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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CT PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA PPGEM MARINALVA FERREIRA TRAJANO SÍNTESE DE NANOPARTÍCULAS POR SPUTTERING EM BIOLUBRIFICANTES PARA APLICAÇÕES EM TURBINAS EÓLICAS TESE DE DOUTORADO NATAL 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA – CT

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA –

PPGEM

MARINALVA FERREIRA TRAJANO

SÍNTESE DE NANOPARTÍCULAS POR SPUTTERING EM

BIOLUBRIFICANTES PARA APLICAÇÕES EM TURBINAS

EÓLICAS

TESE DE DOUTORADO

NATAL

2017

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MARINALVA FERREIRA TRAJANO

SÍNTESE DE NANOPARTÍCULAS POR SPUTTERING EM

BIOLUBRIFICANTES PARA APLICAÇÕES EM TURBINAS

EÓLICAS

Defesa de Tese apresentada ao programa de

Pós-Graduação em Engenharia Mecânica do

Centro de Tecnologia, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte em

cumprimento com as exigências legais para

obtenção do título de Doutora em Engenharia

Mecânica.

Área de Concentração: Tecnologia dos

Materiais

Orientadora: Dra. Salete Martins Alves.

Natal

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Trajano, Marinalva Ferreira.

Síntese de nanopartículas por sputtering em biolubrificantes

para aplicações em turbinas eólicas / Marinalva Ferreira Trajano.

- 2017.

140 f.: il.

Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Centro de Ciência e Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Mecânica. Natal, RN, 2017.

Orientadora: Dra. Salete Martins Alves.

1. Engenharia mecânica - Tese. 2. Nanopartículas inorgânicas -

Tese. 3. Deposição por sputtering - Tese. 4. Engrenagens de

turbinas eólicas - Tese. 5. Tribologia - Tese. I. Alves, Salete

Martins. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 621

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MARINALVA FERREIRA TRAJANO

SÍNTESE DE NANOPARTÍCULAS POR SPUTTERING EM

BIOLUBRIFICANTES PARA APLICAÇÕES EM TURBINAS

EÓLICAS

Tese defendida e aprovada em 29 de setembro de 2017

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Salete Martins Alves – UFRN

(Orientadora)

Prof. Dr. Felipe Bohn – UFRN

Examinador Interno

Prof. Dr. José Heriberto Oliveira do Nascimento – UFRN

Examinador Interno

Prof. Dr. Dante Ferreira Franceschini Filho – UFF

Examinador Externo

Prof. Dr. Flávio José da Silva – UFPE

Examinador Externo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

2017

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DEDICATÓRIA

Aos meus familiares, Severina Tavares (mãe) e

Iolanda (irmã). Aos meus inesquecíveis pais

e/ou avós José Ferreira e Josefa Tavares. É

com muita alegria que lhes DEDICO.

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"Os bons dias lhe dão felicidade. Os maus dias lhe dão experiência.

Ambos são essenciais para vida. A felicidade te faz doce, os

problemas te mantém forte, a dor te mantém humano, as quedas te

mantém humilde, o êxito te mantém brilhante. Mas só Deus te

mantém de pé.” “Pois eu lhes darei palavras e sabedoria a que

nenhum dos seus adversários será capaz de resistir ou contradizer.”

(Lucas 21,15).

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AGRADECIMENTOS

A minha família que amo: mãe Sinina, a minha irmã Iolanda, tio Damião que

estiveram presentes incentivando e contribuindo para a conclusão do doutorado. A eles

meu eterno agradecimento por tanto amor e dedicação.

Ao meu pai José e a minha mãe-avó Josefa e a Dedé Teixeira a quem tanto amo e

com quem eu aprendi os valores da vida, a força de vontade, a busca, a simplicidade. Sei

que sempre estarão por perto vendo e participando da minha vida, mesmo não estando

mais entre nós, muito obrigada por tudo!

Aos demais familiares e amigos que acreditaram no meu potencial.

Aos meus grandes amigos: Jean Medeiros, Giliarde Macedo, Janduir Egito,

Franklin Kaic, Osmael Oliveira, Milena Faccio, Vívia Gomes, Dandara Virgínia, Jaciane

Dantas, Carlos Antônio, João Paulo, Netinho Dantas, Ana Emília, Fernando Nunes,

Magdiel e Juliana Ricardo que sempre estiveram comigo em todos os momentos felizes e

tristes. Que Jesus os abençoe grandemente.

Aos amigos de convívio diário que estiveram sempre ao meu lado

independentemente de qualquer eventualidade: Jarbas Santos, Erinéia Santos, Karol

Holanda e Valdicleide Mello. Obrigada pela atenção, por aguentar meus dias bons e ruins,

pelo carinho e conselhos. São grandes irmãos na vida!

A Antônia Lisboa, Vânia, Plácido Almeida e Irani, Graça de Irinel, Camélia

Pessoa (in memória), Hélio Plácido, madrinha Gracinha, madrinha Julice, tia Dulcema (in

memória), José Pereira, Leneide, Luzineide, tia Duva e a inesquecível tia Lourdes (in

memória) que contribuíram para minha formação educacional durante toda a minha vida.

A professora Dra. Salete Martins Alves, pela orientação, conselhos e dedicação. A

você professora minha amizade e gratidão.

Aos professores que participaram da minha vida acadêmica, onde além de passar

seus conhecimentos e com quem aprendi o que sei hoje em experiência e sabedoria. Aos

que me ajudaram diretamente na pesquisa e tornaram-se grandes amigos: João Teléforo,

Felipe Bohn, Thércio, Washington Martins e Dante Franceschini.

A enorme colaboração dos amigos Dr. Edmilson Félix, Acácio e Núbia no

laboratório de Física com a deposição por sputtering. Aos pupilos que me ajudaram

durante toda a pesquisa e sem eles tudo seria mais difícil: Edja Iandeyara, Felipe César,

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Ana Paula, Edália Azevedo, Diana Medeiros, Alexandre Augusto, Alef e Bruna Louyse

pela ajuda durante a pesquisa e pela amizade.

Aos Laboratórios que formaram uma ótima parceria colaborando para que o

projeto saísse do papel e tomasse forma: UFF (Rio de Janeiro), IFRN, GET, NUPEG,

NUPRAR, Laboratório de Nanoestruturas Magnéticas e Semicondutoras, Instituto de

Química, Química no ECT, LAMEM, Caracterização de Materiais, Laboratório de

Química com os professores Ademir, Tereza Newman, Afonso e professora Fátima.

Ao professor Dr. Dante Franceschini, que não exitou em realizar análises de

Ramam e MEV na Universidade Federal Fluminense – RJ nos possibilitando ter uma visão

mais clara desse trabalho. Todo nosso agradecimento pela colaboração.

A CAPES e ao CNPq, pela oportunidade de aprender, pesquisar e financiar a

pesquisa, confiando no meu trabalho durante o período a que me foi destinado a pesquisar

novos lubrificantes e aditivos.

Ao Grupo de Estudos GET (Grupo de Estudos de Tribologia e Integridade

Estrutural) por todo apoio, colaboração, ajuda e compreensão durante todos esses anos de

pesquisa.

Enfim, a todos que contribuíram diretamente ou indiretamente para a realização

deste sonho, MUITO OBRIGADA.

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TRAJANO, M. F. Síntese de Nanopartículas por Sputtering em Biolubrificantes para

Aplicações em Turbinas Eólicas. Natal: UFRN, Setembro. 2017. 140 fls. Tese

(Doutorado em Engenharia Mecânica). Programa de pós-graduação em Engenharia

Mecânica – PPGEM.

RESUMO

Engrenagens e outros conjuntos mecânicos são muito importantes para a conversão da

energia eólica em energia elétrica em turbinas eólicas, mas a sua durabilidade e eficiência

são severamente prejudicadas por algumas questões tribológicas como corrosão, desgaste,

deformação e fragmentação. Os lubrificantes utilizados para reduzir esse desgaste e

deformação são de fontes não renováveis podendo não ser viáveis ambientalmente. Assim,

surgem novas tecnologias que visam o desenvolvimento de produtos de fontes renováveis

substituindo o óleo mineral e aditivo de extrema pressão. A este respeito, óleos vegetais e

novos aditivos inorgânicos estão sendo pesquisados como uma alternativa adequada para

substituir os lubrificantes utilizados atualmente em engrenagens de turbinas eólicas. O

objetivo desse trabalho foi sintetizar nanopartículas estáveis inorgânicas em óleos vegetais

por sputtering, desenvolvendo lubrificantes mais adaptados ao meio ambiente com aditivos

mais eficientes. A metodologia aplicada está divida em 5 etapas: 1- preparação do

biolubrificante (óleo de girassol epoxidado); 2- caracterização físico-quimica dos

lubrificantes; 3- deposição das nanopartículas por sputtering; 4- caracterização da

dispersão e 5 avaliação tribológica. Nas deposições foram utilizados três níveis de corrente

de descarga e taxa de deposição (30 mA- 0,8 Å/s, 40 mA- 1,3 Å/s e 50 mA- 1,51 Å/s), três

diferentes concentrações, em peso, de nanopartículas (0,05%, 0,1% e 0,3%) e com alvo Cu

para se obter nanopartículas de cobre. As nanopartículas formadas foram caracterizadas em

função do tamanho de partícula pela técnica de SAXS e por MEV. A dispersão das

nanopartículas foi analisada por Uv-Visível, Polidispersividade, Potencial Zeta e SAXS.

Para avaliar o desempenho tribológico foi utilizado o tribômetro HFRR. Os resultados

mostraram que os biolubrificantes com melhoram o desempenho tribológico melhorando o

desgaste e reduzindo atrito em superfícies metálicas. Além disso, este método de preparo

do nanobiolubrificante eliminou o problema de dispersão verificado por outras técnicas de

dispersão.

Palavras chave: Síntese. Nanopartículas Inorgânicas. Deposição por Sputtering.

Engrenagens de Turbinas Eólicas. Tribologia.

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TRAJANO, M. F. Synthesis of Inorganic Nanoparticle by PVD Sputtering onto

Biolubrificants for Wind Turbine Applications. Natal: UFRN . September, 2017. 140

pages. PhD Thesis (PhD in Mechanical Engineering).Graduate Program in Mechanical

Engineering -PPGEM.

ABSTRACT

Gears and other mechanical assemblies are very important for the conversion of wind

energy into electrical energy in wind turbines, but their durability and efficiency are

severely hampered by some tribological issues such as corrosion, wear, deformation and

fragmentation. The lubricants used to reduce this wear and deformation is from non-

renewable sources and may not be environmentally viable. Thus, new technologies appear

that aim at the development of renewable products replacing mineral oil and extreme

pressure additive. In this regard, vegetable oils and new inorganic additives are being

researched as a suitable alternative to replace the lubricants currently used in wind turbine

gears. The objective of this work is to synthesize inorganic nanoparticles in vegetable oils

by sputtering to obtain stable colloidal nanoparticles (NPs), developing lubricants more

adapted to the environment with more efficient additives, with a better level of tribological

performance. The applied methodology is divided in 5 steps: 1- preparation of the

biolubrificante (epoxidized sunflower oil); 2- physico-chemical characterization of the

lubricants; 3- deposition of the nanoparticles by sputtering; 4 - characterization of the

dispersion and 5 tribological evaluations. In the depositions three discharge current levels

(30 mA- 0.8 Å / s, 40 mA- 1.3 Å / s and 50 mA- 1.51 Å / s) and three deposition rates were

used to obtain three different concentrations by weight of nanoparticles (0,05%, 0,1 % and

0,3%) and with Cu target to obtain copper nanoparticles. The nanoparticle formed was

characterized as a function of the particle size by the SAXS technique and a sample by

SEM. The dispersion of the nanoparticles was analyzed by Uv-Visible, Polydispersivity,

Zeta Potential and SAXS. To evaluate the tribological performance was used the HFRR

trbometer. The results showed that the biolubrificants with additives had good performace,

improved wear and reduced friction on metal surfaces. In addition, this method of

preparing the nanobiolubrifier eliminated the dispersion problem ascertained by other

dispersion techniques.

Keywords: Synthesis. Inorganic Nanoparticles. Deposition by Sputtering. Gears of Wind

Turbines. Tribology.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema de um aerogerador ............................................................................... 19

Figura 1.1: Estados que possuem plantas de aerogeradores instalados com 83% da energia

eólica produzida no país ...................................................................................................... 20

Figura 1.2: Acidente em aerogerador (incêncio) ................................................................ 21

Figura 1.3: Imagem de incêndio em turbina eólica ............................................................ 22

Figura 1.4: Registro de bolhas de ar no óleo ...................................................................... 24

Figura 1.5: Defeito nas Rodas Dentadas de Multiplicadora............................................... 25

Figura 1.6: Componentes de um trem epicicloidal ............................................................ 28

Figura 2.: Biolubrificante em engrenagens ........................................................................ 34

Figura 2.1: Éter cíclico com três átomos de carbono formando um anel oxirano.............. 37

Figura 2.2: Mecanismo de reação da formação do perácido .............................................. 38

Figura 2.3: Mecanismo da formação do epóxido. Reação de epoxidação ......................... 39

Figura 2.4: Esquema da caracterização físico-química dos Biolubrificantes..................... 42

Figura 2.5: TGA dos óleos básicos – lubrificantes ............................................................ 49

Figura 3: Ilustração de uma deposição sputtering para formar nanopartículas em

substratos líquidos ............................................................................................................... 54

Figura 3.1: Representação esquemática do equipamento de “sputtering” ......................... 57

Figura 3.2: Ilustração esquemática da formação de Ag NPs através da deposição de

pulverização catódica de Ag em diferentes líquidos biocompatíveis. ................................. 58

Figura 3.3: Ilustração adaptada Wender e colaboradores (2010) de como ocorre à

deposição por pulverização catódica para formar nanopartículas em substratos líquidos. . 60

Figura 3.4: As principais características dos gráficos, que são indicativos para a forma da

partícula. .............................................................................................................................. 61

Figura 3.5: Comportamento das partículas esféricas com e sem aglomeração .................. 62

Figura 3.6: O agregado de duas subunidades faz um gráfico que pode ser reconhecido por

um segundo pico. ................................................................................................................. 62

Figura 3.7: A área da projeção da partícula numplano (área de cor verde) é igual à área do

círculo de cor amarela, e que tem o diâmetro D(Heywood) ................................................ 63

Figura 3.8: Os domínios de informação de um fator de forma de partícula ...................... 64

Figura 3.9: O fator forma P(q) de partícula é uma parte que interfere na oscilação de como

são os tipos de formas das partículas ................................................................................... 64

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Figura 3.10: Equipamento de Deposição Sputtering (a); Alvo de Cobre Metálico (b); Óleo

de Girassol Epoxidado ou Mineral Base (c); Visão interna da câmara de deposição

evidenciando oporta-substrato e o porta-alvo (d); Visão do painel de controle do sistema. A

fonte DC que alimenta os guns (eletrodos), a fontes de alimentação das bombas mecânicas

e turbo molecular, a fonte do aquecedor resistivo e os módulos dos sensores de pressão. À

esquerda a bomba mecânica Alcatel. ................................................................................... 67

Figura 3.11: Esquema da caracterização das NPs de cobre no biolubrificante .................. 68

Figura 3.12: Esquema do funcionamento de um espectrofotômetro .................................. 69

Figura 3.13: Equipamento Zeta Plus – Zeta Potential Analysis. Laboratório NUPEG

(Núcleo de Petróleo e Gás) – UFRN ................................................................................... 70

Figura 3.14: Equipamento SAXS para análise de substratos líquidos ............................... 71

Figura 3.15:a) Esquema de como ocorre o procedimento da análise SAXS; b) Os

componentes do equipamento SAXS .................................................................................. 72

Figura 3.16: Esquema de um espectrômetro de Infravermelho ......................................... 74

Figura 3.17: Termogravimetria (TGA) dos Óleos Lubrificantes ....................................... 76

Figura 3.18: Espectros das vibrações por FTIR dos lubrificantes ..................................... 78

Figura 3.19: Amostras OGE e OM ao sair do equipamento DC-MS (Sputtering

Rapier/Orion da AJA) .......................................................................................................... 80

Figura 3.20: Imagens das amostras após três meses das sínteses de nanopartículas em

concentrações diferentes ...................................................................................................... 81

Figura 3.21: Bandas de Plasmon – UV-vis para as amostras lubrificantes ........................ 82

Figura 3.22: Esquema da interação partícula-partícula ...................................................... 83

Figura 3.23: Polidispersividade das partículas de cobre .................................................... 84

Figura 3.24: Distribuição e Rg da série de amostras OGE 30 mA .................................... 87

Figura 3.25: Distribuição e Rg da série de amostras OGE 40 mA .................................... 88

Figura 3.26:Distribuição e Rg da série de amostras OGE 50 mA...................................... 89

Figura 3.27: Distribuição e Rg da série de amostras OM 30 mA ...................................... 90

Figura 3.28: Imagens de MEV das nanopartículas de cobre .............................................. 94

Figura 3.29: Distribuição e média de nanopartículas ........................................................ 95

Figura 3.30: Gráfico de Ramam ......................................................................................... 96

Figura 4: A Tribologia e a Lubrificação .......................................................................... 103

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Figura 4.1: Contato entre as três fases sólida, líquida e gasosa. a) Representação das

tensões superficiais para uma superfície hidrofílica b) Representação das tensões

superficiais para uma superfície hidrofóbica ..................................................................... 109

Figura 4.2:Desenho esquemático do molhamento da superfície de um sólido em contato

com diferentes líquidos ...................................................................................................... 110

Figura 4.3:Esquema do HFRR ......................................................................................... 112

Figura 4.4:Gráficos de Molhabilidade dos Biolubrificantes ............................................ 113

Figura 4.5:Gráficos de Coeficientes de Atrito realizados no tribômetro HFRR .............. 114

Figura 4.6:Diâmetro Médio das Escaras (Marcas) de Desgaste das amostras OGE e

OM ..................................................................................................................................... 117

Figura 4.7:Micrografias das superfícies desgastadas lubrificados com OGE e OM com e

sem aditivos ....................................................................................................................... 119

Figura 4.8:Espectros das vibrações por FTIR dos lubrificantes após ensaio HFRR ........ 127

Figura 5: Aerogerador ...................................................................................................... 137

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1:Parâmetros para sintetizar biolubrificantes ...................................................... 40

Tabela 2.2: Características Físico-Químicas dos Lubrificantes ......................................... 46

Tabela 2.3: Características Físico-Químicas dos Lubrificantes ......................................... 48

Tabela 3.1: Parâmetros para a síntese das nanopartículas de Cu+ por Deposição Sputtering66

Tabela 3.2: Composições encontradas nos óleos de girassol e óleo mineral após as sínteses

de nanopartículas de cobre por deposição sputtering .......................................................... 77

Tabela 3.3: Potencial Zeta das amostras lubrificantes........................................................ 86

Tabela 3.4: Características das Nanopartículas de Cobre amostra OGE 40.2 ................... 93

Tabela 4.1: Composição do material AISI 52100 ............................................................ 111

Tabela 4.2: Parâmetros usados no ensaio tribológico para verificar atrito e

desgaste..............................................................................................................................111

Tabela 4.3: Composições encontradas nos óleos de girassol e óleo mineral após as sínteses

de nanopartículas de cobre por deposição sputtering por Fluorescência de Raios-X

(FRX) ................................................................................................................................. 125

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LISTA DE SIGLAS

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ECT – Escola de Ciência e Tecnologia

NUPEG – Núcleo de de Petróleo e Gás

LAMMEM - Laboratório de Materiais Multifuncionais e Experimentação Numérica

OGE – Óleo de Girassol Epoxidado

OGR – Óleo de Girassol Refinado

OM – Óleo Nineral

NPS -Nanopartículas

SAX -Espalhamento de Raios-X a Baixo Ângulo

HFRR - High Frequency Reciprocating Rig

FTIR - Fourier Transform Infrared Spectroscopy

MEV -Microscópio Eletrônico de Varredura

DRX - Difração de Raios X

UV-vis –Ultravioleta Visível

FRX -Fluorescência X

TBHP - t-butil hidroperóxido

TG - Análise Térmica

TGA – Termogravimetria

EAL - Environmentally Adapted Lubricants

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SUMÁRIO

Capítulo 1: “Falhas em turbinas eólicas, causas, consequências e soluções”.

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 20

1.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................... 30

1.1.1. Objetivos Específicos ....................................................................................... 30

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 31

Capítulo 2: “Estudo, Síntese e Caracterização Físico-Química do Óleo Vegetal (Girassol)

Epoxidado para Biolubrificantes”.

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 35

1.1.BIOLUBRIFICANTES .......................................................................................... 36

1.1.1. Reação de Epoxidação ...................................................................................... 36

2. METODOLOGIA ..................................................................................................... 40

2.1.CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DOS BIOLUBRIFICANTES ..... 42

2.1.1. Densidade ................................................................................................... 42

2.1.2. Acidez .......................................................................................................... 43

2.1.3. Índice de Iodo Composição Química por Infravermelho ...................... 43

2.1.4. Análise Térmica ......................................................................................... 44

2.1.5. Índice de Oxirano ....................................................................................... 44

2.1.6. Viscosidade e Índice de Viscosidade ......................................................... 45

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 46

3.1. ÓLEO DE GIRASSOL MODIFICADO QUÍMICO-FISICAMENTE (OGE5) E

ÓLEO MINERAL ................................................................................................ 48

4. CONCLUSÕES ............................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 50

Capítulo 3: “Síntese de Nanopartículas por Deposição Sputtering em Substratos

Líquidos”.

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 55

2. METODOLOGIA .................................................................................................. 65

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2.1.SÍNTESE DAS NANOPARTÍCULAS DE COBRE METÁLICO POR

DEPOSIÇÃO SPUTTERING. ........................................................................... 65

2.2. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS. ..................................................... 68

2.2.1.Espectroscopia na região do UV-visível ................................................... 68

2.2.2. Potencial Zeta ............................................................................................ 69

2.2.3.SAXS – Espalhamento de Raios-X e Baixo Ângulo ................................ 71

2.2.4.Análise Térmica (TGA).............................................................................. 72

2.2.5. FRX – Fluorescência de Raios-X ............................................................. 72

2.2.6.FTIR – “Fourier Transform Infrared Spectroscopy “ .............................. 73

2.2.7.Análise de Espectroscopia Raman ............................................................ 74

2.2.8.Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ......................................... 74

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 75

3.1. ANÁLISES QUÍMICAS. ............................................................................ 75

3.1.1. TGA -Termogravimetria .................................................................................. 75

3.1.2. FRX – Fluorescência de Raios-X ..................................................................... 77

3.1.3. FTIR – “Fourier Transform Infrared Spectroscopy “ ..................................... 78

3.2. ANÁLISES DE DISPERSÃO .................................................................... 79

3.2.1. Análise Visual de Dispersão ............................................................................. 79

3.2.2. UV-vis – Dispersão e Forma da Nanopartícula .............................................. 81

3.2.3. Polidispersão e Potencial Zeta ........................................................................ 84

3.3. ANÁLISE DE TAMANO DE PARTÍCULA .............................................. 86

3.3.1. SAXS – Espalhamento de Raios-X e Baixo Ângulo ....................................... 86

3.3.2. Análise de Micrografia Eletrônica de Varredura (MEV) das Nanopartículas

de Cobre ............................................................................................................. 93

3.4. ANÁLISE DE RAMAM .................................................................................. 95

4. CONCLUSÕES .................................................................................................. 97

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 98

Capítulo 4:“Avaliação Tribológica do Biolubrificante de Girassol com Nanopartículas de

Cobre para Engrenagens de Turbinas Eólicas por HFRR e FZG”.

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 104

2. METODOLOGIA .................................................................................................. 109

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3. MOLHABILIDADE. ................................................................................. 109

4. DESEMPENHO TRIBOLÓGICO POR HFRR. ....................................... 111

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 112

1. MOLHABILIDADE. ................................................................................. 112

2. DESEMPENHO TRIBOLÓGICO POR HFRR. ....................................... 114

3. DESGASTE DA ESFERA. ...................................................................... 117

4. MICROGRAFIAS ELETRÔNICAS DE VARREDURA (MEV) DOS

DISCOS ............................................................................................................................. 118

5. ANÁLISE QUÍMICA DOS LUBRIFICANTES APÓS ENSAIO

TRIBOLÓGICO .............................................................................................. 127

5. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 128

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 129

Capítulo 5:“Conclusões Gerais Parciais”.

