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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE ARTES
BACHARELADO EM DESIGN
O design como ferramenta de transformação da Qualidade de vida de obesos
LIVIA GOMES GABRIEL
NATAL/ RN 2015
2
LIVIA GOMES GABRIEL
O design como ferramenta de transformação da qualidade de vida de obesos
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II do curso de Bacharelado em Design da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientadora: Prof. M.Sc. Juliana Donato de Almeida Cantalice.
Natal – RN
2015
3
Lívia Gomes Gabriel
O design como ferramenta de transformação da Qualidade de vida de obesos
Trabalho de conclusão de curso, apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
para a obtenção do grau de Bacharel em Design.
Aprovado em: / /
BANCA EXAMINADORA
Prof. MSc. Juliana Donato de Almeida Cantalice
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Prof. Livia Maia Brasil
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Prof. Lorena Gomes Torres de Oliveira
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
4
Agradecimentos
Agradeço primeiramente aos meus pais, por todos os ensinamentos
durante a vida e pelo apoio incondicional. Aos meus irmãos, por todo
companheirismo da vida inteira. Assim como meu namorado, que tanto me
ajudou e acompanhou durante a jornada acadêmica.
Sou profundamente grata à todos os professores que foram fontes de
inspiração e verdadeiros referenciais profissionais. E sou especialmente
agradecida a Juliana por toda a paciência e contribuição em cada página
desse trabalho.
Reconheço a importância dos anos na academia, os quais não seriam
tão especiais se não tivesse a companhia de amigos tão queridos.
Meu muito obrigada a todos que participaram diretamente e
indiretamente dessa pesquisa.
5
Pergunta: Quais os limites do design?
Resposta: Quais são os limites dos problemas? Charles Earns
6
Resumo A obesidade tornou-se um problema de grandes proporções ao redor do
mundo, muitos habitantes de diversas partes do planeta estão acometidos
por essa doença e pelas consequentes comorbidades resultantes da
obesidade. É sabido que, mesmo a obesidade se apresentando como uma
doença capaz de gerar muitas outras, ainda pouco se conhece sobre o
indivíduo acometido pela mesma. Por isso, desenvolveu-se a motivação de
conhecer os alicerces que sustentam a doença para assim poder ajudar
através de análises e estratégias de Design o público-alvo. O objetivo deste
estudo é utilizar o design de serviços para elaborar uma ferramenta de
transformação de qualidade de vida, que proporcione hábitos mais saudáveis
para obesos de 17 a 30 anos, de forma a possibilitar a redução nos índices
de obesidade, considerando aspectos do design centrado no humano voltado
para o referido público-alvo. Sendo assim, buscou-se como embasamento
teórico conceitos de Design de Serviços, Design Centrado no Ser Humano e
Qualidade de Vida. Para desenvolver o trabalho, utilizou-se o desenho
metodológico de Gui Bonsiepe (1986) e estratégias de projeto de Brown
(2010). Como ferramentas metodológicas buscou-se a criação de personas
por meio do desenho da figura humana. Com isso, geraram-se propostas de
ferramentas que auxiliaram na compreensão do cenário vivido pelo obeso.
Por isso, a proposta “Caixola” foi desenvolvida no intuito de atender os
anseios do público-alvo, assim cumpriu o objetivo de ajudar a compreender
as dificuldades existentes no dia a dia e a gerar mais qualidade de vida para
o obeso.
Palavras chave: Obesidade, Design de Serviços, Design Centrado no Ser Humano, Qualidade de Vida.
7
ABSTRACT Obesity has become a problem of major proportions around the world and
many people from all over the planet are affected by this disease and the
consequent problems caused by it. It is well known that even obesity
performing as a disease that is capable of generating many others, yet little is
known about the individual affected by it. So it was developed the motivation
to learn the foundations that support the disease so it could help the target
audience through analysis and design strategies. The goal of this study is to
use the design services to develop a tool of life quality transformation,
providing healthier habits for seventeen to thirty year-old obese people in
order to enable the reduction in rates of obesity considering aspects of
Human Centered Design facing the target audience. Therefore, it was taken
the bibliography of Service Design concepts, Human Centered Design and
Life Quality. It was used the methodological design of Gui Bonsiepe (1986)
and Brown (2010) design strategies. In order to obtain better knowledge of the
target audience, we sought to develop personas through drawing the human
figure. Along with that, proposals of tools were generated, which helped to
understand the scenario experienced by obese people. Therefore, the
proposal "caixola" (Little Box) was developed in order to attend the target
audience's desires and needs and fulfill the goal of helping to understand the
difficulties and to provide more life quality to obese people’s everyday life.
Keywords: Obesity, Design services, Human Centered Design, Life Quality
8
LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Números da Obesidade no Mundo 12
Figura 2 – Classificação do IMC 13
Figura 3 – Evolução da obesidade no Brasil 14
Figura 4 – Taxa de obesidade no Brasil 15
Figura 5 - Fatores sínteses da obesidade 16
Figura 6 – Diagrama de Ishikawa 18
Figura 7 – Número de mulheres obesas no Brasil 19
Figura 8 – Número de homens obesos no Brasil 20
Figura 9 - Mapa mental sobre a Qualidade de Vida para o Obeso 21
Figura 10 – Desenho da Figura Humana 26
Figura 11 – Dados Demográficos dos entrevistados 37
Figura 12 – Desenho da Figura Humana 39
Figura 13 – Persona 1 40
Figura 14 – Persona 2 41
Figura 15 – Persona 3 42
Figura 16 – Persona 4 43
Figura 17 – Persona 5 44
Figura 18 – Persona 6 45
Figura 19 – Persona 7 46
Figura 20 - Alternativas representadas por pictogramas 50
Figura 21 - Fatores positivos da alternativa escolhida 51
Figura 22 – Imagem ilustrativa do serviço “Caixola” 52
Figura 23 – Caixa voltada para o público nerd 53
Figura 24 – Caixa para público apreciador de vinho 54
Figura 25 – Caixa voltada ao público adepto da filosofia vegana 54
Figura 26 – Revista “Vida Simples” 55
Figura 27 – Revista “Vida Simples” 56
Figura 28 – Revista “Vida Simples” 56
Figura 29 – Simulação do conteúdo da caixa 58
Figura 30 – Imagens de Referência para as cores do círculo 59
Figura 31 – Paleta de cores componentes do círculo alimentar 60
Figura 32 – Círculo alimentar desenvolvido para acompanhar a Caixola 60
Figura 33 - Interação do assinante com o círculo 61
Figura 34 - Uso da Caixola 62
9
SUMÁRIO
1. A URGÊNCIA DA PESQUISA SOBRE OBESIDADE 10
2. JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO 11
2.1. A formulação da hipótese 17
3. PROBLEMATIZAÇÃO 17
4. OBJETIVOS 22
4.1. Objetivo Geral 22
4.2. Objetivos Específicos 22
5. APRESENTAÇÃO DOS CAPÍTULOS 22
6. METODOLOGIA 23
6.1. O Desenho Metodológico de Gui Bonsiepe 23
6.1.1. Problematização 24
6.1.2. Análise de dados 24
6.1.3. Definição do problema 26
6.1.4. Geração de alternativas 26
6.1.5. Projeto 27
6.2. Design Thinking 27
6.2.1. Inspiração 27
6.2.2. Idealização 27
6.2.3. Implementação 28
7. REFERENCIAL TEÓRICO 28
7.1. Design de Serviços 29
7.2. Design Centrado no Humano 31
7.3. Qualidade de Vida Urbana 33
8. ANÁLISE DE DADOS 35
8.1. O Perfil Demográfico Dos Entrevistados 35
8.1.1. Dados demográficos dos entrevistados 35
8.2. O uso do Desenho da figura humana 38
8.3. Processo de criação das personas 38
8.4. Apresentação de Personas 38
9. GERAÇÃO DE SOLUÇÕES 48
9.1. Photograph 48
9.2. Caixa Saudável - Caixola 48
9.3. Recompensa 49
9.4. Frutas e Verduras 49
9.5. "TO DO" 49
9.6. Matriz de decisão verbal 50
10. ABRA SUA CAIXOLA 52
10.1. A proposta mensal da Caixola 58
11. PARA NÃO FINALIZAR 62
11.1. Limitações da pesquisa 63
REFERÊNCIAS 64
APÊNDICE A 69
10
1. A URGÊNCIA DA PESQUISA SOBRE OBESIDADE
A obesidade tornou-se um problema de grandes proporções ao redor
do mundo, muitos habitantes de diversas partes do planeta estão acometidos
por essa doença e pelas consequentes comorbidades resultantes da
obesidade. É importante definir o conceito de obesidade que é a presença de
excesso de tecido adiposo no organismo, sendo considerada como o
resultado de um desequilíbrio energético, decorrente de uma entrada (input)
de energia no organismo que excede os gastos (output) (BRAY, 1989).
Por isso, é importante considerar os fatores responsáveis por esse
desequilíbrio, que pode ter diversos fatores e variar de indivíduo para
indivíduo, como será visto no desenvolvimento dessa pesquisa.
Outro fato que corrobora com a urgência da pesquisa é o crescimento
da quantidade de cirurgias bariátricas, procedimento de intervenção cirúrgica
que tem como consequência a redução de peso. Segundo o ministério da
saúde no Brasil, houve um aumento de 55% na quantidade de intervenções
cirúrgicas bariátricas de 2010 para 2014, realizadas pelo Sistema Único de
Saúde (SUS). E ainda segundo o mesmo órgão, o número de cirurgias
aumentou de 4.489 para 6.957 nesse mesmo espaço de tempo. Sabe-se que
com a correção de hábitos alimentares e o costume da prática da atividade
física pode-se prevenir futuros gastos do Estado, como a cirurgia bariátrica.
É extremamente curioso considerar que um país como o Brasil, que
até 2013, era membro do mapa da fome, historicamente apresentado pela
Organização das Nações Unidas (ONU, doravante), e em 2014, saiu dessa
situação, de acordo com a notícia divulgada na assembleia geral da ONU, no
dia 13 de outubro de 2014 segundo a FAO (Food and Agriculture
Organization, 2014). O país atualmente se depara com uma outra realidade,
o número crescente de obesos. E essa é uma reflexão bastante atual que
deveria estar mais presente na sociedade devido as decorrências das novas
práticas alimentares.
