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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
CARLOS ROBERTO ROCHA DA SILVA
OBTENÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO
DE UM COMPÓSITO COM MATRIZ DE RESINA POLIESTER E RESÍDUOS
ORIGINADOS DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE DENDÊ
Natal - RN
Novembro de 2015
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
OBTENÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO
DE UM COMPÓSITO COM MATRIZ DE RESINA POLIESTER E RESÍDUOS
ORIGINADOS DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE DENDÊ
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Mecânica,
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte - UFRN como requisito para
obtenção do título de Doutor em
Engenharia de Mecânica.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza
Natal RN
Novembro de 2015
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UNIVERSIDADE FFEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
OBTENÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO
DE UM COMPÓSITO COM MATRIZ DE RESINA POLIESTER E RESÍDUOS
ORIGINADOS DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE DENDÊ
CARLOS ROBERTO ROCHA DA SILVA
Esta tese foi julgada adequada para a obtenção do título de
DOUTOR EM ENGENHARIA MECÂNICA
sendo aprovada em sua forma final.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza
Banca Examinadora
______________________________________
Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza
________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Bolera Lopo
_________________________________________
Prof. Dr. Natanaeyfle Randemberg Gomes dos Santos
_________________________________________
Prof. Dr. Moisés Vieira de Melo
________________________________________
Prof. Dr. Marcos Silva de Aquino
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Seção de Informação e Referência
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Silva, Carlos Roberto Rocha da.
Obtenção, caracterização e viabilidade de utilização de um compósito com
matriz de resina poliester e resíduos originados da extração do óleo de dendê / Carlos
Roberto Rocha da Silva. - Natal, 2016.
98 f. : il.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Guilherme Meira de Souza.
Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de Pós-graduação em Engenharia
Mecânica.
1. Materiais de origem vegetal - Tese. 2. Compósitos poliméricos - Tese. 3.
Resina poliéster tereftálica - Tese. 4. Resíduos - Tese. I. Souza, Luiz Guilherme Meira de.
II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 621
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Dedico este trabalho a minha
esposa Roselândia Rocha pelo
grande apoio e incentivo.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus principal fonte de sabedoria e amor.
A minha família por todos os ensinamentos ao longo de toda minha vida.
Agradeço em especial ao orientador e amigo Professor Dr. Luiz Guilherme
Meira de Souza ao apoio dado, às ideias e pelo incentivo constante durante
desenvolvimento do projeto.
Ao amigo irmão Jailton Weber e família pelo apoio, companheirismo e amizade.
Aos amigos Roberto e Nadja Stopilha por todo apoio e ensinamentos do
cotidiano.
Ao Instituto Federal da Bahia na figura de seus diretores e a Universidade
Federal do Rio Grande do Norte pela oportunidade de realização do Doutorado.
A todos os colegas do Campus de Porto Seguro que de alguma forma
contribuíram para a realização do doutoramento.
A todos os colegas e amigos do laboratório de máquinas de fluxo e energia solar
da UFRN que direta ou indiretamente, perto ou distante, presentes ou ausentes,
contribuíram para a realização desta pesquisa.
Ao diretor Rui Mota e o técnico de laboratório Josemar, IFBA campus Simões
Filho, pelo apoio na realização dos ensaios mecânicos.
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SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... 8
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. 10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................. 11
LISTA DE UNIDADES DE MEDIDAS ..................................................................... 13
RESUMO ....................................................................................................................... 14
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO .................................................................................... 22
1.1. Apresentação do trabalho ...................................................................... 22
1.2. Objetivos ............................................................................................... 26
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................. 26
1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................... 26
CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................ 28
2.1.1. Caracterização da cultura do dendê ................................................. 29
2.1.2. Histórico e trajetória no Brasil ......................................................... 30
2.1.3. Potencial da cultura do dendê ........................................................... 32
2.1.4. Resíduos gerados .............................................................................. 34
2.2. Materiais compósitos ............................................................................... 34
2.2.1. Definições de materiais compósitos ................................................. 34
2.2.2. Matrizes termoplásticas e termofixas ............................................... 39
2.2.1.1. Resina poliéster .............................................................................. 42
2.2.3. Materiais compósitos poliméricos .................................................... 43
2.2.3.2. Métodos e processos de fabricação de compósitos ........................ 45
2.3. Estado da arte ........................................................................................... 49
CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................. 53
3.1. Materiais .................................................................................................. 53
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3.2. Métodos ................................................................................................... 56
3.2.1. Tratamento do resíduo do mesocarpo do dendê ................................... 56
3.2.2. Caracterização do Resíduo de dendê ................................................ 58
3.2.3. Fabricação dos corpos de prova ........................................................ 59
3.2.4. Levantamento das Propriedades Físicas ........................................... 62
3.2.5. Propriedades Químicas ..................................................................... 66
CAPÍTULO IV - RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................... 70
4.1. Caracterização do resíduo de dendê ........................................................ 70
4.2. Caracterização dos Compósitos ............................................................... 72
4.2.1. Ensaios Mecânicos ............................................................................ 72
4.2.2. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) .................................... 81
4.2.3. Absorção de Água Destilada ............................................................ 83
4.2.4. Análise Térmica ................................................................................ 85
4.2.5. Densidade ......................................................................................... 90
CAPÍTULO V – CONCLUSÕES E SUGESTÕES........................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1. Potencial de utilização de resíduos de origem vegetal e animal .................. 23
Figura 1.2. Resíduos do mesocarpo da extração do óleo de dendê.................................25
Figura 2.1. Carregamento de cachos de dendê após a extração de óleo. ........................ 28
Figura 2.2 Plantação de dendê em Valença no Estado da Bahia. ................................... 29
Figura 2.3. O dendezeiro, o cacho e os frutos. .............................................................. 33
Figura 2.4. Tipos de matrizes utilizadas em compósitos. ............................................... 36
Figura 2.5. Propriedades avaliadas para verificação do desempenho de um compósito. 38
Figura 2.6. Processo de laminação manual (Hand Lay Up). .......................................... 45
Figura 2.7. Laminação a pistola ou Spray Up. ............................................................... 46
Figura 2.8. Processo de laminação por infusão. ............................................................. 47
Figura 2.9. Laminação por enrolamento ou filament winding. ...................................... 47
Figura 2.10. Laminação por moldagem por compressão................................................ 48
Figura 2.11. Moldagem por injeção (RTM, RIM ou R-RIM). ....................................... 49
Figura 2.12 Laminação por pultrusão ............................................................................. 49
Figura 3.1. Resíduos não tratado e tratado. .................................................................... 53
Figura 3.2. Molde de Ferro fundido (200x200x12mm) utilizado para a fabricação das
placas de compósito. ....................................................................................................... 55
Figura 3.3. Etapas do processo de caracterização do compósito. ................................... 57
Figura 3.4. Processo de caracterização do resíduo. ........................................................ 58
Figura 3.5. Molde (200x200x12mm) para a fabricação do compósito. ......................... 59
Figura 3.6. Prensa com capacidade para cinco toneladas ............................................... 60
Figura 3.7. Etapas do processo de obtenção do compósito proposto ............................ 61
Figura 3.8. Máquina WDW-300E utilizada no ensaio de tração e flexão ...................... 63
Figura 3.9 Máquna utilizada para ensaio de impacto charpy ........................................ 64
Figura 3.10. Equipamento KD2 PRO utilizado para levantamento das propriedades
térmicas dos compósitos ................................................................................................. 65
Figura 3.11. Densímetro digital DSL 910. ..................................................................... 66
Figura 3.12. Medido de pH universal HI 422x-02 ......................................................... 68
Figura 3.13. Equipamento MEV, Modelo TESCAN a 20kV de aceleração para
Micrografia Eletrônica utilizado..................................................................................... 69
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Figura 4.1. Resíduos tratado e não tratado no ensaio de pH .......................................... 70
Figura 4.2. (a) Microscopia Eletrônica do resíduo não tratado, (b) Microscopia
eletrônica do resíduo tratado........................................................................................... 71
Figura 4.3. Comparação de resistência à tração entre os compósitos. ............................ 74
Figura 4.4. Comparação do alongamento total na tração entre os compósitos. ............. 74
Figura 4.5. Gráfico comparativo do módulo de elasticidade entre os compósitos
formulados com resíduo tratado e não tratado................................................................ 75
Figura 4.6. Comparação de resistência à flexão entre os compósitos ............................ 77
Figura 4.7. Deformação total dos compósitos com resíduos tratado e não tratado ........ 78
Figura 4.8. Módulo de elasticidade na flexão dos compósitos com resíduos tratados e
não tratados ..................................................................................................................... 79
Figura 4.9. Energia de impacto absorvida pelos compósitos ......................................... 80
Figura 4.10. (a) Resíduo não tratado apresentando resíduos na cobertura superficial da
fibra. (b) Resíduo tratado com integridade preservada................................................... 81
Figura 4.11. Micrografia eletrônica dos compósitos formulados com resíduo tratado e
não tratado imagens obtidas após ensaios mecânicos.....................................................82
Figura 4.12. Presença de fissura coesiva na matriz diagnosticada por MEV. ................ 82
Figura 4.13. Ausência de matriz polimérica na face interna dos feixes fibrosos ... .... ...83
Figura 4.14. Comportamento assumido pelo Calor Específico ...................................... 87
Figura 4.15. Comportamento assumido pela Difusividade Térmica ............................. .88
Figura 4.16 Comportamento assumido pela Condutividade Térmica.............................88
Figura 4.17 Comportamento assumido pela Resistividade Térmica...............................89
Figura 4.18. Densidade aparente dos compósitos e matriz tereftálica............................ 91
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LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1. Produção de dendê no Mundo em 2014...................................................... 30
Tabela 2.2. Classificação dos compósitos segundo a natureza dos constituintes........... 36
Tabela 2.3. Classificação dos compósitos poliméricos quanto à natureza da matriz ..... 40
Tabela 2.4. Principais tipos de resinas e suas características principais. ....................... 43
Tabela 3.1. Propriedades da resina Escura. .................................................................... 54
Tabela 3.2 Compósitos Formulados com resíduo tratado e não tratado. ........................ 60
Tabela 3.3. Dimensões corpos de prova. ........................................................................ 62
Tabela 3.4. Especificações e Parâmetros da Máquina de Tração e Flexão. ................... 64
Tabela 4.1. Valores de parâmetros dos ensaios de RT, ATT e MET medidos e obtidos
da ficha técnica do fabricante da matriz polimérica. ...................................................... 72
Tabela 4.2. Resultados obtidos no ensaio de tração para os compósitos e matrizes. ..... 73
Tabela 4.3. Valores de parâmetros dos ensaios de RF, ATF e MEF medidos e obtidos da
ficha técnica do fabricante da matriz polimérica ............................................................ 76
Tabela 4.4. Resultado médios obtidos no ensaio de RF ................................................. 77
Tabela 4.5. Resultados do ensaio de impacto ................................................................. 79
Tabela 4.6. Índice de Absorção de Água destilada pelos Compósitos ........................... 84
Tabela 4.7 Propriedades Térmicas dos Compósitos........................................................85
Tabela 4.8 Densidades dos compósitos formulados com resíduos tratados e não
tratados.............................................................................................................................90
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ASTM – American Society for Testing and Materials
T5 – Compósito com resina tereftálica com 5% de resíduo de fibra tratada do
mesocarpo do dendê
T10 – Compósito com resina tereftálica com 10% de resíduo de fibra tratada do
mesocarpo do dendê
T20 – Compósito com resina tereftálica com 20% de resíduo de fibra tratada do
mesocarpo do dendê
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
NT5 – Compósito com resina tereftálica com 5% de resíduo de fibra não tratada do
mesocarpo do dendê.
NT10 – Compósito com resina tereftálica com 10% de resíduo de fibra não tratada do
mesocarpo do dendê.
NT20 – Compósito com resina tereftálica com 20% de resíduo de fibra não tratada do
mesocarpo do dendê
IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia
LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energia Solar
MEK-P – Canalizador da resina Poliéster
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura
MOEF – Módulo de Elasticidade na Flexão
MOET – Módulo de Elasticidade na Tração
RF – Resistência a Flexão
RT – Resistência a Tração
TGA - Análise Termogravimétrica
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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NOMENCLATURAS
ε – Deformação longitudinal de ruptura
λ - Condutividade térmica
μ - Calor Específico volumétrico
LR - Limite de resistência à tração
Fmax - Tensão máxima aplicada
So - Área inicial
E - MOE ou módulo de Young em MPa ou N mm2
σ - Tensão aplicada medida em pascal ou Nm-2
ε - Deformação elástica longitudinal do corpo de prova (adimensional)
Mv - Média dos valores obtidos
R - Resistência a Flexão
- carga máxima aplicada em pascal ou Nm2
– distância entre os pontos de apoio em centímetro
b – largura dos corpos de prova em milímetro
d – espessura dos corpos de prova em milímetro
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LISTA DE UNIDADES
GPa – Gigapascal, unidade padrão de Pressão
MPa – Megapascal, unidade de medida de pressão
ºC – graus Celsius, medida de temperatura S.I
MJ/m3k – Megajoule por metro cúbico Kelvin
mm2/s – milímetro quadrado por segundo
W/mK – watt por metro kelvin
°C·cm/W – Grau centígrado centímetro por watt
g/cm3 – gramas por centímetro cúbico
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RESUMO
A utilização de materiais de origem vegetal, sejam eles resíduos ou não, como
carga ou reforço em compósitos poliméricos tem crescido principalmente devido ao
apelo ecológico. Apesar de várias utilizações do resíduo do mesocarpo de origem da
prensa do dendê já tenham sido estudadas sua utilização em compósitos poliméricos
ainda não atraiu o interesse de pesquisadores. Assim, o objetivo principal deste trabalho
foi apresentar a viabilidade de processamento e utilização como carga dos resíduos
proveniente da prensagem do mesocarpo do dendê em compósitos que utilizam resina
poliéster tereftálica (escura) como matriz. A fibra do mesocarpo do dendê foi coletada
sem custo em indústria de extração do óleo de dendê, as fibras são deixadas sem
acondicionamento adequado, esse armazenamento expõe o rejeito às intempéries
naturais, aparecimentos de fungos, insetos, e expõe também a umidade intensa e a
contaminantes como areia. Avaliou-se também o efeito da limpeza superficial da fibra
(resíduo) utilizando o processo de descontaminação pela lavagem com água corrente e
imersão em água fervente durante 1 hora. Foi utilizado um processo de conformação por
prensa em molde fechado,sendo escolhidas as formulações com percentuais de fibras
em massa de 5%, 10% e 20%, Assim como, com fibra não tratada nas proporções de
5%, 10% e 20%, para fibras tratadas e não tratadas.. Os resultados da caracterização
mecânica mostram que os compósitos formulados com resíduo tratado apresentaram
melhor desempenho mecânico em relação aos compósitos com resíduos não tratados.
Estes resultados puderam ser comprovados pela análise microscópica, onde se observou
problemas na região de interface em ambos os compósitos e principalmente nos
compósitos adicionados com resíduo não tratado. As demais propriedades físicas,
químicas e térmicas analisadas, observou-se a diminuição destas conforme se
adicionava resíduo, seja ele tratado ou não tratado, ao compósito. Mesmo diante da
interferência negativa da adição, o compósito foi viável e a utilização do resíduo pode
contribuir para diminuir o impacto ambiental causado pelo descarte aleatório ou destino
inapropriado do resíduo utilizado.
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Palavras-chave: materiais de origem vegetal; compósitos poliméricos, resina
poliéster tereftálica; resíduos.
ABSTRACT
Interest in use of plant materials, whether waste or not, as cargo or reinforcement
in polymer composites has grown mainly due to ecological appeal. Despite several
mesocarp residue uses of palm oil press of origin have already been studied its use in
polymer composites not even attract the interest of researchers. In the low southern
coast of Bahia, extraction industries and palm oil processing not have use policies of
this waste which may present potential source of income and profit. But the biggest
problem in the application of these materials in polymer composites is the lack of
interfacial adhesion between matrix and fiber plant mainly by the presence of residual
oil covering its surface. Thus, the main objective of this paper is to present the
processing feasibility and use as loading waste from the oil palm mesocarp pressing in
composites using teraftálica polyester resin (dark) as matrix. It also assessed the effect
of cleaning the surface of the fiber (residual) using the decontamination process by
washing with water and immersion in boiling water for 1 hour. The manual
manufacturing process was used because of its simplicity can be passed easily. was
fabricated composite fiber is in a ratio of 5%, 10% and 20% As with untreated fiber in
proportions of 5%, 10% and 20%. Mechanical characterization results show that
composites formulated with treated waste with better mechanical performance
compared to composites with untreated waste .The manual manufacturing process was
used because of its simplicity and low cost and can easily passed. Mechanical
characterization results show that composites formulated with treated waste with better
mechanical performance compared to composites with untreated waste. These results
could be confirmed by microscopic analysis, when there was trouble in the interface
region in both composites and especially in composites added with untreated waste. The
other physical, chemical and thermal properties analyzed, such as decreased residue is
added, whether treated or untreated was observed when the composite. Even with the
negative interference ta addition, the composite is feasible and the use of the residue can
contribute to decreasing environmental impact cause by random or inappropriate
disposal of the used target residue.
