universidade federal do rio grande do norte … · laminação a pistola ou spray up. ... ipt –...

100
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA CARLOS ROBERTO ROCHA DA SILVA OBTENÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE UM COMPÓSITO COM MATRIZ DE RESINA POLIESTER E RESÍDUOS ORIGINADOS DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE DENDÊ Natal - RN Novembro de 2015

Upload: duongkien

Post on 13-Feb-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

CARLOS ROBERTO ROCHA DA SILVA

OBTENÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO

DE UM COMPÓSITO COM MATRIZ DE RESINA POLIESTER E RESÍDUOS

ORIGINADOS DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE DENDÊ

Natal - RN

Novembro de 2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

OBTENÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO

DE UM COMPÓSITO COM MATRIZ DE RESINA POLIESTER E RESÍDUOS

ORIGINADOS DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE DENDÊ

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Mecânica,

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte - UFRN como requisito para

obtenção do título de Doutor em

Engenharia de Mecânica.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza

Natal RN

Novembro de 2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

UNIVERSIDADE FFEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA MECÂNICA

OBTENÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO

DE UM COMPÓSITO COM MATRIZ DE RESINA POLIESTER E RESÍDUOS

ORIGINADOS DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE DENDÊ

CARLOS ROBERTO ROCHA DA SILVA

Esta tese foi julgada adequada para a obtenção do título de

DOUTOR EM ENGENHARIA MECÂNICA

sendo aprovada em sua forma final.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza

Banca Examinadora

______________________________________

Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza

________________________________________

Prof. Dr. Alexandre Bolera Lopo

_________________________________________

Prof. Dr. Natanaeyfle Randemberg Gomes dos Santos

_________________________________________

Prof. Dr. Moisés Vieira de Melo

________________________________________

Prof. Dr. Marcos Silva de Aquino

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

Seção de Informação e Referência

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Silva, Carlos Roberto Rocha da.

Obtenção, caracterização e viabilidade de utilização de um compósito com

matriz de resina poliester e resíduos originados da extração do óleo de dendê / Carlos

Roberto Rocha da Silva. - Natal, 2016.

98 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza.

Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-graduação em Engenharia

Mecânica.

1. Materiais de origem vegetal - Tese. 2. Compósitos poliméricos - Tese. 3.

Resina poliéster tereftálica - Tese. 4. Resíduos - Tese. I. Souza, Luiz Guilherme Meira de.

II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 621

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

Dedico este trabalho a minha

esposa Roselândia Rocha pelo

grande apoio e incentivo.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus principal fonte de sabedoria e amor.

A minha família por todos os ensinamentos ao longo de toda minha vida.

Agradeço em especial ao orientador e amigo Professor Dr. Luiz Guilherme

Meira de Souza ao apoio dado, às ideias e pelo incentivo constante durante

desenvolvimento do projeto.

Ao amigo irmão Jailton Weber e família pelo apoio, companheirismo e amizade.

Aos amigos Roberto e Nadja Stopilha por todo apoio e ensinamentos do

cotidiano.

Ao Instituto Federal da Bahia na figura de seus diretores e a Universidade

Federal do Rio Grande do Norte pela oportunidade de realização do Doutorado.

A todos os colegas do Campus de Porto Seguro que de alguma forma

contribuíram para a realização do doutoramento.

A todos os colegas e amigos do laboratório de máquinas de fluxo e energia solar

da UFRN que direta ou indiretamente, perto ou distante, presentes ou ausentes,

contribuíram para a realização desta pesquisa.

Ao diretor Rui Mota e o técnico de laboratório Josemar, IFBA campus Simões

Filho, pelo apoio na realização dos ensaios mecânicos.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... 8

LISTA DE TABELAS .................................................................................................. 10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................. 11

LISTA DE UNIDADES DE MEDIDAS ..................................................................... 13

RESUMO ....................................................................................................................... 14

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO .................................................................................... 22

1.1. Apresentação do trabalho ...................................................................... 22

1.2. Objetivos ............................................................................................... 26

1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................. 26

1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................... 26

CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................ 28

2.1.1. Caracterização da cultura do dendê ................................................. 29

2.1.2. Histórico e trajetória no Brasil ......................................................... 30

2.1.3. Potencial da cultura do dendê ........................................................... 32

2.1.4. Resíduos gerados .............................................................................. 34

2.2. Materiais compósitos ............................................................................... 34

2.2.1. Definições de materiais compósitos ................................................. 34

2.2.2. Matrizes termoplásticas e termofixas ............................................... 39

2.2.1.1. Resina poliéster .............................................................................. 42

2.2.3. Materiais compósitos poliméricos .................................................... 43

2.2.3.2. Métodos e processos de fabricação de compósitos ........................ 45

2.3. Estado da arte ........................................................................................... 49

CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................. 53

3.1. Materiais .................................................................................................. 53

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

3.2. Métodos ................................................................................................... 56

3.2.1. Tratamento do resíduo do mesocarpo do dendê ................................... 56

3.2.2. Caracterização do Resíduo de dendê ................................................ 58

3.2.3. Fabricação dos corpos de prova ........................................................ 59

3.2.4. Levantamento das Propriedades Físicas ........................................... 62

3.2.5. Propriedades Químicas ..................................................................... 66

CAPÍTULO IV - RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................... 70

4.1. Caracterização do resíduo de dendê ........................................................ 70

4.2. Caracterização dos Compósitos ............................................................... 72

4.2.1. Ensaios Mecânicos ............................................................................ 72

4.2.2. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) .................................... 81

4.2.3. Absorção de Água Destilada ............................................................ 83

4.2.4. Análise Térmica ................................................................................ 85

4.2.5. Densidade ......................................................................................... 90

CAPÍTULO V – CONCLUSÕES E SUGESTÕES........................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1. Potencial de utilização de resíduos de origem vegetal e animal .................. 23

Figura 1.2. Resíduos do mesocarpo da extração do óleo de dendê.................................25

Figura 2.1. Carregamento de cachos de dendê após a extração de óleo. ........................ 28

Figura 2.2 Plantação de dendê em Valença no Estado da Bahia. ................................... 29

Figura 2.3. O dendezeiro, o cacho e os frutos. .............................................................. 33

Figura 2.4. Tipos de matrizes utilizadas em compósitos. ............................................... 36

Figura 2.5. Propriedades avaliadas para verificação do desempenho de um compósito. 38

Figura 2.6. Processo de laminação manual (Hand Lay Up). .......................................... 45

Figura 2.7. Laminação a pistola ou Spray Up. ............................................................... 46

Figura 2.8. Processo de laminação por infusão. ............................................................. 47

Figura 2.9. Laminação por enrolamento ou filament winding. ...................................... 47

Figura 2.10. Laminação por moldagem por compressão................................................ 48

Figura 2.11. Moldagem por injeção (RTM, RIM ou R-RIM). ....................................... 49

Figura 2.12 Laminação por pultrusão ............................................................................. 49

Figura 3.1. Resíduos não tratado e tratado. .................................................................... 53

Figura 3.2. Molde de Ferro fundido (200x200x12mm) utilizado para a fabricação das

placas de compósito. ....................................................................................................... 55

Figura 3.3. Etapas do processo de caracterização do compósito. ................................... 57

Figura 3.4. Processo de caracterização do resíduo. ........................................................ 58

Figura 3.5. Molde (200x200x12mm) para a fabricação do compósito. ......................... 59

Figura 3.6. Prensa com capacidade para cinco toneladas ............................................... 60

Figura 3.7. Etapas do processo de obtenção do compósito proposto ............................ 61

Figura 3.8. Máquina WDW-300E utilizada no ensaio de tração e flexão ...................... 63

Figura 3.9 Máquna utilizada para ensaio de impacto charpy ........................................ 64

Figura 3.10. Equipamento KD2 PRO utilizado para levantamento das propriedades

térmicas dos compósitos ................................................................................................. 65

Figura 3.11. Densímetro digital DSL 910. ..................................................................... 66

Figura 3.12. Medido de pH universal HI 422x-02 ......................................................... 68

Figura 3.13. Equipamento MEV, Modelo TESCAN a 20kV de aceleração para

Micrografia Eletrônica utilizado..................................................................................... 69

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

Figura 4.1. Resíduos tratado e não tratado no ensaio de pH .......................................... 70

Figura 4.2. (a) Microscopia Eletrônica do resíduo não tratado, (b) Microscopia

eletrônica do resíduo tratado........................................................................................... 71

Figura 4.3. Comparação de resistência à tração entre os compósitos. ............................ 74

Figura 4.4. Comparação do alongamento total na tração entre os compósitos. ............. 74

Figura 4.5. Gráfico comparativo do módulo de elasticidade entre os compósitos

formulados com resíduo tratado e não tratado................................................................ 75

Figura 4.6. Comparação de resistência à flexão entre os compósitos ............................ 77

Figura 4.7. Deformação total dos compósitos com resíduos tratado e não tratado ........ 78

Figura 4.8. Módulo de elasticidade na flexão dos compósitos com resíduos tratados e

não tratados ..................................................................................................................... 79

Figura 4.9. Energia de impacto absorvida pelos compósitos ......................................... 80

Figura 4.10. (a) Resíduo não tratado apresentando resíduos na cobertura superficial da

fibra. (b) Resíduo tratado com integridade preservada................................................... 81

Figura 4.11. Micrografia eletrônica dos compósitos formulados com resíduo tratado e

não tratado imagens obtidas após ensaios mecânicos.....................................................82

Figura 4.12. Presença de fissura coesiva na matriz diagnosticada por MEV. ................ 82

Figura 4.13. Ausência de matriz polimérica na face interna dos feixes fibrosos ... .... ...83

Figura 4.14. Comportamento assumido pelo Calor Específico ...................................... 87

Figura 4.15. Comportamento assumido pela Difusividade Térmica ............................. .88

Figura 4.16 Comportamento assumido pela Condutividade Térmica.............................88

Figura 4.17 Comportamento assumido pela Resistividade Térmica...............................89

Figura 4.18. Densidade aparente dos compósitos e matriz tereftálica............................ 91

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1. Produção de dendê no Mundo em 2014...................................................... 30

Tabela 2.2. Classificação dos compósitos segundo a natureza dos constituintes........... 36

Tabela 2.3. Classificação dos compósitos poliméricos quanto à natureza da matriz ..... 40

Tabela 2.4. Principais tipos de resinas e suas características principais. ....................... 43

Tabela 3.1. Propriedades da resina Escura. .................................................................... 54

Tabela 3.2 Compósitos Formulados com resíduo tratado e não tratado. ........................ 60

Tabela 3.3. Dimensões corpos de prova. ........................................................................ 62

Tabela 3.4. Especificações e Parâmetros da Máquina de Tração e Flexão. ................... 64

Tabela 4.1. Valores de parâmetros dos ensaios de RT, ATT e MET medidos e obtidos

da ficha técnica do fabricante da matriz polimérica. ...................................................... 72

Tabela 4.2. Resultados obtidos no ensaio de tração para os compósitos e matrizes. ..... 73

Tabela 4.3. Valores de parâmetros dos ensaios de RF, ATF e MEF medidos e obtidos da

ficha técnica do fabricante da matriz polimérica ............................................................ 76

Tabela 4.4. Resultado médios obtidos no ensaio de RF ................................................. 77

Tabela 4.5. Resultados do ensaio de impacto ................................................................. 79

Tabela 4.6. Índice de Absorção de Água destilada pelos Compósitos ........................... 84

Tabela 4.7 Propriedades Térmicas dos Compósitos........................................................85

Tabela 4.8 Densidades dos compósitos formulados com resíduos tratados e não

tratados.............................................................................................................................90

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASTM – American Society for Testing and Materials

T5 – Compósito com resina tereftálica com 5% de resíduo de fibra tratada do

mesocarpo do dendê

T10 – Compósito com resina tereftálica com 10% de resíduo de fibra tratada do

mesocarpo do dendê

T20 – Compósito com resina tereftálica com 20% de resíduo de fibra tratada do

mesocarpo do dendê

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

NT5 – Compósito com resina tereftálica com 5% de resíduo de fibra não tratada do

mesocarpo do dendê.

NT10 – Compósito com resina tereftálica com 10% de resíduo de fibra não tratada do

mesocarpo do dendê.

NT20 – Compósito com resina tereftálica com 20% de resíduo de fibra não tratada do

mesocarpo do dendê

IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia

LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energia Solar

MEK-P – Canalizador da resina Poliéster

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

MOEF – Módulo de Elasticidade na Flexão

MOET – Módulo de Elasticidade na Tração

RF – Resistência a Flexão

RT – Resistência a Tração

TGA - Análise Termogravimétrica

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

NOMENCLATURAS

ε – Deformação longitudinal de ruptura

λ - Condutividade térmica

μ - Calor Específico volumétrico

LR - Limite de resistência à tração

Fmax - Tensão máxima aplicada

So - Área inicial

E - MOE ou módulo de Young em MPa ou N mm2

σ - Tensão aplicada medida em pascal ou Nm-2

ε - Deformação elástica longitudinal do corpo de prova (adimensional)

Mv - Média dos valores obtidos

R - Resistência a Flexão

- carga máxima aplicada em pascal ou Nm2

– distância entre os pontos de apoio em centímetro

b – largura dos corpos de prova em milímetro

d – espessura dos corpos de prova em milímetro

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

LISTA DE UNIDADES

GPa – Gigapascal, unidade padrão de Pressão

MPa – Megapascal, unidade de medida de pressão

ºC – graus Celsius, medida de temperatura S.I

MJ/m3k – Megajoule por metro cúbico Kelvin

mm2/s – milímetro quadrado por segundo

W/mK – watt por metro kelvin

°C·cm/W – Grau centígrado centímetro por watt

g/cm3 – gramas por centímetro cúbico

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

RESUMO

A utilização de materiais de origem vegetal, sejam eles resíduos ou não, como

carga ou reforço em compósitos poliméricos tem crescido principalmente devido ao

apelo ecológico. Apesar de várias utilizações do resíduo do mesocarpo de origem da

prensa do dendê já tenham sido estudadas sua utilização em compósitos poliméricos

ainda não atraiu o interesse de pesquisadores. Assim, o objetivo principal deste trabalho

foi apresentar a viabilidade de processamento e utilização como carga dos resíduos

proveniente da prensagem do mesocarpo do dendê em compósitos que utilizam resina

poliéster tereftálica (escura) como matriz. A fibra do mesocarpo do dendê foi coletada

sem custo em indústria de extração do óleo de dendê, as fibras são deixadas sem

acondicionamento adequado, esse armazenamento expõe o rejeito às intempéries

naturais, aparecimentos de fungos, insetos, e expõe também a umidade intensa e a

contaminantes como areia. Avaliou-se também o efeito da limpeza superficial da fibra

(resíduo) utilizando o processo de descontaminação pela lavagem com água corrente e

imersão em água fervente durante 1 hora. Foi utilizado um processo de conformação por

prensa em molde fechado,sendo escolhidas as formulações com percentuais de fibras

em massa de 5%, 10% e 20%, Assim como, com fibra não tratada nas proporções de

5%, 10% e 20%, para fibras tratadas e não tratadas.. Os resultados da caracterização

mecânica mostram que os compósitos formulados com resíduo tratado apresentaram

melhor desempenho mecânico em relação aos compósitos com resíduos não tratados.

Estes resultados puderam ser comprovados pela análise microscópica, onde se observou

problemas na região de interface em ambos os compósitos e principalmente nos

compósitos adicionados com resíduo não tratado. As demais propriedades físicas,

químicas e térmicas analisadas, observou-se a diminuição destas conforme se

adicionava resíduo, seja ele tratado ou não tratado, ao compósito. Mesmo diante da

interferência negativa da adição, o compósito foi viável e a utilização do resíduo pode

contribuir para diminuir o impacto ambiental causado pelo descarte aleatório ou destino

inapropriado do resíduo utilizado.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

Palavras-chave: materiais de origem vegetal; compósitos poliméricos, resina

poliéster tereftálica; resíduos.

ABSTRACT

Interest in use of plant materials, whether waste or not, as cargo or reinforcement

in polymer composites has grown mainly due to ecological appeal. Despite several

mesocarp residue uses of palm oil press of origin have already been studied its use in

polymer composites not even attract the interest of researchers. In the low southern

coast of Bahia, extraction industries and palm oil processing not have use policies of

this waste which may present potential source of income and profit. But the biggest

problem in the application of these materials in polymer composites is the lack of

interfacial adhesion between matrix and fiber plant mainly by the presence of residual

oil covering its surface. Thus, the main objective of this paper is to present the

processing feasibility and use as loading waste from the oil palm mesocarp pressing in

composites using teraftálica polyester resin (dark) as matrix. It also assessed the effect

of cleaning the surface of the fiber (residual) using the decontamination process by

washing with water and immersion in boiling water for 1 hour. The manual

manufacturing process was used because of its simplicity can be passed easily. was

fabricated composite fiber is in a ratio of 5%, 10% and 20% As with untreated fiber in

proportions of 5%, 10% and 20%. Mechanical characterization results show that

composites formulated with treated waste with better mechanical performance

compared to composites with untreated waste .The manual manufacturing process was

used because of its simplicity and low cost and can easily passed. Mechanical

characterization results show that composites formulated with treated waste with better

mechanical performance compared to composites with untreated waste. These results

could be confirmed by microscopic analysis, when there was trouble in the interface

region in both composites and especially in composites added with untreated waste. The

other physical, chemical and thermal properties analyzed, such as decreased residue is

added, whether treated or untreated was observed when the composite. Even with the

negative interference ta addition, the composite is feasible and the use of the residue can

contribute to decreasing environmental impact cause by random or inappropriate

disposal of the used target residue.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

Keywords: material of plant origin; polymer composite, teraftálica polyester resin;

residue.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

22

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

1.1. Apresentação do trabalho

O Brasil apresenta condições de clima, relevo, níveis de radiação solar entre

outros fatores que são favoráveis ao cultivo do dendezeiro: palmeira de origem africana

que produz o coco de dendê. Os estados do Amapá, Bahia em grande parte da extensão

do litoral sul e, principalmente o estado do Pará, são as regiões mais favoráveis ao

cultivo deste fruto apresentando excelente produtividade (EMBRAPA, 2010).

O fluxo produtivo do óleo de dendê inicia-se desde a produção agrícola,

passando pela extração do fruto, refino até a oleoquímica. A indústria oleoquímica,

processa o óleo de dendê transformando-o em insumos de alto valor comercial que

serviram como matéria prima para as indústrias química, farmacêutica e alimentícia

onde são produzidos bens de consumo, que posteriormente serão disponibilizados ao

consumidor final (MOJU, 2005).

Estima-se que a Produção Mundial de Óleo de Palma 2014/2015 será entorno de

63 milhões de toneladas (Revista Óleo e Gordura P 20-24, 2013). Quando comparamos

a produção média entre o referido biênio e a produção mundial do óleo de dendê de

dendê em 1980 de quase 300 mil toneladas, é possível entender a importância do óleo

de palma no mercado mundial de gorduras de origem vegetal (OIL WORD, 1998).

Conforme exposto pode-se prevê forte tendência de crescimento na produção de óleo de

palma principalmente pelo seu crescente uso na produção de biodiesel.

A extração do óleo de dendê produz grande quantidade de resíduos que não são

bem aproveitados. Para cada tonelada de frutos de dendê utilizados é extraído 20% de

óleo bruto e 5% de óleo de palmiste. O restante são subprodutos tais como: 1,5% de

torta de palmiste, 3,5% de engaços, 22% de fibras da prensagem do mesocarpo (torta de

dendê), 12% de cascas e uma enorme quantidade de efluentes líquidos, denominado

Palm Oil Mill Effluent (POME) (FURLAN, 2006).

