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JOSÉ GLÁUCIO BRITO TAVARES DE OLIVEIRA
AUTORIA E PLÁGIO EM TRABALHOS ACADÊMICOS: POLÍTICAS E AÇÕES DE
COMBATE A CONTRAFAÇÃO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO
NATAL/RN
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS INSTITUCIONAIS
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE PROCESSOS INTITUCIONAIS
1
JOSÉ GLÁUCIO BRITO TAVARES DE OLIVEIRA
AUTORIA E PLÁGIO EM TRABALHOS ACADÊMICOS: POLÍTICAS E AÇÕES DE
COMBATE A CONTRAFAÇÃO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Gestão de Processos
Institucionais, do Centro de Ciências Humanas,
Letras e Artes, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, para obtenção do título de
Mestre.
Linha de Pesquisa: Ética e Gestão de
Processos Institucionais.
Orientador: Dr. Sérgio Luís Rizzo Dela-Sávia
NATAL/RN
2016
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JOSÉ GLÁUCIO BRITO TAVARES DE OLIVEIRA
AUTORIA E PLÁGIO EM TRABALHOS ACADÊMICOS: POLÍTICAS E AÇÕES DE
COMBATE A CONTRAFAÇÃO NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Gestão de Processos
Institucionais, do Centro de Ciências Humanas,
Letras e Artes, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, para obtenção do título de
Mestre.
Aprovado em: 07 de dezembro de 2016.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Dr. Sérgio Luís Rizzo Dela-Sávia
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(Presidente da banca)
__________________________________________________
Profa. Dra. Denise Pereira do Rêgo
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(Examinador interno)
__________________________________________________
Prof. Dr. José Luiz de Oliveira
Universidade Federal de São João Del-Rei
(Examinador externo)
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Dedico este trabalho à minha família.
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AGRADECIMENTOS
Aos colegas de sala de aula, pelas contribuições acadêmicas e profissionais. Vocês me
inspiram pela responsabilidade com o serviço público.
Ao seleto grupo da “Gestão de Fofocas”, que possibilitou leveza nos momentos mais
árduos do mestrado. São amigos que levarei para a vida.
Às “amiguinhas” Cybelle, Ericka, Fernanda, Joumara e Kátia que, há 15 anos,
inspiram-me profissionalmente. Sem elas, certamente, não estaria onde estou. Muito obrigado
pela amizade e amor. Vocês são minha família.
Agradeço às amigas bibliotecárias, que também foram importantes na minha vida
quanto profissional da informação, por me permitirem entrar em suas vidas de uma forma
simples e amável, cito-as aqui: Adriana Carla, Camile, Elisabeth, Hadassa, Joyanne, Kalline,
Kênia, Luciana e Magali, vocês são parte de mim.
Agradeço ao meu Orientador, o Professor Dr. Sérgio Luís Rizzo Dela-Sávia, por
aceitar o desafio de caminharmos juntos na conclusão deste trabalho.
Aos amigos da vida, por entenderem as ausências por prioridades acadêmicas.
Em especial, agradeço a todos os membros de minha família. É pela base educacional
recebida que estou conseguindo o título de mestre.
Por fim, quebrando o protocolo, quero fazer também um desagradecimento,
direcionado aos amigos dos grupos “BMBs” e “SENSE8”, por combinarem as festas nos
momentos mais críticos do mestrado. Enfim, tive condições de resistir em certos momentos
(em outros, não).
A todos, meu muito obrigado!
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“O essencial, com efeito, na educação, não é a doutrina ensinada, é o despertar”.
Ernest Renan
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OLIVEIRA, José Gláucio Brito Tavares de. Autoria e plágio em trabalhos acadêmicos:
políticas e ações de combate a contrafação no contexto universitário. 2016. 67f. Dissertação
(Mestrado em Gestão de Processos Institucionais) – Centro de Ciências Humanas, Letras e
Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.
RESUMO
A produção acadêmica é uma das principais atividades do ensino superior, pois promove o
conhecimento por meio das pesquisas científicas e possibilita o desenvolvimento de uma
sociedade. Entretanto, a elaboração de trabalhos acadêmicos por vezes é manchada pela
prática do plágio. A contrafação acadêmica ocorre quando o autor utiliza conteúdo intelectual,
seja de forma integral ou parcial, de outros autores e não os cita, deixando de conceder os
créditos à titularidade da obra pesquisada, ferindo os princípios éticos e as proposições legais
que regem a Lei do direito autoral. Para a investigação desse fenômeno, optou-se nesta
dissertação pela pesquisa bibliográfica e documental. O estudo sinalizou como causas que
levam o aluno universitário a cometer o plágio os seguintes fatores: o fácil acesso à
informação proporcionada pela internet; a falta de planejamento do tempo dedicado aos
estudos; a inabilidade da prática de produção textual; a falha de conduta moral do indivíduo e
o desconhecimento técnico tanto dos conceitos relativos ao plágio como das regras de
concessão de créditos aos autores consultados. Após análise das políticas institucionais da
UFRN, que tratam da proteção aos direitos autorais e combate ao plágio, foi possível
averiguar que, apesar da recomendação para que se criem instrumentos de orientação e
conscientização de um comportamento ético e da honestidade na conduta acadêmica, ainda
são poucos os produtos, como material didático, documentos normativos e serviços de
combate ao plágio no contexto universitário. Para resolução desta lacuna educacional, em
consonância com a política institucional, este estudo sugere a criação de instrumentos que
auxiliem a comunidade acadêmica, tanto em sala de aula, nas disciplinas relativas à
Metodologia do Trabalho Científico, quanto em cursos de capacitação, para que se diminuam
os casos de plágio em trabalhos acadêmicos na UFRN.
Palavras-chave: Plágio acadêmico. Direitos Autorais. Ética. Propriedade intelectual.
Metodologia do Trabalho Científico.
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ABSTRACT
The academic production is a main activities of the superior education, because promotes the
knowledge through scientific researches and enable the development of a society. However,
the academic works elaboration sometimes is stained by the plagiarism practice. The
academic counterfeit occurs when the author uses intellectual contents, in whole or in part, of
the others authors and don‟t cite them, failing to provide the credits the work searched,
injuring the ethics principles and the legal proportions that organize the law of copyright.
From this principle that we don‟t need of the database collected in field research to verify
existence of the plagiarism in the university environment, this dissertation is characterized as
a bibliography research. The study indicated the causes that lead the students to plagiarism.
The following are cited as causes: easy access the information provided by the technology;
lack of the planning time dedicated to studies; inability of the textual production practice;
failure of the individual conduct moral and the technic unfamiliarity of the concepts related to
plagiarism as well as concession rules of the credits to authors researched. After analysis
institutional policies at UFRN, that ensure the copyright protection and combating plagiarism,
was possible to see that, despite the recommendation for the creation instruments of
orientation and awareness of an ethical behavior and the honesty in the academic conduct,
there are still few the products and services combating to plagiarism in the university context.
To resolution of the educational gap, according to institutional politics, this work we intend to
contribute to the creation of the instruments to help the academic community, in classroom, in
class related the Methodology of the Scientific Work, as well as training courses, reducing
plagiarism cases in academic work at UFRN.
Keywords: Academic plagiarism. Copyright. Ethics. Intellectual property. Methodology of
the Scientific Work.
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LISTA DE SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
APA American Psychological Association
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CONSEPE Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão
ENAP Escola Nacional de Administração Pública
FACISA Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IES Instituições de Ensino Superior
LDA Lei de Direitos Autorais
MTC Metodologia do Trabalho Científico
NBR Norma brasileira
OMPI Organização Mundial da Proteção Intelectual
PP Projeto Pedagógico
RD Repositório Digital
REUNI Reestruturação e Expansão das Instituições de Ensino Superior
SINFO Superintendência de Informática
SISBI Sistema Integrado de Bibliotecas
TCC Trabalho de Término de Curso
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFPB Universidade Federal da Paraíba
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11
1 O PLÁGIO....................................................................................................... 15
1.1 PLÁGIO ACADÊMICO .................................................................................. 16
1.1.1 Os sujeitos envolvidos no processo................................................................ 19
1.2 CONCESSÃO DE CRÉDITOS AO AUTOR LIDO ....................................... 19
1.2.1 NBR 10520:2002 – Citações em documentos – Apresentação ................... 20
1.2.2 NBR 6023:2002 – Referências – Elaboração ............................................... 21
1.3 TIPOS DE PLÁGIO ........................................................................................ 21
1.3.1 Plágio direto .................................................................................................... 21
1.3.2 Plágio parcial................................................................................................... 22
1.3.2.1 Paráfrase sem créditos ao autor consultado..................................................... 22
1.3.3 Plágio de fontes ............................................................................................... 22
1.3.4 Plagio consentido ............................................................................................ 23
1.3.5 Autoplágio ....................................................................................................... 23
1.3.6 Nem tudo é plágio .......................................................................................... 24
1.4 ALTERNATIVAS DE EVITAR O PLÁGIO ACADÊMICO......................... 24
1.5 A QUESTÃO ÉTICA QUE ENVOLVE O PLÁGIO ACADÊMICO............. 26
1.5.1 A reflexão ética na construção do leitor-autor ............................................ 29
1.6 RECONHECIMENTO DO ERRO E EXPOSIÇÃO DAS FRAUDES
ACADÊMICAS ............................................................................................... 31
1.7 PLÁGIO ACIDENTAL POR FALHA TÉCNICA.......................................... 33
1.8 PRESSA NA PUBLICAÇÃO ......................................................................... 34
1.9 FACILIDADES NO ACESSO A INFORMAÇÃO ........................................ 35
2 DIREITOS AUTORAIS ................................................................................ 38
2.1 SURGIMENTO DOS DIREITOS AUTORAIS .............................................. 38
2.2 HISTÓRICO DOS DIREITOS AUTORAIS NO BRASIL ............................. 40
2.2.1 Propriedade Intelectual no Direito Autoral ................................................ 41
2.2.1.1 Obras Intelectuais ............................................................................................ 42
2.3 SANÇÕES ....................................................................................................... 43
3 A METOLÓGICA DO TRABALHO CIENTÍFICO NO ENSINO
SUPERIOR ..................................................................................................... 46
3.1 A METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO NA MATRIZ
CURRICULAR DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DA FACISA/UFRN ... 49
4 POLÍTICAS DE COMBATE AO PLÁGIO E INSTRUMENTOS
NORMATIVOS NA UFRN............................................................................ 53
4.1 PROGRAMAS PARA DETECTAR O PLÁGIO ........................................... 56
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 59
PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA INIBIR O
PLÁGIO ACADÊMICO ............................................................................... 61
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 63
11
INTRODUÇÃO
A produção científica é uma das principais atividades do ensino superior, pois
promove e dissemina o conhecimento por meio de pesquisas acadêmicas, democratiza a
informação e serve de base para o desenvolvimento político, social e sustentável de uma
sociedade, além de desempenhar um papel fundamental na gestão acadêmica e nas atividades
da universidade na pesquisa, ensino e extensão.
No início do processo investigativo e elaboração dos trabalhos apresentados na
academia, o estudante tem pela frente um longo caminho de pesquisas e leituras exaustivas,
disponíveis em diversas fontes de informação. Atualmente, o fácil acesso à informação,
possibilitado pelo avanço tecnológico, em especial, a internet, e o curto tempo do qual o aluno
dispõe para realizar diversas tarefas do dia a dia o conduzem a buscar caminhos mais rápidos
para elaboração dos trabalhos científicos. No entanto, uma das grandes preocupações das
Instituições de Ensino Superior (IES) é com a qualidade, honestidade e veracidade das
informações apresentadas nos trabalhos que são postos para avaliação em sala de aula; e um
dos motivos que leva ao demérito acadêmico ocorre quando casos de plágios são descobertos,
resultando em diversas implicações institucionais e morais para os envolvidos.
Deste modo, para evitar que isso aconteça, é importante que disciplinas relativas à
Metodologia do Trabalho Científico (MTC) estejam presentes na matriz curricular dos cursos
de graduação, uma vez que elas permitem auxiliar os professores e profissionais habilitados
na orientação e instrução dos alunos sobre como iniciar a pesquisa, bem como conduzi-los no
processo de elaboração e apresentação de trabalhos acadêmicos. Nesta perspectiva, as
disciplinas em questão podem prevenir as ocorrências de plágio oriundos de falha técnica,
habilitando os discentes na utilização de instrumentos metodológicos, com diretrizes
normativas de concessão de créditos ao autor consultado.
Outro fator apontado neste estudo é a falha de ordem moral, quando o indivíduo tem
conhecimento das normas técnicas, mas faz uso de conteúdo de outros autores como se fosse
seu, utilizando ilegalmente o material alheio, de forma parcial ou integral, na tentativa de
ludibriar os leitores ao publicar seu trabalho.
A prática do plágio não é cometida apenas pelo aluno que está iniciando a vida
acadêmica. Casos de plágio são identificados também entre pesquisadores experientes e
professores, os quais, quando descobertos,acarretam grandes prejuízos, tendo em vista que
causam a desmoralização profissional e interferem diretamente nas instituições envolvidas no
processo. Conceitos mais aprofundados relativos ao plágio, aos tipos e às razões que levam o
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plagiário a cometê-lo serão abordados neste trabalho.
No contexto local, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONCEPE), com o
objetivo de coibir a prática de plágio na Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN), instaurou documentos normativos como políticas institucionais por meio das
Resoluções de Nº 157/2013, de 01 de outubro de 2013, e a de Nº 149/2008, de 04 de
novembro de 2008. A primeira regulamenta a proteção aos Direitos Autorais no âmbito da
UFRN e recomenda a necessidade da criação de instrumentos que possibilitem a educação
continuada quanto à temática de estudo, promovendo uma conscientização da comunidade
acadêmica no que diz respeito às práticas de boa conduta na redação científica e contribuindo
com a diminuição de casos de plágio na universidade. Já a segunda, de forma mais técnica,
trata da proteção aos direitos da propriedade intelectual da UFRN.
Assim sendo, por meio de pesquisas bibliográfica e documental, o presente trabalho
buscou compreender os motivos que levam à prática do plágio acadêmico.
Como objetivo geral, pretendeu-se discutir o problema do plágio, suas implicações
acadêmicas e éticas, visando a criação de instrumentos normativos, com a missão de apontar
princípios e orientações que possam nortear a conduta na prática da redação científica e, assim,
combater ao plágio acadêmico, em consonância com a política instituída pela UFRN. Com os
objetivos específicos, pretendeu-se:
a) Promover a discussão acerca dos motivos que levam à prática do plágio acadêmico e
sobre como evitá-lo;
b) Realizar um estudo dos instrumentos normativos de que dispõe a UFRN para o
combate à prática do plágio e proteção à propriedade intelectual;
c) Discorrer sobre a importância da disciplina metodologia do trabalho científico, como
norteadora na prática do ensino superior.
Justifica-se um estudo aprofundado nesta área, pois, apesar da existência de
resoluções que tratam de direitos autorais, proteção a propriedade intelectual e de combate ao
plágio, ainda são poucas as ações efetivamente educacionais e curriculares de produtos
institucionais que eduquem e esclareçam a comunidade acadêmica sobre as implicações
decorrentes dessa prática. Portanto, com este estudo, será possível sistematizar a indicação de
mais produtos, políticas e instrumentos educativos, por meio do conhecimento das diretrizes
normativas, com o intuito de permitir a precisão na apresentação de trabalhos científicos e
possibilitar o desenvolvimento de documentos normativos que possam contextualizar o tema
com profundidade e instruir os alunos e pesquisadores sobre como evitar o plágio em
publicações acadêmicas.
13
A natureza deste trabalho é dissertativa, sendo ele composto por seis capítulos, os
quais serão descritos a seguir.
