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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - CCET Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais i UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS JOSÉ AIRTON CUNHA COSTA Formulação de materiais com mudança de fase por adição combinada de vermiculita, diatomita e parafina aplicados em argamassas cimentícias. Natal RN Março/2019

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Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais

i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS

JOSÉ AIRTON CUNHA COSTA

Formulação de materiais com mudança de fase por adição combinada de vermiculita,

diatomita e parafina aplicados em argamassas cimentícias.

Natal – RN

Março/2019

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Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais

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José Airton Cunha Costa

Formulação de materiais com mudança de fase por adição combinada de vermiculita,

diatomita e parafina aplicados em argamassas cimentícias.

Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia

dos Materiais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do título de Doutor em Engenharia e Ciência dos Materiais, sob

orientação da Prof. PhD. Dr. Antonio Eduardo Martinelli, coorientação do Prof. Dr. Rubens

Maribondo do Nascimento.

Natal – RN

Março/2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Costa, José Airton Cunha.

Formulação de materiais com mudança de fase por adição combinada de vermiculita, diatomita e parafina aplicados em

argamassas cimentícias / José Airton Cunha Costa. - 2019. 113f.: il.

Tese (Doutorado)-Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Centro de Ciências Exatas e da Terra - CCET, Programa de Pós-

Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, Natal, 2019. Orientador: PhD. Dr. Antonio Eduardo Martinelli.

Coorientador: Dr. Rubens Maribondo do Nascimento.

1. Material com mudança de fase - Tese. 2. Vermiculita - Tese. 3. Diatomita - Tese. 4. Parafina - Tese. 5. Argamassa -

Tese. I. Martinelli, Antonio Eduardo. II. Nascimento, Rubens

Maribondo do. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 620

Elaborado por RAIMUNDO MUNIZ DE OLIVEIRA - CRB-15/429

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JOSÉ AIRTON CUNHA COSTA

Formulação de materiais com mudança de fase por adição combinada de vermiculita,

diatomita e parafina aplicados em argamassas cimentícias.

Esta tese foi julgada adequada para a obtenção do título de

DOUTOR EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

Tecnologia de Materiais

Sendo aprovada em sua forma final

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Antonio Eduardo Martinelli– Orientador

____________________________________________

Rubens Maribondo do Nascimento – Coorientador

____________________________________________

George Santos Marinho – UFRN

____________________________________________

Prof. Ulisses Targino Bezerra – IFPB

____________________________________________

Profa. Ana Cecilia Vieira da Nóbrega – UFPE

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, José Airton Alves da Costa (in memorian) e Gianine Cunha Costa;

Às minhas irmãs Izilda, Silvana e Giannina (in memorian). Sinto-me orgulhoso de

dedicar esse trabalho à minha família, não poderia dedicá-lo a outra! À fidelidade, ao

companheirismo, à misericórdia, até mesmo à providência do impossível, tudo em forma

desmedida. Vocês foram fieis, deram-me, como sempre, muito mais do que esperei.

E, nos momentos das dúvidas.... Quando eu clamei silenciosamente: E agora? E depois?

Vocês responderam carinhosamente:

“Continuar. Insistir. Amar e enternecer.

Quem disse que a conquista é fácil?

Quem disse que a luta e a vitória dependem de um só homem, de uma só

campanha? ”

Restou-me, pois:

Sonhar! Idealizar! Realizar!

Estas palavras, nunca serão finais.

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AGRADECIMENTOS

Após a realização do meu último experimento, fiquei envolvido por um sentimento de

saudades antecipadas. O prenúncio do fim tornou-se inevitável, através do milagre da

memória, que me sentisse agradecido por tantos acontecimentos que me fortaleceram na

realização deste trabalho.

Tudo começa quando o professor José Daniel Diniz Melo, em uma conversa amena,

dirige-me, em tom fraterno, a observação: “Você tem que fazer o doutorado, é o seu perfil, vai

te fazer bem” – vaticinou, acertadamente, esta excelsa alma humana. Deus estava naquela

mesa. Eternamente grato!

Reúno a minha família e informo que farei o doutorado. A notícia reveste-se de um

imediato apoio incondicional por parte de todos: minha mãe, Gianine Cunha Costa, minhas

irmãs Izilda e Silvana e, in memorian, meu pai, José Airton Alves da Costa e minha irmã

caçula Giannina Cunha Costa. Estes dois últimos estão sempre presentes com os seus

ensinamentos, mesmo não podendo fisicamente estar aqui, compartilhando com cada um de

nós da enorme alegria deste momento tão bonito, da saudade profunda e imensurável, que se

consolidam nas nossas mentes, pela força do espírito, a fé na própria imortalidade do homem

e de sua criação. Deus estava ali. Eternamente grato!

O curso inicia, e a minha primeira aula, com o professor Antonio Eduardo Martinelli,

de uma didática impecável. Concluo, já na aula seguinte, por convidá-lo a ser o meu

orientador. Deus está comigo! Ele aceitou o convite, e tive a honra de ser acompanhado por

esse paterno professor. Fazendo uma retrospectiva, vejo que ele usou, acertadamente, de olhos

vendados, a espada e a balança, educando-me a indagar, para descobrir, permanentemente,

novos horizontes, sobrepujar os obstáculos, decifrar as esfinges, descortinar o futuro, procurar

o imponderável, sonhar até mesmo com o transitoriamente impossível, essa cruel e inatingível

forma de que, por vezes, reveste-se o ideal. Eternamente grato!

O curso vai-se desenvolvendo, e vou angariando novos amigos, são tantos, de tantos

matizes, vindos de tantos lugares, mas, todos, animados pelo ideal de busca da felicidade,

lançando-se no incessante desafio da procura do conhecimento e das inovações tecnológicas,

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agindo com disciplina e responsabilidade. Eles me fizeram acreditar que existe, de fato, um

Brasil de Ordem e Progresso. A amiga Herculana se destaca por ser a primeira, por estar lado

a lado, em diversos momentos de calorosas discussões. Meses depois, em outra disciplina,

conheço Armando Monte, um “professor pardal” na essência. Posteriormente, conheci Igor

Zumba, uma fera nos conceitos laboratoriais. Esses três têm a natureza dos grandes

educadores e, em nenhum momento, furtaram-se às minhas dúvidas. Eternamente grato!

O tempo vai passando; as disciplinas vão sendo superadas, todas, com muito esforço e

dedicação. Não houve um dia sequer que eu sentisse desânimo para enfrentá-las. Não poderia

ser diferente, o PPgCEM está recheado de grandes professores. Tive o prazer de ser aluno de

todos eles. Aos professores: Dr. Umbelino, Dr. Ito, Dr. Marcus Mello, Dra. Dulce, Dra. Ana

Paula, Dra. Fabiana, Dr. Bomio, eternamente grato!

Ingresso na última cadeira, Termodinâmica Avançada, professor Rubens Maribondo do

Nascimento. Mais uma vez, surpreendo-me com sua excelente didática. Mais ainda, no

decorrer da cadeira, vou ficando impressionado pela capacidade deste professor, de

administrar tantas funções distintas na UFRN. Ele é pilar basal da nossa instituição. Que

mente privilegiada! Não deu outra! Convido-o para ser meu coorientador, e ele aceita o

convite. Deus, mais uma vez, está comigo. Muito mais que uma coorientação, ele se envolveu,

esteve sempre de prontidão, a todo o instante, para promover o sucesso desta empreitada.

Eternamente grato!

Com a finalização das cadeiras, dissipou-se boa parte dos amigos. Começo

solitariamente em busca de algo inovador, avançando, dia após dia, em leituras diversas. Vou

afunilando os objetivos e consolidando as etapas da revisão bibliográfica; despertando

interesse pelo fascinante mundo dos materiais com mudança de fase e suas aplicações no

armazenamento de energia térmica. Promovo o planejamento experimental e aporto no

CTGÁS-ER com uma estrutura de laboratório que me permitiu realizar a maioria das etapas

experimentais em um único lugar. Mais que um excelente espaço físico de laboratório, o

CTGÁS-ER apresentou-me profissionais de alto conhecimento técnico, senso de equipe e de

excelência na formação humana. Não poderia deixar de citar, em especial, ao Dr. Nildo. Ele

coordenou, orientou, dissipou dúvidas e esteve à frente na preparação dos materiais,

pessoalmente. Deus, certamente, está comigo. Eternamente grato!

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Ao professor George Marinho, pelos ensinamentos, pelas indicações bibliográficas, e a

ajuda na disponibilização do laboratório de medições térmicas para a hora e o dia que eu

precisasse. Jamais esquecerei essa mão amiga.

À amiga de todas as horas, Hilda Nogueira, um agradecimento especial, pelo apoio

incondicional, por diversos momentos, que me garantiu mais tempo livre para dedicar aos

estudos e a esta pesquisa.

Agradeço a Rayana França, pela amizade, carinho e afeto, que muito contribuíram para

essa minha realização, imortalizando-a do princípio ao fim.

Aos recursos oriundos do Fundo de Pós-Graduação, gerido pela Pró-reitoria de Pós-

Graduação e aos funcionários Andson, João Paulo e Elson, na orientação e preparação dos

requerimentos e trâmites necessários.

A BR - PETROBRAS DISTRIBUIDORA - PARAFINAS INDUSTRIAIS, pela doação

das parafinas sólida e líquida (óleo naftênico).

Ao Sr. George Ribeiro de Lara Andrade, proprietário da DIATOMITA NACIONAL

LTDA-Epp – Rio do Fogo-RN, pela doação das diatomitas brutas e calcinadas.

A Mineração Pedra Lavrada Ltda., pela doação da vermiculita com procedência da

Paraíba e processada no Município de Atibaia-SP.

Aos recursos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil

(CAPES) - Finance Code 001.

Por fim, a Deus e à Ciência, por me fazerem sentir e compreender, respectivamente, a

importância de todo este trabalho. Eternamente grato!

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ix

“Viva a Ciência! Estar em seu meio, a

esse rerun concordia discors (discordante

concerto das coisas) e toda a maravilhosa

incerteza da ambiguidade, da existência e

interrogar; não tremer de ânsia e gostar da

interrogação, nem sequer odiar quem

interroga, talvez até se divertir levemente com

isso. Vida longa à Ciência!"

D'Ariont.

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RESUMO

Com a finalidade de garantir o conforto térmico dos seus usuários, as edificações residenciais

e comerciais consomem grande parte de energia para aquecer e resfriar os ambientes internos

e, consequentemente, os condicionadores de ar emitem quantidades significativas de gases do

efeito estufa nos aglomerados urbanos. As preocupações no século atual para redução do

consumo energético e emissão de gases ensejam, portanto, avanços no uso dos materiais

capazes de armazenar energia no processo de transição de fase, com especial dedicação aos

PCMs (Phase Change Materials). Neste estudo, foi idealizado um material com mudança de

fase, PCM, com potencial para melhoria da performance térmica em argamassas cimentícias,

constituído de duas parafinas, sólida e líquida (óleo naftênico), e dois minerais como matriz

de suporte (diatomita calcinada e vermiculita expandida). Primeiro, caracterizações por DSC

e FT-IR foram realizadas para determinar a melhor proporção entre as parafinas visando a

aplicação em edificações residenciais e comerciais. Os minerais de partida foram

caracterizados por TG, DTA, FRX, MEV, BET e FT-IR. Amostras de PCM foram feitas a

partir da mistura de parafinas escolhidas e os minerais, e então nomeadas como PCM1

(parafinas + diatomita), PCM2 (parafinas + vermiculita) e PCM(1+2) (parafinas + diatomita +

vermiculita), e foram caracterizados por MEV, FT-IR, BET. Foram preparados traços de

argamassas cimentícias na proporção em volume: 1:4 cimento:areia (traço controle), 1:4:1 de

cimento:areia:diatomita, 1:4:1 de cimento:areia:vermiculita e 1:4:1 cimento:areia:PCMs, e

tiveram suas propriedades térmicas mensuradas. Finalmente, foram avaliadas as propriedades

térmicas do PCM(1+2), em substituição variada ao volume de areia, nas proporções de 0%,

25%, 50%, 75% e 100%. Os resultados do DSC das misturas de parafina apontaram para a

composição a 20% de parafina líquida como sendo a ideal por apresentar temperatura sólido-

líquido e calor latente adequados para edificações. Todos os PCMs denotaram condutividades

térmicas menores que a do traço controle (1,47 W/m.K), sendo o PCM(1+2), a mais baixa

dentre elas (0,82 W/m.K). O PCM(1+2) também exibiu melhor difusividade, capacidade

calorífica volumétrica e resistividade térmica. A adição simultânea de vermiculita e diatomita

à composição dos PCMs resulta na melhoria das suas propriedades térmicas, mantendo suas

características fundamentais como estabilidade química e estrutural.

Palavras-chave: Material com mudança de fase, vermiculita, diatomita, parafina, argamassa.

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ABSTRACT

In order to ensure the thermal comfort of its users, residential and commercial buildings

consume a large amount of energy to heat and cool the indoor environments and, consequently,

air conditioners emit significant amounts of greenhouse gases in urban agglomerations.

Concerns in the current century to reduce energy consumption and emission of gases, therefore,

lead to advances in the use of materials capable of storing energy in the phase transition

process, with special dedication to PCMs (Phase Change Materials). In this study, a material

with phase change, PCM, with potential for improving thermal performance in cement mortars,

consisting of two solid and liquid paraffins (naphthenic oil) and two minerals as a support

matrix (calcined diatomite and vermiculite expanded). First, characterizations by DSC and FT-

IR were performed to determine the best ratio between paraffins for application in residential

and commercial buildings. The starting minerals were characterized by TG, DTA, FRX, MEV,

BET and FT-IR. PCM samples (paraffin + vermiculite) and PCM (1 + 2) (paraffin + diatomite

+ vermiculite) were prepared from the selected paraffin mixture and the minerals, and then

named PCM1 (paraffin + diatomite), PCM2 characterized by MEV, FT-IR, BET. Cement

mortars were prepared in volume ratio: 1: 4 cement: sand (control trace), 1: 4: 1 cement: sand:

diatomite, cement 1: 4: 1: sand: vermiculite and 1: 4: 1 cement: sand: PCMs, and had their

thermal properties measured. Finally, the thermal properties of PCM(1 + 2) were evaluated,

varying to the sand volume, in the proportions of 0%, 25%, 50%, 75% and 100%. The DSC

results of the paraffin blends pointed to the composition at 20% liquid paraffin as being ideal

because it has adequate solid-liquid temperature and latent heat suitable for buildings. All

PCMs had lower thermal conductivities than the control (1.47 W/m.K), with PCM (1 + 2)

being the lowest of them (0.82 W/m.K). The PCM (1 + 2) also presented better diffusivity,

volumetric heat capacity and thermal resistance. The simultaneous addition of vermiculite and

diatomite to the composition of PCMs results in the improvement of their thermal properties,

maintaining their fundamental characteristics as chemical and structural stability.

Key words: Phase change material, vermiculite, diatomite, paraffin, mortar.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Classificação dos materiais com Mudança de Fase. ....................................... 22

Figura 2: Hipótese e percepção de projeto do material proposto. .................................. 25

Figura 3: Morfologia de diferentes diatomitas - a) navicular, b) globular, c) cilíndrica 30

Figura 4: Modelo estrutural da vermiculita do Brasil. ................................................... 31

Figura 5: Exemplo de formação de ésteres. ................................................................... 40

Figura 6: Planejamento experimental............................................................................. 48

Figura 7: Misturas de parafinas MP5, MP10, MP15, MP20 e MP25. ........................... 50

Figura 8: TGA e DTG da diatomita. .............................................................................. 56

Figura 9: TGA e DTG da vermiculita. ........................................................................... 56

Figura 10: Análise DTA da diatomita. ........................................................................... 57

Figura 11: Análise DTA da vermiculita. ........................................................................ 57

Figura 12: DRX da diatomita. ........................................................................................ 59

Figura 13: DRX da vermiculita. ..................................................................................... 60

Figura 14: Isoterma Linear e Log da Isoterma para a diatomita – a) e b). ..................... 61

Figura 15: Classificação por De Boer, para definir a geometria de poro. ...................... 62

Figura 16: Isoterma de adsorção, classificação de Brunauer, TIPO I a IV; e segundo

Pierce TIPO VI. ....................................................................................................................... 63

Figura 17: BJH da dessorção cumulativa do volume de poros, distribuição de tamanho

de poros, diatomita. ................................................................................................................. 63

Figura 18: BET da área de superfície, diatomita............................................................ 64

Figura 19:Isoterma Linear e Log da Isoterma para a vermiculita – a) e b). ................... 65

Figura 20: BJH da dessorção cumulativa do volume de poros, distribuição de tamanho

de poros, vermiculita. .............................................................................................................. 66

Figura 21:BET da área de superfície e t-PLOT, vermiculita ......................................... 67

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Figura 22: Histograma do cimento. ................................................................................ 68

Figura 23: Histograma das temperaturas de mudança de fase sólido-sólido, 1º PICO. . 70

Figura 24: Momento de dipolo instantâneo entre duas moléculas vizinhas: a) cilíndricas

e b) esféricas. ........................................................................................................................... 71

Figura 25: Histograma das temperaturas de mudança de fase sólido-líquido, 2º PICO.72

Figura 26: Comparação entre a quantidade de carbono estimado na parafina sólida e

líquida. ..................................................................................................................................... 73

Figura 27: Círculo de difusão escoamento a) MP20/diatomita (PCM1), b)

MP20/vermiculita (PCM2), c) MP20/minerais (PCM(1+2)). ................................................. 74

Figura 28: Imagens fotográficas a) diatomita, b) vermiculita, c) diatomita+vermiculita,

d) PCM1, e) PCM2, f) PCM(1+2). .......................................................................................... 75

Figura 29: Imagens por MEV da a) e b) diatomita, c) e d) vermiculita, e) e f)

diatomita+vermiculita, g) e h) PCM1, i) e j) PCM2, k) e l) PCM(1+2). ................................. 76

Figura 30: a) Imagem 3D simulada do PCM(1+2); b) imagem ampliada da seção de corte

de uma partícula de PCM(1+2) . ............................................................................................. 78

Figura 31: Espectro FT-IR da Diatomita, Vermiculita, MP20, PCM1, PCM2 e

PCM(1+2). ............................................................................................................................... 79

Figura 32: Propriedades térmicas, estudo inicial. .......................................................... 81

Figura 33: Propriedades térmicas, estudo final dos traços. ............................................ 87

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xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características físico-químicas da parafina sólida 140/145-2 GRN, conforme

fornecedor. ............................................................................................................................. 101

Tabela 2: Características físico-químicas do óleo naftênico NH20, conforme fornecedor.