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Keywords: material of plant origin; polymer composite, teraftálica polyester resin;
residue.
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22
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
1.1. Apresentação do trabalho
O Brasil apresenta condições de clima, relevo, níveis de radiação solar entre
outros fatores que são favoráveis ao cultivo do dendezeiro: palmeira de origem africana
que produz o coco de dendê. Os estados do Amapá, Bahia em grande parte da extensão
do litoral sul e, principalmente o estado do Pará, são as regiões mais favoráveis ao
cultivo deste fruto apresentando excelente produtividade (EMBRAPA, 2010).
O fluxo produtivo do óleo de dendê inicia-se desde a produção agrícola,
passando pela extração do fruto, refino até a oleoquímica. A indústria oleoquímica,
processa o óleo de dendê transformando-o em insumos de alto valor comercial que
serviram como matéria prima para as indústrias química, farmacêutica e alimentícia
onde são produzidos bens de consumo, que posteriormente serão disponibilizados ao
consumidor final (MOJU, 2005).
Estima-se que a Produção Mundial de Óleo de Palma 2014/2015 será entorno de
63 milhões de toneladas (Revista Óleo e Gordura P 20-24, 2013). Quando comparamos
a produção média entre o referido biênio e a produção mundial do óleo de dendê de
dendê em 1980 de quase 300 mil toneladas, é possível entender a importância do óleo
de palma no mercado mundial de gorduras de origem vegetal (OIL WORD, 1998).
Conforme exposto pode-se prevê forte tendência de crescimento na produção de óleo de
palma principalmente pelo seu crescente uso na produção de biodiesel.
A extração do óleo de dendê produz grande quantidade de resíduos que não são
bem aproveitados. Para cada tonelada de frutos de dendê utilizados é extraído 20% de
óleo bruto e 5% de óleo de palmiste. O restante são subprodutos tais como: 1,5% de
torta de palmiste, 3,5% de engaços, 22% de fibras da prensagem do mesocarpo (torta de
dendê), 12% de cascas e uma enorme quantidade de efluentes líquidos, denominado
Palm Oil Mill Effluent (POME) (FURLAN, 2006).
Os resíduos do tipo cacho são jogados em terrenos para servirem de adubos da
mesma forma que as cinzas resultantes da queima da biomassa em caldeiras que geram
vapor para extração do óleo. O casquilho e a bucha da despolpa são armazenados como
biomassa para alimentação de caldeiras industriais ou as mesmas que geram vapor para
extração de óleo do fruto de dendê (FURLAN, 2006). A torta de palmiste pode ser
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amplamente utilizada na composição de rações para a alimentação de animais
domésticos.
O surgimento de novas tecnologias, principalmente a partir dos anos 80,
promoveu o desenvolvimento da agroindústria no Brasil colocando-a em posição de
destaque no processo de desenvolvimento do país. Tal desenvolvimento teve como
consequência o aumento de produção, melhoria na qualidade dos produtos, maior
lucratividade e outros benefícios (GASQUES & BASTOS, 2003).
A agroindústria gera significativa quantidade de resíduos como casca de arroz,
bagaço de cana-de-açúcar, rama da mandioca, sabugo e palha de milho e outros
(VIEIRA, 2012). Esses rejeitos quando não destinados de maneira apropriada podem se
tornar fontes de poluição.
Os significativos avanços no desempenho do agronegócio implicaram no
aumento do consumo de insumos e da geração de resíduos nas atividades agropecuária
agroindustrial. A pesquisa científica aponta a partir da década de 1980, para
agravamento de problemas ambientais globais, como a destruição da camada de ozônio,
efeito estufa e o comprometimento da biodiversidade, além dos impactos locais
provenientes da geração de resíduos líquidos e sólidos. Esses problemas demandaram
rediscussão do modelo de desenvolvimento que se mostrava limitados por seus efeitos
sobre a sustentabilidade (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE DO BRASIL, 2000).
A Figura 1.1 apresenta o potencial de utilização de resíduos de origem vegetal e
animal.
Figura 1.1. Potencial de utilização de resíduos de origem vegetal e animal.
Já existem alguns estudos para avaliar a utilização desses materiais orgânicos
como reforços ou substituição de materiais tradicionais utilizados na indústria.
Pretende-se retomar essa discussão no sentido de ampliá-la para materiais que não
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provoquem danos à saúde, possam ter suas propriedades melhoradas e não causem
danos ao meio ambiente.
Portanto, a redução dos resíduos e rejeitos gerados pela indústria do agronegócio
e, desenvolvimento de novas tecnologias capazes de transformar tais subprodutos em
produtos em substituição a outros não renováveis (ROSA, 2011). “Um bom exemplo é a
adoção crescente do conceito de biorefinaria, cuja lógica é análoga às refinarias de
petróleo e integra processos visando à valorização total da matéria-prima. (LEISTRITZ
et al., 2007)”.
Estudos exaustivos ainda são necessários para se estabelecer processos de
fabricação, tratamentos adequados e aplicações eficientes para melhor aproveitamento
desses resíduos de origens vegetais. Em se tratando da fibra resultante da prensagem do
mesocarpo da cultura do dendê ainda existem espaços para desenvolvimento de novas
técnicas que agreguem maior valor aos resíduos da dendeicultura. O resíduo em
questão, quando originado de usina de biodiesel, apresenta-se em bom estágio de
processamento químico e mecânico, com fibras individualizadas e em pequenas
partículas (ROSA et al., 2010).
Dentre as pesquisas voltadas ao aproveitamento desses resíduos, destaca-se a
obtenção de nanoestruturas de celulose, que são materiais especialmente indicados para
melhorar o desempenho físico-mecânico de filmes e embalagens. (ROSA et al., 2010).
Já existem alguns estudos para avaliar a utilização desses materiais orgânicos
como reforços ou substituição de materiais tradicionais utilizados na indústria.
Pretende-se retomar essa discussão no sentido de ampliá-la para materiais que não
provoquem danos à saúde, passam ter suas propriedades otimizadas e não causem danos
ao meio ambiente (SILVA, 2010).
A caracterização do compósito será feita obedecendo às normas pertinentes
ASTM e ABNT. Serão avaliadas dentre outras a condutividade térmica, as resistências
mecânicas a tração e flexão e dureza, a absorção de umidade.
Realizou-se ampla pesquisa bibliográfica sobre a utilização das fibras de dendê e
a proposta apresentada tem ineditismo científico para o fim pretendido. Esse estudo tem
por objetivo principal encontrar melhor destinação e utilização de resíduos (bucha) de
dendê evitando seu descarte no ambiente. Anteriormente, no Mestrado, já foi utilizada a
cinza do dendê proveniente da queima de resíduos em caldeira, para a fabricação de
compósito de matriz cerâmica.
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Para se ter uma ideia do potencial de utilização do resíduo proposto, basta
observar os dados de produção de fibras de cinzas oriundas do mesocarpo do dendê
corresponde, respectivamente, a 12% e 4% da massa fresca ou de cachos. Com base
nessas informações, estima-se que em uma usina com processamento anual de 30.000 t
de cachos, sejam gerados 3.600 t de fibras de mesocarpo. A Figura 1.2 mostra os
resíduos gerados do mesocarpo da extração do óleo de dendê.
Figura 1.2. Resíduos do mesocarpo da extração do óleo de dendê.
Face ao exposto, não só o uso já popularizado do óleo de dendê, contudo a
intensificação no seu uso para produção de biodiesel nasce à necessidade de destinar
corretamente os resíduos gerados durante o processamento do fruto. Um dos maiores
desafios da humanidade neste século é reestruturar seu modo de produção e consumo da
energia de maneira que não seja autodestrutivo, e consequentemente cause menos danos
ao ambiente natural.
Um caminho possível a seguir é a melhoria em seus processos produtivos
visando diminuir os insumos e rejeitos industriais, e em decorrência disso o aumento da
eficiência desses processos bem como a redução do custo de produção é inevitável
(ASTM D3039, 2000).
Estudos para utilização de materiais lignocelulósicos como reforço ou carga em
compósitos, principalmente de fibras vegetais (sisal, juta, coco, banana, curauá)
(AQUINO 2004), em compósitos de matriz termofixa e/ou termoplástica tem gerado
inúmeras pesquisas visando o melhor aproveitamento desses materiais. Os materiais
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compósitos são aplicados em diversas áreas, desde a indústria automotiva (ASTM A
570, 2000), embalagens até a na construção civil.
Esse estudo tem por objetivo principal encontrar melhor destinação e utilização
de resíduos do mesocarpo do dendê evitando seu descarte no ambiente. Anteriormente,
no Mestrado, já foi utilizada a cinza do dendê proveniente da queima de resíduos em
caldeira, para a fabricação de compósito de matriz cerâmica.
Será fabricado um compósito a partir das fibras do mesocarpo oriundos da
extração do dendê para fabricação de azeite. As fibras serão extraídas, tratadas e em
seguida misturadas à resina teraftálica para a obtenção do compósito desejado. Serão
experimentadas várias proporções de fibras em função das propriedades mecânicas e
térmicas pretendidas. O tamanho e a direção das fibras também serão avaliados..
A caracterização do compósito será feita obedecendo às normas pertinentes e
serão avaliadas as propriedades térmicas, calor específico, condutividade, resistência e
difusividade térmica e as propriedades mecânicas como: resistências mecânica a tração,
flexão e impacto; assim como: absorção de água, densidade aparente, termogravimetria
(TGA) e DSC e mecanismos de fratura utilizando a microscopia eletrônica por
varredura (MEV).
1.2. Objetivos
1.2.1. Geral
Demonstrar a viabilidade tecnológica dos compósitos formulados com resina
poliéster teraftálica (escura) acrescidas de resíduo de fibras do mesocarpo do fruto do
dendê nas porções de 5, 10 e 20% em massa.
1.2.2. Específicos
Desenvolver um método de aproveitamento das fibras provenientes da
extração do dendê;
Tratar as fibras e estudar os efeitos do tratamento sobre as propriedades
mecânicas;
Desenvolver o processo de fabricação do compósito;
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Determinar as propriedades mecânicas e térmicas do compósito com
proporções de mistura variadas;
Estudar a razão reforço/matriz do compósito.
Analisar a microestrutura do compósito e verificar os mecanismos de
fraturas no compósito idealizado;
Caracterizar física, química e mecanicamente os compósitos para as
proporções escolhidas;
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CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este capítulo apresenta conceitos importantes sobre o tema escolhido. Estes
conceitos servirão como elementos auxiliares no entendimento acerca da análise
proposta justificando a importância desses materiais e componentes no estudo de
caracterização tecnológica.
2.1. O dendê
A cadeia produtiva do dendê ou óleo de palma, que vai da produção agrícola,
passando pela extração, refino e seguindo até a oleoquímica, produz insumos e bens de
consumo final de alto valor comercial, base para as indústrias química, farmacêutica e
alimentícia.
Um complexo agrícola-oleoquímica baseado no dendê, impõe crescentes e
novos encadeamentos industriais a partir oleoquímica de básicos: ácidos graxos, álcoois
graxos , aminas e amidos graxos e glicerina. É um dos mais promissores campos, tanto
pela elevada participação da biotecnologia, como pelas possibilidades de investimentos
em capital na alta tecnologia.
A produção brasileira, estimada em 70.000 toneladas de óleo de dendê/ano, é
proveniente de dendezais subespontâneos, com produtividade que varia de 1 a 5
toneladas de cachos/ha, com rendimento de 10 a 13% de óleo. Esse rendimento é baixo
quando comparado com áreas plantadas com material melhorado que produzem em
média de 15 a 20 toneladas de cachos / ha, com rendimento de 20% (CEPLAC, 2000).
A Figura 2.1 revela o carregamento de cachos de dendê após a extração do óleo
Figura 2.1. Carregamento de cachos de dendê após a extração de óleo.
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No Sul da Bahia, o dendezeiro subespontâneo é conhecido pelos nomes vulgares
de “comum”, “caroço duro” ou “crioulo”. Outras denominações como “periquito” ou
“dendê das almas” são usuais. Apesar da baixa produtividade os dendezais
subespontâneos vêm sendo explorados extensivamente durante décadas por processos
artesanais de extração de óleo, visando atender à demanda interna do País.
Um dos maiores desafios da humanidade no próximo século será descobrir o
caminho para reestruturar seu modo de produção e consumo da energia, de maneira que
não seja autodestrutivo e que não degrade o meio ambiente. E um desses caminhos é a
utilização das energias renováveis que não produzem emissões de gases de efeito estufa.
2.1.1. Caracterização da cultura do dendê
O dendezeiro é uma palmeira de origem africana trazida para o Brasil no século
XVII, pelos escravos. A planta pertence à família das ericáceas, se propaga por meio de
sementes é a oleaginosa cultivada de maior produtividade, chegando a produzir mais de
8 toneladas de óleo por hectare ao ano (SILVA, 2010).
A dendeicultura é uma atividade de grande importância socioeconômica,
principalmente nos territórios Baixo Sul e Litoral Sul da Bahia, caracterizada por
pequenas propriedades com solos arenosos e areno-argilosos onde a cultura se adapta
muito bem e garante oportunidade de trabalho e renda para milhares de agricultores
familiares. Tamanha é a influência desta cultura que essa Região Litorânea foi
denominada como “COSTA DO DENDÊ”. A Figura 2.2 revela uma plantação de
dendê, na região de Valença.
Figura 2.2. Plantação de dendê em Valença no Estado da Bahia.
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O Estado da Bahia, com uma notável diversidade de clima e solos propícios ao
cultivo do dendê, abriga uma área apta disponível de terras situadas nas regiões
litorâneas, que se estendem desde o Recôncavo até os tabuleiros do Sul do Estado.
A maior parte da produção correspondendo a 10.000 toneladas de óleo provém
dos dendezeiros subespontâneos de baixa produtividade, localizados nos municípios de
Valença, Taperoá, Nilo Peçanha, Ituberá e Camamu, que ocupa uma área de 19.650
hectares.
Os dendezeiros cultivados são responsáveis pelo restante da produção, cerca de
5.000 toneladas, em uma área equivalente a 11.500 hectares, que também apresentam
baixa produtividade, por ter ultrapassado o período de produção econômica (25 anos) e
por si encontrarem em estado sanitário precário.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção
produção mundial do óleo de dendê entre o biênio 2015/2016 ficará pouco mais de 65
milhões de toneladas, um aumento de 3% quando comparado ao biênio de 2014/2015. A
Tabela 2.1 apresenta a produção mundial de dendê registrada em 2014.
Tabela 2.1. Produção de dendê no mundo em 2014.
Produção Global de Palma por País
País Produção
Indonésia 33,5 milhões
Malásia 21,5 milhões
Outros 4,3 milhões
Tailândia 2,25 milhões
Nigéria 930 mil
Fonte: Revista óleos & Gorduras, 2015.
2.1.2. Histórico e trajetória no Brasil
O dendezeiro é uma planta originária da costa ocidental da África (Golfo da
Guiné), sendo encontrada em povoamentos subespontâneos desde o Senegal até Angola.
Saiu para outras partes do mundo sob os mais variados pretextos, e onde encontrou
condições favoráveis adaptou-se e passou a integrar a flora local.
Estudos desenvolvidos por Souza (2000) vai nortear a discussão que trazemos a
seguir por ser considerado um historiador
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Descobertas arqueológicas indicam que há mais de 5.000 (cinco mil) anos o óleo
de dendê já era comercializado no continente africano como óleo comestível. Por outro
lado a história registra que a comercialização do óleo de dendê teve início no século
XVI, quando pequenas quantidades de óleo eram então adquiridas pela Inglaterra como
medicamento, pelo fato de serem atribuídos ao dendê outras propriedades medicinais
(SOUZA, 2000)
Esse comércio foi mantido nos séculos seguintes sem grande desenvoltura, mas
entremeado com alguns embarques esporádicos. Todavia, somente a partir do século
XIX é que foi estabelecido, de fato, o mercado regular de óleo de dendê entre a África e
a Europa. Em 1830 as exportações africanas alcançaram 14 mil toneladas/ano, passando
para 30 mil em 1870. Durante a revolução industrial cresceram as exportações, pois o
óleo de dendê encontrou pronto uso nas indústrias de vela e sabão e, especialmente,
como lubrificante nas estradas de ferro (SOUZA, 2000).
Embora o óleo de dendê naquela época fosse altamente demandado por outros
seguimentos industriais foi, sem dúvida alguma, o seguimento da margarina, em 1869,
que estabeleceu definitivamente o futuro do óleo de dendê no mercado mundial.
Nas primeiras décadas do século XX a cultura do dendê foi introduzida no
Sudoeste da Ásia, onde surpreendentemente transformou-se num dos eventos mais
importantes da Agricultura mundial. A experiência da Malásia contribuiu de forma
decisiva para o desenvolvimento da dendeicultura em várias partes do mundo.
