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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA RAYANA VANESSA DA COSTA LIMA POTENCIAL BIOINSETICIDA DE SEMENTES DE Ziziphus joazeiro MART. CONTRA A PRAGA DE ARMAZENAMENTO Callosobruchus maculatus NATAL - RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA

RAYANA VANESSA DA COSTA LIMA

POTENCIAL BIOINSETICIDA DE SEMENTES DE Ziziphus joazeiro MART. CONTRA A PRAGA DE ARMAZENAMENTO Callosobruchus maculatus

NATAL - RN 2017

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RAYANA VANESSA DA COSTA LIMA

POTENCIAL BIOINSETICIDA DE SEMENTES DE Ziziphus joazeiro MART. CONTRA A PRAGA DE ARMAZENAMENTO Callosobruchus maculatus

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Bioquímica.

Orientadora: Adriana Ferreira Uchôa

NATAL - RN 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - ­Centro de

Biociências - CB

Lima, Rayana Vanessa da Costa.

Potencial bioinseticida de sementes de Ziziphus joazeiro MART. contra

a praga de armazenamento Callosobruchus maculatus / Rayana Vanessa da

Costa Lima. - Natal, 2017.

68 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Centro de Biociências. Programa de Pós Graduação em Bioquímica.

Orientadora: Profa. Dra. Adriana Ferreira Uchôa.

1. Insetos praga - Dissertação. 2. Inseticidas botânicos - Dissertação.

3. Proteínas bioativas - Dissertação. 4. Larvicida - Dissertação. 5.

Juazeiro - Dissertação. 6. Inibidor de proteases - Dissertação. I. Uchôa, Adriana Ferreira. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.

Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 565.7

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Dedico este trabalho a meus pais: Rossana e Raniere Mazilli pelo apoio

desde o momento do meu nascimento.

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AGRADECIMENTOS

Á Deus, por todas as coisas que me aconteceram, por todas as pessoas que Ele colocou em meu caminho, pois algumas delas me desafiaram, ajudaram e me encorajaram na execução desse trabalho.

Á meus pais, Raniere e Rossana, minha irmã Rafaela e familiares pelo apoio e amor de sempre.

Á Profª Doutora Adriana Ferreira Uchôa, orientadora, pelos ensinamentos e auxilio que tanto me ajudaram na execução desse trabalho e me fizeram crescer, pessoalmente e profissionalmente.

Ao Profº Dr. Elizeu Antunes dos Santos, por me receber e “acolher” tão bem no Laboratório LQFPB. Agradeço também ao prof. Dr. Jose Luiz de Attayde do Departamento de Ecologia da UFRN, e prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha do Departamento de Bioquímica por nos permitir o uso de equipamentos importantes para o desenvolvimento desse trabalho, ao professor Dr. João Maria Gomes Alencar de Souza, chefe do Departamento de Biologia Celular e Genética da UFRN, Prof. Dr Francisco Pepino de Macedo, professor aposentado da UFRN pela criação do Setor de Insetos Pragas de Armazenamento no Laboratório de Moscas-das-Frutas do Departamento de Biologia Celular e Genética.

As Professoras Ana Heloneida, Kátia Castanho e Dayanne Gomes pelas valiosas contribuições na minha qualificação de mestrado.

A todos os professores do Programa de Pós Graduação em Bioquímica.

Aos colegas do Laboratório LQFPB, pelo convívio e contribuições.

Aos amigos Igor e Geovanna, pelas caronas, almoços, auxilio em experimentos, convívio diário e principalmente pelos memes e vídeos compartilhados, sem vocês teria sido muito mais difícil passar por tudo.

As minhas amigas Jaci, Iana e Genilsa, pela amizade, ensinamentos e apoio.

A minha Amiga Tatiana Oliveira, por me apoiar e ajudar a superar todas as minhas dificuldades, obrigada por sempre me oferecer seu ombro amigo, por todo cuidado que tem comigo e não posso deixar de agradecer por todas as comidinhas gostosas e principalmente por ter me feito aprender a comer verduras (rsrs).

Á Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo apoio financeiro para realização desse trabalho.

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“Ninguém vence sozinho, nem no campo, nem na vida! “

Papa Francisco

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RESUMO

POTENCIAL BIOINSETICIDA DE SEMENTES DE Ziziphus joazeiro MART.

CONTRA A PRAGA DE ARMAZENAMENTO

Callosobruchus maculatus

O bruquídeo Callosobruchus maculatus (Coleoptera: Bruchidae) é uma das principais pragas do feijão caupi (Vigna unguiculata). O controle de pragas é baseado na utilização de agroquímicos e expõe trabalhadores rurais diariamente a intoxicações e outras doenças. Devido a isso é importante direcionar estudos á detecção e caracterização de moléculas de fontes naturais com potencial para o controle de pragas que sejam mais seguras para saúde humana e ambiental. Diversos extratos de origem vegetal ricos em moléculas bioativas destacam-se por sua ação bioinseticida. Ziziphus joazeiro (Rhamnaceae) é uma árvore nativa brasileira altamente resistente a ambientes secos e amplamente utilizada como planta medicinal. No entanto, não há estudos do potencial bioinseticida de suas sementes. O objetivo deste estudo foi avaliar as propriedades da farinha das sementes de Z. joazeiro, do extrato proteico e de frações proteicas F2 e F3 obtidas por precipitação sequencial com sulfato de amônio sobre o desenvolvimento do bruquídeo C. maculatus. Foram realizados bioensaios em sistema de sementes artificiais incorporando a farinha, o extrato total e as frações proteicas das sementes de Z. joazeiro em crescentes concentrações, para monitorar parâmetros de desenvolvimento como: oviposição, peso, sobrevivência das larvas e tempo e número de adultos emergidos. A farinha da semente de Z. Joazeiro promoveu uma diminuição na oviposição das fêmeas a partir da concentração de 2%, não ocorrendo mais oviposição a 5% e 10 %. As sementes contendo as frações F2 e F3 não apresentaram diminuição significativa na oviposição. Quanto ao parâmetro peso da larva ocorreu uma redução de 50% já na concentração de 0,1%, nas sementes com a farinha, EB e F3 e na concentração 0,4% da fração F2. Uma diminuição na sobrevivência das larvas foi significativamente maior a partir de 1,6% em todas as amostras testadas, não sendo mais detectadas larvas vivas nas concentrações seguintes da farinha, além de aumentarem o tempo para emergência e reduzir o número de insetos adultos. Avaliou-se a presença de inibidores de proteases digestivas no EB e frações e foi encontrado inibição para proteases serínicas e cisteínicas que podem estar relacionados às alterações no desenvolvimento do bruquideo. Estes resultados demonstram que a semente de Z. Joazeiro é promissora como estratégia para aplicação biotecnológica no manejo de insetos pragas.

Palavras chaves: Insetos praga, inseticidas botânicos, proteínas bioativas, larvicida, Juazeiro, inibidor de proteases.

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ABSTRACT

BIOINSETICIDE POTENTIAL OF SEED EXTRACT OF Ziziphus joazeiro MART.

AGAINST STORED-BEAN PEST Callosobruchus maculatus The Callosobruchus maculatus (Coleoptera: Bruchidae) is the most destructive pest of

the cowpea beans (Vigna unguiculata). The conventional pest control is based on the

use of insecticides and pesticides, however, the exposure of rural workers to pesticides

are reported to cause various diseases and are also not environmentally friendly. Due

to this, is important studies for the detection and characterization of new bioactive

molecules safer for human and environmental health. Bioactive molecules from plants,

including bioactive proteins, can be considered possible alternatives to the use of

pesticides to control insect pests. Ziziphus joazeiro (Rhamnaceae) is a tropical tree,

usually found in the caatinga northeastern part of Brazil, resistant to dry conditions and

widely used as a medicinal plant. This study aimed to evaluate the bioactive

compounds properties of meal, protein extract and fractions obtained by sequential

precipitation of proteins with ammonium sulfate from the seeds of Z.joazeiro on the

development of the bruchid. We performed bioassays in a system of artificial seeds

incorporating the flour, total extract and the protein fractions of the seeds of Z. joazeiro

for monitoring development parameters such as: oviposition, weight, larval survival and

adult emergence of insect C. maculatus. Incorporation of the seed extracts into the

insect diet showed Z. Joazeiro seed meal promoted a decrease in oviposition of

females from the 2% concentration, where no oviposition occurred in 5% and 10%, the

seeds containing the F2 and F3 fractions showed no significant decrease in

oviposition. As for the weight parameter of the larva, a reduction of 50% was observed

at the concentration of 0.1% in the seeds with the flour, EB and F3 and in the

concentration 0.4% of the F2 fraction. A reduce in larval survival was considerably

higher from 1.6% in all samples tested, with no live larvae being detected in the

following concentrations of flour, in addition to increasing the development time of adult

insects. We evaluated the presence of inhibitors of digestive proteases in EB and

fractions and found inhibition for serine and cysteine proteases that may be related to

alterations in the development of bruquídeo. These results demonstrate that Z.

Joazeiro is a promising source of bioactive proteins with potential for biotechnology in

the control of insect pests.

Keywords:

Insect pests, Botanical insecticides, bioactive proteins, Larvicide, Juazeiro, Protease

inhibitor

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo de vida do Callosobruchus maculatus em sementes de Vigna

unguiculata .............................................................................................................. 26

Figura 2 - Ziziphus joazeiro ..................................................................................... 30

Figura 3 - Sementes de Z. joazeiro com e sem tegumento. .................................... 32

Figura 4 - Esquema da extração e fracionamento das proteínas de Z. joazeiro. .... 35

Figura 5 - Sistema de bioensaio em sementes artificiais. ....................................... 37

Figura 6 - Efeito sobre oviposição. .......................................................................... 43

Figura 7 - Sobrevivência das larvas do bruquídeos C. maculatus .......................... 44

Figura 8 - Imagem representativa das larvas de C. maculatus crescidas em sementes

artificiais.. ................................................................................................................. 45

Figura 9 - Avaliação do efeito da incorporação da farinha, EB, F2 e F3 sobre a massa

das larvas de C. maculatus. ..................................................................................... 46

Figura 10 - Cromatografia de afinidade em Tripsina-sepharose 4B da fração F2 de

Ziziphus joazeiro ...................................................................................................... 49

Figura 11 - SDS-PAGE (15%) do extrato bruto e frações proteicas de Z. Joazeiro. 51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação das proteases. ................................................................. 19

Tabela 2 - Efeito da farinha e frações proteicas (EB, F2 e F3) sobre a emergência e

período de desenvolvimento do bruquideo C. maculatus em sementes artificias. ... 48

Tabela 3 - Atividade inibitória do extrato bruto, frações F2, F3, Zjrt e Zjnrt de Z.