............................................................................................................................................... 101

Tabela 3: Tabela de traços da matriz cimentícia com minerais e form-stable PCMs. . 103

Tabela 4: Traços de argamassa cimentícia com PCM(1+2) em substituição volumétrica

à areia. .................................................................................................................................... 103

Tabela 5: Resumo das diversas caracterizações. .......................................................... 104

Tabela 6: FRX diatomita e vermiculita. ....................................................................... 105

Tabela 7: Resumo comparativo dos dados BET e BJH entre diatomita, vermiculita. . 106

Tabela 8: Distribuição granulométrica da areia. .......................................................... 107

Tabela 9: Dados resumidos dos DSCs da Parafinas Sólida, Líquida e MPs. ............... 107

Tabela 10: Tabelas de dados das análises térmicas, estudo preliminar........................ 107

Tabela 11: Intervalo de confiança, estudo preliminar. ................................................. 108

Tabela 12: Avaliação do erro, comparativo entre κ / C e α, estudo preliminar. .......... 109

Tabela 13:Avaliação do erro, comparativo entre κ e (1/ ρ)*100, estudo preliminar. .. 109

Tabela 14: Tabela de dados das análises térmicas, ensaios finais dos diversos traços T1

a T5. ....................................................................................................................................... 110

Tabela 15: Intervalo de confiança, estudo final dos traços. ......................................... 111

Tabela 16: Avaliação do erro, comparativo entre κ / C e α, estudo final dos traços.... 112

Tabela 17: Avaliação do erro, comparativo entre κ e (1/ ρ)*100, estudo final dos traços.

............................................................................................................................................... 113

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LISTA DE SIGLAS E NOMENCLATURAS

A: Areia

a: Água

C: Cimento

CPs: Corpos de prova

D: Diatomita bruta calcinada

m: Massa (g)

m1: Massa de diatomita

m2: Massa de vermiculita utilizada no traço

m3: Massa de mistura de parafina selecionada

MP: Mistura de parafina

MP5, MP10, MP15, MP20 e MP25: Indicam os percentuais em massa de 5%, 10%, 15%, 20%

e 25% do óleo naftênico, em relação à parafina sólida

MPs: Misturas de parafina

PCM: Material com mudança de fase

PCM1: Material com mudança de fase, constituído de MP20+diatomita

PCM(1+2): Material com mudança de fase MP20+diatomita+vermiculita

PCM2: Material com mudança de fase, constituído de MP20+vermiculita

PCMs: Materiais com mudança de fase

p/p0: Símbolo de pressão relativa (IUPAC).

V: Vermiculita bruta calcinada

κ: Condutividade térmica em W/m.K

C: Capacidade calorífica volumétrica em MJ/m3.K

Cm: Capacidade calorífica volumétrica por unidade de massa em MJ/g.m3.K

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α: Difusividade térmica em mm2/s

ρ: Resistividade térmica em °C.cm/W

T: Temperatura em °C

t: Tempo em minutos

Cl: Calor latente em J/g

med: em subsrcrito, indica valor médio

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................ xii

LISTA DE TABELAS ...........................................................................................................xiv

LISTA DE SIGLAS E NOMENCLATURAS ........................................................................ xv

SUMÁRIO ........................................................................................................................... xvii

Capítulo 1 .............................................................................................................................. 20

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 21

Capítulo 2 .............................................................................................................................. 27

2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 28

Origem do PCM (Phase Change Materials) ....................................................... 28

Parafina sólida e óleo naftênico ............................................................................ 28

Diatomita ............................................................................................................... 29

Vermiculita ............................................................................................................ 30

Materiais com mudança de fase ............................................................................ 32

Interação física e química entre os materiais adotados ......................................... 35

Análises texturais .................................................................................................. 35

Capítulo 3 .............................................................................................................................. 36

3. ESTADO DA ARTE ............................................................................................. 37

Estudo das propriedades do concreto com agregados leves autoclavado .......... 37

Concreto leve de baixa resistência para isolamento térmico com diatomita ......... 38

Modificando a expansibilidade entre as lamelas da vermiculita por uso de

substâncias ............................................................................................................................... 38

Modificando a estrutura da vermiculita com a intercalação de íons de

alquilamônio, para obter melhorias desejadas ....................................................................... 38

Preparação de diversos compósitos PCMs, para avaliação potencial dos candidatos

39

O uso da parafina e diatomita como PCM ............................................................ 40

A idealização do PCM constituído por um compósito de parafina/diatomita

incorporado à base da argamassa cimentícia........................................................................... 41

Influência do tamanho da partícula de diatomita na absorção da parafina pelos

poros da diatomita ................................................................................................................... 42

A idealização do PCM constituído por um compósito de parafina/vermiculita ... 43

A idealização da diatomita como suporte para baixa, média e alta temperatura .. 43

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xviii

A idealização do PCM constituído por um compósito de parafina/vermiculita

incorporado à base de argamassa cimentícia........................................................................... 44

Um novo composto de gesso leve com diatomita e fibras de polipropileno é

estudado por ............................................................................................................................ 45

Capítulo 4 .............................................................................................................................. 46

4. MATERIAL E PROCEDIMENTOS .................................................................... 47

Materiais. ............................................................................................................... 49

Preparação dos PCMs............................................................................................ 49

Preparação dos form-stable PCMs ........................................................................ 50

Preparação da matriz cimentícia com minerais e form-stable PCMs.................... 51

Preparação da matriz cimentícia com form-stable PCM(1+2) em percentuais

variados 51

Caracterizações...................................................................................................... 52

Capítulo 5 .............................................................................................................................. 54

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 55

Caracterização dos minerais de partida ................................................................. 55

5.1.1. Análise térmica da diatomita e da vermiculita ...................................................... 55

5.1.2. FRX da diatomita e Vermiculita ........................................................................... 58

5.1.3. DRX diatomita e vermiculita ................................................................................ 58

5.1.4. BET, BJH e t-PLOT, Análise da diatomita e vermiculita ..................................... 60

5.1.5. Granulometria do cimento e da areia .................................................................... 68

Preparação dos form-stable PCMs ........................................................................ 69

Morfologia dos form-stable PCMs ........................................................................ 74

FT-IR análises ....................................................................................................... 79

Propriedades térmicas das argamassas com minerais e PCMs ............................. 81

Propriedades térmicas das argamassas com PCM(1+2) em diferentes

proporções 85

Capítulo 6 .............................................................................................................................. 89

6. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 90

Capítulo 7 .............................................................................................................................. 91

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................ 92

Referências ............................................................................................................................ 93

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 94

Anexo ................................................................................................................................... 100

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - CCET

Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais

xix

ANEXO ................................................................................................................................. 101

Apêndice .............................................................................................................................. 102

APÊNDICE ........................................................................................................................... 103

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Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 | Introdução

José Airton Cunha Costa 20

Capítulo 1

Introdução

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Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 | Introdução

José Airton Cunha Costa 21

1. INTRODUÇÃO

Diversos alertas de significativas mudanças climáticas vêm sendo dados atualmente, e o

aumento populacional, associado ao consumo energético, apresenta dados alarmantes. O artigo

lançado pela International Energy Outlook, 2016, projeta que o consumo mundial de energia

crescerá 48% entre 2012 e 2040 . Já as emissões de CO2 relacionadas à energia de combustíveis

fósseis aumentam de 32,3 bilhões de toneladas métricas, em 2012, para 35,6 bilhões de

toneladas métricas em 2020, e para 43,2 bilhões de toneladas, em 2040 [1].

Ao analisar o mesmo período projetado, o Brasil acompanha o consumo mundial. No

pior cenário, o consumo de energia final, no Brasil, passa de 161,8 x 106 tep (2005) para 309,3

x 106 tep (2030), um aumento de 91% - tep, tonelada equivalente de petróleo. E, para o melhor

cenário, o consumo de energia final pode chegar a 477 x 106 tep, em 2030, comparado a 2005,

refletindo um aumento de 19% [2].

Essas mudanças climáticas nos últimos anos trazem a necessidade de avanços em

sistemas de armazenamento de energia na construção civil. Com foco no desenvolvimento de

novos materiais, é possível prover o conforto térmico, a redução do consumo energético e a

consequente emissão de carbono por sistemas de climatização em edifícios residenciais e

comerciais [3-6].

Dentre esses materiais encontra-se os PCMs (Phase Change Materials), que são capazes

de absorver, armazenar e liberar energia térmica em ciclos de aquecimento e resfriamento,

retendo o calor quando submetidos a alta temperatura e liberando, posteriormente, em baixas

temperaturas. Eles podem armazenar elevada quantidade de calor sensível, calor latente, calor

de reação reversível ou a combinação destes, por meio da mudança de fase (liquefação ou

solidificação), apresentando baixa variação térmica, podendo ser confeccionados em sistemas

compactos [7-9].

Os PCMs podem ser constituídos por compostos orgânicos, como parafinas, ésteres,

ácidos e álcoois, bem como compostos inorgânicos, como hidratos de sais, eutéticos de sais

inorgânicos e metálicos e metais eutéticos [10], como classificados, resumidamente, na Figura

1 [11]. Os PCMs contendo sais ou metais fundidos e ligas são comumente utilizados em

temperaturas de armazenamento térmico mais alto. Enquanto isso, PCMs baseados em

compostos orgânicos como as parafinas têm, geralmente, baixos pontos de fusão e são mais

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Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 | Introdução

José Airton Cunha Costa 22

indicados para armazenagem térmica de calor de ambientes como edificações residenciais e

comerciais com temperaturas máximas de cerca de 40°C [12].

Figura 1: Classificação dos materiais com Mudança de Fase.

Fonte: Adaptado de Xu, Ben et al. (2015).

As parafinas sólidas, líquidas e as misturas delas têm sido extensivamente usadas como

PCMs na armazenagem térmica. Elas são quimicamente inertes, não corrosivas, inodoras,

baratas e não tóxicas [13]. As parafinas sólidas apresentam elevado calor latente, maiores

temperaturas na transição de fase sólido-líquido do que as temperaturas de transição de fase

sólido-sólido, enquanto as parafinas líquidas apresentam propriedades térmicas sem pico para

as transições de fases e baixo calor latente. Porém, o uso conjugado aumenta a temperatura de

formação da primeira gota e proporciona uma adequada transição de fase.

Um estudo realizado por Zhiming et al. [14] indica a possibilidade da utilização de

diferentes fases de transição simultaneamente (parafinas sólida e líquida). Seus resultados

apontam para um aumento da temperatura de formação da primeira gota (transição sólido-

sólido) quando comparado à parafina monofásica, o que representa uma melhora na eficiência

térmica do material em termos de armazenamento de energia.

Material com Mudança de Fase

Orgânico

Compostos Parafínicos

Compostos Não-Parafínicos

Inorgânico

Sais

Sais Hidratados

Metálicos

Eutéticos

Orgânico-Orgânico

Inorgânico-Orgânico

Inorgânico-Inorgânico

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Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 | Introdução

José Airton Cunha Costa 23

Entretanto, no processo de transição sólido-líquido dos PCMs pode ocorrer o vazamento

de materiais com mudança de fase, por exemplo no caso das parafinas. Isso limita a sua

aplicação, em certa medida. Para superar este problema, podem ser adotados matrizes de

suporte com a finalidade de estabilização na fabricação de compósitos PCM na forma estável,

conhecido como os form-stable PCMs. As matrizes de suporte para estabilização dos PCMs

geralmente incluem recipientes de microencapsulação, bem como cascas de microencapsulação

de polímeros e materiais porosos, tais como a grafite expandido, espuma de carbono, espuma

metálica, a perlita, diatomita, vermiculita, atapulgita e minerais de argila. Resumidamente, os

form-stable PCMs são considerados quando as matrizes de suporte proporcionam a retenção do

material de mudança de fase, garantindo que não ocorra o vazamento para a temperatura de

trabalho selecionada. Estudos anteriores abordam o processamento dos PCMs na forma de

materiais compósitos, sendo incorporados materiais de construção como gesso, cimento,

perlita, montmorilonita, vermiculita e diatomita, que servem de matriz de suporte à matriz de

parafina [15-20].

A diatomita é uma matéria-prima mineral de origem sedimentar e biogênica e é

constituída, essencialmente, de sílica amorfa hidratada (SiO2.nH2O), com cerca de 3% a 10%

de água intercristalina. Esta possui propriedades como alta porosidade e permeabilidade,

elevada área de superfície específica, boa estabilidade térmica, excelente capacidade de

absorção, inércia química e baixo custo. Essas propriedades possibilitam a aplicação desse

material como agente filtrante, filtro adsorvente, material de construção e abrasivo. Além disso,

a diatomita é tida como um excelente candidato como suporte em PCMs [14, 20].

A vermiculita é um filossilicato hidratado de morfologia lamelar. Quando submetida a

uma temperatura de aproximadamente 800°C, sofre uma expansão que pode variar de 8 a 30

vezes o seu volume original. Essa expansão resulta em um material de alta porosidade,

resistência ao fogo, baixa densidade, baixa condutividade térmica e é não-tóxica, podendo ser

utilizada como condicionadores de solo, sorvente de metais pesados e como agregados leves na

construção civil. Estudos recentes apontam a vermiculita como bom candidato como matriz de

suporte para PCMs [18, 21].

Entender os conceitos físicos que qualificam um material com propriedades térmicas

isolantes eficientes, compreendendo como acontece o mecanismo de condução de calor nos

materiais sólidos, tanto por meio de ondas de vibração da rede (fônons), quanto por elétrons

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José Airton Cunha Costa 24

livres [22-26], elucidam os benefícios do ar estagnado, gaps e espalhamento dos fônons

proporcionados pela diatomita e vermiculita como isolantes térmicos.

Estudos diversos apontam para uso de PCMs incorporados às mais variadas argamassas

e pastas utilizada na construção civil [15, 27, 28]. Além disso, pesquisas mais recentes mostram

resultados satisfatórios sobre o uso, tanto de form-stable PCMs à base de diatomita [7, 20, 29,

30] quanto à base de vermiculita [18, 21, 31] como carga em matrizes de argamassas

cimentícias.

Novos PCMs baseados na mistura de parafinas líquidas e sólidas suportadas

simultaneamente por diatomita e vermiculita inexistem na literatura. Portanto, o objetivo geral

do presente estudo foi formular uma composição de materiais com mudança de fase,

constituídos de parafinas sólida e líquida, para elevar a temperatura de formação da primeira

gota (transição sólido-sólido) e avaliar o seu comportamento em um compósito com matriz de

diatomita e vermiculita que servirão de carga para argamassa cimentícia. A hipótese é que a

diatomita pode ter o papel de recobrir a vermiculita, impedindo a impregnação dos espaços

interlamelares pelo material de mudança de fase, promovendo elevada estagnação do ar nesses

vazios, resultando na melhoria das propriedades térmicas analisadas do material compósito.

Abaixo, na Figura 2, apresenta-se a percepção de projeto que definiu a hipótese. A partícula

hipotética do PCM(1+2) é simulada em 3D no formato esférico, com planos de cortes que

permitem a visualização do núcleo (vermiculita) e contorno externo (diatomita+MP20).

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José Airton Cunha Costa 25

Figura 2: Hipótese e percepção de projeto do material proposto.

Fonte: o autor (2017).

Para comprovar a hipótese delineou-se os objetivos específicos para: investigar diferentes

percentuais entre parafinas sólida e líquida, para possibilitar aumento da temperatura de

formação da primeira gota (transição sólido-sólido) e eleger a que mais se adeque a proposta

do trabalho; posteriormente, inserir e avaliar o comportamento da mistura de parafina em um

compósito com diatomita e vermiculita como matriz de suporte; por fim, formular matrizes de

argamassas cimentícias utilizando como cargas os minerais (diatomita e vermiculita), de forma

isolada, conjunta e com parafinas (PCMs na forma estável); avaliar propriedades térmicas das

matrizes cimentícias.

Amostras de PCMs à base de uma mistura de parafinas (sólida e líquida) suportados

simultaneamente por diatomita e vermiculita foram confeccionadas e tiveram suas morfologias

e composições caracterizadas por MEV, FRX, DRX, BET, DSC, TGA, DTA e FT-IR. O

cimento e a areia utilizados foram analisados por granulometria a laser e peneiramento,

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José Airton Cunha Costa 26

respectivamente. Propriedades térmicas das amostras de argamassa cimentícias com carga de

form-stable PCM e minerais (isolados e combinados), bem como do traço controle, foram

investigadas. Além disso, foram avaliadas as propriedades térmicas do PCM(1+2) (parafinas+

diatomita+vermiculita), em substituição variada ao volume de areia, nas proporções de 0%,

25%, 50%, 75 % e 100%. Os resultados do DSC das misturas de parafina apontaram para a

composição a 20% de parafina líquida como sendo a ideal por apresentar temperatura sólido-

líquido e calor latente adequados para edificações.

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José Airton Cunha Costa 27

Capítulo 2

Revisão da Literatura

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José Airton Cunha Costa 28

2. REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo, apresenta-se um resumo de diversas pesquisas sobre os materiais

aplicados nesta tese, a forma como idealizou-se para trabalhar como armazenadores de energia

térmica e como evoluíram, ao longo dos anos, na área de estudo. Para o desenvolvimento da

revisão da literatura, adota-se a exposição em ordem cronológica, desde a origem do termo

PCM, o surgimento da parafina, com suas leis de transformação de fase, seu conceito como

PCM e sua concepção como material associado a minerais para trabalhar no armazenamento de

energia e conforto térmico das edificações.

