universidade federal do rio grande do sul...
TRANSCRIPT
0
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE MATEMÁTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE MATEMÁTICA TÓPICOS DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA A
GERSON VALENCIO JORGE MELO
PAULO FLORES SARA CASTRO
UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE GEOMETRIA PLANA: A QUESTÃO DO CONCEITO DE PERÍMETRO E ÁREA
NO ENSINO FUNDAMENTAL
PORTO ALEGRE
2009
1
Gerson Valencio
Jorge Melo Paulo Flores Sara Castro
UMA PROPOSTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE GEOMETRIA PLANA: A Questão Do Conceito De Perímetro e Área No Ensino Fundamental
Trabalho para conclusão da disciplina de Tópicos de Educação Matemática A, apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina do curso de mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Orientadora: Prof. Dra. Vera Clotilde Garcia
Porto Alegre
2009
2
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 3 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................... 6 2.1 Comentário dissertação Nelson Arbach.......................................................................... 6 2.2 Comentário dissertação Anderson Secco........................................................................ 9 2.3 Comentário dissertação Ronaldo Antonio Braguim....................................................... 11 2.4 Comentário dissertação Loreni Aparecida Ferreira Baldini........................................... 13 3 ANÁLISES PRÉVIAS..................................................................................................... 15 3.1 Análise das propostas atuais para mudar e melhorar o ensino do tema......................... 15 3.2 Análise das dificuldades dos alunos............................................................................... 18 3.3 Análise didática.............................................................................................................. 20 3.4 Análise das possibilidades do uso de metodologias diferenciadas para ensino do tema 22 3.4.1. Softwares Educativos.............................................................................................. 22 3.4.2. Metodologia da Resolução de Problemas.............................................................. 23 3.4.3. Metodologia da Resolução de Problemas............................................................... 24 4 CONSTRANGIMENTOS QUE EMERGEM DAS ANÁLISES PRÉVIAS.............. 26 5 PLANO DE ENSINO...................................................................................................... 29 6 A EXPERIÊNCIA DIDÁTICA E SUAS ANÁLISES................................................. 33 6.1 O relato do professor – Gerson Valencio....................................................................... 33 6.1.1. 1º momento............................................................................................................... 33 6.1.2. 2º momento............................................................................................................... 35 6.1.3. 3º momento............................................................................................................... 36 6.2. Relato do observador – Paulo Flores............................................................................ 37 6.2.1. Uso do computador (1º momento).......................................................................... 37 6.2.2. Uso de material concreto (2º momento)................................................................. 38 6.2.3. Avaliação (3º momento).......................................................................................... 39 6.3. Análises de materiais coletados.................................................................................... 40 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 47 ANEXO A – Email de pesquisa........................................................................................... 50 ANEXO B – Fotos da prática .............................................................................................. 51 ANEXO C – Produções dos alunos ..................................................................................... 57 ANEXO D – Avaliações dos grupos.................................................................................... 60
3
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho trata do ensino de geometria plana focalizando a questão do conceito de
perímetro e área no Ensino Fundamental e tem objetivos de:
a) detectar e descrever dificuldades no processo de ensino-aprendizagem;
b) propor uma mudança na prática didática usual, que pode ser muito pequena, mas
que contribua para a melhoria do cenário encontrado.
A escolha do tema baseou-se na sua importância e nas dificuldades detectadas no
processo de ensino-aprendizagem.
O ensino de geometria, especificamente os conceitos de perímetro e área, nas séries
finais do Ensino Fundamental, adquire grande importância quando percebemos como a
geometria está inserida em nosso dia-a-dia, ao nosso redor, nas formas da natureza, nos
instrumentos que usamos, nos objetos que vemos e manuseamos. A Geometria é considerada
como um instrumento em que o indivíduo pode: descrever, interagir e compreender o espaço
onde vive (ICMI, 1995). Neste sentido seu estudo adquire relevância como instrumento de
desenvolvimento de habilidades na resolução de situações e problemas do cotidiano, como na
orientação para dirigir um carro, na utilização de um mapa, na criação e manuseio de objetos.
O estudo de Geometria ajuda no desenvolvimento de raciocínios espaciais que serão
utilizados em outras áreas do conhecimento, ajuda no aprimoramento da capacidade de
análise-dedutiva, na formulação de hipóteses, na comparação de figuras, no trabalho com
medidas. Conforme Moreira :
4
Observa-se que a Geometria é uma disciplina que oferece ao aluno possibilidades, frente a situações-problema, para desenvolver suas potencialidades. [...] ela é um dos ramos da matemática mais propícia ao desenvolvimento de capacidades e habilidades, a saber: a criatividade, a percepção espacial, o raciocínio hipotético-dedutivo, conduzindo a uma “leitura interpretativa” do mundo. (2007, p.1).
Num primeiro momento, antes do início dos estudos, já podemos identificar, na nossa
própria experiência, algumas dificuldades dos alunos, que se manifestam em não entender os
conceitos de perímetro e área de figuras planas, pois apresentam, não raro, cálculos de
perímetro como resposta a indagações sobre área e vice-versa. Vários alunos perguntam se “é
pra somar as medidas ou é pra multiplicar?” mostrando nitidamente a confusão conceitual e
prática no que se refere a perímetro e área. Tanto na leitura de problemas, quanto na
visualização das figuras, a idéia de perímetro e área não se mostra entendida. Um simples
problema como: Determine o perímetro da figura abaixo, é respondido com a multiplicação
dos dois valores apresentados.
Figura 1.01 – Exemplo para cálculo de perímetro
A resposta de uma boa parcela dos alunos para a pergunta do valor do perímetro da
figura acima é 10cm x 5cm = 50 cm.
Vamos desenvolver uma pesquisa para orientar uma prática de ensino que pretende
trazer alguma inovação para o ensino de Geometria, focando o conceito e a resolução de
exercícios que envolvem perímetro e área de figuras plana, nas séries finais do Ensino
Fundamental.
5
A prática será desenvolvida na Escola Municipal de Ensino Fundamental Emília de
Oliveira, na sétima (7ª) série, no dia dois (2) de junho de 2009, em dois períodos, pelo
professor Gerson Valencio.
6
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Comentário dissertação Nelson Arbach
Nelson Arbach (2002) apresenta uma dissertação em que trata do ensino de geometria
plana: o saber do aluno e o saber escolar nas séries finais do Ensino Fundamental.
O objetivo do trabalho consiste em desenvolver uma proposta de ensino que leve em
conta “a necessidade de um contrato didático que priorize a argumentação dos alunos, em um
processo heurístico de provas e refutações, e, por outro lado, o uso das demonstrações como
sistema de validação privilegiado da matemática”(Arbach.2002.p 15). Duas questões dão
origem ao estudo. A primeira é: “Quais as características do contrato didático, relacionadas ao
ensino de ‘conteúdo’ de Geometria favoreça aceitar e/ou refutar as tentativas de aproximação
entre o saber produzido pelos alunos e o saber escolar? Nesta perspectiva, que tipo de
atividades seriam eficazes para propor aos alunos?” (p.31) A segunda questão proposta é: “
Que sistemas de validação poderiam ser utilizados no ensino de Geometria Plana no nível
fundamental, que pudessem favorecer a aproximação do saber produzido pelos alunos e o
saber escolar, adequados aos conhecimentos dos alunos e às operações de raciocínio aceitas
pela lógica formal como, por exemplo, a dedução?” (p.34).
O trabalho se desenvolveu seguindo a metodologia experiência de ensino, onde o autor
propõe uma atividade extra, paralela às desenvolvidas em sala de aula, para dois grupos de
alunos com cinco elementos em cada grupo. O autor da pesquisa quer demonstrar que o
ensino de geometria, baseado em argumentações desenvolvidas por um processo de
descoberta de provas e refutações, aliado a um contrato pedagógico construído com os alunos,
que privilegie o uso das demonstrações como validação matemática, pode contribuir para uma
melhor compreensão da Geometria pelos alunos, tornando este estudo mais atraente e
7
facilitando sua aprendizagem. Nelson Arbach realizou pesquisas sobre o tema Ensino de
Geometria e observou que, além de existirem poucas produções acadêmicas sobre o assunto,
elas evidenciam o abandono do ensino de geometria no nível fundamental, apontando como
causas as ideologias vigentes, má formação e qualificação dos professores, abandono do
trabalho de geometria nos livros didáticos e as lacunas deixadas pelo movimento Matemática
Moderna, entre outros. Baseado nas teorias de Balacheff(1987) e Polya(1954) com relação a
demonstrações e apoiado nas idéias de noção de contrato didático de Brousseau(1986) citados
na página dez da referida obra, o autor da pesquisa escolheu, de forma aleatória duas classes,
da mesma instituição, mas de regiões diferentes e sujeitos de práticas pedagógicas, no ensino
de matemática, diferentes. De cada classe escolheu, de forma aleatória, cinco alunos para
comporem dois grupos que resolveriam atividades de geometria, de forma coletiva, com a
proposta de resolverem suas atividades através de mecanismos de provas, demonstrações,
análise e generalizações, baseados somente em seus conhecimentos, sem consulta a livros,
apenas com algumas orientações do pesquisador. Foram apresentados dois problemas aos dois
grupos, ambos resolveram, mas por mecanismos de validação diferentes. Enquanto o primeiro
grupo, acostumado com demonstrações que validem conjecturas, conseguiram resolver as
atividades e generalizar de forma ampla, o segundo grupo, que era acostumado a validar suas
conjecturas através de exemplos, não conseguiu produzir uma generalização ampla, ficando
numa generalização mais restrita. Estas análises feitas pelo autor da pesquisa têm como base
as apresentações dos resultados pelos alunos, a participação de cada membro do grupo, suas
hipóteses levantadas, a capacidade de argumentação de cada um e o conhecimento escolar já
evidenciado.
Nelson Arbach conclui que uma prática docente que tenha como base a participação e
a argumentação do aluno nas produções em Geometria, pode favorecer um novo contrato
didático que privilegie a demonstração como sistema de validação; que o uso de
demonstrações como mecanismos de prova torna a Geometria atraente para os alunos; e que o
abandono, por parte dos professores, do uso das demonstrações, em detrimento da utilização
de exemplos como mecanismos de validação, podem dificultar que os alunos produzam
generalizações.