Os resíduos do tipo cacho são jogados em terrenos para servirem de adubos da

mesma forma que as cinzas resultantes da queima da biomassa em caldeiras que geram

vapor para extração do óleo. O casquilho e a bucha da despolpa são armazenados como

biomassa para alimentação de caldeiras industriais ou as mesmas que geram vapor para

extração de óleo do fruto de dendê (FURLAN, 2006). A torta de palmiste pode ser

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

23

amplamente utilizada na composição de rações para a alimentação de animais

domésticos.

O surgimento de novas tecnologias, principalmente a partir dos anos 80,

promoveu o desenvolvimento da agroindústria no Brasil colocando-a em posição de

destaque no processo de desenvolvimento do país. Tal desenvolvimento teve como

consequência o aumento de produção, melhoria na qualidade dos produtos, maior

lucratividade e outros benefícios (GASQUES & BASTOS, 2003).

A agroindústria gera significativa quantidade de resíduos como casca de arroz,

bagaço de cana-de-açúcar, rama da mandioca, sabugo e palha de milho e outros

(VIEIRA, 2012). Esses rejeitos quando não destinados de maneira apropriada podem se

tornar fontes de poluição.

Os significativos avanços no desempenho do agronegócio implicaram no

aumento do consumo de insumos e da geração de resíduos nas atividades agropecuária

agroindustrial. A pesquisa científica aponta a partir da década de 1980, para

agravamento de problemas ambientais globais, como a destruição da camada de ozônio,

efeito estufa e o comprometimento da biodiversidade, além dos impactos locais

provenientes da geração de resíduos líquidos e sólidos. Esses problemas demandaram

rediscussão do modelo de desenvolvimento que se mostrava limitados por seus efeitos

sobre a sustentabilidade (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE DO BRASIL, 2000).

A Figura 1.1 apresenta o potencial de utilização de resíduos de origem vegetal e

animal.

Figura 1.1. Potencial de utilização de resíduos de origem vegetal e animal.

Já existem alguns estudos para avaliar a utilização desses materiais orgânicos

como reforços ou substituição de materiais tradicionais utilizados na indústria.

Pretende-se retomar essa discussão no sentido de ampliá-la para materiais que não

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

24

provoquem danos à saúde, possam ter suas propriedades melhoradas e não causem

danos ao meio ambiente.

Portanto, a redução dos resíduos e rejeitos gerados pela indústria do agronegócio

e, desenvolvimento de novas tecnologias capazes de transformar tais subprodutos em

produtos em substituição a outros não renováveis (ROSA, 2011). “Um bom exemplo é a

adoção crescente do conceito de biorefinaria, cuja lógica é análoga às refinarias de

petróleo e integra processos visando à valorização total da matéria-prima. (LEISTRITZ

et al., 2007)”.

Estudos exaustivos ainda são necessários para se estabelecer processos de

fabricação, tratamentos adequados e aplicações eficientes para melhor aproveitamento

desses resíduos de origens vegetais. Em se tratando da fibra resultante da prensagem do

mesocarpo da cultura do dendê ainda existem espaços para desenvolvimento de novas

técnicas que agreguem maior valor aos resíduos da dendeicultura. O resíduo em

questão, quando originado de usina de biodiesel, apresenta-se em bom estágio de

processamento químico e mecânico, com fibras individualizadas e em pequenas

partículas (ROSA et al., 2010).

Dentre as pesquisas voltadas ao aproveitamento desses resíduos, destaca-se a

obtenção de nanoestruturas de celulose, que são materiais especialmente indicados para

melhorar o desempenho físico-mecânico de filmes e embalagens. (ROSA et al., 2010).

Já existem alguns estudos para avaliar a utilização desses materiais orgânicos

como reforços ou substituição de materiais tradicionais utilizados na indústria.

Pretende-se retomar essa discussão no sentido de ampliá-la para materiais que não

provoquem danos à saúde, passam ter suas propriedades otimizadas e não causem danos

ao meio ambiente (SILVA, 2010).

A caracterização do compósito será feita obedecendo às normas pertinentes

ASTM e ABNT. Serão avaliadas dentre outras a condutividade térmica, as resistências

mecânicas a tração e flexão e dureza, a absorção de umidade.

Realizou-se ampla pesquisa bibliográfica sobre a utilização das fibras de dendê e

a proposta apresentada tem ineditismo científico para o fim pretendido. Esse estudo tem

por objetivo principal encontrar melhor destinação e utilização de resíduos (bucha) de

dendê evitando seu descarte no ambiente. Anteriormente, no Mestrado, já foi utilizada a

cinza do dendê proveniente da queima de resíduos em caldeira, para a fabricação de

compósito de matriz cerâmica.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

25

Para se ter uma ideia do potencial de utilização do resíduo proposto, basta

observar os dados de produção de fibras de cinzas oriundas do mesocarpo do dendê

corresponde, respectivamente, a 12% e 4% da massa fresca ou de cachos. Com base

nessas informações, estima-se que em uma usina com processamento anual de 30.000 t

de cachos, sejam gerados 3.600 t de fibras de mesocarpo. A Figura 1.2 mostra os

resíduos gerados do mesocarpo da extração do óleo de dendê.

Figura 1.2. Resíduos do mesocarpo da extração do óleo de dendê.

Face ao exposto, não só o uso já popularizado do óleo de dendê, contudo a

intensificação no seu uso para produção de biodiesel nasce à necessidade de destinar

corretamente os resíduos gerados durante o processamento do fruto. Um dos maiores

desafios da humanidade neste século é reestruturar seu modo de produção e consumo da

energia de maneira que não seja autodestrutivo, e consequentemente cause menos danos

ao ambiente natural.

Um caminho possível a seguir é a melhoria em seus processos produtivos

visando diminuir os insumos e rejeitos industriais, e em decorrência disso o aumento da

eficiência desses processos bem como a redução do custo de produção é inevitável

(ASTM D3039, 2000).

Estudos para utilização de materiais lignocelulósicos como reforço ou carga em

compósitos, principalmente de fibras vegetais (sisal, juta, coco, banana, curauá)

(AQUINO 2004), em compósitos de matriz termofixa e/ou termoplástica tem gerado

inúmeras pesquisas visando o melhor aproveitamento desses materiais. Os materiais

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

26

compósitos são aplicados em diversas áreas, desde a indústria automotiva (ASTM A

570, 2000), embalagens até a na construção civil.

Esse estudo tem por objetivo principal encontrar melhor destinação e utilização

de resíduos do mesocarpo do dendê evitando seu descarte no ambiente. Anteriormente,

no Mestrado, já foi utilizada a cinza do dendê proveniente da queima de resíduos em

caldeira, para a fabricação de compósito de matriz cerâmica.

Será fabricado um compósito a partir das fibras do mesocarpo oriundos da

extração do dendê para fabricação de azeite. As fibras serão extraídas, tratadas e em

seguida misturadas à resina teraftálica para a obtenção do compósito desejado. Serão

experimentadas várias proporções de fibras em função das propriedades mecânicas e

térmicas pretendidas. O tamanho e a direção das fibras também serão avaliados..

A caracterização do compósito será feita obedecendo às normas pertinentes e

serão avaliadas as propriedades térmicas, calor específico, condutividade, resistência e

difusividade térmica e as propriedades mecânicas como: resistências mecânica a tração,

flexão e impacto; assim como: absorção de água, densidade aparente, termogravimetria

(TGA) e DSC e mecanismos de fratura utilizando a microscopia eletrônica por

varredura (MEV).

1.2. Objetivos

1.2.1. Geral

Demonstrar a viabilidade tecnológica dos compósitos formulados com resina

poliéster teraftálica (escura) acrescidas de resíduo de fibras do mesocarpo do fruto do

dendê nas porções de 5, 10 e 20% em massa.

1.2.2. Específicos

Desenvolver um método de aproveitamento das fibras provenientes da

extração do dendê;

Tratar as fibras e estudar os efeitos do tratamento sobre as propriedades

mecânicas;

Desenvolver o processo de fabricação do compósito;

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

27

Determinar as propriedades mecânicas e térmicas do compósito com

proporções de mistura variadas;

Estudar a razão reforço/matriz do compósito.

Analisar a microestrutura do compósito e verificar os mecanismos de

fraturas no compósito idealizado;

Caracterizar física, química e mecanicamente os compósitos para as

proporções escolhidas;

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

28

CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta conceitos importantes sobre o tema escolhido. Estes

conceitos servirão como elementos auxiliares no entendimento acerca da análise

proposta justificando a importância desses materiais e componentes no estudo de

caracterização tecnológica.

2.1. O dendê

A cadeia produtiva do dendê ou óleo de palma, que vai da produção agrícola,

passando pela extração, refino e seguindo até a oleoquímica, produz insumos e bens de

consumo final de alto valor comercial, base para as indústrias química, farmacêutica e

alimentícia.

Um complexo agrícola-oleoquímica baseado no dendê, impõe crescentes e

novos encadeamentos industriais a partir oleoquímica de básicos: ácidos graxos, álcoois

graxos , aminas e amidos graxos e glicerina. É um dos mais promissores campos, tanto

pela elevada participação da biotecnologia, como pelas possibilidades de investimentos

em capital na alta tecnologia.

A produção brasileira, estimada em 70.000 toneladas de óleo de dendê/ano, é

proveniente de dendezais subespontâneos, com produtividade que varia de 1 a 5

toneladas de cachos/ha, com rendimento de 10 a 13% de óleo. Esse rendimento é baixo

quando comparado com áreas plantadas com material melhorado que produzem em

média de 15 a 20 toneladas de cachos / ha, com rendimento de 20% (CEPLAC, 2000).

A Figura 2.1 revela o carregamento de cachos de dendê após a extração do óleo

Figura 2.1. Carregamento de cachos de dendê após a extração de óleo.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

29

No Sul da Bahia, o dendezeiro subespontâneo é conhecido pelos nomes vulgares

de “comum”, “caroço duro” ou “crioulo”. Outras denominações como “periquito” ou

“dendê das almas” são usuais. Apesar da baixa produtividade os dendezais

subespontâneos vêm sendo explorados extensivamente durante décadas por processos

artesanais de extração de óleo, visando atender à demanda interna do País.

Um dos maiores desafios da humanidade no próximo século será descobrir o

caminho para reestruturar seu modo de produção e consumo da energia, de maneira que

não seja autodestrutivo e que não degrade o meio ambiente. E um desses caminhos é a

utilização das energias renováveis que não produzem emissões de gases de efeito estufa.

2.1.1. Caracterização da cultura do dendê

O dendezeiro é uma palmeira de origem africana trazida para o Brasil no século

XVII, pelos escravos. A planta pertence à família das ericáceas, se propaga por meio de

sementes é a oleaginosa cultivada de maior produtividade, chegando a produzir mais de

8 toneladas de óleo por hectare ao ano (SILVA, 2010).

A dendeicultura é uma atividade de grande importância socioeconômica,

principalmente nos territórios Baixo Sul e Litoral Sul da Bahia, caracterizada por

pequenas propriedades com solos arenosos e areno-argilosos onde a cultura se adapta

muito bem e garante oportunidade de trabalho e renda para milhares de agricultores

familiares. Tamanha é a influência desta cultura que essa Região Litorânea foi

denominada como “COSTA DO DENDÊ”. A Figura 2.2 revela uma plantação de

dendê, na região de Valença.

Figura 2.2. Plantação de dendê em Valença no Estado da Bahia.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

30

O Estado da Bahia, com uma notável diversidade de clima e solos propícios ao

cultivo do dendê, abriga uma área apta disponível de terras situadas nas regiões

litorâneas, que se estendem desde o Recôncavo até os tabuleiros do Sul do Estado.

A maior parte da produção correspondendo a 10.000 toneladas de óleo provém

dos dendezeiros subespontâneos de baixa produtividade, localizados nos municípios de

Valença, Taperoá, Nilo Peçanha, Ituberá e Camamu, que ocupa uma área de 19.650

hectares.

Os dendezeiros cultivados são responsáveis pelo restante da produção, cerca de

5.000 toneladas, em uma área equivalente a 11.500 hectares, que também apresentam

baixa produtividade, por ter ultrapassado o período de produção econômica (25 anos) e

por si encontrarem em estado sanitário precário.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção

produção mundial do óleo de dendê entre o biênio 2015/2016 ficará pouco mais de 65

milhões de toneladas, um aumento de 3% quando comparado ao biênio de 2014/2015. A

Tabela 2.1 apresenta a produção mundial de dendê registrada em 2014.

Tabela 2.1. Produção de dendê no mundo em 2014.

Produção Global de Palma por País

País Produção

Indonésia 33,5 milhões

Malásia 21,5 milhões

Outros 4,3 milhões

Tailândia 2,25 milhões

Nigéria 930 mil

Fonte: Revista óleos & Gorduras, 2015.

2.1.2. Histórico e trajetória no Brasil

O dendezeiro é uma planta originária da costa ocidental da África (Golfo da

Guiné), sendo encontrada em povoamentos subespontâneos desde o Senegal até Angola.

Saiu para outras partes do mundo sob os mais variados pretextos, e onde encontrou

condições favoráveis adaptou-se e passou a integrar a flora local.

Estudos desenvolvidos por Souza (2000) vai nortear a discussão que trazemos a

seguir por ser considerado um historiador

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

31

Descobertas arqueológicas indicam que há mais de 5.000 (cinco mil) anos o óleo

de dendê já era comercializado no continente africano como óleo comestível. Por outro

lado a história registra que a comercialização do óleo de dendê teve início no século

XVI, quando pequenas quantidades de óleo eram então adquiridas pela Inglaterra como

medicamento, pelo fato de serem atribuídos ao dendê outras propriedades medicinais

(SOUZA, 2000)

Esse comércio foi mantido nos séculos seguintes sem grande desenvoltura, mas

entremeado com alguns embarques esporádicos. Todavia, somente a partir do século

XIX é que foi estabelecido, de fato, o mercado regular de óleo de dendê entre a África e

a Europa. Em 1830 as exportações africanas alcançaram 14 mil toneladas/ano, passando

para 30 mil em 1870. Durante a revolução industrial cresceram as exportações, pois o

óleo de dendê encontrou pronto uso nas indústrias de vela e sabão e, especialmente,

como lubrificante nas estradas de ferro (SOUZA, 2000).

Embora o óleo de dendê naquela época fosse altamente demandado por outros

seguimentos industriais foi, sem dúvida alguma, o seguimento da margarina, em 1869,

que estabeleceu definitivamente o futuro do óleo de dendê no mercado mundial.

Nas primeiras décadas do século XX a cultura do dendê foi introduzida no

Sudoeste da Ásia, onde surpreendentemente transformou-se num dos eventos mais

importantes da Agricultura mundial. A experiência da Malásia contribuiu de forma

decisiva para o desenvolvimento da dendeicultura em várias partes do mundo.

Na Malásia, a Elaeis Guineensis foi introduzida em 1875, no Jardim Botânico de

Singapura, onde foram semeadas as primeiras plantas provenientes de Peradeniya, tendo

esta introdução interesse puramente ornamental (SOUZA, 2000)

Na Indonésia, nos arredores de Deli, em Sumatra, no ano de 1870 foram

plantadas algumas palmeiras introduzidas como plantas ornamentais. A descendência

destas palmeiras tornou-se conhecidas como “dura Deli”, ou apenas “Deli”,

caracterizando-se por produzir cachos pesados, frutos grandes com elevada percentagem

de polpa (SOUZA, 2000)

As primeiras referências sobre o dendê no Brasil remontam ao século XVI,

coincidindo, portanto, com o início do período de tráfico de escravos entre a África e o

recôncavo baiano.

O Brasil possui grande área de solo propício à cultura do Dendê, somando, pois,

aproximadamente 50.000 km2 distribuídos no norte – Pará (região Bragantina)

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

32

Amazônia Ocidental, Amapá; e o nordeste - Bahia (precisamente no Sul), pode-se

observar, assim, um plantio não condizente com tal potencial em termos de extensão

(SOUZA, 2000).

O Brasil é o terceiro produtor de dendê do continente Americano, com cerca de

60.000 ha de área plantada, atrás da Colômbia com 120.000 ha e do Equador com

90.000 ha.

A Estação Experimental do Rio Urubu na Amazônia é a mais importante estação

de pesquisa de dendê do continente, e a cultura, o principal e melhor exemplo de

atividade agrícola bem sucedida na Amazônia.

Apesar desses fatos positivos a expansão da atividade ficou aquém do previsível

e do potencialmente possível. No Amazonas existe um pouco mais de 3.000 ha de área

plantada e 2.000 ha em exploração. Foi no Pará onde o dendê experimentou a sua maior

expansão (SOUZA, 2000).

O dendezeiro (Elaeais guineensis Jaquim) é uma palmeira originária da costa

ocidental da África (Golfo da Guiné), sendo encontrada em povoamentos

subespontâneos desde o Senegal até Angola.

O fruto do dendê produz dois tipos de óleo: o óleo de dendê ou de palma (palm

oil, como é conhecido no mercado internacional), extraído da parte externa do fruto, o

mesocarpo; e o óleo de palmiste (palm kernel oil), extraído da semente, similar ao óleo

de coco e de babaçu.

O óleo originário desta palmeira, o azeite de dendê, consumido há mais de 5.000

anos, foi introduzido no Brasil, a partir do século XVII, através do tráfico de escravos, e

adaptou-se bem ao clima tropical úmido do litoral baiano. No contexto atual, os

principais produtores são: a Malásia, a Indonésia e a Nigéria, sendo o Brasil 11º

produtor mundial.

No Brasil, o Pará é o principal produtor, com 70% da produção nacional, em

seguida vêm os estados da Bahia e Amapá. A região Sudeste da Bahia possui uma

diversidade excepcional de solos e clima para o cultivo do dendezeiro, com uma

disponibilidade de área da ordem de 854.000 hectares. (MOJÚ, 2005)

2.1.3. Potencial da cultura do dendê

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

33

O óleo de dendê ou palma ocupa hoje o 2° lugar em produção mundial de óleos

e ácidos graxos, representando 18,49% do consumo mundial. Graças ao seu baixo custo

de produção, boa qualidade e ampla utilização, o óleo de dendê é um dos mais

requeridos como matéria-prima para diferentes segmentos nas indústrias oleoquímica,

farmacêuticas, de sabões e cosméticos.

Seu uso principal é na alimentação humana, responsável pela absorção de 80%

da produção mundial, no fabrico de margarinas, gorduras sólidas, óleo de cozinha,

maionese, panificação, leite e chocolate artificiais e tantos outros produtos da indústria

alimentícia e para fritura industrial. O fruto do dendê produz dois tipos de óleos: Óleo

de dendê, extraído da parte externa do fruto, o mesocarpo (22%); e o Óleo de palmiste,

extraído da semente (3%) (MOJÚ, 2005).

Atualmente, portanto, é possível afirmarmos que a cultura do dendê é hoje, uma

das mais importantes atividades agroindustriais das regiões tropicais úmidas, e poderá,

no futuro, desempenhar papel ainda mais importante, por ser uma excelente fonte

geradora de empregos no meio rural.

Ao mesmo tempo, é considerada uma cultura com forte apelo ecológico, por

apresentar baixos níveis de agressão ambiental, adaptar-se a solos pobres, protegendo-o

contra a lixiviação e erosão e "imitar" a floresta tropical.

A dendeicultura tem ainda, a capacidade de ajudar na restauração do balanço

hídrico e climatológico, contribuindo de forma expressiva na reciclagem e "seqüestro de

carbono" e na liberação de O2, contribuindo assim no combate da elevação excessiva

das temperaturas médias do Planeta.

A Figura 2.3 mostra o dendezeiro ( Elaeis guineenses, Jacq.) cujo plantio alcança

produtividade de ate 30 toneladas/ano e tem vida produtiva de 25 anos.