1. CONCLUSÕES GERAIS FINAIS .................................................................... 138

PERSPECTIVAS DE TRABALHOS FUTUROS ........................................... 139

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CAPÍTULO 1: Falhas em turbinas eólicas, causas, consequências e

soluções

Figura 1: Esquema de um aerogerador.

Fonte: NEOSUN (2015)

"A fé desempenha em nossa vida um papel mais importante do que supomos, e é o que

nos permite fazer mais do que pretendemos. Creio que aí está o elemento precursor de

nossas ideias. Sem a fé não se teriam elaborado jamais hipóteses e teorias, nem se

teriam inventado as ciências ou as matemáticas. Estou convencido de que a fé é um

prolongamento do espírito: negar a fé é condenar-se e condenar o espírito que

“engrena” todas as forças criadoras de que dispomos".

Charlie Chaplin

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1. INTRODUÇÃO

Uma das grandes vantagens da matriz energética brasileira é a disponibilidade de

várias fontes limpas e renováveis para geração de energia elétrica. Diversos outros países

não possuem recursos naturais e precisam recorrer às termoelétricas para garantir o

suprimento. O avanço do setor eólico, segundo especialistas, vai representar uma energia

complementar interessante para o Brasil, que hoje tem sua base de geração de energia no

sistema hidráulico, mas que também está na lista de maiores produtores de energia eólica

do mundo (FILGUERAS e SILVA, 2003; ROSA, 2007).

O levantamento de dados “Energia Eólica no Brasil e Mundo”, do Ministério de

Minas e Energia, aponta que o país (Brasil) foi o quarto colocado no ranking mundial de

expansão de potência eólica em 2014, perdendo apenas para a China (23.149 MW),

Alemanha (6.184 MW) e Estados Unidos (4.854 MW). No mesmo período, o Brasil teve

uma expansão de potência instalada de (2.686 MW). Acredita-se que 21 mil MW deverão

ser gerados na região Nordeste, o que vai representar 45% do total produzido nesta região

(PORTAL BRASIL, 2016). Na Figura 1.1 observam-se os estados destacados em amarelo

que possuem plantas de aerogeradores instalados, onde observa-se o Rio Grande do Norte

como um estado que possui grande potencial para produzir energia elétrica a partir da

energia eólica:

Figura 1.1: Estados que possuem plantas de aerogeradores instalados com 83% da energia eólica

produzida no país

Fonte: Portal Brasil (2016)

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No entanto, a indústria eólica tem sido continuamente alertada devido as altas

taxas de falhas que ocorrem nas caixas de velocidades segundo Musial et al. (2007).

Considerando o elevado custo para substituir uma caixa de velocidades, faz-se necessário

melhorar a confiabilidade do sistema de transmissão da turbina eólica, pois as engrenagens

estão sujeitas a severas condições de operação, tais como: alto carregamento, operação

instável/interrompido, sistema de vibração, sistema de desalinhamento e exposição a

condições ambientais extremas. Estas condições não são comuns com outros tipos de

máquinas e são os fatores determinantes para que ocorram as falhas (TAVNER et al.,

2007).

Blau et al. (2010) e Greco et al. (2013), realizaram um detalhado estudo da falha

dos componentes do rolamento de uma turbina eólica que apontava para a gravidade e as

características de superfície que originaram as falhas causadas por corrosão, desgaste,

deformação e fragmentação diminuindo assim, a vida útil da turbina eólica.

A vida útil de uma turbina eólica foi inicialmente prevista para ser de 20 anos,

dados do Portal Energia (2016), no entanto isso não é verificado pelos especialistas ou

pesquisadores. Os rolamentos e as engrenagens das caixas multiplicadoras tendem a

apresentar problemas mais prematuramente devidos a erros de projeto, manutenção

ineficaz e condições climáticas. Entre outros fatores, existe a falta de conhecimentos acerca

de como estes componentes se comportam no decorrer de tempestades e ventos fortes

(SEQUEIRA, 2012).

Mas, os defeitos nos rolamentos e nas engrenagens localizados nas caixas de

velocidades são alguns dos problemas mais preocupantes nas turbinas eólicas, podendo

causar acidentes no aerogerador (Figura 1.2).

Figura 1.2: Acidente em aerogerador (incêndio)

Fonte: www.portal-energia.com (2016)

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Outros problemas estruturais e mecânicos podem resultar no colapso da torre e

deve-se principalmente a erros do sistema de controle e falta de manutenção eficaz. As

principais causas e fatores que originam problemas e defeitos nas turbinas eólicas são

(SEQUEIRA, 2012 e PORTAL ENERGIA, 2017):

Incêndios

Num ano típico costuma ter perdas totais (FIGURA 1.3) – geralmente causadas

por incêndios – dá-se como perda total quando uma unidade é totalmente consumida não

podendo ser reparada.

Figura 1.3: Imagem de incêndio em turbina eólica

Fonte: www.portal-energia.com (2016)

As falhas no gerador e as principais causas dos problemas são:

– O não cumprimento das práticas de manutenção recomendadas nos procedimentos de

lubrificação e sistemas de coletores;

– Falhas mecânicas ou elétricas, falhas no rotor, falhas no sistema de refrigeração levando

a excesso de calor e por sua vez a incêndio;

– Os relâmpagos, ventos, condições climáticas extremas;

– O desalinhamento ou outra instalação inadequada, vibração excessiva, irregularidades de

tensão, insuficiência no conversor, aterramento inadequado, excesso de velocidade (que

leva a problemas nos rolamentos e engrenagens);

– Problemas de montagem, tais como, componentes soltos, isolamento elétrico inadequado,

falhas no rotor, a presença de outros componentes dentro da nacele;

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Contaminação do óleo

Pode ocorrer segundo Sequeira (2012) devido a:

Tampas e proteções não fechadas de forma correta;

Desgaste de peças móveis (bombas e válvulas) pode levar à criação de

partículas metálicas;

Em peças móveis, restos de pintura podem contaminar todo o sistema;

Através do filtro de ar água em suspensão pode juntar-se ao ar e ao óleo ou

condensar-se no depósito do óleo.

Com o óleo contaminado poderá haver saturação antes do tempo previsto,

deixando passar excesso de contaminação para o sistema. Isto dificultará o fluxo correto do

óleo lubrificante. O óleo contaminado é altamente prejudicial para máquinas, pois gera

perda de produtividade, aumento no consumo e gastos excessivos com manutenção.

Outra contaminação que ocorre é a retenção de partículas no óleo lubrificante que

devido ao desgaste que libertam partículas contaminando o óleo. As partículas que se

encontram no óleo, dependendo do seu tamanho podem ocasionar diversos tipos de danos:

Partículas > 40 µm causam avarias onde bloqueiam válvulas de linha e válvulas

como do tipo;

Partículas >25-40 µm causam falhas intermitentes e podem bloquear válvulas de

linha e válvulas proporcionais;

Partículas < 25 µm normalmente não provocam bloqueios, mas desgastam

prematuramente todos os componentes do sistema, normalmente não provocam

bloqueios.

Durante a operação normal, o óleo utilizado está exposto a condições que podem

decompor por oxidação. Deve-se ao aquecimento e ao batimento do óleo na presença de ar,

catalíticos metálicos ou água (SEQUEIRA, 2012).

A oxidação pode levar à formação de barros que formam impecílios e traz

problemas para o óleo. O ar também pode entrar no sistema através de bombas

deterioradas ou mangueiras danificadas, o que é normal à introdução de ar no sistema após

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a substituição de um componente com defeito. Dessa forma, o ar deve ser eliminado

através da purga, pois, a existência de ar em grande quantidade pode originar a destruição

das bombas, pois, uma bomba pode ficar totalmente danificada após funcionar vários

minutos com a existência de ar em grandes quantidades dentro do circuito hidráulico

(GRAÇOEIRO, 2008; PORTAL ENERGIA, 2017). Na figura 1.4 mostra o registro de

bolhas de ar no óleo.

Figura 1.4: Registro de bolhas de ar no óleo

Fonte: www.portal-energia.com (2017)

Grandes avarias ocorrem em raras ocasiões, mas devido à sua gravidade podem

deixar o aerogerador inutilizado durante longos períodos de tempo, pois afetam

diretamente alguns componentes principais, tais como a engrenagem, gerador,

transformador e pás (SEQUEIRA, 2012).

Em relação ao custo, esse tipo de avaria é muito caro, pois podem resultar na

parada de produção, manutenção e reposição de peças especiais.

Se tratando da tipologia das avarias, pode-se identificar que as mais comuns são

de origem elétrica e mecânica. Na multiplicadora as principais avarias que podem ocorrer

são as relacionadas com a degradação e consequente ruptura das rodas dentadas e

rolamentos por falta de lubrificação ou devido à introdução de objetos indesejados, que

provocam danos e desgaste (Figura 1.5). Além disso, também podem ser provocadas por

fadiga, flexão e deformação plástica (SEQUEIRA, 2012).

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Figura 1.5: Defeito nas Rodas Dentadas de Multiplicadora

Fonte: www.portal-energia.com (2017)

Geralmente as avarias mecânicas devem-se ao desgaste produzido por uma má

lubrificação ou quando os componentes são submetidos à fadiga. Assim, os lubrificantes

são muito importantes na operação para o bom funcionamento e componentes, a fim de

evitar atritos entre partes móveis que entram em contato contínuo (SEQUEIRA, 2012).

Os lubrificantes líquidos são os preferidos porque mantem-se melhor entre as

partes móveis pela ação hidráulica. Além de manter essas superfícies separadas por um

filme, também atuam como agentes removedores de calor.

Devido às preocupações com o meio ambiente, os óleos vegetais e novos aditivos

inorgânicos constituem uma alternativa adequada para substituir os óleos minerais, por

serem biodegradáveis e não tóxicos dependendo do metal escolhido (ERHAN e PEREZ,

2002).

Lubrificantes de base mineral são produzidos a partir de petróleo bruto. O

processamento varia dependendo da qualidade do petróleo bruto e a qualidade esperada do

fluido base (AVILINO, 2004).

Um lubrificante de base mineral pode ser de dois tipos diferentes, como

determinada pelo tipo principal de ligação química: naftênicos e parafínicos. O tipo

parafínico é mais comum em lubrificantes por causa de sua relativamente boa propriedade,

ou seja, tendem a não oxidar em temperaturas ambientes ou levemente elevadas, apresenta

uma densidade menor que a do naftênico e é menos sensível a alteração de

viscosidade/temperatura.

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A grande desvantagem é seu comportamento em temperaturas baixas, pois, as

parafinas tendem a sedimentar-se. Fluidos de base naftênicos são usados às vezes se as

boas propriedades de baixa temperatura são necessárias e não IV alta, como por exemplo,

um transformador elétrico. Para o regime de lubrificação hidrodinâmico a melhor escolha é

um óleo lubrificante à base de óleo mineral (TRAJANO, 2013).

E de fato, óleos vegetais possuem a maioria das propriedades de lubrificação

desejáveis, tais como: bom contato de lubrificação, alto índice de viscosidade (ou seja,

alterações mínimas da viscosidade com a temperatura), alto ponto de fulgor e baixa

volatilidade. Eles também têm desvantagens como a, sua susceptibilidade à degradação

oxidativa e sua propensão para sofrer hidrólise em meio ácido. Em relação à hidrólise e

degradação oxidativa pode ser atenuada com relativa facilidade através do uso de aditivos

(HWANG et al. 2003; TRAJANO, 2013).

Se tratando disso, são encontrados na diversa literatura da área alguns aditivos,

bem como suas diversas maneiras de síntese e suas aplicações, entre elas, na dispersão em

lubrificantes, por apresentarem algumas vantagens aos usualmente utilizandos na indústria

mecânica sem aditivos, sobretudo em aerogeradores (TRAJANO, 2013).

Assim sendo, os aditivos que recentimente tem ganhando destaque pela

comunidade cientítifca são as nanopartículas (NPs) devido inúmeros fatores, dentre eles, a

promessa de desempenhar um papel importante como aditivo na lubrificação, além disso,

enfatiza-se seu tamanho, sua morfologia, sua complexidade de síntese, bem como a sua

rápida produção, seja em escala laboratorial ou industrial.

Dessa maneira, muitos pesquisadores buscaram novos métodos de síntese de

nanopartículas como aditivos e também para obter melhor dispersão dessas nanopartículas

no óleo lubrificante, pois, em estudos anteriores como Trajano (2013), Mello et al. (2016)

e Guedes, et al. (2016), a dispersão foi um problema visivelmente apresentado e

comprovado tribologicamente com maiores coeficiente de atrito e desgaste. As

nanopartículas, por não estarem bem dispersas, não funcionaram como aditivos anti-atrito

e anti-desgaste, funcionando como um terceiro corpo obtendo desgaste abrasivo mais

severo (TRAJANO, 2013).

Wender et al. (2013) preparou NPs com pequenos tamanhos e várias formas por

meio de redução de compostos organometálicos com hidrogênio molecular, decomposição

dos complexos de metal de transição no estado de valência zero, por simples transferência

de nanopartículas previamente preparadas a partir de um sólido para um líquido.

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Um método muito eficaz, simples e rápido para sintetizar nanopartículas também

utilizado por Wender et al. (2013) foi a deposição sputtering.

A deposição sputtering em líquidos iônicos (LIs), óleo de silicone e óleos

vegetais, também foi investigada por Wender et al. (2013). Não há dúvidas que a

deposição sputtering de metais em líquidos é um método novo, simples e eficiente para

sintetizar NPs coloidais estáveis em sais orgânicos (Tis) em óleos vegetais. Este processo

físico (sputtering) elimina resíduos químicos durante a síntese de NPs porque nenhum

agente de estabilização ou de redução é usado.

Sendo assim, a deposição sputtering sobre substratos líquidos é uma maneira

muito versátil para preparar partículas metálicas, magnéticas e NPs de semicondutores. Em

vez de uma simples deposição, esta técnica pode ser realizada com a co-evaporação de

vários alvos na superfície do líquido, resultando numa composição específica de

nanoestruturas.

1.1. AS TURBINAS EÓLICAS E OS PROBLEMAS DA CAIXA DE

ENGRENAGENS

Uma turbina eólica, também chamada de aerogerador, é um mecanismo que

converte a energia cinética do vento em energia elétrica pela rotação de suas pás. Quanto a

energia cinética dos ventos, pode-se afirmar que vem sendo utilizada desde a antiguidade

para a moagem de grãos. Contudo, foi após a crise de energia elétrica que começou a

buscar alternativas limpas para a geração de eletricidade (VITORINO, 2012).

O desenvolvimento de vários modelos de pequeno porte de turbinas eólicas

começou no início da década de 1980 (PEETERS, 2006) e continua até os dias de hoje na

busca do seu melhor aproveitamento. As turbinas eólicas têm se popularizado rapidamente

devido ao fato de a energia elétrica produzida por elas ser ecologicamente sustentável. Mas

para que esse tipo de energia seja classificado como umas das fontes essenciais de energia

elétrica são necessários aprimoramentos para que ela seja economicamente viável.

A quantidade de energia gerada depende da velocidade do vento, do diâmetro do

rotor e do rendimento total do sistema. E a caixa multiplicadora dos aerogeradores é

responsável por transmitir a energia mecânica entregue pelo eixo do rotor até o

(VITORINO, 2012).

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As engrenagens de dentes retos e as helicoidais são usadas em caixas de

engrenagem de aerogeradores para compor estágios de engrenagens paralelas ou estágios

de engrenagens planetárias (PEETERS, 2006).

O trem epicicloidal de engrenagens é um mecanismo constituído de engrenagens

onde há, pelo menos, um eixo suportado por um órgão animado de rotação. Ele é

constituído principalmente por Porta Planetário ou Braço, Engrenagem Solar, Planetas e

Engrenagem, Coroa ou anular que são apresentados na Figura 1.6 (ALBUQUERQUE,

1980):

Figura 1.6: Componentes de um trem epicicloidal.

Fonte: VITORINO (2012)

As partes da caixa de engrenagens podem deformar-se de acordo com seu

respectivo componente de carga, seja axial, torcional, cortante e de flexão. A relação entre

carga e deformação resultante corresponde à flexibilidade de cada parte: flexibilidade dos

dentes, dos rolamentos, dos componentes (VITORINO, 2012).

Assim, engrenagens e outros conjuntos mecânicos convertem energia eólica em

energia elétrica, porém, a durabilidade e a eficiência dessas engrenagens são muito

prejudicadas (GRECO et al., 2011). O desgaste dos dentes de engrenagens ocorre pelo

atrito, como ocorre um contato direto entre os dentes na transmissão de potencia e

velocidade, acaba ocorrendo um desgaste nos dentes gerando perda de material para o

meio onde está trabalhando. Os mecanismos de desgaste que ocorrem em engrenagens

segundo Koda (2009) e Rodrigues (2008) são classificados em: fadiga de contato, adesão,

abrasão, corrosão, deformação plástica e quebras ou trincas.

A fadiga de contato ocorre geralmente por acumulo de tensões superficiais,

gerados por tensões cíclicas na superfície. A fadiga de contato fica nítida quando começa a

surgir micro trincas na superfície do dente, geralmente, ocorrem no diâmetro primitivo do

dente, onde se concentram as tensões de contato. Quando a fadiga superficial fica mais

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consistente, os dentes podem estar suscetíveis à ruptura, podendo gerar danos mais sérios

ao mecanismo, então, o ideal é sempre verificar as condições superficiais dos dentes, para

fazer a troca do conjunto de engrenagens antes da ruptura de uma delas (KODA, 2009).

Quanto à adesão, acontece em toda a vida útil de uma engrenagem. A adesão

ocorre através do amaciamento da superfície, que segundo Rodrigues (2008), é o processo

que ocorre com o contato de metal com metal, ele ocorre durante a operação normal das

engrenagens e sua principal característica é uma superfície do dente muito lisa, resultante

do atrito entre os dentes quando estão operando. O amaciamento de uma superfície ocorre

quando as engrenagens trabalham em baixa velocidade e com um filme de óleo muito fino,

mas pode ser resolvido com a mudança do tipo de óleo lubrificante com viscosidade maior.

Em relação a abrasão, ocorre pela presença de resíduos que se formam a partir do

desgaste dos dentes, esses resíduos ficam entre os dentes aumentando o desgaste dos

dentes em trabalho. A solução para esse problema seria instalar um filtro de óleo, para

retirar as impurezas do óleo melhorando o desempenho do óleo e prolongando a vida útil

das engrenagens (SEIDEL, 2013).

De acordo com Rodrigues (2008) e Seidel (2013) o desgaste provocado pela

abrasão pode ser classificado em moderado e acentuado, sendo o desgaste moderado

apenas o deslizamento entre dentes provocado por sobrecarga, dureza insuficiente e ruim

lubrificação. O desgaste acentuado é semelhante ao moderado, porém, tem uma remoção

de material mais rápida, fazendo com que a vida útil da engrenagem seja muito pequena. A

causa do desgaste acentuado dos dentes ocorre por insuficiência de lubrificação, escolha do

óleo inadequado e filtragem inadequada.

Já a corrosão é a perda de material devido a reações químicas ou eletrolíticas na

superfície, podem ser geradas de diversas formas, desde aditivos do próprio óleo

lubrificante até o próprio ar do meio de trabalho da engrenagem (KODA, 2009).

As deformações plásticas ocorrem segundo Seidal (2013) e Rodrigues (2008),

quando as altas tensões de contato junto com o movimento de rolamento e deslizamento

dos dentes ultrapassam o limite de escoamento do material. Geralmente ocorre quando o

material da engrenagem é de baixa dureza e não tem tratamento térmico na superfície, mas

também podem ocorrer por sobrecargas.

De acordo com Rodrigues (2008), existem três tipos de deformação plástica que

ocorrem em engrenagens: o escoamento a frio; o enrugamento e o escoamento direcional.

O escoamento a frio acontece quando ocorre escoamento de material da superfície do

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dente. O enrugamento forma uma superfície ondulada na superfície do dente, sendo

comum em engrenagens que tenham passado por um tratamento térmico e o escoamento

direcional causa vários picos e vales que se formam na direção dos dentes.

Finalmente existem as quebras ou trincas de engrenagens, elas podem ser geradas

por fadiga ou por sobrecarga. Quando ocorre uma concentração de tensões e aparece uma

trinca a falha ocorreu por fadiga, já quando ocorrem sobrecargas no sistema geradas por

impactos, gripamento de dentes, a quebra gerada se classifica como quebra por sobrecarga

(RODRIGUES, 2008; KODA, 2009).

A maioria dos desgastes ocasionados nas engrenagens ocorre devido à ineficácia

da lubrificação. Os lubrificantes utilizados para reduzir esses desgastes são de fontes não

renováveis e não estão adequadas as novas regras ambientais. Assim sendo, faz-se

necessário procurar novos lubrificantes que sejam mais eficazes nessa tarefa.

Dessa maneira, a melhor justificativa para desenvolver um biolubrificante com

aditivos mais dispersos é melhorar o desempenho e a durabilidade dos componentes das

turbinas eólicas. O desenvolvimento de biolubrificantes aditivados com nanopartículas

pode reduzir o atrito, melhorar o desgaste e reduzir a corrosão.

Devido os biolubrificantes com os aditivos antes estudados como em Trajano

(2013) não obtiveram uma boa dispersão, acredita-se que a síntese das nanopartículas

inorgânicas por sputtering podem obter colóides estáveis e com maior dispersão no

lubrificante, são adequados ao meio ambiente e podem vir a substituir os lubrificantes

minerais.

Esta tese está dividida em cinco capítulos onde descreve e discute os passos para

obter o biolubrificante, as nanopartículas e por fim onde utilizá-las na área tribológica.

1.1.OBJETIVO GERAL

Sintetizar nanopartículas in situ nos biolubrificantes por sputtering para melhorar

o desempenho tribológico das caixas de velocidades das turbinas eólicas substituindo os

lubrificantes oriundos do petróleo.

1.1.1. Objetivos Específicos

Determinar parâmetros ótimos para síntese do biolubrificante, baseado em

sua caracterização físico-química;

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Estudar a síntese de nanopartículas de Cu+

in situ no biolubrificante via

deposição por sputtering;

Avaliar a influência dos parâmetros do processo sputtering nas

características das nanopartículas e sua dispersão no biolubrificante;

Avaliar tribologicamente o biolubrificante aditivado, analisando o

coeficiente de atrito e desgaste.

REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO 2: Estudo, Síntese e Caracterização Físico-Química do Óleo

Vegetal (Girassol) Epoxidado para Biolubrificantes

Figura 2: Biolubrificante em engrenagens.

Fonte: Agência Petrobras (2016)

Carinho é o óleo que lubrifica as engrenagens da vida.

(Autor Desconhecido)

Mais que de máquinas, precisamos de humanidade.

Charlie Chaplin

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1. INTRODUÇÃO

Os lubrificantes são essenciais para o bom funcionamento das máquinas a fim de

evitar atrito em duas partes móveis que entram em contato contínuo (TRAJANO, 2013).

Conforme fora abordado no Capítulo 1 dessa tese, os operadores de usinas eólicas

necessitam de lubrificantes especiais que apresentem um desempenho confiável, protejam

os componentes e aumentem os intervalos de manutenção.

Na indústria existe uma alta demanda na produção de engrenagens e mancais no

setor de energia eólica, pois, as engrenagens das turbinas eólicas transmitem torques de até

5 MNm, conforme Rosa e Filho (2007). A lubrificação ineficiente leva a necessidade de

trocar esses componentes com maior frequência. Esses componentes estão expostos a todos

os tipos de influência ambiental e podem operar em velocidades diferentes daquelas

originalmente previstas. Escolher o lubrificante ideal para uma turbina eólica pode ser um

grande desafio (FILGUEIRAS e SILVA, 2003).

Em relação ao lubrificante ideal, a indústria tem feito o uso dos óleos sintéticos e

dos minerais devido o óleo mineral ser de baixo custo e o sintético ter alta durabilidade.

Porém, os óleos vegetais tem sido uma boa alternativa para substituir aqueles óleos

(minerais e sintéticos) que não são adequados ambientalmente como sugere Shashidhara &

Jayaram (2010). Esses autores dizem que entre os óleos minerais, sintéticos e vegetais, os

óleos vegetais são substitutos atrativos pela baixa toxicidade, boa biodegradabilidade e

ambientalmente mais adequado.