Na Malásia, a Elaeis Guineensis foi introduzida em 1875, no Jardim Botânico de
Singapura, onde foram semeadas as primeiras plantas provenientes de Peradeniya, tendo
esta introdução interesse puramente ornamental (SOUZA, 2000)
Na Indonésia, nos arredores de Deli, em Sumatra, no ano de 1870 foram
plantadas algumas palmeiras introduzidas como plantas ornamentais. A descendência
destas palmeiras tornou-se conhecidas como “dura Deli”, ou apenas “Deli”,
caracterizando-se por produzir cachos pesados, frutos grandes com elevada percentagem
de polpa (SOUZA, 2000)
As primeiras referências sobre o dendê no Brasil remontam ao século XVI,
coincidindo, portanto, com o início do período de tráfico de escravos entre a África e o
recôncavo baiano.
O Brasil possui grande área de solo propício à cultura do Dendê, somando, pois,
aproximadamente 50.000 km2 distribuídos no norte – Pará (região Bragantina)
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Amazônia Ocidental, Amapá; e o nordeste - Bahia (precisamente no Sul), pode-se
observar, assim, um plantio não condizente com tal potencial em termos de extensão
(SOUZA, 2000).
O Brasil é o terceiro produtor de dendê do continente Americano, com cerca de
60.000 ha de área plantada, atrás da Colômbia com 120.000 ha e do Equador com
90.000 ha.
A Estação Experimental do Rio Urubu na Amazônia é a mais importante estação
de pesquisa de dendê do continente, e a cultura, o principal e melhor exemplo de
atividade agrícola bem sucedida na Amazônia.
Apesar desses fatos positivos a expansão da atividade ficou aquém do previsível
e do potencialmente possível. No Amazonas existe um pouco mais de 3.000 ha de área
plantada e 2.000 ha em exploração. Foi no Pará onde o dendê experimentou a sua maior
expansão (SOUZA, 2000).
O dendezeiro (Elaeais guineensis Jaquim) é uma palmeira originária da costa
ocidental da África (Golfo da Guiné), sendo encontrada em povoamentos
subespontâneos desde o Senegal até Angola.
O fruto do dendê produz dois tipos de óleo: o óleo de dendê ou de palma (palm
oil, como é conhecido no mercado internacional), extraído da parte externa do fruto, o
mesocarpo; e o óleo de palmiste (palm kernel oil), extraído da semente, similar ao óleo
de coco e de babaçu.
O óleo originário desta palmeira, o azeite de dendê, consumido há mais de 5.000
anos, foi introduzido no Brasil, a partir do século XVII, através do tráfico de escravos, e
adaptou-se bem ao clima tropical úmido do litoral baiano. No contexto atual, os
principais produtores são: a Malásia, a Indonésia e a Nigéria, sendo o Brasil 11º
produtor mundial.
No Brasil, o Pará é o principal produtor, com 70% da produção nacional, em
seguida vêm os estados da Bahia e Amapá. A região Sudeste da Bahia possui uma
diversidade excepcional de solos e clima para o cultivo do dendezeiro, com uma
disponibilidade de área da ordem de 854.000 hectares. (MOJÚ, 2005)
2.1.3. Potencial da cultura do dendê
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O óleo de dendê ou palma ocupa hoje o 2° lugar em produção mundial de óleos
e ácidos graxos, representando 18,49% do consumo mundial. Graças ao seu baixo custo
de produção, boa qualidade e ampla utilização, o óleo de dendê é um dos mais
requeridos como matéria-prima para diferentes segmentos nas indústrias oleoquímica,
farmacêuticas, de sabões e cosméticos.
Seu uso principal é na alimentação humana, responsável pela absorção de 80%
da produção mundial, no fabrico de margarinas, gorduras sólidas, óleo de cozinha,
maionese, panificação, leite e chocolate artificiais e tantos outros produtos da indústria
alimentícia e para fritura industrial. O fruto do dendê produz dois tipos de óleos: Óleo
de dendê, extraído da parte externa do fruto, o mesocarpo (22%); e o Óleo de palmiste,
extraído da semente (3%) (MOJÚ, 2005).
Atualmente, portanto, é possível afirmarmos que a cultura do dendê é hoje, uma
das mais importantes atividades agroindustriais das regiões tropicais úmidas, e poderá,
no futuro, desempenhar papel ainda mais importante, por ser uma excelente fonte
geradora de empregos no meio rural.
Ao mesmo tempo, é considerada uma cultura com forte apelo ecológico, por
apresentar baixos níveis de agressão ambiental, adaptar-se a solos pobres, protegendo-o
contra a lixiviação e erosão e "imitar" a floresta tropical.
A dendeicultura tem ainda, a capacidade de ajudar na restauração do balanço
hídrico e climatológico, contribuindo de forma expressiva na reciclagem e "seqüestro de
carbono" e na liberação de O2, contribuindo assim no combate da elevação excessiva
das temperaturas médias do Planeta.
A Figura 2.3 mostra o dendezeiro ( Elaeis guineenses, Jacq.) cujo plantio alcança
produtividade de ate 30 toneladas/ano e tem vida produtiva de 25 anos.
Figura 2.3. O dendezeiro, o cacho e os frutos.
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Outra característica marcante nesta cultura é a possibilidade do seu
aproveitamento com fonte energética alternativa para o biodiesel, pelo seu alto potencial
de produção por unidade de área.
2.1.4. Resíduos gerados
A geração de resíduos está associada ao desperdício no uso de insumos, as
perdas entre a produção e o consumo, e aos materiais sem valor econômico evidentes
gerados ao longo da cadeia agroindustrial.
Considerando os aspectos já expostos. o processamento dos cachos de frutos do
dendê para a extração de óleo são obtidos os seguintes subprodutos:
Fibras e cachos vazios, que podem ser utilizados como adubo sólido ou como
fonte de energia para dispositivos de cozimento dos frutos de dendê;
Amêndoas, que podem ser encaminhadas para usinas específicas para extração
do óleo de palmiste como subprodutos da casca das amêndoas ( fonte de energia
para caldeiras) e a torta de palmiste ( alimentação de animais domésticos);
Efluentes, que podem ser utilizados como fertilizantes líquidos após tratamento
específico.
2.2. Materiais compósitos
2.2.1. Definições de materiais compósitos
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Materiais compósitos tem sua origem dada pela combinação macroscópica de
dois ou mais matérias com propriedades distintas, cuja suas características se diferem
aos dos materiais que o originou. Um dos elementos que constituem um compósito é
denominado matriz e os demais são conhecidos como reforço (CALLISTER, 2012).
Outra definição para compósitos são materiais que possuem dois ou mais
constituintes quimicamente distintos numa escala microscópica, separados por uma
interface, sendo muito importante para a especificação destes constituintes. A matriz é o
constituinte contínuo, mas nem sempre presente em maior quantidade. O segundo
constituinte, disperso na matriz, é citado como uma fase de carga ou reforço, que
atua aprimorando as propriedades mecânicas da matriz (OLIVEIRA, 2007).
Para AI-Qureshi (Oliveira, 2007), materiais compósitos (ou,
abreviadamente, compósitos) são materiais de moldagem estrutural (também chamados
de materiais de engenharia) feitos de dois ou mais materiais constituintes,
com suas próprias propriedades, e que, juntos, resultam em um material com
propriedades realçadas ou diferentes das dos materiais originais.
Existem duas categorias de materiais constituintes: matriz e reforço, sendo
necessária ao menos uma porção de cada tipo. O material do tipo matriz envolve e
suporta os materiais reforços, mantendo-os em sua posição relativa. Os materiais de
reforços conferem propriedades físicas (elétricas ou mecânicas) especiais ao todo.
Além disso, uma sinergia entre a matriz e os reforços pode
produzir propriedades não disponíveis nos materiais originais.
A função básica do elemento denominado de matriz em materiais compósitos é
agir como um meio de transferência ou distribuição de carga para os reforços através do
cisalhamento. Outra função da matriz em um compósito é proteger o reforço da abrasão
mutua, danos provocados por agentes externos evitando assim a degradação pré-matura
do reforço (LION, 2013).
Diante do exposto as definições de compósitos não apresentam critérios
distintos e heterogêneos, e para aplicações estruturais, deve-se considerar os
três fundamentos:
União de dois ou mais materiais fisicamente distintos e separáveis
mecanicamente;
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Pode ser produzido de modo a ser possível controlar a proporção de
cada um dos elementos utilizados para a sua fabricação, objetivando-
se obter propriedades ótimas;
As propriedades obtidas no composto são superiores e, possivelmente,
únicas, se comparadas aos componentes em separados.
Os materiais compósitos são usualmente classificados pela natureza dos
materiais que os compõem e estão divididos em duas grandes categorias: materiais
compósitos naturais e sintéticos, conforme apresentado na Tabela 2.2. (CALLISTER,
2012).
Tabela 2.2. Classificação dos compósitos segundo a natureza dos constituintes.
Natureza dos Materiais Exemplos
Materiais Compósitos
Naturais
- Madeiras
- Ossos
- Músculos
Sintéticos - Plástico reforçado
- Concreto armado
Fonte: Callister, 2012.
Dentre os materiais compósitos de ocorrência natural, podem-se citar os
ossos de animais e as madeiras de árvores. Dentre os materiais criados pelo
homem, pode-se citar o concreto armado, que é um material compósito de cimento
portland e de aço, e a fibra de vidro conforme visto na Tabela 2.2.
Os compósitos naturais tem sua origem na natureza não havendo intervenção
humana em sua produção. Já os materiais compósitos denominados de sintéticos são
produzidos através da atividade humana indústrial (CALLISTER, 2012).
As matrizes utilizadas em compósitos podem ser do tipo cerâmico, polimérico
e metálico conforme mostra a figura 2.4.
Figura 2.4. Tipos de matrizes utilizadas em compósitos.
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37
Fonte: Callister 2009.
Os materiais compósitos para aplicações estruturais tem se desenvolvido nos
últimos 20 anos. A principal motivação para todo esse processo de desenvolvimento é a
possibilidade de se obter materiais com propriedades mecânicas e físicas que se
assemelham às encontradas no aço e na madeira (SANTOS, 2006).
Os materiais poliméricos sem adição de reforço ou carga nem sempre
apresentam características necessárias para serem aplicadas diretamente na fabricação
de uma peça. Por esse motivo elementos modificadores de suas propriedades:
resistência à tração e flexão; resistências químicas a ataques ácidos e básicos;
resistências à deformação ao calor são aplicadas com o objetivo adequar tais
propriedades a sua aplicação final. Nesse contexto os materiais compósitos surgem
como alternativa para melhoria destas propriedades (LIMA, 2007).
Os principais componentes dos compósitos poliméricos são basicamente
dois: o componente estrutural, que pode ser de natureza fibrosa ou pulverulenta, e o
componente matricial, que pode ser de natureza termoplástica ou termofixa. Como
componentes estruturais de reforço podem ser utilizados materiais orgânicos ou
inorgânicos, sendo de grande importância, pois, além de fornecerem resistência e
rigidez ao compósito, podem melhorar as propriedades físicas e químicas.
A escolha de um reforço é bastante complexa, pois existem variações de tipos,
formas e tamanhos entre outros fatores. Mais de um tipo de reforço podem ser aplicados
em um compósito formando uma combinação híbrida. Os principais requisitos para
escolha de um reforço são: melhoria na qualidades desejadas, baixa absorção de
umidade, baixo custo, disponibilidade e compatibilidade com a matriz.
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38
Reforços utilizando fibras são os mais utilizados em compósitos poliméricos:
fibras de vidro, boro, carbono, kevlar, fibras vegetais dentre outras. Em geral, reforços
sintéticos se apresentam sob a forma de fios contínuos, mantas (fios picotados
multidirecionais) ou tecidos (MOTA, 2009).
As cargas minerais são massivamente utilizadas em compósitos poliméricos.
Entre outras razões que motivam seu uso uma das mais importantes seria a redução de
custo, pois estas diminuem a quantidade de polímero empregado na fabricação da peça.
Outras razões que justificam seu uso é a melhoria do processamento,
modificação da densidade, mudanças de aspectos visíveis, controle de dilatação térmica,
retardo de chamas, modificações das propriedades térmicas, resistência elétrica e
susceptibilidade magnética, além de melhora de propriedades mecânicas, tais como a
dureza módulo de elasticidade (GARAY, 2010).
“Por exemplo, a metacaulinita é usada como carga de plásticos de revestimento
de cabos elétricos para fornecer refratariedade elétrica; outros, como a muscovita, são
usados em compósitos como retardadores de chama (CIMINELLI, 1998)”. Assim,
mesmo considerados como carga, pois há diminuição das propriedades mecânicas
quando adicionados ao compósito, à carga pode melhorar outras propriedades do
compósito trazendo vantagens em sua utilização. Vantagens econômicas também
justificam a utilização de cargas sejam elas rejeitos minerais ou naturais.
A Figura 2.5 apresenta o esquema resumido da função de um reforço e as
principais propriedades, avaliadas para verificação desempenho de um compósito. O
reforço tem como principal objetivo melhorar as propriedades físicas e químicas de um
compósito, e através das propriedades avaliadas comprovarem, os ganhos e perdas
ocasionadas pela adição do reforço estudado.
O ciclo é iniciado pelos agentes produtores que servem de alimento para os
seres consumidores e decompositores. Seres decompositores se alimentam dos seres
consumidores e o ciclo se fecha pela alimentação dos seres produtores pelos seres
decompositores. Neste ciclo natural não há vestígios de resíduos ou rejeitos.
Figura 2.5. Propriedades avaliadas para verificação do desempenho de um compósito.
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39
Fonte: Adaptado Lion 2013.
Polímeros sintéticos como resina poliéster e acrílica, plásticos como polietileno e
PVC são matrizes frequentemente utilizadas como matrizes para processamento de
compósitos poliméricos.
Normalmente o processamento desses tipos de compósitos não envolvem
pressões ou temperaturas elevadas garantindo que o reforço não sofra degradação
significativa quando comparadas a compósitos fabricados com outras
matrizes, tais como metálicas, cimentícias e outras (LION, 2013).
Além das vantagens já citadas, os compósitos utilizando matriz polimérica
utilizam equipamentos simples e fáceis de utilizar não envolvendo riscos para os
operadores da máquina. Por estas razões, os compósitos com matrizes poliméricas se
desenvolveram rapidamente e logo se tornaram aceitos para aplicações estruturais
(MOTA, 2009).
A qualidade da região ou área de interação entre a matriz e o reforço, é um fator
fundamental no desempenho mecânico do compósito. Para que ocorra tal interação é
essencial à existência de uma área de contato maior possível entre os componentes
constituintes do compósito.
Quanto maior de contato na interface, maior a possibilidade de ocorrer entre os
dois componentes uma interação de natureza física, química ou físico-química. A
interface envolve a existência de uma região de transição química e física ou gradiente
na fronteira. Em um compósito reforçado com fibras, por exemplo, pode-se dizer que
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40
existem três fases: a superfícies da fibra, a interface fibra/matriz e a matriz (OLIVEIRA,
2007).
Em geral, as ligações na interface são descritas em termos de forças
intermoleculares e energia livre na superfície. Na prática, os fatores que influenciam na
interação interfacial são: umidade, reação química, adsorção e difusão, camada de
tensão residual, morfologia da superfície e efeito da rugosidade (OLIVEIRA, 2007).
Em relação ao peso, os compósitos revelam propriedades mecânicas que
podem exceder consideravelmente às dos metais. A combinação de excelentes
propriedades mecânicas e leveza estrutural tornam os compósitos interessantes materiais
para a engenharia (CALLISTER, 2012).
Na procura constante do reaproveitamento de resíduos industriais surgem como
uma das formas viáveis a fabricação de materiais compósitos. A utilização de rejeitos
para melhorar o desempenho de materiais poliméricos pode ser avaliada sob vários
aspectos tais como: redução de peso, maior resistência mecânica, maior resistência ao
desgaste, melhor estabilidade térmica, diminuição da utilização de polímeros na
fabricação de peças dentre outras.
2.2.2. Matrizes termoplásticas e termofixas
Dentro da classe dos materiais compósitos sintéticos, os que mais se
destacam são os de matriz polimérica devido ao grande número de aplicações estruturais
como listados na Tabela 2.3. Ainda na citada tabela, observa-se que as matrizes
poliméricas se classificam em: termoplásticas e termofixas. Para Vincenzine (1995 apud
Lion, 2012), as matrizes poliméricas são as mais utilizadas devido à versatilidade de
formulação e baixo custo de processamento, quando comparadas com outras matrizes.
Tabela 2.3. Classificação dos compósitos poliméricos quanto à natureza da matriz
Classificação Tipos de
Matrizes
Reforços fibrosos mais
usados
Compósitos de Matriz
Polimérica
Termoplásticas
Termofixas
Vidro
Carbono
Kevlar ou Aramida
Vegetais
Fonte: Callister , 2009.