Figura 2.3. O dendezeiro, o cacho e os frutos.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

34

Outra característica marcante nesta cultura é a possibilidade do seu

aproveitamento com fonte energética alternativa para o biodiesel, pelo seu alto potencial

de produção por unidade de área.

2.1.4. Resíduos gerados

A geração de resíduos está associada ao desperdício no uso de insumos, as

perdas entre a produção e o consumo, e aos materiais sem valor econômico evidentes

gerados ao longo da cadeia agroindustrial.

Considerando os aspectos já expostos. o processamento dos cachos de frutos do

dendê para a extração de óleo são obtidos os seguintes subprodutos:

Fibras e cachos vazios, que podem ser utilizados como adubo sólido ou como

fonte de energia para dispositivos de cozimento dos frutos de dendê;

Amêndoas, que podem ser encaminhadas para usinas específicas para extração

do óleo de palmiste como subprodutos da casca das amêndoas ( fonte de energia

para caldeiras) e a torta de palmiste ( alimentação de animais domésticos);

Efluentes, que podem ser utilizados como fertilizantes líquidos após tratamento

específico.

2.2. Materiais compósitos

2.2.1. Definições de materiais compósitos

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

35

Materiais compósitos tem sua origem dada pela combinação macroscópica de

dois ou mais matérias com propriedades distintas, cuja suas características se diferem

aos dos materiais que o originou. Um dos elementos que constituem um compósito é

denominado matriz e os demais são conhecidos como reforço (CALLISTER, 2012).

Outra definição para compósitos são materiais que possuem dois ou mais

constituintes quimicamente distintos numa escala microscópica, separados por uma

interface, sendo muito importante para a especificação destes constituintes. A matriz é o

constituinte contínuo, mas nem sempre presente em maior quantidade. O segundo

constituinte, disperso na matriz, é citado como uma fase de carga ou reforço, que

atua aprimorando as propriedades mecânicas da matriz (OLIVEIRA, 2007).

Para AI-Qureshi (Oliveira, 2007), materiais compósitos (ou,

abreviadamente, compósitos) são materiais de moldagem estrutural (também chamados

de materiais de engenharia) feitos de dois ou mais materiais constituintes,

com suas próprias propriedades, e que, juntos, resultam em um material com

propriedades realçadas ou diferentes das dos materiais originais.

Existem duas categorias de materiais constituintes: matriz e reforço, sendo

necessária ao menos uma porção de cada tipo. O material do tipo matriz envolve e

suporta os materiais reforços, mantendo-os em sua posição relativa. Os materiais de

reforços conferem propriedades físicas (elétricas ou mecânicas) especiais ao todo.

Além disso, uma sinergia entre a matriz e os reforços pode

produzir propriedades não disponíveis nos materiais originais.

A função básica do elemento denominado de matriz em materiais compósitos é

agir como um meio de transferência ou distribuição de carga para os reforços através do

cisalhamento. Outra função da matriz em um compósito é proteger o reforço da abrasão

mutua, danos provocados por agentes externos evitando assim a degradação pré-matura

do reforço (LION, 2013).

Diante do exposto as definições de compósitos não apresentam critérios

distintos e heterogêneos, e para aplicações estruturais, deve-se considerar os

três fundamentos:

União de dois ou mais materiais fisicamente distintos e separáveis

mecanicamente;

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

36

Pode ser produzido de modo a ser possível controlar a proporção de

cada um dos elementos utilizados para a sua fabricação, objetivando-

se obter propriedades ótimas;

As propriedades obtidas no composto são superiores e, possivelmente,

únicas, se comparadas aos componentes em separados.

Os materiais compósitos são usualmente classificados pela natureza dos

materiais que os compõem e estão divididos em duas grandes categorias: materiais

compósitos naturais e sintéticos, conforme apresentado na Tabela 2.2. (CALLISTER,

2012).

Tabela 2.2. Classificação dos compósitos segundo a natureza dos constituintes.

Natureza dos Materiais Exemplos

Materiais Compósitos

Naturais

- Madeiras

- Ossos

- Músculos

Sintéticos - Plástico reforçado

- Concreto armado

Fonte: Callister, 2012.

Dentre os materiais compósitos de ocorrência natural, podem-se citar os

ossos de animais e as madeiras de árvores. Dentre os materiais criados pelo

homem, pode-se citar o concreto armado, que é um material compósito de cimento

portland e de aço, e a fibra de vidro conforme visto na Tabela 2.2.

Os compósitos naturais tem sua origem na natureza não havendo intervenção

humana em sua produção. Já os materiais compósitos denominados de sintéticos são

produzidos através da atividade humana indústrial (CALLISTER, 2012).

As matrizes utilizadas em compósitos podem ser do tipo cerâmico, polimérico

e metálico conforme mostra a figura 2.4.

Figura 2.4. Tipos de matrizes utilizadas em compósitos.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

37

Fonte: Callister 2009.

Os materiais compósitos para aplicações estruturais tem se desenvolvido nos

últimos 20 anos. A principal motivação para todo esse processo de desenvolvimento é a

possibilidade de se obter materiais com propriedades mecânicas e físicas que se

assemelham às encontradas no aço e na madeira (SANTOS, 2006).

Os materiais poliméricos sem adição de reforço ou carga nem sempre

apresentam características necessárias para serem aplicadas diretamente na fabricação

de uma peça. Por esse motivo elementos modificadores de suas propriedades:

resistência à tração e flexão; resistências químicas a ataques ácidos e básicos;

resistências à deformação ao calor são aplicadas com o objetivo adequar tais

propriedades a sua aplicação final. Nesse contexto os materiais compósitos surgem

como alternativa para melhoria destas propriedades (LIMA, 2007).

Os principais componentes dos compósitos poliméricos são basicamente

dois: o componente estrutural, que pode ser de natureza fibrosa ou pulverulenta, e o

componente matricial, que pode ser de natureza termoplástica ou termofixa. Como

componentes estruturais de reforço podem ser utilizados materiais orgânicos ou

inorgânicos, sendo de grande importância, pois, além de fornecerem resistência e

rigidez ao compósito, podem melhorar as propriedades físicas e químicas.

A escolha de um reforço é bastante complexa, pois existem variações de tipos,

formas e tamanhos entre outros fatores. Mais de um tipo de reforço podem ser aplicados

em um compósito formando uma combinação híbrida. Os principais requisitos para

escolha de um reforço são: melhoria na qualidades desejadas, baixa absorção de

umidade, baixo custo, disponibilidade e compatibilidade com a matriz.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

38

Reforços utilizando fibras são os mais utilizados em compósitos poliméricos:

fibras de vidro, boro, carbono, kevlar, fibras vegetais dentre outras. Em geral, reforços

sintéticos se apresentam sob a forma de fios contínuos, mantas (fios picotados

multidirecionais) ou tecidos (MOTA, 2009).

As cargas minerais são massivamente utilizadas em compósitos poliméricos.

Entre outras razões que motivam seu uso uma das mais importantes seria a redução de

custo, pois estas diminuem a quantidade de polímero empregado na fabricação da peça.

Outras razões que justificam seu uso é a melhoria do processamento,

modificação da densidade, mudanças de aspectos visíveis, controle de dilatação térmica,

retardo de chamas, modificações das propriedades térmicas, resistência elétrica e

susceptibilidade magnética, além de melhora de propriedades mecânicas, tais como a

dureza módulo de elasticidade (GARAY, 2010).

“Por exemplo, a metacaulinita é usada como carga de plásticos de revestimento

de cabos elétricos para fornecer refratariedade elétrica; outros, como a muscovita, são

usados em compósitos como retardadores de chama (CIMINELLI, 1998)”. Assim,

mesmo considerados como carga, pois há diminuição das propriedades mecânicas

quando adicionados ao compósito, à carga pode melhorar outras propriedades do

compósito trazendo vantagens em sua utilização. Vantagens econômicas também

justificam a utilização de cargas sejam elas rejeitos minerais ou naturais.

A Figura 2.5 apresenta o esquema resumido da função de um reforço e as

principais propriedades, avaliadas para verificação desempenho de um compósito. O

reforço tem como principal objetivo melhorar as propriedades físicas e químicas de um

compósito, e através das propriedades avaliadas comprovarem, os ganhos e perdas

ocasionadas pela adição do reforço estudado.

O ciclo é iniciado pelos agentes produtores que servem de alimento para os

seres consumidores e decompositores. Seres decompositores se alimentam dos seres

consumidores e o ciclo se fecha pela alimentação dos seres produtores pelos seres

decompositores. Neste ciclo natural não há vestígios de resíduos ou rejeitos.

Figura 2.5. Propriedades avaliadas para verificação do desempenho de um compósito.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

39

Fonte: Adaptado Lion 2013.

Polímeros sintéticos como resina poliéster e acrílica, plásticos como polietileno e

PVC são matrizes frequentemente utilizadas como matrizes para processamento de

compósitos poliméricos.

Normalmente o processamento desses tipos de compósitos não envolvem

pressões ou temperaturas elevadas garantindo que o reforço não sofra degradação

significativa quando comparadas a compósitos fabricados com outras

matrizes, tais como metálicas, cimentícias e outras (LION, 2013).

Além das vantagens já citadas, os compósitos utilizando matriz polimérica

utilizam equipamentos simples e fáceis de utilizar não envolvendo riscos para os

operadores da máquina. Por estas razões, os compósitos com matrizes poliméricas se

desenvolveram rapidamente e logo se tornaram aceitos para aplicações estruturais

(MOTA, 2009).

A qualidade da região ou área de interação entre a matriz e o reforço, é um fator

fundamental no desempenho mecânico do compósito. Para que ocorra tal interação é

essencial à existência de uma área de contato maior possível entre os componentes

constituintes do compósito.

Quanto maior de contato na interface, maior a possibilidade de ocorrer entre os

dois componentes uma interação de natureza física, química ou físico-química. A

interface envolve a existência de uma região de transição química e física ou gradiente

na fronteira. Em um compósito reforçado com fibras, por exemplo, pode-se dizer que

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

40

existem três fases: a superfícies da fibra, a interface fibra/matriz e a matriz (OLIVEIRA,

2007).

Em geral, as ligações na interface são descritas em termos de forças

intermoleculares e energia livre na superfície. Na prática, os fatores que influenciam na

interação interfacial são: umidade, reação química, adsorção e difusão, camada de

tensão residual, morfologia da superfície e efeito da rugosidade (OLIVEIRA, 2007).

Em relação ao peso, os compósitos revelam propriedades mecânicas que

podem exceder consideravelmente às dos metais. A combinação de excelentes

propriedades mecânicas e leveza estrutural tornam os compósitos interessantes materiais

para a engenharia (CALLISTER, 2012).

Na procura constante do reaproveitamento de resíduos industriais surgem como

uma das formas viáveis a fabricação de materiais compósitos. A utilização de rejeitos

para melhorar o desempenho de materiais poliméricos pode ser avaliada sob vários

aspectos tais como: redução de peso, maior resistência mecânica, maior resistência ao

desgaste, melhor estabilidade térmica, diminuição da utilização de polímeros na

fabricação de peças dentre outras.

2.2.2. Matrizes termoplásticas e termofixas

Dentro da classe dos materiais compósitos sintéticos, os que mais se

destacam são os de matriz polimérica devido ao grande número de aplicações estruturais

como listados na Tabela 2.3. Ainda na citada tabela, observa-se que as matrizes

poliméricas se classificam em: termoplásticas e termofixas. Para Vincenzine (1995 apud

Lion, 2012), as matrizes poliméricas são as mais utilizadas devido à versatilidade de

formulação e baixo custo de processamento, quando comparadas com outras matrizes.

Tabela 2.3. Classificação dos compósitos poliméricos quanto à natureza da matriz

Classificação Tipos de

Matrizes

Reforços fibrosos mais

usados

Compósitos de Matriz

Polimérica

Termoplásticas

Termofixas

Vidro

Carbono

Kevlar ou Aramida

Vegetais

Fonte: Callister , 2009.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

41

As matrizes termoplásticas quando submetidas à elevada temperatura apresenta

alta viscosidade podendo ser moldada. Exemplos são os polietilenos de diversas

densidades e policloreto de vinila (PVC) e poliéster saturado (PET).

Já as matrizes poliméricas termorrígidas após processo de polimerização não é

possível sua moldagem, pois a elevada temperatura não interfere em sua viscosidade

permitindo sua moldagem. Exemplos são as resinas poliéster, epóxi e fenólicas.

As características tecnológicas, que impõem diferentes processos

tecnológicos, são a base da classificação dos polímeros termoplásticos e termofixos

(termorrígidos). Os polímeros lineares ou ramificados, que permitem fusão por

aquecimento e solidificação por resfriamento, são chamados termoplásticos.

Os polímeros que, por aquecimento ou outra forma de tratamento, assumem

estrutura tridimensional, reticulada, com ligações cruzadas, tornando-se insolúveis e

infusíveis, são chamados termorrígidos (PROGRAMA EDUCAR, 2003).

Os polímeros termoplásticos, sob efeito de temperatura e pressão, amolecem,

assumindo a forma do molde. Uma nova alteração de temperatura e pressão reinicia

o processo, sendo, portanto, recicláveis.

Em nível molecular, à medida que a temperatura é elevada, as forças de ligação

secundárias são diminuídas (devido ao aumento do movimento molecular), de modo tal

que o movimento relativo de cadeias adjacentes é facilitado quando uma tensão é

aplicada.

Os termoplásticos são relativamente moles e dúcteis e compõem-se da maioria

dos polímeros lineares e aqueles que possuem algumas estruturas ramificadas com

cadeias flexíveis (FIGUEIREDO et aI., 2006, LEÃO, 2008).

As matrizes termoplásticas possuem como parâmetros de escolha na

impregnação dos plásticos, a alta tenacidade, o baixo custo de processamento e

temperatura de uso de até 225°C. Os tipos mais comuns são: o polipropileno, a

poliamida (Nylon) e os policarbonatos.

As principais desvantagens do uso das resinas termoplásticas com fase

contínua nos compósitos podem ser caracterizadas pela baixa resistência mecânica

e baixo módulo elástico, limitando a sua aplicação estrutural (sempre com o uso de

fibras curtas).

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

42

As principais características que essas resinas podem levar aos seus

compósitos são: alta resistência à abrasão e ao ataque químico, elasticidade e

tenacidade. A temperatura que afeta as propriedades pode variar de 150°C a 170°C,

dependendo do tipo de resina.

Podem possuir também alta resistência à chama e ao

impacto, baixa resistência ao ataque de solventes orgânicos, tornando-se frágeis e

quebradiços (apresentando microfissuras), como no caso dos policarbonatos.

(CALLISTER, 2009).

Os polímeros termofixos ou termorrígidos, sob efeito de temperatura e

pressão, amolecem, assumindo a forma do molde. Nova alteração 'de temperatura e

pressão não faz efeito algum, tornando-os materiais insolúveis, infusíveis e não-

recicláveis.

Durante o tratamento térmico inicial, ligações cruzadas covalentes são

formadas entre cadeias moleculares adjacentes; essas ligações prendem as cadeias entre

si para resistir aos movimentos vibracionais e rotacionais da cadeia a

temperaturas elevadas, sendo que o rompimento destas ligações só ocorrerá sob

temperatura muito elevadas.

Os polímeros termofixos são geralmente mais duros,

fortes e frágeis do que os termoplásticos, e possuem melhor estabilidade

dimensional (FIGUEIREDO et al., 2006).

As matrizes termofixas podem ser escolhidas para o processo de

impregnação em função dos muitos parâmetros, tais como: são mais baratas, mais

leves e a maioria apresenta certa resistência à exposição ambiental. Os tipos mais

comuns são: a resina epóxi, a resina poliéster insaturada e a resina fenólica.

As principais desvantagens dessas resinas são: apresentam comportamento

quebradiço, impõem limites no uso pela temperatura, apresentam, em geral,

sensibilidade à degradação ambiental devido à umidade e sensibilidade à radiação e

oxigenação no espaço.

A sua temperatura de uso pode variar de 180°C (epóxi) a 300°C (polimida). A

principal característica que essas resinas podem levar aos seus compósitos é sua

resposta ao calor, já que em geral são isotrópicas, não se dissolvendo ao aquecer-

Ias.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

43

No entanto, perdem suas propriedades elásticas à temperatura de distorção

térmica. Algumas, como a resina fenólica, têm excelentes características elétricas,

boa resistência às altas temperaturas, ao fogo, ao choque, à abrasão, ao ataque

químico e a dissolventes orgânicos.

Os compósitos a base de resinas poliéster

(insaturado) apresentam ampla versatilidade em suas propriedades físicas e

mecânicas, já que dependem de constituintes e processo de curado, baixo custo e

fácil manuseio e processamento.

2.2.1.1. Resina poliéster

A resina poliéster constitui uma família de polímeros de alta massa molar,

resultantes da condensação de ácidos carboxílicos com glicóis, classificando-se

como resinas saturadas ou insaturadas dependendo especificamente dos tipos de

ácidos que irão caracterizar a ligação entre os átomos de carbono da cadeia

molecular (LEÃO, 2008).

Os principais tipos de resinas utilizadas e suas principais características são

apresentados na Tabela 2.4.

Tabela 2.4. Principais tipos de resinas e suas características principais.

RESINAS E SUAS CARACTERÍSTICAS

Ortoftálica Resina mais comum de menor custo para usos básicos não

nobres. Bijouterias, artesanato, laminação em reforço de fibra,

gel-coat primer

Tereftálica Possui resistências físicas pouco superiores a ortoftálica, porém

baixa resistência a UV. Laminação em reforço de fibra,

embutimento eletrônico, artesanato;

Isoftálica Melhores características mecânicas, químicas e térmicas que as

anteriores. Laminados exposto a intempéries;

Isoftálica c/ NPG O NPG melhora a resistência a hidrólise. Peças e laminados

expostos a ataques químicos leves e contato direto com água.

Bisfenólica Possui melhores características químicas e térmicas. Peças e

laminados expostos a ambientes agressivos e temperaturas

elevadas.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

44

2.2.3. Materiais compósitos poliméricos

São materiais de moldagem estrutural constituídos por uma fase contínua

polimérica (plástico) reforçada por uma fase descontínua fibrosa e que se agregam

físico-quimicamente após um processo de polimerização (curado), ou seja, são

também denominados de plásticos reforçados com fibras.

Geralmente, a fase descontínua é formada por fibra de vidro, aramida ou de

carbono, dependendo da aplicação final. A fase polimérica é normalmente

constituída por uma resina termofixa do tipo poliéster insaturada (ortoftálica,

tereftálica, isoftálica ou bisfenólica), dissolvida em solvente reativo como o estireno

ou ainda uma resina éster vinílica ou epóxi.

Na moldagem destas duas fases ocorre um "endurecimento" polimérico

através de um processo de cura, que acopla as duas fases, proporcionando ao

material final, propriedades especiais que definem sua moderna e ampla

aplicabilidade. Propriedades como leveza, flexibilidade, durabilidade, resistência,

adaptabilidade transformam os compósitos poliméricos nos materiais do futuro

(LEÃO, 2008).

Várias resinas termoplásticas e termofixas vêm sendo utilizadas como

matrizes em compósitos. As resinas termofixas mais utilizadas em compósitos de

alto desempenho são as fenólicas, epóxis, bismaleimidas e poliam idas.

Essas resinas exibem excelente resistência a solventes assim como a altas

temperaturas. Estima-se que mais de três quartos de todas as matrizes de compósitos

poliméricos sejam constituídas por polímeros termofixos (PAIVA et aI., 1999).