Ao final do texto, encontra-se a resposta à pergunta inicial do seguinte modo:
“Processos heurísticos de provas e refutações, estabelecidos no contrato didático, mesmo
quando implicitamente, podem facilitar a produção de saberes pelos alunos, aproximando este
8
saber ao saber escolar”(p.83). “A elaboração pelo professor de material didático como o
utilizado nessas atividades (em forma de desafios) pode contribuir para suprir uma falta nos
livros didáticos.” (p.84).
9
2.2. Comentário dissertação Anderson Secco
Anderson Secco (2007) apresenta uma dissertação em que trata do ensino do conceito
de área através do uso da composição e decomposição de figuras planas, no nível
fundamental.
O objetivo do trabalho consiste em investigar através do uso da composição e
decomposição de figuras planas, até a demonstração das fórmulas, como o conceito de área
pode ser apresentado de maneira significativa e motivadora aos alunos da 8ª série do Ensino
Fundamental. A questão que deu origem ao estudo foi “Como o processo de reconfiguração
de figuras poligonais planas contribui para a apropriação do conceito de um polígono? Como
esse processo favorece a passagem do empírico para o dedutivo?” (Secco, 2007, pg.31).
O trabalho se desenvolveu seguindo a metodologia de pesquisa da engenharia didática,
a qual se divide em: análises preliminares, concepção da seqüência didática e análise a priori
das atividades, experimentação e, por fim, análise a posteriori das atividades. Da confrontação
entre a análise a priori e a análise a posteriori, valida-se ou não a questão da pesquisa.
Seguindo as etapas da pesquisa o autor organizou um estudo matemático do tema – “Área”-
através de um breve histórico, para o qual consultou obras de diversos autores desde os
primeiros registros sobre o cálculo de área até a análise de livros didáticos atuais (PNLD),
verificando como o assunto é abordado atualmente. Em seguida traz a concepção da
seqüência didática de ensino criada para auxiliar o aluno na construção do significado do
conceito de área de figuras planas, através da composição e decomposição de figuras. Estas se
apóiam na operação de reconfiguração através da qual se espera que os alunos consigam
entender o conceito de área como uma medida de comparação entre superfícies onde uma
figura possui área maior, menor ou igual a outras. A seqüência se divide em três blocos:
� Atividades concretas- neste bloco trabalha-se com material concreto
usando de transformações geométricas para resolver as atividades e
através da percepção chega-se ao conceito de área;
� Atividades com o uso do software Cabri-Gèométre – neste bloco
utilizam-se as construções geométricas e suas propriedades através
da geometria dinâmica, além da percepção;
10
� Justificativa das fórmulas – neste bloco o objetivo é introduzir as
fórmulas para o cálculo de área, procurando sistematizar o que foi
verificado anteriormente.
Em cada bloco o autor faz uma análise a priori de todas as atividades relatando a atividade, os
objetivos a serem alcançados, as possíveis dificuldades ou interferências que o professor-
pesquisador deve fazer e as respostas que poderão ser dadas pelos alunos. A prática foi
realizada com alunos da 8ª série do Ensino Fundamental, organizados em duplas de trabalho
em cinco encontros de 2h cada.
Secco (2007) conclui que as produções dos alunos mostraram que eles conseguiram
fazer comparações, estimativas, medições por contagem e adição e subtração de partes
elementares – reconfiguração de figuras. E também conseguiram deduzir e justificar as
fórmulas das principais polígonos sem dificuldades após o processo de reconfiguração.
Ao final do texto, encontra-se a resposta à questão inicial: “Os resultados obtidos
sugerem que o processo de reconfiguração de figuras poligonais planas contribuiu para que os
alunos se apropriassem melhor do conceito de área de um polígono e favoreceu a passagem
do empírico para o dedutivo”.
11
2.3. Comentário dissertação Ronaldo Antonio Braguim
Ronaldo Antonio Braguim(2006) apresenta uma dissertação em que trata do ensino de
perímetros e áreas no nível fundamental.
Os objetivos do trabalho consistem em contribuir com a formação inicial e continuada
de professores. A pergunta que deu origem ao estudo foi “A partir da perspectiva do
professor e do aluno, quais seriam os limites e possibilidades das abordagens metodológicas:
expositiva tradicional, oficinas, aulas com o auxílio do computador e aulas com projetos
temáticos para o ensino de perímetros e áreas?” (Braguim,2006, pg. 5).
O trabalho se desenvolveu seguindo a metodologia: desenvolver experiências de
ensino como fonte de informações para pesquisa qualitativa.
O autor coloca em prática quatro abordagens para desenvolver o conteúdo proposto:
a) aulas expositivas tradicionais: uso de quadro, giz, exercícios no
caderno e livro didático, tendo o professor com o papel de
detentor do conhecimento e os alunos como assimiladores;
b) aulas oficina: uso de materiais manipuláveis, com o intento de
fazer medições, tendo o professor como mediador e os alunos
como construtores do conhecimento;
c) aulas com o auxílio do computador: uso do computador como
ferramenta didática, tendo o professor como mediador e os
alunos como construtores do conhecimento;
d) aulas com projeto temático: uso de materiais manipuláveis, com
o intento de construir pipas, tendo o professor como mediador e
os alunos como construtores do conhecimento.
Antes de colocar em prática seus planos de ensino Braguim buscou, com diversos
autores, fundamentação teórica para cada abordagem metodológica, formando assim, uma
fonte de informações para consulta de professores, um dos objetivos de seu trabalho, o intento
de contribuir para formação.
12
Sua prática foi realizada com alunos da 8ª série de uma escola municipal da periferia
de São Paulo, sendo realizada inicialmente uma avaliação diagnóstica e, após realizar as aulas
planejadas, novas avaliações seguidas de entrevistas, preenchimento de questionários e auto-
avaliações dos alunos a respeito do método utilizado no ensino.
Os dados, incluindo as notas de aulas realizadas durante o processo, foram
organizados em tabelas e gráficos para melhor visualização.
Ronaldo Antonio Braguim concluiu que, mesmo não sendo o objetivo inicial da
pesquisa, a prática com os computadores mostraram melhores resultados, além de todas as
metodologias possuírem limites (tempos, equipamentos, espaços) e gerarem possibilidades,
desde que os professores se proponham a fazer uso adequado dos erros e escutarem os alunos.
Ao final do texto, encontra-se a resposta à pergunta inicial do seguinte modo: colocando a
necessidade da constante atualização dos professores que, ao acompanharem as mudanças do
mundo, propiciem um ensino mais significativo formando assim, cidadãos capazes de
interagirem com o meio e mudarem a sua realidade.
13
2.4. Comentário dissertação Loreni Aparecida Ferreira Baldini
Loreni Aparecida Ferreira Baldini apresenta uma dissertação de mestrado em que trata
do ensino de geometria plana no Ensino Fundamental.
Os objetivos do trabalho consistem em verificar se a informática, através do software
Cabri Géomètri II, contribui para a construção de conceitos em geometria plana, neste caso,
mais especificamente, na construção dos conceitos de área e perímetro. A questão que dá
origem ao estudo foi a preocupação de buscar subsídios para a melhoria do ensino e
aprendizagem de geometria e pelo interesse em utilizar a informática como apoio pedagógico,
uma vez que a autora percebeu as grandes dificuldades apresentadas pelos alunos que não
conheciam conceitos importantes de geometria.
O trabalho se desenvolveu seguindo uma abordagem qualitativa, pois seu interesse era
verificar aspectos do processo de ensino e aprendizagem na construção dos conceitos de área
e perímetro, por meio de software dinâmico. Assim, adotou-se a metodologia da Engenharia
Didática, que trabalhava tanto a dimensão teórica, quanto a dimensão experimental dos
procedimentos metodológicos da pesquisa. Nessa teoria, a validação da pesquisa é feita com a
confrontação entre a análise a priori e a posteriori dos resultados. Finalmente, a autora seguiu
as quatro fases da Engenharia Didática, ou seja, análise prévia, concepção e análise a priori,
de experimentação, e análise a posteriori e validação.
A autora realizou estudos sobre os PCN de 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental,
estudos sobre livros didáticos do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental, bem como a proposta
Curricular do Ensino Fundamental vigente no Estado do Paraná (1992). Em seguida, fez um
teste de sondagem, referente aos conceitos de área e perímetro, onde foram obtidos, segundo
Loreni (2004, p. 88) “resultados bastante indesejáveis com relação a estes conceitos”. O teste
foi aplicado a 68 alunos do 1º ano do Ensino Médio, do Colégio Estadual Luiz Izidoro
Ceváralo, da cidade de Apucara-PR, e seus resultados foram tabelados e analisados
estatísticamente.
14
Mais adiante, foi apresentado aos alunos 21 alunos com pior desempenho no pré-teste
o software Cabri Géomètri II e propostas atividades que deveriam ser desenvolvidas com o
auxílio desse programa de computador.
Por fim, foi aplicado um pós-teste, sobre conceitos envolvendo área e perímetro, com
a utilização de lápis e papel e novamente seus resultados foram tabelados e analisados
estatísticamente. Assim, a autora considerou o desempenho dos alunos nessa segunda
avaliação muito superior ao desempenho anterior.
Loreni concluiu que, primeiramente, os alunos que participaram da pesquisa, de modo
geral, ficaram muito entusiasmados e adquiriram rapidamente habilidades relacionadas ao
software Cabri Géomètri II. E, o estudo constatou e confirmou as deficiências no ensino e
aprendizagem de geometria.
Por outro lado, o software Cabri Géomètri II mostrou-se agradável e dinâmico, o que
possibilitou a observação mais detalhada de algumas propriedades das figuras planas,
contribuindo para a construção dos conceitos de área e perímetro.
Ao final do texto, encontra-se a resposta à pergunta inicial do seguinte modo, segundo
Loreni (2004, p. 171):
Tendo em vista o bom desempenho dos alunos na realização da seqüência didática, acredita-se que a mesma atingiu o seu objetivo. O software Cabri Géomètri II, com sua geometria dinâmica no desenvolvimento das atividades experimentais, satisfez as expectativas e a hipótese de auxiliar a construção dos conceitos de área e perímetro. Pode-se constatar, no presente trabalho, que o Cabri Géomètri II oferece uma alternativa para o ensino de geometria, pois os resultados apresentados neste estudo mostram vantagens na aprendizagem do aluno.