No primeiro capítulo, é feita a apresentação estrutural do trabalho, na qual são
apontadas as primeiras considerações sobre o tema, bem como a exposição dos objetivos,
hipóteses e justificativas que levaram à realização da pesquisa.
No segundo capítulo, foram abordados conceitos a respeito do que é o plágio, suas
variações, as características no âmbito acadêmico, assim como a questão ética que o envolve.
O terceiro capítulo discorre sobre os Direitos Autorais, o histórico dessa lei no Brasil e
as características peculiares da apropriação de conteúdo intelectual e das implicações que esta
prática oferece.
O quarto capítulo, voltado à Metodologia do Trabalho Científico como disciplina que
propõe capacitar o aluno na instrumentalização e apresentação de trabalhos científicos,
discorre sobre a importância da melhor estruturação deste campo do conhecimento no ensino
superior.
No quinto capítulo, discutem-se as políticas de combate ao plágio por meio dos e
instrumentos normativos adotados na UFRN.
No sexto capítulo, são apresentadas as considerações finais, bem como as
recomendações e sugestões de elaboração de instrumentos de boas práticas da redação
científica.
O conteúdo deste trabalho não tem finalidades jurídicas, que busca penalizar
legalmente aquele que comete o plágio. Esta pesquisa tem predicados educacionais, de caráter
instrumental e instrutivo para promover uma conduta ética e idônea na construção do sujeito
autor.
14
CAPÍTULO I
15
1 O PLÁGIO
O conceito de plágio, para o Dicionário Aurélio, vem do grego plágios, „trapaceiros‟,
do latim plagium, expressa ato ou efeito de plagiar. O verbo plagiar significa “assinar ou
apresentar como seu alguma obra artística ou científica de outrem” (FERREIRA, 2010, p.
1650). Complementando essa conceituação, Krokoscz (2012, p. 11) define plágio como
“qualquer conteúdo (artístico, intelectual, comercial etc.) que tenha sido produzido ou já
apresentado originalmente por alguém e que é reapresentado por outra pessoa como se fosse
próprio ou inédito”.
Com foco na questão ética que envolve o uso de ideias, Dias e Eisenberg (2015, p.
183), diante do apanhado de conceitos, assinalam que plágio é “eticamente inaceitável, uma
vez que não dar o devido crédito à voz de outrem configura roubo, apropriação indevida, ou
sequestro da expressão”.
Portanto, entende-se que plágio é a apropriação de qualquer tipo de produção artística,
literária, comercial ou científica, apresentada ou assinada como sua, configurando uma
apropriação indébita de autoria.
A origem do plágio não tem época precisa. Mas, historicamente, há relatos que
atestam sua ocorrência desde a Antiguidade Romana. O plagiário, do latim plagiariu, era um
termo utilizado quando a Lex Fabia ex plagiariis romana citava aqueles que vendiam como
escravos os homens livres, ou até o ato de apoderar-se de indivíduos alheios (MORAES,
2006). Neste contexto, percebe-se que, numa leitura livre, o termo não tem relação direta com
o conceito de plágio adotado hoje, mas se for considerar o fato de que pessoas eram “furtadas”
de outros, essa expressão faz sentido por guardar uma conexão com a expressão na atualidade,
ou seja, o que significa uma apropriação não autorizada de alguma obra hoje, naquela época,
significava a usurpação do ser humano.
Numa abordagem mais ampla, o plágio tem várias faces. No campo das artes plásticas,
existem casos famosos de reproduções de pinturas que são comercializadas ludibriando as
pessoas, que compram os quadros na certeza de serem verdadeiros. Na música, ocorre quando
a melodia ou trecho da letra de uma canção é copiado por outro artista. Se comprovada a
infração, a lei resguarda o direito do autor original e, geralmente, é paga uma indenização1. A
fraude é chamada também de “contrafação”, que significa a reprodução comercial de um item
1Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Art. 102. O titular cuja obra seja fraudulentamente
reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada, poderá requerer a apreensão dos exemplares
reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível.
16
sem autorização prévia de quem detém a sua autoria.
Já no campo da reprodução do conhecimento, essa prática ocorre de uma maneira
diferenciada. Segundo Krokoscz (2012, p. 11), “diferentemente dos produtos artísticos e
comerciais, o conhecimento não tem um valor material, e seu incremento depende do que já
foi apresentado, portanto, seu aumento se faz a partir do que já foi dito”. Quando ideias são
utilizadas na redação acadêmica, cabe apenas ao redator, além de transcrever o trecho lido,
dar os devidos créditos ao autor consultado. Sendo assim empregadas, não existe nenhum tipo
de contravenção. Entretanto, essa prática se torna ilegal quando a indicação de autoria não
ocorre no texto produzido, ocasionando o plágio.
1.1 PLÁGIO ACADÊMICO
O plágio acadêmico é um problema que vem crescendo nas últimas décadas, e as
ocorrências dessa prática se expandiram com a invenção da impressa no século XX. Hoje,
com o advento das novas tecnologias e, principalmente, da internet, o problema tomou
proporções grandiosas. Verificar o conteúdo de tudo que é produzido na academia é muito
difícil, pois com as inúmeras possibilidades de busca e recuperação de conteúdos, a internet se
tornou uma facilitadora da prática do plágio, ainda que a reprodução indevida de documentos
possa ser descoberta por meio de sites e instrumentos, como os softwares detectores de plágio.
Antigamente, o plágio era de difícil identificação, pois os professores só identificavam os
casos se conhecessem bem a estética e maneira da escrita de seus alunos:
O plágio não é um fenômeno recente e pode ser encontrado em qualquer área.
O advento do microcomputador e da internet facilitou a cópia do trabalho
alheio – e mesmo do próprio (autoplágio). Porém, o meio eletrônico, que
facilita o plágio, também possibilita maneira mais eficiente para sua
detecção, comparado ao processo manual de outrora (PEREIRA, 2012, p.
334).
Mas, antes de acusar a facilidade do acesso à informação como problema principal,
tem-se que verificar como essa a prática pode ser prevenida. Talvez, seja à base da educação
do indivíduo, haja vista que a prática do plágio tornou-se um problema enraizado nas
instituições de ensino superior e, por isso, merece uma atenção especial na edificação autoral
do sujeito, com o intuito de que, no processo educacional, seja construído um autor pensante,
capaz de produzir cientificamente e preocupado com a honestidade do conhecimento
produzido (LUCKESI et al. 2005).
17
A produção de um texto científico não nasce sem conhecimento prévio do que vai ser
estudado, mas sim do diálogo de ideias já existentes e compreensão textual por meio da
interpretação feita sobre os conteúdos expostos por outros autores. Assim, o conhecimento
posto em prática na escrita se materializa em um novo texto. Corroborando com isso, Dias e
Eisenberg (2015, p. 184) dizem que “nesse diálogo, muitas são as vozes, as citações do
discurso de outrem que, articuladas, compõem o todo do fazer autoral”. Ainda sobre essa tese,
segundo Silva (2008, p. 360), o “discurso nunca é constituído de uma única voz; é polifônico,
gerado por muitas vozes, muitos textos que se cruzam e se entrecruzam no espaço e no tempo;
resultado que flui para dentro do leitor, passando a fazer parte da sua fala, de seus textos”.
A questão vai além de ser apenas uma transcrição textual, e o professor orientador tem
papel fundamental na educação de seus alunos quanto aos problemas que o plágio pode causar.
Pithan e Vidal (2013, p. 80) deixam claro que “quando se trata da questão do plágio como um
tipo de fraude acadêmica que deve ser evitada, deve-se pensar que a prevenção pode ser
objeto de ensino inserido na relação entre orientador e orientando”.
Esse assunto pode ser encarado no patamar de uma questão educativa. Ao fazer uma
breve análise do livro “Plágio: palavras escondidas” das autoras Débora Diniz e Ana Terra,
publicado em 2014, a pesquisadora Marulanda (2015, p. 439) cita a importância da
organização da pesquisa e atenção na redação, ressaltando que “na obra se desenvolvem
ensinamentos sobre boas práticas na escrita acadêmica. Os usos das práticas como citações
textuais, paráfrases e normas de pontuação são explicitados”. As autoras destacam a
importância da prática na redação científica e da concessão de créditos aos autores
pesquisados, lembrando ainda, que um texto que não concede os créditos aos autores lidos
resulta sempre em perda de integridade acadêmica.
Então, propõe-se que, quando houver a transcrição do trecho lido, exista a
obrigatoriedade do destaque ao autor, e isso pode ser feito de várias formas, sendo
identificado por aspas ou subscritos, dependendo da norma que for seguida. No Brasil,
comumente se utilizam as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mas
outras normas como a Vancouver e a American Psychological Association (APA) também
são usadas na normalização de trabalhos acadêmicos. Revistas especializadas, geralmente,
indicam qual norma o autor deve seguir.
A Lei 9.610 de 1998, que se refere às sanções dos Direitos Autorais, no artigo 108,
deixa claro que a indicação de autoria consultada deve existir, podendo o plagiário sofrer
sanções caso não a faça: “Quem, na utilização, por qualquer modalidade, de obra intelectual,
deixar de indicar ou de anunciar, como tal, o nome, pseudônimo ou sinal convencional do
18
autor e do intérprete, além de responder por danos morais, está obrigado a divulgar-lhes a
identidade” (BRASIL, 1998). Nesse sentido, o código de boas práticas científicas, elaborado
pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, 2011, p. 23), no item
3.2.5, diz que “todo pesquisador que publicar trabalho científico idêntico, ou substancialmente
semelhante, a trabalho já publicado deve mencionar expressa e destacadamente o fato no texto
do trabalho”. Enfatizando essa questão, o mesmo código da FAPESP (2011, p. 31), no item
“c”, discorre sobre as más condutas de um pesquisador, citando que “o plágio, ou a utilização
de ideias ou formulações verbais, orais ou escritas de outrem sem dar-lhe por elas, expressa e
claramente, o devido crédito, de modo a gerar razoavelmente a percepção de que sejam ideias
ou formulações de autoria própria”.
O plágio no ambiente de ensino dificilmente será enquadrado em códigos jurídicos,
tratando-se da tomada/roubo de ideias e apropriação intelectual, o que não chega a ser
considerado um delito criminal, diferentemente das acusações de plágio no meio artístico, em
que a lei de direito autoral protege qualquer tipo de reprodução por envolver questões
econômicas.
Ao encontrar casos de plágio nos trabalhos dos alunos, os professores devem avaliar o
fato por várias vertentes antes de qualquer critério punitivo, pois o problema pode ter surgido
por vários motivos. Muitas vezes o plágio acontece sem a intenção de cometê-lo, que se dá
por falha técnica ou desconhecimento das regras e acontece acidentalmente. Em alguns dos
pontos de caminhos propostos para se evitar o plágio, Dias e Eisenberg (2015, p. 193), na
alínea “f”, comentam esse fato e assinalam que “carece o professor perceber que verificar o
plágio deve ser um ato entendido como educativo e não de mero policiamento, uma vez que
há alunos que cometem o plágio sem saber que, de fato, estão envolvidos numa construção
ilícita de dizeres”.
O fato é que o assunto deve estar presente em discussões acadêmicas de todos os
níveis. Mas é no ensino superior que essa prática requer um estudo mais aprofundado para
saber quais os reais motivos que levam a praticá-lo. Não se pode acusar o plagiador de ladrão
de ideias, tendo em vista que, antes das acusações diretas, deve-se analisar o que está por trás
do plágio, quais os motivos que levaram o plagiário a cometê-lo.
Como mencionado anteriormente, por vezes, o plágio ocorre por falta de
conhecimento técnico do redator quando está transcrevendo ideias de outrem em seu trabalho.
Porém, outro fator que colabora para a ocorrência do plágio é a falta de conduta ética e moral
do redator, quando este apresenta um trabalho sem originalidade, construído de forma
desonesta, por meio de conteúdo alheio. A questão ética será discutida na subseção 2.5.
19
1.1.1 Os sujeitos envolvidos no processo
O problema do plágio envolve três sujeitos, são eles: o criador, o reprodutor e o leitor.
Se o terceiro elemento não existisse, aquele que recebe a informação final, dificilmente a
prática do plágio poderia ser identificada. O plágio, obviamente, só ocorre porque o
reprodutor reescreveu as ideias do criador da obra e não lhe concedeu os devidos créditos,
citando-o no trabalho (KROKOSCZ, 2012). Não são identificados também quando trabalhos
acadêmicos são comprados e, por esta razão, apenas assinados pelo redator. Neste caso, será
quase impossível de que o leitor identifique a fraude.
1.2 CONCESSÃO DE CRÉDITOS AO AUTOR LIDO
Segundo Medeiros (2009, p. 102), “o intelectual que desrespeita as normas
estabelecidas para a realização de um texto corre o risco de ser desconsiderado pela
comunidade científica”. Para que um documento pesquisado e lido possa ter seu conteúdo
utilizado de forma idônea pelo autor, mantendo a integridade acadêmica e promoção do
conhecimento, ele deve sempre conceder os créditos ao autor do texto original, citando-o e
referenciando-o segundo padrões normativos de organização de trabalhos acadêmicos. Uma
característica de boa prática na redação acadêmica é demonstrada quando o aluno tem a
preocupação de buscar e catalogar as fontes de informação que fundamentaram teoricamente
o trabalho, assim como representar ativamente a voz do autor pesquisado dentro do texto, nos
aspectos metodológicos (ARAÚJO; DIEB, 2013).
O professor tem disponível diversos documentos que podem ser apresentados aos
alunos, para que possam ser instruídos ao fim das leituras dos conteúdos e, então, darem os
créditos ao material consultado. Existem várias normas que estabelecem padrões de
organização de trabalhos acadêmicos e científicos, como a Vancouver que é mais utilizada
para publicações na área de saúde e a APA, comum nos trabalhos de Psicologia. Como já
mencionado, no Brasil, na maioria das instituições de ensino, são adotadas as regras da
ABNT2, pela Norma Brasileira (NBR) 10520:2002 – Informação e documentação – Citações
em documentos – Apresentação e pela NBR 6023:2002 – Informação e documentação –
Referências – Elaboração. A seguir, será demonstrado resumidamente como deve ser tratada a
2 Na internet existem ferramentas que facilitam a elaboração de referências como o MORE,
administrado pela Universidade Federal de Santa Catarina, o site cria e organiza as referências.
Disponível em: http://novo.more.ufsc.br/inicio
20
apresentação de autoria na redação de textos acadêmicos, segundo essas normas brasileiras.
1.2.1 NBR 10520:2002 - Citações em documentos – Apresentação
Segundo Oliveira (2011, p. 5), “a citação é uma menção de uma informação extraída
de outra fonte que tem por finalidade dar embasamento ao argumento do autor, com o
propósito de complementar suas ideias, dando respaldo à sua produção”. Ou seja, é a
utilização de um trecho de relevância intelectual com o intuito de dar suporte às discussões e
ideias produzidas pelo autor. O trecho citado deve obrigatoriamente ser apresentado com
método e precisão, pelo destaque entre aspas se tiver até três linhas, ou com o recuo para a
margem de quatro centímetros se tiver mais de três linhas3.
São elementos básicos de uma citação4: Autoria (pessoa, título ou instituição), ano de
publicação, página e trecho citado. A seguir, Oliveira (2011) fornece as seguintes descrições
básicas, distinguindo os tipos de citações:
a) Citação direta:
Transcrição literal de um texto da obra consultada, obedecendo à grafia, pontuação,
idioma, redação, ortografia, etc. Ela pode ser exposta de duas formas: breve com até três
linhas, ou longas com mais de três linhas.
