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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - CCET PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA - PPGG TESE DE DOUTORADO RISCO POR INUNDAÇÃO COSTEIRA NA FOZ ESTUARINA DO RIO APODI- MOSSORÓ/RN: APLICAÇÕES DE GEOTECNOLOGIAS E SIMULAÇÕES DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS Autor: LEONLENE DE SOUSA AGUIAR Orientador: PROF. DR. VENERANDO EUSTÁQUIO AMARO Tese nº 54/PPGG Natal-RN, 30 de agosto de 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - CCET

PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA - PPGG

TESE DE DOUTORADO

RISCO POR INUNDAÇÃO COSTEIRA NA FOZ ESTUARINA DO RIO APODI-

MOSSORÓ/RN: APLICAÇÕES DE GEOTECNOLOGIAS E SIMULAÇÕES DE

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Autor:

LEONLENE DE SOUSA AGUIAR

Orientador:

PROF. DR. VENERANDO EUSTÁQUIO AMARO

Tese nº 54/PPGG

Natal-RN, 30 de agosto de 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - CCET

PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA - PPGG

TESE DE DOUTORADO

RISCO POR INUNDAÇÃO COSTEIRA NA FOZ ESTUARINA DO RIO APODI-

MOSSORÓ/RN: APLICAÇÕES DE GEOTECNOLOGIAS E SIMULAÇÕES DE

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Tese de Doutorado apresentada em 30 de

agosto de 2018, à comissão examinadora do

Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica

e Geofísica, da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, como requisito à obtenção

do título de Doutor em Geodinâmica e

Geofísica, na área de concentração de

Geologia Ambiental.

Autor:

Leonlene de Sousa Aguiar

Comissão Examinadora:

Prof. Dr. Venerando Eustáquio Amaro (UFRN - Orientador)

Profa. Dra. Zuleide Maria Carvalho Lima

(UFRN - Membro Interno)

Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa

(UFRN - Membro Interno)

Prof. Dr. Josemir Araujo Neves

(EMPARN - Membro Externo)

Prof. Dr. Alexandre Bernardino Lopes

(UFPR - Membro Externo)

Natal-RN, 30 de agosto de 2018

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AGRADECIMENTOS

Tenho muito a agradecer ao Prof. Dr. Venerando Eustáquio Amaro pela orientação no

doutorado e disposição no enriquecimento do trabalho. Sem o compartilhamento de seu

conhecimento, a vontade de ensinar e pesquisar e empenho junto ao Laboratório de

Geoprocessamento (GEOPRO) que exige providências que vão além do esforço intelectual

para que a ciência possa acontecer, reservo o meu muito obrigado.

Agradeço aos colegas e amigos da Geologia e do GEOPRO construídos ao longo da

pesquisa, muitos dos quais não mediram esforços para ajudar no meu projeto de pesquisa, nos

levantamentos de campo e nos processamentos de dados. Muito importante foram as

discussões enriquecedoras, o compartilhamento das experiências profissionais e também os

momentos de entretenimento necessários ao equilíbrio do trabalho, da amizade e da

convivência. É por isto que deixo minha gratidão ao Paulo, Alex, Anna, Fátima, Débora,

André, Caio, Marcus, João Victor, Vítor, Bruno, Carlos, Marceonila, Lívian, Agassiel,

Luciana e tantos outros que passam e deixam uma parte de si.

Agradeço ao PPGG e ao Departamento de Geologia pela logística e aos professores

que contribuíram decisivamente para a construção do conhecimento científico nas

Geociências. Não poderia esquecer das ajudas da Secretária Nilda Araújo que é um exemplo

de humanidade e competência profissional, bem como do meu tio, o Prof. Dr. Laécio Cunha

pelos cuidados, atenção e ajuda durante o doutorado e em toda a vida.

Não poderia esquecer de agradecer aos meus amigos pessoais, e ainda mais aos meus

familiares, irmãos, primos, tios pelo eterno apoio em todos os sentidos pessoais e

profissionais, pois sem eles eu não conseguiria. São muitos, mas tenho que agradecer a Linete

Cunha que é tia e mãe ao mesmo tempo, e tio Cipriano Maia que ajuda e é exemplo. Especial

agradecimento a minha esposa Cleide Campos pela dedicação, paciência e todo o

companheirismo que são contínuos, e ao meu filho Leonardo Sousa pela compreensão de

momentos ausentes durante a pesquisa, mas ao mesmo tempo pelas experiências que me traz

na grandeza de ser pai.

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RESUMO

O fenômeno da inundação costeira em áreas estuarinas é estudado mundialmente para a

compreensão dos riscos gerados nos relevos baixos e planos onde existem comunidades

humanas, atividades econômicas e constante transformação de morfologias e ecossistemas. As

mudanças climáticas não são uma novidade e a previsão de impactos decorrentes da elevação

do nível do mar é uma realidade que preocupa os países, pois as tendências indicam maior

frequência de inundações com maiores profundidades e proporcionais prejuízos. Esta pesquisa

foi desenvolvida no estuário Apodi-Mossoró, na porção do Litoral Setentrional, estado do Rio

Grande do Norte, Nordeste do Brasil, com o objetivo de analisar os riscos gerados pela

inundação costeira relacionada as máximas altitudes das mesomarés em um estuário

hipersalino tropical equatorial com intensa transformação por atividades e ocupações

humanas. A investigação se apoiou em técnicas de geoprocessamento aplicadas em produtos

de sensoriamento remoto com diferentes resoluções espaciais e temporais, nas observações de

mudanças de uso e cobertura da terra, de áreas protegidas e zonas úmidas, além da geração de

informações com precisão e acurácia centimétrica decorrente de rastreamentos com Global

Navigation Satellite System e Remotely Piloted Aircraft para compreensão dos perigos da

inundação e áreas sob exposição, onde foi necessário trabalhar com procedimentos da

fotogrametria digital para geração de modelo digital da superfície. Os resultados apontam a

atividade salineira como principal agente modificador do uso da terra, acarretando na perda de

áreas de preservação permanente, restando remanescente de 787,57 ha, e mesmo assim,

aproximadamente 1.907,09 ha de zonas úmidas foram perdidas em aproximadamente 50 anos.

Este quadro contribui para a ocorrência de inundações costeiras que afetam 34,38 ha (16,29%)

na principal cidade existente na foz do estuário, ou seja, a cidade de Areia Branca/RN,

interferindo na dinâmica de mais de 13 mil pessoas quando da ocorrência de inundações por

maré astronômica de sizígia de 3,8 metros combinada com fenômenos que elevam 10 cm do

nível do mar. Com a tendência futura de elevação do nível do mar, a área de inundação pode

atingir 64,78 ha (30,69%) decorrente de mudanças climáticas. As inundações chegam a atingir

as áreas especiais de planejamento de Areia Branca definidas pelo seu Plano Diretor, e

somando com o conjunto das outras áreas atingidas, estima-se danos econômicos próximos de

R$ 597.438,68 reais ou $ 147.152,37 dólares ($ 1 = R$ 4,06 em 01/09/2018).

Palavras-chaves: Mudanças Climáticas; Inundação Costeira; Área de Preservação

Permanente; Aeronave Remotamente Pilotada; Áreas Úmidas; Risco Ambiental.

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ABSTRACT

The phenomenon of coastal flooding in estuarine areas is studied worldwide to understand the

risks generated by low reliefs and plans where human communities exist, economic activities

and constant transformation of morphologies and ecosystems. Climate change is not new and

forecasting impacts from sea level rise is a matter of concern to countries, as trends indicate

greater frequency of flooding with greater depths and proportionate losses. This research was

carried out in the Apodi-Mossoró estuary, in the northern coast of the State of Rio Grande do

Norte, Northeastern Brazil, with the objective of analyzing the risks generated by the coastal

flood related to the high altitudes of the mesotide in an equatorial tropical hypersaline estuary

with intense transformation by activities and human occupations. The research was based on

geoprocessing techniques applied in remote sensing products with different spatial and

temporal resolutions, observations of changes in land use and coverage, protected areas and

wetlands, as well as the generation of information with precision and centimeter accuracy

tracking with Global Navigation Satellite System and Remotely Piloted Aircraft to understand

the hazards of flooding and areas under exposure, where it was necessary to work with digital

photogrammetry procedures for digital surface model generation. The results point to saline

activity as the main modifying agent of land use, resulting in the loss of permanent

preservation areas, remaining 787.57 ha, and even so, approximately 1,907.09 ha of wetlands

were lost in approximately 50 years . This picture contributes to the occurrence of coastal

floods that affect 34.38 ha (16.29%) in the main city at the mouth of the estuary, in the city of

Areia Branca / RN, interfering with the dynamics of more than 13 thousand people when the

occurrence of floods by astronomical tide of syzygy of 3.8 meters combined with phenomena

that rise 10 cm of the level of the sea. With the future trend of sea level rise, the flood area can

reach 64.78 ha (30.69%) due to climate change. The flood reaches the special planning areas

of Areia Branca defined by its Master Plan, and in addition to the other areas affected, it is

estimated that economic damages are close to R$ 597,438.68 real or $ 147,152.37 ($ 1 = R$

4.06 as of 09/1/2018).

Keywords: Climate Changes; Coastal Flood; Permanent Preservation Area; Remotely Piloted

Aircraft; Global Navigation Satellite System; Wetlands; Environmental Risk.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 4

RESUMO.................................................................................................................................... 5

ABSTRACT ............................................................................................................................... 6

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 11

1.1. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS .................................................................................... 14

1.1.1. Justificativa ................................................................................................................. 14

1.1.2. Objetivo Geral ............................................................................................................ 15

1.1.3. Objetivos Específicos ................................................................................................. 15

2. CONCEITOS E FUNDAMENTAÇÕES ............................................................................. 17

2.1. Risco e Termos Envolvidos ............................................................................................... 17

2.1.1. Avaliação dos Riscos .................................................................................................. 19

2.2. Áreas ou Zonas Úmidas ..................................................................................................... 20

2.3. Geotecnologias .................................................................................................................. 21

2.3.1. Sensoriamento Remoto ............................................................................................... 21

2.3.2. Fotogrametria Digital ................................................................................................. 22

2.3.3. Aeronave Remotamente Pilotada ............................................................................... 23

2.4. Geodésia de Precisão ......................................................................................................... 25

2.5. Modelos de representação: MDE, MDT e MDS ............................................................... 26

3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................................ 28

4. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA .................................................................................... 34

4.1. Compilação de Dados ........................................................................................................ 34

4.1.1. Embasamento Bibliográfico ....................................................................................... 34

4.1.2. Histórico de Inundações e Marés................................................................................ 34

4.1.3. Base Cartográfica e Dados de Sensoriamento Remoto Orbital e Aéreo .................... 37

4.1.4. Levantamentos de Campo .......................................................................................... 37

4.2. Processamento e Interpretação .......................................................................................... 38

4.2.1. Aplicação de Técnicas de Geoprocessamento ............................................................ 38

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4.2.2. Processamento do MDS e Ortofoto ............................................................................ 38

4.2.3. Cota de Inundação Costeira ........................................................................................ 38

4.2.4. Mapeamento Temático ............................................................................................... 39

4.2.5. Análise dos Riscos por Inundação Costeira ............................................................... 39

4.3. Resultados .......................................................................................................................... 40

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................ 41

5.1. Artigo 1: Meio Século de Código Florestal e Implicações nas Áreas de Preservação

Permanente de um Estuário Hipersalino no Semiárido Brasileiro ........................................... 41

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 43

2 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE COMO ÁREA PROTEGIDA .................... 44

3 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................. 46

4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 48

4.1 Delimitação de APP de acordo com o Marco legal ........................................................ 48

4.2 Seleção de Imagens de Sensoriamento Remoto ............................................................. 53

4.3 Técnicas Aplicadas na Interpretação de Imagens ........................................................... 53

4.4 Procedimentos para os mapeamentos temáticos ............................................................. 54

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 56

5.1 Cobertura e uso da terra do estuário em 1965 e 2012..................................................... 56

5.2 Delimitação das Áreas de Preservação Permanente ....................................................... 60

5.3 Cobertura e uso da terra em APP .................................................................................... 62

6 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 68

7 AGRADECIMENTOS .......................................................................................................... 69

5. 2. Artigo 2: Geotecnologias de Baixo Custo Aplicadas à Avaliação de Risco por Inundação

em Áreas Urbanas Costeiras em Cenários de Mudanças Climáticas ....................................... 70

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 73

2 GEOTECNOLOGIAS DE BAIXO CUSTO ......................................................................... 74

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3 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................. 76

4 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................. 78

4.1 Levantamento de Campo com RPA e GNSS ..................................................................... 78

4.2 Processamento de Dados .................................................................................................... 79

4.3 Obtenção da cota de inundação .......................................................................................... 81

4.3.1 Ajuste do Sistema de Referência do Nível de Redução .............................................. 82

4.4 Identificação das Exposições ao Risco de Inundação ........................................................ 83

4.4.1 Setores Vulneráveis ..................................................................................................... 83

4.4.2 Referências de Cenários de Elevação do Nível Médio do Mar ................................... 83

4.4.3 Estimativa da Exposição Econômica por Inundação ................................................... 84

4.5 Escolha entre Realocação versus Obra Estrutural .............................................................. 85

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 86

5.1 Resultado da Precisão das Geotecnologias ......................................................................... 86

5.2 Registros de Maré, Inundação Costeira e a Cota de Risco ................................................. 86

5.2.1 Os registros históricos de marés e inundações ............................................................ 87

5.2.2 Série Temporal e Análise da Maré Astronômica......................................................... 89

5.3 Os Riscos da Inundação Costeira ....................................................................................... 93

5.3.1 Áreas e População Direta e Indiretamente Afetadas ................................................... 93

5.3.2 Áreas especiais de planejamento ................................................................................. 98

5.3.3 Cenários futuros de provável inundação ................................................................... 100

5.3.4 Estimativas de Danos por Inundação Costeira e Referência Financeira para Adaptação

............................................................................................................................................ 103

6 CONCLUSÕES ................................................................................................................... 104

7 AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ 106

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ..................................................... 107

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 113

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APRESENTAÇÃO

A presente tese intitulada “Risco por inundação costeira na foz estuarina do rio Apodi-

Mossoró/RN com aplicação de geotecnologias” faz parte de requisito necessário para

conclusão de doutorado do geógrafo Leonlene de Sousa Aguiar perante o Programa de Pós-

Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG), linha de pesquisa em Geologia Ambiental,

no Centro de Ciências Exatas e da Terra (CCET) da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN). O trabalho foi orientado pelo Prof. Dr. Venerando Eustáquio Amaro,

vinculado ao PPGG e Titular do Departamento de Geologia, e desenvolvido no âmbito do

Laboratório de Geoprocessamento (GEOPRO).

O trabalho apresenta 6 capítulos. O capítulo 1 introduz o contexto de desenvolvimento

desta pesquisa, justificativas e objetivos. O capítulo 2 contém conceitos e referenciais teóricos

importantes para a compreensão da tese. O capítulo 3 apresenta as principais características da

área de estudo. O capítulo 4 descreve a estratégia metodológica adotada para o

desenvolvimento da pesquisa. O capítulo 5 contém os resultados da tese apresentadas no

formato de dois artigos científicos que foram submetidos para a revista Anuário do Instituto

de Geociências – UFRJ. O capítulo 6 corresponde às considerações finais e recomendações da

tese.

A tese aborda uma combinação de técnicas no âmbito do sensoriamento remoto,

fotogrametria digital e geodésia de precisão, e como o emprego dessas contribuíram no estudo

de inundações costeiras em área estuarina, auxiliando na descoberta de informações

importantes na temática dos riscos ambientais.

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1. INTRODUÇÃO

O Nordeste brasileiro é bastante estudado em relação à temática da seca e estiagens

pela condição dos processos naturais reservados ao clima semiárido, afetando muitas famílias

e forçando os gestores a decretarem situações de emergência e calamidade pública por

repetidos anos de acordo com informações do Sistema Integrado de Informações sobre

Desastres (https://s2id.mi.gov.br/paginas/index.xhtml). Em decorrência da menor quantidade

de eventos de inundações na região, as análises sobre o assunto são limitadas, carecendo de

mais pesquisas, principalmente quando se trata desse tipo de risco nas zonas costeiras e

estuarinas.

A discussão é preocupante, pois as inundações apesar de ocorrerem com sazonalidades

mais distantes, são fenômenos que oferecem perigos nas regiões baixas e planas situadas junto

a costa, e representa um risco ambiental para as áreas costeiras que dispõe de atividades

econômicas ou concentram cidades e infraestruturas associadas, pois ao ocorrerem são

responsáveis por danos que afetam principalmente os setores mais vulneráveis e podem se

transformar em verdadeiros desastres naturais.

A comunidade internacional tem realizado estudos sobre mudanças climáticas a mais

de duas décadas e tem identificado um aumento na temperatura do planeta. Uma das

consequências é a elevação do nível do mar com possibilidades de eventos extremos (MUIS

et al., 2016; WAHL et al., 2017), e o principal impacto decorrente desse contexto corresponde

ao aumento do risco de inundação, com mais intensidade e frequência, que somado ao maior

adensamento, urbanização e crescimento populacional nas zonas costeiras, elevam os riscos

(NEUMANN et al., 2015; HALLEGATTE et al., 2013). Outros problemas que também

podem ocorrer envolvem a perda ou mudanças de áreas ou zonas úmidas, erosão costeira e

intrusão de água salgada em aquíferos (NICHOLLS et al, 2014). Em relação às zonas úmidas,

acredita-se que elas contribuam para a proteção da costa contra as inundações, reduzindo o

efeito do nível das águas durante surtos de inundação e reduzindo os riscos (RESIO;

WESTERINK, 2008; CRUZ; SOUSA; MIRANDA, 2018), sendo uma realidade a aplicação

de normas ambientais que aponta diversas zonas úmidas enquanto áreas protegidas.

As inundações costeiras podem advir da elevação do nível do mar, do avanço da

urbanização, mas também da combinação de fenômenos costeiros como ventos e tempestades

que ocasionam empilhamento da massa da água na costa com atuação de marés e ondas altas,

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especialmente se coincidir com marés altas (sizígia) (RESIO; WESTERINK, 2008; MUIS et

al., 2016).

Pesquisas recentes apontam para a região Sul do Brasil uma elevação do nível médio

do mar da ordem de 2,4 mm/ano, descontado o movimento vertical da crosta (SILVA et al.,

2016a). Para a região Nordeste, o IBGE (2016) identificou uma subida de 2,1 mm/ano. Em

nível global Church et al. (2013) aponta elevações da ordem de 3,2 mm/ano, representando

aumentos que podem chegar até 74 cm de elevação do nível médio do mar até o ano de 2100.

Diante das perspectivas de mudanças, torna-se prudente ao menos avaliar os riscos que

podem ocorrer nos ativos costeiros, ainda que seja uma tarefa difícil modelar cenários futuros

de inundação dada a diversidade de modelos com previsões distintas acerca do quanto o mar

pode se elevar nos próximos anos (NICHOLLS et al., 2014). Por exemplo, Hallegatte et al.

(2013) analisa que dada a probabilidade de inundações por causa de subsidência e elevação do

nível do mar, existe o risco de prejuízos econômicos até o ano de 2050 no montante de U$ 63

bilhões por ano para grandes cidades costeiras. Mas ainda é reduzida e pontual as análises

para pequenas e médias cidades, mesmo que apresentem vulnerabilidades significativas.

Registros históricos de ocorrência de inundações são importantes, assim como as

observações de marés, para análises dos riscos costeiros, considerando ou não a ocorrência de

eventos extremos. Entretanto, são poucas as áreas que dispõem de séries temporais

sistemáticas, e quando possuem, geralmente são curtas. As investigações dependem ainda de

informações altimétricas confiáveis e de alta resolução para a realização de análises locais,

sendo este um dado ausente e oneroso para grande parte das pequenas e médias cidades

costeiras, a exemplo do Brasil. São dados fundamentais para a geração de modelos

computacionais que permitam projetar cotas de inundação na zona costeira, riscos atuais e

futuros a partir de cenários.

Na última década tem se observado uma atuação maior do poder público no âmbito

das políticas públicas relacionadas à gestão dos riscos e desastres no mundo e em espacial no

Brasil, pela sua dimensão continental e diversidade, onde se verificam planejamentos e

projetos vinculados à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), no intuito de

colocar em prática as diretrizes da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC)

voltadas para o planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de risco e

incidência de desastres, onde se orienta pela realização de mapeamentos das áreas de risco,

identificação das ameaças, suscetibilidades, vulnerabilidades e risco de desastres.

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Nessa perspectiva, as geotecnologias (AMARO et al., 2012) apresentam vantagens e

trazem respaldo com ferramentas essenciais a gestão de riscos e desastres em suas mais

diferentes etapas, desde a prevenção até o auxílio nas respostas, fortalecendo o processo de

adaptação de políticas, estratégias e práticas orientadas a reduzir o risco e minimizar seus

efeitos, além de potencializar possíveis intervenções sobre as causas que geram

vulnerabilidades e perigos associados à inundação costeira (HAQ et al., 2012; BUFFON et

al., 2017; MARENGO et al., 2017; SCHRÖTER et al., 2018; LIU et al., 2018a; LIU et al.,

2018b; MURRAY et al., 2018; WOODRUFF et al., 2018).

É diante de todo o contexto apresentado que surge a contribuição desta tese, na medida

em que analisa os riscos por inundação costeira utilizando-se de geotecnologias atuais que

incluem o sensoriamento remoto, fotogrametria digital e sistema global de navegação por

satélite, na investigação de uma zona costeira situada em região tropical equatorial semiárida

com regime de mesomaré, zona de contato entre o continente e oceano, formando um estuário

hipersalino com presença de assentamentos humanos pequenos e importantes atividades

econômicas de âmbito nacional.

A área da pesquisa na foz estuarina do rio Apodi-Mossoró, Litoral Setentrional do

estado do Rio Grande do Norte, apresenta extensas superfícies baixas e planas, com presença

marcante da maré na manutenção dos ecossistemas e desenvolvimento econômico. Na área

existem duas cidades quase ao nível do mar, além de ser considerada uma zona úmida (JUNK

et al., 2014) que passou por profundas transformações na cobertura e uso da terra,

especialmente proporcionada pela indústria salineira que contribui bastante na produção de sal

do Brasil (COSTA et al., 2013). A montante do estuário encontram-se inúmeras atividades,

como a exploração de petróleo, a agropecuária, a carcinicultura, a indústria de cimento e mais

recentemente os parques eólicos.

Na foz do estuário Apodi-Mossoró também são observadas importantes áreas

conservadas, protegidas por legislação ambiental e que representam zonas úmidas de

importância internacional, também sujeitas à impactos pela elevação do nível do mar, e ao

mesmo tempo servem como indicador de mudanças e como solução atenuante aos riscos

contra erosão e inundação costeira, a exemplo dos manguezais (ICMBio, 2018). Tornam-se

áreas importantes de investigação no contexto das mudanças de uso e cobertura da terra

ocorridas durante décadas e que apresentam evidências de modificação das dinâmicas naturais

dos aspectos morfológicos e hidrodinâmicos locais, que podem ser associados ao processo de

inundação.

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1.1. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

1.1.1. Justificativa

A condição de um clima Tropical de Zona Equatorial com subtipo climático semiárido

mediano em que ocorrem estiagens prolongadas ou período seco de 7 a 8 meses por ano

(ALVARES et al., 2013; DINIZ; PEREIRA, 2015), com contribuições fluviais limitadas ao

estuário, pois só ocorrem nos anos com precipitações suficientes para abastecer afluentes e

barragens. Com tal característica, observa-se que existe grande atuação das marés como

predominante na região de estudo. Buscas realizadas em noticiários apontaram a ocorrência

de inundação costeira por influência de elevadas marés na região, mesmo em períodos de

seca.

Pelas particularidades regionais, esse estuário hipersalino (COSTA et al., 2013, 2014a,

2014b) desperta o interesse de pesquisas científicas, ainda mais ao considerar a existência de

ecossistemas avaliados como de extrema importância biológica que deveriam ter ações para

sua proteção integral (VELLOSO et al., 2002; MMA, 2005). Além disto, esse estuário é

importante para o país, pois apresenta um parque salineiro e áreas de exploração de petróleo e

gás, reconhecidos como atividades econômicas do mais elevado interesse ao desenvolvimento

socioeconômico do Estado, previstos na Constituição Estadual de 1989, ao mesmo tempo,

ocorrem impactos de toda ordem que exigem monitoramento.