Joazeiro em relação a proteases serínicas, cisteínicas ........................................... 50

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LISTA DE ABREVIATURAS/SIGLAS

BSA Albumina Sérica Bovina (Em tradução livre do inglês, Bovine Soro Albumin)

EB Extrato Bruto.das sementes de Ziziphus joazeiro

ED 50 Dose necessária para reduzir o peso em 50%

F1 Fração 1, obtida por precipitação na faixa de 0-30% de (NH4)2SO4

F2 Fração 2, obtida por precipitação na faixa de 30-60% de (NH4)2SO4

F3 Fração 3, obtida por precipitação na faixa de 60-90% de (NH4)2SO4

ZJnrt Fração proteica de Z. joazeiro não retida por cromatografia de afinidade em

tripsina-Sepharose

ZJrt Fração proteica de Z. joazeiro retida por cromatografia de afinidade em tripsina-Sepharose

SDS Dodecil sulfato de sódio

TCA Ácido Tricloroacético

LD 50 Dose necessária para causar 50% de mortalidade

TEMED N,N,N',N-Tetramethylethylenediamine

kDa KiloDalton

pH Potencial Hidrogeniônico

IP Inibidor de protease

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SÚMARIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 15

1.1. MOLÉCULAS DE DEFESA DE PLANTAS ............................................ 16

1.2. PROTEASES INTESTINAIS DE INSETOS FITÓFAGOS ...................... 18

1.2.1. INIBIDORES DE PROTEÍNAS DIGESTÓRIAS DERIVADOS DE

SEMENTES COM ATIVIDADE BIOINSETICIDA ...................................... 20

1.3. BRUQUÍDEO Callosobruchus maculatus ........................................... 24

1.4. Ziziphus joazeiro .................................................................................. 28

2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 31

2.1. GERAL ................................................................................................... 31

2.2. ESPECIFICOS ....................................................................................... 31

3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 32

3.1. MATERIAL ............................................................................................. 32

3.1.1. Ziziphus joazeiro Mart. ................................................................. 32

3.1.2. Callosobruchus maculatus .......................................................... 32

3.1.3. EQUIPAMENTOS............................................................................ 33

3.2. MÉTODOS ............................................................................................. 33

3.2.1. MANUTENÇÃO DA COLÔNIA DOS BRUQUÍDEOS ..................... 33

3.2.2. OBTENÇÃO DA FARINHA ............................................................ 34

3.2.3. EXTRAÇÃO DAS PROTEÍNAS TOTAIS E FRACIONAMENTO ..... 34

3.2.4- DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNAS ................................................ 35

3.2.5- BIOENSAIO EM SEMENTES ARTIFICIAIS .................................... 36

3.2.6- ENSAIOS PARA AVALIAÇÃO DE ATIVIDADE INIBITÓRIA PARA

PROTEASES SERINICAS E CISTEINICAS ............................................ 37

A) ATIVIDADE ANTI-TRIPSÍNICA ...................................................... 37

B) ATIVIDADE INIBITÓRIA PARA QUIMOTRIPSINA ........................ 38

C) ATIVIDADE INIBITÓRIA PARA PAPAÍNA ................................... 38

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D) ATIVIDADE INIBITÓRIA PARA O HOMOGENATO INTESTINAL ... 39

3.2.7. CROMATOGRAFIA DE AFINIDADE EM TRIPSINA-SEPHAROSE 4B

PARA ENRIQUECIMENTO DE INIBIDORES DE TRIPSINA E PAPAÍNA DA

F2 .............................................................................................................. 39

3.2.7. ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA ...................... 40

3.2.8. ANÁLISES ESTATÍSTICAS ........................................................... 40

4. RESULTADOS .................................................................................................... 41

4.1. EFEITOS DA FARINHA E FRAÇÕES PROTEICAS F2 E F3 DA

SEMENTE DE Ziziphus joazeiro SOBRE A FECUNDIDADE E

DESENVOLVIMENTO DO INSETO C. maculatus ....................................... 41

4.1.1. AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DE Z. joazeiro SOBRE A OVIPOSIÇÃO

.................................................................................................................. 43

4.1.2. SOBREVIVÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DAS LARVAS .......... 43

4.1.3. EMERGÊNCIA DOS INSETOS ADULTOS NAS SEMENTES

ARTIFICIAIS ............................................................................................ 46

4.2. AVALIAÇÃO DAS PROTEÍNAS DE DEFESA DAS SEMENTES DE

Ziziphus joazeiro. ........................................................................................ 48

4.2.1. ENRIQUECIMENTO DE INIBIDORES DE TRIPSINA E PAPAÍNA

POR CROMATOGRAFIA DE AFINIDADE ............................................... 48

4.2.2. AVALIAÇÃO DE ATIVIDADE INIBITÓRIA PARA PROTEASES

SERINICAS E CISTEINICAS .................................................................... 49

4.2.3. ANÁLISE DAS FRAÇÕES PROTEICAS DE Ziziphus joazeiro POR

ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA ................................ 50

5. DISCUSSÃO ........................................................................................................ 52

6. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 59

7. REFERENCIAS ................................................................................................... 60

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos maiores produtores de leguminosas da família das Fabaceas

e um grande produtor de feijão-caupi ou feijão macassar (Vigna unguiculata), sendo

cultivado principalmente no sertão semiárido da região nordeste e em regiões pontuais

da Amazônia, utilizando-se ainda de práticas tradicionais de cultivo que envolvem

pouco uso de tecnologia, com plantio em pequenas áreas, agricultura familiar, e baixa

produtividade de grãos (ROCHA, et al., 2017). O feijão caupi é um alimento básico

para as populações rurais e urbanas principalmente no nordeste do Brasil, sendo

considerada a mais importante leguminosa consumida, suprindo grande parte das

necessidades proteicas da população dessa região (VILA NOVA et al. 2014). A

produção do feijão-caupi pode ser afetada por diversos insetos pragas e doenças

podendo gerar perdas econômicas severas.

No mundo, as perdas agrícolas dos produtos armazenados causadas por

pragas chegam a 37% da produção (CHANNALE et al, 2016). Para reduzir possíveis

perdas da produção durante o armazenamento, inúmeras técnicas foram e ainda

estão sendo desenvolvidas, incluindo a utilização de inseticidas e defensivos

químicos. Entretanto, grupos de agricultores na África fazem uso de produtos naturais

vegetais, como extratos botânicos, para o controle de pragas em seus produtos

agrícolas (TIROESELE et al., 2015).

O bruquídeo Callosobruchus maculatus é uma das principais pragas pós-

colheita do feijão V. unguiculata causando danos às propriedades nutricionais e ao

potencial de germinação das sementes (SÁ et al., 2014). O controle de bruquídeos

envolve o uso de pesticidas químicos, porém métodos alternativos menos danosos

como uso de terra de diatomáceas, variedades e cultivares mais resistentes ao C.

maculatus (CRUZ et al., 2015) e o emprego de extratos derivados de plantas não

cultivadas vem sendo utilizados.

Segundo Veiga 2007, a produção agrícola brasileira possui um modelo

historicamente baseado na utilização de agrotóxicos para contornar e compensar

problemas do processo produtivo. Nessa perspectiva, os agrotóxicos foram

introduzidos na agricultura brasileira na tentativa de corrigir as necessidades do solo

e prevenir/eliminar as pragas e doenças que prejudicariam a produtividade.

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Possivelmente essa é a razão pela qual a venda de agrotóxicos no Brasil venha

crescendo tanto nos últimos anos, tornando o país um dos maiores consumidores de

agrotóxicos do mundo (CARNEIRO et al., 2012). No setor agrícola, cerca de 12

milhões de trabalhadores rurais estão expostos diariamente aos agrotóxicos que são

relatados como causadores de diversas doenças respiratórias, de pele e até câncer

(INCA, 2010). Além disso, os agrotóxicos químicos comprometem o meio ambiente

poluindo mananciais, solos, eliminando polinizadores e insetos e outros organismos

não alvos, e muitos dos agrotóxicos ainda permitidos no Brasil são proibidos em outras

partes do mundo, podendo acarretar em situações de embargos dos produtos

brasileiros, como já ocorreu em 2012, com o suco de laranja brasileiro que foi

devolvido pelos Estados Unidos por causa da contaminação com o fungicida

carbendazin proibido naquele país (CARNEIRO et al., 2015).

A pesquisa e o desenvolvimento de pesticidas derivados de produtos naturais,

principalmente inseticidas botânicos ou biopesticidas, tem atraído bastante interesse

por serem produtos ecologicamente melhores, podendo ser uma alternativa aos

pesticidas sintéticos utilizados (ISMAM, 2015). A produção de biopesticidas tem

aumentado globalmente, alguns biopesticidas são comercializados nos EUA, União

Europeia, América Latina e América do Sul, Ásia e África, principalmente pela

crescente demanda de alimentos orgânicos (ISMAM, 2015; MOSHI & MATOJU,

2017).

Devido a esse quadro nota-se a importância de estudos direcionados a

detecção e caracterização química de novas componentes bioativas para serem

utilizadas na agricultura como uma alternativa para minimizar o uso de agroquímicos

sintéticos e por consequência diminuição dos contaminantes no ambiente, visando

também à preocupação com os consumidores, a segurança dos trabalhadores e o

controle do desenvolvimento de insetos resistentes.

1.1. MOLÉCULAS DE DEFESA DE PLANTAS

Há mais de 350 milhões de anos plantas e insetos interagem e coevoluem

sofrendo em conjunto o processo de pressão seletiva baseada no confronto de

estratégias de defesa e herbivoria, no qual tanto plantas quanto insetos dispõem de

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um arsenal de moléculas e estruturas que lhes garantam a sobrevivência e

reprodução, permitindo seu prosseguimento na escalada evolutiva (WAR et al., 2012).

As plantas respondem ao ataque de insetos, controlando e/ou compensando

seus efeitos por meio de várias características morfológicas, bioquímicas e

mecanismos moleculares, bastante dinâmicos, mediados por defesas na forma direta

e/ou indireta (BARAH & BONES, 2014). Apesar de sésseis, as plantas têm a

capacidade de reconhecer moléculas ou sinais de células danificadas, assim

conseguem escapar ao ataque de insetos herbívoros por meio de barreiras

estruturais, produção de moléculas entomotóxicas e atração de inimigos naturais das

pragas alvo, utilizando os seus mecanismos de defesa induzidos (MELO & SILVA-

FILHO, 2002; WAR et al., 2012).

As estratégias de defesas de plantas contra insetos aprimoradas ao longo do

processo co-evolutivo podem ser subdivididas em defesas físicas e químicas: as

defesas físicas (morfológicas-estruturais) atuam como uma barreira a predação,

podendo ser exemplificadas por: tricomas, espinhos, cera, cutícula espessa,

lignificação, dentre outras características estruturais. Já dentre as estratégias de

defesas químicas, destacam-se a síntese e acumulo de moléculas entomotóxicas de

forma constitutiva ou induzida pelo dano, como por exemplo: metabólitos secundários

(aminoácidos não proteicos, alcaloides, terpenóides, fenóis, quinonas, flavonoides,

glicosídios cianogênicos) e proteínas. Estes componentes agem afetando a

alimentação, o desenvolvimento, a reprodução e sobrevivência dos insetos (WAR et

al., 2012; WANG, 2009).

Em sementes, uma grande parte dos processos de resposta a herbivoria é

desempenhada por proteínas tóxicas que fazem parte do mecanismo constitutivo de

defesa de plantas. As proteínas de defesa de plantas são uma classe de moléculas

bioativas de grande destaque quanto ao seu potencial contra pragas, pois atuam

principalmente diminuindo a palatibilidade, digestibilidade e potencial nutricional dos

tecidos das plantas para os herbívoros. Essas proteínas antidigestivas e

antinutricionais são agrupadas geralmente em cinco classes principais de proteínas

de defesa: lectinas, quitinases, glucanases, proteínas inativadoras de ribossomas

(RIPs) e inibidores enzimas digestórias (inibidores de α-amilase e inibidores de

proteases) (FÜRSTENBERG-HÄGG et al., 2013).

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Os tecidos das sementes por sua vez, podem acumular inúmeras proteínas que

conferem resistência contra predadores fitófagos e infecção por vírus, bactérias,

fungos e nematoides. As proteínas vegetais de defesas em sementes mais

abundantes são: lectinas, proteínas inativadoras de ribossomos (RIPs),

glicohidrolases e inibidores de enzimas proteolíticas (CARLINI & GROSSI-DE-SÁ,

2002).

A detecção e caracterização de novas moléculas bioativas, bem como a

compreensão de seus mecanismos de ação podem gerar estratégias para utilização

de cultivares mais resistentes ou plantas transgênicas que expressem proteínas

inseticidas, capazes de afetar o crescimento, desenvolvimento e por consequência a

reprodução de insetos pragas, assim as variedades resistentes e as plantas

transgênicas são métodos propostos para garantir o controle de pragas (COSTA et

al., 2011).

1.2. PROTEASES INTESTINAIS DE INSETOS FITÓFAGOS

As proteases digestivas intestinais são responsáveis pela degradação de

proteínas para obtenção de aminoácidos essenciais para a biossíntese de proteínas

estruturais e funcionais importantes ao desenvolvimento dos insetos (KUWAR et al.,

2015). As proteases de insetos atraem bastante interesse devido ao seu importante

papel nas relações planta-inseto, devido a isto, tem se observado um grande avanço

na caracterização das proteases digestivas dos mais importantes insetos pragas de

grãos de armazenamento (OSUNA-AMARILLAS et al., 2012). As principais proteases

encontradas no sistema digestório de insetos fitófagos são das classes serínica e

cisteínica.