15
3 ANÁLISES PRÉVIAS
3.1. Análise das propostas atuais para mudar e melhorar o ensino do tema
A organização desta análise teve como base as dissertações de mestrado de Anderson
Secco (2007) e de Loreni Baldini (2004) e o trabalho de Elaine Oliveira e Maria Morelatti
(2006), os quais versam sobre geometria e mais especificamente sobre o ensino-aprendizagem
do conceito de área de figuras planas no nível fundamental. Tem-se aqui o objetivo de expor
algumas críticas ao ensino usual do tema área bem como relatar as propostas dos autores para
modificar o quadro atual do ensino deste tema.
Segundo Oliveira e Morelatti (2006), os professores, de um modo geral, ainda
abordam os conceitos geométricos partindo do estudo do ponto, reta e plano para depois os
sólidos geométricos, invertendo a seqüência proposta nos Parâmetros Curriculares Nacionais
– PCN (BRASIL, 1997), o qual sugere a necessidade de se partir do tridimensional e chegar
ao bidimensional e unidimensional, “Os alunos ao entrarem em contato com a geometria, da
forma linear e abstrata que está sendo apresentada, adquirem dificuldades de aprendizagem
por não conseguirem dar sentido ao conteúdo abordado e relacioná-los a sua vida e a outros
conceitos matemáticos” (Oliveira e Morelati, 2006, pg. 5).
A pesquisa realizada por Baldini (2004) traz uma reflexão importante sobre como os
professores estão trabalhando os conceitos de área e perímetro de figuras planas.
Primeiramente o autor organizou um estudo em três coleções de livros didáticos de 5ª a 8ª
séries e concluiu: “Nas três coleções, um mesmo conteúdo aparece distribuído nos volumes e,
às vezes, em capítulos distintos com enfoques diferentes. O uso de material de desenho, das
embalagens, de dobraduras, do tangram, etc, nos fez perceber uma opção por um ensino
dinâmico da geometria” (Baldini,2004,pg. 79). E sobre área e perímetro, especificamente,
verificou
16
Tem-se uma abordagem experimental que induz à descoberta e oportuniza a participação do aluno; os conceitos vão sendo introduzidos no decorrer dos estudos em direção à formalização; explora e aplica esse conceito ao longo do percurso escolar; várias atividades e exercícios, que trabalham “área e perímetro”, são numa mesma figura ou numa mesma situação (Baldini, 2004, pg. 79).
Apesar disso os alunos chegam ao final do Ensino Fundamental sem vários conhecimentos
sobre área e perímetro, como mostra os resultados do pré-teste realizado por Baldini com
alunos 1º ano do Ensino Médio, no qual muitos alunos demonstraram grandes dificuldades na
resolução de questões relacionadas a estes conteúdos. Baldini (2004) também realizou uma
entrevista com alguns professores do Ensino Fundamental de 5ª a 8ª séries e, segundo Baldini
(2004, pg. 88)
Diante dos baixos rendimentos dos alunos no pré-teste, questiona-se sobre que fatores levam a esses resultados tão insatisfatórios. Estariam os professores como disseram, trabalhando “medida” interligada com geometria e outros campos da matemática? Os livros didáticos seriam uma fonte de formação continuada de professores?
Com a motivação de que a informática, através de seus softwares educativos, permite
um aprendizado dinâmico e mais participativo por parte dos alunos, Baldini (2004) organizou
uma sequência didática utilizando o software Cabri Géomètri e obteve resultados positivos
para a construção dos conceitos de área e perímetro.
Secco (2007) organizou, no início de seu trabalho, um teste com alunos da 8ª série
sobre área de figuras planas e constatou que até então os alunos não tinham construído o
conceito de área de uma forma significativa, o que o levou a organizar um estudo e elaborar
uma seqüência didática baseada no processo de reconfiguração de figuras poligonais planas
para proporcionar aos alunos uma aprendizagem significativa do conceito de área.
A partir dos trabalhos consultados evidencia-se o fato de que os alunos concluem o
Ensino Fundamental sem terem aprendido conceitos de geometria, em particular, o conceito
de área. Apesar de os livros didáticos terem sofrido alterações no sentido de distribuir os
conteúdos de geometria ao longo das coleções e de estarem fazendo mais relações entre
geometria e conteúdos da vida e outros campos da matemática. Segundo Oliveira e Morelati
(2006, pg. 5)
“(...) nos cursos de formação de professores de Ensino Fundamental e Médio os conceitos geométricos não são priorizados; a falta de preparo do professor para
17
trabalhar com este assunto; uma parcela considerável de professores ainda não conhece a real importância deste conteúdo para o desenvolvimento cognitivo”.
Após estas reflexões os professores pesquisadores nos trazem alternativas diferenciadas para
proporcionar aos alunos uma aprendizagem significativa em geometria que são sempre
realizadas através de estudo e com planejamento detalhado e organizado mostrando que é
possível modificar o quadro desfavorável da aprendizagem de geometria.
18
3.2. Análise das dificuldades dos alunos
Esta análise procurou responder a seguinte pergunta: Quais são as principais
dificuldades dos alunos com relação ao tema Geometria Plana – área e perímetro?
Ao analisarmos as dificuldades e erros cometidos por nossos alunos a respeito desse
tema, seria apropriado inicialmente apresentarmos os significados dados ao erro, segundo
algumas visões vigentes. Por exemplo, nos PCNs para o Ensino Fundamental, “o erro é
inevitável e, muitas vezes, pode ser interpretado como caminho para buscar o acerto” (1998.
pg. 55). Já em uma matéria publicada pela Revista Nova Escola, sobre a didática de Guy
Brousseau, em sua teoria das Situações Didáticas temos uma concepção inovadora do erro,
que “deixa de ser um desvio imprevisível para se tornar um obstáculo valioso e parte da
aquisição de saber. Ele é visto como o efeito de um conhecimento anterior, que já teve sua
utilidade, mas agora se revela inadequado ou falso.”(Revista Nova Escola, 2009, p.29).
Porém, a concepção mais usual de erro é a que está nos dicionários: erro é um engano, um
equívoco, inexatidão (Dicionário on-line Michaelis). Ao analisarmos os principais erros
cometidos por nossos alunos, estamos nos referindo a respostas que não estão de acordo com
as que queremos que nossos alunos nos apresentem. Neste sentido, as respostas dadas pelos
colegas pesquisados e pelos próprios alunos, estão refletidas numa concepção de erro que não
está levando em conta a construção do pensamento lógico-matemático, nem a bagagem
cultural trazida pelo aluno, mas avalia apenas o resultado final, que, neste caso, deve ser o
esperado pelo professor.
Para esta análise questionei junto a cinco colegas que lecionam tanto no ensino
fundamental quanto no ensino médio, quais eram os erros que costumeiramente os alunos
apresentavam no ensino de área e perímetro de figuras planas. A resposta de todos foi
unânime: os alunos confundem os conceitos, calculando área ao invés de perímetro e vice-
versa. Dois dos entrevistados também citaram que “os alunos erram na transformação das
unidades de medida de área e comprimento”. Quando perguntados sobre as principais
dificuldades observadas no ensino deste tema, as respostas versaram sobre o problema de
relacionar a fórmula adequada a figura apresentada, dúvidas quanto as transformações de
unidades de medida e a confusão de conceitos, confundindo área com perímetro e perímetro
com área.
19
Do ponto de vista dos alunos, solicitei a três alunos do ensino médio, um do primeiro
ano e dois do terceiro ano, que conceituassem área e perímetro de figuras planas e
calculassem o perímetro e a área de um retângulo de 7 cm por 3 cm. O aluno A e B (os dois
do terceiro ano) definiram o perímetro como “a soma de todos os lados”. O aluno B
conceituou área como sendo “a multiplicação dos lados”. O único que tentou calcular a área, o
aluno A, acertou o valor, mas calculou o perímetro como “7 + 3 = 10”, ou seja, tendo
conceituado perímetro como a soma de todos os lados, apenas somou dois destes lados,
aqueles que estavam com as medidas, esquecendo o conceito de retângulo e os outros dois
lados.
O que pude observar, com relação às dificuldades dos alunos no ensino de área e
perímetro, tanto pela pesquisa com os colegas professores, quanto pela atividade desenvolvida
com os alunos, é que os conceitos estão confusos entre os alunos, não sabendo eles o que
realmente fazer quando confrontados com atividades relacionadas. Como não entendem o
conceito, não realizam os cálculos de forma adequada. Além disso, também apresentam
dificuldades no trabalho com unidades de medidas, não sabendo como usá-las
adequadamente.
20
3.3. Análise didática
Nos últimos anos o ensino de geometria vem sendo negligenciado:
“Apesar de a Geometria configurar de forma relevante em dois
dos quatro eixos estruturadores dos Parâmetros Curriculares
Nacionais de matemática do ensino fundamental, ela ainda vem
sendo vítima de um abandono gradativo nas últimas décadas no
Brasil”. (DUARTE e SILVA, 2006 apud DIAS e SANTOS,
2007, p.1)
Esta negligência se reflete nos livros didáticos como podemos ver nas análises abaixo:
Bigode (2000, p.248,5ª) aborda o tema perímetro mostrando exemplos da necessidade
de se fazer medições com a quantidade de arame, que um sitiante utiliza, para “cercar” um
sítio ou a quantidade de material, que uma bordadeira utiliza, para ornamentar as “beiradas”
de uma toalha e questiona, posteriormente, como o leitor faria para determinar a medida da
cerca de um jardim (retangular), formando assim o conceito de perímetro como sendo à
medida do contorno de uma figura.
Em sua obra Bigode (2000, p.251,5ª) define área como medida de superfície e, a partir
da apresentação do metro quadrado como unidade padrão para medir superfície utiliza, a
partir daí, apenas o termo área apresentar as fórmulas de algumas figuras planas.
Talvez na busca de evitar que o leitor (aluno) confunda área com perímetro, BIGODE
(2000, p.256 - 257) monta algumas figuras com palitos para calcular área e perímetro.