Com mais de três linhas: devem aparecer em parágrafo próprio, obedecendo ao recuo
de quatro centímetros da margem esquerda, sem aspas, com fonte menor do que a do texto e
espaçamento simples entre linhas.
b) Citação indireta:
Quando existe a redação corrente dentro do texto baseada em alguma obra consultada,
mantendo a ideia da versão original. Não há a necessidade de aspas duplas e nenhum tipo de
destaque, porém há a obrigatoriedade de indicação de autoria e ano.
c) Citação da citação:
Citação de um documento ao qual não se teve acesso em sua versão original. Aparece
notadamente quando o autor do trabalho faz a citação de outra já existente feita pelo autor da
obra a que se está consultando. A literatura sugere que o ideal é buscar a fonte principal na
qual está a informação. Caso não tenha acesso, a citação da citação é a alternativa indicada.
3Considerando as especificações do software de edição de texto Microsoft Word®, programa de
responsabilidade do fabricante Microsoft®. 4Para mais informações, consultar a NBR 10520:2002 – Informação e documentação – Citações em
documentos – Apresentação.
21
1.2.2 NBR 6023:2002 – Referências – Elaboração
Lista de Referências5 significa a transcrição do material consultado e lido, do qual se
extraiu o conteúdo para a elaboração do documento acadêmico produzido pelo redator. Para
Oliveira (2011, p. 18), as referências “padronizam as informações que identificam as obras
que serviram como referencial teórico para a elaboração do TCC”. O autor ainda diz que a
lista de referências “fixa normas de apresentação, orienta, prepara e especifica os elementos a
serem incluídos nas bibliografias, resumos, resenhas, recensões e outros, tendo como base a
NRB 6023 da ABNT” (OLIVEIRA, 2011, p. 18).
Para constituir uma referência, são necessários alguns elementos obrigatórios e
indispensáveis para a identificação do documento: autor, título, edição (se houver), local,
editora e ano de publicação. A ordem de apresentação pode ser de duas maneiras: pelo
sistema “Autor/Data”, o qual utiliza a ordem alfabética, ou do sistema “Numérico”, que
aparece numa ordem numérica arábica de apresentação no texto.
Ainda, no que se refere à lista de referências, é de suma importância que, nos
primeiros momentos da pesquisa, o aluno selecione e guarde todos os registros bibliográficos
encontrados e considerados importantes. Essa listagem inicial já pode ser considerada parte
metodológica da pesquisa documental que, futuramente, será utilizada. Isso trará facilidades
ao pesquisador no final do trabalho, uma vez que possibilitará a organização prévia das
referências, evitando que as fontes consultadas sejam esquecidas no decorrer da confecção do
trabalho.
1.3 TIPOS DE PLÁGIO
São várias as modalidades de plágio existentes no mundo acadêmico. Elas podem se
apresentar de diversas formas, o que vai diferenciá-las é a utilização no texto e como o
conteúdo é apresentado.
1.3.1 Plágio direto
O plágio direto ou integral, como também é conhecido, acontece quando o trecho é
copiado sem intervenção textual do plagiador. Neste caso, se copia o trecho na íntegra como
5Para mais informações, consultar a NBR 6023:2002 – Informação e documentação – Resumo –
Apresentação.
22
se fosse seu, sem citar a fonte original. É a transcrição palavra por palavra do conteúdo
(SOARES, 2014). Esse tipo de plágio pode acontecer por despreparo do redator quanto às
normas de escrita, ou simplesmente por não ter a capacidade de ler e elaborar, com suas
palavras, o que foi lido na obra original. Neste caso, o redator copia o trecho que deseja e cola
no seu trabalho sem citar e/ou referenciar o autor principal.
1.3.2 Plágio parcial
O formato do plágio indireto ou parcial ocorre quando a transcrição do texto é
parcialmente copiada, envolvida com a ideia do pesquisador, porém sem a indicação do autor
principal. Ocorre também quando vários autores são citados em fileira, formando a famosa
“colcha de retalhos” ao ligar os parágrafos, mas sem mencionar seus nomes (KROKOSCZ,
2012). Ou seja, o autor faz um recorte de vários trechos de vários autores, ou do mesmo autor,
e “monta” um único texto.
1.3.2.1 Paráfrase sem créditos ao autor consultado
Para Medeiros (2009, p. 168), parafrasear é “traduzir as palavras de um texto por
outras de sentido equivalente, mantendo, porém, as ideias originais”. Neste caso, o plágio
ocorre quando o redator transcreve, com suas palavras, as ideias que foram lidas do autor
original sem conceder-lhe os devidos créditos por citá-lo no trecho. Nesse tipo de plágio, é
comum a mudança de sinônimos e, atualmente, percebe-se também a utilização de
ferramentas quem traduzem o texto para outra língua (o vocabulário faz um cruzamento de
termos que transformam o texto, fazendo com que ele pareça escrito de forma inédita).
1.3.3 Plágio de fontes
O plágio de fontes ocorre quanto o redator copia na íntegra um trecho de um autor que
já fez menção a outro, ou seja, ele cita algo que já é fruto da interpretação de um autor que leu
outra obra original. Neste caso, o redator que comete o plágio se apropria da ideia de outro
como se fosse sua e não cita a ordem dos autores consultados.
Para a importância da conservação da precisão do trabalho de pesquisa, é
fundamental que as fontes sejam consultadas originalmente, pois [...] dessa
forma o redator corre o risco inclusive de reproduzir os erros da fonte que
ele está copiando e que não é a original (KROKOSCZ, 2012, p. 49).
23
As regras normativas ditam que, neste caso, deve-se usar a citação da citação, com o
termo em latim “apud” que significa “citado por”. Entretanto, sugere-se buscar a fonte
principal para que a pesquisa tenha um conteúdo mais original Com relação à consulta da
fonte original.
1.3.4 Plágio consentido
Caracteriza-se, principalmente, quando existe um acordo entre pessoas que estão
produzindo o trabalho. O mesmo conteúdo pode ser apresentado em momentos distintos, com
objetivos e autores diferentes, entretanto publicado como se fosse inédito. A fraude ocorre
também quando apenas o nome do autor é mudado e o texto sofre pequenas alterações.
Outro predicado desta modalidade são os trabalhos “encomendados” a pessoas ou
empresas especializadas na venda de trabalhos acadêmicos prontos ou semi-estruturados.
Como modelo desse plágio, Andrade (2014, p.1) diz que várias empresas chinesas da área de
editoração científica "vendiam" postos de autoria ou co-autoria a pesquisadores chineses que
queriam ascensão rápida na carreira, mas não tinham trabalhos para publicação.
Este tipo de plágio apresenta um trabalho que está totalmente dentro das regras, sem
nenhum problema quanto à normalização, ortografia, e até a indicação de autoria principal
está correta. No entanto, como já mencionado, foi elaborado por outros. Um caso muito
comum no plágio consentido é quando um indivíduo que não participou em nada da
elaboração de um trabalho tem seu nome colocado junto aos demais colegas que participaram
intelectualmente da construção do mesmo.
1.3.5 Autoplágio
Segundo os autores Guedes e Gomes Filho (2015, p.144-145, grifo do autor), o
autoplágio “pode ser identificado na situação em que o autor recorta e modifica a redação de
trabalhos seus já publicados, reapresentando as mesmas ideias neles contidas em „novos‟
artigos supostamente originais”. Talvez, esse tipo de plágio possa ser o mais comum e aquele
que menos possa ser considerado como uma falha, pois o autor utiliza o próprio conteúdo
intelectual que já foi apresentado em determinada ocasião, em outro momento e em
circunstâncias diferentes. Neste caso, o autoplágio muitas vezes não é intencional, já que
expor algo criado pelo próprio autor não estaria indo contra a ética na apresentação, porém, se
ele não se autocitar no trabalho, isso será considerado um caso de plágio.
24
Krokoscz (2012), diz que quando a autocitação é feita com o intuito de deixar claro ao
leitor que o conteúdo exposto já foi apresentado, o autor não está faltando com a modéstia, ao
contrário, está demonstrando preocupação com a originalidade e reputação e, dessa maneira,
preservando a honestidade intelectual.
O autoplágio é mais um problema de ordem ética do que técnica. Spinak (2013) diz
que “o autoplágio não é uma violação do direito de autor, mas pode ser considerado um
problema ético”. Corroborando com isso, Dias e Eisenberg (2015, p. 184) destacam que “o
autoplágio implica graves problemas de ordem ética e material, principalmente se pensarmos
na questão editorial e nos acordos de ineditismo”. Ou seja, a replicação de conteúdo próprio
não caracterizará o trabalho como original e, dificilmente, alguma revista especializada
aceitará o mesmo conteúdo transformado em artigo, pois já não existe o ineditismo do
conteúdo apresentado.
1.3.6 Nem tudo é plágio
Se o autor escreve algo que de certa forma tem um significado comum entre as
pessoas, isso não pode ser caracterizado como plágio. Não é considerado plágio a utilização
de frases sem a concessão de créditos sobre assuntos que caem no domínio público ou popular,
como as construções de frases que utilizam sempre as mesmas palavras e que todos conhecem,
por exemplo: consequências do efeito estufa; o agente causador da AIDS é o vírus da
imunodeficiência HIV; o advento da tecnologia propicia uma comunicação mais rápida por
meio das redes, etc.
Sobre isso, Krokoscz (2012, p. 97) diz que “há vários conhecimentos básicos ou
amplamente difundidos que são considerados comuns e, portanto, não precisam ser citados e
referenciados”. Ou seja, não existe a necessidade de dar os créditos aos assuntos de
conhecimento convencional que o mundo utiliza. As explicações em nota de rodapé muitas
vezes informam o conteúdo sem precisar referenciá-lo ao término do trabalho.
1.4 ALTERNATIVAS DE EVITAR O PLÁGIO ACADÊMICO
Além do que foi apresentado na subseção 2.2, que instrui o pesquisador sobre como
conceder os créditos ao autor lido e apresenta a preocupação tanto do professor quanto do
aluno em buscar se capacitar por conhecimento das técnicas normativas de apresentação de
25
trabalhos acadêmicos instrumentalizado nas disciplinas que envolvem a Metodologia do
Trabalho Científico, alguns pontos devem ser levados em consideração para se evitar o plágio
acadêmico. Quanto a isso, Krokoscz (2012, p. 66-70) sugere meios que podem ajudar nesta
tarefa:
a) Requerer dos alunos a entrega não apenas do conteúdo escrito, mas que utilizem
outros meios de comunicação, como imagens, vídeos, músicas etc.;
b) Solicitar a entrega do trabalho de forma fracionada, por seções, com o intuito de o
professor sugerir ao aluno a modificação de alguns parágrafos, da bibliografia
consultada, de modo que ele não entregue o trabalho já pronto, finalizado;
c) Realizar apresentação/avaliação dos trabalhos para uma banca, a qual pode ser
composta por professores da área convidados. Imagina-se que trabalhos apenas
entregues são facilmente plagiados, pois o aluno não precisa “prestar contas” das
ideias e argumentos desenvolvidos;
d) Solicitar a entrega de trabalhos em formato de artigos científicos, prontos para a
publicação, visto que o trabalho, neste formato, passa a ter mais seriedade, pois a
visibilidade pública aumenta a possibilidade de controle externo e em teses evita
possíveis plágios. De acordo com Krokoscz (2012, p. 68), quanto a isso “toda a
publicação científica visa o compartilhamento do conhecimento produzido
academicamente, o que é relevante no processo de desenvolvimento e avanço
científico do país”;
e) Sugerir que o aluno assine uma declaração prévia de ineditismo científico e de autoria.
A Universidade de Oxford (EUA) e a Universidade de Cape Rown (África do Sul)
exigem que os alunos assinem um termo no qual declaram ser os reais autores do
material redigido, e isso implica num grau maior de compromisso e seriedade para
com a pesquisa realizada.
Nesta perspectiva, propor aos alunos e pesquisadores a assinatura de termos fixando o
compromisso de não plagiar acontece em alguns casos e pode ser uma das medidas
preventivas. Na Espanha, no ano de 2013, no ato da matrícula, cada novo aluno da
Universidade Pública de Navarra foi convidado a assinar um termo em que assumira o
compromisso de evitar o plágio. Esta medida foi tomada porque, no ano anterior, constatou-se
que cerca de 45% dos alunos afirmaram ter cometido algum tipo de plágio em seus trabalhos
(UOL EDUCAÇÃO, 2013). Obviamente que medidas como esta seria apenas mais uma
forma de coibir a prática do plágio, não excluindo a necessidade de orientação metodológica
prévia como prevenção da prática do plágio.
26
1.5 A QUESTÃO ÉTICA QUE ENVOLVE O PLÁGIO
Para a Lei de Direitos Autorais (LDA), de 1998, copiar ideias não chega a ser
considerado um crime. No Art. 8, Parágrafo I, esta ideia fica clara quando diz que „ideias não
são objeto de proteção como direitos autorais‟. Para exemplificar, imagine-se que os mesmos
dados e informações foram concedidos a dois autores, eles transcreveram esses pensamentos
em livros distintos e os publicaram. Um autor não poderá ser acusado de ter plagiado o outro
só porque a fonte de informação e de ideias foi a mesma, pois obras semelhantes podem
coexistir sem ser consideradas plágio (MORAES, 2006). Só é considerado crime quando
acontece à reprodução (impressa) não autorizada da obra, além de ser uma infração ética que
ameaça a integridade científica.
Portando, para ser considerado uma ação antiética, o plágio deve ocorrer quando o
autor se apropriar indevidamente do conteúdo alheio e, mesmo conhecendo as regras
normativas de concessão de créditos, não o faz. Isso não o afeta moralmente, já que o ato de
plagiar não traz nenhum problema de ordem moral nem de consciência, mesmo tendo total
ciência de que aquele conteúdo não lhe pertence.
Antes de adentrar às considerações relativas às questões éticas que envolvem o plágio,
é interessante conhecer e compreender o significado da palavra ética. Ética vem do latim
“ethica”, e é conceituado por Ferreira (2010, p. 887) como “estudo dos juízos de apreciação
referentes à conduta humana, suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal,
seja relativamente à determinada sociedade de modo absoluto”. Complementando, Sung e
Silva (2008, p. 13) a definem como “o conjunto das práticas morais de uma determinada
sociedade, ou então os princípios que norteiam essas práticas”. Isto é, a combinação de
práticas da conduta humana que acompanham o homem desde o nascimento, na sua formação
social como indivíduo que vive em comunidade, pelo respeito e das regras de convivência.
Na instituição de ensino, os princípios que norteiam o ser ético compreendem analisar
a postura do aluno em toda a formação superior por meio das práticas desenvolvidas por ele.
Neste sentindo, na produção textual, espera-se que o autor seja honesto e apresente ineditismo
no conteúdo escrito, como destaca Pereira (2012, p. 333): “a premissa dos que usam a
literatura científica como fonte de informação é a de que as pesquisas são realizadas e
relatadas com honestidade”. Portando, é a moral e a consciência ética que vão fomentar o
sucesso da produção final do trabalho acadêmico.
A formação da educação e orientação, bem como as sanções legais relativas ao plágio
são de responsabilidade da instituição de ensino, como enfatiza a Fundação de Amparo à
27
Pesquisa do Estado de São Paulo:
As instituições de pesquisa compartilham com os pesquisadores individuais
a responsabilidade pela preservação da integridade ética da pesquisa
científica. Elas são as responsáveis principais pela promoção de uma cultura
de boa conduta científica entre os pesquisadores e estudantes a ela
vinculados, assim como pela prevenção, investigação e punição de más
condutas científicas que ocorram em seu âmbito (FUNDAÇÃO DE
AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2011, p. 35).