As proteases serínicas têm ampla distribuição dentro das duas principais

ordens que concentram a maioria dos insetos-pragas, sendo predominante na ordem

lepidóptera, enquanto as proteases cisteínicas são as principais enzimas digestivas

encontradas em grande parte dos coleópteros, no entanto os coleópteros possuem

uma diversidade bastante ampla de proteinases (ABD EL-LATIF, 2015; ZHU-

SALSMAN et al., 2003). As proteases serínicas são encontradas como enzimas

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digestivas predominantes em insetos de diferentes ordens, até mesmo em coleópteras

que têm um fluido intestinal mais ácido já foram encontradas proteases da família das

tripsinas (SANTOS et al., 2012).

As proteases podem ainda ser divididas em dois grupos: exopeptidases, que

possuem a capacidade de hidrolisar os aminoácidos nas porções N ou C terminais

das cadeias polipeptídicas, e as endopeptidases, que clivam as ligações peptídicas

internas da cadeia, as endopeptidases ainda são classificadas quanto ao seu

mecanismo catalítico e sua especificidade em quatro famílias: aspártico, serino,

cisteino e metalo proteases (FAN & WU, 2005), como visto na tabela 1.

Tabela 1: classificação das proteases. (Adaptado de SANTOS et al., 2012).

Como as proteases são encontradas em organismos como vírus, bactérias,

fungos, plantas e animais, seus mecanismos de ação e inibição são muito importantes

para o desenvolvimento de estratégias de controle de pragas e patógenos, sendo

essas, portanto, potenciais candidatas a utilização como alvo de agentes inseticidas,

CLASSES REPRESENTANTES SÍTIO ATIVO

Serino peptidases Quimotripsina

Ser, Asp, His

Tripsina

Elastase

Catepsinas A e G

Cisteíno peptidases

Papaína Actinidina Caspases

Cys Catepsinas B, C, H, K, L, O, S e W

Aspártico

Peptidases

Pepsina Catepsinas D e E Asp, Try

Renina

Metalopeptidases

Carboxipeptidase A e B Aminopeptidases

Termolisina Íons metálicos

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20

que poderiam agir no intestino médio, cavidade corporal e na cutícula dos insetos

(HARRISON & BONNING 2010).

1.2.1. INIBIDORES DE PROTEÍNAS DIGESTÓRIAS DERIVADOS DE

SEMENTES COM ATIVIDADE BIOINSETICIDA

As plantas sintetizam proteínas antinutricionais que atuam reduzindo a

capacidade de digestão dos insetos, nesses grupos de moléculas, estão as lectinas,

quitinases, inibidores de alfa-amilase e inibidores de proteases (WIELKOPOLAN &

STE˛PLOWSKA, 2016). Inibidores de proteases foram relacionados à defesa de

plantas quando se observou que suas concentrações em tecidos de reserva eram

superiores as necessárias para o controle da proteólise intracelular (WESTFALL &

HAUGE, 1948) e que em folhas seus níveis eram aumentados em resposta a uma

injúria por herbivoria (GREEN e RYAN, 1972; JONGSMAN e BOLTER, 1997).

A abundância de inibidores de proteases em leguminosas relatada na literatura

suporta a hipótese de Applebaum (1964) de que esses atuem como parte dos

mecanismos de defesa de plantas contra insetos e que sua digestão poderia ser um

fator na seleção do hospedeiro. Considerando que grande parte dos insetos

apresentam proteases digestivas similares às da família das tripsinas e quimotripsinas

de vertebrados, e que inibidores de proteases correspondem de 6 % a 10 % das

proteínas solúveis totais de muitos órgãos de reserva ou, ainda, 1 % em folhas de

batata e de tomate é provável que sejam um dos fatores antinutricionais mais

importantes na linha de frente contra pragas (KAFATOS et al., 1967).

Inibidores de proteases (IP) são proteínas antagonistas das proteases e sendo

universalmente distribuídos nas diversas formas de vida, em plantas desempenhando

uma ampla variedade de atividades, como: defesa contra herbívoros e patógenos,

regulação de proteínas endógenas durante importantes processos fisiológicos, como

germinação e crescimento e podem também funcionar como proteínas de

armazenamento (RYAN, 1990; FAN & WU, 2005; SWATHI et al. 2016).

Inibidores de proteases podem ser encontrados em diversos tecidos de plantas

como: sementes, tubérculos, folhas e frutos, sendo especialmente encontrados nos

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tecidos mais susceptíveis a herbivoria, ou seja, em sementes e folhas, o que suporta

sua importância como moléculas de defesa de plantas (BEZERRA et al., 2016). Os

inibidores de proteases são uma das classes mais abundantes de proteínas em

plantas, esses são geralmente proteínas de baixo peso molecular, entre 8 e 20 kDa,

com uma alta estabilidade enquanto a variação de temperatura, mudanças de pHs e

proteólise (ASHOURI et al., 2017).

Kunitz (1947) caracterizou um dos primeiros inibidores de proteases de plantas,

um inibidor de tripsina de soja, que serviu como modelo metodológico para estudos

da bioquímica dos inibidores de proteases de várias outras espécies. O inibidor de

tripsina de soja é uma proteína do tipo globulina de 198 aminoácidos, peso molecular

de cerca de 21,5 kDa e centro reativo contendo o aminoácido arginina na posição 64.

Esse inibidor contêm resíduos de carboidratos, é estável em uma ampla faixa de pH,

1,0-12,0, e em temperatura abaixo dos 40 °C (VALUEVA & MOSOLOV, 2002).

A maioria dos IPs interage com suas proteases alvo por contato com o sítio

ativo (catalítico) da protease, resultando na formação de um complexo do inibidor com

a enzima, que impede a atividade enzimática por bloquear o acesso do substrato ao

sítio catalítico (FAN & WU, 2005). Os inibidores podem ser classificados de acordo

com a classe de enzimas proteolíticas que atuam: em inibidores de proteases

serínicas, inibidores de proteases cisteínicas, inibidores de proteases aspárticas e

inibidores de metaloproteases (DANG & VAN DAMME, 2015).

Os inibidores de proteases mais abundantes e extensivamente estudados são

os inibidores de proteases serínicas de leguminosas do tipo Kunitz, que apresentam

um domínio inibitório para tripsina, e inibidores do tipo Bowman-Birk que inibem

proteases da família das tripsinas e quimotripsinas (EE et al., 2009;

BHATTACHARYYA et al., 2006). Baseado nesse fato, a presença de proteases

cisteínicas no trato digestório de algumas ordens de insetos pode ser o resultado de

uma adaptação evolutiva que permitiu aos insetos alimentarem-se de sementes e

outros tecidos de plantas que são naturalmente ricos em inibidores de proteases

serínicas, como as leguminosas (RYAN, 1990).

Os inibidores de proteases de plantas mostram grande espectro de ação contra

proteases de patógenos e pragas, como fungos, nematoide, bactérias e insetos de

diversas ordens. O papel defensivo dos IPs baseia-se em suas atividades inibitórias

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para as enzimas digestivas das proteases dos insetos e outros agentes patogênicos,

resultando em uma escassez crítica de aminoácidos essenciais ou interferindo com

importantes processos bioquímicos desses organismos, como a ativação proteolítica

de enzimas, muda de insetos, reduzindo a invasividade nos tecidos por fungos e

bactérias ou no processo de replicação de vírus (FAN & WU, 2005).

Nas últimas décadas, diversos estudos investigam o papel defensivo dos IPs

de plantas contra insetos. Estes trabalhos baseiam-se em bioensaios com

incorporação de inibidores de proteases em dietas artificiais e ensaios de inibição in

vitro de proteases intestinais de insetos com IPs purificados de várias fontes de

plantas. Os resultados desses estudos implicam fortemente os IPs da planta em

mecanismos que interferem com o crescimento e o desenvolvimento de muitos insetos

fitófagos podendo ser candidatos para melhorar a resistência de plantas contra pragas

e patógenos (KIM et al., 2009; VALUEVA & MOSOLOV, 2004).

As plantas apresentam inibidores de proteases com inúmeras propriedades,

além das já descritas, como: resistência à proteólise e tolerância a diversas condições

de pH e temperatura, além de apresentar em alguns casos a capacidade de inibir mais

de uma classe de proteases (CHRISTELLER at al., 1994). Porém, é importante

considerar que ao longo da batalha evolutiva entre insetos e plantas a maioria das

pragas tem encontrado também alternativas para reverter os efeitos negativos dos

inibidores vegetais. Dentre essas possibilidades podem ser incluídas a produção de

mais proteases ou de novas proteases refratárias à ação do inibidor específico, ou

ainda a degradação proteolítica de inibidores (MOSOLOV & VALUEVA, 2008).

Guo et al. 2012 avaliaram um inibidor de protease cisteínica purificado de soja

quanto a seu potencial inseticida contra o bruquídeo C. maculatus através de

bioensaio em semente artificial. Os resultados encontrados demonstram um atraso no

desenvolvimento larval nos estágios iniciais, acompanhado pela inibição das

proteases digestivas dos insetos testados, sugerindo uma correlação da inibição

enzimática com a toxicidade e comprometimento larval.

Cruz et al. 2013, investigaram in vitro a ação de um inibidor de tripsina

purificado da semente de Piptadenia moniliformis (Catanduva), PmTKI, sobre enzimas

digestivas de insetos de diferentes ordens. PmTKI demonstrou atividade notável

contra enzimas de Anthonomus grandis (90%), Plodia interpuncptella (60%) e Ceratitis

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capitata (70%) e quando incorporado em dieta artificial para C. capitata em ensaios

bioinseticidas in vivo observou-se que a concentração de PmTKI (p / p) a LD50 e ED50

das larvas foi de 0,37 e 0,3%, respectivamente.

Um inibidor de tripsina purificado de sementes de Clitoria fairchildiana mostrou

ampla atividade inibitória para proteases intestinais de insetos, dentre eles Anagaster

kuehniella (76%), Diatraea saccharalis (59%) e H. virescens (49%) (DANTZGER et

al., 2015). Recentemente, um inibidor do tipo Kunitz purificado de sementes de Inga

vera por Bezerra e colaboradores 2016, mostrou alta atividade inibitória contra

proteases intestinais de insetos da ordem Lepidoptera como: Anagasta kuehniella

(89%), Spodoptera frugiperda (83%), Corcyra cephalonica (80%), Heliothis virescens

(70%) e Helicoverpa zea (60%).

Inibidores de tripsina têm apresentado um grande potencial também para o

controle de insetos vetores como o Aedes aegypti. Em 2014, Barbosa e

colaboradores, mostraram que extratos de sementes ricos em inibidores de proteases

de mais de 20 espécies de leguminosas apresentaram atividade contra larvas do

mosquito A. aegypti. Inibidores de tripsina isolados de outros tecidos como as flores

de Moringa oleífera também foram efetivos contra as larvas A. aegypti, retardando seu

desenvolvimento (PONTUAL et al., 2014). Um inibidor de tripsina purificado de

sementes de Adenanthera pavonina mostrou elevada atividade contra as proteases

intestinais do inseto e causado redução de peso e da sobrevivência das larvas do A.

aegypti, sendo esses efeitos correlacionados com degeneração da microvilosidades

das células epiteliais do intestino posterior e alterações no espaço ectoperitrófico

(SASAKI et al., 2015).

A inibição das proteases intestinais dos insetos pode interferir nas fases de

desenvolvimento, causar aumento da mortalidade, deformações e redução da

fecundidade e fertilidade (PANDEY & JAMAL, 2014; EL-LATIF, 2014; DANTZGER et

al., 2015). Esses efeitos parecem estar diretamente relacionados com a redução de

aminoácidos essenciais, porém estes efeitos têm também relacionados possível ação

de outros domínios funcionais das moléculas do inibidor ou de sua ação inibitória em

outros eventos fisiológicos controlados por proteases que promoveriam sinais

capazes de induzir a morte nos insetos (SUMIKAWA et al., 2010; ZHU-SALZMAN &

ZENG, 2015).

