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0 JOSÉ GLÁUCIO BRITO TAVARES DE OLIVEIRA AUTORIA E PLÁGIO EM TRABALHOS ACADÊMICOS: POLÍTICAS E AÇÕES DE COMBATE A CONTRAFAÇÃO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO NATAL/RN 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS INSTITUCIONAIS MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE PROCESSOS INTITUCIONAIS

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JOSÉ GLÁUCIO BRITO TAVARES DE OLIVEIRA

AUTORIA E PLÁGIO EM TRABALHOS ACADÊMICOS: POLÍTICAS E AÇÕES DE

COMBATE A CONTRAFAÇÃO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO

NATAL/RN

2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS INSTITUCIONAIS

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE PROCESSOS INTITUCIONAIS

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JOSÉ GLÁUCIO BRITO TAVARES DE OLIVEIRA

AUTORIA E PLÁGIO EM TRABALHOS ACADÊMICOS: POLÍTICAS E AÇÕES DE

COMBATE A CONTRAFAÇÃO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Gestão de Processos

Institucionais, do Centro de Ciências Humanas,

Letras e Artes, da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, para obtenção do título de

Mestre.

Linha de Pesquisa: Ética e Gestão de

Processos Institucionais.

Orientador: Dr. Sérgio Luís Rizzo Dela-Sávia

NATAL/RN

2016

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JOSÉ GLÁUCIO BRITO TAVARES DE OLIVEIRA

AUTORIA E PLÁGIO EM TRABALHOS ACADÊMICOS: POLÍTICAS E AÇÕES DE

COMBATE A CONTRAFAÇÃO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Gestão de Processos

Institucionais, do Centro de Ciências Humanas,

Letras e Artes, da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, para obtenção do título de

Mestre.

Aprovado em: 07 de dezembro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Prof. Dr. Sérgio Luís Rizzo Dela-Sávia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(Presidente da banca)

__________________________________________________

Profa. Dra. Denise Pereira do Rêgo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(Examinador interno)

__________________________________________________

Prof. Dr. José Luiz de Oliveira

Universidade Federal de São João Del-Rei

(Examinador externo)

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Dedico este trabalho à minha família.

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AGRADECIMENTOS

Aos colegas de sala de aula, pelas contribuições acadêmicas e profissionais. Vocês me

inspiram pela responsabilidade com o serviço público.

Ao seleto grupo da “Gestão de Fofocas”, que possibilitou leveza nos momentos mais

árduos do mestrado. São amigos que levarei para a vida.

Às “amiguinhas” Cybelle, Ericka, Fernanda, Joumara e Kátia que, há 15 anos,

inspiram-me profissionalmente. Sem elas, certamente, não estaria onde estou. Muito obrigado

pela amizade e amor. Vocês são minha família.

Agradeço às amigas bibliotecárias, que também foram importantes na minha vida

quanto profissional da informação, por me permitirem entrar em suas vidas de uma forma

simples e amável, cito-as aqui: Adriana Carla, Camile, Elisabeth, Hadassa, Joyanne, Kalline,

Kênia, Luciana e Magali, vocês são parte de mim.

Agradeço ao meu Orientador, o Professor Dr. Sérgio Luís Rizzo Dela-Sávia, por

aceitar o desafio de caminharmos juntos na conclusão deste trabalho.

Aos amigos da vida, por entenderem as ausências por prioridades acadêmicas.

Em especial, agradeço a todos os membros de minha família. É pela base educacional

recebida que estou conseguindo o título de mestre.

Por fim, quebrando o protocolo, quero fazer também um desagradecimento,

direcionado aos amigos dos grupos “BMBs” e “SENSE8”, por combinarem as festas nos

momentos mais críticos do mestrado. Enfim, tive condições de resistir em certos momentos

(em outros, não).

A todos, meu muito obrigado!

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“O essencial, com efeito, na educação, não é a doutrina ensinada, é o despertar”.

Ernest Renan

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OLIVEIRA, José Gláucio Brito Tavares de. Autoria e plágio em trabalhos acadêmicos:

políticas e ações de combate a contrafação no contexto universitário. 2016. 67f. Dissertação

(Mestrado em Gestão de Processos Institucionais) – Centro de Ciências Humanas, Letras e

Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.

RESUMO

A produção acadêmica é uma das principais atividades do ensino superior, pois promove o

conhecimento por meio das pesquisas científicas e possibilita o desenvolvimento de uma

sociedade. Entretanto, a elaboração de trabalhos acadêmicos por vezes é manchada pela

prática do plágio. A contrafação acadêmica ocorre quando o autor utiliza conteúdo intelectual,

seja de forma integral ou parcial, de outros autores e não os cita, deixando de conceder os

créditos à titularidade da obra pesquisada, ferindo os princípios éticos e as proposições legais

que regem a Lei do direito autoral. Para a investigação desse fenômeno, optou-se nesta

dissertação pela pesquisa bibliográfica e documental. O estudo sinalizou como causas que

levam o aluno universitário a cometer o plágio os seguintes fatores: o fácil acesso à

informação proporcionada pela internet; a falta de planejamento do tempo dedicado aos

estudos; a inabilidade da prática de produção textual; a falha de conduta moral do indivíduo e

o desconhecimento técnico tanto dos conceitos relativos ao plágio como das regras de

concessão de créditos aos autores consultados. Após análise das políticas institucionais da

UFRN, que tratam da proteção aos direitos autorais e combate ao plágio, foi possível

averiguar que, apesar da recomendação para que se criem instrumentos de orientação e

conscientização de um comportamento ético e da honestidade na conduta acadêmica, ainda

são poucos os produtos, como material didático, documentos normativos e serviços de

combate ao plágio no contexto universitário. Para resolução desta lacuna educacional, em

consonância com a política institucional, este estudo sugere a criação de instrumentos que

auxiliem a comunidade acadêmica, tanto em sala de aula, nas disciplinas relativas à

Metodologia do Trabalho Científico, quanto em cursos de capacitação, para que se diminuam

os casos de plágio em trabalhos acadêmicos na UFRN.

Palavras-chave: Plágio acadêmico. Direitos Autorais. Ética. Propriedade intelectual.

Metodologia do Trabalho Científico.

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ABSTRACT

The academic production is a main activities of the superior education, because promotes the

knowledge through scientific researches and enable the development of a society. However,

the academic works elaboration sometimes is stained by the plagiarism practice. The

academic counterfeit occurs when the author uses intellectual contents, in whole or in part, of

the others authors and don‟t cite them, failing to provide the credits the work searched,

injuring the ethics principles and the legal proportions that organize the law of copyright.

From this principle that we don‟t need of the database collected in field research to verify

existence of the plagiarism in the university environment, this dissertation is characterized as

a bibliography research. The study indicated the causes that lead the students to plagiarism.

The following are cited as causes: easy access the information provided by the technology;

lack of the planning time dedicated to studies; inability of the textual production practice;

failure of the individual conduct moral and the technic unfamiliarity of the concepts related to

plagiarism as well as concession rules of the credits to authors researched. After analysis

institutional policies at UFRN, that ensure the copyright protection and combating plagiarism,

was possible to see that, despite the recommendation for the creation instruments of

orientation and awareness of an ethical behavior and the honesty in the academic conduct,

there are still few the products and services combating to plagiarism in the university context.

To resolution of the educational gap, according to institutional politics, this work we intend to

contribute to the creation of the instruments to help the academic community, in classroom, in

class related the Methodology of the Scientific Work, as well as training courses, reducing

plagiarism cases in academic work at UFRN.

Keywords: Academic plagiarism. Copyright. Ethics. Intellectual property. Methodology of

the Scientific Work.

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APA American Psychological Association

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CONSEPE Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão

ENAP Escola Nacional de Administração Pública

FACISA Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

IES Instituições de Ensino Superior

LDA Lei de Direitos Autorais

MTC Metodologia do Trabalho Científico

NBR Norma brasileira

OMPI Organização Mundial da Proteção Intelectual

PP Projeto Pedagógico

RD Repositório Digital

REUNI Reestruturação e Expansão das Instituições de Ensino Superior

SINFO Superintendência de Informática

SISBI Sistema Integrado de Bibliotecas

TCC Trabalho de Término de Curso

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UFPB Universidade Federal da Paraíba

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11

1 O PLÁGIO....................................................................................................... 15

1.1 PLÁGIO ACADÊMICO .................................................................................. 16

1.1.1 Os sujeitos envolvidos no processo................................................................ 19

1.2 CONCESSÃO DE CRÉDITOS AO AUTOR LIDO ....................................... 19

1.2.1 NBR 10520:2002 – Citações em documentos – Apresentação ................... 20

1.2.2 NBR 6023:2002 – Referências – Elaboração ............................................... 21

1.3 TIPOS DE PLÁGIO ........................................................................................ 21

1.3.1 Plágio direto .................................................................................................... 21

1.3.2 Plágio parcial................................................................................................... 22

1.3.2.1 Paráfrase sem créditos ao autor consultado..................................................... 22

1.3.3 Plágio de fontes ............................................................................................... 22

1.3.4 Plagio consentido ............................................................................................ 23

1.3.5 Autoplágio ....................................................................................................... 23

1.3.6 Nem tudo é plágio .......................................................................................... 24

1.4 ALTERNATIVAS DE EVITAR O PLÁGIO ACADÊMICO......................... 24

1.5 A QUESTÃO ÉTICA QUE ENVOLVE O PLÁGIO ACADÊMICO............. 26

1.5.1 A reflexão ética na construção do leitor-autor ............................................ 29

1.6 RECONHECIMENTO DO ERRO E EXPOSIÇÃO DAS FRAUDES

ACADÊMICAS ............................................................................................... 31

1.7 PLÁGIO ACIDENTAL POR FALHA TÉCNICA.......................................... 33

1.8 PRESSA NA PUBLICAÇÃO ......................................................................... 34

1.9 FACILIDADES NO ACESSO A INFORMAÇÃO ........................................ 35

2 DIREITOS AUTORAIS ................................................................................ 38

2.1 SURGIMENTO DOS DIREITOS AUTORAIS .............................................. 38

2.2 HISTÓRICO DOS DIREITOS AUTORAIS NO BRASIL ............................. 40

2.2.1 Propriedade Intelectual no Direito Autoral ................................................ 41

2.2.1.1 Obras Intelectuais ............................................................................................ 42

2.3 SANÇÕES ....................................................................................................... 43

3 A METOLÓGICA DO TRABALHO CIENTÍFICO NO ENSINO

SUPERIOR ..................................................................................................... 46

3.1 A METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO NA MATRIZ

CURRICULAR DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA FACISA/UFRN ... 49

4 POLÍTICAS DE COMBATE AO PLÁGIO E INSTRUMENTOS

NORMATIVOS NA UFRN............................................................................ 53

4.1 PROGRAMAS PARA DETECTAR O PLÁGIO ........................................... 56

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 59

PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA INIBIR O

PLÁGIO ACADÊMICO ............................................................................... 61

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 63

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INTRODUÇÃO

A produção científica é uma das principais atividades do ensino superior, pois

promove e dissemina o conhecimento por meio de pesquisas acadêmicas, democratiza a

informação e serve de base para o desenvolvimento político, social e sustentável de uma

sociedade, além de desempenhar um papel fundamental na gestão acadêmica e nas atividades

da universidade na pesquisa, ensino e extensão.

No início do processo investigativo e elaboração dos trabalhos apresentados na

academia, o estudante tem pela frente um longo caminho de pesquisas e leituras exaustivas,

disponíveis em diversas fontes de informação. Atualmente, o fácil acesso à informação,

possibilitado pelo avanço tecnológico, em especial, a internet, e o curto tempo do qual o aluno

dispõe para realizar diversas tarefas do dia a dia o conduzem a buscar caminhos mais rápidos

para elaboração dos trabalhos científicos. No entanto, uma das grandes preocupações das

Instituições de Ensino Superior (IES) é com a qualidade, honestidade e veracidade das

informações apresentadas nos trabalhos que são postos para avaliação em sala de aula; e um

dos motivos que leva ao demérito acadêmico ocorre quando casos de plágios são descobertos,

resultando em diversas implicações institucionais e morais para os envolvidos.

Deste modo, para evitar que isso aconteça, é importante que disciplinas relativas à

Metodologia do Trabalho Científico (MTC) estejam presentes na matriz curricular dos cursos

de graduação, uma vez que elas permitem auxiliar os professores e profissionais habilitados

na orientação e instrução dos alunos sobre como iniciar a pesquisa, bem como conduzi-los no

processo de elaboração e apresentação de trabalhos acadêmicos. Nesta perspectiva, as

disciplinas em questão podem prevenir as ocorrências de plágio oriundos de falha técnica,

habilitando os discentes na utilização de instrumentos metodológicos, com diretrizes

normativas de concessão de créditos ao autor consultado.

Outro fator apontado neste estudo é a falha de ordem moral, quando o indivíduo tem

conhecimento das normas técnicas, mas faz uso de conteúdo de outros autores como se fosse

seu, utilizando ilegalmente o material alheio, de forma parcial ou integral, na tentativa de

ludibriar os leitores ao publicar seu trabalho.

A prática do plágio não é cometida apenas pelo aluno que está iniciando a vida

acadêmica. Casos de plágio são identificados também entre pesquisadores experientes e

professores, os quais, quando descobertos,acarretam grandes prejuízos, tendo em vista que

causam a desmoralização profissional e interferem diretamente nas instituições envolvidas no

processo. Conceitos mais aprofundados relativos ao plágio, aos tipos e às razões que levam o

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plagiário a cometê-lo serão abordados neste trabalho.

No contexto local, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONCEPE), com o

objetivo de coibir a prática de plágio na Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), instaurou documentos normativos como políticas institucionais por meio das

Resoluções de Nº 157/2013, de 01 de outubro de 2013, e a de Nº 149/2008, de 04 de

novembro de 2008. A primeira regulamenta a proteção aos Direitos Autorais no âmbito da

UFRN e recomenda a necessidade da criação de instrumentos que possibilitem a educação

continuada quanto à temática de estudo, promovendo uma conscientização da comunidade

acadêmica no que diz respeito às práticas de boa conduta na redação científica e contribuindo

com a diminuição de casos de plágio na universidade. Já a segunda, de forma mais técnica,

trata da proteção aos direitos da propriedade intelectual da UFRN.

Assim sendo, por meio de pesquisas bibliográfica e documental, o presente trabalho

buscou compreender os motivos que levam à prática do plágio acadêmico.

Como objetivo geral, pretendeu-se discutir o problema do plágio, suas implicações

acadêmicas e éticas, visando a criação de instrumentos normativos, com a missão de apontar

princípios e orientações que possam nortear a conduta na prática da redação científica e, assim,

combater ao plágio acadêmico, em consonância com a política instituída pela UFRN. Com os

objetivos específicos, pretendeu-se:

a) Promover a discussão acerca dos motivos que levam à prática do plágio acadêmico e

sobre como evitá-lo;

b) Realizar um estudo dos instrumentos normativos de que dispõe a UFRN para o

combate à prática do plágio e proteção à propriedade intelectual;

c) Discorrer sobre a importância da disciplina metodologia do trabalho científico, como

norteadora na prática do ensino superior.

Justifica-se um estudo aprofundado nesta área, pois, apesar da existência de

resoluções que tratam de direitos autorais, proteção a propriedade intelectual e de combate ao

plágio, ainda são poucas as ações efetivamente educacionais e curriculares de produtos

institucionais que eduquem e esclareçam a comunidade acadêmica sobre as implicações

decorrentes dessa prática. Portanto, com este estudo, será possível sistematizar a indicação de

mais produtos, políticas e instrumentos educativos, por meio do conhecimento das diretrizes

normativas, com o intuito de permitir a precisão na apresentação de trabalhos científicos e

possibilitar o desenvolvimento de documentos normativos que possam contextualizar o tema

com profundidade e instruir os alunos e pesquisadores sobre como evitar o plágio em

publicações acadêmicas.