Boori (2011) ao estudar a área estuarina do rio Apodi-Mossoró concluiu que existem

setores no estuário que requerem atenção das autoridades, a exemplo das áreas de altimetrias

baixas passíveis de inundação, apesar de reconhecer a ausência de algumas informações locais

com maior detalhe para proceder com quantificações nas modelagens de cenários de

vulnerabilidade. Inundações na área também foram apontadas por Rocha et al. (2009), Boori

et al. (2012) e Medeiros et al. (2012), compreendendo-se que existe uma necessidade de

estudos multitemporais que tem boas respostas com base nas geotecnologias, para avaliar

mudanças de vulnerabilidade, riscos ambientais, cenários de mudanças climáticas e possíveis

alterações morfológicas e evolução de ecossistemas.

Segundo análises de Vitousek et al. (2017), elevações do nível médio do mar de 5 a 10

centímetros estão previstas para ocorrer entre os anos de 2030 e 2050, dobrando o risco de

inundação na maior parte das regiões costeiras do mundo, afetando seriamente as regiões

tropicais a exemplo da costa brasileira. Ondas, ventos e marés são os fenômenos que

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ocorrendo simultaneamente ocasionam as inundações, sendo que as ressacas extremas quando

analisadas nesse conjunto, poderão promover quadros de inundações mais frequentes mesmo

com pequeno aumento dos oceanos. A costa norte do Brasil, onde está a área de estudo, pode

sofrer com a elevação de 2,5 cm, o que resultará na duplicação das ocorrências de inundação

(VITOUSEK et al., 2017).

Esta pesquisa se justifica para tentar complementar essa lacuna do conhecimento

acerca dos riscos por inundação que afetam o estuário Apodi-Mossoró, trazendo contribuições

nas perspectivas das Políticas Nacionais de Proteção e Defesa Civil, Gerenciamento Costeiro,

Recursos Hídricos e o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima, ao incluir a

temática da análise de risco por inundação por meio de técnicas atuais da área do

geoprocessamento. Perguntas importantes carecem de respostas atualmente, tais como: 1.

Realmente existe o risco de inundação costeira no estuário Apodi-Mossoró? 2. É possível que

as alterações da cobertura e uso da terra tenham proporcionado o aumento da exposição de

áreas vulneráveis à inundação? 3. Quanto de áreas úmidas e ecossistemas protegidos foram

perdidos para elevar o risco de inundação? 4. As geotecnologias atuais podem realmente

contribuir com o estudo dos riscos na zona costeira com limitação de dados? 5. É possível

gerar informações sobre as cidades afetadas a partir do uso de geotecnologias de baixo custo?

6. Qual o nível de precisão que os modelos podem atingir para garantir segurança na

quantificação dos riscos atuais e gerados por cenários futuros?

1.1.2. Objetivo Geral

Avaliar o risco de inundação costeira na foz do rio Apodi-Mossoró/RN diante as

previsões de mudanças climáticas e analisar quais as evidências de intervenções humanas

sobre as áreas úmidas e protegidas que possam ter contribuído para elevar o cenário de risco.

1.1.3. Objetivos Específicos

Analisar as mudanças na cobertura e uso da terra e quais os impactos sobre as áreas

úmidas e áreas protegidas, utilizando produtos de sensoriamento remoto com

resolução espacial e temporal compatível com a identificação das áreas de preservação

permanente previstas em lei;

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Identificar histórico de inundação costeira com base nas principais áreas com

evidências de exposição ao risco, e comparar com dados de maré disponíveis para a

área, ajustando as informações ao sistema de referência do Sistema Geodésico

Brasileiro;

Testar metodologia para criação de Modelo Digital de Superfície de alta resolução a

partir de técnicas de Fotogrametria Digital combinada com GPS geodésico para

modelar a inundação costeira atual e as previsões de cenários futuros decorrentes das

mudanças climáticas estimadas até o ano de 2100.

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2. CONCEITOS E FUNDAMENTAÇÕES

2.1. Risco e Termos Envolvidos

O Escritório das Nações Unidas para Redução do Risco de Desastres (UNISDR –

United Nations Office for Disaster Risk Reduction) define o risco como a combinação da

probabilidade de um evento perigoso ocorrer e suas consequências negativas resultantes da

interação entre perigo natural ou causado pelo homem, vulnerabilidade, exposição e

capacidade (UNISDR, 2009, 2015a).

Os perigos ou ameaças são eventos físicos potencialmente prejudiciais, fenômeno ou

atividade humana que pode causar ferimentos ou perda de vida, danos à propriedade, ruptura

social, econômica ou degradação ambiental (UNIDSR, 2015a).

A exposição é definida como os elementos existentes em uma dada área e sujeitos à

existência de perigos. Ou seja, a população, as propriedades, os sistemas ou outros elementos

onde os perigos podem causar perdas (UNISDR, 2009). A exposição só ocorre se o elemento

considerado estiver sujeito ao perigo, e a condição da perda só ocorre de acordo com a

vulnerabilidade em que se encontra o elemento (CARDONA et al., 2012).

Mesmo na exposição, as respostas aos riscos são diferentes de acordo com a

vulnerabilidade, que pode ser entendida como as características e circunstâncias de uma

comunidade, sistema ou bem que a torne suscetível (por fatores físicos, sociais, econômicos e

ambientais) ao efeito nocivo do perigo (UNISDR, 2009, 2015a).

O conceito de risco comumente está associado a um acontecimento que pode se

realizar ou não. Contudo, a existência de um risco só se constitui quando há valoração de

algum bem, material ou imaterial, pois não há risco sem a noção de que se pode perder

alguma coisa (MMA, 2008; IBGE, 2014). O que diferencia os riscos dos desastres naturais, é

que este último só ocorre quando existe a interação dos processos físicos-naturais com grupos

sociais localizados em áreas específicas, causando prejuízos às atividades econômicas,

ambientais ou humanas (SAITO et al., 2015).

No Brasil, a organização dos dados de ocorrência de desastres naturais foi realizado

pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), tendo publicado o Atlas

brasileiro de desastres naturais (CEPED UFSC, 2012), com base em análise dos anos

compreendidos entre 1991 e 2010, e a partir de 2011 passou a ser publicado o Anuário

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brasileiro de desastres naturais pela Proteção e Defesa Civil vinculada ao Ministério da

Integração.

Faz parte das diretrizes da Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) o

planejamento com base em pesquisas e estudos sobre áreas de risco e incidência de desastres

no território nacional, sendo competência dos estados e municípios, com apoio da União, a

realização de mapeamento das áreas de risco, nos estudos de identificação das ameaças,

suscetibilidades, vulnerabilidades e risco de desastre (BRASIL, 2012a).

Devido a essas diretrizes e outras demandas da PNPDEC, encontra-se em execução o

Projeto Mapeamento “Dados e análise da vulnerabilidade a desastres naturais para elaboração

de mapas de risco e apresentação de proposta de intervenções para prevenção de desastres” no

âmbito da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC) vinculada ao Ministério

da Integração Nacional.

O conhecimento prévio das suscetibilidades dos terrenos aos fenômenos e processos

do meio físico, cuja dinâmica representa riscos e pode até ocasionar desastres naturais, é de

grande importância de conhecimento do poder público, contribuindo para o planejamento da

cobertura e uso da terra, controle da expansão urbana, avaliação de cenários potenciais de

risco e auxiliar na elaboração de zoneamentos ambientais.

O banco de dados internacional sobre desastres naturais (International Disaster

Database – www.emdat.be – Centre for Research on the Epidemiology of Disasters – CRED)

indica que cerca de 55% dos eventos com causas naturais que atingiram o Brasil entre 1948 a

2006 (Figura 1) estiveram relacionados com inundações fluviais e/ou avanços do mar

(TESSLER, 2008).

Figura 1. Distribuição dos desastres naturais por tipo de fenômeno (1948/2006).

Fonte: Tessler (2008).

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Os conhecimentos quanto aos impactos das mudanças climáticas sobre a zona costeira

no Brasil são pontuais e dispersos. De acordo com informações do Painel Brasileiro de

Mudanças Climáticas (PBMC, 2014) ainda existe carência de informações relacionadas aos

efeitos sobre os ecossistemas costeiros e as vulnerabilidades. Destaque é feito para a falta de

conhecimento sistemático sobre a dinâmica costeira e as informações imprecisas relacionadas

à altimetria e batimetria. Assim, a realização de pesquisas poderá trazer melhores informações

para realizar a gestão dos riscos, pois de modo geral a população não está preparada para

situações de emergência que envolvam inundações costeiras repentinas, principalmente as que

estão em situações de alta vulnerabilidade em áreas de risco à inundação (MMA, 2016).

2.1.1. Avaliação dos Riscos

A falta de conhecimento sobre o perigo das inundações e os riscos que podem ser

gerados em áreas vulneráveis são situações que levam a uma gestão de crises por causa da

falta de planejamento, o que acaba resultando em emergências e situações de calamidade

pública, além de possíveis desastres naturais com elevados prejuízos. A compreensão dos

fenômenos, o conhecimento do território e quais as possíveis alternativas para enfrentar o

problema podem conduzir a uma gestão do risco, com melhores previsões do que poderá

ocorrer em casos de inundações e onde o poder público poderia agir prioritariamente. As

medidas a serem adotadas para a gestão dos riscos, mais comumente passam pela adoção de

medidas estruturais de engenharia que são onerosas. Mas existe também a possibilidade de

criação de zoneamentos especiais para o gerenciamento da cobertura e uso da terra, que se

apresenta como uma alternativa às medidas estruturais, uma vez que se conhecendo as áreas

com probabilidade à inundação e a estimativa dos danos; medidas de adaptação, evacuações

repentinas e alterações do zoneamento podem reduzir os riscos e prejuízos.

Todavia, a análise do risco de prejuízos por inundações ainda é pouco explorada, mesmo

pela comunidade internacional, onde países mais desenvolvidos adquiriram uma cultura de

seguro contra os riscos e precisam conhecer melhor as áreas afetadas e os possíveis prejuízos.

Este tipo de análise torna-se fundamental para que o poder público possa tomar decisões

quanto as alternativas para reduzir os riscos, sejam elas estruturais ou não.

O conhecimento da cota de inundação, da probabilidade de sua ocorrência e dos

elementos dispostos na área de exposição, podem subsidiar análises dos prejuízos de acordo

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com a profundidade da inundação, onde as análises dos prejuízos pelo risco de inundação são

determinadas em forma de avaliação global do dano segundo as profundidades atingidas pela

lâmina d’água em uma determinada área (MACHADO et al., 2005).

As avaliações dos danos na maior parte são baseadas em custos históricos

relacionados a eventos de inundação antes ocorrido, sendo mais complexa a depender do

inventário que é realizado, pois pode incluir custos diretos e indiretos, por classe social, tipo

de infraestrutura, por tipo de uso da terra, interferências no trânsito, profundidade, tempo de

exposição à inundação, etc (JONOV et al., 2013; VAZ, 2015; CEPED/UFSC, 2016;

DOLMAN et al., 2018).

Na falta de dados históricos ou inventários com base em dados primários, a solução

encontrada verte para cálculos das estimativas, adotando-se índices e valores obtidos com

referências que contém padrões ou ainda adoção de dados secundários, onde se exige um

menor conhecimento de valores de referência de uma possível área, tornando-se uma

metodologia que pode ser aplicada mesmo em áreas com ausência de inventários de danos,

corroborando com as investidas de Fadel et al. (2018).

O conhecimento da frequência da inundação, além da obtenção de informações sobre

as profundidades que a mesma atinge em uma dada área e o tempo de permanência das águas,

torna-se importante para compreender se os riscos causam maiores prejuízos em decorrência

de inundações mais frequentes com baixas profundidades ou se ocorrem nas situações mais

atípicas com grandes magnitudes, baseadas em cheias profundas ou extremas (FADEL et al.,

2018). Além disso, o tempo de permanência das inundações podem oferecer maiores danos.

Mas para isto é necessário um maior volume de informações sistematizadas no intuito de se

definir a frequência das inundações, em especial aquelas de origem costeira.

2.2. Áreas ou Zonas Úmidas

A Recomendação nº 07, de 11 de junho de 2015 do Comitê Nacional das Zonas

Úmidas (CNZU) define as zonas úmidas como:

Ecossistemas na interface entre ambientes terrestres e

aquáticos, continentais ou costeiros, naturais ou artificiais, permanente

ou periodicamente inundados ou com solos encharcados. As águas

podem ser doces, salobras ou salgadas, com comunidades de plantas e

animais adaptados à sua dinâmica hídrica.

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O conceito adotado foi uma adaptação do que foi proposto por Junk et al. (2014), em

sua proposta de classificação para as áreas úmidas brasileiras. As mudanças climáticas podem

causar impactos importantes nas áreas úmidas, em especial nos manguezais como resposta as

secas e inundações (BARROS; ALBERNAZ, 2014).

Sistemas naturais costeiros como manguezais, planícies hipersalinas, apicuns e

salgados são consideradas áreas úmidas de grande relevância (JUNK et al., 2014; ARYA;

SYRIAC, 2018), sendo tais ambientes encontrados no estuário Apodi-Mossoró/RN. Mais

recentemente Arya e Syriac (2018), contextualizam as salinas como áreas úmidas criadas pelo

homem. Cabe um aprofundamento mais crítico do que isto pode representar no contexto

brasileiro, uma vez que a expansão salineira no Rio Grande do Norte ocorreu quase que

completamente sobre áreas úmidas costeiras naturais, dando origem a uma série de impactos,

cabendo ser destacado que na década de 1980 essa expansão teve o incentivo e financiamento

governamental.

No estuário as áreas úmidas são parcialmente protegidas pela legislação ambiental

brasileira, em especial pelas Áreas de Preservação Permanente (APP), apesar de se perceber

uma necessidade de medidas mais específicas para este tipo de área protegida.

2.3. Geotecnologias

2.3.1. Sensoriamento Remoto

O sensoriamento remoto permite analisar as áreas sujeitas aos riscos, através do

fornecimento de dados que permitem seu mapeamento temático, a exemplo da cobertura do

terreno, declividade, elevação, densidade de drenagem e direção dos fluxos em diferentes

escalas de análise. Esses parâmetros representam fatores-chaves para a suscetibilidade a

desastres geodinâmicos e hidrológicos (DI GREGÓRIO et al., 2015).

Para Florenzano (2011), existem vários tipos de sensores ativos e passivos que

auxiliam nos mapeamentos para análise de riscos, em especial aqueles que permitem a

geração de Modelos Digitais de Elevação (MDE) e sua integração com ambiente de Sistema

de Informação Geográfica (SIG). Nos últimos anos, por exemplo, a popularização das

Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), tem se tornado uma geotecnologia para mapear e

monitorar fenômenos em pequenas superfícies, a um baixo custo e sem a limitação dos

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sensores orbitais que muitas vezes não possibilitam o registro de acordo com a data e hora de

interesse, além da limitação da resolução dos dados.

A utilização do sensoriamento remoto em nível orbital e suborbital (satélite e aéreo)

por gestores e estudiosos costeiros se tornou indispensável para o gerenciamento integrado da

zona costeira e ambiente marinho, apoiada em análises multidisciplinares que contemplem

desde as análises de poluição em ecossistemas, quanto os perigos naturais costeiros, relações

com a população e as mudanças da cobertura e uso da terra. O sensoriamento remoto oferece

a possibilidade de análises em diferentes escalas, apresentando soluções em nível

internacional, nacional e regional com a utilização de satélites, e a depender do objeto

investigado deve ser complementado com dados aéreos de alta resolução (OUELLETTE;

GETINET, 2016).

Para a realização de mapeamento de inundações de zonas urbanas, são verificados

exemplos de rápida aplicação de sensoriamento remoto com Aeronave Remotamente Pilotada

que permite a detecção precisa das áreas inundadas em paisagens urbanas complexas (FENG

et al., 2015; GONÇALVES; HENRIQUES, 2015; TURNER et al., 2016), sendo compatível

com o estudo de áreas costeiras e urbanas, mas também exigindo a aplicação de técnicas da

fotogrametria digital.

2.3.2. Fotogrametria Digital

“Fotogrametria é a ciência e tecnologia de se reconstruir o espaço tridimensional, ou

parte do mesmo (espaço-objeto), a partir de imagens bidimensionais, advindas da gravação de

padrões de ondas eletromagnéticas (espaço-imagem), sem contato físico direto entre o sensor

e o objeto ou alvo de interesse” (BRITO; COELHO FILHO, 2007).

O sensor pode ser acoplado em diferentes plataformas, sendo o interesse dessa

pesquisa a aplicação da fotogrametria aérea ou aerofotogrametria com uso de Remotely-

Piloted Aircraft (RPA) com câmera fotográfica digital em cores Red-Green-Blue (RGB) dada

a sua importância na geomática. A técnica parte do princípio da sobreposição de um conjunto

de fotografias aéreas digitais que permitam a visão estereoscópica ou tridimensional (Figura

2) processadas de forma semiautomática no computador, através da qual seja possível

representar a superfície terrestre e seus objetos com medidas conhecidas a partir de Modelo

Digital da Superfície (MDS) e ortofoto ortorretificada.

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Figura 2. Esquema de sobreposição de fotos obtidas na aerofotogrametria para permitir visão

estereoscópica.

Fonte: Brito; Coelho Filho (2007).

As fotografias capturadas com a câmera do RPA representam o registro da radiação

eletromagnética no intervalo do visível a partir de um sensor óptico passivo, totalmente

dependente da luz do sol para o sensoriamento remoto.

2.3.3. Aeronave Remotamente Pilotada

Os ruídos emitidos pelo equipamento lembram um zangão, ou drone no inglês, como é

mais comumente conhecido pela mídia (DECEA, 2016). Contudo, a terminologia Veículos

Aéreos Não Tripulados (VANT → UAV – Unmanned Aerial Vehicles) é mais adotada pela

comunidade geomática, apesar de se verificar a adoção de outros termos frequentemente

encontrados na UVS International (REMONDINO et al., 2011). A International Civil

Aviation Organization (ICAO) se utiliza da definição Remotely Piloted Aircraft Systems

(RPAS) para integrar todo o conjunto de novos componentes da aviação remotamente

pilotados (ICAO, 2015). Compreendendo a tecnologia como as aeronaves não tripuladas e

pilotadas a partir de uma estação de pilotagem remota com finalidade diversa da recreação, o

Brasil adota a definição Aeronave Remotamente Pilotada (RPA – Remotely-Piloted Aircraft),

enquanto oficial (ANAC, 2017), sendo esta a terminologia descrita neste trabalho.

O Brasil faz parte do grupo de países que possui regulamentação para as Aeronaves

Remotamente Pilotadas, sendo um facilitador para aquisição de dados em escalas temporais e

espaciais que ainda são inatingíveis para as plataformas tradicionais de sensoriamento remoto,

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a exemplo dos satélites artificiais, mas se faz importante atentar para as regras para pilotagem

do equipamento no intuito de garantir a segurança aérea e proteger de acidentes as pessoas,

propriedades e objetos na superfície (STÖCKER et al., 2017).

A utilização de dados suborbitais crescem a cada dia para finalidades as mais diversas,

sendo amplamente empregada em análises ambientais e valiosa fonte de dados para situações

de mapeamento e modelagem 3D, enquanto alternativa de baixo custo à fotogrametria aérea

tripulada, e ainda possui a condição de realizar voos verticais em pequenas áreas, utilizando

câmeras digitais amadoras em RGB (REMONDINO et al., 2011; CÂNDIDO et al., 2015).

A aplicação para mapeamentos 3D, mapeamentos topográficos, gestão urbana, gestão

de áreas de preservação permanente, resposta a desastres, são alguns dos exemplos do

emprego do RPA (SOUSA, 2017), requerendo o conhecimento necessário para obtenção das

aerofotos e processamento delas, através de técnicas da fotogrametria digital, passando por

etapas de alinhamento de fotos, calibração de câmera, geração de nuvem de pontos densa,

geração de modelos tridimensionais e ortofotos com a devida precisão ajustada por pontos de

controle em terra (REMONDINO et al, 2011; SOUSA, 2017). Os modelos digitais de

superfície (MDS) e ortofotografias (outros termos: ortofotos, ortofotomosaicos) são os dois

principais produtos de mapeamento com RPA e mais frequentemente empregados nos estudos

(COLOMINA; MOLINA, 2014).

Os modelos digitais de terreno gerados por fontes fotogramétricas (fotogrametria com

câmeras acopladas ao RPA ou aviões) representam bem as morfologias de terrenos para áreas

urbanas e vegetação, desde que se apresentem boas condições de luminosidade. Contudo, em

alguns casos, não é dispensável a integração de técnicas e fontes de dados na geração dos

MDT para cobrir regiões de relevo complexo e com dificuldades de acesso (SCARELLI et al.,

2017). Todavia, pode-se afirmar que a fotogrametria com RPA se apresenta como uma

geotecnologia de baixo custo com larga possibilidade para aplicação nas regiões costeiras

tropicais equatoriais com elevada insolação, em especial na análise de áreas urbanas.

Os modelos digitais de elevação (MDE) a partir da fotogrametria com RPA tem sido

avaliados quanto à sua acurácia (SILVA et al., 2016b), onde as precisões dos mapeamentos

são equiparadas aos resultados centimétricos obtidos com GNSS (UYSAL et al., 2015;

KRŠÁK et al., 2016). As análises da acurácia vertical dos modelos normalmente são

realizadas através da Root Mean Square Error (RMSE), comparando-se os valores obtidos

com GPS geodésico ou pontos de controle em terra e o valor altimétrico do MDE gerado pelo

processamento das fotografias (UYSAL et al., 2015; ARAÚJO et al., 2018). Vantagens

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adicionais quando comparadas ao GNSS está no fato da obtenção de informações em locais

que apresentem perigo na obtenção de dados diretos, geração de informações em poucas horas

e alta resolução temporal e espacial (UYSAL et al., 2015).

Neste trabalho foi utilizado um RPA de baixo custo que requer a adoção de pontos de

controle em terra a partir de levantamento com GNSS. Entretanto as melhorias técnicas

continuam e atualmente já é possível a utilização de RPA com Real-time Kinematic (RTK)

integrado para realização de mapeamentos costeiros com modelagem de alta precisão

(TURNER et al., 2016), mas que exigem custos mais elevados para aquisição do

equipamento. Ainda em relação ao custo-benefício, pode-se verificar que RPA com câmeras

RGB tradicionais chegam a apresentar informações de alta resolução acima das obtidas com

LiDAR e mantendo a acurácia vertical dos modelos gerados, servindo para investigações em

áreas estuarinas (KALACSKA et al., 2017).

2.4. Geodésia de Precisão

O conhecimento do relevo e das altitudes de uma área são necessárias para fins de

planejamento e realização de diversos estudos ambientais. O sistema de referência altimétrico

oficial no Brasil é definido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A

instituição se utiliza de uma rede de nivelamento geométrico implantada ao longo das

principais rodovias do país (materializada em marcos de alvenaria ou chapas metálicas),

atualmente combinada com técnicas espaciais utilizando Sistema de Posicionamento Global

(GPS – Global Positioning System) e obtenção de valores gravimétricos para determinação

dos modelos geoidal e geométrico (teórico), no interesse de se referenciar as altitudes das

superfícies físicas em relação ao nível médio dos mares (FREITAS; BLITZKOW, 1999;

SANTOS; AMARO, 2011), uma vez que o presente trabalho ao analisar inundação, requer

confiança em relação a superfície de escoamento das águas sob efeito da gravidade.

O uso dos Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS – Global Navigation

Satellite Systems), apesar de obterem rapidamente informações sobre o posicionamento, se

utiliza de uma referência teórico-matemática (elipsoide de referência) para determinar a

altitude com significado geométrico. Para trabalhos de mapeamento e engenharia que

envolvam precisão, existe a necessidade de se conhecer a superfície geoidal (relacionada ao

campo de gravidade terrestre com superfície do mar inalterada), para que seja definida uma

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ondulação geoidal que permita atribuir uma altitude ortométrica, dotada de significado físico

(BLITZKOW et al., 2016).

Trabalhar com inundação, ainda mais na zona de contato entre o oceano e o

continente, exige o conhecimento da altitude ortométrica, pois existe a necessidade de se

identificar cotas de inundação e se projetar as profundidades da coluna de água que

necessariamente tem o regime de água obedecendo ao campo de gravidade terrestre. Isso

requer acurácia e padronização quanto ao sistema de referência, que deve partir de um sistema

geodésico vertical materializado e com rigorosa precisão. Por este motivo é adotada a

informação altimétrica oficial do Brasil, através da Rede Altimétrica de Alta Precisão (RAAP)

como componente vertical do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) (IBGE, 2018).