Esses fatores conduzem a justificativa desse trabalho, que visa
estudar as causas da obesidade na população brasileira, bem como, objetiva
buscar soluções para o aumento exponencial de obesos no Brasil
11
As mudanças no país ultrapassam as questões sociais. É notória a
liberdade alimentar, causada também, pela independência financeira da
população. Contudo, avaliam-se as condições informacionais que influenciam
diretamente na escolha alimentar de cada cidadão. Aliado à liberdade
financeira da população, tem-se a bagagem cultural individual de cada ser
humano e além disso, tem-se a oferta aumentada de estabelecimentos
alimentares como resultado da sociedade globalizada.
Assim, essa pesquisa desponta como o resultado de inquietudes da
autora ao perceber a obesidade como um problema social. É sabido que,
mesmo a obesidade se apresentando como uma doença capaz de gerar
muitas outras, ainda pouco se conhece sobre o indivíduo acometido pela
mesma. Por isso, desenvolveu-se a motivação inicial de conhecer os
alicerces que sustentam a doença para assim poder ajudar o público-alvo
através de análises e estratégias de Design.
Salienta-se nessa ocasião que a pesquisa visa entender e ajudar o
obeso a se conhecer melhor, não se procura aqui, interferir em conceitos pré-
estabelecidos pelos voluntários. Grosso modo, esse trabalho tem a função de
auxiliar o obeso na conquista da qualidade de vida e não visa estabelecer
regras de saúde como obrigação.
2. JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO
A sociedade atual vem sofrendo com o aumento significativo da
obesidade. O estilo de vida hodierno, onde as pessoas estão a cada dia mais
sedentárias, vivendo no sistema capitalista de produção, o qual perpetua
ideal de alimentação cada vez mais industrializado, aliado à refeições com
altos índices calóricos, conduzem a população mundial para um cenário
nutricional caótico.
Além das questões alimentares, acrescentam-se a isso hábitos
sedentários provocados pelo desenvolvimento tecnológico, como uso de
ferramentas acionadas por controle remoto, sucedida de questões
normatizadas pela sociedade, como a utilização de carros por meios de
transportes, condicionam cidadãos passivos e decorrem em pouco gasto
12
calórico diário, provocando assim, o acúmulo de gordura e a consequente
insatisfação corporal.
Sabe-se que as razões para o aparecimento da obesidade são
diversas, dentre elas estão: o sedentarismo, a alimentação inadequada, os
fatores genéticos, o nível socioeconômico, os fatores psicológicos, os fatores
demográficos, o nível de escolaridade, o desmame precoce, a existência de
pais obesos e o estresse (BARBIERI et al, 2012),
A obesidade tornou-se um problema de saúde mundial e tem cada vez
mais chamado atenção para o problema o número crescente de pessoas
obesas. Segundo dados do site Take Part (2015), países como os Estados
Unidos da América, África do Sul, Venezuela, Egito e Arábia Saudita
despontam com mais de 40% da população obesa (Figura 1).
Figura 1 - Números da Obesidade no mundo
Fonte: Take Part (2015).
A obesidade e definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
como um acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal que pode atingir
graus capazes de afetar a saúde segundo, World Health Organization (2010)
(WHO, doravante). O sujeito obeso apresenta um peso elevado, que é o
resultado de uma combinação de fatores e, por isso, torna-se muito difícil
encontrar a causa direta da obesidade. Porém, a medida utilizada para
13
caracterizar um paciente acometido pela doença é o Índice de Massa
Corpórea (IMC, doravante). Trata-se de uma razão feita entre a altura e o
peso do indivíduo (vide figura 2).
Essa situação é vista no Brasil com bastante preocupação e tornou-se
um problema de saúde pública, por isso, passou a ser estudado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Em pesquisa recente do ano de
2015, o IBGE divulgou que no Brasil, 56,9% das pessoas com mais de 18
anos estão com excesso de peso, ou seja, têm um IMC igual ou maior que
25.
Além disso, 20,8% das pessoas são classificadas como obesas, por
terem IMC igual ou maior que 30. A mesma pesquisa feita pelo Ministério da
Saúde, pelo órgão VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, 2014), alertou que o excesso de
peso atingia 52,5%. E ainda, segundo a mesma pesquisa, a percentagem de
obesos no Brasil era de 17,9%, revelando um aumento de aproximadamente
3% em apenas um ano (conforme mostra a figura 3).
Figura 2 – Classificação do IMC
Fonte: adaptado de ABESO (2015).
14
Considera-se importante relacionar esses órgãos de inquérito social
para assim poder compreender melhor a obesidade. Outro ponto importante
de se mencionar é o interesses desses institutos de pesquisa,previamente
citados na temática da obesidade. Segundo os mesmos, a população
brasileira está com 56,9% do total com excesso de peso e dentro desse
valor, existem 20,8 % do total populacional que está obeso. Ao relacionar
esses dados compreende-se a importância desse tipo de estudo direcionado
ao conhecimento da saúde do brasileiro.
Figura 3 – Evolução da obesidade no Brasil
Fonte: Adaptado de VIGITEL (2015).
Esse processo evoluiu ao longo dos anos e vem atingindo diversos
extratos sociais na população nacional. Segundo WHO (apud Portugal, 2005)
a obesidade e considerada a segunda causa de morte passível de
prevenção, estando apenas depois do tabagismo. Pesquisas recentes
apontam a obesidade como a origem de outras doenças como: diabetes,
problemas cardiovasculares e até mesmo o câncer (Mancini, 2010). Por isso,
considera-se importante levantar questões que venham a tratar e mitigar
problemas e/ou gastos futuros com hospitais e medicações.
15
A obesidade é causada por inúmeros fatores, dentre os quais
encontra-se a compulsão alimentar e os fatores emocionais que perpassam
pelo desequilíbrio do ser humano. O crescimento da obesidade entre os
brasileiros contribui para a urgência de ações combatentes as causas da
doença. Esse aumento é representado na Figura 4.
Figura 4 – Taxa de obesidade no Brasil
Fonte: Adaptado da Folha de São Paulo, 2012.
16
Na Figura 4, os números alertam para o crescimento em apenas seis
anos de pessoas diagnosticadas com obesidade no Brasil. Ainda nessa
figura, pode-se perceber uma pequena parcela da população pratica
atividades físicas em seu tempo livre. Um ponto positivo percebido na figura,
é o aumento de adultos que consomem frutas, verduras e legumes
recomendados.
Assim posto, o presente trabalho se justifica pela urgência de
desenvolvimento e geração de soluções que busquem diminuir a obesidade
no Brasil, objetivando compreender as minúcias relacionadas a essa doença
entre os brasileiros. Na figura 5 ilustram-se os fatores sínteses causadores da
obesidade.
Figura 5 - Fatores sínteses da obesidade
Fonte: Autora (2015).
17
2.1. A formulação da hipótese
Nesse caso, o grande questionamento da pesquisa é a maneira de
ajudar os obesos a possuir uma qualidade de vida melhor, considerando as
consequências dos males da alimentação desequilibrada e da falta de
atividades físicas. Por isso, espera-se com o estudo desenvolver um
instrumento de mudança, no caso em questão, trata-se de um serviço, de
mudança de hábitos na vida do obeso. Pretende-se então demonstrar que é
possível ter qualidade de vida mesmo convivendo com a obesidade.
3. PROBLEMATIZAÇÃO
Para a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica (ABESO, 2015), é considerado obeso aquele indivíduo
que apresenta IMC maior ou igual a 30, sendo esse o público-alvo dessa
pesquisa.
A obesidade nutricional vem sendo estudada com maior interesse nas
últimas décadas porque está sendo considerada uma das anormalidades
mais comuns dos nossos tempos e o mais sério transtorno alimentar do
mundo desenvolvido. Essa entrada de energia, maior do que o necessário é
decorrente da interação e influencia de seis fatores: genéticos, ambientais
(como falta de atividade física e hábitos alimentares inadequados), familiais,
culturais, sociais, psicológico/emocionais (AZEVEDO, 2004). Por isso é
considerado multifatorial ou multicausal. Esses fatores podem agir
independentemente ou interagir mutuamente.
Nesta etapa do trabalho, serão demonstrados os principais fatores que
levam à causa do problema, nesse caso a obesidade. Para isso, recorreu-se
ao método conhecido como o diagrama de Ishikawa (espinha de peixe), que
permite agrupar e visualizar as várias causas que estão na origem qualquer
problema ou de um resultado que se pretende melhorar (ISHIKAWA, 1990).
Para demonstrar os fatores responsáveis pela obesidade anteriormente
elencados, no intuito de complementar as informações, apresenta-se o
diagrama de Ishikawa (Figura 6). Através do diagrama pode-se perceber as
condicionantes da obesidade e analisar a influência das mesmas.
18
Figura 6 – Diagrama de Ishikawa
Fonte: Autora (2015).
Sobre fatores apresentados como responsáveis pela obesidade temos
o nível socioeconômico, fatores demográficos, sedentarismo, fatores
psicológicos, fatores genéticos, desequilíbrio alimentar e nível de
escolaridade. Sobre o diagrama pode-se questionar a relação de algumas
causas da obesidade como o nível de escolaridade, o nível socioeconômico e
o desequilíbrio alimentar, nota-se que os três estão interligados, pois sao
interdependentes, tratam-se de condicionantes capazes de gerar cidadãos
obesos. Ou seja, a formação escolar deficiente do cidadão gerada ( ou não )
pela deficiência financeira pode ser um fator muito preponderante na escolha
alimentar. Outros fatores que se integram são o estresse, os fatores
psicológicos e o desequilíbrio alimentar, os quais se estruturam sob a mesma
logica, tratam de perturbações do psicológico que afetam a alimentação. Com
isso, conclui-se que todas as causas, de forma isolada ou associadas podem
desencadear a obesidade.
Sobre os fatores demográficos, percebe-se no Brasil que a obesidade
atinge mais as mulheres do que homens, segundo o IBGE (2015). Para os
dois gêneros, a faixa etária que mais apresenta números de obesos é a
estabelecida entre 55 e 64 anos (Figura 7 e 8).
19
Figura 7 – Número de obesas em porcentagem no Brasil
Fonte: IBGE adaptado pela Folha de São Paulo (2015).