O documento da FAPESP (2011), no tópico 5.1, destaca também que “toda instituição
de pesquisa deve ter políticas e procedimentos claramente formulados para lidar com a
questão da integridade ética da pesquisa”. A Universidade tem papel fundamental no
desenvolvimento moral, político e social, tendo em vista que, por meio do incentivo à
pesquisa, normas a serem seguidas são levadas em consideração, respeitando critérios de
acesso à informação e clareza dos dados pesquisados e divulgados.
No Âmbito da UFRN, a resolução 157/2013, no Art. 17 e no parágrafo único, sugerem
a importância da educação continuada sobre a orientação e formação da consciência ética da
comunidade acadêmica, na promoção do combate ao plágio:
Art. 17. É responsabilidade da instituição, no exercício de sua
responsabilidade social, a promoção de eventos periódicos organizados por
seus servidores docentes e técnico-administrativos para contribuir
continuamente com a educação e prevenção contra a contrafação e o plágio
na academia.
Parágrafo único. As Coordenações de Curso de Graduação e de Pós-
Graduação devem promover formação contínua sobre a indispensabilidade
do comportamento ético e da honestidade na conduta acadêmica,
especialmente no que se refere à produção dos trabalhos acadêmicos.
Cometer plágio não só prejudica o desenvolvimento científico, mas também desonra
todos os envolvidos no processo, inclusive a própria universidade, como destaca Krokoscz
(2012, p. 86): “além do comprometimento com a educação e o desenvolvimento científico-
cultural, as instituições de ensino precisam promover a reputação pessoal e institucional”. A
questão ética desenvolvida na pesquisa científica deve ser uma preocupação institucional,
envolvendo toda a comunidade acadêmica,
A ética em pesquisa é fundamental para o desenvolvimento da ciência, em
qualquer área e em qualquer tipo de instituição. Cabe aos líderes de grupos
de pesquisas, aos orientadores de mestrado e doutorado, aos orientadores de
TCC, influírem em uma conduta investigativa ética (VALENTIM, 2014, p.
205).
28
A desonestidade acadêmica acontece também na compra de conteúdo já pronto e na
colaboração não ética da chamada co-autoria inventada, aplicada quando são identificadas as
fraudes envolvendo uma rede de combinações entre autores, na qual os nomes são incluídos
nos trabalhos sem que exista titularidade real de autoria, para multiplicação dos números de
trabalhos/artigos.
Para alguns alunos, essa ação não passa de uma mera atividade do cotidiano e, de certa
forma, isso não lhe trará nenhum tipo de arrependimento ou constrangimento, por ser uma
forma dissimulada de agir, no comportamento de falta de ética. Certificando essa ideia,
Krokoscz (2012, p.32) diz que “sendo assim, este pode ser considerado o pior motivo para a
ocorrência do plágio, pois se relaciona diretamente à ausência ou corrosão de valores
acadêmicos, como o compromisso com a inovação do conhecimento”.
O plágio, além de ter uma vertente na questão ética, deve ser encarado como uma
falha no processo de formação do aluno que, muitas vezes, comete-o sem perceber. Hoje, há
uma preocupação maior por parte das instituições de ensino em dedicar esforços para
combatê-lo pela conscientização do aluno. O grande número de documentos para compra, a
definição vaga do que consiste o plágio e os truques praticados pelos infratores para enganar
softwares de detecção contribuem para a complexidade desta tarefa, tornando-a desafiadora
(PERTILE, 2015).
A Universidade tem a função de implantar uma consciência ética na comunidade
acadêmica, a fim de que todos tenham a noção de que a produção científica só terá validade e
crescimento se for edificada de forma honrada.
Dias e Eisenberg, nas considerações finais de seu estudo publicado em 2015, cuja
finalidade era discutir a formação acadêmica de alunos de licenciatura quanto à capacidade de
formar alunos como autores éticos, dizem que “discutir plágio no âmbito dos cursos de
licenciaturas se torna uma premissa para a formação do caráter ético do futuro professor que
operará com pesquisa em seu exercício da docência”. Quer dizer, propõem que a questão ética
que envolve o plágio seja discutida no momento em que o aluno é instruído sobre as normas
de concessão de crédito ao autor lido e consultado, assim como em toda sua vida acadêmica.
Os autores ainda colaboram ao afirmar que o ser ético se constitui de posturas de orientação
dos trabalhos de pesquisa, acompanhamento deles, leitura efetiva das construções dos
licenciados, incentivando-os a serem autores e evitando deixar apenas nas mãos dos
professores de disciplinas específicas de Metodologia do Trabalho Científico ou Pesquisa
Acadêmica a responsabilização pela formação de pesquisadores (DIAS; EISENBERG, 2015,
p. 188).
29
Um estudo publicado por Araújo e Dieb, em 2013, utilizou como base uma pesquisa já
desenvolvida para saber dos alunos quais os principais problemas enfrentados na elaboração
de textos. Muitos disseram sentir dificuldades em absorver as ideias dos autores e transcrevê-
las para o papel, com seu próprio pensamento relativo ao tema. Contudo, manifestaram a
compreensão ética de não utilizar conteúdo alheio nos trabalhos sem dar os créditos aos
autores pesquisados. No artigo, os autores relatam: que “nesse sentido, entenderam que não é
ético abafar a voz autoral de algum trabalho que foi indevidamente citado no texto. Em outras
palavras, é preciso tomar cuidado para dar os créditos a quem os merece” (ARAÚJO; DIEB,
2013, p. 98).
Dessa forma, é imprescindível que os redatores tenham em mente que todo o processo
de redação requer deles uma preparação e um compromisso ético com a academia. Sobre isso,
Krokoscz (2012, p.61) diz que “é preciso que os investigadores envolvidos assumam uma
postura de compromisso ético e responsabilidade com o conhecimento”. Portanto, o encargo
de evitar o plágio, segundo Guedes e Gomes Filho (2015, p.140), “deveria ser
responsabilidade tanto do aluno quanto do orientador, que devem partilhar a obrigação de
assegurar a idoneidade de sua produção intelectual”. O aluno bem instruído produzirá
conteúdos dentro de padrões intelectuais e normativos, apresentando textos honestos, com seu
ponto de vista, por intermédio de leituras de outras fontes de informação.
1.5.1 A reflexão ética na construção do leitor-autor
Um texto bem organizado, atendendo às regras normativas de edição, possibilita uma
boa leitura, haja vista que, visualmente, ele estará bem apresentado. Contudo, é importante
que o leitor consiga absorver o conteúdo lido e tenha a consciência crítica do que leu. A
produção textual não deve ser apenas instrumental, ou seja, feita apenas por regras
gramaticais, normas de publicação e por palavras rebuscadas. Ela deve existir para transmitir
o conteúdo a ser comunicado, e deve ser dita de forma compreensível (LUCKESI et al., 2005).
Desta forma, o autor poderá expressar nos conteúdos, de forma inédita e honesta, todo o teor
absorvido de suas leituras, construindo novos conhecimentos.
O objetivo final de um texto é se fazer entender e, para isto, existem vários tipos de
leitores. O leitor-objeto é aquele que lê mecanicamente, para cumprir uma tarefa e, no
máximo, vai reproduzir aquilo que leu, pois o conteúdo foi apenas gravado e não
compreendido. Já o leitor-autor é aquele que tem consciência da realidade lida e pode criar
outros conhecimentos por meio da leitura. Ele não só recebe mensagens, como também as cria
30
e transmite com nova vida, com visão crítica do objeto de estudo.
É o segundo tipo de leitor que consegue absorver e produzir um novo conteúdo, aquele
que a universidade deve formar, pois só leitor-autor multiplica a cultura e a aprofunda
(LUCKESI et al., 2005). A consciência do que significa a leitura é algo bastante interessante
quando feita criticamente, considerando que existe a possibilidade de compreensão e, se após
o recebimento do conhecimento, puder argumentar tal assunto com pontos de vistas diferentes
de outros autores, aí sim o objetivo da leitura terá sido alcançado, não sendo um ato mecânico
ou junção de códigos e signos, como afirma Luckesi et al. (2005).
As informações devem ser recebidas e, depois de serem avaliadas e analisadas, tem o
papel de produzir novos conhecimentos, os quais devem ser exposto, publicados, objetivando
que essa nova informação também possa ser avaliada criticamente. Assim, ao escrever um
texto, portanto, o autor, chamado também de emissor, codifica sua mensagem que, por sua
vez, já tinha sido pensada, concebida. O leitor, que é o receptor, ao ler um texto, codifica a
mensagem do autor para, então, pensá-la, assimilá-la e personalizá-la, compreendendo-a:
assim se completa a comunicação (SEVERINO, 2007, p. 53).
A universidade tem o papel de ensinar a produzir e não apenas reproduzir o
conhecimento e, com a apropriação dele, ser capaz de fazer uma análise crítica do conteúdo.
O que se espera é que o aluno, ao ler um texto, possa ser capaz de construir por meio de
outras fontes de informação sua própria visão do tema estudado. Sendo assim, ele edificará
um texto a partir de suas ideias, oriundas das leituras de outros autores, transmitindo um
conteúdo com honestidade, do ponto de vista acadêmico e ético.
O que se percebe na academia é que muitos estudantes não têm o hábito de escrever e,
por isso, são apenas reprodutores de assuntos já prontos, sem a sua análise sobre o que está
sendo lido e descrito. O estudante deve passar por um processo de capacitação dos atos de ler,
interpretar e escrever suas próprias ideias, com o objetivo de desenvolver a técnica da escrita.
Esse processo de formação do aluno deve acontecer para que seja construído o sujeito autor
(LUCKESI et al., 2005).
Toda essa proposição da produção de conteúdo científico tem relação direta com a
forma como ele é apresentado. O conhecimento nasce da leitura de outras fontes, de outros
autores, de acordo com o que é dito por Araújo e Dieb (2013, p. 93): “para escrever um
trabalho acadêmico, nossos alunos aprenderam que um autor deve saber dialogar com as
vozes de outros pesquisadores para, a partir delas, pôr em cena o seu próprio projeto de dizer”.
Isto é, espera-se que o autor possa traçar um diálogo entres autores, de forma inteligente e
crítica, a fim de produzir novos passos, novas proposições, novas ideias e novos caminhos. O
31
nascimento do novo texto, se respeitar as ideias da concessão de créditos de autoria por meio
das normas sugeridas e de forma honesta, possibilita o crescimento científico. Oliveira (2007,
p. 34) enfatiza que só existe conteúdo científico numa publicação quando os pares conseguem
conversar com outros textos: “significa que ele compreende um conjunto de enunciados
apoiados em uma formação discursiva de caráter acadêmico ou científico”. Logo, um depende
do outro para construir o conhecimento científico.
Um local que não permite a crítica, análise e discussão do conhecimento não deve ser
chamado de Universidade. O ensino que objetiva a repetição de conteúdo, que induz à
“decoreba” e os professores passam conteúdos com pensamentos fechados (indicando que
aquele conhecimento é limitado), não permitindo que o aluno discorra seus argumentos sobre
ele, não é propriamente um aprendizado, mas uma obrigação de decorar um conteúdo.
Severino (2007, p. 29) cita como uma das ineficiências do ensino superior a inadequada forma
de tratamento do conhecimento como se fosse mero produto e não um processo.
Uma Universidade deve incentivar o hábito do estudo crítico (LUCKESI et al., 2005),
objetivando a reflexão analítica do exercício da assimilação, de um posicionamento crítico no
processo de criação e construção do conhecimento, colaborando assim com a construção do
indivíduo autor. Luckesi et al. (2005, p. 122) diz ainda que “a leitura é um ato simples,
inteligente, reflexivo e característico do ser humano, porque ela nada mais é do que um ato de
compreensão do mundo, da realidade que nos cerca e em meio à qual vivemos”. De nada
adianta solicitar que os alunos apresentem textos como requisito para obtenção de nota nas
disciplinas se, neles, não for enraizada a condição de produzir informações relevantes para ele
e para o meio onde vive, abrangendo sua visão de mundo.
Portando, um indivíduo com identidade autoral e ética deve ser edificado com práticas
de leitura e escrita, além, claro, da instrumentalização normativa sob os olhos do seu tutor.
1.6 RECONHECIMENTO DO ERRO E EXPOSIÇÃO DAS FRAUDES ACADÊMICAS
Além dos problemas enfrentados em sala de aula, casos de plágio também são
encontrados em publicações periódicas, comumente, em revistas científicas especializadas.
Quando sinalizados os problemas, o corpo editorial admite em notas de publicação a
confirmação de casos de plágio ocorridos e sinalizados, geralmente, por quem foi plagiado. O
trecho a seguir, da Revista da Ciência e Saúde Coletiva, alega a presença de plágio em uma de
suas publicações: “O artigo, antes de ser divulgado, passou por todos os trâmites acadêmicos
previstos e da nossa editora: dois pareceres e carta firmada do próprio autor sobre a sua
32
originalidade e ineditismo. Apesar disso, constatou-se a fraude” (NOTA..., 2004). A mesma
revista dá voz ativa ao autor e finaliza dizendo: “Estamos divulgando aqui sua carta de
esclarecimentos e de repúdio e lamentamos sinceramente o ocorrido, desejando que não
venhamos a vivenciar outros episódios lastimáveis como este” (NOTA..., 2004).
O assunto ainda é polêmico e requer certo cuidado ao ser comentado. Porém,quando
se tornam públicos, muitos casos fazem com que o plagiário, além de ter que reconhecer seu
erro, perca títulos e, principalmente, se envergonhe perante a sociedade por sua reputação
manchada. Quando os casos acontecem com pessoas públicas, a questão toma uma maior
proporção. De fato, o ideal é que se noticiem mais e mais casos, para que esse problema
bastante presente no meio acadêmico se torne cada vez mais raro.
Um caso mundialmente conhecido, divulgado em diversos meios de comunicação e
relatado por Lembo (2013), foi o da Ministra da Educação do governo alemão, Annette
Schavan, que renunciou ao cargo e teve o título de doutora revogado pelos corpos acadêmicos
da Universidade de Dusseldorf. A Alemanha sempre foi um país com tradição no princípio da
honestidade quanto às publicações. No entanto, não diferente das demais nações, está
escorregando na prática do plágio, destaca Lembo (2013) no mesmo artigo.
Ainda na Europa, existe o caso de um professor Espanhol, Francisco Alonso, que foi
condenado pelo supremo Tribunal por ter publicado um livro com trechos copiados da tese de
doutorado de uma ex-aluna. O docente, além de perder o título de professor, teve que pagar
uma indenização de cinco mil euros pelo plágio e gastos com o processo (DIÁRIO ONLINE,
2015).
O portal do Diário Online (2015) também destacou em sua home page outros casos
famosos de plágio acadêmicos no Brasil, como o da professora da Universidade Federal do
Pará, Scarlet Yone O‟Hara, que teve seu título de doutora anulado por ter sido encontrado um
trecho plagiado de outrem sem a indicação de autoria. O parecer da Comissão de Legislação
do conselho Universitário destaca a importância de se punir o caso, frisando que:
Farto material probatório, está revestida de legitimidade e confere segurança
à comunidade acadêmica para ratificar o veredito, pois, além de combater a
fraude acadêmica, cumpre-se pedagógica no sentido de dar amplo
conhecimento de que a improbidade intelectual é inadmissível no ambiente
universitário e deve ser severamente repudiada 6.
6 Trecho obtido no parecer do Conselho Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), do dia 28 de outubro de 2015, do portal do diário online, disponível em:
http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-348815-.html . Acesso em: 24 jun. 2016.
33
No Brasil, ainda se destaca o caso do professor da Universidade de São Paulo (USP),
Andreimar Soares, com mais de 15 anos de carreira, que foi exonerado daquela universidade
por ter plagiado trabalhos de outros pesquisadores. Entretanto, o professor enviou ao jornal A
Folha de São Paulo uma nota dando sua versão dos fatos, dizendo que não houve plágio, mas
sim um erro de substituição de figuras por uma ex-aluna (FOLHA DE SÃO PAULO, 2011).