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A natureza deste trabalho é dissertativa, sendo ele composto por seis capítulos, os

quais serão descritos a seguir.

No primeiro capítulo, é feita a apresentação estrutural do trabalho, na qual são

apontadas as primeiras considerações sobre o tema, bem como a exposição dos objetivos,

hipóteses e justificativas que levaram à realização da pesquisa.

No segundo capítulo, foram abordados conceitos a respeito do que é o plágio, suas

variações, as características no âmbito acadêmico, assim como a questão ética que o envolve.

O terceiro capítulo discorre sobre os Direitos Autorais, o histórico dessa lei no Brasil e

as características peculiares da apropriação de conteúdo intelectual e das implicações que esta

prática oferece.

O quarto capítulo, voltado à Metodologia do Trabalho Científico como disciplina que

propõe capacitar o aluno na instrumentalização e apresentação de trabalhos científicos,

discorre sobre a importância da melhor estruturação deste campo do conhecimento no ensino

superior.

No quinto capítulo, discutem-se as políticas de combate ao plágio por meio dos e

instrumentos normativos adotados na UFRN.

No sexto capítulo, são apresentadas as considerações finais, bem como as

recomendações e sugestões de elaboração de instrumentos de boas práticas da redação

científica.

O conteúdo deste trabalho não tem finalidades jurídicas, que busca penalizar

legalmente aquele que comete o plágio. Esta pesquisa tem predicados educacionais, de caráter

instrumental e instrutivo para promover uma conduta ética e idônea na construção do sujeito

autor.

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CAPÍTULO I

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1 O PLÁGIO

O conceito de plágio, para o Dicionário Aurélio, vem do grego plágios, „trapaceiros‟,

do latim plagium, expressa ato ou efeito de plagiar. O verbo plagiar significa “assinar ou

apresentar como seu alguma obra artística ou científica de outrem” (FERREIRA, 2010, p.

1650). Complementando essa conceituação, Krokoscz (2012, p. 11) define plágio como

“qualquer conteúdo (artístico, intelectual, comercial etc.) que tenha sido produzido ou já

apresentado originalmente por alguém e que é reapresentado por outra pessoa como se fosse

próprio ou inédito”.

Com foco na questão ética que envolve o uso de ideias, Dias e Eisenberg (2015, p.

183), diante do apanhado de conceitos, assinalam que plágio é “eticamente inaceitável, uma

vez que não dar o devido crédito à voz de outrem configura roubo, apropriação indevida, ou

sequestro da expressão”.

Portanto, entende-se que plágio é a apropriação de qualquer tipo de produção artística,

literária, comercial ou científica, apresentada ou assinada como sua, configurando uma

apropriação indébita de autoria.

A origem do plágio não tem época precisa. Mas, historicamente, há relatos que

atestam sua ocorrência desde a Antiguidade Romana. O plagiário, do latim plagiariu, era um

termo utilizado quando a Lex Fabia ex plagiariis romana citava aqueles que vendiam como

escravos os homens livres, ou até o ato de apoderar-se de indivíduos alheios (MORAES,

2006). Neste contexto, percebe-se que, numa leitura livre, o termo não tem relação direta com

o conceito de plágio adotado hoje, mas se for considerar o fato de que pessoas eram “furtadas”

de outros, essa expressão faz sentido por guardar uma conexão com a expressão na atualidade,

ou seja, o que significa uma apropriação não autorizada de alguma obra hoje, naquela época,

significava a usurpação do ser humano.

Numa abordagem mais ampla, o plágio tem várias faces. No campo das artes plásticas,

existem casos famosos de reproduções de pinturas que são comercializadas ludibriando as

pessoas, que compram os quadros na certeza de serem verdadeiros. Na música, ocorre quando

a melodia ou trecho da letra de uma canção é copiado por outro artista. Se comprovada a

infração, a lei resguarda o direito do autor original e, geralmente, é paga uma indenização1. A

fraude é chamada também de “contrafação”, que significa a reprodução comercial de um item

1Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Art. 102. O titular cuja obra seja fraudulentamente

reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada, poderá requerer a apreensão dos exemplares

reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível.

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sem autorização prévia de quem detém a sua autoria.

Já no campo da reprodução do conhecimento, essa prática ocorre de uma maneira

diferenciada. Segundo Krokoscz (2012, p. 11), “diferentemente dos produtos artísticos e

comerciais, o conhecimento não tem um valor material, e seu incremento depende do que já

foi apresentado, portanto, seu aumento se faz a partir do que já foi dito”. Quando ideias são

utilizadas na redação acadêmica, cabe apenas ao redator, além de transcrever o trecho lido,

dar os devidos créditos ao autor consultado. Sendo assim empregadas, não existe nenhum tipo

de contravenção. Entretanto, essa prática se torna ilegal quando a indicação de autoria não

ocorre no texto produzido, ocasionando o plágio.

1.1 PLÁGIO ACADÊMICO

O plágio acadêmico é um problema que vem crescendo nas últimas décadas, e as

ocorrências dessa prática se expandiram com a invenção da impressa no século XX. Hoje,

com o advento das novas tecnologias e, principalmente, da internet, o problema tomou

proporções grandiosas. Verificar o conteúdo de tudo que é produzido na academia é muito

difícil, pois com as inúmeras possibilidades de busca e recuperação de conteúdos, a internet se

tornou uma facilitadora da prática do plágio, ainda que a reprodução indevida de documentos

possa ser descoberta por meio de sites e instrumentos, como os softwares detectores de plágio.

Antigamente, o plágio era de difícil identificação, pois os professores só identificavam os

casos se conhecessem bem a estética e maneira da escrita de seus alunos:

O plágio não é um fenômeno recente e pode ser encontrado em qualquer área.

O advento do microcomputador e da internet facilitou a cópia do trabalho

alheio – e mesmo do próprio (autoplágio). Porém, o meio eletrônico, que

facilita o plágio, também possibilita maneira mais eficiente para sua

detecção, comparado ao processo manual de outrora (PEREIRA, 2012, p.

334).

Mas, antes de acusar a facilidade do acesso à informação como problema principal,

tem-se que verificar como essa a prática pode ser prevenida. Talvez, seja à base da educação

do indivíduo, haja vista que a prática do plágio tornou-se um problema enraizado nas

instituições de ensino superior e, por isso, merece uma atenção especial na edificação autoral

do sujeito, com o intuito de que, no processo educacional, seja construído um autor pensante,

capaz de produzir cientificamente e preocupado com a honestidade do conhecimento

produzido (LUCKESI et al. 2005).

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A produção de um texto científico não nasce sem conhecimento prévio do que vai ser

estudado, mas sim do diálogo de ideias já existentes e compreensão textual por meio da

interpretação feita sobre os conteúdos expostos por outros autores. Assim, o conhecimento

posto em prática na escrita se materializa em um novo texto. Corroborando com isso, Dias e

Eisenberg (2015, p. 184) dizem que “nesse diálogo, muitas são as vozes, as citações do

discurso de outrem que, articuladas, compõem o todo do fazer autoral”. Ainda sobre essa tese,

segundo Silva (2008, p. 360), o “discurso nunca é constituído de uma única voz; é polifônico,

gerado por muitas vozes, muitos textos que se cruzam e se entrecruzam no espaço e no tempo;

resultado que flui para dentro do leitor, passando a fazer parte da sua fala, de seus textos”.

A questão vai além de ser apenas uma transcrição textual, e o professor orientador tem

papel fundamental na educação de seus alunos quanto aos problemas que o plágio pode causar.

Pithan e Vidal (2013, p. 80) deixam claro que “quando se trata da questão do plágio como um

tipo de fraude acadêmica que deve ser evitada, deve-se pensar que a prevenção pode ser

objeto de ensino inserido na relação entre orientador e orientando”.

Esse assunto pode ser encarado no patamar de uma questão educativa. Ao fazer uma

breve análise do livro “Plágio: palavras escondidas” das autoras Débora Diniz e Ana Terra,

publicado em 2014, a pesquisadora Marulanda (2015, p. 439) cita a importância da

organização da pesquisa e atenção na redação, ressaltando que “na obra se desenvolvem

ensinamentos sobre boas práticas na escrita acadêmica. Os usos das práticas como citações

textuais, paráfrases e normas de pontuação são explicitados”. As autoras destacam a

importância da prática na redação científica e da concessão de créditos aos autores

pesquisados, lembrando ainda, que um texto que não concede os créditos aos autores lidos

resulta sempre em perda de integridade acadêmica.

Então, propõe-se que, quando houver a transcrição do trecho lido, exista a

obrigatoriedade do destaque ao autor, e isso pode ser feito de várias formas, sendo

identificado por aspas ou subscritos, dependendo da norma que for seguida. No Brasil,

comumente se utilizam as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mas

outras normas como a Vancouver e a American Psychological Association (APA) também

são usadas na normalização de trabalhos acadêmicos. Revistas especializadas, geralmente,

indicam qual norma o autor deve seguir.

A Lei 9.610 de 1998, que se refere às sanções dos Direitos Autorais, no artigo 108,

deixa claro que a indicação de autoria consultada deve existir, podendo o plagiário sofrer

sanções caso não a faça: “Quem, na utilização, por qualquer modalidade, de obra intelectual,

deixar de indicar ou de anunciar, como tal, o nome, pseudônimo ou sinal convencional do

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autor e do intérprete, além de responder por danos morais, está obrigado a divulgar-lhes a

identidade” (BRASIL, 1998). Nesse sentido, o código de boas práticas científicas, elaborado

pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, 2011, p. 23), no item

3.2.5, diz que “todo pesquisador que publicar trabalho científico idêntico, ou substancialmente

semelhante, a trabalho já publicado deve mencionar expressa e destacadamente o fato no texto

do trabalho”. Enfatizando essa questão, o mesmo código da FAPESP (2011, p. 31), no item

“c”, discorre sobre as más condutas de um pesquisador, citando que “o plágio, ou a utilização

de ideias ou formulações verbais, orais ou escritas de outrem sem dar-lhe por elas, expressa e

claramente, o devido crédito, de modo a gerar razoavelmente a percepção de que sejam ideias

ou formulações de autoria própria”.

O plágio no ambiente de ensino dificilmente será enquadrado em códigos jurídicos,

tratando-se da tomada/roubo de ideias e apropriação intelectual, o que não chega a ser

considerado um delito criminal, diferentemente das acusações de plágio no meio artístico, em

que a lei de direito autoral protege qualquer tipo de reprodução por envolver questões

econômicas.

Ao encontrar casos de plágio nos trabalhos dos alunos, os professores devem avaliar o

fato por várias vertentes antes de qualquer critério punitivo, pois o problema pode ter surgido

por vários motivos. Muitas vezes o plágio acontece sem a intenção de cometê-lo, que se dá

por falha técnica ou desconhecimento das regras e acontece acidentalmente. Em alguns dos

pontos de caminhos propostos para se evitar o plágio, Dias e Eisenberg (2015, p. 193), na

alínea “f”, comentam esse fato e assinalam que “carece o professor perceber que verificar o

plágio deve ser um ato entendido como educativo e não de mero policiamento, uma vez que

há alunos que cometem o plágio sem saber que, de fato, estão envolvidos numa construção

ilícita de dizeres”.

O fato é que o assunto deve estar presente em discussões acadêmicas de todos os

níveis. Mas é no ensino superior que essa prática requer um estudo mais aprofundado para

saber quais os reais motivos que levam a praticá-lo. Não se pode acusar o plagiador de ladrão

de ideias, tendo em vista que, antes das acusações diretas, deve-se analisar o que está por trás

do plágio, quais os motivos que levaram o plagiário a cometê-lo.

Como mencionado anteriormente, por vezes, o plágio ocorre por falta de

conhecimento técnico do redator quando está transcrevendo ideias de outrem em seu trabalho.

Porém, outro fator que colabora para a ocorrência do plágio é a falta de conduta ética e moral

do redator, quando este apresenta um trabalho sem originalidade, construído de forma

desonesta, por meio de conteúdo alheio. A questão ética será discutida na subseção 2.5.

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19

1.1.1 Os sujeitos envolvidos no processo

O problema do plágio envolve três sujeitos, são eles: o criador, o reprodutor e o leitor.

Se o terceiro elemento não existisse, aquele que recebe a informação final, dificilmente a

prática do plágio poderia ser identificada. O plágio, obviamente, só ocorre porque o

reprodutor reescreveu as ideias do criador da obra e não lhe concedeu os devidos créditos,

citando-o no trabalho (KROKOSCZ, 2012). Não são identificados também quando trabalhos

acadêmicos são comprados e, por esta razão, apenas assinados pelo redator. Neste caso, será

quase impossível de que o leitor identifique a fraude.

1.2 CONCESSÃO DE CRÉDITOS AO AUTOR LIDO

Segundo Medeiros (2009, p. 102), “o intelectual que desrespeita as normas

estabelecidas para a realização de um texto corre o risco de ser desconsiderado pela

comunidade científica”. Para que um documento pesquisado e lido possa ter seu conteúdo

utilizado de forma idônea pelo autor, mantendo a integridade acadêmica e promoção do

conhecimento, ele deve sempre conceder os créditos ao autor do texto original, citando-o e

referenciando-o segundo padrões normativos de organização de trabalhos acadêmicos. Uma

característica de boa prática na redação acadêmica é demonstrada quando o aluno tem a

preocupação de buscar e catalogar as fontes de informação que fundamentaram teoricamente

o trabalho, assim como representar ativamente a voz do autor pesquisado dentro do texto, nos

aspectos metodológicos (ARAÚJO; DIEB, 2013).

O professor tem disponível diversos documentos que podem ser apresentados aos

alunos, para que possam ser instruídos ao fim das leituras dos conteúdos e, então, darem os

créditos ao material consultado. Existem várias normas que estabelecem padrões de

organização de trabalhos acadêmicos e científicos, como a Vancouver que é mais utilizada

para publicações na área de saúde e a APA, comum nos trabalhos de Psicologia. Como já

mencionado, no Brasil, na maioria das instituições de ensino, são adotadas as regras da

ABNT2, pela Norma Brasileira (NBR) 10520:2002 – Informação e documentação – Citações

em documentos – Apresentação e pela NBR 6023:2002 – Informação e documentação –

Referências – Elaboração. A seguir, será demonstrado resumidamente como deve ser tratada a

2 Na internet existem ferramentas que facilitam a elaboração de referências como o MORE,

administrado pela Universidade Federal de Santa Catarina, o site cria e organiza as referências.

Disponível em: http://novo.more.ufsc.br/inicio

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apresentação de autoria na redação de textos acadêmicos, segundo essas normas brasileiras.

1.2.1 NBR 10520:2002 - Citações em documentos – Apresentação

Segundo Oliveira (2011, p. 5), “a citação é uma menção de uma informação extraída

de outra fonte que tem por finalidade dar embasamento ao argumento do autor, com o

propósito de complementar suas ideias, dando respaldo à sua produção”. Ou seja, é a

utilização de um trecho de relevância intelectual com o intuito de dar suporte às discussões e

ideias produzidas pelo autor. O trecho citado deve obrigatoriamente ser apresentado com

método e precisão, pelo destaque entre aspas se tiver até três linhas, ou com o recuo para a

margem de quatro centímetros se tiver mais de três linhas3.

São elementos básicos de uma citação4: Autoria (pessoa, título ou instituição), ano de

publicação, página e trecho citado. A seguir, Oliveira (2011) fornece as seguintes descrições

básicas, distinguindo os tipos de citações:

a) Citação direta:

Transcrição literal de um texto da obra consultada, obedecendo à grafia, pontuação,

idioma, redação, ortografia, etc. Ela pode ser exposta de duas formas: breve com até três

linhas, ou longas com mais de três linhas.