Considerando a influência dos fatores genéticos destacada em muitos
trabalhos, tendo sido amplamente estudada por autores como Stunkard
(1988). Muitos desses estudos fundamentam-se em dados obtidos de
investigações realizadas com pares de gêmeos idênticos e fraternos, obesos,
filhos legítimos e adotados, famílias de obesos e seus descendentes
(AZEVEDO, 2004). Nesses casos há uma concordância geral, entre os
autores, que na obesidade é comum legar uma vulnerabilidade, uma
probabilidade, que requer um ambiente adequado a fim de se manifestar,
segundo Stunkard (1988) apud Azevedo (2004). Por isso, conclui-se que
existe a influência dos fatores genéticos e familiais que possibilitam a
obesidade ser passada, porém para isso acontecer necessita-se da influencia
de fatores ambientais, não exclusivamente de fatores genéticos.
Para Hamburguer (1951) apud Azevedo (2004), há predomínio relativo
do ambiente, comparado à da hereditariedade, é variável em cada paciente
obeso, mas a inevitável importância predominante do ambiente e de outros
fatores nutricionais, na maioria dos casos de obesidade, parece ser
inquestionável. A falta de atividade física, o sedentarismo, e uma alimentação
desregulada são os principais fatores fornecidos pelo ambiente.
20
Figura 8 – Número obesos em porcentagem no Brasil
Fonte: IBGE adaptado pela Folha de São Paulo (2015).
Ainda segundo Hamburger (1951) apud Azevedo (2004), o estado
emocional da pessoa reflete no seu apetite, aumentando-o ou diminuindo-o.
A raiva também pode afetar o apetite e nos estados emocionais mórbidos,
como o da depressão, os distúrbios do comer evidenciam-se como sintomas.
Portanto, tanto na doença como na saúde, há uma íntima relação entre o
apetite e o estado emocional. O estudo de pacientes obesos mostra que
comer em excesso serve a alguma forte necessidade emocional. Geralmente,
o descontrole emocional desencadeia o desequilíbrio alimentar.
A partir dos fatores previamente elencados buscou-se compreender a
problemática de forma mais aprofundada através do mapa mental de Brown
(2010). Esse mapa (Figura 9) teve papel fundamental como um exercício
capaz de perceber questões ainda não notadas e a forma que elas se
interligam.
Buscou-se com a criação desse mapa mental, desenvolver uma
percepção capaz de adentrar o mundo da obesidade e para isso elencou-se
questões recorrentes no dia a dia do obeso. Constatou-se através do mapa
mental, que existem muitas minúcias relacionadas ao cotidiano do obeso as
quais muitas vezes são desprezadas pela sociedade. Essas informações
utilizadas na criação do mapa mental foram retiradas de entrevistas e de
leituras realizadas para essa pesquisa.
21
Figura 9 - Mapa mental sobre a Qualidade de Vida para o Obeso
Fonte: Autora (2015).
Por isso, considerou-se importante compreender as dificuldades,
pensamento e julgamentos enfrentados pelo público-alvo sendo esse o passo
22
inicial para expandir o repertório bibliográfico, comportamental e conceitual
sobre a obesidade na presente pesquisa.
4. OBJETIVOS
4.1. Objetivo Geral
O presente trabalho objetiva utilizar o design de serviços para elaborar
uma ferramenta de transformação de qualidade de vida, que proporcione
hábitos mais saudáveis para obesos de 17 a 30 anos.
4.2. Objetivos Específicos
Compreender a causa da obesidade presente no público-alvo através
dos métodos elencados para a realização do levantamento de dados;
Relacionar o estilo de vida dos obesos nas cidades pontuando
aspectos da qualidade de vida do público-alvo;
Analisar os perfis dos entrevistados e compreender a individualidade
das pessoas obesas;
Selecionar a alternativa mais adequada para o cenário proposto.
5. APRESENTAÇÃO DOS CAPÍTULOS
Esse trabalho está dividido em dez etapas: A primeira, uma
introdução, demonstrando a urgência e necessidade em pesquisas sobre a
obesidade. O segundo tópico trata da Justificativa para o desenvolvimento
deste trabalho, juntamente com a formulação da hipótese. No item 3,
comenta-se os aspectos da problematização acerca da obesidade. No quarto
capítulo, enumeram-se os objetivos desta pesquisa. No quinto item, a
apresentação dos capítulos. No sexto tópico, trabalha-se a metodologia
utilizada neste trabalho, divida em dois itens, a metodologia de Gui Bonsiepe
(1986) e do Design Thinking (2010). No capítulo 7, comenta-se acerca da
teoria utilizada por trás da pesquisa, dividida em Design de serviços, Design
Centrado no Humano (DCH) e uma abordagem sobre Qualidade de Vida
Urbana. Nos capítulos 8 e 9, são feitas análise dos dados obtidos através do
público-alvo para, em seguida, desenvolver-se propostas de soluções para
solucionar o objetivo em alcance. No décimo item, é abordado sobre a melhor
23
proposta encontrada. Finalizando, no décimo primeiro capítulo, tem-se as
conclusões obtidas no trabalho, juntamente com as limitações impostas sobre
a pesquisa. Após isso, referenciam-se as bibliografias utilizadas.
6. METODOLOGIA
A pesquisa é de natureza exploratória documental, com consulta à
bibliografias capazes de fundamentar e justificar a importância do trabalho. O
estudo também se fundamenta em pesquisa de campo e, para isso, utilizou-
se de questionários com perguntas abertas e fechadas direcionadas ao
público-alvo.
Quanto ao enfoque do trabalho, o mesmo se caracteriza pelo contexto em
que os dados obtidos na pesquisa serão analisados e para essa ocasião a
abordagem será qualitativa pois busca a compreensão e não a explicação
dos fatos para a situação do problema (COSTA, 2011).
Para a construção do trabalho buscou-se aplicar uma metodologia de
sucesso já existente na literatura especifica do Design. Nesse estudo
abrangeram-se dois processos metodológicos o de Gui Bonsiepe (1986) e o
Design Thinking (2010) como ferramentas de criação de propostas que sejam
capazes de solucionar o problema em questão. A seguir apresentam-se os
processos metodológicos utilizados na construção da proposta.
6.1. O Desenho Metodológico de Gui Bonsiepe
A metodologia projetual utilizada nesse trabalho se aporta nos estudos
de Gui Bonsiepe (1986), que está macroestruturada em tais etapas:
Problematização, Análise de dados , Definição do problema, Geração de
alternativas e Projeto. Ainda como forma de buscar uma metodologia que
se complemente com a de Bonsiepe (1986), escolheu-se estratégias de
Design Thinking (vide tópico 6.2) para auxiliar o desenvolvimento da
pesquisa. A partir de agora serão detalhadas as etapas fundamentais para a
construção da pesquisa.
24
6.1.1. Problematização
No referido momento do projeto, buscam-se levantar os principais
fatores responsáveis pelo problema. Sendo assim, buscam-se informações,
dados estatísticos, tabelas e gráficos, capazes de fortalecer a ideia.
6.1.2. Análise de dados
Nessa etapa da pesquisa, analisam-se os dados, os quais podem ser
algarismos, palavras, sinais, gestos, silêncios, entre outros, ou suas
combinações. Geralmente não possuem um significado próprio, apenas
quando estão contextualizados, ou seja transformados em informação. Os
dados podem ser qualitativos ou quantitativos, estes são dados de medição e
dados numéricos, aqueles são palavras, sinais, gestos, sons, imagens,
silêncio, entre outros (COSTA, 2011).
Quanto a natureza dos dados, os mesmos podem ser caracterizados
como primários – aqueles levantados pelo próprio pesquisador e
secundários– aqueles já existentes ou interpretação de falas – interpretação
de falas dos sujeitos, à luz das interpretações do pesquisador, tendo como
pano de fundo a revisão de literatura e/ ou referencial teórico adotado
(COSTA, 2011).
No presente trabalho, a análise de dados abrange uma secção que
trata de informações primárias, colhidas através de entrevistas, juntamente
com a interpretação de falas dos entrevistados. Ainda nessa etapa, utilizou-
se a ferramenta de criação de personas para melhor entender o público-alvo,
bem como utilizou-se o desenho da figura humana como instrumento
projetivo capaz de delinear aspectos peculiares dos obesos.
1. Personas
O uso das personas nessa estudo tem por objetivo ajudar a identificar
os perfis dos entrevistados e a aprofundar a pesquisa no modo de
viver dos entrevistados;
25
2. Desenho da figura humana
A ferramenta de desenho da figura humana produz um retorno visual
capaz de ilustrar os entrevistados sob a própria perspectiva como eles
se enxergam. Acredita-se que essa metodologia seja capaz de reunir
mais informações sobre o obeso.
Como escolha de técnica projetiva para a construção desse trabalho,
optou-se por utilizar o desenho da figura humana para retratar o público-alvo
do estudo por meio de personas. Por isso, essa seção versa sobre a
importância do autoconhecimento e das perspectivas dos entrevistados sobre
a própria imagem. Sobre isso, afirma Schilder (1977) Apud Azevedo (2004),
que a imagem corporal é a representação do que formamos mentalmente do
nosso próprio corpo, sendo assim, a forma em que ele nos aparece. Esse
ponto de vista focaliza nas atitudes e sentimentos do indivíduo para com seu
próprio corpo, considerando a intima ligação com as experiências bem como
o corpo e a maneira como foram construídas seus próprios princípios.
Para Azevedo (2004), Existem diversas técnicas projetivas na
psicologia especificamente para o estudo da personalidade destaca-se o
Teste da Figura Humana, bastante utilizado pelos psicólogos por ser uma
fonte rica de informação e compreensão da personalidade, além de
econômica e profunda. No presente estudo a técnica da figura humana
espera-se apenas ilustrar as personas com desenhos autorais dos
entrevistados.
Ainda nessa temática, Machover (1962) apud Azevedo (2004), que
adaptou o Desenho da Figura Humana como técnica projetiva da
personalidade, afirma que ao desenhar a figura humana o individuo projeta a
figura de si mesmo. Segundo a autora, ao desenhar o individuo projeta os
aspectos conscientes e inconscientes da imagem do seu corpo. O Desenho
da Figura Humana, como técnica projetiva, oferece dados subjetivos e
objetivos sobre aquele que desenha.
Nesta oportunidade, objetivou-se com o desenho da figura humana
chegar o mais próximo possível do sujeito entrevistado, buscando no próprio
questionado a descrição das suas características, salientando-se o
26
desinteresse da pesquisa em julgamentos da natureza estéticas ou
psicológicas do desenho.