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Portanto, há muitos fatores a serem considerados quanto ao emprego, de

inibidores de proteases para controlar o desenvolvimento, reprodução e sobrevivência

de insetos, como por exemplo, a especificidade (interação com a protease alvo),

concentração, Ki (constante de inibição), estabilidade estrutural do inibidor no intestino

do inseto, resistência do inibidor a outras proteases expressas no intestino do inseto,

considerando que esse pode apresentar a expressão de novas proteases moduladas

pela presença de inibidores. Sendo, esses aspectos fundamentais para a candidatura

de inibidores como ferramenta de manejo e controle de insetos pragas e vetores por

meio de biotecnologia.

1.3. BRUQUÍDEO Callosobruchus maculatus

O bruquídeo Callosobruchus maculatus, pertence ao Reino: Animalia, Filo:

Arthropoda, Classe: insecta, Ordem: Coleoptera, Família: Chrysomelidae, Género:

Callosobruchus, Espécie: C. maculatus segundo classificação de Fabricius 1775, é

uma praga de sementes armazenadas, sendo uma das principaispragas do feijão

fradinho (Vigna unguiculata). Pelo menos 20 espécies compõem o gênero

Callosobruchus, que é originário principalmente da África e Ásia, ocorrem

principalmente em regiões tropicais e subtropicais, podendo causar também danos a

grãos de bico e outros tipos de feijões.

O comercio desses grãos é considerado um dos principais responsáveis pela

introdução e distribuição dos bruquideos (KEDIA et al., 2013; BAWA et al., 2017).

Infestações pelo C. maculatus levam a perdas graves de grãos armazenados em um

curto espaço de tempo e causa significativa queda da viabilidade das sementes. Já

foi observado que perdas podem chegar a 100% dos grãos após apenas 4 meses de

infestação (KOSINI & NUKENINE, 2017)

Os insetos na fase adulta não se alimentam nem ingerem água, porém, as

fêmeas maduras são capazes de colocar ovos durante um período de 12-14 dias após

sua emergência, fertilização e naturalmente morrem (AJAYI et al, 2015). Uma fêmea

pode pôr até 100 ovos ao longo de sua vida Os ovos do C. maculatus são depositados

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na superfície das sementes, o tempo de incubação e desenvolvimento do embrião é

de cerca de 6 dias, ocorrendo a eclosão das larvas, essas atravessam o tegumento

das sementes penetram nos cotilédones, alimentando-se e sofrendo uma série de

mudas (4 estágios larvais), no primeiro estágio larval, as larvas começam a se

desenvolver antes de penetrar na semente, no ovo, após a formação de uma capsula

na cabeça as larvas penetram o tegumento da semente e entram no endosperma do

feijão, esse estágio dura entre 8-9 dias. No 2º instar as larvas começam a se alimentar

do endosperma do feijão, esse estágio dura entre 3-4 dias. No 3º instar são larvas são

bastante ativas, esse período dura entre 3-4 dias, já no 4º instar as larvas são maiores,

em formato de “C”, a duração desse estagio é de 4-5 dias. Após a passagem dos 4

estágios larvais, seguido de pupa, ao fim de aproximadamente 4 semanas emergem

por meio de uma janela pupal os insetos adultos alados que estarão aptos para cópula

e oviposição entre 24 e 72 h (DEVI & DEVI, 2014) (Figura 1).

As larvas durante os quatro estágios de desenvolvimento formam galerias no

interior das sementes que ocasionam grande perda de peso e as tornam impróprias

para a comercialização e inviável para replantio (OWOLABI et al., 2014; SOUZA et al.,

2011; SÁ et al., 2014).

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Figura 1 – Ciclo de vida do Callosobruchus maculatus em sementes de Vigna unguiculata. A – Ovos na superfície do tegumento da semente, o ovo mais translúcido é recém posto (seta) e o ovo mais opaco a larva já eclodiu para o interior da semente; B – Larva em posição lateral, onde a parte marrom corresponde a cápsula encefálica e boca, a seta aponta a larva no interior do cotilédone; C – Janela pupal; D –Pupa e metamorfose do inseto adulto; E – Fêmea na superfície da semente; F – Janela pupal aberta após emergência de inseto adulto alado com detalhe das galerias no interior das sementes; G – Macho; H- Fêmea. Adaptado de http://www.beanbeetles.org/handbook/#CT. (Acesso em 02 de agosto de 2017).

As principais enzimas digestórias do trato intestinal das larvas de C. maculatus

são as proteases do tipo cisteínica, serínicas e aspárticas proteases, e α-amilases,

sendo as proteases cisteínicas as principais enzimas envolvidas com a digestão de

proteínas (CAMPOS et al., 1989; ABD EL-LATIF, 2015). Sendo essas consideradas

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importantes alvos para moléculas de defesa de plantas. Há evidencias na literatura de

estudos com inibidores de proteases cisteínicas de soja incorporadas em dietas

artificiais promoveram retardo no crescimento e interferiram no desenvolvimento das

larvas de 1°, 2° e 3° estágios (KOIWA et al., 1998). Trabalhos posteriores

demonstraram que a adição desse inibidor induzia a expressão de proteases não

cisteínicas insensíveis (proteases aspárticas, cerca de 10% e serínicas), que

permitiam aos insetos do 4° estádio larval sobrepujar a inibição da proteólise intestinal

N (AHN et al., 2004; ZHU-SALZMAN, et al., 2003b; AMIRHUSIN, et al., 2007).

Posteriormente, um trabalho explorando a interação sinérgica de três inibidores

contra o bruquídeo foi avaliada em dieta artificial contendo o inibidor de proteases

cisteínica de soja (recombinante), um inibidor de protease aspártica (pepstatina) e um

inibidor de proteases serínica de soja do tipo Kunitz. Os inibidores combinados

inibiram significativamente as proteases digestivas das larvas de C. maculatus,

aumentando o tempo de desenvolvimento larval, apresentando marcante toxicidade.

Porém o inibidor de protease serínica de soja (Kunitz) individualmente não afetou o

desenvolvimento larval e em ensaios in vitro foi parcialmente digerido pelas enzimas

do homogenato intestinal do inseto (AMIRHUSIN, et al., 2007).

Estudos de Li-Byarlay e colaboradores 2012, avaliando a incorporação de

inibidores de alfa-amilase de sementes de feijão-fradinho em dietas artificiais,

mostraram que essas moléculas tem ação inseticida causando mudanças nas células

epiteliais do intestino médio no C. maculatus, sugerindo que a ação destes inibidores

associados a lectinas presentes no mesmo feijão podem comprometer a absorção de

nutrientes e consequentemente pode interferir no desenvolvimento larval. Outro

inibidor de alfa amilase encontrado no feijão Phaseolus vulgaris, e algumas isoformas

deste inibidor encontradas em outros tipos de feijões já foram caracterizadas como

moléculas que protegem os feijões contra predação de algumas espécies de

bruquídeos como o C.maculatus, Callosobruchus chinensis e o gorgulho de feijão

Zabrotes subfasciatus (ISHIMOTO et al., 1996).

O desafio com inibidores de proteases e amilases individualmente podem

resultar em uma série de mudanças adaptativas, que permitem ao inseto uma

recuperação de seu crescimento e desenvolvimento normais. Essas adaptações

incluem a superexpressão de enzimas digestivas insensíveis ao inibidor isolado.

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Essas adaptações são um obstáculo para o desenvolvimento de ferramentas

biotecnológicas para o controle de insetos baseado em inibidores isolados

recombinantes. Porém pesquisas promissoras baseadas na combinação de múltiplos

inibidores e outras proteínas tóxicas como lectinas têm reforçado a ideia de que

complexos de proteínas anti-insetos com atividade sinérgica podem resultar em maior

proteção em relação a moléculas isoladas. Dentre esses trabalhos podemos destacar

o emprego da combinação de inibidores de amilases combinados com inibidores de

proteases, que impedem a degradação do inibidor de amilase, impedindo sua

degradação por proteases intestinais de bruquídeos, potencializando seus efeitos

(SHADE et al., 1994; AMIRHUSIN et al., 2004). Estes achados suportam que

estratégias para obtenção de plantas transgênicas resistentes a insetos devem

envolver a piramidalização, empregando múltiplos genes de resistência que poderiam

garantir maior eficácia e durabilidade por atrasar a adaptação e desenvolvimento de

resistência dos insetos (CHRISTOU et al., 2006).

Vários estudos que analisando a infestação de sementes de leguminosas não

hospedeiras ou cultivares de Vigna unguiculata resistentes a C. maculatus,

demonstraram que esses promoveram modificações bioquímicas marcantes nas

enzimas chaves da digestão, indicando a participação de moléculas inibidoras dessas

enzimas nos processos danosos ao desenvolvimento da praga (Sá et al., 2014). Esses

achados contribuem para a identificação de componentes bioativos, com potencial

efeito sobre o bruquídeo C. maculatus para a proteção do feijão V. unguiculata. Muitos

desses estudos têm sido desenvolvidos na África pelo Instituto Internacional de

Agricultura Tropical (IITA), buscando a integração de compostos vegetais e

variedades melhoradas do feijão como alternativa ao uso de inseticidas sintéticos

(OYENIYI et al., 2015).

1.4. Ziziphus joazeiro

Ziziphus joazeiro Martius (Rhamnaceae) é uma árvore nativa brasileira

altamente resistente a ambientes secos, típica de vegetação dos sertões nordestinos

e é uma das espécies de maior ocorrência na caatinga (sertão e agreste), podendo

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ser encontrada nos nove estados que compõem a região Nordeste e também no norte

de Minas Gerais (DIÓGENES et al., 2010; DANTAS et al., 2014). Suas folhas são

utilizadas como alimento para caprinos, suínos e bovinos em épocas de seca e seus

frutos quando maduros são bastante consumidos pelas comunidades da caatinga

como alimento (CARVALHO, 2007). Também é amplamente utilizada como planta

medicinal para diversos fins, como: anticaspa, reumatismo, gripe, febre, bronquite

crónica, úlceras gástricas, indigestão, azia e dores de cabeça, devido essas

propriedades possui uma grande importância biológica e econômica (CARTAXO et

al., 2010). Por ano, Z. joazeiro produz inúmeras sementes que são distribuídas

principalmente pela fauna nativa (DANTAS et al, 2014).

Há poucos estudos sobre bioatividade de moléculas extraídas dessa planta,

sendo a maioria envolvendo folhas e cascas com aplicação com potencial atividade

medicinal. Luna e colaboradores (2005)

investigaram a atividade larvicida e moluscicida de extratos do caule sobre larvas de

4° estágio de Aedes aegypti e Arthemia salina, respectivamente. Outra pesquisa com

extratos de folhas e caules de Z. joazeiro avaliou sua atividade antioxidante e

antimicrobiana contra Micrococcus luteus e Mycobacterium smegmatis (SILVA et al.,

2011). Brito et al., 2015 avaliou bioatividade e composição química do extrato

hidroalcoólico de folhas de Z. joazeiro, encontrando moléculas que agem

sinergicamente com antibióticos, identificando tal extrato como uma fonte promissora

de moléculas que podem atuar em infecções causadas por bactérias resistentes.

Apesar de Z. joazeiro ser uma planta altamente resistente a estresses bióticos

e abióticos, não existem trabalhos relacionados a extratos e compostos derivados

desta planta e seu potencial contra pragas, e tão pouco estudos sobre a atividade de

moléculas extraídas de suas sementes. Portanto esse trabalho visa avaliar o potencial

bioinseticida da farinha, extratos e frações de sementes de Z. joazeiro contra a praga

do feijão de corda, C. maculatus através de bioensaios em sementes artificiais.

A B C

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30

Figura 2 - Ziziphus joazeiro. A- Árvore Z. joazeiro; B- Fruto; C- Fruto aberto com semente. Adaptado

de: http://www.naturezabela.com.br/2011/04/juazeiro-ziziphus-joazeiro.html (acesso em 06 de

Setembro de 2017)

2. OBJETIVOS

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2.1. GERAL

Prospectar o potencial bioinseticida das sementes de Z. Joazeiro utilizando

como modelo o bruquídeo Callosobruchus maculatus.