Experiências regionais com levantamentos geodésicos de precisão foram realizados no

âmbito do Litoral Setentrional do Rio Grande do Norte, oferecendo uma opção para

mapeamentos tridimensionais e monitoramentos nas zonas costeiras realizados com a

utilização do GPS Geodésico e disponibilização de bases curtas (SANTOS; AMARO, 2011;

SANTOS et al., 2013).

Com o advento do RPA, é possível economizar esforços com o levantamento GNSS, e

interagir com a nova geotecnologia para obtenção de modelos digitais de elevação precisos de

extensas áreas, com maior riqueza de informações e em locais antes inacessíveis. O GNSS

continua sendo a geotecnologia mais moderna e econômica na obtenção de dados da

superfície da terra para fins de topografia, mas combinado com a fotogrametria passa a ser

instrumento complementar para unificar técnicas de sensoriamento remoto com a geodésia de

precisão por meio da utilização de RPA (MANCINI et al., 2013; CASELLA et al., 2014),

apesar de ser necessário sempre a validação de modelos criados para aferir a sua precisão em

relação aos pontos de controle obtidos com o GPS geodésico em terra.

2.5. Modelos de representação: MDE, MDT e MDS

O Modelo Digital de Elevação (MDE) é um produto computacional tridimensional e

tal terminologia é amplamente empregada quando se deseja representar o relevo ou topografia

com base na elevação ou altitudes da paisagem sobre um sistema de referência conhecido, por

exemplo, o nível médio dos mares. Ao mesmo tempo é possível encontrar na literatura técnica

e científica a adoção do termo para representar outras informações dispostas sobre a superfície

do terreno, por isto acaba sendo sinônimo para MDT e MDS.

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Modelo Digital do Terreno (MDT) pode ser definido como uma representação

numérica, ordenada por matrizes, da distribuição espacial de atributos do terreno (MOORE et

al., 1991). Geralmente é adotado na literatura como a representação da superfície topográfica

sem os objetos possivelmente existentes e dispostos na superfície. Neste trabalho, a utilização

do termo MDT deve ser compreendida como a representação da superfície do terreno ao nível

do solo, desconsiderados outros objetos.

Na representação da superfície e relevo, também é comum o emprego da terminologia

Modelo Digital da Superfície (MDS), o qual inclui além do relevo, todos os demais objetos

existentes sobre a superfície (edificações, árvores, etc.), e essa compreensão foi a adotada

neste trabalho, onde cada elemento do modelo condiz com um objeto real do espaço em sua

exata localização e altura, no mesmo sentido que foi empregado por Lafarge et al., (2010).

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3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo está localizada no litoral setentrional do estado do Rio Grande do

Norte, entre os municípios de Grossos e Areia Branca, limitada pelas coordenadas Universal

Transversa de Mercator (UTM) 698.401m E, 9.456.099m N e 714.176m E, 9.445.185m N

(Zona 24 Sul, Datum World Geodetic System WGS84), região do baixo curso da bacia

hidrográfica do rio Apodi-Mossoró (SERHID, 1998), cujo rio foi perenizado no trecho por

ocasião da barragem de Santa Cruz do Apodi, município de Apodi, só ficando seco quando

ocorrem estiagens prolongadas durante alguns anos (Figuras 3 e 4).

Figura 3. Localização da área de estudo.

O principal acesso à área a partir da capital, Natal/RN, ocorre pela BR-304 em direção

à cidade de Mossoró, permitindo a entrada à direita no entroncamento com a BR-110 a qual

dá continuidade à cidade de Areia Branca/RN totalizando um percurso de 320 km, e daí para

Grossos/RN somente realizando a travessia de balsa.

O estuário tem sua foz no Oceano Atlântico e adentra para o interior em

aproximadamente 24 km, quando as águas de influência das marés não transpõem a barragem

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na comunidade Passagem de Pedras (MEDEIROS et al., 2010; MEDEIROS, 2016;

MEDEIROS et al., 2016).

Figura 4. Área da foz estuário Apodi-Mossoró.

Fonte: Acervo pessoal, 2012.

A região climática é classificada como Tropical de Zona Equatorial no subtipo

semiárido mediano com 7 a 8 meses secos (DINIZ; PEREIRA, 2015) e sujeita ao processo de

desertificação do tipo grave (MMA, 2005). As chuvas se concentram principalmente entre os

meses de fevereiro e maio e os registros históricos entre 1963 a 2006 indicam médias anuais

de 546,5 mm em Areia Branca e 576,2 mm em Grossos (EMPARN, 2017).

A taxa de evaporação anual excede os 2000 mm, a insolação aproximada é de 2700

horas por ano, a umidade relativa média anual é de 69% e a temperatura média é de 27,3 ºC,

com máximas que ultrapassam 33 ºC (RADAMBRASIL, 1981; IDEMA, 2008). A condição

de evaporação acima da precipitação, além da reduzida contribuição fluvial que só ocorrem

durante períodos de precipitação, favorecem a condição de um estuário hipersalino

(MEDEIROS et al., 2010; COSTA et al., 2014a, 2014b; SILVA COSTA et al., 2014).

Os ventos nessa região são influenciados principalmente pela atuação da Zona de

Convergência Intertropical (ZCIT) e ventos alísios de sudeste (CARVALHO; OYAMA,

2013). Entre junho e agosto percebe-se uma maior atuação dos ventos de sudeste, e de

setembro a fevereiro os ventos predominam de nordeste. Entre março a maio ocorrem

calmarias, percebendo-se uma transição dos ventos de nordeste para sudeste. A média de

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intensidade dos ventos é inferior a 4 m/s entre março e julho, acima de 5 m/s entre setembro e

dezembro, e apresenta valores de 4,6 e 4 m/s em janeiro e fevereiro respectivamente (INMET,

2018). Essas condições favorecem a produção de sal, e do ponto de vista da dinâmica da

paisagem são observadas mudanças nos ambientes de dunas na faixa mais costeira.

No contexto geológico o estuário Apodi-Mossoró está inserido na Bacia Potiguar que

abrange uma extensa faixa do Rio Grande do Norte e Ceará, tanto na porção de terras emersas

como na plataforma continental (AMARO; ARAUJO, 2008). As unidades geológicas

identificadas na área de estudo são: Formação Jandaíra, Depósitos Aluvionares Antigos,

Depósitos Flúvio-Marinhos, Depósitos Eólicos-Litorâneos vegetados, Depósitos Eólicos-

Litorâneos não vegetados, Depósitos Litorâneos Praiais (ARAÚJO, 2003; CRUZ ROGÉRIO,

2004; BEZERRA, 2008; CPRM, 2009, 2011).

A Geomorfologia da área apresenta processos de acumulação em planícies e formas

de relevo em sua maioria plana com áreas específicas apresentando feições onduladas. O

estuário é formado por Planícies Flúvio-Marinhas, constatando-se Planícies Eólicas, Dunas e

Praias na proximidade da costa. Essas áreas mais baixas, além de serem mais recentes,

naturalmente apresentam maiores dinâmicas de transformação natural e também alteradas

pela ação humana. O estuário é contornado por relevo onde predomina processo de dissecação

homogênea e apresenta formas de topo tabular associadas aos Tabuleiros Costeiros (IBGE,

2006a, 2009).

Por meio do sensoriamento remoto percebe-se que o estuário Apodi-Mossoró

corresponde a classificação do tipo ria (SILVA et al., 2007; MAIA, 2012), formado pelo

afogamento de vales fluviais e possui geometria em funil. Além disto, a inexistência de

barreiras no seguimento distal, indica a condição do domínio de marés na área.

É uma região de costa exposta com influência de mesomaré que atinge até 3.9 metros

na maré de sizígia (DHN, 2017). A contribuição de sedimentos é proveniente das descargas

fluviais da bacia, contudo é prejudicada por barragens construídas a jusante dos rios e pela

ocupação por salinas (LIMA; VITAL, 2006). Registros regionais comprovam que o nível do

mar no Holoceno esteve 1,3 m mais elevado que o nível atual a 5900-5700 cal. AP (VITAL et

al., 2010).

A costa que antecede o estuário Apodi-Mossoró no contato com o Oceano Atlântico

apresenta características de praias intermediárias semi-abrigadas à retaguarda de recife de

arenito e praias intermediárias expostas associadas à desembocadura do rio Apodi-Mossoró.

Essas praias antecedem campos de dunas barcanas e barcanóides (VITAL et al., 2006).

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Percebe-se a orientação das dunas móveis e sedimentos costeiros, além das ondas do

oceano determinadas pela preferência dos ventos de nordeste e leste com alturas entre 30 e 50

cm (AMARO; ARAÚJO, 2008). Maré vazante e enchente dão origem à correntes de 20 cm/s

a 30 cm/s, respectivamente. Enquanto as correntes de deriva litorânea predominam para oeste

a velocidades de 10 cm/s em repouso e 40 cm/s com marés na região de alto-mar, e as

correntes nas áreas mais próximas da costa atingem 20 cm/s. Observações bem próximas da

costa, com a atuação de marés, registraram correntes com até 50 cm/s (VITAL et al., 2010).

A cobertura vegetal local é afetada diretamente pelo clima semiárido, tipos de solos e

ainda os processos costeiros. Assim, a cobertura vegetal nativa que predomina a área de

estudo é constituída por Formações Pioneiras Marinhas (restinga), Formações Pioneiras

Flúvio-Marinhas (manguezal e campos salinos) e Savana-Estépica Arborizada (caatinga)

(IBGE, 2006b 2012).

Matérias de jornal, registros em blogs e pesquisas científicas apontam que essa porção

do estuário onde estão os municípios de Grossos e Areia Branca apresentam risco por

inundação e alagamentos (Figura 5) e os processos que desencadeiam tal perigo estão

associados aos episódios de chuvas, alterações das áreas naturais de inundação da planície

flúvio-marinha, assoreamento dos canais, influência de marés altas, tempestades no mar com

geração de grandes ondas e probabilidade de elevação do nível do mar (BOORI, 2011;

MENDONÇA; MARQUES, 2011; MEDEIROS et al., 2013, 2014; G1, 2015).

Figura 5. (A) e (B): inundação por registro de maré alta em Areia Branca/RN; (C): inundação por

registro de maré alta na comunidade de Barra, Grossos/RN; (D), (E) e (F): alagamento por registro de

elevada pluviosidade em Barra, Grossos/RN.

Fonte: Mendonça; Marques (2011); G1 (2015); Pereira (2015).

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O município de Grossos possui 9.393 habitantes e Areia Branca 25.315 habitantes

segundo o último Censo do IBGE (2011). Possuem a indústria salineira como motor da

economia, mas a pesca também se destaca (Figura 6). Atividades associadas à indústria

petrolífera estão presentes apesar de um declínio da atividade onshore nos últimos anos. Por

outro lado, a atividade de parques eólicos tem se destacado, com notoriedade em Areia

Branca.

Figura 6. (A): salina mecanizada em Grossos; (B): acesso de pescadores por manguezal em direção ao

rio Apodi-Mossoró.

Durante a pesquisa também foram observados alguns impactos na região, que não

passam despercebidos (Figura 7): erosão costeira; presença de lixão em ambientes frágeis;

soterramento de ocupações e infraestrutura por areias eólicas; disposição inadequada de

resíduos sólidos e; lançamento de efluentes sanitários sem tratamento.

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Figura 7. (A): erosão costeira em Grossos; (B): lixão de Grossos no limite com salinas; (C): avanço de

areias eólicas sobre rodovia em Grossos; (D): disposição de resíduos e lançamento de esgoto em canal

de drenagem/maré.

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4. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA

Em relação a estratégia metodológica para o desenvolvimento da tese foram

concentrados esforços em três principais etapas: 1. Compilação de Dados; 2. Processamento e

Interpretação; 3. Produtos e Resultados (Figura 8).

4.1. Compilação de Dados

4.1.1. Embasamento Bibliográfico

Foram realizadas análises principalmente em artigos científicos, teses e dissertações.

Mas em decorrência do conteúdo envolvido na pesquisa, foram analisados também

documentos técnicos, manuais de orientação de órgãos oficiais e normativas sobre áreas

protegidas, em especial que tratassem das áreas de preservação permanente no Brasil. Estudos

sobre riscos ambientais, inundação costeira, desastres naturais, sensoriamento remoto e

fotogrametria digital, modelos digitais de elevação, geodésia com GNSS e tecnologia de

aeronaves remotamente pilotadas para mapeamentos foram assuntos fundamentais

pesquisados.

4.1.2. Histórico de Inundações e Marés

Neste trabalho foram buscadas informações acerca de inundações no estuário Apodi-

Mossoró/RN e no Litoral Setentrional do RN, e a pesquisa apontou a falta de sistematização

de informações e ausência de registros oficiais para inundações costeiras. Somente foram

obtidos registros baseados em noticiários locais e por meio de entrevista com residentes na

área de estudo. Além disto, durante a realização da pesquisa, foi presenciado o efeito da

inundação na cidade de Areia Branca com marcas visuais das áreas atingidas pela

profundidade no ano de 2015, quando foi possível verificar as áreas da cidade afetadas pelas

águas de maré com análise visual da profundidade, posteriormente georreferenciadas e

combinadas com o Modelo Digital da Superfície.

Foi importante a observação do fato e sua comparação com registros de precipitações

da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte no dia em que ocorreu o

fenômeno, no intuito de verificar se havia relação entre precipitação, contribuição fluvial e a

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inundação costeira, além de ter se checado o Sistema Integrado de Informações Sobre

Desastres do Ministério da Integração Nacional. O que se constatou foi um episódio de

inundação por maré elevada de sizígia, durante período de estiagem, insignificante

contribuição fluvial e em situação de emergência decretada por seca.

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Figura 8. Fluxograma de estratégia metodológica.

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A obtenção dos dados de maré ocorreu através do Centro de Hidrografia da Marinha,

que disponibilizou a série histórica de 47 anos das marés astronômicas para o Porto de Areia

Branca e vinculadas ao sistema de referência para navegação conhecido como Nível de

Redução (NR). Não existem registros que comprovem evidências de marés meteorológicas na

região, mas durante a pesquisa foi identificada referência bibliográfica (FROTA et al., 2016)

que apontou efeitos não astronômicos que ocorrem durante alguns períodos no Nordeste do

Brasil. Estatística descritiva dos dados de maré, análise do seu período de retorno e maiores

informações sobre o efeito não astronômico constam no artigo 2 apresentado no tópico 5.2.

Neste trabalho foi possível identificar na estatística descritiva, a maré de sizígia mais elevada,

que uma vez vinculada ao nível de redução foi ajustada ao Sistema Geodésico Brasileiro por

meio de referência de nível da marinha e do IBGE, disponíveis no local. Quando projetada

essa maré mais elevada sobre o Modelo Digital da Superfície obtido com o trabalho, a

profundidade e extensão a inundação coincidiu os registros empíricos obtidos anteriormente.

4.1.3. Base Cartográfica e Dados de Sensoriamento Remoto Orbital e Aéreo

A produção cartográfica para a tese foi realizada por meio dados compilados a partir

de produtos de sensores remotos orbitais disponibilizados de forma gratuita, tal como os das

plataformas Land Remote Sensing Satellite (LANDSAT), China-Brazil Earth Resources

Satellite (CBERS), Indian Remote Sensing Satellite (IRS), Shuttle Radar Topography Mission

(SRTM) e RAPIDEYE (EMBRAPA Monitoramento por Satélites:

http://www.sat.cnpm.embrapa.br), utilizando-se também de antigo acervo de aerofotos da

empresa BASE Aerofotogrametria e Projetos S/A.

Para as análises de riscos atualizadas ocorreram levantamentos com Geotecnologias de

baixo custo com GPS e ARP, até mesmo como teste metodológico inovador.

4.1.4. Levantamentos de Campo

Levantamentos ocorreram na área de estudo para analisar as características ambientais

da região e levantar evidências quanto aos processos relacionados à inundação costeira.

Também foram realizadas campanhas para coleta de informações altimétricas precisas

utilizando GPS geodésico e RPA. O primeiro foi utilizado para o rastreamento de pontos de

controle com as devidas coordenadas e altitudes, e o segundo foi utilizado para sobrevoar a

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cidade de Areia Branca como estudo de caso para aplicação da metodologia de obtenção de

Modelo Digital de Elevação por técnicas de Fotogrametria Digital.

4.2. Processamento e Interpretação

4.2.1. Aplicação de Técnicas de Geoprocessamento

Realces no contrate das aerofotos e imagens orbitais, além de composições de bandas

do visível e infravermelho nas imagens orbitais foram técnicas de Processamento Digital de

Imagens (PDI) empregadas para permitir a interpretação dos dados. Os programas utilizados

foram o ER Mapper 7.1 e o ENVI 5.3.

Para o processamento dos dados do Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS)

foi utilizado o programa Topcon Tools 8.2.3, onde foram eliminados ruídos e corrigidas as

efemérides do satélite no intuito de obter a melhor acurácia possível, além do ajustamento

com os dados da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) do Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE). Os pontos de controle obtidos com o GPS foram assim

vinculados ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB).

4.2.2. Processamento do MDS e Ortofoto

A aplicação de técnicas da fotogrametria digital para geração do Modelo Digital de

Superfície e Ortofoto ocorreu com a utilização dos programas Agisoft Photoscan 1.2.5 e

Global Mapper 18.2. No primeiro foram alinhadas as fotografias e gerada uma nuvem de

pontos densa ajustada aos pontos de controle gerados por GNSS. A nuvem de pontos foi

exportada e em seguida foram realizados ajustes e eliminação de ruídos no Global Mapper,

que permitiu também processar e gerar o MDS e a Ortofoto ortorretificada.

O MDS passou por análise em relação a sua acurácia vertical para validação do

modelo e obtenção do erro de precisão, o qual foi mais tarde incorporado como um fator de

segurança na modelagem da inundação costeira.

4.2.3. Cota de Inundação Costeira

A partir dos dados da maré astronômica, foram filtradas as marés altas e extraídas

aquelas que representaram as maiores marés de sizígias, bem como seus períodos de retorno,

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no intuído de evidenciar quais as cotas máximas que representam o risco por inundação na

região, sua probabilidades e frequência. Os dados ainda referenciados ao Nível de Redução

foram convertidos ao SGB para compatibilizar a análise com o MDS.

Obtido o valor da maior maré de sizígia indicadora do elevado risco por inundação,

que corrobora com evento histórico identificado, foi acrescentado valor de elevação de maré

acima do normal por efeitos não astronômicos e finalmente o erro vertical do MDS.

Cenários futuros de inundações costeiras foram projetados na área a partir das

referências encontradas para o ano de 2100 de elevação do nível médio do mar.

4.2.4. Mapeamento Temático

Por meio dos produtos dos sensores remotos foi realizado o mapeamento temático das

mudanças da cobertura e uso da terra, APP, zonas úmidas, áreas com perigo de inundação,

ativos em exposição, informações demográficas, áreas especiais de planejamento e áreas com

probabilidade de inundação futura. A produção do mapeamento em sistema de informação

geográfica ocorreu no programa ArcGIS 10.5.

4.2.5. Análise dos Riscos por Inundação Costeira

A análise das normativas ambientais brasileiras, em especial sobre as áreas de

preservação permanente foram essenciais para o estabelecimento das referências que se

aplicam ao ambiente estuarino da região de estudo, sendo especialmente analisado o

denominado Código Florestal quando publicada a Lei nº 4.771/1965 e sua substituição pela

Lei nº 12.651/2012, onde foram percebidas mudanças significativas em relação as referências

geográficas das áreas protegidas, ecossistemas e dimensões dos espaços de proteção.

Além disso foram interpretadas as áreas sujeitas ao processo natural de inundação

(zonas úmidas) por meio de imagens de sensores remotos aéreos (avião) e orbitais (satélite)

para proceder com as quantificações dentro do período de análise estabelecido (1965-2012), e

assim verificar as perdas dos ambientes naturais que podem ter contribuído para agravar o

cenário de risco por inundação costeira, diante das modificações da cobertura e uso da terra.

Foi realizado o mapeamento das planícies flúvio-marinhas, drenagens e lagoas, ou qualquer

outra superfície que apresentasse evidências de inundação.

Foram analisadas as referências bibliográficas mundiais e nacionais mais utilizadas

enquanto perspectivas confiáveis quanto ao quadro de elevação do nível médio do mar,

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definindo-se valores de referências previstos até o ano de 2100 para serem incorporados à

modelagem da inundação.

A cidade de Areia Branca pela sua exposição ao perigo por inundação costeira foi

definida como estudo de caso para teste metodológico com as Geotecnologias. Neste sentido

foram analisadas as características da população local (em especial o número de habitantes e

renda) de acordo com os setores censitários (menor unidade de planejamento e informações)

do último censo demográfico (2010) do IBGE e as áreas especiais de planejamento municipal

definidas pelo Plano Diretor, no intuito de considerar a diversidade de vulnerabilidades

existentes. Para este último, se identificou a existência de áreas especiais de interesse social

que se apresentam como os locais onde a população sob exposição enquadra-se no nível mais

elevado de vulnerabilidade.

Os riscos de prejuízos por inundação também foram considerados na análise,

calculando-se estimativas de acordo com a profundidade da inundação e valores de mercados

atuais dos ativos expostos ao perigo.

4.3. Resultados

Em termos de resultados, houve a identificação e quantificação das mudanças de uso

da terra e os impactos em áreas úmidas e protegidas, contribuindo para elevar o risco por

inundação costeira na área de estudo, em especial nos assentamentos humanos. Tais

inundações são validadas a partir da ocorrência de inundação que atinge as cotas mais altas de

maré de sizígia somada a outros fenômenos, podendo ser observada a inundação com o

auxílio da modelagem com o MDS e cota de inundação vinculados ao SGB. Foi possível

confirmar riscos por inundação costeira na foz do estuário Apodi-Mossoró expondo ativos à

prejuízos e causando transtornos a uma população direta e indiretamente vulnerável, com

possíveis agravamentos futuros e demandas para novos planejamentos.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir de agora serão apresentados os resultados e discussões obtidos durante a

pesquisa, os quais serão expostos no formato de artigos científicos.

5.1. Artigo 1: Meio Século de Código Florestal e Implicações nas Áreas de Preservação

Permanente de um Estuário Hipersalino no Semiárido Brasileiro

O ambiente analisado faz parte de um estuário onde a atuação da maré é nítida e

constante, e por si só seria objeto de investigação de riscos por inundação costeira diante das

discussões internacionais e nacionais acerca das mudanças climáticas e elevação do nível

médio do mar.

Mesmo assim, uma das primeiras análises necessárias a ser fazer em áreas expostas ao

risco, é verificar o histórico processo de ocupação e as principais dinâmicas do ambiente, pois

respostas podem ser obtidas de forma precisa sobre a vulnerabilidade natural do ambiente e

que tipo de processos equivocados de ocupação sem planejamento, contribuíram para elevar o

risco, ou mesmo para criar o risco, uma vez que os perigos naturais já existem. Aqui se

buscou apresentar esse quadro de transformações dos ambientes para dar lugar a ocupações e

atividades econômicas que provavelmente não ocorreriam hoje nos moldes como ocorreram

no passado, diante da compreensão atual dos riscos e da importância das áreas úmidas e

protegidas por lei.

O presente capítulo apresenta o manuscrito do artigo “Meio Século de Código

Florestal e Implicações nas Áreas de Preservação Permanente de um Estuário Hipersalino no

Semiárido Brasileiro” submetido ao “Anuário do Instituto de Geociências – UFRJ”, enviado

em 16/05/2018 e aprovado em 28/06/2018, encontrando-se aprovado para a próxima edição

da revista (2018/2).

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1 Introdução

O Estuário Apodi-Mossoró, no Litoral Setentrional do Estado do Rio Grande do Norte

(RN), Nordeste do Brasil, sofreu importantes transformações de seu espaço natural desde o

início do século XIX, quando a região passou a ser explorada ainda de forma artesanal na

produção de sal marinho. Contudo, foi no século XX que o processo de industrialização das

salinas e sua expansão em áreas de planícies hipersalinas e outros locais com relevo plano e

pouco mais elevado alcançou seu auge, recebendo incentivos do poder público, através da

Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e incrementando-se

tecnologicamente (COSTA et al., 2013).