Nos últimos anos, a procura por materiais ecologicamente corretos tem

desenvolvido materiais de matrizes poliméricas com fibras naturais. Os baixos

custos destas fibras, originárias de fontes renováveis e inesgotáveis, a baixa

densidade, menor abrasão nas máquinas de processamento e a boa adesão à

matriz fazem com que o uso destas fibras em compósitos estruturais cresça no setor

industrial.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

45

2.2.3.1. Características dos Compósitos Poliméricos

Leveza - Devido ao peso específico das resinas e das fibras de reforço, os

produtos fabricados a partir dos compósitos poliméricos apresentam um baixo peso

específico, o que faz com que sejam amplamente utilizados nas indústrias

aeronáutica, naval e automobilística.

Resistência Química - Apresenta excepcional inércia química, permitindo

sua utilização em ambientes agressivos quimicamente. Além disso, inúmeros

aditivos especiais e resinas específicas estão à disposição no mercado para

solucionar aplicações que requeiram propriedades além das usuais.

Durabilidade - Apresentam alta durabilidade em consequência de sua

composição e ao crosslinking polimérico formado durante o processo de moldagem.

Resistência Mecânica - Apresentam excelente resistência mecânica devido

às suas características e a variedade de combinações que podem ser realizadas

entre as resinas e os materiais de reforço.

Resistência às Intempéries - Apresenta grande resistência aos efeitos do

vento, da umidade, do sol e das oscilações térmicas. Além disso, quando

características não usuais são requeridas, aditivos como protetores de UV, agentes

anti-dust, resinas especiais são amplamente utilizáveis.

Facilidade na Manutenção - Apresentam fáceis e simples técnicas de

reparo e manutenção.

Flexibilidade Arquitetônica - Os compósitos têm uma grande vantagem

sobre outros materiais estruturais, pois moldes com formas complexas são

facilmente adaptáveis aos processos em utilização.

2.2.3.2. Métodos e processos de fabricação de compósitos

a. Laminação Manual (Hand Lay Up)

Nesse método, a superfície do molde utilizado é devidamente preparada

aplicando-se cera desmoldante à base de carnaúba ou álcool polivinílico, no qual feltros

de fibras enrolados, mechas trançadas, mantas ou outros tecidos de fibras são colocados.

Impregna-se o molde com resina devidamente preparada (catalisada), utilizando-se um

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

46

pincel, e para melhorar o processo de impregnação rolos de alumínio podem ser

utilizados facilitando a extração ou eliminação de bolhas.

Na sequencia coloca-se as camadas de reforço até se obter a espessura desejada

ou configuração pretendida do compósito. O procedimento de cura ocorre sem adição

de calor ao processo. A Figura 2.6 mostra a ilustração referente ao processo manual em

questão.

Figura 2.6. Processo de laminação manual (Hand Lay Up).

Fonte: CPIC Fiberglas.

b. Laminação a pistola

Também chamado Spray Up, os fios picotados normalmente em 25 mm e a

resina são lançados simultaneamente na superfície do molde e, com o auxílio de rolo em

alumínio pode-se eliminar bolhas formadas durante o processo ou melhorar a

impregnação da resina no reforço antes que a resina utilizada polimerize (Figura 2.7).

Figura 2.7. Laminação a pistola ou Spray Up.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

47

Fonte: CPIC Fiberglass.

c. Infusão

Este processo ocorre em molde fechado onde vácuo é feito por auxílios de

bombas especiais que retiram todo o ar de dentro do molde. A impregnação ocorre em

camadas de reforço a seco, espumas rígidas, véus de superfície, tecidos especiais

contidos entre as superfícies do molde. Na sequência, resina polimérica é injetada para

dentro do molde começa, utilizam-se as mesmas bombas usadas para fazer o vácuo. A

Figura 2.8 mostra a ilustração do processo em questão.

Figura 2.8. Processo de laminação por infusão.

Fonte: CPIC Fiberglass.

d. Enrolamento ou Filament Winding.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

48

Neste, a modelagem é feita através de enrolamento das fibras contínuas (roving)

sobre molde rotatório. Também podem ser utilizados mantas ou tecidos intercalados às

etapas de enrolamento do roving. Este processo é bastante utilizado na fabricação de

peças cilíndricas e tubulações (Figura 2.9).

Figura 2.9. Laminação por enrolamento ou filament winding.

Fonte: CPIC Fiberglass.

Os processos em molde fechado são caracterizados pela presença de molde

e contramolde, bem como pelo uso de alta tecnologia e produção em média e alta

escalas e estão descritos a seguir.

e. Moldagem por compressão

Processo utilizando o pré-impregnado (preg-preg - SMC, BMC, HMC, etc.), ou

seja, semiprodutos acabados, nos quais as fibras já se encontram previamente

impregnadas pela resina ao serem colocadas no molde aquecido (Figura 2.10).

Figura 2.10. Laminação por moldagem por compressão.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

49

Fonte: CPIC Fiberglass.

f. Moldagem por Injeção

Processo utilizado para alta produção e na confecção de peças de formas

variadas. A injeção da resina é feita por pressão em um molde fechado

contendo em seu interior um reforço pré-formado. Os processos mais conhecidos

são: RTM (Resin Transfer Molding), RIM (Resin Injection Molding) e R-RIM

(Reinforced RIM). A Figura 2.11 mostra o processo de moldagem por injeção.

Figura 2.11. Moldagem por injeção (RTM, RIM ou R-RIM).

Fonte: CPIC Fiberglass.

g. Pultrusão

O processo utiliza fibras ou reforço previamente impregnados com resinas e

tracionados. As fibras seguem para moldes aquecidos, produzindo assim a

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

50

polimerização da resina. Este processo é frequentemente empregado quando se deseja

obter perfis. A Figura 2.12 mostra a ilustração sobre laminação por pultrusão.

Figura 2.12. Laminação por pultrusão.

Fonte: CPIC Fiberglass.

2.3. Estado da arte

Os eixos ligados à ecologia e meio-ambiente tem sido motivo de inúmeras

pesquisas nas universidades brasileiras. A redução de resíduos despejados na natureza

pela indústria da manufatura de forma irresponsável, além de diminuir o impacto

ambiental de forma negativa ajuda a reduzir os insumos aumentando a lucratividade.

Outro aspecto importante é sua utilização em tecnologia social podendo ser uma

alternativa de renda para famílias de baixa renda, como acontece com reciclagem de

metais, papel e garrafas Pet.

“Poucos são os estudos que apresentam alternativas técnicas e economicamente

eficazes para o aproveitamento de resíduos provenientes do processamento de painéis

de madeira nas indústrias moveleiras” (Abreu et. al. 2009).

A abordagem científica sobre a utilização de subprodutos do dendezeiro é

escassa nas literaturas internacional e nacional. Poucos trabalhos com a utilização de

resina poliéster como matriz foram encontrados e alguns são relatados a seguir.

Noureddine Mahmoudi and Nabil Hebbar estudaram a utilização de fibras de

palmeira como reforço em polipropileno. As fibras de dendê têm algum potencial por

causa de seu interesse ecológico e econômico. As propriedades mecânicas e morfologia

foram caracterizados por microscopia eletrônica de varredura e testes de tração. A

influência do teor de fibras nas propriedades mecânicas de compósitos de polipropileno

e fibra de dendê foi avaliada e foi demonstrado que a tensão e o alongamento máximo

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

51

diminuem com o aumento do teor de fibras, e um aumento do módulo de elasticidade.

Determinaram que o percentual de reforço máximo era de 25% em peso.

Ramli, et. al. investigaram os efeitos do tipo de fibra, a carga de fibra, e o

agente de acoplamento sobre o desempenho de compósitos com reforço de fibra de

dendê e matriz de poliopropileno. A composição e morfologia das fibras foram

avaliadas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de raios-X

de energia dispersiva (EDAX). A Fibra triturada foi misturada à matriz em

polipropileno por meio de um misturador de parafuso duplo. Polipropileno maleado

(MAPP) foi utilizado como um agente de acoplamento durante a composição. O

conteúdo de fibras incorporadas à matriz até 40% (em peso). As amostras foram

preparadas por moldador de injeção. As formulações foram caracterizadas por testes de

tração, flexão, impacto, índice de fluidez, SEM, análise termogravimétrica (TGA) e

calorimetria de varrimento diferencial (DSC). O efeito mais significativo na resistência

e no módulo deveu-se à adição de um agente de acoplamento.

Abubakar A. H. and Abdul K., estudaram o comportamento à tração e ao

impacto de um compósito híbrido com fibras de dendê e fibra de vidro com matriz de

resina epóxi. As esteiras de fibras foram impregnadas com resina epóxi e curadas a 100

C durante 1 h, seguida de pós-cura a 105 C. A hibridação das fibras de palma com fibras

de vidro diminuiu a resistência à tração e o módulo de Young, porém aumentou o

alongamento à ruptura. A resistência ao impacto do compósito híbrido aumentou com a

adição de fibras de vidro.

Ben Amor et. al. testaram a utilização de fibras lignocelulósicas curtas de

palmeira como uma fase de reforço em matrizes de poliéster e epoxi. Os espectros

dielétricos foram medidos na gama de frequências 0,1 Hz-100 kHz e a intervalos de

temperatura desde o ambiente até 200 ° C para a árvore de poliéster / palma, processo

diferentes relaxações foram identificados, isto é, a orientação de polarização imputada à

presença de moléculas de água em palmeira fibra e o processo de relaxamento associado

a condutividade e relaxamento interfacial. Medidas dielétricas mostraram que a adesão

interfacial é mais forte para o compósito a base de resina epóxi.

Jawaid, M. et. al. apresentaram estudo sobre a obtenção de compósitos híbridos

à base de fibras naturais de cachos de palma, fibras de juta tecida e resina epóxi,

preparados por hand lay-up método. Resina epóxi foi usada como matriz e camadas de

fibra de juta e fibras do cacho do dendezeiro. Verificou-se que todos os compostos são a

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

52

resistência a vários produtos químicos. Observou-se que a redução acentuada do teor de

vazios de compósitos com hibridação fibra do cacho e fibra de juta tecida. Houve um

aumento da densidade e do teor de umidade na hibridização. Com relação ao impacto

ocorreu uma diminuição da resistência.

Ramli, R. et. al. investigaram os efeitos do tipo de fibra, malhagem, carga de

fibras, e agente de acoplamento no desempenho de compósitos que utilizam fibras de

dendê após extração do óleo. As fibras secas foram trituradas para malhagens de 63,

150, 250, 450, e 500 mm. A composição e morfologia das fibras foram avaliados por

eletrônica de varredura microscópio (SEM) e análise de energia dispersa de X-Ray. As

fibras foram misturadas a matriz de polipropileno utilizando-se um misturador de

parafuso duplo. Polipropileno maleado (MAPP) foi utilizado como um agente de

acoplamento durante a composição. O conteúdo de fibras incorporadas para compósitos

foram 10%, 20%, 30%, e 40% (em peso). As amostras foram preparadas para amostras

de teste por moldador de injeção. Os compostos foram caracterizados por teste de

tração, testes de flexão, ensaio de impacto, índice de fluidez, e SEM. Houve um

aumento nas resistências à tração e flexão e módulo e concluiu-se que tais efeitos foram

obtidos pela adição do agente de acoplamento.

Moshiul A. et al. obtiveram e estudaram um compósito com fibras do fruto do

dendezeiro e ácido polilático. Os compósitos preparados foram caracterizados por

ensaios mecânicos, análise térmica, transformada de Fourier espectroscopia no

infravermelho, eletrônica de varredura microscopia, e difractometria de raios-X. Entre

todos os compósitos fabricados com vários tamanhos e conteúdo de fibras, 30 mm de

comprimento e 40% em peso fibra mostraram um aumento da resistência à tração e do

módulo, maior cristalinidade e estabilidade térmica. As formulações do compósito com

fibras tratadas apresentaram melhor desempenho em relação as não tratadas,

Santos, R. J., et al. Analisaram a incorporação de fibras do mesocarpo do dendê

(Elaeis guineensis), em quantidade igual a 2% em relação ao peso total, influencia nas

propriedades mecânicas obtidas a partir do ensaio de tensão-deformação na compressão,

de um compósito cimentício. Também foram estudadas as características das

deformações e o tipo fratura. Comparado com a matriz cimentícia pura, a incorporação

da fibra resultou em na redução do módulo de elasticidade em torno de 30% do valor do

compósito sem reforço(58, 1 GPa), e em média, 46, 5% da resistência à compressão.

Foi observado o aumento da ductilidade, assim como também, o aumento da tenacidade

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

53

à fratura. A análise das características da fratura revelou que o compósito sofre fratura

do tipo dúctil e que as fibras possuem boa interação com a matriz cimentícia.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

54

CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

Apresenta-se a descrição resumida dos materiais, processo de fabricação e

metodologia proposta para identificar as propriedades mecânicas, físicas e químicas dos

compósitos obtidos. Esta metodologia envolve análise macroestrutural, análise térmica,

ensaios mecânicos de carregamento quase estáticos, medida de densidade aparente,

medida de calorimetria diferencial e absorção de água.

3.1. Materiais

A resina poliéster tereftálica, catalizador e desmoldante utilizados para

fabricação do compósito proposto foram adquiridos no comércio local da capital do Rio

Grande do Norte, Natal (RN).

O resíduo de mesocarpo, pós-prensagem do fruto do dendê para extração do

óleo, foi coletado sem custo em indústria de beneficiamento do óleo de dendê

OPALMA, na região da cidade de Valença no estado da Bahia.

Tal resíduo é despejado em terreno baldio sem tratamento ou

acondicionamento adequado, formando amontoado de entulho. Esse armazenamento

inadequado expõe o rejeito às intempéries naturais como sol, chuva, aparecimento de

fungos, insetos, e expõe também a umidade intensa e a contaminantes como areia. A

Figura 3.1. mostra o resíduo não tratado e tratado respectivamente.

Figura 3.1. Resíduos não tratado e tratado.

A escolha da resina poliéster tereftálica para a confecção do compósito baseou-

se nos critérios: baixo custo e facilidade de aquisição e processabilidade, sua ampla

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

55

aplicação são em diversos segmentos da indústria tais como fabricação de piscina,

brindes, chaveiros, porta retratos, assentos sanitários, recipientes, objetos de decoração.

Tão importante quanto às vantagens já citadas, a resina poliéster tereftálica (escura)

apresenta propriedades tecnológicas melhores quando comparadas a resina ortofitálica

(cristal).

A fabricação de compósitos com resina poliéster dispensa em seu

processamento a utilização de equipamentos e máquinas complexas e de alto valor

agregado, e ainda seu processo de cura acontece em baixas temperaturas tendo risco

baixo de acidente para quem trabalha com compósito ou mínima probabilidade em

danificar a fibra do resíduo em questão.

Escolheu-se a resina poliéster insaturada tereftálica fabricada pela ARA

Química S/A adquirida em comércio local em loja especializada em fibras de vidro e

carbono para manutenção de piscinas, construção de barcos e artesanato. Segundo o

fabricante os valores apresentados na Tabela 3.1 são típicos e baseados em materiais

testados em seus laboratórios, mas com variação entre as amostras. Sendo esses valores

típicos não podem ser garantidos ou servirem como especificação. A cura foi feita com

adição de 1,0 g de MEK-P em 100 g de resina, seguido de pós cura de 2 horas à 90° C.

A Tabela 3.1 apresenta as propriedades da resina AZ 4.6 padrão(escura)

comercializada pela Ara Química S/A.

Tabela 3.1. Propriedades da resina Escura.

PROPRIEDADES DA RESINA LÍQUIDA AZ 4.6 - PADRÃO

Gel Time (25° C/1,0 g MEK-P em 100g resina) 10 – 15 min

Pico Exotérmico Max. 190°C

Aspecto Turvo

Cor após curada Castanha

Resistência a Tração 55,6 MPa ASTM D-638

Resistência a Flexão 69,0 MPa ASTM D-790

Segundo o fabricante a concentração de monômero de estireno na solução da

resina poliéster varia entre 40 e 44 por cento. A concentração deste último componente

interfere nas propriedades finais, sejam elas mecânicas ou térmicas (SANCHEZ, 1995).

O desmoldante aplicado ao molde durante a fabricação das placas que deram

origem aos corpos de prova para ensaio tem como seu componente básico a carnaúba.

Este desmoldante tem a finalidade de facilitar a remoção das placas dos moldes onde

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

56

foram fabricados. Além de facilitar a remoção do compósito do molde de fabricação, a

carnaúba proporciona um melhor acabamento superficial.

A aplicação do desmoldante é simples e de fácil execução. É importante ficar

atento ao completo preenchimento dos cantos, bordas e toda a superfície, incluindo a

externa, que serão expostas em contado da resina. A aplicação de desmoldante na parte

externa é importante para a conservação do molde como também facilitar a remoção da

tampa.

Outro ponto importante quando se aplica o desmoldante é esperar sua secagem

completa para aplicar a segunda e terceira demão. Não esquecendo entre as demãos

realizar o polimento da superfície que foi aplicado o desmoldante. Esse procedimento

garante excelente acabamento, liso e regular da superfície do compósito.

O provedor de cura, muitas vezes chamados de catalisador, na verdade

consiste em um peróxido de metil-etil-cetona em dimetilftalato provedor ou iniciador de

cura para resina poliéster insaturada e éster vinílica. Nos experimentos utilizou-se o

Brasnox DM 50, fabricado pela polinox do Brasil, cujo aspecto é incolor, líquido e

límpido. Utilizou-se 1,0% de provedor de cura em relação a massa da resina aplicada

durante a fabricação do compósito.

Para fabricação dos corpos de prova foi utilizado um molde em ferro fundido

cujas dimensões são 200 x 200 x 12mm. O mesmo foi fabricado em ferro fundido para

que o compósito fosse prensado, pois desse modo acreditava-se que a quantidade de

bolhas em seu interior seria minimizada. A Figura 3.2 mostra o molde metálico

utilizado para a fabricação das placas de compósito.

Figura 3.2. Molde de Ferro fundido (200x200x12mm) utilizado para a

fabricação das placas de compósito.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

57

Para ensaio de absorção de água destilada pelos compósitos, utilizou-se água

destilada habitualmente usada para reposição de água em baterias e radiadores para

arrefecimento de motores a combustão adquirida em loja de peças de automóveis.

Garrafas de politereftalato de etileno (PET) devidamente reaproveitadas foram

utilizadas como recipientes para reparação de componentes e misturas durante a

fabricação dos compósitos.

Luvas cirúrgicas fabricadas em látex também foram utilizadas para proteção

das mãos durante manuseio dos produtos químicos utilizados na fabricação das

amostras evitando contato direto. Por apresentarem preço acessível é possível se utilizar

a luva e logo após descarta-las. As luvas vinílicas não devem ser utilizadas, pois, ocorre

sua degradação em contato direto com a resina tereftálica e outros produtos químicos.

3.2. Métodos

Os ensaios para caracterização dos compósitos idealizados foram realizados nos

Laboratórios de Engenharia dos Materiais da UFRN, Laboratório de Mecânica dos

Fluidos da UFRN, Laboratório de caracterização de materiais do IFBA campus

Salvador e Simões Filho, Laboratório de Maquinas hidráulicas e energias renováveis da

UFRN.

3.2.1. Tratamento do resíduo do mesocarpo do dendê

Os resíduos são empregados sem tratamento na fabricação dos compósitos é

importante verificar e identificar eventuais impurezas que possam comprometer seu

desempenho. Quando aproveitados após tratamento térmico é importante verificar se o

resíduo apresentou alguma modificação morfológica ou microestrutural na superfície da

fibra.

Procurando melhorar o grau de aderência entre fibra e matriz (região de

interface) algumas técnicas podem ser aplicadas para que a adesão entre fibra e matriz

seja mais eficiente possível. Dentre estas técnicas a mais comum é a mercerização, que

consiste na imersão da fibra em soda caustica (NaOH) seguida da lavagem e secagem

(BEZERRA 2002).