Klafke et al. (2011) e Theodori et al. (2004) descrevem os lubrificantes adaptados

ao meio ambiente (EAL – Environmentally Adapted Lubricants) como sendo de alta

biodegradabilidade e baixa toxicidade, mantendo desempenho semelhante às alternativas

convencionais. Clarens et al. (2008) afirmam que este conceito é, essencialmente,

sinônimo da utilização de óleos vegetais em formulações de lubrificantes.

De acordo com Klafke et al. (2011) na última década, a indústria vem tentando

formular lubrificantes biodegradáveis com características superiores aos usuais, baseados

em óleo mineral. Dessa forma, além da catálise natural, os óleos vegetais são promissores

candidatos como fluido de base em lubrificantes, a fim de atingir a sustentabilidade

ambiental e baixo custo.

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1.1.BIOLUBRIFICANTES

Segundo Pettersson et al. (2006), antes de meados do século 19, quase todos os

lubrificantes eram derivados de fontes naturais, tais como banha animal, óleo de baleia e

óleos vegetais. Hoje, os óleos vegetais permanecem como fonte econômica importante.

Quase todos os óleos vegetais são ésteres do tipo de triglicerídeos. Outra espécie

importante é éster de cera. Cerca de 100 milhões de toneladas de óleos vegetais são

produzidos anualmente e 90% destes óleos são para uso em alimentos e 9% para a

produção de sabão. As quantidades restantes são usadas em aplicações técnicas, tais como

lubrificantes, tintas e vernizes.

Como existe uma grande preocupação ambiental, os óleos vegetais (OV)

constituem uma alternativa adequada para substituição dos óleos minerais, pois são

totalmente biodegradáveis, não tóxicos, e geralmente reconhecidos como produto seguro

(ERHAN e PEREZ, 2002).

Assim, os biolubrificantes são de origem vegetal e rapidamente biodegradável,

não tóxica ao meio ambiente. Nunes e Pedroso (2008) confirmam a importância dos óleos

vegetais para desenvolver novos lubrificantes que atendam às atuais necessidades

econômicas do país e às exigências de melhoria da qualidade de vida e preservação do

meio ambiente. Os óleos modificados quimicamente são importantes, pois podem melhorar

suas propriedades físico-químicas, ou seja, uma reação de epoxidação pode melhorar de

uma forma bem significante a estabilidade térmica, aumentar viscosidade, coesão,

aderência, densidade, reduzir baixa acidez, entre outras propriedades (TRAJANO, 2013).

1.1.1. Reação de Epoxidação

Os óleos vegetais epoxidados demonstram vantagens pela sua excelente

biodegradabilidade e pela fonte de origem renovável. Os óleos vegetais, quando

comparados com os óleos minerais, apresentam diferentes propriedades como: são

melhores lubrificantes de baixa volatilidade, alto índice de viscosidade, fácil miscibilidade

com outros fluidos, reduzida toxicidade e melhor desempenho. Apresentam, também,

melhores propriedades anticorrosivas e maior afinidade com a superfície do metal

(KLEINOVÁ et al., 2007).

Os óleos vegetais são promissores sendo modificados quimicamente, um dos

métodos mais utilizado é a epoxidação. Os óleos sem a epoxidação não obtem

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características físico-químicas adequadas para um lubrificante. Sem a modificação química

nos óleos vegetais não funcionam como lubrificantes devido romper o filme mais

facilmente na lubrificação. A reação de epoxidação é a inserção de oxigênio na cadeia

carbônica do óleo vegetal e ocasionando a ruptura das insaturações formando o anel

oxirano (PEDROZO, 2009).

Sendo assim, a modificação química dos óleos vegetais é uma rota importante

para obter produtos industriais usando matéria prima de origem renovável. A reação de

epoxidação ocorre nas insaturações presentes nas moléculas dos triglicerídeos dos óleos

vegetais, sendo produtos formados, os substratos mais reativos. Os óleos vegetais

epoxidados são considerados promissores para uma ampla variedade de aplicações

(MONTEAVARO et al., 2007).

A epoxidação pode ser realizada por catálise heterogênea e homegênea. Nunes et.

al. (2008) e Farias e Martinelli (2010) pesquisaram a síntese dos óleos de mamona e de

soja por epoxidação, porém, ambos utilizaram o sistema catalítico, com os complexos

metálicos [MoO2(acac)2] e [TiO(acac)2] em meio homogêneo e heterogêneo, usando TBHP

(t-butil hidroperóxido) como agente oxidante. Entretanto, Derawi e Salimon (2010)

pesquisaram a epoxidação pela rota do ácido fórmico com catálise homogênea ácida, uma

forma mais simples e barata de realizar a epoxidação de óleos vegetais.

Um epóxi é um éter cíclico com três átomos que formam um anel, como na Figura

2.1.

Figura 2.1: Éter cíclico com três átomos de carbono formando um anel oxirano

ETENO + PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO ANEL OXIRANO + ÁGUA

Fonte: Elaboração Própria adaptado de Pedrozo (2009)

Os estudos de Holleben et al. (1996) mostram que os epóxidos ou oxiranos são

versáteis intermediários em síntese orgânica que são preparados através de uma variedade

de materiais de partida e que podem gerar, simultaneamente, até dois carbonos quirais.

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Devido à polaridade e a tensão do anel de três membros, os epóxidos são suscetíveis a

reações com um grande número de nucleófilos, eletrófilos, ácidos, bases, com agentes

redutores e alguns agentes oxidantes. Destas reações, a adição de nucleófilos a epóxidos,

gerando produtos 1,2-dissubstituídos, tem sido a mais estudada e a mais utilizada em

síntese orgânica.

Os reagentes epoxidantes são as substâncias químicas responsáveis pela inserção

do oxigênio numa ligação dupla carbono-carbono formando um epóxido. Estes compostos

também têm sido obtidos pela ação de sistemas enzimáticos, os quais são capazes de

epoxidar olefinas não funcionalizadas, assim relata Holleben et al. (1996).

O peróxido de hidrogênio tem sido o reagente epoxidante mais utilizado, porém,

devido a sua baixa reatividade química, necessita ser ativado para reagir com uma olefina.

Esta ativação, usualmente, é feita pela conjugação do grupo hidroperóxidos com ligações

múltiplas ou pela ação de um catalisador metálico. A reação na Figura 2.2 mostra o

mecanismo da formação do perácido.

Figura 2.2: Mecanismo de reação da formação do perácido

Fonte: Lehnen (2011).

Segundo Nunes et al. (2008), as reações de epoxidação são usualmente realizadas

com ácidos peroxicarboxílicos, como ácido peracético, ácido perfórmico e ácido

perbenzóico. O perácido reage com os carbonos insaturados do substrato, formando o anel

epoxidílico. Os ácidos mais utilizados são o acético e o fórmico. A utilização do ácido

acético requer a presença de um catalisador para que ocorra a formação do perácido. Essa

reação gera produtos laterais, como dióis, devido à abertura do anel. A utilização do ácido

fórmico dispensa o uso do catalisador ácido, o que minimiza a formação desses produtos

laterais (MARIATH, 2011). A Figura 2.3 mostra a formação do epóxido.

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Figura 2.3: Mecanismo da formação do epóxido. Reação de epoxidação

Fonte: Lehnen (2011).

Gan et al. (1992) estudaram a cinética da reação de epoxidação e de clivagem

oxirânica de ésteres metílicos derivados do óleo de palma por ácidos peracético e

perfórmico. Eles observaram que epoxidação com quase completa conversão e significante

abertura do anel ocorreu na presença de benzeno. O efeito estabilizante do benzeno nos

oxiranos em seus estudos é atribuído à natureza heterogênea do sistema empregado usando

um solvente orgânico, onde somente uma pequena quantidade de ácido fica presente na

fase do óleo. Porém, não é aconselhável devido à toxidade do benzeno.

Desta forma, pesquisadores procuraram novas alternativas metodológicas de

reação por epoxidação a partir dos estudos de Gan et al. (1992). O processo de epoxidação

do óleo de palma no estudo de Derawi e Salimon (2010) foi realizado usando ácido

perfórmico (HCOOOH) gerado in situ para produzir palma epoxidado. O ácido perfórmico

foi produzido através da mistura de ácido fórmico (HCOOH), sendo o veículo de oxigênio

e o peróxido de hidrogénio (H2O2) como doador de oxigênio em várias razões

estequiométricas, como essa por exemplo: HCOOH:H2O2. Os efeitos da concentração de

H2O2 e de HCOOH, temperatura, agitação e tempo de reação, foram estudados e os

resultados mostraram que o teor de epoxi foi satisfatório com razão molar de (óleo:

peróxido de hidrogênio: ácido - 1: 5: 2) a 150 minutos.

Dessa maneira, esse trabalho objetiva Sintetizar biolubrificantes com diferentes

concentrações estequiométricas e caracteriza-los para possíveis aplicações em engrenagens

de turbins eólicas.

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2. METODOLOGIA

Para desenvolver um biolubrificante com boas características de um lubrificante já

usual pela indústria e de boa qualidade, foram testadas algumas condições de síntese,

baseadas em artigos e teses que encontraram bons resultados com outros óleos vegetais. O

óleo de girassol foi escolhido para verificar a melhor formulação e características físico-

químicas. Dessa forma, inicialmente utilizou-se as estequiometrias, temperaturas e tempos

apresentados na Tabela 2.1.

Tabela 2.1: Parâmetros para sintetizar biolubrificantes.

Óleo/Parâmetros Estequiometria Temperatura Tempo

OGE*1

11:5:1 (H2O2: Ác.

Acético:OGR**) e

3,26% de H2SO4

30 °C

2 horas

OGE2

11:5:1 (H2O2: Ác.

Acético:OGR) e

3,26% de H2SO4

50 °C

5 horas

OGE3

20:2:1 (H2O2: Ác.

Acético:OGR) e

3,26% de H2SO4

30 °C

2 horas

OGE4

20:2:1 (H2O2: Ác.

Acético:OGR) e

3,26% de H2SO4

50 °C

5 horas

OGE5 11:5:1(H2O2: Ác.

Fórmico:OGR)

30 °C

3 horas

OGE6 20:2:1 (H2O2: Ác.

Fórmico:OGR)

30 °C

3 horas

OGE7

20:2:1 (H2O2: Ác.

Acético:OGR)e

3,26% de H2SO4

50 °C

5 horas

OGE8 2:1:1 (H2O2: Ác.

Fórmico:OGR)

30 °C

3 horas

OGE9 2:7:1 1 (H2O2: Ác.

Fórmico:OGR)

30 °C

3 horas

OGE10 2:16:1 1 (H2O2: Ác.

Fórmico:OGR)

30 °C

3 horas

OGE11 2:7:11 (H2O2: Ác.

Acético:OGR)

30 °C

3 horas

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OGE12 2:16: (H2O2: Ác.

Acético:OGR)

30 °C

3 horas

OGE13 2:1:1 (H2O2: Ác.

Acético:OGR)

30 °C

3 horas

*OGE: Óleo de Girassol Epoxidado.

**OGR: Óleo de Girassol Refinado.

Além das estequiometrias, tempo e temperatura, o que diferencia essas

formulações é o procedimento a que foram submetidas. Para o OGE1, OGE2, OGE3,

OGE4 o procedimento adotado se deu da seguinte maneira: as quantidades de cada

reagente foram determinadas por meio de cálculos estequiométricos, baseados no número

de insaturações dos ácidos graxos (oléico-1, linoléico-2, linolênico-3) com 50% de excesso

para garantir que a reação ocorra. A reação ocorre adicionando ao óleo vegetal (girassol),

ácido acético e 3,26% de ácido sulfúrico (catalisador) por 30 minutos em agitação. Em

seguida, adiciona-se peróxido de hidrogênio a 35% gotejando até o término do reagente

por volta de 20 minutos. Deixa-se por mais 4 horas e 30 minutos sob agitação a

temperatura determinada a cada formulação, exceto para as amostras OGE1 e OGE3 que

foram apenas 2 h de reações.

Para os óleos OGE5 e OGE6, ocorreram os procedimentos iniciais utilizando nas

sínteses anteriores. Entretanto, sem o catalisador em sua composição e com mudança do

ácido, para essas amostras – OGE5 e OGE6 – fez-se uso do ácido fórmico com tempos

diferentes. A diferença do procedimento do óleo OGE7 em relação aos óleos anteriores é

que em vez de gotejar o peróxido de hidrogênio após 30 minutos do início da reação, foi

adicionado todo de uma vez e foi usado rota peracética.

Diferentemente das sínteses anteriores, para os óleos de girassol refinado,

nomeados respectivamente em OGE8, OGE9, OGE10, OGE11, OGE12 e OGE13

adicionou-se o ácido fórmico nas amostras OGE8, OGE9, OGE10 e o ácido acético nos

OGE11, OGE12, OGE13, sem catalisador. Em seguida, adicionou-se o peróxido de

hidrogênio em três partes iguais, a saber: 1/3, 2/3 e 3/3, num determinado tempo de 30

minutos após início da reação com tempo e temperatura determinada de cada formulação

sem gotejar.

Após o tempo de síntese, os óleos foram colocados em um funil de decantação

para separação das fases. Então, na tentativa de avaliar a como se encontrava o índice de

acidez de cada óleo, utilizou-se de papeis indicadores, que sugeriram um alto acidez

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presente em todas as amostras. Dessa maneira, em cada síntese, foi necessário fazer uma

neutralização do biolubrificante devido à sua acidez depois da reação de epoxidação, pois,

ao terminar a síntese, verificou-se o pH dos biolubrificantes verificando um pH em uma

escala entre 1 a 3. Assim, lavou-se com água destilada a uma temperatura de 70°C até

chegar ao pH neutro (pH 6-7). E finalmente seca-se o óleo lubrificante a 90-100°C por 4

horas, pois é importante para retirar o máximo de água possível. Após a secagem do óleo,

dá-se início a caracterização físico-química.

2.1. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DOS BIOLUBRIFICANTES

Os biolubrificantes foram caracterizados quanto à sua densidade, acidez, índice de

iodo, teor de epóxi. A partir dessas análises citadas fez-se uma triagem de resultados e

continuou-se analisando os melhores biolubrificantes adicionando análises de viscosidade,

índice de viscosidade e TGA em relação ao óleo mineral básico utilizado nas engrenagens

de turbinas eólicas atualmente. Na Figura 2.4 observa-se o esquema utilizado para a

caracterização físico-química dos Biolubrificantes sintetizados aqui nesse trabalho.

Figura 2.4: Esquema da caracterização físico-química dos Biolubrificantes

2.1.1. Densidade

Essa análise foi realizada em picnômetros, no qual se pesou o picnômetro vazio,

em seguida com água destilada. Após lavar e secar o picnômetro pesou-se em balança

analítica com o óleo lubrificante e o óleo puro de girassol. Essa análise foi realizada no

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Laboratório de Química da Escola de Ciência e Tecnologia, segundo a norma do Instituto

Adolfo Lutz (1985 p. 18-21).

2.1.2. Acidez

Essa análise determina o teor de ácido livre em um óleo vegetal. Pesa-se, com

exatidão, aproximadamente, 5 g de óleo vegetal diretamente dentro de um erlenmeyer de

250 mL. Adiciona-se 50 mL de uma mistura recém-preparada de éter etílico – etanol (1:1).

Faz-se a mistura na capela, aquecendo-a levemente para facilitar a solubilização.

Adicionam-se 2 a 3 gotas de fenolftaleína e titula-se com solução de hidróxido de sódio

0,02 mol/L, até coloração rósea persistente por 15 segundos. Essa análise foi realizada no

Laboratório de Química da ECT segundo norma do Instituto Adolfo Lutz (1985, p. 25). A

determinação da acidez foi feita pela equação (1):

Equação (01)

Sendo:

B = volume gasto de NaOH (m3)

Mb = molaridade do NaOH (mol)

Ma = massa de amostra pesada (g)

2.1.3. Índice de Iodo

Ele é utilizado para medir o grau de insaturação de um óleo ou gordura, expresso

em centigramas de iodo absorvido por grama de amostra (% de iodo absorvido). Quanto

maior o índice de iodo, mais ligações insaturadas estão presentes no óleo ou gordura

analisados. Essa análise foi realizada no Laboratório de Química Tecnológica da ECT

segundo Akishino (2008, p. 69). O índice de iodo foi determinado pela equação 2:

Equação (02)

na qual:

A: peso da amostra

B: consumo de solução de tiossulfato de sódio na titulação da prova em

branco

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C: consumo de solução de tiossulfato de sódio na titulação da amostra

N: normalidade de tiossulfato de sódio utilizado na solução.

2.1.4. Análise Térmica (TG)

Utilizou-se 10 mg da amostra de óleo de girassol epoxidado, numa taxa de

aquecimento de 10 °C/min, iniciando a corrida em 25 °C e chegando aos 600 °C, em

atmosfera de nitrogênio e de ar atmosférico a um de fluxo de 50 mL/min.

2.1.5. Índice de Oxirano

Os grupos epóxi presentes em ácidos graxos podem ser determinados através da

reação do material epoxidado com um excesso de halogênio, utilizando um solvente

adequado. O teor de oxirano absorvido (%) é calculado em função da quantidade de halogênio

consumido. Essa analise foi realizada no Laboratório de Química da ECT, seguindo a Norma

ASTM D 1652.

Na determinação do índice de oxirano, pesou-se 0,4 g da amostra do epóxido num

erlenmeyer, e então, adicionou-se 15 mL de diclorometano sob agitação. Em seguida,

adicionou-se 10 mL da solução de brometo de tetraetilamônio e 8 gotas do indicador de

violeta. Por fim, titulou-se com uma solução de ácido perclórico 0,1N até que a solução

passasse da cor azulada para esverdeada sendo anotado, o volume gasto na titulação. A cor

verde deve ficar estável por pelo menos 30 segundos.

O cálculo do teor de epóxido (I.O) foi realizado de acordo com as equações 3, 4 e 5:

Porcentagem em peso de epóxido (E):

Equação (03)

E = Porcentagem do teor de epóxido, %;

V = Volume gasto na titulação, em ml;

N = Normalidade da solução de ácido perclorico;

W = Massa da amostra de epóxido purificado, em g.

Peso equivalente em epóxido (WEEW):

Equação (04)

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45

Onde 43 = massa molar do anel epóxido

Porcentagem em peso do oxigênio oxirano (O)

Equação (05)

2.1.6. Viscosidade e Índice de Viscosidade

A análise de viscosidade foi realizada no Laboratório de Combustíveis e

Lubrificantes (NUPEG – Núcleo de Petróleo e Gás) com o Reômetro, que é um

viscosímetro rotacional medindo assim, por uma velocidade angular de uma parte móvel

separada de uma parte fixa pelo líquido.

Foram utilizadas 150 mL das amostras (Óleo de Girassol Puro e Óleo de Girassol

Epoxidado) para análise de viscosidade no equipamento Reômetro de modelo

CONTENCO e fabricante PAVITEST, com dois níveis de temperatura (40°C e 100°C). O

índice de viscosidade é obtido pela norma ABNT NBR-14358, cujo cálculo é baseado nos

valores da viscosidade cinemática às temperaturas de 40º C e 100 º C. Quanto mais alto o

IV, menor o efeito da temperatura sobre a viscosidade do produto.

A Norma Brasileira NBR 14358 de 2005, baseada no método ASTM 2270, indica

toda a metodologia para se obter o IV de um produto, através de tabelas padronizadas que

indicam os parâmetros adotados pelo método em questão.

Para efeito de composição das tabelas para o cálculo do IV, foram tomados como

referência dois óleos básicos padrões: um proveniente da Pensilvânia e outro do Golfo do

México, aos quais foram conferidos os valores arbitrários de 0 (zero) e 100 (cem)

respectivamente para os seus IV’s. A partir daí, elaborou-se uma tabela com os valores de

viscosidade a 40º C dos dois óleos básicos medidos em centistokes ou milímetro quadrado

por segundo. Para o óleo com IV=0, esses valores situam-se na coluna nomeada pela letra

L e para o óleo com IV=100 esses valores estão na coluna denominada pela letra H. A

tabela apresentada só é aplicada a produtos de petróleo com viscosidade cinemática entre 2

cSt e 70 cSt. Se chamarmos pela letra U a viscosidade cinemática em cSt. a 40ºC do

produto cujo IV se deseja calcular, o cálculo do IV será dado pela seguinte equação 6:

Equação (06)

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na tabela 2.2, podem-se observar os resultados das análises realizadas para

verificar a qualidade dos biolubrificantes.

Tabela 2.2: Características Físico-Químicas dos Lubrificantes.

Óleos/ CFQ* Densidade

(g/cm3)

Acidez (mg de

KOH em 1 g de

gordura).

Índice de Iodo

(g I2/100 g de

gordura).

Índice de Epóxi

(% de oxiranos)

OGE1 0,9157 0,553 2,88 17,4

OGE2 0,9176 0,3 2,69 6,7

OGE3 0,9155 1,42 2,82 32,26

OGE4 0,9245 0,38 3,18 25,7

OGE5 0,9559 0,22 2,88 47

OGE6 0,9215 0,27 2,98 31

OGE7 0,9233 0,22 3,18 32

OGE8 0,9529 0,16 2,77 22,31

OGE9** - 0,11 8,72 45

OGE10** - 1,57 14,45 29,4

OGE11** - 0.16 2,94 31

OGE12** - 0,17 21,16 13,4

OGE13 0,9170 0,11 2,67 23,31

* Características Físico-Químicas

**Esses biolubrificantes obtiveram pouco rendimento, portanto, não foi suficiente para realizar o

ensaio de densidade pelo método de picnômetro.

Os óleos modificados quimicamente melhoram suas propriedades físico-químicas,

ou seja, uma reação de epoxidação pode aumentar de forma significativa a viscosidade,

aumenta densidade, reduz acidez, entre outras propriedades, como Neto (1999) relata em

seus estudos e podendo ser observada na Tabela 2.2 acima onde a densidade de todos foi

semelhante ou maiores que o do óleo refinado que é de (0,9150 –0,9200 g/cm3) a uma

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temperatura de 25oC. Porém, o óleo OGE5 foi o que depois da reação de epoxidação ficou

mais denso, com 0,9559 g/cm3, o que é bom para o biolubrificante, pois, com maior

densidade, aumenta também a viscosidade, que é muito importante na lubrificação de

superfícies metálicas. E para aerogeradores, os valores de viscosidade e densidade deste

trabalho estão de acordo com as normas DIN 51 517.

Quanto à acidez, todos apresentaram valores desejáveis para um bom

biolubrificante. Conforme Farias (2010) o óleo de girassol deve ter acidez de no máximo

2% pelo método indicador na faixa: (0,00 a 2,00) mg/g KOH pela ASTM D 974/08e1 e

NBR 14248/2009, o que é excelente, pois uma alta acidez nos biolubrificantes não é

recomendável devido à ocorrência de oxidação, hidrólise e até fermentação, o que

contribui para diminuir o estado de conservação do lubrificante vegetal. Os melhores

resultados de acidez foram para os óleos OGE9 e OGE13 com 0,11 mg/g KOH.

Para verificar a eficiência do método utilizado para a reação de epoxidação, foi

utilizado o índice de epóxi – quantidade de oxiranos na estrutura química da cadeia

carbônica do óleo vegetal – e o índice de iodo – número de centigramas de iodo absorvidos

por 1 grama de gordura. Os resultados para essas análises podem ser observados na Tabela

2.2.

Avaliando a Tabela 2.2 percebe-se que os índices de iodo foram baixos para os

seguintes biolubrificantes: OGE1, OGE2, OGE3, OGE4, OGE5, OGE6, OGE7, OGE8,

OGE11 e OGE13, indicando a eficiência da epoxidação ao comparar esses resultados com

os índices de iodo dos óleos comerciais refinados de girassol, segundo Farias (2010),

encontram-se na faixa de 110 a 143 g I2/100g.

Em relação ao índice de oxiranos, quanto maior a porcentagem de oxiranos

melhor para indicar uma epoxidação. Pela tabela, o OGE5 e o OGE9 obtiveram as

melhores porcentagens, porém o OGE9 não obteve um bom rendimento na reação,

ocorrendo também com o OGE10, OGE11, OGE12. Esse fato, acarretou não sendo

possível realizar todas as análises.