Apesar da predominância da atividade salineira no Estuário Apodi-Mossoró,

principalmente na desembocadura do estuário, outras áreas foram ocupadas por atividades de

produção de camarão, exploração de petróleo e gás natural e cultivos agrícolas, sobretudo

fruticultura. Além disso, em outros setores ocorreu à expansão urbana das cidades de Grossos

e Areia Branca, além de pequenas comunidades no âmbito desses municípios (BOORI;

AMARO, 2010; ROCHA et al., 2011). Tais formas de uso da terra ocasionaram a

descaracterização ambiental de parte expressiva da área inundável da planície hipersalina do

estuário.

As modificações espaciais ocorreram, mesmo com uma série de restrições surgidas a

partir da publicação do Código Florestal Brasileiro, a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de

1965, conceituando pela primeira vez o termo “Área de Preservação Permanente (APP)”

(RIBEIRO, 2011). Nesse código foram impostas regras que impedem a supressão vegetal e a

descaracterização desses espaços, muitos deles considerados como áreas úmidas de risco a

inundação, como é o caso do Estuário Apodi-Mossoró. Recentemente, o Código Florestal de

1965 foi revogado e substituído pela Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, conhecida como

Lei de Proteção da Vegetação Nativa (BRASIL, 2012b). Entretanto, foram mantidas as Áreas

de Preservação Permanente (APP) com diversas restrições de uso.

Com as mudanças jurídicas, tornou-se relevante analisar as implicações de restrições

sobre os ambientes do Estuário Apodi-Mossoró, após quase 50 anos do surgimento do Código

Florestal, e como se deu a evolução do uso e cobertura da terra nesse contexto.

O objetivo deste artigo é avaliar a distribuição espacial e quantificar as APP na foz

estuarina do rio Apodi-Mossoró/RN para os anos de 1965 e 2012, de acordo com a legislação

vigente em cada período e através de produtos de sensores remotos para comparar as

mudanças de zoneamento projetadas sobre a cobertura e uso da terra e implicações para as

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áreas úmidas. O período comparativo de quase meio século se justifica por ser aquele que

corresponde ao surgimento do Código Florestal Brasileiro em 1965 e sua substituição pela Lei

de Proteção da Vegetação Nativa em 2012, onde permearam mudanças nos limites

espacialmente protegidos e sujeitos ao processo de inundação.

2 Área de Preservação Permanente como Área Protegida

Tratar das APP no contexto brasileiro, ainda mais quando analisados os ambientes

costeiros e áreas úmidas, não deve ser pensado somente à luz do Código Florestal, ou ainda

como um tema desconectado de processos e acordos mais complexos, calcados em objetivos

de tratados firmados pela comunidade internacional, em que o Brasil também subscreve.

Assim, remete-se inicialmente à Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e,

consequentemente, ao Plano Estratégico de Biodiversidade 2011-2020, onde foram

estabelecidas metas voltadas para reduzir a perda da biodiversidade no mundo, denominadas

“Metas de Aichi”. A meta de número 11 estimula a criação de áreas protegidas integradas e

outras medidas de conservação, de modo que até o ano de 2020 pelo menos 10% das zonas

costeiras e marinhas tenham garantido a conservação de importantes áreas para a

biodiversidade e serviços ecossistêmicos (TITTENSOR et al., 2014; REES et al., 2017).

Trata-se de um objetivo continuado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para a

“Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável” onde deve ser observada a legislação

aplicável, com base na melhor informação científica disponível (UN, 2015).

A preocupação em relação às áreas protegidas e as prioridades de proteção aumentam

ao serem consideradas as mudanças climáticas e seus prováveis impactos (JONES et al.,

2016), sendo relevante a análise das áreas costeiras planas e de baixas altitudes, por estarem

sujeitas ao risco de inundações, um dos desastres de maior abrangência no mundo (WWAP,

2018). De forma ampla, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) define

uma área protegida como: “(...) um espaço geográfico claramente definido, reconhecido, com

objetivo específico e manejado através de meios eficazes, sejam jurídicos ou de outra

natureza, para alcançar a conservação da natureza no longo prazo, com serviços

ecossistêmicos e valores culturais associados” (BORRINI-FEYERABEND et al., 2017).

Diante desse cenário, o Brasil como signatário da CDB, assumiu o compromisso em

garantir a conservação de áreas protegidas, além de nas últimas décadas ter criado diversas

políticas, programas e planos, a exemplo do Plano de Ação para Implementação da Política

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Nacional da Biodiversidade (PAN-Bio) e de forma mais específica, o Plano Estratégico

Nacional de Áreas Protegidas (PNAP) (MMA, 2006a, 2006b; ONUBR, 2017).

No processo de construção das áreas protegidas nacionais, através de grupos de

trabalhos específicos e fóruns de discussão sobre o tema, em 2006 ocorreu de forma

inovadora no PNAP o destaque para as áreas de preservação permanente previstas na Lei n°

4.771/1965, que instituiu o Código Florestal no Brasil (MMA, 2007). Dessa forma, APP

detêm também uma posição relevante quando o tema são as áreas protegidas.

Ao mesmo tempo, o Brasil há muito participa do tratado sobre as áreas úmidas de

importância internacional, sendo o estuário considerado uma área úmida costeira que retrata

um ambiente considerado pela Convenção de RAMSAR (JUNK et al., 2014; TURPIE et al.,

2015), mas que ainda carece de análises mais profundas, além de políticas e normas mais

direcionadas a sua proteção em particular, segundo posicionamentos contidos nos estudos

apresentados por Piedade et al. (2012).

Percebe-se que a maioria dos trabalhos voltados à área ambiental e das Geociências,

buscam a aplicabilidade da legislação que rege as áreas de preservação permanente em

espaços de interesse, sendo a sua maioria voltada para espacializar as APP em sistemas

fluviais de bacias hidrográficas, nascentes, áreas de encosta, linha de cumeada e topos de

morro, orientando-se pelas normas mais recentes disponíveis, conforme se observa em

Catelani; Batista (2007), Bezerra et al. (2008), Neves et al. (2009), Borges et al. (2011),

Araújo et al. (2012), Alves e Medeiros (2016), Campagnolo et al. (2017). Em menor

quantidade são encontrados trabalhos no intuito de delimitar as áreas de preservação

permanente nas zonas costeiras, com menor produção para os ambientes estuarinos, por mais

que existam áreas de preservação permanente associadas a cursos d’água e manguezais nas

regiões tropicais (CESTARO et al., 2012; FERREIRA et al., 2016; COSTA; REIS, 2017).

Desta forma, os ambientes estuarinos, pelas suas complexidades e por permitirem a

gestão integrada da zona costeira com a bacia hidrográfica (NICOLODI et al., 2009), ainda

carecem de mais pesquisas e mapeamento de seus espaços protegidos e áreas úmidas, para

melhor compreensão da evolução dinâmica desses espaços, sendo ambientes intensamente

explorados e modificados por atividades que geram impactos ambientais (NEWTON et al.,

2016).

Outro aspecto percebido nos trabalhos publicados foi a reduzida escala temporal, pois

a delimitação das Áreas de Preservação Permanente tem sido realizada, predominantemente,

para as normas mais recentes em vigor, ou seja, não têm levado em consideração as

transformações do espaço geográfico ocasionadas pela evolução do uso e cobertura da terra, o

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que pode apontar perdas ou ganhos de espaços protegidos e importantes ambientalmente,

quando porventura estavam em vigor regras jurídicas diferentes.

No caso especial do Estuário Apodi-Mossoró foi possível verificar se as alterações

legislativas nacionais têm permitido a inclusão das áreas úmidas, enquanto ambientes a serem

protegidos e conservados, afim de se fazer cumprir os objetivos estabelecidos nas convenções

internacionais das quais o Brasil faz parte, a exemplo da Convenção de RAMSAR para áreas

úmidas de 1971 (BRASIL, 1996), especialmente no aspecto de uma área úmida costeira.

A tarefa de mapeamento das transformações do uso e cobertura da terra é plenamente

possível atualmente, a partir do uso de imagens de Sensoriamento Remoto georreferenciadas e

integradas em Sistemas de Informações Geográficas (SIG), que permitem o resgate de dados

de acordo com a disponibilidade de fotografias aéreas, imagens de satélites, mapas temáticos,

levantamentos e bases cartográficas de datas distintas (TRAN et al., 2015; ROY et al., 2015),

permitindo ainda no mapeamento o destaque para as áreas protegidas. O Sensoriamento

Remoto tem sido amplamente empregado nas análises de conservação de áreas e

ecossistemas, permitindo estudos multidisciplinares (NAGENDRA et al., 2013; PETROU et

al., 2015; ROSE et al., 2015), inclusive para avaliar os efeitos das mudanças globais e

permitir monitoramentos ambientais (CABELLO et al., 2012; FRANCO et al., 2012;

BUSMAN et al., 2016; COSTA et al., 2017). A utilização das estratégicas baseadas em

produtos de Sensoriamento Remoto passou a ser uma referência adotada pela própria

UNESCO ao tratar questões de redução de risco de desastres, sendo um exemplo para a

previsão de inundações (UNESCO, 2014).

3 Área de Estudo

A área de estudo corresponde especificamente à foz do rio Apodi-Mossoró, situada no

Litoral Setentrional do RN, onde estão localizadas as cidades costeiras de Areia Branca e

Grossos, além de algumas comunidades, atividades da indústria salineira com suas bacias

evaporadoras e cristalizadores, áreas de cultivo, campos de dunas móveis e canais de maré

parcialmente vegetados com bosques de manguezais em ambiente estuarino (Figura 1)

(AMARO; ARAÚJO, 2008; BACCARO et al., 2009; BOORI; AMARO, 2011; SILVA,

2016). As principais drenagens associadas à foz do rio Apodi Mossoró são os canais João da

Rocha (antiga gamboa) e rio Morro Branco.

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Figura 1 Localização da área de estudo na foz do Estuário Apodi-Mossoró, no Litoral Setentrional do

Estado do Rio Grande do Norte (RN), Nordeste do Brasil. Destaque para as cidades de Grossos e

Areia Branca/RN, além das atividades da indústria salineira (bacias evaporadores e cristalizadores)

ocupando as áreas planas e de baixa altitude da planície flúvio-marinha.

A região climática é classificada como Tropical de Zona Equatorial no subtipo

semiárido mediano com 7 a 8 meses secos (ALVARES, et al., 2013; DINIZ; PEREIRA,

2015). As chuvas ocorrem geralmente entre os meses de fevereiro e maio, com média anual

de 546,5 mm, sendo uma área com elevada evapotranspiração e temperatura média de 27,3ºC

(EMPARN, 2017).

O estuário Apodi-Mossoró está inserido no contexto geológico da Bacia Potiguar, que

abrange uma extensa faixa dos estados do Rio Grande do Norte e Ceará, tanto na porção de

terras emersas como na plataforma continental (AMARO; ARAÚJO, 2008). As unidades

geomorfológicas são formadas por planícies flúvio-marinhas, planícies eólicas, campos de

dunas móveis e vegetadas, além de praias arenosas na proximidade da linha de costa. Trata-se

de áreas de baixas altitudes que apresentam importantes transformações por processos de

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intensa dinâmica natural, frequentemente potencializadas por processos antrópicos, que estão

sujeitas a diversos riscos ambientais, como a erosão e inundação costeira (BOORI et al., 2012;

MEDEIROS et al., 2012). É uma região de costa exposta aos ventos alísios, com influência de

mesomarés semidiurnas que atingem até 3,9 metros na maré de sizígia (DHN, 2017) e a

contribuição de sedimentos proveniente das descargas fluviais da bacia está prejudicada por

diversas barragens construídas a jusante dos rios e pela ocupação das planícies costeiras por

salinas (LIMA; VITAL, 2006).

A cobertura vegetal nativa predominante é constituída por formações pioneiras

marinhas (vegetação de restinga), formações pioneiras flúvio-marinhas (bosques de

manguezal e campos salinos) e savana-estépica arborizada (IBGE, 2012; 2018).

4 Materiais e Métodos

A estratégia metodológica abrangeu o emprego de imagem de satélite multiespectral e

fotografia aérea analógica digitalizada, obtidas por Sensoriamento Remoto e submetidas à

melhoria visual por técnicas de Processamento Digital de Imagem (PDI) e integradas para

análise espacial em Sistema de Informação Geográfica (SIG). As atividades envolveram o

mapeamento de áreas de preservação permanente e de zonas úmidas na foz do rio Apodi-

Mossoró, considerados à luz do arcabouço legal de cada período e projetados sobre o

mapeamento da cobertura e uso da terra dos anos de 1965 e 2012.

4.1 Delimitação de APP de acordo com o Marco legal

A identificação e delimitação das áreas de preservação permanente no estuário Apodi-

Mossoró ocorreu nos dois momentos históricos distintos, que requereram a análise das

normativas vigentes para o ano de 1965, quando foi publicado o Código Florestal, e do ano de

2012, quando a Lei de Proteção da Vegetação Nativa entrou em vigor.

a) Código Florestal de 1965

O conceito de APP surgiu com a Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, Lei esta que

se autodenomina de Novo Código Florestal. A definição de APP na época era: “área protegida

nos termos dos artigos 2º e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função

ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a

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biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populações humanas” (BRASIL, 1965; RIBEIRO, 2011).

Como o artigo 3º da Lei exigia uma declaração específica por parte do Poder Público,

e não houve tal publicação no âmbito do RN, que compreendesse a área estuarina, somente foi

observada a listagem de APP presente no artigo 2º. Neste caso, compreendendo as

características da área de estudo, verifica-se que só seriam protegidas as formas de vegetação

situadas nas margens de lagoas e nas faixas marginais ao longo de rios ou qualquer curso

d’água (o que inclui os canais de maré ou gamboas) com as seguintes larguras mínimas:

Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito

desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'água, em faixa

marginal cuja largura mínima será:

1. de 5 (cinco) metros para os rios de menos de 10 (dez) metros de

largura;

2. igual à metade da largura dos cursos que meçam de 10 (dez) a 200

(duzentos) metros de distância entre as margens;

3. de 100 (cem) metros para todos os cursos cuja largura seja superior

a 200 (duzentos) metros.

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou

artificiais; (BRASIL, 1965).

É importante atentar que não havia regulamentação no período que especificasse uma

faixa mínima ao redor de lagoas, por isto, não foi possível estabelecer um limite para as APP

nas margens de lagoas costeiras identificadas na época. Desta forma, a vegetação existente

nas faixas marginais dos cursos d’água seriam os ambientes protegidos dentro das metragens

especificadas acima, e a referência espacial adotada para o mapeamento delas, seguiu o nível

do leito regular dos cursos d’água, pois somente em 1989 é que o nível mais alto do rio

passou a ser uma referência espacial (BRASIL, 2011).

Para o mapeamento das áreas protegidas no período, não se considerou como APP o

manguezal existente além das metragens estabelecidas para as faixas marginais dos cursos

d’água, pois tal ecossistema não constava, explicitamente, como uma APP na norma da época

(NIEBUHR, 2012).

b) Proteção da Vegetação Nativa de 2012

O atual conceito de APP no Brasil advém da Lei de Proteção da Vegetação Nativa –

Lei nº 12.651 de 25 de maio de 2012 (BRANCALION et al., 2016), que a define como: “área

protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os

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recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo

gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”

(BRASIL, 2012b).

Foi mantido na legislação quase o mesmo texto da norma de 1965, excluindo apenas a

citação de artigos específicos (art. 2º e 3º, da lei antiga). Contudo, observa-se a ampliação dos

limites das áreas protegidas ao analisar o artigo 4º da Lei vigente, onde está clara a proteção

de áreas em zonas rurais e urbanas, não mais se limitando a presença de uma forma de

vegetação, ou seja, incide sobre um espaço geográfico, mesmo desprovido de vegetação.

Desta forma, diante da legislação atual, as áreas de preservação permanente

identificadas para o estuário em questão, são: 1) a margem das lagoas; 2) os manguezais em

toda a sua extensão; e, 3) as faixas marginais, desde a borda da calha do leito regular, de

qualquer curso d’água perene ou intermitente, de acordo com suas larguras. Segue previsão

legal:

Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou

urbanas, para os efeitos desta Lei:

I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e

intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular,

em largura mínima de:

a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de

largura;

b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50

(cinquenta) metros de largura;

c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a

200 (duzentos) metros de largura;

d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200

(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;

e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura

superior a 600 (seiscentos) metros.

II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura

mínima de:

[...] VII - os manguezais, em toda a sua extensão; (BRASIL, 2012b).

Verifica-se que ocorreram modificações para alguns referenciais geográficos,

necessários para a delimitação e mensuração das APP, sendo ainda percebida a incorporação

de novos ambientes a serem protegidos quando realizada a comparação com a Lei anterior,

como por exemplo, a inclusão de todo o manguezal como sendo de preservação permanente.

Dessa forma, foram estabelecidas novas medidas para as faixas marginais dos cursos

d’água a partir de diferentes subdivisões de suas larguras e ainda foram incorporadas

distâncias mais abrangentes, tomando-se como referência a borda da calha do leito regular.

Deve-se ressaltar que as lagoas passaram a ter suas faixas de APP estabelecidas de acordo

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com o tamanho do espelho d’água e sua localização. Contudo, para o caso da área de análise a

única lagoa costeira identificada a noroeste da área de estudo não teve uma faixa de proteção

mapeada, pelo fato da legislação admitir a utilização da margem de lagoas com superfícies

inferiores a 01 (um) hectare, aplicando-se ao caso. Essa lagoa costeira encontra-se isolada e

com espelho d’água reduzido por situar-se em meio a um campo de dunas móveis, que no seu

processo de migração vem ocasionando o aterramento da lagoa.

Por fim, se observou que o manguezal passou a ser definido como APP em toda a sua

extensão. Niebuhr (2012) destacou que esse ecossistema passou para a condição de protegido

apenas com a ênfase da Resolução nº 303/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) por instituição do Poder Público e somente se tornou expressamente uma APP

no ano de 2012, por meio da Lei nº 12.651, sendo então, contabilizado como ambiente

protegido no mapeamento mais recente deste trabalho.

A Figura 2 mostra, resumidamente, o marco legal das APP para os dois períodos de

análise, os anos de 1965 e 2012, no Estuário Apodi-Mossoró.

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Figura 2 Indicação dos tipos de APP aplicáveis ao no Estuário Apodi-Mossoró e devidas mensurações

de referência com base nas normas vigentes nos dois períodos de análise: A) APP em 1965; B) APP

em 2012.

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4.2 Seleção de Imagens de Sensoriamento Remoto

Na análise e interpretação da cobertura e uso da terra, incluindo a identificação das

áreas úmidas inundáveis e, posteriormente, o mapeamento das áreas de preservação

permanente, valeu-se de produtos pretéritos de Sensoriamento Remoto, realçados por técnicas

de PDI e ferramentas de SIG.

Através da BASE Aerofotogrametria e Projetos S/A foi obtida a fotografia aérea

analógica em tons de cinza (Câmera Wild RC-9), datada de 01/09/1965, originalmente no

tamanho 23 x 23 cm e digitalizada em 900 DPI para arquivo de formato digital. Cabe destacar

que o registro fotográfico ocorreu em momento anterior à criação do conceito de APP pelo

Código Florestal de 1965, pois a fotografia foi tirada quinze dias antes da publicação da lei.

Com o intuito de realizar comparações da área com informações mais recentes, foram

utilizadas 2 imagens multiespectrais do satélite RAPIDEYE do ano de 2012 (imageamentos

realizados nos dias 27/04/2012 e 16/11/2012).

As imagens dos satélites RAPIDEYE foram ortorretificadas e cedidas pelo Ministério

do Meio Ambiente online (http://geocatalogo.mma.gov.br/). Trata-se de cenas com resolução

espacial de 6,5 metros, ajustadas ao nível de 5,0 metros com a ortorretificação e com cinco

bandas espectrais entre o visível e o infravermelho próximo do espectro eletromagnético, com

resolução radiométrica de 12 bits (SCCON, 2017). A opção por imagens do ano de 2012 se

deve a publicação da Lei de Proteção da Vegetação Nativa, Lei nº 12.651, de 25 de maio de

2012, que alterou diversos parâmetros das áreas de preservação permanente.

4.3 Técnicas Aplicadas na Interpretação de Imagens

A fotografia aérea digitalizada de 1965 foi georreferenciada para permitir os

mapeamentos da cobertura e uso da terra e áreas de preservação permanente. Para isto, foram

utilizados pontos de controle obtidos em campo com Global Navigation Satellite System

(GNSS) e adotados como verdade terrestre, além de análise visual comparativa com a Carta

Topográfica da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) na escala de

1:100.000 de 1970 e disponibilizada no Geoportal do Exército Brasileiro

(http://www.geoportal.eb.mil.br).

Para garantir a precisão espacial e aumentar a confiabilidade na detecção das

alterações, foi aplicada a função polinomial de primeira ordem, obtendo-se erro quadrático

médio inferior a um pixel, estabelecendo-se o datum WGS84, coordenadas UTM e zona 24

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Sul como padrões, utilizando-se o software ArcGis 10.2 (ESRI, 2014). A fotografia aérea

georreferenciada apresentou um nível de detalhamento espacial onde foi possível interpretar

os objetos em superfície na escala aproximada de 1:11.000.

Devido à limitação das características da imagem em níveis de cinza, foram realçadas

as informações da mesma por meio da manipulação de histograma e visualização em sistema

de cores falsas (tabela de cores pseudocolor), utilizando o software ER Mapper 7.1 (EARTH

RESOURCE MAPPING, 2006), em auxílio a delimitação entre alvos, definindo zonas

homólogas, além de compará-las com algumas informações disponíveis da Carta Topográfica.

Como dados auxiliares na análise e interpretação da fotografia aérea de 1965, foram usadas

outras fotografias coloridas georreferenciadas do ano de 1979, com maior riqueza de detalhes,

para validação da cobertura e uso da terra. Apesar das mudanças ocorridas na área nos 14

anos de diferença entre as fotografias, o interesse foi apenas o de utilizar elementos de

reconhecimento e guias para os elementos ou chaves de interpretação de imagens: cor,

tonalidade, forma, tamanho, textura, sombra e associações.

No caso das imagens orbitais ortorretificadas do RAPIDEYE de 2012 foi possível a

fiel comparação com a fotografia de 1965, requerendo apenas o ajuste das escalas por causa

das diferentes resoluções das cenas. Desta forma, para garantir a confiabilidade, adotou-se a

escala final de 1:30.000 para representação das informações comparativas. Visando melhorar

a qualidade de visual das imagens RAPIDEYE foram utilizadas as bandas do visível e

infravermelho próximo no sistema de cores Red-Green-Blue (RGB), além de técnicas razão

entre bandas espectrais, sob a forma de índices, tais como o Normalized Difference Vegetation

Index (NDVI) e o Normalized Difference Water Index (NDWI), e o realce por ampliação não

linear de contrastes dos histogramas, como sugerido por RIOS et al. (2016) para diferenciação

entre unidades geoambientais na zona costeira.

4.4 Procedimentos para os mapeamentos temáticos

Os mapas de cobertura e uso da terra foram vetorizados com base na análise e

interpretação visual das imagens digitais tratadas, além da experiência do intérprete e da

confirmação por reconhecimento de classes e feições em campo, que permite a redução de

possíveis erros. Tal afirmação se baseia nos experimentos realizados por MACHALA et al.

(2015) onde se obteve 93% de acurácia com a vetorização contra 84% por processos

semiautomáticos. A escolha das classes de mapeamento adotadas partiu de trabalhos prévios

para a área de estudo (BOORI; AMARO, 2010; ROCHA et al., 2011; BOORI et al., 2012).

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Entretanto alguns termos foram adaptados a partir do conhecimento dos autores, quando

necessária à compatibilização da nomenclatura com a aplicação das normativas legais, pois

somente assim foi possível a interpretação sobre a base da cobertura e uso da terra, quais

seriam as áreas de preservação permanente e quais as principais mudanças ocorridas no

período de análise.

A identificação das zonas ou áreas úmidas, igualmente, ocorreu sobre a base da

cobertura e uso da terra, uma vez que foi possível mapear a área inundável não modificada

nesse setor estuarino, além dos canais de maré e bosques de manguezais, ambientes que se

enquadram na definição das áreas úmidas disposta na Resolução n° 07, de 11 de junho de

2015 do Comitê Nacional das Zonas Úmidas (CNZU).