Origem do PCM (Phase Change Materials)

O termo Phase Change Materials (PCMs) apresenta-se nos idos de 1900 quando Alan

Tower Waterman, da Yale University, descobre um material com mudança de fase estudando

a ionização positiva de certos “sais quentes” e promovendo observações sobre as propriedades

elétricas de um sal, a molibdenita (MoS2), em altas temperaturas. Nesse estudo, observou-se

que a condutividade do calcogeneto pode ser alterada progressivamente [32].

Parafina sólida e óleo naftênico

Idealizadas como materiais com mudança de fase, a parafina como um PCM (Phase

Change Materials) - materiais capazes de armazenamento de energia no processo de transição

de fase - apresenta-se com relevante análise sobre o seu comportamento, e suas leis de

transformações de fase em meados de 1963 [33]. Em 1971, apresenta-se um minucioso

trabalho feito pela NASA [34] sobre diversos tipos de PCMs e com modernas observações

sobre uso dos parafínicos. Em 1976, a parafina consagra-se como importante material de

mudança de fase no uso do armazenamento de energia térmica [35] .

Avanços nas análises de calorimetria permitem aprofundamentos na compreensão do

comportamento associado entre as parafinas solidas e os óleos naftênico [36]. Importantes

fundamentos da transição vítrea e sobre a temperatura de fusão passam a ter respostas mais

significativas, sendo a base para o entendimento associado desses dois materiais. Estudos

aprofundados só foram possíveis devido à condução da análise dos óleos naftênicos e

parafínicos por calorimetria diferencial de varredura modulada (MDSC). A modulação da

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José Airton Cunha Costa 29

temperatura na calorimetria diferencial de varredura (DSC), implementada nos idos de 1990, e

com perspectivas de aplicações bastante promissoras, permitiu separar os fenômenos

termodinâmicos dos fenômenos cinéticos, desde que acompanhados de tratamento matemático

adequado dos dados obtidos. Os resultados mostraram várias melhorias nas propriedades

térmicas analisadas, quando comparados com o DSC padrão.

O uso de parafínicos como PCMs orgânicos, que consistem, principalmente, de uma

mistura de cadeia linear n-alcanos (CH3 (CH2)n-CH3), cresce devido às suas características

únicas, como a não-toxicidade, alto calor latente, inércia química, não segregação de fase e

disponibilidade comercial [7].

Diatomita

A diatomita é uma matéria-prima mineral de origem sedimentar e biogênica, formada a

partir do acúmulo de carapaças de algas diatomáceas que foram se fossilizando, desde o período

pré-cambriano, pelo depósito de sílica sobre a sua estrutura [37]. A fixação desta sílica, pelas

algas diatomáceas, está relacionada com o ciclo geoquímico de decomposição das argilas,

servindo como parte do material de estrutura para estas algas [38].

As carapaças são constituídas, essencialmente, de sílica amorfa hidratada (SiO2.nH2O),

com cerca de 3% a 10% de água intercristalina; a estrutura dessas carapaças consiste em um

agregado submicroscópico de cristalitos de cristobalita desordenada. O desordenamento dos

cristalitos é devido aos seus tamanhos reduzidos (menor que 0,1 µm) e a substituição de O2-

por OH- [39].

A maioria das diatomáceas apresenta tamanho entre 4 μm e 500 μm, bem como existem

em mais de 12.000 espécies diferentes [40]. A diatomita utilizada nesta pesquisa provem do

município de Rio do Fogo, em Barra de Punaú, no Estado do Rio Grande do Norte, onde se

encontra em abundância. Essa região apresenta, comumente, diatomáceas de formato tubular,

naviculares e do gênero Eunotia em menores quantidades [41]. Neste trabalho adotou-se,

unicamente, a diatomita de formato navicular, Figura 3 a). Outros trabalhos usaram morfologias

de diatomitas diferentes, por exemplo: em formato globular [14], conforme Figura 3 b) [20]; e

em formato cilíndrico [29], conforme Figura 3 c).

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José Airton Cunha Costa 30

Figura 3: Morfologia de diferentes diatomitas - a) navicular, b) globular, c) cilíndrica

Fonte: a) o autor (2017); b) Sun et al. (2013) ; c) Li et al. (2014).

O valor da diatomita decorre de suas propriedades singulares, como: estrutura

microscópica e alveolar, elevada porosidade, elevada permeabilidade, densidade aparente

baixa, elasticidade, capacidade de absorção, inércia química, baixa condutividade térmica, peso

específico baixo, granulometria, grande área de superfície específica. Resumidamente,

salientam-se três fatores básicos: morfologia, granulometria e composição. Quanto à

composição, a diatomita será tão mais pura quanto maior for o teor de SiO2.

Devido a essas características, é amplamente utilizada na indústria como agente filtrante,

material de construção, adsorvente, veículo do catalisador, abrasivo, ingrediente de

medicamentos e tratamento de águas residuárias. Acrescente-se a essas vantagens o seu uso

como matriz de apoio na estabilização de diferentes PCMs; benefício alcançado,

especificamente, por exibir uma microestrutura altamente porosa.

Por tudo isso, a diatomita apresenta-se como uma espécie viável, devido ao baixo peso e

como suporte de estabilização para PCMs no armazenamento de energia em edifícios;

evidencia-se, recentemente, seu crescimento no desenvolvimento do uso e da pesquisa em

materiais com mudança de fase [7].

Vermiculita

A vermiculita denota estrutura básica de um filossilicato hidratado, pertencente à classe

dos silicatos lamelares, idêntica à do talco e da mica, podendo apresentar-se na forma

trioctaédrica ou dioctaédrica. A composição das suas lamelas é do tipo 2:1, em que a carga

lamelar negativa se concentra na rede tetraédrica, devido às substituições isomórficas do silício

no sítio tetraédrico. Essa carga negativa é compensada por cátions hidratados interlamelares

(geralmente cátions de Na+, Ca2+, K+ e Mg) que são facilmente trocáveis. Diferente do talco, a

a)

b)

c)

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José Airton Cunha Costa 31

vermiculita contém moléculas de água e cátions na posição interlamelar; e o que as difere das

micas é a presença de moléculas de H2O apenas nas vermiculitas [42] e [43] .

O modelo estrutural da vermiculita do Brasil é apresentado na

Figura 4, por cortesia de Jonáš Tokarský, seguido por uma detalhada descrição sobre a

imagem [44]. A vermiculita utilizada nesta pesquisa provem do estado da Paraíba, sendo

processada nas instalações da MPL Mineração Pedra Lavrada LTDA., no município de Atibaia-

SP.

Figura 4: Modelo estrutural da vermiculita do Brasil.

Fonte: Jonáš Tokarský, descrita por Valášková e Matynková (2012).

Quando submetida a um aquecimento adequado, próximo de 800°C, a vermiculita libera

água rapidamente, ocorrendo aumento de volume e afastamento de suas lamelas paralelamente

entre si (como uma sanfona). Nesse processo, o mineral pode aumentar de 8 a 30 vezes o seu

volume original. A água retirada até 150°C é reversível, ou seja, pode ser reabsorvida a partir

da umidade do meio ambiente e não causa esfoliação. A água removida em torno de 260°C é

a responsável pela esfoliação do Mg presente na vermiculita, enquanto que as hidroxilas são

removidas apenas a 870°C. Recomenda-se que esta última água não deve ser totalmente

removida nos fornos industriais, pois, quando isso acontece, há uma grande e indesejável

variação nas características físico-mecânicas da vermiculita expandida ou esfoliada. No

processo industrial, o forno deve ser controlado de forma a não permitir a redução da água

abaixo de 5% a 6% [42].

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José Airton Cunha Costa 32

A microestrutura expandida é altamente porosa, tem baixíssimas densidade e

condutividade térmica, é inerte biologicamente, é compressível, possui alta capacidade de

isolamento térmico e acústico. É altamente absorvente, além de possuir uma superfície

quimicamente ativa e de elevada capacidade de troca catiônica. Apresenta amplas aplicações,

como condicionadores de solo, adsorventes de metais pesados e águas oleosas, e agregados

leves. Na forma expandida, ou esfoliada, a vermiculita possui aplicação no intervalo de -240°C

a 1100°C, impressiona pela elevada resistência ao fogo, devido ao seu alto ponto de sinterização

(1150°C a 1250°C), sendo considerada não-combustível. Em função de todas as qualidades

descritas, é utilizada como base para numerosos produtos em diferentes áreas de aplicação [43]

.

Mais recentemente, uma nova aplicação, utilizando vermiculita expandida como uma

matriz de apoio em PCM, tem sido explorada. Estudos sobre PCMs orgânicos, adotando

parafina, ácidos cáprico-mirístico, cáprico-láurico, cáprico-palmítico, cáprico-esteárico e n-

octadecano, foram impregnados com êxito nos espaços expandidos entre as camadas de

vermiculitas esfoliadas. Além disso, estes compósitos PCMs à base de vermiculita expandida

na forma estável foram consagrados, por terem alta capacidade de armazenamento do calor e

estabilidade térmica [21].

Considerando os fatores da compatibilidade química da vermiculita com os PCMs

orgânicos, alcanos e suas misturas, pode-se julgá-la como um dos materiais candidatos como

adequado e econômico para a preparação dos PCMs compósitos de forma estável para

armazenamento de energia em edificações [18].

Materiais com mudança de fase

As pesquisas, inicialmente, abordavam o uso de diversos minerais associados com

concreto e argamassas cimentícias para torná-los mais leves, porosos e, consequentemente,

redutores de condutividade térmica.

Em 2003, Kim et al. [45] estudando a condutividade térmica de concreto, preconizam

que a fração de volume do agregado e a condição de umidade são revelados como principais

fatores que afetam essa propriedade.

Topçu e Uygunoğlu [46] estudaram as propriedades físicas e mecânicas do concreto leve

autoclavado, produzido com diatomita e pedra-pomes como agregado leve. Nesse trabalho, os

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José Airton Cunha Costa 33

autores observam que a condutividade térmica depende da estrutura de poros dos agregados

leves, da densidade do concreto e da pasta matriz do cimento. Em outras palavras, a

condutividade térmica aumenta com o aumento da densidade do concreto.

O uso de diatomita em concreto leve de baixa resistência teve suas propriedades físicas

e mecânicas, tais como resistência à compressão, condutividade térmica, densidade de massa,

porosidade específica e isolamento térmico estudado por Ünal et al. [47].

A modificação da expansibilidade entre as lamelas da vermiculita por uso de substâncias

como o brometo de cetil trimetilamónio (CTA+) [48], ou mesmo com a intercalação de íons

de alquilamônio [49], permitiu criar vermiculitas organicamente modificadas para obter

melhorias desejadas (lamelas mais espaçadas).

Os estudos avançavam sobre os minerais associados com pastas cimentícias na melhoria

das propriedades físicas (térmica por exemplo) e neles, individualmente, nas modificações

estruturais.

Um novo passo foi dado em 2012, quando dez tipos de compósitos com materiais de

mudança de fase (PCMs) foram preparados por impregnação de ésteres, palmitato de xilitol

penta, xylitol penta palmitate (XPP), e xilitol penta esterato, xylitol penta stearate (XPS), sobre

os minerais individualizados em gesso, cimento, terra de diatomáceas, perlita e vermiculita,

através do método de adsorção a vácuo, para avaliar os potenciais candidatos em aplicações no

armazenamento de energia, para uso no conforto térmico de edifícios, uma vez que eles

apresentaram, relativamente, maior capacidade de calor latente [15].

O uso da parafina e diatomita como PCM, para armazenamento de energia térmica,

começa a ganhar evidência quando Sun et al. [14] atêm-se à criação desse material constituído

pela mistura de duas parafinas (cera de parafina e parafina líquida) com diferentes pontos de

temperatura de fusão (temperatura de transição de uma substância do estado sólido para o estado

líquido, derretimento) e misturados por fusão (unificação por derretimento, ato de fundir). A

proporção desejada dessa mistura é escolhida para envolver a diatomita calcinada e constituir

um compósito com mudança de fase.

Ainda em 2013, Xu e Li [7] idealizaram um PCM constituído por um compósito de

parafina e diatomita incorporados à base da argamassa cimentícia. O bom desempenho no

armazenamento de energia térmica para compósitos à base de cimento TESC, Thermal Energy

Storage Cement-Based Composite, é claramente sugerido por resultados do teste de capacidade

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José Airton Cunha Costa 34

de calor específico e testes térmicos. O trabalho principia a avaliação da condutividade térmica

com a parafina e diatomita e as argamassas cimentícias.

As pesquisas aprofundam-se em 2014 na melhoria dos PCMs, e a influência do tamanho

da partícula de diatomita na absorção da parafina pelos poros passa a ser estudado [29]. Neste

trabalho, o teste do círculo de difusão-escoamento (Diffusion-oozing circle test) proposto por

Ma et al. [50] foi usado para investigar a estabilidade de exsudação do compósito PCM após a

fabricação. De acordo com o seu método, um papel de filtro foi utilizado para determinar

qualitativamente a exsudação de parafina dos compósitos PCMs.

Em 2015, Guan et al. [18] idealizaram um PCM constituído por um compósito de

parafina e vermiculita. Neste estudo, a vermiculita expandida foi modificada por camada de

carbono - impregnando sacarose e, em seguida, carbonatando - a fim de aumentar a

condutividade térmica e melhorar a capacidade de adsorção da vermiculita expandida. Esta,

por sua vez, atuou como uma matriz de apoio garantindo a estabilidade do PCM.

Ainda em 2015, Quian et al. [20] idealizaram no seu estudo a fabricação de três tipos de

PCMs, todos constituídos de diatomita como matriz de apoio e impregnada com o polietileno

glicol (PEG); a segunda, com o nitrato de lítio (AgNO3), e a terceira, com o sulfato de sódio

(Na2SO4). Elas foram, respectivamente, empregadas como meio de armazenamento térmico,

como baixa, média e alta temperaturas. Os três PCMs foram produzidos através do método de

impregnação a vácuo, por ser um método fácil de mistura e sinterização.

Xu Biwan et al. [21] apresentam um novo material com mudança de fase (PCM)

compósito de parafina e vermiculita expandida, que foi usada sob medida como agregado para

o desenvolvimento de compostos à base de cimento leves, lightweight thermal energy storage

cement-based composites (LW-TESCCs), no armazenamento de energia térmica. Estudaram

diferentes temperaturas de calcinação da vermiculita, para que a mesma servisse de matriz de

apoio à parafina.

As pesquisas continuavam perpetuando o uso dos PCMs constituídos de minerais únicos.

Entretanto, em 2016, um novo compósito de gesso com diatomita e fibras de polipropileno é

criado por Gencel et al. [30]. Neste estudo, avaliam-se os benefícios dos dois minerais

conjugados sobre as propriedades mecânicas e de condutividade térmica.

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José Airton Cunha Costa 35

Interação física e química entre os materiais adotados

A compreensão das interações físicas e químicas entre os materiais aqui pesquisados

tiveram a base teórica apoiada em livros com abordagens gerais de propriedade térmicas,

condutividade, difusividade, resistividade e capacidade térmica [51], e outros com abordagens

mais específicas [22-26]. A compreensão das interações químicas entre os materiais foram

baseadas em conceitos mais gerais por Atkins & Jones [52] e, de forma mais específica, as

interações entre as parafinas, foram possíveis pela publicação de Acevedo et al. [53].

Análises texturais

Determinando as propriedades texturais de um material, junto de outras técnicas,

identifica-se como é sua estrutura porosa. Para definição dos macroporos, consideram-se

valores maiores que 50 nm; para mesoporos, indica-se uma faixa entre 2 nm e 50 nm; abaixo

dos 2 nm, encontram-se os microporos, e há também definições de ultramicroporos, que se

enquadram em uma faixa menor de 0,7 nm. As análises texturais seguiram padrões da União

Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC, sigla em inglês) [54].

Para determinação da estrutura porosa em diatomita e vermiculita, uma das técnicas mais

utilizadas é a sorção de moléculas sonda a uma temperatura fixa, por exemplo: o nitrogênio a

77 K, CO2 a 273,15 K, entre outros. Os valores observados em uma faixa de pressões entre 0

até a pressão atmosférica, quando o gás está sendo adsorvido pelo material e de forma reversa,

quando ocorre a dessorção, juntamente das quantidades adsorvidas em cada ponto de pressão,

leva a formação de isotermas. A forma retratada por essas isotermas pode fornecer informações

valiosas referentes à estrutura porosa do material. Depois, diferentes métodos matemáticos

podem ser aplicados para determinação de valores da área específica, na qual o mais comum é

a aplicação do modelo de Brunauer, Emmett e Teller (BET) [55], volume de poros, onde, para

argilominerais, podem-se aplicar os modelos de t-plot e α-plot [54].

Os valores obtidos em cada método matemático podem diferir de argilomineral para

argilomineral, justamente pelas diferentes estruturas existentes, assim como também pela

composição catiônica presente na região interlamelar, entre outros [56].

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José Airton Cunha Costa 36

Capítulo 3

Estado da Arte

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José Airton Cunha Costa 37

3. ESTADO DA ARTE

Relata-se, neste capítulo, o estado da arte em PCMs, específicos aos estudos sobre

materiais relacionados diretamente a esta pesquisa e que objetivaram o armazenamento térmico

de temperaturas ambientes de edifícios residenciais e comerciais. A apresentação é feita de

forma cronológica, pontuando os sucessivos avanços.

Estudo das propriedades do concreto com agregados leves autoclavado

Topçu e Uygunoğlu (2007) estudaram as propriedades físicas e mecânicas do concreto

leve produzido com diatomita e pedra-pomes como agregado leve [46].