Muitos autores de livros didáticos apresentam o que chamam de currículo helicoidal,
ou seja, o conteúdo é visto em diversos níveis sendo mais aprofundado em cada fase, neste
caso, o assunto área é apresentado novamente, no livro da 7ª série do BIGODE (2000, p.77-
90), como se o conceito já tivesse sido absorvido e é feita uma “dedução” de mais fórmulas.
Já IEZZI, DULCE e MACHADO (2000, p.235-242) apresentam a definição de
perímetro de um polígono como soma dos comprimentos de todos os lados e a área como uma
comparação de superfícies com peças do tangram.
Em ambos os casos percebe-se uma concepção de ensino que influência os
educadores: “(...) professores de matemática, apoiados nos livros didáticos, introduzem o
21
conceito de área como um número associado a uma superfície e rapidamente passam ao
cálculo da área, utilizando fórmulas.” (FACCO, 2003, p.31 apud DIAS e SANTOS, 2007,p.4)
Há professores que, embora utilizem o livro didático como fontes de exercícios,
buscam apresentar a teoria de forma diferente da forma encontrada nos mesmos, chamando
esta maneira de tradicional de ensino. A professora Fernanda Rosa, da Escola Estadual
Gabriela Mistral, apresenta a definição de área, antes de definir perímetro, após comparar
diversas figuras planas, de forma muito semelhante aos livros didáticos, diferenciando-se
apenas pela ordem da apresentação dos assuntos.
De forma geral, percebe-se um ensino de área desarticulada do ensino de perímetro,
como se a superfície de uma figura não tivesse uma relação com o seu contorno (Perrotta e
Perrotta, 2005).
Outra forma de se ensinar estes assuntos é fazer uma abordagem histórica. Pode-se
mostrar como era importante o conhecimento de geometria, em especial área e perímetro, para
resolver problemas do cotidiano dos Egípcios, na demarcação de terras, construção de
templos, cálculo de impostos (de acordo com a quantidade de terras). Esta forma oportuniza
fazer a passagem da geometria empírica para demonstrativa (Rocha, Pessoa, Silva Filho e
Pereira, 2007).
É notória a necessidade de se buscar uma maneira diferente de se ensinar geometria
(área e perímetro), uma forma que realmente dê significado ao conteúdo. Quais seriam as
dificuldades de colocar em prática outra forma de se ensinar este assunto? As dificuldades são
justamente as formas tradicionais de ensinar que engessam os professores, bloqueando o
pensamento inovador.
22
3.4. Análise das possibilidades do uso de metodologias diferenciadas para ensino do tema
A geometria, não somente como ramo da matemática, por sua beleza e harmonia,
desperta naturalmente o interesse de todas as pessoas. Sua vivência é diária, constante e,
sobretudo, permeável a todos os níveis da interação entre homem e meio ambiente.
Apesar disso, e embora a geometria seja de extrema utilidade prática, sua abordagem
vem ao longo das últimas décadas sofrendo um progressivo abandono ou tratamento de pouco
interesse e puramente superficial. De acordo com Carneiro e Déchen (2007, pág. 3, apud
Lorenzato, 1995):
Muitas são as causas para esse abandono, mas os principais são: a má formação dos
professores, que sem os conhecimentos de Geometria tendem a não ensiná-la e a
dependência dos livros didáticos que trazem esses conteúdos no final, portanto
ficando para serem ensinados no fim do ano letivo. Além disso, os livros trazem a
Geometria com uma abordagem euclidiana, ou seja, um conjunto de definições,
propriedades e fórmulas.
Sendo assim, abrem-se algumas tendências de perspectivas de ensino de geometria,
através do uso de metodologias diferenciadas, tais como:
3.4.1. Softwares Educativos
Com a evolução da informática e o acesso facilitado aos computadores, verifica-se
uma ampla possibilidade de aplicação dessa poderosa ferramenta à educação.
A informática, através dos seus softwares educativos, permite um aprendizado
dinâmico e mais participativo por parte dos alunos, evidenciando no discente a figura central
do processo ensino e aprendizagem.
Entretanto, verificam-se algumas deficiências nessa metodologia, sobretudo na
capacitação de profissionais que conheçam razoavelmente suas ferramentas e aplicações.
23
Por outro lado, a geometria dinâmica permite grande exploração de construções de
conceitos geométricos, onde se destacam, segundo Santos e Martinez (2000): “a precisão e
visualização, a exploração e a descoberta, as provas de teoremas, as transformações e lugares
geométricos e a simulação e micro mundos”.
Entre os softwares educacionais mais utilizados para o ensino de geometria destacam-
se: o Cabri Géomètri, o Sketchpad e o Geogebra, além da linguagem LOGO de programação.
Além desses softwares educativos, específicos para aplicação em geometria,
ressaltamos os chamados “pacotes CAD 3D”, inicialmente desenvolvidos para utilização nos
diversos ramos da engenharia, mas com poderoso aproveitamento em animações de terceira
dimensão na geometria espacial. Temos ainda, o “Macromedia Flash”, interessantíssimo
software de animação, que pode facilmente ser aplicado em geometria, especialmente em
transformações, reflexões e construções, aliando a matemática à visualização dos seus
conceitos.
3.4.2. Metodologia da Modelagem Matemática
Segundo Bassanezi (2004, p.16), “a modelagem matemática consiste na arte de
transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando
suas soluções na linguagem do mundo real”.
Sendo assim, constata-se uma grande necessidade da aplicação dessa metodologia,
uma vez que ela aproxima a realidade do aluno à sala de aula, garantindo maior motivação e,
consequentemente, maior e melhor qualidade de aprendizagem.
Entretanto, faz-se necessária a aplicação da metodologia da modelagem matemática
com elevado senso de reflexão e liberdade de solução e posicionamento. Dessa forma, é
imprescindível incentivar a criatividade e a autonomia dos alunos para que, aliados a
aplicação da matemática, possam criticar e transformar suas realidades pessoais,
relacionando-as com outros contextos, não somente ligados à matemática.
24
Assim, a modelagem matemática, especialmente na geometria, possibilita aos alunos
constatar e enxergar significativamente o seu emprego no dia a dia, tornando os alunos muito
mais participantes do processo ensino e aprendizagem.
3.4.3. Metodologia da Resolução de Problemas
Na metodologia da resolução de problema, tem-se inicialmente uma situação problema
como partida inicial para a orientação do processo de ensino e aprendizagem.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, pág. 39):
Em contrapartida à simples reprodução de procedimentos e ao acúmulo de
informações, educadores matemáticos apontam a resolução de problemas como
ponto de partida da atividade matemática. Essa opção traz implícita a convicção de
que o conhecimento matemático ganha significado quando os alunos têm situações
desafiadoras para resolver e trabalham para desenvolver estratégias de resolução.
Sendo assim, verifica-se a real necessidade de melhor desenvolvimento e divulgação
dessa metodologia entre os professores para que tal ferramenta seja amplamente explorada e
aproveitada em maior profundidade.
Por outro lado, encontramos na literatura atual três tipos de concepções sobre o ensino
de resolução de problemas: ensino de matemática sobre resolução de problemas, ensino de
matemática para a resolução de problemas e ensino de matemática através da resolução de
problemas.
Nesse contexto, destacamos a experiência da Professora Rosane Ratslaf, do Colégio
Militar de Porto Alegre, onde a docente propõe em uma de suas atividades de introdução ao
estudo de áreas de figuras planas a seguinte atividade:
A professora propôs aos alunos, divididos em grupo, verificar qual a sala de aula seria
mais adequada para cada uma de suas turmas de 8º ano, considerando o número diferente de
alunos por turma e a dimensão, também diferente, das salas de aula.
25
Sendo assim, a idéia seria relacionar de modo, inicialmente intuitivo, a noção de área
de um retângulo, fazendo relação com o número de alunos.
Portanto, a partir de uma necessidade real - uma situação problema - o conteúdo área
seria apresentado, desenvolvido e formalizado, a fim de contextualizar a matemática e
orientar o processo de ensino aprendizagem.
26
4 CONSTRANGIMENTOS QUE EMERGEM DAS ANÁLISES PRÉVIAS
Constatamos que o ensino usual do tema está centrado numa metodologia dita
tradicional com uma abordagem descontextualizada e muitas vezes superficial. Não explora o
fato de a geometria estar expressa no mundo real (tridimensional) e é pouco relacionada com
outros campos da matemática ou das ciências.
Percebemos que as pesquisas sugerem um método inovador com uma abordagem mais
interessante ao aluno proporcionando assim, na manipulação de materiais concretos ou no uso
de recursos computacionais, a construção dos conceitos de forma mais significativa. Assim,
decidimos delinear o objeto deste trabalho: estudar a viabilidade de uma abordagem mais
satisfatória para o ensino de geometria, especificamente os conceitos de área e perímetro.
Para isto, identificamos e descrevemos os constrangimentos que se opõem à melhoria
do ensino, neste quadro. Buscamos, nas análises prévias, as razões da manutenção do ensino
usual predominante, listando os constrangimentos que dificultam a mudança de estado. Pela
modificação de pelo menos um destes constrangimentos, pode-se ter o sistema estabilizado
em outro ponto de equilíbrio que se julga mais satisfatório.
Neste caso, podemos resumir os principais constrangimentos responsáveis pela
tradição do ensino de geometria em 5 níveis:
1) Dificuldades inerentes ao conceito e à história do conceito.
Uma das dificuldades inerentes ao conteúdo está no fato da geometria se apresentar
em diferentes categorias: intuitiva, analítica, dedutiva/euclidiana (formal) e ainda, outras
geometrias, não euclidianas. Sua origem é historicamente intuitiva prática – relacionada
com compreensão das formas presentes no mundo e com medidas, no entanto, problemas
de medidas tornam-se, na escola, puramente aritméticos perpassados por situações
pseudo-práticas.
27
2) Dificuldades inerentes aos professores, seus hábitos, sua didática tradicional.
Formas tradicionais de ensino, de área e perímetro, limitam os professores,
bloqueando o pensamento inovador, ficando a prática apenas num conjunto de definições,
propriedades e fórmulas.
Esta dificuldade poderia ser sanada através de uma efetiva formação continuada que
capacitaria o professor podendo vislumbrar um leque de dinâmicas para o ensino de
geometria, em especial área e perímetro.