O mapeamento das APP de 1965 e 2012 sobre cada base cartográfica requereu alguns

cuidados para delimitar fielmente esses espaços a partir de referências geográficas passíveis

de identificação nas fotografias e imagens orbitais. Para o período de análise, como referência

espacial para estabelecer a APP de curso d’água foi adotado o nível do leito regular dos

cursos d’água. Nas imagens de 2012, a identificação foi facilitada pelo uso das diferentes

bandas espectrais submetidas aos algoritmos de PDI, enquanto especificamente para

fotografia de 1965, também foram realizadas comparações com outras fotografias. É

importante enfatizar que no mapeamento das APP do ano de 1965 foram projetados todos os

limites estabelecidos para as faixas marginais dos cursos d’água, mas somente se considerou

como APP aqueles espaços providos de cobertura vegetal, tal como indicado na Figura 2a.

No mapeamento das áreas de preservação ocorreram sobreposições de áreas da faixa

marginal dos cursos d’água com outras faixas de larguras diferentes, e ainda com as áreas de

manguezal. Desse modo, para evitar a contabilização duplicada de uma mesma área, o critério

foi identificar primeiro as sobreposições entre APP e os cursos d’água, eliminando tais

recobrimentos por exclusão das intersecções em SIG. Portanto, não foram computadas as

sobreposições e, especificamente para o ano de 2012, os manguezais quantificados foram

àqueles situados nas áreas contínuas as faixas marginais dos cursos d’água. Isto, porque, os

manguezais ou qualquer outra vegetação que ocorresse dentro das faixas marginais, já eram

quantificados enquanto vegetação na APP de cursos d’água, tal como se ilustra na Figura 2b.

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5 Resultados e Discussões

A área de mapeamento e comparação da cobertura e uso da terra para os anos de 1965

e 2012 compreendeu 172,34 km² na foz do rio Apodi-Mossoró e ambientes próximos ao

estuário. Desta forma, alguns quantitativos e informações sobre as principais mudanças são

apresentadas a seguir.

5.1 Cobertura e uso da terra do estuário em 1965 e 2012

Para o mapeamento da cobertura e uso da terra no ano de 1965 (Figura 3a, c) foram

constatadas as seguintes classes e seus quantitativos em hectares: açude (29,86 ha); área

agrícola (304,34 ha); área descoberta (1.607,08 ha); área inundável (2.370,06 ha); área

urbanizada (115,52 ha); banco de areia (26,96 ha); curso d’água (705,67 ha); duna móvel

(889,33 ha); lagoa costeira (17,72 ha); mangue (195,91 ha); oceano (1.754,21 ha); planície

eólica (1.132,37 ha); praia (41,09 ha); salina (3.363,68 ha); salina em expansão (1.711,92 ha);

savana-estépica arborizada (2.968,71 ha).

Em relação ao ano de 2012 (Figura 3b, d) foram constatadas as seguintes classes com

seus quantitativos: área agrícola (991,98 ha); área descoberta (1.085,37 ha); área inundável

(462,97 ha); área urbanizada (862,63 ha); banco de areia (278,84 ha); curso d’água (515,07

ha); duna móvel (412,25 ha); lagoa costeira (0,71 ha); mangue (331,45 ha); oceano (1.512,42

ha); planície eólica (1.044,40 ha); praia (141,67 ha); salina (7.439,22 ha); savana-estépica

arborizada (2.155,48 ha). Ver síntese na Tabela 1.

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Tabela 1 Síntese das mudanças da cobertura e uso da terra entre 1965 e 2012.

COBERTURA E USO DA TERRA

Classe 1965 2012 Diferença (ha)

Área (ha) Área (ha) Ganho Perda

Açude 29,86 - 29,86

Área agrícola 304,34 991,98 687,64

Área descoberta 1.607,08 1.085,37 521,71

Área inundável 2.370,06 462,97 1.907,09

Área urbanizada 115,52 862,63 747,11

Banco de areia 26,96 278,84 251,88

Curso d’água 705,67 515,07 190,60

Duna móvel 889,33 412,25 477,08

Lagoa costeira 17,72 0,71 17,01

Mangue 195,91 331,42 135,51

Oceano 1.754,21 1.512,42 241,79

Planície eólica 1.132,37 1.044,40 87,97

Praia 41,09 141,67 100,58

Salina 3.363,68 7.439,22 4.075,54

Salina em expansão 1.711,92 - 1.711,92

Savana-Estépica arborizada 2.968,71 2.155,48 813,23

Dentre as modificações ocorridas entre os dois períodos de análise, notou-se que a

maior redução de área ocorreu para as áreas inundáveis do estuário, com perda de 1.907,09

ha. Tal redução foi decorrente da expansão das salinas na década de 1960, ampliando-se e

criando-se novas salinas, corroborando com as observações de Costa et al., (2013), ocupando

antigas áreas inundáveis da planície flúvio-marinha. As salinas que em 1965 apareciam com

total de 1.711,92 ha foram incorporadas às áreas de salinas em 2012, juntamente com outras

áreas, tais como áreas descobertas, dunas móveis, planícies eólicas e mangues. No processo

de expansão das salinas também ocorreu a utilização de alguns cursos d’água menores, mas

foi possível observar ainda o processo de assoreamento ao longo do curso do rio Apodi-

Mossoró, constatando-se a redução de 190,60 ha dessas áreas, com deposição de sedimentos

na desembocadura.

Cabe destacar que até 1975 a perda de áreas ou zonas úmidas não geravam grandes

repercussões internacionais, pois careciam de maior interesse e estratégias de proteção, até

que a Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, mais conhecida como

Convenção de RAMSAR, estabelecida em 1971, entrasse em vigor em 21 de dezembro de

1975. Entretanto, somente foi incorporada plenamente ao arcabouço legal do Brasil em 1996,

pela promulgação do Decreto nº 1.905 de 1996 (JUNK et al., 2014).

Na análise em relação aos manguezais mostrou expansão de 135,54 ha entre 1965 e

2012, apesar de várias áreas com essa vegetação terem sido suprimidas nas décadas seguintes

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no contexto da região (mais precisamente 120,36 ha). Entretanto, ocorreu a ampliação,

principalmente, nas margens dos cursos d’água do rio Apodi-Mossoró, canal João da Rocha e

rio Morro Branco.

Nas imediações do estuário ocorreu significativa supressão das áreas com savana-

estépica arborizada (813,24 ha), onde o aproveitamento das áreas se deu para a expansão

agrícola (687,64 ha).

Outros acréscimos em menor quantidade ocorreram para as praias e bancos de areia no

litoral, com processos de progradação quando comparados os dois extremos temporais de

análise. Tal deposição de sedimentos foi localizada no setor de análise e modificou as

morfologias costeiras, percebendo-se ainda alterações intensas em alguns trechos por ações

erosivas e em outros por deposição. Entretanto, a avaliação do balanço sedimentar em trechos

de praias arenosas deve considerar monitoramento em intervalos de médio e longo prazo,

interpondo-se anos e décadas. No contexto geral da região tem predominado a erosão costeira,

corroborando com as análises de Amaro e Araújo (2008) e Boori et al. (2012). Somente nas

análises mais recentes é que se têm registrado fases de deposição de sedimentos, ou ao menos

um estado de equilíbrio, segundo Silva et al. (2015).

No recorte espacial estudado, percebeu-se que as maiores expansões da cobertura e

uso da terra ocorreram para as áreas urbanizadas (747,11 ha) e as salinas (4.075,54 ha). Esta

última demonstra o potencial salineiro nessa região estuarina, apesar de ter contribuído para

ocupação de áreas úmidas, promovendo ocorrências de inundações na área urbana,

especialmente na cidade de Areia Branca (MEDEIROS et al., 2012).

Considerando as áreas de manguezais, os cursos d’água, as áreas inundáveis da

planície flúvio-marinha e as lagoas costeiras como áreas de interesse pela Convenção de

RAMSAR, verificou-se que no geral ocorreu perda das áreas úmidas entre 1965 e 2012,

principalmente pela influência da atividade salineira, estimando-se a redução em 3.691,11 ha,

mesmo incorporando a expansão do manguezal e sem considerar as salinas já existentes antes

dos tratados internacionais.

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Figura 3 Mapeamento e quantitativos da cobertura e uso da terra: A) Cobertura e uso da terra em 1965;

B) Cobertura e uso da terra em 2012; C) Quantitativos em hectares da cobertura da terra em 1965; D)

Quantitativos em hectares da cobertura da terra em 2012.

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5.2 Delimitação das Áreas de Preservação Permanente

Com a aplicação do Código Florestal de 1965 na área de estudo, incidia a restrição das

APP sobre as faixas marginais dos cursos d’água, cabendo ressaltar que os espaços protegidos

seriam aqueles que apresentassem vegetação natural, não considerando a proteção, portanto,

para toda a faixa marginal desses ambientes, já alterados e, por vezes, desprovidos

naturalmente de vegetação pela sua condição hipersalina.

O mapeamento apresentado neste item projeta as APP, conforme referências

geográficas estabelecidas nas normas, em toda a área da faixa marginal para os dois períodos

(1965 e 2012), sendo ainda realizada a abrangência das áreas protegidas de acordo com a

mudança da legislação e se isto foi suficiente para a proteção de áreas úmidas.

No período de análise houve um ganho de áreas de preservação relativo às faixas

marginais de cursos d’água como resultado da subdivisão de larguras e ampliação das

metragens determinadas pela Lei de Proteção da Vegetação Nativa (Figura 4a, b). Além disto,

o manguezal em toda a sua extensão passou a ser expressamente definido como uma APP

(BRASIL, 2012b; NIEBUHR, 2012).

Apesar de ter identificado como APP somente as faixas marginais dos cursos d’água,

o Código Florestal de 1965 considerava a diferenciação de largura a ser protegida, de acordo

com a espessura dos canais. Neste sentido foram observadas três categorias do que se

denominou como APP de curso d’água: cinco metros de faixa marginal protegida (5 m), com

35,72 ha; metade da largura do curso d’água (1/2 m) com 221,47 ha; e, cem metros de

proteção da faixa marginal (100 m) com 197,98 ha; totalizando-se 455,17 ha de áreas de

preservação permanente no recorte da área de estudo (Figura 4a e 5a).

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Figura 4 Identificação dos tipos de APP no Estuário Apodi-Mossoró e devidas mensurações

projetadas. A) Delimitação de acordo com Lei de 1965, sendo 03 tipos de APP; B) Delimitação de

acordo com Lei de 2012, sendo 06 tipos de APP.

Com as alterações legais de 2012, as faixas marginais para APP de cursos d’água

foram ampliadas e criadas novas subdivisões, devendo-se somar ainda as áreas com

manguezal. Assim, foram identificados os seguintes valores, de acordo com o tipo de APP:

trinta metros de faixa marginal (30 m) com 134,19 ha; cinquenta metros (50 m) com 86,07 ha;

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cem metros (100 m) com 235,51 ha; duzentos metros (200 m) com 262,71 ha; quinhentos

metros (500 m) com 219,09 ha; e, manguezal em toda a sua extensão (100%) com 114,39 ha

(total fora das faixas dos cursos d’água). O resultado total foi de 1.051,96 ha de APP (Figura

4b e 5b).

Figura 5 Quantitativo em hectares e percentual por tipo de APP de acordo com o arcabouço legal de

cada período: a) Proporção por tipo de APP em 1965; b) Proporção por tipo de APP em 2012.

Apesar da expansão das APP, quando projetada a atual referência normativa, é

importante observar que essa ampliação deve considerar a cobertura e uso da terra

historicamente consolidados, uma vez que diversos usos ocorriam em vários trechos das áreas

protegidas antes das restrições impostas pela legislação.

5.3 Cobertura e uso da terra em APP

Em 1965, as áreas de preservação permanente eram mais reduzidas em tipo e em área

tratando-se do estuário, pois a proteção encontrava apelo para impedir a supressão de diversas

coberturas vegetais, mas não previa a proteção de áreas geográficas também importantes

quanto ao aspecto ecossistêmico, por estarem ausentes de vegetação, mas que contribuíam

direta ou indiretamente para a manutenção do ambiente. Os referenciais geográficos

frequentemente não eram claros no Código Florestal, sendo ausentes alguns parâmetros

mínimos para a devida demarcação de algumas APP.

Para o ano de 1965, a área de estudo apresentava as seguintes coberturas e usos da

terra dentro da projeção das APP mapeadas, com os devidos quantitativos em hectares: praia

(2,19 ha); área descoberta (4,67 ha); planície eólica (5,71 ha); savana-estépica arborizada

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(7,90 ha); área urbanizada (11,20 ha); duna móvel (28,90 ha); salina em expansão (34,64 ha);

mangue (75,55 ha); salina (107,72 ha); área inundável (176,69 ha); totalizando 455,17 ha dos

tipos de ocupação nas APP criadas em 1965 (Figura 6a, c). Entretanto, o que poderia ser

considerado efetivamente como APP em 1965 seriam as áreas ocupadas pela vegetação

natural situada nas faixas marginais dos cursos d’água no estuário Apodi-Mossoró. Dessa

maneira, as savanas-estépicas arborizadas e os mangues seriam efetivamente a APP do

período, somando-se uma área de 83,45 ha de ambientes protegidos.

Dos 371,72 ha restantes, áreas como a planície eólica, as dunas móveis e as áreas

inundáveis poderiam ter sido decretadas pelo poder público como áreas de preservação, mas

não se verifica essa normativa ainda na década de 60. O que ocorreu na época foi o rápido

processo de instalação da indústria salineira no RN, em particular no Estuário Apodi-

Mossoró. No período, as demais classes com espaços utilizados pelo homem poderiam ter

sido consideradas como áreas com uso consolidado, afastando a classificação de APP, a

exemplo das áreas descobertas (modificadas ou terraplenadas), áreas urbanizadas, salinas em

expansão e salinas. Isto explicaria a atual existência de um conjunto de usos dentro dos

limites das áreas protegidas.

Em relação ao ano de 2012, os quantitativos em hectares para cada tipo de cobertura e

uso da terra, de acordo com a projeção da nova delimitação das APP, foram: área descoberta

(0,43 ha); duna móvel (1,34 ha); área agrícola (6,16); praia (34,98 ha); área urbanizada (37,06

ha); banco de areia (41,30 ha); savana-estépica arborizada (46,68 ha); planície eólica (78,80

ha); salina (220,77 ha); área inundável (252,99 ha); mangue (331,45 ha – inclui o mangue

dentro e fora das faixas de APP de curso d’água); totalizando 1.051,96 ha (Figura 6b, d).

Desse total, desconsiderando as áreas anteriormente consolidadas com algum tipo de uso, tais

como área descoberta, área agrícola, área urbanizada e salina; restam como APP as áreas

ainda não descaracterizadas, que somam 787,57 ha. Ver síntese na Tabela 2.

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Tabela 2 Síntese dos tipos de cobertura e uso da terra demarcados em APP. COBERTURA E USO DA TERRA EM APP

Tipo 1965 2012 Diferença (ha)

Área (ha) Área (ha) Ganho Perda

Praia 2,19 - 2,19

Área descoberta 4,67 0,43 4,24

Planície eólica 5,71 78,80 73,09

Savana-estépica arborizada 7,90 46,68 38,78

Área urbanizada 11,20 37,06 25,86

Duna móvel 28,90 1,34 27,56

Salina em expansão 34,64 - 34,64

Mangue 75,55 331,45 255,90

Salina 107,22 220,77 113,55

Área inundável 176,69 252,99 76,30

Efetivamente APP 83,45 787,57 704,12

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Figura 6 Mapeamento e quantitativos da cobertura e uso da terra projetados nas APP de acordo com

arcabouço legal de cada período: a) Mapeamento da cobertura e uso da terra em APP no ano de 1965;

b) Mapeamento da cobertura e uso da terra em APP no ano de 2012; c) Quantitativos em hectares da

cobertura e uso da terra em APP no ano de 1965; d) Quantitativos em hectares da cobertura e uso da

terra em APP no ano de 2012.

Na análise das Figuras 4 e 6 destacou-se que, mesmo com a evolução das normas que

tratam sobre as áreas de preservação permanente, ainda carecem de especificidades voltadas

aos ambientes estuarinos, em especial para as áreas úmidas inundáveis, não sendo tal

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legislação suficiente para garantir a proteção da maioria das zonas úmidas, que outrora eram

amplas na área de estudo, quando ressaltada a Figura 3.

Roriz e Fearnside (2015) destacaram que com a modificação do Código Florestal

houve redução na medida das áreas de preservação permanente nos cursos d’água, devido à

mudança da referência para o nível do leito regular (desde 1989 a referência era o leito maior

do curso d’água). Igualmente, a alteração de regras acerca de áreas úmidas e várzeas de rios,

que foram termos incluídos de forma excludente na legislação, pois a eficácia de proteção

sobre essas áreas somente ocorrerão se houver interesse do poder público, deixando de ser

regra para ser tratada como uma exceção.

Em relação ao manguezal no ano de 2012 houve uma melhora em relação à proteção,

pois a inserção de todo o manguezal como ambiente protegido considerou esse ecossistema,

mesmo quando geograficamente afastado dos cursos d’água. Ainda que restasse a proteção

somente para as faixas marginais dos canais de maré, com as novas larguras das APP haveria

garantia de proteção para 217,06 ha de manguezais, se comparado aos 75,55 ha em 1965. No

entanto, importante salientar que para o período analisado ocorreu expansão das áreas de

manguezal sobre áreas disponíveis nas planícies flúvio-marinhas mais próximas aos rios

Apodi-Mossoró, Morro Branco e canal João da Rocha. Os mangues mais afastados dos canais

somaram 114,39 ha em 2012. Contudo, atualmente são quase inexistentes as áreas inundáveis

que possibilitem a evolução desse manguezal, ainda mais diante do quadro de mudanças

climáticas com avanço do nível do mar (ICMBio, 2018).

Outra consequência da elevação do nível do mar (IPCC, 2014a, 2014b; BUSMAN et

al., 2016; PATERSON et al., 2017) na área de estudo, pode auxiliar na explicação já

apresentada por Medeiros et al. (2012), que justifica a ocorrência de inundações na área

urbana da cidade de Areia Branca. Tal fenômeno pode agravar também outras infraestruturas

instaladas nas planícies estuarinas, a exemplo das salinas que estão situadas quase ao nível do

mar atual e, portanto, naturalmente sujeitas às inundações.

Realizando uma estimativa de acordo com o Código Florestal de 1965 e considerando

somente as áreas inundáveis da época, a legislação permitiria a proteção de 7,46% desse

ambiente. Mas se fossem consideradas também as áreas inundáveis e de mangue (zonas

úmidas) esse percentual seria de 9,83%. Outro cenário seria a exclusão do ecossistema

mangue da contabilização, pois ao levar em conta somente as áreas inundáveis e salinas em

expansão sobre planícies flúvio-marinhas naquele período, o percentual cairia para 5,18%.

Como as salinas em expansão ainda não estavam efetivamente implantadas, aqui foi

considerada no cálculo das áreas úmidas, para fins de estimativa da ocupação da planície

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flúvio-marinha, zona úmida do estuário. Caso só elas fossem as zonas úmidas do período, isto

representaria uma proteção de 2,02% com a demarcação das APP.

Por outro lado, o cenário atual para o Apodi-Mossoró, considerando o ano de 2012 e

proporcionalmente todas as perdas anteriores relativas às áreas úmidas, tem-se os seguintes

percentuais: se contabilizado somente as áreas inundáveis, a proteção alcançaria 54,65%; mas

considerando as áreas inundáveis e o mangue, esse percentual de proteção atinge 73,57%, não

havendo mais a classe de salinas em expansão para tratá-la no cenário das áreas úmidas.

Nessas condições, a atual realidade do estuário seria interpretada como uma área com

representativa proteção em mais da metade como sendo áreas de preservação permanente.

Contudo, essa análise não seria coerente com o tamanho das áreas naturais que foram

modificadas e que seriam consideradas zonas úmidas se realizada comparação com o ano de

1965.

Somente para fins de exercício, se realizado um ensaio projetando-se as APP de

acordo com a Lei 12.651/12 sobre a cobertura e uso da terra do ano de 1965, a realidade seria

a seguinte: Cenário considerando todas as áreas inundáveis e mangues, a proporção de APP

seria de 22,78%; Cenário das áreas inundáveis, mangues e salinas em expansão, o percentual

seria de 13,66%; Cenário somente das áreas inundáveis, teríamos 10,67% de áreas protegidas;

e finalmente considerando as áreas inundáveis e salinas em expansão como zonas úmidas, a

proteção reduziria para 6,20%. Se somente as salinas em expansão fossem zonas úmidas, isto

representaria somente 2,65% de proteção das APP nesses locais. Ver síntese na Tabela 3.

Tabela 3 Possibilidades de cenários com diferentes níveis de proteção garantidos pelas APP sobre as

Zonas Úmidas em 1965 e 2012, considerando diferentes classes como áreas úmidas. Na última coluna

o cenário da aplicação do “Código Florestal” de 2012 projetado na cobertura e uso da terra do ano de

1965.

CENÁRIOS DA PROTEÇÃO DAS APP PARA AS ZONAS ÚMIDAS

Tipo Nível de Proteção em Percentural

1965 2012 Norma de 2012 projetada em 1965

SE 2,02% - 2,65%

AI 7,46% 54,65% 10,67%

AI+Ma 9,83% 73,57% 22,78%

AI+SE 5,18% - 6,20%

AI+Ma+SE 6,71% - 13,66%

*AI-Áreas Inundáveis; Ma-Mangue; SE-Salinas em Expansão.

É importante observar que a realização de análises tal como as realizadas neste

trabalho, onde se busca projetar informações pretéritas com base em dados superiores à 40

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anos, apresenta limitação cartográfica, pois em 1965 ainda não havia o monitoramento da

superfície terrestre a partir de satélites, limitando a fonte de dados. Apesar disto, as fotografias

aéreas disponíveis com o crescimento da aerofotogrametria geraram acervos importantes com

ampla possiblidade de mapeamento em diversas escalas, temporal e espacial, sendo necessária

a conciliação de datas próximas à publicação das normativas.

6 Conclusões

Com os produtos de sensoriamento remoto utilizados neste trabalho, foi possível

interpretar as informações sobre a cobertura e uso da terra para os anos de 1965 e 2012 com

confiança para a escala 1:30.000. Permitindo também realizar comparações acerca das

principais transformações espaciais na superfície de forma quantificada.

Para a área de estudo as principais mudanças ocorreram para as antigas áreas

inundáveis, salinas em expansão, vegetação de savana-estépica arborizada, áreas descobertas

e dunas móveis que tiveram suas áreas reduzidas. Por outro lado, os acréscimos principais que

transformaram a cobertura e uso da terra naquele espaço, se deram por causa das salinas, áreas

urbanizadas, áreas agrícolas, e processos de deposição em praias com formação de bancos de

areia. Nessas mudanças a área mais afetada do estuário foram as planícies flúvio-marinhas

sujeitas ao processo natural de inundação.

O manguezal apresentou uma sensível melhoria ao considerar a sua expansão em

termos de área, apesar das pretéritas supressões na região, pois se verifica que ao longo das

margens dos principais canais flúvio-marinhos, o mangue tem resistido e evoluído sobre

alguns trechos das áreas úmidas que restam naquele estuário, e sua proteção foi incluída de

forma explícita na legislação ambiental.

Através dos procedimentos adotados e com base nas especificações e referenciais

constantes no Código Florestal e na Lei de Proteção da Vegetação Nativa, ocorreram às

delimitações das Áreas de Preservação Permanente sobre a cobertura e uso da terra dos anos

de 1965 (443,39 ha) e 2012 (1.051,96 ha), mas descontadas as áreas anteriormente utilizadas

pelas atividades humanas e que não constituíam APP, restaram, respectivamente, 83,45 ha e

787,57 ha.

Foi possível verificar que o rigor da legislação ambiental está maior e mais claro,

inclusive em relação aos referenciais geográficos que necessitam serem observados na

demarcação da APP. Isto pode ser afirmado ao ser verificado um aumento de 704,12 ha de

áreas protegidas entre 1965 e 2012. Mesmo assim, concorda-se com Roriz e Fearnside (2015),

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em relação às mudanças de referenciais quanto ao nível para o leito regular, quando deveria

ser o nível mais alto da inundação, e a necessária adoção de medidas para proteção específica

das áreas úmidas e várzeas para atender a convenção de RAMSAR e Biodiversidade.