A autoclave, por definição, usa vapor de alta-pressão a temperaturas de cerca de 180°C,

para acelerar a hidratação do concreto e propiciar uma segunda reação química, que dá ao

concreto celular autoclavado (CCA) sua força, rigidez e estabilidade dimensional. O

autoclavamento pode produzir, entre 8 h a 14 h, resistências iguais a forças obtidas em um

concreto curado em meio úmido durante 28 dias a 21°C. Essa resistência antecipada permite

que os produtos sejam embrulhados em plástico e transportados diretamente para o local de

construção.

Os autores concluíram que a condutividade térmica não foi muito alterada pela

autoclavagem. Mas obtiveram uma boa relação entre a condutividade térmica e a unidade de

massa do concreto leve. Verificaram que, em 37 horas, a resistência dos corpos de prova (CPs)

foram aumentadas em 75% em relação às amostras curadas em água por 28 dias. Cita que a

condutividade térmica depende da estrutura de poros dos agregados leves, da densidade do

concreto e da pasta matriz do cimento. Em outras palavras, a condutividade térmica aumenta

com o aumento da densidade do concreto. Além disso, citaram, de acordo com Kim et al. [45],

que a fração de volume do agregado e a condição de umidade do concreto são revelados como

principais fatores que afetam a condutividade térmica do concreto.

O trabalho principia a avaliação da condutividade térmica com a diatomita e o concreto

leve autoclavado, sendo o menor valor encontrado para a condutividade térmica de 0,13

W/m.K.

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José Airton Cunha Costa 38

Concreto leve de baixa resistência para isolamento térmico com diatomita

Ainda em 2007, Ünal et al [47] estudaram elementos de blocos de 100 x 100 x 100 mm

em diferentes proporções de diatomita como agregado e cimento. Usaram traços mudando a

granulometria da diatomita, separando-as em três grupos, nos tamanhos de 0 mm a 4 mm (fino),

4 mm a 8 mm (médio) e 8 mm a 16 mm (grosso). Analisaram propriedades físicas e mecânicas,

tais como resistência a compressão, condutividade térmica, densidade de massa e porosidade

específica. Para a mais baixa condutividade térmica obtida, encontraram valores entre 0,22

W/m.K a 0,23 W/m.K. Os autores observaram que não havia nenhuma ligação na interface da

diatomita com o cimento e constataram que a diatomita pode ser usada em concretos leves para

obter melhor isolamento térmico e reduzir a massa próprio de elementos da construção.

Modificando a expansibilidade entre as lamelas da vermiculita por uso de

substâncias

Este trabalho, apresentado por Wang et al. em 2009 [48], indica a possibilidade de criar

uma melhor expansão entre as lamelas de vermiculita por uso de substâncias como o brometo

de cetil trimetilamónio (CTA+). A vermiculita organicamente modificada melhorou a

resistência do gel do nanocompósito, em comparação com a vermiculita isolada, aumentou a

distância interlamelar e exibiu capacidade satisfatória na taxa de inchaço. Podendo, portanto,

ser usada como potencial material para várias aplicações no tratamento de águas.

Modificando a estrutura da vermiculita com a intercalação de íons de

alquilamônio, para obter melhorias desejadas

Os pesquisadores Wang et al. (2011) [49] adotaram a intercalação de íons de

alquilamônio em vermiculita, para melhorar a estrutura interior. Prepararam as organo-

vermiculitas por um método típico de solução a quente, hot solution method (OVMT (H)), e

um novo método de moagem de esferas, ball milling method (OVMT (M)), nas condições

otimizadas confirmadas por fundamentos experimentais ortogonais, orthogonal experimentals

designs (são análises estatísticas). Os dois métodos empregaram energia térmica e energia

mecânica, respectivamente, para conduzir os cátions cetil trimetilamónio (CTA +) no espaço

interlamelar das camadas e para conduzir a reação de permuta dos cátions.

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José Airton Cunha Costa 39

As análises revelaram que vermiculitas preparadas previamente em NaCl (Na-VMTs)

foram estruturalmente modificados e que as vermiculitas modificadas organicamente (OVMTs)

revelaram espaços entre as camadas extremamente grandes, onde os arranjos incorporados,

construídos de cadeias alquílicas de parafina tipo bilamelar, ficaram quase perpendiculares às

lamelas de silicato.

No entanto, os métodos de solução a quente e a moagem de esferas apresentaram

comportamentos distintos. A distância interlamelar da OVMT (M) (4,283 nm) foi maior do

que a OVMT (H) (4,052 nm), o que indica que o ângulo de inclinação de cadeias de alquilo, na

primeira, foi maior do que na segunda. Além disso, o tratamento da solução a quente manteve

a morfologia das camadas e reduziu a energia de superfície da vermiculita VMT, ao passo que

o método de moagem de esferas causou torção nas camadas e levou a uma alta energia residual

de superfície nas partículas, assim como um maior teor de compostos orgânicos e menor

estabilidade térmica do produto.

Preparação de diversos compósitos PCMs, para avaliação potencial dos candidatos

Os pesquisadores Sarı e Biçer, em 2012 [15], prepararam dez tipos de compósitos com

materiais de mudança de fase (PCMs) por impregnação de ésteres, palmitato de xilitol penta,

xylitol penta palmitate (XPP) e xilitol penta esterato, xylitol penta stearate (XPS), com os

minerais individualizados em gesso, cimento, terra de diatomáceas, perlita e vermiculita através

do método de adsorção a vácuo. A razão máxima de impregnação, tanto de XPP e XPS em

gesso, cimento, perlita, diatomita e vermiculita, foi encontrado em 22%, 17%, 67%, 48% e 42%

em massa percentual, respectivamente. Os resultados de DSC mostraram que a temperatura de

fusão e a capacidade de calor latente dos compósitos PCMs variaram de 20°C para 35°C e de

38 J/g a 126 J/g. Investigações TG revelaram que os compósitos PCMs tiveram durabilidade

térmica acima de suas faixas de temperatura de trabalho. O teste de ciclos térmicos também

exibiu que os compósitos PCMs tinham boa confiabilidade térmica e estabilidade química.

Além disso, as condutividades térmicas dos compósitos PCMs foram aumentadas por adição

de EG, expanded graphite (EG), na fração de massa em 10%. Todas as conclusões indicaram

que, dentre os compósitos PCMs preparados, especialmente os estruturados por perlita e

diatomita como base dos PCMs, apresentaram potenciais candidatos para aplicações no

armazenamento de energia para uso no aquecimento solar e arrefecimento dos edifícios, uma

vez que eles exibiram, relativamente, maior capacidade de calor latente.

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José Airton Cunha Costa 40

À título de conhecimento, apresenta-se a imagem que demonstra a formação de ésteres

na Figura 5 [57].

Figura 5: Exemplo de formação de ésteres.

Fonte: B C Science Web Page (2014).

O uso da parafina e diatomita como PCM

A proposta deste trabalho, realizado por Sun et al. (2013) [14], foi a criação de um

material constituído pela mistura de duas parafinas (cera de parafina e parafina líquida) com

diferentes pontos de temperatura de fusão (temperatura de transição de uma substância do

estado sólido para o estado líquido, derretimento) e misturados por fusão (unificação por

derretimento, ato de fundir). A proporção ideal desejada é escolhida para envolver diatomita

calcinada e constituir um compósito com mudança de fase.

Propriedades de armazenamento de energia térmica, dos compósitos PCMs foram

determinados pelo método DSC. Os resultados do DSC mostraram que havia uma relação de

adsorção ideal entre o compósito de parafina com diatomita calcinada e a temperatura de

transição de fase e o calor latente do compósito PCMs foram 33,04°C e 89,54 J/g,

respectivamente.

Neste trabalho, os resultados cíclicos de testes térmicos dos compósitos PCMs mostraram

que o material preparado é termicamente confiável e quimicamente estável. Os compósitos

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José Airton Cunha Costa 41

obtidos de parafina/diatomita calcinados apresentaram adequado calor latente e temperatura de

fusão, mostraram significado prático e valor potencial de aplicação.

Para os testes térmicos cíclicos não citaram os equipamentos adotados, mas indicaram a

bibliografia para o procedimento similar [58].

Os testes de ciclo térmico foram idealizados para determinar a confiabilidade térmica e a

forma estável do composto PCM estudado, quando submetidos a temperaturas de mudança de

fase e calor latente, após diversos ciclos térmicos. O teste foi realizado consecutivamente até

200 ciclos térmicos, usando um termociclador (modelo BIOER TC-25/H). Os testes de DSC e

análises de FT-IR foram repetidos após a ciclagem térmica, para determinar a estabilidade

térmica e química do composto PCM.

A idealização do PCM constituído por um compósito de parafina/diatomita

incorporado à base da argamassa cimentícia

Os pesquisadores Xu e Li (2013) [7] analisaram o armazenamento de energia térmica por

constituintes à base de argamassa de cimento. Thermal Energy Storage Cement-Based

Composite (TESC) foi desenvolvido pela incorporação do material de mudança de fase

composto de parafina/diatomita. O compósito PCM parafina/diatomita foi, primeiramente,

fabricado na proporção de mistura (parafina:diatomita) de 0,9:1,0. Microscopia eletrônica de

varredura (MEV) e Transformada de Fourier por Infravermelho, Fourier Transform Infrared

(FT-IR) apresentaram resultados de que a parafina pode ser bem impregnada nos poros da

diatomita e tem boa compatibilidade com os mesmos. Resultados da Calorimetria Exploratória

Diferencial, Differential Scanning Calorimetry (DSC), revelaram que o compósito PCM

parafina/diatomita tem temperatura de fusão e calor latente de 41,11°C e 70,51 J/g,

respectivamente. Boa estabilidade térmica foi observada para este compósito PCM, usando o

método de análise termogravimétrica (TGA). Posteriormente, o compósito PCM

parafina/diatomita foi incorporado à base da argamassa cimentícia com 10%, 15%, 20% e 30%,

em substituição à massa do cimento. A incorporação do compósito PCM parafina/diatomita,

em comparação com a argamassa cimentícia como controle, determinou reduções máximas aos

28 dias da resistência à compressão, da resistência à flexão, da tensão de secagem por

encolhimento e da condutividade térmica de 48,7%, 47,5%, 80,7% e 33,6%, respectivamente.

O bom desempenho no armazenamento de energia térmica para compósitos à base de cimento

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José Airton Cunha Costa 42

TESC, Thermal Energy Storage Cement-Based Composite, é claramente sugerido por

resultados do teste de capacidade de calor específico e testes térmicos.

O trabalho principia a avaliação da condutividade térmica com a parafina e diatomita e as

argamassas cimentícias.

Influência do tamanho da partícula de diatomita na absorção da parafina pelos

poros da diatomita

Os pesquisadores Li et al. [29], em 2014, avaliaram três tamanhos de partículas de

diatomita, denominadas por DP1, DP2 e DP3. A DP1 apresentou 90% do tamanho de partícula

abaixo de 11,662 μm, a DP2 e DP3 apresentaram 1097,688 μm e 1295,680 μm, respectivamente.

Elas foram usadas para produzir compósitos com material de mudança de fase, através da

absorção de parafina pelos seus poros. O melhor mecanismo de absorção verificou-se para a de

menor tamanho de partícula. Além do mecanismo de absorção, as estabilidades dos compósitos

também foram investigadas. A fim de evitar o vazamento, um método de modificação de

superfície foi proposto, e promissores resultados foram alcançados. Comportamentos térmicos

de painéis indicaram que a adição dos compósitos de PCM aumentaram a inércia térmica.

Nos experimentos, eles observaram, cuidadosamente, a quantidade de absorção máxima

da parafina como sendo a quantidade em que nenhum vestígio de parafina fosse observado

sobre a superfície do recipiente de mistura, isto é, quando o recipiente estava visualmente seco.

Outro ponto importante desse trabalho foi a condução do teste do círculo de difusão-

escoamento (Diffusion-oozing circle test) proposto por Ma et al. [50]. Este método também foi

aplicado para investigar a estabilidade de exsudação do compósito PCM após a fabricação. De

acordo com o seu método, um papel de filtro foi utilizado para determinar qualitativamente a

exsudação de parafina dos compósitos PCM. Primeiramente, dispersou certa quantidade de

compósitos PCM no centro do papel filtro, aqueceu a amostra, durante 1 hora, à temperatura de

60°C, então, observou o vazamento de parafina no papel e calculou os diâmetros médios de

vazamento. Neste estudo, o papel filtro com 150 mm de diâmetro foi usado, e a área de teste

foi de 70 mm. Os materiais compósitos PCMs fabricados foram considerados estáveis.

Os dois parágrafos anteriores descrevem métodos de análises qualitativas, adotados para

evitar excedentes de parafinas sobre os minerais e, consequentemente, a possibilidade de

vazamento.

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José Airton Cunha Costa 43

Nesta pesquisa, adotou-se as duas metodologias para definir a proporção ótima de

parafina nos minerais estudados como matriz de apoio. A segunda, de forma modificada, por

perceber que as características do papel, tais como gramatura, textura e porosidade,

influenciariam no escoamento da parafina e, consequentemente, na formação do círculo de

escoamento – como se observa no Capítulo 4.3 Preparação dos form-stable PCMs.

A idealização do PCM constituído por um compósito de parafina/vermiculita

Em 2015, Guan et al. [18] prepararam parafina/vermiculita expandida com camada de

carbono porosa modificada. Nos compósitos com materiais com mudança de fase (PCM),

vermiculita expandida foi impregnado na camada com sacarose e, em seguida, carbonatado in

situ, a fim de aumentar a condutividade térmica e melhorar a capacidade de adsorção da

vermiculita expandida, que atuou como uma matriz de apoio na preparação da forma estável do

PCM. As propriedades térmicas do compósito PCM foram determinadas por análise de

calorimetria de varredura diferencial (DSC). De acordo com os resultados da análise de DSC,

quando a adsorção da parafina atingiu 53,2% em peso, o calor latente dos compósitos PCM

foram, respectivamente, 101,14 J/g, a uma temperatura de congelamento de - 48,85°C e 103

J/g, a uma temperatura de fusão de 53,1°C. Resultados de TGA mostraram que o compósito de

forma estável PCM apresentou boa estabilidade térmica. Devido à formação da estrutura de

carbono na camada de vermiculita expandida, a condutividade térmica dos materiais de suporte

foi melhorada, assim, diminuindo, ligeiramente, a temperatura de início de fusão e ficando

abaixo à da parafina pura. Além disso, os resultados da análise por FT-IR e os testes de ciclos

térmicos confirmaram uma boa estabilidade química e fiabilidade térmica, após 200 ciclos entre

fusão/congelamento.

Por fim, concluiu que o compósito de forma estável PCM é promissor para as aplicações

no armazenamento de energia térmica à baixa temperatura.

A idealização da diatomita como suporte para baixa, média e alta temperatura

Do ponto de vista de temperatura de trabalho, Hoshi et al. [59] categorizaram os materiais

com pontos de fusão abaixo de 220°C, como materiais de temperatura "baixa"; com pontos de

fusão até 420°C, como materiais de temperatura "média"; e ponto de fusão maior do que 420°C,

como materiais de temperaturas "elevadas”, adequados para armazenamento térmico. Eles

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José Airton Cunha Costa 44

coletaram a capacidade de armazenamento de energia do calor latente de PCMs com vários

materiais, especificamente para materiais inorgânicos, tais como sais de fluoreto, sais de

cloreto, sais de carbonato, sais de sulfato, sais de brometo, sais de nitrato e três sais eutéticos.

Ficou notório que o ponto de fusão do material tende a aumentar na sequência dos nitratos,

cloretos, carbonatos e fluoretos.

Quian et al. [20] idealizaram no seu estudo a fabricação de três tipos de PCMs, todos

constituídos de diatomita como matriz de apoio e impregnada com o polietileno glicol (PEG);

a segunda, com o nitrato de lítio (AgNO3), e a terceira, com o sulfato de sódio (Na2SO4). Elas

foram, respectivamente, empregadas como meio de armazenamento térmico como baixa, média

e alta temperaturas. Os três PCMs foram produzidos através do método de impregnação a

vácuo, por ser um método fácil de mistura e sinterização. Os resultados SEM, DRX, e FT-IR

indicaram que os PCMs foram bem dispersos nos poros de diatomita, e nenhuma alteração

química ocorreu durante o processo de aquecimento e de arrefecimento. Os materiais

preparados foram bastante estáveis em condições térmicas e químicas, mesmo depois de 200

ciclos de fusão e de congelamento. Os resultados dos compósitos foram promissores, tornando-

os candidatos satisfatórios para os requisitos de aplicação nas diferentes faixas de temperaturas,

devido às suas elevadas capacidades de calor latente e adequadas temperaturas de mudança de

fase, bem como à excelente compatibilidade química, melhoria na amplitude do

superarrefecimento e elevada estabilidade térmica.

Vale salientar que quase todos os estudos auferiram as estabilidades térmicas e químicas

após os ciclos de fusão e congelamento, bem como os DSCs com aquecimento e resfriamento.

O trabalho de Qian et al. não foi diferente.

A idealização do PCM constituído por um compósito de parafina/vermiculita

incorporado à base de argamassa cimentícia

Um novo material com mudança de fase (PCM) compósito de parafina e vermiculita

expandida foi desenvolvido por Xu et al. [21]. Ele foi usado como agregado para o

desenvolvimento de compostos à base de cimento leves, lightweight thermal energy storage

cement-based composites (LW-TESCCs), para armazenamento de energia térmica.

Estudou diferentes temperaturas de calcinação da vermiculita, para que a mesma servisse

de matriz de apoio à parafina. Constatou que a calcinação a 800°C, durante 1 hora, foi a

condição ótima, por apresentar melhor microestrutura expandida e cristalização.

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José Airton Cunha Costa 45

Posteriormente, preparou-se o compósito PCM de parafina por vermiculita expandida

eleita (a calcinada a 800°C, durante 1 hora) na proporção em massa de 0,6:1,0 pelo método de

impregnação a vácuo.