A etapa de análise de dados, caracteriza-se por aproximar os anseios
dos entrevistados norteando a fase de geração de alternativas, pois estão
profundamente relacionadas.
Figura 10 – Desenho da Figura Humana
Fonte: Autora (2015).
6.1.3. Definição do problema
Ao definir-se o problema, apresentam-se as perspectivas a serem
trabalhadas, os campos de atuação na situação problema e principais
dificuldades para superar-se a problemática apresentada, nesse caso a
obesidade.
6.1.4. Geração de alternativas
Nessa etapa da pesquisa projeta-se as possíveis resoluções para a
obesidade definidos na etapa anterior. A técnica usada nessa pesquisa para
gerar alternativas é o método de transformação (BONSIEPE, 1986). Nesse
método buscam-se analogias para aumentar a variedade de soluções,
utilizando casos similares em outras áreas.
27
6.1.5. Projeto
Apresenta-se nessa fase, o desenvolvimento do projeto propriamente
dito, como resultado de todas as etapas anteriores do estudo.
6.2. Design Thinking
Além da metodologia de Bonsiepe (1986), utilizou-se das ferramentas
de criação de Tim Brown (2010) para poder, enfim, se encontrar uma solução
ao problema proposto. A análise dos métodos de Brown encontra-se
segmentada em Inspiração, Idealização e Implementação, as quais estão a
seguir.
6.2.1. Inspiração
Segundo Brown (2010) essa é a etapa do pensamento e é o que
motiva a busca por soluções. Aqui enquadra-se a fase de ouvir, conversar e
buscar entender as personas que serão apresentadas no item 8.4. Outra
alternativa de investigação para compreender o público-alvo foi a construção
do mapa mental (Figura 9). Ainda visando complementar as informações
colhidas para a pesquisa, utilizou-se o questionário, apresentado no Anexo A,
e extraiu-se os dados para se filtrar informações fundamentais para a etapa
seguinte de idealização da ideia.
6.2.2. Idealização
Essa fase da pesquisa resulta das informações anteriores e envolve o
processo de gerar, desenvolver e testar ideias (Brown, 2010). Sendo assim,
busca-se encontrar soluções para o problema e a possibilidades de criação
permitiu gerar alternativas. Nesse momento do estudo, o conhecimento
aprofundado do público-alvo permite a compreensão dos anseios dos obesos
e uma consequente idealização de soluções . Para gerar alternativas utilizou-
se o método de transformação de Bonsiepe (1986) que extrai informações de
áreas diversificadas para resolver problemas.
28
6.2.3. Implementação
Para Brown (2010), existe um caminho que vai do estudo de design ao
mercado, denominado aqui como implementação. Essa fase corresponde a
análise do produto final e possíveis reparos ou correções feitas em seu
funcionamento. Essa pesquisa não realizará a etapa de implementação por
conter limitações (vide item 11.1). A utilização do Design Thinking nessa
metodologia serviu para criar novas perspectivas de projeto.
Para conseguir alcançar os resultados esperados com essa pesquisa,
recorreu-se a bibliografias relacionadas a temática que são capazes de
oferecer o embasamento cientifico necessário para se justificar e desenvolver
os resultados. O estudo avança a partir de agora para questões mais teóricas
do Design.
7. REFERENCIAL TEÓRICO
Nessa etapa da pesquisa, apresenta-se a fundamentação teórica do
trabalho aportando-se em conceitos norteadores do estudo. Sendo assim, os
temas tratados nesse tópico serão: Design centrado no Humano, Design
de Serviços e Qualidade de Vida.
Os autores que fundamentam essa pesquisa são de diversas áreas
científicas e cada um contribui de forma significativa para a construção da
perspectiva global da pesquisa. A importância de tantas perspectivas é
interdisciplinaridade do conhecimento, o que torna a pesquisa mais rica.
Como se trata de uma pesquisa de Design serão usados conceitos e
teóricos capazes de intermediar as ideias tratadas nesse estudo. Seguem as
contribuições do Design Centrado no Ser Humano (Krippendorff, 2000;
Giacomin, 2012, apud Chaves et al., 2013).
Ainda campo do Design, busca-se no Design de serviços a
fundamentação teórica necessária para encontrar soluções para o problema.
Sendo assim, buscou-se Frascara (2002), Freire (2010), Mager (2009) e
Stickdorn (2014) para abordar o Design de Serviços.
Ainda no estado da arte, esse trabalho apoiou-se em teóricos da
geografia e do urbanismo para esclarecer aspectos da qualidade de vida. Os
29
teóricos consultados foram Nahas (2000), Lima e Costa (2010) e Forattini
(1991). As referidas temáticas serão detalhadas a seguir.
7.1. Design de Serviços
O Design surge contemporâneo à Revolução Industrial e, ao longo dos
anos, se modificou baseando-se nas transformações da sociedade. Tanto os
processos quanto os produtos resultantes desta atividade acompanham essa
lógica, que transmuta-se com a intenção de adequar-se ao modelo pós-
industrial (Freire, 2010). Logo, depara-se com as diversas perspectivas de
um mundo globalizado com seus inúmeros desafios ambientais, sociais e
culturais. É nesse contexto que aponta o Design de Serviços.
Sobre isso, Frascara (2002) apud Freire (2010) afirma a necessidade
da reinvenção do Design para se preocupar mais com o contexto no qual os
objetos e comunicações são usados pelas pessoas e com seus efeitos na
vida das mesmas. Por isso defende a busca pelo entendimento dos
indivíduos, da sociedade, do ecossistema e a construção de uma prática
interdisciplinar. Um caminho proposto pelo autor e a aproximação com as
ciências sociais, procurando formas para tornar a vida das pessoas possível,
mais fácil e melhor.
Outro ponto de vista correlato ao de Freire (2010) é o de Stickdorn
(2014), que assegura o papel importante do Design de serviços para mudar
as velhas percepções, compartilhando noções preconcebidas sobre
criatividade e ilustrando ativamente a aplicação social significativa e mais
ampla do design, além de envolver mais pessoas no processo de design. A
abordagem dos autores se assemelha ainda quanto ao enfoque, ao defender
a ampla abrangência de disciplinas não apenas do design, mas também de
outras áreas. Ressalta ainda, a importância do trabalho em equipe entre
essas disciplinas que exigem linguagem compartilhadas. Ou seja, a
interdisciplinaridade é o ponto em comum entre os autores.
Sobre essa perspectiva da interdisciplinaridade, Mager (2009) apud
Freire (2010) afirma a necessidade do design possuir uma abordagem
holística do contexto, olhando para os sistemas e subsistemas de
relacionamentos e interações, considerando os serviços como sistemas
vivos, para assim, criar um ambiente que de motivação para mudanças,
30
sejam elas de tecnologias, processos de produção, estruturas, culturas e
pessoas. Sobre isso, no caso do estudo em questão, espera-se por meio do
Design de Serviços apresentar novas perspectivas motivacionais para os
obesos.
Sobre o conceito do Design de Serviço para Stefan Moritz (2005), e o
projeto de toda a experiencia do serviço, bem como o design do processo e
da estrategia para entrega-lo. Trata-se da busca por entender o cliente, a
organização e o mercado, desenvolver ideias, traduzi-las em soluções
possíveis de ajudar a implementa-las. Para Moritz (2005), o design de
serviços não e uma nova especialidade na disciplina do design, mas uma
nova abordagem multidisciplinar. Visto isso, o designer de serviços seria
responsável por criar e moldar as interfaces de contato com o cliente e
projetar todos os detalhes da jornada.
Outro ponto de convergência de opiniões entre os teóricos sobre o que
é o Design de Serviços, versa sobre a necessidade de se projetar para as
pessoas, ou seja, existe uma necessidade urgente de colocar no centro do
processo os anseios dos indivíduos. Sobre isso, afirma Stickdorn (2014), o
design busca identificar, sob diversos aspectos da vida das pessoas,
problemas e necessidades latentes que possam ser usados para inspirar a
geração criativa. Visto isso, consideram-se as necessidades e problemas dos
envolvidos no processo, os quais mudam a medida que seus ambientes de
convivência social, tecnológico e econômico se transformam. O design
acompanha o surgimento de novos ambientes e necessidades dos usuários.
Ainda nesse sentido, Everson (2006), Zwiers (2009) apud Freire
(2010), defendem que o design de serviços diz respeito à pessoas
(fundamentalmente sobre pessoas e para pessoas), marcas, artefatos,
ambiente e contexto, equipando ferramentas e métodos para lidar com os
desafios de um mundo cada vez mais complexo. Compreendendo isso,
escolheu-se trabalhar com o Design centrado no ser humano para atender
um requisito do design de serviço no qual demanda que as pessoas estejam
no centro do projeto, para assim atender de maneira satisfatória as
necessidades percebidas.
31
7.2. Design Centrado no Humano
Considerando o caráter dessa pesquisa e seus objetivos, escolheu-se
conceitos do Design Centrado no Humano (DCH) ou Human Centerd Design
(HCD), como intenção de deixar o trabalho mais humanizado e com isso
tornar a proposta o mais perto possível dos anseios do público-alvo. Neste
trabalho utilizou-se o termo Design Centrado no Usuário em português (DCH,
doravante) Esse termo, foi criado pela IDEO e vem sendo utilizado por
diversos profissionais do Design. Sendo assim, considerando esse viés
cientifico aqui previamente explicado, atenta-se para o interesse do Design
Centrado no Humano, o qual preocupa-se com a maneira que as pessoas
vêem, interpretam e convivem com artefatos (Krippendorff, 2000).
Giacomin (2012, apud Chaves et al., 2013), defende que o DCH
apresenta técnicas que comunicam, interagem, enfatizam e estimulam o
envolvimento de pessoas resultando na percepção de desejos, necessidades
e experiências, que normalmente transcendem a própria percepção dessas
pessoas. Muitas vezes esses anseios não são percebidos pelos próprios
entrevistados, o que os tornam incapazes de observar suas dificuldades de
encarar problemas como por exemplo, a obesidade. Por isso, atenta-se para
a importância do designer de analisar, estudar, ressaltar os pontos mais
estruturantes da problemática para então encontrar soluções.
Pode-se citar alguns exemplos em que o uso do DCH permitiu a
criação de soluções para problemas: o computador de baixo custo para o
grupo Positivo, a estratégia de crescimento das Havaianas. Tais inovações
apresentaram resultados diretos na vida de milhões de pessoas.