Observando esses fatos, escolheu-se o OGE5 e óleo mineral base para continuar

as próximas análises físico-químicas como: viscosidade, índice de viscosidade e TGA.

Essa escolha se deu pela maior densidade apresentada, baixa acidez, baixo índice de iodo e

um bom percentual de oxirano na sua cadeia carbônica. O óleo sintético básico não foi

estudado devido ao iniciar testes de pressão de vapor no equipamento para deposição

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sputtering o óleo não suportou a pressão e evaporava podendo causar problemas ao

equipamento.

3.1.ÓLEO DE GIRASSOL MODIFICADO QUÍMICO-FISICAMENTE (OGE5)

E ÓLEO MINERAL

Na Tabela 2.3, apresentam-se os valores de densidade, viscosidade, TGA e índice

de viscosidade do OGE5 comparado ao óleo mineral que poderão ser utilizados nas

engrenagens de turbinas eólicas.

Tabela 2.3: Características Físico-Químicas dos Lubrificantes

Óleos/ CFQ* Densidade

(g/cm3)

Viscosidade a

40 ºC / 100 ºC

(cSt)

Índice de

Viscosidade

TGA

(°C)

OGE5 0,9559 78,7/12,1 149 310

Mineral 0,8474 13,5/3,20 107 180

Observando a Tabela 2.3, o óleo OGE5 obteve maior densidade, estabilidade

térmica, índice de viscosidade e maior viscosidade que o óleo mineral.

A viscosidade para o OGE5 obteve valor superior em relação ao óleo mineral a

40 ºC e 100 ºC (Tabela 2.3). Igualmente em relação ao óleo vegetal comercial (27,57/5,7

cSt) a 40 °C e 100 °C respectivamente, o OGE5 é maior e isso se explica devido aos

lubrificantes vegetais terem uma viscosidade aumentada com a modificação química

(reação de epoxidação) mesmo quando este biolubrificante é submetido a altas

temperaturas (QUINTERO PEREZ, 2009; ARAÚJO et al., 2009).

Segundo Trajano (2013), quando os óleos lubrificantes são aquecidos a 100 ºC,

resulta em uma diminuição da viscosidade devido às classes desses óleos lubrificantes

apresentarem parâmetros reológicos e composições químicas diferentes. Deve-se

considerar que a viscosidade é uma característica fundamental para uma boa lubrificação.

Como o índice de viscosidade é um número que indica o grau de mudança da

viscosidade de um óleo a uma dada temperatura, os dois óleos lubrificantes obtiveram bons

índices, valores adequados para um lubrificante de boa qualidade. Um alto índice de

viscosidade indica uma menor mudança na viscosidade com o aumento da temperatura e

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um baixo índice ocorre o contrário. Assim o biolubrificante tem sua viscosidade menos

afetada pela variação de temperatura.

A Figura 2.5 mostra a análise termogravimétrica do óleo de girassol epoxidado e

de um óleo mineral, para efeito de comparação. O gráfico confirma o valor da tabela 2.2 do

equilíbrio químico do óleo de girassol (OGE5) em relação ao óleo mineral.

Figura 2.5: a) TG dos óleos básicos – lubrificantes; b) TGA e DTA do óleo de

Girassol epoxidado

a)

b)

Para a curva TGA (Figura 2.5) do óleo de girassol epoxidado houve uma etapa de

perda de massa no intervalo de 310 – 475 °C devido à decomposição dos ácidos graxos -

decomposição maior do ácido linoleico - que é a porcentagem maior na composição

química do óleo de girassol epoxidado, com um valor de perda de massa próxima aos 99,9

%. Próximo ao ponto de perda de massa houve também um ponto endotérmico (próximo a

370ºC e com DTA a -20 uV) e outro ponto exotérmico em 400ºC e ± -6 uV de DTA, o que

indica primeiro uma absorção de calor para que ocorra a perda de massa e liberação de

calor até que o composto orgânico vire cinzas – para isso ocorrer, ainda observa-se no

gráfico dois pontos endotérmicos (410ºC-430ºC) e dois pontos exotérmicos (420ºC-

450ºC).

O óleo mineral pode, quando aquecido, em presença de oxigênio, acima de 200

ºC, gerar vapor de água e, acima de 400 ºC, originar metano, etano, etileno e dióxido de

carbono, segundo Piluski e Hotza (2008). Em seus estudos, Piluski e Hotza (2008), ainda

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afirmam que a perda de vapor de água, desidroxilação e volatilidade do óleo mineral são de

aproximadamente 16,95%, indicando que o resultado desta pesquisa está de acordo com a

literatura e com experimentos já realizados anteriormente.

Portanto, o OGE5 possui características físicas e químicas excelentes para um

bom lubrificante comparando com o óleo mineral. O OGE5 possui algumas vantagens em

relação ao óleo mineral e uma dessas vantagens é que o óleo vegetal é oriundo de um

recurso natural renovável e não polui o meio ambiente.

4. CONCLUSÕES

De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que:

O OGE5 escolhido dentre os demais óleos sintetizados foi o melhor devido

ter obtido maior porcentagem de índice de oxirano na sua composição,

baixa acidez, baixo índice de iodo;

O OGE5 também obteve melhor índice de viscosidade, densidade e

estabilidade térmica em relação ao óleo básico mineral;

A melhor rota de síntese foi usando a estequiometria 11:5:1 (H2O2: Ác.

Fórmico:Óleo de Girassol Refinado) em 3 horas à 30ºC, gotejando o

peróxido de hidrogênio até o término do reagente após 30 minutos iniciais

da síntese.

Sendo assim, o óleo vegetal modificado químico-fisicamente OGE5 escolhidofoi

o melhor em relação as suas propriedades físico-químicas e a qualidade do mesmo,

podendo ser um ótimo substituto ao óleo mineral atendendo as novas adaptações

ambientais e podendo utilizar como biolubrificante nas engrenagens de turbinas eólicas.

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CAPÍTULO 3: Síntese de Nanopartículas por Deposição Sputtering em

Biolubrificantes

Figura 3: Ilustração de uma deposição sputtering para formar nanopartículas em substratos

líquidos.

Fonte: PHYSICS (2017)

“A ciência é a experiência, e a experiência é um manto que se tece ao longo de vários

séculos; e quanto mais o manto se estende, mais a ciência é completa e segura”.

C. Bini

“A ciência de hoje é a tecnologia de amanhã”.

Edward Teller

Alvo

Íons de gás Ar

Plasma

Átomo Pulverizado

Amostra

Bomba de Vácuo

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1. INTRODUÇÃO

A característica mais importante que define uma nanopartícula é o tamanho. Uma

nanopartícula é uma partícula tendo uma dimensão da ordem de 100 nanômetros.

Nanopartículas (NPS) têm atraído cada vez mais a atenção da comunidade científica e

prometem desempenhar um papel importante no desenvolvimento de novas tecnologias

(BURDA et al., 2005).

Dessa maneira, o tamanho das nanopartículas é responsável por suas

propriedades. O primeiro fator que influencia essas propriedades é a área superficial das

nanopartículas em relação ao volume e o segundo fator é o efeito de confinamento

quântico (aumento da energia para partículas de dimensões nanométricas).

Em contrapartida, um dos maiores problemas das nanopartículas é a dispersão em

óleos lubrificantes. Isso foi comprovado por Trajano, (2013) que utilizou NPs de CuO e

ZnO em óleos vegetais, sintéticos e minerais, não obtendo êxito na dispersão dessas

nanopartículas. Existem métodos físicos e químicos para obtenção das nanopartículas que

podem melhorar a dispersão nos óleos.Sobre os métodos físicos, os materiais são

transformados a escala nanométrica, especificamente, por meio de sua interação com os

fótons, calor ou íons ou por moagem mecânica.

Se tratando da interação com fótons, é possível destacar as técnicas de laser, tais como a

deposição por laser e fragmentação de partículas induzida por laser, conforme estudo de Gelesky et

al. (2005). Em relação a matéria modificada por calor, o material sólido é evaporado e

recristalizado a escala nano. Quanto a moagem mecânica, baseia-se na moagem de partículas

grandes e com maiores quantidades de material até que seja finamente dividido em partículas de

dimensões nanométricas (DAI et al., 2003).

Ambos os métodos químicos e físicos têm as suas vantagens e podem ser

complementares. A síntese química é muito versátil em termos de controle da dimensão do

tamanho de partícula e permitindo uma variedade de aplicações, entrentanto, geralmente,

gera subprodutos nocivos e NPS com limitada pureza. Por outro lado, os métodos físicos

possuem metodologias limpas para a produção de nanopartículas, e a pureza dos materiais

produzidos é o mesmo que o material de partida (WENDER et al., 2013), fazendo com que

se sobrepõe a sua utilização para a síntese de NPS.

Tentando combinar metodologias pode-se abrir um novo caminho para sintetizar

nanopartículas com tamanho e formas controladas e com alta pureza. Neste cenário, a

deposição por sputtering sobre um substrato de líquido pode ser considerada como o

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método mais adequado para dar origem a novas nano (WENDER et al., 2010;

TORIMOTO et al. 2006).

O sputtering, uma das técnicas mais usadas para a produção de filmes finos, foi

desenvolvida há aproximadamente 150 anos por Sir William Robert Grave, que a chamou

de “desintegração catódica” e já estava em uso como uma ferramenta para a deposição na

pesquisa de filmes finos magnéticos em 1925. Entre os motivos que a tornam tão popular

podemos destacar a sua versatilidade, a boa aderência do filme ao substrato e a excelente

reprodutibilidade.

Dessa maneira, pode-se enfatizar que Essas características permitem a deposição de

filmes de diferentes tipos de metais, suas ligas e até mesmo materiais dielétricos em

diversos tipos de substratos que podem está aquecidos em um extenso intervalo de

temperaturas. Além disso, a atmosfera para a deposição pode conter diferentes gases, como

oxigênio ou nitrogênio, criando reações químicas durante o processo de deposição

(formação) do filme fino (GOMES, 2007).

A técnica de sputtering tradicional de acordo com Oliveira (2006), consiste

basicamente no bombardeio de um material (alvo) por um feixe de átomos ionizados de um

gás inerte (argônio) por meio da aplicação de um campo elétrico feita por eletrodos, sendo

um deles (negativo) o alvo, dentro de uma câmara mantida a baixa pressão (da ordem de

10-3

Torr durante a deposição). Os íons positivos do gás são acelerados em direção ao alvo

colidindo com átomos e moléculas transferindo momento e energia e causando a ejeção de

átomos ou moléculas. Esses átomos ou moléculas ejetadas vão se depositando em um

substrato formando um filme fino (GUINNETON, 2005; OLIVEIRA, 2006).

Em relação ao material ejetado pelo desbaste (sputtering) é jogado em todas as

direções e uma parte atinge o substrato onde acaba por depositar-se, ou seja, formar o

filme. A espessura do filme é controlada através do conhecimento da taxa de deposição de

cada material e do tempo de exposição do substrato ao plasma. A taxa de deposição para

cada material é calibrada através da análise do espectro de difração de raios-X a baixo

ângulo do filme e o tempo de deposição pelo tempo em que um shutter permanece aberto

(GOMES, 2007). A Figura 3.1 mostra um esquema do equipamento sputtering.

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Figura 3.1: Representação esquemática do equipamento de sputtering.

Fonte: Gomes (2007)

O magnetron sputtering consiste em um aperfeiçoamento do sputtering que se usa

uma combinação de ímãs permanentes com a finalidade de criar um campo magnético que

aprisiona o plasma próximo do alvo. A ação do campo magnético sobre o alvo aumenta a

chance de colisão dos íons do plasma com o alvo e aumenta a chance de colisão entre

elétrons livres com átomos do gás, aumentando assim a eficiência de ionização e as taxas

de deposição (OLIVEIRA, 2006).

A aplicação de um campo elétrico através da diferença de potencial dos eletrodos

faz com que o gás adquira estado de plasma. Esta diferença de potencial entre os eletrodos

pode ser corrente contínua (Direct Courrent – DC) ou de rádio frequência (RF). O uso da

diferença de potencial DC se restringe apenas para alvos condutores, pois para alvos

isolantes, as primeiras colisões criam uma blindagem elétrica no alvo impedindo a

aceleração de outros átomos ionizados bem como a saída de elétrons secundários, ou seja,

o plasma não se auto sustenta (KWAN, 1972; OLIVEIRA, 2006).

Usando o magnetron sputtering com fonte RF, os elétrons livres oscilam com

energia o bastante para criar a ionização dos átomos do gás de trabalho e torna o plasma

sustentável bem como reduz o efeito de blindagem elétrica em alvos isolantes uma vez que

a polarização da superfície do alvo oscila entre positivo e negativo (OLIVEIRA, 2006). E

os parâmetros que controlam o processo de pulverização catódica são a voltagem (V), a

corrente de descarga (I), distância entre o alvo e o substrato (d), e pressão de trabalho (P).

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Por meio do controle desses parâmetros, é possível controlar a taxa de pulverização

catódica, a velocidade dos átomos ejetados e suas possíveis perdas de energia.

Alguns anos atrás foram demonstrados que a pulverização pode também ser

realizada em substratos líquidos, por exemplo: óleo de silicone, LIs e óleos vegetais

(WAGENER et al., 1999). Na verdade, esse processo pode ser realizado em qualquer

líquido que tenha uma pressão de vapor suficientemente baixa para ser introduzido no

interior de um vácuo.

Ye et al., (1996) relatam em seus estudos que o primeiro depósito de pulverização

catódica sobre um substrato líquido foi realizado com a prata diretamente no óleo de

silicone puro. Durante o processo de deposição por pulverização, uma estrutura percolada -

(movimento e filtragem de fluidos por materiais porosos) – apareceu e, em seguida, os

conjuntos de prata formados na superfície do óleo aumentaram gradualmente e

conectaram-se uns com os outros formando um filme contínuo, áspero de Prata com

distintas morfologias na superfície.

Em sua primeira pesquisa, Wagener et al., (1999) utilizaram o óleo de silicone

para obter nanopartículas coloidais metálicas pela deposição por pulverização catódica. No

entanto, o óleo de silicone não é um bom agente estabilizador e foram obtidos colóides

não-estáveis. Para evitar a aglomeração é necessário utilizar outro substrato líquido para a

deposição por sputtering direta de nanopartículas sem a adição de estabilizadores. Dessa

forma, os óleos vegetais são uma alternativa para que ocorra esta estabilização.

Os óleos vegetais são novos substratos líquidos e promissores para pulverização

catódica por deposição. A vantagem de usar os óleos vegetais é que eles são abundantes,

de baixo custo, biocompatíveis e também estabilizam o tamanho de partícula dos metais

utilizados na reação por meio da redução química (SILVA et al., 2008). Além disso, de

acordo com Ye et al., (1996), a deposição de pulverização não requer a adição de agentes

redutores para a produção de nanopartículas, permitindo nanoestruturas menos tóxicas para

aplicações in situ. Assim, esta abordagem fornece uma maneira fácil, de baixo custo e de

síntese rápida, com aplicações potenciais nos campos da biologia, tribologia e da medicina.

Wender et al., (2011) demonstraram que a formação de nanopartículas ou filmes

finos depende das tensões aplicadas e a capacidade das partículas ultrapassarem as tensões

superficiais dos diferentes óleos vegetais usados. As voltagens de descarga inferiores e/ou

capacidades de coordenação na superfície inferior levaram à formação de um filme.

Enquanto isso, o oposto, levou à formação de nanopartículas. A pulverização de um alvo

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de Ouro diretamente para o óleo de rícino levou à formação de nanopartículas

biocompatíveis. O uso de altas tensões durante pulverização resultou em nanopartículas de

maiores dimensões e maior tempo de pulverização não afetou as suas dimensões médias

(WENDER et al., 2010).

A Figura 3.2 mostra o esquema que trata desse assunto. A tensão de descarga

quando é maior, significa difusividades mais elevadas sobre a superfície do líquido –

indicado pelas setas vermelhas –, para facilitar a penetração e/ou fixação dos átomos /

núcleo para os grupos funcionais da superfície do líquido. Para os líquidos estudados nessa

trabalho, as nanopartículas foram facilmente formadas em óleo de rícino, que tem um

grupo hidroxila em quase todas as condições de pulverização. Enquanto que no óleo de

canola, que é predominantemente composto por ligações insaturadas, cadeias alifáticas, e

em triglicérides caprílico / cáprico (CCT - compostos exclusivamente por cadeias alquil

saturadas) foram formadas películas finas com baixas voltagens e NPs foram formadas em

altas tensões de descarga. Quanto menor for à capacidade das partículas quebrarem a

tensão superficial nos óleos, maior será a descarga de tensão necessária para formar

nanopartículas coloidais.

Figura 3.2: Ilustração esquemática da formação de Ag NPs através da deposição de pulverização catódica de

Ag em diferentes líquidos biocompatíveis.

Fonte: Adaptado de Wender et al. (2011)

O ambiente em que as nanopartículas metálicas são formadas deve ser dependente

de quão profundamente os átomos no equipamento sputtering podem entrar na fase líquida

da amostra. Em outras palavras, a extensão da penetração dos átomos é uma função da sua

energia cinética.

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Assim, a pulverização catódica tem de atender as seguintes condições: tensão,

pressão de gás inerte, temperatura e distância entre o alvo e o líquido, tendo em vista que

esses influenciam a distribuição do tamanho das NPs. As propriedades do meio líquido

(superfície ou a granel) controlam a cinética de crescimento. Entretanto, menor tensão

forma filme fino na superfície.

Dito isso, observa-se na Figura 3.3 (um exemplo com Cobre porém, aplicável para

outros elementos metálicos) como ocorre a dispersão das partículas até formar a

nanopartícula.

Figura 3.3: Ilustração adaptada Wender e colaboradores (2010) de como ocorre à deposição por

pulverização catódica para formar nanopartículas em substratos líquidos.

Fonte: Adaptado de Wender et. al., (2010)

Nessa Figura 3.3 observa-se o crescimento das partículas desde o início até a

formação das nanopartículas. Para isso os átomos iniciais passam pelo processo de

deposição por sputtering e logo em seguida quando adentram no substrato líquido sofrem

uma nucleação (etapa que se obtém os óxidos metálicos, sulfetos metálicos). As partículas

crescem e logo em seguida tornam-se nanopartículas. E essas nanopartículas precisam ser

caracterizadas em relação a tamanho, dispersão e forma.

Segundo Silva (2015), uma das técnicas mais promissoras utilizadas para verificar

essas nanopartículas é por imagens de MEV, MET e (Small-angle X-ray Scattering -

SAXS). No entanto, quando não há separação das nanopartículas facilmente, o SAXS é a

melhor alternativa, por ser um método analítico que determina as estruturas das partículas

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em termos de tamanho médio de partícula e suas formas. Além disso, pode avaliar a

estabilidade das partículas em solução.

O estudo de estabilidade se faz necessário para determinar o tipo de sistema que

será aplicado nos testes tribológicos e outros sistemas de aplicação. O SAXS, segundo

Silva (2015) é um método analítico muito útil para estudar esse tipo de sistema, tendo em

vista que pode fornecer, entre outras informações, o tamanho médio e forma das partículas.

E o mais interessante é que a medida pode ser realizada com as NPs dispersas em óleo o

que fornece uma informação mais real do que ocorre, em solução, antes e após a adição do

cobre.

O SAXS usa um feixe de raio-X que interage com os elétrons do material e o

número de fótons espalhados pela amostra é contado como função do ângulo de

espalhamento (θ) da Lei de Bragg, sendo que, quanto maior for a partícula, seu

espalhamento estará concentrado em menores intervalos de θ. Deste modo, é possível

relacionar a intensidade do espalhamento, I(s) versus o módulo do vetor de espalhamento,

s obtendo assim um perfil de espalhamento que será característico de cada amostra

(GLATTER; KRATKY, 1982; SILVA, 2015).

O perfil das curvas de SAXS ocorre por meio do tamanho médio e a inclinação

final em ângulos maiores, a informação a respeito da estrutura da partícula que está

relacionada com fator forma, P(r). Cada partícula tem um fator forma característica (Figura

3.4 deste capítulo) (FEIGIN e SVERGUN, 1987; SCHNABLEGGER e SINGH, 2013).

Figura 3.4: As principais características dos gráficos, que são indicativos para a forma da partícula.

Fonte: Schnablegger e Singh (2013)

Globular

Cilíndrico

Lamelar

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Se tratando de aglomerações esse método também é capaz de observar agregações

das nanopartículas. É comparativamente fácil reconhecer os gráficos de agregados, isto é,

de partículas que ficam juntas porque mostra um segundo pico. Mas em contraste com o

segundo pico no gráfico de uma partícula núcleo-casca, é menor do que o primeiro pico

(ver Figura 3.5 e 3.6) conforme demonstrado por Schnablegger e Singh (2013).

Figura 3.5: Comportamento das partículas esféricas com e sem aglomeração.

Fonte: Schnablegger e Singh (2013)

Figura 3.6: O agregado de duas subunidades faz um gráfico que pode ser reconhecido por um segundo pico.

a) b)

Fonte: Schnablegger e Singh (2013)

Outro fato importante a relatar, de acordo com Silva (2015), em relação ao

tamanho é o raio de giração, que é determinado pela aproximação por uma curva

Gaussiana em ângulos menores. Guinier em 1939 afirmou que essa Gaussiana é

determinada pelo tamanho total das partículas, segundo a equação 1 (SILVA, 2015):

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Equação (01)

O RG é o parâmetro de tamanho denominado de “raio de giração”. Trata-se de um

modelo independente, ou seja, não contém informação alguma sobre estrutura interna e

forma das partículas (SILVA, 2015; FEIGIN e SVERGUN, 1987). Porém, mesmo que esse

modelo seja independente, quando tem informação a respeito da forma das partículas é

possível calcular as dimensões destas partículas (r), utilizando o raio de giração (Rg).

Logo, os sistemas acima pelos gráficos de distribuição de partícula, podem ser constituídos

por partículas esféricas e o R pode ser determinado por

(SCHNABLEGGER;

SINGH, 2013).

Em muitas situações não é fácil definir a dimensão das partículas, devido à sua

forma muito irregular. Quando as partículas têm a forma esférica ou aproximadamente

esférica, é relativamente simples definir seus diâmetros. Na Figura 3.7 observa-se o cálculo

para o diâmetro de partículas.

Figura 3.7: A área da projeção da partícula num plano (área de cor verde) é igual à área do círculo de cor

amarela, e que tem o diâmetro D(Heywood)

dSauter = 6. Volume partícula/Superfície da partícula

Cada partícula produz um fator de forma que é característico de sua estrutura. A

inclinação do fator de forma em pequenos ângulos é determinada principalmente pelo

tamanho total e a inclinação final em grandes ângulos carrega a informação da superfície.

As informações sobre a forma e a distribuição da densidade interna estão na parte oscilante

na seção média do fator de forma, como pode ser analisado na Figura 3.8, por

Schnablegger e Singh (2013).

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Figura 3.8: Os domínios de informação de um fator de forma de partícula.

Fonte: Schnablegger e Singh (2013)

A dispersão de uma partícula, que é feita de muitos átomos, pode ser explicada

como o padrão de interferência produzido por todas as ondas que são enviadas para o

detector a partir de cada elétron / átomo dentro da partícula (Figura 3.9).

Figura 3.9: O fator forma P (q) de partícula é uma parte que interfere na oscilação de como são os tipos de

formas das partículas.

Fonte: Schnablegger e Singh (2013)

Como pode-se observar na Figura 3.9, as amplitudes de onda que estão na posição

do detector resulta no quadrado da soma com um padrão de interferência (espalhamento).

Segundo Schnablegger e Singh (2013), este padrão oscila de uma forma que é

característica para a forma da partícula. Ele é, portanto, chamado de "fator de forma". É um

"fator", porque ele deve ser escalado com uma constante, a fim de coincidir com as

unidades de intensidade experimental. Para a determinação da estrutura o fator de escala

não é necessário. Nas aplicações práticas, muitas partículas são iluminadas ao mesmo

tempo e o padrão de dispersão observado corresponde ao fator de forma de uma única

partícula,

1. Se as partículas são todas idênticas em forma e tamanho (isto é, amostra

monodispersa), o que não é o caso deste trabalho e

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2. Se as partículas estiverem muito afastadas uma da outra (amostra

diluída).