Em uma questão que envolve o autoplágio, o ex-secretário estadual de Educação de
São Paulo, Gabriel Chalita, defendeu dois mestrados com trabalhos praticamente idênticos.
Em reportagem, a Folha de São Paulo (2012) diz que cerca de 75% do segundo trabalho era
idêntico ao primeiro. Os dois trabalhos de mestrado foram defendidos com três anos de
diferença. Chalita alega que desconhecia o fato de não poder utilizar o conteúdo produzido
por ele em ocasiões diferentes e que essa foi uma ideia do seu orientador, Luiz Antonio
Rizzato Nunes. Este, por sua vez, alegou em reportagem que não se lembra muito bem da
orientação a Chalita e que não pode avaliar o caso em abstrato, já que não lembra do ocorrido.
1.7 PLÁGIO ACIDENTAL POR FALHA TÉCNICA
Deve-se considerar também a existência do plágio acidental, aquele que ocorre por
distração, como discorre Krokoscz (2012, p. 3): “uma ideia de outro autor deixada para ser
documentada depois, ou a falta de clareza sobre o que é plágio e o que não é acabam sendo
motivos despercebidos para que o redator cometa plágio acidental”. O autor ainda comenta
que:
O plágio acidental pode ocorrer no processo da escrita acadêmica por
descaso ou desconhecimento técnico do redator, ou seja, incompetência em
relação à indicação de autores (citação) e negligência quanto à importância
da identificação das fontes de informação (referências) que foram utilizadas
como ponto de partida ou fundamentação da reflexão que se apresenta no
texto decorrente (KROKOSCZ, 2012, p. 22-23).
Por algum motivo de falha técnica, que não é o de ordem moral ou disciplinar, autores
são traídos nas suas redações quando “esquecem” de dar o destaque ao autor ora citado. Neste
caso, a retratação sob o erro cometido é geralmente recebido pelos avaliadores como
justificativa na redação e passível, muitas vezes, de reavaliação do caso, dependendo da
conduta e histórico de outras produções textuais do autor.
Para exemplificar a situação, tem-se a carta enviada à Comissão Editorial da Revista
Psicologia Ciência e Profissão, no ano de 1999, em que a autora, Olívia Valdivia, formula
uma resposta ao ter sido acusada de plágio pelo autor Marcus do Rio Teixeira. A autora
34
intitula sua resposta com o seguinte questionamento: “Um horrível caso de plágio ou Ledos
Enganos de um ser afável?”, o qual deixa uma pergunta clara que a exime de uma possível
acusação de má fé e propõe a possibilidade de falha técnica no momento em que citou
Teixeira no seu trabalho (PSICOLOGIA, 1999).
Em resposta à acusação, Valdivia diz: “Eu havia sido acusada de plágio pelo
psicanalista Marcus do Rio Teixeira. Segundo Carta do Editorial da Revista, dirigida 'aos
psicólogos', teria havido uma 'lesão dos direitos autorais' do referido psicanalista pelo fato
de eu ter citado, num meu artigo de revista, trechos de um seu ensaio sem as devidas aspas e
sem as citações de páginas que remeteriam ao texto original.” Dada a explicação de falha
técnica,ou melhor, por esquecimento das aspas e indicação de autoria no trecho citado, a
autora recebeu a compreensão de Teixeira, dizendo: “Tive a enorme satisfação de obter uma
inesperada, mas muitíssimo bem-vinda, compreensão do próprio Marcus do Rio Teixeira com
relação ao meu equívoco ao texto original.”
Na continuação de sua resposta de defesa, a autora diz que, sem descuidar, nas
referências, constavam as informações da obra de Marcus do Rio Teixeira, inclusive ao lado
de nomes importantes como Roland Barthes, Jacques Lacan e Sigmund Freud. Por fim, em
alusão ao que foi dito ao acusá-la de plágio ou não, a autora finaliza com: “Tenho firmes
esperanças de que, aos olhos do leitor, possa ocorrer a mesma magia que parece ter me
redimido no espírito do citado e ofendido Autor: a bruxa malvada e 'plagiária' transformar-
se num Ser Afável, passível de Ledos Enganos.” Este caso demonstra claramente a
infelicidade da autora ao não dar o destaque com aspas nem citar o autor lido, parecendo
utilizar suas ideias como se fossem dela. Por fim, tudo ficou esclarecido, e o caso expressa
claramente uma questão de falha técnica.
1.8 PRESSA NA PUBLICAÇÃO
Quanto a incidência de plágio encontrado em trabalho publicados em periódicos
científicos, Andrade (2014, p.1) assinala que “as causas destes problemas podem ser
creditadas à competição entre os periódicos com grande impacto: a análise dos trabalhos é
acelerada e o volume de submissões é, como se pode imaginar, muito grande.” Andrade (2014)
diz ainda que existe uma grande diferença nos periódicos que não visam o lucro, pois o
trabalho, antes de ser publicado, é cuidadosamente verificado. Se existem trabalhos
submetidos com temas similares, a veracidade do vínculo dos autores com as instituições
citadas são verificadas, o que torna todo o processo de publicação mais eficaz.
35
Não diferente das publicações em revistas, em sala de aula, na entrega dos seus
trabalhos, o aluno também pode cometer o plágio com o argumento de que não teve tempo
para estudar e produzir os textos, devido aos afazeres do dia-a-dia e ao acúmulo de várias
funções (estudar, trabalhar e cuidar de casa), as quais o levam a plagiar. Obviamente, este
argumento não justifica a falha e fere os princípios de honestidade na redação científica, como
já foi abordado.
Se o aluno cumprir os prazos estabelecidos pelo cronograma do curso e se preparar
para as avaliações, certamente, entregará um material com qualidade aos seus professores.
Krokoscz (2012) cita a “falta de tempo” como fator reconhecidamente relacionado ao plágio
(os professores cobram aos alunos comprometimento com os estudos), e até a consciência
social brasileira, que sempre quer “dar aquele jeitinho” em tudo.
Atualmente, no mundo acadêmico, existe uma cobrança muito grande para que se
publique cada vez mais. A publicação de material em veículos de comunicação respeitados
em cada área são os propulsores dessa demanda. No entanto, essa enxurrada de conhecimento
científico produzido, frequentemente, vem acompanhada de problemas relacionados ao
conteúdo intelectual depositado nesses trabalhos (fatiamento de outras obras produzidas
relacionadas ao tema, maquiagem estatística de resultados obtidos combinada com as falsas
coautorias para enriquecimento de currículo, sem ter absolutamente nenhum envolvimento
com a pesquisa).
Em se tratando de periódicos, cabe um papel mais árduo aos avaliadores, que precisam
ter um cuidado maior ao analisar os trabalhos para aprovação, em decorrência do problema
causado pelos plagiadores.
1.9 FACILIDADES NO ACESSO À INFORMAÇÃO
O plágio acadêmico também ocorre por um motivo banal, oriundo da facilidade do
acesso à informação oportunizado pela internet que é, sem dúvidas, o maior desafio
enfrentado pelas instituições de ensino superior. Hoje em dia, existem vários facilitadores de
pesquisa os quais, de certa forma, deixam brechas para que essa prática seja cada vez mais
utilizada na composição de produção acadêmica, conforme citam os autores Sanchez e
Innarelli (2012, p. 47):
36
Duas grandes forças têm contribuído para isso: a extraordinária evolução dos
mecanismos de busca de informação via web, o que tem propiciado grande
facilitação para se copiarem conteúdos, e a percepção de que essa recorrente
prática durante os anos escolares poderia estimular em futuros profissionais
a formação de parte dos valores e comportamentos hoje criticáveis, mas
encontrados na sociedade.
Nas duas últimas décadas, com o advento da tecnologia, o acesso à informação
facilitou a distribuição e aquisição de informações. Antes deste período, as pesquisas eram
realizadas de forma mais educativa e didática, com a leitura de livros e a escrita de próprio
punho. O que significa que, hoje em dia, com acesso e educação virtual, a prática do plágio
tornou-se fácil. É bem mais simples “enganar” os professores com conteúdo originado na
internet, pois os recortes e as mudanças realizadas no trecho copiado facilitam essa atividade.
Neste sentido, os trabalhos são entregues sem preocupação com conteúdo por serem
simplesmente copiados e colados da internet.
Obviamente, da mesma forma que a internet é utilizada para produção de conteúdos
acadêmicos de forma desonesta, ela é a grande responsável pela disponibilização de material
com excelente conteúdo científico, pelos sítios que armazenam, organizam e disponibilizam
informações técnicas e acadêmicas. Por isso, sugere-se evitar pesquisas em sites de busca que
não tenham controle científico do que é publicado, pois qualquer pessoa pode divulgar o que
quiser na internet. Sugere-seque as pesquisam sejam realizadas em sites especializados nas
diversas áreas do saber. Geralmente, os repositórios digitais (RDs) das instituições de ensino
superior são bastante eficazes na busca do conhecimento.
Os RDs são bases de dados online que reúnem, de maneira organizada, a produção
científica de uma instituição ou área temática. Eles armazenam arquivos de diversos formatos
e resultam em uma série de benefícios tanto para os pesquisadores quanto às instituições ou
sociedades científicas, proporcionando uma maior visibilidade para os resultados de pesquisas
e possibilitando a preservação da memória científica da instituição. Eles podem se apresentar
em dois modelos: os que lidam com a produção científica de uma determinada instituição e
aqueles repositórios temáticos, com a produção científica de uma determinada área, sem
limites institucionais (INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E
TECNOLOGIA, [2016?])7. É papel do repositório, contribuir com a disponibilização dos
conteúdos produzidos na academia de forma sistemática.
7 A utilização da interrogação “?” e dos colchetes “[ ]” dentro da citação próximo ao ano, segundo a
ABNT 6023:2002, significa dizer que não se tem certeza da data que o documento foi publicado.
37
CAPÍTULO II
38
2 DIREITOS AUTORAIS
O Direito Autoral engloba as leis que protegem a obra intelectual, seja no campo das
artes, literatura ou da ciência, com autoria registrada. O Escritório Central de Arrecadação e
Distribuição ([2015?]) conceitua o Direito autoral como “um conjunto de prerrogativas
conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora da obra intelectual, para que ela possa
gozar dos benefícios morais e patrimoniais resultantes da exploração de suas criações”. Pela
proteção conferida por essa Lei, qualquer pessoa pode proteger o conteúdo criado para que
outras pessoas não use-o sem a devida autorização.
2.1 SURGIMENTO DOS DIREITOS AUTORAIS
Na Grécia, berço da cultura ocidental, tem-se o conhecimento de que obras literárias,
poesias, teatro e artes plásticas eram amplamente divulgadas em ambientes públicos e
rendiam aos seus autores prêmios bastante valiosos. Porém, não exista o controle sobre quem
produzia e, portanto, muitos se apropriavam de algumas obras e lhes tomavam como suas.
Naquele momento, iniciou-se uma pequena discussão a respeito de como trabalhar e proteger
as obras intelectuais. Sabe-se também que plagiadores eram desprezados, acusados de ladrões
de ideias e copiadores, embora a lei não fosse eficaz contra o ato de copiar (PARANAGUÁ;
BRANCO, 2009).
Foi a partir da invenção da imprensa, no século XV, que os autores tiveram mais
acesso ao assunto relacionado aos direitos autorais, pois suas obras eram facilmente
disponibilizadas (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015a). Porém,
o controle da produção era privilégio dos livreiros e editores, ainda sem a intenção da
proteção aos direitos dos autores.
Após a invenção da impressa, passou a existir um controle e monopólio da monarquia
e da igreja quanto ao que era editado e produzido. A monarquia, com temor de publicações
políticas contrárias às suas legislações, e a igreja, visando o combate às ideias hereges. Nesse
mesmo período, surgiu o que se chama hoje de “pirataria”: obras copiadas por terceiros para
publicação com preço bem mais baixo que o original, mas também com menos riqueza de
detalhes e má qualidade. Foi então que os livreiros passaram a se preocupar e decidiram
pressionar as classes dominantes para terem seus direitos resguardados (PARANAGUÁ;
BRANCO, 2009).
Entende-se que, naquele período, o que importava aos livreiros era apenas a detenção
39
dos lucros que as obras lhes davam. Foi dessa forma que o direito autoral surgiu, visando-se
apenas os interesses econômicos e políticos. O autor da obra também queria ter o direito de
autoria preservado, já que dava-lhe notoriedade e fama.
Pode-se dizer que a história do direito autoral está diretamente relacionada ao
desenvolvimento tecnológico e ao surgimento dos meios de comunicação ao longo do tempo,
assim como é notório que as questões sobre direito autoral se tornaram mais relevantes após a
invenção da tipografia (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015a).
A Escola Nacional de Administração Pública (2015a) cita que, na época da
Renascença, era grande o interesse do público por obras artísticas e literárias. Neste sentido,
os livreiros observaram que isso seria uma forma de monopolizar o mercado editorial, dando-
lhes os direitos das obras produzidas e, então, início ao copyright, que nada mais é do que o
direito à reprodução das obras. Todavia, essa ação não garantia os direitos aos autores, mas
sim aos editores e livreiros. Logo após, com o fim da censura estatal, os livreiros ingleses
buscaram formas de reivindicar a proteção jurídica aos autores, a fim de assegurarem a cessão
dos direitos de exploração das obras, dando-lhes o lucro.
No ano de 1709, foi registrada a primeira legislação que resguardava o direito à
propriedade intelectual, disciplinando patentes de impressão e direito à cópia por um período
determinado, antes de cair em domínio público. Essa lei chamava-se Statute of Anne, em
tradução livre “Estatuto da Rainha Ana”, sendo a Inglaterra o primeiro país a estabelecer uma
lei para o direito autoral (ROSA, 2014).
Naquele mesmo século, a França iniciou outro modelo de proteção jurídica às obras,
“Por meio de Decreto datado de 24 de julho de 1793, regulam-se os direitos de propriedade
dos autores de escritos de todo gênero, do compositor de música, dos pintores e dos
desenhistas” (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015a, grifo do
autor). No modelo francês, o direito autoral,“Droit d’auteur”, vinculava diretamente a obra
intelectual ao autor, e sua proteção era direcionada ao direito civil da propriedade. Nele, era
reconhecido não apenas o aspecto patrimonial do direito autoral, mas também a proteção ao
aspecto pessoal, chamado de direito moral do autor. Ao que parece, esses dois direitos são
indissociáveis, tendo em vista que um está diretamente ligado ao outro.
Um marco histórico no desenvolvimento da legislação de direitos autorais no mundo
foi a Convenção Internacional para Proteção das obras literárias e artísticas, realizada em
Berna, na Suíça, em 9 de setembro de 1886. Neste encontro, ficou estabelecida ampla
proteção ao autor, nas esferas morais e patrimoniais, por meio do modelo francês. Esse evento
não contou com a participação dos Estados Unidos da América até 1989, pois o país não
40
reconhecia o direito moral dos autores, conforme adotado pelo modelo da Inglaterra. Inclusive,
foi organizada uma Convenção do modelo copyright, em Genebra, no ano de 1953, na
tentativa de resguardar o conceito inglês de direitos autorais.
Nos dias atuais, a Organização Mundial da Proteção Intelectual (OMPI) é quem rege
as premissas de direitos autorais. O Brasil ratificou a Convenção em 1975, em vigor até hoje,
reproduzindo em grande medida as normas e princípios contidos na Convenção de Berna, que
já serviram de base para a criação de diversas leis sobre o tema (RIBEIRO, 2014).