Com o intuito de ganhar mercado, a Alpargatas, dona da grife,
contratou a IDEO. A tarefa era criar um produto com o mesmo espírito
descontraído e alegre das sandálias. As pesquisas abrangeram capitais de
três continentes, além do litoral do Brasil. O resultado foi uma bolsa
despojada, que pudesse ser usada na praia e na cidade. Dezenas de
protótipos foram testados. Sobraram sete modelos feitos da mesma borracha
dos chinelos (ÉPOCA, 2015).
No caso do Grupo Positivo, a IDEO tinha como trabalho entender o
que os brasileiros, principalmente de classe média baixa, esperavam de um
32
computador. Para isso, visitou-se dez casas na periferia de São Paulo e Rio
de Janeiro, foram vestidos de jeans e tênis, para deixar os moradores mais à
vontade. O resultado foi um computador com uma tampa de acrílico
removível para o proprietário colocar uma das ilustrações que acompanham o
computador. Também é possível montar um papel de decoração
personalizado por meio de um software simples, instalado no desktop. A
parte de cima do monitor tem uma alça embutida, para facilitar seu transporte
em ônibus (Época, 2015). Apresentaram-se dois casos de intervenção de
Design centrado no ser Humano com intuito de mostrar que a motivação
constante do projeto deve ser compreender as necessidades do público-alvo.
Isso justifica a razão pela qual esse processo e chamado de “Centrado
no Ser Humano”, pela sua natureza, pois começa pelas pessoas para as
quais estamos criando a solução. O fato de o projeto estar inteiramente
voltado para o público-alvo dessa pesquisa, instiga a busca por conhecer e
reconhecer necessidades inerentes aos mesmos.
O processo do DCH começa por examinar as necessidades, desejos
e comportamentos das pessoas cujas vidas pretende-se influenciar com as
soluções. Busca-se ouvir e entender o que querem. Enxerga-se o mundo
através da perspectiva do ser humano objeto do estudo durante as várias
etapas do processo de design (IDEO, 2015).
Antes de adentrar as etapas de projeto, observa-se algumas questões
que envolvem diretamente as necessidades da pesquisa, que começam com
o entendimento do que desejam as pessoas que estão inseridas nesse
contexto, qual a praticabilidade ou seja, as possíveis técnicas
organizacionais que regem essa pesquisa e por fim, qual a viabilidade da
mesma. A partir disso direciona-se ao processo de design centrado no ser
humano em si (IDEO, 2015).
Tendo em tela, todas as questões que envolvem os obesos e suas
necessidades, finalmente pode-se adentrar no complexo mundo dos
mesmos, para que então possa-se observar com as lentes de quem sofre
com a obesidade e finalmente produzir soluções capazes de ajuda-los. Para
isso, buscou-se referenciais no Design de Serviços capazes de provocar
reflexões e auxiliar na criação da proposta.
33
7.3. Qualidade de Vida
A Qualidade de vida urbana é um conceito utilizado nas ciências
humanas para caracterizar o modo de viver no urbano, que envolve muitas
particularidades inerentes ao jeito citadino de conviver. Estudar a Qualidade
de Vida Urbana abrange uma enorme variedade de perspectivas e métodos
de qualificação. Nessa ocasião, o estudo da qualidade de vida urbana servirá
de aporte teórico para ajudar a entender o estilo de vida dos moradores da
cidade e por consequência, permitir com esse trabalho proporcionar
melhorias significativas na qualidade de vida do público-alvo.
Nesse sentido, diversos teóricos tratam da temática sob diferentes
perspectivas como, por exemplo, Nahas (2000), Lima e Costa (2010),
Forattini(1991). O viés da qualidade de vida escolhido para esse trabalho
aborda uma reflexão sobre o estilo de vida levado pelos habitantes dos
centros urbanos, mais especificamente os obesos com idade de 17 a 30
anos, e possíveis questionamentos sobre os níveis de qualidade de vida
alcançados nessas grandes cidades.
Sobre isso, Nahas (2000) escreve que a Qualidade de Vida Urbana
pode envolver diversos fatores que vão desde questões emocionais, sociais,
habitacionais e estruturais que uma cidade pode oferecer para seu morador.
Para a autora, a qualidade de vida está relacionada a uma trama de relações
interligadas, que vão desde questões estruturais que a cidade proporciona
para o seu morador, até assuntos que não necessariamente são de
responsabilidade do Estado.
Segundo Santos (2002), a Qualidade de Vida transcursa por diversos
âmbitos que para ele estão entre materiais e imateriais, os quais os materiais
se enquadram os aspectos tangíveis da cidade, como por exemplo, parques,
hospitais, escolas e também os aspectos imateriais, os quais estão
relacionados às interações sociais, afetivas ou a relação com o lugar que se
habita. Essa perspectiva se assemelha bastante com a de Nahas (2002) , e
propositalmente comparadas, por ser esse o entendimento da autora do que
é Qualidade de Vida Urbana.
Para Forattini (1991), o ambiente urbano é caracterizado como
violento, poluído, desgastante, estressante e socialmente isolante. Para ele,
34
aspectos pessoais acabam refletindo no coletivo, e por consequência na
qualidade de vida das pessoas. Ou seja, todas essas condicionantes
conflituosas do ambiente urbano afetam diretamente os moradores que
habitam a cidade.
Com isso, entende-se, que o ambiente urbano é palco de conflitos
sociais, políticos e econômicos. Sobre isso, Lima e Costa (2010) esclarecem
que o espaço urbano reflete – mais intensamente nos dias atuais – uma
complexificação social, por meio de suas relações de trabalho, das lutas e
movimento sociais, das tensões e dos conflitos que perfazem a realização da
vida. Sendo assim, habitar a cidade envolve muito mais do que apenas
relacionar-se com ela, compreende uma imbricação tão complexa ao ponto
de influenciar a cidade e ao mesmo tempo ser influenciado por ela.
Todos esses fatores previamente apresentados preponderam sobre o
modo de vida das pessoas na cidade, embora cada uma viva uma realidade
particular, todas enfrentam problemas semelhantes vivendo no espaço
urbano. A realidade de congestionamentos, insegurança, falta de espaços de
lazer, muitas horas de trabalho, poucas horas para refeições, constrói uma
perspectiva de indivíduos isolados, sedentários e obesos.
Dessa forma, os cidadãos mesmo que habitantes de cidades distintas
apresentam perfis semelhantes, seja pela globalização e sua capacidade de
uniformização das características urbanas ou seja por apresentarem
problemáticas parecidas como a cultura do carro, poucas ciclovias e até
mesmo as redes de fast food1 imperantes nas alimentações diárias, ou seja,
atributos que abrange diversos centros urbanos brasileiros.
Visto isso, resume-se que o espaço urbano oferece aparelhos que
amparam um modo de vida favorável à obesidade. Com isso, os habitantes
da cidade acabam se acomodando a um estilo de vida repleto de calorias e
com poucas atividades que demandam gasto calórico, por isso, resultam em
aumento de peso e por consequência, o aparecimento de doenças
relacionadas à obesidade.
Essa pesquisa propõe a compreensão do ambiente urbano como o
campo de desenvolvimento da problemática da obesidade e reconhece a
1 Fast food – “comida rapida”, termo utilizado para caracterizar comidas de preparo rápido. Tradução
nossa.
35
influência do modo de vida dos habitantes da cidade como influenciador
direto ou indireto do desequilíbrio alimentar.
8. ANÁLISE DE DADOS
Para desenvolver a análise dos dados coletados em entrevistas,
utiliza-se a criação de personas (KALBACH, 2009; CYBIS, 2010) como
instrumento de definição do público-alvo. Além das personas, a metodologia
conta com a ferramenta do desenho da figura humana (AVELLAR E
DUARTE, 2015), juntamente com o apoio de gráfico desenvolvido para
dinamizar a informação, principalmente na construção do perfil demográfico.
8.1. Conhecendo o perfil demográfico dos entrevistados
Segundo a metodologia escolhida para trabalhar com os dados é de
grande importância conhecer mais profundamente o público-alvo, por isso se
inicia com as perguntas (vide anexo) feitas a sete entrevistados por meio de
questionário semiestruturado, os quais norteiam a pesquisa e tornam mais
nítido o público-alvo. Partindo dessas informações, foi possível desenvolver
um perfil detalhado dos obesos, podendo-se assim entender as
particularidades que habitam o universo da obesidade. Os entrevistados
responderam questões abertas e fechadas que corresponde à idade, sexo,
existência de filhos e grau de escolaridade.
Conhece-se a necessidade de cumprir o requisito mínimo de 30
entrevistados para pesquisas acadêmicas, porém considerando a dificuldade
de encontrar pessoas obesas dispostas a participar da pesquisa e o curto
espaço de tempo para a sua realização, optou-se por dar continuidade ao
estudo mesmo com apenas sete voluntários.
8.1.1. Dados demográficos dos entrevistados
Os entrevistados representam uma parcela da população e por isso
não correspondem a sua totalidade, porém dentro do universo dos obesos
representam a caracterização do público-alvo e, consequentemente, os
dados a serem utilizados nessa pesquisa. Sobre a idades dos obesos, a
36
maioria dos entrevistados estão entre 26 e 30 anos, representando 72% da
totalidade dos entrevistados.
O restante dos entrevistados apresentam um total de 28%, divididos
em dois grupos de 14% que estão entre 17 a 20 anos, e 21 a 25 anos. Essa
informação é importante para estabelecer a idade média do público-alvo aqui
tratado.
Sobre a relação de homens e mulheres entrevistadas para a pesquisa
estão divididos em 43% homens e 57% de mulheres. O que caracteriza um
certo equilíbrio entre os gêneros entrevistados.
A incidência de filhos entre os entrevistados é inexistente, ou seja,
nenhum dos entrevistados tem filhos.
A maioria dos entrevistados possui ensino superior completo, o que
confere ao público um caráter de acesso a conhecimentos específicos e
maior esclarecimento sobre alimentação, considerando-se assim, o acesso à
informação um fator favorável para escolha consciente de alimentos
saudáveis.
Analisando a natureza dos meios de transporte dos entrevistados,
57% dos entrevistados utilizam o carro para se locomover, outros 29% usam
transporte coletivo para mover-se no dia a dia, apenas 14% dos entrevistados
costumam andar a pé para realizar suas diárias.