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

58

No entanto, busca-se um procedimento mais simples e de menor custo para se

melhoras as propriedades estudadas do material proposto. O tratamento aplicado

utilizou água fervente durante uma hora seguido da lavagem em água corrente e potável.

Este tratamento possibilita eliminação da sujeira na camada superficial da fibra

aumentando a área de contato pela exposição das fibrilas (reentrâncias) e marcas

globulares (saliências) (CALLISTER, 2009)

O procedimento adotado consiste em caracterizar os componentes das fases envolvidas

na construção dos compósitos, ou seja, caracterizar o resíduo e matriz polimérica e por

fim caracterizar os compósitos fabricados. As principais etapas dos processos de

caracterização e fabricação do compósito estão mostradas no fluxograma da Figura 3.3.

Figura 3.3. Etapas do processo de caracterização do compósito.

As análises escolhidas para caracterização do resíduo quanto às características

químicas e térmicas estão indicadas na

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

59

Figura 3.4. Foram realizados ensaios térmicos e termogravimétrica, e as

propriedades químicas pH e MEV.

Figura 3.4. Processo de caracterização do resíduo.

Para a obtenção e processabilidade das fibras de resíduos de dendê e posterior

fabricação do compósito são necessários alguns procedimentos:

Peneiramento - primeiramente o resíduo foi peneirado para retirada de

impurezas como areia e pó de qualquer gênero. Este procedimento também garante

uniformidade das fibras empregadas na fabricação dos compósitos.

Tratamento do resíduo (fibra de dendê) – primeiramente a fibra foi lavada em

água corrente. Após sua lavagem o resíduo é posto em água fervente durante uma hora e

meia para retirada do óleo de dendê e cera residual na superfície da fibra. Em seguida é

lavada novamente em água corrente e posta para secar em estufa.

Secagem em estufa – procedimento visava a remoção de maior quantidade de

umidade possível nos feixes fibrosos do resíduo em questão. Este procedimento foi

adotado tanto para o resíduo tratado quanto para o resíduo não tratado e consistia em

secagem na estufa durante 24 horas á uma temperatura controlada de 80ºC.

Os ensaios de caracterização do compósito para as formulações escolhidas

foram realizados em Laboratórios de Engenharia dos Materiais da UFRN e IFBA.

Os compósitos foram confeccionados e analisados a condutividade térmica no

Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energia solar (LMHES) UFRN e submetidos ao

ensaios de tração e flexão no Laboratório de Tecnologias Sociais do IFBA Campus

Simões Filho. Exames de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e TG foram

realizados no Laboratório de Caracterização dos Materiais do IFBA Campus Salvador.

3.2.2. Caracterização do Resíduo de dendê

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

60

Os ensaios que foram realizados para caracterização das fibras de dendê estão

descritos a seguir.

a) pH - a análise do potencial de hidrogênio é importante para verificar a existência de

impurezas, pois tanto a elevação quanto a diminuição nos valores de pH aumentam o

tempo de solidificação e cura da resina poliéster.

b) MEV - a morfologia das fibras que compõe o resíduo em questão foi observada

através da utilização da microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).

c) TGA – avaliou-se a estabilidade térmica da fibra que compõe o resíduo de MDF e

comparando os resultados com outros resíduos de materiais lignocelulosicos.

3.2.3. Fabricação dos corpos de prova

As Figura 3.5 e 3.6 mostram o molde e a prensa usada na fabricação das placas

que darão origem aos corpos de prova, estes foram obtidos através do corte das placas

com o auxilio de uma serra mármore seguindo as dimensões adotadas pelas normas

vigentes para cada ensaio escolhido.

Figura 3.5. Molde (200x200x12mm) para a fabricação do compósito.

Figura 3.6 Prensa com capacidade para cinco toneladas.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

61

Primeiramente foram separadas as porções que deram origem aos compósitos

idealizados.

A Tabela 3.2 apresenta os compósitos formulados e suas respectivas

concentrações de resíduos adicionadas a matriz polimérica, onde é possível entender

como os compósitos foram denominados.

Tabela 3.2 Compósitos formulados com resíduo tratado e não tratado.

Matriz

Teraftálica

Compósito

Formulado

Quantidade de

Resíduo

(%)

Quantidade de

Resina

(%)

Massa total do

Molde

(%)

Resíduo tratado

T5 5 95 100

T10 10 90 100

T20 20 80 100

Resíduo não

tratado

NT5 5 95 100

NT10 10 90 100

NT20 20 80 100

Como exemplo pode se citar o compósito T5 que corresponde ao compósito

concebido adicionando-se 5% de resíduo tratado à resina tereftálica, ou seja, a primeira

letra indica se o resíduo passou pelo tratamento térmico.

A Figura 3.7 apresenta as etapas do processo de obtenção do compósito proposto

e estudado para suas várias formulações.

Figura 3.7. Etapas do processo de obtenção do compósito proposto.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

62

As proporções de 10%, 15% e 20% em massa de resíduo em relação ao volume

total do molde (480 ml) foram separadas. A proporção mínima de 10% de resíduo no

compósito foi escolhida por apresentar dispersão suficiente para o total preenchimento

das placas pelo resíduo adicionado, pois abaixo deste valor se percebe visualmente

espaços vazios sem a presença de resíduos dispersos no compósito.

A porção máxima de adição de resíduo ao compósito foi de 20% considerando

o método manual de mistura, pois, acima deste valor fica difícil a completa mistura

entre os componentes constituintes do compósito.

Para preenchimento total do volume do molde, considerou-se a densidade das

resinas utilizadas 1g/cm3, ou seja, para completo preenchimento do volume do molde

considerou-se 480 gramas de compósitos ou matrizes utilizadas.

Assim sendo, foram separadas as frações 432 gramas, 405 gramas e

384gramas, correspondendo a 90, 85 e 80% das matrizes empregadas para a formulação

dos compósitos proposto.

Procurou-se estabelecer um padrão matemático para a fabricação das amostras,

foi escolhido múltiplos de 2. Começou-se adicionando 5% de fibra e fomos

multiplicando por dois, utilizando o dobro de fibras para adicionar, assim com esse

padrão, quando chegamos a 40% a proporção ficou saturada, com dificuldade para

misturar manualmente.

Para aplicação do desmoldante a base de carnaúba utilizou-se um pincel

comum de pintura dando-se a devida atenção para preenchimento dos cantos, pequenas

fissuras e partes que seriam postas em contato com a resina ou compósito.

A fase de adição do provedor de cura consistiu em acrescentar catalisador na

proporção de 1,0% em massa em relação à quantidade de resina utilizada. Importante

catalisar a resina antes de misturá-la ao resíduo, pois após esta adição torna-se difícil

misturar por completo o catalisador devido sua consistência da mistura.

O tempo médio para início da reação é de 20 minutos, tempo este em que a

mistura começa a aumentar sua viscosidade. Após 3 horas já é possível se ter o

compósito solidificado, neste momento pode se tirar a pressão da prensa, porém é

importante esperar pelo menos 5 horas para retirar a placa do molde para não criar

fissuras na amostra. Para uma absorção total de resíduo pela matriz, recomenda-se

adicionar aos poucos o resíduo sempre misturando por completo até que se complete

toda a adição de rejeito a mistura.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

63

Após 5 horas de cristalização ainda no molde prensando, a placa de compósito

passou por processo de cura durante 6 horas em estufa solar e em seguida foram

retiradas as rebarbas e saliências, usando uma lixa grossa. Na Sequência os corpos de

prova foram cortados nas medidas exigidas para cada ensaio realizado.

3.2.4. Levantamento das Propriedades Físicas

Para levantamento das propriedades físicas foram fabricados corpos de prova

nas dimensões apropriadas seguindo as normas vigentes para as características avaliadas

conforme Tabela 3.3.

Tabela 3.3. Dimensões corpos de prova.

Ensaio Comprimento

(mm)

Largura

(mm)

Espessura

(mm)

Normas

Utilizadas

Tração 250 25 8 ASTM D638

Flexão 250 25 8 ASTM D790

MEV 15 15 8 -------

Absorção de água 50 50 3 ASTM D570

Densidade 20 20 3 -------

No estudo proposto foram avaliadas apenas as características mecânicas e

térmicas.

3.2.4.1. Propriedades Mecânicas

O grau de aderência entre fibra e matriz, ocorrida na região de interface,

influencia diretamente nas resistências ao impacto, à tração e flexão, ou seja, interfere

nas propriedades mecânicas dos compósitos. Tão importante quanto é sua influencia em

outras propriedades como densidade e absorção de água. É através desta interface que

ocorre a transferência de carga da matriz para a fibra (http://www.biodieselbr.com.br).

Para levantamento das características mecânicas do compósito foi realizado os

ensaios de tração e flexão. Através destes foi possível levantar características como

resistência a tração (RT) e flexão (RF), módulo de elasticidade na tração (MOET) e

flexão (MOEF), bem como o alongamento total das amostras analisadas.

Tanto o ensaio de tração, quanto o ensaio de flexão utilizou-se a máquina

universal para ensaio de tração, flexão e compressão modelo WDW-300E fabricado

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

64

pela Time Group Inc. conforme Figura 3.8. Tais ensaios foram realizados no laboratório

de tecnologia social do IFBa campus Simões Filho.

Figura 3.8. Máquina WDW-300E utilizada no ensaio de tração e flexão.

As especificações da máquina universal de ensaios de tração e flexão são

apresentadas na Tabela 3.4.

Tabela 3.4. Especificações e Parâmetros da Máquina de Tração e Flexão.

Principais Especificações e Parâmetros

Carga

Máxima

Precisão

da

Carga:

Resolução

da Carga:

Precisão da

deformação:

Resolução do

Deslocamento

da Mesa:

Precisão do

Deslocamento

da Mesa:

Faixa da

Velocidade da

Mesa:

Precisão da

Velocidade

da Mesa:

300kN ±0.5% 0.001%FS

±0.5%FS

(Dentro do

intervalo de

medição)

0.001mm. ±1%

Mínimo:

0.005mm/min

Máximo:

500mm/min

±1%FS

Para os ensaios de tração os procedimentos adotados incluindo as medidas do

corpo de prova foram extraídos da ASTM-D638-10.

Com este objetivo foram cortados cinco corpos de prova para cada compósito

analisado a partir de uma placa com dimensão 200 mm x 200 mm e 8mm, sendo

posteriormente colocados em estufa a 80 graus Celsius durante 24 horas para isentar de

umidade e proporcionar a cura total do compósito.

Para o ensaio de impacto foi utilizada uma máquina VEB

WERKSTOFFPRUFMASCHINEN LEIPZIG do tipo Charpy figura 3.9, pêndulo de

0,937 Kg, cumprimento da haste 220 mm, sendo a energia aplica ao corpo de prova na

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

65

ordem de 3,923 J. Foram analisados cinco corpos de prova, com dimensões de acordo

com a norma ASTM D 6110 – 06 CDP’s com 12 mm de largura, 55 mm de

comprimento e 3 mm de espessura. Avaliou-se a energia de impacto absorvida pelo

corpo de prova. O ensaio foi realizado no Laboratório de Ensaios Mecânicos da UFRN.

Figura 3.9. Máquna utilizada para ensaio de impacto

charpy.

3.2.4.2. Ensaios térmicos

Para levantamento das propriedades termofísicas o analisador de propriedades

térmicas, KD2 Pro, (figura 3.10) fabricado pela DecagonDevices foi utilizado,

verificou-se as propriedades térmicas: condutividade térmica, o calor específico, a

resistência térmica e a difusividade, tanto das matrizes utilizadas, quanto dos

compósitos proposto. Essas propriedades são observadas quando o calor é adicionado e

removido de um material.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

66

Figura 3.10. Equipamento KD2 PRO utilizado para levantamento das propriedades

térmicas dos compósitos.

O KD2 Pro possui três sensores distintos o KS-1, TR-1, e SH-1. O KS-1 e TR-

1 são utilizados para leituras de condutividade e resistividade térmica em líquidos e

sólidos respectivamente e, apresentam um único sensor.

Já o SH-1, apresenta dois sensores para medidas de calor especifico

volumétrico, difusividade térmica, condutividade e resistividade térmica. Este mesmo

sensor, SH-1 é compatível com muitos sólidos e materiais granulados.

Tendo em vista as propriedades resistência e condutividade térmica, calor

específico e difusividade térmica a serem analisadas, se escolheu o sensor SH-1

apropriados para tais propriedades.

Para verificação e levantamento das propriedades térmicas, são apresentados

de forma resumida os procedimentos para a realização das medidas:

a) Escolha do sensor apropriado para o material a ser analisado;

b) Realizar os furos na amostra a ser analisada para inserção de ambos os

sensores com auxílio de um gabarito que acompanha o equipamento;

c) Preencher o furo realizado na amostra com pasta térmica que acompanha

o equipamento;

d) Conectar o sensor no aparelho;

e) Configurar o aparelho para o sensor escolhido;

f) Inserir o sensor na amostra;

g) Iniciar a medida.

O procedimento para realização do experimento é simples de fácil

entendimento. É recomendado a leitura do manual técnico do KD2 Pro para que os

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

67

procedimentos experimentais sejam seguido para o não comprometimento da qualidade

das medidas.

3.2.4.3. Medição da Densidade Aparente

Para obtenção da densidade do compósito proposto e das matrizes utilizadas,

foi utilizado o densímetro digital, figura 3.11, DSL 910 com repetitividade de ±

0,003g/cm3. O ensaio foi realizado no laboratório de mecânica dos fluidos na UFRN.

Figura 3.11 Densímetro digital DSL 910.

Fonte: Santos, 2014.

Os procedimentos descritos no manual do fabricante do equipamento devem

ser seguidos para garantir a qualidade da medida realizada. Porém, alguns

procedimentos de maneira resumida são:

a) A balança deve estar nivelada conforme manual do fabricante;

b) Durante a medida as portas contra vento devem estar fechadas;

c) Encaixe o cesto côncavo (suporte onde serão postos os corpos de prova

conforme manual do fabricante);

d) As amostras devem ter dimensões que caibam no cesto de apoio;

e) O Baker deve estar posicionado de maneira correta encostado nos dois

pinos de referência e cheio de água destilada até o nível indicado;

f) Verifique no manual do fabricante o procedimento para realização da

medida.

3.2.5. Propriedades Químicas

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

68

a) Determinação da absorção de água destilada

A exposição de matrizes orgânicas de materiais compósitos em atmosfera

úmida ou meio aquoso leva à degradação pelo ingresso de água no interior do material.

Como consequência temos o aumento de volume, degradação e modificação da

estrutura molecular por hidrólise, aparecimento de trincas e perda de adesão

fibra/matriz, causando gradual perda nas propriedades mecânicas (Santos et. al 2010).

As resinas poliéster teraftálica são frequentemente aplicadas em objetos e

equipamentos expostos em ambientes de umidade intensa. Suas principais aplicações é

na manutenção de piscinas, construção de barcos e tanques de armazenamento de água.

Por tais motivos, é importante se verificar o comportamento do material compósito

proposto quando submetidos a ambientes de extrema umidade como imersão em água.

Utilizou-se a equação 13 para determinação do grau de absorção de água (Abs)

do material. A norma seguida para tal propósito foi a ASTM 570-95 (ASTM, 1995).

Foram ensaiadas cinco amostras para cada tipo de compósito fabricado: RE, T5, T10,

T20, NT5, NT10 e NT20.

Os corpos de provas foram recortados na forma retangular com largura de 20

mm, cumprimento de 50 mm e espessura de 3 mm e, logo após secadas em estufa

durante 24 horas com temperatura controlada em 80ºC com o objetivo de reduzir a

umidade presente nas amostras. Para obtenção da porção absorvida pelos corpos de

prova a equação 21 abaixo foi utilizada.

(13)

Onde:

Abs: absorção de água (%); mi = massa inicial (g); mf = massa final (g).

b. Medida do Potencial de Hidrogênio (pH)

Utilizou-se o medidor de pH Universal para Laboratórios HI 422x-02 mostrado

na Figura 3.12. O equipamento possuía precisão de ± 0,1pH. Para realização dos

ensaios, misturou-se 10% em massa de resíduo tratado e não tratado à massa total, e os

90 % restantes foi acrescentado água destilada. Então, mediu-se a cada hora, durante 8

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

69

horas o pH da solução de resíduo tratado e da solução do resíduo não tratado e o

resultado foi dado pela média aritmética dos valores obtidos.

Figura 3.12. Medidor de pH universal HI 422x-02.

c. Ensaio de Micrografia Eletrônica de Varredura (MEV)

Para verificação anatômica do resíduo de DENDÊ, foram obtidas micrografias

por microscopia eletrônica de varredura (MEV, Modelo TESCAN a 3KV de aceleração)

dos corpos de prova anteriormente submetidos ao ensaio de tração e flexão. Os

experimentos ocorreram a uma temperatura ambiente de 25 °C e umidade relativa de

80%.

Com o objetivo de verificar o grau ou nível de adesão das fibras tratadas e não

tratadas a matriz tereftálicas as faces de corpos de provas rompidos em ensaios de tração

foram analisados. Foram avaliados os compósitos fabricados com resíduos tratados (T5,

T10 e T20) e resíduos não tratados (NT5, NT10 e NT20) se os mesmos apresentaram

arranque de fibras, rompimentos de fibras, vazios (voids), deslocamento de fibras,

fissura e quebra de matriz.

Antes do início do ensaio foi necessário fazer a metalização das amostras que

consistem no recobrimento do material polimérico e a fibra do dendê com uma fina

camada de ouro para que haja condução dos elétrons incididos nas amostras. A Figura

3.13 apresenta o equipamento usado no ensaio de MEV em questão.

Figura 3.13. Equipamento MEV, Modelo TESCAN a 20kV de aceleração para

Micrografia Eletrônica utilizado.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

70

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

71

CAPÍTULO IV - RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1. Caracterização do resíduo de dendê

4.1.1. Potencial de Hidrogênio (pH) do resíduo

O pH medido tanto para a fibra não tratada quanto para a fibra tratada foi de

7,2 ± 0,1, ficando na faixa de pH neutro. O resíduo, portanto, não possui contaminante

ou composto que altere seu pH e por conseguinte não interfere no processo de

cristalização da resina durante a fabricação do compósito. A Figura 4.1 mostra o resíduo

tratado e não tratado durante a medição do pH.

Figura 4.1. Resíduos tratado e não tratado no ensaio de pH.

Observou-se no béquer à esquerda a ausência de impurezas decantadas no

recipiente e presença de turbidez na água de imersão. Ao mesmo tempo, quando se

observava o béquer à direita notavam-se partículas decantadas bem como turbidez

acentuada da água.

4.1.2. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

Avaliou-se por MEV os resíduos, tanto tratados quanto não tratados,

objetivando compará-los entre si de modo a verificar a presença ou não de mudanças

morfológicas e microestruturais como mudança de geometria, rompimento ou

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

72

degradação dos feixes fibrosos e modificação superficial. As amostras de resíduos

natural (sem tratamento) e tratado foram submetidas à análise de microscópica

eletrônica por varredura (MEV). A Figura 4.2 (a) (b) mostra o MEV dos resíduos não

tratados e tratados, respectivamente.

Figura 4.2. (a) Microscopia Eletrônica do resíduo não tratado, (b) Microscopia

eletrônica do resíduo tratado.

(a) Fibra não Tratada (b) Fibra Tratada

Ainda na Figura 4.2 (a) é apresentado o MEV realizado na fibra não tratada

onde se observa impurezas aparentes notadas pela presença de grãos e aspecto áspero

recobrindo a superfície da fibra de dendê. A micrografia realizada na fibra tratada,

Figura 4.2 (b), comprovou a inexistência dessas impurezas recobrindo a superfície da

fibra em questão devido ao tratamento realizado.