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41
As matrizes termoplásticas quando submetidas à elevada temperatura apresenta
alta viscosidade podendo ser moldada. Exemplos são os polietilenos de diversas
densidades e policloreto de vinila (PVC) e poliéster saturado (PET).
Já as matrizes poliméricas termorrígidas após processo de polimerização não é
possível sua moldagem, pois a elevada temperatura não interfere em sua viscosidade
permitindo sua moldagem. Exemplos são as resinas poliéster, epóxi e fenólicas.
As características tecnológicas, que impõem diferentes processos
tecnológicos, são a base da classificação dos polímeros termoplásticos e termofixos
(termorrígidos). Os polímeros lineares ou ramificados, que permitem fusão por
aquecimento e solidificação por resfriamento, são chamados termoplásticos.
Os polímeros que, por aquecimento ou outra forma de tratamento, assumem
estrutura tridimensional, reticulada, com ligações cruzadas, tornando-se insolúveis e
infusíveis, são chamados termorrígidos (PROGRAMA EDUCAR, 2003).
Os polímeros termoplásticos, sob efeito de temperatura e pressão, amolecem,
assumindo a forma do molde. Uma nova alteração de temperatura e pressão reinicia
o processo, sendo, portanto, recicláveis.
Em nível molecular, à medida que a temperatura é elevada, as forças de ligação
secundárias são diminuídas (devido ao aumento do movimento molecular), de modo tal
que o movimento relativo de cadeias adjacentes é facilitado quando uma tensão é
aplicada.
Os termoplásticos são relativamente moles e dúcteis e compõem-se da maioria
dos polímeros lineares e aqueles que possuem algumas estruturas ramificadas com
cadeias flexíveis (FIGUEIREDO et aI., 2006, LEÃO, 2008).
As matrizes termoplásticas possuem como parâmetros de escolha na
impregnação dos plásticos, a alta tenacidade, o baixo custo de processamento e
temperatura de uso de até 225°C. Os tipos mais comuns são: o polipropileno, a
poliamida (Nylon) e os policarbonatos.
As principais desvantagens do uso das resinas termoplásticas com fase
contínua nos compósitos podem ser caracterizadas pela baixa resistência mecânica
e baixo módulo elástico, limitando a sua aplicação estrutural (sempre com o uso de
fibras curtas).
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42
As principais características que essas resinas podem levar aos seus
compósitos são: alta resistência à abrasão e ao ataque químico, elasticidade e
tenacidade. A temperatura que afeta as propriedades pode variar de 150°C a 170°C,
dependendo do tipo de resina.
Podem possuir também alta resistência à chama e ao
impacto, baixa resistência ao ataque de solventes orgânicos, tornando-se frágeis e
quebradiços (apresentando microfissuras), como no caso dos policarbonatos.
(CALLISTER, 2009).
Os polímeros termofixos ou termorrígidos, sob efeito de temperatura e
pressão, amolecem, assumindo a forma do molde. Nova alteração 'de temperatura e
pressão não faz efeito algum, tornando-os materiais insolúveis, infusíveis e não-
recicláveis.
Durante o tratamento térmico inicial, ligações cruzadas covalentes são
formadas entre cadeias moleculares adjacentes; essas ligações prendem as cadeias entre
si para resistir aos movimentos vibracionais e rotacionais da cadeia a
temperaturas elevadas, sendo que o rompimento destas ligações só ocorrerá sob
temperatura muito elevadas.
Os polímeros termofixos são geralmente mais duros,
fortes e frágeis do que os termoplásticos, e possuem melhor estabilidade
dimensional (FIGUEIREDO et al., 2006).
As matrizes termofixas podem ser escolhidas para o processo de
impregnação em função dos muitos parâmetros, tais como: são mais baratas, mais
leves e a maioria apresenta certa resistência à exposição ambiental. Os tipos mais
comuns são: a resina epóxi, a resina poliéster insaturada e a resina fenólica.
As principais desvantagens dessas resinas são: apresentam comportamento
quebradiço, impõem limites no uso pela temperatura, apresentam, em geral,
sensibilidade à degradação ambiental devido à umidade e sensibilidade à radiação e
oxigenação no espaço.
A sua temperatura de uso pode variar de 180°C (epóxi) a 300°C (polimida). A
principal característica que essas resinas podem levar aos seus compósitos é sua
resposta ao calor, já que em geral são isotrópicas, não se dissolvendo ao aquecer-
Ias.
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43
No entanto, perdem suas propriedades elásticas à temperatura de distorção
térmica. Algumas, como a resina fenólica, têm excelentes características elétricas,
boa resistência às altas temperaturas, ao fogo, ao choque, à abrasão, ao ataque
químico e a dissolventes orgânicos.
Os compósitos a base de resinas poliéster
(insaturado) apresentam ampla versatilidade em suas propriedades físicas e
mecânicas, já que dependem de constituintes e processo de curado, baixo custo e
fácil manuseio e processamento.
2.2.1.1. Resina poliéster
A resina poliéster constitui uma família de polímeros de alta massa molar,
resultantes da condensação de ácidos carboxílicos com glicóis, classificando-se
como resinas saturadas ou insaturadas dependendo especificamente dos tipos de
ácidos que irão caracterizar a ligação entre os átomos de carbono da cadeia
molecular (LEÃO, 2008).
Os principais tipos de resinas utilizadas e suas principais características são
apresentados na Tabela 2.4.
Tabela 2.4. Principais tipos de resinas e suas características principais.
RESINAS E SUAS CARACTERÍSTICAS
Ortoftálica Resina mais comum de menor custo para usos básicos não
nobres. Bijouterias, artesanato, laminação em reforço de fibra,
gel-coat primer
Tereftálica Possui resistências físicas pouco superiores a ortoftálica, porém
baixa resistência a UV. Laminação em reforço de fibra,
embutimento eletrônico, artesanato;
Isoftálica Melhores características mecânicas, químicas e térmicas que as
anteriores. Laminados exposto a intempéries;
Isoftálica c/ NPG O NPG melhora a resistência a hidrólise. Peças e laminados
expostos a ataques químicos leves e contato direto com água.
Bisfenólica Possui melhores características químicas e térmicas. Peças e
laminados expostos a ambientes agressivos e temperaturas
elevadas.
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44
2.2.3. Materiais compósitos poliméricos
São materiais de moldagem estrutural constituídos por uma fase contínua
polimérica (plástico) reforçada por uma fase descontínua fibrosa e que se agregam
físico-quimicamente após um processo de polimerização (curado), ou seja, são
também denominados de plásticos reforçados com fibras.
Geralmente, a fase descontínua é formada por fibra de vidro, aramida ou de
carbono, dependendo da aplicação final. A fase polimérica é normalmente
constituída por uma resina termofixa do tipo poliéster insaturada (ortoftálica,
tereftálica, isoftálica ou bisfenólica), dissolvida em solvente reativo como o estireno
ou ainda uma resina éster vinílica ou epóxi.
Na moldagem destas duas fases ocorre um "endurecimento" polimérico
através de um processo de cura, que acopla as duas fases, proporcionando ao
material final, propriedades especiais que definem sua moderna e ampla
aplicabilidade. Propriedades como leveza, flexibilidade, durabilidade, resistência,
adaptabilidade transformam os compósitos poliméricos nos materiais do futuro
(LEÃO, 2008).
Várias resinas termoplásticas e termofixas vêm sendo utilizadas como
matrizes em compósitos. As resinas termofixas mais utilizadas em compósitos de
alto desempenho são as fenólicas, epóxis, bismaleimidas e poliam idas.
Essas resinas exibem excelente resistência a solventes assim como a altas
temperaturas. Estima-se que mais de três quartos de todas as matrizes de compósitos
poliméricos sejam constituídas por polímeros termofixos (PAIVA et aI., 1999).
Nos últimos anos, a procura por materiais ecologicamente corretos tem
desenvolvido materiais de matrizes poliméricas com fibras naturais. Os baixos
custos destas fibras, originárias de fontes renováveis e inesgotáveis, a baixa
densidade, menor abrasão nas máquinas de processamento e a boa adesão à
matriz fazem com que o uso destas fibras em compósitos estruturais cresça no setor
industrial.
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45
2.2.3.1. Características dos Compósitos Poliméricos
Leveza - Devido ao peso específico das resinas e das fibras de reforço, os
produtos fabricados a partir dos compósitos poliméricos apresentam um baixo peso
específico, o que faz com que sejam amplamente utilizados nas indústrias
aeronáutica, naval e automobilística.
Resistência Química - Apresenta excepcional inércia química, permitindo
sua utilização em ambientes agressivos quimicamente. Além disso, inúmeros
aditivos especiais e resinas específicas estão à disposição no mercado para
solucionar aplicações que requeiram propriedades além das usuais.
Durabilidade - Apresentam alta durabilidade em consequência de sua
composição e ao crosslinking polimérico formado durante o processo de moldagem.
Resistência Mecânica - Apresentam excelente resistência mecânica devido
às suas características e a variedade de combinações que podem ser realizadas
entre as resinas e os materiais de reforço.
Resistência às Intempéries - Apresenta grande resistência aos efeitos do
vento, da umidade, do sol e das oscilações térmicas. Além disso, quando
características não usuais são requeridas, aditivos como protetores de UV, agentes
anti-dust, resinas especiais são amplamente utilizáveis.
Facilidade na Manutenção - Apresentam fáceis e simples técnicas de
reparo e manutenção.
Flexibilidade Arquitetônica - Os compósitos têm uma grande vantagem
sobre outros materiais estruturais, pois moldes com formas complexas são
facilmente adaptáveis aos processos em utilização.
2.2.3.2. Métodos e processos de fabricação de compósitos
a. Laminação Manual (Hand Lay Up)
Nesse método, a superfície do molde utilizado é devidamente preparada
aplicando-se cera desmoldante à base de carnaúba ou álcool polivinílico, no qual feltros
de fibras enrolados, mechas trançadas, mantas ou outros tecidos de fibras são colocados.
Impregna-se o molde com resina devidamente preparada (catalisada), utilizando-se um
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46
pincel, e para melhorar o processo de impregnação rolos de alumínio podem ser
utilizados facilitando a extração ou eliminação de bolhas.
Na sequencia coloca-se as camadas de reforço até se obter a espessura desejada
ou configuração pretendida do compósito. O procedimento de cura ocorre sem adição
de calor ao processo. A Figura 2.6 mostra a ilustração referente ao processo manual em
questão.
Figura 2.6. Processo de laminação manual (Hand Lay Up).
Fonte: CPIC Fiberglas.
b. Laminação a pistola
Também chamado Spray Up, os fios picotados normalmente em 25 mm e a
resina são lançados simultaneamente na superfície do molde e, com o auxílio de rolo em
alumínio pode-se eliminar bolhas formadas durante o processo ou melhorar a
impregnação da resina no reforço antes que a resina utilizada polimerize (Figura 2.7).
Figura 2.7. Laminação a pistola ou Spray Up.
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47
Fonte: CPIC Fiberglass.
c. Infusão
Este processo ocorre em molde fechado onde vácuo é feito por auxílios de
bombas especiais que retiram todo o ar de dentro do molde. A impregnação ocorre em
camadas de reforço a seco, espumas rígidas, véus de superfície, tecidos especiais
contidos entre as superfícies do molde. Na sequência, resina polimérica é injetada para
dentro do molde começa, utilizam-se as mesmas bombas usadas para fazer o vácuo. A
Figura 2.8 mostra a ilustração do processo em questão.
Figura 2.8. Processo de laminação por infusão.
Fonte: CPIC Fiberglass.
d. Enrolamento ou Filament Winding.
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Neste, a modelagem é feita através de enrolamento das fibras contínuas (roving)
sobre molde rotatório. Também podem ser utilizados mantas ou tecidos intercalados às
etapas de enrolamento do roving. Este processo é bastante utilizado na fabricação de
peças cilíndricas e tubulações (Figura 2.9).
Figura 2.9. Laminação por enrolamento ou filament winding.
Fonte: CPIC Fiberglass.
Os processos em molde fechado são caracterizados pela presença de molde
e contramolde, bem como pelo uso de alta tecnologia e produção em média e alta
escalas e estão descritos a seguir.
e. Moldagem por compressão
Processo utilizando o pré-impregnado (preg-preg - SMC, BMC, HMC, etc.), ou
seja, semiprodutos acabados, nos quais as fibras já se encontram previamente
impregnadas pela resina ao serem colocadas no molde aquecido (Figura 2.10).
Figura 2.10. Laminação por moldagem por compressão.
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49
Fonte: CPIC Fiberglass.
f. Moldagem por Injeção
Processo utilizado para alta produção e na confecção de peças de formas
variadas. A injeção da resina é feita por pressão em um molde fechado
contendo em seu interior um reforço pré-formado. Os processos mais conhecidos
são: RTM (Resin Transfer Molding), RIM (Resin Injection Molding) e R-RIM
(Reinforced RIM). A Figura 2.11 mostra o processo de moldagem por injeção.
Figura 2.11. Moldagem por injeção (RTM, RIM ou R-RIM).
Fonte: CPIC Fiberglass.
g. Pultrusão
O processo utiliza fibras ou reforço previamente impregnados com resinas e
tracionados. As fibras seguem para moldes aquecidos, produzindo assim a
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50
polimerização da resina. Este processo é frequentemente empregado quando se deseja
obter perfis. A Figura 2.12 mostra a ilustração sobre laminação por pultrusão.
Figura 2.12. Laminação por pultrusão.
Fonte: CPIC Fiberglass.
2.3. Estado da arte
Os eixos ligados à ecologia e meio-ambiente tem sido motivo de inúmeras
pesquisas nas universidades brasileiras. A redução de resíduos despejados na natureza
pela indústria da manufatura de forma irresponsável, além de diminuir o impacto
ambiental de forma negativa ajuda a reduzir os insumos aumentando a lucratividade.
Outro aspecto importante é sua utilização em tecnologia social podendo ser uma
alternativa de renda para famílias de baixa renda, como acontece com reciclagem de
metais, papel e garrafas Pet.
“Poucos são os estudos que apresentam alternativas técnicas e economicamente
eficazes para o aproveitamento de resíduos provenientes do processamento de painéis
de madeira nas indústrias moveleiras” (Abreu et. al. 2009).
A abordagem científica sobre a utilização de subprodutos do dendezeiro é
escassa nas literaturas internacional e nacional. Poucos trabalhos com a utilização de
resina poliéster como matriz foram encontrados e alguns são relatados a seguir.
Noureddine Mahmoudi and Nabil Hebbar estudaram a utilização de fibras de
palmeira como reforço em polipropileno. As fibras de dendê têm algum potencial por
causa de seu interesse ecológico e econômico. As propriedades mecânicas e morfologia
foram caracterizados por microscopia eletrônica de varredura e testes de tração. A
influência do teor de fibras nas propriedades mecânicas de compósitos de polipropileno
e fibra de dendê foi avaliada e foi demonstrado que a tensão e o alongamento máximo
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51
diminuem com o aumento do teor de fibras, e um aumento do módulo de elasticidade.
Determinaram que o percentual de reforço máximo era de 25% em peso.
Ramli, et. al. investigaram os efeitos do tipo de fibra, a carga de fibra, e o
agente de acoplamento sobre o desempenho de compósitos com reforço de fibra de
dendê e matriz de poliopropileno. A composição e morfologia das fibras foram
avaliadas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de raios-X
de energia dispersiva (EDAX). A Fibra triturada foi misturada à matriz em
polipropileno por meio de um misturador de parafuso duplo. Polipropileno maleado
(MAPP) foi utilizado como um agente de acoplamento durante a composição. O
conteúdo de fibras incorporadas à matriz até 40% (em peso). As amostras foram
preparadas por moldador de injeção. As formulações foram caracterizadas por testes de
tração, flexão, impacto, índice de fluidez, SEM, análise termogravimétrica (TGA) e
calorimetria de varrimento diferencial (DSC). O efeito mais significativo na resistência
e no módulo deveu-se à adição de um agente de acoplamento.
Abubakar A. H. and Abdul K., estudaram o comportamento à tração e ao
impacto de um compósito híbrido com fibras de dendê e fibra de vidro com matriz de
resina epóxi. As esteiras de fibras foram impregnadas com resina epóxi e curadas a 100
C durante 1 h, seguida de pós-cura a 105 C. A hibridação das fibras de palma com fibras
de vidro diminuiu a resistência à tração e o módulo de Young, porém aumentou o
alongamento à ruptura. A resistência ao impacto do compósito híbrido aumentou com a
adição de fibras de vidro.
Ben Amor et. al. testaram a utilização de fibras lignocelulósicas curtas de
palmeira como uma fase de reforço em matrizes de poliéster e epoxi. Os espectros
dielétricos foram medidos na gama de frequências 0,1 Hz-100 kHz e a intervalos de
temperatura desde o ambiente até 200 ° C para a árvore de poliéster / palma, processo
diferentes relaxações foram identificados, isto é, a orientação de polarização imputada à
presença de moléculas de água em palmeira fibra e o processo de relaxamento associado
a condutividade e relaxamento interfacial. Medidas dielétricas mostraram que a adesão
interfacial é mais forte para o compósito a base de resina epóxi.