Os obesos entrevistados apresentam no geral um certo grau de
conhecimento, pois mais de 50% teve acesso ao ensino superior. Outro
ponto importante de se levantar é a utilização de carros pela maioria dos
entrevistados. Esse fator contribui para os fatores anteriormente citados no
referencial teórico, relacionado ao ideal da cultura do carro.
Após delimitar as características dos entrevistados, serão conhecidas
suas particularidades por meio das personas, que serão ilustradas pelo uso
da figura humana, que seguem.
37
Figura 11 – Dados Demográficos dos entrevistados
Fonte: Autora (2015).
38
8.2. O uso do Desenho da figura humana aplicado na criação de
personas
O uso de personas no projeto ajuda a delinear uma imagem mais
próxima da realidade do público-alvo. Na produção de personas, busca-se
reunir uma série de comportamentos, motivações e características dos
usuários, coletadas através de pesquisas (AVELLAR E DUARTE, 2015). No
caso desse estudo, as informações foram coletadas através de entrevistas
semiestruturadas (vide anexo A).
As descrições das personas podem apresentar maior ou menor grau
de detalhamento, variando de acordo com o projeto e ajustada a finalidade do
mesmo (AVELLAR E DUARTE, 2015). A criação da persona nesse trabalho
preza pela espontaneidade do entrevistado em se retratar através do
desenho. Segue o perfil comportamental dos entrevistados nesse estudo.
8.3. Processo de criação das personas
Para criação as personas utilizou-se o kit de ferramentas com intuito
de tornar o momento mais interessante. Nessa ocasião, aproveitou-se para
ter mais um momento de aproximação com os obesos. Os materiais
utilizados para dar andamento a tarefa foram: canetas coloridas, papel A4 e
prancheta, máquina fotográfica e gravador. Esses, foram utilizados para
registrar o momento da atividade no estudo. Os materiais são observados na
Figura 12.
8.4. Apresentação das personas
A partir desse momento, serão apresentados os perfis encontrados
nas entrevistas, é o momento de extrair informações delimitantes para a
geração de soluções. Por isso, para poder adentrar o universo do obeso foi
necessário colocar em prática a ferramenta de projeto de Brown (2010), mais
precisamente a etapa de ouvir o público-alvo. No momento da entrevista e no
instante da criação do desenho, procurou-se escutar questões ocultadas no
discurso do obeso, porém expressadas de formas mais sutis, como um olhar,
um gesto ou ate mesmo uma expressão facial.
39
Figura 12 – Desenho da Figura Humana
Fonte: Autora (2015).
PERSONA 1
Gabriela tem 26 anos, é formada em Rádio e TV usa ônibus como
meio de transporte. Gosta de tocar violão, ir à para padaria, ficar com a
namorada e assistir séries. Costumar frequentar shopping e barzinho. Não
gosta de igreja ou ir para lugares longes onde é difícil chegar de ônibus. Suas
atividades diárias preferidas são: tocar violão, brincar com cachorro, ver
Netflix (canal de streaming/ reprodução instantânea) e cantar. Ela prefere
fazer refeições na cama. Atualmente faz dieta por apresentar problemas no
joelho devido ao excesso de peso. Sua refeição ideal é sanduiche com
refrigerante e batata frita e fica muito feliz ao comer isso. A atividade que
mais a deixa feliz é sair com amigos, conversar e ouvir musica.
Recentemente tem o dia todo livre para atividades divertidas, pois esta
desempregada. Seu desenho está representado na Figura 13.
40
Figura 13 – Persona 1
Fonte: Autora (2015).
PERSONA 2
Maria tem 29 anos e está concluindo a graduação em biblioteconomia.
Geralmente usa ônibus como meio de transporte. Gosta de ficar em casa e
ver séries com a namorada ou reunir amigos em casa. Costuma frequentar
shopping barzinho e praia. Não gosta de ir à igrejas, pois acha monótono e
entediante. Costuma fazer refeições na cama enquanto assiste séries. Faz
dieta alimentar, há dois meses cortou açúcar devido a indícios de diabetes,
por causa disso precisou tomar remédios para controlar a glicose. Maria
também apresenta problemas de pressão alta. Relata sentir dificuldades de
encontrar roupas que se adequem a sua forma física em lojas, isso reforça o
sentimento de insatisfação com seu corpo. Gosta de comer pizza e torta de
limão, mas sua comida favorita é feijoada. Ela diz saber o quanto é
importante ter uma boa alimentação para ter qualidade de vida. Tem o
41
horário da noite para diversão, sempre acompanhada com amigos. Seu
desenho está representado na Figura 14.
Figura 14 – Persona 2
Fonte: Autora (2015).
PERSONA 3
Carlos tem 17 anos e costuma ser uma pessoa bastante ativa. Ele
estuda francês e gosta de fazer muitas atividades como: ler, dançar,
caminhar e ouvir musica. Geralmente pega caronas ou anda a pé. Os lugares
mais frequentados por ele são: shopping, cinema, livraria, casa de amigos e
biblioteca da escola. Não gosta de lugares com muitas pessoas e casa de
familiares. Prefere conversar com amigos e estudar. Tem como hábito se
alimentar com bastante vegetais e é vegetariano. Sempre prefere fazer
refeições à mesa, por vezes está sozinho às vezes com amigos. Sua comida
favorita é Pavê, e ao comer sente-se entorpecido pelo chocolate. Considera
importante ter uma alimentação saudável por causa da saúde. Por causa do
vestibular ele costuma fazer sozinho as suas refeições, pois tem horários
42
incomuns aos familiares. Gosta de ver séries assistir filmes com amigos e
viajar. Seu desenho está representado na Figura 15.
Figura 15 – Persona 3
Fonte: Autora (2015).
PERSONA 4
José tem 24 anos, está no último período de nutrição e também é
estagiário em nutrição clínica. Comumente ele utiliza carro para se
locomover. Gosta de frequentar restaurantes, casa de amigos, bares e
shopping. Os lugares que menos gosta de frequentar são: faculdade, hospital
e bancos. Por estar concluindo os estudos e estar muito atarefado, a
atividade que mais o deixa feliz é dormir. Encontra-se com agenda cheia de
compromissos quase o dia todo com a conclusão do curso, estagiando e
fazendo trabalhos. Costuma fazer refeições a mesa com a namorada. Gosta
de comer feijão, frango, com saladas e frutas, pois sabe dos valores nutritivos
desses alimentos, porém, também aprecia uma boa lasanha e sente alegria e
prazer ao come-la. Apresenta consciência da importância de uma boa
43
alimentação e que uma dieta desequilibrada causa riscos à saúde. Ele é
contra dietas restritivas e nunca fez nenhuma por saber da importância de
cada grupo de alimentos para a alimentação. Costumava gostar de jogar bola
com amigos, mas não manteve o costume com o tempo, agora sai com
amigos e namorada, gosta de ver televisão e viajar. Seu desenho está
demonstrado na Figura 16.
Figura 16 – Persona 4
Fonte: Autora (2015).
PERSONA 5
Camila tem 26 anos, faz mestrado em ciências da computação e atua
como docente. Gosta de ir para casa de amigos ou ficar em casa. Não gosta
de festas e lugares com muitas pessoas. Prefere fazer programas mais
caseiros como conversar com amigos, ver filme, internet e comer. Costuma
andar de carro, mas já andou muito ônibus. Passa muito tempo fora de casa
durante a semana e por isso faz as refeições rápidas e baratas. Habituou-se
a fazer refeições no sofá quando está em casa sempre com familiares. Gosta
de comer sushi e quando come sente prazer. Costumava fazer dietas
restritivas durante toda a adolescência, tem mãe nutricionista, porém nunca
teve prática alimentar correta. Ela costuma ir para casa de amigos verem
44
filme e jogar. Geralmente tem mais tempo livre a noite e nos finais de
semana. Seu desenho está demonstrado na Figura 17.
Figura 17 – Persona 5
Fonte: Autora (2015).
PERSONA 6
Sandro tem 26 anos. Faz mestrado em ciências da computação e atua
como docente. Gosta de ir para casa de amigos e à praia. Não gosta de
frequentar bares e não se sente bem em ambientes muito requintados. O
meio de transporte mais utilizado por Sandro é o carro, o qual divide com a
esposa. Costuma comer frituras no lugar das refeições, “troco almoço por
coxinha e refrigerante facilmente”. Gosta de brincar com seu cachorro,
assistir filme e jogar na casa de amigos. Costuma variar entre o sofá e a
mesa nas refeições. Gosta de comer pizza e se sente feliz ao comê-la.
Considera importante ter uma boa alimentação devido ao excesso de peso.
Nunca fez dietas restritivas, nunca se preocupou com dietas. “Não gosto de
45
dietas, pois reprime demais a pessoa”. O horário mais livre para atividades
divertida é à noite. Seu desenho é mostrado na Figura 18.
Figura 18 – Persona 6
Fonte: Autora (2015).
PERSONA 7
Lucas tem 27 anos, possui curso superior completo e é professor
universitário. Suas atividades diárias são: estudar, trabalhar e ir à casa da
namorada. Seu meio de transporte mais comum é o carro, mas já andou de
ônibus no período da graduação. Gosta de frequentar cinemas, padaria,
trailers de comida de rua e restaurantes. Ele não costuma frequentar festas
ou lugares cheios, não gosta de ambientes hospitalares e burocráticos. As
atividades diárias que mais dão alegria são comer, brincar com seu cachorro,
sair com namorada e ver vídeos no youtube (site de compartilhamento de
vídeos). Em sua rotina alimentar costuma comer à mesa com familiares. Para
ele a refeição ideal contém carne mal passada e batata frita - pois “já me da
água na boca só de falar, sinto felicidade ao comer”. Lucas tem consciência
46
da importância de uma boa alimentação por causa dos riscos à saúde que a
obesidade representa. Nunca fez dieta restritiva, pois acha desnecessário.
Gosta de sair com amigos e namorada para ver filmes e comer. Gosta de
reunir amigos para fazer churrasco aos domingos. Tem a tarde e a noite livre
para atividades. Seu desenho é mostrado na Figura 19.
Figura 19 – Persona 7
Fonte: Autora (2015).
Ao relacionar os desenhos com as falas dos obesos, pode-se extrair
algumas conclusões das quais podem nortear a geração de alternativas para
a solução do problema.