Pode-se concluir que mesmo com o aumento das metragens para as áreas de

preservação permanente ao se comparar os anos de 1965 e 2012, a proporção de espaços

protegidos foi baixa ao ser analisada a evolução da cobertura e uso da terra e os quantitativos

de áreas naturais que foram descaracterizadas, com ênfase nas áreas úmidas de importância

internacional, ainda mais ao considerar a ocorrência de cenários atuais de inundação diante

das mudanças climáticas.

É importante enfatizar que as metas estabelecidas nas convenções das quais o Brasil

faz parte, requerem análises de acordo com a particularidade do espaço intencionado para a

proteção, principalmente em se tratando de locais onde ocorreram intensas modificações na

cobertura e uso da terra, como por exemplo, a área estudada.

7 Agradecimentos

Os autores agradecem a CAPES pela bolsa de doutorado de L. S. Aguiar, ao

Laboratório de Geoprocessamento (GEOPRO/UFRN), ao projeto CRONALOG da Rede

Cooperativa Norte-Nordeste de Monitoramento Ambiental de Áreas Sob Influência da

Indústria Petrolífera (Rede 05 PETROMAR).

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5.2. Artigo 2: Geotecnologias de Baixo Custo Aplicadas à Avaliação de Risco por

Inundação em Áreas Urbanas Costeiras em Cenários de Mudanças Climáticas

A partir das discussões das áreas úmidas e protegidas, é possível estabelecer uma

relação entre mudanças na cobertura e uso da terra em um período de quase 50 anos e a perda

de extensas áreas úmidas e outras protegidas pela legislação até então vigente no período. A

forma como ocorreram as transformações dos espaços naturais e a ocupação de áreas baixas e

planas, sujeitas naturalmente ao processo de inundação, contribuiu diretamente para elevar os

riscos da inundação costeira, em especial na porção mais baixa do relevo onde está situada a

cidade de Areia Branca.

Essa cidade, por sua vez, surgiu na margem do rio, e a urbanização atingiu o limite das

planícies flúvio-marinhas inundáveis, desprovidas de proteção de vegetação nativa, com

presença de canais, impermeabilização dos solos e movimentação de terra em espaços quase

ao nível do mar, e no contexto de uma região que teve redução drástica de áreas que antes

serviam para o espraiamento das águas marítimas.

Mesmo com o processo de ocupação consolidado há várias décadas, e verifica-se que

sem contrariar a legislação até então vigente e com limitada proteção, não significa ignorar

que foram ocupadas áreas onde o perigo era existente, e várias áreas edificadas surgiram de

forma exposta em ambientes originalmente vulneráveis.

Sendo a área da cidade um dos locais mais vulnerável ao risco por inundação, se fez

necessário verificar como está estabelecido o risco atual, a partir de informações mais

detalhadas, com nível de confiança em relação a precisões centimétricas, uma vez que para

realizar as projeções futuras de elevação do nível médio do mar, é fundamental um modelo de

representação continental com baixo erro e ajustado ao mesmo sistema de referência marinho,

para compreender o comportamento das marés (do mar) nesse ambiente de transição. Para

isto, foi testada uma nova metodologia de mapeamento tridimensional de alta resolução e seu

potencial de detalhamento para compreensão das áreas sob exposição ao risco.

O presente capítulo contém o manuscrito do artigo “Geotecnologias de Baixo Custo

Aplicadas à Avaliação de Risco por Inundação em Áreas Urbanas Costeiras em Cenários de

Mudanças Climáticas” submetido ao “Anuário do Instituto de Geociências – UFRJ”, enviado

em 10/08/2018, encontrando-se em fase de revisão.

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Geotecnologias de Baixo Custo Aplicadas à Avaliação de Risco por Inundação em Áreas

Urbanas Costeiras em Cenários de Mudanças Climáticas

Low Cost Geotechnology Applied to Flood Risk Assessment in Coastal Urban Areas in

Climate Change Scenarios

Leonlene de Sousa Aguiar1; Venerando Eustáquio Amaro1; Paulo Victor do Nascimento

Araújo1,2; André Luis Silva dos Santos3

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em

Geodinâmica e Geofísica, Departamento de Geologia, Centro de Ciências Exatas e da Terra,

Lagoa Nova, 59078-970, Caixa Postal 1524, Natal/RN, Brasil 2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus

Macau. R. das Margaridas, 300, Conjunto COHAB, 59500-000, Macau-RN, Brasil 3Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, Campus São Luis Monte

Castelo. Av. Getúlio Vargas, 04, Monte Castelo, CEP 65030-005, São Luís-MA, Brasil

E-mails: [email protected]; [email protected]; [email protected];

[email protected]

Resumo

A elevação do nível médio do mar e a tendência de mais ocorrências de inundações

costeiras no mundo são preocupações da comunidade internacional. A compreensão dos

perigos, exposição e riscos nas cidades costeiras são importantes para planejar e traçar

políticas de adaptação. O objetivo deste artigo foi o de modelar a inundação costeira com

tendências à elevação do nível do mar em áreas baixas e planas sob influência de marés que

oferecem riscos ao ambiente urbano, por meio de Remotely Piloted Aircraft (RPA) e Geodésia

de precisão de baixo custo, adotando como estudo de caso a cidade de Areia Branca no estado

do Rio Grande do Norte (Nordeste do Brasil). A modelagem da inundação foi realizada em

Modelo Digital de Superfície com precisão vertical de 5,2 cm gerado a partir de técnicas de

fotogrametria digital, e vinculado ao Sistema Geodésico Brasileiro a partir de dados de Global

Navigation Satellite System (GNSS). A cota de inundação foi convertida com base no Nível

de Redução da Marinha e ajustada a uma Referência de Nível do IBGE. A análise dos riscos

da inundação costeira na cidade de Areia Branca/RN revelou uma profundidade de lâmina

d’água de 50 cm que atingem áreas públicas e privadas, sendo agravada pela própria condição

de vulnerabilidade da maior parte da população e ocupação de espaços afetados pelas mais

elevadas marés de sizígia. Eventos de inundação podem resultar em danos da ordem de R$

597.438,68 ou $ 147.152,37 dólares ($ 1 = R$ 4,06 em 01/09/2018), e os cenários de

mudanças climáticas demonstram tendências de inundação que podem afetar

aproximadamente 40% da cidade.

Palavras-chave: Veículo Aéreo Não Tripulado - VANT; Sistema Global de Navegação por

Satélite - GNSS; Risco; Fotogrametria Digital; Inundações Costeiras

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Abstract

The rise in average sea level and the trend of more occurrences of coastal flooding in

the world are concerns of the international community. Understanding hazards, exposure and

risks in coastal cities are important in planning and designing adaptation policies. The goal of

this article was to model coastal flooding due to sea level rise in low and flat areas under the

influence of tides that pose risks to the urban environment through Remotely Piloted Aircraft

(RPA) and low-cost accuracy geodesy taking, as a case study, the city of Areia Branca in the

state of Rio Grande do Norte (Northeastern Brazil). The flood modelling was carried out on a

Digital Surface Model with vertical precision of 5.2 cm generated by digital photogrammetry

techniques, and linked to the Brazilian Geodetic System from Global Navigation Satellite

System (GNSS) data. The flood quota was converted based on the Reduction Level of the

Navy and adjusted to an IBGE Reference Level. The analysis of the risks of coastal flooding

in the city of Areia Branca / RN revealed a flood depth of 50 cm, reaching public and private

areas, aggravated by the vulnerability of most of the population and by the occupation of

areas affected by the highest spring tides. Flood events may result in damages of the order of

R$ 597,438.68 or $ 147,152.37 ($ 1 = R$ 4.06 as of 09/1/2018), and climate change scenarios

demonstrate flood trends that can affect approximately 40% of the city.

Keywords: Unmanned Aerial Vehicle - UAV; Global Navigation Satellite System – GNSS;

Risk; Digital Photogrammetry; Coastal Flooding

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1 Introdução

Estudos sobre o fenômeno da inundação foram realizados em várias partes do mundo,

compreendendo bacias hidrográficas, áreas costeiras, zonas úmidas, estuários e ambientes

urbanos nas mais variadas escalas, e servem para identificar perigos, vulnerabilidades e riscos

que subsidiam o gerenciamento de riscos à desastres (RAO et al., 2011; PEZZOLI et al.,

2013; SINGH et al., 2018; SCHRÖTER et al., 2018).

A modelagem de diferentes tipos de inundação além de ser importante para o

gerenciamento de riscos, vem considerando o agravamento dos cenários futuros que as

inundações podem tomar, tornando-se de maior profundidade e mais frequentes como

resultado das mudanças climáticas globais e os impactos decorrentes da elevação do nível do

mar (CHURCH et al., 2013; IPCC, 2014a, 2014b; SWEET et al., 2014; PBMC, 2016; IBGE,

2016; VOUSDOUKAS et al., 2018a; RASMUSSEN et al., 2018).

A projeção da inundação e investigação das cotas de risco em diferentes cenários

requer a existência de uma base de dados com origem em Modelos Digitais de Elevação

(MDE) obtidos a partir de diferentes fontes, sendo fundamental a compreensão dos limites de

resolução espacial, precisão e acurácia vertical para evitar erros em relação aos reais locais

afetados por inundações (COOPER et al., 2013; SATISHKUMAR et al., 2013; FERREIRA et

al., 2014; ARAÚJO et al., 2018a).

O sistema de referência adotado, a precisão dos dados do terreno e a escala de análise

são referenciais importantes de acordo com o objeto de investigação, e para o caso das zonas

costeiras e estuarinas que requerem análises locais com escalas grandes, tornam-se de difícil

realização, pois dados gratuitos são limitados no Brasil e a geração de MDE na maioria dos

casos exige trabalhos demorados e dispendiosos do ponto de vista financeiro. Além disto é

preciso conhecer o erro do MDE, principalmente para trabalhos realizados em nível local com

riqueza de detalhes (VOUSDOUKAS et al., 2018b).

Os perigos da inundação costeira preocupam, pois cerca de 10% da população mundial

vive nas zonas costeiras com até 10 metros de altitude, representando 2% da área terrestre do

mundo, vulneráveis aos possíveis impactos das mudanças climáticas (MCGRANAHAN et

al., 2007; NICHOLLS; CAZENAVE, 2010). Para se ter ideia, até o ano de 2050 estimam-se

prejuízos econômicos da ordem de US$ 940 milhões de perdas médias anuais caso o nível do

mar se eleve 20 cm nas 22 maiores cidades costeiras da América Latina e Caribe,

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ultrapassando o intervalo de mais de US$ 1 bilhão no caso de subida de 40 cm do nível do

mar (ADAMS et al., 2014).

Diante das preocupações, bases altimétricas em intervalos centimétricos tornam-se

fundamentais, sobretudo quando há o interesse na análise do uso e ocupação do solo em

cidades costeiras, ou quando ocorrem atividades econômicas nesses ambientes, com o intuito

da estimativa de riscos por inundação. A modelagem de perdas por inundação fornece o

conhecimento para otimizar investimentos e prover o gerenciamento dos riscos por

inundação, e com as atuais possibilidades de modelar cidades virtuais em 3D com base em

sensoriamento remoto, só vem a contribuir cada vez mais para o planejamento (SCHRÖTER

et al., 2018).

A probabilidade das inundações costeiras vem aumentando no mundo, e a necessidade

de construir cenários consistentes com precisões confiáveis em relação as modelagens de

inundação são uma realidade também necessárias no Brasil a partir de referenciais únicos e

fixos (SANTOS; AMARO, 2011; MMA, 2018). Portanto, requer a geração de modelos

digitais de elevação compatíveis para ambientes urbanizados, de modo a permitir análises da

profundidade da inundação, das áreas afetadas, a realização de cálculos de danos econômicos,

a avaliação dos riscos à exposição e sensibilidade costeira para tomadas de decisão

(MARENGO et al., 2017; CIAN et al., 2018), sendo cada vez mais utilizadas novas

tecnologias para salvaguarda do patrimônio costeiro (ARMENIO et al., 2018). Mesmo assim,

é importante considerar a realidade financeira de várias cidades costeiras, sendo essencial a

busca de soluções de baixo custo que permitam a realização de modelagens e avaliação dos

riscos por inundação costeira.

O objetivo deste artigo é modelar a inundação costeira com tendências à elevação do

nível do mar em áreas baixas e planas sob influência de marés que oferecem riscos ao

ambiente urbano, por meio de Remotely Piloted Aircraft (RPA) e Geodésia de precisão de

baixo custo, adotando como estudo de caso o contexto da cidade de Areia Branca no estado

do Rio Grande do Norte (Nordeste do Brasil).

2 Geotecnologias de Baixo Custo

A adoção de Geotecnologias aplicadas ao monitoramento costeiro (ROSA, 2005;

AMARO et al., 2012) partem do interesse em se obter as principais informações de base

necessárias para modelar a inundação e analisar os riscos que esta ocasiona nos ambientes

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urbanos situados em áreas costeiras. Para isto, requer a geração de um MDE representado

pelo Modelo Digital da Superfície (MDS) (MANCINI et al., 2013) e do ortofotomosaico com

resolução espacial de centímetros gerado a partir de aerofotos, para servir de fonte de

informações do terreno.

A geração de dados altimétricos e de uso do solo a partir de informações de alta

resolução espacial antes do advento do RPA, exigindo técnicas de mapeamento mais

tradicionais, requer custos elevados e por vezes inviáveis para as cidades brasileiras, além de

grande demanda de tempo, mão de obra, e ainda os impedimentos em áreas de difícil acesso

(ROSA et al., 2018), mas a nova tecnologia tem apresentado uma série de vantagens e ainda

um custo reduzido para obtenção de dados em questão de horas ou dias (YASTIKLI et al,

2013; GONZÁLEZ-JORGE et al., 2014).

O sensoriamento remoto a partir das RPA são uma realidade, e cada vez mais surgem

equipamentos e programas de processamento modernos, com possibilidades de obtenção de

dados tanto planimétricos quanto altimétricos (REMONDINO et al., 2011; COLOMINA;

MOLINA, 2014; CÂNDIDO et al., 2015; SOUSA, 2017; TSAI; LIN, 2017; RUSNÁK et al.,

2018).

O Remotely Piloted Aircraft (RPA) ou Aeronave Remotamente Pilotada, em

português, “significa a aeronave não tripulada pilotada a partir de uma estação de pilotagem

remota com finalidade diversa de recreação” (ANAC, 2017). Essa é a terminologia

atualmente aceita pela International Civil Aviation Organization (ICAO), mas no Brasil é

comum a generalização do termo pela mídia enquanto Drone, bem como é bastante usada

ainda a nomenclatura Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT), oriunda do termo Unmanned

Aerial Vehicle (UAV) (DECEA, 2016).

Neste trabalho foi utilizado o RPA Phantom 3 Standard da DJI

(https://www.dji.com/phantom-3-standard), orientado por rádio controle e Global Positioning

System (GPS) com código C/A (MONICO, 2008). Possui câmera de 12 megapixels a qual

permitiu a tomada de fotografias da superfície do terreno em nadir. A programação e

execução dos voos ocorreram através dos softwares DJI GO (https://www.dji.com/goapp) e

DroneDeploy (https://www.dronedeploy.com/), o primeiro para configuração do Phantom 3 e

o segundo para o planejamento e realização do Plano de Voo.

Outra Geotecnologia mais difundida na comunidade internacional e amplamente

adotada, o Global Navigation Satellite System (GNSS) tem por objetivo obter rapidamente e

com precisão as coordenadas geodésicas de qualquer lugar da superfície da Terra por meio de

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receptores e do posicionamento por satélites artificiais, consistindo na integração de vários

sistemas em operação na órbita do planeta (MONICO, 2008), e sua aplicação se tornou

fundamental para realização de mapeamentos precisos e análises ambientais (MONICO et al,

2009; SANTOS; AMARO, 2011; SANTOS et al., 2013; FERREIRA et al., 2014;

BLITZKOW et al., 2016), sendo ferramenta indispensável nas atuais análises que envolvem

geodésia de precisão.

Para este trabalho foi utilizado um conjunto GPS com base e rover da marca Trimble,

com potencial para coleta de coordenadas com acurácia milimétrica, sendo o modelo 5700

com receptor L1/L2 adotado como base, e o modelo R3 com receptor L1 enquanto rover. O

controlador Recon disponível com o software Trimble Digital FieldBook, permitiu a pré-

configuração do levantamento no modo estático e coleta dos pontos de controle utilizando o

Datum World Geodetic System (WGS) 84, na projeção Universal Transverse Mercator

(UTM) Zona 24, Hemisfério Sul.

3 Área de Estudo

A cidade de Areia Branca localiza-se a 318 km de distância da cidade de Natal, em

uma região conhecida como Litoral Setentrional do estado do Rio Grande do Norte. O local

margeia a foz do rio Apodi-Mossoró, sendo formado por terrenos baixos e planos (inferior a 5

metros em relação ao nível do mar), e surgiu em ambiente de estuário hipersalino, formado

por planícies fluviomarinha e eólica onde atua um sistema de mesomaré semidiurna. A área é

contornada por bacias evaporadoras e cristalizadores, e a expansão urbana ocorreu justamente

em um contexto econômico estimulado pela secular atividade salineira e pesqueira (COSTA

et al., 2013; AGUIAR et al., 2018).

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Figura 1 Localização da área de estudo: A) Cidade de Areia Branca como recorte espacial de análise;

B) Região denominada de Litoral Setentrional do Rio Grande do Norte com a indicação das principais

cidades litorâneas.

A região possui clima Tropical de Zona Equatorial, subtipo semiárido mediano que

compreende entre 7 e 8 meses secos (ALVARES, et al., 2013; DINIZ; PEREIRA, 2015). A

média anual de chuvas é de 546,5 mm e ocorrem de fevereiro a maio, coincidindo com o

período de ventos mais brandos, que predominam de nordeste na região. Entre fevereiro a

julho as médias dos ventos são inferiores a 4 m/s, elevando-se para além de 5 m/s nos meses

seguintes. A temperatura média é de 27,3 ºC, mas as máximas ultrapassam 33 ºC, com

evapotranspiração anual que excede os 2000 mm e umidade relativa do ar tende aos 69%

(RADAMBRASIL, 1981; IDEMA, 2008; EMPARN, 2017; INMET, 2018).

Estudos identificaram o potencial risco por inundação costeira, que foram associadas

as altas marés, bem como, estabelecida a relação com o processo de ocupação de zonas

úmidas e as transformações do espaço pelas salinas ao longo do estuário (BOORI et al., 2010;

BOORI et al., 2012; MEDEIROS et al., 2012; AGUIAR et al., 2018), modificando o

escoamento e dinâmica das águas.

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4 Materiais e Métodos

4.1 Levantamento de Campo com RPA e GNSS

Inicialmente foi realizado o planejamento para aquisição de dados em campo, e

critérios como dias ensolarados para redução de sombreamentos (horário do sol com elevação

superior a 30º) e ventos brandos (abaixo de 35 km/h) foram considerados. Por isto o

levantamento ocorreu nos dias 10 e 11 de março de 2018. No campo foram identificadas

algumas torres de telecomunicação na cidade que impediram a realização de sobrevoo com

RPA na região central da área de estudo, pois esses equipamentos sofrem interferências

eletromagnéticas afetando o sinal de rádio. Antes da realização dos sobrevoos foram

estabelecidos 21 pontos de controle levantados com o GPS Geodésico (rover) em modo

estático por 20 minutos para permitir a correção da modelagem do RPA. Durante o

levantamento, a base do GPS rastreou um marco materializado no solo pelo período de 08

horas que foi corrigido com a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo através de pós-

processamento, para garantir informações geodésicas que foram referenciadas ao Sistema

Geodésico Brasileiro (SGB), oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

como referência planimétrica e altimétrica do Brasil (SANTOS; AMARO, 2011; SANTOS et

al., 2013). O ajuste com Referências de Nível do IBGE existentes na cidade e região não foi

possível pois várias delas foram destruídas ou modificadas (intervenção de obras).

Foram executados 14 voos a 120 metros do solo com o RPA, suficientes para a

geração de ortofotomosaico com 3,6 cm de resolução espacial. Os planos de voos traçados e

executados foram realizados se utilizando de um Smartphone AGM X1 com sistema Android

5.1, no software DroneDeploy, onde foram estabelecidos os parâmetros de altitude,

sobreposição lateral e longitudinal das fotos em 70%, posição da câmera em 90º no nadir,

tempo, direção e velocidade do voo (10 m/s) (Figura 2).

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Figura 2 Equipamentos e softwares utilizados no levantamento de campo: A) Phantom 3 Standard; B)

Coleta de ponto de controle com GPS em referencial conhecido; C) SmartPhone AGM X1 e

programas usados no planejamento e execução de voos; D) GPS sobre marco geodésico conhecido.

4.2 Processamento de Dados

O processamento dos dados do GPS foi realizado através do software Topcon Tools

8.2.3, utilizando as estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) do

IBGE (IBGE, 2018), sendo adotadas as bases dos municípios de Mossoró/RN (Estação 92449

RNMO) e Pau dos Ferros/RN (Estação 96558 RNPF), por terem apresentado melhor resultado

na precisão das coordenadas e altitude da estação base e rover do GPS. No processamento

foram corrigidas as efemérides dos satélites e desativados alguns ruídos capturados pelo

equipamento. Por fim, as altitudes elipsoidais (h) foram convertidas em altitudes ortométricas

(H) através da obtenção da altura geoidal (N), fornecida pelo programa MapGeo 2015,

disponibilizado pelo IBGE (IBGE, 2015; BLITZKOW et al., 2016) (Figura 3). O

procedimento foi aplicado para todos os pontos de controle obtidos em campo, e corrigidos

com as informações da base.

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Figura 3 Fórmula e modelo ilustrativo das referências altimétricas para obtenção da altitude

ortométrica a partir de dados do elipsoide obtido com GNSS e do geoide local dado pelo

MapGeo2015. Fonte: IBGE, 2015.

Para os dados do RPA foi utilizado o software Agisoft Photoscan, que permitiu a

inserção das 2.257 imagens obtidas com o RPA. O processamento seguiu a rotina

semiautomática disponível, onde foram realizadas intervenções pontuais para inserção de

parâmetros e eliminação de ruídos e distorções. Com o processamento fotogramétrico foram

obtidos o MDS e ortofotomosaico ajustados ao SGB uma vez que o modelo foi corrigido com

os pontos de controle do GPS (Figura 4).

Figura 4 Processamento das aerofotos: A) Obtenção da nuvem de pontos densa corrigida com os

pontos de controle e realização de filtragem de ruídos; B) Geração do MDS; C) Ortofotomosaico

corrigido com o modelo.

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O MDS final foi avaliado quanto a sua precisão e acurácia, por meio da avaliação da

Média da Variação da Altura Ortométrica (ΔH) – Equação (1); e do valor da Raiz do Erro

Médio Quadrático (RMSE – Root Mean Square Error) – Equação (2), conforme metodologia

de avaliação de Modelos Digitais de Elevação proposta por Araújo et al. (2018a), que tem o

ΔH enquanto um indicativo do deslocamento vertical geral do Modelo Digital em relação ao

nível do solo verdadeiro (deslocamento positivo ou negativo), e o RMSE como uma medida

estatística da magnitude do erro comumente usada para comparar modelos de elevações, de

forma que todas as diferenças individuais (resíduos) entre os valores observados e os

modelados são avaliados para se obter uma única medida de poder preditivo.

∆𝐻 =∑ (𝐻𝐵𝑎𝑠𝑒,𝑖 − 𝐻𝑀𝐷𝐸,𝑖)𝑛

𝑖=1

𝑛 (1)

𝑅𝑀𝑆𝐸 = √∑ ( 𝐻𝐵𝑎𝑠𝑒,𝑖− 𝐻𝑀𝐷𝐸,𝑖) 2𝑛

𝑖=1

𝑛 (2)

Onde o HBase corresponde ao valor da altura ortométrica de referência, o HMDE ao valor

da altura ortométrica do modelo no ponto i.

A projeção da inundação sobre o MDS permitiu verificar as ruas afetadas com a

profundidade, e todos os imóveis limítrofes com essas ruas foram considerados como áreas

inundável, somando-se suas áreas enquanto ativos expostos.

4.3 Obtenção da cota de inundação

Para a compreensão da inundação que ocorre na cidade de Areia Branca, inicialmente

foram concentrados esforços de busca em matérias de jornal, noticiários locais, blogs online,

entrevistas com pessoas mais antigas da comunidade e pesquisa de dados oficiais da defesa

civil, por exemplo, por meio do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres

(https://s2id.mi.gov.br/paginas/index.xhtml), na expectativa de se encontrar informações

sobre o fenômeno da inundação que tivesse afetado a localidade.

