fruits per parcel. The cooked
fruit pulp stability and soluble solids were influenced by increasing doses of 2,4-D. Among
the treatments the fruit pulp showed stability reduction with increasing storage period if
compared to the treatments with 2,4-D. For soluble solids we observed that all treatments with
doses of 2,4-D were increased with the increase in post-harvest period. The use of pollen
promoted reduction of this attribute.
Key-words: Cucurbita máxima Duch x Cucurbita moschata Duch.; phytohormone; post-
harvest; cooking.
1. INTRODUÇÃO
A abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ é resultante do cruzamento de Cucurbita maxima
Duch. com C. Moschata Duch. possuindo expressão sexual do tipo monóica apresentando
flores masculinas e femininas na mesma planta. Sendo então consideradas macho estéreis,
pois, as flores masculinas abortam ou não produzem pólen viável (Cheng & Gavilanes, 1980).
A polinização entomófila é realizada principalmente por abelhas, estando então à polinização,
frutificação e consequentemente a produtividade depende da presença desses insetos.
Devido a esse fato a produção de frutos do híbrido ‘Tetsukabuto’, requer o plantio de
variedades polinizadoras intercaladas. Para contornar tais falhas no processo de polinização e
consequentemente fertilização, tem-se utilizado a indução de formação de frutos
partenocárpicos com aplicação exógena de reguladores de crescimento. Ultimamente o ácido
2,4-diclorofenoxiacético (ácido 2,4-D ou 2,4-D) em concentrações baixas vem sendo utilizado
para essa finalidade, por apresentar efeito semelhante ao da auxina ou ácido indol acético
(AIA).
Apesar do seu uso em larga escala no Brasil, são poucas as informações na literatura
sobre a utilização do ácido 2,4-D para induzir a frutificação em moranga hibrida,
principalmente em relação a concentração mais adequada, para que não influencie nas
características agronômicas e físico químicas dos frutos.
42
Os frutos do híbrido ‘Tetsukabuto’ são considerados como padrão de qualidade
apresentando elevada importância sócio-econômica em diferentes regiões do país, por
apresentarem frutos de tamanho e coloração uniformes, bom sabor, polpa enxuta, resistência
ao manuseio, transporte e período de conservação pós-colheita extenso (Pedrosa et al., 1982).
Frutos de abóbora são em geral utilizados na culinária após o cozimento , o que pode resultar
na alteração dos atributos físico químicos dos frutos.
Desta forma, o objetivou-se neste trabalho avaliar o efeito de doses de 2,4-D sobre
características físico química de frutos cozidos de abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ após
diferentes períodos de pós-colheita.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Processamento de Produtos
Agropecuários, da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Gurupi – TO. Os frutos
avaliados foram obtidos de oito tratamentos que consistiram de sete doses crescentes de 2,4-
D, nas seguintes concentrações: 187,5; 200; 212,5; 225; 237,5; 250; 262,5 mg L-1 e uma
testemunha obtida de polinização artificial com pólen. Usou-se como fonte de 2,4-D o
produto comercial DMA 806 BR®DowElanco. O pólen da testemunha foi obtida de plantas da
cultivar de abóbora Menina Brasileira plantada com 18 dias de antecedência em local distante
do experimento. Depois de colhidos e identificados os frutos foram armazenados em local
fresco e seco para que se procedessem as análises em três períodos de armazenamento: na
colheita; aos 30 e 60 dias após a colheita.
Em cada período de avaliação, o delineamento experimental utilizado foi blocos
casualizados com quatro repetições e quatro frutos por parcela. Em cada período de avaliação,
uma amostra de 100 gramas retirada de cada fruto in natura, foi cozida por 13 minutos em
43
200 ml de água mineral deixadas em descanso até esfriar e em seguidas foram feitas as
seguintes análises:
- Coloração da polpa: foi utilizado um colorímetro marca Minolta, modelo CR
400 relizando a leitura dos valores L, a*e b* CIE. Sendo estes dados transformados em C*
(cromaticidade) através de fórmula C = 22 ba + e h° (ângulo de cor) pela fórmula h° =
a
bg 1tan − . Onde a coordenada por L (luminosidade) indica quão claro ou escuro é o produto
(valor zero cor preta e valor 100 cor branca), a coordenada a* que representa a variação da
seção vermelha (+) a verde (-) do espectro de luz e a coordenada b* que representa a variação
da seção amarela (+) ao azul (-) do espectro de luz;
- Firmeza de polpa: foi determinada com o auxílio de penetrômetro digital, o qual o
princípio da medição é a resistência que a polpaapós cozida ofereceu à penetração da haste do
aparelho. Foi usada uma ponteira com 8mm de diâmetro. Os resultados foram expressos em
Newton (N);
- Acidez (pH): determinado diretamente no suco obtido através da amostra triturada em
liquidificador e dissolvida em água destilada, feita por potenciometria com eletrodo indicador
de vidro, de acordo com a técnica de AOAC (2002);
- Teor de sólidos solúveis: após a amostra triturada em liquidificador, uma gota do suco
proveniente da trituração foi colocada em um refratômetro portátil e, feita a leitura. Os
resultados foram convertidos em °Brix.