Sendo assim, ao questionar o público-alvo foi possível perceber que
na maioria dos casos existe uma insatisfação com a obesidade e em algumas
falas pode-se notar uma forte preocupação com a saúde. Outro ponto comum
nos relatos é o conformismo e a aceitação com relação a obesidade, nesse
sentido muitos relatam ter “tentado de tudo” para emagrecer, por isso, é
comum perceber a sensação de fracasso e geralmente acabam voltando ao
descontrole alimentar, a maioria dos entrevistados acreditam que a
alimentação é o grande vilã da obesidade.
47
Percebeu-se com o questionário que para o grupo aqui inquirido a raiz
da obesidade está fortemente relacionada a alimentação seja na sua
qualidade ou quantidade. O discurso da alimentação desequilibrada foi citado
várias vezes nos encontros proporcionados pela pesquisa. Todavia, foi
possível perceber com a pesquisa que pode ser um erro culpar apenas a
alimentação pelo problema da obesidade pois como foi anteriormente citado
a doença é multifatorial, apresenta diversos fatores para sua origem. Por
isso, baseando-se nessa concepção que serão desenvolvidas as soluções
para esse problemática. Espera-se criar alternativas para o problema
capazes de questionar os obesos sobre as diversas perspectivas apropriadas
para lhes proporcionar qualidade de vida.
Seguindo a análise, para os entrevistados os momentos de diversão
geralmente envolvem comidas e amigos ou companheiros, e em vários
relatos costumam relacionar isso a felicidades ou momentos de boas
recordações. Percebe-se nesses relatos a relação afetiva que é projetada a
comida. Ainda sobre isso, muitos relataram uma forte sensação de
arrependimento após as refeições, principalmente quando percebem
excessos.
Ainda com as entrevistas, percebeu-se que para a maioria dos obesos
entrevistados é preferível fazer as refeições na cama ou sofá, pois
consideram esses lugares confortáveis e acolhedores, por isso, geralmente
comem assistindo televisão ou usando o computador.
Na contramão do pensamento dos entrevistados conseguiu-se ouvir
em alguns relatos que a questão fundamental está no fator psicológico, pois
quando questionados muitos costumavam relatar comer mesmo sem estar
com fome, ou sempre cometer exageros gastronômicos mesmo sabendo a
forma correta de se alimentar, principalmente em momentos de estresse ou
ansiedade.
Considerou-se também, o grau de escolaridade e a idade dos
entrevistados, o que confere um certo conhecimento capaz de entender a
importância de se ter práticas saudáveis no dia a dia.
Sobre os desenhos desenvolvidos pelos próprios entrevistados, pode-
se perceber que algumas pessoas se autorretratavam de corpo inteiro e
outras detinham o desenho apenas a face. Essa observação abre inúmeras
48
interpretações das quais a pesquisadora acredita não ter capacidade de
explicar cientificamente por ser algo bastante subjetivo, porém considera
importante pontuar essa característica dos desenhos.
9. GERAÇÃO DE SOLUÇÕES
Para essa fase da pesquisa foi necessário estudar e compreender o
estilo de vida dos entrevistados. Por isso, buscou-se entender os fatores que
influenciavam os obesos a apresentarem atitudes que os levavam a possuir
uma rotina correspondente ao surgimento da obesidade. Procurou-se com
esse estudo gerar alternativas que facilitassem e ajudassem o obeso na
mudança de hábitos. Por isso, foram geradas algumas soluções baseadas
nas pesquisas bibliográficas, juntamente com os métodos e ferramentas
utilizadas na pesquisa, em conjunto com o estudo de caso do público-alvo. A
partir dessa análise de viabilidade, chegou-se a escolha final. Seguem as
alternativas criadas para o problema.
9.1. “Photograph”
Essa alternativa propõe para o obeso a experiência de fotografar todos
os alimentos ingeridos durante o dia, de uma forma bastante clara e objetiva,
seriam observados os alimentos consumidos durante o dia, com isso, geraria
uma reflexão sobre a qualidade da alimentação e ou quantidade de comida
consumida durante dias. A intenção dessa proposta seria utilizar uma
ferramenta comum ao dia a dia das pessoas que é o celular, para provocar o
questionado a repensar sobre a necessidade de se alimentar com qualidade
nutricional, para se nutrir e consequentemente ter saúde. Trataria de uma
espécie de recordatório alimentar.
9.2. “Caixola”
Essa proposta trata-se de um serviço de entrega que compõe um ciclo
de mudanças de hábitos. A questão principal da experiência que envolve
esse serviço está na necessidade de apresentar aos obesos novas
experiências ao adotar hábitos que os ajudem a ter atitudes diferentes
capazes de gerar resultados. Com isso, a caixa daria as subsídios para se ter
49
uma vida mais saudável, dentro da caixa existiria uma experiência nova a
cada mês que poderia resultar em ingestão de mais frutas, alcance da meta
de quantidade de água bebida por dia, exercícios necessário para prevenir
doenças cardíacas e até mesmo, introduzir costumes como utilizar
especiarias no preparo das refeições.
9.3. Recompensa
Essa proposta de serviço ofereceria recompensas aos fãs de séries e
filmes. A partir da quantidade de horas passadas na frente da TV, seriam
calculados suas retribuições e o consequente “pagamento” em forma de
brindes e descontos em academias, teatros, entradas em parques urbanos e
etc. Esse serviço seria interessante, pois une hábito de ver séries e filmes
com respostas positivas como os brindes e descontos.
9.4. Frutas e Verduras
Esse serviço entregaria frutas e verduras no local o cliente achasse
melhor, esse lugar poderia ser a sua residência ou no local de trabalho. Os
produtos já estariam prontos para o consumo em quantidades ideais para a
dieta de cada pessoa. A proposta busca balancear a necessidade de
vitaminas através das frutas. Essa proposta atende a busca por maior
qualidade de vida por meio dos alimentos saudáveis.
9.5. “TO DO”
Essa proposta reúne em uma espécie de lista de afazeres para se sair
da rotina e aprender a ter novos hábitos, ao conhecer cada experiência nova
escreve-se os sentimentos envolvidos na ocasião. A cada mês seriam dados
novos desafios para se cumprir e novos desafios serão destravados caso o
obeso alcance as metas.
Na figura 20 são demonstradas as alternativas representadas por
pictogramas.
50
Figura 20 - Alternativas representadas por pictogramas
Fonte: Autora (2015).
9.6. Matriz de decisão verbal
Como mostrado anteriormente, buscou-se por uma proposta capaz de
satisfazer de forma mais abrangente os problemas mais urgentes da
obesidade, por isso alternativas mais particulares ou que atendiam somente
um problema foram descartadas, como por exemplo a “ frutas e verduras” e a
“Photograph”.
Continuando a avaliação das alternativas desenvolvidas, buscou-se a
alternativa capaz de atender as demandas dos obesos e ao mesmo tempo
que fosse capaz de gerar questionamentos e mudanças de hábitos.
Os serviços de “Recompensa”, “TO DO” e a “Caixola” apresentam
temáticas semelhantes mas ao mesmo tempo distintas, no que diz respeito a
aplicação. Para se implementar essas alternativas citadas necessita-se um
conhecimento aprofundado do público alvo igualmente. Buscou-se então
escolher a alternativa que fosse capaz de oferecer a qualidade de vida ao
51
obeso de forma completa (tratando de exercícios, lazer, alimentação) e
objetiva (capaz de chegar até a casa do obeso).
Por isso, selecionou-se a alternativa considerada mais adequada sob
o ponto de vista da totalidade dos problemas e dos fatores que levam à
obesidade. Com essa alternativa o foco será levar qualidade de vida para os
obesos e não necessariamente a busca por padrões sociais estabelecidos.
Demonstram-se, na figura 21, os fatores positivos para a alternativa
selecionada.
Figura 21 - Fatores positivos da alternativa escolhida
Fonte: Autora (2015).
52
10. ABRA SUA CAIXOLA
Após analisar as alternativas e considerar a viabilidade de cada
serviço escolheu-se a segunda alternativa como a mais cabível no cenário da
pesquisa. Diversos fatores fizeram dessa opção a mais apropriada para
suprir adequadamente todos os anseios do público-alvo e seguem essas
pontuações.
A alternativa escolhida foi a Caixola (Figura 22). Trata-se de um
serviço de assinatura, no qual, a cada mês, o assinante receberá em casa
uma caixa com temáticas variadas, não necessariamente o tema tratado será
a obesidade, nem questões relacionadas a dietas restritivas. A caixa terá o
importante papel de gerar reflexões e motivar o obeso a ter experiências
novas ao mesmo tempo que oferece apoio para essas novas sensações.
Essa versão é apenas um esboço do serviço, por isso não trata-se de
uma identidade visual definitiva e sim ilustrativa.
Figura 22 – Imagem ilustrativa do serviço “Caixola”
Fonte: Autora (2015)
Considerando-se a proposta, apresentam-se diversos similares
existentes no mercado, que foram responsáveis pela proposta inicial, os
quais abordam diversas temáticas. Entre as temáticas mais conhecidas estão
53
as caixas de conteúdo nerd 2 (Figura 23), segue a proposta de apreciadores
de vinhos que podem experimentar um vinho a cada caixa (Figura 24) e a
caixa de produtos não testados em animais (Figura 25).
Cada caixa contém materiais diversos de interesse do seu assinante,
essa proposta de caixa com conteúdo nerd permite que o cliente tenha
acesso a diversas informações e materiais do seu interesse. Assim como os
demais serviços de assinatura de caixas com entrega à domicílio, esse só é
possível por meio de parcerias feitas com diversas empresas que se
beneficiam com a propaganda dos seus produtos feita pelos mentores da
caixa.
Figura 23 – Caixa voltada para o público nerd
Fonte: http://nerdaocubo.com.br/
2 Nerd – Público interessado em assuntos relacionados à cultura pop. Tradução nossa.
54
Figura 24 – Caixa para público apreciador de vinho
Fonte: https://www.wine.com.br/
Figura 25 – Caixa voltada ao público adepto da filosofia vegana
Fonte: http://veggiebox.com.br/
55
Outro similar que se aproxima bastante da proposta da Caixola é a
revista mensal “Vida Simples” (Figuras 26, 27 e 28). A escolha dessa revista
como similar se encaixa na ideia da metodologia de Bonsiepe (1986): a
técnica de transformação na qual utiliza-se ideias de outras áreas para
solucionar problemas. Sendo assim, essa revista apresenta temas variados,
capazes de gerar reflexões e mudanças de perspectivas. A mesma, aborda
questões de bem estar e qualidade de vida para seus leitores.