Com mais de três linhas: devem aparecer em parágrafo próprio, obedecendo ao recuo

de quatro centímetros da margem esquerda, sem aspas, com fonte menor do que a do texto e

espaçamento simples entre linhas.

b) Citação indireta:

Quando existe a redação corrente dentro do texto baseada em alguma obra consultada,

mantendo a ideia da versão original. Não há a necessidade de aspas duplas e nenhum tipo de

destaque, porém há a obrigatoriedade de indicação de autoria e ano.

c) Citação da citação:

Citação de um documento ao qual não se teve acesso em sua versão original. Aparece

notadamente quando o autor do trabalho faz a citação de outra já existente feita pelo autor da

obra a que se está consultando. A literatura sugere que o ideal é buscar a fonte principal na

qual está a informação. Caso não tenha acesso, a citação da citação é a alternativa indicada.

3Considerando as especificações do software de edição de texto Microsoft Word®, programa de

responsabilidade do fabricante Microsoft®. 4Para mais informações, consultar a NBR 10520:2002 – Informação e documentação – Citações em

documentos – Apresentação.

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1.2.2 NBR 6023:2002 – Referências – Elaboração

Lista de Referências5 significa a transcrição do material consultado e lido, do qual se

extraiu o conteúdo para a elaboração do documento acadêmico produzido pelo redator. Para

Oliveira (2011, p. 18), as referências “padronizam as informações que identificam as obras

que serviram como referencial teórico para a elaboração do TCC”. O autor ainda diz que a

lista de referências “fixa normas de apresentação, orienta, prepara e especifica os elementos a

serem incluídos nas bibliografias, resumos, resenhas, recensões e outros, tendo como base a

NRB 6023 da ABNT” (OLIVEIRA, 2011, p. 18).

Para constituir uma referência, são necessários alguns elementos obrigatórios e

indispensáveis para a identificação do documento: autor, título, edição (se houver), local,

editora e ano de publicação. A ordem de apresentação pode ser de duas maneiras: pelo

sistema “Autor/Data”, o qual utiliza a ordem alfabética, ou do sistema “Numérico”, que

aparece numa ordem numérica arábica de apresentação no texto.

Ainda, no que se refere à lista de referências, é de suma importância que, nos

primeiros momentos da pesquisa, o aluno selecione e guarde todos os registros bibliográficos

encontrados e considerados importantes. Essa listagem inicial já pode ser considerada parte

metodológica da pesquisa documental que, futuramente, será utilizada. Isso trará facilidades

ao pesquisador no final do trabalho, uma vez que possibilitará a organização prévia das

referências, evitando que as fontes consultadas sejam esquecidas no decorrer da confecção do

trabalho.

1.3 TIPOS DE PLÁGIO

São várias as modalidades de plágio existentes no mundo acadêmico. Elas podem se

apresentar de diversas formas, o que vai diferenciá-las é a utilização no texto e como o

conteúdo é apresentado.

1.3.1 Plágio direto

O plágio direto ou integral, como também é conhecido, acontece quando o trecho é

copiado sem intervenção textual do plagiador. Neste caso, se copia o trecho na íntegra como

5Para mais informações, consultar a NBR 6023:2002 – Informação e documentação – Resumo –

Apresentação.

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se fosse seu, sem citar a fonte original. É a transcrição palavra por palavra do conteúdo

(SOARES, 2014). Esse tipo de plágio pode acontecer por despreparo do redator quanto às

normas de escrita, ou simplesmente por não ter a capacidade de ler e elaborar, com suas

palavras, o que foi lido na obra original. Neste caso, o redator copia o trecho que deseja e cola

no seu trabalho sem citar e/ou referenciar o autor principal.

1.3.2 Plágio parcial

O formato do plágio indireto ou parcial ocorre quando a transcrição do texto é

parcialmente copiada, envolvida com a ideia do pesquisador, porém sem a indicação do autor

principal. Ocorre também quando vários autores são citados em fileira, formando a famosa

“colcha de retalhos” ao ligar os parágrafos, mas sem mencionar seus nomes (KROKOSCZ,

2012). Ou seja, o autor faz um recorte de vários trechos de vários autores, ou do mesmo autor,

e “monta” um único texto.

1.3.2.1 Paráfrase sem créditos ao autor consultado

Para Medeiros (2009, p. 168), parafrasear é “traduzir as palavras de um texto por

outras de sentido equivalente, mantendo, porém, as ideias originais”. Neste caso, o plágio

ocorre quando o redator transcreve, com suas palavras, as ideias que foram lidas do autor

original sem conceder-lhe os devidos créditos por citá-lo no trecho. Nesse tipo de plágio, é

comum a mudança de sinônimos e, atualmente, percebe-se também a utilização de

ferramentas quem traduzem o texto para outra língua (o vocabulário faz um cruzamento de

termos que transformam o texto, fazendo com que ele pareça escrito de forma inédita).

1.3.3 Plágio de fontes

O plágio de fontes ocorre quanto o redator copia na íntegra um trecho de um autor que

já fez menção a outro, ou seja, ele cita algo que já é fruto da interpretação de um autor que leu

outra obra original. Neste caso, o redator que comete o plágio se apropria da ideia de outro

como se fosse sua e não cita a ordem dos autores consultados.

Para a importância da conservação da precisão do trabalho de pesquisa, é

fundamental que as fontes sejam consultadas originalmente, pois [...] dessa

forma o redator corre o risco inclusive de reproduzir os erros da fonte que

ele está copiando e que não é a original (KROKOSCZ, 2012, p. 49).

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As regras normativas ditam que, neste caso, deve-se usar a citação da citação, com o

termo em latim “apud” que significa “citado por”. Entretanto, sugere-se buscar a fonte

principal para que a pesquisa tenha um conteúdo mais original Com relação à consulta da

fonte original.

1.3.4 Plágio consentido

Caracteriza-se, principalmente, quando existe um acordo entre pessoas que estão

produzindo o trabalho. O mesmo conteúdo pode ser apresentado em momentos distintos, com

objetivos e autores diferentes, entretanto publicado como se fosse inédito. A fraude ocorre

também quando apenas o nome do autor é mudado e o texto sofre pequenas alterações.

Outro predicado desta modalidade são os trabalhos “encomendados” a pessoas ou

empresas especializadas na venda de trabalhos acadêmicos prontos ou semi-estruturados.

Como modelo desse plágio, Andrade (2014, p.1) diz que várias empresas chinesas da área de

editoração científica "vendiam" postos de autoria ou co-autoria a pesquisadores chineses que

queriam ascensão rápida na carreira, mas não tinham trabalhos para publicação.

Este tipo de plágio apresenta um trabalho que está totalmente dentro das regras, sem

nenhum problema quanto à normalização, ortografia, e até a indicação de autoria principal

está correta. No entanto, como já mencionado, foi elaborado por outros. Um caso muito

comum no plágio consentido é quando um indivíduo que não participou em nada da

elaboração de um trabalho tem seu nome colocado junto aos demais colegas que participaram

intelectualmente da construção do mesmo.

1.3.5 Autoplágio

Segundo os autores Guedes e Gomes Filho (2015, p.144-145, grifo do autor), o

autoplágio “pode ser identificado na situação em que o autor recorta e modifica a redação de

trabalhos seus já publicados, reapresentando as mesmas ideias neles contidas em „novos‟

artigos supostamente originais”. Talvez, esse tipo de plágio possa ser o mais comum e aquele

que menos possa ser considerado como uma falha, pois o autor utiliza o próprio conteúdo

intelectual que já foi apresentado em determinada ocasião, em outro momento e em

circunstâncias diferentes. Neste caso, o autoplágio muitas vezes não é intencional, já que

expor algo criado pelo próprio autor não estaria indo contra a ética na apresentação, porém, se

ele não se autocitar no trabalho, isso será considerado um caso de plágio.

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Krokoscz (2012), diz que quando a autocitação é feita com o intuito de deixar claro ao

leitor que o conteúdo exposto já foi apresentado, o autor não está faltando com a modéstia, ao

contrário, está demonstrando preocupação com a originalidade e reputação e, dessa maneira,

preservando a honestidade intelectual.

O autoplágio é mais um problema de ordem ética do que técnica. Spinak (2013) diz

que “o autoplágio não é uma violação do direito de autor, mas pode ser considerado um

problema ético”. Corroborando com isso, Dias e Eisenberg (2015, p. 184) destacam que “o

autoplágio implica graves problemas de ordem ética e material, principalmente se pensarmos

na questão editorial e nos acordos de ineditismo”. Ou seja, a replicação de conteúdo próprio

não caracterizará o trabalho como original e, dificilmente, alguma revista especializada

aceitará o mesmo conteúdo transformado em artigo, pois já não existe o ineditismo do

conteúdo apresentado.

1.3.6 Nem tudo é plágio

Se o autor escreve algo que de certa forma tem um significado comum entre as

pessoas, isso não pode ser caracterizado como plágio. Não é considerado plágio a utilização

de frases sem a concessão de créditos sobre assuntos que caem no domínio público ou popular,

como as construções de frases que utilizam sempre as mesmas palavras e que todos conhecem,

por exemplo: consequências do efeito estufa; o agente causador da AIDS é o vírus da

imunodeficiência HIV; o advento da tecnologia propicia uma comunicação mais rápida por

meio das redes, etc.

Sobre isso, Krokoscz (2012, p. 97) diz que “há vários conhecimentos básicos ou

amplamente difundidos que são considerados comuns e, portanto, não precisam ser citados e

referenciados”. Ou seja, não existe a necessidade de dar os créditos aos assuntos de

conhecimento convencional que o mundo utiliza. As explicações em nota de rodapé muitas

vezes informam o conteúdo sem precisar referenciá-lo ao término do trabalho.

1.4 ALTERNATIVAS DE EVITAR O PLÁGIO ACADÊMICO

Além do que foi apresentado na subseção 2.2, que instrui o pesquisador sobre como

conceder os créditos ao autor lido e apresenta a preocupação tanto do professor quanto do

aluno em buscar se capacitar por conhecimento das técnicas normativas de apresentação de

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trabalhos acadêmicos instrumentalizado nas disciplinas que envolvem a Metodologia do

Trabalho Científico, alguns pontos devem ser levados em consideração para se evitar o plágio

acadêmico. Quanto a isso, Krokoscz (2012, p. 66-70) sugere meios que podem ajudar nesta

tarefa:

a) Requerer dos alunos a entrega não apenas do conteúdo escrito, mas que utilizem

outros meios de comunicação, como imagens, vídeos, músicas etc.;

b) Solicitar a entrega do trabalho de forma fracionada, por seções, com o intuito de o

professor sugerir ao aluno a modificação de alguns parágrafos, da bibliografia

consultada, de modo que ele não entregue o trabalho já pronto, finalizado;

c) Realizar apresentação/avaliação dos trabalhos para uma banca, a qual pode ser

composta por professores da área convidados. Imagina-se que trabalhos apenas

entregues são facilmente plagiados, pois o aluno não precisa “prestar contas” das

ideias e argumentos desenvolvidos;

d) Solicitar a entrega de trabalhos em formato de artigos científicos, prontos para a

publicação, visto que o trabalho, neste formato, passa a ter mais seriedade, pois a

visibilidade pública aumenta a possibilidade de controle externo e em teses evita

possíveis plágios. De acordo com Krokoscz (2012, p. 68), quanto a isso “toda a

publicação científica visa o compartilhamento do conhecimento produzido

academicamente, o que é relevante no processo de desenvolvimento e avanço

científico do país”;

e) Sugerir que o aluno assine uma declaração prévia de ineditismo científico e de autoria.

A Universidade de Oxford (EUA) e a Universidade de Cape Rown (África do Sul)

exigem que os alunos assinem um termo no qual declaram ser os reais autores do

material redigido, e isso implica num grau maior de compromisso e seriedade para

com a pesquisa realizada.

Nesta perspectiva, propor aos alunos e pesquisadores a assinatura de termos fixando o

compromisso de não plagiar acontece em alguns casos e pode ser uma das medidas

preventivas. Na Espanha, no ano de 2013, no ato da matrícula, cada novo aluno da

Universidade Pública de Navarra foi convidado a assinar um termo em que assumira o

compromisso de evitar o plágio. Esta medida foi tomada porque, no ano anterior, constatou-se

que cerca de 45% dos alunos afirmaram ter cometido algum tipo de plágio em seus trabalhos

(UOL EDUCAÇÃO, 2013). Obviamente que medidas como esta seria apenas mais uma

forma de coibir a prática do plágio, não excluindo a necessidade de orientação metodológica

prévia como prevenção da prática do plágio.

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1.5 A QUESTÃO ÉTICA QUE ENVOLVE O PLÁGIO

Para a Lei de Direitos Autorais (LDA), de 1998, copiar ideias não chega a ser

considerado um crime. No Art. 8, Parágrafo I, esta ideia fica clara quando diz que „ideias não

são objeto de proteção como direitos autorais‟. Para exemplificar, imagine-se que os mesmos

dados e informações foram concedidos a dois autores, eles transcreveram esses pensamentos

em livros distintos e os publicaram. Um autor não poderá ser acusado de ter plagiado o outro

só porque a fonte de informação e de ideias foi a mesma, pois obras semelhantes podem

coexistir sem ser consideradas plágio (MORAES, 2006). Só é considerado crime quando

acontece à reprodução (impressa) não autorizada da obra, além de ser uma infração ética que

ameaça a integridade científica.

Portando, para ser considerado uma ação antiética, o plágio deve ocorrer quando o

autor se apropriar indevidamente do conteúdo alheio e, mesmo conhecendo as regras

normativas de concessão de créditos, não o faz. Isso não o afeta moralmente, já que o ato de

plagiar não traz nenhum problema de ordem moral nem de consciência, mesmo tendo total

ciência de que aquele conteúdo não lhe pertence.

Antes de adentrar às considerações relativas às questões éticas que envolvem o plágio,

é interessante conhecer e compreender o significado da palavra ética. Ética vem do latim

“ethica”, e é conceituado por Ferreira (2010, p. 887) como “estudo dos juízos de apreciação

referentes à conduta humana, suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal,

seja relativamente à determinada sociedade de modo absoluto”. Complementando, Sung e

Silva (2008, p. 13) a definem como “o conjunto das práticas morais de uma determinada

sociedade, ou então os princípios que norteiam essas práticas”. Isto é, a combinação de

práticas da conduta humana que acompanham o homem desde o nascimento, na sua formação

social como indivíduo que vive em comunidade, pelo respeito e das regras de convivência.

Na instituição de ensino, os princípios que norteiam o ser ético compreendem analisar

a postura do aluno em toda a formação superior por meio das práticas desenvolvidas por ele.

Neste sentindo, na produção textual, espera-se que o autor seja honesto e apresente ineditismo

no conteúdo escrito, como destaca Pereira (2012, p. 333): “a premissa dos que usam a

literatura científica como fonte de informação é a de que as pesquisas são realizadas e

relatadas com honestidade”. Portando, é a moral e a consciência ética que vão fomentar o

sucesso da produção final do trabalho acadêmico.

A formação da educação e orientação, bem como as sanções legais relativas ao plágio

são de responsabilidade da instituição de ensino, como enfatiza a Fundação de Amparo à

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Pesquisa do Estado de São Paulo:

As instituições de pesquisa compartilham com os pesquisadores individuais

a responsabilidade pela preservação da integridade ética da pesquisa

científica. Elas são as responsáveis principais pela promoção de uma cultura

de boa conduta científica entre os pesquisadores e estudantes a ela

vinculados, assim como pela prevenção, investigação e punição de más

condutas científicas que ocorram em seu âmbito (FUNDAÇÃO DE

AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2011, p. 35).

O documento da FAPESP (2011), no tópico 5.1, destaca também que “toda instituição

de pesquisa deve ter políticas e procedimentos claramente formulados para lidar com a

questão da integridade ética da pesquisa”. A Universidade tem papel fundamental no

desenvolvimento moral, político e social, tendo em vista que, por meio do incentivo à

pesquisa, normas a serem seguidas são levadas em consideração, respeitando critérios de

acesso à informação e clareza dos dados pesquisados e divulgados.