Além disso, ainda na Figura 4.2 (b) fica evidente a integridade da fibra após o

tratamento não apresentando separação dos feixes fibrosos e sim tão somente a presença

de pequena fratura ou perda parcial de lignina de recobrimento superficial. Portanto,

tem-se uma indicação de que o tratamento sugerido ocasionou desprezível degradação

das fibras melhorando a interação fibra-matriz e proporcionou a limpeza da fibra de

dendê.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

73

4.2. Caracterização dos Compósitos

Foram avaliadas as características mecânicas e físicas dos compósitos

formulados com resíduos tratados e resíduos não tratados adicionados nas proporções de

0, 5, 10 e 20% em massa à matriz poliéster teraftálica (escura). A análise da resina pura,

ou seja, à amostra padrão de controle com 0% de adição de resíduo, serviu como

elemento comparador entre resultados encontrados para os compósitos estudados.

4.2.1. Ensaios Mecânicos

4.2.1.1. Tração

A Tabela 4.1 apresenta os resultados medidos no ensaio de tração e ainda os

valores divulgados pelo fabricante da resina pura sem adição de resíduo. Ainda nesta

Tabela foi feita uma análise comparativa entre os dados fornecidos pelo fabricante e os

valores encontrados no ensaio realizado.

Tabela 4.1. Valores de parâmetros dos ensaios de RT, ATT e MET medidos e obtidos

da ficha técnica do fabricante da matriz polimérica.

Resistência a Tração

(MPa)

Alongamento Total

(%)

Módulo Elásticidade

(GPa)

Medida Fabricante Medido Fabricante Medido Fabricante

Medida 41,6 55,6 4,8 2,0 0,95 2,11

Diferença Redução de 25% Aumento de 2,4 vezes Redução de 45%

Os resultados aferidos de resistência à tração (RT), alongamento total na tração

(ATT) e módulo de elasticidade na tração (MET), conforme Tabela 4.1, não estão

consonânticos com os fornecidos por alguns fabricantes de resina de poliéster insaturada

teraftálica.

A RT medida é 25% inferior à informada pelo fabricante, o ATT é 2,4 vezes

superior ao apresentado pelo fabricante, e quando se analisa o módulo de elasticidade

(MET) houve comportamento semelhante a RT, ou seja, houve redução de 45%.

É importante mencionar que, por se tratar de um processo manual vários

fatores podem interferir nos resultados obtidos, como aparecimento de bolhas (“vois”

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

74

ou vazios) devido à presença elevada de umidade e talvez o mais importante, a variação

da concentração de estireno na resina adquirida.

O erro da medição corresponde ao desvio padrão obtido da leitura das amostras

analisada para cada formulação de compósito e matriz polimérica utilizada.

A resistência à tração (RT), alongamento total na tração (ATT) e módulo de

elasticidade na tração (MET) dos compósitos sugeridos, bem como os erros das

respectivas medições estão apresentados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2. Resultados obtidos no ensaio de tração para os compósitos e matrizes.

Adição

(%)

Resistência a Tração

(MPa)

Alongamento Total

(%)

Módulo Elasticidade

(GPa)

T NT T NT T NT

5 15,42±3,1 10,06±1,2 3,02±0,4 2,19 ± 0,6 0,73±0,0 0,73±0,1

10 13,77±1,8 9,46±0,81 2,05±0,2 1,33 ± 0,2 0,81±0,1 0,97±0,1

20 11,54±1,2 8,02±0,64 1,95±0,2 0,94 ± 0,3 0,98±0,2 1,11±0,2

De maneira geral, conforme apresenta a Tabela 4.2, houve diminuição na

resistência mecânica dos compósitos conforme se adiciona resíduo tratado ou não

tratado ao compósito.

Observou-se do mesmo modo que a adição de resíduo em 5% tanto tratado

quanto não tratado ao compósito causou a menor redução nas RT, principalmente nos

compósitos fabricados com resíduo tratado. A diminuição na RT de T5 foi de 63% e

NT5 de 76%, uma diferença de 65% entre os compósitos. Este resultado indicou que os

compósitos formulados com resíduo tratado obtiveram melhores resistências à tração

quando comprados aos compósitos adicionados com resíduos não tratados.

A Figura 4.3 apresenta o gráfico comparativo da resistência à tração entre os

compósitos estudados.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

75

Figura 4.3. Comparação de resistência à tração entre os compósitos.

10

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

5 10 20

RE

SIS

NC

IA A

TR

ÃO

EM

MP

a

CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO

Na Figura 4.3 fica explicito a supremacia dos compósitos formulados com

resíduo tratados apresentando maior desempenho no tocante resistência a tração em

comparação aos compósitos fabricados com resíduos não tratados.

Verificou-se que o alongamento total do compósito foi inferior a matriz

polimérica para todas as formulações estudadas. A adição de 5% de resíduo tratado e

não tratado ao compósito causou menor alteração no ATT, principalmente nos

compósitos fabricados com resíduo tratado. A diminuição na ATT de T5 foi de 37% e

NT5 de 54%, uma diferença de 27,5% entre os compósitos.

A Figura 4.4 mostra a comparação gráfica entre os compósitos de mesma

adição de resíduo, nesta é possível verificar que os compósitos produzidos com resíduo

tratado apresentam maior deformação total durante o ensaio de tração unidirecional.

Figura 4.4. Comparação do alongamento total na tração entre os compósitos.

10

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

T20T10T5

AT

T (

%)

CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

76

Considerando-se a análise do gráfico representado pela Figura 4.4 se observou

a diminuição do alongamento total durante o ensaio de tração conforme se adicionava

resíduo tanto tratado quanto não tratado ao compósito sugerido.

Notou-se que os compósitos formulados com resíduo tratado e não tratado

apresentam módulo de elasticidade (MOET) inferior a 1GPa, com exceção para o

compósito NT20, esse resultado indica que o material possui baixa rigidez. Todas as

formulações apresentaram baixa perda quando se analisa o MET.

Os resultados obtidos no ensaio de tração para os compósitos NT10 e T10

foram inferiores quando comparados ao compósito proposto por Gomes 2014. O

material desenvolvido por Gomes utilizou a mesma matriz poliéster teraftálica com 10%

de resíduo de MDF no qual se obteve resistência a tração média de 29,40 MPa. Em

termos relativos o compósito T5 que apresentou melhores resultados de tração, é 48%

menos resistente a tração que o compósito idealizado por Gomes.

Figura 4.5. Gráfico comparativo do módulo de elasticidade entre os compósitos

formulados com resíduo tratado e não tratado.

10

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

T20T10T5

MO

ET

(G

Pa

)

CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO

Portanto, o tratamento aplicado ao resíduo de dendê contribuiu de forma

significativa para as melhorias nas propriedades aferidas no ensaio de tração e flexão.

4.2.1.2. Flexão

A Tabela 4.3 apresenta os resultados medidos no ensaio de flexão e ainda os

valores divulgados pelo fabricante da resina pura sem adição de resíduo. Ainda nesta

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

77

tabela é feita uma análise comparativa entre os dados fornecidos pelo fabricante e os

valores encontrados no ensaio realizado. O erro da medição corresponde ao desvio

padrão obtido da leitura das amostras analisada para cada formulação de compósito e

matriz polimérica utilizada.

Tabela 4.3. Valores de parâmetros dos ensaios de RF, ATF e MEF medidos e obtidos da

ficha técnica do fabricante da matriz polimérica.

Resistência a Flexão

(MPa)

Alongamento Total

(%)

Módulo Elasticidade

(GPa)

Medida Fabricante Medida Fabricante Medida Fabricante

Medida 54,0±1,0 84,4 5,40±0,96 3,6 0,10±0,01 0,07

Fabricante Menor 36,1% Maior 33% Redução de 30%

Os valores aferidos de resistência à flexão (RF) são inferiores quando

comparados aos valores apresentados por fabricantes de resina poliéster tereftálica,.

Analisando-se os resultados medidos de resistência à flexão (RF) observou-se que a RF

se apresentou 36,1% menor à apresentada pelo fabricante. Pode-se supor que houve

algum comprometimento dessa propriedade no lote da resina adquirida.

O alongamento Total na flexão (ATF) e módulo de elasticidade na flexão

(MEF), conforme Tabela 4.3, não estão consonânticos com os fornecidos por alguns

fabricantes de resina de poliéster insaturada tereftálica. No alongamento total na flexão

(ATF), o valor médio avaliado apresentou-se 33% maior ao apresentado pelo fabricante.

No entanto, quando se analisa o Módulo de elasticidade na flexão (MEF) houve

comportamento semelhante à RF, ou seja, redução de 30% quando se comprara com

dados do fabricante.

É importante mencionar que, por se tratar de um processo manual vários

fatores podem interferir nos resultados obtidos, como aparecimento de bolhas (“vois”

ou vazios) devido à presença elevada de umidade e talvez o mais importante, a variação

da concentração de estireno na resina adquirida.

Avaliando os resultados de RF e comparando-os com outros compósitos já

estudados e apontados pela literatura, é possível perceber que os valores medidos para

as matrizes utilizadas são compatíveis e às vezes até mais elevados, o que demonstra

que não houve erros significativos nos ensaios de flexão realizados.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

78

A Tabela 4.4 apresenta os valores médios dos parâmetros do ensaio de flexão

realizados para cinco amostras dos compósitos obtidos com resíduos de dendê tratados e

não tratados.

Tabela 4.4. Resultado médios obtidos no ensaio de RF.

Adição

(%)

Resistência a Flexão

(MPa)

Alongamento Total

(%)

Modulo Elasticidade

(GPa)

T NT T NT T NT

5 21,5 ± 0,4 21,5±0,6 2,15 ± 0,4 2,98 ± 0,5 0,07 ± 0,03 0,06 ± 0,02

10 14,7 ± 0,2 17,5±0,3 2,02 ± 0,4 2,93 ± 0,2 0,07 ± 0,01 0,07 ± 0,00

20 13,8 ± 0,2 14,5±0,2 1,60 ± 0,3 2,87 ± 0,8 0,13 ± 0,01 0,08 ± 0,02

A análise da Tabela 4.4, referente aos resultados médios obtidos no ensaio de

flexão se observou que a resistência mecânica à flexão e alongamento total na flexão de

todas as formulações do compósito foram inferiores aos da matriz correspondente. Esse

fato indica que o resíduo funcionou apenas como carga no compósito.

Nota-se que os resultados de resistência à flexão para os compósitos T5 e NT5

são semelhantes, apresentando uma redução de resistência à flexão de 60% quando

relacionados à matriz de origem. Ainda assim, tais características mostraram-se

compatíveis a outros compósitos que utilizam fibras naturais como elemento

modificador das propriedades mecânicas de matrizes poliéster.

No gráfico representado pela Figura 4.6 se observa uma tendência

dos compósitos formulados com resíduos não tratados em apresentarem melhores

resultados de resistência a flexão e maior alongamento total durante o ensaio de tração.

Figura 4.6. Comparação de resistência à flexão entre os compósitos.

10

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

T5 T15 T20

RE

SIS

NC

IA A

FLE

O E

M M

Pa

CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

79

Considerando-se o alongamento ou deformação total na flexão apresentados

na Tabela 4.4, se pode considerar que não houve mudança significativa entre os

compósitos NT5, NT10 e NT20, bem como entre os compósitos formulados com

resíduo tratado T5 e T10. Porém, quando se analisou o compósito T20 notou-se uma

diferença de 21% comparando-o com o compósitos T10.

Na comparação dos compósitos a matriz polimérica, verificou-se uma redução

significativa no alongamento total, tendo sua variação máxima representada pelo

compósito T20 com redução de 70% do seu valor. O compósito NT 20 apresentou a

menor redução no alongamento na flexão, 45% inferior ao valor medido na matriz

polimérica.

Avaliando-se a rigidez dos compósitos estudados, notou-se que todas as

formulações apresentavam maior rigidez quando comparadas à matriz correspondente,

pois a adição de resíduo ao compósito aumentava a rigidez do material e

consequentemente diminuia seu alongamento total durante o ensaio de flexão, fato já

observado por inúmeros autores quando se adiciona fibras vegetais em matriz

polimérica.

Os compósitos T5, T10 e T20 apresentaram menor deformação total se

comprado aos compósitos NT5, NT10 e NT20 como se observa na Figura 4.7.

Figura 4.7. Deformação total dos compósitos formulados com resíduo tratado e não

tratado.

10

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

T20T10T5

AT

F (

%)

CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

80

O aumento da rigidez foi observado na análise do módulo de elasticidade na

flexão (MOEF), Figura 4.8, cujos valores foram superiores aos apresentados pela matriz

polimérica.

Figura 4.8. Módulo de elasticidade na flexão dos compósitos formulados com resíduos

tratados e não tratados

10

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

T20T10T5

MO

EF

(G

Pa)

CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO

COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO

4.2.1.3. Impacto

Considerando-se que a energia de impacto fornecida pelo pêndulo é de 3,946

Joules a Tabela 4.5 apresenta os resultados obtidos nos ensaios de impacto Charpy

realizados nos compósitos formulados com resíduo tratado e não tratado.

Tabela 4.5. Resultados do ensaio de impacto.

Amostra Energia Absorvida (J) Energia Absorvida em (%)

Escura 0,750 ± 0,017 19,0

T5 0,543 ± 0,098 13,8

T10 0,428 ± 0,056 10,8

T20 0,379 ± 0,057 9,6

NT5 0,316 ± 0,015 8,0

NT10 0,299 ± 0,017 7,6

NT20 0,168 ± 0,043 4,2

Embora os erros da medida aproximem os resultados de resistência ao impacto

dos compósitos formulados com fibras (resíduos) tratadas e não tratados, notou-se uma

tendência de diminuição da resistência de até 78% para o compósito NT20 quando

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

81

comparado a matriz tereftálica sem adição de resíduo de qualquer natureza. Isto foi uma

indicação da maior fragilidade na adesão entre fibra não tratada e matriz polimérica.

Os compósitos formulados com resíduo tratado apresentaram os melhores

resultados na absorção de impacto. Outra ocorrência observada foi a diminuição na

resistência ao impacto Charpy conforme se adicionava resíduos á resina tereftálca

(escura).

A maior absorção de impacto observada foi da matriz poliéster tereftálica

seguido do compósito T5 que absorveu 13,8% da energia de impacto deflagrado na

amostra. O compósito que menos absorveu a energia de impacto foi o NT20 cuja

energia absorvida foi de apenas 4,2%.

Ficou evidente o efeito negativo na energia de impacto absorvida pelo

compósito conforme se aumentava a concentração de resíduos. A Figura 4.9. Energia de

impacto absorvida pelos compósitos.mostra o comportamento assumido pela energia de

impacto no ensaio de impacto charpy. Ainda nesta figura estão indicados os valores de

resistência ao impacto dos compósitos T20, NT5 e NT 10 estão relativamente próximos

entre si, no intervalo de 0,3 a 0,45 J, ou seja, a substituição de resina por resíduo de

dendê, tanto tratado quanto não tratado, pode ser feita sem prejuízo para esta

propriedade.

Quando se considera os erros relacionados às medidas do ensaio de impacto

para compósitos T5, T10 e T20, estes resultados apresentam valores próximos uns aos

outros, sugerindo da mesma foram que os resíduos podem ser adicionados ao compósito

sem prejuízo significativo.

Figura 4.9. Energia de impacto absorvida pelos compósitos.

Escura T5 NT5 T10 NT10 NT20 T20

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

En

erg

ia d

e Im

pacto

Abso

rvid

a (

J)

Compósito Formulado com Dendê

Resistência Absorvida pelo Compósito

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

82

No geral, o tratamento em água fervente durante uma hora e posterior secagem

da fibra (resíduo) melhorou a resistência ao impacto do compósito, apesar dos

resultados obtidos se mostrarem inferiores ao da matriz polimérica de origem.

O ganho médio de tal propriedade devido ao tratamento proposto para a fibra

foi de 58% para os compósitos adicionados com 5% de resíduo, 70% para os

formulados com 10% de resíduo e por fim, 45% para os compósitos formulados com

20% de adição de resíduo a matriz polimérica.

4.2.2. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

O ensaio de microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) foi importante para

identificar na fibra, tanto tratada quanto não tratada, a morfologia e geometria do

resíduo do mesocarpo do dendê em questão. Para as fibras não tratadas, o MEV serviu

para identificar a presença de impurezas (Figura 4.10 (a)) e condição superficial da

fibra. Em si tratando das fibras tratadas foi possível identificar as condições da

superfície da fibra após o tratamento sugerido bem como a integridade dos feixes

fibrosos conforme se observa na Figura 4.10 (b).

Figura 4.10. (a) Resíduo não tratado apresentando resíduos na cobertura superficial da

fibra. (b) Resíduo tratado com integridade preservada.

(a) (b)

Avaliando-se os compósitos formulados com resíduos tratado e não tratados, a

microscopia eletrônica tornou possível investigar a aderência entre fibra e matriz, e

ainda possibilitou estudar os mecanismos de fratura e falhas ocorridos após ensaios

mecânicos.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

83

A presença de “pull out”, ou seja, fraturas caracterizadas por arranque de fibras

esteve presente em todas as amostras avaliadas. Geralmente isso acontece devido à

deficiência de adesão ou aderência entre fibra/carga e matriz polimérica. As imagens

obtidas dos compósitos proposto conforme pode ser observado nas Figura 4.11 (a), (b) e

(c), (d) e (e) comprovam tal afirmação.

Figura 4.11. Micrografia eletrônica dos compósitos formulados com resíduo tratado e

não tratado imagens obtidas após ensaios mecânicos.

Não foi observado a presença de vazios “voids” e sim fibras desprendidas da

matriz m todas as amostras das formulações estudadas do compósito proposto conforme

pode ser confirmado através das setas indicativas nas Figura 4.12 (a), (b), (c), (d) e (e).

Fissura coesiva na matriz, da mesma forma que a presença de fibras

desprendidas, esteve presente em todas as amostras analisadas conforme mostra a

Figura 4.12 (a), (b), (c), (d) e (e).

Figura 4.12. Presença de fissura coesiva na matriz diagnosticada por MEV.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

84

A impregnação dos feixes das fibras originadas do resíduo do processamento do

dendê pode ser considerado baixa conforme pode ser observados nas Figura 4.13.

Figura 4.13. Ausência de matriz polimérica na face interna dos feixes fibrosos.

Os feixes mais internos da fibra do dendê ainda estão vazios, ou seja, não

houve penetração de resina tereftálica nos feixes mais profundos da fibra em questão.

Isso diminui a resistência do compósito já que esse fato demonstra uma interface com

baixa aderência.

Portanto, o uso de modificadores compatibilizantes pode facilitar a entrada de

resina no interior da fibra, e como consequência, melhorar as resistências mecânicas ou

diminuir o índice de absorção de água pelo compósito proposto.

Descolamento da fibra da matriz ou Debonding é observado nas Figura 4.12 e

Figura 4.13. A baixa aderência entre fibra e matriz, notada pela ausência de vestígios de

matriz polimérica na superfície da fibra. Observou-se também nas imagens também

analisadas o arranque de fibras ou “pull out”.

4.2.3. Absorção de Água Destilada

Para determinação do nível de absorção de água destilada pelos compósitos

utilizou-se a norma ASTM D570-98. O tempo de imersão para todos os compósitos foi

de 28 dias. Considerou-se o compósito saturado quando no intervalo de 15 dias entre

leituras o índice de absorção foi de 0,5%.

A Figura 4.4apresenta os dados obtidos no ensaio de absorção de água

destilada pela matriz polimérica tereftálica (escura) e respectivas formulações dos

compósitos.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

85

Tabela 4.6. Índice de Absorção de Água destilada pelos Compósitos.

