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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA DANIEL COSTA DE SOUZA EFEITO DE UMA SESSÃO DE EXERCÍCIO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE E EXERCÍCIO CONTÍNUO DE MODERADA INTENSIDADE NO PERFIL IMUNOLÓGICO E INFLAMATÓRIO DE HOMENS COM OBESIDADE NATAL/RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

DANIEL COSTA DE SOUZA

EFEITO DE UMA SESSÃO DE EXERCÍCIO INTERVALADO DE ALTA

INTENSIDADE E EXERCÍCIO CONTÍNUO DE MODERADA INTENSIDADE

NO PERFIL IMUNOLÓGICO E INFLAMATÓRIO DE HOMENS COM

OBESIDADE

NATAL/RN

2017

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DANIEL COSTA DE SOUZA

EFEITO DE UMA SESSÃO DE EXERCÍCIO INTERVALADO DE ALTA

INTENSIDADE E EXERCÍCIO CONTÍNUO DE MODERADA INTENSIDADE

NO PERFIL IMUNOLÓGICO E INFLAMATÓRIO DE HOMENS COM

OBESIDADE

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação Física

Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula Trussardi Fayh

Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa

NATAL/RN

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Souza, Daniel Costa de.

Efeito de uma sessão de exercício intervalado de alta intensidade

e exercício contínuo de moderada intensidade no perfil imunológico e

inflamatório de homens com obesidade / Daniel Costa de Souza. - Natal, 2017.

56f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação

Física. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Ana Paula Trussardi Fayh.

Coorientador: Eduardo Caldas Costa.

1. Obesidade - Dissertação. 2. Exercício Aeróbio - Dissertação. 3.

Treinamento Intervalado de Alta Intensidade - Dissertação. 4. INF-

y/IL -4 - Dissertação. I. Fayh, Ana Paula Trussardi. II. Costa,

Eduardo Caldas. III. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 616-056.25

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RESUMO

Introdução: O excesso de gordura corporal é associado à inflamação crônica de baixo

grau e uma maior incidência de doenças infecciosas. Estudos recentes, indicam que o

exercício intervalado de alta intensidade (EIAI) é uma estratégia eficiente em função do

tempo para melhorar parâmetros de saúde de indivíduos com obesidade. No entanto,

pouco é conhecido sobre o efeito de uma sessão de EIAI no equilíbrio de citocinas pro

e anti-inflamatórias em obesos. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi comparar

uma única sessão de EIAI e exercício contínuo de moderada intensidade (ECMI) sobre

os níveis séricos de interferon-y (INF-y), interleucina 4 e 6 (IL-4) (IL-6) e INF-y/IL-4 em

homens com obesidade. Métodos: Dez homens com obesidade (IMC>30 kg/m²) foram

submetidos a três sessões experimentais com uma semana de intervalo em ordem

aleatória: 1) EIAI: 10 x 60 s a 90% da FCmáx alternados por 60 s de recuperação ativa;

2) ECMI: 20 min a 70% da FCmax; 3) Controle. As coletas de sangue para analisar os

níveis séricos de citocinas foram realizadas nos momentos pré, pós e 60 min após as

sessões de exercício ou controle. Os dados foram apresentados em média ± DP.

ANOVA fatorial com medidas repetidas e post hoc de Bonferoni foi utilizado para avaliar

as diferenças entre os momentos e condições de exercício. O nível de significância

aceito foi de P< 0.05. Resultados: O EIAI reduziu os níveis de INF-y imediatamente

após o exercício (41,09 ± 14,99; P=0,032) e 60 min após o exercício (43,45 ± 11,76;

P=0,003) em relação ao pré-exercício (46,64 ± 13,14), ao mesmo tempo que promoveu

aumento nos níveis de IL-4 imediatamente após o exercício (36,47 ± 11,09; P=0,007)

em relação ao pré-exercício (32,04 ± 8,5). O ECMI promoveu aumento nos níveis de

INF-y imediatamente após o exercício (47,48 ± 8,42; P=0,025) e 60 min após o exercício

(50,13 ± 7,99; P=0,004) em relação ao valor pré-exercício (44,21 ± 8,11). Ambas as

condições de exercício aumentaram os níveis de IL-6 até 60 min após o exercício

(P<0.05). A razão INF-Y/IL-4 reduziu imediatamente após (1,24 ± 0,60; P=0,002) e 60

min após o exercício (1,32 ± 0,53; P=0,005) em relação ao pré-exercício (1,58 ± 0,64)

apenas para o EIAI. Conclusão: Uma sessão de EIAI induziu um padrão de resposta

anti-inflamatória e está associado a prejuízos na resposta imune intracelular

contra patógenos. Por outro lado, uma breve sessão de ECMI induziu alterações

no padrão de citocinas seguindo um padrão pró-inflamatório o que pode

favorecer à melhora da resposta imune intracelular em homens com obesidade.

Palavras-chave: Obesidade; Exercício Aeróbio, Treinamento Intervalado de Alta

Intensidade; INF-Y/IL-4; Inflamação.

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ABSTRACT

Introduction: The excess of body fat is associated with chronic low-grade inflammation

and high rates of infectious disease. Emerging evidences indicate that high intensity

interval exercise (HIIE) is a time-efficient approach to promote health in obese

population. However, little is known about the influence of HIIE on pro and anti-

inflammatory cytokine balance in obesity. Purpose: Our purpose was to compare the

acute effects of HIIE and moderate-intensity continuous exercise (MICE) on cytokine

levels, include interferon-y (INF-y), interleukin 4 and 6 (IL-4) (IL-6) levels and INF-y/IL-4

ratio in obese males. Methods: Ten obese males (BMI>30 kg/m²) were submitted into

two experimental sessions with a week interval in a randomized order: 1) HIIE: 10 x 60

s at 90% of HRmáx interspersed by active recovery; 2) MICE: 20 min at 70% of HRmax;.

Cytokines was analyzed before, immediately after and 60 min after-exercise. Data was

presented in mean ± SD. ANOVA 2-way with repeated measures and post hoc Bonferoni

was used to assess differences between moments and exercise conditions. Statistical

significance was accepted at a p value of ≤ 0.05. Results: The HIIE results in decreased

INF-Y levels immediately after-exercise (41,09 ± 4,74; P=0,032) and 60 min after-

exercise (43,45 ± 3,72) (P=0,003) compared with before-exercise (46,64 ± 4,15), while

an significant elevation in IL-4 levels was observed immediately after-exercise (36,47 ±

3,5) (P=0,007). The MICE results in increase of INF-Y levels after exercise (P=0,025)

and 60 min post-exercise (P=0,004). Both exercise conditions results in increase of IL-6

levels after exercise (P<0.05). The INF-Y/IL-4 ratio decreases immediately after

(P=0,002) and 60 min after-exercise (P=0,005) only for HIIE. Conclusion: HIIE induces

imbalance in INF-Y/IL-4 ratio 60 min after exercise following an anti-inflammatory

pattern. For other hand, MICE did not promote imbalance in INF-Y/IL-4 to 60 min after

exercise in obese males.

Key words: Obesity, Aerobic Exercise, High Intensity Interval Training; INF-Y/IL-

4; Inflammation.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 7

2. OBJETIVO ................................................................................................. 10

3. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 11

3.1. Obesidade .............................................................................................. 11

3.2. Tecido adiposo como órgão endócrino .................................................. 12

3.3. Obesidade, sistema imune e inflamação crônica de baixo grau ............ 15

3.4. Exercício físico, inflamação crônica de baixo grau e sistema imune ...... 17

3.4.3. Impacto do exercício de alta intensidade no estado inflamatório e

função imunológica .................................................................................... 19

4. MÉTODOS ................................................................................................. 23

4.1. Delineamento do Estudo ........................................................................ 23

4.2. Amostra .................................................................................................. 23

4.3. Considerações Éticas ............................................................................ 24

4.4. Logística ................................................................................................. 24

4.5. Avaliações .............................................................................................. 25

4.5.1. Composição Corporal ...................................................................... 25

4.5.2. Teste incremental ............................................................................ 25

4.5.3. Avaliação dos parâmetros inflamatórios e imunológicos ................. 26

4.5.4. Avaliação do lactato sanguíneo ....................................................... 26

4.6. Intervenções........................................................................................... 27

4.6.1. Exercício Contínuo de Moderada Intensidade ................................. 27

4.6.2. Exercício Intervalado de Alta Intensidade ........................................ 27

4.6.3. Controle ........................................................................................... 27

4.7. Análise estatística .................................................................................. 27

5. RESULTADOS .......................................................................................... 29

6. DISCUSSÃO .............................................................................................. 32

7. CONCLUSÃO ............................................................................................ 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 38

LISTA DE TABELAS ........................................................................................ 50

ANEXOS .......................................................................................................... 51

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1. INTRODUÇÃO

A obesidade é caracterizada pelo aumento desproporcional do tecido adiposo

e é um dos principais fatores de risco para doenças de etiologia cardiometabólica

e alguns tipos de câncer (1). Através da descoberta das primeiras adipocinas, o

tecido adiposo passou a ser reconhecido como um complexo órgão endócrino

(2). As adipocinas são um grupo heterogêneo de substâncias, produzidas e

secretadas pelo próprio tecido adiposo, incluindo citocinas, hormônios, fatores

de crescimento, prostaglandinas, glicocorticoides e hormônios sexuais. Essas

adipocinas exercem papel importante nas funções orgânicas, como a regulação

do sistema imunológico (3–5).