No Âmbito da UFRN, a resolução 157/2013, no Art. 17 e no parágrafo único, sugerem

a importância da educação continuada sobre a orientação e formação da consciência ética da

comunidade acadêmica, na promoção do combate ao plágio:

Art. 17. É responsabilidade da instituição, no exercício de sua

responsabilidade social, a promoção de eventos periódicos organizados por

seus servidores docentes e técnico-administrativos para contribuir

continuamente com a educação e prevenção contra a contrafação e o plágio

na academia.

Parágrafo único. As Coordenações de Curso de Graduação e de Pós-

Graduação devem promover formação contínua sobre a indispensabilidade

do comportamento ético e da honestidade na conduta acadêmica,

especialmente no que se refere à produção dos trabalhos acadêmicos.

Cometer plágio não só prejudica o desenvolvimento científico, mas também desonra

todos os envolvidos no processo, inclusive a própria universidade, como destaca Krokoscz

(2012, p. 86): “além do comprometimento com a educação e o desenvolvimento científico-

cultural, as instituições de ensino precisam promover a reputação pessoal e institucional”. A

questão ética desenvolvida na pesquisa científica deve ser uma preocupação institucional,

envolvendo toda a comunidade acadêmica,

A ética em pesquisa é fundamental para o desenvolvimento da ciência, em

qualquer área e em qualquer tipo de instituição. Cabe aos líderes de grupos

de pesquisas, aos orientadores de mestrado e doutorado, aos orientadores de

TCC, influírem em uma conduta investigativa ética (VALENTIM, 2014, p.

205).

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A desonestidade acadêmica acontece também na compra de conteúdo já pronto e na

colaboração não ética da chamada co-autoria inventada, aplicada quando são identificadas as

fraudes envolvendo uma rede de combinações entre autores, na qual os nomes são incluídos

nos trabalhos sem que exista titularidade real de autoria, para multiplicação dos números de

trabalhos/artigos.

Para alguns alunos, essa ação não passa de uma mera atividade do cotidiano e, de certa

forma, isso não lhe trará nenhum tipo de arrependimento ou constrangimento, por ser uma

forma dissimulada de agir, no comportamento de falta de ética. Certificando essa ideia,

Krokoscz (2012, p.32) diz que “sendo assim, este pode ser considerado o pior motivo para a

ocorrência do plágio, pois se relaciona diretamente à ausência ou corrosão de valores

acadêmicos, como o compromisso com a inovação do conhecimento”.

O plágio, além de ter uma vertente na questão ética, deve ser encarado como uma

falha no processo de formação do aluno que, muitas vezes, comete-o sem perceber. Hoje, há

uma preocupação maior por parte das instituições de ensino em dedicar esforços para

combatê-lo pela conscientização do aluno. O grande número de documentos para compra, a

definição vaga do que consiste o plágio e os truques praticados pelos infratores para enganar

softwares de detecção contribuem para a complexidade desta tarefa, tornando-a desafiadora

(PERTILE, 2015).

A Universidade tem a função de implantar uma consciência ética na comunidade

acadêmica, a fim de que todos tenham a noção de que a produção científica só terá validade e

crescimento se for edificada de forma honrada.

Dias e Eisenberg, nas considerações finais de seu estudo publicado em 2015, cuja

finalidade era discutir a formação acadêmica de alunos de licenciatura quanto à capacidade de

formar alunos como autores éticos, dizem que “discutir plágio no âmbito dos cursos de

licenciaturas se torna uma premissa para a formação do caráter ético do futuro professor que

operará com pesquisa em seu exercício da docência”. Quer dizer, propõem que a questão ética

que envolve o plágio seja discutida no momento em que o aluno é instruído sobre as normas

de concessão de crédito ao autor lido e consultado, assim como em toda sua vida acadêmica.

Os autores ainda colaboram ao afirmar que o ser ético se constitui de posturas de orientação

dos trabalhos de pesquisa, acompanhamento deles, leitura efetiva das construções dos

licenciados, incentivando-os a serem autores e evitando deixar apenas nas mãos dos

professores de disciplinas específicas de Metodologia do Trabalho Científico ou Pesquisa

Acadêmica a responsabilização pela formação de pesquisadores (DIAS; EISENBERG, 2015,

p. 188).

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Um estudo publicado por Araújo e Dieb, em 2013, utilizou como base uma pesquisa já

desenvolvida para saber dos alunos quais os principais problemas enfrentados na elaboração

de textos. Muitos disseram sentir dificuldades em absorver as ideias dos autores e transcrevê-

las para o papel, com seu próprio pensamento relativo ao tema. Contudo, manifestaram a

compreensão ética de não utilizar conteúdo alheio nos trabalhos sem dar os créditos aos

autores pesquisados. No artigo, os autores relatam: que “nesse sentido, entenderam que não é

ético abafar a voz autoral de algum trabalho que foi indevidamente citado no texto. Em outras

palavras, é preciso tomar cuidado para dar os créditos a quem os merece” (ARAÚJO; DIEB,

2013, p. 98).

Dessa forma, é imprescindível que os redatores tenham em mente que todo o processo

de redação requer deles uma preparação e um compromisso ético com a academia. Sobre isso,

Krokoscz (2012, p.61) diz que “é preciso que os investigadores envolvidos assumam uma

postura de compromisso ético e responsabilidade com o conhecimento”. Portanto, o encargo

de evitar o plágio, segundo Guedes e Gomes Filho (2015, p.140), “deveria ser

responsabilidade tanto do aluno quanto do orientador, que devem partilhar a obrigação de

assegurar a idoneidade de sua produção intelectual”. O aluno bem instruído produzirá

conteúdos dentro de padrões intelectuais e normativos, apresentando textos honestos, com seu

ponto de vista, por intermédio de leituras de outras fontes de informação.

1.5.1 A reflexão ética na construção do leitor-autor

Um texto bem organizado, atendendo às regras normativas de edição, possibilita uma

boa leitura, haja vista que, visualmente, ele estará bem apresentado. Contudo, é importante

que o leitor consiga absorver o conteúdo lido e tenha a consciência crítica do que leu. A

produção textual não deve ser apenas instrumental, ou seja, feita apenas por regras

gramaticais, normas de publicação e por palavras rebuscadas. Ela deve existir para transmitir

o conteúdo a ser comunicado, e deve ser dita de forma compreensível (LUCKESI et al., 2005).

Desta forma, o autor poderá expressar nos conteúdos, de forma inédita e honesta, todo o teor

absorvido de suas leituras, construindo novos conhecimentos.

O objetivo final de um texto é se fazer entender e, para isto, existem vários tipos de

leitores. O leitor-objeto é aquele que lê mecanicamente, para cumprir uma tarefa e, no

máximo, vai reproduzir aquilo que leu, pois o conteúdo foi apenas gravado e não

compreendido. Já o leitor-autor é aquele que tem consciência da realidade lida e pode criar

outros conhecimentos por meio da leitura. Ele não só recebe mensagens, como também as cria

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e transmite com nova vida, com visão crítica do objeto de estudo.

É o segundo tipo de leitor que consegue absorver e produzir um novo conteúdo, aquele

que a universidade deve formar, pois só leitor-autor multiplica a cultura e a aprofunda

(LUCKESI et al., 2005). A consciência do que significa a leitura é algo bastante interessante

quando feita criticamente, considerando que existe a possibilidade de compreensão e, se após

o recebimento do conhecimento, puder argumentar tal assunto com pontos de vistas diferentes

de outros autores, aí sim o objetivo da leitura terá sido alcançado, não sendo um ato mecânico

ou junção de códigos e signos, como afirma Luckesi et al. (2005).

As informações devem ser recebidas e, depois de serem avaliadas e analisadas, tem o

papel de produzir novos conhecimentos, os quais devem ser exposto, publicados, objetivando

que essa nova informação também possa ser avaliada criticamente. Assim, ao escrever um

texto, portanto, o autor, chamado também de emissor, codifica sua mensagem que, por sua

vez, já tinha sido pensada, concebida. O leitor, que é o receptor, ao ler um texto, codifica a

mensagem do autor para, então, pensá-la, assimilá-la e personalizá-la, compreendendo-a:

assim se completa a comunicação (SEVERINO, 2007, p. 53).

A universidade tem o papel de ensinar a produzir e não apenas reproduzir o

conhecimento e, com a apropriação dele, ser capaz de fazer uma análise crítica do conteúdo.

O que se espera é que o aluno, ao ler um texto, possa ser capaz de construir por meio de

outras fontes de informação sua própria visão do tema estudado. Sendo assim, ele edificará

um texto a partir de suas ideias, oriundas das leituras de outros autores, transmitindo um

conteúdo com honestidade, do ponto de vista acadêmico e ético.

O que se percebe na academia é que muitos estudantes não têm o hábito de escrever e,

por isso, são apenas reprodutores de assuntos já prontos, sem a sua análise sobre o que está

sendo lido e descrito. O estudante deve passar por um processo de capacitação dos atos de ler,

interpretar e escrever suas próprias ideias, com o objetivo de desenvolver a técnica da escrita.

Esse processo de formação do aluno deve acontecer para que seja construído o sujeito autor

(LUCKESI et al., 2005).

Toda essa proposição da produção de conteúdo científico tem relação direta com a

forma como ele é apresentado. O conhecimento nasce da leitura de outras fontes, de outros

autores, de acordo com o que é dito por Araújo e Dieb (2013, p. 93): “para escrever um

trabalho acadêmico, nossos alunos aprenderam que um autor deve saber dialogar com as

vozes de outros pesquisadores para, a partir delas, pôr em cena o seu próprio projeto de dizer”.

Isto é, espera-se que o autor possa traçar um diálogo entres autores, de forma inteligente e

crítica, a fim de produzir novos passos, novas proposições, novas ideias e novos caminhos. O

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nascimento do novo texto, se respeitar as ideias da concessão de créditos de autoria por meio

das normas sugeridas e de forma honesta, possibilita o crescimento científico. Oliveira (2007,

p. 34) enfatiza que só existe conteúdo científico numa publicação quando os pares conseguem

conversar com outros textos: “significa que ele compreende um conjunto de enunciados

apoiados em uma formação discursiva de caráter acadêmico ou científico”. Logo, um depende

do outro para construir o conhecimento científico.

Um local que não permite a crítica, análise e discussão do conhecimento não deve ser

chamado de Universidade. O ensino que objetiva a repetição de conteúdo, que induz à

“decoreba” e os professores passam conteúdos com pensamentos fechados (indicando que

aquele conhecimento é limitado), não permitindo que o aluno discorra seus argumentos sobre

ele, não é propriamente um aprendizado, mas uma obrigação de decorar um conteúdo.

Severino (2007, p. 29) cita como uma das ineficiências do ensino superior a inadequada forma

de tratamento do conhecimento como se fosse mero produto e não um processo.

Uma Universidade deve incentivar o hábito do estudo crítico (LUCKESI et al., 2005),

objetivando a reflexão analítica do exercício da assimilação, de um posicionamento crítico no

processo de criação e construção do conhecimento, colaborando assim com a construção do

indivíduo autor. Luckesi et al. (2005, p. 122) diz ainda que “a leitura é um ato simples,

inteligente, reflexivo e característico do ser humano, porque ela nada mais é do que um ato de

compreensão do mundo, da realidade que nos cerca e em meio à qual vivemos”. De nada

adianta solicitar que os alunos apresentem textos como requisito para obtenção de nota nas

disciplinas se, neles, não for enraizada a condição de produzir informações relevantes para ele

e para o meio onde vive, abrangendo sua visão de mundo.

Portando, um indivíduo com identidade autoral e ética deve ser edificado com práticas

de leitura e escrita, além, claro, da instrumentalização normativa sob os olhos do seu tutor.

1.6 RECONHECIMENTO DO ERRO E EXPOSIÇÃO DAS FRAUDES ACADÊMICAS

Além dos problemas enfrentados em sala de aula, casos de plágio também são

encontrados em publicações periódicas, comumente, em revistas científicas especializadas.

Quando sinalizados os problemas, o corpo editorial admite em notas de publicação a

confirmação de casos de plágio ocorridos e sinalizados, geralmente, por quem foi plagiado. O

trecho a seguir, da Revista da Ciência e Saúde Coletiva, alega a presença de plágio em uma de

suas publicações: “O artigo, antes de ser divulgado, passou por todos os trâmites acadêmicos

previstos e da nossa editora: dois pareceres e carta firmada do próprio autor sobre a sua

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originalidade e ineditismo. Apesar disso, constatou-se a fraude” (NOTA..., 2004). A mesma

revista dá voz ativa ao autor e finaliza dizendo: “Estamos divulgando aqui sua carta de

esclarecimentos e de repúdio e lamentamos sinceramente o ocorrido, desejando que não

venhamos a vivenciar outros episódios lastimáveis como este” (NOTA..., 2004).

O assunto ainda é polêmico e requer certo cuidado ao ser comentado. Porém,quando

se tornam públicos, muitos casos fazem com que o plagiário, além de ter que reconhecer seu

erro, perca títulos e, principalmente, se envergonhe perante a sociedade por sua reputação

manchada. Quando os casos acontecem com pessoas públicas, a questão toma uma maior

proporção. De fato, o ideal é que se noticiem mais e mais casos, para que esse problema

bastante presente no meio acadêmico se torne cada vez mais raro.

Um caso mundialmente conhecido, divulgado em diversos meios de comunicação e

relatado por Lembo (2013), foi o da Ministra da Educação do governo alemão, Annette

Schavan, que renunciou ao cargo e teve o título de doutora revogado pelos corpos acadêmicos

da Universidade de Dusseldorf. A Alemanha sempre foi um país com tradição no princípio da

honestidade quanto às publicações. No entanto, não diferente das demais nações, está

escorregando na prática do plágio, destaca Lembo (2013) no mesmo artigo.

Ainda na Europa, existe o caso de um professor Espanhol, Francisco Alonso, que foi

condenado pelo supremo Tribunal por ter publicado um livro com trechos copiados da tese de

doutorado de uma ex-aluna. O docente, além de perder o título de professor, teve que pagar

uma indenização de cinco mil euros pelo plágio e gastos com o processo (DIÁRIO ONLINE,

2015).

O portal do Diário Online (2015) também destacou em sua home page outros casos

famosos de plágio acadêmicos no Brasil, como o da professora da Universidade Federal do

Pará, Scarlet Yone O‟Hara, que teve seu título de doutora anulado por ter sido encontrado um

trecho plagiado de outrem sem a indicação de autoria. O parecer da Comissão de Legislação

do conselho Universitário destaca a importância de se punir o caso, frisando que:

Farto material probatório, está revestida de legitimidade e confere segurança

à comunidade acadêmica para ratificar o veredito, pois, além de combater a

fraude acadêmica, cumpre-se pedagógica no sentido de dar amplo

conhecimento de que a improbidade intelectual é inadmissível no ambiente

universitário e deve ser severamente repudiada 6.

6 Trecho obtido no parecer do Conselho Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG), do dia 28 de outubro de 2015, do portal do diário online, disponível em:

http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-348815-.html . Acesso em: 24 jun. 2016.

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No Brasil, ainda se destaca o caso do professor da Universidade de São Paulo (USP),

Andreimar Soares, com mais de 15 anos de carreira, que foi exonerado daquela universidade

por ter plagiado trabalhos de outros pesquisadores. Entretanto, o professor enviou ao jornal A

Folha de São Paulo uma nota dando sua versão dos fatos, dizendo que não houve plágio, mas

sim um erro de substituição de figuras por uma ex-aluna (FOLHA DE SÃO PAULO, 2011).

Em uma questão que envolve o autoplágio, o ex-secretário estadual de Educação de

São Paulo, Gabriel Chalita, defendeu dois mestrados com trabalhos praticamente idênticos.