Absorção de Água Destilada

Material Abs / % Material Abs / %

Resina 2,513 ---- -------

T5 2,667 NT5 2,725

T10 3,919 NT10 3,937

T20 3,983 NT20 4,069

A absorção de água pela matriz polimérica foi 2,3 vezes superior ao resultado

aferido por Gomes, 2014. Observou-se nas amostras de matriz analisadas a presença de

“voids” ou bolhas contribuindo para o aumento no índice de absorção para a

propriedade considerada.

Os resultados traduziram uma leve tendência dos compósitos formulados com

resíduo não tratado. A diferença entre as absorções dos compósitos formulados com a

menor adição de resíduo; T5 e NT5; e maior adição de resíduo; T20 e NT20; foi de

apenas 2%. Quando se avaliou os compósitos T10 e NT10 a diferença foi de 0,5%, ou

seja, insignificante quando se avalia o processo de fabricação manual adotado.

Devido aos dados apresentados pode se dizer que as diferenças no índice de

absorção foram insignificantes quando se considera que o tratamento da fibra, mesmo

sendo um processo simples e de baixo custo, aumenta os custos de produção do

compósito sugerido.

A tendência de estabilização da massa de água absorvida pela matriz

polimérica ocorre já na primeira semana de ensaio e, para os compósitos formulado com

resíduo tratado este evento é observado no 21º dia de imersão em água destilada. Da

mesma forma, avaliando os compósitos formulados com resíduo não tratado, observa-se

uma tendência de estabilização da massa de água absorvida após o 21º dia de imersão.

De modo geral, o elevado índice de absorção de água pelo compósito foi

justificado pela presença de fibra natural de dendê que contem celulose como um de

seus componentes, já que a celulose apresenta um caráter polar e corresponde ao

principal constituinte do rejeito empregado. Então, é possível afirmar que quando se

adiciona resíduo ao compósito, promove-se um aumento na sua capacidade de absorver

água.

Os compósitos formulados com resina tereftálica apresentam maior

susceptibilidade em absorver água, pois, a formação do polímero é conseguida por

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

86

excesso de glicol o que prejudica a resistência química do produto final, em razão da

afinidade que este tem com a água já que o glicol é higroscópico (Sanchez, 1996).

4.2.4. Análise Térmica

A Tabela 4.7 apresenta os resultados medidos das propriedades termofísicas

estudadas: Calor Específico, Difusividade Térmica, Condutividade Térmica e

Resistividade Térmica. As análises foram realizadas na fibra tratada, nos compósitos

formulados com rejeito tratado e compósitos formulados com rejeito não tratado bem

como na matriz polimérica teraftálica pura sem adição de resíduo. A Tabela 4.7

apresenta os resultados medidos.

Tabela 4.7. Propriedades Térmicas dos Compósitos.

Material C (MJ/m3K)

(Calor específico)

D (mm2/s)

(Difusividade)

K (W/mK)

(Condutividade)

R (°C·cm/W)

(Resistividade)

Fibra Tratada 0,688 ± 0,070 0,199 ± 0,019 0,137 ± 0,014 735,7 ± 73,6

NT5 1,484 ± 0,148 0,107 ± 0,011 0,158 ± 0,016 631,3 ± 63,1

NT10 1,981 ± 0,198 0,090 ± 0,009 0,178 ± 0,018 562,9 ± 56,3

NT20 2,024 ± 0,202 0,096 ± 0,001 0,195 ± 0,020 513,0 ± 51,3

T5 2,362 ± 0,236 0,098 ± 0,010 0,233± 0,023 432,2 ± 43,2

T10 1,828 ± 0,183 0,105 ± 0,010 0,193 ± 0,020 518,6 ± 52,0

T20 1,453 ± 0,145 0,112 ± 0,012 0,163± 0,022 612,3 ± 61,2

Resina 1,827 ± 0,183 0,096 ± 0,001 0,176 ± 0,018 568,1 ± 57,0

Houve modificações das propriedades térmicas resistência, condutividade

térmica, difusividade térmica, calor específico e difusividade térmica conforme se

adicionou resíduo de dendê tratado e não tratado à resina teraftálica. Algumas

considerações podem ser feitas quando se analisa a Tabela 4.7.

a) A fibra tratada apresentou menor calor específico, maior difusividade

térmica, menor condutividade térmica e, portanto maior resistência térmica quando

comparado a matriz polimérica e formulações com resíduo tratado e não tratado;

b) As propriedades calor especifico e condutividade térmica para os

compósitos formulados com resíduo não tratado apresentaram aumento em seus valores

absolutos conforme se aumentou a concentração de resíduo ao compósito;

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

87

c) As propriedades calor específico, condutividade térmica para os

compósitos formulados com resíduo tratado apresentaram diminuição em seus valores

absolutos conforme se aumentou a concentração de resíduo ao compósito;

d) A formulação do compósito com calor específico volumétrico mais baixo

foi a T20 e o NT5;

e) A fibra tratada apresenta maior difusividade térmica quando comparada

as formulação dos compósitos estudados;

f) A difusividade das formulações mais elevada foi a NT5 e T20 e a mais

baixa NT10, porém as demais formulações apresentaram valores próximos aos

apresentados pela matriz polimérica;

g) A condutividade térmica dos compósitos formulados tanto com resíduo

tratado quanto resíduo não tratado apresentaram valores próximos entre si e, quando se

considera o erro de medição podemos dizer que não houve mudança nesta propriedade,

pois os valores apresentados estão em intervalos que coincidem seus valores;

h) A formulação com maior resistência térmica foi a T20, NT5 e fibra

tratada.

O calor específico do resíduo tratado é bem menor que o da matriz polimérica e

suas formulações dos compósitos, retendo menor calor armazenado. Para os compósitos

fabricados com resíduos tratados houve uma diminuição na referida característica

analisada. Para o compósito fabricado com resíduos não tratados houve aumento na

propriedade avaliada.

A Figura 4.14 mostra o comportamento assumido pelo calor específico

volumétrico para as matrizes e formulações do compósito estudadas.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

88

Figura 4.14. Comportamento assumido pelo Calor Específico.

Tratada NT5 NT10 NT20 T5 T10 T20 Resina

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

Ca

lor

esp

ecíf

ico

(C

) M

j/m

3k

Materiais

Calor Específico

Conforme observado em análise de MEV à interação entre fibra e matriz dos

compósitos formulados com resíduo não tratado é menor quando comparado com os

compósitos formulados com resíduo tratado. Estes apresentaram melhor interação na

região de interface. A adição de resíduo de qualquer natureza, seja ele tratado ou não

tratado, à resina tereftálica aumenta a presença de espaços vazios, devido à baixa

interação dos componentes provocando a queda na capacidade de armazenamento de

calor do compósito.

Todavia, quando se avalia os resultados apresentados pelos compósitos

formulados com resíduos tratados o comportamento contrário é observado, ou seja, a

melhor interação fibra/matriz promoveu mínima presença de espaços vazios distribuídos

na amostra melhorando a propriedade termofísica em questão.

Diante do exposto pode se indicar uma influencia negativa expressiva

conforme se adiciona resíduo ao compósito em questão. A influência máxima foi

observada entre os compósito NT5 e NT10 chegando a pouco mais de 30%. Quando se

avalia a influencia mímima, destacam-se os compósitos NT5, NT10 e NT20, tendo

diferença entorno de 20%. .

A difusão do calor ocorre com mais facilidade no resíduo tratado do que na

matriz poliester e compósitos. A Figura 4. mostra o comportamento assumido pela

difusividade térmica.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

89

De forma geral os compósitos em suas várias formulações apresentam baixa

difusividade térmica, apto, portanto para aplicações que requeiram bom isolamento

térmico.

Figura 4.15. Comportamento assumido pela Difusividade Térmica.

Tratado NT5 NT10 NT20 T5 T10 T20 Resina

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

0,22D

ifu

siv

ida

de

(D

) m

m2/s

Material

Difusividade Térmica

A matriz poliéster apresenta difusividade térmica superior ao resíduo tratado de

dendê. Todas as formulações estudadas apresentam baixa condutividade térmica

podendo ser utilizadas em aplicações que requeiram boa resistência térmica.

A Figura 4.16 mostra o comportamento assumido pela condutividade térmica

para as matrizes e formulações do compósito estudadas.

Figura 4.16. Comportamento assumido pela Condutividade Térmica.

Tratada NT5 NT10 NT20 T5 T10 T20 Resina

0,00

0,02

0,04

0,06

0,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

0,22

0,24

0,26

Co

ndu

tivid

ad

e (

K)

w/m

k

Material

Condutividade Térmica

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

90

A condutividade térmica do resíduo tratado e prensado é maior 32% quando

comparada a resina teraftálica (amostra de controle). Comparando-se os compósitos

estudados, percebeu-se que os formulados com resíduo não tratado apresentaram um

aumento da condutividade térmica a medida que se acrescentava resíduo.

Já para os compósitos formulados com resíduos tratados houve um

comportamento contrário, ou seja, a medida que se adicionava resíduo ocorria a

diminuição da condutividade térmica.

O processo de fabricação manual adotado para confecção dos corpos de prova,

não permite que se anule a probabilidade de aparecimento de “voids”, estas bolhas

podem comprometer de forma negativa o desempenho do compósito praticamente em

todas as propriedades avaliadas.

A formulação de menor condutividade térmica foi a NT5, com K 10% menor

que a matriz polimérica. O compósito T5 apresentou condutividade térmica 24%

superior à matriz tereftálica.

A compatibilidade entre resíduo e matriz polimérica foi notadamente

comprometida quando nenhum tratamento era dado a fibra de dendê. Esta falta de

compatibilidade, já observada na análise micrográfica, foi uma das explicações desta

diferença entre os valores medidos entre os compósitos formulados com resíduos

tratados e não tratados.

A Figura 4.17 mostra o comportamento assumido pela resistividade térmica para

as matrizes e formulações do compósito estudadas.

Figura 4.17. Comportamento assumido pela Resistividade Térmica.

Tratada NT5 NT10 NT20 T5 T10 T20 Resina

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

550

600

650

700

750

800

850

Re

sis

tivid

ade

(R

) °C

·cm

/W

Material

Resistividade Térmica

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

91

Avaliando-se a resistividade térmica, o comportamento desta propriedade foi

notadamente interferido conforme se adicionava resíduos a matriz polimérica. O

compósito T5 apresentou a menor resistência térmica quando comparada a todos os

materiais estudados incluindo a fibra de dendê tratada.

A compatibilidade satisfatória entre matriz e resíduo apresentada pelos

compósitos fabricados com resíduos tratados, proporcionou a fabricação de um

compósito com menor quantidade de espaços vazios favorecendo a condução térmica.

Todas as formulações apresentaram resistividades térmicas apropriadas.

Tomando-se como comparativo o PVC de resistividade térmica em torno 670 °C·cm/W

os compósitos NT5 e T20 apresentaram níveis equivalentes, em torno de 6 % e 9%

menor respectivamente. Ressalte-se que o PVC é um material de apropriada capacidade

de isolamento térmico. Poder-se-ia utilizar o compósito para a fabricação de tubos para

a condução de fluido quente à temperatura inferior a 120º Celsius.

A adição de resíduo de dendê tanto tratado quanto não tratado ao compósito

contribuiu para o aumento de espaços vazios nos compósitos, ou seja, entre suas

moléculas interferindo diretamente nestas propriedades, pois o ar é um dos melhores

isolantes térmicos.

4.2.5. Densidade

Medindo-se a densidade da matriz tereftálica utilizada e da mesma forma os

compósitos formulados foram encontrados os resultados expostos na Tabela 4.8.

Tabela 4.8. Densidades dos compósitos formulados com resíduos tratados e não

tratados.

Compósito - Líquido Água Destilada a 25,5°C

Medido g/cm³

Resina Tereftálica 1,202

T5 1,122

T10 1,160

T20 1,199

NT5 1,160

NT10 1,147

NT20 1,118

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

92

Segundo o fabricante Arazin da resina escura (tereftálica) a densidade pode

variar entre 1,10 e 1,15 g/cm3, portanto uma diferença de 0,052 g/cm3 quando

comparado à amostra analisada.

Observou-se um comportamento da densidade oposto entre os diferentes

compósitos estudados. Os formulados com resíduo tratado (T) houve uma diminuição

de densidade conforme se adicionou resíduo ao compósito. Já os formulados com

resíduo não tratado (NT) teve um comportamento contrário aos compósitos T, ou seja,

houve um aumento de densidade conforme se adicionou resíduo a resina tereftálica.

A diferença de densidade entre os compósitos T5, o compósito de menor

adição de resíduo tratado, e o T20 que apresentava maior adição de resíduo tratado foi

de 0,077 g/cm3 ou 3,3%. A média dos valores de densidade ficou em 1,23 g/cm3 tendo-

se um desvio padrão na ordem de 0,015 g/cm3. O gráfico da Figura 4.18 mostra o

comportamento assumido pela densidade do compósito e da matriz.

Figura 4.18. Densidade aparente dos compósitos e matriz tereftálica.

Matriz T5 T10 T20 NT5 NT10 NT20

1,10

1,11

1,12

1,13

1,14

1,15

1,16

1,17

1,18

1,19

1,20

1,21

1,22

De

nsid

ade

g/c

Material

Densidade Aparente

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

93

CAPÍTULO V - CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Em consonância com os objetivos geral e específicos delineados para o presente

trabalho apresentam-se as conclusões e sugestões pertinentes, decorrentes da análise dos

resultados da caracterização do compósito em suas várias formulações.

5.1. CONCLUSÕES

1. O processo de fabricação manual adotado foi satisfatório viabilizando a

produção dos compósitos feitos com resina tereftálica e resíduos de dendê. O emprego

dos resíduos de fibras de dendê reduz de maneira considerável o uso de resina na

fabricação do compósito, reduzindo o custo de fabricação de utilidades produzidas com

este material;

2. O tratamento térmico realizado no resido (fibra do mesocarpo do dendê, após

seu processamento) foi de fácil execução oferecendo riscos moderados aos executantes.

Tal tratamento também garantiu integridade dos feixes fibrosos e proporcionou-lhe a

limpeza superficial melhorando as propriedades mecânicas do compósito: resistência à

tração, flexão e impacto;

3. O resíduo de fibras de dendê utilizado mostrou-se mais viável em relação às

propriedades mecânicas para ser utilizado no compósito como carga, principalmente

devido à resistência à tração e flexão em todas as formulações ter sido inferior a da

matriz correspondente;

4. Os ensaios mecânicos mostraram que o compósito apresenta propriedades

mecânicas inferiores a outros compósitos que utilizam rejeitos lignocelulosicos em sua

composição, porem se considerando a economia de resina quando em seu emprego para

a fabricação de peças onde esforços mecânicos são moderados, sua aplicação pode ser

avaliada para utilização.

5. A redução do desempenho mecânico dos compósitos quando comparados à

matriz de origem pode ser justificado pela baixa adesão ou interação entre fibra e matriz

na região de interface, fato comprovado no ensaio de microscopia eletrônica de

varredura (MEV);

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

94

6. O compósito mostrou-se viável para fabricação de peças e estruturas aplicáveis a

sistemas onde baixos esforços mecânicos são solicitados, tais como embalagens,

recipientes para fornos solar e secadores de frutas, estantes e prateleiras;

7. A baixa aderência na região de interface entre fibra e matriz tendo como

consequência não penetração de resina nos dutos capilares internos da fibra, promoveu

o aumento na porção de água absorvida pelo compósito conforme se aumenta a

concentração de resíduo à matriz, pois, o efeito da capilaridade não foi anulado ou

minimizado caso houvesse a presença de resina ocupando os dutos capilares da fibra;

8. A adição de resíduo não tratado ao compósito promoveu maior redução da

densidade aparente quando comparado ao resíduo tratado. As impurezas superficiais

existentes antes do tratamento da fibra interferiram de forma a aumentar a existência de

espaços vazios em toda a extensão das amostras analisadas;

9. A falta de interação na região de interface entre matriz e resíduo e o método

manual de fabricação adotado, limitou em 20% a adição de resíduo tanto tratado quanto

não tratado ao compósito. O problema é mais grave quando se utiliza resíduo não

tratado;

10. O compósito apresentou significativa viabilidade térmica, podendo ser utilização

para fabricação de isolantes térmicos, em função de sua baixa condutividade.

5.2. SUGESTÕES

1. Testar a obtenção do compósito com resíduo de fibras de dendê utilizando outras

matrizes poliméricas;

2. Fazer análise de envelhecimento do compósito;

3. Testar a absorção do compósito para contato com óleos;

4. Estudar a adição de um agente compatibilizante como forma de melhorar a

adesão matriz-resíduo;

5. Aperfeiçoar o processamento do compósito, principalmente para as formulações

com maior percentual de resíduo;

6. Utilizar um molde vertical para a fabricação de placas do compósito destinadas a

produção de estruturas;

7. Estudar o comportamento acústico do compósito proposto.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ABMACO – Associação Brasileira de Materiais Compósitos –

www.abmaco.org.br

2. Abu Bakar, A.H et al., Lignocellulose-based Hybrid Bilayer Laminate

Composite: Part I – Studies on Tensile and Impact Behavior of Oil Palm Fiber–

Glass Fiber-reinforced Epoxy Resin, Journal of Composite Materials April 2005

vol. 39 no. 8 663-684.

3. Agropalma, O cultivo do Dendê com a agricultura familiar. Mojú, 2005

(Relatório Técnico) Embrapa. A cultura do dendê. Coleção Plantar. Série

vermelha: Fruteiras. Embrapa. Brasília, DF. 1995.

4. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D3039

5. AQUINO R. C. M. P., MONTEIRO S. N., D’ALMEIDA J. R. M. Evaluation of

the critical fiber length of piassava (Attalea funifera) fibers using the pullout

test. JOURNAL OF MATERIALS SCIENCE LETTERS 22, 1495 – 1497, 2003.

6. AQUINO, E. M. F, Compósitos híbridos de fibra de vidro, juta e curauá:

Comportamento estático e macanismo de dano, CBECIMAT – 2004

7. AQUINO, E. M.F, Compósitos híbridos de fibra de vidro, juta e curauá:

Comportamento estático e macanismo de dano, CBECIMAT – 2004

8. AQUINO, R. C. M. P. – “Desenvolvimento de Compósitos de Fibras de Piaçava

da Espécie Attalea Funifera Mart e Matriz de Resina Poliéster”, Tese de

Doutorado, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Brasil 2003.

9. ASTM – American Society for Testing and Materials, BS – British Standards,

ISO – International Organization for Standardization, AMN – Associação

Mercosul de Normalização e CEN – Comité Européen de Normalisation.

10. ASTM D570 - Standard test method for tensile properpies of plastic, West

Conshohocken, 2003.

11. ASTM D570-09 - Standard test method for water absortion, West Conshohocken

2009.

12. ASTM D638-03 – Standard test method for tensile properpies of plastic, West

Conshohocken, 2003.

13. ASTM D79003 – Standard test method for tensile properpies of plastic, West

Conshohocken, 2003.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

96

14. ASTM D790-10 - Flexural Properties of Unreinforced and Reinforced Plastics

and Electrical Insulation Materials, West Conshohocken 2010.

15. ASTM Standard D3878-07. Standard terminology for composite materials, West

Conshohocken, 2013.

16. ASTM Standard D638-10. Standard test method for Tensile properties of

plastics. Annual book of ASTM standards. v.08.01. West Conshohocken: ASTM

International, 2000b.

17. ÁVILA FILHO, S. Usineiros de Biodiesel podem parar a produção: Glicerina,

oportunidade ou problema? Disponível em: http://www.biodieselbr.com.