Na condição da obesidade, o acúmulo excessivo de gordura corporal

acompanhado de grande expansibilidade do tecido adiposo leva a um estresse

tecidual local, seguido de hipóxia, estresse do retículo endoplasmático e

confinamento da matriz extracelular com morte programada de adipócitos. Esse

fenômeno desencadeia o desequilíbrio do sistema imune, promovendo a

infiltração de células pró-inflamatórias, como os macrófagos (M1) e linfócitos de

fenótipo Th1 (T1) que por sua vez secretam citocinas pró-inflamatórias

contribuindo para o aumento da inflamação no tecido adiposo visceral (6). O

excesso de citocinas pró-inflamatórias no tecido adiposo é drenado para corrente

sanguínea e somado a outros fatores promovem um estado inflamatório crônico

de baixo grau, que por sua vez está fortemente associado ao desenvolvimento

de doenças de etiologia cardiometabólica (2,7,8).

Indivíduos com obesidade e inflamação crônica de baixo grau também

apresentam prejuízos no sistema imune e apresentam uma maior

susceptibilidade para o desenvolvimento de doenças infectocontagiosas (9–13).

A produção de citocinas pelos linfócitos T exerce um papel importante no

desenvolvimento do sistema imune contra infecções. Linfócitos de fenótipo T1

são caracterizados pela produção de interferon-y (INF-y) e atuam na resposta

imune celular e combate às infecções intracelulares, sobretudo no combate a

bactérias e vírus. Já os linfócitos de fenótipo T2, produzem interleucina 4 (IL-4)

e são responsáveis pela resposta imune humoral e prevenção de infecções de

helmintos e agentes alergenos (14). Nesse contexto, parece ser mais

significativo analisar a resposta imune de células T1/T2 utilizando as

concentrações de citocinas associadas a cada fenótipo. A razão entre INF-Y/IL-

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4 é um marcador da razão T1/T2 e representa o estado funcional do sistema

imune (15). O desequilíbrio na razão INF-y/IL-4 é reportado em quadros de

infecções agudas e crônicas. (14).

O exercício contínuo de moderada intensidade (ECMI) tem efeito positivo

sobre o sistema imunológico de indivíduos com obesidade e previamente

sedentários (16–18). Recomenda-se o acúmulo de pelo menos 150 minutos de

ECMI por semana para manutenção da saúde em indivíduos adultos saudáveis

(19), e entre 150 e 300 minutos para redução ponderal em indivíduos com

excesso de peso (20). No entanto, a falta de tempo permanece citada como uma

das principais barreiras para a prática regular de exercício físico (21). Dessa

forma, o exercício intervalado de alta intensidade (EIAI) de baixo volume surge

como uma estratégia eficiente em função do tempo, pois promove adaptações

metabólicas similares ao ECMI em um menor tempo de exercício (22,23).

O EIAI de baixo volume é caracterizado por um menor volume de exercício

comparado às recomendações tradicionais de ECMI. De forma resumida,

consiste em alternar breves estímulos de exercício em alta intensidade (80-100%

da FCmáx) com períodos de recuperação (ativa ou passiva) (24). O treinamento

intervalado de alta intensidade tem, em curto prazo (< 12 semanas), melhorado

parâmetros relacionados à saúde, tais como consumo máximo de oxigênio

(VO2máx), pressão arterial diastólica e glicemia em jejum em indivíduos com

excesso de peso (25,26). Previamente, foi observado que uma única sessão de

EIAI promoveu um estado anti-inflamatório transitório em indivíduos saudáveis

e com obesidade (27–29).

Durante o esforço físico o tecido muscular secreta glicoproteínas e citocinas

(miocinas). A mais conhecida delas é a interleucina - 6 (IL-6) , uma citocina

pleiotrópica que durante a atividade física exerce papel anti-inflamatório,

estimulando a produção de outras citocinas anti-inflamatórias como a IL-10, IL-

1ra e IL-4 (7,30). O aumento nas concentrações de IL-6 parece ser dependente

da intensidade do exercício (31). Por outro lado, é postulado que o exercício de

alta intensidade pode promover um efeito supressor na resposta imune celular,

como queda temporária na razão INF-Y/IL-4, criando uma “janela de

oportunidades” para infecções (15,16). É importante destacar que é pouco

conhecido o efeito agudo do EIAI sobre a resposta imunológica em indivíduos

com obesidade.

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Considerando que a obesidade está associada a baixos níveis de atividade

física (32), inflamação crônica de baixo grau (33) e sistema imune mais

susceptível à infecção (34) e o EIAI e baixo volume é uma alternativa de

prescrição eficiente capaz de melhorar parâmetros metabólicos em indivíduos

com obesidade (25). Entender o impacto desse tipo de exercício sobre

marcadores inflamatórios pode contribuir para o entendimento mais abrangente

da aplicabilidade desse tipo de protocolo nesses indivíduos que, atualmente,

corresponde a aproximadamente 20% da população brasileira (35).

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2. OBJETIVO

Comparar o efeito agudo de uma sessão de EIAI e ECMI sobre o perfil

inflamatório (INF-Y, IL-4 e IL-6) de homens com obesidade.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Obesidade

A obesidade é caracterizada pelo aumento desproporcional da gordura

corporal e é considerada um importante fator de risco para doenças

cardiovasculares, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer (1,36). Segundo a

Organização Mundial da Saúde, a obesidade pode ser classificada pelo Índice

de Massa Corporal (IMC) maior ou igual a 30, sendo esse índice calculado

dividindo o peso corporal (kg) pela estatura (m) ao quadrado (kg/m2) (37). A

prevalência de obesidade no mundo mais que dobrou da década de 80 até os

dias atuais. Em 2014, 13% da população acima de 18 anos de idade era obesa

(37). No Brasil, o último levantamento realizado pelo ministério da saúde

(VIGITEL 2016) aponta que 18,9% da população está obesa (35).

O surgimento da “epidemia da obesidade” trouxe consequências não apenas

para a saúde da população, mas também para o setor econômico. Nos Estados

Unidos, esse fenômeno foi associado a quase 300.000 mortes por ano e um

custo de 117 bilhões de dólares de forma direta e indireta (38). Embora a

epidemia tenha surgido inicialmente em países desenvolvidos como Estados

Unidos e países europeus (39), nos últimos anos tem se estabelecido também

em países emergentes e nas classes economicamente menos favorecidas (40).

Entre 2010 e 2014, em termos proporcionais, o Brasil experimentou um maior

crescimento nos índices de obesidade (14,6%), quando comparado aos Estados

Unidos (9,3%) (37). Uma transição na prevalência de pessoas com baixo peso

para pessoas com excesso de peso também pode ser observado em países

emergentes como a Índia (41)

O aumento de peso é resultante da interação entre diversos fatores, incluindo

os genéticos, ambientais, comportamentais e metabólicos. Um indivíduo com

predisposição genética que é exposto a um ambiente “obesogênico” fica mais

suscetível ao ganho de peso e possui maior risco para morbimortalidade precoce

(42).

No entanto, sugere-se que os fatores comportamentais e ambientais

exerceram maior influência para o aumento da prevalência de obesidade (43).

Nesse sentido, acesso a alimentos com maior densidade calórica, açúcares,

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gorduras e alimentos processados, associados a um estilo de vida menos ativo

fisicamente, resultam em um balanço energético positivo. Por sua vez, essa

energia excedente é acumulada em forma de gordura corporal (39,44).

Explicar o rápido aumento na prevalência de obesidade apenas pelo aumento

do consumo energético e diminuição da atividade física ao longo dos anos pode

ser controverso. Nos Estados Unidos por exemplo, dados do National Health and

Nutrition Examination Survey (NHANES) sugerem que a média do consumo

alimentar atingiu seu ápice nos anos 2003-2004 e tem apresentado uma leve

queda desde então (45). Além disso, observou-se melhora na qualidade dos

alimentos consumidos (46). Um comportamento similar pode ser observado no

Brasil, através do aumento no consumo de frutas e hortaliças e diminuição no

consumo de refrigerantes nesta última década (35).