2.2 ESPECÍFICOS

1. Obter farinha da semente de Z. joazeiro;

2. Extrair e fracionar proteínas solúveis totais das sementes de Z. joazeiro;

3. Investigar o potencial bioiseticida da farinha e das proteínas solúveis das

sementes de Z. joazeiro sobre o desenvolvimento do bruquídeo C. maculatus por meio

de ensaios com sementes artificiais;

4. Avaliar a presença de inibidores de proteases nos extratos;

5. Determinar a atividade dos inibidores sobre as proteases do homogenato

intestinal das larvas de 4° instar de C. maculatus.

3. MATERIAL E MÉTODOS

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3.1. MATERIAL

3.1.1- Ziziphus joazeiro Mart.

As sementes de Z. joazeiro Mart. foram identificas e fornecidas pelo banco de

sementes da caatinga (UNIVASF / CRAD / MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO

NACIONAL), coletadas no estado do Pernambuco, sendo armazenadas em saco

plástico a temperatura ambiente.

Figura 3- Sementes de Z. joazeiro com e sem tegumento (Fonte: arquivo pessoal).

3.1.2. Callosobruchus maculatus

Os bruquídeos foram provenientes da colônia estabelecida no Laboratório de

Química e Função de Proteínas Bioativas e mantidas no Laboratório de Moscas das

Frutas no Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

3.2. EQUIPAMENTOS

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✓ Moinho multiuso TE-631/3;

✓ Balança eletrônica- Tecnal (mod. B-tec. 2200);

✓ Prensa mecânica manual

✓ Lupa estereoscópica

✓ Centrifuga refrigerada

✓ Microcentrifuga para eppendorf

✓ Liofilizador

✓ Incubadora refrigerada – B.O.D

✓ pHmetro analyser (pH 300)

✓ Leitor de microplaca BIOTECK

✓ Aparelhos usuais de laboratório

3.3. MÉTODOS

3.3.1. MANUTENÇÃO DA COLÔNIA DOS BRUQUÍDEOS

Diariamente sementes do feijão macassar ou feijão-de-corda (Vigna

unguiculata) foram infestadas com fêmeas de C. maculatus para ovoposição durante

um período de 24 h, após este período as fêmeas foram retiradas e as sementes

infestadas mantidas em frascos plásticos em incubadora a 28 C e 70% de umidade

relativa durante um período aproximado de 29 ± 3 dias, a medida que os insetos

emergiram eles foram retirados destes frascos e colocados em novos frascos sem

sementes de feijão, para fertilização das fêmeas por 2 dias. Passado este período de

cópula as fêmeas foram utilizadas para infestar novas sementes.

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3.3.2. OBTENÇÃO DA FARINHA

As sementes de Ziziphus joazeiro foram descascadas e os cotilédones foram

triturados em moinho multiuso TE-631/3 refrigerado até a obtenção de uma farinha

fina.

3.3.3. EXTRAÇÃO DAS PROTEÍNAS TOTAIS E FRACIONAMENTO

A farinha foi extraída em tampão bicarbonato de sódio 20 mM, pH 8,4 na

proporção (1:10) durante 3 horas sob agitação a 4 ºC. O extrato foi centrifugado a

8.000×g a 4 ºC durante 30 min. O sobrenadante foi filtrado e armazenado a frio e ao

sedimentado adicionou-se novamente 200 mL do tampão de extração para uma ré-

extração. O procedimento foi o mesmo descrito acima e ao final o extrato foi somado

a primeira extração e este conjunto foi denominado extrato bruto (EB).

O fracionamento proteico foi feito em três faixas de concentração de sulfato de

amônio, no qual o extrato bruto foi submetido a saturação de 0-30%, 30-60% e 60-

90% de sulfato de amônio. A cada etapa do fracionamento a suspensão foi deixada

precipitando sob refrigeração a 4 ºC, durante 16 h, em seguida foi centrifugada a

8.000×g a 4 ºC por 30 min. As frações foram ressuspendidas e dialisadas contra água

destilada por 48 h em membrana para dialise com poro de “cut off” de 12.000. Ao final

foram obtidas três frações nas diferentes faixas de saturação, denominadas: F1, F2 e

F3. As frações foram liofilizadas e armazenadas para os testes posteriores.

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35

Figura 4. Esquema da extração e fracionamento das proteínas de Z. joazeiro

3.3.4. DETERMINAÇÃO DE PROTEÍNAS

As quantificações de proteínas foram feitas pelo método de BRADFORD

(1976), utilizando como padrão a albumina sérica bovina (BSA), as leituras de

absorbâncias foram realizadas a 595 nm.

Farinha de sementes de Z.

joazeiro

Fração F1 (0-30%)

Extração: bicarbonato de sódio 20 mM, pH 8,4 – 3h, centrifugação a 8.000 ×g a 4 ºC, 30 min.

Precipitação proteica com sulfato de amônio 30-60%, centrifugação a 8.000 ×g a 4 ºC 30 min, dialise contra água destilada.

Sedimentado Extrato Bruto

(EB)

Precipitação proteica com sulfato de amônio 0-30%, centrifugação a 8.000 ×g a 4 ºC, 30 min, dialise contra água destilada.

Sobrenadante

Sobrenadante

Fração F2 (30-60%)

Fração F3 (60-90%) Sobrenadante

Precipitação proteica com sulfato de amônio 60-90%, centrifugação a 12.000 ×g a 4 ºC, 30 min, dialise contra

água destilada.

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36

3.3.5. BIOENSAIO EM SEMENTES ARTIFICIAIS

A dieta artificial utilizada neste trabalho foi desenvolvida segundo metodologia

de Macedo et al (1993), na qual sementes artificiais contendo farinha do feijão Vigna

unguiculata incorporada com diferentes concentrações (0,1/0,4/0,8/1,6/2,0%) de

farinha, extrato bruto e as frações proteicas: F2 e F3 de Z. joazeiro, A fração F1

apresenta baixo rendimento, não sendo possível produzir sementes artificiais com

esta fração. As sementes foram confeccionadas em prensa mecânica manual de

maneira a ficar o mais compactada possível, semelhante a compactação da semente

de feijão natural.

A farinha, EB, F2 e F3 de Z. joazeiro foram incorporadas as sementes artificiais

em uma curva de concentração crescente variando de 0 a 2 % do peso total da

semente (400 mg) (Figura 5). Após serem prensadas, as sementes ficaram

acondicionadas em tubos de ensaio, três sementes por frascos, por um período de 16

horas em incubadora (28 C, 70% umidade relativa, 12 horas de fotoperíodo) para

aclimatação. Para melhor observação dos efeitos da farinha fez-se sementes com

farinha de Z. joazeiro em concentrações adicionais de 0,2, 5 e 10%.

As sementes foram em seguida infestadas por fêmeas adultas de C. maculatus

fertilizadas, duas fêmeas/semente. Após 24 horas de oviposição as fêmeas foram

removidas e o número de ovos contados com o auxílio de lupa estereoscópica para

obtenção do parâmetro relacionado à oviposição. Em seguida os ovos excedentes

foram retirados deixando somente três ovos/semente, dispostos de maneira

equidistante em cada semente. Vinte dias depois observou-se o desenvolvimento da

larva em relação aos parâmetros de sobrevivência e massa, para isso foi contado e

pesado as larvas para avaliação da ocorrência ou não de um efeito dose dependente.

Outro grupo de sementes foi infestado para observar possíveis mudanças nos

estágios de desenvolvimento do inseto até sua emergência na fase adulta, para isso

contabilizamos a cada 24 h a emergência dos insetos, durante um período de 50 dias.

Os parâmetros observados para determinação do potencial bioinseticida foram

à oviposição, que permite identificar atratibilidade ou repelência, o número e a massa

das larvas para avaliação do efeito no desenvolvimento larval e tempo emergência e

número de adultos.

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37

Figura 5. Sistema de bioensaio em sementes artificiais. A: Prensa manual, B: Molde para prensa, C: Semente artificial e D: Ensaio com sementes artificiais em andamento, tubos de ensaios contendo 3 sementes em cada.

3.3.6. ENSAIOS PARA AVALIAÇÃO DE ATIVIDADE INIBITÓRIA PARA

PROTEASES SERINICAS E CISTEINICAS

A) ATIVIDADE ANTI-TRIPSÍNICA

Concentração final das proteínas que foram colocadas

Para determinação da atividade anti-tripsínica do EB, F1, F2, F3, ZJnrt e ZJrt

utilizamos alíquotas de 20 µL de solução de tripsina bovina (0,3 mg.mL-1 em tampão

Tris-HCl 50 mM, pH 7,5) pré-incubada por 15 min a 37 ºC, com 120 µL de HCl 25 mM,

360 µL de tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5, e 50 µL de cada amostra, após este

período, para iniciar a reação enzimática foi adicionado 200 µL do substrato

C

A B

D

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38

(azocaseína 1% em Tris-HCl 50 mM). A reação foi interrompida após 30min, pela

adição de 300 µL de ácido tricloroacético (TCA 20%) e centrifugada a 10.000×g a 4

ºC durante 5 min. Após a centrifugação foi adicionado NaOH na proporção 1:1 e a

reação foi monitorada em espectrofotômetro a 440 nm. Os ensaios foram feitos em

triplicatas utilizando provas em branco como controle.

B) ATIVIDADE INIBITÓRIA PARA QUIMOTRIPSINA

Para determinação da atividade inibitória para quimotripsina do EB, F1, F2, F3,

ZJnrt e ZJrt utilizamos alíquotas de 30 µL de solução quimotripsina (0,2 mg.mL-1 em

tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5 contendo 20 mM de CaCl2) pré-incubada por 10min a

37ºC, com 470 µL de tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5 contendo 20 mM de CaCl2, e

50 µL de cada amostra, EB, F1, F2, F3 e ZJrt, após este período, para iniciar a reação

enzimática foi adicionado 200 µL do substrato (azocaseína 1% em Tris-HCl 50 mM).

A reação foi interrompida após 20 min, pela adição de 300 µL de ácido tricloroacético

(TCA 20%) e centrifugada a 10.000×g a 4 ºC durante 5 min. Após a centrifugação foi

adicionado NaOH na proporção 1:1 e a reação foi monitorada em espectrofotômetro

a 440 nm. Os ensaios foram feitos em triplicatas utilizando provas em branco como

controle.

C) ATIVIDADE INIBITÓRIA PARA PAPAÍNA

Para determinação da atividade inibitória para papaína, 30 L de solução de

papaína (0,1 mg/mL em Tris-HCl 50 mM, pH 7,5) foi pré-incubada com, 40 L de

solução ativadora (2 mM EDTA+3 mM DTT em Tris-HCl 50 mM, pH7,5), 370 L de

tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5 e 50 L de cada amostra EB, F1, F2, F3, ZJnrt e ZJrt

por um período de 15 min a 37 ºC. Após esse período a reação foi iniciada

acrescentando-se 200 L do substrato (azocaseína 1% em Tris-HCl 50 mM) nos tubos

teste. A reação foi interrompida após 20min, pela adição de 300 µL de ácido

tricloroacético (TCA 20%) e centrifugada a 10.000×g a 4 ºC durante 5 min. Após a

centrifugação foi adicionado NaOH na proporção 1:1 e a reação foi monitorada em

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39

espectrofotômetro a 440 nm. Os ensaios foram feitos em triplicatas utilizando provas

em branco como controle.

D) ATIVIDADE INIBITÓRIA PARA O HOMOGENATO INTESTINAL

Foram removidos com o auxílio de pinças e lupa estereoscópica, cerca de 100

intestinos de larvas de C. maculatus com 16 dias. Os intestinos foram acondicionados

em solução salina 0,15 M, macerados e logo após centrifugados a 12000 RPM por 20

min a 4ºC. O sobrenadante foi recolhido e denominado homogenato intestinal. Para

determinação da atividade inibitória do EB, F1, F2, F3, ZJnrt e ZJrt sobre o

homogenato intestina, utilizamos alíquotas de 30 µL do homogenato pré-incubado por

15 min a 37 ºC, com 470 µL de tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5, e 50 µL de cada

amostra, após este período, para iniciar a reação enzimática foi adicionado 200 µL do

substrato (azocaseína 1% em Tris-HCl 50 mM). A reação foi interrompida após 30min,

pela adição de 300 µL de ácido tricloroacético (TCA 20%) e centrifugada a 10.000×g

a 4 ºC durante 5 min. Após a centrifugação foi adicionado NaOH na proporção 1:1 e a

reação foi monitorada em espectrofotômetro a 440 nm. Os ensaios foram feitos em

triplicatas utilizando provas em branco como controle.