Os resultados da Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) e da Espectroscopia no

Infravermelho por Transformada de Fourier (FT-IR) demonstraram que, no vácuo, a parafina

pôde ser bem carreada para os espaços interlamelares da vermiculita expandida eleita; e que a

parafina e a vermiculita são quimicamente inertes.

Os resultados da Calorimetria Diferencial de Varrimento (DSC) revelaram que o

compósito PCM tem uma temperatura de início de fusão de (27,0 ± 0,1)°C e calor latente de

(77,6 ± 4,3)J/g; apresenta uma boa estabilidade térmica, claramente sugerida pelos resultados

da Análise Termogravimétrica (TGA).

Além disso, os corpos de prova com argamassa cimentícia, com densidades abaixo de

1500 kg/m3, foram desenvolvidos através da incorporação do compósito PCM como substituto

da areia.

Verificou-se que os corpos de prova com o PCM e a argamassa cimentícia melhoraram,

significativamente, o desempenho da resistividade térmica e aumentou a capacidade de

armazenamento.

Os pesquisadores concluíram que as aplicações potenciais do novo material em divisórias

externas de edificações poderão contribuir, significativamente, para reduzir as flutuações de

temperatura do ar interior e na poupança de energia.

Um novo composto de gesso leve com diatomita e fibras de polipropileno é estudado

por

O estudo de Gencel et al. (2016) [30] usou diatomita e fibras de polipropileno na produção

de compósitos de gesso e demonstrou: redução do peso específico; aumento da resistência à

compressão do compósito dependendo do incremento do teor de diatomita na mistura; que as

fibras desempenham um papel importante para modificar as propriedades mecânicas, tais como

resistência à compressão e flexão. Adicionalmente, quando o conteúdo de diatomita é

aumentada no compósito de gesso o coeficiente de condutividade térmica do compósito

diminui. Nesse trabalho, o menor valor para a condutividade térmica foi de 0,384 W/m.K.

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José Airton Cunha Costa 46

Capítulo 4

Material e Procedimentos

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José Airton Cunha Costa 47

4. MATERIAL E PROCEDIMENTOS

Neste capítulo são definidos os materiais utilizados, os métodos para constituir a mistura

de parafina ideal na proporção adequada para formar os PCMs, as composições com os minerais

na preparação dos form-stable PCMs, a preparação da matriz cimentícia com minerais e form-

stable PCMs, e a preparação da matriz cimentícia com form-stable PCM(1+2), em substituição

volumétrica da areia, nas proporções de 25%, 50%, 75% e 100%. Um resumo esquemático da

metodologia experimental é apresentado na Figura 6, seguinte.

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José Airton Cunha Costa 48

Figura 6: Planejamento experimental.

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José Airton Cunha Costa 49

Materiais.

Neste tópico, estão apresentados os materiais usados na confecção dos PCMs. Não se

atém à caracterização da água, pois a mesma já cumpre grau de potabilidade e de propriedades

químicas desejadas para traços usuais.

Parafina sólida (140/145-2 GRN), cedida pela PETROBRAS S.A. (Brasil) indicando

temperatura de fusão na faixa de 60°C - 63°C, conforme Tabela 1, e parafina líquida (NH20)

também cedida pela PETROBRAS S.A. (Brasil) e temperatura de fusão em -45°C, conforme

Tabela 2 (ver ANEXO), foram utilizadas na composição dos PCMs utilizados nos

experimentos. Diatomita calcinada a 900°C foi obtida com Diatomita Nacional Ltda-Epp (Rio

Grande do Norte, Brasil). Vermiculita expandida a 800°C foi adquirida com Mineração Pedra

Lavrada Ltda (Paraíba, Brasil), classificada na origem como média pelo padrão brasileiro (55%

a 95% > 2,4 mm de tamanho) [60]. Foi utilizado o Cimento Portland Pozolânico (CP II Z 32)

da empresa Cimento Montes Claros (Brasil). Areia de rio com tamanho máximo de partícula

≤1,2 mm foi utilizada como agregado miúdo.

Preparação dos PCMs

As parafinas (sólida e líquida) foram misturadas em diferentes proporções e denominadas

como MP, seguidas do valor percentual de parafina líquida utilizada (5%, 10%, 15%, 20% e

25%) a fim de se estabelecer a composição termicamente mais eficiente a ser utilizada para

estre trabalho. Essas misturas foram então caracterizadas utilizando um instrumento DSC

(Shimadzu DSC 60 model).

A Figura 7 apresenta as misturas de parafina indicando as suas respectivas proporções de

parafina líquida: MP5, MP10, MP15, MP20 e MP25.

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José Airton Cunha Costa 50

Figura 7: Misturas de parafinas MP5, MP10, MP15, MP20 e MP25.

Fonte: o autor (2017).

Preparação dos form-stable PCMs

Através do DSC confirmou-se a melhor proporção entre parafinas e a escolhida foi a

MP20, três tipos de form-stable PCM foram produzidos pelo método de impregnação direta

sem tratamento a vácuo [61]: diatomita/MP20, vermiculita/MP20 e

diatomita+vermiculita/MP20, e estas foram denominadas PCM1, PCM2 e PCM(1+2),

respectivamente, a fim de definir a proporção ótima entre mineral/parafina.

Os minerais adotados foram previamente secos entre 100°C e 120°C por 24 h.

Posteriormente, foram derretidos 10 g da MP20 em Becker de 100 ml, em estufa a 70°C. O

componente mineral (isolado ou mistura) foi adicionado continuamente à parafina em

quantidades de 1 g até atingir a saturação. Inicialmente a saturação da parafina foi investigada

pelo seu excedente nas paredes do Becker. Atingida essa proporção ótima entre os

componentes, a amostra foi resfriada à temperatura ambiente. Diffusion-oozing circle test [50]

também foi utilizado para validação do resultado de saturação. O teste foi feito com papel filtro

de formato circular com 12,5 cm de diâmetro (papel filtro QUANTY JP40, 12,5 cm Ø, 80 g/m2,

cinza 0,00009 g, permeabilidade ao ar 26 l/s.m2, maioria dos poros 25 μm) e uma forma plástica

descartável circular que serviu para depósito da mistura, com diâmetro e espessura da área de

teste de 65 mm e camada de 5 mm, respectivamente.

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José Airton Cunha Costa 51

Preparação da matriz cimentícia com minerais e form-stable PCMs

Os traços de cimento:areia, cimento:areia:diatomita, cimento:areia:vermiculita,

cimento:areia:(diatomita+vermiculita), cimento:areia:PCM1, cimento:areia:PCM2 e

cimento:areia:PCM(1+2) foram preparados em proporções volumétricas, manualmente. Com o

intuito de manter a trabalhabilidade do traço, foram produzidas diferentes proporções mássicas

para o fator água/cimento. A proporção cimento:areia de 1:4 foi adotada considerando a

aplicação usual em revestimentos de paredes em edifícios residenciais e comerciais. Todas as

proporções citadas anteriormente são mostradas na Tabela 3 (ver APÊNDICE).

Para confecção dos corpos de prova, foram utilizados moldes cilíndricos de 5 cm de

diâmetro e 10 cm de altura, secos por uma hora em temperatura ambiente e então curados em

água por 48 h. Os traços foram colocados nos moldes em três camadas, e cada camada é

golpeada 10 vezes com bastão de vidro. Posteriormente, eram dadas 10 pancadas com a “colher

de pedreiro” na lateral da forma. Estes procedimentos foram mantidos como padrões para todos

os corpos de prova constituídos com a matriz cimentícia.

Preparação da matriz cimentícia com form-stable PCM(1+2) em percentuais

variados

Nesta etapa, foram preparados diversos traços de argamassa cimentícia com PCM(1+2),

em substituição volumétrica à areia, nas proporções de 0%, 25%, 50%, 75% e 100%. Um total

de 3 corpos de prova foram feitos para cada traço. Respectivamente, as denominações de cada

traço são: T1, T2, T3, T4 e T5, e cada corpo de prova recebeu a seguinte denominação: T1/1,

T1/2 e T1/3, para o traço T1; T2/1, T2/2 e T2/3, para o traço T2; e assim sucessivamente até o

traço T5. Resumidamente, os traços proporcionados foram confeccionados, conforme Tabela

4 (ver APÊNDICE). Para confecção dos corpos de prova, foram adotados os mesmos

procedimentos padronizados anteriormente.

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José Airton Cunha Costa 52

Caracterizações

As matérias-primas utilizadas foram previamente caracterizadas. A diatomita e a

vermiculita foram investigadas por TGA (SDT Q600, TA Instruments), para avaliar as

modificações de peso, se por decomposição ou oxidação, que ocorrem durante o aquecimento.

A análise DTA (SDT Q600, TA Instruments) definiu os picos de eventos, se endotérmico ou

exotérmico. Análise DRX (ShimadzuXRD – 6000) foi adotada para identificação das fases e o

grau de cristalinidade. A análise de sorção de nitrogênio a 77 K foi realizada em um

equipamento Micromeritics, modelo ASAP 2020. Para tratamento dos dados, foram aplicadas

as metodologias de B.E.T. [55], utilizando a correção de Rouquerol na determinação da área

de superfície específica e a Regra de Gurvich na determinação do volume total de poros [54],

IUPAC. Para a determinação da distribuição de tamanhos de poros, foi adotado a metodologia

de BJH [62] e [63], partindo da isoterma de dessorção para poros cilíndricos.

As misturas de parafinas foram analisadas por DSC (Shimadzu DSC60). Dentre os

parâmetros térmicos obtidos, a transição sólido-líquido foi a única discutida nesse trabalho pois

é considerada a que melhor caracteriza o desempenho do conforto térmico dos PCMs em

edificações. A composição química dos minerais diatomita e vermiculita foi realizada pelo

método de fluorescência de raios-X (Shimadzu EDX-720). A morfologia dos minerais e dos

form-stable PCMs foi observada por MEV (Shimadzu SSX-550 e TM3000 HITACHI). Os

materiais foram examinados por FT-IR (Shimadzu IRTracer-100) com espectro do

infravermelho entre 400 e 4000 cm-1. As propriedades térmicas das amostras foram mensuradas

(Decagon Devices KD2 Pro – SH1): condutividade térmica (κ) em W/m.K; capacidade

calorífica volumétrica (C) em MJ/m3.K; difusividade térmica (α) em mm2/s e resistividade

térmica (ρ) em °C.cm/W. No estudo final dos traços, a capacidade calorífica volumétrica foi

analisada por unidade de massa (Cm) em MJ/g.m3.K. As amostras foram analisadas aos 9 dias

à temperatura ambiente de 24°C, com uma amostra por composição, três medidas por amostras,

intervalo de confiança entre [-3σ, +3σ], fator de confiança de 0.997 e, portanto, probabilidade

de encontrar a medida no intervalo de 99,7%.

Análise granulométrica do cimento por difração a laser (Cilas Particle Size 920), com

faixas de medição para o tamanho de partículas entre 0,03 μm a 400 μm, determinou a dispersão

da amostra.

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José Airton Cunha Costa 53

A areia foi classificada por peneiramento, definindo a distribuição granulométrica e o seu

módulo de finura, conforme a NBR 7211/2009.

Um resumo das diversas caracterizações apresenta-se na Tabela 5 (ver APÊNDICE).

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José Airton Cunha Costa 54

Capítulo 5

Resultados e Discussão

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José Airton Cunha Costa 55

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na caracterização das matérias primas, foram apresentados os resultados para a diatomita

e vermiculita dos TGA, DTA, FRX, DRX, BET, BJH e t-PLOT, a granulometria do cimento a

laser, e a da areia por peneiramento. Os resultados de DSC das misturas, entre a parafina sólida

e do óleo naftênico, são discutidos em conjunto com os resultados dos materiais produzidos, na

preparação dos form-stable PCMs. Posteriormente, são retratados os resultados de FT-IR dos

minerais, da MP20 e dos PCMs. As propriedades térmicas das argamassas com minerais e

PCMs, e as propriedades térmicas das argamassas com PCM(1+2) em diferentes proporções

são abordados em dois outros subcapítulos

Caracterização dos minerais de partida

Este primeiro item apresenta-se subdivido em seções terciárias, subitem, por análise

térmica, análise química, e BET, BJH e t-PLOT da diatomita e vermiculita. No último subitem

exibe-se a granulometria do cimento e da areia.

5.1.1. Análise térmica da diatomita e da vermiculita

Na curva TGA e DTG da diatomita, Figura 8, apresenta-se uma perda de massa no início

do processo, 3,538%, até próximo de 270°C. Entre 270°C e 825°C, a diatomita denotou um

leve ganho de massa, 0,9351%, presume-se por perturbação do ensaio, choque mecânico na

bancada e consequente alteração de leitura da balança. Com o contínuo aumento de

temperatura, até 1000°C, fim do ensaio, a massa continua aumentando mais suavemente,

0,2709%; sem ganhos apreciativos para o TGA, pois, um único evento térmico se observa para

o DTG, apenas no início. Portanto, para a temperatura de trabalho da diatomita não se observa

evento térmico.

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José Airton Cunha Costa 56

Figura 8: TGA e DTG da diatomita.

No gráfico TGA e DTG da vermiculita, Figura 9, apresenta-se com uma primeira perda

de massa, em virtude da liberação de água adsorvida da amostra que corresponde a 1,335%. Na

composição dos PCMs, essa água não existe, pois é seca em estufa a 100°C, antes da aplicação.

A partir de 100°C, observa-se um patamar indicando a não ocorrência de perda de massa até

550°C. A segunda perda de massa ocorre a partir de 550°C, ocorrência devida à liberação de

água da estrutura do argilomineral (desidroxilação). Entre 800°C e 950°C, ocorre uma terceira

perda de massa, que se indica a transformação de vermiculita em flogopita.

Figura 9: TGA e DTG da vermiculita.

Pes

o (

%)

Der

ivad

a do P

eso (

%/°

C)

Temperatura (°C)

Pes

o (

%)

Der

ivad

a do P

eso (

%/°

C)

Temperatura (°C)

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José Airton Cunha Costa 57

Conforme Figura 10, DTA da diatomita, acontece um único evento endotérmico com

máximo em 192,19°C, bastante próximo do anterior.

Figura 10: Análise DTA da diatomita.

Na Figura 11, DTA da vermiculita, apresenta-se no primeiro pico um evento endotérmico,

devido à liberação de água adsorvida (água livre). O segundo evento que aparece no TG não

se confirma no DTA, indicando que não houve evento endotérmico e exotérmico. O segundo

evento do DTA, um pequeno vale exotérmico entre as temperaturas de 811°C e 856°C, ocorre

devido à mudança da estrutura da vermiculita em flogopita.

Figura 11: Análise DTA da vermiculita.

Var

iaçã

o Δ

t/m

g

Temperatura (°C)

Var

iaçã

o Δ

t/m

g

Temperatura (°C)

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José Airton Cunha Costa 58

5.1.2. FRX da diatomita e Vermiculita

Os resultados da análise química da diatomita e da vermiculita em termos de óxidos

majoritários são mostrados na Tabela 6 (ver APÊNDICE). A diatomita apresentou alto teor de

SiO2 (89,2%) e Al2O3 (7,6%). A elevada concentração de SiO2 indica alta pureza da diatomita

[14, 64, 65]. Os metais em forma de óxidos K2O, CaO, e TiO2 foram quantificados abaixo de

0,2%. O MgO foi quantificado em 2,2%.

Para a vermiculita, os resultados indicam a presença de teor moderado de SiO2 (37,8%),

bem como as concentrações para MgO (27,9%), Al2O3 (23,7%), Fe2O3 (5,5%) e K2O (2,6%).

Os demais óxidos apresentaram quantidades insignificantes, com valor inferior a 1% .

5.1.3. DRX diatomita e vermiculita

A diatomita apresentou difratograma predominantemente amorfo, característico. Pico de

quartzo, SiO2, provável partícula de impureza, como areia, silte, algo como sílica, conforme a

Figura 12. Por ser amorfo, denota comportamento concorrente à pozolana do cimento, portanto.

Os aglomerantes são materiais geralmente pulverulentos que atuam como ligantes de

outros materiais (agregados) e, por isso, absorvem água. Dessa forma, influenciam na

resistência do material resultante. É comum os aglomerantes, em contato com água, formarem

uma pasta, a qual é moldável e maleável, permitindo o fácil manuseio do material. Por esse

motivo, ao se juntar à areia, formam uma argamassa que, depois de seca, torna-se rígida e

resistente. Devido a característica aglomerante da diatomita, alta área superficial e vazios de

poros, foi observado nos ensaios um alto consumo de água, quando do seu uso.

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José Airton Cunha Costa 59

Figura 12: DRX da diatomita.

A vermiculita apresentou picos característicos do mineral, predominantemente, e picos

de biotita (mica preta) comuns em diversos argilominerais, mas, em menor quantidade,

conforme a Figura 13. É usual apresentar biotita quando a vermiculita é extraída no perfil de

intemperismo, ou mesmo por parte da sua formação. O elemento H, observado no DRX, ocorre

em virtude de a amostra ter sido analisada sem passar por secagem no primeiro caso. Havendo

secagem, parte da água (H2O) e da hidroxila (OH) podem evaporar. Com picos bem definidos,

evidencia o comportamento de aglomerado (agregado), sendo concorrente da areia na

constituição de argamassas cimentícias. O uso de agregado miúdo em excesso, tende a impedir

a conexão entre os cristais/agulhas, que se formam a partir das partículas de cimento, por meio

da hidratação. Por outro lado, matriz em excesso pode apresentar viscosidade alta, dificultando

o fluxo da mistura; já a matriz em quantidades menores, além de ser muito fluida e com baixa

tensão de escoamento, possibilitará maior frequência de choque entre agregados, e dificultará

sua utilização, dependendo da finalidade.

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José Airton Cunha Costa 60

Figura 13: DRX da vermiculita.