Por outro lado, o número de pessoas que atingem as recomendações para a

prática de exercício aeróbio e resistidos nos horários livres, experimentou pouca

mudança no cenário estadunidense (47). No Brasil, essa prevalência

experimentou um aumento de 30,3% em 2009 para 37,6% em 2016 (35). Nesse

sentido, é possível sugerir que outras variáveis devem ser levadas em

consideração no contexto da obesidade, como diminuição nos níveis de

atividade física espontânea, hábitos de sono, condição socioeconômica,

escolaridade, estresse, poluição ambiental e uso de fármacos (48,49).

Em função da crescente prevalência de obesidade nos últimos anos, o tecido

adiposo tem recebido grande atenção por parte das pesquisas sobre o tema.

Nesse sentido, é necessário buscar uma melhor compreensão da relação entre

o excesso desse tecido e seus efeitos adversos sobre o organismo (48,50,51).

3.2. Tecido adiposo como órgão endócrino

O tecido adiposo possui duas características importantes: expansibilidade e

plasticidade. A expansibilidade está relacionada a capacidade de armazenar

gordura, seja por aumento do tamanho do adipócito (hipertrofia) ou pelo aumento

na quantidade (hiperplasia). Já em relação a plasticidade, sugere-se que o tecido

adiposo é capaz de se diferenciar em função da sua exposição (52). Em suma,

temos dois tipos principais de tecido adiposo, o tecido adiposo marrom (TAM) e

o tecido adiposo branco (TAB).

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O TAM por sua vez é metabolicamente mais ativo e responsável pela termo-

regulação em recém nascidos. Embora tenha-se acreditado que esse tecido

diminuía ao longo dos anos, até se tornar inexistente na vida adulta, estudos

como o de Virtanen e colaboradores (53) apontam uma atividade deste tecido

em adultos através da atividade termogênica da proteína desaclopadora 1 (UCP-

1) quando há exposição ao frio. Dessa forma, quantidades de TAM podem ser

encontradas em jovens e adultos, em regiões como: pescoço, supra-clavicular,

intra-escapular e mediastino, sendo inversamente proporcional ao IMC (54).

O TAB é composto por largos e esféricos adipócitos chamados de uniocular

(em função da célula possuir apenas um núcleo), conectados por um tecido

conjuntivo rico em vascularização. Em princípio, o TAB é um eficiente

armazenador, diante do aumento no consumo energético e diminuição do gasto,

as calorias excedentes são armazenadas em forma de triglicerídeos nos

adipócitos que podem aumentar em até 20 vezes seu diâmetro e milhares de

vezes seu volume. Diante de um platô na expansão, pré-adipócitos são

diferenciados para se tornarem novos adipócitos (adipogênese ou hiperplasia)

(54).

Além disso, o TAB serve como isolante térmico, e protege os órgãos internos

contra estresse mecânico. Recentemente, através da descoberta das adipocinas

evidenciou-se seu papel como um importante órgão regulador do metabolismo e

que exerce influência sobre outros processos biológicos como: angiogênese,

apetite, controle da pressão arterial e imunidade (4). Dessa forma, o TAB passou

a ser visto como um órgão de maior complexidade que exerce função autócrina,

parácrina e endócrina (2).

As adipocinas são compostos proteicos produzidos e secretados pelo TAB.

Abrangem um grupo heterogêneo, incluindo citocinas, hormônios, fatores de

crescimento, prostaglandinas, glicocorticoides e hormônios sexuais. Que

exercem efeito sobre receptores de órgãos como fígado, pâncreas, músculo,

rins, hipotálamo e sistema imune (5). A primeira adipocina descoberta foi a

adipsina em 1987 (55), em seguida vieram a leptina, adiponectina, o fator de

necrose tumoral alfa (TNF-α) e outras adipocinas como a Interleucina-6 (IL-6) e

a resistina (2,56).

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A adiponectina é uma das mais abundantes adipocinas secretadas no tecido

adiposo, e possui propriedades anti-apoptótica, anti-inflamatória, anti-

aterogênica e cardioprotetora (2). A adiponectina exerce efeito positivo na

sensibilidade à insulina, suprimindo a produção de citocinas inflamatórias. Em

experimentos em in vitro, a adiponectina inibiu a ativação de fatores nucleares-

kβ (NK- kβ), diminuindo as concentrações de TNF-α e IL-8. Com o aumento do

tecido adiposo, níveis circulantes de adiponectina são reduzidos resultando em

menor captação de glicose e menor ação anti-inflamatória (3).

A leptina por sua vez, também é em grande parte produzida no tecido adiposo

e uma de suas principais funções é atuar na regulação do apetite, reduzindo o

consumo energético. Além disso, atua na homeostase metabólica e modulação

do sistema imune. Indivíduos com obesidade apresentam altos níveis de leptina,

no entanto, desenvolvem um quadro de resistência a ação desse hormônio (2,3).

O TNF-α é responsável por ativar vias pró-inflamatórias e induzir a produção

de espécies reativas de oxigênio (EROs). Seus altos níveis na obesidade são

associados a infiltração de macrófagos M1 no tecido adiposo. O TNF-α foi uma

das primeiras adipocinas sugeridas como o link entre obesidade, inflamação e

diabetes (2,56)

A IL-6 é liberada no tecido adiposo a partir da ação do TNF-α, e suas

concentrações são diretamente proporcionais ao IMC e níveis de ácidos graxos

livres circulantes. A IL-6 diminui a captação de glicose inibindo a ação da GLUT4

e receptores de insulina, o que contribui para a hiperglicemia, hiperinsulinemia e

dislipidemia. Altos níveis de IL-6 também são associados à hipertensão, infarto

e morte prematura (2,57,58).

Há quase duas décadas, foi observado aumentos nos níveis de IL-6 após

contrações musculares. A IL-6 é identificada como a primeira “miocina” e foi

responsável por criar um novo paradigma sobre o papel do tecido muscular nas

funções orgânicas. As miocinas exercem efeito autocrino e parácrino, conferindo

ao músculo uma função endócrina (59). A IL-6 como miocina, exerce um

importante papel anti-inflamatório, estimulando a produção de outras citocina

anti-inflamatórias como a IL-10 e a IL-1ra. Além disso, também atua na regulação

do metabolismo e na hipertrofia muscular (30,59). Dessa forma, a IL-6 é

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15

considerada uma citocina pleiotrópica que exerce tanto papel pró, quanto anti-

inflamatório (60).

3.3. Obesidade, sistema imune e inflamação crônica de baixo grau

Em condições saudáveis, o tecido adiposo é povoado por macrófagos

(M2), linfócitos (T2) e células T reguladoras (Treg) que produzem citocinas anti-

inflamatórias e atuam no controle da inflamação (61,62). Na obesidade, o

aumento anormal do tecido adiposo promove micro-hipóxia, estresse no retículo

endoplasmático e confinamento da matrix extracelular dos adipócitos. Esse

fenômeno é reconhecido como fator de estresse tecidual local e é responsável

por desencadear o desequilíbrio do sistema imune, aumentando a proliferação e

infiltração de células de fenótipo pró-inflamatório no tecido adiposo (6).

Células natural killers (NK) e linfócitos T são as principais fontes de produção

de INF-Y no tecido adiposo visceral. O aumento das concentrações de INF-Y na

obesidade, parece ser um potencial indutor na polarização de macrófagos

M1(pró-inflamatórios), que por sua vez secretam citocinas pró-inflamatórias

(TNF-α, IL-6) (2,62). Além de estimular a proliferação de linfócitos auxiliares de

fenótipo T1 ou pró-inflamatórios (6). O tecido adiposo visceral, sobretudo, parece

exercer papel de maior importância nesse processo (8,57,58).

Essa mudança de fenótipo M2/M1 e T2/T1 contribui, somado a outros fatores,

para o aumento na proporção de citocinas pró-inflamatórias no tecido adiposo.

O excesso de citocinas pró-inflamatórias é drenado para a corrente sanguínea

resultando em um estado inflamatório crônico de baixo grau (2,7). Um indivíduo

obeso chega a ter seus marcadores inflamatórios aumentados em duas a três

vezes, quando comparados a indivíduos saudáveis. Nesse sentido, fica clara a

relação da obesidade com o sistema imune, através de reações inflamatórias

coordenadas. Indicando uma relação bidirecional entre metabolismo e sistema

imunológico (9,63).

Os linfócitos T apresentam uma flexibilidade metabólica peculiar, a partir da

estimulação dos seus receptores passam de um estado de repouso para um

estado ativo (61). Esta mudança ocorre basicamente através da maior

participação do metabolismo glicolítico na produção de ATP em células T

imaturas ou de memória, contribuindo para a proliferação e diferenciação de

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16

células necessárias para exercer uma função efetora, de acordo com seu

subtipo. Após a eliminação da infecção, grande parte das células T efetoras

sofrem apoptose, restando um pequeno grupo que se diferencia em células T de

memória (13).