3.3.7. CROMATOGRAFIA DE AFINIDADE EM TRIPSINA-SEPHAROSE 4B PARA

ENRIQUECIMENTO DE INIBIDORES DE TRIPSINA E PAPAÍNA DA FRAÇÃO F2

A fração F2 obtida a partir do fracionamento com sulfato de amônio na faixa de

saturação 30-60% do extrato bruto da semente de Z. Joazeiro, foi submetida a

cromatografia de afinidade em Tripsina-Sepharose 4B (Sigma-co). A coluna (5 mL de

volume) foi equilibrada com tampão Tris HCl 50 mM, pH 7,5. A fração F2 liofilizada foi

solubilizada (200 mg/20 mL Tris HCl 50 mM, pH 7,5) e aplicada na coluna, a eluição

para a retirada das proteínas não ligadas foi feita com tampão Tris HCL 50 mM, pH

7,5, até que o eluato estivesse livre de proteínas. Para liberar as proteínas adicionadas

a coluna utilizou-se HCl, 100 mM. O fluxo foi mantido a 2 mL/min com coleta padrão

de 2 mL por tubo, o perfil proteico foi monitorado a 280 nm em espectrofotômetro. A

amostra foi recromatocrafada cerca de 15 vezes, até que a retenção de proteínas na

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coluna fosse mínima. As frações obtidas na cromatografia foram dialisadas e usadas

para os ensaios subsequentes.

3.3.8. ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA

Para avaliar o perfil proteico do extrato bruto e frações F1, F2, F3, ZJnrt e ZJrt

10 µg de cada amostra foram submetidas a eletroforese em gel de poliacrilamida,

SDS-PAGE a 15% em presença de SDS, seguindo a metodologia descrita por

Laemmli (1970). Para a preparação do gel de separação utilizou-se acrilamida-

bisacrilamida 30%; tampão Tris-HCl 1,5 M pH 8,8; água destilada, SDS 10%;

persulfato de amônio 30% e TEMED concentrado. O gel de concentração foi

preparado com acrilamida-bisacrilamida 30%; tampão Tris-HCl 0,5 M pH 6,8; água

destilada SDS 10%; persulfato de amônio e TEMED. O tampão de corrida utilizado foi

Tris-HCl 25 mM; glicina 192 mM e SDS 10%. As amostras foram diluídas em tampão

de amostra, Tris-HCl 62,5 mM, SDS 2%, glicerol 10% v/v, 0,01% de azul de

bromofenol num volume de 20 µL e aplicada no gel (10 x 14 cm, com espaçadores de

0,75 mm), foi utilizado marcador molecular Amersham ECL High-Range Rainbow

Molecular Weight Markers, o sistema de eletroforese foi submetido a uma corrente de

16 mA durante 2 horas, posteriormente as proteínas separadas no gel, foram coradas

coradas em solução de Coomasie Blue R 250 a 1%, metanol 40% e ácido acético 10%

em água destilada. As bandas proteicas foram descoradas em solução descorante

(etanol 30% e ácido acético 10%).

3.3.9. ANÁLISES ESTATÍSTICAS

As análises estatísticas foram realizadas usando Graph Pad Prism 6. As

análises foram realizadas pelo menos em triplicados com desvios padrão

demonstrados. Para detectar diferenças significativas, os dados foram submetidos

teste-t e os dados comparados com o controle de cada experimento. O nível de

aceitação de significância estatística foi P <0,05.

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41

4. RESULTADOS

4.1. EFEITOS DA FARINHA, F2 E F3 DA SEMENTE DE Z. joazeiro SOBRE A

FECUNDIDADE E DESENVOLVIMENTO DO INSETO C. maculatus

Avaliou-se por meio de bioensaios em sementes artificiais contendo

concentrações crescentes (0,1/ 0,4/ 0,8/ 1,6/ 2,0%) da farinha, EB e F2 e F3 o efeito

das sementes de Z. joazeiro no desenvolvimento do inseto C. maculatus.

4.1.1. AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DE Z. joazeiro SOBRE A OVIPOSIÇÃO

Verificar a contagem com os ovos viáveis

Os bioensaios com sementes artificiais mostraram que a farinha da semente de

Z. joazeiro promoveu uma diminuição na oviposição, de maneira dose dependente,

reduzindo de 23 ovos no controle para 10 ovos a 2%. Nas sementes com farinha de

Z. joazeiro em concentrações adicionais de 5 e 10% observou-se ação inibitória de

100% da oviposição a partir da concentração de 5% (Figura 6B). No entanto, é

possível observar um efeito repelente a oviposição a partir da concentração 0,8%.

Embora as frações F2 e F3 não tenham apresentado uma diminuição significativa na

oviposição, pode-se observar na figura 6 que na concentração de 2%, houve um efeito

repelente a oviposição diminuindo para 20 e 16 ovos, respectivamente. O EB não

promoveu efeito significativo em nenhuma das concentrações (Figura 6A).

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42

C o n c e n tra ç ã o d a fra ç ã o (% )

me

ro

de

ov

os

/se

me

nte

00,1

0,4

0,8

1,6 2

0

1 0

2 0

3 0

4 0

F a r in h a

E B

F 2

F 3

*

A

C o n c e n tra ç ã o d e F a r in h a (% )

me

ro d

e o

vo

s/s

em

en

te

00 ,1 0 ,2 0 ,4 0 ,8 1 ,6 2 5 1 0

0

1 0

2 0

3 0

4 0

*

* *

B

Figura 6- Efeito sobre oviposição. A- Efeito da incorporação de concentrações crescentes de farinha, EB: extrato bruto, F2: fração 30-60%, F3: fração 60-90% de cotilédones de sementes de Z. joazeiro em bioensaio de sementes artificiais sobre a oviposição de C. maculatus após 24h da infestação. B- Efeito da incorporação de concentrações adicionais entre 0,1 e 10% de cotilédones de sementes de Z. joazeiro em bioensaio de sementes artificiais sobre a oviposição de C. maculatus após 24h da infestação. Os experimentos foram realizados em triplicatas e os dados mostrados são médias ± desvio padrão destes resultados. * P<0,05 comparado com o controle de cada experimento (teste-t).

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43

4.1.2. SOBREVIVÊNCIA E DESENVOLVIMENTO DAS LARVAS

Para avaliar o efeito das amostras testadas sobre a sobrevivência das larvas,

o número de larvas vivas por semente após os 20 dias da oviposição foi contabilizado,

considerando o número inicial de três ovos/semente. Podemos identificar na figura 7

uma taxa de mortalidade das larvas maior que 50% a partir de 1,6%, tanto nas

sementes artificiais com farinha quanto nas sementes contendo EB. As frações F2 e

F3 apresentaram maior mortalidade apenas a 2%. Não foram detectadas larvas vivas

nas sementes com farinha a 2%. A figura 8 mostra as imagens das larvas após serem

retiradas das sementes artificias.

C o n c e n tra ç ã o d a F ra ç ã o (% )

me

ro d

e l

arv

as

/se

me

nte

00,1

0,4

0,8

1,6 2

0

1

2

3

4

F a r in h a

E B

F 2

F 3

**

*

*

**

*

*

*

** *

*

Figura 7 - Sobrevivência das larvas do bruquídeos C. maculatus. Número de larvas mantidas em

sementes artificiais a 28 °C a 70% de umidade contendo farinha, EB: extrato bruto, F2: fração 30-60%,

F3: fração 60-90% de cotilédones de sementes de Z. joazeiro por 20 dias após oviposição. Os

experimentos foram feitos em triplicatas e os dados mostrados representam as médias e desvio padrão

destes resultados. * P<0,05 comparado com o controle de cada experimento (teste-t).

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44

Figura 8 - Imagem representativa das larvas de C. maculatus crescidas em sementes artificiais. Larvas crescidas em sementes contendo farinha, contendo farinha, EB: extrato bruto, F2: fração 30-60%, F3: fração 60-90% de cotilédones de sementes de Z. joazeiro com 20 dias de desenvolvimento.

Quanto ao parâmetro peso da larva a figura 9 mostra uma redução acima de

de 50%, já na concentração de 0,1%, nas sementes com a farinha, e 0,4% no EB e

fração F3 quando comparadas as larvas mantidas em dieta controle que

Fração proteica 2 (F2)

0% 0,1% 0,4%

1,6% 0,8% 2,0%

0% 0,1% 0,4%

0,8% 1,6% 2,0%

Fração proteica 3 (F3)

Farinha Extrato Bruto (EB)

0%

0,1%%

0,2%

0,4% 0,8%

0% 0,1% 0,4%

1,6% 0,8% 2,0% 1,6%

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45

apresentavam massa média de 11,5 mg. Para o EB e F2 é possível observar que o

efeito sobre a massa das larvas ocorre de maneira dose dependente a partir da

concentração 0,4%. Na maior concentração testada, 2%, as larvas sofreram

diminuição de 85% de seu peso nas sementes com as frações F2 e F3, e 95% nas

sementes com EB. Nessa concentração as larvas não se desenvolveram nas

sementes com farinha.

C o n c e n tra ç ã o d a F ra ç ã o (% )

Ma

ss

a d

a L

arv

a(m

g)

00,1

0,4

0,8

1,6 2

0

5

1 0

1 5

F a r in h a

E B

F 2

F 3

*

*

*

*

*

** * *

*

*

*

*

*

*

*

**

*

Figura 9- Avaliação do efeito da incorporação da farinha, EB, F2 e F3 sobre a massa das larvas de C. maculatus. Larvas crescidas em sementes com concentrações crescentes de farinha, EB: extrato bruto, F2: fração 30-60%, F3: fração 60-90% de cotilédones de sementes de Z. joazeiro sobre a massa das larvas de C. maculatus após 20 dias de crescimento em bioensaio de sementes artificiais a 28 °C a 70% de umidade. Os experimentos foram feitos em triplicatas e os dados mostrados representam as médias e desvio padrão destes resultados. * P<0,05 comparado com o controle de cada experimento (teste-t).

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46

4.1.3. EMERGÊNCIA DOS INSETOS ADULTOS NAS SEMENTES ARTIFICIAIS

Para avaliar o potencial de Z. joazeiro sobre a emergência de adultos de C.

maculatus, utilizou-se sementes artificiais contendo concentrações crescentes (0,1/

0,4/ 0,8/ 1,6/2,0%) da farinha e das frações proteicas (EB, F2 e F3) de Z. joazeiro.

Observa-se na tabela 2, que em todas as concentrações das estudadas incorporadas

a dieta artificial do C. maculatus sua taxa de emergência foi menor que 50%, a partir

da concentração 0,4 %, não houve emergência de insetos nas sementes contendo EB

a partir dessa concentração. Também não houve emergência de adultos a 0,8% de

farinha e 2% de F2. Além disso, houve interferência no tempo de desenvolvimento e

emergência de insetos adultos nas sementes com 0,1% de farinha e EB, e 2% de F3

em aproximadamente 10 dias. A F2 e F3 a 0,8% induziram um aumento no tempo de

emergência de adultos em aproximadamente 20% (28 para 33 dias) e 25% (28 para

35 dias).

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Tabela 2 - Efeito da farinha e frações proteicas (EB, F2 e F3) sobre a emergência e período de desenvolvimento do bruquideo C. maculatus em sementes artificias a 28 °C a 70% de umidade. Avaliação da emergência e período de desenvolvimento dos insetos crescidos em semente artificial a 28 °C a 70% de umidade contendo farinha, EB: extrato bruto, F2: fração 30-60%, F3: fração 60-90% de cotilédones de sementes de Z. joazeiro. Os experimentos foram feitos em triplicatas e os dados mostrados representam as médias e desvio padrão destes resultados. A emergência foi monitorada a cada 24 h por 50 dias. NE: Não Emergiram, ± D.P: Desvio padrão.