5.1.4. BET, BJH e t-PLOT, Análise da diatomita e vermiculita

Na isoterma da diatomita, verifica-se que o caminho da adsorção é dado pela condensação

de vapor nos poros, e a dessorção determina a evaporação de vapor nos poros. Segundo a forma

da isoterma de adsorção, determinam-se a geometria e o tamanho de poros da amostra e o tipo

de ligação. No gráfico da isoterma, ver Figura 14 a) e b), pode-se verificar a existência de uma

tênue histerese, que é função do formato do poro, caracterizando adsorção física, fisiosorção;

portanto, fracas ligações de Van der Waals [66]. Na isoterma logarítmica, observa-se que o

tempo de equilíbrio está adequado à amostra; não há imperfeição aparente no gráfico.

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José Airton Cunha Costa 61

Figura 14: Isoterma Linear e Log da Isoterma para a diatomita – a) e b).

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José Airton Cunha Costa 62

Diferentes formas de histereses correspondem a diferentes geometrias de poros. Pela

classificação de Boer, segundo a

Figura 15 [67], a isoterma se assemelha com a do quadro H1. Indica que a diatomita é um

material com poros regulares, de formato cilíndrico ou poliédrico com as extremidades abertas.

Mas, no final, exibe-se mais próxima do H3, indicando que o material é alongado com poros

em formato de cunha, cones ou placas paralelas. O H1 mostra-se mais marcante, por indicar,

no final, uma curva à direita muito leve, não sendo totalmente reta. Presume-se, portanto, ser

condizente com a confluência de H1 com H3.

Figura 15: Classificação por De Boer, para definir a geometria de poro.

Fonte: adaptado de Boer (1958).

Ainda observando a isoterma de adsorção da Figura 14, compara-se com a classificação

de Brunauer, TIPO I a IV e segundo Pierce TIPO V [68], conforme Figura 16; visualiza-se

semelhança com o TIPO IV. Indica-se, portanto, que ocorre condensação capilar, onde se

observa a formação de monocamada, seguida à adsorção de multicamadas até inflexão e

saturação da isoterma. A isoterma do tipo IV é típica de amostras com poros, no intervalo de

mesoporos (20 Å < Ø < 500 Å) a macroporos (Ø > 500 Å), em que a formação de multicamadas

de adsorção é possível, porém, limitada à dimensão da porosidade do material. Além disso,

pode-se dizer que há a adsorção interpartícula, devido à alta sedimentação de nitrogênio a altas

pressões relativas (~1). Isso constitui próximo de uma reta vertical no final do gráfico de

adsorção, conforme a Figura 14.

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José Airton Cunha Costa 63

Figura 16: Isoterma de adsorção, classificação de Brunauer, TIPO I a IV; e segundo Pierce TIPO VI.

Fonte: Adaptado de IUPAC, De Gruyter (2015).

O BJH de dessorção da diatomita, ver Figura 17, confirma as informações preliminares

do parágrafo anterior. Observa-se que o tamanho de poro, definido pela profundidade de poro

médio na dessorção BJH, está definido como mesoporos, Ø = 319,389 Å, e alguns poucos, na

faixa de macroporos, condizente com as observações apresentadas para a isoterma TIPO IV, da

Figura 16. Ainda na dessorção cumulativa BJH, observa-se que o volume de poros, entre as

profundidades 17000 Å e 3000000 Å, é 0,029822cm³/g. Escolhe-se a curva de dessorção para

análise de BJH, por representar melhor a porosidade do material. Ela explica melhor o

fenômeno de dessorção das partículas de nitrogênio, ofertando a informação de geometria dos

poros, em maior assertiva.

Figura 17: BJH da dessorção cumulativa do volume de poros, distribuição de tamanho de poros, diatomita.

0

0,005

0,01

0,015

0,02

0,025

0,03

0,035

0,04

0,045

0,05

1 21 41 61 81 101 121 141

ΔV

p/Δ

logw

p /

cm

3 g

-1

wp / nm

Distribuição de Tamanho de Mesoporos

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José Airton Cunha Costa 64

Pelo gráfico BET, ver Figura 18, constata-se que a área de superfície específica é de 10

m²/g. Através da metodologia de Gurvich (IUPAC Technical Report), a amostra apresentou

um volume total de poros de 0,03 cm3/g. Também, através da análise da isoterma na Figura 14,

observa-se que não há a presença de microporos na amostra, típicos do material diatomita. Para

observação dos microporos, a amostra deveria exibir volumes adsorvidos a pressões relativas

(p/po) abaixo de 0,001; não foi utilizada esta pressão, devido ao conhecimento prévio de que as

diatomitas não apresentam, mais efetivamente, microporos.

Figura 18: BET da área de superfície, diatomita.

No gráfico da isoterma da vermiculita, Figura 19 a) e b), verifica-se a existência de uma

histerese mais aberta que a apresentada pela diatomita; função do formato do poro, geometria

e tamanho da vermiculita. Caracteriza adsorção física, fisiosorção. Portanto, fracas ligações de

Van der Waals.

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

0,06

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14

Y=

1/[

Q(p

/p0 -

1)]

p/p0

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José Airton Cunha Costa 65

Figura 19:Isoterma Linear e Log da Isoterma para a vermiculita – a) e b).

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José Airton Cunha Costa 66

Comparando a isoterma da vermiculita com a classificação de Boer, já retratada

anteriormente, segundo a

Figura 15, verifica-se semelhança com a do quadro H3, indicando que o material é

alongado, com poros em formato de cunha, cones ou placas paralelas. A H3 é muito marcante,

o que confirma o formato “sanfonado”, placas paralelas e poros em fendas, típica da

vermiculita.

Comparando com a classificação de Brunauer, TIPO I a IV, e segundo Pierce TIPO VI,

conforme Figura 16, apresenta-se semelhante com o TIPO II para a isoterma de adsorção. O

primeiro segmento da curva, côncavo ao eixo p/p0, representa a formação de monocamada

(denominado ponto B) adsorvida à superfície, enquanto o segundo segmento, convexo ao

eixo p/p0, representa a adsorção de múltiplas camadas sobre a superfície - o ponto de inflexão

da isoterma corresponde à ocorrência de completa formação da primeira camada.

Na dessorção BJH, Figura 20, o tamanho de poro definido pela profundidade de poro

médio apresenta-se, em sua maioria, como mesoporos Ø = 241,192 Å (20 Å < Ø < 500 Å) e

alguns poucos na faixa de macroporos. Isso indica ocorrência de condensação capilar, em que

se observa a formação de monocamada, seguida a adsorção de multicamadas até a inflexão e

saturação da isoterma. A estrutura lamelar da vermiculita permite esse requinte; por um lado,

exibe estrutura lamelar bastante aberta, entretanto, lamelas com mesoporos fechados em uma

das extremidades, formato paraboloide de revolução. O volume total adsorvido observado pela

regra de Gurvich, para esta amostra, foi de 0,02 cm3/g.

Figura 20: BJH da dessorção cumulativa do volume de poros, distribuição de tamanho de poros,

vermiculita.

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José Airton Cunha Costa 67

Pelo gráfico BET da Figura 21, resulta uma área de superfície BET de 5 m²/g. Presume-

se, novamente, pela baixa concentração de poros abertos nas extremidades e/ou com formatos

próximos de um paraboloide de revolução.

Figura 21:BET da área de superfície e t-PLOT, vermiculita

Na Tabela 7 (ver APÊNDICE), é apresentado um comparativo dos resultados por BET e

BJH, com destaque para o volume total de poros (Gurvich), entre a diatomita e a vermiculita.

O valor de C corresponde à energia de adsorção entre o gás e a amostra. Quando esses valores

são próximo a 80, pode-se dizer que a área superficial específica obtida é real; quando é maior,

diz-se que a área superficial específica é aparente. Quando o valor é negativo, indica que a faixa

de pressão relativa (p/po) escolhida não é a mais adequada, porém, no caso da amostra

vermiculita, na qual o valor de C é negativo, aceita-se o resultado, pois o valor de R2 é aceitável

0

0,002

0,004

0,006

0,008

0,01

0,012

0,014

0,016

0,018

0,02

1 21 41 61 81 101 121

ΔV

p/Δ

logw

p /

cm

3 g

-1

wp / nm

Distribuição de Tamanho de Mesoporos

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

0 0,05 0,1 0,15

Y=

1/[

Q(p

/p0 -

1)]

p/p0

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José Airton Cunha Costa 68

(0,999). Por isso, pode-se ter uma indicação da área superficial, podendo o valor apresentado

(5m2/g) ser levemente maior ou menor. O valor R2 nos dá uma ideia de quão bem podemos

predizer a variável resposta, a partir da variável preditora, que é um coeficiente de

determinação. Quando R2 = 1 significa que os dados caem sobre a reta exatamente, indicando

a resposta sem erro a ser apreciado.

5.1.5. Granulometria do cimento e da areia

O histograma do cimento (CILAS 920), Figura 22, apresenta a sua distribuição

granulométrica, com os diâmetros a 10%, 50% e 90% de 1,01 μm, 11,00 μm e 31,74 μm,

respectivamente. O diâmetro médio foi de 14,45 μm, e o diâmetro máximo não passou de 56

μm, instante em que 100% da quantidade ficou acumulada, indicando características de

distribuição granulométrica dos cimentícios.

Figura 22: Histograma do cimento.

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José Airton Cunha Costa 69

A areia foi analisada por peneiramento conforme NBR 7211/2009. Os resultados, Tabela

8 (ver APÊNDICE), indicaram areia com características de muito fina a fina e boa uniformidade

da partícula, estando adequada para uso em argamassas de revestimento.

Preparação dos form-stable PCMs

As análises por DSC caracterizaram o comportamento térmico das misturas na região de

ocorrência dos eventos de início de transição de fase, transição sólido-sólido, transição sólido-

líquido e indicaram também o calor latente de fusão, conforme apresentado na Tabela 9 (ver

APÊNDICE).

A escolha da mistura ideal de parafinas depende da temperatura de aplicação do material,

nesse caso, para edificações residenciais e comerciais, a temperatura característica é de

aproximadamente 40ºC. Considerando um fator de segurança de 1,4, a temperatura de cálculo

será de 56ºC .

A transição sólido-sólido representa a formação da primeira gota e deverá ser o mais alto

possível para garantir o retardo da ocorrência da fusão, evitando ciclos excessivos de transição

de fase e consequente desgaste prematuro do PCM.

A transição sólido-líquido pode ser tomada como referência para o instante exatamente

anterior à formação completa de fase líquida. Essa temperatura deve ser também a maior

possível pois garante que o material não irá fundir completamente em condições de trabalho.

A mistura MP25 foi descartada pois apresentou temperatura de transição sólido-líquido

(55,64ºC) inferior à temperatura de cálculo. Dentre as demais amostras, a mistura considerada

ótima foi a MP20, pois além de apresentar transição sólido-líquido (57,29ºC) superior à

temperatura de cálculo, é a que possui maior temperatura de transição sólido-sólido (49,33ºC).

O calor latente dessa mistura é de 159,42 J/g.

Foi observado que o aumento na concentração de parafina líquida de 5% para 25% (MP5

a MP25) promoveu um acréscimo na temperatura de transição sólido-sólido (formação da

primeira gota) de forma linear, Figura 23. Isso ocorre, provavelmente, devido às ligações

intermoleculares entre o óleo naftênico, hidrocarboneto Cn.H2n cicloalcano, com a parafina

sólida, n-alcano Cn.H2n+2.

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José Airton Cunha Costa 70

Figura 23: Histograma das temperaturas de mudança de fase sólido-sólido, 1º PICO.

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José Airton Cunha Costa 71

Os momentos de dipolo instantâneo, entre duas moléculas cilíndricas vizinhas de n-

alcano, tendem a ficar mais próximas e interagir fortemente em uma região relativamente

grande da molécula; enquanto os de moléculas esféricas vizinhas tendem a ficar mais afastadas

e a interagir fracamente em uma região pequena da molécula, ver Figura 24 a) e b).

Fonte: adaptado pelo autor de Atkins & Jones,2013, 5ª Edição. Princípios de Química.

Por esses motivos, os constituintes de cadeia aromática do óleo naftênico exigem pouca

energia para sua dissociação da cadeia de n-alcano, sendo a liberação do naftênico o primeiro

fenômeno a ser observado na transição sólido-sólido. Essa energia de quebra, por ser simples,

fraca e em menor quantidade, pode explicar a forma de crescimento linear para a formação da

primeira gota na medida que aumenta o percentual de naftênico.

Figura 24: Momento de dipolo instantâneo entre duas moléculas vizinhas: a) cilíndricas e b) esféricas.

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José Airton Cunha Costa 72

Na direção inversa ocorre uma redução não linear na temperatura de transição sólido-

líquido, tornando o sistema mais volátil, Figura 25.

Figura 25: Histograma das temperaturas de mudança de fase sólido-líquido, 2º PICO.

Provavelmente, a inserção de cicloalcanos e aromáticos com geometria hexagonal das

moléculas, e provenientes do naftênico, diminui a quantidade de carbono do sistema para um

dado volume unitário. Consequentemente, ocorre redução de massa molar, da densidade e do

número de elétrons, reduzindo a temperatura de transição da fase sólido-líquido. Para uma

mesma unidade de área (contorno verde) observa-se na Figura 26 que a parafina sólida contém

aproximadamente 40 carbonos; enquanto a parafina líquida contém aproximadamente 12

carbonos. Os ângulos foram definidos em grau (º) e as distâncias em Ångström (Å), conforme

Van Vlack [69] e Atkins & Jones [52].

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José Airton Cunha Costa 73

Figura 26: Comparação entre a quantidade de carbono estimado na parafina sólida e líquida.

Fonte: o autor.

Cálculos detalhados demonstram que a energia potencial das interações de London

depende da polarizabilidade, α (alfa), das moléculas (da facilidade de deformação das nuvens

de elétron) e varia com o inverso da sexta potência da distância (r) entre as duas moléculas:

𝐸𝑝 ∝ −∝1.∝2

𝑟6 (1)

A temperatura de 70°C, utilizada para derreter a parafina sólida e promover a

miscigenação com o óleo naftênico, não é, portanto, suficiente para romper as ligações entre os

hidrocarbonetos e formar novas ligações.

Outro ponto a considerar é que a falta de homogeneidade do sistema pode promover um

desencadeamento não linear para a formação do 2º PICO do DSC.

Os momentos de dipolo instantâneo, em duas moléculas cilíndricas vizinhas, tendem a

ficar juntos e a interagir fortemente em uma região relativamente grande da molécula. Os de

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José Airton Cunha Costa 74

moléculas esféricas vizinhas tendem a ficar mais afastados e a interagir fracamente em uma

região pequena da molécula. Por esses motivos, as ligações entre aromáticos e naftênico são

mais fáceis de serem quebradas do que as constituídas de n-alcanos.

O círculo de difusão e escoamento (Diffusion-oozing circle test) foi utilizado para definir

os percentuais de MP20 nos preparos dos form-stable PCMs. Para MP20/diatomita (PCM1),

Figura 27 a), a razão ótima obtida foi de 1,945 g:1,000 g (66,05%p de MP20). Para a

MP20/vermiculita (PCM2), Figura 27 b), a razão ótima foi de 2,473 g:1,000 g (71,20%p de

MP20). Para formação do PCM(1+2), Figura 27 c), foi utilizada uma proporção de 1:1 entre

diatomita e vermiculita e a melhor razão entre a MP20/minerais foi de 2,228 g:1,000 g

(69,02%p de MP20).

Figura 27: Círculo de difusão escoamento a) MP20/diatomita (PCM1), b) MP20/vermiculita (PCM2), c)

MP20/minerais (PCM(1+2)).

Fonte: o autor.

Morfologia dos form-stable PCMs

As imagens fotográficas da Figura 28 a) e Figura 28 b) mostram a diatomita e a

vermiculita puras, respectivamente. A Figura 28 c) mostra que as partículas de diatomita

recobrem as partículas de vermiculita. No detalhe, a superfície amarela dourado representa

uma região interlamelar exposta por arrancamento de material, indicando que não há penetração

pela diatomita.

c) b) a)

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José Airton Cunha Costa 75

Figura 28: Imagens fotográficas a) diatomita, b) vermiculita, c) diatomita+vermiculita, d) PCM1, e)

PCM2, f) PCM(1+2).

Fonte: o autor e Armando Monte.

O PCM1, Figura 28 d), apresenta uma morfologia de agregados de diatomita suportados

pela MP20. O PCM2, Figura 28 e), indica que houve um eficaz recobrimento das partículas de

vermiculita pela MP20. Por fim, as partículas de PCM(1+2), Figura 28 f), indicam que

agregados de diatomita+MP20 recobrem uniformemente as partículas de vermiculita.

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José Airton Cunha Costa 76

As imagens de MEV dos form-stable PCMs e seus constituintes são mostradas na Figura

29.

Figura 29: Imagens por MEV da a) e b) diatomita, c) e d) vermiculita, e) e f) diatomita+vermiculita, g) e

h) PCM1, i) e j) PCM2, k) e l) PCM(1+2).

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José Airton Cunha Costa 77

Como podemos ver na Figura 29 a), as diatomitas calcinadas indicaram inexistência de

impurezas nas superfícies e nos seus poros e apresentaram morfologia navicular, com

comprimento entre 20 μm e 70 μm, largura entre 7 μm e 15 μm; poros circulares com diâmetros

entre 100 nm e 150 nm, espaçados longitudinalmente de 100 nm a 150 nm, e transversalmente

de 180 nm a 200 nm.

Outras células de diatomitas apresentaram poros com formato de falsa elipse, Figura 29

b). As partículas de diatomita exibem casca e núcleo mais densos, denominados frústula. Foram

observadas também quantidade significativa de partículas quebradas.

A micrografias das Figura 29 c) e Figura 29 d) mostram a seção transversal e a superfície

das lamelas da vermiculita, respectivamente. A morfologia observada é esfoliada, típica da

vermiculita expandida, com seus flocos dilatados na forma de sanfona devido tratamento

térmico a 800°C, por cerca de 1 hora [21]. O espaçamento entre lamelas varia entre 3.5μm e

8.0μm, com extensão variada.