Em reportagem, a Folha de São Paulo (2012) diz que cerca de 75% do segundo trabalho era

idêntico ao primeiro. Os dois trabalhos de mestrado foram defendidos com três anos de

diferença. Chalita alega que desconhecia o fato de não poder utilizar o conteúdo produzido

por ele em ocasiões diferentes e que essa foi uma ideia do seu orientador, Luiz Antonio

Rizzato Nunes. Este, por sua vez, alegou em reportagem que não se lembra muito bem da

orientação a Chalita e que não pode avaliar o caso em abstrato, já que não lembra do ocorrido.

1.7 PLÁGIO ACIDENTAL POR FALHA TÉCNICA

Deve-se considerar também a existência do plágio acidental, aquele que ocorre por

distração, como discorre Krokoscz (2012, p. 3): “uma ideia de outro autor deixada para ser

documentada depois, ou a falta de clareza sobre o que é plágio e o que não é acabam sendo

motivos despercebidos para que o redator cometa plágio acidental”. O autor ainda comenta

que:

O plágio acidental pode ocorrer no processo da escrita acadêmica por

descaso ou desconhecimento técnico do redator, ou seja, incompetência em

relação à indicação de autores (citação) e negligência quanto à importância

da identificação das fontes de informação (referências) que foram utilizadas

como ponto de partida ou fundamentação da reflexão que se apresenta no

texto decorrente (KROKOSCZ, 2012, p. 22-23).

Por algum motivo de falha técnica, que não é o de ordem moral ou disciplinar, autores

são traídos nas suas redações quando “esquecem” de dar o destaque ao autor ora citado. Neste

caso, a retratação sob o erro cometido é geralmente recebido pelos avaliadores como

justificativa na redação e passível, muitas vezes, de reavaliação do caso, dependendo da

conduta e histórico de outras produções textuais do autor.

Para exemplificar a situação, tem-se a carta enviada à Comissão Editorial da Revista

Psicologia Ciência e Profissão, no ano de 1999, em que a autora, Olívia Valdivia, formula

uma resposta ao ter sido acusada de plágio pelo autor Marcus do Rio Teixeira. A autora

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intitula sua resposta com o seguinte questionamento: “Um horrível caso de plágio ou Ledos

Enganos de um ser afável?”, o qual deixa uma pergunta clara que a exime de uma possível

acusação de má fé e propõe a possibilidade de falha técnica no momento em que citou

Teixeira no seu trabalho (PSICOLOGIA, 1999).

Em resposta à acusação, Valdivia diz: “Eu havia sido acusada de plágio pelo

psicanalista Marcus do Rio Teixeira. Segundo Carta do Editorial da Revista, dirigida 'aos

psicólogos', teria havido uma 'lesão dos direitos autorais' do referido psicanalista pelo fato

de eu ter citado, num meu artigo de revista, trechos de um seu ensaio sem as devidas aspas e

sem as citações de páginas que remeteriam ao texto original.” Dada a explicação de falha

técnica,ou melhor, por esquecimento das aspas e indicação de autoria no trecho citado, a

autora recebeu a compreensão de Teixeira, dizendo: “Tive a enorme satisfação de obter uma

inesperada, mas muitíssimo bem-vinda, compreensão do próprio Marcus do Rio Teixeira com

relação ao meu equívoco ao texto original.”

Na continuação de sua resposta de defesa, a autora diz que, sem descuidar, nas

referências, constavam as informações da obra de Marcus do Rio Teixeira, inclusive ao lado

de nomes importantes como Roland Barthes, Jacques Lacan e Sigmund Freud. Por fim, em

alusão ao que foi dito ao acusá-la de plágio ou não, a autora finaliza com: “Tenho firmes

esperanças de que, aos olhos do leitor, possa ocorrer a mesma magia que parece ter me

redimido no espírito do citado e ofendido Autor: a bruxa malvada e 'plagiária' transformar-

se num Ser Afável, passível de Ledos Enganos.” Este caso demonstra claramente a

infelicidade da autora ao não dar o destaque com aspas nem citar o autor lido, parecendo

utilizar suas ideias como se fossem dela. Por fim, tudo ficou esclarecido, e o caso expressa

claramente uma questão de falha técnica.

1.8 PRESSA NA PUBLICAÇÃO

Quanto a incidência de plágio encontrado em trabalho publicados em periódicos

científicos, Andrade (2014, p.1) assinala que “as causas destes problemas podem ser

creditadas à competição entre os periódicos com grande impacto: a análise dos trabalhos é

acelerada e o volume de submissões é, como se pode imaginar, muito grande.” Andrade (2014)

diz ainda que existe uma grande diferença nos periódicos que não visam o lucro, pois o

trabalho, antes de ser publicado, é cuidadosamente verificado. Se existem trabalhos

submetidos com temas similares, a veracidade do vínculo dos autores com as instituições

citadas são verificadas, o que torna todo o processo de publicação mais eficaz.

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Não diferente das publicações em revistas, em sala de aula, na entrega dos seus

trabalhos, o aluno também pode cometer o plágio com o argumento de que não teve tempo

para estudar e produzir os textos, devido aos afazeres do dia-a-dia e ao acúmulo de várias

funções (estudar, trabalhar e cuidar de casa), as quais o levam a plagiar. Obviamente, este

argumento não justifica a falha e fere os princípios de honestidade na redação científica, como

já foi abordado.

Se o aluno cumprir os prazos estabelecidos pelo cronograma do curso e se preparar

para as avaliações, certamente, entregará um material com qualidade aos seus professores.

Krokoscz (2012) cita a “falta de tempo” como fator reconhecidamente relacionado ao plágio

(os professores cobram aos alunos comprometimento com os estudos), e até a consciência

social brasileira, que sempre quer “dar aquele jeitinho” em tudo.

Atualmente, no mundo acadêmico, existe uma cobrança muito grande para que se

publique cada vez mais. A publicação de material em veículos de comunicação respeitados

em cada área são os propulsores dessa demanda. No entanto, essa enxurrada de conhecimento

científico produzido, frequentemente, vem acompanhada de problemas relacionados ao

conteúdo intelectual depositado nesses trabalhos (fatiamento de outras obras produzidas

relacionadas ao tema, maquiagem estatística de resultados obtidos combinada com as falsas

coautorias para enriquecimento de currículo, sem ter absolutamente nenhum envolvimento

com a pesquisa).

Em se tratando de periódicos, cabe um papel mais árduo aos avaliadores, que precisam

ter um cuidado maior ao analisar os trabalhos para aprovação, em decorrência do problema

causado pelos plagiadores.

1.9 FACILIDADES NO ACESSO À INFORMAÇÃO

O plágio acadêmico também ocorre por um motivo banal, oriundo da facilidade do

acesso à informação oportunizado pela internet que é, sem dúvidas, o maior desafio

enfrentado pelas instituições de ensino superior. Hoje em dia, existem vários facilitadores de

pesquisa os quais, de certa forma, deixam brechas para que essa prática seja cada vez mais

utilizada na composição de produção acadêmica, conforme citam os autores Sanchez e

Innarelli (2012, p. 47):

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Duas grandes forças têm contribuído para isso: a extraordinária evolução dos

mecanismos de busca de informação via web, o que tem propiciado grande

facilitação para se copiarem conteúdos, e a percepção de que essa recorrente

prática durante os anos escolares poderia estimular em futuros profissionais

a formação de parte dos valores e comportamentos hoje criticáveis, mas

encontrados na sociedade.

Nas duas últimas décadas, com o advento da tecnologia, o acesso à informação

facilitou a distribuição e aquisição de informações. Antes deste período, as pesquisas eram

realizadas de forma mais educativa e didática, com a leitura de livros e a escrita de próprio

punho. O que significa que, hoje em dia, com acesso e educação virtual, a prática do plágio

tornou-se fácil. É bem mais simples “enganar” os professores com conteúdo originado na

internet, pois os recortes e as mudanças realizadas no trecho copiado facilitam essa atividade.

Neste sentido, os trabalhos são entregues sem preocupação com conteúdo por serem

simplesmente copiados e colados da internet.

Obviamente, da mesma forma que a internet é utilizada para produção de conteúdos

acadêmicos de forma desonesta, ela é a grande responsável pela disponibilização de material

com excelente conteúdo científico, pelos sítios que armazenam, organizam e disponibilizam

informações técnicas e acadêmicas. Por isso, sugere-se evitar pesquisas em sites de busca que

não tenham controle científico do que é publicado, pois qualquer pessoa pode divulgar o que

quiser na internet. Sugere-seque as pesquisam sejam realizadas em sites especializados nas

diversas áreas do saber. Geralmente, os repositórios digitais (RDs) das instituições de ensino

superior são bastante eficazes na busca do conhecimento.

Os RDs são bases de dados online que reúnem, de maneira organizada, a produção

científica de uma instituição ou área temática. Eles armazenam arquivos de diversos formatos

e resultam em uma série de benefícios tanto para os pesquisadores quanto às instituições ou

sociedades científicas, proporcionando uma maior visibilidade para os resultados de pesquisas

e possibilitando a preservação da memória científica da instituição. Eles podem se apresentar

em dois modelos: os que lidam com a produção científica de uma determinada instituição e

aqueles repositórios temáticos, com a produção científica de uma determinada área, sem

limites institucionais (INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E

TECNOLOGIA, [2016?])7. É papel do repositório, contribuir com a disponibilização dos

conteúdos produzidos na academia de forma sistemática.

7 A utilização da interrogação “?” e dos colchetes “[ ]” dentro da citação próximo ao ano, segundo a

ABNT 6023:2002, significa dizer que não se tem certeza da data que o documento foi publicado.

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CAPÍTULO II

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2 DIREITOS AUTORAIS

O Direito Autoral engloba as leis que protegem a obra intelectual, seja no campo das

artes, literatura ou da ciência, com autoria registrada. O Escritório Central de Arrecadação e

Distribuição ([2015?]) conceitua o Direito autoral como “um conjunto de prerrogativas

conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora da obra intelectual, para que ela possa

gozar dos benefícios morais e patrimoniais resultantes da exploração de suas criações”. Pela

proteção conferida por essa Lei, qualquer pessoa pode proteger o conteúdo criado para que

outras pessoas não use-o sem a devida autorização.

2.1 SURGIMENTO DOS DIREITOS AUTORAIS

Na Grécia, berço da cultura ocidental, tem-se o conhecimento de que obras literárias,

poesias, teatro e artes plásticas eram amplamente divulgadas em ambientes públicos e

rendiam aos seus autores prêmios bastante valiosos. Porém, não exista o controle sobre quem

produzia e, portanto, muitos se apropriavam de algumas obras e lhes tomavam como suas.

Naquele momento, iniciou-se uma pequena discussão a respeito de como trabalhar e proteger

as obras intelectuais. Sabe-se também que plagiadores eram desprezados, acusados de ladrões

de ideias e copiadores, embora a lei não fosse eficaz contra o ato de copiar (PARANAGUÁ;

BRANCO, 2009).

Foi a partir da invenção da imprensa, no século XV, que os autores tiveram mais

acesso ao assunto relacionado aos direitos autorais, pois suas obras eram facilmente

disponibilizadas (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015a). Porém,

o controle da produção era privilégio dos livreiros e editores, ainda sem a intenção da

proteção aos direitos dos autores.

Após a invenção da impressa, passou a existir um controle e monopólio da monarquia

e da igreja quanto ao que era editado e produzido. A monarquia, com temor de publicações

políticas contrárias às suas legislações, e a igreja, visando o combate às ideias hereges. Nesse

mesmo período, surgiu o que se chama hoje de “pirataria”: obras copiadas por terceiros para

publicação com preço bem mais baixo que o original, mas também com menos riqueza de

detalhes e má qualidade. Foi então que os livreiros passaram a se preocupar e decidiram

pressionar as classes dominantes para terem seus direitos resguardados (PARANAGUÁ;

BRANCO, 2009).

Entende-se que, naquele período, o que importava aos livreiros era apenas a detenção

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dos lucros que as obras lhes davam. Foi dessa forma que o direito autoral surgiu, visando-se

apenas os interesses econômicos e políticos. O autor da obra também queria ter o direito de

autoria preservado, já que dava-lhe notoriedade e fama.

Pode-se dizer que a história do direito autoral está diretamente relacionada ao

desenvolvimento tecnológico e ao surgimento dos meios de comunicação ao longo do tempo,

assim como é notório que as questões sobre direito autoral se tornaram mais relevantes após a

invenção da tipografia (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015a).

A Escola Nacional de Administração Pública (2015a) cita que, na época da

Renascença, era grande o interesse do público por obras artísticas e literárias. Neste sentido,

os livreiros observaram que isso seria uma forma de monopolizar o mercado editorial, dando-

lhes os direitos das obras produzidas e, então, início ao copyright, que nada mais é do que o

direito à reprodução das obras. Todavia, essa ação não garantia os direitos aos autores, mas

sim aos editores e livreiros. Logo após, com o fim da censura estatal, os livreiros ingleses

buscaram formas de reivindicar a proteção jurídica aos autores, a fim de assegurarem a cessão

dos direitos de exploração das obras, dando-lhes o lucro.

No ano de 1709, foi registrada a primeira legislação que resguardava o direito à

propriedade intelectual, disciplinando patentes de impressão e direito à cópia por um período

determinado, antes de cair em domínio público. Essa lei chamava-se Statute of Anne, em

tradução livre “Estatuto da Rainha Ana”, sendo a Inglaterra o primeiro país a estabelecer uma

lei para o direito autoral (ROSA, 2014).

Naquele mesmo século, a França iniciou outro modelo de proteção jurídica às obras,

“Por meio de Decreto datado de 24 de julho de 1793, regulam-se os direitos de propriedade

dos autores de escritos de todo gênero, do compositor de música, dos pintores e dos

desenhistas” (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015a, grifo do

autor). No modelo francês, o direito autoral,“Droit d’auteur”, vinculava diretamente a obra

intelectual ao autor, e sua proteção era direcionada ao direito civil da propriedade. Nele, era

reconhecido não apenas o aspecto patrimonial do direito autoral, mas também a proteção ao

aspecto pessoal, chamado de direito moral do autor. Ao que parece, esses dois direitos são

indissociáveis, tendo em vista que um está diretamente ligado ao outro.

Um marco histórico no desenvolvimento da legislação de direitos autorais no mundo

foi a Convenção Internacional para Proteção das obras literárias e artísticas, realizada em

Berna, na Suíça, em 9 de setembro de 1886. Neste encontro, ficou estabelecida ampla

proteção ao autor, nas esferas morais e patrimoniais, por meio do modelo francês. Esse evento

não contou com a participação dos Estados Unidos da América até 1989, pois o país não

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reconhecia o direito moral dos autores, conforme adotado pelo modelo da Inglaterra. Inclusive,

foi organizada uma Convenção do modelo copyright, em Genebra, no ano de 1953, na

tentativa de resguardar o conceito inglês de direitos autorais.

Nos dias atuais, a Organização Mundial da Proteção Intelectual (OMPI) é quem rege

as premissas de direitos autorais. O Brasil ratificou a Convenção em 1975, em vigor até hoje,

reproduzindo em grande medida as normas e princípios contidos na Convenção de Berna, que

já serviram de base para a criação de diversas leis sobre o tema (RIBEIRO, 2014).

2.2 BREVE HISTÓRICO DOS DIREITOS AUTORAIS NO BRASIL

O primeiro registro na história do Brasil, quanto à legislação de Direitos Autorais (DA)

é a Lei de 11 de agosto de 1827, quando foram criados os primeiros cursos de Ciências

Jurídicas no país. Neste documento, no Art. 7, ficaram estabelecidos os direitos dos

professores quanto ao material disponibilizado aos alunos nas disciplinas, pelo prazo de dez

anos.8

A Escola Nacional de Administração Pública (2015a) relata que, no Brasil, no ano de

1891, foi publicada a primeira legislação específica de DA, porém ainda de forma muito

genérica. E foi apenas em 1898, com a promulgação da Lei Nº 496, cujo nome era Lei

Medeiros de Albuquerque, em homenagem ao seu relator, que a DA tomou um caráter mais

específico. Ela continha marcos oriundos da legislação concebida na Convenção de Berna

(1886) e foi revogada pelo Código Civil de 1916.