Frações

Concentração

(%)

Emergência

de adultos (%)

Período de

desenvolvimento (dias)

+ D.P

Farinha

0,0 (Controle)

0,1 0,4 0,8 1,6 2,0

95

12,5 12,5 NE NE NE

27 ± 0,5 37± 0,9 37± 0,8

- - -

EB

0,0 (Controle)

0,1 0,4 0,8 1,6 2,0

95

29,6 NE NE NE NE

27 ± 0,6

37 ± 1,5 - - - -

F2

0,0 (Controle)

0,1 0,4 0,8 1,6 2,0

96

16,6 8,3 8,3 8,3 NE

28 ± 0,6 29 ± 0,5

29 ± 1,1

33 ± 1,3

34 ± 0,5 -

F3

0,0 (Controle)

0,1 0,4 0,8 1,6 2,0

95

33,3 6,2 2,5

41,6 41,6

28 ± 0,9 29 ± 1,6 33 ± 0,8 35 ± 0,6 35 ± 1,2 37 ± 0,7

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48

4.2. AVALIAÇÃO DAS PROTEÍNAS DE DEFESA DAS SEMENTES DE Ziziphus

joazeiro.

4.2.1. ENRIQUECIMENTO DE INIBIDORES DE TRIPSINA E PAPAÍNA POR

CROMATOGRAFIA DE AFINIDADE

Cromatografia de afinidade em coluna Tripsina-Sepharose 4B

As proteínas provenientes da extração das sementes de Z. joazeiro foram

fracionadas com sulfato de amônio resultando em três frações (F1 0-30%, F2 30-60%

e F3 60-90%), a fração F2 que apresenta uma inibição para tripsina de 90,34% e

inibição de 64% para papaína, que é uma enzima da classe das proteases cisteínicas,

classe majoritária no trato digestório de C. maculatus, foi submetida a cromatografia

de afinidade em Tripsina-Sepharose 4B (Sigma-co). O perfil cromatográfico

apresentado na figura 10, tem um pico proteico não retido eluído com tampão de

equilíbrio da coluna, Tris-HCl 50 mM, pH 7,5, e um pico retido eluído com HCl 0,1M.

A fração proteico não retida na coluna de tripsina foi denominado Zjnrt (Z. joazeiro não

retido por afinidade em tripisna), e a fração retida foi chamada de Zjrt (Z. joazeiro

afinidade em tripsina). As duas frações foram dialisadas contra água destilada,

liofilizadas e usadas para os ensaios subsequentes.

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Figura 10. Cromatografia de afinidade em Tripsina-sepharose 4B da fração F2 de Ziziphus

joazeiro. O material não retido (NR) foi eluído com tampão Tris HCL 50 mM e os picos retidos (R) com

HCl 0,1M. Foram coletadas frações de 2mLtubo.

4.2.2 AVALIAÇÃO DE ATIVIDADE INIBITÓRIA PARA PROTEASES SERÍNICAS E

CISTEÍNICAS

O EB e as F2, F3, ZJrt e ZJnrt foram avaliadas quanto as suas atividades

inibitórias para proteases serínicas e cisteínicas. A atividade catalítica da tripsina foi

inibida em mais de 90% pelo EB, F1, F2, F3 e ZJrt, não sendo detectado inibição para

tripsina no ZJnrt. O EB e a fração F2 diminuíram em ± 36% a atividade da

quimotripsina, não sendo detectada inibição na fração F3, ZJrt e ZJnrt. A enzima

papaína foi inibida 19% e 64% pelo EB e F2 respectivamente, enquanto F3 inibiu

fracamente. A fração ZJnrt inibiu 72,43% da atividade da papaína, e ZJrt não

apresentou atividade inibitória para essa enzima (Tabela 3).

Tabela 3. Atividade inibitória do extrato bruto, frações, F2 e F3, ZJrt e ZJnrt de Z. Joazeiro em relação

a proteases serínicas, cisteínicas Nd: não detectado, ± DP: Desvio Padrão.

Enzima

Fonte

EB % de

inibição/ ±

DP

F2 % de inibição/ ±

DP

F3% de inibição/ ±

DP

ZJrt % de inibição/ ±

DP

ZJnrt% de inibição/ ±

DP

Tripsina

Pâncreas

bovino

96±2.0

90±1.6

93±1.6

100

Nd

Quimotripsina

Pâncreas

bovino

36±5.0

36±3.0

Nd

Nd

Nd

Papaína

Latex de papaía

19±1.5

64±3.1

6±1.3

Nd

72,5±1.8

Homogenato

intestinal

Intestino

de C. maculatus

43,3±1.1

44±1.0

40±3.2

55±1.9

66,6±1.4

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50

4.2.3. ANÁLISE DAS FRAÇÕES PROTEICAS DE Ziziphus joazeiro POR

ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA

As frações proteicas obtidas de Z. joazeiro foram analisadas por SDS-PAGE o

EB, F1, F2, F3, ZJrt e ZJnrt para avaliar o perfil proteico dessas frações. A SDS-PAGE

revelou que as frações obtidas são constituídas por proteínas com diferentes pesos

moleculares variando entre 225 kDa e 17 kDa. A fração F2 apresenta bandas proteicas

majoritárias com massa molecular de aproximadamente 225, 38, 31 e 17 kDa. Após

fracionamento em coluna de tripsina-sepharose foi possível observar que as bandas

proteicas de 225, 38 e 31 kDa são abundantes no Zjnrt e a banda de 17 kDa fracionou

no pico retido na coluna (Zjrt).

Figura 11 - SDS-PAGE (15%) do extrato bruto e frações proteicas de Z. Joazeiro. M: marcador de peso molecular, EB: extrato bruto, F1: fração 0-30%, F2: fração 30-60%, F3: fração 60-90%, ZJrt: retido em coluna de afinidade, ZJnrt: não retido em coluna de afinidade. Caixa tracejada corresponde a bandas proteicas com massa molecular de aproximadamente 34 kDa que são abundantes na fração F2 e no Zjnrt.

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51

5. DISCUSSÃO

O uso de inseticidas químicos para o controle de insetos pragas representa um

alto risco ambiental, para saúde humana e animal, principalmente pelo risco de

acúmulo ao longo da cadeia alimentar, toxicidade para insetos e outros animais não

alvo e por poluir recursos hídricos e o solo (MENDONÇA et al. 2011). A busca por

novas maneiras eficazes para o controle de pragas tem despertado o interesse pela

investigação de inseticidas botânicos (bioinseticidas), principalmente para controle de

insetos que desenvolveram resistência aos inseticidas convencionais (AMOABENG et

al. 2013).

As indústrias agrícolas precisam também atender a demanda de países mais

exigentes quanto à contaminação com agroquímicos, por isso, seu grande interesse

em inseticidas biodegradáveis e alternativas de manejo de pragas mais sustentáveis

e “eco amigável” que inseticidas sintéticos. Atualmente, pesticidas a base de plantas

já têm sido formulados e aplicados na indústria (KEDIA et al., 2015).

Proteínas de defesa são candidatas a formulações bioinseticidas, sendo os

inibidores de enzimas digestivas as proteínas de defesa de plantas melhor estudadas

quando ao seu potencial em interferir no crescimento e interferir no desenvolvimento

de insetos devido a sua capacidade de inibir a digestão e absorção de nutrientes (ABD

EL-LATIF, 2015). Dentro desta perspectiva os inibidores de proteases de plantas, que

são proteínas que compõe o grupo de moléculas de defesa antinutricionais, são

importantes alvos de estudos para o controle de pragas agrícolas.

A longa história coevolutiva das interações dos insetos com suas plantas

hospedeiras desencadeou no desenvolvimento de mecanismos sofisticados para

contornar os efeitos de compostos químicos antinutricionais produzidos pelas plantas.

Essas respostas podem envolver mudanças na expressão gênica e no repertório

proteico em células que compõem o trato digestivo, a primeira região de contato com

essas moléculas antinutricionais. A pesquisa com proteases digestivas de insetos vêm

revelando seu papel fundamental na adaptação de insetos aos inibidores de proteases

de planta e trouxe uma nova avaliação de como os insetos fitófagos empregam esse

grupo de moléculas tanto na digestão proteica quanto na contra-defesa ao arsenal de

proteínas inibidoras produzidas pelas plantas (ZHU-SALZMAN & ZENG, 2015).

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52

O bruquídeo C. maculatus é uma das principais pragas de sementes de feijão

caupi (V. unguiculata) (LÜ et al., 2017). O feijão caupi ou macassar é uma das

leguminosas mais utilizadas como alimentos em áreas tropicais e subtropicais como:

África, Ásia, América Central e do Sul. C. maculatus ataca as sementes de caupi

armazenadas promovendo perdas de 30% do peso das sementes com uma infestação

de até 70% das sementes após um período de seis meses de armazenamento

(JACKAI & ADALLA, 1997).

Há trabalhos relatando que a oviposição, eclosão das larvas e emergência de

adultos é fortemente inibida em C. maculatus quando infestando sementes não

hospedeiras (OLIVEIRA et al., 2009; SOUZA et al., 2011). Estes trabalhos em conjunto

com ensaios empregando sementes artificiais contendo, farinhas, extratos e

moléculas isoladas de plantas não hospedeiras têm sugerido que essas apresentam

componentes bioativos que promovem toxicidade em processos biológicos

fundamentais do inseto, como a digestão, muda e reprodução (SOUZA et al., 2012).

Neste trabalho, extratos proteicos das sementes de Z. joazeiro foram

fracionados e investigados quanto ao seu potencial bioinseticida sobre o

desenvolvimento do bruquídeo C. maculatus por meio de ensaios com sementes

artificiais. Hudaib et al. 2013, observaram que os ensaios com sementes artificiais são

mais eficazes que outros ensaios, como por exemplo, os ensaios que envolvem a

embebição de feijões com a amostra a serem testadas, quanto a presença de novas

moléculas bioativas com atividade contra o inseto C. maculatus.

O fracionamento das proteínas totais das sementes de Z. joazeiro por

precipitação com sulfato de amônio resultou em três frações, F1, F2 e F3. A fração F1

apresenta baixo rendimento, não sendo possível produzir sementes artificiais, com

isso os ensaios com sementes artificiais foram realizados apenas empregando a

farinha, o extrato bruto e as frações F2 e F3. No entanto, a F1 foi testada in vitro quanto

a sua atividade inibitória para enzimas digestivas. E mostrou alta atividade inibitória

para tripsina.

Para avaliar o potencial de componentes das sementes de Z. Joazeiro sobre

C. maculatus primeiramente a oviposição foi analisada como um parâmetro importante

para o desenvolvimento dos insetos. A redução da oviposição pode indicar a presença

de componentes tóxicos e antinutricionais para as larvas dos insetos, pois as fêmeas

conseguem discriminar a cor, tamanho, textura e composição das sementes por

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receptores sensoriais, dessa forma escolhendo sementes que possam garantir a

sobrevivência da prole. Alguns trabalhos sugerem que esses parâmetros afetam a

oviposição das fêmeas de C. maculatus (BHATTACHARYA & BANERJEE, 2001; SÁ

et al.,2014, MAINANI et al., 2015).

Nos bioensaios em sementes artificiais pôde-se observar que a incorporação

de farinha da semente de Z. joazeiro promoveu uma diminuição na oviposição das

fêmeas a partir da concentração 2%, em ensaios nas concentrações 5% e 10 % não

ocorreu oviposição. As sementes artificiais contendo o EB e F2 e F3 não apresentaram

diminuição significativa na oviposição. Muitos trabalhos já demonstraram que as

plantas produzem constitutivamente compostos orgânicos voláteis relacionas a

defesa contra herbívoros (BARAH & BONES, 2014). As fêmeas selecionam os

melhores locais para oviposição, visto que suas larvas irão se alimentar das sementes,

sendo fundamental para a sobrevivência de sua prole. Ajayi et al., 2015 observaram

que a preferência de oviposição das fêmeas de C. maculatus é mediada por

compostos semioquímicos voláteis. Dessa forma, a presença destes compostos

voláteis em maior quantidade pode estar associada à ação inibitória marcante na

oviposição observada nas sementes incorporadas com a farinha de Z. joazeiro com 5

e 10%.