2.2 BREVE HISTÓRICO DOS DIREITOS AUTORAIS NO BRASIL
O primeiro registro na história do Brasil, quanto à legislação de Direitos Autorais (DA)
é a Lei de 11 de agosto de 1827, quando foram criados os primeiros cursos de Ciências
Jurídicas no país. Neste documento, no Art. 7, ficaram estabelecidos os direitos dos
professores quanto ao material disponibilizado aos alunos nas disciplinas, pelo prazo de dez
anos.8
A Escola Nacional de Administração Pública (2015a) relata que, no Brasil, no ano de
1891, foi publicada a primeira legislação específica de DA, porém ainda de forma muito
genérica. E foi apenas em 1898, com a promulgação da Lei Nº 496, cujo nome era Lei
Medeiros de Albuquerque, em homenagem ao seu relator, que a DA tomou um caráter mais
específico. Ela continha marcos oriundos da legislação concebida na Convenção de Berna
(1886) e foi revogada pelo Código Civil de 1916.
A partir do Código Civil de 1916, a segunda fase dos DA se caracterizaria em três
partes: Propriedade literária, Artística e científica e Da edição. Neste momento, o autor
tinha o direito garantido e exclusivo de reproduzi-la. Se o autor tivesse herdeiros, o direito era
transmitido para eles pelo prazo de sessenta anos, a contar de sua morte. Caso contrário, as
obras cairiam em domínio comum (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA, 2015a).
Com o passar dos anos, vários atos normativos e leis foram criados a fim de assegurar
as atualizações quanto à proteção jurídica dos Direitos Autorais. Foi somente no século
passado, no ano de 1973, por meio da Lei nº 5.988, de 14 de dezembro de 1973, que foi
8Documento publicado em 1827, com o intuído de criar dois Cursos de Ciências Jurídicas e Sociais,
um na cidade de São Paulo-SP e outro na de Olinda-PE.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LIM/LIM-11-08-1827.htm>.
41
criado um Estatuto sobre essa temática, com a intenção de fixar uma legislação, antes esparsa,
em algo fácil e único. Porém, uma nova revogação aconteceu em 1988, na Lei Nº 9.610, de 19
de fevereiro de 1998, em vigor até os dias atuais e denominada de Lei dos Direitos Autorais
(LDA), responsável por regular os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os
direitos de autor e os que lhes são conexos (BRASIL, 1998).
Recentemente, a LDA foi alterada pela Lei Nº 12.853, de 14 de agosto de 2013, a qual
dispõe sobre a gestão coletiva de direitos autorais, altera, revoga e acrescenta dispositivos à
Lei Nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Porém, o teor central de proteção ao direito do autor
foi mantido.
2.2.1 Propriedade Intelectual no Direito Autoral
A propriedade intelectual9 é um ramo do direito que protege as criações do espírito e
inteligência humana, no campo da invenção ou expressão artística. Quer dizer, ela observa os
direitos de autores e pessoas que inventaram ou descobriram algo (ESCOLA NACIONAL DE
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015a). Outro conceito elaborado por Schneider (2006, p. 35)
diz que a propriedade intelectual “consiste no reconhecimento da criação e exploração
comercial de obras artísticas ou invenções provenientes da inteligência do homem”.
Essa ramificação do direito se divide em duas partes: Propriedade industrial e
Direito Autoral. A primeira protege marcas, patentes, desenhos ou indicações geográficas
que possuam valor utilitário no mercado e, normalmente, sejam representadas por produtos,
símbolos, ou ideias ligadas diretamente ao mundo empresarial, tendo um caráter econômico,
em escala industrial. Ela é disciplinada no Brasil pela lei Nº 9.279, de 14 de maio de 1996.
Já o Direito Autoral tende a legalizar tutelas que recorrem ao meio artístico, literário e
científico. “Diferentemente do valor utilitário dos bens protegidos pela Propriedade Industrial,
o direito autoral tem por objeto proteger obras de valor estético” (ESCOLA NACIONAL DE
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015a, p. 7). Ainda sobre esse conceito, Soares (2014, p. 21)
diz que a “propriedade intelectual é apenas umas das muitas denominações utilizadas para
identificar e descrever os direitos dos criadores de obras intelectuais.
9A resolução da UFRN que trata da seguridade da propriedade intelectual é a Resolução nº 149/2008 –
CONSEPE, de 04 de novembro de 2008.
42
2.2.1.1 Obras Intelectuais
As obras intelectuais são criações do espírito humano nas áreas artísticas, científicas e
literárias (BRASIL, 1998). É comum o uso de obras intelectuais no processo de ensino-
aprendizagem das instituições de ensino em geral. Neste sentido, existem regras que são
dispostas no art. 29 da LDA, as quais deverão ser observadas quanto ao uso desse material
didático para ilustrar as aulas, pois sua utilização também deverá apresentar prévias
autorizações quando às leis da LDA.
Por outro lado, existem materiais que, não necessariamente, estão protegidos pela
LDA e podem ser utilizados sem prévia autorização por serem de conhecimento e acesso
livres, tais como: ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, conceitos
matemáticos, esquemas, regras de atos mentais, jogos, formulário em branco, leis, decretos,
regulamentos, decisões, atos oficiais, calendários, agendas, etc. Todos esses documentos
podem ser utilizados sem autorização desde que os créditos de autoria sejam descritos nos
documentos (ESCOLA NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, 2015b).
A utilização de ideias, por servir de inspiração para a criação de uma nova obra
intelectual, não pode ser considerada plágio. Só será considerada cópia quando aspectos
presentes na estrutura do trabalho e no desenvolvimento estejam claramente idênticos à obra
consultada nos objetivos direto, pois, de acordo com Paranaguá e Branco (2009, p. 31), “as
ideias são de uso comum e, por isso, não podem ser aprisionadas pelo titular dos direitos
autorais”. Corroborando com esses conceitos:
As obras intelectuais não podem ser definidas ou protegidas de forma
exaustiva e sim, exemplificada, não estanque, pois são frutos da produção
intelectual resultante das diversas áreas do conhecimento e, portanto, sujeitas
a novas formas de apresentação e desenvolvimento (FARIA; PINHEIRO-
MACHADO, 2013, p. 52).
Quanto à proteção às obras intelectuais, mesmo que elas não sejam registradas como
destaca o Art. 18 da LDA, quando diz que “a proteção aos direitos de que trata esta Lei
independe de registro” (BRASIL, 1998), fica a critério do autor registrá-las ou não. Caso
queira sua obra registrada, deverá procurar um dos órgãos que legalmente fazem este serviço,
como a Biblioteca Nacional, a Escola de Música, a Escola de Belas-Artes da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, o Instituto Nacional do Cinema e o Conselho de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia. Cada uma faz o registro segundo a natureza da obra em questão.
43
2.3 SANÇÕES
A Lei Nº 10.695, de 1º de julho de 2003, que trata como crime a reprodução não
autorizada de uma determinada obra original, no Art. 184, destaca que, a quem violar direitos
de autor, a punição de detenção poderá ser de três meses a um ano de prisão, ou multa
(BRASIL, 2003). Porém, sanções criminais dificilmente são aplicados aos atos de apropriação
intelectual de ideias. Neste caso, outros tipos de penalidades são postas, cabendo à instituição
delegar quais as ações punitivas devem ser tomadas ao identificá-la em trabalhos científicos.
Deve-se levar em consideração muitas questões sobre a medida a ser tomada quando
em casos de identificação do plágio nos trabalhos. Neste sentido, Krokoscz (2012, p. 87)
sugere que as punições destinadas a um estudante que plagia uma pequena parte do trabalho
devem ser diferentes das impostas ao que entrega o trabalho plagiado na íntegra. Em apoio a
esta premissa, o Código de Boas Práticas da FAPESP (2011, p. 44), na subseção 6.6.2, diz
que “a gravidade das medidas punitivas e corretivas que sejam tomadas em consequência do
reconhecimento da ocorrência das más condutas científicas deve ser proporcional à gravidade
dessas más condutas”.
As penalidades podem variar desde penas mais brandas, como reconsiderar e solicitar
um novo trabalho ao aluno, ou até reprovação da disciplina, cassação de diploma e títulos e
expulsão da instituição. Na resolução da UFRN, de 01 de outubro de 2013, sobre as
consequências do plágio.
Diz o Art. 25:
No caso da comprovação da violação de direitos autorais, nos termos do
Capítulo VI do Regimento Geral desta Universidade, serão aplicadas as
seguintes medidas disciplinares, sempre observando a gravidade da violação
de modo progressivo:
§ 1o Aos servidores docentes e técnico-administrativos, com base nos arts.
198, I e II, e 199, XV, do referido Regimento:
I – advertência;
II – suspensão, para o caso de reincidência.
§ 2o Aos discentes, com base no art. 214, I, do citado Regimento:
I – repreensão;
II – suspensão ou exclusão, a depender da gravidade da violação, para o caso
de reincidência.
Art. 26. Após tramitação do processo, sendo garantido contraditório e a
ampla defesa, sendo constatado o plágio ou contrafação, o título concedido
pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte em virtude da
apresentação da atividade analisada poderá ser anulado.
Neste sentindo, cabe aos professores e profissionais de educação a notificação e
44
encaminhamento do processo relativo à ocorrência de plágio acadêmico às instâncias
superiores da Universidade para que as devidas medidas possam ser tomadas, observando a
gravidade de cada situação.
45
CAPÍTULO III
46
3 A METODOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO NO ENSINO SUPERIOR
O trabalho científico é conceituado por Severino (2007, p. 18) como “o processo de
produção do próprio conhecimento científico, atividade epistemológica da apreensão do real,
que se refere, igualmente, ao conjunto de processos de estudo, de pesquisa e de reflexão que
caracteriza a vida intelectual do estudante”. Significa dizer que a produção do conteúdo
científico advém tanto do conhecimento empírico, baseado em experiências vividas no
cotidiano, quanto do conhecimento oriundo de fonte de conhecimento técnico-racional
relacionada à prática científica, e que o professor utiliza este conteúdo no roteiro de ensino-
aprendizagem das disciplinas de Metodologia do Trabalho Científico (MTC).
A disciplina MTC, ou as correlatas desta área10
, faz parte do plano de ensino de
praticamente todos os cursos de ensino superior da UFRN. Geralmente, é ofertada no início
da academia, tendo caráter instrumental e de ordem prática, pois introduz e norteia o aluno no
planejamento do ensino superior. A disciplina propõe capacitar os alunos na organização dos
estudos, visa estabelecer cronogramas, administração do horário para estudo, produção e
revisão de material, bem como a orientação quanto à apresentação e exatidão na formatação
de trabalhos acadêmicos, tratando da padronização das publicações científicas para não
comprometer a produção do conhecimento. Para Reiz (2013), é o planejamento e organização
de ideias que as técnicas científicas colaboram e garantem o aprendizado do estudante. Ou
seja, a MTC é uma cadeira instrumental no condicionamento do estudo no ensino superior.
Para Lopez (2011), “os estudantes universitários iniciantes, em boa fé e inocência,
tendem a achar que copiar é pesquisar e que copiar bastante é fazer trabalhos universitários
pré-científicos”. Portanto, um dos grandes problemas que a maioria dos alunos apresenta ao
ingressar no ensino superior é a falta de orientação quanto à organização para o estudo e
pesquisa, o que os leva apenas a realizar pesquisas de modo primário, sem a consciência e
relevância do que caracteriza a produção de um texto crítico e argumentativo nos padrões
normativos.
Portanto, a inabilidade dos alunos em produzir textos pode estar relacionada à falta de
prática nos anos iniciais de sua vida escolar, como apontam Araújo e Dieb (2013, p. 88) ao
citarem “às dificuldades que a escola tem enfrentado em relação ao ensino da leitura e da
escrita, haja vista os efeitos dessa situação repercutirem em quase toda a vida estudantil dos
sujeitos escolarizados”. Concordando com isso, Oliveira (2007, p. 11) expõe algumas
10
As disciplinas que tratam a metodologia do trabalho científico podem receber diversas
nomenclaturas, principalmente aquelas destinadas às áreas de saúde.
47
características como fatores desse problema que “tem suas raízes no processo
ensino/aprendizagem da educação básica tradicional e podem ser distinguidas como práticas
docentes inoperantes em razão de metodologias ineficazes, objetivos pedagógicos inviáveis e
outros tantos problemas”.
Medeiros (2009), na introdução do seu livro “Redação científica”, diz que os alunos,
assim que entram nos cursos do ensino superior, demonstram a falta de conhecimento de
normas de elaboração de trabalhos de grau e relatam a falta de habilidade na leitura e
produção de textos científicos, literários ou teóricos de várias áreas. A observação do autor
demonstra o que se tem analisado na área de metodologia científica, apontando-se como uma
falha do processo de ensino-aprendizagem e sendo a preocupação com a introdução do aluno
nos programas disciplinares e contínuos que capacitam e orientam os egressos dos cursos de
graduação na universidade, o que reforça a importância da manutenção e atualização dos
professores que ministram as disciplinas de MTC nos cursos de ensino superior.
Medeiros (2009, p. 2) ressalta ainda a importância do tratamento diferenciado que
deve ser dado ao estudo de métodos científicos apresentados aos alunos que acabaram de
ingressar na universidade (muitas vezes despreparados quanto à produção do conhecimento),
destacando que a maioria dos livros que tratam de metodologia científica parte do pressuposto
de que os alunos já sabem ler e escrever, desconsiderando as dificuldades iniciais,
principalmente quanto à conscientização dos futuros pesquisadores e às questões éticas que o
processo de formação do conhecimento necessita.
No primeiro ano do curso, nas disciplinas de MTC ou correlatas, o aluno adquire as
primeiras noções sobre como organizar os trabalhos e é introduzido na prática e
desenvolvimento da produção da escrita científica. Então, mesmo que essas disciplinas
apresentem apenas diretrizes de normas práticas, cabe ao professor e aluno, no cotidiano de
sala de aula, desenvolver as técnicas de escrita dia após dia. Neste sentido, Reiz (2013, p. 24)
cita que “nada melhor do que a realização de trabalhos científicos para iniciar o universitário
no espírito, nas técnicas e na consciência da validade da pesquisa planejada, desenvolvida e
redigida em conformidade com os cânones da metodologia científica”. No processo de
aprendizagem, o aluno necessita de instrumentos que possibilitem entender como funciona a
Universidade, qual o seu papel na sociedade e o que ele representa no contexto acadêmico,
pois logo que ingressa na graduação, o discente recebe uma grande carga de informações que
vão refletir em toda a vida acadêmica.
Em seu livro “Fazer Universidade”, Luckesi et al. (1984) acreditam que o aluno pode e
deve ser sujeito crítico e argumentativo do seu fazer no ensino e aprendizado e,
48
consequentemente, da sua própria história. Numa das propostas do livro, que é um dos
princípios norteadores da prática metodológica do que é fazer Universidade, os autores
sugerem, além da função mecanicista e instrumental da disciplina, a atribuição do papel de
formar a consciência crítica do conteúdo apresentado,
Não basta apenas verbalizar e reter informações ou mesmo discuti-las. É
preciso fazer. Tratando-se de uma disciplina instrumental, acreditamos que
de pouco ou nada adiantaria fazer alunos “assimilarem” mais algumas
informações de como se deve ler, de como se deve programar um trabalho,
como discutir em grupo, como apresentar tecnicamente um trabalho escrito e
fazê-los, oportunamente, repetir essas informações para nós, professores, em
provas e testes. Ao nosso ver, deste modo, eles não estariam capacitados
metodologicamente para fazer a universidade que propomos. Saberiam
apenas repetir informações. Por isso, a tônica deve se fazer com as mãos. A
leitura crítica, a monografia, a documentação têm que ser efetivamente
praticadas e, assim, efetivamente, aprendidas (LUCKESI et al., 2005).