As células T exercem papel de grande complexidade na resposta do sistema

imune a patógenos, ativando e auxiliando a função de outras células, assim

como suas próprias funções (61). Os linfócitos de polarização T1 são

responsáveis pela imunidade celular e caracterizados pela produção de citocinas

pró-inflamatórias (INF-Y, IL-2), enquanto as células T2 respondem pela

imunidade humoral e são caracterizados pela produção de citocinas anti-

inflamatórias (IL-4, IL-10) (14). A razão T1/T2 tem sido usado como um indicador

de alterações na função do sistema imune (16).

Nesse contexto, parece fazer mais sentido analisar as respostas imune de

T1 e T2 através das concentrações de citocinas associadas a cada fenótipo.

Portanto, a razão entre INF-Y/IL-4 pode ser um alternativo indicador da razão

T1/T2 (15). Adicionalmente, as respostas T1 e T2 parecem ser antagônicas, a

IL-4 exerce efeito inibitório na proliferação de fenótipos T1, enquanto o INF-Y

inibe o desenvolvimento de células T2 (61,64). Alterações na razão INF-Y/IL-4

são observadas em diferentes quadros de infecção (15).

Sugere-se que na obesidade, ocorra perda significativa na função das células

T. Elevados níveis de leptina, somado ao quadro pró-inflamatório, estão

associados a uma precoce e constante ativação de linfócitos de subtipo T1. De

maneira concomitante, também observa-se redução das células NK, células

dendríticas apresentadora de antígenos e queda nos níveis dos linfócitos Treg,

que ajudam a controlar a ativação e proliferação das células T efetoras (13,34).

Dessa forma, a obesidade está relacionada com prejuízos nas respostas do

sistema imune contra infecções. Estudos indicam, que a indivíduos obesos têm

uma maior chance de morbimortalidade após quadros de infecção (11). Além

disso, a obesidade e a inflamação crônica de baixo grau, têm demonstrado uma

forte associação com uma maior incidência de diferentes quadros de infecção

(10,12,34).

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17

3.4. Exercício físico, inflamação crônica de baixo grau e sistema imune

O exercício físico é reconhecido como uma potencial estratégia no combate

a fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas

não transmissíveis. Organizações como o Colégio Americanos de Medicina do

Esporte, recomendam o acúmulo de pelo menos 150min de ECMI ou 60 min de

exercício vigoroso por semana, para a manutenção da saúde em adultos jovens

(19). As recomendações passam para 250 a 300 min de ECMI por semana,

quando o objetivo é perda efetiva de peso e controle ponderal em indivíduos com

excesso de peso (20).

Nesse sentido, a prática regular de exercício físico é capaz de promover

redução no estado inflamatório crônico, sobretudo, em indivíduos obesos com

elevados marcadores pró-inflamatórios, independente da perda de peso (31).

São inúmeros os mecanismo pelos quais o exercício pode promover essa

redução, tais como: aumento na produção de citocinas anti-inflamatórias,

melhora na oxigenação do tecido adiposo, redução da inflamação na parede dos

vasos, polarização de macrófagos M2, redução do tecido adiposo, redução dos

receptores toll like e aumento das células Treg (65).

Em um estudo transversal envolvendo 117 indivíduos com obesidade, o nível

de atividade física se mostrou inversamente proporcional às concentrações de

citocinas pró-inflamatórias como: INF-Y e TNF-α (33). Indivíduos com obesidade,

submetidos a 90 min semanais de ECMI (65 a 75% da FCmáx) durante três

meses, apresentaram redução significativa nas concentrações plasmáticas de

leptina, IL-6 e TNF- α (18). Contudo, as adaptações crônicas atribuídas ao

treinamento físico, são em grande parte decorrentes das alterações agudas

promovidas pelas repetidas sessões de exercício (66).

Dessa forma, uma única sessão de ECMI é capaz de promover um estado

anti-inflamatório transiente logo após o exercício, podendo perdurar por algumas

horas (67). Almada e colaboradores (68), reportaram aumento as concentrações

plasmáticas de IL-6 em homens fisicamente ativos logo após uma sessão de 45

min de ECMI (60% do VO2máx) em esteira ergométrica. Corroborando com os

achados de Brenner e colaboradores (69) que reportaram aumento nos níveis

de IL-6 após 2h de ECMI (60% do VO2máx), alcançando níveis elevados 3 h pós-

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18

exercício. Adicionalmente, Hojbjerre e colaboradores (70) observaram aumento

na concentração plasmática de IL-6 em obesos e não-obesos, logo após uma

sessão de 60 min de ECMI (55% do VO2máx), a qual permaneceu elevada até 2,5

h pós-exercício. O aumento relativo na concentração plasmática de IL-6 foi maior

para os indivíduos com obesidade.

Em contrapartida Brenner e colaboradores (69), não observaram diferença

estatística nos níveis plasmáticos de IL-6 após uma sessão de 5 min de exercício

contínuo de alta intensidade (90% do VO2máx) em relação aos valores pré-

exercício (69)(69). Adicionalmente Markovitch e colaboradores (71), também não

observaram o efeito de uma sessão de 30 min de ECIM (50% do VO2máx) sobre

os níveis de IL-6. Portanto, de acordo com os achados, a magnitude da resposta

anti-inflamatória parece ser dependente do volume e intensidade do exercício,

assim como do nível de condicionamento e estado nutricional do indivíduo

(31,67).

Sabe-se também, que o exercício físico agudo e crônico, podem alterar a

quantidade e função das células imunológicas. Essas mudanças são

dependentes da intensidade e duração do exercício e são amplamente

influenciadas pela ação das catecolaminas (16). É especulado que o ECMI

estimula a atividade das células T1 e que poderia reverter sua perda funcional

associada à idade (15). De acordo com Baum e colaboradores, uma sessão de

ECMI (70% do limiar anaeróbio) com duração de 30 min, não alterou os níveis

de INF-Y 30 min após o exercício em indivíduos saudáveis. No entanto, houve

aumento significativo nos níveis dessa citocina, alcançando seus valores

máximos nas 24 h após o termino do exercício. A manutenção do número de

linfócitos, é um indicativo que houve uma maior polarização das células T1

independente do aumento na quantidade de células (72).

Em contrapartida, uma sessão de exercício contínuo (75% do VO2máx) com

duração entre 90 e 120 min, é capaz de induzir supressão na produção de INF-

Y em homens saudáveis após 2 h do termino do exercício (73,74).

Adicionalmente, Ibfelt e colaboradores (74) não observaram alterações nas

concentrações de IL-4 após o exercício. Enquanto o segundo estudo, observou

correlação negativa entre os níveis de adrenalina e a atividade dos linfócitos T

efetores após uma sessão de exercício extenuante (73). Os estudos

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19

supracitados corroboram com os achados de Baum e colaboradores (72), que

observaram aumento na quantidade de leucócitos e supressão na produção de

INF-Y após a realização de 90 min de exercício contínuo (100% do limiar

anaeróbio).Portanto, é de se esperar que uma sessão de ECMI com duração

menor que 60 min, estimule a polarização de células T1 sem alterar a contagem

de linfócitos. No entanto, uma sessão de exercício extenuante (>60 min) é capaz

promover leucocitose seguida de diminuição na atividade de células T1, após o

termino do exercício.

3.4.3. Impacto do exercício de alta intensidade no estado inflamatório e

função imunológica

Embora a prática regular de ECMI demonstre eficácia na melhora do perfil

inflamatório de indivíduos com obesidade (18), a falta de tempo é citada como

uma das principais barreiras para à prática regular de exercício físico (21). Nesse

sentido, o EIAI surge como uma potencial estratégia frente ao ECMI em função

da sua maior eficiência em função do tempo (75). Além disso, para um mesmo

gasto energético, o exercício vigoroso parece contribuir para uma superior

melhora da saúde metabólica quando comparado ao exercício moderado (31).

Dessa forma, em função da sua característica intermitente, o EIAI surge como

uma alternativa mais tolerável para se acumular um maior tempo de exercício

em alta intensidade, comparado ao exercício contínuo (76).

Gerosa-Neto e colaboradores (77) observaram redução nas concentrações

de IL-6 de repouso em indivíduos com obesidade após 16 semanas realizando

EIAI 3 vezes por semana, enquanto não houve redução desse marcador para o

grupo que realizou ECMI 5 vezes por semana. De maneira interessante, a

redução nas concentrações de TNF-α foi observada apenas para o grupo que

realizou ECMI que pode estar relacionada ao momento da coleta.

Leggate e colaboradores (78), relataram superioridade de uma sessão EIAI

que consistia em 10 séries de 4 min (87,5% do VO2máx), comparado a uma

sessão de ECMI (60% do VO2máx) sobre o aumento nas concentrações de IL-6

logo após o termino do exercício. Os protocolos foram equiparados pela carga

externa. Em contraste a esses resultados, Cabral-Santos e colaboradores (79)

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20

observaram respostas anti-inflamatórias semelhantes em homens fisicamente

ativos após uma sessão de EIAI e ECMI quando equiparados pelo volume.