Outros parâmetros fundamentais para avaliação do desempenho de insetos

pragas frente a dietas artificiais contendo potenciais bioinseticidas derivados de

extratos vegetais é o peso e a sobrevivência larval (JABER, HAUBRUGE & FRANCIS,

2010; MACEDO et al., 2015). Nas sementes artificiais contendo farinha e EB, o peso

das larvas sofreu uma redução de 50% já na concentração de 0,1%. Nas sementes

com F2 e F3 as larvas apresentaram diminuição em 50% do seu peso na concentração

0,4%. Nas sementes com as concentrações maiores das frações, as larvas sofreram

uma redução ainda mais brusca do peso, também visto nas larvas crescidas nas

sementes com farinha e EB (FIGURA 8).

A diminuição na sobrevivência das larvas após 20 dias de ensaio foi

significativamente maior na farinha, que promoveu redução significativa do número de

larvas já na concentração 0,1% e chegando a 100% de mortalidade na concentração

de 2%. O extrato bruto promoveu redução acima de 50% no número de larvas a partir

de 0,8%, chegando a promover 96% de mortalidade na concentração de 2%. As

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sementes artificiais contendo F2 e F3 afetaram significativamente a sobrevivência das

larvas a partir da concentração 1,6%.

Essa alta mortalidade das larvas observadas na farinha e extrato bruto pode

estar associada à ingestão de compostos tóxicos, presentes nas sementes de Z.

joazeiro que podem estar interferindo em processos digestórios imprescindíveis para

o desenvolvimento larval. Souza et al., 2012 avaliaram o efeito da farinha e frações

proteicas das sementes de Albizia lebbeck, utilizando também bioensaios com dieta

artificial, e observaram que as sementes artificiais incorporadas com diferentes

concentrações da farinha de sementes de Albizia lebbeck provocaram perda de peso

grave e redução da sobrevivência do bruquídeo C. maculatus, com resultados que se

assemelham aos observados neste trabalho.

O tempo de desenvolvimento dos insetos foi avaliado pelo tempo de

emergência de adultos nas sementes artificiais incorporadas com Farinha, EB, F2 e

F3. Em todas as sementes ocorreu aumento significativo no tempo de emergência já

a partir das menores concentrações testadas. O tempo de emergência foi prolongado

em 9 dias (de 28 para 37 dias) nas sementes contendo farinha e EB de Z. joazeiro.

Esta ampliação no período de desenvolvimento também foi observado quando C.

maculatus foi mantido em sementes de leguminosas não hospedeiras que

prolongaram esse tempo de 28 para 31 dias (MAINAILI et al., 2015). Nas sementes

contendo as frações F2 e F3 o tempo de emergência de 28 dias foi prolongado para

34 dias na concentração de 1,6% e 37 dias a 2%, respectivamente.

O número de insetos adultos que emergiram das sementes artificiais também

foi significativamente reduzido, ocorrendo uma redução na emergência para menos

de 50% em todas as amostras testadas na menor concentração, 0,1%. Não ocorreu

emergência de adultos nas sementes com farinha a partir da concentração 0,8% e nas

sementes com EB a partir da concentração 0,4% durante o período de 50 dias de

observação, sugerindo um efeito dose-dependente. Um dado intrigante foi à

emergência de adultos nas sementes artificiais contendo F3 que apresentaram um

aumento de emergência a partir da concentração 1,6%, revertendo o efeito das

concentrações menores, isto pode estar atribuído a modulação nas enzimas

digestórias produzidas pelas larvas, no entanto é necessário outros estudos para

análise do trato intestinal dessas lavas.

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Em conjunto os dados obtidos quanto aos parâmetros de desenvolvimento de

C. maculatus em sementes artificiais contendo farinha, extrato e frações proteicas de

Z. joazeiro demonstram que estas sementes apresentam componentes bioativos com

potencial atividade bioinseticida. Como o intestino corresponde à região de maior

contato com as moléculas incorporadas nas dietas artificiais contra insetos pragas, e

as proteases intestinais são geralmente alvo de moléculas de defesa de plantas foi

avaliado o efeito do EB, F2, F3, Zjnrt e Zjrt sobre proteases digestivas do tipo

proteases serínicas e cisteínicas e homogenato intestinal das larvas de C. maculatus.

A presença de atividade inibitória para proteases digestivas no EB, F2, F3, Zjnrt

e Zjrt das sementes de Z. joazeiro foi verificada por ensaios in vitro com as enzimas:

tripsina, quimotripsina e papaína. Pôde-se observar redução na atividade catalítica

das enzimas quimitripsina e papaína somente pelo EB e F2, a atividade enzimática de

papaína foi inibida 20% pelo EB e 64% pela F2, já para a enzima quimotripsina tanto

o EB quanto F2 inibiu 36%. Já a atividade catalítica da tripsina foi inibida em todos os

testes, tendo como porcentagem de inibição 96,92% pelo EB, 100%, 90,34% e

93,05% pelas frações F1, F2, F3, respectivamente. A F1 embora tenha a melhor

atividade de inibição para tripsina não apresentou um bom rendimento de extração,

por isso, somente as frações F2 e F3 foram avaliadas por bioensaios.

A F2 que apresentou atividade para as três enzimas e melhor atividade para

papaína, enzima da classe das proteases cisteínicas, classe majoritária no trato

digestório de C. maculatus, foi submetida a cromatografia de afinidade em Tripsina-

Sepharose 4B. A cromatografia permitiu separar a F2 em dois picos proteicos, sendo

um não retido em tripsina e outro retido em tripsina, denominadas Zjnrt e Zjrt,

respectivamente.

A SDS-PAGE revelou que o extrato bruto apresenta proteínas em um amplo

intervalo de massa molecular, entre 225 kDa e 17 kDa. A fração F2 apresenta bandas

proteicas majoritárias com massa molecular de aproximadamente 225, 38, 31 e 17

kDa. Após fracionamento em coluna de tripsina-sepharose foi possível observar que

as bandas proteicas de 225, 38 e 31 kDa são abundantes no Zjnrt e a banda de 17

kDa fracionou no pico retido na coluna (Zjrt). A massa molecular de inibidores de

papaína varia entre 5 e 80 kDa, o que explicaria as bandas de aproximadamente 30

kDa (SHAMSI et al. 2016). A banda correspondente abundante no pico retido tem

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massa molecular próxima de 18 kDa, está dentro da massa estimada para inibidores

de proteases do tipo Kunitz, 18 e 22 kDa (DIAS et al., 2017).

ZJnrt apresentou atividade para papaína de 72,5% e não teve atividade

inibitória para quimotripsina e tripsina, demonstrando que a fração não retida na

coluna de tripsina apresenta atividade inibitória específica para proteases cisteínicas,

já a fração retida em tripsina (ZJrt) foi específica para tripsina, com IC50 para tripsina

bovina de 0,007 mg/mL. Os efeitos sobre o crescimento, desenvolvimento e

mortalidade das larvas submetidas à dieta artificial com a farinha e os extratos

proteicos testados, podem estar associados à presença de inibidores de proteases,

mesmo que não de modo exclusivo, que ao inibir as enzimas digestivas das larvas

diminuem a proteólise/digestão de proteínas e por consequência uma menor

disponibilidade de aminoácidos essenciais para o desenvolvimento do inseto.

Inibidores de tripsina isolados de plantas já têm sido relatados como moléculas

com potencial bioinseticida. As enzimas digestivas de C. maculatus foram fortemente

susceptíveis ao inibidor de tripsina de sementes de Crotalaria pallida (CapTI 74%)

purificado e testado por Gomes et al., (2005) e pelo inibidor de tripsina do tipo Kunitz

de Pithecellobium dumosum (PdKI-4, 66%) purificado por Rufino et al., 2013. Macedo

et al. 2002 observaram que a incorporação em dieta artificial do inibidor de tripsina de

sementes de Dimorphandra mollis (DMTI-II) a concentração de 1% causou 67% de

mortalidade para larvas de C. maculatus, com LD50 e ED50 de 0,50% e 0,60%,

respectivamente. Abd El-latif (2015) observou ao incorporar em dieta artificial um

inibidor de papaína de semente de cevada que o tempo de desenvolvimento e a

mortalidade do bruquídeo foi consideravelmente aumentada.

Esses achados são sugestivos de que inibidores específicos para tripsina com

potencial bioinseticida presentes na farinha e frações proteicas de Z. joazeiro podem

estar contribuindo em ação conjunta com inibidores de proteases cisteínicas sobre as

enzimas digestivas do bruquideo. A ação de inibidores de proteases de diferentes

classes atuando sinergicamente contra o C. maculatus, já foi relatada por Armhusin et

al. (2007), mostrando que as ações conjuntas desses inibidores podem ter um efeito

no desenvolvimento do bruquídeo muito maior do que os inibidores utilizados

separadamente. Além disso, os inibidores podem ter outras funções defensivas além

da inibição, podendo conter domínios não relacionados à inibição interferindo em

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outros processos fisiológicos além da digestão intestinal, que podem contribuir com o

seu papel tóxico contra C. maculatus (SUMIKAWA et al. 2009). Devido a isso, outros

estudos são necessários para identificação do mecanismo de ação dos inibidores

encontrados.

Com os resultados obtidos por meio dos bioensaios com sementes artificiais,

pôde-se apontar que um efeito sinérgico entre as proteínas e outros compostos

encontrados na farinha e frações testadas podem estar contribuindo para o potencial

de Z. joazeiro contra o bruquídeo C. maculatus.

Extratos de casca e folhas da planta de Z. joazeiro são amplamente

empregadas para diversos fins, tendo cerca de 12 artigos científicos listados no

PUBMED, até esta data, relacionados a avaliação farmacológica de compostos

derivados desses extratos. Porém ainda não há pesquisas relacionadas a atividades

de extratos e frações proteicas de suas sementes contra insetos pragas.

A busca por biopesticidas de origem natural para o controle de pragas tem

despertado muito interesse por oferecer uma solução mais sustentável. No Brasil,

principalmente no Nordeste a produção de feijão caupi é feita predominantemente por

pequenos agricultores com poucos recursos tecnológicos (ROCHA, et al., 2017).

Esses agricultores com poucos recursos precisam de estratégias para manter sua

produção armazenada livres de perdas causadas por pragas, estas estratégias devem

ser preferencialmente de fácil obtenção e aplicação, nessa perspectiva, a aplicação

da farinha e possivelmente de extratos e proteínas derivados de sementes de Z.

joazeiro como defensivo contra pragas que atacam o feijão caupi, seria mais uma

forma sustentável de aplicação dessa planta tão importante para o semiárido

nordestino. Portanto, nossos dados são um indicativo de que há um grande potencial

de moléculas bioativas proteicas e não proteicas em extratos e na própria farinha de

sementes de Z. joazeiro com atividade bioinseticida que devem ser investigadas para

melhor conhecimento de suas propriedades antinutricionais e características

bioquímicas.

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6. CONCLUSÃO

A farinha das sementes de Z. Joazeiro, o extrato bruto e frações proteicas

obtidas por precipitação sequencial com sulfato de amônio incorporadas em dietas

artificiais em concentrações crescentes interferiram significativamente no

desempenho de C. maculatus reduziram o peso larval dos insetos acima de 50% já

nas primeiras concentrações testadas (0,1 a 0,4%), de Farinha, EB e F3, além de

reduzirem consideravelmente a sobrevivência das larvas a partir da concentração 1,6

%, e causarem 100% de mortalidade a 2,0% de Farinha e 96% de mortalidade na

concentração 2,0% do EB. Outros parâmetros de desenvolvimento afetados foram o

tempo de emergência e número de insetos adultos que emergiram das sementes. A

inibição para proteases serínicas e cisteínicas detectada pode estar relacionada às

alterações no desenvolvimento do bruquideo. Este estudo demonstra que as

sementes de Z. Joazeiro são promissoras como estratégia altenativa para o controle

de insetos praga como o C. maculatus.

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7. REFERÊNCIAS

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