Dito isso, esse capítulo tem como objetivo sintetizar nanopartículas de cobre

inorgânicas (Cu+) por deposição via sputtering em substratos líquidos.

2. METODOLOGIA

2.1.SÍNTESE DAS NANOPARTÍCULAS DE COBRE METÁLICO POR

DEPOSIÇÃO POR SPUTTERING

A deposição por sputtering foi realizada no equipamento DC-MS (Sputtering

Rapier/Orion da AJA) que está instalado no Laboratório de Nanoestruturas Magnéticas e

Semicondutoras do Departamento de Física da UFRN.

Para iniciar a deposição antes, faz-se necessário ter o vácuo. De acordo com Silva

(2012), uma bomba mecânica é ligada até atingir uma pressão da ordem de 10-2

Torr,

depois outra bomba do tipo turbo molecular é acionada podendo atingir uma pressão da

ordem de 10-7

Torr. Esse sistema de bombas de vácuo é utilizado para remover resíduos da

atmosfera e das paredes da câmara. A pressão atingida pelo sistema de vácuo é conhecida

como pressão de base, no nosso caso a pressão de base alcançada foi da ordem de 10-6

Torr.

Antes da inserção do gás argônio (Ar) na câmara, é ligada a bomba de água do

sistema de refrigeração para manter os canhões a temperatura ambiente. O Ar (com pureza

de 99,99%) é injetado através da válvula agulha na câmara de deposição, até que a pressão

dentro da câmara atinja o valor da pressão de trabalho desejada. O controle da pressão do

Ar é feito por uma válvula que mantém a pressão de 5 psi. Posteriormente, foi instalado na

câmara de deposição um controlador de fluxo para a entrada de Ar, modelo Tylan Series

2900, que trabalha na faixa de 0 a 100 SCCM, operado via computador (SILVA, 2013).

Ao ser estabelecida a pressão de trabalho, a fonte DC, que alimenta a magnetron,

é ligada aplicando uma diferença de potencial contínua, da ordem de 300 V, entre os

eletrodos dentro da câmara. À medida que a voltagem aumenta o campo elétrico acelera os

elétrons livres até colidirem com os átomos de Ar e os ionizem, produzindo o plasma

(WASA et al., 1992 e SILVA, 2013). O plasma se mantém condensado nas proximidades

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do alvo com o auxílio de um campo magnético gerado por um conjunto de magnetos

permanentes (magnetron). Os parâmetros de sínteses estão descritos na Tabela 3.1.

Tabela 3.1: Parâmetros para a síntese das nanopartículas de Cu+ por Deposição Sputtering

Amostras

(mA)

Taxas de

Deposição

Tensão Potência Concentrações

(em peso)*

Pressão Distância Alvo

OGE 30 0,8 Å/s 307 V 10 W 0,05%

0,1%

0,3%

8,5x10-3

Torr ou

(10-6

Pa)

100 mm

Cu+

OGE 40 1,03 Å/s 327 V 14 W

OGE 50 1,51 Å/s 343 V 18 W

OM 30 0,8 Å/s 321 V 11 W

*Legenda: Para cada amostra foi realizado três ensaios – cada ensaio com uma concentração diferente.

OGE= Óleo de Girassol Epoxidado e OM= Óleo Mineral.

Foi realizada primeira uma deposição numa placa de vidro para calcular a taxa de

deposição de todas as amostras através da espessura de filme formada na placa, no qual foi

observada pela técnica de DRX.

Para calcular o tempo de deposição pôde-se seguir o seguinte raciocínio:

Sendo t a espessura e “A” a área do substrato, o volume de material depositado é

descrito na Equação 2:

Equação (02)

E escrevendo o volume em termos da densidade do Cu, tem-se a Equação 3:

Equação (03)

Logo,

Equação (04)

O tempo de deposição T pode ser expresso em termos da taxa de deposição

através da Equação 5:

Equação (05)

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Logo,

Equação (06)

A deposição por sputtering foi realizada com uma taxa de deposição calculada

para cada corrente, obtendo-se o valor de 0,8 Å/s para 30 mA, 1,03 Å/s para 40 mA e 1,51

Å/s para 50 mA nos dois óleos lubrificantes e colocado o gás argônio na câmara do

equipamento com uma pressão de 1,13 Pa (8,5x10-3 Torr) a uma temperatura ambiente (25

ºC).

Figura 3.10: Equipamento de Deposição Sputtering (a); (b); (c); (d); A fonte DC que alimenta os guns

(eletrodos), a fontes de alimentação das bombas mecânicas e turbo molecular, a fonte do aquecedor resistivo

e os módulos dos sensores de pressão. À esquerda a bomba mecânica Alcatel.

a) Equipamento de Deposição Sputtering

b) Alvo de Cobre Metálico

c) Óleo de Girassol Epoxidado ou

Mineral Base

d) Visão interna da câmara de deposição

evidenciando o porta-substrato e o porta-alvo

e) Visão do painel de controle do sistema.

Fonte: (b) (d) e (e) OLIVEIRA (2006)

Após síntese, é necessário aguardar 40 minutos para o desligamento da bomba

turbo molecular e retirado da amostra no equipamento.

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2.2.CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS

Utilizou-se um método top-down de aditivação de óleo. Top-down é um termo que

significa de cima para baixo e em sua essência implica em dividir os processos de alguma

coisa como a fabricação de um produto ou a criação de uma ideia para, desse modo,

utilizar essa fragmentação para tornar a compreensão de cada parte que compõem um todo

muito mais fácil de ser realizada.

As nanopartículas sintetizadas in situ no óleo vegetal (OGE5) e óleo mineral base

foram caracterizadas quanto à dispersão, tamanho de partícula, forma e composição

química. As análises realizadas foram: UV-vis, SAXS, Potencial Zeta para verificar a

estabilidade das nanopartículas in situ, FRX, TGA e FTIR. Observa-se na Figura 3.11 um

esquema da Caracterização das Nanopartículas de Cobre no Biolubrificante.

Figura 3.11: Esquema da Caracterização das Nanopartículas de Cobre no Biolubrificante

2.2.1. Espectroscopia na região do UV-visível

Essa técnica se refere à análise da absorção de luz por uma amostra (absorção

eletrônica). Luz UV e/ou visível numa faixa de comprimentos de ondas é passada pela

amostra, enquanto a quantidade de luz absorvida pela amostra é medida por um

espectrofotômetro. Simbolizando a intensidade da luz antes de passar pela amostra por I0 –

(intensidade da luz inicial) - e a intensidade da luz depois de passar pela amostra por I

(intensidade da luz final), tem-se que a transmitância da amostra é definida pela razão

(I/I0). Assim, a absorbância é determinada como uma função de uma faixa de comprimento

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de onda. A Figura 3.12 ilustra com um esquema do funcionamento de um

espectrofotômetro segundo Pompelli (2016).

Figura 3.12: Esquema do funcionamento de um espectrofotômetro

Fonte: Pompelli (2016)

A espectroscopia na região do UV-vis foi utilizada para monitoramento da

formação de CuNPs (nanopartículas de cobre metálico) em óleo vegetal e mineral mais

estabilizados através de bandas plasmóticas características.

Assim, as amostras foram diluídas no Laboratório do Instituto de Química –

UFRN no equipamento UV-VIS-NIR Personalizado Analisador de Espectro Portátil e

Handheld Fibra Óptica com Alta Resolução (0,35 nm a 1 nm). A faixa de comprimento

analisada foi de 200 nm a 850 nm.

Para cada amostra (100 mL) foi diluído em 1,4 mL do óleo básico (branco), pois a

lei de Beer-Lambert − estabelece uma relação entre a absorvência de uma solução e a sua

concentração, quando atravessada por uma radiação luminosa monocromática colimada

chamada de raios luminosos paralelos − tende a não ser válida para concentrações muito

elevadas.

2.2.2. Potencial Zeta

O potencial zeta é uma técnica utilizada para investigar a estabilidade de

suspensões ou emulsões coloidais. A medida baseia-se na carga superficial da partícula em

análise, de qualquer camada absorvida na interface com o meio, e da natureza e

composição do meio que a circunda. Esse potencial segundo Casanova (2010) reflete a

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carga efetiva nas partículas, que se correlaciona com a repulsão eletrostática entre elas, e

com a estabilidade da suspensão.

Para realizar essa análise utilizou-se 4 mL de cada amostra diluída com óleo de

girassol epoxidado para as amostras OGE e com óleo mineral para as amostras OM. Todos

com pH entre 6,0 e 7,0 medido por indicadores de pH.

A medida do potencial zeta foi utilizada neste trabalho para medir a carga

superficial das nanopartículas, sua estabilidade e tamanho de partícula (esse tamanho é

utilizado para medir o potencial zeta) no equipamento Zeta Plus – Zeta Potential Analysis

– fabricado pela Brookhaven Instruments Corporation e adiquirido pelo Laboratório

Núcleo de Petróleo e Gás– UFRN, mostrado na Figura 3.13.

Figura 3.13: Equipamento Zeta Plus – Zeta Potential Analysis.

O procedimento realizado foi de acordo com o esquema:

Nesse tipo de análise pode-se calcular o tamanho das partículas em solução e o

raio hidrodinâmico para verificar o potencial zeta após o tamanho de partícula. O cálculo é

obtido pela equação Stokes-Einstein:

;

Equação (07)

Sendo,

k é a constante de Boltzmann;

T é a temperatura;

η é a viscosidade do solvente;

Rh é o raio hidrodinâmico das partículas em solução.

Preparação das Amostras

(4 mL)

Fazer a medição do Tamanho de

Partícula

Fazer Medição do Potencial Zeta

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2.2.3. SAXS – Espalhamento de Raios-X a Baixo Ângulo

O SAXS é uma técnica de baixo ângulo de espalhamento (0,1-10°) onde a difusão

elástica de raios-X (comprimento de onda de 0,1 - 0,2 nm) por uma amostra que não é

homogênea. Esta gama angular contém informações sobre a forma e o tamanho de

macromoléculas, distâncias características de materiais parcialmente ordenados, tamanho

dos poros, e outros dados. O SAXS é capaz de fornecer informações sobre a estrutura de

macromoléculas entre 5 e 25 nm, de distâncias de repetição em sistemas parcialmente

ordenados de até 150 nm (GLATTER, 2008).

É uma técnica muito utilizada na caracterização de materiais. Os materiais podem

ser sólidos ou líquidos e podem conter sólidos, líquidos ou domínios gasosos (chamados

partículas) do mesmo ou de outro material, em qualquer combinação.

No equipamento de SAXS um feixe monocromático de raios-X é levado a uma

amostra verificando a dispersão das nanopartículas. Quanto melhor a dispersão das

nanopartículas no líquido, mais fácil ficará a análise.

Esta análise foi realizada no Laboratório NUPEG (Núcleo de Petróleo e Gás) –

UFRN com 2 mL de cada amostra. Essas amostras foram medidas utilizando uma câmera

(SAXSess Anton Paar, Áustria) conectado a um tubo gerador de raios-X (PW30-PA

Nalytical, Holanda), com radiação de CuK de comprimento de onda de 0.1542 nm, pelo

qual foi operado a 40 KV e 50 mA. O equipamento é mostrado na Figura 3.14.

Figura 3.14: Equipamento SAXS para análise de substratos líquidos.

As Figuras 3.15a-b mostram um esquema de como ocorre o procedimento da

análise:

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Figura 3.15: a) Esquema de como ocorre o procedimento da análise SAXS; b) Os componentes do

equipamento SAXS.

a)

Fonte: Pérez (2007)

b)2 α da Lei de Bragg

Fonte: Schnablegger e Singh (2013)

O sistema de colimação torna o feixe estreito e define a posição de ângulo zero. O

batente do feixe impede que o feixe incidente intenso acerte o detector, o que poderia

ofuscar a dispersão relativamente fraca da amostra e até mesmo destruir alguns dos

detectores.

2.2.4. Análise Térmica – Termogravimetria (TGA)

Termogravimetria é a técnica na qual a mudança da massa de uma substância é

medida em função da temperatura. O equipamento utilizado na análise termogravimétrica é

basicamente constituído por uma micro balança, um forno, termopares e um sistema de

fluxo de gás. O equipamento utilizado para os ensaios de análise térmica segue as

seguintes especificações: Analisador Térmico Simultâneo TG de Modelo DTG e

Fabricante Shimadzu.

Utiliza-se, então, 5 mg da amostra de óleo de girassol epoxidado, numa taxa de

aquecimento de 10 °C/min, iniciando a análise em 25 °C e chegando aos 600 °C, em

atmosfera de nitrogênio e de ar atmosférico a um de fluxo de 50 mL/min. Essa análise foi

realizada no laboratório de Análise Térmica do Instituto de Química da UFRN.

2.2.5. Fluorescência de Raios-X (FRX)

A FRX baseia-se na produção e detecção de raios-X. Essas radiações

eletromagnéticas de alta frequência tem comprimento de onda na faixa de 0,003 a 3 nm,

produzidos pelo fenômeno fotoelétrico, emitidos pelos elementos constituintes da amostra

quando irradiada com elétrons, prótons, raios-X ou gama com energias apropriadas. A

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radiação eletromagnética incidente interage com a amostra, ocorrendo absorção, emissão e

espalhamento de radiação eletromagnética. É uma técnica muito versátil, podendo ser

aplicada em diversas amostras, incluindo as de estado sólido e líquidas, sem necessitar de

tratamento exaustivo para a preparação destas matrizes, e também oferecendo a grande

vantagem de ser uma técnica analítica não destrutiva (SKOOG et al., 2009 e SANTOS et

al., 2013). Assim, na análise por fluorescência de raios-X existem três fases: excitação dos

elementos que constituem a amostra, dispersão dos raios-X característicos emitidos pela

amostra e detecção desses raios-X.

A análise foi feita com 2 mL de cada amostra no equipamento EDX-720/800HS

Energy Dispersive X-Ray Fluorescence Spectrometer da Shimadzu no Laboratório de

Caracterização Estrutural dos Materiais da UFRN.

2.2.6. Espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourrier

(FTIR - Fourier-transform infrared spectroscopy )

As medidas realizadas na região do infravermelho possibilitam o estudo de

amostras que se encontram na fase sólida, líquida ou gasosa. Quando aplicado em óleos

lubrificantes, tem como objetivo identificar qualitativamente a composição do mesmo,

detectando se a amostra foi formulada/adulterada com óleo vegetal, óleo básico naftênico

e/ou extrato aromático.

As análises foram realizadas no LAMMEN - Laboratório de Materiais

Multifuncionais e Experimentação Numérica -ECT UFRN em um espectrômetro

BRUKER, modelo: FT-IR VERTEX 70. Os espectros foram obtidos sob as seguintes

condições: faixa (400 – 4000 cm-1

); resolução (4 cm-1

); número de scans (16).

As velocidades de varredura do espelho móvel geralmente se encontram na faixa

de 0,01 a 3,1 cm/s, que permite a obtenção de um espectro completo na região de faixa 0,2

s. À resolução em número de onda para as configurações está na faixa de 0,2 a 5 cm1

(ALVES, 2009). A Figura 3.16 mostra um esquema de como funciona o espectrômetro de

infravermelho.

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Figura 3.16: Esquema de um espectrômetro de Infravermelho.

Fonte: Paolini (2008)

Um feixe de luz infravermelha é produzido e dividido em dois raios separados.

Uma passa pela a amostra, e o outro por uma referência que é normalmente a substância na

qual a mostra está dissolvida ou misturada. Ambos os feixes são refletidos de volta ao

detector, porém primeiro eles passam por divisor que rapidamente alterna qual dos dois

raios entra no detector. Os dois sinais são comparados e então os dados são coletados

(PAOLINI, 2008).

2.2.7. Análise de Espectroscopia RAMAN

A espectroscopia RAMAN foi realizada para certificar que as nanopartículas

depositadas no biolubrificante são apenas cobre. Para isso, uma amostra de 4 mL de óleo

epoxidado de girassol e aditivado com nanopartículas (amostra OGE 40.2) foi analisada

num Espectrômetro de Raman Witec, com lasers de 532 e 633 nm de comprimento de

onda, do laboratório de filmes finos da Universidade Federal Fluminense. Devido a

limitações técnicas, esta análise foi conduzida para apenas uma amostra.

2.2.8. Microscopia Eletrônica de Varredura - (MEV)

Para confirmar a forma das nanopartículas foi utilizada a técnica de microscopia

eletrônica de varredura, pela dificuldade de separar as nanopartículas do substrato, foi

adotada uma metodologia diferente. Gotejou-se a amostra 40.2 sobre substrato de Si

monocristalino e depois aqueceu a 450 ºC em atmosfera de Argônio por uma hora para

retirada do óleo (temperatura baseada em análise termogravimétrica e óleo de girassol

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epoxidado encontrado na literatura). Após este tratamento, o substrato de Si foi analisado

no MEV.

As imagens de MEV foram realizadas no Microscópio Eletrônico de Varredura de

alta resolução JEOL 7100, equipado com STEM e EDS, com fonte FEG, com aumento de

100.000 e 200.000 vezes, nos modos de elétrons secundários (mais sensível à topografia da

amostra) e de elétrons retroespalhados (mais sensível ao número atômico do elemento) na

Universidade Federal Fluminense - RJ.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Um bom lubrificante precisa ter algumas qualidades, específicas para que possa

desempenhar o seu principal papel que é lubrificar e proteger as superfícies em contato de

maior atrito e desgaste. Desta forma, as máquinas, peças e equipamentos podem ter uma

maior durabilidade.

Entre essas qualidades deve-se observar termogravimetria, a dispersão dos

aditivos em seu fluido, tamanhos e forma das partículas no lubrificante.

Assim, seguem-se os resultados e discussões deste capítulo abordando a síntese e

a caracterização das nanopartículas de cobre metálico no próprio lubrificante.

3.1.ANÁLISES QUÍMICAS

3.1.1. Termogravimetria (TGA)

Para TGA após o ensaio por deposição sputtering tem-se as seguintes informações

na Figura 3.17.

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Figura 3.17: Termogravimetria (TGA) dos Óleos Lubrificantes

OGE

OM

Para TGA, as amostras OGE apresentaram uma boa estabilidade térmica com

perda de massa a partir de 60% de suas amostras com mais de 300 ºC em relação ao OM,

que foi menor (170 ºC) para toda sua série. As amostras OGE aditivadas obtiveram valores

maiores que OGE sem aditivos, exceto a amostra OGE 30.2 (300 ºC) que obteve valor

igual. Isso é importante devido quanto maior a estabilidade térmica, melhor para se obter

um bom lubrificante em altas temperaturas sem degradar mais rápido, facilita a aplicação

desejada e são consideradas de grande importância para a determinação do processo de

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volatilização dos componentes de baixa e larga distribuição de peso molecular (ARAÚJO

et al., 2016).

3.1.2. Fluorescência de Raios - (FRX)

Os analisadores de Fluorescência de Raios X (FRX) são capazes de quantificar ou

qualificar praticamente qualquer elemento, menos os elementos com número atômico

baixo, pois, apresentam baixa sensibilidade analítica e baixo valor de energia de emissão,

como por exemplo: oxigênio e hidrogênio. Portanto são mais difíceis de serem

determinados por FRX (SKOOG et al., 2009). É mais fácil encontrá-los como compostos.

Na Tabela 3.2, podem-se verificar as composições encontradas nos óleos de girassol e óleo

mineral após as sínteses de nanopartículas de cobre por deposição sputtering.

Tabela 3.2: Composições encontradas nos óleos de girassol e óleo mineral após as sínteses de nanopartículas

de cobre por deposição sputtering.

Óleos Aditivados

(Cu+)

FRX (0,05 % w) FRX (0,1 % w) FRX (0,3 % w)

OGE 30 mA a) 30.1

(Cu – 85%)

b) 30.2

(Cu – 95,9%)

c) 30.3

(Cu – 100 %)

OGE 40 mA a) 40.1

(Cu – 100%)

b) 40.2

(Cu – 95%)

c) 40.3

Cu – 96 %

OGE 50 mA a) 50.1

(Cu – 88,5%)

b) 50.2

(Cu – 95,9%)

c) 50.3

(Cu – 100%)

OM 30 mA a) 30.1

(Cu – 43,06%)

b) 30.2

(Cu – 60,2%)

c) 30.3

(Cu – 59,5%)

Essa análise foi realizada para verificar se realmente houve a formação das

partículas de cobre ou de óxidos de cobre.

Pela tabela 3.2 pode-se observar que em todas as amostras apresentaram cobre

metálico em suas composições nos óleos de girassol e óleo mineral, verificando maior

ênfase para as amostras OGE 30.3, OGE 40.1 e OGE 50.3 em 100% de cobre nessas

amostras.

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3.1.3. Fourier Transform Infrared Spectroscopy - (FTIR)

Na perspectiva de verificar algumas mudanças nas vibrações dos grupos

funcionais orgânicos e se existe mudanças significativas no óleo lubrificante com a adição

de nanopartículas e após ensaios tribológicos, os óleos lubrificantes foram analisados pelo

FTIR. A Figura 3.18 apresentou os espectros das vibrações orgânicas nos lubrificantes.

Figura 3.18: Espectros das vibrações por FTIR dos lubrificantes.

a) OGE 30 mA

b) OGE 40 mA

c) OGE 50 mA

d) OM 30 mA

Comparando os resultados do lubrificante na condição inicial, com os demais,

percebe-se que nas absorções não houve mudanças significativas (Fig. 3.18a-d). Porém, é

necessário relatar que da condição inicial para pós aditivação do lubrificante OGE, houve

uma leve vibração próxima a 3500 - 4000 cm-1

. Isso indica que as bandas características

são de grupamentos O–H (LOPES e FASCIO, 2004), podendo indicar a presença de água,

OH OH

OH

C=C

C=C CH

CH

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mesmo que o lubrificante OGE tenha passado por um período de tempo na estufa para

secar, pois sobra algum resquício. Desta forma, todas as amostras OGE apresentaram essa

leve banda característica de O–H, sendo com maior evidência para as amostras OGE 30.1,

OGE 40.1 e OGE 50.1 (Fig. 3.18a-c).

Na intensidade próxima a 2400 cm-1

, observou-se uma pequena mudança de

vibração, principalmente para as amostras OGE 30.1, OGE 40.1 e OGE 50.1 (Fig. 3.18a-

c), indicando que pode ter insaturações ainda na cadeia do lubrificante (C=C). Assim,

explica-se o porquê de não ter epoxidado totalmente o biolubrificante no processo de

epoxidação do óleo.

Essas insaturações foram ser encontrado por volta de 1500 cm-1

, onde aparece

uma banda que representa a vibração de deformação axial de C=C, que é característica

própria dessa banda, porém, indicando também que não houve conversão total das duplas

ligações segundo Reiznautt (2008), pois, se houvesse conversão total em teor epóxi não

apareceria essa banda espectral.

Para o lubrificante OM, observam-se apenas ligações carbônicas com hidrogênio,

simples (1400 cm-1

) e duplas (1500 cm-1

). Em 2800 – 3000 cm-1

observam-se estiramentos

C-H que faz parte da cadeia do óleo lubrificante mineral (LOPES e FASCIO, 2004).

3.2.ANÁLISES DE DISPERSÃO

3.2.1. Análise Visual de Dispersão

Após a síntese de nanopartículas de cobre metálico por deposição sputtering, o

nanofluido foi observado visualmente no primeiro minuto e também após 3 meses para

verificar a presença de aglomerados. Na Figura 3.19 mostra como ficaram as amostras

após síntese das nanopartículas de Cobre.

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Figura 3.19: Amostras OGE e OM ao sair do equipamento DC-MS (Sputtering Rapier/Orion da AJA).

a) 1 minuto após processo de deposição

OGE

OM

Observa-se na Figura 3.19 uma diferença na coloração aumentando a

concentração de cobre nas amostras (0,05%, 0,1% e 0,3%, em peso, respectivamente) e

alguns aglomerados para a maior concentração de OGE (0,3% em peso) após os primeiros

minutos do processo de deposição por sputtering. Porém, com o passar do tempo essa

aglomeração não mais existiu. Assim, considerando que houve dispersão das

nanopartículas no óleo.