A partir do Código Civil de 1916, a segunda fase dos DA se caracterizaria em três

partes: Propriedade literária, Artística e científica e Da edição. Neste momento, o autor

tinha o direito garantido e exclusivo de reproduzi-la. Se o autor tivesse herdeiros, o direito era

transmitido para eles pelo prazo de sessenta anos, a contar de sua morte. Caso contrário, as

obras cairiam em domínio comum (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA, 2015a).

Com o passar dos anos, vários atos normativos e leis foram criados a fim de assegurar

as atualizações quanto à proteção jurídica dos Direitos Autorais. Foi somente no século

passado, no ano de 1973, por meio da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, que foi

8Documento publicado em 1827, com o intuído de criar dois Cursos de Ciências Jurídicas e Sociais,

um na cidade de São Paulo-SP e outro na de Olinda-PE.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM-11-08-1827.htm>.

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criado um Estatuto sobre essa temática, com a intenção de fixar uma legislação, antes esparsa,

em algo fácil e único. Porém, uma nova revogação aconteceu em 1988, na Lei Nº 9.610, de 19

de fevereiro de 1998, em vigor até os dias atuais e denominada de Lei dos Direitos Autorais

(LDA), responsável por regular os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os

direitos de autor e os que lhes são conexos (BRASIL, 1998).

Recentemente, a LDA foi alterada pela Lei Nº 12.853, de 14 de agosto de 2013, a qual

dispõe sobre a gestão coletiva de direitos autorais, altera, revoga e acrescenta dispositivos à

Lei Nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Porém, o teor central de proteção ao direito do autor

foi mantido.

2.2.1 Propriedade Intelectual no Direito Autoral

A propriedade intelectual9 é um ramo do direito que protege as criações do espírito e

inteligência humana, no campo da invenção ou expressão artística. Quer dizer, ela observa os

direitos de autores e pessoas que inventaram ou descobriram algo (ESCOLA NACIONAL DE

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015a). Outro conceito elaborado por Schneider (2006, p. 35)

diz que a propriedade intelectual “consiste no reconhecimento da criação e exploração

comercial de obras artísticas ou invenções provenientes da inteligência do homem”.

Essa ramificação do direito se divide em duas partes: Propriedade industrial e

Direito Autoral. A primeira protege marcas, patentes, desenhos ou indicações geográficas

que possuam valor utilitário no mercado e, normalmente, sejam representadas por produtos,

símbolos, ou ideias ligadas diretamente ao mundo empresarial, tendo um caráter econômico,

em escala industrial. Ela é disciplinada no Brasil pela lei Nº 9.279, de 14 de maio de 1996.

Já o Direito Autoral tende a legalizar tutelas que recorrem ao meio artístico, literário e

científico. “Diferentemente do valor utilitário dos bens protegidos pela Propriedade Industrial,

o direito autoral tem por objeto proteger obras de valor estético” (ESCOLA NACIONAL DE

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015a, p. 7). Ainda sobre esse conceito, Soares (2014, p. 21)

diz que a “propriedade intelectual é apenas umas das muitas denominações utilizadas para

identificar e descrever os direitos dos criadores de obras intelectuais.

9A resolução da UFRN que trata da seguridade da propriedade intelectual é a Resolução nº 149/2008 –

CONSEPE, de 04 de novembro de 2008.

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42

2.2.1.1 Obras Intelectuais

As obras intelectuais são criações do espírito humano nas áreas artísticas, científicas e

literárias (BRASIL, 1998). É comum o uso de obras intelectuais no processo de ensino-

aprendizagem das instituições de ensino em geral. Neste sentido, existem regras que são

dispostas no art. 29 da LDA, as quais deverão ser observadas quanto ao uso desse material

didático para ilustrar as aulas, pois sua utilização também deverá apresentar prévias

autorizações quando às leis da LDA.

Por outro lado, existem materiais que, não necessariamente, estão protegidos pela

LDA e podem ser utilizados sem prévia autorização por serem de conhecimento e acesso

livres, tais como: ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, conceitos

matemáticos, esquemas, regras de atos mentais, jogos, formulário em branco, leis, decretos,

regulamentos, decisões, atos oficiais, calendários, agendas, etc. Todos esses documentos

podem ser utilizados sem autorização desde que os créditos de autoria sejam descritos nos

documentos (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015b).

A utilização de ideias, por servir de inspiração para a criação de uma nova obra

intelectual, não pode ser considerada plágio. Só será considerada cópia quando aspectos

presentes na estrutura do trabalho e no desenvolvimento estejam claramente idênticos à obra

consultada nos objetivos direto, pois, de acordo com Paranaguá e Branco (2009, p. 31), “as

ideias são de uso comum e, por isso, não podem ser aprisionadas pelo titular dos direitos

autorais”. Corroborando com esses conceitos:

As obras intelectuais não podem ser definidas ou protegidas de forma

exaustiva e sim, exemplificada, não estanque, pois são frutos da produção

intelectual resultante das diversas áreas do conhecimento e, portanto, sujeitas

a novas formas de apresentação e desenvolvimento (FARIA; PINHEIRO-

MACHADO, 2013, p. 52).

Quanto à proteção às obras intelectuais, mesmo que elas não sejam registradas como

destaca o Art. 18 da LDA, quando diz que “a proteção aos direitos de que trata esta Lei

independe de registro” (BRASIL, 1998), fica a critério do autor registrá-las ou não. Caso

queira sua obra registrada, deverá procurar um dos órgãos que legalmente fazem este serviço,

como a Biblioteca Nacional, a Escola de Música, a Escola de Belas-Artes da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, o Instituto Nacional do Cinema e o Conselho de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia. Cada uma faz o registro segundo a natureza da obra em questão.

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43

2.3 SANÇÕES

A Lei Nº 10.695, de 1º de julho de 2003, que trata como crime a reprodução não

autorizada de uma determinada obra original, no Art. 184, destaca que, a quem violar direitos

de autor, a punição de detenção poderá ser de três meses a um ano de prisão, ou multa

(BRASIL, 2003). Porém, sanções criminais dificilmente são aplicados aos atos de apropriação

intelectual de ideias. Neste caso, outros tipos de penalidades são postas, cabendo à instituição

delegar quais as ações punitivas devem ser tomadas ao identificá-la em trabalhos científicos.

Deve-se levar em consideração muitas questões sobre a medida a ser tomada quando

em casos de identificação do plágio nos trabalhos. Neste sentido, Krokoscz (2012, p. 87)

sugere que as punições destinadas a um estudante que plagia uma pequena parte do trabalho

devem ser diferentes das impostas ao que entrega o trabalho plagiado na íntegra. Em apoio a

esta premissa, o Código de Boas Práticas da FAPESP (2011, p. 44), na subseção 6.6.2, diz

que “a gravidade das medidas punitivas e corretivas que sejam tomadas em consequência do

reconhecimento da ocorrência das más condutas científicas deve ser proporcional à gravidade

dessas más condutas”.

As penalidades podem variar desde penas mais brandas, como reconsiderar e solicitar

um novo trabalho ao aluno, ou até reprovação da disciplina, cassação de diploma e títulos e

expulsão da instituição. Na resolução da UFRN, de 01 de outubro de 2013, sobre as

consequências do plágio.

Diz o Art. 25:

No caso da comprovação da violação de direitos autorais, nos termos do

Capítulo VI do Regimento Geral desta Universidade, serão aplicadas as

seguintes medidas disciplinares, sempre observando a gravidade da violação

de modo progressivo:

§ 1o Aos servidores docentes e técnico-administrativos, com base nos arts.

198, I e II, e 199, XV, do referido Regimento:

I – advertência;

II – suspensão, para o caso de reincidência.

§ 2o Aos discentes, com base no art. 214, I, do citado Regimento:

I – repreensão;

II – suspensão ou exclusão, a depender da gravidade da violação, para o caso

de reincidência.

Art. 26. Após tramitação do processo, sendo garantido contraditório e a

ampla defesa, sendo constatado o plágio ou contrafação, o título concedido

pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte em virtude da

apresentação da atividade analisada poderá ser anulado.

Neste sentindo, cabe aos professores e profissionais de educação a notificação e

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encaminhamento do processo relativo à ocorrência de plágio acadêmico às instâncias

superiores da Universidade para que as devidas medidas possam ser tomadas, observando a

gravidade de cada situação.

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45

CAPÍTULO III

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46

3 A METODOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO NO ENSINO SUPERIOR

O trabalho científico é conceituado por Severino (2007, p. 18) como “o processo de

produção do próprio conhecimento científico, atividade epistemológica da apreensão do real,

que se refere, igualmente, ao conjunto de processos de estudo, de pesquisa e de reflexão que

caracteriza a vida intelectual do estudante”. Significa dizer que a produção do conteúdo

científico advém tanto do conhecimento empírico, baseado em experiências vividas no

cotidiano, quanto do conhecimento oriundo de fonte de conhecimento técnico-racional

relacionada à prática científica, e que o professor utiliza este conteúdo no roteiro de ensino-

aprendizagem das disciplinas de Metodologia do Trabalho Científico (MTC).

A disciplina MTC, ou as correlatas desta área10

, faz parte do plano de ensino de

praticamente todos os cursos de ensino superior da UFRN. Geralmente, é ofertada no início

da academia, tendo caráter instrumental e de ordem prática, pois introduz e norteia o aluno no

planejamento do ensino superior. A disciplina propõe capacitar os alunos na organização dos

estudos, visa estabelecer cronogramas, administração do horário para estudo, produção e

revisão de material, bem como a orientação quanto à apresentação e exatidão na formatação

de trabalhos acadêmicos, tratando da padronização das publicações científicas para não

comprometer a produção do conhecimento. Para Reiz (2013), é o planejamento e organização

de ideias que as técnicas científicas colaboram e garantem o aprendizado do estudante. Ou

seja, a MTC é uma cadeira instrumental no condicionamento do estudo no ensino superior.

Para Lopez (2011), “os estudantes universitários iniciantes, em boa fé e inocência,

tendem a achar que copiar é pesquisar e que copiar bastante é fazer trabalhos universitários

pré-científicos”. Portanto, um dos grandes problemas que a maioria dos alunos apresenta ao

ingressar no ensino superior é a falta de orientação quanto à organização para o estudo e

pesquisa, o que os leva apenas a realizar pesquisas de modo primário, sem a consciência e

relevância do que caracteriza a produção de um texto crítico e argumentativo nos padrões

normativos.

Portanto, a inabilidade dos alunos em produzir textos pode estar relacionada à falta de

prática nos anos iniciais de sua vida escolar, como apontam Araújo e Dieb (2013, p. 88) ao

citarem “às dificuldades que a escola tem enfrentado em relação ao ensino da leitura e da

escrita, haja vista os efeitos dessa situação repercutirem em quase toda a vida estudantil dos

sujeitos escolarizados”. Concordando com isso, Oliveira (2007, p. 11) expõe algumas

10

As disciplinas que tratam a metodologia do trabalho científico podem receber diversas

nomenclaturas, principalmente aquelas destinadas às áreas de saúde.

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47

características como fatores desse problema que “tem suas raízes no processo

ensino/aprendizagem da educação básica tradicional e podem ser distinguidas como práticas

docentes inoperantes em razão de metodologias ineficazes, objetivos pedagógicos inviáveis e

outros tantos problemas”.

Medeiros (2009), na introdução do seu livro “Redação científica”, diz que os alunos,

assim que entram nos cursos do ensino superior, demonstram a falta de conhecimento de

normas de elaboração de trabalhos de grau e relatam a falta de habilidade na leitura e

produção de textos científicos, literários ou teóricos de várias áreas. A observação do autor

demonstra o que se tem analisado na área de metodologia científica, apontando-se como uma

falha do processo de ensino-aprendizagem e sendo a preocupação com a introdução do aluno

nos programas disciplinares e contínuos que capacitam e orientam os egressos dos cursos de

graduação na universidade, o que reforça a importância da manutenção e atualização dos

professores que ministram as disciplinas de MTC nos cursos de ensino superior.

Medeiros (2009, p. 2) ressalta ainda a importância do tratamento diferenciado que

deve ser dado ao estudo de métodos científicos apresentados aos alunos que acabaram de

ingressar na universidade (muitas vezes despreparados quanto à produção do conhecimento),

destacando que a maioria dos livros que tratam de metodologia científica parte do pressuposto

de que os alunos já sabem ler e escrever, desconsiderando as dificuldades iniciais,

principalmente quanto à conscientização dos futuros pesquisadores e às questões éticas que o

processo de formação do conhecimento necessita.

No primeiro ano do curso, nas disciplinas de MTC ou correlatas, o aluno adquire as

primeiras noções sobre como organizar os trabalhos e é introduzido na prática e

desenvolvimento da produção da escrita científica. Então, mesmo que essas disciplinas

apresentem apenas diretrizes de normas práticas, cabe ao professor e aluno, no cotidiano de

sala de aula, desenvolver as técnicas de escrita dia após dia. Neste sentido, Reiz (2013, p. 24)

cita que “nada melhor do que a realização de trabalhos científicos para iniciar o universitário

no espírito, nas técnicas e na consciência da validade da pesquisa planejada, desenvolvida e

redigida em conformidade com os cânones da metodologia científica”. No processo de

aprendizagem, o aluno necessita de instrumentos que possibilitem entender como funciona a

Universidade, qual o seu papel na sociedade e o que ele representa no contexto acadêmico,

pois logo que ingressa na graduação, o discente recebe uma grande carga de informações que

vão refletir em toda a vida acadêmica.

Em seu livro “Fazer Universidade”, Luckesi et al. (1984) acreditam que o aluno pode e

deve ser sujeito crítico e argumentativo do seu fazer no ensino e aprendizado e,

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48

consequentemente, da sua própria história. Numa das propostas do livro, que é um dos

princípios norteadores da prática metodológica do que é fazer Universidade, os autores

sugerem, além da função mecanicista e instrumental da disciplina, a atribuição do papel de

formar a consciência crítica do conteúdo apresentado,

Não basta apenas verbalizar e reter informações ou mesmo discuti-las. É

preciso fazer. Tratando-se de uma disciplina instrumental, acreditamos que

de pouco ou nada adiantaria fazer alunos “assimilarem” mais algumas

informações de como se deve ler, de como se deve programar um trabalho,

como discutir em grupo, como apresentar tecnicamente um trabalho escrito e

fazê-los, oportunamente, repetir essas informações para nós, professores, em

provas e testes. Ao nosso ver, deste modo, eles não estariam capacitados

metodologicamente para fazer a universidade que propomos. Saberiam

apenas repetir informações. Por isso, a tônica deve se fazer com as mãos. A

leitura crítica, a monografia, a documentação têm que ser efetivamente

praticadas e, assim, efetivamente, aprendidas (LUCKESI et al., 2005).

A apesar de a disciplina MTC ser caracterizada como instrumental em um modelo

técnico e normativo, ela tem o papel de formar leitores críticos, com capacidade para a

produção e transmissão do conhecimento, já que “o importante é, na universidade, aprender a

estudar, a fazer, a produzir conhecimentos, a ser gente” (LUCKESI et al., 2005, p. 23). Estes

mesmos autores afirmam: “queríamos ver os alunos habilitados metodologicamente para ler,

produzir e transmitir conhecimentos de modo crítico”, logo o importante é capacitar os alunos

a lerem criticamente e produzirem conhecimentos; e terminam dizendo: “aprender a fazer

fazendo, avaliando o que se fez, retomando o fazer” (LUCKESI et al., 2005, p. 23). Os

autores assinalam que um aluno bem instruído pelos seus mestres, que tenha a capacidade de

ler, compreender e colocar no papel sua visão do que foi lido, não utilizará ideias de outros

como se fossem suas, ou melhor, com orientações seguras, o aluno pode ter a experiência de

autoria e, assim, evitar cópias.