3) Dificuldades inerentes aos alunos, suas dificuldades de compreensão do conceito.
Os alunos confundem os conceitos de área e perímetro e também se atrapalham ao
resolverem atividades de cálculo de áreas, pois muitas vezes não sabem qual fórmula
utilizar. Estas situações ilustram claramente a falta de conhecimento dos alunos, ou seja,
eles não se apropriaram significativamente dos conceitos, em especial, o de área. Para esta
apropriação é necessário colocar o aluno numa situação em que ele construa os
conhecimentos por conta própria.
4) Dificuldades às sugestões dos pesquisadores.
De acordo com os materiais consultados existem alternativas para o ensino do tema e
também relatos de professores que oferecem resultados satisfatórios como a sequência
didática que se desenvolve através da composição e decomposição das figuras até se
chegar as fórmulas, a atividade de construção de metros quadrados para fazer as
comparações com a área do pátio da escola, entre outras. É difícil implementar tais
sugestões, na escola, pois é preciso que o professor veja a necessidade de fazer diferente, é
necessária uma organização e disponibilidade do professor (tempo) e a questão da
formação continuada.
5) Dificuldades inerentes às metodologias disponíveis.
A utilização de softwares educativos é uma poderosa ferramenta à educação com
resultados positivos, pois permite um aprendizado dinâmico e mais participativo por parte
dos alunos. Entretanto, é difícil implementar essa metodologia pela falta de capacitação
dos professores no sentido de conhecerem razoavelmente essas ferramentas e suas
28
aplicações e também pela estrutura material que demanda uma sala com computadores
para acesso dos alunos.
29
5 PLANO DE ENSINO
Após a análise dos constrangimentos levantados pelo grupo na tarefa 4, constatamos
que existem várias oportunidades de melhorias e inovações relativas aos assuntos de
geometria, em especial, a construção dos conceitos de área e perímetro.
Sendo assim, nossa atividade prática docente será realizada na semana de 1º a 5 de
junho de 2009, sendo ministrada pelo Professor Gerson Valêncio, na 7ª série do Ensino
Fundamental, na turma 73, no turno da tarde, na Escola Municipal de Ensino Fundamental
Emília de Oliveira, no Município de Alvorada, com duração prevista para 05 (cinco) tempos
de aula, ou seja, 01 (uma) semana.
Visando maior interação e colaboração entre os alunos, nossas aulas serão
desenvolvidas através de atividades em grupos, privilegiando sempre o discente como centro
do processo de ensino e aprendizagem. O objetivo mais amplo da experiência consiste em
desenvolver os conceitos de área e perímetro, tratando-os, inicialmente, de maneira
construtiva e, ainda, posteriormente, formalizando-os com a devida precisão.
Nossas aulas serão divididas em três momentos. No primeiro deles, previsto para 02
(duas) aulas, no laboratório de informática da Escola, utilizaremos o software para criação de
desenhos simples e manipulação de imagens chamado “PAINT BRUSH” ou simplesmente
“PAINT”, disponível em sistema operacional Windows ou Linux. Esse programa é de fácil
operacionalidade e de domínio comum entre a maioria dos usuários de computador. Sendo
esse, portanto, o domínio básico desse programa de computador, o único pré-requisito do
aluno para sua participação efetiva na aula. Com esta ferramenta, os alunos serão orientados a
construir algumas figuras geométricas, tais como quadrados, retângulos, triângulos e
circunferências. O que desejamos com estas construções é destacar o “contorno” e,
30
posteriormente o “preenchimento” dessas figuras, levando os discentes, de maneira
experimental e participativa, a distinguir área e perímetro.
No segundo momento, em sala de aula, com previsão para 02 (duas) aulas, serão
distribuídos aos alunos canudinhos de plástico e papel quadriculado. Assim, os discentes
serão convidados a construir livremente figuras com os canudinhos, a fim de manipularem a
idéia do contorno (perímetro). Mais adiante, os alunos construirão, colando sobre as linhas do
papel quadriculado, quadriláteros (quadrados e retângulos) de várias formas.
Com essas atividades, será apresentada a idéia da unidade de medida de área, seu
cálculo experimental e intuitivo, culminando com a formalização dos conceitos e
generalizando os formulários básicos para cálculo de área e perímetro. Assim, partiremos do
concreto, construtivo e manipulado, chegando a compreensão, aplicação e formalização
matemática.
Finalizando nossas aulas, no pátio da escola, com previsão de 01 (uma) aula, divididos
em grupos de até 04 (quatro) elementos e de posse de instrumentos de medidas (trenas e fitas
métricas), os alunos serão desafiados a realizar medidas de várias figuras presentes na Escola,
tornando a aprendizagem significativa e contextualizada. Dessa forma, aplicaremos, bem
como avaliaremos, através de tarefas que serão entregues aos alunos, as hipóteses
inicialmente levantadas, ou seja, se os conceitos de área e perímetro foram corretamente
apreendidos.
Destacamos que, durante os três momentos de nossa prática docente, serão realizadas
anotações, gravações de áudio e vídeo, diário de classe, bem como aplicação de tarefa de
avaliação aos alunos, todos com o objetivo de colher subsídios para a mais ampla e possível
avaliação das hipóteses inicialmente levantadas.
Nesse contexto, de forma especial, procuramos atingir e enfrentar dois dos
constrangimentos levantados pelo grupo, a saber, a correta apropriação dos conceitos de área
e perímetro, bem como a utilização de tecnologia, neste caso, o software “PAINT”, que
dinamiza e valoriza a participação do aluno na construção do seu próprio conhecimento.
31
HIPÓTESES: a) esperamos, durante a aplicação dess atividade prática docente, que os
discentes aceitem de maneira satisfatória o desenvolvimento dos trabalhos, demonstrando
entusiasmo e interesse; b) pressupomos que o software PAINT seja de uso e conhecimento de
alguns; c) que o tempo destinado à experiência seja suficiente; d) que as atividades propiciem
a correta apropriação dos conceitos de área e perímetro; e) que os alunos dominem as
operações entre números inteiros; f) que saibam usar régua e trena; g) que saibam multiplicar
números decimais; h) que conheçam o sistema métrico decimal (metros e centímetros); i) que
saibam fazer uso da calculadora.
Nossas coletas de dados serão realizados através das seguintes maneiras:
a) observações de todas as atividades;
b) gravações de áudio e vídeo;
c) figuras construídas no software PAINT; e,
d) resultados das tarefas de medição.
32
TABELA 1: PLANEJAMENTO DE AÇÕES (Tempo estimado: 5 horas/aula)
MOMENTO OBJETIVO AÇÃO RECURSOS DIDÁTICOS
MOMENTO A TEMPO: 02 horas/aula
Que o aluno diferencie de forma intuitiva e experimental os conceitos de área e perímetro.
Com a utilização do software “PAINT”, construção de figuras, destacando o “contorno” (perímetro) e o “preenchimento” (área).
Computador e software “PAINT”.
MOMENTO B TEMPO: 02 horas/aula
Que o aluno reforce e formalize os conceitos de área e perímetro.
Com a utilização de canudinhos de plástico, construção de figuras, valorizando o “contorno” (perímetro). E, com a utilização de canudinhos plásticos e papel quadriculado, construção da unidade de área e do “preenchimento” interno (área). Apresentação dos formulários básicos para cálculo de área e perímetro.
Canudinho plástico, cola, papel quadriculado, quadro e giz, projetor multimídia.
MOMENTO C TEMPO: 01 hora/aula
Que o aluno aplique e calcule corretamente os conceitos de área e perímetro.
Com a utilização de instrumentos de medida (trenas e fitas métricas), tarefa de realização de medidas e cálculos de figuras presentes no pátio da escola. Neste momento, será feita a validação das hipóteses inicialmente levantadas, através do recolhimento das tarefas de medição e cálculo de área e perímetro.
Instrumentos de medidas (trenas e fitas métricas) e Calculadora.
33
6 A EXPERIÊNCIA DIDÁTICA E SUAS ANÁLISES
6.1. O relato do professor – Gerson Valencio
6.1.1. 1º momento
No primeiro dia de atividade, quanto tocou o sinal para a troca de períodos, saí da
turma 82 (oitava série) e me dirigi à secretaria para pegar o data-show, o note book e a tela,
para levar a sala da turma 73. O professor Paulo me ajudou no transporte deste material.
Chegando a sala, cumprimentei os alunos, apresentei o professor Paulo, relatando que ele iria
observar as atividades que iríamos realizar e pedi que aguardassem enquanto ligávamos os
aparelhos. Qual não foi minha surpresa ao verificar que nenhuma das tomadas da sala estavam
funcionando. Era estranho, pois a mesma sala é utilizada no turno da noite e frequentemente
os professores usam os mesmos recursos tecnológicos e não há relatos de problemas.
Verifiquei em outra sala de aula que o problema era realmente naquela sala. Como já estava
de posse da chave da sala do Laboratório de Informática para onde iríamos no segundo
período de atividade, resolvi transferir a turma para o Laboratório. Resultado disso foi um
atraso de 20 minutos, visto que tivemos que pegar mais cadeiras nas salas vizinhas. Instalados
os equipamentos eu conversei inicialmente com os alunos sobre o uso do Laboratório, já que
eles não haviam usado este espaço antes. Salientei que estávamos ali com a permissão da
Diretora, pois o ambiente de informática estava sofrendo alteração de local e de equipamentos
e não deveríamos estar usando o Laboratório. Só o fizemos com a autorização da Diretora e
com a expressa recomendação de não danificarmos nada. Recomendei, então muita cautela e
prudência aos alunos na utilização dos computadores.
Iniciei por perguntar ao alunos se eles se lembravam da definição de Perímetro e Área,
pois já era conteúdo visto em outras séries. Uma surpresa agradável foi ver que uma aluna
aponta para o quadro verde e diz:” O perímetro á a linha branca e a área é a parte verde”. Ela
fazia referência ao quadro de giz que tinha uma borda branca e sua superfície verde. Alguns
alunos concordaram e então eu disse que a atividade que estávamos iniciando tinha como
34
propósito fazer a diferenciação entre perímetro e área de figuras planas, especificamente
retângulos. Feito isso, mostrei no telão, através do note book figuras de edifícios que
utilizavam estruturas retangulares e outras, para que fizessem a diferenciação de formas e
salientei, em cada figura, o contorno da mesma, nas partes em que haviam retângulos.