Já uma sessão de EIAI e baixo volume que consistiu em 10 tiros de 1 min

(90% VO2máx) separados por 1 min de recuperação, promoveu aumento

significativo nas concentrações de IL-6 logo após e 30 min após o termino do

exercício, comparado a uma sessão de ECMI (60% do VO2máx) com duração de

27 min em indivíduos saudáveis previamente sedentários (28). Observou-se

aumento nas concentrações de IL-10, 30 min após o exercício apenas para o

grupo que realizou EIAI. O mesmo comportamento foi observado em indivíduos

com excesso de peso, submetidos a uma sessão de EIAI e baixo volume.

Dorneles e colaboradores (27), relataram aumento nas concentrações de IL-6

logo após e 30 min após a sessão de exercício, seguido por aumento nas

concentrações de IL-10 e redução nas concentrações de IL-8 nos 30 min após a

sessão. Dessa forma, o EIAI surge como uma potencial estratégia no controle

da inflamação crônica de baixo grau em indivíduos com e sem excesso de peso

previamente sedentários. Dessa forma, a intensidade do exercício aparece como

uma variável importante quando o objetivo é promover um maior balanço anti-

inflamatório.

Ao mesmo tempo que o EIAI tem se mostrado uma potencial estratégia para

ajudar no controle da inflamação crônica de baixo grau, tanto em indivíduo

saudáveis como em indivíduos com obesidade (27,28,31), é postulado que o

exercício de alta intensidade pode induzir diminuição nas funções do sistema

imune, através da redução na quantidade de leucócitos ou diminuição na função

das células T (15). Essa supressão transitória do sistema imune é acompanhada

por quedas nos níveis de IgA salivar e é reconhecida como uma “janela de

oportunidades” para o desenvolvimento de doenças infecciosas. Os níveis de

IgA salivar são inversamente proporcionais a episódio de infecção no trato

respiratório superior (16).

No entanto, a característica e o tempo de exercício em alta intensidade

parecem influenciar essas respostas. Por exemplo, Fisher e colaboradores (80)

observaram que uma sessão de EIAI não foi capaz de reduzir a quantidade de

leucócitos em homens ativos mesmo após 24 h do termino da sessão de

exercício, apesar da elevação nos níveis de estresse oxidativo logo após a

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21

sessão. Adicionalmente, os voluntários foram submetidos a mais duas sessões

do mesmo exercício com intervalo de 48 h, e apesar do exercício promover

linfopenia após as 24 h da segunda sessão de EIAI, a resposta antioxidante dos

linfócitos foi melhorada ao longo das três sessões. De acordo com Dorneles e

colaboradores (27), uma sessão de EIAI e baixo volume não foi capaz de induzir

leucopenia mediatamente após e 30 min após a sessão de exercício em

indivíduos com obesidade, a característica intermitente e o tempo do exercício

podem ser os responsáveis por prevenir a queda na quantidade de

leucócitos(27). Navalta e colaboradores (81) observaram queda significativa na

contagem de linfócitos T CD4+ e CD8+ em indivíduos saudáveis, após a

realização de um protocolo de EIAI até a exaustação por três dias consecutivos.

O que sugere, que uma única sessão de EIAI não é capaz de reduzir a contagem

de linfócitos, no entanto, uma maior atenção deve ser dada aos intervalos de

recuperação entre as sessões.

Em relação a função dos linfócitos, uma sessão de exercício de alta

intensidade com duração de até 30 min é capaz de induzir uma supressão

transitória na função das células T1, com redução nas concentrações de INF-Y

por até 2 h após o termino do exercício (82). Starkie e colaboradores (82),

observaram aumento na quantidade de linfócitos acompanhado por redução nas

concentrações de INF-Y após estimulação in vitro em homens treinados, logo

após a realização de 20 min de ciclismo a 80% do VO2máx. Em contrapartida,

Zaldivar e colaboradores (83) não observaram mudanças na produção de INF-Y

sem estimulação dos linfócitos em indivíduos saudáveis, após a realização de

30 min de exercício contínuo de alta intensidade (80% do VO2máx). Contudo,

houve aumento na produção de IL-4 imediatamente após o termino do exercício

o que indica um aumento na resposta imune humoral e contribui para um maior

balanço anti-inflamatório.

Portanto, de forma aguda, o exercício de alta intensidade e menor volume

parece favorecer os linfócitos de fenótipo T2, reduzindo o risco de infecções por

agentes extracelulares. Contudo, pode modular negativamente a função das

células de fenótipo T1 contra a ação de patógenos intracelulares, através da

redução na produção de INF-Y (15). Indivíduos com obesidade, apresentam

prejuízos tanto na resposta imune celular, como redução da função das células

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de subtipo T1, como na resposta imune humoral apresentando baixos níveis de

imunoglobulina A salivar quando comparados a indivíduo saudáveis. Levando

em consideração que esse prejuízo no sistema imune é associado ao estado de

metainflamação (11,84), estratégias que promovam aumento no estado anti-

inflamatório e consequentemente melhore a imunidade humoral devem contribuir

para o restabelecimento da função imunológica desses indivíduos. Ainda que

promova uma redução transitória na resposta imune celular após o exercício.

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23

4. MÉTODOS

4.1. Delineamento do Estudo

A pesquisa se caracteriza por um ensaio clínico randomizado cruzado, no

qual os voluntários foram alocados através de sorteio prévio para receber as

seguintes intervenções: 1) uma sessão de ECMI, 2) uma sessão de EIAI de

baixo volume e 3) uma sessão controle (sem exercício)

Figura 1. Fluxogra de contato dos participantes, triagem e seleção para a

participação no estudo.

4.2. Amostra

A amostra do estudo foi composta por 10 homens adultos sedentários com

obesidade e idade entre 18 e 40 anos de acordo com a Figura 1. Os critérios

de inclusão para o estudo foram: (i) IMC acima de 30 kg/m² confirmado por

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percentual de gordura (>25%) analisado por DEXA; (ii) não praticar atividade

física regularmente (iii) relatar estabilidade de massa corporal nos últimos

seis meses.

4.3. Considerações Éticas

A pesquisa foi realizada no Departamento de Educação Física da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), na cidade do Natal,

do Estado do Rio Grande do Norte. Sendo as amostras recrutadas por

voluntariedade. Após a apresentação do projeto de pesquisa ao voluntário e

aceite do convite, todos os indivíduos assinaram um termo de consentimento

livre e esclarecido (TCLE) em duas vias. O presente projeto foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (Parecer nº:976.389/2015 CEP/UFRN) em consonância com a

Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde.

4.4. Logística

Os sujeitos realizaram quatro visitas ao laboratório. Durante a primeira

visita foram coletadas as medidas antropométricas, pressão arterial (PA) de

repouso de acordo com a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial

utilizando o método oscilométrico (HEM-7200, OMRON, Illinois, USA),

velocidade de pico (VP) e frequência cardíaca máxima (FCmáx) através de

teste incremental em esteira ergométrica (RT250, Movement®, Pompeia,

Brasil).

Da segunda até a quarta visita, os sujeitos chegaram ao laboratório entre

8:00-9:00 h, após jejum noturno de 8-12 h. Inicialmente os sujeitos receberam

uma refeição padrão composta por suplemento nutricional

(Hipermassprotein, Atlhética®, Matão, Brasil), com conteúdo energético de

4,5 kcal/kg de peso corporal, diluída em 400 ml de água. Quarenta e cinco

minutos após a ingestão da refeição padrão foi realizada uma coleta de

sangue, em seguida os sujeitos foram submetidos de forma aleatória a uma

das três condições experimentais com intervalo de sete dias (wash out) entre

cada sessão: 1) controle; 2) ECMI; 3) EIAI.

Todas as sessões experimentais foram conduzidas no mesmo horário do

dia (9:00-10:00h) para evitar quaisquer variações circadianas. Todos os

procedimentos foram conduzidos no mesmo laboratório com temperatura

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25

constante (24 ± 1ºC). As amostras de sangue foram coletadas em três

momentos distintos: 1) início da sessão (Pré); 2) logo após a sessão (Pós);

3) 60 minutos após a sessão (Pós 60 min). As coletas foram realizadas em

momentos equivalentes para a situação controle. Medidas de lactato foram

realizadas nas intervenções logo após o termino do exercício utilizando

aparelho monitor portátil para determinação de lactato (Accutrend Plus,

Roche, Brasileia, Suíça)

4.5. Avaliações

4.5.1. Composição Corporal

Foram realizadas as seguintes medidas antropométricas: massa corporal

e estatura para cálculo do índice de massa corporal (IMC) e avaliação do

estado nutricional. A massa corporal foi medida pela balança digital da marca

(BC 553, Tanita®, Portland, EUA) com capacidade máxima de 150kg e

precisão de 100 gramas, com o indivíduo descalço e vestindo roupas leves.