Esse periódico apresenta uma visão bastante descontraída e simples
de apresentar pautas atuais e percebíveis no dia a dia. Suas capas fazem
referência a temática tratada de forma bastante conceitual, inclusive abrindo
margem para outras reflexões do leitor.
Figura 26 – Revista “Vida Simples”
Fonte: https://vieparlamour.wordpress.com/2013/02/27/vida-simples/
56
Figura 27 – Revista “Vida Simples”
Fonte: http://www.tamanhop.com/2013/12/revista-vida-simples-e-chegadedieta/
Observa-se com os exemplos apresentados que as temáticas
abordadas pela revista tem diversas perspectivas dentre elas: saúde, bem
estar físico e mental, alimentação, relações pessoais e até pensamentos.
Figura 28 – Revista “Vida Simples”
Fonte: http://walkandtalk.com.br/oquetemotiva/midia/
57
A escolha da caixa se justifica por se tratar de um público-alvo muito
intimista e reservado, o que transformaria a experiência da caixa em algo
mais particular. Sendo assim, a proposta foi escolhida por ser capaz de
preencher os requisitos da complexidade que envolve a obesidade por uma
perspectiva mais holística, pode-se assim dizer.
A opção do nome “Caixola” baseou-se na relação do objeto (caixa)
com a nomeação popularmente conhecida para cabeça e as relações
estabelecidas no entendimento da mudança de pontos de vista possíveis
com a experiência proporcionada pela caixa. Essa ideia surgiu da interação
com os obesos e do entendimento de que é possível tentar novas
perspectivas de uma rotina com mais qualidade de vida independente do
peso. A questão mais estimada nesse produto final é a valorização da vida e
dos valores relacionados ao viver bem.
Ainda sobre o serviço, as caixas assim como a revista, terão diversos
temas mensais que podem ser estímulos para comer mais frutas, fazer mais
atividade física, beber a quantidade de água ideal por dia, consumir mais
produtos ou refeições caseiras, leituras sobre meditação e consciência
corporal, por exemplo. Para isso, serão necessárias parcerias com empresas
de naturezas diversas como livrarias, lojas de materiais esportivos,
aplicativos, empresas de venda produtos térmicos, empresas responsáveis
por produção de hortas caseiras e demais. A ideia é mostrar para o obeso
que existe toda uma conjuntura, a qual está inserida a obesidade e que lutar
para vencer a inércia pode ser algo que vem de dentro pra fora e nem
sempre está relacionada a quantidade de comida ingerida.
A “Caixola” funciona como um impulsionador para novas descobertas,
novas experiências e novas ideias. E como seriam esses estímulos? Dentro
da caixa existiriam, por exemplo, descontos para os assinantes em compras
de materiais esportivos (Figura 29), sugestões de aplicativos para baixar no
celular, indicações e descontos em livros, materiais personalizados como
garrafas térmicas ou lancheiras para carregar frutas e snacks 3, bem como
indicação de feiras orgânicas na sua cidade. Sendo assim, as temáticas
delimitariam o conteúdo da caixa.
3 Snacks- aperitivos ou lanches. Tradução nossa.
58
Figura 29 – Simulação do conteúdo da caixa
Fonte: Autora (2015).
Por se tratar de um serviço de assinatura mensal, desenvolveu-se um
tema para uma possível caixa do serviço.
10.1. A proposta mensal da “Caixola” Como dito anteriormente, a “Caixola” apresenta temas, dos quais o
assinante poderá fazer reflexões sobre o seu estilo de vida. Pensando
nesses estímulos, desenvolveu-se uma proposta de material para
acompanhar a Caixola.
Trata-se de um círculo capaz de trazer reflexão ao assinante sobre
sua alimentação e a possibilidade de rever pensamentos, ao mesmo tempo
que se relaciona a alimentação ao bem estar físico e mental. A circunferência
apresenta alimentações desde saudáveis até as mais calóricas e encontra-se
dividido por cores como mostra a Figura 30.
59
Figura 30 – Imagens de Referência para as cores do círculo
Fonte: Google (2015).
As imagens selecionadas apresentam alimentações diversificadas afim
de aproximar as mais variadas dietas. E para isso, relacionou-se cada
espaço destinado a um tipo de nutrição com uma cor. Essas cores foram
extraídas com a ferramenta conta gotas das imagens, as quais são
correspondentes às ilustradas no círculo.
Como foi esclarecido anteriormente, as figuras acima serviram de
referência para as cores do círculo, bem como, foram utilizadas ilustradas
como exemplos de refeições. Os pratos apontaram as cores que melhor
cabiam ao ciírculo (Figura 31).
60
Figura 31 – Paleta de cores componentes do círculo alimentar
Fonte: Autora (2015).
Após escolhidas as cores, a configuração final foi escolhida como
mostra a Figura 32.
Figura 32 – Círculo alimentar desenvolvido para acompanhar a Caixola
Fonte: Autora (2015).
O intuito do círculo dentro da “Caixola” constituiria uma amostra de
que é possível abrir seus horizontes para novas perspectivas. Por isso, a
cada mês existirá uma proposta diferente dentro do serviço, que poderia
61
variar de temas a fim de questionar o assinante sobre assuntos já
consolidados na vida do obeso (Figura 33).
Figura 33 - Interação do assinante com o círculo
Fonte: Autora (2015).
Espera-se, com a proposta do círculo, levar uma reflexão para o obeso
de forma direta e autônoma, pois é dada a oportunidade do mesmo refletir
sobre seus atos. Bem como, é oferecido uma nova forma de enxergar a
alimentação, a atividade física, a expressão corporal, a importância da mente
sadia.
Sendo assim, espera-se com a criação do serviço da “Caixola” e das
estratégias geradas para motivar a ponderação sobre os hábitos praticados
pelos obesos e estimular pessoas para alcançar a qualidade de vida.
Na Figura 34 é possível observar um passo a passo da utilização da
"Caixola" por um usuário.
62
Figura 34 - Uso da Caixola
Fonte: Autora (2015).
11. PARA NÃO FINALIZAR
Considerando o objetivo geral da pesquisa, o desenvolvimento de
uma ferramenta de transformação de qualidade de vida para público-alvo, o
escopo foi alcançado, pois desenvolveu-se o serviço da “Caixola” e por meio
dela, conseguiu-se obter um melhor entendimento das necessidades do
obeso. Para chegar a esse resultado, foi preciso compreender a causa da
obesidade, relacionar o estilo de vida dos obesos com aspectos da
sociedade, analisar os perfis dos entrevistados e compreender a
individualidade das pessoas obesas, para então desenvolver propostas de
serviços capazes de reduzir o problema.
Conclui-se com essa pesquisa, que os fatores responsáveis pela
obesidade podem ser diversos, porém o ponto chave da questão está em
conseguir alinhar o pensamento do obeso com as suas escolhas, as quais
podem incluir a preferência alimentar, como também podem abranger a
escolha de uma atividade física ou o simples fato de sentir uma experiência
nova.
Pode-se dizer que os objetivos da pesquisa foram alcançados, pois
tem como resultado uma proposta de serviço com potencial de proporcionar
hábitos mais saudáveis para o público-alvo. Para chegar a esse resultado,
63
buscou-se compreender a causa da obesidade por meio do levantamento de
dados, relacionou-se o estilo de vida dos obesos nas cidades, analisou-se os
perfis dos entrevistados e por fim, desenvolveu-se a proposta capaz de
reduzir o problema da obesidade.
Espera-se, com a futura aplicação desse serviço, levar a reflexão ao
público de uma forma mais autônoma. Entende-se que os próprios obesos
são capazes de chegar as suas próprias conclusões e ponderar sobre o que
é melhor ou não para sua saúde. A pesquisa tem o papel de sugerir a ideia
de que é possível ter mais qualidade de vida mesmo estando obeso.
11.1. Limitações da pesquisa
Esse estudo, assim como outras pesquisas, deparou-se com algumas
restrições que dificultaram o seu andamento. Entre as causas desse entrave
está a dificuldade de inserção no universo da obesidade, considerando que o
público-alvo do trabalho é bastante discreto e quanto a temática delicada que
os envolve. Ainda consideram-se esses fatores como capazes de influenciar
os resultados da pesquisa, pois esperava-se poder fazer testes da proposta
com o público-alvo, mas os mesmos não foram possíveis.
Entretanto, pesquisar e questionar também fazem parte do processo
de desenvolvimento científico, por isso, espera-se que com esse trabalho
apontem-se questionamentos e levantem-se reflexões sobre as questões que
envolvem a obesidade, bem como, suas consequências a longo e curto prazo
na vida das pessoas e na sociedade geral. Acredita-se que esse pode ser um
começo para uma pesquisa que pode ter continuidade e que possa somar a
outros estudos que envolvem a obesidade.
64
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WALKANDTALK. Disponível em: < http://walkandtalk.com.br/oquetemotiva/midia/> Acesso em: 21 out. 2015.
WINE. Disponível em:< https://www.wine.com.br/ > Acesso em: 21 out. 2015.
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APÊNDICE A
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CHCHLA DEART
BACHARELADO EM DESIGN
QUESTIONÁRIO
1. Nome: 2. Idade: 3. Escolaridade: 4. Quais são as suas atividades diárias ?
5. Qual o meio de transporte mais utilizado por você?
Carro Ônibus A pé Moto Taxi
6. Costuma fazer compras pela internet?
Não Sim
7. Quais lugares mais gosta de frequentar?
8. Quais lugares menos gosta de frequentar?
9. Quais atividades diárias mais te deixam alegre?
10. Caracterize de 1 a 5 o quanto você esta satisfeito com a sua alimentação?
11. Onde você costuma fazer as refeições? (na mesa, na cama, no sofá )
12. Como você costuma fazer refeições ?( com familiares,
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amigos ou sozinho)
13. Qual seria a refeição ideal para você? Por quê?
14. Qual a sua comida favorita e o que você sente quando come ela?
15. Ter uma boa alimentação é importante para você ? Se sim, por quê ?
16. O que você acha das dietas restritivas? Você já fez alguma?
17. O que você costuma fazer para se divertir?
18. Qual horário geralmente usa/ tem livre para atividades divertidas?
19. Você costuma aproveitar esse horário de diversão sozinho ou acompanhado? Por quê?