18. BARTKOWIAK, M.; ZAKRZEWSKI, R. Thermal degradation of lignins

isolated from wood. Journal of Thermal Analysis and Calorimetry, v.77, p.295-

304, 2004.

19. BEZERRA, F. C. ; VERAS, L.G.; CORREIA, D. Aproveitamento da casca de

coco verde. In: José Maria Marques de Carvalho. (Org.). Apoio do BNB à

pesquisa e desenvolvimento da fruticultura regional. Fortaleza: Banco do

Nordeste do Brasil, p. 164-190, 2009.

20. BEZERRA, F. C.; ROSA, M. F. Pó da casca de coco verde como substrato para

plantas. In: III Encontro Nacional de Substratos para Plantas - III ENSUB, 2002,

Campinas. Documento IAC, 70, 2002.

21. CALLISTER, JR., W.DE., Materials Science and Engineering: na introdution.

John Wilen Sons, Inc., 2009.

22. CALLISTER, W. D. - Fundamentos da ciência e engenharia de materiais: uma

abordagem integrada. Ed. 8º. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

23. CARLA, D., S. 2003. Influência da presença de fibras naturais em compósitos

híbridos, tipo sanduiche. Natal: UFRN, Tese de Mestrado.

24. CARVALHO, F. X; FROLLINI E. (Eds.). Lignocellulosics-plastics Composites.

São Paulo, USP, 1997. P. 181-195.

25. CASTRO, Daniele O.; FROLLINI, Elisabete; MARINI, Juliano and

RUVOLO-FILHO, Adhemar. Preparação e caracterização de biocompósitos

baseados em fibra de curauá, biopolietileno de alta densidade (BPEAD) e

polibutadieno líquido hidroxilado (PBHL). Polímeros [online]. 2013, vol.23, n.1,

pp. 65-73. Epub Jan 18, 2013. ISSN 0104-1428.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

97

26. CATTO, A. L., Estudo da Compatibilização da Matriz Poliolefínica em

Compósitos Termoplásticos a partir de Resíduos Pós-uso. Dissertação (Mestrado

em Engenharia Mecânica, UFRS – Porto Alegre - 2012.

27. CIMINELLI, R. R., - “Critérios para Formulação de Cargas e Reforços Minerais

em Termoplásticos. In: Congresso Brasileiro do Plástico Reforçado, 5., 1988.

São Paulo. Anuais. São Paulos: Associação Brasileira de Plásticos Reforçado,

1988. p 71 – 73.

28. CORREA, C. A.; Fonseca C. N. P.; Neves, S. PPGECM, UAACET

Universidade São Francisco. Compósitos Termoplásticos com Madeira.

Polímeros: Ciência e Tecnologia, Vol. 13, nº 3, p. 154 – 165, 2003.

29. CORREIA, A Z. – Métodos e Processos para a Fabricação de Materiais

Compósitos. Embraer. São Paulo, 1988.

30. CPIC Fiberglass. (2015).

http://br.cpicfiber.com/processos.asp?codigo=1&cat=Processos

31. D’ALMEIDA et al., 2007), D’ALMEIDA, J.R.M.; d’ ALMEIDA, A.L.F.S.;

CARVALHO, L.H. Mechanical, morphological and structural characteristics of

caroa (Neoglaziovia variegata) fibers. 2007.

32. embrapa

33. FINKLER M, Scapini P; Freire, E; Zattera, A J; Zeni, M. - Compósitos de

HDPE com Resíduos de Fibras Têxteis. Parte I: Caracterização

Mecânica.Revista Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 15, n° 3, p. 171-175,

2005.

34. FONSECA, F. M. C. Desenvolvimento e caracterização de compósitos à base de

Polietileno de Alta Densidade (PEAD) reciclado e fibras vegetais. 2005. 133f.

Dissertação (Mestrado em Engenharia de Materiais) - Universidade Federal de

Ouro Preto, Ouro Preto, 2005.

35. FONSECA, V. M. 1998. Estudo comparativo das propriedades mecânicas em

compósitos poliéster/sisal quimicamente tratados. Natal: UFRN, Dissertação de

Mestrado.

36. FREIRE JÚNIOR, R.C.S., Estudo da prevenção de falha por fadiga em laminado

de plástico reforçado com fibra de vidro, Dissertação do PPGEM, 2001.

37. FREIRE JÚNIOR, R.C.S., Estudo da prevenção de falha por fadiga em laminado

de plástico reforçado com fibra de vidro, Dissertação do PPGEM, 2001.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

98

38. FURLAN JÚNIOR, J., (2006). Dendê: manejo e uso dos subprodutos e dos

resíduos. Embrapa Amazônia. Embrapa Amazônia Oriental, Documento 246,

p37. Belém, PA.

39. FURLAN JÚNIOR, J.; OLIVEIRA, R. F.; TEIXEIRA, L. B.; Compostagem de

Engaços de Dendê em Processo de revolvimento mecanizado. Comunicado

técnico 156. Embrapa Amazônia Oriental, Maio, 2006, Belém, PA.

40. GARAY, A. C.; Efeito da Adição de Carbonato de Cálcio em Compósitos

Poliméricos Moldados por RTM e RTM Light. Dissertação (Mestrado em

Engenharia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2010.

41. GASQUES, J. G.; BASTOS, E. T. (março/2003). Crescimento da Agricultura.

Boletim de Conjuntura, nº 60. Página visitada em 04 de janeiro de 2011.

42. GOMES, I. R. B.;” Viabilidade de utilização de um compósito a partir de

resíduos para a construção de casas populares a baixo custo”, Dissertação de

Mestrado do PPGEM, UFRN, Natal, 2010.

43. GOMES, I. R. B.;” Viabilidade de utilização de um compósito a partir de

resíduos para a construção de casas populares a baixo custo”, Dissertação de

Mestrado do PPGEM, UFRN, Natal, 2010.

44. HILLIG, I A.; Caracterização de compósitos produzidos com polietileno de alta

densidade (HDPE) e serragem da indústria moveleira. 2004. 182f. Tese

(Doutorado em Ciências Florestais)- Universidade Federal do Paraná, Curitiba,

2004.

45. HILLIG, I A; Zattera A J; et. al. _ Caracterização de compósitos produzidos com

polietileno de alta densidade (HDPE) e serragem da indústria moveleira. Viçosa

2008. Rev. Árvore vol.32 no.2 Viçosa Mar./Apr. 2008. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622008000200013>

46. https://www.produccionmundialaceitedepalma.com/ setembro de 2015

47. I Ben Amor, et al., Interfacial polarization phenomena in palm tree fiber-

reinforced epoxy and polyester composites, Journal of Composite Materials

September 2014 vol. 48 no. 21 2631-2638.

48. INCROPERA, F.P., DEWITT, D.P., Fundamentos de Transferência de Calor e

de Massa, Guanabara Koogan, 4ª edição, Rio de Janeiro, 2003.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

99

49. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Levantamento Sistemático da

Produção Agrícola - LSPA - agosto 2008. Disponível em

<http://www.sidra.ibge.gov.br>.

50. IWAKIRI, Andrade e Zattera em 2008publicaram na revista arvore (Rev.

arvore vol.32 no.2 Viçosa Mar./Apr. 2008)

51. JUNIOR, A R; John V M. - Desenvolvimento de PVC Reforçado com Resíduos

de Pinus para Substituir Madeira Convencional em Diversas Aplicações. Revista

Polímeros: Ciência e Tecnologia, vol. 16, n° 1, p. 1-11, 2006.

52. KINNEY, G. F.; Engineering Properties and Applications of Plastics, John

Wiley & sons, Inc., 4º edition, 1967.

53. LEÃO, M. A. - “Fibras de Licuri: um reforço alternativo de compósitos

poliméricos”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Brasil (2008).

54. LEWIN, M.; MEY-MAROM, A.; FRANK, R. Surface free energies of

polymeric materials, additives and minerals. Polymers for Advanced

Technologies, New York, v. 16, n. 6, p. 429-441, 2005.

55. LIMA, A. B. T. – “Aplicações de Cargas Minerais em Polímeros”, Dissertação

de Mestrado, Universidade de São Paulo, Brasil (2007).

56. LION, C A P de Q; Desenvolvimento Caracterização de Compósito a partir da

Borra da Piaçava para Construção da Parábola de um Fogão Solar a

Concentração. Tese (Doutorado em Engenharia e Ciências dos Materiais) –

Universidade Federal do Rio Grande do Norte 2013.

57. LÓPEZ, J. A.; MARTÍN SANTOS, M. D. L. A.; CHICA PÉREZ, A. F.;

MARTÍN MARTÍN, A. Anaerobic digestion of glycerol derived from biodiesel

manufacturing. Bioresource Technology, v. 100, n. 23, p. 5609-15, 2009.

58. M. Jawaid H.P.S. et al., Composites of oil palm empty fruit bunches/woven jute

fiber: chemical resistance, physical, andimpact properties, Journal of Composite

Materials, 45(24) 2515–2522, 2011.

59. MANO, E.B., Polímeros como Materiais de Engenharia, Edgard Blucher, São

Paulo – SP, 1999.

60. MARINUCCI, G; Desenvolvimento, Fabricação e Análise de Falha e Fratura de

Cilindros de Fibra de Carbono Colapsados por Pressão Interna. Tese (Doutorado

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

100

em Ciências na Área de Tecnologia Nuclear – Materiais. 2011. Instituto de

Pesquisas Energéticas e Nucleares. São Paulo. 2001 – Brasil.

61. MARTINS, R.R.; PIRES, A.T.N.; AL-QURESHI, H.A. and BARRA, G.M.O..

Estudo da viabilidade de utilização de fibras naturais curtas em matrizes de

resina epóxi. Matéria (Rio J.) [online]. 2008, vol.13, n.4, pp. 605-610. ISSN

1517-7076.

62. MARTINS, Silvana de Abreu. Identificação e Caracterização de Compósitos

Poliméricos. Rio de Janeiro 2009. Tese de Doutorado em Engenharia Mecânica

– Universidade Federal do Rio de Janeiro.

63. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Agricultura Sustentável.

Brasília: MMA, 2000, 57p.

64. MMA - Ministério do Meio Ambiente, Resolução CONAMA nº 313., acesso

data 27 de outubro de 2014. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=335

65. MONDARDO, F. H, 2006, Compósitos de Polipropileno e Farinha de Madeira.

Dissertação, Porto Alegre, RS, Brasil.

66. MOTA, R.C.S., Análise de viabilidade técnica de utilização de fibras

debananeira com resina sintética em compósitos, Dissertação de Mestrado do

PPGEM – UFRN, Natal, 2009

67. MOTA, R.C.S., Análise de viabilidade técnica de utilização de fibras de

bananeira com resina sintética em compósitos, Dissertação de Mestrado do

PPGEM – UFRN, Natal, 2009 n.1, p.167-174, 2003.

68. NETO, J.A.M., Desempenho mecânico de compósitos híbridos de fibras naturais

e poliéster não saturado, D Dissertação do PPGEM, 2010.

69. NETO, J.A.M., Desempenho mecânico de compósitos híbridos de fibras naturais

e poliéster não saturado, Dissertação (Mestrado em Ciências e Engenharia dos

Materiais) PPGEM, 2010.

70. NETO, MANOEL LEONEL DE OLIVEIRA, 2012, Estudo do Aproveitamento

de Resíduo de Gesso como Carga para Compósito de Resina Expansiva de

Mamona. Tese, Nata, RN, Brasil.

71. Noureddine Mahmoudi and Nabil Hebbar, Journal of Composite Materials Study

of mechanical properties of acomposite-based plant fibre of the palmand

thermoplastic matrices (PP )2014, Vol 48(3) 291–299

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

101

72. OECO - http://www.oeco.org.br/reportagens/24571-onu-quer-mudar-fogoes-a-

lenha

73. OIL WORLD, 1998

74. OLIVEIRA, R. F.; FURLAN JÚNIOR, J.; TEIXEIRA, L. B. Composição

Química de Cinzas de Caldeira da Agroindústria do Dendê. Comunicado técnico

155. ISSN 1517-2244. Junho, 2006. Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA.

75. ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL BANCO DE ALIMENTOS.

Disponível em: http://www.bancodealimentos.org.br/porque/dados_fome.htm.

76. PEREIRA, A. F.; CARVALHO, L. S. C. Resíduo de madeira: matéria-prima

alternativa usada sob critérios de ecodesign e design estratégico. P&D Design

2010 - 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design,

2010. Anais... São Paulo, outubro 2010.

77. PERES, L, BENACHOUR, M.; SANTOS, V. A. Gesso: produção e utilização

na construção civil. Núcleo de Tecnologia do Gesso do Itep, 2007.

78. PETRUCCI, E. G. R. Materiais de Construção. 9 ed. São Paulo, 1993.

79. PEZZIN, A.P.T., Reciclagem química de embalagens de PET pós-consumo:

Síntese de novos co-polímeros biodegradáveis, Notas de aula, UNIVILLE,

Joinville, SC, Brasil, 2008.

80. Portal do Moveleiro Disponível em: <www.portalmoveleiro.com.br

81. Portal Resíduos Sólidos. Lei nº 12.305/2010 da Política Nacional de Resíduos

Sólidos. Publicação 11 de maio de 2013. Disponível em:

<http://www.portalresiduossolidos.com/lei-12-3052010-politica-nacional-de-

residuos-solidos/> Acesso 15 de Janeiro de 2014.

82. PROSAB (Programa de Pesquisas em Saneamento Básico) , Resíduos Sólidos

Provenientes de Coletas Especiais: eliminação e valorização. 2011. Rede

Cooperativa de Pesquisas. Disponível em :

www.abenge.org.br/CobengeAnteriores/2011/sessoestec/art1738.pdf

83. QUEIROZ, F W. Construção de um fogão solar a concentração para cozimento

direto e indireto. Natal 2005. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) –

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

84. R. Ramli et al., Effects of fiber loading, fiber type, its mesh sizes, and coupling

agent on the properties of oil palm biomass/polypropylene composites, Journal

of Composite Materials, 45(21) 2165–2171, 2011

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

102

85. R. Ramli, R.M. Yunus and M.D.H. Beg Effects of fiber loading, fiber type, it

mesh sizes, and coupling agent on the properties of oil palm

biomass/polypropylene composites Journal of Composite Materials 45(21)

2165–2171 2011

86. Raghavendra Gujjala et al., Mechanical properties of woven jute–glass hybrid-

reinforced epoxy composite, Journal of Composite Materials December 2014

vol. 48 no. 28 3445-3455.

87. RAJ, R.G. et al. Use of wood fibers in thermoplastics: VII. The effect of

coupling agents in polyethylene/wood fiber composites. Journal of Applied

Polymer Science, v.37, p.1089-1103, 1989.

88. Revista oléos e gorduras. “A cultura da palam”. Ano3/ Edição 2/ Editora Stilo/

dispónivel em http://www.editorastilo.com.br pag 20-24.

http://www.mflip.com.br/pub/stilo/index4/?numero=2

89. RONG, M. Z.; ZHANG, M. Q.; LIU, Y.; YANG, G. C.; ZENG, H.M. The effect

of fiber treatment on the mechanical properties of unidirectional sisal-reinforced

epoxy composites. Composites Science and Technology, v.61, n.10, p. 1437-

1447, 2001.

90. ROSA, 2011 - (VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA AGROINDÚSTRIA

Rosa, M. F.1 ; Souza Filho, M S. M.1 ; Figueiredo, M. C. B.1 ; Morais, J. P. S.2

; Santaella, S.T.3 , Leitão, R.C.1 1 Pesquisador da Embrapa Agroindústria

Tropical, Fortaleza–CE, [email protected] 2 Pesquisador da Embrapa

Algodão, Campina Grande - PB 3 Professora Associada da Universidade Federal

do Ceará, Fortaleza –CE)

91. ROSA, D.S.; PENTEADO D. S.; CALIL, M. R.; M. 2002. Process to Improve

Thermal Propertires of Natural Fiber Composites. Canadian, Patent No.

2350112.

92. SANCHEZ, E. M. S; Zavaglia, C. A. C.; Felisberti, M. I.; Resínas de Poliéster

Insaturado - Influencia do Teor de Estireno nas propriedades Térmicas e

Mecânicas. COBEM – Congresso Brasileiro de Engenharia Mecânica 1995.

93. SANTOS, Alexandre Maneira dos. Estudo de compósitos híbridos polipropileno

/ fibras de vidro e coco para aplicações em engenharia. Curitiba 2006.

Dissertação Mestrado em Engenharia Mecânica – Universidade Federal do

Paraná.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

103

94. SILAEX. Comércio de Produtos Químicos Ltda. Data de acesso 20/05/2015.

<http://www.silaex.com.br/poli%C3%A9ster.htm.>

95. SILVA, A F, Figueiredo C F de. - Reaproveitamento de Resíduos de MDF da

Indústria Moveleira. Revista Design & Tecnologia 02 – 2010 pag. 77 a 87. Rio

Grande do Sul 2010.

96. SILVA, C. R. R. da. (2010). Viabilidade de utilização de um compósito a partir

da queima dos resíduos de dendê para a construção de casas. Tese de

Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, RN.

97. SILVA, H. S. P . Desenvolvimento de Compósitos poliméricos com Fibras de

Curauá e Hibridos com Fibras de Vidro. Porto Alegre/RS. 2010.

98. SOBRINHO, L. L,, 2005, Desenvolvimento de Matriz Polimérica de Material

Compósito para Reforço de Dutos de Aço. Tese de M.Sc., Rio de Janeiro, RJ,

Brasil.

99. SOFFNER, M.L.A.P. Produção de polpa celulósica a partir de engaço de

bananeira. Dissertação de mestrado. ESALQ – Universidade de São Paulo.

Ciência e Tecnologia de Madeiras. Piracicaba. 56p. 2001.

100. STARK, N. M.; ROWLANDS, R. E. Effects of wood fiber characteristics on

mechanical properties of wood/polypropylene composites. Wood Fiber Science,

v.35,

101. STARK, N. M.; ROWLANDS, R. E. Effects of wood fiber characteristics on

mechanical properties of wood/polypropylene composites. Wood Fiber Science,

v.35, n.1, p.167-174, 2003.

102. TEIXEIRA, M. G. Aplicação de Conceitos de Ecologia Industrial para Produção

de Materiais Ecológicos: O Exemplo do Resíduo de Madeira. 2005. Dissertação

(Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo)

Universidade Federal da Bahia.

103. TEIXEIRA, MARCELO GERALDO e César, Sandro Fábio, 2006. Produção de

Compósito com Resíduo de Madeira no contexto da Ecologia Industrial. 10°

Encontro Brasileiro em Madeira e Estruturas de Madeiras (EBRAMEM) - São

Pedro/SP.

104. TEIXEIRA, Marcelo Geraldo: Aplicação de conceitos da ecologia industrial

para a produção de materiais ecológicos: o exemplo do resíduo de madeira.

UFBA – Dissertação de mestrado. Salvador, 2005.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas

104

105. UGARI, Mariana Batista: Estudo da Influência do grau de Cristalinidade nas

Propriedades Mecânicas do Polietileno Teraftalato Processado a Baixas Taxas

de Resfriamento. UFPR – Dissertação de Mestrado. Curitiba, 1999.

106. Vieira, Ana Carla. “Caracterização da biomassa proveniente de resíduos

agrícolas para geração de energia”. Cascavel, PR: UNIOESTE, 2012. 56 f. ;

107. VIEIRA, C. A. B. Avaliação de Metodos e Fabricação de Mantas Hibridas de

Fibras Curtas de Vidro e Sisal em Composito Poliméricos. Caxias do Sul/RS,

2008.

108. VINCENZINE, P. – Advanced Structural Fiber Composites. Itália, Techna

Faenza, 623p, 1995.