Para estatura foi utilizado estadiômetro portátil (Personal Caprice Portatil,

Sanny®, São Paulo, Brasil), com precisão de 1 mm estando os indivíduos na

posição de Frankfurt. Para cálculo do IMC utilizamos a fórmula: [IMC = massa

corporal (kg) * estatura (m)-2]. De forma adicional, foi analisada a

densitometria de dupla emissão de raios-X (DEXA), (GE, Medical Systems,

Madison, WI, USA). Para a avaliação, os voluntários compareceram ao

laboratório pela manhã por volta das 8:00 h com roupas leves e foram

escaneados em posição supina. Os mesmos foram orientados a evitar

diuréticos e bebidas cafeinadas no dia anterior a avaliação (85).

4.5.2. Teste incremental

Previamente ao teste incremental, os participantes realizaram um

aquecimento em esteira ergométrica (RT250, Movement®, Pompeia, Brasil)

com velocidade de 2,0 km/h, com duração de três minutos. Na sequência,

iniciaram o teste incremental com velocidade de 3,0 km/h e incrementos de

1,0 km/h a cada minuto, até a exaustão voluntária. A VP foi considerada como

a maior velocidade sustentada por um estágio completo de um minuto. Diante

da impossibilidade de se completar o estágio de 1 minuto, foi realizado

cálculo proporcional para estimar a VP de acordo com o tempo de duração

do último estágio: VP = velocidade do último estágio completo + [(tempo, em

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26

segundos, de permanência do último estágio incompleto/ 60s) * 1 km.h-1]. A

frequência cardíaca (FC) foi monitorada durante o teste utilizando o monitor

de FC (RS800CX, Polar®, Kempele, Finlândia) e registrada ao final de cada

minuto. Considerou-se como FCmáx o maior valor de FC observado durante

o teste. A percepção subjetiva de esforço (PSE) também foi monitorada

durante o teste e registrada ao final de cada minuto de acordo com a escala

de Borg 6-20 (86). O final do teste foi determinado pela presença de pelo

menos um dos seguintes critérios: i) FC ≥ 100% estimado para a idade ; ii)

PSE > 18; iii) quando os participantes paravam voluntariamente (87).

4.5.3. Avaliação dos parâmetros inflamatórios e imunológicos

As amostras de sangue foram obtidas por punção venosa com o sujeito

sentado, a partir da veia antecubital, por profissional experiente. Um total de

10 ml de sangue venoso foi coletado em tubos com gel separador para soro

(Vacuette®, Greiner Bio-One, Americana, Brasil) nos momentos

imediatamente antes do início da sessão, imediatamente depois e 60 minutos

após o término da sessão. O sangue foi centrifugado durante 15 min a 3600

rotações por minuto. Em seguida, o soro foi separado em alíquotas de 200

microlitros e armazenado a – 80°C para posterior análise. As concentrações

de INF-Y, IL-4 e IL-6 foram analisadas a partir de kits comerciais para ELISA

(ELISA Read-Set-Go!®, Ebioscience, EUA) seguindo as instruções do

fabricante para análise em leitor de microplacas EZ-Reader em comprimento

de onda de 450 nm.

4.5.4. Avaliação do lactato sanguíneo

As concentrações de lactato foram determinadas a partir de sangue

capilar coletado da ponta do dedo. Logo após o termino do exercício, a ponta

do dedo do indivíduo era higienizada com solução de álcool 70% e em

seguida perfurado com lanceta descartável. Aproximadamente 25 microlitros

de sangue eram coletados e analisados em aparelho monitor portátil para

determinação de lactato (Accutrend Plus®, Roche, Brasileia, Suíça).

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4.6. Intervenções

4.6.1. Exercício Contínuo de Moderada Intensidade

A sessão de ECMI foi realizada em esteira rolante por 20 minutos com uma

carga correspondente a aproximadamente 70% da FCmáx calculada a partir do

teste incremental. Caso fosse necessário, ajustava-se a velocidade afim de

manter a FC na zona alvo estipulada. Os sujeitos realizaram um aquecimento

de 3 minutos a 4 km/h e após a parte principal da sessão, um

desaquecimento de 2 minutos com a mesma intensidade do aquecimento.

4.6.2. Exercício Intervalado de Alta Intensidade

A sessão de exercício intervalado de alta intensidade (EIAI) foi realizada

em uma relação “esforço-pausa” de 1:1 com 60 segundos de estímulo e 60

segundos de recuperação. Foram realizados 10 estímulos com 90% da VP

alcançada no teste incremental seguidos por recuperação ativa com 30% da

VP. Inicialmente, os sujeitos realizaram um aquecimento de 3 minutos 4 km/h

e após a parte principal da sessão, um desaquecimento de 2 minutos com a

mesma intensidade do aquecimento, contabilizando um tempo total de 25

minutos. O protocolo é similar ao modelo prático de EIAI de baixo volume

proposto por Gillen e colaboradores (23). A FC e a PSE foram monitorados a

cada minuto durante os 20 min principais de ambas as sessões. Para isso,

utilizou-se o monitor de frequência cardíaca (RS800CX, Polar®, Kempele,

Finlândia) e a escala de Borg de 6 a 20 (86).

4.6.3. Controle

Os sujeitos foram mantidos sentados em repouso durante o mesmo

período de tempo das sessões de exercício, permitiu-se atividades como

leitura e/ou utilização de computador ou smartphone.

4.7. Análise estatística

A normalidade dos dados foi verificada através do teste de Shapiro-Wilk

e a análise de homogeneidade das variâncias através do teste de Levene. As

sessões de exercício foram comparadas em relação as variáveis

psicofisiológicas através do teste t de student. Utilizou-se uma análise de

variância (ANOVA) de dois fatores (condição vs. tempo) com medidas

repetidas para comparar os efeitos inter e intra condições para as variáveis

dependentes (INF-Y, IL-4, IL-6 e razão INF-Y/IL-4). A hipótese da

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esfericidade foi verificada pelo teste de Mauchly e, quando violada, os graus

de liberdade foram corrigidos pelas estimativas de Greenhouse‐Geisser. O

tamanho do efeito das variâncias foi calculado pelo eta quadrado parcial (η2p).

Os dados foram estruturados e analisados utilizando o pacote estatístico

SPSS (Statistical Package for Social Sciences Chicago, IL, USA) versão 20.0

para Windows. Todos os resultados estão expressos em média e desvio

padrão e o nível de significância aceito foi de P<0,05.

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29

5. RESULTADOS

As características da amostra estão descritas na Tabela 1. Os resultados

de IMC e percentual de gordura são compatíveis com o diagnóstico de obesidade

(88), e os valores de PA em repouso mostram que os sujeitos, aparentemente,

não eram hipertensos. Além disso, os exames bioquímicos dos sujeitos em

jejum, sugerem que apesar da condição da obesidade, eles não apresentavam

outras alterações metabólicas importantes.

Tabela 1. Dados de caracterização da amostra

Características (n=10) Média ± DP

Idade (anos) 28,50 ± 2,72

Peso (kg) 109,26 ± 18,80

Estatura (m) 1,74 ± 0,08

Gordura Total (%) 40,65 ± 2,04

Ginóide (%) 40,31 ± 3,72

Andróide (%) 51,05 ± 2,23

Índice de Massa Corporal (kg/m2) 35,90 ± 4,91

Frequência Cardíaca Máxima (bpm) 196,6 ± 11,72

Pressão arterial sistólica de repouso (mmHg) 124 ± 8,1

Pressão arterial diastólica de repouso (mmHg) 79 ± 8,22

Glicose (mg/dL) 98,2 ± 26,7

Colesterol (mg/dL) 202,9 ± 25,3

HDL (mg/dL) 42,8 ± 2,5

LDL (mg/dL) 135,2 ± 27,6

VLDL (mg/dL) 24,8 ± 7,8

Triglicerídeos (mg/dL) 124,2 ± 39,2

TGO (mg/dL) 24,6 ± 6,1

TGP (mg/dL) 27,4 ± 6,5

Uréia (mg/dL) 29,0 ± 8,3

Creatinina (mg/dL) 0,8 ± 0,2

Ácido úrico (mg/dL) 5,2 ± 1,8

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30

A Tabela 2 mostra os dados de caracterização das sessões de exercício.

Como esperado, a sessão de EIAI apresentou maiores valores de FC quando

comparado ao ECMI. Também houve diferença para os valores de PSE, levando

em consideração os valores de estímulo. Os níveis de lactato logo após o

exercício se mostraram superiores para o EIAI quando comparado ao ECMI.