Jawaid, M. et. al. apresentaram estudo sobre a obtenção de compósitos híbridos
à base de fibras naturais de cachos de palma, fibras de juta tecida e resina epóxi,
preparados por hand lay-up método. Resina epóxi foi usada como matriz e camadas de
fibra de juta e fibras do cacho do dendezeiro. Verificou-se que todos os compostos são a
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resistência a vários produtos químicos. Observou-se que a redução acentuada do teor de
vazios de compósitos com hibridação fibra do cacho e fibra de juta tecida. Houve um
aumento da densidade e do teor de umidade na hibridização. Com relação ao impacto
ocorreu uma diminuição da resistência.
Ramli, R. et. al. investigaram os efeitos do tipo de fibra, malhagem, carga de
fibras, e agente de acoplamento no desempenho de compósitos que utilizam fibras de
dendê após extração do óleo. As fibras secas foram trituradas para malhagens de 63,
150, 250, 450, e 500 mm. A composição e morfologia das fibras foram avaliados por
eletrônica de varredura microscópio (SEM) e análise de energia dispersa de X-Ray. As
fibras foram misturadas a matriz de polipropileno utilizando-se um misturador de
parafuso duplo. Polipropileno maleado (MAPP) foi utilizado como um agente de
acoplamento durante a composição. O conteúdo de fibras incorporadas para compósitos
foram 10%, 20%, 30%, e 40% (em peso). As amostras foram preparadas para amostras
de teste por moldador de injeção. Os compostos foram caracterizados por teste de
tração, testes de flexão, ensaio de impacto, índice de fluidez, e SEM. Houve um
aumento nas resistências à tração e flexão e módulo e concluiu-se que tais efeitos foram
obtidos pela adição do agente de acoplamento.
Moshiul A. et al. obtiveram e estudaram um compósito com fibras do fruto do
dendezeiro e ácido polilático. Os compósitos preparados foram caracterizados por
ensaios mecânicos, análise térmica, transformada de Fourier espectroscopia no
infravermelho, eletrônica de varredura microscopia, e difractometria de raios-X. Entre
todos os compósitos fabricados com vários tamanhos e conteúdo de fibras, 30 mm de
comprimento e 40% em peso fibra mostraram um aumento da resistência à tração e do
módulo, maior cristalinidade e estabilidade térmica. As formulações do compósito com
fibras tratadas apresentaram melhor desempenho em relação as não tratadas,
Santos, R. J., et al. Analisaram a incorporação de fibras do mesocarpo do dendê
(Elaeis guineensis), em quantidade igual a 2% em relação ao peso total, influencia nas
propriedades mecânicas obtidas a partir do ensaio de tensão-deformação na compressão,
de um compósito cimentício. Também foram estudadas as características das
deformações e o tipo fratura. Comparado com a matriz cimentícia pura, a incorporação
da fibra resultou em na redução do módulo de elasticidade em torno de 30% do valor do
compósito sem reforço(58, 1 GPa), e em média, 46, 5% da resistência à compressão.
Foi observado o aumento da ductilidade, assim como também, o aumento da tenacidade
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à fratura. A análise das características da fratura revelou que o compósito sofre fratura
do tipo dúctil e que as fibras possuem boa interação com a matriz cimentícia.
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CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS
Apresenta-se a descrição resumida dos materiais, processo de fabricação e
metodologia proposta para identificar as propriedades mecânicas, físicas e químicas dos
compósitos obtidos. Esta metodologia envolve análise macroestrutural, análise térmica,
ensaios mecânicos de carregamento quase estáticos, medida de densidade aparente,
medida de calorimetria diferencial e absorção de água.
3.1. Materiais
A resina poliéster tereftálica, catalizador e desmoldante utilizados para
fabricação do compósito proposto foram adquiridos no comércio local da capital do Rio
Grande do Norte, Natal (RN).
O resíduo de mesocarpo, pós-prensagem do fruto do dendê para extração do
óleo, foi coletado sem custo em indústria de beneficiamento do óleo de dendê
OPALMA, na região da cidade de Valença no estado da Bahia.
Tal resíduo é despejado em terreno baldio sem tratamento ou
acondicionamento adequado, formando amontoado de entulho. Esse armazenamento
inadequado expõe o rejeito às intempéries naturais como sol, chuva, aparecimento de
fungos, insetos, e expõe também a umidade intensa e a contaminantes como areia. A
Figura 3.1. mostra o resíduo não tratado e tratado respectivamente.
Figura 3.1. Resíduos não tratado e tratado.
A escolha da resina poliéster tereftálica para a confecção do compósito baseou-
se nos critérios: baixo custo e facilidade de aquisição e processabilidade, sua ampla
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aplicação são em diversos segmentos da indústria tais como fabricação de piscina,
brindes, chaveiros, porta retratos, assentos sanitários, recipientes, objetos de decoração.
Tão importante quanto às vantagens já citadas, a resina poliéster tereftálica (escura)
apresenta propriedades tecnológicas melhores quando comparadas a resina ortofitálica
(cristal).
A fabricação de compósitos com resina poliéster dispensa em seu
processamento a utilização de equipamentos e máquinas complexas e de alto valor
agregado, e ainda seu processo de cura acontece em baixas temperaturas tendo risco
baixo de acidente para quem trabalha com compósito ou mínima probabilidade em
danificar a fibra do resíduo em questão.
Escolheu-se a resina poliéster insaturada tereftálica fabricada pela ARA
Química S/A adquirida em comércio local em loja especializada em fibras de vidro e
carbono para manutenção de piscinas, construção de barcos e artesanato. Segundo o
fabricante os valores apresentados na Tabela 3.1 são típicos e baseados em materiais
testados em seus laboratórios, mas com variação entre as amostras. Sendo esses valores
típicos não podem ser garantidos ou servirem como especificação. A cura foi feita com
adição de 1,0 g de MEK-P em 100 g de resina, seguido de pós cura de 2 horas à 90° C.
A Tabela 3.1 apresenta as propriedades da resina AZ 4.6 padrão(escura)
comercializada pela Ara Química S/A.
Tabela 3.1. Propriedades da resina Escura.
PROPRIEDADES DA RESINA LÍQUIDA AZ 4.6 - PADRÃO
Gel Time (25° C/1,0 g MEK-P em 100g resina) 10 – 15 min
Pico Exotérmico Max. 190°C
Aspecto Turvo
Cor após curada Castanha
Resistência a Tração 55,6 MPa ASTM D-638
Resistência a Flexão 69,0 MPa ASTM D-790
Segundo o fabricante a concentração de monômero de estireno na solução da
resina poliéster varia entre 40 e 44 por cento. A concentração deste último componente
interfere nas propriedades finais, sejam elas mecânicas ou térmicas (SANCHEZ, 1995).
O desmoldante aplicado ao molde durante a fabricação das placas que deram
origem aos corpos de prova para ensaio tem como seu componente básico a carnaúba.
Este desmoldante tem a finalidade de facilitar a remoção das placas dos moldes onde
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foram fabricados. Além de facilitar a remoção do compósito do molde de fabricação, a
carnaúba proporciona um melhor acabamento superficial.
A aplicação do desmoldante é simples e de fácil execução. É importante ficar
atento ao completo preenchimento dos cantos, bordas e toda a superfície, incluindo a
externa, que serão expostas em contado da resina. A aplicação de desmoldante na parte
externa é importante para a conservação do molde como também facilitar a remoção da
tampa.
Outro ponto importante quando se aplica o desmoldante é esperar sua secagem
completa para aplicar a segunda e terceira demão. Não esquecendo entre as demãos
realizar o polimento da superfície que foi aplicado o desmoldante. Esse procedimento
garante excelente acabamento, liso e regular da superfície do compósito.
O provedor de cura, muitas vezes chamados de catalisador, na verdade
consiste em um peróxido de metil-etil-cetona em dimetilftalato provedor ou iniciador de
cura para resina poliéster insaturada e éster vinílica. Nos experimentos utilizou-se o
Brasnox DM 50, fabricado pela polinox do Brasil, cujo aspecto é incolor, líquido e
límpido. Utilizou-se 1,0% de provedor de cura em relação a massa da resina aplicada
durante a fabricação do compósito.
Para fabricação dos corpos de prova foi utilizado um molde em ferro fundido
cujas dimensões são 200 x 200 x 12mm. O mesmo foi fabricado em ferro fundido para
que o compósito fosse prensado, pois desse modo acreditava-se que a quantidade de
bolhas em seu interior seria minimizada. A Figura 3.2 mostra o molde metálico
utilizado para a fabricação das placas de compósito.
Figura 3.2. Molde de Ferro fundido (200x200x12mm) utilizado para a
fabricação das placas de compósito.
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Para ensaio de absorção de água destilada pelos compósitos, utilizou-se água
destilada habitualmente usada para reposição de água em baterias e radiadores para
arrefecimento de motores a combustão adquirida em loja de peças de automóveis.
Garrafas de politereftalato de etileno (PET) devidamente reaproveitadas foram
utilizadas como recipientes para reparação de componentes e misturas durante a
fabricação dos compósitos.
Luvas cirúrgicas fabricadas em látex também foram utilizadas para proteção
das mãos durante manuseio dos produtos químicos utilizados na fabricação das
amostras evitando contato direto. Por apresentarem preço acessível é possível se utilizar
a luva e logo após descarta-las. As luvas vinílicas não devem ser utilizadas, pois, ocorre
sua degradação em contato direto com a resina tereftálica e outros produtos químicos.
3.2. Métodos
Os ensaios para caracterização dos compósitos idealizados foram realizados nos
Laboratórios de Engenharia dos Materiais da UFRN, Laboratório de Mecânica dos
Fluidos da UFRN, Laboratório de caracterização de materiais do IFBA campus
Salvador e Simões Filho, Laboratório de Maquinas hidráulicas e energias renováveis da
UFRN.
3.2.1. Tratamento do resíduo do mesocarpo do dendê
Os resíduos são empregados sem tratamento na fabricação dos compósitos é
importante verificar e identificar eventuais impurezas que possam comprometer seu
desempenho. Quando aproveitados após tratamento térmico é importante verificar se o
resíduo apresentou alguma modificação morfológica ou microestrutural na superfície da
fibra.
Procurando melhorar o grau de aderência entre fibra e matriz (região de
interface) algumas técnicas podem ser aplicadas para que a adesão entre fibra e matriz
seja mais eficiente possível. Dentre estas técnicas a mais comum é a mercerização, que
consiste na imersão da fibra em soda caustica (NaOH) seguida da lavagem e secagem
(BEZERRA 2002).
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No entanto, busca-se um procedimento mais simples e de menor custo para se
melhoras as propriedades estudadas do material proposto. O tratamento aplicado
utilizou água fervente durante uma hora seguido da lavagem em água corrente e potável.
Este tratamento possibilita eliminação da sujeira na camada superficial da fibra
aumentando a área de contato pela exposição das fibrilas (reentrâncias) e marcas
globulares (saliências) (CALLISTER, 2009)
O procedimento adotado consiste em caracterizar os componentes das fases envolvidas
na construção dos compósitos, ou seja, caracterizar o resíduo e matriz polimérica e por
fim caracterizar os compósitos fabricados. As principais etapas dos processos de
caracterização e fabricação do compósito estão mostradas no fluxograma da Figura 3.3.
Figura 3.3. Etapas do processo de caracterização do compósito.
As análises escolhidas para caracterização do resíduo quanto às características
químicas e térmicas estão indicadas na
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Figura 3.4. Foram realizados ensaios térmicos e termogravimétrica, e as
propriedades químicas pH e MEV.
Figura 3.4. Processo de caracterização do resíduo.
Para a obtenção e processabilidade das fibras de resíduos de dendê e posterior
fabricação do compósito são necessários alguns procedimentos:
Peneiramento - primeiramente o resíduo foi peneirado para retirada de
impurezas como areia e pó de qualquer gênero. Este procedimento também garante
uniformidade das fibras empregadas na fabricação dos compósitos.
Tratamento do resíduo (fibra de dendê) – primeiramente a fibra foi lavada em
água corrente. Após sua lavagem o resíduo é posto em água fervente durante uma hora e
meia para retirada do óleo de dendê e cera residual na superfície da fibra. Em seguida é
lavada novamente em água corrente e posta para secar em estufa.
Secagem em estufa – procedimento visava a remoção de maior quantidade de
umidade possível nos feixes fibrosos do resíduo em questão. Este procedimento foi
adotado tanto para o resíduo tratado quanto para o resíduo não tratado e consistia em
secagem na estufa durante 24 horas á uma temperatura controlada de 80ºC.
Os ensaios de caracterização do compósito para as formulações escolhidas
foram realizados em Laboratórios de Engenharia dos Materiais da UFRN e IFBA.
Os compósitos foram confeccionados e analisados a condutividade térmica no
Laboratório de Máquinas Hidráulicas e Energia solar (LMHES) UFRN e submetidos ao
ensaios de tração e flexão no Laboratório de Tecnologias Sociais do IFBA Campus
Simões Filho. Exames de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e TG foram
realizados no Laboratório de Caracterização dos Materiais do IFBA Campus Salvador.
3.2.2. Caracterização do Resíduo de dendê
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Os ensaios que foram realizados para caracterização das fibras de dendê estão
descritos a seguir.
a) pH - a análise do potencial de hidrogênio é importante para verificar a existência de
impurezas, pois tanto a elevação quanto a diminuição nos valores de pH aumentam o
tempo de solidificação e cura da resina poliéster.
b) MEV - a morfologia das fibras que compõe o resíduo em questão foi observada
através da utilização da microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).
c) TGA – avaliou-se a estabilidade térmica da fibra que compõe o resíduo de MDF e
comparando os resultados com outros resíduos de materiais lignocelulosicos.
3.2.3. Fabricação dos corpos de prova
As Figura 3.5 e 3.6 mostram o molde e a prensa usada na fabricação das placas
que darão origem aos corpos de prova, estes foram obtidos através do corte das placas
com o auxilio de uma serra mármore seguindo as dimensões adotadas pelas normas
vigentes para cada ensaio escolhido.
Figura 3.5. Molde (200x200x12mm) para a fabricação do compósito.
Figura 3.6 Prensa com capacidade para cinco toneladas.
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Primeiramente foram separadas as porções que deram origem aos compósitos
idealizados.
A Tabela 3.2 apresenta os compósitos formulados e suas respectivas
concentrações de resíduos adicionadas a matriz polimérica, onde é possível entender
como os compósitos foram denominados.
Tabela 3.2 Compósitos formulados com resíduo tratado e não tratado.
Matriz
Teraftálica
Compósito
Formulado
Quantidade de
Resíduo
(%)
Quantidade de
Resina
(%)
Massa total do
Molde
(%)
Resíduo tratado
T5 5 95 100
T10 10 90 100
T20 20 80 100
Resíduo não
tratado
NT5 5 95 100
NT10 10 90 100
NT20 20 80 100
Como exemplo pode se citar o compósito T5 que corresponde ao compósito
concebido adicionando-se 5% de resíduo tratado à resina tereftálica, ou seja, a primeira
letra indica se o resíduo passou pelo tratamento térmico.
A Figura 3.7 apresenta as etapas do processo de obtenção do compósito proposto
e estudado para suas várias formulações.
Figura 3.7. Etapas do processo de obtenção do compósito proposto.
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As proporções de 10%, 15% e 20% em massa de resíduo em relação ao volume
total do molde (480 ml) foram separadas. A proporção mínima de 10% de resíduo no
compósito foi escolhida por apresentar dispersão suficiente para o total preenchimento
das placas pelo resíduo adicionado, pois abaixo deste valor se percebe visualmente
espaços vazios sem a presença de resíduos dispersos no compósito.
A porção máxima de adição de resíduo ao compósito foi de 20% considerando
o método manual de mistura, pois, acima deste valor fica difícil a completa mistura
entre os componentes constituintes do compósito.
Para preenchimento total do volume do molde, considerou-se a densidade das
resinas utilizadas 1g/cm3, ou seja, para completo preenchimento do volume do molde
considerou-se 480 gramas de compósitos ou matrizes utilizadas.
Assim sendo, foram separadas as frações 432 gramas, 405 gramas e
384gramas, correspondendo a 90, 85 e 80% das matrizes empregadas para a formulação
dos compósitos proposto.
Procurou-se estabelecer um padrão matemático para a fabricação das amostras,
foi escolhido múltiplos de 2. Começou-se adicionando 5% de fibra e fomos
multiplicando por dois, utilizando o dobro de fibras para adicionar, assim com esse
padrão, quando chegamos a 40% a proporção ficou saturada, com dificuldade para
misturar manualmente.