Análise estatística Com os valores médios de cada repetição para cada tratamento foi feito análise de
variância e os tratamentos foram comparados por contrastes ortogonais por teste de Tukey e
de “t”. Para o efeito de doses de 2,4-D foram ajustados equações de regressão.
44
2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve diferença significativa a 1 e 5% de probabilidade para épocas de avaliação para
todas as características avaliadas. A interação tratamento vs época foi significativo a 1 e 5%
de probabilidade para firmeza da polpa e sólidos solúveis. Para efeito de tratamentos não
foram observados diferenças significativas (Tabela 1).
Tabela 1. Resumo da análise de variância em frutos cozidos para as características coloração polpa croma (CROPOLP), hue polpa (HUEPOLP), firmeza da polpa (FIRMPOLP), pH do fruto (pH) e sólidos solúveis(SS) em abóboras hibridas “Tetsukabuto” produzidas em função das doses de 2,4-D. Gurupi-TO. 2011.
*,** e ns Significativo a p<0,05 e p<0,01 de probabilidade e não significativo respectivamente, pelo teste F. Os dados de coloração croma e hue para casca e polpa foram transformados para arco tang (b/a), antes de submetê-los a análise estatística.
Croma polpa
Os valores de cromaticidade (C*) mantiveram médias entre 34, 21 e 53, 91 na colheita
e aos 60 dias respectivamente. Vilas Boas et al. (2006) encontrou resultados semelhantes para
Cucurbita maxima e C. moschata, onde as médias variaram de 36,38 a 53,46.
A cromaticidade descreve a intensidade de uma tonalidade de cor. Quanto mais alto o
valor de C* mais intensa é a cor. A redução da cromaticidade, depois do processo de
cozimento, sugere diminuição da intensidade da cor do fruto, provavelmente provocada pela
degradação dos pigmentos carotenóides característicos do fruto. Resultados semelhantes
foram encontrados por Dubois et al. (2007) que detectaram diminuição na intensidade do
F.V G.L Q.M.
CRO POLP
HUE POLP
FIRM POLP pH SS
Blocos 3 77,50ns 9,21ns 24,54ns 0,16ns 0,93ns
Tratamentos 7 48,24ns 19,14ns 19,33ns 0,14ns 1,19ns
Época 2 957,34** 184,01** 432,81** 6,51** 0,14ns
Trat x Época 14 50,06ns 19,64ns 48,00** 0,16ns 4,48**
Resíduo 69 48,03 12,63 13,22 0,09 1,18
C.V. (%) 17,20 4,45 31,83 4,87 14,20
Média Geral 40,30 79,80 11,42 6,26 7,68
45
brilho e da cor na polpa do tubérculo oca (Oxalis tuberosa Mol.), submetido ao cozimento.
Segundo Rodriguez-Amaya (1997), os carotenoides, pigmentos de coloração amarela,
presentes na abóbora, são suscetíveis à isomerização e à oxidação durante processamento,
tendo como consequências práticas a perda da cor e da atividade biológica.
No entanto, segundo Kluge (2002) pode ocorrer variação no teor de compostos
solúveis durante o amadurecimento e armazenamento. Quando acontece de o fruto perder
massa, pode haver favorecimento nesse teor, isso porque há concentração dos mesmos.
Observa-se que houve tendencia no aumento na cromaticidade com o maior período de
armazenamento, no entanto houve uma perda com o processo de cozimento.
Coloração polpa (Hue)
Segundo Konica Minolta (1998), Hue é o termo usado para definir as cores em
vermelho, azul, amarelo ou mesmo a mistura destas. O hº caracteriza a qualidade da cor
(amarelo, vermelho, etc.) permitindo diferenciá-la.