Tabela 2. Resposta de frequência cardíaca, percepção subjetiva do esforço e

lactato no exercício intervalado de alta intensidade de baixo volume e exercício

contínuo de moderada intensidade em homens com obesidade

EIAI ECMI P-valor

Frequência Cardíaca (%)

Estímulo 89 ± 5 71 ± 5 < 0,01

Recuperação 79 ± 7 -

Percepção Subjetiva de Esforço

Estímulo 14,7 ± 1,6 11,8 ± 1,1 < 0,01

Recuperação 12,5 ± 2,2 -

Lactato (mmol/L) 13,1 ± 2,6 5,0 ± 1,5 < 0,01

EIAI: exercício intervalado de alta intensidade; ECMI: exercício contínuo de

moderada intensidade; p-valor usando o teste t-student para amostras

independentes.

A Figura 1 apresenta as concentrações sistêmicas das citocinas para as

diferentes condições nos momentos pré, pós e 60 minutos pós-exercício. Houve

interação (condição x tempo) para o INF-Y [F(4,36)=9,20, P=0,000, η2p=0,506].

Imediatamente após o EIAI o INF-Y apresentou diminuição (P=0,032) e se

manteve menor após 60 min comparado ao pré-exercício (P=0,003). No ECMI

houve aumento tanto no pós-exercício (P=0,025) quanto 60 min após (P=0,004),

comparado ao momento pré-exercício. Em relação ao efeito da condição, houve

diferença apenas para o EIAI pós 60 min comparado com a sessão controle

(P=0,041).

Na IL-4 [F(4,36)=4,30, P=0,006, η2p=0,323] e IL-6 [F(4,36)=3,31, P=0,021,

η2p=0,269] também houve interação (condição x tempo). Os níveis de IL-4

aumentaram apenas para o EIAI logo após a sessão (P=0,007). Os níveis de IL-

6 aumentaram imediatamente (P=0,000) e 60 min após o termino do EIAI

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31

(P=0,000) em relação ao pré-exercício. O mesmo comportamento foi observado

para o ECMI, tanto imediatamente (P=0,031) quanto 60 min pós-exercício

(P=0,000). O valor de 60 min pós, ainda apresentou diferença em relação ao

pós-exercício para o ECMI (P=0,033).

Também houve interação (condição x tempo) para a INF-Y/IL-4

[F(4,36)=5,80, P=0,001, η2p=0,392]. Imediatamente (P=0,002) e 60 min após

(P=0,005) a INF-Y/IL-4 diminuiu no EIAI em relação ao pré-exercício. Já o ECMI

não promoveu alterações significativas na razão INF-Y/IL-4 (P>0,05).

Figura 1. Concentrações do perfil inflamatório pré, imediatamente após e 60

minutos após o EIAI, ECMI e controle. Interferon-y (A), Interleucina-4 (B),

Interleucina-6 (C), Razão Interferon-y/Interleucina-4. Valores apresentados em

média ± DP. a Diferença significativa comparada com o pré exercício para o EIAI

(P <0.05). b Diferença significativa comparada com o pré exercício para o ECMI

(P <0.05). c Diferença significativa comparada com o pós exercício para o ECMI

(P <0.05). * Diferença significativa entre EIAI e CONTROLE (P <0.05).

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32

6. DISCUSSÃO

O objetivo desse estudo foi comparar o efeito de uma sessão de EIAI de baixo

volume e uma sessão de ECMI com isonomia de tempo sobre os níveis séricos

de citocinas associadas aos subtipos de células T (T1 e T2). Nossos principais

achados foram: i) a sessão de EIAI reduziu a razão INF-y/IL-4 até 60 min após

sua realização, mediado pela redução dos níveis de INF-y; ii) a sessão de ECMI

aumentou os níveis de INF-y até 60 min após sua realização; iii) Ambas as

sessões de exercício (i.e., EIAI e ECMI) aumentaram os níveis de IL-6 até 60

min após suas realizações. Para o nosso conhecimento esse estudo é pioneiro

em comparar o efeito agudo do EIAI de baixo volume e ECMI sobre a razão INF-

y/IL-4 em homens com obesidade.

O INF-γ é uma citocina produzida principalmente por células Natural Killers

(NK), linfócitos T CD4+ e CD8+ de padrão Th1, possuindo um papel crítico na

resposta imune inata e adaptativa contra vírus, alguns tipos de bactérias, e

protozoários (89). Desta forma, a supressão na produção de INF-y pelas células

T após o exercício traz prejuízos as defesas intracelulares contra infecções virais

e bacterianas, essa queda temporária nas defesas mediada pelas células T1

está associada a um maior risco de infecção (16). Dessa forma, a redução na

razão INF-y /IL-4 observada no presente estudo imediatamente após e mantida

até 60 min após uma sessão de EIAI, pode representar uma “janela de

oportunidade” para infecções em indivíduos com obesidade.

Previamente, um teste incremental intervalado em remo-ergômetro,

consistindo de 3 minutos de exercício a potência máxima alternado com 30

segundos de repouso passivo, apresentou uma redução nos níveis solúveis in

vitro de IFN-y após estimulação com anti-CD2/anti-CD28 (90). Starkie e

colaboradores (82) observaram supressão na produção de INF-y pelos linfócitos

T com estimulação in vitro imediatamente após de uma sessão de exercício

contínuo de alta intensidade (80% do VO2máx) com duração de 20 min em

indivíduos treinados. No entanto, essa produção retornou aos valores pré-

exercício 120 min após o termino da sessão. Em contrapartida, Zaldivar e

colaboradores (83) não observaram alteração na produção de INF-y sem

estimulação imediatamente e 60 min após uma sessão de exercício contínuo de

alta intensidade (80% do VO2máx) com duração de 30 min em homens jovens

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saudáveis. Além disso, em ambos os estudos (82,83) não houve redução na

quantidade de leucócitos até 120 min após o termino da sessão. A queda no

número de linfócitos também não foi observada previamente em indivíduos com

excesso de peso após umas sessão de EIAI de baixo volume (27). Dessa forma,

o número e função dos subtipos de células T parecem estar relacionados ao

tempo de exercício em alta intensidade. Ou seja, comparado com exercícios de

alta intensidade e maior volume (≥ 90 min) (72,73), sessões com um menor

volume de exercício (≤ 30 min) em alta intensidade promovem redução transitória

na função das células T com menor duração sem redução na quantidade de

linfócitos circulantes.

No presente estudo, a redução nos níveis de INF-y acompanhada de

aumento nas concentrações de IL-4 imediatamente após uma sessão de EIAI,

reforça a hipótese que as células T1 e T2 exercem ações inibitórias recíprocas

entre si após uma sessão de exercício (14). O aumento de IL-4 pode ativar os

linfócitos B, promovendo sua proliferação e diferenciação em células de memória

e células plasmáticas. As células B no plasma contribuem para o aumento na

quantidade de anticorpos circulantes, favorecendo uma primeira linha de defesa

contra antígenos e patógenos (14,16). Nesse sentido, o aumento transitório nos

níveis de IL-4 pode favorecer o sistema imune humoral contra a ação de

patógenos extracelulares. Adicionalmente, a IL-4 tem propriedades anti-

inflamatórias, o aumento nas concentrações dessa citocina pode ajudar na

redução do estado inflamatório e polarização dos macrófagos para seu fenótimo

M2, anti-inflamatório (9,91).

O ECMI promoveu aumento nas concentrações de INF-y, sem alterar as

concentrações de IL-4. Os níveis de INF-y aumentaram logo após o exercício e

permaneceram elevados nos 60 min após o termino da sessão, confirmando o

aumento na função das células T1 após uma sessão de ECMI sem prejuízo na

resposta imune humoral. Considerando que a obesidade está associada a

prejuízos na resposta imune celular contra agentes infecciosos (13,34), o ECMI

é uma potencial estratégia para melhorar a resposta imune mediada pelas

células T1 nessa população. Aumentos nos níveis de INF-y também foram

observados por Baum e colaboradores (72) 24 horas após uma sessão de ECMI

(70% do limiar anaeróbio) em indivíduos saudáveis. Recentemente, Zar e

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34

colaboradores (92) reportaram aumento nos níveis de INF-y e queda nos níveis

de IL-4 imediatamente após uma sessão de ECMI (55 - 65% da FCmáx) com

duração de 30 min em mulheres atletas. Em contraste ao presente estudo, o

aumento da resposta imune celular observado por Zar e colaboradores (92) foi

acompanhado de diminuição da resposta imune humoral. Além disso, a

manutenção dos níveis de IL-4 observada no presente estudo, indica que uma

sessão de ECMI com duração de 20 min não foi capaz de suprimir a resposta

imune mediada pelas células T2 em homens com obesidade preservando assim

a resposta imune contra agentes extracelulares.

A inflamação crônica de baixo grau está fortemente associada à resistência

à insulina, que parece ser o ponto de partida para o desenvolvimento de doenças

de etiologia cardiometabólica (93). Nesse sentido, tanto uma sessão de EIAI e

baixo volume quanto uma sessão de ECMI parece modular o estado inflamatório,

promovendo um aumento transitório nas concentrações de citocinas anti-

inflamatórias em indivíduos com obesidade (27,70), como observado no

presente estudo (i.e., aumento dos níveis de IL-6). No entanto um efeito anti-

inflamatório adicional foi observado após o EIAI em função do padrão de

resposta anti-inflamatório dos leucócitos.