Para aplicação do desmoldante a base de carnaúba utilizou-se um pincel
comum de pintura dando-se a devida atenção para preenchimento dos cantos, pequenas
fissuras e partes que seriam postas em contato com a resina ou compósito.
A fase de adição do provedor de cura consistiu em acrescentar catalisador na
proporção de 1,0% em massa em relação à quantidade de resina utilizada. Importante
catalisar a resina antes de misturá-la ao resíduo, pois após esta adição torna-se difícil
misturar por completo o catalisador devido sua consistência da mistura.
O tempo médio para início da reação é de 20 minutos, tempo este em que a
mistura começa a aumentar sua viscosidade. Após 3 horas já é possível se ter o
compósito solidificado, neste momento pode se tirar a pressão da prensa, porém é
importante esperar pelo menos 5 horas para retirar a placa do molde para não criar
fissuras na amostra. Para uma absorção total de resíduo pela matriz, recomenda-se
adicionar aos poucos o resíduo sempre misturando por completo até que se complete
toda a adição de rejeito a mistura.
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Após 5 horas de cristalização ainda no molde prensando, a placa de compósito
passou por processo de cura durante 6 horas em estufa solar e em seguida foram
retiradas as rebarbas e saliências, usando uma lixa grossa. Na Sequência os corpos de
prova foram cortados nas medidas exigidas para cada ensaio realizado.
3.2.4. Levantamento das Propriedades Físicas
Para levantamento das propriedades físicas foram fabricados corpos de prova
nas dimensões apropriadas seguindo as normas vigentes para as características avaliadas
conforme Tabela 3.3.
Tabela 3.3. Dimensões corpos de prova.
Ensaio Comprimento
(mm)
Largura
(mm)
Espessura
(mm)
Normas
Utilizadas
Tração 250 25 8 ASTM D638
Flexão 250 25 8 ASTM D790
MEV 15 15 8 -------
Absorção de água 50 50 3 ASTM D570
Densidade 20 20 3 -------
No estudo proposto foram avaliadas apenas as características mecânicas e
térmicas.
3.2.4.1. Propriedades Mecânicas
O grau de aderência entre fibra e matriz, ocorrida na região de interface,
influencia diretamente nas resistências ao impacto, à tração e flexão, ou seja, interfere
nas propriedades mecânicas dos compósitos. Tão importante quanto é sua influencia em
outras propriedades como densidade e absorção de água. É através desta interface que
ocorre a transferência de carga da matriz para a fibra (http://www.biodieselbr.com.br).
Para levantamento das características mecânicas do compósito foi realizado os
ensaios de tração e flexão. Através destes foi possível levantar características como
resistência a tração (RT) e flexão (RF), módulo de elasticidade na tração (MOET) e
flexão (MOEF), bem como o alongamento total das amostras analisadas.
Tanto o ensaio de tração, quanto o ensaio de flexão utilizou-se a máquina
universal para ensaio de tração, flexão e compressão modelo WDW-300E fabricado
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64
pela Time Group Inc. conforme Figura 3.8. Tais ensaios foram realizados no laboratório
de tecnologia social do IFBa campus Simões Filho.
Figura 3.8. Máquina WDW-300E utilizada no ensaio de tração e flexão.
As especificações da máquina universal de ensaios de tração e flexão são
apresentadas na Tabela 3.4.
Tabela 3.4. Especificações e Parâmetros da Máquina de Tração e Flexão.
Principais Especificações e Parâmetros
Carga
Máxima
Precisão
da
Carga:
Resolução
da Carga:
Precisão da
deformação:
Resolução do
Deslocamento
da Mesa:
Precisão do
Deslocamento
da Mesa:
Faixa da
Velocidade da
Mesa:
Precisão da
Velocidade
da Mesa:
300kN ±0.5% 0.001%FS
±0.5%FS
(Dentro do
intervalo de
medição)
0.001mm. ±1%
Mínimo:
0.005mm/min
Máximo:
500mm/min
±1%FS
Para os ensaios de tração os procedimentos adotados incluindo as medidas do
corpo de prova foram extraídos da ASTM-D638-10.
Com este objetivo foram cortados cinco corpos de prova para cada compósito
analisado a partir de uma placa com dimensão 200 mm x 200 mm e 8mm, sendo
posteriormente colocados em estufa a 80 graus Celsius durante 24 horas para isentar de
umidade e proporcionar a cura total do compósito.
Para o ensaio de impacto foi utilizada uma máquina VEB
WERKSTOFFPRUFMASCHINEN LEIPZIG do tipo Charpy figura 3.9, pêndulo de
0,937 Kg, cumprimento da haste 220 mm, sendo a energia aplica ao corpo de prova na
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ordem de 3,923 J. Foram analisados cinco corpos de prova, com dimensões de acordo
com a norma ASTM D 6110 – 06 CDP’s com 12 mm de largura, 55 mm de
comprimento e 3 mm de espessura. Avaliou-se a energia de impacto absorvida pelo
corpo de prova. O ensaio foi realizado no Laboratório de Ensaios Mecânicos da UFRN.
Figura 3.9. Máquna utilizada para ensaio de impacto
charpy.
3.2.4.2. Ensaios térmicos
Para levantamento das propriedades termofísicas o analisador de propriedades
térmicas, KD2 Pro, (figura 3.10) fabricado pela DecagonDevices foi utilizado,
verificou-se as propriedades térmicas: condutividade térmica, o calor específico, a
resistência térmica e a difusividade, tanto das matrizes utilizadas, quanto dos
compósitos proposto. Essas propriedades são observadas quando o calor é adicionado e
removido de um material.
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66
Figura 3.10. Equipamento KD2 PRO utilizado para levantamento das propriedades
térmicas dos compósitos.
O KD2 Pro possui três sensores distintos o KS-1, TR-1, e SH-1. O KS-1 e TR-
1 são utilizados para leituras de condutividade e resistividade térmica em líquidos e
sólidos respectivamente e, apresentam um único sensor.
Já o SH-1, apresenta dois sensores para medidas de calor especifico
volumétrico, difusividade térmica, condutividade e resistividade térmica. Este mesmo
sensor, SH-1 é compatível com muitos sólidos e materiais granulados.
Tendo em vista as propriedades resistência e condutividade térmica, calor
específico e difusividade térmica a serem analisadas, se escolheu o sensor SH-1
apropriados para tais propriedades.
Para verificação e levantamento das propriedades térmicas, são apresentados
de forma resumida os procedimentos para a realização das medidas:
a) Escolha do sensor apropriado para o material a ser analisado;
b) Realizar os furos na amostra a ser analisada para inserção de ambos os
sensores com auxílio de um gabarito que acompanha o equipamento;
c) Preencher o furo realizado na amostra com pasta térmica que acompanha
o equipamento;
d) Conectar o sensor no aparelho;
e) Configurar o aparelho para o sensor escolhido;
f) Inserir o sensor na amostra;
g) Iniciar a medida.
O procedimento para realização do experimento é simples de fácil
entendimento. É recomendado a leitura do manual técnico do KD2 Pro para que os
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67
procedimentos experimentais sejam seguido para o não comprometimento da qualidade
das medidas.
3.2.4.3. Medição da Densidade Aparente
Para obtenção da densidade do compósito proposto e das matrizes utilizadas,
foi utilizado o densímetro digital, figura 3.11, DSL 910 com repetitividade de ±
0,003g/cm3. O ensaio foi realizado no laboratório de mecânica dos fluidos na UFRN.
Figura 3.11 Densímetro digital DSL 910.
Fonte: Santos, 2014.
Os procedimentos descritos no manual do fabricante do equipamento devem
ser seguidos para garantir a qualidade da medida realizada. Porém, alguns
procedimentos de maneira resumida são:
a) A balança deve estar nivelada conforme manual do fabricante;
b) Durante a medida as portas contra vento devem estar fechadas;
c) Encaixe o cesto côncavo (suporte onde serão postos os corpos de prova
conforme manual do fabricante);
d) As amostras devem ter dimensões que caibam no cesto de apoio;
e) O Baker deve estar posicionado de maneira correta encostado nos dois
pinos de referência e cheio de água destilada até o nível indicado;
f) Verifique no manual do fabricante o procedimento para realização da
medida.
3.2.5. Propriedades Químicas
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68
a) Determinação da absorção de água destilada
A exposição de matrizes orgânicas de materiais compósitos em atmosfera
úmida ou meio aquoso leva à degradação pelo ingresso de água no interior do material.
Como consequência temos o aumento de volume, degradação e modificação da
estrutura molecular por hidrólise, aparecimento de trincas e perda de adesão
fibra/matriz, causando gradual perda nas propriedades mecânicas (Santos et. al 2010).
As resinas poliéster teraftálica são frequentemente aplicadas em objetos e
equipamentos expostos em ambientes de umidade intensa. Suas principais aplicações é
na manutenção de piscinas, construção de barcos e tanques de armazenamento de água.
Por tais motivos, é importante se verificar o comportamento do material compósito
proposto quando submetidos a ambientes de extrema umidade como imersão em água.
Utilizou-se a equação 13 para determinação do grau de absorção de água (Abs)
do material. A norma seguida para tal propósito foi a ASTM 570-95 (ASTM, 1995).
Foram ensaiadas cinco amostras para cada tipo de compósito fabricado: RE, T5, T10,
T20, NT5, NT10 e NT20.
Os corpos de provas foram recortados na forma retangular com largura de 20
mm, cumprimento de 50 mm e espessura de 3 mm e, logo após secadas em estufa
durante 24 horas com temperatura controlada em 80ºC com o objetivo de reduzir a
umidade presente nas amostras. Para obtenção da porção absorvida pelos corpos de
prova a equação 21 abaixo foi utilizada.
(13)
Onde:
Abs: absorção de água (%); mi = massa inicial (g); mf = massa final (g).
b. Medida do Potencial de Hidrogênio (pH)
Utilizou-se o medidor de pH Universal para Laboratórios HI 422x-02 mostrado
na Figura 3.12. O equipamento possuía precisão de ± 0,1pH. Para realização dos
ensaios, misturou-se 10% em massa de resíduo tratado e não tratado à massa total, e os
90 % restantes foi acrescentado água destilada. Então, mediu-se a cada hora, durante 8
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69
horas o pH da solução de resíduo tratado e da solução do resíduo não tratado e o
resultado foi dado pela média aritmética dos valores obtidos.
Figura 3.12. Medidor de pH universal HI 422x-02.
c. Ensaio de Micrografia Eletrônica de Varredura (MEV)
Para verificação anatômica do resíduo de DENDÊ, foram obtidas micrografias
por microscopia eletrônica de varredura (MEV, Modelo TESCAN a 3KV de aceleração)
dos corpos de prova anteriormente submetidos ao ensaio de tração e flexão. Os
experimentos ocorreram a uma temperatura ambiente de 25 °C e umidade relativa de
80%.
Com o objetivo de verificar o grau ou nível de adesão das fibras tratadas e não
tratadas a matriz tereftálicas as faces de corpos de provas rompidos em ensaios de tração
foram analisados. Foram avaliados os compósitos fabricados com resíduos tratados (T5,
T10 e T20) e resíduos não tratados (NT5, NT10 e NT20) se os mesmos apresentaram
arranque de fibras, rompimentos de fibras, vazios (voids), deslocamento de fibras,
fissura e quebra de matriz.
Antes do início do ensaio foi necessário fazer a metalização das amostras que
consistem no recobrimento do material polimérico e a fibra do dendê com uma fina
camada de ouro para que haja condução dos elétrons incididos nas amostras. A Figura
3.13 apresenta o equipamento usado no ensaio de MEV em questão.
Figura 3.13. Equipamento MEV, Modelo TESCAN a 20kV de aceleração para
Micrografia Eletrônica utilizado.
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70
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71
CAPÍTULO IV - RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Caracterização do resíduo de dendê
4.1.1. Potencial de Hidrogênio (pH) do resíduo
O pH medido tanto para a fibra não tratada quanto para a fibra tratada foi de
7,2 ± 0,1, ficando na faixa de pH neutro. O resíduo, portanto, não possui contaminante
ou composto que altere seu pH e por conseguinte não interfere no processo de
cristalização da resina durante a fabricação do compósito. A Figura 4.1 mostra o resíduo
tratado e não tratado durante a medição do pH.
Figura 4.1. Resíduos tratado e não tratado no ensaio de pH.
Observou-se no béquer à esquerda a ausência de impurezas decantadas no
recipiente e presença de turbidez na água de imersão. Ao mesmo tempo, quando se
observava o béquer à direita notavam-se partículas decantadas bem como turbidez
acentuada da água.
4.1.2. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
Avaliou-se por MEV os resíduos, tanto tratados quanto não tratados,
objetivando compará-los entre si de modo a verificar a presença ou não de mudanças
morfológicas e microestruturais como mudança de geometria, rompimento ou
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72
degradação dos feixes fibrosos e modificação superficial. As amostras de resíduos
natural (sem tratamento) e tratado foram submetidas à análise de microscópica
eletrônica por varredura (MEV). A Figura 4.2 (a) (b) mostra o MEV dos resíduos não
tratados e tratados, respectivamente.
Figura 4.2. (a) Microscopia Eletrônica do resíduo não tratado, (b) Microscopia
eletrônica do resíduo tratado.
(a) Fibra não Tratada (b) Fibra Tratada
Ainda na Figura 4.2 (a) é apresentado o MEV realizado na fibra não tratada
onde se observa impurezas aparentes notadas pela presença de grãos e aspecto áspero
recobrindo a superfície da fibra de dendê. A micrografia realizada na fibra tratada,
Figura 4.2 (b), comprovou a inexistência dessas impurezas recobrindo a superfície da
fibra em questão devido ao tratamento realizado.
Além disso, ainda na Figura 4.2 (b) fica evidente a integridade da fibra após o
tratamento não apresentando separação dos feixes fibrosos e sim tão somente a presença
de pequena fratura ou perda parcial de lignina de recobrimento superficial. Portanto,
tem-se uma indicação de que o tratamento sugerido ocasionou desprezível degradação
das fibras melhorando a interação fibra-matriz e proporcionou a limpeza da fibra de
dendê.
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73
4.2. Caracterização dos Compósitos
Foram avaliadas as características mecânicas e físicas dos compósitos
formulados com resíduos tratados e resíduos não tratados adicionados nas proporções de
0, 5, 10 e 20% em massa à matriz poliéster teraftálica (escura). A análise da resina pura,
ou seja, à amostra padrão de controle com 0% de adição de resíduo, serviu como
elemento comparador entre resultados encontrados para os compósitos estudados.
4.2.1. Ensaios Mecânicos
4.2.1.1. Tração
A Tabela 4.1 apresenta os resultados medidos no ensaio de tração e ainda os
valores divulgados pelo fabricante da resina pura sem adição de resíduo. Ainda nesta
Tabela foi feita uma análise comparativa entre os dados fornecidos pelo fabricante e os
valores encontrados no ensaio realizado.
Tabela 4.1. Valores de parâmetros dos ensaios de RT, ATT e MET medidos e obtidos
da ficha técnica do fabricante da matriz polimérica.
Resistência a Tração
(MPa)
Alongamento Total
(%)
Módulo Elásticidade
(GPa)
Medida Fabricante Medido Fabricante Medido Fabricante
Medida 41,6 55,6 4,8 2,0 0,95 2,11
Diferença Redução de 25% Aumento de 2,4 vezes Redução de 45%
Os resultados aferidos de resistência à tração (RT), alongamento total na tração
(ATT) e módulo de elasticidade na tração (MET), conforme Tabela 4.1, não estão
consonânticos com os fornecidos por alguns fabricantes de resina de poliéster insaturada
teraftálica.
A RT medida é 25% inferior à informada pelo fabricante, o ATT é 2,4 vezes
superior ao apresentado pelo fabricante, e quando se analisa o módulo de elasticidade
(MET) houve comportamento semelhante a RT, ou seja, houve redução de 45%.
É importante mencionar que, por se tratar de um processo manual vários
fatores podem interferir nos resultados obtidos, como aparecimento de bolhas (“vois”
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74
ou vazios) devido à presença elevada de umidade e talvez o mais importante, a variação
da concentração de estireno na resina adquirida.
O erro da medição corresponde ao desvio padrão obtido da leitura das amostras
analisada para cada formulação de compósito e matriz polimérica utilizada.
A resistência à tração (RT), alongamento total na tração (ATT) e módulo de
elasticidade na tração (MET) dos compósitos sugeridos, bem como os erros das
respectivas medições estão apresentados na Tabela 4.2.
Tabela 4.2. Resultados obtidos no ensaio de tração para os compósitos e matrizes.
Adição
(%)
Resistência a Tração
(MPa)
Alongamento Total
(%)
Módulo Elasticidade
(GPa)
T NT T NT T NT
5 15,42±3,1 10,06±1,2 3,02±0,4 2,19 ± 0,6 0,73±0,0 0,73±0,1
10 13,77±1,8 9,46±0,81 2,05±0,2 1,33 ± 0,2 0,81±0,1 0,97±0,1
20 11,54±1,2 8,02±0,64 1,95±0,2 0,94 ± 0,3 0,98±0,2 1,11±0,2
De maneira geral, conforme apresenta a Tabela 4.2, houve diminuição na
resistência mecânica dos compósitos conforme se adiciona resíduo tratado ou não
tratado ao compósito.