Também questionei-os sobre se havia maneira de medirmos estes contornos, ao que a grande
maioria afirmou que sim.
Partimos então para a atividade no computador, que já estava ligado, apenas desligado
o monitor. Pedi que ligassem o monitor e orientei-os no sentido de abrir o programa Tux Paint
do Linux, software semelhante ao Paint Brusch do Windows, porém com mais recursos. Não
houve problemas em abrir o software, porém alguns não encontravam as ferramentas de
desenho semelhantes as do Paint Brusch. Minhas intervenções foram no sentido de ajudá-los a
encontrarem as ferramentas de desenho e de colorir. Deixei-os manipular o programa a fim de
se familiarizarem com o mesmo e então pedi para que fizessem algumas figuras geométricas
como retângulos, triângulos e circunferências, pedindo inicialmente que os alunos não
pintassem as figuras, apenas que fizessem o contorno das mesmas. Depois que todos os
grupos conseguiram realizar a tarefa, mostrei a todos, no telão, um arquivo meu do Paint em
que apareciam retângulos. Informei então ao grupo de alunos que o que eles fizeram era o
“contorno da figura”, que chamaríamos de Perímetro da figura.
Em seguida solicitei que eles preenchessem a parte interna da figura com alguma cor.
Todos conseguiram, mas alguns grupos precisaram de minha intervenção para acharem as
ferramentas que faziam o preenchimento com cor. Alguns incrementaram os desenhos com
molduras e outras figuras,. Não quis tolher a criatividade da gurizada e deixei que salvassem
assim mesmo seus desenhos. Voltando para o telão, mostro, com o preenchimento de um
retângulo, que agora o que temos em destaque é a parte colorida que chamaríamos de Área da
figura. Busquei em indagações ao grupo, se tinha ficado para eles intuitivamente a idéia de
“contorno” e “parte preenchida”, ou seja Perímetro e Área, o que, numa avaliação oral foi
confirmado.
Ao final, como havia sobrado 8 minutos do período, deixei que explorassem este
software e fizessem os desenhos que quisessem.
Neste primeiro dia só faltaram 3 alunos dos trinta e um que freqüentam regularmente
esta turma.
35
6.1.2. 2º momento
No segundo dia de atividade, iniciei retomando o que tínhamos feito na aula anterior,
ou seja, relembrei que havíamos trabalhado com o software TuxPaint no computador,
desenhando figuras geométricas e destacando o que era contorno e o que era o preenchimento
da figura. Em seguida disse-lhes como seria a atividade do dia: todos receberiam canudinhos e
com eles tentariam fazer algumas figuras geométricas, preferencialmente retângulos. Assim
aconteceu. Distribuí os canudos de suco em número de 10 para cada aluno. Expliquei também
como deveriam inserir um canudo no outro, fazendo um pequeno corte em forma de bico nas
pontas do canudo. Alguns sentiram dificuldade em colocar um canudo no outro.
Enquanto explicava uma maneira, o professor Paulo mostrou para alguns uma outra
maneira : dobrar a ponta do canudo. Esta maneira pareceu-me mais fácil e de menor risco, já
que não precisa usar a tesoura. Fiquei circulando pela sala, ajudando um ou outro aluno na
execução de sua atividade. A maioria levou um tempo razoável, mas conseguiram fazer dois
ou três retângulos, alguns fizeram também triângulos. Um aluno mais “rebelde”, resolveu
fazer um círculo com os canudos. Incentivei-o a seguir a fazer um retângulo, mas não tive
muito sucesso. Depois de que a grande maioria já estava acostumada com a manipulação dos
canudos, distribuí uma folha milimetrada para cada aluno com a seguinte orientação: todos
deveriam fazer um retângulo de 6 cm por 8 cm na folha com os canudos distribuídos ou com
novos canudos, utilizando estes canudos como o “contorno” do retângulo, ou seja, o desenho
dos lados do retângulo deveriam ser feitos com o próprio canudo que deveria ser colado na
folha milimetrada. A orientação era a de que utilizassem as linhas mais escuras (fortes), ao
invés das linhas mais claras, já que representavam os milímetros. A idéia era que se
apoiassem na utilização da régua, o que aconteceu com todos, ou seja, utilizaram a régua para
medir o tamanho de cada lado do canudo e então colaram na folha. Alguns alunos colaram nas
linhas mais claras, e como a espessura do canudo era maior que a da linha, estes retângulos
ficaram de difícil medida de sua área. Então solicitei que fizessem outro retângulo, de 10 cm
por 15 cm. Os alunos fizeram agora com uma melhor visualização da parte interna do
retângulo, sendo possível verificar a área destes retângulos.
Neste momento pedi que parassem o que estavam fazendo e pensassem nas relações
que eu iria fazer. Lembrei-lhes do contorno da figura que definimos anteriormente como
perímetro e recordei-lhes que na aula anterior lá no laboratório de informática havíamos
36
entendido que a parte interna do retângulo, ou seja a parte colorida era a área da figura. Então
indaguei se haveria como medir a área, já que o Perímetro nós conseguíamos medir. A
maioria dos alunos disse que sim, que era possível medir a parte interna. Perguntei-lhes como
seria possível fazer isso? Então alguns disseram que seria com a régua. Mas não sabiam me
dizer exatamente como. Alguns insistiram que a medida da área deveria ser feita com a régua
medindo por dentro do canudinho, ou seja, dispensando o contorno do retângulo, deveria se
medir por dentro da figura. Então fiz uma intervenção, lembrando-os que o que queríamos
era preenchimento da figura (área) toda e não somente as medidas dos lados da figura por
dentro dela. Neste momento então indaguei se era possível contar os quadradinhos por dentro
da figura e se o somatório deles preencheria toda a figura por dentro. Eles disseram que sim e
então solicitei que, num primeiro momento, contassem os quadradinhos internos do retângulo,
ou seja, a parte quadriculada. Pedi que contassem os quadradinhos maiores, mas pensei que
eles iriam contar de um em um centímetros, porém, eles contaram os quadradinhos de 0,5 cm.
Neste caso, a resposta para a área do retângulo de 6 cm por 8 cm vinha dobrada, ou seja, os
alunos davam como resposta 96 quadradinhos na parte interna do retângulo. Foi então que eu
vi que eu deveria ter trabalhado com eles no quadro negro a área de 1 cm por 1cm no papel
quadriculado. Foi que fiz em seguida, dizendo que eles deveriam então contar o quadrado
maior da folha milimetrada. Aí sim eles conseguiram contar 48 quadrados dentro do
retângulo.
Como o período já ia acabar, tentei fazer um fechamento, relembrando-os do objetivo
com o trabalho que seria diferenciar Área e Perímetro. Indaguei sobre esta diferença e eles, na
sua maioria, disseram que o Perímetro era o contorno e que a área era a parte de dentro do
contorno. Neste instante deu o sinal de saída do período e solicitei que para a próxima aula
eles trouxessem trenas para uma atividade externa.
6.1.3. 3º momento
No último período deste trabalho, como não havia conseguido desenvolver com os
alunos no quadro negro, a fórmula da área do retângulo, figura que estávamos trabalhando,
resolvi relembrar a diferença entre Perímetro e Área e mostrar-lhes a fórmula que nos dá a
área do retângulo: bxh, definindo como base a medida de comprimento e altura como a
37
medida de largura da figura. Feito isso relembrei as medidas dos retângulos feitos na última
aula e calculei as respectivas áreas com a utilização da fórmula e fiz a diferenciação entre esta
maneira e a maneira anterior que era a de contar toda aparte quadriculada. A reação de alguns
alunos foi de dizer que já conheciam aquela fórmula de outras séries.
Então apresentei a proposta da aula de hoje que era a de irmos para o pátio da escola e
medirmos retângulos em objetos que se apresentam no pátio, como a quadra de esportes, a
goleira, bancos, paredes, portas, etc. A idéia era, com trenas, fazer a medição de três
retângulos, calcular o perímetro e a área destas figuras. Distribuí os alunos em seis grupos e
distribuí a cada grupo uma folha com três questões: a primeira pedia para que medissem os
três objetos retangulares que encontrassem no pátio da escola. A segunda questão era para que
respondessem se haviam gostado da atividade e que justificassem. A terceira questão
solicitava que respondessem, com suas palavras o que era Perímetro e o que era Área.
Como tínhamos somente um período, e o tempo me parecia curto para esta atividade,
como estímulo para que fizessem mais rápido, disse que o primeiro grupo a entregar toda a
atividade ganharia uma caixa de bombom. É claro que todos gostaram e realmente não
perderam tempo no trabalho no pátio. Mas ao entregarem as atividades, acabavam deixando
de fazer tudo, ou seja, esqueciam alguma coisa. Então entregava de novo e pedia para que
completassem a tarefa. Infelizmente, o tempo foi pequeno para a atividade e deu o sinal para o
recreio. Tivemos que parar por ali retornando para a sala. Todos os grupos entregaram as
atividades, mas faltando alguma coisa.
6.2. Relato do observador – Paulo Flores
6.2.1. Uso do computador (1º momento)
1ª aula – 02/06/2009 – 2 períodos – 29 alunos ( 15 meninos e 14 meninas )
Quando o professor perguntou “ – O que lembram sobre o assunto área e perímetro?”,
as respostas que mais surgiram foram “ – Não vou chutar.” e “ – Não aprendi.”, mas um aluno
38
respondeu “ – Perímetro é o branco do quadro e a área é o verde.”, fazendo referência ao
quadro-negro com moldura branca que estava na sala.
A idéia de que o programa escolhido facilitaria o trabalho se confirmou, nenhum aluno
perguntou como se usava o programa, apenas na hora de preencher a figura surgiram dúvidas
que foram facilmente sanadas.
Acredito que o uso do programa Tux Paint, disponível no Linux, mais atrapalhou do
que ajudou pois possui mais ferramentas que o Paint, do Windows, sendo assim os alunos se
desconcentraram desenhando e colocando outras figuras fora do objetivo proposto.
Um grupo colocou o nome das figuras.
A maioria dos grupos queria pintar (preencher) as figuras já no início do trabalho.