O aumento nos níveis de IL-6 induzido pelo exercício, exerce função anti-

inflamatória e estimula o aumento de citocinas anti-inflamatórias, como a IL-10 e

IL-1ra (59,60). No presente estudo, observamos efeito similar sobre o aumento

da IL-6 tanto no EIAI de baixo volume quanto no ECMI até 60 min após suas

realizações em relação ao momento pré-exercício. Esse resultado parece ser

conflitante com estudos prévios. Por exemplo, Wadley e colaboradores (28)

demonstraram que uma sessão de EIAI e baixo volume (dez estímulos de 60 s

a 90% do VO2máx intercalados por 60 s a 40% do VO2máx) promoveu elevação

nos níveis de IL-6 e IL-10 em homens jovens previamente destreinados nos 30

min após a sessão, comparado a uma sessão de ECMI (60% do VO2máx) com

duração de 27 min. Adicionalmente, Dorneles e colaboradores (27) relataram

uma crescente elevação nos níveis de IL-6 e IL-10 em homens jovens com

excesso de peso (IMC = 31.99 ± 3.93), após uma sessão de EIAI e baixo volume

(dez estímulos de 60 s a 85 - 90% da Pmáx intercalados por 75 s a 50% da Pmáx).

Ao mesmo tempo que não houve alteração desses marcadores, após uma

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35

sessão de exercício intervalado de moderada intensidade (dez estímulos de 60

s a 70 - 75% da Pmáx intercalados por 60 s a 50% da Pmáx). Reforçando que

quando o gasto energético ou a carga do exercício são equiparados, o exercício

realizado em alta intensidade modula uma maior resposta anti-inflamatória (31).

A ausência de diferença da concentração da IL-6 entre as sessões observada

no presente estudo pode ter ocorrido em função da característica de nossa

amostra (homens sedentários com alto grau de obesidade). Como observado em

estudo prévio (27), homens com excesso de peso parecem apresentar uma

maior sensibilidade para aumentar essa miocina através do esforço físico

quando comparado a homens magros. Além disso, considerando o excesso de

tecido adiposo, é provável que parte dessa IL-6 também tenha derivado dos

adipócitos e não apenas do tecido muscular e células imunológicas (60).

Estudos apontam o EIAI e baixo volume como uma alternativa eficiente em

função do tempo comparado às recomendações tradicionais de ECMI (75). Este

tipo de exercício é capaz de aumentar o VO2máx e melhorar fatores de risco para

doenças de etiologia cardiometabólica em indivíduos com excesso de peso em

curto (< 12 semanas) e longo prazo (≥ 12 semanas) (25). Do ponto de vista

inflamatório, uma única sessão de EIAI e baixo volume favoreceu o aumento do

estado anti-inflamatório através do aumento nas concentrações de IL-6 e IL-4

imediatamente após o exercício, ao mesmo tempo que suprimiu o padrão de

resposta T1 (pró-inflamatória) o que pode contribuir para um aumento na

susceptibilidade para infecção por até 60 min após a sessão em homens com

obesidade. Por outro lado, de acordo com nossos achados, uma sessão de

ECMI com duração de apenas 20 min foi capaz de promover uma melhora

funcional no padrão de resposta T1 por até 60 min após o exercício, sem

alteração nos níveis de IL-4. Além disso, o ECMI também modulou a resposta

anti-inflamatória através do aumento transitório da IL-6 até 60 min após o

exercício. Dessa forma, uma pequena dose de ECMI (20min) parece ser

suficiente para promover alterações positivas no perfil inflamatório e resposta

imune celular em uma sessão inicial de exercício em homens com obesidade e

previamente sedentários.

Como todo ensaio clínico, o presente estudo apresenta limitações. É

importante ressaltar que o nosso estudo não foi capaz de indicar o padrão de

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expressão ou origem celular destas citocinas, uma vez que tanto células T

quanto NKs sintetizam e secretam IFN-y para a circulação. Devido a problemas

na armazenagem do sangue total, não foi possível neste estudo a dosagem das

concentrações de leucócitos circulantes. Através desses marcadores, seria

possível traçar uma relação entre a quantidade de células T e a produção de

citocinas relacionadas as suas funções, e sugerimos que estudos futuros se

preocupem com esta dosagem. Também reconhecemos que a resposta

inflamatória e imune pode ter continuidade após 60 min do término do exercício,

e no presente estudo foi realizado o seguimento apenas até este momento. A

decisão para este seguimento foi tomada levando em consideração a

disponibilidade de tempo que os voluntários permaneceriam no laboratório para

realizar as dosagens, considerando também o tempo necessário para a

preparação do momento pré-exercício.

. A condição de obesidade com acúmulo excessivo de gordura corporal foi

inicialmente diagnosticada pelo IMC e posteriormente confirmada pela análise

da composição corporal por meio de exame de imagem (DEXA). Considerando

que a obesidade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de

doenças crônicas degenerativas não-transmissíveis, entender o papel do

exercício como agente terapêutico para esta população é de grande importância

em uma perspectiva de saúde pública. Assim, este estudo contribui para ampliar

a lacuna na literatura sobre os efeitos de uma sessão de EIAI de baixo volume e

ECMI sobre marcadores inflamatórios em indivíduos obesos que ainda não

apresentam outras alterações cardiometabólicas colaborando para otimizar a

prescrição de exercício para esta população. Contudo, maiores esclarecimentos

são necessários sobre a relevância clínica do efeito agudo de uma sessão de

EIAI e ECMI, na razão INF-y/IL-4. Em uma perspectiva futura, estudos que

utilizem parâmetros clínicos como diagnósticos e questionários para sintomas de

infecção associados a marcadores bioquímicos podem ajudar a traçar uma

associação entre causa e efeito para o risco de infecção, especialmente nas

sessões iniciais de um programa de condicionamento físico para indivíduos com

obesidade.

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37

7. CONCLUSÃO

O desequilíbrio na razão INF-y/IL-4 observado após uma sessão de EIAI

é caracterizado por um padrão de resposta anti-inflamatória e está associado a

prejuízos na resposta imune intracelular contra patógenos. Por outro lado, uma

breve sessão de ECMI induziu alterações no padrão de citocinas seguindo um

padrão pró-inflamatório o que pode favorecer à melhora da resposta imune

intracelular em homens com obesidade.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Dados de caracterização da amostra ............................................ 27

TABELA 2 - Resposta de frequência cardíaca, percepção subjetiva do esforço e

lactato no exercício intervalado de alta intensidade de baixo volume e exercício

contínuo de moderada intensidade em homens com obesidade ...................... 27

TABELA 3 - Valores de INF-Y, IL-4, IL-6 e INF-Y/IL-4 antes, imediatamente e 60

min após uma sessão de exercício intervalado de alta intensidade (EIAI),

exercício contínuo de moderada intensidade (ECMI) e controle (sem exercício)28

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ANEXOS

ANEXO I

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ANEXO 2

PAR Q* Questionário de Prontidão para Atividade Física

Este questionário tem objetivo de identificar a necessidade de avaliação clínica antes do início da atividade

física. Caso você marque mais de um sim, é aconselhável a realização da avaliação clínica. Contudo

qualquer pessoa pode participar de uma atividade física de esforço moderado, respeitando as restrições

médicas.

Por favor, assinale “sim” ou “não” as seguintes perguntas:

1) Alguma vez seu médico disse que você possui algum problema de coração e recomendou que

você praticasse atividade física sobre prescrição médica?

□sim □não

2) Você sente dor no peito causada pela prática de atividade física?

□sim □não

3) Você sentiu dor no peito no último mês?

□sim □não

4) Você tende a perder a consciência ou cair como resultado do treinamento?

□sim □não

5) Você tem algum problema ósseo ou muscular que poderia ser agravado com a prática de

atividade física?

□sim □não

6) Seu médico já recomendou o uso de medicamentos para controle de sua pressão arterial ou

condição vascular?

□sim □não

7) Você tem consciência, através de sua própria experiência e/ou aconselhamento médico, de

alguma outra razão física que impeça a realização de atividades físicas?

□sim □não

_______________________________________________________________________

Gostaria de comentar algum outro problema de saúde seja de ordem física ou psicológica que

impeça a sua participação proposta?

______________________________________________________________________________

________________________________________________________________

Declaração de Responsabilidade

Estou ciente das propostas do Projeto VERDEANDO, evento/ atividade:

______________________________________________________________________.

Assumo a veracidade das informações prestadas no questionário “PAR Q” e afirmo estar liberado

pelo meu médico para participação na atividade citada acima.

_________

Data

____________________

Assinatura

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ANEXO 3

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ANEXO 4