Houve um decréscimo nas médias em relação à época de armazenamento, mantendo
assim o mesmo comportamento para as todas as doses de 2,4-D. As médias se mantiveram
entre 83,67 na colheita a 75,26 aos 60 dias (Tabela 2). Quando comparada a testemunha que
obteve menor média, a redução foi de 8,6° passando de 79,95° na colheita para 71,35° aos 60
dias. A coloração alaranjada da polpa das abóboras é devido à presença de carotenóides.
Segundo Rodriguez-Amaya (2001), os principais carotenoides encontrados nas abóboras
(Curcubita moschata Duch.) são α-caroteno e o β-caroteno. Os carotenóides são susceptíveis à
isomerização e oxidação durante o aramazenamento e as consequências práticas disso é a perda
de cor, conforme pode ser observado.
Firmeza polpa
46
Observou-se que o houve um decréscimo na firmeza da polpa para todas as doses de
2,4-D em relação à época de armazenamento, em frutos cozidos. A dose 250 mg L-1
apresentou média de 15,4 na colheita passando para 6,88 N aos 60 dias. A testemunha
apresentou redução mais drástica quando comparada aos demais tratamentos com doses de
2,4-D, passando de 12,13 na colheita para 5,9 aos 60 dias, mostrando assim perda de firmeza
na polpa em relação ao tempo de armazenamento em frutos cozidos. Esse fato é explicado,
segundo Chitarra & Chitarra (2005), devido liberação de água durante a degradação da parede
por ação de enzimas que atua nas pectinas. Os teores de pectina diminuem continuamente no
decorrer do processo de maturação dos frutos (Vilas Boas, 1998), causando assim um
amolecimento na polpa. No presente trabalho, observou-se que com aumento do período de
armazenamento houve um decréscimo dos valores para firmeza da polpa cozida.
Acidez polpa (pH)
Não houve diferença para o pH para as doses crescentes de 2,4-D em diferentes épocas
para frutos cozidos. O pH variou de 5,67 na colheita alcançando 6,89 aos 60 dias (Tabela 2).
Segundo Chitarra & Chitarra (1990), a variação da acidez pode ser considerado um indicativo
no estádio de maturação do fruto, já que normalmente a acidez decresce em função do avanço
da maturação. Em alguns casos, há um pequeno aumento nos valores com o avanço da
maturação ou mesmo em consequência do período de armazenamento, que foi mais
expressivo nos frutos cozidos.
Sólidos Solúveis
Observou-se em todos os tratamentos uma grande variação nos teores de sólidos
solúveis sob doses crescentes de 2,4-D em relação ao tempo de armazenamento em frutos
cozidos. Para dose 250 mg L-1 foi observado uma média de 7,5 °Brix na colheita passando
para 8,17 °Brix aos 60 dias. O tratamento com pólen variou de 9,37 °Brix na colheita para
47
6,16 °Brix aos 60 dias, obtendo assim menor média quando comparada aos tratamentos com
doses de 2,4-D (Tabela 2).
O teor de sólidos solúveis é usado como medida indireta do conteúdo de açúcares, seu
valor é aumentado à medida que estes vão aumentando no fruto. A determinação do mesmo
não representa um teor exato de açucares, pois outras substâncias também se encontram
dissolvidas no conteúdo celular como: vitaminas, ácidos orgânicos, fenóis, pectinas e
pigmentos. Mas, os açúcares são considerados os mais representativos chegando a constituir
até 90% dos sólidos solúveis (Chitarra & Alves, 2001). Com o aumento no período de
armazenamento, todas as doses de 2,4-D apresentaram incremento no °Brix, ou seja, os frutos
cozidos tenderam a ficar mais adocicados. Segundo Kluge & Minami (1997) a variação dos
sólidossolúveis durante o amadurecimento é composta em grande parte por açucares simples
que compõem o sabor dos frutos devido a perda de massa desses frutos.
O aumento no período de armazenamento reduziu o teor de sólidos em frutos cozidos
quando se utilizou pólen. Esse fato pode ser explicado, pois a respiração consiste na
decomposição oxidativa de substâncias complexas (polissacarídeos, açúcares simples, ácidos
orgânicos e lipídeos em moléculas simples (CO2 e H2O) e energia (Kluge et al., 2002), e
quanto mais elevada à temperatura, maior e a taxa respiratória, consumindo assim mais
substratos.