A obtenção dos dados de maré, ocorreu por meio do Centro de Hidrografia da Marinha

(CHM), órgão militar subordinado à Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN), onde

foram disponibilizados os registros do Banco Nacional de Dados Oceanográficos (BNDO),

contendo a série temporal das marés observadas e previsões de marés para a Estação 30407,

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correspondente ao Porto de Areia Branca – TERMISA (Latitude 04º 49’ 05” S e Longitude

37º 02’ 04” O), durante o período de 01 de janeiro de 1970 a 31 de dezembro de 2017,

baseado em constantes harmônicas e em alturas em centímetros acima do Nível de Redução

(NR) local, representando um intervalo de 47 anos de dados com informações históricas de

Marés Astronômicas (MA) a cada hora.

Inicialmente, foi construída uma tabela somente com os valores máximos diários das

cotas das MA ajustadas ao NR. Em seguida, foi verificada a variabilidade dos dados e

caracterização da distribuição de probabilidade, baseada na análise descritiva dos dados.

Nessa análise, buscou-se obter as informações de tendência central, dispersão e separatrizes

(quartil e percentil). Além disso, foi obtido o período de retorno (Tr) das cotas máximas para

20, 50, 100, e 1000 anos. O Tr, também conhecido como intervalo de recorrência ou tempo de

recorrência, é entendido como o tempo no qual um determinado evento hidrológico pode ser

igualado ou excedido em um ano qualquer (MCCUEN, 1998; ARAÚJO et al., 2018b). Nesse

estudo, o Tr, em anos, foi definido pela equação (3) a seguir, onde p é a probabilidade do

evento hidrológico ser igualado ou superado:

𝑇𝑟 =1

𝑝

4.3.1 Ajuste do Sistema de Referência do Nível de Redução

As informações de maré disponibilizadas pela DHN nas cartas náuticas e também no

BNDO são todas vinculadas ao chamado Nível de Redução (NR), sendo este o sistema de

referência para mensuração das profundidades batimétricas, que adota a média das baixas

marés de sizígia enquanto uma referência de medida realizada no nível local. Dessa forma, o

estabelecimento do nível do mar local encontrado nas cartas náuticas e informações

disponibilizadas pela Marinha do Brasil possuem referencial próprio voltado ao conhecimento

do relevo do fundo do mar para segurança aos navegantes (CHM, 2018a, 2018b), portanto,

não está vinculado ao zero do datum altimétrico do Brasil que adota o plano vertical de

Imbituba-SC (Matos, 2005; Ramos; Krueger, 2009).

Na cidade de Areia Branca existe registro de uma estação maregráfica (30112) da

DHN do ano de 1961 (Latitude 04º 57’ 28.04” S e Longitude 37º 08’ 16.85” O), como

referência utilizada na carta náutica nº 720 que cobre Areia Branca a Macau no Rio Grande do

Norte, tendo sido realizada análise estatística e harmônica de 32 dias de observação de maré

para determinação do NR referenciado a uma régua instalada no estuário Apodi-Mossoró e

(3)

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vinculado a duas bases locais da DHN próximas a Cia Docas do Rio Grande do Norte

(CODERN) e outra nas instalações da Capitania dos Portos em Areia Branca (DHN, 2010).

A partir dos dados foi realizada a vinculação da cota do Nível de Redução e do Nível

Médio do Mar (NMM) local ao SGB por simples operações matemáticas (adição/subtração –

ver figura 6), uma vez que no próprio relatório da DHN (2010), passou a ser citado o

referencial altimétrico de uma Referência de Nível implantada pelo IBGE (Estação Geodésica

ou Referência de Nível 2404X). Como o sistema de referência do IBGE se relaciona ao datum

de Imbituba-SC (IBGE, 2018), a conversão do Nível de Redução para o SGB se tornou

referência física com possibilidade de analisar as cotas de maré e comportamento do nível

médio do mar sobre o relevo local, uma vez que as informações do MDS gerado neste

trabalho também estão condicionadas ao mesmo sistema de referência.

4.4 Identificação das Exposições ao Risco de Inundação

Os riscos gerados pela inundação na cidade de Areia Branca, considerando situações

mais críticas, requereu a identificação da cota de inundação mais alta que se tem evidências

para o local. Por este motivo os dados gerados (estatística descritiva) a partir da análise dos

registros de maré do BNDO, permitiram identificar a maré mais alta que foi projetada sobre o

MDS e ortofotomosaico gerados para a análise local.

A partir da observação das áreas inundadas se buscou o conhecimento do território e

locais de referência sujeitos ao risco por inundação costeira, relacionados à população direta e

indiretamente afetada, áreas de planejamento municipal afetadas, cenários de risco futuro por

inundação costeira e estimativas financeiras de danos.

4.4.1 Setores Vulneráveis

A identificação das vulnerabilidades neste trabalho buscou apontar a população direta

e indiretamente afetada a partir dos setores censitários disponibilizados pelo IBGE (2011),

através das variáveis quantidade de moradores e nível médio de renda. Bem como foram

observadas as áreas especiais de planejamento municipal estabelecidas no Plano Diretor da

Prefeitura Municipal de Areia Branca (PMAB, 2006).

4.4.2 Referências de Cenários de Elevação do Nível Médio do Mar

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A elevação do nível do mar tem sido bastante difundida na comunidade internacional

como um dos impactos relacionados às mudanças climáticas, onde a maioria das estimativas

estão projetadas até o ano de 2100, ensejando estudos que possam apontar os impactos dessa

mudança para que adaptações possam ser planejadas de acordo com as vulnerabilidades e

riscos locais. Em decorrência da ausência de dados locais, este trabalho adotou os cenários de

elevação do nível do mar no âmbito global e nacional, para incorporação das previsões de

subida do nível médio do mar até o ano de referência citado, segundo previsões do Painel

Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC - Intergovernmental Panel on Climate

Change) (CHURCH et al., 2013) e IBGE (2016), onde estão previstos cenários de elevação do

nível médio do mar sob uma ótica mais otimista e outra pessimista.

4.4.3 Estimativa da Exposição Econômica por Inundação

Para estimar os danos ou prejuízos econômicos diretos, considerando a inundação

costeira provocada pelas altas marés, foi utilizada a equação de prejuízo agregado (4)

proposta para inundações de pequenas profundidades (JAMES; LEE, 1971; CANHOLI,

2014):

𝐶𝑑 = 𝐾𝑑 × 𝑀𝑒 × ℎ

Onde:

Cd – dano total em unidades monetárias;

Kd – fator baseado em danos de inundações históricas;

Me – valor de mercado das estruturas e áreas inundadas, em unidades monetárias;

h – profundidade média da inundação (m).

Canholi (2014) observou que o índice Kd é obtido na relação entre os danos marginais

e a profundidade d. Contudo, não existem referências com mensurações de custos históricos

de danos ou prejuízos no âmbito do estado do Rio Grande do Norte relacionados a situações

de inundação costeira, tampouco na área de estudo. Por este motivo, a aproximação do fator

foi adotada da proposta de Homan; Waybur (1960 apud TUCCI, 1997), que para enchentes

com d ≤ 1,5 m corresponde a 0,052.

(4)

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Para a estimativa do valor de Me, foi aplicado o método comparativo direto de dados

de mercado previsto nas Normas Brasileiras (NBR) 14.653-1 e 14.653-2 (ABNT, 2001;

2011), onde a amostra dos imóveis com seus valores de mercado foram cotados por meio das

evidências (amostras) disponíveis na cidade de Areia Branca durante a realização deste

trabalho. Foi calculado para cada amostra o valor do metro quadrado ou valor unitário (R$/m²

aqui representado por VU) a partir da divisão do valor do imóvel pela sua área. Para encontrar

o valor do imóvel (VI), foi realizado o produto da área do imóvel (AI) pelo valor unitário VU,

conforme a equação (5):

𝑉𝐼 = 𝐴𝐼 × 𝑉𝑈

Após o mapeamento de todos os imóveis no raio de abrangência diretamente afetado

pela inundação, seus respectivos valores de mercado foram calculados, e a somatória final

resultou no Me.

A profundidade média da inundação (h) foi obtida com base no MDS gerado neste

trabalho e a projeção da cota de inundação atual máxima.

Além dos danos diretos foi preciso estimar também os danos indiretos (MACHADO et

al., 2005; JONOV et al., 2013), que para este trabalho foi adotado o valor global de 17%

sobre os danos diretos a partir da perspectiva do Banco Mundial (2012).

4.5 Escolha entre Realocação versus Obra Estrutural

Considerando episódios futuros de inundação costeira cada vez mais frequentes e

atingindo áreas mais elevadas dada a tendência de elevação do nível do mar, foi realizada

estimativa de um possível valor atualizado para o caso hipotético de realocação de todos os

imóveis no raio de abrangência direta da inundação para áreas sem o oferecimento de riscos.

Cabe destacar que o cálculo estimado não inclui, por exemplo, a aquisição de uma área para

recepcionar a realocação, tampouco custos com objetos no interior dos imóveis, nem

implantação de nova infraestrutura urbana básica (ruas, rede elétrica, saneamento, etc.). Foi

considerado apenas o valor do custo básico de construção.

Para calcular o custo da construção de todos os imóveis realocados, se adotou o Custo

Unitário Básico de construção (CUB/m²) atualizado periodicamente pelo Sindicato da

Indústria da Construção Civil (SINDUSCON/RN) no estado do Rio Grande do Norte,

observando-se a tabela de referência do mês de junho de 2018 (CBIC, 2018), de tal modo que

(5)

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foi realizada a média dos valores para o padrão residencial baixo, o padrão comercial normal

e o padrão industrial.

5 Resultados e Discussões

A seguir são apresentados os resultados contendo a modelagem da inundação costeira

e os riscos relacionados nas áreas expostas que foram identificadas. Além disto são

apresentados os resultados dos cenários futuros a partir de referenciais de mudanças

climáticas e estimativas de prejuízos econômicos para as principais áreas expostas ao perigo.

5.1 Resultado da Precisão das Geotecnologias

A geração do MDS e ortofotomosaicos a partir do RPA, ajustados com os pontos de

controle obtidos com GPS Geodésico, resultaram em um modelo compatível com a análise de

nível centimétrico necessário para mensurar pequenas variações do nível médio do mar e

inundações com estreita lâmina d’água (inferior a 1 m).

O levantamento com GPS geodésico em modo estático pós-processado, ajustando os

pontos de controle com a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) do IBGE,

permitiu a correção do modelo e adoção do sistema de referência vinculada ao SGB como

verdade do terreno. Os desvios-padrões do processamento foram milímetros a centímetros,

sendo de 9 mm para a latitude, 1,1 cm para a longitude e 2 cm para a altitude; excelentes para

levantamentos em escala grande de zonas urbanas costeiras que requeiram precisão e

acurácia.

Em relação aos dados do RPA, a resolução espacial do MDS ficou com 10 cm e na

avaliação estatística do erro vertical com os 21 pontos de controle, foram obtidos valores de

∆H e RMSE, respectivamente de 2,1 cm e 5,2 cm, plenamente aplicáveis para modelagens de

inundações com lâminas d’água pequenas. Em relação ao ortofotomosaico, este ficou com 5

cm de resolução espacial e teve as distorções corrigidas com o MDS, e foi utilizado para a

identificação das áreas expostas ao perigo da inundação, bem como para o mapeamento de

ativos e contabilização dos riscos que serão apresentados adiante.

5.2 Registros de Maré, Inundação Costeira e a Cota de Risco

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5.2.1 Os registros históricos de marés e inundações

As varreduras realizadas sobre informações de inundações passadas para a área de

estudo apontaram alguns episódios de inundações registrados em notícias de jornais, blogs

online e em conversas com moradores da cidade que uma ocorrência no ano de 2015 e outra

em década passada, contudo não confirmada a data pela falta de sistematização de dados

(Figura 5). Entretanto, nada foi encontrado no Sistema Integrado de Informações sobre

Desastres enquanto fonte de consulta de entidade pública oficial.

Figura 5 Áreas atingidas pela inundação costeira em Areia Branca encontradas em registros. Cada

número na fotografia aponta para uma posição no mapa.

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Nas informações encontradas, todas as evidências apontam que as inundações

costeiras estão relacionadas ao raro processo de elevação do nível das águas do estuário

Apodi-Mossoró, que durante marés de sizígias mais altas, chegam a inundar as porções mais

periféricas do território da cidade, devido as suas características de altimetrias baixas e planas,

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favoráveis ao transbordamento das águas, que se elevam em canais que circundam a cidade a

atingem diversas ruas.

Destaca-se que os máximos valores das marés de sizígia não ocorreram

concomitantemente aos períodos chuvosos e não representam a soma de fenômenos de cheias

da bacia hidrográfica do rio Apodi-Mossoró, que tem a vazão controlada por barragens. Além

disto, durante a realização deste trabalho constatou-se a ocorrência de inundação costeira no

ano de 2015, quando a área se encontrava em regime de seca elevada, momento com baixa

contribuição fluvial no estuário em praticamente toda a bacia hidrográfica do rio Apodi-

Mossoró, cuja precipitação na região da foz não chegou a 300 mm/ano (EMPARN, 2017).

Também foram observados registros de precipitação no período para analisar a relação da

inundação e fenômenos de escoamento superficial e alagamentos urbanos em áreas de fundo

de bacia. As áreas periféricas foram afetadas pela inundação, apesar desses espaços não

formarem depressões no relevo que potencializem acúmulos de precipitação. Apesar das

Marés Astronômicas de sizígia (MA) mais altas verificadas na região, o fenômeno de

inundação não seria totalmente explicado somente com base na previsão das constantes

harmônicas. Considerou-se a ocorrência concomitante de Efeitos Não Astronômicos (ENA),

que apesar de ainda se desconhecerem as origens desse fenômeno, foi possível apontar

oscilações de 10 cm acima da MA esperada por períodos entre 10 e 15 dias, concentrados

principalmente entre os meses de março e setembro, durante o equinócio (FROTA et al.,

2016).

5.2.2 Série Temporal e Análise da Maré Astronômica

A estatística descritiva da série temporal dos últimos 47 anos, contendo os valores das

marés máximas diárias da MA em Areia Branca, como na Tabela 1, em que se observou

valores mínimos e máximos de 226 cm e 385 cm, respectivamente. A amplitude de maré

somente para as máximas foi de 159 cm, todas em relação ao Nível de Redução (NR) da

DHN. Em relação à tendência central, observa-se que a moda e a mediana apresentam valores

respectivos de 318 cm e 312 cm no conjunto total de 17.532 registros.

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Tabela 1. Estatística descritiva das previsões diárias em centímetros das Marés Astronômicas em

relação ao Nível de Redução.

Mínimo 226

Máximo 385

Moda 318

Mediana 312

Desvio padrão 33,99

Variância da amostra 1155,49

Intervalo 159

N 17532

Analisando o período de retorno no conjunto de dados da série temporal, observou-se

os períodos de retorno de 20, 50, 100 e 1000 anos, onde foram apresentados os valores

respectivos de MA máxima de 365 cm, 373 cm, 376 cm e 385 cm em relação ao NR (Tabela

2). Nota-se que mesmo o período de retorno de 100 anos possuindo uma baixa probabilidade

de ocorrência (1%), foi observado que nos últimos 05 anos houve 12 (doze) episódios de maré

astronômica. Enquanto isso, enfatiza-se também as 02 ocorrências no período de retorno de

1.000 anos, nesses mesmos 05 anos (série completa dos anos de 2013 a 2017).

Tabela 2. Probabilidade e períodos de retorno da série temporal das alturas máximas diárias da Maré

Astronômica (cm).

Probabilidade (p)

Período de

Retorno

Tr = 1/p

Marés Astronômicas

Máximas

Referência NR (cm)

Frequência das ocorrências nos

últimos 5 anos (n vezes)

5% 20 365,00 24

2% 50 373,00 16

1% 100 376,33 12

0,1% 1000 385,00 2

Isto pode significar uma evidência de aumento na ocorrência das maiores cotas da

maré astronômica na área de estudo, e possivelmente podem estar associadas às mudanças de

elevação do nível do mar e ao paradigma das mudanças climáticas, as quais refletirão no

aumento dos riscos, danos e nas frequências de inundação e profundidade da coluna de água

(BILSKIE et al., 2014; CAZENAVE et al, 2014).

Em virtude dos riscos representados pela cota de 385 cm da maré astronômica, em

relação a sua contribuição para as inundações costeiras em Areia Branca, e ainda

considerando que foi com esse comportamento de maré que ocorreu o fenômeno de inundação

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na cidade no ano de 2015, é que esta foi adotada como Cota de Inundação (CI) de máxima

referência para o local.

A partir das informações dos elementos de maré observados de 04/03/1961 a

04/04/1961 pela DHN (2010), foi possível realizar a conversão do NR local ao SGB (Figura

6) graças a existência da Referência de Nível 2404X do IBGE existente nas imediações da

Referência de Nível cadastrada pela DHN e locada na Capitania dos Portos a menos de 30

metros de distância.

Figura 6 Diagrama ilustrando as medidas para conversão do Nível de Redução para Altitude

Ortométrica. Fonte: Adaptado de DHN (2010).

O cálculo da conversão da Cota de Inundação mais elevada registrada, ou seja, 385

cm, pode ser visualizado através da Tabela 3. A Figura 6 ilustra a conversão de qualquer cota

de MA existente na Carta Náutica local, ou outros dados da Marinha do Brasil condicionados

ao NR local de Areia Branca-RN, para o Sistema Geodésico Brasileiro e o datum oficial, por

meio da equação:

𝐶𝑀𝑆𝐺𝐵 = (𝑁𝑅) + (𝑀𝐴)

Onde, CMSGB = Cota da maré vinculada ao SGB; NR = Nível de Redução da DHN

(valor obtido de -1,606), e; MA = Maré Astronômica (obtido na Tábua de Maré e BNDO).

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Tabela 3 Tabela com o cálculo de conversão para vincular o NR ao SGB e demais cotas da Maré

Astronômica. Na tabela consta a altura ortométrica em metros da MA 385 cm.

Base de Referência Altitude (cm) Altitude Ortométrica (m)

RN3 DHN 339,72 3,397

RN 2404X IBGE - SGB 339,02 3,390

Nível do Mar Local -2,98 -0,030

Nível de Redução - NR -160,58 -1,606

Zero da Régua -221,98 -2,220

RN 1 224,12 2,241

RN 2 286,12 2,861

MA Máxima (385 cm do NR) 224,42 2,244

Mesmo de posse do valor de maré vinculado ao SGB (cota 2,244 m), mas é preciso

considerar que as inundações costeiras na região não podem ser explicadas somente a partir

dos valores das marés astronômicas. Nesse sentido foi considerado que o risco de inundação

costeira está associado à ocorrência concomitante de ENA, acrescentando-se 10 cm ao cálculo

para se identificar a Cota de Inundação. Finalmente, os 5,2 cm do erro vertical do MDS

(RMSE) foi acrescentado ao cálculo da inundação enquanto um fator de segurança para

preservar o risco da maior elevação das águas. A Figura 07 mostra as variáveis que

representam o risco de inundação costeira para a cidade de Areia Branca, e como é

estabelecida a relação das marés com o sistema de referência oficial do IBGE.

Figura 7 Variáveis que representam a Cota de Inundação utilizada na análise dos riscos de

transbordamento das águas costeiras para Areia Branca/RN.

Como complemento ao período de retorno apresentado na Tabela 02, as cotas mais

elevadas MA que ocorreram em Areia Branca para os períodos de retorno de 20, 50, 100 e

1000 anos, ajustadas ao sistema de referência do SGB, apresentam os respectivos valores de

204,40 cm, 212,40 cm, 215,70 cm e 224,40 cm. O último valor foi adotado como a CI quando

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somados aos outros parâmetros apresentados na Figura 7, resultando na CI de 2,396 m

adotada na modelagem.

5.3 Os Riscos da Inundação Costeira

A projeção de cenários para a inundação costeira na cidade de Areia Branca

considerou a soma da MA máxima de sizígia, do ENA e do RMSE do MDS.

5.3.1 Áreas e População Direta e Indiretamente Afetadas

A área atingida pela inundação costeira possui escolas, hospital, cemitério, igreja,

indústrias, praças, residências, comércios, instituições públicas e privadas (Figura 8). O

mapeamento representa todas as áreas da cidade abaixo da cota de inundação de 2,396 m e

coincide com os registros históricos e com a maré de sizígia mais elevada registrada pela

CHM.

Figura 8 Pontos de referência das áreas atingidas pela inundação em Areia Branca.

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No contexto das áreas afetadas foi identificada população residente total de 13.949

habitantes, distribuída de acordo com os setores censitários, onde se verifica a distribuição de

pessoas na relação aproximada com os bairros (Figura 9), que sofre as influências diretas e

indiretas dos transtornos gerados pelas águas que invadem as ruas, terrenos e imóveis nas

mais baixas cotas. Em algumas ruas mais próximas ao rio Apodi-Mossoró, nota-se as

iniciativas da população na adaptação, com calçadas mais elevadas para impedir a invasão das

águas (Figura 10).

Figura 9 População direta e indiretamente atingida, com indicação da concentração de pessoas por

setor censitário e indicação de bairros da cidade de Areia Branca/RN.

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Figura 10 Calçadas elevadas como adaptações construtivas contra inundações no cruzamento das Ruas

Padre Antônio Joaquim e Joaquim Nogueira, em Areia Branca/RN: A) Situação sem inundação

(abr./2016); B) Situação com inundação (fev./2015).

A área que sofre com problemas de inundação encontra-se com urbanização

consolidada, exceto onde existem aterros, por tratar-se de vazio urbano em processo de

expansão urbana, onde se constatou com frequência a disposição inadequada de entulhos

como iniciativa de aterrar e nivelar o solo para a ocupação, mesmo sob o risco da inundação

costeira. Além disto, um fator que eleva o risco de inundação identificado nas áreas

periféricas da cidade é a má disposição de resíduos sólidos (lixo) ao longo dos canais de

drenagem urbana e igualmente o lançamento de efluentes das salinas nos canais que

contornam a cidade de Areia Branca, o que pode contribuir com o nível da inundação durante

grandes marés e eventos de precipitação combinados (Figura 11). Ao quadro de agravamento

dos riscos por interferências humanas, deve ser considerada também a perda de áreas úmidas

e a reduzida proteção das áreas de preservação permanente ao longo do estuário, o que afeta o

comportamento da hidrodinâmica local, expondo a cidade aos perigos da inundação

(AGUIAR et al., 2018).

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Figura 11 Setores com elevação dos riscos de inundação: A e B) Disposição inadequada de entulhos

como iniciativa de aterro das superfícies com interesse de expansão urbana, ocorrendo sobre áreas

inundáveis; C) Disposição de lixo no canal de drenagem que circunda a cidade de Areia Branca que

também recebe o lançamento de efluentes de salinas.

A capacidade de adaptação da população, como enfrentamento dos problemas

oriundos da inundação costeira, frequentemente sem o auxílio dos agentes públicos, é

dificultada pela condição de alta vulnerabilidade socioeconômica dos municípios costeiros

desse setor do RN (BUSMAN et al., 2017), que possui nível de renda baixo, com quantitativo

elevado de pessoas que sobrevivem em média com até 1 e menos de 2 salários mínimos

(Figura 12).

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Figura 12 Distribuição da renda média da população em relação aos bairros e setores censitários.

É importante considerar que além do fenômeno da inundação costeira em Areia

Branca, durante a realização deste trabalho se constatou a ocorrência de alagamentos em áreas

topograficamente rebaixadas e com deficiência no sistema de drenagem, agravada pela

disposição de resíduos sólidos nas vias públicas que entopem galerias e bocas de lobo.

Essas áreas baixas não se conectam diretamente aos setores onde ocorrem as

inundações costeiras, pela própria condição do relevo, mas sob as condições de cenários

futuros de elevação do nível do mar, poderá ocorrer a conexão desses setores, que atuarão

conjuntamente no fluxo de alagamento e inundação, durante episódios de precipitação

pluviométrica, agravando os riscos e danos à cidade de Areia Branca. Foi possível perceber

também que, mesmo não havendo conexão física atualmente, o restrito sistema de drenagem

de coleta de esgoto e o nível do lençol freático (que chega até 1,5 m de profundidade em

alguns locais), são diretamente influenciados pela ocorrência das inundações, o que limita os

fluxos de escoamento no geral, promovendo o retorno dos efluentes sanitários em vários

bairros da cidade.