Em consonância, Krokoscz (2012, p. 28) sugere que, além da padronização dos

trabalhos, o ideal para a construção de um novo conhecimento é:

Pedir ao aluno que faça um relatório das diferentes fontes selecionadas,

observando, obviamente, alguns procedimentos de técnica textual, como uso

de paráfrase, sumarização e intertextualidade, atenção aos procedimentos de

normalização como elaboração de citações e referências; e, o mais

importante, a utilização de modos de pensamento e raciocínio para o

relacionamento e associação de ideias para a construção do próprio texto.

Tornar o autor um indivíduo comprometido com a produção de um texto dentro dos

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49

padrões normativos e com autenticidade da redação científica fará com que ele construa, por

meio de outras fontes de informação, sua própria visão crítica do objeto de estudo. Dessa

forma, ele dificilmente fará uso de outras fontes de informação como suas, uma vez que terá

condições de dialogar por meio do conhecimento adquirido com outros autores e, facilmente,

poderá organizar seus trabalhos de acordo com as diretrizes normativas estabelecidas

institucionalmente. Sobre isso, Oliveira (2007, p. 47) enfatiza que “espera-se do aluno

produtor que ele se constitua autor do próprio texto enquanto sujeito da ação de dizer”.

A Universidade quer indivíduos capazes de analisar criticamente a realidade que os

cerca e, simultaneamente, usar a linguagem na produção de textos como ação discursiva

intencional e ideológica sobre o mundo. Ou seja, espera-se que sejam capazes de interferir na

realidade, constituindo o efeito-autoria (OLIVEIRA, 2007, p. 45).

O professor, consciente do seu papel de educador, precisa capacitar os alunos quanto

às padronizações dos trabalhos solicitados durante a vida acadêmica, tendo em vista que não é

tarefa apenas do professor de metodologia, como diz Pithan e Vidal (2013, p. 80): “estas

competências deveriam ser ensinadas aos alunos não somente nas disciplinas de Metodologia

Científica – ou pelos professores orientadores – mas por todos os professores universitários

em contato com os alunos”. Com isso, o aluno chegará ao trabalho de término de curso sem

dificuldades quanto ao que for cobrado e quanto à organização do trabalho, o que refletirá em

toda sua vida, inclusive nos outros níveis da academia.

3.1 A METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO NA MATRIZ CURRICULAR DOS

CURSOS DE GRADUAÇÃO DA FACISA/UFRN

Em uma breve pesquisa documental acerca do tema em questão, sentiu-se a

necessidade de analisar um grupo específico de cursos de graduação, a fim de averiguar a

existência e qual a relevância das disciplinas de MTC e correlatas, nas matrizes curriculares.

Então, escolheu-se a Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), da UFRN.

A unidade originou-se pelo programa do governo federal que visou a Reestruturação e

Expansão das Instituições de Ensino Superior (REUNI). A FACISA está localizada no agreste

Potiguar do Rio Grande do Norte, na cidade de Santa Cruz, 120 km do campus central, em

Natal. Com o objetivo de interiorizar o ensino superior no país e fixar profissionais na região,

este campus da saúde foi criado e, aliado à atividade acadêmica, visa:

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50

Ampliar o acesso dos cidadãos a todo o tipo de ações e serviços necessários

ao enfrentamento dos seus problemas de saúde, através da integração em

rede de referência e contra-referência, otimizando seus recursos. Além de

pautar como prioridade de consolidação a estruturação de um pólo de

pesquisa na área da saúde, bem como ações de extensão sólidas e facilmente

palpáveis pela comunidade em geral (FACULDADE DE CIENCIAS DA

SAÚDE DO TRAIRI, 2016).

Atualmente, a FACISA oferece quatro cursos de graduação na modalidade presencial,

dois cursos de pós-graduação Stricto sensu e um curso de pós-graduação Lato sensu. Sua

comunidade acadêmica é formada por cerca de 600 estudantes11

(graduação e pós-graduação),

30 servidores técnico-administrativos e 91 docentes.

Na graduação, o Projeto Pedagógico (PP) é um documento que visa apresentar à

comunidade a estrutura que os cursos oferecerem para a formação profissional dos estudantes

que ingressam na universidade, bem como as estratégias que são traçadas para a implantação

do ensino superior na região. Descreve as competências e habilidades do perfil profissional,

além de ditar qual a metodologia que será utilizada durante a sua formação. A matriz

curricular faz parte desse contexto, pois ela é apresentada no início do curso e, nela, constam

as disciplinas, divididas por períodos, que os alunos cursarão até a sua conclusão. Como já foi

mencionado, o estudo da metodologia da pesquisa é essencial para a introdução do aluno na

área da pesquisa, produção e organização de trabalhos acadêmicos. Atualmente, são quatro

cursos de graduação, são eles: Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição e Psicologia.

Em pesquisa documental realizada nos PPs, verificou-se que os cursos apresentam na

matriz curricular disciplinas relacionadas à MTC como mostra a Figura 1.

Figura 1 – Presença de Disciplinas relacionadas à Metodologia de Pesquisa na FACISA.

Curso* Disciplina Caráter Carga horária Nível

Fisioterapia Epistemologia e Metodologia da

Pesquisa

Obrigatória 45h 1º

Psicologia Metodologia Científica e Redação

Para Textos Acadêmicos

Obrigatória 60h 2º

Enfermagem Metodologia da Pesquisa Obrigatória 60h 3º

Nutrição Iniciação ao estudo científico Optativa 45h -- Fonte: do autor.

*Para a ordem dos cursos, respeitou-se a sequência em que foram comentadas no texto.

Apenas no curso de Fisioterapia, intitulada de “Epistemologia e Metodologia da

Pesquisa”, a disciplina é ofertada no primeiro período; o que demonstra a preocupação em

11

Informações coletadas junto à secretaria geral da FACISA e com a secretaria dos cursos de

graduação da unidade no ano de 2016.

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51

capacitar os alunos quanto às técnicas de organização de trabalhos acadêmicos no primeiro

contato com o ensino superior, além da obrigatoriedade de se ter uma carga horária de 45h,

compatível com a ementa proposta.

O curso de Psicologia tem a preocupação de apresentar a disciplina intitulada de

“Metodologia Científica e Redação Para Textos Acadêmicos” no segundo período do curso, o

que também representa uma boa adequação no que diz respeito à introdução do aluno nas

diretrizes normativas. Vale ressaltar que a disciplina tem uma boa carga horária, com 60h, de

caráter obrigatório.

A disciplina Metodologia de Pesquisa é ofertada aos alunos de enfermagem no terceiro

período, portanto os alunos já apresentam certa adaptação ao ritmo que a academia oferece, e

isso pode dificultar a vida acadêmica dos discentes no que diz respeito à padronização das

informações apresentadas nos trabalhos. Porém, a carga horária de 60h é bem extensa e, por

essa razão, pode sanar qualquer dificuldade de aprendizado que os alunos possam ter,

possibilitando um estudo objetivo das regras normativas

Por fim, com carga horária de 45h, o curso de nutrição não obriga a matrícula dos

alunos na disciplina “Iniciação ao estudo científico”, fazendo com que muitos não possuam

conhecimento inicial das orientações necessárias para a elaboração de trabalhos científicos, o

que pode atrapalhar em estudos futuros.

Percebe-se então que os cursos de graduação da FACISA, oferecem carga horária

adequada e disciplinas relativas a organização do trabalho no ensino superior.

Além das atividades voltadas à metodologia do trabalho propostas pelos professores

em sala de aula, os alunos contam ainda com um serviço de orientação à normalização

ofertado pelos bibliotecários do Sistema Integrado de Bibliotecas (SISBI). O profissional

desta área tem maior familiaridade com as diretrizes normativas de trabalhos acadêmicos,

como as normas da ABNT, e tem como um de suas atribuições técnicas a orientação dos

alunos quanto à normalização dos trabalhos acadêmicos.

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52

CAPÍTULO IV

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53

4 POLÍTICAS DE COMBATE AO PLÁGIO E INSTRUMENTOS NORMATIVOS NA

UFRN

É sabido que uma das formas mais objetiva de se evitar o plágio acadêmico é a

orientação metodológica em sala de aula. Para auxiliar nesta tarefa, os professores fazem uso

de instrumentos que facilitam o entendimento do conteúdo, como: tutoriais, manuais com

diretrizes normativas, entre outros materiais didáticos que direcionam o aluno à prática de

redação científica, além da participação em cursos de capacitação. Países como África do sul,

Inglaterra, Estados Unidos e Austrália, em suas instituições de ensino superior, possuem

ferramentas para coibir a prática do plágio e divulgam amplamente esse conteúdo para que

seus usuários aprimorem a prática da redação científica (KROKOSCZ, 2012).

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

recomenda, com base em orientações do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do

Brasil (OAB), que as instituições de ensino públicas e privadas brasileiras adotem políticas de

conscientização e informação sobre a propriedade intelectual, seguindo procedimentos

específicos que visem reduzir a prática do plágio quando da redação de teses, monografias,

artigos e outros textos, por parte de alunos e outros membros de suas comunidades

(COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR,

2011).

No contexto local, na UFRN, como já mencionado em capítulos anteriores, existem

documentos publicados que proporcionam o norteamento de como as políticas institucionais

devem atuar para a diminuição das práticas de plágio e proteção às obras intelectuais. No ano

de 2008, foi publicada pelo CONSEPE a Resolução Nº 149, que dispõe sobre os direitos da

propriedade intelectual da UFRN. O documento toma como base as Leis Nº 9.609, de 19 de

fevereiro de 1998, referente ao direito autoral, e a Nº 9.279, de 15 de maio de 1996, sobre atos

normativos adotados pela Presidência do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Com o objetivo de sistematizar a regulamentação dos direitos de autoria, a UFRN

declara que toda e qualquer criação de produção científica, tecnológica, artística e literária

produzida no âmbito universitário tem autoria protegida e vinculada a seu nome, conduzindo

diretamente à responsabilidade da geração da propriedade intelectual, inclusive àquelas que

possam gerar ganhos econômicos, como é o caso do Sistema Institucional Integrado de

Gestão (SIG), desenvolvido pela Superintendência de Informática (SINFO) da UFRN e

amplamente comercializado para outras IES, esses sistemas têm a finalidade de interligar

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54

módulos operacionais utilizados pelas instituições públicas, criando uma só base e

transportando as informações necessárias de um sistema para outro (SUPERINTENDÊNCIA

DE INFORMÁTICA, 2016)

Outro importante documento vigente é a Resolução Nº 157, publicada pelo CONSEPE,

em 01 de outubro de 2013, que regulamenta a proteção aos Direitos Autorais no âmbito da

UFRN. Tal Resolução, no capítulo III, cita a importância da educação, capacitação e

promoção da formação continuada sobre a indispensabilidade do comportamento ético e da

honestidade na conduta acadêmica, no que se refere aos trabalhos publicados na academia:

Art. 18. Nas disciplinas relacionadas à produção de trabalhos acadêmicos em

qualquer nível de qualificação acadêmica, como Metodologia do Trabalho

Científico, Metodologia da Pesquisa Científica, Orientação ao Trabalho de

Conclusão de Curso ou afins, a presente Resolução deve fazer parte do Plano

da Disciplina, com o intuito de promover a reflexão sobre a caracterização,

constatação e consequências do plágio.

Art.19. Nas demais disciplinas, os docentes devem fazer referência à

presente normativa interna, esclarecendo-a aos discentes, principalmente

quando utilizarem trabalhos acadêmicos produzidos fora de sala de aula para

compor atividades avaliativas (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

GRANDE DO NORTE, 2013).

Segundo essas recomendações, o ideal é que em todo o processo de formação do

estudante sejam adotados instrumentos e políticas que disciplinem e conscientizem a

comunidade acadêmica quanto às questões relativas à prática do plágio acadêmico. Por meio

de programas de orientação, educação continuada, palestras, exposições, minicursos e com

instruções diárias em sala de aula, possivelmente, ocorrerá uma diminuição do plágio nas

publicações científicas.

Normas e diretrizes quanto à concessão de direitos do autor são instrumentos que, se

cobrados pelos professores desde o início da vida acadêmica até seu fim, com a defesa do

TCC, possibilitam a eliminação, quase que totalmente, dos problemas relacionados à

usurpação de ideias de outrem. Neste caso, a construção de documentos normativos que

orientem e decifrem conceitos relativos ao plágio poderá ser usada como ferramenta educativa

neste processo.

Quanto aos instrumentos hoje disponibilizados pela UFRN, um grupo de profissionais,

formado por bibliotecário e professores da FACISA, com base nas normas da ABNT,

organizou quatro módulos que auxiliam os alunos na elaboração dos trabalhos, são eles:

MÓDULO I - Normas bibliográficas para elaboração de projeto de trabalho de

conclusão de curso.

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55

MÓDULO II - Normas bibliográficas para elaboração de monografia.

MÓDULO III - Normas bibliográficas para elaboração de artigo científico.

MÓDULO IV - Normas bibliográficas para elaboração de citações, notas de rodapé e

referências.

Apesar de necessitar de uma atualização, o Módulo IV apresenta as regras normativas

de concessão de créditos aos autores consultados, mostrando exemplos claros e práticos de

como citar e referenciar corretamente, sem que o aluno corra o risco de cometer o plágio em

seus trabalhos acadêmicos.

Além de conteúdos básicos, como livros de metodologia científica e normas oficiais,

visando encontrar na UFRN mais produtos e serviços que orientem a organização de trabalhos

acadêmicos, foi realizada uma consulta informal e eletrônica, por email com a equipe de

bibliotecários do SISBI. O email perguntava se os bibliotecários utilizavam algum material

para a orientação à normalização. Abaixo, seguem os emails com perguntas e respostas12

.

Email com o questionamento:

Bom dia, colegas!

Gostaria de saber se vocês utilizam algum material de normalização de trabalhos

acadêmicos, de produção própria, ou que tenha sido elaborado pela UFRN.

Por exemplo, aqui na FACISA, organizamos uns manuais (com base na ABNT) para

ajudar na elaboração dos trabalhos acadêmicos dos alunos (precisa de atualização).

Link: http://www.facisa.ufrn.br/pagina.php?a=biblioteca (fim da página)

Se vocês possuem, podem me enviar o link? Agradeço a atenção.

Gláucio Tavares

Bibliotecário CRB/15 - 321

Obtiveram-se poucas respostas, apenas duas. A primeira disse:

Oi Gláucio,

Quando tenho dúvidas sempre me baseio pelo manual da FACISA.

Beijão

Bibliotecária x

Já o segundo email, oriundo da direção do SISBI, parabenizou a iniciativa da

construção dos manuais e sugeriu que uma equipe do SISBI fizesse uma atualização e,

posteriormente, disponibilizasse-os nos portais para a consulta dos usuários. O email dizia:

Oi Gláucio,

Gostei muito da iniciativa de vocês, inclusive acho que deveríamos fazer para o SISBI

e disponibilizarmos nos nossos portais, pois facilitaria muito para os usuários.

Acho que hoje a BCZM orienta que os usuários acessem as normas, porém da forma

como vocês fizeram fica ainda mais didático.

12

Os nomes dos bibliotecários foram substituídos por X e Y, devido a não solicitação de exposição de

seus nomes na consulta.

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56

Quem sabe uma proposta de atualização desses materiais com os bibliotecários que

trabalham com a normalização possa ser proposta e os utilizarmos para o SISBI. O

que você acha?

Atenciosamente,

Bibliotecária Y.

Percebe-se, então, que são poucos os instrumentos disponibilizados, além dos que

foram citados, alguns cursos compilam as normas em diretrizes próprias, o que também

interfere nos resultados, pois pode ocorrer incoerência nas publicações individuais.