Na Figura 29 e) apresenta-se a mistura de diatomita com vermiculita. É possível observar

uma interação entre os componentes, tal que as partículas de diatomita aparecem recobrindo os

grãos de vermiculita. Analisando detalhadamente, em uma maior ampliação, Figura 29 f), é

possível notar que a diatomita não penetra nos espaços interlamelares da vermiculita, mantendo

esses espaços vazios, confirmando o que foi observado na Figura 28 c).

Para o PCM1, Figura 29 g) e Figura 29 h), as partículas de diatomita estão aglomeradas

e com aspecto de que a diatomita não foi recoberta por MP20. Entretanto, comparando as

imagens fotográficas apresentadas na Figura 28 a) e Figura 28 d) é possível notar que houve

um completo recobrimento das partículas de diatomita após a inserção de parafina, uma vez

que o material mudou completamente sua coloração. Portanto, podemos concluir que as

partículas de diatomita estão recobertas por MP20, porém, por uma camada fina, relativamente

ao tamanho da partícula.

As imagens do PCM2, Figura 29 i) e Figura 29 j), mostram que o MP20 recobriu os grãos

de vermiculita completamente e de maneira uniforme.

A imagem do PCM(1+2), Figura 29 k), mostra que a estrutura apresenta bom

envolvimento da MP20 contendo diatomita sobre a vermiculita. A Figura 29 l) mostra uma

seção de corte de uma partícula de PCM(1+2). Nota-se duas regiões distintas: uma externa

composta por uma mistura uniforme de MP20 e diatomita; e uma interna composta pelas

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José Airton Cunha Costa 78

lamelas de vermiculita. É possível contemplar claramente que nem a MP20 nem as partículas

de diatomita foram capazes de penetrar na estrutura lamelar, reforçando a ideia da formação de

ar estagnado nessa região. Na Figura 30 a), reapresenta-se a percepção de projeto hipotética da

partícula do PCM(1+2) simulada em 3D no formato esférico, com planos de cortes que

permitem a visualização do núcleo (vermiculita) e contorno externo (diatomita+MP20),

conforme imagem obtida no MEV, Figura 30 b), mais ampliada. As duas imagens ratificam a

hipótese mencionada.

Figura 30: a) Imagem 3D simulada do PCM(1+2); b) imagem ampliada da seção de corte de uma

partícula de PCM(1+2) .

Fonte: o autor.

12

Vermiculita

Diatomita+

MP20

a) b)

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José Airton Cunha Costa 79

FT-IR análises

A compatibilidade química entre os materiais envolvidos foi feita por FTIR das amostras

de MP20, da diatomita calcinada, da vermiculita calcinada, bem como do PCM1, PCM2 e

PCM(1+2). Os gráficos obtidos apresentam-se na Figura 31.

Figura 31: Espectro FT-IR da Diatomita, Vermiculita, MP20, PCM1, PCM2 e PCM(1+2).

A diatomita calcinada apresentou picos de vibração em 1057 cm-1 e 806 cm-1

provenientes do alongamento vibracional assimétrico do Si-O-Si e por alongamento vibracional

simétricas do Si-O-Si, respectivamente . O pico a 455 cm-1 está associado ao modo de vibração

de flexão Si-O-Si.

A vermiculita, apresentou três bandas características de absorção com comprimentos de

onda em 455 cm-1, 671 cm-1 e 964 cm-1, que representam a vibração de flexão do Si-O-Mg e a

vibração de alongamento assimétrico do Si-O-Si e a vibração de alongamento simétrico Si-O-

Al, respectivamente.

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José Airton Cunha Costa 80

O espectro do MP20 apresentou o pico a 717 cm-1 corresponde à vibração de balanço,

rocking vibration, do CH2. As bandas a 1377 cm-1 e 1462 cm-1 estão associadas à vibração de

flexão do C-H da parafina. Dois picos a 2852 cm-1 e 2920 cm-1 referentes ao grupo C-H com

alongamento vibracional simétrico e alongamento vibracional assimétrico. A vibração de

alongamento e a vibração de flexão do grupo funcional OH foram observados em 3368 cm-1 e

1600 cm-1, respectivamente.

Os grupos funcionais primários da diatomita foram, também, encontrados no espectro do

compósito PCM1. No entanto, em comparação com a diatomita calcinada pura, o pico de

alongamento vibracional assimétrico do Si-O-Si foi em 1057 cm-1, o pico vibracional simétrico

do Si-O-Si foi em 806 cm-1 e o pico de vibração de flexão do Si-O-Si em 455 cm-1; observou-

se que, no compósito PCM1, os picos foram ligeiramente deslocados para um número de onda

mais baixo (1053 cm-1, 802 cm-1, 447 cm-1, respectivamente); esse deslocamento (shift) também

foi observado em estudos realizados por Sun et al., e é justificado pela mudança do número de

onda está relacionada com a adsorção da parafina sobre a superfície de diatomita calcinada [14].

Nenhum novo pico foi observado no espectro do compósito PCM1, portanto, não houve

nenhuma interação química entre a parafina e a diatomita calcinada e a adsorção ocorreu

integralmente por forças de tensões superficiais.

Os espectros de FT-IR da MP20 e da vermiculita estão presentes no compósito PCM2.

Também foi observado que os picos da vermiculita foram ligeiramente deslocados para um

número de onda mais baixo, e está relacionada com a adsorção da parafina sobre a superfície

de vermiculita calcinada. Nenhuma nova banda adicional foi formada ao se misturar MP20 com

a vermiculita.

O FT-IR do PCM(1+2), a depender do posicionamento do feixe de radiação

infravermelho sobre a partícula, pode apresentar bandas de absorção idênticas a MP20 com

diatomita (PCM1), denominado no gráfico de PCM1+2’, ou idênticas a MP20 com a

vermiculita (PCM2), denominado no gráfico de PCM1+2”. Em ambos os casos não foi

verificado quaisquer bandas adicionais. Os comprimentos de onda da diatomita e da MP20

denotaram melhor identidade, pois estão mais externos na conformação do PCM(1+2).

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José Airton Cunha Costa 81

Propriedades térmicas das argamassas com minerais e PCMs

Na Tabela 10 (ver APÊNDICE) apresentam-se os resultados médios para condutividade

térmica (κ), capacidade calorífica volumétrica (C), difusividade (α) e resistividade térmica

(ρ), e são representados nos gráficos de barras com os seus intervalos de confiança na Figura

32. Na Tabela 11 (ver APÊNDICE) apresentam-se os valores do intervalo de confiança. A

amostra CA foi tomada como referência para as medições das propriedades dos demais corpos

de prova.

Figura 32: Propriedades térmicas, estudo inicial.

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José Airton Cunha Costa 82

Para os corpos de prova constituídos apenas por minerais, os valores da condutividade

térmica do CA, CA+D, CA+V e CA+D+V foram os seguintes: κCA = (1,47 ± 0,04)W/m.K,

κCA+D = (1,26 ± 0,03)W/m.K, κCA+V = (1,05 ± 0,04)W/m.K e κCA+D+V = (1,06 ± 0,03)W/m.K.

As três amostras baseadas em minerais apresentaram reduções nas medidas de condutividade

térmica em relação ao padrão CA.

A amostra CA+D, apresentou menor condutividade térmica quando comparado com o

padrão CA. Isso se dá devido a estrutura atômica amorfa, que favorece um espalhamento

(scattering) de fônons mais eficiente do que em materiais cristalinos [70, 71], causando uma

redução na condutividade térmica. Entretanto, CA+D apresentou a maior condutividade térmica

dentre as três amostras contendo as cargas minerais.

As amostras contendo vermiculita indicaram as menores condutividades, pois a presença

de ar estagnado entre as lamelas dificulta a transferência de calor. Além disso, convecção gasosa

dentro dos poros é também, comparativamente, ineficiente.

A amostra CA+D+V, apresentou um valor médio de condutividade térmica entre CA+D

e CA+V. Isso indica que a existência de poros e vazios lamelares da vermiculita reduz a

condutividade térmica de modo mais eficiente, quando comparado ao espalhamento de fônons

pela condição amorfa da diatomita.

Os form-stable PCMs apresentaram condutividades térmicas de: κCA+PCM1 = (0,99 ±

0,04)W/m.K, κCA+PCM2 = (0,91 ± 0,01)W/m.K e κCA+PCM(1+2) = (0,82 ± 0,02)W/m.K, havendo

uma redução da condutividade de 32,6%, 38,1% e 44,2%, respectivamente, em relação ao

padrão CA. O uso da diatomita envolvendo a vermiculita, apesar de não se mostrar a melhor

alternativa para uso direto em argamassa cimentícia, apresentou considerável aumento de

eficiência quando associado à MP20, pois a diatomita reduz a penetração e absorção da mistura

de parafina pelos espaços interlamelares da vermiculita, aumentando a quantidade de poros e

de ar estagnado no interior desta.

É possível observar também quem a adição de MP20 na composição, promove uma

redução da condutividade para todos as amostras. Isso se deve à capacidade da mistura de

parafina em absorver a energia térmica incidente no material e convertê-la em energia de

mudança de fase.

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José Airton Cunha Costa 83

Os valores da capacidade calorífica volumétrica para os corpos de prova constituídos

apenas por minerais, foram: CCA = (2,48 ± 0,16)MJ/m3.K, CCA+D = (2,37 ± 0,09)MJ/m3.K,

CCA+V = (1,43 ± 0,08)MJ/m3.K e CCA+D+V = (2,08 ± 0,08)MJ/m3.K. A amostra CA+V

apresentou a menor capacidade calorífica volumétrica.

A utilização de diatomita (CA+D) se mostrou pouco relevante para redução desta

propriedade quando comparado ao padrão CA. A condição amorfa da diatomita proporciona

um melhor espalhamento de fônons, necessitando de uma quantidade de energia maior para

produzir um aumento unitário de temperatura, portanto, maior capacidade calorífica

volumétrica, em concordância com os fundamentos apresentados por Flynn [25].

Os form-stable PCMs exibiram as seguintes capacidades caloríficas volumétricas:

CCA+PCM1 = (1,79 ± 0,07)MJ/m3.K, CCA+PCM2 = (1,50 ± 0,02)MJ/m3.K e CCA+PCM(1+2) = (1,57 ±

0,06)MJ/m3.K, com uma redução da capacidade calorífica volumétrica de 27,8%, 39,5% e

36,7%, respectivamente e em relação ao padrão CA. A maior capacidade calorífica volumétrica

dentre os form-stable PCMs foi a da amostra CA+PCM1 devido à presença da diatomita.

Os valores medidos da difusividade térmica para os corpos de prova com os minerais,

somente, foram: αCA = (0,59 ± 0,02)mm2/s, αCA+D = (0,53 ± 0,05)mm2/s, αCA+V = (0,74 ±

0,02)mm2/s e αCA+D+V = (0,53 ± 0,03)mm2/s, havendo uma redução da difusividade das

composições CA+D e CA+D+V de 10,2%, respectivamente e em relação ao padrão CA.

A amostra CA+V apresentou um aumento de 25,4% em relação ao padrão. Esse aumento

é justificado pela estrutura porosa/lamelar da vermiculita. A energia térmica pode ser conduzida

em três diferentes caminhos: pela porção sólida (lamelas), por radiação, por convecção (no ar

estagnado). A superfície rugosa das faces lamelares da vermiculita presente na amostra CA+V,

dispersa os fônons de forma mais eficiente, resultando em uma menor condutividade, menor

capacidade calorífica volumétrica e maior difusividade térmica, quando comparados as

amostras com CA+D e CA+D+V, em concordância com os fundamentos elucidados por Cengel

[72] e Bouguerra [73]. A “energia de ativação” (O termo foi introduzido em 1889 por Svante

Arrhenius, cientista sueco) necessária para produzir o movimento difusivo de 1 mol de átomos

será tanto maior quanto menor for o coeficiente de difusão [74, 75].

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José Airton Cunha Costa 84

Para os form-stable PCMs os valores da difusividade térmica foram de: αCA+PCM1 = (0,56

± 0,01)mm2/s, αCA+PCM2 = (0,61 ± 0,002)mm2/s e αCA+PCM(1+2) = (0,52 ± 0,03) mm2/s. As

amostras CA+PCM1 e CA+PCM(1+2), apresentaram redução 5,1% e 11,9% , respectivamente

e em relação ao padrão CA em decorrência do uso da MP20. Foi observado também um

aumento de 3,4% da difusividade da amostra CA+PCM2 em relação ao padrão CA. Contudo,

em relação à mesma composição sem parafina (CA+V) houve uma redução de 17,6% na

difusividade como efeito da adição da MP20.

Os valores medidos da resistividade térmica foram de ρCA = (68,08 ± 2,05)cm.ºC/W,

ρCA+D = (79,56 ± 1,66)cm.ºC/W, ρCA+V = (95,50 ± 3,41)cm.ºC/W e ρCA+D+V = (88,17 ±

1,35)cm.ºC/W. A amostra CA+V apresentou o maior valor para a resistividade térmica dentre

as amostras de base mineral. Todas as amostras sofreram aumento da resistividade em relação

ao padrão CA: 16,9% (CA+D), 40,3% (CA+V) e 29,5% (CA+D+V).

Para os form-stable PCMs os valores da resistividade térmica foram de: αCA+PCM1 =

(101,39 ± 4,23)cm.ºC/W, αCA+PCM2 = (109,83 ± 1,31)cm.ºC/W e αCA+PCM(1+2) = (121,65 ±

2,29)cm.ºC/W. O uso da MP20 promoveu aumento da resistividade térmica de 48,9%

(CA+PCM1), 61,3% (CA+PCM2) e 78,7% (CA+PCM(1+2)), em relação ao padrão CA. Esse

aumento ocorre devido à manutenção de espaços vazios entre as lamelas da vermiculita,

proporcionado pelo envolvimento da diatomita que dificulta a penetração da MP20, formando

uma cápsula de contorno externo.

Enquanto a vermiculita apresentou baixa condutividade, a diatomita apresentou alta

capacidade calorífica volumétrica e baixa difusividade térmica. A mistura dos dois minerais

apresentou propriedades térmicas intermediárias dos benefícios promovidos individualmente

pelos constituintes. Entretanto, somente com o uso da MP20 envolvendo os dois minerais,

obteve-se as qualidades unificadas com estabilidade térmica [76].

Comparativamente, as argamassas cimentícias com as estruturas dos minerais com a

MP20, caracterizadas por partículas mais arredondados e lisos, determinaram um maior

consumo de água quando comparados com os traços de minerais e argamassas, para uma

mesma plasticidade. Consequentemente, o maior consumo de água determinou uma argamassa

mais porosa e com melhores propriedades térmicas.

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José Airton Cunha Costa 85

Outro aspecto importante é que a sílica (SiO2) presente nos dois minerais, apresenta

estrutura de banda eletrônica característica dos isolantes térmicos, com bandgap superior a 2

ev [51]. A energia térmica disponível para excitação dos elétrons é proveniente do aumento de

temperatura. Entretanto, a quantidade de elétrons promovidos para a banda de condução,

depende também do bandgap. Dessa forma, quanto menor for a quantidade de elétrons

promovidos para a banda de condução, menor será a condutividade térmica e maior será a

resistividade térmica [24].

As assertivas da metodologia apresentam-se através das Tabela 12 e Tabela 13 (ver

APÊNDICE). A primeira compara os valores de κ / C com α, e a segunda compara os valores

de κ e 1/ ρ; ambas indicam que os erros ficaram abaixo de 1%, validando os resultados.

Propriedades térmicas das argamassas com PCM(1+2) em diferentes proporções

Neste tópico, apresentam-se as análises térmicas nos corpos de prova, constituídos de

argamassa cimentícia, em proporções variadas de PCM(1+2), com substituição volumétrica à

areia nas proporções 0%, 25%, 50%, 75% e 100%. Cada traço foi constituído de três corpos;

cada corpo de prova recebeu a seguinte denominação: T1/1, T1/2 e T1/3, para o traço T1; T2/1,

T2/2 e T2/3, para o traço T2; T3/1, T3/2 e T3/3, para o traço T3; e assim sucessivamente até o

traço T5. Na Tabela 14, também apresenta a média de três leituras para cada corpo de prova,

dos valores da condutividade térmica κ (W/m.K), da capacidade calorífica volumétrica por

unidade de massa Cm (MJ/g.m3.K), da difusividade α (mm2/s) e da resistividade térmica ρ

(°C.cm/W).

A condutividade térmica κ decaiu com o aumento do consumo de PCM(1+2). Os

mecanismos de transporte de energia, explicados anteriormente, justificam as propriedades e

benefícios introduzidos por cada mineral e pela mistura de parafina. Isso fundamenta a

melhoria de diversas propriedades térmicas com o aumento do PCM(1+2).

Observou-se, também, que o aumento de PCM(1+2) na argamassa insere uma maior

formação de poros, acrescentando melhorias nas propriedades térmicas analisadas.

Os agregados miúdos exercem influência preponderante sobre a plasticidade do concreto,

por possuírem elevada área específica. Observou-se que a redução da quantidade de areia e o

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José Airton Cunha Costa 86

consequente aumento de PCM(1+2) – com grão arredondado, liso e hidrofóbico -,

disponibilizou mais água interagindo com o cimento para obter uma mesma plasticidade do

traço, portanto, permitindo uma redução do fator a/c. Assim, qualquer alteração do seu teor na

mistura provocará modificações significativas no consumo de água e, consequentemente, no de

cimento. Como o cimento e o PCM são os materiais de custo mais elevado na mistura, qualquer

alteração no consumo deles incidirá diretamente no custo da argamassa cimentícia. As areias

e os PCMs mais finos requerem mais água, por terem maiores áreas específicas. Por sua vez,

pelo fato de serem mais finos, os seus teores requeridos pela argamassa de igual plasticidade

serão menores, compensando, dessa maneira, o efeito negativo da finura da areia e do PCM.