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5.3.2 Áreas especiais de planejamento

O Plano Diretor de Areia Branca (PMAB, 2006) estabeleceu 5 áreas especiais e

acrescenta ainda 2 áreas adensáveis nos limites da zona urbana da sede do Município.

Verifica-se que o risco de inundação atual ocorre parcialmente em todas essas áreas sugerida

no Plano Diretor. Entretanto, como algumas dessas áreas se sobrepõem, os valores de

inundações incidentes foram individualizados e apresentados como valores de área total (AT)

para cada área especial, com o respectivo quantitativo de inundação (QI): Áreas Adensáveis

(AT: 54,040 ha, QI: 1,452 ha); Interesse Social (AT: 10,862 ha, QI: 1,631 ha); Recuperação

Ambiental Urbana (AT: 36,629 ha, QI: 5,152 ha); Histórico e Cultural (AT: 32,985 ha, QI:

1,264 ha); Turismo e Lazer (AT: 4,580 ha, QI: 0,413 ha) e; Paisagístico (AT: 2,749 ha, QI:

0,178 ha), conforme Figura 13.

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Figura 13 Áreas Especiais definidas no Plano Diretor de Areia Branca e afetadas por inundações.

No contexto das áreas especiais, os grupos sociais que são representados pela

vulnerabilidade mais elevada são aqueles que residem nas Áreas Especiais de Interesse Social

(AEIS), uma vez que compreendem espaços ocupados por favelas, vilas, e loteamentos

irregulares, habitabilidade frágil, ausente de regularização fundiária, comunidades

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100

tradicionais, imóveis degradados e sob riscos (PMAB, 2006). No planejamento atual também

se destaca a Área Especial de Recuperação Ambiental Urbana destinada a receber processos

de recuperação de áreas degradadas e ainda abrigarem atividades econômicas relevantes para

o município de Areia Branca. Entretanto se faz necessário uma reanálise para esta e os outros

locais que estão sujeitos ao atual risco de inundação costeira, como sendo este mais um

elemento da geodiversidade a ser considerado num processo de revisão legislativa (SILVA et

al., 2016c).

5.3.3 Cenários futuros de provável inundação

A inundação costeira atual se projeta em área de 15,715 ha, afetando lotes e quadras

(imóveis) contínuos que somam uma área de 18,674 ha. Esse conjunto representa uma área

sujeita ao risco por inundação costeira que totaliza 34,384 ha, correspondente à 16,29% da

cidade de Areia Branca (Figura 14).

Figura 14 Imóveis, terrenos e ruas atingidos pelo risco da inundação costeira.

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101

Dados globais do IPCC (CHURCH et al., 2013) apontam elevações da ordem de 3,2

mm/ano do nível do mar, e as estimativas (baseadas nos Representative Concentration

Pathways - RCP) para o ano de 2100 vislumbram aumentos médios de 44 a 74 cm

considerando um cenário otimista (RCP2.6) e outro pessimista (RCP8.5) de mudanças

climáticas. No Brasil, o IBGE (2016) através de sua Rede de Monitoramento Permanente para

Geodésia (RMPG), identificou para os últimos anos uma subida de 2,1 mm/ano na costa do

Nordeste do país (entre Fortaleza/CE e Recife/PE), permitindo estimar uma elevação do nível

do mar de 17,64 cm até 2100. A partir dessas informações, foram projetadas as possibilidades

futuras que as inundações costeiras podem atingir em termos de cota, área e percentual na

cidade de Areia Branca (Tabela 4, Figura 15).

Tabela 4 Projeção da cota de inundação frente aos cenários de mudanças climáticas e quantificação da

expansão das áreas afetadas em Areia Branca/RN.

Cenários (A) (B) (C) (D) (E) (F) (G)

Inundação Atual --- 224,40 10 5,2 239,60 34,38 16,29

IBGE (2016) 17,64 224,40 10 5,2 257,24 47,82 22,66

RCP2.6 - IPCC 44 224,40 10 5,2 283,60 64,36 30,49

RCP8.5 - IPCC 74 224,40 10 5,2 313,60 83,45 39,54

(A) Projeção de elevação do NMM até ano de 2100 (cm); (B) MA máxima de sizígia vinculada ao

SGB (cm); (C) ENA (cm); (D) RMSE MDS (cm); (E) CI vinculada ao SGB (cm); (F) Áreas de risco

por inundação (ha); (G) Percentual de área inundada (%).

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102

Figura 15 Cenários futuros de inundação costeira em Areia Branca/RN devido às mudanças climáticas.

RCP: Representative Concentration Pathways.

Os riscos que a inundação costeira podem afetar são preocupantes, uma vez que

aumentos centimétricos de 17,64 cm, 44 cm e 74 cm, significam inundações de 47,82 ha,

64,36 ha, e 83,45 ha (Tabela 4), respectivamente, representando um aumento de 23,25% no

pior cenário, mas que podem ser ainda maiores, mas que não puderam ser mensuradas no

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modelo gerado neste trabalho em decorrência das interferências eletromagnéticas geradas

pelas torres de telecomunicações na região central da cidade, que não permitiram o sobrevoo

com o RPA. Para complementar esta área podem ser aplicados outros levantamentos

complementares adotando geotecnologias, como por exemplo o caminhamento com GNSS no

modo de posicionamento cinemático em tempo real (Real Time Kinematic), cinemático pós-

processado ou mesmo mensurações com estação total para manter o padrão centimétrico com

custos reduzidos.

5.3.4 Estimativas de Danos por Inundação Costeira e Referência Financeira para

Adaptação

A oferta de mercado para imóveis em Areia Branca durante a realização desta

pesquisa foi reduzida, verificado 4 amostras, com suas respectivas áreas e valor de mercado.

Como o quantitativo da área de imóveis afetados (ativos) pela inundação atual foi de 18,674

ha ou 186.742,11 m² (AI), e o valor de mercado obtido para a região foi de 105,17 R$/m² (VI),

obteve-se um total de R$ 19.639.667,22 para Me.

A profundidade média da inundação verificada na modelagem com o MDS, registrou

um valor de 0,5 m para h. Por fim, foi adotado fator de 0,052 para Kd, obtendo-se, portanto,

um dano total decorrente da inundação costeira (Cd) de R$ 510.631,35. Este total foi elevado

para R$ 597.438,68 ou $ 147.152,38 ($ 1 = R$ 4,06: cotação do dólar no dia 01/09/2018) em

decorrência dos danos indiretos calculados, usando o percentual de 17% (Figura 16).

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Figura 16 Danos estimados aos imóveis de Areia Branca por eventos de inundação costeira.

Acredita-se que as mudanças climáticas e consequente elevação do nível do mar (YI et

al., 2015) poderá ocasionar prejuízos maiores e mais frequentes, uma vez que a profundidade

da inundação e a frequência de eventos podem aumentar (VITOUSEK et al., 2017), por isto

deve haver uma antecipação do poder público para políticas de prevenção, análise de

impactos e estudos de adaptação e gestão ao risco por inundação costeira.

Como referência financeira inicial para que os gestores possam se preparar para

medidas de adaptação no futuro, foi estimado o valor de realocação para toda a área dos

imóveis afetados atualmente pela inundação costeira, através da média do Custo Unitário

Básico de construção (CUB) atualizado em junho de 2018, estipulado em R$ 1.316,98. Com

base nisto, a estimativa atual atinge os R$ 245.935.617,87 ($ 60.575.275,34), que pode ser

uma referência, mesmo que subestimada, para se planejar possíveis soluções estruturais de

engenharia para reduzir os riscos da inundação costeira em Areia Branca.

6 Conclusões

Este estudo contribuiu como subsídio metodológico para o melhor planejamento de

cidades costeiras sujeitas ao processo de inundação costeira, através do emprego de

geotecnologias de alto desempenho e baixo custo, em rápida evolução tecnológica e em

crescente uso, que permitem modelagens da superfície terrestre com elevada precisão e

acurácia (erro vertical inferior à 6 cm). Tais conhecimentos disponibilizados aos gestores das

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cidades subsidiam a adoção de novas práticas de gestão de riscos e soluções para elevar sua

resiliência e reduzir riscos na linha do que estabelece o Marco de Sendai (UNISDR, 2015b)

promovido pela Organização das Nações Unidas na Estratégia Internacional para Redução de

Riscos de Desastres (International Strategy for Disaster Risk Reduction).

Análises locais em outras cidades costeiras devem ser estimuladas a partir da

vinculação do Nível de Redução da Diretoria de Hidrografia e Navegação ao Sistema

Geodésico Brasileiro, para garantir um sistema de referência unívoco dos dados de maré e

influência na costa, sendo este tipo de metodologia compatível com as intenções do Programa

Nacional para Conservação da Linha de Costa. Em Areia Branca o Nível de Redução está na

cota -1,606 m de altitude do SGB, e o nível de maré que representa a cota de risco de

inundação costeira encontra-se na altitude 2,396 m. A inundação oferece riscos em áreas

públicas e privadas, afetando classes sociais de baixa renda em sua maioria (menos de dois

salários mínimos), verificando-se incipientes tentativas de adaptação. Ao mesmo tempo, o

risco de inundação torna-se mais elevado ao considerar cenários de mudanças climáticas, e

baixa consciência quanto aos problemas urbanos que agravam a situação da inundação, tal

como a obstrução de canais de drenagem com lixo e aterramento de áreas sujeitas a esse

perigo. A própria gestão pública municipal necessita revisar seu Plano Diretor que atualmente

apresenta áreas especiais que favorecem ao processo de ocupação, mesmo com o

oferecimento de risco por inundação costeira e situações sazonais de alagamento.

Cerca de 34,38 ha da cidade de Areia Branca é afetada atualmente com a inundação,

representando 16,29% do seu território. A estimativa financeira dos danos ocasionados pela

inundação costeira no valor de R$ 597.438,68 ($ 147.152,38), tende a elevar com o passar dos

anos, em decorrência da evolução dos valores de mercado para os imóveis e considerando

também a possibilidade de lâminas d’água mais profundas por influência das tendências de

elevação do nível médio do mar (a inundação resultante das mudanças climáticas pode chegar

a 23,25% no pior cenário), bem como da maior ocorrência de inundações que podem se tornar

mais frequentes, apesar das probabilidades dos distantes períodos de retorno das marés de

sizígia mais elevadas. Pesquisas mais exaustivas quanto aos custos dos riscos por inundação,

devem ser incentivados na região, requerendo também a sistematização dos dados pelo Poder

Público, uma vez que ainda são limitadas as informações disponíveis nos sistemas oficiais

sobre desastres naturais. Adaptação das cidades costeiras requer custos elevados, seja com

soluções de engenharia, seja com realocações e abandono de áreas sob riscos. Como

estimativa inicial, este trabalho identificou o valor de R$ 245.935.617,87 ($ 60.575.275,34)

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como uma referência sobre futuras tomadas de decisão relativas ao paradigma das mudanças

climáticas.

7 Agradecimentos

Os autores agradecem a CAPES pela bolsa de doutorado de L. S. Aguiar, ao

Laboratório de Geoprocessamento (GEOPRO/UFRN), ao projeto CRONALOG da Rede

Cooperativa Norte-Nordeste de Monitoramento Ambiental de Áreas Sob Influência da

Indústria Petrolífera (Rede 05 PETROMAR) e a CHM da Marinha do Brasil pela

disponibilização dos dados de Maré Astronômica.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

A utilização de Geotecnologias na região do estuário Apodi-Mossoró/RN revelou

informações que tornam mais compreensível a dinâmica de cobertura e uso da terra ao longo

de décadas e quais foram as áreas que passaram pelas maiores intervenções decorrentes das

atividades econômicas e da ocupação da superfície.

Áreas protegidas, a exemplo das áreas de preservação permanente (APP) e zonas

úmidas do estuário foram transformadas pela indústria salineira e parcialmente ocupadas por

áreas urbanas, sendo efetuadas mensurações na escala 1:30.000 para um período de meio

século. As maiores perdas ocorreram para as planícies flúvio-marinhas enquanto espaços

naturalmente inundáveis.

Em 1965 existia um potencial de áreas de preservação permanente da ordem de 443,39

ha, mas somente foram efetivamente computadas 83,45 ha em decorrência da anterior

ocupação que se consolidava na época. No ano de 2012 o potencial de APP foi de 1.051,96

ha, contudo, dada a consolidação pelo cobertura e uso da terra, somente restaram 787,57 ha. A

legislação ambiental necessita ser bastante clara em relação aos referenciais adotados para

delimitar espaços sob efeito protetivo, sob pena de resultar em diferentes interpretações e

quantificações que trarão prejuízos para o ambiente e conflitos socioeconômicos.

As mudanças verificadas na legislação ambiental, ampliaram as áreas protegidas no

estuário em 704,12 ha, contudo a principal evolução em 2012 ocorreu quando o estuário tinha

passado pelas principais transformações dos espaços com a expansão das salinas e cidades,

não representando assim, ganhos de proteção expressivos. Por causa do contexto analisado,

foi possível concluir que a legislação brasileira ainda não atende de forma suficiente a

proteção das zonas úmidas e várzeas de forma a atender as convenções internacionais de

RAMSAR e da Biodiversidade, além da importância que essas áreas representam no

equilíbrio das inundações costeiras, auxiliada pela preservação do ecossistema manguezal.

Uma necessidade verificada durante a pesquisa, se refere ao esforço que deve ser

empregado no planejamento inicial antes da análise da legislação ambiental. Esforço no

sentido de se identificar as origens que resultam na geração das leis, a exemplo dos princípios,

convenções e acordos internacionais, os quais tem passado por revisões mais rápidas do que a

legislação nacional. As convenções passam por discussões internacionais amparadas em

publicações científicas constantes, e informações podem passar despercebidas uma vez que

não estão previstas nas normas atuais do país. Outra medida importante em relação à análise

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das áreas protegidas, ocorre no emprego de cartografias e dados pretéritos em uma

determinada área, para compreensão de qual era o contexto de ocupação e da legislação da

época. Isto porque a maioria das análises são realizadas somente no aspecto das normas

vigentes e incoerências podem ser percebidas quando não compreendida a história evolutiva

de um determinado território.

Um resultado relevante em relação ao ecossistema manguezal foi percebido para a foz

do estuário. A área ocupada pelo mangue cresceu em relação a década de 1960, mas

atualmente não existem muitas áreas disponíveis para a expansão desse ecossistema, ainda

mais se for considerada a elevação o nível médio do mar. Isto representa riscos futuros tanto

para as áreas antrópicas (cidades, salinas, poços de petróleo a montante), quanto um prejuízo

para o manguezal.

As novidades trazidas pelas Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP) representam

uma evolução para o campo do sensoriamento remoto, pois representam o controle sobre a

resolução espacial e temporal que podem ser empreendidas nos estudos ambientais

desenvolvidos na zona costeira. A realização de trabalhos com mínimos investimentos

financeiros, unindo a Fotogrametria Digital com a Geodésia de Precisão (utilizando GNSS),

tem permitido a geração de Modelos Digitais de Superfície centimétricos que podem ser

vinculados ao sistema de referência terrestre oficial de cada país e permitir o monitoramento

dos impactos das inundações e mudanças climáticas na zona costeira, uma vez que permite

projetar as inundações com acurácias de poucos centímetros, além de ser possível trabalhar

mesmo em regiões com muitas nuvens.

A modelagem realizada com uma ARP na cidade de Areia Branca/RN demonstrou que

a inundação costeira ocorre com a combinação do fenômeno de maré astronômica e anomalias

ainda não muito compreendidas cientificamente quanto as observações de marés acima das

previsões. O nível de detalhamento do modelo permitiu mensurar inundações de apenas 50

cm na área, com precisão vertical de 6 cm, apresentando-se uma ferramenta com elevado

potencial para aplicação na gestão de riscos de inundação e elevação do nível do mar. Pode

contribuir com o planejamento das cidades costeiras entre outras regiões que requeiram

precisão no dado altimétrico, até então inexistentes com a resolução obtida. As metodologias

empregadas atendem incentivos do Gerenciamento Costeiro e Marco de Sendai.

A cota de inundação na cidade de Areia Branca/RN, atinge a altitude 2,396 m no

Sistema Geodésico Brasileiro, representando uma inundação costeira que atinge 16,29% do

território urbano, gerando danos que podem chegar a aproximadamente R$ 600.000,00 reais

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em cada evento (aproximadamente $ 147.783,25 dólares). Os riscos podem ser acentuados

com a elevação do nível do mar, chegando 23% a mais nas inundações futuras, ensejando a

inserção de análises da geodiversidade e riscos nos planejamentos locais e regionais, a

exemplo do Litoral Setentrional do Rio Grande do Norte.

Ações para redução dos riscos devem ser adotadas na região, como por exemplo a

realização de limpeza urbana mais frequência para impedir o carreamento de resíduos para o

sistema de drenagem urbana e entupimento de galerias, agravando situações de alagamentos.

Tal medida deve ser acompanhada de uma política de educação ambiental para a população

para que perceba os riscos e adotem medidas mais sustentáveis. Educação para impedir a

ocupação de áreas de risco combinada com ações de fiscalização, controle na emissão de

licenças e atualização do planejamento municipal, pois se observaram aterros significativos na

área urbana em regiões de baixa cota com perigo de inundação. Carece de revitalização as

áreas periféricas da cidade, com seus canais limitados e obstruídos com lixo, somada ao

lançamento de todo tipo de efluente, eleva o cenário de risco por inundação e também é uma

abertura para quadros de doenças. Isto reforça a necessidade urgente de finalização e

aplicação de um plano de saneamento básico.

Estudos anteriores apontaram vulnerabilidades e riscos na região do estuário Apodi-

Mossoró, e foi verificado que as áreas urbanas ou assentamentos humanos locados nas

porções mais baixas e planas estão em situações de elevada vulnerabilidade, em especial para

a inundações atuais e futuras. As cidades possuem planejamentos onde são identificadas áreas

especiais que muitas vezes potencializam o adensamento humano pelo maior potencial

construtivo. Mas esta pesquisa apontou riscos por inundação também em áreas que não

deveriam se quer possuir ocupações. Desta forma, é importante que esse tipo de informação

esteja acessível e em linguagem simples aos gestores e técnicos de planejamento para que seja

realizado um gerenciamento dos riscos e revisões no planejamento, pois essa já é considerada

uma adaptação viável e econômica, do que medidas estruturais com obras de engenharia.

Possibilidades de realocação precisam ser pensadas e calculadas, além de ações de

fiscalização mais rotineiras e monitoramentos periódicos acerca das mudanças da cobertura e

uso da terra, uma vez que podem identificar situações que elevam o risco, como por exemplo

o aterro para edificar em áreas expostas ao atual perigo de inundação.

O Litoral Setentrional do Rio Grande do Norte não possui um zoneamento ambiental

nos ditames de um Zoneamento Ecológico Econômico, e esta é uma missão que requer certa

urgência de elaboração por parte do poder público, pois esse setor costeiro cresce cada dia

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mais em relação as representativas atividades econômicas de âmbito nacional, além da

expansão urbana. Considerações sobre o risco por inundação costeira, fluvial e alagamentos

devem ser incorporados as discussões, a começar pela geração de uma base que permita

modelar dados sistematizados. Neste sentido, tanto o poder público quanto a sociedade em

geral devem se apropriar de informações como as apresentadas neste estudo, realizando

discussões públicas e incorporando as contribuições para formulação e políticas públicas.

Monitoramentos e investigações meteoceanográficas sobre a atuação dos ventos,

tempestades, comportamento de ondas e marés que atingem o estuário são necessárias para

compreender qual é o real fenômeno não astronômico que tem promovido marés acima de

previsões da tábua de maré da Diretoria de Hidrografia e Navegação. Uma evidência

importante que precisa começar a ser documentada e sistematizada são os avisos de riscos de

ressaca aos navegantes na região, realizado pela Marinha do Brasil (mas não armazenados

registros históricos ou sistematização) para as situações de fortes ventos e ondas acima do

normal em mar aberto, mas que podem atingir a costa. Recomenda-se estabelecer relações

entre a migração da Zona de Convergência Intertropical, a temperatura do oceano, os períodos

de atuação dos ventos alísios de sudeste, pressão atmosférica, os ciclos de El Niño e La Niña e

os períodos de mais intensas precipitações. Espera-se que seja possível verificar se há

ocorrência de marés meteorológicas e se para o estuário ocorrem efeitos de runup

significativos.

Recomenda-se que outros fenômenos sejam avaliados para novos cenários de risco por

inundação no estuário e que possam ser agravantes, como por exemplo a necessidade de

considerar as contribuições fluviais da bacia hidrográfica em períodos chuvosos quando a

descarga de água pode potencializar sobrelevação do nível das águas no estuário em situações

que se depare com marés altas de sizígia. Aspectos antrópicos como barragens ao longo da

bacia, e situações de cheias máximas com caudais muito acima das vazões comumente

registradas devem ser modelados, juntamente com situações potenciais de escoamento

superficial das áreas não vegetadas e impermeabilizadas na área de influência direta do

estuário.

Um possível risco que pode ser considerado como mais um evento coincidente, existe

em relação à indústria salineira e atividade de carcinicultura, pois uma vez ocupadas as áreas

naturais de planície flúvio-marinha, cujo fenômeno da inundação ocorre, deve ser computada

a possibilidade de lançamento de efluentes dos tanques de viveiros e bacias evaporadoras das

salinas ao mesmo tempo e durante episódios de chuvas intensas, uma vez que durante as

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tempestades não é incomum a abertura de comportas para o estuário, no intuito de reduzir o

risco de rompimento ou transbordamento dos paredões artificiais, e isto pode chegar a

coincidir com um momento de maré alta de sizígia.

Algumas limitações com as quais nos deparamos no desenvolvimento da pesquisa

foram os períodos para realização dos levantamentos com o RPA, pois a área costeira apesar

de apresentar extenso período de insolação, possui ventos fortes que podem representar o

perigo na realização de sobrevoos. Além disto, é comum encontrar torres de telecomunicações

em áreas urbanas, as quais interferem diretamente no sinal de comunicação do equipamento

(interferência eletromagnética), impedindo o levantamento com o mesmo em alguns setores.

Os RPA que realização manobras verticais e horizontais (quadricópteros) são

excelentes para sobrevoos em áreas urbanas, contudo a depender do tamanho da área de

levantamento, se faz necessária a realização e vários sobrevoos e a disponibilidade de várias

baterias (4 neste trabalho) para poder atingir metas diárias de recobrimento. Mesmo assim

verifica-se que os quadricópteros sejam uma vantagem em relação aos aparelhos de asa fixa,

dada a necessidade de manobras, decolagens e aterrissagens em espaços restritos, que

requerem manter a aeronave relativamente próxima (máximo de 500 metros de distância

horizontal) a fim de evitar a perda de sinais em ambientes com elevado nível de interferência

eletromagnéticas.

O levantamento de campo ainda exige uma distribuição de pontos de controle em terra

por vezes distantes um do outro. Para vencer a dificuldade, se fez necessária a participação de

equipe auxiliar para rastreamento dos alvos com equipamento de GPS geodésico, enquanto

eram realizados os sobrevoos com o RPA, oferecendo um trabalho mais rápido. Uma

limitação do equipamento utilizado ocorreu por exigir a utilização do mesmo em modo

estático, onde para cada ponto de controle se fez necessário aguardar pelo menos 20 minutos

no intuito de se obter a melhor precisão possível. A redução de tempo de levantamento com

GPS pode ser vencida com a utilização de GPS com tecnologia RTK. Atualmente já são

produzidos equipamentos RPA com GPS RTK acoplado, eliminando a necessidade de coleta

de pontos de controle e mantendo uma acurácia centimétrica. Entretanto, por serem novas

geotecnologias, ainda possuem custos elevados, fora da proposta deste trabalho para pequenas

cidades.

Dificuldade para vinculação do levantamento com GNSS ocorreu por causa da

destruição e modificação das referências de nível (RRNN) da Rede Altimétrica Fundamental

do Brasil (RAFB), anteriormente existentes na área de estudo. Por isto foi materializada uma

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base geodésica rastreada por 8 horas e realizado o pós-processamento através da Rede

Brasileira de Monitoramento Contínuo, cujo resultado foi comparado ao Posicionamento por

Ponto Preciso (PPP) do IBGE, resultando em erro máximo de 3 mm.

O trabalho desenvolvido pode ser aplicado em outras áreas costeiras, tanto para áreas

que já possuem evidências de inundação, ou que possam vir a ocorrer o fenômeno,

apresentando-se como uma alternativa de baixo custo com eficiência e confiabilidade.

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