Neste caso, os profissionais bibliotecários orientam a normalização de trabalhos com

as regras da ABNT que, geralmente, são extensas e bem complexas. Neste sentido, outros

manuais desenvolvidos ou supervisionados por equipe formada por bibliotecários e

professores de metodologia, com base nas normas oficiais, seriam a maneira mais fácil que o

aluno utilizaria para compreender e organizar seus trabalhos.

4.1 PROGRAMAS PARA DETECTAR O PLÁGIO

A internet é uma ferramenta que facilita tanto para quem copia trechos ou trabalhos na

íntegra, quanto para detectar trabalhos que foram copiados. Neste sentido, instituições de

ensino estão adquirindo softwares que detectam a existência de plágio em trabalhos

acadêmicos. Entretanto, caso não haja investimento nesse setor, existem ferramentas gratuitas

que, mesmo apresentando limitações nas buscas, conseguem detectar se trechos foram

copiados de outro trabalho. Abaixo alguns exemplos:

a) Google – apesar de não parecer nada acadêmico ou científico, o site do Google pode

sim ajudar os avaliadores quanto à veracidade e ineditismo dos trabalhos dos alunos,

com a simples busca do trecho entre aspas. Os resultados podem indicar presença

parcial ou literal do trecho copiado. Link: https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl

b) Plagium – desenvolvido pela Septet Systems Inc., ele possibilita buscas simples e

avançadas. Na sua versão gratuita, a pesquisa pode ser feita com até 25 mil caracteres.

O site também mostra uma nota de porcentagem que indica a probabilidade daquele

trecho ser plágio. Link: http://www.plagium.com/

c) Plagiarisma - Detector de plágio que pode ser utilizado online, sem precisar ser

instalado no computador. Suporta mais de 190 idiomas, inclusive o português.

Basta incluir um pequeno trecho de texto para iniciar a pesquisa que é rápida e, em

alguns segundos, é emitido um relatório com todas as páginas que contém o texto

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57

plagiado. Link: http://plagiarisma.net/

Como o mercado editorial é um nicho que gera bastante lucro, as empresas,

principalmente as estrangeiras, viram grande possibilidade de ter rendimentos financeiros por

meio da criação de softwares mais incrementados que, com mais eficiência e maior precisão,

pudessem detectar o plágio nos documentos pesquisados.

A iThenticate é uma das empresas que produzem programas comerciais (pagos) para

verificação de plágio em trabalhos científicos.Entre as agências parceiras, estão as bases de

dados EBSCO, ELSEVIER e PROQUEST. A empresa declara que faz pesquisas em

documentos online que apresentam cerca de 30 idiomas, incluindo o português.

Em nota publicada no Reserach Information (2015), Uthpala Karunarathne, diretor

científico do Jornal da Fundação Nacional de Ciências do Sri Lanka (tradução livre),

acolhendo a iniciativa de aquisição do software da iThenticare, disse: “Todo esse tempo,

temos utilizado verificadores de plágio online grátis, que não permite verificar todo o

documento, mas partes dele, devido à algumas limitações. Acredito que a iThenticate

permitirá verificar os trabalhos com mais facilidade e precisão, aumentando os padrões de

nossa revista.” Ou seja, o investimento é feito, pois proporciona uma maior segurança na

avaliação antes da publicação de artigos nas editoras, mantendo a qualidade das revistas.

Essas ferramentas são cada vez mais utilizadas e, à medida que as formas de plagiar

vão sendo modificadas, outros sistemas de verificação são criados. Andrade (2014) diz que

mesmo que ferramentas detectoras do plágio indiquem sua presença em textos analisados,

cabe à equipe responsável pela editoração delegar se ocorreu o plágio ou não, dependendo do

contexto e intertextualidade da obra. Isto é, em sala de aula, mesmo que o sistema mostre

similaridade do conteúdo buscado com o que o sistema apresentou, cabe ao professor

interpretar se aquele conteúdo foi plagiado pelo aluno ou não.

Os mecanismos de busca mostram e destacam similaridades em

palavras-chave, expressões e frases infrequentemente empregadas,

entre outros recursos. A partir desta verificação, o sistema mostra uma

taxa de similaridade (por exemplo, 50%). Identificados os textos

anteriores com grande similaridade, a decisão é tomada após leitura

dos trabalhos e comparação com o texto em análise (ANDRADE,

2014, p.2).

No âmbito da UFRN, a Resolução 157/2013, no Capítulo IV, que trata da constatação

e da comprovação da violação de direitos autorais no Art. 20, demonstra a necessidade de

aquisição ou criação de mecanismos de verificação,

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Art. 20. É de responsabilidade institucional efetuar os investimentos

necessários para ofertar e aperfeiçoar, de modo contínuo, ferramentas

que viabilizem a constatação da violação dos direitos autorais do

modo mais rápido e efetivo.

Sendo assim, para que a verificação de casos de plágio não sucumba apenas na

responsabilidade dos professores, a Universidade deve investir em mecanismos que facilitem

a tarefa de verifica incidências de plágios.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na literatura e pesquisa documental, este trabalho buscou responder aos

questionamentos acerca dos motivos que levam o aluno do ensino superior a cometer o plágio

nos trabalhos acadêmicos, bem como verificar a existência de produtos e serviços para o

enfrentamento do plágio no contexto universitário da UFRN, pelas políticas institucionais.

Apesar de ser um grande problema encarado pelas universidades e de haver na UFRN

documentos que regulamentam a proteção aos Direitos Autorais e prevenção contra a prática

do plágio na academia, ainda há poucos instrumentos que o combatam e dêem suporte à

orientação metodológica adequada aos alunos universitários. Neste sentido, verificou-se

também a inexistência ou pouca oferta de cursos e eventos periódicos que contribuam para a

diminuição dessa prática na academia.

A pesquisa bibliográfica apontou que a falta da prática de leitura e escrita leva o aluno

ao comodismo intelectual e, consequentemente, à busca de maneiras mais fáceis e antiéticas

de construção dos trabalhos acadêmicos. Neste caso, o indivíduo não experimenta a condição

de ser um leito-autor, o indivíduo crítico, aquele capaz de produzir sua própria concepção

textual de conteúdos. Logo, cabe à universidade propagar a ideia de que o conhecimento deve

ser criticado, analisado e discutido, estimulando o hábito da leitura e escrita.

A construção de conteúdo científico só existe pelo diálogo entre outros autores, por

isso o aluno que recebe instrução adequada é capaz de ler, compreender e exprimir seu ponto

de vista sobre o assunto, atingindo os objetivos acadêmicos de forma honesta e ética. Neste

sentindo, este estudo verificou também que a questão ética que envolve o plágio precisa ser

matéria amplamente discutida em sala de aula no momento em que o aluno é instruído

tecnicamente nas concessões de créditos aos autores consultados.

O desconhecimento de regras para a redação científica, a falta de tempo, a dificuldade

na escrita e facilidade do acesso a informação proporcionado pela internet também foram

apontadas neste estudo como as causas mais prováveis de surgimento de plágio acadêmico. A

literatura mostra ainda que a falta de conhecimento mais específico de conceitos do plágio e

suas variações é um dos agravantes na incidência desta prática. Ou seja, devido à falta de

esclarecimento sobre o assunto, o aluno comete a contrafação sem saber que está errando.

No que concerne às punições a serem tomadas em casos de suspeitas de plágio

encontrados nos trabalhos de sala de aula, fica entendido que a decisão deve estar amparada

por documentos institucionais e que cada caso deverá ser analisado individualmente, após

análise do professor ou do grupo educacional responsável.

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60

Quanto à breve análise realizada nas matrizes curriculares dos cursos de graduação da

FACISA, foi constatado que, apesar da presença de disciplinas relativas à metodologia do

trabalho científico, não existe um programa ou projeto que dê continuidade às ações de

conscientização dos danos causados pelo plágio. Com base nisto, em consonância com a

Resolução nº157 de 2013, propõe-se a criação de cursos de capacitação de educação

continuada, oferecidos dentro de uma proposta acadêmica e com profissionais habilitados.

A utilização de diretrizes normativas como manuais de normalização, os conteúdos de

metodologia científica e as normas oficiais de trabalhos acadêmicos servem para instrumentar

de forma objetiva o conteúdo acadêmico em sala de aula. Fazer uso dessas ferramentas no

ensino superior possibilita ao aluno a padronização de seus trabalhos de forma apropriada.

Neste sentido, prevenção é palavra-chave deste estudo. O aluno, bem instruído

metodologicamente e consciente deque deve apresentar conteúdo honesto por meio da

experiência de autoria, dificilmente, cometerá algum deslize quanto às questões de concessão

de crédito à titularidade de textos pesquisados.

Então, fica entendido que uma das maneiras mais eficazes de coibir o plágio

acadêmico é a capacitação do estudante, com a instrução e apresentação das normas de

formatação de textos científicos, além da conscientização de que a prática do plágio é

considerada uma infração aos direitos do autor, ação que fere os princípios éticos.

Esta pesquisa viabiliza a realização de novos trabalhos por debates relativos ao tema,

com o intuito de que as inquietações provocadas possam render discussões capazes de motivar

o nascimento de mais estudos relativos às implicações provocadas pelo plágio dentro do

contexto universitário. Portanto, visando preencher a lacuna quanto à necessidade de criação

de mais instrumentos capazes de inibir a prática do plágio, este trabalho sugere:

a) Elaboração e/ou atualização de manuais com diretrizes normativas para organização e

apresentação de trabalhos acadêmicos;

b) Confecção de cartilha de boas práticas na redação científica: implicações éticas e

acadêmicas de combate ao plágio;

c) Promoção de eventos periódicos para ofertar continuamente a educação e prevenção

contra a contrafação, mostrando as implicações do plágio na academia;

d) Recomendação de cursos de extensão com profissionais habilitados na área, não só

para capacitar discentes, mas toda a comunidade acadêmica;

e) Investimento da UFRN destinado à compra de softwares que possibilitem a detecção

de plágio em trabalhos acadêmicos.

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61

PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA INIBIR O PLÁGIO

ACADÊMICO

Com base nas indicações sobre políticas de combate ao plágio acadêmico,

promulgadas institucionalmente na UFRN, leituras documentais e bibliográficas acerca desse

tema, como já mencionado, um dos objetivos dessa dissertação era propor como produto final,

a construção de instrumentos que visem orientar metodologicamente os alunos quanto à

normalização de trabalhos acadêmicos, a fim de implantar uma consciência ética na

edificação de textos honestos, evitando o uso indevido de conteúdo intelectual de outros

autores, sendo concedidos os créditos à titularidade das obras consultadas.

Portanto, como um dos produtos desse estudo, inicialmente, propõe-se a construção de

um documento, que pode ser em formato de cartilha ou manual de orientação metodológica de

boas práticas na redação, para que haja precisão na apresentação de trabalhos acadêmicos,

bem como esclarecimentos sobre quais implicações ético-legais que esta ação pode causar.

O instrumento poderá ser formado pelas seguintes partes:

a) Apresentação, com os objetivos diretos a que se propõe: esclarecer a comunidade

acadêmica sobre as implicações do plágio, quais os tipos, como deve ser organizado

um texto acadêmico e a concessão dos créditos aos autores consultados;

b) Esclarecer de onde veio a iniciativa de produzir o material: da necessidade de se ter

mais conteúdos didáticos com esta temática na UFRN, bem como um produto final do

Trabalho de conclusão de Mestrado do discente;

c) A cartilha deverá apresentar também imagens para ilustrar atividades do tema;

d) Trechos a respeito do que trata a lei dos Direitos Autorais, Nº 9.610, de 19 de

fevereiro de 1998;

e) O que fazer perante a lei, no caso do autor lesado; como e em que se basear para ter

seus direitos reservados;

f) Por fim, orientação para a boa conduta na produção textual.

As ideias utilizadas como base informacional para a proposta de elaboração deste

produto foram extraídas da cartilha intitulada “Nem tudo que parece é: entenda o que é

plágio”13

, desenvolvida pela Comissão de Avaliação de Casos de Autoria, do Departamento

de Comunicação Social - Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal

Fluminense, por conter um conteúdo de fácil compreensão, com ilustrações adequadas ao

13

Disponível em: <http://site.ufvjm.edu.br/revistamultidisciplinar/files/2011/09/cartilha_autoria_-

_digital.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2016.

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tema, e informações pertinentes e condizentes com a realidade enfrentada nas universidades,

além de estar em formato digital, que facilita a distribuição e visualização de toda a

comunidade acadêmica.

Outro instrumento que poderá ser criado para saber como agir diante das suspeitas de

casos de plágios encontrados nos trabalhos acadêmicos é um fluxograma de ações, o qual

conduzirá os profissionais por caminhos que possibilitem resolver o problema de forma mais

sensata e objetiva. Como exemplo de criação para este material, no Reino Unido, a Comissão

de Ética em Publicação, Committee on Publication Ethics (COPE), empresa que promove a

discussão de aspectos éticos entre editores para promover a integridade na publicação de

pesquisa, publicou em 2008 um documento que apresenta um fluxograma de questões e

encaminhamentos para que a decisão, em casos de suspeita de plágio, possa ser tomada de

forma adequada. São 11 possíveis condições, apresentadas a seguir:

1. O que fazer se você suspeitar de uma publicação redundante ou duplicada

2. O que fazer se você suspeitar de plágio

3. O que fazer se você suspeitar de dados inventados

4. O que fazer quando você perceber alterações de autoria

5. O que fazer se suspeitar de autores anônimos, convidados ou de autoria dada

6. Como detectar problemas com autoria

7. Se o revisor suspeitar da existência de um conflito de interesses

8. E se um leitor suspeitar que há um conflito de interesse não declarado em um artigo

9. O que fazer se suspeitar de um problema de ética em um manuscrito que recebeu

10. O que fazer se suspeitar que um revisor se apropriou das ideias ou dados de outro

11. Gestão por parte da COPE de reclamações contra os editores

Todas as seções apresentam subseções com diretrizes da conduta correta a ser tomada,

caso ocorra à incidência de plágio acadêmico nos trabalhos14

.

Por fim, sugere-se que cursos de capacitação e eventos periódicos sobre a temática,

possam ser realizados na UFRN. A modelo disso, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB),

pelo departamento de Ciência da Informação, realiza frequentemente eventos com essa

temática15

, sempre buscando por o tema em discussão, para manter o público universitário

atualizado quanto às implicações que plágio acadêmico provoca no contexto universitário.

14

Conteúdo completo disponível em: http://publicationethics.org/files/All_Flowcharts_Spanish_0.pdf. 15

Conteúdo de um folder do evento disponível em:

http://www.observatorioderevistascientificas.com/attachments/article/231/FOLDER.pdf

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Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2014.

SUNG, Jung Mo; SILVA, Josué Cândido da. Conversando sobre ética e sociedade. 16. ed.

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institucional: 2010 – 2019. Natal, 2010.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Palavras-chave: Plágio acadêmico. Direitos Autorais. Ética. Propriedade intelectual. Metodologia do Trabalho Científico. 8 ABSTRACT

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______. Resolução nº. 149/2008 - CONSEPE, de 04 de novembro de 2008. Dispõe sobre os

direitos da propriedade intelectual da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e

dá outras providências. Natal, 2008.

______. Resolução nº. 157/2013-CONSEPE, de 01 de outubro de 2013. Regulamenta a

proteção aos Direitos Autorais no âmbito da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Natal, 2013.

UOL EDUCAÇÃO. Trapaças: confira 15 casos famosos de cola e plágio acadêmico. [S.l.],

2013. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/album/2013/11/18/colas-e-trapacas.htm>.

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VALENTIM, Marta Lígia Pomim. Ética em pesquisa: a questão do plágio. In: SILVA,

Rubens Ribeiro Gonçalves da. Direito autoral, propriedade intelectual e plágio. Salvador:

EDUFBA, 2014. p. 189-209.