Quando foi perguntado aos alunos sobre como poderiam medir a área das figuras, um
aluno sugeriu medir o retângulo de lado a lado, com a régua, desconsiderando as linhas
laterais. Acredito que faltou tempo para se trabalhar a idéia de área como preenchimento.
No final da aula os alunos responderam bem que perímetro é o contorno e a área é a
parte de dentro, mas tenho minhas dúvidas no que eles se referem quando dizem “parte de
dentro”.
6.2.2. Uso de material concreto (2º momento)
2ª aula – 03/06/2009 – 2 períodos – 24 alunos ( 13 meninos e 11 meninas )
Muitos alunos construíram triângulos com os canudos, embora tenha sido pedido a
eles para fazer retângulos.
Foi observado uma aluna usar régua para fazer os lados opostos de um retângulo,
buscando igualar os lados paralelos.
Foi solicitado aos alunos para medirem o perímetro de um dos retângulos construídos.
Ao questionar um grupo sobre a medida recebi a resposta de 68 metros e, quando pedi para
39
repetir, mudou a resposta para 68 centímetros. Pedi então para o aluno mostrar como chegou
a resposta e ele mediu apenas um lado do retângulo.
Quando foi pedido para construírem um retângulo de lados sete e nove centímetros,
muitos alunos usaram régua mas, uma aluna, percebeu que poderia usar o papel milimetrado
para realizar as medições, descartando régua.
Nesta atividade ficou clara a dificuldade de alguns grupos, para construir o retângulo,
pela espessura que o canudo apresenta.
Outra dificuldade que surgiu foi no uso do papel milimetrado: ao usarem o centímetro
quadrado confundiam com o meio centímetro quadrado.
Só se teve tempo para contar os centímetros quadrados nos retângulos, mas faltou
tempo para se trabalhar como se encontra esta resposta de forma mais rápida, base vezes
altura, ou seja, como se calcula a área de retângulos usando fórmula.
6.2.3. Avaliação (3º momento)
3ª aula – 05/06/2009 – 1 períodos – 24 alunos ( 13 meninos e 11 meninas )
O início da aula teve que ser utilizado para formalizar a medida da área dos retângulos
com a fórmula usual, pois faltou tempo na aula anterior.
Os alunos estavam bem animados quando saíram ao pátio para medir área e perímetro
de objetos retangulares de livre escolha.
Foi observado que mesmo alguns alunos sugerindo medir objetos quadrados, a maioria
dizia que não era para medir estes objetos, só retângulos.
Na atividade de avaliação, embora prejudicada pelo pouco tempo, os grupos
apresentaram, além da boa vontade e animação de realizar as tarefas, domínio no manuseio
dos materiais de medição e manuseio de calculadoras.
40
6.3. Análises de materiais coletados
Análises das hipóteses:
a) esperamos, durante a aplicação dessa atividade prática docente, que os discentes aceitem
de maneira satisfatória o desenvolvimento dos trabalhos, demonstrando entusiasmo e
interesse;
Foi observado que todos os alunos participaram efetivamente das atividades com
empenho e entusiasmo e responderam que gostaram da proposta na avaliação (em anexo).
Na figura 6.01, um grupo exprime sua opinião.
Figura 6.01 – Opinião de um grupo
Também um aluno, foto 01, falou da sua satisfação em realizar as atividades em uma
entrevista (gravado).
Foto 01 – Entrevista com aluno
b) pressupomos que o software PAINT seja de uso e conhecimento de alguns;
41
O conhecimento dos alunos com o software superou as expectativas. O único
momento de dúvidas foi no preenchimento das figuras que foi resolvido com poucas
explicações. Na figura 6.02 aparece uma produção autônoma de um dos grupos.
Figura 6.02 – Produção de um grupo
O grande problema da atividade foi no uso do Tux Paint do Linux, disponível no
laboratório de informática, no lugar do Paint Brusch do Windows, que sendo um
programa com mais recursos os alunos perderam um pouco do foco brincando com suas
ferramentas.
c) que o tempo destinado à experiência seja suficiente;
O tempo para aplicar as atividades propostas foi insuficiente, o segundo momento teve
que ser complementado antes do último período de atividade, deixando menos tempo para
avaliação, lançando dúvidas quanto à precisão dos resultados. Será que se os alunos
tivessem mais tempo não responderiam melhor as atividades propostas na avaliação?
d) que as atividades propiciem a correta apropriação dos conceitos de área e perímetro;
É percebível a apropriação do conceito de perímetro, como mostra os resultados das
avaliações ( em anexo), já o conceito de área, embora o aluno percebam que se trata da
“parte de dentro”, conforme resposta do aluno na figura 6.03, não se confirma com os
cálculos. Os alunos podem não ter dominado o conceito de área refletindo assim nos
resultados dos cálculos.
42
Figura 6.03 – Resposta do aluno
Acreditamos que as atividades precisam de mais tempo para que os alunos trabalhem
mais a idéia de área e assim formar o conceito de forma adequada.
e) que os alunos dominem as operações entre números inteiros;
Durante as atividades os alunos mostraram, de maneira geral, dominar os cálculos com
números inteiros o que ficou registrado nas avaliações, mostrado em parte na figura 6.04.
Figura 6.04 – Operações com números inteiros
f) que saibam usar régua e trena;
Foi observado claramente no segundo momento, no trabalho com material concreto,
que os alunos dominavam o uso da régua, foto 02.
Foto 02 – Uso da régua
43
Já o manuseio da trena os alunos mostraram dominar durante a avaliação na atividade
externa, conforme foto 03.
Foto 03 – Uso da trena
g) que saibam multiplicar números decimais;
Alguns alunos utilizaram números decimais de forma correta, mas não foi o suficiente
para se tirar alguma conclusão.
h) que conheçam o sistema métrico decimal (metros e centímetros);
Os alunos mostraram saber que existe mais de uma unidade de medida, mas usaram na
sua maioria os centímetros, não tendo oportunidade de demonstrar domínio sobre o
sistema métrico.
Em alguns momentos da observação, mostraram confundir metros com centímetros.
i) que saibam fazer uso da calculadora.
Os poucos alunos que utilizaram calculadoras não tiveram dúvidas no seu uso.
Acreditamos ter tido êxito na proposta de trabalho com área e perímetro. As
atividades propostas precisam de ajustes e uma melhor adequação ao tempo disponível para
sua implementação, mas os resultados nos mostram que estamos no caminho certo, dando um
maior significado ao ensino de conteúdos como este.
44
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho tratamos do ensino de perímetro e área de figuras planas, mais
precisamente da figura retângulo, que consideramos como problemático. Pela nossa
experiência didática, por pesquisa realizada com alguns alunos e professores do ensino médio,
e por uma revisão bibliográfica a respeito do assunto, constatamos que os alunos confundem a
idéia de perímetro e área, não fazendo a devida distinção entre uma e outra.
O objetivo foi propor alguma mudança positiva no ensino usual de perímetro e área,
buscando deixar mais clara a idéia do que seja perímetro e a idéia do que seja área, dentro de
uma proposta pedagógica que contempla a manipulação de objetos, o trabalho em grupo e o
desafio como mola propulsora para um ensino mais atrativo.
Das nossas análises, concluímos que existem constrangimentos para esta mudança:
1. Dificuldades inerentes ao conceito e à história do conceito;
2. Dificuldades inerentes aos professores;
3. Dificuldades inerentes aos alunos;
4. Dificuldades inerentes às sugestões dos pesquisadores;
5. Dificuldades inerentes às metodologias disponíveis.
Optamos por alterar os itens 3 e 5, pois consideramos estes tópicos de relevância, visto
que ainda no ensino médio verificamos a incorreta apropriação destes conceitos. Além disso,
acreditamos que estes constrangimentos estejam diretamente relacionados às dificuldades
encontradas dos alunos e professores, e acreditamos ser de possível operacionalização uma
proposta diferente das usuais mesmo com o pequeno espaço de tempo disponível .
Nosso plano de ensino teve o propósito de criar oportunidades para o aluno diferenciar
de forma intuitiva e experimental os conceitos de área e perímetro, formalizando-os, além de
resolver problemas e de efetuar cálculos corretamente, com esses conceitos. O plano e se
desenvolveu com o foco na observação da diferença entre os conceitos propostos e numa
45
metodologia que privilegiou a manipulação de objetos, a utilização de software educacional e
atividades práticas.
As hipóteses foram elaboradas a partir de nossas expectativas. Esperamos que:
a) durante a aplicação dessa atividade prática docente, que os discentes aceitem de
maneira satisfatória o desenvolvimento dos trabalhos, demonstrando entusiasmo e interesse;
b) o software PAINT seja de uso e conhecimento de alguns; c) o tempo destinado à
experiência seja suficiente; d) as atividades propiciem a correta apropriação dos conceitos de
área e perímetro.
Quanto aos conhecimentos prévios, pressupomos que os alunos dominem as operações
entre números inteiros; saibam usar régua e trena; saibam multiplicar números decimais;
conheçam o sistema métrico decimal (metros e centímetros); e que saibam fazer uso da
calculadora.
Após a experiência de ensino, conseguimos validar as seguintes hipóteses: aceitação
satisfatória das atividades pelos alunos, confirmação do conhecimento do software PAINT,
uma melhor apropriação do conceito de perímetro e área. Percebemos também que os alunos
dominam as operações com números inteiros e utilizam adequadamente régua e trena, além de
saberem utilizar a calculadora.
Não conseguimos validar as hipóteses da multiplicação de números inteiros e do
conhecimento do sistema métrico porque, em nossa opinião, o tempo para prática foi
insuficiente.
Acreditamos que esta experiência contribuiu de várias formas para nossa formação
como professores de ensino básico, uma vez que, além da aplicação prática docente da
atividade, nos levou a refletir e identificar um problema de aprendizagem.
Nesse contexto, acreditamos que a identificação de um problema específico de
aprendizagem tenha sido um dos maiores ganhos durante o desenvolver do trabalho, pois nos
possibilitou rever, inicialmente, conteúdos, metodologias e didáticas desenvolvidas pelos
docentes. Com estas reflexões e utilizando nossas experiências profissionais, identificamos,
através de discussões em grupo, deficiências de aprendizagem vistas sob vários aspectos, ou
seja, sob a ótica do aluno, do professor e sob a dinâmica do processo de ensino aprendizagem.