A Figura 3.20 mostra que com o passar tempo, a dispersão e a concentração das

amostras com nanopartículas melhoraram em relação ao primeiro minuto após síntese.

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Figura 3.20: Imagens das amostras após três meses das sínteses de nanopartículas em concentrações

diferentes

Óleo

Lubrificante

Amostra Óleo

Lubrificante

Amostra

OGE 30 mA

OGE 40 mA

OGE 50 mA

OM 30 mA

Legenda:

OGE 30.1 = Óleo de Girassol Epoxidado com 0,05% em peso de CuO;

OGE 30.2 = Óleo de Girassol Epoxidado com 0,1% em peso de CuO;

OGE 30.3 = Óleo de Girassol Epoxidado com 0,3% em peso de CuO;

OGE 40.1 = Óleo de Girassol Epoxidado com 0,05% em peso de CuO;

OGE 40.2 = Óleo de Girassol Epoxidado com 0,1% em peso de CuO;

OGE 40.3 = Óleo de Girassol Epoxidado com 0,3% em peso de CuO;

OGE 50.1 = Óleo de Girassol Epoxidado com 0,05% em peso de CuO;

OGE 50.2 = Óleo de Girassol Epoxidado com 0,1% em peso de CuO;

OGE 50.3 = Óleo de Girassol Epoxidado com 0,3% em peso de CuO;

OM 30.1 = Óleo Mineral com 0,05% em peso de CuO;

OM 30.2 = Óleo Mineral com 0,1% em peso de CuO;

OM 30.3 = Óleo Mineral com 0,3% em peso de CuO.

Embora as cores se intensificarem com o aumento da concentração (Figura 3.20),

todas as amostras se apresentaram translúcidas independentemente da corrente utilizada.

Os fluidos não mostraram aglomerações visualmente ao final de 3 meses, o que evidencia a

eficácia da técnica sputtering.

3.2.2. UV-visível – Dispersão e forma da nanopartícula

Após a síntese, as amostras apresentaram-se de cor verde (FIGURA 3.20). O

espectro de absorção obtido por UV-vis (FIGURA 3.21) resulta da formação da banda de

plasmon que é característica das soluções de Cobre de acordo com Romanowski (2004).

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Figura 3.21: Bandas de Plasmon – UV-vis para as amostras lubrificantes

a) OGE 30 mA

c) OGE 50 mA

b) OGE 40 mA

d) OM 30 mA

O espectro de UV-vis para todas as soluções foi semelhante e exibiu um pico de

absorção óptica centrada a 350 nm. As bandas de plasmon mostraram na Figura 3.21, a

presença de cobre entre 330-450 nm, nas amostras de OGE, e entre 350-500 nm para as

amostras OM (óleo mineral). Esses resultados confirmam os estudos de Singh (2010).

Entretanto, o gráfico apresenta diferentes intensidades de absorções entre as amostras,

maior absorbância indica uma melhor dispersão.

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Para a série de OGE 30 mA, a menor absorção foi para amostra OGE 30.2 com 0,8

na intensidade do pico. Na série OGE 40 mA, a amostra de OGE 40.2 obteve uma

absorção de 0,45 e as outras amostras (40.1 e 40.3 - cerca de 0,6) e observando a série de

OGE 50 mA, a amostra OGE 50.1 foi a que teve menor absorção (0,37).

Nas amostras OM, a série de OM 30.1 obteve a menor absorção (0,05). Isso significa

que as intensidades dos maiores picos das amostras OGE 30.1 e 30.3, OGE 40.1 e 40.3,

OGE 50.2 e 50.3 e as amostras de OM 30.2 e 30.3 indicaram uma menor interação

partícula-partícula e maior distância entre as partículas como afirma Joseph (2003) em suas

pesquisas e mostrado no esquema da figura 3.22 de Negreiros (2015).

Figura 3.22: Esquema da interação partícula-partícula.

Fonte: Negreiros (2015)

O autor Hostetler (2010), em seus estudos escreve que os tamanhos de partículas

menores são aqueles mostrados em bandas de absorção mais baixas. Melo Jr et al., (2012)

explica que quando existe agregação das NPs, torna-se maior o seu tamanho e a banda de

plasmon fica mais larga e com o máximo de absorção deslocado para maiores

comprimentos de onda. Assim, as amostras OGE 30.2, OGE 40.2, OGE 50.1 e OM 30.1

mostraram bandas de absorção menores, podendo ter menores tamanhos de partículas.

De acordo com Romanowski (2004), íons de cobre podem adotar geometrias tipo:

quadrangular-plana, quadrangular-piramidal, trigonal-bipiramidal, octaedro, esféricas e

tetraédricas. No entanto, quando os espectros mostram apenas uma banda de absorção,

sugerem que os átomos de Cu nas amostras tenham geometrias esféricas. De acordo com

Liz-Marzan (2004), as partículas que não tenham geometrias esféricas aparecem duas ou

mais oscilações e gerando duas bandas de absorção. Assim, baseado nos espectros obtidos

e pela literatura, sugere-se que a geometria das nanopartículas de cobre dispersas no

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lubrificante é esférica. Outras análises serão apresentadas para confirmar essa primeira

análise.

3.2.3. Polidispersão e Potencial Zeta

O Índice de Polidispersão é o fator que indica a distribuição da massa molecular e

também é a medida relativa da distribuição da variância como na equação (8) Stepto,

(2009) e Joseph et al., (1992):

Equação (08)

Essa análise é importante para conhecer melhor a dispersão e a estabilidade das

nanopartículas no óleo lubrificante pela polidispersão e potencial zeta, respectivamente.

Assim, na Figura 3.23 mostra a polidispersividade das nanopartículas no biolubrificante:

Figura 3.23: Polidispersividade das partículas de cobre.

Amostras Polidispersão

OGE 30.1 0.46

OGE 30.2 0.246

OGE 30.3 0.005

OGE 40.1 0.005

OGE 40.2 0.005

OGE 40.3 0.005

OGE 50.1 0.005

OGE 50.2 0.005

OGE 50.3 0.125

OM 30.1 0.61

OM 30.2 0.52

OM 30.3 0.49

Para polidispersividade é preciso ter baixa polidispersão (próximo à zero) e

observando a Figura 23, todas as amostras da série OGE 40 mA apresentaram ótima

dispersão (0,005), assim como nas amostras da série OGE 50 mA, em duas amostras

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apresentaram a mesma polidispersão de 0,005 (OGE 50.1 e OGE 50.2) concordando com

Avgoustakis, (2002) e Govender (1999).

Pode-se assim enfatizar que isso ocorreu porque o processo de síntese de

nanopartículas por deposição por sputtering foi mais eficiente e obteve melhor dispersão

das partículas, estando de acordo com os trabalhos de Torimoto et al. (2006) e Wender et

al. (2013). Mesmo assim, o OGE 50.3 (~0,1) de polidispersão ainda foi melhor que as

demais séries de OGE 30 mA (~0,6) e OM 30 mA (~0,6 e ~0,4), o que não é ruim, mas,

poderia ser melhor.

O potencial zeta reflete o potencial de superfície das partículas, o qual é

influenciado pelas mudanças na interface com o meio dispersante, em razão da dissociação

de grupos funcionais na superfície da partícula ou da adsorção de espécies iônicas

presentes no meio aquoso de dispersão. Esse parâmetro é determinado utilizando-se

técnicas de eletroforese – migração para os elétrodos de espécies que são carregadas

eletricamente em solução – segundo Schaffazick e Guterres (2003).

Algumas partículas possuem mecanismos diferentes e tem uma carga elétrica de

superfície. Se as cargas elétricas são as mesmas ou diferentes, elas podem repelir-se ou

atrair-se, respectivamente. As forças de atração elétricas podem aparecer pequenos

aglomerados ou flocos. Em meio aquoso, existem também as cargas elétricas, devido à

presença de íons que interagem com as partículas em suspensão. As cargas negativas

atraem cargas positivas em suspensão, formando-se em torno delas um envoltório com

cargas positivas que tem um potencial elétrico sobre a mesma superfície de referência,

medido em mV, segundo Calvo (1996), Magenheim (1991) e Mosqueira (2000). Quanto

maior o potencial zeta, mais provável que a suspensão fique estável, pois as partículas

carregadas se repelem e essa força supera a tendência natural a agregação. O valor ideal

deve ser maior ou igual a ± 30 mV (SANTOS, 2015).

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Na Tabela 3.3, apresentam-se o potencial zeta de cada amostra:

Tabela 3.3: Potencial Zeta das amostras lubrificantes.

Amostras Potencial Zeta

(mV)

OGE 30.1 -35,37

OGE 30.2 -38,14

OGE 30.3 -1,66

OGE 40.1 -35,37

OGE 40.2 -34,98

OGE 40.3 -35,04

OGE 50.1 -34,98

OGE 50.2 -35,48

OGE 50.3 -35,38

OM 30.1 -35,23

OM 30.2 -35,24

OM 30.3 -35,50

O valor medido pelo Potencial Zeta fornece uma indicação sobre a estabilidade da

suspensão. Suspensões com potencial zeta maior de +30 mV ou menor do que -30 mV são

estáveis segundo Sadegh Hassani (2004). Como pode ser visto, essa propriedade de

suspensão permite uma avaliação objetiva do comportamento estável ou não das amostras.

Com exceção das amostras OGE 30.3 (-1,66 mV), as demais amostras, segundo os

resultados da Tabela 3.3 apresentaram soluções estáveis, mobilidade eletroforética com a

mesma condutância e corrente (1 µS / 0,08 mA) – medida relativa de quão rápido uma

partícula se move em um campo elétrico – foram iguais para todas as amostras. Este valor

não interferiu no valor do Potencial Zeta. Assim, as amostras têm boa dispersão e

estabilidade da solução confirmando a análise visual mostrada na Figura 3.20.

3.3.ANÁLISE DE TAMANHO DE PARTÍCULA

3.3.1. Espalhamento de Raios-X a Baixo Ângulo (SAXS)

O estudo de estabilidade se faz necessário para determinar o tipo de sistema que

será aplicado nos testes tribológicos e outros sistemas de aplicação. Para esse tipo de

estudo é necessária uma técnica quantitativa que avalie tamanho e distribuição das NPs em

solução. Sendo assim, fez-se o uso do SAXS para tal. Dessa maneira, a distribuição das

nanopartículas e raio de giro da série de amostras OGE e OM são apresentadas na Figura

3.24, 3.25, 3.26 e 3.27:

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Figura 3.24: Distribuição e Rg da série de amostras OGE 30 mA

a) OGE 30.1 – D= 2,18 ± 0,02 nm

b) OGE 30.2 - D= 11,84 ± 0,63 nm

c) OGE 30.3 - D= 13,18 ± 0,79 nm

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Figura 3.25: Distribuição e Rg da série de amostras OGE 40 mA

a) OGE 40.1- D= 10,06 ± 0,56 nm

b) OGE 40.2 - D= 12,66 ± 0,44 nm

c) OGE 40.3 - D= 11,02 ± 0,17 nm

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Figura 3.26: Distribuição e Rg da série de amostras OGE 50 mA

a) OGE 50.1- D= 10,24 ± 0,15 nm

b) OGE 50.2 - D= 11,98 ± 0,74 nm

c) OGE 50.3 - D= 13,12 ± 0,69 nm

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Figura 3.27: Distribuição e Rg da série de amostras OM 30 mA

a) OM 30.1- D= 7,46 ± 0,41 nm

b) OM 30.2 - D= 14,32 ± 1,71 nm

c) OM 30.3 - D= 10,14 ± 1,76 nm

O perfil das curvas de SAXS para as NPs de Cu está em concordância com

um sistema de partículas esféricas. Nos estudos de Schnablegger e Singh (2013), as

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partículas globulares podem ser identificadas por meio da distribuição de partícula na parte

do pico em forma de sino, quase simétrico. Sendo assim, as partículas cilíndricas são

identificadas por um pequeno excesso e uma cauda linear. Já as partículas lamelares não

são em forma de sino com pequenos valores de r. Eles têm uma semelhança com o

globular, mas a curvatura em pequenos valores r é diferente (ver Fig. 3.24). Todos os

gráficos de distribuição de partícula decaem para zero a alguma distância r, o que indica a

maior distância que pode ser encontrada dentro da partícula.

Dessa forma, pode-se observar que para a série OGE 30 mA, as amostras de

distribuição de partícula da Figura 3.24-a,b e c possuem forma globular (esféricas) de

acordo com a Figura 3.5 desse capítulo (Schnablegger e Singh, 2013) e a distribuição

OGE 30.3 apresentou pequenas características que possuem aglomerados. Na série OGE

40 mA (Figura 3.25-a, b e c) todos apresentaram forma esférica, porém, a amostra OGE

40.2 pode ter aglomerações.

Em relação a série OGE 50 mA (Figura 3.26 - a, b e c) pode-se observar que todas

as amostras apresentaram pequenas características de aglomerados. Ainda observando as

amostras de óleo mineral, a série OM 30 mA (Figura 3.27 - a, b e c) teve dois pontos que

merecem destaque, quais sejam: primeiro, a amostra de distribuição de partícula OM 30.1

parece ter forma cilíndrica (a única), segundo, as demais amostras parecem esféricas,

sendo a amostra OM 30.3 com maior aglomeramento. As que se apresentam aglomeradas

estavam como na Figura 3.7b de Schnablegger e Singh (2013).

Em relação aos valores dos raios de giração, os tamanhos das partículas para a

frequência máxima das distribuições (Figuras 3.24, 3.25, 3.26 e 3.27) foram: na série OGE

30 mA, as amostras OGE 30.2 e OGE 30.3 obtiveram valores semelhantes – não muito

distante (11,84 nm e 13,18 nm, respectivamente), diferente de OGE 30.1 que obteve o

menor valor de todas as séries (2,18 nm). Para as séries OGE 40 mA e OGE 50 mA, todas

as amostras possuem valores semelhantes (entre 10 a 13 nm), o que possui um resultado

promissor em relação aos estudos de Trajano (2013), pois, significa que

independentemente da corrente utilizada, os tamanhos de partícula em solução não há

mudanças significativas.

Já para as amostras de óleo mineral, a série OM 30 mA, houveram algumas

mudanças, quais sejam: a amostra OM 30.1 (7,46 nm) possui praticamente a metade do

tamanho de partícula da amostra OM 30.2 (14,32 nm) e a amostra OM 30.3 (10,14 nm)

ficou no intermédio.

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92

As partículas de forma arbitrária produzem gráficos que não podem ser analisados

sem informações adicionais. Em geral, deve notar-se que qualquer gráfico, assim como a

função de dispersão é ambígua, quando polidispersidade (poli(mero) + disperso) ou

polimorfismo (diferentes formas) estão a tomar parte e nesse capítulo, a polidispersão foi

estudada verificando excelente polidispersão na maioria das amostras (Figura 3.23).

Qualquer forma pode ser gerada por uma distribuição de esferas polidispersas ou outras

formas. Assim, sempre que possível, as técnicas microscópicas devem ser usadas para

complementar a prova de estrutura (SCHNABLEGGER e SINGH, 2013). Mas, essas

amostras, as partículas não se separam facilmente do lubrificante, portanto, essa análise é

de extrema importância para esse trabalho.

Se as partículas têm diferentes tamanhos tem relação com a polidispersividade e

com o fator forma de todos os tamanhos de partícula são resumidos para obter o padrão de

dispersão médio de toda a amostra. Como cada tamanho produz fatores de forma com seus

mínimos em ângulos diferentes, a soma de todos os fatores de forma não contém mínimos

bem determinados. A suposição de que todas as partículas N de uma amostra são idênticas

raramente é verdadeira. As soluções protéicas são uma das poucas exceções de uma

amostra chamada "monodispersa", onde todas as partículas têm o mesmo tamanho e a

mesma forma. Normalmente as partículas da amostra têm todos os diferentes tamanhos,

que é chamado "polydisperse" ou têm formas diferentes, que é chamado de "polimorfo"

(SILVA, 2015; OLIVEIRA NETO, 2008; SCHNABLEGGER e SINGH, 2013).

Cardoso & Oliveira (2013), em seus estudos sobre características morfológicas de

nanopartículas, mostraram a agregação parcial de NPs. As NPs de Cobrepodem mudar de

forma ou se agregar em substratos líquidos. Porém, pelas duas técnicas utilizadas nesse

trabalho como o UV-vis (Figura 3.21) e SAXS (Figuras 3.24, 3.25, 3.26 e 3.27) nas

distribuições de partículas consideram e concordam entre si que as formas das

nanopartículas são esféricas.

A tabela 3.4 sumariza os resultados de análises de estabilidade e dispersão dos

nanobiolubrificantes discutidos neste item.

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93

Tabela 3.4: Características principais das nanopartículas de cobre

Amostra

OGE

UV-vis SAXS Potencial Zeta

Forma Dispers

ão

Forma Tamanho

(nm)

Aglomera

dos

Polidispersão Estabilidade

30.1 Esférica Boa Esférica 2,18 Sem Boa Sim

30.2 Esférica Boa Esférica 11,84 Sem Boa Sim

30.3 Esférica Boa Esférica 13,18 Pouco Excelente Não

40.1 Esférica Boa Esférica 10,06 Sem Excelente Sim

40.2 Esférica Boa Esférica 12,66 Pouco Excelente Sim

40.3 Esférica Boa Esférica 11,02 Sem Excelente Sim

50.1 Esférica Boa Esférica 10,24 Pouco Excelente Sim

50.2 Esférica Boa Esférica 11,98 Pouco Excelente Sim

50.3 Esférica Boa Esférica 13,12 Pouco Boa Sim

3.3.2. Análise de Microscopia Eletrônica de Varredura das

Nanopartículas de Cobre

Devido à dificuldade de separar as nanopartículas do óleo, a caracterização direta

dessas é difícil. As imagens de MEV (Figura 3.28) foram realizadas com aumento de

100.000 e 200.000 vezes, nos modos de elétrons secundários (mais sensível à topografia da

amostra) e de elétrons retroespalhados – mais sensível ao número atômico do elemento.

Nos dois casos, pode-se ver na imagem de elétrons secundários, as NPS obscurecidas pelo

resíduo de carbono. Na imagem de elétrons retroespalhados observa-se claramente as

nanopartículas, pois possuem Z maior (cobre).

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Figura 3.28: Imagens de MEV das nanopartículas de Cobre amostra OGE 40.2

a)

IMAGEM DE ELÉTRONS SECUNDÁRIOS

IMAGEM DE ELÉTRONS RETROESPALHADOS

AUMENTO DE 100.000 X

b)

IMAGEM DE ELÉTRONS SECUNDÁRIOS

IMAGEM DE ELÉTRONS RETROESPALHADOS

AUMENTO DE 200.000 X

c)

IMAGEM DE ELÉTRONS SECUNDÁRIOS

IMAGEM DE FLUORESCÊNCIA DE RAIOS x (EDS) - Cobre La2

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A última imagem (Figura 3.28c) pode-se ver a comparação de uma imagem de

elétrons secundários de uma região próxima, com uma imagem de fluorescência de raios X

(EDS), no qual pode-se verificar a presença de cobre. Utilizando o programa Image J foi

possível verificar a distribuição de tamanhos de nanopartículas na região escolhida e o

diâmetro médio dessas nanopartículas. Observem a figura 3.29:

Figura 3.29: Distribuição e média de tamanhos de nanopartícula para amostra OGE 40.2

Comparando com os resultados de SAXS, que obteve-se a grande maioria de

nanopartículas com tamanhos entre 10 a 13 nm (Figura 3.24, 3.25 e 3.26 desse capítulo)

com a distribuição normal das nanopartículas realizada a partir da imagem de MEV

(Figura 3.29) com nanopartículas encontradas entre 14,03 a 21,7 nm e com uma média de

nanopartículas de aproximadamente 17,06 nm. Conclui-se que mesmo obtendo

nanopartículas maiores por MEV, essas não foram tamanhos muito discrepantes

comparando as duas técnicas porque a maioria dos tamanhos das nanopartículas se

concentram entre 14 a 18 nm. Com o MEV também se comprova a geometria esféricas das

nanopartículas confirmando as análises de UV-vis e SAXS.

3.4.ANÁLISE DE ESPECTROSCOPIA RAMAN

Essa análise é importante para confirmar se na síntese por sputtering houve a

formação de nanopartículas de cobre metálico que possam corroborar com as análises de

Fluorescência de Raios-X. Na figura 3.30 apresenta-se um gráfico de Raman confirmando

que houve a devida formação de Cu+.

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Figura 3.30: Gráficos de Raman

a) b)

c) d)

Esses espectros de Raman mostram os picos mais proeminentes que devem ser

devido ao estiramento CH. Os outros picos são também estiramentos CH do óleo de

girassol epoxidado, comprovado pelo primeiro gráfico (a) que é um Ramam do óleo de

Girassol sem aditivos e o gráfico (d) sobreposto no mesmo gráfico já com as

nanopartículas (FIGURA 30.3). Tem um background de luminescência que pode ser

devido ao reforço da luminescência do óleo pelos plasmons das NPs de Cu. Não houve

ocorrência de bandas de plasmon de óxido de cobre, que se encontram geralmente em

bandas de aproximadamente entre 300 e de 650 cm-1

segundo Vera, Pérez e Riascos

(2013).

Na verdade, espera-se que não apareçam bandas do cobre metálico na análise de

Ramam e sim bandas que caracterizam os óxidos de cobre. Isso ocorre devido o

equipamento utilizar o óxido de cobre como substância padrão para observar e comparar

1000 2000 3000 4000

Raman shift (cm-1)

30.1

500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

40.2

Raman shift (cm-1)

500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000

50.1

Raman shift (cm-1)

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transições de Raman de substâncias que apresentam bandas muito fracas, como citado no

trabalho de Wang et al., (2015).

Wang et al., (2015) observou que existe linhas de óxidos de cobre em suas

amostras, o que não ocorreu nas amostras da Figura 3.30. As características importantes

deste espectro são: a banda larga – o background do espectro, com máximo em

aproximadamente 2250 cm-1

–, os picos estreitos – um deles é o estiramento CH – que de

certeza pertencem ao óleo de girassol epoxidado, de acordo com o FTIR estudado nesse

capítulo. Portanto, o que se pode afirmar do espectro Raman, é que não tem – dentro da

sensibilidade da técnica – óxido de cobre na sua amostra. Sendo assim, existe apenas cobre

metálico, confirmando os resultados de FRX.

4. CONCLUSÃO

Nesse capítulo observou-se uma grande eficácia na síntese das nanopartículas

devido ao método de deposição por sputtering que possibilita uma melhor distribuição e

estabilidade das nanopartículas (colóides) formadas no substrato líquido.

Outro fator importante nessa síntese foi mostrar que os óleos vegetais epoxidados

são novos substratos líquidos e promissores para pulverização catódica por deposição. A

vantagem de usar os óleos vegetais é que eles são abundantes, de baixo custo,

biocompatíveis e também estabilizam o tamanho de partícula dos metais utilizados na

reação por meio da redução química. De acordo com os resultados mostrados nesse

trabalho, isso ocorreu principalmente pelo método de SAXS, com tamanhos semelhantes

de nanopartículas.

Além disso, a deposição por pulverização catódica não requer a adição de agentes

redutores para a produção de nanopartículas, permitindo nanoestruturas menos tóxicas.

Nas caracterizações foi observada boa dispersão ao olho nu, mesmo após alguns

meses em observação e obtiveram polidispersão baixa. As nanopartículas apresentaram

boa estabilidade in situ indicada pelo potencial zeta, porém, com algumas aglomerações

em algumas amostras. Mesmo assim, essas nanopartículas possuem maior tendência a

serem globulares.

Assim, essa abordagem sobre síntese de nanopartículas pelo método sputtering

fornece uma maneira fácil e de síntese rápida, com aplicações potenciais em diversas áreas

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de estudo, resolvendo um dos maiores problemas encontrados para dispersão de

nanopartículas em biolubrificantes.

Nesse capítulo ainda não há escolhas da melhor amostra em relação à dispersão e

tamanho de partícula porque a maioria das amostras apresentou uma boa dispersão de

acordo com os resultados e tamanhos de partículas semelhantes utilizando a técnica de

SAXS e MEV.