Observou-se do mesmo modo que a adição de resíduo em 5% tanto tratado
quanto não tratado ao compósito causou a menor redução nas RT, principalmente nos
compósitos fabricados com resíduo tratado. A diminuição na RT de T5 foi de 63% e
NT5 de 76%, uma diferença de 65% entre os compósitos. Este resultado indicou que os
compósitos formulados com resíduo tratado obtiveram melhores resistências à tração
quando comprados aos compósitos adicionados com resíduos não tratados.
A Figura 4.3 apresenta o gráfico comparativo da resistência à tração entre os
compósitos estudados.
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75
Figura 4.3. Comparação de resistência à tração entre os compósitos.
10
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
5 10 20
RE
SIS
TÊ
NC
IA A
TR
AÇ
ÃO
EM
MP
a
CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO
Na Figura 4.3 fica explicito a supremacia dos compósitos formulados com
resíduo tratados apresentando maior desempenho no tocante resistência a tração em
comparação aos compósitos fabricados com resíduos não tratados.
Verificou-se que o alongamento total do compósito foi inferior a matriz
polimérica para todas as formulações estudadas. A adição de 5% de resíduo tratado e
não tratado ao compósito causou menor alteração no ATT, principalmente nos
compósitos fabricados com resíduo tratado. A diminuição na ATT de T5 foi de 37% e
NT5 de 54%, uma diferença de 27,5% entre os compósitos.
A Figura 4.4 mostra a comparação gráfica entre os compósitos de mesma
adição de resíduo, nesta é possível verificar que os compósitos produzidos com resíduo
tratado apresentam maior deformação total durante o ensaio de tração unidirecional.
Figura 4.4. Comparação do alongamento total na tração entre os compósitos.
10
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
T20T10T5
AT
T (
%)
CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO
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76
Considerando-se a análise do gráfico representado pela Figura 4.4 se observou
a diminuição do alongamento total durante o ensaio de tração conforme se adicionava
resíduo tanto tratado quanto não tratado ao compósito sugerido.
Notou-se que os compósitos formulados com resíduo tratado e não tratado
apresentam módulo de elasticidade (MOET) inferior a 1GPa, com exceção para o
compósito NT20, esse resultado indica que o material possui baixa rigidez. Todas as
formulações apresentaram baixa perda quando se analisa o MET.
Os resultados obtidos no ensaio de tração para os compósitos NT10 e T10
foram inferiores quando comparados ao compósito proposto por Gomes 2014. O
material desenvolvido por Gomes utilizou a mesma matriz poliéster teraftálica com 10%
de resíduo de MDF no qual se obteve resistência a tração média de 29,40 MPa. Em
termos relativos o compósito T5 que apresentou melhores resultados de tração, é 48%
menos resistente a tração que o compósito idealizado por Gomes.
Figura 4.5. Gráfico comparativo do módulo de elasticidade entre os compósitos
formulados com resíduo tratado e não tratado.
10
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
T20T10T5
MO
ET
(G
Pa
)
CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO
Portanto, o tratamento aplicado ao resíduo de dendê contribuiu de forma
significativa para as melhorias nas propriedades aferidas no ensaio de tração e flexão.
4.2.1.2. Flexão
A Tabela 4.3 apresenta os resultados medidos no ensaio de flexão e ainda os
valores divulgados pelo fabricante da resina pura sem adição de resíduo. Ainda nesta
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77
tabela é feita uma análise comparativa entre os dados fornecidos pelo fabricante e os
valores encontrados no ensaio realizado. O erro da medição corresponde ao desvio
padrão obtido da leitura das amostras analisada para cada formulação de compósito e
matriz polimérica utilizada.
Tabela 4.3. Valores de parâmetros dos ensaios de RF, ATF e MEF medidos e obtidos da
ficha técnica do fabricante da matriz polimérica.
Resistência a Flexão
(MPa)
Alongamento Total
(%)
Módulo Elasticidade
(GPa)
Medida Fabricante Medida Fabricante Medida Fabricante
Medida 54,0±1,0 84,4 5,40±0,96 3,6 0,10±0,01 0,07
Fabricante Menor 36,1% Maior 33% Redução de 30%
Os valores aferidos de resistência à flexão (RF) são inferiores quando
comparados aos valores apresentados por fabricantes de resina poliéster tereftálica,.
Analisando-se os resultados medidos de resistência à flexão (RF) observou-se que a RF
se apresentou 36,1% menor à apresentada pelo fabricante. Pode-se supor que houve
algum comprometimento dessa propriedade no lote da resina adquirida.
O alongamento Total na flexão (ATF) e módulo de elasticidade na flexão
(MEF), conforme Tabela 4.3, não estão consonânticos com os fornecidos por alguns
fabricantes de resina de poliéster insaturada tereftálica. No alongamento total na flexão
(ATF), o valor médio avaliado apresentou-se 33% maior ao apresentado pelo fabricante.
No entanto, quando se analisa o Módulo de elasticidade na flexão (MEF) houve
comportamento semelhante à RF, ou seja, redução de 30% quando se comprara com
dados do fabricante.
É importante mencionar que, por se tratar de um processo manual vários
fatores podem interferir nos resultados obtidos, como aparecimento de bolhas (“vois”
ou vazios) devido à presença elevada de umidade e talvez o mais importante, a variação
da concentração de estireno na resina adquirida.
Avaliando os resultados de RF e comparando-os com outros compósitos já
estudados e apontados pela literatura, é possível perceber que os valores medidos para
as matrizes utilizadas são compatíveis e às vezes até mais elevados, o que demonstra
que não houve erros significativos nos ensaios de flexão realizados.
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78
A Tabela 4.4 apresenta os valores médios dos parâmetros do ensaio de flexão
realizados para cinco amostras dos compósitos obtidos com resíduos de dendê tratados e
não tratados.
Tabela 4.4. Resultado médios obtidos no ensaio de RF.
Adição
(%)
Resistência a Flexão
(MPa)
Alongamento Total
(%)
Modulo Elasticidade
(GPa)
T NT T NT T NT
5 21,5 ± 0,4 21,5±0,6 2,15 ± 0,4 2,98 ± 0,5 0,07 ± 0,03 0,06 ± 0,02
10 14,7 ± 0,2 17,5±0,3 2,02 ± 0,4 2,93 ± 0,2 0,07 ± 0,01 0,07 ± 0,00
20 13,8 ± 0,2 14,5±0,2 1,60 ± 0,3 2,87 ± 0,8 0,13 ± 0,01 0,08 ± 0,02
A análise da Tabela 4.4, referente aos resultados médios obtidos no ensaio de
flexão se observou que a resistência mecânica à flexão e alongamento total na flexão de
todas as formulações do compósito foram inferiores aos da matriz correspondente. Esse
fato indica que o resíduo funcionou apenas como carga no compósito.
Nota-se que os resultados de resistência à flexão para os compósitos T5 e NT5
são semelhantes, apresentando uma redução de resistência à flexão de 60% quando
relacionados à matriz de origem. Ainda assim, tais características mostraram-se
compatíveis a outros compósitos que utilizam fibras naturais como elemento
modificador das propriedades mecânicas de matrizes poliéster.
No gráfico representado pela Figura 4.6 se observa uma tendência
dos compósitos formulados com resíduos não tratados em apresentarem melhores
resultados de resistência a flexão e maior alongamento total durante o ensaio de tração.
Figura 4.6. Comparação de resistência à flexão entre os compósitos.
10
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
T5 T15 T20
RE
SIS
TÊ
NC
IA A
FLE
XÃ
O E
M M
Pa
CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO
![Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas](https://reader037.vdocuments.com.br/reader037/viewer/2022110113/5c631c3309d3f291208bea8c/html5/thumbnails/75.jpg)
79
Considerando-se o alongamento ou deformação total na flexão apresentados
na Tabela 4.4, se pode considerar que não houve mudança significativa entre os
compósitos NT5, NT10 e NT20, bem como entre os compósitos formulados com
resíduo tratado T5 e T10. Porém, quando se analisou o compósito T20 notou-se uma
diferença de 21% comparando-o com o compósitos T10.
Na comparação dos compósitos a matriz polimérica, verificou-se uma redução
significativa no alongamento total, tendo sua variação máxima representada pelo
compósito T20 com redução de 70% do seu valor. O compósito NT 20 apresentou a
menor redução no alongamento na flexão, 45% inferior ao valor medido na matriz
polimérica.
Avaliando-se a rigidez dos compósitos estudados, notou-se que todas as
formulações apresentavam maior rigidez quando comparadas à matriz correspondente,
pois a adição de resíduo ao compósito aumentava a rigidez do material e
consequentemente diminuia seu alongamento total durante o ensaio de flexão, fato já
observado por inúmeros autores quando se adiciona fibras vegetais em matriz
polimérica.
Os compósitos T5, T10 e T20 apresentaram menor deformação total se
comprado aos compósitos NT5, NT10 e NT20 como se observa na Figura 4.7.
Figura 4.7. Deformação total dos compósitos formulados com resíduo tratado e não
tratado.
10
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
T20T10T5
AT
F (
%)
CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO
![Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Laminação a pistola ou Spray Up. ... IPT – Instituto de Pesquisa e Tecnologia LMHES – Laboratório de Máquinas Hidráulicas](https://reader037.vdocuments.com.br/reader037/viewer/2022110113/5c631c3309d3f291208bea8c/html5/thumbnails/76.jpg)
80
O aumento da rigidez foi observado na análise do módulo de elasticidade na
flexão (MOEF), Figura 4.8, cujos valores foram superiores aos apresentados pela matriz
polimérica.
Figura 4.8. Módulo de elasticidade na flexão dos compósitos formulados com resíduos
tratados e não tratados
10
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
T20T10T5
MO
EF
(G
Pa)
CONCENTRAÇÃO DE RESÍDUO EM %
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO TRATADO
COMPÓSITO FORMULADO COM RESÍDUO NÃO TRATADO
4.2.1.3. Impacto
Considerando-se que a energia de impacto fornecida pelo pêndulo é de 3,946
Joules a Tabela 4.5 apresenta os resultados obtidos nos ensaios de impacto Charpy
realizados nos compósitos formulados com resíduo tratado e não tratado.
Tabela 4.5. Resultados do ensaio de impacto.
Amostra Energia Absorvida (J) Energia Absorvida em (%)
Escura 0,750 ± 0,017 19,0
T5 0,543 ± 0,098 13,8
T10 0,428 ± 0,056 10,8
T20 0,379 ± 0,057 9,6
NT5 0,316 ± 0,015 8,0
NT10 0,299 ± 0,017 7,6
NT20 0,168 ± 0,043 4,2
Embora os erros da medida aproximem os resultados de resistência ao impacto
dos compósitos formulados com fibras (resíduos) tratadas e não tratados, notou-se uma
tendência de diminuição da resistência de até 78% para o compósito NT20 quando
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81
comparado a matriz tereftálica sem adição de resíduo de qualquer natureza. Isto foi uma
indicação da maior fragilidade na adesão entre fibra não tratada e matriz polimérica.
Os compósitos formulados com resíduo tratado apresentaram os melhores
resultados na absorção de impacto. Outra ocorrência observada foi a diminuição na
resistência ao impacto Charpy conforme se adicionava resíduos á resina tereftálca
(escura).
A maior absorção de impacto observada foi da matriz poliéster tereftálica
seguido do compósito T5 que absorveu 13,8% da energia de impacto deflagrado na
amostra. O compósito que menos absorveu a energia de impacto foi o NT20 cuja
energia absorvida foi de apenas 4,2%.
Ficou evidente o efeito negativo na energia de impacto absorvida pelo
compósito conforme se aumentava a concentração de resíduos. A Figura 4.9. Energia de
impacto absorvida pelos compósitos.mostra o comportamento assumido pela energia de
impacto no ensaio de impacto charpy. Ainda nesta figura estão indicados os valores de
resistência ao impacto dos compósitos T20, NT5 e NT 10 estão relativamente próximos
entre si, no intervalo de 0,3 a 0,45 J, ou seja, a substituição de resina por resíduo de
dendê, tanto tratado quanto não tratado, pode ser feita sem prejuízo para esta
propriedade.
Quando se considera os erros relacionados às medidas do ensaio de impacto
para compósitos T5, T10 e T20, estes resultados apresentam valores próximos uns aos
outros, sugerindo da mesma foram que os resíduos podem ser adicionados ao compósito
sem prejuízo significativo.
Figura 4.9. Energia de impacto absorvida pelos compósitos.
Escura T5 NT5 T10 NT10 NT20 T20
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
En
erg
ia d
e Im
pacto
Abso
rvid
a (
J)
Compósito Formulado com Dendê
Resistência Absorvida pelo Compósito
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82
No geral, o tratamento em água fervente durante uma hora e posterior secagem
da fibra (resíduo) melhorou a resistência ao impacto do compósito, apesar dos
resultados obtidos se mostrarem inferiores ao da matriz polimérica de origem.
O ganho médio de tal propriedade devido ao tratamento proposto para a fibra
foi de 58% para os compósitos adicionados com 5% de resíduo, 70% para os
formulados com 10% de resíduo e por fim, 45% para os compósitos formulados com
20% de adição de resíduo a matriz polimérica.
4.2.2. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
O ensaio de microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) foi importante para
identificar na fibra, tanto tratada quanto não tratada, a morfologia e geometria do
resíduo do mesocarpo do dendê em questão. Para as fibras não tratadas, o MEV serviu
para identificar a presença de impurezas (Figura 4.10 (a)) e condição superficial da
fibra. Em si tratando das fibras tratadas foi possível identificar as condições da
superfície da fibra após o tratamento sugerido bem como a integridade dos feixes
fibrosos conforme se observa na Figura 4.10 (b).
Figura 4.10. (a) Resíduo não tratado apresentando resíduos na cobertura superficial da
fibra. (b) Resíduo tratado com integridade preservada.
(a) (b)
Avaliando-se os compósitos formulados com resíduos tratado e não tratados, a
microscopia eletrônica tornou possível investigar a aderência entre fibra e matriz, e
ainda possibilitou estudar os mecanismos de fratura e falhas ocorridos após ensaios
mecânicos.
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83
A presença de “pull out”, ou seja, fraturas caracterizadas por arranque de fibras
esteve presente em todas as amostras avaliadas. Geralmente isso acontece devido à
deficiência de adesão ou aderência entre fibra/carga e matriz polimérica. As imagens
obtidas dos compósitos proposto conforme pode ser observado nas Figura 4.11 (a), (b) e
(c), (d) e (e) comprovam tal afirmação.
Figura 4.11. Micrografia eletrônica dos compósitos formulados com resíduo tratado e
não tratado imagens obtidas após ensaios mecânicos.
Não foi observado a presença de vazios “voids” e sim fibras desprendidas da
matriz m todas as amostras das formulações estudadas do compósito proposto conforme
pode ser confirmado através das setas indicativas nas Figura 4.12 (a), (b), (c), (d) e (e).
Fissura coesiva na matriz, da mesma forma que a presença de fibras
desprendidas, esteve presente em todas as amostras analisadas conforme mostra a
Figura 4.12 (a), (b), (c), (d) e (e).
Figura 4.12. Presença de fissura coesiva na matriz diagnosticada por MEV.
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84
A impregnação dos feixes das fibras originadas do resíduo do processamento do
dendê pode ser considerado baixa conforme pode ser observados nas Figura 4.13.
Figura 4.13. Ausência de matriz polimérica na face interna dos feixes fibrosos.
Os feixes mais internos da fibra do dendê ainda estão vazios, ou seja, não
houve penetração de resina tereftálica nos feixes mais profundos da fibra em questão.
Isso diminui a resistência do compósito já que esse fato demonstra uma interface com
baixa aderência.
Portanto, o uso de modificadores compatibilizantes pode facilitar a entrada de
resina no interior da fibra, e como consequência, melhorar as resistências mecânicas ou
diminuir o índice de absorção de água pelo compósito proposto.
Descolamento da fibra da matriz ou Debonding é observado nas Figura 4.12 e
Figura 4.13. A baixa aderência entre fibra e matriz, notada pela ausência de vestígios de
matriz polimérica na superfície da fibra. Observou-se também nas imagens também
analisadas o arranque de fibras ou “pull out”.
4.2.3. Absorção de Água Destilada
Para determinação do nível de absorção de água destilada pelos compósitos
utilizou-se a norma ASTM D570-98. O tempo de imersão para todos os compósitos foi
de 28 dias. Considerou-se o compósito saturado quando no intervalo de 15 dias entre
leituras o índice de absorção foi de 0,5%.
A Figura 4.4apresenta os dados obtidos no ensaio de absorção de água
destilada pela matriz polimérica tereftálica (escura) e respectivas formulações dos
compósitos.