46
Por outro lado, a oportunidade de desenvolver o trabalho com profissionais
experientes e competentes, professores/colegas e professora/orientadora, nos garantiu um
valioso crescimento na orientação, troca de informações e vivências, onde as decisões foram
tomadas de maneira coletiva e após profunda análise do melhor caminho e estratégias a serem
seguidos.
Especificamente no tocante à experiência prática didática no ensino da geometria – a
diferenciação entre os conceitos de área e perímetro – o trabalho nos despertou para a
necessidade da importância de um correto e criterioso planejamento, com etapas bem
definidas e prazos previstos. Ressaltamos aqui, a relevante e participação da professora
orientadora que, com seu conhecimento e experiência, conduziu de maneira valiosa nossos
passos e decisões, realizando importantes intervenções para o bom desenvolvimento do
trabalho.
Assim, constatamos a real possibilidade da utilização de materiais e recursos
acessíveis e de baixo custo (software “Paint”, canudinho, cola, trena, etc.) para o
desenvolvimento de uma prática docente diferenciada da abordagem tradicional.
Além disso, constatamos, também, a importância da análise pós atividade, quando
verificamos e refletimos sobre as hipóteses levantadas inicialmente, bem como suas
verdadeiras ou falsas confirmações.
Enfim, esse trabalho teve grande importância na nossa formação continuada como
docentes, visto que nos possibilitou: parar e discutir, identificar coletivamente um problema,
buscar possíveis soluções e, mais importante, planejar, aplicar e analisar os resultados obtidos.
47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARBACH, Nelson. O ensino de geometria plana: o saber do aluno e o saber escolar. Dissertação de mestrado. Mestrado em Educação Matemática. PUC/SP. São Paulo. 2002. 95f. Disponível em <http://www.pucsp.br/pos/edmat/ma/dissertacao_nelson_arbach.pdf> Acessado em : 30 de março de 2009. BALDINI, Loreni Aparecida Ferreira. Construção do conceito de área e perímetro: uma seqüência didática com auxílio de software de geometria dinâmica. 2004. 211 p. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática), Universidade Estadual de Londrina, 2004. Disponível em: <http//200.189.113.123 /diaadia/diadia/modules/mydownloads_01/viewcat.php?cid=4&min=65&orderby=titleD&show=5&PHPSESSID=90d99411e51dd83c874c005291476fb6>. Acesso em: 27 mar. 2009. BASSANEZI, Rodney Carlos. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2004.
BIGODE, Antonio José Lopes. Coleção matemática hoje é feita assim. São Paulo: FTD, 2000. Obra em quatro volumes para alunos de 5ª a 8ª séries. BRAGUIM, Ronaldo Antonio. Abordagens Metodológicas no ensino da matemática: Perímetros e áreas. Dissertação de Mestrado. PRPGP - Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo. 2006. Disponível em: <http://200.136.79.4/mestrado/dissertacoes/Ronaldo_Antonio_Braguim.pdf>. Acessado em: 30 mar. 2009.3 BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais – 5ª a 8ª séries: Matemática. Brasília, 1998 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais (1ª a 4ª séries) : matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997. CARNEIRO, Reginaldo Fernando; DECHEN, Tatiane. Tendências no Ensino de Geometria: um olhar para os anais dos Encontros Paulista de Educação Matemática. In: 16º Congresso de Leitura do Brasil - No mundo há muitas armadilhas e é preciso quebrá-las, 2007, Campinas. 16º Congresso de Leitura do Brasil, 2007. p. 1-10. Disponível em: <www.alb.com.br/anais16/sem15dpf/sm15ss03_03.pdf>. Acesso em: 18 abr 2009.
48
COMISSÃO INTERNACIONAL DE INSTRUÇÃO MATEMÁTICA (ICMI). Boletim nº 39, Dezembro de 1995. Disponível em:<http://www.mathunion.org/ICMI/bulletin/39/index.html> Acesso em: 01 abr. 2009. DIAS, Marlene Alves; SANTOS, Cíntia Ap. Bento dos. Uma análise da proposta de ensino aprendizagem das noções de perímetro e área segundo os níveis de conhecimento esperado dos estudantes. In: ANAIS DO CONGRESSO BRASILEIRO DE LEITURA, 16º, 2007. São Paulo. ALB. Campinas: Universidade de Campinas, 2007. Disponível em: < http://www.alb.com.br/anais16/sem15dpf/sm15ss03_02.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2009. Dicionário On-Line Michaelis. Disponível em < http://michaelis.uol.com.br > Acesso em 03 de maio de 2009. IEZZI, Gelson; DOLCE, Osvaldo; MACHADO, Antonio. Coleção matemática e realidade. 4ª ed. São Paulo: Atual, 2000. Obra em quatro volumes para alunos de 5ª a 8ª séries. LORENZATO, Sérgio. Porque não ensinar Geometria? A Educação Matemática em Revista. Blumenau: SBEM, Ano III, n. 4, 1995. O Pai da Didática da Matemática. Revista Nova Escola, São Paulo, Ano. XXIV, n. 219, p.29, Jan./Fev. 2009. OLIVEIRA, Eliane Moreira. Uma metodologia para aprendizagem da Geometria baseada em perfis intelectuais de alunos no Ensino Fundamental. In: ANAIS DO ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 9, 2007. Belo Horizonte. SBEM. Belo Horizonte: Universidade de Belo Horizonte, 2007. Disponível em: <http://www.sbem.com.br/files/ix_enem/Poster/Trabalhos/PO23230037391T.doc >. Acesso em: 02 abr. 2009. OLIVEIRA, Elaine de Almeida; MORELATTI, Maria Raquel Miotto. Os conhecimentos prévios dos alunos da 5ª série do ensino fundamental: um caminho para a aprendizagem significativa de conceitos geométricos. In: III Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática III SIPEM, 2006, Águas de Lindóia/SP. Anais III Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática, 2006. p. 1-16. Disponível em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=T466295 PERROTTA, Roberto Camillo; PERROTTA, Suzete Geraldi Montenegro. Considerações sobre o ensino de área e perímetro. Dialogica, São Paulo, v. 4, p. 81-88, 2005. Disponível em: <http://www4.uninove.br/ojs/index.php/dialogia/article/viewFile/874/748>. Acesso em: 22 abr. 2009. ROCHA, Cristiane de Arimatéa et al. Uma discussão sobre o ensino de área e perímetro no ensino fundamental. In: ANAIS DO ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 9, 2007. Belo Horizonte. SBEM. Belo Horizonte: Universidade de Belo Horizonte, 2007. Disponível em: < http://www.sbem.com.br/files/ix_enem/Minicurso/Trabalhos/MC70705321487T.doc>. Acesso em: 22 abr. 2009.
49
SECCO, Anderson. Conceito de Área: da composição e decomposição de figuras até as fórmulas. 2007. 198f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Matemática) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2007.
50
ANEXO A – Email de pesquisa
----- Original Message ----- From: Fernanda Rosa To: [email protected] Sent: Sunday, April 19, 2009 7:06 PM Subject: respostas
Olá colega,abaixo seguem as respostas do questionário que me deste e qualquer apoio
que quiseres,pode contar com minha ajuda.
-A maneira mais usual que ensino área é mostrando o desenho no quadro de
algumas figuras planas, dou sua definição e após deduzimos as fórmulas (mas isso
depois que eles entenderam bem a definição com exemplos práticos).E perímetro dou a
definição direta e eles deduzem se possi uma fórmula para cada figura geométrica (as
mais utilizadas) ou não.
-As dificuldades dos alunos não aparecem na hora,mas noto que tanto pra área ou
perímetro ou outro conteúdo eles não lembram a longo prazo,ou seja,não há um
aprendizado real.As vezes sinto que é falta de interesse ou a não utilização dos conceitos
no cotidiano (pois antigamente,por exemplo,nossos pais ajudavam em casa cedo,tiravam
as medidas de alguma parede ou de algum local para a compra de azulejos ou outra obra
em casa,se cercava locais,etc. e tudo isso seria uma forma de aprendizado de área e
perímetro).Hoje em dia os jovens não realizam esses trabalhos, e nem pensam em como
poderia ser feito e no qu a matemática ajudaria nisso.
-Para uma abordagem diferente digo alguns exemplos práticos de como podemos
calcular a área de uma parede ou de algum lugar da casa e para perímetro uso o
exemplo de um arame para cercar um sítio ou o rodapé da sala.Teve uma aula em que
fomos pro pátio medir a quadra de volei e foi bem divertido.
Bom prof. acho que é isso pois na verdade esse ano não estou trabalhando com esses
assuntos e me lembro mais ou menos do que respondi. Ah, se quiseres algumas
informações como :
nome:Fernanda Reis da Rosa
escola:E.E.F.Gabriela Mistral
Abraços e manda uma resposta dizendo se chegou ou não o email.
Fernanda
51
ANEXO B – Fotos da prática
Preparando o projetor
Descobrindo que as tomadas não funcionam
Nova sala – laboratório de informática
Começando novamente
Alunos trabalhando no “Tux Paint”
Autonomia dos alunos no processo
52
Momento criação
Aluno concentrado no trabalho
Mostrando a obra
Trabalhando com prazer
Mostrando a obra 2 Já parou?
53
Uso de régua
Uso de régua
Não era retângulo?
Mania de grandeza
Dois ta bom?
Será que ta quadrado?
54
Posso fazer uma bandeira?
Não era retângulo?
Pausa para o perímetro
Mesma obra, outro ângulo
Vamos ao perímetro
Vai dar trabalho medir o perímetro
55
Medindo a porta
Área dos retângulos
Medindo o mural
Medindo o tijolo
Medindo o banco
Trabalho em grupo
56
Medindo...
Medindo...
Medindo...
Calculando
Entrevista
Entrevista 2
57
ANEXO C – Produções dos alunos
58
59
60
ANEXO D – Avaliações dos grupos
Avaliação – Grupo 01
61
Avaliação – Grupo 02
62
Avaliação – Grupo 03
63
Avaliação – Grupo 04
64
Avaliação – Grupo 05
65
Avaliação – Grupo 06