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103

CAPÍTULO 4: Avaliação Tribológica do Biolubrificante de Girassol com

Nanopartículas de Cobre

Figura 4: A Tribologia e a Lubrificação

Fonte: Pozelli (2016)

"Penso 99 vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho no silêncio, e a verdade

me é revelada."

"A ciência pode determinar o que é não o que deveria ser."

"A teoria sempre acaba, mais cedo ou mais tarde, assassinada pela experiência. "

Albert Einstei

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104

1. INTRODUÇÃO

A tribologia reúne os conhecimentos adquiridos na física, na química, na

mecânica e na ciência dos materiais para explicar e prever o comportamento de sistemas

físicos que são utilizados em sistemas mecânicos. O que unifica a tribologia não são os

conhecimentos básicos, mas sim a área de aplicação. Assim como os campos do

conhecimento que formam a tribologia existiam antes dela, os estudos dos fenômenos de

lubrificação, atrito e desgaste antecedem muito a 1966 (SINATORA, 2005). Tribologia, na

prática, é a ciência que estuda desgaste, atrito e lubrificação (SHAHNAZAR et al., 2015).

A respeito dos lubrificantes, pode-se afirmar que são amplamente utilizados nas

indústrias para proteger máquinas, ferramentas e manter suas superfícies livres de maiores

desgastes por mais tempo, garantindo uma melhor qualidade do produto. Além disso, os

lubrificantes reduzem o coeficiente de atrito (COF) e excesso de calor acumulado em

sistemas mecânicos. O aprimoramento das propriedades do óleo lubrificante é de grande

importância para proteger máquinas de prováveis danos e diminuição do consumo de

energia (SHAHNAZAR et al., 2016; CHOI et al., 2009).

Uma vez que a maioria dos lubrificantes existentes atingiu seus limites de

desempenho, uma das tarefas científicas significativas é desenvolver novas formulações de

lubrificantes que possam alcançar a eficiência energética em vários campos e quando

usadas em condições cada vez mais severas (AKBULUT, 2012). Hoje, os lubrificantes

com várias propriedades são formulados e sintetizados para aplicação em vários

mecanismos, unidades e operações. Um tipo desses lubrificantes são os sintetizados em

laboratório a partir de óleos vegetais, chamados de biolubrificantes.

Os biolubrificantes são formados pela junção entre as moléculas de ácidos graxos de

cadeia longa e do glicerol (triglicerídeos). Os triglicerídeos naturais são facilmente

biodegradados e apresentam elevada eficiência de lubrificação (SANTOS, 2011 e

SALIMON, 2011).

Esses biolubrificantes atuam na tribologia reduzindo atrito e desgaste como nos

estudos de Trajano (2013) e Santos (2014) apresentam propriedades anticorrosivas e maior

afinidade com a superfície do metal como afirma Kleinová et. al., (2007). O grupo polar da

molécula de lubrificante se adere à superfície não polar do metal, formando uma camada a

nível molecular, a qual separa as superfícies em contato (ALVES et al, 2013,

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HERNANDEZ-BATTEZ et al., 2008). Contudo, após um determinado tempo, ocorre o

rompimento do filme lubrificante, que não suporta a alta pressão de contato e o atrito,

indicando a necessidade do uso de aditivos para manter um filme estável.

Neste caso, é dada uma atenção especial aos aditivos, que adicionados ao óleo base

melhoram a lubrificação. Entre os inúmeros aditivos utilizados, podem-se citar os aditivos

antidesgaste (AW) e os de extrema pressão (EP). Em decorrência de sua estrutura polar,

esses aditivos formam camadas sobre a superfície do metal por adsorção ou quimissorção,

que garante sua imediata efetividade no caso de condições de lubrificação mista ou

limítrofe (ALVES et al, 2008).

Quando o filme lubrificante hidrodinâmico não abrange toda a superfície, a

temperatura aumentará e os aditivos AW e EP podem reagir com a superfície do metal

formando camadas de reações triboquímicas, o que prevenirá contato direto entre as

superfícies em contato (ALVES et al, 2008).

Os aditivos comumente utilizados como aditivos EP são os compostos de enxofre,

fósforo, cloro. Estes reagem quimicamente com a superfície do metal formando camadas

de fosfato de ferro, sulfitos, sulfatos, óxidos e carbetos dependendo da química do aditivo.

Estas camadas previnem o desgaste severo e avarias. Existem vários trabalhos publicados

onde estes aditivos foram analisados (EVANS et al., 2007; ZHANG et al., 1999;

TRIPATHI et al., 2000; WAARA et al., 2001).

A maior preocupação para o uso desses aditivos está na toxicidade ao meio

ambiente. E para minimizar o impacto causado por esses aditivos, tem-se investigado na

literatura diversas opções menos tóxicas, a maioria encontradas na nanotecnologia.

Nanopartículas surgem como uma alternativa potencial para substituir os aditivos de

extrema pressão convencionais, demonstrando resultados que minimizam o atrito e o

desgaste, além de ser ambientalmente mais adequados.

Segundo Gulzar et al., (2016), existem várias razões para o uso de nanopartículas

como um aditivo lubrificante. E para que as nanopartículas funcionem como um excelente

aditivo em lubrificantes é necessário que tenham forma e tamanho de partícula adequada

porque dependendo da forma e do seu tamanho, as nanopartículas podem ter um melhor

desempenho.

Sobre isso, Chinas-Castillo e Spikes (2003) explicam em seus estudos que quanto

menor as partículas, elas serão capazes de formar películas de proteção na superfície. A

concentração de aditivos inseridos ao lubrificante é essencial para que não ocorram maior

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desgaste e atrito nas superfícies em contato (PENG et al., 2009). Spikes (2015) e Gulzar et

al., (2016) ainda mencionaram cinco vantagens potenciais do uso de nanopartículas como

aditivos lubrificantes, quais sejam: (a) insolubilidade em óleos base não-polares; (b) baixa

reatividade com outros aditivos no lubrificante; (c) alta possibilidade de formação de filme

em diferentes superfícies; (d) maior durabilidade; e (e) baixa volatilidade para suportar

altas temperaturas.

Com base em pesquisa bibliográfica, Peng et al (2009) cita quatro mecanismos de

atuação das nanopartículas adicionadas ao óleo básico, a saber:

(1) as nanopartículas menores interagem com as superfícies de atrito e formam

uma película de proteção à superfície. Dessa forma, o tamanho pequeno das nanopartículas

permite que elas entrem na área de contato e também podem passar sem perturbações

através de filtros utilizados em sistemas de petróleo, lubrificando e protegendo as

superfícies (GULZAR et al., 2016; DEMAS et al., 2012; GHAENNIA 2014; SPIKES,

2015). O desempenho tribológico das nanopartículas tem ligação direta com seu tamanho

de várias maneiras. A estabilidade da dispersão é uma delas. As propriedades mecânicas

intrínsecas das nanopartículas, como a dureza, são determinadas pelo seu tamanho que, por

sua vez, afeta o comportamento tribológico. Por último, considerando a seleção adequada

do tamanho das nanopartículas, a proporção da rugosidade quadrática média da superfície

lubrificada para o raio da nanopartícula é um parâmetro importante, pois, se o tamanho das

nanopartículas for muito grande em comparação com o fosso (vales) entre asperezas, não

será depositado na zona de contato, o que levará a uma baixa lubrificação (GULZAR et al.,

2016);

(2) nanopartículas esféricas são mais propensas a alterar o atrito de deslizamento

para rolamento. Para vários tipos de aplicações tribológicas, a forma da nanopartícula

desempenha um papel importante. As estruturas esféricas apresentam alta capacidade de

carga e características de EP devido ao efeito de rolamento das nanopartículas esféricas

(LUO et al., 2014). A razão para este comportamento é baseada no contato entre a

nanopartícula e a superfície. Eles apresentaram comportamento tribológico superior para

condições de contato severo e tendem a formar tribo filmes nas superfícies em contato

(GULLAC E AKALIN 2010; RABASO 2014).

(3) as concentrações das nanopartículas associada com alta pressão de contato

definem maior ou menor atrito e desgaste na superfície. A concentração adequada é outro

fator importante que afeta as características de lubrificação (KOSHY et al. 2015; LUO et

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al., 2014; SUI et al., 2015; THOTTACKKAD et al., 2012). O caminho para a

concentração adequada de nanopartículas para um óleo lubrificante depende de três fatores

cruciais que incluem método/tempo de dispersão, papel da nanopartícula (aditivo AW ou

EP) e condições tribológicas. É interessante observar que as mesmas nanopartículas podem

mostrar diferentes concentrações para dois lubrificantes de bases diferentes (KOSHY et

al., 2015). Contrariamente, uma concentração ótima fixada de 0,5% em peso de nano CuO

e nano ZnO tem sido usado para óleos minerais, sintéticos e vegetais para geometria

esférica com um ensaio de contato esfera-disco (ALVES et al., 2013). Isso mostra que a

concentração ideal é fortemente especifica do sistema, o que significa que variará para

cada condição de ensaio. A baixa concentração das nanopartículas que variam 0,05-2,97 %

segundo Dong et al, (2000) e Zhang et al., (2011) é suficiente para melhorar as

propriedades tribológicas. Ainda relatam que uma elevada concentração pode piorar as

propriedades antidesgaste dessas suspensões. São evidentes que para esses estudiosos, os

lubrificantes com maior concentração de nanopartículas, o desgaste por abrasão torna-se

maior.

(4) as nanopartículas são depositadas sobre a superfície formando um tribofilme

fisicamente que compensa a perda de massa (este efeito é chamado de "junção"). Uma

combinação de efeitos explica as boas propriedades de atrito e desgaste de nanopartículas

em óleo básico.

Quando adicionado a um meio líquido, o tamanho das nanopartículas é pequeno o

suficiente para permanecer disperso em líquidos pelo movimento browniano. As partículas

em suspensão podem ficar juntas e formar aglomerados maiores, que podem se estabilizar

devido à gravidade. A aglomeração de nanopartículas resulta não apenas na sedimentação,

mas também na perda de proteção contra desgaste e capacidade de redução de atrito.

Portanto, a estabilidade da dispersão é altamente desejável para um desempenho de

lubrificação confiável. No caso de uma fraca dispersão, pode ocorrer sedimentação e

aglomeração (LEE et al., 2009d). A estabilidade significa que as partículas não se

acumulam a uma taxa significativa (GULZAR et al., 2016).

Todos os mecanismos das nanopartículas citadas levam-se a investigação de

mecanismos de lubrificação, que é considerada como um parâmetro crucial para entender

completamente a tribologia das nanopartículas. Estes mecanismos incluem o efeito de

rolamento de esferas, segundo Chinas-Castillo e Spikes (2003,), formação de filmes

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protetores de acordo com Dong et al., (2007), efeito de compensação como afirma Liu et

al., (2004) e efeito de polimento segundo Sui et al., (2015).

Segundo Gulzar et al. (2016) esses mecanismos podem ser categorizados em dois

grupos principais. O primeiro é o efeito direto das nanopartículas que incluem efeito de

rolamentos de esferas e formação de filme. O outro é o efeito secundário que contribui para

o aprimoramento da superfície através do efeito de reparação/reparação e efeito de

polimento/suavização.

Considera-se que as nanopartículas esféricas e quase esféricas funcionam como

pequenos rolamentos de esferas que rolam para a área de contato. As nanopartículas com

tais formas alteram o atrito deslizante para atrito de rolamento. Já para o filme de proteção

nas superfícies também é referido como tribofilme. Esta formação de filme é desencadeada

pela reação entre o material tratado e os aditivos sob o ambiente fornecido (GULZAR et

al., 2015b) ou tribo-sinterizado (CHOU et al., 2010; VIESCA et al., 2011b).

Existem muitos estudos experimentais que relataram o mecanismo de formação

do tribofilme para um maior desempenho de lubrificação. Alguns outros estudos tiveram

redução de atrito por este mecanismo de formação de filme (DEMAS et al., 2012;

RAPOPORT et al., 2003).

As nanopartículas no óleo lubrificante têm a capacidade de preencher escaras e

sulcos da superfície de atrito. Acredita-se que o efeito de polimento, também denominado

efeito de alisamento, seja relatado quando a rugosidade da superfície lubrificante é

reduzida por abrasão assistida por nanopartículas. Nos contatos, as superfícies podem

preencher as lacunas das asperezas, que podem atuar anti-atrito no contato (GULZAR et

al., 2016).

Embora vários estudos tenham mostrado uma melhoria tribológica notável em

lubrificantes dispersos com diferentes tipos de nanopartículas, Gulzar et al., (2016) relata

que ainda é difícil selecionar o aditivo de nanopartículas adequado. A eficácia das

nanopartículas depende de vários fatores, incluindo a compatibilidade com óleo

base/lubrificante, seus tamanhos e morfologias, bem como suas concentrações (Pena-

PARAS et al., 2015).

Dessa maneira, para determinar uma nanopartícula e lubrificante adequado, uma

revisão abrangente é necessária para abordar todos esses parâmetros enquanto se concentra

em suas condições de ensaios tribológicos e mecanismos de lubrificação relacionados. A

este respeito, revisões recentes (ALI E XIANJUN 2015, DAI et al., 2016, SHAHNAZAR

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et al., 2016) fornecem uma excelente visão geral da essência tribológica do tipo,

morfologia e tamanho das nanopartículas (GULZAR et al., 2016).

Por esse motivo, fez-se necessário estudar o biolubrificante de girassol aditivado

com nanopartículas de cobre por deposição sputtering verificando a eficiência tribológica

em relação a atrito e desgaste das superfícies em contato com este biolubrificante.

2. METODOLOGIA

Para verificar a eficiência tribológica dos lubrificantes é necessária a realização de

ensaios de molhabilidade e HFRR (High Frequency Reciprocating Rig). Após ensaio

HFRR verificou-se a qualidade do óleo lubrificante com aditivos por FTIR e FRX.

2.1.MOLHABILIDADE

Essa técnica consiste em um fluido molhar a superfície em presença de outros

fluídos imiscíveis, como o ar atmosférico, por exemplo. A molhabilidade pode ser

quantificada pelo ângulo de contato de um líquido com o substrato sólido. Esse contato da

gota com o substrato depende das forças adesivas e a força coesiva do líquido como mostra

Souza (2015) na Figura 4.1.

Figura 4.1: Contato entre as três fases sólida, líquida e gasosa. a) Representação das tensões superficiais para

uma superfície hidrofílica b) Representação das tensões superficiais para uma superfície hidrofóbica.

Fonte: Adaptado de Souza (2015).

Três fatores importantes, tais como: a tensão superficial, a hidrofobicidade de

superfície após a deposição das partículas sobre uma superfície sólida e a pressão de

dissociação, influencia o ângulo de contato final dos fluidos sobre uma superfície sólida

(CHAUDHURI & GHOSH, 2014).

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Dessa maneira, se a gota repousa sobre uma superfície homogênea perfeitamente

nivelada, forma-se um ângulo de contato de equilíbrio entre o líquido e a superfície sólida

em qualquer ponto da linha de três fases, onde se encontram o sólido, o líquido e a fase de

vapor (SOUZA, 2015).

Outro ponto importante a ser frisado em relação a importância da molhabilidade, é

que desde o trabalho publicado por Shaw D. J. em 1975 se relata que com essa técnica o

líquido molhará completamente a superfície quando θ = 0º, caracterizando a superfície

como hidrofílica. A ausência completa de molhamento ocorre quando θ = 180º, sendo a

superfície hidrofóbica. O molhamento parcial existe no intervalo de ângulos de contato

compreendidos entre 0º<θ <90º (FIGURA 4.2).

Figura 4.2: Desenho esquemático do molhamento da superfície de um sólido em contato com diferentes

líquidos.

Fonte: Adaptado de Souza (2015)

Esse ensaio foi realizado no Laboratório de Tribologia e Dinâmica – GET (Grupo

de Estudos de Tribologia e Integridade Estrutural) da UFRN, utilizando 10 mL de cada

amostra e registrando a gota ao cair na superfície após 5 s com uma Câmera Canon EOS

Rebel SL1 / 100D. O modelo matemático utilizado foi o de Young-Laplace, que é

uma lei da física que relaciona a variação de pressão na superfície que separa

dois fluidos de distinta natureza com as forças de ligação molecular. O programa Surftens

calcula o ângulo da gota automaticamente com a seleção de pontos na foto. Esses pontos

são os que trajetam a semicircunferência e o plano.

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2.2.DESEMPENHO TRIBOLÓGICO POR HFRR

A preparação do disco (AISI 52100) foi realizada através de lixamento utilizando

lixas (220# a 1200#) e polimento para atingir uma rugosidade de Ra=0,02 μm. Após esse

procedimento, o disco e a esfera com (AISI 52100) foram limpas com detergente, secas e

então colocadas num béquer com acetona por 10 minutos. Após este tempo, elas foram

secas em ar quente. Ao término da limpeza, a amostra, foi utilizada no teste tribológico.

A composição do material AISI 52100 está descrito na Tabela 4.1:

Tabela 4.1: Composição do material AISI 52100

Fonte: Adaptado de Farias, (2011).

O par tribológico (esfera de 6 mm de diâmetro – disco de 10 mm de diâmetro e 3

mm de espessura), apresentado na Figura 4.3. O par tribológico foi colocado nos suportes

do HFRR e o ensaio foi realizado com as condições mostradas na Tabela 4.2. Esses

parâmetros foram escolhidos devido às limitações do equipamento e para simular uma

lubrificação severa ou limite. O equipamento suporta 10 N de pressão, até 60ºC de

temperatura e 1 ou 2 mm de deslocamento. Dessa forma foi definida baixa frequência (20

Hz), alta pressão (10N), menor deslocamento, uma alta temperatura nos limites do

equipamento (50ºC) e um tempo de 60 minutos e verificar essas condições severas de

lubrificação.

Tabela 4.2: Parâmetros usados no ensaio tribológico para verificar atrito e desgaste.

Na Figura 4.3, verifica-se um desenho esquemático do teste HFRR, onde o corpo

de prova e o contra-corpo estão submergidos com o óleo lubrificante escolhido e aquecido

pela placa aquecedora submetido a uma carga. Ocorre então o movimento relativo ao

iniciar o ensaio.

Composição C(0,98 – 1,10) Si(0,15-0,35) Mn(0,25-0,45) Cr(1,30-1,60)

Dureza 62 – 66 HRC

Parâmetros usados no equipamento HFRR

Frequência Carga Deslocamento Temperatura Tempo

20 Hz 10 N 1 mm 50 º C 60 min

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Figura 4.3: Esquema do HFRR e foto do equipamento

Fonte: Adaptado de Farias, (2011).

Durante o ensaio foram monitorados coeficiente de atrito e desgaste da esfera

sendo mensurada a escara de desgaste com auxílio de um microscópio ótico. Os ensaios

foram realizados em triplicatas e a análise de desgaste no corpo de prova (discos) foi

realizada por MEV no Departamento da Pós de Engenharia de Materiais da UFRN – Natal,

RN.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para poder avaliar melhor o desempenho de um lubrificante na tribologia, fazem-

se necessárias algumas análises que serão discutidas nesse tópico: Molhabilidade, análise

do coeficiente de atrito durante o contato e desgaste de superfície.

3.1. MOLHABILIDADE

Como foi mencionada acima, a molhabilidade pode ser quantificada pelo ângulo

de contato de um líquido com o substrato sólido. Esse contato da gota com o substrato

depende das forças adesivas e a força coesiva do líquido. Os ângulos de contato para os

biolubrificantes desenvolvidos nesta tese estão apresentados na Figura 4.4.

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Figura 4.4: Gráficos de Molhabilidade dos Biolubrificantes

a) Gráfico Molhabilidade OGE

b) Gráfico Molhabilidade OM

De acordo com a Figura 4.4a, embora as amostras serem do mesmo óleo base, a

presença da nanopartícula altera um pouco a hidrofilidade do biolubrificantes. Não existe

uma tendência clara em todos, em função da quantidade de nanopartículas dispersas no

óleo base, porém observa-se tendências com a mesma concentração de nanopartículas, mas

que tem diferentes correntes (30 mA; 40 mA e 50 mA) de síntese por sputtering. Como

por exemplo: para menores concentrações de nanopartículas (0,05% em peso) e maior a

corrente (mA) de síntese, o ângulo de contato diminuiu (Figura4.4).

Entrentanto, já para as concentrações de 0,1% em peso de nanopartículas, houve

um acréscimo do ângulo de contato visvelmente para a síntese com corrente 40 mA e com

as maiores concentrações (0,3% em peso) aumentando a corrente (mA) de síntese de

nanopartículas pode-se verificar que quase não há mudança no ângulo de contato, são

praticamente iguais.

Observando as amostras na Figura 4.4(a) com OGE sem aditivos (22º), OGE 30.2

(27º), OGE 40.1 (24º), OGE 50.1(19º) e OGE 50.2 (24º) apresentaram menor ângulo de

contato com a superfície aço AISI 52100. Sendo assim, essas amostras obtiveram melhores

resultados para molhabilidade. Diferentemente das amostras OGE 30.1 (31º) e OGE 40.2

(38º), que obtiveram maiores ângulos de contato com a superfície.

Essas alterações na molhabilidade, provavelmente, se deu pelo fato de que como

tem partículas de cobre dispersa em óleo, em algumas amostras na interface lubrificante-

metal pode apresentar algumas nanopartículas que interferiram a adsorção do óleo à

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superficie alterando o ângulo de contato. Contudo, mesmo com ângulos diferentes, todas as

amostras apresentam caráter hidrofílico, pois estão na faixa de molhamento parcial, que

existe no intervalo de ângulos de contato compreendidos entre 0º<θ <90º (SOUZA, 2015).

Em relação a Figura 4.4(b), pode-se averiguar que as amostras de lubrificantes

OM ocorreram apenas uma tendência: quanto maior a concentração de nanopartículas (OM

30.3), menor foi o ângulo de contato com a superfície metálica (12º). Esse óleo lubrificante

base OM possui menor viscosidade e menor ângulo de contato que o óleo biolubrificante

base OGE, por isso, tem maior facilidade em molhar mais facilmente a superfície metálica,

assemelhando-se ao líquido 6 da Figura 4.3 de Souza (2015) nesse capítulo.

3.2.AVALIAÇÃO TRIBOLÓGICA POR HFRR

O desempenho dos biolubrificantes desenvolvidos nesta tese foi avaliado

utilizando um tribômetro HFRR, com movimento alternado. Embora não represente o

contato entre engrenagens, mas auxilia na avaliação da capacidade lubrificante dos

produtos mencionados acima. Foi avaliado o comportamento do coeficiente de atrito

durante o contato, bem como a morfologia do desgaste. Os resultados de coeficientes de

atritos estão dispostos na Figura 4.5.

Figura 4.5: Gráficos de Coeficientes de Atrito e Quadros de Coeficiente de Atrito Médio realizados no

tribômetro HFRR

a) OGE 30 mA

Amostras

Coeficientes Médios e

Desvios Padrões

OGE 0,067333 ± 0,006429

OGE 30.1 0,0645 ± 0,002121

OGE 30.2 0,063667 ± 0,008327

OGE 30.3 0,066667 ± 0,014295

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b) OGE 40 mA

Amostras

Coeficientes Médios e

Desvios Padrões

OGE 0,067333 ± 0,006429

OGE 40.1 0,063 ± 0,014295

OGE 40.2 0,064 ± 0,005568

OGE 40.3 0,0665 ± 0,010017

c) OGE 50 mA

Amostras

Coeficientes Médios e

Desvios Padrões

OGE 0,067333 ± 0,006429

OGE 50.1 0,053759 ± 0,01946

OGE 50.2 0,070592 ± 0,013407

OGE 50.3 0,07386 ± 0,06173

d) OM 30 mA

Amostras

Coeficientes Médios e

Desvios Padrões

OM 0,138 ± 0,031113

OM 30.1 0,1002 ± 0,016971

OM 30.2 0,0835 ± 0,008327

OM 30.3 0,1205 ± 0,002121

A partir dos gráficos apresentados na Figura 4.5, pode-se verificar que a inserção

de nanopartículas de cobre promove uma redução do coeficiente de atrito, na maioria dos

casos. Ao considerar o comportamento do óleo de girassol epoxidado sem nanopartículas

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(OGE), percebe-se que no decorrer do ensaio houve uma redução considerável no

coeficiente de atrito que pode ser atribuído a capacidade do biolubrificante de adsorver a

superfície metálica, devido à presença da carbonila dos ácidos carboxílicos, que é polar. O

grupo polar da molécula de lubrificante se adere à superfície não polar do metal, formando

uma camada a nível molecular, a qual separa as superfícies em contato (ALVES et al,

2013, HERNANDEZ-BATTEZ et al., 2008). Essa observação também foi confirmada pela

análise de molhabilidade. Contudo, após 2500s ocorre um aumento no coeficiente de atrito,

devido ao rompimento do filme lubrificante, que não suportou alta pressão de contato e o

movimento reciprocating. Esse fato indica a necessidade do uso de aditivos para manter

um filme estável, como pode ser observado nas amostras com aditivos, no qual após a

formação do filme, observa-se um coeficiente de atrito estável até o fim do ensaio.