As areias e os PCMs mais grossos, quando utilizados nas argamassas estudadas, cuja dimensão

máxima dos agregados miúdos era inferior a 5,0 mm, resultam em misturas muito ásperas e

pouco coesivas, devido ao fenômeno de interferência entre partículas. Disso resulta maior

porosidade para a argamassa e, como vimos, a porosidade cria bolsões de ar estagnado no corpo

e espalha mais eficientemente os fônos. Portanto, é de se esperar que, à medida que se aumenta

o consumo de PCM(1+2), ocorra redução da condutividade e da difusividade térmica; por

conseguinte, há o aumento da resistividade térmica e da capacidade calorífica volumétrica por

unidade de massa, como se confere na Figura 33. com os respectivos intervalos de confiança,

conforme Tabela 15 (ver APÊNDICE).

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José Airton Cunha Costa 87

Figura 33: Propriedades térmicas, estudo final dos traços.

As assertivas da metodologia apresentam-se através das Tabela 16 e Tabela 17 (ver

APÊNDICE). A primeira compara os valores de κ / C com α, e a segunda compara os valores

de κ e 1/ ρ; ambas indicam que os erros ficaram abaixo de 1%, validando os resultados.

Diversas propriedades físicas e químicas provocam as mudanças nas propriedades

térmicas dos materiais isolantes. A depender do material, fatores externos ambientais, como

temperatura, pressão atmosférica e umidade do ar, podem interferir na leitura, por exemplo, da

condutividade térmica. Portanto, não é adequado comparar tais propriedades entre materiais

distintos, mas sim, entre espécies comuns. Contudo, pode-se obter uma ordem de grandeza

entre diferentes materiais, comumente usados como isolante térmico, e avaliar, de forma geral,

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Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 | Resultados e Discussão

José Airton Cunha Costa 88

a posição do PCM(1+2), que apresentou condutividade térmica mínima na ordem de (0,17 ±

0,01)W/m.K.

Comparativamente, para que se possa ponderar a qualidade das propriedades obtidas do

PCM(1+2), são apontados alguns resultados da condutividade térmica de outros materiais. Para

concreto leve com EPS e vermiculita, a condutividade térmica mínima é 0,34 W/m.K [77].

Para concretos com EPS em condições secas de 0,60 W/m.K [78]. Para concretos leves com

perlita expandida, o valor foi de 0,35 W/m.K [79]. Blocos compostos de concreto leve com

EPS, contendo agregado pomes (argila expandida), apresentaram 0,33 W/m.K [80]. Argamassa

com fibra de palma apresentou valores de 0,39 W/m.K [81]. Para compósitos constituidos de

materiais com mudança de fase de parafina com vermiculita, como agregados de cimento, o

valor encontrado foi 0,43 W/m.K [21]. Compósitos com mudança de fase de parafina e

diatomita com cimentícios indicaram valores próximos de 0,7 W/m.K [17]. Concretos

celulares aerados com alta porosidade, e usando na mistura porborato de sódio, exibiram

condutivida térmica de 0,11 W/m.K [82], bastante baixa, e distante dos propositos

comparativos, portanto.

Ainda como ideia comparativa, outros materiais de construção denotaram condutividade

térmica, como tijolos cerâmicos na faixa de 0,5 a 0,7 W/m.K; concreto celulares aerados de

0,12 a 0,23 W/m.K; madeira entre 0,1 e 0,3 W/m.K; lã de vidro e lã de rocha próximo de 0,04

W/m.K, e ar 0,023 W/m.K [83].

Para as propriedades investigadas, o material com mudança de fase PCM(1+2),

constituído de parafina e de minerais, como agregado em substituição à areia, no âmbito das

argamassas cimentícias, apresentou valores que o habilitam como isolante térmico.

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Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 | Conclusões

José Airton Cunha Costa 89

Capítulo 6

Conclusões

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Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 | Conclusões

José Airton Cunha Costa 90

6. CONCLUSÕES

• Diferentes PCMs compostos por misturas de parafinas (sólida e líquida) com 5-25%

de fase líquida foram analisadas termicamente. A amostra com 20% (MP20) apresentou o

comportamento térmico mais adequado como material de mudança de fase para aplicações

envolvendo conforto térmico em edifícios residenciais e comerciais;

• Diatomita calcinada de morfologia navicular e vermiculita expandida foram utilizadas

como suporte para o PCM. Análises de FT-IR mostraram ausência de contaminantes

orgânicos nos minerais além de indicar que não houve formação de novas ligações químicas

entre os componentes nas misturas;

• A amostra PCM(1+2) apresentou uma condição na qual as partículas de diatomita

recobrem as partículas de vermiculita, impedindo a penetração pela MP20 e promovendo um

isolamento dos espaços interlamelares, favorecendo a estagnação de ar nesses espaços;

• As propriedades térmicas da amostra CA+PCM(1+2) comparadas com o padrão CA,

apresentaram reduções na condutividade térmica, na capacidade calorífica volumétrica e na

difusividade em 44,2%, 36,7% e 11,8%, respectivamente, enquanto a resistividade térmica

apresentou aumento de 78,7%;

• Os valores médios da condutividade térmica (κ) e da difusividade (α) para as amostras

T1 (0% de PCM(1+2)) comparados com T5 (100% de PCM(1+2)), diminuíram em 77,24% e

76,5%, respectivamente; enquanto os valores médios da capacidade calorífica volumétrica por

unidade de massa (Cm) e a resistividade térmica (ρ) apresentaram aumento de 111,2% e

345,7%, respectivamente;

• O PCM(1+2) apresentou performance adequada para o trabalho em elementos de

vedação para edificações residenciais e comerciais, contribuindo para melhoria do conforto

térmico de edificações.

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Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2017 | Sugestões

José Airton Cunha Costa 91

Capítulo 7

Sugestões

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José Airton Cunha Costa 92

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Observar as propriedades térmicas para os corpos de prova produzido nesta pesquisa para

tempo infinito, 1000 dias por exemplo, e correlacionar com os dados atuais.

Avaliar e quantificar as parcelas dos benefícios de cada material como isolante térmico

dado, no conjunto, para o PCM(1+2). Definir as contribuições percentuais de cada material

que confluem para a formação dos benefícios do PCM(1+2) como isolante térmico.

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Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 Referências

José Airton Cunha Costa 93

Referências

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José Airton Cunha Costa 94

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José Airton Cunha Costa 99

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CIÊNCIA E

Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 Anexo

José Airton Cunha Costa 100

Anexo

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CIÊNCIA E

Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 Anexo

José Airton Cunha Costa 101

ANEXO

Tabela 1: Características físico-químicas da parafina sólida 140/145-2 GRN, conforme fornecedor.

Tabela 2: Características físico-químicas do óleo naftênico NH20, conforme fornecedor.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CIÊNCIA E

Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 Apêndice

José Airton Cunha Costa 102

Apêndice

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Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 Anexo

José Airton Cunha Costa 103

APÊNDICE

Tabela 3: Tabela de traços da matriz cimentícia com minerais e form-stable PCMs.

Traço

Constituintes Proporções em

Volume Fator a/C

C:A 1:4:0 1,000

C:A:D 1:4:1 1,074

C:A:V 1:4:1 1,049

C:A:(D+V) 1:4:1 1,000

C:A:PCM1 1:4:1 1,300

C:A:PCM2 1:4:1 1,287

C:A:PCM(1+2) 1:4:1 1,284

C:A:PCM(1+2) 1:4:1 1,284

Tabela 4: Traços de argamassa cimentícia com PCM(1+2) em substituição volumétrica à areia.

TRAÇO NRº CIMENTO AREIA PCM(1+2) fator a/C % PCM(1+2) /AREIA

1 1 4 0 1,346 0

2 1 3 1 1,271 25

3 1 2 2 1,257 50

4 1 1 3 1,000 75

5 1 0 4 1,000 100

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CIÊNCIA E

Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 Anexo

José Airton Cunha Costa 104

Tabela 5: Resumo das diversas caracterizações.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CIÊNCIA E

Tese de Doutorado – PPgCEM/UFRN - 2019 Anexo

José Airton Cunha Costa 105

Tabela 6: FRX diatomita e vermiculita.

FRX - DIATOMITA (%)

SiO2 Al2O3 MgO Fe2O3 SO3 CaO TiO2

89.223 7.695 2.213 0.386 0.180 0.159 0.081

K2O Cr2O3 MnO ZnO ZrO2 CuO

0.042 0.008 0.007 0.002 0.002 0.002

FRX - VERMICULITA (%)

SiO2 MgO Al2O3 Fe2O3 K2O TiO2 CaO

37.892 27.990 23.748 5.588 2.682 0.859 0.810

Cr2O3 SO3 MnO NiO ZnO Rb2O SrO

0.175 0.099 0.078 0.070 0.005 0.003 0.002

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Tabela 7: Resumo comparativo dos dados BET e BJH entre diatomita, vermiculita.

Minerais DIATOMITA VERMICULITA

BET Surface Area: 10 m²/g 5 m²/g

Adsorção profundidade média de poro (4V/A by BET): 135.8391 Å 126.5937 Å

Desorção profundidade média de poro (4V/A by BET): 142.7516 Å 117.8430 Å

Energia de adsorção entre o gás e a amostra: 795 -135

Coeficiente de determinação 0,999 0,999

Faixa p/p° de análise 0,01-0,11 0,06-0,14

Volume corrigido por Gurvich 0,03 0,02

Faixa

Volume Total de Poros (cm3/g) /0,985

RESUMO COMPARATIVO DOS DADOS BET e BJH entre diatomita, vermiculita.

Área de superfície

Volume de Poro

C

R2

0.015 cm³/gBJH Desorção cumulativa volume de poros entre 17.000

Å and 3000.000 Å width:

Tamanho de Poro

0.03 cm³/g

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José Airton Cunha Costa 107

Tabela 8: Distribuição granulométrica da areia.

Tabela 9: Dados resumidos dos DSCs da Parafinas Sólida, Líquida e MPs.

Parafina

Mistura

T, temperature (°C) Calor

Latente

(J/g) Início Transição de Fase Sólido-Sólido Transição de Fase Sólido-Liquido Transição de Fase

MP5 34,95 46,46 59,10 163,71

MP10 35,25 47,45 58,84 196,46

MP15 29,76 48,48 58,82 167,04

MP20 25,19 49,33 57,29 159,42

MP25 24,80 50,74 55,64 147,39

Tabela 10: Tabelas de dados das análises térmicas, estudo preliminar.

ENSAIO DA AREIA %LIMITES RETIDOS DA NBR-

7211

ABERTURA mm RETIDO % PASSANTE % MUITO FINA

4,8 0 100 0-5

2,4 1,7 98,3 0-5

1,2 8,2 91,8 0-10

0,6 13,7 86,3 0-20

0,3 82 18 50-85

0,15 87,1 12,9 85-100

FUNDO 100 0 100

ORDEM DO

TESTE

NOME DAS

AMOSTRAS

MÉDIA DOS VALORES

κ

(W/m.K)

C

(MJ/g.m3.K)

α

(mm2/s)

ρ

(°C.cm/W)

1 CA 1,47 2,48 0,59 68,08

2 CA+D 1,26 2,37 0,53 79,56

3 CA+V 1,05 1,43 0,74 95,50

4 CA+D+V 1,06 2,08 0,53 88,17

5 CA+PCM1 0,99 1,79 0,56 101,39

6 CA+PCM2 0,91 1,50 0,61 109,83

7 CA+PCM(1+2) 0,82 1,57 0,52 121,65

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Tabela 11: Intervalo de confiança, estudo preliminar.

INTERVALO DE CONFIANÇA α=0.997

κ (W/m.K)

C (MJ/m3.K)

α (mm2/s)

ρ (°C.cm/W)

0,04 0,16 0,02 2,05

0,03 0,09 0,05 1,66

0,04 0,08 0,02 3,41

0,03 0,08 0,03 1,35

0,04 0,07 0,01 4,23

0,01 0,02 0,00 1,31

0,02 0,06 0,03 2,29

INTERVALO DE CONFIANÇA % α=0.997

κ (W/m.K)

C (MJ/m3.K)

α (mm2/s)

ρ (°C.cm/W)

2,99 6,57 3,82 3,01

2,09 3,60 9,36 2,08

3,55 5,73 2,25 3,57

2,63 3,80 6,39 1,53

4,13 4,00 1,18 4,17

1,27 1,17 0,33 1,19

2,64 3,64 4,96 1,89

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Tabela 12: Avaliação do erro, comparativo entre κ / C e α, estudo preliminar.

Tabela 13:Avaliação do erro, comparativo entre κ e (1/ ρ)*100, estudo preliminar.

CORPO DE

PROVA

κ (W/m.K)

(1/ρ)*100

(W/°C.cm) ERRO %

CA 1,4693 1,4688 -0,0371

CA+D 1,2570 1,2570 -0,0027

CA+V 1,0477 1,0472 -0,0487

CA+D+V 1,1270 1,1342 0,6362

CA+PCM1 0,9870 0,9863 -0,0719

CA+PCM2 0,9107 0,9105 -0,0216

CA+PCM(1+2) 0,8163 0,8220 0,6903

CORPO DE

PROVA

κ / C (mm2/s)

α

(mm2/s) ERRO %

CA 0,5927 0,5930 0,0485

CA+D 0,5294 0,5310 0,2991

CA+V 0,7350 0,7350 -0,0045

CA+D+V 0,5415 0,5467 0,9488

CA+PCM1 0,5520 0,5553 0,5978

CA+PCM2 0,6075 0,6077 0,0248

CA+PCM(1+2) 0,5194 0,5227 0,6238

ERRO %

MÁX ERRO % MÍN

0,9488 -0,0045

ERRO % MÁX ERRO % MÍN

0,6903 -0,0719

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Tabela 14: Tabela de dados das análises térmicas, ensaios finais dos diversos traços T1 a T5.

PERCENTUAL

CP

MÉDIA TESTE

DE PCM(1+2) κ (W/m.K)

Cm (MJ/g.m3.K)

α

(mm2/s) ρ

(°C.cm/W) 0 T1/1 0,96 0,50 0,54 103,47

0 T1/2 0,87 0,50 0,53 113,23

0 T1/3 0,89 0,48 0,56 112,93

25 T2/1 0,78 0,51 0,51 128,03

25 T2/2 0,78 0,51 0,50 127,56

25 T2/3 0,77 0,53 0,48 128,87

50 T3/1 0,57 0,54 0,41 174,22

50 T3/2 0,56 0,56 0,40 179,15

50 T3/3 0,58 0,58 0,39 173,70

75 T4/1 0,49 0,72 0,34 203,23

75 T4/2 0,46 0,71 0,31 214,80

75 T4/3 0,47 0,72 0,31 214,43

100 T5/1 0,22 1,18 0,12 458,67

100 T5/2 0,22 1,02 0,15 450,03

100 T5/3 0,18 1,02 0,11 560,30

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Tabela 15: Intervalo de confiança, estudo final dos traços.

INTERVALO DE CONFIANÇA α=0.997

κ (W/m.K)

Cm (MJ/g.m3.K)

α

(mm2/s)

ρ (°C.cm/W)

0,09 0,00 0,00 2,51

0,02 0,06 0,00 2,98

0,01 0,11 0,02 0,44

0,00 0,03 0,01 0,85

0,02 0,03 0,01 1,48

0,04 0,13 0,00 0,77

0,01 0,03 0,01 4,74

0,00 0,03 0,03 13,01

0,02 0,03 0,01 2,62

0,01 0,09 0,01 2,52

0,02 0,09 0,01 3,77

0,00 0,09 0,01 1,80

0,00 0,06 0,00 9,59

0,00 0,05 0,00 7,76

0,00 0,06 0,00 8,29

INTERVALO DE CONFIANÇA % α=0.997

κ (W/m.K)

Cm (MJ/G.m3.K)

α

(mm2/s)

ρ (°C.cm/W)

9,08 0,10 0,49 2,43

2,22 3,48 0,19 2,62

1,23 6,93 3,27 0,39

0,59 1,80 1,20 0,67

3,15 2,20 1,95 1,16

4,90 7,90 0,55 0,59

2,08 2,38 1,78 2,70

0,47 2,41 8,79 7,42

3,42 1,78 1,79 1,50

1,33 6,27 3,78 1,25

3,55 5,74 2,34 1,75

0,86 5,72 4,28 0,84

2,00 3,23 2,91 2,09

1,62 3,13 1,98 1,73

1,49 3,84 3,10 1,48

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José Airton Cunha Costa 112

Tabela 16: Avaliação do erro, comparativo entre κ / C e α, estudo final dos traços.

κ / C (mm2/s)

α

(mm2/s) ERRO %

0,5438 0,5423 -0,2741

0,5258 0,5293 0,6643

0,5521 0,5560 0,7009

0,5064 0,5063 -0,0084

0,4951 0,4960 0,1894

0,4837 0,4793 -0,9186

0,4033 0,4073 0,9785

0,3957 0,3958 0,0189

0,3901 0,3913 0,3166

0,3327 0,3353 0,7979

0,3091 0,3093 0,0692

0,3097 0,3120 0,7311

0,1245 0,1243 -0,0968

0,1461 0,1467 0,3784

0,1143 0,1145 0,1392

ERRO % MÁX ERRO % MÍN

0,98 -0,92

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José Airton Cunha Costa 113

Tabela 17: Avaliação do erro, comparativo entre κ e (1/ ρ)*100, estudo final dos traços.

κ

(W/m.K)

(1/ ρ)*100

(W/°C.cm) ERRO %

0,9577 0,9665 0,9134

0,8744 0,8831 0,9850

0,8883 0,8855 -0,3224

0,7810 0,7810 0,0060

0,7784 0,7839 0,7047

0,7733 0,7760 0,3405

0,5703 0,5740 0,6373

0,5633 0,5582 -0,9193

0,5776 0,5757 -0,3291

0,4923 0,4920 -0,0585

0,4610 0,4655 0,9772

0,4663 0,4663 0,0026

0,2183 0,2180 -0,1422

0,2223 0,2222 -0,0574

0,1783 0,1785 0,0798

ERRO % MÁX ERRO % MÍN

0,98 -0,92