A apesar de a disciplina MTC ser caracterizada como instrumental em um modelo
técnico e normativo, ela tem o papel de formar leitores críticos, com capacidade para a
produção e transmissão do conhecimento, já que “o importante é, na universidade, aprender a
estudar, a fazer, a produzir conhecimentos, a ser gente” (LUCKESI et al., 2005, p. 23). Estes
mesmos autores afirmam: “queríamos ver os alunos habilitados metodologicamente para ler,
produzir e transmitir conhecimentos de modo crítico”, logo o importante é capacitar os alunos
a lerem criticamente e produzirem conhecimentos; e terminam dizendo: “aprender a fazer
fazendo, avaliando o que se fez, retomando o fazer” (LUCKESI et al., 2005, p. 23). Os
autores assinalam que um aluno bem instruído pelos seus mestres, que tenha a capacidade de
ler, compreender e colocar no papel sua visão do que foi lido, não utilizará ideias de outros
como se fossem suas, ou melhor, com orientações seguras, o aluno pode ter a experiência de
autoria e, assim, evitar cópias.
Em consonância, Krokoscz (2012, p. 28) sugere que, além da padronização dos
trabalhos, o ideal para a construção de um novo conhecimento é:
Pedir ao aluno que faça um relatório das diferentes fontes selecionadas,
observando, obviamente, alguns procedimentos de técnica textual, como uso
de paráfrase, sumarização e intertextualidade, atenção aos procedimentos de
normalização como elaboração de citações e referências; e, o mais
importante, a utilização de modos de pensamento e raciocínio para o
relacionamento e associação de ideias para a construção do próprio texto.
Tornar o autor um indivíduo comprometido com a produção de um texto dentro dos
49
padrões normativos e com autenticidade da redação científica fará com que ele construa, por
meio de outras fontes de informação, sua própria visão crítica do objeto de estudo. Dessa
forma, ele dificilmente fará uso de outras fontes de informação como suas, uma vez que terá
condições de dialogar por meio do conhecimento adquirido com outros autores e, facilmente,
poderá organizar seus trabalhos de acordo com as diretrizes normativas estabelecidas
institucionalmente. Sobre isso, Oliveira (2007, p. 47) enfatiza que “espera-se do aluno
produtor que ele se constitua autor do próprio texto enquanto sujeito da ação de dizer”.
A Universidade quer indivíduos capazes de analisar criticamente a realidade que os
cerca e, simultaneamente, usar a linguagem na produção de textos como ação discursiva
intencional e ideológica sobre o mundo. Ou seja, espera-se que sejam capazes de interferir na
realidade, constituindo o efeito-autoria (OLIVEIRA, 2007, p. 45).
O professor, consciente do seu papel de educador, precisa capacitar os alunos quanto
às padronizações dos trabalhos solicitados durante a vida acadêmica, tendo em vista que não é
tarefa apenas do professor de metodologia, como diz Pithan e Vidal (2013, p. 80): “estas
competências deveriam ser ensinadas aos alunos não somente nas disciplinas de Metodologia
Científica – ou pelos professores orientadores – mas por todos os professores universitários
em contato com os alunos”. Com isso, o aluno chegará ao trabalho de término de curso sem
dificuldades quanto ao que for cobrado e quanto à organização do trabalho, o que refletirá em
toda sua vida, inclusive nos outros níveis da academia.
3.1 A METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO NA MATRIZ CURRICULAR DOS
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA FACISA/UFRN
Em uma breve pesquisa documental acerca do tema em questão, sentiu-se a
necessidade de analisar um grupo específico de cursos de graduação, a fim de averiguar a
existência e qual a relevância das disciplinas de MTC e correlatas, nas matrizes curriculares.
Então, escolheu-se a Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), da UFRN.
A unidade originou-se pelo programa do governo federal que visou a Reestruturação e
Expansão das Instituições de Ensino Superior (REUNI). A FACISA está localizada no agreste
Potiguar do Rio Grande do Norte, na cidade de Santa Cruz, 120 km do campus central, em
Natal. Com o objetivo de interiorizar o ensino superior no país e fixar profissionais na região,
este campus da saúde foi criado e, aliado à atividade acadêmica, visa:
50
Ampliar o acesso dos cidadãos a todo o tipo de ações e serviços necessários
ao enfrentamento dos seus problemas de saúde, através da integração em
rede de referência e contra-referência, otimizando seus recursos. Além de
pautar como prioridade de consolidação a estruturação de um pólo de
pesquisa na área da saúde, bem como ações de extensão sólidas e facilmente
palpáveis pela comunidade em geral (FACULDADE DE CIENCIAS DA
SAÚDE DO TRAIRI, 2016).
Atualmente, a FACISA oferece quatro cursos de graduação na modalidade presencial,
dois cursos de pós-graduação Stricto sensu e um curso de pós-graduação Lato sensu. Sua
comunidade acadêmica é formada por cerca de 600 estudantes11
(graduação e pós-graduação),
30 servidores técnico-administrativos e 91 docentes.
Na graduação, o Projeto Pedagógico (PP) é um documento que visa apresentar à
comunidade a estrutura que os cursos oferecerem para a formação profissional dos estudantes
que ingressam na universidade, bem como as estratégias que são traçadas para a implantação
do ensino superior na região. Descreve as competências e habilidades do perfil profissional,
além de ditar qual a metodologia que será utilizada durante a sua formação. A matriz
curricular faz parte desse contexto, pois ela é apresentada no início do curso e, nela, constam
as disciplinas, divididas por períodos, que os alunos cursarão até a sua conclusão. Como já foi
mencionado, o estudo da metodologia da pesquisa é essencial para a introdução do aluno na
área da pesquisa, produção e organização de trabalhos acadêmicos. Atualmente, são quatro
cursos de graduação, são eles: Enfermagem, Fisioterapia, Nutrição e Psicologia.
Em pesquisa documental realizada nos PPs, verificou-se que os cursos apresentam na
matriz curricular disciplinas relacionadas à MTC como mostra a Figura 1.
Figura 1 – Presença de Disciplinas relacionadas à Metodologia de Pesquisa na FACISA.
Curso* Disciplina Caráter Carga horária Nível
Fisioterapia Epistemologia e Metodologia da
Pesquisa
Obrigatória 45h 1º
Psicologia Metodologia Científica e Redação
Para Textos Acadêmicos
Obrigatória 60h 2º
Enfermagem Metodologia da Pesquisa Obrigatória 60h 3º
Nutrição Iniciação ao estudo científico Optativa 45h -- Fonte: do autor.
*Para a ordem dos cursos, respeitou-se a sequência em que foram comentadas no texto.
Apenas no curso de Fisioterapia, intitulada de “Epistemologia e Metodologia da
Pesquisa”, a disciplina é ofertada no primeiro período; o que demonstra a preocupação em
11
Informações coletadas junto à secretaria geral da FACISA e com a secretaria dos cursos de
graduação da unidade no ano de 2016.
51
capacitar os alunos quanto às técnicas de organização de trabalhos acadêmicos no primeiro
contato com o ensino superior, além da obrigatoriedade de se ter uma carga horária de 45h,
compatível com a ementa proposta.
O curso de Psicologia tem a preocupação de apresentar a disciplina intitulada de
“Metodologia Científica e Redação Para Textos Acadêmicos” no segundo período do curso, o
que também representa uma boa adequação no que diz respeito à introdução do aluno nas
diretrizes normativas. Vale ressaltar que a disciplina tem uma boa carga horária, com 60h, de
caráter obrigatório.
A disciplina Metodologia de Pesquisa é ofertada aos alunos de enfermagem no terceiro
período, portanto os alunos já apresentam certa adaptação ao ritmo que a academia oferece, e
isso pode dificultar a vida acadêmica dos discentes no que diz respeito à padronização das
informações apresentadas nos trabalhos. Porém, a carga horária de 60h é bem extensa e, por
essa razão, pode sanar qualquer dificuldade de aprendizado que os alunos possam ter,
possibilitando um estudo objetivo das regras normativas
Por fim, com carga horária de 45h, o curso de nutrição não obriga a matrícula dos
alunos na disciplina “Iniciação ao estudo científico”, fazendo com que muitos não possuam
conhecimento inicial das orientações necessárias para a elaboração de trabalhos científicos, o
que pode atrapalhar em estudos futuros.
Percebe-se então que os cursos de graduação da FACISA, oferecem carga horária
adequada e disciplinas relativas a organização do trabalho no ensino superior.
Além das atividades voltadas à metodologia do trabalho propostas pelos professores
em sala de aula, os alunos contam ainda com um serviço de orientação à normalização
ofertado pelos bibliotecários do Sistema Integrado de Bibliotecas (SISBI). O profissional
desta área tem maior familiaridade com as diretrizes normativas de trabalhos acadêmicos,
como as normas da ABNT, e tem como um de suas atribuições técnicas a orientação dos
alunos quanto à normalização dos trabalhos acadêmicos.
52
CAPÍTULO IV
53
4 POLÍTICAS DE COMBATE AO PLÁGIO E INSTRUMENTOS NORMATIVOS NA
UFRN
É sabido que uma das formas mais objetiva de se evitar o plágio acadêmico é a
orientação metodológica em sala de aula. Para auxiliar nesta tarefa, os professores fazem uso
de instrumentos que facilitam o entendimento do conteúdo, como: tutoriais, manuais com
diretrizes normativas, entre outros materiais didáticos que direcionam o aluno à prática de
redação científica, além da participação em cursos de capacitação. Países como África do sul,
Inglaterra, Estados Unidos e Austrália, em suas instituições de ensino superior, possuem
ferramentas para coibir a prática do plágio e divulgam amplamente esse conteúdo para que
seus usuários aprimorem a prática da redação científica (KROKOSCZ, 2012).
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
recomenda, com base em orientações do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), que as instituições de ensino públicas e privadas brasileiras adotem políticas de
conscientização e informação sobre a propriedade intelectual, seguindo procedimentos
específicos que visem reduzir a prática do plágio quando da redação de teses, monografias,
artigos e outros textos, por parte de alunos e outros membros de suas comunidades
(COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR,
2011).
No contexto local, na UFRN, como já mencionado em capítulos anteriores, existem
documentos publicados que proporcionam o norteamento de como as políticas institucionais
devem atuar para a diminuição das práticas de plágio e proteção às obras intelectuais. No ano
de 2008, foi publicada pelo CONSEPE a Resolução Nº 149, que dispõe sobre os direitos da
propriedade intelectual da UFRN. O documento toma como base as Leis Nº 9.609, de 19 de
fevereiro de 1998, referente ao direito autoral, e a Nº 9.279, de 15 de maio de 1996, sobre atos
normativos adotados pela Presidência do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Com o objetivo de sistematizar a regulamentação dos direitos de autoria, a UFRN
declara que toda e qualquer criação de produção científica, tecnológica, artística e literária
produzida no âmbito universitário tem autoria protegida e vinculada a seu nome, conduzindo
diretamente à responsabilidade da geração da propriedade intelectual, inclusive àquelas que
possam gerar ganhos econômicos, como é o caso do Sistema Institucional Integrado de
Gestão (SIG), desenvolvido pela Superintendência de Informática (SINFO) da UFRN e
amplamente comercializado para outras IES, esses sistemas têm a finalidade de interligar
54
módulos operacionais utilizados pelas instituições públicas, criando uma só base e
transportando as informações necessárias de um sistema para outro (SUPERINTENDÊNCIA
DE INFORMÁTICA, 2016)
Outro importante documento vigente é a Resolução Nº 157, publicada pelo CONSEPE,
em 01 de outubro de 2013, que regulamenta a proteção aos Direitos Autorais no âmbito da
UFRN. Tal Resolução, no capítulo III, cita a importância da educação, capacitação e
promoção da formação continuada sobre a indispensabilidade do comportamento ético e da
honestidade na conduta acadêmica, no que se refere aos trabalhos publicados na academia:
Art. 18. Nas disciplinas relacionadas à produção de trabalhos acadêmicos em
qualquer nível de qualificação acadêmica, como Metodologia do Trabalho
Científico, Metodologia da Pesquisa Científica, Orientação ao Trabalho de
Conclusão de Curso ou afins, a presente Resolução deve fazer parte do Plano
da Disciplina, com o intuito de promover a reflexão sobre a caracterização,
constatação e consequências do plágio.
Art.19. Nas demais disciplinas, os docentes devem fazer referência à
presente normativa interna, esclarecendo-a aos discentes, principalmente
quando utilizarem trabalhos acadêmicos produzidos fora de sala de aula para
compor atividades avaliativas (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
GRANDE DO NORTE, 2013).
Segundo essas recomendações, o ideal é que em todo o processo de formação do
estudante sejam adotados instrumentos e políticas que disciplinem e conscientizem a
comunidade acadêmica quanto às questões relativas à prática do plágio acadêmico. Por meio
de programas de orientação, educação continuada, palestras, exposições, minicursos e com
instruções diárias em sala de aula, possivelmente, ocorrerá uma diminuição do plágio nas
publicações científicas.
Normas e diretrizes quanto à concessão de direitos do autor são instrumentos que, se
cobrados pelos professores desde o início da vida acadêmica até seu fim, com a defesa do
TCC, possibilitam a eliminação, quase que totalmente, dos problemas relacionados à
usurpação de ideias de outrem. Neste caso, a construção de documentos normativos que
orientem e decifrem conceitos relativos ao plágio poderá ser usada como ferramenta educativa
neste processo.
Quanto aos instrumentos hoje disponibilizados pela UFRN, um grupo de profissionais,
formado por bibliotecário e professores da FACISA, com base nas normas da ABNT,
organizou quatro módulos que auxiliam os alunos na elaboração dos trabalhos, são eles:
MÓDULO I - Normas bibliográficas para elaboração de projeto de trabalho de
conclusão de curso.
55
MÓDULO II - Normas bibliográficas para elaboração de monografia.
MÓDULO III - Normas bibliográficas para elaboração de artigo científico.
MÓDULO IV - Normas bibliográficas para elaboração de citações, notas de rodapé e
referências.
Apesar de necessitar de uma atualização, o Módulo IV apresenta as regras normativas
de concessão de créditos aos autores consultados, mostrando exemplos claros e práticos de
como citar e referenciar corretamente, sem que o aluno corra o risco de cometer o plágio em
seus trabalhos acadêmicos.
Além de conteúdos básicos, como livros de metodologia científica e normas oficiais,
visando encontrar na UFRN mais produtos e serviços que orientem a organização de trabalhos
acadêmicos, foi realizada uma consulta informal e eletrônica, por email com a equipe de
bibliotecários do SISBI. O email perguntava se os bibliotecários utilizavam algum material
para a orientação à normalização. Abaixo, seguem os emails com perguntas e respostas12
.
Email com o questionamento:
Bom dia, colegas!
Gostaria de saber se vocês utilizam algum material de normalização de trabalhos
acadêmicos, de produção própria, ou que tenha sido elaborado pela UFRN.
Por exemplo, aqui na FACISA, organizamos uns manuais (com base na ABNT) para
ajudar na elaboração dos trabalhos acadêmicos dos alunos (precisa de atualização).
Link: http://www.facisa.ufrn.br/pagina.php?a=biblioteca (fim da página)
Se vocês possuem, podem me enviar o link? Agradeço a atenção.
Gláucio Tavares
Bibliotecário CRB/15 - 321
Obtiveram-se poucas respostas, apenas duas. A primeira disse:
Oi Gláucio,
Quando tenho dúvidas sempre me baseio pelo manual da FACISA.