Uma das características das nanopartículas que influenciam no desempenho

dessas é o tamanho. Observando o comportamento das amostras 30.1 (2,18 nm), 40.1

(10,06 nm) e 50.1 (10,24 nm), todas com concentração de 0,05% (em peso) não houve

influência significativa do tamanho, para a faixa de tamanho estudada. Pode-se enfatizar

também, que todos os comportamentos de atrito foram semelhantes, e com coeficientes de

atrito médio em torno de 0,065.

Segundo Zhou et al. (1999) e Rapoport et al. (2009), menores partículas foram

capazes de formar películas de proteção nas superfícies. Também pequenas nanopartículas

esféricas são mais propensas a rolar entre as superfícies e diminuir o atrito que as demais

formas (PENG et al., 2009). A comprovação de qual mecanismo de lubrificação foi

responsável pela redução de atrito será analisado utilizando microscopia eletrônica de

varredura acoplada a um espectrômetro de energia dispersiva (MEV/EDS).

Outra importante variável no uso de nanopartículas é a concentração, e nessa tese

este parâmetro foi muito significativo na avaliação do desempenho das nanopartículas de

Cu. Menores concentrações – amostras 30.1, 40.1 e 50.1 – em torno de 0,05% em peso,

favoreceram a redução de atrito, indicando que baixas concentrações são suficientes para

melhorar as propriedades tribológicas.

Os resultados obtidos por Dong et al. (2000), Xue et al. (1997), Zhou et al. (1999),

Hu e Dong (2000) e Zhang et al. (2011) corroboram com os desse trabalho, verificou-se

melhor desempenho tribológico foi verificado em baixas concentrações. Ainda relatam que

uma elevada concentração pode piorar as propriedades antidesgaste dessas suspensões.

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117

Como observado na Figura 4.5 desse capítulo, nenhuma amostra com maior

concentração obteve melhor resultado de coeficiente de atrito (OGE 30.3; OGE 40.3; OGE

50.3 e OM 30.3). Um excesso de nanopartículas pode favorecer o desgaste devido elas

atuarem como terceiro corpo, promovendo a abrasão da superfície.

Para a série OM 30 mA, o melhor resultado foi para a amostra OM 30.2, com

coeficiente de atrito oscilando entre 0,08 a 0,09 a partir de 250s durante todo o ensaio

(Figura 4.5d). Nesse caso, o óleo mineral adicionado com cobre a sua composição como

aditivo funcionou melhor com a segunda concentração (0,1%w). Pode-se ainda avaliar que

essa amostra – OM 30.2 – reduziu consideravelmente o coeficiente de atrito em relação ao

óleo mineral puro, mesmo com o maior tamanho de partícula, mas com boa estabilidade da

nanopartícula no óleo, podendo ter dispersado melhor no óleo e não ter aglomerado para

este resultado ser positivo.

3.3.DESGASTE DA ESFERA

As normas que avaliam a lubricidade de um lubrificante consideram o diâmetro

médio das escaras (marcas) de desgaste calculado a partir do tamanho (largura x altura),

analisada no microscópico óptico, como pode ser apresentado na Figura 4.6.

Figura 4.6: Diâmetro Médio das Escaras (Marcas) de Desgaste das amostras OGE e OM

a) Desgaste da Esfera OGE

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b) Desgaste da Esfera OM

Pela Figura 4.6a, os melhores resultados das séries OGE, com menores tamanhos

de escaras (marcas) nas esferas foram: OGE 30.2 (WSD=165,5 µm) que teve também o

menor ângulo de contato com o biolubrificante (Figura 4.4a); OGE 40.2 (WSD=55 µm);

OGE 50.2 (WSD=127,5 µm). E para a série OM (Figura 4.6b), o melhor resultado foi para

OM 30.2 (WSD=249 µm). Nesses casos o ângulo de contato da molhabilidade (Figura 4.4a

e 4.4b) não foram os menores, mesmo assim não houve interferência nos resultados de

desgaste na esfera.

Esse resultado pode ser explicado devido o nanofluido OGE possuir maior

afinidade com o metal que o óleo mineral como afirma Hwang et. al. (2003), por isso é

mais eficaz para proteger as superfícies metálicas em contato (TRAJANO, 2013). Vale

ressaltar, que essa análise não considera a morfologia do desgaste apenas aspectos

geométricos, escaras superficiais e lisas, que caracterizam um desgaste leve, pode

apresentar uma maior WSD.

3.4.MICROGRAFIAS ELETRÔNICAS DE VARREDURA (MEV) DOS

DISCOS

Os mecanismos de desgaste das nanopartículas podem ser estudados por meio de

análise das imagens microscópicas da superfície desgastada por MEV/EDS. Na Figura 4.7,

pode ser obervado as micrografias de MEV das superfícies do disco.

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119

Figura 4.7: Micrografias das superfícies desgastadas lubrificados com OGE e OM com e sem aditivos

Discos a 100x de Aumento Discos a 500x de Aumento EDS dos discos a 500x

1) OGE

2) OGE

3) OGE

Elementos Porcentagem

(%)

Carbono 48,28

Oxigênio 2,34

Ferro 49,2

4) OGE 30.1

5) OGE 30.1

6) OGE 30.1

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 1,42

Oxigênio 2,70

Ferro 94,76

Cobre 0,13

7) OGE 30.2

8) OGE 30.2

9) OGE 30.2

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 1,45

Oxigênio 0,09

Ferro 95,6

Cobre 0,74

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120

10) OGE 30.3

11) OGE 30.3

12) OGE 30.3

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 1,47

Oxigênio 0,47

Ferro 95,6

Cobre 0,64

13) OGE 40.1

14) OGE 40.1

15) OGE 40.1

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 1,48

Oxigênio 0,0

Ferro 98

Cobre 0,0

16) OGE 40.2

17) OGE 40.2

18) OGE 40.2

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 1,22

Oxigênio 0,0

Ferro 97,8

Cobre 0,0

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121

19) OGE 40.3

20) OGE 40.3

21) OGE 40.3

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 1,47

Oxigênio 0,0

Ferro 97,47

Cobre 0,27

22) OGE 50.1

23) OGE 50.1

24) OGE 50.1

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 0,0

Oxigênio 12,8

Ferro 85,41

Cobre 0,21

25) OGE 50.2

26) OGE 50.2

27) OGE 50.2

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 1,88

Oxigênio 0,41

Ferro 96

Cobre 0,34

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122

28) OGE 50.3

29) OGE 50.3

30) OGE 50.3

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 1,23

Oxigênio 0,0

Ferro 96

Cobre 0,20

31) OM

32) OM

33) OM

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 4,83

Oxigênio 19,45

Ferro 68,5

Carbono 7,21

34) OM 30.1

35) OM 30.1

36) OM 30.1

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 1,99

Oxigênio 6,81

Ferro 85,81

Carbono 5,39

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37) OM 30.2

38) OM 30.2

39) OM 30.2

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 6,50

Oxigênio 20.95

Ferro 66,30

Carbono 6,07

Cobre 0,19

40) OM 30.3

41) OM 30.3

42) OM 30.3

Elementos Porcentagem

(%)

Cromo 7,12

Oxigênio 19,07

Ferro 67,47

Carbono 5,89

Cobre 0,45

Como já discutido na seção 3.2, o óleo de girassol epoxidado, lubrifica a

superfície formando um filme molecular, devido suas características químicas. A imagem

4.7.3 comprova isso pela presença de carbono na superfície desgastada. As imagens 4.7.1 e

4.7.2 mostram que esse filme reduz significativamente o desgaste, promovendo uma

superfície lisa sem ranhuras.

Analisando as imagens para a série de amostras sintetizadas com 30 mA, é

possível observar que para a superficie desgastada OGE 30.1 houve a adesão de material

na superfície, configurando um desgaste adesivo, que provavelmente são partículas de

óxidos que foram formadas e extrudadas da superficie e posteriomente aderidas. Essa

hipótese se baseia na análise de EDS, que mostra a presença de oxigênio na área

desgastada.

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124

Sendo assim, conforme aumenta-se a concentração de nanopartículas diminui a

adesão de material na superficie (FIGURA 4.7.5 e 4.7.8) e aumenta os sinais de abrasão.

Há uma redução do teor de oxigênio e aumento da concentração de cobre, indicando que

houve a formação de uma camada protetiva por deposição das nanopartículas.

A superfície desgastada para as amostras OGE 40.1 (Fig. 4.7.14), OGE 40.2 (Fig.

4.7.17), OGE 40.3 (Fig. 4.7.20) e OGE 50.3 (Fig. 4.7.29) em relação ao óleo vegetal puros

(Fig. 4.7.2) foram os que apresentaram quase nenhum sinal de ranhuras graves e é mais

liso, mais plano do que a superfície desgastada nas amostras OGE 30.3 (Fig. 4.7.11) que

teve deslizamento de partículas e OGE 50.2 (Fig. 4.7.26) e também que a amostra de óleo

mineral OM 30.1 (Fig.4.7.35).

Nesses casos, o desgaste abrasivo foi mais evidente com algumas formações de

proa. Observa-se que um aumento da concentração promove superfícies com mais sinais

abrasivos, como discutido na análise do atrito, nesta condição (0,3 % de nanoparticulas de

Cu) as nanoparticulas atuam como um terceiro corpo, aumentando o desgaste (ALVES, et

al., 2013).

Tratando-se dos nanolubrificantes OGE 40.1, OGE 40.2, OGE 40.3 e OGE 50.3,

pode-se dizer que apresentaram nos resultados anteriores do Capítulo 3: tamanhos

semelhantes de nanopartículas e de forma esféricas pela técnica de SAXS (Tabela 3.4 do

capítulo 3) e por MEV (Figura 3.29 do capítulo 3); boa dispersão das nanopartículas com

colóides estáveis no potencial zeta, evitando maiores aglomerações, facilitando o

rolamento das nanopartículas onde o EDS não mostrou Cu na superfície (OGE 40.1 e OGE

40.2) e formação de filme onde o EDS mostrou Cu (OGE 40.3) nas superfícies em contato

protegendo-as e diminuindo o desgaste. No entanto, as amostras OGE 30.1 (Fig. 4.7.5) e

OGE 50.1 (Fig. 4.7.23) foram as que obtiveram maior desgaste na superfície, embora a

amostra OGE 50.1 tenha obtido menor coeficiente de atrito nos ensaios de HFRR (Figura

4.5 desse catítulo).

As superfícies apresentaram arrancamento de material evidenciando um maior

desgaste adesivo e alguns riscamentos caracterizando desgaste abrasivo. Este resultado

mostra que esses nanolubrificantes não apresentaram uma boa capacidade antidesgaste.

Este fato de maior desgaste para estas amostras é confirmado pela observação clara do

WSD (Fig. 4.6a), onde foram verificadas maiores diâmetros de desgaste da esfera,

comprovando o desgaste adesivo.

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125

Outra observação importante é em relação ao oxigênio apresentados no EDS.

Essa análise faz-se necessária para ter ideia de qual elemento se encontra na superfície de

desgaste e poder discutir melhor sobre a influência do oxigênio no desgaste, por exemplo,

naquela superfície. Assim, observou-se que quanto mais oxigênio encontrados na

superfície ensaiadas com os nanofluidos de OGE, maior é o desgaste (Fig. 4.7.6; Fig. 4.7.9;

Fig. 4.7.24; Fig. 4.7.27), principalmente para a amostra OGE 50.1 (Fig. 4.7.24) com 12,8%

de oxigênio na superfície. Diferentemente das amostras que não apresentaram nenhuma

percentagem de oxigênio na superfície e pouco cobre.

Nesse caso, pode-se assim dizer que obtiveram melhores resultados na superfície

de desgaste, tanto na esfera quanto na superfície do disco devido a formação de filme,

colaborando para menor desgaste dessas superfícies. O que pode ter ocorrido foi uma

oxidação parcial na superfície metálica com a existência de ar em grandes quantidades

como mostrado por Graçoeiro (2008) e Portal Energia (2017) na Figura 1.4 do Capítulo 1,

ou ainda, a inserção das nanopartículas em alguns casos promoveu uma piora na

molhabilidade (OGE 50.1), o que pode deixar a superfície exposta ao oxigênio gerando

óxidos de ferro. Isso pode ser mostrado na Tabela 4.3.

Tabela 4.3: Composições encontradas nos óleos de girassol e óleo mineral após as sínteses de nanopartículas

de cobre por deposição sputtering por Fluorescência de Raios-X (FRX)

Óleos Aditivados

(Cu+)

FRX (0,05 % w)

FRX (0,1 % w)

FRX (0,3 % w)

OGE 30 mA

a) 30.1

Fe2O3 - 14,9 %

b) 30.2

Fe2O3 – 4,6 %

c) 30.3

Fe2O3 - 0 %

OGE 40 mA

d) 40.1

Fe2O3 - 0 %

e) 40.2

Fe2O3 – 4,98 %

f) 40.3

Fe2O3 – 3,97 %

OGE 50 mA

g) 50.1

Fe2O3 – 11,5 %

h) 50.2

Fe2O3 – 4,1 %

i) 50.3

Fe2O3 - 0 %

OM 30 mA

j) 30.1

Fe2O3 – 53,9 %

l) 30.2

Fe2O3 – 39,8 %

m) 30.3

Fe2O3 – 40,4 %

Na Tabela 4.2a (OGE 30.1) e 4.2g (OGE 50.1) apresentaram maiores quantidades

de óxido de ferro nos nanolubrificantes e também apresentaram maiores quantidades de

oxigênio na superfície metálica (Figura 4.7.6 e 4.7.24), confirmando que pode ter ocorrido

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oxidação na superfície metálica com o nanolubrificante de girassol com a primeira

concentração (0,05% em peso Cu), exceto para a série de OGE 40 mA. Essas amostras

podem ter tido mais susceptibilidade a reagir com o oxigênio.

Para as imagens de nanolubrificantes com óleo mineral, as nanopartículas

funcionaram como anti-desgaste, principalmente para as amostras OM 30.2 (Fig. 4.7.38) e

OM 30.3 (Fig. 4.7.41) em relação ao OM sem aditivos (Fig. 4.7.32). Ao contrário das

amostras de OGE que no EDS apresentou oxigênio e as superfícies não foram as que

obtiveram melhores resultados, para as amostras OM, o oxigênio ajudou juntamente com o

cobre a diminuir o desgaste.

Comparando os dois tipos de nanolubrificantes (OGE e OM) com e sem aditivos

pode-se observar que os nanolubrificantes com OGE apresentaram leves escaras (marcas)

nos discos ou quase invisíveis (Fig. 4.7.1, 4.7.7, 4.7.10, 4.7.13, 4.7.16, 4.7.19, 4.7.25 e

4.7.28), exceto para as amostras OGE 30.1 (Fig. 4.7.4) e OGE 50.1 (Fig. 4.7.22) com

possível maior desgaste adesivo e oxidação nas suas superfícies. Nos nanolubrificantes

OM, todos apresentaram escaras (marcas) visíveis no disco. Acredita-se que

nanolubrificantes a base de óleo vegetal possuem mais afinidade com a superfície metálica

que nanolubrificantes de base mineral (TRAJANO, 2013).

Nesse trabalho, além de adsorção física das nanopartículas formando uma película

na superfície metálica protegendo-a, as melhores concentrações de nanopartículas para

atuar como anti atrito tem sido 0,05% em peso e 0,1% em peso concordando com os

estudos de Alves (2016), Dong et al., (2000), Xue et al., (1997),. Zhang et al., (2011). Eles

afirmam que seus melhores resultados foram para as menores concentrações de

nanolubrificante.

De acordo com Chiñas e Spikes (2000), as nanopartículas penetram na zona de

contato e, em seguida, depositam-se sobre essa zona, devido eles serem menor ou

semelhante em tamanho com a película lubrificante diminuindo ou aumentando atrito e

desgaste. Mas, Trajano (2013) não conseguiu grandes resultados na diminuição de atrito e

desgaste quando utilizou biolubrificantes aditivados em seus estudos por falta de uma

melhor dispersão. Porém, com esse método de síntese de nanopartículas em substratos

líquidos com a deposição por sputtering, os resultados tem sido satisfatórios para a área

tribológica.

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127

3.5.ANÁLISE QUÍMICA DOS LUBRIFICANTES APÓS ENSAIO

TRIBOLÓGICO

Faz-se necessário verificar se após ensaio tribológico houve algumas mudanças

nas vibrações dos grupos funcionais orgânicos devido ao processo tribológico ocorrido.

Assim os óleos lubrificantes foram analisados pelo FTIR. A Figura 4.8 apresentou os

espectros das vibrações orgânicas nos lubrificantes.

Figura 4.8: Espectros das vibrações por FTIR dos lubrificantes após ensaio HFRR.

a) OGE 30 mA

b) OGE 40 mA

c) OGE 50 mA

d) OM 30 mA

Os resultados obtidos expostos na Figura 4.8 houve apenas uma leve vibração

próxima a 3.500 – 4.000 cm-1

para as amostras OGE inicialmente. Segundo Lopes e Fascio

Sem água Sem água

Sem água Estiramento CH Simples e Duplas CH

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128

(2014) são bandas características de O–H, observando uma maior evidência desse

agrupamento para as amostras OGE 30.1, OGE 40.1 e OGE 50.1 (Fig. 4.8a, 4.8b e 4.8c).

Após o ensaio tribológico, essas intensidades de 3.500 – 4.000 cm-1

e em 2.400

cm-1

diminuem e quase desaparecem. Dessa forma, acredita-se que com temperatura, os

resquícios da água que ainda restava presentes no lubrificante, devem ter evaporado e a

cadeia do biolubrificante pode ter continuado a reagir quebrando as insaturações. Segundo

Mcnaught e Wilkinson (1997) e Dutra-Pereira (2016), essas quebras podem ter sido

ocasionadas por uma oxidação catalisada por alguns metais que entram em solução quando

estão no ensaio tribológico ocorrendo assim, várias reações catalíticas na interface aço-

lubrificante. Isso comprova a hipótese de oxidação na superfície de algumas amostras

utilizando nanolubrificante de OGE com a menor concentração (0,05% em peso de Cu).

Para o lubrificante OM, observam-se apenas ligações carbônicas com hidrogênio,

simples (1.400 cm-1

) e duplas (1.500 cm-1

). Em 2.800 – 3.000 cm-1

observam-se

estiramentos C-H que faz parte da cadeia do óleo lubrificante mineral (LOPES e FASCIO,

2004). Não foi observada nenhuma mudança significativa para essas amostras após o

ensaio tribológico.

4. CONCLUSÃO

As conclusões obtidas a partir dos resultados apresentados foram:

Os melhores nanolubrificantes foram as que utilizou-se a concentração 0,05%

em peso de nanopartícula de cobre (OGE 40.1, OGE 50.1) em termos de

diminuição de coeficiente de atrito e com 0,1% em peso (OGE 30.2. OGE 40.2,

OGE 50.2, OM 30.2) diminuindo coeficiente de atrito e desgaste nas

superfícies;

No desgaste, tanto da esfera quanto do disco, esses resultados de

nanolubrificantes confirmam nanolubrificantes anti-desgaste, porém,

observando as imagens de MEV, os nanolubrificantes OGE 50.3 apresenta

menor desgaste no disco que os demais da série OGE 50 mA e o

nanolubrificante OM 30.3 parece melhor da série OM 30 mA, mesmo

apresentando algumas ranhuras visíveis.

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129

Como a maioria dos resultados favorecem a concentração 0,1% em peso

principalmente para diminuir desgaste, então, essas amostras são as sugeridas para futuras

pesquisas de biolubrificantes com nanopartículas com deposição por sputtering para

engrenagens de turbinas eólicas.

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CAPÍTULO 5: “Conclusões Gerais Finais”

Figura 5: Aerogerador

Fonte: http://bit.ly/EnergiaEolica

“Eu sei o preço do sucesso: dedicação,

trabalho duro e uma incessante

devoção às coisas que você quer ver acontecer”

Frank Lloyd Wright

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1. CONCLUSÕES GERAIS FINAIS

Esse trabalho objetivou desenvolver um lubrificante de alto desempenho utilizando óleo

de girassol epoxidado (biolubrificante) e nanopartículas de cobre. Com o intuito de melhorar a

dispersão o nanolubrificante foi desenvolvido pelo método de deposição sputtering, no qual

nanopartículas de cobre foram depositadas no óleo. A partir dos resultados obtidos nessa

pesquisa conclui-se:

Com base nas características físico-químicas – densidade, índice de viscosidade e

viscosidade, estabilidade térmica, acidez, índice de iodo e teor epóxi –, a melhor forma de

sintetizar o óleo de girassol epoxidado é utilizando a rota fórmica, com estequiometria 11:5:1

(H2O2: Ác. Fórmico: Óleo de Girassol Refinado) à 30 °C por 3 horas.

A deposição sputtering se mostrou uma excelente técnica para produzir o

nanolubrificantes. As partículas de cobre foram depositadas no óleo de girassol epoxidado e com

excelente dispersão, como demonstrados pela inspeção visual e pelas técnicas de análises SAXS

e Potencial Zeta. Assim, essa metodologia solucionou um dos grandes problemas dos

nanolubrificantes que é a dispersão das nanopartículas, que interfere diretamente no desempenho

tribológico.

Quanto aos parâmetros da síntese, observou-se que as menores concentrações de

nanopartículas de cobre obtiveram melhor dispersão e melhores resultados tribológicos. Com o

aumento de corrente (mA) não aumentou o tamanho das nanopartículas de forma significativa,

porém, entre as séries com menores correntes (30mA) e maiores (50mA) observou-se que a

corrente mediana (40mA) foi a que obteve melhores resultados. A forma geométrica esférica

geralmente ocorre nesse tipo de síntese por deposição sputtering;

A série de amostras com OGE 40 mA obtiveram as melhores respostas quanto a

desgaste e a maioria das amostras com a concentração de 0,05%w e 0,1%w de cobre obtiveram

redução de atrito e desgaste. Essas concentrações também colaboraram para uma melhor

dispersão e colóides mais estáveis em solução;

A única série de OM 30 mA apresentou bons resultados tanto de atrito quanto

desgaste em relação ao óleo mineral base;

A maioria das nanopartículas sintetizadas por sputtering formaram um filme

protetor ou rolaram (apenas o OGE 40.1 mA e o OGE 40.2 mA) na superfície em contato

enquanto ocorria o ensaio tribológico (movimento relativo) diminuindo atrito e desgaste,

podendo ser um excelente aditivo antiatrito e antidesgaste.

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2. PERSPECTIVAS DE TRABALHOS FUTUROS

Ao término deste trabalho, ainda não foi suficiente para investigar sobre todas as

vertentes e benefícios que os nanolubrificantes têm a oferecer na área tribológica.

Sendo assim, sugerem-se algumas ideias para trabalhos futuros:

Estudar a corrosão dos óleos biolubrificantes;

Procurar métodos de separação das nanopartículas sintetizadas com a deposição

por sputtering do biolubrificante;

Realizar ensaios de HFRR (Higth Frequency Reciprocating Rig) por mais tempo

e verificar se a amostra OGE 50.1 apresenta comportamento de

superlubricidade;

Analisar o desgaste das engrenagens no tribômetro FZG (Forschungsstelle für

Zahnräder und Getriebebau) utilizando o nanolubrificante estudado nesse

trabalho para validar se o mesmo pode vir a substituir lubrificantes utilizados

atualmente nas engrenagens de turbinas eólicas;

Investigar se o nanolubrificante diminui atrito e desgaste em rolamentos,

mancais e outras superfícies que entram em contato para realizar trabalho.

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