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85
Tabela 4.6. Índice de Absorção de Água destilada pelos Compósitos.
Absorção de Água Destilada
Material Abs / % Material Abs / %
Resina 2,513 ---- -------
T5 2,667 NT5 2,725
T10 3,919 NT10 3,937
T20 3,983 NT20 4,069
A absorção de água pela matriz polimérica foi 2,3 vezes superior ao resultado
aferido por Gomes, 2014. Observou-se nas amostras de matriz analisadas a presença de
“voids” ou bolhas contribuindo para o aumento no índice de absorção para a
propriedade considerada.
Os resultados traduziram uma leve tendência dos compósitos formulados com
resíduo não tratado. A diferença entre as absorções dos compósitos formulados com a
menor adição de resíduo; T5 e NT5; e maior adição de resíduo; T20 e NT20; foi de
apenas 2%. Quando se avaliou os compósitos T10 e NT10 a diferença foi de 0,5%, ou
seja, insignificante quando se avalia o processo de fabricação manual adotado.
Devido aos dados apresentados pode se dizer que as diferenças no índice de
absorção foram insignificantes quando se considera que o tratamento da fibra, mesmo
sendo um processo simples e de baixo custo, aumenta os custos de produção do
compósito sugerido.
A tendência de estabilização da massa de água absorvida pela matriz
polimérica ocorre já na primeira semana de ensaio e, para os compósitos formulado com
resíduo tratado este evento é observado no 21º dia de imersão em água destilada. Da
mesma forma, avaliando os compósitos formulados com resíduo não tratado, observa-se
uma tendência de estabilização da massa de água absorvida após o 21º dia de imersão.
De modo geral, o elevado índice de absorção de água pelo compósito foi
justificado pela presença de fibra natural de dendê que contem celulose como um de
seus componentes, já que a celulose apresenta um caráter polar e corresponde ao
principal constituinte do rejeito empregado. Então, é possível afirmar que quando se
adiciona resíduo ao compósito, promove-se um aumento na sua capacidade de absorver
água.
Os compósitos formulados com resina tereftálica apresentam maior
susceptibilidade em absorver água, pois, a formação do polímero é conseguida por
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86
excesso de glicol o que prejudica a resistência química do produto final, em razão da
afinidade que este tem com a água já que o glicol é higroscópico (Sanchez, 1996).
4.2.4. Análise Térmica
A Tabela 4.7 apresenta os resultados medidos das propriedades termofísicas
estudadas: Calor Específico, Difusividade Térmica, Condutividade Térmica e
Resistividade Térmica. As análises foram realizadas na fibra tratada, nos compósitos
formulados com rejeito tratado e compósitos formulados com rejeito não tratado bem
como na matriz polimérica teraftálica pura sem adição de resíduo. A Tabela 4.7
apresenta os resultados medidos.
Tabela 4.7. Propriedades Térmicas dos Compósitos.
Material C (MJ/m3K)
(Calor específico)
D (mm2/s)
(Difusividade)
K (W/mK)
(Condutividade)
R (°C·cm/W)
(Resistividade)
Fibra Tratada 0,688 ± 0,070 0,199 ± 0,019 0,137 ± 0,014 735,7 ± 73,6
NT5 1,484 ± 0,148 0,107 ± 0,011 0,158 ± 0,016 631,3 ± 63,1
NT10 1,981 ± 0,198 0,090 ± 0,009 0,178 ± 0,018 562,9 ± 56,3
NT20 2,024 ± 0,202 0,096 ± 0,001 0,195 ± 0,020 513,0 ± 51,3
T5 2,362 ± 0,236 0,098 ± 0,010 0,233± 0,023 432,2 ± 43,2
T10 1,828 ± 0,183 0,105 ± 0,010 0,193 ± 0,020 518,6 ± 52,0
T20 1,453 ± 0,145 0,112 ± 0,012 0,163± 0,022 612,3 ± 61,2
Resina 1,827 ± 0,183 0,096 ± 0,001 0,176 ± 0,018 568,1 ± 57,0
Houve modificações das propriedades térmicas resistência, condutividade
térmica, difusividade térmica, calor específico e difusividade térmica conforme se
adicionou resíduo de dendê tratado e não tratado à resina teraftálica. Algumas
considerações podem ser feitas quando se analisa a Tabela 4.7.
a) A fibra tratada apresentou menor calor específico, maior difusividade
térmica, menor condutividade térmica e, portanto maior resistência térmica quando
comparado a matriz polimérica e formulações com resíduo tratado e não tratado;
b) As propriedades calor especifico e condutividade térmica para os
compósitos formulados com resíduo não tratado apresentaram aumento em seus valores
absolutos conforme se aumentou a concentração de resíduo ao compósito;
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87
c) As propriedades calor específico, condutividade térmica para os
compósitos formulados com resíduo tratado apresentaram diminuição em seus valores
absolutos conforme se aumentou a concentração de resíduo ao compósito;
d) A formulação do compósito com calor específico volumétrico mais baixo
foi a T20 e o NT5;
e) A fibra tratada apresenta maior difusividade térmica quando comparada
as formulação dos compósitos estudados;
f) A difusividade das formulações mais elevada foi a NT5 e T20 e a mais
baixa NT10, porém as demais formulações apresentaram valores próximos aos
apresentados pela matriz polimérica;
g) A condutividade térmica dos compósitos formulados tanto com resíduo
tratado quanto resíduo não tratado apresentaram valores próximos entre si e, quando se
considera o erro de medição podemos dizer que não houve mudança nesta propriedade,
pois os valores apresentados estão em intervalos que coincidem seus valores;
h) A formulação com maior resistência térmica foi a T20, NT5 e fibra
tratada.
O calor específico do resíduo tratado é bem menor que o da matriz polimérica e
suas formulações dos compósitos, retendo menor calor armazenado. Para os compósitos
fabricados com resíduos tratados houve uma diminuição na referida característica
analisada. Para o compósito fabricado com resíduos não tratados houve aumento na
propriedade avaliada.
A Figura 4.14 mostra o comportamento assumido pelo calor específico
volumétrico para as matrizes e formulações do compósito estudadas.
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88
Figura 4.14. Comportamento assumido pelo Calor Específico.
Tratada NT5 NT10 NT20 T5 T10 T20 Resina
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
Ca
lor
esp
ecíf
ico
(C
) M
j/m
3k
Materiais
Calor Específico
Conforme observado em análise de MEV à interação entre fibra e matriz dos
compósitos formulados com resíduo não tratado é menor quando comparado com os
compósitos formulados com resíduo tratado. Estes apresentaram melhor interação na
região de interface. A adição de resíduo de qualquer natureza, seja ele tratado ou não
tratado, à resina tereftálica aumenta a presença de espaços vazios, devido à baixa
interação dos componentes provocando a queda na capacidade de armazenamento de
calor do compósito.
Todavia, quando se avalia os resultados apresentados pelos compósitos
formulados com resíduos tratados o comportamento contrário é observado, ou seja, a
melhor interação fibra/matriz promoveu mínima presença de espaços vazios distribuídos
na amostra melhorando a propriedade termofísica em questão.
Diante do exposto pode se indicar uma influencia negativa expressiva
conforme se adiciona resíduo ao compósito em questão. A influência máxima foi
observada entre os compósito NT5 e NT10 chegando a pouco mais de 30%. Quando se
avalia a influencia mímima, destacam-se os compósitos NT5, NT10 e NT20, tendo
diferença entorno de 20%. .
A difusão do calor ocorre com mais facilidade no resíduo tratado do que na
matriz poliester e compósitos. A Figura 4. mostra o comportamento assumido pela
difusividade térmica.
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89
De forma geral os compósitos em suas várias formulações apresentam baixa
difusividade térmica, apto, portanto para aplicações que requeiram bom isolamento
térmico.
Figura 4.15. Comportamento assumido pela Difusividade Térmica.
Tratado NT5 NT10 NT20 T5 T10 T20 Resina
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22D
ifu
siv
ida
de
(D
) m
m2/s
Material
Difusividade Térmica
A matriz poliéster apresenta difusividade térmica superior ao resíduo tratado de
dendê. Todas as formulações estudadas apresentam baixa condutividade térmica
podendo ser utilizadas em aplicações que requeiram boa resistência térmica.
A Figura 4.16 mostra o comportamento assumido pela condutividade térmica
para as matrizes e formulações do compósito estudadas.
Figura 4.16. Comportamento assumido pela Condutividade Térmica.
Tratada NT5 NT10 NT20 T5 T10 T20 Resina
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
0,24
0,26
Co
ndu
tivid
ad
e (
K)
w/m
k
Material
Condutividade Térmica
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90
A condutividade térmica do resíduo tratado e prensado é maior 32% quando
comparada a resina teraftálica (amostra de controle). Comparando-se os compósitos
estudados, percebeu-se que os formulados com resíduo não tratado apresentaram um
aumento da condutividade térmica a medida que se acrescentava resíduo.
Já para os compósitos formulados com resíduos tratados houve um
comportamento contrário, ou seja, a medida que se adicionava resíduo ocorria a
diminuição da condutividade térmica.
O processo de fabricação manual adotado para confecção dos corpos de prova,
não permite que se anule a probabilidade de aparecimento de “voids”, estas bolhas
podem comprometer de forma negativa o desempenho do compósito praticamente em
todas as propriedades avaliadas.
A formulação de menor condutividade térmica foi a NT5, com K 10% menor
que a matriz polimérica. O compósito T5 apresentou condutividade térmica 24%
superior à matriz tereftálica.
A compatibilidade entre resíduo e matriz polimérica foi notadamente
comprometida quando nenhum tratamento era dado a fibra de dendê. Esta falta de
compatibilidade, já observada na análise micrográfica, foi uma das explicações desta
diferença entre os valores medidos entre os compósitos formulados com resíduos
tratados e não tratados.
A Figura 4.17 mostra o comportamento assumido pela resistividade térmica para
as matrizes e formulações do compósito estudadas.
Figura 4.17. Comportamento assumido pela Resistividade Térmica.
Tratada NT5 NT10 NT20 T5 T10 T20 Resina
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
650
700
750
800
850
Re
sis
tivid
ade
(R
) °C
·cm
/W
Material
Resistividade Térmica
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91
Avaliando-se a resistividade térmica, o comportamento desta propriedade foi
notadamente interferido conforme se adicionava resíduos a matriz polimérica. O
compósito T5 apresentou a menor resistência térmica quando comparada a todos os
materiais estudados incluindo a fibra de dendê tratada.
A compatibilidade satisfatória entre matriz e resíduo apresentada pelos
compósitos fabricados com resíduos tratados, proporcionou a fabricação de um
compósito com menor quantidade de espaços vazios favorecendo a condução térmica.
Todas as formulações apresentaram resistividades térmicas apropriadas.
Tomando-se como comparativo o PVC de resistividade térmica em torno 670 °C·cm/W
os compósitos NT5 e T20 apresentaram níveis equivalentes, em torno de 6 % e 9%
menor respectivamente. Ressalte-se que o PVC é um material de apropriada capacidade
de isolamento térmico. Poder-se-ia utilizar o compósito para a fabricação de tubos para
a condução de fluido quente à temperatura inferior a 120º Celsius.
A adição de resíduo de dendê tanto tratado quanto não tratado ao compósito
contribuiu para o aumento de espaços vazios nos compósitos, ou seja, entre suas
moléculas interferindo diretamente nestas propriedades, pois o ar é um dos melhores
isolantes térmicos.
4.2.5. Densidade
Medindo-se a densidade da matriz tereftálica utilizada e da mesma forma os
compósitos formulados foram encontrados os resultados expostos na Tabela 4.8.
Tabela 4.8. Densidades dos compósitos formulados com resíduos tratados e não
tratados.
Compósito - Líquido Água Destilada a 25,5°C
Medido g/cm³
Resina Tereftálica 1,202
T5 1,122
T10 1,160
T20 1,199
NT5 1,160
NT10 1,147
NT20 1,118
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92
Segundo o fabricante Arazin da resina escura (tereftálica) a densidade pode
variar entre 1,10 e 1,15 g/cm3, portanto uma diferença de 0,052 g/cm3 quando
comparado à amostra analisada.
Observou-se um comportamento da densidade oposto entre os diferentes
compósitos estudados. Os formulados com resíduo tratado (T) houve uma diminuição
de densidade conforme se adicionou resíduo ao compósito. Já os formulados com
resíduo não tratado (NT) teve um comportamento contrário aos compósitos T, ou seja,
houve um aumento de densidade conforme se adicionou resíduo a resina tereftálica.
A diferença de densidade entre os compósitos T5, o compósito de menor
adição de resíduo tratado, e o T20 que apresentava maior adição de resíduo tratado foi
de 0,077 g/cm3 ou 3,3%. A média dos valores de densidade ficou em 1,23 g/cm3 tendo-
se um desvio padrão na ordem de 0,015 g/cm3. O gráfico da Figura 4.18 mostra o
comportamento assumido pela densidade do compósito e da matriz.
Figura 4.18. Densidade aparente dos compósitos e matriz tereftálica.
Matriz T5 T10 T20 NT5 NT10 NT20
1,10
1,11
1,12
1,13
1,14
1,15
1,16
1,17
1,18
1,19
1,20
1,21
1,22
De
nsid
ade
g/c
m³
Material
Densidade Aparente
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93
CAPÍTULO V - CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Em consonância com os objetivos geral e específicos delineados para o presente
trabalho apresentam-se as conclusões e sugestões pertinentes, decorrentes da análise dos
resultados da caracterização do compósito em suas várias formulações.
5.1. CONCLUSÕES
1. O processo de fabricação manual adotado foi satisfatório viabilizando a
produção dos compósitos feitos com resina tereftálica e resíduos de dendê. O emprego
dos resíduos de fibras de dendê reduz de maneira considerável o uso de resina na
fabricação do compósito, reduzindo o custo de fabricação de utilidades produzidas com
este material;
2. O tratamento térmico realizado no resido (fibra do mesocarpo do dendê, após
seu processamento) foi de fácil execução oferecendo riscos moderados aos executantes.
Tal tratamento também garantiu integridade dos feixes fibrosos e proporcionou-lhe a
limpeza superficial melhorando as propriedades mecânicas do compósito: resistência à
tração, flexão e impacto;
3. O resíduo de fibras de dendê utilizado mostrou-se mais viável em relação às
propriedades mecânicas para ser utilizado no compósito como carga, principalmente
devido à resistência à tração e flexão em todas as formulações ter sido inferior a da
matriz correspondente;
4. Os ensaios mecânicos mostraram que o compósito apresenta propriedades
mecânicas inferiores a outros compósitos que utilizam rejeitos lignocelulosicos em sua
composição, porem se considerando a economia de resina quando em seu emprego para
a fabricação de peças onde esforços mecânicos são moderados, sua aplicação pode ser
avaliada para utilização.
5. A redução do desempenho mecânico dos compósitos quando comparados à
matriz de origem pode ser justificado pela baixa adesão ou interação entre fibra e matriz
na região de interface, fato comprovado no ensaio de microscopia eletrônica de
varredura (MEV);
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94
6. O compósito mostrou-se viável para fabricação de peças e estruturas aplicáveis a
sistemas onde baixos esforços mecânicos são solicitados, tais como embalagens,
recipientes para fornos solar e secadores de frutas, estantes e prateleiras;
7. A baixa aderência na região de interface entre fibra e matriz tendo como
consequência não penetração de resina nos dutos capilares internos da fibra, promoveu
o aumento na porção de água absorvida pelo compósito conforme se aumenta a
concentração de resíduo à matriz, pois, o efeito da capilaridade não foi anulado ou
minimizado caso houvesse a presença de resina ocupando os dutos capilares da fibra;
8. A adição de resíduo não tratado ao compósito promoveu maior redução da
densidade aparente quando comparado ao resíduo tratado. As impurezas superficiais
existentes antes do tratamento da fibra interferiram de forma a aumentar a existência de
espaços vazios em toda a extensão das amostras analisadas;
9. A falta de interação na região de interface entre matriz e resíduo e o método
manual de fabricação adotado, limitou em 20% a adição de resíduo tanto tratado quanto
não tratado ao compósito. O problema é mais grave quando se utiliza resíduo não
tratado;
10. O compósito apresentou significativa viabilidade térmica, podendo ser utilização
para fabricação de isolantes térmicos, em função de sua baixa condutividade.
5.2. SUGESTÕES
1. Testar a obtenção do compósito com resíduo de fibras de dendê utilizando outras
matrizes poliméricas;
2. Fazer análise de envelhecimento do compósito;
3. Testar a absorção do compósito para contato com óleos;
4. Estudar a adição de um agente compatibilizante como forma de melhorar a
adesão matriz-resíduo;
5. Aperfeiçoar o processamento do compósito, principalmente para as formulações
com maior percentual de resíduo;
6. Utilizar um molde vertical para a fabricação de placas do compósito destinadas a
produção de estruturas;
7. Estudar o comportamento acústico do compósito proposto.
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