Beijão
Bibliotecária x
Já o segundo email, oriundo da direção do SISBI, parabenizou a iniciativa da
construção dos manuais e sugeriu que uma equipe do SISBI fizesse uma atualização e,
posteriormente, disponibilizasse-os nos portais para a consulta dos usuários. O email dizia:
Oi Gláucio,
Gostei muito da iniciativa de vocês, inclusive acho que deveríamos fazer para o SISBI
e disponibilizarmos nos nossos portais, pois facilitaria muito para os usuários.
Acho que hoje a BCZM orienta que os usuários acessem as normas, porém da forma
como vocês fizeram fica ainda mais didático.
12
Os nomes dos bibliotecários foram substituídos por X e Y, devido a não solicitação de exposição de
seus nomes na consulta.
56
Quem sabe uma proposta de atualização desses materiais com os bibliotecários que
trabalham com a normalização possa ser proposta e os utilizarmos para o SISBI. O
que você acha?
Atenciosamente,
Bibliotecária Y.
Percebe-se, então, que são poucos os instrumentos disponibilizados, além dos que
foram citados, alguns cursos compilam as normas em diretrizes próprias, o que também
interfere nos resultados, pois pode ocorrer incoerência nas publicações individuais.
Neste caso, os profissionais bibliotecários orientam a normalização de trabalhos com
as regras da ABNT que, geralmente, são extensas e bem complexas. Neste sentido, outros
manuais desenvolvidos ou supervisionados por equipe formada por bibliotecários e
professores de metodologia, com base nas normas oficiais, seriam a maneira mais fácil que o
aluno utilizaria para compreender e organizar seus trabalhos.
4.1 PROGRAMAS PARA DETECTAR O PLÁGIO
A internet é uma ferramenta que facilita tanto para quem copia trechos ou trabalhos na
íntegra, quanto para detectar trabalhos que foram copiados. Neste sentido, instituições de
ensino estão adquirindo softwares que detectam a existência de plágio em trabalhos
acadêmicos. Entretanto, caso não haja investimento nesse setor, existem ferramentas gratuitas
que, mesmo apresentando limitações nas buscas, conseguem detectar se trechos foram
copiados de outro trabalho. Abaixo alguns exemplos:
a) Google – apesar de não parecer nada acadêmico ou científico, o site do Google pode
sim ajudar os avaliadores quanto à veracidade e ineditismo dos trabalhos dos alunos,
com a simples busca do trecho entre aspas. Os resultados podem indicar presença
parcial ou literal do trecho copiado. Link: https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl
b) Plagium – desenvolvido pela Septet Systems Inc., ele possibilita buscas simples e
avançadas. Na sua versão gratuita, a pesquisa pode ser feita com até 25 mil caracteres.
O site também mostra uma nota de porcentagem que indica a probabilidade daquele
trecho ser plágio. Link: http://www.plagium.com/
c) Plagiarisma - Detector de plágio que pode ser utilizado online, sem precisar ser
instalado no computador. Suporta mais de 190 idiomas, inclusive o português.
Basta incluir um pequeno trecho de texto para iniciar a pesquisa que é rápida e, em
alguns segundos, é emitido um relatório com todas as páginas que contém o texto
57
plagiado. Link: http://plagiarisma.net/
Como o mercado editorial é um nicho que gera bastante lucro, as empresas,
principalmente as estrangeiras, viram grande possibilidade de ter rendimentos financeiros por
meio da criação de softwares mais incrementados que, com mais eficiência e maior precisão,
pudessem detectar o plágio nos documentos pesquisados.
A iThenticate é uma das empresas que produzem programas comerciais (pagos) para
verificação de plágio em trabalhos científicos.Entre as agências parceiras, estão as bases de
dados EBSCO, ELSEVIER e PROQUEST. A empresa declara que faz pesquisas em
documentos online que apresentam cerca de 30 idiomas, incluindo o português.
Em nota publicada no Reserach Information (2015), Uthpala Karunarathne, diretor
científico do Jornal da Fundação Nacional de Ciências do Sri Lanka (tradução livre),
acolhendo a iniciativa de aquisição do software da iThenticare, disse: “Todo esse tempo,
temos utilizado verificadores de plágio online grátis, que não permite verificar todo o
documento, mas partes dele, devido à algumas limitações. Acredito que a iThenticate
permitirá verificar os trabalhos com mais facilidade e precisão, aumentando os padrões de
nossa revista.” Ou seja, o investimento é feito, pois proporciona uma maior segurança na
avaliação antes da publicação de artigos nas editoras, mantendo a qualidade das revistas.
Essas ferramentas são cada vez mais utilizadas e, à medida que as formas de plagiar
vão sendo modificadas, outros sistemas de verificação são criados. Andrade (2014) diz que
mesmo que ferramentas detectoras do plágio indiquem sua presença em textos analisados,
cabe à equipe responsável pela editoração delegar se ocorreu o plágio ou não, dependendo do
contexto e intertextualidade da obra. Isto é, em sala de aula, mesmo que o sistema mostre
similaridade do conteúdo buscado com o que o sistema apresentou, cabe ao professor
interpretar se aquele conteúdo foi plagiado pelo aluno ou não.
Os mecanismos de busca mostram e destacam similaridades em
palavras-chave, expressões e frases infrequentemente empregadas,
entre outros recursos. A partir desta verificação, o sistema mostra uma
taxa de similaridade (por exemplo, 50%). Identificados os textos
anteriores com grande similaridade, a decisão é tomada após leitura
dos trabalhos e comparação com o texto em análise (ANDRADE,
2014, p.2).
No âmbito da UFRN, a Resolução 157/2013, no Capítulo IV, que trata da constatação
e da comprovação da violação de direitos autorais no Art. 20, demonstra a necessidade de
aquisição ou criação de mecanismos de verificação,
58
Art. 20. É de responsabilidade institucional efetuar os investimentos
necessários para ofertar e aperfeiçoar, de modo contínuo, ferramentas
que viabilizem a constatação da violação dos direitos autorais do
modo mais rápido e efetivo.
Sendo assim, para que a verificação de casos de plágio não sucumba apenas na
responsabilidade dos professores, a Universidade deve investir em mecanismos que facilitem
a tarefa de verifica incidências de plágios.
59
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na literatura e pesquisa documental, este trabalho buscou responder aos
questionamentos acerca dos motivos que levam o aluno do ensino superior a cometer o plágio
nos trabalhos acadêmicos, bem como verificar a existência de produtos e serviços para o
enfrentamento do plágio no contexto universitário da UFRN, pelas políticas institucionais.
Apesar de ser um grande problema encarado pelas universidades e de haver na UFRN
documentos que regulamentam a proteção aos Direitos Autorais e prevenção contra a prática
do plágio na academia, ainda há poucos instrumentos que o combatam e dêem suporte à
orientação metodológica adequada aos alunos universitários. Neste sentido, verificou-se
também a inexistência ou pouca oferta de cursos e eventos periódicos que contribuam para a
diminuição dessa prática na academia.
A pesquisa bibliográfica apontou que a falta da prática de leitura e escrita leva o aluno
ao comodismo intelectual e, consequentemente, à busca de maneiras mais fáceis e antiéticas
de construção dos trabalhos acadêmicos. Neste caso, o indivíduo não experimenta a condição
de ser um leito-autor, o indivíduo crítico, aquele capaz de produzir sua própria concepção
textual de conteúdos. Logo, cabe à universidade propagar a ideia de que o conhecimento deve
ser criticado, analisado e discutido, estimulando o hábito da leitura e escrita.
A construção de conteúdo científico só existe pelo diálogo entre outros autores, por
isso o aluno que recebe instrução adequada é capaz de ler, compreender e exprimir seu ponto
de vista sobre o assunto, atingindo os objetivos acadêmicos de forma honesta e ética. Neste
sentindo, este estudo verificou também que a questão ética que envolve o plágio precisa ser
matéria amplamente discutida em sala de aula no momento em que o aluno é instruído
tecnicamente nas concessões de créditos aos autores consultados.
O desconhecimento de regras para a redação científica, a falta de tempo, a dificuldade
na escrita e facilidade do acesso a informação proporcionado pela internet também foram
apontadas neste estudo como as causas mais prováveis de surgimento de plágio acadêmico. A
literatura mostra ainda que a falta de conhecimento mais específico de conceitos do plágio e
suas variações é um dos agravantes na incidência desta prática. Ou seja, devido à falta de
esclarecimento sobre o assunto, o aluno comete a contrafação sem saber que está errando.
No que concerne às punições a serem tomadas em casos de suspeitas de plágio
encontrados nos trabalhos de sala de aula, fica entendido que a decisão deve estar amparada
por documentos institucionais e que cada caso deverá ser analisado individualmente, após
análise do professor ou do grupo educacional responsável.
60
Quanto à breve análise realizada nas matrizes curriculares dos cursos de graduação da
FACISA, foi constatado que, apesar da presença de disciplinas relativas à metodologia do
trabalho científico, não existe um programa ou projeto que dê continuidade às ações de
conscientização dos danos causados pelo plágio. Com base nisto, em consonância com a
Resolução nº157 de 2013, propõe-se a criação de cursos de capacitação de educação
continuada, oferecidos dentro de uma proposta acadêmica e com profissionais habilitados.
A utilização de diretrizes normativas como manuais de normalização, os conteúdos de
metodologia científica e as normas oficiais de trabalhos acadêmicos servem para instrumentar
de forma objetiva o conteúdo acadêmico em sala de aula. Fazer uso dessas ferramentas no
ensino superior possibilita ao aluno a padronização de seus trabalhos de forma apropriada.
Neste sentido, prevenção é palavra-chave deste estudo. O aluno, bem instruído
metodologicamente e consciente deque deve apresentar conteúdo honesto por meio da
experiência de autoria, dificilmente, cometerá algum deslize quanto às questões de concessão
de crédito à titularidade de textos pesquisados.
Então, fica entendido que uma das maneiras mais eficazes de coibir o plágio
acadêmico é a capacitação do estudante, com a instrução e apresentação das normas de
formatação de textos científicos, além da conscientização de que a prática do plágio é
considerada uma infração aos direitos do autor, ação que fere os princípios éticos.
Esta pesquisa viabiliza a realização de novos trabalhos por debates relativos ao tema,
com o intuito de que as inquietações provocadas possam render discussões capazes de motivar
o nascimento de mais estudos relativos às implicações provocadas pelo plágio dentro do
contexto universitário. Portanto, visando preencher a lacuna quanto à necessidade de criação
de mais instrumentos capazes de inibir a prática do plágio, este trabalho sugere:
a) Elaboração e/ou atualização de manuais com diretrizes normativas para organização e
apresentação de trabalhos acadêmicos;
b) Confecção de cartilha de boas práticas na redação científica: implicações éticas e
acadêmicas de combate ao plágio;
c) Promoção de eventos periódicos para ofertar continuamente a educação e prevenção
contra a contrafação, mostrando as implicações do plágio na academia;
d) Recomendação de cursos de extensão com profissionais habilitados na área, não só
para capacitar discentes, mas toda a comunidade acadêmica;
e) Investimento da UFRN destinado à compra de softwares que possibilitem a detecção
de plágio em trabalhos acadêmicos.
61
PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA INIBIR O PLÁGIO
ACADÊMICO
Com base nas indicações sobre políticas de combate ao plágio acadêmico,
promulgadas institucionalmente na UFRN, leituras documentais e bibliográficas acerca desse
tema, como já mencionado, um dos objetivos dessa dissertação era propor como produto final,
a construção de instrumentos que visem orientar metodologicamente os alunos quanto à
normalização de trabalhos acadêmicos, a fim de implantar uma consciência ética na
edificação de textos honestos, evitando o uso indevido de conteúdo intelectual de outros
autores, sendo concedidos os créditos à titularidade das obras consultadas.
Portanto, como um dos produtos desse estudo, inicialmente, propõe-se a construção de
um documento, que pode ser em formato de cartilha ou manual de orientação metodológica de
boas práticas na redação, para que haja precisão na apresentação de trabalhos acadêmicos,
bem como esclarecimentos sobre quais implicações ético-legais que esta ação pode causar.
O instrumento poderá ser formado pelas seguintes partes:
a) Apresentação, com os objetivos diretos a que se propõe: esclarecer a comunidade
acadêmica sobre as implicações do plágio, quais os tipos, como deve ser organizado
um texto acadêmico e a concessão dos créditos aos autores consultados;
b) Esclarecer de onde veio a iniciativa de produzir o material: da necessidade de se ter
mais conteúdos didáticos com esta temática na UFRN, bem como um produto final do
Trabalho de conclusão de Mestrado do discente;
c) A cartilha deverá apresentar também imagens para ilustrar atividades do tema;
d) Trechos a respeito do que trata a lei dos Direitos Autorais, Nº 9.610, de 19 de
fevereiro de 1998;
e) O que fazer perante a lei, no caso do autor lesado; como e em que se basear para ter
seus direitos reservados;
f) Por fim, orientação para a boa conduta na produção textual.
As ideias utilizadas como base informacional para a proposta de elaboração deste
produto foram extraídas da cartilha intitulada “Nem tudo que parece é: entenda o que é
plágio”13
, desenvolvida pela Comissão de Avaliação de Casos de Autoria, do Departamento
de Comunicação Social - Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal
Fluminense, por conter um conteúdo de fácil compreensão, com ilustrações adequadas ao
13
Disponível em: <http://site.ufvjm.edu.br/revistamultidisciplinar/files/2011/09/cartilha_autoria_-
_digital.pdf>. Acesso em: 26 ago. 2016.
62
tema, e informações pertinentes e condizentes com a realidade enfrentada nas universidades,
além de estar em formato digital, que facilita a distribuição e visualização de toda a
comunidade acadêmica.
Outro instrumento que poderá ser criado para saber como agir diante das suspeitas de
casos de plágios encontrados nos trabalhos acadêmicos é um fluxograma de ações, o qual
conduzirá os profissionais por caminhos que possibilitem resolver o problema de forma mais
sensata e objetiva. Como exemplo de criação para este material, no Reino Unido, a Comissão
de Ética em Publicação, Committee on Publication Ethics (COPE), empresa que promove a
discussão de aspectos éticos entre editores para promover a integridade na publicação de
pesquisa, publicou em 2008 um documento que apresenta um fluxograma de questões e
encaminhamentos para que a decisão, em casos de suspeita de plágio, possa ser tomada de
forma adequada. São 11 possíveis condições, apresentadas a seguir:
1. O que fazer se você suspeitar de uma publicação redundante ou duplicada
2. O que fazer se você suspeitar de plágio
3. O que fazer se você suspeitar de dados inventados
4. O que fazer quando você perceber alterações de autoria
5. O que fazer se suspeitar de autores anônimos, convidados ou de autoria dada
6. Como detectar problemas com autoria
7. Se o revisor suspeitar da existência de um conflito de interesses
8. E se um leitor suspeitar que há um conflito de interesse não declarado em um artigo
9. O que fazer se suspeitar de um problema de ética em um manuscrito que recebeu
10. O que fazer se suspeitar que um revisor se apropriou das ideias ou dados de outro
11. Gestão por parte da COPE de reclamações contra os editores
Todas as seções apresentam subseções com diretrizes da conduta correta a ser tomada,
caso ocorra à incidência de plágio acadêmico nos trabalhos14
.
Por fim, sugere-se que cursos de capacitação e eventos periódicos sobre a temática,
possam ser realizados na UFRN. A modelo disso, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB),
pelo departamento de Ciência da Informação, realiza frequentemente eventos com essa
temática15
, sempre buscando por o tema em discussão, para manter o público universitário
atualizado quanto às implicações que plágio acadêmico provoca no contexto universitário.
14
Conteúdo completo disponível em: http://publicationethics.org/files/All_Flowcharts_Spanish_0.pdf. 15
Conteúdo de um folder do evento disponível em:
http://www.observatorioderevistascientificas.com/attachments/article/231/FOLDER.pdf
63
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