48
4. CONCLUSÕES
- O aumento no período de armazenamento promoveu incremento na intensidade da
cor dos frutos cozidos, porém há perda de coloração;
- A firmeza na polpa dos frutos cozidos foi reduzida com o aumento no período de
armazenamento para todas as doses de 2,4-D, no entanto, com a utilização de pólen houve
maior redução;
- Com o aumento no período de armazenamento os frutos se tornam mais adocicados
em todas as doses de 2,4-D. O teor de sólidos solúveis dos frutos cozidos provenientes de
pólen é menor do que quando se utiliza 2,4-D.
49
Tabela 2. Estimativas de médias para as características croma polpa (CROMPOLP), hue polpa (HUEPOLP), firmeza da polpa (FIRMPOLP), pHe sólidos solúveis (SS) em frutos cozidos de abóbora hibrida ‘Tetsukabuto’ produzidas em função das doses de 2,4-D e em diferentes períodos de armazenamento. Gurupi-TO.2011.
Épocas de avaliação
Doses 2,4-D (mg L-1) Equações de regressão R2 Testemunha
187,5 200 212,5 225 237,5 250 262,5 Croma polpa - CROMPOLP
0 34,21b 37,07b 35,99b 34,85b 35,03b 35,96b 35,18b Y= 36,60 - 39,90b 30 35,90b 36,98b 39,43b 36,77b 40,85b 36,87b 39,77b Y= 37,71 - 39,74b 60 53,68a 41,37b 46,41b 48,85a 39,60b 43,13b 45,70b Y= 33,21+2,38x-0,702+0,06x3 75,45 53,91a
Hue polpa (h°) - HUEPOLP 0 81,40b 79,89b 83,67a 82,78b 81,17a 80,06b 82,14b Y= 81,38 - 79,95a 30 81,08b 78,50b 84,41a 80,72b 78,42ab 82,98b 79,31b Y= 72,97+6,97x-2,222+0,19x3 57,62 82,32a 60 77,34b 81,18b 77,71b 77,93b 75,26b 77,46b 78,07b Y= 77,04 - 71,35b
Firmeza polpa (N) - FIRMPOLP 0 14,13a 13,4a 10,06b 11,47b 14,96a 15,81a 22,98a Y= 14,28 - 12,13a 30 12,52ab 14,02a 12,22b 11,21b 15,11a 13,20a 11,28b Y= 1,65x2+4,08x-0,52 31,87 11,46ab 60 6,93b 5,32b 6,36b 15,12b 7,21b 6,88b 4,48c Y= 26,79-14,97x+4,132-0,29x3 59,49 5,90b
pH 0 5,89b 5,85b 6,16b 5,84b 5,91b 5,92b 5,89b Y= 6,85-0,20x-0,072+0,005x3 56,82 6,67b 30 6,86a 7,36a 6,66b 6,89a 6,64a 6,61a 6,59a Y= 6,76 - 6,47a 60 6,08b 5,99b 6,18b 6,16b 6,01b 6,45a 6,07b Y= 6,12 - 6,01ab
Sólidos Solúveis (°Brix) - SS 0 7,37b 7,37ab 6,87b 6,62b 7,12b 7,50b 6,65b Y= 7,62 - 9,37a 30 8,00b 8,37a 7,50b 7,33b 7,12b 8,16b 8,33ab Y= 7,66 - 8,00ab 60 8,25b 6,16b 8,12b 7,50b 9,5a 8,17b 8,75a Y= 8,29x2-0,87x+0,12 95,03 6,16b
Médias com letras diferentes nas colunas indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p=0,05).
50
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
Médias com letras diferentes nas colunas indicam diferença significativa pelo teste de Tukey (p=0,05).
A B
3
2 3
A B C
Figura 4 - Fruto de abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ testemunha – pólen.
4 5
Figura 3 - Tratamento com 262,5 mg L-1 de 2,4-D, frutos de abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’: A- na colheita; B - 30 dias; e C - aos 60 dias.
Figura 5 - Fruto de abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’ com doses de 2,4-D.
Figura 2 - Tratamento com 250 mg L-1 de 2,4-D, frutos de abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’: A- na colheita; B- 30 dias; e C - aos 60 dias.
C
A B C
Figura 1 – Frutos in natura de abóbora híbrida ‘Tetsukabuto’: A – na colheita; B – aos 30 dias; e C – aos 60 dias após a colheita.
Figura 6 - Flor protegida após pulverização com 2,4-D.
Figura 7 - Flor marcada para obter dias do plantio a colheita.
Figura 8 - Flor pulverizada com solução de 2,4-D.
Figura 9 - Polinização artificial (testemunha).
Figura 10 - Fertilização concluída. Figura 11 - Fruto em pleno desenvolvimento.
6 7
8 9
10 11